Enfermagem Atencao-SaudeAdulto 2013

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Manual de Enfermagem para Atenção a Saúde do Adulto

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  • PREFEITURA DO MUNICPO DE SO PAULO SECRETARIA MUNICIPAL DA SADE COORDENAO DA ATENO BSICA EDJANE MARIA TORREO BRITO

    _______________________________________ Secretaria Municipal da Sade Rua General Jardim n 36 Vila Buarque CEP 01223-906 PABX 3397.2000 So Paulo SP e-mail: [email protected]

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    MANUAL DE ENFERMAGEM SADE DO ADULTO SMS/SP-2ed.

    AGRADECIMENTO

    Os profissionais da enfermagem Ateno Bsica SMS - SP agradecem, aos profissionais abaixo relacionados, a dedicao na construo da 2.edio deste documento tcnico:

    Giselle Cacherik; Gloria Mityo Schulze; Ivonete Cssia Barbosa; Naira Regina dos Reis Fazenda; Patrcia Luna; Regina T. Capelari; Vera Helena Martinez Milanezzi

    ORGANIZAO

    Leni Aparecida Gomes Ucha Marisa Beraldo Patrcia Luna

    ELABORAO

    Ceclia Seiko Takano Kunitake Marcia Silva Santos Daniela Aparecida Elias Queiroz Maria Bernadete Sampaio Amaral Seixas

    Elisa Nbrega de Abreu Maria Cristina Honrio dos Santos

    Elisabete Nunes Pereira Maria Inez Bariani Silveira

    Fabiana Gomes Pereira Marisa Beraldo

    Heloisa Maria Chamma Leuzzi Lacava Marli Murakami

    Ieda Carla A. dos Santos de Souza Pastana Patrcia Luna

    Ivani dos Santos Rosa Maria Bruno Marcucci

    Leni Aparecida Gomes Uchoa Sandra Keiko Odashima

    Linda Ezawa Thais Tiemi Yamamoto

    COLABORADORES REVISO

    REA TEMTICA PARCEIROS ATENO BSICA / SMS-SP

    Anete Hannud Abdo Edmilson Pessoa de Barros Marcia Maria Gomes Massironi

    Equipe de Enfermeiros:

    . Associao Comunitria Monte Azul

    . Associao Congregao de Santa Catarina

    . Associao Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM)

    . Associao Sade da Famlia (ASF)

    . Casa de Sade Santa Marcelina

    . Centro de Estudos e Pesquisas Dr. Joo Amorim (CEJAM)

    . Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto

    . Congregao das Irms Hospitaleiras do Sagrado Corao de Jesus

    . Fundao Faculdade de Medicina da USP (FFM)

    . Instituto Adventista de Ensino (IAE)

    . Instituto de Responsabilidade Social Srio Libans

    . Irmandade da Santa Casa de Misericrdia

    . Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein . SAS Superintendncia Ateno Sade OSS Seconci

    Ana Maria Rabaal Urini Anna Barbara Kjekshus Rosas Dirce Cruz Marques Fatima Regis Guimares Michele Satime Nakajima Maria da Candelria Soares Patricia Lima Santos Regina Saldanha Gonalves Silvia Aparecida Zucca Sueli Ilkiu EQUIPE TCNICA DE ENFERMAGEM DAS SUPERVISES TCNICAS DE SADE SMS-SP

    CRS SUL CRS CENTRO OESTE CRS NORTE CRS SUDESTE

    Reviso Geral Necha Goldgrub

    FOTOS Heloisa Ma Chamma Leuzzi Lacava Maria Inez Bariani Silveira Marisa Beraldo Olga Aparecida Fortunato Caron Patrcia Luna Ieda Carla A dos S de Souza Pastana Thais Tiemi Yamamoto

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    Ficha Catalogrfica

    FICHA EDITORIAL Todos os direitos reservados. - permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e, que no seja para venda ou qualquer fim comercial. - As fotos obtm os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para este Manual, sendo, portanto, proibida a cpia, reproduo e divulgao das mesmas. Srie Enfermagem - Ateno Bsica SMS-SP Documentos Tcnicos.

    S241m So Paulo (Cidade). Secretaria da Sade. Manual tcnico: sade do adulto / Secretaria da Sade, Coordenao da Ateno Bsica/Estratgia Sade da Famlia. 2. ed. - So Paulo: SMS, 2012. 75 p. (Srie Enfermagem)

    1. Administrao da sade. 2. Ateno bsica. 3. Sade da famlia. 4. Sade do adulto. 5. Servios de sade. I Ateno bsica/Estratgia Sade da Famlia. II. Ttulo. III. Srie. CDU 614.2

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    A melhoria contnua na qualidade da ateno sade da populao a principal misso da Coordenao da Ateno Bsica da Secretaria Municipal de Sade de So Paulo (SMS-SP). Vrias iniciativas tm sido desenvolvidas nesta direo para promover a melhoria do acesso, a garantia da equidade, continuidade e integralidade das aes e a coordenao do cuidado focado nas necessidades do cidado. Na perspectiva de consolidar uma assistncia mais resolutiva, que utiliza tecnologia adequada e que incorpore novos valores, a SMS-SP coordenou a atualizao dos Protocolos e Manuais de Enfermagem para oferecer aos profissionais das equipes da Ateno Bsica instrumentos que possibilitem o aprimoramento de suas prticas. Neste sentido, constituiu um Grupo Tcnico de trabalho, composto por profissionais de Enfermagem da Coordenao da Ateno Bsica e Coordenadorias Regionais de Sade, com a valiosa contribuio das reas Tcnicas da Ateno Bsica, Coordenao de Vigilncia Sade, Supervises Tcnicas de Sade, Unidades Bsicas de Sade, Instituies Parceiras e Universidades. com imensa satisfao que a Coordenao da Ateno Bsica/SMS apresenta este trabalho, cujo resultado foi a presente publicao: Srie Enfermagem SMS composta por sete manuais atualizados, versando sobre os eixos: Sade da Criana e do Adolescente, Sade da Mulher, Sade do Adulto, Sade da Pessoa Idosa, Normas e Rotinas de Enfermagem, Manual do Tcnico/Auxiliar de Enfermagem e Biossegurana, em consonncia com as Diretrizes Nacionais de Ateno Sade e do exerccio profissional. Acreditamos que este instrumento ir contribuir na organizao da Assistncia de Enfermagem em toda Rede da Ateno Bsica, promovendo o alinhamento tcnico, aquisio de novas habilidades e incentivo para os profissionais de Enfermagem na busca permanente da qualidade da ateno sade.

    EDJANE MARIA TORREO BRITO

    Coordenadora Ateno Bsica SMS-SP

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    SUMRIO APRESENTAO

    INTRODUO

    CCCaaappptttuuulllooo 111

    1-ADULTO SAUDVEL 7

    1.1 Sade do trabalhador 8 1.2 Vida Saudvel 10 1.2.1 Alimentao Saudvel 11 1.2.2 Abandono /reduo do consumo de bebidas alcolicas 12 1.2.3 Abandono do Tabagismo 12 1.2.4 Prtica de Atividade Fsica 12 1.2.5 Medidas Antiestresse 14 1.2.6 Reduo de Peso Corporal 14 1.3 Vacinao do Adulto 16 1.4 Sade Bucal do Adulto 17 1.5 Educao em Sade 18 1.5.1 Aes educativas em Grupo 19 1.5.2 Educao em Sade para Hipertensos 20 1.5.3 Educao em Sade para Diabticos 21 1.6 Acolhimento e Captao 22

    CCCaaappptttuuulllooo 222

    2 - DOENAS E AGRAVOS NO-TRANSMISSVEIS 24

    2.1 Hipertenso Arterial Sistmica - HAS 25 2.1.1 Fatores de Risco HAS 25 2.1.2 Fluxograma de Acompanhamento HAS 28 2.1.3 Consulta de Enfermagem HAS 29 2.2 Diabetes Melito - DM 34 2.2.1 Fatores de Risco DM 34 2.2.2 Fluxograma de Acompanhamento DM 38 2.2.3 Consulta de Enfermagem DM 40 2.2.4 Vacinao DM 43 2.2.5 Classificao de risco no p do diabtico 43 2.2.6 Programa de automonitoramento glicmico - AMG 45 2.2.7 Reconhecimento, tratamento e preveno da hipoglicemia 46 2.2.8 Reconhecimento, tratamento e preveno da hiperglicemia 48 2.2.9 Tcnica de aplicao de insulina 49 2.3 Dislipidemia 51

    2.4 2.5 Metas para controle clnico para diabticos, hipertensos e dislipidmicosPrograma Remdio em Casa

    5153

    CCCaaappptttuuulllooo 333 3 - CNCER DE PRSTATA 55

    3.1 Fatores de Risco 55 3.2 Cuidados de enfermagem 55 3.3 Rastreamento do Cncer de Prstata 55

    CCCaaappptttuuulllooo 444

    4 - DOENAS SEXUALMENTE TRANSMISSVEIS 58

    4.1 Aes na Ateno Bsica/DST 58 4.2 Aconselhamento/DST 58

    CCCaaappptttuuulllooo 555 5 - OUTROS AGRAVOS 60 6

    5.1 Escabiose 60 5.2 Pediculose 60 5.3 Parasitose intestinal 60

    ANEXOS

    1. ESCORE DE FRAMINGHAM 63 2. CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ADMINISTRAO MEDICAMENTOSA 64 3. PORTARIA 1004 E PORTARIA 1535 68 4. PROGRAMA REMDIO EM CASA BOLETIM INFORMATIVO N7 70

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS 72

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    A Ateno Bsica como parte integrante do SUS, caracteriza-se por desenvolver um conjunto de aes que abrangem promoo, preveno, diagnstico, tratamento e reabilitao. Deve dar resolutividade aos problemas de sade de maior frequncia e relevncia das populaes, ou seja, deve oferecer respostas ao conjunto de necessidades de sade de uma comunidade e no apenas a um recorte de problemas, tendo como campos de intervenes o indivduo, a famlia, a comunidade e o meio ambiente. Nas ltimas dcadas o risco de adoecer e de morrer por doenas infecciosas e parasitrias diminuiriam consideravelmente, em contrapartida, as doenas crnicas no transmissveis vm acometendo cada vez mais a populao adulta. Um indicador forte para este acometimento est no estilo de vida, somado a hbitos e comportamentos, como o sedentarismo, a ingesto de lcool e o fumo, a obesidade, exposies no ambiente de trabalho, os fatores de ordem psicossocial decorrentes de tenses e conflitos vivenciados no ambiente de trabalho ou familiar, resultando em estresse. Todo esforo tem sido realizado no sentido de implementar aes e servios voltados para a produo do cuidado. As aes e servios de sade so priorizados com foco na melhoria da qualidade de vida, na produo social, nas condies de bem estar coletivo, respondendo pelo acesso e oferecendo integralidade de ateno. Para a Ateno Primria cabe o papel de informar a populao quanto s aes de preveno de doenas e de promoo sade, assisti-la de forma contnua e resolutiva encaminhando os indivduos com patologias, agravos ou outras necessidades, quando necessrio, aos servios de referncia, com agilidade e preciso. Este Manual, contendo protocolos, tem como proposta instrumentalizar o Enfermeiro para desenvolver as aes de preveno, promoo e recuperao da sade pertinente Ateno Primria do Municpio de So Paulo, em carter multidisciplinar. Os temas abordados foram priorizados mediante os indicadores de sade que necessitam de um trabalho maior com a populao adulta deste municpio. As aes do Enfermeiro esto respaldadas pelas Portarias Municipais 1004/03 e 1535/06, corroboradas pela LEP 7498/86 (ANEXO 3).

