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    OFICINA DE ALFABETIZAO

    ALFABETIZAO: AFINAL... O QUE QUE EST ACONTECENDO?

    OFICINA: O que a fala tem com a escrita?

    MINISTRANTE: Profa. Dr. Gabriela C. M. de Freitas

    Aquisio da escrita

    A escrita um objeto simblico, um substituto que representa algo. Ela

    no constitui uma transcrio fontica da fala, mas estabelece uma relao

    essencialmente fonmica, isto , a escrita procura representar aquilo que

    funcionalmente significativo, estabelecendo um sistema de regras prprias

    (Kato, 1986; Ferreiro e Teberosky, 1991).

    RELAO FALA/ESCRITA essencialmente fonmica

    Exemplos: [profesor] professor (7 sons; 9 letras)

    [taksi] txi (5 sons; 4 letras)

    Para aprender a ler e escrever, o indivduo necessita entender a relao

    estabelecida entre fala e escrita e conhecer o sistema de regras da escrita.Esse aprendizado uma atividade sistemtica e estruturada que se desenvolve

    gradualmente, um momento particular de um processo mais geral de

    aquisio da linguagem. Segundo Abaurre (1991)

    em contato com a representao escrita da lngua que fala, osujeito reconstri a histria da sua relao com a linguagem. Acontemplao da forma escrita da lngua faz com que ele passea refletir sobre a prpria linguagem, chegando, muitas vezes, amanipul-la conscientemente... (Abaurre, 1991, p.39).

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    Como afirma a autora, a aquisio da escrita exige que o indivduo reflita

    sobre a fala, estabelea relaes entre os sons e sua representao na forma

    grfica, entrando em jogo a conscincia fonolgica. Neste sentido, Morais

    (1996, p. 176) aponta que a chave da linguagem escrita encontra-se na relao

    desta com a linguagem falada. Ou seja, necessrio, inicialmente, descobrir a

    relao existente entre fala e escrita para que se consiga dominar o cdigo

    escrito.

    Conforme Vygotsky (1996), a linguagem escrita exige um trabalho

    consciente, no qual a criana deve desvincular-se do concreto. Um importante

    obstculo para a maioria das crianas compreender o princpio alfabtico:

    palavras escritas contm combinaes de unidades visuais (letras oucombinaes de letras) que so sistematicamente relacionadas s unidades

    sonoras das palavras (fonemas).

    Princpio alfabtico relao fonemas (sons) / grafemas (letras)

    A manipulao da linguagem escrita necessita de um certo grau de

    reflexo consciente a respeito das caractersticas gerais da escrita, dosgrafemas e dos fonemas. Para a identificao do princpio alfabtico a criana

    deve reconhecer a relao som-letra e ser capaz de analisar, refletir, sintetizar

    as unidades que compem as palavras faladas (Tunmer, Pratt, Herriman,

    1984).

    as crianas de um modo geral recorrem oralidade para fazervrias hipteses sobre a escrita, mas usam tambm a escrita,dinamicamente, para construir uma anlise da prpria fala(Abaurre, 1988, p. 140)

    Observa-se, ento, que a aquisio da escrita est intimamente ligada

    conscincia fonolgica, uma vez que para dominar o cdigo escrito

    necessria a reflexo sobre os sons da fala e sua representao na escrita.

    formulao de hipteses sobre a escrita

    ALFABETIZAO reflexo sobre a relao entre a fala e a escrita

    uso da conscincia fonolgica

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    Conscincia fonolgica

    A conscincia metalingstica a capacidade do ser humano de

    pensar sobre a linguagem de forma consciente, expressando seu pensamento

    atravs da prpria linguagem. Dentre os componentes da conscincia

    metalingstica encontra-se a conscincia fonolgica, ou seja, a conscincia

    com relao aos sons que ouvimos e falamos.

    A conscincia fonolgicapossibilita a reflexo sobre os sons da fala, o

    julgamento e a manipulao da estrutura sonora das palavras. Atravs de tal

    conscincia identificamos palavras que rimam, comeam ou terminam com osmesmos sons e somos capazes de manipular a estrutura sonora para a

    formao de novas palavras.

