Eru 480 - Propriedade

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Universidade Federal de Viçosa Centro de Ciências Agrárias Departamento de Economia Rural ERU 480 - Gestão ambiental e da Qualidade no Agronegócio Gestão Ambiental e da Qualidade Propriedade do senhor Adalberto São Miguel do Anta – MG

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Universidade Federal de ViçosaCentro de Ciências Agrárias

Departamento de Economia RuralERU 480 - Gestão ambiental e da Qualidade no Agronegócio

Gestão Ambiental e da QualidadePropriedade do senhor Adalberto

São Miguel do Anta – MG

Simone P. Lopes 53708Bruno BragançaBruno RodriguesRodrigo Cleanto

Viçosa, novembro 2009

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1. Introdução

Um dos assuntos mais em voga atualmente é a qualidade e segurança que devem

estar intrínsecas aos alimentos e seus processos de produção.

Em seu sentido genérico, a palavra qualidade é definida segundo AURÉLIO (2004),

como sendo “propriedade, atributo ou condição das coisas ou das pessoas que as

distingue das outras e lhes determina a natureza”.

De acordo com TOLEDO (1993), a qualidade do produto não se apresenta de forma

identificável e nem é observado diretamente, sendo percebida por meio de

características interpretativas dos produtos, o que introduz uma dimensão subjetiva de

sua análise.

Muitas vezes, a palavra qualidade é confundida com outros conselhos, como por

exemplo, sua produtividade e eficiência, e por esse motivo é preciso relacionar a

qualidade com sua aplicação, procurando-se empregar expressões como: Qualidade do

produto, qualidade do sistema, qualidade da gestão, entre outras. Ou Seja, a palavra

qualidade deve sempre vir acompanhada por um substantivo ao qual está associada.

Qualidade no enfoque moderno é definida tendo como referência o cliente. Um

produto de qualidade satisfaz as expectativas e exigências do consumidor e não

necessariamente, como no enfoque tradicional, apresenta particularidades técnicas

excepcionais. A qualidade dos alimentos, em especial, é cada vez mais importante.

Gerenciar a qualidade em pequenas propriedades rurais é de extrema relevância para

a obtenção de produtos de qualidade contribuindo para a qualidade do produto final bem

como tornar as atividades mais lucrativas mediante a redução de perdas e desperdícios.

Um dos principais entraves para o desenvolvimento das cadeias produtivas do

agronegócio é a qualidade do produto ao consumidor final.

Com um mercado consumidor cada vez mais exigente e a fim de consumir novos

produtos, as unidades produtoras de alimentos vêem-se obrigadas as realizar ações para

garantir a qualidade, investir em P&D e certificar seus sistemas. Este trabalho tem por

objetivo a implantação de ferramentas de gestão da qualidade a fim de melhorar os

processos na propriedade do senhor Adalberto.

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2. A propriedade

A Propriedade está localizada na zona rural do município de São Miguel do Anta

que se encontra a 247 km da capital Belo Horizonte, e a aproximadamente 24 Km da

cidade de viçosa.

De acordo com o senso realizado em 2007 a população do município 6.820

habitantes com área de 152,28 km². Sua economia é baseada principalmente na

agropecuária e no setor de serviços. Os municípios que integram esta região têm como

base uma economia tradicionalmente apoiada na atividade agropecuária que alimenta

importantes agroindústrias. Além dessas vocações industriais, agropastoris e comerciais,

a região tem grande potencial para o turismo ecológico.

Dados cartográficos: Google maps

A propriedade do Sr. Adalberto conta com uma área de 40 ha onde estão localizadas

2 casas sendo que uma foi construída recentemente onde reside a família.

A mão de obra na propriedade é familiar. Inicialmente somente a mão de obra do

proprietário é disponibilizada para realização dos trabalhos operacionais, e de sua

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esposa na produção dos doces. Nos períodos de mais trabalho são contratados

trabalhadores rurais para ajudar nas atividades.

A administração da fazenda é realizada pelo Sr. Adalberto, que agora conta também

com o auxilio da filha Elaine que é estudante do curso de Gestão do Agronegócio da

Universidade Federal de Viçosa.

