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    Friedrich Engels

    Para a Questão da Habitação1

    Janeiro de 1873Escrito por Engels de Maio de 1872 a Janeiro de 1873.

    Publicado pela primeira vez no jornal Volsstaat! n"s #1! #2! #2! #3! 1$3 e 1$%! de 2& e 2' de Jun(o! 3de Jul(o! 2# e 28 de )ezembro de 1872* n."s 2! 3! 12! 13! 1# e 1&! de % e 8 de Janeiro! 8! 12! 1' e 22de +evereito de 1873* e em tr,s separatas! em -eipzig! em 1872 e 1873.

    +onte /bras Escol(idas em tr,s tomos! Editorial 0vante0. Publicado segundo o teto da edi45ode 1887.

    1 A obra de Engels “Para a Questão da Habitação” é dirigida contra os sociais-reformadores burgueses e pequeno- burgueses que tenta!am dissimular as c"agas da sociedade burguesa# $riticando os pro%ectos proud"onistas desolução da questão da "abitação Engels demonstra que é imposs&!el resol!'-la no capitalismo# () o proletariado

    triunfante di* ele resol!endo os problemas fundamentais da construção da sociedade socialista resol!er+ também aquestão da "abitação# ,'m um significado particularmente importante as ideias de Engels epressas nesta obra sobrea transformação socialista do campo e a supressão da oposição entre a cidade e o campo que s) se tornar+ poss&!elnas condiç.es da sociedade comunista#

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    6ndicePref+cio / (egunda Edição 0e!ista2 de 1334 #####################################################################################5

    Primeira (ecção #################################################################################################################################16

    $omo esol!e Proud"on a Questão da Habitação ############################################################################16(egunda (ecção #################################################################################################################################75

    $omo esol!e a 8urguesia a Questão da Habitação #########################################################################759######################################################################################################################################################7599#####################################################################################################################################################57999 ##################################################################################################################################################:1

    ,erceira (ecção ##################################################################################################################################:5

    (uplemento (obre Proud"on e a Questão da Habitação ###################################################################:59 #####################################################################################################################################################:599 ####################################################################################################################################################:4999 ##################################################################################################################################################;79< ##################################################################################################################################################;=

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    Precio 9 :egunda Edi45o ; escrito que se segue é a reimpressão de tr's artigos que escre!i para o

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    concepção filantr)pico-burguesa da questão com base num escrito do r# Emil (a ;# 0(egunda(ecção C$omo resol!e a burguesia a questão da "abitaçãoD#2 Ap)s um longo inter!alo o sen"orr# JNlberger "onrou-me então com uma resposta aos meus artigos= a qual me obrigou a umaréplica 0,erceira (ecção C(uplemento sobre Proud"on e a questão da "abitaçãoD2 com que entãoc"egaram ao fim tanto a polémica como a min"a ocupação especial com esta questão# S esta agénese dessas tr's séries de artigos que se publicaram igualmente como separata em forma de

     broc"ura# (e agora se torna necess+ria uma no!a impressão ten"o de no!o a agradec'-lo semd!ida / bené!ola solicitude do go!erno imperial alemão que com a proibição promo!eu muitoas !endas como sempre e ao qual eu aqui eprimo o meu mais recon"ecido agradecimento#

    Para a no!a impressão re!i o teto introdu*i algumas notas e adiç.es isoladas e corrigi um pequenoerro econ)mico na primeira secção uma !e* que o meu ad!ers+rio r# JNlberger infeli*mente nãoo descobriu#

    $om esta re!isão dou-me bem conta dos enormes progressos feitos pelo mo!imento oper+riointernacional nos ltimos cator*e anos# aquela altura era ainda um facto que Cos oper+rios del&nguas romGnicas não tin"am desde "+ !inte anos outro alimento espiritual senão as obras de

    Proud"onD e quando muito a ulterior unilaterali*ação do proud"onismo pelo pai do CanarquismoD8a?nine que !ia em Proud"on o Cmestre de todos n)sD notre maître à nous tous# Embora os

     proud"onianos em Irança entre os oper+rios não fossem senão uma pequena seita eram contudoos nicos que tin"am um programa determinadamente formulado e que durante a $omunaconseguiram tomar a direcção no campo econ)mico# a 8élgica o proud"onismo domina!a deforma incontestada entre os oper+rios !al.es e na Espan"a e na 9t+lia sal!o muito raras ecepç.estudo aquilo que no mo!imento oper+rio não era anarquista era decididamente proud"oniano# E"o%eT Em Irança Proud"on est+ completamente posto de parte entre os oper+rios e %+ s) temseguidores entre os burgueses e pequeno-burgueses radicais que como proud"onianos se c"amamtambém CsocialistasD mas que são combatidos da forma mais !eemente pelos oper+rios socialistas#

     a 8élgica os flamengos desalo%aram os !al.es da direcção do mo!imento derrubaram o proud"onismo e le!antaram poderosamente o mo!imento# a Espan"a como na 9t+lia a maré altaanarquista dos anos setenta refluiu e arrastou consigo os restos do proud"onismoB se na 9t+lia ono!o partido est+ ainda em fase de clarificação e formação na Espan"a o pequeno ncleo quecomo ue!a Iederaci)n Jadrilena4 se mante!e fiel ao $onsel"o Ueral da 9nternacionaldesen!ol!eu-se num poderoso partido que F conforme se pode !er pela pr)pria imprensarepublicana F est+ a destruir a influ'ncia dos republicanos burgueses sobre os oper+rios muito maisefica*mente do que o conseguiram os seus ruidosos predecessores anarquistas# Entre os oper+riosromGnicos para o lugar das esquecidas obras de Proud"on passaram O Capital  o  ManifestoComunista e uma série de outros escritos da escola de Jar e a rei!indicação principal de Jar aapropriação de todos os meios de produção em nome da sociedade pelo proletariado ele!ado /

    dominação pol&tica eclusi!a é "o%e também a rei!indicação de toda a classe oper+riare!olucion+ria nos pa&ses romGnicos#

    ; E# (a ie Oo"nungs*ustVnde der arbeitenden $lassen und i"re eform Oien 13= 0As $ondiç.es de Habitaçãodas $lasses ,rabal"adoras e a (ua eforma per+rio (ocialista de Espan"a#

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    (e portanto o proud"onismo foi também definiti!amente desalo%ado entre os oper+rios dos pa&sesromGnicos se ele %+ s) ser!e F correspondendo ao seu !erdadeiro destino F aos radicais burguesesfranceses espan")is italianos e belgas como epressão dos seus dese%os burgueses e pequeno-

     burgueses porqu' então !oltar "o%e mais uma !e* a eleT Porqu' combater de no!o com areimpressão destes artigos um ad!ers+rio defuntoT

    Primeiro porque estes artigos não se limitam a uma mera polémica contra Proud"on e o seurepresentante alemão# Em consequ'ncia da di!isão de trabal"o que eistia entre Jar e eu coube-me defender as nossas opini.es na imprensa peri)dica ou se%a nomeadamente na luta contraopini.es ad!ers+rias para que Jar ti!esse tempo de elaborar a sua grande obra principal# Iiqueideste modo na situação de epor a nossa maneira de !er na maioria das !e*es em forma polémicaem oposição a outras maneiras de !er# ,ambém neste caso# As secç.es 9 e 999 cont'm não s) umacr&tica da concepção de Proud"on da questão mas também a eposição da nossa pr)pria concepção#

    Porém em segundo lugar Proud"on desempen"ou na "ist)ria do mo!imento oper+rio europeu um papel demasiado significati!o para poder cair sem mais no esquecimento# efutado teoricamente posto de lado na pr+tica ele conser!a porém o seu interesse "ist)rico# Quem se ocupar com uma

    certa profundidade do socialismo moderno ter+ de con"ecer também os Cpontos de !istaultrapassadosD do mo!imento# A  Miséria da Filosofia de Jar surgiu !+rios anos antes deProud"on apresentar as suas propostas pr+ticas de reforma da sociedadeB a& Jar não podia senãodescobrir no germe e criticar o banco de troca proud"oniano# Assim neste aspecto o seu escrito écompletado pelo presente infeli*mente de forma assa* imperfeita# Jar teria feito tudo isto muitomel"or e de forma mais con!incente#

    Jas finalmente o socialismo burgu's e pequeno-burgu's tem estado até agora fortementerepresentado na Aleman"a# Por um lado por socialistas de c+tedra3 e filantropos de toda a espécieentre os quais o dese%o de transformar os oper+rios em propriet+rios da sua "abitação continua adesempen"ar um papel importante e contra os quais portanto o meu trabal"o continua a seroportuno# Por outro lado porém no pr)prio partido social-democrata incluindo a fracção do

     Reichstag  encontra a sua representação um certo socialismo pequeno-burgu's# E de uma forma talque de facto se recon"ecem como %ustas as !is.es fundamentais do socialismo moderno e arei!indicação da transformação de todos os meios de produção em propriedade social mas sedeclara que a sua reali*ação apenas é poss&!el num tempo distante praticamente impre!is&!el#Assim no presente estar-se-ia limitado a meros remendos sociais e poder-se-ia mesmo simpati*arconforme as circunstGncias com as mais reaccion+rias aspiraç.es / c"amada Cele!ação das classestrabal"adorasD# A eist'ncia de uma tal orientação é completamente ine!it+!el na Aleman"a o pa&sda pequena burguesia par ecellence e num tempo em que o desen!ol!imento industrial arranca deforma !iolenta e maciça as ra&*es a esta pequena-burguesia "+ tanto tempo enrai*ada# 9sso também

    não é de forma nen"uma perigoso para o mo!imento dado o senso admira!elmente são dos nossosoper+rios que deu pro!as tão bril"antes precisamente nos ltimos oito anos de luta contra a lei dossocialistas16 a pol&cia e os %u&*es# Jas é preciso ter bem claro que uma tal orientação eiste# E se

    3 (ocialismo de c+tedra uma das tend'ncias da ideologia burguesa nos anos 46-6 do século Y9Y cu%osrepresentantes - sobretudo professores das uni!ersidades alemãs - defendiam das c+tedras uni!ersit+rias o reformis-mo burgu's fa*endo-o passar por socialismo# Eles 0A# Oagner U# (c"moller @# 8rentano O# (ombart e outros2afirma!am que o Estado é uma instituição supraclassista capa* de conciliar as classes inimigas e de introdu*irgradualmente o CsocialismoD sem atingir os interesses dos capitalistas# > seu programa redu*ia-se / organi*ação deseguros para os oper+rios contra a doença e os acidentes e / introdução de algumas medidas no dom&nio da legisla-ção laboral# >s socialistas de c+tedra considera!am que sindicatos bem organi*ados tornam desnecess+rios a luta po-l&tica e o partido pol&tico da classe oper+ria# > socialismo de c+tedra foi uma das fontes ideol)gicas do re!isionismo#

    Em franc's no teto por ecel'ncia# 0ota da edição portuguesa#2

    16 A lei de ecepção contra os socialistas foi adoptada na Aleman"a em 71 de >utubro de 1343# e acordo com a leiforam proibidas todas as organi*aç.es do Partido (ocial-emocrata as organi*aç.es oper+rias de massas e aimprensa oper+ria a literatura socialista foi confiscada e os sociais-democratas foram perseguidos# (ob a pressão domo!imento oper+rio de massas a lei foi re!ogada a 1 de >utubro de 136#

