Enfermidades transmitidas por vetores: leishmaniose ... · A leishmaniose visceral canina (LVC), no...

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Ano 01 || Edição 05 || Dezembro 2014 Dra. Ingrid Menz CRMV-SP 1.569 Graduação pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP). Doutorado em Virologia e Diagnóstico pela Faculdade de Medicina Veterinária de Hannover, Alemanha. Consultorias em Imunobiológicos e Medicamentos contra a Leishmaniose Visceral Canina. Enfermidades transmitidas por vetores: leishmaniose visceral canina no Brasil agentes transmissores, geralmente, in- setos. Portanto, são doenças infecciosas não contagiosas. Os vetores são os res- ponsáveis pela veiculação biológica de parasitos e microrganismos ao homem e a animais domésticos. No Brasil, inúme- ras doenças são transmitidas por vetores aos humanos, com des- taque para dengue, malária, doença de Chagas, leishma- niose, febre amarela e esquis- tossomose. De acordo com a Orga- nização Mundial da Saúde (OMS), a doença mais letal causada por vetor é a malá- ria. Entretanto, a patologia que mais vem crescendo, em número de vítimas no mundo, é a den- gue, cuja incidência aumentou 30 ve- zes nos últimos 50 anos. Há poucas opções de tratamento disponíveis para essas patologias e parte dos medi- camentos apresenta toxicidade, podendo causar lesões hepáticas e renais, além de morte. Daí a importância de diagnosti- car e iniciar o tratamento precocemente, o que nem sempre é realizado devido à confusão com outras enfermidades, de sintomas semelhantes. Na área veterinária, há grande empe- nho por parte de empresas farmacêuticas em buscar soluções que evitem que ani- mais se infectem ou transmitam a enfer- midade, caso sejam suspeitos de terem sido contaminados. Nos animais, os principais vetores de enfermidades são carrapatos, pulgas e os flebotomíneos, transmissores de enfermidades importantes, sendo al- gumas zoonoses. Os parasitas mais co- mumente transmitidos são Anaplasma platys, Babesia canis vogeli, Bartonella spp., Hepatozoon canis, Ehrlichia canis, Dipylidium caninum e Leishmania sp. Introdução Enfermidades transmitidas por veto- res são aquelas que não passam direta- mente de uma pessoa ou de um animal para outro; requerem a participação de

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Ano 01 || Edição 05 || Dezembro 2014

Dra. Ingrid MenzCRMV-SP 1.569 Graduação pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo (USP). Doutorado em Virologia e Diagnóstico pela Faculdade de Medicina Veterinária de Hannover, Alemanha. Consultorias em Imunobiológicos e Medicamentos contra a Leishmaniose Visceral Canina.

Enfermidades transmitidas por vetores: leishmaniose visceral canina no Brasil

agentes transmissores, geralmente, in-setos. Portanto, são doenças infecciosas não contagiosas. Os vetores são os res-ponsáveis pela veiculação biológica de parasitos e microrganismos ao homem e a animais domésticos. No Brasil, inúme-

ras doenças são transmitidas por vetores aos humanos, com des-taque para dengue, malária, doença de Chagas, leishma-niose, febre amarela e esquis-tossomose.

De acordo com a Orga-nização Mundial da Saúde (OMS), a doença mais letal causada por vetor é a malá-ria. Entretanto, a patologia que mais vem crescendo,

em número de vítimas no mundo, é a den-

gue, cuja incidência aumentou 30 ve-

zes nos últimos 50 anos. Há

poucas opções de tratamento disponíveis para essas patologias e parte dos medi-camentos apresenta toxicidade, podendo causar lesões hepáticas e renais, além de morte. Daí a importância de diagnosti-car e iniciar o tratamento precocemente, o que nem sempre é realizado devido à confusão com outras enfermidades, de sintomas semelhantes.

Na área veterinária, há grande empe-nho por parte de empresas farmacêuticas em buscar soluções que evitem que ani-mais se infectem ou transmitam a enfer-midade, caso sejam suspeitos de terem sido contaminados.

Nos animais, os principais vetores de enfermidades são carrapatos, pulgas e os fl ebotomíneos, transmissores de enfermidades importantes, sendo al-gumas zoonoses. Os parasitas mais co-mumente transmitidos são Anaplasma platys, Babesia canis vogeli, Bartonella spp., Hepatozoon canis, Ehrlichia canis, Dipylidium caninum e Leishmania sp.

