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ATÉ A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, a sociedade
utilizou-se de tecnologias simples para apro-
veitar os elementos naturais disponíveis e de-
les obter energia.
A ascensão de uma nova tecnologia no
século XVIII, a máquina a vapor, capaz de
usar calor para produzir trabalho, transfor-
mou significativamente a organização social,
criando outros modos de produção e níveis
de consumo.
Nos dois séculos seguintes, o uso maciço
de fontes fósseis (petróleo e carvão, principal-
mente), como base da economia, imprimiu um
ritmo sem precedentes à exploração dos re-
cursos naturais, acarretando novos problemas
e estratégias geopolíticas.
O aproveitamento tecnológico da eletrici-
dade, desde o final do século XIX, contribuiu
para a viabilização de inúmeras atividades e
processos que modificaram os conceitos pro-
dutivos e propiciaram o acesso a um novo ní-
vel de qualidade de vida, proporcionado por
outros bens de consumo e serviços.
Mais do que nunca, a capacidade do plane-
ta para suportar a exploração intensiva de seus
recursos é apontada como a principal motiva-
ção para buscar alternativas adequadas e aten-
der às exigências de energia. O fundamento é
Cleverson SiewertP R E S I D E N T E D O G R U P O C E L E S C
Energia para a sustentabilidade
coerente e digno: garantir condições adequa-
das à vida presente sem comprometer o mesmo
direito às gerações futuras. Em outras palavras,
estamos falando de Sustentabilidade.
Um dos pilares da sustentabilidade é o
modo como usamos os recursos naturais dis-
poníveis, o que está relacionado diretamente
às fontes de energia, seu uso e seus aprovei-
tamentos. Por isso, entendemos que o conhe-
cimento gerado pelas áreas de Eficiência
Energética, pela Pesquisa e pela Inovação são
fundamentais em diferentes contextos, tanto
para países já intensamente industrializados
como para aqueles em desenvolvimento.
Ao completar 60 anos de fundação, a Ce-
lesc tem a satisfação de prover uma nova fren-
te de informação para o próprio setor elétrico e
áreas afins: a revista Eficiência & Inovação.
O propósito é justamente divulgar as
suas ações de eficiência energética, inova-
ção e os projetos de P&D que visam simulta-
neamente estimular o uso eficiente e seguro
da energia, oferecer mais conforto e qualida-
de de vida para o cidadão catarinense e res-
peitar o meio ambiente.
De forma simples, podemos dizer: é mais
uma maneira de fazer a energia da Celesc ge-
rar sustentabilidade.
A luta para sustentar a existência humana
e criar melhores condições de vida
sempre se orientou pela busca de fontes
de energia
D A P R E S I D Ê N C I A
Numa economia baseada em conhecimento, a Inovação e a Eficiência passam a ser fundamentais no dia a dia de uma empresa ou organização. E uma coisa tem a ver com a outra, pois os ganhos de produtividade e eficiência são decorrentes de inovações tecnológicas em processos produtivos e de práticas inovadoras e inteligentes de uso final da energia. Melhorar a competitividade do negócio e construir uma imagem positiva perante a sociedade, por meio de ações criativas, inteligentes e inovadoras, são estratégias básicas de sobrevivência nessa nova economia. Aos poucos, isso vem deixando de ser apenas retórica e passa a ser uma prática sistemática e consistente em várias empresas, inclusive as controladas pelo poder público. O que a Celesc vem fazendo nos últimos anos nas áreas de P&D e de Eficiência Energética é exemplo de que é possível se livrar das tradicionais amarras burocráticas que dificultam a inovação nas empresas e os avanços que a sociedade requer. Esta publicação é um passo a mais nessa direção e ajuda a evidenciar os esforços e os resultados da Empresa nessas duas áreas”.
Máximo Luiz Pompermayer, S U P E R I N T E N D E N T E D A A N E E L
Se são as ideias inovadoras que movem o mundo, a Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética – o setor da Celesc voltado à inovação – teve um papel determinante nos avanços que a Empresa logrou, nas últimas décadas, nos setores de qualidade e confiabilidade, de segurança e de redução do consumo. O futuro da Celesc passa necessariamente pelas ideias que surgem nessa Divisão.”
James Alberto Giacomazzi, D I R E T O R D E D I S T R I B U I Ç Ã O
É um orgulho fazer parte da história do PEE Celesc há treze anos e ver a evolução dos projetos executados, tanto na qualidade dos materiais e serviços, quanto na diversidade de equipamentos eficientizados e nos benefícios estendidos para um grupo maior de consumidores, e perceber o impacto da redução de consumo de energia elétrica na vida dos beneficiados.”
Jandira Jeane Gadotti, I N T E G R A N T E D A E Q U I P E D E P E E
Eficiência e Inovação na Celesc: uma história sob vários ângulos
P O N T O D E V I S TA
Estamos trabalhando fortemente em busca de grandes avanços que possibilitem a transformação do setor elétrico, com projetos voltados à eficiência energética, às fontes renováveis, ao combate às perdas comerciais, à confiabilidade e qualidade dos serviços de energia elétrica e à segurança. A Celesc tem se tornado referência pelos investimentos e principalmente por projetos de destaque em âmbito nacional.”
Marco Aurélio Gianesini, G E R E N T E D A D I V I S Ã O D E P E S Q U I S A E D E S E N V O LV I M E N T O E E F I C I Ê N C I A E N E R G É T I C A D A C E L E S C D I S T R I B U I Ç Ã O
É tempo de comemorar mais esta conquista! Esta publicação é fruto do trabalho dos que se dedicaram ao longo do tempo – os gerentes de projeto e pesquisadores, além dos profissionais que atuam no P&D e EE – que acreditaram que poderíamos mudar para melhor e aprender com os novos desafios. A partir de agora, é chegado o tempo de irmos para águas mais profundas e mostrarmos o quanto evoluímos e aprendemos.”
Luiz Afonso Pereira Athayde Filho, I N T E G R A N T E D A E Q U I P E D E P & D
E D I T O R I A L
VEÍCULO DE DIVULGAÇÃO DOS PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA - PEE E PESQUISA E DESENVOLVIMENTO - P&D CELESC ANEEL
Officio (officio.com.br)E D I Ç ÃO
Letícia WilsonJORNALISTA RESPONSÁVEL [DRT/RS 8 .757 ]
Maria ViccariC O O R D E N AÇ ÃO G E R A L
Arquivos Celesc/Autores dos projetos e bancos de imagensF OTO S
Cleverson SiewertD I R E TO R P R E S I D E N T E
Antônio José LinharesD I R E TO R D E A S S U N TO S R E G U L ATÓ R I O S E J U R Í D I C O S
Rubens José Della VolpeD I R E TO R D E P L A N E JA M E N TO E C O N T R O L E I N T E R N O
Eduardo Cesconeto de SouzaD I R E TO R C O M E R C I A L
Ênio Andrade BrancoD I R E TO R D E G E R AÇ ÃO , T R A N S M I S S ÃO E N O V O S N E G Ó C I O S
James Alberto GiacomazziD I R E TO R D E D I ST R I B U I Ç ÃO
José Carlos OnedaD I R E TO R D E F I N A N ÇA S E R E L AÇ Õ E S C O M I N V E ST I D O R E S
Nelson Marcelo SantiagoD I R E TO R D E G E STÃO C O R P O R AT I VA
Prezado leitor,
Ao completar 60 anos de fundação, a Ce-
lesc consolida um novo meio de divulgação de
suas ações de eficiência energética e de seus
projetos de P&D, visando dar ciência sobre os
conhecimentos adquiridos e sobre os benefí-
cios resultantes disso.
Essa iniciativa está fortemente vinculada
aos nossos Valores Corporativos, a saber: Re-
sultados, Inovação, Valorização das Pessoas,
Comprometimento, Responsabilidade Socio-
ambiental, Ética e Segurança.
De várias formas, diz respeito também ao
princípio de Sustentabilidade, que norteia a
Celesc em todos os âmbitos de trabalho por
meio da gestão voltada para o Planejamento
Estratégico e a Eficiência Operacional. Para o
nosso consumidor e cidadão catarinense,
isso significa orientação sobre o uso eficien-
te e seguro da energia, mais conforto e qua-
lidade de vida e respeito permanente ao
meio ambiente.
Na prática, isso pode ser descrito com nú-
meros. Desde 1989, com investimento de R$140
milhões em 84 projetos de eficiência energética,
a Celesc Distribuição conseguiu reduzir 144GWh
no consumo e 50,9MW na demanda do sistema
elétrico em sua área de concessão.
Os projetos de P&D, por sua vez, têm pro-
piciado continuamente maior qualidade e
confiabilidade na distribuição de energia. São
projetos alinhados às últimas tendências vol-
tadas à superação de desafios tecnológicos e
de mercado na área de Energia, como a confi-
guração e consolidação de redes inteligentes.
Atualmente, estão em andamento 34 projetos
de P&D e outros quatro estão em contratação,
somando R$80 milhões em investimentos.
Desejamos a todos boa leitura!
O futuro, a curto prazo
Eng. Marco Aurélio GianesiniCHEFE DA DIVISÃO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DA CELESC DISTRIBUIÇÃO
Equipe da Divisão Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética da Celesc Distribuição:
Luiz A. P. Athayde Fº, Jandira J. Gadotti, Mario C. Machado Jr., Rafael Lemos,
Fabrício M. Engelkes, Marco A. Gianesini, Marcio S. Lautert, Arthur Rangel Laureano,
Maria Viccari, Luiz A. Zabot, Sérgio F. Fragoso, Thiago Jeremias e Roberto Kinceler
w w w. c e l e s c . c o m . b r Fale conosco: [email protected]
4 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
Sumá
rio 6H I S T Ó R I A
Pesquisa, desenvolvimento e eficiência
9 P E E 1 | H O S P I T A I S
Cooperação com a saúde
12P E E 2 | B Ô N U S E F I C I E N T E
Eletrodomésticos mais eficientes para redução do consumo de energia
14P E E 3 | I N D Ú S T R I A
Energia garantida para a produção industrial
17P E E 4 | C A L A M I D A D E
Iniciativas que beneficiam milhares de consumidores
20P & D 1 | Q U A L I D A D E
Rede monitorada com segurança e precisão
22 P & D 2 | T R A C I O N A M E N T O
Dinamômetro eficiente
24P & D 3 | M O N I T O R A M E N T O
Sensores facilitam a identificação de falhas
26 P & D 4 | I S O L A D O R E S
Equipamentos sustentáveis
28 P & D 5 | A C E S S O R E M O T O
Medição e acesso remoto
30P & D 6 | M A T E R I A I S I
Melhoria da continuidade e maior durabilidade
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 5
EFICIÊNCIA & IN
OVAÇÃO | NÚM
ERO 1 | ABRIL 2016
P & D 7 | M A T E R I A I S I I
Mais qualidade, eficiência e segurança 32
P & D 8 | C O N T R O L E
Acompanhamento do consumo em tempo real 34
P & D 9 | A E R O G E R A D O R E S
Produção de alimentos e geração de energia 36
P & D 1 0 | P L A N E J A M E N T O
Menos incertezas, maior eficiência 38P & D 1 1 | R E L I G A M E N T O
Informações interligadas, agilidade na reenergização 40
P & D 1 2 | S E G U R A N Ç A
Sistema de realidade virtual ajuda a evitar acidentes 42
P & D 1 3 | T R A N S F O R M A D O R E S
Diagnóstico rápido e seguro 44P & D 1 4 | F A S E A M E N T O
Menos acidentes e mais agilidade 46P & D 1 5 | R E D E S G E R A D O R A S I
Redes distritais para integrar microgeradores 48P & D 1 6 | R E D E S G E R A D O R A S I I
Microgeração integrada 50C E L E S C 6 0 A N O S
Seis décadas de muita energia para os catarinenses 52
6 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
PEE
UMA PARTE FUNDAMENTAL do contexto de
sustentabilidade diz respeito ao bom uso de
recursos naturais e das fontes de energia. Por
isso, a eficiência energética tem recebido des-
taque crescente em virtude de seus objetivos
principais, como obter melhor desempenho
na produção de bens e serviços com menor
gasto de energia.
A Celesc trabalha nessa frente de ação,
desde 1999. De lá até 2015, por meio de 84
projetos de eficiência energética, conseguiu
reduzir 144GWh no consumo de energia elé-
trica e 50,9MW na demanda do sistema elé-
trico em sua área de concessão. Nesse perío-
do, os investimentos chegaram a R$140 milhões.
Umas das ações mais relevantes foi o subsí-
dio à substituição de tecnologia com a troca
de aparelhos de refrigeração antigos por no-
vos, que beneficiou 35 mil unidades consu-
midoras residenciais.
A elaboração de projetos de eficiência
energética é complexa, pois eles precisam ser
viáveis tecnicamente para que a distribuidora
possa executá-los, conforme determinada a le-
gislação do agente regulador, no caso, a Agên-
cia Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Segundo especialistas da área de Ener-
gia, mais de 80% das chamadas públicas das
distribuidoras brasileiras não conseguem
Pesquisa, desenvolvimento e eficiênciaHá 15 anos, conforme determina a lei, a Celesc Distribuição investe parte de sua receita em projetos de Pesquisa & Desenvolvimento e de Eficiência Energética. Resultados desses programas têm papel importante na melhoria da qualidade da energia e dos serviços prestados.
Por Vânia Mattozo
H I S T Ó R I A
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 7
Para o restante da popula-
ção, foi elaborado o projeto
Bônus Eficiente por meio do qual
a Celesc subsidiou a compra, por seus consu-
midores, de aparelhos refrigeradores, congela-
dores ou condicionadores de ar de tecnologia
mais moderna e eficiente. O resultado foi a re-
dução de até 30% no consumo daqueles que
participaram.
Indústria
Em Santa Catarina, o setor industrial res-
ponde por 42,5% do consumo de energia elétri-
ca. Pelo Programa de Eficiência Energética, a
Celesc desenvolveu projetos para auxiliar esse
setor na implantação e execução de ações para
renovar o parque fabril catari-
nense e reduzir os custos com
energia elétrica de suas indús-
trias, tornando-as mais competitivas.
O Projeto Indústria+Eficiente, por exem-
plo, foi mais uma grande ação desenvolvida
para combater o desperdício de energia elé-
trica. O projeto selecionou e financiou, com
juro zero, ações de eficiência energética em
instalações industriais. Foram investidos
R$19 milhões, em 2013, para promover a re-
novação do parque fabril e reduzir custos
com energia elétrica, permitindo, assim, que
a indústria catarinense se tornasse mais
competitiva. A seleção dos projetos foi feita
por chamada pública.
atingir seus propósitos, pois grande par-
te dos projetos submetidos não é ade-
quada para atender às especificidades
dos editais. “São necessários cálculos
de engenharia para atender às exigên-
cias do órgão regulador, como os dados
estimados da economia de energia re-
sultante do projeto”, aponta o chefe da
Divisão de Pesquisa & Desenvolvimento
e Eficiência Energética da Celesc, eng.
Marco Aurélio Gianesini.
Para garantir confiabilidade às esti-
mativas de economia, existem metodolo-
gias consagradas internacionalmente e
adotadas pela ANEEL que reduzem os
riscos do projeto, desde a sua concepção
até a conclusão: “No entanto, a elaboração
desses projetos exige conhecimentos diversos
de engenharia, eletricidade, economia e esta-
tística”, aponta Gianesini.
Prioridade para Baixa Renda
Por lei, boa parte dos investimentos das
distribuidoras em Eficiência Energética deve
ser destinada aos consumidores de baixa ren-
da. Em Santa Catarina, 74.765 unidades (6%
do total de 1,9 milhão de unidades consumido-
ras) possuem esse perfil e são contempladas
por projetos que preveem a substituição de
lâmpadas e de refrigeradores, a instalação de
aquecedores solares e de trocadores de calor.
Os agentes da EficiênciaEm 1989, em acordo com o Progra-
ma Nacional de Conservação de Energia
Elétrica (Procel) da Eletrobras, foi criado
o Procel Celesc, para incentivar ações
de uso eficiente e correto da energia elé-
trica. O programa tinha até mascote, o
Wattinho, que aparecia em todos os
materiais impressos e até nas faturas,
nas quais apresentava dicas de econo-
mia de energia aos consumidores.
Em 2004, do Procel Celesc nasceu,
o ProCeleficiência que, entre outras
ações, lançou um portal de internet
que divulga projetos da área de eficiên-
cia energética, fornece dicas e informa-
ções e oferece um simulador do consu-
mo de energia. A partir do Pro Cel
eficiência, vieram o Procel nas Escolas,
que atuava entre os estudantes do ensi-
no fundamental; o Celesc na sua casa,
que se deslocava em um ônibus espe-
cialmente preparado com um sistema
multimídia para palestras e apre sen-
tações, entre outros.
O mascote Agente Celesc, um dete-
tive bem-humorado que combate os vi-
lões do desperdício, foi criado para o
Celesc na sua casa. Há 10 anos, o Pro
Celeficiência transformou-se no PEE
Celesc e a reformulação pela qual pas-
sou teve reflexos no Agente Celesc, que
se tornou ainda mais “descolado”, cheio
de recursos tecnológicos e de dicas.
O Programa de Eficiência Energética
da Celesc proporcionou, desde sua cria-
ção, redução de, aproximadamente, 161
mil MWh/ano, equivalente ao consumo
mensal de 780 mil residências. Somente
em 2014, foram investidos R$38 mi-
lhões, beneficiando principalmente co-
munidades de baixa renda, hospitais fi-
lantrópicos e consumidores residenciais.
A sequência de mascotes da Eficiência Energética da Celesc: o
Wattinho mais antigo, dos anos 1980, e o moderno, dos anos 2000. O Agente Celesc antes e depois de
2004, ano da reformulação e incorporação do ProCeleficiência
ao PEE Celesc.
8 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
� Quantidade de projetos mantidos pelo P&D da Celesc e seus temas entre 2000 e 2015
P&D
Na busca por soluções para superar os desa-
fios tecnológicos e de mercado em sua área
de concessão, tendo como diretrizes a eficiên-
cia operacional e a confiabilidade do sistema
elétrico, a Celesc tem investido crescente-
mente em seu Programa de P&D. Em 2014,
mais de R$20 milhões foram aplicados.
A Celesc iniciou seu programa de P&D em
2000, com a criação da lei que estabelece que
as concessionárias devem investir anualmente
0,75% de sua receita operacional líquida em
pesquisa e desenvolvimento e 0,25% em pro-
gramas de Eficiência Energética.
Os projetos de P&D desenvolvidos no de-
correr dos anos têm sido responsáveis pela
qualidade percebida por mais de 2,7 milhões
de unidades consumidoras na área de conces-
são, que corresponde a 92% do território de
Santa Catarina.
Os recursos são procurados por empresas
e instituições de pesquisas brasileiras de mé-
rito reconhecido de todo o País.
Nos últimos anos, os projetos do P&D da
Celesc têm sido direcionados a temas que se-
guem as últimas tendências do setor: qualida-
de e confiabilidade na distribuição de energia,
transmissão de dados via rede elétrica, efici-
ência energética e medição.
Todos os anos é organizado um workshop
de P&D para divulgar os investimentos realiza-
dos e tornar públicos conhecimentos e resul-
tados decorrentes da conclusão desses proje-
tos. Outro objetivo é a troca de experiências e
interação entre a Celesc e empresas, institui-
ções de ensino e segmentos da sociedade
com interesse potencial nessas informações,
como Poder Público, corporações de Bombei-
ros e Defesa Civil, entre outros.
Em novembro de 2015, a Celesc organizou
um encontro sobre inovação do qual participa-
ram, além dos parceiros do programa de P&D,
representantes de várias empresas e entidades:
Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL),
Federação das Indústrias do Estado de Santa
Catarina (Fiesc), Companhia Estadual de Água,
Esgoto e Saneamento (Casan), SCGás, Associa-
ção Catarinense de Empresas de Tecnologia
(ACATE), SENAI, Corporação de Bombeiros Mili-
tares de Santa Catarina e Agência Reguladora
de Serviços de Santa Catarina (ARESC).
Atualmente, estão em desenvolvimento
34 projetos de pesquisa, que somam investi-
mento de R$64 milhões, e outros quatro proje-
tos estão em contratação, com recursos esti-
mados de R$16,2 milhões. Mais outros quatro
projetos foram aprovados na última chamada
pública e vão acrescentar mais R$35 milhões
ao Programa P&D.
O presidente da Celesc, Cleverson Siewert,
destaca essas metas: “No orçamento e plane-
jamento estratégico para 2016, já agregamos
receita para novos negócios. Vamos começar
pequenos, mas a tendência é evoluir ao longo
do tempo”.
