Erosão e movimento de massas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE ENGENHARIA CIVIL GABRIEL LIMA FIGUEREDO EROSÃO E MOVIMENTOS DE MASSAS São Cristovão-SE Junho, 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

ENGENHARIA CIVIL

GABRIEL LIMA FIGUEREDO

EROSÃO E MOVIMENTOS DE MASSAS

São Cristovão-SE

Junho, 2011

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GABRIEL LIMA FIGUEREDO

EROSÃO E MOVIMENTOS DE MASSAS

Seminário apresentado como requisito para a nota da terceira avaliação da disciplina de Geologia para Engenharia, ministrada pelo Prof. Osvaldo de Freitas Neto, no 1º semestre de 2011.

São Cristovão-SE

Junho, 2011

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Sumário 1) Conceito e Fatores de Formação do Solo ......... .................................. 7 2) Principais Características do Solo ............. ......................................... 9

a) Cor ............................................ ........................................................................... 9 b) Textura ........................................ ........................................................................ 9 c) Estrutura ...................................... ..................................................................... 10 d) Porosidade ..................................... ................................................................... 10 e) Permeabilidade ................................. ................................................................ 11

3) Conceito de Erosão ............................. ................................................ 11 4) Erosão Geológica X Erosão Acelerada ............ ................................. 12 5) Tipos de Erosão ................................ ................................................... 13

5.1) Erosão Hídrica ............................... ........................................................ 13 a) Erosão Pluvial .................................... ........................................................ 13 a.1) Erosão Pelo Impacto da Gota ...... ....................................................... 13 a.2) Erosão Laminar ................... ................................................................ 14 a.3) Erosão em Sulcos ................. .............................................................. 15 a.4) Erosão em Ravinas ................ ............................................................. 15 a.5) Erosão em Voçorocas .............. ........................................................... 15 b) Erosão em Pináculos .................... ............................................................. 16 c) Erosão em Pedestal ..................... .............................................................. 16 d) Erosão da Fertilidade do Solo .......... ......................................................... 16 e) Erosão Interna ou “Piping” ............. .......................................................... 17 f) Erosão Fluvial ......................... .................................................................... 17 g) Erosão Marinha ......................... ................................................................. 18 5.2) Erosão Eólica ................................ ......................................................... 20 5.3) Erosão Glacial................................ ........................................................ 21

6) Fatores que Influem na Erosão .................. ........................................ 21 a) Chuva .......................................... ........................................................................ 22 b) Infiltração .................................... ........................................................................ 22 c) Topografia do terreno .......................... .............................................................. 23 d) Cobertura Vegetal .............................. ................................................................ 24 e) A Natureza do Solo ............................. ............................................................... 24

7) Erosividade e Erodibilidade..................... ........................................... 25 8) Tolerância de Perda do Solo .................... .......................................... 25 9) Controle e Prevenção da Erosão ................. ...................................... 26

9.1) Práticas Conservacionistas e Sistema de Manejo do Solo ............... 27 9.2) As Práticas Conservacionistas Podem Ser: .... .................................. 28 a) De Caráter Vegetativo ................. .............................................................. 28 b) De Caráter Edáfico .................... ................................................................ 28 c) De Caráter Mecânico ................... .............................................................. 28 9.3) Práticas de Conservação Mais Utilizadas ....... .................................... 28 a) Plantio em Nível ...................... ................................................................... 28 b) Reflorestamento ....................... ................................................................. 29 c) Rotação de Culturas.................... .............................................................. 29 d) Adubação Verde ........................ ................................................................ 30

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e) Terraceamento ......................... ................................................................. 30 f) Descompactação do Solo ................ .......................................................... 31 g) Plantio Direto ........................ ..................................................................... 31 h) Irrigação ............................. ........................................................................ 32 i) Drenagem............................... ..................................................................... 32 j) Pastagem .............................. ...................................................................... 33 l) Calagem ............................... ....................................................................... 33 9.4) Controle de Voçorocas ........................ ................................................. 33 9.5) Controle da Erosão Eólica .................... ................................................ 35 9.6) Sistemas de Manejo do Solo ................... ............................................. 35 a) Tipos de Manejo do Solo ............... ........................................................... 35 a.1) Preparo Convencional............ ........................................................... 35 a.2) Preparo Mínimo ................. ................................................................ 35 a.3) Plantio Direto ................. .................................................................... 35 a.4) Plantio Semi-Direto ............ ............................................................... 36 b) Manejo Conservacionista ............... .......................................................... 36

10) Consequências da Erosão ....................... ......................................... 36 10.1) Erosão + Poluição ........................... .................................................... 38

11) Erosão no Brasil .............................. .................................................. 38 12) Alguns Casos de Erosão......................... .......................................... 39

12.1) Erosão nas Praias do Ceará .................. ............................................. 39 12.2) Voçoroca em Espigão, Itapetininga ........... ........................................ 40 12.3) Barragem em Algodões, Piauí ................. ........................................... 41 12.4) Maior Voçoroca do Brasil, Santa Filomena- Pia uí ............................ 42 12.5) O Assoreamento do Rio Taquari, Pantanal ..... .................................. 43

13) Erosão em Sergipe ............................. ............................................... 44 13.1) Mar Avança sobre a Costa da Orla de Atalaia, Aracaju ................... 44 13.2) Erosão na Praia do Saco, Estância ........... ......................................... 45

14) Conceito de Movimento de Massas ............... .................................. 46 15) Fatores que Influenciam os Movimentos ......... ............................... 46

15.1) Clima e Vegetação ........................... .................................................... 46 15.2) Geologia .................................... ........................................................... 47 15.3) Ação Antrópica .............................. ...................................................... 47 15.4) Geomorfologia ............................... ...................................................... 47 15.5) Efeito de Vibrações ......................... .................................................... 49 15.6) Ruptura por Cisalhamento..................... ............................................. 49

16) Tipos de Movimentos de Massas ................. .................................... 50 16.1) Em Relação à Direção ........................ ........................................................... 50 a) Diagonais ............................. ...................................................................... 50 b) Laterais .............................. ........................................................................ 50 c) Verticais ............................. ........................................................................ 50 16.2) Em Relação à Cinemática do Mov. X Geometria X Tipo do Material .......... 50 a) Rastejos .............................. ....................................................................... 50 b) Corridas .............................. ....................................................................... 50 c) Escorregamentos ....................... ............................................................... 51

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d) Queda de Blocos ....................... ................................................................ 51 e) Queda de Detritos ..................... ................................................................ 52

17) Medidas de Prevenção .......................... ............................................ 52 17.1) Controle de Águas Servidas .................. ............................................. 53 17.2) Controle das Águas Pluviais ................. ............................................. 54 17.3) Controle da Rede de Abastecimento da Água ... ............................... 54 17.4) Redução de Fossas Sanitárias ................ ........................................... 54 17.5) Controle da Declividade e da Altura dos Corte s ............................... 54 17.6) Controle da Cobertura Vegetal ............... ............................................ 54 17.7) Obras de Drenagem Superficial e Profunda .... ................................. 54 17.8) Remoção de Blocos Instáveis ................. ........................................... 55

18) Contenção de Taludes Instáveis ................ ...................................... 55 18.1) A Utilização de Muros de Pneus .................................................... 55 a) Aspectos Construtivos ................................................................. 56 b) Parâmetros do Material Solo-Pneu ................................................ 56 c) Comportamento Mecânico do Muro ............................................... 56 18.2) A Utilização de Geossintéticos ...................................................... 57

19) Alguns Casos .................................. ................................................... 58 19.1) Deslizamento de Terra em Angra dos Reis, RJ . ............................... 58 19.2) Mãe e Filha Morrem Abraçadas em Soterramento, SP ..................... 59

20) Movimento de Massas em Sergipe ................ .................................. 60 20.1) Chuva Deixa 220 Desabrigados ................ ......................................... 60

Figuras: Figura 1 – Recuo de Barreira (Erosão Marinha) ....................................................... 19

Figura 2 – Erosão nas Praias do Ceará .................................................................... 39

Figura 3 – Voçoroca em Espigão, Itapetininga .......................................................... 40

Figura 4 – Zona Rural Inundada pelo Rompimento da Barragem no Piauí ............... 41

Figura 5 – Erosão na Barragem de Algodões, Piauí ................................................. 41

Figura 6 – Maior Voçoroca do Brasil em Santa Filomena, Piauí ............................... 42

Figura 7 – Assoreamento no Rio Taquari, Pantanal .................................................. 43

Figura 8 – Mar Avança sobre a Costa da Orla de Atalaia em Aracaju-SE ................ 44

Figura 9 – Erosão na Praia do Saco em Estância-SE ............................................... 45

Figura 10 – Formas de Vertentes .............................................................................. 49

Figura 11 – Deslizamento de Terra em Angra dos Reis, Rio de Janeiro ................... 58

Figura 12 – Soterramento em São Paulo .................................................................. 59

Figura 13 – Chuva deixa 220 desabrigados em Sergipe ........................................... 60

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INTRODUÇÃO

O solo é um recurso natural essencial para a preservação da vida na Terra, mesmo

assim, é um dos recursos naturais que mais tem sofrido pelo mau uso. A maioria das nossas

terras de cultivo está perdendo cada vez mais parte de seu solo e sua fertilidade devido à

exploração do homem que, com o inadequado manejo do solo, o deixa mais vulnerável à

ação dos agentes erosivos.

Sendo o solo um fornecedor das condições necessárias para o desenvolvimento das

plantas, as terras que sofreram erosão são terras que reduziram, na maioria das vezes, sua

capacidade de produção.

Por esses motivos, a erosão do solo é uma das causas do problema da escassez de

alimentos e da fome, uma vez que a população mundial tem tendência a crescer, diferente

da disponibilidade de área cultivável. Além disso, a erosão provoca ainda danos ambientais

irreversíveis e prejuízos econômicos como a redução da produção de energia elétrica e do

volume de água para abastecimento urbano devido ao assoreamento de reservatórios, além

de uma série de transtornos aos demais setores produtivos da economia. Quando a erosão

se apresenta na fora de movimentos de massas, os prejuízos causados são maiores devido

a desastrosas conseqüências que os escorregamentos acarretam.

Apesar disso, foi somente há pouco mais de 50 anos que os pesquisadores

passaram a entender um pouco mais sobre degradação de solos, sobre os fatores

responsáveis pela erosão e sobre as técnicas corretas a serem utilizadas na prevenção e

correção destes problemas.

É possível notar que, em diversos lugares, o movimento conservacionista está cada

vez mais intenso, a partir da formação de entidades governamentais para desenvolver

métodos conservacionistas e orientar os lavradores impondo restrições ao mau uso do solo.

Como conseqüência dessas ações, um dia a disponibilidade alimentícia da população

melhorará.

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EROSÃO

1) Conceito e fatores de formação do solo:

O solo é o conjunto de corpos naturais ocorrendo na superfície da terra, contendo

matéria viva e que suporta toda a cobertura vegetal de terra. Essa tênue camada é

composta por partículas de rochas em diferentes estádios de desagregação, água e

substâncias químicas em dissolução, ar, organismos vivos e matéria orgânica em distintas

fases de decomposição.

O solo é constituído por uma mistura de partículas sólidas de natureza mineral e

orgânica, como partículas de rochas em diferentes estádios de desagregação, ar, água e

substâncias químicas em dissolução, ar, organismos vivos e matéria orgânica em distintas

fases de decomposição,

As partículas da fase sólida variam grandemente em tamanho, forma e composição

química e a sua combinação nas várias configurações possíveis forma a chamada matriz do

solo. Considerando o solo como um corpo natural organizado, portanto ocupando dado

espaço, a recíproca da matriz do solo forma a porosidade dos solos. Outro fator que

interfere diretamente na porosidade dos solos refere-se à maneira com que as partículas

sólidas se arranjam na formação dos solos.

Os fatores de formação do solo, simplesmente denominados de intemperismo,

incluem também as forças físicas que resultam na desintegração das rochas, as reações

químicas que alteram a composição das rochas e dos minerais, e as forças biológicas que

resultam em uma intensificação das forças físicas e químicas. Há centenas de tipos de

rochas e minerais com diferente composição química, diferentes graus de resistência ao

intemperismo e diferentes propriedades físicas.

Os principais fatores na formação do solo são: o material original, o clima, a atividade

biológica dos organismos vivos, a topografia e o tempo. O material original tem uma

influência passiva nessa formação. O clima, representado pela chuva e temperatura, influi

principalmente na distribuição variada dos elementos solúveis e na velocidade das reações

químicas. A principal ação dos microorganismos no solo é decompor-lhe os restos vegetais.

A topografia influi pelo movimento transversal e lateral da água. A formação de solo

depende, naturalmente, do espaço de tempo em que atuam os diferentes fatores.

Sobre o relevo, podemos considerar a influência dele em duas escalas. Numa escala

pequena, abrangendo grandes regiões, o relevo pode afetar o clima. Por outro lado, numa

escala grande, para áreas menores, a importância do relevo se dá através da redistribuição

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da água no corpo do solo, sendo a água fundamental para a continuidade das reações

químicas que por sua vez, contribuem na evolução dos solos.

O clima é muito importante para o processo de desenvolvimento do solo, atuando já

desde os processos de decomposição de rochas, processo de intemperismo químico. As

variáveis climáticas mais importantes são a temperatura, a precipitação e a

evapotranspiração. As reações químicas que ocorrem no solo são fortemente influenciadas

pela temperatura (quanto mais altas, mais rápidas são as reações) e pela presença de água,

que também é importante sob vários aspectos, dos quais destacamos: meio para ocorrência

de reações químicas e, em solos bem drenados, é o elemento transportador, para fora do

solo, dos produtos das reações de intemperismo, permitindo que as reações de dissolução

dos minerais continuem ocorrendo.

O tempo como fator de formação de solos se refere ao período em que os fatores

ativos (clima e organismos) atuaram sobre o material de origem, condicionados pelo relevo.

Um solo é chamado de senil quando está bastante intemperizado, e imaturo quando está

pouco intemperizado. Como as altas temperaturas e precipitações nas regiões intertropicais

condicionam altas taxas de intemperismo, é comum termos predominância de solos senis

nestas regiões, também chamados de solos tropicais.

O material de origem pode possuir uma natureza mineral, mas também pode ser de

natureza orgânica. O material de origem orgânico dá origem a solos orgânicos. Este material

de origem não tem história geológica, sendo constituído de produtos da decomposição de

restos vegetais e animais atuais. Os solos daí originados são chamados de solos orgânicos.

O material orgânico pode ser composto exclusivamente destes produtos de decomposição

orgânica ou ter uma parte de material mineral, desde que abaixo de certos limites. Os solos

orgânicos desempenham uma função ecológica muito importante como, por exemplo,

regulando a disponibilidade de água, ou seja, ele funciona como uma esponja para o

sistema.

A maioria dos solos com aptidão para usos agropecuários são de natureza mineral.

Logicamente, os materiais que não satisfazem as condições para material orgânico

expostas acima são considerados como materiais minerais. Os materiais de origem minerais

podem ser rochas ou materiais retrabalhados. Os materiais retrabalhados se constituem de

materiais pré intemperizados, às vezes já em processo de pedogênese, transportados de

um local para outro por erosão e depositados. Quando o solo se forma sobre materiais

retrabalhados, o entendimento de sua gênese fica dificultado, porque os processos que

ocorreram no local de origem do material devem ser conhecidos.