Introdução

Enfermidades transmitidas por veto-res são aquelas que não passam direta-mente de uma pessoa ou de um animal para outro; requerem a participação de

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Carrapatos

No Brasil, o carrapato mais comum encontrado em cães é o Rhipicephalus sanguineus, também chamado de car-rapato vermelho do cão, sendo o maior responsável pela transmissão da Ehrlichia canis. O R. sanguineus também já foi des-crito como causador de parasitismo hu-mano em Recife, Pernambuco.1 Também pode transmitir Coxiella burnetii, Rickettsia conorii e Rickettsia rickettsii, tendo, assim, caráter zoonótico.

O gênero Ehrlichia atualmente com-preende cinco espécies válidas: E. canis, E. chaffeensis, E. ewingii, E. muris e E. ru-minantium. São bactérias Gram negativas, parasitas intracelulares obrigatórios, prin-cipalmente monócitos e macrófagos.

No Brasil, a E. canis, responsável pela erliquiose monocítica canina, é conside-rada endêmica, principalmente nas áreas urbanas, onde há grande quantidade do carrapato vetor, R. sanguineus, principal-mente nas regiões Nordeste, Sudeste, Sul e Centro-Oeste. O R. sanguineus sobre-vive em regiões tropicais e subtropicais, refugiando-se principalmente em áreas abrigadas como muros e paredes com frestas e rachaduras, onde, preferencial-mente, coloca seus ovos. Essa espécie de carrapato realiza seu desenvolvimento em um só hospedeiro, mas excepcionalmente pode se adaptar a outros, comprovando a adoção de diferentes estratégias de so-brevivência. Seus locais preferidos de fi xa-ção no cão são a cabeça, principalmente a região interna da orelha, o espaço inter-digital, as regiões lombar e inguinal e as

axilas. Permanece fi xado, alimentando-se, de dois dias a várias semanas, conforme o estádio de desenvolvimento. Sua fi xação no hospedeiro é menos intensa do que a dos carrapatos das espécies Amblyomma e Ixodes.

A erliquiose e a babesiose são co-muns no Brasil, ambas transmitidas pelo R. sanguineus. Babesia canis é um para-sita intraeritrocítico e causa uma enfer-midade hemolítica, enquanto Ehrlichia canis é, obrigatoriamente, intracitoplas-mático, replicando-se nos linfonodos em macrófagos mononucleares, assim como Leishmania (Leishmania) infan-tum. Comprovou-se, também, uma alta taxa de coinfecção das três enfermida-des,2 apesar da possibilidade de alguma reação cruzada em alguns testes diag-nósticos sorológicos.

A prevenção de carrapatos em cães deve incluir a pulverização de muros, casi-nhas e todo o ambiente onde eles vivem, além do uso de inseticida tópico, como pipetas, sprays e coleiras impregnadas. Em gatos, é raro observar a presença de carrapatos, pelo hábito de limpeza, pois lamber o próprio pelo reduz ou elimina totalmente os insetos de seu corpo. Gatos que apresentam carrapatos não se lam-bem, o que geralmente leva a supor que sejam portadores de enfermidades crôni-cas, como insufi ciência renal, ou infeccio-sas graves, como imunodefi ciência felina (FIV), leucemia felina (FeLV), entre outras.

Pulgas

As pulgas, mais comumente Cte-nocephalides felis, e os piolhos, como o Trichodectes canis, são um achado relati-vamente frequente em animais silvestres,

NO BRASIL, O CARRAPATO MAIS COMUM ENCONTRADO EM CÃES

É O RHIPICEPHALUS SANGUINEUS, TAMBÉM CHAMADO DE CARRAPATO

VERMELHO DO CÃO, SENDO O MAIOR

RESPONSÁVEL PELA TRANSMISSÃO DA

EHRLICHIA CANIS.

de produção, cães e gatos, espoliando, estressando e veiculando enfermidades entre os animais e o homem. Na fase pa-rasitária, as pulgas permanecem sobre os hospedeiros realizando a hematofagia e a postura. As do gênero Tunga penetrans apresentam, como particularidade, o fato de as fêmeas penetrarem no tecido cutâ-neo quando da realização da postura de ovos, ocasionando o vulgarmente conhe-cido “bicho de pé”. As pulgas (Ctenoce-phalides spp.) acometem principalmente cães e gatos, podendo veicular biologi-camente o Dipylidium caninum, helminto (verme chato – cestódeo) que apresenta, em uma de suas fases de desenvolvi-mento, uma larva cisticercoide no tecido muscular da pulga, que, uma vez ingerida pelo cão ou gato, quando este se coça ou se lambe, possibilita a infecção intestinal de cães e crianças.