    Equipe Tcnica de Enfermagem Coordenao da Ateno Bsica e Coordenadorias

    SMS-SP

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    1 ADULTO

    SAUDVEL

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    11.. ADULTO SSAAUUDDVVEELL Os servios e aes de sade que esto mais prximos dos indivduos, famlias e coletividades, so de responsabilidade da Ateno Bsica, particularmente do nvel primrio, com a proposta de ser o primeiro elemento de um processo permanente de assistncia sanitria. Nesta estratgia proposto o aumento da disponibilidade e acessibilidade dos mesmos para a melhoria da qualidade de vida da populao. A rede de Ateno Bsica do Municpio de So Paulo oferece, dentre outros, servios programticos, assistncia mulher, criana/adolescente, Pessoa Idosa e ao adulto. Assim, assume a questo bsica do atendimento integral. As diretrizes do trabalho voltado sade do adulto so organizadas mediante os indicadores de morbimortalidade e os de riscos para a sade neste perodo da vida. As aes so programadas para uma ampla aplicao no sistema bsico de assistncia, alta eficcia na resoluo de problemas especficos de sade, baixos custos e complexidade tecnolgica, considerando a caracterstica de cada regio. Para a normatizao dos servios de enfermagem na Ateno Bsica quanto a Sade do Adulto, imprescindvel que seja organizada em carter multidisciplinar, que reconhea o adulto saudvel, os fatores de risco, o grau de vulnerabilidade e a partir deste ponto planejar aes e servios a serem prestados. A vigilncia uma ao fundamental para promoo da sade. Detectar condies de falta de sade no adulto perpassa pelo entendimento da rotina dele, como: atividade fsica (sedentarismo), cultura, alimentao, abuso de lcool, tabaco e outras drogas, trabalho, moradia, nvel educacional e condies socioeconmicas. Dentre estes elementos necessrio estar alerta aos fatores de risco para a sade, para identific-los e buscar modific-los evitando o aparecimento de doenas e/ou agravos da sade.

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    1.1 SADE DO TRABALHADOR As aes de Sade do Trabalhador, nos termos da Poltica Nacional para a rede de servios, devem ser assumidas pelo Sistema como um todo, tendo como porta de entrada a rede bsica de sade e como retaguarda tcnica os Centros de Referncia em Sade do Trabalhador e os nveis mais complexos desse Sistema. A Ateno Primria Sade, na abordagem do trabalhador dever promover aes pautadas, sobretudo na identificao de riscos, danos, necessidades, condies de vida e trabalho, que determinam as formas de adoecer e morrer dos trabalhadores.

    So atribuies gerais da equipe na ateno primria sade: Identificar e registrar:

    A populao economicamente ativa, por sexo e faixa etria, alm das atividades produtivas existentes na rea, assim como riscos potenciais e perigos para a sade do trabalhador, da populao e do meio ambiente;

    A existncia de trabalho precoce crianas e adolescentes menores de 16 anos, que realizam qualquer atividade de trabalho, independentemente de remunerao, que frequentam ou no a escola;

    A ocorrncia de acidentes e/ou doenas relacionadas ao trabalho, que acometam trabalhadores inseridos tanto no mercado formal como informal de trabalho;

    Analisar os dados obtidos; Desenvolver aes educativas em Sade do Trabalhador; Em caso de acidente ou doena relacionada com o trabalho,

    devero ser adotadas as seguintes condutas:

    conduo clnica do caso de menor complexidade encaminhamento dos casos de maior complexidade para os CRST Centro de Referncia de

    Sade do trabalhador notificao dos casos mediante instrumentos do setor sade (Portaria GM/MS 777/2004)

    ACIDENTE DO TRABALHO - o que ocorre pelo exerccio do trabalho, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte, perda ou reduo da capacidade permanente ou temporria para o trabalho.

    CAT - Comunicao de Acidente de Trabalho ou agravo sade relacionado ao trabalho, Lei 8213/91 que dispe sobre a obrigatoriedade da notificao dos acidentes.

    DOENA RELACIONADA AO TRABALHO - Adquirida ou desencadeada em funo de condies especiais em que o trabalho realizado e com ele se relaciona diretamente.

    DOENA PROFISSIONAL - Produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho peculiar determinada atividade.

    www.google.com.br/imgres?imgurl=

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    Cuidados de Enfermagem para Sade do Trabalhador (Unidades de Sade da Ateno Bsica SMS SP)

    Avaliar os aspectos ergonmicos, de higiene e segurana do trabalho considerando os riscos ocupacionais presentes e propor estratgias que possam ser utilizadas para tornar o ambiente menos insalubre, afim de no interferir na sade do trabalhador.

    Exemplos de Fatores de Risco para os Trabalhadores:

    Iluminao e ventilao inadequadas. Temperatura ambiente inadequada (ideal entre 20 a 23C). Higienizao precria ou ausente das mos. Ausncia de gerenciamento de resduos. Trabalho noturno altera o ritmo circadiano causando distrbios do sono e da viglia. O rodzio de escalas de turnos noturnos e diurnos, finais de semana e feriados tambm prejudicial. No utilizao de barreiras ou EPIs apropriados. Dupla ou tripla jornada de trabalho. Longas jornadas de trabalho. Conflitos de relacionamento interpessoal no trabalho e vida social. Exposio a agentes fsicos, qumicos e biolgicos. Ambiente de trabalho estressante.

    NOTIFICAO COMPULSRIA

    1. Acidente com exposio a material biolgico relacionado ao trabalho. 2. Acidente de trabalho com mutilaes. 3. Acidente de trabalho em crianas e adolescentes. 4. Acidente de trabalho fatal. 5. Cncer Relacionado ao Trabalho. 6. Dermatoses ocupacionais. 7. Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT). 8. Influenza humana. 9. Perda Auditiva Induzida por Rudo (PAIR) relacionada ao trabalho. 10. Pneumoconioses relacionadas ao trabalho. 11. Pneumonias. 12. Rotavrus. 13. Toxoplasmose adquirida na gestao e congnita. 14. Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho.

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    1.2 VIDA SAUDVEL

    A identificao de um adulto saudvel est relacionada com atividades inseridas nas relaes que ele tem com o trabalho, em casa com a famlia, no seu ambiente social, nas suas aes recreativas. Estes aspectos combinam entre si e influenciam a sade individual fsica, mental, social e espiritual, ajudando a manter o corpo em forma e a mente alerta. O estilo de vida saudvel deve ser desenvolvido o mais cedo possvel, mantido durante a vida adulta e idade madura, pois na medida em que o corpo envelhece iniciam-se as alteraes nos msculos e nas articulaes e um declnio na sensao de "fora" fsica. A manuteno de um bom estilo de vida pode ajudar a evitar e proteger de doenas e/ou impedir que as doenas crnicas, se instaladas, piorem. Quando se trata da sade de uma pessoa, a gentica desempenha um papel importante, no entanto, quando h predisposio para uma determinada condio ou doena j diagnosticada, pode-se reduzir seus riscos e gerir melhor a sua condio com mudana de estilo de vida. Um estilo de vida saudvel inclui dentre muitos fatores:

    Sade preventiva Boa nutrio Controle do peso Recreao Exerccios regulares e Evitar substncias nocivas ao organismo

    Recomendaes para adoo de hbitos de vida saudvel

    As aes de promoo do bem estar so ferramentas importantes para a construo de uma cultura de valorizao da sade na populao e a adoo de hbitos de vida saudveis essencial para a preveno, o controle das doenas e agravos nas doenas no transmissveis (DANT), alm de proporcionar qualidade de vida. 1.2.1 Alimentao saudvel

    A promoo da alimentao saudvel uma diretriz da Poltica Nacional de Alimentao e Nutrio e uma das prioridades para a segurana alimentar e nutricional dos brasileiros. Uma alimentao saudvel aquela que rene os seguintes atributos: acessvel e no cara, valoriza a variedade, as preparaes alimentares usadas tradicionalmente, harmnica em quantidade e qualidade, naturalmente colorida e sanitariamente segura. Dez Passos para uma Alimentao Saudvel

    Os Dez Passos para uma Alimentao Saudvel so orientaes prticas sobre alimentao para pessoas saudveis com mais de dois anos de idade. Comece escolhendo aquela orientao que lhe parea mais fcil, interessante ou desafiadora e procure segui-la todos os dias. No necessrio que voc tente adotar todos os passos de uma vez e tambm no preciso seguir a ordem dos nmeros sugerida nos 10 passos:

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    Orientaes:

    1.2.2 Abandono / reduo do consumo de bebidas alcolicas

    Nos indivduos com hbito de ingesto de quantidades maiores de lcool, prope-se que cada progresso no sentido de reduo seja apontado como positivo, e que gradualmente se alcance a situao de abandono do hbito. A relao entre o alto consumo de bebida alcolica e a elevao da presso arterial tem sido relatada em estudos observacionais, e a reduo da ingesto de lcool pode reduzir a presso arterial em homens normotensos e hipertensos, que consomem grandes quantidades de bebidas alcolicas.

    Recomenda-se avaliar a necessidade de encaminhamento aos Centros de Ateno Psicossocial de lcool e Drogas (CAPS/AD) nas situaes de falta de controle quanto ingesto.

    1. Faa pelo menos trs refeies (caf da manh, almoo e jantar) e dois lanches saudveis por dia. No pule as refeies.

    2. Inclua diariamente seis pores do grupo de cereais (arroz, milho, trigo, pes e massas), tubrculos como as batatas e razes como a mandioca/macaxeira/aipim nas refeies. D preferncia aos gros integrais e aos alimentos na sua forma mais natural.

    3. Coma diariamente pelo menos trs pores de legumes e verduras como parte das refeies e trs pores ou mais de frutas nas sobremesas e lanches.

    4. Coma feijo com arroz todos os dias ou, pelo menos, cinco vezes por semana. Esse prato brasileiro uma combinao completa de protenas e bom para a sade.

    5. Consuma diariamente trs pores de leite e derivados e uma poro de carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele das aves antes da preparao torna esses alimentos mais saudveis.

    6. Consuma, no mximo, uma poro por dia de leos vegetais, azeite, manteiga ou margarina. Fique atento aos rtulos dos alimentos e escolha aqueles com menores quantidades de gorduras trans.

    7. Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas como regra da alimentao.

