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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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V I C E N T E F R E I T A S

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

EDIÇÃO

DO AUTOR

2010

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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Copyright ©2010 by Vicente Freitas

Editoria

Vicente Freitas

Capa F. Petrarca

Revisão/Digitação Vicente F. Araújo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

A 658 e Araújo, Vicente Freitas de

Esboço Genealógico de Bela Cruz / Vicente Freitas de

Araújo Costa. Fortaleza: Edição do Autor, 2010. 270 p.

1. Bela Cruz (CE) – Estudos Históricos

2. Genealogia

I. Título CDD 981.31

CDU 929.31

contato

[email protected]

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Ao Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico

e Antropológico) a homenagem do autor.

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PREFÁCIO

Este livro é mais uma notícia ou roteiro destinado ao melhor

conhecimento da história da ribeira do Acaraú e, especialmente, do

município de Bela Cruz. Tem como alvo esclarecer o que há de real e

de fictício nas crônicas e anais daqueles que nos precederam (pelas

veredas da história) nesta região das sesmarias de Manoel de Goes.

Como observara Euclides, há um excesso de subjetivismo no

ânimo dos que entre nós, nos últimos tempos, cogitam de coisas tão

sérias. Começam excluindo, em grande parte, os materiais objetivos

oferecidos pelas circunstâncias mesológica e histórica. Outros dão

maiores largas aos devaneios; devaneios a que nem faltam a metrifica-

ção e as rimas. (1)

Embora não seja nossa intenção desprezar a importância da

lenda, esta biografia, devidamente pesquisada, documentada, precisa e

em ordem cronológica, procura apresentar uma versão racional da

história deste município. Goebbels, ministro da propaganda de Hitler,

dizia: “a verdade não é o que aconteceu e sim o que o povo pensa que

aconteceu”. Ao contrário de Goebbels – e seus seguidores – o nosso

objetivo, aqui, é dizer o que realmente aconteceu.

___________________

1 No período homérico (XII a. C. – VIII a. C.) a preservação do passado se fazia pela

tradição oral. Os poetas contavam a história por meio da poesia. Para tornar suas

narrativas mais atraentes, as iam ampliando, geração após geração. Ninguém estava

preocupado em apurar a verdade. O essencial era a beleza e a emoção que a narra-

ção poderia despertar. Nos tempos atuais isso ainda acontece.

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E, encarada como tal, esta notícia, quer nos mostrar, ainda, um

esboço genealógico de algumas famílias que, de 1683, até os dias

presentes – trabalhando, estudando, viajando, comerciando, transpor-

tando – viveram e vivem, procuraram e procuram essa terra para suas

proezas e atividades.

Para nós, Bela Cruz é a terra natal de um notável poeta (2) que

deixou páginas tão indeléveis quanto às inspiradas pelo príncipe Pe.

Antônio Thomaz. Ela é também o berço que acolheu a família Vaz-

Carrasco, vinda de Pernambuco, no início do século XVIII, ligada aos

Albuquerque, Araújo, Cavalcante, Goes, Holanda, Vasconcelos e

Xerez; terra que acolheu portugueses – e descendentes – que deram

origem às famílias do Vale do Acaraú.

Como salienta o mestre Capistrano de Abreu “a história do

Brasil é a história de suas famílias”, adiantando que “toda ela, sobre-

tudo em seus primórdios, se desenvolve sob o influxo dessa mentali-

dade grupal, refletindo suas vantagens e malefícios”. Eis o motivo que

nos levou a dar destaque aos dois últimos capítulos deste livro, onde

tentamos apresentar um esboço genealógico de Bela Cruz.

Afora as consultas que fizemos, em vários arquivos, e as valio-

sas referências hemerobibliográficas, em relevo a Revista do Instituto

do Ceará (publicada desde 1887), quiçá, a mais importante e séria

publicação, sobretudo no que concerne à divulgação e ao revisio-

nismo da nossa História, Geografia e Antropologia; talvez – no mais –

todo o mérito deste livro esteja em reunir, num só lugar, boa parte do

acervo estudado nestas publicações. Não hesito em alongar, nesse

tocante, as transcrições que houver de fazer – sempre que isso se tor-

nar necessário – para melhor e mais eficiente compreensão e entendi-

mento dos fatos.

Não se trata, aqui, de um livro para especialistas. Mas sim, um

livro para os cidadãos belacruzenses. Neste ano da graça de 2010, o

município de Bela Cruz está completando 53 anos de existência, ele-

vado que foi a essa categoria, a 23 de fevereiro de 1957.

___________________

2 Nicodemos Araújo (1905-1999)

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Pesquisar, criar, revisar exige uma unidade de concepção, dire-

ção e responsabilidade, reconheço. Afinal, escrever – história, princi-

palmente – não é apenas compilar. É, sobretudo, conhecer e confron-

tar. Porém, o que queremos mostrar, aqui, não é a polêmica, ou a con-

trovérsia. Não é a história com os seus enganos e equívocos. É a his-

tória revista, pensada e emendada.

E, como diria o benemérito Guilherme Studart, aí tem o leitor o

resultado de alguns anos de trabalho. Nele busquei consignar a verda-

de rigorosa dos fatos e das datas da crônica cearense, melhor estuda-

dos hoje, graças aos documentos encontrados, e, pois tive de fazer

correções a escritos alheios e aos meus próprios.

Testemunhamos a nossa gratidão a todos que nos ajudaram

nesta pesquisa, contribuindo, assim, para a melhor identificação dos

fatos e fastos aqui relacionados.

„Dado este cavaco, entremos na matéria‟.

Muito obrigado.

Vicente Freitas Bela Cruz, 2010

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“Outros há, dos quais não se tem

lembrança; pereceram como se nunca

tivessem existido”.

Eclesiástico 44, 9.

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“à esquerda e à direita foram todos caindo,

primeiro os que já eram lenda na memória dos

velhos, depois os avós de meus avós,

porque antes tombavam hierárquicos e

cronológicos”.

Gerardo Mello Mourão

O País dos Mourões

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“Corre, nas nossas veias, sangue velho dos avós,

E vós amais o que é fácil!

Eu amo o Longe e a Miragem”.

José Régio*

___________________ * Pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nascido, em 1901, na Vila do

Conde, extremo norte de Portugal, e ali falecido, em 1969. Os versos em epígrafe

foram extraídos do poema Cântico Negro, publicado em 1925, em seu livro Poemas

de Deus e do Diabo.

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CAPÍTULO I

SESMARIAS – PRIMEIROS POVOADORES

As concessões de sesmarias no Ceará começaram a ser

postas em prática a partir do governo do Capitão-mor Sebastião

de Sá. (1) Eram outorgadas mediante pedido escrito em que o

pretendente declarava o seu nome ou o do beneficiário, o lugar

de sua moradia, a localização geográfica da terra solicitada e o

objetivo que tinha em mente, este, em geral, na região nordesti-

na, visando à criação de gados.

Tristão de Alencar Araripe explica essas concessões: “No

Brasil, as terras eram perfeitamente desapropriadas; e as sesma-

rias consistiam na concessão de uma mínima parte deste imenso

deserto que o braço europeu ia tentar rotear. Notável diferença

devia, pois, haver nas sesmarias em Portugal e no Brasil. Ali

questionava-se de propriedade anteriormente existente, e as

extensões eram limitadíssimas: aqui a questão de propriedade

anterior desaparecia, e era amplíssima a vastidão das terras.

Requeridas as sesmarias, eram facilmente concedidas; e como

concediam-se com desmesuradas extensões, depressa poucos

terrenos restaram”.

___________________

1 “É de 7 de maio de 1678 a Carta Patente de sua 1ª nomeação e de 26 de setembro de

1684 a da 2ª. Como substituto do seu 1º governo, que se estendeu até 11 de setem-

bro de 1682, tomou posse Bento de Macedo de Faria, escolhido a 29 de maio de

1681; substituiu-o da 2ª vez Thomaz Cabral de Olival, nomeado a 19 de julho de

1687”. (Cf. STUDART, Guilherme. Para a questão Grossos, Capitão-mor Sebastião

de Sá. In: Revista do Instituto do Ceará, vol. 30, 1916. p. 334.)

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Por algum tempo – acrescenta Araripe – “os concessioná-

rios pagavam pensão das sesmarias que tiravam, sendo de

4$000 réis anuais por légua de terra; depois foi diminuída essa

pensão; e finalmente suprimiu-se, em atenção aos sacrifícios,

que faziam os povoadores dos sertões, e às vantagens, que ao

fisco resultavam da criação dos gados. Concedida uma sesmaria

o concessionário era obrigado a demarcá-la judicialmente den-

tro de dois anos, e pedir depois a confirmação régia, sob pena

de perder a mercê: o que se estabeleceu por lei de 1703 e 1753;

mas essa disposição era geralmente desprezada”. (2)

Primeiramente, a atribuição para expedir cartas de sesma-

rias coube aos Donatários de Capitania ou quem os representas-

se, passando mais tarde ao Governador Geral e por fim aos Ca-

pitães-mores Governadores das Capitanias. Dos Sesmeiros, al-

guns poucos se situavam, eles mesmos, trazendo os seus gados

e construindo precárias instalações, outros os confiavam a pre-

postos ou vaqueiros, homens experimentados nas agruras do

sertão, capazes de defrontar as rudezas do meio e o ataque dos

índios e das feras. É o regime do absenteísmo de Capistrano. (3)

Euclides achega: “o fazendeiro dos sertões vive no litoral,

longe dos dilatados domínios que nunca viu, às vezes. Herda-

ram velho vício histórico. Como os opulentos sesmeiros da

colônia, usufruem, parasitariamente, as rendas das suas terras,

sem divisas fixas. Os vaqueiros são-lhes servos submissos”. (4)

___________________ 2 Cf. ARARIPE, Tristão de Alencar. História da Província do Ceará. p. 132.

3 Capistrano denominava absenteísmo a ausência de sesmeiros nas terras doadas, fa-

to muito comum, na época. Aurélio registra: Sistema de exploração rural no qual

um intermediário (administrador, gerente, capataz) se interpõe entre o proprietário,

que não reside em suas terras, e aqueles que as cultivam. O Pe. Antônio Gomes

Araújo lembra que “o sesmeiro não constituía símbolo de precedência em seus

sesmos. Na maioria, se encheram do produto dos arrendamentos e vendas em que

retalharam os latifúndios que nada lhes custaram”. (Cf. ARAÚJO, Antônio Gomes,

Pe. Povoamento do Cariri. Fortaleza: UFC, 1973. pp. 134-36.)

4 CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1979. p. 85.

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No Ceará, os colonos foram de preferência se estendendo

pelas margens dos rios, mais apropriados à fundação das fazen-

das de criação ou cultura, razão porque as datas regularmente

eram pedidas e concedidas da foz para o centro na proporção do

aumento da população. Nos títulos de sesmarias é, pois, fre-

quente a cláusula: “respeitados os direitos dos heréus já provi-

dos desde a barra do rio”.

Os vaqueiros vinham para ficar, já informados sobre a si-

tuação dos sítios onde iam construir suas cabanas e disseminar

os gados e os currais. Vinham pelos sertões de dentro e de fora,

subindo e descendo os Chapadões, cortando os Vales dos rios,

com o gado sempre à frente, se apoderando do sertão imenso. (5)

“Pode-se chamar pernambucanos os sertões de fora, des-

de Paraíba até o Acaraú no Ceará; baianos os sertões de dentro,

desde o rio São Francisco até o sudoeste do Maranhão”. (6)

Seria o boi o grande fator de exploração, porque, ao

mesmo tempo, valia, vivo – como dinheiro – trocado por mer-

cadorias e bens, e como força de tração, para tanger os enge-

nhos e puxar os carros de bois; valia pela carne, como alimento,

e valia por sua pele, matéria prima de que, em cru ou transfor-

mado em solas, se utilizou o sertanejo para o preparo da roupa

de vaqueiro e de quantos arreios, móveis e utensílios exigia a

vida da vaqueirice, que caracterizaria a tão falada civilização do

couro. (Raimundo Girão)

___________________ 5 “Nenhuma palavra mais ligada à história do Brasil, sobretudo à do Nordeste, do que

a palavra sertão. (...) O termo sertão penetra fundamente na história e na vida do

povo brasileiro. Reflete-se de modo extraordinário no seu folclore e na sua literatu-

ra, por onde espalha todos os seus derivados”. (Cf. BARROSO, Gustavo. À mar-

gem da história do Ceará, vol. I. Fortaleza: ABC Editora, 2004.)

6 Cf. ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de história colonial. Brasília: Senado Fe-

deral, 2006. p. 205.

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Além destas vantagens, eram comuns as cláusulas de i-

senção, por parte do sesmeiro, do pagamento de tributos e a do

gozo pleno, por ele e seus herdeiros, de todas as águas, campos,

testadas, logradouros usáveis da área doada e demais úteis que

nelas houver; sendo, porém, obrigado a dar caminhos livres ao

conselho e aos particulares para fontes, pontes e pedreiras. Ou-

tros deveres do sesmeiro consistiam na efetiva ocupação e a-

proveitamento da terra recebida, dentro do prazo da lei, a apre-

sentação do respectivo título para anotação no livro de registros,

e a demarcação da sesmaria. (7)

Temos notícia de que o nosso litoral já era todo conheci-

do em 1587; pois Gabriel Soares de Sousa no seu Roteiro do

Brasil, escrito nesse ano em Madrid, descrevendo as nossas

costas, do norte para o sul, trata da costa do Ceará, com indica-

ção dos pontos principais. Eis a descrição de parte relativa ao

Ceará: “Deste Rio Grande Parnaíba, ao Rio dos Negros são sete

léguas; o qual está em altura de 2 graus e 1 quarto; e do Rio-

dos-Negros (Camocim) às Barreiras-Vermelhas (Jericoacoara)

são 6 léguas, que estão na mesma altura; e em uma e outra parte

têm os navios da costa surgidouro e abrigada.

“Das Barreiras Vermelhas à Ponta dos Fumos são 4 lé-

guas, a qual está em 2 graus e 1 terço. Desta ponta ao Rio da

Cruz (Camocim) são 7 léguas, e está em 2 graus e meio, em que

também têm colheita os navios da costa. Afirma o gentio, que

nasce este rio de uma lagoa, ou junto dela, aonde também se

criam pérolas, e chama-se Rio da Cruz, porque se metem nele

perto do mar dois riachos em direitura um do outro, com que

fica a água em cruz. Deste rio ao Rio do Parcel (Acaraú) são 8

léguas, o qual está em 2 graus e meio” (...).

____________________ 7 Cf. COSTA PORTO. Estudo sobre o sistema sesmarial, Recife: Imprensa Universi-

tária, 1965.

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A leitura desta descrição nos mostra com quanto

cuidado havia sido visitada a costa do Ceará – de maneira

que, antes do fim do século XVI, ela era perfeitamente

conhecida.

Mais tardio devia ser o reconhecimento do interior. Os

rios Jaguaribe e Acaraú foram os dois canais, ou antes, as duas

estradas principais, por onde a nossa população progrediu em

sua marcha de ocupação. Reconhecida a idoneidade de ambas

as ribeiras para a criação do gado, vacum e cavalar, e demais

espécies, foram se estabelecendo fazendas de criar por uma e

outra margem dos rios.

Segundo registro do Padre Fortunato Alves Linhares, a

primeira sesmaria da Ribeira do Acaraú foi concedida no dia 23

de setembro de 1683, aos pernambucanos, Manoel de Goes e

seus companheiros Fernando Goes, Francisco Pereira Lima,

Manoel de Almeida da Ruda, Pe. Amaro Fernandes de Abreu,

Estevão de Figueiredo e Simão de Goes de Vasconcelos. (8)

De Manoel de Goes sabemos que foi homem abastado.

Era proprietário da Capela do Capítulo do Convento de S. An-

tônio do Recife, como se vê da escritura datada de 4 de abril de

1704: “Declaro que meus testamenteiros do melhor da minha

fazenda entregarão ao síndico dos religiosos de S. Antônio,

cinquenta mil réis, para com o parecer do Reverendo Padre

Guardião os pôr a juro seguro, para rendimento de uma missa

___________________ 8 “Os povoadores da Ribeira não podiam ter outra procedência, pois já em 1683, aos

23 de setembro, Manoel de Goes e mais seis companheiros, naturais da Capitania

de Pernambuco, cujos apelidos eram: Pereira, Almeida, Da Ruda, Abreu, Fernan-

des, Vasconcelos, todos troncos de famílias que ainda existem na região, obtiveram

do Capitão mor Bento de Macedo uma data de sesmaria de três léguas de terra, para

cada um; pelo Rio Acaracu (Acaraú) acima, a começar das águas doces do dito rio,

perfazendo ao todo vinte e uma léguas, estendendo-se mais ou menos a sesmaria até

o local onde foi edificada a povoação do Riacho dos Guimarães”. (Cf. LINHARES,

Fortunato Alves, Pe. Notas históricas da cidade de Sobral. In: Revista do Instituto

do Ceará, vol. 36, 1922. p. 256.)

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quotidiana que tenho instituído no Capítulo do dito Convento

para sempre. Declaro que tenho comprado ao Pe. Guardião e

mais comunidade dos religiosos de S. Francisco deste Convento

de Santo Antônio do Recife a Capela do Capítulo do dito Con-

vento, para nela abrir um carneiro para sepultura do meu corpo

e de todos meus ascendentes e descendentes para sempre, e lhes

deixo por esmola duzentos e cinquenta mil réis. Declaro que

doto trinta mil réis no rendimento de uma casa de pedra e cal

em chãos próprios, na Rua do Colégio, para pagamento do dito

Capítulo meu, para que faça a meu filho Cel. Simão de Goes de

Vasconcelos administrador da dita casa para dar todos os anos

ao síndico do Convento a quantia dotada”. (9)

Na petição que Manoel de Goes e seus companheiros fi-

zeram para conseguir sesmaria, diziam: “Porque não têm na

Capitania de Pernambuco terras próprias capazes para a quanti-

dade de gado vacum e cavalar os vinha comboiando até esta

Capitania, por distância de duzentas léguas de matos fechados e

tapuios bárbaros, (10) com muito dispêndio de suas vidas, e que-

rendo acomodar-se nesta Capitania, deliberaram buscar para-

____________________ 9 Cf. MULLER, Benjamin, Frei. O Convento de Santo Antônio do Recife, 1956.

10 Uma das referências mais antigas aos tapuias nordestinos devemo-las aos ilustres

cronistas Fermão Cardim e Gabriel Soares de Sousa. Relativamente ao Ceará, o que

temos a respeito consta do relatório do Pe. Luis Figueira, a Relação do Maranhão,

escrita em 1608, descrevendo a sua malograda expedição ao Ceará, na companhia

do Pe. Francisco Pinto, então sacrificado na serra da Ibiapaba pelos tapuias Tucari-

jús. (Cf. POMPEU SOBRINHO, Thomaz. Os Tapuias do Nordeste e a Monografia

de Elias Herckman. Revista do Instituto do Ceará, vol. 48, 1934. pp. 7-28.);

“O selvagem, portanto, que entrou por metade na formação da população atual do

Ceará, não passava de fragmentos raros do tapuio, aliás, pouco numeroso, que

Pedro Coelho encontrou no Ceará. E deve-se levar em conta, outrossim, o número

considerável que pereceu nas guerras que se sucederam, acendidas entre os coloni-

zadores pela sofreguidão de senhorear-se do solo por ocasião da partilha, que os ca-

pitães-mores fizeram nos fins do século XVII e começo do século XVIII”. (Cf.

BRÍGIDO, J. Ceará homens e fatos. Rio de Janeiro: Besnard Freres, 1919.)

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gens convenientes, e caminhando desta para o Maranhão topa-

ram o rio de nome Acaracu, (11) na distância de 45 léguas, nas

ribeiras do qual se podem colher fontes e pastar gados com

aumento da Fazenda Real desta Capitania”. (Sesmarias, vol. I. p. 90.)

O Capitão-mor Bento Macedo de Farias deferiu a petição,

concedendo vinte e uma léguas de terra rio acima, a partir das

águas doces. A cada companheiro de Manoel de Goes tocavam,

portanto, três léguas. Ao que tudo indica apenas dois sesmeiros

conseguiram demarcar suas terras e ocupá-las. Estas duas datas,

conhecidas nesta ribeira com o nome de datas do Goes, atingi-

ram apenas até um marco – colocado no local onde se encontra

hoje a cidade de Marco. De acordo com registros que encon-

tramos na Revista do Instituto do Ceará, outras sesmarias foram

concedidas à família Goes.

Entretanto, afirmam que o povoamento dessa região só

teve início a partir de 1697, pelo sargento mor Leonardo de Sá,

que teria chegado ao Ceará por volta de 1670, servindo de sol-

dado; aproveitou-se do reconhecimento do capitão mor Francis-

co Gil Ribeiro, para conseguir outras sesmarias em nome de

seus filhos Sebastião de Sá, João de Sá e Maria de Sá. O capitão

Antônio da Costa Peixoto, igualmente contemplado, era conso-

gro do sargento-mor Leonardo de Sá e, talvez por isso, Leonar-

do de Sá não requereu data para a sua outra filha, Paula de Sá,

casada com Nicolau da Costa Peixoto, que teria recebido, a 14

de outubro de 1702, terras no atual município de Bela Cruz.

___________________

11 “Nasce na Serra das Matas, um dos pontos mais altos do Ceará. Saindo de Monse-

nhor Tabosa, região de pleno sertão, percorre 320 quilômetros. Corta Sobral, uma

das cidades mais importantes do Ceará. Banha 18 municípios e chega ao mar, em

Acaraú. Nessas regiões, as chuvas são restritas e, por causa do calor, a evaporação

é altíssima. Conclusão: evapora muito mais do que chove e a água some dos lei-

tos. A terceira e última nascente fica a mais de mil metros de altitude: São Gonça-

lo. Está toda pisoteada, sem nenhuma proteção”. (Cf. FREITAS, Vicente. Rio

Acaraú. In: Vale do Acaraú Notícias. 2ª Edição, março de 2010. p.7.)

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Na verdade, o Capitão português Antônio da Costa Pei-

xoto, foi o primeiro proprietário das terras onde foi construída a

Fazenda Caiçara, berço de Sobral. (12) Temos notícias de dois de

seus filhos – Apolônia da Costa e Nicolau da Costa Peixoto;

este, a 14 de outubro de 1702, requereu a confirmação de uma

data de sesmaria, alegando que esta lhes foi concedida pelo

Capitão-mor Francisco Gil Ribeiro. No registro de doação e

confirmação, D. Fernando Martins Mascarenhas de Alencastro,

Governador e Capitão Geral de Pernambuco e Capitanias su-

bordinadas, incluindo aí a Capitania do Siará Grande, faz saber

que Maria de Sá e Nicolau da Costa Peixoto, moradores no

Siará, lhes apresentaram petição declarando que o Capitão-mor

Francisco Gil Ribeiro lhes concedeu aludida data de terras na

Ribeira do Acaraú e porque querem a sua confirmação, pedem

que seja feito o competente registro, na forma da legislação da

___________________ 12 “O Senador Pompeu, em seu Dicionário Topográfico, página 92, verbo Sobral, diz

que a povoação, então chamada Caiçara, foi elevada à categoria de vila no ano de

1773; isso mesmo afirma, à página 192 do 2º tomo do Ensaio Estatístico; entretan-

to, à página 235 do 1º tomo, diz que a vila foi criada no ano de 1779, e à página

276 do aludido 2º tomo, no Resumo Cronológico, que constitui a quarta parte do

Ensaio Estatístico, escreve: 1779 – 5 de julho – Criação da vila de Sobral, no sítio

Caiçara, por ordem do governador de Pernambuco, o que, aliás, já havia dito em

trabalho anterior, nos Apontamentos para a Crônica do Ceará, página 15. Como

vê-se, o ilustre Senador não tinha opinião fixa sobre o assunto: ora consigna uma

data, ora outra para a criação da vila. Daí resultou que os que seguiram-lhe, adota-

ram esta ou aquela opinião, conforme o livro ou a página do livro, que consultaram

na ocasião. Assim é que João Brígido, em seu Resumo Cronológico, quer na edi-

ção cearense (1876) página 55, quer na edição de Paris (1887) página 114, aceita

para a criação da vila a Ordem do Governador de Pernambuco, de 5 de julho de

1779. O Dr. Théberge, porém, no Esboço Histórico, página 195, vol. 1º e o Dr.

José Pompeu, na Corografia da Província do Ceará, página 190, entendem que a

criação deu-se no ano de 1773. Se das crônicas passarmos aos trabalhos oficiais,

encontraremos a mesma divergência. Qual das duas datas é a verdadeira? Nenhu-

ma delas, respondemos. A vila foi criada por ordem do Governador de Pernambu-

co, de 14 de novembro de 1772, sendo inaugurada ou instalada a 5 de julho de

1773”. (Cf. OLIVEIRA, João B. Perdigão de. Criação da Vila de Sobral. In: Revis-

ta do Instituto do Ceará, vol. 5, 1891. pp. 109-110.)

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Coroa Portuguesa que disciplinava a concessão de sesmarias. É

certo que Nicolau da Costa Peixoto fixou residência na Ribeira

do Acaraú, (13) local onde hoje se encontra a cidade de Bela

Cruz – e ali fez doação de terras necessárias ao sustento do cul-

to religioso e para a constituição do Patrimônio da Capela de

Nossa Senhora da Conceição.

Quanto à Apolônia, sabemos que herdou terras de seu pai

nesta ribeira, exatamente onde hoje se encontra a cidade de

Sobral. Era casada com o Sargento-mor Antônio Marques Lei-

tão. (14) Deste casal a propriedade passou para a filha Quitéria

Marques de Jesus, como dote de seu casamento com o Capitão

Antônio Rodrigues Magalhães. Este último casal fundou aí a

fazenda Caiçara, que após poucos anos se transformou em flo-

rescente povoação.

A 27 de julho de 1724 é feito o Registro de outra sesma-

ria do Coronel Simão de Goes de Vasconcelos, filho de Manoel

de Goes, concedida pelo Capitão mor Manoel Francês. Os inte-

ressados Simão de Goes e Dona Engrácia de Vasconcelos, em

sua petição alegam estar de posse da sesmaria concedida a seu

pai Manoel de Goes, na Ribeira do Acaracu e porque medindo-

se a dita data se acha de sobras dela nas ilhargas da mesma al-

___________________ 13 “A 14 de outubro de 1702, o Capitão mor Francisco Gil Ribeiro concedeu extensa

sesmaria, nas margens do rio Acaraú, preenchendo os vazios não ocupados por

Manoel de Goes e seus companheiros que haviam recebido terras, a 23 de setem-

bro de 1683. Essa nova sesmaria foi concedida a Maria de Sá, mulher do Capitão

Félix da Cunha Linhares, e a Nicolau da Costa Peixoto, medindo duas léguas do

Rio Acaraú. Maria de Sá era cunhada de Nicolau da Costa Peixoto que, por sua

vez, era filho de Antônio da Costa Peixoto que foi vereador da primeira Câmara

Municipal de Aquiraz”. (Cf. ARAUJO, Francisco Sadoc de, Pe. Raízes portugue-

sas do Vale do Acaraú. Sobral: Edições UVA, 2000.)

14 O Sargento mor Antônio Marques Leitão nasceu na freguesia de Óbidos, Portugal,

em 1659. Filho de Simão Leitão e Maria Diniz. Emigrou para o Ceará, fixando-se

em Siupé; casado com Apolônia da Costa, filha de Antônio da Costa Peixoto. Doa-

ram terra para a constituição do Patrimônio da Capela de N. S. da Soledade, de Si-

upé, que construíram perto de sua residência. O termo de seu batismo encontra-se

no Livro Misto de Santa Maria de Óbidos, 1643-1665, fl. 26.

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guns olhos de água, os quais só pertencem a eles suplicantes, e

de nenhuma sorte se pode fazer delas graça a outra pessoa por

ser a ribeira estreita”. Rezam porque logo fez notificar aos po-

voadores, que estavam na sua data antiga não pedissem as ditas

sobras pelo dano que daí lhe resultava, portanto, pedem a Vossa

Mercê lhes faça conceder por data e sesmaria, seis léguas de

terra, (15) entrando nelas sempre os olhos de água e o córrego

logradouro que estava sendo dos gados de Antônio da Costa

Peixoto e seu filho Nicolau da Costa Peixoto. O Capitão-mor

Manoel Francês concedeu a sesmaria – umas sobras de seis

léguas – visto estarem devolutas e despovoadas, só servindo

para logradouro de suas terras, não prejudicando a terceiros,

conforme alegaram os requerentes. (16)

Em 1726 é feito o registro da data de sesmaria de Do-

mingos Aguiar de Oliveira (concedida pelo Capitão mor Mano-

el Francês), Domingos Aguiar foi um dos fundadores da cidade

de Bela Cruz e também doador de bens para o Patrimônio de

Nossa Senhora da Conceição. Em sua petição, o beneficiário

alega que descobriu na dita ribeira sítio de terras nas ilhargas

das terras de Nicolau da Costa Peixoto, em um córrego chama-

do dos Tucuns, que desemboca na Lagoa do Mato e como ele

suplicante não tem terras o bastante para criar seus gados e

plantar suas lavouras e estas de que faz menção se acham devo-

lutas e desaproveitadas; pede a Vossa Mercê seja servido con-

ceder-lhe em nome de S.Majestade, por data e sesmaria na para-

___________________ 15 Na verdade, Manoel de Goes e seu filho Simão de Goes de Vasconcelos, obtiveram

sesmarias em vários pontos do Ceará. “Na Memória de Feijó, a Chapada do Apodi

é chamada Catinga do Goes. Em documentos de 1811, em que – para execução da

Provisão Régia de 1793 – o ouvidor Rademaker dá posse à Câmara de Aracati so-

bre certos terrenos, há também referência à Catinga do Goes. (...) Catinga do Goes

era também o nome da povoação que deu origem à atual cidade de Jaguaruana”.

(Cf. BRAGA, Renato. Dicionário geográfico e histórico do Ceará. Fortaleza: Im-

prensa Universitária do Ceará, 1967. pp. 336-37.)

16 “Muitos sesmeiros jamais tomaram posse das suas terras. Requeriam-nas para alu-

gá-las, permanecendo em seus lugares de origem. Eram latifundiários à distância,

atravessadores inoperantes, açambarcando léguas e mais léguas”. (MACEDO,

Nertan. O Clã dos Inhamuns. 2. ed. Fortaleza: Jornal a Fortaleza, 1967. p. 52.)

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gem acima nomeada uma légua de terra de comprido pelo dito

córrego acima, e a largura de meia légua de cada banda para as

gozar ele suplicante e seus herdeiros ascendentes e descenden-

tes”. Em despacho de 19 de agosto de 1726, o Capitão mor Ma-

noel Francês concede-lhe as terras na forma pedida.

Sesmaria do Capitão Diogo Lopes

O Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa nasceu a 8

de março de 1761, na fazenda Lagoa Grande, próximo a

atual cidade de Bela Cruz; filho do Capitão-mor português

José de Araújo Costa e de Dona Brites de Vasconcelos,

uma das Sete Irmãs. Muito cedo teve interesse pelo estudo

e frequentou, com seus irmãos, as aulas de um dedicado

mestre-escola, contratado por seu pai. Aos 17 anos de ida-

de passa a residir e estudar em Fortaleza. Aos 28 anos, de

volta à sua terra, passou a viver maritalmente com a se-

nhorita Antônia Maria do Rosário, mesmo sem as bênçãos

do matrimônio. Em seguida, adquiriu uma fazenda e insta-

lou-se na localidade de Lagoa do Mato; ali construiu casa

de morada, uma pequena fábrica de beneficiamento da

mandioca, cacimba, curral para gado, etc. Essas instala-

ções foram montadas um pouco ao poente do “Alto da

Lagoa do Mato”, à margem norte da mesma lagoa, distante

cinco quilômetros do então povoado de Santa Cruz.

Unindo-se a Maria do Rosário, dedicou-se aos traba-

lhos da agricultura e da pecuária, sem descurar dos estudos

da medicina que era a sua vocação. A terra era fertilíss i-

ma. Ao leste corria o legendário Rio Acaraú, cujos terre-

nos marginais se prestam admiravelmente ao cultivo do

feijão, batata doce e frutas diversas. As terras da mata e-

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ram aproveitadas para o cultivo da mandioca, milho, feijão

e outros produtos da nossa lavoura, enquanto o rebanho

aumentava, graças à abundante pastagem ali existente.

No ano de 1817, necessitando de mais terras, para o

desenvolvimento da lavoura e da criação, requereu ao Go-

vernador da Capitania do Ceará, como data de sesmaria,

umas sobras de terra, medindo três léguas de comprimen-

to, e tendo por sede a fazenda Lagoa do Mato. Mencionado

trato de terra limitava-se ao norte, com terras da Timbaú-

ba; ao sul, com a mesma Lagoa do Mato; ao nascente, com

terras de São Francisco da Cruz; ao poente, com terras das

Ilhargas do Castelhano. O requerimento em referência,

após as tramitações legais, foi deferido, em data de 18 de

junho do mesmo ano, pelo então Governador Cel. Manoel

Ignácio de Sampaio. Como documentação, transcrevemos

aqui o teor da petição e o Despacho do Governador da

Capitania.

Carta de Data de Sesmaria

Registro da Carta de Data de Sesmaria de três léguas de

terra de comprido e uma légua de largura, ou légua e meia em

quadro, passada ao Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa, do

Termo de Sobral. (volume 9º. nº 728).

“Manoel Ignácio de Sampaio, fidalgo de Sua Majes-

tade, Coronel do Real Corpo de Engenheiros, Governador

da Capitania do Ceará, pelo Presidente da Junta da Real

Fazenda, etc.

“Faço saber, aos que esta Carta de Data de Sesmaria

virem, que o Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa, mora-

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dor no Termo da Vila de Sobral, desta Capitania, me envi-

ou dizer, por sua petição, cujo teor é o seguinte":

Requerimento

“Ilmo. e Exmo. Governador:

“Diz o Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa que

sendo senhor e possuidor de uma sesmaria de terra, há

vinte anos, na Ribeira do Acaraú, Termo da Vila de So-

bral, lugar denominado Lagoa do Mato, onde tem situados

seus gados, cavalares, de toda a sorte, há, misto a este s í-

tio, um Riacho chamado da Prata, que corre de sul a norte,

habitado e lavrado, com casa de aviamento de fazer far i-

nha, roças e fruteiras do suplicante, há quase outro tanto

tempo quanto o em que possui Lagoa do Mato, sem oposi-

ção nem contradição de pessoa alguma, tendo por heréos

seus confinantes: pela parte do nascente, com terras da

Cruz, Lagoa Seca e Malassombrado, de Francisco Antônio

Linhares, do mesmo Termo de Sobral e com a dita Lagoa

do Mato do suplicante; pela parte do poente, com terras da

Data do Comandante Antônio da Silva Barros, do Termo

da Vila de Granja; pela parte do norte, com terras do Cas-

tilha, (Castelhano), Termo de Granja e com terras de Tim-

baúba, Ribeira do Acaraú, Termo de Sobral; e, pela parte

do sul, com terras da mesma Lagoa do Mato do suplicante,

ficando-lhes mistas as terras sobreditas do Riacho da Pra-

ta, que quer o suplicante lhes sejam concedidas por Sesma-

rias de sobras dos sobreditos heréos confinantes, pegando

dos providos do limite do norte, pelo Riacho da Prata aci-

ma, compreendendo as terras devolutas e sobejas que hou-

verem por uma e outra parte do mencionado Riacho ou

pela parte que realmente houver sobras entre todos os so-

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breditos heréos confinantes, até às testadas da Lagoa do

Mato do suplicante, tanto pelos benefícios de agricultura,

aproveitamento e posse pessoal em que está há tantos a-

nos, como pelo cômodo público que daí resulta, pois que

tem o suplicante feito estradas pelas caatingas desertas

daquele sítio, para os providos da Ribeira do Curuaru,

Termo da Vila de Granja, fazendo comerciados os povos

do Acaraú com os da Granja, por aquela parte até então

incomunicável, portanto.

“Pede a Vª.Excia., se digne conceder-lhe sobreditas

sobras por Sesmarias, para si e seus herdeiros ascendentes

e descendentes, debaixo das cláusulas expressadas nas

Ordens Régias tendentes a este negócio, e receba mercê”.

Ass.) Diogo Lopes de Araújo Costa

Despacho do Governador da Capitania

“E sendo visto o seu requerimento com as informa-

ções a que procedeu pela Câmara respectiva e pelo Dr.

Juiz de Sesmarias, que nenhuma dúvida se lhes ofereceu, e

a resposta do Procurador da Coroa e Fazenda, a quem de

tudo mandei dar vistas; e respondeu está nos termos, hei

por bem, na conformidade da Real Ordem de 22 de de-

zembro de 1715, conceder, em nome de Sª. Majestade, El

Rei, nosso senhor e do dito Capitão Diogo Lopes de Araú-

jo Costa, por Datas de Sesmarias, três léguas de comprido

e uma de largura, por légua e meia em quadrado, como na

verdade se acha, das terras que pede e confronta, em sua

petição, no Termo da Vila de Sobral, desta Capitania, para

si e seus herdeiros ascendentes e descendentes, quais lo-

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grará em todas as suas testadas, matas, campos, águas,

logradouros e mais úteis que nelas houver, reservados os

paus reais para construção de caminhos livres ao Conse-

lho, para fontes, pontes e pedreiras; e pagará dízimos dos

frutos que delas houver.

“Assim também será obrigado a medi-las e demarcá-

las e a haver de Sª. Majestade, pelo Tribunal competente, a

Régia confirmação, na forma das Reais Ordens, e mais

alvará de 25 de janeiro de 1809. E havendo nas ditas terras

rio navegável, ficará livre de uma das margens que toca às

terras do suplicante meia légua, para uso e comodidade do

público, pena de que faltando a qualquer das cláusulas

declaradas, se houverem por devolutas ditas terras e darem

a quem as pedir. Pelo que ordeno ao Juiz de Sesmarias e

mais justiça e pessoal a quem tocar que, na forma requeri-

da e condições confrontadas, cumpram e guardem, façam

cumprir e guardar esta minha Carta de Data de Sesmarias,

como nela se contém, em firmeza do que lhes mandei pas-

sar a presente, por mim assinada e selada, com o sinete das

minhas armas, que registrará na Secretaria deste Governo,

Contadoria da Real Fazenda, onde pertencer.

“Dada na Vila da Fortaleza, Capitania do Ceará, aos

18 de junho de 1817. E eu, Vicente Ferreira de Castro e

Silva, Oficial Secretário do Governo, no impedimento do

Secretário, a fiz escrever”.

Ass.) Manoel Ignácio de Sampaio

Estava o selo. Francisco Esteves Almeida a fez

Nº 930. Pagou quatro mil réis de selos

Fortaleza, 19 de junho de 1817

GARCIA FARIAS

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Conseguida a Data de Sesmaria, o Capitão Diogo

Lopes teve assim aumentadas consideravelmente suas ter-

ras, com amplas vantagens para a família que, quase em

sua totalidade, vivia do cultivo do solo e da pecuária, bem

como para os agregados, a quem todos os anos cedia terras

de plantio, sem cobrar qualquer renda.

☼☼☼

Como líder comunitário, Capitão Diogo Lopes sem-

pre exerceu uma notável liderança política na população

do Baixo Acaraú. E, como consequência, seu nome foi

solicitado para ingressar em uma das agremiações partidá-

rias em atividade, na época. O certo é que, no ano de 1789,

não obstante Lagoa do Mato distar mais de cem quilôme-

tros da então Vila de Sobral, chegou a ser eleito Vereador

à Câmara Municipal daquele Município. E, como naquele

tempo, a Vila de Sobral era uma espécie de Capital do

Vale do Acaraú, ele como representante do povo, conse-

guiu numerosos benefícios para a comunidade. Aliás, o

gosto pela política, herdou de seu pai, Capitão-mor José de

Araújo Costa, o qual, embora Português, natural de Estru-

fe, freguesia de Santa Lucrécia de Louro, distrito e arqui-

diocese de Braga, província do Minho, teve posição desta-

cada na política da Ribeira do Acaraú. Tanto que foi con-

vidado especial para assistir às solenidades e assinar a Ata

de instalação da Vila Distinta e Real de Sobral, a 5 de ju-

lho de 1773, quando foi nomeado Tesoureiro para os im-

postos do Porto de Acaraú, pelo Dr. Joaquim da Costa

Carneiro e Sá, então Ouvidor e Corregedor da Comarca do

Ceará, sendo eleito Vereador à Câmara de Sobral em 1775.

Também, alguns dos filhos do Capitão Diogo Lopes, se

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integraram nos partidos políticos da época, e prestaram

bons serviços à comunidade de Santa Cruz. Tanto é que,

criado o município de Acaraú, e realizada a eleição para

Vereadores ao poder legislativo municipal, quatro deles

foram votados para a sua primeira Câmara – Simplício de

Araújo Costa, com 1010 votos; Manoel de Araújo Costa,

com 1008 votos; João Bento de Araújo Costa, com 769

votos, e João de Araújo Costa, com 769 votos. (17) Desta

maneira, Simplício de Araújo Costa e Manoel de Araújo

Costa foram eleitos, os outros dois ficaram na suplência,

porém, posteriormente ocuparam o cargo, na ausência dos

respectivos titulares.

Manoel de Araújo Costa, já no Posto de Capitão da

Guarda Nacional, chegou a ser eleito Chefe do Poder Exe-

cutivo de Acaraú. E Simplício de Araújo Costa, exerceu o

mandato de Vereador em mais de uma legislatura, tendo

ali marcante atuação. (18)

___________________ 17 Ata da Apuração da Eleição para a 1ª Câmara Municipal da Vila da Barra do

Acaraú, realizada a 14 de novembro de 1850. Livro nº 1, fls. 4 e 5.

18 ARAUJO, Nicodemos. Capitão Diogo Lopes. Fortaleza: Edições UFC, 1978.

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CAPÍTULO II

AS CHARQUEADAS

No longo período da guerra holandesa o interior do Ceará

começou a receber população de origem portuguesa. Naquele

tempo muitas famílias tiveram de abandonar o litoral para viver

nas matas, ocupando-se de plantações, ou no sertão criando

gado. (1) O gado que situaram teve incremento espantoso e pro-

cedia das ilhas portuguesas. Pelo litoral vieram também povoa-

dores para o Ceará, sendo quase exclusivamente de Pernambu-

co, Paraíba e Rio Grande do Norte. Desta região são as famílias

que primeiro se estabeleceram na Bacia do Acaraú. (2)

___________________ 1 Veja-se este primor de explicação, de Capistrano: “Os engenhos de açúcar, as roças

de fumo e mantimentos cabiam dentro de uma área traçada pelo custo de transporte

dos produtos. Além de certo raio vegetava-se indefinidamente, a prosperidade real

nunca bafejaria o proprietário. Com a economia naturista, o equívoco podia prolon-

gar-se por muito tempo, mas por fim patenteava-se que só próximo do mar ou no

pequeno trecho dos rios navegáveis graças à ausência de corredeiras e saltos, a la-

buta agrícola encontrava remuneração satisfatória. Queixam-se os primeiros cronis-

tas de andarem os contemporâneos arranhando a areia das costas como caranguejos,

em vez de atirarem-se ao interior. Fazê-lo seria fácil em São Paulo, onde a caçada

humana e desumana atraía e ocupava a atividade geral, na Amazônia toda cortada de

rios caudalosos e desimpedidos, com preciosos produtos vegetais, extraídos sem

cultura. Nas outras zonas interiores o problema pedia solução diversa. A solução foi

o gado vacum”. (Cf. ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de história colonial. Bra-

sília: Senado Federal, 2006. pp. 131-32.)

2 Cf. BRÍGIDO, J. Ceará homens e fatos. Rio de Janeiro: Besnard Freres, 1919.

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Nesse período, os criadores com seus gados e pessoas da

família e de serviço iniciaram a ocupação das terras sujeitas ao

flagelo das secas, instalando-se nos vales de alguns rios. As

famílias de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, fugin-

do às vexações de que eram vítimas, vieram algumas delas,

estabelecer-se ao sul do Ceará, e outras ao litoral, recebendo por

esse fato o vale do Acaraú os seus primeiros povoadores.

Como consequência da desarticulação econômica e social

decorrente da invasão holandesa, particularmente na Capitania

de Pernambuco, muitas famílias adentraram os sertões na busca

de maior tranquilidade, afirmam alguns autores. Porém, Capis-

trano e Antônio Bezerra dão outra versão. (3) Entretanto, sabe-

mos que os povoadores do município de Bela Cruz, próximo à

costa, procediam daquela faixa, pois ao que fomos informados,

os primeiros proprietários de terras e gados a se estabelecer na

área – eram pernambucanos, ou portugueses, ali estabelecidos.

E, o município de Bela Cruz, cujos terrenos possuem as caracte-

rísticas próprias das várzeas do Baixo Acaraú, se presta à lavou-

ra e à pecuária, indistintamente, sem divisão de zonas especiais,

para uma ou para outra; pois tanto a agricultura como a criação

de gado se fazem na ribeira e nas matas.

___________________ 3 “A invasão flamenga constitui mero episódio da ocupação da costa. Deixa-a na som-

bra a todos os respeitos o povoamento do sertão, iniciado em épocas diversas, de

pontos apartados, até formar-se uma corrente interior, mais volumosa e mais fertili-

zante que o tênue fio litorâneo”. (Cf. ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de histó-

ria colonial. Brasília: Senado Federal, 2006. p. 107.); Antônio Bezerra corrobora:

“Até 1678, na capitania do Ceará, só era habitado o presídio de Fortaleza, e pontos

circunvizinhos à costa”. E mais adiante: “se alguém pouco antes desse tempo se in-

ternou na região sertaneja, foi ora avançando, ora recuando em desabrida luta con-

tra os naturais, com muito dispêndio e risco de vida; pois que não podendo demo-

rar-se, era forçado a recuar sem conhecer nem dar nome aos lugares percorridos”.

(Cf. Algumas origens do Ceará. Fortaleza: Minerva, 1918. p. 51.)

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Já o historiógrafo J. Capistrano de Abreu, citando o Ro-

teiro do Maranhão a Goyaz pela Capitania do Piauhy, livro

atribuído a João Pereira Caldas, informa: “os terrenos próprios à

criação do gado são aqueles que mais depressa se povoam; não

há neles aquele horroroso trabalho de deitar grossas matas abai-

xo e romper as terras à força de braço, como sucede nos enge-

nhos (...) neles pouco se muda a superfície da terra, tudo se con-

serva quase no mesmo estado; levantada uma casa, coberta pela

maior parte de palha, estão povoadas três léguas de terra”. (4)

No Século XVIII, segundo o emérito jornalista e escritor

Lustosa da Costa, “a região se beneficia da indústria de carne

seca. Um grande tráfego de carros de boi se registra entre So-

bral e o porto de Acaraú, levando couro, sola, carne seca e tra-

zendo, na volta, fazendas, objetos de couro e prata, artigos ma-

nufaturados e um ou outro negro”. (5)

As dificuldades advindas das longas jornadas e os impos-

tos minguando o lucro daqueles que comercializavam o gado

motivaram os pecuaristas na criação da indústria, em que o boi

era transformado em carnes preparadas em mantas e conserva-

das pelo sal, capazes de resistir, sem deterioração, a longas via-

gens. São criadas assim as „oficinas‟ ou „charqueadas‟ no Cea-

rá, provavelmente, já na primeira metade do século XVIII. (6)

Graças às pesquisas que tivemos de fazer, em torno do

assunto, chegamos à conclusão de que apreciável quantidade de

gado bovino de Santa Cruz (Bela Cruz) abastecia as charquea-

___________________ 4 Cf. ABREU, J. Capistrano de. Caminhos antigos e povoamento do Brasil. Fortaleza:

Casa de José de Alencar, 1999.

