Empreendedor julho 2014

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38 empreendedor | julho 2014 FAZER O BEM PARA BEM Na disciplina de Gerenciamento de Projeto, da Esag, os alunos colocam os conceitos aprendidos em sala em prática por meio de projetos sociais em comunidades carentes APRENDER GESTÃO A instituição Novo Alvorecer atende crianças carentes da Vila Aparecida, na Grande Florianópolis

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Matéria sobre a disciplina Gerenciamento de Projetos, ministrada pelo professor Leandro Schmitz na revista Empreendedor

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FAZER O BEM PARABEM

Na disciplina de Gerenciamento de Projeto, da Esag, os alunos colocam os conceitos aprendidos em sala em prática por

meio de projetos sociais em comunidades carentes

APRENDER

G E S TÃ O

A instituição Novo Alvorecer atende crianças carentes da Vila Aparecida,

na Grande Florianópolis

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BEM

“O projeto se origina da necessidade

de vivenciar uma metodologia cujo

aprendizado quando tratado apenas na

instância acadêmica é muito superficial”,

diz André Nepomuceno, aluno responsável pelo projeto Tempo de Viver

por Raquel [email protected]

Oferecer aos alunos a oportunidade de aprender na prática a gerenciar um projeto e, paralelo a isso, ajudar diferentes entida-des sociais integra a proposta inovadora de ensino no curso de Administração da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc-Esag). A ideia lançada pelo professor Leandro Schmitz, que leciona a disciplina, já concretizou 40 projetos sociais, benefician-do mais de 20 entidades da Grande Floria-nópolis. A grande demanda dos próprios alunos para atuarem como gestores em situações reais fez o professor sugerir a abor-dagem diferenciada para ensinar a disciplina. E foram os próprios estudantes que manifes-taram a intenção de realizar projetos sociais.

Inspirados pelo conceito de retribuir à sociedade o investimento feito neles mes-mos, já que a Udesc é uma universidade pú-blica, os estudantes se envolvem de maneira intensa nos projetos. Do outro lado, o pro-fessor Schmitz atua como consultor e incen-tivador, sustentando o discurso de que “no papel tudo funciona” e por isso é necessário agir. “O projeto se origina da necessidade de vivenciar uma metodologia cujo aprendiza-do quando tratado apenas na instância aca-dêmica é muito superficial”, destaca André Souza Noronha Nepomuceno, gerente geral do projeto Tempo de Viver, que realizou obras de melhorias e compra de equipamen-tos para o Cantinho dos Idosos.

A iniciativa, desenvolvida pela universida-de há oito anos com absoluto sucesso em to-dos os projetos quando se refere ao alcance das metas definidas, acaba gerando um com-prometimento dos alunos com a causa muito maior do que uma disciplina de universidade poderia justificar. E isso acontece, argumenta o professor Schmitz, porque somente em situações reais os alunos podem exercer o gerenciamento, quando é necessário resol-ver problemas, gerenciar mudanças, motivar equipes e balancear demandas conflitantes.

Aos acadêmicos é dada autonomia total para gerenciar os projetos – estruturados no início do semestre letivo – com o apoio de softwares específicos. Ao longo do período, o planejamento é executado e acompanhado semanalmente. Com equipes em cada área do projeto com as respectivas responsabili-

dades, em média, eles têm duração de três meses. No final do semestre letivo, é apre-sentada a prestação de contas dos recursos captados, as despesas e o resultado efetivo.

Na opinião de Thiago Furlani, ex-aluno da Udesc que foi gerente geral do projeto Tocando Vidas, a iniciativa do professor é perfeita. O Tocando Vidas ajudou a institui-ção Novo Alvorecer, que oferece aulas no contraturno escolar para crianças carentes da Vila Aparecida. O diferencial da instituição está em oferecer aulas de música. Com a ação realizada pelos alunos da Udesc, foi possível construir duas novas salas e reformar os ba-nheiros e o acesso ao nível superior do pré-dio. Para Furlani, a oportunidade de construir e entregar algo grande para ajudar muitas crianças foi a grande lição que a disciplina de Gerenciamento de Projetos deixou. Além dis-so, ele acrescenta que o projeto possibilitou a utilização de muitos conhecimentos e habili-dades aprendidas durante o curso, a vivência com uma ação de grande responsabilidade, complexidade e todas as dificuldades que isso envolve e, por fim, a realização de uma entrega concreta. “A disciplina é, em minha opinião, a melhor do curso”, enfatiza Furlani.

