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    PRINCIPAIS CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO NA

    CONSTRUO CIVIL, SUBSETOR EDIFICAESCOSTELLA, Marcelo F. (1); GUIMARES, Lia B. (2); CREMONINI, Ruy A. (3)(1) Eng. Civil, Mestre em Engenharia, eng. da Construtora Nostra Casa R. Quintino

    Bocaiva, 72-D CEP 89801-080 Chapec/SC. E-mail: [email protected](2) Designer, Ph.D., professora do PPGEP/UFRGS. E-mail: [email protected]

    (3) Eng. Civil, Doutor em Engenharia, professor do CPGEC/UFRGS. E-mail:[email protected]

    RESUMO

    O trabalho apresenta um levantamento da incidncia de acidentes do trabalho naatividade da construo civil no Rio Grande do Sul. Os dados foram obtidos a partir deanlise das CAT (Comunicao de Acidente de Trabalho) nos anos de 1996 e 1997.Neste levantamento, analisado o perfil do trabalhador, as partes do corpo atingidas e anatureza e causas dos acidentes e das leses. Estes dados esto disponibilizados em umbanco de dados, especialmente projetado para a coleta dos dados com uma interfacegrfica que facilita a consulta. Os resultados obtidos evidenciam aspectos relativos organizao do trabalho que contribuem para uma maior ocorrncia de acidentes. Almdisso, com os resultados obtidos, pretende-se subsidiar as aes dos setores pblico eprivado quanto s principais causas de acidentes do trabalho na construo,possibilitando uma diminuio do nmero e gravidade dos acidentes.

    ABSTRACT

    This paper presents a statistic survey on work accidents and professional diseases in Rio

    Grande do Sul state construction industry. Data for years 1996 and 1997 was obtainedfrom an official compulsory form used to communicate work accidents and professionaldiseases in Brazil named CAT. In this survey, were analyzed the statistics of the workprofile, the part of the body injured and the causes of the accidents and injuries. Thesedata were analyzed in a database specially designed for this survey with a graphicinterface that makes consultation easier. The results showed there is scope for thecompanies to improve attention related to technology, management and workorganization, and even more important the employee's are not as careless as usuallyaffirmed. The results can be used to guide public and private health and safety programs,in order to reduce the accident number and gravity based in the main work accidentcauses.

    S CAUSAS DE ACIDENTES DO TRABALHO NA CONSTRUO CIVIL, SUBSETOR EDIFICA Eualidade e meio ambiente do trabalho

    COSTELLA, Marcelo F.; GUIMARES, Lia B. ; CREMONINI, Ruy A.

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    1. INTRODUO

    Apesar dos esforos que vm sendo feitos no Brasil, a partir de campanhas de prevenode acidentes, da ao fiscalizadora dos rgos governamentais, de comisses de estudotripartites (compostas por representantes do Governo, empregados e empregadores) e deestudos acadmicos, a incidncia de acidentes do trabalho e doenas profissionaiscontinua elevada (INSS, 1998) em relao aos ndices encontrados em outros pases

    (CPWR, 1997), principalmente na construo.Atualmente, baseado na nica estatstica nacional por classes de atividades econmicasdos ltimos 15 anos (Brasil, 1996), a construo, principalmente o subsetor edificaes, considerada como a quarta maior geradora de acidentes fatais em termos de freqncia(quantidade) e a segunda em termos de coeficiente (nmero de acidentes por 100 miltrabalhadores).

    Os prejuzos humanos, sociais e econmicos devido falta de segurana em geral, econsequentemente, ao alto ndice de acidentes, so demasiadamente altos para empresas,para os trabalhadores e suas famlias, para a Previdncia Social, e com isso, para asociedade como um todo. Isto deveria alertar os empresrios para o volume de recursos

    que desperdiado cada vez que ocorre um acidente, sendo esse um forte argumentopara estimular investimentos na rea.

