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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuáira – Embrapa Secretaria de Gestão e Estratégia Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Embrapa Informação Tecnológica Setembro, 2003 Brasília, DF

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuáira – Embrapa

Secretaria de Gestão e Estratégia

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Embrapa Informação Tecnológica

Setembro, 2003

Brasília, DF

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Dados Internacionais da Catalogação na Publicação – CIPEmbrapa Informação Tecnológica.

Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o agronegócio brasileiro: Cenários 2002-2012 / Embrapa , Secretaria de Gestão e Estratégia. - - Brasília, DF : EmbrapaInformação Tecnológica, 2003.92 p.

1. Planejamento estratégico. 2. Pesquisa e desenvolvimento - Cenários. 3. Pesquisae desenvolvimento - Agronegócio. I. Embrapa. II. Secretaria de Gestão e Estratégia.

CDD 338.1 (21. ed.)

© Embrapa 2003

Exemplares desta publicação podem ser solicitados a:

Secretaria de Gestão e Estratégia

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Revisão de textoFrancisco C. Martins

Tratamento editorialRaquel Siqueira de Lemos

Normalização bibliográfica e ficha catalográficaDauí Antunes Corrêa

Projeto gráfico e capaCarlos Eduardo Felice Barbeiro

Fotos da capaArnaldo de Carvalho Jr. e Maurício Cubano

1ª edição1ª impressão (2003): 2.000 exemplares

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Sumário

Apresentação ................................................................................................................... 5

Introdução ........................................................................................................................ 7

Modelagem do Objeto de Estudo ..................................................................................... 9

Retrospectiva e Situação Atual ........................................................................................ 13

Tendências e Invariantes .................................................................................................. 33

Tendências Mundiais para o Agronegócio ........................................................................ 33

Tendências para o Brasil ................................................................................................... 37

Principais Invariantes ...................................................................................................... 45

Incertezas Críticas e Cenários ......................................................................................... 47

Principais Incertezas ........................................................................................................ 47

Matriz Morfológica dos Cenários ..................................................................................... 48

Descrição dos Cenários .................................................................................................... 48

Cenário A: Forte contribuição da PD&I para a inserçãosocial, a sustentabilidade ambiental e para o agronegócio ............................................. 48

Cenário B: Moderada contribuição da PD&I para a inserçãosocial, a sustentabilidade ambiental e para o agronegócio ............................................. 59

Cenário C: Forte contribuição da PD&I para o agronegócio empresarial ........................ 65

Cenário D: Fraca contribuição da PD&I para o agronegócio ........................................... 72

Análise Comparativa dos Cenários ................................................................................... 78

Ingredientes para Estratégias de Atuação das OrganizaçõesPúblicas de PD&I para o Agronegócio Brasileiro ............................................................ 81

Conclusões da avaliação estratégica ............................................................................... 81

Ingredientes de uma visão de futuro ................................................................................ 82

Opções estratégicas ......................................................................................................... 82

Objetivos sugeridos .......................................................................................................... 82

Referências ...................................................................................................................... 85

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Cenários

Apresentação

Este documento apresenta os Cenários do Ambiente de Atuação dasOrganizações Públicas de Pesquisa e Desenvolvimento para oAgronegócio Brasileiro, no horizonte dos próximos 10 anos incluindo,também, a avaliação estratégica efetuada para as organizações facea cada cenário.

O estudo, fruto da parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária – Embrapa, com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos –CGEE, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT,objetiva aprimorar a visão prospectiva do contexto da PD&I para oagronegócio. Esse projeto contou com o apoio metodológico daMacroplan Prospectiva e Estratégia e reuniu, em Grupo de Trabalho,especialistas da Embrapa, do Ministério da Ciência e Tecnologia –MCT, da Financiadora de Estudos e Projetos – Finep, do ConselhoNacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, dasOrganizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária – OEPAs e deuniversidades públicas com atividades de pesquisa e desenvolvimentoem agropecuária.

Em etapa fundamental do desenvolvimento, o projeto contou, também,com o envolvimento dos diversos agentes diretamente ligados aosetor – empresas públicas, empresas privadas, tomadores de decisãoe especialistas – de forma a se estabelecer um processo de mobilizaçãoe consolidação de idéias e percepções diversas, cujo debate eaprofundamento contribuiu para o desenvolvimento de todo o trabalho.

Assim, o desenho preliminar dos cenários exploratórios de PD&I parao agronegócio foi subsidiado por 57 entrevistas com especialistas ouexecutivos do setor, que mapearam suas opiniões e expectativasrelativas ao futuro da PD&I no País. A versão preliminar foi, então,amplamente debatida com 40 especialistas, membros do Grupo deTrabalho, em dois workshops para a construção de cenários eavaliação estratégica.

Como toda reflexão sobre o futuro, os cenários tratam de eventos ede processos incertos, expostos a riscos e imprevisibilidades.Reduzem, mas não eliminam as incertezas. Apenas as organizam,permitindo aos decisores tirar o melhor proveito de seus desdo-bramentos.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Na verdade, não é possível saber, com segurança, qual será o futuro,morada especial do imprevisto. Por isso, a questão realmente relevanteé: “o que se deve fazer, se tal cenário vier a acontecer?” É com esseenfoque que os cenários aqui apresentados podem ser interpretadose utilizados pelo conjunto de organizações envolvidas no setor,principalmente pelas empresas de PD&I para o agronegócio,Organizações Estaduais de Pesquisa Agropecuária – OEPAs,instituições de fomento e universidades.

Brasília, setembro de 2003

Clayton CampanholaDiretor-Presidente da Embrapa

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Cenários

Introdução

As alterações que se têm processado na sociedade, a partir da décadade 70, se aceleraram nas décadas de 80 e 90 e causaram profundasmudanças nos cenários nacional e internacional. Tais transformaçõesde caráter social, econômico, político-ideológico, cultural, tecnológicoe institucional, levaram as organizações a procederem a mudanças,visando ajustarem-se ao novo contexto.

No planejamento estratégico, as organizações buscaram o recursogerencial para apoiar o processo de revisão e ajustes. Tal planeja-mento, no caso do agronegócio e da PD&I para o agronegócio, exigeantecipação temporal de pelo menos uma década, considerando-se,por exemplo, que a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação consti-tuem um processo complexo e de longa maturação.

A boa elaboração do planejamento estratégico depende fundamental-mente de uma clara visão de possíveis estados futuros, devendo estesserem baseados em tendências e eventos potenciais. Assim, o uso datécnica de cenários salienta a incerteza inerente aos processos demudança e a análise das incertezas leva a explicitações de determinantese condicionantes externos fundamentais à fixação de objetivos e diretrizes,suficientemente robustos para enfrentar as transformações do ambienteexterno e assegurar a sustentabilidade das organizações.

Os principais objetivos deste Projeto incluíram:

• Construir cenários do ambiente de atuação das organizaçõespúblicas de PD&I, no horizonte de 10 anos para antecipar tendências,ameaças e oportunidades.

• Subsidiar o desenho de grandes estratégias para as organizaçõesde PD&I, em face de cada cenário.

A escolha da metodologia de cenários justifica-se num mundo cadavez mais marcado pela transformação acelerada em todos os níveis.Nesse novo horizonte que se vislumbra, o futuro não pode ser vistocom os mesmos olhos do passado. O desenho dos cenários, ao lidarcom diferentes possibilidades lógicas de evolução dos fenômenos,permite orientar a ação presente, antecipando oportunidades eameaças, à luz de futuros possíveis, e assim inspirar opções estraté-gicas que fazem a diferença por longo tempo (Porto et al., 2001).

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Este documento está estruturado em seis partes. A primeira parte fazuma breve introdução ao trabalho, enquanto a segunda delimita oscondicionantes do futuro da PD&I para o agronegócio, tendo comoobjeto de estudo e cenarização o ambiente de atuação dasorganizações públicas de PD&I para o agronegócio que éreproduzido, de forma esquemática, na modelagem do objeto.A terceira parte inclui uma retrospectiva das transformações sofridaspelo agronegócio brasileiro, chegando à descrição de sua situaçãoatual. A quarta parte aborda as grandes tendências e os principaisinvariantes do setor. As incertezas críticas e os quatro cenários doambiente de atuação das organizações públicas da PD&I para oagronegócio brasileiro são detalhados na quinta parte. Finalmente,na sexta parte são destacados os ingredientes de uma estratégiarobusta para as organizações de PD&I.

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Cenários

Modelagem doObjeto de Estudo

As grandes transformações estruturais da agricultura, ocorridas apóso advento da Revolução Industrial, foram diretamente condicionadaspela dinâmica da inovação que conformou as três últimas revoluçõestecnológicas na agricultura. Destas, a Revolução Verde1, a partir dadécada de 60, vem se constituindo no atual paradigma, na medidaem que a maior parte da produção da agricultura mundial estásubmetida a esse modo de produção.

Dentre as transformações mais recentes, a emergência do conceitode agronegócio2 deriva da necessidade de ampliar a abrangência dosignificado histórico da palavra agricultura. Assim, desde sua origem,este novo conceito incorpora a dimensão tecnológica como vetorfundamental da competitividade atual e futura do agronegócio, motivopelo qual será utilizado no presente trabalho que visa a construçãode cenários do ambiente de atuação das organizações públicas depesquisa, desenvolvimento e inovação para o agronegócio brasileiro,no horizonte dos próximos 10 anos.

A modelagem do objeto de estudo, utilizada para a prospecção do com-portamento futuro do agronegócio, está representada esquematicamentena Fig. 1, que apresenta os elementos do contexto que influenciam atrajetória do agronegócio, dentre os quais destacam-se:

• Elementos do macroambiente.

• Elementos do agronegócio.

• Elementos da PD&I para o agronegócio.

Os elementos do macroambiente referem-se ao contexto geopolíticoe socioeconômico interno e externo. No panorama mundial, o contexto

1 Expressão que passou a ser utilizada para designar o novo modelo de produção agrícola, voltado paraincrementos de produtividade a partir da utilização de um conjunto homogêneo de práticas tecnológicasbaseadas no uso intensivo de insumos agrícolas de origem industrial.2 A palavra agronegócio vem sendo utilizada como tradução da palavra em inglês agribusiness, cuja introduçãoe massificação do uso do termo no Brasil inicia-se com a publicação, em 1990, do livro Complexo agroindustrial:o Agribusiness Brasileiro dos autores Ney Bittencourt Araújo, Ivan Wedekin e Luis Antonio Pinazza.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

geopolítico exerce influência significativa, inclusive regulando osmercados de insumos, produtos, tecnologias e serviços. O contextosocioeconômico mundial é importante na definição e nacaracterização da qualidade das commodities, dos produtos verdes,dos produtos solidários e, de modo especial, no estabelecimento debarreiras não tarifárias.

Em nível nacional, estão destacadas as políticas monetárias, fiscal eas políticas setoriais. Dentre as últimas, atenção especial é dada àspolíticas agrícola, ambiental, de CT&I para o agronegócio, dedesenvolvimento rural, industrial e comercial. São tambémcondicionantes da PD&I para o agronegócio, a distribuição de renda,os padrões culturais e o nível educacional da população, os aparatoslegal e institucional, os recursos naturais, a biodiversidade e os meiosde comunicação. Estes elementos exercem influência direta noambiente do agronegócio e, por conseqüência, na PD&I para oagronegócio.

Conforme constam na Fig.1, os elementos do agronegócio englobamos fornecedores de bens e serviços à agricultura, os produtoresagropecuários empresariais e familiares, os processadores,transformadores e distribuidores envolvidos na geração e no fluxo deprodutos agropecuários, até o consumidor final. Participam, ainda, osagentes que operam na logística e que afetam e coordenam o fluxode produtos, tais como governo, mercados, as entidades comerciais,financeiras e de serviços. Os impactos das atividades sobre o meioambiente, incluindo os resíduos líquidos, sólidos e gasosos, sãoaspectos importantes do agronegócio e da PD&I, que devem serconsiderados.

Os elementos da pesquisa, desenvolvimento e inovação para oagronegócio (PD&I), incluem os pesquisadores, os sistemas deinteligência competitiva, as redes de financiamento, a infra-estruturatecnológica, o suporte institucional e as entidades educacionaisformadoras de competências. Essas variáveis influem e são influenciadasdiretamente pelo conjunto do agronegócio, em sua concepção maisampla, bem como pelos fatores macroeconômicos nacionais einternacionais.

O esquema da Fig. 1 possibilita visualizar a complexidade e abrangênciados inter-relacionamentos, influências e elementos que permeiam essamodelagem.

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Cenários

Fig.1. Elementos do Macroambiente, do agronegócio e da PD&I para o agronegócio.

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Cenários

Retrospectiva e Situação Atual

A partir da segunda metade do século 20,o agronegócio brasileiro passou pordiversas transformações, orientadas nãoapenas pela modernização tecnológicada agricultura, mas também por outrosfatores relevantes, tais como a aberturada economia internacional e a globali-zação, impondo novas condições àcompetitividade.

Vários estudos mostram que essasmudanças, grande parte das quais comefeitos estruturais, geraram forteimpacto no desenvolvimento social eeconômico do País, contribuíram parao equilíbrio das contas públicas e paraa inserção do Brasil no mercado globali-zado, com ônus e imposições.

Dentre as transformações experimen-tadas pelo agronegócio brasileiro, as maisrelevantes para o quadro que se desenhano início do século 21 tiveram seusprimórdios na década de 70. Essa décadamarcou a intensificação do processo demudanças experimentado pelo agrone-gócio brasileiro. O crescimento acelera-do da população, que apresentou taxamédia superior a 2,6% ao ano, no período1970/19803; a intensa migração rural/urbana, que elevou a taxa de urbanizaçãode 55,92%, em 1970, para 75,9% em1991; e, principalmente, a opção políticapelo modelo agrícola exportador força-

ram a busca de aumento da eficiênciaprodutiva das áreas ocupadas e aincorporação de novas áreas (expansãoda fronteira agrícola), visando ofereceralimentos em quantidade suficiente paraa população urbana, bem como produzircommodities necessárias à geração dasdivisas requeridas pelo modelo macro-econômico adotado no País. Deve-seobservar que a expansão da fronteiraagrícola esbarra nas deficientes condi-ções para o seu crescimento: ausênciade infra-estrutura, transporte, armaze-namento, processamento, escoamento,etc. Assim, os problemas associados aocusto Brasil têm significativo impactoneste setor.

A década de 70 pode ser caracterizadacomo o período de internacionalizaçãodo modelo de produção agrícolaintensiva em insumos e tecnologia,denominado de Revolução Verde, tendorequerido de países como o Brasil aimplementação de políticas públicasativas para sua viabilização: políticasde crédito rural, de assistência técnicapública, de pesquisa e desenvolvimentoapropriados à agricultura tropical epolíticas de implantação de indústriasde insumos básicos (fertilizantes,corretivos, defensivos agrícolas, etc.).

Nesse período, a geração de novosconhecimentos na área de Ciência,Tecnologia e Inovação – CT&I – tornou-se um imperativo para a competitividade,levando ao início da estruturação de umsistema de PD&I para o agronegócio,

3 Segundo dados do IBGE, no período 1950/1980, apopulação brasileira mais que dobrou, passando de51,9 para 119 milhões de pessoas, o que representauma taxa média de crescimento de 2,3% ao ano.De 1980 a 1991, a taxa de crescimento populacionaljá estava reduzida a 1,9% a.a. (População..., 2003).

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

com forte investimento na formação depessoal e, conforme será discutido nestecapítulo, com significativos impactos noagronegócio nacional (ver Tabela 1). Osprincipais pontos dessa nova estrutura depesquisa setorial incluíram:

• Criação da Embrapa, em 1973, paradefinir um novo modelo brasileiro depesquisa agropecuária, mediante aintrodução, a composição e aestruturação de atividades de carátertécnico-estrutural, administrativo e depesquisa.

• Organização do Sistema Nacional dePesquisa Agropecuária – SNPA,constituído pelos denominados sistemasestaduais de pesquisa agropecuária quereúnem, em cada estado, órgãos públi-cos e privados de pesquisa agrope-cuária.

• Implementação de um amplo progra-ma de formação, treinamento e capaci-tação de pessoal, tanto no exteriorquanto no Brasil, a partir da criação decursos de pós-graduação no País, dentrodo sistema universitário de pesquisa epós-graduação.

A partir da década de 90, observou-seuma sensível modificação em relaçãoao papel do Estado e das políticaspúblicas em relação ao grande agro-negócio que se consolidou e se estrutu-rou em bases peculiares. Assim, aassistência técnica pública foi dispen-sada dentro do modelo adotado pelosistema agroindustrial, devido aoprocesso de homogeneização tecnoló-gica coordenado pelos grandes empre-endimentos.

O próprio papel do crédito rural oficialvem perdendo importância devido acrescente utilização de formas definanciamento coordenadas internamentepelo sistema agroindustrial. E o modeloda pesquisa agropecuária, financiadacom recursos públicos, começa dealguma forma, também, a sofrer ainfluência dos vultosos investimentosefetuados em PD&I pelas maiorescorporações, particularmente no setor deinsumos, que considera a questão dainovação tecnológica como atributoprincipal do padrão de concorrênciainternacional.

Aspectos Relevantesdo Crescimento doAgronegócio Brasileiro

A partir da década de 70, o agronegóciopassou a ocupar posição de destaque noprocesso de desenvolvimento brasileiro,possibilitando o provimento de alimentospara a crescente população urbana,oferecendo matéria-prima para a agro-indústria, constituindo-se em fatorrelevante na geração de divisas, movi-mentando a indústria de insumos e o setor

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Cenários

de prestação de serviços. Pela incorpo-ração de novas áreas ao processo produ-tivo, aumento da produtividade e adoçãode tecnologias modernas, a expansão daagricultura no Cerrado foi determinantepara o crescimento do agronegóciobrasileiro. Enquanto os anos 70 forammarcados pela expansão e consolidaçãoda agricultura empresarial no Brasil,registrando aumento da área plantada emtorno de 43%, na década de 1980 a 1990,os ganhos expressivos de produtividadeforam o fator preponderante para oaumento da produção nacional. Naqueleperíodo, a produtividade dos grãospraticamente dobrou, a despeito dadesestruturação da economia produtivaocorrida nos anos 80 e do crescimentoda dívida da agricultura.

A partir de 1994, destaca-se o papelfundamental do setor agropecuário noplano de estabilização adotado pelogoverno federal. Enquanto os preçosdos insumos subiram de forma generali-zada, inclusive as tarifas públicas, ospreços dos alimentos permaneceramrelativamente estáveis no período,mesmo com o aumento da demandainterna, o que permite classificar aagricultura como a “âncora verde” doPlano Real. 4

Sistema de Gestão da PD&I

Um dos principais fatores de sucessodo agronegócio brasileiro é o sistemade PD&I para o setor. A Embrapa, porexemplo, tem como missão atual:

“a viabilização de soluções para o desenvolvimentosustentável do agronegócio no País, por meio degeração, adaptação e transferência de conheci-mentos e tecnologias, em benefício da sociedade”.(Embrapa, 1998, p. 15).

Com 37 centros de pesquisa e 3 uni-dades de serviços localizadas empontos estratégicos do território brasi-leiro, cobrindo todas as regiões eecossistemas nacionais, é consideradauma das maiores organizações depesquisa agropecuária do mundo. Seusistema de gestão é voltado para abusca da eficiência e eficácia, priori-zando suas atividades-fim.

Grande parte do avanço da PD&I para oagronegócio foi resultado da estruturaçãode um sistema de parcerias de pesquisaagropecuária. Tal sistema de parcerias,além da Embrapa, inclui os SistemasEstaduais de Pesquisa Agropecuária quereúnem, em cada estado, órgãos públicose privados quais sejam: 17 organizaçõesestaduais de pesquisa (OEPAs), todo osistema universitário de pesquisa e pós-graduação em apoio ao agronegóciobrasileiro, além de empresas privadas eONGs.

Atualmente, o Brasil possui um significa-tivo sistema universitário de pesquisa epós-graduação, envolvendo as diversasáreas das ciências agrárias que oferecemsuporte para o avanço da inovaçãotecnológica no agronegócio. Em 2001, oPaís contava com um total de 178programas de pós-graduação na grandeárea de Ciências Agrárias, distribuídosconforme mostra a Tabela 2.

Esse sistema envolvia a participação de3.115 docentes, dos quais 3.099 erampesquisadores com o nível mínimo dedoutoramento. Em termos de alunos de

4 De 1996 a 2000 a inflação medida pelo IPCA doIBGE foi de 23,5% enquanto a variação do IPCA,relativo aos alimentos e bebidas, foi de 15,2% e aovestuário, de 17,2%. (Associação Brasileira deAgribusiness, 2002).

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

pós-graduação, em 2001, havia 5.247alunos matriculados nos cursos em nívelde mestrado e 3.331 em nível dedoutorado no País. Naquele ano, foramformados/titulados 2.139 novos mestrese 720 novos doutores em todas as áreasde concentração das ciências agrárias.

A experiência em PD&I para o agrone-gócio, acumulada nas últimas décadas,trouxe avanços ao setor, existindo hojeuma percepção bastante forte de quehá necessidade de reestruturar osistema de pesquisa agropecuáriadefinindo papéis, responsabilidades einstâncias de decisão.