5 Cf. COSTA, Lustosa da. Clero, nobreza e povo de Sobral. Fortaleza: Editora ABC,

2004. p. 83.

6 GIRÃO, Valdelice Carneiro. Dependência da Capitania do Ceará do Governo de

Pernambuco – 1656-1799. Revista do Instituto do Ceará, vol. 96, 1982. p.152.

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das naquela época, e que, na verdade, operavam um movimento

de marcante relevo na vida econômica desta região.

As primeiras “charqueadas” de que se tem notícia datam

de meados do Século XVIII, nas localidades de Acaraú, (7) Ca-

mocim e Aracati, posteriormente levadas pelo cearense José

Pinto Martins, para uma propriedade situada às margens do Rio

Pelotas, no Rio Grande do Sul.

No começo era assim: “adquirida a terra para uma fazen-

da, o trabalho primeiro era acostumar o gado ao novo pasto, o

que exigia algum tempo e bastante gente; depois ficava tudo

entregue ao vaqueiro. A este cabia amansar e ferrar os bezerros,

curá-los das bicheiras, queimar os campos alternadamente na

estação apropriada, extinguir onças, cobras e morcegos, conhe-

cer as malhadas escolhidas pelo gado para ruminar gregaria-

mente, abrir cacimbas e bebedouros. Para cumprir bem o seu

ofício vaqueiral, escreve um observador, deixa poucas noites de

dormir nos campos, ou ao menos as madrugadas não o acham

em casa, especialmente de inverno, sem atender às maiores

chuvas e trovoadas, porque nesta ocasião costuma nascer a mai-

or parte dos bezerros e pode nas malhadas observar o gado an-

tes de espalhar-se ao romper do dia, como costumam, marcar as

vacas que estão próximas a ser mães e trazê-las quase como à

vista, para que parindo não escondam os filhos de forma que fi-

___________________

7 As primeiras fábricas foram levantadas no modesto Porto dos Barcos, afastado

cerca de 5 km. da barra do rio, onde no lugar denominado Outra Banda, se instala-

ram outras, fundamento do povoado que se adensou com o nome de Oficinas, hoje

cidade do Acaraú. O sítio pertenceu a Antônio Francisco dos Santos e foi vendido

pelos seus herdeiros a José Monteiro de Melo, por escritura pública de 23 de de-

zembro de 1793, em notas do tabelião João de Melo Silva, de Sobral. Monteiro de

Melo, em testamento, legou dito sítio a N. Senhora da Conceição, Orago da Fregue-

sia. (Cf. GIRÃO, Raimundo. História econômica do Ceará. Fortaleza: Instituto do

Ceará, 1947. pp. 158-59.)

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quem bravos ou morram de varejeiras. Depois de quatro ou

cinco anos de serviço começava o vaqueiro a ser pago; de qua-

tro crias cabia-lhe uma; (8) podia assim fundar fazendas por sua

conta”. (9)

Nessa época, a capitania do Rio Grande foi considerada o

“inferno dos negros”, pois eles eram utilizados como mão-de-

obra escrava e quase sempre, tratados rudemente para se conse-

guir maior produção. Com o passar do tempo o charque, que era

usado na alimentação dos escravos e das camadas mais pobres

da população, acabou ganhando status e tornou-se um dos prin-

cipais produtos da economia. Atualmente deixou de fazer parte

só do cardápio dos pobres e passou a fazer parte também dos

mais requintados restaurantes, com muitas variações de receitas.

A salga e a desidratação, seguida ou não da defumação,

foram e ainda são as formas mais primitivas de conservação da

carne e decorrem da necessidade de preservar o excedente do

produto obtido no abate, dessecando-o ao sol ou próximo a

fogueiras. Carne de sol, carne do ceará, carne do sertão, carne

seca, charque, jabá, todos esses nomes são aplicados para de-

signar praticamente um único produto: mantas de carne desidra-

tadas e dessecadas, muito consumidas e usadas em um sem

número de receitas do nordeste e sul do país.

___________________ 8 Cf. ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de história colonial (1500-1800).

Brasília: Conselho Editorial do Senado Federal, 2006. p.135.

9 Enquanto o gado recebido, como pagamento pelo trabalho do vaqueiro, possibilitou

a fundação de novas fazendas e permitiu um processo de acumulação, relativamente

rápido, gerando um sentimento de ganho e de participação nos resultados do traba-

lho, diferentemente aconteceu na agricultura. Por isso, no momento em que esta se

expandiu, alastrou intensivas formas de exploração e de submissão do trabalho e do

trabalhador agrícola. Quer dizer, se a expansão da pecuária estimulou a proliferação

de outras fazendas e apontava para certa mobilidade social ascendente, a expansão

da agricultura criou efeito contrário, na medida em que aumentou e generalizou

formas de expropriação, exploração e submissão dos trabalhadores. (Cf. BARBO-

SA, Ivone Cordeiro. Sertão: um lugar incomum, o sertão do Ceará na literatura do

século XIX. Fortaleza: SECULT, 2000. p. 106.)

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O processo de conservação artesanal da carne pelos pro-

cessos de salga e dessecação ao sol, é conhecido há muito tem-

po na América do Sul, especialmente na região dos Andes. Lá o

produto era chamado, na língua quíchua, de „charki‟. Esta pala-

vra, incorporada ao espanhol, desceu dos Andes argentinos e

chegou aos ouvidos dos cearenses.

Então aportuguesada para charque foi incorporada ao vo-

cabulário nordestino à medida que se difundiam as receitas em

que o produto aparecia como ingrediente. Salgadas, elas eram

expostas ao sol em varais de madeira, sempre voltadas para o

sol nascente nas primeiras horas da manhã, durante 30 a 60

minutos, sempre com a parte da gordura para cima. Por último,

dobradas e embaladas em esteiras de palha de carnaúba, costu-

rada com barbante, em fardos de aproximadamente 100 quilos.

Esta forma de embalagem permitia que o líquido restante eva-

porasse naturalmente.

☼☼☼

A economia, da época, era caudatária da economia dos

engenhos, para os quais supria com animais de transporte tão

necessários como elementos de intercomunicação, ressalta Pe.

Antônio Vieira: “Os povoadores que avançavam de Brasil a

dentro, a agricultura incipiente que precisava de escoadouro, o

comércio que reclamava mercadorias, o próprio país que neces-

sitava caminhar para se conhecer, não podiam prescindir da

valiosa ajuda dos cavalos, burros e jumentos”. (10)

___________________ 10 “Sem estes fatores de expansão, de unidade e de intercâmbio, com os elementos de

desagregação política, com as dificuldades de comunicação marítima, com os óbi-

ces naturais que a terra oferecia com a barreira das montanhas, das selvas, dos rios,

das feras, dos índios; sem aqueles meios rudimentares de comunicação, a socieda-

de litorânea não teria caminhado até o centro”. (VIEIRA, Antônio, Pe. O Jumento,

Nosso Irmão. 2. ed. Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1964. p. 83.)

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Cavalos e bois para a tração e carne para o abastecimen-

to. O gado, representando a principal coluna econômica, era

comercializado nas feiras pernambucanas de Goiana, Igaraçu e

nas da Bahia. (11) Mercadoria de condições excepcionais ela

mesma era valor, ela mesma se transportava a si, ela mesma era

o frete para se transformarem em objetos, instrumentos, panos e

escravos trazidos daquelas praças consumidoras.

Na Capitania do Ceará e, em especial, no vale do Acaraú,

o grande motor da colonização foi a pecuária. Impondo-se e

superpondo-se ao espaço indígena, ela foi indutora de novos

parâmetros produtivos e culturais. A modalidade comum coin-

cidia com a do pequeno latifúndio. “Não se encontra na Capita-

nia uma fazenda que produza anualmente mil bezerros; as maio-

res, e muito raras, são de quatrocentos, e as há até de trinta,

afirmava, ainda em 1816, o autor da Descrição geográfica a-

breviada da Capitania do Ceará, Rodrigues de Carvalho. “Mul-

tiplicavam-se as fazendas, sem delimitação certa, motivo fre-

quente de rixas entre confinantes, senão de lutas armadas, de

consequência as mais graves, interessando diretamente famílias,

parentes, amigos e agregados”. (12)

Vale ressaltar também que alguns donos de currais pro-

curavam estabelecer suas fazendas em pontos relativamente

próximos, o que contribuiu para favorecer o aparecimento dos ___________________ 11 Renato Braga, ao tratar da Igreja de Almofala, distrito hoje pertencente ao municí-

pio de Itarema, comenta que “a capela de taipa e coberta de palha foi pouco depois

substituída por uma Igreja de alvenaria, pequena e elegante, certamente o mais belo

templo do Ceará, do século 18. Parte dos materiais destinados à sua construção

veio da Bahia, lastrando as embarcações que vinham carregar carne seca no porto

de Oficinas, no Acaraú. Daí seguia em carros de bois para o local da obra”. (Cf.

BRAGA, Renato. Dicionário geográfico e histórico do Ceará. Fortaleza: Imprensa

Universitária do Ceará, 1964. p. 80.)

12 GIRÃO, Raimundo. História econômica do Ceará, cit. p. 140.

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primeiros núcleos urbanos. O comércio do gado, cujo transporte

era feito através das estradas de boiadas, foi o que permitiu uma

maior ocupação do espaço cearense incluindo o nascimento de

povoados. Alguns, já existentes, se ampliaram com o desloca-

mento dos vaqueiros.

Posteriormente, apesar das secas e da reação dos indíge-

nas e sempre penetrando em terras desconhecidas, os sesmeiros

puderam estabelecer-se nas margens dos rios. O porto construí-

do, Porto dos Barcos – Acaraú – logo veio a servir de escoadou-

ro da carne. Consolidava-se o portal que daria condições para o

fluxo de pessoas e mercadorias entre a colônia e outros centros

mais dinâmicos, como Recife e Salvador. A invasão dos holan-

deses a Pernambuco, as consequentes escaramuças para expul-

sá-los, como já lembramos, impulsionou a imigração de per-

nambucanos e portugueses, estabelecidos em Pernambuco, para

o Vale do Acaraú.

A venda da carne e o comércio do couro foram os

maiores responsáveis por essa euforia econômica. Naquele

tempo, Santa Cruz – hoje município de Bela Cruz – teve

importante participação nesse processo, pois ali já mora-

vam pequenos e médios criadores de gado. Basta dizer que

os Registros das Plantações e Criação de Gado, permitem

calcular o envio, pelos fazendeiros da Ribeira do Acaraú, à

base desse rio, em 1788, o total de 3.740 cabeças de gado

de corte. Com o fluxo de imigrantes, a região de Sobral

tomou impulso, com a produção do charque.

E, para robustecer nossa asserção, neste tocante, afirma o

historiador Renato Braga: “Quando surgiu a indústria da carne

seca, em torno da qual girou toda a economia setecentista do

Nordeste pastoril, coube a esse lugarejo (Acaraú), centralizá-la

ao norte da Capital. Para tanto lhe permitia a sua excepcional

situação geográfica”.

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Por tudo isso, facilmente se chega à conclusão de que os

primeiros habitantes do hoje município de Bela Cruz, eram

agricultores e criadores. Acrescente-se, ainda, que, conforme se

lê em Ceará – homens e factos, p. 373, a 27 de fevereiro de

1701, o então governador da província do Ceará, Francisco Gil

Ribeiro, baixou um Alvará tornando obrigatório, com penas

graves, o plantio da mandioca, em todo o território cearense.

E lembra Nicodemos Araujo que entre os primeiros mo-

radores da antiga Santa Cruz, figuram Nicolau da Costa Peixoto

e Domingos Aguiar de Oliveira, criadores de gado. Tanto isso é

verdade que, quando eles fizeram doação à Capela de Santa

Cruz, de meia légua de terra que ainda hoje constitui o patrimô-

nio da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, o fizeram

também de quarenta vacas. Desta maneira, dificilmente se pode

duvidar de que o pastoreio e a lavoura constituíram as principais

ocupações dos nossos primeiros patrícios de Bela Cruz.

No entanto, em fins do século XVIII, a crise climática vi-

era sufocar a dinâmica desse comércio, proporcionada pela

indústria da carne de sol. As charqueadas, com as secas de 1790

a 1793, sofrem um golpe que destrói grande parte da pecuária

nordestina. Além da calamidade da seca, nasce no Rio Grande

do Sul a indústria do charque, transportada do Ceará pelo araca-

tiense José Pinto Martins, em 1780, que se estabelece às mar-

gens do arroio Pelotas, liquidando de vez essa fonte da econo-

mia cearense. (13)

___________________ 13 José Pinto Martins transportou para o extremo meridional do país os conhecimentos

e a prática da indústria, escrevendo dessa forma a sentença de morte do frutuoso

comércio que, por tantos anos, fora o sustentáculo econômico duma grande porção

do Nordeste. Efetivamente, em derredor e ao exemplo da pequena oficina do araca-

tiense ousado, estabeleceram-se outras, dando origem não só à hoje cidade de Pelo-

tas, como ao charque gaúcho, de que se abastece todo o Brasil. José Pinto Martins

faleceu em 1826, com cerca de 80 anos de idade. (Cf. GIRÃO, Raimundo. História

econômica do Ceará. Fortaleza. Inst. do Ceará, 1947. p.155.)

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Thomaz Pompeu de Sousa Brasil afirma que, “no

término das primeiras secas, os prejuízos se avolumaram a

ponto de fazendeiros que recolhiam mil bezerros não fica-

rem com 20 nos anos seguintes”. (14) E acrescenta: “No

ano de 1790, principiou uma seca tão horrível e rigorosa

que durou 4 anos; destruiu e matou quasi todo o gado (15) e

por isso veio a desaparecer o comércio das carnes secas”.

O poeta Nicodemos Araújo ratifica esta opinião, e afirma

que “a indústria das charqueadas, no município de Acaraú,

teve início em 1745, e durou meia centúria, uma vez que

foi extinta quando veio a chamada seca grande (1790-

1793)”. (16) O professor Dimas Carvalho corrobora: “De-

pois da seca grande que ocorre de 1790 a 1793 e desarticu-

la toda a economia da carne de charque, representando um

duro golpe na vida econômica do povoado”. (17) E o poeta

Virgílio Maia lembra que:

De primeiro eram campos indivisos

isentos das rosetas dos arames,

onde pastava solto o gadario,

nas desmedidas datas.

____________________

14 Cf. SOUSA BRASIL, Thomaz Pompeu de. O Ceará no começo do século

XX. Fortaleza: Typo-lithographia a Vapor, 1909. p.255.

15 O Padre Antônio Thomaz, em seu aprimorado estudo Almofala, ao comentar sobre a época do florescimento e bens, da Irmandade de N. S. da Conceição, conforme

verificou nos livros de lançamento das entradas de irmãos e de receitas e despesas, adianta que, de 1790 em diante, a Irmandade começou a declinar, sendo em 1795 já

bem pouco lisonjeiro o seu estado, pois na sessão realizada a 25 de outubro desse

ano, a diretoria autorizou o administrador a vender diversas fazendas “visto – diz o termo da ata – não haver mais gados para povoarem”. (THOMAZ, Antônio, Pe.

Almofala. In: BRAGA, Renato. Dicionário Geográfico e Histórico do Ceará. For-

taleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1964. pp. 79-100.)

16 Cf. ARAÚJO, Nicodemos. Almofala e os Tremembés. Fortaleza: Secretaria de

Cultura e Desporto, 1981. p. 56.

17 Cf. CARVALHO, Dimas. Acaraú & outros países. Fortaleza: Expressão

Gráfica, 2008. p.15.

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O DINHEIRO DA ÉPOCA

O dinheiro só muito escassamente circulava, porque

ainda perdurava o regime dos escambos, mercadoria por

mercadoria, e pagamento, em gêneros, dos serviços e salá-

rios. Em açúcar é que o ouvidor Mendes Machado recebeu,

em 1733, por intermédio do seu procurador, a quantia de

606$570, que lhe devia, de ordenados a Fazenda Real, e

somente depois da ordem régia de 10 de fevereiro de 1744

as côngruas dos padres passaram a ser efetivadas em moe-

da. Em mercadorias continuava a pagar-se a infantaria do

presídio.

Recolhidos em espécie eram os impostos: dízimos,

quintos e fintas, assim como em farinha – os vencimentos

dos mestres das escolas das aldeias (criadas pela ordem de

13 de setembro de 1768); à razão de um alqueire, anual-

mente, para cada rapaz ou rapariga que as frequentasse,

não sendo, entretanto, obrigado, cada chefe de família, a

contribuir com mais de dois alqueires, se para elas man-

dasse mais de dois alunos. A farinha, se faltasse, seria

substituída por outros gêneros alimentícios. As boiadas

vendidas para as Capitanias vizinhas voltavam mudadas

em panos e armarinhos de procedência portuguesa, e tam-

bém em escravos, o mesmo acontecendo com o comércio

dos bufarinheiros, que revolviam os sertões vendendo os

seus artigos a troco de bois e cavalgaduras. (18)

____________________ 18 BRÍGIDO, João. Ceará – homens e fatos, p. 417; GIRÃO, Raimundo. História

econômica do Ceará, p.123; FROTA, D. José Tupinambá da. História de Sobral.

Fortaleza: Pia Sociedade de São Paulo, 1953. p. 38.

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CAPÍTULO III

DE SÍTIO SANTA CRUZ A BELA CRUZ

Conforme antiga tradição oral, em princípios do século

XVIII, uma mulata chamada Genoveva passou a morar no local

hoje ocupado pela cidade de Bela Cruz e mandou construir uma

casinha sobre a colina, a noroeste da atual Igreja Matriz. A tra-

dição diz ainda que Genoveva tinha uma profissão especial:

sabia fazer benzeduras e rezava para diferentes mazelas – espi-

nhela caída, quebranto nas crianças e reumatismo nos velhos;

bem como adivinhar o futuro. Essa profissão constituía naquele

tempo, uma eficiente fonte de renda, e Genoveva granjeou tanto

prestígio, que o local ficou conhecido por Alto da Genoveva.

Por essa época, como a localidade e adjacências já formassem

um pequeno arraial deu-se início à construção de uma Capela,

consagrada a Nossa Senhora da Conceição. A proximidade do

Rio Acaraú e a fertilidade das terras da ribeira e da mata consti-

tuíam promessa de facilidade de sobrevivência e até de fartura.

“O solo se prestava, convenientemente, como ainda se presta,

ao cultivo do algodão, da mandioca, de alguns cereais e até cana

de açúcar, ao passo que os campos e as caatingas se adaptavam

à criação de bovinos, caprinos, suínos e outros. A preferência

daqueles que desejavam viver e trabalhar naquela área era pela

terra mais próxima da povoação, especialmente à meia légua

doada à capela, para formar seu patrimônio. Outros buscavam a

povoação, com o objetivo de aumentar seus haveres, porque já

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eram detentores de recursos e queriam terra boa onde lhes con-

viesse desenvolver suas atividades”. (1)

Apesar de a tradição oral dar conta de uma velha mulata

(Genoveva) como a primeira habitante da localidade, isso não é

exato. Como já vimos diversos latifundiários e criadores de

gado, ali adquiriram sesmarias e ali passaram a morar, isso,

quase um século antes da existência de Genoveva. Afirmamos

mesmo que – como já observara Antônio Bezerra – essa tradi-

ção é falsa, como são todas as que se referem às origens do

Ceará. Korn e Borges corroboram. (2)

O que sabemos sobre Genoveva que, na verdade, não era

mulata, nem rezadeira, nem velha, consta de matéria publicada

no jornal Vale do Acaraú Notícias: “A 1º de novembro, de

1753, realiza-se na Matriz de Caiçara (Sobral) o casamento

religioso de Miguel do Prado Leão, filho de Cosme do Prado

Leão e Luzia da Assunção Oliveira, com Ana Maria de Vascon-

celos, uma das sete irmãs, filha de Manoel Vaz Carrasco e D.

Madalena de Sá. Após o casamento passaram a residir na Fa-

zenda Malassombrado, (Bela Cruz). Deste consórcio houve 9

filhos, entre estes, Martinho do Prado Leão que casou-se, a 22

de julho de 1793, com Genoveva Maria de Jesus, sua prima,

filha de Anselmo de Araújo Costa e D. Francisca Xavier. Poste-

riormente, este casal passou a morar nas proximidades da Cape-

la de Santa Cruz. Eis aí a origem do nome – Alto da Genoveva –

___________________ 1 Cf. ARAUJO, Nicodemos. Município de Bela Cruz, 1985. p. 34.

2 Caracteriza-se o mito por ser uma criação histórica que o consenso de uma coleti-

vidade acredita como certa. Na criação do mito se associam o dado empírico que

lhe serve de ponto de arranco, o conceito geral e universal em que se apoia; a hi-

pótese que o justifica e a hipótese que o sanciona. (Cf. KORN, Alejandro. Obras

completas. Buenos Aires, 1949. p. 314.); A primeira forma de explicação que sur-

ge nas sociedades primitivas é o mito, sempre transmitido em forma de tradição

oral. Para nós, do século XX, acostumados a um pensamento científico, uma ex-

plicação mítica parece pueril, irracional e ligada à superstição. Os mitos contam

em geral a história de uma criação, do início de algo. É um passado tão remoto,

que não o datam concretamente. (Cf. BORGES, Vavy Pacheco. O que é história.

2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 11-12.)

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que, estamos certos, nunca deu nome ao povoado, mas apenas à

parte do alto onde Genoveva residia. E, se Genoveva, como

consta, passou a morar no local após seu casamento, ocorrido

61 anos depois da construção da Capela de Santa Cruz, impos-

sível ter sido ela a primeira habitante da localidade. Ainda mais

que, em 1732, quando os sesmeiros Nicolau da Costa Peixoto e

Domingos Aguiar de Oliveira, (3) doaram alguns bens para o

patrimônio da Capela, a localidade já tinha o nome de sítio San-

ta Cruz, conforme podemos observar na Escritura de Doação. E

com esta denominação o povoado atravessou anos e séculos, até

que através do decreto federal nº 311, de 2 de março de 1938,

recebeu o nome de Bela Cruz. Diante do que escrevemos e

transcrevemos, parece que não poderá haver mais dúvidas de

que a primeira denominação da hoje cidade de Bela Cruz – foi

SANTA CRUZ e não Alto da Genoveva. Se levarmos em conta a

tradição, é forçoso dizer, não há o que aproveitar em benefício

da verdade.

“Resumindo: a hoje cidade de Bela Cruz nasceu há mais

de três séculos, precisamente, em 1683. Naquele ano foi conce-

dida a Manoel de Goes e seus companheiros a primeira sesma-

ria do Vale do Acaraú. Posteriormente outras pessoas ali vieram

morar. Em 1732 construíram uma igrejinha. Esse templo consa-

grado a Nossa Senhora da Conceição. Em 1938, o Decreto Fe-

deral nº 311, deu ao topônimo a denominação de “Bela Cruz”.

O patrimônio da capela foi constituído de meia légua de terra e

40 vacas, doadas pelos proprietários Nicolau da Costa Peixoto e

Domingos Aguiar de Oliveira, a 12 de setembro de 1732. Já o

município foi criado por lei de 23 de fevereiro de 1957, do en-

tão Governador do Ceará, Paulo Sarasate Ferreira Lopes, e foi

instalado, oficialmente, a 25 de março de 1959”. (4)

___________________ 3 Nicolau da Costa Peixoto e Domingos Aguiar de Oliveira, por terem doado terras e

gados para constituir o Patrimônio da Capela de N. S. da Conceição, de Santa Cruz,

berço de Bela Cruz, são, na verdade, os fundadores da cidade.

4 Cf. FREITAS, Vicente. In: Vale do Acaraú Notícias, edição: fevereiro 2010. p. 8.

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Formação Política

Nosso propósito é fazer um ligeiro comentário sobre a

vida política de Bela Cruz. Sabemos que, mesmo antes de nossa

emancipação, vários filhos de Bela Cruz exerceram importantes

cargos e funções em Sobral e Acaraú. Como exemplo, podemos

citar o Alferes Anselmo de Araújo Costa, da Lagoa do Mato,

eleito Vereador à Câmara de Sobral, a 1º de dezembro de 1780;

o Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa, seu irmão, também

eleito à Câmara Municipal de Sobral em 1789. Manoel de Araú-

jo Costa e seu irmão Simplício de Araújo Costa, filhos do Capi-

tão Diogo Lopes foram eleitos vereadores para a primeira Câ-

mara Municipal de Acaraú (1850), Simplício de Araújo Costa

foi Tesoureiro da Câmara e Promotor de Justiça, em Acaraú.

Foi também Professor Provincial e Alferes da Guarda Nacional.

Já em 1910, foi eleito Vereador em Acaraú, outro santa-

cruzense, o Sr. Gabriel Florêncio, que permaneceu nas funções

até 1914. Seguiu-se Manoel Nicodemos Araújo, o poeta, em

1928 e 1936. Após mais de 10 anos, isto é, em 1948, elegeu-se

Vereador, em Acaraú, o Sr. Francisco das Chagas Silveira

(Chagas Fonteles), que serviu até 1952. Seguiram-se, como

Vereadores, em Acaraú, João Damasceno Vasconcelos e Be-

nedito Lopes da Silveira, de 1955 a 1959.

Em 1906, alguns líderes políticos de Santa Cruz, inicia-

ram uma campanha objetivando a criação do município, o que

aconteceu, exatamente, meio século depois. A 18 de janeiro de

1937, o prefeito de Acaraú, Manoel Duca da Silveira – outro

santacruzense – assinou a Lei Nº 10, criando uma subprefeitura

em Santa Cruz, empossando o líder comunitário Benedito Me-

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neres de Carvalho, no cargo de subprefeito, o qual recebeu dos

poderes municipais, uma junta distrital; criada para auxiliar o

subprefeito nos trabalhos administrativos. Órgão este constituí-

do pelos Srs. Emílio Fonteles da Silveira, Vicente Lopes da

Silveira e Francisco das Chagas Silveira. Em 1945, Benedito

Carvalho foi substituído por Osvaldo Damasceno Maranhão,

por um período de um ano. Em 1946, José Ludgero da Silveira,

assume o cargo de subprefeito, por poucos meses, passando em

seguida para o Sr. Ibério de Murilo Zacas, que ali esteve até

março de 1947. A partir daí foi escolhido para o cargo Mário

Domingues Louzada, que exerceu até 27 de fevereiro de 1951,

seguido por Benjamim Mendes de Souza, que exerceu até 1952,

quando foi substituído por Agripino Bias Silveira. Em 1955,

Mário Louzada assume pela segunda vez, o cargo de adminis-

trador do distrito, ficando até 1957. Nicodemos Araújo informa

que em 1953, o líder José Ludgero da Silveira, conseguiu um

requerimento com assinaturas de 130 eleitores do distrito de

Bela Cruz pedindo sua ereção à condição de município. Mesmo

requerimento foi entregue à Assembleia Legislativa do Estado,

em data de 1º de setembro de 1953. Acontece que o poder legis-

lativo de Acaraú não se conformou com a criação do novo mu-

nicípio, dentro dos limites estabelecidos no referido requeri-

mento. E assim aquela casa protestou. Nestas condições, trans-

correu o ano de 1953, sem que Bela Cruz obtivesse o que tanto

aspirava.

Em 1956, o deputado Manoel Gomes Sales, entrega à As-

sembleia Legislativa, novo requerimento, porém, com os limites

do futuro município, um pouco modificados. Aludido requeri-

mento foi enviado à Câmara Municipal de Acaraú e em sessão

realizada a 19 de setembro de 1956, foi aprovado por unanimi-

dade. O certo é que em sessão realizada a 29 de janeiro de 1957,

a Assembleia Legislativa do Ceará, por unanimidade dos seus

membros, deu aprovação ao plebiscito, outorgando ao Gover-

nador do Estado, a necessária autorização para a assinatura da

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lei que criaria o município de Bela Cruz. Vejamos o que publi-

cou o Jornal “O Acaraú”, em sua edição do dia 15 de janeiro de

1957: “Teve lugar, no dia 30 de dezembro, o plebiscito para a

criação do município de Bela Cruz, a ser desmembrado do terri-

tório do município de Acaraú. A população de toda área coberta

pelo futuro município, foi chamada a pronunciar-se sobre o

assunto, afirmando nas urnas eleitorais o modo como recebia o

amplo movimento coletivo.

“E a Junta Plebiscitária eleita pela Assembleia Legislati-

va do Estado e constituída pelos Senhores. Pe. Odécio Loiola

Sampaio, Francisco das Chagas Silveira e Nicodemos Araújo,

desde a sua instalação a 17 de novembro, vinha orientando os

trabalhos de qualificações, que atingiram 1.283 eleitores.

“Funcionaram cinco sessões, sendo três na sede do distri-

to, uma na povoação de Prata e outra em São Gonçalo, tendo

votado 1.060 eleitores. O resultado foi o seguinte: 1.053 SIM, 1

NÃO, e 6 votos em branco.

“O Deputado Manoel Gomes Sales ali permaneceu até o

final dos trabalhos, emprestando a sua preciosa colaboração à

causa daquele populoso e adiantado distrito, que deseja erigir-se

em célula autônoma da federação brasileira.

“Todo o material, e documentos, empregados, no Plebis-

cito, de acordo com o diploma legal que rege a matéria foram

enviados à Assembleia Legislativa que, certamente, em sua

atual reunião extraordinária, fará sua conveniente apreciação e

pronunciamento”.

A 23 de fevereiro de 1957, o então Governador Paulo Sa-

rasate Ferreira Lopes, fez questão de vir a Bela Cruz, especial-

mente, para assinar a lei nº 3.538, que criou o município de

Bela Cruz.

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Eleições Municipais

Esta vitória foi efetivada, graças ao esforço e a dedicação

desses ilustres filhos de Bela Cruz. A 3 de outubro de 1958,

realizaram-se as primeiras eleições para os cargos de prefeito,

vice-prefeito e vereadores, sendo eleito prefeito Mário Domin-

gues Louzada, candidato único, e vice-prefeito José Anselmo de

Araújo. Para a Câmara Municipal foram eleitos os vereadores

Raimundo Magalhães Rocha, Benedito Lopes da Silveira, João

Osmar Araújo, Geraldo Fonteles de Carvalho, Geraldo Silveira

Rocha, João Batista da Rocha e Marino Brandão. A 25 de mar-

ço de 1959, é instalada a 1ª Câmara Municipal de Bela Cruz.

Diz o sociólogo Luís da Câmara Cascudo que a história

das famílias-tronco será a única forma de escrever a história do

povoamento do norte brasileiro, mas os historiadores preferem

fazer a monotonia das sucessões de governos e das medidas

administrativas.

Pensando assim, neste capítulo, dediquei-me às fontes

mais antigas; restringi-me aos primeiros passos, até a emanci-

pação do Município. Os fatos mais recentes poderão ser consul-

tados, com facilidade, nos arquivos da Câmara Municipal, TRE,

Cartório Eleitoral ou da Prefeitura Municipal.

Entretanto, achamos oportuno lembrar, aqui, dissertação,

do Professor Gabriel Assis, sobre a política mais recente do

município de Bela Cruz. Na verdade, quase todas as cidades

cearenses, por um período de sua história, tiveram chefes políti-

cos descendentes de uma mesma família: Silveira/Gomes, em

Acaraú; Arruda, em Granja; Aguiar/Coelho, em Camocim; Pra-

do/Barreto, em Sobral; isso para citar apenas municípios da

zona norte. Em Bela Cruz não foi diferente. (5)

___________________

5 Cf. VASCONCELOS, Gabriel Assis. Bela Cruz é nossa. Os Silveira/Oliveira e seus

caminhos (1966-1996). Recife: UFPE, 2000.

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Dados Gerais do Município

CEP: 62570-000

Distância de Fortaleza: 240,0 km

Tempo estimado de viagem: 3 h 30 min

Vias de acesso: BR-222/CE-085/168/354/178/216/179

Região administrativa: 3

Localização: microrregião de Camocim e Acaraú.

Municípios limítrofes: Acaraú, Camocim, Cruz, Granja, Jijo-

ca de Jericoacoara e Marco.

Geografia:

Área: 842 km²

Latitude: 3° 03' 02''

Longitude: 40° 10' 04''

Clima: Tropical quente semiárido brando e Tropical quente

semiárido com chuvas de fevereiro a abril.

Relevo: Glacis pré-litorâneo dissecado em interflúvios tabu-

lares e depressão sertaneja.

Vegetação: Complexo vegetacional da zona litorânea e Flo-

resta mista dicotillopalmácea.

Precipitação pluviométrica: 1.096 mm (média histórica).

Demografia:

População (IBGE: 2007): 29.627

População (2000): 28.358

População Urbana (2000): 11.585

População Rural (2000): 16.773

Densidade Demográfica (2000): 33,69 hab/km²

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Economia:

PIB (2005): R$ 68.820.000

Agropecuária: 22,33%

Indústria: 8,20%

Serviços: 69,47%

Receita Orçamentária (2007): R$ 21.248.284,71

Educação:

Taxa de alfabetização (2000): 67,8%

Taxa de escolarização no ensino fundamental (2007): 88,7%

Taxa de escolarização no ensino médio (2007): 69,7%

Documentário

Lei nº 94, de 29 de junho de 1923

Cria o distrito de Santa Cruz

A Câmara Municipal de Acaraú decretou e eu sanciono a

seguinte Lei:

Art. 1º – Fica criado o distrito de Santa Cruz, no território

deste município de Acaraú, do estado do Ceará.

§ 1º – O distrito criado por esta Lei terá os seguintes limi-

tes:

– Ao Norte, uma reta que partindo da Lagoa das Pedras, vai

até o lugar Paraguai, e daí à Lagoa dos Caboclos; vai até o mar-

co do Guarda, e daí ao lugar Tabuleirinho, em casa da viúva de

Miguel Alves de Medeiros; daí ao rio Canema, no lugar São

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Gonçalo, rumando em linha reta até a Estrada da Aroeira, e por

esta estrada acima, até a Fazenda Córrego da Volta, e daí, Cór-

rego da Volta acima, até o lugar Volta, propriamente dito, na

margem esquerda do rio Aracatimirim, e pelo mesmo rio acima,

até a confrontação da fazenda São Francisco; ao Sul, o municí-

pio de Santana, em suas respectivas extremas com o município

de Acaraú; e, ao Poente, as extremas de Granja.

Art. 2º – A presente Lei entrará em vigor na data de sua

publicação, revogadas as disposições em contrário.

Paço da Prefeitura Municipal de Acaraú, em 29 de junho de 1923.

Manoel Albano da Silveira

Prefeito Municipal

LEI Nº 10, de 18 de fevereiro de 1937

Estabelece a Subprefeitura no distrito de Santa Cruz

A Câmara Municipal de Acaraú decretou e eu sanciono e

promulgo a seguinte Lei:

Art. 1º – Fica estabelecida Subprefeitura no distrito de

Santa Cruz, deste município de Acaraú, de acordo com o que

dispõe o Art. 43, da Lei nº 32, de 30 de dezembro de 1935.

Art. 2º – A presente Lei entrará em vigor na data de sua

publicação, revogadas as disposições em contrário.

Paço da Prefeitura Municipal de Acaraú, em 18 de feverei-

ro de 1937.

Manoel Duca da Silveira

Prefeito Municipal

Manoel Nicodemos Araújo

Secretário da Prefeitura

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A Lei 3.538

Em cumprimento ao nosso propósito, que é tentar con-

servar para a história de Bela Cruz os documentos de maior

importância ligados à comunidade, transcrevemos, a seguir, o

teor da Lei que criou o Município:

Lei nº 3.538, de 23 de fevereiro de 1957

Cria o Município de Bela Cruz, e os limites que indica:

O Governador do Estado do Ceará.

Faço saber que a Assembleia Legislativa decretou e eu

sanciono e promulgo a seguinte Lei:

Art. 1º – Fica criado o município de Bela Cruz, com sede

na vila deste nome, com os seguintes limites:

a) A leste, com o município de Acaraú:

Começa no ponto onde a rodovia Itapipoca-Acaraú incide

com a reta que parte da confluência do Riacho dos Caibros à

parte mais meridional, Lagoa de Santa Rosa, nos limites com os

municípios de Marco e Acaraú; daí desce pela mesma rodovia

até encontrar o projetado ramal rodoviário que liga esta rodovia

à vila de Bela Cruz; daí segue pelo referido ramal rodoviário até

o rio Acaraú, e por este até o lugar Genipapeiro.

b) Ao norte, ainda com o município de Acaraú:

Começa no lugar Genipapeiro e segue pela estrada carro-

çável que vai de Acaraú à povoação de Prata (inclusive); daí

prossegue rumo ao lugar Baixinha, fazenda de José Fonteles,

inclusive, pelo travessão existente, separatório das terras de

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Minervino Vasconcelos com Luiz Pereira Brandão; daí prosse-

gue pela estrada carroçável referida, passando pelos lugares

Caldeirão e Juazeiro, seguindo ainda pela mesma carroçável, até

o lugar Aroeira, fazenda de Virgílio Romão, inclusive; daí, por

uma reta, vai ao Córrego de Dentro até encontrar a carroçável

que recebe o seu nome, e por ela prossegue até os limites com o

município de Camocim;

c) A oeste, com o município de Camocim:

Os limites são os existentes entre esse município e o de

Acaraú, até as nascentes do Córrego de Dentro.

d) Ao sul, com o município de Marco:

Os limites são os existentes entre esse município e o de

Acaraú, até o ponto onde a rodovia Itapipoca-Acaraú incide

com a reta que vai à confluência do riacho dos Caibros à parte

mais meridional da Lagoa de Santa Rosa.

Art. 2º – Essa lei entrará em vigor na data de sua publica-

ção, revogadas as disposições em contrário.

Palácio do Governo do Ceará, em Fortaleza, aos 23 de

fevereiro de 1957.

PAULO SARASATE

Odilon Aguiar Filho

Instalação do Município

Para que fique registrada na história de Bela Cruz,

copiamos aqui a Ata de instalação do município.

Ata da sessão de inauguração da legislatura, de pos-

se do Prefeito, compromisso do Vice-Prefeito e instalação

do município de Bela Cruz:

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"Às catorze horas do dia vinte e cinco (25) do mês

de março do ano de mil novecentos e cinquenta e nove

(1959), nesta cidade de Bela Cruz, sede do município de

igual denominação, no edifício destinado ao funcionamen-

to da Câmara Municipal, presentes o Exmo. Sr. Mário

Domingues Louzada, Prefeito desta Comuna, e o Sr. José

Anselmo Araújo, Vice Prefeito, eleitos no pleito de três (3)

de outubro de mil novecentos e cinquenta e oito (1958),

reuniu-se a Câmara com a presença dos Srs. Vereadores

Raimundo Magalhães Rocha, Geraldo Fonteles de Carva-

lho, João Batista da Rocha e Benedito Lopes da Silveira,

sob a presidência do Sr. Raimundo Magalhães Rocha,

comigo Vereador Geraldo Fonteles de Carvalho, Secretá-

rio da mesa. Havendo número legal, o Sr. Presidente a-

briu os trabalhos desta sessão, cuja finalidade é inaugu-

rar a primeira legislatura da Câmara, dar posse ao Pre-

feito e tomar o compromisso do Vice-Prefeito, eleitos a

três (3) de outubro de mil novecentos e cinquenta e oito

(1958) e, com suas presenças, proceder a instalação do

município criado pela Lei Estadual nº 3.538, de 23 de fe-

vereiro de 1957, com território desmembrado do municí-

pio de Acaraú. Presente a maioria absoluta dos Vereado-

res, foi lida e aprovada a ata da sessão preparatória, rea-

lizada às 14 horas de ontem, nesta cidade. Logo depois o

Sr. Presidente declarou instalada a primeira legislatura

da Câmara Municipal de Bela Cruz. A seguir, convidou o

cidadão Mário Domingues Louzada, Prefeito eleito desta

Comuna, e o cidadão José Anselmo Araújo, Vice Prefeito,

a proferirem o compromisso legal do cargo. De pé, peran-

te a Câmara, cada um por sua vez, prestou o seguinte

compromisso: "Prometo com lealdade desempenhar as

funções de Prefeito, defender as instituições e cumprir as

leis". Diante do juramento prestado, a Mesa, pela palavra

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de seu Presidente, declarou empossado no cargo de Pre-

feito de Bela Cruz, o cidadão Mário Domingues Louzada.

E então, com sua presença e a do Vice-Prefeito compro-

missado, declarou instalado o novo município de Bela

Cruz, criado pela Lei nº 3.538, de 23 de fevereiro de 1957,

e constituído com território desmembrado do município de

Acaraú. Concedido, após estas cerimônias, pelo Sr. Presi-

dente, o uso da palavra, usaram-na, pela ordem, os Srs.

João Damasceno Vasconcelos, que saudou as autoridades

empossadas, em nome do povo de Bela Cruz, e Deusdedit

Freitas, Agente dos Correios e Telégrafos nesta cidade,

pronunciando um verdadeiro panegírico às autoridade

eleitas e empossadas. Em seguida o Revmo. Pe. Odécio

Loiola Sampaio, dd. Vigário da Paróquia, pronunciou

empolgante discurso sobre a significação desta solenida-

de, convidando as autoridades e o povo em geral, a coo-

perarem com união de vistas e patriotismo esclarecido,

para a grandeza e o progresso de Bela Cruz. E, como na-

da mais houvesse a tratar, o Sr. Presidente levantou os

trabalhos da presente sessão, da qual, para constar, lavrei

esta ata que vai assinada pela Mesa, pelos Vereadores

presentes, pelo Prefeito empossado, pelo Vice-Prefeito

compromissado, e pelo R.Vigário da Paróquia".

Lei Municipal Nº 14, de 23 de julho de 1959

Delimita os quadros urbano e suburbano da cidade e

do município de Bela Cruz.

Faço saber que a Câmara Municipal decreta e eu

sanciono e promulgo a seguinte Lei:

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Art. 1º – Ficam delimitados os quadros, urbano e su-

burbano da cidade de Bela Cruz, no município de igual

nome:

a) Perímetro Urbano: Partindo do ponto onde a Rua

Domingos Aguiar incide com o travessão existente entre

as terras do Patrimônio de N. S. da Conceição e os herdei-

ros de João Tibúrcio da Rocha, até atingir a Rua Nicolau

Peixoto, que serve de limite leste, seguindo por esta até a

margem norte da Lagoa do Correguinho; ao Sul, pela qual

prossegue rumo ao Poente, até a Rua Domingos Aguiar por

esta descendo ao ponto inicial, acima referido.

b) Perímetro Suburbano: Partindo do ponto terminal

da linha divisória do oeste, serve de limite Norte a mar-

gem Sul da Lagoa de Santa Cruz, até encontrar-se com a

Ipueira, a Leste; prosseguindo até o desaguadouro da La-

goa do Correguinho, ao Sul, a cuja margem meridional

passa o caminho que serve do limite até encontrar-se com

a Estrada do Campo de Pouso, ao Poente, por ela prosse-

guindo até atingir aquele logradouro público, na extremi-

dade Leste, daí partindo, numa reta, na mesma direção

Norte, até o ponto inicial, na margem da Lagoa de Santa

Cruz.

Paço da Prefeitura Municipal de Bela Cruz,

em 23 de julho de 1959.

Mário Domingues Louzada

Prefeito Municipal

João Damasceno Vasconcelos

Secretário Municipal

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Distrito de Prata

Superfície: 300 km². Sede: Vila de Prata. População:

6.938 habitantes. População da Sede: 253 habitantes. Cria-

ção do distrito: Lei estadual nº 4.439, de 30 de dezembro

de 1958. Elevação a Subprefeitura: Lei municipal nº 43, de

24 de maio de 1961.

Limites: Ao Norte os municípios de Cruz e Jijoca de

Jericoacoara; ao Sul, o distrito sede do município de Bela

Cruz, a Leste, o Rio Acaraú; a Oeste, ao município de

Camocim.

Situação Econômica: A base econômica do distrito

assenta na agricultura, em virtude de ser ele localizado em

terreno propício, e a lavoura ser exercida pela quase tota-

lidade de seus habitantes.

Indústria: No setor industrial o distrito de Prata dei-

xa muito a desejar, porque existe ali somente a indústria

de farinha, goma de mandioca e cera de carnaúba.

Vida Religiosa: A primeira capela construída naque-

le distrito foi a de N. S. do Livramento, na Vila de Prata.

Essa Igreja teve sua construção iniciada a 3 de agosto de

1936, sendo inaugurada, pelo Pe. Sabino de Lima, a 14 de

dezembro de 1940. A bênção da imagem da Padroeira foi

dada, pelo mesmo sacerdote, a 15 de dezembro de 1940.

Seguiu-se a Capela de São Miguel, no Riacho da Prata,

construída pelo Pe. Odécio Loiola Sampaio e por ele inau-

gurada a 12 de novembro de 1961. Em seguida a capela de

N. S. de Fátima, em Correguinho, cuja construção deveu-

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se também ao Pároco de Bela Cruz, sendo por ele inaugu-

rada a 18 de novembro de 1966.

Instrução: A primeira escola de Prata foi criada pelo

Governo do Estado e ali instalada a 1º de fevereiro de

1938, com a professora Raimunda de Sousa Fernandes, a

qual, 15 anos depois, foi substituída pela professora Maria

do Socorro Vasconcelos, até 30 de novembro de 1965.

Desde então não mais funcionou. Seguiram-se duas esco-

las municipais, dirigidas pelas professoras Maria Vilani

Vasconcelos e Maria Vanilda Vasconcelos. A 23 de feve-

reiro de 1966, foi inaugurado naquela vila um Grupo Esco-

lar Municipal, pelo prefeito Expedito Deroci Vasconcelos.

A 30 de dezembro de 1958, antes, portanto, da insta-

lação do município de Bela Cruz, o Dr. Flávio Portela

Marcílio, então Governador do Estado do Ceará, criou o

distrito de Prata. Mencionada providência veio trazer just i-

ficado regozijo não somente para aquela comunidade, mas

também para os lugares vizinhos.

Lei nº 4.439, de 30 de dezembro de 1958

Cria o distrito denominado Prata, no município de

Bela Cruz e dá outras providências.

O Governador do Estado do Ceará.

