Emaranhado Legal

48

description

Edição 126 - Setembro 2013

Transcript of Emaranhado Legal

Page 1: Emaranhado Legal
Page 2: Emaranhado Legal
Page 3: Emaranhado Legal

3revista notícias da construção / setembro 2013

Sergio Watanabeé presidente doSindusCon-SP, vice-presidente da CbiCe diretor da Fiesp

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temaspara esta coluna: [email protected]

Sair do imobilismo

Os governos devem se contraporà deterioração das expectativas

e d i t O r i a l

Mesmo com a desaceleração de sua atividade, a construção civil registrou alguns indicadores positivos no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior.

O emprego com carteira assinada cres-ceu 1,35%, contratando-se mais 34 mil tra-balhadores. A produção física de materiais subiu 1,81%. Os financiamentos imobiliários chegaram a um novo recorde histórico, de R$ 49,6 bilhões (+34%). Os lançamentos de empreendimentos imobiliários aumentaram em São Paulo e Rio de Janeiro, e as vendas de novos imóveis subiram nestas e em outras capitais.

Mas as sondagens feitas com os em-presários do setor denotam uma rápida deterioração de expectativas em relação ao desempenho das empresas, embora essas enquetes continuem registrando um relativo otimismo em relação ao futuro.

As empresas percebem dificuldades crescentes nos negócios. Na atividade da construção, por exemplo, a escassez de mão de obra qualificada preocupa menos do que antes. Em compensação, cresce a apreensão com a demanda por obras, a concorrência, o acesso ao crédito e os custos trabalhistas.

O empresariado não espera que no curto prazo se implementem as grandes reformas como a política, a tributária, a previdenciária e a do Judiciário. Mas os governos da União, dos Estados e das Prefeituras ainda podem tomar uma série de medidas para melhorar o ambiente de negócios. Com isso, seria possível reverter expectativas e estimular os

investimentos necessários ao incremento da atividade econômica.

Alguns exemplos de medidas que os governos deveriam tomar:

• elevar o grau de rigidez no controle das despesas de custeio; efetuar cortes onde ainda houver gorduras – e há muitas;

• preferir a adoção dessa racionalização a elevar o endividamento;

• onde for possível, reduzir alíquotas de tributos, especialmente aquelas que perma-necem as mesmas desde antes do Plano Real;

• licitar concessões de ampliação da infraestrutura com taxas de retorno atrativas e garantias de que não haverá mudança de regras no período de sua vigência;

• em função da desvalorização do real, promover, onde for necessário, novas redu-ções em alíquotas do Imposto de Importação para insumos estratégicos cuja fabricação no Brasil esteja a cargo de oligopólios;

• agilizar o licencia-mento de projetos de no-vos empreendimentos, mobilizando recursos para informatizar e equipar adequadamente os órgãos públicos responsáveis;

• rever Planos Diretores conjugando estímulos ao adensamento de áreas urbanas bem servidas por transporte público com in-centivos para a instalação de novas empresas, o aumento da mobilidade urbana em áreas menos bem servidas e o incremento da oferta de habitação de interesse social;

• estimular investimentos no aumento da produtividade, mediante incentivos tri-butários à modernização de métodos cons-trutivos e ao treinamento e à qualificação e da mão de obra.

Na atual conjuntura, os governos não podem nem devem claudicar. O Brasil agradece.

Page 4: Emaranhado Legal

4 revista notícias da construção / setembro 2013

regionaiS ............................................... 34• Ribeirão promove seminário sobre argamassa• Construção realiza happy hour em Bauru• Santos visita obras da Saipem• Regional apoia projeto de resíduos• Parceria em São José qualifica mulheres• Prudente faz curso sobre gestão de contratos• Maristela Honda recebe prêmio em Sorocaba

S u m á r i O

HabitaÇÃo .............................................. 12• SindusCon-SP questiona item do Plano Diretor• CTQ mostra ganhos de produtividade

SinDUSCon-SP eM aÇÃo .......................... 14• Convênio Plantas On Line 2 é assinado• Seminário BIM focará perfil do profissional

QUaLiDaDe .............................................. 18• Confira as novidades do Concrete Show

reLaÇÕeS internaCionaiS ..................... 21• Missão do SindusCon-SP foi ao Japão

reLaÇÕeS CaPitaL-trabaLHo ................. 23• Megasipat tem “esquenta” em São Paulo

Meio aMbiente ....................................... 26• Resíduos: propostas do SindusCon-SP aceitas• Guia de Emissões é divulgado no Greenbuilding• Recadastramento no Ibama tem prazo

obraS PÚbLiCaS ..................................... 33• SindusCon-SP rejeita RDC no lugar da 8.666

C a p aSINDUSCON-SP DISCUTE SAÍDASPARA A INSEGURANÇA JURÍDICA .........6• “Desoneração foi uma trapalhada” • Terceirização gera polêmica• Dúvidas no licenciamento ambiental• Desempenho: ônus da prova é do usuário• Plano Diretor causa apreensão no setor

Conjuntura | Robson Gonçalves .............................5

gestão da obra | MaRia anGélica covelo silva ..........16

empreendedorismo | PRof. HaMilton Pozo ............22

gestão empresarial | MaRia anGelica l. PedReti ......24

Jurídico | Rosilene caRvalHo santos ........................28

Marketing | antonio Jesus de bRitto cosenza .............30

Marketing de relacionamento | Rodolfo zaGallo ..40

Saúde | noRMa aRauJo ........................................42

Soluções inovadoras | João HeitzMann fontenelle......44

Construção da Carreira | feliPe scotti calbucci ....46

c O l u n i S t a S

ConFianÇa no FUtUroO projeto do Plano Diretor de São Paulo precisa equilibrar melhor a necessidade de mobilidade urbana da capital paulista com o desenvolvimento que a indústria imobiliária pode proporcionar aos seus habitantes.

Maurício BianchiVice-presidente de Relações Institucionais do SindusCon-SP

retiFiCaÇÃoNa reportagem “Ajuste no Caminho do Mercado” (edição 124, julho/13), foi Fabio Villas Bôas, diretor de Engenharia da Tecnisa e conselheiro do SindusCon-SP, quem destacou os exemplos do Bledzed, em Londres, e da Masdar City, em Abu Dhabi, como bairros que levaram a sério o desafio da sustentabilidade. Faltou informar que Villas Bôas também é coordenador do grupo de trabalho de Pós-Obra e Assistência Técnica do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) do sindicato.

eSCreva Para eSta SeÇÃoe-mail: [email protected]: R. Dona Veridiana 55, 2º andar, 01238-010, São Paulo-SP

v O z d O l e i t O r

“O papel desta revista foi feito commadeira de florestas certificadas FSC

e de outras fontes controladas.”

PresidenteSergio Tiaki Watanabe

Vice-PresidentesCristiano GoldsteinEduardo May ZaidanFrancisco Antunes de Vasconcellos NetoHaruo IshikawaJoão Claudio RobustiJoão Lemos Teixeira da SilvaLuiz Antonio MessiasLuiz Claudio Minniti AmorosoMaristela Alves Lima HondaMaurício Linn BianchiOdair Garcia SenraPaulo Rogério Luongo SanchezYves Lucien de Melo Verçosa

diretoresPaulo Brasil Batistella (Jurídico)Salvador de Sá Benevides (Rel. Internacionais)

Diretores Das regionaisEduardo Nogueira (Ribeirão Preto)Elias Stefan Junior (Sorocaba)Emilio Carlos Pinhatari (São José do Rio Preto)Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente)Márcio Benvenutti (Campinas)Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru)Ricardo Beschizza (Santos)Rogério Penido (São José dos Campos)Sergio Ferreira dos Santos (Santo André)

representantes junto à FiespTitulares: Eduardo Ribeiro Capobianco,Sergio Porto; Suplentes: João Claudio Robusti,José Romeu Ferraz Neto

assessoria De iMprensaRafael Marko - (11) 3334-5662Nathalia Barboza - (11) 3334-5647Fabiana Holtz - (11) 3334-5701

Conselho eDitorialDelfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto

superintenDenteJosé Luiz Machado

eDitor responsávelRafael Marko

redaÇÃoNathalia Barboza e Fabiana Holtz (São Paulo) com colaboração das Regionais: Ester Mendonça (São José do Rio Preto); Giselda Braz (Santos); Homero Ferreira (Presidente Prudente); Enio Machado, Elizânio Silva e Tatiana Vitorelli (São José dos Campos); Marcio Javaroni (Ribeirão Preto); Sabrina Magalhães (Bauru); Ana Diniz e Simone Marquetto (Sorocaba); Sueli Osório (Santo André); Vilma Gasques (Campinas).Secretaria: Antonia Matos

arte e DiagraMaçãoMarcelo da Costa Freitas/Chefe de Arte

puBliCiDaDeVanessa Dupont - (11) 3334-5627Pedro Dias Lima - (11) 9212-0312Bruna Batista Avelino - (11) 3334-5659Thiago Rodrigues - (11) 3334-5637Vando Barbosa - (11) 97579-8834Jéssica Schittini - (11) 96646-6525André Maia - (21) 7834-5379Eneida Cristina Martins - (11) 99942-7403 Hamilton Silva - (11) 7714-1148

endereÇoR. Dona Veridiana, 55, CEP 01238-010, São Paulo-SP

Central de relacionamento sindusCon-sp(11) 3334-5600

Ctp/ impressão: Pancrom Indústria Gráfica

tiragem desta edição: 15,9 mil exemplares

opiniões dos colaboradores não refletem necessariamente posições do sindusCon-spnoticias@sindusconsp.com.brwww.sindusconsp.com.brfacebook.com/sindusconsptwitter.com/sindusconspyoutube.com/sindusconspmkt

Disponível na App Store e no Google Play

Page 5: Emaranhado Legal

5revista notícias da construção / setembro 2013

robSon gonÇaLveS é professor dos Mbas da Fgv e consultor da Fgv Projetos

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna:[email protected]

Eu já disse em várias situações que, se fosse humilde, teria escolhido outra profissão. A arrogância é uma marca terrível dos econo-mistas. Mas o cúmulo da arrogância acontece quando os economistas resolvem fazer previ-sões sobre o câmbio.

E, de fato, duvido que algum de nós te-nha previsto há meses a alta recente do dólar. Houve quem dissesse que seria “desejável” que o real estivesse mais desvalorizado. Mas desejos não são previsões. Uma vez que já estamos diante do fato consumado, a coisa muda de figura e já se pode especular sobre as consequências da alta do dólar.

Minha visão pessoal é que estamos viven-do o retorno à normalidade. Não sem dor, não sem sofrimento. Mas, quando se discutia em janeiro se o dólar ficaria ou não abaixo de R$ 2, ali sim, vivíamos um cenário preocupante.

A indústria nacional estava diante de um paradoxo. Muitas empresas estavam abrindo mão da produção e passavam a somente co-mercializar produtos importados, sobretudo da China. Os canais de distribuição eram o seu último recurso estratégico, o esqueleto de um organismo produtivo que morria, sufocado por custos elevados (isso não era, via de regra, culpa dos empresários) e por uma série de ineficiências (em parte, responsabilidade dos próprios industriais, sim).

A resposta tímida do governo veio com a era das desonerações e da elevação dos impos-tos sobre a importação. Mas, quando o câmbio está fora do lugar, tudo isso pode ser apenas paliativo, remédios que não curam e somente

prolongam a agonia industrial.Até meados de agosto, a alta cambial já

chegava a 20% no ano. Mas, como ela veio por etapas e na sequência das medidas de defesa comercial, muitas empresas já haviam ajustado sua cadeia de suprimentos e se pre-parado para o inevitável aumento dos custos de produção. Outras, por sua vez, calibraram seu mix de oferta, revertendo parcialmente a troca de produção por mera comercialização de importados. Do ponto de vista produtivo, portanto, a elevação cambial parece um pro-cesso altamente saudável. Ainda assim, restam algumas dúvidas e até alguns temores.

A primeira se refere ao impacto sobre a inflação. A alta do câmbio tem impacto ime-diato sobre o preços no atacado. Com a econo-mia em marcha lenta e o varejo apresentando sinais de retração, o repasse para os preços

ao consumidor é uma incógnita. Mas, quis o destino que elevação do câmbio aconteces-se justamente quando os preços dos alimen-tos estavam recuando,

tanto no mercado interno quanto no mundial. Entre janeiro e agosto, a queda desses preços no atacado já havia chegado a 5%.

A segunda inquietação se refere ao preço dos combustíveis. Em tempos de manifesta-ções contra altas de 20 centavos nos preços das passagens de ônibus, como a Petrobras fará para repassar sua elevação de custos? A alternativa de descapitalizar a empresa como no passado é incômoda e imprópria.

Nesse meio tempo, surge no horizonte o cenário eleitoral. Aprumar a aeronave quando a cabeceira da pista já está visível e bate aquele vento de cauda é coisa para pilotos experientes. Enquanto isso, nós, os passageiros, vamos nos benzendo discretamente.