    A conscincia fonolgica envolve o reconhecimento peloindivduo de que as palavras so formadas por diferentes sons quepodem ser manipulados, abrangendo no s a capacidade de reflexo(constatar e comparar), mas tambm a de operao com fonemas,slabas, rimas e aliteraes (contar, segmentar, unir, adicionar, suprimir,

    substituir e transpor).(Moojen et al., 2003, p. 11).

    EXEMPLIFICANDO:

    gua mole em pedra dura

    Tanto bate at que ___________

    Luzia __ustrava o __ustre __istrado

    o __ustre __istrado __uzia na __luz

    - Lngua do p:

    A professora contou a histria dos trs porquinhos.

    __________________________________________________

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    Nveis de conscincia fonolgica

    A conscincia e a manipulao dos sons das palavras supem a

    aquisio de diferentes nveis de conscincia fonolgica. Tais nveis esto

    relacionados s diferentes maneiras atravs das quais as palavras e slabas

    podem ser divididas em unidades sonoras menores.

    a) CONSCINCIA DE RIMAS E ALITERAES permite a

    identificao de palavras que compartilham um mesmo grupo de sons, no incio

    ou no final das palavras.A rima faz parte da vida das crianas desde cedo, pois est presente em

    msicas, brincadeiras e histrias infantis. Essa caracterstica faz dela um nvel

    de conhecimento elementar (Rueda, 1995) que parece ser parte natural e

    espontnea do desenvolvimento lingstico (Goswami e Bryant, 1990).

    EXEMPLIFICANDO:

    Identificao de rima

    - Que palavra rima com drago? (rato / sabo / caf )

    - O que Claudionor pe embaixo do cobertor?

    Um urso de pelcia.

    Uma carta de amor.

    Um pijama estampado.

    Identificao de aliterao

    - Que palavra comea como trator? (prato / fada / trigo)

    - Troca o trigo, traz o troco.

    __oca o __inco, __az o __oco.

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    b) CONSCINCIA DE SLABAS permite o reconhecimento das slabas

    das palavras. O primeiro e talvez o mais bvio caminho da segmentao

    sonora.

    EXEMPLIFICANDO:

    Segmentao de slaba

    Quais so os pedaos (as slabas) da palavra sorvete?

    Identificao de slaba

    Qual a palavra que comea como sopa? (moa sof fita).

    c) CONSCINCIA DE FONEMAS (CONSCINCIA FONMICA)

    permite a identificao de que as palavras so compostas por fonemas, ou

    seja, pelas menores unidades de som que podem mudar o significado de uma

    palavra.

    EXEMPLIFICANDO:

    Identificao de fonemas

    - Que palavra comea com /s/?

    Segmentao de fonemas

    - Quais so os sons da palavra uva?

    RETOMANDO:

    CONSCINCIA conscincia de slabas conscincia

    de fonemas conscincia

    de rimas ealiteraes FONOLGICA

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    Conscincia fonolgica e alfabetizao

    Existem muitas pesquisas que investigam a relao entre conscincia

    fonolgica e alfabetizao, buscando desvendar como se d essa relao: a

    conscincia fonolgica causa ou conseqncia da aquisio da escrita?

    Estudos recentes tm demonstrado que conscincia fonolgica e

    alfabetizao se desenvolvem atravs de uma influncia recproca. Ou seja, as

    crianas antes de estarem alfabetizadas apresentam nveis de conscincia

    fonolgica que contribuem para a alfabetizao, enquanto a alfabetizao

    contribui para o aprimoramento desses nveis de conscincia fonolgica.

    CONSCINCIA FONOLGICA ALFABETIZAO

    No Brasil, estudos evidenciam que o desenvolvimento e o

    aprimoramento das habilidades em conscincia fonolgica contribuem para aalfabetizao. Crianas que apresentam um bom desempenho em conscincia

    fonolgica normalmente apresentaro um bom desempenho em leitura e

    escrita. Dessa forma, parece que a conscincia fonolgica pode ser uma

    ferramenta de auxlio para a alfabetizao.