Novos atores estão surgindo, comoONGs, consórcios de pesquisa eincubadoras de empresas de basetecnológica; outros já existentes semostram mais atuantes, especialmentena parte de desenvolvimento e inovação,como as cooperativas e outras formas deorganização de produtores. As empresasprivadas, tanto as nacionais como asmultinacionais, apresentam-se cada vezmais envolvidas com a geração e atransferência de tecnologias.

Meio Ambiente,Agricultura e Alimentação

Quanto à interface agronegócio/meioambiente, pode-se dizer que, desde a

pré-história, a humanidade vemalterando drasticamente o ambiente emque habita, provocando degradação degrandes espaços e do ar atmosférico,assoreamento de rios, destruição deflorestas em níveis preocupantes e comtaxas aceleradas. Vale observar que ouso intensivo da ciência e tecnologiapara fins de produção desencadeou umprocesso mais dinâmico e complexo deinterferência do homem na natureza.

Um dos primeiros estudos a discutir deforma global as implicações resultantesdas relações homem versus natureza foiThe Limits to Growth (Meadows et al.,1972) desenvolvido pelo Clube de Roma.Teve o mérito de legitimar e darcredibilidade às preocupações ecológicasmundiais, propiciando o acelerado surgi-mento de organizações não governamen-tais e movimentos ativistas, preocupadoscom a problemática ambiental.

Nos anos 80, a consciência social dosproblemas associados à deterioraçãoambiental começou a tomar vulto noBrasil ocorrendo, paralelamente, ocrescimento acelerado de movimentosorganizados. A Conferência das NaçõesUnidas para o Desenvolvimento e MeioAmbiente – Rio-92 foi uma demonstraçãodo grau de conscientização e do nível deatenção com que passaram a ser tratadas,

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Cenários

pela comunidade científica e pelasociedade como um todo, as questõesrelativas ao meio ambiente.

A evolução desse quadro tem comoresultado a busca de equilíbrio entre odesenvolvimento e o uso responsáveldos recursos naturais, passando a seperseguir a agricultura sustentável, quetem como uma de suas definições:

“Uma agricultura que contemple, simultanea-mente, as dimensões econômica, ecológica e social,segundo os atributos (não exclusivos) de produtivi-dade, estabilidade e equidade” (Quirino et al., 1997,p. 13).

Inserem-se, nessa discussão, em razãodos riscos potenciais ao meio ambientee à saúde, temas relacionados à biotec-nologia e aos organismos genetica-mente modificados.

Na esfera mundial, o relatório PilotAnalysis of Global Ecosystems – PAGE,Agroecosystems, elaborado peloInstituto Internacional de Pesquisa sobrePolítica Alimentar – Ifpri e pelo Institutode Recursos Mundiais – WRI (Wood etal, 2000), confirma que a produçãomundial de alimentos está sendoameaçada por métodos de cultivo quevêm degradando os solos, exaurindo oslençóis de água subterrâneos, poluindoas águas e causando a extinção deespécies animais e vegetais. Essaquestão é relevante na medida em quehá demanda mundial crescente dealimentos por uma população predomi-nantemente urbana, e que deveráaumentar em 1,5 bilhão de pessoas nospróximos 20 anos (World Bank, 2002).A Fig. 2 ilustra essa evolução.

O alerta contido no Relatório Page é degrande importância, considerando

especialmente as expectativas relaciona-das ao significativo incremento mundialda demanda por alimentos, principal-mente pelo aumento de renda na Chinae demais países asiáticos. Conformeilustrado na Fig. 3, somente a China seráresponsável por um aumento de 40% nademanda por carnes e de 25% em relaçãoaos cereais, no horizonte de 2020. Por suavez, a América Latina terá um incrementode 16% em relação às carnes e de 11%em relação aos cereais.

Apesar dos significativos avanços econquistas das últimas décadas, aexemplo da grande impulsão na produ-tividade agrícola e alguma contenção daexpansão das fronteiras agrícolas, viaaumento de produtividade, ainda restamuito a fazer. Entretanto, a poluiçãoindustrial, as diversas formas de degrada-ção ambiental causadas pelas atividadesagropecuárias e o consumo de defensivosagrícolas, entre outros, ainda preocupamo meio científico, os tomadores de decisãoe a sociedade em geral, pois estãoessencialmente ligados à conservaçãodo planeta Terra.

Fig. 2. Evolução da população mundial (em bilhões).Fonte: IFPRI citado por Associação Brasileira de Agribusiness ( 2001, p. 19).

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Agropecuária, Contexto Sociale a PD&I para o Agronegócio

Apesar do quadro de acentuada evoluçãoobservado nas últimas décadas no Brasil,o agronegócio e a PD&I para o agronegó-cio ainda podem ser caracterizados emtermos de contrastes dramáticos observa-dos nos mais diferentes aspectos. Grandespropriedades voltadas para a agriculturae a pecuária empresariais coexistem com

pequenas propriedades rurais, quecaracterizam a agricultura familiar, e comgrandes contingentes de trabalhadoressem terra. Essa discrepância pode serverificada pelos dados apresentados naTabela 3: os imóveis com menos de50 ha (80,9% do total de estabele-cimentos) ocupam 12% da área total, en-quanto os imóveis com mais de 5.000 ha,que representam 0,08% do total de estabe-lecimentos, ocupam área total de 21,6%.

Fig.3. Incremento da demanda global de alimentos – horizonte 2020.Fonte: IFPRI citado por Associação Brasileira de Agribusiness ( 2001, p. 19).

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Cenários

No Brasil, no que diz respeito ao padrãoeconômico e produtivo, um númerorestrito de grandes proprietários dominaa agricultura empresarial competitiva,concentrada fortemente nas regiõesSul, Sudeste e Centro-Oeste, enquantouma parcela significativa, representadapor cerca de 4 milhões de famílias detodo o País, das quais 50% na RegiãoNordeste, está limitada à agriculturafamiliar, em pequenas propriedades.

Enquanto nas regiões Sul, Sudeste eCentro-Oeste verificam-se pujançaprodutiva, concentração de órgãos depesquisa, concentração de infra-estrutura e investimentos econômicos,nas regiões Norte e Nordeste observa-se um número muito menor depesquisadores ativos e escassez derecursos destinados à PD&I e de infra-estrutura para a pesquisa.

A Região Sudeste absorve 49% do totalde pesquisadores do segmentoacadêmico, conforme Tabela 4.

Na Amazônia, particularmente, verifica-se incapacidade de absorção pelapopulação regional dos benefíciosdisponíveis da PD&I. Além disso, apesardo enorme esforço que vem sendo feitopara a geração de tecnologia paraprodutos de clima tropical, não se

conseguiu ainda um melhor aproveita-mento da biodiversidade e das caracte-rísticas climáticas e de solo dessas regiõespara a produção de produtos diferencia-dos, de maior valor agregado e comgarantia de sustentabilidade, exceçãofeita a alguns empreendimentos agrope-cuários e agroindustriais tecnificados queatendem, inclusive, às exigências domercado internacional.

Os principais resultados da PD&I estãocentrados em pesquisas de alta quali-dade, predominantemente para produtoscomo as commodities. Por causa dessasdesigualdades regionais, grande parte dosprodutores agropecuários do Norte e doNordeste encontram-se em desvantagemquanto à instrução, à inserção no mundocapitalista e à disponibilidade e acesso atecnologias apropriadas.

Entretanto, alguns programas direcio-nados especificamente aos agricultoresfamiliares se destacam, especialmenteo Programa Nacional da AgriculturaFamiliar – Pronaf, além daquelesvoltados para os segmentos tecnoló-gicos, como o Programa de Pesquisa eDesenvolvimento para a AgriculturaFamiliar da Embrapa, do MCT e dealgumas ONGs, que buscam a geraçãode tecnologias agropecuárias compatí-

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

veis com as necessidades dos agricul-tores familiares e com a realidade emque vivem.

Apesar da dimensão do mercadoconsumidor e do grande potencial dedemanda, a má distribuição de rendado Brasil restringe o consumo internode alimentos. Dados do Instituto dePesquisa Econômica Aplicada – Ipea(2002a) mostram que a porcentagem debrasileiros cuja renda é incapaz decobrir as necessidades alimentares vemdiminuindo nos últimos anos, mas aindaé extremamente elevada, tendo caídode 41,7% em 1993, para 33,6% em2001.

Por sua vez, o agronegócio vemocupando cada vez mais posição dedestaque no cenário tecnológicobrasileiro e internacional. O progressotecnológico tem possibilitado ao Paísostentar uma situação atual dinâmica,na qual o agronegócio é responsávelpor cerca de 27% do PIB nacional;responde por quase metade dos valoresgerados na exportação; e emprega emtorno de 26% da população economi-camente ativa do País.

A safra nacional de grãos, que em 1975era de 38 milhões de toneladas, vemsuperando seus próprios recordes acada ano registrando, em 2003, 116milhões de toneladas (IBGE, 2003). Asexportações do agronegócio brasileiroem 2002 totalizaram cerca de R$ 24bilhões, com superávit de US$ 20bilhões (Brasil, 2003).

Extensão Rural

A questão da assistência técnica eextensão rural demanda uma aborda-

gem diferenciada no equacionamentodo trade off agricultura empresarial(integrada ao complexo agroindustrial)versus agricultura familiar. No sistemaagroindustrial de grande porte, asestruturas de coordenação e domínio seestabelecem e por si só adquiremcapacidade para determinar a dinâmicada inovação e da gestão tecnológicaenquanto, na agricultura familiar, hánecessidade de se encontrar formas,mecanismos organizacionais e institu-cionais capazes de prover essa gestãotecnológica, sendo este um dosprincipais desafios do processo.

Apesar de reconhecidos esforços paraa implementação da extensão rural noBrasil, ainda permanecem dificuldadesna transferência de conhecimentosgerados pelas instituições de pesquisapara o setor produtivo. Essa situaçãotorna-se mais complexa, quando seprocura incrementar as ações voltadaspara um modelo agrícola sustentável.Isso ocorre porque a base teórica eprática da maioria dos serviços,principalmente públicos, de extensãorural e de pesquisa continua fundamen-tada no paradigma da modernizaçãoagrícola.

O caminho entre a bancada do pesquisa-dor e o usuário final dos conhecimentose de tecnologias gerados precisa serrevisto, procurando eficiência e sinergias.Nesse aspecto, tem-se observado osurgimento e a consolidação deorganizações de interesse de produtoresrurais (associações, sindicatos, etc.) queaos poucos começam a tomar para si amissão de prover a gestão tecnológica,incluindo a assistência técnica, deman-

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Cenários

dada por seus associados, processo este,em parte assemelhado ao surgimento dossindicatos profissionais da Europa.Entretanto, a maioria dos pequenosprodutores e agricultores apresentambaixo nível de organização e deeficiência produtiva, carecendo daassistência técnica pública tradicional eda extensão rural.

Segundo a Federação das Associaçõese Sindicatos dos Trabalhadores daExtensão Rural e do Setor PúblicoAgrícola do Brasil – Faser, o serviçooficial de extensão rural, no Brasil, temcomo público preferencial agricultorese familiares, estando presente nas 27unidades da federação, sob diversasfiguras jurídicas e diferentes denomi-nações. São empresas estaduais deassistência técnica e empresas mistas,contando com 24 mil trabalhadores,entre os quais 14,5 mil extensionistasrurais (agrônomos, veterinários, zootec-nistas, sociólogos, economistas, técni-cos agrícolas, e extensionistas sociais).Atuam direta e indiretamente no meiorural, tendo 4.199 escritórios, o quegarante sua presença em 93% dosmunicípios brasileiros. Para atender amais de 1,7 milhão de agricultoresfamiliares, os estados gastam, com suasinstituições oficiais de extensão rural,cerca de R$ 800 milhões (pessoal emanutenção), o equivalente aR$ 450,00 por agricultor assistido/ano(Faser, 2002a).

O serviço de extensão é entendidocomo um processo educativo,sistemático, permanente e de forteinteratividade com os diferentessegmentos do setor agropecuário.

Entretanto, a falta de apoio e a desconti-nuidade de sustentação financeira epolítica, principalmente no Norte e noNordeste, estão prejudicando a qualidadedo serviço, levando ao descrédito essapolítica pública por parte da sociedade.

Contudo, o serviço alcança mais de 1,7milhão de agricultores familiares, o quesignifica o relacionamento direto com40% desse público em todas as regiõesbrasileiras. Região Norte: 57%. RegiãoNordeste: 26%. Região Sudeste: 62%.Região Centro-Oeste: 36%. Região Sul53% (Faser, 2002b).

O grande desafio do sistema é construirum projeto adequado de extensão ruralpara o atendimento das reivindicaçõesdos agricultores familiares, ou seja, umaassistência técnica pública de qualidadee comprometida com o desenvolvimentosustentável. Igualmente importante é aarticulação do sistema com as organi-zações de PD&I com vistas à construçãode uma nova matriz tecnológica queatenda às necessidades desse segmentode produtores.

Recursos Humanos

e Financiamento

Recursos Humanos

Os investimentos em formação ecapacitação de especialistas empesquisas agropecuárias foram maciçosnas duas últimas décadas, permitindoao País dispor, hoje, de um contingentesignificativo de doutores e mestres. Umdos principais instrumentos para viabi-lizar a expansão da pós-graduação noBrasil tem sido a concessão de bolsas

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

de estudo. Dados do Ministério daCiência e Tecnologia mostram que ototal de bolsas de mestrado e doutorado,concedidas por agências federais,aumentou de um valor médio de 10 milbolsas/ano, em 1980, para mais de30 mil bolsas/ano em 2000 (Fundaçãode Amparo à Pesquisa do Estado de SãoPaulo, 2002). Incluindo agências esta-duais, esse número se aproximou de60 mil, em 2000.

A Tabela 5 destaca o número de pesqui-sadores por área do conhecimento,incluindo aquelas correlatas à PD&I parao agronegócio e mostra uma relativapreponderância de pesquisadores dou-tores, em todas as áreas.

Considerando a evolução da qualifica-ção dos recursos humanos especiali-zados no País, no início da década de90, os doutores formados ao ano nasáreas de ciência e engenharia erampouco mais de mil. Hoje, são cerca de6,3 mil.

Nas duas últimas décadas, a produçãocientífica brasileira cresceu de maneiraextraordinária, passando de 2.600publicações em 1981, em todas as áreas

O investimentobrasileiro em CT&Ipermite ao País ocuparuma posiçãointermediária noconjunto das nações quese esforçam paracolocar a produção deconhecimento no centrodo desenvolvimentoeconômico e social.

do conhecimento, para 12.000 publica-ções em 1999 (Fundação de Amparo àPesquisa do Estado de São Paulo, 2002).Com essa massa científica, o Brasil foicapaz de alcançar 1% da produçãocientífica internacional, marca atingidapor apenas 18 países. Se considerada aprodução científica internacional, especi-ficamente na área de ciências agrárias,a participação brasileira sobe paraexpressivos 4%.

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Cenários

De acordo com a Fundação de Amparoà Pesquisa do Estado de São Paulo(2002) Fapesp, e considerandoespecificamente as áreas correlatas aosetor de PD&I para o agronegócio,observa-se uma queda no número depesquisadores engajados nas CiênciasAgrárias no País, que passa de 3.749em 1996 para 2.893 em 1999. AsCiências da Saúde também experimen-taram queda no número total de pesqui-sadores envolvidos neste segmentoacadêmico.

Em contrapartida, houve notável incre-mento nas Ciências Biológicas, de 3.259pesquisadores em 1996 para 5.112 em1999, e um pequeno aumento dospesquisadores engajados nas CiênciasExatas e da Terra: de 4.755 para 5.090,no mesmo período. O total geral depesquisadores ativos teve ligeiroaumento, passando de 28.165 em 1996para 30.232 em 1999.

No que concerne à Embrapa, o progra-ma de pós-graduação tem sido executa-do desde 1974 e inclui cursos de mes-trado, doutorado e pós-doutorado.É destinado a empregados que ocupamcargos de nível superior na Empresa e nasOrganizações Estaduais de PesquisaAgropecuária – OEPAs. A Tabela 6 mostraque, de 1974 a 2002, o Programa de Pós-graduação da Embrapa, no Brasil e no

Exterior, envolveu um contingente de3.868 pesquisadores (mestrado, doutoradoe pós-doutorado), sendo 2.875 perten-centes ao quadro de pessoal da Embrapae 993 ao das OEPAs.

Entretanto, a capacitação em PD&I paraa agropecuária ainda apresentaimportantes carências. Internamente, osnúmeros mostram um crescimentosignificativo nos principais indicadoresda PD&I para o agronegócio como, porexemplo, o número total de bolsas demestrado e doutorado concedidas noPaís.

Quando se compara a situaçãobrasileira com a de países que têmempreendido esforços maciços paraalcançar um padrão mais elevado dedesenvolvimento tecnológico, verifica-se que ainda temos um longo caminhoa percorrer.

Em 1997, enquanto no Brasil ocorreramcerca de 10.470 matrículas paramestrado e doutorado nas diversas áreasda engenharia, na Coréia, país comcerca de 47 milhões de habitantes, essenúmero foi quase três vezes maior, comcerca de 27 mil matrículas. Essasituação ainda se agrava com umavisível competição interinstitucional eregional, que contribui para aduplicidade de esforços e o baixo nívelde cooperação entre equipes.

Fontes de Recursos

O investimento em CT&I permite ao Paísocupar uma posição intermediária noconjunto das nações que se esforçam paracolocar a produção de conhecimento nocentro do desenvolvimento econômico e

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

social. O Brasil encontra-se aquém domarco dos países industrializados, aindaque numa posição favorável, quandocomparado com outros países emdesenvolvimento.

Contudo, se for considerado o padrãodefinido pela maior parte dos organismosinternacionais para comparação entrepaíses, o qual enfatiza o gasto em PD&Idividido pelo Produto Interno Bruto – PIB,a posição brasileira (0,9% em 1999) seaproxima da de outros países como aEspanha (0,9%) e a Hungria (0,7%).Entretanto, está distante das posiçõesalcançadas pelos países industrializadoslíderes, como os Estados Unidos(2,7%), aAlemanha (2,3%) e o Japão (3,0%); e denações de industrialização mais recente,que fizeram esforço notável nessa área,como a Coréia do Sul (2,5%) e a Finlândia(2,9%) – (Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de São Paulo, 2002).

Embora na década passada tenha havidoalgum crescimento dos dispêndios, asituação do financiamento de PD&I aindaé um fator crítico devido a sua grandeoscilação: mesmo havendo alocação naLei Orçamentária, a liberação dosrecursos do orçamento federal tem sidosubmetida a contingenciamentos emvirtude das exigências do equilíbrio fiscal.

O fluxo de recursos financeiros destina-dos a PD&I tem se caracterizado não sópela escassez, como também pelapulverização em muitas atividades e peladescontinuidade. A Tabela 7 apresenta odispêndio de recursos em CT&I no Brasil,de 1995 a 1998.

As dificuldades do setor público emfinanciar áreas prioritárias como a dePD&I se devem, principalmente, àvulnerabilidade econômica do Brasil,em razão das dívidas públicas internae externa. O baixo investimento emPD&I para o agronegócio, em relaçãoà magnitude do PIB do setor, evidenciaessa situação.

Ademais, a participação do capitalprivado no desenvolvimento de projetosde pesquisa em todos os setoreseconômicos ainda é muito baixa.A Tabela 8 mostra que o esforço do setorempresarial e sua participação nodispêndio nacional em PD&I cresceramde forma consistente ao longo da décadade 90, quase dobrando no período 1993– 1998, passando de US$ 326 milhõespara US$ 774 milhões. Contudo, oinvestimento ainda é baixo: o número deempresas que investem é pequeno (426)e o montante é reduzido.

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Cenários

A associação entre o capital privado eas instituições de PD&I é limitada,mesmo quando se consideram algunsesforços de parcerias que jádemonstram resultados em áreasimportantes como, por exemplo, oFundo de Defesa da Citricultura –Fundecitrus, instituição mantida porprodutores e indústrias de suco delaranja e voltada para a defesasanitária vegetal.

Além de atuar no monitoramento, essaentidade realiza e financia pesquisascientíficas para o controle ou convi-vência com doenças e pragas queafetam essa lavoura. (Fundecitrus,2002). Verifica-se um interesse cres-cente por parte de empresas nacionaise transnacionais em investir em PD&Iem determinados setores agropecuá-rios, particularmente na exploração dabiodiversidade. Esse movimento, aindaincipiente, traz oportunidades e proble-mas cuja análise fogem ao escopo destedocumento.

Numa tentativa de incrementar oinvestimento público, foram criados osFundos Setoriais de CT&I, que surgiramdas dificuldades pelas quais vinha

passando a pesquisa brasileira. Essesfundos têm por objetivo implantar, emcaráter permanente, um mecanismoestável de financiamento para pesquisae constituem-se em proposta inovadora,na medida em que selecionam projetosestratégicos, conferem estabilidade aofinanciamento e definem a aplicaçãode recursos por meio de uma gestãocompartilhada (Brasil. 2002b). Buscam,assim, incentivar o desenvolvimentocientífico e tecnológico em áreasestratégicas.

A criação dos fundos setoriais configuraum importante avanço de um novopadrão de financiamento e, espera-seque, quando em plena operação,representem significativo acréscimo derecursos ao orçamento de CT&I do País.

