Ensino de Música

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Abril 2010Boletim dos Professores 18

Primeiro, o reforço do número de alunos nos anos

iniciais de formação - designadamente no 1.º ciclo

do ensino básico, no caso das Iniciações, e nos 2.º

e 3.º ciclo, no caso do Curso Básico de Música –,

que aumenta a possibilidade de encontrar e de

potenciar o talento de muitas crianças e jovens.

Segundo, o crescimento do número de alunos

a frequentar o ensino especializado da Música

nos regimes integrado e, sobretudo, articulado,

que reforça a hipótese de prosseguimento

de estudos a nível secundário.

O ensino especializado da Música tem vivido

um período de mudança e de expansão,

com um impacto significativo no número

de alunos nos anos iniciais de formação,

mas também e sobretudo, nos regimes

integrado e articulado.

A missão e os aspectos organizativos do ensino

especializado da Música foram objecto

de aprofundada reflexão no Estudo de Avaliação

do Ensino Artístico, apresentado em 2007, que

possibilitou conhecer, com maior clareza, a sua

realidade, os problemas com que se debatia

e apontar caminhos.

Ao espaço de reflexão e de debate, sucedeu

um conjunto de reformas que permitem, hoje,

dar conta de uma série de progressos muito

significativos.

A aposta nos regimes integrado e articulado

foi essencial para criar condições para

o aumento da frequência deste ensino,

constituindo-se como condição fundamental

para o crescimento do número de jovens

com formação de base sólida e interesse Até à consagração desta aposta, predominava

em prosseguir estudos de Música ao nível o regime de frequência supletivo, no qual

do ensino secundário. as soluções adoptadas remetiam para contextos

O alargamento das oportunidades de acesso de frequência em que a componente especializada

ao ensino especializado da Música teve um dos currículos surgia como um acréscimo de horas

impacto muito significativo. de estudo, insuficientemente articulada do ponto

O número de alunos registou um crescimento de vista curricular, e pouco coordenada ao nível

de cerca de 70%, passando de 17 282 estudantes, pedagógico e da organização de horários.

no ano lectivo 2007/2008, para 29 645, O regime integrado – correspondendo à frequência

no presente ano lectivo. de todo o currículo na mesma escola – era

Esta subida, que corresponde a um acréscimo praticamente residual, sendo minoritária

de 94% nas Iniciações e de 78% no ensino básico a frequência em regime articulado, que prevê

em regime articulado e integrado, reflecte duas a coordenação entre as duas escolas responsáveis

realidades igualmente relevantes. pelo conjunto do currículo.

Mais alunos no ensino especializado da Música

02

“A aposta

nos regimes

integrado

e articulado

foi essencial

para criar

condições para

o aumento

da frequência

do ensino

da Música”

Evolução da distribuição dos alunos por níveis

de ensino ao longo dos três últimos anos lectivos

Secundário215028121852

Básico10 17413 97718 139

Iniciações

495889879654

Ano lectivo de 2006/07

Ano lectivo de 2008/09

Ano lectivo de 2009/10

REFORMA

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Março 2010 Boletim dos Professores 18

Correspondendo a uma duplicação, para 50

milhões de euros, do investimento canalizado para

esta via de ensino, a expansão registada beneficiou

com a introdução do mecanismo de financiamento

por custo/aluno às escolas do ensino particular

e cooperativo, no âmbito do ensino especializado

da Música, permitindo tornar mais eficazes

e transparentes as regras aplicadas a esta rede. Mas estas alterações não surgem isoladas.

No plano curricular, constituiu um passo decisivo O projecto Orquestra Geração, que reúne a

a entrada em vigor do novo plano de estudos parceria de autarquias, associações comunitárias

para os Cursos Básicos de Música, que concretizou e empresas, entre outras entidades, e envolveu

a aplicação de um conjunto de princípios no seu arranque o Agrupamento de Escolas

de importância decisiva para promover o acesso Miguel Torga, na Amadora, e a Escola Básica

e valorizar a qualidade das aprendizagens. de Vialonga, em Vila Franca de Xira, representa

Destacamos a adopção de um tronco curricular outro importante passo na valorização do ensino

comum a todos os regimes de frequência, da Música no nosso país.

a integração e a racionalização num mesmo Abrangendo já mais de 500 crianças e jovens

currículo das componentes de formação geral em situação de maior vulnerabilidade educativa

e da formação vocacional, com a valorização e social, este projecto utiliza o ensino da Música

desta última, e a atribuição de maiores margens de como estratégia de apoio à sua integração.

autonomia às escolas ao nível da gestão curricular. Inspirado em projectos postos em prática noutros

Ao mesmo tempo, o reconhecimento da países, nomeadamente na Venezuela, o projecto

experiência e das competências dos docentes Orquestra Geração tem suscitado entusiasmo

do ensino especializado da Música com pelo junto da comunidade escolar mas, também, das

menos dez anos de experiência, dispensando-os instituições que trabalham na área da inclusão

da realização da profissionalização em serviço, social. A aposta que continuará a ser feita no seu

bem como a criação de condições para a sua desenvolvimento contribuirá, seguramente, para

integração nos quadros de escola entretanto que a Música faça parte da formação de cada vez

criados, constituíram passos fundamentais mais crianças e jovens.

para valorizar o seu trabalho e dar condições Todas estas mudanças, de grande alcance,

de estabilidade motivadoras da melhoria contribuíram para transformar, de forma muito

dos desempenhos individuais. significativa, esta área do ensino e para criar

A introdução de um quadro regulador uma dinâmica que permite dar a Portugal uma

da contratação de professores para as disciplinas renovada ambição neste domínio.

de formação artística do ensino especializado

da Música constitui outro importante passo Paulo FelicianoVice-presidente da Agência Nacional para a Qualificaçãoneste âmbito.