    CITANDO ALGUNS ESTUDOS REALIZADOS NO BRASIL:

    Cielo (1996) realizao de treinamento em conscincia

    fonolgica e verificao de existncia de uma relao positiva

    entre o grau de conscincia fonolgica e o desempenho na fase

    inicial da leitura.

    Cardoso-Martins (1995) - estudo longitudinal sobre a relao

    entre diferentes nveis de conscincia fonolgica e a aquisio da

    escrita e da leitura. Os resultados mostraram que a conscincia

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    em relao aos fonemas de grande importncia para o xito nas

    atividades de leitura e escrita.

    Morais (1997) aplicao de um teste de conscincia fonolgica

    e comparao do desempenho de um grupo de leitores

    proficientes com o de um grupo de leitores no-proficientes.

    Constatao de que o grupo de leitores no-proficientes obteve

    piores resultados nos testes, levando concluso de que o nvel

    de conscincia fonolgica est relacionado ao desempenho na

    leitura.

    Menezes (1999) observao da conscincia fonolgica na

    relao entre a fala e a escrita de crianas com problemas de

    fala. A conscincia fonolgica pode ser encarada como um

    facilitador para a alfabetizao dessas crianas.

    Capovilla e Capovilla (2000) desenvolvimento de um

    procedimento para desenvolver conscincia fonolgica e ensinarcorrespondncias grafo-fonmicas em crianas de pr-escola a 2a

    srie. Procedimentos para desenvolver conscincia fonolgica e

    ensino sistemtico das correspondncias grafemas-fonemas

    podem prevenir e remediar atrasos em leitura e escrita.

    Costa (2002) - investigao da relao entre o desempenho em

    conscincia fonolgica de crianas no Jardim B e, futuramente, odesempenho dessas crianas em atividades de escrita na 1a

    srie. Crianas com altos nveis de conscincia fonolgica no

    Jardim B apresentaram melhor desempenho na escrita um ano

    depois.

    Freitas (2003) - observao, a partir de um acompanhamento

    longitudinal, do aprimoramento das habilidades metafonolgicasentre os 4 e 8 anos de idade (do Jardim 2asrie). A conscincia

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    fonolgica pode ser observada em crianas de 4 anos e, a partir

    da, apresenta desenvolvimento intimamente ligado

    alfabetizao. O estudo mostra a relao entre as habilidades

    metafonolgicas e as hipteses de escrita das crianas.

    Os resultados de estudos realizados no Brasil, assim como em outros

    pases, apontam para a importante relao entre conscincia fonolgica e

    alfabetizao. Crianas em idade pr-escolar j apresentam conscincia

    quanto aos sons da fala e tal conscincia auxilia no processo de

    reconhecimento da relao entre os sons e as letras, processo esse necessrio

    para o incio do desenvolvimento das habilidades de leitura e escrita.Percebe-se, ento, que a conscincia fonolgica um componente de

    extrema importncia para a aquisio da escrita, uma vez que ela que

    possibilita a reflexo sobre os sons que devem ser representados

    graficamente.

    PARA PENSAR: Se a conscincia fonolgica contribui positivamente

    para a alfabetizao, por que no realizar atividades que desenvolvam talconscincia?

    Mtodos de alfabetizao

    Na nsia de afastar os monstros do analfabetismo e da evaso escolar

    muitas mudanas j ocorreram com relao prtica de alfabetizao. No

    Brasil surgiram diversos mtodos e tendncias que pretendiam (ou pretendem)

    contribuir para o sucesso na alfabetizao. Infelizmente, esses mtodos no

    so frmulas mgicas e tampouco contentam a todas as pessoas envolvidas

    na tarefa de alfabetizar.

    Podem ser identificados dois grandes grupos de mtodos de

    alfabetizao: os mtodos sintticos (ascendentes), que iniciam a

    alfabetizao a partir de elementos menores do que a palavra, e os mtodos

    analticos (descendentes), que partem da palavra ou de unidades maiores.

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    Em linhas gerais, as caractersticas desses mtodos esto apresentadas

    no quadro a seguir.