42
35
22 21
1513
10 10 9
1
Segurança Meio ambiente
Operaçãode sistemasde energia
elétrica
Fontes alternativas de geração de energia
elétrica
Qualidade e con�abilidade dos serviços de energia
elétrica
E�ciênciaenergética
Medição, faturamento
e combatea perdas
comerciais
Planejamento de sistemas de energia
elétrica
OutrosSupervisão, controle e
proteção de sistemas de
energia elétrica
H I S T Ó R I A
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 9
Cooperaçãocom a saúde
O projeto Hospitais Filantrópicos per-mitiu a redução do consumo de ener-gia de 28 estabele-cimentos de saúde do Estado de Santa Catarina, por meio da troca de equipa-mentos obsoletos por outros novos e eficientes.
OS HOSPITAIS filantrópicos – instituições de
caráter privado, sem fins lucrativos, responsá-
veis por 80% dos atendimentos pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) em Santa Catarina –
são conhecidos tanto pelo espírito altruísta de
seus fundadores quanto pelas dificuldades
econômicas que enfrentam para se manterem
em funcionamento. São, então, sempre bem-
-vindas quaisquer ações que tenham como
objetivo conservar abertas as portas desses
estabelecimentos, promover redução de seus
custos de operação para, assim, viabilizar ou-
tros investimentos.
Esse cenário fez surgir, entre os integran-
tes do PEE da Celesc, ideias de projetos que
reduzissem o custo financeiro desses hospi-
tais, no que tange aos gastos com energia
elétrica e com a manutenção de equipamen-
tos elétricos antigos e ineficientes, por meio
da sua substituição por equipamentos com
Selo PROCEL/INMETRO de eficiência energé-
tica. Inicialmente, em 2009, foram executa-
dos projetos em dois hospitais, nos quais o
diagnóstico apontou a viabilidade de substi-
tuição da iluminação, motores, condicionado-
res de ar e autoclaves.
A partir dessa experiência e de seus re-
sultados animadores, criou-se um único pro-
jeto que abrangeu 26 hospitais e acrescentou
refrigeradores à gama de equipamentos a se-
rem substituídos. Executado nos anos de
2011 a 2013, o Projeto Hospitais Filantrópicos
teve início com a medição do consumo de
energia elétrica e da demanda na ponta dos
equipamentos antigos pelo período de uma
semana. Foram utilizadas as opções A e B do
Protocolo Internacional de Medição e Verifi-
cação de Performance (PIMVP), nas quais a
energia medida é exclusivamente do equipa-
mento a ser avaliado.
P E E 1 | H O S P I TA I S
10 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
As medições subsidiaram a elaboração
do diagnóstico energético de cada institui-
ção, o qual apontou a viabilidade de execu-
ção (definida pela Relação Custo/Benefício
– RCB < 0,80), os equipamentos a serem
substituídos e o investimento por hospital.
Posteriormente, ca da entidade assinou o
Termo de Cooperação Técnica com a Celesc,
que estabeleceu os objetivos, as res pon sabi-
lidades das partes, cronogramas físico/fi-
nanceiro e as condições para a substituição
dos equipamentos.
Na sequência, teve início a etapa de obras,
com a substituição dos equipamentos inefi-
cientes, os quais foram encaminhados para o
descarte ambientalmente correto, comprovado
pela emissão de certificados. Foram instalados
cerca de 58.000 equipamentos, entre lâmpadas
fluorescentes compactas e tubulares T5, lumi-
nárias com refletor facetado em alumínio ano-
dizado de alta pureza, refrigeradores, condicio-
nadores de ar split quente/frio com controle re-
moto digital, motores de alto rendimento e au-
toclaves com duas portas (tipo barreira). “O pro-
jeto também promoveu a adequação da ilumi-
nação dos ambientes e da potência dos condi-
cionadores de ar, em observância às normas
Cada sistema foi medido antes e depois da substituição dos equipamentos. A diferença obtida equivale à economia de energia e à demanda retirada no horário de ponta.
Resultados do projeto Hospitais Filantrópicos da Celesc Distribuição
Hospitais Município Nº leitos
E q u i p a m e n t o s s u b s t i t u í d o sInvestimento
(R$)EE
(MWh/ano)RDP (kW)Luminárias Lâmpadas Condicionadores
de ar Refrigeradores Autoclave Motor
Hospital São José Criciúma 297 877 1.468 29 2 240.891,92 182,34 47,04
Hospital Nossa Sra. da Conceição Tubarão 410 2 144.883,86 8,98 42,15
Hospital e Mat. Nossa Sra. da Conceição Angelina 52 284 429 1 74.092,68 35,03 12,95
Hospital Regional de Araranguá Araranguá 126 913 1.107 9 10 15 187.548,53 167,66 30,00
Hospital Santa Isabel Blumenau 263 1.947 2.865 99 45 669.381,77 552,91 86,47
Hospital Maicé Caçador 110 950 1.432 18 7 11 303.009,67 243,48 39,54
Hospital Regional do Oeste Chapecó 298 1.955 3.327 17 7 27 617.104,40 518,55 94,33
Hospital São Francisco Concórdia 218 1.394 1.964 35 27 2 7 649.348,68 289,26 84,09
Imperial Hospital de Caridade Florianópolis 224 2.572 4.243 35 18 8 688.619,48 570,43 104,33
Hospital São Camilo Imbituba 97 535 720 4 110.888,97 72,40 16,20
Hospital e Mat. Marieta Konder Bornhausen Itajaí 344 2.345 3.599 34 35 641.389,61 509,21 80,72
Hospital Bom Jesus Ituporanga 60 847 1.099 9 6 1 3 258.029,79 141,11 42,68
Hospital e Matern. Jaraguá Jaraguá do Sul 126 531 781 26 8 205.393,05 168,86 28,05
Hospital Infantil Seara do Bem Lages 86 619 832 7 5 157.274,94 134,72 18,44
Hospital Nossa Senhora dos Prazeres Lages 197 696 970 14 5 227.199,16 173,46 29,93
Hospital Senhor Bom Jesus dos Passos Laguna 106 758 993 12 138.514,77 82,52 24,31
Hospital Municipal Henrique Lage Lauro Müller 99 272 315 1 5 66.121,98 52,90 12,47
Hospital e Mat. São Vicente de Paulo Mafra 76 885 1.422 9 8 4 244.974,96 176,10 30,95
Hospital São Marcos Nova Veneza 69 608 718 2 93.058,12 51,14 18,45
Fundação Hospitalar Santa Otília Orleans 53 339 385 9 1 1 81.120,17 45,35 12,77
Hospital Regional Alto Vale Rio do Sul 179 1.795 2.767 59 23 12 491.589,66 391,41 72,99
Hospital São Francisco de Assis Sto Amaro da Imperatriz 105 341 424 8 70.777,95 43,62 12,46
Hospital Padre João Berthier São Carlos 62 306 435 3 83.463,56 61,87 11,25
Assoc. Hospitalar Benefic. de Saudades Saudades 34 314 414 2 61.919,07 27,05 13,62
Hospital Dom Joaquim Sombrio 77 481 557 55.938,95 37,97 11,86
Hospital São José e Mat. Chiquinha Gallotti Tijucas 60 302 393 8 12 1 164.336,55 69,69 32,97
Hospital São José de Urubici Urubici 51 476 579 66.358,86 20,49 14,99
Hospital Salvatoriano Divino Salvador Videira 99 605 820 4 3 140.691,27 104,91 18,89
TOTAL 3.978 23.947 35.058 426 253 6 90 6.933.922,40 4.933,42 1.044,91
P E E 1 | H O S P I TA I S
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 11
Ao final do projeto, em cada hospital, foi realizada uma palestra aos colaborado-res sobre as ações implementadas pela
Celesc e sobre as vantagens do uso racional da energia elétrica.
�Alexandre Dutra Alves e Jandira Jeane Gadotti (Celesc), com Vera Regina Novo Sobrosa – gerente administrativa do Imperial Hospital de Caridade de Florianópolis. Abaixo, um dos certifica-dos que comprovam o correto descarte dos equipamentos substituídos.
técnicas”, destaca a gerente do projeto, Jandi-
ra Jeane Gadotti, da Celesc.
Todos os interruptores de energia do edi-
fício receberam adesivos estampados com a
frase “desligue ao sair”. Em cada instituição,
após a conclusão das obras, foram
promovidas palestras aos colabo-
radores, divulgando as ações rea-
lizadas, os resultados alcançados
e estimulando a consciência a res-
peito dos benefícios do uso racio-
nal de energia.
Por fim, foi efetuada uma pes-
quisa de satisfação com o repre-
sentante do hospital para avaliar a
qualidade dos equipamentos ins-
talados e dos serviços executados. Todos os
itens consultados receberam notas entre
“bom” e “excelente”.
Concluídas as obras, foi realizada a medi-
ção do sistema eficiente por mais uma sema-
na. A comparação das medições antes e após
a substituição permitiu apurar os resultados
do projeto, em economia de energia e redu-
ção da demanda na ponta.
IDENTIFICAÇÃO JUNTO À ANEEL
APLPEE5697_PROJETO_0003_S11 – Hospital São José, de CriciúmaAPLPEE5697_PROJETO_0002_S10 – Hospital N. Sra. da Conceição, de TubarãoAPLPEE5697_PROJETO_0005_S15 – Hospitais Filantrópicos
EQUIPE CELESC
Jandira Jeane Gadotti (gerente), Marco Aurélio Gianesini, Alexandre Dutra Alves e Wamilton Silva
EMPRESA EXECUTORA
Padoin Engenharia e Proj. Elétricos Ltda________________________________________
Este projeto foi apresentado no Citenel/Seenel 2015
O projeto Hospitais Filantrópicos da
Celesc atendeu 28 estabelecimentos cata-
rinenses de saúde – 3.978 leitos – com in-
vestimentos na ordem de R$6,9 milhões,
e resultou em quase 5 mil KWh/ano de
economia de energia e 1.045kW de redu-
ção de demanda na ponta. A energia
economizada corresponde ao consumo anual
de 3.425 residências.
12 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
COM A SUBSTITUIÇÃO de um eletrodoméstico
e de cinco lâmpadas incandescentes, o percen-
tual de redução de consumo de energia pode-
ria atingir até 30%. Essa constatação foi a prin-
cipal motivação para realizar o projeto de PEE
“Bônus Eficiente – Substituição de Refrigera-
dores, Congeladores, Condicionadores de Ar e
Lâmpadas – Tipologia Residencial”, que bene-
ficiou milhares de consumidores catarinenses.
Além de adquirirem um eletrodoméstico novo
com até 50% de desconto, esses consumidores
registraram uma economia de até 30% na fatu-
ra de energia elétrica em função da maior efici-
ência desses equipamentos.
Para viabilizar o projeto, a Celesc custeou
parte do valor do bem adquirido em um
dos 43 pontos de venda da
rede varejista contratada por
meio de um processo licitató-
rio. O consumidor recebia um
bônus de até 50% do valor na
compra de um eletrodoméstico -
refrigerador, congelador/freezer
ou condicionadores de ar –
com Selo Procel e de cinco lâm-
padas fluorescentes compac-
tas. Em troca, o consumidor
entregava seu equipamento
antigo e ineficiente e cinco
lâmpadas incandescentes.
A meta, além de atender aos aspectos
regulatórios da ANEEL, era proporcionar aos
consumidores residenciais economia de
energia elétrica e redução na fatura. Essas
pessoas puderam adquirir produtos abaixo
do preço de mercado. “O projeto ainda trou-
xe benefícios à concessionária, como redu-
ção das perdas técnicas, redução da deman-
da e consequente adequação de seus inves-
timentos”, destaca o gerente do projeto,
Mario César Machado Junior, da Celesc. Ou-
tros ganhos indiretos foram: a promoção da
proteção ao meio ambiente, com o descarte
correto dos equipamentos; o aumento de
vendas no comércio, com a injeção de recur-
sos na economia e na mídia catarinen-
se; o aumento da arrecadação de
impostos ao Estado; e, não me-
nos importante, a dissemina-
ção, à sociedade catarinense,
dos conceitos do uso seguro da
energia elétrica, gerando mu-
danças de hábitos, cidadania
e qualidade de vida. Em ape-
nas 30 dias de comercializa-
ção, o comércio varejista con-
tratado pela concessionária
realizou a comercialização de
24 mil eletrodomésticos, qua-
se dez vezes a média de ven-
Eletrodomésticos mais eficientes para redução do consumo de energiaProjeto estimula a substituição de ele-trodomésticos e lâm-padas, subsidiando a compra, e benefi-cia 330 mil pessoas com produtos mais eficientes e com a redução de até 30% na fatura da energia elétrica.
P E E 2 | B Ô N U S E F I C I E N T E
� O projeto Bônus Eficiente foi premiado como Melhor Projeto de Eficiência Energética no CITENEL/SEENEL, realizado em agosto de 2015, na Bahia.
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 13
Bônus Eficiente em números Valor total do projeto R$79.921.023,44Investimento Celesc Distribuição R$45.731.106,82Contrapartida dos consumidores R$34.189.916,62Economia 44,29 GWh/ano
suficientes para abastecer 17.890 residências/anoRedução de Demanda na Ponta 14,29 GWConsumidores beneficiados 330 mil pessoasEletrodomésticos substituídos 61.197Lâmpadas substituídas 413.105CO2 a menos na atmosfera 30.800 toneladas = ao plantio de 184.958 árvores.
Doações a instituições beneficentes R$3 milhõesFontes: Celesc Distribuição / Ministério da Ciência e Tecnologia / Instituto Brasileiro de Florestas
das da loja para o mesmo período, sobrecar-
regando a logística de entrega e a linha de
produção do fabricante.
O projeto foi executado em duas versões,
uma realizada entre os anos de 2012 e 2013 e
outra entre 2013 e 2015. Na primeira, 29.117
famílias foram beneficiadas com o desconto
de 50% na substituição de seus eletrodomés-
ticos e 35 mil famílias substituíram lâmpadas
incandescentes por fluorescentes compactas.
Assim, estima-se que 140 mil pessoas foram
atendidas em 274 municípios da área de
abrangência da concessionária. O investimen-
to da Celesc com o “Bônus Eficiente” foi de
R$21.132.138,99, o que representa 21,7GWh/
ano de energia economizada e 7GW de redu-
ção de demanda na ponta, o equivalente ao
abastecimento de cerca de 9.000 residências
durante um ano. Completando o projeto, a
ação social de todos os consumidores possibi-
litou arrecadar cerca de R$1,3 milhão, recur-
sos doados para a Federação das APAEs de
Santa Catarina.
Na segunda fase, o bônus restringiu-se à
compra de geladeiras e freezers. Em dois anos
de comercialização de produtos, pouco mais
de 26.990 geladeiras, 6.889 freezers e 238.105
lâmpadas foram substituídos em 47.621 resi-
dências, beneficiando cerca de 190 mil catari-
nenses com, aproximadamente, 30% de redu-
ção em suas faturas de energia. Nessa etapa,
foram arrecadados R$1,7 milhão em doações
dos consumidores, distribuídos a dez institui-
ções beneficentes do Estado.
O processo
Uma estrutura com mais de 100 cami-
nhões e um depósito exclusivo atendeu a lo-
gística de entrega dos produtos novos e de re-
tirada dos produtos antigos.
Condicionadores de ar Refrigerador/Freezer Lâmpadas
C O R R E S P O N D E M N A C O N TA D E E N E R G I A E L É T R I C A A A P R O X I M A D A M E N T E :
20% 28% 22%S U B S T I T U I N D O P O R E Q U I PA M E N T O S C O M S E L O P R O C E L , A E C O N O M I A M É D I A É D E :
40% R$6,90/mês ou R$82,80/ano
25% R$6,00/mês ou R$72,00/ano
75%R$14,00/mês R$168,00/ano
Para viabilização da operação/logística do
projeto, exigiu-se da contratada a utilização de
um software de controle dos processos de co-
mercialização, entrega do eletrodoméstico no-
vo, retirada do eletrodoméstico antigo, logística
da reciclagem, distribuição de lâmpadas, doa-
ção à instituição beneficente e Medição e Veri-
ficação (M&V). O sistema ainda acessava o
banco de dados da Celesc e conferia a situação
de adimplência do consumidor.
EMPRESAS EXECUTORA
Lojas Colombo e 3E Engenhar ia
GERENTE DO PROJETO
Mar io César Machado Jún io r
14 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
O POTENCIAL de economia de energia no se-
tor industrial é de 31,5TWh/ano. Comparando
esse potencial com o balanço energético do
país, concluiu-se que um bom programa de
eficiência energética no setor poderia resultar
num grau de economia que se tornaria equi-
valente à quarta maior fonte de energia elétri-
ca no Brasil.
Ciente da importância do setor industrial,
das vantagens em investir em projetos de efi-
ciência energética nesse setor e buscando au-
xiliar na renovação do parque fabril catarinen-
se e na redução dos custos na indústria com
energia elétrica, a Celesc desenvolveu o Pro-
grama “Indústria+Eficiente”, que selecionou
e financiou, a juro zero, projetos de eficiência
energética em instalações industriais.
O “Indústria+Eficiente” foi destinado a con-
sumidores industriais, livres ou cativos. A sele-
ção dos projetos foi feita por meio de chamada
pública e estes deveriam obedecer aos critérios
estabelecidos no Manual do Programa de Efici-
ência Energética de 2008 da ANEEL. O valor dis-
ponibilizado para a chamada pública foi R$20
milhões. A participação foi significativa. O Pro-
grama contou com a apresentação de 25 proje-
tos de diversas áreas do setor, a um custo total
de mais de R$38 milhões.
Foram selecionados para receber verba
do programa os projetos melhor classifica-
dos, conforme os critérios Energia Economi-
zada, Redução de Demanda no Horário de
Ponta e a Relação Custo Benefício (RCB). A
Tigre, com um projeto, a Tupy, com dois, e a
BRF, também com dois projetos, foram as
empresas beneficiadas.
Tigre
A Tigre desenvolveu um projeto visando a
eficientização de parte dos seus sistemas de
refrigeração e força motriz, investindo na mo-
dernização por meio da troca de equipamen-
tos e automatização da operação. Foram
substituí dos 2 chillers e 91 motores e instala-
dos 81 inversores de frequência. O custo final
Energia garantida para a produção industrial Para o setor industrial, a energia é o insumo essencial e correspon-de a 19% do custo direto de produção. Como 62% do parque fabril brasileiro tem mais de 10 anos, a obsolescência de seus equipa-mentos faz crescer o consumo sem aumento da produtividade.
Posição ProjetoEnergia Conservada
(MWh/ano)Redução de Demanda
na Ponta (kW)Relação Custo
Benefício (RCB)Nota Custo Total
1ª Tigre 5.345,56 632,65 0,67 2,19 R$5.935.910,37
2ª BRF - Chapecó 4.708,04 531,74 0,40 2,17 R$2.770.549,32
3ª Tupy - 69 kV 6.276,89 218,22 0,65 1,70 R$5.760.020,02
4ª BRF - Concórdia 2.638,43 253,68 0,33 1,52 R$1.305.155,99
5ª Tupy - 138 kV 4.797,96 183,26 0,61 1,43 R$4.078.830,77
TOTAL 23.766,90 1.819,55 0,53 R$19.850.466,46
� Projetos Selecionados
P E E 3 | I N D Ú S T R I A
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 15
Residencial22,91%
Industrial42,09%
Acima de40 anos2,09% 0 a 5 anos
13,19%
5 a 10 anos25%
10 a 20 anos29,86%
20 a 40 anos29,86%
Comercial16,96%
Rural5,82%
Demais Setores12,22%
Projeto Custo TotalEnergia Conservada
(MWh/ano)Redução de Demanda
na Ponta (kW)Relação Custo
Benefício (RCB)Custo da Energia
Conservada (R$/MWh/ano)
BRF - Chapecó R$2.675.728,88 5.654,47 785.90 0.31 R$47.32
BRF - Concórdia R$1.270.617,24 2.991,71 269,00 0,28 R$42,47
Tigre R$4.526.165,58 5.285,00 744,05 0,52 R$85,64
Tupy R$9.741.025,23 10.642,60 394,57 0,66 R$91,53
TOTAL R$18.213.536,93 24.573,78 2.193,52 0,50 R$74,12
� Resultados Obtidos
desse projeto foi de R$4,53 milhões, gerando
uma economia de energia de 5,28GWh/ano
(redução de 33,1% em relação ao sistema an-
tigo), além do corte de uma demanda de
758,4kW no horário de ponta. O custo da
energia conservada (CEC) foi de R$85,64/
MWh e a relação de custo-benefício foi de
0,57. A economia mensal gerada é de aproxi-
madamente R$88,4 mil.
BRF
Os dois projetos da BRF S.A. foram base-
ados na eficientização energética de parte
do sistema de força motriz com a substitui-
ção de motores antigos e de baixo rendimen-
to por novos de alto rendimento. Foram tro-
cados 68 motores no projeto executado na
unidade de Chapecó e 45 motores na unida-
de de Concórdia.