Especificamente, na área do agrone-gócio, foi definido o Fundo Setorial doAgronegócio, o CT-Agronegócio, criadopela Lei 10.332, de 19/12/2001, eregulamentado pelo Decreto 4.157, de 12/03/2002. Este fundo objetiva a atualizaçãotecnológica da agropecuária brasileira ea ampliação dos investimentos naspesquisas de sistemas, técnicas, métodose processos que propiciem inovação,

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

qualidade e aumento de competiti-vidade na exportação de produtosagropecuários do Brasil (Brasil, 2002b).

Além desse fundo, outras fontes definanciamento relacionadas com aPD&I para o agronegócio são:

Fundo Verde-Amarelo – Fundo deinteração universidade/empresa, criadopara intensificar a cooperaçãotecnológica entre universidades,centros de pesquisa e o setor produtivoem geral (em operação).

Fundo Setorial de Biotecnologia –Aprovado em dezembro de 2001, paradar continuidade aos estudos quecolocaram o País na vanguarda doseqüenciamento genético, encontra-seainda em início de operação.

Fundo Setorial de Recursos Hídricos –Destinado a financiar estudos e projetosna área de recursos hídricos, com focona capacitação de recursos humanos eno desenvolvimento de produtos,processos e equipamentos paraaprimorar a utilização desses recursos.

O Fundo Verde-Amarelo e os demaisfundos setoriais constituem importanteconquista para assegurar estabilidade econtinuidade ao financiamento deprogramas de pesquisa e desenvolvi-mento.

Entretanto, esse sistema de financia-mento deve passar por mudanças duranteo atual governo, de forma a comple-mentar outros setores do conhecimento.Afirma-se, também, que sua existênciadificulta a alocação de recursosorçamentários pelos órgãos de fomentocomo a Financiadora de Estudos eProjetos – Finep e o Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico eTecnológico – CNPq.

Propriedade Intelectual

O progresso técnico-científico –alcançado pela humanidade no campoda biotecnologia – tem suscitado discus-sões, envolvendo os mais diferentes seg-mentos da sociedade. São levantados nãoapenas os aspectos éticos das pesquisas,permitindo a intervenção técnica dohomem sobre a vida, mas também osaspectos relacionados aos instrumentoslegais de apropriação dos conhecimentosgerados.

Os enormes benefícios proporcionadospela biotecnologia moderna e os grandesinvestimentos necessários para osavanços da pesquisa nesta área desper-tam, igualmente, grandes interesses dossetores econômico e industrial. Nessecontexto, a importância da proteção legalà propriedade intelectual como meca-nismo de garantia dos direitos e deestímulo aos investimentos aumentasignificativamente em âmbito mundial,onde há predominância da “economia doconhecimento”.

Atualmente, a sociedade do conheci-mento é caracterizada, entre outrosaspectos, pela crescente capacidade decodificação de conhecimentos e peloaprofundamento do nível de conheci-mentos tácitos ou não codificáveisacumulados por indivíduos, empresas einstituições de pesquisa. Assim, aatividade de inovação tem perspectivalocal e específica, na qual a cumulati-vidade, as inovações e as adaptaçõesganham grande relevância.

Propriedade intelectual no Brasil

A legislação sobre propriedade intelec-tual, no País, foi revista no início da

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Cenários

década de 90, procurando assegurar oequilíbrio entre a proteção da atividadecientífica e o benefício à sociedade.Assim, um conjunto de leis referentes àpropriedade intelectual foi aprovado:Lei de Propriedade Industrial, Lei de Pro-teção de Cultivares, Lei de Biossegurançae a Convenção sobre Biodiversidade.

O Protocolo de Biossegurança àConvenção sobre Diversidade Biológicaadicionou novos elementos e condiçõespara o comércio internacional desementes e de commodities agrícolasgeneticamente modificadas, que deverãoser levados em conta pelo País (Scholze,1997). Nesse contexto, devem mereceratenção especial, as negociaçõesinternacionais no âmbito da OrganizaçãoMundial do Comércio – OMC, emparticular dos comitês de barreirastécnicas para o comércio, de medidassanitárias e fitossanitárias, de aspectos dapropriedade intelectual relacionados aocomércio e do Comitê de Comércio eMeio Ambiente.

Impacto ambiental, propriedadeintelectual e benefícios sociais

A introdução, em maior ou menor escala,de organismos geneticamente modifi-cados (OGMs) apresenta-se ainda comoum dilema. Ao mesmo tempo em queessas novas possibilidades podem ampliaros ganhos de produtividade, podemtambém representar riscos ambientais eà saúde do consumidor podendo, ainda,tornar o mercado dependente deempresas multinacionais.

Se essas questões impedirem a adoçãodessas tecnologias pelos setor produ-

tivo, pode-se retardar o usufruto dosbenefícios trazidos com cultivares eraças resistentes à doenças e pragas,à seca ou com características nutricio-nais mais vantajosas. Há necessidadede grandes investimentos, não só nageração das tecnologias, mas tambémem estudos quanto aos seus impactossobre o meio ambiente e a saúdehumana.

Ao lado dos recursos genéticos deplantas, animais e microorganismos, apropriedade intelectual e a biotecno-logia têm o potencial de influir sobre acompetitividade do agronegóciobrasileiro. Têm ainda papel funda-mental ao contribuir na redução dosdesequilíbrios sociais, possibilitar asegurança alimentar da população,assegurar proteção ambiental e asustentabilidade da agricultura.

A biotecnologia, a despeito dos acir-rados debates públicos sobre seuspossíveis riscos e questionamentossobre sua aceitação, em muitos países,tende a ter importância cada vez maiorpara a agricultura. Seu uso deve aindaser considerado como um fator-chave,para o aumento da capacidade deprodução de alimentos, diante daspreocupações ambientais, da limitaçãodas terras cultiváveis e do crescimentoda população.

Toda a discussão em torno da biotecno-logia, ao lado das questões relacionadasà propriedade intelectual, colocam asorganizações públicas de PD&I frente aodesafio de se prepararem adequadamentepara defender os direitos de propriedadequanto às invenções desenvolvidas porseus pesquisadores.

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Padrão de Consumo eCompetitividade doAgronegócio

Padrão de consumo

Nos últimos anos, foram significativasas mudanças no padrão de consumobrasileiro, com crescentes exigênciasdos consumidores de classe média ealta quanto à qualidade do produto equanto a sua procedência. Taisdemandas têm sido associadas,principalmente, aos aspectos desegurança alimentar e de preservaçãodo meio ambiente. Essa pressão pelaqualidade dos produtos aumentará nofuturo, tanto no mercado externo comono interno.

Por sua vez, a diminuição na taxa denatalidade e o prolongamento naexpectativa de vida estão modificandoa composição etária da população.Esses fatores, aliados ao aumento daurbanização, estão alterando o padrãoda demanda por alimentos e por outrosprodutos da agropecuária.

Outro aspecto relacionado com oconsumo que tem promovido grandestransformações no agronegócio brasileiroé o aumento da demanda por produtosorgânicos. Estimativas do Ministério daAgricultura, Pecuária e Abastecimentoindicam que a produção do setor vemcrescendo a taxas de 25% ao ano nosúltimos anos, e ocupa, hoje, cerca de 100mil hectares, movimentando em torno deUS$ 150 milhões/ano (Entrevista..., 2002).Contudo, mesmo sendo uma mudança emcurso já bastante identificada junto aoconsumidor interno mais abastado, ainda

As mudanças no padrãode consumo doconsumidor brasileirosão significativas, comcrescentes exigênciasdos consumidores declasse média e altaquanto à qualidade doproduto e quanto a suaprocedência.

Tais demandas têm sidoassociadas,principalmente, aosaspectos de segurançaalimentar e depreservação do meioambiente.

são pequenas suas exigências comrelação à qualidade dos alimentos,quando comparadas àquelas dosconsumidores dos países desenvolvidos.

Paralelamente, cresce a tendência dedemanda por produtos diferenciados doagronegócio. Isto é, também, conse-qüência dos avanços tecnológicosobservados nos diversos setores daeconomia, o que faz com que a popula-ção fique cada vez mais exigente eprocure mudar seu padrão alimentar,passando a requerer produtos maiselaborados, com melhor aparência e demelhor qualidade.

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Cenários

Para que se atenda adequadamente aessa demanda interna e à necessidadede inserção competitiva dos produtosbrasileiros no mercado internacional,têm sido necessárias mudanças nosfatores de produção e nas cadeiasprodutivas.

Essas mudanças têm se caracterizado,principalmente, pela incorporação denovas tecnologias aos segmentos maistecnificados e pela estruturação deprotocolos que possibilitem o rastrea-mento dos alimentos, de forma a assegurare certificar suas características de origem,de qualidade e de segurança, paraatender às exigências do mercado.

Competitividade eInserção Externa doAgronegócio Brasileiro

O agronegócio brasileiro tem ampliadosignificativamente sua participação nosmercados internacionais. Entretanto,existe uma série de fatores críticos quedificultam a ampliação da exportaçãode produtos do agronegócio para osmercados desenvolvidos.

No contexto externo, a manutenção desubsídios às produções domésticas e asbarreiras tarifárias e não tarifárias àimportação de produtos oriundos doagronegócio são os principais entravesàs exportações.

No relatório Barreiras Externas àsExportações Brasileiras para os EstadosUnidos, Japão e União Européia – 2001,consta que:

“países desenvolvidos, como os Estados Unidos,União Européia e Japão mantêm mecanismos quedificultam a entrada de produtos brasileiros em seusmercados. Não apenas com altas barreiras tarifárias,

Os obstáculos ao acessoaos mercadosinternacionais incluemnão apenas altasbarreiras tarifárias, mastambém instrumentosdefensivos e barreirasnão tarifárias, tais comomedidas sanitárias,circunvenção dedireitos antidumping,medidascompensatórias,salvaguardas, marcasde origem, marcascomerciais e indicaçãogeográfica

mas também com instrumentos defensivos ebarreiras não tarifárias, tais como medidas sanitáriase fitossanitárias, circunvenção de direitosantidumping, medidas compensatórias, salva-guardas, marcas de origem, marcas comerciais,indicação geográfica, que se constituem emobstáculos ao livre acesso a esses mercados”. (Brasil,2001b, p.1)

O estudo conclui ainda que, na décadade 90, as barreiras tarifárias sofreramprogressiva redução, mas paralelamenteas barreiras não tarifárias vêm ganhandoimportância como uma nova forma deproteção aos mercados nacionais.

As barreiras não tarifárias podemproporcionar exigências legítimas desegurança e proteção à saúde, aexemplo de algumas barreiras sanitárias

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

que dificultam a colocação de produtosbrasileiros no mercado internacional.

Outras formas de protecionismo podemsurgir disfarçadas de demandaslegítimas da sociedade. Essas barreiraspodem ser superadas pela PD&I. Adiversidade das regras aplicadas emcada país acabou se transformando emoutro tipo de dificuldade ao comércio.

A falta de harmonização leva aoaumento das barreiras e dos custos paraos exportadores e importadores, alémde falta de transparência para a políticacomercial dos países envolvidos. Porisso, em 1995, logo depois da RodadaUruguai, os países iniciaram negocia-ções para harmonizar as regras deorigem já existentes (OMC..., 2002).

Destaca-se, ainda, o papel dosdiferentes tipos de ajudas e subsídios,que assumem a forma de barreiras nãotarifárias. Tais barreiras distorcem omercado de produtos do agronegócio,acarretando aumento da produção e aconseqüente oferta de produtos apreços reduzidos. Além de limitar aexpansão da inserção do Brasil nomercado internacional, essa realidadepode levar à redução de investimentosem PD&I do setor, uma vez que reduza pressão sobre a produção.

Em 1999, a Rodada do Milênio, comofoi chamada a Reunião de Seattle, daOrganização Mundial do Comércio –OMC, representou a expectativa deinúmeras nações em desenvolvimento,quanto à perspectiva de se avançar parauma economia mundial cada vez maisintegrada. Entretanto, os resultadosdessa reunião mostraram que a reduçãodo protecionismo ainda não é uma

realidade. Isso ficou evidenciado pelarecente aprovação, por parte docongresso americano, da políticaagrícola para os próximos anos.

Essa política, que se mostrava liberalem sua primeira aprovação, em 1996,quando havia poucos subsídios, erabaseada na premissa de que aagricultura iria se capacitar paraenfrentar livres forças do mercado. Noentanto, em 2002, a Farm Bill foi revista,recebendo dotações orçamentárias trêsvezes maiores do que as que foramalocadas no período anterior. (EstadosUnidos..., 2002b).

A Farm Bill foi um retorno aoprotecionismo americano com resulta-dos danosos para países como o Brasil,que dependem da exportação decommodities para equilibrar suas contasexternas e que têm de competir nocomércio internacional na base daeficiência e da conquista de novosmercados.

Ao lado da Farm Bill, a Política AgrícolaComum – PAC da União Européia,concebida nos anos 50 e 60, temtambém grande impacto nacompetitividade de alguns produtos doagronegócio brasileiro. Para o Brasil, oimpacto de qualquer medida protecio-nista de seus principais parceiros comer-ciais pode se revestir de conseqüênciasdrásticas.

Os Estados Unidos e a União Européiaparticipam juntos, com quase 50% dasexportações brasileiras. As barreirastarifárias e não tarifárias inibem asvendas dos produtos mais competitivosno mercado externo, como aço, sucode laranja, açúcar, café, carnes,

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Cenários

calçados, têxteis e outros produtosagropecuários.

As barreiras tarifárias e, principalmente,as não tarifárias impostas ao Brasilpelos países importadores de produtosdo agronegócio condicionam em largamedida o curso a ser seguido pela PD&Ipara o agronegócio, pela imposição derestrições quanto às características e àqualidade dos produtos exportados.

Não apenas fatores externos constrangemas exportações agropecuárias. No planodoméstico, o Custo Brasil, além dadeficiente infra-estrutura e da políticatributária e fiscal, entre outros fatores,reduz a competitividade dos produtos.Apesar disso, inúmeros produtosagropecuários brasileiros têm assegurado,cada vez mais, seu espaço no mercadointernacional, em razão do nível dequalidade alcançado.

Essa sucinta retrospectiva e descriçãodo panorama atual mostra que osfatores considerados nos quatrocenários desenvolvidos pela Embrapa,em 1990, constituíram, em grandeparte, variáveis importantes para osrumos da Instituição e tiveramsignificativo impacto na PD&I para o

agronegócio brasileiro ao longo daúltima década (Embrapa, 1990). Os cená-rios consideraram, entre outros fatores:

• Tendência de maior participação dasociedade na definição dos objetivos dapesquisa agropecuária, bem comomaior cobrança por resultados.

• O novo paradigma tecnológico.

• Mudança do Perfil de DemandaAlimentar.

• A Crescente Privatização do Desenvol-vimento Tecnológico Agrícola.

• Ênfase na proteção ao meio ambiente.

• Necessidade de captação de recursospela venda de tecnologia.

• Pressão para regulamentar direitos àpropriedade intelectual.

• Competição por recursos públicosentre as áreas econômica e social.

Como será visto a seguir, diversosdesses fatores ainda são importantespara o setor. No novo milênio, surgemnovas tendências e oportunidades quetambém devem ser consideradas naelaboração de Cenários para a PD&I doagronegócio brasileiro.

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Cenários

Tendências e Invariantes

As trajetórias futuras do Ambiente deAtuação das Organizações Públicas dePesquisa e Desenvolvimento para oAgronegócio Brasileiro dependem daevolução de tendências selecionadas,nas dimensões econômica, política,social, ambiental e tecnológica e defatores condicionantes de futuro que,no conceito de cenários alternativos,apresentam intensidades diferenciadasno horizonte de estudo.

Neste capítulo, são apresentadas asprincipais tendências que amadurecemno ambiente macroeconômico e nosistema de PD&I, diferenciadas segundoo grau de incerteza do seu desempenhofuturo, distinguindo-se os processos comalta probabilidade de permaneceremconstantes no horizonte considerado(2002/2012), denominados invariantes. Astendências estão apresentadas comoprocessos mundiais e nacionais,destacando os aspectos relativos aosistema de pesquisa, desenvolvimentotecnológico e inovação.

Tendências Mundiaispara o Agronegócio

Tendências macroeconômicas

Manutenção dos subsídios e condicio-namento dos subsídios internacionais àsexigências ambientais: a tendência nospróximos 10 anos é a manutenção, pelospaíses desenvolvidos, de instrumentos deproteção aos seus setores agropecuários.

Entretanto, podem ser observadasimportantes diferenças entre os países.

Assim, a União Européia deverá alterarseus subsídios, concentrando-os emalgumas áreas estratégicas, principal-mente considerando que seu orçamentonão suportará a demanda projetada como ingresso dos países do Leste Europeu.Uma nova e importante tendência érefletida na Política Agrícola Comum –PAC, que os condiciona às exigênciasambientais, inclusive para a inserçãodos países do Leste Europeu na UniãoEuropéia. Já os Estados Unidos deverãomanter uma política protecionista,principalmente considerando a novaFarm Bill que entrou em vigor em 2002,e que tem um período de cobertura de8 anos.

Maior competitividade nos merca-dos – A globalização da produção e decapitais traz como conseqüência aintensificação da concorrência, provo-cando dissolução de segmentos doagronegócio com pouca vantagemcompetitiva e com menor capacidadede adaptação e acesso aos novosmecanismos de inserção no mercado.

A tendência de queda nos preçosinternacionais de commodities deverácontinuar por um longo período. Nonovo padrão de competição, seacentuará a tendência de segmentaçãoe especialização do mercado decommodities por meio da incorporaçãode atributos de qualidade, dentre outros,para mudança das características dosprodutos.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Crescimento da demanda por produtosdo agronegócio – Vai haver um incre-mento da demanda mundial (concentradanos países em desenvolvimento), espe-cialmente, por proteína de origem animal.

Na Ásia, a tendência é ocorrer aumentoda renda e melhoria do padrão deconsumo, com conseqüente aumentoda demanda por produtos do mercadointernacional, principalmente poralimentos de origem vegetal e animale da agricultura orgânica (ecológica,verde, natural). O ingresso da China naOMC impactará substancialmente ocomércio internacional.

Novos produtos – No horizonte de 10anos, o agronegócio será substancial-mente enriquecido com a ampliação dosmercados, nacional e internacional denovos produtos tais como: plantas

ornamentais, produtos da aqüicultura,alimentos funcionais (nutracêuticos),biofármacos e novos derivados dosprodutos agrícolas para substituiçãodaqueles oriundos de fontes nãorenováveis e poluentes.

Avanço do processo de reestruturaçãoprodutiva do agronegócio – A tendênciaé de concentração das agroindústrias edas redes de supermercados, comverticalização da produção e formaçãode grandes conglomerados, nos quais seevidenciam novas formas de organizaçãodos processos produtivos e do trabalho.Além disso, as cadeias tendem a ser maisintegradas mundialmente.

Aumento do número e da importância depaíses nas relações de troca doagronegócio no comércio internacio-nal – Os países de vocação agrícolatendem a ser mais competitivos em seusprodutos e serviços. Para isso, deverãocontar com avanços na capacidadegerencial, na articulação de blocoseconômicos de interesse e na ágil ocupa-ção de segmentos de mercado comprodutos especializados.

Alteração nos padrões de consumo dealimentos – São previstas mudanças noshábitos e preferências alimentares dosconsumidores, principalmente dasclasses média e alta, tanto no nívelnacional como internacional.

As tendências de envelhecimento dapopulação e a busca por uma vidamelhor e mais saudável, o aumento daparticipação das mulheres na força detrabalho, e a reestruturação do tamanhodas famílias, a homogeneização dospadrões de consumo decorrentes da

São previstas grandesmudanças nos hábitos epreferências alimentaresdos consumidores dasclasses média e alta.A tendência deenvelhecimento dapopulação e a busca poruma vida melhor e maissaudável reforçam atendência de valorizaçãodos componentessaudáveis dos alimentos.

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Cenários

globalização e da difusão de produtosregionais modificam os hábitos deconsumo com reflexos na demanda.

Há crescente interesse por alimentosfuncionais, produtos diferenciados,naturais e orgânicos, frutas e hortaliças,carne branca e magra, assim como poralimentos minimamente processados esemiprontos. Uma tendência importantenesse sentido é a disposição doconsumidor em pagar um sobrepreço pelaqualidade do produto e qualidadeambiental resultante do processoprodutivo.

Tendência de diversificação alimen-tar – Em 2001, os países desenvolvidoschegaram ao nível de saturação deconsumo de alimentos. Atualmente,esses países querem conhecer novosalimentos, o que abre espaço parafornecedores diversificados, para alémdo grupo básico de commodities.

Essa nova demanda é, aparentemente,favorável ao Brasil, pois representa umaoportunidade para diversificar suapauta de exportação. Essa tendênciapode conduzir ao maior aproveita-mento da agrobiodiversidade nativa doBrasil, rica em frutas, castanhas, hortali-ças e raízes amiláceas identificadas edomesticadas pelas populações locais.

Aumento da pressão de organizaçõessociais – A ampliação dos movimentossociais, freqüentemente sob a forma deorganizações não-governamentais, éuma clara tendência resultante demovimentos que combinam, de um ladoa redução ou encolhimento do Estadono atendimento às demandas sociais e,de outro, o apelo às parcerias com a

sociedade civil aliadas ao aperfeiçoa-mento da democracia e à necessidadede representação dos interesses sociaisdos diferentes atores.