O avanço do dólar

aterrissar quando bate o vento decauda é coisa para piloto experiente

c O n j u n t u r a

Page 6: Emaranhado Legal

6 revista notícias da construção / setembro 2013

c a p a

construção busca saídas para incerteza jurídica

Fabiana Holtz e natHalia barboza

Com a proposta de discutir temas como desoneração, subcontratação, Nor-ma de Desempenho, legislação ambiental, Plano Diretor e o novo Código Florestal, o SindusCon-SP promoveu em 29 de agosto o 1º Congresso Jurídico da Construção. Realizado no Teatro do Hotel Renaissan-ce, o evento reuniu aproximadamente 220 pessoas em palestras e mesa redondas, me-diadas por membros do Conselho Jurídico do sindicato.

Na abertura do evento, Sergio Watana-be, presidente do sindicato, observou que não há espaço para amadores no setor. “A construção civil precisa ser executada por profissionais. Existem riscos que agrega-mos em nossa profissão que não são con-siderados. É preciso eliminar a informali-dade”, afirmou, ao citar o desmoronamento ocorrido em São Mateus, como um alerta para essa questão.

Ao falar sobre tributação e políticas públicas, Watanabe foi direto. “Por conta

de ações do governo registramos um cres-cimento mais lento. Esse é o Brasil em que vivemos hoje”, disse, ao chamar de “tra-palhada” a forma como foi implementada a política de desoneração para o setor. Na avaliação do diretor jurídico do sindicato, Paulo Batistella, a discussão promovida por eventos como esse é fundamental para avanços no setor.

Presentes na mesa de abertura tam-bém estavam Alessandro Vedrossi, diretor executivo de Incorporação e Negócio da Brookfield, e Paulo Melo, diretor supe-rintendente da Odebrecht Realizações Imobiliárias. Vedrossi iniciou sua palestra dizendo que faria algumas provoca-ções. “Desafios; existem vários. Essa demanda ainda prosseguirá por muitos anos. Estamos vivendo um momento de amadurecimen-to”, afirmou, ao ressaltar que hoje as relações den-tro do setor são muito mais com-plexas. Na avalia-

Desoneração foi o tema da mesa redonda composta por zaidan, oliveira, navarro, Minichillo e elisabeth

Fotos

: Gab

riel P

evide

congresso reuniu220 participantes

no Hotel renaissance

Page 7: Emaranhado Legal

7revista notícias da construção / setembro 2013

ção do engenheiro da Brookfield, a relação das construtoras com o entorno é um desa-fio enorme e não há uma solução simples ou óbvia.

Com ênfase para a alta dos custos e outros problemas crônicos que precisam ser enfren-tados pelo governo, Melo, da Odebrecht, afirmou que trabalhar hoje no Brasil está muito difícil. “O custo da mão de obra tem crescido mais do que a rentabilidade do setor. Com isso, vamos perdendo em competitividade”. Segundo ele, o país hoje não tem mercado financeiro para investimento em infraestrutura com ca-pital privado. “Para atrair capital é preciso oferecer estabilidade de regras e retorno”, acrescentou.

Tributação confusa Na primeira mesa redonda do Congres-

so, o tema Desoneração foi o foco do debate que reuniu Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do SindusCon-SP; Carlos Henrique de Oliveira, chefe substituto da

Divisão de Tributação da Superintendência Regional da Receita Federal, e Elisabeth Lewandowski Libertuci, do Conselho Su-perior de Assuntos Jurídicos e Legislativos da Fiesp.

Com mediação de Alexandre Tadeu Navarro e Marcos Minichillo, membros do Conselho Jurídico do sindicato, a dis-cussão girou em torno das dificuldades criadas para a adesão ao sistema. “No meu entendimento, o que tem ocorrido são minirreformas tributárias. Vemos que a redução da carga, em muitos casos, acaba sendo apenas aparente”, ponderou Navarro, ao considerar que as medidas

foram tomadas de maneira atabalhoada.

Em sua defesa, Oli-veira, da Receita Federal, afirmou que existe uma grande vontade do governo em acertar, mas ainda há um certo desconhecimento sobre o setor. Segundo ele, uma falha do novo siste-ma de tributação foi não ter dado ao contribuinte a opção de escolher entre adotar ou não a nova regra. Oliveira disse que precisou ler a normativa pelo menos

na abertura, Melo, Vedrossi, Watanabe e Batistella fizeram um balanço dos principais entraves

Page 8: Emaranhado Legal

8 revista notícias da construção / setembro 2013

capa

três vezes para entender exatamente do que se tratava, reconhecendo que o texto é confuso.

Na opinião de Zaidan, é preciso um batalhão de pessoas para se trabalhar den-tro da lei, o que hoje é conhecido como o custo da conformidade. “Do jeito que foi feita, a desoneração beneficiou algumas empresas, mas prejudicou outras tantas e deixou diversas interrogações legais em aberto, além de criar dificuldades para o cálculo de diversos índices de reajuste dos contratos de construção”, resumiu, ao afirmar que o melhor e mais justo te-ria sido promover uma redução linear de contribuição previdenciária para todas as empresas do setor.

Terceirização Com mediação de Renato Romano,

do Conselho Jurídico do SindusCon-SP, a questão da terceirização foi o tema da mesa redonda que reuniu o vice-presidente de Relações Capital-Trabalho, Haruo Ishikawa; o desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca e o deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), autor do pro-jeto de lei 4.330/2004 – que regulamenta a terceirização de mão de obra. Polêmico, o tema suscitou um acalorado embate entre Fonseca e Mabel.

Ao expor seu projeto, Mabel disse que o tem trabalhado para proteger o trabalha-

dor terceirizado, oferecendo segurança jurídica para as duas partes (o empregador e o trabalhador), assegurando quais são as obrigações, regularizando a terceirização. “A lei procura deixar claro o que é tercei-rização”, disse.

Contrário ao projeto, o desembarga-dor Fonseca defendeu que o texto, se for aprovado como está, desencadeará uma perda salarial considerável, o que deve afe-tar o consumo. “Acredito que isso também irá esfacelar o conceito de categoria como se conhece hoje. Do ponto de vista patro-nal, haverá um esvaziamento”, observou Fonseca, que alertou para a precarização entre terceirizados.

Mabel defendeu-se: “Nosso projeto não vai reduzir a massa salarial, muito pelo contrário. Vamos acabar com os picaretas ao estimular a especialização. Estamos falando em 15 milhões de trabalhadores que não tem seus direitos garantidos hoje”. De acordo com deputado, a falta de especialização gera maior gasto de mate-rial, elevando os custos e prejudicando a competitividade.

Não convencido pelas palavras de Ma-bel, o desembargador reafirmou acreditar que as mazelas que vão se criar a partir da liberação indiscriminada da terceirização no médio e longo prazos são preocupantes. “Na minha avaliação, a economia existe para servir ao homem, e não o contrário”.

Debate com Fonseca, romano, ishikawa

e Mabel rendeu um acalorado embate

entre o desembargador e o deputado

Page 9: Emaranhado Legal

9revista notícias da construção / setembro 2013

dúvidas na licença ambiental

“Melhores cidades aumentam a de-manda por moradia. Este é nosso insumo básico. Temos de procurar, de maneira mais assertiva e crítica, debater a questão da ocupação urbana.” Com este argumento, Francisco Vasconcellos, vice-presidente de Meio Ambiente do SindusCon-SP, falou sobre os impactos do Novo Código Florestal nos empreendimentos urbanos.

Segundo ele, algumas questões ambien-tais permanecem. “Sabemos que as cidades são construídas de modo informal e que muitos dos problemas recaem sobre os que tentam cumprir as leis. Este conflito gera a maioria dos nossos problemas. E só a matu-ridade da sociedade vai resolvê-lo”, avaliou.

“O problema é que, mesmo depois de o licenciamento ambiental obtido e das outras etapas cumpridas, a insegurança jurídica permanece”, comentou José Carlos Puoli, coordenador do Conselho Jurídico do SindusCon-SP. “O cenário está ainda mais restritivo, na busca de parâmetros que nem sempre são fáceis de alcançar”, reforçou.

Puoli lembrou que, no Novo Código Florestal, o meio ambiente acabou sendo fracionado em dois: o meio natural e o urbano. “Temos de perceber que a nossa atividade traz, sim, impacto ao meio am-biente e ao ambiente urbano. A preocu-pação é com o futuro. Mas como evitar o esgotamento do meio ambiente? Trabalhar dentro da lei, no limite do possível, agrava ainda mais a insegurança, pela subjetivida-de que gera questionamentos dos fiscais. E efeitos cumulativos de uso de uma área podem trazer consequências não pensadas individualmente”, ponderou.

Pagar os custosA advogada Ana Claudia La Plata de

Mello Franco, do escritório Milaré Advoga-dos, lembrou que, desde sempre, as cidades se valeram das áreas sensíveis ao equilíbrio ambiental (beiras dos rios, próximas aos cursos d’água, e topos de morro).

“O Código Florestal tenta evitar a ocupação irregular e evitar conflitos entre o direito à propriedade, moradia e meio am-biente. Nas questões das cidades, estamos dispostos a pagar estes custos?”, questionou.

Segundo ela, o contrabalanço das ações jurídicas referentes aos cursos d’água em APPs (Áreas de Preservação Permanente) só será possível em casos concretos. “O respeito ao direito adquirido não pode ser violado. Que pelo menos se pense em indeni-zação daquele que tem seu direito adquirido diminuído ou suprimido”, ponderou.

Nas APPs, a lei alterou a referência de mensuração das faixas de proteção do curso d’água, causando dificuldades de interpreta-ção. “É um conceito muito técnico que gera-rá subjetividades, sobretudo levando-se em conta as intermitências dos fluxos de água nas diferentes estações do ano ou em regiões muito diferentes”, explicou Ana Claudia.

Para Puoli, por isto é necessário que o empreendedor invista na qualidade do projeto, abrindo mão da rapidez. “Não tem jeito. Para não perder anos com embargos judiciais, é preciso paciência nos levanta-mentos prévios”, disse.

“Poderíamos fazer um licenciamento compartilhado, criar um elo de confiança com os técnicos e o Ministério Público”, sugeriu Vasconcellos.

ana Claudia, Puoli e Vasconcellos: insegurança jurídica permanece nas questões ambientais, mesmo após o novo Código

Page 10: Emaranhado Legal

10 revista notícias da construção / setembro 2013

capa

Ônus da prova é do usuárioA Norma de Desempenho é a maior

autorregulamentação da qual se tem notícia. Nenhum outro setor ousou tanto quanto a construção civil. A afirmação é do coorde-nador do Conselho Jurídico do Secovi-SP, Carlos Pinto del Mar, que palestrou no 1º Congresso Jurídico do SindusCon-SP sobre a ABNT NBR 15.575 (Edificações Habitacionais – Desempenho).

Segundo ele, a definição dos itens que precisam de manutenção –e os prazos nos quais elas devem ser realizadas–, com base no que determina a Norma de Desempenho, elimina boa parte da insegurança jurídica em relação às responsabilizações no caso de um problema em um imóvel. “Pelo menos acaba a insegurança em termos do que se espera do produto entregue, ainda que os prazos de vida útil sejam bem longos.”

Del Mar lembrou que, se a elaboração de uma norma técnica é voluntária e de-pendente da iniciativa da sociedade, o seu cumprimento é obrigatório. “É um dever.”

Segundo ele, “o atendimento às normas técnicas é uma presunção de regularidade e seu descumprimento traz desde a rejeição do produto pelo cliente até multas dos Procons, penhoras, graves reflexos na esfera criminal e a possibilidade de o cliente obter um aba-timento do preço e indenizações.

Segundo o advogado, a chave para que o construtor se cubra de cuidados contra possíveis alegações de responsabilidades perante a Justiça está na documentação e acompanhamento da manutenção do imóvel. “O ônus da prova é dos usuários”, sentenciou.

Para ele, com o passar do tempo, não há como exigir o desempenho e a qualida-de de um imóvel sem o cumprimento de um plano de manutenção. “O direito dos usuários (à qualidade), ao longo do tempo, depende da realização da manutenção. E, como os atos e fatos da manutenção são

incumbências dos usuários, a manutenção é um fato constitutivo de seu direito.”

Uma manutenção adequada, além de prevenir problemas, manter a qualidade do imóvel e dar condições para que a sua vida útil se confirme, “exclui o construtor de responsabilidades, caso a mesma não seja rigorosamente feita, provocando a culpa exclusiva da vítima”, disse Del Mar.

Ele recomenda ainda que os registros das manutenções efetivamente realizadas sejam mantidos “para prover evidência da efetiva implementação destes serviços”.