Pulgas também transmitem bactérias para humanos e animais, como Yersinia pestis, Rickettsia felis, Rickettsia typhi e Bartonella henselae, esta causadora da doença da arranhadura do gato.

A prevenção, com o uso de inseticidas no cão, é a maneira mais efi caz de dimi-nuir e até de eliminar totalmente os veto-res dos animais. O ambiente sempre deve ser tratado com frequência, pois é o local onde os insetos se reproduzem e onde estão 95% dos parasitos transmissores.

O uso de uma nova coleira inseticida com indicação para gatos é recomendado, pois há testes de segurança e efi cácia reali-zados nessa espécie animal, especifi camente.

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Flebotomíneos: vetores das leishmanioses visceral e tegumentar

Apesar de serem moscas, os fle-botomíneos também são conhecidos como mosquito-palha, cangalhinha ou birigui, dependendo da região. As fêmeas alimentam-se geralmente ao anoitecer. Mais de 900 espécies de flebotomíneos já foram descritas no planeta, sendo aproximadamente 500 as que ocorrem no Novo Mun-do. Habitam diferentes ambientes, de campos, savanas e desertos a flo-restas tropicais, onde se encontra a maior biodiversidade desse grupo de insetos. Utilizam como abrigos locais protegidos de variações climáticas, estando associados a tocas de ani-mais, fendas de rochas, cavernas, ocos de árvores e o peridomicílio humano, sempre com umidade elevada, pouca circulação de ar, pouca luz e riqueza de matéria orgânica. São insetos ho-lometábolos, com larvas terrícolas, fêmeas hematófagas e fitófagas e machos exclusivamente fitófagos, os quais, na fase adulta, vivem em média de 20 a 30 dias.

A leishmaniose visceral canina (LVC), no Brasil, é transmitida pela Lutzomyia longipalpis e pela Lutzomyia cruzi, que são zoofílicas e antropofílicas, dependen-do da presença do hospedeiro, sendo excelentes transmissores de patógenos como Leishmania infantum chagasi, inter-ligando o ciclo com o homem. Têm baixa dispersão de voo, tendo as espécies do Novo Mundo um alcance médio menor do que 100 metros, e as do Velho Mundo, ao redor de 500 metros.3

As leishmanioses são enfermidades infecciosas não contagiosas de quadros clínicos cutâneos e/ou viscerais, cau-sadas por protozoários tripanossoma-tídeos do gênero Leishmania sp., que parasitam células do sistema fagocíti-co mononuclear de mamíferos, onde as formas amastigotas se reproduzem. Os protozoários atingem órgãos como fígado, baço, medula óssea, entre ou-tros, estando presentes também em linfonodos e na pele, local em que o fl ebotomíneo se infecta com amasti-gotas do hospedeiro durante o repasto sanguíneo. No tubo digestivo do inseto vetor, as leishmânias passam à forma promastigota e, após 7 a 14 dias, são transmitidas a outro hospedeiro quan-do do segundo repasto sanguíneo.

A leishmaniose visceral e a forma tegumentar afetam populações hu-manas em diferentes partes do mundo tropical, subtropical e temperado pro-vavelmente há séculos, especialmente nas regiões mais pobres do planeta. As formas cutâneas são endêmicas em 88 países, sendo 72 destes em desenvolvi-mento, com cerca de 1,5 a 2 milhões de novos casos anuais. As formas viscerais têm 90% de seus novos casos humanos originados em Bangladesh, Índia, Ne-pal, Sudão e no Brasil, causando apro-ximadamente 500 mil novos casos e em geral 60 mil mortes por ano.

Leishmaniose tegumentar americana em humano

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Cão apresentando dermatite necrolítica de extremidades e linfadenomegalia, causadas pela leishmaniose visceral canina

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Cão com leishmaniose tegumentar – úlcera e crostas estáveis na face interna das orelhas, causada por Leishmania (Viannia) braziliensis

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Existem mais de 30 espécies dis-tintas de Leishmania descritas no mundo. O subgênero Leishmania está presente no Velho e no Novo Mun-do, enquanto o subgênero Viannia é exclusivo das Américas. No Brasil, as

leishmanioses eram, originalmente, zoonoses de mamíferos selvagens, mas vêm se adaptando perfeitamente ao meio urbano, infectando cães, hu-manos, gatos e outros animais silves-tres que convivem em área urbana, como as cuícas (Didelphis spp.).4

As principais espécies de Leishmania, em relação ao número de casos huma-nos no Brasil, são a Leishmania (Viannia) braziliensis, principal agente etiológico da leishmaniose tegumentar americana (LTA), além de L. amazonensis, L. guyanensis, L. braziliensis e a Leishmania (Leishmania) infantum chagasi, agente causador da leishmaniose visceral americana (LVA).5