03

16 000

14 000

12 000

10 000

8 000

6 000

4 000

2 000

02006/07 2008/09 2009/10

Evolução do n. º de alunos no ensino especializado da Música ao longo dos últimos três anos, segundo o regime de frequência

Iniciações

Articulado/Integrado

Supletivo

corresponde ao aumento do número de alunos

em 2007/2008

70%

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Rui Vieira Nery fala da importância

da aprendizagem da Música para o

desenvolvimento de diversas competências,

apresentando o projecto Orquestra Geração

enquanto oportunidade de aprendizagem

musical e de integração escolar. forma mais ampla, da cidadania implicam

o desenvolvimento da criatividade, que é

Qual a importância da aprendizagem estimulado pela vivência musical.

da Música desde idades precoces?

A Música tem um papel importantíssimo Também contribui para desenvolver

no crescimento integral das crianças, não só a capacidade de trabalhar em grupo?

pelo prazer que a experiência musical pode Muito embora tenha uma componente individual

proporcionar, mas também pelo potencial para que não pode ser subestimada - porque

estimular capacidades que ultrapassam essa a qualidade do conjunto depende da soma das

dimensão da fruição. O ensino da Música qualidades dos seus membros - , a aprendizagem

em idades precoces facilita a aprendizagem da Música tem uma dimensão de partilha que

de estruturas de linguagem mais complexas, é essencial. Quando se faz Música em conjunto,

o desenvolvimento de um raciocínio matemático dependemos uns dos outros, o que cria um

mais fluente e, ainda, a sensibilização a outras sentimento de responsabilidade colectiva

formas de expressão artística e cultural. com consequências significativas na construção

da cidadania.

Em que medida o ensino da Música é

fundamental para desenvolver competências Como deve realizar-se a aprendizagem

essenciais a um cidadão do século XXI? da Música?

Estive num congresso em Hamburgo sobre É preciso distinguir entre duas vertentes

educação cultural, em que ouvi o presidente da formação musical: a vertente da experiência

de uma grande empresa alemã dizer que o musical para todos, que permite a todas

ensino não deveria ser centrado nas tecnologias, as crianças o contacto com a Música,

uma vez que, por um lado, essa aprendizagem independentemente de nem todas virem a ser

pode ser realizada nas empresas e, por outro, músicos profissionais no futuro, e a componente

porque as tecnologias estão sempre a mudar, de formação vocacional para os alunos que se

fazendo com que aquilo que se ensina esteja sentem mais atraídos por esta área. É importante

constantemente a ser ultrapassado. Em vez disso, que a fronteira entre estes terrenos seja flexível

recomendava que se ensinasse as crianças e que permita ziguezagues: não é obrigatório

a pensar, a identificar problemas e a inventar que uma criança que começou a estudar piano

soluções novas para esses problemas. Os venha a ser pianista, a dada altura pode achar

desafios do mercado de trabalho e, de uma que prefere ser engenheira bioquímica.

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Como pode organizar-se a escola para

assegurar formação musical a todos?

É possível pensar em generalizar a Orquestra

Geração a nível nacional?

Na formação de um professor generalista há uma O Ministério da Educação criou um grupo

componente musical, mas, no caso de este não de trabalho para desenvolver o projecto Orquestra

se sentir vocacionado, a formação musical pode Geração, presidido por mim, que integra

ficar a cargo de um profissional mais o professor António Wagner Diniz, antigo director

especializado, que pode dar assistência a várias da Escola de Música do Conservatório Nacional,

turmas do 1.º ciclo, através de módulos que foi o impulsionador e responsável pedagógico

itinerantes ou do sistema de monodocência do projecto, e a professora Maria José Artiaga,

coadjuvada. É possível tirar partido do tempo da Escola Superior de Educação de Lisboa, que tem

destinado às actividades de enriquecimento uma grande experiência de reflexão sobre formação

curricular ou, ainda, generalizar, a nível nacional, musical. A ideia é pensarmos num modelo geral

projectos já existentes nalgumas escolas, como de expansão do projecto à escala nacional, sendo

é o caso da Orquestra Geração. que esse modelo tem de ser bem definido para

poder ser coerente no seu todo, e suficientemente

Quais as linhas mestras do projecto flexível para se aplicar à realidade específica

Orquestra Geração? de cada área de implantação. A intenção é que,

O projecto Orquestra Geração é uma experiência em cada zona do país, haja a possibilidade

bem-sucedida, que já vai no terceiro ano de cruzamento entre o agrupamento de escolas,

e abrange mais de 500 crianças. Este projecto, a autarquia e as valências musicais locais.

que começou com duas experiências-piloto,

no Casal da Boba, na Amadora, e em Vialonga, Como proceder à generalização do projecto?

em Vila Franca de Xira, inspirou-se num modelo Pensa-se que possa arrancar faseadamente, a nível

desenvolvido na Venezuela, a partir experimental, no próximo ano

dos anos 70, pelo maestro José lectivo, nalguns locais do país.

