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SUMRIO Pg: 03 - Pr-Operatrio. Pg: 07 - Trans-Operatrio. Pg: 07 - Centro Cirrgico. Pg: 10 - Atribuies da enfermagem. Pg: 11 Auxilio ao atendimento. Pg: 12 - Atendimento ao ato cirrgico. Pg: 14 - Instrumentador. Pg: 15 - Anti-sepsia. Pg: 16 - Tcnicas para vestir o avental. Pg: 17 - Tcnicas para calar as luvas. Pg: 17 - Tempos cirrgicos. Pg: 18 - Instrumental cirrgico. Pg: 19 - Fios cirrgicos. Pg: 20 - Consideraes gerais sobre instrumentao. Pg: 21 - Centro de material. Pg: 23 - Limpeza do material. Pg: 24 - Preparo do material. Pg: 24 - Esterilizao. Pg: 31 - Ps-Operatrio. Pg: 36 - Complicaes. Pg: 45 - Intervenes cirrgicas. Pg: 62 - Assistncia ao paciente com aparelho gessado. Pg: 66 - Bibliografia.

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01- INTRODUO

A partir do sculo XIX, a cirurgia tornou-se uma especialidade mdica e surgiram com ela novos horizontes e possibilidades que favoreceram a melhora da qualidade de vida. At ento, muitos problemas no podiam ser clinicamente minimizados ou resolvidos, o que contribua sobremaneira para aumentar os ndices de morbi-mortalidade, hoje facilmente contornado por meio de intervenes cirrgicas. Por se tratar de uma nova especialidade da medicina, conhecia-se pouco o risco que os procedimentos cirrgicos poderiam oferecer ao cliente. A dor ainda era um grande problema as cirurgias, que obrigava os mdicos cirurgies a realizarem intervenes no mais curto espao de tempo possvel. No entanto por volta de 1840, o advento da anestesia tornou possvel para o cirurgio realizar as intervenes sem que o cliente sentisse dor. O papel dos profissionais de enfermagem que atuavam nas primeiras cirurgias limitava-se apenas limpeza das salas e dos equipamentos utilizados. O contato com o cliente restringia-se a algumas tarefas tcnicas, como uma coleta de materiais, e ocasionalmente o profissional acompanhavam os clientes at as salas de cirurgia para prestar-lhes algum tipo de cuidado. Mais tarde, com a descoberta das solues anti-spticas, a criao de tcnicas asspticas e, um pouco depois, com a descoberta dos bloqueios anestsicos atravs de gases anestsicos, o tratamento cirrgico passou a ser utilizado em larga escala. Dessa forma, percebia-se a necessidade de se qualificar os profissionais de enfermagem, visto que as complicaes decorrentes das novas tcnicas de interveno cirrgica, bem como das novas tcnicas de anestesia, exigiam deles cada vez mais conhecimento. O cuidado passou a ser um aspecto fundamental no sucesso da cirurgia.

Em nosso entender, a atual disciplina Enfermagem Cirrgica precisa ser urgentemente repensada e contextualizada, at mesmo re-batizada, porque essa terminologia implicaria obrigatoriamente em uma enfermagem voltada para a realizao da teraputica cirrgica, do ato mdico. Isso se contrape complemente aos objetivos de uma profisso alicerada no cuidado e, atravs dele, na satisfao das necessidades humanas bsicas e dos desejos afetados. Cada vez mais se exige dos profissionais de enfermagem um conjunto de conhecimentos slidos, baseados nas diversas esferas do saber, sem desconsiderar a essencialidade do ser humano. Essa busca tem constitudo um dos maiores desafios da enfermagem contempornea. 02- TRATAMENTO CIRRGICO O tratamento cirrgico baseia-se na obteno da cura ou no alvio dos sintomas atravs da realizao de intervenes operatrias. A cirurgia parte da medicina que trata de certas leses internas ou externas por processos manuais denominados operaes. O tratamento cirrgico ocorre fundamentalmente em trs fases interdependentes: - Fase pr-operatria: perodo que antecede o ato cirrgico. - Fase transoperatria: tambm chamada de fase peri-operatria, compreende o tempo de realizao da interveno cirrgica propriamente dita. - Fase ps-operatria: compreende o perodo posterior realizao do procedimento cirrgico. importante destacar que atualmente, dependendo da gravidade do cliente ou da complexidade da cirurgia, o cuidado de enfermagem dever estar presente necessariamente durante as trs fases do tratamento cirrgico. Normalmente, faz parte dos protocolos e rotinas de enfermagem que as

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cirurgias sejam precedidas de consultas properatrias de enfermagem, dependendo do hospital, ainda que no seja extremamente necessria a participao desses profissionais no perodo peri-operatrio. , no entanto, de praxe que a enfermagem participe da fase properatria, seja na administrao de medicamentos, seja no preparo do organismo (mente, corpo e esprito) e do local a ser realizado a cirurgia, o que implica em pelo menos uma vista do profissional de enfermagem ao cliente. PR-OPERATRIO O perodo pr-operatrio tem inicio no momento em que o paciente recebe a indicao e se estende at sua entrada no centro cirrgico. Este perodo se divide em duas fases: pr-operatrio mediato e pr-operatrio imediato. Pr-operatrio mediato: Esta fase comea no momento da indicao de operao e termina 24 horas antes do seu inicio. Geralmente, neste perodo o paciente ainda no se encontra internado. No pr-operatrio mediato, sempre que possvel, o mdico faz uma avaliao do estado geral do paciente atravs do exame clnico detalhado e dos resultados de exames de sangue, urina, raios X, eletrocardiograma, entre outros. Essa avaliao tem o objetivo de identificar e corrigir distrbios que possam aumentar o risco cirrgico. Tratando-se de operaes eletivas, onde h previso de transfuso sangunea, muitas vezes solicitado ao paciente para providenciar doadores saudveis e compatveis com seu tipo sanguneo. Com essa medida pretende-se melhorar a qualidade do sangue disponvel e aumentar a quantidade de estoque existente nos bancos de sangue, evitando sua comercializao. Cirurgia Eletiva: O cliente apresenta-se na maioria das vezes relativamente sadio, sem manifestar sinais ou sintomas que surgiram

comprometimento de sintomas orgnicos vitais (circulatrio, excretor, respiratrio). Isso nos permite implementar cuidados de enfermagem a fim de prepar-lo em todos os aspectos (fsico, mental e espiritual) para que possa enfrentar em melhores condies o procedimento cirrgico. Uma cirurgia eletiva, portanto, a que permite ao cirurgio escolher o momento mais adequado para sua realizao. Cirurgia de Urgncia: Na maioria das vezes o cliente d entrada no hospital com sinais e sintomas sugestivos de comprometimento e desequilbrio orgnico de sistemas vitais, bem como um acentuado desequilbrio afetivoemocional. Isso contribu sobremaneira para o agravamento do quadro de instabilidade orgnica j instalado. Torna-se imperioso a indicao de tratamento cirrgico imediato, independente da condio clnica do cliente, uma vez que no se dispe de tempo hbil para tentar, atravs de cuidados de enfermagem e de teraputica mdica, melhorar a condio do cliente para a realizao da interveno cirrgica. Pr-operatrio imediato: Esta fase corresponde as 24 horas que antecedem a cirurgia.De um modo geral, o paciente admitido no hospital dentro deste perodo, com o objetivo de ser devidamente preparado para o ato cirrgico. Esse procedimento, entretanto varia de instituio para instituio, ou de acordo com o tipo de cirurgia ou o estado do paciente. H casos em que o paciente internase com vrios dias de antecedncia, quando necessita de um tratamento para habilit-lo a ser operado. Em outros casos, no entanto, a admisso se d no mesmo dia da operao. Admisso do paciente: Chegando ao hospital, o paciente encaminhado na Unidade de Internao Cirrgica, que a rea destinada ao alojamento dos pacientes nos perodos pr e ps-operatrios. fcil compreender as dvidas, medos e ansiedade que povoam o pensamento do

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desconhecido e as possibilidades de dor, de complicaes, de morte criam uma situao de insegurana para o paciente cirrgico. Por isso de extrema importncia que o tcnico em enfermagem receba o paciente de modo afvel, tendo o cuidado de conduz-lo ao leito. L deve indicar-lhe o local para guardar seus pertences, orient-lo quanto s normas do hospital, esclarecer-lhe as dvidas que estiver ao seu alcance, encaminhando as demais a quem de direito. tambm muito importante chamar o paciente sempre pelo nome e ser honesto ao responder as perguntas, para ganhar sua confiana. Procedendo dessa maneira, o tcnico de enfermagem alivia a ansiedade do paciente, ajudando-o a sentir-se mais vontade. Admitindo o paciente, o tcnico de enfermagem deve obter algumas informaes sobre ele e sua doena, hbitos intestinais, sono, tabagismo, alergias, uso de lcool, de drogas ou medicamentos. No caso de uso de drogas e medicamentos, estes precisam ser especificados no pronturio do paciente. Ao executar os demais procedimentos de rotina em uma admisso, o tcnico de enfermagem deve estar atento a anormalidades como febre, dispnia, hipertenso ou hipotenso, bradicardia ou taquicardia. A constatao de qualquer anormalidade deve ser comunicada ao enfermeiro responsvel ou ao mdico e tambm anotada no pronturio. importante, ainda, verificar a validade dos exames pr-operatrios. Atualmente essa validade de trs meses para os exames laboratoriais e de seis meses para o eletrocardiograma (ECG) e as radiografias (RX). Por fim, o tcnico de enfermagem deve verificar se a burocracia para a operao esta devidamente assinada pelo prprio paciente ou por seu responsvel, quando se trata de crianas ou pessoas incapacitadas.

Cuidados: Compete ao cirurgio determinar, decidir o preparo do paciente, de acordo com a operao a ser realizada. Normalmente, os cuidados relativos a esse preparo so executados na vspera e no dia da cirurgia. Na vspera da operao: O tcnico de enfermagem deve prestar uma srie de orientaes ao paciente, executar o preparo da pele, o preparo intestinal, a higiene geral e tambm cuidar para o paciente observar o jejum. Orientaes ao paciente: Durante o perodo pr-operatrio, o paciente deve ser orientado e incentivado a praticar alguns exerccios que iro benefici-lo posteriormente, no psoperatrio. Exerccios respirao, cuja finalidade prevenir complicaes pulmonares aps a realizao da cirurgia. O tcnico em enfermagem orienta o paciente para colocar as duas mos na parte inferior das costelas na altura do diafragma, a fim de sentir o movimento torcico, expirar completamente, inspirar profundo pelo nariz e expulsar todo ar pela boca. Repetir esse exerccio vrias vezes. Atualmente existem pequenos aparelhos denominados expirmetros de incentivo, utilizados para a realizao de exerccios respiratrios. Exerccio de tosse, cujo objetivo retirar secrees da traquia e dos brnquios. O paciente orientado para entrelaar os dedos, colocando as mos sobre o local da futura inciso, ou ento usar o travesseiro para apoiar as mos e pressionar o local, isto funciona como imobilizao durante a tosse, eliminando a dor. Depois de pressionar o local, deve inclinar-se ligeiramente para frente, encher os pulmes e provocar rpidas tossidelas. O exerccio deve ser repetido uma ou duas vezes, tentando eliminar possveis secrees.