Faço saber que a Assembleia Legislativa decretou e

eu sanciono e promulgo a seguinte Lei:

Art. 1º – Fica criado no município de Bela Cruz, o

distrito denominado Prata, com os limites territoriais a

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seguir especificados, o qual terá sua sede elevada à cate-

goria de vila.

a) Ao sul, com o distrito da sede:

Parte da casa principal da Fazenda Santo Izidoro,

nas proximidades dos limites intermunicipais com Camo-

cim; segue daí para alcançar o travessão divisório das ter-

ras de propriedade de José de Paula Pessoa e Manoel Viei-

ra: segue pelo mesmo travessão até o lugar São Geraldo,

onde termina; daí segue por uma reta até encontrar o tra-

vessão divisório entre as terras de Miguel Dias e João Lo-

pes Sobrinho, pelo qual segue até o término; segue daí até

encontrar o rio Acaraú.

b) Ao nascente, ainda com o distrito sede:

Parte do rio Acaraú, no lugar onde ele recebe o ria-

cho Canema, desce o rio Acaraú até encontrar os limites

intermunicipais entre Acaraú e Bela Cruz.

Art. 2º – O distrito ora criado por esta lei deverá ser

incluído na primeira Lei de Organização Administrativa

Territorial do Estado que se seguir no lugar corresponden-

te, integrando o município de Bela Cruz.

Art. 3º – Esta lei entrará em vigor na data de sua pu-

blicação, revogadas as disposições em contrário.

Palácio do Governo do Estado do Ceará, em Fortale-

za, aos 30 de dezembro de 1958.

FLÁVIO MARCÍLIO

Bento Costa Lima Leite de Albuquerque

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Cartório de Prata

Na vila de Prata, em data de 1º de janeiro de 1960, deu-se

a instalação de um Cartório de Registros de Nascimentos, Ca-

samentos e Óbitos. Seu Oficial de Registro Civil é o Sr. Edésio

Medeiros de Vasconcelos. Esse Cartório foi conseguido graças

aos esforços do então Prefeito Municipal de Bela Cruz – Mário

Domingues Louzada, atendendo a uma justa reivindicação da

comunidade daquele distrito.

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CAPÍTULO IV

FORMAÇÃO RELIGIOSA

A Companhia de Jesus, fundada em 1539 por Ignácio

de Loiola e nove companheiros, sobressaía-se, desde 1549, na

atividade missionária em terras do Brasil, estando mais indicada

que outras congregações, por sua maior experiência e organiza-

ção. Nesse ano, além do superior Manuel da Nóbrega, respon-

sável pela demarcação da área da futura cidade de São Paulo, os

jesuítas Leonardo Nunes, João de Azpilcueta e Antônio Pires,

desembarcaram na Bahia de Todos os Santos acompanhando

Tomé de Sousa, o primeiro governador geral do Brasil. Nóbrega

dissera ao desembarcar: “Esta terra é nossa empresa”!

O jesuíta Luís Figueira foi o escolhido pelo Superior da

Província do Brasil, Pe. Fernão Cardim, para fazer parte da

expedição à Serra da Ibiapaba e ao Maranhão, em companhia

do Pe. Francisco Pinto, que foi pouco tempo depois morto pelos

silvícolas, no exercício da catequese.

Padre Figueira é o autor da Relação do Maranhão, (1)

narrativa da malograda expedição ao sertão nordestino. Esse

documento foi enviado ao Preposto Geral da Companhia de

Jesus, Pe. Cláudio Acquaviva, em 1608.

___________________ 1 O texto integral da Relação do Maranhão, com notas e comentários de Thomaz

Pompeu Sobrinho, vem reproduzido na obra Três Documentos do Ceará Colonial,

publicada em 1967, sob a chancela do Instituto do Ceará. No volume contém ainda

a Relação do Ceará, de Martim Soares Moreno (1618) e o Diário, de Matias Beck

(1649); ver também Revista do Instituto do Ceará, vol. 17, 1903. pp. 97 a 140.

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Após a morte do Pe. Francisco Pinto, assassinado pelos

índios, no dia 11 de janeiro de 1608, a caravana teve de retor-

nar, desistindo da viagem ao Maranhão. Nesta viagem de retor-

no, o rio Acaraú foi atravessado, nas proximidades do local

onde hoje se encontra a cidade de Bela Cruz. Portanto, o Pe.

Luís Figueira foi o primeiro sacerdote a pisar o solo belacruzen-

se, de acordo com o itinerário do regresso do Jesuíta, traçado

sobre o mapa do Ceará, pelo historiador Th. Pompeu Sobrinho.

Nicolau da Costa Peixoto e Domingos Aguiar de Oliveira

teriam sido os construtores da primeira capela do Sítio Santa

Cruz (Bela Cruz), isto em 1732, sob licença do Padre Sebastião

Vogado de Souto Maior. (2) Esta seria a 3ª construída na região,

isto é, na freguesia de N. S. da Conceição da Caissara. Nas No-

tícias da Freguesia, escritas em 1767, pelo Revdo. Vigário Dr.

João Ribeiro Pessoa, (3) e publicadas na Revista do Instituto do

Ceará, em 1888, o autor se refere ao “Templo de priscas e lon-

gínquas datas”. Ver também Notas para a História de Sobral,

de José Vicente Franca Cavalcante. (RIC, vol. 23, 1909.)

___________________ 2 Esta hipótese merece credibilidade, admitindo-se que o Padre Sebastião Vogado de

Souto Maior foi o único visitador do Bispo de Olinda que esteve na Ribeira do Aca-

raú, precisamente, no período de 26 de novembro de 1731 a 1º de janeiro de 1732.

3 “3ª Capela – a de N. S. da Conceição de Santa Cruz, ereta no ano de 1732, como se

colhe do traslado de uma escritura que se acha inserta no princípio do livro da dita

Capela, mandado fazer pelo Revdo. Dr. Visitador Manoel Machado Freire, no ano

de 1747, e guardado no arquivo da Matriz; a dita escritura é do patrimônio da dita

Capela, que para ela doou Domingos Aguiar de Oliveira, meia légua de terra, 40

vacas e 6 éguas; porque não se achava este patrimônio julgado por título canônico,

como também não se acha a provisão da criação, o muito Revdo. Dr. Visitador José

Teixeira de Azevedo julgou agora em sua visita o dito patrimônio por título canôni-

co, e passou provisão para se edificar de novo a Capela mor da dita Igreja, que a

não tinha, e para se reedificar o corpo dela por estar muito velho, o que tudo consta

do livro à fl. 16, etc. É esta Capela sita 4 léguas da Barra do Acaracu da parte do

norte do dito rio distante da Matriz 15 léguas”. (Cf. PESSOA, Dr. João Ribeiro, Pe.

Notícias da freguesia de N. S. da Conceição da Caissara dadas pelo Revdo. Cura e

Vigário da Vara Atual d‟ela, ano de 1767. In: Revista do Instituto do Ceará, vol. 2,

1888. p.148.)

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E como já foi dito, a 12 de setembro de 1732, os sesmei-

ros Nicolau da Costa Peixoto e Domingos Aguiar de Oliveira

fazem doação à Capela de um valioso patrimônio ainda hoje

pertencente à paróquia de Bela Cruz. Para conhecimento dos

leitores, transcrevemos do livro Santa Cruz do Acarahú, de

Nicodemos Araújo, publicado em 1936, pp.38-40, cópia da

Escritura de Doação:

Escritura de Doação do Patrimônio da Capela

“João José Lobo de Macedo, Tabelião Público do Judicial e

Notas da Villa de Fortaleza de Nossa Senhora da Assumpção do Siará

Grande, por Sua majestade que Deus guarde, etectera.

“Certifico que em meu escriptorio e poder se acha a escriptura

concebida em modos de duação cuja he do theor seguinte:

“Escriptura de duação que faz Capitão Domingos d’Aguiar e

Nicolau da Costa a Nossa Senhora da Conceição da Ribeira do Aca-

racú, etectera.

“Saibão quantos este publico instrumento de duação como pa-

ra sua validade e melhor nome e lugar haja a dizer se passou que

sendo no anno de Nosso Senhor Jesus Christos de mil setecentos e

trinta e dois annos, aos doze dias do mez de setembro do dito anno

neste Sítio de Santa Cruz Ribeira do Acaracu termo da Villa de Forta-

leza de Nossa Senhora da Assumpção Capitania do Siará Grande,

ahonde eu Tabelião ao diante nomeado fui vindo aqui sendo alli ap-

pareceu o Capitão Domingos d’Aguiar e Nicolau da Costa, pessoas

que reconheço pelos próprios de que se trata do que dou minha fé e

faço menção por elles me foi dito em minha presença tistimunhas ao

diante nomeadas que elles duavão como de facto logo duarão quaren-

ta vacas e seis egoas e meia legua de terras que pega do norte da

Capella para sima da Capella que elles ditos duadores fazem a Nossa

Senhora da Conceição para que dos lucros dos ditos gados e bestas

faça patrimonho da dita Capella, e mais que para ella lhe for neces-

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VICENTE FREITAS

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sário a qual duação fazia a dita Senhora da Conceição deste dia para

todo o sempre sem constrangimento de pessoa alguma e sim do seu

moto proprio e desde logo desistirão de todo poder e domínio que

tinhão na dita terra e nos mais bens nomeados, por meio desta dua-

ção e pelos ditos duadores, foi dito que para fazer esta duação firme e

valiosa obrigavão suas pessôas havidas e por haver e os mais bem

amparados de sua fazenda e se comprometerão a não vir em tempo

algum contra este instrumento, que requeriam fosse feito nestas notas

e mencionado ausente, a quem a favor deste possa tirar como pessôa

publica estipulante e aceitante que o estipulei e aceitei, sendo presen-

tes por tistimunhas Luiz Martins Gonçalves e José Pereira, pessôas

que reconheço pelos proprios de que dou fé e que todos assignarão.

Eu, Manoel d’Araújo Ferreira, Tabelião de Notas que o escrevi".

Domingos Aguiar de Oliveira

Luiz Martins Gonçalves

José Pereira Silva

“E não se achou assignado em dita duação e escriptura o

dito Nicolau da Costa Peixoto, em a qual eu João Lobo de Ma-

cedo Tabelião do Judicial e Notas da Villa de Fortaleza de Nos-

sa Senhora da Assumpção e seu termo Capitania do Siará Gran-

de, tirei e trasladei em meos livros de notas que em poder e

cartório fica o que me reporto a tudo e por tudo como a qual

este traslado conferi e concertei e assignei-me ao meu signal

raso costumado de que uso”.

Segundo as Notícias do Pe. João Ribeiro Pessoa, no ano

de 1747, o Revdo. Dr. Manoel Machado Freire, filho do Reino,

Vigário então em N. S. da Luz e depois Cônego na Santa Sé de

Olinda; por ordem deste exemplar e Revdo. Visitador se fez o

livro da Capela de N. S. da Conceição de Santa Cruz, por andar

avulso seu patrimônio, provisões etc. (4)

___________________ 4 Cf. PESSOA, Dr. João Ribeiro, Pe. Notícias da freguesia de N. S. da Conceição da

Caissara dadas pelo Revdo. Cura e Vigário da Vara Atual d‟ela, ano de 1767. In:

Revista do Instituto do Ceará, vol. 2, 1888. p.139.

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Segunda Capela

Em fins de 1798, como a localidade já contasse apreciá-

vel número de habitantes, fora construída outra Capela, com

mais amplitude, no local onde ainda hoje permanece a nossa

Igreja Matriz. Os trabalhos foram realizados sob a direção do

famoso Padre Frei Vidal de Frescarolo, mais conhecido por Frei

Vidal da Penha. Dizem que para esse serviço muito contribuí-

ram o Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa, José da Silveira

Dutra e outros.

Um século mais tarde, isto é, no ano de 1894, o Padre

Francisco Theótime de Maria Vasconcelos, (5) então coadjutor

da paróquia de Santana, procedeu a uma notável reforma na

Capela. O operoso sacerdote santanense aqui demorou apenas

dois meses – novembro e dezembro – esse tempo, no entanto,

foi suficiente para que a igrejinha tivesse um novo consistório,

paredes reparadas e pintadas interna e externamente. Depois

dessa reforma, a Capela ficou medindo 120 palmos de compri-

mento por 50 de largura. Apreciável auxílio prestaram ao Padre

Theótime, nesses serviços, os senhores José Fonteles da Silvei-

ra, Florêncio José de Morais, João Lopes de Araújo, Antonino

Lopes de Araújo e Manoel Lopes da Silveira, então fabriqueiro

___________________ 5 “O Pe. Francisco Theótime de Maria Vasconcelos nasceu em Santana do Acaraú, a

15 de fevereiro de 1845. Filho de José Ignácio de Vasconcelos e D. Rosa Maria da

Conceição. Depois dos estudos primários na sua terra natal, matriculou-se no Semi-

nário de Fortaleza, sendo ordenado sacerdote, a 15 de janeiro de 1871. Foi Vigário

de Pentecoste e Santana do Acaraú. Eleito Deputado provincial para o triênio 1884-

1887. Durante o paroquiato em Santana, construiu a Capela de São Manoel de Mar-

co e reformou a Igreja de Bela Cruz. Faleceu a 9 de julho de 1915, sendo sepultado

na Igreja matriz de Santana do Acaraú”. (Cf. SILVEIRA, Aureliano Diamantino.

Ungidos do Senhor na Evangelização do Ceará, vol. II. Fortaleza: Premius, 2004.)

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do patrimônio. Nicodemos Araújo afirma que – para esses me-

lhoramentos – foram doados dos cofres do Estado 500$000, da

Loteria; quantia concedida à mesma Capela, pela lei nº 2016, de

15 de setembro de 1882, promulgada pelo Bacharel Sancho de

Barros Pimentel, então Presidente do Ceará.

Em 1923, uma comissão composta dos cidadãos Emílio

Fonteles da Silveira, Manoel Damião da Silveira, Gabriel Flo-

rêncio de Vasconcelos e José Lopes da Silveira, com permissão

do Bispo Diocesano e apoio do então vigário de Acaraú, Padre

Antônio Thomaz, iniciou uma total remodelação na Capela.

Para dirigir os serviços veio o Revmo. Padre Joaquim Severiano

de Vasconcelos, que aqui se demorou algum tempo. O teto foi

retirado e, demolidas, quase todas as paredes, levantando-se

então um prédio de 45 palmos de altura, embora com as mes-

mas dimensões anteriores. No patamar da Capela foi construído

um grande cruzeiro de madeira, com pedestal de alvenaria, cuja

benção foi efetuada somente a 18 de dezembro de 1934, pelo

Padre Vermoulen. Os trabalhos continuaram com manifesta

morosidade, até que em 1932, estacionaram. A Capela, no en-

tanto, que estava limpa e pintada internamente continuou sendo

utilizada para os atos do culto, até 1945.

Segundo Centenário da Capela

Comemorando a 8 de setembro de 1932 o bicentenário da

primeira Capela de Santa Cruz, o povo fê-lo com pompas e

festas. Erigiu-se uma coluna no local onde fora construída a

Capela, cuja benção foi oficiada pelo Revmo. Padre Sabino de

Lima, então vigário da paróquia de Acaraú. Para documentação

transcrevemos do livro Santa Cruz do Acaraú, de Nicodemos

Araújo, a reportagem que o professor Nicácio Barbosa Cordeiro

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escreveu sobre o evento e que foi publicada no jornal Correio

da Semana, de Sobral:

“A postes de madeira caprichosamente descascados

prendiam-se extensos cordões de galhardetes multicolores a

divergirem das quatro faces do sacro templo para o presbitério

e edifícios fronteiros, emprestando, destarte, à respectiva praça

uma perspectiva de festival alacridade.

Sugestionados pela titânica força de vontade do jovem

criador e promotor de tão significativo ideal, uma plêiade de

moços conterrâneos efetivou, até às 22 ou 23 horas, a singela

ornamentação que tão agradável impressão produziu no espíri-

to da assistência estupefata.

Desde a véspera aqui permanecia o jovem vigário Pe.

Sabino de Lima, no árduo pugilato de seu magno e sublime

apostolado em prol da salvação das almas dos fiéis que, seden-

tos de pão espiritual, aproximaram-se do tribunal da penitência.

Era a primeira visita do simpático e esforçado vigário à

mais importante das capelas da paróquia que, teve a felicidade

de tê-lo por timoneiro, e a qual, por uma providencial eventua-

lidade, coincidiu com o fato histórico-religioso que os filhos

deste rincão comemoravam.

Às oito e meia horas da festival manhã soaram, no cam-

panário, as lentas badaladas do velho sino, anunciando a missa

seguida de centenas de comunhões, e em que a igreja transbor-

dava de assistentes; ½ hora depois o incansável vigário encon-

trava-se à margem do Jordão cujas águas lustrais lavavam a

culpa original a algumas dezenas de recém-natos.

Eram 5 horas da tarde quando uma onda humana acom-

panhava, procissionalmente ao digno pároco rumo à colina a

meio quilômetro a noroeste, em cujo cimo fora erecta (sobre os

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escombros da primitiva igrejinha) uma pirâmide quadrilátera

de cerca de três metros, numa de cujas faces via-se uma abertu-

ra com porta de vidro, em cujo recinto a minúscula estátua da

Virgem da Conceição, (primitivo Orago), de mãozinhas postas,

relembrava o culto de veneração que ali rendiam os antanhos”.

Os Missionários

Não poderíamos deixar de mencionar aqui as visitas que

fizeram alguns padres, à Capela de Santa Cruz e aqui se demo-

raram dias, meses e até anos. Consta que o primeiro missionário

que visitou a localidade foi o Pe. Sebastião Vogado Soto-Maior,

que teria sugerido a idéia da construção de uma capela. Isto em

princípios de 1731. E os poucos moradores do lugar consegui-

ram, dentro de pouco tempo, construir uma ermida. Em fins de

1733, aqui esteve o Pe. Izidoro Rodrigues Resplande, homem

de excelentes virtudes, que procedeu a benção da Capela. Já em

1798, chegou à Santa Cruz, aqui demorando algum tempo, o

célebre Frei Vidal da Penha, (6) que soube legar à posteridade

um nome aureolado de glória. Com efeito, Frei Vidal de Fresca-

___________________ 6 “Vários missionários percorreram as regiões do Acaracu, mas nenhum deles logrou

maior fama do que frei Vidal de Frescarolo, italiano, vulgarmente conhecido por

frei Vidal da Penha, assim chamado por ser frade do Convento da Penha, em Reci-

fe. Depois de ter missionado esta região em 1785, regressou novamente a Fortaleza,

aonde chegou, em dezembro de 1796, e aí abriu as santas missões. No ano seguinte,

no mês de setembro pregou em Sobral, donde seguiu em outubro para Beruoca

(Meruoca) demorando-se aí vinte dias. As missões pregadas pelo célebre capuchi-

nho e Missionário Apostólico, nunca foram esquecidas, tornando-se lendárias as

profecias a ele atribuídas, segundo as quais a praça da Matriz de Sobral ainda havia

de ser cama de tubarões”. (Cf. FROTA. D. José Tupinambá da. História de Sobral.

Fortaleza: Pia Sociedade de São Paulo, 1953. p. 129.)

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ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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rolo, vigário da Penha, operou verdadeiros milagres. É a ele

atribuído uma profecia que prevê o futuro dos povos de modo

bem lúgubre, segundo a interpretação que lhe emprestavam. E o

povo tinha por esse documento uma crença inabalável, pois as

calamidades preditas ali eram esperadas com verdadeiro horror

e contrição.

Lembra Luis da Câmara Cascudo que todos os mentores

religiosos – frades e leigos – que tiveram mando no espírito

popular, eram tidos como profetas e mesmo videntes. Depois de

mortos, e alguns em vida, dão nascimento a um ciclo de profe-

cias e de conselhos de acomodação social, prolongando o pres-

tígio do morto na lembrança coletiva. Essa profecia, ampliada,

deturpada no passar dos anos, chega a constituir uma algaravia

misteriosa e de alucinante poder de sugestão para o povo. A

grande profecia em todo o norte do Brasil, desde os sertões da

Bahia até o Piauí, é a profecia de Frei Vidal, decorada por mi-

lhares de pessoas, e espalhada, há quase duzentos anos, num

número incalculável de copias manuscritas. Frei Vidal de Fres-

carolo era religioso capuchinho, do Convento da Penha, no

Recife. Em dezembro de 1796 chegou ao Ceará (Fortaleza)

missionado. Andou por todo o Nordeste e deixou fama de ilu-

minado profeta. Sua profecia é datada de 1817, sem dia, mês e

localidade. Vale por um exemplo completo do gênero. (7)

A Profecia do Frei Vidal

“Quando vires quatro irmãos sahírem da União, guarda-te, Per-

nambuco, que lá chegou o teu quinhão”. (8)

___________________ 7 Cf. CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. Brasília:

INL/MEC, 1972.

8 Esta versão, da Profecia do Frei Vidal, foi transcrita do estudo „Pela História do

Ceará‟, de autoria do cronista Eusébio de Sousa, publicado na Revista do Instituto

do Ceará, vol. 48, 1934. pp. 117-118.

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“Quando vires os homens do Brasil presos e desgraçados, as

masmorras occupadas, piratas do mar, a gente da Europa a assolar,

ameaça o tempo da chegada”.

“Quando vires os rapazes de Pernambuco de barretina e mitra

aprendendo exercício, fazendo batalha, corre logo com a mecha ao

fogão que os soberbos cavalheiros já te cercam; unam-se todos a

corpo, ataquem ao inimigo e defendam a lei de Christo, que quando se

virem perdidos ahí verão o milagre”.

“Serão grandes os trabalhos e grandes as tropas, que muitos

estarão por bosques e serras para não verem o sangue correr na terra.

Os contrários se receiarão das armadas que vem no mar que no meio

d‟ellas virá a nau dos quintos reais, carregada d‟ouro, prata e diaman-

te. É muito crua a guerra que vem para cá; ahí comerás o soldo do

vosso soberano e cada um será premiado conforme as suas façanhas;

aí verás na afamada Muribeca, nascer uma mina de prata que abrange-

rá toda a sua América”.

“Quem diria que de José nasceria Maria e que nela findaria?

Em conclusão José e João não recuarão! Intentos grandes haverão,

porém, na era de 189... antes ou depois, verás cousas mil, no mez mais

vizinho de abril”.

“Quando vires Pedro e outros flagellados todos se acabarão a

bocados, por serem findos os trez tempos com os seis números dobra-

dos, e então acontecerá o que vou expor: – Um grande círculo haverá

que a redempção cobrirá e a estrella haverá que a todos iluminará.

Esta será a guia que primeiro não quererão depois abraçarão e do

centro do sertão virá quem tudo acabará. Isto há de acontecer porque

nos signaes que nos cobrem assim o indicam: um só rei haverá que

tudo dominará e eu posto onde Deus for servido, verei o acontecido.

De dois a dois VV um de perna para baixo e outro de perna para cima,

quatro voltas de um compasso, vae chegando a um ponto d‟um dis-

forme mortaço; no meio ponto a thesoura verão a guerra consumidora

e o tempo será tal que tudo irá a final”.

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ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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“Quando vires o sol escuro amolla a faca para comeres couro

no futuro, que na era dos XX verás rebanho de vinte mil. Isto há de

acontecer quando o céo fizer signal; os povos fora da linha andarão

como os pintos atraz da gallinha”.

“Quando vires a guerra feixar as duas pontas, serão tomadas

todas as contas. Tudo há de acontecer arder e depois florescer, por-

que Deus o quer e eu o sei, por assim está escripto”.

Vidal – Missionário

Criação da Paróquia

A 29 de dezembro de 1941, Dom José Tupinambá da

Frota, o grande Bispo de Sobral, assinou Portaria instituindo a

Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Bela Cruz, e logo

no dia 31 do mesmo mês e ano, firmou provisão nomeando o

Revmo. Pe. Odécio Loiola Sampaio, primeiro pároco da nova

unidade eclesiástica. Pe. Odécio Loiola tomou posse, no dia 11

de janeiro de 1942, em presença do Sr. Bispo Diocesano, do

Monsenhor Sabino de Lima, de numerosos religiosos, autorida-

des e da população belacruzense.

Portaria da Criação da Paróquia

“Dom José Tupinambá da Frota, por mercê de Deus e da

Santa Sé Apostólica, Bispo de Sobral, Prelado Doméstico de

Sua Santidade e Assistente ao Sólio Pontifício.

“Aos que esta Nossa Portaria virem, saudação, paz e bên-

ção em Nosso Senhor Jesus Cristo.

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“Fazemos saber que, atendendo ao aumento progressivo

da população da paróquia de Nossa Senhora da Conceição do

Acaraú, e desejando promover o bem espiritual de nossos Dio-

cesanos. Havemos por bem desmembrar da dita paróquia de

Acaraú o território da nova paróquia de Nossa Senhora da Con-

ceição de Bela Cruz, e elevar à dignidade de Matriz a igreja

existente na dita vila de Bela Cruz; e tendo ouvido o parecer e o

voto dos Revmos. Consultores Diocesanos, do Revmo. Pároco

de Acaraú, em virtude da Nossa Autoridade Ordinária, pela

presente Portaria erigimos e criamos a nova paróquia amovível

de Nossa Senhora da Conceição com sede na sobredita vila de

Bela Cruz, cujos limites são os seguintes:

“Ao norte limita-se com a paróquia de Acaraú. Começa

no rio Aracati-Açu no lugar Porteiras (inclusive) e numa linha

reta até a nascente do Córrego-Preto, segue por este até a sua

foz no rio Aracati-Mirim, continuando na embocadura do Cór-

rego Grande neste mesmo rio e seguindo pelo referido Córrego

até a afluência do Córrego da Água Branca acima do lugar Ca-

tarina; daí prossegue por este último até a sua nascente e daí

numa reta para a fazenda Junco (inclusive) e seguindo, pela

mesma estrada que vai para a lagoa da Itapuara (inclusive) e

continuando pela mesma estrada até a fazenda Macajuba (inclu-

sive), daí, pelo travessão desta, atravessando o rio Canema no

lugar Carapina, continuando pelo mesmo travessão até o rio

Acaraú, no lugar Poço do Mofumbo, descendo pelo mesmo rio

até encontrar a embocadura do Córrego do Nazário, e subindo

por este até a fazenda Santa Teresa (inclusive) e daí, tomando a

estrada que vai para a fazenda Pimenteira (exclusive) seguindo

na mesma estrada até o Cambota, donde parte numa reta para as

fazendas Embiratanha, Aroeira, São Geraldo e Lagoinha (exclu-

sive) e daí sobe pelo Córrego de Dentro, passando pela fazenda

Santa Teresinha até o limite da paróquia de Granja. Ao oeste

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com a paróquia de Granja. Ao sul com a nova paróquia de São

Manoel do Marco: começando no rio Aracati-Mirim, acima de

Ema 3 quilômetros, segue numa reta até a fazenda Córrego

Salgado, continuando noutra reta para a fazenda Santa Cecília

(exclusive) e daí, pelo Córrego da Lagoinha até a estrada que

vai para a fazenda Pereiras, daí segue na mesma estrada até a

Lagoa de Santa Rosa, donde partindo em linha reta para o lugar

Boca do Córrego, e continuando por outra linha reta, vai ao

lugar Vitória (inclusive) e daí, ainda noutra reta, para o rio I-

nhanduba, na fazenda Várzea Comprida, segue por esta até os

limites da paróquia de Granja. Ao leste com a paróquia de São

Bento da Amontada.

“Seja essa nossa Portaria lida nas Matrizes de Acaraú,

Granja, Santana, Marco e Bela Cruz, para conhecimento dos

interessados, em um Domingo ou dia santificado, à estação da

Missa Paroquial, e transcrita integralmente no Livro de Tombo

das ditas paróquias e arquivada na forma do costume. Dada e

passada nesta cidade de Sobral e Câmara Eclesiástica, sob o

nosso sinal e selo das nossas armas, aos 29 de dezembro de

1941”.

José, Bispo de Sobral

☼☼☼

Com a criação da paróquia de Bela Cruz, o vigário Padre

Odécio Loiola Sampaio, em 1945, deu início a uma recuperação

total da Igreja, já então na categoria de Matriz. Depois de três

anos de aturado trabalho, a paróquia de Bela Cruz possuía um

dos templos mais belos e mais bem construídos do Ceará. Os

trabalhos foram dirigidos pelo arquiteto italiano, Agostinho

Odísio Baume, sob a supervisão do Padre Odécio L. Sampaio.

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A solenidade da benção do templo teve realização a 21 de

setembro de 1948, oficiada por Mons. Olavo Passos, então Vi-

gário Geral da Diocese de Sobral.

A Igreja Matriz, cuja área construída mede 1980 m², com

750m² de área coberta, teve sua frente voltada para o lado oeste.

Sua torre mede 35 metros de altura, encimada por uma escultura

de N.S. da Conceição, medindo três metros e que é uma autênti-

ca obra de arte.

Em 1984, Mons. Odécio adquiriu dez ventiladores e um

excelente serviço de som. Em 1998, Padre Rômulo Rios Rocha

realizou alguns melhoramentos, inclusive pintura nova da Igreja

Matriz.

Vocações Religiosas

O louvável trabalho de Mons. Odécio, estimulando e aju-

dando às vocações religiosas em sua paróquia, foi compensado.

Em verdade, Bela Cruz, que já tinha um filho sacerdote – Padre

Francisco Olinto de Araújo, dentro de meio século, viu subirem

ao altar da igreja os seguintes padres:

Aureliano Diamantino Silveira

Benedito Valter Araújo

Francisco de Assis Lopes

Francisco de Assis Magalhães Rocha

Joaquim Diomar Araújo

João Delmonte de Carvalho

Hipólito Djaci de Carvalho

Agnaldo Timóteo da Silveira

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Associações Religiosas

No dia 6 de setembro de 1896, é fundada, em Santa Cruz,

pelo Pe. Antônio Xavier Maria de Castro, (9) a Irmandade de

Nossa Senhora da Conceição. A ata da instalação dessa confra-

ria foi escrita nos seguintes termos:

Aos seis dias do mez de setembro do anno de mil oitocentos e noventa

e seis, pelas doze horas do dia, reunido o povo na Capella de Santa

Cruz, depois da missa parochial, o Revmo. Parocho Antônio Xavier

Maria de Castro declarou que estando approvado pelo Exmo. Prelado

da Diocese, o compromisso da creação da Irmandade de N. S. da Con-

ceição da referida Capella, ia proceder a sua installação. Imediatamente

collocada uma meza no Consistório da Capella o Revdo. Parocho

tomou nella o principal lugar, e fazendo a leitura do Compromisso,

nomeou interinamente, para Juiz-Presidente a Venâncio Lopes de

Araújo Costa; para Juíza a Exma. Sra. D. Angélica Francisca da Penha

Araújo; para Escrivão a Manoel de Araújo Costa; para Thesoureiro a

Manoel Antônio de Vasconcellos; para Procurador Miguel Lopes de

Araújo Costa. Seguem-se os nomes de 24 mordomos e o Secretário, por

nada mais haver a tratar, termina a acta.

___________________ 9 O Padre Antônio Xavier Maria de Castro nasceu, em 1815, em Fortaleza, no Ceará.

Filho de José Xavier de Castro e Silva e D. Ana Rita Xavier. Ordenou-se sacerdote,

em 1838. Foi Vigário de Santana do Acaraú, de 1839 a 1842; Vigário Colado de

Acaraú, de 1838 a 1900; Deputado Provincial, seis vezes; Secretário do Visitador

Padre Antônio Pinto de Mendonça. Tomou parte do Sínodo, em 1888. Diz o poeta

Francisco José Ferreira Gomes que Seu Vigário tinha uma cambada de meninas e

meninos, nascidos dos seus amores com a Sinhá Maria, sua doce cozinheira, lava-

deira, copeira, arrumadeira e companheira nas horas de folga – quando o Padrinho

fechava o Breviário, muito pesado, grandalhão, muito latim, muitos salmos... Os

outros salmos, os da Sinhá Maria, tinham o gosto de mel. O Padre Antônio Xavier

Maria de Castro faleceu, a 6 de janeiro de 1901. (Cf. SILVEIRA, Aureliano Dia-

mantino. Ungidos do Senhor na Evangelização do Ceará. Fortaleza: Premius Edito-

ra, 2004. pp. 210-211; GOMES, F. José Ferreira. Menino da Barra. Fortaleza: Edi-

ções UFC, 1978. pp.15-16.)

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Os membros dessa associação contribuíam anualmente

com 2$000 (dois mil réis) cada um. Apesar de tão pequena ser a

quota dos irmãos, a confraria conseguiu arregimentar uma ele-

vada quantidade de contribuintes balanceando, anualmente,

uma soma apreciável. Para corroboração do que afirmamos

transcrevemos o seguinte recibo que entre outros, constavam

nos livros da referida irmandade:

Recebi do Sr. Manoel Antônio de Vasconcellos, thesoureiro da Ir-

mandade de Nossa Senhora da Conceição, de Santa Cruz, a quantia

de quinhentos e setenta e cinco mil e trezentos réis (575$300), prove-

niente de utensílios comprados para a respectiva Irmandade.

Santa Cruz, 11 de setembro de 1897

João Baptista da Silveira

Apesar, entretanto, do florescimento a que atingiu essa

agremiação religiosa, foi extinta em setembro de 1911.

A 8 de setembro de 1932, porém, o vigário da freguesia

de Acaraú, da qual pertencia Santa Cruz, Revmo. Pe. Sabino de

Lima Feijão fundou uma Conferência Vicentina. Inscreveram-

se como sócios fundadores 71 irmãos. A primeira Diretoria

ficou assim constituída: Gabriel Florêncio de Vasconcelos –

Presidente; Emílio Fonteles da Silveira – Primeiro Vice Presi-

dente; Manoel Nicodemos Araújo – Tesoureiro; Vicente Lopes

da Silveira – Vice Tesoureiro; Francisco das Chagas Silveira –

Secretário; Mário Domingues Louzada – Vice Secretário. O

movimento durante o ano de 1933 foi o seguinte:

Arrecadado em sessões 614$700

Despendido com pensões e outras despesas 538$278

Saldo em caixa 76$422

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Essa irmandade, em 1936, contava com 186 membros.

Depois de Gabriel Florêncio de Vasconcelos, a Confraria teve

como presidentes sucessivamente: Os senhores Emílio Fonteles

da Silveira, João Venceslau Araújo (Joca Lopes), e Mário Do-

mingues Louzada.

☼☼☼

Em 1938, foram iniciadas as obras de construção da Igre-

ja de São Vicente de Paulo. Sua benção se deu somente, a 19 de

julho de 1945, quando estava aparelhada de todos os requisitos

exigidos para as celebrações dos atos religiosos, e foi oficiada

pelo Padre Sabino de Lima, então vigário de Acaraú.

Os trabalhos de construção dessa capela foram dirigidos

pelos senhores Emilio Fonteles da Silveira e João Venceslau

Araújo. E as despesas correram por conta da comunidade, com

as promoções usadas para tais empreendimentos, sob os auspí-

cios da Conferência Vicentina local.

Depois de um período em que, todos os anos, São Vicen-

te era festejado na igrejinha, esta foi se estragando, pela ação do

tempo. E Mons. Odécio houve por bem, mandar fechá-la, para

evitar vandalismos.

Entretanto, em 1984, o Sr. João Venceslau Araújo conse-

guiu permissão do Vigário, para proceder na igrejinha os me-

lhoramentos que se faziam necessários. Novamente, Joca Lopes

põe-se em campo na busca de recursos. Então o forro, o piso e

parte das paredes foram substituídos. O poeta Nicodemos Araú-

jo, no livro, Cronologia de Bela Cruz, publicado em 1990, as-

sim noticia: “20 de agosto – 1985 – na cidade de Bela Cruz

acontece a reinauguração da capela de São Vicente de Paulo,

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totalmente recuperada e dotada de serviço de som e outros me-

lhoramentos.

“Os trabalhos foram promovidos pelo líder João Vences-

lau Araújo, e a pintura interna, com excelentes quadros bíblicos,

é de autoria do jovem poeta e artista plástico belacruzense Vi-

cente Freitas. A bênção do templo foi oficiada pelo Mons. Odé-

cio Loiola Sampaio, que emprestou sua cooperação para o bom

êxito da obra”.

Outras Capelas

Assumindo o múnus paroquial de Bela Cruz, uma das

primeiras preocupações de Padre Odécio foi a construção de

capelas nos povoados mais populosos da unidade diocesana.

E tal foi o empenho, nesse sentido, que dentro de um pe-

ríodo de tempo relativamente curto, oito capelas foram constru-

ídas. Mencionadas capelas são as seguintes:

Capela de São Pedro, no povoado de Lagoa do Carneiro,

inaugurada a 29 de junho de 1943.

Capela de São Francisco, no povoado de Matriz, inaugurada

a 4 de outubro de 1945.

Capela de Santo Antônio, no povoado de São Gonçalo, i-

naugurada a 2 de outubro de l961.

Capela de São Miguel, no povoado de Riacho da Prata, i-

naugurada a 12 de novembro de 1961.

Capela de São José, no povoado de Cajueirinho, inaugurada

a 14 de novembro de 1965.

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Capela de Nossa Senhora de Fátima, no povoado de Corre-

guinho, inaugurada a 18 de novembro de 1966.

Capela de São João Batista, no povoado de Celsolândia,

inaugurada a 2 de agosto de 1970.

Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no povoado

de Araticuns, inaugurada a 2 de julho de 1978.

A 19 de novembro de 2000, assume a direção da Paró-

quia de Bela Cruz, o Pe. João Batista Rodrigues Vasconcelos,

com Missa concelebrada por vários padres da Diocese, entre

eles Mons. Odécio Loiola Sampaio, ex-vigário de Bela Cruz. A

saudação ao novo pároco foi feita pelo prof. José Arimatéa Frei-

tas Filho.

Saudação do Prof. José Arimatéa

Revmo. Pe. João Batista Rodrigues Vasconcelos,

recém-nomeado vigário desta paróquia,

Revmo. Mons. Odécio Loiola Sampaio, ex-vigário da paró-

quia de Bela Cruz, demais sacerdotes;

caros irmãos em Cristo,

“Amo o Senhor, por que Ele ouvirá a voz

da minha oração.”

Sl 114,1

Em meio a eclosão de alegria, a comunidade católica

de Bela Cruz, tem a satisfação de acolher com emoção o

novo pastor, o Revmo. Pe. João Batista, que prosseguirá na

caminhada da evangelização em nossa cidade e nas cercanias

da paróquia.

Desde 1732, os primeiros habitantes de Santa Cruz, já

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haviam edificado um pequeno templo em homenagem a Nos-

sa Senhora da Conceição. Pois bem: lá foi o alicerce da gêne-

se cristã, onde missionários lançaram a semente da Boa No-

va, gerando assim, da essência do Evangelho, a religiosidade

cristã do povo belacruzense.

A cerca de cinquenta e oito anos, a 11 de janeiro de

1942, no turno vespertino, tomava posse da paróquia o pri-

meiro vigário, Revmo. Mons. Odécio Loiola Sampaio, cujo

trabalho pastoral de magnitude se concretizou na difusão da

religião tendo como referência a construção do majestoso

templo, sob a proteção de Nossa Senhora da Imaculada Con-

ceição, assim como lançou os fundamentos cristãos no em-

preendimento da edificação do estabelecimento de ensino –

Instituto Imaculada Conceição, sob a direção das Irmãs de

Caridade.

De 1996 a 2000, assumiu como segundo pároco o

Revmo. Padre Manoel Rômulo que na exiguidade do tempo

renovou e ampliou as associações religiosas, bem como

transformou esta casa de Deus em templo de beleza, propici-

ando ao povo sentimento de comunhão e acolhimento na

espiritualidade cristã.

A data de hoje, 19 de novembro de 2000, ficará regis-

trada na nossa história, assim como nos anais da paróquia,

como memória relevante da posse do novo guia espiritual –

Revmo. Pe. João Batista.

Vivemos o Jubileu, ano da graça do Senhor. Obrigado,

Senhor, já que fomos agraciados pela presença do eminente

sacerdote. Seja bem-vindo para juntos inaugurarmos uma

proposta de vida cristã mais autêntica ao despontar o próximo

milênio. Hoje, mais do que nunca, sacerdotes e leigos cristãos

são convocados por Deus para zelar e testemunhar ao mundo

que é viável o exercício da fraternidade. É hora de conclamar

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os cristãos para se engajarem na proposta pedagógica de

Jesus Cristo: “A boa notícia” deve ser anunciada a todos, de

forma especial aos menos favorecidos da sociedade: “pobres,

famintos, os que choram”. LC 6,20.

O século XXI terá como marco referencial o projeto

de vida: religião e família. O teólogo Francisco Catão escla-

rece à comunidade cristã que no ensino religioso é preciso se

dar conta de que a cultura racionalista, puramente tecnológi-

ca, utilitária e consumista entrou em crise nesse fim de milê-

nio.

As mulheres e homens de hoje, a começar pelos jo-

vens, sentem a necessidade existencial e circunstancial do

tempo de se realizarem plenamente como seres humanos. É

fundamental reconhecer que temos na experiência humana

uma sede de verdade, porém, esta valoração de vida se com-

partilha no Evangelho.

Mais uma vez sentimo-nos gratificados pela miseri-

córdia de Deus. E, pela intercessão da nossa padroeira, supli-

camos, que unidos na mesma fé, nos seja possível alcançar a

transcendência na intimidade do Criador do Universo; medi-

ante o mistério da vida, caminhar na esperança da verdade

em Cristo. E, assim, revigorados no poder da oração, orar

sempre com o salmista: “O Senhor está perto de todos os que

o invocam.” Salmo 145,18.

Sendo assim, nós paroquianos, ratificamos aqui e ago-

ra, que vossa permanência no ministério sacerdotal seja dura-

doura e eficaz, na missão pastoral da comunidade cristã, na

paróquia de Nossa Senhora da Conceição.

Bela Cruz, 19 de novembro de 2000

José Arimatéa Freitas Filho

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Monsenhor Odécio

A vida de Monsenhor Odécio Loiola Sampaio está ligada

à história de Bela Cruz, desde o início da década de quarenta. O

exemplo que ele nos deixou foi o da coerência, espírito empre-

endedor e capacidade de luta. Daí a perplexidade e a comoção

com que, não só Bela Cruz, mas toda a Diocese de Sobral foi

surpreendida com a morte do líder religioso que até uma sema-

na antes de sua partida era visto lúcido, saudável e imbatível.

Monsenhor Odécio gostava de repetir que era um homem

essencialmente religioso – “Nunca me arrependi de ser padre.

Nunca deixei de ser padre”.

Nascido a 17 de fevereiro de 1916, na fazenda Várzea

Formosa – Novo Oriente, Ceará, filho de Francisco Rodrigues

Sampaio e dona Maria Ignácia Loiola. Encaminhado ao Semi-

nário Diocesano de Sobral, em 1928, estudou até 1935, ingres-

sando a seguir, no Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde

concluiu os estudos para o sacerdócio. Foi ordenado a 30 de

novembro de 1941, na Catedral de Sobral, oficiado pelo Bispo

Dom José Tupinambá da Frota, e celebrou sua primeira missa,

na Catedral da cidade de Crato, onde seus pais haviam fixado

residência.

Por Portaria de 29 de dezembro de 1941, Dom José Tupi-

nambá da Frota desmembrava da Paróquia de Acaraú, o territó-

rio da nova Paróquia de Bela Cruz, elevando à categoria de

Matriz, a Igreja existente na então vila de Bela Cruz. Igualmen-

te, por Provisão de 31 de dezembro de 1941, o mesmo Bispo

Diocesano nomeava Pároco da Freguesia, o Reverendo Padre

Odécio Loiola Sampaio.

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Criada a Paróquia, nomeado o vigário, restava a sua pos-

se – o que se deu no dia 11 de janeiro de 1942, com a presença

do Bispo Dom José Tupinambá da Frota, Padre Gonçalo Eufrá-

sio e Padre Sabino de Lima Feijão, Pároco de Acaraú, de cuja

paróquia foi desmembrada a nova paróquia de Bela Cruz.

No dia de sua chegada, ele se apresentou: “Eis o vosso

vigário”. No cinquentenário da Paróquia, ele repetiu: “Eis o

vosso vigário”. Ali chegando Padre Odécio teve boa acolhida.

Emílio Fonteles da Silveira e sua esposa – dona Maroca, foram

os primeiros benfeitores. Maria Lima dava-lhe toda assistência;

Raimunda Pontes zelava a casa paroquial. Honras sejam dadas a

Mário Domingues Lousada, Francisco das Chagas Fonteles,

Anselmo Celso Vasconcelos, Francisco Assis Vasconcelos,

João Ambrósio Araújo, Zacarias Adriano e Joca Lopes Araújo,

todos lhe cercaram de desvelos e deferências.

Vejamos o que dele falou Pe. Valdery da Rocha: “Duran-

te cinco décadas, as famílias belacruzenses viram-no acompa-

nhar – com que solicitude – a solução dos problemas educacio-

nais e familiares. Marcou o seu paroquiato não só com a prega-

ção, o louvor a Deus e o ensinamento da lei do Senhor, mas

também com a promoção do homem, ao fundar – em estilo

grande – o Patronato Imaculada Conceição, que entregou às

religiosas da Caridade – e, ultimamente, a Fundação Maria Iná-

cia Loiola, para crianças pobres, exemplo de aplicação comuni-

tária dos seus bens materiais adquiridos com suor e trabalho”.

Afeito às lides do campo, na agricultura e no criatório,

conseguiu amealhar recursos que lhe permitiram um sustento

digno; independente das ofertas dos paroquianos, lhe propicia-

ram viagens culturais aos Estados Unidos – em visita ao irmão

padre – à Europa, ao Egito e à Terra Santa, e lhe deram o gozo

de deliciar-se, como ele dizia, com os legítimos prazeres da vida

rural e sertaneja, aprendidos na infância, junto ao doce lar de

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numerosa família e que, sabemos, nunca foram obstáculo a um

fecundo e responsável trabalho pastoral.

“Foram quase sessenta anos de pastoreio do rebanho que

a Providência lhe confiou e que ele cuidou com desvelo e sabe-

doria, nunca desanimando, mas, pelo contrário, sempre dando o

melhor que lhe era possível fazer”.

Esta trajetória de lutas chegou a seu final no dia 4 de ju-

lho de 2001, com a morte de Monsenhor Odécio. Seu sepulta-

mento ocorreu no dia seguinte, na Igreja Matriz de Bela Cruz,

onde já se encontravam os restos mortais de seus irmãos Mon-

senhor Joviniano Loiola Sampaio e Padre Adonias Loiola Sam-

paio. A missa de corpo presente foi concelebrada por Dom Aldo

Pagotto, Bispo de Sobral e 28 padres da Diocese. Além de in-

calculável multidão estiveram presentes seus irmãos: Dr. João

Rodrigues Sampaio, Dr. Edmilson Rodrigues Sampaio, Dr.

Duque Rodrigues Sampaio; os sobrinhos: Dr. Henrique Sam-

paio e Irmã Siebra Sampaio; os primos: Edilson Carvalhedo

Sampaio, Quinoa Carvalhedo Sampaio, Joaninha Carvalhedo

Sampaio, José Arteiro Carvalhedo Sampaio e Edivanira Carva-

lhedo Sampaio.

Para lembrar uma de suas frases, inserimos aqui, o que

Monsenhor Odécio falou por ocasião de seu cinquentenário

sacerdotal: “Eis o meu último anseio: Que o meu derradeiro

sono, nesta cidade temporal, seja emoldurado nos átrios do Se-

nhor”.