    Mtodos sintticos Mtodos analticos

    - correspondncia entre o oral e o escrito;

    - das partes para o todo;

    - ensino das letras (mtodos alfabticos);

    - associao de fonemas representao

    grfica (mtodo fontico);

    - correspondncia som-letra

    - uso de cartilhas, de slabas sem sentido

    (mtodo silbico);

    - estratgia auditiva;

    - aprendizado da leitura e da escrita =

    questo mecnica.

    - reconhecimento global das palavras ou

    oraes;

    - do todo para as partes;

    - uso de unidades significativas;

    - estratgia visual;

    - aprendizado da leitura e da escrita =

    questo global.

    Esses mtodos tradicionais de alfabetizao pretendem controlar a

    aprendizagem, decidindo quando e como a criana deve aprender. So

    ensinados, primeiramente, os padres som/letra considerados mais fceis,

    sendo criada uma seqncia artificial de ensino. A criana exposta a

    fragmentos da lngua: sons e letras isoladas e sentenas descontextualizadas.

    A concepo (e no mtodo) construtivista

    Em contrapartida tentativa de controlar a aprendizagem esto os estudos

    de Emlia Ferreiro, que consideram as descobertas da criana com relao

    escrita. As pesquisas realizadas pela autora demonstraram que as crianas

    percorrem caminhos durante a aquisio da escrita e elaboram suas prprias

    hipteses. A partir disso, a alfabetizao comea a ser vista como uma

    atividade que permite que a criana construa seu conhecimento sobre a

    escrita. Essa viso conta com os seguintes pressupostos:

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    A obteno do conhecimento um resultado da prpria atividade do

    sujeito.

    Ponto de vista interacionista (Piaget).

    Sujeito ativo, ponto de partida da aprendizagem.

    Erros construtivos: pr-requisitos necessrios para a obteno da

    resposta correta.

    Conflito cognitivo.

    Observao das hipteses das crianas: pr-silbica; silbica, silbica-

    alfabtica; alfabtica.

    Segundo Ferreiro e Teberosky (1991), a aprendizagem da leitura e da

    escrita inicia-se muito antes do que a escola o imagina, pois as crianas esto

    em contato com a escrita desde cedo. Elas esto expostas a um mundo

    letrado, onde vem constantemente a escrita e o uso que as pessoas fazem

    dela. Aos 6 anos a criana possui toda uma srie de concepes sobre a

    escrita, as quais precedem a alfabetizao convencional e a ela do lugar

    (Kato, Moreira e Tarallo, 1998).Os aspectos fundamentais para a aquisio da escrita so a

    competncia lingstica da criana e suas capacidades cognoscitivas. O

    desenvolvimento da competncia para a escrita um fenmeno de natureza

    complexa. Alm de uma dimenso psico-scio-lingstica, h uma dimenso

    que implica o desenvolvimento da capacidade metalingstica, capacidade de

    identificar e manipular unidades como a slaba e o fonema (Ferreiro e

    Teberosky, 1991).O trabalho de Ferreiro e Teberosky (1991) apresenta uma psicognese

    das etapas de aquisio da escrita trilhadas pelas crianas, representadas por

    quatro hipteses de escrita, quais sejam: hiptese pr-silbica, hiptese

    silbica, hiptese silbico-alfabtica e hiptese alfabtica.

    Hiptese pr-silbica - Em um primeiro momento da hiptese pr-

    silbica, escrever reproduzir traos tpicos da escrita que a criana conhece,

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    grafismos separados entre si, compostos por linhas curvas e/ou retas, ou

    grafismos ligados entre si com uma linha ondulada.

    EXEMPLO1:

    (esqueleto)

    Em um segundo nvel dentro da hiptese pr-silbica, a criana acredita

    que para ler coisas diferentes deve haver uma diferena objetiva nas escritas.Neste momento, duas hipteses so formuladas: 1) nmero mnimo (nunca

    menos que trs) de grafismos para escrever algo; 2) variedade nos grafismos.