    Para que estes investimentos realmente tenham o retorno desejado, necessrioconcentrar esforos onde h maior ocorrncia de acidentes, de modo a obter um maiorretorno do investimento em segurana, pois quando as causas dos acidentes soentendidas, as atividades de preveno tm uma grande possibilidade de se tornaremefetivas. Assim, para determinar quais as atividades ou situaes que mais geram riscos,existe a necessidade do conhecimento das informaes estatsticas relativas aos acidentesdo trabalho e doenas profissionais para a utilizao na preveno dos acidentes. Emface a isto, de acordo com Hinze e Gambatese (1996), futuros acidentes podem ser

    evitados atravs da aplicao das lies aprendidas com acidentes passados, mas paraisso, necessrio um banco de dados abrangente e completo.

    Reforando esse ponto de vista, King, citado por Aquino (1996), afirma que asestatsticas de acidentes do trabalho claras, precisas e suficientemente descritivas soferramentas essenciais na deciso sobre quais problemas de segurana e sade ou gruposocupacionais necessitam de ateno urgente. Elas podem contribuir para odesenvolvimento de programas prevencionistas em bases mais racionais e com melhoreschances de alcanarem algum efeito benfico.

    Tendo em vista que um banco de dados fundamental, foi realizado um levantamentodetalhado de dados relativos a acidentes de trabalho e doenas profissionais na atividade

    de construo civil

    1

    no Rio Grande do Sul, atravs da CAT, com o intuito dedisponibilizar informaes para os setores prevencionistas e como passo inicial para aconfeco de um amplo banco de dados nacional. A confeco do banco de dados e adivulgao dos dados estatsticos esto em sintonia com as preocupaes nacionais emundiais relativas segurana do trabalho.

    1 O termo construo civil utilizado neste artigo no inclui os subsetores de construo pesada emontagem industrial.

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    2. CONSIDERAES SOBRE ACIDENTES DO TRABALHO EDOENAS PROFISSIONAIS

    2.1 Definies de acidente do trabalho

    O conceito legal utilizado pela Previdncia Social para acidentes do trabalho e doenasprofissionais est no Decreto 611 (ANFIP, 1992), nos artigos 139, 140 e 141, sendo que

    os dois ltimos esclarecem casos mais especficos decorrentes da definio global doartigo 139. O artigo 139 define acidente do trabalho como sendo aquele que ocorrepelo exerccio do trabalho a servio da empresa, ou ainda pelo exerccio do trabalho dossegurados especiais, provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause amorte, a perda ou reduo da capacidade para o trabalho, permanente ou temporria.

    Entretanto, neste artigo ser adotado um conceito prevencionista (Zocchio, 1996) quedefine o acidente do trabalho como sendo uma ocorrncia no programada, inesperadaou no, que interrompe ou interfere no processo normal de uma atividade, ocasionandoperda de tempo til, leses nos trabalhadores e ou danos materiais, pelo fato do mesmoadmitir a presena dos riscos ocupacionais, considerar os acidentes sem afastamento e

    excluir os acidentes provocados intencionalmente.

    3. MTODO DE PESQUISA

    O estudo pesquisou os trabalhadores acidentados que atuam em atividades deconstruo, reforma e reparo de edificaes realizadas no canteiro de obras ou emedificaes em geral. De acordo com o CNAE - Classificao Nacional de AtividadesEconmicas (FIBGE, 1998) foram includas no estudo as seguintes categorias relativas construo (cdigo 45):

    45.11-0 Demolio e preparao do terreno;

    45.12-8 Perfuraes e execuo de fundaes destinados a construo civil;

    45.21-7 Edificaes (residenciais, industriais, comerciais e de servios) - inclusiveampliao e reformas completas;

    45.41-1 Instalaes eltricas;

    45.42-0 Instalaes de sistemas de ar condicionado, de ventilao e refrigerao;

    45.43-8 Instalaes hidrulicas, sanitrias, de gs, de sistema de preveno contraincndio, de pra-raios, de segurana e alarme;

    45.51-9 Alvenaria e reboco;

    45.52-7 Impermeabilizao e servios de pintura em geral;

    45.59-4 Outros servios auxiliares da construo.