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O tcnico em enfermagem tambm deve orientar e conscientizar o paciente para a importncia de realizar a deambulao precoce, que consiste em pequenas caminhadas aps a cirurgia, to logo as suas condies o permitam. A deambulao precoce favorece a expanso pulmonar, a circulao nos membros inferiores e estimula o peristaltismo intestinal funo mecnica do intestino. Preparo da pele: Esse procedimento tem por finalidade eliminar ao mximo a flora bacteriana que normalmente habita a pele do paciente. A rea em torno da futura ferida operatria deve ser limpa de modo completo e feita tricotomia. Em vrios hospitais, a tricotomia realizada na vspera da operao, noite, muito embora seja mais indicado fazla at duas horas antes da cirurgia, para evitar a proliferao de germes aps o preparo da pele. Material necessrio tricotomia: para realizao da

pele e a rea onde haja pregas, como virilha e rgos genitais. 6) Cuidar ao mximo para no machucar a pele do paciente e relatar qualquer anormalidade observada como, por exemplo, doena cutnea ou ferimento, uma vez que eles podem aumentar o risco de infeco da ferida operatria. 7) Enxugar e secar a pele, deixando o paciente confortvel. 8) Remover todos os materiais utilizados, desfazendo-se dos descartveis e colocando os demais em solues. 9) Anotar no pronturio do paciente a hora, o local do procedimento e as observaes relativas aos cuidados prestados. Cabe observar que as pesquisas acerca da tricotomia colocam em dvida a eficincia desse procedimento, a infeco a ferida operatria. Contudo, a maioria dos cirurgies continua adotando a prtica. Preparo intestinal: para a maioria das operaes, principalmente as realizadas sob anestesia geral, importante o reto estar vazio, evitando assim que o paciente evacue durante o ato cirrgico. Em funo do tipo de cirurgia a ser realizada, o mdico ir prescrever o preparo adequado, que pode variar desde o uso de laxante at a aplicao de clister ou lavagem intestinal. Uma operao de intestino grosso, por exemplo, exige um preparo maior, para o rgo ficar o mais vazio possvel. Nesse caso, o laxante administrado dias antes, mas o clister e a lavagem so feitos na vspera da operao. J em operaes de pequeno porte pode-se dispensar a execuo desse preparo, desde que o paciente tenha evacuado normalmente na manh do dia da cirurgia. Ainda em relao ao preparo intestinal, cabe ao tcnico em enfermagem que executou o procedimento verificar e anotar no pronturio as caractersticas do material eliminado.

1) Vasilha com gua morna. 2) Sabo anti-sptico. 3) Compressas de gaze. 4) Barbeador com lmina nova. 5) Tesoura. Etapas para a execuo da tricotomia: 1) Esclarecer o paciente sobre a necessidade do procedimento. 2) Preparar o paciente posicionando-o de modo a facilitar a realizao do procedimento e expondo a regio a ser tricotomizada. 3) Cortar os plos longos com a tesoura. 4) Ensaboar a rea com gaze, friccionado-a com movimentos circulares a partir do local da futura inciso. 5) Esticar suavemente a pele com uma das mos e, com o barbeador na outra mo, raspar a rea ensaboada, sempre no sentido dos plos empregando movimentos firmes e regulares, prestando ateno a salincias existentes na

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Higiene geral: Alm do preparo total da pele, um banho completo na vspera da operao, ajuda a evitar infeces. Os pacientes deambulantes devem ser orientados para fazer sua prpria higiene. Para estes, o tcnico vai fornecer o material sabo, de preferncia anti-sptico, tesourinha de unha e outros que se fizerem necessrios. Para pacientes acamados, no entanto, cabe ao tcnico fazer a higiene, incluindo lavagem de cabelo com xampu, limpeza das unhas das mos e dos ps e higiene oral. Jejum: Na medida do possvel, o estmago do paciente deve estar vazio, no momento da cirurgia. Caso contrrio, ao ser administrado o anestsico geral ele pode vomitar e aspirar o vomito para o interior dos pulmes, causando srias complicaes, como asfixia, pneumonia ou abscesso pulmonar. Normalmente a ltima refeio ingerida pelo paciente antes da cirurgia contm apenas alimentos facilmente digervel, como sopa, caldo, etc. Aps essa refeio o paciente precisa permanecer em jejum por 12 ou 24horas, dependendo do tipo do procedimento at o momento da cirurgia, no sendo tambm permitido a ingesto de gua ou outros lquidos, como sucos e chs. Em alguns tipos de operao como, por exemplo, as de estmago e de intestino, uma dieta de fcil digesto precisa ser observada durante vrios dias anteriores ao ato cirrgico. No dia da operao: Os cuidados que a enfermagem presta ao paciente no dia do ato cirrgico so os seguintes: 1. Retirar o esmalte de no mnimo em uma das unhas, se o paciente estiver usando, para que o anestesista controle melhor sua oxigenao durante a cirurgia. 2. Orientar o paciente deambulante para ir ao banheiro, com o objetivo de esvaziar a bexiga e o intestino, tomar banho sem lavar a cabea e fazer a higiene bucal adequada. No caso do paciente acamado, auxili-lo a realizar esses cuidados.

3. Fornecer camisola limpa e ajudar o paciente a vest-la com a abertura para as costas, orientando-o para no colocar nenhuma roupa por baixo. 4. Pentear os cabelos do paciente e prend-los com gorro, principalmente quando forem longos. 5. Retirar prteses, lentes de contato, jias, etc. para evitar que se percam, identificar esses objetos e entregar ao enfermeiro responsvel ou guard-los em local apropriado, o qual varia de acordo com a instituio. A retirada de prteses dentria ou ocular antes da anestesia constitui, para alguns pacientes, violao de sua privacidade. Por esta razo, muitos servios adotam a rotina de retir-los somente na sala de operao, guardando-as para posterior devoluo. 6. Verificar os sinais vitais: temperatura, pulso, respirao e presso arterial, informando ao enfermeiro responsvel quaisquer alteraes como hipertermia, hipertenso ou outras. 7. Conferir se os exames properatrios, as autorizaes para a operao e as radiografias esto junto ao pronturio do paciente. 8. Administrar a medicao pranestsica prescrita aproximadamente 30 a 60 minutos antes de encaminhar o paciente ao centro cirrgico. Nessa fase quando o efeito da medicao pr-anestsica est se iniciando, o paciente deve permanecer sob observao, jamais sendo deixado sozinho, pois poder apresentar reaes diversas, como depresso respiratria ou mesmo agitao. 9. Deixar o paciente deitado, protegido com grades. Verificar novamente os sinais vitais, anotando-os no pronturio e comunicando qualquer anormalidade ao enfermeiro responsvel. 10. Colocar o paciente na maca, protegido com grades. Identific-lo com uma pulseira contendo nome, nmero do registro no pronturio e comunicando qualquer anormalidade ao enfermeiro responsvel.

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11. Encaminhar o paciente ao Centro Cirrgico com o pronturio completo, incluindo a autorizao para a cirurgia e as radiografias. Vale lembrar que em operaes de emergncia o preparo pr-operatrio de rotina geralmente no so realizados por falta de tempo, pois, nesses casos, o importante intervir imediatamente. TRANS-OPERATRIO O perodo chamado de transoperatrio aquele em que o paciente submete-se a cirurgia propriamente dita. O procedimento se realiza no Centro Cirrgico, o ato cirrgico. O Centro Cirrgico deve ser dotado de uma infra-estrutura tal, que garanta plena segurana e conforto ao paciente e a equipe de sade. O Centro de Material e a Recuperao Ps-Anestsica so apoios importantes para o Centro Cirrgico. Por esta razo so geralmente instalados dentro ou prximos a ele, ou ento com uma ligao direta.

CENTRO CIRRGICOUm Centro Cirrgico compe-se de vrias dependncias e necessita de pessoal especializado para seu funcionamento. Por isso, importante analisarmos as dependncias bsicas de um Centro Cirrgico e as equipes que trabalham nessa unidade, com suas respectivas atribuies, principalmente as que se referem aos tcnicos de enfermagem. Dependncias bsicas: Um centro cirrgico deve dispor das seguintes dependncias: 1. Vesturio masculino e feminino: Devem oferecer acesso externo (por fora das instalaes do centro cirrgico) e interno (pelo corredor cirrgico). importante que eles disponham de sanitrios e chuveiros (para uso

das equipes), armrios (para a guarda de uniformes, roupas e outros pertences). 2. Posto de enfermagem: Local destinado chefia e a secretaria, que exercem o controle administrativo da unidade. 3. Copa: rea reservada ao pessoal do centro cirrgico, para lanches rpidos. 4. Sala de estar: Deve ficar localizada prximo aos vestirios e a copa, sempre que possvel, servindo de rea de descanso para as equipes do centro cirrgico. 5. rea de baldeao ou troca de maca: Localizada na entrada do centro cirrgico, aonde se d transferncia do paciente da maca que veio, para a maca privada do centro. 6. Sala de material cirrgico ou de estocagem de material esterilizado: Destina-se a recepo, a guarda e redistribuio de todo o material limpo e esterilizado a ser usado no centro cirrgico. Poder eventualmente, contar com uma autoclave para esterilizao rpida, para uma emergncia. 7. Lavabos: Destinados lavagem e antisepsia das mos e antebraos, antes da cirurgia. Por isso, devem ser equipados com recipientes com anti-spticos e torneiras que possam ser manobradas com as mos. 8. Sala de expurgo: Local equipado com tanque para o despejo de sangue, secrees, e outros lquidos provenientes da operao. Na sala de expurgo tambm se depositam inicialmente, instrumentos, roupas usadas e outros materiais para posterior lavagem. considerada, portanto, rea suja. 9. Sala de material de limpeza: rea para reserva de materiais e utenslios usados na limpeza do Centro Cirrgico. 10. Rouparia: Local destinado guarda de roupa limpa no estril. Muitas vezes representadas somente por um armrio. 11. Sala de equipamento: rea usada para guarda de aparelhos como os de anestesia, bisturi eltrico, aspiradores, focos portteis, suportes de soro, mesas auxiliares e materiais que eventualmente no estejam em uso. O aparelho de RX mvel poder tambm ser