As alterações ambientais, como os desmatamentos, com posterior ocupação humana do entorno, apro-ximam o ser humano de ciclos enzoó-ticos selvagens, facilitando a transmis-são de Leishmania via flebotomíneos que se adaptam ao meio ambiente alterado, chegando, inclusive, a man-terem transmissões em áreas estabe-lecidas há décadas, como muitos dos casos de LTA causados por Leishmania (Viannia) braziliensis. A LVA, caracteri-zada por estar originalmente ligada ao meio rural do Nordeste brasileiro, vem expandindo sua distribuição e número de casos humanos em direção ao cen-tro-sul do país, com ciclos de trans-missão de Leishmania (Leishmania) in-fantum chagasi, registrados de forma crescente em grandes centros urbanos dos estados do Norte, Nordeste, Cen-tro-Oeste e Sudeste, chegando à re-gião Sul do Brasil, no município gaú-cho de São Borja, e ainda ao Paraguai e à Argentina.

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Os hospedeiros animais, no caso da LTA, são principalmente mamíferos sel-vagens, sendo os registros de animais domésticos parasitados, como o cão e equídeos, considerados hospedeiros ter-minais de infecções acidentais sem im-portância signifi cativa na manutenção do parasita e na transmissão para o humano. Portanto, no diagnóstico da leishmanio-se tegumentar, não é exigida a elimi-nação do cão. No caso da LVA, doença emergente e em expansão territorial no Brasil e ausente no estado de São Paulo até 1998, o cão é hospedeiro altamente suscetível à doença e considerado o prin-cipal reservatório do agente etiológico para o homem, embora outras espécies de animais selvagens e domésticas já te-nham sido reportadas infectadas.

Acredita-se que a rota de expansão e disseminação da LVA nesse estado ocor-reu do sentido leste, onde se situa Co-rumbá, na divisa com a Bolívia, ao oeste, onde se situa Três Lagoas, na divisa com o estado de São Paulo.

Medidas preventivas contra as leishmanioses humanas incluem o uso de repelentes; a colocação de telas an-tiafídeo (<1 mm); a não exposição nos horários de maior atividade do vetor; a limpeza e o manejo ambiental de quintais e terrenos com retirada de matéria orgâ-nica; a poda de árvores e o recolhimen-to de frutos em decomposição para au-mentar a insolação do solo, combatendo eventuais criadouros de fl ebotomíneos; o distanciamento de abrigos de animais domésticos do domicílio, principalmente galinheiros; e a instalação de residências a mais de 400 metros de áreas de vege-tação preservada e matas. Galinhas são

COM RELAÇÃO AO CÃO, AS MEDIDAS

PROFILÁTICAS INCLUEM O USO INDIVIDUAL DE PIPETAS, SPRAY E COLEIRAS

IMPREGNADAS COM INSETICIDAS, TELAS ANTIAFÍDEO EM CANIS INDI-

VIDUAIS E COLETIVOS, ALÉM DA CONDUÇÃO DAS POLÍTICAS MUNI-CIPAIS DE CONTROLE REPRODUTIVO

E POPULACIONAL DE ANIMAIS.

consideradas hospedeiros fi nais, portanto não transmitem, mas são, geralmente, o alimento preferido dos insetos vetores da LVC, que se reproduzem nos excrementos e materiais em decomposição da cama dos galinheiros.

Em áreas endêmicas, casos de febre persistente, principalmente em crian-ças e idosos, devem ser relatados ime-diatamente ao médico. Se a LVA não for tratada precocemente, haverá com-prometimentos hepático, esplênico e renal e morte. Além disso, o uso de an-timoniais pode ser um tratamento bas-tante agressivo que, em casos graves, também pode matar.

Com relação ao cão, as medidas pro-fi láticas incluem o uso individual de pi-petas, spray e coleiras impregnadas com inseticidas, telas antiafídeo em canis indi-viduais e coletivos, além da condução das políticas municipais de controle reprodu-tivo e populacional de animais. O uso de vacinas contra a LVC também deve ser realizado rotineiramente, com a frequên-cia indicada na bula dos produtos.

1 Diagnóstico precoce e trata-mento dos casos humanos.

2 Controle do vetor.

3 Remoção dos cães infecta-dos doentes.

4 Educação sanitária da população.

Com base nesses princípios, o con-trole da LVC no Brasil é regulamentado pelo Decreto Federal no 51.838, de 14 de março de 1963, que estipula normas téc-nicas para o combate às leishmanioses, propondo a eliminação de cães doentes.