O projeto de Chapecó apresentou um cus-
to final de R$2,67 milhões, gerando uma eco-
nomia de energia de 5,65GWh/ano (redução
de 4,31% em relação ao sistema antigo) e
uma demanda de 785,9kW evitada no horário
de ponta. O custo da energia conservada
(CEC) foi de R$47,32/MWh e a relação de cus-
to-benefício foi de 0,31. A economia mensal
gerada é de aproximadamente R$94,6 mil.
Já o projeto de Concórdia apresentou
um custo final de R$1,27 milhões, gerando
uma economia de energia de 2,99GWh/ano
(redução de 5,34% em relação ao sistema
antigo) e uma demanda de 269kW elimina-
da no horário de ponta. O custo da energia
conservada (CEC) foi de R$42,47/MWh e a
relação de custo-benefício foi de 0,28. A
economia mensal gerada é de aproximada-
mente R$50,7 mil.
Tupy
Na Tupy, os dois projetos selecionados fo-
ram reunidos em um só, baseado na eficientiza-
ção de parte do seu sistema de força motriz,
com a modernização dos sistemas por meio da
troca de equipamentos e da automatização da
� Consumo de energia elétrica em Santa Catarina por setor (CELESC, 2014) e Idade média do parque fabril brasileiro (ABRAMAN, 2013).
16 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
operação. Foram substituídos 297 motores e
instalados 139 inversores de frequência. O
custo final desse projeto foi de R$9,74 mi-
lhões, gerando uma economia de energia de
10,64GWh/ano (redução de 17,71% em rela-
ção ao sistema antigo) e uma demanda de
394,6kW evitada no horário de ponta. O custo
da energia conservada (CEC) foi de R$91,64/
MWh e a relação de custo-benefício foi de
0,66. A economia mensal gerada é de aproxi-
madamente R$169,6 mil.
No total, o Programa Indústria+Eficiente
investiu mais de R$18 milhões na troca de 2
chillers e de 501 motores, e em centenas de
ações de automação, gerando uma economia
total de 24,57GWh/ano e uma redução da de-
manda no horário de ponta de 2,21MW. Essa
economia corresponde ao consumo de mais
de 10 mil residências durante o mesmo perío-
do e à redução de mais de 3,5 mil toneladas
de CO2 emitidos para a atmosfera.
Hidráulica 430,9
Gás natural 69,0
Biomassa 46,4
E�ciência no Setor Industrial 31,5
Derivados de petróleo 26,6
Carvão e derivados 15,8
Nuclear 14,6
Eólica 6,6
1%Eólica
2,3%Nuclear
2,5%Carvão ederivados
4,1%Derivados de petróleo
5%E�ciência Setor Industrial
7,2%Biomassa
10,7% Gás natural
67,2%Hidráulica
O custo médio da energia conservada foi
de R$74,12/MWh, que está abaixo da média
nacional alcançada (R$104,40/MWh) por
projetos de eficiência energética participan-
tes do PEE da ANEEL. Esse custo também fi-
cou abaixo do valor marginal de expansão do
sistema elétrico nacional (R$139,00/MWh -
Resumo FinalNº de empresas beneficiadas 4 (Tigre, BRF Chapecó, BRF Concórdia e Tupy)
Valor Investido R$18.213.536,93
Energia Conservada 24.572,94MWh/ano
Demanda Evitada na Ponta 2.207,86 kW
Relação Custo-Benefício 0,51
Custo da Energia Conservada R$74,12/MWh
Ações Realizadas Troca de equipamentos (2 chillers e 501 motores) e Automação de processos (instalação de 220 inversores)
Usos finais eficientizados Força Motriz e Refrigeração
EPE, 2014), comprovando que ações de efici-
ência energética no setor industrial são al-
ternativas viáveis. Ou seja, a mesma quanti-
dade de energia pode ser disponibilizada, a
preços mais baixos, sem a necessidade de
novas obras e com efeitos positivos no meio
ambiente.
� Potencial de eficiência energética no setor industrial na matriz elétrica brasileira (EPE, 2014 e CNI,2009).
P E E 3 | P R O D U Ç Ã O
EMPRESAS EXECUTORA
APS Engenhar ia e Acxxus Engenhar ia
GERENTE DO PROJETO
Ar thur Range l Laureano
Este projeto foi apresentado no VIII Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica - CITENEL/SEENEL/2015
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 17
Projeto “Calamidade Pública” atende 5.500 consumidores de baixa renda de 13 municípios atingidos pela grande enchente e pelos deslizamentos ocorridos em 2008 com a troca de refrigeradores e instalação de sistemas de aquecimento solar de água. O projeto “Energia do Bem”, por sua vez, promove benfeitoria semelhante a milhares de consumidores inscritos na Tarifa Social, em 43 cidades.
SANTA CATARINA constantemente registra
fortes chuvas intermitentes. No entanto, em
novembro de 2008, um elevado volume de
chuva caiu ininterruptamente durante vários
dias seguidos em 49 cidades catarinenses,
resultando no maior índice pluviométrico já
registrado no Estado desde 1852, quando
esse monitoramento passou a ser feito. A
consequência foi a ocorrência da maior en-
chente da história de Santa Catarina e de
deslizamentos de grandes proporções. Ape-
nas em Blumenau, a precipitação estimada
foi de 300 bilhões de litros de água, o sufi-
ciente para abastecer a cidade de São Paulo
por três meses. No total, 13 municípios decla-
raram situação de calamidade pública, 79 mil
pessoas tiveram de deixar suas casas, 6 mil
casas foram completamente destruídas e
mais de 130 mortes foram contabilizadas.
A tragédia mobilizou todo o País e milhares
de brasileiros enviaram ao Estado doações em
solidariedade, desde alimentos e roupas a itens
básicos de limpeza e higiene. Essa situação sem
precedentes motivou a Celesc Distribuição a lan-
çar o projeto de eficiência energética “Calamida-
de Pública”, por meio do programa de Eficiência
Energética ANEEL. Tratou-se do investimento de
R$9.030.728,42 em benefício de 5.500 consumi-
dores de baixa renda, atingidos pela enchente e
deslizamentos da região do Vale do Rio Itajaí, es-
pecificamente nos municípios de Benedito Novo,
Blumenau, Brusque, Camboriú, Gaspar, Ilhota,
Itajaí, Luiz Alves, Nova Trento, Pomerode, Rio dos
Cedros, Rodeio, Timbó.
Os recursos foram empregados para a
substituição de 3.000 refrigeradores antigos
por refrigeradores novos, com etiqueta A do In-
metro e Selo Procel, beneficiando os consumi-
dores que perderam suas casas e, também, evi-
tando a inserção no sistema elétrico de equipa-
mentos obsoletos, que eventualmente seriam
adquiridos por eles. Adicionalmente, foram ins-
talados 2.500 sistemas de aquecimento solar
de água para banho em conjuntos habitacio-
nais construídos para as famílias atingidas, as-
sim como em residências dos programas
COHAB, Instituto Ressoar, Instituto Guga Kuer-
ten, Programa Minha Casa, Minha Vida e ou-
tras indicadas pelas Secretarias de Assistência
Social e Defesa Civil dos municípios atingidos.
“Com a economia de energia e a redução de
Iniciativas que beneficiam milhares de consumidores
P E E 4 | C A L A M I D A D E
18 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
� Na primeira foto, casas doadas por produtores de petróleo árabes instaladas em Luiz Alves. Tanto essas quanto as de Ilhota (foto seguinte) foram erguidas com painéis de PVC preenchidos com concreto. Na terceira foto, casas da Cohab em Brusque que, assim como as outras, receberam sistemas solares de aquecimento de água.
demanda no horário de ponta, além de contri-
buir com o Programa de Eficiência Energética
da ANEEL, proporcionou economia na fatura de
energia dos clientes. De certa forma, é um re-
curso financeiro economizado que o cliente
pode aplicar para melhoria da sua qualidade de
vida”, ressalta o gerente do projeto, Thiago Je-
remias, da Celesc.
Metodologia e logística
Para atingir a viabilidade econômica do pro-
jeto (RCB), foram adotadas estratégias diferen-
ciadas. No caso dos refrigeradores, moradores e
voluntários organizaram-se em mutirões para a
entrega dos equipamentos, dispensando, assim,
o custo de entrega e recolhimento. As prefeitu-
ras também disponibilizaram mão de obra e veí-
culos para auxiliar nessa etapa. Outro ponto po-
sitivo foi o convênio celebrado entre a Celesc e a
Prefeitura de Blumenau, possibilitando ao exe-
cutivo municipal assumir os trâmites licitatórios,
o que permitiu maior agilidade nos processos.
Por meio desse convênio, foram adquiridos 450
refrigeradores em caráter de urgência e entre-
gues diretamente nos abrigos.
Em relação aos sistemas de aquecimento
solar, foram priorizadas as famílias com três
ou mais membros, de forma a maximizar a
economia de energia. Os levantamentos dos
possíveis beneficiados foram feitos com o au-
xílio das Secretarias de Assistência Social e da
Defesa Civil dos municípios.
Para mensurar os resultados de economia
de energia e de redução de demanda na ponta
para os refrigeradores, foram utilizadas as op-
ções A e D do Protocolo Internacional de Medi-
ção e Verificação de Performance – PIMVP. As
medições em 50 residências foram distribuídas
ao longo do ano, em condições climáticas dife-
rentes (verão e inverno), feitas no dia anterior e
no dia seguinte à ação de eficiên-
cia energética. Com a medição,
chegou-se a um modelo de consu-
mo dos refrigeradores em função
da temperatura externa. Como al-
gumas famílias perderam suas ca-
sas e, consequentemente, seus
eletrodomésticos, a opção D foi
aplicada para estimar o consumo
de equipamentos antigos que dei-
xaram de entrar no sistema elétri-
co. Con siderou-se como consumo a média dos
equipamentos existentes.
Verificou-se, também, uma economia de
energia adicional relacionada a efeitos interati-
vos na ordem de 6%, como a redução de perdas
elétricas e a reciclagem dos materiais descarta-
dos nos refri geradores. Para isso, utilizou-se te-
oria semelhante àquelas utilizadas em projetos
de troca de material reciclado por bônus na fa-
tura. Estima-se que, para cada tonelada de me-
tal reciclado, são economizados 5,3MWh; a
mesma quantidade de vidro economiza
0,64MWh; enquanto que a reciclagem de pa-
pel e plástico proporcionam, respectivamente,
3,5MWh e 5,06MWh. O descarte dos refrigera-
dores resultou na reciclagem de 81 toneladas
de metal, de 10,7 toneladas de plástico e à eco-
nomia 483,8MWh. Se esse montante for distri-
buído ao longo da vida útil do projeto, a econo-
mia média será de 32,25MWh/ano.
P E E 4 | C A L A M I D A D E
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 19
“Energia do Bem”
� No total, 3.000 refrigeradores foram substituídos por novos, mais eficientes. Os antigos foram corretamente descar-tados e reciclados. Moradores e voluntários auxiliaram no transporte dos equipamentos.
Consumidores inscritos na Tarifa
Social de Energia Elétrica (TSEE)
da Celesc participaram do Diag-
nóstico Energético promovido pela
Empresa no Projeto de Eficiência
Energética “Energia do Bem”. No to-
tal, 35.000 unidades consumidoras,
de 43 cidades, foram vistoriadas por
técnicos para avaliação do refrigerador
existente, da viabilidade de instalação
do sistema de aquecimento solar de
água e para o cadastramento da quanti-
dade de lâmpadas ineficientes.
A partir de então, estabeleceu-se a abran-
gência do projeto: substituição de 18.000 refri-
geradores, instalação de 5.000 sistemas de
aquecimento solar de água e a troca de
150.000 lâmpadas incandescentes por fluores-
centes compactas. Ao todo, foram investidos
cerca de R$50 milhões no projeto, que excluiu
apenas aqueles consumidores que já haviam
sido beneficiados por outros projetos seme-
lhantes. “Estima-se uma economia de energia
de aproximadamente 21.000MWh/ano, o que
equivale ao consumo anual de 8.500 residên-
cias”, afirma o gerente do projeto, Marcio dos
Santos Lautert. Segundo Marcio, os consumi-
dores que receberem refrigerador, aquecimen-
to solar e lâmpadas terão uma redução de até
70% no valor da conta de energia.
O projeto “Energia do Bem” era iniciado
com palestras para a comunidade sobre
economia e segurança, além de reforçar a
importância de se ter uma ligação de ener-
gia regular e de estar adimplente com a Ce-
lesc. Passava-se, então, à etapa de Diagnós-
tico Energético para avaliação dos equipa-
mentos e lâmpadas existentes nas residên-
cias dos consumidores participantes da Tari-
fa Social de Energia Elétrica, pessoas cadas-
tradas na Celesc e beneficiárias de algum
programa social do governo, como Bolsa Fa-
mília, por exemplo. Todos os refrigeradores
e lâmpadas recolhidas foram encaminhados
para a reciclagem.
� Consumidores satisfeitos com o Energia do Bem manifestaram seu contenta-mento à Celesc. Alguns, por meio de cartas.
EMPRESA EXECUTORA
APS Engenhar ia , Cete l , Quantum Engenhar ia , Gaz in
GERENTES DO PROJETO
Th iago Jeremias e Marc io dos Santos Lauter t
20 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
A AGÊNCIA NACIONAL de Energia Elétrica
(ANEEL) criou, em 2008, os Procedimentos de
Distribuição de Energia Elétrica no Sistema
Elétrico Nacional (PRODIST), que normatizam
e padronizam as atividades técnicas relacio-
nadas ao funcionamento e desempenho dos
sistemas de distribuição de energia no Brasil.
O PRODIST exige, das empresas de distribui-
ção, padrões de qualidade para a energia en-
tregue ao consumidor.
Para conservar esses padrões, as distribui-
doras precisam manter a contínua monitoração
dos níveis de tensão e corrente em suas redes,
não só na entrada de energia do consumidor,
mas também em vários pontos do sistema elétri-
co, da geração às subestações e às linhas de
transmissão de média tensão. Para isso, atual-
mente são empregados equipamentos de medi-
ção ligados diretamente à linha viva, o que, além
de representar alto risco de operação decorrente
de potenciais falhas de isolação, não atendem
plenamente as exigências do PRODIST.
Foram esses fatores que inspiraram a Re-
ason, empresa de tecnologia com base em
Florianópolis, a apresentar ao P&D da Celesc
Distribuição o projeto de um Sistema Óptico
de Medição de Qualidade de Energia Elétrica
para Média Tensão (SOMQEE-MT), com tec-
nologia totalmente nacional. O desenvolvi-
mento do projeto aconteceu entre fevereiro
de 2013 e fevereiro de 2015.
Inicialmente, os pesquisadores do proje-
to estudaram outros equipamentos de moni-
toração existentes no mercado. A pesquisa
de patentes identificou dois sistemas es-
trangeiros. O holandês OptiSense, que saiu
do mercado em 2014, deixou como única
opção o inglês PowerSense. Uma análise
mais profunda demonstrou que, por esse
último, apenas a corrente é medida optica-
mente, enquanto a tensão é monitorada por
meio de divisor resistivo, a mesma tecnolo-
gia utilizada pelos sistemas convencionais.
O protótipo do SOMQEE-MT desenvolvi-
do pelo projeto, portátil e de fácil instalação,
é composto por três Transdutores Ópticos de
Corrente e Tensão (TOCT) conectados direta-
mente às três fases da linha viva de Média
Tensão, sem que essa seja desligada. O fun-
cionamento do TOCT é baseado no efeito
Faraday, que consiste na interferência de um
campo eletromagnético sobre as ondas de
luz. Essa interferência pode ser medida e va-
ria de acordo com os valores de corrente en-
volvidos. Exposto ao sistema elétrico, um
sensor óptico do TOCT mede a corrente elé-
trica no ponto amostrado, enquanto os sinais
de tensão e temperatura são coletados por
uma placa eletrônica. Esses dados são, en-
tão, enviados através de fibras ópticas ao
Módulo de Processamento e Controle (MPC),
acoplado ao poste e composto por placas
eletrônicas e sistemas ópticos de medição
controlados por um computador dedicado,
com software de aquisição de dados.
O MPC, então, por meio de um modem
celular, comunica-se com a central remota
de análise por internet transmitindo os da-
dos de Qualidade de Energia Elétrica e a po-
sição geográfica do procedimento. Esta é
obtida graças a um GPS que também faz
parte do sistema.
Na Central de Análise, um conjunto de
software entra em operação:
» SOMQEE_config – responsável pela configuração do MPC.
» SOMQEE_monit – monitora as formas de onda medidas.
A concepção do SOMQEE-MT, que permite a monitoração do sistema de distribuição de energia diretamente em linha viva e com total segurança, garante mais qualidade ao produto entregue ao consumidor.
P & D 1 | Q U A L I D A D E
Rede monitorada com segurança e precisão
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 21
» SOMQEE_calib – permite ajustes no procedimento.
» SOMQEE_conect – realiza o processo de comunicação remota.
» Análise e Power-QEE – Analisa grafica-mente os dados recebidos.
O protótipo desenvolvido foi submetido a
testes de alta tensão em laboratórios da Ce-
lesc. Em campo, sob condições reais de uso,
o SOMQEE-MT foi instalado em uma linha de
13,8 mil volts.
Nos ensaios com o sistema de medição de
potencial, foram adotadas duas faixas de me-
dição (B e C). Para o sistema B, de 0 a 5kV, o
padrão apresentava uma boa classe de exati-
dão, porém, com faixa de medição reduzida,
ao passo que para o sistema C, de 0 a 13,8kV,
o padrão apresentava uma maior faixa de me-
dição, enquanto a classe de exatidão era infe-
rior. Os resultados iniciais desses ensaios es-
tão na tabela abaixo.
O SOMQEE foi aprovado nos ensaios
dielétricos de tensão aplicada à frequência
industrial, até 70kV, realizados nas dependên-
cias da Celesc.
A patente do SOMQEE-MT foi requerida
junto ao INPI. O equipamento significa não só
a independência da Celesc – e do Brasil – de
TOCTs
MPC GPS
Cabos de fibra óptica
Rede
Internet (modem celular)
CENTRAL DE ANÁLISE
Manutenção e testes
laboratoriais
� O funcionamento do SOMQEE-MT: Transdutores Ópticos de Corrente e Tensão (TOCTs) conectados à linha viva ligam-se ao Módulo de Processamento e Controle (MPC) via cabos de fibra óptica. Os dados, incluindo a posição geográfica, são enviados por internet à Central de Análise na sede da Celesc. Testes e manutenção podem ser feitos com a utilização de um cabo de rede.
SOMQEE SistemaErro de relação
(%)Erro de fase
(graus)Faixa de medição
Temperatura (ºC)
Sistema de medição de corrente A ±0.6 0,3 100 a 4.000 A 20 a 25
Sistema de medição de potencialB ±0.6 0,7 0 a 5 kV 20 a 25
C ±1,0 0,4 13,8 kV 20 a 25
� Ensaios laboratoriais com o SOMQEE resultaram em números bastante satisfatórios
tecnologias estrangeiras de medição e moni-
toramento de energia elétrica, mas também
um produto nacional que pode ser comerciali-
zado nos mercados interno e externo.
”Com a saída da OptiSense do mercado
in ternacional, o SOMQEE-MT é, hoje, o único
equipamento com sensores ligados direta-
mente na média tensão, que possui uma com-
pleta isolação óptica na medição de tensão e
corrente”, garante Rafael Zimmermann Hom-
ma, gerente do projeto. Existe, inclusive, a
possibilidade de transformar o SOMQEE-MT
em um produto para ser comercializado no
Brasil e no exterior.
EMPRESAS EXECUTORA
Reason Tecnologia
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Po l i ca rpo U l iana , Moac i r Wendhausen , Anton io C . Z immermann
EQUIPE DA CELESC
Rafae l Z . Homma, Ar i ldo J . Carva lho e Igor K . Kha i ra l la
E s t e p r o j e t o f o i a p r e s e n t a d o n o V I I I C o n g r e s s o d e I n o v a ç ã o T e c n o l ó g i c a e m E n e r g i a E l é t r i c a - C I T E N E L / S E E N E L / 2 0 1 5
PROJETO 5697-3312/2012
22 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
O LANÇAMENTO e a tração de condutores exige atenção a um conjunto de parâmetros no mo-mento da instalação, de forma a assegurar o adequado desempenho da rede de distribuição. Sem a correta observação dos parâmetros ope-racionais, os condutores das redes são submeti-dos a trações inadequadas, o que pode levar à alteração do prumo ou ao envergamento do poste, a curtos-circuitos por toque acidental en-tre fases, à descontinuidade de fornecimento e, o mais grave, ao rompimento dos condutores. Nesse caso, as ocorrências têm elevada pericu-losidade. Cabos rompidos podem provocar le-sões e até a morte de técnicos e transeuntes.