Fácil de entenderFabio Villas Bôas, coordenador da

Comissão de Estudos de Revisão da Norma de Desempenho da ABNT e do Grupo de Trabalho de Pós-Obra do CTQ, debateu as implicações jurídicas da Norma com Carlos Del Mar e Olivar Lorena Vitale Junior, mem-bro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP. “A NBR 15.575 faz barulho na mídia por-que é fácil de entender”. Para ele, a norma também “cria referência para a avaliação de unidades similares, equilibrando as relações de consumo.

Para Olivar Lorena Vitale Junior, membro do Conselho Jurídico do Sindus-Con-SP e coordenador do debate, “uma vez demandado um construtor, a defesa será a não existência de dano ou nexo causal”.

olivar Vitale Jr. (ao centro) fala sobre as implicações jurídicas da norma de Desempenho, ao lado de Del Mar (esq.) e deVillas bôas

Page 11: Emaranhado Legal

11revista notícias da construção / setembro 2013

Plano Diretor causa apreensão

O andamento dos trabalhos de revisão participativa do Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo também foi alvo das palestras do 1º Congresso Jurídico do SindusCon-SP.

Ricardo Yazbek, vice-presidente do Secovi-SP, expôs detalhes do anteprojeto de lei que a Prefeitura apresentou à sociedade, estruturado em três estratégias: a otimização dos eixos de transporte coletivo; a macroárea de estruturação metropolitana; e a macroárea de redução de vulnerabilidades.

A proposta usa vários instrumentos, como a transferência de potencial constru-tivo, outorga onerosa, Operações Urbanas, parcelamento, edificação e utilização com-pulsória. “A chamada cota de solidariedade é uma novidade, assim como a arrecadação de bens abandonados e a reordenação urba-nística integrada. Haverá elevação de 20% na reserva de Zonas Especiais de Interesse Social, mas o que chama mais a atenção é o grande aumento do custo das outorgas onerosas”, afirmou Yazbek.

Ele também destacou a limitação de vaga de garagem para novos lançamentos. “A cidade precisa de novos modelos de ocu-pação, mas a missão do mercado imobiliário é atender a demanda, que ainda exige vagas para seus automóveis”, comentou.

Segundo Yaszbek, de janeiro de 2004 a junho de 2013, foram lançadas, na Região Metropolitana de São Paulo, 491 mil unida-des com 1 milhão de vagas de garagem, para um aumento populacional de 1,3 milhão de habitantes. “Até 2022, a demanda será de 1,8 milhão de unidades por ano.” Ele questionou como acomodar as 30 mil unidades deman-dadas todo ano. “As cidades compactas são uma solução, assim como verticalizar e incentivar a mescla de uso”, apontou.

Para Yazbek, a revisão do Plano Diretor

é uma ótima oportu-nidade de repensar ferramentas de pla-nejamento urbano, como o coeficiente de aproveitamento máximo dos terre-nos. “Enquanto em Denver (Colorado, EUA) o aproveita-mento é de até 17 vezes, em Nova York, de 15 vezes e em Chicago e Hong Hong, de 12, em São Paulo o coeficiente não passa de 4.”

A baixa densidade populacional, de 7,4 habitantes por km2, da cidade de São Paulo também contrasta com importantes lugares do mundo: Mumbai (Índia) tem 23 hab/km2; Paris, 21,3 hab/km2. “O adensamento ao longo das grandes vias e a criação de polos de desenvolvimento autossustentáveis é uma das sugestões que já apresentamos ao prefeito Haddad”, informou Yazbek.

RetroatividadeSegundo Yazbek, tem causado dor de

cabeça a disposição da Prefeitura em retroa-gir a validação das leis relativas à Operação Água Branca. “Vamos, lealmente, para a Justiça. É uma questão de sobrevivência da indústria imobiliária”, comentou.

Os vice-presidentes do SindusCon-SP Odair Senra (Imobiliário) e Mauricio Bian-chi (Relações Institucionais) também par-ticiparam do debate. Para Bianchi, “regras claras e transparência evitam especulação. Não somos predadores. Lutamos para acabar com a sobreposição de poderes e atos de cor-rupção. Precisamos reinvidicar o aumento do coeficiente construtivo para São Paulo, e o Plano Diretor pode ajudar nisto”.

Leia reportagem à pág. 12

Yazbek: São Paulo tem um grande potencial de aproveitamento de terrenos ainda a ser explorado

Page 12: Emaranhado Legal

12 revista notícias da construção / setembro 2013

H a B i t a Ç Ã O

Sinduscon-Spquestiona item do plano diretor

O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, manifestou ao prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, a preocupação da indústria imobiliária com o item do anteprojeto do Plano Diretor que retroage a 31 de julho de 2013 os efeitos do mesmo.

Segundo Watanabe, o item gerou gran-de insegurança junto às construtoras. Aque-las que estavam preparando seus terrenos para lançar empreendimentos imobiliários poderão ter seus projetos inviabilizados financeiramente, com a queda prevista

no anteprojeto, de 2 para 1 vez a área do terreno, do coeficiente de aproveitamento para construção. Outras construtoras que estavam por adquirir terrenos para futuras edificações interromperam as negociações. “Este é um detalhe do Plano Diretor”, limi-tou-se a comentar o prefeito, evitando entrar no mérito da questão. (Rafael Marko)

observado pelo secretário municipal Simão Pedro, Watanabe manifesta preocupação a Haddad (dir.) sobre retroatividade

batlouni: missões técnicas do SindusCon-SP foram relevantes para conhecer mais inovações

CTQ mostra ganhos de produtividadeSoluções industrializadas, inovações

em projetos e métodos construtivos e o treinamento da mão de obra têm contri-buído para a elevação da produtividade na edificação de estruturas no Brasil. Foi o que mostrou o coordenador do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) do SindusCon-SP, Jorge Batlouni, em seminário sobre habita-ção no Concrete Show, em agosto.

Batlouni destacou a necessidade de incremento da produtividade, uma vez que os custos com a mão de obra subiram ex-pressivamente nos últimos anos. Segundo ele, essa evolução já se fazia sentir. A produ-tividade na execução de um metro cúbico de estrutura de concreto, que vem aumentando nas últimas décadas, em 2008 era em média de 17 Homens/hora e hoje já chega está em cerca de 15 H/h.

O coordenador do CTQ mostrou o em-prego recente de novas soluções na execução dessas estruturas, como minigruas, mastros distribuidores de concreto e spiders. Ele também destacou a importância das Missões

Técnicas do SindusCon-SP ao exterior para trazer inovações que elevam a produtividade.

Minha CasaAo abrir o seminário, a secretária Na-

cional da Habitação, Inês Magalhães, negou que o governo irá reajustar os valores pagos pelos imóveis da faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida. Segundo ela, a baixa pro-dução para esta faixa no município de São Paulo seria um problema da capital paulista e não do MCMV, e só poderia ser mitigada por parcerias e mudanças no Plano Diretor.

Ela anunciou que o Ministério está de-senvolvendo diversas ações para estimular a produtividade e a inovação na construção de moradias, favorecendo a sustentabilidade e a durabilidade das edificações, bem como a redução do custo de sua manutenção futura.

Também presente, o secretário estadual da Habitação, Silvio Torres, anunciou que em meados de setembro sairia o edital da PPP para a construção de 20,2 mil moradias na capital paulista. (RM)

Page 13: Emaranhado Legal
Page 14: Emaranhado Legal

14 revista notícias da construção / setembro 2013

Sinduscon-Sp e prefeitura assinam convênio plantas On line 2

Com a intenção de estimular e im-plementar ações conjuntas para o melhor funcionamento operacional da nova Secre-taria Especial de Licenciamento (SEL), o SindusCon-SP firmou o convênio de coo-peração Plantas On Line 2 com a Prefeitura do Município de São Paulo, em agosto. O documento foi assinado em parceria com a Asbea e o Secovi-SP. O convênio, que reúne associados das três entidades, pre-tende arrecadar R$ 2 milhões para auxiliar a Secretaria em estruturação de seu espaço físico, informatização e mobiliário.

A reunião de formalização do convênio, que ocorreu na sede do Secovi-SP, contou com as participações de Sergio Watanabe, presidente do sindicato; Cláudio Bernardes, presidente do Secovi-SP; Eduardo Nardelli,

presidente da Asbea, e Paula Maria Motta Lara, secretária Municipal de Licenciamen-to. Ela apresentou sua equipe e ressaltou que já está disponível no site da secretaria o guia para aprovação de HIS e HMP (Habitação de Mercado Popular). (FH)

Foto: Arquivo Secovi-SP/Calão Jorge

bernardes, nardelli, Paula Motta e Watanabe, durante evento para assinatura do convênio

S i n d u S c O n - S p e m a Ç Ã O

Seminário BIM focará perfil do profissionalUma das atrações do 4º Seminário Inter-

nacional BIM – Modelagem da Informação da Construção, que o SindusCon-SP realiza-rá em 24 de outubro, no Teatro Renaissance, em São Paulo, será a palestra “As compe-tências necessárias para o profissional que atua no processo BIM”, ministrada por Bilal Succar, da BIM Excellence e presidente do grupo de trabalho do Instituto Australiano de Arquitetos para o Ensino do BIM.

O SindusCon-SP também trará a ex-periência de uma das maiores empresas de engenharia e construção europeias, a portu-guesa Mota-Engil.

Outro tema importante é a implanta-ção da ferramenta aos projetos de sistemas hidráulicos, elétricos e mecânicos, e sua integração com as demais especialidades. Christopher di Iorio, CEO da EngWorks (BIM Technology), dos EUA, deve ajudar a

elucidar o que é preciso fazer.Mais uma vez, o seminário apresentará

um panorama sobre os avanços já obtidos na implementação do BIM no Brasil por meio de três casos emblemáticos: da Matec Engenharia, sobre a implantação do BIM nos seus projetos; da Contier Anquitetura, sobre a aplicação do BIM no projeto do centro administrativo da Petrobras, em Santos; e da Sinco, sobre as potencialidades do pro-cesso BIM aplicado à estimativa de custos e planejamento de obras.

Lúcio Soibelman, chefe do Sonny As-tani Department of Civil and Environmental Engineering na Universidade do Sul da Cali-fórnia, voltará ao Brasil para avaliar o estágio atual do BIM e discutir as necessidades de avanço para a implantação do processo BIM na construção civil brasileira. Informações e inscrições: (11) 3334-5600. (NB)

Page 15: Emaranhado Legal
Page 16: Emaranhado Legal

16 revista notícias da construção / setembro 2013

Maria angeLiCa CoveLo SiLva é engenheira civil, mestre e doutora em engenharia, diretora da ngi Consultoria e Desenvolvimento

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temaspara esta coluna:[email protected]

repensar a organização

G e S t à O d a O B r a

Muitas têm sido as considerações sobre o perfil e o conhecimento requeridos dos enge-nheiros de produção, de obra e muito se tem falado sobre a juventude dos engenheiros que estão nos canteiros e as consequências que a falta de experiência pode trazer do ponto de vista de riscos de engenharia.

Mas muito pouco tem sido discutido sobre a adequação da estrutura organizacional clássica que se adota no mercado de constru-ção diante das condições que se apresentam para a realização das obras.

As necessidades atuais envolvem em-preendimentos de grande porte, com prazos menores do que os de alguns anos atrás, sem que tenha havido mudança significativa de tecnologia que proporcione a industrialização necessária para reduzir prazos com seguran-ça, com limitações logísticas impostas por restrições a acesso para carga e descarga, e uma série de outros fatores que aumentaram a complexidade de todo o processo produtivo.

Precisamos reavaliar a natureza das atividades e dos conhecimentos requeridos para todo o processo de execução da obra e com isso rever a estrutura organizacional e de atribuições. O processo requer co-nhecimentos e habilidades de uma variada gama, mas se pode notar que a natureza de necessidades requer uma estrutura orga-nizacional em que o engenheiro não deve mais ser o único responsável técnico. Ele precisa contar com uma equipe que envolva diferentes formações como a formação em administração, logística, segurança, gestão ambiental. A essência do conhecimento do

engenheiro de obras tem que ser a tecno-logia de construção com o comportamento dos materiais e componentes, a análise do projeto e a execução correta e totalmente aderente ao projeto, o controle tecnológico maior do que simplesmente a análise dos resultados de ensaios de concreto.

Ao longo dos anos, sem este repensar da estrutura de conhecimentos e caracterís-ticas dos profissionais requeridos, perdemos a essência da formação do engenheiro em meio a inúmeros controles de prazos e de custos e estamos vendo as obras sem ação técnica de fato sobre as fundações, estru-turas, vedações, revestimentos etc. Focado na administração do contrato, o engenheiro passou muitas das suas antigas atribuições para profissionais que ainda não deveriam assumir tais responsabilidades, como esta-giários e trainees.