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guardado nessa sala, caso no haja lugar especfico para ele. 12. Sala de guarda de medicamentos e materiais estreis descartveis: Local onde se armazenam materiais descartveis como seringas, agulhas, equipos de soro, fios de sutura, frascos de soro, entre outros. 13. Sala de operaes (S. O): Dependncia do Centro Cirrgico a realizao das intervenes cirrgicas. Por isso, o trnsito a ela restrito e a limpeza feita com o mximo rigor, pois deve ser a rea mais limpa do centro. Comumente tem a forma retangular. Itens de uma Sala de Operao: Equipamentos, instalaes, aparelhos e mobilirios podem ser classificados em fixos (no podem ser deslocados da sala) ou mveis (podem ser deslocados) para outras dependncias da instituio. Itens Fixos: Foco central, ar condicionado, interruptores e tomadas eltricas de 110 e 220V, vcuo, oxignio, cido nitroso e ar comprimido centralizado. O vcuo utilizado para fazer aspiraes de secrees, e os gases so usados nas anestesias; eletrocautrio, quando este suspenso numa coluna retrtil, como encontramos em alguns hospitais. O eletrocautrio ou bisturi eltrico um aparelho usado com a finalidade de corte (incises) e coagulao de tecidos, os quais podem ocorrer simultaneamente. Essa ao simultnea chamada de mistura, cujo percentual programado no prprio aparelho, de acordo com a orientao do cirurgio. Os bisturis eltricos mais comuns so o monopolar e o bipolar. Bisturi monopolar: composto por uma unidade geradora, onde so conectadas a caneta do bisturi e uma placa neutralizadora da corrente. A caneta a parte estril do bisturi, que entra em contato com o campo operatrio e passa a corrente eltrica para a placa. O bisturi monopolar utilizado quando a necessidade de corte ou de coagulao, ou de

ambos. No corte, a caneta entra em contato com o tecido, provocando o seu aquecimento, at as clulas se desintegrarem. Na coagulao, o tecido recebe uma quantidade de calor apenas o suficiente para secar as clulas. Bisturi bipolar: Tambm composto de uma unidade geradora, mais de menor potncia que a do bisturi monopolar, e de uma caneta ou pina bipolar. Esse tipo de aparelho indicado apenas para coagulao, e tem vantagens de dispensar o uso da placa neutralizadora, pois a corrente s passa entre as duas pontas da pina. O uso do bisturi bipolar indicado para os tecidos sensveis, em reas pequenas e localizadas, preservando os tecidos vizinhos ao local da coagulao. Lembramos que existem outros tipos de bisturis utilizados com as mesmas finalidades dos que acabamos de conhecer, dentre os quais podemos citar o bisturi de raio laser. Itens Mveis: Mesa cirrgica e acessrios: como braadeiras, perneiras, ombreiras e arco de narcose, para formao da borracha do anestesista. Incluem-se tambm, nesses itens, as manivelas e os pedais que possibilitam colocar a mesa em diversas posies, segundo a exigncia de cada cirurgia. Mesas auxiliares: como a de mayo e outras, que servem para colocao do material cirrgico e das roupas estreis. Suportes de soro: em nmero de trs, utilizados para a colocao de frascos de solues. Esses suportes podem servir tambm para formao da borracha do anestesista. Carro de medicao: com gavetas e outras divises, alm de impressos. Esse carro substituiu os antigos carros fixos. Baldes para lixo: de preferncia com rodas, conhecidos como baldes de chutes. Foco auxiliar: para complementar ou substituir o foco central, em caso de emergncias. Bisturi eltrico: com rodas, que o tipo usado mais freqentemente.

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Carro de anestesia, aspirador eltrico, estrado, tala e suporte para brao, estetoscpio, tensimetro. Bancos giratrios, um ou dois em mdia. Coxins, de vrios tamanhos, para ajudar a posicionar e acomodar o paciente. Negatoscpio o aparelho destinado observao de radiografias. Outros equipamentos podem ser acrescentados sala de recuperao. Deve-se, porm, estar atento para no acumular itens desnecessrios que venham a dificultar a limpeza e favorecer a contaminao. O Trabalho no Centro Cirrgico: O pessoal que circula dentro do centro cirrgico deve apresentar boas condies de sade, no podendo ser portador de infeces agudas ou crnicas, principalmente de orofaringe e de pele. obrigatrio o uso de uniforme privativo, composto de cala comprida e de jaleco unissex ou avental, gorro para proteger os cabelos, mscaras e sapatilhas de tecido ou props, usados sobre os sapatos. Cabe ressaltar que o uniforme deve ser vestido diretamente sobre as roupas de baixo. A mscara, para cumprir seu papel precisa proteger o nariz e a boca sendo necessrio troc-la sempre que estiver mida. Quatro equipes prestam assistncia direta no Centro Cirrgico. muito importante se os membros atuarem de forma integrada e harmnica, visando segurana do paciente e a eficincia do ato cirrgico. importante ainda que as boas relaes humanas e o profissionalismo prevaleam sobre as tenses, inevitveis neste tipo de trabalho. A equipe de anestesia: composta de mdicos anestesistas, sendo responsvel por prescrever a medicao pr-anestsica, planeja e executa a anestesia. Tambm cabe a esta equipe controlar o paciente durante e aps o ato cirrgico, at o restabelecimento de seus reflexos.

A equipe cirrgica: realiza o ato cirrgico. Dela fazem parte o mdico cirurgio, um ou mais mdicos auxiliares, dependendo da cirurgia e o instrumentador que dever ser um elemento da equipe de enfermagem ou, eventualmente, um mdico. A equipe de limpeza: formada por auxiliares de limpeza pertencentes ao quadro hospitalar ou uma firma prestadora de servios. Em qualquer dos casos, no entanto, a equipe sempre trabalha sob a orientao tcnica do enfermeiro. ATRIBUIES DE ENFERMAGEM Enfermeiro: 1.Prover a unidade de pessoal e de material necessrio ao seu bom funcionamento. 2.Organizar a equipe, distribuindo-o de forma racional. 3.Comandar a equipe, baseando-se nos princpios de relacionamento humano, preocupando-se com seu crescimento profissional. 4. Coordenar e supervisionar a assistncia prestada ao paciente no transoperatrio, executando-a sempre que houver necessidade. Circulante. Montagem da sala de cirurgia: 1. Saber quais so as cirurgias marcadas para a sala que ser de sua responsabilidade, os respectivos horrios e a existncia ou no de solicitao de equipamentos ou material especial. 2. Verificar a limpeza das paredes e do piso da sala. Geralmente a limpeza diria feita na vspera, ao final das cirurgias do dia. 3. Arrumar a sala, provendo-a com equipamento necessrio a cirurgia a ser realizada. 4. Remover o p dos equipamentos expostos e das superfcies, comeando pelas

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partes consideradas mais limpas. Pode-se usar um tecido ou compressa vermelha (flanelas) embebida em lcool etlico a 70graus ou outros desinfetantes. 5. Testar as luzes e aparelhos a serem utilizados, como por exemplo: focos, vcuo, aspirador, etc. 6. Regular a temperatura da sala. 7. Verificar se o lavabo est equipado para lavagem e anti-sepsia das mos e antebraos. 8. Revisar os materiais existentes na sala, tais como: anti-sptico e impressos, completando com o que estiver faltando. 9. Providenciar o material especfico de cada cirurgia. 10. Colocar o pacote de campos e aventais, as luvas e a caixa de instrumentos em local acessvel para sua utilizao, no momento devido. 11. Preparar soro morno se necessrio. 12. Equipar o carro de anestesia e coloc-lo a cabeceira da mesa cirrgica. Em muitos servios, o controle dos materiais de anestesia de responsabilidade de um funcionrio especfico ou dos prprios anestesistas. 13. Abrir os pacotes de material estril seguindo as instrues. 13.1. Segurar o pacote afastando-o do corpo e na posio adequada para soltar o adesivo que prende a ponta do envoltrio. 13.2. Levantar essa primeira ponta para o lado oposto do corpo. 13.3. Abrir cada uma das pontas laterais do envoltrio. 13.4. Prender, cuidadosamente, as trs pontas soltas, de forma a no contaminar a parte interna do pacote. 13.5. Deixar o contedo do pacote cair sobre a mesa do material cirrgico. Pacotes grandes contendo instrumental, campos, aventais, por exemplo, devem sempre ser abertos sobre uma mesa. Auxilio ao Instrumentador:

1. Ajudar o instrumentador a vestir o avental, e a calar as luvas estreis. 2. Colaborar na montagem das mesas auxiliares, fornecendo os materiais estreis e os anti-spticos necessrios ao instrumentador, dentro dos princpios de assepsia. Esses princpios de assepsia (que devem ser cuidadosamente observado pelo circulante) so: a) Manter uma certa distncia da mesa do instrumentador, quando lhe oferecer o material. b) Evitar tocar na parte interna das tampas das caixas que forem abertas. c) Utilizar pina servente estril para retirar os instrumentos de caixas ou cubas. d) Usar a tcnica adequada para o funcionamento de solues anti-spticas, como lcool iodado, e de outros lquidos, como soro fisiolgico, depositando-os em cuba redonda pequena. e) Utilizar tcnicas correta para alcanar os materiais.

Atendimento ao Paciente: 1. Receber o paciente no Centro Cirrgico, quando o enfermeiro est impossibilitado de faz-lo. No ato do recebimento necessrio, principalmente, identificar o paciente e verificar se foram realizados os seguintes cuidados pr-operatrios. a) Preparao da regio operatria. b) Colocao correta da roupa do paciente. c) Retirada de jias, prteses e esmalte de pelo menos uma das unhas. 2. Observar se os exames laboratoriais de rotina esto junto ao pronturio, como tambm os exames especficos, indispensveis a certas cirurgias, tais como: eletrocardiogramas, radiografias, tomografias ou fotografias, em casos de cirurgias plsticas. Se um desses itens estiver

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faltando, o circulante deve comunicar imediatamente a sua chefia, para as devidas providncias. 3. Em seguida, na sala de cirurgia, enquanto o paciente no estiver anestesiado, demonstrar solidariedade e calor humano, tentando aliviar o medo e a insegurana, situaes comuns maioria dos pacientes. Portanto importante nunca deix-lo sozinho e atend-lo em suas necessidades, como cobr-lo quando sentir frio: ajud-lo em suas necessidades fisiolgicas etc. AUXILIO AO ANESTESISTA. Posicionar o paciente de acordo com o tipo de anestesia que ir receber. Nesse momento fundamental orientar o paciente e apia-lo psicologicamente, para obter a sua colaborao. Assim, necessrio o circulante conhecer os vrios tipos de anestesia e tambm, saber como deve posicionar o paciente em cada caso: Anestesia geral: obtida atravs de inalao ou administrao do anestsico por via intravenosa ou retal. A posio indicada o decbito dorsal. Anestesia raquidiana ou peridural: introduzido anestsico no paciente pelo anestesista nos espaos sub-aracnides e subdural, respectivamente. Anestesia local: o anestsico injetado nos tecidos onde ser feita a inciso. Nesses casos, o anestsico local mais comumente usado a lidocana combinada com adrenalina. Tanto para a anestesia regional como para a local, a posio do paciente varia de acordo com a rea a ser anestesiada, mas, sempre que possvel, ele deve permanecer em decbito dorsal. Qualquer que seja o tipo de anestesia se houver utilizao de soro e o paciente estiver em decbito dorsal, seu brao dever ser colocado no suporte acolchoado, em ngulo inferior a 90 graus, a fim de evitar desconforto no ps-operatrio.

No decorrer da anestesia, o circulante deve prestar ateno especial a alteraes que o paciente possa apresentar, tais como mudana de colorao da pele e mucosa (cianose e palidez), acelerao ou diminuio da pulsao, sudorese, dentre outras, a fim de prevenir complicaes. tambm da competncia do circulante observar o gotejamento das infuses e dos lquidos drenados. Voc deve saber que no competncia do circulante substituir o anestesista na administrao de medicamentos ou de alguns anestsicos. ATENDIMENTO AO ATO CIRRGICO As atribuies podem ser divididas em trs momentos: no incio da cirurgia, quando ele mais solicitado, durante a operao e ao trmino desta. No Incio da Cirurgia 1. Auxiliar a equipe cirrgica a vestir o avental, amarrando as tiras do decote e do cinto e, depois, oferecendo as luvas. 2. Ajudar a colocar o paciente cuidadosamente em posio adequada a cirurgia, utilizando todos os recursos disponveis para evitar ao mximo que tal posio cause danos ao paciente. A falta desses cuidados pode, por exemplo, provocar compresso de nervos, problemas circulatrios e queimaduras por frico. Desse modo, muito importante que a circulante conhea as principais posies cirrgicas: Posio de decbito dorsal: o paciente fica deitado em decbito dorsal, com as pernas estendidas e levemente afastadas. Os braos podem ficar em posio anatmica, com a palma da mo virada para baixo, ou apoiados em braadeiras, posio usada para a maioria das cirurgias, gerais e outras realizadas no trax e abdmen.