3. As atividades

A propriedade conta com a produção de Leite em pequena escala com possibilidade

de expansão. Possui no total 16 animais na atividade leiteira, sendo que destes existem 4

vacas em lactação produzindo em media 20 litros/dia, um curral com capacidade para

ate 20 vacas em lactação além de um resfriador de leite com capacidade para 1000lts, o

qual o senhor Adalberto é dono da quarta parte. Conta ainda com a avicultura integrada

com a empresa Pif Paf funcionando em 2 galpões com capacidade para cerca de 28 mil

aves,

Além dessas atividades, existe ainda produção de milho em pequena escala com

objetivo principal de alimentação dos animas. 1,5 hectáre de banana e uma agroindústria

de pequeno porte onde são produzidos doces em barras de 450g e em pasta, vendidos

em potes de vidro de 680g, que utilizam como matéria prima as frutas e o leite

produzido na propriedade e uma plantação de eucalipto recém implantada de XXX

hectares com idade média de 5 meses.

4. Gestão da qualidade

4.1 Método 5s

O método denominado “5S” foi inicialmente aplicado nas indústrias japonesas a

partir da década de 1950 com objetivo de reestruturar os ambientes de trabalho

buscando a eliminação dos desperdícios. Por meio deste método as indústrias

conseguiram uma maior competitividade no mercado. É considerado como uma

filosofia desenvolvida através de cinco conceitos básicos resultando em uma espécie de

organização padronizada. Este programa é associado à gestão da qualidade total nas

empresas. No Brasil sua aplicação deu-se por volta dos anos 1990.

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O foco principal deste sistema é melhorar a eficiência através da eliminação de

materiais inúteis e de processos desnecessários. Deve ser estabelecido nos ambientes de

trabalho o que deve ser mantido, onde e como. A organização também deve ser

entendida como uma contribuição para a saúde física e mental dos trabalhadores

responsáveis pelas atividades das empresas.

Os principais benefícios da metodologia 5S são:

Maior produtividade pela redução da perda de tempo procurando por objetos.

Só ficam no ambiente os objetos necessários e ao alcance da mão.

Redução de despesas e melhor aproveitamento de materiais. O acúmulo

excessivo de materiais tende à degeneração.

Melhoria da qualidade de produtos e serviços

Menos acidentes do trabalho.

Maior satisfação das pessoas com o trabalho.

Os 5 Ss são:

Seiri ou Senso de Utilização: Refere-se à prática de verificar todas as

ferramentas, materiais, etc. na área de trabalho e manter somente os itens

essenciais para o trabalho que está sendo realizado. Tudo o mais é guardado ou

descartado. Este processo conduz a uma diminuição dos obstáculos à

produtividade do trabalho.

Seiton ou Senso de Ordenação: Enfoca a necessidade de um espaço

organizado. A organização, neste sentido, refere-se à disposição das ferramentas

e equipamentos em uma ordem que permita o fluxo do trabalho. Ferramentas e

equipamentos deverão ser deixados nos lugares onde serão posteriormente

usados. O processo deve ser feito de forma a eliminar os movimentos

desnecessários.

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Seisō ou Senso de Limpeza: Designa a necessidade de manter o mais limpo

possível o espaço de trabalho. A limpeza, nas empresas japonesas, é uma

atividade diária. Ao fim de cada dia de trabalho, o ambiente é limpo e tudo é

recolocado em seus lugares, tornando fácil saber o que vai aonde, e saber onde

está aquilo o que é essencial. O foco deste procedimento é lembrar que a

limpeza deve ser parte do trabalho diário, e não uma mera atividade ocasional

quando os objetos estão muito desordenados.

Seiketsu ou Senso de Saúde: Refere-se à padronização das práticas de trabalho,

como manter os objetos similares em locais similares. Este procedimento induz a

uma prática de trabalho e a um layout padronizado.

Shitsuke ou Senso de Autodisciplina: Refere-se à manutenção e revisão dos

padrões. Uma vez que os 4 Ss anteriores tenham sido estabelecidos,

transformam-se numa nova maneira de trabalhar, não permitindo um regresso às

antigas práticas. Entretanto, quando surge uma nova melhoria, ou uma nova

ferramenta de trabalho, ou a decisão de implantação de novas práticas, pode ser

aconselhável a revisão dos quatro princípios anteriores.