    8. Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa. Evite consumir alimentos industrializados com muito sal (sdio) como hambrguer, charque, salsicha, linguia, presunto, salgadinhos, conservas de vegetais, sopas, molhos e temperos prontos.

    9. Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de gua por dia. D preferncia ao consumo de gua nos intervalos das refeies.

    10. D preferncia pelos temperos naturais, em substituio aos temperos industriais que contm grande quantidade de sal.

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    1.2.3 Abandono do tabagismo O tabagismo um poderoso fator de risco de doena cardiovascular.

    Os hipertensos que fumam devem ser repetidamente estimulados a abandonar esse hbito por meio de aconselhamento e medidas teraputicas de suporte especficas.

    indispensvel que o cliente tabagista assimile que este , isoladamente, o mais importante fator de risco modificvel para a doena coronariana.

    Indivduos que fumam mais de vinte cigarros por dia tm risco cinco vezes maior de morte sbita que indivduos no fumantes.

    O tabagismo age sinergicamente com os contraceptivos orais, aumentando consideravelmente o risco de doena arterial coronariana.

    Adicionalmente, colabora para os efeitos adversos da teraputica de reduo de lipdios e induz a resistncia ao efeito de frmacos anti-hipertensivos.

    Alm disso, h clara associao entre tabagismo e doenas pulmonares crnicas, assim como a neoplasia pulmonar. Deve ser institudo o aconselhamento precoce, insistente e consistente at o abandono definitivo.

    Orientaes para abandono do tabagismo:

    Reduo

    Uma abordagem gradual para deixar de fumar a reduo. Reduzir significa contar os cigarros e fumar um nmero menor, predeterminado, a cada dia. Adiamento

    Uma segunda abordagem gradual para deixar de fumar o adiamento, que significa adiar a hora na qual o cliente comea a fumar, por um nmero de horas predeterminado a cada dia. Ao comear a fumar em cada dia, o cliente no deve contar seus cigarros nem se preocupar em reduzir o nmero que fuma. Assim, ele deve tomar a deciso de adiar a hora na qual comea a fumar por duas horas a cada dia, por seis dias, at a sua data de parar de fumar.

    1.2.4 Prtica de Atividade Fsica

    A prtica regular de atividade fsica promove efeito protetor para a doena cardiovascular. A recomendao da atividade fsica como ferramenta de promoo de sade e preveno de doenas baseia-se em parmetros de frequncia, durao, intensidade e modo de realizao.

    Portanto, a atividade fsica deve ser realizada durante, pelo menos, 30 minutos, de intensidade moderada, na maior parte dos dias da semana (5) de forma contnua ou acumulada.

    Realizando-se desta forma, obtm-se os benefcios desejados sade e a preveno de doenas e agravos no transmissveis, com a reduo do risco de eventos cardiocirculatrios, como infarto e acidente vascular cerebral.

    A orientao ao cliente deve ser clara e objetiva. As pessoas devem incorporar a atividade fsica nas atividades rotineiras como caminhar, subir escadas, realizar atividades domsticas dentro e fora de casa, optar, sempre que possvel, pelo transporte ativo nas funes dirias, que envolvam pelo menos 150 minutos/semana (equivalente a pelo menos 30 minutos realizados em 5 dias por semana). O efeito da atividade de intensidade moderada realizada de forma acumulada o mesmo daquela realizada de maneira contnua, isto , os trinta minutos

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    podem ser realizados em uma nica sesso ou em duas sesses de 15 minutos (p/ex: manh e tarde) ou ainda, em trs sesses de dez minutos (p/ex. manh, tarde e noite). Dessa maneira, atenua-se ou elimina-se a principal barreira aquisio do hbito da realizao da atividade fsica devido falta de tempo.

    Para prtica de atividades moderadas no h necessidade da realizao de avaliao cardiorrespiratria de esforo para indivduos iniciarem um programa de atividades fsicas incorporado s atividades do dia a dia. A avaliao mdica e de esforo em indivduos assintomticos deve se restringir apenas a clientes com escore de Framingham (anexo 1) alto ou aqueles que desejem desenvolver programas de exerccios estruturados ou atividades desportivas que exijam nveis de atividade fsica de alta intensidade.

    Clientes em uso de medicamentos anti-hipertensivos que interferem na frequncia cardaca, como betabloqueadores, devem ser previamente submetidos avaliao mdica.

    O exerccio fsico reduz a presso arterial, alm de produzir benefcios adicionais, tais como: coadjuvante no tratamento das dislipidemias, da resistncia insulina, do abandono do tabagismo e do controle do estresse.

    Exerccios fsicos tais como: caminhada, ciclismo, natao e corrida com durao de 30 a 45 minutos, trs a cinco vezes por semana, reduzem a presso arterial de indivduos hipertensos. As Unidades Bsicas de Sade devem dispor de equipes aptas a orientar a realizao de prticas corporais e

    de meditao: Lian Gong, Tai Chi Pai Lin, Xian Gong, Lien Chi, Dao Yin, I Qi Gong, Fio de Seda, Tai Chi Chuan, Chi Gong, meditao, ioga, dana circular e caminhada.

    As prticas corporais e de meditao trazem benefcio na preveno e controle das afeces crnicas, uma vez que:

    So instrumentos importantes no aprendizado da sincronia entre aes e pensamentos, j que um de seus pressupostos que a forma (posturas e movimentos), a respirao e a inteno mental caminham na mesma direo.

    Melhoram o condicionamento cardiorrespiratrio.

    Tonificam os msculos, favorecem a fixao do clcio sseo e a capacidade de funo das articulaes.

    Melhoram a aptido fsica, favorecendo a independncia de funo no dia a dia.

    Contribuem para reduo do estresse, depresso e insnia.

    Auxiliam nas iniciativas para manuteno ou reduo do peso.

    Apresentam quase ausncia de efeitos adversos.

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    1.2.5 Medidas Antiestresse A reduo do estresse psicolgico recomendvel para diminuir a sobrecarga de influncias neuro-humorais do sistema nervoso central sobre a circulao. Algumas medidas podem ser adotadas para se lidar com o estresse:

    Alimentao saudvel Utilizar tcnicas de relaxamento Realizar atividades fsicas (andar pelo bairro, passear nas praas, subir escadas)

    Repouso, sono apropriado s necessidades Lazer e diverso

    Psicoterapias e medicao, se necessrio

    1.2.6 Reduo do peso corporal

    O acompanhamento do cliente com excesso de peso um processo contnuo, que inclui apoio e motivao para superao dos obstculos. Assim, a comunicao a ser estabelecida deve ser baseada na interao de saberes e na formao de vnculo.

    A obesidade um dos fatores de risco mais importantes para as doenas no transmissveis, com destaque especial para as cardiovasculares e diabetes. Estima-se que 20% a 30% da prevalncia da hipertenso pode ser explicada pela presena do excesso de peso.

    O excesso de peso est claramente associado com o aumento da morbidade e mortalidade e este risco aumenta progressivamente de acordo com o ganho de peso embora a diminuio de 5% a 10% do peso corporal inicial em at 6 meses de tratamento, com a manuteno do novo peso em longo prazo, j seja capaz de produzir reduo da presso arterial.

    Todos os hipertensos e diabticos com excesso de peso devem ser includos em programas de reduo de peso de modo a alcanar ndice de massa corprea (IMC) inferior a 27Kg/m2, e circunferncia abdominal (homens inferior a 102cm e mulheres inferior a 88cm). O ndice de massa corporal (IMC) o ndice recomendado para a medida da obesidade em nvel populacional. Alm do grau do excesso de gordura, a sua distribuio regional no corpo interfere nos riscos associados ao excesso de peso. O excesso de gordura abdominal representa maior risco do que o excesso de gordura corporal por si s. Esta situao definida como obesidade androide, ao passo que a distribuio mais igual e perifrica definida como distribuio ginecoide, com menores implicaes sade do indivduo (WORLD HEALTH ORGANIZATION,1998).

    A circunferncia da cintura importante fator de risco para doena coronariana e mortalidade por causas cardiovasculares. A obesidade traz aos profissionais desafios para o entendimento de sua determinao, acompanhamento e apoio populao, nas diferentes fases do curso de vida.

    A reduo da ingesto calrica leva perda de peso e diminuio da presso arterial, mecanismo explicado pela queda da insulinemia, reduo da sensibilidade ao sdio e diminuio da atividade do sistema nervoso autnomo simptico.

    importante salientar que alm da dieta e da atividade fsica, o manejo da obesidade envolve abordagem comportamental, que deve focar a motivao, condies para seguir o tratamento, apoio familiar, tentativas e insucessos prvios, tempo disponvel e obstculos para as mudanas no estilo de vida.

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    NDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)

    Clculo de IMC = ___P (peso)____

    A2 (altura x altura)

    Classificao do IMC Fonte Organizao Mundial de Sade (OMS), 1998

    Os dez passos para a manuteno do peso saudvel

    Fonte Protocolo de Enfermagem SMS-SP Ateno Sade do Adulto - 2007

    1. Coma frutas e verduras variadas, pelo menos duas vezes ao dia.

    2. Consuma feijo pelo menos 5 vezes por semana.

    3. Evite alimentos gordurosos como carnes gordas, salgadinhos e frituras.

    4. Retire a gordura aparente das carnes e a pele do frango.

    5. Nunca pule refeies, faa trs refeies e um lanche por dia. No lanche escolha uma fruta.

    6. Evite refrigerantes e salgadinhos.

    7. Faa as refeies com calma e nunca na frente da televiso.

    8. Beba pelo menos dois litros (seis a oito copos) de gua por dia. D preferncia ao consumo de gua nos intervalos das refeies.

    9. Aumente a atividade fsica diria. Evite ficar parado, voc pode fazer isto em qualquer lugar.

    10. Torne sua vida mais saudvel. Pratique pelo menos 30 minutos de atividade fsica todos os dias e evite as bebidas alcolicas e o fumo. Mantenha o peso dentro de limites saudveis.

    EESSTTAADDOO DDEE NNUUTTRRIIOO

    IMC (em kg/m2)

    Desnutrio grau III (grave)

    < 16 Desnutrio grau II (moderada)

    16 - 16,9

    Desnutrio grau I (leve)

    17 - 18,49 Eutrfico

    18,5 - 24,9

    Pr-Obeso (sobrepeso)

    25 - 29,9 Obesidade de grau I

    30 - 34,9 Obesidade de grau II

    35 - 39,9

    Obesidade de grau III

    40

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    16

    1.3 VACINAO DO ADULTO

    CALENDRIO BSICO DE VACINAO PARA ADULTOS O calendrio de vacinas est sujeito a inseres de imunobiolgicos e ou modificaes.

    Para execuo atualizada sempre consultar os links abaixo. Estes iro fornecer o calendrio em tempo real.

    Caso a pessoa apresente documentao com esquema de vacinao incompleto, suficiente completar o esquema j iniciado.

    SCR Indicada para as pessoas nascidas a partir de 1960 e mulheres no puerprio. Caso a vacina no tenha sido aplicada na purpera na maternidade administr-la na primeira visita ao servio de sade.