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2) Principais características físicas do solo:

O conhecimento das principais características físicas do solo, cor, textura, estrutura e

porosidade, são de grande importância na orientação dos trabalhos de seu manejo e

controle contra a erosão.

a) Cor: é uma das características mais facilmente distinguíveis dos solos que, em

geral, apresentam diversas tonalidades de cor parda. Essa cor vai ser tornando mais clara à

medida que aumenta a profundidade. A matéria orgânica é a principal responsável pelas

cores escuras do solo. A coloração dos horizontes pode, à medida que aumenta o teor de

matéria orgânica, variar do branco ao negro. Entretanto, independente da condição

climática, a matéria orgânica contribui sempre na acentuação da cor do solo. O vermelho

depende da quantidade de óxido de ferro não hidratado que se forma em condições de boa

aeração, podendo indicar, portanto, solos de boa drenagem. Já o amarelo pode indicar solos

mal drenados.

b) Textura: A textura do solo refere-se à proporção relativa em que se encontram,

em determinada massa de solo, os diferentes tamanhos de partículas. São consideradas

partículas as pedras, os seixos, os cascalhos, a areia, o silte e a argila. É a propriedade

física do solo que menos sofre alteração ao longo do tempo. A areia, o silte e a argila, com

partículas menores de 2 mm, são as de maior importância, pois muitas das propriedades

físicas e químicas do solo dependem da proporção que contém dessas partículas de

tamanho pequeno. O solo é formado por uma mistura de diversas frações e é a

porcentagem dessas diversas frações que determinam o tipo de textura de um solo. Essa

propriedade é muito importante na irrigação porque tem influência direta na taxa de

infiltração de água, na aeração, na capacidade de retenção de água, na nutrição, como

também na aderência ou força de coesão nas partículas do solo. Os teores de areia, silte e

argila no solo influem diretamente no ponto de aderência aos implementos de preparo do

solo e plantio, facilitando ou dificultando o trabalho das máquinas. Influi também, na escolha

do método de irrigação a ser utilizado.

Para simplificar as análises, os solos são agrupados em três classes de textura:

Solos de Textura Arenosa (Solos Leves) - Possuem teores de areia superiores a

70% e o de argila inferior a 15%; são permeáveis, leves, de baixa capacidade de retenção

de água e de baixo teor de matéria orgânica. Altamente susceptíveis à erosão, necessitando

de cuidados especiais na reposição de matéria orgânica, no preparo do solo e nas práticas

conservacionistas. São limitantes ao método de irrigação por sulcos, devido à baixa

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capacidade de retenção de água o que ocasiona uma alta taxa de infiltração de água no

solo e conseqüentemente elevadas perdas por percolação.

Solos de Textura Média (Solos Médios) - São solos que apresentam certo equilíbrio

entre os teores de areia, silte e argila. Normalmente, apresentam boa drenagem, boa

capacidade de retenção de água e índice médio de erodibilidade. Portanto, não necessitam

de cuidados especiais, adequando-se a todos os métodos de irrigação.

Solos de Textura Argilosa (Solos Pesados) - São solos com teores de argila

superiores a 35%. Possuem baixa permeabilidade e alta capacidade de retenção de água.

Esses solos apresentam maior força de coesão entre as partículas, o que além de dificultar

a penetração, facilita a aderência do solo aos implementos, dificultando os trabalhos de

mecanização. Embora sejam mais resistentes à erosão, são altamente susceptíveis à

compactação, o que merece cuidados especiais no seu preparo, principalmente no que diz

respeito ao teor de umidade, no qual o solo deve estar com consistência friável. Apresentam

restrições para o uso da irrigação por aspersão quando a velocidade de infiltração básica for

muito baixa.

As práticas de cultivo e manejo do solo devem estar associadas com a textura. Os

solos argilosos não podem ser trabalhados enquanto úmidos, porém têm uma estrutura que

resiste à erosão eólica, ao contrário dos arenosos, que são prejudicados pelo vento.

c) Estrutura: É a forma como se arranjam as partículas elementares do solo. A

estrutura determina a maior ou menor facilidade de trabalho das terras, permeabilidade à

água e a resistência à erosão. De grande importância é a estrutura adequada para as

plantas cultivadas. Uma boa estrutura é a que tem poros e espaços porosos bastante

volumosos para aeração, infiltração e desenvolvimento radicular das plantas, e agregados

bastante densos e coesos.

Agregados estáveis em água permitem uma maior infiltração da água e maior

resistência à erosão, porém agregados não estáveis tendem a desaparecer e dispersar. Sob

o impacto das gotas de chuva, os agregados são sujeitos a se dispersarem.

Um solo com melhor estrutura suporta melhor a precipitação e a ação de máquinas e

implementos agrícolas e também permite uma melhor produção das culturas.

d) Porosidade: Porosidade total é o volume de poros totais do solo ocupado pelo

ar e ou pela água. As partículas do solo têm forma, arranjo e estrutura diferentes, variando,

assim, a macro e microporosidade do solo. Para calcular a porosidade total do solo, utilizam-

se certas medidas de densidade, transformando-as posteriormente em volume. Solos

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arenosos apresentam menor porosidade total, uma vez que suas partículas, grosseiras,

tendem a se arranjar numa disposição piramidal, que apresenta menor espaço entre as

partículas. Os solos argilosos apresentam, em geral, maiores porosidades porque suas

partículas, finas, tendem a assumir um arranjo mais espaçado e, além disso, formam

agregados que aumentam a porosidade.

Além da textura e da estrutura do solo, também a matéria orgânica afeta a

porosidade, contribuindo para valores mais elevados.

As areias retêm pouca água, porque seu grande espaço poroso permite a drenagem

livre da água dos solos. As argilas absorvem relativamente, grandes quantidades de água e

seus menores espaços porosos a retêm contra as forças de gravidade.

Apesar dos solos argilosos possuírem maior capacidade de retenção de água que os

solos arenosos, esta umidade não está totalmente disponível para as plantas em

crescimento. Os solos argilosos (e aqueles com alto teor de matéria orgânica) retêm mais

fortemente a água que os solos arenosos. Isto significa mais água não disponível.

Muitos solos do Brasil e da região tropical, apesar de terem altos teores de argila,

comportam-se, em termos de retenção de água, como solos arenosos. São solos com

argilas de baixa atividade (caulinita), em geral altamente porosos.

A porosidade do solo está ligada a uma série de características importantes do solo:

movimento e retenção de água, arejamento, reações do solo, movimento de água

relacionado à erosão, manejo do solo, etc.

e) Permeabilidade: É a capacidade que tem o solo de deixar passar fluidos

através do seu perfil. Essa propriedade está diretamente ligada com o tamanho, volume e

distribuição dos poros, e varia nas diferentes camadas do solo. Nos solos arenosos, com

grande quantidade de poros grandes, a permeabilidade é rápida, porém nos argilosos é

lenta.

3) Conceito De Erosão:

Erosão é o processo de desagregação e remoção de partículas de solo ou

fragmentos de rocha causados, principalmente, pela água e pelo vento. A erosão pode ser

causada pela ação da água (marinha, fluvial ou pluvial, conforme a água seja do mar, do rio

ou da chuva, respectivamente), do vento (erosão eólica), bem como, ainda, do gelo (erosão

glacial).

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A erosão do solo é, sem dúvida, a principal causa de degradação das terras. As

enxurradas, provenientes das águas da chuva que não foram drenadas, arrastam tanto as

partículas do solo em suspensão quanto os nutrientes essenciais contidos nele. O vento tem

poder de desagregação e de transporte menor que o da água, mesmo assim, seu efeito na

erosão é ocasionado pela abrasão proporcionada pelos grãos de areia e partículas do solo

em movimento.

É importante esclarecer a diferença entre o conceito de erosão e o de intemperismo.

Intemperismo é conjunto de modificações de ordem física (desagregação e fragmentação

mecânica), química (decomposição química dos minerais primários e modificação da

mineralogia e química das rochas e) e biológica (influência de raízes, da matéria orgânica e

dos ácidos orgânicos) que transformam rochas ígneas, sedimentares e metamórficas na

superfície da Terra em materiais quebradiços e em solos.

4) Erosão geológica X Erosão acelerada:

A erosão geológica (ou natural) é um processo lento, responsável pela modificação

do relevo da crosta terrestre com seus rios, montanhas, vales, planícies e planaltos. É um

processo construtivo, não influenciado pelo homem e somente é reconhecível com o

decorrer de longos períodos de atuação.

Já erosão acelerada é um processo rápido, destrutivo e iniciado pelo. Ocorre quando

o homem remove os obstáculos naturais, agravando o processo erosivo, é quando a taxa de

remoção é maior que a taxa de formação do solo.

Por trás dessa erosão estão as atividades agrícolas, como as principais

intensificadoras do processo erosivo, pois ao limpar e lavrar o solo, a vegetação protetora é

retirada. Isso propicia para que o vento e a água atuem de forma mais direta pela não

absorção dos impactos das gotas de chuva, eliminação de obstáculos à movimentação dos

ventos e favorecimento do escoamento superficial formando enxurradas, acentuando ainda

mais o processo erosivo.

O cultivo do solo contribui ainda mais por desagregá-lo, favorecendo a

individualização das partículas ou a diminuição do tamanho dos agregados, facilitando, a

movimentação destes pelos ventos e água.

Há uma grande diferença entre a erosão geológica e a erosão acelerada. A primeira

é natural e ocorre sob condições de equilíbrio e proteção. Já a segunda inicia-se quando o

homem resolve explorar o solo e o faz de forma inadequada.

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5) Tipos De Erosão:

5.1) Erosão Hídrica:

A erosão pela água engloba alguns dos principais processos erosivos, afinal a água

é o maior agente erosivo externo existente. Ela se processa em duas fases distintas:

desagregação e transporte. A desagregação é ocasionada tanto pelo impacto direto ao solo

das gotas da chuva como pelas águas que escorrem na sua superfície. Em ambos os casos

é uma intensa forma de energia que desagrega e arrasta o solo, que é a energia cinética ou

energia do movimento e sabe-se que é proporcional ao peso (ou massa) do que está se

movendo (água e/ou partículas do solo) e ao quadrado de sua velocidade.

a) Erosão Pluvial:

O processo erosivo iniciado pela chuva tem ocorrência em quase toda a superfície

terrestre, especialmente em áreas com clima tropical, onde os índices pluviométricos são

bem elevados.

A erosão provocada pelas águas das chuvas pode resultar em erosão pelo impacto

da chuva, erosão laminar e erosão em sulcos e voçorocas. Essa classificação está

relacionada com os estágios correspondentes à progressiva concentração de enxurrada na

superfície do solo e podem ocorrer simultaneamente no mesmo terreno.

a.1) Erosão pelo impacto da chuva:

Os danos causados pelas gotas de chuva que golpeiam o solo a uma alta velocidade

constituem o primeiro passo desse processo erosivo. As gotas podem ser consideradas

como pequenas bombas que atingem a superfície do solo e com isso iniciam a ação do

splash, ou erosão por salpicamento, que prepara as partículas que compõem o solo, para

serem transportadas pelo escoamento superficial. Essa preparação se dá tanto pela ruptura

dos agregados, quebrando-os em partículas menores, como pela própria ação

transportadora que o salpicamento provoca nas partículas dos solos.

Essas partículas menores que surgiram após a ruptura dos agregados vão

preenchendo os poros existentes na superfície do solo, provocando a compactação e a

diminuição da capacidade de infiltração. Em consequência, aumenta o escoamento

superficial das águas.

Em terrenos em declive, a força das gotas de chuva faz com que grande parte das

partículas que foram desprendidas do solo possa movimentar-se morro abaixo. Por isso,

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quando a chuva é intensa em um terreno em declive pode resultar em um movimento do

solo nas áreas morro abaixo.

O papel do splash não varia só com a resistência do solo ao impacto das gotas de

água, mas também com a própria energia cinética das gotas de chuva. Quanto maior essa

energia, maior a facilidade de ruptura dos agregados. A energia cinética da chuva está

relacionada à intensidade da chuva, porque ela corresponde à energia total das gotas

existentes em um evento de precipitação. Já a intensidade da chuva depende da sua

duração, massa, tamanho das gotas e da sua velocidade.

A ruptura dos agregados é afetada pelo conjunto das propriedades do solo, como por

exemplo, a porosidade, textura, a cobertura vegetal e, principalmente, o teor de matéria

orgânica. À medida que esse teor diminui, aumenta a instabilidade dos agregados e, com

isso, diminui a capacidade dos solos de resistirem ao impacto das gotas da chuva. Devido

ao fato de que os solos com maior erodibilidade são aqueles com maior teor de silte, o teor

de matéria orgânica tem maior influência justamente sobre os solos com maiores teores de

silte, porque, nos solos com maior teor de argila, esta pode estar atuando no sentido de

aumentar a resistência dos agregados ao impacto das goras de chuva.

O problema é que os solos com alto teor de silte, que são usados agricolamente,

sem cuidados de manejo, passam a se tornar mais erodíveis, à medida que perdem a

matéria orgânica ao longo do tempo, em especial quando não há reposição desse elemento.

Conforme os agregados se rompem na superfície do solo, há a formação de crostas,

as quais, eventualmente, provocarão a compactação do solo. Uma vez formadas as crostas,

o solo fica saturado, a infiltração cessa e começam a se formas as poças. Estas, por sua

vez, ocupam as irregularidades existentes na superfície do solo. Quando estas

irregularidades são preenchidas por água, as poças começam a se ligar uma com as outras.

Nesse momento, inicia-se o escoamento superficial, que a princípio é difuso,

podendo tornar-se concentrado, à medida que esse processo tem continuidade espacial e

temporal.

a.2) Erosão laminar:

É a erosão que ocorre quando a água da chuva se acumula na superfície e começa

a descer morro abaixo, e raramente se movimenta em uma lâmina uniforme sobre a

superfície da terra. Isso só aconteceria se a superfície fosse lisa e inclinada de forma

uniforme, algo muito difícil de ocorrer naturalmente, pois ela é quase sempre irregular.

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Cada pequena porção de água toma o caminho de menor resistência, concentrando-

se nas pequenas depressões e ganhando velocidade à medida que a lâmina de água e o

declive do terreno aumentam.

O poder erosivo da enxurrada e sua capacidade de transporte dependem da

densidade e da velocidade do escoamento, bem como da espessura da lâmina d’água e da

inclinação do relevo.

Quando a enxurrada se movimenta sobre a superfície do solo, forças horizontais

atuam sobre as partículas na direção do fluxo. Essas forças desprendem as partículas do

solo e as arrastam fora da sua posição. Quando essas partículas já estão em trânsito na

enxurrada, elas golpeiam outras partículas do solo e também as colocam em movimento.

A quantidade de material transportado depende da capacidade de transporte da

enxurrada que é influenciada pelo tamanho, densidade e forma das partículas do solo, e

também pelo efeito de retardamento causado pela vegetação e por outros obstáculos.

Apesar de ser uma forma mais amena de erosão, a erosão laminar é responsável por

grandes prejuízos na atividade agrícola e por transportar grande quantidade de sedimentos

que vão assorear os rios.

a.3) Erosão em sulcos:

Ocorre quando existem pequenas irregularidades na declividade de um terreno que

faz com que o fluxo de água tome uma direção, concentrando-se em alguns pontos do

terreno e atingindo volume e a velocidade suficientes para arrastar grande quantidade de

partículas do solo. Sendo assim, surgem rasgos de pequena profundidade, de mais ou

menos 10 cm, na superfície do solo.

Nessa fase inicial, os sulcos podem ser desfeitos com operações normais de preparo

do solo e tomando algumas medidas de contenção ou desvio do fluxo de água.

a.4) Erosão em ravinas:

O processo erosivo, quando não há obstáculos, é contínuo. Por isso, se nenhuma

medida for tomada, o processo erosivo aumenta e, consequentemente, a profundidade dos

sulcos também. É esse aprofundamento dos sulcos que chamamos de erosão em ravinas.

a.5) Erosão em voçorocas:

Ocorre quando há grandes concentrações de enxurrada que passam, ano após ano,

na mesma ravina, que vai se ampliando, por causa do deslocamento de grandes massas de

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solo, e formando grandes cavidades tanto em extensão quanto em profundidade. São

chamadas de voçorocas quando a cavidade já atingiu a lençol freático. Nesse caso, além da

ação erosiva da água da chuva, também há a ação erosiva da água subterrânea.

