Em Trevista Elias Brasil

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O santuário comunicando salvação Santuário mostra que o sofrimento humano acabará O 5º simpósio de evangelismo público da Faculdade Adventista de Teologia no Unasp, enfatizou o conhecimento como ferramenta de evangelização. O convidado especial foi doutor Elias Brasil, diretor da Faculdade Adventista de Teologia da Bahia. Seu doutorado defendido em 2005 tem como tema o Santuário celestial na Bíblia Hebraica. Na entrevista ele fala sobre a importância da doutrina do santuário para a Igreja Adventista do Sétimo Dia como uma ferramenta de evangelização. Igreja Unasp EC - Qual a importância do simpósio de evangelismo, tendo em vista o liberalismo teológico no Brasil? Pr. Elias Brasil - O simpósio serviu para alertar os futuros pastores a ensinar e prevenir a Igreja Adventista do Sétimo Dia de falsas doutrinas. O simpósio vem atender uma carência da Igreja e dos futuros pastores. Pois oliberalismo hoje tenta penetrar a igreja e junto com ele o relativismo teológico, comportamental e doutrinário, fazendo com que as pessoas não mais valorizem os ensinamentos bíblicos. Muitos acham que basta ter uma relação com Cristo e tudo estará bem. Esquecem, no entanto que a Bíblia tem uma verdade proposicional para revelar as pessoas. A essência da revelação Bíblia é uma comunicação divina de um conteúdo. As palestras têm mostrado que o púlpito Adventista tem se enfraquecido e tornado existencialista por causa dos livros que os pastores têm lido. Que tipo de conteúdo o pastor deve falar no púlpito de sua Igreja? O conhecimento básico, primário, fundamental de um pastor deve ser a Bíblia assim como o Espírito de Profecia, nos livros de Ellen G. White. Depois eles devem ler e estudar bons comentários de autores adventistas e até mesmo evangélicos. Há muitos não adventistas que compartilham das nossas crenças e podem contribuir para uma melhor compreensão da verdade. E se o pastor quiser ir além,

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O santuário comunicando salvaçãoSantuário mostra que o sofrimento humano acabará

O 5º simpósio de evangelismo público da Faculdade Adventista de Teologia no Unasp, enfatizou o conhecimento como ferramenta de

evangelização. O convidado especial foi doutor Elias Brasil, diretor da Faculdade Adventista de Teologia da Bahia. Seu doutorado defendido em 2005 tem como tema o Santuário celestial na Bíblia Hebraica. Na entrevista ele fala sobre a importância da doutrina do santuário para

a Igreja Adventista do Sétimo Dia como uma ferramenta de evangelização.

Igreja Unasp EC - Qual a importância do simpósio de evangelismo, tendo em vista o liberalismo teológico no Brasil?

Pr. Elias Brasil - O simpósio serviu para alertar os futuros pastores a ensinar e prevenir a Igreja Adventista do Sétimo Dia de falsas doutrinas. O simpósio vem atender uma carência da Igreja e dos

futuros pastores. Pois oliberalismo hoje tenta penetrar a igreja e junto com ele o relativismo teológico, comportamental e doutrinário,

fazendo com que as pessoas não mais valorizem os ensinamentos bíblicos. Muitos acham que basta ter uma relação com Cristo e tudo estará bem. Esquecem, no entanto que a Bíblia tem uma verdade

proposicional para revelar as pessoas. A essência da revelação Bíblia é uma comunicação divina de um conteúdo.

As palestras têm mostrado que o púlpito Adventista tem se enfraquecido e tornado existencialista por causa dos livros que os

pastores têm lido. Que tipo de conteúdo o pastor deve falar no púlpito de sua Igreja?

O conhecimento básico, primário, fundamental de um pastor deve ser a Bíblia assim como o Espírito de Profecia, nos livros de Ellen G.

White. Depois eles devem ler e estudar bons comentários de autores adventistas e até mesmo evangélicos. Há muitos não adventistas que

compartilham das nossas crenças e podem contribuir para uma melhor compreensão da verdade. E se o pastor quiser ir além, deveria

ler um pouco dos clássicos da teologia: Lutero, Calvino, Anselmo, importante para mostrar as raízes do nosso pensamento.

Visto que o santuário é um tema fundamentalmente Adventista do Sétimo Dia, como pregar e usar num evangelismo público essa

doutrina de maneira atrativa?

Apesar da doutrina do santuário ser peculiaridade Adventista do Sétimo Dia, existem bons estudos feitos em outras denominações sobre o assunto.  Eles analisam a relação do culto hebreu com o

santuário. E podemos usá-los nas discussões acadêmicas com outras religiões, e no evangelismo ao apresentarmos a visão adventista

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sobre o santuário celestial. Por exemplo, em Daniel capítulo 7 (sete) ensinamos que a vinda de Cristo ao Ancião de Dias não é a volta de

Jesus a terra mas uma cena de juízo. Um erudito não adventista recentemente mostrou que a cena da visão de Daniel é relacionada a

cena do juízo. A nuvem de incenso é uma nuvem de anjos.

