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Artista-etc

Em 2004, Ricardo Basbaum lanou um texto, chamado AMO OS ARTISTAS-ETC. O texto foi publicado originalmente em ingls, como parte do projeto The next Documenta, organizado por Jens Hoffmann onde 31 artistas foram convidados a escrever sobre as prticas artsticas/curatoriais. Em 2014 ele lanou o livro Manual do artista-ETC

Bausbaum percebeu que a ideia do artista-etc um cruzamento entre etecteras que ele viu ir e voltar, : E eu digo que esse artista-etc minha cano que toca no rdio, na medida em que esse pequeno texto circula e esse termo vai avanando, fala um pouco desse lugar do refro, doritornello, do feedback tambm... carbono.Como um ritornelo, conceito criado por Deleuze e Guatarri em Mil Plats, 1977 e que diz respeito ao ponto comum ligado ao problema de territrio e desterritorializao. Um ritornelo sempre est em contato com outros ritornelos. O artista etc um agenciamento territorial em direo a outros agenciamentos em linhas de fuga. O territrio que deixa para trs (sempre retorna) o artista-artista, artista intelectual ou artista funcionrio da galeria. As linhas de fuga se expandem em componentes de passagem: o artista-etc produz sua obra mas tambm se cria como artista em diversos interagenciamentos: artista-curador, artista-professor, artista- ativista, artista- crtico, etc...O hfen do artista-etc, para Basbaum, tambm um sinal negativo na medida que h uma desterritorializao da potncia artstica pela profissionalizao que estes agenciamentos engendram.

Claro, so debates que existem, correntes a partir do final do sculo XX, pelo menos, em que se pensa que, de fato, a obra de arte no resultado apenas desse esforo de um sujeito artista, mas resultado de toda uma srie de imediaes, de um campo, o curador, o crtico, o historiador, o pblico, o galerista, o comprador, a coleo; o que o artista se prope a colocar no seu poema vai sendo modulado nessas diversas instncias de recepo. Enfim, tambm eu posso pensar em uma visita, por exemplo Bienal de So Paulo, essa visita comea assim que eu acordo e abro as pginas dos jornais e vejo um anncio da exposio e que ligo a televiso que tem um anncio de 30 segundos, que eu saio na rua e tem um outdoor, ento eu j estou na bienal e no estou. E quando eu chego, finalmente, dentro daquele edifcio, naquele trabalho que eu quero ver, eu posso j estar cansado, de tantas imediaes e no ver nada. (carbono)

Ento, o artista-etc seria esse artista como curador, como crtico, como agenciador, artista que traz para si diversas instncias de construo dessa imediao, sempre em movimento circular, ora mais ligado a uma instncia que outras, sempre territorializando, desterritorializando e reterritorializando. Esse artista agenciador sujeito e objeto do seu trabalho, assim como seu trabalho sujeito e objeto do artista. Est se apropriando de articulaes e ao mesmo suscitando outras articulaes em outros artistas, oxigenando, contaminando, estimulando e produzindo novas subjetivaes. O campo de criao no mais limitado pelo espao mais sim pelos deslocamentos. O artista-etc um agenciamento rizomtico daquilo que Deleuze, em O que filosofia, chama de esttica nietzschiana, uma tica-esttica que nasce de uma recusa daquilo que representava a sociedade disciplinar (fuc) na forma do artista funcionrio obediente e passivo e atinge territrios muito mais voltados para o criativo, no como prtica isolada, mas como estilo de vida, como ato poltico de expandir a subjetividade e provocar novas formas de subjetivao. A potncia da arte inveno. A vontade de potncia do artista-etc seria a re-inveno de si, da vida como arte. A tica do improviso. Massimo Canevacci, antroplogo, professor de antropologia da arte e cultura, entende que no contexto da cultura digital, cada um pode elaborar sua prpria narrativa. Neste contexto, Canevacci confronta uma crtica de Marx na qual afirma que nenhuma pessoa deveria fazer o mesmo trabalho toda vida, devido estrutura da diviso social do trabalho. Hoje, os poderes se do entre quem representa e representado. A auto-representao facilitada pelos meios tecnolgicos e modula o sujeito conectivo que se comunica com pessoas moduladas por diversos e flutuantes contextos. Portanto, nessa metr'pole comunicacional, cada pessoa configura um outro construdo nas diferenas.