Naturalmente, essa forma de erosão é muito importante como uma fonte de

sedimentos nos córregos, porém, em termos de prejuízos para as terras agrícolas ou

redução da produção das lavouras, geralmente não é muito importante, uma vez que a

maioria das terras sujeitas a esse tipo de erosão são de pouca significância agrícola.

b) Erosão em Pináculo:

Esse tipo de erosão que deixa altos pináculos nos lados e nos fundos das voçorocas

é, geralmente, relacionado com a resistência de sofrer erosão de alguns solos. É encontrada

na parte superior desses pináculos formados uma camada de solo mais resistente, ou até

pedregulhos. Os solos sujeitos a esse tipo de erosão são reconhecidos pelo fato de que,

quando secos, absorvem muito lentamente a água, mas, quando saturados, não têm coesão

e escorrem como lama (Bertoni & Lombardi).

c) Erosão em Pedestal:

Esse tipo de erosão se desenvolve lentamente, sendo bastante comum no interior

das voçorocas. Ocorre quando um solo bastante suscetível à erosão é protegido da ação do

splash, seja por uma pedra ou por uma raiz de uma árvore, formando “pedestais” isolados

encabeçados por materiais resistentes à erosão, permanecendo na superfície do terreno.

A erosão nas áreas vizinhas é ocasionada, principalmente, pela ação do

salpicamento, nesse caso sem a presença da enxurrada, o que é observado por não haver

nenhum desgaste na base dos pedestais. O principal interesse é que se pode deduzir a

profundidade do solo erodida com base na altura dos pedestais.

d) Erosão da Fertilidade do Solo:

Esse tipo de erosão é um grande problema nas culturas, já que é uma das formas

mais importantes no empobrecimento do solo. A erosão da fertilidade do solo é a remoção

dos nutrientes das plantas, por diluição desses nutrientes na água, sem que haja uma

remoção física do solo. O nitrogênio, por exemplo, na forma de nitrato e nitrito, é solúvel, por

isso podem ser levados pela enxurrada.

É importante saber que o índice de erosão deve ser, além de quantitativo, qualitativo.

Visto que a remoção de materiais mais grossos como areia e cascalhos é muito menos

prejudicial que a perda dos nutrientes diluídos.

17

e) Erosão Interna (ou piping):

Esse tipo de erosão ocorre quando a água do escoamento superficial penetra no

solo, através de fendas e furos, e se movimenta dentro dele. Esse movimento subterrâneo

da água pode formar canais de fluxo no interior do maciço de solo. Com isso, ocorre um

arraste das partículas por percolação como resultado da água que atravessa um meio

poroso, após aflorar ao longo de uma superfície exposta. O arraste das partículas ocorre,

inicialmente, a partir da saída da água, por isso que essa erosão é também chamada de

erosão inversa. Todo esse processo permite a abertura de pequenos orifícios, pelos quais o

fluxo passa a se concentrar, originando assim pequenas cavidades.

f) Erosão Fluvial:

É a erosão resultante da ação dos rios sobre a superfície da Terra. Ela pode ser

lateral (quando o desgaste é efetuado nas margens, provocando o alargamento dos vales)

ou vertical (quando a erosão atua no aprofundamento do leito dos rios). Essa erosão gerada

pelas águas que correm nos rios, pode causar o desmoronamento de barrancos e até alterar

o próprio curso do rio.

O poder erosivo de um rio será tanto maior quanto maior for o seu caudal (volume de

fluido que atravessa uma dada área por unidade de tempo) e a inclinação de seu leito, que

pode sofrer variações ao longo do percurso.

A erosão fluvial compreende três fases: o desgaste, o transporte e a acumulação.

Estas três fases manifestam-se ao longo de todo o percurso do rio, embora cada uma delas

seja predominante nas várias secções. Podemos dividir o percurso de um rio da nascente

até a foz em três secções: o curso superior, ou alto curso, o curso médio e o curso inferior.

O curso superior do rio é sua parte mais inclinada, onde o poder erosivo e de

transporte de materiais e a velocidade da água são muito intensos. Nesta secção, domina a

ação do desgaste no fundo do leito. A força das águas escava vales em forma de V. Se as

rochas do terreno são muito resistentes, o rio circula por elas, formando quedas de água,

gargantas ou desfiladeiros.

No curso médio do rio, a inclinação diminui e as águas perdem força. Apesar de

reduzida, a capacidade de transporte é dominante no curso médio. O desgaste faz-se na

horizontal alargandoo rio, formam-se vales mais abertos: são os vales em V abertos. Na

época das cheias, o rio transborda, depositando nas margens grande quantidade de

aluviões (sedimentos). Frequentemente, os rios serpenteiam, dando lugar à formação de

meandros.

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Já o curso inferior do rio corresponde às zonas mais próximas de sua foz e nele

domina a ação da acumulação. A inclinação do terreno torna-se quase nula e há muito

pouca erosão e quase nenhum transporte. Nessas regiões formam-se grandes planícies

sedimentares, mais ou menos extensas. O vale (denominado de caleira aluvial) alarga-se e

o rio corre sobre os sedimentos depositados. A foz pode estar livre de sedimentação ou

podem surgir aí acumulações de aluviões que dificultam a saída da água. No primeiro caso,

recebe o nome de estuário e no segundo, formam-se os deltas.

Obs.: A ação erosiva dos rios é o principal agente de transformação das bacias

hidrográficas, no entanto o ser humano também pode contribuir para alterar a sua evolução

natural de várias formas.

* Construção de diques e barragens, modificando assim o leito dos rios e

regularizando o seu regime.

* Descuidando a proteção das florestas e facilitando a ocorrência de incêndios que

destroem a vegetação, contribuindo para diminuir a infiltração e aumentar o escoamento

superficial que se reflete no caudal dos rios.

* Construindo nos leitos de inundação ou canalizando linhas de água, diminuindo a

sua capacidade de escoamento.

* A poluição provocada pelo lançamento dos esgotos domésticos, industriais e os

resultantes das atividades agrícolas, nos rios contribui para aumentar a poluição dos cursos

de água.

g) Erosão Marinha:

É um longo processo de atrito da água do mar com as rochas que acabam cedendo

e transformando-se em grãos, esse trabalho constante atua sobre o litoral, transformando os

relevos em planície. A água do mar reage quimicamente com alguns materiais rochosos

desgastando-os. A ação mecânica das águas faz-se sentir quando o mar atira contra a costa

rochas de dimensões variáveis originando fracturas nas rochas do litoral.

O desgaste na rocha está condicionada aos seguintes fatores: reações químicas

entre a água e os materiais, ação mecânica da água, força e direção das rochas e natureza

das rochas- dureza, constituição química e coesão.

Esse desgaste origina materiais soltos, de dimensões muito variáveis que as

correntes marítimas transportam, por vezes, a grandes distâncias. Quando a velocidade e

força das correntes diminuem os materiais transportados são depositados.

19

As correntes marítimas transportam materiais resultantes do desgaste da costa ou

trazidos pelos cursos de água (rios que deságuam no litoral) que depositam quando a

velocidade das águas diminui devido à baixa profundidade formando cordões litorais. Em

outros casos, essa acumulação de areia dá-se entre o litoral e uma ilha próxima. No caso

dos materiais acumulados emergirem a ilha fica ligada ao continente por uma faixa arenosa.

Quando o mar contacta o litoral em zona de costas de abrasão ocorrem fenômenos

denominados recuo de barreira, como ilustra a figura 1 abaixo.

(Figura 1).

As ondas escavam a base da barreira e esta torna-se instável devido à perda da sua

base de sustentação. Essa instabilidade origina a fragmentação e queda de blocos. Os

fragmentos originam a plataforma de abrasão ( faixa entre o mar e a barreira ).

Quando as ondas batem na face da barreira, exercem, também, uma força

compressiva que atua perpendicularmente à ela. Se esta tem fissuras, o ar situado nessas

fissuras é comprimido. Quando a onda recua, dá-se um processo de descompressão. Desta

forma os interstícios da rocha são alargados e a rocha vai-se fragmentando.

Esta erosão tanto ocorre nas costas rochosas bem como nas praias arenosas. Nas

primeiras a ação erosiva do mar forma as falésias, nas segundas ocorre o recuo da praia,

onde o sedimento removido pelas ondas é transportado lateralmente pelas correntes de

deriva litoral.

Nas praias arenosas a erosão constitui um grave problema para as populações

costeiras. Os danos causados podem ir desde a destruição das habitações e infra-estruturas

humanas, até a graves problemas ambientais.

Para retardar ou solucionar o problema, podem ser tomadas diversas medidas de

protecção, sendo as principais as construções pesadas de defesa costeira (enrocamentos e

esporões) e a realimentação de praias. No Brasil, no Arpoador este fenômeno tem sido

responsável pela variação cíclica da largura da faixa de areia da praia.

20

5.2) Erosão Eólica:

É um tipo de erosão causada pelo vento através da retirada superficial de fragmentos

mais finos. A erosão eólica acontece em áreas planas, descampadas, de pouca chuva, onde

a vegetação natural é escassa e sopram ventos fortes. Com o solo seco e o vento atingindo

maiores velocidades, as partículas de solo são arrastadas na forma de verdadeiras "nuvens

de poeira".

Ela pode ser importante nas épocas secas do ano, em solos arenosos

(principalmente se a areia for muito fina) e se o solo estiver descoberto (áreas que

permanecem gradeadas durante a estação seca, por exemplo. Constitui problema sério

quando a vegetação natural é removida ou reduzida; os animais e o próprio homem

contribuem para essa remoção ou redução. As terras ficam sujeitas à erosão pelo vento

quando deveriam estar com a vegetação natural e quando são colocadas em cultivo com um

manejo inadequado.

Por si só, o vento não consegue erodir eficazmente as grandes massas de rocha

sólida expostas à superfície da terra. Só quando a rocha se encontra fragmentada por ação

da meteorização química e física as partículas podem ser incorporadas e transportadas por

uma corrente de ar. Além disso, essas partículas devem estar secas, pois os solos

molhados e as rochas fraturadas úmidas mantêm os seus fragmentos coesos pela umidade.

Deste modo, o vento tem uma ação erosiva mais eficaz nas zonas áridas, onde os

ventos são fortes e secos e qualquer umidade que exista é rapidamente evaporada. À

medida que as partículas de poeira, silte e areia se tornam soltas e secam, os ventos podem

erguê-las e transportá-las para longe, baixando gradualmente a superfície do solo num

processo denominado por deflação eólica. Uma vegetação firmemente estabelecida pode,

no entanto, retardá-la.

Um vento que contenha areia no seu seio é um meio natural de corrosão eficaz, pois

o impacto de partículas a alta velocidade desgasta as superfícies sólidas. A corrosão natural

atua principalmente junto ao chão, onde a maior parte dos grãos de areia são transportados.

Muitas vezes encontramos rochas com uma base fina, mais ou menos com a forma de um

cogumelo.

A quantidade de material soprado que o vento pode transportar depende do tamanho

das partículas, da força do vento e do material superficial da área sobre a qual o vento

sopra. O vento pode transportar material apenas se houver areia e silte disponíveis nos

materiais superficiais, tais como solos, sedimentos ou substrato rochoso.

21

A maior parte das areias sopradas pelo vento são derivadas localmente. Viajando

principalmente por saltação junto ao solo, a maioria dos grãos de areia são soterrados em

dunas após um percurso relativamente curto, geralmente, não mais que algumas centenas

de quilômetros.

Uma consequência quase inevitável do movimento da areia ao longo da superfície

arenosa pelo vento é a formação de ondulações e dunas muito parecidas com as que são

formadas pela água. À medida que a velocidade aumenta as ondulações também

aumentam de tamanho, migrando na direção do vento sobre as “costas” das dunas maiores.

Quando o vento abranda, já não consegue transportar a areia, a silte e a poeira que

até aí transportara. O material mais grosseiro é depositado sob a forma de dunas, que

assumem diversas formas e que variam em tamanho desde pequenas colinas até formas

enormes com mais de cem metros de altura. Os materiais mais finos, como a silte e a poeira

depositam-se sob a forma de um lençol mais ou menos uniforme.

5.3) Erosão Glacial:

É a erosão causada pelo gelo. A erosão glacial ocorre quando, em épocas de

temperatura muito fria, a água que penetrou entre as rochas se congela, quebrando-as,

devido ao aumento do volume. No verão, a água acumula-se nas cavidades dessas rochas.

No inverno, essa água congela e sofre dilatação, pressionando as paredes dos poros.

Terminado o inverno, o gelo funde, e congela novamente no inverno seguinte. Esse

processo ocorrendo sucessivamente, desagregará, aos poucos, a rocha, após um certo

tempo, causando o desmoronamento de parte da rocha, e consequentemente, levando à

formação dos grandes paredões ou fiordes.

Também é glacial a erosão provocada pelos blocos de gelo que, desprendidos das

geleiras, deslizam pelas encostas atritando-se contra elas e desgastando-as. As geleiras

deslocam-se lentamente, no sentido descendente, provocando erosão e sedimentação

glacial. Ao longo dos anos, o gelo pode desaparecer das geleiras, deixando um vale em

forma de U ou um fiorde, junto ao mar. Pode também ocorrer devido à susceptibilidade das

glaciações em locais com predominância de rochas porosas. Felizmente, no Brasil, como

não existem geleiras não acontece a Erosão Glacial.

6) Fatores que influem na erosão:

Diversos são os fatores que influem na erosão. Entre eles estão: a chuva, a

topografia do terreno, a capacidade que o solo tem de absorver água, a cobertura vegetal, a

natureza do solo e a ação antrópica.

22

a) Chuva : A chuva é um dos fatores climáticos de maior importância na erosão dos

solos. O volume e a velocidade da enxurrada dependem da intensidade, duração e

frequência da chuva.

A intensidade é o fator mais importante. Quanto maior a intensidade de chuva, maior

a perda por erosão. Dados obtidos por SUAREZ CASTRO revelam que, para uma mesma

chuva total de 21mm, uma intensidade de 7,9mm produziu uma perda de terras cem vezes

maior que uma de 1mm (Bertoni & Lombardi).

Já a frequência das chuvas é um fator que influencia nas perdas de terras pela

erosão. Se os intervalos entre as chuvas são curtos, o teor de umidade do solo é alto, e

esse fator contribui para a formação de enxurradas mais volumosas, mesmo com chuvas de

menor intensidade.

Durante uma chuva muito forte, milhares de milhões de gotas de chuva golpeiam

cada hectare de terreno, desprendendo as partículas da massa de solo. Muitas dessas

partículas podem ser atiradas a mais de 60cm de altura e a mais de 1,5m de distância. Se o

terreno está desnudo de vegetação, as gotas desprendem centenas de toneladas de

partículas de solo, que são facilmente transportadas pela água.

A energia cinética é uma função da massa e da velocidade. considerando uma gota

de chuva que cai de uma nuvem, levando em conta que ela está sujeita à aceleração da

gravidade e que, por conseguinte, sua energia cinética é maior à medida que cai de maior

altura. Elas sofrem múltiplas mudanças de forma no trajeto que percorrem. Durante os

primeiros metros de queda, uma gota grande vibra entre achatamentos verticais e

horizontais como uma freqüência que depende do seu tamanho. A diminuição na velocidade

ocorre quando a gota sofre o atrito do ar e a pressão. Assim as gotas de chuva na queda

podem alcançar uma velocidade máxima ou “velocidade terminal”, a partir da qual o

movimento é uniforme; essa velocidade constante é atingida quando a resistência oposta à

queda é igual ao peso do corpo menos o empuxo para cima.

Para mostrar o grande potencial erosivo da chuva, a energia cinética disponível da

chuva que cai em comparação com a da energia cinética da enxurrada na superfície;

evidenciam que a chuva tem 256 vezes mais energia cinética que a enxurrada na superfície.

b) Infiltração: A Infiltração é o movimento da água para dentro da superfície do

solo. Quanto maior sua velocidade, menor a intensidade de enxurrada na superfície e,

conseqüentemente, reduz-se a erosão. O movimento de água através do solo é realizado

pelas forças de gravidade e de capilaridade; esse movimento através dos grandes poros,

23

em solo saturado, é fundamentalmente pela gravidade, enquanto em um solo não saturado

é principalmente pela capilaridade.