    Febre Amarela Nas regies onde houver indicao, de acordo com a situao epidemiolgica. Reforo a cada dez anos.

    Influenza Disponvel na rede pblica para pessoas com 60 anos ou mais de idade e aqueles em situao de risco especfico.

    dT Em caso de gravidez e na profilaxia do ttano aps alguns tipos de ferimento, deve-se reduzir este intervalo para cinco anos.

    BCG vacina contra a tuberculose.

    dT vacina dupla, tipo adulto, contra a difteria e o ttano. Indicao da Vacina Contra Hepatite B

    Para o adulto com idade acima de 20 anos com risco acrescido como:

    Politransfundidos Portadores de hepatite C Profissionais de sade Doadores de sangue Vtimas de acidente c/ perfurcortantes Usurios de drogas Profissionais do sexo Pessoas LGBT (lsbicas, gay, bissexuais e transexuais) Cuidadores de clientes acamados Vtimas de abuso sexual Podlogos Comunicantes de hepatite B e C Tatuadores Renais crnicos Manicures Transplantados Auxiliares de necrpsia Imunodeprimidos Coletores de lixo Populao institucionalizada Policiais Alunos de cursos tcnicos ou universitrios da rea sade Bombeiros Profissionais de funerrias

    Indicao da vacina de Febre Amarela no Estado de So Paulo:

    A partir de 9 meses de idade, nos indivduos residentes na rea de transio: Grupos de Vigilncia Epidemiolgica (GVE) de Presidente Prudente, Araatuba, So Jos do Rio Preto, Barretos, Ribeiro Preto, Franca e parte das GVE de Marlia.

    Indivduos que viajem para reas endmicas e reas de transio: estados de Acre, Amazonas, Roraima, Amap, Par, Maranho, Gois, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondnia, Distrito Federal e regies de Piau, Bahia, Minas Gerais, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

    Indivduos que viajem, no Estado de So Paulo, para os municpios ribeirinhos ao Rio Grande, ao Rio Paran e ao Rio Paranapanema e municpios fronteirios ao Estado de Minas Gerais da GVE de Franca e das GVE de Ribeiro Preto, alm de viajantes que pretendam frequentar regies de matas com possibilidade de circulao de vrus de febre amarela.

    http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/vacinacao/index.php?p=7313ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/imuni/imuni08_ntprog.pdf http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/imuni/pdf/imuni10 suple norma rev.pdf

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    1.4 SADE BUCAL DO ADULTO

    Algumas doenas crnicas degenerativas como a diabetes e a hipertenso, e algumas doenas infectocontagiosas como a tuberculose, a hansenase, e doenas sexualmente transmissveis como a Aids, so prioridades na organizao da ateno Sade Bucal do adulto. A crie e as doenas periodontais constituem problemas de sade bucal importantes nos adultos, podendo levar a perdas dentrias. A crie pode ocorrer tanto na poro coronria quanto nas superfcies radiculares expostas ao meio bucal em consequncia doena periodontal. A exposio radicular tambm pode gerar hipersensibilidade dentria. Tanto a crie quanto as doenas periodontais so

    provocadas pelo aumento do nmero de microrganismos da placa bacteriana e de seus produtos de metabolismo. Quando o pH da placa bacteriana cido, h perdas de minerais das superfcies dentrias e podem surgir cries na coroa ou nas razes expostas ao meio bucal. Medidas preventivas de higiene por meio da escovao e do uso do fio dental, uma dieta equilibrada, com racionalidade na ingesto de carboidratos fermentveis, e o acesso a produtos fluorados, podem reduzir o risco tanto da crie quanto das doenas periodontais. Mesmo clientes que perderam alguns ou todos os dentes, que usem ou no prteses devem ser orientados quanto higiene bucal e dieta. Adultos ou pessoas idosos que usam prteses totais e/ou removveis, devem higienizar as prteses aps as refeies com uma escova firme, gua e sabo. No se recomenda higienizar as prteses confeccionadas em resina acrlica com creme dental fluoretado. As pessoas que usam prteses devem ser orientadas a ficar sem a prtese por pelo menos 8 horas, preferencialmente enquanto dormem. Cncer Bucal: O autoexame principal forma de se identificar precocemente o aparecimento de leses em tecidos moles da cavidade bucal que podem sofrer malignizao. Durante o autoexame realiza-se a palpao e inspeo de todo o tecido mole da boca, a saber; lbios, lngua, bochechas, assoalho bucal, palato duro e palato mole, gnglios linfticos submandibulares e retroauriculares. Leses em tecidos moles da boca, ulceradas ou nodulares, que no regridam espontaneamente ou aps a remoo de possveis fatores causais (como dentes fraturados, bordas cortantes em prteses, etc.) em no mximo 03 semanas, devem ser referenciadas para diagnstico em servios de especialidades. O lcool, particularmente as bebidas destiladas, e o tabaco, nas diversas formas de uso (cigarro, charuto, cachimbo) constituem os principais fatores de risco para o cncer bucal. M higiene, as carncias de vitaminas do tipo A e C, prteses mal adaptadas, deficincias imunolgicas e a radiao solar tambm tm sido apontados como fatores de risco para o cncer de boca.

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    Recomendaes quanto higiene bucal: A higiene bucal tem por objetivo a remoo da placa bacteriana, agente etiolgico das principais doenas bucais, a crie e as doenas periodontais. O consumo de alimentos ricos em acar incrementa a formao da placa que fica aderida s superfcies dentrias. Sua remoo deve ser realizada pela escovao e uso do fio dental.

    A escova deve ser macia de cabea pequena para alcance de todos os dentes. Recomenda-se uma quantidade de creme dental fluoretado do tamanho de um gro de ervilha seca, colocado transversalmente sobre as cerdas da escova. A escova deve ser posicionada com as cerdas direcionadas para a raiz do dente, na altura do limite entre dente e gengiva, fazendo movimentos vibratrios. O movimento deve ser repetido para cada dente, inclusive na superfcie interna do dente. A superfcie de mastigao deve ser escovada com movimentos de vai e vem. A lngua tambm deve ser escovada.

    Lembrando-se da importncia do fio dental, cada superfcie dental deve ser limpa separadamente. Com o fio enrolado na extremidade dos dedos mdios, com o fio esticado, passar cuidadosamente entre os dentes, deslizando sobre a superfcie, penetrando ligeiramente na gengiva para remover a placa.

    1.5 EDUCAO EM SADE

    O princpio da integralidade do SUS diz respeito tanto ateno integral em todos os nveis do sistema, como tambm integralidade de saberes, prticas, vivncias e espaos de cuidado.

    Para tanto, se torna necessrio o desenvolvimento de aes de educao em sade numa perspectiva dialgica, emancipadora, participativa, criativa e que contribua para a autonomia do cliente, no que diz respeito sua condio de sujeito de direitos e autor de sua trajetria de sade e doena; e autonomia dos profissionais diante da possibilidade de reinventar modos de cuidado mais humanizados, compartilhados e integrais.

    A Comunicao em Sade surge no s como uma estratgia para prover indivduos e coletividade de informaes, pois se reconhece que a informao no suficiente para favorecer mudanas, mas uma chave, dentro do processo educativo, para compartilhar conhecimentos e prticas que podem contribuir para a conquista de melhores condies de vida.

    Reconhece-se que a informao de qualidade, difundida no momento oportuno, com utilizao de uma linguagem clara e objetiva, um poderoso instrumento de promoo da sade. O processo de comunicao deve ser tico, transparente, atento aos valores, opinies, tradies, culturas e crenas das comunidades, respeitando, considerando e reconhecendo as diferenas, baseando-se na apresentao e avaliao de informaes educativas, interessantes, atrativas e compreensveis.

    Orientaes importantes para manuteno da sade bucal

    Medidas de autocuidado e higiene dental: o uso de produtos qumicos que permitam a visualizao da placa bacteriana (evidenciao), escovao e uso do fio dental

    Usar gua de abastecimento pblico fluoretada (uso racional do flor)

    Usar cremes dentais fluoretados (uso racional do flor)

    Ter uma alimentao equilibrada com consumo racional de acares

    Evitar consumo de lcool e tabaco Participar de aes preventivas PROCURAR O SERVIO ODONTOLGICO

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    1.5.1 Aes Educativas em Grupos Atividades educativas e teraputicas, desenvolvidas com grupos de clientes e/ou seus familiares, sendo adicionais s atividades individuais, estimula a relao social, a troca de informao e o apoio mtuo.

    Populao Alvo: Aberto a todos os clientes ou a clientes especficos

    Objetivos: Discutir/refletir sobre fatores de risco para as doenas e as aes individuais e coletivas para o combate aos mesmos, estimular adeso a possvel tratamento, proporcionar conhecimento sobre a patologia, preveno de complicaes e abordar temas de interesse do grupo, como:

    Atividade fsica; Autoestima; Alimentao adequada; E os demais que forem adequados para o grupo.

    Salienta-se a importncia da reviso das prticas pedaggicas, especialmente em se tratando de abordagem para educao para adultos e jovens, que necessariamente difere da educao para crianas.

    So aspectos importantes a serem observados na educao em sade:

    Respeito individualidade. Contextualizao nas diversas realidades, incluindo as possibilidades de mudana. Respeito cultura local. Respeito linguagem popular para encaminhar uma construo conjunta da prtica. tica. Auto percepo de sade geral. Reflexo sanitria: o processo de educao em sade deve capacitar os usurios para participar das

    decises relativas sade.

    Uso de metodologias adequadas a cada situao e a cada grupo etrio.

    N de participantes: mximo de 30

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    Metodologia:

    Apresentao da equipe completa. Apresentao da proposta do grupo, nfase na importncia epidemiolgica, nos grupos de abordagem

    par patologias e suas prevenes.

    Verificao de peso, estatura, IMC, PA, glicemia capilar (no caso derastreaento para Diabetes). Seguimento de acordo com fluxo do programa. Periodicidade: variando de acordo com a realidade da UBS. Utilizar metodologia da problematizao para proporcionar troca de experincias entre os participantes. Convite por meio de cartazes, divulgao nas VDs e consultas, ou outros meios.