Essa tendência se cristaliza no surgi-mento de uma sociedade mais cidadã –com maior força da sociedade organi-zada, maior pressão por justiça social emaior visibilidade dos variados gruposde interesse. Ocorre, também, umapressão crescente da sociedade pormaior responsabilidade social dasorganizações públicas e privadas, nosníveis nacional, estadual e municipal.

Aumento das exigências éticas e da

qualidade no processo de produção –

A sustentabilidade ambiental e aqualidade de vida da mão-de-obraenvolvida no setor rural serão crescen-temente exigidas. Assim, o componentesocial da qualidade de produtos doagronegócio é cada vez mais impor-tante: os consumidores das classes mé-dia e alta valorizam produtos decorren-tes de processos conduzidos com ética,tornando necessário o conhecimentoaprofundado da origem dos mesmos,além das características socioeconô-micas das regiões produtoras.

Essa tendência pode levar a um círculovirtuoso: como conseqüência datendência de priorização da produçãode alimentos com responsabilidadessocial e ecológica, deve ocorrer maiorvalorização dos direitos dos trabalha-dores que, por sua vez, são um ingre-diente essencial para a qualidade devida da mão-de-obra utilizada.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Tendências relacionadasao meio ambiente

Preocupação com os efeitos negativosdos impactos ambientais – Existepreocupação nacional e internacionalcom os impactos ambientais nãoassimiláveis das atividades agropecuá-rias e que implicam no esgotamento derecursos naturais ou na degradação domeio ambiente.

Assim, destaca-se uma forte pressãopara a conservação e manejo racionaldos recursos ambientais no processoprodutivo, inclusive com normasambientais mais rígidas. A conservaçãodo meio ambiente e o paradigma dasustentabilidade são considerações quedevem direcionar a geração detecnologias ambientalmente corretas.Além disso, há necessidade dodesenvolvimento de tecnologias para areutilização dos resíduos rurais eurbanos, a reciclagem de nutrientes ea disposição, ambientalmente correta,dos dejetos animais.

Maior conservação e melhor gerencia-mento no uso da água – O uso susten-tado deste recurso natural preocupacada vez mais pesquisadores e autori-dades, em todo o mundo. A manutençãoda qualidade da água e seu usoracional dependem da gestão, especial-mente na irrigação, e da reutilizaçãoapós os processos produtivos da cadeiado agronegócio. Outra importantetendência é a preocupação com oestoque e qualidade da água nas baciase aqüíferos.

Florestas e outras vegetações nativasassumirão novas funções complemen-tares à função produtiva – Com destaque

para o reconhecimento socioeconômicode seus serviços ambientais (biodiversi-dade, seqüestro de CO

2, purificação da

água e do ar, controle climático, reservade fármacos naturais, etc.). O turismoecológico e a conservação da paisagemestarão entre as novas funções dasflorestas.

Tendências tecnológicas

Progressiva ampliação do uso deprodutos derivados da biotecnologia –Haverá substancial aumento do uso eda produção de Organismos Genetica-mente Modificados (OGMs), melho-rados para características relevantespara o desenvolvimento sustentável(aumento de produtividade, eresistência a doenças).

Assim, a biotecnologia animal e vegetalirão introduzir novas tecnologias emelhoras com forte impacto nospróximos 10 anos e os transgênicosdevem superar a fase crítica de nãoaceitação por ambientalistas e pelopróprio mercado.

Crescimento da pesquisa em biofár-macos – O sistema de busca deprincípios ativos novos na área dosbiofármacos, baseado na biotecnologiae na biodiversidade, é um campoimportante, que deve crescer e serexplorado em parceria. Essa tendênciaé complementada pela intensificaçãoda PD&I no aproveitamento deprodutos florestais não madeireiros.

A indústria química mudará seu focogradualmente – Grandes mudanças jáaconteceram nessa indústria desde adécada de 50. Outras novas e

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Cenários

importantes mudanças estão seprocessando, com maturação paraalém dos próximos 10 anos.

Duas macrotendências devem prosseguirnos próximos anos. A primeira delasaponta para a fusão empresarial, aformação de grandes conglomeradoshegemônicos, concentrando o mercadoem poucos atores globais. A segundamacrotendência é o investimento cadavez mais intenso em biotecnologia e nodesenvolvimento de novas variedades,cultivares e a conseqüente produção desementes e mudas, com progressivadiminuição dos investimentos emagrotóxicos, que serão parcialmentesubstituídos por variedades resistentes apragas.

A química verde, ou sustentável,contribuirá cada vez mais para asustentabilidade ambiental em pelomenos três áreas-chave: primeiro, nocampo das tecnologias de energiarenovável, que inclui a produção dealta performance de biomassa e dosseus derivados; segundo, os reagentesusados pela indústria química, hojepreponderantemente derivados dopetróleo, serão de modo crescenteobtidos de fontes renováveis agrícolas,reduzindo a dependência das fontes decarbono fóssil. Terceiro, as tecnologiaspoluentes serão paulatinamentesubstituídas por alternativas benignas,entre as quais, a síntese química emsistemas biológicos em escala agrícola.

Crescimento do mercado de produtoscertificados – A tendência de aumentodas exigências de qualidade do proces-so de produção leva ao incremento domercado de produtos certificados. Isso

exige um grande esforço de estrutura-ção de redes de certificação. O papeldas certificadoras internacionais e ocontrole que exercem é relevante.

O processo de classificação comoproduto orgânico, por exemplo, éefetuado por entidades nacionaiscredenciadas e vinculadas a certificado-ras internacionais. Como a credibilidadeé importante perante os consumidores, oprocesso é rigoroso, pode demorar váriosanos e é constantemente avaliado.

A dimensão do interesse desse mercadopode ser avaliada pelo fato de que jáexistem mais de dez certificadorasnacionais e estrangeiras atuando noPaís, a mais antiga, desde 1978.

É importante considerar que ademocratização dos produtos com Selo

Verde tenderá a ampliar mercados e aincentivar a produção em larga escala,resultando na descaracterização dosnichos de mercados e na eliminação dossobrepreços para esses produtos.

Tendências para o Brasil

Continuada importância do agronegóciopara o País – O aumento das exportaçõesdepende, em grande parte, da agricultura,que é um setor capaz de gerar divisaslíquidas. O Brasil é um dos países commaior saldo agrícola do mundo e dependedo agronegócio para fechar as contasexternas.

O agronegócio exerce um papeldestacado na exportação e na geraçãode divisas. Deve ocorrer, portanto, umagrande pressão no sentido de aumentara produção agrícola no País por suacontribuição para o equilíbrio dascontas externas.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Nova dinâmica de desenvolvimentorural – Começa a se delinear uma novatendência de desenvolvimento deatividades urbanas no meio rural e oinício da prática de atividades nãotípicas e não agrícolas no setor rural,destacando-se as relacionadas com asindústrias e agroindústrias e com oturismo, como por exemplo, o roteirodo vinho na Serra Gaúcha, e com olazer (pesque-pague, hotéis-fazendas,turismo ecológico, etc.).

Na esteira desse processo, observa-se ocrescimento de atividades agropecuáriasemergentes, como a floricultura comnovas variedades, a criação de animaissilvestres, o cultivo de ervas medicinaise aromatizantes, horticultura diversifi-cada, dirigidos a nichos específicos demercados.

Essa nova dinâmica de desenvolvimentotem implicações como a intensificaçãoda agricultura no Cerrado e no Nordestee a ocupação de nichos de produção naPré-Amazônia e na Amazônia e avalorização dos produtos regionais.

A continuidade de deslocamento daprodução de grãos e carnes para oCerrado e para as zonas de transiçãopré-amazônicas gerará impactosdiferenciados nas diversas regiões.Uma importante tendência associada ànova dinâmica é o aumento daparticipação das organizações dePD&I em iniciativas para a promoçãodo desenvolvimento rural sustentável.

Essa maior participação traz comoimportante resultado um aumento napossibilidade de geração de tecnologiaapropriada para os diferentes segmentos

do agronegócio, facilitando a mudançade patamar tecnológico desses agentese impulsionando o desenvolvimentoregional.

Redução do Custo Brasil – As reformastributária e da Consolidação das Leisdo trabalho – CLT, a melhoria da infra-estrutura de estradas, transportes,comunicação e energia impulsionadaspelos investimentos privados e maioreficiência na gestão dos recursospúblicos favorecem a redução do CustoBrasil. Deve ser observado que o CustoBrasil é um empecilho à potenciaçãoou apropriação integral do potencialdos benefícios da pesquisa.

Crescimento do mercado interno – Ademocratização do acesso aos fatoresprodutivos, a diminuição das desigual-dades sociais e regionais e o aumentodo bem-estar social permitem maiorexploração das possibilidades domercado interno, constituindo umagrande oportunidade para o agronegó-cio, pois determinados produtos têmmaior consumo considerando-se,principalmente, os consumidores nasclasses menos favorecidas.

Fortalecimento da agricultura familiar– Os municípios que mais têm crescidono Brasil são os pequenos e maisdiretamente relacionados com o setorrural, ilustrando um processo endógenodo crescimento e uma tendência dedesconcentração de pólos.

Esse movimento pode contribuir parauma forte pressão política para revertero saldo rural negativo, via intensifi-cação da educação para as famílias depequenos produtores rurais, com

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Cenários

possibilidade de desenvolvimento daagricultura familiar de valor agregadoe geração de postos de trabalho.

Reconfiguração profissional doagronegócio nacional – A abertura daeconomia, aliada à continuidade doaumento de produtividade do capital,da terra, do trabalho e da inovaçãotecnológica implicam em mudançastécnicas e gerenciais nos sistemas deprodução do agronegócio. A agricul-tura é cada vez mais vista como umnegócio que deve gerar produtos comqualidade e em quantidades adequadasaos mercados.

Assim, a mudança do agronegócioenvolve crescente reestruturaçãopatrimonial e produção sob relaçõescontratuais, nas quais se procuraeliminar o risco e a incerteza da comer-cialização de várias etapas do proces-so, o que decorre do ingresso de novosatores em várias áreas.

O agricultor torna-se um prestador deserviços cada vez mais especializado;cresce a informatização da produção e obeneficiamento de produtos agropecuá-rios; as explorações tipicamente familia-res são incorporadas ao mercado por meioda reorganização e de inovaçõestecnológicas que possam garantir essaincorporação mediante novas utilidadese criação de valores (verticalização,horizontalização e novos arranjos deorganização); cresce a participação deassociações de produtores para agluti-nação de interesses comuns; incrementodo uso de energia, insumos e conheci-mentos tecnológicos, bem como de umaumento significativo na precisão dosinstrumentos e ferramentas.

Aumento da competitividade interna-cional da agricultura brasileira – Oagronegócio brasileiro tem potencial eoportunidade para aumentar suacompetitividade no mercado internacio-nal. Há uma tendência de aumento daprodutividade de diversos produtosnacionais quando comparado com osmesmo produtos em outros países.

Além disso, o Brasil tem conquistadoespaços importantes no mercadointernacional para diversos produtos,visto que as cadeias produtivasbrasileiras são competitivas em váriossegmentos. Entretanto, algumasquestões cruciais precisam ser tratadaspara viabilizar esse potencial, taiscomo: os subsídios internacionaisimplícitos, os impostos domésticos e aalavancagem da PD&I, entre outros.

Participação do Brasil como atorimportante na transferência de tecno-logias para países tropicais – O País,que detém a liderança na geração deinformações de CT&I para regiõestropicais, deverá intensificar aprospecção de oportunidades para atransferência de tecnologia, incluindocontratos para licenciamento, treina-mentos e outras formas de disponibili-zação de produtos e serviços voltadaspara o exterior.

Fortalecimento da política de expor-tação, ocupação de novos mercados eampliação da pauta de produtosexportados – A política brasileira deapoio às exportações tende a serfortalecida e o País deve conquistar emanter novos mercados, tanto naprodução de matéria-prima quanto nasua transformação competitiva.

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Deve ocorrer aumento da demanda porprodutos da agricultura orgânica innatura e processados. Existem maioreschances de ganhos para os produtosdiferenciados, assim como maiorestabilidade nos preços internacionaispara produtos mais elaborados. O Brasilpossui vantagens comparativas emprodutos como açúcar, carnes, soja,café e suco de laranja; nestes, a PD&Item papel fundamental para aumentara competitividade e a sustentabilidade.

Existem ainda oportunidades naprodução de proteína animal de boaqualidade; na produção de proteínavegetal, em bases competitivas; e umagrande oportunidade, muito poucoexplorada, de produção de óleo vegetalfora do complexo da soja/milho (comodendê, coco e outros). Também nafruticultura, os mercados internacionaisnão estão plenamente atendidos e oconsumo de frutas tropicais comomanga, goiaba, açaí, cupuaçu, entreoutros, além de frutos como o guaranátende a expandir-se nos mercadosinternacionais.

Ampliação e criação de vantagenscompetitivas na silvicultura – O Brasiltem vantagens frente aos seus concor-rentes que podem ser fortalecidas cominvestimentos em pesquisa, particular-mente em biotecnologia orientada paramaior conhecimento da base genética,dando suporte à silvicultura e àelaboração de estratégias de desenvolvi-mento racional e sustentável, em especialda Região Amazônica.

O aumento do valor comercial damadeira nobre no mercado internacio-nal e da demanda por celulose benefi-ciam o País.

As fronteiras doconhecimento estãosendo constantementedeslocadas para diante.Para países como oBrasil, é crucialenfrentar o múltiplodesafio de acompanhare contribuir para oavanço doconhecimento científicoe tecnológico; orientaros esforços de PD&Ipara resultados deinteresse da sociedadee ao mesmo temporeduzir os hiatossocioeconômicos,criando melhorespossibilidades para quea população tenhaacesso aos frutos doprogresso.

A tendência é de desenvolvimento doparque industrial madeireiro, commelhoria do nível tecnológico eampliação da gama de produtos florestaisexportados, inclusive com a venda deprodutos de maior valor agregado, comoda celulose e da indústria de móveis.Também deve ocorrer a expansão domercado interno de móveis com amelhoria de renda no Brasil.

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Cenários

Como fator positivo para a sustenta-bilidade detecta-se uma preferência doconsumidor por madeira e papel oriundosde reflorestamento e espécies cujo plantioe processamento causam menor impactoambiental.

Assim, deve ocorrer uma expansão daprodução sustentável de madeira dereflorestamento e florestas nativas. Aintensificação da PD&I no aproveita-mento de produtos florestais nãomadeireiros contribuirá significativamen-te para a competitividade da silviculturabrasileira.

Desenvolvimento de sistemas florestais,agroflorestais e cultivo mínimo comenfoque em produção e serviçosambientais – Essa tendência estáfortemente associada à ampliação davantagem competitiva na silvicultura. Odesenvolvimento de sistemas florestais sejustifica cada vez mais pela necessidadede associar a produção agropecuáriacom a criação de mecanismos deseqüestro de carbono, aumento deestoque e qualidade de água, preserva-ção do solo, diminuição da erosãogenética, e aumento da sustentabilidadedos sistemas produtivos. Essa tendênciaenvolve também a intensificação daPD&I no aproveitamento de produtosflorestais não madeireiros.

Ampliação do uso sustentável dabiodiversidade – A biodiversidade éuma fonte geradora de oportunidadesno cenário internacional para o Brasil,pois a exploração sustentável dasflorestas tropicais representa recursosenormes.

Na Amazônia, o País pode se benefi-ciar com a produção de cosméticos efármacos. A exploração dessa oportu-nidade ainda é marginal no contexto doagronegócio brasileiro, mas deve serconsiderada.

Novas tendências advindas da biotec-nologia – A tendência é que no médioprazo, o agronegócio aproveitaráoportunidades emergentes que aindanão foram definidas, como novas fibrase materiais obtidos da transformação debackground genético de produtos.

Tendências para a Pesquisa,Desenvolvimento e Inovação –PD&I

Aumento da complexidade no mercadode Ciência, Tecnologia e Inovação —CT&I – Os desafios enfrentados pelospaíses em desenvolvimento, natentativa de acompanhar a fronteira doconhecimento científico, fortalecerseus sistemas regionais ou setoriais deCT&I e aproveitar as oportunidadesgeradas pelo avanço do conhecimentopara o desenvolvimento socioeconô-mico, isto é para a melhoria da quali-dade de vida, são cada vez maiores.

A maior parte dos países centrais temaumentado os recursos públicos eprivados dedicados à geração e àdifusão do conhecimento e ao desenvol-vimento de redes de cooperação, abran-gendo pesquisadores sediados emdiferentes países.

As fronteiras do conhecimento estãosendo constantemente deslocadas paradiante e as novas tecnologias caracteri-zam-se pela maior densidade em co-

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

nhecimento científico e pessoalqualificado.

Para países como o Brasil, é crucialenfrentar o múltiplo desafio deacompanhar e contribuir para o avançodo conhecimento científico e tecno-lógico, orientando os esforços de PD&Ipara resultados de interesse da socie-dade e, ao mesmo tempo, reduzindo oshiatos socioeconômicos, criandomelhores possibilidades para que apopulação tenha acesso aos frutos doprogresso.

Aumento da demanda por PD&I naárea de agricultura familiar – A intro-dução de ações de política de desenvol-vimento rural e reforma agrária deveimpulsionar a demanda por PD&I naárea de agricultura familiar.

Surgirão oportunidades de pesquisa quebeneficiem a produção familiar,particularmente sobre sistemas deprodução, transformação, gestão, apoioa normas de certificação e coordenaçãoeconômica. O aproveitamento de taisoportunidades dependerá, em grandeparte, do desenvolvimento de formas degestão tecnológica.

Crescente importância da PD&I noesforço para aumentar a competiti-vidade dos produtos do agronegócio –A PD&I terá papel relevante no pro-cesso mundial de aumento da diversi-ficação alimentar com agregação devalor, em algumas cadeias específicas.Contribuirá para redução de custos,identificando novas utilizações deprodutos já existentes e novos produtoscom potencial de absorção nos mer-cados externos.

O aumento da competitividade daagroindústria nacional requer que odesenvolvimento tecnológico atenda asdemandas do mercado internacional.Para atuar nos mercados desenvolvidos,é fundamental oferecer produtos queincorporem alto nível de pesquisa,permitindo vencer obstáculos como asbarreiras não tarifárias.

A expectativa é de que o Brasil invistacrescentemente no desenvolvimento detecnologias mais específicas eadequadas para as suas condições deprodução. Este esforço pode serrecompensado, também, pela grandedemanda por geração e transferênciade novas tecnologias voltadas para aprodução em países novos, emergentese competitivos, considerando que astradicionais áreas produtoras nasregiões temperadas estão se reduzindo.

Geração de tecnologias de maiorsustentabilidade ambiental, econômicae social – Vem se observando tendênciade aumento da pressão pela geração detecnologias que atendam, de modoeqüitativo, aos requisitos de viabilidadeeconômica, sustentabilidade ambientale que promova a justiça social e aqualidade de vida.

A tendência é de se trabalhar, principal-mente, com tecnologia que possa pouparambientes e recursos críticos limitados,de difícil substituição técnico-econômica,como água e energia e que levem emconsideração as questões sanitáriasambientais e sociais.

Os países têm adotado estratégiasdiferentes para atender a essa demanda,combinando distintos graus de compati-

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Cenários

bilização das políticas ambientais,comerciais e sociais.

Crescimento do mercado de energiarenovável – O Brasil é um grandeprodutor de energia renovável, compossibilidade de ampliação dessaprodução em programas como o doálcool e o desenvolvimento de outrasfontes de origem biológica, como odendê e outros óleos vegetais. Tanto aprodução de álcool combustível, quantoa produção de carvão vegetal para aindústria, têm relativo sucesso nomercado e tendem a se expandir.

A sustentabilidade energética encerra,entre outras questões, a redução dadependência de fontes externas deenergia (autonomia energética) e autilização de fontes de energia renová-vel. A implementação de um modelosustentável tende a ampliar bastante ademanda por cultivos com potencialenergético, a exemplo do dendê, dacana-de-açúcar, da soja, etc.

Essa demanda poderá transformar omercado agrícola de energéticos numsetor estratégico do agronegócio,abrindo uma importante oportunidadepara o desenvolvimento de PD&I.

Aumento dos investimentos embiotecnologia e bioinformática –Cresce a tendência de uso dabiotecnologia, à medida que seusprodutos se mostram eficazes parasubstituir, com vantagem, produtosexistentes e obter respostas paraproblemas não solucionados.

Os progressos da biotecnologia avan-çada e da bioniformática aumentam aspossibilidades de respostas biotecnoló-

gicas a essas oportunidades. A biodiver-sidade brasileira também contribui parao aumento das alternativas paraexpansão desse tipo de biotecnologia.

Maior demanda por tecnologias queintegrem os conceitos de saúde enutrição – Os conhecimentos emgenética têm estreitado as ligaçõesentre saúde física e mental, ealimentação.

Na área da saúde física, grandesavanços já foram feitos, assim é que omercado para nutracêuticos é um dosque mais cresce, principalmente nosEstados Unidos. Para o Brasil, existemimportantes oportunidades na área dealimentos funcionais e no País jáexistem pesquisas sobre alimentos queajudam no tratamento da osteoporose,reposição hormonal, câncer de útero,avitaminoses e outras carênciasnutricionais.