Embora existam métodos já padronizados de tração seguidos pelas distribuidoras, estes não têm sido suficientes, nem práticos ou nem sempre são observados. Esse cenário motivou a criação de um dinamômetro automático e por-tátil por meio do projeto de P&D “Desenvolvi-mento de Talha para Tracionamento de Condu-tores de Redes de Distribuição com Dinamôme-tro Inteligente Acoplado”, elaborado pela Bo-reste Sistemas e pela Celesc Distribuição. Sem similar no mercado nacional, o dinamômetro inteligente é destinado ao tra cio namento de condutores e inclui diversas funcionalidades, entre as quais a de selecionar a adequada tra-ção de montagem do condutor considerando a temperatura ambiente no ato da instalação, o vão regulador e o tipo do condutor aplicado.
Equipamento para o tracionamento de condutores de redes garante maior segurança a opera-dores e cidadãos
Os procedimentos adequados de tração envolvem a medição da temperatura ambiente (pe lo equipamento) no ato da instalação e o conhecimento do vão regulador, o qual é calcu-lado a partir do projeto da rede e do tipo e bito-la do condutor. Com base nesses parâmetros, é calculada a tração de montagem a ser aplica-da. Atualmente, para aplicar a tração de mon-tagem calculada, o eletricista deve dispor de um dinamômetro e de um termômetro, conhe-cer o tipo e bitola do condutor e saber interpre-tar a tabela de trações de montagem, além da talha para aplicar a tração selecionada. Com o dinamômetro inteligente, o processo de identi-ficação dos parâmetros a serem empregados é rápido e automático, o que amplia a produtivi-dade das equipes de eletricistas e fiscais.
Como o equipamento tem de ser utilizado in loco, os principais requisitos considerados no seu desenvolvimento foram portabilidade, ro-bustez e peso reduzido. Outras características
importantes são a presença de fonte de ali-mentação própria, com baterias recarregáveis de grande autonomia; sensor de temperatura ambiente; célula de carga dimensionada para tracionamento de até 2.000kgf; empacotamento com design apropriado e material adequado para absorver impactos e resistir a poeira e água.
“A equipe desse projeto inicialmente esta-va orientada ao desenvolvimento de uma talha com um conjunto de funcionalidades que atendesse aos objetivos desse projeto. Porém, avaliou-se que sua aplicação, dessa forma, se-ria comprometida pela necessidade de substi-tuição do parque de equipamentos existentes nas concessionárias e nas empresas prestado-ras de serviços de construção e manutenção de redes”, explica o gerente do projeto, Márcio Godoy, da Celesc. Assim, um dos principais di-recionamentos do projeto foi o desenvolvimen-to de um equipamento que pudesse ser utiliza-do por todas as equipes de instalação e de
Dinamômetro eficiente
� Dinamômetro inteligente para tracionamento de condutores de redes de distribuição aérea.
P & D 2 | T R A C I O N A M E N T O
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 23
montagem de redes de distribuição aérea em conjunto com os equipamentos já existentes (talhas diversas). “O processo de instalação de condutores em redes de distribuição aérea uti-lizando o dinamômetro inteligente segue basi-camente a mesma rotina do processo usual; porém, o equipamento incorpora melhorias que asseguram um novo padrão de qualidade e segurança”, complementa Márcio.
Como funcionaCom base nos dados do projeto, o fiscal
de obras insere, via teclado, os parâmetros no equipamento – como os comprimentos de cada um dos vãos do trecho da rede que está sendo instalada – e o dinamômetro inteligen-te calcula o vão regulador e o esforço adequa-do. Caso o projeto já disponibilize a informa-ção do vão médio, esta poderá ser inserida diretamente, sem a necessidade do valor indi-vidual de cada vão. Na sequência, o fiscal se-leciona o tipo de cabo e informa a fase que está sendo tracionada. Com base nessas in-formações e com a temperatura medida pelo próprio equipamento, o dinamômetro inteli-gente executa o algoritmo de cálculo da tra-ção de montagem, cujo resultado é apresen-tado no display e armazenado na memória do equipamento, juntamente com os demais da-dos de entrada e de temperatura.
O dinamômetro inteligente, então, é içado para o eletricista no alto do poste. Este deve, então, intercalar o equipamento entre o ponto de fixação no poste e a talha e iniciar o tracio-namento por meio desta. Quando a tração al-cança a faixa entre 80% a 95% do valor da tração de montagem, o dinamômetro inteli-gente emite sinais sonoros (bips) intermiten-tes. Quando a faixa de tração no condutor al-cança valores entre 95% a 105% da tração de montagem, o bip passa a ser contínuo, indi-cando a aproximação do valor desejado. Ain-da é previsto um sinal sonoro de alerta, caso se ultrapasse 105% da tração.
Nessa situação, a tração está finalizada e o condutor está em condições de ser ancora-do na estrutura de fixação, por meio de alça pré-formada ou grampo de ancoragem. O ele-tricista deve pressionar o botão “X” do dina-mômetro inteligente para gravar na memória do equipamento a tração final aplicada ao
máx 30º
máx 30º
� Posicionamento do Dinamômetro Inteligente entre a talha e o ponto fixação na estrutura.
� Início de lançamento de condutores em uma rede de distribuição de média tensão.
� Condutores lançados em uma rede de distribuição de média tensão.
condutor. “Todo o procedimento de traciona-mento até o alcance da tração final aplicada, bem como a gravação desses valores, deve ser realizado nos três condutores de forma si-multânea, conforme preceituam as normas de tracionamento de condutores em redes de distribuição aérea”, alerta Márcio.
EMPRESAS EXECUTORA
Boreste S istemas
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Adrian Fritz, Amilcar Borin Bodini, Daniel Kraemer Aliaga, Francisco José S. Pimentel, Isaias Masiero Filho, Luiz Alberto de Miranda, Luiz Fernando Schrickte, Lúcio Tadeu Prazeres, Patrícia M. Bonina Zimath
EQUIPE DA CELESC
Márc io Luc iano de Vargas Godoy, Jean Eduardo Constanz i , Fáb io Machado Bur igo
E s t e p r o j e t o f o i a p r e s e n t a d o n o V I I I C o n g r e s s o d e I n o v a ç ã o T e c n o l ó g i c a e m E n e r g i a E l é t r i c a - C I T E N E L / S E E N E L / 2 0 1 5
PROJETO 5697-6712/2012
Dinamômetro
Poste
24 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
SÃO VÁRIOS os fatores que provocam o aque-
cimento dos circuitos elétricos, constituídos
por cabos, conectores e isoladores, compro-
metendo o seu funcionamento. Em virtude de
problemas decorrentes de montagem, oxida-
ções e vibrações, tais elementos acabam so-
frendo aquecimento na união por efeito Jou-
le. Nesse sentido, o monitoramento das linhas
de transmissão e distribuição é constante,
para detectar os pontos de falha e evitar a in-
terrupção do fornecimento de energia elétri-
ca. Tradicionalmente, são uti lizadas câmeras
infravermelhas. No entanto, esse método tem
alto custo operacional e, em algumas condi-
ções, pode não operar com precisão. Dessa
forma, a adoção de cristais líquidos para a
identificação desses pontos quentes repre-
senta maior eficiência, tornando esses tipos de
defeitos visíveis a olho nu, considerando a va-
riação de cores que esses materiais apresen-
tam em determinadas faixas de temperatura.
A verificação e a testagem das vantagens
desse material como sensor de temperatura
motivou a realização do projeto “Desenvolvi-
mento de Sensores Térmicos Baseados em
Cristais Líquidos para a Monitoração de Pontos
Quentes em Equipamentos do Sistema de Dis-
tribuição”, executado pela Universidade do Ex-
tremo Sul Catarinense (UNESC) e pela Celesc
Distribuição. A utilização de cristais líquidos
como sensores térmicos já é uma realidade em
outros setores, como na indústria alimentícia,
para a identificação da temperatura de seus
produtos, e na área médica, para mapeamento
da distribuição de calor no corpo humano.
Quando condutores de eletricidade, co-
nectores e isoladores falham, o sistema de
proteção da rede elétrica retira essa rede de
operação, restringindo o fornecimento de
energia. A concessionária é, então, acionada,
procedendo à manutenção para reestabelecer
o sistema. Entretanto, nem sempre os pontos
específicos das falhas são facilmente identifi-
cados. Várias tecnologias de detecção têm
sido desenvolvidas e comercializadas nos últi-
mos anos, com base em diferentes mecanis-
mos de transmissão de sinal físico-químicos,
com colorimetria, metal-óxido, eletroquímica,
quimiluminescência e semicondutores. Po-
rém, estes se revelam limitados em sua apli-
cação devido à falta de sensibilidade, seletivi-
dade ou portabilidade. Neste sentido, a
aplicação de sensores de natureza orgânica
pode ser uma alternativa, já que estes apre-
sentam, normalmente, alta constante dielétri-
ca, além de outras propriedades, como a alte-
ração de cor quando submetidos à variação
de temperatura ou campo eletromagnético.
� Interrupções por grupo e ano na região de Concórdia.
Ocorrências em rede Qtd (%)
Ocorrências programadas 1 0,01
Programada – Supridora 4 0,05
Programada de Emergência (Manutenção)
10 0,14
Acidental – Supridora 2 0,02
Associada a problema de carregamento
262 3,67
Associada ao meio ambiente
3047 42,71
Associada à má conexão 110 1,54
Associada a defeito de componentes
3090 43,31
Associada a terceiros 491 6,88
Outras 116 1,62
Projeto comprova as vantagens da utilização de sensores de cristais líquidos como alternativa para o monitoramento de pontos quentes em circuitos elétricos.
Sensores facilitam a identificação de falhas
P & D 3 | M O N I T O R A M E N T O
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 25
Para a obtenção de compostos com pro-
priedades líquido-cristalinas, os quais serão
utilizados como sensores termocrômicos, as
equipes do projeto realizaram as sínteses
de três diferentes classes de cristais líqui-
dos: cristais líquidos convencionais, cristais
líquidos não convencionais e cristais líqui-
dos colestéricos. Esses compostos foram
sintetizados no Laboratório de Pesquisa em
Materiais (LAPEM), situado na UNESC, em
Criciúma. Após serem realizadas as sínte-
ses dos compostos das três séries deseja-
das, é feita a avaliação das suas proprieda-
des termotrópicas e eletro-ópticas, sem a
adição de resina e com a adição de resina
polimérica, a fim de obter uma forma de
aplicação desses compostos em superfícies
de conectores elétricos. Um método de ava-
liação da resina polimérica é na forma de
filmes, e, para a continuidade dos testes,
optou-se pela técnica de casting, pela qual
se obteve filmes mais resistentes e maleá-
veis. Iniciou-se, assim, a dopagem das resi-
nas poliméricas com os compostos sinteti-
zados, para avaliar suas propriedades como
sensores para identificação e pontos quen-
tes em conexões elétricas.
OR
RO
NN
RO
RO
OR
OR
OR
RO
� Imagem da resina polimérica utilizando a técnica de casting.
� Imagem da luminescência do composto em solução
Estrutura geral dos compostos da classe dos cristais líquidos
não convencionais.
ENTIDADE EXECUTORA
Univers idade do Extremo Sul Catar inense - Unesc
EQUIPE DA ENTIDADE EXECUTORA
Roselane Bussolo Cesconeto, Alexandre Golçalvez Dal-Bó, Georgina Gisel López Cisneros, Janir de Quadra Paim, Julio César Valdivia Martinez, Leonardo Wencke Oenning, Luana Francisco Vieira, Luciano da silva, Marcio Roberto da Rocha, Marcos Marques da Silva Paula , Tiago Elias Allievi
EQUIPE DA CELESC
G i l van Menosso , C r i s t iano D ick Smider le , José Afonso Romanc in i
Saiba mais sobre os cristais líquidos Os cristais líquidos são substâncias
orgânicas, um estado da matéria existente
entre a fase cristalina e líquida, caracteri-
zado pela perda parcial ou completa da
ordenação posicional em sólidos cristali-
nos, conservando a ordem orientacional
das moléculas constituintes. A ordem
orientacional garante ao cristal líquido es-
tabilidade mecânica semelhante aos sóli-
dos, ao mesmo tempo em que permite
característica de fluir como líquidos. Esses
materiais apresentam fases intermediá-
rias líquido-cristalinas, denominadas me-
sofases, e suas moléculas constituintes
são denominadas mesógenos.
Em um sólido cristalino, as unidades da
fase (íons, moléculas, por exemplo) estão
em um arranjo ordenado em três dimen-
sões, ou seja, possuem uma orientação e
uma posição dentro de uma célula unitária
de longo alcance. Em um líquido isotrópico,
as unidades perdem tal arranjo e se encon-
tram aleatoriamente dispersas no espaço,
com propriedades ópticas, elétricas e mag-
néticas, invariáveis. O grau de desordem
aumenta com o aumento da temperatura.
PROJETO 5697-8712/2012
26 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
Condições de contorno,
(Resíduo, Umidade, Pressão etc.)
Entradas
Processamento
(Moagem, Prensagem etc)
Saídas
% Matérias-primasPropriedades
(Resistência, Abs. etc.)
Condições de contorno
(Resíduo, Umidade, Pressão etc.)
A PRODUÇÃO de isoladores elétricos porcelâ-nicos no Brasil está baseada na tecnologia de extrusão. Desde a sua implantação no país, há cerca de 75 anos, esse método produtivo sofreu poucas melhorias e, por isso, está to-talmente dissociado das preocupações am-bientais da atualidade. A obtenção de produ-tos por extrusão consome grandes quan ti-dades de energia durante a secagem, produz volumes excessivos de perdas e emprega ma-térias-primas de jazidas distantes das fábri-cas, o que aumenta as emissões de gases poluentes devido ao transporte.
Há 30 anos, indústrias da Alemanha desen-volveram o processo de conformação do bloco do isolador via prensagem isostática em substi-tuição ao processo por extrusão. E essa iniciativa foi a principal motivação do projeto de P&D “Prensagem Isostática: Redução do Consumo Energético e do Impacto Ambiental na Produção de Isoladores Elétricos”, executado pela empre-sa T-cota Laboratório Cerâmico e pela Celesc Distribuição. “A conformação via prensagem isostática traz consigo significativas vantagens em relação à extrusão como, por exemplo, a re-dução do tempo de produção do isolador da or-dem de 60 a 75%, sobretudo pela redução do tempo de secagem do bloco verde e do produto usinado a verde, o que leva a outro benefício: a redução do consumo energético durante o pro-cesso de fabricação”, enfatiza o gerente do pro-jeto, Alessandro Dadam, da Celesc. Outros bene-fícios são a diminuição das perdas por geração de “retalho” (sobras da usinagem do bloco) e a evolução em propriedades mecânicas, na com-plexidade geométrica e nas dimensões dos isola-dores produzidos para redes de distribuição.
De maneira mais detalhada, podem-se destacar as seguintes vantagens da prensa-gem isostática em relação ao processo con-vencional via extrusão:
» Redução do tempo de produção do produto em até 75%
O processo de conformação aplicado tra-dicionalmente na produção de isoladores elétricos, denominado extrusão, pode ser definido tecnicamente pela indução da pas-sagem de um material plástico coesivo por meio de matriz rígida que determina as di-mensões geométricas da secção transversal constante do produto. A utilização desse processo na fabricação de isoladores elétri-cos de porcelana é viabilizada caso seja sa-tisfeita a condição de se processar um mate-rial plástico coesivo com teor de umidade da ordem de 20%. A condição de conformar blocos de tão alta umidade determina lenti-
dão e alto custo de secagem. Outra operação que demanda tempo é a usinagem, na qual geometria e dimensões do produto são defi-nidas. O processo isostático permite confor-mar isoladores elétricos de porcelana via prensagem de grânulos de umidade entre 2,0 e 5,0%. O tempo de secagem de blocos prensados isostaticamente é significativa-mente menor, porque implica menor quanti-dade de água para a moldagem. A adoção do novo processo pode reduzir o tempo de pro-dução de isoladores em 75% e o prazo de fabricação de cinco semanas para duas.
» Redução do consumo energético em 50%
Na extrusão, a secagem usualmente ne-cessita reduzir 21% da umidade do bloco. Por prensagem isostática, há necessidade de se-cagem de apenas 3% de água, já que o pó é conformado com teor de umidade de cerca de
Fabricação de isoladores elétricos com consumo energético e impacto ambiental reduzidos.
Equipamentos sustentáveis
P & D 4 | I S O L A D O R E S
� Variáveis de entrada e de saída e condições de contorno da metodologia experimental.
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 27
3%. Dessa forma, o consumo energético pas-sa de 1255,8kWh/t (extrusão convencional) para 602kWh/t (na prensagem isostática con-vencional). Além de reduzir em 50% o consu-mo energético, o processo de produção via prensagem isostática também diminuiu pela metade o volume de emissões de carbono por tonelada de porcelana produzida.
» Redução do impacto ambiental e de perdas de matéria-prima
Na conformação por extrusão, apenas 1/3 do bloco usinado resulta em produto, ou seja, 2/3 do bloco é “retalho” de usinagem. A cau-sa da geração de retalho baseia-se na diferen-ça entre a geometria primária de seção trans-versal constante do produto, condição impe-rativa no processo de extrusão, e a geometria final formada por série de “saias”, cuja função principal é aumentar o percurso da corrente elétrica no isolador.
No processo de conformação via prensa-gem isostática, a maior liberdade no controle da geometria da seção transversal do bloco aproxima-o da forma final do produto. A geo-metria do produto acabado é produzida pela usinagem do bloco, processo de conformação que gera retalho em forma de pó. Com o em-prego da prensagem isostática e redução de retalhos, todo pó produzido poderá ser rein-troduzido na massa, eliminando a necessida-de do despejo em aterros sanitários.
» Melhoria de propriedades mecânicas do isolador
A microestrutura do produto verde é forte-mente influenciada pelo mecanismo de con-formação, sendo a extrusão responsável por uma série de falhas. A massa cerâmica com-porta-se como fluido viscoso durante a extru-são, produzindo linhas de fluxo preferenciais de material devido à distribuição não unifor-me de carga. Essas linhas orientam partículas,
principalmente de argilas e caulins, que promovem gra-dientes de retração de seca-gem no bloco extrudado, e assim, produzem trincas transversais durante a seca-gem e queima do produto. O mecanismo de conformação por prensagem isostática ex-clui a possibilidade da produção de microes-trutura de partículas orientadas em virtude da aplicação da carga ser uniformemente distri-buída. Dessa forma, há a melhoria significati-va das propriedades mecânicas do isolador, com aumento da vida útil do produto.
No estudo da geométria, um protótipo do isolador foi simulado usando o método de ele-mentos finitos aplicado à formulação de cam-po elétrico em regime harmônico. Essa formu-lação permite modelar o material dielétrico do
isolador e o material condutor usado para representar o efei-to da poluição sobre as saias do isolador, o pino e a parte de
ferro do isolador e o anel anticorona.Os resultados das simulações mostram
que a poluição sobre as saias do isolador au-menta o módulo do campo elétrico próximo destas. Daí a necessidade do anel anticorona, que irá reduzir o campo elétrico.
Observa-se que a condutividade elétrica aumenta com o nível de poluição, sobretudo em regiões com alta salinidade, onde há cor-rentes superficiais no isolador e risco frequen-te de arco elétrico (flashover).
� Propriedades a seco da massa cerâmica desenvolvida.
Densidade aparente a seco [g/cm³] Resistencia mecânica a seco [kgf/cm²]
Extrusão 2,009 47,09Prensagem
Isostática 1,995 59,67
� Queima da massa cerâmica desenvolvida.
Temperatura (ºC)
1230 1240 1250 1260 1270 1280 1290
Retração linear (%)Extrusão - - 5,52 5,58 5,48 5,32 4,86Prensagem Isostática 6,73 6,97 7,17 7,07 6,95 - -
Absorção de água (%)Extrusão - - 0,87 0,47 0,20 0,13 0,09Prensagem Isostática 2,01 0,56 0,27 0,09 0,08 - -
Densidade aparente pós-queima (g/cm3)
Extrusão - - 2,362 2,367 2,361 2,332 2,298Prensagem Isostática 2,363 2,382 2,401 2,398 2,387 - -
� Deformação e resistência pós-queima.
Deformação piroplástica (mm) Resistência mecânica à flexão pós-queima (kgf/cm2)
Extrusão 6,83 472,173
Prensagem Isostática 4,90 528,147
� Prensa isostática utilizada no desenvol-vimento do projeto.
EMPRESA EXECUTORA
T-Cota Laboratór io Cerâmico
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Eduardo Roberto Batiston, Felipe Augusto Corbellini de Souza, Henrique Cislagui da Silva, Nilson Schwartz da Silva, Rui Acácio Lima Neto
EQUIPE DA CELESC
A lessandro Dadam , Marce lo H isao Oka , Matheus Soares Marco
PROJETO 5697-9512/2012
28 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
SOFTWARE E HARDWARE reunidos em um úni-
co equipamento: a Plataforma Eletrônica de
Medição e Comunicação (PMC). Esse é o resul-
tado do projeto de P&D “Sistema Integrado
Remoto Antifurto de Medição com Acesso à
Internet”, desenvolvido pela Fundação de
Apoio à Capacitação em Tecnologia da Infor-
mação (Facti) e pela Celesc Distribuição. O pro-
tótipo desenvolvido será instalado na unidade
consumidora, integrando um medidor eletrôni-
co inteligente (MEI), um controle inteligente
(CI) e modens do tipo PLC para comunicação de
dados via rede elétrica. Assim, realizará as fun-
cionalidades referentes ao conceito da Rede
Elétrica Inteligente (REI) e a disponibilidade de
ponto de acesso à internet ao consumidor final.