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    conforme é necess+rio e mesmo dese%+!el esta orientação acabar por assumir mais tarde uma formamais s)lida e contornos mais determinados ela ter+ então para a formulação do seu programa deremontar aos seus predecessores e fa*endo-o dificilmente Proud"on ser+ omitido#

    > cerne da solução tanto burguesa como pequeno-burguesa da Cquestão da "abitaçãoD é a propriedade pelo oper+rio da sua "abitação# Este é porém um ponto que nos ltimos !inte anos

    com o desen!ol!imento industrial da Aleman"a recebeu uma focagem muito particular# Emnen"um outro pa&s eistem tantos oper+rios assalariados que se%am propriet+rios não s) da sua"abitação mas também ainda de uma "orta ou campo além ainda de numerosos outros que ocupamcomo arrendat+rios uma casa e "orta ou campo com uma posse de facto bastante garantida# Aindstria caseira rural praticada em ligação com a "orticultura ou a pequena eploração agr&colaconstitui a ampla base da %o!em grande indstria da Aleman"aB no >este os oper+rios são

     predominantemente propriet+rios e no @este predominantemente arrendat+rios da suas "abitaç.es#Encontramos esta ligação da indstria caseira com a "orticultura e agricultura e portanto com"abitação garantida não s) em todos os lugares onde a tecelagem manual luta ainda contra o tearmecGnico como no 8aio eno e na

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    $om a introdução da maquinaria tudo isto se modificou# > preço passou a ser determinado pelo produto feito / m+quina e com este preço desceu o sal+rio do oper+rio industrial caseiro# Jas ooper+rio tin"a de aceit+-lo ou procurar outro trabal"o e isso não l"e era poss&!el sem se tornar

     prolet+rio isto é sem renunciar / sua casin"a "orta*in"a e campo*in"o F pr)prios ou arrendados#E s) em casos muito raros ele o queria# E assim a "orticultura e agricultura dos antigos tecelãosmanuais rurais se tornaram na causa em !irtude da qual a luta do tear manual contra o tear mecGnico

    se prolongou tanto por toda a parte e na Aleman"a ainda não terminou# esta luta re!elou-se pela primeira !e* nomeadamente em 9nglaterra que a mesma circunstGncia que anteriormentefundamentara um relati!o bem-estar dos oper+rios F a posse pelo oper+rio dos seus meios de

     produção F se tin"a agora con!ertido para eles num obst+culo e num infortnio# a indstria otear mecGnico eliminou o seu tear manual no culti!o da terra a grande agricultura eliminou a sua

     pequena eploração# Porém enquanto em ambos os sectores da produção o trabal"o associado demuitos e o emprego da maquinaria e da ci'ncia se torna!am regra social a sua casin"a "orta*in"acampo*in"o e o seu tear prendiam-no ao método ultrapassado da produção indi!idual e do trabal"omanual# A posse de casa e "orta tin"a agora muito menos !alor do que a plena liberdade demo!imentos# en"um oper+rio fabril teria trocado a sua situação pela do tecelão manual rural quelenta mas seguramente ia morrendo / fome# A Aleman"a apareceu tardiamente no mercado

    mundialB a nossa grande indstria data dos anos quarenta recebeu o seu primeiro impulso com ae!olução de 13:3 e s) conseguiu desen!ol!er-se completamente quando as re!oluç.es de 13== e134615 l"e "a!iam afastado do camin"o pelo menos os piores obst+culos pol&ticos# Jas encontrou omercado mundial em grande parte ocupado# A 9nglaterra fornecia os artigos de consumo maciço e aIrança os artigos de luo de bom gosto# A Aleman"a não podia !encer uns no preço e outros naqualidade# Assim não l"e restou senão no imediato e de acordo com a !ia da produção alemã deaté então inserir-se no mercado mundial com artigos que eram demasiado insignificantes para osingleses e de demasiado baia qualidade para os franceses# A apreciada pr+tica alemã da intru%iceque consiste em en!iar primeiro boas amostras e depois m+ mercadoria foi de resto pouco depois

     punida com dure*a no mercado mundial e entrou considera!elmente em decl&nioB por outro lado aconcorr'ncia da sobreprodução empurrou gradualmente até mesmo os s)lidos ingleses para o planoinclinado da perda de qualidade fa!orecendo assim os alemães que neste campo são ineced&!eis#E deste modo l+ conseguimos finalmente possuir uma grande indstria e desempen"ar um papel nomercado mundial# Jas a nossa grande indstria trabal"a quase eclusi!amente para o mercadointerno 0ecepto a indstria do ferro que produ* muito para além das necessidades internas2 e ogrosso da nossa eportação comp.e-se de uma enorme quantidade de pequenos artigos que são eles

     pr)prios fabricados em grande parte pela indstria caseira rural e para os quais a grande indstriafornece no m+imo os necess+rios produtos semiacabados#

    E aqui se re!ela em todo o esplendor a Cb'nçãoD da posse de casa e campo pr)prios para o oper+riomoderno# Em lado nen"um quase nem mesmo na indstria caseira irlandesa se pagam sal+rios tão

    infamemente baios como na indstria caseira alemã# Aquilo que a fam&lia produ* na sua pr)pria"orta*in"a ou campo*in"o é o que a concorr'ncia permite ao capitalista descontar do preço da forçade trabal"oB os oper+rios t'm precisamente de aceitar qualquer sal+rio estipulado LA??ordlo"nM

     porque de contr+rio não recebem absolutamente nada e não podem !i!er apenas do produto do seuculti!o da terraB e porque por outro lado são precisamente esse culti!o e propriedade da terra queos amarram ao lugar que os impedem de ir procurar outra ocupação# E é nisto que reside a ra*ãoque mantém a Aleman"a capa* de concorr'ncia no mercado mundial em toda uma série de

     pequenos artigos# Todo o lucro do capital é extraído de um desconto do salário normal e toda amais-valia pode ser oferecida ao comprador. S este o segredo da espantosa barate*a da maioriados artigos de eportação alemães#

    15 Por Cre!oluç.esD subentende-se a guerra austro-prussiana de 13== e a guerra franco-prussiana de 1346-1341 quecompletaram a unificação da Aleman"a Cpor cimaD sob a supremacia da Prssia#

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    S esta circunstGncia mais do que qualquer outra que mantém os sal+rios e o n&!el de !ida dosoper+rios na Aleman"a abaio dos pa&ses da Europa ocidental mesmo em outros ramos daindstria# > peso morto destes preços do trabal"o tradicionalmente mantidos muito abaio do !alorda força de trabal"o fa* também descer os sal+rios dos oper+rios das cidades e mesmo das grandescidades abaio do !alor da força de trabal"o e isto tanto mais quanto é certo que também nascidades a indstria caseira mal remunerada tomou o lugar do antigo artesanato e também a& fe*

    descer o n&!el salarial geral#

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     pela maquinaria e a empresa fabril significa na Aleman"a aniquilamento da eist'ncia de mil".esde produtores rurais epropriação de quase metade do pequeno campesinato alemão transformaçãonão s) da indstria caseira em empresa fabril mas também da eploração camponesa em grandeagricultura capitalista e da pequena propriedade fundi+ria em grandes dom&nios LHerrengNterM Fre!olução industrial e agr&cola em benef&cio do capital e da grande propriedade fundi+ria / custa doscamponeses# (e couber / Aleman"a passar também por essa transformação ainda sob as antigas

    condiç.es sociais então essa transformação constituir+ incondicionalmente o ponto de !iragem# (eaté então a classe oper+ria não ti!er tomado a iniciati!a em nen"um outro pa&s ser+incondicionalmente a Aleman"a a começar o ataque e os fil"os dos camponeses do CgloriosoeércitoD a%udarão cora%osamente#

    E agora a utopia burguesa e pequeno-burguesa de pretender dar a cada oper+rio a propriedade deuma casin"a e desse modo amarr+-lo ao seu capitalista de forma semifeudal assume uma figuratotalmente di!ersa# $omo sua reali*ação aparecem a transformação de todos os pequenos

     propriet+rios de casa rurais em oper+rios industriais caseirosB o aniquilamento do antigo isolamentoe portanto da nulidade pol&tica dos pequenos camponeses que são arrastados para o Cturbil"ãosocialDB o alargamento da re!olução industrial / plan&cie e desse modo a transformação da classe

    mais est+!el mais conser!adora da população num !i!eiro re!olucion+rioB e como conclusão detudo isto a epropriação dos camponeses industriais caseiros pela maquinaria que os empurra com!iol'ncia para a insurreição#

    Podemos de bom grado deiar aos filantropos burgueses-socialistas o go*o pri!ado do seu idealtanto tempo quanto eles na sua função pblica como capitalistas continuarem a reali*+-lo nestamaneira in!ertida para benef&cio e pro!eito da re!olução social#

    @ondon 16 de Raneiro de 1334#

    Iriedric" Engels

    Publicado no %ornal er (o*ialdemo?rat n#os 5 e : de 1; e 77 de Raneiro de 1334e no li!ro I# Engels Wur Oo"nungsfrage Hottingen-Wric" 1334#Publicado segundo o teto do li!ro#,radu*ido do alemão#

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    Primeira :ec45o

    >omo

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    forma nen"uma na sua qualidade de operario isto é como !endedor de força de trabal"o# Aaldrabice pode atingi-lo tal como / classe mais pobre em geral de forma mais dura do que /sclasses mais ricas da sociedade mas não é um mal que o atin%a em eclusi!o que se%a pr)prio dasua classe#

    $om a falta de "abitação passa-se precisamente o mesmo# A epansão das grandes cidades

    modernas d+ um !alor artificial colossalmente aumentado ao solo em certas +reas particularmentenas de locali*ação centralB os edif&cios nelas constru&dos em !e* de aumentarem esse !alor fa*em-no antes descer pois %+ não correspondem /s condiç.es alteradasB são demolidos e substitu&dos poroutros# 9sto acontece antes de tudo com "abitaç.es oper+rias locali*adas no centro cu%os alugueresnunca ou então s) com etrema lentidão ultrapassam um certo m+imo mesmo que as casaseste%am superpo!oadas em etremo# Elas são demolidas e em seu lugar constroem-se lo%asarma*éns edif&cios pblicos# Por intermédio de Haussmann o bonapartismo eplorou da formamais colossal esta tend'ncia em Paris para burla e enriquecimento pri!adoB mas o esp&rito deHaussmann passeou também por @ondres Janc"ester @i!erpool e em 8erlim e resultado é que os oper+rios !ão sendo empurrados do centro dascidades para os arredores que as "abitaç.es oper+rias e as "abitaç.es pequenas em geral se !ão

    tornando raras e caras e muitas !e*es é mesmo imposs&!el encontr+-las pois nestas condiç.es aindstria da construção / qual as "abitaç.es mais caras oferecem um campo de especulação muitomel"or s) ecepcionalmente construir+ "abitaç.es oper+rias#

    Assim esta falta de locaç.es atinge o oper+rio de uma forma seguramente mais dura do quequalquer classe abastadaB mas tal como a aldrabice de merceeiro ela não constitui nen"um mal queoprima eclusi!amente a classe oper+ria e na medida em que disser respeito / classe oper+ria ter+de encontrar ao atingir um certo grau e uma certa duração igualmente uma certa compensaçãoecon)mica#