Sua tese traz como tema central o santuário celestial no Antigo Testamento. Quais as contribuições de sua tese para a igreja?

Muitos podem pensar que o santuário celestial é relevante apenas depois da ascensão de Cristo ou depois de 1844, mas a minha tese mostra que o santuário celestial é importantíssimo desde os tempos

de antigos. Depois de investigar mais de quarenta passagens descobri que de fato o santuário no céu é o quartel general de Deus. E de lá, e não do terrestre, que Deus emite seus juízos, administra o plano da salvação numa relação dinâmica com o santuário na terra. Isso significa que ritos efetuados no terrestre eram legitimados no

céu, e virse versa. Os dois funcionavam numa relação dinâmica. Sem o celeste o terrestre não teria nenhum valor. Mas antecipadamente

Deus aceitava no céu os sacrifícios oferecidos na terra, como prenúncio da cruz de Cristo.

Qual a importância dessa mensagem para o evangelismo público?

Ela mostra um Deus que está preocupado com a nossa condição humana hoje. Que está lá no céu fazendo uma obra em nosso favor. Cristo intercede pelos pecadores levando a nossa condição a Deus. E

num ambiente onde o mal se alastra cada vez mais, as pessoas já estão cheias de crimes, crueldade e maldade, elas querem o fim disto tudo. O santuário mostra que o mal em algum momento terá um fim. Quando a obra de julgamento de Cristo acabar, Ele purificará a terra

para todo o sempre.

Seu estudo também fala sobre a relação dos ritos hebreus com outras culturas antigas. Quais verdades podem ser extraídas dessa

comparação?

Após pesquisar várias culturas como a egípcia, acadiana, ugarítica e hitita, muitas coisas interessantes descobri. Eles também possuíam uma noção de templo celestial como a morada dos deuses. De lá os deuses também poderiam interferir no mundo. Em uma determinada

cultura, existia a crença que certa vez um deus tentou ocupar o santuário celestial. Isso no lembra de Isaías 14 (quatorze) e Ezequiel 28 (vinte e oito), que interpretamos como sendo Satanás executando

um ataque ao santuário de Deus, iniciando assim o pecado.

Podemos inferir então que essas culturas receberam influencia Israelita?

Parece que essas culturas antigas preservam lampejos da verdade.

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Elas não estavam completamente em trevas, mas refletiam alguma verdade revelada na Bíblia através da visão do santuário e do grande conflito entre o bem e o mal. É importante salientar que a revelação de Deus tem um aspecto central que as culturas receberam desde Adão e Noé. Elas foram distorcidas com o tempo. Enquanto que na

cultura hebréia Deus protegeu a verdade via revelação dos profetas.

Visto a importância do santuário na pregação evangelística, qual sua avaliação quanto ao púlpito adventista?

Apesar de não possuir nenhum dado empírico eu creio que não se tem falado tanto quanto se deveria por ser um tema fundamental

para a igreja. Mas acho que tem melhorado desde que a Faculdade Adventista de Teologia iniciou o mestrado com uma classe sobre essa

doutrina. As aulas têm ajudado a criar a consciência de sua importância e incentivado a sua pregação. É importante que os

pastores compreendam e ensinem suas igrejas.

Por que a crença do santuário e do juízo tem causado medo em muitos membros da igreja?

Creio que por muito tempo a doutrina do santuário foi associada ao legalismo, ao medo do juízo. Essa noção de que Jesus está no céu e a

qualquer momento “meu” nome pode passar e ser rejeitado tem causado incerteza quanto a salvação. Essa forma tem causado certa negligencia quanto a pregação do santuário. Mas se mostrarmos o santuário como o lugar onde Deus aplica os méritos do sangue de

Jesus aos pecadores, o lugar onde Deus resolve o problema humano, os membros verão que o santuário comunica graça e o amor de Deus.

Como os pastores podem tornar a mensagem do santuário mais atrativa para os jovens da Igreja?

Vemos que na Bíblia enquanto existem apenas dois capítulos para descrever a criação do mundo. Boa parte dos primeiros cinco livros da

Bíblia descreve exclusivamente o santuário. Acho que poderíamos começar mostrando sua importância na Palavra de Deus. Depois

estudar os ritos do santuário na terra e a lógica instituída por Deus para suas realizações. Quando se estuda o santuário de forma gráfica

com seus compartimentos, associados aos sacrifícios e festas de Israel, esses detalhes tornam mais atraente sua mensagem e o papel

de Jesus no santuário celestial.