O engenheiro de obras responsável pela tecnologia de construção precisa conhe cê-

la em profundidade, para ter capacidade de liderar a produção do ponto de vista do desempenho que esta edificação terá após

concluída. A liderança tecnológica deve ser da construtora por meio desta equipe que está à frente da produção, e jamais se diluir entre os muitos fornecedores.

O não exercício deste conhecimento (e a perda dele) é a chave para entender os vários problemas de não conformidade e qualidade vividos nos últimos anos, muito mais do que a falta de mão de obra operária qualificada.

Está na hora de rever e mudar esta orga-nização que certamente levará a se constatar a necessidade de reciclagem de conhecimentos e de distribuição de atribuições nos canteiros de obras.

Saber tecnológico do engenheiro édecisivo para a qualidade da obra

Page 17: Emaranhado Legal
Page 18: Emaranhado Legal

18 revista notícias da construção / setembro 2013

q u a l i d a d e

novidades concretas

O Concrete Show South America 2013 apresentou em agosto as mais recentes ino-vações tecnológicas em máquinas, sistemas construtivos à base de cimento, serviços e outros sistemas.

Entre as novidades está a Novatreliça, uma solução em aço galvalume para cons-truir lajes. Segundo o fabricante, o material é três vezes mais resistente à corrosão que o aço galvanizado e pesa só 940 gramas por metro linear, 1/7 de uma vigota comum. A Novatreliça vai com espaçadores, fixados a cada 20 cm, que garantem o posicionamento e a uniformidade das armações de treliças.

A Menegotti mostrou o projetor de argamassa MPA 150, que promete ganho de 800% em produtividade comparado ao método tradicional, projetando até 30 litros por minuto, a 20 m na vertical. Segundo o fabricante, outro diferencial são os dois dias de “entrega técnica” oferecidos para treinar as equipes no canteiro de obra.

A Zoomlion Cifa apresentou sua linha de bombas lança. A maior delas (56X-6RZ) tem vazão máxima teórica de 180 m³/h e atinge 56 metros na vertical. O modelo tem abertura da lança em “Z”, três bombas hidráulicas independentes e painel de moni-toramento em LCD.

A auto bomba para concreto com mastro S58SX, da Schwing Stetter, alcança até 58 metros na vertical e promete vazão máxima de 164 m³/h.

O grupo Astra lançou o duto de entulho da marca Japi, fabricado em polipropileno. Para obras de vários pavimentos, as peças têm encaixes que permitem aumentar o duto no tamanho desejado.

MicrocimentoPara reforçar estruturas de concreto, a

Holcim apresentou sua família Maxigrout, à base de microcimentos, para preenchimento de vazios para suporte estrutural, confecção de estruturas e reparos de pavimentos e pisos.

Além dele, a Holcim promoveu o Siste-ma Microinjet, de injeção de calda coloidal de microcimento. Segundo a empresa, em pavimentos de concreto, o sistema restaura a capacidade de carga em base e sub-base gra-nulares, estabiliza recalques diferentes em placas de concreto e corrige o bombeamento de finos e a formação de trincas e fissuras.

O estande da Weber destacou o Contra-piso Autonivelante, sistema composto por argamassa cimentícia de autodesempenho, autoadensável e autoniovelante, monocom-ponente e bastante fluida, que permite ser bombeada.

A Husqvarna, por sua vez, apostou no processo para polimento de pisos Hiperfloor, formado por máquinas e ferramentas dia-mantadas de última geração que desbastam o concreto e removem a nata superficial, expondo os agregados. Para a empresa, a solução é tendência nos EUA e no Brasil para pisos internos e externos e teria, entre outras, até as vantagens de economizar energia elétrica, pela proprie-dade de aumentar a reflexão da luz pelo po-limento do piso, e de ter um ciclo de vida mais longo, pois o concreto pode ser renovado com um novo lixamento que remova a camada mais antiga e superficial. (Nathalia Barboza)

A auto bomba S58SX,da Schwing, alcançaaté 58 metros na vertical

Da Menegotti, a minigrua Elleva Max 500 tem lança telescópica extensível e carrega até 500 kg a 80 m de altura

Page 19: Emaranhado Legal

4 a 8 de novembro de

2013, em ParisInscreva-se!

maIs Informações:(11) 3016-1411

Pedro ou Yves

realIzação e organIzação:

aPoIo:

roteIro

1 de novembro (6ª feira) - são PaUlo / ParIs1º dia - apresentação no aeroporto internacional de São Paulo (GRU) e embarque com nossa assistência em vôo direto air France com destino a Paris (vôo noturno: aF 457 partida às 18h25 - chegada às 8h30).

2 de novembro (sábado) - ParIs2º dia - Chegada, recepção e traslado ao hotel. Restante do dia livre para atividades independentes.

3 de novembro (domingo) - ParIs3º dia - dia livre para atividades independentes*

4 de novembro (2ª feira) a 8 de novembro (6ª feira) - ParIs4º ao 8º dia - 5 dias livres para visita à BaTiMaT 2013

9 de novembro (sábado) - ParIs / são PaUlo9º dia - dia livre para atividades pessoais. Saída do hotel (check-out) até as 12h. À tarde, em horário a ser informado, traslado com assistência ao aeroporto de Paris (CdG) para embarque vôo air France de regresso ao Brasil.(vôo noturno: aF 454 partida às 23h30 – chegada às 8h05).

EstE pacotE inclui:• Parte aérea air France São Paulo/PariS/São Paulo em tariFa claSSe econômica (tariFa gruPo);• traSlado aeroPorto/Hotel/aeroPorto Para o gruPo, com aSSiStência braSileira, conForme o Programa;• PariS: 2-9 nov = 7 noiteS no Hotel radiSSon blu ambaSSador 4*SuP, com caFé da manHã e taxaS incluSoS;• Wi-Fi gratuito noS aPartamentoS;• ingreSSo Permanente viP de viSitação a batimat 2013;• Seguro de viagem mic euroPa, conForme exigência da comunidade euroPeia Para o Período deSSe Programa;

• aSSiStência local braSileira do noSSo rePreSentante em PariS;• maPa de PariS e roteiro de metrô com aceSSo ao PariS nord villePinte.

* Consulte nossa programação de tours opCionais

EstE pacotE não inclui:• taxaS de aeroPortoS e exceSSoS de bagagenS;

• eventuaiS viSitaS técnicaS ProgramadaS PoSteriormente ao noSSo Programa; • bebidaS/reFeiçõeS não mencionadaS e demaiS ServiçoS e deSPeSaS de caráter PeSSoal;

• reSPonSabilidade deSta oPeradora Por PaSSaPorteS ou viStoS negadoS ou não obtidoS a temPo Para viagem;

• tudo o que não conStar como incluído; • reSPonSabilidade deSta oPeradora Por alteraçõeS de vôoS eventualmente

imPoStaS PelaS ciaS. aéreaS.

ValorEs por pEssoa (Em Euros)para saída dE são paulo**

aPto duPlo: € 2.595,00 aPto individual: € 3.695,00

** Consulte-nos sobre Condições espeCiais para empresas assoCiadas do sindusCon-sp e

para saídas de outras Cidades.

a maior vitrine mundial das inovações e tendências da

construção espera por você! faça parte do grupo de associadas

que visitará a Batimat 2013

lUgares lIm

Itados

anuncio BATMAT 2013.indd 1 27/06/2013 13:30:51

Page 20: Emaranhado Legal
Page 21: Emaranhado Legal

21revista notícias da construção / setembro 2013

relaÇÕeS internaciOnaiS

Em primeiro plano, Watanabe, Fukushima e Aoki fazem reverência, em aula sobre etiqueta japonesa antes da viagem

Foto:

Gab

riel P

evide

Sinduscon-Sp foi ao japãoO cônsul geral do Japão em São Paulo,

Noriteru Fukushima, em evento realizado no final de agosto no SindusCon-SP, desejou “grande sucesso” aos 30 membros da Missão Técnica que o sindicato levou àquele país em setembro. Fukushima destacou que a Missão encontraria um “ambiente econômico muito bom” em função da Abenomics, a política econômica implementada pelo primeiro- ministro Shinzo Abe.

Ao agradecer o empenho do cônsul geral e equipe na realização da empreitada, o presidente do SindusCon-SP, Sergio Wa-tanabe, destacou que a Missão traria “uma contribuição muito importante em tecno-logia, inovação, processos construtivos e sustentabilidade ambiental” e teria também a oportunidade de “apreciar a cultura japo-nesa que tem, entre outras características, a sabedoria de como enfrentar dificuldades”.

Watanabe elogiou Salvador Benevi-des, diretor de Relações Internacionais do SindusCon-SP, e o ex-superintendente do sindicato e diretor da Tecnum Engenharia, Sussumu Niyama, “que realizaram um belo trabalho para nos proporcionar uma Missão Técnica do mais alto nível”.

Benevides, por sua vez, agradeceu ao cônsul e enfatizou o incentivo dado pelo presidente, pelo vice-presidente Adminis-trativo e Financeiro, Cristiano Goldstein, e pela equipe do sindicato para a realização da viagem. Já Niyama apresentou a agenda técnica da Missão e também agradeceu ao cônsul e à Embaixada do Japão em Brasília pelo apoio dado, especialmente a Takeshi Inukai, secretário do Departamento Finan-ceiro.

O evento contou com palestras sobre etiqueta japonesa, a cargo da pesquisadora Lumi Toyoda e da presidente da Blue Tree Hotels, a empresária Chieko Aoki.

ParticipantesA Missão será liderada por Watanabe e,

além de Benevides e Niyama, participarão os vice-presidentes Eduardo Zaidan, Haruo Ishikawa, João Lemos, Maurício Bianchi e Paulo Sanchez; os representantes do sindi-cato junto à Fiesp José Romeu Ferraz Neto e Sergio Porto; o diretor Jurídico, Paulo Ba-tistella; o ex-presidente e conselheiro Artur Quaresma Filho e o 2º vice-presidente do Conselho Consultivo, José Batista Ferreira.

Também integrarão a Missão os mem-bros do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP Alexandre Luis de Olivei-ra, Fábio Ribeiro, Fernando Fernandes, Luiz Bueno, Luiz Lucio, Paulo Aridan Mingione e Renato Genioli Jr.

Os demais participantes são: o presiden-te do Sinaenco-SP, José Roberto Bernasconi; o membro do Conselho Deliberativo da Abece, Francisco Graziano; o diretor da Abece, Virgílio Ramos; o vice-presidente da Ademi-RJ, Joaquim Andrade; o presidente do Conselho Consultivo da Asbea, Henrique Cambiaghi; o diretor presidente da Forma-plan, Francisco Pigatto Neto; o sócio diretor da JDL, José Carlos Sampaio; o sócio diretor da Gesso New, Carlos Franck; o diretor de Operações da Interbusiness, Argemiro Villa-ça; e o editor de Notícias da Construção, Rafael Marko.

A reportagem completa sobre a viagem sairá na próxima edição. (RM)

Page 22: Emaranhado Legal

22 revista notícias da construção / setembro 2013

ProF. HaMiLton PoZo é engenheiro, administrador, mestre, doutor e pós-doutora-do em administração, consultor, palestrante, autor e pesquisador da FaCCaMP

envie seus comen-tários, críticas, per-guntas e sugestões de temas para esta coluna: [email protected]

mire na logística

A redução dos custos representa um dos principais mecanismos para as empresas atin-girem vantagem competitiva. Um número cada vez maior de companhias tem concentrado es-forços na melhoria das atividades principais de sua atuação, enquanto outras investem no seu relacionamento na cadeia externa, para obter redução de custos ou diferenciação.

Para superar estes desafios e se manter no mercado, algumas empresas buscam na logística e, principalmente, na cadeia de suprimentos o diferencial competitivo, com uma gestão voltada a otimizar recursos e reduzir custos. Planejam e coordenam suas ações de forma integrada, avaliando todo o processo desde o fornecimento da matéria prima até a certeza do perfeito atendimento ao cliente. As atividades de logística, envolvendo transporte, movimentação e armazenagem de produtos dentro e fora das empresas, geram elevados custos, afetando drasticamente o resultado financeiro.

A redução de custos logísticos consti tui-se em um dos principais desafios do empre-sário, principalmente no setor de construção. Reduzir custos isoladamente parece fácil, mas a obtenção de melhores resultados e o aumen-to da produtividade operacional e do nível de serviço são uma tarefa árdua e complexa.

Comece mensurando corretamente os custos, separando-os em quatro classes: transportes, movimentação, armazenagem e serviço ao cliente (customer service). Nesta edição, vamos discutir transportes e armaze-nagem. Faça uma análise detalhada de cada um deles e meça todos os seus componentes,

conforme proposto abaixo.Transportes. Raramente os pequenos

empresários consideram os custos com transportes de matérias primas e dos produtos adquiridos. Embora o fornecedor fale que não cobra o frete, esse custo está “embuti-do” no preço dos materiais comprados. Se você conseguir avaliá-lo, poderá identificar oportunidades de transporte colaborativo ou operações com frota dedicada em circuito fechado. Os custos com a entrega de produtos são mais facilmente obtidos, favorecendo também oportunidades de transportes colabo-rativos. Esta ação pode reduzir o custo final do produto em até 8%.