Falhas na efi cácia dos programas de controle da LVC incluem o longo perío-do entre o diagnóstico e a eliminação do cão reservatório, a baixa sensibilidade dos testes sorológicos, a reposição dos cães eliminados,6 o acesso parcial à população canina infectada (OMS, 2010), a oposição do proprietário na remoção do animal e, muitas vezes, a exigência de contraprova e de testes parasitológicos para a confi rma-ção do resultado, além da existência de ou-tros reservatórios animais que não o cão.

Embora exista há mais de 50 anos, o programa brasileiro de controle da LVA é inefi caz, sendo que o número de ca-sos humanos da doença cresce no país, além da expansão territorial marcante observada na última década por dife-rentes estados da nação.

Os cães e canídeos selvagens podem apresentar parasitismo cutâneo por amas-tigotas de Leishmania, mesmo sem apre-sentar qualquer sintoma clínico da doença, o que aumenta a possibilidade de trans-missão. Mas a presença do inseto vetor é primordial, sem o qual não há possibilida-de de transmissão. O uso de inseticidas tópicos, spray ou coleiras impregnadas em cães saudáveis e também em cães suspei-tos ou em tratamento é importante para evitar a aproximação (efeito repelência) e a alimentação (efeito inseticida) das fê-meas de Lutzomyia. O uso de produtos com poder inseticida evita que as fêmeas de fl ebotomíneo se ingurgitem e que haja transmissão ao cão e a partir do cão. Ma-chos não têm importância na transmissão, por não se alimentarem de sangue.

A doença, quando introduzida em área indene, acomete primeiramente o cão, sendo uma etapa prévia à aquisi-ção da enfermidade pelo ser humano e a prevalência de infecção no cão maior do que no homem. Um dos pontos cru-ciais no combate à LVA é a detecção dos animais infectados. O diagnóstico da infecção canina é complexo, baseado em aspectos clínicos e laboratoriais, in-cluindo provas parasitológicas indiretas e diretas de detecção do parasita.

A ESTRATÉGIA DE CONTROLE DA LVC, PRECONIZADA PELO

MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL, BASEIA-SE EM QUATRO PONTOS:

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No cão, a leishmaniose visceral é uma doença multissistêmica com si-nais clínicos variados, o que dificulta seu diagnóstico, especialmente em áreas onde a doença não é endêmi-ca. Os sinais clínicos mais comuns são emagrecimento, atrofia muscular generalizada, linfadenomegalia, cres-cimento excessivo das unhas (oni-cogrifose, perionique) e dermatites ulcerativas, esfoliativas, nodulares e pustulares. Esplenomegalia, artrite, lesões oculares (ceratites, uveítes, ble-farites e outras) e hemorragias (trom-bocitopenia, anemia, pancitopenia) também são observadas.7

OS SINAIS CLÍNICOS MAIS COMUNS SÃO EMAGRECIMENTO, ATROFIA

MUSCULAR GENERALIZADA, LINFA-DENOMEGALIA, CRESCI-MENTO EXCESSIVO DAS

UNHAS (ONICOGRI-FOSE, PERIONIQUE) E

DERMATITES ULCERATIVAS, ESFOLIA-TIVAS, NODULARES E PUSTULARES.

Cão jovem com dermatite

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Cão com lesões oculares diversas

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Cão com lesões no focinho

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Devido à imunossupressão, cães podem apresentar sarna demodécica, que, mesmo tratada, retorna em pouco tempo. O uso de corticosteroides pode agravar as dermatites, e enfermidades concomitantes, como a erliquiose, são bastante comuns. Outros sinais clínicos podem confundir-se com diferentes en-fermidades, como o endurecimento do coxim plantar, diarreias crônicas, distúr-bios locomotores, distúrbios neurológi-cos e insufi ciência renal.

O grande desafi o no diagnóstico da infecção pela Leishmania (Leishmania) infantum chagasi é a utilização de um método que seja 100% sensível na de-tecção dos cães infectados, específi co o sufi ciente para conferir resultado po-sitivo aos infectados pelo parasita sem reações cruzadas com outros agentes etiológicos, que tenha 100% de repe-tibilidade, que seja de fácil execução, que seja conduzido com materiais bio-lógicos de fácil coleta, que seja possível de ser conduzido em massa e que seja barato para uso em campanhas públicas e em grande escala.

Mas esse método diagnóstico ideali-zado atualmente não existe.