    Aps a disponibilizao dos dados na DRT/RS, definiu-se que seriam utilizadas as CATde 1996 e 1997 provenientes de todo o estado do Rio Grande do Sul, pois somente apartir de 1996 que as CAT passaram a ser enviadas pelo INSS/RS para a DRT/RS. Acoleta no foi estendida para os dados de 1998 por razes ligadas ao perodo derealizao deste estudo. De acordo com a caracterizao da populao, foram separadas2.839 CAT dentre as 45.206 existentes (cerca de 60% dos acidentes registrados), nointuito de promover a coleta de dados especfica construo.

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    As variveis foram selecionadas a partir de um estudo piloto, o qual foi realizado com200 CAT. Esse estudo piloto consistiu na observao inicial de todos os campos daCAT, no intuito de selecionar os mais relevantes em relao s atividades de prevenode acidentes. Tambm foi aferida a freqncia de preenchimento dos campos.

    Neste artigo, sero abordados o perfil do trabalhador e a causa dos acidentes. No perfildo trabalhador foram coletadas as seguintes variveis: profisso, idade, estado civil,salrio e sexo, das quais ser estudada somente a profisso dos acidentados devido a suarelevncia.

    Na parte relativa causa do acidente foram pesquisadas as seguintes variveis: naturezado acidente e agente da leso. No processo de classificao da natureza do acidente,surgiram algumas situaes de impasse, nas quais havia mais de uma categoria envolvida,como por exemplo, uma queda de andaime causada por um leve choque eltrico. Nestecaso, as duas situaes interessam na investigao do acidente: o fator que diretamenteocasionou a leso (a queda), para o qual o trabalhador receber tratamento, mas,tambm, a situao imediatamente anterior (o choque eltrico) que permitiu odesequilbrio do trabalhador e a conseqente queda. Portanto, no exatamente o nexocausal imediato que produz a informao mais sensvel para o sistema, pois o mais

    importante est na deteco de situaes que, por vrias circunstncias, so consideradasde alto potencial de risco para a segurana do trabalhador. No caso especfico,certamente os procedimentos para o isolamento da rede eltrica deveriam ser revistos ecercados de maior cuidado para proteger o trabalhador, de modo que o acidente seriaclassificado como choque eltrico e no como queda com diferena de nvel.

    J o agente da leso o objeto causador da leso, o que dependendo do foco do estudo,pode ser mais detalhado ou no, como por exemplo, pode-se utilizar o campoferramenta sem fora motriz ou estabelecer as principais ferramentas, como martelo,marreta, chave inglesa, entre outros. Normalmente, os agentes da leso esto aliados natureza do acidente, de modo a determinar a causa aparente do acidente. No caso desta

    dissertao, a partir do estudo piloto, foram determinados categorias para os agentes daleso, pois os mesmos ultrapassavam o nmero de 100 itens.

    4. APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS

    A distribuio dos acidentes segundo a profisso dos acidentados apresentada naTabela 1, na qual se observa a predominncia de 3 categorias profissionais que sofreram87,0% dos acidentes: serventes, pedreiros e carpinteiros. Por isso, os estudossubseqentes, relacionados profisso dos acidentados sero apresentados somente emrelao a estas trs categorias profissionais.