Durante uma chuva, a velocidade máxima de infiltração ocorre no começo da chuva,

e decresce muito rapidamente, de acordo com o comportamento das estruturas do solo.

O tamanho e a disposição dos espaços porosos têm a maior influência na velocidade

de infiltração de um solo. Em solos arenosos, com grandes espaços porosos, pode-se

esperar mais alta velocidade de infiltração que nos argilosos, que têm relativamente menos

espaços porosos. A velocidade de infiltração é também afetada pela variação na estrutura

do perfil: se um solo arenoso tem logo abaixo uma camada pouco permeável de argila,

pode-se esperar alta velocidade de infiltração até que a camada arenosa fique saturada, e,

desse momento em diante, infiltração menor, em virtude da camada argilosa.

A umidade do solo no começo da chuva também afeta a velocidade de infiltração: o

material coloidal que forma o solo tende a sofrer uma dilatação quando molhado, reduzindo,

com isso, o tamanho e o espaço poroso e, conseqüentemente, a capacidade de infiltração.

O grau de agregação do solo é outro fator que afeta a infiltração. Se as partículas

mais finas são bem agregadas, os espaços porosos entre elas são maiores, proporcionando

maior velocidade de infiltração.

O fator mais importante na velocidade de infiltração é a cobertura vegetal que está

no solo durante a chuva. Se chuva intensa cai quando o solo não está protegido pela

cobertura vegetal ou pela cobertura morta, sua camada superficial fica comprimida pelo

impacto das gotas de chuva, e a infiltração é reduzida; porém, se essa chuva cai quando há

boa cobertura vegetal, o solo permanece com boa permeabilidade e terá maior velocidade

de infiltração.

c) Topografia do terreno: A topografia do terreno pela declividade e pelo

comprimento do declive, exerce acentuada influência sobre a erosão. O tamanho e a

quantidade do material em suspensão arrastado pela água dependem da velocidade com

que ela escorre, e essa velocidade é uma resultante do comprimento do declive e do grau

de declive do terreno.

Do grau de declive dependem diretamente o volume e a velocidade das enxurradas

que sobre ele escorrem. O comprimento de rampa não é menos importante que o declive,

pois à medida que o caminho percorrido vai aumentando, não somente as águas vão-se

avolumando proporcionalmente como, também, a sua velocidade de escoamento vai

24

aumentando progressivamente. Em princípio, quanto maior o comprimento de rampa, mais

enxurrada se acumula, e a maior energia resultante se traduz por uma erosão maior.

d) Cobertura Vegetal: A cobertura vegetal é a defesa natural de um terreno contra

a erosão. O efeito da vegetação pode ser assim enumerado: (a) proteção direta contra o

impacto das gotas de chuva; (b) dispersão da água, interceptando-a e evaporando-a antes

que atinja o solo; (c) decomposição das raízes das plantas que, formando canalículos no

solo, aumentam a infiltração da água; (d) melhoramento da estrutura do solo pela adição de

matéria orgânica, aumentando assim sua capacidade de retenção da água; (e) diminuição

da velocidade de escoamento da enxurrada pelo aumento do atrito na superfície.

Quando cai em um terreno coberto com densa vegetação, a gota de chuva se divide

em inúmeras gotículas, diminuindo também, sua força de impacto. Em terreno descoberto,

ela faz desprender e salpicar as partículas de solo, que são facilmente transportadas pela

água.

A vegetação, ao decompor-se, aumenta o conteúdo de matéria orgânica e de húmus

do solo, melhorando-lhe a porosidade e a capacidade de retenção de água.

A vegetação também tem parte importante na erosão eólica, reduzindo a velocidade

do vento na superfície do solo e absorvendo a maior parte da força exercida por ele.

Aprisionando as partículas de solo, a vegetação previne a formação de nuvens de areia e

impede que tais partículas sejam carregadas pelo vento. A vegetação é mais eficiente,

porém, se os restos culturais estão bem fixados no solo, é benéfica na redução da erosão

eólica.

e) A Natureza do Solo : A erosão não é a mesma em todos os solos. As

propriedades físicas, principalmente estrutura, textura, permeabilidade e densidade, assim

como as características químicas e biológicas do solo exercem diferentes influências na

erosão.

Suas condições físicas e químicas, ao exercer maior ou menor resistência à ação

das águas, determinam o comportamento de cada solo exposto a condições semelhantes de

topografia, chuva e cobertura vegetal.

A textura, ou seja, o tamanho das partículas, é um dos fatores que influem na maior

ou menor quantidade de solo arrastado pela erosão. Assim, por exemplo, o solo arenoso,

com espaços porosos grandes, durante uma chuva de pouca intensidade, pode absorver

toda água, não havendo, portanto, nenhum dano; entretanto, como possui baixa proporção

de partículas argilosas que atuam como uma ligação de partículas grandes, pequena

25

quantidade de enxurrada que escorre na sua superfície pode arrastar grande quantidade de

solo. Já no solo argiloso, com espaços porosos bem menores, a penetração da água é

reduzida, escorrendo mais na superfície; entretanto, a força de coesão das partículas é

maior, o que faz aumentar a resistência à erosão.

A estrutura, ou seja, o modo como se arranjam às partículas de solo, também é de

grande importância na quantidade de solo arrastado na erosão.

A matéria orgânica retém de duas a três vezes o seu peso em água, aumentando

assim a infiltração, do que resulta uma diminuição nas perdas por erosão. A profundidade do

solo e as características do subsolo contribuem para a capacidade de armazenamento da

água no solo que esse mesmo solo com um subsolo mais compacto e pouco permeável.

7) Erosividade e Erodibilidade:

A capacidade da chuva em causar erosão é chamada erosividade. Se a chuva cai

mansa, em gotas pequenas, durante várias horas, a maior parte da água se infiltra, havendo

pouca enxurrada. Também ocorre pouca desagregação do solo, pelo fato de as gotas

pequenas terem menor energia cinética. Diz-se então que é uma chuva de baixa

erosividade. Porém, se a mesma quantidade de chuva cair em poucos minutos, em gotas

maiores (uma tempestade, por exemplo), a desagregação do solo será maior, e a maior

parte da água tende a escorrer na forma de enxurrada. Dizemos então que é uma chuva

erosiva, ou de alta erosividade.

Já a erodibilidade é a suscetibilidade de alguns solos à erosão. De maneira geral,

solos arenosos, embora apresentem alta permeabilidade, são mais susceptíveis à erosão,

sendo considerados solos de alta erodibilidade, pois as partículas de areia são facilmente

desagregadas pela erosão. Já solos argilosos, em geral, resistem mais à erosão, sendo

considerados de baixa erodibilidade. A fertilidade de um solo também influi na sua

resistência à erosão: solos naturalmente férteis ou adequadamente adubados propiciam um

melhor desenvolvimento de plantas, que irão cobrir melhor o solo, protegendo-o da erosão.

Também a topografia influi, sendo que em áreas acidentadas, a enxurrada atinge maior

velocidade causando maior erosão do que em áreas de topografia mais suave.

8) Tolerância de perda do solo:

A tolerância de perda de solo por erosão refere-se a um limite de perda que ainda

mantenha alto nível de produtividade das culturas, econômica e indefinidamente, podendo

ser utilizada na Equação Universal de Perda de Solo, além da forma usual, como um critério

para definir a distância entre terraços numa lavoura.

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O conceito de tolerância de perda de solo por erosão tem sido modificado ao longo

do tempo. Inicialmente, ele foi relacionado com a taxa média de intemperização do solo.

Smith (1941) foi provavelmente o primeiro estudioso de erosão a estabelecer um conceito

para a tolerância de perda de solo e reconheceu, no entanto, que o aspecto econômico

deveria também ser levado em conta no estabelecimento dos limites de perda de solo. Para

Smith & Whitt (1948), o objetivo final da conservação do solo era manter indefinidamente

sua fertilidade e capacidade produtiva. Vieram outros estudiosos após Smith, cada um com

sua definição.

Por isso, os métodos de estimativa da tolerância de perda de solo por erosão,

embora utilizem atributos e características que influenciam a erosão do solo e tenham uma

base de sustentação lógica e racional, são empíricos, notadamente no que se refere à

definição dos fatores de ponderação utilizados para expressar o efeito de cada variável, o

que conduz a estimativas de tolerância diferentes para um mesmo solo. Aliado a isso, não

há ainda um consenso entre os pesquisadores sobre o nível de tolerância de perda de solo.

Assim, torna-se importante definir a tolerância para diferentes classes de solo, mesmo por

métodos empíricos, com vistas em monitorar a eficácia dos sistemas de manejo do solo na

redução da erosão.

9) Controle e a Prevenção da Erosão:

O cuidado com o solo é de extrema importância, como todos sabemos. Então, antes de

tudo, é de indispensável levar em conta algumas observações:

1) Ajustar ocupação à disposição do terreno (relevo, forma, etc.);

2) Planejar preparo do solo para a construção com o objetivo de minimizar a

exposição do solo nu;

3) Cobrir áreas desnudas;

4) Plantio em contorno nas curvas de nível;

5) Desviar fluxo de áreas desprotegidas;

6) Reduzir comprimento e declividade de encostas para diminuir a energia da

água da chuva e evitar carreamento de solo;

7) Manter velocidade de fluxo de água baixo;

8) Preparar drenagem para lidar com fluxo concentrado;

9) Reter sedimento movimentado na área;

10) Inspeção e manutenção das medidas de controle;

11) Evitar ação da gota;

12) Evitar ação do fluxo superficial;

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13) Manter estruturação do solo;

14) Evitar compactação;

15) Nunca deixar o solo sem proteção;

16) Utilizar sempre práticas conservacionistas e métodos de manejo do solo.

- Cinco mandamentos para um Loteamento:

1) Não construir em margens de rios;

2) Evitar terraplanagens (se terraplanar, promover de imediato a pavimentação

junto à instalação do sistema de drenagem ou proteger com vegetação para sustentar o solo,

além de programar para períodos não-chuvosos);

3) Não retirar muito a vegetação e manter a original sempre que possível;

4) Lotes distribuídos paralelamente às curvas de nível;

5) Ladeiras sempre descontínuas (ex.: degraus).

9.1) Controle e Prevenção através de Práticas conse rvacionistas e

sistemas de manejo do solo :

Tem como objetivo aumentar e resistência do solo e/ou diminuir as forças do

processo erosivo, utilizando técnicas ou práticas de manejo. A ciência da conservação do

solo e da água preconiza um conjunto de medidas, objetivando a manutenção ou

recuperação das condições físicas, químicas e biológicas do solo, estabelecendo critérios

para o uso e manejo das terras, de forma a não comprometer sua capacidade produtiva.

Estas medidas visam proteger o solo, prevenindo-o dos efeitos danosos da erosão

aumentando a disponibilidade de água, de nutrientes e da atividade biológica do solo,

criando condições adequadas ao desenvolvimento das plantas.

Para que haja sucesso na conservação do solo, é importante não utilizar apenas

uma prática conservacionista, mas combinar práticas de caráter mecânico, vegetativo e

edáfico, pois todas se complementam. É muito importante que o produtor procure

acompanhamento técnico, pois não há uma "receita infalível". Cada propriedade rural tem

suas particularidades, exigindo uma combinação de medidas mais adequadas, que devem

levar em conta também o nível sócio-econômico do produtor.

A solução dos problemas decorrentes da erosão não depende da ação isolada de um

produtor. A erosão produz efeitos negativos para o conjunto dos produtores rurais e para as

comunidades urbanas. Um plano de uso, manejo e conservação do solo e da água deve

contar com o envolvimento efetivo do produtor, do técnico, dos dirigentes e da comunidade.

28

Dentre os princípios fundamentais do planejamento de uso das terras, destaca-se um

maior aproveitamento das águas das chuvas. Evitando-se perdas excessivas por

escoamento superficial, podem-se criar condições para que a água pluvial se infiltre no solo.

Isto, além de garantir o suprimento de água para as culturas, criações e comunidades,

previne a erosão, evita inundações e assoreamento dos rios, assim como abastece os

lençóis freáticos que alimentam os cursos de água.

Uma cobertura vegetal adequada assume importância fundamental para a

diminuição do impacto das gotas de chuva. Há redução da velocidade das águas que

escorrem sobre o terreno, possibilitando maior infiltração de água no solo e, diminuição do

carreamento das suas partículas.

9.2) As Práticas Conservacionistas podem ser:

a) De caráter vegetativo: florestamento e reflorestamento, plantas de cobertura,

cobertura morta, rotação de culturas, formação e manejo de pastagem, cultura em faixa,

faixa de bordadura, quebra vento e bosque sombreador, cordão vegetativo permanente,

manejo do mato e alternância de capinas.

b) De caráter edáfico: cultivo de acordo com a capacidade de uso da terra,

controle do fogo, adubação: verde, química, orgânica e calagem.

c) De caráter mecânico: preparo do solo, plantio em nível, distribuição adequada

dos caminhos, sulcos e camalhões em pastagens, enleiramento em contorno,

terraceamento, subsolagem, irrigação e drenagem.

A escolha dos métodos / práticas de prevenção à erosão é feita em função dos

aspectos ambientais e sócio-econômicos de cada propriedade e região. Cada prática,

aplicada isoladamente, previne apenas de maneira parcial o problema. Para uma prevenção

adequada da erosão, faz-se necessária a adoção simultânea de um conjunto de práticas.

9.3) Práticas de conservação mais utilizadas:

a) Plantio em nível: consiste em preparar o solo para plantio e plantar de acordo

com o nível do terreno. A erosão reduz significativamente o potencial de produção. A água

que escorre leva consigo o potencial produtivo do solo. Evita-se o problema reduzindo-se a

velocidade de escoamento com a utilização de barreiras, curvas de nível, terraços e outros

artifícios adequados, baseados em levantamentos topográficos da área e projeto feito por

técnico competente. Neste método todas as operações de preparo do terreno, balizamento,

semeadura, etc, são realizadas em curva de nível. No cultivo em nível ou contorno criam-se

29

obstáculos à descida da enxurrada, diminuindo a velocidade de arraste, e aumentando a

infiltração d’água no solo. Este pode ser considerado um dos princípios básicos,

constituindo-se em uma das medidas mais eficientes na conservação do solo e da água.