    Neste nvel, a forma dos grafismos mais definida e mais prxima das

    letras. A criana pode adquirir certos modelos estveis de escrita, formas fixas

    que capaz de reproduzir na ausncia do modelo, sendo o nome prprio a

    forma mais importante. Porm, a correspondncia entre o nome e a escrita

    ainda global.

    EXEMPLOS:

    castelo HNMA; AESEDR; IFALAIELN; ESDQLAHC

    Hiptese silbica Nesta hiptese observa-sea tentativa da criana de

    dar um valor sonoro a cada uma das letras que compem uma escrita; cada

    letra vale por uma slaba.

    EXEMPLOS:

    esqueleto IQEO; ICQLO; IPEO

    fantasma - FAM

    Hiptese silbico-alfabtica Nesta hiptese de escrita a criana

    comea a abandonar a hiptese silbica e descobre a necessidade de fazer

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    uma anlise que v alm da slaba. A hiptese silbica entra em contradio

    com o valor sonoro atribudo s letras. H uma manifestao alternante do

    valor silbico ou fontico para as diferentes letras.

    EXEMPLOS:

    castelo CASTLO; CATLU

    esqueleto - ISQLETO; ISQLEO

    Hiptese alfabtica Ao chegar a esse nvel, a criana j

    compreendeu que cada um dos caracteres da escrita corresponde a valores

    sonoros menores que a slaba, realizando uma anlise sonora dos fonemasdas palavras que vai escrever. A partir desse momento a criana se defrontar

    com as dificuldades prprias da ortografia, mas no ter problemas com a

    escrita, no sentido estrito.

    EXEMPLOS:

    castelo CASTELU

    fantasma FTASMAesqueleto ESCELETO; ISQELETO

    monstro MONSTRU

    A partir de um uso inadequado das idias de Emlia Ferreiro, a

    alfabetizao passou a ser encarada como um processo em que a criana

    descobre tudo sozinha. O professor tornou-se um observador das descobertas

    dos alunos, afastando-se um pouco de seu papel de educador.As mudanas propostas para a alfabetizao enfraqueceram o ensino

    da relao som-letra, apostando que com o tempo, com a prtica de leitura os

    alunos descobririam as convenes da escrita. A famosa frase Escreve do teu

    jeito passou a ser o slogan da alfabetizao. No entanto, existem momentos

    em que os alunos precisam de respostas para suas dvidas. Nesses

    momentos o professor deve assumir seu papel de educador e mostrar aos

    1Os exemplos usados fazem parte dos dados coletados para a tese de doutorado da autora.

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    alunos as regras existentes no cdigo escrito, pois existem convenes que

    devem ser ensinadas.

    PARA PENSAR:

    slogan da alfabetizao

    Escreve do teu jeito

    Sempre ???

    O abandono do trabalho com as relaes entre os sons e a grafia das

    palavras faz com que o professor no utilize as capacidades da criana de

    refletir sobre os sons da fala. Dessa forma, perde-se a oportunidade de usar

    das habilidades das crianas para auxilia-las na aquisio da escrita.

    Ento, qual a sada? Como saber qual das propostas de alfabetizao

    a mais eficiente? Qual a proposta que proporciona maior sucesso?... So

    essas algumas das questes que podem surgir aos professores, angustiados epreocupados em descobrir a melhor forma de proporcionar aos seus alunos a

    descoberta do mundo da escrita. O que temos que pensar que, como afirma

    Cagliari (1998, p.34) nenhum mtodo educacional garante bons resultados

    sempre e em qualquer lugar; isso s se obtm com a competncia do

    professor. O mtodo (enquanto ao especfica do meio) pode ajudar ou frear,

    facilitar ou dificultar, porm no criar aprendizagens. (Ferreiro e Teberosky,

    1991, p.29).Parece, ento, sensata a busca do equilbrio entre o ensino da relao

    fonema/grafema e os momentos de descobertas dos alfabetizandos. Deve-se

    respeitar o caminho dos alunos no desenvolvimento de suas hipteses sobre a

    escrita e possibilitar o trabalho com textos e momentos de ensino sobre a

    escrita. importante a existncia de um equilbrio entre o tradicional e o atual,

    focalizando sempre o objeto da aquisio da escrita: A LINGUAGEM.