António Abreu. Este maestro A generalização será progressiva

pegava num grupo de crianças e assegurada com a preocupação

oriundas dos bairros periféricos de garantir a qualidade musical

de Caracas, com problemas e pedagógica do projecto, sem

de inserção social, e punha-as desvirtuar a sua essência. Julgo

imediatamente a tocar as que, na fase experimental, era

primeiras notas. O modelo parte importante seleccionar zonas

basicamente da ideia de que não é diversificadas, que permitissem testar

preciso passar não sei quantos anos a estudar diversos modelos, tanto em grandes centros urbanos,

fechado numa sala para aprender a tocar um com mais recursos, como em zonas de interior, com

instrumento: pode fazer-se a iniciação em menos recursos. O objectivo é ensaiar diferentes

simultâneo com a prática da música de conjunto. respostas, adequadas a contextos distintos, para

poder replicar o modelo em situações idênticas.

Qual o impacto deste projecto nas crianças?

O progresso das crianças foi notório, ao princípio Quais as expectativas do grupo de trabalho?

não tanto do ponto de vista da qualidade musical, Não estamos à espera de milagres musicais, de

mas sobretudo ao nível da integração escolar. um momento para o outro, nem que de repente

Apercebemo-nos logo de coisas extraordinárias, apareçam 100 orquestras sinfónicas topo

tal como observei em Casal da Boba, de gama. Pensamos numa sementeira que vai

onde crianças inicialmente com problemas produzindo os seus frutos gradualmente, mas

de socialização demonstravam grande alegria, com exigência, para corresponder aos objectivos

entusiasmo e prazer a tocar na orquestra! Chega definidos para cada fase. A partir do momento em

a ser comovente vê-las no palco, sentadas, que estas sementes forem lançadas e começarem

com uma atenção enorme, a olhar umas para a dar os primeiros resultados, é possível pensar em

as outras, à espera do momento em que vão mecanismos de crescimento que contribuam para

começar a tocar. A participação no projecto, a expansão do sistema, em primeiro lugar através

com a subida ao palco, é sentida por estas da progressão natural das crianças envolvidas e,

crianças como uma valorização, que reforça em segundo lugar, através da expansão do

a sua auto-estima e as faz sentir parte de um número de crianças abrangidas em cada local.

projecto comum. Acho que é um projecto entusiasmante!

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Abril 2010Boletim dos Professores 18

A Orquestra Geração de Vialonga, em Vila a trabalhar. De um momento para o outro, todos

Franca de Xira, integra novos ciclos os espaços do Centro Comunitário de Vialonga

de escolaridade, à medida que os alunos são aproveitados para as aulas individuais

transitam de ano. Em quatro anos, passou de instrumento, criando um cenário auditivo

de 25 para 150 crianças. surpreendente, próprio de uma escola de Música,

onde todos estão a aprender em simultâneo,

“Vamos lá, meninos! Estão todos prontos?”, cada qual o seu instrumento.

pergunta o professor de Música, Jónatas Ferreira, Atrás de cada porta, existe sempre um novo

enquanto levanta os braços no ar, preparando-se mundo: numa das salas, João Pedro, de 11 anos,

para dar início às suas funções de maestro, ensaia os primeiros sopros numa tuba quase

no palco do Centro Comunitário de Vialonga. maior do que ele, que escolheu por ser “fora do

“Sim!”, respondem em coro os alunos que tocam normal”, enquanto Inês, de 10 anos, no interior

instrumentos de cordas na Orquestra Geração da régie, toca fagote, instrumento que considera

da Escola Básica de Vialonga, enquanto dão uma “mais engraçado do que os outros”.

última olhadela à pauta que têm à sua frente. Noutra sala, Rúben, Leonardo e Danilo, entre

Quando os instrumentos de cordas já estão mais os 10 e os 12 anos, apostam no ritmo

à vontade no ensaio, entram em cena os colegas dos instrumentos de percussão, que ainda ecoam

com instrumentos de sopro, oboés, clarinetes, no espaço onde Cíntia e Andreia, de 11 anos,

fagotes e flautas, para se lhes virem juntar estudam contrabaixo, atentas às explicações

os alunos da percussão, transportando pratos, do professor, que demonstra como devem ser

bombos e tímpanos, fazendo com que a orquestra colocados os dedos nas cordas do instrumento.

fique, finalmente, completa. Além destas aulas individuais, com a duração

“Tudo em silêncio! Muita atenção, não quero de 45 minutos por semana, os alunos do 2.º ciclo

ninguém distraído! É a primeira vez que vamos que frequentam o regime integrado de Música

juntar esta peça com os colegas da percussão têm 45 minutos de naipe, dois tempos

e do sopro”, chama a atenção Jónatas Ferreira, de formação musical e três de orquestra, um

antes de propor o ensaio por grupos de de 90 minutos e outro de 45.

instrumentos, até chegar ao tão desejado “Tutti!”. O regime integrado, com uma carga horária

“Isto não é fácil, mas estão a fazer um óptimo de Música idêntica à de um conservatório,

trabalho”, salienta o professor. E incentiva: permite que os alunos tenham as aulas do ensino

“Ainda há desafinações, têm de ensaiar mais regular e as aulas de Música num mesmo espaço,

para continuar a melhorar.” com a vantagem de rentabilizar o tempo e evitar

É precisamente o que os alunos fazem a seguir constantes deslocações entre escolas com

ao ensaio da Orquestra Geração: continuar diferentes valências.