    S sobretudo destes males comuns / classe oper+ria e a outras classes nomeadamente a pequena burguesia que o socialismo pequeno-burgu's ao qual pertence também Proud"on se ocupa com predilecção# E assim não é de modo nen"um por acaso que o nosso proud"oniano alemão13 escol"eantes de mais a questão da "abitação que como !imos não é de forma nen"uma uma questãoeclusi!amente oper+ria e a declara pelo contr+rio uma questão !erdadeira e eclusi!amenteoper+ria#

    !O operário assalariado est" para o capitalista como o inquilino para o proprietário da casa#$

    9sto é totalmente falso#

     a questão da "abitação temos duas partes frente a frente o inquilino e o sen"orio ou o propriet+rioda casa# > primeiro quer comprar ao segundo o uso tempor+rio de uma "abitaçãoB tem din"eiro oucrédito F mesmo que ten"a de comprar este crédito ao pr)prio propriet+rio da casa mais uma !e* aum preço usur+rio como um suplemento ao aluguer# S uma simples !enda de mercadoriaB não é umneg)cio entre prolet+rio e burgu's entre oper+rio e capitalistaB o inquilino F mesmo que se%aoper+rio F surge como um homem de posses que precisa de %+ ter !endido a sua mercadoria

     pr)pria a força de trabal"o para poder aparecer com a sua receita como comprador do usufruto deuma "abitação ou que tem de poder dar garantias da !enda iminente dessa força de trabal"o# Ialtamaqui totalmente os resultados peculiares da !enda da força de trabal"o ao capitalista# > capitalista

     p.e a força de trabal"o comprada a produ*ir em primeiro lugar de no!o o seu !alor mas emsegundo lugar uma mais-!alia que pro!isoriamente e sob reser!a da sua repartição entre a classe

    dos capitalistas fica nas suas mãos# Aqui portanto é produ*ido um !alor ecedente é aumentada asoma total do !alor eistente# S totalmente diferente o que se passa com o neg)cio dos alugueres#

    13 A# JNlberger#

    guma

    laçãoomossaalidade?

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    Por mais que o sen"orio engane o inquilino trata-se sempre apenas da transfer'ncia de um !alor %+existente, produzido  antes e a soma total dos !alores possu&dos no conjunto  por inquilino esen"orio permanece a mesma que antes# > oper+rio quer o seu trabal"o se%a pago pelo capitalistaabaio acima ou pelo seu !alor é sempre le!ado numa parte do produto do seu trabal"oB oinquilino s) o é se ti!er de pagar a casa acima do seu !alor# E portanto uma deturpação total darelação entre inquilino e sen"orio querer equipar+-la / que eiste entre oper+rio e capitalista# ,rata-

    se pelo contr+rio de um neg)cio de mercadorias de todo "abitual entre dois cidadãos e esteneg)cio processa-se segundo as leis econ)micas que regulam a !enda de mercadorias em geral e a!enda em especial da mercadoria propriedade do solo# Primeiro são tomados em consideração oscustos de construção e de manutenção da casa ou da parte de casa em questãoB em segundo lugar!em o !alor do terreno condicionado pela situação mais ou menos fa!or+!el da casaB finalmente oque decide é a posição momentGnea da relação entre procura e oferta# Esta simples relaçãoecon)mica eprime-se na cabeça do nosso proud"oniano da forma seguinte

    !% casa& uma 'e( constru)da& ser'e como titulo jurídico eterno  so*re uma certa frac+,o dotra*alho social& mesmo -ue o 'alor real da casa ." h" muito tenha sido mais do -ue

     suficientemente pago ao propriet"rio na forma de aluguer# %contece assim -ue uma casa

    constru)da& p# e#& h" /0 anos possa& durante esse tempo& com a receita do seu aluguer& co*rir duas&tr1s& cinco& de( 'e(es& etc& o seu pre+o de custo original#$

    ,emos aqui desde logo todo o Proud"on# Primeiro esquece-se que o aluguer da casa tem não s) de pagar os custos da construção mas também de cobrir as reparaç.es e o !alor médio de d&!idasincobr+!eis alugueres não pagos bem como de e!entuais per&odos em que a "abitação este%a !a*iae finalmente de pagarem amorti*aç.es anuais o capital in!estido na construção de uma casa quecom o tempo se !ai tornando inabit+!el e sem !alor# (egundo esquece-se que o aluguer da"abitação tem igualmente de pagar o aumento do !alor do terreno em que a casa est+ isto é queuma parte do aluguer consiste em renda fundi+ria# S certo que o nosso proud"oniano esclarece logoque esse aumento de !alor uma !e* que se !erifica sem inter!enção do propriet+rio fundi+rio pordireito não l"e pertence a ele mas sim / sociedadeB mas não repara que est+ desse modo a eigirna realidade a abolição da propriedade fundi+ria ponto que se analisado mais de perto nos le!ariamuito longe# Iinalmente ele não repara que em todo este neg)cio não se trata de comprar ao

     propriet+rio a casa mas apenas o seu usufruto durante um determinado tempo# Proud"on que nuncase preocupou com as condiç.es reais factuais em que se processa qualquer fen)meno econ)micotambém não pode naturalmente eplicar como o preço de custo original de uma casa pode emcertos casos ser pago de* !e*es em cinquenta anos na figura de aluguer# Em !e* de analisareconomicamente esta questão nada dif&cil e de !erificar se ela est+ realmente em contradição com asleis econ)micas e de que modo ele socorre-se de um salto ousado da economia para a %uridiceLRuristereiM Ca casa uma !e* constru&da ser!e como título jurídico eternoD sobre um determinado

     pagamento anual# $omo isto se !erifica como se torna a casa um t&tulo %ur&dico acerca dissoProud"on cala-se# E no entanto é precisamente isso que Proud"on de!eria ter esclarecido# (e oti!esse in!estigado teria descoberto que nem todos os t&tulos %ur&dicos do mundo mesmo queigualmente eternos poderiam conferir a uma casa o poder de receber de !olta o seu preço de custode* !e*es em cinquenta anos na figura de aluguer mas que apenas condiç.es econ)micas 0que

     podem ser socialmente recon"ecidas na figura de t&tulos %ur&dicos2 podem produ*ir tal efeito# essemodo ele esta!a de no!o tão longe como no in&cio#

    ,oda a doutrina de Proud"on assenta neste salto de sal!ação que !ai da realidade econ)mica para afrase %ur&dica# > !alente Proud"on sempre que deia escapar a coneão econ)mica F e istoacontece nele com todas as quest.es sérias F refugia-se no campo do direito e apela para a  justiça

    eterna#

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    CProud"on !ai buscar primeiro o seu ideal de %ustiça eterna /s relaç.es %ur&dicas correspondentes / produção mercantil com o que F diga-se de passagem F é também fornecida a pro!a tãoconsoladora para todos os pequeno-burgueses L(piessbNrgerM de que a forma da produção mercantilé tão necess+ria como a %ustiça# epois quer ao in!és remodelar a !erdadeira produção mercantil eo direito real que l"e corresponde de acordo com esse ideal# Que pensar&amos de um qu&mico queem !e* de estudar as leis reais do metabolismo e de com base nas mesmas resol!er determinadas

    tarefas quisesse remodelar o metabolismo pelas ideias eternas da naturalidade e do parentescoT(er+ que se fica a saber mais acerca do usur+rio di*endo que ele contradi* a %ustiça eterna e aequidade eterna e a reciprocidade eterna e outras !erdades eternas do que aquilo que os

     padres da 9gre%a sabiam quando di*iam que ele contradi*ia a miseric)rdia eterna a fé eterna e aeterna !ontade de eusTD 0Jar Capital  p# :;#21 

    > nosso proud"oniano76 não anda muito mel"or do que o seu sen"or e mestre

    CO contrato de arrendamento é uma das mil transac+2es -ue& na 'ida da sociedade moderna& s,ot,o necess"rias como a circula+,o do sangue no corpo dos animais# 3eria naturalmente dointeresse desta sociedade -ue todas estas transac+2es esti'essem penetradas de uma ideia de

    direito & isto é& fossem por toda a parte reali(adas segundo as rigorosas eig1ncias da .usti+a# 4uma pala'ra& a 'ida económica da sociedade tem de& como di( 5roudhon& ele'ar6se à altura de umdireito económico# Como se sa*e& é precisamente o contr"rio -ue na 'erdade se 'erifica#D

    (er+ de acreditar que cinco anos depois de Jar ter caracteri*ado o proud"onismo de forma tãoconcisa e certeira precisamente sob este aspecto decisi!o se%a poss&!el mandar imprimir aindacoisas tão confusas em l&ngua alemãT Que significa afinal este galimatiasT ada a não ser que osefeitos pr+ticos das leis econ)micas que regem a sociedade de "o%e ferem o sentimento de direito doautor e que ele alimenta o piedoso dese%o de que a coisa se possa compor de tal forma que issoten"a remédio# F 8em se os sapos ti!essem cauda não seriam sapos E não estar+ o modo de

     produção capitalista Cpenetrado por uma ideia do direitoD nomeadamente a do seu pr)prio direito /eploração dos oper+riosT E se o autor nos di* que esta não é a sua ideia de direito ser+ que demosum passo em frenteT

    Jas !oltemos / questão da "abitação# > nosso proud"oniano d+ agora li!re curso / sua Cideia dedireitoD e fa* a como!edora declamação seguinte

    C 4,o temos d7'idas em afirmar -ue n,o h" esc"rnio mais terr)'el de toda a cultura do nosso famoso século do -ue o facto de& nas grandes cidades& 80 por cento ou mais da popula+,o n,o ter-ual-uer lugar a -ue possa chamar seu# O centro peculiar da eist1ncia moral e da fam)lia& casa elar& é arrastado pelo tur*ilh,o social### 4este aspecto& estamos muito a*aio dos sel'agens# O

    troglodita tem a sua ca'erna& o australiano tem a sua ca*ana de *arro& o )ndio tem o seu própriolar 9 o prolet"rio moderno est"& de facto& suspenso no ar D etc#

     esta %eremiada temos o proud"onismo em toda a sua figura reaccion+ria# Para criar a modernaclasse re!olucion+ria do proletariado era absolutamente necess+rio cortar o cordão umbilical queainda liga!a o oper+rio do passado / terra# > tecelão manual que além do seu tear tin"a a suacasin"a "orta*in"a e campo*in"o era apesar de toda a miséria e de toda a opressão pol&tica um"omem tranquilo e satisfeito Cmuito de!oto e "onradoD tira!a o c"apéu aos ricos aos padres e aosfuncion+rios do Estado e era interiormente um escra!o de uma ponta a outra# Ioi precisamente agrande indstria moderna que fa* do oper+rio preso / terra um prolet+rio  fora6da6lei71

    1 \# Jar]I# Engels Oer?e iet*

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    completamente sem posses e liberto de todas as cadeias tradicionais foi precisamente essare!olução econ)mica que criou as condiç.es sob as quais somente a eploração da classetrabal"adora na sua forma ltima na produção capitalista pode ser derrubada# E !em agora estec"oroso proud"oniano lamentar-se como se fosse um grande retrocesso da epulsão do oper+rio dasua casa e lar que foi precisamente a condição primeir&ssima da sua emancipação espiritual#