    Tabela 1 - Distribuio dos acidentes segundo a profisso dos acidentados

    Profisso PorcentagemServente 44,3%Pedreiro 21,7%Carpinteiro 21,0%Outros 13,0%Total 100,0%

    A distribuio dos acidentes segundo a profisso dos acidentados foi semelhante apresentada no estudo do SESI e CNI (1991) acerca da distribuio das categoriasprofissionais na construo. Em relao a diversas pesquisas realizadas no Brasil citadas

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    por Costella (1999), os dados foram semelhantes aos apresentados neste artigo, ou seja,o servente sendo o mais acidentado, tendo, no mnimo, um valor superior soma dosacidentes dos carpinteiros e pedreiros. Entretanto, todas estas pesquisas apresentaram oscarpinteiros como sendo mais acidentados do que os pedreiros, mas, na maioria doscasos, com uma diferena pequena.

    Em relao natureza do acidente, na Tabela 2, observa-se a predominncia do impactosofrido com 31,7% das ocorrncias. Outro dado importante que as 4 primeirascategorias corresponderam a 78,1% dos acidentes.

    Tabela 2 Distribuio dos acidentes segundo a natureza do acidente

    Natureza do acidente TotalImpacto sofrido 31,7%Queda com diferena de nvel 19,0%Impacto contra 15,0%Esforos excessivos ou inadequados 12,4%Prensagem ou aprisionamento 7,9%Queda em mesmo nvel 7,6%Exposio ao rudo 2,5%Contato com substncia nociva 1,7%Choque eltrico 1,2%Atrito ou abraso 0,5%Contato com temperatura extrema 0,5%Total 100,0%

    Alm da distribuio global apresentada na Tabela 2, importante observar a naturezados acidentes de acordo com as profisses. Observou-se uma maior incidncia deimpacto sofrido em serventes (34,8%) e carpinteiros (32,9%). Entretanto, o querealmente se destacou foram as ocorrncias de quedas com diferena de nvel empedreiros (25,5%) no qual a mdia das ocorrncia foi de 19,0% e, principalmente, osimpactos contra em carpinteiros (25,0%) no qual a mdia das ocorrncia foi de 15,0%.

    Com relao aos tipos de acidentes ocorridos, foram observados certos padres deocorrncia de acidentes relativos natureza do acidente e o respectivo agente da leso.Constatou-se a ocorrncia de 131 grupos de acidentes diferentes analisando-se oconjunto natureza do acidente e agente da leso. Na anlise de Pareto realizada (Tabela3), observou-se que os 15 grupos de acidentes mais freqentes correspondiam a 52,3%

    dos acidentes, enquanto os demais 116 grupos corresponderam a 47,7% dos acidentes.

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    Tabela 3 Grupos de acidentes mais freqentes em relao natureza do acidente eagente da leso

    N. Natureza do acidente Agente da leso Quant. Porcent. Porcent.acumulada

    1 Queda comdiferena de nvel

    Andaime ou similar 205 7,2% 7,2%

    2 Impacto sofrido Madeira (pea solta) 143 5,0% 12,3%3 Impacto contra Serras em geral 142 5,0% 17,3%4 Queda com

    diferena de nvelEscada 135 4,8% 22,0%

    5 Impacto sofrido Ferramenta sem foramotriz

    119 4,2% 26,2%

    6 Impacto sofrido Pea metlica ou vergalho 107 3,8% 30,0%7 Impacto contra Prego 96 3,4% 33,4%8 Impacto sofrido Forma de madeira ou

    metlica91 3,2% 36,6%

    9 Exposio aorudo

    Rudo 72 2,5% 39,1%

    10 Esforosexcessivos ouinadequados

    Concreto, cimento ou peade concreto

    67 2,4% 41,5%

    11 Queda comdiferena de nvel

    Vo livre 65 2,3% 43,7%

    12 Impacto sofrido Mquinas ou equipamentos 64 2,3% 46,0%13 Impacto sofrido Tijolo ou similares 62 2,2% 48,2%14 Prensagem ou

    aprisionamentoMquinas ou equipamentos 62 2,2% 50,4%

    15 Impacto contra Pea metlica ou vergalho 55 1,9% 52,3%Outros 116 tipos de acidentes 1354 47,7% 100,0%

    A queda com diferena de nvel de andaimes ou similares foi o grupo de acidente quemais ocorreu (7,2%), conforme a Tabela 3. Outro acidente muito freqente foi a quedaem escadas (4,8%). Estas acidentes ocorreram principalmente com os pedreiros, masatingiram em grande nmero todas as profisses.