A concessionária, por meio do monitora-
mento remoto, poderá desenhar a curva de
carga do consumidor, retornando a ele as op-
ções de utilização de energia nos horários nos
quais o custo do quilowatt/hora é menor.
Além do acompanhamento em tempo real do
consumo, a empresa poderá avaliar o tráfego
de dados de medição com relação ao alcance
da transmissão, utilizando, como canal, a rede
elétrica. “Outros resultados obtidos remota-
mente são a detecção de fraudes, em casos
de violação de equipamento; o corte e o reli-
gamento, em caso de inadimplência; e a dis-
ponibilidade de acesso a serviços básicos de
internet de até 1MB/s, podendo ser utilizada
para a população de baixa renda, escolas pú-
blicas e empresas com baixo fluxo de dados”,
acrescenta o gerente do projeto, João Luiz
Langer, da Celesc.
Para o desenvolvimento do projeto, o ce-
nário escolhido foi desenhado após visita
técnica e conhecimento da infraestrutura de
comunicação existente na região de aplica-
ção, onde se utilizava um enlace ponto a
ponto de fibra óptica para comunicação in-
terna. A partir de então, foi proposta uma
infraestrutura de comunicação teórica que
pode ser explorada em pesquisas futuras
para garantir a comunicação entre a unida-
de consumidora e a concessionária, conten-
do um número mínimo de elementos: protó-
tipo, repetidores, concentradores, headend,
Medição e acesso remotoMedidor inteligente, integrado a tecnologias de comunicação via rede elétrica, permite o acesso remoto à unidade consumidora em rede de baixa tensão. O sistema possibilita à concessionária realizar medição, corte e religamento, detectar fraudes e, ainda, oferece ponto de internet ao consumidor.
� Protótipo final com detalhes do projeto da caixa que abriga a PMC.
P & D 5 | A C E S S O R E M O T O
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 29
backbone e outros, como condutores (cabos
ou fios) e conectores. O elemento de pesqui-
sa e desenvolvimento é o equipamento do
usuário final que será instalado na unidade
consumidora. A característica de inovação é
a integração física e lógica de três tecnolo-
gias em um único produto para o desenvol-
vimento de atividades referentes ao concei-
to de Smart Grid (Rede Elétrica Inteligente
– REI) e acesso à internet pelo usuário final.
O mote principal era a detecção
de fraudes, caracterizada pela viola-
ção física do medidor com fins de
adulteração para modificações de
configurações, alterações e mudan-
ças de dados ou características de
componentes. Foi proposta a utiliza-
ção de dispositivos passivos do tipo
chave de contato afixados em pon-
tos estratégicos no interior do gabi-
nete do Medidor Eletrônico Inteli-
gente (MEI). Assim, é possível moni-
torar a abertura da tampa por pes-
soas não autorizadas. Foi utilizada a
interrupção da porta do microcon-
trolador (Host-MEI) para fazer o mo-
nitoramento dessas chaves. Sempre
que houver o acionamento de qual-
quer uma das oito chaves, o fluxo de
execução do firmware será desviado
para a função de tratamento da roti-
na de interrupção da porta na qual
as chaves estão conectadas. Essa
rotina tem a função de comunicar,
instantaneamente, o evento ao mi-
crocontrolador que realiza as medi-
ções de energia elétrica. Sempre
que o MEI receber a informação do
microcontrolador, este deverá ter a capacidade
de capturar e registrar os dados referentes ao
horário e calendário em que o evento foi emiti-
do. Mensagens de alerta de tentativa de viola-
ção física do MEI são mostradas na interface
gráfica do usuário.
“Futuramente, com a abertura de novas
chamadas de P&D, os conhecimentos tecno-
lógicos adquiridos nesse projeto servirão de
base para desenvolvimento de medição de
geração distribuída; utilização para tarifa
branca, com tarifas diferenciadas para a po-
pulação em horários diferenciados; desenvol-
vimento de sistema para balanço energético
por setor utilizando concentradores locais
para detecção antirroubo de energia; e expan-
são para tecnologias de altas taxas de dados
que podem prover serviços para condomínios
verticais e horizontais e outros clientes”,
acrescenta João Luiz Langer.
� Resumo dos resultados do projeto proposto.
Tecnologia Principais Características
Metodologia do Projeto » Entendimento dos protocolos de medição e comunicação; » Simulação e testes dos circuitos analógicos;» Programação , simulação e testes dos microcontroladores e processadores;» Programação simulação e testes do host;» Especificação e aquisição de materiais e componentes;» Confecção das PCI (Placas de Circuitos Impressos);» Testes e Validação.
Medidor Eletrônico Inteligente - MEI
» Aplicação da metodologia de projeto;» Hardware : AFE, MCU e outros;» Firmware : O firmware é capaz de suportar as características a seguir: Medição
de grandezas elétricas, detecção de falhas (ausência da tensões de entradas (fase 1, 2 ou 3); queda de energia, violação física (tamper detection).
Modem Tecnologia NPLC - Narrowband PLC
» Aplicação da metodologia de projeto;» Hardware : AFE, MCU e outros;» Firmware (Maior abrangência de padrão (Prime e G3) e banda – CENELEC (A, B,
C, D), FCC e ARIB;» Parâmetro analisado será o máximo alcance sem repetidores.
Modem Tecnologia BPLC - Broadband PLC
» Aplicação da metodologia de projeto;» Hardware : AFE, MCU, Ethernet e outros;» Firmaware: Maior abrangência de PADRÃO (homeplug AV – Acima de
200Mbps), mas foi desenvolvido o projeto com as tecnologias: homeplug 1.0 (Até 14Mbps) e prototipagem com homeplug Green PHY (Até 9,8 Mbps);
» Parâmetro analisado foi maior alcance sem repetidores.
PMC Plataforma Eletrônica de Medição (MEI) e Comunicação (NPLC + BPLC)
» Aplicação da metodologia de projeto;» Hardware : Capacidade de gerenciar as três tecnologias e baixo custo;» Software: Capacidade de integrar as três tecnologias em desenvolvimento.
ENTIDADE EXECUTORA
Fundação de Apoio à Capaci tação em Tecnologia da Informação – Fact i
EQUIPE DA ENTIDADE EXECUTORA
Alexsander Deucher, Ângela A. dos Santos, Cristian Hamanaka, Claudionor Santos, José C. da Silva
EQUIPE DA CELESC
João Lu i z Langer , D ion i Pad i lha , Rogér io O . Ros inha , Wel l ington Melo
E s t e p r o j e t o f o i a p r e s e n t a d o n o V I I I C o n g r e s s o d e I n o v a ç ã o T e c n o l ó g i c a e m E n e r g i a E l é t r i c a - C I T E N E L / S E E N E L / 2 0 1 5
PROJETO 5697-2112/2012
30 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
� Bancada de testes que permitia o uso do Modelo Simplificado, no qual variáveis ambientais e elétricas controladas eram aplicadas aos materiais em teste.
� Os eletrodos, ou corpos de prova, feitos dos materiais selecionados, que foram avaliados pelo Modelo Simplificado.
� As ferragens acondionadas na câmara de névoa salina, o método tradicional de seleção dos materiais componentes das redes elétricas.
Melhoria da continuidade e maior durabilidadeRedes elétricas aéreas posicionadas em regiões litorâneas têm a durabilidade de suas ferragens comprometida pela oxidação. O Modelo Simplificado para a Seleção de Novos Materiais, além de testar a resistência destes às intempéries, usa características elétricas em suas avaliações.
CONSIDERANDO-SE reentrâncias e saliên-
cias, o litoral brasileiro alcança mais de 9 mil
quilômetros de extensão. Destes, 450 são
concessão da Celesc, que atende essas áre-
as com a mesma tecnologia utilizada em ou-
tras regiões e por outras concessionárias: re-
des aéreas com condutores nus e ferragens
em aço galvanizado (celas, cintas, mãos fran-
cesas, pinos de isoladores, parafusos etc.).
Esses materiais apresentam uma vida média
de quatro anos, muito aquém dos mais de 20
anos que podem atingir quando aplicados a
ambientes não corrosivos.
Essa baixa durabilidade litorânea tem co-
brado da concessionária elevados investimen-
tos em manutenção. Estima-se que, a cada 4
anos, a Celesc despenda nas zonas costeiras
algo em torno de R$5 milhões para manter
crescente a oferta de energia e satisfazer o pa-
drão de qualidade estabelecido pela ANEEL.
A baixa vida média dessas ferragens é conse-
quência da ação da maresia associada à corrente
de fuga proveniente da degradação dos isolado-
res. Esta age como forte acelerador do processo.
O cenário descrito motivou os pesquisa-
dores da Techsys Engenharia e Sistemas a de-
senvolverem um modelo simplificado que pu-
desse representar, em laboratório e de manei-
ra fidedigna, as condições a que são submeti-
das as ferragens utilizadas nas redes elétri-
cas. O desenvolvimento do processo deu-se
entre abril de 2013 e novembro de 2015. A
patente do resultado está em andamento.
P & D 6 | M AT E R I A I S I
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 31
A primeira parte dos trabalhos consistiu em
consultas à Celesc e à literatura especializada
na busca de informações a respeito do desem-
penho das ferragens padronizadas e já testa-
das pela concessionária, seu histórico de ocor-
rência, suas características físicas, mecânicas,
e sobre a proteção anticorrosiva aplicada ao
equipamento. Foram realizadas inspeções para
o levantamento das agressividades típicas, es-
pecialmente dos tipos de poluentes presentes
no ambiente e o nível da contaminação.
Em seguida, foram selecionados os novos
materiais com potencial de utilização. A esco-
lha baseou-se na experiência dos pesquisado-
res e no atual estado da arte, levando-se em
consideração os seguintes fatores:
» os tipos/intensidade das agressividades do ambiente próximo do mar (nevoa salina) e o campo elétrico;
» a teoria termodinâmica da corrosão de Marcel Pourbaix;
» características físico-químicas/mecânicas;
» viabilidade econômica.
Realizadas essas primeiras etapas, o grupo
de pesquisa passou ao desenvolvimento do
Modelo Físico Simplificado para simulação das
agressividades do meio sofridas pelas ferra-
gens, incluindo a ação do campo elétrico, igno-
rada pelo método tradicional de névoa salina.
Criou-se uma bancada com ambiente con-
trolado, à qual eram aplicados os corpos de
prova (eletrodos) dos materiais selecionados,
que também recebiam aplicação controlada de
tensão e corrente. Concomitantemente, com
objetivo de comparação, foram realizados tes-
tes utilizando a câmara tradicional de névoa sa-
lina, com ferragens de tamanho real produzidas
com os materiais selecionados pelos pesquisa-
dores – aço inox 304, alumínio anodizado e aço
corten – e com as produzidas em aço galvaniza-
do padrão do setor elétrico.
Alternativa mais rápida ao ensaio padrão
de névoa salina, o Modelo Simplificado com
Variáveis Controláveis permitiu a aplicação de
campo elétrico e corrente de fuga em graus
variáveis nos materiais utilizados para fins
elétricos e de desempenho mecânico e, como
resultado, pôde-se classificar esses materiais
em termos de hierarquia e durabilidade.
Os resultados de desempenho em campo
das ferragens fabricadas em aço galvanizado
com camada de zinco de 100µm (padrão atual)
1,03500
1,03000
1,02500
1,02000
1,01500
1,01000
1,00500
1,00000
0,99500
0,99000
0,98500
1,002
1
0,998
0,996
0,994
0,992
0,99
0,9881200 12010080601402020010008006004002000
HORAS HORAS
NÉVOA vs. MODELO ELETRODO DE TERRA
CORTENGALVAN
ANODIZADO
304
ELETRODO DE TERRA
PESO
UN
ITÁ
RIO
[Po]
PESO
UN
ITÁ
RIO
[Po]
ESTRUTURA [L]
1,03500
1,03000
1,02500
1,02000
1,01500
1,01000
1,00500
1,00000
0,99500
0,99000
0,98500
1,002
1
0,998
0,996
0,994
0,992
0,99
0,9881200 12010080601402020010008006004002000
HORAS HORAS
NÉVOA vs. MODELO ELETRODO DE TERRA
CORTENGALVAN
ANODIZADO
304
ELETRODO DE TERRA
PESO
UN
ITÁ
RIO
[Po]
PESO
UN
ITÁ
RIO
[Po]
ESTRUTURA [L]
� Detalhes da aceleração da corrosão em eletrodos de aço galvanizado obtida com o Modelo Físico Simplificado - Campo Fraco (eletrodo de terra) em comparação com ensaio de névoa salina (estrutura L), ilustrando o efeito da corrente de fuga na aceleração do processo de corrosão.
� Detalhes da aceleração da corrosão em eletrodos dos materiais selecionados em comparação ao aço galvanizado, utilizando-se o Modelo Físico Simplificado - Campo Forte, ilustrando o efeito da descarga corona na aceleração da corrosão e o comporta-mento relativo entre alguns dos materiais pré-selecionados.
foram comparados com os efeitos obtidos, com
o mesmo material, em ensaios nas modalida-
des de câmara salina e do Modelo Físico Sim-
plificado com campo fraco e com campo forte.
A conclusões obtidas foram as seguintes:
» as ferragens fabricadas em aço galvaniza-do não resistem à corrosão marinha no ambiente além de 4 anos (áreas críticas da Celesc);
» o aço galvanizado resiste no máximo a 1000h no ensaio de névoa salina em ambiente controlado;
» o aço galvanizado resiste no máximo a 790h no ensaio Modelo Físico Simplificado com campo elétrico fraco;
» o aço galvanizado resiste no máximo a 100h no ensaio Modelo Físico Simplificado com campo elétrico forte.
Dos materiais alternativos selecionados, o
aço inox 304 e o alumínio anodizado não apre-
sentaram sinais de degradação significativa
após submetidos a 300 horas de ensaio pelo Mo-
delo Físico Simplificado com campo elétrico forte
e resistiram de modo consistente a mais de 1000
horas em câmara de névoa salina tradicional, o
que permitiu concluir que estes podem resistir a
pelo menos 20 anos em campo.
EMPRESA EXECUTORA
Techsys Tecnologia e S istemas
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Lilian Lacerda de Almeida, Simone Cristina Nunes Araújo, Anna Busianov Zaharov, Douglas Aparecido Migliorini, Geraldo Roberto de Almeida, Walter Pinheiro, Luis Carlos Cassagrande, Julio Cesar Ramos Lopes
EQUIPE DA CELESC
Alessandro Pedro Dadam, Matheus Soares Marco, Sandro Ricardo Levandoski
PROJETO 5697-7712/2012
32 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
Mais qualidade, eficiência e segurançaUm sistema porcelânico substituirá o atual conjunto de cruzeta e isoladores em redes aéreas de distribuição de média tensão de cabo nu. Os protótipos desenvolvidos no projeto revelaram vantagens como alta isolação elétrica, facilidade de montagem e resistência a intempéries.
TODA A REDE de distribuição de energia elétri-
ca está sujeita a falhas, com consequente in-
terrupção no fornecimento às unidades consu-
midoras. A distribuidora atua na gestão das
causas das interrupções e, para cumprir a fun-
ção de manutenção das redes com eficiência,
precisa lançar mão de equipamentos confiá-
veis que permitam uma recomposição rápida
do sistema. Nesse sentido, a T-Cota Laboratório
Cerâmico desenvolveu, neste projeto de P&D
da Celesc, um sistema porcelânico para isola-
ção de redes de média tensão em substituição
às cruzetas, mão francesas, ferragens e isola-
dores elétricos. “O emprego de um sistema
porcelânico, obtido em três módulos que se
encaixam ou em uma única peça, substitui to-
dos esses componentes, apresenta superior
isolação, resistência a intempéries, segurança
e manutenção, além de ser esteticamente mais
agradável”, explica o coordenador do projeto,
Alessandro Dadam, da Celesc.
As redes de distribuição de energia elétrica
no Brasil são, predominantemente, aéreas e
construídas com condutores nus. As estruturas
são compostas por quatro elementos princi-
pais: de suporte (mecânicos), de fixação (para-
fusos, pré-formados), de isolação e de condu-
ção. Os sistemas isolantes têm parte funda-
mental nessas estruturas, devendo manter ní-
veis de isolamento adequados às solicitações
elétricas do sistema, evitando desligamentos e
faltas de energia indesejadas. No entanto, o
P & D 7 | M AT E R I A I S I I
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 33
sistema atual apresenta baixa resistência a
intempéries, dificuldade de instalação e
manutenção e até, em alguns casos, bai-
xos níveis de isolação elétrica.
No novo sistema desenvolvido pelo
projeto, a equipe considerou a criação de
uma cruzeta isoladora que cumprisse os re-
quisitos mecânicos, elétricos e dimensio-
nais especificados na norma Celesc
E-313.0002. A cruzeta isoladora proposta
foi produzida com porcelana elétrica quart-
zosa de alta resistência mecânica, com es-
malte tradicional, sendo um protótipo com-
posto por três partes, de fácil manuseio,
com peso compatível à movimentação por
um operador humano, e um segundo pro-
tótipo de corpo inteiro, ambos com o mes-
mo desempenho elétrico e mecânico.
A definição das dimensões e dos ma-
teriais que compõem a cruzeta isoladora
foi realizada por simulação mecânica da
montagem, utilizando-se o software Solid
Edge ST® e o solucionador (solver) NX Nas-
tran. Simulou-se a condição de uso, engastan-
do-se uma das extremidades e aplicando as
cargas de 5000N, 8000N e 10000N na extre-
midade oposta. “Os resultados das simula-
ções mecânicas revelaram que não seria pos-
sível produzir a cruzeta isoladora nas di men-
sões especificadas somente com porcelana
quartzosa, pois não há resistência à flexão su-
ficiente”, detalha Alessandro. A equipe par-
tiu, então, para a avaliação de um núcleo de
material mais resistente com uma “capa isola-
dora porcelânica”. As opções disponíveis se-
riam um núcleo metálico ou núcleo de perfil
pultrudado de fibra de vidro. O núcleo metáli-
co traria a vantagem de ser mais ba-
rato; porém, por ser condutor, pode-
ria prejudicar o isolamento. O nú-
cleo de fibra, por sua vez, apresenta
propriedades isoladoras; porém, seu
custo é mais elevado. Núcleos dos
dois materiais estão sob análise de
desempenho.
Para esse estudo, simularam-se
dois protótipos de isoladores, pro-
duzidos em porcelana quartzosa por
meio de conformação plástica via
extrusão: um com 1110mm de altu-
ra e outro com 1610mm de altura.
Em todos os casos analisados, não
houve valores de campo elétrico
� O sistema atual de isolação para redes de distribuição de média tensão, composto por cruzeta, mão francesa, demais ferragens e isolador elétrico apresenta baixa resistência a intempé-ries, dificuldade de instalação e manutenção, grande diversidade de componentes e, em alguns casos, baixos níveis de isolação elétrica.
� O novo sistema isolador, composto por módulos de porcelana, apresenta uma melhoria na confiabilidade, alta isolação elétrica, facilidade de montagem e alta resistência a intempéries.
maiores do que a rigidez dielétrica dos mate-
riais que compõem o isolador. Assim, os dois
protótipos atendem às características elétri-
cas do projeto, e estão de acordo
com a norma NBR 12459. No entan-
to, mecanicamente, os melhores re-
sultados foram obtidos com a combi-
nação de materiais como porcelana
e fibra de vidro.
Paralelamente, um protótipo ma-
ciço foi também estudado e desen-
volvido. No entanto, para a solicita-
ção mecânica proposta, foi utilizada
uma porcelana aluminosa de alta re-
sistência mecânica, já que este não
possui o reforço interno.
Duas amostras desse protótipo
maciço foram instalados em campo
para testes e encontram-se, até o
momento, com desempenho satisfa-
tório, sem nenhuma ocorrência.
� Especificações elétricas para isoladores.
Tensão Nominal (kV)Tensão suportável nominal de
impulso atmosférico a seco (kV)Tensão suportável disruptiva em
frequência industrial sob chuva (kV)Distância de escoamento (mm)
13,8 e 23,1 150 50 530
EMPRESA EXECUTORA
T-Cota Laboratór io Cerâmico
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Henrique C. da Silva, Felipe A. C. de Souza, Maurício V. F. da Luz
EQUIPE DA CELESC
Alessandro Pedro Dadam, Matheus Soares Marco, Marcelo Hisao Oka, Fernando H. Molina
Este projeto foi apresentado no VII Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica - CITENEL/SEENEL/2013 | Publicado na Revista ANEEL, edição nº 7, agosto 2015
PROJETO 5697-6308/2010
34 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
COM PLENO conhecimento do seu consumo
de energia elétrica, as pessoas tendem a to-
mar atitudes de uso racional da energia que
causam, em média, uma redução de 15% no
valor da sua fatura. Esse dado, resultado de
uma pesquisa realizada pela empresa Goo-
gle, no projeto piloto “Google PowerMeter”,
motivou o projeto de um equipamento que
pudesse fornecer essa informação ao consu-
midor, de forma fácil, imediata e gratuita.