Para empresas do agronegócio, a qualidade dos produtos e serviços oferecidos, são

determinantes para o sucesso da empresa. Neste setor, a produção de alimentos tem

papel muito importante. Para compreender e intervir na qualidade de produtos de

origem vegetal ou animal, sejam alimentos ou não, é imprescindível compreender as

inter-relações dos elementos que compõem uma cadeia de produção no agronegócio.

A intenção na utilização do programa 5s na Fazenda Castelo, é mostrar que é

possível, melhorar o ambiente e a qualidade de vida de todos os envolvidos, mudando

hábitos. A prática do programa 5s pode proporcionar um cotidiano com menos

desperdício, mais organizado, mais limpo e claro, mais transparente, mais sincero e

disciplinado. Características necessárias para o dia-a-dia pessoal e profissional. Ao

adotar esse método, será possível mudar ou melhorar o convívio com outros e os

resultados obtidos até agora.

Segundo a metodologia 5s, algumas questões podem ajudar na reflexão da

situação atual da Fazenda e assim, refletir sobre a situação atual e sobre as mudanças

que precisam ser realizadas.

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Ao implantar esse sistema simples de controle da qualidade, é certo que algumas

mudanças serão notadas, trazendo assim importantes benefícios e para um ambiente de

trabalho agradável, o que conseqüentemente virá a aumentar a produtividade e

eficiência dos processos.

4.2 Ciclo PDCA

O ciclo PDCA, ciclo de Shewhart ou ciclo de Deming, é um ciclo de

desenvolvimento que tem foco na melhoria contínua.

De acordo com CAMPOS (1992), é um método de gestão para a solução estruturada de

problemas, cujo objetivo é alcançar metas predefinidas. A sigla representa as etapas de

planejamento (plan); execução (do), verificação (control) e ação corretiva (action).

O PDCA foi introduzido no Japão após a guerra, idealizado por Shewhart e

divulgado por Deming, quem efetivamente o aplicou. Inicialmente deu-se o uso para

estatística e métodos de amostragem. O ciclo de Deming tem por princípio tornar mais

Como está meu ambiente?

Ambiente? Que ambiente?

Ambiente de Trabalho

Ambiente de Lazer

Ambiente Familiar

Ambiente interno

Existe insatisfação ou desperdício?

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claros e ágeis os processos envolvidos na execução da gestão, como por exemplo na

gestão da qualidade, dividindo-a em quatro principais passos.

O PDCA é aplicado para se atingir resultados dentro de um sistema de gestão e pode

ser utilizado em qualquer empresa de forma a garantir o sucesso nos negócios,

independente da área de atuação da empresa.

O ciclo começa pelo planejamento, em seguida a ação ou conjunto de ações

planejadas são executadas, checa-se se o que foi feito estava de acordo com o planejado,

constantemente e repetidamente (ciclicamente), e toma-se uma ação para eliminar ou ao

menos mitigar defeitos no produto ou na execução.

Os passos são os seguintes:

Plan (planejamento) : estabelecer uma meta ou identificar o problema (um

problema tem o sentido daquilo que impede o alcance dos resultados

esperados, ou seja, o alcance da meta); analisar o fenômeno (analisar os

dados relacionados ao problema); analisar o processo (descobrir as causas

fundamentais dos problemas) e elaborar um plano de ação.

Do (execução) : realizar, executar as atividades conforme o plano de ação.

Check (verificação) : monitorar e avaliar periodicamente os resultados,

avaliar processos e resultados, confrontando-os com o planejado, objetivos,

D

PA

C

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especificações e estado desejado, consolidando as informações,

eventualmente confeccionando relatórios. Atualizar ou implantar a gestão à

vista.

Act (ação) : Agir de acordo com o avaliado e de acordo com os relatórios,

eventualmente determinar e confeccionar novos planos de ação, de forma a

melhorar a qualidade, eficiência e eficácia, aprimorando a execução e

corrigindo eventuais falhas.

4.3 Método QFD

O QFD (Quality Function Deployment – Desdobramento da Função Qualidade) é

uma das ferramentas da qualidade que foi criada na década de 60 pelo japonês Yoji

Akao e que tem como objetivo principal permitir que a equipe de desenvolvimento do

produto incorpore as reais necessidades do cliente em seus projetos de melhoria.