Há ainda boas oportunidades parapesquisa de produção orgânica dealimentos e especiarias. Os estudosrelativos à saúde mental e àalimentação estão conseguindograndes avanços, principalmente osrealizados na Inglaterra e naUniversidade da Califórnia, nos EstadosUnidos.

O desenvolvimento do agronegócio deveconsiderar as questões fitossanitáriassimples, as questões biomoleculares eplantas com melhor qualidade nutricional.

Ampliação da pesquisa para apoiotécnico-científico à qualidade esegurança – A tendência é a exigênciapor um rigoroso controle de qualidadena produção de alimentos e a PD&I

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

poderá ajudar a desenvolver produtospara certificação e para facilitar arastreabilidade.

Haverá maior demanda por solução degargalos tecnológicos quanto à conser-vação, manutenção da qualidade edurabilidade dos alimentos, além deexigências quanto à organização daprodução, logística, apoio institucional,técnico, assistência técnica e extensão,todos impostos pelo controle dequalidade dos produtos.

Intensificação da pesquisa e maiordifusão dos seus resultados na área demanejo do sistema agrícola – Háamplas oportunidades para a pesquisaem manejo regional das áreasagrícolas, usando-se interações demétodos para o controle regional depragas, doenças e plantas invasoras.

Entre outros estudos, a pesquisa iráfocalizar, entre outros, estudos degenoma voltados para a identificaçãode genes que controlam o crescimento,a produtividade e a defesa das plantascontra o ataque de insetos e doenças,bem como o estresse ambiental e asalternativas biológicas ou práticasculturais de controle de pragas.

As pesquisas direcionadas às mudançasde tecnologias para diminuição dadependência de insumos químicoscontribuirão positivamente para omanejo do sistema agrícola. Issoenvolve ênfase na utilização dosrecursos naturais disponíveis, inclusivea biodiversidade e na maior eficiênciade utilização dos mesmos com enfoquepara as condições específicas dostrópicos.

Gestão flexível de PD&I – A flexibi-lidade dos processos de gestão dasinstituições públicas de PD&I torna-seimperiosa, tendo em vista a velocidadee a complexidade da produção denovos conhecimentos, a necessidadede se otimizar a utilização da infra-estrutura física e de recursos humanospara a pesquisa, o compartilhamento deinformações e a gestão em tempo realdos avanços obtidos pelos pesquisa-dores e organizações integrados emredes.

A eficiência de tal processo estásubordinada à existência de um marcolegal que discipline as relações e osinteresses dos pesquisadores e dasorganizações de PD&I, particularmenteno que se refere à apropriação dosresultados e à proteção intelectual.

Crescente importância do profissionalmultifuncional – Além de terconhecimento em sua área específica,o pesquisador terá também quedesenvolver domínio do conhecimentoem outras áreas. Ele passará a ser umprofissional multifuncional, com umavisão mais ampla de suas obrigações ede suas pesquisas.

Assim, ocorrerá maior especializaçãodo(a) pesquisador(a) que, simultanea-mente, deverá ter uma visão sistêmicada sua área de atuação e conheci-mentos gerais, sobretudo em relação aomeio ambiente e ao meio social.

Para isso, o treinamento formal e emserviço deve prover uma base deconhecimento nas três áreas (ciênciasexatas, biológicas e humanas), possibi-litando assim avanços significativos no

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Cenários

grau de multidisciplinaridade dapesquisa desenvolvida no País. Emconseqüência, deve ocorrer investi-mento mais elevado não apenas naqualificação do pesquisador, mastambém do suporte técnico.

Surgimento de agronegócio regionali-zado e com características e padrõesde produção com identidade – Estãosurgindo clusters ecorregionaisespecializados em produtos específicosou conjuntos de produtos afins (porexemplo, frutas irrigadas no Vale do SãoFrancisco) devido ao sinergismo entrefornecedores, produtores, transforma-dores, consumidores e até turistas.

A identidade ecorregional atua comomarca registrada, oferecendo umdiferencial de preço que podeincrementar lucros na cadeia e oferecernovidades para exportação.

Maior inovação em tecnologias auto-matizadas, sensores e mecatrônica –Na produção e na comercializaçãoglobalizadas, processos de homogenei-zação e padronização tecnológica seestabelecem nas cadeias produtivas.Esses processos, coordenados porestruturas ou segmentos líderes doagronegócio, geram demandas pornovas tecnologias mecânicas emecatrônicas.

Principais Invariantes

Os cenários de PD&I para o AgronegócioBrasileiro, consideram, primeiramente, aspremissas quanto às tendências quepermanecem constantes no horizonteconsiderado (2002/2012), denominadasinvariantes, ou sejam, aqueles fatores ou

processos com forte inércia econsolidação que não sofrerãoalterações nesse período, qualquer queseja o futuro.

Os invariantes foram divididos em duascategorias: os fatores do contextoexterno (macroambiente) e doagronegócio e os fatores relacionadosa PD&I para o agronegócio.

Invariantes do macroambientee do agronegócio

• Desaceleração das taxas de cresci-mento populacional e de urbanização.

• Elevação do nível educacional dapopulação, inclusive nas áreas rurais.

• Maior consciência dos temas ligadosao meio ambiente e ao desenvolvi-mento social.

• Aumento do poder de pressão dosmovimentos sociais.

• Acirramento da competição pelosmercados associados ao processo deglobalização.

• Maiores exigências do mercadoconsumidor com crescimento dademanda por produtos certificados,priorizando produtos de qualidade e deorigem conhecida, e produzidos comresponsabilidade social e ecológica.

• Gradativa incorporação da agricul-tura familiar/pequeno produtor naeconomia de mercado.

• Oligopolização dos fornecedores deinsumos, dos traders, distribuição epontos de venda com forte presença degrandes empresas.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

• Redução do número de produtores eda mão-de-obra ocupada diretamentena agricultura.

• Multifuncionalidade do espaço rural,com introdução de práticas não típicase não agrícolas no setor rural.

• Existência de grandes diferençassocioeconômicas macroregionais,especialmente entre o Norte-Nordestee o Centro-Sul.

Invariantes da PD&Ipara o agronegócio

• Aumento da demanda por tecnologiasapropriadas à agricultura familiar.

• Incremento da capacidade de con-versão do conhecimento científico emtecnologia (eficiência da pesquisa).

• Crescente incorporação de informa-ção, conhecimento e tecnologia noagronegócio.

• Aumento da pesquisa em apoio àmelhoria da qualidade dos produtos, do

meio ambiente e dos processos degestão.

• Avanço da biotecnologia.

• Crescente aplicação e uso datecnologia da informação.

• Fortalecimento da apropriação doconhecimento e transferência detecnologia (propriedade intelectual).

• Destacada participação do setorpúblico na PD&I, na maioria dossegmentos do agronegócio.

• Elevação dos custos de PD&I.

• Aumento da complexidade e dadisputa (por recursos, patentes, etc.),dentro do ambiente de ciência etecnologia do agronegócio.

• Multidisciplinaridade nas ações dePD&I.

• Avanço da participação do setorpriva-do em segmentos específicos daPD&I para o agronegócio.

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Cenários

Esta parte apresenta as principaisincertezas críticas da PD&I para oAgronegócio e os quatro cenáriosfocalizados no ambiente de atuação dasorganizações públicas de PD&I.

Principais Incertezas

Os cenários foram construídos com basena análise de algumas questões funda-mentais para o agronegócio brasileiro nospróximos 10 anos. Tais questões são asincertezas, que se constituem emprocessos de mudanças que apresentamos maiores graus de impacto e deimprevisibilidade em relação ao futuro doobjeto de cenarização.

Da mesma forma que os invariantes, asincertezas estão divididas em duascategorias, quais sejam, os fatoresrelacionados com o macroambiente eo agronegócio, em geral, e os fatoresrelacionados especificamente à PD&Ipara o Agronegócio.

Incertezas do macroambientee do agronegócio

1. Como evoluirá a economia internacio-nal e como se dará a inserção do Brasil?

2. Qual será a intensidade e a forma doprotecionismo internacional?

3. Qual será o crescimento da econo-mia nacional e do agronegócio?

4. Como será a distribuição de rendano Brasil?

Incertezas Críticas e Cenários

5. Qual será a política de desenvolvi-mento rural?

6. Quais serão as políticas nacionaispara o Agronegócio?

7. Qual será a política e como se daráa gestão ambiental?

8. Como evoluirá o mercado de espe-cialidades em relação ao mercado decommodities?

Incertezas relativas àPD&I para o agronegócio

1. Qual será a configuração Institucio-nal do setor?

2. Como evoluirão os investimentos emPD&I?

3. Como evoluirá a gestão dos investi-mentos em PD&I?

4. Qual será a percepção da sociedadesobre transgênicos e como evoluirão asexigências com respeito à biossegu-rança?

5. Como evoluirá o esforço de PD&I(produção de conhecimento) para o usosustentável da biodiversidade?

6. Como será a alocação de recursospara PD&I, visando à agriculturafamiliar?

7. Como será a gestão do investimentoem capacitação em PD&I?

8. Como será o desempenho do Sistemade PD&I do Agronegócio (produção deconhecimento e agregação de valor)?

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

9. Como evoluirão os investimentos emformação e desenvolvimento de com-petências humanas para a PD&I?

10. Qual será o papel do setor público dePD&I, na configuração das futuras traje-tórias tecnológicas do agronegócio?

Desse conjunto de incertezas, algumasforam selecionadas como sendo críticase reproduzidas na Matriz Morfológicaa seguir:

Matriz Morfológicados Cenários

Os cenários alternativos decorrem dacombinação consistente das diferenteshipóteses sobre o comportamento futurodas incertezas críticas, na medida emque os invariantes estarão presentes emqualquer futuro da realidade estudada.Essa combinação de hipóteses e aanálise da sua consistência foram feitascom o apoio da Matriz de InvestigaçãoMorfológica (Fig. 4), na qual sãoordenadas, pela abrangência,permitindo construir os caminhos dearticulação de estados das incertezas,formando quadros futuros diferenciadosdo objeto em análise. Os estadosfuturos de cada incerteza (hipóteses)estão apresentados na matriz nas linhascorrespondentes a cada uma delas.

Na configuração do ambiente de atuaçãodas organizações públicas de pesquisa edesenvolvimento para o agronegóciobrasileiro, no horizonte de 10 anos, foramconstruídos quatro cenários, apresentadosna matriz como as combinações maisconsistentes e pertinentes. Cada uma dascombinações expressa uma idéia-força

de futuro detalhada depois, nos cenários,a partir dos seus desdobramentos eimpactos associados com os invariantes.

Descrição dos Cenários

Cenário A: Forte Contribuiçãoda PD&I para a Inserção Social,a Sustentabilidade Ambientale para o Agronegócio.

Filosofia

Neste cenário, o desempenho do sistemade PD&I para o Agronegócio se beneficiade uma melhoria ampla e generalizada.Observam-se crescimentos qualitativo equantitativo das instituições de PD&I,com aprimoramento dos talentoscientíficos e técnicos. A busca contínuada eficiência contribui ainda paraaumentar sensivelmente a produção e aqualidade final dos produtos obtidos,atendendo tanto o mercado externo comoo interno.

Os investimentos e a flexibilização dosistema de PD&I nacional, com apoiointernacional privado, promovemainda, o avanço do conhecimento embiotecnologia aplicada às áreas animale vegetal, aperfeiçoando os padrõesagroquímico e biotecnológico, aotempo em que abre espaço para opadrão ambientalista.

Como conseqüência, em 2012, sãoalcançados resultados de altarelevância e de grande impacto nacompetitividade setorial e na qualidadede vida da sociedade. O governo criaincentivos à geração de PD&I para aagricultura familiar.

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CenáriosFig. 4 . Matriz de Investigação Morfológica.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

A comunidade científica internacionalreconhece a excelência da contribuiçãocientífica da pesquisa do agronegócioexecutada no Brasil. Também háreconhecimento da sociedade brasileirado elevado retorno dos recursos aplicadosem PD&I e verifica-se crescimento dademanda por serviços de extensão e depesquisa voltadas para a inovação.

Tudo isso é facilitado pelos maioresinvestimentos governamentais e dasempresas privadas no agronegócio, alémdo revigoramento do financiamento deCT&I. Em médio e longo prazos, osprofissionais nacionais fortalecem osistema de pesquisa, estreitam acooperação internacional e consolidamas parcerias com as empresas privadas,nacionais e estrangeiras, especialmente

para o desenvolvimento de produtos dealto valor agregado.

Desenvolvimento do Cenário

O contexto mundial é favorável aoBrasil, com crescimento moderado emâmbito internacional (média de 3% aoano, ao longo do período) que não serestringe aos mercados tradicionais.Novas oportunidades de negóciossurgem, especialmente com a China,Índia, Indonésia e outras naçõesemergentes.

A América Latina – principalmente aArgentina – é bem sucedida no ajusteeconômico, saindo do estado crítico emque se encontrava. O comérciointernacional brasileiro é favorecidocom a implantação parcial da Área deLivre Comércio das Américas – Alca,combinada com a consolidação doMercosul e com a abertura de outrosmercados. O Brasil amplia a aberturaexterna da sua economia, passando dosatuais 18,9% do PIB para cerca de25,5%, em 2012.

A moderada redução do protecionismo,aliada à recuperação da economiainternacional, com a manutenção dosesforços no desenvolvimento deinovações e no progresso técnico,permite a intensificação das relaçõescomerciais, por meio de novos acordosde integração e ampliação da aberturacomercial. Os traumas e os conflitos –decorrentes da globalização desregula-da e do terrorismo mundial – favorecemos novos arranjos políticos e aconstrução de instituições mundiais depromoção do desenvolvimento.

Cenário A

Crescimento moderadoda economiainternacional e nacional.

Moderada redução donível geral doprotecionismo commédio aumento dasbarreiras não tarifárias.

Elevado crescimentodo agronegócio: acimado PIB nacional.

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Cenários

A presença ativa das grandes naçõesde desenvolvimento médio, como oBrasil, viabiliza nova rodada daOrganização Mundial do Comércio –OMC, fortalecida com a entrada daChina e da Rússia, com redução dasbarreiras comerciais e dos subsídiosagrícolas dos países industrializados, aomesmo tempo em que as barreiras nãotarifárias apresentam moderadoaumento. Ocorre ampliação dosmercados para produtos brasileiros queatendem às novas barreiras técnicas, demodo que a participação do Brasil noPIB mundial se eleva dos atuais 1,7%para cerca de 2,1%, em 2012. Aomesmo tempo, cresce a participaçãobrasileira no comércio mundial: de0,43% das exportações no total docomércio internacional, o Brasil passa

para 0,64%, em 2012, podendo alcan-çar 0,51% em 2006.

O quadro comparativo do desempenhodos cenários apresenta o compor-tamento dos principais indicadores nosintervalos 2002/2006 e 2007/2012 (verTabela 10).

Nesse contexto internacional favorável,o Brasil consegue equacionar osestrangulamentos internos abrindo ocaminho para a retomada do cresci-mento e entrada de um grande volumede investimentos externos diretos. Ataxa de investimento salta dos atuais18% do PIB para mais de 26%, em 2012,embora o déficit em transaçõescorrentes ainda apresente valoreselevados.

A economia experimenta um cresci-mento moderado com taxa média emtorno de 5% ao ano, mais lento nosprimeiros anos e acelerado no período2007/2012, podendo chegar a 5,5% aoano, com o agronegócio crescendoacima do PIB nacional, tornando-se aalavanca do crescimento. Ocorretambém uma leve desconcentraçãoespacial da economia, como resultado depolíticas de desenvolvimento regional.Em decorrência do crescimento da eco-nomia brasileira, em 2012, o PIB é deUS$ 928 bilhões de dólares (quase o PIBda Grã-Bretanha de 1990), elevando o PIBper capita de US$ 3.200 dólares(estimativa para 2002) para cerca deUS$ 4.400 em 2012.

Ao longo do período, ocorre melhoriana distribuição de renda no Brasil,ocasionada pelo forte crescimento daeconomia e pela intervenção do

Cenário A

Melhoria na distribuiçãode renda estimula aprodução de alimentos.

Eficiente política dedesenvolvimento ruralsustentável.

Presença ativa do Estadona regulação dosinstrumentos e induçãodo desenvolvimento doagronegócio.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

governo por meio do estímulo à criaçãode empregos. São utilizados diversosinstrumentos de políticas públicascentradas na justiça e na eqüidadesocial, na reforma tributária que con-templa a desoneração dos menosaquinhoados, melhoria da nutrição e dasaúde (combate à mortalidade infantil,apoio à gestante, etc.), melhoria ebarateamento do transporte público emelhoria da educação.

O clamor social conduz o governo àaplicação de políticas compensatórias,como os programas de renda mínima ecombate à fome e a ampliação dosprogramas de cestas básicas, bolsa-escola e merenda escolar. A melhoriada distribuição da renda contribui parao aumento substancial da demandainterna por alimentos da cesta básica,com estímulos à produção de alimentos.

O período caracteriza-se pelaimplementação de uma eficientepolítica de desenvolvimento rural sus-tentável. O padrão de concorrência nomercado internacional de produtosagropecuários incorpora atributos comoética, justiça social e conservaçãoambiental, exigindo das empresas eoutros produtores rurais a incorporaçãode práticas sociais ambientalmentecorretas.

As forças políticas dominantes reorien-tam o modelo de desenvolvimento rural,agora praticado com forte cunho desustentabilidade. A estrutura produtivaagrícola passa por mudanças importan-tes com maior diversificação das ativi-dades agrícolas (commodities, agricul-tura familiar, orgânicos, ecológicos,produtos processados, nichos, alimentos

funcionais etc.) e incorporação das nãoagrícolas, a exemplo do turismoecológico.

Nesse contexto, a política de desenvol-vimento rural prioriza essencialmente aredução das desigualdades sociais e dadegradação ambiental, voltando-se,também, para aspectos importantes comoa educação rural e o acesso do homem àterra, visando a assegurar a permanênciano campo. A capacidade de respostaeconômica do complexo agroindustrialbrasileiro, e as pressões sociais internaslegitimam, politicamente, os governosnacional e estaduais, para desenvolveremforte presença no campo do agronegócio.

A multifuncionalidade da agriculturaabre novas oportunidades de negóciosno ambiente rural, em integração comos elementos naturais. A políticaconsidera a integração entre osdiferentes aspectos do desenvolvimentorural, incluindo a adoção da multifun-cionalidade do espaço rural (atividadesagrícolas e não agrícolas), a adoção depolíticas sociais compensatórias paraáreas de risco ambiental, a gestão derecursos naturais (áreas com vegetaçãonatural, preservação permanente,reserva legal, água, solo), a educaçãorural, o acesso à terra, a ampliação docrédito subsidiado para segmentos maisdescapitalizados, a infra-estrutura e aprevidência social ativa.

Quanto às políticas nacionais para oagronegócio, a política agrícola estásintonizada com as demandas do setore há presença ativa do Estado naregulação dos instrumentos e naindução do desenvolvimento doagronegócio (volume de crédito, taxas

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Cenários

de juros, fluxo de recursos, programasespeciais). Implanta-se nova ordemtributária que incentiva a produção efacilita a exportação. A infra-estruturarecebe melhorias consideráveis,garantindo o abastecimento de energiaa menor custo; os sistemas multimodaisde transporte são mais ágeis e baratos;o sistema de armazenagem é ampliado;os portos são modernizados e amplia-dos, tornando-se competitivos interna-cionalmente.

Tanto o governo quanto o setoraprimoram a capacidade de negociação,com uma postura mais agressiva nos forosinternacionais. São estabelecidosprogramas de incentivo à qualidade, parao atendimento às exigências dosmercados internacionais. Como resultado,o Brasil apresenta um forte dinamismo doagronegócio, ampliando sua participaçãono PIB brasileiro e no conjunto dasexportações nacionais. O PIB dosegmento chega a mais de 30% daeconomia brasileira em 2012 (sendoatualmente estimado em pouco mais de27%) representando, no final do períodoanalisado, mais de 40% das exportaçõesdo Brasil, ou US$ 55 bilhões de dólares.Constitui, dessa forma, uma contribuiçãoimportante para a geração de divisas daeconomia brasileira.

A política de desenvolvimento prioriza aconsolidação de cadeias produtivas, an-coradas, preferencialmente, por empresasmundialmente competitivas, sobretudopor meio de estímulos horizontais comolinhas de crédito para exportação.A recuperação gradativa da capacidadede investimento, a intervenção do Estadoe a recuperação parcial da sua ação regu-ladora neutralizam a tendência de con-centração regional e de desequilíbrio

intracadeias produtivas, estimulando adesconcentração dos investimentosprivados no território brasileiro.

A política e a gestão ambiental sãoeficazes e por isso viabilizam a reduçãodos impactos ambientais que permane-cem em níveis moderados. Há intensi-ficação da fiscalização governamental ea política e a percepção da sociedadeestimulam a geração e a adoção de novastecnologias voltadas para a conservaçãoambiental e para o manejo sustentáveldos recursos.

Além disso, ocorre substancial fortale-cimento da consciência social conserva-cionista e dos movimentos ecológicos,conduzindo à implantação de programasde educação ambiental como matériaimportante do currículo escolar nacional.Como resultado, observa-se reduçãosignificativa dos impactos ambientais emaior proteção aos ecossistemasameaçados, incluindo a ampliação dasáreas de Reservas Particulares deProteção Natural – RPPNs.