Se, no passado, prevalecia o conceito de homologao, no qual todo mundo seguia um padro determinado pela estrutura econmica e poltica, atualmente o grande desafio da comunicao e da etnografia penetrar em cada uma dessas diferenas diferenas que configuram tipos especficos de alteridade e, juntas, formam um patchwork, uma dimenso sincrtica glocal que varia no espao e no tempo.

Na cultura industrial, produzia-se uma identidade sempre idntica a si mesma, que agora no funciona mais. Na cultura digital, as identidades no so fixas, mas flutuantes. O conceito de multivduo modifica o conceito clssico de indivduo palavra de origem latina que, por sua vez, traduz a palavra grega atomom, cujo significado indivisvel. O multivduo um sujeito divisvel, plural, fluido. Ubquo. Um mesmo sujeito pode ter uma multiplicidade de identidades, de "eus", e assim multividuar a sua subjetividade.O artista-etc um agenciamento flutuante em estupor metodolgico, que Canevacci descreve como uma forma inovadora de posicionar o corpo e a mente numa dimenso porosa para encontrar o desconhecido em pesquisa etnogrfica. Para tal precisa se colocar numa dimenso reflexiva, reflete sobre si mesmo na medida em que analisa e analisado o sujeito-objeto. Mas afinal, o que deseja o artista-etc?(texto vivencias)Em outro texto, Basbaum nos fala da experincia do trabalho do artista no contexto do curcuito de arte:

Aos poucos, todos aqueles que se aventuram em intervir nesse campo recebem os mais variadosfeedbacks que permitem avaliar a medida e o sentido de sua presena como personagem do 'mundo das artes'. Ser artista - ou funcionar como tal, se quisermos no conseqncia apenas de vontade e perseverana, mas de uma sutil negociao com vistas insero num campo de debates e jogo cultural, ou numa certa comunidade. H sempre em jogo a construo de uma alteridade, a ansiedade de produo de sentido, a mobilizao do olhar do outro: o artista parece ser aquele que inventa cuidadosamente um centro de atrao frente ao qual as coisas so reveladas em suas estruturas de formao e intensidades: se consideramos o campo da arte algo 'importante' justamente porque a se constri um debate imprescindvel para a continuidade e atualizao da vida.

Conectividade uma mensagemNo livro de Tatiana Bazicheli, Derrick de Kerckhove escreve o prefcio e afirma que hoje, somos consumidores de informao e tambm produtores e nossa produtividade vem da dinmica da rede. Hoje, trabalhamos nas horas de folga, graas aos sistemas de tagging e socialbookmarking. Plataformas profissionais ou amadoras, criam comunidades com base em interesses comuns.

Un esempio concreto di come lutente diveng nelle quali possibi- le far interagire diversi media, qualcosa che io spiego richiaman- domi al concetto di ipertinenza. Un neologismo che ho ideato per descrivere la progressiva precisione nel rapporto tra la doman- da e lofferta di contenuti in internet e fra la domanda di infor- mazioni e il contesto informativo che viene creato in rete. Un esem- pio di ipertinenza la storia del raffinamento particolare dei moto- ri di ricerca e dellaccedere alle informazioni in rete, per cui si pas- sa da Yahoo a Google e da Google a Del.icio.us. Attraverso piatta- forme di social networking come Del.icio.us si passa da rapporti di collaborazione pi o meno anonima sulla rete, alla formazio- ne di unintelligenza connettiva diffusa che coinvolge al suo inter-