Porém, as práticas devem ser adotadas em conjunto para a maior eficiência

conservacionista.

b) Reflorestamento : Um dos principais problemas que o desmatamento pode

trazer é a erosão. Em muitas propriedades rurais, o proprietário acaba explorando áreas da

mata nativa, cortando as árvores e as vendendo, sem que se faça um reflorestamento. De

qualquer forma, quando se destrói uma área que antes era coberta por mata e árvores, a

erosão começa a atacar, fazendo com que, em muitos casos, o solo se torne pobre e

impróprio para o replantio ou para qualquer outra atividade agrícola. Uma ótima saída para o

produtor rural é iniciar um processo de reflorestamento o que acaba se mostrando uma

alternativa lucrativa. Muitas vezes, as áreas que estão sujeitas à ação da erosão se

encontram nas margens dos rios ou em terrenos de forte declive, o que piora ainda mais a

situação. O reflorestamento pode trazer uma série de vantagens para o proprietário rural,

pois pode legalizar a situação da sua propriedade, proteger o solo da ação da erosão que,

certamente, acabaria gerando prejuízos ou desperdícios para o produtor e, ainda,

possibilitar alguns ganhos extras. Para se efetuar o reflorestamento, podem ser utilizadas

plantas e árvores nativas da região ou árvores comuns, como os eucaliptos. Case se decida

pelo reflorestamento nativo, é necessário que se procure o auxílio de técnicos e

pesquisadores capacitados a implantar um projeto completo de reflorestamento, devolvendo

à área desmatada as suas características originais. Quando se opta por um reflorestamento

"padrão", a árvore mais utilizada no Brasil e no mundo, para esta finalidade, é o eucalipto,

apesar de que, no Brasil, também se utilizar bastante, na região Sul, o pinheiro do Paraná.

c) Rotação de culturas : técnica que utiliza o mesmo espaço físico para cultivar

espécies diferentes de plantas em período de tempo alternado, observado um período

mínimo sem o cultivo desta espécie na mesma área. Cada tipo de cultura agrícola tem sua

necessidade, e muitas vezes o que falta para uma é o que sobra da outra. Assim um manejo

adequado das culturas resulta em menor necessidade de adubos e defensivos. Como regra

geral, não se deve repetir o gênero da planta em safras consecutivas. O tipo e a freqüência

das espécies contempladas no planejamento de um sistema de rotação de culturas devem

atender tanto aos aspectos técnicos, que objetivam a conservação do solo e a promoção da

fertilidade integral do solo, quanto aos aspectos econômicos e comerciais determinados pelo

mercado. A seqüência de espécies a serem cultivadas numa mesma área deve considerar,

além do potencial de rentabilidade do sistema, a suscetibilidade de cada cultura à infestação

de pragas e de plantas daninhas e à infecção de doenças, a disponibilidade de

30

equipamentos para manejo das culturas e dos restos culturais e o histórico e o estado atual

da lavoura, atentando para aspectos de fertilidade integral do solo e de exigência nutricional

das plantas. As espécies e o arranjo das espécies no tempo e no espaço devem ser

orientados para minimizar o período entre a colheita e a semeadura, mantendo, contudo,

sintonia com as indicações relacionadas às épocas de semeadura específicas. No Sul do

Brasil, um dos sistemas de rotação de culturas compatível com a produção de cevada, para

um período de três anos, envolve a seguinte seqüência de espécies: aveia/soja, cevada/soja

e leguminosa ou nabo/milho.

d) Adubação verde: prática agrícola de se incorporar ao solo a massa verde ou

vegetal, não decomposta, de plantas cultivadas, com a finalidade de se enriquecer o solo

com matéria orgânica e elementos minerais. O adubo verde funciona em dois estágios:

primeiro, ele ajuda na aeração e nutrição do solo, com suas raízes profundas, e, num

segundo momento, a morte da planta evita a erosão. A distribuição de nutrientes acontece

por meio da simbiose entre a planta e as bactérias do solo, chamadas de rizóbios. Consiste

basicamente em plantar uma cultura que não se aproveita economicamente, apenas para

manter o solo coberto e diminuir a erosão entre os periodos de plantios comerciais, ou nas

linhas de culturas permanentes. Como normalmente se empregam culturas que aumentam a

fertilidade do solo, como as leguminosas,que fixam o nitrogênio diretamente do ar com a

ajuda de bactérias, o resultado é uma melhor produtividade no próximo plantio. Existem

também plantas que reduzem a compactação do solo com suas raizes profundas.

e) Terraceamento: terraços são estruturas hidráulicas conservacionistas,

compostas por um camalhão e um canal, construídas transversalmente ao plano de declive

do terreno. Essas estruturas constituem barreiras ao livre fluxo da enxurrada, disciplinando-a

mediante infiltração no canal do terraço (terraços de absorção) ou condução para fora da

lavoura (terraços de drenagem). O objetivo fundamental do terraceamento é reduzir riscos

de erosão hídrica e proteger mananciais (rios, lagos, represas...). A determinação do

espaçamento entre terraços está intimamente vinculada ao tipo de solo, à declividade do

terreno, ao regime pluvial, ao manejo de solo e de culturas e à modalidade de exploração

agrícola. Experiências têm demonstrado que o critério comprimento crítico do declive nem

sempre é adequado para o estabelecimento do espaçamento entre terraços . Infere-se que

a falha de resíduos culturais na superfície do solo constitui apenas indicador prático para

constatar presença de erosão hídrica e identificar necessidade de implementação de prática

conservacionista complementar à cobertura do solo. Por sua vez, o dimensionamento da

prática conservacionista a ser estabelecida demanda o emprego de método específico.

31

f) Descompactação do solo: em solos compactados, verificam-se baixa taxa de

infiltração de água, ocorrência freqüente de enxurrada, raízes deformadas e/ou

concentradas na camada superficial, estrutura degradada e elevada resistência às

operações de preparo e de semeadura. Assim, sintomas de deficiência de água nas plantas

podem ser evidenciados mesmo em situações de breve estiagem. Para a constatação e

identificação da presença de camada compactada no solo, indica-se a abertura de

pequenas trincheiras e a observação do aspecto morfológico da estrutura do solo, a forma e

a distribuição do sistema radicular das plantas e/ou a resistência do solo ao toque com

instrumento pontiagudo. Esse procedimento permite identificar os limites, superior e inferior,

da camada compactada. Normalmente, o limite superior da camada compactada situa-se a

0,05 m de profundidade e o limite inferior dificilmente ultrapassa a 0,20 m de profundidade.

Para descompactar o solo, indica-se usar implementos de escarificação equipados com

hastes e ponteiras estreitas, reguladas para operar imediatamente abaixo da camada

compactada. A descompactação deve ser realizada em condições de solo friável. Em

seqüência imediata à operação de descompactação do solo é indicada a semeadura de

culturas de elevada produção de biomassa e de abundante sistema radicular. Os efeitos

benéficos dessa prática dependem do manejo adotado após a descompactação. Em geral,

havendo intensa produção de biomassa em todas as safras agrícolas e controle do tráfego

de máquinas na lavoura, a escarificação do solo não necessitará ser repetida.

g) Plantio direto: entende-se por plantio direto o ato de revolver o mínimo

possível o solo durante o plantio, isso é, abrir apenas um sulco para a incorporação do

adubo e da semente, dispensando os processos convencionais de aração e gradagem e

mantendo os restos da cultura anterior sobre o solo. Utilizam-se plantadeiras especiais com

discos de corte para não se enroscarem com a vegetação. O plantio direto promove o

mínimo desgaste do solo e de sua atividade microbiana. Uma das principais vantagens

desse processo é que ele diminui significativamente a compactação das camadas mais

profundas do solo em virtude da redução do uso de máquinas pesadas e da presença de

cobertura do solo sobre o terreno. Por conservar melhor a umidade e manter a temperatura

mais baixa ajuda a atividade microbiana do solo, o que se provou benéfico às culturas,

principalmente em regiões de clima mais tropical. Sua principal desvantagem é um aumento

inicial no uso de herbicidas para controle de plantas invasoras. Por isso um competente

acompanhamento por agrônomo ou técnico especializado é fundamental ao processo. As

vantagens do plantio direto vão se acumulando safra após safra, num processo cumulativo

virtuoso. A consolidação do sistema plantio direto, entretanto, está essencialmente

alicerçada na rotação de culturas orientada ao incremento de rentabilidade, à promoção de

cobertura permanente de solo, à geração de benefícios fitossanitários e à manifestação da

32

fertilidade integral do solo (aspectos físicos, químicos e biológicos). Desse modo, a

integração de práticas como o abandono da mobilização de solo e a manutenção

permanente da cobertura de solo à rotação de culturas, estruturada para minimizar o

período de entressafra (processo colher semear), assegura a evolução paulatina da

melhoria biológica, física e, inclusive, química do solo.

h) Irrigação: é uma técnica utilizada na agricultura que tem por objetivo o

fornecimento controlado de água para as plantas em quantidade suficiente e no momento

certo, assegurando a produtividade e a sobrevivência da plantação. Complementa a

precipitação natural, e em certos casos, enriquece o solo com a deposição de elementos

fertilizantes. Existem vários métodos de irrigação. Entre eles: escorrimento (também

chamado de gravidade) - a partir de regos ou canais, onde a água desliza, sendo o seu

excesso recolhido por uma vala coletora; submersão - utilizado em terrenos planos;

infiltração - utilizando sulcos abertos entre as fileiras de plantas; aspersão - a água cai no

terreno de forma semelhante à chuva(é distribuída de modo uniforme); pivot - tomada

central de água giratória com aspersores ou microjactos; gota-a-gota - a água sai por

pequenos gotejadores junto aos pés das plantas. Cada método tem um ou mais sistemas

associados, pelo que a escolha do mais adequado depende de diversos fatores, tais como a

topografia (declividade do terreno), o tipo de solo (taxa de infiltração), a cultura

(sensibilidade da cultura ao molhamento) e o clima (frequência e quantidade de

precipitações, temperatura e efeitos do vento). Além disso, a vazão e o volume total de água

disponível durante o ciclo da cultura devem ser analisados.

i) Drenagem: é o ato de escoar as águas de terrenos encharcados, por meio de

tubos, túneis, canais, valas e fossos sendo possível recorrer a motores como apoio ao

escoamento. Os canais podem ser naturais (rios ou córregos) ou artificiais de concreto

simples ou armado ou de gabião. Os sistemas de drenagem, que compreendem além dos

condutos forçados e dos condutos livres podem ser urbanos e/ou rurais e visam escoar as

águas de chuvas e evitar enchentes. Um projeto de drenagem deve incluir um estudo

adequado para evitar erros comuns nesse tipo de atividade. Se a especificação e análise

técnica não forem adequadas você pode acabar não tendo uma drenagem eficiente e

poderá até mesmo perder todo o trabalho e dinheiro investidos. Para a elaboração desse

projeto de drenagem, deve-se: Conhecer a área a ser drenada e verificar a possível origem

do excesso de água. Fazer um levantamento topográfico pois através dele pode-se traçar a

diretrizes do projeto buscando descobrir de que lugares mais altos a água flui e quais os

mais baixos onde serão enterrados os tubos. Estudar o lençol freatíco, essa etada é bem

específica e depende da região, para esta há a necessidade da instalação de uma rede de

poços de observação, cobrindo toda a área do projeto. Estudar o solo para verificar a

33

condutividade hidráulica e a macroporosidade do solo. Também é importante o estudo do

clima para verificar as precipitações na região. Finalmente o projeto é elaborado baseando-

se nos dados anteriores e nas fórmulas disponíveis para verificar o melhor espaçamento dos

tubos e o layout mais eficiente para ser utilizado no seu projeto.

j) Pastagem: estas podem ser consideradas sistemas conservacionistas, desde

que bem manejadas. Elas são menos eficientes que as florestas no controle de erosão,

porém mais eficientes que as culturas anuais, por não haver revolvimento de solo. Para

tanto, é necessário avaliar o número de animais que a área suporta, pois, se este for maior

do que a capacidade de suporte acontecerá o superpastoreio, cujas conseqüências são:

diminuição da cobertura vegetal; exposição do solo ao impacto das gotas de chuva;

compactação do solo causada pelo pisoteio excessivo de animais na área; diminuição da

infiltração de água no solo e aumento do volume de enxurrada. Tudo isso contribui para

aumento da erosão. Pastagens mal manejadas podem perder mais solo por erosão do que

uma lavoura bem manejada, mesmo que seja em sistema convencional, com utilização de

aração e gradagem.

l) Calagem: Tem como finalidade eliminar prováveis efeitos tóxicos dos elementos

que podem ser prejudicial às plantas, tais como alumínio e manganês, e corrigir os teores de

cálcio e magnésio do solo. Para a videira o pH do solo deve estar próximo de 6,0. Deve-se

dar preferências para o uso do calcário dolomítico (com magnésio), sendo que o mesmo

deve ser aplicado ao solo, pelo menos, 3 meses antes do plantio, distribuindo-se em toda

área. Só aplique calcário quando a análise de solo indicar necessidade e/ou os teores de

cálcio e magnésio forem menores que 4,0 e 2,0 cmolc, respectivamente. Normalmente, três

a quatro anos após a implantação do vinhedo há necessidade de fazer uma nova calagem.

O modo de aplicação do calcário é bastante controverso, pois em regiões de ocorrência de

fusariose, o corte do sistema radicular pode aumentar a mortalidade de plantas infectadas

por fusarium, e, em vinhedos sob litossolos, há afloramento de rochas. Nas duas situações é

proibitivo a prática da incorporação do calcário, sendo então necessário a aplicação do

calcário na superfície sem a necessidade de incorporação.

9.4) Controle de voçorocas:

A voçoroca é a visão impressionante do fenômeno da erosão, muitas vezes usadas

pelos conservacionistas como um sistema característico; deve-se porem, ter o cuidado de

não superestimá-la.

Segundo a EMBRAPA (2006), a correção de áreas de voçorocamento podem se dar

a fim de “controlar a erosão na área a montante ou cabeceira da encosta, retenção de

34

sedimentos na parte interna da voçoroca, revegetação das áreas de captação (cabeceira) e

interna da voçoroca com espécies vegetais que consigam se desenvolver adequadamente

nesses locais.” O controle da voçoroca, além de difícil, é muito caro podendo ser mais

elevado do que o próprio valor da terra.

Os serviços deverão ser executados de acordo com um projeto específico, elaborado

a partir de levantamento plani-altimétrico da área de interesse. Neste levantamento é

importante destacar a declividade do fundo da voçoroca, dos taludes naturais e a

declividade do talvegue, a jusante da voçoroca, sobre a qual deságuam as águas pluviais.

O procedimento de controle dos voçorocamentos consiste em realizar a sua

estabilização ou evitar que cresça, tanto em largura como em profundidade. A primeira

medida a ser adotada é o desvio ou a contenção do fluxo de água que está ocasionando a

voçoroca (pode-se construir terraços e bacias de retenção para o ordenamento e

armazenamento da enxurrada formada na parte superior da voçoroca e barreiras para reter

sedimentos dentro das voçorocas, e outras no entorno desta, com paliçadas de bambu e

pneus usados), para impossibilitar o seu aumento.

Se essa providência não for realizável, deverão ser adotados processos que

controlam a velocidade e o volume da água que escorre sobre a garganta. Há situações em

que é possível a construção de um terraço tipo murundu – canal com um camalhão ou dique

bem alto. A finalidade desse terraço é desviar a água que escorre da área superior à parte

inicial da voçoroca e é chamado terraço-de-dispersão.

As estratégias de controle de erosão propostas para a recuperação de áreas com

presença de voçorocas constituem normalmente de práticas mecânicas e vegetativas de

baixo custo. Práticas mecânicas referem-se a operações mecanizadas e/ou manuais para

transporte de material, movimentação de terra, alocação e/ou remoção de rejeitos e

construção de pequenas obras de contenção e dispositivos de drenagem superficial.

Estas possuem como objetivo estabelecer condições mínimas para que se possam

estabelecer as práticas vegetativas, ou revegetação. Esta última que constitui no plantio de

espécies adaptadas aos ambientes em questão, o que também é normalmente

complementado com práticas edáficas, isto é, a incorporação de cobertura morta para a

proteção superficial do solo e formação de serrapilheira.

Pode-se também utilizar o auxílio de geossintéticos como biomantas ou geotêxteis

tecido para sustentar as paredes dos taludes, evitar uma maior erosão deste e proteger as

sementes até que a nova vegetação cresça e se firme no solo. Porém estes são um pouco

mais caros.

35

9.5) Controle da erosão eólica:

Para evitar ou controlar a erosão eólica, é importante que se tome algumas medidas,

como:

* Aumentar a rugosidade da superfície;

* Manter a vegetação ou resíduos culturais na superfície do solo;

* Estabilizar a superfície erodível com diferentes materiais;

* Reduzir o comprimento do campo com barreiras e quebra-ventos;

* Aumentar a umidade do solo.