Armazenagem. Separe os custos com armazenagem em quatro grupos: espaço físico, equipamentos de movimentação, material estocado e mão de obra operacional. Contabilize os gastos separadamente e anali-se o componente monetário de cada um de-les. Constatará que o impacto da somatória

desses valores (espaço físico, equipamentos, materiais estocados e a mão de obra para mantê-los) no custo de um produto é elevado

e representa em torno de 10% a 15% do custo final.

Quanto maior o estoque, maior o im-pacto desse custo no produto ou serviço e menor a rentabilidade da empresa. Motivo: muito dinheiro parado e muita necessidade de capital de giro, espaços caros sem gerar valor, muito investimento em equipamentos e muita gente para cuidar do estoque.

Quando você consegue medir seus custos, visíveis e ocultos, melhorará seu controle e o resultado de sua gestão. Como dizem os americanos: what you measure is all you’ll get.

reduzir os custos de armazenagem etransporte aumenta a competitividade

e m p r e e n d e d O r i S m O

Page 23: Emaranhado Legal

23revista notícias da construção / setembro 2013

r e l a Ç Õ e S c a p i t a l - t r a B a l H O

O ‘esquenta’ da megasipat

Pelo segundo ano consecutivo, a Mega-sipat (Mega Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho) iniciou seu calendá-rio com a versão voltada aos funcionários da sede e das Regionais do SindusCon-SP.

Em 30 de agosto, eles se reuniram no Teatro do Seconci-SP para um dia inteiro de atividades, sob o tema central “Segurança e Saúde – Trabalhe com Esta Ideia”.

Na 14ª Megasipat, o pessoal adminis-trativo assistiu a palestras sobre dependência química e alcoolismo; saúde da mulher e do homem; dificuldades de comunicação audi-tiva; nutrição; ginástica laboral; ergonomia e posturas; violência doméstica e contra a mulher; e moradia segura. Eles tiveram ainda à disposição a realização de exames médicos, café da manhã, lanche, almoço e sorteio de brindes.

Permeando as palestras e atividades, um grupo teatral animou os participantes enquanto os fazia pensar sobre temas co-tidianos, problemas de relacionamento e hábitos comportamentais.

O evento foi aberto com as boas-vindas do secretário-geral do Seconci-SP, Fernando

Costa. Nel-son Matias, representante do Sintracon-SP (sindicato dos trabalhado-res), destacou a importância da educação para a mudança da realidade do canteiro de obra.

“Tudo na construção civil é mega”, disse Eduardo Ferreira Arantes, gerente -executivo de Qualidade de Vida do Sesi-SP, para quem “podemos ser também na saúde e segurança do trabalho”. Abílio Weber, di-retor da Escola Orlando Lavieiro Ferraiuolo (Senai Tatuapé), reforçou o compromisso da entidade em “desenvolver as competências para a segurança”.

Os vice-presidentes de Relações Capital-Trabalho e de Responsabilidade Social do SindusCon-SP, Haruo Ishikawa e Maristela Honda, agradeceram os parcei-ros e apoiadores e destacaram a prevenção como o caminho para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores do setor. “Temos a responsabilidade de fazer acontecer e vamos honrar esta camisa”, afirmou Ma-ristela. (Nathalia Barboza)

Grupo teatral pontuou as palestras da edição administrativa da Megasipat, que aconteceu no teatrodo Seconci-SP, emSão Paulo

Foto:

Gab

riel P

evide

Page 24: Emaranhado Legal

24 revista notícias da construção / setembro 2013

Maria angeLiCa LenCione PeDreti é professora de Contabilidade e Finanças da Fgv e mestra em administração de empresas; trabalha em Planejamento estratégico

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temaspara esta coluna: [email protected]

conselhos X ceOs

veja o que executivos recomendamaos conselheiros das companhias

G e S t à O e m p r e S a r i a l

Os conselhos de administração devem proteger os interesses das empresas, impedin-do, por exemplo, que os CEOs se transformem em ditadores, administrando o patrimônio de acordo com seus interesses. Alguns con-selhos, porém, cometem atos de corrupção gravíssimos.

Segundo pesquisa feita com CEOs pela Harvard Business Review, eles próprios admi-tem que têm sido tímidos por temerem parecer presunçosos e provocar a ira dos conselhos contra sua administração. Os CEOs fazem cinco recomendações aos conselheiros:

1. Foquem mais nos riscos inerentes ao futuro da empresa. É compreensível que os conselhos se preocupem com riscos assumi-dos pela administração, mas a aversão a risco chega a limitar o potencial de crescimento sustentável das companhias, especialmente em casos como fusões e aquisições.

2. Façam sua lição de casa. O profissio-nal que aceitou participar de um conselho deve vir preparado para as reuniões, compreender as operações, os trabalhos da empresa e a evolu-ção do setor, muito mais do que simplesmente ler os resumos e relatórios enviados na semana anterior. O conselheiro deve estar sempre presente, como os conselheiros da Direct TV, citada na pesquisa, em que o CEO se relaciona com os conselheiros enviando relatórios extras e em teleconferências, quando necessário, independentemente da data das reuniões.

3. Tragam conhecimento amplo e relevante. Mais importante que ser uma celebridade, o bom conselheiro agrega seu conhecimento e perspectivas diferenciadas às

discussões e a empresa toda se beneficia disto.4. Desafiem mais frequentemente e

construtivamente a estratégia. Os CEOs esperam que as reuniões do conselho sejam um bom fórum para discutir como avançar, fazer todos pensarem se não há uma forma melhor de realizar algo pela empresa, agora e no futuro. Eles não desejam que seus projetos sejam aprovados sem um bom teste, sem se-rem analisados por diferentes pontos de vista e esperam este tipo de desafio dos conselhos. Obviamente, as críticas devem ser respeitosas e sempre construtivas.

5. Façam as sucessões perturbarem me-nos as operações, e não mais. É o caso quando o conselho perde a confiança na capacidade do CEO e o substitui, de surpresa, por intermédio de um processo confuso e sem a comunicação adequada desde sua origem, que muitas vezes culmina na substituição do profissional sem a

completa compreensão do que realmente a motivou. Aí a empresa sofre, pois por algum tempo perde o rumo e depois perderá mais

tempo para se reestruturar.Finalmente, a pesquisa trouxe três im-

portantes conclusões: a) os CEOs não querem esvaziar o poder de seus conselhos; b) alguns conselhos não estão trabalhando tão bem como deveriam e simples ações sistemáticas poderiam incrementar sua atuação de forma relevante; c) as melhores parcerias de lide-rança são formadas onde há respeito mútuo, compromisso com o futuro da companhia, e fortes laços de confiança.

Novamente, como destacamos na edição anterior de Notícias da Construção, trata-se de questão de caráter, pois significa simples-mente fazer o certo, mesmo que ninguém esteja olhando.

Page 25: Emaranhado Legal
Page 26: Emaranhado Legal

26 revista notícias da construção / setembro 2013

m e i O a m B i e n t e

Propostas do SindusCon-SP entramno Plano de Resíduos de São Paulo

Todas as propostas apresentadas na 4ª Conferência Municipal do Meio Ambien-te, no final de agosto, pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, foram in-corporadas no texto final do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade de São Paulo, e serão levadas às Conferências Estadual e Federal do Meio Ambiente. São as seguintes:

• alinhar as Políticas Federal, Estadual e Municipal de Resíduos, integrando a gestão dos mesmos na cidade de São Paulo com aquelas feitas em sua Região Metropolitana.

• estimular a implementação de aterros públicos e privados que possibilitem o cor-reto manejo desses resíduos;

• incluir no site da prefeitura a relação desses locais;

• criar mecanismos que facilitem a ges-tão dos resíduos de forma transparente pelas construtoras, inclusive de forma que todo o gerenciamento possa ser feito on line pelos geradores, evitando-se assim distorções e riscos no processo;

• adequar a classificação dos resíduos, compatibilizando-a com a Lista Nacional e a Resolução Conama 307, de modo a facilitar seu gerenciamento e a produção de indicadores;

• estabelecer metas tangíveis e passíveis de medição;

• iniciar o debate com os fabricantes de insumos da construção sobre logística reversa.

O prefeito Fernando Haddad destacou a necessidade de combate aos cerca de 3.800 pontos de deposição irregular de entulho na cidade. Entre outros, também participaram da solenidade os secretários municipais Simão Pedro Chiovetti (Serviços), Ricardo Teixeira (Verde e do Meio Ambiente) e Chico Macena (Subprefeituras), além do

presidente da Amlurb, Silvano Silvério.A técnica Juliana Almeida, do Sindus-

Con-SP, representou o sindicato nos traba-lhos do evento.

Guia de EmissõesO Guia Metodológico para Inventários

de Gases de Efeito Estufa (GEE) na Constru-ção Civil – Setor Edificações, produzido pelo SindusCon-SP, foi apresentado na 4ª edição do Greenbuilding Brasil, em agosto. A publi-cação é uma realização da vice-presidência de Meio Ambiente do sindicato e do seu Comitê de Meio Ambiente (Comasp).

O consultor Ricardo Neuding, da ATA, palestrou sobre as recomendações, ferra-mentas e critérios propostos no guia. “Essa é apenas a primeira edição. Na prática, com o uso do guia teremos as indicações de como promover melhorias”, observou Neuding. Segundo ele, há bastante interesse das em-presas que ainda não trabalham com esse tipo de inventário em introduzir a prática. “Dentro da indústria, as construtoras e in-corporadoras têm potencial para liderar essa ideia. Os fabricantes de cimento e de aço, principais emissores de CO

2 dentro do setor,

já estão criando seus próprios movimentos de controle. Precisamos é de sinergia”, acrescentou. Neuding destacou que o guia recomenda incluir a fabricação de materiais no processo de seleção da construtora.

(Fabiana Holtz e Rafael Marko)

Chiovetti, Haddad, nei Maranhão (Ministério das Cidades), teixeira e Watanabe, na 4ª Conferência Municipal do Meio ambiente

Page 27: Emaranhado Legal

27revista notícias da construção / setembro 2013

ibama: atenção ao prazopara recadastramento

Desde o início de julho é preciso fazer no site do Ibama o recadastramento de pessoas físicas e jurídicas inscritas no Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Ambientais (CTF/APP). Publicada em abril no Diário Oficial da União (DOU), a Instrução Normativa nº 6 do Instituto inclui todas as construtoras –mesmo as que não trabalham com madeira nativa.

Os inscritos que não cumprirem a determinação terão seu cadastro suspenso para averiguação e ficarão bloqueados nos sistemas geridos pelo Ibama, entre eles o Documento de Origem Florestal (DOF) e sistemas estaduais de gestão ambiental, como o Sisflora, sem prejuízo de outras

medidas cabíveis decorrentes de auditagem.Na página inicial do Ibama (http://www.

ibama.gov.br/), o interessado deverá clicar na opção recadastramento CTF. Para finalizar a operação será necessário emitir um novo Comprovante de Inscrição. Recomenda-se a impressão dos dados. Devido aos problemas no acesso com o Explorer e Google Chrome, é recomendável o uso do Mozilla Firefox.

É importante lembrar que o recadas-tramento não altera os prazos de entrega do Relatório Anual de Atividade ou do Ato Declaratório Ambiental (ADA). Para infor-mações, entre em contato com a Gerência de Meio Ambiente através do e-mail [email protected] . Confira os prazos em http://goo.gl/dq0x69. (FH)

Page 28: Emaranhado Legal

28 revista notícias da construção / setembro 2013

roSiLene CarvaLHoSantoS é assessora jurídica doSindusCon-SP, integrante de seu Conselho Jurídico e sócia do escritório romano Filho advogados

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: [email protected]

A Medida Provisória (MP) 540/11, convertida na Lei 12.546/11, introduziu no ordenamento jurídico a desoneração da folha de pagamentos para vários setores produti-vos. Em dezembro de 2012, a construção civil foi inserida na desoneração pela MP 601 (a qual caiu por decurso de prazo em maio de 2013) e foi reinserida em julho de 2013 pela Lei 12.844.

A possibilidade de adoção de contri-buição substitutiva à folha de pagamento encontra-se nos parágrafos 12 e 13 do art. 195 da Constituição, que ainda dispõem so-bre a não cumulatividade dessa contribuição para alguns setores.

Ao revisitarmos as razões da “reforma tributária” (Proposta de Emenda Consti-tucional 42/2003), verificamos que a não cumulatividade foi aprovada como regra, visando estimular o setor produtivo e evitar a tributação em cascata. Porém, a redação do texto constitucional levou a entendimentos diversos; para alguns, a não cumulatividade é imposição constitucional, e para outros, apenas uma faculdade.