A configuração institucional leva aofortalecimento do sistema de PD&I e aomaior equilíbrio entre os setorespúblico, focado principalmente, masnão exclusivamente, na agriculturafamiliar e na conservação ambiental, eo privado, visando, essencialmente, aodesenvolvimento do agronegócioempresarial. São realizadas inúmerasalianças com forte apoio dos Ministériosda Agricultura, Pecuária e Abasteci-mento, do Desenvolvimento Agrário, doMeio Ambiente, da CT&I, ONGs,associações, confederações e sindicatos.

A aplicação da Lei de Inovação e aindução ocasionada pelos fundossetoriais conduzem à formação de redes

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

de pesquisa que incluem instituiçõespúblicas e privadas e que permitem acomplementaridade de recursos, infra-estruturas e competências, e a obtençãode ganhos conjuntos. Ademais, são am-pliadas linhas de crédito para o peque-no e o médio produtor, incentivando aformação de pequenos clusters no cam-po, com apoio de instituições de PD&I.

Paralelamente, instala-se uma competi-ção entre os atores em virtude dalegislação de proteção à inovação. Isso,além de exigir mais agilidade e flexibi-lidade das instituições, especialmenteas públicas, requer particularizaçãodas demandas e restringe o espaço parauma coordenação centralizada.

A nova configuração do sistemanacional de pesquisa é constituída porum comitê paritário que monitora oambiente, consolida as informações eviabiliza a atuação articulada. Aexcelência da gestão permite efetivi-dade no atendimento das demandas dasociedade e a geração de tecnologiasde impactos social, econômico eambiental positivos.

Os investimentos em CT&I sãomoderados, mas o acesso à tecnologiade ponta é ampliado, não apenas viaaquisição tecnológica, mas também pelamaior capacidade de transformá-la eminovação. As instituições de pesquisacontam com aporte crescente de recursosprovenientes de royalties obtidos pelasinovações tecnológicas geradas e pelasações de assistência e de consultoriaespecializada. A disseminação dos fundossetoriais de apoio às pesquisas e o maioracesso a fontes internacionais quebeneficiam o ambiente ampliam osrecursos disponíveis.

Na Lei de Diretrizes Orçamentárias –LDO, a CT&I passa a ter o mesmo statusprioritário que saúde e a educação epor isso seus recursos se tornam nãocontingenciáveis. A alocação derecursos é subordinada aos aspectossociais e ambientais, e há melhorcontrole social na sua aplicação. Osinvestimentos em PD&I, estimadosatualmente em 0,90% do PIB, devemevoluir para cerca de 1,7% em 2012,quase dobrando em termos relativos ealcançando quase US$ 16 bilhões dedólares.5

Assim, apresenta uma taxa de investi-mento ligeiramente acima da Grã-Bretanha atual, 1,6% do PIB, e poucoabaixo da França e da Alemanha,ambos com 1,8% do PIB. Ocorretambém um aumento da participaçãodos investimentos em PD&I em relaçãoaos investimentos totais, passando de5,2% em 2002, para cerca de 6,5%, em2012. Essa ampliação dos investimentostotais em PD&I é acompanhada peloaumento da participação do setorprivado, que passa dos 38,6% atuaispara quase 50%, em 2012.

O papel de coordenação que o Estadoexerce junto ao agronegócio garante umfluxo contínuo de recursos e volumessignificativos decorrentes do crescimentomoderado de investimentos para PD&I,reforçados pelo maior envolvimento dosetor privado. Os recursos são disponibi-lizados de acordo com o cronograma deexecução, por meio de processos ágeise interativos.

5 O volume de investimentos se refere à pesquisa,desenvolvimento e inovação em todos os setores,incluindo o agronegócio.

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Cenários

Assim, a gestão de investimentos emPD&I é excelente e a otimização éexpressa, não só em projetos quebuscam o aumento da produtividademédia e a redução de custos, mastambém nos que induzem o Brasil aexplorar nichos que possibilitam aliderança do País. As políticas públicasinduzem pesquisas estratégicas embiotecnologia e outras, especialmenteaquelas voltadas para a inclusão social.

Os temas relacionados com a biossegu-rança, com o patrimônio genético e comos organismos geneticamente modifica-dos são discutidos pela sociedade, e osprodutos derivados da biotecnologia têmmoderada aceitação no mercadodoméstico. A inserção do Brasil, nocomércio internacional, aumenta com aevolução externa para produtostransgênicos. Leis e regulamentaçõessobre o tema são aprovadas e implemen-tadas. Os sistemas regulatórios fazemefetiva administração dos riscos, incluin-do forte fiscalização e rotulagem desementes, alimentos e medicamentos.

Um grande esforço multiinstitucionalpara o uso sustentável da biodiversidadeé desenvolvido e seus resultados tornampossível a conservação dos recursosnaturais mesmo com o grande incrementodo agronegócio. Novas oportunidadescomerciais derivam do aproveitamentode espécies ou genes da biodiversidade,em especial nas áreas de defensivosnaturais, resistência genética a pragas,alimentos funcionais, nutracêuticos,corantes, aditivos, essências e fármacos.

Ocorre ampla geração e adoção detecnologias. Há significativa expansãodas pesquisas para novas áreas do

conhecimento, além de continuaremfocalizadas nas áreas temáticascontempladas em 2002. O substancialapoio público e privado à pesquisa levaà geração de soluções inovadoras paraos desafios do desenvolvimentosustentável do agronegócio brasileiro,atendendo de forma mais amplapossível, tanto às demandas dospequenos e médios produtores rurais,quanto os requisitos da agriculturaempresarial.

Cenário A

Volume moderado deinvestimentos em CT&I.

Fluxo contínuo de recursose excelente gestão deinvestimentos em PD&I.

Ampla geração e adoçãode tecnologias.

Políticas de incentivos àgeração de PD&I para aagricultura familiar.

Expressivo acréscimo derecursos para odesenvolvimento decompetências.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

As tecnologias geradas pelo sistema dePD&I têm ampla disseminação. Alémdisso, o agronegócio é beneficiado coma incorporação de tecnologias deoutros setores tais como nanotecno-logia, tecnologia da informação,bioinformática, etc.

Ampliam-se os incentivos diretos àgeração de PD&I para a agriculturafamiliar por meio de uma linha exclusivade financiamento. Os fundos setoriais,ligados ao agronegócio, vinculam umpercentual de seus recursos para oatendimento de demandas específicas.Empresas privadas e outros setores daeconomia financiam projetos depesquisa voltados para a agriculturafamiliar, que também conta com oaporte de recursos de organismosinternacionais e ONGs de outros países.

O sistema de PD&I responde aoaumento da demanda, desenvolvendotecnologias adaptadas aos diferentesecossistemas e sistemas de produção noPaís, visando à produção com sustenta-bilidade. O ambiente institucional doagronegócio é reconfigurado de modoa possibilitar a inserção da agriculturafamiliar nos mercados formais.

O acréscimo de recursos financeirospara o desenvolvimento de competên-cias é expressivo, com multiplicaçãodas fontes de recursos nacionais einternacionais. Há atualização emelhoria das grades curricularespertinentes, substancial expansão ediversificação do ensino nas escolasespecializadas, principalmente noscursos técnicos, nos cursos superioresde curta duração (tecnológicos eseqüenciais), de aperfeiçoamento e de

especialização, além de treinamentos emconteúdos específicos para profissionaise pesquisadores (qualidade, gestão, etc.).

A agregação de valor e a profissionali-zação dos produtores são contempladas.É observado, também, crescimento dademanda por serviços de extensão epesquisa aplicada, o que é facilitado pelosmaiores investimentos governamentaisdas empresas privadas no agronegócio,além do revigoramento do financiamentode CT&I.

Os profissionais nacionais fortalecemas pesquisas via estreitamento da co-operação internacional e via parceriascom empresas privadas, nacionais eestrangeiras, especialmente no desen-volvimento de produtos de alto valoragregado.

A gestão do investimento em capacitação éboa, com variada oferta de oportunidades,baseadas nas competências identificadascomo necessárias ao desempenho efetivodas organizações vinculadas aoagronegócio. Há incentivo ao intercâmbiode competências entre instituições de PD&I.

Implicações do Cenário Apara a PD&I do Agronegócio

Neste cenário, de forte contribuição daPD&I para a inserção social, a sustentabi-lidade ambiental e o agronegócio, ademanda por PD&I é intensa e atendidapor tecnologias desenvolvidas pelasinstituições nacionais.

A atuação dos setores público e privadopode ser sintetizada da seguinte forma:no segmento empresarial, os esforçossão voltados, principalmente, para odesenvolvimento de transgênicos,

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Cenários

commodities, novos produtos, produtosprocessados e semiprocessados, produtosdiferenciados e desenvolvimento denovos insumos. Paralelamente, o setorpúblico foca, prioritariamente, odesenvolvimento de tecnologias para aagricultura familiar e para a conservaçãoambiental, atuando ainda nos produtos deimportância no mercado internacional efundamentais para o equilíbrio da balançacomercial brasileira.

Em relação à quantidade e à qualificaçãode pesquisadores e tecnólogos, o cenárioprevê aumento significativo do númerode pesquisadores com alto nível dequalificação, com moderada redução dadesigualdade regional, e um aumentosignificativo de tecnólogos. Há melhoriaampla do pessoal de apoio e, especial-mente, da mão-de-obra dos diversossegmentos das cadeias produtivas (Conse-lho Nacional de Desenvolvimento Cientí-fico e Tecnológico, 2002).

O total de pesquisadores brasileiros seeleva dos atuais 60.642 para mais de89 mil em 2012, resultado de umcrescimento anual de 4,0% ao longo doperíodo. Isso representa um aumento donúmero de pesquisadores por milhão dehabitantes de 346,1 para 456,8 no finaldo cenário, o que representa poucomais de 10% do indicador dos EstadosUnidos, em 1997.

Por sua vez, cresce também o percentualde pesquisadores e tecnológos brasileirosatuantes na PD&I do agronegócio: de12,6%, estimados para 2002, o queequivale a 7.611 pesquisadores, evoluipara 22,6% em 2012, o que corresponde,aproximadamente, a 20.243 pesquisa-dores.

O sistema de inteligência competitiva sefortalece amplamente e beneficia oprocesso decisório das organizaçõesvinculadas ao agronegócio. A articulaçãoda pesquisa com a inovação sofre amplamelhoria, principalmente em razão dosmecanismos de comunicação e integra-ção entre a PD&I e a inovação. A infra-estrutura de PD&I se amplia e sebeneficia da melhoria da qualidade, tantoem tecnologias de apoio à agriculturafami-liar, quanto em áreas de fronteira doconhecimento. Neste cenário, há tambémmelhor utilização da capacidade instala-da, inclusive com compartilhamento dainfra-estrutura pública e privada.

Cenário A

Melhoria nadistribuição de rendaestimula a produçãode alimentos.

Eficiente políticade desenvolvimentorural sustentável.

Presença ativa doEstado na regulaçãodos instrumentose indução dodesenvolvimentodo agronegócio.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

As redes de financiamento da PD&I sãoampliadas significativamente, comfortalecimento das fontes existentes ecom destaque para os fundos setoriais.São criados novos fundos especiais,como o de Meio Ambiente. Finalmente,o suporte institucional para a PD&I émais amplo e mais bem articulado.

Quantificação das Variáveis em AnosSelecionados

De forma a fundamentar as hipótesesqualitativas colocadas no Cenário A, asFig. 5 e 6 mostram a evolução de duasvariáveis selecionadas: a Distribuiçãode Investimentos em PD&I e a Evoluçãodo total de Pesquisadores no Brasil e nºde Pesquisadores no agronegócio noCenário A – 2002/2012.

Fig. 6. Evolução do total de pesquisadores no Brasil e número de pesquisadores noagronegócio no Cenário A – 2002/2012.Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2002)

Fig. 5. Evolução Futura da Distribuição de Investimentos em PD&I no Cenário A –2002/2012 (Público, Privado e Totais) em U$ bilhões

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Cenários

Cenário B . ModeradaContribuição da PD&Ipara a Inserção Social,a Sustentabilidade Ambientale para o Agronegócio

Filosofia

Neste cenário, o sistema de PD&I para oAgronegócio registra melhora emsegmentos específicos, principalmentetecnologias para a agricultura familiar epara a sustentabilidade dos sistemasagropecuários e agroindustriais. Os in-vestimentos em PD&I são apenasmoderados, mas as políticas públicasapresentam uma orientação para odesenvolvimento social e conservaçãoambiental, privilegiando assim aagricultura familiar. Entretanto, devido àsdificuldades estruturais e limitações derecursos, entre outras razões, as mudan-ças são de maturação lenta e eficácialimitada.

Em 2012, a capacidade instalada de PD&Icontribui moderadamente para ocrescimento do agronegócio, para ainclusão social e para a sustentabilidadeambiental. E, apesar da gestão apenasmoderadamente eficiente e da escassezde recursos disponíveis, políticas comoadoção de tecnologias voltadas para aredução de uso de produtos químicos, deproteção ambiental e de implantação deprogramas de certificação de produtoscontribuem para um desempenho maiscompetente e eficaz.

Desenvolvimento do Cenário

A economia internacional cresce deforma moderada e irregular, com taxa

média em torno de 2% ao ano no período.O comércio internacional na AméricaLatina aumenta com a implantaçãoparcial da Alca, incorporando medidaspara atenuar potenciais impactosdesfavoráveis na Balança ComercialBrasileira, resultado da habilidade denegociação do governo e da sociedade.Há prejuízo do Mercosul com aampliação da Alca e pela lentarecuperação das economias regionais,principalmente a da Argentina. Os fluxosde investimentos estrangeiros apresentamoscilações importantes no decorrer doperíodo.

A moderada recuperação da economiainternacional associada à manutençãodo nível de produção de inovações edo progresso técnico-científico permiteintensificação das relações comerciais.Tal intensificação se dará, especial-mente, por meio de novos acordos deintegração bilaterais (entre países eblocos) multilaterais, e ampliação doprocesso da abertura comercial.

Os traumas e conflitos decorrentes daglobalização desregulada e da possibili-dade latente de arrefecimento do terroris-mo mundial estimulam a negociação dearranjos políticos e a construção deinstituições mundiais de regulação e depromoção do desenvolvimento, emboraconvivendo com crises pontuais e fatoresde instabilidade.

A presença ativa das grandes naçõesde médio desenvolvimento, como oBrasil, viabiliza uma nova rodada daOMC, fortalecida com a entrada daChina, com pequena redução dasbarreiras comerciais e dos subsídiosagrícolas dos países industrializados.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

As pressões provenientes dos países emdesenvolvimento resultam em diminuiçãolenta, mas constante, do protecionismofinanceiro, com substituição parcial porbarreiras não tarifárias. Nesta instância,o Brasil se beneficia e amplia seu mercadoao mesmo tempo em que registrapequeno aumento do grau de aberturaexterna; nos 10 anos do cenário, aabertura passa de 18,9% do PIB para 23%(sendo estimado em 22,7%, em 2006).

Dentro dessas condições internacionais,o governo brasileiro implementa políticasmacroeconômicas capazes de reduzir adependência externa e o endividamento,combinadas com políticas sociais eambientais. Esse desempenho interno, ea consolidação no mercado internacionalviabilizam a recuperação da confiançados investidores internacionais. Somadosà recuperação da poupança interna,amplia-se lenta, mas consistentemente ataxa de investimentos, chegando a 22,3%do PIB, em 2006 e aumentando paracerca de 24% no final do período (2012).

O País experimenta crescimentoeconômico moderado e o PIB evolui emtorno de 3,74% ao ano no período, emboracrescendo de forma lenta nos primeirosquatro anos de ajuste e restrições para4,11% em 2012.

O PIB brasileiro salta para cerca deUS$ 823 bilhões, no final do período, valedizer, 2012, equivalente ao produto daGrã-Bretanha em 1985. Como resultadodo crescimento econômico moderado, arenda per capita brasileira também seeleva; em 2012, passa dos atuaisUS$ 3.200 dólares para aproximada-mente US$ 3.900.

Cresce a participação do Brasil noconjunto da economia internacional,passando dos atuais 1,7% para poucomais de 2%, em 2012. A combinação decrescimento econômico, com aberturaexterna, tende a aumentar lentamente aparticipação das exportações brasileirasno comércio internacional.

A política de adoção de tecnologiasvoltadas para a redução de uso deprodutos químicos, de proteção am-biental e de implantação de programas

Cenário B

Moderado investimentoem CT&I.

Fluxo descontínuo derecursos com gestãomoderadamente eficaz.

Ampla geração e baixaadoção de tecnologiaspara o uso sustentávelda biodiversidade.

Aumento moderado daspolíticas de incentivosà geração de PD&Ipara a Agriculturafamiliar.

Incremento moderadode recursos para odesenvolvimento decompetências.

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Cenários

de certificação de produtos contribuipara o desempenho mais competentee eficaz da economia brasileira. Oagronegócio aumenta a sua produtivi-dade por meio da incorporação denovas tecnologias, redução de custos,melhoria da capacidade gerencial edos processos de gestão, visando aagregação de valores. Cresce a parti-cipação do agronegócio na BalançaComercial Brasileira com melhor aten-dimento das necessidades dos merca-dos e contribuindo para a melhoria daBalança Comercial.

As exportações do agronegócio aumen-tam em termos absolutos, quase dobrandoem 10 anos (de US$ 24,67 bilhões dedólares, em 2002, para cerca de US$ 42,6bilhões de dólares, em 2012, levandotambém a uma pequena ampliação dasua participação no total das exportaçõesbrasileiras: de 41,3%, estimados para2002, chega a 43,3%, em 2012. Dessaforma, o agronegócio aumenta suaparticipação no PIB brasileiro, passandodos atuais 27,5% para cerca de 30,8%,em 2012.

O projeto político dominante no Brasilcontempla políticas sociais e prioriza adesconcentração de renda familiar eregional. Esse projeto é favorecido pelomoderado crescimento econômicobrasileiro e uma participação cada vezmaior do agronegócio nesse processo,contribuindo para a expansão do nível deempregos e de renda. Ocorre aumentodo poder aquisitivo do salário mínimo edas políticas sociais compensatórias(renda mínima, bolsa-escola, cuponsalimentação, etc.).

Além disso, a política de qualificação depessoal promove melhorias de renda.Paralelo a isso, políticas mais eficientesde combate à sonegação de impostos, euma maior tributação sobre o capital, sãoimplementadas pelo Estado. O ligeiroincremento nessa distribuição resulta numaumento da demanda interna poralimentos da cesta básica, com estímulospositivos ao aumento da produção e daprodutividade desses alimentos, vendidosa preços mais populares. A exemplo doque ocorre na esfera internacionaltambém há maior demanda no mercadointerno por produtos com certificaçãoambiental, principalmente por algunssegmentos do mercado.

Cenário B

Melhoria nadistribuição de rendaestimula a produçãode alimentos.

Política dedesenvolvimentorural sustentávelmoderadamenteeficiente.

Presença moderadado Estado na regulaçãodos instrumentos e naindução dodesenvolvimentodo agronegócio.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Em relação às políticas de desenvolvi-mento rural sustentável, apesar demelhorias nos processos de planejamentoocorridas no período, seus resultados sãoapenas moderadamente eficazes e aescassez de recursos e infra-estrutura nãofavorece a ocorrência de impactosimportantes.

Nesse cenário, há uma presençamoderada do Estado na regulamentaçãodos instrumentos e na indução dodesenvolvimento do agronegócio. Asforças políticas no poder reorientam omodelo de desenvolvimento, preservandoa estabilidade econômica, mas priorizan-do a redução das desigualdades sociaise a modernização econômica, visando aaumentar a competitividade e a dinami-zação da produção e do mercado interno,principalmente via redução dos impostossobre produtos agropecuários de valoragregado.

A política e a gestão ambiental sãomoderadamente eficazes, permitindoatenuação dos impactos ambientais. Dequalquer forma, ainda persistemprocessos localizados de degradação dosecossistemas, convivendo com iniciativasde recuperação de ambientes transfor-mados.

Aproveitando a capacidade instalada dePD&I para o agronegócio no País, ocorrepequeno fortalecimento do sistema dePD&I com equilíbrio entre os setorespúblico – focado principalmente naagricultura familiar e na preservaçãoambiental – e o setor privado, visandoessencialmente o desenvolvimento doagronegócio empresarial. O sistemanacional de pesquisa e desenvolvimentorealiza inúmeras parcerias com apoio dos

poderes públicos, ONGs, Associações eSindicatos. São criadas linhas de créditopara o pequeno produtor, incentivando aformação de associações, com apoio deinstituições de ciência e tecnologia,melhorando a produtividade e fortalecen-do o sistema. A Lei de Inovação éaprovada, aportando benefícios para osistema e para seus pesquisadores.

Neste cenário, a PD&I é considerada umimportante instrumento de desenvolvi-mento econômico e social, mas o volumede recursos para suas atividades émoderado, embora cresçam de formapersistente. O fluxo de recursos é des-contínuo e sua gestão é apenas modera-damente eficiente. O aumento do volumede recursos, sem haver regularidade nasua liberação e no acompanhamento desua aplicação, pode resultar em reduçãona eficiência da PD&I.