Os métodos utilizados para o diag-nóstico da infecção canina em inquéritos epidemiológicos baseiam-se no uso dos kits ofi ciais ELISA Bio-Manguinhos e DPP (Dual Path Platform) – antígeno recombi-nante K28 (rK26 e rK39) de L. chagasi – teste imunocromatográfi co de fácil leitura e possibilidade de realização na frente do proprietário. Sempre confi rmar com tes-tes parasitológicos.

A RIFI (reação de imunofl uorescên-cia indireta) Bio-Manguinhos não está em uso desde o fi nal de 2012 por ser um exame subjetivo e demorado para leitura. Todos esses testes estão registrados jun-to ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Tanto o ELISA quanto a RIFI são produzidos com antíge-nos completos, o que possibilita reações cruzadas, em especial com os antígenos da leishmaniose tegumentar, o que não obriga a eliminação do cão infectado. Não há, em laboratórios privados, testes que diferenciem a LVC da LTA, mas al-guns métodos sorológicos têm evoluído com o passar dos anos, utilizando antí-genos purifi cados e/ou recombinantes,

o que certamente aumenta a qualidade deles, mas reações cruzadas com outros protozoários tripanossomatídeos, como Leishmania causadora de quadros cutâ-neos e Trypanosoma, ainda ocorrem.

São também preconizadas técnicas diretas de visualização do parasita por meio de esfregaços de aspirados de lin-fonodos e medula óssea, principalmen-te do esterno. Um resultado citológico positivo combinado a sinais clínicos da LVC, em conjunto com a sorologia po-sitiva, pode fechar o diagnóstico.8 Mes-mo assim, lesões ulcerativas de pele em área de leishmaniose tegumentar podem ser positivas nos três métodos e devem ser diferenciadas com testes moleculares específi cos.

Vários pontos frágeis podem ser iden-tifi cados nos elos da cadeia que culminam com o resultado fi nal de uma prova diag-nóstica: o fator humano que processa a coleta, a identifi cação, o armazenamento e o transporte de uma amostra biológica do campo para o laboratório; a conservação, identifi cação da amostra, seu processamen-to, leitura, registro do resultado e emissão do laudo no laboratório; o tempo transcor-rido entre a coleta da amostra, a emissão do laudo fi nal e o retorno ao local de residência do animal, com a sua correta identifi cação no domicílio. Neste último ponto, a remo-ção dos animais infectados deveria ser reali-zada alguns dias após a coleta das amostras biológicas, e não semanas ou meses, como ocorre na realidade brasileira. Mesmo assim, deveriam ser realizados contraprova e exa-me citológico para confi rmação defi nitiva da enfermidade, principalmente quando o cão é assintomático. O diagnóstico da en-fermidade deve ser feito de forma comple-mentar, entre os achados clínicos, os méto-dos sorológicos e as provas diretas.9

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Equipes de campo e de laboratório motivadas, treinadas de forma adequada, com conhecimento sobre a epidemiolo-gia da doença e humanizadas, utilizando equipamentos de proteção individual, aparelhos e materiais descartáveis são peças-chave para um programa de con-trole adequado de qualquer zoonose. A equipe de campo deve ser capaz de reali-zar uma correta abordagem dos proprie-tários, uma correta contenção dos ani-mais, bem como a coleta, a identifi cação e o transporte das amostras biológicas. No laboratório, a identifi cação das amos-tras e a leitura correta dos resultados são fundamentais, especialmente em provas de caráter subjetivo como a RIFI, em que o fator humano infl uencia a sensibilidade e a especifi cidade fi nal do método.

A qualidade do método diagnóstico é um ponto-chave no diagnóstico da doen-ça. A quantidade de resultados falsos posi-tivos, em que se eliminam cães saudáveis, e falsos negativos, em que se conservam os infectados,10 infl uencia a efi cácia do programa em reduzir as incidências da doença nos animais e no ser humano e, como consequência, a credibilidade das ações junto à sociedade, em especial pelo fato de envolver questões de laço afetivo das pessoas com os cães, muitas vezes considerados membros da família.

Os métodos parasitológicos diretos são considerados a prova-ouro para o diagnóstico da infecção (BRASIL, 2006), com a visualização de amastigotas em

amostras de linfonodo, medula óssea, baço, fígado e pele. Algumas dessas téc-nicas, porém, são invasivas e necessitam de técnicos experientes.