A primeira indústria a aplicá-lo foi a Mitsubishi Heavy em 1972. Em 1983 o método

chega aos EUA sendo amplamente divulgado a partir dos anos 80. As pioneiras

americanas a adotar o método foram a Ford e a Xerox.

Podemos dizer que o QFD é uma ferramenta que possibilita “ouvir” a voz do cliente

e ordená-la de modo a facilitar a análise de suas necessidades que são transformadas em

requisitos para a melhoria do produto na forma de especificações técnicas do mesmo.

Existem várias formas de se abordar um sistema QFD, visto que a filosofia QFD oferece

um amplo campo de aplicações. No seu desenvolvimento o QFD não tem-se restringido

somente ao planejamento organizacional, planejamento de empresas de serviço,

planejamento estratégico, etc

Na prática, o QFD corresponde a quatro matrizes onde é feito o planejamento do

produto e que costuma ser chamada genericamente de “casa da qualidade”. A partir dos

requisitos dos consumidores, que podem ser captados através de pesquisas,

reclamações, etc., que geralmente são coletados na forma de idéias vagas ou conceitos

generalizados, a equipe de projeto traduz estas idéias ou conceitos em requisitos de

projeto que podem ser mensuráveis e, portanto, transformados em características

efetivas do produto (conceitos).

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Quando esta ferramenta é devidamente utilizada, cria um ciclo fechado de melhoria

contínua, como mostrado abaixo:

Ciclo de melhorias trazidas pela utilização do QFD

Os principais motivos que levaram ao inicio da implantação do QFD foram:

A melhoria do processo de desenvolvimento de produto, decisão a partir do

conhecimento de suas vantagens e aumento da satisfação dos clientes.

A aplicação da técnica QFD permite o desenvolvimento de um plano de melhoria

das qualidades para os pontos críticos. Espera-se a melhoria da qualidade dos

serviços prestados; aumento da quantidade dos alimentos produzidos, com a

melhoria da produtividade; o aumento da qualidade dos alimentos destinados ao

consumo humano, e aumento do lucro da propriedade, serão utilizados questionário

formando a base de dados para  uma análise do sistema de vendas. críticos. Com os

questionários serão analisados fatores diversos que terão sua escala de importância

previamente definidos em peso dois - muito importante ( M ), peso 1 - importante (

I ) e com peso 0,5 - pouco importante ( P ).

Serão pesquisados requisitos como:

1. Informação sobre o andamento dos pedidos (I)

QualidadeCusto

Adequação

Posição de mercado

ProdutividadeLucratividade

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2. Tempo de atendimento (M)

3. Melhorias operacionais na movimentação de materiais (I)

4. Comprometimento com os clientes (I)

5. Qualidade no atendimento ao cliente (M)

6. Melhoria nos serviços de transportes (P)

4.4 Análise dos modos e efeitos das falhas FMEA

4.5 APPCC

5. Gestão ambiental

A propriedade é corta pelo rio Casquinha, o que facilita o possível processo de

Outorga do uso da água pelo proprietário, no entanto a presença desse rio determina a

área de proteção ambiental (APA), que determina que 15 metros que a partir da margem

do rio ao logo de todo o rio deve ser preservado. Embora esta área seja a mais plana da

propriedade, é de vital importância que a mesma seja respeitada e protegida devido aos

fatores ambientais e também aos fatores econômicos, pois uma possível cheia do rio

poderia causar danos financeiros em culturas instaladas dentro dessa área de proteção

ambiental.

Outra área que deve ser preservada é a de topo de morro e encostas íngremes. Na

propriedade estas se encontram presentes cobertas por mata nativas que devem ser

preservadas, ou seja, não devem ser consideradas como possíveis áreas de plantio ou

usadas para qualquer outra atividade que necessite da extração de mata nativa. A

propriedade possui também uma nascente que também deve ser considerada com área

de preservação permanente (APP), afim de manter as características quantitativas e

qualitativas dos recursos hídricos.

6. Conclusão

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AURÉLIO, B. H. F. Mini Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro:

Ed. Positivo, 6ª Edição, 2004.

TOLEDO, J. C. Gestão da mudança da Qualidade do Produto. São Paulo: Tese de

doutorado POLI-USP, 1993.