06

Um projecto que cresce com os alunos

“O regime

integrado,

com uma carga

horária

de Música

idêntica à de um

conservatório,

permite que

os alunos

tenham as aulas

do ensino

regular e de

Música num

mesmo espaço”

ORQUESTRA GERAÇÃO 1

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Armandina Soares, directora do Agrupamento e o alargamento do tipo de instrumentos tocados.

de Escolas de Vialonga e impulsionadora Já com o naipe de cordas completo,

do projecto, faz questão de frisar: “Fomos em 2008/2009, a orquestra passou a incluir

a primeira escola pública com regime integrado. sopros de madeira, como oboés, clarinetes,

Os nossos alunos saem do ensino básico com flautas transversais e fagotes, e instrumentos

uma qualificação correspondente ao 5.º grau de percussão, que abrangem aquilo a que

do conservatório.” Jónatas Ferreira chama “uma panóplia de tudo

o que é de bater.”

À conquista de novos patamares Neste ano lectivo, a orquestra passou a integrar

Depois de um arranque que não foi fácil, no ano todos os instrumentos, com a entrada dos sopros

lectivo de 2005/2006, em que Armandina Soares de metal, trompas, trompetes, trombones

teve de aliar a teimosia à persistência para e tubas, e conta com 20 professores e 150

colocar violinos nas mãos de 25 crianças, alunos, dos 1.º e 2.º ciclos, propondo-se

esta iniciativa, que inicialmente poderia parecer acompanhar o seu crescimento e aprendizagem

uma utopia, foi em frente, contando com o apoio musical quando transitarem para o 3.º ciclo.

do Ministério da Educação e com patrocínios, Mas os planos não ficam por aqui.

da Central de Cervejas, da Fundação Calouste Armandina Soares tem uma nova cartada

Gulbenkian, da Câmara Municipal e do Governo na manga, já estando a pensar na oferta

Civil de Vila Franca de Xira. do curso profissional de Música, que dê resposta

Dois anos depois, a iniciativa foi integrada aos alunos quando chegarem ao 10.º ano.

no projecto Orquestra Geração, da Escola de “Assim, aqueles que quiserem podem prosseguir

Música do Conservatório Nacional, o que permitiu os estudos de Música no ensino superior”,

o aumento do número de crianças envolvidas destaca.

David, Ângela,

Gonçalo e Sílvia

pertenceram ao

grupo de 25 crianças

que, há quatro anos,

começou a tocar

violino no

Agrupamento de

Escolas da Vialonga.

Então no 2.º ano de

escolaridade, viram

crescer o projecto

e hoje fazem parte

da Orquestra

Geração. Agora com

11 anos, falam da

importância que esta

oportunidade tem

tido nas suas vidas

e fazem planos

para o futuro.

DAVID

“Gosto de ter sido escolhido para tocar um instrumento. Tenho de estudar, às vezes estou a ver televisão e não me apetece, mas os meus pais lembram-me, porque gostam de me ver nos concertos. Gosto da orquestra porque tenho muitos amigos e gosto de os ver tocar. Quero continuar a tocar e aprender mais… mas gosto mais de trompete.”

Quatro

alunos,

quatro

anos

depois…

Abril 2010 Boletim dos Professores 18 07

“Gosto de tocar e quero continuar na orquestra. Gosto das aulas de violino e de tocar na orquestra.”

ÂNGELA

GONÇALO

“Gosto mais de uma orquestra bem constituída do que só de violinos, porque dá mais som. Aprendi muitas músicas clássicas e acho que também outras. Temos de estudar em casa por causa das audições, os professores dizem-me para continuar, mas eu ainda não se sei se quero ser actriz ou modelo.”

SÍLVIA

2006

012 0

2006

2010

06202010

2006

2010

“Em vez de estarmos sozinhos em casa, podemos estar na escola a conviver com os outros

e a aprender uma coisa rara. A escola deu-me oportunidade de aprender violino, o projecto

foi-se desenvolvendo e formámos uma orquestra. Quero continuar a tocar e tenho de trabalhar, porque vamos dar concertos a outros países.”

Page 8: Ensino de Música

À entrada, uma imagem de Adolfo Rocha, João Pereira, director do agrupamento

normalmente conhecido por Miguel Torga, dá desde Maio de 2009, recorda a apreensão

as boas-vindas a quem chega à escola básica com que a escola integrou o projecto

que herdou o seu nome literário. Lá dentro, da Orquestra Geração. A iniciativa era arrojada,

notas soltas, de vários instrumentos, mas o balanço, ao fim de três anos, é bastante

compõem o projecto Orquestra Geração. positivo e animador.