As técnicas de diagnóstico molecular foram, e ainda são, recebidas com gran-de entusiasmo pela comunidade cien-tífi ca. Técnicas que detectam o DNA do parasita, em quantidades por vezes cor-respondentes a menos do que uma célula amastigota na amostra, mostram alta sen-sibilidade e especifi cidade, possibilitando inclusive a identifi cação ao nível específi co da Leishmania infectante. Apesar da alta qualidade das técnicas de diagnóstico molecular, os custos elevados relaciona-dos a elas ainda as tornam impraticáveis para uso no diagnóstico em massa para os inquéritos epidemiológicos preconizados pelo Programa Nacional de Controle da Leishmaniose Visceral. O fato de encontrar DNA em amostras de cão de área endêmi-ca não demonstra, necessariamente, que esse animal desenvolverá a enfermidade ou que ele seja obrigatoriamente trans-missor. Só demonstra que o animal foi pi-cado e tem DNA presente, que pode ser viável ou não, ou seja, teve contato com um fl ebotomíneo infectado.

Na prática, o veterinário, quando em consulta com um cão suspeito, originário de área endêmica, deve realizar primeira-mente um teste sorológico (ELISA, DPP ou, ainda, RIFI com diluição total). Se positivo, deve coletar medula óssea ou linfonodo para teste parasitológico direto e confi rmar o diagnóstico, sempre levando em conta os sinais clínicos e o histórico do cão. Geral-mente, não é necessário realizar a PCR.

Na Europa, onde a LVC também é endêmica, os veteri-

nários clínicos en-viam amostras de medula óssea ou linfonodos para a realização da qPCR (também chamada

PCR quantitativa ou PCR em tempo real),

para acompanhar a melhora ou a

piora da en-

fermidade e os resultados do tratamento, permitido naquele continente. No Brasil, o tratamento com produtos específi cos leishmanicidas (Glucantime® e anfoterici-na B) de uso humano é proibido, além do uso de produtos de uso veterinário não licenciados pelo MAPA (Portaria Intermi-nisterial no 1.426, de 11 de julho de 2008).

Estudos com produtos leishmanicidas de uso veterinário são incentivados pela OPAS (Organização Pan-Americana da Saúde), portanto espera-se que as pu-blicações sobre tratamentos de cães no Brasil, com produtos com indicação para essa espécie, sejam passíveis de aprova-ção e obtenção de registro no MAPA.

A eliminação de cães positivos soro-logicamente é polêmica do ponto de vista dos proprietários de cães infectados e dos clínicos veterinários, enquanto guardiões da saúde dos animais de companhia.

Um estudo de modelagem mate-mática aponta que o controle do ve-tor é a ferramenta mais importante e rápida na redução da transmissão e no controle da enfermidade; a vaci-nação canina e humana é a segunda medida mais importante na redução da incidência da doença em humanos; o tratamento com drogas leishmanicidas é a terceira em importância; e a euta-násia de cães soropositivos deveria ser, em escala de importância, a última a ser adotada como medida única.11

O veterinário clínico é colocado dian-te de um dilema profi ssional, pessoal e ético quando se encontra diante de um animal doente em que a suspeita clínica de LVC é confi rmada pelos testes soro-lógicos e parasitológicos. A legislação vigente indica que o médico veterinário realize a eutanásia do animal em nome da saúde pública. Por outro lado, também

O USO DE REPELENTES E INSETICIDAS, EM

DIVERSAS APRESEN-TAÇÕES, DEVE SER A

PRIMEIRA OPÇÃO PARA REDUZIR A POPULAÇÃO DE VETORES. A REPE-

LÊNCIA É IMPORTANTE PARA IMPEDIR QUE O INSETO SE APROXIME, POUSE

E CONSIGA PICAR O ANIMAL.

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deve zelar pela saúde dele, não medindo esforços para tal. Outra situação bastante delicada é quando o resultado do teste sorológico de um cão, aparentemente sa-dio, é reagente a antígeno de Leishmania sp. Ou, ainda, dois testes divergentes que confundem proprietário e veterinário. O que fazer em situações como essas? Inú-meras questões são levantadas, como a confi abilidade do resultado, a necessida-de de testes adicionais, a conduta clínica a ser adotada caso o diagnóstico esteja

correto. Os clínicos compartilham com os responsáveis pelos animais a angústia da incerteza quanto ao destino do cão, a ser imposto pelas autoridades sanitárias.

O uso de repelentes e inseticidas, em diversas apresentações, deve ser a pri-meira opção para reduzir a população de vetores. A repelência é importante para impedir que o inseto se aproxime, pouse e consiga picar o animal. O poder inseticida é muito importante, pois o vetor morre ao encostar ou picar o animal. Esse fato reduz

signifi cantemente a população de vetores do ambiente, levando-se em conta que o controle ao fl ebotomíneo é realizado com mais sucesso nas formas adultas. A pre-venção deve ser incentivada sempre, em áreas não endêmicas e endêmicas.12

A vacinação de cães é uma ferramenta que deve ser associada às demais medidas já adotadas para o controle da doença, para que se possa alcançar o máximo de efi cácia no controle da infecção no cão e no ho-mem, por tratar-se de prevenção.13

Referências:

1. Dantas-Torres F, Figueredo LA, Brandão-Filho SP. Rhipicephalus san-guineus (Acari: Ixodidae), o carrapato vermelho do cão, parasitando humanos no Brasil. Rev. Soc. Bras. Med. 2006 jan-fev;39(1).