    H+ 74 anos descre!i 03itua+,o das Classes :ra*alhadoras na ;nglaterra2 nos seus traços principais precisamente este processo de epulsão dos oper+rios da casa e do lar tal como se completou noséculo Y

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    decisi!o# @ogo ap)s a força de produção do trabal"o "umano se ter desen!ol!ido a este n&!eldesaparece todo o preteto para a eist'ncia de uma classe dominante# S que a ra*ão ltima comque se defendeu a diferença de classes foi sempre a de que tem de "a!er uma classe que não precisede cansar-se com a produção da sua subsist'ncia di+ria a fim de ter tempo de se ocupar do trabal"oespiritual da sociedade# A rai* destes disparates que ti!eram até agora a sua grande %ustificação"ist)rica foi cortada de uma !e* por todas pela re!olução industrial dos ltimos cem anos# A

    eist'ncia de uma classe dominante torna-se diariamente um obst+culo maior para odesen!ol!imento da força produti!a industrial bem como para o da ci'ncia da arte enomeadamente das formas cultas de con!i!'ncia unca "ou!e maiores labregos do que os nossos

     burgueses modernos#

     ada disto interessa o amigo Proud"on# Ele quer a C%ustiça eternaD e nada mais# $ada um de!ereceber em troca do seu produto todo o rendimento do trabal"o o !alor completo do seu trabal"o#$alcul+-lo porém num produto da indstria moderna é coisa complicada# A indstria modernaoculta precisamente a parte particular de cada um no produto global parte que no antigo trabal"omanual indi!idual se apresenta!a de forma e!idente no produto fabricado# Além disso a indstriamoderna elimina cada !e* mais a troca indi!idual sobre a qual est+ constru&do todo o sistema de

    Proud"on nomeadamente a troca directa entre dois produtores cada um dos quais troca o produtodo outro para o consumir# Por isso todo o proud"onismo é atra!essado por um traço reaccion+riouma a!ersão contra a re!olução industrial e manifestando-se ora mais aberta ora mais ocultamente

     pelo dese%o de deitar fora toda a indstria moderna m+quinas a !apor m+quinas de fiar e outrosembustes e de regressar ao !el"o s)lido trabal"o manual# Que percamos então no!ecentos eno!enta e no!e milésimos da força de produção que toda a "umanidade se%a condenada / piorescra!idão do trabal"o que a fome se torne regra uni!ersal F que importa isso se conseguirmosorgani*ar a troca de tal forma que cada um receba o Crendimento completo do trabal"oD e se reali*ea C%ustiça eternaDT Fiat .ustitia& pereat mundus<

    Iaça-se %ustiçanem que o mundo pereça

    E o mundo pereceria mesmo com esta contra-re!olução de Proud"on se ela fosse em geralreali*+!el#

    Ali+s é e!idente que mesmo na produção social condicionada pela grande indstria moderna se pode assegurar a cada um Co rendimento completo do seu trabal"oD na medida em que esta fraseten"a um sentido# E ela s) tem um sentido se for alargada ao ponto de não ser cada oper+rio isoladoa tornar-se possuidor desse Crendimento completo do seu trabal"oD mas sim de ser toda asociedade constitu&da unicamente por oper+rios a possuidora do produto global do seu trabal"o

     produto que ela em parte distribui para consumo entre os seus membros em parte utili*a parasubstituição e aumento dos seus meios de produção e em parte acumula como fundo de reser!a da produção e consumo#

     __________ 

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    epois do que foi dito podemos %+ saber antecipadamente a forma como o nosso proud"onianoresol!er+ a grande questão da "abitação# Por um lado temos a rei!indicação de que cada oper+riotem de ter uma "abitação pr)pria que l"e pertença para não estarmos mais tempo aaixo dosselva!ens# Por outro lado temos a garantia de que o pagamento do custo original de uma casa duastr's cinco ou de* !e*es na figura de aluguer tal como de facto se !erifica assenta num título

     jurídico e que este t&tulo %ur&dico se encontra em contradição com a C justiça eternaD# A solução é

    f+cil abolimos o t&tulo %ur&dico e em !irtude da %ustiça eterna declaramos o aluguer pago comouma amorti*ação do preço da pr)pria "abitação# Quando se estabelecem pressupostos que %+ cont'mem si a conclusão naturalmente que %+ não é então necess+ria mais "abilidade do que a quequalquer c"arlatão possui para tirar do saco o resultado pre!iamente preparado e gabar-se da l)gicainabal+!el da qual ele é produto#

    S assim que aqui acontece# A abolição das casas de aluguer é proclamada como necessidadenomeadamente sob a figura de se eigir a transformação de cada inquilino em propriet+rio da sua"abitação# $omo se fa* istoT S muito simples

    CA casa de aluguer é abolida### > !alor da casa é pago ao seu actual propriet+rio até ao ltimo

    centa!o# Em !e* de como até aqui o aluguer pago representar o tributo que o inquilino paga aoeterno direito do capital em !e* disso a soma eactamente regulamentada paga pelo inquilinotorna-se a partir do dia em que é proclamada a abolição das casas de aluguer na amorti*ação anualda "abitação que transitou para a sua posse### A sociedade### transforma-se por esta !ia num con%untode li!res e independentes propriet+rios de "abitaç.es#D

    > proud"oniano7: !' um crime contra a %ustiça eterna no facto de o propriet+rio da casa poder semtrabal"o arrecadar renda fundi+ria e %uros a partir do seu capital in!estido na casaB decreta que issotem de acabarB que o capital in!estido em casas não de!e proporcionar mais nen"um %uro e namedida em que representa propriedade fundi+ria adquirida também não de!e proporcionar qualquerrenda fundi+ria# Jas %+ !imos que o modo de produção capitalista base da sociedade actual não éabsolutamente nada afectado com isso# > eio / !olta do qual gira a eploração do oper+rio é a!enda da força de trabal"o ao capitalista e o uso que o capitalista fa* deste neg)cio na medida emque obriga o oper+rio a produ*ir muito mais do que o !alor pago pela força de trabal"o# E esteneg)cio entre capitalista e oper+rio que produ* toda a mais-!alia que depois se reparte na figura derenda fundi+ria lucro comercial %uro do capital impostos etc pelas di!ersas categorias decapitalistas e seus ser!idores# E !em o nosso proud"oniano e cr' que se daria um passo em frente sese proibisse a uma "nica cate!oria de capitalistas F e nomeadamente de capitalistas que nãocompram directamente qualquer força de trabal"o isto é que não le!am também / produção demais-!alia F de reali*ar lucros ou %uros A massa de trabal"o não pago arrancado / classe oper+ria

     permaneceria eactamente igual mesmo que aman"ã se retirasse aos propriet+rios de casas a

     possibilidade de cobrarem renda fundi+ria e %uros o que não impede o nosso proud"oniano dedeclarar

    !% a*oli+,o das casas de aluguer é uma das aspirações mais fecundas e grandiosas  & nasce do seio da ideia re'olucion"ria e tem de tornar6se uma reivindicação de primeira ordem por parte dademocracia social#$

    Eactamente a mesma c"arlatanice do pr)prio mestre Proud"on cu%o cacare%ar est+ também semprena ra*ão in!ersa do taman"o dos o!os postos#

    7: A# JNlberger#

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    9maginai agora a bela situação que ter&amos se cada oper+rio pequeno burgu's e burgu's fosseobrigado a tornar-se por meio de amorti*aç.es anuais primeiro propriet+rio parcial e depois totalda sua "abitação os distritos industriais da 9nglaterra onde "+ grande indstria mas pequenascasas de oper+rios e cada oper+rio casado "abita uma casin"a s) para si a coisa ainda poderia tersentido# Jas a pequena indstria de Paris bem como da maioria das grandes cidades do continenteé complementada por grandes casas em que !i!em %untas de* !inte trinta fam&lias# o dia do

    decreto libertador do mundo que proclama a abolição das casas de aluguer Pedro trabal"a numaf+brica de m+quinas em 8erlim# Ao cabo de um ano ele é propriet+rio digamos de um quin*e a!osda sua "abitação composta por um quarto situado num quinto andar pr)imo da Porta deHamburgo# Ele perde o seu trabal"o e encontra-se pouco depois numa "abitação semel"ante com

     bril"antes !istas para o p+tio no terceiro andar %unto a Pot"of em Hanno!er onde ao fim de umaestada de cinco meses adquiriu eactamente 1]5= da propriedade quando uma gre!e o empurra

     para Junique e o obriga ap)s on*e meses de perman'ncia a possuir eactamente 11]136 do direitode propriedade de uma construção bastante escura ao n&!el do c"ão por tr+s da >ber-Angergasse#>utras mudanças como "o%e tão frequentemente acontece aos oper+rios se l"e !'m acrescentar4]5=6 de uma não menos recomend+!el "abitação em (t# Uallen 75]136 de uma outra em @eeds e5:4];=775 calculados com eactidão para que a C%ustiça eternaD não se possa queiar de uma

    terceira em (eraing# Jas que recebe então o nosso Pedro de todas estas partes de "abitaç.esT Queml"e d+ o !alor correcto por elasT >nde !ai ele descobrir o ou os propriet+rios das partes restantes dassuas diferentes antigas "abitaç.esT E quais serão as relaç.es de propriedade de uma qualquergrande casa que no con%unto dos seus pisos tem digamos !inte "abitaç.es e que depois dedecorrido o per&odo de amorti*ação e de terem sido abolidas as casas de aluguer pertence tal!e* atre*entos propriet+rios parciais espal"ados por todas as regi.es do mundoT > nosso proud"onianoresponder+ que até l+ eistir+ o 8anco de ,roca de Proud"on que a cada momento pagar+ a cada um

     por qualquer produto do trabal"o o rendimento completo do trabal"o e portanto também o !alorcompleto de uma parte de "abitação# Jas primeiro o 8anco de ,roca de Prou"don não nos importaaqui absolutamente nada uma !e* que não aparece mencionado em parte nen"uma sequer dosartigos sobre a questão da "abitaçãoB segundo ele assenta no estran"o erro de pensar que alguémque queira !ender uma mercadoria encontra sempre necessariamente um comprador pelo seu !alorcompleto e terceiro antes de Proud"on o descobrir faliu %+ por mais de uma !e* em 9nglaterra sobo nome de La*our Echange =a(aar 7;#

    ,oda a concepção de que o oper+rio de!e comprar  a sua "abitação assenta por sua !e* nareaccion+ria !isão fundamental de Proud"on %+ assinalada de que as situaç.es criadas pela grandeindstria moderna são ecresc'ncias doentias e que a sociedade tem de ser le!ada pela força F istoé contra a corrente que segue "+ cem anos F a uma situação em que o antigo e est+!el trabal"omanual do produtor indi!idual se%a a regra e que não é em geral mais do que uma reproduçãoideali*ada da pequena empresa %+ arruinada e que continua a arruinar-se# () quando os oper+rios

    esti!erem de no!o lançados nessa est+!el situação s) quando o Cturbil"ão socialD ti!er sidoeliminado para bem é que o oper+rio poder+ naturalmente fa*er também de no!o uso da propriedade da Ccasa e larD e a teoria da amorti*ação atr+s indicada parecer+ menos absurda# () queProud"on esquece que para reali*ar isto tem primeiro de fa*er o rel)gio da "ist)ria mundial andar

     para tr+s cem anos e que desse modo tornaria os oper+rios de "o%e de no!o em almas de escra!ostão limitadas raste%antes e "ip)critas como o foram os seus tetra!_s# a medida em que nestasolução de Proud"on para a questão da "abitação reside um contedo racional praticamentereali*+!el ela %+ est+ "o%e em dia a ser reali*ada e essa reali*ação não nasce Cdo seio da ideiare!olucion+riaD mas### da pr)pria grande burguesia# >uçamos a este respeito uma ecelente fol"aespan"ola La Emancipación7= de Jadrid de 1= de Jarço de 1347