Esse projeto de P&D da ANEEL resultou
no desenvolvimento de 20 equipamentos
eletrônicos, instalados e testados com êxito
em unidades consumidoras residenciais. As
“Tomadas Inteligentes” foram fixadas e
energizadas nos quadros de distribuição das
residências, e conectadas na rede wi-fi do
consumidor e transmitem os dados em tem-
po real a um servidor web. Assim, por meio
de um login e senha, o consumidor passava
a ter acesso instantâneo a todas as informa-
ções, no site do projeto, utilizando um com-
putador ou seu smartphone. De uma maneira
geral, os usuários se mostraram surpresos
Acompanhamento do consumo em tempo realEquipamento mede e regula o consumo de energia elétrica diretamente nas residências, com transmissão de dados feita pela internet. De forma instantânea, é possível controlar os gastos e verificar a qualidade da energia fornecida pela Celesc.
com o consumo registrado de determinados
eletrodomésticos, levando-os à substituição
por modelos mais eficientes. “Outros consu-
midores manifestaram desconhecer que de-
terminadas atividades do cotidiano domici-
liar eram responsáveis por tamanha parcela
de consumo e consequente impacto na con-
ta de energia elétrica, sendo que, a partir
desta identificação, iriam adotar posturas de
uso mais racional”, revela o Eng. Luiz Herma-
no Costa de Oliveira, da Celesc, gerente do
projeto realizado pela equipe da empresa
Quântico Consultoria.
O primeiro passo desse projeto foi a reali-
zação de uma extensa pesquisa bibliográfica,
abrangendo os tópicos relativos à utilização
� Visualização dos dados na interface web da Tomada Inteligente.
P & D 8 | C O N T R O L E
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 35
Tomada Inteligente Concessionária
» Previsão de faturamento e de consumo.
» Verificação, em tempo real, das interrupções e abrangência destas.
» Acesso aos níveis de tensão de fornecimento.
» Monitoramento dos indicadores individuais de continuidade de fornecimento (DIC, FIC e DMIC).
» Automação de cargas residenciais, possibilitando aplicações de gerenciamento de demanda.
» Medição e verificação de programas de Eficiência Energética.
» Tarifação horária diferenciada – Tarifa Branca.
A Tomada Inteligente Consumidor
» Consumidor instala o equipamento em seu quadro de distribuição.
» Equipamento acessa a rede wifi do consumidor e transmite os dados para um servidor web.
» O consumidor acessa o servidor web (pelo computador ou smartphone) e, com uma senha, verifica a medição e a qualidade da energia.
» Melhor controle do consumo e do valor da conta de energia.
de medidores inteli-
gentes. Na sequência,
os requisitos funcio-
nais foram especifica-
dos. Em seguida, de-
senvolveram-se os pro-
tótipos da tomada inte-
ligente e do ambiente web,
como também, a integração entre ambos. Por
fim, realizaram-se os testes funcionais em
bancada e em campo, com a instalação nas
unidades consumidoras. O projeto teve dura-
ção de 24 meses.
O equipamento desenvolvido permite a
instalação no quadro de distribuição, com en-
caixe nos trilhos destinados à fixação dos
disjuntores, ocupando o espaço de duas uni-
dades monofásicas. Há três sensores de ten-
são que foram dimensionados para operar em
redes com tensão fase-fase de até 380V, com
conexão feita diretamente nos bornes dos
disjuntores daqueles circuitos que serão mo-
nitorados, possibilitando a utilização em ins-
talações mono, bi ou trifásicas. Os sensores
de corrente permitem monitorar até quatro
circuitos monofásicos específicos. A tomada
inteligente tem baixíssimo consumo próprio,
alimentada diretamente pelos circuitos moni-
torados, e um LED indica seu estado funcio-
nal. A configuração da comunicação com a
rede wi-fi local é feita por meio de um aplica-
tivo de smartphone, disponível gratuitamente
para iOS e Android.
� O protótipo da Tomada Inteligente.
� Quadro de distribuição do usuário com o equipamento instalado
EMPRESA EXECUTORA
Quânt ico Engenhar ia
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Sérgio L. Zimath, Adrián Fritz, Francisco J. S. Pimentel, Lúcio T. Prazeres, Luiz A. de Miranda, Luiz F. Schrickte e Patrícia M. B. Zimath
EQUIPE DA CELESC
Luiz Hermano de Ol iveira, Odir lei Zacarias Moura, Eduardo Dias
P u b l i c a d o n a R e v i s t a A N E E L , e d i ç ã o n º 7 , a g o s t o 2 0 1 5
PROJETO 5697-0710/2011
36 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
O aerogerador instalado em um modelo reduzido de aviário.
O BRASIL é o terceiro maior produtor e o maior
exportador de carne de frango do mundo, utili-
zando aviários modernos para a criação de
frangos de corte. Esses aviários utilizam exaus-
tores de alta vazão com o objetivo de propor-
cionar um ambiente mais agradável às aves.
Um aviário típico possui entre 6 e 24 exausto-
res, sendo que cada exaustor movimenta cerca
de 35.000m³/h de ar com velocidade média de
7,0m/s na saída do equipamento. Os aviários
do Sul do país, em sua grande maioria, apre-
sentam pressão interna negativa e ventilação
do tipo túnel com nebulizadores, baseado na
sucção de ar em uma das extremidades do gal-
pão por exaustores de alta vazão, resultando
em algo similar a um túnel de vento.
Aproveitar o potencial da energia cinética
associada ao deslocamento de ar de cada
exaustor é o mote do projeto de P&D “Desen-
volvimento de Sistema Integrado de Geração
de Energia para Aumento da Eficiência Energé-
tica de Aviários”, elaborado pela A Vero Domi-
no Consultoria e Pesquisa e pela Celesc. A
equipe desenvolveu um estudo para a implan-
tação de aerogeradores de pequeno porte,
compatíveis com o diâmetro de saída dos
exaustores (1.270mm, em média) mais comer-
cializados no segmento avícola. Esse equipa-
mento é associado a controladores de carga,
bancos de baterias e inversores de frequência.
A sistemática é simples: o aerogerador fornece
Aerogeradores utilizam a ventilação artificial dos exaustores de alta vazão dos aviários para diminuir o consumo de energia elétrica de produtores de frango.
potência no nível de tensão de 380V ao contro-
lador de carga, que faz a retificação e o contro-
le da carga do banco de baterias. Quando a car-
ga for igual a 100%, o sistema entra em modo
de flutuação. Nesse momento, toda potência
gerada será direcionada ao sistema elétrico de
baixa tensão do aviário, reduzindo a potência
absorvida da rede de distribuição.
Dessa forma, o sistema proporciona con-
fiabilidade, segurança e redução do valor da
fatura de energia do avicultor, um dos itens
mais importantes na composição dos custos
de produção. “O sistema integrado também
poderá ser configurado como uma reserva de
energia para utilização em eventuais inter-
rupções no fornecimento, assegurando, as-
sim, a sobrevivência das aves por meio da
ventilação mínima e/ou acionamento de dis-
positivos de segurança, como, por exemplo, a
abertura das cortinas laterais do aviário”,
complementa o gerente do projeto, José
Afonso Romancini, da Celesc.
Produção de alimentos e geração de energia
P & D 9 | A E R O G E R A D O R E S
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 37
O projeto começou a ser executado em ju-
lho de 2012, com prazo de duração de 24 meses.
Para a realização dos estudos técnicos prelimi-
nares, a equipe analisou os modelos de turbinas
eólicas de pequeno porte disponíveis no merca-
do brasileiro. A opção recaiu sobre o modelo No-
tus 138 (Enersud), com diâmetro de varredura
das pás compatível com o da saída dos exausto-
res. A partir de então, definiu-se o layout do sis-
tema de geração em um modelo reduzido de
aviário. O objetivo desta etapa foi a visualização
do posicionamento das turbinas, controlador de
carga, inversor CC-CA e baterias. Cada turbina
proporciona geração independente, pois os sis-
temas de controle de ambiência dos aviários são
individuais. Para o dimensionamento do modelo
reduzido do aviário, foi considerada uma queda
de pressão de 12,5PA no interior do túnel, valor
condizente com o praticado em aviários tradicio-
nais. O comprimento estimado para o túnel foi
de 5 metros, levando-se em consideração o per-
curso necessário para gerar um fluxo de ar pró-
ximo ao ideal, ou seja, um fluxo laminar. De
acordo com o desenvolvimento teórico, os valo-
res ideais do modelo foram 2,15 metros de altu-
ra e 2,15 metros de largura, respeitando-se a fai-
xa de velocidade entre 2,01 e 2,54m/s para am-
bos motores de 1,0CV e 1,5CV de potência.
Para controlar a velocidade interna do des-
locamento de ar, um anemômetro foi instalado
no ponto central do túnel. A medição da pressão
interna é coletada por meio de um duto inserido
por um orifício na parede longitudinal, ponto
próximo à porta, dentro do túnel. Já a pressão
de referência, pressão atmosférica, será coleta-
da em um ponto qualquer fora do modelo redu-
zido do aviário. Um difusor, localizado a montan-
te da entrada de ar, é necessário para minimizar
a turbulência gerada na entrada do fluxo de ar.
De maneira aleatória, definiu-se sua instalação
em um ângulo de 45 graus. Muito utilizada em
aviários, a lona foi considerada o material ideal,
por ser flexível para o processo de abertura e
fechamento do túnel com o exaustor ligado e
por garantir vedação suficiente. Foi necessária,
ainda, a utilização de um duto direcionador para
permitir o máximo aproveitamento da energia
cinética, considerando a aplicação de exausto-
res sem cone. Concluiu-se que o diâmetro ideal
de varredura da turbina é o diâmetro de descar-
ga do exaustor, ou seja, 1.270mm.
Em relação às baterias, são adotados mo-
delos comerciais, como as utilizadas em carros
e tratores, de forma a facilitar a aquisição e
reposição a um custo baixo. O tempo máximo
de atuação do sistema de baterias foi estabe-
lecido em uma hora, acreditando-se ser sufi-
ciente para a assistência de medidas correti-
vas, como, por exemplo, o levantamento das
lonas do aviário. “Com o sistema proposto de
geração assíncrona, tanto o exaustor quanto o
aerogerador são acoplados diretamente à rede
elétrica”, acrescenta José Afonso. O trabalho
de pesquisa está sendo desenvolvido em aviá-
rios; porém, sua aplicabilidade é bem mais
abrangente. O setor de mineração, por exem-
plo, poderia ser beneficiado, considerando-se
a utilização do sistema de geração em exaus-
tores de grande porte (100 a 400CV), como os
utilizados nas minas subterrâneas de extração
de carvão na região Sul do Brasil.
Inversor CC/CAContr. de carga
Baterias
Cabo elétrico
Turbinas
� Layout de montagem do sistema eólico no aviário.
Carcaça do exaustor
Duto direcionador
AerogeradorExaustor
Corpo
Comporta
Porta para acesso interno
� Modelo reduzido do aviário. � Exaustor, duto e aerogerador.
EMPRESA EXECUTORA
A Vero Domino Engenhar ia
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Antônio Carniato, Arlan L. Bettiol, Gilberto D. Uggioni, Áureo D. Bettiol, Luis Fernando do N. Passos, Norbert Penner
EQUIPE DA CELESC
José Afonso Romancini , Alexandre C. Rodrigues e Wladimir A. da Si lva
Es te p ro je to fo i apresentado no V I I Congresso de Inovação Tecno lóg ica em Energ ia E lé t r i ca - C ITENEL/SEENEL/2013
PROJETO 5697-1410/2011
38 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
O COMPORTAMENTO da carga do sistema de
distribuição ao longo do tempo representa
uma das principais incertezas envolvidas na
distribuição de energia elétrica. Atualmente,
grande parte dos consumidores possui ape-
nas medição do montante de energia consu-
mida no mês. Porém, como a energia foi con-
sumida nesse intervalo de tempo? O real
carregamento da rede ao longo dos dias é a
grande dúvida. “O desconhecimento sobre o
comportamento temporal da carga do sistema
dificulta e torna menos eficiente o planeja-
mento de obras e as operações das redes”,
argumenta Rafael Zimmermann Homma, da
Celesc, gerente do projeto de P&D Smartma-
tor, executado em parceria com a Powersyslab
Engenharia e Sistemas.
Com base nessa grande questão envol-
vendo a falta de informação sobre o compor-
tamento da carga, a equipe do projeto desen-
volveu uma nova metodologia de estimação
de estados para redes de distribuição de mé-
dia tensão com base na teoria possibilística
fuzzy. Para tanto, são cruzados dados de tem-
po real e do sistema de medição remota com
informações estatísticas e históricas de con-
sumo. Destaca-se que, na teoria probabilísti-
Menos incertezas, maior eficiênciaProjeto possibilita a realização de simulações consistentes sobre o estado elétrico da rede de distribuição. Nova metodologia de estimação de resultados permite ações de planejamento e de operação mais eficientes e seguras.
ca, a incerteza é representada por meio de
uma distribuição de probabilidades construí-
da a partir da análise estatística de uma popu-
lação. Já na teoria possibilística, a incerteza é
modelada mediante uma distribuição de pos-
sibilidades, que permite a representação de
incertezas mesmo que as características esta-
tísticas das variáveis incertas do problema
sejam desconhecidas.
Os números fuzzy vêm sendo amplamente
utilizados para a representação de informa-
ções vagas ou imprecisas, tal como variáveis
linguísticas como alto, quente, rápido e forte,
por exemplo. Nesse trabalho, adotou-se o
conceito de números fuzzy triangulares para a
representação de incertezas associadas, prin-
cipalmente, as cargas não monitoradas do
sistema de distribuição. Um número fuzzy
� Módulo acoplado à plataforma PSL®DMS –
P & D 1 0 | P L A N E J A M E N T O
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 39
triangular A pode ser definido por três pontos
e uma função de pertinência na qual é o valor
esquerdo (ou mínimo), é o valor central e é o
valor direito (ou máximo).
Os testes indicaram que o tratamento por
estimação de estados fuzzy e a utilização dos
valores amostrados em religadores e medido-
res conseguem quantificar e reduzir significati-
vamente as incertezas sobre o estado elétrico
do sistema. Na rede de testes e validação, o
maior erro absoluto ficou em torno de 0,54%
com o Smartmator, contra 5% obtido com a me-
todologia tradicional de estimação de estados.
A partir de simulações consistentes e precisas,
a distribuidora pode avaliar, de forma mais rea-
lista, casos de sub e de sobretensão, carrega-
mentos de trechos, gargalos que possam estar
ocorrendo na rede e perdas técnicas no siste-
ma. “Redes subdimensionadas podem sofrer
sobrecargas, violações de limites de tensão,
deterioração dos ativos da empresa e possíveis
desligamentos. Já redes superdimensionadas
representam a imobilização de importantes re-
cursos financeiros que poderiam estar sendo
investidos com maior efetividade”, alerta Rafa-
el. Além disso, a tendência crescente de cone-
xão de estações de micro e minigeração à rede
de distribuição aponta para um aumento ainda
maior de incertezas.
Os cenários
Na prática, a metodologia Smartmator pro-
põe que, além do valor típico obtido na amos-
tragem realizada a cada ciclo de revisão tarifá-
ria, a distribuidora também considere as
incertezas, possibilitando uma avaliação dos
potenciais intervalos de carga em cada horário.
Para isso, cada valor-horário é modelado como
um número triangular fuzzy, com o valor es-
querdo representando o menor va-
lor, o central representando o valor
mais possível e o direito represen-
tando o maior valor.
O Smartmator permite gerar
três possíveis cenários: o mais
provável, o pior e o melhor cená-
rio de carga do ponto de vista da
tensão na rede. Isso possibilita a
avaliação dos melhores níveis de
tensão e menores perdas do sis-
tema. Já para obter o cenário
com maior probabilidade, utiliza-
-se o valor central.
Como forma de tornar práticos
os resultados da pesquisa, o Smart-
Construção deTipologias Fuzzy
Modelagem deCarga Fuzzy
Modelagemda Rede
Campanhade Medição
Medidas AMR,Histórico de Consumo
Cadastro Técnicode Rede
CurvasTípicasFuzzy TDs
PseudomedidasFuzzy Modelo
Matemáticoda RedeMedidas de
Tempo Real
Estados e Medidas Fuzzyestimadas
Estimador de Estados Fuzzy
Arquitetura básica da metodologia desenvolvida, baseada na teoria
possibilística fuzzy. São cruzados dados de tem po real e do sistema de medição remota com informações estatísticas e
históricas de con sumo.
Benefícios do Smartmator para a Celesc:
» Avaliar ações necessárias para a manutenção de
tensões e carregamentos dentro dos limites esta-
belecidos pela ANEEL, evitando multas, desliga-
mentos indevidos e degradação dos indicadores
de qualidade.
» Planejar investimentos ou sua postergação, ba-
seando-se na diminuição das incertezas sobre
possíveis gargalos na rede.
» Maior segurança e agilidade na elaboração e va-
lidação de planos de manobras.
» Maior assertividade na parametrização e aloca-
ção de equipamentos de controle de tensão.
mator foi integrado e disponibilizado como um
módulo da ferramenta PSL DMS, amplamente
utilizada na Celesc nas funções de estudo elé-
trico de suas redes de distribuição. Assim,
qualquer rede que estiver sob a análise do PSL
DMS, poderá obter cenários consistentes com
base na medição eletrônica disponível em
disjuntores, religadores, reguladores de ten-
são e medidores do Grupo A.
EMPRESA EXECUTORA
Powersylab Engenharia e Sistemas
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Tiago T. dos Santos, Lucas L. dos Santos, Rafael K. Pavão, Flavio A. B. Lemos
EQUIPE DA CELESC
Rafael Z. Homma, Rodrigo C. de Andrade e Igor K. Khairalla
Es te p ro je to fo i apresentado no V I I I Congresso de Inovação Tecno lóg ica em Energ ia E lé t r i ca - C ITENEL/SEENEL/2015
PROJETO 5697-2610/2011
40 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
A INTERRUPÇÃO do fornecimento de energia
elétrica em algum ponto da rede somente é
identificada após um conjunto de consumido-
res informarem o problema à distribuidora. Só
então a empresa é capaz de deslocar uma
equipe para averiguar a ocorrência. Cada eta-
pa desse processo demanda tempo, gera
transtornos para a sociedade e prejudica os
indicadores de continuidade. Mudar esse
quadro foi o desafio estabelecido na pesquisa
PSL Celesc / Smart Fix.
A chave para a solução desse problema
começa no melhor aproveitamento dos siste-
mas de monitoração e controle já existentes
na empresa. Atualmente, o Centro de Opera-
ção conta com a telessupervisão e o telecon-
trole de alguns equipamentos na rede de dis-
tribuição. Da mesma forma, o setor comercial
possui a leitura remota de alguns consumido-
res de grande porte. “Esses sistemas fornecem
um grande volume de dados sobre a rede de
distribuição. Porém, eles não foram projetados
para prover uma informação clara e unificada
sobre o estado geral da rede elétrica”, explica
Rafael Zimmermann Homma, da Celesc Distri-
buição, gerente do projeto, desenvolvido em
parceria com a Powersyslab Engenharia e Sis-
temas. Identificada a falta de integração entre
Informações interligadas, agilidade na reenergização Ao cruzar dados, sistema identifica o local do defeito na rede e informa o seu nível de gravidade após a interrupção da energia. As informações permitem a redução do tempo de recomposição das faltas, elevando os índices de satisfação dos consumidores.
P & D 1 1 | R E L I G A M E N T O
as aplicações, foi iniciado o trabalho de levan-
tamento das informações que cada sistema
poderia fornecer para criar um ambiente de
operação em tempo real que incorporasse as
ideias que caracterizam um smart grid. Assim,
o projeto Smart Fix foi concebido para conver-
ter simples dados operacionais em informa-
ções úteis para a operação diária do sistema,
possibilitando a redução do tempo requerido
nas tarefas de identificação, localização, isola-
mento e recomposição de faltas.
Importante considerar que a grande maio-
ria das interrupções no fornecimento de ener-
gia é provocada por defeitos temporários na
rede e, nesses casos, o reestabelecimento cos-
tuma ser realizado pelo próprio equipamento
de proteção automatizado. Porém, tal procedi-
mento não garante que toda a rede à frente do
equipamento de proteção tenha sido reenergi-
zada com sucesso, podendo restar nichos de-
feituosos. A queima de um fusível, por exem-
plo, não é percebida pelo centro de controle.