9.6) Sistemas de Manejo do Solo:

O manejo do solo se constitui de práticas simples e indispensáveis ao bom

desenvolvimento das culturas e compreende um conjunto de técnicas que, utilizadas

racionalmente, proporcionam alta produtividade. Mas se mal utilizadas podem levar à

destruição dos solos em curto prazo, podendo chegar à desertificação de áreas extensas.

a) De maneira geral, podem-se considerar os seg uintes tipos de manejo do

solo:

a.1) Preparo convencional: provoca inversão da camada arável do solo,

mediante o uso de arado; a esta operação seguem outras, secundárias, com grade ou

cultivador, para triturar os torrões; 100% da superfície são removidos por implementos. Este

tipo de preparo só deve ser utilizado quando da correção de algumas características na

subsuperfície do solo, onde necessite de incorporação de corretivos ou rompimento de

camadas compactadas.

a.2) Preparo mínimo: intermediário, que consiste no uso de implementos sobre

os resíduos da cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o cultivo

seguinte. Geralmente é utilizado um escarificador a 15cm suficiente para romper crostras e

pé de grade niveladora.

a.3) Plantio direto: aqui, as sementes são semeadas através de semeadora

especial sobre a palha de culturas do cultivo anterior ou de culturas de coberturas

produzidas no local para este fim.

36

a.4) Plantio semi-direto: semelhante ao Plantio Direto; semeadura direta sobre a

superfície, com semeadora especial, diferindo deste sistema apenas por haver poucos

resíduos na superfície do solo.

Os manejos referidos nos itens b, c e d, são conhecidos como conservacionistas

considerando-se uma das melhores formas, até o momento, estabelecidas na conservação de

água e do solo.

b) Manejo Conservacionista: Os objetivos de uma agricultura sustentável são o

desenvolvimento de sistemas agrícolas que sejam produtivos, conservem os recursos naturais,

protejam o ambiente e melhorem as condições de saúde e segurança em longo prazo. Neste

sentido, as práticas culturais e de manejo, como a rotação de culturas, o plantio direto, e o

manejo do solo conservacionista, são muito aceitáveis, pois além de controlarem a erosão do

solo e as perdas de nutrientes, mantêm e/ou melhoram a produtividade do solo.

Nos melhores solos, pode-se manter um alto nível de produtividade mediante a

aplicação de, apesar de escassas, bem estruturadas práticas de conservação de solos. Então,

um verdadeiro sistema de agricultura sustentável é aquele em que os efeitos benéficos das

diferentes práticas de conservação são iguais ou ultrapassam os efeitos adversos dos

processos depredativos. O componente vital deste equilíbrio dinâmico é a matéria orgânica, a

qual tem que ser mantida através de adições regulares de materiais orgânicos.

10) Consequências da erosão:

Com a falta de conscientização humana, o solo vem se tornando, de maneira geral,

de baixa fertilidade. O solo está sendo empobrecido cada vez mais e isso está gerando

conseqüências graves.

O fenômeno de erosão vem acarretando, através da degradação dos solos, por

conseqüência, das águas, etc., um pesado ônus à sociedade, pois além de danos

ambientais irreversíveis, produz também prejuízos econômicos e sociais, diminuindo a

produtividade agrícola, provocando a redução da produção de energia elétrica e do volume

de água para abastecimento urbano devido ao assoreamento de reservatórios, além de uma

série de transtornos aos demais setores.

Constantemente, ocorrem deslizamentos de terra em regiões habitadas,

principalmente em regiões carentes, provocando o soterramento de casas e mortes de

pessoas. Além de ser comum que as erosões provoquem fechamento de rodovias, ferrovias

e outras vias de transporte.

37

A crescente degradação da terra reduz a produção das lavouras e pode ameaçar a

segurança alimentar de cerca de um quarto da população do planeta segundo estudos da

FAO, a agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para alimentação e agricultura.

Uma população de aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas depende diretamente de terra

que está sofrendo degradação.

A segurança alimentar vem ganhando destaque porque o aumento do preço dos

produtos, como resultado de colheitas fracas, baixos estoques, preço elevado dos

combustíveis e crescentes demandas podem levar milhões de pessoas a passar fome nos

países em desenvolvimento.

A degradação da terra por um longo período vem crescendo e afeta mais de 20 por

cento de todas as áreas cultivadas, 30 por cento das florestas e 10 por cento das pastagens.

Ainda segundo a ONU, 35% da erosão é causado pelo excesso de pastoreio, problema

típico da África e Oceania, 30% advém do desmatamento, com destaque para a Ásia e a

América do Sul, e 28% do uso de práticas agrícolas danosas.

Com os números, vem o espectro da fome. A cada ano, os fazendeiros do mundo

têm que alimentar mais 92 milhões de pessoas com 24 bilhões de toneladas de solo a

menos. No momento, 89.000 Km2 degradados dificilmente serão salvos, 2,9 milhões exigem

investimentos acima das possibilidades dos países em desenvolvimento e outros 9,3

milhões - área equivalente ao território americano - precisam de medidas imediatas como

drenagem e novas técnicas de plantio.

A erosão da terra leva à redução da produtividade, migração, insegurança alimentar,

danos a recursos básicos e ao ecossistema e perda de biodiversidade, além de contribuir

para a crescente emissão de gases que aquecem o planeta. A perda de biomassa e de

material orgânico no solo libera carbono para a atmosfera e afeta a qualidade do solo e sua

habilidade de reter água e nutrientes.

Essa degradação também pode gerar instabilidade, que geralmente causada nas

partes mais elevadas, pode levar a deslocamentos repentinos de grandes massas de terra e

rochas que desabam talude abaixo, causando, no geral, grandes tragédias (deslizamento de

terra que destroem casas matam pessoas). Além de, juntamente às partículas de solo, a

erosão levar os fertilizantes e os agrotóxicos, cansando prejuízos ao produtor e poluição

ambiental.

Com a erosão, a camada de solo abaixo do material erodido apresenta menos

matéria orgânica, menor fertilidade e estrutura mais frágil, comprometendo o potencial de

38

produção. O solo fica susceptível à desertificação (quando perde a capacidade de realizar

suas funções e não é mais capaz de sustentar vegetações).

Podendo ser tão severa que, com uma única chuva, pode arrastar as plantas de uma

lavoura, causando sérios prejuízos. Os sedimentos formados por partículas do solo podem

acumular-se em áreas planas, formando um solo diferente do solo natural. Se a acumulação

acontecer em um rio, irá ocorrer o assoreamento, dificultando o escoamento e causando

enchentes.

10.1) Erosão + Poluição:

Os solos têm diversos ciclos, microorganismos, plantas, passagem de água, etc.,

que estão em constante atividade e transformação. Os poluentes químicos (fertilizantes em

excesso, agrotóxicos e dejetos) depositam-se no solo e na água e quebram os ciclos

naturais, causando a poluição do solo.

Dejetos contaminados com organismos patogênicos (que causam doenças como os

estrumes, efluentes de agroindústrias, etc.) ou com óleos e gorduras podem trazer

problemas sérios. Ao se juntar com a erosão, a poluição pode gerar:

* Arrastamento, podendo encobrir porções de terrenos férteis e sepultá-los com

materiais áridos.

* Morte da fauna e flora do fundo dos rios e lagos por soterramento.

* Turbidez nas águas, dificultando a ação da luz solar na realização da fotossíntese,

importante para a purificação e oxigenação das águas.

* Arraste de biocidas e adubos até os corpos d'água e causar, com isso, desequilíbrio

na fauna e flora nesses corpos d'água (ex.: causando eutroficação).

11) Erosão no Brasil:

Em especial no Brasil, a erosão do solo está presente em todos os biomas, desde a

Mata Atlântica até a Floresta Amazônica, passando pelos cerrados, caatinga, pantanal,

campos, restingas e manguezais. Em muitas dessas áreas, já se é possível notar o grande

processo de desertificação por causa do uso inadequado do solo, como acontece nos

campos gaúchos, onde grandes áreas foram danificadas, pois eram agricultáveis, e já

transformaram em desertos.

O grande risco de degradação e destruição do solo é expressivo em muitas regiões

brasileiras devido à elevados suscetibilidade a erosão da maioria dos nossos solos,

39

classificados hoje em mais de 250 tipos. A degradação acentuada como de erosão e de

voçorocas, já podem ser observados nos solos de Cuiabá, Estado de Mato Grosso,

principalmente em várias regiões rurais e urbanas.

Praticamente metade do litoral brasileiro está ganhando novos contornos. Dos 8,5 mil

quilômetros da costa, desde a foz do Rio Oiapoque (Amapá) até o Arroio Chuí (Rio Grande

do Sul), cerca de 40% da linha atlântica brasileira sofre os efeitos negativos da ação da

erosão (recuo do solo) ou de progradação (avanço).

Em geral, a erosão e a progradação são interligadas. Numa praia, onde o solo é

arenoso e, portanto, mais "frágil", a perda de areia numa ponta (erosão) tende a ser

compensada pelo acúmulo (progradação) em outra, e vice-versa, para que se mantenha o

equilíbrio. Casas podem ser destruídas nos locais atingidos pela erosão.

Segundo o Instituto Agronômico de Campinas (IAC), cada hectare cultivado no país

perde, em média, 25 toneladas de solo por hectare. Isso significa perda anual de cerca de

um bilhão de toneladas ou cerca de um centímetro da camada superficial do solo de todo o

país. Esse material arrastado pela erosão irá se depositar nas baixadas e nos rios, riachos e

lagoas, causando uma elevação de seus leitos e possibilitando grandes enchentes. O

prejuízo com a erosão e a sedimentação no Brasil, segundo estudos da UnB, chega a cerca

de R$ 12 bilhões anuais: para cada quilo de grão produzido, o país perde de 6 a 10 quilos

de solo.

12) Alguns Casos de Erosão:

12.1) Erosão nas praias do Ceará:

(Figura 2).

40

As praias cearenses atraem milhares de turistas todos os anos. Mas um problema

preocupa cada vez mais comerciantes, moradores e até os empresários que vivem do

faturamento de algumas praias do Estado: o avanço da maré.

A força das ondas tem invadido a faixa de areia, destruído casas, barracas e

afastado moradores e turistas. Segundo o geógrafo Jeovah Meireles, da Universidade

Federal do Ceará (UFC), em algumas praias o mar avança de sete a oito metros por ano.

Em Caucaia houve um avanço significativo do mar: cerca de 300 metros em apenas

12 anos. Segundo Meireles, a degradação começou com a construção do Porto do

Mucuripe. Os espigões, que foram construídos em Fortaleza para minimizar a força das

marés e as construções urbanas irregulares também colaboraram para o avanço do mar em

praias próximas à Capital.

Paralelamente, a prefeitura de Caucaia iniciou em agosto de 2010 as obras de

construção de um "barra-mar" na faixa da costa com 1370 metros de extensão para tentar

amenizar o problema.

Fonte:http://deolhoem2014.terra.com.br/blog/fortaleza/conter-a-erosao-nas-praias-do-ceara-

e-desafio-para-2014-de-cidades-proximas-a-fortaleza-78

12.2) Voçoroca em Espigão, Itapetininga:

(Figura 3).

A imensa erosão começou com um buraco de cerca de cinco metros. Ilda de

Almeida, proprietária do sítio, conta que o problema se arrasta há quase quinze anos.

41

O fenômeno conhecido como voçoroca, causado pela erosão da chuva, abriu

imensas galerias por toda a propriedade. Até a criação das treze cabeças de gado, que são

a fonte de renda para a família, tem sido uma grande dificuldade.

Além dos prejuízos financeiros para a família da Ilda e os problemas ambientais, a

preocupação dos moradores agora é que o buraco da erosão está se aproximando cada vez

mais da estrada. São menos de quatro metros para atingir a única via que dá acesso a mais

de cinco bairros da região.

Fonte:http://tn.temmais.com/noticia/7/38059/moradores_do_bairro_espigao_de_itapetininga

_reclamam_de_prejuizos_causados_por_vocoroca.htm

12.3) Barragem de Algodões – Piauí:

(Figura 4).

(Figura 5).

Zona rural inundada e Erosão na Barragem

A enxurrada provocada pelo rompimento da barragem de Algodões, no Piauí,

arrasou a zona rural de dois municípios da região norte do estado.

42

A água passou com tanta força, que limpou todo o vale. Arrastou árvores, torres de

energia elétrica e casas. Os moradores conseguiram fugir quando escutaram o estrondo da

parede desabando.

As águas inundaram a área ribeirinha da cidade de Cocal da Estação e pessoas

foram levadas pelas águas. Também foi provocada uma erosão de um quilômetro entre o

sangradouro e a parede da represa. Os engenheiros esperaram o nível da água baixar para

começar uma obra de contenção.

Fonte:http://jornalnacional.globo.com/Telejornais/JN/0,,MUL1171922-10406,00-

BARRAGEM+SE+ROMPE+E+INUNDA+CIDADES+DO+PIAUI.html

12.4) Maior voçoroca do Brasil - Santa Filomena, Pi auí:

(Figura 6).

A voçoroca existente na cabeceira do Riachão, com quase dois quilômetros de

extensão e em pleno cerrado de Santa Filomena, é detentora de grande energia destrutiva,

chegando inclusive a abrir verdadeiro ‘canyon’ na rocha primária em decomposição.

Exatamente por apresentar essa característica devastadora, está atraindo a atenção

da mídia nacional e de muitos pesquisadores e estudiosos dos campos da geologia, da

geotecnia e da agronomia.

Essa voçoroca surgiu justamente do mal uso do solo, pois o plantio foi feito sem

aplicar os métodos mais corriqueiros para evitar a erosão (por exemplo: plantio em curvas

de nível, cordões em contorno) considerando o potencial erosivo de solos arenosos sob a

ação de chuvas concentradas. Além disso, as estradas principais, as vicinais e as estradas

de serviços não possuem um sistema correto para drenagem das águas pluviais que

acabam concentradas em determinados pontos originando os ravinamentos que

rapidamente evoluem para voçorocas de grandes profundidades e extensões.

43

Fonte1:http://www.cabecadecuia.com/noticias/37801/degradacao-piaui-tem-a-maior-

vocoroca-do-brasil-.html

Fonte 2: http://leonamsouza.blogspot.com/2010/05/santa-filomena-piaui-sobra-erosao-e.html

12.5) O assoreamento do rio Taquari, Pantanal:

(Figura 7).

O rio Taquari é um dos principais formadores do Pantanal. Ao adentrar na Planície

Pantaneira, em condições climáticas diferentes das anteriores, o rio Taquari formou um

gigantesco leque aluvial de 55.509 km2, onde situam-se as sub-regiões do Paiaguás e

Nhecolândia.

Apesar da deposição de sedimento pelo rio Taquari na sua planície de inundação ser

um fenômeno natural, esse processo foi intensificado, a partir de meados da década de 70,

devido a expansão desordenada da atividade agropecuária na bacia do alto Taquari (BAT).

O aumento dos processos erosivos na BAT intensificou o assoreamento do rio

Taquari no Pantanal, e consequentemente a inundação de vasta área localizada na planície

do baixo curso do rio Taquari. Em 1995, a área sujeita a inundação recobria uma superfície

de 11.150 km2. Essa inundação vem sendo considerada como o mais grave impacto

ambiental e socioeconômico do Pantanal.

A sucessão natural da vegetação foi alterada, inclusive com a morte de muitas

árvores de grande porte. Várias espécies de animais foram afugentados dessas áreas.

Muitas famílias de colonos tiveram que abandonar suas propriedades, e grande números de

fazendas de criação de gado bovino tornaram-se improdutivas.

Fonte: www.cpap.embrapa.br/publicacoes/download.php?arq_pdf...

44

13) Erosão em Sergipe:

13.1) Mar avança sobre a costa na Orla de Atalaia, Aracaju:

(Figura 8).

O mar no Estado do Sergipe está avançando progressivamente sobre a costa.

Segundo dados do Atlas de Erosão e Progradação do Litoral Brasileiro, publicado pelo

Ministério do Meio Ambiente em setembro do ano passado, o mar já avançou 21% sobre a

costa sergipana.

Na orla de Atalaia, em Sergipe, o prejuízo já é visível: a área da praça de eventos foi

interditada por causa da destruição da passarela de madeira, causada pela força das águas

e quatro bares já foram destruídos. Postes tiveram que ser removidos às pressas e alguns

coqueiros já não existem no local.

Segundo o Atlas de Erosão, "a faixa litorânea, quando não rochosa, é sujeita a

variações espaciais em curto espaço de tempo, uma vez que se tratam de ambientes

dinâmicos influenciados diretamente por ondas e correntes marinhas". Por isso, prédios e

casas que foram construídos na beira-mar correm o risco de desaparecer.