Em 10 anos, o total de recursos investidosem PD&I no Brasil praticamente duplicaem valores absolutos, passando daestimativa atual de US$ 5,4 bilhões dedólares, para cerca de US$ 10,7 bilhõesde dólares, em 2012.6 Isso corresponde auma ampliação de 0,9% do PIB, em 2002,para 1,3%, em 2012, menos do queinveste hoje a Grã-Bretanha (cerca de1,6% do PIB).

Neste investimento, a participação dosetor privado se eleva de forma rápida,sendo ligeiramente superior aos gastospúblicos no final do período analisado.Em 2012, estima-se que mais de 51%do total dos recursos sejam privados

6 O volume de investimentos se refere à pesquisa,desenvolvimento e inovação em todos os setores,incluindo o agronegócio

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Cenários

(hoje é de apenas 38,6%), o que signifi-ca a mobilização de US$ 5,5 bilhõesde dólares.

Os temas relacionados com a biossegu-rança, com o patrimônio genético e comos organismos geneticamente modifica-dos são discutidos pela sociedade e osprodutos derivados da biotecnologia têmmoderada aceitação no mercado domés-tico. A inserção do Brasil no comérciointernacional aumenta com a evoluçãoexterna para produtos transgênicos. Leise regulamentações sobre o tema sãoaprovadas e implementadas. Os sistemasregulatórios fazem efetiva administraçãodos riscos, incluindo forte fiscalização erotulagem de sementes, alimentos emedicamentos.

As tecnologias geradas têm baixaadoção e as pesquisas permanecem fo-calizadas em áreas temáticas atual-mente contempladas, havendo peque-na expansão para novas áreas doconhecimento. Ainda que moderado, oapoio público e privado à pesquisa levaà geração de algumas soluçõesinovadoras para os desafios dodesenvolvimento sustentável doagronegócio brasileiro, tanto para asdemandas dos pequenos produtoresrurais, quanto para os requisitos daagricultura empresarial.

Os recursos de PD&I para a agriculturafamiliar são relativamente modestos.Por sua vez, o incremento de políticaspúblicas sócio-ambientais favorece umpequeno aumento nos recursos de PD&Ipara a agricultura familiar.

A renovação e a ampliação de quadrosde pessoal, a reeducação e o desenvol-vimento de habilidades necessárias

para garantir a formação dos recursoshumanos para PD&I têm seus recursosincrementados de forma moderada.Ocorre relativa melhoria, expansão ediversificação do ensino nas escolasespecializadas no setor e em algumasuniversidades privadas, mas esseavanço permanece aquém das reaisnecessidades da pesquisa e apoiotécnicos voltados para o agronegócio.Os investimentos governamentais e dasempresas privadas atendem apenasparcialmente o crescimento dademanda por serviços de extensão epesquisa aplicada. Os laços decooperação internacional e parceriassão mantidos nos atuais patamares.

A gestão do investimento em capaci-tação é boa e as questões relacionadascom a qualidade de pesquisa estãopresentes nas atividades de PD&I. Acultura voltada para a qualidade depesquisa encontra-se incorporada emtodos as organizações e são compo-nentes estruturais de todos os projetoscorrentes. As políticas públicas têm umperfil modificado para um contextomais sócio-ambiental, com um leveprivilégio para a agricultura familiar.

Implicações do Cenário Bpara a PD&I do Agronegócio

Neste cenário, a contribuição da PD&Ipara a inserção social, sustentabilidadeambiental e para o agronegócio é apenasmoderada.

A atuação dos setores público e privadoincentiva, no segmento empresarial, umdesenvolvimento tecnológico dascadeias dos commodities, enquanto osegmento público se concentra principal-

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

mente na geração de tecnologias paraagricultura familiar e em produtos e temasestratégicos nacionais e regionais.

Em relação à quantidade e à qualificaçãode pesquisadores e tecnólogos, o cenárioprevê aumento moderado de pesquisado-res e de tecnólogos e a definição destesúltimos como Agentes de Desenvolvi-mento. A massa de pesquisadores ativosno sistema de PD&I cresce a uma taxamédia anual de 3%, de modo que, em2012, o Brasil tem cerca de 81 milpesquisadores frente aos quase 60 mil daatualidade (Conselho Nacional deDesenvolvimento Científico e Tecnoló-gico, 2002).

Com isso, o indicador pesquisador pormilhão de habitantes também aumenta,passando dos atuais 346,1 para cerca de414,7, em 2012 (menos de 10,0% do valordos Estados Unidos, em 1997). Por suavez, praticamente dobra a participaçãodo agronegócio no total de pesquisadoresativos no sistema de PD&I brasileiro: de12,6% estimado para 2002, salta para21,6%, o que equivale a 17.563 pes-quisadores, em 2012.

O sistema de inteligência competitiva sefortalece. A distribuição e a articulaçãoda pesquisa com a inovação se beneficiacom uma moderada melhoria daintegração e das competências, privile-giando o desenvolvimento de tecnologias.Em relação à infra-estrutura de PD&I, hámanutenção da capacidade com mode-rada melhoria da qualidade. As redes definanciamento de PD&I são ampliadascom fortalecimento das fontesexistentes. Finalmente, o suporteinstitucional para a PD&I é fortalecidocom melhorias na sua estrutura ealguma flexibilização enfocada nasdisparidades regionais.

Quantificação das Variáveisem Anos Selecionados

De forma a fundamentar as hipótesesqualitativas colocadas no Cenário B, asFig. 7 e 8 mostram a evolução de duasvariáveis selecionadas: a Distribuiçãode Investimentos em PD&I, a Evoluçãodo Total de Pesquisadores no Brasile o Número de Pesquisadores noAgronegócio no Cenário B – 2002/2012.

Fig. 7 . Evolução Futura dos Investimentos em PD&Ino Cenário B – 2002/2012. (Público, Privado e Totais) em U$ bilhões.

Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2002)

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Cenários

Cenário C: Forte Contribuiçãoda PD&I para o AgronegócioEmpresarial

Filosofia

Neste cenário, o sistema de PD&I para oAgronegócio apresenta melhora emsegmentos específicos, com o cresci-mento do setor e da sua contribuição parao aumento da produção de alimentos.Como a diferenciação de produtos seconsolida como um importanteinstrumento competitivo, ocorre umabusca constante por maior agregação devalor aos produtos do agronegócio.Paralelamente à existência de estímuloseconômicos (preço e crédito), há umincremento moderado na formação e nacapacitação adequada dos produtores,bem como disponibilização detecnologias e conhecimentos apropriadosàs suas necessidades.

Em 2012, os investimentos e a flexibili-zação do sistema de PD&I nacional, comapoio internacional privado, promove oavanço do conhecimento em biotecno-

logia e qualidade, otimizando o padrãoagroquímico e biotecnológico. Agregarvalor à produção favorece a acumulaçãode capital. Assim, os investimentos emPD&I e sua gestão no desenvolvimentode competências são direcionados aoavanço da biotecnologia e temas queapóiam o agronegócio empresarial.

Fig. 8 . Evolução do total de pesquisadores no Brasil enúmero de pesquisadores no agronegócio no Cenário B – 2002/2012.

Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2002)

Cenário C

Crescimento moderadoda economiainternacional enacional.

Pequena redução donível geral doprotecionismo commédio aumento dasbarreiras não tarifárias.

Elevado crescimentodo agronegócio – acimado PIB nacional.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Desenvolvimento do Cenário

O contexto mundial é favorável àretomada do crescimento (em torno de3% ao ano no período) e a boa inserçãodo Brasil no comércio internacional.O País é beneficiado com a implantaçãoparcial da Alca, a consolidação doMercosul, e as oportunidades abertasem outros mercados por substanciaisaportes de capital externo na economiabrasileira.

A moderada redução do protecionismo,

aliada à recuperação da economiainternacional, com manutenção dasinovações e do progresso técnico,permite a intensificação das relaçõesde troca, por meio de novos acordos deintegração e abertura comercial. Ostraumas e conflitos decorrentes daglobalização desregulada e doterrorismo mundial favorecem os novosarranjos políticos e a construção deinstituições mundiais para promoção dodesenvolvimento.

A presença ativa das grandes naçõesde médio desenvolvimento, como oBrasil, viabiliza uma nova rodada daOMC, fortalecida com a entrada daChina, com redução das barreirascomerciais e dos subsídios agrícolasdos países industrializados, ao mesmotempo em que as barreiras não tarifáriasaumentam em importância. Ocorreampliação dos mercados para produtosbrasileiros que atendem às novasexigências técnicas. Mas no período,intensificam-se as exigências de quali-dade dos produtos, certificação, rastrea-bilidade, padrões sanitários, embala-gem, etc. O Brasil ocupa espaços naeconomia e no comércio mundial, com

pequeno aumento no PIB global e noconjunto das exportações internacio-nais.

Em 2012, o PIB brasileiro deve representarcerca de 1,93% do produto mundial(atualmente equivale a 1,7%), e asexportações brasileiras alcançam apenas0,54% de todas as trocas internacionais,pouco acima dos atuais 0,43%. Essaposição na economia mundial coincidecom a ampliação do grau de aberturaexterna do Brasil, chegando a 2012 comcerca de 24,7% do PIB, superior aos18,9% registrados em 2002. Essemovimento é acompanhado de umaumento dos déficits em conta corrente,passando de 2,4% do PIB, atualmente,para cerca de 3,9% do PIB, em 2012.

Cenário C

Melhoria na distribuiçãode renda estimula aprodução de alimentos.

Política deDesenvolvimento RuralSustentável Ineficiente.

Presença moderada doEstado – predominânciado mercado.

Política e gestãoambiental ineficazes.

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Cenários

Combinando o dinamismo externo e ainserção brasileira na economiamundial com a implantação de medidasinternas para equacionamento dosestrangulamentos econômicos, o Brasilregistra um moderado movimento deexpansão econômica. Com efeito, ataxa de investimento brasileira seamplia para 25,2% do PIB, em 2012,promovendo o crescimento econômicoa taxas médias de, aproximadamente,4,3% ao ano. Em 2012, o PIB do Brasildeve alcançar US$ 867,4 bilhões dedólares, nível registrado pela Grã-Bretanha em 1987, mais de 50% acimados atuais US$ 570 bilhões de dólares.

O agronegócio exerce um papelimportante neste crescimento daeconomia e na ampliação dasexportações brasileiras, apresentandoritmo superior ao do PIB. Em 10 anos, osegmento do agronegócio registra umaelevação da sua participação nasexportações brasileiras: dos 41,3%estimados para 2002, passa para 44,8%em 2012, resultado do aumento emtermos absolutos, chegando a quaseUS$ 50 bilhões de dólares no final doperíodo. Como conseqüência, apresen-ta um leve aumento da sua participaçãono PIB brasileiro, chegando a 29,8%,em 2012.

O crescimento da economia faz a rendaper capita ultrapassar US$ 4 mil dólaresem 2012, favorece a redução dodesemprego, com leve melhoria dascondições de vida e redução dasdesigualdades. Esse processo é facilita-do também pelos mecanismos diferen-ciados de impostos e taxas para ossegmentos sociais mais ricos e as

empresas com maiores lucros. Hámedidas eficientes de combate àsonegação de impostos e à corrupção,com redução da economia informal. Amelhora da distribuição da rendacontribui para o aumento moderado dademanda interna por alimentos da cestabásica, com estímulos à produção dealimentos.

A política de desenvolvimento rural éinconsistente. A estrutura produtivabrasileira passa por mudanças importan-tes, em parte decorrentes de sua especia-lização para o comércio internacional, eem parte como resultado das novasdemandas geradas pelo mercado interno.Nessas mudanças, destaca-se o cresci-mento nos diversos segmentos agropecuá-rios, a política não é capaz de produzirum equilíbrio relativo entre a agriculturafamiliar e os produtores voltados para acompetitividade internacional.

O Brasil registra uma tendência depequena desconcentração regional,mas as vantagens competitivas do Sul,Sudeste, combinadas à consolidação doMercosul, fortalecem o grande eixo dedinamismo econômico entre MinasGerais e Buenos Aires. O Centro-Oestee o Cerrado ganham forte impulsão.

A presença do Estado é moderada, compredominância do mercado. O cresci-mento e a relativa abertura da economiamundial favorecem a implementação demedidas setoriais de promoção dasexportações e competitividade interna-cional. Nesse contexto, a produçãoagropecuária cresce mais rapidamentedo que o PIB, devido à combinação depolíticas tributárias favoráveis com asfacilidades de exportações aos paísescentrais.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

A política de desenvolvimento priorizaa consolidação de cadeias produtivasancoradas, preferencialmente, porempresas competitivas em âmbitomundial, sobretudo por meio deestímulos horizontais como linhas decrédito para exportação.

Neste cenário, a política e a gestãoambiental não alcançam a eficáciadesejada. A reduzida presença do Estadona gestão ambiental, combinada comníveis médios de crescimento econômico,promove uma forte pressão antrópicasobre os ecossistemas, continuando com

alto impacto ambiental e ampliação dasáreas degradadas.

A configuração institucional leva aofortalecimento da PD&I, com equilíbrioentre os setores público e privado e comfoco principalmente no agronegócioempresarial. Cresce a participação dainiciativa privada, incluso asuniversidades particulares, no esforçode PD&I.

O sistema nacional de PD&I, incluindoas organizações estaduais de pesquisaagropecuária, universidades e entida-des do setor privado realiza inúmerasparcerias com forte apoio dos Ministé-rios da Agricultura e da Ciência eTecnologia, associações e sindicatospatronais. São criadas linhas de créditopara médios e grandes produtores,incentivando a formação de clusters,com apoio de empresas privadas einstituições de ciência e tecnologia,melhorando a produtividade.

A Lei de Inovação é aprovada e estimulaos resultados esperados. Neste contexto,o foco da programação de PD&I édeterminado principalmente pelademanda proveniente do mercado.

Os investimentos em ciência etecnologia são moderados, oriundos dosfundos setoriais e de aplicações do setorprivado. Entretanto, este permaneceprivilegiando a aquisição de tecnologiavia compra de equipamentos e sistemase os recursos disponíveis para investi-mento não atendem a demanda. Em 10anos, mais do que dobra o volume derecursos investidos em PD&I no Brasil,saltando dos atuais US$ 5,44 bilhões dedólares, para cerca de US$ 13 bilhões,em 2012.

Cenário C

Investimentos moderadosem CT&I.

Fluxo contínuo derecursos e excelentegestão de investimentosem PD&I.

Baixa geração e adoçãode tecnologias.

Investimentos em PD&Ipara a agriculturafamiliar: pequenos efragmentados.

Expressivo acréscimo derecursos privados para odesenvolvimento decompetências.

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Cenários

Esses valores absolutos correspondema uma ampliação da parcela doinvestimento total que é destinada aPD&I, evoluindo de 0,95% estimadopara 2002, para cerca de 1,5%, em2012. Contudo, o mais significativoneste cenário é o predomínio do setorprivado nos investimentos em PD&I,quase invertendo a distribuição atual,majoritariamente pública.

Em 10 anos, o setor público tende areduzir sua participação nos gastosbrasileiros em ciência, tecnologia einovação dos 61,4%, estimados para2002, para apenas 36,4%, em 2012.Assim, o setor privado deve investir nofinal do período US$ 8,3 bilhões dedólares em PD&I.

A despeito da escassez de recursos, agestão de investimentos em PD&I éexcelente e a otimização é expressa,não só em projetos que buscam oaumento da produtividade média e aredução de custos, mas também nosque induzem o Brasil a explorar áreasque possibilitam a liderança do País. Osetor privado está fortemente envolvidono sistema nacional de PD&I para oagronegócio. Essa aproximaçãopermite que as pesquisas representemas necessidades das empresas que sãosuas maiores consumidoras com vistasa continuarem competitivas em seusmercados.

Há moderada aceitação social dostransgênicos, mas a fiscalização édeficiente. Leis e regulamentaçõessobre o tema são aprovadas, mas suaimplementação e fiscalização ocorrema passos mais lentos do que o necessáriopara garantir a segurança dos alimentos

derivados da biotecnologia. Assim,apesar do consumo de produtos gene-ticamente modificados, pela sociedade,os sistemas de fiscalização são poucoeficientes, não conseguindo fiscalizaros cultivos, a adequação da rotulagemde sementes, dos alimentos e dosmedicamentos modificados.

Nesse contexto de baixos recursos epresença moderada do Estado, o esforçode PD&I para o uso sustentável dabiodiversidade leva apenas à baixageração e adoção de tecnologias e,assim, o choque secular entre atividadesde cunho econômico e conservaçãoambiental continua.

As pesquisas permanecem focalizadasnas áreas temáticas atualmentecontempladas. O substancial apoiopúblico e privado à pesquisa leva àgeração de soluções inovadoras paraos desafios do agronegócio brasileiro,atendendo os requisitos da agriculturaempresarial em detrimento do uso dabiodiversidade.

Neste cenário, os investimentos emPD&I para a agricultura familiarpermanecem em 2012 como estavamem 2002: pequenos e fragmentados.

Em compensação, o grande incrementonos investimentos em competênciashumanas, impulsionado pelo segmentoempresarial, permite renovar e ampliar oquadro de pessoal. O acréscimo derecursos é possível graças, principal-mente, à multiplicação das fontesprivadas nacionais e internacionais.

Há atualização e melhoria das gradescurriculares pertinentes, substancialexpansão e diversificação do ensino nas

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

escolas especializadas no setor, espe-cialmente nos cursos técnicos, superio-

res de curta duração (tecnológicos eseqüenciais), de aperfeiçoamento e de

especialização, além de treinamentosem conteúdos específicos para profis-

sionais, pesquisadores e pessoal deapoio (qualidade, gestão, etc.).

A gestão do investimento em capacitação

é boa, refletindo principalmente asnecessidades das empresas, que são as

principais consumidoras dos resultadosdas pesquisas. A cultura voltada para

qualidade de pesquisa encontra-seincorporada em todas as instituições de

PD&I e são componentes estruturais degrande parte dos projetos. A cooperação

internacional e as parcerias são mantidas.

Implicações do Cenário Cpara a PD&I do Agronegócio

Neste cenário, há uma forte contribuiçãoda PD&I para o agronegócio empresarial.A demanda por PD&I é particularmenteintensa no que se refere ao atendimentodos requisitos originários do setor privado.Nesse caso, vale observar que áreastradicionais de pesquisa não sãonegligenciadas, embora não sedestaquem como sendo as de maiordemanda.

A atuação do setor privado na PD&I parao agronegócio é voltada, principalmente,para o desenvolvimento nas cadeias decommodities e tecnologias apropriáveisem parceria com o setor público (núcleosprivados de pesquisa). O segmentopúblico contempla a pesquisa básica, astecnologias para a agricultura familiar epara preservação dos recursos naturais,

a pesquisa estratégica e prospectiva e astecnologias para aproveitamento dabiodiversidade.

Em relação à quantidade e à qualificaçãode pesquisadores e tecnólogos, o cenárioprevê aumento moderado do número depesquisadores e aumento significativo detecnólogos. O sistema de capacitaçãopromove um aumento anual de, aproxi-madamente, 3,5% no número total depesquisadores ativos no sistema de PD&Ibrasileiro.

Assim, em 2012, o Brasil conta comcerca de 82 mil pesquisadores, bemacima dos atuais 60 mil profissionaisatuantes no segmento (Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico e Tecno-lógico, 2002), o que representa umaelevação do indicador pesquisador pormilhão de habitantes: de 346,1 pesquisa-dores por milhão de habitantes registradona atualidade, o Brasil registra, em 2012,em torno de 397,7, menos que 10,0%do registrado pelos Estados Unidos,em 1997.

Por sua vez, cresce também no cenárioa parcela de pesquisadores ativos noagronegócio brasileiro, chegando a19,3% do total, em 2012 (hoje flutua emtorno de 12,6%), equivalente a pouco maisde 15 mil pesquisadores.

O sistema de inteligência competitiva sefortalece amplamente. Na articulação dapesquisa com a inovação, ocorremoderada melhoria. Já em relação à infra-estrutura de PD&I, há ampliação emelhoria da qualidade, com sofisticaçãodos laboratórios, e com destaque para ocrescimento da informação e datelemática, além de compartilhamentoda infra-estrutura.

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Cenários

As redes de financiamento de PD&Iaumentam moderadamente comdiversificação das fontes, consolidam-seos fundos setoriais e aprimoram-se asfontes existentes, com destaque para ofinanciamento privado. Finalmente, osuporte institucional de PD&I é significa-tivamente ampliado, principalmentedevido ao suporte empresarial com fortesconexões internacionais.

Quantificação das Variáveisem Anos Selecionados

De forma a fundamentar as hipótesesqualitativas colocadas no Cenário C, asFig. 9 e 10 mostram a evolução de duasvariáveis selecionadas: a Distribuiçãode Investimentos em PD&I e a Evoluçãodo Total de Pesquisadores no Brasil, enúmero de pesquisadores no agrone-

gócio no Cenário C – 2002/2012.

Fig. 9 . Evolução Futura dos Investimentos em PD&I no Cenário C –2002/2012 (Públicos, Privados e Totais) em U$ bilhões.Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2002)

Fig. 10 . Evolução do total de pesquisadores no Brasil e número depesquisadores no agronegócio no Cenário C – 2002/2012.Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2002)

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Cenário D. Fraca Contribuiçãoda PD&I para o Agronegócio

Filosofia

Neste cenário, o desempenho do sistemade PD&I do agronegócio reflete asdificuldades da inserção do Brasil nosmercados internacionais e o quadro geralde restrição econômica. As dificuldadessão graves e o desempenho do sistemapiora progressivamente.