    7; Engels refere-se aos c"amados ba*ares para a troca %usta dos produtos do trabal"o que foram fundados por

    cooperati!as oXenistas de oper+rios em !+rias cidades da 9nglaterra# estes ba*ares os produtos do trabal"o eramtrocados por meio de notas de trabal"o cu%a unidade era uma "ora de trabal"o# Estas empresas contudo depressaforam / fal'ncia#

    7= @a Emancipaci)n 0A Emancipação2 seman+rio oper+rio espan"ol publicado em Jadrid de 1341 a 1345 )rgão das

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    !>" ainda um outro meio de resol'er o pro*lema da ha*ita+,o& -ue foi proposto por 5roudhon e-ue& à primeira 'ista& deslum*ra mas -ue& com um eame mais de perto& re'ela a sua totalimpot1ncia# 5roudhon prop?s -ue os in-uilinos se transformassem em compradores a presta+2es&de modo -ue o aluguer pago anualmente fosse contado como amorti(a+,o do 'alor da ha*ita+,o eo in-uilino& após o decurso de um certo tempo& se tornasse propriet"rio dessa ha*ita+,o# Estemeio& -ue 5roudhon considera'a muito re'olucion"rio& est" a ser posto em ac+,o em todos os

     pa)ses por sociedades de especuladores -ue desta forma& por meio do aumento do pre+o dasrendas& fa(em pagar duas a tr1s 'e(es o 'alor das casas# O senhor @ollfus e outros grandes fa*ricantes do 4ordeste da Fran+a reali(aram este sistema n,o só para sacar dinheiro mastam*ém& além disso& com uma inten+,o pol)tica oculta#

    !Os dirigentes mais inteligentes das classes dominantes sempre orientaram os seus esfor+os no sentido de aumentarem o n7mero dos pe-uenos propriet"rios com o fim de criarem um eércitocontra o proletariado# %s re'olu+2es *urguesas do século passado di'idiram a grande propriedade

     fundi"ria da no*re(a e da igre.a em pe-uena propriedade de parcelas 6 como ho.e os repu*licanosespanhóis -uerem fa(er com a grande propriedade ainda eistente 6& e criaram assim uma classe de

     pe-uenos propriet"rios de terra -ue desde ent,o se tornou no mais reaccion"rio elemento da

     sociedade e num o*st"culo constante ao mo'imento re'olucion"rio do proletariado ur*ano# 4apole,o ;;; tentou criar nas cidades uma classe semelhante pela diminui+,o do montanteindi'idual dos t)tulos de d)'ida p7*lica& e o senhor @ollfus e os seus colegas& 'endendo aos seusoper"rios pe-uenas ha*ita+2es a pagar em presta+2es anuais& procura'am a*afar todo o esp)ritore'olucion"rio nos oper"rios e& simultaneamente& por meio da propriedade da terra& amarr"6los à

     f"*rica em -ue uma 'e( tra*alhassemA de modo -ue o plano de 5roudhon n,o só n,o troue-ual-uer al)'io à classe oper"ria 6 como se 'oltou mesmo directamente contra ela#$74 

    $omo resol!er então a questão da "abitaçãoT Eactamente como se resol!e qualquer outra questãosocial na sociedade de "o%e pelo equil&brio econ)mico gradual entre procura e oferta solução quereprodu* constantemente a questão e que portanto não é solução# $omo uma re!olução social poderesol!er esta questão não depende apenas das circunstGncias de cada caso mas tambémcon%untamente das quest.es muito mais profundas entre as quais a superação da oposição entrecidade e campo é uma das mais essenciais# $omo não temos de fa*er nen"uns sistemas ut)picos

     para organi*ação da sociedade do futuro seria mais do que ocioso entrar nesse assunto# S porémcerto que %+ "o%e eistem nas grandes cidades edif&cios suficientes para com uma utili*açãoracional dos mesmos se remediar de imediato toda a C falta  de "abitaçãoD real# 9sto s) podenaturalmente acontecer por meio da epropriação dos actuais propriet+rios ou pelo alo%amento nosseus prédios de oper+rios que não t'm casa ou que t'm até aqui !i!ido apertados nas suas"abitaç.es e logo que o proletariado ten"a conquistado o poder pol&tico esta medida imposta pelo

     bem pblico ser+ tão f+cil de eecutar como o são "o%e outras epropriaç.es e acantonamentos pelo

    actual Estado# __________ 

    secç.es da 9nternacionalB de (etembro de 1341 a Abril de 1347 )rgão do $onsel"o Iederal de Espan"aB lutou contraa influ'ncia anarquista em Espan"a# Em 1347-1345 publicaram-se no %ornal escritos de Jar e Engels#

    74 $omo esta solução da questão da "abitação amarrando os oper+rios a um ClarD pr)prio nas proimidades dasgrandes cidades americanas ou das que estão em crescimento se torna espontGnea é referida na passagem seguintede uma carta de Eleanor Jar-A!eling de 9ndian+polis 73 de o!embro de 13== CEm \ansas $it ou mel"or

     perto da cidade !imos miser+!eis barracas de madeira pequenas tal!e* com tr's quartos numa *ona aindasel!agemB o terreno custa!a =66 d)lares e tin"a precisamente o taman"o suficiente para p_r nele a pequena casin"aBesta custa!a outros =66 d)lares isto é no total :366 marcos por uma coisin"a miser+!el a uma "ora de camin"o da

    cidade num deserto de lama#D este modo os oper+rios são obrigados a contrair pesadas d&!idas "ipotec+rias s) para conser!arem essas "abitaç.es passando a ser !erdadeiros escra!os dos seus patr.esB estão presos /s suas casasnão podem afastar-se e são obrigados a aceitar todas as condiç.es de trabal"o que l"es se%am oferecidas# 0ota deEngels / edição de 1334#2

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    > nosso proud"oniano73 porém não est+ satisfeito com os seus resultados até agora na questão da"abitação# ,em de ele!+-la da ,erra c"ã / região do socialismo superior para que ela também a&demonstre ser uma CfracçãoD essencial Cda questão socialD#

    !3uponhamos agora -ue a produti'idade do capital é agarrada realmente pelos cornos& tal comomais cedo ou mais tarde tem de acontecer& atra'és& por eemplo& de uma lei de transi+,o -ue fixe o

     juro de todos os capitais em um por cento & com a tend1ncia& note6se& de aproimar esta percentagem cada 'e( mais do ponto (ero de tal modo -ue finalmente nada mais se pague do -ue otrabalho necessário à rotação do capital # Como todos os outros produtos& tam*ém a casa e aha*ita+,o est,o naturalmente a*rangidas no -uadro dessa lei### O propriet"rio ser" ele próprio o

     primeiro a estender a m,o à 'enda& pois de outro modo a sua casa ficaria n,o utili(ada e o capitalnela in'estido ficaria simplesmente in7til#$

    Esta proposição contém um dos principais artigos de fé do catecismo proud"oniano e d+ umeemplo marcante da confusão nele dominante#

    A Cproduti!idade do capitalD é um absurdo que Proud"on toma sem eame dos economistas

     burgueses# S certo que os economistas burgueses começam também com a proposição de que otrabal"o é a fonte de toda a rique*a e a medida do !alor de todas as mercadoriasB mas teriamtambém de eplicar como é que o capitalista que adiante capital num neg)cio industrial ou deartesanato recupera no fim desse neg)cio não s) o capital que adiantou mas também para alémdisso ainda um lucro# ,eriam portanto de enredar-se em toda a espécie de contradiç.es e atribuirtambém ao capital uma certa produti!idade# ada pro!a mel"or quão profundamente Proud"on est+ainda preso no modo de pensar burgu's do que o facto de ele se ter apropriado deste modo de falarda produti!idade do capital# %uro do capital-dinheiro  emprestado é apenas uma parte do lucroB o lucro se%a do capitalindustrial se%a do capital comercial é apenas uma parte da mais-!alia etra&da na figura de trabal"onão pago / classe oper+ria pela classe dos capitalistas# As leis econ)micas que regem a taa de %urosão tão independentes das que regem a taa de mais-!alia quanto o podem ser entre si leis de uma e

    mesma forma de sociedade# o que respeita porém / repartição desta mais-!alia entre oscapitalistas indi!iduais é claro que para os industriais e comerciantes que t'm nas suas empresasmuito capital adiantado por outros capitalistas a taa do seu lucro tem de subir na mesma medidaem que a taa de %uro cai se todas as outras circunstGncias permanecerem iguais# A descida efinalmente a abolição da taa de %uro não agarraria portanto de forma nen"uma a c"amadaCproduti!idade do capitalD realmente Cpelos cornosD antes regularia apenas de forma diferente arepartição entre os capitalistas indi!iduais da mais-!alia não paga etra&da / classe oper+ria e nãoasseguraria uma !antagem ao oper+rio face ao capitalista industrial mas sim ao capitalista industrialface ao rentier 7#

    73 A# JNlberger#7 Em franc's no teto o que possui ou !i!e de rendimentos# 0ota da edição portuguesa#2

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    o seu ponto de !ista %ur&dico Proud"on não eplica a taa de %uro como todos os factosecon)micos atra!és das condiç.es da produção social mas atra!és de leis do Estado nas quaisessas condiç.es recebem uma epressão geral# A partir deste ponto de !ista a que falta toda a noçãoda coneão das leis do Estado com as condiç.es de produção da sociedade essas leis do Estadoaparecem necessariamente como ordens puramente arbitr+rias que podem a qualquer momento sersubstitu&das pelo seu contr+rio directo# Portanto para Proud"on nada é mais f+cil do que fa*er um

    decreto F desde que ten"a poder para isso F atra!és do qual se baia a taa de %uro para umadeterminada percentagem# E se todas as outras circunstGncias sociais permanecerem tal como eramentão este decreto de Proud"on s) eistir+ mesmo no papel# A taa de %uro continuar+ a regular-se

     pelas leis econ)micas a que est+ "o%e su%eita apesar de todos os decretosB as pessoas sol!entescontinuarão conforme as circunstGncias a aceitar din"eiro a 7 5 : e mais por cento tal comoanteriormente e a nica diferença ser+ que os rentiers tomarão as suas precauç.es s) adiantandodin"eiro /s pessoas das quais não ser+ de esperar nen"um processo# efira-se que este grande planode tirar ao capital a sua Cproduti!idadeD é arqui!el"o tão !el"o como as leis sore a usura queapenas !isam limitar a taa de %uro e que agora estão abolidas em toda a parte porque na pr+ticaeram sempre !ioladas ou contornadas e o Estado foi obrigado a recon"ecer a sua impot'ncia peranteas leis da produção social# E é a reintrodução destas leis medie!ais e inaplic+!eis que de!e Cagarrar

     pelos cornos a produti!idade do capitalDT trabal"o é a medida do !alor de todas asmercadorias e na sociedade actual F se abstrairmos das oscilaç.es do mercado F é puramenteimposs&!el pagar-se pelas mercadorias na média total mais do que o trabal"o necess+rio ao seufabrico# ão não caro proud"oniano o bus&lis est+ totalmente al"ures est+ em que Co trabal"onecess+rio / rotação do capitalD 0para usar o seu confuso modo de epressão2 precisamente n#o écompletamente pa!o Pode ler em Jar 0Capital  pp# 173-1=6562 como isto se processa#