    ROTEIRO SUGERIDO PARA ACOMPANHAMENTO DE GRUPOS

    1.5.2 Hipertenso Arterial IDENTIFICAO DE FATORES DE RISCO

    Obesidade, sedentarismo, fumo, lcool, estresse

    O que hipertenso

    Tipos de hipertenso Valor normal da presso arterial Tratamento Cronicidade da doena Hipertenso na famlia

    Alimentao

    Plano alimentar X controle da hipertenso Grupos de alimentos Uso consciente do sal

    Exerccios

    Exerccio X controle da presso arterial Tipo, durao e frequncia

    Monitoramento da presso arterial

    Relao exerccio/presso arterial

    Medicao

    Nome, tipo e ao Adeso ao tratamento

    Complicaes agudas

    Sinais e sintomas de hipotenso arterial Tratamento da hipotenso arterial Crise hipertensiva Carto de identificao

    Complicaes crnicas

    Relao entre a hipertenso e surgimento de complicaes crnicas Complicaes mais comuns

    Situaes especiais

    Comendo fora de casa Viagens Escola/emprego Conduo de automveis

    Recursos da comunidade

    Utilizao dos servios de sade e de recursos da comunidade Participao em associaes Participao em atividades de lazer

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    1.5.3 Diabetes Melito

    IDENTIFICAO DE FATORES DE RISCO

    Obesidade, sedentarismo, fumo, lcool, stress

    O que diabetes

    Tipos de diabetes Valor normal da glicemia Tratamento Cronicidade da doena Diabetes na famlia

    Alimentao

    Plano alimentar X controle da glicemia Grupos de alimentos Alimentos dietticos para diabetes

    Exerccios

    Exerccio X controle da glicemia Tipo, durao e frequncia

    Automonitoramento da glicemia capilar

    Relao exerccio/alimentao/glicemia

    Medicao insulina

    Nome, tipo e ao Autoaplicao /tcnica de aplicao/preparo da dose Rodzios Conservao Reutilizao da seringa Adeso ao tratamento

    Medicao - oral

    Nome da medicao Ao do Hipoglicemiante Oral X Controle da Glicemia Adeso ao tratamento

    Cuidado com os ps

    Higiene Inspeo diria Uso de calado apropriado Preveno e tratamento de ferimentos

    Cuidados com os dentes

    Visita peridica ao dentista Higiene bucal

    Complicaes agudas

    Sinais e sintomas de hipoglicemia Medidas preventivas e tratamento da hipoglicemia Carto de identificao/doces ou balas

    Complicaes crnicas

    Relao entre diabetes e surgimento de complicaes crnicas / cardiovasculares, renais, oftalmolgicas, arteriais perifricas, comprometimento dos ps

    Situaes especiais

    Comendo fora de casa Viagens Escola/emprego Conduo de automveis

    Recursos da comunidade

    Utilizao dos servios de sade e de recursos da comunidade Participao em associaes Participao em atividades de lazer

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    1.6 ACOLHIMENTO E CAPTAO o trabalho realizado pelos membros da equipe de sade, que tm como objetivo detectar a existncia de fatores de risco e, precocemente, novos casos de doenas junto demanda espontnea, consultas, nas visitas domicilirias, nos grupos educativos, sendo uma das estratgias fundamentais para o controle de complicaes e diminuio do nmero de internaes hospitalares. A viso dos servios de sade, principalmente da Ateno Bsica, para alm da busca ativa de sinais e sintomas que pressuponham a instalao de doenas, deve proporcionar uma abordagem, junto clientela, atravs de vrias oportunidades de aproximao e

    construo de vnculos, que possibilite a revelao de dados do seu estilo de vida e seu conhecimento sobre fatores que possam desencadear maior ou menor qualidade de vida e chance de diagnstico de doenas, para que, sobretudo, permita a adequada medida de orientao e seguimento no servio.

    A doena cardiovascular aterosclertica , em termos proporcionais, a principal causa de mortalidade em pases desenvolvidos e em desenvolvimento. Dois nveis de preveno cardiovascular devem ser considerados, o populacional, a partir de intervenes orientadas promoo da sade da populao, e o individual, a partir do contexto clnico e dos fatores de risco cardiovascular. Nesta acepo, mais importante que identificar um indivduo como portador de diabetes, hipertenso ou dislipidemia, caracteriz-lo em termos de seu risco global (cardiovascular, cerebrovascular e renal), avaliando o resultado da soma dos riscos imposta pela presena e magnitude destes mltiplos fatores.

    A abordagem essencial para a preveno primria a reduo de fatores de risco. Retardar a interveno sobre estes fatores at que se estabelea o diagnstico de comprometimento cardiovascular significa perder a oportunidade de prevenir eventos em pessoas cuja apresentao inicial pode ser a morte sbita ou o surgimento de leses incapacitantes.

    Um tero das pessoas com infarto agudo do miocrdio pode morrer nas primeiras 24 horas de diagnstico, e muitos sobreviventes tero leses graves e altamente comprometedoras da qualidade de vida, como insuficincia cardaca, angina do peito, arritmias e risco aumentado para morte sbita. Acrescente-se a isto o fato de que um tero dos novos eventos ocorre em indivduos abaixo dos 65 anos; portanto, todo este conjunto de evidncias justifica plenamente as aes de preveno primria das doenas cardiovasculares.

    O adulto, principalmente o homem, tende a evitar o servio de sade, a menos que no esteja se sentindo bem. Os profissionais da sade na ateno primria, sempre que oportunizado o contato com o adulto, ao identificar dados de estilo de vida ou outros sinais de alerta que indiquem risco para sade, deve realizar a ao de acolhimento e captao e dar incio interveno de carter multidisciplinar. A linha de cuidado para a especificidade da sade do adulto est direcionada para as necessidades individuais e coletivas, permitindo no s a conduo oportuna dos clientes mediante suas possibilidades de diagnsticos, mas mediante a viso global das condies. Para tanto, necessrio realizar aes de promoo, vigilncia, preveno e assistncia para a recuperao.

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    2 DOENAS E

    AGRAVOS NO

    TRANSMISSVEIS

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    22 .. DDOOEENNAASS EE AAGGRRAAVVOOSS NNOO TTRRAANNSSMMIISSSSVVEEIISS As Doenas e Agravos No Transmissveis DANT(s), podem ser caracterizadas por: doenas com histria natural prolongada; mltiplos fatores de risco; interao de fatores etiolgicos; especificidade de causa desconhecida; ausncia de participao ou participao polmica de microrganismos entre os determinantes; longo perodo de latncia; longo curso assintomtico; curso clnico em geral lento, prolongado e permanente; manifestaes clnicas com perodos de remisso e de exacerbao; leses celulares irreversveis e evoluo para diferentes graus de incapacidade ou para a morte

    (PINHEIRO,2004). Este captulo tem como objetivo orientar as aes de enfermagem na ateno sade do adulto com nfase na assistncia s pessoas com Hipertenso Arterial, Diabetes Melito, Dislipidemia e Obesidade, uma vez que a principal causa de morbimortalidade na populao brasileira so as doenas cardiovasculares. A equipe de sade tem como objetivo reduzir a morbimortalidade por essas doenas por meio da preveno dos fatores de risco e, atravs do diagnstico precoce e tratamento adequado dos portadores, prevenir as complicaes agudas e crnicas, principalmente com aes educativas de promoo sade direcionada populao.

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    2.1 HIPERTENSO ARTERIAL Conceituao

    A Hipertenso Arterial Sistmica (HAS) uma condio clnica multifatorial caracterizada por nveis elevados e sustentados de presso arterial (PA). Associa-se frequentemente a alteraes funcionais e/ou estruturais dos rgos-alvo (corao, encfalo, rins e vasos sanguneos) e a alteraes metablicas, com consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e no fatais. Segundo as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertenso, o diagnstico de hipertenso arterial para maiores de 18 anos, ocorre quando a presso arterial sistlica igual ou maior que 140 mmHg e a diastlica igual ou maior que 90 mmHg, aps a realizao de 3 medidas de PA em momentos diferentes. Epidemiologia

    A Hipertenso Arterial Sistmica (HAS) um problema grave de sade pblica no Brasil e no mundo. Ela um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenas cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsvel por cerca de 40% das mortes por acidente vascular cerebral, por 25% das mortes por doena arterial coronariana e, em combinao com o diabetes, 50% dos casos de insuficincia renal terminal. Com o critrio atual de diagnstico de hipertenso arterial (PA 140/90 mmHg), a prevalncia na populao urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade onde o estudo foi conduzido. (Cadernos de Ateno Bsica n 15 Hipertenso Arterial Sistmica - 2006) No Municpio de So Paulo, considerando a prevalncia de 22,9% de hipertensos a partir dos 18 anos (VIGITEL, 2010), os profissionais de sade da rede bsica tm importncia primordial nas estratgias de controle da hipertenso arterial, quer na definio do diagnstico clnico e da conduta teraputica, quer nos esforos requeridos para informar e educar o hipertenso, como de faz-lo seguir o tratamento. A preveno primria e a deteco precoce so as formas mais efetivas de evitar as doenas e devem ser metas prioritrias dos profissionais de sade.

    preciso ter em mente que a manuteno da motivao do cliente em no abandonar o tratamento talvez uma das batalhas mais rduas que profissionais de sade enfrentam em relao ao cliente hipertenso. importante lembrar, que um grande contingente de clientes hipertensos tambm apresenta outras comorbidades, como diabetes, dislipidemia, obesidade, o que traz implicaes importantes no gerenciamento das aes teraputicas necessrias para o controle de um conjunto de condies crnicas, cujo tratamento exige perseverana, motivao e educao em sade de forma contnua.

    2.1.1 Fatores de risco para HIPERTENSO ARTERIAL SISTMICA

    MODIFICVEIS

    NO MODIFICVEIS

    Obesidade

    Histria familiar de doena cardiovascular parentes de 1. Grau

    (mulheres com menos de 65 e homens com menos de 55 anos )

    Sedentarismo Idade, Gnero

    Consumo de sal Etnia (raa negra )

    Consumo de lcool

    Tabagismo

    Estresse

    Dislipidemia

    Depresso

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    Estratificao de risco de acordo com as VI Diretrizes Brasileiras de Hipertenso DBH-VI

    DM: diabetes melito; LOA: leso de rgos-alvo; PAD: presso arterial diastlica; PAS: presso arterial sistlica; SM: sndrome metablica

    Rastreamento de hipertenso arterial sistmica (HAS)

    A hipertenso uma condio muito prevalente que contribui para efeitos adversos na sade, incluindo, entre outras, mortes prematuras, ataques cardacos, insuficincia renal e acidente vascular e cerebral.

    Intervalo de rastreamento:

    No se tem evidncia para se recomendar um timo intervalo para rastrear a hipertenso nos adultos. O 7 JNC (The seventh report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure) recomenda o rastreamento a cada dois anos nas pessoas com presso arterial menor que 120/80 e rastreamento anual se a presso sistlica estiver entre 120 e 139 mmHg ou a diastlica entre 80 e 90 mmHg, a aferio ambulatorial com esfigmomanmetro a mais amplamente utilizada.

    A presso alta (hipertenso) usualmente definida em adultos como sendo a presso sistlica igual ou superior a 140 mmHg ou uma presso diastlica maior ou igual a 90 mmHg. Devido variabilidade individual da medida da presso arterial, recomendado, para se realizar o diagnstico, que se obtenham duas ou mais aferies em pelo menos duas ou mais visitas ao longo de um perodo de uma ou mais semanas.