    Justifica-se a grande ocorrncia de quedas com os pedreiros, pelo fato dos mesmosserem os trabalhadores que realizam grande parte das suas tarefas sobre andaimes, sejanas atividades de alvenaria ou revestimento interno em andaimes simplesmente apoiados,

    at as atividades de revestimento externo em andaimes mveis. Estas quedas, na suamaioria de andaimes e escadas, podem estar relacionadas inexistncia de medidas deproteo contra quedas de altura, conforme preconizam as normas de segurana emedicina do trabalho, em particular a NR-18.

    Em pesquisa realizada por Rocha (1999), constatou-se que os itens relativos prevenode quedas em escadas de mo, rampas e passarelas apresentaram um grau decumprimento em torno de 30%. Em relao aos andaimes, constatou-se que os andaimessuspensos, na sua maioria, esto adequados norma, mas os andaimes simplesmenteapoiados encontram-se com um grau de cumprimento baixo, por isso a grandeocorrncia de acidentes de baixa gravidade com andaimes. Dentre as exigncias da

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    norma que poderiam minimizar estes acidentes, encontram-se a utilizao do cinto desegurana em trabalhos a mais de 2 metros de altura, a utilizao de dispositivo queimpea o escorregamento das escadas na base, a colocao de anteparos em vos livres(caixa do elevador, periferia da edificao e aberturas no piso), entre outras citadas naNR-18.

    Outro acidente muito comum foram os impactos sofridos por peas soltas de madeira(5,0%), que se somado aos impactos sofridos por frmas de madeira (3,2%), seria o tipode acidente mais freqente. Esta soma seria possvel porque durante a coleta de dadosobservou-se que diversas ocorrncias de impacto sofrido por peas soltas de madeirapodem ter acontecido durante a desforma.

    A elevada ocorrncia de acidentes deste tipo entre todas as profisses, principalmentecom os carpinteiros, evidenciou a existncia de problemas na organizao do trabalho.Por exemplo, uma das solues seria uma mudana na tecnologia, j que todos osprincipais agentes ligados aos impactos sofridos (frmas e peas soltas de madeira,vergalhes e ferramenta sem fora motriz) esto relacionados confeco tradicional dasfrmas, as quais geram grande quantidade de sobras na forma de peas soltas demadeira, exigem o uso freqente de ferramentas, como o martelo, com alto risco de

    sofrer impacto nos dedos das mos e exigem o transporte da madeira e da ferragem.Apesar de no ser vivel uma mudana a curto prazo, existe a necessidade de, aospoucos, mudar esta tecnologia. Por exemplo, para diminuir o nmero de peas soltas demadeira, pode-se utilizar painis de compensado e um maior nmero de peasencaixadas.

    Em seguida, o terceiro tipo de acidente que mais ocorreu foi o impacto contra serras emgeral. Este tipo de acidente ocorreu principalmente com os carpinteiros, mas atingiudiversos pedreiros e serventes. Isto indica que os serventes e pedreiros, os quais nodeveriam sequer utilizar a serra circular (atividade especfica de carpinteiros treinados), aesto utilizando e acidentaram-se com freqncia. Deste modo, fica claro que a serra

    circular deveria ser operada somente por pessoas treinadas e autorizadas. Mais uma vez,ficou evidente a falta de gerenciamento e organizao do trabalho nos canteiros de obrasda construo civil.