2. Oliveira TMFS, Furuta PI, Carvalho D, Machado RZ. Study of cros-s-reactivity in serum samples from dogs positive for Leishmania sp., Babesia canis and Ehrlichia canis in enzyme-linked immunosorbent assay and indirect fl uorescent antibody test. Rev Bras Parasitol Vet. 2008 Jan-Mar;17(1):7-11.

3. Galati, EAB. Morfologia, terminologia de adultos e identifi cação dos táxons da América. In: Rangel EF, Lainson R. Flebotomíneos do Bra-sil. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2003. p. 53-175.

4. Santiago MEB, Vasconcelos RO, Fattori KR, Munari DP, Michelin AF, Lima VMF. An investigation of Leishmania spp. in Didelphis spp. from urban and peri-urban areas in Bauru (São Paulo, Brazil). Vet Parasitol. 2007 Dec 25;150(4):283-90.

5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saú-de. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral; 2006. 120 p. e 2007. 180 p.

6. Nunes CM, Lima VMF, Paula HB, Perri SHV, Andrade AM, Dias FEF, et al. Dog culling and replacement in an endemic area for visceral leishmaniasis in Brazil. Vet Parasitol. 2008 May 6;153(1-2):19-23.

7. Baneth G, Solano-Gallego L. Canine Leishmaniasis. In: Greene, CE. Infectious diseases of the dog and cat. Philadelphia: Elsevier Saun-ders, 2012. p. 735-748.

8. Paltrinieri S, Solano-Gallego L, Fondati A, Lubas G, Grandoni L, Castagnaro M, et al. Guidelines for diagnosis and clinical classi-fi cation of leishmaniasis in dogs. J Am Vet Med Assoc. 2010 Jun 1;236(11):1184-91.

9. Cutolo, AA. Alguns aspectos epidemiológicos de leishmanioses ca-ninas nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul [tese]. Cam-pinas: Universidade de Campinas, Depto de Parasitologia Animal, Instituto de Biologia, 2011.

10. Alves WA, Belvilacqua PD. Refl exões sobre a qualidade do diagnós-tico da leishmaniose visceral canina em inquéritos epidemiológicos: o caso da epidemia de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil, 1993-1997. Cadernos de Saúde Pública 2014 jan-fev;20(1)259-265.

11. Dye, C. The logic of visceral leishmaniasis control. Am J Trop Med Hyg. 1996 Aug;55(2):125-30.

12. Maroli M, Gradoni L, Oliva G, Castagnaro M, Crotti A, Lubas G, et al. Guidelines for prevention of leishmaniasis in dogs. J Am Vet Med Assoc. 2010 Jun 1;236(11):1200-6.

13. Palatnik-de-Souza CB. Vaccines for leishmaniasis in the fore coming 25 years. Vaccine. 2008 Mar 25;26(14):1709-24.

Animais de companhia, em especial os cães, fazem parte dos lares humanos desde a época em que a humanidade se estabeleceu em vilas, cerca de 12.000 anos atrás, e atualmente estão integrados ativamente à sociedade humana.

Os cães são os mais antigos animais domesticados e atualmente vêm aumentando seu papel como amigo e membro das famílias pelo mundo todo, além de atuarem cada vez mais junto às forças policiais e de resgate, e como cães-guia de pessoas com necessidades especiais.

A posse de animais de companhia traz inúmeros benefícios à saúde, aumentando o bem-estar psicológico e fi siológico em muitos lares, auxiliando no desenvolvimento e estimulando a comunicação não verbal em crianças, reduzindo a pressão sanguínea e aumentando a ta-xa de sobrevivência após ataques cardíacos, aumentando as oportuni-dades de interações entre as pessoas, enquanto para outros permite que estejam sozinhos sem se sentirem solitários.

Fatores imprescindíveis para o sucesso do con-trole da LVC são a esterilização da população canina e felina, a educação da população para o conhecimento da enfermidade e dos hábitos do vetor, e a inclusão do médico veterinário nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFs).

“As opiniões aqui refl etidas são de responsabilidade dos autores e não refl etem

necessariamente a opinião da Bayer.”

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