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Posio de decbito lateral: o paciente fica deitado em decbito lateral. A perna em posio inferior fica flexionada, enquanto a outra fica esticada. Um travesseiro as separa e protege. O quadril fixado a mesa por uma cinta. Um brao preso ao arco de narcose; o outro fica sobre a braadeira. Posio utilizada basicamente, em cirurgias de coluna vertebral pulmo e rim. Dessa ltima geralmente indicado um coxim sob o flanco. Posio de decbito ventral: o paciente fica deitado em decbito ventral, apoiado com dois coxins, sob os ombros. Os braos ficam sobre as braadeiras. A cabea lateralizada repousada sobre um travesseiro. Os ps se apiam em coxins, evitando que os dedos toquem a mesa de cirurgia. Posio indicada para cirurgias de coluna vertebral e membros inferiores. Posio de trendelemburg: o paciente colocado em decbito dorsal, com a cabea alguns graus mais alto que os membros inferiores. Posio utilizada em cirurgias no abdmen inferior e plvica. Posio de proclive (semelhante a trendelemburg): fica o paciente em decbito dorsal, com cabea alguns graus mias alto que os membros inferiores. No caso de uma inclinada maior, usar suporte para os ps. Se precisar hiper-estender o pescoo, colocar coxim sobre os ombros. Posio utilizada em algumas cirurgias da cavidade abdominal superior, cabea e pescoo. Posio de litotomia: o paciente fica em decbito dorsal, a mesa dobrada na parte inferior. As ndegas so posicionadas ligeiramente para fora das bordas da mesa, as pernas e a coxa fletidas em ngulo reto e apoiadas em um suporte, na altura dos joelhos, tornozelos ou dos ps. Posio usada para maioria das cirurgias perineais. 3. Prender o paciente firmemente na mesa, tendo o cuidado de no comprimir vasos e nervos, pois isso pode provocar vrios problemas no ps-operatrio. 4. Descobrir a rea operatria e oferecer anti-spticos a equipe cirrgica.

5. Colocar a placa neutra do bisturi eltrico caso ele v ser usado, na panturrilha do paciente ou em outra regio, conforme a cirurgia. Ao utilizar o bisturi eltrico, necessrio observar vrios cuidados, os quais devem ser do conhecimento de qualquer circulante: a) No utilizar dois bisturis monopolares simultaneamente. b) No deixar que os pacientes fiquem em contato com as partes metlicas da mesa cirrgica. c) Limpar a pele do paciente no local de colocao da placa, deixando-a desengordurada e seca, pois o contato deve ser perfeito. d) Colocar gel condutor na placa e fix-la no paciente, o mais prximo possvel do local da cirurgia, porm afastada de eletrodos, como por exemplo, os usados na monitorizao cardaca. e) No conectar a placa do bisturi a outros equipamentos por meio de fios. Isto s pode ser feito com o prprio bisturi. f) Evitar que a placa seja molhada durante o preparo do campo operatrio, como tambm durante a cirurgia. A falta desses cuidados pode ocasionar queimaduras graves na pele do paciente. Existem hoje, no comrcio, placas neutras auto-adesivas e descartveis, que do uma segurana excelente no manuseio do bisturi eltrico. Se essas placas estiverem mal posicionadas, o bisturi no funcionar evitando queimaduras nos pacientes. Elas so encontradas nos tamanhos adulto e infantil. 6. Colocar o arco de narcose ou um suporte de soro de cada lado da mesa, recebendo dos assistentes s extremidades dos campos esterilizados. Fix-las, ento, no arco ou suporte, para formar a tenda (barraca) que separa o campo de ao da anestesia. 7. Ligar o bisturi eltrico e o aspirador. 8. Colocar baldes de pedal prximo ao cirurgio e ao assistente.

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9. Ligar o foco cirrgico, direcionando-o para o campo operatrio. Durante a Realizao da Cirurgia: 1. Permanecer na sala atento a todas as solicitaes de materiais e tambm ao funcionamento dos aparelhos. 2. Acondicionar a pea anatmica retirada para exame identific-la por escrito e providenciar seu encaminhamento, de acordo com a orientao do servio de patologia. O mesmo deve ser feito com secrees, lavados gstricos e brnquicos destinados a exames laboratoriais. 3. Zelar pela limpeza, colocando imediatamente soluo desinfetante sobre locais eventualmente contaminados por sangue, ps ou outros fluidos corpreos. Depois de 10 minutos, limpar esses locais com soluo desinfetante, utilizando para isso pinas ou protegendo as mos com luvas. 4. Fazer as anotaes na folha de gastos, de acordo com as normas administrativas do hospital. Aps o Trmino da Cirurgia: 1. Desligar o foco e os aparelhos eltricos, afastando-os da mesa cirrgica. 2. Auxiliar o mdico no curativo da inciso cirrgica, oferecendo as solues antispticas comumente usadas (gua oxigenada, soluo aquosa de iodo) e fixando o adesivo. 3. Remover os campos e, em seguida, vestir e agasalhar o paciente adequadamente. 4. Auxiliar a equipe cirrgica a retirar os aventais. 5. Transferir o paciente para a maca, aps autorizao do anestesista, observando a permeabilidade de scalps, sondas e drenos. 6. Providenciar o transporte do paciente para a unidade de recuperao psanestesica ou para sua unidade de origem, acompanhado do pronturio completo.

7. Tratar o material de vidro, de borracha e o instrumental de acordo com a rotina do servio. 8. Desocupar a sala, encaminhando a roupa lavanderia. Solicitar, logo aps, a limpeza do local. INSTRUMENTADOR O tcnico de enfermagem, atuando na funo de instrumentador, passa a integrar a equipe cirrgica e, como tal, suas atribuies so: 1. Verificar para que a sala de cirurgias esteja equipada, e em funo disso, em que cirurgia ir atuar. 2. Informar-se quanto aos tipos de fios, agulhas e materiais especiais a serem utilizados, casos no esteja familiarizado com a rotina do cirurgio. 3. Executar o preparo das mos e dos antebraos, vestir o avental esterilizado e, calar luvas cirrgicas de acordo com a tcnica correta, descrita mais adiante. 4. Dispor de instrumental, campos, gases e fios nas mesas auxiliares, segundo a tcnica padronizada. 5. Estar pronto e ter tudo preparado antes de comear a cirurgia, para evitar atrasos. 6. Colocar a disposio do cirurgio, antes do inicio do procedimento cirrgico, o material para a anti-sepsia da regio operatria e auxiliar na colocao dos campos. 7. Verificar os instrumentos, zelando constantemente pela total assepsia do ato cirrgico. muito importante, por exemplo, cuidar para que a mesa de instrumentao no seja contaminada pelos dos integrantes da equipe ou por instrumentos que tenham entrado em contato com a parte interna do intestino. 8. Evitar a falta de compressas, gazes, fios e outros materiais, solicitando reposio ao circulante, com devida antecedncia.

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9. Zelar pelas peas anatmicas retirada do paciente, identificando-a e entregando-a ao circulante, com devida antecedncia. 10.Desmontar a mesa, separando o material contaminado do no contaminado, ao trmino da cirurgia. Como j observamos, antes do instrumentador vestir o avental esterilizado e calar luvas, ele deve realizar o preparo adequado das mos e dos antebraos, tendo em mente a possvel perfurao das luvas esterilizadas e a conseqente contaminao pelas bactrias da pele. Essas bactrias so de dois tipos: transitrias e residentes. As transitrias so eliminadas com relativa facilidade, usando-se gua e sabo, enquanto as residentes so de difcil remoo, por estarem firmemente aderidas superfcie cutnea. Assim, a lavagem retira as bactrias transitrias, e o anti-sptico, hoje em dia a base de iodo, impede temporariamente a ao de outras bactrias, no retiradas pela mecnica da lavagem.

ANTI-SEPSIA Lavagem e anti-sepsia das mos antebraos: Para executar a tcnica (baseada nas recomendaes do ministrio da sade) o instrumentador dever estar com as unhas bem aparadas e usando mscara e gorro. Logo, realiza o seguinte procedimento: 1. Remover as jias das mos e antebraos. 2. Lavar as mos e os antebraos com gua corrente e anti-sptico com detergente PVP-I A 10%. As pessoas alrgicas ao iodo devero utilizar a soluo detergente de CLOROHEXIDINA a 4%.

3. Enxaguar as mos e eleva-las, para o anti-sptico escorrer em direo aos cotovelos, indo da parte mais limpa para a menos limpa. 4. Remover a escova esterilizada do suporte ou do invlucro, se for descartvel. S usar escova de cabelos macios e, caso as disponveis no atendam essa especificao, dispensar a escovao e realizar a anti-sepsia fazendo a frico com as mos. 5. Molhar as cerdas e colocar PVP-I 10%, se a escova no contiver anti-sptico com detergente. 6. Escovar as unhas da mo esquerda, com a escova na mo direita, enquanto conta mentalmente ate cinqenta. 7. Continuar a escovao por etapas, tendo sempre em mente que necessrio atingir desde a extremidade dos dedos at o cotovelo, escovando cada seguimento cerca de 25 vezes. 8. Comear esta etapa da escovao pela lateral do dedo mnimo, passando pelos espaos interdigitais (entre os dedos), at atingir o polegar. 9. Em seguida escovar a regio ventral (palma) da mo, partindo da ponta dos dedos at o punho at o cotovelo. 10. Com palma da mo voltada para baixo, escovar a regio dorsal da mo, dando especial ateno aos sulcos interdigitais. 11. Escovar a seguir as regies anteriores e posteriores do antebrao, com movimentos que estendam do punho at o cotovelo. 12. Escovar o cotovelo com movimentos circulares. 13. Passar a escova para outra mo e lav-la, deixando a gua escorrer. 14. Passar anti-sptico com detergente na escova e proceder escovao da mo direita, obedecendo-a s mesmas etapas j descritas para mo esquerda. 15. No final desprezar a escova na pia e enxaguar cada uma das mos, unindo as extremidades dos dedos e colocando o

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antebrao na vertical, de maneira que a gua escorra em direo ao cotovelo. O tempo gasto na escovao de cada mo e antebrao deve ser no mnimo, de cinco (5) minutos. 16. Retirar o PVP-I, friccionando-o nas mos, mantendo-as mais elevadas que os cotovelos. Ter o cuidado de no remover os resduos desse detergente com solues alcolicas. importante esclarecer que o ministrio da sade oferece uma opo a ser utilizada na falta dos anti-spticos com detergentes indicados. A tcnica a mesma da segunda opo, porm realizada com sabo comum em lugar de PVP-I. Aps os cinco minutos de frico, enxaguar as mos e antebraos, removendo a espuma e os resduos de sabo. Em seguida, aplicar lcool iodado (0,5 a 1%). O lcool iodado precisa ser literalmente aplicado s mos e antebraos, e jamais utilizados para simples imerso dos mesmos. necessrio friccionar as mos com essa soluo por no mnimo, um minuto. Ao finalizar o processo o instrumentador deve dirigir-se a sala de operao, com as mos e antebraos mantidos na vertical, evitando tocar em objetos que possam comprometer a escovao. Na sala, efetua-se a secagem das mos e parte dos antebraos com uma compressa esterilizada, indo na direo das mos para os cotovelos. Fazer movimentos compressivos e no e no de esfregao, evitando sempre que a compressa atinja regies no escovadas. Em seguida, jogar a compressa no saco de hamper. Na secagem das mos e antebraos, o instrumentador retira a compressa que se encontra em pacote aberto, segura a compressa afastada do seu corpo. Seca apenas a rea bem escovada e evita contaminar as mos na rea prxima ao cotovelo. Estando as mos secas, o instrumentador vestira o avental esterilizado, tocando-o apenas pelo avesso para no

contamina-lo j que as mos, escovadas, ainda estejam sem luvas.