Na prática, a contribuição substitutiva é cumulativa para todos os setores inseri-dos na desoneração, sem considerar que a Constituição reconhece a necessidade de não cumulatividade para alguns setores.

Certamente, a imposição de contribui-ção cumulativa para a construção implicará tributação em cascata e aumento da carga tributária de algumas empresas do setor.

A Lei 12.844 foi editada de forma a possibilitar ao construtor e seus subemprei-

teiros o recolhimento da contribuição de 2% sem interrupção entre a vigência da MP 601 e a publicação da lei. Para tanto, a empresa deveria antecipar os efeitos da desoneração mediante o recolhimento da contribuição de 2% sobre a receita bruta em julho de 2013, relativa aos fatos geradores de junho.

Ocorre que a lei de desoneração foi publicada na edição extra do Diário Oficial da União de 19 de julho, que só circulou em 22 de julho, portanto, após a data do recolhi-mento da contribuição. Isso impediu a opção pela antecipação dos efeitos da desoneração.

Face à inexistência de lei prevendo a desoneração na data do recolhimento, muitas empresas efetuaram o recolhimento da con-tribuição patronal de 20% sobre a folha de pagamento, quando já poderiam tê-lo feito sobre a receita se tivessem sido informadas a tempo. Neste caso, o que poderá ser feito?

Até o início de setembro, a Receita Federal não havia baixado regulamentação ou orientação para o contribuinte.

Uma alternativa para essas empresas seria realizar consulta à Receita Federal.

Todavia, a Receita só poderá reconhecer o direito à antecipação para aqueles que re-colheram 20% sobre a folha, se reconhecer

que a publicação da lei não ocorreu de fato em 19 de julho.

Dessa forma, a alternativa que resta às construtoras e suas subempreteiras benefi-ciadas pela desoneração é remeter a questão ao Judiciário, que deverá decidir se o reco-lhimento de 2% sobre a receita efetuado fora do prazo garante a antecipação dos efeitos da desoneração, ao declarar a existência ou não de relação relativa à contribuição de 20% sobre a folha de pagamento.

armadilha legal

imposição da desoneração implicarátributação em cascata na construção

j u r Í d i c O

Page 29: Emaranhado Legal

24 DE OUTUBRO

VEM AÍ MAIS UM SEMINÁRIO DO SINDUSCON-SP

TEATRO RENAISSANCE

realização coordenação

patrocínio

EMPOWERING BIM TECHNOLOGY

F I N A L anuncio TEASER 21x28cm - 4º Seminário BIM.pdf 1 03/09/2013 15:46:03

Page 30: Emaranhado Legal

30 revista notícias da construção / setembro 2013

antonio JeSUS De britto CoSenZa é consultor de empresas e professor da eaeSP-Fgv e da bbS

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: [email protected]

varejo digital

novas formas de fazer negóciosnão eliminam aquelas existentes

m a r k e t i n G

Os varejistas no “mundo rico” estão sofrendo porque os consumidores compram mais itens on line, reporta The Economist.

Nas empresas, as tecnologias de ruptura levam a novas formas de fazer negócios para não falirem. Isso aconteceu com a máquina de escrever, substituída por melhor tecnologia.

O comércio de rua já sofreu com a vinda dos shoppings centers, mas se adaptou e so-breviveu oferecendo opções de compra mais convenientes pela proximidade dos locais de trabalho e de moradia das pessoas.

O mesmo aconteceu com os hipermer-cados que se estruturaram para grandes com-pras mensais, longe das áreas de circulação de pessoas. As redes passaram a oferecer pequenas lojas de “vizinhança”, quase de conveniência, para acesso a produtos do dia a dia com conforto e rapidez.

Os shoppings centers estão se transfor-mando mais em grandes centros de lazer para atrair os consumidores que, ao chegarem lá, são abordados por mensagens nos celulares com ofertas feitas pelas lojas próximas à sua localização de momento.

Itens de consumo durável são adquiridos on line e as lojas de linha branca, eletrônicos e livros proporcionam “lazer” aos consumi-dores. Oferecem café, lanches, playgrounds, exposições e peças teatrais.

Na Grã Bretanha e nos EUA, o número de lojas de rua está caindo. Os pontos de venda disponíveis para alugar aumentaram. Prevê-se que um quinto das lojas de rua na Inglaterra serão fechadas, eliminando mais de 300 mil empregos. Já o varejo digital não

para de crescer, mas quem possui apenas o braço on line, como loja, cresce menos do que quem possui on e off line (21% e 29%, respectivamente, nos EUA). Além disso, o off é mais rentável que o on line, devido à logística envolvida neste.

Há operações que permitem ao consumi-dor fazer a sua escolha on line, para sua con-veniência e maior facilidade de comparação de preços, mas ele poderá retirar o produto em um dos pontos de venda físicos da empresa, o que o isenta de pagamento de frete.

A “revolução digital” no varejo não ex-tingue o comércio tradicional, apenas faz ele se ajustar aos novos tempos e às mudanças de comportamento do consumidor.

Para negócios como itens de luxo, o comércio de loja de rua ou de shopping continuará. Ninguém comprará uma Ferrari

on line e muito menos uma joia de U$ 60 mil, esperando que ela chegue em casa por portador ou Sedex.

Roupas femininas são adquiridas on line, uma vez que a consu-midora pode informar suas medidas e ver a roupa apresentada na tela em um manequim de sua conformação física. Apesar disso, a Inditex, da Espanha, dona da marca de moda Zara, abriu 482 lojas físicas em 2012, perfa-zendo um total de 6.009 em 86 países. Não esqueçamos de que a Inditex é a operação espanhola de maior sucesso operacional e financeiro.

No Brasil, a própria Natura inicia a abertura de lojas físicas.

As revoluções no mundo do business não são revoluções, mas evoluções. Nenhuma delas mata a forma anterior de fazer negócios. Os mercados livres continuam off e on line, as feiras livres vão muito bem, obrigado.

Page 31: Emaranhado Legal

CapaCitação profissionalt r e i n a m e n t o e m d e s t a q u e

Acesse nosso site e conheça o conteúdo completo dos cursos: www.sindusconsp.com.br

facebook.com/sindusconspwww.sindusconsp.com.br @sindusconsp

Mais informações: (11) 3334 5600

t r e i n a m e n t o s d e o u t u b r o 2 0 1 3

CálCulo para negoCiações imobiliáriasEssencialmente vivencial, com estudo de casos reais,

exercícios de cálculos financeiros individuais e em grupo.

dias 7, 8, 9 e 10 de outubro de 2013, em são paulo(11) 3334-5600 • [email protected]

noturno

noturno

s ã o pa u l o

dias 7 a 10Cálculo para Negociações Imobiliárias

dia 9Procedimentos para Apuração do IRPJ, CSLL, PIS e COFINS na Construção Civil - Lucro Real e Presumido Civil

dia 14Cruzamento de informações Fiscais DIPJ, DACON, DCTF, DIRF e DIMOB

dia 14Controladoria, Administração dos Custos e Gestão Econômica

dia 16Gerenciamento de Projetos

b a u r u

dia 16Gestão de Resíduos e Processos para Certificação Ambiental Voluntária na CC

dia 28Controladoria, Administração dos Custos e Gestão Econômica

C a m p i n a s

dia 14Formação de Preposto de Obra

dia 21Gestão Organizacional em Canteiro de Obra

dia 29Licitações de Obras e Serviços de Engenharia

s a n t o a n d r é

dia 8Técnicas de Liderança para Mestre de Obras

s a n t o s

dia 11Como Implantar o Programa de Participação nos Lucros e Resultados - PLR

s ã o J o s é d o s C a m p o s

dia 9Gestão de Resíduos

s ã o J o s é d or i o p r e t o

dia 7Como Implantar oPrograma deParticipação nosLucros eResultados - PLR

anuncio 21cm x 28cm TREINAMENTOS 2013 (ESPECIAL) - OUTUBRO 2013.indd 1 03/09/2013 17:24:59

Page 32: Emaranhado Legal

MEGA SEMANA INTERNA DE PREVENÇÃODE ACIDENTES DE TRABALHO 2013

14ª

SetembroDia 18, em Sorocaba (Sesi)

Dia 20, em Ribeirão Preto (Sesi)Dia 25, em Santo André (Sesi-Mauá)

Dia 27, em Bauru (Senai)

outubroDia 2, em São José do Rio Preto (Sesi)Dia 16, em Presidente Prudente (Sesi)

Dia 23, em Campinas (Senai)Dia 30, em São José dos Campos (Sesi)

NovembroDia 6, em Santos (Sesi)

Dia 7, em Mogi das Cruzes (Sesi)Dia 28, em São Paulo (Senai-Tatuapé)

c a l e N d á r i o

realização patrocínio

apoio

iNformaçõeS e iNScriçõeS:(11) 3334-5600 ou [email protected]

acesse www.sindusconsp.com.br/megasipate conheça a programação

facebook.com/sindusconspwww.sindusconsp.com.br @sindusconsp

evento

gratuitovagas

limitadas

anuncio 21cm x 28cm - 14ª Megasipat 2013.indd 1 03/09/2013 17:05:24

Page 33: Emaranhado Legal

33revista notícias da construção / setembro 2013

O B r a S p Ú B l i c a S

Sinduscon-Sp quer concorrênciaO setor de obras públicas precisa con-

tinuar mobilizado contra o RDC (Regime Diferenciado de Contratações) e impedir que ele simplesmente tome o lugar da Lei 8.666 (Lei de Licitações e Contratos). Esta é uma das posições que o vice-presidente de Obras Públicas do SindusCon-SP, Luiz Antônio Messias, defende, na atual revisão da Lei 8.666 pelo Senado.

Segundo o vice-presidente, o RDC in-troduziu incertezas nas licitações públicas. “O regime retira a transparência do processo licitatório, ao não divulgar os valores de re-ferência atribuídos pelo governo às obras. E, ao permitir que a mesma empresa elabore o projeto executivo e o realize, levanta dúvidas sobre a qualidade da obra e abre a possibi-lidade de a concorrência ser dirigida, pelo administrador público inescrupuloso, com a antecipação de informações a determinado

licitante. Desta forma, somente esta empresa teria o tempo necessário para trabalhar o projeto.”

Messias também chama a atenção de que, no RDC, a permissão para a realização de lances adicionais pelos licitantes após a entrega das propostas cria mais dois pro-blemas: licitações de obras por preços que se mostrem inexequíveis posteriormente, e planilhas irreais de custos, já que estas precisarão ser adaptadas ao preço final ofer-tado pelo ganhador, gerando dificuldades na execução e no gerenciamento da obra.

No RDC, o vice-presidente também considera problemático o julgamento pelo melhor preço, antes da habilitação técnica. Outro ponto relevante é assegurar que obras e serviços de engenharia não sejam licitados por pregão eletrônico.

(Rafael Marko)

Messias: rDC não pode substituir a Lei 8.666

MEGA SEMANA INTERNA DE PREVENÇÃODE ACIDENTES DE TRABALHO 2013

14ª

SetembroDia 18, em Sorocaba (Sesi)

Dia 20, em Ribeirão Preto (Sesi)Dia 25, em Santo André (Sesi-Mauá)

Dia 27, em Bauru (Senai)

outubroDia 2, em São José do Rio Preto (Sesi)Dia 16, em Presidente Prudente (Sesi)

Dia 23, em Campinas (Senai)Dia 30, em São José dos Campos (Sesi)

NovembroDia 6, em Santos (Sesi)

Dia 7, em Mogi das Cruzes (Sesi)Dia 28, em São Paulo (Senai-Tatuapé)

c a l e N d á r i o

realização patrocínio

apoio

iNformaçõeS e iNScriçõeS:(11) 3334-5600 ou [email protected]

acesse www.sindusconsp.com.br/megasipate conheça a programação

facebook.com/sindusconspwww.sindusconsp.com.br @sindusconsp

evento

gratuitovagas

limitadas

anuncio 21cm x 28cm - 14ª Megasipat 2013.indd 1 03/09/2013 17:05:24

Page 34: Emaranhado Legal

34 revista notícias da construção / setembro 2013

r e G i O n a i S

Happy hour da construção em BauruA Regional Bauru realizou em agosto

o Happy Hour da Construção, um encontro de empresários, funcionários e parceiros do setor. “Não queríamos uma reunião de tra-balho, mas uma festa mesmo, um churrasco informal, um momento de descontração em um ambiente onde as pessoas pudessem se conhecer melhor, trocar ideias, se divertir um pouco e, principalmente, estreitar laços de amizade”, comentou o diretor da Regio-nal, Renato Parreira.

Segundo ele, o evento superou as expectativas e deve ser repetido em bre-ve. “Este foi apenas o 1º Happy Hour da Construção e, se depender de nós, outros encontros virão e se tornarão uma tradição para o setor. Aqui, todos os amigos são bem-vindos”, completou.