O sistema é pouco valorizado pelasociedade e é enfraquecido, com baixovolume de recursos disponíveis parasuas atividades e uma ineficaz gestãode investimentos. Os fundos setoriaissão transformados em instrumento debarganha política, e a iniciativa privadanão encontra estímulos para investirsignificativamente em PD&I noagronegócio brasileiro.

Em 2012, os esforços de PD&I levamapenas à baixa geração e adoção detecnologias e os resultados poucocontribuem para a competitividadesetorial e a qualidade de vida da socie-dade. A escassez de recursos governa-mentais e das empresas privadas leva àgeração de soluções tecnológicas queatendem, principalmente, os requisitos daagricultura empresarial, em detrimento douso sustentável da biodiversidade.

Desenvolvimento do Cenário

Em 2012 o quadro é de lento cresci-mento econômico e das relaçõescomerciais. A economia internacionalnão mostra sinais de recuperaçãoconsistente e as tensões no OrienteMédio se estendem, prejudicando aindamais a economia mundial e brasileira,

no médio prazo. A Área de LivreComércio das Américas – Alca, não seconsolida e as condições desfavoráveissão mantidas no Mercosul.

O Brasil sofre com a manutenção dasbarreiras e as dificuldades de exportaçãopara os países centrais, que são ampla-mente protegidos. Os Estados Unidosmantêm um forte subsídio financeiro a suaagricultura, acompanhado de subsídios àcomercialização externa e dificuldadespara o ingresso de produtos agrícolas,com recurso aos expedientes de quotas,elevadas alíquotas de importação, sobre-taxas e aplicação da lei antidumping. Noâmbito da União Européia, a incorpo-ração dos países do Leste Europeu e osconstantes fluxos migratórios conduzemà redução dos subsídios financeiros

Cenário D

Lento crescimentoeconômico e dasrelações comerciais.

Manutenção do nívelgeral do protecionismocom leve aumento dasbarreiras não tarifárias.

Crescimento moderadodo agronegócio,aproveitandooportunidades pontuais.

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Cenários

amplos e concentração em produtos dealto valor agregado.

Apesar do esforço das grandes nações demédio desenvolvimento, como o Brasil,as novas rodadas da OrganizaçãoMundial do Comércio – OMC nãoconduzem a reduções significativas dasbarreiras comerciais dos países industria-lizados. Além disso, os países centraisaumentam as barreiras não tarifárias, taiscomo tecnológicas, sanitárias, segurançaalimentar, certificação, rastreabilidade,entre outras.

As condições externas desfavoráveisafetam a economia brasileira, que sofrecom a falta de investimentos externos.Isso é acentuado pela persistência deinstabilidade e crise interna no País,decorrentes das dificuldades de gestãopolítica dos estrangulamentos econô-micos e financeiros.

Assim, declinam os investimentosinternos e a taxa se mantém baixa, umpouco acima de 18% do PIB em quasetodo o período. A economia brasileirapadece de prolongada estagnação eperde espaços no comércio internacio-nal, reduzindo parcialmente também ograu de abertura externa.

A participação do PIB brasileiro naeconomia mundial declina levemente,chegando a 2012 com cerca de 1,7%,da mesma forma em que diminui o pesorelativo do Brasil no total das exporta-ções mundiais: dos atuais 0,43%, em2012, as exportações brasileiras repre-sentam apenas cerca de 0,38%.

Estima-se que o grau de abertura exter-na da economia brasileira mantenhaum nível próximo do atual (19% do PIB)

com leve tendência declinante.E, apesar da relativa estagnação daeconomia brasileira, a vulnerabilidadeexterna deve se ampliar com ocrescimento significativo dos déficits nabalança de transações correntes: podechegar a 5,7% do PIB brasileiro em2012, mais do que dobrando asdificuldades atuais (2,4% do PIB).

Assim, a economia brasileira registra,nos próximos 10 anos, uma taxa médiade crescimento baixa, em torno de 1,8%ao ano, que leva a um pequenoaumento do PIB e a quase manutençãoda modesta renda per capita.

Cenário D

Distribuição de renda semantém nos níveis atuais

Política dedesenvolvimento ruralsustentável ineficiente

Baixo volume de recursosdisponíveis para a PD&I

Gestão de investimentosé ineficaz

Baixa geração e adoçãode tecnologias

Investimentos em PD&Ipara a agricultura familiarpequenos e fragmentados

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

De um produto atual estimado em US$570 bilhões de dólares, o Brasil chegaa 2012 com um PIB de US$ 685 bilhõesde dólares, próximo do que apresen-tava a Grã-Bretanha em 1980. Como apopulação brasileira deve alcançarcerca de 211 milhões de habitantes em2012, o PIB per capita brasileiro pratica-mente não aumenta representando, nofinal do período, cerca de US$ 3.200dólares.

A distribuição de renda no Brasil semantém nos níveis atuais e, ainda quealguns setores específicos obtenhamganhos de renda, muitos perdem. Até2012, a perspectiva é de que ocorrampoucas mudanças importantes naeconomia, com manutenção do quadroatual da distribuição de renda. Comoconseqüência, deve ser baixa a deman-da por alimentos no País, inibindo asoportunidades internas de mercado parao agronegócio.

Embora a economia mundial tambémregistre limitado crescimento comer-cial, o agronegócio brasileiro tem van-tagens competitivas que lhe permitemaproveitar oportunidades localizadas.Nessas condições, o agronegócioapresenta leve aumento da suaparticipação no PIB brasileiro dos atuais27,5% para cerca de 30,8%, em 2012,praticamente mantendo a participaçãono total das exportações brasileiras.

Em 2012, o PIB do agronegócio brasi-leiro é de, aproximadamente, US$ 211bilhões de dólares, exportando-se cercade US$ 27 bilhões de dólares.

A política de desenvolvimento ruralsustentável é ineficiente e o desenvolvi-mento agropecuário é dirigido principal-

mente pelo mercado devido à incapaci-dade de iniciativa e investimento dogoverno. A estrutura produtiva brasileirase volta, cada vez mais, para a especiali-zação no comércio internacional.

Ocorre apenas moderada adoção damultifuncionalidade do espaço epequena melhoria na educação rural,mas o acesso à terra continua comoatualmente. Na organização doespaço, agrava-se o processo seletivode distribuição das atividadeseconômicas no território brasileiro.

As regiões com maior base de recursoshumanos e infra-estrutura têm melhorescondições de aproveitar as modestasoportunidades econômicas no mercadointerno. Com isso, observa-se umapequena concentração regional daeconomia nas áreas mais desenvolvidas,aumentando lentamente o peso relativodas Regiões Sul e Sudeste. O Centro-Oeste e o Cerrado melhoram gradual-mente a sua posição relativa.

A política e a gestão ambiental sãoineficazes devido à reduzida presençae capacidade de atuação do Estado nagestão ambiental, levando a umamoderada pressão antrópica, uma vezque a economia não aumenta osvolumes globais de produção. Dequalquer forma, o impacto ambientalcontinua alto com ampliação das áreasdegradadas.

Neste cenário, o sistema de PD&I épouco valorizado pela sociedade e éenfraquecido. O volume de recursosdisponíveis para suas atividades é baixo,o que é agravado por uma ineficaz gestãode investimentos. Os fundos setoriais são

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Cenários

transformados em instrumento debarganha política, e a iniciativa privadanão encontra estímulos para investirsignificativamente em PD&I noagronegócio brasileiro.

Os gastos com ciência e tecnologia semantêm em patamares baixos, emboraregistrem um pequeno aumento emtermos absolutos. Com efeito, de 0,95%do PIB investido em PD&I, em 2002,pode-se chegar a 1%, em 2012. Comum leve aumento do PIB, o gasto totalno segmento, no final do período, é deaproximadamente US$ 6,9 bilhões dedólares superior ao estimado para2002, cerca de US$ 5,4 bilhões dedólares.

O setor público continua sendo majo-ritário nos gastos totais em PD&I, emboracom pequeno declínio relativo, passandodos atuais 61,4% do total para cerca de53,9%, em 2012. O aumento do pesorelativo do setor privado decorre dainiciativa de grandes empresas quenecessitam manter os investimentos paraassegurar competitividade externa.

Assim, em 2012, as empresas gastam algopróximo de US$ 3,17 bilhões de dólares,apesar da estagnação da economiabrasileira e mundial. O quadro econômicogeral, tanto interno quanto externo, nãopermite ser otimista quanto ao fluxo derecursos e investimentos em PD&I parao agronegócio. As limitações orçamen-tárias e descontinuidades financeiras nãosão equacionadas e, além disso, aumentaa complexidade do ambiente de CT&I ea disputa por recursos para o setor.

Por falta de conhecimento e deprocessos regulatórios eficientes, a

aceitação dos transgênicos pelasociedade permanece moderada. Os

sistemas regulatórios e a fiscalizaçãosão pouco eficientes, e mais lentos do

que o necessário para garantir asegurança e ampla aceitação dos

alimentos derivados dos organismosgeneticamente modificados.

O Estado não consegue fiscalizar os

cultivos, a adequação da rotulagem desementes, dos alimentos e dos

medicamentos modificados. Leis eregulamentos são aprovados, mas sua

implementação e fiscalização ocorrema passos mais lentos do que o necessário

para garantir a segurança dos alimentosderivados da biotecnologia.

O esforço de PD&I para o uso sustentável

da biodiversidade leva apenas à baixageração e adoção de tecnologias e assim,

o choque secular entre as atividades decunho econômico e conservação

ambiental continua e é intensificado. Aspesquisas permanecem focalizadas nas

áreas temáticas atualmente contem-pladas. A predominância do mercado e a

presença moderada do Estado levam àgeração de soluções tecnológicas que

atendem, principalmente, aos requisitosda agricultura empresarial, em detrimen-

to do uso sustentável da biodiversidade.

Os investimentos em PD&I para aagricultura familiar permanecem, em

2012, como estavam em 2002:pequenos e fragmentados. Os recursos

financeiros aportados para formação edesenvolvimento de competências

também são mantidos nos níveisverificados em 2002.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Ocorre relativa melhoria, expansão ediversificação do ensino nas escolasespecializadas e em algumasuniversidades privadas, mas esseavanço permanece aquém das reaisnecessidades da pesquisa voltada parao agronegócio. Os investimentosgovernamentais e as empresas privadasatendem apenas parcialmente aocrescimento da demanda por serviçosde extensão e pesquisa aplicada.

Implicações do Cenário Dpara a PD&I do Agronegócio

As graves dificuldades internas e

externas e o enfraquecimento dosistema de PD&I para o agronegócio

leva a uma focalização das demandaspor PD&I num pequeno conjunto de

segmentos.

Neste cenário, o segmento empresarialprivilegia os commodities e, no

segmento público, o foco se volta paraa segurança alimentar e otimização

econômica do uso dos recursos naturaislocais.

Em relação à quantidade e qualificação

de pessoal técnico, há pequeno aumentode pesquisadores e tecnólogos e melhoria

moderada de sua qualificação. Mesmocom as dificuldades econômicas e a

manutenção dos padrões de investi-mentos em PD&I, o total de pesquisadores

cresce a uma taxa baixa, em torno de 1%ao ano, levando a um pequeno aumento

da massa crítica.

Em 2012, o Brasil conta com pouco menosde 67 mil pesquisadores, o que representa

cerca de 316,8 pesquisadores por milhão

de habitantes (atualmente o Brasil temquase 60 mil pesquisadores (ConselhoNacional de Desenvolvimento Científicoe Tecnológico, 2002), pouco mais de340,9 pesquisadores por milhão dehabitantes), indicador muito baixo quandocomparado com países desenvolvidos. Oagronegócio praticamente mantém suaposição relativa no número depesquisadores com um pequeno aumento,de 12,6%, estimado para 2002, para cercade 13,6%, em 2012.

Considerando, contudo, o descompassoentre a capacitação de recursoshumanos para pesquisa e os investi-mentos nas instituições de PD&I, ocorreum número significativo de pesquisa-dores não incorporados às atividades dePD&I ou atuando na informalidade,além da tendência do terceiro setor deabsorver parcela dos pesquisadoresexcedentes.

Os sistemas de informação e inteligên-cia competitiva são limitados, atuandoessencialmente como sistemas deorganização de base de dados. Aarticulação da pesquisa com a inova-ção e com o setor produtivo também élimitada e pontual.

A infra-estrutura de PD&I sofreobsolescência (exceto nas áreas demaior demanda) e envelhecimento dosrecursos humanos, embora se observeracionalização patrimonial e de RH emáreas específicas. As redes de financia-mento de PD&I têm redução na disponi-bilidade de recursos. Finalmente, osuporte institucional para a PD&I é limi-tado, exceto em áreas emergenciaisespecíficas.

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Cenários

Quantificação das Variáveisem Anos Selecionados

De forma a fundamentar as hipótesesqualitativas colocadas no Cenário D, asFig. 11 e 12 mostram a evolução de duas

Fig. 11 . Evolução Futura dos Investimentos em PD&I no Cenário Dem 2002/2012. (Públicas, Privadas e Totais) em U$ bilhões.Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2002)

Fig. 12 . Evolução do total de pesquisadores no Brasil e nº depesquisadores no agronegócio no Cenário D – 2002/2012.

Fonte: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2002)

variáveis selecionadas: a Distribuição de

Investimentos em PD&I e a Evolução do

Total de Pesquisadores no Brasil e o Nú-

mero de Pesquisadores no Agronegócio no

Cenário D – 2002/2012.

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

Análise Comparativa dos Cenários

As Tabelas 9 (qualitativa) e 10 (quantitativa) apresentam, resumidamente, a análisecomparativa dos quatro Cenários construídos.

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Cenários

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

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Cenários

As conclusões e indicações decorrentesdas análises estratégicas realizadas combase nos cenários descritos possibilitam,numa primeira aproximação, a definiçãode um conjunto de estratégias.

Conclusões daAvaliação Estratégica

Numa avaliação preliminar, a consolida-ção dos resultados da avaliação estraté-gica das organizações públicas de PD&Ipara o agronegócio brasileiro nos quatrocenários indica um posicionamento deequilíbrio face à interação das forças efraquezas existentes com as oportunida-des e ameaças identificadas. Este fatorecomenda ao conjunto de instituiçõesum posicionamento estratégico seletivo,com a concentração de competências,recursos e esforços num conjunto limitadode focos e fatores críticos.

Neste sentido, considerando os quatrocenários, destacam-se:

Forças mais relevantes

• A qualificação dos pesquisadores.

Ingredientes paraEstratégias de Atuaçãodas Organizações Públicasde PD&I parao Agronegócio Brasileiro

• A qualidade da pesquisa nacional e acredibilidade das instituições envolvidas.

• A infra-estrutura disponível.

Fraquezas mais prejudiciais

• A desarticulação e falta de coordenaçãoentre as organizações públicas envol-vidas na PD&I do agronegócio brasileiro.

• A fragilidade dos processos de trans-ferência de tecnologia tradicionais faceaos novos formatos de gestão tecnoló-gica exigidos pelo agronegócio.

• A inadequação na capacitação e desen-volvimento e a deficiência na reposiçãodo efetivo de recursos humanos.

Oportunidades mais acessíveis

• A intensificação da demanda pelo de-senvolvimento sustentável do agrone-gócio.

• A crescente demanda pelo desenvol-vimento de produtos competitivos e demaior valor agregado (tendo em vista oincremento das exportações).

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

• O surgimento e expansão das deman-das por tecnologias de baixo custo e demaior impacto social.

Ameaças mais impactantes

• A insuficiência e a descontinuidade dosfluxos de recursos para financiamento daspesquisas.

• A cultura institucional predominanteque implica fortes entraves burocráticose reduzida flexibilidade e autonomiapara as instituições de pesquisa.

• Aumento da competição oportunísticanum mercado em expansão, que atrainovos investidores internos e externos,não especificamente preparados evoltados para a cadeia produtiva.

Ingredientes deuma Visão de Futuro

A comparação e a consolidação dasvisões de futuro para o conjunto dasorganizações públicas de PD&I doagronegócio brasileiro, formuladas sob osquatro cenários, permite identificar comotraços característicos comuns:

• A conquista e a manutenção de umaposição de destaque (ou mesmo devanguarda) em nível internacional.

• A liderança mundial em tecnologia paraclima tropical.

• A agregação de competitividade aoagronegócio brasileiro.

• Uma contribuição relevante para asustentabilidade ambiental, a segurançaalimentar (e dos alimentos) e a inclusão(ou inserção) social.

Opções Estratégicas

Como um primeiro desdobramento davisão de futuro, identificam-se quatrofocos centrais nas opções estratégicaspara a atuação das organizações públi-cas de PD&I para o agronegóciobrasileiro nos próximos 10 anos:

• A adoção de um posicionamentoestratégico seletivo, o que recomendaa concentração de recursos e esforçosnuma quantidade e variedade relativa-mente reduzidas de linhas de atuação,com forte senso de prioridade efocalização.

• Ênfase na diversificação de produtose serviços para os clientes atuais,complementada pela expansão dosmercados-alvo (conquista de novosclientes, inclusive no exterior).

• Prioridade ao desenvolvimento decompetências multidisciplinares comênfase nas áreas de sustentabilidadedos sistemas, segurança alimentar e doalimento, tecnologias emergentes etransferência de tecnologia.

• Maior articulação e conectividade dasinstituições de PD&I do agronegóciobrasileiro, com ênfase em integração, nasparcerias e no desenvolvimento de redesde pesquisa para geração de inovações.

Objetivos Sugeridos

Neste horizonte, e como desdobramentoda visão de futuro e das opções estraté-gicas, sugere-se a avaliação (para efeitode seleção de um subconjunto) dosseguintes objetivos, tendo em vista aformulação de uma estratégia robustapara esta década:

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Cenários

Relacionados à efetividadedas organizações

• Agregar níveis elevados de benefícioseconômicos, sociais e ambientais à PD&I.

• Contribuir para a redução dos desequi-líbrios regionais e das desigualdadessociais.

• Contribuir para a inserção competitivado agronegócio brasileiro no mercadomundial.

• Dotar o agronegócio brasileiro de tec-nologias para se produzir com sustentabi-lidade (econômica, social e ambiental).

• Contribuir para a inclusão social,reduzindo as desigualdades existentes.

Relacionados ao posicionamentocompetitivo e focos prioritários

• Consolidar posição de liderança nossegmentos em que atua.

• Alcançar e manter a posição de sistemade excelência e referência internacionalem PD&I do agronegócio.

• Assegurar, ao Brasil, a posição deliderança mundial em PD&I para oagronegócio tropical.

• Liderar o processo de desenvolvimentotecnológico para produção de biomassadestinada à geração de energia e àindústria química.

• Liderar o processo de desenvolvimentode produtos derivados da biodiversidadetropical (biofábricas, alimentos funcionais,nutracêuticos, aditivos, corantes,fitoterápicos, bio-pesticidas, etc.).

• Desenvolver tecnologias capazes deauxiliar o agronegócio brasileiro a lideraro comércio internacional de proteínas.

• Direcionar a PD&I para atender asdemandas dos programas sociais.

• Desenvolver a PD&I para inserir aagricultura familiar no agronegócio.

• Fortalecer os processos de desenvolvi-mento rural e transferência de tecnologia,considerando os novos formatos de gestãotecnológica exigidos pelo agronegócio.

• Assegurar que a PD&I se transforme emelemento estratégico da política dedesenvolvimento rural e nacional.

• Ampliar a capacidade de inovação demaneira a transformar o conhecimentoem produtos e serviços para a sociedade.

Relacionados aodesenvolvimento e manutençãode competências essenciais

• Aumentar a eficiência dos processosgerenciais e de PD&I.

• Capacitar as organizações públicasde PD&I para enfrentar situações decrise.

• Desenvolver novas competências ehabilidades humanas para atender asações de pesquisa interdisciplinares eem redes.

• Expandir e qualificar as equipescientíficas e os gestores e modernizara infra-estrutura de pesquisa.

• Adequar a estrutura e funções dosistema de pesquisa agropecuária comênfase na multi-funcionalidade do meiorural, nas questões do meio ambiente eno desenvolvimento local.

• Assegurar a distribuição adequada dasorganizações de PD&I, de acordo com

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Pesquisa, desenvolvimento e inovação para o Agronegócio Brasileiro

as especificidades regionais e ecossis-temas do País.

• Incentivar formas criativas paradifusão de informações tecnológicas,que considerem à disseminação deinformações sobre agricultura, merca-do, preço, saúde, educação, meio

ambiente, etc., para regiões menosfavorecidas do País.

• Consolidar, nas organizações públi-cas intervenientes, uma cultura organi-zacional baseada na integração com oagronegócio e no atendimento dasexigências da sociedade.

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Equipe Técnica

Embrapa

Coordenação GeralAntônio de Freitas Filho - SEA

Mariza Marilena T. L. Barbosa - SEAZani Edna Andrade Brei - SEA

Apoio TécnicoMaríliaCastelo Magalhães - SEA

Rosaura Gazzola - SEA

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SupervisãoCláudio Américo Porto

Coordenação TécnicaAna Carolina Arroio

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