embora

TCNICAS PARA VESTIR O AVENTAL. 1. Pegar o avental com as pontas dos dedos e depois elev-lo, trazendo-o para fora da mesa. A maneira de pegar o avental vai depender do modo como ele dobrado, o que varia de uma regio para outra do Brasil. Qualquer que seja o modo, no entanto, imprescindvel observar o princpio fundamental de s tocar a parte interna do avental e nunca a parte externa. 2. Abrir o avental com movimentos delicados e firmes, tendo o cuidado de no tocar a sua face externa. 3. Segurar o avental afastado do corpo e introduzir, ao mesmo tempo, os dois braos nas mangas, com um movimento para cima. 4. Dar as costas para o circulante da sala para que as tiras do decote das costas e da cintura sejam amarradas por ele, afastando-as da cintura para facilitar a ao. Nas cirurgias de grande porte, onde a assepsia ainda mais rigorosa, a equipe cirrgica protege as costas do avental usando a opa esterilizada. A opa uma espcie de sobrecapa, sem mangas, amarrada na frente, que um dos membros da equipe, j vestido e enluvado, auxilia os demais a vestir. Para vestir o avental cirrgico usado pelo instrumentador no caso especfico do avental estar com a face externa para dentro. O instrumentador pega o avental, desenrola o avental e introduz seus braos dentro das mangas com um movimento para cima sem tocar a parte externa com as suas mos desnudas. A circulante da sala alcana a parte interna do avental puxa pela abertura das mangas e amarra as tiras do decote e da cintura. Entretanto, dependendo do tipo de avental usado, o prprio instrumentador, j calado s luvas, fechar o avental.

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TCNICAS PARA CALAR AS LUVAS 1. Abrir o pacote de luvas de modo a deixar os punhos voltados para a pessoa que ir cal-las. Ter o cuidado de afastar a aba externa do pacote, sem tocar as luvas com as mos desnudas. 2. Retirar a luva esquerda do envelope, segurando-a pelo punho com a mo direita. 3. Calar a luva esquerda com o auxlio da mo direita, tocando-a apenas pelo lado de dentro do punho e mantendo a dobra do punho. 4. Retirar a luva direita do envelope, colocando a mo esquerda na abertura do mesmo e introduzindo os quatro dedos sob a dobra do punho. 5. Calar esta luva com o auxlio da mo esquerda mantendo os dedos desta mo introduzindo na dobra e puxando at cobrir o punho da manga do avental. 6. Introduzir os dedos na dobra do punho da luva esquerda e pux-la igualmente, at cobrir o punho da manga do avental. 7. Manter as mos enluvadas para o alto, acima do nvel da cintura, e quando no ocupadas proteg-las com compressas ou campo esterilizado. Existem alguns aventais com locais apropriados para descanso e proteo das mos j enluvadas. Recomendaes ao calar as luvas: 1. A mo nua s deve tocar a parte interna da luva, enquanto a mo enluvada s pode tocar a parte externa. 2. Se, ao calar as luvas os dedos entrarem trocado, s tentar corrigir aps te as duas luvas caladas. 3. Com as mos enluvadas, evitar tocar a gola, as costas e o tero inferior do avental cirrgico por serem zonas consideradas zonas perigosas, em termos de contaminao. 4. Para descalar as luvas deve-se, principalmente, dobrar o punho da luva esquerda. Com os dedos da mo esquerda ainda enluvados, retirar a luva direita sem que est

toque a pele. Com a mo esquerda enluvada segurar a luva direita; depois, com a mo direita desnuda, remover a luva esquerda, puxando-a pela dobra do punho por sobre a luva direita. Tocar apenas a parte interna da luva esquerda. TEMPOS CIRRGICOS Denominamos tempo cirrgico ou tempo operatrio as fases ou etapas em que so executadas as cirurgias. De um modo geral, so quatro: 1. Direse: o momento de rompimento dos tecidos por meio de instrumentos cortantes, como bisturis e tesouras. Pode ainda ser realizada com bisturis eltricos ou bisturi de raio laser. 2.Hemostasia: o processo atravs do qual se rompe o sangramento ocasionado pela direse. Pode ser realizada de diversas maneiras, como, por exemplo, usando-se pinas especficas comprimindo os vasos com compressas ou utilizando o bisturi eltrico. 3. Operao propriamente dita: o tempo cirrgico principal, voltado para o objetivo central do procedimento. Nesse momento so usados instrumentos especiais, que variam de acordo com a especialidade cirrgica. 4. Sntese: a unio de tecidos, a qual ser mais perfeita como se tivesse sido a direse. O processo mais comum de sntese a sutura por planos, dos rgos e tecidos, e o fechamento da cavidade cirrgica usando-se agulhas e porta-agulhas. A sutura pode ser permanente quando os fios cirrgicos no so removidos, ou temporria quando os fios so retirados dias aps a colocao. INSTRUMENTAL CIRRGICO Instrumental Cirrgico Bsico: aquele comum a qualquer operao, devendo estar presente em todas elas, independente da especialidade. Assim o tcnico de enfermagem dever conhec-lo muito bem, principalmente o

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instrumentador, tendo em vista o bom desempenho de suas funes. Com apenas este instrumental possvel realizar vrias cirurgias gerais de pequeno porte, sem necessidade de outros instrumentos mais especficos. Dentre essas cirurgias destacamos a apendicectomia, a hernioplastia e a postectomia. As pinas de preenso tm o objetivo de prender tecidos e rgos, mais tambm so utilizadas no inicio da cirurgia, para fazer a anti-sepsia da regio cirrgica. Os bisturis so instrumentos de direse e se apresentam com tipos e tamanhos variados. So compostos de um cabo de tamanho varivel, acoplado a uma lmina mvel, que tambm varia em forma e tamanho. Em funo da grande freqncia com que so utilizados, os bisturis ocupam a parte da mesa mais acessvel ao instrumentador, sempre com as pontas voltadas para ele. As tesouras, assim como os bisturis, so instrumentos de direse, e tem diferentes formas de tamanhos. Tambm as tesouras so dispostas na mesa de instrumental com as pontas voltadas para o instrumentador. As pinas hemostticas so conhecidas pelos nomes de seus criadores como Kelly, Kocher, krily, halstead, Hocheste e Mixter. So dispostas na mesa do instrumentador em grupos do mesmo tipo e em ordem crescente de tamanho, sempre da direita para esquerda. As pinas de disseco so instrumentos auxiliares que apiam o ato cirrgico. Elas existem em grande variedade, sendo diferentes em formas e tamanhos, com dentes ou no. Aquelas com dentes so comumente chamadas de pinas dentes de rato. Os afastadores so tambm instrumentos auxiliares, destinados a facilitar a exposio do campo operatrio. Eles variam quanto ao tipo e o tamanho, podendo ser manuais ou alto esttico. Esses ltimos so chamados assim porque afastam os tecidos por si prprios. Os afastadores so ordenados na mesa de instrumental por tamanhos e pela

ordem que so empregados. Os menores so usados, em geral, nos planos superficiais, como as camadas de tecido, e de acordo com o tamanho do paciente. J os maiores so empregados posteriormente, para afastamento das estruturas profundas, como os rgos. As pinas de campo, ou pinas Backhaus, so instrumentos auxiliares destinados fixao dos campos que limitam a rea operatria. Esse tipo de pina esta presente na mesa de instrumental somente no inicio da cirurgia. Posteriormente, os espaos ocupados por elas utilizado para melhor acomodar instrumentos e hemostasia, instrumentos especiais, compressas, gazes ou cubas. As agulhas so instrumentos de sntese utilizados para conduzir o fio de sutura atravs dos tecidos. Podem ser de diferentes tipos: 1. Retas semi-retas ou curvas, sendo a curvatura bem varivel. 2. Pequenas ou grandes. 3. De ponta triangular ou cortante, para a pele, e de ponta cilndrica ou romba, para uso interno. 4. Com fundo fixo ou fundo falso. Nas agulhas com fundo fixo, o fio introduzido em um orifcio, como nas agulhas de costura. J, nas de fundo falso, o fio introduzido no canal, sob presso. Atualmente, a maioria dos fios j vem agulhados de fbrica, havendo uma preferncia dos cirurgies por este tipo de fio, por serem prticos e produzirem menor traumatismo nos tecidos. A escolha das agulhas e dos fios a serem utilizados em uma cirurgia de competncia exclusiva de cirurgio, uma vez que esta escolha vai depender de fatores como o tipo de cirurgia, a tcnica empregada e o tipo de tecido. Quanto arrumao das agulhas na mesa do instrumentador, ressaltamos que elas devem ser dispostas ordenadamente, de modo a facilitar a sua identificao.

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Os porta-agulhas so tambm instrumentos de sntese, e tem a funo de prender as agulhas, para a execuo da sutura. Eles se apresentam de diferentes formas e tamanhos, sendo mais comuns os de MayoHegar e de Mathieu. H exceo dos demais instrumentos, os porta-agulhas devem ficar na mesa de instrumental com os cabos sempre voltados para o instrumentador. As agulhas e os porta-agulhas, usados nas suturas tradicionais, podem ser substitudos por instrumentos que realizem vrios tipos de suturas mecnicas. Um exemplo desses instrumentos o skin stapler, cuja forma semelhante de um grampeador. Instrumental Cirrgico Especial: aquela que varia de acordo com as mltiplas especialidades cirrgicas e, em geral, utilizada apenas no tempo principal de operao. Este tipo de instrumento deve ser colocado em local afastado da mesa do instrumentador ou, ento, em mesa auxiliar secundria, no caso de serem muito numerosos. FIOS CIRRGICOS. Tambm denominados fios de sutura, os fios cirrgicos so utilizados com duas finalidades bsicas: 1. Ligadura dos vasos sanguneos, para impedir o sangramento. 2. Sutura de tecidos orgnicos, para facilitar a cicatrizao. Esses fios dividem-se categorias principais: em duas

De origem animal: Produzido a partir de intestino de boi ou de carneiro, sendo conhecidos como (categute). Podem ser: Simples: categute no tratado o qual totalmente absorvido em torno do 10 dia aps a cirurgia. Cromado: categute simples, com tratamento especial para prolongar o tempo de absoro, que dever acontecer entre o 20 e o 25 dia aps a cirurgia. De origem sintticos: Produzidos em laboratrios, tem absoro total em 60 a 70 dias aps a cirurgia. Fios cirrgicos inabsorvveis: no desaparecem, permanecendo envolvidos por um tecido fibroso, mesmo sofrendo ao dos lquidos do corpo. Esses fios so de trs tipos: De origem natural: Fabricada a partir da seda, do algodo ou, ainda, do linho. De origem sinttica: Produzidos em laboratrio, podendo ser de nylon, polister polipropileno. Metlicos: De prata, bronze ou ao inoxidvel. Espessura dos fios cirrgicos: A grande variedade de espessura com que so encontrados motivou a sua identificao por meio de uma escala numrica: ... 6-0 5-0 4-0 000 00 1 2 3 4 6 ...