Alunos e pais aderiram de forma inesperada,

Em 2007, a Escola EB 2,3 de Miguel Torga, permitindo que o grupo inicial de 15 violinos

na Amadora, foi o primeiro estabelecimento se transformasse numa orquestra, actualmente

de ensino a aceitar o desafio: constituir com 75 músicos, reconhecida a nível nacional

uma orquestra, de formação clássica baseada e com concertos dados por todo o país.

num método de ensino inovador, oriundo Isabel Elvas, professora de Educação Musical

da Venezuela, que adoptou o nome de Orquestra e coordenadora interna da orquestra, dá aulas há

Geração. 30 anos e reconhece a importância do projecto,

dirigido a jovens que têm muito tempo livre

e o passam sozinhos. “Eles preferem mil vezes

estar aqui”, revela.

Empenhada na coordenação das actividades

da orquestra, a professora acredita que, se

os estudantes criarem laços e se familiarizarem

com a escola, é mais fácil desenvolverem

competências sociais como a amizade,

o respeito e a cooperação, o que favorecerá

a sua inclusão na sociedade.

Além destas funções, Isabel Elvas acumula a

formação musical dos alunos, na qual treina

a leitura e a parte auditiva, para lhes permitir

uma maior concentração na parte técnica quando

participam nos ensaios da orquestra.

Com um forte espírito de integração, a primeira

Apadrinhado pela Câmara Municipal da Orquestra Geração do país não veda a entrada

Amadora, o projecto veio assentar como uma a alunos de outras escolas. Desde que haja

luva numa escola com uma forte componente vagas, quem estiver interessado encontra a porta

musical, que já nos anos 90 organizava o Festival aberta.

da Canção. Inserida numa escola TEIP, esta Tendo em conta que toda a parte pedagógica

iniciativa permite ocupar de forma pedagógica e artística não é interna, a professora explica

os alunos em risco. que o papel da escola se centra na articulação

ORQUESTRA GERAÇÃO 2

Page 9: Ensino de Música

curricular com a formação musical, na cedência para prepararem individualmente os alunos,

das instalações e sua manutenção, no contacto às terças e quartas à tarde, bem como aos

com os alunos e no controlo das inscrições. sábados.

Os concertos vão-se somando e a emoção Os trompetes cabem ao professor Daniel Louro.

é elevada à enésima potência quando a Está há pouco mais de um ano na escola,

professora os vê actuar para uma audiência. mas é com diligência e segurança que vai

“É comovente. É fantástico e muito gratificante. ensinando os seus alunos. À sua frente, Luís,

Há ali miúdos com um grande valor”, salienta, Marco e Cláudio esforçam-se por cumprir

assegurando que o facto de sentir a evolução as indicações do professor. “Mais forte, Luís!”,

dos alunos a faz pensar que pode fazer alguma incentiva. “Não estás a ouvir nada estranho,

coisa por eles. Cláudio?”, pergunta.

A Orquestra Geração permite que os alunos Para ajudar os seus alunos de viola, a professora

tenham vivências e sensações diferentes. Sandra Martins entoa notas na sala 14-A.

Como o caso do Luís, com 12 anos, que foi Pacientemente, vai assinalando o que não está

tocar à Bélgica e ficou impressionado por tão bem e, quando é preciso, pega no

“encontrar um país limpo e sem mendigos, instrumento e exemplifica.

onde as pessoas vivem bem”. Ou como o Marco, O contrabaixo está no andar inferior. Tatiana

que quando toca pensa: “Cheguei longe!” dá os primeiros passos neste instrumento.

“Tentamos outra vez do lá”, insiste José Augusto.

Cada qual no seu espaço “Lá, si, lá, sol”, entoa o professor para facilitar

De violino em riste, Milene, 12 anos, ensaia o trabalho da jovem. No entanto, reconhece

no corredor do bloco B. Franzina, vai treinando que uma das mais-valias do projecto é o trabalho

nota após nota, para mais tarde se juntar de grupo que permite que os alunos aprendam

aos colegas da orquestra. Já deu mais uns com os outros.

de 10 concertos em três anos e confessa: “Fico Juan Carlos Maggiorani, maestro e professor

feliz quando toco.” de violino e de naipe, é ele próprio um produto

Quando passou para o 5.º ano, Milene quis do sistema venezuelano da Orquestra Geração,

aproveitar a oportunidade de aprender violino. que lhe permitiu ser músico e, hoje, dar aulas

“Já tinha o sonho de tocar”, diz. Os ensaios não aos alunos. Foi convidado para integrar,

lhe roubam muito tempo e as aulas da orquestra em Portugal, o projecto que tão bem conhece

não a prejudicam nos estudos. Muito pelo e acredita que é importante retribuir o que

contrário, a menina de sorriso simpático está lhe foi dado na Venezuela.

no quadro de honra da escola. Depois dos ensaios individuais, ao final do dia,

Os dias em que não há aulas à tarde são violoncelos, violas, violinos, tubas, trombones,

aproveitados para os ensaios da Orquestra trompetes, trompas, flautas e contrabaixos

Geração. Os professores de instrumento alinham-se em frente ao maestro da orquestra,

rentabilizam as salas de aula vazias que os guia, por fim, em uníssono.

Page 10: Ensino de Música

Abril 2010Boletim dos Professores 18

Crescem a ouvir as suas bandas de eleição.

