Ensaio filosófico "A Origem"

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Escola Secundária 2,3 Professor Reynaldo dos Santos Filosofia Professora: Isabel Moura Duarte 1 Alexandra Santana Nº1 11ºD Até que ponto a realidade nÃo pode ser simplesmente um sonho? Eu, por vezes, penso que tudo o que estou a viver pode não passar de um sonho. Será isto possível? É esse problema que vou desenvolver ao longo deste ensaio, no qual mostro quanto um sonho pode ser tão intenso de forma a não saber se aquilo é real ou se estou apenas a sonhar, ou seja, por vezes é difícil distinguir a realidade de um sonho. O objectivo deste ensaio é tentar ajudar a perceber como pode ser isto possível, a partir da análise do filme “A Origem”. Este filme é um excelente exemplo de como esta indistinção entre um sonho e a realidade por vezes pode acontecer. Para além de utilizarmos o exemplo desta longa-metragem, iremos abordar a teoria filosófica de Descartes que se adequa a esta dúvida, dado que dois dos níveis de aplicação da dúvida do filosofo são a indistinção da realidade e do sonho e o argumento do deus enganador. O filme “A Origem” mostra como pode ser difícil distinguir um sonho da realidade. As personagens do filme recorrem à utilização de um totem para saberem se estão a viver aquele momento ou simplesmente a sonhar com ele. Existem dois momentos no filme que me levam a dar crédito à hipótese intelectual de que tudo o que vivo não passa de um sonho. O primeiro momento ocorre quando o protagonista “Cobb” (Leornado Di Caprio) diz para a arquitecta dos seus sonhos que quando estamos num sonho não sabemos como chegamos a um local ou como é que estamos a viver aquela situação. Esta afirmação levou-me a pensar no momento mais óbvio das nossas vidas, o nosso nascimento. Nenhum ser humano se lembra do seu nascimento, onde nascemos, como nascemos. Apenas sabemos esses dados a partir dos nossos progenitores que nos

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Escola Secundária 2,3 Professor Reynaldo dos Santos

Filosofia

Professora: Isabel Moura Duarte

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Alexandra Santana Nº1 11ºD

Até que ponto a realidade nÃo pode ser

simplesmente um sonho?

Eu, por vezes, penso que tudo o que estou a viver pode não passar de um

sonho. Será isto possível? É esse problema que vou desenvolver ao longo deste

ensaio, no qual mostro quanto um sonho pode ser tão intenso de forma a não

saber se aquilo é real ou se estou apenas a sonhar, ou seja, por vezes é difícil

distinguir a realidade de um sonho.

O objectivo deste ensaio é tentar ajudar a perceber como pode ser isto

possível, a partir da análise do filme “A Origem”. Este filme é um excelente

exemplo de como esta indistinção entre um sonho e a realidade por vezes pode

acontecer. Para além de utilizarmos o exemplo desta longa-metragem, iremos

abordar a teoria filosófica de Descartes que se adequa a esta dúvida, dado que

dois dos níveis de aplicação da dúvida do filosofo são a indistinção da realidade e

do sonho e o argumento do deus enganador.

O filme “A Origem” mostra como pode ser difícil distinguir um sonho da

realidade. As personagens do filme recorrem à utilização de um totem para

saberem se estão a viver aquele momento ou simplesmente a sonhar com ele.

Existem dois momentos no filme que me levam a dar crédito à hipótese

intelectual de que tudo o que vivo não passa de um sonho. O primeiro momento

ocorre quando o protagonista “Cobb” (Leornado Di Caprio) diz para a arquitecta

dos seus sonhos que quando estamos num sonho não sabemos como chegamos a

um local ou como é que estamos a viver aquela situação. Esta afirmação levou-me

a pensar no momento mais óbvio das nossas vidas, o nosso nascimento. Nenhum

ser humano se lembra do seu nascimento, onde nascemos, como nascemos.

Apenas sabemos esses dados a partir dos nossos progenitores que nos

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transmitem essas informações. Tudo bem que a justificação para este facto é o de

sermos recém nascidos.

A segunda foi já no fim do filme quando “Cobb” coloca o seu totem a girar e este

não pára, colocando-nos na dúvida se o seu regresso a casa é mesmo real.

A partir deste filme, posso ver que a teoria de Descartes é bem aplicada e pode

ser considerada para podermos dar respostas a este problema. Em primeiro lugar,

iremos falar dos níveis de aplicação da dúvida. Para dar uma solução as nossas

respostas, apenas vou me concentrar no segundo e terceiro nível de aplicação da

dúvida. O segundo nível de aplicação de dúvida diz-nos que é impossível

distinguir a realidade de um sonho, pois existem sonhos tão intensos, que nos

fazem pensar que estamos mesmo a viver aquele momento. Descartes afirma que

se não conseguimos distinguir o sonho da realidade algumas vezes, então

devemos supor que nunca poderemos fazê-lo (dúvida hiperbólica). O terceiro

nível de aplicação da dúvida mostra um ponto que eu já abordei. A hipótese

cartesiana do deus enganador implica que o nosso entendimento esteja invertido

(virado do avesso), ou seja, tomamos por verdadeiro o que é falso. Utilizando o

filme “A Origem” como exemplo para este terceiro nível de aplicação da dúvida, é

fácil de perceber que o objectivo deste grupo de pessoas (deus enganador) era

implantar uma ideia (falsa) na mente de outra pessoa.

Por isso me pergunto, como é que eu sei que toda a minha vida não passa de

um sonho? Como sei que todos os momentos por que passei na minha vida não

passaram de momentos criados pelo meu subconsciente? Se tivesse um totem,

será que ele nunca pararia de girar? O filme “A Origem” e a teoria de Descartes

leva-me a colocar em causa tudo o que já vivi.