Testamento do Mons. Odécio

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, eu Mon-

senhor Odécio Loiola Sampaio, filho legítimo de Francisco

Rodrigues Sampaio e Maria Inácia de Oliveira, nascido em 17

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de fevereiro de 1916. Cursei o Seminário de Sobral e Seminário

de Fortaleza. Fui ordenado sacerdote no dia 30 de novembro de

1941, em Sobral, pelo meu Bispo-padrinho D. José Tupinambá

da Frota. Fui nomeado Pároco de Bela Cruz e tomei posse no

dia 11 de janeiro de 1942. Em pleno gozo de minhas faculdades

mentais e no uso da mais completa razão, por este instrumento

escrito por meu próprio punho e por mim mesmo assinado,

venho fazer, como de agora faço, o meu testamento cerrado a

ser executado e cumprido depois de minha morte. Desejo de já,

agradecer a Deus a felicidade da fé na Religião Católica em que

nasci tendo vivido a graça do Sacerdócio que exerci em toda a

minha vida e no qual espero morrer. Deus me proporcionou

tantos favores, que me julgo indigno de merecê-los. Em todo o

meu sacerdócio visei à glória de Deus e a extensão do seu reino.

Conservei-me fiel a disciplina e ao ensino tradicional dos San-

tos Padres e da Igreja de Cristo. Faço neste momento, submis-

são incondicional aos desígnios de Deus e aceito a morte como

ato de reparação pelos meus pecados. De coração, perdoo aos

que me ofenderam e espero, igualmente, que me perdoem todos

aqueles, a quem, por ventura haja ofendido. Agradeço também

ao bom Deus a suprema ventura da felicidade que me concedeu

os bens materiais que me agraciou e que me fez conservar até o

presente. Recebi dos meus pais, por herança: bens, em dinheiro,

gado e terra. Dei-lhes assistência, administrando-os com efici-

ência. Sendo Sacerdote, sem herdeiros necessários, nem ascen-

dentes, nem descendentes, faço a distribuição dos meus bens

com as pessoas e instituições as quais, livre e espontaneamente,

quero deixar esses meus bens, esperando de cada beneficiado a

obrigação em consciência de mandar celebrar anualmente doze

missas em sufrágio de minha alma. Assim, em face das leis

vigentes no meu país que me garantem o direito de dispor dos

meus bens e sem nenhum constrangimento e coação de quem

quer que seja, passo a distribuir os meus bens da seguinte ma-

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neira: I – A Duque Rodrigues Sampaio – a) Todo o gado, reba-

nho de ovelhas e demais animais existentes na propriedade “Be-

lém dos Campos”, propriedade que lhe doei; b) Uma casa resi-

dencial à Rua Domingos Aguiar S/N, em Bela Cruz, com todos

os móveis, louça, televisão e demais objetos que nela se encon-

trarem, montada numa faixa de terreno que ocupa um quartei-

rão, todo murado e a Galeria da família; c) Uma camioneta D-

20 – Pickup 1992, Diesel – Branca – Placa HUB 9298 – Chassi

9BG244ZANNC22960, ou outra camioneta, não existindo a

mencionada. II – A João Rodrigues Sampaio – a) Uma proprie-

dade rural, denominada “Mosquito”, no município de Novo

Oriente, compreendendo todo o gado, rebanho de ovelhas, ani-

mais de carga e montaria; b) Uma propriedade rural denomina-

da “Inharé ou Jatobá”, no município de Independência, rebanho

de ovelhas, gado e animais ali existentes; c) Uma propriedade

rural, denominada “Jatobá”, no município de Independência –

faz corpo com a propriedade anterior; d) Um veículo Toiota

1990 – Chassi 9BR0J0040G1007251 ou outra Toiota que por

ventura responda pela primeira; e) Um motor com forrageira

YANMAR NSB75A. III – A João Vitor Araújo Silva, meu

dependente, filho de Francisco Assis Silva e Maria Silene Araú-

jo Silva – um quarto de comércio, no Mercado, alugado a Fran-

cisco Assis Silva; IV – Para Francisca do Livramento Araújo, a

minha Biblioteca e estantes, isto é, todos os livros contidos nas

estantes; V – Para Altina Siebra Sampaio, exclusiva, se existen-

te, um terço do numerário da minha Conta 20182-0 no Banco

do Brasil, em Bela Cruz. O numerário superávit será entregue à

Diocese de Sobral que se encarregará de distribuir, equitativa-

mente, entre o Seminário Diocesano e mandar celebrar missas

gregorianas em meu favor; VI – Para a Paróquia de Nossa Se-

nhora da Conceição de Bela Cruz – A casa vizinha à Casa Paro-

quial, ocupada pela Secretaria Paroquial. À mesma Paróquia, na

pessoa do seu Pároco, entrego a Direção da Fundação Maria

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Inácia Loiola. No Banco do Brasil há um depósito denominado

“Monte Pio” em favor da subsistência da Creche. Acredito que

o juro desta Conta é suficiente para a manutenção desta entida-

de filantrópica. Lembro que os funcionários da Fundação são

assalariados pela Prefeitura Municipal e desta a Fundação rece-

be uma verba mensal que dá cobertura nas despesas da mesma

entidade. Espero que o meu sucessor assuma este encargo com

a mesma dedicação que Jesus teve com as crianças. Se por ven-

tura – o que não espero – a Fundação não prossiga na sua cami-

nhada, o prédio que foi construído com minhas poucas receitas,

fica pertencendo a Paróquia que o destinará para utilidade paro-

quial. Lembro que todo o terreno cercado, plantado de palmas,

cajueiros e mangueiras, foi doado pela Diocese de Sobral, uma

aquiescência dos Consultores Diocesanos à Fundação Maria

Inácia Loiola. Mencionado terreno voltará à Paróquia no desa-

parecimento da Creche. Na Fundação Maria Inácia Loiola está a

sobrevivência das crianças belacruzenses. Em tempo: as cabe-

ças de gado, pertença minha, que se encontram, em Bela Cruz,

devem ser vendidas e o numerário deve ser colocado no Banco

do Brasil, a benefício da Fundação Maria Inácia Loiola. No-

meio os meus testamenteiros nas pessoas de Monsenhor Jovini-

ano Loiola Sampaio, Dr. João Rodrigues Sampaio, Dr. Duque

Rodrigues Sampaio e testemunhas deste ato as quais peço que

aceitem o encargo e compromisso fielmente. Solicito aos meus

testamenteiros, tratando-se de irmãos, que se dispensem, volun-

tária e caridosamente do direito que lhes faculta a lei, do tributo

exigido, no exercício das suas missões. Declaro sem efeito

qualquer testamento público ou particular, anterior à data do

presente testamento que hoje assino. Espero que a minha vonta-

de tal qual foi manifestada, seja cumprida e respeitada por todos

os meus parentes. Aqueles que não foram contemplados é que

os julgo em boa situação de vida. Recomendo-me às preces de

todos os que me conheceram e me cercaram de atenções, traba-

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lhos e favores nas minhas lidas pastorais. Para todos peço as

bênçãos poderosas da Onipotência Divina.

Bela Cruz, 2 de maio de 1994

Mons. Odécio Loiola Sampaio

Testemunhas:

João Willams Araújo

Francisco Fonteles de Moura

Antônio Marques Rocha

Maria do Socorro Araújo

João Bosco Viana

JOSÉ LEORNE NETO, 2° Tabelião, 2° Escrivão e Ofici-

al do Registro de Imóveis da Comarca de Marco, Estado do

Ceará, por nomeação legal, etc.

Escritura Pública de Aprovação de Testamento Cerrado

que faz Mons. Odécio Loiola Sampaio, como abaixo se declara:

Livro n° 1; Fls. 3v. /4v.

SAIBAM quantos, esta pública escritura virem que, no

ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil nove-

centos e noventa e quatro (1994), aos oito (8) dias do mês de

maio do dito ano, na residência do Testador na Rua Prof. Nicá-

cio, n° 296, na cidade de Bela Cruz, Estado do Ceará, onde

chamado fui, perante mim José Leorne Neto, 2° Tabelião do

Cartório do 2° Ofício e de Notas, apresentou-se como Testador,

o Mons. Odécio Loiola Sampaio, brasileiro, solteiro, clérico,

residente e domiciliado no endereço acima referido, portador da

Carteira de Identidade n° 73.778 – SPSP/CE. E inscrito no

CPF(MF) sob n° 026 643 993 49, reconhecido como o próprio

de mim Tabelião e pelas cinco (5) testemunhas presentes, no

uso e gozo de suas faculdades mentais, segundo o meu parecer e

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das testemunhas, como se inferiu do acerto e segurança com

que respondeu as perguntas que lhe foram feitas, do que de tudo

dou fé. E pelo Mons. Odécio Loiola Sampaio, daqui em diante

nomeado como Testador, me foi entregue estes papéis dizendo

que neles se contém as disposições de sua última vontade, feitas

sem sugestões, induzimento ou coações, por ele datilografadas,

datado e assinado do seu próprio punho, pedindo que o aprovas-

se. Tomando ditos papéis de suas mãos, o examinei sem ler,

verificando que o mesmo não continha qualquer emenda, borrão

ou rasura que dúvida possa causar pelo que perguntei novamen-

te ao Testador se este era realmente o seu testamento e, em face

de sua resposta afirmativa, dada em voz alta e em idioma nacio-

nal, perante as testemunhas, o aprovo solenemente, numerando

e rubricando todas as folhas do testamento com a rubrica que

uso, para afinal lacrá-lo em envelope colado, carimbado, rubri-

cado e vedado com durex por todos os lados. O presente termo

foi feito separadamente por não haver espaço para continuação

ao final do mesmo testamento onde foi carimbado e feito o sinal

público de que uso. E, lido em voz alta ao Testador perante as

testemunhas, achando-se, ele Testador, segundo sua vontade o

pedira, pelo que o aceita e assina com as testemunhas sempre

presentes e que são: João Willams Araújo, Francisco Fonteles

de Moura, Antônio Marques da Rocha, Maria do Socorro Araú-

jo e João Bosco Viana, brasileiros, todos casados, com exceção

de Maria do Socorro Araújo que é solteira, os três primeiros

agropecuaristas, a quarta professora e o último funcionário pú-

blico, todos residentes e domiciliados na cidade de Bela Cruz –

CE. Eu, José Leorne Neto, 2° Tabelião, escrevi, subscrevi e

assino. O 2° Tabelião. Ass. José Leorne Neto. Mons. Odécio

Loiola Sampaio. João Willams Araújo. Francisco Fonteles de

Moura. Antônio Marques da Rocha. Maria do Socorro Araújo.

João Bosco Viana. “Está conforme o original. Dou fé”. Em

testemunho da verdade. O 2° Tabelião José Leorne Neto.

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Centro Pastoral

O prédio do atual Centro Pastoral Monsenhor Odécio

Loiola Sampaio teve sua construção iniciada em 1943. A ideia

desse empreendimento partiu da Congregação Mariana de Ho-

mens, tendo a frente o Sr. João Venceslau Araújo.

Sua construção tinha como objetivo oferecer aos

membros desta associação religiosa, momentos de lazer e

estudos, que eram feitos normalmente nas tardes domin-

gueiras. O certo é que depois da construção dos alicerces,

duas salas principais e bilheteria; faltando recursos para

dar prosseguimento à obra, esta foi entregue à Paróquia. E

foi assim que Pe. Odécio Loiola Sampaio implantou mais

salas e um palco ficando como polo de lazer, onde se apre-

sentavam peças dramáticas, pastoris, festivais, colação de

grau dos alunos do Instituto Imaculada Conceição, avalia-

ção dos alunos da Catequese, recepção aos novos sacerdo-

tes, reuniões pastorais, enfim era o local ideal para a real i-

zação destas efemérides. Vale ainda ressaltar que na parte

exterior existia um mini-auditório, onde em muitas ocasi-

ões foram realizadas festas tradicionais como a Festa do

Caju e da Primavera, em cujas comemorações havia a es-

colha da jovem que representava por um ano aquele acon-

tecimento. Em 1976, o prédio foi cedido pela Paróquia

para o funcionamento do Externato Santa Luiza de Mari-

lac, sob orientação da Irmã Catarina Brasileiro. Em 1981 o

prédio foi fechado por apresentar problemas em sua estru-

tura física, sendo posteriormente recuperado.

Em 1994 a Secretaria de Educação do Município de

Bela Cruz, em pesquisa realizada com alunos do 3º Peda-

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gógico, constatou o elevado número de analfabetos na pe-

riferia da cidade, fora da faixa etária. Novamente o prédio

foi cedido à Prefeitura Municipal, onde funcionou uma

escola com a mesma denominação de Externato Santa Lui-

za de Marilac. Entretanto, em março de 2002, a estrutura

do prédio não suportou a um forte temporal, chegando a

perder a cobertura onde funcionava o auditório, sendo de-

volvido novamente à administração da Paróquia. Nestas

circunstâncias o Pe. João Batista inicia uma total reforma

no prédio, agora com a denominação de Centro Pastoral

Mons. Odécio Loiola Sampaio, inaugurado no dia 14 de

setembro de 2003.

Outras Religiões

Informa o historiador Nicodemos Araújo, que as seitas

chamadas protestantes ou evangélicas não têm encontrado faci-

lidade de penetração na Paróquia de Bela Cruz, adiantando que

alguns pastores, aqui estiveram no decorrer do tempo, tentaram

conseguir prosélitos, mas não lograram resultados satisfatórios.

No ano da graça de 1981, aqui chegou um casal de ame-

ricanos: pastor Kendle Nichols e sua esposa, D. Lorraine Ni-

chols. Aqui se fixaram, construíram residência, precisamente no

Alto da Genoveva. Entretanto, efetuaram apenas reuniões e

cultos eventuais em casas de família.

Em 1983 esteve aqui, durante vários meses, um jovem

casal – René e Suzana, – que se apresentaram como Testemu-

nhas de Jeová. Também não realizaram outra coisa, se não visi-

tas a algumas famílias.

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Assembleia de Deus

Fundada em 1986, tendo como pastor Manoel Gomes,

enviado pela Igreja sede de Fortaleza, situada à Rua Teresa

Cristina, na presidência do pastor Emiliano Ferreira da Costa e

vice-presidente Sebastião Bastos Pereira.

Com a vinda do primeiro pastor, foi adquirido um prédio

na rua Gabriel Florêncio onde se encontra o atual templo e a

casa pastoral da Assembleia de Deus.

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CAPÍTULO V

A VELHA DO CHAPÉU GRANDE

A literatura sobre as secas do Nordeste brasileiro é

bastante diversificada. Versa os mais variados assuntos relacio-

nados com o problema. Refere-se às causas incertas do fenóme-

no. Arrola-os através do tempo. Enumera os seus efeitos mais

aparentes, conseguindo até mesmo ingressar no terreno da fic-

ção. E aqui lembramos os nomes de Domingos Olímpio, Rodol-

fo Teófilo e Rachel de Queiroz, que tão bem retrataram o drama

da seca, através de suas obras literárias. (1)

O romance da seca descreve as misérias resultantes das

calamidades clímicas. Alardeia a fome e a sede do flagelado.

Coloca o pedinte em face da esmola. E desafia o rosário de

humilhações. (2)

Porém, o geógrafo Josué de Castro, no seu livro magistral

– Geografia da fome – estranha o fato de que, num mundo co-

mo o nosso caracterizado por tão excessiva capacidade de se

escrever e de se publicar, haja até hoje tão pouca coisa escrita

acerca do fenómeno da fome.

___________________ 1 Praticamente começou com José de Alencar, (O Sertanejo, 1875), e Franklin Távo-

ra, (O Cabeleira, 1876). Porém, foi José do Patrocínio, (Os Retirantes, 1879), quem

a tematizou como fenómeno não só climático, mas, sobretudo, como um fato soci-

al. (Cf. LANDIM, Teoberto. Seca: a estação do inferno. Fortaleza: UFC/Casa de

José de Alencar/Programa Editorial, 1992. p. 26.)

2 Cf. MONTENEGRO, Abelardo. Psicologia do povo cearense. Fortaleza: UFC/Casa

de José de Alencar/Programa Editorial, 2000. p. 226.

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Se fizermos um estudo comparativo da fome com as ou-

tras calamidades que costumam assolar o mundo – lembra, ele –

verificaremos, mais uma vez, que a menos debatida, a menos

conhecida em suas causas e efeitos, é exatamente a fome. E

conclui o geógrafo: “trata-se de um silêncio premeditado pela

própria alma da cultura; foram os interesses e os preconceitos

de ordem moral, política e econômica de nossa chamada civili-

zação ocidental que tornaram a fome um tema proibido”.

Embora fazendo apenas um registro incompleto sobre o

assunto, passamos a enumerar as visitas que a malesuada Velha

do Chapéu Grande fez aos sertões e, particularmente, ao Ceará

– a partir do século XVII.

As primeiras secas de que se tem registro, na Terra do

Sol, foram as de 1603 a 1606, quando morreram de fome e se-

de, vários integrantes da caravana de Pero Coelho de Sousa,

inclusive seu filho mais velho, de 18 anos (dois filhos, diz Ber-

redo) na trágica retirada para o Rio Grande do Norte. (3)

Em seguida, tivemos as secas de 1614, 1692, 1711 e

1721. Sobre essas calamidades, conforme aduz Filgueiras Sam-

paio, em sua História do Ceará, “as notícias são esfumadas pela

passagem dos anos”. Entretanto, Sampaio Ferraz admite que no

século XVII houve quatro secas – 1603, 1614, 1645 e 1692.

Joanne Bauchardet adiciona a estas as de 1606 e 1652. As in-

formações sobre a seca de 1692 são fornecidas por Irineu Jof-

fily, que diz o seguinte: – “Os sertões da Parahiba e das Capita-

nias do Ceará e Rio Grande do Norte, possuindo, então, popula-

___________________ 3 Aderaldo cita apenas o ano de 1605. “Tudo parecia ir mais ou menos bem. Mas em

1605 ocorreu no Ceará a primeira seca de que temos notícia. Fenómeno social que

é, só pode ocorrer, sociologicamente falando, quando a região por ela atingida se

acha habitada pelo homem sedimentado. Destarte, podemos classificar como pri-

meira a crise climática que ocorreu no Ceará em 1605”. (ADERALDO, Mozart So-

riano. História abreviada de Fortaleza. Fortaleza: UFC, 1974. p. 22.)

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ção civilizada muito resumida, por datar apenas de uns 40 anos

a sua colonização, teriam soffrido, principalmente na sua única

indústria, a criação de gado, que ahi floresceu muito cedo”.

De 1725 a 1727, o Ceará foi marcado por mais uma

grande seca. Relativamente a essa terrível calamidade que du-

rou três anos, assolando quase todo o Nordeste, de um modo

fatalíssimo aos seus habitantes, esse fato deu lugar a emigração,

sucedendo que muitas famílias se viram obrigadas a refugiarem-

se nas serras, a fim de se furtarem aos rigores do cruel flagelo.

No ano de 1736, nova estiagem assolou o Ceará, acom-

panhada de sua companheira inseparável – a malesuada fames.

E os anos de 1745 e 1754 também foram assinalados pela es-

cassez quase absoluta de chuvas.

Depois de vinte e três anos veio a célebre seca de 1777,

cognominada de “seca dos três setes”. Essa calamidade fez e-

migrar grande quantidade de índios e reduziu consideravelmen-

te os gados. Entretanto, o Vale do Acaraú, ao que parece, não

padeceu muito dos deploráveis efeitos desse flagelo.

Ao findar o século XVIII, os sertões atravessavam uma

fase de reconstrução econômica, procurando resistir aos efeitos

destruidores da seca de 1790-1793, comum a toda a região. As

fazendas estavam despovoadas; não obstante, permanecia a

semente humana que devia repovoar e continuar a obra de civi-

lização iniciada pela indústria do charque, instalada em Acaraú,

Aracati e Camocim, centros que progrediram enquanto o flagelo

da grande seca não atingiu profundamente as fazendas.

No Registro de Memória do Vereador Manuel Esteves de

Almeida, da Vila de Aracati, consta que no ano de 1790, prin-

cipiou, além de outras mais moderadas, uma seca tão terrível e

rigorosa que durou quatro anos, porém em 1791 e 1792 tornou-

se tão excessiva, que assolou, destruiu e matou quase todos os

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gados dos sertões e por isso veio a desaparecer o comércio das

carnes secas, e já não houve gado para o consumo em 1793-

1794; e toda a população pereceria de fome se do Piauí não

viesse gado. A fome, durante a seca, foi horrível. (4)

O Governador Féo e Torres em sua informação, de 10 de

outubro de 1791, diz que a Capitania estorcia-se sob o açoite

de tremenda seca. A que deixou mais tradições tristes, diz

Pompeu; mais extensa e fatal afirma Araripe; inaudita chama-a

Bernardo de Vasconcelos; a maior das secas, diz Abreu e Lima.

Seca grande denominou-a o povo na sua rude e pouco eufônica

linguagem. (5)

No entretanto, em 1816 registrou-se mais uma estiagem,

porém de caráter parcial, e, de 1823 a 1825, nova seca veio

trazer a fome, a peste e a miséria a esta terra. Foram três anos –

os estragos imensos – e lamentável o sofrimento da população

que, impelida pela fome, se entregava a toda sorte de rapina,

encontrando a morte na repressão e em bárbaros castigos que a

direção estúpida do governo ainda inspirava.

Em 1845, mais uma seca visitou o Ceará, porém seus e-

feitos foram pouco sentidos nesta ribeira. João Brígido afirma

que “não se deram óbitos de fome”, neste ano.

Em 1871, Antônio Marco de Macedo publicou as suas

Observações sobre as Secas do Ceará. O registro que faz a

respeito das estações climáticas da província é mais simples do

que os dos seus contemporâneos que se ocuparam do assunto –

lembra Joaquim Alves – mas nem por isso deixa de ser interes-

sante, pois revela a preocupação do autor em conhecer as con-

dições da vida regional, focalizando aspectos do século XIX.

Entretanto, dentre os que escreveram sobre o clima do nor-

___________________ 4 Revista do Instituto do Ceará, vol. 1, 1887. p. 80.

5 STUDART, Guilherme. Notas para a história do Ceará. Brasília: Edições do Sena-

do Federal, 2004. p. 417.

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deste, em especial, do Ceará, o senador Thomaz Pompeu de

Sousa Brasil foi o que melhor compreendeu e interpretou o

problema. Por isso mesmo foi a sua opinião que chegou até os

dias atuais, os seus trabalhos servindo ainda de referência aos

estudos iniciais da questão, aos quais recorrem todos os que se

ocupam do assunto.

Euclides, no seu livro monumental, Os Sertões, lembra:

“Revelou-o, pela primeira vez, o senador Thomaz Pompeu,

traçando um quadro por si mesmo bastante eloquente, em que

os aparecimentos das secas, no século passado e atual, se de-

frontam em paralelismo singular, sendo de presumir que ligeiras

discrepâncias indiquem apenas defeitos de observação”.

“De qualquer modo, ressalta, à simples contemplação,

uma coincidência, repetida bastante, para que se remova a intru-

são do acaso”. E observa “os seus ciclos – porque o são no rigo-

rismo técnico do termo – abrem-se e encerram-se com um ritmo

tão notável, que recordam o desdobramento de uma lei natural,

ainda ignorada”. (6)

De 1900 a 1905, registrou-se mais um longo período es-

casso de chuvas, todavia suas consequências foram suportadas.

Dez anos após, isto é, no ano de 1915, mais uma grande seca

atingiu o Ceará, cujos efeitos foram profundamente experimen-

tados no município de Bela Cruz. Igualmente danosa foi a seca

de 1919, assumiu proporções de terrível calamidade, abrindo

uma vasta lacuna na economia cearense e nordestina, e propor-

cionando grandes sofrimentos à gente desta região.

____________________ 6 “Assim, para citarmos apenas as maiores, as secas de 1710-1711, 1723-1727, 1736-

1737, 1744-1745, 1777-1778, do século XVIII, se justapõem às de 1808-1809,

1824-1825, 1835-1837, 1844-1845, 1877-1879. Esta coincidência, espelhando-se

quase invariável, como se surgisse do decalque de uma quadra sobre outra, acentua-

se ainda na identidade das quadras remansadas e longas que, em ambas, atreguaram

a progressão dos estragos”. (Cf. CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Rio de Janeiro:

Livraria Francisco Alves/MEC, 1979. p. 26.)

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Em 1931 não veio o inverno desejado, entretanto, nesse

ano, não houve migração. Mas em janeiro de 1932, os retirantes

começaram a chegar até Fortaleza e já em março grandes levas

de flagelados, com seus xerimbabos, enchiam de tristeza e fome

o centro da Capital e as estradas do sertão. (7) Porém, o Baixo

Acaraú não sofreu muito os efeitos dessas estiagens.

Outro ano seco foi o de 1951, ocasionando grande sofri-

mento à população pobre e enormes danos à pecuária e à agri-

cultura. Em 1958, mais uma seca atingiu o Ceará. O município

de Bela Cruz, como todo o território cearense, foi duramente

atingido pela calamidade climática. Então o governo mandou

construir estrada, ligando a cidade de Bela Cruz ao Rio Acaraú,

possibilitando trabalho a mais de 3.000 pessoas, que, destarte,

escaparam a maiores rigores do flagelo. (8)

Com a década de 1960, tivemos uma série de invernos

bons e produtivos, restaurando, assim, a economia do municí-

pio, que se encontrava profundamente combalida.

___________________ 7 “Para barrar a marcha dos retirantes rumo a Fortaleza e outras cidades do Estado,

foram erguidos sete “Campos de Concentração” (em Ipu, Quixeramobim, Senador

Pompeu, São Mateus, Crato e dois em Fortaleza). Eram locais para onde grande

parte dos retirantes foi recolhida a fim de receber do governo comida e assistência

médica. Dali não podiam sair sem autorização dos inspetores do Campo. Havia

guardas vigiando constantemente o movimento dos concentrados. Ali ficaram „en-

curralados‟ milhares de retirantes a morrer de fome e doenças. Entre abril de 1932 e

março de 1933, foram registrados mais de 1.000 mortos somente no Campo de

Concentração de Ipu, conforme livro de óbitos da Igreja Matriz de Ipu”. (Cf. RIOS,

Kênia Sousa. Campos de concentração no Ceará: Isolamento e poder na seca de

1932. Fortaleza: Museu do Ceará, 2001. p. 41.)

8 Não obstante as providencias, na assistência aos flagelados, brasileiros válidos

morreram de fome aguda ou das suas imediatas consequências. A razão principal

desta dolorosa ocorrência resulta, em parte, da desorganização dos serviços públi-

cos e, em parte, da falta de espírito científico nas atividades de luta contra as secas.

O que se tem conseguido no campo científico é ainda muito pouco em relação às

necessidades objetivas. (Cf. POMPEU SOBRINHO, Th. Orientação científica na

luta contra as secas. Revista do Instituto do Ceará, vol. 72, 1958. p. 10.)

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De 1979 a 1983, o desventurado Nordeste e o Ceará, de

modo calamitoso, conviveram mais cinco dolorosos anos com a

Velha do Chapéu Grande. Patativa do Assaré boceja: “É triste

para o Nordeste / o que a Natureza fez / mandou cinco anos de

seca / uma chuva em cada mês / e agora em 85 / mandou tudo

de uma vez”. O cronista Ribeiro Ramos afirma que esse foi o

mais longo período que a história registra. (9) Já na década de

1990, ocorreram alguns invernos escassos – as chamadas secas

verde, porém, o governo abriu frentes de serviços (1992-1993).

Início do novo século e novo milênio – tivemos peque-

nos invernos, entretanto, não afetaram muito a economia. No

ano de 2008 foram registrados, no Posto Pluviométrico de Bela

Cruz, 1161,0 mm, o que caracteriza um bom inverno. Já em

2007, registramos apenas 634,0 mm.

Como se constata, a maioria dos agricultores do municí-

pio visa, sobretudo, a subsistência, através da produção de cas-

tanha de caju, mandioca, milho e feijão. Ao objetivo básico

desses agricultores incorpora-se o do pequeno proprietário e do

foreiro que, não obtendo a subsistência em sua pequena terra

(em geral de fraca produtividade em função mesmo do sistema

agrícola), é levado a trabalhar, como diarista, nos estabeleci-

mentos maiores, o que lhe garante pelo menos a alimentação.

___________________

9 “E como drama que a Natureza apresenta periodicamente, com todo o seu horror,

dele já tomou conhecimento a nação brasileira, e o mundo civilizado também. E

milhares de bocas gritam de vários cantos da Terra para perguntar se não há um

meio de evitar a repetição. Há, sim, senhores, solução para tão grave problema, e há

muito apontada e defendida por técnicos e estudiosos do fenómeno, nacionais e es-

trangeiros. Gente capacitada e abalizada há anos aponta essa solução: açudagem e

irrigação. E vem, então, a inevitável pergunta: – E porque não se faz isto? E a res-

posta é contundente, mas profundamente verdadeira: – Por incúria e descaso do

Governo”. (Cf. RAMOS, Ribeiro. Consumindo luas. Fortaleza: Secretaria de Cultu-

ra, 1987. p. 122.)

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Não podendo resistir ao desequilíbrio econômico em que

vive é forçado, às vezes, a abandonar a terra, na ilusão de en-

contrar melhores ganhos em outras regiões. Emigrou nos sécu-

los passados e continua emigrando neste século. É um imperati-

vo do meio a que não pode fugir, até quando uma política agrá-

ria mais eficiente seja posta em prática. (10)

Inadaptado ao meio semiárido, vive à mercê dos bons in-

vernos ou das secas, às quais, não preparado para enfrentar,

aceita com resignação, como uma fatalidade.

Segundo o meteorologista Vernon Kousky, o problema

da origem da seca começa fora do Brasil. Ele responsabiliza o

El Nino, alusão ao Menino Jesus, porque o ápice do fenómeno

ocorre no Natal. O El Nino é uma corrente de ventos, aquecidos

por um súbito aumento de temperatura no Oceano Pacífico, nas

águas do Peru, que provoca uma alteração na rota das chuvas.

Ocasiona também um abaixamento dos jet-stream, corrente de

ventos que normalmente se situa a 10 km de altitude, com uma

velocidade de 200 km/h. A presença desta forte massa de ar

quente impede que as frentes frias provenientes do polo sul

atinjam a baixa latitude. Esta colossal corrente de ventos, que

sopra constantemente no sentido oeste/leste, impede a passagem

das frentes frias, ocasionando inundações nas regiões sul e su-

deste do país e a falta de chuvas no semiárido nordestino. (11)

____________________ 10 Cf. MOREIRA, Alba Nogueira. Os fatores geográficos da emigração rural. In: As

migrações para Fortaleza. Fortaleza: Departamento de Imprensa Oficial, 1967.

11 Cf. BOTELHO, Caio Lóssio. O secular problema da seca. Revista do Instituto

do Ceará, vol. 105, 1991. pp.100-101.

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Seca, Inverno e os Profetas de Chuva

Foi lançado recentemente, um substancioso trabalho, do

Professor Abelardo Montenegro. Livro que tem como principal

objetivo corrigir uma omissão, já que a maioria dos nossos his-

toriadores, sociólogos e romancistas ignoraram injustificada-

mente a existência do profeta de chuva e o seu importante papel

na sociedade sertaneja. (12)

Um dos problemas que mais afligem aos cearenses –

o maior, talvez de todos – diz respeito às precipitações

pluviais, lembra o escritor e folclorista Alberto Santiago

Galeno. Adiantando que, no Ceará, os fenómenos de or-

dem meteorológica são confundidos, frequentemente, com

os de ordem religiosa. Para os matutos simplórios, os bons

invernos constituem presentes com os quais o Onipotente

premia os homens pelas suas boas ações. Da mesma ma-

neira que as secas significam o castigo. Entretanto, Deus

em sua sabedoria e bondade, antes de premiar ou de cast i-

gar as criaturas, resolve avisá-las a fim de que estas se

cuidem. E o faz, utilizando-se de certos sinais de natureza

meteorológica ou, ainda, através do comportamento dos

bichos e dos vegetais, durante as estações do ano. Conhe-

cer estes sinais, saber interpretá-los com acerto é da maior

importância para os rurícolas da região das secas, pois,

como base das “experiências” de inverno representam eles

uma orientação a ser seguida. (13)

___________________ 12 Cf. MONTENEGRO, Abelardo F. Ceará e o profeta de chuva. Fortaleza:

UFC/BNB, 2008.

13 Cf. GALENO, Alberto Santiago. Seca e inverno nas experiências dos ma-

tutos cearenses. Fortaleza: Coopcultura, 1998.

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Sempre que se fala em experiências de inverno, sur-

ge de imediato a lembrança de Joaquim Roque de Macedo,

o maior conhecedor e divulgador, no Ceará, dos fenóme-

nos climáticos. (14) Ao contrário do que se afirma que os

profetas de chuva são geralmente pequenos agricultores,

mestiços, pobres e analfabetos, Roque de Macedo era ho-

mem de letras, formado em Farmácia, leitor constante,

conversador, observador e, sobretudo sagaz; fazia afirma-

ções arrojadas em caráter meio dogmático, como se tudo

dependesse dos estudos e da confiança que ele mesmo

depositava em si, afirma Abelardo Montenegro.

Numa entrevista concedida ao Unitário, de Fortale-

za, edição de 25 de dezembro de 1953, Roque de Macedo

enumerou 12 de suas experiências de inverno, baseado nas

quais pressagiava excelente inverno para o ano seguinte:

1. As fêmeas do tatu estão prontas para dar cria nos pr i-

meiros dias de janeiro;

2. Os pebas estão com carrapato na barriga. Quando o

carrapato aparecer no sovaco, a chuva cairá;

3. A cobra cascavel está muito gorda e com filhotes;

4. O besouro serra-grosso começou a trabalhar desde o

mês de julho e continua nessa faina de derrubar galhos

secos de aroeiras e sabiás;

5. A coruja-bode está espantando os cavaleiros com os

seus berros no sertão e a cauã já principiou seus gritos

nas matas;

___________________ 14 Joaquim Roque de Macedo, farmacêutico licenciado e funcionário do Te -

légrafo Nacional, falecido recentemente em Fortaleza, já octogenário, era

grande apologista e divulgador das experiências de inverno de seus con-

terrâneos. Todos os anos, quando o verão se tornava mais intenso, ele d a-

va entrevistas aos jornais e rádios da capital cearense, anunciando as pr e-

visões de chuvas dos matutos para o ano seguinte. Havia quem o chama s-

se de Profeta das Chuvas, cognome que Roque se negava em aceitar, pois

afirmava não ter a pretensão de adivinho. Apenas divulgava “aquilo que

Deus anunciava, servindo-se dos bichos e das plantas”. (Cf. GALENO,

Alberto Santiago, id. ib.)

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6. O tetéo não foge mais quando alguém se aproxima dos

seus ninhos, mas, voa em torno, defendendo-os, e só faz

isso quando vai haver inverno, para alimentar os filho-

tes. Vai aparecer tetéo novo em janeiro;

7. As abelhas de ferrão estão trabalhando ativamente e os

marimbondos de chapéu, (experiência do dep. Menezes

Pimentel), estão se aproximando das casas-grandes das

fazendas;

8. As marias-de-barro fizeram suas casas com as porti-

nhas viradas para o poente para evitar a chuva;

9. As maritacacas estão se mudando dos leitos dos riachos

para os tabuleiros;

10. Os bacurins atiram palha para o lombo e dão camba-

lhotas, isso pela madrugada;

11. Os sapos e os cururus estão de boca aberta no mundo;

12. Está chovendo no Piauí.

Rachel de Queiroz fez-lhe homenagem, em crônica pu-

blicada na revista O Cruzeiro, edição de 16 de abril de 1955:

“São os bichos que ensinam a Roque a adivinhar chuva. Con-

vivendo com eles, examinando seus métodos de vida, observando-lhes

as reações nos tempos que precedem as chuvas nos começos de ano,

anotando as épocas de procriação, de emigração e imigração, verifi-

cando-lhes as condições físicas (peso e gordura), e sobretudo conclu-

indo sobre a própria dedução dos animais (ele acha que os animais

sabem) em relação aos invernos, Roque lança seus editos. E ai de

quem duvidar. Em dezembro de 1952, Roque me dizia o seguinte, em

reportagem que publiquei no Correio do Ceará, órgão dos Diários

Associados: “Os animais estão me dizendo que este ano vai ser ruim.

Os pebas estão gordos e não têm ninhadas. As cascavéis (cobra casca-

vel) estão magras, têm muitos filhos. Os sapos e rãs ficaram mudos e

até um cururu “teitei” morador há vários anos numa loca de pedra

perto da fazenda, adivinhação de chuva em dezembro, está calado. Na

noite em que meu sapo ensaia uma ária inteiriça, enchendo a várzea

com seu tu-ru-tu-tu estridente, matuto pode esperar: cai chuva. Tam-

bém a coruja bode, assombração dos carnaubais jaguaribanos, está

silenciosa. Quando ela afina a viola e começa o “farrancho” em de-

zembro, enche de esperança o baixo Jaguaribe. As maritacacas, os

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cassacos, coatis e fedorentos não acreditam no inverno do ano que

vem. É claro: ano ruim. As casas do joão-de-barro foram feitas com a

boca virada para o nascente, o passarinho quer dizer com isto que não

vai chover. Tetéos, bacuraus, gaviões, xexéu, saracuras e curicacas,

todo esse “povo” está silencioso, esquecido de que estamos na entrada

de janeiro. E se os bichinhos de Deus, sábios pela própria intuição não

estão esperando inverno, eu é que vou esperar? Acredito na ignorância

sábia dos bichos. O ano é ruim. Evidentemente, o ano de 1953 foi

quase totalmente seco. Já para 1955, Roque de Macedo mudou de

rumo. Predisse um grande inverno. Falou em dezembro e se transfor-

mou num pastorador de relâmpago e vaqueiro de trovão. Declarou que

os bichos garantiam muita chuva. Citou formigas, besouros, quelô-

nios, ofídios e batráquios. Cochichou com os tatus, gambás, jacus,

asas brancas, patos e marrecas. Todos lhe disseram que a invernada

era a maior. As vespas não lhe enganaram. Quem me disse isto não

sabe mentir, declara Roque Macedo”.

☼☼☼

Ainda de todo não termina o inverno e já o sertanejo se

preocupa de fazer experiências que possam algo revelar sobre o

próximo ano, lembra Josa Magalhães. Assim, as primeiras ex-

periências são feitas em junho e se relacionam com São João e

São Pedro. Diz-se que se no dia 23 ou 24 de junho, véspera ou

dia de São João, cair um serenozinho ou pintar chuva durante o

dia, o inverno do ano seguinte será bom. Afirma-se, outrossim,

que se, à noite, cair chuva que apague a fogueira de São João,

não faltará inverno, igualmente, no próximo ano. (15)

Há um provérbio que diz: “De chuva e eleição não se faz

previsão”. Todavia, como afirma J. de Figueiredo Filho: “Todo

mundo é profeta no Ceará e no Nordeste. Como são muitos os

adivinhos, alguém há de acertar”. Aliás, os sertanejos mais anti-

gos e aqueles que fazem alguma leitura, emitem suas profecias

___________________ 15 Cf. Revista do Instituto do Ceará, vol. 66, 1952. pp. 253-68.

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arrimados em interpretações do Lunário Perpétuo que, para

muitos sertanejos, tem a força das Escrituras Sagradas.

Quando alguém, em base científica, se aventura a predi-

zer se o ano futuro é seco ou molhado, o caboclo sertanejo cos-

tuma ironizá-lo dizendo que “Profecia de doutor não vale pra

nada: quando diz que vem chuva é seca e quando pensa em

seca, o que aparece é inverno grande”. No entender dos serta-

nejos, ninguém melhor do que ele conhece os problemas de sua

região porque nela vivem e observam.

Numa região semiárida, sujeita à secas periódicas, a pre-

ocupação com o tempo futuro constitui, sempre, a nota domi-

nante, principalmente entre os agricultores e pecuaristas, cujas

lavouras e cujos rebanhos dependem, primordialmente, da água

de chuva, aduz Abelardo Montenegro, adiantando que a história

do Ceará confunde-se com a história das secas.

Lembra Yaco Fernandes que tudo no Ceará gira em torno

da água, nela encontra a sua origem e para ela volta, afinal; e

adianta que talvez em nenhuma outra parte do mundo tanto se

façam sentir a presença e a atuação modificadora do líquido

elemento; presença periódica, e mais ou menos incerta. É que o

jogo alternado dos invernos e dos estios compõe variações anu-

ais sobre a perpétua e quase inapercebida transformação de

tudo. (16)

Conheci de perto dois profetas de chuva, aliás, um; por-

que o primeiro só profetizava seca. Ele era natural de Granja.

Chegou muito moço em Bela Cruz. Ficou enamorado da cidade.

Casou-se, constituiu família e fez de Bela Cruz sua terra sempre

querida. Seu nome? Elídio Costa Vasconcelos, gente de bem.

Conversador. Sempre alegre. Agricultor. Veterinário prático.

Trabalhador. Falecido recentemente. Na verdade não se tratava

___________________ 16 Cf. FERNANDES, Yaco. Notícia do povo cearense. Fortaleza: UFC/Casa de José

de Alencar/ Programa Editorial, 1998. p. 14.

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de um profeta, pois raramente acertava. O outro conheci em

Fortaleza – José Emídio de Sales, mais conhecido por Seu Sa-

les. Com certeza discípulo de Joaquim Roque de Macedo. Na

verdade, seu Sales também não era um profeta de chuva. Era

um santo. Ele estava sempre ocupado com explicações empíri-

cas ou científicas, relacionadas com o chove e não molha. Era o

seu dia-a-dia. Como a chuva faz falta!

Transposição do São Francisco

A transposição do Rio São Francisco é problema que data

dos tempos coloniais. Já no governo del Rei D. João VI ordena-

ram-se estudos para o restabelecimento do terreno, vantagens e

possibilidades da canalização.

O deputado Tristão de Alencar Araripe, partidário da a-

çudagem, fez indicações sobre a construção dos Açudes do

Boqueirão de Lavras e de Arneirós, e falava com convicção

sobre a eficiência da canalização do São Francisco. Em discurso

pronunciado na Câmara, na sessão de 27 de junho de 1877,

sobre as Providências relativas às secas do Ceará, publicado

depois em opúsculo de 33 páginas, ele apresenta sugestões e

comenta a situação das províncias flageladas: “devemos lem-

brar-nos que a causa das desgraças atuais está nas condições da

região, onde elas se realizam e que, portanto, cumpre empregar

meios para modificar essas condições: 1º levantar a planta e

orçamento de um canal que abra comunicação do rio São Fran-

cisco com o rio Salgado e rio Jaguaribe, no Ceará, de modo que

nestes dois rios estabeleça-se uma corrente perene; 2º estudar

nos sertões das quatro províncias, atualmente flageladas pela

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seca, os sítios onde se poderão construir açudes capazes de

manter consideráveis massas d‟água”.

A esperança de Tristão de Alencar Araripe repousava nos

açudes e na transposição do São Francisco; quando disse que a

canalização e os açudes são os dois meios de mais notável in-

fluência para o fim de modificar as condições meteorológicas

do Ceará, pondo na superfície do seu solo águas que não só

refrescam, mas, sobretudo, deem possibilidade de abundante

evaporação que possam produzir chuvas.

O que é fato é que as secas se reproduziram e continuarão

a produzir-se no Ceará com o caráter de necessidade e intermi-

tência, observado desde o seu povoamento regular. Se é impos-

sível evitá-las, é fácil melhorar os seus efeitos: e tal já estaria

feito se não fosse a imprevidência dos nossos governos.

Observa-se que nos estudos realizados no século XIX três

sugestões predominaram: canalizar as águas do São Francisco

para o Ceará, construir açudes e abrir estradas. Mas nenhuma se

realizou. A história segundo a qual o Imperador D. Pedro II

estaria resolvido a vender a última gema de sua coroa, contanto

que não morresse um só cearense de fome, não passou realmen-

te de uma lenda, pois, decorridos dez anos, em 1888, nova ca-

lamidade flagelou o Nordeste, e as obras planejadas já haviam

sido preteridas. Só o açude do Cedro, no município de Quixadá,

cujos estudos datavam de 1884, fora iniciado.

☼☼☼

Quando tratamos de tecnologias agrícolas – entendidas

aqui como aquelas fixadoras do homem no campo – temos que

ter em mente um ponto que é fundamental: a exploração. O

Nordeste brasileiro tem aproximadamente 1.600.000 Km² e

apenas 2% dessa área são passíveis de irrigação. Apesar de

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restrita, devido a problemas de qualidade dos solos, bem como

de quantidade e qualidade da água, a região poderá vir a ser um

dos maiores polos de fruticultura do mundo. (17)

Fala-se muito do extenso lençol no subsolo do Nordeste,

e que sua exploração poderia ser a solução para resolver de vez

os problemas hídricos. Não é bem assim, lembra o pesquisador

da Fundação Joaquim Nabuco, João Suassuna. Nesse aspecto,

temos que ter um pouco de cautela. Água de subsolo só existe

quando a geologia assim o permite. As áreas sedimentares que

possibilitam a acumulação de água no subsolo são muito espar-

sas na região. No semiárido, o Estado do Piauí é o que apresenta

um maior percentual de áreas sedimentares (praticamente todo o

Estado) e tem demonstrado exemplos de fartura hídrica, a e-

xemplo dos poços jorrantes no município de Cristino Castro. (18)

Paralelamente à questão da água do subsolo, todos acham que a

transposição do São Francisco é a alternativa redentora para

mitigar a sede dos nordestinos. É ver para crer.

Nesse quadro de penúria hídrica, querer-se subtrair mais

água do rio para abastecimento das populações é, na melhor das

hipóteses, uma ação inconsequente. Certamente não teremos

água para atender a tudo isso (geração de energia, irrigação e a-

___________________ 17 Segundo dados do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade

de Brasília (UnB) “a agropecuária consome 69% do volume de água retirado dos

mananciais. Embora a tendência seja de aumento da área irrigada na agricultura, o

uso de tecnologias e métodos mais eficientes podem evitar o desperdício e diminu-ir o crescimento da demanda por água no campo. Hoje existem tecnologias que

permitem reduzir as aplicações e até reaproveitar a água”. (Cf. Agroanalysis, Fun-

dação Getúlio Vargas, vol. 26, nº 11, nov. 2006.)

18 “De início, continuam à espera da técnica os lençóis freáticos, em especial os artesi-

anos. Estes, muito importantes, porque dispensam motor-bomba: uma vez perfura-

dos, a água se eleva por si mesma, como repuxo. Existem desde o Piauí à Bahia”.

(Cf. ALVES, Guarino. Janela para o Nordeste. Fortaleza: Imprensa Universitária

do Ceará, 1960. p. 116.)

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bastecimento). Ação muito mais coerente, quanto a este aspec-

to, seria a de se propiciar melhor gerenciamento no uso das

águas das grandes represas do Nordeste.

Outro aspecto merecedor de atenção como alternativa

produtiva, no semiárido, é o setor extrativista vegetal. Temos

uma riqueza enorme de plantas adaptadas ao ambiente seco que

poderiam ser economicamente exploradas. Entretanto, pratica-

mente não se conhece nada sobre elas.