    Caderno de Ateno Primria Rastreamento n29 MS 2010

    ESTRATIFICAO DO RISCO CARDIOVASCULAR GLOBAL:

    RISCO ADICIONAL ATRIBUDO CLASSIFICAO DE HIPERTENSO ARTERIAL DE ACORDO COM OS FATORES DE RISCO,

    LESES DE RGOS-ALVO E CONDIES CLNICAS ASSOCIADAS

    NN OO RR MM OO TT EE NN SS OO HH II PP EE RR TT EE NN SS OO

    Outros fatores de risco ou doenas

    timo

    PAS < 120 ou

    PAD < 80

    Normal

    PAS 120-129 ou PAD 80-84

    Limtrofe PAS 130-139 ou PAD 85-89

    Estgio 1 PAS 140-159 PAD 90-99

    Estgio 2 PAS 160-179 PAD 100-109

    Estgio 3 PAS 180 PAD 110

    Nenhum fator de

    risco

    Risco basal Risco basal Risco basal

    Risco baixo adicional

    Moderado risco

    adicional

    Alto risco adicional

    1 a 2 fatores de risco

    Baixo risco

    adicional

    Baixo risco adicional Baixo risco adicional

    Moderado risco

    adicional

    Moderado risco

    adicional

    Risco adicional

    muito alto

    3 fatores de risco, LOA ou SM - DM

    Moderado risco adicional

    Moderado risco

    adicional

    Alto risco adicional

    Alto risco adicional

    Alto risco adicional

    Risco adicional

    muito alto

    Condies clnicas

    associadas

    Risco adicional muito alto

    Risco adicional muito alto

    Risco adicional muito alto

    Risco adicional muito alto

    Risco adicional muito alto

    Risco adicional

    muito alto

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    RECOMENDAO DE ACOMPANHAMENTO COM BASE NA AFERIO DA PA INICIAL

    Normal Reavaliar em dois anos

    Pr-hipertenso

    Reavaliar em um ano HAS Estgio 1

    Confirmar em dois meses

    HAS Estgio 2

    Avalie e/ou refira para um servio de cuidados dentro de um ms. Para aqueles com presso muito alta (i.e., > 180/110 mmHg), avalie e trate imediatamente ou dentro de uma semana, dependendo da situao clnica e complicaes.

    Fonte - adaptado: NATIONAL HEART LUNG AND BLOOD INSTITUTE, 2004

    Obs: O seguimento do hipertenso, no deve estar apenas vinculado com a medida da presso, sempre devem ser avaliados os fatores de risco. E mais importante que o diagnstico de hipertenso, a somatria dos fatores de risco e sua interao, ou seja, a avaliao global do risco cardiovascular. Se as presses sistlica ou diastlica estiverem em estgios diferentes, o seguimento recomendado deve ser definido pelo maior nvel pressrico. A presena ou no de sintomas no deve ser considerada como fator decisivo para a tomada de conduta, ou seja, mesmo indivduo assintomtico e com inmeros fatores de riscos presentes deve ter seu risco definido, e a partir do grau ter seu acompanhamento estabelecido. Considerar interveno de acordo com a situao clnica do cliente (fatores de riscos, comorbidades e danos em rgos alvos). Recomenda-se considerar como orientao geral (adaptvel a cada regio e s caractersticas dos servios) que usurios com risco cardiovascular baixo e mdio, com quadro clnico estvel, sem leses de rgos alvo e com prescrio ajustada sejam avaliados duas vezes ao ano (mdico e enfermeiro). Por outro lado, usurios com risco mdio para alto, alto ou muito alto, podem necessitar de avaliaes mais peridicas, trs ou quatro vezes ao ano. Considerar que 20% dos clientes apresentam a hipertenso do avental branco, ou seja, os valores pressricos encontram-se alterados no momento das avaliaes pela equipe de sade. Estes indivduos costumam apresentar elevao persistente da presso sem leso de rgos alvo, sem sintomas de hipotenso postural, ou apresentam acentuada discrepncia entre os achados no consultrio e em outros ambientes.

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    2.1.2 FFlluuxxooggrraammaa ddee AAccoommppaannhhaammeennttoo HHAASS Obs.: *O atendimento de enfermagem rea l izado pelo Aux i l iar e Tcnico de Enfermagem para

    ver i f i cao de presso ar ter ia l . No caso de n ve is pressr icos descontro lados, encaminhar ao enfermeiro.

    O c l iente portador de h ipertenso ar ter ia l no contro lada dever passar por consu lta Mdica e de enfermagem e a per iod ic idade depende da ava l iao ind iv idua l .

    Grupo Educativo

    Consulta Mdica

    Consulta de Enfermagem Periodicidade a critrio da

    Enfermeira/Equipe

    *Atendimento de Enfermagem

    Nveis pressricos Controlados

    Hipertenso Arterial confirmada

    Consulta de Enfermagem

    Consulta Mdica Periodicidade a critrio

    mdico

    NO SIM

    Grupo Educativo

    Atendimento

    Enferm

    agem

  • Edio Preliminar

    29

    2.1.3 Consulta de Enfermagem em HAS Ao enfermeiro incumbe, como parte integrante da equipe, a realizao da Consulta de Enfermagem (CE); ato da maior relevncia, por sua acuidade e ao global. Est ligada ao processo educativo e deve estimular o cliente, famlia e comunidade percepo do processo sade-doena e da importncia do autocuidado. A Consulta de Enfermagem deve ter como foco principal os fatores de risco e suas consequncias, a estabilidade nos quadros crnicos, a preveno de complicaes e a reabilitao. A CE deve compreender a coleta de dados de enfermagem, com um enfoque que vai alm dos aspectos biolgicos, o diagnstico de enfermagem, o planejamento e a implementao de aes, e finalmente a avaliao de enfermagem. A execuo do Processo de Enfermagem deve ser registrada formalmente, envolvendo:

    Um resumo dos dados coletados; Os diagnsticos de enfermagem acerca das respostas observadas; As aes ou intervenes de enfermagem realizadas; Os resultados alcanados atravs das intervenes.

    Primeira Consulta de Enfermagem Entrevista:

    1.

    Identificao: sexo, idade, raa, condio socioeconmica e profisso.

    2.

    Identificar Conhecimento sobre sua doena e os riscos que ela acarreta.

    3.

    Histria atual e pregressa: durao conhecida de hipertenso arterial e nveis de presso, adeso e reaes adversas aos tratamentos prvios; Sintomas de doena arterial coronria; Sinais e sintomas sugestivos de insuficincia cardaca; Doenas vasculares enceflicas; Insuficincia vascular das extremidades; Doena renal; Gota; Diabetes Melito.

    4.

    Investigao sobre diversos aparelhos e fatores de risco: Dislipidemia; Tabagismo; Sobrepeso e obesidade; Atividade sexual; Doenas pulmonares obstrutivas crnicas (DPOC); Sedentarismo.

    5.

    Antecedentes familiares: Acidente vascular enceflico; Doena arterial coronariana prematura (homens < 55 anos, mulheres < 65 anos); Morte prematura e sbita de familiares 1. Grau.

    6.

    Perfil psicossocial: fatores ambientais e psicossociais, sintomas de depresso, ansiedade e pnico, situao familiar, condies de trabalho e grau de escolaridade.

    7.

    Avaliao diettica: incluindo consumo de sal, bebidas alcolicas, gorduras saturadas e cafena.

    8.

    Uso de medicamentos (anticoncepcionais, corticosteroides, descongestionantes nasais, anti-hipertensivos, outros).

    9.

    Atividade fsica

  • Edio Preliminar

    30

    Exame fsico

    1.

    Peso, altura, estabelecer IMC, 3 medidas da presso arterial e frequncia respiratria. Na primeira avaliao, as medidas devem ser obtidas em ambos os braos e, em caso de diferena, deve-se utilizar como referncia sempre o brao com o maior valor para as medidas subsequentes. A posio recomendada para a medida da presso arterial a sentada. As medidas nas posies ortosttica e supina devem ser feitas pelo menos na primeira avaliao em todos os indivduos e em todas as avaliaes em idosos, diabticos, portadores de disautonomias, alcoolistas e/ou em uso de medicao anti-hipertensiva

    2.

    Fcies que podem sugerir doena renal ou disfuno glandular (tireoide, suprarrenal e hipfise)

    3.

    Avaliao dos olhos e da acuidade visual

    4.

    Pescoo para pesquisa de sopro em cartidas

    5.

    Ausculta cardaca: frequncia cardaca e ritmo cardaco e possvel presena de arritmias e sopros

    6.

    Ausculta pulmonar: frequncia e possveis estertores, roncos e sibilos

    7.

    Examinar no abdmen: presena de massas palpveis e rudos hidroareos

    8.

    Avaliao de eventual edema

    9.

    Estado neurolgico

    10.

    Em cada consulta devero ser realizadas no mnimo trs medidas (PA), com intervalo de 1 a 2 minutos entre si

    11.

    Caso as presses diastlicas obtidas apresentem diferenas superiores a 4 mmHg, sugere-se que sejam realizadas novas aferies, at que seja obtida medida com diferena inferior a esse valor

    12.

    De acordo com a situao clnica presente, recomenda-se que as medidas sejam repetidas em pelo menos duas ou mais visitas

    13.

    A posio recomendada na rotina para a medida de presso arterial sentada.

    Deve ser avaliado

    1. Atividade fsica regular 2. Alimentao com calorias adequadas e balanceadas 3. Hbitos e vcios (abandono) 4. Vacinao 5. Prtica de atividade sexual com proteo 6. Uso de protetor solar Diagnstico de Enfermagem (DM) Atividade privativa do enfermeiro, o DE provm da identificao clara e especfica do enfermeiro sobre fatores de risco e/ou alteraes das necessidades humanas bsicas encontradas durante o histrico de enfermagem (coleta de dados e exame fsico). Sua descrio exige um pensamento critico e profundo podendo ser registrado em at trs partes: Nome da alterao encontrada; A causa que levou a esta alterao; e os sinais e sintomas que a define. LUNA, 2011 Obs: O Enfermeiro dever utilizar uma taxonomia, que tenha reconhecimento internacional, para registrar seu diagnstico.

  • Edio Preliminar

    31

    Cuidados de Enfermagem O que orientar

    1.

    Oferecer ao cliente informaes em relao a doenas e preveno das complicaes 2. Estimular a adeso ao tratamento: a. Estabelecendo objetivos/metas junto com o cliente b. Atravs do vnculo com o cliente e familiares c. Considerando e adequando crenas, hbitos e cultura do cliente d. Realizando visita domiciliar para sensibilizar os familiares na adeso ao tratamento e. Atravs de busca de faltosos f. Incentivando a participao do cliente e familiares em grupos educativos g. Checar a realizao de exames de reavaliao anual solicitados pelo mdico (Ex: raio X de trax, ECG)

    EEXXAAMMEESS Laboratorial e Complementares Os exames solicitados nas consultas mdicas seguiro as orientaes contidas no Protocolo de Tratamento da Hipertenso Arterial e do Diabetes Melito Tipo 2 na Ateno Bsica -2008.

  • Edio Preliminar

    32

    Consulta de Enfermagem Subsequente Aval iar metas estabelecidas em conjunto com o cl iente 1. Coleta de Dados

    2. Exame fsico:

    PA: Em cada consulta devero ser realizadas pelo menos trs medidas; sugere-se o intervalo de um minuto entre elas. A mdia das duas ltimas deve ser considerada a PA real.