O acompanhamento constante do professor Leandro Schmitz nos projetos o motivou a fazer um doutorado sobre o de-senvolvimento de competências. A pesquisa para a tese foi realizada com mais de 200 alunos, abordando levantamento qualitativo

A instituição beneficiada Novo Alvorecer tem como diferencial

as aulas de música

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e quantitativo, e concluiu que este direcio-namento da disciplina promove uma relação de liderança, mantém os alunos motivados para o trabalho, incentiva a organização do fluxo de informações, facilita a comunicação e o trabalho em equipe e proporciona a de-legação de responsabilidades. Além disso, desenvolve habilidades para aplicar técnicas de gerenciamento de projetos para acompa-nhar o desempenho, ensina a saber quando há necessidade de promover mudanças na equipe para não comprometer o resultado e a planejar e assumir uma postura proativa.

O aluno Daniel Faust está na sétima fase e gerencia o projeto Com Licença, que auxilia a Casa São José, responsável por cui-dar de 166 crianças no morro da Serrinha. As crianças ficam no contraturno das aulas no local, onde é oferecido reforço escolar, aulas de educação física, música, teatro, além de apoio psicopedagógico. Até o mo-mento, foram captados cerca de R$ 35 mil para adequar a casa às normas exigidas pe-los bombeiros, caso contrário a instituição poderá perder um subsídio mensal de R$ 15 mil que recebe da Prefeitura de Florianó-polis. Para arrecadar a quantia, os alunos re-alizaram happy hours, venda de cupcakes, feijoada. “A potencialização do resultado quando se trabalha em uma causa nobre, em equipe e com planejamento, é muito grande”, avalia Daniel.

O projeto Tempo de Viver, gerenciado pelo estudante André, trabalha o desafio de arrecadar R$ 152 mil para executar uma obra hidrossanitária no Cantinho dos Idosos. O valor alto para ser conquistado e o curto período de tempo para trabalhar fez com que os acadêmicos fossem buscar parcei-ros e patrocinadores para o projeto. André conta que a equipe teve que negociar para conseguir ter êxito e, para isso, testou tudo aquilo que aprendeu ao longo da faculdade. Para André, a Udesc-Esag, com esse projeto, consegue cumprir à risca seu lema “Escola-Empresa-Comunidade” e aproxima os alu-nos da sociedade e do mercado. E de forma mais profunda, o legado que os projetos so-ciais da universidade deixam ultrapassam os resultados financeiros. O desenvolvimento dessas iniciativas fortalece, de maneira sistê-mica, toda a sociedade. André relata que a grande lição que ele aprendeu foi procurar ser um promotor de soluções e auxiliar a so-ciedade a fazer o mesmo. “Afinal, por essên-cia somos administradores”, conclui.

O professor Leandro afirma que o objeti-vo com a proposta era mostrar as vantagens de executar um projeto a partir de um pla-nejamento detalhado. Mas, ele revela que a interação com as causas sociais foi um gran-de fator motivador. Leandro diz que poderia resumir a experiência afirmando que ela per-mite construir o certo, do jeito certo.

A ideia lançada pelo professor Leandro

Schmitz, que leciona a disciplina

Gerenciamento de Projetos na Udesc/

Esag, já concretizou 40 projetos sociais,

beneficiando mais de 20 entidades da

Grande Florianópolis

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Com os recursos obtidos pelo projeto Tocando Vidas foram feitas melhorias no

prédio da instituição Novo Alvorecer