A pecuária talvez seja a mais viável das alternativas para

o Nordeste, principalmente por se tratar de uma região carente

de proteína. A piscicultura seria outra que poderia ser desenvol-

vida através da utilização do potencial de açudes já instalado.

Ações governamentais que deem suporte aos agricultores fami-

liares, mormente nos setores de ATER, são oportunas.

As alternativas de produção existem e não são implemen-

tadas porque na verdade, tem faltado a indispensável vontade

política para definir ações estruturadoras no semiárido. E tem

faltado porque concretizá-la significa contrariar interesses, mui-

tas vezes situados na base de apoio parlamentar do governo.

E, como diz o poeta, a seca não poupa nem a cabra, ani-

mal por demais adaptado ao semiárido, e que sofre também a

ausência do verde. Na verdade, “a velha do chapéu grande”

pode ser definida numa palavra que é o terror máximo dos rudes

patrícios que por ali se agitam: a fome. (19)

___________________ 19 “Os sertanejos do Nordeste personalizam a fome numa figura esquelética de velha,

com um chapéu imenso. Chamam-na mesma “A Velha do Chapéu Grande”. Numa

correspondência na A República, Natal, 16-V-1907, lê-se: Março foi inteiramente

seco. Abril começou seco e assim se conserva, de modo que já podemos considerar

empoleirada no seu trono a terrível “velha do chapéu grande”. A malesuada fames

virgiliana (Eneida, VI, 276) é representada por uma velha, porque a velha é, em

todos os cultos agrários, o símbolo da esterilidade, da infecundidade, das forças

improdutivas ou malévolas”. (Cf. CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do fol-

clore brasileiro. 3. ed. Brasília: INL, 1972. p. 385.)

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A CABRA*

1.

A cabra salta, berra, sacoleja a ossada.

O couro esticado no estrado, dela, cabra.

A cabra nestas securas de outubro

(esqueleto que o sol em brasa incendeia)

sopra as cinzas do vapor do tempo

pelas ventas da vulva murcha.

.............................................................................

6.

Deixai que um poeta observe a cabra magricela

em toda sua trajetória histórica

em toda a extensão de seu sofrimento.

Esta cabra semita, apátrida, berrando de

fome

pelos tabuleiros de Inhamuns e de

Quixeramobim.

Pelo Vale do Acaraú, Massapê da Linha, Uruoca.

Deixai que um poeta observe o olho ciclópico

desta cabra:

imóvel, silencioso, cinza-azul, sem brilho,

de cuja retina escapa um coágulo de luz

mortiça

que se desmancha na ferrugem da manhã em que

agoniza.

7.

Desta cabra-mãe nordestina só resta o berro aflito.

Desta cabra martirizada, lembrando uma

mulher etíope

só resta a esperança de que a morte seja breve.

___________________ * PINTO, José Alcides. As Tágides. São Paulo: Edições GRD, 2001. pp. 81-83.

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CAPÍTULO VI

CRONOLOGIA

1637 – 26 de outubro – Os holandeses tomam o Forte do

Ceará, conseguindo apoio dos índios que se sentiam maltratados

pelos portugueses. Aos poucos foram se apoderando de todo o

litoral, especialmente, Jericoacoara e Camocim, onde construí-

ram fortificações. A 28 de fevereiro de 1644, abandonam o

Maranhão, sob pressão dos comandados de Antônio Teixeira de

Melo. Vendo-se derrotados fogem para Pernambuco, deixando

os tapuias. Revoltados, os indígenas investem contra o Forte

holandês de Camocim, matando-lhe os soldados; logo depois se

dirigem a Jericoacoara onde fazem o mesmo. Começa e termina

assim a dominação holandesa nas praias da Ribeira do Acaraú e

Camocim.

1650 – 8 de dezembro – Alvará do Rei determina que “os Go-

vernadores, em benefício da povoação e da lavoura das terras

do Brasil, dessem em sesmarias a todas as pessoas que, com

mulher e filhos, viessem para qualquer parte do Brasil”. Com

esta determinação a colonização do interior brasileiro foi imen-

samente facilitada motivando a imigração de muitos portugue-

ses. (Cf. Cronologia sobralense, vol. I. 1974.)

1666 – 23 de agosto – Por Carta Patente desta data é nomeado

Capitão de Ordenanças de Ipojuca, Pernambuco, Francisco Vaz

Carrasco, filho de Manoel Vaz Vizeu e Maria da Rocha. Casou-

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se com D. Brites de Vasconcelos, com a qual teve seis filhos,

entre estes, Manoel Vaz Carrasco (pai das sete irmãs que povo-

aram a Ribeira do Acaraú). Ordenou-se sacerdote, logo após o

falecimento de sua mulher. Francisco Vaz Carrasco e D. Brites

de Vasconcelos tiveram: 1 – Manoel Vaz Carrasco que casou-se

duas vezes. A primeira com Luiza de Sousa, filha de Sebastião

Leitão de Vasconcelos e Inês de Sousa. A segunda, com Maria

Madalena de Sá, sobrinha do Capitão-mor do Ceará Sebastião

de Sá e de Leonardo de Sá. 2 – Francisco Vaz Carrasco (filho)

casado com Antônia de Mendonça Uchoa, viúva de Bartolomeu

Peres de Gusmão, filha de Francisco de Faria Uchoa e Ana de

Lira Pessoa. 3 – Antônio Vaz Carrasco, casado com Margarida

de Sousa, filha de Sebastião Leitão de Vasconcelos e Inês de

Sousa. 4 – Maria Madalena que se casou com Pedro Gama. 5 –

Eugênia Vaz Carrasco, que faleceu solteira, em 1724. 6 – Maria

de Goes.

1670 – Nesse ano já se encontra no Ceará Leonardo de Sá, ir-

mão do Capitão-mor Sebastião de Sá, filho de Manoel Ribeiro

de Azevedo. Serviu no Forte de N. S. da Assunção. Conseguiu

sesmaria no riacho Juá, correndo pelo rio Siupé, no ano de

1682, juntamente com seus companheiros Francisco Dias Car-

valho, Bernardo Coelho de Andrade e Domingos de Mendonça

da Câmara. Foi militar, chegando ao posto de Coronel. Fez

algumas viagens através dos sertões cearenses, inclusive na

ribeira do Acaraú, desbravando matas e domesticando índios.

Conseguiu várias sesmarias na ribeira do Acaraú – alguns de

seus filhos vieram ocupar estas terras. Sua filha Maria de Sá

casou-se com Félix da Cunha Linhares, vindo residir no sítio

São José. Seu filho Sebastião de Sá, casado com Cosma Ribeiro

Franca, era possuidor de muitas terras nesta Ribeira, inclusive

onde hoje se encontra a cidade de Santana do Acaraú, posteri-

ormente compradas pelo Pe. Antônio dos Santos da Silveira.

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Sua filha Paula de Sá casou-se com Nicolau da Costa Peixoto,

doador de terras para a Capela de Santa Cruz (Bela Cruz). Sua

filha Leonarda de Sá casou-se com o Capitão Francisco Dias

Peixoto. O Coronel Leonardo de Sá participou também da polí-

tica, tendo sido eleito vereador, em 1701, na segunda eleição da

Vila de São José de Ribamar.

1672 – Nasce em Pernambuco, D. Maria de Araújo Vasconce-

los, mulher de Manoel de Goes, primeiro sesmeiro da ribeira do

Acaraú. Manoel de Goes que recebeu sesmaria a 23 de setem-

bro de 1683, com mais seis companheiros, se diz “descobridor

do rio Acaraú”. Dona Mariínha faleceu com 90 anos, no dia 5

de janeiro de 1763, e foi sepultada na capela de Santana do

Acaraú.

1676 – Chega ao Ceará o português Antônio da Costa Peixoto.

Eleito vereador, em 1700, no Iguape, na 1ª eleição realizada na

Capitania. Em 1702, juntamente com Leonardo de Sá, irmão do

Capitão-mor Sebastião de Sá, que governou o Ceará em dois

períodos, consegue sesmarias na ribeira do Acaraú. Dois filhos

de Antônio da Costa Peixoto vieram habitar na ribeira do Aca-

raú, para ocupar terras das sesmarias obtidas pelo pai: Nicolau

da Costa Peixoto e Apolônia da Costa. Nicolau fixou-se no sítio

Santa Cruz (Bela Cruz). Apolônia fixou-se no Siupé. (1)

___________________

1 Primeiro nome do rio São Gonçalo. Velho topônimo que figura em muitos documen-

tos cartográficos da época colonial. Encontrado pela primeira vez, em 1610, com a

forma de Siope. A ribeira do Siupé começou a povoar-se nas ultimas décadas do sé-

culo XVII, quando, em 1680, o Capitão Filipe Coelho de Morais obteve uma sesma-

ria. Neste documento e em vários outros da mesma natureza, o topônimo é grafado

Siupê, soando como atualmente (Siupé). Etim. Corr. de Çoo. pe, “o trilho do animal,

da caça” (Barbosa Rodrigues e Teodoro Sampaio). Mas, para Paulino Nogueira, que

segue José de Alencar, quer dizer “lugar de caça”. (Cf. POMPEU SOBRINHO,

Thomaz. Topônimos indígenas dos séculos 16 e 17 na costa cearense. Revista do

Instituto do Ceará, vol. 59, 1945. p. 203.)

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1678 – Por Carta Patente, Sebastião de Sá é nomeado Capitão-

mor do Ceará, cargo que exerceu pela primeira vez, até 11 de

setembro de 1682. Era filho de Manoel Ribeiro de Azevedo e

Madalena de Sá. Dois de seus irmãos estão ligados à história da

ribeira do Acaraú: Leonardo e Madalena. Leonardo de Sá, sogro

de Félix da Cunha Linhares, que recebeu sesmaria juntamente

com Antônio da Costa Peixoto, foi o primeiro proprietário das

terras às margens do rio Acaraú, nas proximidades da hoje ci-

dade de Sobral. Madalena de Sá – sogra de Manoel Vaz Carras-

co, pai das sete irmãs. O Capitão-mor Sebastião de Sá era tio-

avô das sete irmãs. Talvez sua alta posição de primeiro manda-

tário da Capitania condicionou a vinda de seus parentes para o

Ceará, onde se radicaram.

1681 – 7 de março – Por carta régia desta data fora criada uma

Junta de Missões, com sede em Recife. Na ocasião foi estudada

a possibilidade da criação de um curato na ribeira do Acaraú.

1683 – 23 de setembro – Registro da data de sesmaria de Mano-

el de Goes e seus companheiros Amaro Fernandes de Abreu,

Estevão de Figueiredo, Francisco Pereira Lima, Fernando de

Goes, Manoel de Almeida da Ruda e Simão de Goes de Vas-

concelos. Segundo consta da petição em que requereram a con-

cessão da sesmaria deslocaram-se de Pernambuco, tangendo

bois e cavalos “por distância de 200 léguas de matos fechados e

tapuios bárbaros” em direção ao Maranhão, até encontrarem o

Rio Acaracu. Manoel de Goes e seus companheiros requereram

para cada um, cinco léguas de comprido rio acima e quatro de

largo, duas de cada margem do dito rio. O Capitão-mor Bento

Macedo de Faria concedeu-lhes três léguas de comprido por

duas de largura a cada um dos requerentes. Toda a região da

Ribeira do Acaraú, compreendida no atual município de Bela

Cruz ficava dentro dessa sesmaria que se estendia até meia lé-

gua ao sul da sede do atual município de Marco, cujo topônimo

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tem origem numa baliza que demarcava as terras da sesmaria de

Manoel de Goes.

1689 – Nasce na Paraíba o Capitão Ângelo Dias Leitão. Casou-

se com Rosa Maria Ferreira e residia na Ribeira do Acaraú. Era

amigo de Manoel Ferreira Fonteles. Quatro filhos de Ângelo

casaram-se com filhos de Manoel Ferreira Fonteles. Destes

casais procede imensa descendência em Bela Cruz.

1700 – 25 de janeiro – O Capitão Português, Antônio da Costa

Peixoto é eleito vereador – na primeira eleição havida na pro-

víncia do Ceará – realizada em Iguape, nas proximidades de

Aquiraz. Residia no Siupé, povoação hoje pertencente ao muni-

cípio de São Gonçalo do Amarante, onde conseguiu sesmaria, a

9 de maio de 1694. Conhecemos dois de seus filhos – Apolônia

da Costa e Nicolau da Costa Peixoto, ambos ligados à história

da ribeira do Acaraú. Apolônia casou-se com o Sargento-mor

Antônio Marques Leitão, construtor da Capela de Nossa Senho-

ra da Soledade, do Siupé. Deste casal nasceram 7 filhos, dentre

os quais Quitéria Marques de Jesus, mulher do Capitão Antônio

Rodrigues Magalhães, fundadores da fazenda Caiçara (Sobral).

O outro filho – Nicolau da Costa Peixoto, casado com Paula de

Sá, fixou residência, no Sítio Santa Cruz (Bela Cruz) e foi o

doador de terras e gados para a constituição do Patrimônio da

Capela de Nossa Senhora da Conceição, no ano de 1732.

1702 – 14 de outubro – Dia importante para a história de Bela

Cruz e da Ribeira do Acaraú. São confirmadas várias sesmarias

por D. Fernando Martins Mascarenhas de Alencastro, Capitão-

Geral de Pernambuco. Entre estas sesmarias, está a que foi con-

cedida ao português Nicolau da Costa Peixoto, na região hoje

pertencente ao município de Bela Cruz. Para lá se deslocou

fixando residência. Foi ele que juntamente com Domingos

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Aguiar de Oliveira (cunhado de Manoel Vaz Carrasco) fez doa-

ção de terras para a constituição do patrimônio da Capela de

Nossa Senhora da Conceição de Santa Cruz (Bela Cruz) a 12 de

setembro de 1732. Foi também ele que vendeu terras a Manoel

Ferreira Fonteles, terras onde foi instalada a célebre Fazenda

Tucunduba. Nicolau da Costa Peixoto era casado com Paula de

Sá, filha de Leonardo de Sá, de quem teve seis filhos. Faleceu

em 1745 e seu inventário foi feito a 20 de agosto de 1746, no

sítio Araticuns. Nicolau da Costa Peixoto foi, provavelmente,

um dos primeiros colonizadores a se estabelecer no atual territó-

rio do município de Bela Cruz, entre o final do século XVII e

albores do século XVIII.

1703 – Tem início o tombamento das datas de sesmarias já con-

cedidas nas ribeiras do Acaraú e do Jaguaribe pelo Ouvidor

Cristóvão Soares Reimão, com o fim de evitar posses ilícitas.

Esta ordem deu motivo a graves rixas, inclusive lutas armadas.

Na Ribeira do Acaraú o conjunto de sesmarias concedidas a

Manoel de Goes e seus companheiros, a 23 de setembro de

1683, que media 21 léguas ao longo do Rio Acaraú, fica reduzi-

do a 9 léguas. Segundo registra o Pe. Francisco Sadoc de Araú-

jo (Cronologia sobralense, vol. I) os sesmeiros reagiram a essa

medida, a ponto de ser baixada uma Ordem Régia, a 11 de de-

zembro de 1710, autorizando o Ouvidor Soares Reimão a sufo-

car a resistência. Disse o coronel João Brígido: “Nesse ano bai-

xou uma ordem do Governo de Lisboa para que o Ouvidor

Christovão Soares Reymão (denominado Cutia) tombasse as

sesmarias concedidas no Jaguaribe e Acaracu; o que foi motivo

para grandes luctas armadas. Cutia era um magistrado de má

nota. Ficou com merecida fama de prevaricador”. (Ephemerides

do Ceará, p. 20). O historiador Antônio Bezerra, como já havia

prometido, fez a Defesa ao Desembargador Suares Reymão, a

vista dos documentos de seu tempo. “Cumpro a promessa feita

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na minha conferência realizada na Phenix Caixeiral, em 11 de

novembro de 1901, relativamente ao que escreveu o coronel

João Brígido do Desembargador Suares Reymão, (2) na Revista

do Instituto do Ceará do primeiro e segundo trimestre de 1900”.

1731 – 6 de julho – Batismo de Sebastiana de Sá e Oliveira,

filha caçula de Manoel Vaz Carrasco e Silva e Maria Madalena

de Sá. (3) Eis o texto: “Aos seis dias do mês de julho de mil

settecentos e trinta e hum nesta capella de N. S. da Conceipção

dos Tremembés, Baptizou com santos óleos por licença minha o

Rdo. Pe. Felix de Azevedo, a Sebastiana, filha legítima de Ma-

noel Vaz Carrasco e D. Maria Madalena. Foram padrinhos o

Capitão Domingos Aguiar, solteiro, e Antônia Eduarda, casada,

e moradores nesta freguezia de que fiz este termo ut supra. Isi-

doro Ruis Resplande, cura do Acaracu”. Liv. Bat. Nº1, fl. 23.

1732 – Iniciada a construção de uma capela no local hoje co-

nhecido por „Alto da Genoveva‟. O Pe. Dr. João Ribeiro Pessoa,

escreveu notícias, inseridas na Revista do Instituto do Ceará,

edição de 1888, onde registra: “3ª Capela – a de Nossa Senhora

___________________

2 E continua Antônio Bezerra: “Vamos demonstrar com documentos, alguns inéditos,

que aquella personagem não merece o epíteto que se lhe deu, e foi julgado injusta-

mente; pelo contrário, tem direito à veneração de todos, sobretudo dos cearenses,

pelo grande esforço que empregou no desenvolvimento da capitania quando come-

çava a constituir-se. Vejamos. A primeira vez que se fala no seu nome relativamen-

te a coisas do Ceará é na carta de 20 de abril de 1696, que ele dirigiu ao rei de Por-

tugal, quando Ouvidor da Paraíba, na qual lembra a conveniência de se criar câmara

com juízes, vereadores e escrivão no Ceará, pela necessidade de se fazer boa admi-

nistração da justiça; a Sua Majestade respondeu que sendo aquele negócio da obri-

gação dos Governadores, a ele não pertencia”. (Cf. BEZERRA, Antônio. Algumas

origens do Ceará. Fortaleza: Typ. Minerva, de Assis Bezerra, 1918. pp. 234-65.)

3 Sebastiana faleceu solteira, sem descendência, no dia 18 de maio de 1791, e foi

sepultada na capela de Santa Cruz (Bela Cruz). Por não ter tido filhos, não é conta-

da entre as irmãs (as famosas sete irmãs que povoaram o Vale do Acaraú). Na ver-

dade, Manoel Vaz Carrasco teve oito filhas mulheres.

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da Conceição, de Santa Cruz, erigida em 1732, segundo escritu-

ra no primeiro Livro de Capelas, de ordem do R. Dr. Visitador

Manoel Machado Freire, no ano de 1747.

1732 – 23 de agosto – Parte de Fortaleza uma expedição, vinda

de Pernambuco, chefiada por Domingos Fernandes Barbosa,

comandante do Forte das Cinco Pontas, com o fim de prender o

ex-ouvidor Antônio Loureiro de Medeiros (4) que se refugiara

na ribeira do Acaraú, exatamente na Fazenda Tucunduba, de

Manoel Ferreira Fonteles. Esta expedição constava de cinquenta

soldados pagos, um capitão, um alferes, quatro sargentos, trinta

e cinco soldados de cavalaria, cento e seis índios, dois tambores

e uma trombeta. Loureiro era inimigo dos jesuítas e quis obstar

a instalação do Hospício de Aquiraz. Procurava intrigar os je-

suítas com os missionários de outras ordens religiosas. Queria

subornar o Cel. Sebastião de Sá, (5) proprietário de muitas terras

nesta ribeira, para explorar uma suposta mina de prata existente

em sua sesmaria. Tornou-se exemplo de homem prepotente e

arbitrário. Recusando entregar a ouvidoria a seu sucessor, es-

condeu-se na ribeira do Acaraú e depois nos Inhamuns. Ordem

___________________

4 “1732 – 3 de junho – Foge de Fortaleza para a Ribeira do Acaraú o Ouvidor Antônio

Loureiro Medeiros, conhecido por suas arbitrariedades no poder judicial, em com-

panhia de seu parente João de Medeiros, protegido de um séquito armado, condu-

zindo o arquivo da Ouvidoria e da Câmara. Escolhia a Ribeira do Acaraú para sua

fuga pelo fato de ter aí um conhecido ex-vereador da Câmara de Aquiraz com quem

mantivera frequente relacionamento, o Tenente Manoel Ferreira Fonteles. Foi em

busca de Fonteles que Loureiro partiu, refugiando-se na Fazenda Tucunduba, em

uma ipueira que tomou o nome que ainda hoje conserva – Juiz. (Cf. ARAÚJO,

Francisco Sadoc de, Pe. Cronologia sobralense, vol. I,1974.)

5 Sebastião de Sá, homônimo do tio paterno que foi capitão-mor do Ceará, teve a

patente de coronel, com a qual fora autoridade máxima na ribeira do Acaraú, até

quando enfrentara a oposição de frei José da Madre de Deus, do ouvidor Loureiro

de Medeiros e outros. Vítima de cruel espancamento, consta que estava demente ao

dar entrada na cadeia da Vila de Aquiraz, em 1733, juntamente com sua mulher

Cosma Ribeiro Franca. Foram os doadores do patrimônio da capela de N. S. da

Conceição da Meruoca. Transferidos para a masmorra de Fortaleza e, posteriormen-

te, para Salvador, Sebastião faleceu, ainda sob prisão, em outubro de 1741.

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régia de 15 de dezembro manda que o Bacharel Antônio Mar-

ques Cardoso, que se encontrava na Bahia, siga para o Ceará,

com o fim de fazer devassa sobre prisões e mortes que estavam

acontecendo por resistência do ex-ouvidor.

1732 – 12 de setembro – Domingos Aguiar de Oliveira (per-

nambucano, cunhado de Manoel Vaz Carrasco, pai das sete

irmãs, aliás, oito) e Nicolau da Costa Peixoto, português, fazem

doação de terras, medindo meia légua de fundo, “40 vacas e 6

éguas”, para constituir o patrimônio da Capela de Santa Cruz

(Bela Cruz). Nesta mesma data o tabelião de notas Manoel de

Araujo Ferreira, vindo especialmente de Fortaleza, faz a Escri-

tura da referida doação. Mencionado Patrimônio foi julgado por

título canônico, pelo Visitador Pe. José Ferreira de Azevedo.

1733 – 9 de fevereiro – Casamento do Sargento-mor Antônio de

Sá Barroso, filho do Coronel Sebastião de Sá e Cosma Ribeiro,

com Ignez de Araújo Vasconcelos, filha do Capitão Manoel de

Goes e Mariínha de Araújo Vasconcelos. O pai da noiva é o

conhecido Manoel de Goes, descobridor do Rio Acaraú e que,

com seis companheiros, recebeu a primeira sesmaria, às mar-

gens do Acaraú, no ano de 1683.

1733 – 3 de novembro – Casamento de Helena, filha natural de

Nicolau da Costa Peixoto e da índia Paula Dias, (6) com Vicente

Dias, viúvo de Joana da Gama. No mesmo dia, batismo de Ma-

ximiana, filha legítima de Nicolau da Costa Peixoto e Paula de

Sá. Maximiana casou-se duas vezes. A primeira, no dia 24 de

janeiro de 1747, com Antônio Pimentel, filho de Luciano Costa

___________________

6 Era praxe, na época, o casamento ou concubinato de brancos com índias. A mestiça-

gem proliferou, nesses dias iniciais, de maneira mais ampla, certamente, do que em

qualquer outro momento do nosso passado histórico, lembra Carlos Studart Filho.

“Não havendo mulheres europeias, o imigrante era forçado a cruzar com índias, ar-

rancadas violentamente aos pais ou aos maridos, mas que, de ordinário, se mostra-

vam dóceis e complacentes aos convites dos brancos. Sentir-se-iam, talvez, enleva-

das pela preferência que lhes acordavam seres por elas julgados de essência superi-

or”. (Cf. STUDART FILHO, Carlos. O antigo Estado do Maranhão e suas Capita-

nias Feudais. Fortaleza: Imprensa Universitária do Ceará, 1960. p. 279.)

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e Catarina Pimentel. A segunda com Sebastião Dias Madeira,

filho natural de Sebastião Dias, português, e Maria de Vascon-

celos, solteira. Nicolau da Costa Peixoto teve ainda a filha Cecí-

lia que casou-se, a 12 de julho de 1746, com Antônio Ribeiro

Guimarães, português, filho de Matias Rodrigues e Margarida

Ribeiro. Outro filho de Nicolau, Antônio da Costa Peixoto Ne-

to, casou-se a 1º de outubro de 1754, com Ana Maria Cardoso,

filha de Félix Cardoso e Francisca de Sousa.

1735 – 8 de novembro – Falece Leonardo de Sá que, na hora da

morte, casou-se com a preta (7) Joana da Costa, mulher legítima

do seu irmão João de Sá, com o fim de regularizar sua vida

matrimonial. João de Sá, homem influente na região, falecera já

havia algum tempo. Leonardo de Sá teve com a cunhada cinco

filhos. Joana da Costa era mãe de Andresa, jovem de rara bele-

za, disputada pelos homens da ribeira, e que depois de ter filhos,

no tempo de solteira, casou-se com José Ferreira da Fonseca.

Ainda hoje é comum na região a beleza das mulatas. A cor mo-

rena denunciando as proezas do avô lusitano, como bem lem-

bra o poeta Márcio Catunda.

1736 – 18 de novembro – Casamento de Domingos Aguiar de

Oliveira, filho de Nicácio Aguiar de Oliveira e Maria Madalena

de Sá, com Francisca do Canto Almeida. Deste casal nasceu

Maria Patrícia, de cujo parto faleceu a mãe. Maria Patrícia ca-

sou-se com Francisco Xavier Caminha, filho de Caetano Pereira

de Brito e Teresa Jesus Pereira, a 7 de janeiro de 1766, na Cape-

la de Santa Cruz (Bela Cruz). Domingos Aguiar de Oliveira fo-

___________________ 7 “O negro trouxe uma nota alegre ao lado do português taciturno e do índio

sorumbático. As suas danças lascivas, toleradas a princípio, tornaram-se

instituição nacional; suas feitiçarias e crenças propagaram-se fora das sen-zalas. As mulatas encontraram apreciadores de seus desgarres e foram

verdadeiras rainhas. O Brasil é inferno dos negros, purgatório dos brancos,

paraíso dos mulatos, resumiu , em 1711, o benemérito Antonil”. (Cf. ABREU, J. Capistrano de. Capítulos de história colonial (1500-1800).

Brasília: Conselho Editorial do Senado Federal, 2006. p. 30.)

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ra homem de muitos bens e doara terreno para constituir o pa-

trimônio da Capela de Santa Cruz. Faleceu em maio de 1747,

em São Gonçalo da Serra dos Cocos. (8)

1742 – Neste ano nasce em Lamego (Portugal) Ignácio Gomes

Parente, filho de Manoel Gomes e Catarina Lopes. Veio para o

Brasil, bem jovem. É tronco da numerosa família Parente. Ca-

sou-se duas vezes. A primeira a 24 de novembro de 1777, com

Francisca de Araújo Costa, filha do Capitão José de Araújo

Costa (meu pentavô paterno e materno) e D. Brites de Vascon-

celos (filha de Manoel Vaz Carrasco). Casou-se a segunda vez,

a 19 de agosto de 1830, com Maria Joaquina, filha de Luís da

Silva Fialho e Ignez Maria de Jesus.

1743 – 24 de janeiro – Com idade de 70 anos falece na cadeia,

em Fortaleza, o Tenente-Coronel José Correia Peralta. Residiu

na Ribeira do Acaraú e viveu maritalmente com Andresa, céle-

bre jovem, conhecida por sua beleza. O Tenente era casado com

Maria da Assunção Marreiros.

1746 – 20 de agosto – Feito, nesta data, o inventário de Nicolau

da Costa Peixoto, casado com Paula de Sá. Foi o doador de

terras para a construção da primeira capela de Santa Cruz (Bela

Cruz). De seu inventário consta que possuía as seguintes propri-

edades: 1 – Uma légua de terra no Córrego, junto ao sítio

___________________

8 “Em meados do século XVIII era importante Vila. Quando da divisão do Curato do Acaraú foi uma das quatro freguesias a sediar um Curato, a 30

de agosto de 1757. Foi teatro de grandes conflitos políticos até 1846.

Atualmente é distrito do município de Ipueiras com a denominação de Mo-roró, em homenagem ao Padre Gonçalo Ignácio de Loyola Albuquerque e

Mello Mororó, herói do movimento republicano de 1824, que foi conden a-

do à pena última, sendo executado a 30 de abril de 1825”. (Cf. ARAÚJO LIMA, Francisco Augusto de. Soares e Araújos no Vale do Acaraú . Forta-

leza: Carvalho Serviços Gráficos, 1989.)

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Araticuns. 2 – Uma légua por duas de largura, também no sítio

Araticuns. Homem de fé e amante da boa leitura possuía muitos

livros: Reformação Cristã, Pecador Convertido, Católico no

Templo, Paraíso Seráfico, Grito das Almas, Mística Cidade,

Pequenos na terra e grandes no céu, entre outros. (9)

1746 – 24 de novembro – Casamento do português João da

Silveira Dutra com Maria Soares. Deste matrimônio nasceram:

1 – Francisco Xavier Pereira Dutra que casou-se duas vezes. A

primeira, com Floriana Coelho de Albuquerque, filha do Capi-

tão Antônio Coelho de Albuquerque e sua 1ª mulher Joana Tei-

xeira Morais, a 19 de setembro de 1771. A segunda, com Ana

Gonçalves, viúva de José de Lima Ávila, filha de João Gonçal-

ves Rosa e Floriana Furtado de Mendonça, a 14 de novembro de

1794. 2 – Maria Soares da Silveira, casada com Pedro Coelho

de Albuquerque, filho do Capitão Antônio Coelho de Albu-

querque e sua 1ª mulher Joana Teixeira Morais, a 27 de setem-

bro de 1777. 3 – Manoel Pereira Dutra, casado com Ana Maria

de Albuquerque, filha do Capitão Antônio Coelho de Albuquer-

que e sua 1ª mulher Joana Teixeira Morais, a 20 de novembro

de 1781. 4 – Ignácia da Silveira Dutra, casada com Francisco

Xavier de Vasconcelos, filho de Manoel Carlos de Vasconcelos

e Joana Correia da Silva, a 28 de abril de 1778. 5 – Antônio

Silveira Dutra, casado com Ana Maria, filha de Manoel Carlos

de Vasconcelos e Joana Correia da Silva, a 16 de novembro de

1778. 6 – João da Silveira Dutra Filho casou-se duas vezes. A

primeira, com Adriana Francisca de Araújo, filha de Jerônimo

Bezerra de Meneses e Francisca Antônia de Araújo, a 22 de se-

___________________ 9 Nertan Macedo narrando modos de vida da época, afirma: “Rezavam, como velhos

sertanejos, a sua “Missão Abreviada” e as suas “Horas Marianas”. Consultavam,

também, o seu “Lunário Perpétuo” e tinham os seus romances de cavalaria e histó-

rias sagradas, encadernados a couro”. (Cf. O Clã dos Inhamuns, 2. ed. Fortaleza:

Jornal A Fortaleza, 1967. p. 217.)

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tembro de 1784. A segunda, com Genoveva Lopes Mendonça,

viúva de Francisco Rodrigues, a 26 de junho de 1800. 7 – José

Pereira Dutra, casado com Antônia Maria, filha de José Nunes e

Eugênia Maria, a 14 de outubro de 1772, na serra da Meruoca.

Com o falecimento de Dona Maria Soares, a 29 de junho de

1765, em Olho d‟Água (Santana), João da Silveira Dutra casou-

se, em segundas núpcias, a 8 de setembro de 1766, com Maria

da Conceição Araújo. Deste matrimônio nasceram: 1 – Antônio

José do Espírito Santo, casado com Quitéria Maria da Encarna-

ção, filha de Manoel Lourenço da Costa (Filho) e Ana Maria de

Vasconcelos, a 28 de julho de 1800. 2 – Luiza Maria da Con-

ceição, casada com Amaro do Prado Leão, filho de Miguel do

Prado Leão e Ana de Sá Oliveira, uma das sete irmãs, a 20 de

junho de 1797. 3 – Joaquim Pereira Dutra, casado com Angéli-

ca Maria de Jesus, filha de Antônio Mendes de Vasconcelos e

Ana Joaquina de Jesus, a 23 de outubro de 1797, na Capela de

Santa Cruz (Bela Cruz). 4 – Manoel da Silveira Dutra, casado

com Maria Álvares Pereira, filha de Antônio Mendes de Vas-

concelos e Ana Joaquina de Jesus, a 10 de setembro de 1801.

5 – Angélica Maria da Conceição, casada com Gabriel José

Lima, filho de José de Lima Ávila e Ana Gonçalves Rosa. 6 –

Maria Raimunda da Conceição, casada com Anastácio Teles de

Meneses, filho de Joaquim Teles de Meneses e Luiza Soares de

Vasconcelos, a 28 de novembro de 1806. 7 – Quitéria Maria do

Espírito Santo, casada com Manoel Ferreira da Rocha, filho de

Francisco de Faria Almeida e Ana Ferreira Fonteles, a 4 de

julho de 1796. 8 – Ana Francisca da Encarnação, casada com

Alexandre José de Albuquerque, filho de Antônio Carvalho

Albuquerque e Joana Cavalcante, a 7 de janeiro de 1800. 9 –

José da Silveira Dutra, casado com Francisca de Araújo Costa,

filha de Pedro de Araújo Costa e Maria José de Jesus, a 20 de

novembro de 1811.

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1747 – 21 de outubro – Casamento do Capitão-mor José de

Xerez Furna Uchoa, filho de Francisco Xerez Furna e D. Inês

de Vasconcelos Uchoa, com Rosa de Sá e Oliveira, uma das

sete irmãs, filha de Manoel Vaz Carrasco e Madalena de Sá e

Oliveira. A cerimônia foi assistida pelo Visitador Pe. Manoel

Machado Freire. José de Xerez foi homem influente na Ribeira

do Acaraú. Residiu por longo tempo nos sítios Lagoa Seca e

Santa Cruz (Bela Cruz) posteriormente fixou-se em Sobral,

onde foi Juiz Ordinário e Juiz de Órfãos, bem como político de

forte liderança. Faleceu a 1º de abril de 1797. De seu casamen-

to com D. Rosa de Sá nasceram: 1 – Ana América Uchoa, bati-

zada a 20 de setembro de 1749, casada com Manoel José do

Monte, a 30 de novembro de 1769. 2 – Francisca Xavier de

Mendonça, batizada a 2 de outubro de 1751, casada com o Ca-

pitão Antônio Manoel, a 21 de setembro de 1788. 3 – Mariana

de Lira Pessoa, casada com o Capitão Antônio Álvares de Ho-

landa, filho de Domingos Alves Ribeiro e Ana de Sá Cavalcan-

te, a 21 de setembro de 1778. 4 – Padre Miguel Lopes Madeira

Uchoa, nascido a 2 de abril de 1762. 5 – Maria Manoela, nasci-

da a 6 de dezembro de 1768, casada com o Sargento-mor Fran-

cisco Antônio Linhares, a 22 de maio de 1787. 6 – Maria José

Mendonça, casada com Joaquim José Madeira de Matos, filho

de Manoel Madeira de Matos e Francisca de Albuquerque, a 8

de fevereiro de 1781. 7 – José de Lira Pessoa, nascido a 4 de

setembro de 1766, casou-se duas vezes. A primeira com Ignácia

Cavalcante de Albuquerque. A segunda com Maria Pereira Via-

na, a 26 de agosto de 1828.

1748 – 14 de junho – Com a criação da vila de Santa Cruz do

Aracati, pelo ouvidor Manuel José de Faria, foi preciso marcar-

lhe o respectivo termo, e então, reunidos os vereadores de Aqui-

raz, nesta data, assentaram em dar-lhe por termo todo o Jaguari-

be; da parte do nascente até o sítio de Jaguaribe-mirim, e da

parte do poente, até a barra do Bonabuiú. Mas como tal deter-

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minação ia prejudicar Aquiraz e Icó, propuseram na mesma

ocasião que a vila de Fortaleza fosse transferida para a Ribeira

do Acaraú, lugar chamado Caiçara (Sobral) porque então a per-

da sofrida com a cessão feita ao Aracati seria compensada es-

tendendo-se o termo do Aquiraz até o rio Mundaú, que perten-

cia à Fortaleza. A proposta da Câmara de Aquiraz deu ensejo à

troca de uma interessante correspondência. (10)

1749 – 2 de julho – Na fazenda Tucunduba é feito o inventário

de Domingos Aguiar de Oliveira, cunhado de Manoel Vaz Car-

rasco, perante o Juiz de Órfãos, Barnabé Vieira Coelho e seu

escrivão Manoel Matos Pessoa. Domingos Aguiar de Oliveira

possuíra muitos bens e, juntamente, com Nicolau da Costa Pei-

xoto, doara terras para a constituição do Patrimônio da Capela

de Bela Cruz, a 12 de setembro de 1732.

1750 – 20 de agosto – Casamento de Luis de Sousa Xerez, filho

de Francisco de Xerez Furna e Inês de Vasconcelos Uchoa, com

Ana Teresa Lins de Albuquerque, filha de João Lins de Albu-

querque e Rosa Maria Ferreira. Deste casal nasceram: 1 – João

de Sousa Xerez, casado com Ana Maria de Jesus, filha do Capi-

tão José de Araújo Costa e D. Brites de Vasconcelos (uma das

sete irmãs) a 15 de agosto de 1771. 2 – Maria Joaquina da

Conceição Uchoa, casada com Manoel Francisco de Vasconce-

los, filho de Matheus Mendes de Vasconcelos e Maria Ferreira

Pinto, a 26 de novembro de 1767. Deste matrimônio nasceram

ainda Ignácio de Sousa Uchoa, Inês Antônia de Albuquerque e

Quitéria Maria. Falecendo sua mulher, a 28 de abril de 1788,

Luis de Sousa Xerez casou-se, em segundas núpcias, a 20 de

novembro de 1789, com Quitéria Maria do Rosário. Deste se-

gundo casamento nasceram: Maria, Inês e Francisco.

___________________ 10. Cf. STUDART. Guilherme. Notas para a história do Ceará. Brasília: Senado

Federal, 2004. pp. 163-171.

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1753 – 1º de novembro – Realiza-se o casamento de Miguel do

Prado Leão, filho de Cosme do Prado Leão e Luzia da Assun-

ção Oliveira, com Ana Maria, filha de Manoel Vaz Carrasco e

Madalena de Sá. O casal foi residir no sítio Malassombrado, en-

tre Lagoa do Mato e Lagoa Seca (Bela Cruz). Deste consórcio

nasceram: 1 – José do Prado Leão, batizado a 10 de novembro

de 1754, casado com Ana Teresa da Conceição, filha de Miguel

Bezerra de Araújo e Ana Rocha Meneses, a 8 de setembro de

1775. 2 – Rosa do Prado Leão, batizada a 8 de junho de 1758,

casada com Domingos Álvares Magalhães, filho de Domingos

Álvares Magalhães e Clara da Silva Medeiros, dia 17 de setem-

bro de 1778. Rosa faleceu a 17 de junho de 1798. 3 – Manoel

do Prado Leão, batizado a 6 de setembro de 1758, casado com

Micaela Maria Machado. 4 – Martinho do Prado Leão, casado

com Genoveva Maria de Jesus, filha de Anselmo de Araújo

Costa e D. Francisca dos Santos Xavier, a 22 de julho de 1793.

Esse casal residia no local hoje conhecido por Alto da Genove-

va. 5 – Úrsula da Soledade das Onze Mil Virgens, casada com

Antônio Pereira de Sousa, filho do Capitão João Pereira de Sou-

sa e Tomásia do Espírito Santo, a 7 de janeiro de 1783.

6 – Amaro Lopes do Prado, casado com Luzia Maria da Con-

ceição, filha de João da Silveira Dutra e Maria da Conceição, a

20 de junho de 1797. Do casamento de Miguel do Prado Leão

com Ana Maria – nasceram ainda: Maria, Ignácio e Bernardino,

que faleceram criança. Miguel do Prado Leão faleceu em 1794.

1755 – 6 de junho – “Ao tempo de D. José I e sob a influência

do Marquês de Pombal, novas Leis datadas de 6 de junho de

1755 e 17 de agosto de 1758, voltadas para o povoamento da

Colônia, alteraram a legislação existente sobre os indígenas,

proibindo tratá-los pejorativamente por caboclos e favorecendo

seu casamento com pessoas de origem e raça diversa”. (11)

___________________ 11 Cf. AZEVEDO, Jorge Duarte de. Portugal & Brasil, dos Afonsinos aos Braganças.

Brasília: Senado Federal, 2008. pp. 168-69.

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1756 – 20 de agosto – Casamento de Quintiliano Dias Leitão,

filho de Ângelo Dias Leitão e Rosa Maria Ferreira, com Bibiana

Ferreira, filha do Tenente Manoel Ferreira Fonteles e Maria

Pereira. Deste casal nasceram: 1 – Quitéria Maria de Jesus,

casada com Manoel Matos do Nascimento. 2 – Manoel Ferreira

Pinto, casado com Cosma Barbosa, filha de João Pereira de

Sousa e Tomásia Pereira. 3 – Maria José de Jesus, casada com

Pedro de Araújo Costa, português, filho de Pedro de Araújo

Costa e Maria de Sá. 4 – Ana Josefa do Rosário. 5 – Vicente

José Leitão. 6 – Antônio José Leitão.

1761 – 8 de março – Nasce, na fazenda Lagoa Grande, próximo

a povoação de Santa Cruz, o Capitão Diogo Lopes de Araújo

Costa, uma das figuras de maior expressão política de seu tem-

po, nesta região do Baixo Acaraú. Era filho do Capitão-mor

português José de Araújo Costa e D. Brites de Vasconcelos. Seu

batismo ocorreu a 22 do mesmo mês e ano, na capela de Santa

Cruz, hoje cidade de Bela Cruz, sendo oficiante o Padre Jerô-

nimo da Cunha Lima. Em 1789, é eleito Vereador à Câmara

Municipal de Sobral. A 7 de agosto de 1811, o Presidente da

Província do Ceará – Dr. Luiz Borba Meneses, assina Carta

Patente, nomeando-o Capitão da Companhia do Corpo de Or-

denanças da Vila Real de Sobral. A 10 de março de 1817, re-

quer ao Presidente da Província do Ceará, Dr. Manoel Ignácio

de Sampaio, uma data de sesmaria de 3,0 léguas de terra, tendo

por sede sua fazenda Lagoa do Mato. Mencionado requerimento

foi atendido, graças ao despacho nele exarado, pelo mesmo

Presidente, em data de 18 de junho de 1817. A 22 de junho de

1833, Capitão Diogo Lopes faz testamento no 1º Cartório de

Sobral, no qual reconhece apenas 16 filhos seus, nascidos de 3

mulheres, com as quais conviveu maritalmente: 8 de Maria

Rodrigues de Sousa; 7 de Maria Ciciaca da Fonseca e 1 de An-

tônia Maria do Rosário. Faleceu no dia 18 de setembro de 1838.

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Foi sepultado na segunda Capela de Santa Cruz, justamente no

local da atual Igreja Matriz. (12) Os poderes municipais de Bela

Cruz deram seu nome a uma rua da cidade.

1761 – 16 de abril – Nasce Antônio Soares Bulcão, filho de

Cosme Soares Bulcão e Francisca de Medeiros Albuquerque.

Casou-se com Teodora Ignácia de Meneses, filha de Gabriel

Cristovam de Meneses e Bernarda Correia de Araújo. Deste

matrimônio nasceu Joana Maria de Jesus, a 7 de setembro de

1788, casada com Joaquim de Araújo Costa, filho de Pedro de

Araújo Costa e Maria José de Jesus, a 20 de setembro de 1805,

na Capela de Santa Cruz. A 2 de novembro de 1793, Antônio

Soares Bulcão é assassinado por um seu escravo. A viúva Teo-

dora casa-se, em segundas núpcias, com Antônio Mendes de

Vasconcelos, viúvo, filho de Matheus Mendes de Vasconcelos.

Deste matrimônio nasceram, entre outros: 1 – Rosa Maria da

Conceição, casada com o Tenente José Ignácio de Vasconcelos,

filho de Ignácio José de Vasconcelos e Joana da Costa Medei-

ros, a 3 de agosto de 1826. 2 – Angélica Maria de Vasconcelos,

casada com Thomaz Lourenço da Costa, filho de Antônio José e

___________________

12 Segundo a tradição oral, o Capitão Diogo Lopes era dono de uma extraordinária

perceptibilidade, e próximo à sua residência havia uma pedra – tinha uma pedra

no meio do caminho. Pois bem: Depois que perdeu a visão, todos os dias pela ma-

nhã, o Capitão sentava-se sobre aquela pedra. Pessoas amigas, querendo experi-

mentar sua pasmosa faculdade de percepção, puseram uma folha de papel sob a

pedra. E quando, na manhã seguinte, Diogo Lopes sentou-se, notou, e disse: “O

céu baixou ou a terra subiu”. O certo é que no final dos anos setenta, o artista plás-

tico Joca Lopes (bisneto do Capitão Diogo Lopes) apresentou ao público uma pe-

dra, segundo ele, pertencente ao seu bisavô. Sobre ela esculpiu a inscrição: Capitão

Diogo Lopes *1761 +1838. Esta pedra atualmente faz parte do acervo do Museu

Emílio Fonteles, na cidade de Bela Cruz. Entretanto, algumas pessoas acham que a

pedra é daqui mesmo, do quintal do Seu Joca. Mas o que vale é a criação do mito.

Com esta pedra Joca Lopes reproduzia, possivelmente sem intenção, os versos de

Fernando Pessoa: O mito é o nada que é tudo / Assim a lenda se escorre / A entrar

na realidade / E a fecundá-la decorre.

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Quitéria Maria de Vasconcelos, a 3 de agosto de 1826. Angélica

é avó paterna do Pe. Antônio Thomaz, príncipe dos poetas cea-

renses.

1764 – 27 de novembro – Na Capela de Santa Cruz (Bela Cruz)

em presença do Pe. Antônio Thomaz Serra e das testemunhas

Quintiliano Dias Leitão, Francisco Rego e João da Silveira Du-

tra, é celebrado o casamento dos filhos gêmeos de Manoel Fer-

reira Fonteles e Maria Pereira. Os irmãos casaram com duas

irmãs, respectivamente. Francisco Ferreira Fonteles Rios, ca-

sou-se com Ignácia Ferreira de Verçosa. Tomé Ferreira Fonteles

casou-se com Maria José de Verçosa, ambas, filhas do Alferes

Ângelo Dias Leitão e Rosa Maria Ferreira.