Fios Cirrgicos Absorvveis: So produzidos com materiais que podem ser eliminados pelas clulas e lquidos corporais, durante e aps a cicatrizao dos tecidos. Eles So de dois tipos:

Para entender como a escala funciona, vamos tomar o fio numero zero como referncia, o qual tem uma espessura mdia. Os fios com numerao acima de zero so de espessura maior, como por exemplo, o fio 0-2 ou 0-3. Quanto maior o numero maior o fio. Por outro lado, os fios cuja numerao tem mais zeros so mais finos, como 00 ou 4-0. Assim, quanto mais zero na numerao mais fino o fio. Observe que depois de 000 no se repetem mais os zeros para representar, usando-se apenas 4-0; 5-0; 6-0, etc.

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Os fios disponveis no mercado so encontrados nas seguintes apresentaes: 1. Envelope com fios longos, sem

- O cirurgio usa fios para sutura ou ligadura, o instrumentador passa a tesoura reta. O instrumentador deve estar sempre atento ao modo de manusear e passar os instrumentos. Todo cuidado deve ser tomado para no deix-los cair e para sempre entreglos na posio correta para o uso, evitando que o cirurgio seja obrigado a virar os instrumentos antes de us-los. Em relao a estes instrumentos, cabe ainda lembrar que existem alguns muito perigosos, como o bisturi e o porta-agulhas montado, os quais devem ser manuseados com segurana e cautela, para prevenir acidentes (so instrumentos perfuro-cortantes). Tambm importante o instrumentador se colocar em local que favorea a passagem dos instrumentos, se possvel, que tenha perfeita visualizao do campo cirrgico, para poder acompanhar os tempos cirrgicos e antecipar-se solicitao dos vrios instrumentos. A forma de dispor os instrumentos varia, principalmente, em funo do tipo de cirurgia e a tcnica a ser adotada. Como regra geral, no entanto, podemos afirmar que os instrumentos so dispostos na mesa, em grupos, por ordem de tamanho, sempre com suas pontas voltadas para o instrumentador. Os porta-agulhas, como j ressaltamos, devem ficar com os cabos voltados para o instrumentador, ao contrrio dos outros instrumentos. CENTRO DE MATERIAL. o conjunto de reas destinadas limpeza, preparo, esterilizao, guarda e distribuio do material para todo o hospital. O Centro de Material pode ser centralizado, quando o material limpo, preparado e esterilizado nas reas especificas do prprio Centro; ou descentralizado, quando as diferentes unidades do hospital encarregam-se da limpeza e da preparao do

agulha.

2. Envelope com fios curtos e agulhas descartveis presas ao fio. CONSIDERAES GERAIS SOBRE INSTRUMENTAO. Vamos destacar algumas observaes sobre o modo como os cirurgies solicitam os instrumentos e de como o instrumentados deve passados. Os instrumentos de uso correntes podem ser solicitados pela sinalizao manual, que consiste em uma srie de sinais e cdigo, j conhecidos pela equipe. Esses sinais esto diretamente relacionados com o movimento caracterstico do uso de cada um dos instrumentos. Caso no empregue a sinalizao manual, o cirurgio poder pedir os instrumentos pelos respectivos nomes. A prtica, no entanto, vai proporcionando, segurana e condies de prever a necessidade de passar esse ou aquele instrumento. Ele faz isso com base no conhecimento das regras gerais de uso seqencial de todo o instrumental, desobrigando o cirurgio a fazer qualquer sinalizao ou pedido. Veja alguns exemplos: - O cirurgio trabalha com instrumentos de corte, o instrumentador passa automaticamente pinas hemostticas. - O cirurgio usa bisturi, tesouras ou porta-agulhas, o instrumentador entrega pinas auxiliares, exceto durante inciso de pele. - O cirurgio devolve instrumentos de direse e auxiliares, como muitas pinas hemostticas no campo, o instrumentador entrega, prontamente, fios para ligadura.

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material, encaminhando-o depois ao Centro de Material somente para esterilizao. O mais indicado o sistema centralizado, principalmente por que padroniza as tcnicas empregadas e possibilita o controle de qualidade garantindo maior segurana no uso do material esterilizado. Dependncias bsicas: Recepo e expurgo: rea destinada a receber o material usado do Centro Cirrgico e das demais unidades do hospital, para execuo ou complementao da limpeza. Esse local precisa ser devidamente separado e isolado do local de entrega do material limpo, a fim de evitar a contaminao do que foi recm esterilizado. Preparo do material: Local onde se realiza o preparo e o empacotamento ou acondicionamento do material para ser esterilizado. Esterilizao: Espao onde esto instaladas as autoclaves e as estufas empregadas para esterilizao do material. Guarda e distribuio: Parte reservada ao armazenamento e estocagem do material estril em armrio, prateleiras, modernamente em cestas de ao inoxidvel tipo gaiola. nesse local, que realizada a distribuio do material a todas as unidades do hospital. Em alguns hospitais esta rea comunica-se diretamente com a sala de estocagem de material esterilizado do Centro Cirrgico. Posto de enfermagem: rea destinada ao corpo administrativo, e, onde se encontra a chefia e a secretaria dessa unidade. Sala de reserva: Destinada estocagem de materiais de consumo como, por exemplo, seringas, agulhas, fios, gaze, algodo, luvas, fitas de teste, etc., usados na reposio de material dos pacotes e bandejas preparados para esterilizao. Copa: rea reservada para servir lanches rpidos ao pessoal do Centro de Materiais. Vestirios masculinos e femininos: Locais equipados com sanitrios e chuveiros para uso

da equipe, e ainda armrios, para guarda dos uniformes, roupas e outros pertences. As diferentes reas de um Centro de Material devem ser distribudas de forma a permitir um fluxo de trabalho progressivo, em linha reta e seqencial, de expurgo at a rea de distribuio, com o objetivo de reduzir as possibilidades de contaminao. Atividades: Antes de trabalharmos as atividades desenvolvidas no Centro de Material, importante lembrar alguns conceitos de microbiologia que so bsicos para o pessoal de enfermagem realizar um trabalho consciente e responsvel: Esterilizao: Conjunto de meios empregados para exterminar todos os germes, inclusive os esporos. Desinfeco: Meio empregado para destruir os germes na sua forma vegetativa. Ela pode ou no destruir os esporos. Anti-sepsia: Meio a atravs do qual se impede a proliferao dos germes. Na anti-sepsia so empregadas substncias chamadas antispticas. O emprego do termo anti-sepsia restringe-se ao tecido vivo, enquanto que o termo desinfeco aplica-se a matrias inanimadas. Falamos, por exemplo, em antisepsia da pele e em desinfeco do piso. Assepsia: Conjunto de prticas e tcnicas atravs das quais se ativa a penetrao de germes em locais ou objetos isentos dos mesmos. Descontaminao: Processo de inativao ou retirada de microorganismos, com o objetivo primordial de dar ao profissional de sade condies para manipular artigos mdicohospitalares com segurana. Estes artigos, classificados como risco, poder de contaminao de acordo com as novas orientaes do Ministrio da Sade, so: 1. Artigos no crticos: So todos aqueles que entram em contato com a pele ntegra do

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paciente. Esses artigos devem ser limpos, como por exemplo, termmetro clnico. 2. Artigos semicrticos: So os que entram em contato com a pele no integra ou as mucosas do paciente. Esses artigos devem ser desinfetados como, por exemplo, acessrios de respiradores artificiais e anestesia gasosa. 3. Artigos crticos: So aqueles que penetram na pele e nas mucosas do paciente. Esses artigos devem ser esterilizados, como por exemplo, instrumentos de corte e de ponta. 4. Artigos contaminados: So os que entram em contato com sangue, ps, excrees e secrees do paciente, sem levar em considerao o grau de sujeira presente. LIMPEZA DO MATERIAL. realizada no expurgo, por meio de mquinas, ou ento manualmente, como mais comum. Se o material estiver sujo de matria orgnica, como sangue, excrees ou secrees, e o profissional que for proceder limpeza manual no usar luvas, avental de mangas compridas, mscara, gorro e culos de proteo, o material dever sofrer a descontaminao antes de ser limpo. H mais maneiras de fazer a descontaminao. A mais comum colocar o material em soluo qumica desinfetante como exemplo (hipoclorito), que seja comprovadamente ativa em presena de matria orgnica. Deixar por um perodo de trinta minutos. S aps a descontaminao que se inicia a limpeza. Os procedimentos de limpeza variam de acordo com o material, mas, basicamente, os processos so dois: um para material de ao inoxidvel e outro para material de borracha. Material de Ao Inoxidvel: No caso de usar processo manual, necessrio obedecer a esses passos:

1. Imergir o instrumental em gua, de preferncia quente, misturada com detergente ou desincrostante ou, ainda, detergente enzimtico. Deixe por 15 minutos para remover os detritos orgnicos (sangue, principalmente), inclusive os situados nas rachaduras e encaixes dos instrumentos. 2. Escovar o material e enxaguar em gua quente. 3. Secar o instrumental um a um, cuidadosamente, usando uma compressa. 4. Encaminhar o material limpo para preparo ou para guarda. Material de borracha: A limpeza de sondas, drenos, cnulas e tubos de borracha feita mais comumente pelo processo manual. Esse processo consiste em: 1. Colocar o material numa bacia com gua fria e detergente ou detergente enzimtico, preenchendo o interior de cada um com o auxilio de uma seringa, deixar em soluo por 15 minutos. 2. Lavar esse material, interna e externamente, com gua corrente, de preferncia em torneira com bico de presso. 3. Secar o material, revendo a limpeza. 4. Encaminhar o material ao preparo. Por segurana e economia, a maior parte dos hospitais s trabalha com luvas novas. No caso de elas serem reaproveitadas devem ser lavadas, de preferncia, na mquina. No entanto, quando a limpeza precisar ser manual, deve-se proceder da seguinte forma: 1. Colocar as luvas em um balde de gua fria pura, e deix-las de molho para retirar as secrees. 2. Passar as luvas para outro balde com soluo neutra e suave, esfregando-as delicadamente. 3. Lavar as luvas dos dois lados, em gua corrente.