    Atualmente parece que atravs da experincia e competncia como

    alfabetizadores, os professores tm cada vez mais se dedicado seriamente ao

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    prprio objeto de estudo e ensino: a linguagem. Essa dedicao est

    resgatando a importncia do ensino do alfabeto, das relaes entre as letras e

    os sons, os diferentes sistemas de escrita e a ortografia, visando prtica de

    verdadeiramente alfabetizar (Cagliari, 1998). Na busca desse resgate do

    estudo da linguagem, entra em jogo o importante trabalho com os sons da

    fala, com as habilidades em conscincia fonolgica.

    ATENO: No se pretende aqui defender nenhum mtodo de

    alfabetizao, mas apontar para a importncia do trabalho com a

    linguagem, com as capacidades metafonolgicas das crianas.

    necessrio que o professor alfabetizador use no mtodos prontos, masbom-senso para saber o que pode auxili-lo no ensino da lecto-escrita.

    O trabalho com os sons em sala de aula

    Estudos sobre conscincia fonolgica e aquisio da escrita evidenciam

    a importncia de trabalhar com o som em sala de aula, utilizar as capacidadesdas crianas quanto fala, lev-las a pensar sobre os sons das palavras e a

    correspondncia com a escrita.

    A leitura e a escrita iniciais pressupem a descoberta da relao grafo-

    fonolgica (grafemas/fonemas), baseada em um esforo da criana para

    realizar a converso letras sons / sons - letras. Para tanto, a criana deve

    reconhecer a relao som-letra, ser capaz de analisar, refletir, sintetizar as

    unidades fonmicas que compem as palavras faladas (Tunmer, Pratt,Herriman, 1984). necessrio estabelecer uma ligao entre os sons da fala e

    os grafemas da escrita, alcanada atravs da reflexo consciente (conscincia

    fonolgica).

    Uma vez que a conscincia fonolgica parece ser um componente

    essencial para o incio da alfabetizao, para a descoberta das relaes grafo-

    fonolgicas, pode-se sugerir que essa conscincia seja trabalhada em sala de

    aula desde antes do incio da alfabetizao, chamando a ateno da criana

    para os sons das palavras. Esse trabalho pode ser realizado em momentos de

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    brincadeiras em sala de aula, de leitura de livros infantis, de atividades que

    envolvam msica, textos, poesias, proporcionando a reflexo sobre os sons e a

    manipulao dessas unidades.

    Utilizando-se da conscincia da criana com relao aos sons pode-se

    fazer com que ela reflita sobre a leitura e escrita, julgue as palavras que leu ou

    escreveu, pense nos sons das palavras e nas letras que os representam

    (Freitas, 2002).

    Sugere-se o trabalho com os sons em sala de aula no como um

    mtodo, mas como um auxlio para a aquisio da escrita. Atravs de

    atividades que acessem a conscincia fonolgica, as crianas podero

    demonstrar suas habilidades em manipular os sons, sendo incentivadas arefletir sobre os sons das palavras e a correspondncia com o registro escrito.

    Os professores podem se valer de jogos, brincadeiras e exerccios que

    envolvam as habilidades da criana de identificar, comparar, e manipular os

    sons. Essas atividades devem ser oferecidas como suplemento que

    proporcione criana a prtica de brincar com os sons e incentive o

    desenvolvimento do conhecimento sobre os sons da fala e sua relao com a

    representao escrita. O professor deve valer-se do contraste entre a fala e aescrita para organizar atividades que envolvam os dois cdigos (Tasca, 2002).

    O estabelecimento da relao entre a fala e a escrita, quando bem

    conduzido, pode contribuir para o bom desempenho das crianas em

    atividades de leitura e escrita. Conforme afirma Morais (1996), os programas

    que exercitam habilidades de anlise fonmica e correspondncias entre as

    letras e os sons permitem progresso significativamente mais importantes em

    leitura e escrita do que aqueles que s exercitam uma dessas competncias. Oacompanhamento da evoluo da escrita das crianas, juntamente com a

    abordagem das habilidades metafonolgicas trazem contribuio para a

    aquisio da escrita.