1767 – 5 de outubro – Casamento de Manoel Lourenço da Cos-

ta com Ana Maria de Vasconcelos. Ele, filho de Manoel Lou-

renço da Costa e Suzana Lourenço da Costa, naturais da fregue-

sia de Duas Igrejas, Portugal. Ela, filha de Matheus Mendes de

Vasconcelos e Maria Ferreira. Casamento realizado na Capela

de Santana, em presença do Pe. João Ribeiro Pessoa e das tes-

temunhas Capitão Manoel José do Monte, Luís de Sousa Xerez

e Francisco do Rego. Deste casal nasceram: 1 – Rosa Maria de

Vasconcelos, casada com José Gomes de Albuquerque, a 28 de

outubro de 1806, na Igreja Matriz de Sobral. 2 – Quitéria Maria

da Encarnação, casada com Antônio José, filho de João da Sil-

veira Dutra e Maria da Conceição de Araújo, a 28 de julho de

1800. Bisavós do Pe. Antônio Thomaz, o príncipe dos poetas

cearenses. 3 – Maria Lourenço da Costa, casada com Joaquim

Carneiro da Costa, a 30 de abril de 1804, na Igreja Matriz de

Sobral, filho de Manoel Carneiro da Costa e Rosa Maria da

Conceição. 4 – Ana Maria do Espírito Santo, casada com Do-

mingos da Cunha Linhares Neto, a 12 de agosto de 1788. 5 –

José Francisco de Vasconcelos, casado com Teresa Maria da

Soledade, a 22 de fevereiro de 1797. Casou-se em segundas

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núpcias com Francisca da Frota Cavalcante, a 23 de setembro

de 1819. 6 – Manoel Lourenço da Costa Neto, casado com Ana

Maria, a 22 de fevereiro de 1797. 7 – Francisco José de Vas-

concelos, casado com Nicácia Alves Pereira, a 26 de agosto de

1805. 8 – Ignácio José de Vasconcelos, casado com Joana da

Costa Medeiros, a 26 de agosto de 1805. 9 – Gonçalo José de

Vasconcelos, casado com Maria Joaquina.

1767 – 26 de novembro – Na fazenda Marco realiza-se o casa-

mento religioso do Capitão-mor Manoel Francisco de Vascon-

celos com Maria Joaquina da Conceição Uchoa, perante as tes-

temunhas Capitão-mor Manoel José do Monte, Matheus Men-

des de Vasconcelos e Luís de Sousa Xerez, com assistência do

Pe. João Salvador Aranha. O noivo, filho de Matheus Mendes

de Vasconcelos e D. Maria Ferreira; a noiva, filha de Luís de

Sousa Xerez e D. Ana Lins de Albuquerque. Deste casamento

nasceram os seguintes filhos: 1 – Ana Maria da Conceição (Ana

Joaquina) casada a 28 de outubro de 1806, com o Major Ignácio

Gomes da Frota, nascido em 1789 e falecido a 13 de março de

1859. Filho de Felipe Gomes da Frota e Josefa Dionísia Linha-

res. 2 – Josefa da Conceição Vasconcelos, casada com o Alfe-

res João Rodrigues Lima, filho do Capitão Domingos Rodrigues

Lima e D. Maria da Soledade, a 25 de novembro de 1800, na

Capela da Meruoca. 3 – Capitão Diogo José de Sousa, casado

com Constância Maria do Carmo, filha de Francisco Ferreira da

Ponte Neto e D. Maria do Carmo, a 27 de maio de 1813, na

Igreja Matriz de Sobral. 4 – José Joaquim de Vasconcelos,

casado com Maria Joaquina de Santana, filha de Antônio José

de Faria e D. Bernarda Rodrigues Coelho, a 27 de junho de

1803, na Igreja Matriz de Sobral. 5 – Alferes Manoel Ignácio de

Vasconcelos. Casou-se duas vezes: a primeira com Maria José

do Espírito Santo, filha de Manoel Ferreira Fonteles Filho e

Ana Maria da Conceição, a 25 de julho de 1787, na Capela de

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Santana. A segunda com Ana de Araújo Costa, filha de Ansel-

mo de Araújo Costa e D. Francisca dos Santos Xavier, a 7 de

outubro de 1797, na Capela da Meruoca, em presença do Frei

Vidal da Penha. Foi administrador do Patrimônio da Capela de

Santa Cruz, de 1818 a 1825. 6 – Maria Manoela, casada com

José Alexandre da Rocha, filho de Manoel Ferreira Fonteles

Filho e D. Ana Maria da Conceição, a 15 de novembro de 1795,

na Capela de Santana. 7 – Félix Francisco de Vasconcelos, ca-

sado a 8 de setembro de 1806, na Capela de Santa Cruz, com

Quitéria Maria de Jesus, filha de Manoel Ferreira Fonteles Filho

e D. Ana Maria da Conceição. 8 – Pe. Miguel Francisco Men-

des de Vasconcelos, nascido a 25 de setembro de 1786, em

Santana do Acaraú. Ordenado em Olinda, em 1812. Faleceu no

dia 18 de janeiro de 1836. 9 – Quitéria: faleceu criança. 10 –

Rita: faleceu criança.

1771 – 9 de julho – Na povoação de Caiçara é feito o inventário

de Ana Maria de Vasconcelos, uma das sete irmãs, falecida em

julho de 1770. Seu marido, Miguel do Prado Leão, foi inventa-

riante. Declarou perante o Juiz de Órfãos, Gregório Pires Cha-

ves e o escrivão Ignácio José Gomes de Oliveira possuir um

quarto de légua de terra na localidade Malassombrado, entre a

Lagoa Seca e Lagoa do Mato (Bela Cruz), avaliado em cem mil

réis. Possuía cem cabeças de gado vacum, doze bestas e quatro

escravos. O Juiz nomeou José de Xerez Furna Uchoa, seu cu-

nhado, para Curador de Órfãos, e para avaliadores dos bens,

Antônio do Espírito Santo e Roque Correia Marreiros.

1773 – 5 de julho – Em solenidade presidida pelo Ouvidor Ge-

ral e Corregedor da Comarca, João da Costa Carneiro e Sá, é

instalada a Vila Distinta e Real de Sobral. A cerimônia foi com-

posta de três partes: Instalação oficial da Vila; eleição dos

membros da Câmara e, finalmente, primeira audiência do Ouvi-

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129

dor Geral. Entre os convidados presentes que assinaram a Ata

encontravam-se três moradores do atual município de Bela

Cruz: José de Xerez Furna Uchoa, Luís de Sousa Xerez e Capi-

tão José de Araújo Costa.

1774 – 17 de abril – Na fazenda Lagoa Grande, casamento de

Ignácio Bezerra de Meneses, filho de Gonçalo João Coimbra e

D. Cosma de Melo Moura, com Maria Madalena, filha do Capi-

tão José de Araújo Costa e D. Brites de Vasconcelos, uma das

sete irmãs. Gonçalo João Coimbra, pai do noivo, é irmão de D.

Brites de Vasconcelos, por parte de mãe, uma vez que é filho de

D. Madalena de Sá e de seu primeiro marido Francisco Bezerra

de Meneses.

1775 – 1º de agosto – Na sessão da Câmara de Sobral há abertu-

ra de Pelouro (eleição) para escolha dos oficiais que servirão

durante o ano seguinte de 1776. Eis a relação dos eleitos: Juízes

Ordinários: Capitão Manoel José do Monte, José Tavares Pes-

soa. Vereadores: Capitão José de Araújo Costa (meu pentavô),

João Xerez de Sousa Uchoa, Antônio Madeira de Matos. Procu-

rador: João Gonçalves Ferreira.

1775 – 12 de novembro – Na capela de Santa Cruz, em presen-

ça do Pe. Elias Pinto, casamento de Manoel Ferreira Fonteles

Filho, primogênito do Capitão Manoel Ferreira Fonteles e Ma-

ria Pereira, com Ana Maria da Conceição, filha de Ângelo Dias

Leitão e Rosa Maria Ferreira. Deste casal nasceram os seguintes

filhos: 1 – Manoel Ferreira da Rocha, casado com Maria Joa-

quina, filha do Capitão Antônio Gomes de Albuquerque e sua

primeira mulher Maria Teresa de Jesus. 2 – José Alexandre da

Rocha, casado com sua prima Maria Manoela, filha de Manoel

Francisco de Vasconcelos e Maria Joaquina da Conceição, a 15

de novembro de 1795. 3 – Quitéria Maria do Carmo, casada

com seu primo Félix Francisco de Vasconcelos, filho de Manoel

Francisco de Vasconcelos e Maria Joaquina da Conceição, a 8

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de setembro de 1806, na Capela de Santa Cruz. 4 – Gonçalo

José do Amarante, casado com Maria Madalena de Sá, filha do

Sargento-mor Pedro Ferreira da Ponte e Catarina da Costa, a 9

de outubro de 1788, no sítio Santo Antônio, serra da Meruoca.

5 – Francisco Antônio Ferreira, casado com Teodora Maria de

Jesus, filha do Sargento-mor Pedro Ferreira da Ponte e Catarina

da Costa, a 8 de janeiro de 1800, na Matriz de Sobral. 6 – Fran-

cisco Ferreira da Rocha, casado com Ana Quitéria Gomes, filha

de João Fonseca Álvares e Maria Teresa de Jesus, a 4 de agosto

de 1796. 7 – Manoel Ignácio Fonteles, casado com Teresa Coe-

lho, filha de Pedro Coelho de Albuquerque e Maria Soares da

Silveira, a 24 de junho de 1806. 8 – Ignácio Ferreira Fonteles,

casado com Fortunata Maria Angélica, filha de Pedro Coelho de

Albuquerque e Maria Soares da Silveira, a 24 de junho de 1806.

9 – Maria do Carmo Fonteles, casada com Francisco Ferreira da

Ponte, filho do Cel. Vicente Ferreira da Ponte e Ana de Sá Me-

deiros, a 31 de junho de 1780, na Fazenda Tucunduba. 10 – Ana

Maria da Conceição, casada com seu primo, Joaquim Ferreira

de Vasconcelos, filho de Matheus Mendes de Vasconcelos e

Maria Ferreira Pinto, a 29 de julho de 1793. 11 – Tomásia Fer-

reira da Rocha, casada com seu primo, Alexandre Ferreira da

Rocha, filho de Matheus Mendes de Vasconcelos e Maria Fer-

reira Pinto, a 9 de setembro de 1792, na Capela de Santa Cruz.

12 – Luzia Ferreira Fonteles, casada com Joaquim Ferreira da

Paixão, filho do sargento-mor Pedro Ferreira da Ponte e Catari-

na da Costa, a 15 de outubro de 1787, na Fazenda Tucunduba.

13 – Rita Teresa de Jesus, casada com seu primo Alberto Car-

neiro da Costa, filho de Manoel Carneiro da Costa e Rosa Maria

de Vasconcelos, a 22 de agosto de 1806. Parte desses casais é

tronco das famílias Rocha e Fonteles em Bela Cruz.

1776 – 1º de junho – Em sessão da Câmara de Sobral toma pos-

se o Vereador Polinardo Caetano de Ataíde, eleito para substitu-

ir o Vereador José de Araújo Costa (meu pentavô) que renun-

ciou ao cargo. O novo Vereador chegou à Vila de Sobral, fugi-

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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do de Pernambuco, onde se casara e deixara a mulher. Seu ver-

dadeiro nome era José Luís Pestana de Vasconcelos. Mudou de

nome para casar com Isabel Pinto de Mesquita. (13) Ludibriou as

autoridades eclesiásticas, sendo realizado o casamento na Ma-

triz de São Gonçalo da Serra dos Cocos. Deste casamento nulo

nasceram quatro filhos: 1 – Otaviano, nascido a 5 de maio de

1773. 2 – Polinardo, nascido a 26 de agosto de 1775. 3 – Gera-

cina, nascida a 9 de novembro de 1777, casada com o Capitão

Thomaz Aquino de Sousa, de quem nasceu Thomaz Pompeu de

Sousa Brasil, (14) o célebre Senador Pompeu. 4 – Antônio, nas-

cido a 25 de novembro de 1779, quando o seu pai já estava pre-

so e remetido ao Tribunal da Inquisição de Lisboa. É que des-

coberto seu crime, Polinardo fugiu da Ribeira, ameaçado de

morte e tendo seu casamento anulado pelo Tribunal da Inquisi-

ção. Isabel, sua mulher, casou-se posteriormente, a 12 de junho

de 1783, com Gregório José Torres.

1776 – 4 de setembro – Nasce no sítio Lagoa Seca (Bela Cruz)

José de Lira Pessoa, filho de José de Xerez Furna Uchoa e Rosa

de Sá, uma das sete irmãs. Teve como padrinho de batismo o

Governador do Ceará, Antônio José Victoriano Borges da Fon-

___________________

13 Sobre a genealogia de D. Isabel Pinto de Mesquita, v. CÂMARA, Fernando. A

descendência do tenente-general Vicente Alves da Fonseca. Revista do Instituto do

Ceará, vol. 121, 2007. pp. 309-62.

14 Thomaz Pompeu de Sousa Brasil (1818-1877), advogado, senador do império e

professor do Liceu Provincial, foi, no Brasil, o precursor dos estudos de geografia,

demografia e estatística. Publicou numerosos trabalhos sobre a população cearense

e suas condições econômicas, sociais e intelectuais. Suas pesquisas sobre o clima e

as secas cearenses avultam pela seriedade, segurança e originalidade. Seu trabalho

teria continuadores em sua própria linhagem familiar: o filho Thomaz Pompeu de

Sousa Brasil e o neto Thomaz Pompeu Sobrinho constituiriam o eixo do desenvol-

vimento da geografia do Ceará, numa vigorosa sequência que honra, dignifica e

engrandece a nossa cultura. (Cf. ALCÂNTARA, José Denizard Macedo de. Rotei-

ro econômico da geografia cearense. Revista do Instituto do Ceará, vol. 75, 1961.

pp. 34-35.)

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seca, autor da famosa Nobiliarchia Pernambucana. Casou-se,

em 1793, com D. Ignácia de Holanda Cavalcante, filha de Ben-

to Pereira Viana e D. Bernarda Cavalcante de Albuquerque.

Deste matrimônio nasceram quatro filhos que deixaram descen-

dência. Com o falecimento de D. Ignácia de Holanda, José de

Lira Pessoa casou-se, em segundas núpcias, com Maria Pereira

Viana, filha de seu cunhado Capitão Bento Pereira Viana Filho

e Teresa Maria de Jesus, solteira, a 26 de agosto de 1828. Deste

matrimônio nasceram seis filhos. José de Lira Pessoa faleceu

em 1848.

1778 – 30 de julho – Carta Patente da Rainha D. Maria I, con-

cede a José de Xerez Furna Uchoa o cargo de Capitão-mor da

Vila Distinta e Real de Sobral. A 14 de dezembro, José de Xe-

rez presta juramento, em Fortaleza, perante o Governador An-

tônio José Victoriano Borges da Fonseca, para assumir o cargo

de Capitão-mor da Real e Distinta Vila de Sobral. Dele e de

seus irmãos descendem os Xerez de todo o vale do Acaraú.

1778 – 21 de setembro – Realiza-se, na Matriz de Sobral, a

cerimônia religiosa de casamentos de duas filhas do Capitão-

mor José de Xerez Furna Uchoa e Rosa de Sá Oliveira, uma das

sete irmãs. Francisca Xavier casa-se com o Capitão Antônio

Manoel da Conceição, filho de Manoel José do Monte (15) e

Luiza da Costa Maciel. Mariana de Lira casa-se com Antônio

Álvares de Holanda, filho de Domingos Ribeiro e Ana de Sá.

___________________

15 O Capitão-mor Manoel José do Monte casou-se duas vezes. A primeira com Luiza

da Costa Maciel, filha de Timóteo da Costa Maciel e Eugênia Medeiros, a 20 de

novembro de 1755; a segunda, com Ana América Uchoa, filha do capitão-mor Jo-

sé de Xerez Furna Uchoa e Rosa de Sá e Oliveira, uma das sete irmãs, a 30 de no-

vembro de 1769, na Matriz de Caiçara, Sobral. (Cf. SOUZA, Francisco Esio de.

Capitão-mor José de Xerez Furna Uchoa, o homem de seu tempo (1722-1797).

Revista do Instituto do Ceará, vol. 121, 2007. pp. 147-84.)

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ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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1780 – 20 de abril – Falece Miguel Bezerra de Meneses, com

idade de 66 anos, casado com D. Ana Rocha. Sepultado na Ca-

pela de Santa Cruz (Bela Cruz).

1781 – 8 de julho – Realiza-se o casamento do Capitão José

Alves Linhares, filho de Antônio Álvares Linhares e Ignez Ma-

deira, com sua prima Rita Teresa de Jesus, filha do Capitão José

de Araújo Costa e D. Brites de Vasconcelos. Foi Juiz Ordinário

e Vereador da Câmara de Sobral. Deste casal provêm os Linha-

res de Santa Quitéria e da Serra de Baturité. Faleceu a 16 de

outubro de 1800. Rita Teresa nasceu a 21 de janeiro de 1764 e

faleceu a 19 de junho de 1828.

1783 – 11 de dezembro – Falece a senhora Ignez de Vasconce-

los Uchoa, aos 80 anos, filha de Francisco Vaz Carrasco (filho)

e Antônia de Mendonça Uchoa. Dona Ignez casou-se duas ve-

zes. A primeira com seu primo legítimo Francisco Xerez Furna,

filho do Capitão Bartolomeu Rodrigues Xerez e D. Eugênia Vaz

da Silva. Deste consórcio Nasceram: 1 – Capitão José de Xerez

Furna Uchoa. 2 – Luís de Sousa Xerez. 3 – Rosaura Mendonça.

4 – Ana da Conceição Uchoa. Do segundo casamento de D.

Ignez de Vasconcelos Uchoa, com Lourenço da Silva Melo,

nasceram: 1 – Inocência Vaz Vasconcelos. 2 – João de Melo e

Silva.

1787 – 22 de maio – Realiza-se o casamento de Francisco An-

tônio Linhares, filho de Antônio Álvares Linhares e Ignez ma-

deira, com sua prima Maria Manoela da Conceição, filha do

Capitão-mor José de Xerez Furna Uchoa e Rosa de Sá e Olivei-

ra. Francisco Antônio Linhares nasceu a 15 de julho de 1765 e

faleceu a 10 de fevereiro de 1849. Maria Manoela nasceu a 8 de

dezembro de 1754 e faleceu a 8 de dezembro de 1846. Avós

maternos da abolicionista Maria Tomásia.

1795 – 13 de setembro – Falece, em Santa Cruz, o Capitão An-

selmo de Araújo Costa, filho do Capitão José de Araújo Costa e

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D. Brites de Vasconcelos, uma das sete irmãs. Casara a 30 de

maio de 1779, com Francisca dos Santos Xavier, filha de Ma-

noel Gomes Diniz e Maria Josefa dos Santos, naturais de Reci-

fe. Foi sepultado na Capela de Santa Cruz (Bela Cruz). O Capi-

tão Anselmo de Araújo Costa é pai da célebre Genoveva, cujo

local em que residia, ainda hoje conserva o seu nome “Alto da

Genoveva”.

1798 – 20 de fevereiro – Falece nesta data, Luis de Sousa Xe-

rez, aos 72 anos, e foi sepultado na Capela de Santa Cruz (Bela

Cruz). Era irmão do Capitão-mor José de Xerez Furna Uchoa.

Deles descendem os Xerez da Ribeira do Acaraú.

1800 – 28 de julho – Casamento de Antônio José do Espírito

Santo, filho de João da Silveira Dutra e Maria da Conceição

Araújo, com Quitéria Maria da Encarnação, filha de Manoel

Lourenço da Costa e Ana Maria de Vasconcelos (filha do Capi-

tão Matheus Mendes de Vasconcelos). Deste matrimônio nasce-

ram: 1 – Thomaz Lourenço da Costa, casado com Angélica

Maria de Vasconcelos, filha de Antônio Mendes de Vasconce-

los e sua segunda mulher Teodora Ignácia de Meneses, a 3 de

agosto de 1826. Thomaz Lourenço é avô paterno do Padre An-

tônio Thomaz, príncipe dos poetas cearenses. 2 – Luis José da

Costa, casado com Francisca das Chagas Dutra, filha de Manoel

da Silveira Dutra e Maria Álvares Pereira, a 11 de julho de

1824. 3 – José Antônio do Espírito Santo, casado com Genuína

da Conceição.

1805 – 20 de setembro – Realiza-se na Capela de Santa Cruz

(Bela Cruz) o casamento de Joaquim de Araújo Costa, filho de

Pedro de Araújo Costa e D. Maria José de Jesus, com Joana

Maria de Jesus, filha de Antônio Soares Bulcão e Teodora Igná-

cia de Meneses. O casal passou a residir no sítio Tabubas (Bela

Cruz). Deste consórcio nasceu, entre outros, Vicente Ferreira de

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Araújo que se casou a 7 de janeiro de 1843, com Teresa Rosali-

na de Vasconcelos que foram pais de Antônio Nabuco de Araú-

jo, casado com Teresa de Jesus Frota, a 27 de janeiro de 1883,

avós paternos do Pe. Francisco Sadoc de Araújo

1816 – 16 de março – Nasce, na fazenda Lagoa do Mato, vizi-

nha à povoação de Santa Cruz, Simplício de Araújo Costa, filho

do Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa. A 20 de outubro de

1850, foi eleito Vereador à Câmara Municipal de Acaraú, com

1010 votos, juntamente com seu irmão Manoel de Araújo Cos-

ta, com 1008 votos. Simplício de Araújo Costa exerceu ainda os

cargos de Tesoureiro da Câmara, Promotor de Justiça, Professor

Provincial e Alferes da Guarda Nacional, nomeado por Portaria

de 3 de junho de 1872, firmada pelo Presidente Francisco Igná-

cio Marcondes Homem de Melo.

1843 – 7 de janeiro – Casamento de Vicente Ferreira de Araújo,

nascido a 19 de novembro de 1821, filho de Joaquim de Araújo

Costa e Joana Maria da Jesus, com Teresa Rosalina de Vascon-

celos, nascida a 17 de junho de 1827, filha de José Ignácio de

Vasconcelos e Rosa Maria da Conceição. Deste matrimônio

nasceram: 1 – José de Araújo faleceu inupto. 2 – Antônio Na-

buco de Araújo, nascido a 30 de agosto de 1855, casado com

Teresa de Jesus da Frota, filha de Galdino Gomes da Frota e sua

segunda mulher Maria do Livramento Vasconcelos, a 27 de

janeiro de 1883. Antônio Nabuco faleceu a 7 de outubro de

1935. 3 – Miguel Horácio de Araújo, casado com sua prima

Constança Amélia de Araújo, filha de Miguel Francisco de A-

raújo e Pacífica Benvinda de Araújo, a 23 de fevereiro de 1884.

4 – Ana Dativa de Araújo, casada com João Batista de Paula,

filho de José Ferreira de Paula e Francelina de Paula, a 11 de

outubro de 1879. 5 – Maria Cândida de Araújo, casada com

Miguel Orcel de Araújo, filho de João Pedro de Araújo e Maria

José de Araújo, a 31 de julho de 1879. 6 – Rosa Adília de Araú-

jo, casada com José Coridon Soares, filho de Rafael Arcanjo

Soares e Maria José dos Reis, a 17 de maio de 1890. José Cori-

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don casou-se, em segundas núpcias, com Maria da Penha An-

drade, filha de Antônio Juvêncio de Andrade e Francisca Laura

Andrade, em 1894. 7 – Maria Jovina de Araújo faleceu inupta.

1849 – 12 de julho – Casamento de João Pedro de Vasconcelos,

filho de Ignácio José de Vasconcelos e Joana da Costa Medei-

ros, com Maria Lourença da Frota, filha de Galdino Gomes da

Frota e sua primeira mulher Ana Joaquina da Frota. Deste ma-

trimônio nasceram 10 filhos; 6 mulheres e 4 homens, entre es-

tes, Miguel Arcanjo de Vasconcelos, casado com Antônia Maria

Freire, filha de José Freire Benjamim e Rosalina Freire, a 18 de

janeiro de 1876.

1849 – 31 de julho – Criado o município de Acaraú, por força

da Lei nº 480, desta data, sancionada pelo Presidente da Provín-

cia do Ceará – Fausto Augusto de Aguiar. O território da nova

unidade cearense, desmembrado do município de Sobral, a-

brangia toda a área que hoje integra os municípios de Acaraú

até Santana do Acaraú, totalizando 5.069 km².

1850 – 26 de agosto – Nomeadas as primeiras autoridades para

o recém-criado município de Acaraú – Juiz Municipal: Antônio

José Rodrigues; Promotor de Justiça: Simplício de Araújo Cos-

ta; Escrivão: José Ignácio Pessoa; Delegados: Joaquim Carneiro

da Costa, Manoel Carneiro da Costa, Manoel Ignácio de Vas-

concelos, Luís Pereira Brandão e José Antônio Teixeira.

1851 – 5 de fevereiro – Ocorre a instalação do município de

Acaraú, com a posse de seus vereadores: José Victor Memória,

Simplício de Araújo Costa, Manoel de Araújo Costa, Pe. Luís

Martins dos Santos, José da Costa Gadelha e Joaquim Domin-

gues Terceiro. José Victor Memória foi eleito Presidente, para

exercer, cumulativamente, os poderes executivo e legislativo do

novo município.

1854 – 6 de junho – Criada, nesta data, a Diocese do Ceará, pela

Bula “Pro animarum salute”, do Papa Pio IX. As paróquias do

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Ceará que até então pertenciam à Diocese de Olinda, passam a

pertencer a Diocese do Ceará.

1856 – 23 de fevereiro – Ofício da Câmara é dirigido ao Presi-

dente da Província do Ceará pedindo para pôr em quarentena os

barcos que chegam de Pernambuco ao porto de Acaraú, já que

em Recife está grassando o cólera-morbus e poderá ser transmi-

tido aos habitantes da ribeira do Acaraú.

1866 – Nasce, em Santa Cruz, o líder comunitário Gabriel Flo-

rêncio, casado com dona Maria da Anunciação. Foi um constan-

te lutador pelo progresso de sua terra, que representou na Câma-

ra Municipal de Acaraú, de 1910 a 1914. O montante de seus

descendentes é o seguinte: 2 filhos, 10 netos e 10 bisnetos. Fa-

leceu a 20 de setembro de 1939. Os poderes municipais de Bela

Cruz deram seu nome a uma rua da cidade.

1872 – Construído o primeiro cemitério em Santa Cruz, sob a

direção do virtuoso Pe. José Antônio de Maria Ibiapina, quando

ali esteve em missões. Antigamente, os mortos eram sepultados

nas igrejas, razão porque as capelas de Santa Cruz, tanto a pri-

meira, construída em 1732, quanto à segunda, construída em

1798, no local onde ainda hoje permanece, serviram de cemité-

rio durante longo tempo. (16)

1874 – 6 de dezembro –É instalado, na cidade de Acaraú, uma

Associação Civil, intitulada Fundo de Libertação, com o objeti-

vo de angariar recursos financeiros para libertar escravos. Esta

associação tinha no cargo administrativo o santacruzense Rai-

mundo Nonato de Araújo. De uma relação dos escravos existen-

tes no município de Acaraú, organizada em data que não sabe-

mos precisar, arrolamos os nomes dos senhores de escravos da

___________________

16 “Enterravam-se os cadáveres nas igrejas. Só a pouca população explica a

ausência de epidemias. Da higiene pública incubiam-se as águas das

chuvas, os raios do sol e os diligentes urubus”. (Cf. ABREU, J. Capistra-

no de. Capítulos de história colonial (1500-1800). Brasília: Conselho Editorial do Senado Federal, 2006.)

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então vila de Santa Cruz, com os respectivos números de

peças: 1 – Ana Fonteles da Rocha: 05 peças; 2 – Diogo

Lopes de Araújo Costa: 02 peças; 3 – Florêncio José de

Moraes: 01 peça; 4 – Francisco Joaquim de Araújo: 07

peças; 5 – Geraldino Lopes de Araújo: 01 peça; 6 – José

Pereira da Rocha: 02 peças; 7 – Joaquim de Araújo Costa:

03 peças; 8 – José Romão de Carvalho: 01 peça; 9 – João

de Araújo Costa: 02 peças; 10 – José Joaquim da Silveira:

02 peças; 11 – João Pedro da Silveira: 02 peças; 12 – Lú-

cio Lopes de Araújo Costa: 03 peças; 13 – Miguel Ferrei-

ra Fonteles: 03 peças; 14 – Manoel Lopes da Silveira: 02

peças; 15 – Manoel Araújo Costa Filho: 05 peças; 16 –

Manoel Antônio de Vasconcelos: 02 peças; 17 – Pedro

Marques da Rocha: 02 peças; 18 – Rufino Lopes de Araújo

Costa: 07 peças; 19 – Raimundo Nonato de Araújo Costa:

01 peça; 20 – Venâncio Lopes Araújo Costa: 03 peças; 21

– Vicente Lopes de Araújo Costa: 02 peças; 22 – Vicente

Ferreira da Silveira: 01 peça. (17)

___________________

17 Nesta época “o braço escravo havia diminuído muito, com a venda de negros para

outras províncias, com a morte de grande parte e as fugas de outros, tudo em con-

sequência da seca de 45. Grande parte da escravatura da província foi vendida para

remir as necessidades de seus possuidores, afirma Théberge, sendo exportados pa-

ra outras províncias do império, o que deu causa a definhar ainda mais a pouca a-

gricultura adotada. Os jornais do tempo se acham repletos de avisos ao público a-

nunciando tais fugas e fornecendo os sinais de identificação dos foragidos. Expli-

ca-se dessa forma o elevado preço das peças, notadamente os moços e fortes, “fi-

guras bonitas” e os conhecedores de ofício ou arte, que eram vendidos até por

1:000$000. Foi preciso a decretação de pesado imposto para coibir a saída de cati-

vos do território da província. O Senador Pompeu calcula que de 1845 a 1862 se

exportaram mais de 5.000 escravos, não contados os que escapavam à ação do fis-

co, em grande número”. (Cf. GIRÃO, Raimundo. História econômica do Ceará.

Fortaleza: Instituto do Ceará, 1947. p. 339.); Na verdade “o afluxo de negros para

o sertão foi sempre diminuto”, lembra Thomaz Pompeu Sobrinho, adiantando que

“a indústria pastoril rudimentar não exigia muita gente e para o labor dos campos

de pastoreio tornara-se melhor o índio livre (ou os seus valentes descendentes). Por

outra parte, a mortalidade, maior do que a de qualquer outro elemento, e as secas

calamitosas abriam claros sensíveis nos escravos”. (Cf. Povoamento do Nordeste

Brasileiro, in: Revista do Instituto do Ceará, vol. 51, 1937. p. 135.)

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1884 – 21 de setembro – Nasce, na localidade de Tapera, Roque

Lopes de Araújo Costa. Filho de Venâncio Lopes de Araújo

Costa e D. Maria da Penha Araújo. Era o segundo filho do ca-

sal, pois seu pai casara-se duas vezes e nasceram treze filhos.

Fez seus estudos iniciais em Santa Cruz, com o professor Nicá-

cio Barbosa Cordeiro. Casou-se em 1910, com Maria Enedina

Araújo, filha do capitão Antônio Raimundo Araújo e Maria José

Araújo. Desse casamento nasceram seis filhos – Maria Alda

Araújo, Francisco Luis Araújo, José Abdon Araújo, Manoel

Cleôncio Araújo, Rita Odília Araújo e João Dionísio Araújo.

Era comerciante e agropecuarista estabelecido em Tapera, trans-

ferindo-se mais tarde para a localidade de Tabuleirinho, onde

permaneceu até 1920, quando faleceu sua esposa. Em 1921

retorna à Tapera, onde possuía uma fazenda de gado e uma

faixa de terra de carnaubal. Residia em um enorme casarão e,

anexo ao seu estabelecimento comercial, mandou construir uma

grande sala a que chamou “sala da escola”, mantendo sempre

uma professora de Acaraú, com a finalidade de alfabetizar seus

filhos e as demais crianças da vizinhança, tendo ministrado

aulas as professoras Maria Jordele Araújo, Maria Lindaura Ara-

újo e Francisca Doralice Araújo. Era um líder da região, procu-

rando sempre resolver as necessidades de seus conterrâneos,

amigos e familiares. Encarregava-se das festas religiosas, tra-

zendo o Padre para a celebração da Páscoa e a tão esperada

Festa de São João, padroeiro do povoado. Nunca ocupou cargo

político por opção sua; nomeado delegado não assumiu, para

não praticar injustiças. Tinha grandes amigos políticos – coro-

nel Manoel Duca da Silveira, Manoel Fabião Silveira, José de

Paula Pessoa, deputado Manoel Gomes Sales e outros. Comer-

ciante, fez boas amizades com seus fornecedores nas cidades de

Fortaleza, Sobral, Granja e Acaraú. Contraiu segundo casamen-

to com Francisca Avelino Araújo, desse enlace nasceram sete

filhos – Francisco Diomar Lopes Araújo, (sacerdote) falecido

em Recife, em 1982, Francisca Denilda Araújo, Geralda Gracil-

des Araújo, Francisca Doralice Araújo, Francisco Djacir Araú-

jo, Francisca Theresinha de Jesus e Francisca Sineida Araújo.

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ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

140

Em 1953, passou a residir em Bela Cruz, na Rua Padre Odécio.

Era católico praticante, assistia missa diariamente e recitava o

terço em família. Saudável, alegre, gostava muito de cantar e

sempre fazia em voz alta, sendo sua música favorita o Salmo

23: “Tu és meu pastor, ó Senhor / nada me faltará / Se me con-

duzis”. Viveu 84 anos, vindo a falecer a 14 de agosto de 1968.

Roque Lopes de Araújo Costa era meu tio-avô.

1888 – 7 de março – Criação do Juízo de Paz e do Cartório de

Registro Civil de Santa Cruz (Bela Cruz). Esse cartório foi cria-

do pela lei provincial nº 1896, firmada pelo Dr. Antônio Caio

da Silva Prado. Era destinado ao registro de nascimentos e óbi-

tos e, posteriormente, de casamentos. Antes, os registros de

nascimentos e óbitos eram feitos nos livros da Capela. O pri-

meiro juiz de paz nomeado para a povoação de Santa Cruz foi o

Sr. João Lopes de Araújo, pai do poeta Nicodemos Araújo.

1894 – 14 de dezembro – Nasce, em Santa Cruz, na fazenda

Timbira, Francisco das Chagas Silveira. Filho de João Batista

Fonteles e D.Guilhermina Maria da Silveira. Foi batizado pelo

Pe. Francisco Teótime de Maria Vasconcelos, tendo como pa-

drinhos Albano José da Silveira e Maria do Carmo Silveira. Em

1904, matriculou-se na escola do professor Nicácio Barbosa

Cordeiro, onde cursou até o terceiro ano; terminado o curso,

continuou na agricultura e na pecuária. Foi eleito vereador à

Câmara Municipal de Acaraú, assumindo a 2 de janeiro de

1948, onde representou o distrito de Bela Cruz. Casou-se com

Maria Raimunda Silveira, a 27 de março de 1915. Desse enlace

matrimonial nasceram 22 filhos, entre estes o Prefeito de Bela

Cruz – José Ludgero da Silveira. Exerceu os cargos de Subde-

legado de Polícia, Agente da Coletoria de Bela Cruz e presiden-

te da Associação Rural de Bela Cruz, da qual foi o fundador.

Faleceu a 23 de julho de 1973. Dona Raimunda, nasceu em

Santa Cruz, a 15 de setembro de 1895, filha de Livino José da

Silveira e D. Antônia Maria da Silveira. Faleceu a 14 de feve-

reiro de 1983.

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1900 – 3 de março – Assinada pelo Presidente da República M.

Ferraz de Campos Sales, a nomeação do santacruzense Miguel

Lopes de Araújo Costa para o posto de Capitão Cirurgião do

49º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional: “O Presidente

da República dos Estados Unidos do Brasil. Faço saber, aos que

esta Carta Patente virem que, por decreto de 22 de outubro de

1898, foi nomeado Miguel Lopes de Araújo Costa, para o posto

de Capitão Cirurgião do 49º Batalhão de Infantaria da Guarda

Nacional da Comarca de Acaraú, Estado do Ceará, e como tal

gozará de todas as honras e direitos inerentes ao posto; pelo que

mando à autoridade competente que lhe dê posse depois de

prestado a solene promessa de bem servir, aos Oficiais superio-

res que o reconheçam, e a todos os seus subalternos que lhe

obedeçam e guardem suas ordens. Para servir de título, lhe

mandei passar a presente Carta por mim assinada, o que lhe

cumprirá depois de selada com o selo das Armas da República.

Palácio da Presidência no Rio de Janeiro, em três de março de

mil novecentos, décimo segundo da República”.

1904 – Construção de um cemitério de alvenaria, na povoação

de Santa Cruz. Os trabalhos foram dirigidos pelo Pe. Joaquim

Severiano de Vasconcelos, tendo à frente os líderes comunitá-

rios Miguel Lopes de Araújo Costa, Galdino Lopes de Araújo,

José Lopes da Silveira, José Fonteles da Silveira, Raimundo

Nonato da Silveira, Manoel Antônio Morais e outros. Esse ce-

mitério, construído no local onde hoje está o Instituto Imaculada

Conceição, serviu a comunidade até 1917, quando foi construí-

do outro cemitério no hoje bairro de Brasília.

1904 – 18 de novembro – Nasce, em Acaraú, Ceará, Maria

Florinda dos Santos – Professora Marieta Santos – filha de

Manoel Martins dos Santos e D. Raimunda Florinda dos

Santos. Viveu sua infância e juventude na casa de seus

avós – Belisário César da Silva Lopes, escrivão, e Maria

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Encarnação Silva. Fez o Curso Primário em Acaraú; o Se-

cundário, no Colégio Sagrado Coração, das Irmãs Dorotei-

as, em Fortaleza. Ainda na Capital cearense, ingressou no

Curso de Formação de Professores, obtendo classificação,

em 1923, sendo nomeada professora. Desempenhou suas

funções na Escola Isolada de Santa Cruz, depois, Escolas

Reunidas de Bela Cruz, criada a 16 de setembro de 1942,

por ato do Interventor Dr. Francisco Menezes Pimentel.

Casou-se em 1930, com um filho de Bela Cruz – Anselmo

Celso de Vasconcelos. Participou, ativamente, da vida

social e política de Bela Cruz. Dona de estilo fluente, dis-

cursava nas festas cívicas e religiosas da comunidade, as-

sim como estimulava seus alunos nas aulas de canto e poe-

sia. Foi modelo de educadora, fiel à pedagogia de sua épo-

ca. A professora Marieta Santos é patrimônio Cultural de

Bela Cruz. Por justiça e merecimento foi homenageada,

dando nome à Escola de 1º e 2º Grau Professora Marieta

Santos. Faleceu em Fortaleza, a 13 de setembro de 1966,

tendo residido em Bela Cruz, 43 anos, dos quais, 26 dedi-

cados à educação.

1905 – 23 de fevereiro – Nasce na localidade de Lagoa Grande,

José Anselmo de Araújo (José Diogo), filho de Francisco das

Chagas de Araújo e dona Francisca das Chagas de Araújo. Ca-

sou-se com a senhora Joana Alice de Araujo. Deste matrimônio

nasceram treze filhos, dos quais cinco sobreviveram. Em 1935

passaram a morar em Santa Cruz, onde José Diogo militou na

agricultura, na pecuária, no comércio e na política. A 3 de outu-

bro de 1958, realizaram-se as primeiras eleições em Bela Cruz,

para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereadores do muni-

cípio. Foram eleitos prefeito e vice-prefeito, respectivamente, os

Srs. Mário Domingues Louzada e José Anselmo de Araújo.

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Para a Câmara Municipal foram eleitos os vereadores – Benedi-

to Lopes da Silveira, Geraldo Fonteles de Carvalho (Geraldo

Bernardino), Geraldo Silveira Rocha (Geraldo Pedro), João

Osmar Araújo, João Batista da Rocha (Batista Pereira), Marino

Pereira Brandão e Raimundo Magalhães Rocha (Doca Rocha).

A 25 de março de 1959, acontece, em clima de autêntica festa

comunitária e política, a instalação oficial do município de Bela

Cruz, com a posse do prefeito e vice-prefeito, perante a Câmara

Municipal, então instalada. Mário Domingues Louzada dirigiu o

poder executivo da nova unidade cearense, até o dia 19 de de-

zembro de 1961, quando faleceu repentinamente, assumindo o

cargo José Anselmo de Araújo, que governou até 25 de março

de 1963, deixando de sua administração uma gama de realiza-

ções honestas. A 15 de fevereiro de 1959, ocorre na Igreja Ma-

triz de Bela Cruz, com expressiva presença de fiéis, a ordenação

sacerdotal do Padre Benedito Walter de Araújo, filho de José

Anselmo e dona Joana Alice. Padre Walter foi professor de

História Universal, Inglês, Francês e Grego. Deixou uma larga

folha de serviços prestados à Igreja, em alguns Estados da Fede-

ração Brasileira, onde exerceu sua missão apostólica. Nasceu a

2 de setembro de 1931 e faleceu a 18 de novembro de 1996.

José Anselmo de Araújo – presenciou a história e o desenvol-

vimento de Bela Cruz, durante um século. Faleceu no dia 29 de

junho de 2006, aos 101 anos de idade, deixando a marca de sua

atuação nos movimentos aqui registrados, visando o engrande-

cimento de sua terra natal.

1905 – 10 de março – Nasce em Bela Cruz, o poeta e historia-

dor Nicodemos Araújo. Filho de João Lopes de Araújo e dona

Francisca Silveira Lopes. Em Acaraú, representou o distrito de

Bela Cruz, na Câmara Municipal, durante o período de 14 de

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março de 1928, a outubro de 1930, perdendo o cargo em virtude

do movimento revolucionário, daquele ano. Em 1936, foi eleito

novamente vereador, assumindo até novembro de 1937, quando

foi estabelecido o Estado Novo pelo Presidente Getúlio Vargas.

Durante vários anos foi Redator-Chefe do Jornal O Acaraú.

Publicou seu primeiro soneto, intitulado Virgem da Conceição,

no jornal A Comuna, edição de 15 de maio de 1923, editado na

cidade de Acaraú. Em 1933, juntamente com o amigo João

Venceslau Araújo – Joca Lopes funda, em Bela Cruz, o Jornal

Alvorada e uma pequena biblioteca. Estreou na literatura em

1935, com o livro de poemas Harmonia Interior, período

em que o Brasil passava – política e socialmente – por

uma série de transformações: Eleição de Getúlio Vargas,

em 34; sublevação comunista, em 35 – resultando, em 37,

na dissolução do Congresso e na implantação do Estado

Novo, que se estenderia até 45. Escreveu valiosos trabalhos

sobre a região norte do Ceará, notadamente, sobre Bela Cruz e

Acaraú. É autor de 12 livros de poesias, 12 de história, com

incursão pelo teatro, biografia e genealogia. Pertenceu a Aca-

demia Sobralense de Estudos e Letras, Academia Cearense de

Letras, Academia de Letras Municipais do Brasil e a União

Brasileira de Escritores. Faleceu na cidade de Acaraú, a 23 de

junho de 1999, sendo sepultado, no dia seguinte, em Bela Cruz,

sua cidade natal.

1905 – 5 de maio – Nasce, em Bela Cruz, José de Arimatéa

Freitas, filho de Vicente Lopes de Araújo Neto e dona Maria

Luiza da Silveira. Batizou-se a 20 de junho do mesmo ano,

sendo oficiante o Vigário Pe. Joaquim Severiano de Vasconce-

los (Liv. 20, p. 181) tendo como padrinhos José Fonteles da

Silveira e dona Maria Especiosa da Conceição. Passou sua in-

fância em Santa Cruz, juntamente com os irmãos e primos Ni-

codemos Araújo e Joca Lopes. Na juventude viajou por diversos

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estados do Brasil, mas a cidade que jamais lhe saiu da memória

foi São Luís do Maranhão. Voltando à sua terra natal, casou-se,

em 1941, com sua prima, dona Maria Rios de Araújo, nascida a

10 de julho de 1918, e falecida a 16 de novembro de 2001, filha

de Salvino Lopes de Araújo Costa e dona Isabel Rios de Araújo,

sendo celebrante o Pe. Sabino de Lima Feijão, vigário da paró-

quia de Acaraú. Desse enlace matrimonial nasceram 12 filhos,

dos quais 7 sobreviveram. Faleceu a 22 de fevereiro de 1995.

São esses os pais do autor destas notas.

1906 – 27 de janeiro – Nasce, em Bela Cruz o compositor, de-

senhista e escultor João Venceslau Araújo, filho do Capitão

Miguel Lopes de Araújo Costa e d. Maria José de Araújo. Eleito

vice-prefeito de Bela Cruz, em duas legislaturas. Detentor de

uma inteligência polimorfa – Joca Lopes, como era conhecido –

foi escultor, compositor, desenhista, xilógrafo, pintor, etc. Era

também manufator de instrumentos musicais e cultivava chara-

das, enigmas, logogrifos e outros, colaborando em várias publi-

cações do gênero. Em 1933, juntamente com os amigos Nico-

demos Araújo e Manoel Fonteles, funda em Bela Cruz o jornal

Alvorada, impresso na gráfica O Acaraú. Em junho do mesmo

ano, funda um Salão de Leitura que perdurou poucos anos, po-

rém, bastante frequentado, prestando bons serviços à juventude

estudiosa. Em 1938, juntamente com o Sr. Emílio Fonteles, à

frente da Conferencia Vicentina, edifica em Bela Cruz, a Igreja

de São Vicente de Paulo, inaugurada em 1945, quando estava

aparelhada de todos os requisitos exigidos para as celebrações

dos atos religiosos. Entre suas esculturas, merece destaque es-

pecial a imagem da Virgem de Fátima, que se encontra sobre o

monumento, na entrada da cidade, inaugurado a 1º de janeiro de

1957. Esse modesto esboço sobre Joca Lopes não ficaria com-

pleto se não se dissesse algo sobre suas preferências literárias.

Tinha muita admiração pelos grandes poetas do passado, falava

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de suas obras com pleno conhecimento, pois desde muito jo-

vem, era amigo da boa leitura, sabendo tirar proveito de suas

lições. Em várias ocasiões ouvi Seu Joca dizer: “A poesia che-

gou ao apogeu com Luis de Camões e depois dele decaiu”. Foi

também de sua iniciativa a construção do Prédio dos Marianos,

hoje, Centro Pastoral Monsenhor Odécio. Foi por vários anos

professor de música, do Instituto Imaculada Conceição. É autor

de inúmeras composições, destacando-se o Hino de Bela Cruz,

em parceria com o poeta João Damasceno Vasconcelos. Faleceu

no dia 4 de junho de 1995.

1912 – 5 de abril – Nasce, em Bela Cruz – o tabelião Afonso

Celso Araújo – filho de João Lopes Araújo e d. Francisca Sil-

veira Lopes. Casou-se a 22 de maio de 1943, com Narcisa Nor-

berta Maranhão. Foi funcionário público em Bela Cruz e Aca-

raú por cuja Câmara foi vereador. Em Bela Cruz fundou o Clu-

be Recreativo Belacruzense e a Associação Esportiva e Educa-

cional de Bela Cruz. Em Acaraú fundou e manteve a Sociedade

Artística Pe. Arimatéa Diniz e a Escola Professor Nicácio. E-

xerceu o cargo de Oficial do Registro Civil, durante 18 anos.