Vão batucando nas mesas as suas músicas

preferidas, até que decidem enveredar

pelo ensino profissional da Música,

na Metropolitana, em Lisboa, sonhando

com o dia em que possam pisar o palco.

Os cursos profissionais de música, que tiveram

início no ano lectivo 2008/2009, já contam com

48 alunos distribuídos em 12 turmas do ensino prova de admissão que consta de uma execução

integrado. Dedicam-se às cordas, teclas, sopro instrumental e outra de formação musical e

e percussão. Assim se vive, na Escola Profissional conhecimento geral de música, para que possam

da Metropolitana. demonstrar as qualidades artísticas e técnicas

De olhos brilhantes e sorriso envergonhado, necessárias para o prosseguimento de estudos

Tomás, de 14 anos, é um desses alunos, que está profissionais na área da Música.

no curso de Percussão da escola profissional. Além das disciplinas gerais, os estudantes

“Era mesmo isto que eu queria!”, justifica, dedicam, diariamente, seis horas à prática

enquanto vai ensaiando uma peça no vibrafone. da Música, e têm ainda os ensaios da orquestra.

É, certamente, por esse motivo que gosta “O curso é muito, muito, intensivo, mas tem uma

das aulas e, a cada nota afinada e peça bem importância enorme para que os alunos não

interpretada que vai somando ao longo do tempo, desistam da escola”, remata o professor, que tem

Tomás alimenta o sonho de, um dia, se tornar oito alunos a seu cargo.

músico. O profissionalismo e a meta para a excelência

A prossecução de estudos de nível superior torna-se reflectem-se no regime de avaliação instituído,

possível para estes alunos, porque os cursos que, no caso da área musical, se faz através

profissionais de Música da Metropolitana de testes, realizados semestralmente, bem como

distinguem-se do actual sistema de ensino de provas técnicas e de exames recitais.

no Conservatório Metropolitano de Música Enquanto se prepara para mais uma aula

de Lisboa. individual, o professor afirma que “alguns são

Enquanto estes últimos funcionam no regime bons alunos, até porque só quem está disposto a

supletivo, os cursos profissionais vigoram seguir uma carreira musical procura estes cursos”.

no ensino integrado, contendo todas as disciplinas

necessárias à obtenção da certificação do 10.º A música está no ar

ao 12.º ano e que correspondem ao nível III. Talvez por isso, sente-se o gosto pela música em

Marco Fernandes, professor de Percussão há dois cada recanto. Toda a escola é música, no sentido

anos na EPM, explica que os alunos, para literal da palavra. Unidos numa melodia

entrarem, com o 9.º ano concluído, fazem uma harmoniosa, flautas, trompas, harpas, violinos,

A música como forma de vida

10

ENSINO PROFISSIONAL

Page 11: Ensino de Música

Abril 2010 Boletim dos Professores 18

pianos, saxofones, trompetes ou contrabaixos

conjugam notas e tons que inundam os Dedicação no projecto da Casa Pia

corredores e os ouvidos de quem lá passa.

Esta envolvência musical é uma das mais-valias dos É um projecto que surge de um encontro

cursos profissionais de Música da Metropolitana, de vontades: a Metropolitana disponibiliza

uma vez que permite aos alunos um contacto os seus professores e a Casa Pia proporciona,

privilegiado com o meio profissional, integrando-os pela primeira vez neste ano lectivo, a iniciação

nas actividades da orquestra profissional, como ao ensino integrado da música a 18 dos seus

parte da sua formação em contexto de trabalho. alunos.

César Viana, director pedagógico da EPM,

argumenta que estes cursos “pressupõem Têm um plano curricular próprio, adaptado

prosseguimento de estudos a nível superior”, mas, às suas necessidades específicas e à exigência

terminados os três anos de ensino que conferem que pauta o trabalho desenvolvido pela

a equivalência ao 12.º ano, estes alunos saem Metropolitana. Mas os resultados alcançados

preparados para áreas que não exijam têm sido excelentes, no pouco tempo que

um diploma superior, como maestro de coro, tem o projecto, prevendo-se a duplicação

crítico de música, compositor, animador cultural do número de turmas, já no próximo ano.

ou instrumentista em orquestras ligeiras.

Com uma visão vanguardista, a Metropolitana Para além da importância da formação

dá passos firmes no que se refere à difusão musical, Cesário Costa sublinha a forte

da música fora das suas portas, como salienta componente social do projecto. “A música

Cesário Costa, maestro de formação e presidente pode atingir outros objectivos que não sejam

da direcção da Metropolitana. apenas a nível musical.” É por isso que existe

Além de iniciativas mais focadas no ensino, a preocupação de incluir os alunos do ensino

a Metropolitana está também envolvida integrado da Música da Casa Pia nas

na definição dos planos curriculares do Catálogo actividades da Metropolitana.

Nacional de Qualificações, com o objectivo

de tornar mais eficaz o trabalho desenvolvido Calmamente, Cesário Costa relata essas

no campo da música. actividades. “O concerto do trimestre,

Com uma vista privilegiada sobre o rio Tejo, em Dezembro, contou com a participação

a Metropolitana continua a apostar na inovação, da classe da Casa Pia, e os pais dos alunos

recorrendo a uma criatividade invulgar de levar também assistiram.”

a música às pessoas.