12no diversi individui con i loro interessi specifici. Qui, si d gra- tuitamente accesso a una home page personale da cui partono i diversi tags, che permettono di organizzare gli elementi digitali di proprio interesse come foto, testo, video, sotto un indice spe- cifico, una parola chiave che pu essere condivisa anche con altre persone. Allo stesso tempo tali indici diventano accessibili per chiun- que si colleghi alla piattaforma e abbia intenzione di scambiare informazioni con un contenuto simile alle nostre. Levoluzione della rete dimostra che si stanno progressivamente creando situa- zioni in cui la creazione e la produzione di conoscenza sempre pi pertinente e laccesso alle informazioni diviene un bene comu- ne, un processo che investe direttamente la persona, lutente sin- golo e che si raffina periodicamente in vista di una maggiore rispon- denza alle sue preferenze personali.La caratteristica principale di internet oggi il packet switching, attraverso cui, tutti i processi che avvengono sulla rete e che appa- iono frammentati in forma di piccoli pacchetti informativi, ven- gono condivisi e combinati insieme. Grazie al tagging possibi- le rendere accessibili i propri contenuti a una comunit mondia- le di individui senza creare una gerarchia fra questi e fra i percor- si di accesso. Le informazioni condivise, i messaggi scambiati, le preferenze personali indicizzate in rete attraverso il sistema di tags associati, permettono di sviluppare una profonda dimensione socia- le del networking e di giungere a un livello di grande maturazio- ne della rete. In Del.icio.us chiunque pu partecipare senza restri- zioni, liberamente e gratuitamente. Si pu inserire il proprio mate- riale, sia immagini fotografiche e sia testi scritti, e associarvi dei particolari tags, parole chiave che sono interpretate come colle- gamenti. Tale parola chiave inizia a circolare allinterno della comu- nit e poi nella rete pi vasta e pu attirare persone con interes- si simili, che accedono alla piattaforma di networking e scambia- no informazioni e documenti. Si generano cos gruppi di inte- ressi tematici che sono levoluzione connettiva dei blog, la prima forma di personalizzazione della rete ed esempio concreto del net- work della partecipazione, se associato ad altri blog di amici e cono- scenti con argomenti correlati.Un semplice esempio per chiarire come funzionano i sistemi di socializzazione in rete Flickr: se si invitati a un matrimo- nio e si fanno delle foto, il sito d la possibilit di pubblicarle on-13line e descriverle riportando il nome delle persone invitate. Se non si conosce il nome di qualcuno e su Flickr collegata unaltra per- sona che conosce i personaggi fotografati, questultima pu aggiun- gere i nomi dimenticati. Questo per dire che attraverso queste piat- taforme di networking si pu dare vita a una rete di connessioni reticolari, come se si avessero a disposizione tanti Wikipedia per- sonalizzati in base alle proprie attivit.Rispetto a piattaforme come Wikipedia questa interconnessio- ne strategica utilizza un meccanismo simile, coerentemente con lidea della condivisione, ma inverso per le modalit di attuazio- ne. Wikipedia una enciclopedia libera in rete destinata allano- nimato e prodotta da persone anonime. Il tagging di piattaforme come Del.icio.us o Flickr, invece, permette di evidenziare la pre- senza dellutente in rete e offrire al pubblico una configurazione delle informazioni indicizzata in base ai propri interessi. In que- sto senso, il discorso dellanonimato si supera a favore di una mag- giore personalizzazione delle informazioni in rete. Ambedue i pro- getti, comunque, sono lesempio di una sistematizzazione delle forme di pensiero connettivo a partire dallintelligenza di alcuni che creano qualcosa di utile e accessibile per una comunit pi vasta.Attraverso strategie di inter-connessione per cui le persone han- no la possibilit di condividere le proprie informazioni in moda- lit sempre pi sofisticate, siamo di fronte alla messa in pratica di ci che tempo fa ho definito intelligenza connettiva, per cui le strategie di auto-organizzazione in rete si fanno centrali. In que- ste piattaforme non c un limite di contenuti e si pu condivi- derli con il mondo intero, attirando specificamente chi ha inte- ressi pertinenti con i nostri. Il tagging una forma di raffinamen- to del social networking e crea la possibilit di realizzare una coscien- za plurale diffusa. In queste forme di connettivit vedo il riemer- gere dellaura, vista come quellalone tattile e impercettibile allo stesso tempo, formato dalle connessioni informazionali di ciascu- no di noi, come i nostri legami affettivi, personali, amicali, orga- nizzati in un tuttuno espanso, una rete di relazioni che