O evento foi patrocinado pela Abecg Academia, Brisot Consultoria & Trei-namento, FS Consultores e Instituto da Construção. (Sabrina Magalhães)

Confraternização reuniu cerca de 40 empresários e parceiros

evento atraiu associados, engenheiros, construtores e projetistas

Palestra abordanormatização de esquadriasCom a participação de cerca de 100 pessoas, a Regional

Ribeirão Preto promoveu a palestra “Esquadrias para edifica-ções - Como atender a norma de desempenho das edificações ABNT NBR 15.575-4”.

Ministrada pela engenheira Fabíola Rago Beltrame, con-sultora técnica da Afeal (Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio), a palestra aconteceu na FAAP Ribeirão e foi promovida em parceria com a Orca Esquadrias de Alumínio.

O evento contou com a participação do diretor da Regio-nal Eduardo Nogueira, o diretor adjunto Fernando Junqueira, além do diretor-presidente da Orca, Orlando Colucci. (MJ)

ribeirão promove seminário sobre argamassa

Como parte do ciclo de palestras téc-nicas desenvolvido para incentivar a troca de expe riências e conhecimento, a Regio-nal Ribeirão Preto promoveu em agosto o seminário Racionalização do Sistema de Revestimento de Argamassa.

Com o objetivo de apresentar e discutir procedimentos, materiais e equipamentos para a racionalização do revestimento de argamassa, o evento reuniu associados, engenheiros, construtores, projetistas na FAAP Ribeirão.

Os palestrantes falaram sobre: “Racio-nalização do Sistema de Revestimento de Argamassa”; “Argamassa Industrializada no Brasil: Passado, presente e futuro”; “Planeja-mento e Produção de Revestimento” e “Sis-temas de Mecanização”. (Márcio Javaroni)

Page 35: Emaranhado Legal

35revista notícias da construção / setembro 2013

Construção da Saipem será feita em duas etapas

Regional apoia projeto de resíduosFruto de parceria entre SindusCon-

SP, Cetesb e Secretaria de Estado do Meio Ambiente, até o final do ano Santos terá implantado um projeto piloto para descarte de resíduos da construção. De acordo com o diretor da Regional, Ricardo Beschizza, que participou da última reunião prepara-tória, a iniciativa será realizada de forma experimental em Santos e poderá fornecer as diretrizes para que o programa seja im-plantado nacionalmente.

“Esse mecanismo permitirá o acom-panhamento e a coleta de dados de forma eletrônica em todos os pontos, desde os locais de origem desses materiais até sua

destinação final”, diz Beschizza, Segundo ele, serão identificados todos os geradores, transportadores, áreas de destinação e de reciclagem, facilitando a identificação de locais onde há descarte irregular.

Com esse novo processo, as empresas geradoras (construtoras) ficarão obrigadas a contratar as transportadoras de resíduos que atuam legalmente e terão como verificar se o serviço foi feito corretamente. A proposta é que, no futuro, sejam criados mecanismos para controlar também o pequeno gerador de entulho, responsável pela produção de 70% dos resíduos sólidos da construção nas cidades. (GB)

Santos visita obras da Saipem A Câmara Setorial de Petróleo & Gás,

na qual o SindusCon-SP é representado pelo diretor da Regional Santos, Ricardo Beschizza, visitou as instalações da Saipem no Guarujá. Um dos maiores grupos de en-genharia e obras da área de petróleo e gás no mundo, a Saipem acaba de chegar à Baixada Santista e ainda conclui suas instalações na Avenida Maria de Oliveira Chere, onde ocu-pa uma área de 340 mil metros quadrados.

A mais nova integrante do Complexo Industrial e Naval de Guarujá, a unidade de

produção da Saipem atenderá à Petrobras como fornecedora de suas plataformas de petróleo e gás da Bacia de Santos.

A base da Saipem é a primeira instala-ção de apoio à Bacia de Santos na região e está sendo instalada em duas etapas. A pri-meira envolve a construção da base logística de suporte à montagem de dutos submarinos de gás. A segunda fase inclui a instalação do Centro de Tecnologia e Construção Subsea, onde serão construídos os equipamentos empregados na operação dos dutos.

A estimativa é que no em-preendimento, realizado em parceria com o governo do estado e Prefeitura de Guarujá, sejam criados 950 empregos diretos e outros 4 mil indiretos. A empresa garante que priorizará profissionais locais na hora da contratação.

Na visita, Beschizza também representou o Secovi e a Assecob – entidades da construção civil.

(Giselda Braz)

Page 36: Emaranhado Legal

36 revista notícias da construção / setembro 2013

reGiOnaiS

Segundo Ribeiro,(1º à esq.), curso traçou um bom panorama geral sobre a gestão de contratos públicos

prudente: curso explica gestãode contratos

Como parte do compromisso de contri-buir para a capacitação de seus associados, a Regional Presidente Prudente promoveu em julho um curso de atualização em gestão de contratos públicos com foco na construção civil. Ministrada pelo consultor Ademar Venâncio, a aula forneceu detalhes sobre o processo de contratação na administração pública, as características principais, cláusu-las essenciais e complementares e cuidados na formatação dos custos e preços: reflexos financeiros na construção.

O programa também abordou a impos-sibilidade jurídica de recebimento definitivo, pagamentos, análise e interpretação de plani-

lha de custos e custos obrigatórios e legais, aplicação de penalidades, recebimento do objeto como forma de controle do serviço de fiscalização de obras e rescisão de con-tratos administrativos: prazos, termos de recebimento, providências e formalização.

Na avaliação do diretor da Regional, Luiz Gustavo Ribeiro, que participou do curso, Venâncio ofereceu um excelente pa-norama geral sobre os contratos públicos. Com relação aos problemas enfrentados pelo setor, Ribeiro considera que a revisão da Lei 8.666 é indispensável para combinar a agilização das licitações, “com preços justos e qualidade nas obras”. (Homero Ferreira)

Page 37: Emaranhado Legal

parceria em São josé qualifica cem mulheres

Parceiro da Regional São José dos Campos desde 1998, o Centro Dandara tem desenvolvido diversos trabalhos com mulheres em situação de violência, sempre em parceria com os movimentos sociais feministas. A entidade tornou-se referência para as mulheres da região devido às suas ações de promoção aos direitos humanos, combate à violência e estímulo à prática do exercício de cidadania.

Exemplo disso é o Programa ‘Rodas de Mulheres’, ação que promove palestras de sensibilização em escolas, universidades e associações em comunidades carentes. Ainda oferece atividades internas, como orientação jurídica para mulheres em situa-

ção de violência e atendimento psicológico.Outra ação inovadora promovida pelo

Centro Dandara é o projeto “Colher de Pe-dreira: Mulher na Construção Civil”, que já formou cem mulheres. O SindusCon-SP é o principal parceiro do Dandara nessa atividade que conta ainda com o apoio de outras associações e do terceiro setor.

Segundo a diretora executiva do Centro Dandara, Sandra Faria Batista, por muito tempo a instituição tinha esse projeto como objetivo. “Após muita conversa, decidimos buscar parcerias para a implementação do projeto e neste momento tivemos contato com o SindusCon-SP, que de imediato acreditou e apostou na grandiosidade e inovação da proposta. A mulher é muito detalhista, econômica e engajada naquilo que faz”, afirma.

As ex-alunas estão atuando como autô-nomas na área da construção civil, fazendo reformas e construindo para uso próprio. Além disso, a instituição mantém contato com construtoras para possíveis inserções no mercado.

Ainda de acordo com a coordenadora, a notícia se espalhou e a procura pelo curso se intensificou. No momento, as mulheres que já participam do projeto terminaram

o módulo de pedreira revestidora, minis-trado pelo Senai, e o curso de qualificação social conduzido pelo Centro Dandara. Nes-se módulo, as mulhe-res são apresentadas a temas como direitos humanos, cidadania, meio ambiente, ética e segurança do trabalho.

(Elizâneo Silva)

Segundo o Dandara, a mulher costuma ser mais econômica e preocupada com os detalhes

Page 38: Emaranhado Legal

C L a S S i F i C a D o S

Anuncie nos clAssificAdos

(11) [email protected]

Page 39: Emaranhado Legal

39revista notícias da construção / setembro 2013

reGiOnaiS

maristela Honda recebe prêmio Baltasar Fernandes

Reservado aos empresários, autorida-des políticas e cidadãos que contribuíram para o desenvolvimento de Sorocaba, em 2013 o Prêmio Baltasar Fernandes foi concedido à vice-presidente de Respon-sabilidade Social do SindusCon-SP, Ma-ristela Honda. Promovida pelas emissoras Cacique de Rádio e pela 24ª Subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a premiação realizada em agosto no auditó-rio da Biblioteca Municipal fez parte das comemorações pelo mês do aniversário da cidade.

Feliz e emocionada, Maristela Hon-da, agradeceu a homenagem inesperada. “Tudo o que eu faço é para contribuir com o desenvolvimento da cidade, pensando principalmente na qualidade de vida das pessoas, foi uma noite muito agradável”.

Com o tema ‘Sorocaba Ontem, Hoje e Amanhã’, a programação contou com palestras que mostraram as etapas de evo-lução da cidade e a apresentação do grupo Viola Caipira São Gonçalo, de Votorantim.

(Lívia Camargo)

Personalidade sorocabana, o advogado oswaldo Duarte prestigia Maristela Honda na entrega do prêmio

Foto: Paula Caires

Page 40: Emaranhado Legal

40 revista notícias da construção / setembro 2013

roDoLFo ZagaLLo é presidente do grupo ZaZCoMM. e fundador do C3 – Clube da Construção Civil. atua há 15 anos no mercado de comunicação e marketing

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: [email protected]

Vamos imergir mais no relacionamento com o cliente, fidelizando-o à nossa empre-sa de forma coerente e eficaz. Para tanto, precisamos focar em três principais pilares: Compromisso, Emoção e Resposta Imediata. E uma só ferramenta pode resolver isso, um CRM poderoso! Atualmente, as pessoas falam que têm um CRM, mas só dispõem de uma base de dados.

Vejamos cada pilar e a função do ver-dadeiro CRM:

1 - Compromisso: quando você vende algum produto ou serviço, compromete-se com qualidade e prazos. Assuma o com-promisso de manter seu cliente informado.

2 - Emoção: o pós-venda começa na entrega do produto, sendo primordial você estar “presente” neste momento tão impor-tante, quando o investimento se materializa.

3 - Resposta Imediata: esteja dispo-nível para resposta em menos de 48 horas, é um prazo aceitável para você atender a qualquer demanda, boa ou ruim.

Alguns exemplos:Ação incorreta – o cliente compra um

produto seu e espera recebê-lo dentro do prazo; se a mercadoria não for entregue neste período, ele ficará insatisfeito com o atraso e a falta de informação. O resultado será: futuros pagamentos cancelados e a perda de um cliente.

Quando ele receber a mercadoria dentro do prazo, mal olhará para o produto e em pouco tempo esquecerá onde o comprou. Você só ligará após 30 dias para saber se

ele tem novos negócios, pois seu sistema de visitas “apitou”, mas ele não se lembrará de você e muito menos do seu produto.

Ação correta – caso a entrega do produ-to vá atrasar, seu CRM o informará três dias antes, e você ligará para o cliente comuni-cando esse desconforto e já avisando o novo prazo de entrega. Envie no dia seguinte uma mensagem: “Desculpe pelo desconforto, es-tou à disposição para qualquer necessidade”. O resultado será um cliente satisfeito com a atenção da sua empresa, e impressionado com a qualidade e compromisso.

Após o cliente receber o produto, li-gue para ele no intervalo médio de 2 horas perguntando se está tudo de acordo, e se coloque à disposição para ajudar em outras oportunidades. É interessante conhecer bem seu cliente e ter seu CRM pensado one to one, perguntar sobre a futura viagem dele e

desejar-lhe bom voo, perguntar sobre os filhos e família, sem ser invasivo. O resultado será uma pessoa satisfei-ta e surpresa pela sua atenção; ele se sentirá o cliente mais importante da sua empresa e se lembrará de você,

que mexeu com a emoção dele.Lembre-se de estar sempre disponível,

procure responder as dúvidas dele em até 48 horas, e caso falte algo no produto enviado ao cliente, antecipe-se e o informe sobre o ocorrido, já especificando o novo prazo de entrega e o bonificando na próxima compra. O resultado será o cliente satisfeito que irá querer comprar novamente consigo para colher o benefício dado pelo seu “erro”.