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Page 12: Ensino de Música

De manhã, na Escola Básica Serra

da Gardunha e, de tarde, na Academia

de Música e Dança do Fundão – são assim

os dias de Beatriz, 13 anos, que frequenta

o regime articulado do ensino especializado

da Música. chuva ou sol. Agora, os horários são melhores,

temos menos furos e a disciplina de Formação

Às 12h00, Beatriz está sentada na aula de Área Musical passou a ser dada na escola.”

de Projecto, concentrada na tarefa a realizar. Com esta nova organização dos horários, Beatriz

Integrada numa turma dedicada que, neste ano só tem de se deslocar à Academia da parte

lectivo, funciona no âmbito da reforma do ensino da tarde, às segundas e quintas para ter aulas

artístico especializado da Música, esta aluna de violino, às quartas para cantar no coro

do 7.º ano de escolaridade colabora e às sextas para ensaiar na orquestra. É o que

com entusiasmo no projecto sobre a Lusofonia. relata, confessando-se “um bocadinho nervosa”,

Com o som da música de um gravador colocado porque vai ter uma prova de violino nessa tarde

num canto da sala como pano de fundo, que “conta para a nota.”

os alunos aplicam-se a passar a limpo os três A construção dos horários, realizada em parceria

poemas de autores lusófonos que escolheram entre as duas escolas, é a ponta visível de uma

na biblioteca da escola, para os colocarem articulação que vai muito mais longe. “Os alunos

num estendal de poesia, depois de plastificados, não são da escola A nem da escola B – são

com o objectivo de assinalar o Dia Mundial nossos”, é uma frase que Cândida Brito, directora

da Poesia na cidade do Fundão. do agrupamento, costuma dizer, salientando

Esta é uma das propostas desenvolvidas sob a importância de “colocar os interesses

a coordenação do par pedagógico constituído dos alunos acima de tudo.”

por uma professora de Língua Portuguesa “Esta articulação permite alargar a mais jovens

da Escola Básica, Alexandra Natário, e pelo a possibilidade de começarem a estudar

director da Academia de Música e Dança um instrumento aos 10 anos, independentemente

do Fundão, João Correia, no âmbito da parceria do estatuto socioeconómico das famílias”, afirma

promovida pelas duas escolas no domínio João Correia. Na mesma linha, a directora

do ensino articulado da Música. do agrupamento refere que a subida do número

A possibilidade de relacionarem disciplinas de jovens a estudar Música se reflecte

do currículo geral e musical é uma das no aproveitamento escolar, tornando os alunos

mais-valias apontadas por Beatriz relativamente “mais disciplinados e atentos”, à medida

às alterações introduzidas pela reforma que, que desenvolvem “a sensibilidade e a capacidade

na sua opinião, tem outros aspectos positivos: de trabalho”. Beatriz não se queixa: dá conta

“Antes, andávamos sempre de um lado para do recado, obtendo bons resultados nas aulas

o outro, entre a escola e a academia, quer fizesse de formação geral e de Música, nas duas escolas.

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ENSINO ARTICULADO

Page 13: Ensino de Música

extracurriculares no 1.º ciclo. Mas nem sempre

foi assim. Fernanda Alves, professora de Saxofone

do Conservatório do Vale do Sousa, recorda que

nos primeiros tempos existiam muitas reticências

em relação ao ensino de Música. Apesar disso,

11 alunos do Conservatório prosseguem ainda

os estudos de Música no secundário, com

intenção de seguir para o superior.

Para a obtenção destes resultados, em Lousada,

todos os anos o processo se repete: faz-se

a candidatura da parceria ao ensino articulado

e assina-se o protocolo com o Ministério

da Educação, que assegura o patrocínio.

Na Escola EB 2,3 de Lousada e no

Conservatório do Vale do Sousa, as pautas

revelam sucesso nas notas de Música e das

outras disciplinas.

Vozes afinadas: não só no coro de alunos

do 5.º ano que ensaia o espectáculo da escola,

mas também no coro de professores que

aplaudem os bons resultados do ensino

articulado. Na Escola EB 2, 3 de Lousada,

nos últimos anos, “a taxa de retenção no ensino

articulado esteve sempre abaixo de 10 por cento”,

revela Filomena Babo, directora, salientando

que, em 2007/2008, não se registou nenhuma

retenção. Os resultados, melhores do que os

das turmas de ensino regular, podem explicar-se

por inúmeras variáveis, mas a responsável salienta

que os alunos de Música se revelam “mais

organizados” e com “níveis de concentração Quanto aos alunos, primeiro sondam-se

mais elevados”. os encarregados de educação e identificam-se

A história do ensino articulado em Lousada os instrumentos preferidos dos estudantes. Estes

começa a ser composta em 1999/2000, com “vêm já com uma ideia do conhecimento

o início da parceria entre o Conservatório do Vale das aulas de Música que têm no 1.º ciclo”,

do Sousa e as escolas da região. Na altura, não assinala Rosário Valinho, professora de Percussão

mais de 10 alunos se matricularam na Escola do Conservatório do Vale do Sousa. Mas, para

EB 2,3 de Lousada, número distante do recorde um maior esclarecimento e tomada de decisão,

de 111 inscritos em 2009/2010, mas igualmente o Conservatório desenvolve uma semana aberta,

aquém da média de 62 alunos nos últimos cinco em que os alunos passam pelas salas de vários

anos. Este ano, o Conservatório recebe ainda instrumentos para os conhecerem e experimentarem.