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4. Colocar as luvas para secar em suporte especial, virando-as, para secarem interna e externamente. 5. Encaminhar as luvas para o preparo. O material de borracha, em geral, no deve permanecer em soluo contendo substncias desincrostantes, pois esta provoca mudanas em sua colorao e torna-o pegajoso. No caso das luvas, por exemplo, que sofrem muito a ao destas substncias, recomenda-se o uso de sabo neutro e suave. responsabilidade do enfermeiro da unidade orientar quanto escolha dos produtos a serem utilizados, a concentrao de cada um deles nas solues e quanto ao tempo de exposio dos diversos materiais no processo de desinfeco . PREPARO DO MATERIAL. As atividades realizadas na rea de preparo de material tm com finalidade revisar, selecionar, preparar e acondicionar o material para ser, posteriormente, esterilizado. Um cuidado importante executado nesta rea a conservao de pinas e tesouras, dentre outros instrumentos, que necessitam de lubrificao peridica em suas articulaes. O silicone lquido muito utilizado para isso, mas os lubrificantes hidrossolveis so mais adequados. A vaselina lquida no recomendada porque forma uma camada fina na superfcie do instrumento, dificultando a esterilizao, posteriormente. Os instrumentos que precisam de reparos devem ser encaminhados a empresas recomendadas pelos fabricantes. No se aconselha a soldagem de instrumentos danificados por queda. tambm no processo que geralmente o material separado e processado, de acordo com as especificaes. No local de preparo de material; vrios cuidados devem ser tomados para acondicionlos adequadamente. Dentre esses cuidados, destacamos:

1. Escolher o envoltrio apropriado ao tipo e volume do material, assim como ao mtodo de esterilizao a que ser submetido. 2. Observar se o material esta rigorosamente limpo. 3. Preparar e acondicionar o material, de acordo com a tcnica padronizada, cujo objetivo bsico atender aos princpios de assepsia. ESTERILIZAO. Esterilizao do Material: Existem diferentes mtodos de esterilizao, os quais so classificados em dois grandes grupos: os mtodos fsicos e os mtodos qumicos. Abordaremos vrios destes mtodos, uma vez que este um assunto importante e necessrio para todo o pessoal de enfermagem. Mtodos Fsicos de Esterilizao: Nesse grupo apresentamos trs mtodos de esterilizao diferentes: calor mido, calor seco e a radiao. Calor mido: Lembramos que a gua em ebulio, utilizada durante muito tempo como mtodo de esterilizao pelo calor mido, considerada atualmente como um mtodo fsico de desinfeco, mas para cumprir esta funo necessrio o artigo ficar imerso e em ebulio por no mnimo 30 minutos. Esterilizao pelo vapor sob presso: Mtodo processado pela autoclave, um aparelho apresentado em forma e tamanhos diferentes, sendo at improvisada, s vezes, como uma panela de presso. O mtodo de esterilizao pelo calor mido o mais seguro e tambm o mais utilizado para esterilizar a maior parte dos materiais mdico-hospitalares. Sua eficincia depende da penetrao do vapor saturado sob presso nos pacotes ou caixas, a uma determinada temperatura, durante um certo tempo.

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Cada tipo de material exige um tempo de exposio diferente e um determinado grau de temperatura. Materiais de densidade: Basicamente as roupas. Esses materiais so espessos, formados por fibras e, por isso, h penetrao do vapor saturado em todas as camadas de sua espessura. O tempo de exposio para eles de 30 minutos, a temperatura tambm deve ser de 121C e a presso atmosfrica de 1,5. A gaze furacinada no deve ser colocada em autoclave, pois o furacin perde o efeito, quando exposto a altas temperaturas. O correto aplicar o furacin na gaze j estril, e somente no momento do curativo. As autoclaves que atualmente existem no mercado so de vrios tipos. As mais modernas operam a temperaturas acima de 121C, sendo o tempo total de seu ciclo bem menor. Alm disso, reduzem a deteriorao de material de borracha, tecido e de elementos cortantes. Portanto, ao se utilizar uma autoclave deve-se observar o tempo, a temperatura e a presso recomendada pelo fabricante. As desvantagens destas autoclaves mais sofisticadas esto no seu elevado custo e na complexidade de seu funcionamento, exigindo manuteno especializada. Cuidados no carregamento da autoclave: 1. Carregar o aparelho com materiais que exijam o mesmo tempo de exposio. 2. Utilizar apenas 80% da capacidade do aparelho, a fim de facilitar a circulao do vapor no interior da cmara. 3. Dispor o material adequadamente na autoclave. Os pacotes maiores devem estar na parte superior, e os menores na parte inferior do carro mvel do aparelho, deixando suficiente espao entre eles. 4. Tomar cuidado para que o material no se encoste s paredes da autoclave principalmente o de borracha. Cuidados ao descarregar o aparelho:

1. Usar luvas prprias e, em algumas vezes, mscara. 2. No colocar os invlucros ainda quentes sobre superfcies finas, pois a condensao possibilita a penetrao de bactrias, contaminando assim, os contedos. Recomenda-se, portanto, que os invlucros esfriem sobre o carro da autoclave. 3. Guardar caixas e pacotes em locais apropriados, a fim de no prejudicar o prazo de validade da esterilizao. Aqui importante saber que os artigos esterilizados na autoclave podem ser estocados at uma semana (sete dias), em prateleira aberta, ou at um ms, se forem colocados sob uma cobertura de plstico ou uma bolsa selada. 4. Limpar a cmara interna e a superfcie externa da autoclave com pano umedecido em gua, depois da ltima esterilizao do dia. No permitido o uso de substncias abrasivas, tipo saponceo, ou corrosivas, como gua sanitria. A seguir apresentamos uma lista de diversos materiais esterilizveis em autoclave, a 121C, com os cuidados relativos ao preparo de cada um deles, o tempo de exposio necessrio e algumas observaes pertinentes. Instrumental cirrgico: Acondicionar os instrumentos em caixas de metal perfurada em todos os lados, fechar a caixa e envolv-la com cobertura de campo de tecido de algodo cru. Proteger as lminas de bisturi e pontas de tesoura com gaze. O tempo de exposio de 30 minutos. Cuidados e observaes: As caixas e estojos perfurados e envoltos com cobertura de campo de tecido de algodo cru possibilitam a entrada do vapor, durante a esterilizao. Agulhas de sutura: Ordenar as agulhas sobre uma gaze e acondicion-las em estojos perfurados, envolvendo-os com cobertura de campo se tecido de algodo cru. O tempo de exposio de 15 minutos. Cuidados e observaes: As caixas e estojos perfurados e envoltos em cobertura

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de campo de tecido de algodo cru possibilitam a entrada do vapor, durante a esterilizao. Agulhas de puno: Colocar as agulhas em tubos de vidros fechados. O tempo de exposio de 15 minutos. Cuidados e observaes: A tampa do vidro deve ser permevel ao vapor. Bacias, bandejas, cubas, etc.: Fazer pacotes individuais envoltos por cobertura de campo de tecido de algodo cru. O tempo de exposio deve ser de 30 minutos. Pacotes de curativos: colocar cerca de 10 folhas de gaze sobre a cobertura do campo de tecido de algodo cru e, sobre elas, uma pina hemosttica (tipo Pean, Kelly ou krily) e um tipo disseco. Dar uma dobra na cobertura para cobr-los totalmente e, em seguida, colocar outra pina hemostticas e algumas gazes. Terminar o pacote como de rotina. O tempo de exposio deve ser de 30 minutos. Aventais: Empacotar os aventais individualmente ou em numero de dois ou trs, com cobertura de campo de tecido de algodo cru. O tempo de exposio deve ser de 30 minutos. Campos: Empacotar os campos individualmente ou formando um conjunto de campos de diversos tamanhos. Depois, envolv-los com a cobertura de um campo maior de algodo cru. O tempo de exposio deve ser de 30 minutos. Cuidados e observaes: Os pacotes no devem ser muito grandes e nem muito apertados. O volume no pode ultrapassar 0,30 / 0,50cm, dever ter espaos entre um pacote e outro para circular o calor e o processo ser completo. Compressas: Fazer pacotes de 10 unidades, aproximadamente, com cobertura de algodo cru. O tempo de exposio deve ser de 30 minutos.

Gaze em folha: Empacotar 10 unidades de gaze em filme poliamida ou tipo Kraft. O tempo de exposio deve ser de 30 minutos. Algodo: Empacotar o algodo ou coloc-lo em tambor com os orifcios abertos. Envolver este tambor com cobertura de campo de tecido de algodo cru. O tempo de exposio deve ser de 30 minutos. Seringas e outros materiais de vidro: Empacotar o material individualmente, com campo de algodo cru. O tempo de exposio deve ser de 30 minutos. Cuidados e observaes: Colocar os pacotes na parte superior da autoclave, para evitar quebra. Sondas com orifcios na ponta (em borracha): 1. Opo de preparo Empacotar vrias sondas com cobertura de campo de algodo cru, confeccionadas de maneira a separar uma da outra. O tempo de exposio deve ser de 15 minutos. Cuidados e observaes: As sondas preparadas desta maneira destinam-se a aspiraes de secrees a traquia. 2. Opo de preparo: Empacot-las individualmente com campo de algodo cru ou filme poliamida. O tempo de exposio deve ser de 15 minutos. Cuidados e observaes: Evitar misturar com outro tipo de material em um mesmo pacote, pois a borracha adere-se aos outros materiais. Tubos de ltex: Enrolar os tubos individualmente, evitando dobras ou angulaes. Depois, amarr-los levemente com gaze, envolver com compressas e empacot-los em campo de algodo cru ou filme poliamida. O tempo de exposio deve ser de 15 minutos. Cuidados e observaes: Havendo dobras ou angulaes, a borracha cola-se nestes pontos.

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Luvas: Testar as luvas para ver se no h furos, separ-las por numero, entalc-las e emparcer-las. Depois, virar aproximadamente 4cm de seus punhos para fora, colocar uma tira de gaze no seu interior para facilitar a entrada de vapor. Introduzir as luvas em envelopes apropriados de campo de algodo cru, papel Kraft ou filme poliamida, com as palmas viradas para cima e os polegares para dentro. Colocar uma gaze com talco entre os dois bolsos do envelope, para lubrificao das mos. Acondicionar os envelopes de algodo cru em caixas especiais com orifcios abertos e envoltos com campos de algodo cru. Finalmente, os envelopes de papel Kraft so embrulhados em folhas de papel Kraft, enquanto os de filme so colocados em pacotes do mesmo material, em geral par a par. O tempo de exposio deve ser de 15 minutos. Cuidados e observaes: muitos hospitais evitam reesterilizar luvas que o procedimento correto. Outros por questo de economia reesterelizam. Escovas: Acondicionar as escovas envolvendoas com campo de algodo cru. O tempo de exposio deve ser de 30 minutos. Tubos calibrosos de polietileno: Enrolar os tubos em angulao ou dobra e amarr-los, levemente, com uma tira de gaze. Envolve os tubos com compressas antes de empacot-los com campo de algodo cru. O tempo de exposio deve ser de 15 minutos. Cuidados e observaes: Deixar a autoclave fechada at que esfrie completamente, para os tubos no ficarem leitosos. gua: Colocar a gua em frascos de vidro, sem ench-los completamente. Deixar os frascos destampados ou fech-los com tampas permeveis ao vapor. O tempo de exposio deve ser de 20 minutos. Cuidados e observaes: No misturar a carga de gua com outras cargas. Dispensar o perodo de secagem e deixar os frascos na

autoclave at que esfriem. Usar mscaras ao tampar os frascos, aps a esterilizao. Calor seco: A esterilizao feita por meio do processo de flambagem ou pelo uso de estufa. A flambagem utilizada basicamente em laboratrios, e consiste em aquecer o metal diretamente sobre a chama, at ficar rubro. J na estufa, denominao comercial do forno de Pasteur, o material acondicionado em caixas metlicas ou em recipiente de vidro refratrio, resistentes a altas temperaturas. Na estufa, para haver a destruio bacteriana, necessria uma temperatura maior do que na autoclave e, tambm, um tempo maior de exposio do material ao calor. Por isso, a estufa totalmente imprpria para tecidos, borrachas e materiais sintticos. Em relao ao instrumental cirrgico, a estufa foi considerada, por muitos anos, como o mtodo mais indicado. Entretanto, recentes trabalhos de pesquisas lanaram dvidas sobre sua eficcia. Por esta razo, sugere-se o uso da estufa unicamente para substncias em p ou oleosa, pois esses materiais so impermeveis ao vapor dgua da autoclave. oportuno lembrar que a gaze furacinada tambm no deve ser esterilizada em estufa, pelos mesmos motivos j mencionados para o caso da esterilizao em autoclave. Cuidados na esterilizao em estufa: 1. No carregar a cmara em excesso, a fim de permitir fcil circulao do ar aquecido entre as caixas e entre recipientes de vidro refratrio. 2. No deixar as caixas e os recipientes em contatos com as paredes da cmara. 3. Controlar a temperatura e marcar o tempo de exposio, aps ligar o aparelho. O tempo de 2hs, contando a partir do momento que o termmetro atinge a temperatura de 160C. 4. No abrir a estufa durante o processo de esterilizao.