Assim, após a criação da estrutura para organi-
zar e integrar as informações disponíveis na Ce-
lesc, a equipe preocupou-se em promover a de-
tecção e a identificação de defeitos de forma
automática. Com base nas informações envia-
das pelo equipamento de proteção, o Smart Fix
é capaz de detectar trechos que permanece-
ram desligados e, dessa forma, alertar o opera-
SCADA
COS – ABBCOD – Elipse
GIS
GeneSis
AMI
Way2V2COM
OMS
SIMO
Smart Fix
� Sistemas integrados ao Smart Fix.
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 41
dor. Ele realiza isso se baseando na diferença
de consumo mostrado pelo equipamento de
proteção e nos consumos estimados para cada
ramal a sua frente. Comparando os valores an-
teriores e posteriores ao evento, o Smart Fix in-
dica os trechos suspeitos de com base nas cha-
madas do call center e nas informações da Te-
lemedição em alguns clientes.
Toda a metodologia desenvolvida foi inte-
grada a um poderoso ambiente computacio-
nal que utiliza os recursos do Google Maps
para apresentar o estado atual da rede elétri-
ca. Com isso, o operador pode rapidamente
visualizar o impacto dos eventos, operar o sis-
tema e auxiliar as equipes de campo na pro-
cura por defeitos e reestabelecimento do sis-
tema de forma ágil e segura. Por meio da
análise preliminar dos resultados é possível
identificar o grande impacto que tal projeto
terá sobre os indicadores da empresa, uma
vez que poderá provocar uma redução signifi-
O sistema pode indicar Benefícios do Smart Fix » Tipo da falta (fase-terra, fase-fase, bifásica-terra, trifásica); » Redução no tempo de detecção de faltas;
» Indicação de falta temporária ou permanente; » Redução da dependência dos chamados do call center;
» Corrente de curto-circuito que provocou o desligamento; » Maior agilidade no deslocamento das viaturas;
» Número de unidades consumidoras desenergizadas; » Auxílio das equipes nas tarefas de inspeção e procura do defeito;
» Carga estimada desenergizada; » Redução do tempo total demandado para isolar o problema;
» Índice de criticidade da falta; » Agilidade no reestabelecimento da energia;
» Estampa de tempo de campo e estampa de tempo do momento da chegada da informação ao COD.
» Aumento da segurança operativa do sistema, evitando violações dos limites operacionais devido ao remanejo de carga;
» Melhoria dos índices de satisfação dos consumidores.
� Ao adotar recursos do Google Maps, o estado atual da rede elétrica é apresentado de forma geral, permitindo a fácil visualização dos eventos para operar o sistema, auxiliar as equipes de campo para o rápido reestabelecimento do sistema.
Informações interligadas, agilidade na reenergização
cativa nos indicadores DIC (Duração de Inter-
rupção Individual por Unidade Consumidora),
DMIC (Duração Máxima de Interrupção Con-
tínua por Unidade Consumidora) e DEC (Du-
ração Equivalente de Interrupção por Unida-
de Consumidora).
EMPRESA EXECUTORA
Powersy lab Engenhar ia e S istemas
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Tiago T. dos Santos, Lucas L. dos Santos, Rafael K. Pavão, Flavio Antônio B. Lemos
EQUIPE DA CELESC
Rafael Z. Homma, Rodrigo C. de Andrade e Igor K. Khairal la
Este projeto foi apresentado no VII Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica - CITENEL/SEENEL/2013 | Publicado na Revista ANEEL, edição nº 7, agosto 2015
PROJETO 5697-1010/2011
42 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
� O eletricista em treinamento e o ambiente virtual que ele experimenta.
AS ATIVIDADES de operação, manutenção e
construção são estratégicas para as concessio-
nárias de distribuição de energia na prevenção
de acidentes, pois são executadas por meio da
intervenção do eletricista na rede elétrica. Essas
atividades requerem das empresas um grande
esforço no aperfeiçoamento de métodos e pro-
cessos de execução, bem como no treinamento
de suas equipes técnicas de campo.
Os treinamentos atuais praticados pela
Celesc são realizados em condições reais, nas
quais as atividades dos eletricistas e suas in-
tervenções na rede são executadas com os
controles dos riscos inerentes à eletricidade.
Nesse formato, há sempre o risco de aciden-
tes, como fogo seguido de explosão em trans-
formadores, rompimento de chaves, quebra
de isoladores e até problemas com abelhas
nos postes. Além dessas questões de segu-
rança, essa forma de treinamento pode tam-
bém acarretar em prejuízo econômico, com
perda de equipamento e patrimônio.
Nesse contexto, foi desenvolvido o proje-
to de P&D “Sistema computacional com ele-
mentos reais e virtuais para treinamento em
segurança do trabalho nas atividades de
O&M (operação e manutenção), consideran-
do a pre venção e controle de riscos em redes
aéreas de Distribuição de Energia Elétrica”,
realizado em parceria pela Matrix Engenha-
ria em Energia e pela Celesc Distribuição. O
objetivo é a aplicação de técnicas extrema-
mente atualizadas para simulação dos siste-
mas de distribuição, que estabelecerão uma
imagem virtual da rede elétrica em três di-
mensões, ambiente virtual com campo de vi-
são de 360 graus.
Essas técnicas são associadas à realidade
virtual e permitem a imersão total do eletricis-
ta em treinamento, com a construção de simu-
ladores robustos e realistas que representarão
as atividades de operação e manutenção em
redes de distribuição e podem oferecer ao usu-
ário experiências de situações críticas modela-
das a partir de cenários possíveis na vida real.
“A concessionária pode recriar situações com
alto nível de imersão sem risco e com baixo
custo operacional. Além disso, garantem a fa-
miliaridade dos técnicos com a operação real,
introduzindo informações sobre riscos e simu-
lando as adversidades que podem acontecer
durante uma operação”, ressalta o gerente do
projeto, Edson Aquino dos Santos.
Sistema de realidade virtual ajuda a evitar acidentesProjeto desenvolve simulador que cria um cenário virtual da rede elétrica no qual eletricistas são expostos, com segurança, a variadas situações do dia a dia.
P & D 1 2 | S E G U R A N Ç A
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 43
Bastão de manobra
Câmera
Sensores
Óculos HMD
Os recursos tecnológicos aplicados permiti-
rão a aceleração do processo de capacitação
de pessoal, redução de custos, maior retenção
da memória operativa da empresa, redução de
riscos em treinamentos iniciais, assim como a
ampliação do envolvimento dos profissionais
nas situações críticas. Dessa forma, a conces-
sionária criará um ambiente sinérgico e coope-
rativo, que certamente resultará também numa
atuação mais integrada, rápida e eficiente.
Deve-se considerar, ainda, que a aplicação
das técnicas mais modernas de Inteligência Ar-
tificial e de Realidade Virtual na área de energia
elétrica ainda se encontra em fase inicial, quan-
do comparada com outras áreas do saber hu-
mano, como medicina, aeronáutica, automobi-
lismo e extração de petróleo. Assim sendo, o
projeto propõe um ambiente de simulação virtu-
al e de avaliação de missões críticas na área de
energia elétrica, que deverá servir de base para
o desenvolvimento de outras simulações nas
mais diversas áreas do setor elétrico.
O ambiente virtual a ser realizado será
composto por uma infraestrutura avançada,
com programas de simulação capazes de per-
mitir a representação fiel das ações a serem
executadas pelo treinando e a imersão total
do eletricista em situações praticamente re-
ais. Nessas simulações, um estímulo realista e
uma avaliação completa das ações advindas
dos operadores poderá ser realizada, exerci-
tando, assim, as várias possibilidades associa-
das às referidas situações críticas. O sistema
Sistema de realidade virtual ajuda a evitar acidentesserá implementado de tal forma a ser utilizado
eventualmente como sistema de apoio e su-
pervisão a ações críticas remotas. Essas ações
deverão ser consistentes com práticas e pro-
cedimentos adotados pela Celesc. Acrescen-
ta-se, também, que, em muitos casos, os ser-
viços de manutenção e construção são execu-
tados por empreiteiras. Dessa forma, o aper-
feiçoamento da prevenção, bem como o con-
trole e a percepção de riscos na execução des-
sas tarefas também devem envolver os eletri-
cistas dessas empresas terceirizadas.
EMPRESA EXECUTORA
Matr ix Engenhar ia em Energia
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Acacio Barreto Neto, Alexander Tenório, Amílcar Araújo Milasch, Carlos Roberto Benedik, Gil Fortes Vasconcelos, Hector Arango, Jussara Miranda Dias, Marco Antônio Azevedo, Júlio César da Costa, João Ricardo de Almeida Cabral, Sergio Lucio Salomon
EQUIPE DA CELESC
Edson Aquino dos Santos, Claudionor Vieira, Eduardo Soldatel l i
� O funcionamento do sistema virtual de treinamento e o equipamento envolvido.
PROJETO 5697-2510/2011
44 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
Diagnóstico rápido e seguroEquipamento de medição inédito permite analisar a integridade do circuito elétrico dos transformadores instalados nas redes de distribuição. Portátil e de baixo custo, o sistema agiliza a detecção de defeitos sem comprometer a segurança dos operadores.OS TRANSFORMADORES são elementos co-
muns nos cenários urbanos e rurais de Santa
Catarina, considerando a extensa rede aérea
de distribuição. Esses equipamentos estão
sujeitos às mais variáveis situações que po-
dem provocar seu desligamento por meio de
seus dispositivos de proteção – o que compro-
mete significativamente a qualidade do servi-
ço de fornecimento de energia elétrica. A ori-
gem dos defeitos pode ser externa ou interna
e, em muitos casos, a identificação da causa
exige uma série de procedimentos que impli-
ca na demora do reestabelecimento da ener-
gia. Quando não se consegue identificar a
origem, a tentativa de religar o circuito pode
provocar súbita corrente de curto-circuito,
com riscos para o operador e para a rede. Em
uma condição extrema, o transformador preci-
sa ser substituído, a fim de ser testado em
oficina especializada, aumentando ainda mais
o tempo para reenergização da rede.
Para mudar essa realidade, foi estabeleci-
do o projeto de P&D “Desenvolvimento de
Equipamento para Diagnóstico in loco de De-
feitos em Transformadores de Distribuição”,
executado pela Universidade Regional de Blu-
menau (FURB) em parceria com a Celesc. O
objetivo era construir e testar um equipamen-
to protótipo para trabalho em campo, portátil
e de baixo custo, que permita o diagnóstico
da integridade do sistema de isolamento de
transformadores instalados em postes das re-
des aéreas de distribuição de energia.
“O equipamento proposto é inédito, não
existe similar a ser utilizado pelas equipes de
manutenção corretiva da concessionária, du-
rante as operações de detecção de falhas aci-
dentais e religamentos da rede”, afirma Julia-
no Bachmann, gerente do projeto. Na época da
elaboração do projeto, foi efetuada ampla revi-
são bibliográfica e não foram encontradas, na
literatura técnica, informações que atestassem
a existência de equipamento igual ou equiva-
lente ao proposto. Os testes realizados, tanto
em laboratório quanto em campo, evidencia-
ram que o equipamento protótipo desenvolvido
consegue dia gnosticar, com precisão e rapidez,
o estado dos enrolamentos dos trans-
formadores de distribuição classe 15 e 25kV,
para as potências nominais de 30 a 112,5kVA.
Inicialmente foram pesquisadas informa-
ções relevantes como a de que as redes ope-
ram em níveis de tensão entre 13,8 e 23,1kV
(fase-fase) nos circuitos primários. De uma
forma geral, os circuitos (ramais) na baixa ten-
são são radiais. Essa última característica ga-
rante um circuito de baixa desenergizado, a
princípio, caso se abra completamente o cir-
cuito de alta do transformador. Em relação
aos transformadores, a maioria das unidades
é trifásica, com enrolamentos no primário (al-
ta-tensão – AT) em classes 15 e 25kV, em del-
ta. Na baixa-tensão (BT), a conexão é em es-
trela com o neutro aterrado, com tensões no-
minais de 380 (linha)/220 (fase-neutro) V. As
potências padronizadas são 30, 45, 75, 112,5
e 150kVA. As principais causas de defeitos, de
acordo com o escritório da Agência regional
Detalhe do painel de controle das informações obtidas com o equipamento
ligado ao transformador.
P & D 1 3 | T R A N F O R M A D O R E S
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 45
da Celesc em Blumenau, são abalroamento
de veículos, vegetação na rede, sobrecarga,
condutor desregulado, condições climáticas
adversas, defeito em consumidor e ações de
terceiros.
A principal informação obtida na etapa de
pesquisa foi a de que um transformador so-
mente é retirado do poste quando a equipe
técnica se depara com defeitos bem defini-
dos, com sérios danos às bobinas do transfor-
mador, levando-o a curto-circuito ou a circuito
aberto. Esse dado norteou a concepção do
princípio de funcionamento do equipamento
de detecção dos defeitos em transformadores
de distribuição a partir da medição do equilí-
brio das correntes e tensões de linha
entre a saída da fonte de energia do
equipamento e a AT do transfor-
mador sob teste.
Como funciona
A unidade de leitura e
controle de corrente/pro-
cessamento de dados é o
coração do equipamento e
funciona alimentada por
uma bateria. A unidade pro-
cessa os sinais de correntes de linha
eficazes medidos, que circulam entre as fa-
ses da fonte do equipamento (em estrela) e
os enrolamentos primários da AT do transfor-
mador (em delta). Para verificar se o dese-
quilíbrio entre essas correntes é aceitável e
efetuar o diagnóstico, o procedimento pro-
gramado no microcontrolador foi o seguinte:
a partir da medição das três correntes de li-
nha que alimentam a AT do transformador, é
efetuada a média aritmética entre elas, sen-
do estabelecida uma margem em porcenta-
� O Testa Trafo em ação e a maleta de polipropileno utilizada como gabinete da versão final do equipamento.
gem (para mais e para menos) a partir do
valor médio calculado.
É verificado, então, se os valores das cor-
rentes de linha ficam dentro da margem. Caso
todas as correntes sejam aprovadas, o display
do equipamento da o aviso de “OK” (sem de-
feito). Se pelo menos uma das correntes medi-
das ficar fora da margem, o display sinaliza o
status de “Defeito”. A unidade aplica corrente
no sistema somente se o botão “Testar” for
acionado, quando então mos tra no display o
termo “Testando”. Nesse caso, aciona o Osci-
lador Trifásico, alimenta o Amplificador Trifási-
co e recebe os dados de corrente para proces-
sar. Durante o teste, os valores eficazes das
correntes das fases do equipamento são mos-
trados no display. O equipamento é composto,
ainda, por um Oscilador Trifásico, um Amplifi-
cador Trifásico, um Transformador Trifásico
Elevador e por um Medidor de Corrente.
ENTIDADE EXECUTORA
Fundação Universidade de Blumenau – FURB
EQUIPE DA ENTIDADE EXECUTORA
Hugo A.D. Almaguer, Sérgio H.L. Cabral, Graziano E. Cardoso, César R. Câmara da Silva, Luiz T. de Moraes Jr., Thair I. A. Mustafa, Elisete T. Pereira, Luiz H. Meyer
EQUIPE DA CELESC
Juliano Bachmann, Fernando H. Molina e Marco A. Gianesini
Es te p ro je to fo i apresentado no V I I I Congresso de Inovação Tecno lóg ica em Energ ia E lé t r i ca - C ITENEL/SEENEL/2015
PROJETO 5697-0510/2011
46 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
� Identificação de fase realizada nas fases A, B e C, feita próxima à saída do alimentador da subestação Joinville IV.
A B C
A IDENTIFICAÇÃO correta de fases em opera-
ções de manutenção, ampliação ou melhorias
na infraestrutura da rede de distribuição é
crucial para o funcionamento adequado e
para a garantia de qualidade do sistema de
distribuição. No entanto, o método convencio-
nal adotado pelas concessionárias de energia
para fazer essa identificação é trabalhoso,
não evita os riscos associados a erro humano,
além de exigir uma quantidade de horas de
trabalho e de atenção superior em relação a
sistemas automatizados. A principal preocu-
pação da concessionária de distribuição é
com a segurança operacional de seu corpo
funcional, que atua na área de risco. A interli-
gação de redes que não estejam “faseadas” é
um dos graves acidentes possíveis de ocorrer
no sistema de distribuição, colocando em ris-
co a vida do operador, de terceiros e danifi-
cando – ou quando menos, reduzindo – a vida
útil de transformadores e de outros equipa-
mentos de subestações.
Eliminar a possibilidade de ocorrência des-
se tipo de acidente, a partir da identificação
precisa das fases dos condutores das redes de
distribuição por meio de um equipamento au-
tomatizado, proporciona um bene fício para a
concessionária que transcende aos benefícios
econômicos. Essa problemática motivou a reali-
zação do projeto de P&D “Desenvolvimento de
Identificador de Fases para Redes de Distribui-
ção de Média Tensão Utilizando Sincrofaso-
res”, executado pela Reason Tecnologia e pela
Celesc Distribuição. A importância da correta
identificação de fases foi evidenciada usando
por base o estudo de caso da ligação provisória
do Porto de Itapoá-SC, realizada em 2011 pela
Celesc. E o protótipo de um identificador auto-
mático de fases em substituição ao método
convencional foi finalizado, testado e disponibi-
lizado para uso pela Agência de Joinville.
A solução desenvolvida se baseia no concei-
to de medição fasorial sincronizada, definido pe-
las normas IEEE C37.118.1 e IEEE C37.118.2, uti-
lizando-se do sistema de GPS para a realização
de medições de tensão sincronizadas no tempo,
permitindo que pontos distantes da rede de dis-
tribuição possam ter o ângulo dos seus fasores
de tensão comparados. Uma vez feita a compa-
ração angular, um algoritmo estatístico é aplica-
do para definir a qual fase, do sistema de distri-
buição em questão, pertence o condutor sob tes-
te. Parte fundamental para a realização do proje-
to foi o desenvolvimento de um sensor capaciti-
vo que conseguisse, sem contato elétrico, medir
o campo elétrico emanado pelos cabos de distri-
buição e, consequentemente, saber o ângulo de
tensão medida em campo. Destaca-se, ainda, a
vantagem da utilização dessa tecnologia em di-
versas outras situações que podem tornar mais
rápida, sem perda de qualidade, a recomposição
de uma rede de distribuição em condições de
desastres, por exemplo.
Menos acidentes e mais agilidadeBaseado no conceito de medição fasorial sincronizada, solução desenvolvida pelo projeto de P&D utiliza o GPS para a realização de medições de tensão sincronizadas, permitindo que pontos distantes da rede possam ter o ângulo dos seus fasores de tensão comparados.
P & D 1 4 | F A S E A M E N T O
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 47
Passo a passoA ligação provisória do Porto de Itapoá foi
uma operação realizada com estudos e análi-
ses da rede e posterior montagem da infraes-
trutura para a conexão entre a subestação IPA
na cidade de Itapoá-SC e o Porto, sob o coman-
do da equipe da Agência Regional de Joinville.
Durante o período de estudo, foi aplicado o mé-
todo convencional para a identificação de fa-
ses, que consistiu em percorrer a rede de distri-
buição e observar as conexões, inversões e
transposições ao longo desta. O comprimento
da rede, calculado com o software AutoCAD
Map e a planta baixa georreferenciada, era de
13.254 metros, percorrida dentro do perímetro
urbano por dois engenheiros da concessionária
de energia, utilizando um automóvel da empre-
sa, em horário comercial. Segundo relatos da
equipe, o tempo gasto para a realização do pro-
cesso de identificação do faseamento demorou
em torno de nove horas, ou seja, 40 minutos
por quilômetro de rede, aproximadamente.
Um sistema automatizado para a identifi-
cação de faseamento pode ser entendido como
um conjunto de dispositivos capazes de, por
meio de determinadas tecnologias, inferir, sem
contato físico entre eles, a qual fase está asso-
ciada cada condutor sob teste. Para atender às
funcionalidades desejadas, o sistema foi dividi-
do em três unidades dispostas: Unidade de Re-
ferência, Sensor capacitivo sem contato e Uni-
dade de Processamento. A Unidade de Refe-
rência é responsável por adquirir o sinal de ten-
são advindo de um Transformador de Potencial
(TP), conectado a uma referência de fase co-
nhecida. O Sensor tem como funcionalidade
coletar e digitalizar, com segurança para o
usuário e de forma sincronizada, um sinal pro-
porcional à tensão do cabo cuja fase se quer
descobrir. Ele deve ser portátil para que seja le-
vado a campo até o local de teste do cabo, o
qual deve apoiar o sensor por meio da estrutura
mecânica adaptada. A Unidade de Processa-
mento é responsável por se comunicar com as
demais unidades, comparar as diferenças an-
gulares entre elas e, a partir disso, inferir a qual
fase pertence o condutor “x”. Ela é dividida em
módulos que desempenham funções específi-
cas na identificação de fase. Trata-se de uma
unidade também portátil, acomodada em uma
Aplicações adicionais » Instalações de novos equipamentos na rede de distribuição (chaves e transformadores, por exemplo);
» Instalação de equipamentos de telemedição;
» Criação de um mapa georreferenciado dos pontos de conexão da rede;
» Reconstrução rápida da rede após desastres;
» Identificação de ligações dúbias de fase;
» Diminuição da corrente de neutro nos alimentadores e seus compo-nentes devido ao melhor balanceamento das fases;
» Teste de existência de tensão em cabos rompidos;
» Uso das principais aplicações em sistemas isolados (plataformas de extração de petróleo ou gás, por exemplo).