    Jas isto não c"ega# Quando o %uro do capital L\apital*insM é abolido fica desse modo abolidotambém o alu!uer  LJiet*insM51# Porque Ccomo todos os outros produtos também a casa e a"abitação estão naturalmente abrangidas no quadro dessa leiD# 9sto !ai totalmente no esp&rito do!el"o ma%or que mandou c"amar um dos seus soldados com um ano de ser!iço

    Ciga l+ ou!i di*er que é doutor por isso !en"a de !e* em quando a min"a casa quando se temuma mul"er e sete fil"os "+ sempre qualquer coisa para remendar#D

    > soldado CJas desculpe sen"or ma%or eu sou doutor em Iilosofia#D

    > ma%or CPara mim é totalmente igual um carniceiro é um carniceiro#D

    56 \# Jar]I# Engels Oer?e iet*

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    > nosso proud"oniano coloca-nos aqui portanto perante toda uma série de artigos sobre Cquest.essemel"antesD em perspecti!a e se ele as tratar a todas tão pormenori*adamente como o presenteCtão significati!o assuntoD então o Volksstaat  ter+ manuscritos suficientes para um ano# Podemos

     porém antecipar-nos a isso pois tudo ir+ dar ao que %+ foi dito o %uro do capital é abolido e dessemodo desaparece o %uro a pagar pela d&!ida pblica e pelas d&!idas pri!adas o crédito fica semencargos etc# A mesma pala!ra m+gica aplica-se a todos os assuntos que se queira obtendo-se em

    cada caso com uma l)gica implac+!el o espantoso resultado de que quando o %uro do capital éabolido %+ não se tem de pagar quaisquer %uros por din"eiro recebido por empréstimo#

    e resto é com belas quest.es que o nosso proud"oniano nos ameaça crédito e que crédito precisa o oper+rio além do crédito de uma semana para a outra ou do crédito da casa de pen"oresTQuer ele l"e se%a concedido sem encargos ou com %uros mesmo que %uros usur+rios da casa de

     pen"ores que diferença l"e fa*T E se ele considerado no geral tirasse da& alguma !antagem isto ése os custos de produção da força de trabal"o se tornassem mais baratos não teria de baiar o preçoda força de trabal"oT Porém para o burgu's e especialmente para o pequeno burgu's para eles ocrédito é uma questão importante e especialmente para o pequeno burgu's seria uma bela coisa

     poder obter crédito a todo o momento e além disso sem pagamento de %uros# C&!ida pblicaD A

    classe oper+ria sabe que não foi ela que a fe* e quando c"egar ao poder deiar+ o respecti!o pagamento a cargo de quem a contraiu# F C&!idas pri!adasD F !er crédito# C9mpostosD $oisasque interessam muito / burguesia mas s) muito pouco aos oper+rios aquilo que o oper+rio paga deimpostos é com o tempo inclu&do nos custos de produção da força de trabal"o e tem portanto deser também reembolsado pelo capitalista# ,odos estes pontos que aqui nos são apresentados comoquest.es de alta importGncia para a classe oper+ria s) t'm na realidade interesse essencial para o

     burgu's e mais ainda para o pequeno burgu's e n)s afirmamos apesar de Proud"on que a classeoper+ria não tem qualquer !ocação para tomar a cargo os interesses destas classes#

    Acerca da grande questão que di* realmente respeito aos oper+rios acerca da relação entrecapitalista e oper+rio assalariado acerca da questão de como é que o capitalista pode enriquecercom o trabal"o dos seus oper+rios o nosso proud"oniano não di* pala!ra# (em d!ida que o seusen"or e mestre se ocupou disso mas não l"e troue absolutamente nen"uma lu* e nem mesmo nosseus ltimos escritos est+ no essencial mais a!ançado do que na  5hilosophie de la misBre0 Filosofia da Miséria2 que Jar %+ em 13:4 redu*ira de forma tão marcante a toda a sua nulidade57#

    S bastante mau que os oper+rios de l&nguas romGnicas não ten"am tido desde "+ !inte e cinco anosquase nen"um outro alimento espiritual socialista senão os escritos deste Csocialista do segundo9mpérioDB seria uma dupla infelicidade que a teoria proud"oniana ainda de!esse inundar agoratambém a Aleman"a# Jas disto %+ estamos preca!idos# > ponto de !ista te)rico dos oper+riosalemães est+ cinquenta anos / frente do proud"oniano e bastar+ tomar como eemplo esta "nica

    questão da "abitação para serem poupados ulteriores esforços a este respeito#

    57 $f# \# Jar Jis`re de la p"ilosop"ie# éponse / la p"ilosop"ie de la mis`re de J# Proud"on LJiséria da Iilosofia#esposta / Iilosofia da Jiséria do (r# Proud"onM# 0ota da edição portuguesa#2

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    :egunda :ec45o

    >omo

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    uma série de escritos banalmente burgueses bem-intencionadamente pequeno-burguese e"ipocritamente filantr)picos ucpétiau oberts Hole Huber as actas dos congressos ingleses deci'ncias sociais 0ou antes de disparates sociais2 a re!ista da Associação para o 8em-Estar das$lasses ,rabal"adoras da Prssia o relat)rio oficial austr&aco acerca da Eposição Kni!ersal deParis os relat)rios oficiais bonapartistas sobre a mesma o 4ot)cias ;lustradas de Londres55 a *er

     Land und Meer 5:  e finalmente uma Cautoridade recon"ecidaD um "omem de Cconcepç.es

     penetrantes e pr+ticasD de Ccon!incente acuidade de falaD a saber %ulius &aucher esta lista defontes faltam apenas a Dartenlau*e5; o ladderadatsch5= e o Iu*ileiro \utsc"?e54#

    Para que não sur%a qualquer mal-entendido acerca do seu ponto de !ista o sen"or (a esclarece na p+gina 77

    !@esignamos por economia social a doutrina da economia nacional na sua aplica+,o às -uest2es sociais ou& mais precisamente& o con.unto dos meios e 'ias -ue esta ci1ncia nos oferece para! combase nas suas leis "de bron#e" dentro do quadro da ordem da sociedade presentemente

    dominante! elevar as chamadas$

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    condi+2es de ha*ita+,o unicamente 9& ele'ar a maior parte dessas classes do pHntano da suaeist1ncia& -ue muitas 'e(es mal chega a ser humana& às puras alturas do *em6estar material eespiritual$# 5"gina IJ#G

    iga-se de passagem que é do interesse da burguesia encobrir a eist'ncia de um proletariadocriado pelas relaç.es de produção burguesas e condicionante da sua manutenção# Assim o sen"or

    (a conta-nos p+gina 71 que por classes trabal"adoras se de!em entender além dos oper+rios propriamente ditos todas Cas classes sociais despro!idas de meiosD Cgente modesta em geral talcomo artesãos !i!as pensionistasD 02 Cfuncion+rios subalternos etcD# > socialismo burgu'sestende a mão ao socialismo pequeno-burgu's# Jas de onde !em a falta de "abitaç.esT $omosurgiu elaT $omo bom burgu's o sen"or (a não pode saber que ela é um produto necess+rio daforma burguesa de sociedadeB que não pode eistir sem falta de "abitação uma sociedade em que agrande massa trabal"adora depende eclusi!amente de um sal+rio ou se%a da soma de meios de!ida necess+ria / sua eist'ncia e reproduçãoB na qual no!os mel"oramentos da maquinaria etcdeiam continuamente sem trabal"o massas de oper+riosB na qual !iolentas oscilaç.es industriaisque regularmente retornam condicionam por um lado a eist'ncia de um numeroso eército dereser!a de oper+rios desocupados e por outro lado empurram temporariamente para a rua sem

    trabal"o a grande massa dos oper+riosB na qual os oper+rios são maciçamente concentrados nasgrandes cidades a um ritmo mais r+pido que o do aparecimento de casas para si nas condiç.eseistentes na qual portanto se t'm sempre de encontrar inquilinos mesmo para os mais infamesc"iqueirosB na qual finalmente o propriet+rio da casa na sua qualidade de capitalista tem não s) odireito mas também em !irtude da concorr'ncia de certo modo o de!er de etrair da sua

     propriedade os preços de aluguer m+imos sem atender a nada# uma sociedade assim a falta de"abitação não é nen"um acaso é uma instituição necess+ria e %untamente com as suas repercuss.essobre a sade etc s) poder+ ser eliminada quando toda a ordem social de que resulta forre!olucionada pela base# > socialismo burgu's porém não pode saber isto# ão ousa eplicar afalta de "abitação a partir das condiç.es# Assim não l"e resta qualquer outro meio senão eplic+-lacom frases morais a partir da maldade dos "omens ou por assim di*er do pecado original#

    !E a-ui n,o podemos ignorar 9 e& conse-uentemente& n,o podemos negar$ auda( conclus,os patin"os atiram-se para a +gua mesmo sem t+bua e os capitalistas

     precipitam-se para o lucro apesar de este não ter sentimentos# CEm quest.es de din"eiro não "+lugar para sentimentalidadeD %+ di*ia o !el"o Hansemann que con"ecia mel"or isso que o sen"or(a#

    !%s *oas ha*ita+2es t1m um pre+o t,o alto -ue& para a maior parte dos oper"rios& é de todo

    impossível  fa(er uso delas# O grande capital### contém6se receosamente -uanto às ha*ita+2es paraas classes tra*alhadoras### %ssim& estas classes& com as suas necessidades de ha*ita+,o& ficam& na sua maioria& su.eitas à especula+,o#$

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    Abomin+!el especulação F o grande capital naturalmente nunca especula Jas não é a m+!ontade e s) a ignorGncia que impede o grande capital de especular em casas oper+rias

    !Os propriet"rios de casas n,o sa*em de modo nenhum como é grande e importante o papeldesempenhado por uma satisfa+,o normal da necessidade de ha*ita+,o& ### eles não sabem o que

     fa#em às pessoas -uando& como é de regra& t,o irresponsa'elmente lhes oferecem casas m"s e

    noci'as& e& finalmente& n,o sabem como com isso se pre.udicam a si próprios#$ 5"gina K#G

    Jas para poder produ*ir a falta de "abitação a ignorGncia dos capitalistas necessita da ignorGnciados oper+rios# epois de concordar que as Ccamadas inferioresD dos oper+rios Cpara não ficaremtotalmente sem tecto se !'em obrigadasD 02 Cse%a onde e como quer que se%a a procurar um lugar

     para pernoitar e nesse aspecto estão completamente sem defesa nem a%udaD o sen"or (a conta-nos