    5. CONSIDERAES FINAIS

    Pode-se concluir que o levantamento da incidncia de acidentes do trabalho e doenasprofissionais na atividade da construo civil no Rio Grande do Sul atravs da CATpermitiu a disponibilizao de informaes relevantes para direcionar aes relativas preveno dos acidentes de trabalho e doenas profissionais na construo civil. Alm

    disso, esta disponibilizao de dados foi facilitada pelo banco de dados, desenvolvidoespecialmente para esta coleta de dados. Constatou-se tambm que foi possvel ampliar oconhecimento relativo ao entendimento da natureza dos acidentes em seu aspecto maisamplo, desde a causa aparente (a queda, o choque, entre outros) at o que est por trsdesta ocorrncia, como a m alimentao, o autoritarismo da alta gerncia e at mesmo opouco preparo do funcionrio.

    Relativo disponibilizao de informaes em termos de preveno, observou-se que osacidentes evidenciam a influncia do tipo de tecnologia utilizada na construo, pois odesenvolvimento tecnolgico do processo construtivo deveria ser voltado para omelhoramento das condies de segurana. Por exemplo, com o incremento das tcnicas

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    construtivas a custos economicamente viveis, no se deveria permitir que os operriostrabalhassem pendurados em cadeiras ou em andaimes inseguros.

    Aps s mudanas tecnolgicas, deveria proceder-se a organizao gerencial, de modo a,por exemplo, restringir o acesso serra circular somente para operrios treinados. Estaorganizao gerencial inclui aspectos como a organizao do trabalho, a limpeza dasobras e a organizao do canteiro. Finalmente, deve-se promover a conscientizao etreinamento dos funcionrios quanto a utilizao dos EPI, bem como desenvolver EPImais adequados, de modo que sejam mais confortveis e seguros.

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    AQUINO, J. D. Consideraes crticas sobre a metodologia de obteno e coleta dedados de acidentes do trabalho no Brasil. So Paulo, 1996. Dissertao (Mestradoem Administrao) - Universidade de So Paulo.

    ASSOCIAO NACIONAL DOS FISCAIS DE CONTRIB. PREVIDENCIRIAS

    (ANFIP). Plano de benefcios da Previdncia Social. Braslia, 1992. 275 p.BRASIL. Ministrio do Trabalho. Secretaria de Segurana e Sade no Trabalho.

    Campanha nacional de combate aos acidentes de trabalho (CANCAT). Braslia,1996.

    CENTER TO PROTECT WORKERS RIGHTS (CPWR). The construcion chartbook: the U.S. construction industry and its workers. Washington, 1997.

    COSTELLA, M. F. Anlise dos acidentes do trabalho e doenas profissionaisocorridos na atividade de construo civil no Rio Grande do Sul em 1996 e 1997.Porto Alegre, 1999. Dissertao (Mestrado em Engenharia) Curso de Ps-Graduao em Engenharia Civil, UFRGS.

    FUNDAO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA(FIBGE). Classificao nacional das atividades econmicas (CNAE).Rio Janeiro,1998. http://www.mpas.gov.br/aeps.html

    HINZE, J.; GAMBATESE, J. Using injury statistics to develop accidents preventionprograms. In: INTERNATIONAL CONFERENCE OF CIB W99, 1996, Lisboa.Implementation of safety and health on construction sites. Rotterdam: Balkema,1996. p. 117-127.

    INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS). Boletim estatstico deacidentes do trabalho. BEAT, Braslia, 1998.

    ROCHA, C. A. Diagnstico do cumprimento da NR 18 no subsetor edificaes daconstruo civil e sugestes para melhorias. Porto Alegre, 1999. Dissertao(Mestrado em Engenharia) Curso de Ps-Graduao em Engenharia Civil, UFRGS.

    SERVIO SOCIAL DA INDSTRIA; CONFEDERAO NACIONAL DAINDSTRIA. Diagnstico da mo-de-obra do setor da construo. Projeto SESIna indstria da construo civil, Braslia, 1991.

    ZOCCHIO, A. Prtica de preveno de acidentes: ABC da segurana de trabalho. 6.ed. So Paulo: Atlas, 1996.