Fasores comestampa de tempo
Sinalde
Tensão
Estampa de tempo
Estampa de tempo
Internet
Comunicação
Unidade dereferência (PMU) GPS GPS
Unidade deprocessamento
Display
Sensor
SE
UNIDADE DE CAMPO
� Diagrama geral do sistema de identificação de fases
caixa resistente a vibração, choque e gotas de
água, devendo ser carregada em conjunto com
o Sensor e os demais acessórios.
Ao ser acionado o botão de comando para
executar a identificação da fase na Unidade de
Processamento, a CPU solicita os sincrofasores
medidos na Unidade de Referência, por meio
da internet e, em paralelo, calcula e armazena
os fasores obtidos pela PMU de campo com o
sinal do sensor. A partir do momento em que os
dados são estatisticamente válidos, é feita a
comparação. O resultado é apresentado no ta-
blet, por meio do aplicativo desenvolvido espe-
cialmente, bem como a inferência da existência
de um transformador com ligação entre as uni-
dades, quando a diferença angular entre a fase
de referência e a do condutor for superior a 30°
e inferior a 60°. O sistema foi testado em cam-
po, a alguns metros da saída do alimentador,
comparando a conclusão da inspeção visual
com o resultado do equipamento. E foi asserti-
vo para as três fases, com uma defasagem an-
gular inferior a 5,5° para o pior erro de medição.
O tempo total para os três testes foi inferior a
30 minutos.
EMPRESA EXECUTORA
Reason Tecnologia
EQUIPE DA EMPRESA EXECUTORA
Jurandir P. de Oliveira, Marcelo N. Agostini, Adriano O. Pires
EQUIPE DA CELESC
Jean E. Costanzi , Eduardo C. de Souza e Márcio L. Vargas
Este projeto foi apresentado no VII I Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétr ica - CITENEL/SEENEL/2015
PROJETO 5697-2710/2011
48 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
O SAPIENS PARQUE, empreendimento tecnoló-
gico em construção em Florianópolis, foi o esco-
lhido como modelo no projeto de Pesquisa e De-
senvolvimento “Redes Distritais de Geração e
Distribuição de Energia Sustentável”, desenvol-
vido para a Celesc pela CERTI, Fundação Centros
de Referência em Tecnologias Inovadoras. O par-
que, idealizado pela CERTI, está sendo implanta-
do em uma área de 4,5km2 em Canasvieiras, na
região Norte da Ilha de Santa Catarina, e deverá
ser concluído em 2030, constituindo um conjun-
to de consumidores com diferentes perfis de de-
manda de energia, como instalações comerciais,
instituições de pesquisa, indústrias leves e em-
presas de alta tecnologia.
Nesse ambiente, o projeto considerou a
possibilidade de microgeração de energia local,
com base na Resolução 428/2012, da Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a qual es-
tabelece a possibilidade de os consumidores se
tornarem microprodutores de energia e, inclusi-
ve, fornecerem o excedente para a rede de dis-
tribuição de sua localidade. As fontes de gera-
ção precisam ser renováveis ou com elevada efi-
ciência energética, isto é, com base em energia
hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração
qualificada. O projeto, então, tratou de analisar
as soluções que permitiriam a conexão de uma
grande quantidade de microgeradores na rede
elétrica com segurança e confiabilidade, as tec-
nologias que gerariam benefícios para as em-
presas de energia e para a sociedade e o plane-
jamento da expansão da rede de distribuição,
levando em conta o número crescente da micro-
geração por fontes renováveis.
A equipe dedicou-se, primeiramente, ao
estudo aprofundado sobre as tecnologias de
microgeração e de redes eficientes que apre-
sentassem as maiores chances de se tornarem
viáveis no curto e no médio prazo. Na sequên-
cia, desenvolveu uma ferramenta computacio-
nal – um software que permite fazer o planeja-
mento e a avaliação de viabilidade de implan-
tação de microgeradores num determinado lo-
cal da rede elétrica. Com essa ferramenta, a
partir de alguns dados específicos de entrada,
é possível identificar as melhores opções de ge-
ração distribuída para a realidade local, calcu-
lar a capacidade ótima total de microgeração a
ser instalada e, também, dimensionar a partici-
pação de diferentes tipos de fontes de energia
que deverão compor essa capacidade total.
O terceiro passo foi o desenvolvimento da
“Rede Distrital”, baseada no conceito de micror-
redes, para promover a integração da microge-
ração local de modo a atender a demanda de
uma determinada região. Esse modelo inclui
projetos elétricos e de comunicação para inter-
conexão das diversas unidades de geração dis-
tribuída, a definição de modos de operação des-
sa rede e, também, as estratégias de gerencia-
mento energético de todo esse sistema. Caso
haja alguma falha na rede da distribuidora, o
Redes distritais para integrar microgeradoresCom base no conceito de microrredes, projeto desenvolve software e modelo de integração específico para interconexão de diversas unidades de geração em ambientes urbanos.
Tipo de Geração Capacidade Máxima Instalada [MW] Potencial de Geração em 2030 [MWh]
Eólica 7,85 5.768
Solar 88,05 122.829
Telhados e solo 80,59 112.435
Estacionamentos 5,82 8.114
Lagos 1,63 2.279
Resíduos 0,89 7.848
TOTAL 96,79 136.447
� A análise das melhores opções indicou a eólica e a solar como as soluções mais viáveis para microgeração no local (potência instalada menor ou igual a 100 quilowatts (kW))
P & D 1 5 | R E D E S G E R A D O R A S I
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 49
parque poderá se isolar da rede e os sistemas de
microgeração poderão manter o fornecimento
de energia para cargas críticas instaladas. Para
que todo o sistema funcione, um centro de ope-
ração local terá as funções de supervisão, con-
trole e gerenciamento energético e funcionará
também como integrador da rede distrital com o
sistema de distribuição. Importante destacar
que, no Brasil, não existe regulamentação que
permita a operação de microrredes em paralelo
com o sistema de distribuição ou em modo ilha-
do. “Os indícios de mudanças no quadro regula-
tório nacional, juntamente com dados de ten-
dências tecnológicas e de resultados de experi-
ências bem-sucedidas em países como Alema-
nha, Portugal, Estados Unidos e Japão, apon-
tam que, de fato, as microrredes deverão se tor-
nar uma realidade no Brasil também”, avalia Ri-
cardo Gonçalves Trentin, gerente do projeto.
As soluções apontadas pelo projeto podem
ser aplicadas para planejar redes distritais de mi-
crogeração em diferentes locais, como condomí-
nios residenciais, distritos comerciais, campi uni-
versitários e áreas de centros urbanos. A implan-
tação da metodologia inicia pelo levantamento
de informações sobre as condições climáticas e
recursos energéticos disponíveis para, então, ca-
racterizar e projetar os tipos e os valores de de-
manda local de energia elétrica e especificar as
melhores opções de tecnologias de microgera-
ção. Considerando as soluções tecnológicas
mais viáveis, os custos de implantação e opera-
ção dos sistemas e a receita que se pode obter
com a compensação de energia, é realizado o
cálculo da capacidade ótima de geração local.
No caso do Sapiens Parque, 30% da geração de-
verá ser proveniente de fontes locais de energia,
fotovoltaica e eólica, e 70% da Celesc. No par-
que, os microgeradores foram projetados para
serem instalados nas áreas de uso comum, com-
pensando a energia usada para iluminação da
área externa, o consumo de espaços comparti-
lhados e do centro administrativo. Modulares,
eles podem ser expandidos e ter o uso diversifi-
cado de acordo com o aumento da demanda.
A partir dos resultados obtidos, a Celesc
iniciou um segundo projeto: a implantação e o
gerenciamento energético de piloto de Usina
Distrital de 50kW no Sapiens Parque. Dessa
forma, será possível avaliar o conceito de rede
distrital de modo experimental. O conhecimen-
to adquirido poderá ser aplicado em outras áre-
as urbanas visando oferecer uma solução inte-
ligente e sustentável de geração e distribuição
de energia ao sistema elétrico.
Equipamentosinternos32,59%
Ar-Condicionado28,34%
22,8 GWh75,6GWh
25,1GWh
161,8GWh
14,2GWh50,5GWh
2,8GWh
Iluminaçãointerna21,15%
Iluminaçãoexterna7,88%
Ventilação6,62%
Refrigeração2,48%
EquipamentosExternos, Aquecimento,
bombas e outros0,94%
2015 2020 2030Celesc Fotovoltaico Eólico
Equipamentosinternos32,59%
Ar-Condicionado28,34%
22,8 GWh75,6GWh
25,1GWh
161,8GWh
14,2GWh50,5GWh
2,8GWh
Iluminaçãointerna21,15%
Iluminaçãoexterna7,88%
Ventilação6,62%
Refrigeração2,48%
EquipamentosExternos, Aquecimento,
bombas e outros0,94%
2015 2020 2030Celesc Fotovoltaico Eólico
� Participação de cada fonte de energia no Sapiens Parque � Participação dos tipos de carga no consumo
� Área do Sapiens Parque, que deverá estar completamente implantado em 2030. A ideia é estipular a demanda de energia necessária para o seu funcionamento quando pronto
ENTIDADE EXECUTORA
Fundação Cert i
EQUIPE DA ENTIDADE EXECUTORA
Cesare Q. Pica, Alexandre Marcondes, Mayara L. Tonielo
EQUIPE DA CELESC
Fel ipe C. Pereira, Ricardo G. Trentin e Rodrigo Winck
Este projeto foi apresentado no VII I Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétr ica - CITENEL/SEENEL/2015
PROJETO 5697-1508/2010
50 CELESC DISTRIBUIÇÃO S.A.
Microgeração integradaSistema pioneiro conecta diferentes fontes de energia renováveis em uma microrrede ativa com capacidade de geração de 18kW.
A DEMANDA por energia elétrica vem crescen-
do 3,2% ao ano no País. Para combater os im-
pactos advindos desse aumento, a ANEEL tem
promovido diversas ações, bem como para am-
pliar a inteligência do sistema nacional, confe-
rindo-o maior resiliência e robustez. Dentre
elas, destaque para a Resolução 482/2012, que
regulamenta a microgeração de energia em
território nacional, bem como prevê a presença
do fluxo bidirecional de energia elétrica entre
consumidor final e a distribuidora, o que afeta,
principalmente, pequenas unidades.
A partir dessa nova resolução, os consu-
midores do chamado Grupo B se tornaram ca-
pazes de instalar fontes de energia renovável,
como painéis fotovoltaicos e geradores eóli-
cos, para abastecimento próprio e, ainda,
para fornecerem energia elétrica à rede na
qual estão conectados. Em contrapartida, re-
cebem créditos junto à concessionária, con-
forme o sistema de compensação adotado
pela agência nacional. A implantação da mi-
crogeração é muito importante para a matriz
energética do país no longo prazo, já que am-
plia e diversifica a disponibilidade de geração.
No entanto, a falta de fiscalização dessas fon-
tes por parte de órgãos como o ONS e a inter-
mitência da geração renovável (eólica e foto-
voltaica, principalmente) tornam imprevisíveis
os possíveis impactos no balanço energético
para as concessionárias, responsáveis pela
manutenção de todo o sistema em sua área
de atuação, e na qualidade de energia forne-
cida a todos aqueles conectados.
Diante desse cenário, o conceito de micror-
rede é considerado uma solução promissora. Tra-
ta-se de uma réplica, em escala reduzida, de um
sistema de energia elétrica que compreende ge-
ração, demanda e gerenciamento energético em
um único local fechado ou com conexão com a
concessionária. Essa foi a motivação do projeto
de P&D “Usina Distrital de Geração Distribuída
de Energia Renovável”, desenvolvido pela Fun-
dação CERTI e pela Celesc. “O trabalho englobou
a concepção, implantação e validação de resul-
tados experimentais de uma microrrede ativa de
18kW de capacidade de geração, em sua maio-
ria renovável, que conta com um sistema com-
pleto de gerenciamento de energia capaz de re-
alizar diversas operações com foco em desenvol-
ver modelos técnicos e comerciais viáveis para
as distribuidoras. Trata-se de uma pequena uni-
dade de consumo inteligente que possui uma
matriz de geração e cargas próprias, interagindo
de forma ativa com a rede de distribuição, forne-
cendo energia e serviços”, detalha o gerente do
projeto, Felipe Cassias Pereira.
A topologia escolhida foi a radial por ser a
mais utilizada em estudos de caso e de mais fácil
construção. A topologia radial clássica de uma
microrrede compreende um ramal para geração
renovável, baterias e cargas, dois ramais para
cargas em corrente alternada, duas fontes em
corrente alternada (gerador diesel e uma micro-
turbina), um ponto de conexão com o sistema de
média tensão e um sistema de controle central
para gerenciamento da microrrede (Microgrid
Central Controller – MGCC). Essas pequenas
unidades, estando conectadas à rede de distri-
buição, são capazes de operar de diversas for-
mas, aproveitando melhor o que é produzido in-
ternamente por meio do controle do consumo.
Além disso, podem operar de maneira ilhada ou
conectada, o que aumenta a flexibilidade. Por
possuírem inteligência e capacidade de comuni-
cação embarcadas no sistema como um todo, di-
versas microrredes são capazes de atuar em con-
junto dentro de uma determinada área.
P & D 1 6 | R E D E S G E R A D O R A S I I
Equipamentos de controle e gerenciamento do sistema
EFICIÊNCIA & INOVAÇÃO | ABRIL/2016 - Nº 1 51
Para verificar a capacidade de geração da
usina e o seu desempenho para os modos ilha-
do e conectado, a equipe utilizou uma platafor-
ma de simulação própria, desenvolvida em
JAVA dentro do contexto do projeto. Foram mo-
delados painéis fotovoltaicos, geração eólica,
gerador a diesel e baterias. A conversão do
vento e da irradiação solar em potência foi ob-
tida mediantes dados dos fabricantes dos equi-
pamentos. Através dos modelos de simulação e
dos dados obtidos, a equipe atestou valores de
2,42kW de potência de pico e 590kWh/ano de
energia gerada pela fonte eólica. De forma
análoga, para a geração fotovoltaica, foram ob-
tidos 5,73kW de potência de pico e 7,8MWh de
energia gerada.
Obtidos os dados de geração, foram simu-
lados diversos cenários de operação em modo
conectado e modo ilhado. Para o modo conec-
tado, eventuais excessos de energia são injeta-
dos na rede elétrica enquanto a energia faltan-
te é importada desta, o que torna o uso de ba-
terias e de gerador dispensáveis. Levando-se
em conta um pico de 10kW de potência na cur-
va de demanda, em modo conectado, a simula-
ção apresentou valores de 7,77MWh de ener-
gia importada e 2,23MWh de energia exporta-
da, sendo que a exportação se deu, principal-
mente, nos finais de semana. Cenários de ope-
ração em modo ilhado também foram realiza-
dos. No período de uma semana de operação
em modo isolado para pico de 5kW de deman-
da, a ativação do gerador a diesel e o despacho
das baterias se faz necessário para prevenir a
queda de rede interna. Durante a semana,
quando a carga tende a ficar perto do valor de
pico, o gerador opera constantemente para su-
prir as necessidades da demanda. O mesmo é
válido para as baterias, que, nesse caso, ope-
ram entre 60% e 90% da capacidade para evi-
tar descargas muito profundas e para manter
capacidade de armazenamento onde houver
excesso de geração renovável.
A primeira simulação considerou a micror-
rede instalada no Sapiens Parque, com valores
de radiação e vento de Florianópolis, Santa Ca-
tarina. Considerando o custo inicial de
R$237.400,00, o sistema mostra-se inviável já
que o valor do VPL (Valor Presente Líquido) é
de R$272.172,00 negativo. Isso ocorre por di-
versos motivos: o gerador diesel (Generator 1)
não é utilizado em nenhum momento, pois não
foi considerada falha na rede de distribuição; e
o custo da energia proveniente do diesel é su-
perior ao custo oferecido pela concessionária.
Apesar de o sistema instalado no projeto de
P&D não ser economicamente viável, o modelo
de usina distrital já pode ser viável em algu-
mas localidades, dependendo de condições lo-
cais de clima, qualidade da rede elétrica, perfil
de consumo e dimensionamento dos tipos de
mini e microgeração. A partir da operação da
Usina Distrital, novos testes serão concebidos
e servirão de insumo para pautar novos aspec-
tos regulatórios que ajudarão o país a consoli-
dar as tecnologias de smart grid no âmbito na-
cional, levando em conta problemas comu-
mente enfrentados como a regulação do fator
de potência e a presença de distorção harmô-
nica. Adicionalmente, a usina distrital perma-
nece como laboratório para testes de microrre-
des a serviço das distribuidoras e está aberta a
visitações técnicas e atividades de capacita-
ção para profissionais do setor elétrico.
Potência Tipo da fonte
5,7kW Painéis Fotovoltaicos
2,4kW Geração eólica
5,5kW Gerador a Diesel
5,0kW Baterias (descarregamento)
� Potencial de fornecimento de potência por fonte
Carga CA Refrigeração
Painéis Fotovoltaicos
Aerogerador Skystream Marine
STP5000tl
QTA
Baterias Freedom DF4001
Carga CC 1
Carga CA Iluminação e Escritório
Carga CA 3
Carga CA 4
CargasGeração
Rede Externa
Cluster de Baterias
Multcluster Box 6
3 x Sunny island 6.0H
BatFuse B.03
220VMonofásico
380VTrifásico Controlador
Central (SCADABR)
Rede de Distribuição
Grupo Gerador a
Diesel
Rede CA
Rede CC
Comunicação
Arquitetura final do projeto
ENTIDADE EXECUTORA
Fundação Cert i
EQUIPE DA ENTIDADE EXECUTORA
Daniel G. Makohin, Marcos A. I. Martins, Kadu H. M. Lemos, Victor Maryama, Vitor S. Zeni, Mayara L. Tonielo, Marilia C. Freire, Cesare Q. Pica
EQUIPE DA CELESC
Fel ipe C. Pereira, Ricardo G. Trentin e Rodrigo Winck
Este projeto foi apresentado no VII I Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétr ica - CITENEL/SEENEL/2015
PROJETO 5697-4210/2011
Na data, o aniversário da distri-
buidora foi comemorado também
com o lançamento do livro Histórias
de Luz, escrito pelos empregados
aposentados Luiz Cézare Vieira e
Paulo Sá Brito. Na obra, estão reuni-
dos relatos sobre acontecimentos
históricos, desde a origem da insta-
lação da energia elétrica em Santa
Catarina até os dias atuais. “A ideia
foi dar voz aos precursores – empre-
endedores e trabalhadores – que es-
tiveram presentes no início da Ce-
lesc ou das empresas que foram in-
corporadas”, contam os autores.
A história da Celesc começou a
ser escrita com o Decreto Estadual
Nº 22, assinado pelo então governa-
dor Irineu Bornhausen, em 9 de de-
zembro de 1955. A Empresa surgiu
para integrar o abastecimento de
eletricidade em Santa Catarina, que
era feito, até então, por meio de sis-
temas isolados, oferecendo infraes-
trutura adequada aos novos investi-
mentos que surgiam.
Passadas seis décadas, a Celesc
detém um sistema elétrico robusto,
formado por 16 pontos de conexão
com o Sistema Interligado Nacional;
161 subestações e quase 165 mil km
de redes; mais de um 1,6 milhão de
postes e 167 mil transformadores. A
empresa distribui energia elétrica
para mais de três milhões de unida-
des consumidoras localizadas em
264 municípios catarinenses e no
município de Rio Negro, no Paraná.
“A história da Celesc pode ser
descrita como trajetória de muito tra-
balho e muitas conquistas. Por isso,
construiu uma imagem de reconheci-
da competência em sua área de atua-
ção, tornando-se uma das maiores
empresas do setor elétrico brasileiro,
com destaque em âmbito nacional e
latino-americano pela qualidade de
seus serviços”, resume o presidente
da Celesc, Cleverson Siewert.
C E L E S C 6 0 A N O S
Seis décadas de muita energia para os catarinensesNo dia 9 de dezembro de 2015, a Celesc celebrou 60 anos de fundação. A come-moração começou em 25 de novembro, com uma sessão especial da Assem-bleia Legislativa de Santa Catarina da qual participaram diretores, lideranças polí-ticas e empresariais, representantes de entidades de classe e empregados.