rappre- senta come noi ci rapportiamo al mondo e ci che abbiamo con- diviso finora.Dire che lartista si fa networker e crea occasioni di scambio fra persone che entrano a far parte del network concepito, signi-14fica anche aprire lidea di aura a tutte le connessioni possibili che in tale network possono verificarsi. Laura di una persona connes- sa in un sistema di reti informative, professionali e amicali, rap- presenta la comunicabilit di questa persona e linterconnessio- ne di tutti i suoi legami. Per esempio, il nostro computer, il nostro cellulare, contengono anche laura della nostra compresenza al mon- do, fatta dai messaggi che inviamo e che riceviamo, dallelenco dei nostri amici e conoscenti registrati in rubrica, dai file che abbia- mo archiviato, dalla configurazione del sistema che abbiamo crea- to, ecc. Tutto questo insieme di reti ci appartiene personalmen- te, ci rende parte di un insieme comune che si riunisce in un siste- ma iper-cognitivo nellinfosfera.Nel libro di Tatiana Bazzichelli, la connessione vista come una pratica artistica. Piattaforme di interazione, sistemi operativi libe- ri come GNU/Linux, progetti sperimentali indipendenti o comu- nitari e movimenti hacktivisti sono visti come opere darte. Il net- work stesso diventa unopera darte. Questa posizione mi trova particolarmente daccordo, soprattutto perch ritengo che un cri- terio di giudizio sulla validit artistica o meno di unopera sul web, sia il webness, come avevo proposto nella mia prima esperienza di giurato allArs Electronica Festival di Linz, nel 1995. Con web- ness intendo la qualit di connettivit dei progetti. Insieme agli altri quattro componenti della giuria, Joichi Ito, Franz Manola, Morgan Russell e Mitsuhiro Takemura, avevamo bisogno di un criterio per giudicare le opere nella nuova categoria presente nel Festival, che era stata chiamata appositamente con il nome di World Wide Web, per dare spazio alle opere darte realizzate in rete. Chie- dendoci come giudicare questa nuova forma di arte, se il WWW era il medium su cui avveniva il confronto, abbiamo deciso che la connessione fosse il messaggio3.Nel 1979, alla prima edizione del Festival di Ars Electronica di Linz, la cultura del digitale era una tematica allavanguardia. Oggi non siamo pi di fronte alle utopie, ma al tentativo di inter- pretare una fase economica e sociale in cui il progresso tecnolo- gico diventato la grammatica dellesistente. Da una parte vivia- mo una progressiva settorializzazione e specializzazione, come la3Lo statement della giuria per la categoria WWW si trova on-line sul sito di Ars Elec- tronica Festival, edizione 1995: .15tecnica del tagging ci dimostra, dallaltra stiamo sperimentando uninclusione allargata che coinvolge anche la gente comune che trova accesso a servizi venti anni fa inimmaginabili (dalla video conferenza alluso multimediale e multisensoriale del cellulare). Persone che diventano contenuto attivo nella produzione di infor- mazione connessa.Il pensiero e lattivit italiani relativi alla rete diventano cen- trali per spiegare questo meccanismo di evoluzione mediatica, che vede la presenza dellutente sempre pi attiva e ipertinente. Le espe- rienze raccontate in questo libro vedono un network di indivi- dui agire come unalternativa alla produzione standardizzata di cul- tura, informazione e arte. Sono persone che riversano direttamen- te il proprio essere e le proprie relazioni politiche, sociali, artisti- che e amicali nellutilizzo creativo dei media. Una rete che esiste ancora prima dellaffermarsi di internet, con luso alternativo del- le BBS e ancora prima con la mail art. Attraverso i progetti e le attivit qui descritte, possibile comprendere come la componen- te centrale del networking in Italia siano le reti di relazioni: anda- re a una conferenza, partecipare a un festival, parlare e condivi- dere progetti con altre persone, organizzare un incontro temati- co e ugualmente, ritrovarsi a parlare in un bar o un ristorante con persone di interessi comuni, diventano unoccasione creativa per produrre nuove progetti e attivit.LItalia un paese controllato dai media di comunicazione e in particolare dalla televisione: normale che per resistere a un medium collettivo, se ne crei uno connettivo, dando vita a una tradizione artistica di networking che investe tutto il territorio nazio- nale, e che ancora oggi in evoluzione. E nella creazione di tale connettivit diffusa, laccesso libero alla rete si fa unoccasione per sviluppare la propria comunicazione dal basso, plasmandola a secon- da dei propri bisogni. Bisogni che diventano pratiche artistiche sovversive atte a creare nuovi scenari di partecipazione libera e di visibilit per tutti.

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