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5. Lacrar o material imediatamente aps a esterilizao identific-lo e datar, caso no se disponha de fitas termossensveis, apropriadas para o calor seco. O perodo de validade de esterilizao na estufa de uma semana (sete dias), se os materiais forem estocados em prateleira aberta. Se eles forem colocados sob uma cobertura de plstico ou bolsa selada, esse perodo se estende por at um ms. Radiao: A esterilizao por radiao obtida atravs dos raios gama e cobalto-60. um mtodo eficaz que oferece as seguintes vantagens: 1. altamente penetrante, atravessando invlucros de materiais como caixas de papel, papelo ou plstico. 2. No danifica o material submetido ao processo, pois frio. 3. Tem um longo tempo de validade, desde que o invlucro no seja rasgado, molhado ou perfurado. Este mtodo de esterilizao caro e complexo, no sendo utilizado em hospitais, mas sim em indstrias especializadas em materiais mdico-hospitalares. O raio gama e o cobalto-60 destinam-se, especialmente, a esterilizao de materiais descartveis, como seringas, agulhas, gazes, drenos, sondas, tubos, fios cirrgico e material de implante, como vlvulas cardacas e ortopdicas. Mtodos qumicos de esterilizao: So aqueles que utilizam produtos qumicos, tanto em forma de gases como de lquidos, vamos analisar cada um desses mtodos separadamente. Esterilizao por gases: Um dos gases usados para esterilizao de material mdicohospitalar o xido de etileno. um gs txico, incolor e inflamvel, de ativa

penetrao e poder bactericida (destruio das bactrias), inclusive para esporos. A esterilizao pelo xido de etileno feita em autoclave prpria. um processo bem mais complexo do que o de calor seco ou mido, pois, alm dos fatores temperatura e tempo, so igualmente importantes concentrao do gs e a umidade relativa. O xido de etileno, por esterilizar em temperaturas relativamente baixas, indicado para material sensvel ao calor, como otoscpios, instrumentos oftalmolgicos, motores, plsticos, fios, etc. A esterilizao pelo xido de etileno tem um prazo de validade maior que a dos processos fsicos, estando este prazo na dependncia do invlucro no ter sido rasgado, molhado ou perfurado. A utilizao do xido de etileno tem representado a soluo para a esterilizao de materiais que no podem ser submetidos a temperaturas elevadas. Apesar disso, ela tem sido um pouco problemtica devido complexidade da operao e a manuteno desse tipo de autoclave, sem contar os riscos apresentados pelo gs. Por essa razo, muitos hospitais no realizam mais esta tarefa, passando a contratar firmas externas especializadas nesse trabalho. Entretanto muitos estabelecimentos de sade pblicos e privados do pas alm de no disporem de esterilizao com xido de etileno, tem dificuldades para contratar esse servio, at mesmo pela falta de empresas especializadas em sua localidade. Assim, esses rgos vm recorrendo s pastilhas de formalina para a esterilizao ou desinfeco de materiais que no podem sofrer a ao do calor ou de esterilizantes lquidos. Desse modo, as pastilhas de formalina, derivadas do gs folmaldeido, na prtica, tem se constitudo a nica alternativa para esses estabelecimentos de sade, embora elas no sejam reconhecidas pelo Ministrio da Sade como um mtodo de esterilizao ou desinfeco.

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Esterilizao por lquido: A utilizao de produtos lquidos e qumicos destinados desinfeco ou esterilizao indicada somente para aqueles materiais que no podem sofrer a ao do calor, mas que suportam o meio lquido, e ainda quando no se dispe de esterilizao pelo xido de etileno. So exemplos desses materiais: plstico, acrlico e polietileno. Ao tratar os produtos qumicos, no podemos deixar de mencionar que muitos deles esto disponveis no mercado, mais nem, sempre oferecem indicao clara de seus efeitos e instrues sobre o correto modo de us-los, gerando dvidas quanto ao seu emprego. Por isso importante que a ao de um produto qumico lquido depende de trs fatores: 1. Contato: Para um germicida exercer sua ao, indispensvel que tenha contato com os microorganismos. Esse contato dificultado por gordura e matria orgnica, como sangue ou pus, da a necessidade de limpar adequadamente o material e expor todas as superfcies ocas, preciso cuidar para que o produto qumico preencha todas elas. 2. Concentrao: Cada substncia germicida tem seu maior poder de ao numa concentrao especfica. Por isso, indispensvel secagem do material, antes de imergi-lo na soluo qumica. Caso contrrio, a substncia ficar diluda, reduzindo assim, o seu poder de ao. 3. Tempo de exposio: os produtos qumicos no agem instantaneamente, sendo necessrio um certo tempo de contato com o material. Para a desinfeco de artigos, ou seja, para se obter uma ao germicida contra microorganismos na forma vegetativa, o tempo de exposio de 30 minutos, para a destruio dos esporos, ou esterilizao, o tempo varia de acordo com o produto qumico utilizado e, por isso, muito importante atentar para as orientaes do seu rtulo.

Cuidados na esterilizao qumicos lquidos:

com

produtos

1. Anotar a data e o horrio em que o material foi colocado e o tempo de permanncia. 2. No misturar materiais diferentes. 3. Usar recipiente plstico ou de vidro, com tampa. Terminado o tempo de exposio, o material retirado do produto de acordo com a tcnica assptica e lavado com soro fisiolgico ou gua esterilizada, pois o produto geralmente irritante para a pele e as mucosas. Em seguida, secado em campos estreis e acondicionado em um recipiente tambm estril. Etapa da esterilizao ou desinfeco de materiais mdico-hospitar, por meio do uso de produto lquido qumico: 1. Calar as luvas. 2. Lavar os instrumentos criteriosamente, enxaguar em gua corrente e secar. 3. Colocar o produto em um recipiente com tampa. 4. Mergulhar os artigos previamente limpos em soluo, evitando a formao de bolhas de ar. 5. Fechar o recipiente e marcar o tempo de acordo com o risco de contaminao dos materiais. 6. No introduzir novos artigos no recipiente enquanto no expirar o perodo de exposio dos que foram imersos anteriormente na soluo esterilizante. 7. Utilizar pina esterilizada para retirar o material. Enxaguar com gua esterilizada ou soro fisiolgico de acordo com a tcnica assptica. A esterilizao atravs de produtos qumicos um assunto bastante controvertido, sendo vrios os fatores a considerar no uso de

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cada um deles. Assim, a escolha do produto fica a critrio do servio hospitalar, devendo esta escolha estar de acordo com as exigncias da legislao em vigor. Testes para avaliar a eficincia da esterilizao: Para termos segurana quanto esterilidade dos materiais, indispensvel testar periodicamente os esterilizadores, como as autoclaves e as estufas. Aconselh-se que seja feito, no mnimo, um teste por semana, que pode ser fsico, qumico ou biolgico. O teste fsico consiste em colocar um termmetro no interior de um dos pacotes, para registrar a temperatura mxima atingida. O teste qumico feito por substncias qumicas contidas em tubos de vidro ou em fitas de papel, introduzidos no interior de um dos pacotes de maior volume a ser esterilizados. A mudana de cor do indicador dos vidros ou das fitas significa que o interior dos pacotes esta sendo atingido pela temperatura desejada, durante o perodo adequado. importante destacar que as fitas adesivas conhecidas como fitas teste, usadas para fechar os pacotes de material a ser esterilizado, no podem ser consideradas teste qumico, pois no oferecem qualquer segurana. Veja que as listas da fita teste ganharam uma colorao escura, indicando que a superfcie do pacote foi atingida pelo calor, nada garantindo quanto ao processo de esterilizao do material contido em seu interior. O teste biolgico geralmente utiliza culturas de esporos dos germes no patognicos, colocados em tubos no interior de um dos pacotes a serem esterilizados. Aps o processo preciso analisar se os germes foram destrudos ou no. Os testes precisam ser feitos sempre na primeira carga do dia. Tambm necessrio realizar estes testes toda vez que terminar uma manuteno preventiva ou corretiva dos

aparelhos esterilizados. Eles devem ser realizados pelo enfermeiro da unidade, cabendo ao pessoal de enfermagem consciente da importncia da esterilizao, colaborar com o enfermeiro na realizao destes testes. Guarda e distribuio de material esterilizado: A guarda do material esterilizado feita em rea provida de armrios fechados, cestos, prateleiras, etc. importante atentar para o fato de que a rea de armazenamento de material estril deve ser o mais seca possvel, uma vez que a umidade altera o prazo de validade da esterilizao. Como j dissemos anteriormente, dessa rea de guarda que se faz distribuio do material esterilizado para todas as unidades do hospital. A distribuio pode ser feita pelo sistema de troca ou por outro a ser adotado pela rotina do hospital. PS-OPERATRIO. O perodo ps-operatrio tem incio logo aps o trmino da operao e vai at a alta do paciente, podendo ainda se estabelecer uma fase de atendimento ambulatorial. Este o perodo mais crtico da recuperao do paciente. Por isso, cuidados de enfermagem so dispensveis a eles com as seguintes finalidades: prestar assistncia intensiva at a total recuperao dos reflexos; assistir o paciente integralmente, proporcionando-lhe segurana e retorno rpido a suas atividades normais; prevenir complicaes; e, em alguns casos, auxiliar na reabilitao e na adaptao do paciente s novas condies resultantes da cirurgia, como o caso, por exemplo, da colostomia, das mastectomia, da amputao, entre outras. Fases: O perodo ps-operatrio divide-se em trs fases: ps-operatrio imediato, que compreende as primeiras 24hs aps a operao, ps-operatrio mediato, que comea ao final das primeiras 24hs aps a operao e

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vai at a alta hospitalar, e o ps-operatrio tardio, que se inicia com a alta e dura enquanto o paciente precisar de ateno especial. Perodo ps-operatrio imediato: Essa fase, em geral, tem inicio na Recuperao PsAnestesia (RPA), para onde levado o paciente ps-operado, ainda sob efeito da anestesia. L, ele recebe acompanhamento direto, e depois da estabilizao de seu estado, tem alta dessa unidade e levado para o seu leito de origem. Ps-operatrio imediato: Nessa fase o paciente j se encontra na unidade de internao cirrgica. A durao da internao vai depender da recuperao do paciente, podendo ser mais rpida ou mais lenta de acordo com o tipo de operao a que foi submetido e com as suas condies. Os cuidados de enfermagem prestados nessa fase visam a acelerar essa recuperao e reintegrar o paciente a vida familiar e as suas atividades normais o mais rpido possvel. Ps-operatrio tardio: Compreende a fase ambulatorial, quando