    !5ois é um facto conhecido de todos -ue muitos de entre eles$ os oper"riosG& !por le'iandade&mas so*retudo por ignorHncia& pri'am o seu corpo 9 -uase se poderia di(er -ue com 'irtuosismo

     9 das condi+2es de desen'ol'imento natural e de eist1ncia s,& na medida em -ue não fa#em a

    mínima ideia de uma higiene racional e& especialmente& da enorme importHncia -ue nisto ca*e àha*ita+,o#$ 5"gina K#G

    Jas aqui aparecem as orel"as de burro do burgu's# Enquanto a CculpaD dos capitalistas se !olatili*ana ignorGncia a ignorGncia dos oper+rios é precisamente o moti!o da sua culpa# Escutemos

    !%contece assim$ nomeadamente de'ido à ignorHnciaG !-ue eles& desde -ue poupem alguma coisano aluguer& ',o para ha*ita+2es som*rias& h7midas& insuficientes& em resumo& um 'erdadeiroesc"rnio de todas as eig1ncias da higiene& ### -ue fre-uentemente '"rias fam)lias alugam emcon.unto uma 7nica casa e& mesmo& um 7nico -uarto 9 tudo para gastarem o menos poss)'el com aha*ita+,o& en-uanto dissipam o seu rendimento na bebida e em toda a espécie de pra#eres fteis!de um modo verdadeiramente pecaminoso&$

    > din"eiro que os oper+rios Cdesperdiçam em aguardente e tabacoD 0p+gina 732 e a C!ida detaberna com todas as suas lament+!eis consequ'ncias que como um peso de c"umbo afundam ooperariado cada !e* mais na lamaD são de facto para o sen"or (a como um peso de c"umbo noest_mago# > que o sen"or (a ousa de no!o não saber é que nas condiç.es dadas a bebida é entreos oper+rios um produto necess+rio da sua situação tão necess+rio como o tifo o crime os

     parasitas os oficiais de dilig'ncias e outras doenças sociais tão necess+rio que se pode calcularantecipadamente o nmero médio das futuras !&timas da bebida# e resto %+ o meu !el"o professorda escola prim+ria di*ia CA gente ordin+ria !ai para a taberna e a gente fina para o clubeD e como

    eu %+ esti!e nos dois s&tios posso testemun"ar a correcção destas pala!ras#,odo aquele pala!reado acerca da CignorGnciaD de ambas as partes !ai dar aos !el"os discursossobre a "armonia de interesses entre o capital e o trabal"o# (e os capitalistas con"ecessem o seu!erdadeiro interesse forneceriam aos oper+rios boas "abitaç.es e em geral mel"or+-las-iamB e se osoper+rios entendessem o seu !erdadeiro interesse não fariam gre!es não praticariam a social-democracia não se meteriam em pol&tica antes seguiriam obedientemente os seus superiores oscapitalistas# 9nfeli*mente ambas as partes consideram seus interesses coisas muito diferentes dosserm.es do sen"or (a e dos seus numerosos predecessores# > e!angel"o da "armonia entre capitale trabal"o %+ anda a ser pregado "+ cinquenta anosB a filantropia burguesa gastou muito din"eiro

     para pro!ar essa "armonia atra!és de instituiç.es-modeloB e como !eremos / frente estamos "o%e

    eactamente no mesmo ponto que "+ cinquenta anos#

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    > nosso autor passa agora para a solução pr+tica da questão# Quão pouco re!olucion+ria era a proposta de Proud"on de fa*er dos oper+rios proprietários das suas "abitaç.es depreende-se desdelogo do facto de o socialismo burgu's %+ antes dele ter tentado e tentar ainda praticamente reali*aresta proposta# > sen"or (a também declara que a questão da "abitação s) pode resol!er-secompletamente por meio da transmissão da propriedade da "abitação para os oper+rios 0pp# ;3 e;2# Jais ainda com este pensamento ele cai num 'tase poético e arranca num &mpeto de

    entusiasmo para as pala!ras seguintes

    !>" algo de peculiar na Hnsia de propriedade de terra -ue eiste no homem& um impulso -ue nemmesmo a vida mercantil do presente& com o seu pulsar febril  & conseguiu de*ilitar# o sentimentoinconsciente do significado da con-uista económica representada pela propriedade de terra# Comela& o homem o*tém um apoio seguro& como -ue ficando solidamente enrai(ado no solo& e toda aeconomia$ sen"or (a de!eria obser!ar bem os pequenos camponeses franceses ou os nossos pequenoscamponeses renanos as suas casas e campos estão sobrecarregados de "ipotecas as suas col"eitas

     pertencem aos credores antes de serem apan"adas e no seu Cterrit)rioD não são eles mas sim osusur+rios os ad!ogados e os oficiais de dilig'ncias que p.em e disp.em de forma soberana# Este éde facto o grau supremo pens+!el de independ'ncia econ)mica F para os usur+rios E para que osoper+rios possam colocar a sua casin"a tão depressa quanto poss&!el debaio dessa soberania dousur+rio o bem-intencionado sen"or (a indica-l"es como precaução o crédito real que est+ / suadisposição e que podem utili*ar em caso de desemprego e de incapacidade para o trabal"o em !e*de !i!erem / custa da assist'ncia aos pobres#

    53 Arbeitgeber no original alemão designação mistificadora do capitalista nos pa&ses capitalistas de l&ngua alemã# efacto dador de trabal"o é o oper+rio embora a contragosto nas "oras de trabal"o não pago em que produ* mais-!alia para o capitalista# 0ota da edição portuguesa#2

    5 9sto é crédito com garantia de bens imobili+rios# 0ota da edição portuguesa#2

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    e qualquer modo o sen"or (a resol!eu entretanto a questão colocada de in&cio o oper+rioCtorna-se capitalistaD por aquisição de uma casin"a pr)pria#

    $apital é comando sobre trabal"o al"eio não pago# Portanto a casin"a do oper+rio s) se tornacapital quando ele a aluga a um terceiro e se apropria sob a figura de aluguer de uma parte do

     produto do trabal"o desse terceiro# Precisamente pelo facto de ele pr)prio "abitar a casa é que esta

    não pode transformar-se em capital tal como uma saia deia de ser capital no preciso momento emque a compro / modista e a !isto# > oper+rio que possui uma casin"a no !alor de mil t+leres %+ nãoé de facto um prolet+rio mas é preciso ser-se sen"or (a para l"e c"amar capitalista#

    > traço capitalista L\apitalistentumM do nosso oper+rio tem no entanto ainda um outro lado#(upon"amos que numa dada *ona industrial se tin"a tornado regra cada oper+rio possuir a sua

     pr)pria casin"a# este caso a classe operária dessa re!i#o tem haitaç#o !ratuitaB os gastos coma "abitação %+ não entram no !alor da sua força de trabal"o# ,oda a diminuição dos custos de

     produção da força de trabal"o isto é todo o abaiamento duradouro dos preços das necessidades!itais do oper+rio equi!ale porém Ccom base nas leis de bron*e da doutrina da economia nacio-nalD a uma redução do !alor da força de trabal"o e por esse moti!o acaba por ter como conse-

    qu'ncia uma queda correspondente no sal+rio# > sal+rio desceria portanto em média tanto como aquantia poupada na média dos alugueres isto é o oper+rio pagaria o aluguer da sua pr)pria casanão em din"eiro como anteriormente mas sim em trabal"o não pago pelo fabricante para quemtrabal"a# este modo as economias do oper+rio in!estidas na casin"a tornar-se-iam de facto emcerta medida em capitalB porém não em capital para ele mas sim para o capitalista que o emprega#

    > sen"or (a não consegue portanto nem sequer no papel transformar o seu oper+rio emcapitalista#

     ote-se de passagem que o que atr+s foi dito se aplica a todas as c"amadas reformas sociais quecondu*em / poupança ou ao embaretecimento dos meios de !ida do oper+rio# >u elas se tornamgerais e então segue-se-l"es a correspondente diminuição salarial ou não passam de eperi'nciastotalmente isoladas e então a sua mera eist'ncia como ecepção isolada pro!a que a sua reali*açãoem grande escala é incompat&!el com o modo de produção capitalista eistente# (upon"amos quenuma região se conseguia por meio da introdução geral de associaç.es de consumo tornar osmeios de !ida dos oper+rios mais baratos 76 por centoB nesse caso os sal+rios dessa região teriam alongo pra*o de baiar em cerca de 76 por cento i# e# na mesma proporção em que os meios de !idaem questão entram no orçamento dos oper+rios# (e o oper+rio gasta p# e# em média tr's quartosdo seu sal+rio semanal nesses meios de !ida os sal+rios acabarão por cair em 5]: Y 76 1; porcento# Em suma logo que uma semel"ante reforma de poupança se torna geral o oper+rio recebeum menor sal+rio na mesma proporção em que as suas economias l"e permitem !i!er mais barato#

    ai a cada oper+rio um rendimento independente poupado de ;7 t+leres e o seu sal+rio semanalacabar+ necessariamente por baiar um t+ler# Portanto quanto mais poupa menos sal+rio recebe# Elenão poupa pois no seu pr)prio interesse mas sim no do capitalista# Que mais é necess+rio para neleCestimular da forma mais poderosa a primeira !irtude econ)mica o sentido da poupançaDT 0P# =:#2

    e resto o sen"or (a di*-nos também logo a seguir que os oper+rios de!em tornar-se propriet+riosde casas não tanto no seu pr)prio interesse mas no dos capitalistas

    !4,o é só o estado oper"rio %r*eiterstandS mas tam*ém a sociedade no seu todo -ue tem o maiorinteresse em 'er o maior n7mero poss)'el dos seus mem*ros ligados$

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    Por outras pala!ras o sen"or (a espera que com uma mudança da sua posição prolet+ria queocorreria necessariamente com a aquisição de casa os oper+rios percam também o seu car+cter

     prolet+rio e se tornem de no!o ser!os obedientes tal como os seus antepassados que eramigualmente propriet+rios de casas# >s proud"onianos de!eriam ter isto em mente#

    > sen"or (a cr' ter resol!ido a questão social da maneira seguinte

    ! * repartição mais justa dos bens & o enigma da esfinge& cu.a solu+,o ." muitos tentaram em ',oencontrar& n,o estar" agora diante de nós como facto tang)'el& n,o ter" sido desse modoarrancada às regi2es dos ideais e passado para o dom)nio da realidadeT E& -uando esti'erreali(ada& n,o se ter" desse modo alcan+ado um dos o*.ecti'os supremos -ue mesmo os socialistasde orientação mais extrema apresentam como ponto culminante das suas teorias+$ 5# QQ#G

    S uma !erdadeira felicidade termos conseguido c"egar até este ponto# E que este grito de %biloconstitui nomeadamente o Cponto culminanteD do li!ro de (a e a partir daqui começa-se de no!oa descer sua!emente das Cregi.es dos ideaisD para a c"ã realidade e quando c"egarmos abaiodescobriremos que nada mas absolutamente nada se modificou durante a nossa aus'ncia#

    > nosso guia manda-nos dar o primeiro passo da descida ensinando-nos que "+ dois sistemas de"abitaç.es oper+rias o sistema de cottage em que cada fam&lia oper+ria tem a sua pr)pria casin"ae onde poss&!el uma "orta*in"a como em 9nglaterra e o sistema de caserna com grandes edif&cioscontendo muitas "abitaç.es oper+rias como em Paris