    3. Avaliar os cuidados prescritos, metas estabelecidas e resultados obtidos conjuntamente com o cliente. 4. Adequar, se necessrio, os cuidados de enfermagem.

    5. Recomenda-se, sempre que possvel, a medida da PA fora do consultrio para esclarecimento do diagnstico, identificao da hipertenso do avental branco (HAB) e da hipertenso mascarada (HM).

    Deve ser avaliado

    1. Riscos familiares (obesidade, hipertenso, diabetes, infarto agudo do miocrdio, artrose, outros) 2. Hbitos de vida (sexual, alimentar, tabaco, lcool, drogas, outros). 3. Medicao: orientao, reviso do uso e prescrio. 4. Nvel pressrico 5. Perfil psicolgico - ansiedade, depresso, estresse, outros 6. Citologia onctica 7. Risco para cncer de mama, colo de tero, pele, cavidade oral e prstata 8. Mamografia (ver antecedentes familiares): vide Manual Sade da Mulher - SMS 9. Atividade fsica regular

    Orientao de nutrio para Hipertensos adultos 1. Manter o peso corporal adequado IMC at 25 a 27 e circunferncia abdominal inferior a 102 homens e 88

    mulheres.

    2. Reduzir a quantidade de sal no preparo dos alimentos e retirar o saleiro da mesa Ingesto de at 5g de sal por dia.

    3. Restringir as fontes industrializadas de sal: temperos prontos, sopas, embutidos como salsicha, linguia, salame e mortadela, conservas, enlatados, defumados e salgados de pacote, fast food.

    4. Substituir bolos, biscoitos doces e recheados, sobremesas doces e outras guloseimas por frutas in natura.

    5.

    Limitar ou abolir o uso de bebidas alcolicas toda reduo deve ser apontada como positiva. Em geral a ingesto diria no deve ser superior a 30 g de etanol para homens (duas latas de cerveja ou duas taas de vinho). Para mulheres, considerar a metade da dose. Avaliar necessidade de encaminhar aos centros de referncia.

    6. Dar preferncia a temperos naturais como limo, ervas, alho, cebola, salsa e cebolinha, ao invs de similares industrializados.

    7. Incluir, pelo menos, cinco pores de frutas, legumes e verduras no plano alimentar dirio, procurando variar os tipos e cores consumidos durante a semana.

    8. Optar por alimentos com reduzido teor de gordura e, preferencialmente, do tipo mono ou poli insaturada, presentes nas fontes de origem vegetal, exceto dend e coco, evitando gorduras tipo trans, saturada e colesterol.

    9. Manter ingesto adequada de clcio pelo uso de vegetais de folhas verdes escuras e produtos lcteos, de preferncia, desnatados.

    10. Estmulo ao consumo de alimentos ricos em potssio, se funo renal permitir; pois estes alimentos promovem reduo modesta da presso arterial (feijes, ervilha, vegetais de cor verde-escura, banana, melo, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata-inglesa e laranja).

    11. Identificar formas saudveis e prazerosas de preparo dos alimentos evitando frituras e dando preferncia a assados, crus, grelhados, outros.

    12. Estabelecer plano alimentar capaz de atender s exigncias de uma alimentao saudvel, do controle do peso corporal, das preferncias pessoais e do poder aquisitivo do indivduo e sua famlia.

  • Edio Preliminar

    33

    Tratamento - Orientaes

    O enfermeiro e os demais membros da equipe de sade atuam na sensibilizao do cliente para intervir em fatores de riscos cardiovasculares associados hipertenso como: tabagismo, obesidade, sedentarismo e dislipidemia, cabendo as devidas orientaes e o estabelecimento de metas a serem alcanadas, junto ao cliente, para a adoo de hbitos de vida saudveis. Na teraputica da Obesidade, Hipertenso Arterial Sistmica, Diabetes Melito e Dislipidemia, as principais estratgias para o tratamento no farmacolgico incluem as medidas de mudana de estilo de vida e adeso aos hbitos de vida saudveis.

    O propsito do tratamento da hipertenso arterial a reduo da morbimortalidade cardiovascular e renal.

    Associada s recomendaes de nutrio e de adoo de hbitos de vida saudveis, o uso de frmacos deve no s reduzir os graus pressricos, como tambm a ocorrncia de eventos fatais e no fatais, preservando a qualidade de vida do cliente.

    A no adeso ao tratamento se caracteriza como um fator importante na incidncia de complicaes cardiovasculares, cabendo ao enfermeiro, nas aes educativas individuais ou em grupo:

    Orientar sobre os efeitos adversos da droga; Motivar o cliente para uso das medicaes prescritas e mudanas de estilo de vida; Informar a importncia do uso correto da medicao; Esclarecer a importncia de tomadas/doses dirias da medicao; Envolver familiares no tratamento apoio contnuo ao cliente.

  • Edio Preliminar

    34

    2.2 DIABETES MELITO O diabetes uma sndrome de etiologia mltipla, decorrente da falta de insulina ou, tambm, da impossibilidade da insulina em exercer adequadamente seus efeitos, condio conhecida como resistncia insulina. Caracteriza-se por hiperglicemia crnica, com distrbios do metabolismo dos carboidratos, lipdeos e protenas e associa-se a complicaes, disfunes e insuficincia de vrios rgos, especialmente olhos, rins, nervos, crebro e vasos sanguneos. Na atualidade, os sistemas de sade enfrentam um grande desafio, devido o aumento da prevalncia e incidncia do diabetes em todo mundo, o envelhecimento da populao, a urbanizao crescente, a obesidade e a adoo de estilos de vida pouco saudveis, como sedentarismo e dieta inadequada. indispensvel que os servios estejam estruturados para desenvolver estratgias de promoo sade, preveno do aparecimento da doena, sendo capazes de realizar diagnsticos precoces e estabelecer tratamentos que evitem ou retardem a instalao de leses de rgos alvo. As aes sistemticas para captao de novos casos no devem centrar sua ateno to somente nos nveis de glicemia. Os fatores de risco devem, prioritariamente, ser considerados para o seguimento no servio.

    2.2.1 Fatores de risco para Diabetes Melito

    Modificveis

    No Modificveis Obesidade-Sobrepeso - IMC >25 Idade superior a 45 anos

    Obesidade central - circunferncia abdominal Antecedente familiar de diabetes (me ou pai)

    Dislipidemia - HDL baixo e triglicrides elevados Diagnstico prvio de sndrome de ovrios policsticos

    Hipertenso Arterial Doena cardiovascular, cerebrovascular ou DVP Diabetes gestacional prvio (teste de rastreio 6 a 12 semanas aps o parto), macrossomia e abortos de repetio

  • Edio Preliminar

    35

    OS TIPOS DE DIABETES MAIS FREQUENTES SO:

    Tipo1: Ou diabetes infanto-juvenil, instvel ou insulinodependente. Ocorre predominantemente em crianas e jovens, mas tambm pode ser observado menos frequentemente em pessoas adultas (incio tardio de diabetes tipo 1 do adulto).

    Clientes com este tipo de diabetes necessitam ser tratados pelo uso dirio de insulina exgena.

    Tipo2: Ou diabetes do adulto ou da maturidade, estvel ou no insulinodependente.

    Ocorre principalmente em adultos e particularmente em obesos. Alm dos subtipos obesos e no obeso, existe outro pouco frequente denominado Tipo MODY Maturity Onset Diabetes of the Young, que aparece em jovens antes dos 25 anos e tratvel sem insulina por um perodo mnimo de 5 anos. Outros tipos especficos:

    1- Defeitos genticos funcionais da clula beta 2- Defeitos genticos na ao da insulina 3- Doenas do pncreas excrino 4- Outras endocrinopatias 5- Induzidos por frmacos e agentes qumicos 6- Infeces 7- Outras sndromes genticas geralmente associadas ao diabetes 8- Diabetes gestacional: aparece na gravidez, persistindo ou no aps o parto

    Proposta de utilizao de escore de risco para Diabetes tipo 2

    Aproximadamente dois teros dos casos de diabetes tipo 2 podem ser prevenidos, de modo que a utilizao de escores para estimar o risco individual antes de qualquer alterao dos nveis da glicose sangunea permite aes de sade que interfiram nos fatores modificveis de risco. Trs quartos de mortes em pessoas vivendo com diabetes so causados por doena cardiovascular de modo que, a partir do conhecimento do risco individual, o potencial das intervenes que visam reduzir a morbidade e mortalidade significante.

    Entre os diferentes escores de risco para o Diabetes tipo 2, este Protocolo recomenda a utilizao do escore abaixo apresentado, que estima o risco de desenvolvimento de Diabetes tipo 2 em 10 anos; este um instrumento de fcil compreenso e pode ser auto aplicado, sendo possvel estimar o risco potencial de desenvolvimento do diabetes tipo 2 entre cinco possveis grupos de risco (baixo, moderadamente elevado, moderado, alto e muito alto).

    Recomenda-se que seja aplicado para identificar indivduos com risco mais elevado para o desenvolvimento do diabetes e suas complicaes, principalmente os indivduos com 40 anos e mais, que apresentem dois ou mais fatores de risco cardiovascular (considerar faixa etria mais precoce para populao negra).

  • Edio Preliminar

    36

    Escore de risco para diabetes tipo 2

    Indicador Valor Pontos atribudos

    Idade

    < 45 anos 0 45 54 anos 2 55 64 anos 3

    > 64 anos 4

    ndice de Massa Corporal - IMC

    < 25 kg/m 0 25 a 30 kg/m 1

    > 30 kg/m 3 Voc pratica regularmente pelo menos 30 minutos de atividade fsica (no trabalho ou no lazer, incluindo as atividades da vida diria)?

    Diariamente 0

    No 2

    Com qual frequncia voc come frutas, legumes e verduras?

    Diariamente 0

    No diariamente 1

    Voc j fez uso de medicao anti-hipertensiva regularmente?

    No 0

    Sim 2

    Voc j teve alterao da taxa de glicose no sangue diagnosticada (por exame de rotina, na gestao ou em outras situaes)?

    No 0

    Sim 5

    Circunferncia abdominal (medida abaixo do arco costal, usualmente na linha do umbigo)

    Homens

    Menor que 94 cm 0 94 cm 102 cm 3 Maior que 102 cm 4

    Mulheres Menor que 80 cm 0 80 cm 88 cm 3 Maior que 88 cm 4

    Algum parente prximo ou outros parentes foram diagnosticados como portadores de diabetes?

    No 0 Sim avs, tia, tio, primo em primeiro grau

    3

    Sim - pai ou me, irmo, irm, filho.

    5

    TOTAL DE PONTOS

    Fonte: Adaptado FINDRISC, 2003

  • Edio Preliminar

    37

    Recomendaes de acompanhamento de acordo com a classificao de risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2 em 10 anos

    Soma de pontos

    Risco do desenvolvimento do

    diabetes

    Recomendao

    A orientao de manter os hbitos saudveis de vida (no fumar, praticar atividade fsica regularmente, observar a manuteno do peso adequado e dieta saudvel) deve ser mantida para todos os indivduos, independente da pontuao no escore de risco para diabetes tipo 2.