Conclusão: a relação transparente e direta com seu cliente é a melhor forma de fazer um pós-venda; mesmo se ocorrerem problemas, você sairá ganhando se tiver uma postura idônea e informações coerentes com respostas rápidas.

postura idônea

Saiba como fidelizar seu clientede uma forma coerente e eficaz

m a r k e t i n G d e r e l a c i O n a m e n t O

Page 41: Emaranhado Legal
Page 42: Emaranhado Legal

42 revista notícias da construção / setembro 2013

motivos de afastamento

p r e v e n Ç Ã O e S a Ú d e

No segundo semestre de 2012, o Seconci-SP lan-çou um Estudo Epidemiológico sobre os Motivos de Afastamento dos Trabalhadores da Construção Civil, identificando as causas, segundo a Classificação Inter-nacional de Doen-ças (CID). Agora esse trabalho foi ampliado, trazen-do as informações processadas no período de janeiro a dezembro de 2012.

Foram estudados os atestados médicos emitidos na sede do Seconci-SP e com dura-ção máxima de 15 dias – aqueles cujos afas-tamentos trazem ônus para as empresas. Em 2012, foram realizados, na Unidade Central, 93.152 atendimentos médicos assistenciais e odontológicos, envolvendo os trabalhadores de empresas da construção. Eles geraram 3.926 atestados médicos, correspondendo a apenas 4,21% do total dos atendimentos realizados. Em mais de 60% dos atestados, o tempo má-ximo de afastamento foi de um dia.

O total de atestados englobou cerca de 560 empresas. Identificou-se que 54,1% deles foram emitidos para trabalhadores na faixa etá-ria de 30 a 49 anos, o que é bem representativo do que se observa nas obras.

Os meses com o maior número de ates-tados foram, na ordem, março, maio, abril e outubro, representando 56,7% do total. Os com

menor número foram janeiro e fevereiro.

As especialidades que geraram mais de sete dias de afastamen-to foram a Neurologia

e a Reumatologia, refletindo a complexidade das doenças diagnosticadas nas duas áreas.

No âmbito geral, as doenças que mais ge-raram afastamento foram as relacionadas aos problemas do sistema osteomuscular, como dores nas costas e juntas e as inflamações de ombro e tendões (ver gráfico acima).

Este estudo permite a identificação das chamadas oportunidades de intervenções em saúde. O Seconci-SP dispõe de Programas de Ações Personalizados com medidas de promoção de saúde, prevenção e recuperação de doenças e agravos que levaram ao maior número de afastamento dos funcionários em cada empresa, podendo, desta forma, contribuir para elevar os padrões de saúde e segurança no trabalho.

norMa araUJo é médica, mestre em Saúde Pública, doutora em Ciências pela USP e superintendente do iepac/Seconci-SP

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna:[email protected]

maioria dos casos são de dores nascostas e inflamações nas juntas

Page 43: Emaranhado Legal
Page 44: Emaranhado Legal

44 revista notícias da construção / setembro 2013

choque térmicoS O l u Ç Õ e S i n O v a d O r a S

Uma habitação é, para a maioria das pessoas, o bem mais precioso que se adquire na vida. É pois natural desejar que esta edifi-cação dure o maior tempo possível, mantendo o desempenho de seus sistemas.

Temos o histórico do que provavelmente poderá acontecer com materiais tradicionais depois de 10, 20 ou 50 anos. Mas desconhece-mos o processo de deterioração de novos ma-teriais e sistemas construtivos, bem como sua manutenção durante a vida útil. Estes produtos precisam ser analisados e ensaiados de modo a comprovarem expectativas e anteciparem o que podem se tornar com o tempo, prevendo-se como será sua manutenção.

Para prever o comportamento futuro de um sistema, ensaios acelerados de envelheci-mento aumentam a frequência da ocorrência de agentes que provoquem deterioração. Um desses ensaios é o de ação de calor e choque térmico, aplicado a sistemas de vedação ver-tical e de cobertura.

O ensaio em sistemas de vedação verti-cal, em paredes de fachadas estruturais ou de fechamento, objetiva verificar o potencial para suportar as variações atmosféricas em situação normal de uso. O agente deteriorante é a va-riação da temperatura da superfície da parede, considerado o caso mais extremo caracterizado como “choque térmico” – a variação brusca de temperatura da face da parede. Esta situação acontece quando, após um dia ensolarado, a fachada é atingida por chuva repentina.

Apesar de parecer simples, este ensaio aborda aspectos nem sempre avaliados, tais como dilatação térmica, retração e expansão em função da variação do teor de umidade dos materiais que compõem o sistema. Esta

negligência pode ser justificada pelo fato de que, nos sistemas convencionais de pequenas habitações, estas variações encontram-se “balanceadas” pelas dimensões dos compo-nentes e pela composição e características das argamassas de assentamento (juntas) e dos revestimentos.

A simples alteração das dimensões dos componentes, mesmo que constituídos pelos mesmos materiais aplicados nos sistemas con-vencionais, pode resultar na necessidade de se repensar os mecanismos de acomodação das variações dimensionais em situação de uso.

Este ensaio tem gerado resultados signi-ficativos e às vezes inesperados, trazendo de-safios ao desenvolvimento de soluções para os sistemas inovadores, de forma a preservar seu comportamento no tempo. Esses resultados são fissuras ou descolamentos que ocorrem na face dos sistemas de vedações verticais e que podem comprometer a estanqueidade à água, a estética e a durabilidade do sistema. Mesmo não se considerando a deterioração do corpo de prova durante o ensaio um resultado conclusivo, a probabilidade do aparecimento do problema em uso é muito grande. Caso contrário, porém, não significa necessaria-mente que não haverá problemas em obras concluídas.

JoÃo HeitZMannFonteneLLe é arquiteto (FaU-USP), mestre em engenha-ria civil (Poli-USP) e pequisador do iPt em sistemas inovadores e ensaios dedurabilidade.

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna:[email protected]

ensaio com aspersão sobre a parede

Page 45: Emaranhado Legal

45revista notícias da construção / setembro 2013

De que modo esse processo pode con-tribuir para melhorar o desenvolvimento de sistemas inovadores? Esta questão pode ser respondida diferentemente pelos dois lados envolvidos: os institutos de avaliação técnica e as empresas proponentes de tecnologia de sistemas inovadores.

Do ponto de vista dos institutos, à medida que um ensaio demonstra-se significativo, torna-se maior a justificativa para seu aprimo-ramento, objetivando mais precisão e clareza de seus resultados. Em função da aplicabili-dade do ensaio, as instituições de avaliação, mediante pesquisas internas ou em parceria com setores acadêmicos, devem se certificar se os parâmetros adotados são os mais adequa-dos para acelerar a deterioração, entendendo como este mecanismo ocorre em situação de uso. As instituições também devem investir em equipamentos para melhorar a precisão dos parâmetros definidos e dos registros dos resultados obtidos, reduzindo a possibilidade de erro.

Do ponto de vista da empresa que inves-tiu na tecnologia do material ou do sistema, o resultado não deve ser visto só pelo lado negativo, mas como um mecanismo que ofereça maior segurança para o construtor e o proponente de novos sistemas. Pode existir um sentimento de frustração pelo resultado inesperado e a necessidade de reorganização de cronograma e de novos investimentos na busca de soluções.

De outro lado, o ensaio cumpriu seu objetivo, “acelerar” a deterioração. Obter um resultado insatisfatório e precisar promover melhorias no sistema para ensaiá-lo nova-

mente é muito mais econômico do que ter de corrigir centenas de edifícios habitacionais que venham a apresentar problemas patológicos.

As empresas também deveriam ser favo-ráveis a ensaios mais precisos e rigorosos, pois diminuiriam seus riscos. Conforme prescreve a NBR 15.575, assegurar o desempenho do edifício durante a sua vida útil prevista em projeto é responsabilidade da construtora exe-cutora junto com o proponente da tecnologia. Quanto maior o rigor desses ensaios, menor será o risco de problemas futuros.

Além disso, uma resposta de não con-formidade de um sistema neste ensaio pode se rv i r como indutor de de-senvolvimento de inovações no mesmo, as quais podem resultar em aprimora-mentos não so-mente capazes de atender satis-fatoriamente a novos testes de choque térmi-co, mas produ-zirem sistemas mais confiáveis, contr ibuindo para o avanço tecnológico e o incremento da competitividade da construção no Brasil.

Monitoramento e registro das temperaturas da parede; mais abaixo, painel radiante e segmento de paredecom os termoparesna face externa

imagens com câmara termográfica:a) parede após o aquecimento;b) no início daaspersão de água

Page 46: Emaranhado Legal

46 revista notícias da construção / setembro 2013

FeLiPe SCotti CaLbUCCi égraduado em Comunicação Social e gerente de Property & Construction da Michael Page, com foco em recrutamento de gerentes e diretores para construtorase incorporadoras

envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: [email protected]

Nesta época do ano, muitas empresas estão iniciando ou até mesmo concluindo o seu planejamento orçamentário para 2014. Uma das áreas que mais costuma sofrer para justificar seus investimentos é a de RH (Recursos Humanos). E o motivo é simples: é difícil traduzir em números o retorno deste capital.

Contudo, está mais do que comprovado o ganho obtido pelas empresas que posicio-nam sua área de pessoas como estratégica dentro da organização. Quanto vale ter seus funcionários motivados, bem treinados e alinhados com a cultura da empresa? Qual o valor gerado por uma equipe acima da média de mercado? Não há um indicador objetivo de curto prazo para tal avaliação. Talvez apenas pela evolução dos resultados da em-presa no médio prazo será possível medir o retorno em ter uma equipe bem alinhada e competente, um time com o mesmo nível de comprometimento do dono da empresa.

Não existe melhor segurança do que ter a certeza de que sua área comercial não perderá negócios, sua obra será entregue na qualidade e prazo esperados, não haverá dis-torções entre real e orçado e por aí em diante. Não há como garantir que haverá sempre su-cesso nestes fatores, mas é de se esperar que uma equipe mais competente terá maiores chances de realizar estes objetivos.

O mercado de construção está cada dia mais profissional e muitas empresas já inves-tem em pessoas tanto quanto em ativos, in-clusive considerando sua equipe um de seus ativos mais valiosos. Reparo um movimento

de profissionais de RH de outros mercados migrando para incorporadoras e construtoras com o objetivo de trazerem novas práticas.

A discussão sobre investimento em pessoas sempre será delicada e muitas vezes o curto prazo falará mais alto. Por isso, é muito recomendável ter uma pessoa forte na área, capaz de desafiá-lo e fazê--lo refletir, para que você possa tomar a melhor decisão equilibrando curto, médio e longo prazos.

Vejamos alguns exemplos de empresas com culturas diferentes e nas quais o depar-tamento de RH faz a diferença. A Natura é um dos maiores casos de sucesso no que diz respeito ao tema, tendo como filosofia o equilíbrio entre vida pessoal e profissio-nal. Sua crença: pessoas felizes produzem melhores resultados. Esta é a estratégia do conselho de administração da companhia, traduzida pelos executivos de RH por meio de ações voltadas à integração dos funcio-

nários, facilidades para as mulheres com filhos pequenos e sustentabi-lidade em geral.

Outro exemplo vencedor e de cultura

diferente: a AmBev, onde a estratégia é criar o sentimento de “dono” em todos os funcionários, por meio de compensação financeira alta atrelada ao resultado do negócio e a possibilidade de ser sócio para executivos sêniores. Neste caso, o papel do RH é traduzir os objetivos da empresa em métricas, criando metas claras e um sistema de bonificação sustentável.

Por estes exemplos, percebemos que a área de RH é aquela que possibilita estender a cultura do dono/sócio para toda a empresa, pois esta é a soma de todas as pessoas que ali trabalham.

visão estratégicac O n S t r u Ç Ã O d a c a r r e i r a

um líder forte no rH ajuda aequilibrar curto e longo prazos

Page 47: Emaranhado Legal
Page 48: Emaranhado Legal

Associe-se e faça parte desta história

(11) 3334-5600

SindusCon-SP:inovar,

desenvolvere construir

um Brasil cada vez melhor

RAzõeS PARA ASSoCiAR-Se Ao SinduSCon-SP

• sindicato atuante na defesa, promoção e desenvolvimento do setor • representação política junto aos governos federal, estaduais e municipais • ampla rede de relacionamento profissional • assessoria jurídica • representação nas principais regiões administrativas do estado • representação nas negociações sindicais e trabalhistas • orientação sobre Saúde e Segurança no Trabalho (SST) • condições especiais para eventos e treinamentos • acesso exclusivo às informações do setor • informações estratégicas, pesquisas e dados do setor para tomadas de decisões • elevação de escolaridade, capacitação profissional, qualidade de vida e centro de atividades através do Sesi - Senai-SP • manuais técnicos sobre tecnologia, inovação e meio ambiente • Conlicitação - informação sobre licitações no estado de S. Paulo • CompraCon-SP - filiação automática à Associação de Compras da Construção Civil

facebook.com/sindusconspwww.sindusconsp.com.br @sindusconsp

anúncio 21cm x 28cm - CAMPANHA ASSOCIATIVA 2013.indd 1 30/07/2013 15:02:56