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    Antes de mais porém cada re!olução social ter+ de tomar as coisas tal como as encontra e deremediar os males mais gritantes com os meios eistentes# E a esse respeito %+ !imos que a falta de"abitação pode ser de pronto remediada pela epropriação de uma parte das "abitaç.es de luo

     pertencentes /s classes possuidoras e pelo acantonamento da restante parte#

    E nada muda na questão quando o sen"or (a prosseguindo !olta a sair das grandes cidades e fala

    com todos os pormenores acerca das col)nias de oper+rios que de!erão ser instaladas perto  dasgrandes cidades ou quando descre!e todas as bele*as de tais col)nias com a sua C+gua canali*adailuminação a g+s aquecimento central por +gua ou !apor la!adouros secadouros balne+rios etc#Dcomuns com um Cestabelecimento para tomar conta das crianças pequenas escola sala de oraçãoD02 Cquarto de leitura biblioteca### restaurante e cer!e%aria sala de baile e de msica com toda adistinçãoD com a força do !apor le!ada a todas as casas e podendo assim Cem certa medidatransferir de no!o a produção das f+bricas para a oficina domésticaD# A col)nia como ele adescre!e foi retirada directamente pelo sen"or Huber dos socialistas >Xen e Iourier e totalmenteaburguesada pelo despo%amento de tudo o que tin"a de socialista# S precisamente por isso que ela setorna completamente ut)pica# en"um capitalista tem interesse em construir tais col)nias quealém disso também não eistem em parte nen"uma do mundo sal!o em Uuise na IrançaB e esta foi

    constru&da por um fourierista não como especulação rend&!el mas como eperi'ncia socialista:6# >sen"or (a teria igualmente podido citar em fa!or dos seus pro%ectos burgueses a col)niacomunista >armonU >all :1 fundada em Hamps"ire no in&cio dos anos quarenta por >Xen e quedesapareceu "+ muito tempo#

    Assim todo este pala!reado acerca da coloni*ação não passa de uma desa%eitada tentati!a de subirde no!o até /s Cregi.es dos ideaisD tentati!a que de pronto é de no!o deiada cair# sen"or (a demonstra agora que aqui é do interesse dos pr)priosfabricantes a%udar os seus oper+rios a conseguir "abitaç.es suport+!eis por um lado como boaaplicação de capital por outro porque da& resulta infali!elmente uma

    !ele'a+,o dos oper"rios### -ue tem de tra(er consigo um aumento da sua for+a de tra*alho f)sica eespiritual& o -ue naturalmente### n,o fa'orece menos### o dador de tra*alho# Mas deste modo ficatam*ém dado o ponto de 'ista correcto para a participa+,o dos 7ltimos na -uest,o da ha*ita+,oela aparece como emana+,o da associação latente & da preocupa+,o& escondida na maioria das

    'e(es so* a capa de esfor+os humanit"rios& -ue os dadores de tra*alho sentem pelo *em6estar f)sico e económico& espiritual e moral dos seus oper"rios& preocupa+,o -ue se compensa a simesma pecuniariamente atra'és dos seus 1itos& recrutamento e conser'a+,o de um operariadodiligente& h"*il& dócil& satisfeito e devotado#$ 5# I0P#G

    :6 E mesmo esta acabou por tornar-se num mero lar de eploração de oper+rios# (ocialista2 seman+rio franc'sB de 133; a 167 )rgão do Partido >per+rio de 167 a 16; )rgão do Partido(ocialista de Irança a partir de 16; )rgão do Partido (ocialista Iranc'sB Engels colaborou no %ornal#

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    c+lculos do pr)prio (a no m+imo ;6 666 F =6 666 pessoas e as "abitaç.es comp.em-se quaseeclusi!amente de apenas duas di!is.es para cada fam&lia

    S e!idente que qualquer capitalista amarrado a uma determinada localidade rural pelas condiç.es dasua indstria F força "idr+ulica situação das minas de car!ão dep)sitos de minério de ferro eoutras minas F tem de construir "abitaç.es para os seus oper+rios se não "ou!er nen"umas# Jas

     para !er nisso uma pro!a da eist'ncia da Cassociação latenteD Cum testemun"o re!elador de umaumento de compreensão das coisas e do seu ele!ado alcanceD um Ccomeço muito promissorD 0p#11;2 é preciso ter um "+bito fortemente desen!ol!ido de se enganar a si pr)prio# e resto osindustriais dos diferentes pa&ses também neste ponto se distinguem segundo o respecti!o car+cternacional# Assim p# e# o sen"or (a conta-nos na p# 114

    C)a *n!laterra s' nos tempos mais recentes se fa* notar um aumento da acti!idade dos dadoresde trabal"o nesta direcção# esignadamente nas po!oaç.es do campo mais afastadas### AcircunstGncia de os oper+rios terem pelo contr+rio de percorrer frequentemente desde a localidademais pr)ima um longo camin"o até / f+brica e de c"egando a ela %+ esgotados produ*irem umtrabal"o insuficiente é a raz#o motri* $ue leva os dadores de trabal"o + construç#o de "abitaç.es

     para a sua mão-de-obra# Entretanto aumenta também o nmero daqueles que com uma apreens#omais profunda das condiç.es ligam também + reforma da "abitação mais ou menos todos osoutros elementos da associação latente e é a eles que aquelas florescentes col)nias t'm a agradecero seu aparecimento### o eino Knido são bem con"ecidos por esse moti!o os nomes de um As"tonem Hde As"Xort" em ,urton Urant em 8ur Ureg em 8ollington Jars"all em @eeds (trutt em8elper (alt em (altaire Ac?rod em $ople e outros#D

    (anta ingenuidade e ainda mais santa ignorGncia () nos Ctempos mais recentesD é que osfabricantes rurais ingleses constru&ram "abitaç.es oper+rias ão caro sen"or (a os capitalistasingleses são realmente grandes industriais não s) segundo a bolsa mas também segundo a cabeça#Juito antes de a Aleman"a possuir uma indstria realmente grande eles tin"am compreendido queno caso da produção fabril rural o in!estimento em "abitaç.es oper+rias é uma parte necess+riadirecta e indirectamente muito rend&!el do con%unto do capital in!estido# Juito antes de a lutaentre 8ismarc? e os burgueses alemães ter dado aos oper+rios alemães a liberdade de coali*ão %+ osfabricantes e propriet+rios de minas e fundiç.es ingleses tin"am aprendido pela pr+tica a pressãoque podem eercer sobre oper+rios em gre!e se simultaneamente forem sen"orios desses oper+rios#CAs florescentes col)niasD de um Ureg de um As"ton de um As"Xort" pertencem tanto aosCtempos mais recentesD que %+ "+ mais de :6 anos eram trombeteadas pela burguesia comomodelos conforme eu pr)prio o descre!i "+ %+ 73 anos 03itua+,o das Classes :ra*alhadoras

     p+ginas 773-756 nota2# As de Jars"all e A?rod 0é assim que se escre!e o nome do "omem2 sãomais ou menos da mesma idade e a de (trutt é ainda muito mais !el"a remontando nos seus

    começos ao século passado# E como na 9nglaterra a duração média de uma "abitação oper+ria est+estimada em :6 anos o sen"or (a pode contar ele pr)prio pelos dedos e !er o estado dedecad'ncia em que se encontram actualmente essas Cflorescentes col)niasD# Além disso a maioriadessas col)nias %+ não ficam no campoB a colossal epansão da indstria cercou a maioria delas detal modo com f+bricas e casas que elas ficam agora no meio de cidades c"eias de lio e de fumo de76 666 a 56 666 e mais "abitantesB o que não impede a ci'ncia burguesa alemã representada pelosen"or (a de repetir ainda "o%e com maior fidelidade os !el"os cGnticos laudat)rios ingleses de13:6 que %+ não são aplic+!eis#

    E logo então o !el"o A?rod Este bom "omem era sem d!ida um filantropo de primeira +gua#Ama!a tanto os seus oper+rios e particularmente as suas oper+rias que os seus concorrentes de

    or?s"ire menos filantr)picos que ele costuma!am di*er dele ele fa*ia funcionar a f+bricaunicamente com os seus pr)prios fil"os > sen"or (a afirma que nessas florescentes col)nias Cosnascimentos ileg&timos se estão a tornar cada !e* mais rarosD 0p+gina 1132# (im nascimentos

  • 8/17/2019 ENGELS. a Questão Da Habitação (1)

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    ileg&timos fora do casamento é que nos distritos fabris ingleses as raparigas bonitas casam muito %o!ens#

     a 9nglaterra a construção de "abitaç.es oper+rias mesmo ao lado de cada grande f+brica rural eao mesmo tempo com  a f+brica tem sido a regra desde "+ =6 anos e mais# $onforme %+mencion+mos muitas dessas aldeias fabris tornaram-se o ncleo em !olta do qual se %untou mais

    tarde toda uma cidade fabril com todos os males que uma cidade fabril tra* consigo# Portanto essascol)nias não resol!eram a questão da "abitação antes foram elas $ue a criaram  nas suaslocalidades#

    Em contrapartida nos pa&ses que no campo da grande indstria foram coeando atr+s da 9nglaterrae que propriamente s) a partir de 13:3 con"eceram o que era uma grande indstria na Irança e

     particularmente na Aleman"a a situação é totalmente di!ersa# Aqui s) as siderurgias e f+bricascolossais se decidiram ap)s longa "esitação / construção de algumas "abitaç.es oper+rias Fcomo por eemplo a f+brica de (c"neider em $reusot e a de \rupp em Essen# A grande maioriados industriais rurais obriga os seus oper+rios a andar !+rias mil"as ao calor / ne!e e / c"u!a deman"ã a camin"o da f+brica e ao fim da tarde no regresso a casa# 9sto acontece especialmente em

    *onas montan"osas F nos

  • 8/17/2019 ENGELS. a Questão Da Habitação (1)

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  • 8/17/2019 ENGELS. a Questão Da Habitação (1)

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    !-ue& gra+as a ela& tudo a-uilo -ue a) se fe( com 'ista à solu+,o da -uest,o da ha*ita+,o é delonge ultrapassado# 3,o estas as *uilding societiesJJ  inglesas$& -ue o senhor 3a trata comespecial pormenor por-ue& entre outras ra(2es& !acerca da sua ess1ncia e ac+,o est,o& em geral&espalhadas ideias muito insuficientes ou erradas# %s *uilding societies inglesas n,o s,o de formanenhuma### sociedades de constru+,o ou cooperati'as de constru+,o& de'endo antes### serdesignadas em alem,o tal'e( por W>auserXer*'ereineW J/A s,o associa+2es com o o*.ecti'o de& por

    meio de contri*ui+2es periódicas dos sócios& reunirem um fundo e com ele& segundo o seumontante& concederem aos sócios empréstimos para a compra de casa### @este modo& a *uilding societU é& para uma parte dos seus sócios& uma caia de poupan+as e& para a outra parte& umacaia de empréstimos# 9 %s *uilding societies s,o& portanto& institui+2es de crédito hipotec"rioadaptadas às necessidades dos oper"rios e -ue utili(am principalmente### as poupan+as dosoper"r