    < 7 pontos Baixo

    Avaliao mdica de rotina ao menos uma vez ao ano.

    7 a 11 pontos Moderadamente elevado

    Avaliao mdica em perodo

    no superior a 6 meses.

    12 a 14 pontos Moderado

    Avaliao mdica em perodo no superior a 3 meses.

    15 a 20 pontos Alto Avaliao mdica em 30 a 60 dias.

    >20 pontos Muito alto

    Fonte: Adaptao FINDRISC

  • Edio Preliminar

    38

    2.2.2 Flluuxxooggrraammaa ddee AAccoommppaannhhaammeennttoo DDMM Obs.:

    O atendimento de enfermagem realizado pelo Auxiliar de Enfermagem para verificao da glicemia capilar prescrita pelo mdico ou enfermeiro e orientaes sobre o tratamento. A periodicidade deve ser estabelecida pelo mdico/enfermeiro da equipe.

    O portador de diabetes no controlado dever passar por consulta de enfermagem e a periodicidade depende da avaliao individual.

    Glicemia Controlada

    Grupo Educativo

    Consulta Mdica

    Consulta de Enfermagem Periodicidade a critrio da Enfermeira / equipe

    Grupo Educativo

    NO SIM

    Consulta Mdica Periodicidade a critrio

    mdico Consulta de Enfermagem

    Diabetes MelitoConfirmada

    Atendimento de Enfermagem

    Antes da avaliao do valor da glicemia, devero ser considerados os fatores de risco presentes, o comprometimento de rgos alvo e comorbidades existentes.

    Atendimento de Enfermagem

  • Edio Preliminar

    39

    Rastreamento de Diabetes Melito tipo 2

    Est recomendado o rastreamento de diabetes em adultos assintomticos com PA sustentada maior que 135/80 mmHg, no se aplicando a outros critrios como obesidade, histria familiar nem faixa etria. A prevalncia do diabetes do tipo 2 est aumentando aproximadamente 7% da populao adulta brasileira tem esse problema. O diabetes lidera como causa de cegueira, doena renal e amputao e expe a um aumento de mortalidade, principalmente por eventos cardiovasculares. possvel por meio do rastreamento da diabetes nas pessoas com elevao dos nveis pressricos (acima de 135/80 mmHg) reduzir a incidncia de mortalidade e dos eventos cardiovasculares, por meio de um rigoroso controle da presso arterial. H evidncia convincente de que, com o controle intensivo da glicemia em pessoas com diabetes clinicamente detectada (situao oposta ao detectado pelo rastreamento), pode-se reduzir a progresso dos danos microvasculares que ela proporciona. Contudo, os benefcios desse controle rigoroso da glicemia sobre os resultados clnicos dos danos microvasculares, tais como dano visual severo ou estgio final de doena renal, levam anos para se tornar aparentes. Assim, no existe evidncia convincente de que o controle precoce da diabetes como consequncia do rastreamento adicione benefcio aos resultados clnicos microvasculares quando comparados com o incio do tratamento na fase usual de diagnstico clnico. Ainda no se conseguiu provar que o controle rigoroso da glicemia reduz significativamente as complicaes macrovasculares, tais como infarto do miocrdio e derrames. Encontrou-se evidncia adequada de que os danos de curto prazo devido ao rastreamento do diabetes, como a ansiedade, so pequenos. O efeito de longo prazo da rotulao e tratamento de uma grande parte da populao como sendo diabtica desconhecido, porm notrio que o estigma da doena, a preocupao com as complicaes conhecidas e a perda de confiana na prpria sade (Starfield, 2008), assim como a demanda por mais exames, podem trazer prejuzos populao e aos servios de sade.

    Como realizar? Por meio de glicemia de jejum de oito horas. Como interpretar o resultado? Pessoas com uma glicemia em jejum superiores a 126 mg/dl devem realizar confirmao do resultado com nova glicemia de jejum, para, dependendo do segundo resultado, serem diagnosticadas com Diabetes melito. A meta de tratamento para as pessoas diabticas alcanar uma hemoglobina glicosilada em torno de 7%. Geralmente, isso corresponde a uma glicemia de jejum menor que 140 mg/dL. Porm, conforme orientao descrita acima, o grande benefcio do tratamento est em se manter um controle mais rigoroso dos nveis pressricos, ou seja, uma presso arterial menor ou igual a 135/80. Dessa forma, pode-se reduzir a morbimortalidade cardiovascular nesses clientes.

    Caderno de Ateno Primria Rastreamento n 29 MS 2010

  • Edio Preliminar

    40

    2.2.3 Consulta de Enfermagem DM

    Primeira Consulta de Enfermagem

    Entrevista:

    1.

    Identificao: sexo, idade, raa, condio socioeconmica e de trabalho

    2.

    Identificar Conhecimento sobre sua doena e os riscos que ela acarreta

    3.

    Histria atual e pregressa: durao conhecida de hipertenso arterial e nveis de presso, adeso e reaes adversas aos tratamentos prvios; Sintomas de doena arterial coronria; Sinais e sintomas sugestivos de insuficincia cardaca; Doenas vasculares enceflicas; Insuficincia vascular das extremidades; Doena renal; Gota; Diabetes Melito

    4.

    Investigao sobre diversos aparelhos e fatores de risco: Dislipidemia; Tabagismo; Sobrepeso e obesidade; Atividade sexual; Doenas pulmonares obstrutivas crnicas (DPOC); Sedentarismo

    5.

    Antecedentes familiares: Acidente vascular enceflico; Doena arterial coronariana prematura (homens < 55 anos, mulheres < 65 anos); Morte prematura e sbita de familiares 1. Grau

    6.

    Perfil psicossocial: fatores ambientais e psicossociais, sintomas de depresso, ansiedade e pnico, situao familiar, condies de trabalho e grau de escolaridade

    7.

    Avaliao diettica, incluindo consumo de sal, bebidas alcolicas, gorduras saturadas e cafena

    8.

    Uso de medicamentos (anticoncepcionais, corticosteroides, descongestionantes nasais, anti-hipertensivos e outros)

    9.

    Atividade fsica

    10.

    Condies de moradia

  • Edio Preliminar

    41

    Coleta de Dados:

    1.

    O conhecimento do cliente em relao a doena

    2.

    Sintomas (polidipsia, poliria, polifagia, emagrecimento), apresentao inicial, evoluo, estado atual, tempo de diagnstico.

    3.

    Exames laboratoriais anteriores

    4.

    Padres de alimentao, estado nutricional, evoluo do peso corporal

    5.

    Tratamento(s) prvio(s) e resultados

    6.

    Prtica de atividade fsica

    7.

    Intercorrncias metablicas anteriores (cetoacidose, hiper ou hipoglicemia)

    8.

    Infeces de ps, pele, dentria e geniturinria

    9.

    lceras de extremidades, parestesias, distrbios visuais

    10.

    Infarto Agudo do Miocrdio (IAM) ou Acidente Vascular Cerebral (AVC) no passado

    11. Uso de medicaes que alteram a glicemia

    12. Fatores de risco para aterosclerose, hipertenso, dislipidemia, tabagismo, histria familiar

    13. Histria familiar de DM ou outras endocrinopatias

    14. Histrico gestacional

    15. Passado cirrgico

    Exame fsico

    1. Peso e altura: excesso de peso tem forte relao com o aumento da presso arterial e da resistncia insulnica

    2.

    Uma das formas de avaliao do peso atravs do clculo do ndice de massa corporal (IMC). Esse indicador dever estar na maioria das pessoas entre 20 a 25Kg/m

    3.

    Palpao da tireoide

    4.

    Circunferncia da cintura: tcnica de medida: cliente em p, sem roupa, fita mtrica inelstica; medir entre o rebordo costal e crista ilaca.

    5. Exame dos olhos e acuidade visual

    6. Exame da cavidade oral

    7.

    Avaliao dos pulsos arteriais perifricos e edema de MMII

    8.

    Exame dos ps: leses cutneas, estado das unhas, calos e deformidades

    9.

    Exame neurolgico: reflexos tendinosos profundos, sensibilidade trmica, tctil, vibratria e dolorosa

    10.

    Medida de PA

    11.

    Avaliao do p diabtico

  • Edio Preliminar

    42

    Deve ser avaliado

    1. Atividade fsica regular 2. Alimentao com calorias adequadas e balanceadas 3. Hbitos e vcios (abandono) 4. Vacinao 5. Prtica de atividade sexual com proteo 6. Uso de protetor solar Diagnstico de Enfermagem (DE) Atividade privativa do enfermeiro, o DE provm da identificao clara e especfica do enfermeiro sobre fatores de risco e/ou alteraes das necessidades humanas bsicas encontradas durante o histrico de enfermagem (coleta de dados e exame fsico). Sua descrio exige um pensamento critico e profundo podendo ser registrado em at trs partes: Nome da alterao encontrada; A causa que levou a esta alterao; E os sinais e sintomas que a define. LUNA, 2011

    Cuidados de Enfermagem

    O que orientar

    1.

    Oferecer ao cliente informaes em relao a doenas e preveno das complicaes 2. Estimular a adeso ao tratamento: a. Estabelecendo objetivos/metas junto com o cliente; b. Atravs do vnculo com o cliente e familiares; c. Considerando e adequando crenas, hbitos e cultura do cliente; d. Realizando visita domiciliar para sensibilizar os familiares na adeso ao tratamento; e. Atravs de busca de faltosos; f. Incentivando a participao do cliente e familiares em grupos educativos.

    EEXXAAMMEESS

    LLaabboorraattoorriiaall ee CCoommpplleemmeennttaarreess Os exames solicitados nas consultas mdicas seguiro as orientaes contidas no Protocolo de Tratamento da Hipertenso Arterial e do Diabetes Melito Tipo 2 da Ateno Bsica -2008. Cuidados de Enfermagem Especficos

    Preveno das complicaes

    As complicaes crnicas podem ser divididas em trs grupos: Microangiopatia: retinopatia e nefropatia; Neuropatia: autonmica e/ou perifrica; Macroangiopatia: aterosclerose coronariana, cerebral e perifrica dos membros inferiores.

    Dependero do controle glicmico e, por isso, torna-se de grande importncia a realizao dos exames anualmente e sensibilizar o cliente e os familiares quanto ao tratamento medicamentoso e no medicamentoso.

  • Edio Preliminar

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    Ateno para Tuberculose: H evidncias que a prevalncia de tuberculose consideravelmente maior entre os afetados por diabetes do que na populao geral, e mais frequente em clientes com controle inadequado. Em decorrncia disto, a recomendao de identificar os indivduos com tosse h mais de 2-3 semanas deve ser rigorosamente observada neste grupo de risco. Na prtica, significa que a equipe de sade deve estar preparada a perguntar sobre sintomas respiratrios em todas as consultas