    Acredita-se na estimulao do trabalho com os sons e sua relao com

    a escrita no como um retorno a mtodos ultrapassados, mas como apoio para

    um caminho construtivo de aquisio da escrita. As habilidades

    metafonolgicas devem ser estimuladas atravs de jogos e brincadeiras no

    como um treinamento, mas como uma estimulao com carter preventivo.

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    Esse trabalho pode ser mais uma ferramenta para instrumentalizar educadores

    e terapeutas no trabalho com crianas em processo de aquisio da escrita.

    Como nos diz Scliar-Cabral (2003), nos primeiros anos de escola que se

    decide fundamentalmente quem ser um bom leitor ou redator(p. 20). Sendo

    assim, parece imprescindvel que se dedique cada vez mais ateno

    aquisio da escrita, buscando estratgias que aprimorem essa aquisio.

    CONFIAS

    Apresenta-se aqui um teste elaborado para o portugus por um grupo de

    psicopedagogas, lingistas, fonoaudilogas e psicloga, que permite aobservao do desempenho de crianas em tarefas que envolvam a

    conscincia fonolgica. Esse instrumento pode servir para educadores e

    terapeutas que pretendam acompanhar o desenvolvimento das crianas em

    habilidades metafonolgicas e a relao desse desenvolvimento com a

    aquisio da escrita.

    TTULO: CONFIAS Conscincia fonolgica: instrumento de avaliao

    seqencialAUTORAS: Snia Moojen (org.); Gabriela C. Menezes de Freitas; Maity

    Siqueira; Rosangela Marostega Santos; Raquel Brodacz; Elizabet Guarda;

    Adriana Costa.

    Editora: Casa do Psiclogo / So Paulo Ano:2003.

    ESTRUTURA DO CONFIAS

    Nvel da slaba Nvel do fonema

    S1 SnteseS2 Segmentao

    S3 Identificao de slaba inicial

    S4 Identificao de rima

    S5 Produo de palavra com a slaba

    dada

    S6 Identificao de slaba medial

    S7 Produo de rima

    S8 Excluso

    F1 Produo de palavra que inicia com osom dado

    F2 Identificao de fonema inicial

    F3 Identificao de fonema final

    F4 Excluso

    F5 Sntese

    F6 Segmentao

    F7 Transposio

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    S9 Transposio

    Sugestes de atividades

    As atividades que envolvem a conscincia fonolgica devem ser ldicas,

    tendo como objetivo no um ensino ou um treinamento, mas a pretenso de

    desenvolver as habilidades em conscincia fonolgica a partir de brincadeiras

    muitas vezes corriqueiras em sala de aula, incentivando a criana a participar

    ativamente das atividades e a construir suas prprias hipteses. Essas

    atividades proporcionam o desenvolvimento das habilidades das crianas em

    lidar com os sons e preparam para futuras tarefas que relacionem as unidades

    sonoras aos grafemas.

    ATIVIDADES ORAIS:

    Slabas

    - Bater palmas correspondentes aos nmeros de slabas de palavras e

    frases.

    - Cantar uma msica batendo palmas para cada uma das slabas.

    - Recitar um poema marcando com os ps as slabas.

    - Dizer palavras que comecem ou terminem com determinada slaba.

    - Fazer perguntas que exijam reflexo sobre as slabas:

    Quantos pedaos tem a palavra bola?

    Qual palavra vai ficar se eu tirar o co de casaco?

    E se eu tirar o sa de sapato?

    Qual o pedao do meio da palavra castelo?

    - Cantar uma msica excluindo determinadas slabas.O sapo no __va o p

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    No __va porque no quer

    Ele mora __ na __goa

    No __va o p porque no quer

    Mas que chul!

    - Brincar com a lngua do p:

    ca pa sa pa (casa)

    pe ca pe sa (casa).