cerca de 140 alunos de outras escolas da região, Isto não invalida que existam “instrumentos

num total de 250 que frequentam o ensino problemáticos como a guitarra e o piano porque

articulado. há muitos alunos que os querem”, adianta

Filomena Babo aponta o “sucesso escolar” Fernanda Alves.

como uma das causas para o crescimento, Depois, em período de aulas os alunos dividem

mas relembra que a iniciativa tem beneficiado do o tempo entre o ensino regular e três disciplinas:

trabalho desenvolvido no ensino coadjuvado de Formação Musical, Instrumento e Classe

Música na educação pré-escolar e das actividades de Conjunto.

ENSINO ARTICULADO

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Essencial para o aperfeiçoamento da

sensibilidade artística e com repercussões

positivas no percurso escolar, a aprendizagem

musical tem duas componentes: uma que

permite o contacto das crianças com esta área

artística (formação geral) e outra dirigida às

que pretendam uma formação especializada.

ENSINO REGULAR

Educação pré-escolar e 1.º ciclo

A formação musical fica a cargo do educador

de infância ou do professor do 1.º ciclo. Pode

ser reforçada através do regime de monodocência

coadjuvada, das actividades de apoio à família • Formação geral – Inclui as disciplinas comuns, como

(pré-escolar) e de enriquecimento curricular a Língua Portuguesa ou a Matemática. Em alguns

(1.º ciclo). anos de escolaridade, os alunos têm uma ligeira

redução de horário em determinadas áreas

2.º ciclo curriculares (como Línguas e Estudos Sociais,

Da responsabilidade de um professor com formação Educação Artística ou Estudo Acompanhado), que

específica na área, a disciplina de Educação Musical reverte a favor das disciplinas de formação vocacional.

tem a carga horária de três tempos semanais. • Formação vocacional – Visa desenvolver os

conhecimentos específicos na área da música. Inclui

ENSINO ESPECIALIZADO DA MÚSICA a disciplina de Oferta de Escola e as de Formação

Além da educação artística, que se destina a todos Musical, Instrumento e Classes de Conjunto (Coro,

os alunos, existe a possibilidade de seguir um ensino Música de Câmara e Orquestra);

mais especializado na área da Música, desde o • Áreas curriculares não disciplinares – Abrangem

1.º ciclo do ensino básico até ao ensino secundário, a Formação Cívica e a Área de Projecto, com

nas escolas que aderirem a este tipo de ensino. o objectivo de concretizar trabalhos de natureza

artística.

1.º ciclo

A formação começa com as Iniciações, que Ensino secundário

podem integrar as componentes de Formação A aprendizagem tem continuidade com os cursos

Musical, Instrumento e Classes de Conjunto. secundários ou complementares de Música e com

os cursos profissionais. Existe uma maior diversidade

2.º e 3.º ciclos de disciplinas nas componentes de formação

O ensino prossegue com o Curso Básico de Música, específica e vocacional, que varia de acordo com

que se desdobra em três áreas se formação: o curso escolhido pelos estudantes.

Abril 2010ISSN 1646-0219

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do Ministério da Educação

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Director

João S. Batista

Projecto gráfico

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Paginação

Filipe Pinto

Fotografia

Pedro Vilela

(capa e páginas 4, 5, 6, 7, 8, 9, 12, 14,

15 e 16)

Sérgio Saavedra

(páginas 10, 11 e 13)

Revisão

Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Impressão e Distribuição

Editorial do Ministério da Educação

Estrada de Mem Martins, 4 – S. Carlos

Apartado 113

2726 Mem Martins

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165 000 exemplares

Periodicidade Bimestral

Depósito legal

ISSN

1646-0219

Esta publicação é de distribuição gratuita.

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A Música como opção formativa

Esta publicação é impressa em papel reciclado

Modalidades de frequência do ensino especializado da Música

O ensino artístico especializado da Música oferece aos jovens três modalidades: regime integrado e regime articulado (que contam, em conjunto, com 14 414 alunos), e regime supletivo (5577 matrículas).Regime integrado – Os alunos frequentam o currículo geral e o currículo do ensino artístico especializado da Música, incluídos na mesma turma (chamada turma dedicada), tendo todas as componentes desse currículo (geral, vocacional e áreas curriculares não disciplinares) no mesmo estabelecimento de ensino.Regime articulado – Integrados em turmas dedicadas, os alunos têm a formação vocacional numa escola de Música e a formação geral numa escola de ensino regular. A articulação entre as duas escolas prevê a construção conjunta de horários, a inclusão dos professores dos dois estabelecimentos no conselho de turma e o lançamento das classificações dos estudantes na mesma pauta.Regime supletivo – Os alunos frequentam as disciplinas do ensino artístico especializado numa escola de Música, seguindo os currículos dos cursos do ensino básico ou do ensino secundário num estabelecimento de ensino regular. Não havendo articulação entre as duas escolas, os estudantes não beneficiam da redução de horário na componente de formação geral, nem da articulação na construção de horários. Neste caso, o desfasamento entre o ano de escolaridade e o grau de música frequentados não pode ser superior a dois anos.