1912 – 11 de abril – Nasce o Pe. Francisco Olinto de Araújo.

Filho de José Aprígio de Araújo e D. Felizmina de Araújo Lei-

tão. Fez seus primeiros estudos em Sobral, Filosofia e Teologia

no Seminário Maior de Fortaleza. Ordenado a 21 de setembro

de 1935, por Dom José Tupinambá da Frota. Celebrou sua pri-

meira missa em Bela Cruz, a 29 de setembro. Trabalhou em

Reriutaba, Sobral, Belém do Pará e Rio de Janeiro. Faleceu a 20

de novembro de 2001. A Missa de corpo presente foi celebrada

por Dom Eusébio, Arcebispo do Rio de Janeiro.

1913 – O Líder santacruzense Capitão Miguel Lopes de Araújo

Costa manda construir, na hoje Rua Nicolau Peixoto, da cidade

de Bela Cruz, um conjunto de dez quartos de alvenaria, destina-

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dos ao comércio, denominado de Feirota. A construção da obra

foi executada pelo pedreiro José Fortunato da Paixão. Esses

prédios desabaram em consequência das enchentes do Rio Aca-

raú, ocorridas em 1924. No mesmo local, posteriormente, foi

construído um prédio que serviu de sede para as escolas reuni-

das de Bela Cruz. Esse imóvel, abandonado pela comunidade a

que tanto serviu, desmoronou em 1996.

1914 – O Capitão Miguel Lopes de Araújo Costa adquire o

primeiro gramofone, na povoação de Santa Cruz. Aparelho que

reproduzia o som em discos, através de um enorme funil, com

músicas da Casa Edson, do Rio de Janeiro, cantadas pelo Mário.

O gramofone do Capitão Miguel Lopes constituiu um grande

sucesso para a comunidade. O poeta Nicodemos Araújo, no seu

livro Cronologia de Bela Cruz, faz o registro.

1917 – 26 de março – Nasce, em Bela Cruz, José Ludgero da

Silveira, filho de Francisco das Chagas Silveira e Maria Rai-

munda Silveira. Casou-se com D. Franci Lousada de Sousa. Foi

eleito Prefeito Municipal de Bela Cruz, a 15 de novembro de

1966, assumindo o cargo a 25 de março de 1967, com mandato

até 1971. De seu enlace com D. Franci, nasceram 11 filhos,

entre estes, Júlio França de Sousa Neto, Prefeito de Bela Cruz.

1917 – 19 de dezembro – Nasce, na localidade de Marquinho,

Bela Cruz, Raimundo Jovino Vasconcelos. Passou sua infância

e juventude no vizinho município de Marco, mais precisamente

na localidade Batim, onde casou-se com d. Rita Zilmar Vascon-

celos. Ali fez sociedade com seu sogro Teófilo, numa panifica-

dora que abastecia de pães e derivados, todo o povoado. Após

exercer o cargo de vereador do município de Marco, ingressa no

ramo da agropecuária, sobressaindo-se como beneficiador de

cera de carnaúba. Em 1960, volta a residir na cidade de Bela

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Cruz, na Rua Pe. Odécio, onde prossegue com suas atividades

de agropecuarista. Em 1965, juntamente com seu cunhado Ma-

nuel Teófilo e Jaime Osterno, funda em Bela Cruz a Indústria–

Agricultura, Castanha e Óleos Ltda. IACOL, de beneficiamento

de castanha de caju, sendo toda sua produção exportada para os

Estados Unidos. Mesmo com as atividades de agropecuarista e

industrial bem sucedido, em 1972, Raimundo Jovino resolve

enfrentar mais uma batalha – disputando as eleições para Prefei-

to de Bela Cruz. Vitorioso na campanha eleitoral assume a Pre-

feitura no período de março de 1973 a março de 1977. Na sua

administração, implantou o que seria o início do progresso do

município – para citar algumas obras: foram construídos: Gru-

pos Escolares nas localidades de Correguinho, Matriz e Arati-

cuns; ponte sobre o Riacho São Gonçalo; expansão da rede de

energia elétrica; construção de um cemitério no distrito de Pra-

ta; Mercado Público nas localidades de São Gonçalo e Riacho

da Prata; instalação do Posto da Teleceará; implantação do

FUNRURAL, para aposentadoria dos idosos; construção do

Matadouro Municipal, no bairro de Brasília; Poços Profundos

para abastecimento d‟água da CAGECE; calçamento das ruas

Padre Odécio, São Vicente, Domingos Aguiar e outras; sendo

ainda o prefeito que mais contribuiu para a formação da primei-

ra turma de Universitários de Bela Cruz, na Universidade Vale

do Acaraú – UVA. Após relevante administração do município,

transferiu suas atividades de industrial da castanha de caju para

ceramista, fundando em 1980, a Cerâmica Santa Cruz Ltda.,

gerando mais empregos para a classe trabalhadora. Sentindo a

necessidade de uma educação teórica mais profunda para seus

filhos, enviou para Fortaleza os que tiveram maior interesse em

expandir seus conhecimentos, obtendo assim o sonho de forma-

turas na família. Com sua saúde abalada devido o diabetes veio

a falecer em Fortaleza, no dia 22 de novembro de 1989.

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1918 – 7 de setembro – Inaugurada a Casa Paroquial. Construí-

da pelo Padre Antônio Thomaz, para hospedagem dos padres

que demorassem na povoação. À frente dessa construção esteve

o Sr. João Batista da Silveira – João Albano, falecido a 28 de

março de 1918. Com a criação da Paróquia de Bela Cruz e a

vinda do Padre Odécio, a casa fora reformada e ampliada, fi-

cando então capaz de oferecer hospedagem aos Bispos e suas

comitivas, nas visitas pastorais. Padre Odécio, ali residiu duran-

te 60 anos. A casa hoje abriga o Museu Emílio Fonteles.

1919 – 12 de março – Nasce, na serra da Meruoca, Vicente de

Paulo Matos, filho de João Rodrigues de Matos e D. Raimunda

Pereira Lopes. Quando criança serviu de guia para seu pai que

era cego. Foi trabalhador desde a adolescência, arrimo de famí-

lia e pequeno comerciante. Casou-se, aos vinte anos de idade,

com D. Maria Carolina da Rocha, filha de Abílio César da Ro-

cha e D. Maria Augusta da Rocha, naturais de Bela Cruz. Desse

consórcio nasceram 22 filhos. Nunca frequentou a escola, entre-

tanto, com certa dificuldade, conseguia ler alguns escritos, in-

clusive, livros sobre plantas medicinais. Porém, graças a sua

religiosidade e esforço chegou a ler a Bíblia Sagrada, completa,

diversas vezes. Para as pessoas mais humildes, foi conselheiro,

orientador espiritual e médico pelo consenso popular. Seu pai

veio da Meruoca para Bela Cruz, em 1920, trazendo-o com

apenas 1 ano de idade, segundo me contou, em visita que lhe

fiz, dias antes de sua morte. Foi membro da Congregação Mari-

ana e participou do Grupo de Dirigentes do Dia do Senhor.

Homem afeito ao trabalho, caridoso, bom esposo e de grande

dedicação à família, Vicente de Matos, é nome que honra a

cidade de Bela Cruz. Faleceu no dia 27 de março de 2007.

1920 – 30 de junho – Nasce, em Bela Cruz – a professora Ge-

ralda Lopes Araújo, filha de João Lopes Araújo e d. Francisca

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Silveira Lopes. Em 1935, já adolescente, passou a residir na

cidade de Acaraú, com seu irmão Nicodemos Araújo. Lá estu-

dou no Grupo Escolar Pe. Antônio Thomaz. Em 1938, fez con-

curso para professora municipal, sendo aprovada e nomeada

para ensinar em Bela Cruz. Depois de alguns anos foi transferi-

da para a cidade de Acaraú, onde ensinou na Escola Normal

Virgem Poderosa e no Externato São Vicente de Paulo. Nesta

mesma época, cursou o 3º Pedagógico. Em 1953, volta à sua

terra, casando-se com Abdon de Murilo Zacas. Dessa união

nasceram 3 filhos – Marta Dalila, casada com o mexicano Ed-

mundo Lemus Bloch, residente em New Jersey, Estados Uni-

dos; Marcílio César, casado com Regina Lopes, trabalha no

Banco do Nordeste, e Helena Clara, casada com o italiano Eddy

Moretton, reside em Genebra, na Suiça.

1921 – 5 de janeiro – O Prefeito Municipal de Acaraú, Manoel

Albano da Silveira, determina a obstrução da “Estrada Grande”,

no trecho de “Boca do Córrego” ao Rio Acaraú, na passagem de

“João de Lima”. Essa providência visava incluir a povoação de

Santa Cruz (Bela Cruz) no roteiro dos comboios que faziam o

transporte de mercadorias entre as cidades de Sobral e Acaraú.

A população de Marco discordou da medida, e tentou prejudicá-

la, gerando um confronto entre as duas comunidades inconhas.

No entanto, a 8 de setembro desse ano, realiza-se em Santa

Cruz, importante reunião, com a presença dos senhores Manoel

Albano da Silveira, Prefeito de Acaraú, e João Batista de Araújo

Vasconcelos, Prefeito de Santana, com o objetivo de dirimir a

“Questão da Estrada”. Além dos prefeitos, compareceram à

reunião os líderes: Manoel Damião da Silveira, Francisco Xavi-

er de Araújo Costa, Gabriel Florêncio de Vasconcelos e José

Lopes da Silveira, por parte de Santa Cruz; e Francisco Eduardo

Rios, Ricardo Neves Filho, Francisco Rodrigues Bastos e Rai-

mundo Freitas Rios, por parte de Marco. Felizmente, prevaleceu

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o bom senso, e a famosa estrada ficou mesmo pela povoação de

Santa Cruz.

1923 – 15 de abril – Nasce na localidade de Tapera, Bela Cruz,

o Pe. Joaquim Diomar de Araújo, filho de Roque Lopes de Ara-

újo Costa e D. Francisca Avelino de Araújo. Fez o Curso Pri-

mário em sua terra natal; Segundo Grau em Sobral; Filosofia e

parte da Teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza. Por

motivo disciplinar se transferiu para Manaus, onde concluiu

Teologia e ordenou-se, a 30 de outubro de 1955. Celebrou sua

primeira missa na Igreja Matriz de Bela Cruz, a 15 de dezembro

do mesmo ano. Foi recebido por seus familiares, pelo Pe. Odé-

cio Loiola Sampaio, Pe. José Palhano, Secretário do Bispado,

Pe. Sabino de Lima, Pe. Egberto Rodrigues de Andrade, Pe.

Osvaldo Chaves, João Damasceno Vasconcelos e Mário Do-

mingues Louzada. O poeta João Damasceno fez a saudação ao

novo padre belacruzense. Joaquim Diomar de Araújo era meu

primo. Amigo dos livros fazia conferências e palestras, com

muito brilhantismo. Trabalhou em Manaus, Belém e Recife.

Faleceu no dia 27 de junho de 1982.

1923 – O líder comunitário Emílio Fonteles da Silveira cons-

trói, na então vila de Santa Cruz, seu primeiro prédio de dois

pavimentos, localizado na Praça Mário Louzada. Mencionado

prédio está ligado à história de nossa cidade pelas seguintes

ocorrências: Ali funcionou de 23 de novembro de 1924 a 1942,

a Estação Telefônica; ali foi recebido com sua comitiva, a 11 de

janeiro de 1942, o Padre Odécio Loiola Sampaio – primeiro

vigário de Bela Cruz; ali em 23 de fevereiro de 1957, o então

Governador Paulo Sarasate assinou a lei nº 3.538, criando o

município de Bela Cruz. Naquele palacete morou durante mui-

tos anos, o líder político Mário Domingues Louzada, primeiro

prefeito de Bela Cruz.

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1924 – 13 de agosto – Nasce, em Bela Cruz o poeta, jornalista e

escritor João Damasceno Vasconcelos. Filho de José Florêncio

de Vasconcelos e dona Idalina Maria da Silveira. Em Bela Cruz,

exerceu o cargo de Chefe da Estação Postal Telefônica e Diretor

do Jornal “Correio de Bela Cruz”. Em Acaraú, representou o

distrito de Bela Cruz, na Câmara Municipal e foi Secretário da

Prefeitura. A vida que levou, de exemplar humildade foi, até

certo ponto, a razão do desconhecimento de sua obra, por parte

do público, em face da excelência artística dos sonetos que es-

creveu e que hoje são patrimônio cultural a ser conservado e

estudado. Uma característica do poeta que merece ser ressalta-

da: o seu domínio perfeito da língua portuguesa, sem prejuízo

das marcas naturais impostas pela fala brasileira ao idioma. Sua

obra faz-nos raciocinar quando expõe sua erudição e proficiên-

cia. Em vários pontos de seus livros se faz notar o amor do poe-

ta ao seu torrão natal e o quanto universal é a sua bagagem psí-

quica. É autor dos seguintes livros publicados: “A congregação

mariana no mundo moderno” (conferência), 1948; “Retalhos de

sonhos” (poesias), 1956; “A Sonhar e a cantar” (poesias), 1968;

“Mário Domingues Louzada” (dados biográficos), 1971; “Cinza

e fagulhas” (poesias), 1972; “Meu itinerário” (sonetos), 1982;

“Fragmentos e poeira” (poesias), 1985. O poeta viveu em Bela

Cruz até o ano de 1975, quando mudou-se para Fortaleza, onde

trabalhou na Receita Federal. Faleceu, a 9 de junho de 1990,

deixando viúva a Sra. Maria Ledioneta Vasconcelos e três filhos

estudantes.

1927 – 3 de agosto – Nasce, em Bela Cruz, Maria do Perpétuo

Socorro Carvalho, filha de José Domingues de Carvalho e dona

Maria Angélica Fonteles. Fez seus primeiros estudos com a

professora Maria Florinda dos Santos – dona Marieta Santos.

Em 1947, passou a estudar na Escola Normal Virgem Poderosa

de Acaraú, sob a direção das filhas de São Vicente de Paulo,

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concluindo o curso em 1949. Regressando à Bela Cruz, passou

a ensinar no Instituto Imaculada Conceição. Em 1960, ingressou

na Companhia das Filhas de Caridade, em São Luis do Mara-

nhão, onde desempenhou as funções de educadora no Colégio

São Vicente de Paulo, durante treze anos. Fez o Curso de Peda-

gogia na Fundação Universidade do Maranhão – FUM, no final

da década de 60. Foi coordenadora Pedagógica da Escola de

Ensino Fundamental Irmã Luiza de Marilac, em Fortaleza.

1928 – 5 de dezembro – Nasce, em Bela Cruz, Ana Rios Araújo

(Diana), filha de Salvino Lopes de Araújo Costa, nascido em

1887 e falecido a 14 de setembro de 1951, casado a 19 de julho

de 1914, com Isabel Rios de Araújo. Seus pais descendem de

tradicionais famílias do Vale do Acaraú, de origem portuguesa,

sendo Diana, trineta do Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa, e

tetraneta do Capitão Manoel Ferreira Fonteles, também portu-

guês. A partir de 1964, o Dr. Manoel Airton Osterno, começou

a atender em Bela Cruz; suas consultas eram feitas no Posto de

Saúde, que tinha como enfermeira Diana Rios Araújo. Com a

vinda do médico ela passou a ser sua assistente – segundo é do

nosso conhecimento, foi uma enfermeira muito prestativa, pois

se fosse preciso, era capaz de ir até mesmo a outra cidade, em

busca de um remédio, viajando, às vezes, a cavalo, para aliviar

alguém do sofrimento. Ela sempre participava de cursos em

Sobral e Fortaleza a fim de atualizar seus conhecimentos, e com

a instalação da Unidade Sanitária Marieta Cals, no dia 21 de

janeiro de 1973, pelo Prefeito José Milton de Oliveira, foi sua

primeira diretora. Com a inauguração do hospital Manoel Ro-

drigues, a 21 de outubro de 1978, Diana assume o mesmo car-

go, dirigindo com muita competência e honestidade àquela casa

de saúde; portanto, sua contribuição é reconhecida. Dedicou

toda a sua vida ao trabalho, especialmente na área da saúde.

Tendo ingressado na Unidade de Saúde de Bela Cruz, no dia 1º

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de junho de 1964, como Enfermeira Padrão, permaneceu ali até

a aposentadoria. Faleceu no dia 5 de fevereiro de 2002, em For-

taleza, depois de complicada cirurgia no coração. Seu corpo foi

sepultado no dia seguinte, no Cemitério de Bela Cruz.

1929 – 2 de abril – Nasce, na localidade de Lagoa Seca – Bela

Cruz, o professor Aureliano Diamantino Silveira. Filho de Dio-

go Lopes de Freitas e D. Francisca Assis Rocha. Menino ativo,

ágil e estudioso, fez as primeiras letras em sua terra natal. Se-

cundário no Seminário de Sobral, Curso Superior de Filosofia e

Teologia no Seminário da Prainha, em Fortaleza. Ordenou-se a

8 de dezembro de 1956. Foi Vigário nas paróquias de São Be-

nedito, Viçosa do Ceará e Frecheirinha. Passou nove anos em

Sergipe, na Diocese de Estância, transferindo-se depois para o

Rio de Janeiro. Cursou História, fez mestrado em Filosofia e

Direito. Lecionou na Universidade Gama Filho, na PUC e Uni-

versidade Cândido Mendes. Pediu dispensa do Ministério e

recebeu o Restrito da Santa Sé, em 1971. Realizou o Matrimô-

nio religioso com D. Maria Helena Silveira, em 1972, com

quem teve uma filha – Lúcia Helena Silveira. Pertenceu à Aca-

demia Sergipana de Imprensa; relações públicas da FASE e da

Editora de livros e revistas da comunidade Emanuel, no Rio de

Janeiro. Presidente do Apostolado da Oração, em nível arquidi-

ocesano, no Rio de Janeiro, de 1996 a 2001. Publicou em 2000

O Olhar que fala uma reflexão bíblico-teológica sobre o olhar

de Cristo. Em 2004, publicou Ungidos do Senhor na Evangeli-

zação do Ceará, livro em três volumes, que contém dados bio-

gráficos dos sacerdotes cearenses, ou que já tenham trabalhado

no Ceará. Em 2006, publicou, Eu sou o Pão Vivo descido do

Céu. Portador de sólida cultura foi Membro Fundador da Aca-

demia de Ciências, Letras e Artes, do Rio de Janeiro. Faleceu

no dia 20 de novembro de 2008, e foi sepultado em Bela Cruz,

sua terra natal.

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1929 – 15 de junho – Chega a vila de Santa Cruz, o jovem Má-

rio Domingues Lousada – veio gerenciar a firma comercial de

José de Paulo Pessoa. Com seu espírito de líder fez-se belacru-

zense pelo coração e pelos inestimáveis serviços que prestou a

esta terra. O poeta e escritor João Damasceno Vasconcelos, em

1971, publicou uma elaborada biografia deste saudoso acarau-

ense, onde se destaca o notável trabalho por ele realizado em

prol de Bela Cruz e de seu povo.

1929 – 8 de dezembro – Nasce em Santa Cruz (Bela Cruz) o

Padre Francisco de Assis Araújo. Filho de Vicente Lopes da

Silveira e D. Maria Carmosina de Araújo. Concluiu o curso

primário em Bela Cruz; o secundário em Sobral e o superior em

Fortaleza. Ordenado sacerdote a 23 de outubro de 1955, em

Sobral, por D. José Tupinambá da Frota. Celebrou sua primeira

missa, na cidade de Bela Cruz, a 1º de novembro de 1955. Foi

vigário de Ipu, Granja, Cariré, Beberibe, São Gonçalo do Ama-

rante e Fortaleza (Paróquia de Nossa Senhora do Patrocínio).

1931 – 23 de novembro – Nasce na localidade Marquinho, Bela

Cruz, o Pe. João Delmonte de Carvalho. Filho de Manoel Cris-

pim de Carvalho e D. Francisca Júlia de Carvalho. Fez seus

primeiros estudos em Bela Cruz, secundário no Seminário São

José, em Sobral; Filosofia e Teologia, no Seminário Arqui-

diocesano, em Fortaleza. Ordenado a 3 de dezembro de 1961,

em Sobral, por Dom João José da Mota e Albuquerque. Cele-

brou sua primeira missa no dia 10 de dezembro de 1961, em

Bela Cruz. Vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Amparo,

de Senador Sá, onde edificou a Igreja Matriz, a Casa Paroquial

e o Patronato Nossa Senhora do Amparo, do qual foi professor e

diretor. Foi ainda professor de Psicologia, na Escola Normal de

Coreaú. Licenciado do sacerdócio para abraçar o matrimônio,

casou-se com Maria Ivanilde Pinto de Carvalho, a 5 de julho de

1975. Faleceu no dia 2 de abril de 1996, deixando três filhas

órfãs: Raquelia, Rafaelle e Ranielle.

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1931 – 24 de dezembro – Nasce, na hoje cidade de Bela Cruz, o

poeta e jornalista Manoel Messias Vasconcelos, formado em

letras pela Universidade de São Paulo. Cursou Francês, na Uni-

versidade de Paris, onde foi assistente da Embaixada Brasileira.

Exerceu vários cargos públicos em São Paulo, onde reside. Per-

tence a algumas sociedades culturais e viajou em estudos por

alguns países da Europa.

1932 – 10 de abril – Nasce em Bela Cruz a professora Maria

Neuma de Vasconcelos, filha de Anselmo Celso de Vasconce-

los e dona Maria Florinda dos Santos – professora Marieta San-

tos. Iniciou seus estudos em casa, com sua mãe. Em 1942, pas-

sou a estudar no Grupo Escolar Padre Antônio Thomaz, em

Acaraú. Já em 1944, matricula-se na Escola Normal Virgem

Poderosa, onde concluiu o Curso Pedagógico. Em 1960, casou-

se com Carlos Alarico Carvalho. Em 1950, foi nomeada profes-

sora das Escolas Reunidas de Bela Cruz, em vaga decorrente da

aposentadoria de sua mãe. Em 1957 recebeu nomeação para

exercer as funções de Diretora das Escolas Reunidas, cargo que

pediu demissão em dezembro de 1970. Em seguida assumiu a

coordenação do Setor de Educação do Município e do MO-

BRAL. Em 1979, foi nomeada vice-diretora da Escola de 1º

Grau Oswaldo Cruz, em Aquiraz. Aposentada em 1981, conti-

nua sempre a frente dos movimentos pró-educação, de sua terra.

1932 – A população de Santa Cruz comemora festivamente o

bicentenário da construção da Capela de Nossa Senhora da

Conceição. O professor Nicácio Barbosa Cordeiro, publica cir-

cunstanciada reportagem sobre o evento, no Jornal Correio da

Semana, de Sobral.

1932 – 20 de maio – Nasce, em Bela Cruz, João Bernardino

Pontes – filho de Elias Valentim Pontes e dona Ana Maria da

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Conceição. Começou a trabalhar ainda criança, ajudando seus

pais na agricultura. Aos 20 anos de idade passou a trabalhar em

Fortaleza, com o Dr. Ciríaco Barbosa Damasceno, cirurgião

dentista, onde aprendeu a profissão. Casou-se, em 1961, com

Maria Luiza Vasconcelos. Em 1962, foi eleito Vereador – Pre-

sidente da Câmara. Em 1967, juntamente com um grupo de

jovens, fundou a Associação Alvorada Clube – sendo ele um

dos idealizadores da Festa do Caju – hoje, festa tradicional no

calendário do município. Foi eleito vereador sete vezes, vice-

prefeito e prefeito de Bela Cruz.

1933 – 15 de julho – Nasce o professor José Mozart de Araújo,

filho de João Geves de Araújo e D. Maria Crispina de Araújo.

Fez seus primeiros estudos em Bela Cruz. Em 1953, passou a

estudar no Colégio Sobralense, como aluno agregado do Semi-

nário Diocesano de Sobral; em seguida matriculou-se no Liceu

do Ceará, onde concluiu o 3º Científico. Em 1960, prestou ves-

tibular na Faculdade de Direito do Ceará, concluindo em 1966,

o Mestrado em Direito, é formado também em Filosofia, Co-

municação Social e Administração. Na área sindical prestou

seus serviços a 18 sindicatos e 4 federações, atuando na área do

direito trabalhista. Foi docente da Universidade Estadual do

Ceará – UECE e advogado da Arquidiocese de Fortaleza.

1936 – 5 de agosto – Nasce no povoado de Araticuns – Bela

Cruz – o Pe. Hipólito Djacir de Carvalho. Filho de João Plácido

de Carvalho e D. Rita de Cássia Carvalho. Ordenado a 23 de

dezembro de 1984, com cerimônia presidida por Dom Crisós-

tomo Moussa. Celebrou sua primeira missa, a 23 de janeiro de

1985, no Santuário da Adoração Perpétua, em Fortaleza. Per-

tencia a Igreja Ortodoxa de Belo Horizonte. Faleceu a 29 de

dezembro de 2001.

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1938 – 23 de dezembro – Nasce, em Bela Cruz, o Dr. José

Humberto Araújo. Filho de João Ambrósio Araújo e D. Rai-

munda Lopes Araújo. Fez seus primeiros estudos no Instituto

Imaculada Conceição. Bacharel em Administração Pública, pela

Escola de Administração do Ceará. Na Coelce, exerceu os car-

gos de Técnico de Administração e Chefe da Assessoria de

Recursos Humanos. Em 1970, ingressou no BNH, ocupando o

cargo de Administrador; depois de aprovado em concurso pú-

blico de âmbito nacional, passou a ocupar a função de Assessor

até a extinção do Banco, ingressando na Caixa Econômica Fe-

deral, por força do Decreto-lei que extinguiu o BNH. Ocupou o

cargo de Administrador, exercendo atividades nas áreas de De-

senvolvimento de Recursos Humanos e de Segurança Bancária

da Empresa. No magistério, foi professor de 2º Grau do Estado,

de colégios e cursos pré-universitários. Exerceu ainda o magis-

tério de ensino superior nas áreas de Relações Públicas e Hu-

manas, na Escola de Administração do Ceará, e professor de

Teoria Geral da Administração, na Universidade de Fortaleza –

UNIFOR.

1939 – 14 de julho – Nasce, na localidade de Prata, município

de Bela Cruz, a poetisa Giselda Medeiros, filha de Jorge Fran-

cisco de Medeiros e D.Raimunda de Sousa Fernandes. Licenci-

ada em Letras, leciona no Colégio Estadual Justiniano de Serpa.

Pertence a Academia Cearense de Língua Portuguesa, Casa de

Juvenal Galeno, Academia Irajaense de Letras, Associação de

Jornalistas e Escritores do Brasil, União Brasileira de Trovado-

res e Academia Cearense de Letras. É autora dos livros – Alma

liberta (poemas); Transparências (poemas); Sob Eros e Thana-

tos (contos). Recebeu vários prêmios literários, entre os quais,

prêmio literário cidade de Fortaleza, II prêmio Ceará de literatu-

ra e XV prêmio de poesia do Norte e Nordeste. Em 2002 foi

eleita princesa dos poetas cearenses. Reside em Fortaleza.

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1939 – 8 de dezembro – Nasce, em Novo Oriente, Ceará, Edil-

son Carvalhedo Sampaio, casado com Regina Stela Vasconce-

los Sampaio (filha de João Artur de Vasconcelos e dona Isabel

de Murilo Zacas), com quem teve três filhas: Francisca Adriana

Vasconcelos Sampaio, Andreia Vasconcelos Sampaio e Ariane

Vasconcelos Sampaio, esta casada com Alexandre Rosanelli.

Edilson Sampaio iniciou seus estudos, em 1948, na cidade de

Bela Cruz, no Instituto Imaculada Conceição. Trazido de Novo

Oriente, pelo seu primo – Padre Odécio Loiola Sampaio. Con-

cluiu o segundo grau (científico), em Apipucos, Recife (Colégio

Marista). Recebeu o título de cidadão belacruzense, outorgado

pela Câmara Municipal, em 30 de novembro de 1973. É refor-

mado da Marinha do Brasil. Pertenceu ao grupo do Porta-

Aviões Minas Gerais indo para a Holanda, onde passou o ano

de 1960. Concluiu, com distinção, o curso profissionalizante de

escrevente, no Centro de Instrução Almirante Tamandaré, em

Natal, Rio Grande do Norte. Em Bela Cruz, foi Vereador em

duas legislaturas (1º de janeiro de 1973 a 31 de dezembro de

1982). Exerceu as funções de Secretário de obras por três vezes.

Desde 1998 presta serviços comunitários, como presidente do

Conselho Comunitário de Defesa Social (CCDS), promovendo

seminários, palestras nas escolas e movimentos contra a violên-

cia. Foi diretor geral, do Juizado da Infância e da Juventude, por

dois anos. É radialista, realizando desde 1993, o programa „Bela

Cruz como te amo‟. Foi um dos fundadores da Rádio Comunitá-

ria Genoveva FM.

1940 – 29 de março – Falece na cidade de Camocim, aos 85

anos de idade, o professor Nicácio Barbosa Cordeiro. Nascido

em Canindé, Ceará, a 14 de dezembro de 1852. Chegou em

Santa Cruz (Bela Cruz) em 1876. A 15 de junho do mesmo ano

assumiu o cargo de Professor estadual, exercendo ali o magisté-

rio até 1913, quando se aposentou. Em 1914 fundou um curso

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particular de Português e Francês, constituindo-se um grande

benfeitor no setor da educação. Seu nome figura em uma rua da

cidade de Bela Cruz, como uma justa homenagem de reconhe-

cimento ao grande educador que se fez belacruzense, pelo amor

e pelo trabalho realizado, durante meio século, com dedicação e

competência. Casado com a senhora Maria Iva Meneses Cordei-

ro. O efetivo de seus descendentes está representado por 3 fi-

lhos, 10 netos, 27 bisnetos, 48 trinetos e 9 tetranetos.

1940 – 11 de outubro – Nasce na Fazenda Bom Sucesso – o

Padre Francisco de Assis Rocha, filho de Raimundo Magalhães

Rocha e dona Maria Benedita Rocha. Fez seus primeiros estu-

dos em Bela Cruz, ingressando, em 1953, no Seminário Dom

José de Sobral. Ordenado sacerdote a 4 de agosto de 1968, logo

foi nomeado vigário da Paróquia de Afogados da Ingazeira –

PE. Em 1970, licenciou-se em Filosofia, pela Faculdade de

Filosofia, Ciências e Letras, da Universidade Católica de Per-

nambuco. De 1973 a 1976, cursou Sociologia na Pontifícia U-

niversidade Santo Tomás de Aquino, em Roma, onde concluiu

o bacharelato e o mestrado, defendendo a tese O Fenômeno

Frei Damião na Religiosidade Popular do Nordeste do Brasil.

Em 1993, comemorou seus vinte e cinco anos de sacerdócio,

ocasião em que recebeu o título de Monsenhor. Atualmente

exerce suas funções em Sobral, onde também é Pró-reitor de

Comunicação, da Universidade Vale do Acaraú – UVA.

1941 – 10 de dezembro – Nasce em Bela Cruz, o Professor e

Cientista Dr. João Ambrósio de Araújo Filho. Graduado em

Agronomia pela Universidade Federal do Ceará (1965), mestra-

do em Range Management, University of Arizona (1968), dou-

torado em Range Management, University of Arizona (1975),

pós-doutorado, University of Reading (1996). Atualmente é

professor-adjunto da Universidade Estadual Vale do Acaraú.

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Tem experiência na área de Zootecnia, com ênfase em Melho-

ramento e Manejo de Pastagem Nativa, Manejo de Ecossiste-

mas de Áreas Semiáridas, Agrossilvicultura para Regiões Semi-

áridas e Recuperação de Áreas degradadas. Como pesquisador

integrou equipes de estudos em vários países. Chefiou o Centro

de Pesquisas da EMBRAPA, em Sobral. Recebeu diversos

prêmios e títulos: Prêmio Otávio Domingues, Sociedade Brasi-

leira de Zootecnia (1989); Prêmio por Excelência-Pesquisador,

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/EMBRAPA

(1997); Honra ao Mérito Conservacionista, Prefeitura de Itapa-

gé, Ceará (1998); Honra ao Mérito Pesquisa Recursos Naturais

Semiárido, Embrapa Caprinos (2003); Mérito Científico, Uni-

versidade Federal do Ceará (2004); Medalha do Mérito Rural

Professor Prisco Bezerra, Federação da Agricultura e Pecuária

do Ceará e Prêmio Joaquim Feitosa, Ambientalista do Ano,

Governo do Estado do Ceará (2007). Tem vários trabalhos pu-

blicados, individuais e em parceria. É membro da Academia

Sobralense de Estudos e Letras.

1943 – 5 de fevereiro – Nasce, em Bela Cruz, o professor José

Arimatéa Freitas Filho. Seus pais – José Arimatéa Freitas e

dona Maria Rios Araújo. Ingressou no Seminário dos Irmãos

Maristas, em 1958. Concluiu o Bacharelato e Licenciatura em

História (1972), na Universidade Federal de Alagoas. Em 1973,

desligou-se da vida religiosa, exercendo o magistério no Colé-

gio Cearense Sagrado Coração de Jesus, em Fortaleza, quando

concluiu o Curso de Pedagogia, com habilitação em Supervisão

Escolar e Orientação Educacional, na Faculdade de Filosofia do

Ceará, UECE. Em 1993, fez concurso para a Escola Técnica

Federal do Ceará, servindo a esta instituição por três anos. Em

1997, após vários anos afastado da terra natal, volta à sua pacata

cidade, onde exerce a função de Coordenador na Escola Mon-

senhor Odécio.

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1945 – 4 de julho – Nasce na localidade Ilha dos Rochas, Bela

Cruz, o Professor Francisco Assis Matos. Filho de Francisco

das Chagas Matos e D. Geralda Alice da Rocha Matos. Em

1957, transferiu-se com seus pais para a vizinha cidade de Mar-

co, vindo para Itarema em 1958. Em Itarema, seus pais residi-

ram apenas um ano. Ao retornarem a Bela Cruz, o menino

Francisco ficou sob a tutela do então vigário Padre Aristides

Andrade Sales. Em 1962, aos 14 anos de idade, ingressa no

Seminário Diocesano de Sobral. Posteriormente, no Seminário

Maior da Prainha, deixando-o após dois anos. Licenciado em

Letras Neolatinas, pela UECE e em Filosofia, pela Universidade

Federal do Ceará. Casou-se, em 1971, com a Professora Maria

Teresinha Silva Matos, com quem teve três filhos: Francisco

Thelmo Silva Matos, Francisca Thelma Silva Matos e Francisca

Theresinha Silva Matos. Participou de encontros, congressos e

seminários estaduais e nacionais. Fez Pós-Graduação em Meto-

dologia do Ensino Fundamental e Médio, pela Universidade

Estadual Vale do Acaraú, em 1996; Extensão Universitária em

Linguística, 1972; e vários outros cursos de especialização.

Professor dos colégios Júlia Jorge, Dom Bosco e Fênix Caixei-

ral, em Fortaleza. Na cidade de Itarema, foi Diretor do Centro

Educacional José Aniceto Sales; Diretor do Instituto João Ro-

drigues de Matos, da Escola Marieta Rios; do Centro de Educa-

ção de Jovens e Adultos Profª. Rita Nilce Vasconcelos Amorim.

Amigo da boa leitura fundou, em Itarema, a Biblioteca Comuni-

tária João Rodrigues de Matos.

1946 – 26 de abril – Nasce, em Bela Cruz, a professora Maria

Alice Vasconcelos, filha de Manoel Assis de Vasconcelos e d.

Rita de Cássia de Vasconcelos. Fez o Ginásio e o Curso Nor-

mal, no Instituto Imaculada Conceição, colando grau na sua

primeira turma de educandos. Ingressou no magistério quando

ainda cursava o Ginásio e, logo que concluiu o Normal, foi

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nomeada Diretora do Grupo Escolar Paulo Sarasate. Em 1968,

passa a residir em São Paulo, onde formou-se Assistente Social,

firmando-se como profissional da área de Serviço Social e Re-

cursos Humanos. Como atividades extra-curriculares e de ex-

tensão universitária realizou vários trabalhos: Monografia de

Conclusão de Curso, participação no Campus Avançado da

USP e Projeto Rondon. Fez Pós Graduação em Recursos Hu-

manos, além de vários cursos de extensão universitária. Traba-

lhou na Ferrovia Paulista S/A – FEPASA, atuando na área de

Recursos Humanos, exercendo a profissão com muita compe-

tência, dedicação e zelo, até a aposentadoria.

1947 – É inaugurado por Padre Odécio Loiola Sampaio, o Insti-

tuto Imaculada Conceição, sob a direção da professora Cecy

Regino Holanda. O prédio, construído por Mons. Odécio, ainda

se encontra, em suas linhas originais, localizado na Rua Capitão

Miguel Lopes, esquina com Rua Padre Odécio.

1948 – 21 de dezembro – Reinauguração da Igreja Matriz de

Nossa Senhora da Conceição de Bela Cruz. Totalmente refor-

mada e ampliada sob a direção do arquiteto italiano Agostinho

Odísio Baume. É uma das igrejas mais belas do Ceará.

1957 – 1º de janeiro – Inaugurado, nesta data, o Arco de Nossa

Senhora de Fátima, localizado na Rua Humaitá. Mandou cons-

truí-lo o Pe. Odécio Loiola Sampaio, como lembrança da passa-

gem, por Bela Cruz, da Imagem de Nossa Senhora (Virgem

Peregrina de Fátima, Portugal) a 5 de novembro de 1953. O

monumento constitui-se de artístico arco de alvenaria, de 10,0

metros de altura, sustentado por quatro colunas. Sobre o arco

ergue-se uma escultura de Nossa Senhora de Fátima, obra pri-

morosa, do artista plástico belacruzense, João Venceslau de

Araújo – Joca Lopes.

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1957 – 23 de fevereiro – Nesta data é assinada a Lei nº 3538,

pelo então Governador Paulo Sarasate, que criou o município de

Bela Cruz. Achamos por bem fazer uma homenagem a alguns

belacruzenses, hoje senhores e senhoras que aqui nasceram,

neste mesmo mês e ano, estudaram, casaram, constituíram famí-

lia, e continuam com o seu trabalho, ajudando a construir Bela

Cruz. São eles: 1 – José Edmilson Morais, nascido no dia 7 de

fevereiro de 1957. Filho do Sr. Manoel Lúcio de Morais e Dona

Maria do Carmo Carvalho. 2 – Maria Neila Vasconcelos, nasci-

da no dia 8 de fevereiro de 1957. Filha do Sr. Mauro Gilberto

Vasconcelos e Dona Rita de Cássia Vasconcelos. 3 – Manoel

Edgar Rocha, nascido no dia 18 de fevereiro de 1957. Filho do

Sr. Geraldo Magela Rocha e Dona Raimunda Dagmar Rocha.

4– Maria Augusta Rocha, nascida no dia 22 de fevereiro de

1957. Filha do Sr. João Veríssimo Rocha e Dona Emília Agrí-

cola da Rocha. 5 – Maria Eliza Rocha, nascida no dia 24 de

fevereiro de 1957. Filha do Sr. Manoel Afonso Rocha e Dona

Maria Ester da Silveira. 6 – Maria Lúcia Araújo, nascida no dia

25 de fevereiro de 1957. Filha do Sr. Inocêncio Alves Araújo e

Dona Maria José Araújo. 7 – Luiz Gonzaga Sousa, nascido no

dia 28 de fevereiro de 1957. Filho do Sr. Geraldo Leite de Sou-

sa e Dona Maria Geseuda Sousa.

1960 – 31 de janeiro – Falece, em Bela Cruz, aos 84 anos de

idade, o patriarca Francisco Adeodato de Moraes, casado com a

sra. Maria José de Moraes. O número de seus descendentes se

eleva a 693, assim especificados: 15 filhos, 138 netos, 460 bis-

netos e 80 trinetos.

1960 – 14 de fevereiro – Sob a direção da Irmã Catarina Clara

Brasileiro ocorre a inauguração do Instituto Imaculada Concei-

ção, na cidade de Bela Cruz. Padre Tobias Belchior celebra

missa no auditório do Patronato, após a bênção do prédio, ofici-

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ada por Padre Odécio Loiola Sampaio, que o mandou construir,

e que, naquela solenidade, fez entrega às filhas de São Vicente

de Paulo. O estabelecimento possui todas as dependências ne-

cessárias ao seu perfeito funcionamento, tendo a frente as se-

guintes religiosas: Irmã Brasileiro, irmã Bernadete Carvalho e

irmã Ana Maria Meireles.

1960 – 11 de dezembro – O prefeito Mário Domingues Louzada

procede à inauguração da iluminação elétrica, pública e domici-

liária, na cidade de Bela Cruz. O grupo gerador termoelétrico

foi instalado em casa de força construída pela Prefeitura, na Rua

Professor Nicácio, mesmo prédio onde hoje funciona o Sindica-

to dos Trabalhadores Rurais.

1962 – 8 de agosto – Falece, no Rio de Janeiro, aos 67 anos de

idade o líder político belacruzense Manoel Duca da Silveira,

casado com D. Maria Odete Gomes Silveira. O Cel. Duca, por

duas vezes, exerceu o cargo de Prefeito Municipal de Acaraú,

deixando de suas administrações uma gama de realizações, em

benefício da comunidade acarauense, cujo reconhecimento é

atestado em Bela Cruz e Acaraú.

1966 – 30 de novembro – A comunidade paroquial de Bela

Cruz comemora a decorrência dos 25 anos de ordenação sacer-

dotal de seu Vigário, Padre Odécio Loiola Sampaio. Todo esse

período de trabalhos pastorais foi dedicado à evangelização e ao

engrandecimento da diocese, com positivos reflexos sobre a

formação cristã da população belacruzense.

1967 – 25 de março – Graças ao interesse do Governador Virgí-

lio Távora ocorre a inauguração, na cidade de Bela Cruz, de um

serviço de iluminação pública e domiciliária, com gerador de

110 KWA, instalado pela Companhia de Eletrificação do Ceará

– CENORTE – com energia do Açude Araras.

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1967 – 26 de outubro – realizada em Bela Cruz a 1ª Festa do

Caju, iniciativa do Alvorada Clube, com exposição de produtos

derivados do caju e eleição da Rainha, sendo eleita, na ocasião,

a Srta. Geralda Maria de Vasconcelos. Festa já tradicional no

calendário do município, desde então se vem realizando, no

último sábado do mês de outubro.

1976 – 29 de março – Ocorre a inauguração, em Bela Cruz, da

escola de ensino médio e fundamental Professora Marieta San-

tos. Criada através do decreto Nº 11.770 de 4 de março de 1976,

no governo Adauto Bezerra, tendo como Secretário de Educa-

ção – Murilo Serpa. Esta Escola iniciou suas atividades com

319 alunos, distribuídos nos três turnos, com turmas de 1ª a 5ª

série, tendo como diretora a professora Eliana Gualberto Car-

neiro. Em 1979, a escola conferiu o certificado de 1º grau a sua

primeira turma de humanistas. Em 1983, passou a acampar o

segundo grau, mediante o decreto nº 15.812 de 3 de março da-

quele ano. Em dezembro de 1989, a escola realizou a colação de

grau da 1ª turma de professorandos. Atualmente, além das famí-

lias residentes no centro da cidade, atende também alunos da

classe operária, residentes nos bairros periféricos e um grande

número de alunos da zona rural. Conta também com três ane-

xos, assim distribuídos: São Gonçalo – com 9 turmas; Prata –

com 6 turmas; Bom Futuro – com 5 turmas. O corpo adminis-

trativo é constituído pelo grupo gestor, composto de um diretor

geral, três coordenadores pedagógicos, uma secretária, seis au-

xiliares administrativos, oito auxiliares de serviços e dois vigias.

O corpo docente é formado por 26 professores efetivos e 38

temporários. Do quadro temporário, 16 trabalham na sede e 22

fazem parte dos anexos. A organização física da escola conta

com 11 salas de aula, 12 banheiros, uma diretoria, uma secreta-

ria, uma sala dos professores com 2 banheiros, uma cantina, um

depósito para mantimentos, uma quadra de esportes, uma bi-

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blioteca com aproximadamente 3 mil volumes, um laboratório

de informática com 10 computadores e um laboratório de ciên-

cias físicas e biológicas. A Escola atende atualmente a 1.348

alunos, sendo 741 na sede e 607 nos anexos. Na sede, as moda-

lidades estão assim distribuídas: 223 alunos no ensino funda-

mental e 518 no ensino médio. Como organizações internas a

escola possui: conselho escolar, com representantes de todos os

segmentos escolares; o grêmio estudantil, associação de pais e

congregação de classes.

1977 – 28 de maio – Nasce, em Bela Cruz, o Padre Agnaldo

Temóteo da Silveira, filho de José Rogério da Silveira e Maria

da Conceição Araújo. Cursou o Primeiro Grau, no Instituto

Imaculada Conceição, em Bela Cruz. O Segundo Grau, no Co-

légio Sant‟Ana, já no Seminário Menor de Sobral, e o Superior

(Filosofia e Teologia) no Seminário da Prainha, Fortaleza. Or-

denado sacerdote, a 30 de novembro de 2002, na Igreja Matriz

de Bela Cruz, por D. Aldo Pagotto. Atualmente exerce suas

funções, na Paróquia de Santana do Acaraú.

1978 – 21 de outubro – O Prefeito Júlio França procede ao ato

inaugural de um Centro de Abastecimento, para a venda de

peixe, na cidade de Bela Cruz. Esse mercado foi construído pela

Prefeitura em convênio com o Governo do Estado, em terreno

doado pela Paróquia. Em 2006, o Prefeito Eliésio Rocha Adria-

no instalou ali uma Cozinha Comunitária.

1980 – 31 de outubro – Criada a Comarca de Bela Cruz, con-

forme a Lei nº 10.436, desta data, publicada no Diário Oficial

do Estado, de 4 de novembro de 1980. Sua instalação só ocor-

reu a 17 de abril de 1982. A transformação do Termo de Bela

Cruz em Comarca constitui uma conquista que muito representa

para a comunidade belacruzense.

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1987 – 4 de setembro – No Auditório do Instituto Imaculada

Conceição, é executado um programa lítero-musical, com o

lançamento do livro “Município de Bela Cruz”, de autoria do

poeta Nicodemos Araújo. O evento contou com a presença de

autoridades, professores, estudantes, bem como representantes

do Colégio Virgem Poderosa e do Lions Clube de Acaraú. O

poeta Vicente Freitas fez a apresentação do autor e da obra.

1988 – 15 de novembro – Realizam-se eleições para Prefeito,

Vice-Prefeito e Vereadores, em todo o território brasileiro. No

Município de Bela Cruz, dos 10.633 eleitores aptos a votar,

compareceram às urnas 9424. E dos três candidatos que disputa-

ram o cargo de Prefeito: Expedito Teodoro da Fonseca, Júlio

França de Sousa Neto e Coronel Orzete Filomeno Ferreira Go-

mes – foi eleito Júlio França, com 5113 votos. Os vereadores

eleitos foram: José Everardo Araújo, com 711 votos; José Ed-

mar Fonteles, com 568 votos; José Clóvis Araújo, com 489

votos; Liduína Maria da Silveira, com 441 votos; Milton José

de Vasconcelos, com 401 votos; Pedro José da Silveira, com

399 votos; Eliana Gualberto Carneiro, com 381 votos; José

Joaquim da Silveira, com 350 votos.

