Entrevista a germano silva sobre 25 de abril

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Entrevista a Germano Silva sobre 25 de Abril João Velosa, 5º A

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Entrevista a Germano Silva sobre 25 de Abril

João Velosa, 5º A

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Germano Silva, 82 anos

- Nasceu em Penafiel (S. Martinho de Recezinhos), a 13 de Outubro de 1931. Veio com a família para o Porto quando tinha somente um ano de idade.

- Foi jornalista, iniciando a sua carreira em 1956 na redação do “Jornal de Notícias”, onde foi colaborador, estagiário, repórter informador, redator, sub-chefe e chefe de redação. Aposentou-se em 1996, ao fim de 40 anos.

- Colaborou ainda com o “Expresso”, “O Jornal” e com a revista “Visão”, entre outras publicações.

- É presidente da Assembleia Geral da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto

- Como jornalista especializou-se na história da cidade do Porto, sendo autor de mais de uma vintena de livros versando a história do Porto e da sua gente.

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• No 25 de Abril que idade tinha o Sr Germano Silva?

- No 25 de Abril tinha 42 anos.

• Que profissão exercia nessa altura? - Era jornalista. Trabalhava no “Jornal de Notícias”.

• Mudou muito a sua vida?

- Como jornalista, sim. A censura, que não nos deixava escrever o que queríamos, foi abolida. Também a DGS (Direção Geral de Segurança) ou a PIDE foi extinta.

- Estas instituições condicionavam a vida cívica e política das pessoas. Não era possível fazer reuniões nem encontros para debater certos temas, por exemplo, a liberdade das mulheres. Colóquios culturais eram vigiados por agentes da PIDE. Até pequenos grupos de pessoas a falar na rua eram mandados dispersar.

- As mulheres casadas não podiam viajar para o estrangeiro sem a autorização dos maridos. Tudo isto acabou. Do ponto de vista profissional a mudança foi total. Suicídios, consumo de droga e críticas ao governo não podiam antes ser publicados.

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• Onde estava quando o 25 de Abril aconteceu?

- Desde o dia 16 de Março que estávamos à espera que alguma coisa acontecesse, pois os nossos colegas de Lisboa tinham-nos avisado da revolução.

- No dia 24 de Abril, eu e o Manuel António Pina, que na época era jornalista do JN, fomos comer uma isca à lapa, vimos então os soldados do quartel todos em fila em frente da igreja. Foi aí que percebemos que algo poderia acontecer e regressámos novamente para a redação do jornal.

- Percebemos que era o dia, esperámos toda a noite e na madrugada do dia 25 tudo aconteceu!

- O jornal de notícias publicou logo pela manhã uma edição especial a dar conta do sucedido. E ao longo do dia foram saindo novas edições. Foi a primeira vez que escrevi sem censura.

- A primeira edição ainda foi à censura mas o contínuo que lá estava tinha ido embora… Foi a primeira vez que escrevi em liberdade!

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• Ouviu o “Grândola Vila Morena”? - Sim, pois sabíamos que iria haver um sinal na rádio. Mas a primeira música a tocar foi “E depois do adeus” do Paulo de Carvalho.

• E no Porto como se passou tudo? - Para o Porto vieram as tropas de Lamego que primeiro passaram junto do quartel do Carmo a fim de perceberem a reação da Guarda Republicana. O comandante veio à janela e cruzou os braços, dando sinal às tropas que não iam mostrar resistência.

- Ocuparam tudo rapidamente e foi pacífico. Do quartel de Serpa Pinto saíram canhões, o que fez despertar a curiosidade da população. As pessoas de manhã foram para junto do edifício do jornal, para a câmara e, de rádio na mão, foram tomando conhecimento de tudo o que se passava. Libertaram os presos políticos e mandaram os documentos da censura ao lixo.

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- Não, naquela altura os monumentos estavam quase todos ao abandono. Havia um descuido muito grande em relação ao património. Só mais tarde quando se criaram novos ministérios, como o da cultura, é que começaram a ser recuperados.

- O Palácio do Bispo (Passo Episcopal) no Porto foi um dos monumentos que foi recuperado. O Largo da Sé foi melhorado ainda no Estado Novo. Como gostavam de fazer grandes paradas militares, fanfarras para impressionar o povo, recuperavam lugares com esse objetivo.

• No Porto há algum monumento relacionado com o 25 de Abril?

- Não propriamente, mas já houve projetos para um na avenida dos Aliados, e outro para a avenida 25 de Abril.

• Os monumentos estavam bem conservados, podiam ser visitados?

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- Sim , pois isto começou quando um dos meus chefes de redação me disse que só seria bom repórter se conhecesse bem a cidade. A partir daí comecei a interessar-me cada vez mais pela história da cidade.

- Sim, mas era contada de uma maneira diferente porque o Estado Novo condicionava a forma de como se falava da história...

- Por exemplo: a Câmara do Porto funcionava numa casa que se chamava Casa do Senado, até o Estado começar a chamar-lhe casa dos 24. Muita gente ainda lhe chama assim.

• Naquela altura já sabia tanto de história do Porto?

• Ness altura, as pessoas sabiam tanto sobre história como hoje em dia?