Alguns países têm adotado faixas de proteção ou restrição do uso desses ambientes

como forma de preservar as características paisagísticas e reduzir as perdas materiais em

decorrência da erosão costeira.

Fonte:http://www.rainhamaria.com.br/Pagina/4736/Arquivos/2009121310_Carta_MAPA_201

0.pdf

45

13.2) Erosão na Praia do Saco, Estância:

(Figura 9).

Segundo o coordenador, o professor e geólogo Luiz Carlos Fontes, embora os

estudos ainda estejam sendo desenvolvidos, eles já apontam algumas respostas para a

erosão severa que tem atingido o local e levado à redução da faixa de praia, atingido

construções localizadas na orla e destruindo várias casas.

Fontes explicou que o fenômeno da erosão existe em todo litoral do Nordeste e do

país, mas as causas não são sempre as mesmas, mas ocorrem devido a vários fatores. No

caso da praia do Saco, ele disse que a causa principal é a dinâmica da desembocadura dos

rios Real e Piauí. “Ali é uma área muito dinâmica, em contínua mudança, pois o rio ora

desemboca num lado, ora em outro”, informou, acrescentando que agora a desembocadura

tem ocorrido numa posição mais ao norte, próximo à praia.

Fontes disse ainda que uma primeira observação que pode ser feita é que a orla

atingida pelo episódio erosivo não se encontra voltada para o Oceano, como muitos

imaginam, mas na parte interna da foz do rio Piauí. Para ele, essa é uma constatação

relevante e que comprova que o fenômeno está mais diretamente relacionado à dinâmica da

desembocadura fluvial e não à erosão das praias marinhas, fenômeno tão largamente

difundido no Nordeste brasileiro. “Pode-se observar no povoado praia do Saco que as praias

totalmente marinhas continuam com uma larga faixa de areia, sem erosão expressiva”.

O pesquisador disse que recentemente a equipe do laboratório Georioemar realizou

um levantamento de batimetria (morfologia do fundo do rio) e correntes fluviais e observou

que no canal próximo à praia é onde o rio cava mais, ou seja, onde está mais profundo. “É

por isso que está acontecendo essa erosão”, observou Luiz Carlos Fontes.

Fonte: http://www.estanciaonline.com.br/ler.php?op=noticia&id=549

46

MOVIMENTO DE MASSAS

14) Conceito de Movimento de Massa:

São movimentos de material desagregado de rocha e solo, formados por ação do

intemperismo e da erosão, devido à ação da gravidade. O movimento de massa geralmente

ocorre com rochas alteradas, pois a rocha sã é resistente à gravidade, se tornando de difícil

movimento.

15) Fatores que influenciam os movimentos:

A estabilidade ou instabilidade de uma encosta depende da interação de um conjunto

de fatores. O ângulo de repouso, ou seja, o maior ângulo de inclinação em que o material na

encosta permanecerá estático, é definido principalmente pelos seguintes fatores: natureza

do material na encosta, a quantidade de água infiltrada nos materiais, a inclinação da

encosta e presença de vegetação.

15.1) Clima e vegetação:

A variabilidade climática, as precipitações e a vegetação são de grande importância

na análise dos movimentos de massa. As exposições a condições extremas, diárias ou

periódicas, causadoras do intemperismo diminuem consideravelmente a resistência da

rocha e do solo; provocam variações no volume das massas, conduzindo queda de blocos e

o processo de rastejos.

A diminuição da resistência se dá pelo enfraquecimento do meio rochoso

gradualmente. Dessa forma surgem fraturas pela diminuição de coesão e ângulo de atrito

interno. A intensidade da chuva é responsável por fatores como a elevação do nível

piezométrico/freático em taludes; ocorre durante ou após as chuvas aumentando a pressão

neutra no maciço onde se encontra o talude ou aterro.

Com a energia das águas a desagregação do material e consequentemente seu

transporte, a redução da coesão do material é constante, assim como sua resistência. Os

deslizamentos são favorecidos pela expansão do cisalhamento em rochas.

A função da vegetação é basicamente de proteção ao solo. A cobertura vegetal

reduz o impacto da água e o aumento do escoamento superficial, impedindo a compactação

do solo. A não ocorrência dessa cobertura favorece a ação da chuva e, consequentemente,

formação de ravinas. Esse fator influencia diretamente na instabilidade da estrutura.

47

15.2) Geologia:

A análise geológica deve considerar o tipo do material e suas propriedades. As

características das estruturas como resistência, permeabilidade, presença de

descontinuidades é indispensável para a compreensão de fenômenos que possam ocorrer

no local.

15.3) Ação Antrópica:

A retirada de cobertura vegetal tem sido um fator acelerador da degradação. A ação

da gota em solos totalmente expostos favorece as áreas de escoamento devido à

compactação. Essa retirada da vegetação ocorre por diversos motivos, desde o processo de

urbanização a ocupação para áreas agrícolas. Outro fator importante de instabilidade é o

corte de estradas e taludes, alterando a geometria da estrutura.

15.4) Geomorfologia:

Os aspectos geomorfológicos abrangem fatores como drenagem, declividade,

aspecto, amplitude e forma de vertentes.

A drenagem é de suma importância em relevos tropicais úmidos, atuando no seu

modelamento. A sensibilidade a formação de ravinas e sulcos está diretamente relacionada

aos movimentos de massas. A densidade de drenagem é calculada pela seguinte equação:

Dd =∑L

A

onde:

Dd é a densidade;

∑L é a somatória dos comprimentos dos canais;

A é a área drenada.

Declividade de um relevo é a medida de inclinação, geralmente calculada em graus.

Exerce influência nos cursos de água; o grau de inclinação é diretamente proporcional à

velocidade de movimentação do material e consequentemente à capacidade de transporte

das massas. A ação de agentes erosivos é determinante no aspecto da vertente. Esses

agentes atuam na sua orientação, dada pela acomodação dos sedimentos. A orientação é

responsável pelas diferenças na umidade do solo. Dessa forma a face da vertente exposta à

insolação retém menos umidade, o contrário ocorre nas vertentes expostas à pluviosidade.

48

Quando as camadas geológicas são concordantes ao caimento da vertente o risco de

escorregamento é maior.

Em materiais inconsolidados o ângulo de repouso médio é de aproximadamente 30º,

mas o valor deste ângulo varia em função do tamanho, forma e grau de seleção do material.

Em termos gerais pode-se dizer que o ângulo é maior quanto maior o tamanho de grão do

material, quanto mais irregular a forma dos grãos e quanto menor o grau de seleção. A

estabilidade de encostas com materiais consolidados depende de outros fatores, como

estrutura da rocha (fraturas, acamamento, etc.) e posição das estruturas em relação ao

relevo. Além do tipo de material, outro fator que afeta o ângulo de repouso das encostas é a

quantidade de água infiltrada no regolito.

A água reduz a coesão entre as partículas do regolito, diminuindo, assim, o ângulo

de repouso do material. Esse efeito depende, entretanto, da quantidade de água infiltrada

que por sua vez depende da porosidade e permeabilidade dos materiais. A diminuição de

coesão ocorre quando o material é saturado em água (i.e. todos os poros estão

preenchidos), mas quando o material não está saturado o efeito da água pode ser o de

aumentar o ângulo de repouso (areia seca X areia úmida X areia encharcada). Encostas

com material argiloso, por exemplo, podem ter ângulo de repouso bastante grande quando

secas (até 90o), mas muito baixo quando infiltradas por água. A água infiltrada pode facilitar

também o movimento de blocos de material consolidado.

A inclinação da encosta é um fator de estabilidade muito importante. Isso porque

com o aumento da inclinação da encosta aumenta o efeito da força de gravidade em relação

à força de atrito. Desta forma, quanto maior a inclinação da encosta, maior a tendência de

movimento dos materiais sobre ela. A estabilidade dos materiais em encostas com

diferentes inclinações é definida pelos fatores anteriormente mencionados. Qualquer fator

que altere a inclinação das encostas pode, portanto, alterar a estabilidade das mesmas.

A amplitude do relevo compreende a diferença entre a cota máxima e a cota mínima,

ou seja, a variação de altura. Assim como a declividade, a amplitude é proporcional à

energia e a velocidade aplicada às vertentes desencadeando maior capacidade de

deslocamento do material. Esse processo torna-se mais rápido se associado à elevada

dissecação.

As formas de vertentes encontradas na natureza podem ser identificadas em

côncavas, convexas, retilíneas e suas combinações. A forma côncava é considerada a mais

favorável à ocorrência de deslizamentos, por formar zonas de convergência do fluxo de

água e possuir maior volume de material disponível para mobilização.

49

(Figura 10).

Formas de vertentes: LL – retilínea, LX – convexo - retilínea, LV – côncavo -

retilíneo, XL – retilíneo - convexo, XX – convexo, XV – côncavo-convexo, VL–

retilíneo - côncavo, VX – convexo - côncavo, VV – côncavo.

A presença de argila é um fator favorável a saturação do regolito, a

impermeabilização consequente causa o encharcamento e posterior escoamento superficial.

No caso da montmorilonita o caso se agrava devido sua propriedade de expansão

excessiva, provocando a abertura de fendas comprometedoras à instabilidade da formação.

15.5) Efeito de vibrações:

As transmissões de vibrações podem ocorrer através de tráfego pesado, explosões,

cravação de estacas, terremotos e ação de ondas marítimas, entre outros. Tais vibrações

podem possuir energia suficiente para desagregação e enfraquecimento das rochas e solo.

15.6) Ruptura por cisalhamento ( τ):

A ruptura por cisalhamento é dada pela teoria de Mohr-Coulomb através da equação:

τ = c σ � U� tgφ

onde:

c = coesão

σ = pressão normal

50

U = pressão neutra

φ = angulo de atrito interno

16) Tipos de movimentos de massa:

São diversas as classificações para os movimentos de massa de acordo com a

necessidade e a característica compreendida. Neste trabalho serão apresentadas apenas

duas delas:

16.1) Em relação à direção:

a) Diagonais:

Caracterizam-se por movimentos lentos e de maior velocidade com grande força

gravitacional, independentes de zonas de contato entre materiais e de lubrificação.

b) Laterais:

Movimentos rápidos e dependentes de lubrificação de zonas de contato.

c) Verticais:

Quedas rápidas de blocos com ausência de agente mobilizador.

16.2) Em relação à cinemática do movimento x geo metria x tipo do

material:

a) Rastejos:

Rastejos são os movimentos menos perceptíveis, lentos e contínuos em encostas e

podem envolver grandes massas de solo. Em certas áreas torna-se impossível a

diferenciação entre o material transportado e a estrutura fixa, pois o movimento não

apresenta uma superfície de ruptura bem definida. Alguns sinais que ajudam na

identificação do rastejo são deslocamentos, inclinações e trincas em elementos como, por

exemplo, árvores, muros, cercas, postes e estradas. A velocidade dos movimentos é medida

em cm/ano.

b) Corridas:

Mais rápidas que o rastejo, as corridas, atingem m/h. Destaca-se a presença de água

em excesso que, diminuindo o atrito interno, destrói a estrutura com ação de escoamentos.

Podem ser divididas em corridas de terra, corridas de silte e corridas de lama. Nas corridas

51

de terra o solo encharca depois da chuva, que pode ser de menor intensidade por períodos

longos ou menores (porém com mais intensidade).

As corridas de silte ocorrem devido um colapso da estrutura após um curto período

de acréscimo (rápido) da pressão intersticial. As corridas de lama, mais comuns que as

demais, ocorrem devido à ação de enchentes, ocasionando a remoção dos solos por força

do fluxo da água. A avalanche de detritos também pode ser considerada uma corrida de

massas. Esta devido à elevada inclinação da encosta torna-se um movimento mais

devastador que as demais corridas, pois além de mais acelerados, seu fluxo é constituído

de rochas e solo em diferentes estados de degradação.

c) Escorregamentos:

Movimentos rápidos e de curta duração. As massas deslocadas são geralmente bem

definidas, e se dirigem para baixo. Com a velocidade e intensidade em que ocorrem têm

causado verdadeiros desastres. No Brasil, é perceptível a ocorrência desses desastres

periodicamente, determinados pelos períodos chuvosos e intensa concentração de água. A

ocupação de áreas de risco pela população carente é um dos fatores mais preocupantes e

desencadeadores dos deslizamentos.

Envolvem material sólido ao longo de uma superfície de cisalhamento, ou seja,

apresenta fricção constante. Uma das principais diferenças entre as corridas e os

escorregamentos dá-se pelo depósito do material movimentado. No primeiro caso o material

é arrastado além do sopé da encosta em conseqüência da força pluvial, no segundo caso o

material fica alojado na parte inferior da encosta. Segundo Selby (1982), locais que já

apresentaram deslizamentos são áreas propícias a novas ocorrências desses eventos.

Quanto a sua superfície de ruptura podem ser classificados em rotacionais (curva) e

translacionais (plana).

d) Queda de blocos:

Os blocos se desprendem com a ação da gravidade. Ocorrem em estruturas

bastante verticais não existindo superfície de movimentação; são independentes de água

das chuvas para movimentar-se.

Outros movimentos podem ser combinados como a rotação e saltos, ocasionando a

diminuição da dimensão dos blocos. As encostas atingem declives próximos a 90°, sua

parte inferior consta de material erodido, o que diminui a superfície de apoio aos blocos.

Esse tipo de movimento ocorre frequentemente em relevos compostos de rochas com alto

grau de dureza, onde é comum a ocorrência de diáclases pelo alívio de pressão.

52

e) Queda de detritos:

Pode ser considerada como associação entre a queda de blocos reduzidos e

escorregamentos de pequena proporção.

17) Medidas de Prevenção:

A modificação dos vários parâmetros de uma encosta relacionados acima altera a

condição de estabilidade da encosta, resultando quase sempre na ocorrência de corrida ou

escorregamento de massa. Esses movimentos são quase sempre catastróficos, ocorrendo

em poucos segundos e causando modificação do relevo e formação de depósitos

sedimentares. Isso quer dizer que as encostas são porções dinâmicas da Terra e que a sua

ocupação deve ser feita de forma cuidadosa.

Em muitos casos, não é possível evitar a ocorrência de movimento de massa,

apenas verificar a potencialidade destes riscos e evitar a construção em tais lugares. Mas

em diversas situações é possível tomar uma série de medidas para que os riscos de

movimentos de massa sejam consideravelmente reduzidos.

Para prevenir é necessário considerar que fatores favorecem a ocorrência de

movimentos de massa episódicos e rápidos e que movimentos são esses. Os movimentos

de massa mais rápidos e catastróficos são:

* Corrida de detritos;

* Corrida de lama;

* Avalanche de detritos;

* Escorregamento de blocos;

* Queda de rocha;

* Avalanche de rocha.

Além desses movimentos, outros movimentos mais localizados ou lentos também

acarretam perdas materiais:

* Escorregamento rotacional (Slump);

* Escorregamento de detritos;

* Abatimento de cavidades de dissolução.

53

Na maior parte dos casos mencionados, a ocorrência do movimento é ocasionada

por um episódio de aumento de infiltração de água nos materiais, mas as condições do

terreno já devem ser favoráveis para que o movimento ocorra. Normalmente, os movimentos

de corrida vão ocorrer em encostas:

* Com inclinação acentuada;

* Com material inconsolidado;

* Nas quais ocorram períodos de intensa chuva intercalados com períodos mais

secos.

Para minimizar dos riscos desses movimentos podem ser tomadas diversas medidas

preventivas, tais como:

* Evitar, sempre que possível, construções em áreas com potencial risco de

movimento de massa;

* Não alterar o perfil de encostas estáveis;

* Caso seja necessária esta alteração, tomar precauções para aumentar a

estabilidade destas encostas (uso de tirantes, muros de contenção e outros tipos de

proteções em estradas);

Para que estas medidas sejam tomadas de forma adequadas são confeccionados

mapas de risco geológico, nos quais determina-se a distribuição dos potenciais tipos de

movimento de massa em uma região. Esse mapa deve ser utilizado para definir as zonas de

preservação de vegetação, de não-construção e outras medidas preventivas. A confecção

desses mapas e o estudo da dinâmica das encostas com fins aplicados são uma das

principais atividades profissionais dos geológos.