    - Tirar uma slaba e desenhar o que sobrou:

    bolacha soldado

    Rimas e aliteraes:

    - Ler um poema em voz alta para os alunos e perguntar quais as palavras

    que rimam.

    Corre cutia

    na casa da tia

    corre cip

    na casa da vlencinho na mo

    caiu no cho

    moa(o) bonita(o)

    do meu corao

    - Dizer palavras que rimem com o prprio nome.

    Ex.: Gabriela panela.

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    - A partir de figuras, agrupar as palavras que rimam.

    Ex.:

    rato avio gato

    - Completar as rimas

    Fui na horta apanhar couvemarimbondo me mordeu

    Fui dar parte polcia

    A polcia me ______________

    Um, dois, feijo com _________

    Trs, quatro, feijo no __________

    Cinco, seis, feijo ___________

    Sete, oito, feijo com ___________

    Nove, dez, comer ____________

    A casinha da vov

    Tranadinha de cip

    O caf ta demorando

    Com certeza no tem ________

    - Descobrir

    O que Marieta guarda dentro da gaveta?

    ( ) uma revista em quadrinhos

    ( ) a sua primeira chupeta

    ( ) um cachorrinho pequeno

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    O que Dona Conceio tem embaixo do colcho?

    ( ) um colar de contas

    ( ) um livro de estimao

    ( ) um sapato furado

    - Cantar uma msica e propor desafios.

    Exemplo: No podemos falar as palavras que terminem com o.

    - A partir de figuras, dizer palavras que comecem com os mesmos sons.

    - Identificar, em um grupo de figuras, aquelas que comeam com os

    mesmos sons.

    d

    Fonemas

    - Fazer perguntas que exijam a reflexo sobre os fonemas:

    Quantos sons tem a palavra sala ? (segmentar os sons batendo palmas)

    Qual o ltimo som da palavra domin? ()

    Qual palavra resta se eu tirar o / l / de luva? (uva)

    - Dizer palavras que comecem com um determinado som.

    Ex.: /s/ - sapo, sacola, sorvete, sopa, sino.

    - Brincar com parlendas, trocando determinados sons:

    - O rato roeu a roupa do rei de Roma.

    - O pato poeu a poupa do pei de poma.

    Um tigre, dois tigre, trs tigres.

    U figre, dois figres, frs figres

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    ATIVIDADES ESCRITAS

    - Colocar as slabas das palavras em ordem

    Exemplos:

    MA TAS FAN (fantasma)

    GOCEMOR (morcego)

    PIVAMRO (vampiro)

    - Pr um texto no flanelgrafo faltando slabas em algumas palavras. Os alunos

    recebem cartes com slabas e devem completar o texto do flanelgrafo.

    -Trocar slabas de uma palavra para escrever uma palavra nova.

    Exemplos: cabelo cavalo

    salada bolada.

    -Colorir as palavras que rimam

    A lua vem saindoredonda como um vintm

    se eu no casar com voc

    no caso com mais ningum.

    - Sublinhar as palavras que comeam com os mesmos sons (aliteraes)

    Chove chuva chuvisquinho

    Minha cala tem furinhoChove chuva chuvarada

    Minha cala est ____________

    - Reescrever poesia: trocar as palavras que rimam por outras retiradas de

    jornais e revistas.

    - Recortar de jornais e revistas palavras que comecem com o mesmo som em

    evidncia na poesia.

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    - Completar a poesia

    Quem quiser saber meu nome,

    D uma jolta no jardim.

    Que meu nome est escrito

    Numa folha de ____________

    Quem quiser saber meu nome,

    D uma volta no mercado.

    Que meu nome est escrito

    Na faixa do ___________.

    Quem quiser saber meu nome,

    D uma olhada no quartel.

    Que meu nome est escrito

    No chapu do ___________.

    -Aps a leitura de um texto, a professora a instrutora para que ele sejacolorido:

    Colorir de vermelho todas as palavras que comecem com o som /v/.

    Colorir de verde todas as palavras que comecem com o som /s/.

    -Corrigir um texto louco. Algumas letras esto colocadas na posio errada.

    Exemplo: O braco set vazio. (O barco est vazio)

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