Muitos desastres podem ser evitados de tomadas algumas medidas. Um programa

de estabilização de um talude envolve a interação entre a comunidade local e o governo. A

seguir são citadas algumas obras e medidas que dão certa estabilidade à estrutura.

17.1) Controle de águas servidas:

A infiltração constante de águas servidas implica no atingimento dos níveis de

saturação. Uma vez este nível atingido, torna-se mais fácil a ruptura da encosta. O problema

aumenta em épocas chuvosas. Dessa forma, a solução pode ser encontrada na implantação

de redes de esgotos e drenagem de águas separadamente, permitindo-se a coleta e a

condução das águas servidas.

54

17.2) Controle das águas pluviais:

Consiste na implantação de sistemas de condução das águas pluviais adequados às

máximas descargas. A inexistência desses sistemas facilita a infiltração acarretando a

diminuição da resistência do solo e por conseqüência sua ruptura.

17.3) Controle da rede de abastecimento da água:

Esse controle se dá pela simples manutenção das redes e conscientização da

população sobre os riscos de instalação de redes improvisadas. O rompimento dessa rede

implica às conseqüências citadas nos casos anteriores.

17.4) Redução de fossas sanitárias:

Com a infiltração de água das fossas ocorre a gradual saturação do solo, fator que

contribui para a ocorrência de movimentos de massas. A solução encontra-se na construção

de redes de esgotos sanitários.

17.5) Controle da declividade e da altura dos co rtes:

A ação descontrolada de cortes e a verticalização do talude, geralmente associadas

à construção de estradas é um dos principais fatores de instabilização, afetando a chamada

resistência intrínseca do solo. Logo, a solução encontrada está na elaboração de rígidas

normas de urbanização.

17.6) Controle da cobertura vegetal:

A presença da vegetação é responsável pela diminuição do impacto direto das gotas.

Retirada essa proteção torna-se mais fácil a ação erosiva, que associada a infiltração da

água diminui a coesão do solo. Deve-se alertar que o cultivo de bananeiras agrava a

situação, pois facilita a embebição do solo.

De forma lógica, a solução é a recomposição da cobertura vegetal e o

desenvolvimento de barreiras vegetais.

Mapeamento de áreas de risco e formulação de critérios para a definição de projetos

habitacionais seguros e de baixo custo.

17.7) Obras de drenagem superficial e profunda:

As obras de drenagem superficial são uma importante arma no controle do impacto

exercido pela água. Entre essas obras destaca-se a construção de caneletas revestidas com

55

material impermeabilizante, guias de sarjeta, tubos de concreto e bocas de lobo, associadas

a escadas d’ água de concreto armado, caixa de dissipação (responsável pela redução da

velocidade de escoamento de água) e caixas de transição.

Obras de drenagem profunda são responsáveis pelo controle de águas subterrâneas

tendo como objetivos rebaixar o nível do lençol freático e evitar a saturação das bases do

talude. São obras de drenagem profunda:

- trincheiras drenantes: vales preenchidos com material drenante, e um tubo-dreno

instalado na base. Intercepta e escoa a água subterrânea.

- drenos horizontais profundos (DHP): instalação de tubos plásticos com a

extremidade interna vedada e numerosos furos laterais em furos de sondagem abertos

próximos das bases dos aterros com ligeira inclinação.

17.8) Remoção de blocos instáveis:

Fixação dos blocos através de chumbadas ou tirantes e execução de obras de

fixação em encostas rochosas instáveis com atirantamento e injeção de solo-cimento.

18) Contenção de Taludes Instáveis:

18.1) A Utilização de Muros de Pneus:

Um amplo projeto de pesquisa foi executado visando o estudo de uma técnica de

estabilização de taludes de execução simples e dirigida ao consumo de pneus descartados.

O projeto foi centrado na construção de um muro experimental instrumentado,

executado com pneus dispostos em camadas horizontais. Neste muro, os pneus foram

amarrados horizontalmente com arame ou corda e preenchidos com solo compactado. O

muro experimental de pneus foi estabelecido em uma área plana, no Rio de Janeiro, a

jusante de uma encosta que apresentava sinais de instabilidade.

O muro foi construído com 60,0m de comprimento e 4,0m de altura, consumindo

cerca de 15 mil pneus inservíveis. Foram utilizados pneus com aproximadamente 0,60m de

diâmetro e 0,20m de largura de banda de rolamento, dimensões típicas de pneus de

veículos de passeio. Os pneus eram posicionados horizontalmente, amarrados entre si e

preenchidos com solo residual local, compactado. Atrás do muro, é executado um

retroaterro com o mesmo material de preenchimento dos pneus. Ao término da construção

do muro, foi adicionada uma sobrecarga de 2,0m de altura de solo ao retroaterro.

56

O muro experimental foi composto de 4 seções transversais distintas, com o objetivo

de comparar o comportamento de diferentes arranjos (pneus cortados versus pneus inteiros,

amarração com corda versus arame, e distintas geometrias).

a) Aspectos Construtivos:

A construção do muro foi realizada com equipamentos leves, sem a necessidade de

mão de obra qualificada.

Após a limpeza e o nivelamento do terreno, lançou-se a primeira camada de pneus

diretamente na superfície. As demais camadas foram posicionadas observando-se a

disposição descasada dos pneus, de forma a se obter um melhor entrosamento e menos

espaços vazios. Desta forma, os centros dos pneus entre as sucessivas linhas ficam

desalinhados.

b) Parâmetros do Material Solo-Pneu:

Os parâmetros necessários para análise da estabilidade e do comportamento

tensão-deformação de muros de pneus são: peso específico e módulo de deformabilidade

do material composto “solo-pneu”.

c) Comportamento Mecânico do Muro:

Os movimentos horizontais da massa de solo foram acompanhados por

inclinômetros, instalados no interior do muro de pneus.

Pode-se verificar que:

• A remoção da banda lateral reduz de forma significativa a magnitude dos

deslocamentos, sendo a diferença máxima de aproximadamente 12mm.

• A amarração dos pneus com arame reduziu os deslocamentos horizontais em até

20%.

Ressalta-se que a remoção de uma banda lateral facilita o preenchimento dos pneus

com o solo durante a construção, diminuindo assim o índice de vazios. Como resultado, o

material solo-pneu cortado apresenta-se menos deformável e mais homogêneo do que o

material solo-pneu inteiro.

A escolha do tipo de amarração deve também levar em conta outros aspectos de

ordem prática, como facilidade de execução e custo do material. Durante o processo

construtivo, verificou-se que, enquanto o arame pode ser ajustado com alicate comum, a

57

amarração com corda é mais trabalhosa e demorada, pois requer a confecção artesanal de

um nó especial, do tipo marinheiro.

A construção do muro de pneus, de técnica viável, que se apresenta como uma

alternativa que combina a eficiência mecânica do pneu e o baixo custo de execução quando

comparada às técnicas convencionais de estabilização de encostas. Além disso, cabe

destacar a facilidade de execução, que dispensa equipamentos pesados ou mão de obra

qualificada, favorecendo a adesão da população em comunidades de baixa renda.

18.2) A Utilização de Geossintéticos:

É comprovado que o uso dos geossintéticos, especialmente os geotêxteis e as

geogrelhas, aumentam substancialmente a estabilidade de taludes de terra.

Existem muitas situações onde a inserção de geossintéticos em obras de

estabilidade de taludes é uma solução substancial, eficiente, duradoura e atrativa em termos

de custo. Durante a sua construção, pode-se fazer jus, por exemplo, ao uso da resistência à

tração do reforço o qual pode ser considerado tangente à superfície de ruptura ou paralela à

direção de inserção do material no maciço. Além disso, é possível a utilização de fatores de

segurança menores, com a inclusão desta nova força resistente que é advinda do

geossintético.

Alguns destes materiais podem ser usados como objeto de reforço em taludes,

principalmente aqueles usados em grandes aterros compactados ou como parte do sistema

de reforço em pseudo-muros de gravidade, ou até mesmo em inclusões de maciços

fraturados, com o objetivo de se mobilizar devidos esforços de tração. O dimensionamento

da sua estabilidade será realizado, levando-se em consideração, a mobilização da

resistência à tração desta inclusão no ponto de interseção com a sua provável superfície de

ruptura.

O custo da adoção desta solução sintética é bastante baixo quando comparado com

o valor global da obra. No entanto, o beneficio é muito significativo quando leva-se em

consideração a economia com relação à menores movimentos de terra devido a

possibilidade de se usar baixos fatores de segurança durante o seu projeto. Uma boa

relação “custo x beneficio” vai estar relacionada com o correto dimensionamento dos

geossintéticos adicionados à obra de estabilização do talude.

Logo, pode-se afirmar que o uso de sintéticos como inclusões benéficas ao aumento

da estabilidade de taludes em geral, já é uma realidade face à sua comprovada eficiência

nestas obras. Saber convencer os tradicionais construtores sobre a nova realidade sintética

58

na geotécnica é um desafio que sé pode ser superado com investimentos consideráveis em

pesquisa, marketing e análises de desempenho deste material. A divulgação destes

procedimentos deverá ser realizada de forma otimista e real, para toda a comunidade

técnica e executiva, direta e indiretamente ligada ao uso e a comercialização dos

geossintéticos no Brasil.

19) Alguns Casos:

19.1) Deslizamento de terra atinge pousada em Angra dos Reis e 19

morrem no Estado, Rio de Janeiro:

(Figura 11).

Um deslizamento de terra atingiu uma pousada nesta sexta-feira na praia do

Bananal, em Angra dos Reis (RJ). Segundo informações da Defesa Civil municipal, equipes

estão no local e pode haver vítimas soterradas.

Ainda de acordo com o órgão, a pousada Sankay fica na Ilha Grande e foi atingida

pelo deslizamento ainda na madrugada. A Defesa Civil afirmou que está em estado de

emergência devido às chuvas que atingem a região. Apesar disso, nenhum decreto de

situação de emergência foi encaminhado para o governo do Estado.

Ainda em Angra, a Defesa Civil registrou outro deslizamento de terra nesta sexta-

feira, no morro da Carioca. Uma residência foi atingida, mas até as 9h30, ainda não havia

informações de vítimas.

Até a manhã desta sexta-feira, eram registradas 19 mortes em decorrência das

chuvas na região metropolitana do Rio. O último balanço também apontava 95 desalojados,

sendo dez em Mangaratiba, dois em Magé e 83 em Nilópolis, além de 544 desabrigados,

sendo 540 em Duque de Caxias e quatro em Magé que foram encaminhados para abrigos

municipais.

59

A Defesa Civil diferencia o desalojado e o desabrigado. Este último é o que é

amparado pelo poder público. Desalojados são aqueles que conseguiram abrigo provisório

em casas de parentes, amigos ou em hotéis.

A rodovia Rio-Santos está totalmente interditada nos dois sentidos desde a

madrugada desta sexta-feira devido a uma queda de barreira na altura do km 583, na altura

de Paraty (RJ), causada pelas chuvas que atingem parte do Estado.

Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal, a nova queda de barreira

aconteceu por volta das 3h. Ontem (31), a estrada já havia registrado diversos casos de

deslizamento de terra entre Mangaratiba e Angra dos Reis. Não há registro de feridos.

Fonte : http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u673443.shtml

19.2) Mãe e filha morrem abraçadas em soterramen to, São Paulo:

(Figura 12).

As chuvas que atingem sem trégua a região desde o sábado (01/01/11) já

provocaram seis mortes em três cidades e deixaram milhares de desabrigados ou

desalojados. Foram quatro mortos em um deslizamento de terra em Jundiaí. Outras mortes

foram confirmadas em Santa Bárbara d’Oeste e em Limeira. Na tragédia jundiaiense, corpos

de mãe e filha foram encontrados abraçados.

Só em Sumaré, que enfrenta uma enchente sem precedentes em toda sua história, e

avalia entrar em situação de emergência, quase 4.000 pessoas tiveram de deixar suas

casas. Nas outras cidades, pelo menos uma centena de famílias também está em abrigos

ou casas de parentes.

Até a tarde desta quinta-feira (06/01/11), segundo a Defesa Civil Regional, com sede

em Campinas, 26 cidades sob sua responsabilidade estavam em estado de atenção

60

(quando o volume de chuvas ultrapassa 80mm), uma em alerta (Sumaré) e outras nove

mantinham nível de observação.

Fonte:http://julianoandermann.blogspot.com/2011/01/mae-e-filha-morrem-abracadas-

em.html

20) Movimento de Massas em Sergipe:

20.1) Chuva deixa 220 desabrigados em várias cidades do E stado:

24/5/2011

(Figura 13).

Boletim da Defesa Civil do Estado aponta ocorrências em Aracaju, Nossa Senhora

do Socorro, Laranjeiras, São Cristóvão, Barra dos Coqueiros, Itaporanga e Itabaiana. A

Defesa Civil divulgou no início da noite um relatório parcial das ocorrências registradas

nesta terça-feira, 24, durante as 16 horas de chuva que caíram no estado.

No total são 57 pessoas desalojadas, 220 desabrigadas, três casas destruídas e oito

danificadas. As ocorrências foram registradas em Aracaju, Nossa Senhora do Socorro,

Laranjeiras, São Cristóvão, Barra dos Coqueiros, Itaporanga e Itabaiana. Nenhuma dessas

cidades está em estado de emergência.

Na capital, onde, de acordo com o prefeito Edvaldo Nogueira, foram mais de 175

milímetros de chuva durante esse período, 20 pessoas estão desalojadas, 200 estão

desabrigadas e até o momento não foi registrado nenhum desabamento de casa.

Em Nossa Senhora do Socorro houve apenas alagamentos e deslizamentos, mas

nenhuma ocorrência grave foi registrada. Em Laranjeiras, os alagamentos e deslizamentos

deixaram oito pessoas desalojadas; duas casas ficaram destruídas. Em São Cristóvão foram

registrados apenas deslizamentos e inundações.

61

Na Barra dos Coqueiros dez pessoas estão desalojadas, uma casa e dois prédios

públicos foram danificados. Em Itaporanga D’Ajuda os alagamentos e deslizamentos

deixaram 15 pessoas desalojadas e 20 desabrigadas. Uma casa foi destruída pela chuva.

Em Itabaiana os alagamentos deixaram quatro pessoas desalojadas. Duas casas foram

destruídas.

Fonte:http://www.clicksergipe.com.br/blog.asp?pagina=1&postagem=29439&tipo=clima

62

CONCLUSÃO

A erosão pode ser encontrada nos mais diversos ambientes e ser causada por

fatores bastante variados. Quando há a ação antrópica sobre os processos erosivos, a

erosão pode originar consequências muito severas para o meio ambiente e até mesmo

gerar problemas de cunho econômico, como no caso do empobrecimento de solos agrícolas

e a perda do solo.

Uma vez que a perda do solo por erosão é bastante influenciada pelo manejo e uso

do solo, sendo este o principal motivo de degradação, é importante o correto planejamento

para prevenir futuros gastos com recuperação destas áreas. O uso das técnicas corretas de

plantio nos relevos de inclinações variadas pode evitar a degradação do solo, a perda de

sua fertilidade, tornando-a propício ao cultivo para a sustentabilidade das próximas

gerações.

A maioria dos problemas relacionados à erosão poderia ser evitada se todos os que

cultivam a terra pudessem utilizar, através do conhecimento científico, métodos de

conservação dos solos. Sem demora, os países deveriam adotar uma política de uso

adequado do solo, com o objetivo de contribuir para a estabilização da produção de

alimentos antes que a população cresça a ponto de ficar impossível a planificação de forma

racional de conservação do solo.

63

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