1990 – 4 de fevereiro – Falece em Fortaleza, aos 76 anos de

idade, o líder comunitário Raimundo Magalhães Rocha. Em

Bela Cruz, ele exerceu as funções de Presidente da primeira

Câmara Municipal e Membro do Conselho Paroquial. Casou-se

duas vezes: a primeira com a Sra. Maria Benedita Rocha e a

segunda com a Sra. Teresinha de Jesus Araújo.

1992 – É comemorado festivamente o cinquentenário da Paró-

quia de Bela Cruz, bem como o Jubileu de Ouro de Mons. Odé-

cio Loiola Sampaio. Houve participação de todas as capelas. A

programação ocorreu com uma missa solene concelebrada pelos

vigários da Diocese.

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1999 –19 de outubro – estiveram reunidos os membros da Co-

missão Municipal Provisória de Bela Cruz, para deliberar sobre

os seguintes assuntos: Analisar e aprovar a proposta de aquisi-

ção dos imóveis: a) Santa Teresinha, em Bela Cruz, através da

Associação Comunitária dos Moradores de Riacho da Prata; b)

Remanso, em Marco, através da Associação Comunitária Santo

Antônio, da localidade de São Gonçalo. A reunião teve início

com a presença de 6 (seis) participantes, sendo apresentada e

aprovada a proposta de aquisição do Imóvel Santa Teresinha,

através da Associação Comunitária dos Moradores do Riacho

da Prata cujo valor, máximo, definido por decisão unânime das

partes interessadas e membros da CMP – Bela Cruz, foi de R$

180.000,00 (cento e oitenta mil reais). Ficou estipulado na visita

para avaliação preliminar realizada no imóvel Remanso, no

município de Marco (05.10.1999), com a participação do presi-

dente da Associação Comunitária Santo Antônio, da EMA-

TERCE, e do proprietário que o valor máximo para aquisição,

seria até R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), valendo inclusive

este limite para avaliação executada pelo IDACE. A CMP –

Bela Cruz, por decisão de seus membros, aprovou a proposta de

aquisição do Imóvel Remanso, em Marco, apresentada pela

Associação Comunitária Santo Antonio.

2000 – 19 de novembro – Posse do novo vigário da Paróquia de

Bela Cruz, Pe. João Batista Rodrigues Vasconcelos, com Missa

concelebrada por vários padres da Diocese, entre eles Mons.

Odécio Loiola Sampaio, ex-vigário de Bela Cruz. A saudação

ao novo pároco foi feita pelo prof. José Arimatéa Freitas Filho.

2002 – 22 de março – Realiza-se em Bela Cruz, no auditório do

Fórum, o I Seminário dos Usuários da Bacia do Acaraú, com a

participação dos usuários de água, a sociedade civil, prefeituras

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e órgãos governamentais e não governamentais dos municípios

pertencentes à Bacia do Acaraú – Santana do Acaraú, Morri-

nhos, Marco, Bela Cruz e Acaraú, visando discutir propostas

metodológicas que orientem o processo de organização dos

usuários de água, propiciando a construção de espaços de cons-

cientização e de preservação dos recursos hídricos. Participaram

do encontro Prefeitos, Sindicatos, Vereadores, Associações

Comunitárias e representantes da UVA e EMATERCE.

2004 – 18 de abril – Fundado em Bela Cruz, na Rua Capitão

Miguel Lopes, sede do Centro Comunitário Expedito Deroci

Vasconcelos, bairro Brasília, o Instituto Cultural de Bela Cruz.

Participaram do evento artistas, professores, políticos e pessoas

da comunidade, com a finalidade de discutir e aprovar o Estatu-

to, com a sua consequente fundação, bem como promover a

eleição dos seus representantes. Por consenso, foi eleito para

presidir os trabalhos o Sr. Carlos César de Carvalho, que convi-

dou para secretariar o Sr. Vicente Freitas de Araujo. Após am-

pla explanação dos objetivos do Instituto, o Presidente solicitou

que se procedesse à leitura do Estatuto e explicou aos presentes

que aquele que desejasse fazer alguma alteração deveria solici-

tar destaque dos artigos a serem alterados. Efetuada a leitura,

constatou-se que nenhum dos presentes solicitou qualquer des-

taque; assim, o senhor Presidente proclamou a aprovação do

Estatuto. Passando para o ponto seguinte da Assembléia, isto é,

a eleição do Conselho Diretor e Conselho Fiscal, o Sr. Presiden-

te declarou aberta a votação, apresentando uma Chapa constitu-

ída na reunião do dia 8 de abril de 2004, sendo esta eleita por

aclamação. Concluída a eleição, constatou-se que foram eleitos

para compor o Conselho Diretor as seguintes pessoas: Carlos

César de Carvalho, presidente; Maria R.Freitas, vice-presidente;

Vicente Freitas de Araujo, 1° secretário; Francisco F. Araujo, 2°

secretário; José R. de Freitas, 1° tesoureiro; João Almeida Fi-

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lho, 2° tesoureiro. Sendo eleitos para o conselho fiscal as se-

guintes pessoas: membros efetivos: Ana Paula Marques Gabriel,

Jacinto Ferreira de Lira, Expedito do Nascimento; Suplentes:

Maria Aparecida Morais, Júlio S. Santos, Maria Elisabete Mar-

ques. Concedido, após estas cerimônias, pelo Sr. Presidente o

uso da palavra, usaram-na, pela ordem os Srs. Carlos César de

Carvalho e Vicente Freitas de Araújo, quando ressaltaram a

significação desta solenidade, conclamando o povo e os artistas

a cooperarem com patriotismo para a grandeza e o desenvol-

vimento da cultura no município de Bela Cruz. Infelizmente,

este Instituto realizou apenas algumas reuniões, bem como um

levantamento dos artistas belacruzenses, com algumas apresen-

tações no Centro Comunitário.

2006 – 30 de novembro – Divulgado, em São Paulo, e trans-

mitido pelo Canal Futura, da Fundação Roberto Marinho, o

Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar, sendo a

Escola Monsenhor Odécio, de Bela Cruz, uma das seis fina-

listas. O anúncio do prêmio foi acompanhado pelo secretário de

Educação, Cultura e Esportes, Mozart Neves Ramos, pelo mi-

nistro da Educação, Fernando Haddad, por secretários de Edu-

cação de vários estados brasileiros e educadores, além dos seis

gestores das escolas finalistas. O objetivo do prêmio é estimular

a melhoria da aprendizagem dos alunos, pela identificação e

reconhecimento como referência nacional de estabelecimentos

escolares que estejam desenvolvendo práticas eficazes de ges-

tão. O comitê nacional do prêmio é composto pelo Conselho

Nacional de Secretários de Educação (Consed), União Nacional

dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Fundação

Roberto Marinho, UNESCO, com apoio das secretarias estadu-

ais de Educação, Unicef, Embaixada Americana e Conselho

Britânico.

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2006 – 9 de dezembro – Inaugurado, em Bela Cruz, a Escola de

Ensino Médio Júlio França. Criada através da lei nº 13.801, de

17 de julho de 2006, no Governo Lúcio Gonçalo de Alcântara,

tendo como Secretário de Educação Luís Eduardo de Meneses

Lima. Iniciou suas atividades administrativas e pedagógicas em

janeiro de 2007, com 513 alunos, distribuídos nos três turnos,

com 12 turmas do primeiro ano do ensino médio e uma turma

do TAM (tempo de avançar médio). Sua clientela é composta

das famílias que residem nos bairros da cidade, bem como uma

grande parcela da zona rural. O núcleo gestor é composto de

uma diretora, uma coordenadora pedagógica e uma secretária.

O corpo docente é formado por 5 professores efetivos e 14 tem-

porários. Como apoio na administração conta com o Conselho

Escolar representado pelos segmentos da escola e Grêmio Estu-

dantil, representando o corpo discente. A escola está situada na

Rua José Xerez de Sousa nas imediações do Alto da Genoveva,

ocupando uma área de 6.612 m². Sua estrutura física conta com

6 salas de aula, Centro de Multimeios, um Laboratório de In-

formática e um de Ciências. Para atendimento ao público ofere-

ce espaço de uma Diretoria, uma Secretaria com 2 banheiros e

uma quadra esportiva coberta e mais 17 banheiros. Na área de

serviço dispõe de uma cantina e um depósito de mantimentos.

Missão da Escola: “Promover uma educação voltada à formação

ética, intelectual e social, aprimorando o pensamento crítico dos

educandos, preparando-os para o mundo do trabalho”.

2006 – 30 de dezembro – Ocorre a inauguração da nova sede da

Câmara Municipal de Bela Cruz que, na ocasião, recebeu o

nome de seu primeiro presidente – Vereador Raimundo Maga-

lhães Rocha (Doca Rocha). Comparecerem ao evento verea-

dores, líderes comunitários, familiares e amigos de Doca Rocha

e diversas pessoas da sociedade belacruzense. Em seu pronun-

ciamento, o Padre Francisco de Assis Magalhães Rocha, filho

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do homenageado, destacou alguns aspectos relevantes da vida

do seu genitor. Raimundo Magalhães Rocha – nasceu a 26 de

julho de 1913; em 1947, transferiu-se, com toda a família, para

Bela Cruz, que ainda era uma Vila, a fim de colocar os filhos na

escola. Em fevereiro de 1957, Bela Cruz se tornou independente

do município de Acaraú, e aconteceram as primeiras eleições

municipais. Mário Louzada, homem influente na política, con-

vidou Doca Rocha a se apresentar como candidato a vereador.

Ele aceita e é eleito, sendo escolhido o primeiro presidente da

Câmara. O líder comunitário Raimundo Magalhães Rocha, fale-

ceu, a 4 de fevereiro de 1990, em Fortaleza, aos 76 anos de

idade. Casou-se duas vezes: a primeira com a senhora Benedita

Maria Rocha e a segunda com dona Teresinha de Jesus Araújo.

2007 – 20 de novembro – O jornal O POVO, de Fortaleza, pu-

blica matéria sobre a disputa por territórios no Ceará. Atual-

mente, segundo a Assembleia Legislativa, existem mais de 100

áreas (localidades ou distritos) de conflitos entre cidades vizi-

nhas. O município de Marco está reivindicando a posse de 20

localidades pertencentes ao município de Bela Cruz. A "guerra"

por território no Ceará faz parte do cotidiano da maioria dos

gestores municipais. Não há dados reais sobre a quantidade de

áreas de conflitos atualmente no Estado, mas, existem, aproxi-

madamente, 106 localidades sendo disputadas por municípios

vizinhos, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística), e o IPECE (Instituto de Pesquisa Estratégica e Eco-

nômica do Ceará). Porém, esse número é bem maior. Todos os

184 municípios do Estado enfrentam disputas por territórios.

Mais importante do que um pedaço de terra, os prefeitos estão,

na verdade, de olho na população das comunidades. Isso porque

os dados da contagem populacional do IBGE são utilizados pelo

Tribunal de Contas da União (TCU) como base para o cálculo

do coeficiente das cotas do Fundo de Participação dos Municí-

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pios (FPM). Marco requer as localidades de Almas, Areias,

Batoque, Cacimbão, Sedó, Córrego, Cutia, Floresta, Furnas,

Lagoa João de Sá, Miúras, Salinas, São Pedro, Sangradouro,

São Vicente, Solidão, Umburana Ferrada, Veado Branco, Vár-

zea Comprida e Vitória.

2009 – 12 de maio – Publicado, no Jornal O POVO, nota de

nossa autoria sobre as enchentes do Acaraú: “Parte do municí-

pio e algumas ruas do centro da cidade de Bela Cruz foram e

continuam alagados há uma semana. Os refugiados das enchen-

tes do Rio Acaraú perderam quase tudo. Muitos estão sem po-

der trabalhar ou ir à escola. Falta comida e água potável. O ce-

nário de calamidade é realidade em quase toda a ribeira que já

tem mais de 23.000 atingidos pelas enchentes. Em meio aos

transtornos, parte das creches e escolas municipais passou a

abrigar pessoas que tiveram suas residências alagadas ou destru-

ídas. De acordo com a coordenadoria da Defesa Civil do Esta-

do, somente neste município, 7 mil pessoas já foram afetadas

pelas águas, e dois agricultores morreram quando tentavam

salvar seus animais. O número de pessoas desalojadas já ultra-

passa duas mil; 125 casas foram danificadas e 30 delas destruí-

das. Além disso o abastecimento de água foi comprometido. Os

moradores estão sem água nas torneiras há uma semana. Técni-

cos da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) foram

enviados ao local com ajuda do helicóptero da Ciopaer, mas não

resolveram o problema. De acordo com a coordenadoria de

imprensa do Governo do Estado, 19 municípios atingidos pelas

enchentes já receberam auxílio financeiro. Entre eles, Bela Cruz

(R$ 300 mil reais). A situação em Bela Cruz, e boa parte da

Ribeira do Acaraú, é desoladora e necessita de ajuda que vai

além do poder público”.

2010 – 7 de fevereiro – Comemorado o centenário de nascimen-

to da Ir. Maria Carmélia Nobre (Ir. Marta) filha da Caridade, da

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Companhia de São Vicente de Paulo. Nascida no Sítio Ouro,

atual município de Pacoti, Ceará. Em 1939, ingressou no Dis-

pensário Sagrado Coração de Jesus, em Fortaleza, onde realizou

o Pré-Postulado. Após esse período seguiu para a Santa Casa de

Misericórdia, no Rio de Janeiro. E daí para o Seminário, no

Hospital Central do Exército, no Rio Grande do Sul. Ingressou

no Instituto Imaculada Conceição de Bela Cruz, no dia 7 de

dezembro de 1986. Lúcida, Ir. Marta continua trabalhando. Seu

pensamento pessoal: “Sou a Costureira dos Pobres, os quais são

os meus preferidos”.

2010 – 8 de fevereiro – Abertura das comemorações do Jubileu

de Ouro, do Instituto Imaculada Conceição. Quando inaugura-

do, no dia 14 de fevereiro de 1960, estiveram presentes à sole-

nidade, Pe. Luís Gusswenhow, Ir. Marilac e Pe. Odécio Loiola

Sampaio, idealizador e construtor da obra, Ir. Maria Clara Al-

cântara Brasileiro, Diretora, Ir. Ana Maria Meireles e Ir. Berna-

dete Carvalho, autoridades e povo de Bela Cruz e municípios

vizinhos. Por ocasião do Jubileu de Ouro, foi feito o lançamento

de uma revista comemorativa, contendo fotografias e depoimen-

tos de diretores, professores e ex-alunos.

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CAPÍTULO VII

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Conforme já afirmamos, alhures, apreciável parte do

território do atual município de Bela Cruz está localizado na

carta de sesmaria conhecida por “Datas do Goes”. Na verdade,

no ano da graça de 1683, Manoel de Goes e alguns companhei-

ros, vindos de Pernambuco, requereram e lhes foi outorgado,

pelo então Capitão-mor Bento Macedo de Farias, Governador

de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção do Siará Grande,

umas datas de terras, na Ribeira do Acaraú, para pastoreio e

agricultura. Aliás, temos notícia de que essa foi a primeira ses-

maria concedida na região. Posteriormente outras concessões

foram feitas no baixo Acaraú.

Com o objetivo de preservar para a nossa história, os

troncos genealógicos da ribeira do Acaraú, inserimos aqui al-

gumas notas sobre as primeiras famílias que se estabeleceram

nestas ribeiras. Em seu estudo sobre as origens brasileiras o

poeta Gerardo Melo Mourão constatou que em Portugal havia

apenas 180 sobrenomes no tempo da colonização do Brasil. Isto

é, havia apenas 180 famílias casadas entre si, e nos lembra:

Todos nós temos 4 avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 tetravós, 64

pentavós, 128 hexavós, 256 heptavós, 512 octavós, quando se

chega no século XVI, temos um milhão de antepassados em

linha direta.

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Entre os que aqui chegaram, entre o final do século XVII

e inícios do XVIII, podemos mencionar: Nicolau da Costa Pei-

xoto e Domingos Aguiar de Oliveira, doadores do Patrimônio

da Capela. Posteriormente, outras pessoas foram construindo

suas moradas na ribeira. Entre estes patriarcas, destacamos:

Capitão Manoel Vaz Carrasco, Capitão-mor José de Xerez Fur-

na Uchoa, Luis de Sousa Xerez, Tenente Manoel Ferreira Fon-

teles, Ângelo Dias Leitão, Matheus Mendes de Vasconcelos,

Capitão-mor José de Araújo Costa, Pedro de Araújo Costa e

João da Silveira Dutra, os quais constituem troncos genealógi-

cos no município de Bela Cruz, ou melhor, na ribeira do Acara-

ú, conforme dados que colhemos nas obras dos eméritos genea-

logistas Antônio José Victoriano Borges da Fonseca, Barão de

Studart, Pe. Fortunato Alves Linhares, Leonardo Feitosa, Mário

Linhares, Pe. Francisco Sadoc de Araújo, Nicodemos Araújo,

Francisco Augusto de Araújo Lima e outros.

Origens Portuguesas

Segundo informa Guilherme Studart somente a partir do

primeiro Governo do Capitão-mor Sebastião de Sá (1678-1681)

começaram a ser distribuídas datas de sesmarias no território

hoje compreendido no Estado do Ceará. Simultaneamente, em

Portugal corriam notícias de que no Brasil estavam sendo feitas

doações de terra, com o mínimo de exigências a quantos portu-

gueses desejassem contribuir para o povoamento da colônia.

Tais notícias provocaram, no reino, um entusiasmo para com o

Brasil, principalmente na região do Entre Douro e Minho, onde

a população era mais densa e o minifúndio predominante. Para

a ribeira do Acaraú vieram, especialmente, camponeses do Mi-

nho e pescadores das povoas da hoje chamada Costa da Prata.

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Daí as origens de Manoel Ferreira Fonteles e do Capitão

José de Araújo Costa, os antigos povoadores mais prolíferos da

ribeira do Acaraú. No ano de 1987, transcorreu o tricentenário

de nascimento do tenente Manoel Ferreira Fonteles; motivo

suficiente para que seu nome fosse lembrado pelos milhares de

descendentes, entre os quais estou incluído, e a oportunidade

para que se aprofundassem os estudos sobre as origens históri-

cas da formação das primeiras famílias que se estabeleceram

nesta parte do Ceará.

Manoel Ferreira Fonteles nasceu, a 7 de março de 1687,

no lugar Fontelo, freguesia de Meixomil, região de Entre Douro

e Minho, Portugal. De Fontelo, topônimo retirado de pequena

fonte local provém o apelido Fonteles que, no Brasil, Manoel

adotou por sobrenome e o transmitiu à família. Seu nome Ma-

noel Ferreira Velho foi modificado para Manoel Ferreira Fonte-

les, a fim de lembrar seu lugar de origem. Hoje são incontáveis

os Fonteles que povoam o Vale do Acaraú, o Ceará e o Brasil.

Em documentos paroquiais do Curato do Acaraú constam

que os pais de Manoel Ferreira Fonteles chamavam-se Domin-

gos Velho da Cruz e Maria Ferreira Pinto. Foi graças a esses

dados que o Pe. Francisco Sadoc de Araújo conseguiu no Ar-

quivo Distrital do Porto, mais informações sobre os ascendentes

desse nosso ancestral. Um documento preciso é o termo do

casamento de seus pais realizado, a 7 de janeiro de 1683, na

matriz de Meixomil:

Domingos Velho, filho de João Velho e de sua mulher Maria Antô-

nia, já defunta, de Fontelo, se recebeo com Maria Ferreira, filha de

Domingos Ferreira, já defunto, e de sua mulher Maria Antonia, do

lugar Fontelo, todos desta freguesia de Meixomil, na forma do

Sagrado Concílio Tridentino, aos sete dias do mês de janeiro do

ano de mil seiscentos e oitenta e três, estando por testemunhas

presentes Antônio Pinto Carneiro, Reitor de Pena Maior e o Pe.

Luis Ferreira e Baltazar Barbosa e o Pe. Pedro Velho que, por

comissão de licença minha, os recebeo, e por assim ser verdade fiz

este assento, hoje oito do dito mês de janeiro da era ut supra. Anto-

nio da Silva. (Liv. Misto, nº 2, 1652-1707, fl. 108.)

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Não se sabe em que ano, exatamente, Manoel Ferreira

Fonteles emigrou para o Brasil. É certo que não chegou ao Cea-

rá antes de 1715. Anteriormente esteve em Pernambuco, onde

desembarcou. Em Olinda conheceu um seu patrício, de nome

Francisco Pereira Brandão, com quem mantinha fortes laços de

amizade. Este tinha uma filha de menor idade, chamada Maria

Pereira. Tendo que viajar para o Ceará, o jovem Manoel combi-

nou com seu amigo que casaria com sua filha, logo esta alcan-

çasse a idade núbil. No tempo oportuno combinariam a data do

casamento, quando então, se encontrariam na Vila de Aquiraz

para realizar a cerimônia do matrimônio religioso. Foi assim

que Manoel embarcou para o Ceará.

Enquanto residia em Aquiraz, (1) Manoel Ferreira Fonte-

les conheceu uma índia tapuia, de nome Maria Fernandes, com

quem passou a viver maritalmente. Desta relação amorosa nas-

ceu uma menina, batizada em 1718, tomando o nome de Luisa.

Esta se casou, a 26 de novembro de 1733, com o português

Caetano Soares Monteiro, (2) filho de Simão Marques Leitão e

Catarina Soares Monteiro, naturais de Sobral da Lagoa, Óbidos,

Portugal. Deste matrimônio nasceram oito filhos: quatro mulhe-

res e quatro homens, que casaram e deixaram descendência:

___________________

1 Antiga localidade do Ceará. A primeira vila instalada nesse território. Tristão de

Alencar Araripe considera o topônimo a mesma designação de uma vila de Portu-

gal, mas Paulino Nogueira contesta, apresentando, para o mesmo etimologia de ori-

gem indígena. Pedro Théberge, à página 182, tomo I, de seu Esboço Histórico so-

bre a província do Ceará, diz ser crença geral que a povoação do Aquiraz foi ele-

vada à vila no primeiro ano do século XVIII. E conclui: “sendo já vila no meado de

maio e correspondendo-se com o Monarca, foi o decreto da criação lavrado no fim

do século anterior ou primeiros dias do XVIII. A vila foi criada debaixo do título de

vila de São José de Ribamar dos Aquiraz, e compreendeu seu termo todo o territó-

rio do Ceará Grande, isto é, a capitania inteira”. (Cf. OLIVEIRA. J. B. Perdigão de.

A primeira vila da província. In: Revista do Instituto do Ceará, vol. 1, 1887.

2 “Caetano Soares Monteiro foi Vereador da Câmara Municipal de Fortaleza, eleito a

28 de julho de 1747, com posse a 4 de janeiro de 1748. Luisa Ferreira faleceu a 16

de novembro de 1794”. (Cf. ARAUJO, Francisco Sadoc de, Pe. Raízes portuguesas

do Vale do Acaraú. Sobral: Edições UVA, 2000.)

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1. Maria Soares Monteiro, casada com o português João da

Silveira Dutra, natural da freguesia de Cedros, conce-

lho de Horta, Ilha do Faial, Açores, filho de Manoel da

Silveira Dutra e Josefa da Silveira, a 24 de novembro

de 1746. Tendo falecido dona Maria Soares, a 29 de

junho de 1765; João da Silveira Dutra casou com Maria

da Conceição Araújo, filha de Gabriel Cristóvão de

Meneses e Bernarda Correia de Araújo, a 8 de setem-

bro de 1766.

2. Gabriel Soares Monteiro, casado com Quitéria Coelho de

Albuquerque, filha do Capitão Antônio Coelho de Al-

buquerque e Joana Teixeira de Morais, a 26 de novem-

bro de 1778.

3. Josefa Maria da Conceição, casada com Francisco Rodri-

gues Magalhães, filho de João Rodrigues Magalhães e

Grácia Ribeiro de Sousa, a 10 de setembro de 1769.

Faleceu a 15 de setembro de 1776.

4. Maria Madalena Monteiro, casada com Miguel dos San-

tos Silva, filho de Manoel dos Santos Silva e Maria da

Conceição, a 21 de novembro de 1777.

5. Manoel Soares Monteiro, casado com Custódia Louren-

ço, filha de João Pereira da Silva e Quitéria Maria de

Sousa, a 22 de maio de 1799.

6. Ana Ferreira do Espírito Santo, casada com João Rodri-

gues da Silveira, filho de Francisco Dias da Silveira e

Ana Cardoso, a 18 de novembro de 1790.

7. Francisco do Espírito Santo, casado com Maria Rodri-

gues Moreira, filha do Capitão Manoel Moreira Soares

e Ana da Costa Teixeira, a 28 de outubro de 1771.

8. Vicente Monteiro, batizado a 1º de maio de 1760.

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☼☼☼

Por volta de 1725, Manoel Ferreira Fonteles recebeu car-

ta do amigo residente em Pernambuco, na qual comunicava que

estava a preparar viagem ao Ceará, em companhia da filha Ma-

ria Pereira, com o fim de realizar o casamento.

Conhecedora dos acontecimentos, a índia tapuia revoltou-

se contra o amante que lhe havia prometido fidelidade e, agora,

anunciara-lhe que estava terminada a vida em comum, porque

chegara a hora de se casar com a jovem prestes a chegar de

Pernambuco. Dizendo-se ameaçado de morte pela amante, Ma-

noel Ferreira Fonteles conseguiu que a índia fosse presa na ca-

deia de Aquiraz, não devendo ser solta senão após a realização

do casamento.

Na busca de sair-se bem da vexatória situação, Manoel

Ferreira Fonteles procurou enfrentar imediatamente os proble-

mas, a fim de que, quando chegasse de Pernambuco o futuro

sogro, tudo estivesse resolvido. (3)

A primeira providência a tomar foi adquirir uma proprie-

dade onde se fixar, longe dos problemas surgidos em Aquiraz.

Foi então que comprou parte da sesmaria de Nicolau da Costa

___________________

3 “Manoel Ferreira Fonteles é tronco de enorme descendência na Ribeira do Acaraú e

vulto de singular importância na colonização desta região. Emigrou para o Brasil

fixando-se primeiramente nas proximidades do Forte, tendo sido vereador em Aqui-

raz. Comprou terras de Nicolau da Costa Peixoto, nas quais construiu sua célebre

Fazenda Tucunduba onde vivia como homem influente. Segundo testemunha da

época, era peão e mecânico e exercitava o ofício de vaqueiro e todos os atos mecâ-

nicos dele. Foi em sua Fazenda Tucunduba que se refugiou o Ouvidor Loureiro du-

rante a rebelião de 1732”. (Cf. ARAÚJO, Francisco Sadoc de, Pe. Cronologia So-

bralense, vol. I. Fortaleza: Grecel, 1974.)

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Peixoto, que se estendia até a localidade de Tucunduba, onde

pretendia se estabelecer, após a realização do matrimônio.

Uma vez casados, Manoel Ferreira Fonteles e Maria Pe-

reira vieram para a ribeira do Acaraú. A fazenda cujo nome

lembra abundância de tucum media meia légua de terra, de

comprido, com meia légua de largo, tudo de uma só banda do

rio Acaraú, à margem esquerda, e confinava, ao norte, com a

fazenda Salgado e, ao sul, com as fazendas Raiz e Várzea Re-

donda. Conforme levantamento feito pela Câmara Municipal de

Sobral, em 1788, a fazenda Tucunduba possuía os seguintes

bens semoventes: “28 cabeças de gado de açougue, 100 vacas

parideiras, 10 poltros, 30 novilhos, 25 garrotes, 70 cabras e 46

cabritos. Possuía 2 escravos, 1 engenhoca, 3 machados, 2 enxa-

das, 2 foices e 1 cavador”. Quanto à produção agrícola dispunha

de 5.000 covas de mandioca, 100 mãos de milho de colheita e

25 braças de terra plantada de algodão.

Estes dados demonstram que Manoel Ferreira Fonteles

chegou a possuir um bom patrimônio, o que o fez conseguir

proeminência social na região, tendo exercitado influência polí-

tica e chegado ao posto de tenente do regimento de ordenanças,

tendo também projeção no campo religioso. Muito ajudou na

construção da capela de Santana do Acaraú, cuja bênção se

realizou no dia 9 de agosto de 1739. (4) Foi juiz ordinário da

Câmara de Fortaleza, no ano de 1741. A 26 de julho de 1745

foi eleito juiz ordinário da ribeira do Acaraú, com juramento e

posse a 22 de abril de 1746.

___________________

4 Inaugurada nesta data, logo a Capela receberia doação, a 16 de outubro de 1739,

para formação de seu patrimônio: “Está sita do rio Acaracu para a parte do sul 6 le-

goas abaixo da Matriz, em meia legoa de terra, doação do Padre Antonio dos Santos

da Silveira, com 50 vaccas e um touro para o patrimonho da mesma Capella, como

se vê de uma escritura que se acha enserta no dito livro.” (Cf. PESSOA, Dr. João

Ribeiro, Pe. Notícias da freguesia de N. S. da Conceição da Caissara dadas pelo

Revdo. Cura e Vigário da Vara Atual d‟ela, ano de 1767. In: Revista do Instituto do

Ceará, vol. 2, 1888. pp.149-150.)

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Do casamento de Manoel Ferreira Fonteles com Maria

Pereira, nasceram seis filhos:

1. Maria Ferreira Pinto, nascida em 1729, casada com o

português Capitão Matheus Mendes de Vasconcelos, fi-

lho de Matheus Mendes e Ana Carvalho, naturais de

Travanca, concelho de Amarante, a 19 de setembro de

1743. Maria Ferreira Pinto faleceu a 2 de julho de 1795.

Seu marido Matheus faleceu a 7 de janeiro de 1793.

Tronco da numerosa família Vasconcelos.

2. Ana Ferreira do Espírito Santo, nascida em maio de

1732, casada com o português Francisco de Farias Al-

meida, filho de Francisco de Farias Almeida e Emerên-

cia de Jesus Magalhães, a 22 de julho de 1753.

Os outros quatro filhos casaram com filhos do Capitão

Ângelo Dias Leitão e Rosa Maria Ferreira, paraibanos e

moradores na ribeira do Acaraú.

3. Manoel Ferreira Fonteles Filho, nascido em maio de

1740, casado, na capela de Santa Cruz, com Ana Maria

da Conceição, filha de Ângelo Dias Leitão, a 12 de no-

vembro de 1755. Manoel Ferreira Fonteles Filho fale-

ceu a 18 de julho de 1795. Ana Maria faleceu a 19 de

fevereiro de 1818. É o tronco mais prolífero da família.

4. Bibiana Ferreira Fonteles, batizada em dezembro de

1742, casada com Quintiliano Dias Leitão, filho de Ân-

gelo Dias Leitão, a 20 de agosto de 1756. Bibiana fale-

ceu, a 9 de agosto de 1805, e Quintiliano, a 23 de feve-

reiro de 1815.

5. Tomé Ferreira Fonteles, gêmeo, nascido a 28 de dezem-

bro de 1747, de cujo parto faleceu a mãe. Casou com

Maria José de Verçosa, filha de Ângelo Dias Leitão e

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Rosa Maria Ferreira, a 27 de novembro de 1764, na Ca-

pela de Santa Cruz (Bela Cruz), Maria José faleceu a 1º

de maio de 1785.

6. Francisco Ferreira Fonteles Rios, gêmeo com o prece-

dente, (5) nasceu e casou-se nos mesmos dias que o ir-

mão Tomé. O 1º matrimônio com Ignácia Ferreira de

Verçosa, filha de Ângelo Dias Leitão, na capela de San-

ta Cruz. O 2º, com Ana Quitéria de Jesus, a 4 de agosto

de 1796. Francisco Ferreira Fonteles Rios faleceu a 18

de julho de 1815. Tronco da família Rios.

Dona Maria Pereira, faleceu a 28 de dezembro de 1747,

de parto dos dois gêmeos, o Tenente Manoel Ferreira Fonteles

casou, em segundas núpcias, com Rosaura Maria de Mendonça,

a 28 de maio de 1752, viúva de Bento de Barros, falecido a 7 de

janeiro de 1752. Deste segundo matrimônio não houve descen-

dência.

Manoel Ferreira Fonteles faleceu a 30 de abril de 1761,

com 74 anos de idade. Seu corpo foi sepultado, com todos os

sacramentos, na capela de Santana do Acaraú. Deixou testamen-

to, cujo resumo foi transcrito no próprio livro paroquial da fre-

guesia da Caiçara.

___________________

5 Casam-se na capela de Santa Cruz os irmãos gêmeos Francisco Ferreira Fonteles e

Tomé Ferreira Fonteles, filhos de Manoel Ferreira Fonteles e Maria Pereira, com as

irmãs Ignácia Ferreira e Maria José, filhas do Alferes Ângelo Dias Leitão e Rosa

Maria Ferreira, em cerimônia oficiada pelo Pe. Antônio Thomaz Serra. Além da po-

ligamia e do concubinato, outro fenômeno familiar comum na época era o da endo-

gamia, ou casamentos sempre dentro de determinadas famílias, estreitando os laços

de consanguinidade e parentesco. (Cf. ARAUJO, José Humberto. In: Cronologia de

Bela Cruz, 1990. p. 22.)

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Termo de Óbito de Manoel Ferreira Fonteles

“Aos trinta de abril de mil setecentos e sessenta e hum, faleceu da vida

presente, de doença que Deus lhe deu, o Tenente Manoel Ferreira

Fonteles, de idade de setenta anos, pouco mais ou menos, freguez

deste Curato, homem branco, casado com Rosaura Maria de Mendon-

ça, por contrato e escritura de Arras, natural da freguezia de Nossa

Senhora da Conceição de Meixemil, entre Douro e Minho, bispado do

Porto, filho legítimo de Domingos Velho da Cruz e de sua mulher

Maria Ferreira Pinto, morreu com seu solene testamento, no qual dei-

xa seus testamenteiros, a Caetano Soares Monteiro e o seu Filho Ma-

noel Ferreira da Rocha. Deixa que se façam dois ofícios de corpo

presente por sua alma, fora o de obrigação. Item deixa por sua alma

uma capela de missas. Item outra capela de missas pelas almas. Item

outra capela de missas pelas almas de seus pais, pai e mãe, todas com

esmola de duzentos e quarenta por cada missa. Item deixa de esmola a

sua mulher tudo o que constar ser de seu uso e ornato. Item deixa mais

a dita sua mulher vinte e cinco vacas e três bestas mulas. Deixa para

desencargo de sua consciência à Matriz desta freguezia do Acaracu

quatro poldros de ano e meio acima. Deixa por esmola ao seu afilhado

Manoel, filho de Caetano Torres, digo Soares Monteiro, uma besta.

Item deixa de esmola a seu afilhado Francisco, filho de Francisco

Maria de Almeida, um poldro de ano e meio. Item deixa de esmola a

seu afilhado Manoel, filho de Matheus Mendes de Vasconcelos, um

poldro de ano e meio. Ultimamente institui por herdeiros do restante

de sua terra, seus filhos Manoel Ferreira da Rocha, Tomé, Francisco e

Bibiana, para igualmente repartirem. Foi envolto em hábito francisca-

no, sepultado na capela de Santa Ana desta freguezia e encomendado

de licença minha pelo R. Pe. Ignacio Gonçalves da Silva. Faleceu com

todos os sacramentos que fiz este termo em que me assigno Manoel da

Fonseca Jayme, Cura do Acaracu”. (Liv. Óbitos de Sobral. 1752-1774,

fl. 26v.)

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Família Vasconcelos

Os Vasconcelos, bastante numerosos no município de

Bela Cruz, provêm do Capitão Matheus Mendes de Vasconce-

los, português, natural de Travanca, (6) freguesia do concelho de

Amarante, distrito do Porto, onde foi batizado a 15 de agosto de

1706. Filho de Ana Carvalho Fernandes e Matheus Mendes de

Vasconcelos.

Seu pai Matheus, provém de Dom Francisco Luís III,

Comendador-Mor de Avis e de sua mulher dona Felipa de

Mendonça. Dom Duarte de Melo teve como sua mulher Isabel

de Brito, a filha Guiomar de Melo, que se casou com Dom Ál-

varo Mendes de Vasconcelos – Senhor do Morgado de Esporão

e que fora Embaixador do Imperador Carlos V. Joanne Mendes

Vasconcelos – segundo Senhor do Morgado de Esporão – Co-

mendador da Ordem de Cristo, casou-se com dona Antônia de

Atayde, filha de Dom Antônio de Atayde – primeiro Conde das

Castanheiras, fiador da Fazenda Real, e de sua mulher a Con-

dessa dona Ana Távora. Deste casal, dentre outros, houve Dom

Manuel Mendes de Vasconcelos – Senhor do Morgado do Es-

porão e Comendador da Ordem de Cristo, Regedor das Justiças,

nascido a 25 de abril de 1637, daí vem dona Felipa de Mendon-

ça, acima citada; e daí descende Matheus Mendes de Vasconce-

los, pai de enorme descendência nesta Ribeira do Acaraú.

____________________ 6 Travanca, a terra natal do capitão Matheus Mendes de Vasconcelos é, ainda hoje,

uma pequena aldeia do Minho, conhecida apenas por seu notável Mosteiro, mo-

numento nacional, distante 4,0 km de Vila Meã, onde há uma estação do Caminho

de Ferro Douro, junto à estrada que se dirige a Amarante, sede do concelho. (Cf.

ARAUJO. Francisco Sadoc de, Pe. Raízes Portuguesas do Vale do Acaraú. Sobral:

Edições UVA, 2000.)

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Apesar dessas origens, lembra o Pe. Francisco Sadoc de

Araujo, que não tem qualquer sentido histórico iniciar o estudo

de nossas famílias-tronco pela descrição de brasões nobiliár-

quicos de sobrenomes homônimos portugueses, que apenas

muito remota ou nenhuma ligação possuem com os nossos pri-

mitivos povoadores. Na realidade, a ribeira do Acaraú – salien-

ta, ele – foi povoada por humildes lavradores, vaqueiros e pes-

cadores oriundos, em sua grande maioria, de vilarejos rurais e

povoas marítimas do antigo Reino de Portugal. Se algum deles

enobreceu ou enriqueceu foi aqui, pelo esforço no arranjo do

gado ou na conquista do mar costeiro.

Pois bem: Matheus veio para o Brasil, provavelmente, em

1739. O certo é que em 1740, já se encontra na ribeira do Aca-

raú, onde procurou seu patrício Manoel Ferreira Fonteles, mi-

nhoto como ele, já estabelecido na fazenda Tucunduba, e que

tornou-se seu protetor e futuro sogro. Quando Matheus chegou

à fazenda do tenente Manoel Ferreira Fonteles, este já tinha três

filhos: Maria com 11 anos, Ana com 8, e Manoel recém-

nascido.

O que sabemos é que Matheus Mendes de Vasconcelos

casou-se aos 37 anos de idade, com Maria Ferreira Pinto, de

apenas 14 anos. A cerimônia religiosa do matrimônio foi reali-

zada a 19 de setembro de 1743, como consta do seguinte termo:

Aos dezenove do mês de septembro de mil settecentos e quarenta e trez

annos, feitas as diligências necessárias e corridos os banhos sem se descobrir

impedimento algum canonnico como consta da certidão delles que fica em

meo poder, em minha presença e das testemunhas o Rdo. Pe. Mestre Frei

Luiz Barreto e o tenente-coronel Manoel Ferreira Fonteles, pessoas conheci-

das, se receberam solenemente por palavras de presente na forma do Sagrado

Concílio Tridentino, Matheus Mendes de Vasconcelos, filho legítimo de

Matheus Mendes de Vasconcelos e de sua mulher Anna Carvalho, natural da

freguesia de Refojos, arcebispado de Braga, e assistente nesta freguesia do

Acaracu, com Maria Ferreira Pinto, filha do tenente Manoel Ferreira Fonteles

e de sua mulher Maria Pereira, natural desta freguesia de N. Sra. da Concei-

ção do Acaracu. Bispado de Pernambuco, e logo receberam as bênçãos nup-

ciais, de que fiz este assento e assignei. Pe. Lourenço Gomes Lelou, cura e

vigário da Vara do Acaracu. Pe. Frei Luiz Barreto. Ten-Cel. Manoel Ferreira

Fonteles. (Livro de Casamentos de Sobral, 1742-1779, fl. 86 v.)

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Após o casamento, o casal Matheus Mendes de Vascon-

celos e Maria Ferreira Pinto foi residir na fazenda Curralinho,

terra que a noiva recebera dos pais como dote do casamento.

Deste casal, ali nasceram e foram criados sete filhos, troncos de

numerosas famílias que povoaram a ribeira do Acaraú:

1. Manoel Francisco de Vasconcelos, casado com Maria Jo-

aquina Xerez Uchoa, filha de Luis de Sousa Xerez e

Ana Teresa Lins de Albuquerque, a 26 de novembro de

1767. O casal passou a residir na fazenda Marco e, pos-

teriormente na fazenda Salgado.

2. José Ferreira Brandão, casado com Francisca de Sousa,

filha de Tomás da Silva Porto e Nicácia Alves Pereira,

a 2 de março de 1767, na Matriz de Caiçara.

3. Antônio Mendes de Vasconcelos, batizado em maio de

1756. Casou duas vezes. A 1ª com Ana Joaquina de Je-

sus, filha de Domingos Ferreira Gomes e Maria Álvares

Pereira, a 5 de fevereiro de 1777. Ana Joaquina faleceu

a 27 de agosto de 1795. Antônio casou, em segundas

núpcias, com Teodora Ignácia de Meneses, viúva de

Antônio Soares Apoliano Bulcão, de Uruburetama. An-

tônio Mendes de Vasconcelos faleceu a 6 de janeiro de

1816.

4. Joaquim Ferreira de Vasconcelos, nascido em 1757. Ca-

sado com Ana Maria do Espírito Santo, filha de Manoel

Ferreira Fonteles Filho e Ana Maria da Conceição, na

capela de Santana do Acaraú, a 29 de julho de 1793.

Faleceu a 3 de outubro de 1800.

5. Alexandre Pereira da Rocha, nascido a 25 de fevereiro

de 1760. Casou três vezes. A 1ª, com Tomásia Ferreira

Fonteles, filha de Manoel Ferreira Fonteles Filho e Ana

Maria da Conceição, a 9 de setembro de 1792, na cape-

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la de Santa Cruz (Bela Cruz). Tomásia faleceu a 28 de

outubro de 1798, tendo o viúvo Alexandre casado, em

segundas núpcias, com Francisca Maria de Jesus, filha

do Capitão Antônio de Sousa Carvalho e Maria do Nas-

cimento, a 26 de novembro de 1801. Falecendo Fran-

cisca Maria, a 14 de maio de 1826, Alexandre casou

com Ignácia de Meneses, filha de Ignácio Bezerra de

Meneses e Maria Madalena de Sá. Troncos da família

Rocha.

6. Rosa Maria da Conceição, casada com Manoel Carneiro

da Costa, filho de João Carneiro da Costa e Teresa de

Jesus, a 9 de janeiro de 1766. O casal passou a residir

na fazenda Sapó. Manoel Carneiro da Costa faleceu a

17 de dezembro de 1811 e dona Rosa Maria, em 1814.

Troncos da família Carneiro.

7. Ana Maria de Vasconcelos, batizada a 27 de dezembro

de 1750. Casada com o português Manoel Lourenço da

Costa, filho de Manoel Lourenço da Costa e Suzana

Lourenço da Costa, a 5 de outubro de 1767, na capela

de Santana do Acaraú. Ana Maria faleceu a 14 de abril

de 1786. Manoel Lourenço da Costa nasceu a 3 de mar-

ço de 1737 e faleceu a 26 de agosto de 1815, sendo se-

pultado na capela de Santana do Acaraú.

Resumindo: O Capitão Matheus Mendes de Vasconcelos,

nasceu em agosto de 1706. Emigrou para a ribeira do Acaraú,

onde se casou, a 19 de setembro de 1743, com Maria Ferreira

Pinto, filha do Tenente Manoel Ferreira Fonteles e Maria Perei-

ra. Deste casamento provêm os Mendes e Vasconcelos do Vale

do Acaraú. Depois de uma vida longa e honrada, Matheus Men-

des de Vasconcelos conseguiu boa fortuna, patrimônio que le-

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ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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gou aos filhos e netos. Faleceu a 7 de janeiro de 1793, como

atesta o termo:

Aos sete de janeiro de mil setecentos e noventa e três, faleceo, com os

sacramentos, Matheus Mendes de Vasconcelos, de noventa annos de

idade, pouco mais ou menos, casado que foi com Maria Ferreira Pinto.

Foi o corpo sepultado na Capela de Santa Anna, filial desta Matriz de

Sobral em hábito da Ordem de Nossa Senhora do Carmo, de que era

Irmão Terceiro, do que para constar fiz este termo e assignei. Bazilio

Francisco dos Santos. Cura e vigário da Vara de Sobral. (Livro de

Óbitos de Sobral. 1774-1798, fl. 199 v.)

Pouco mais de dois anos depois, falecia a viúva Maria

Ferreira, a 2 de julho de 1795. Nos antigos termos de óbito, a

idade dos defuntos era consignada em número aproximativo. Na

verdade Matheus Mendes de Vasconcelos faleceu com 87 anos

e seis meses, e sua mulher Maria Ferreira Pinto, com 66 anos.

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Família Araújo

A família Araújo, ou Araújo Costa, ou Lopes Araújo, que

se ramificou também com a família Silveira, da Ribeira do Aca-

raú, mais precisamente de Bela Cruz, provém de três irmãos

portugueses: José de Araújo Costa, Pedro de Araújo Costa, e

Manoel de Araújo Sá, naturais de Estrufe, freguesia de Santa

Lucrécia de Louro, (7) distrito e arquidiocese de Braga, provín-

cia do Minho. Na época em que ali nasceram a freguesia de

Louro pertencia ao concelho de Barcelos, mas, posteriormente,

passou a pertencer ao de Vila Nova de Famalicão, que se tornou

sede concelia a partir de 1835.

___________________

7 Louro é uma das 49 freguesias que compõem o concelho de Vila Nova de Famali-

cão e fica, a meio caminho, entre esta vila e a de Barcelos. O topônimo Louro apa-

rece, em documentos, somente a partir de 1551, ligado à variante de Santa Lobori-

ça. A correspondência dessa abadia com a atual freguesia de Louro comprova-se

pelo orago, que é o único desse nome no concelho de Famalicão e pelos lugares de

Estrufe e Rebordelo. A atual freguesia tem área de 518 ha e população de 3.000 ha-

bitantes. Limita ao norte com Lemenhe; a leste com Mouquim e Gavião; ao sul com

Brufe, Outiz e Cavalões; a oeste com o rio Este que a separa do concelho de Barce-

los. Como símbolos históricos da fé de seu povo, destacam-se a velha Matriz de

Santa Lucrécia e o Cruzeiro de Penedo, relíquias de expressiva singeleza religiosa.

Quanto à freguesia vizinha de Viatodos, que pertencia ao concelho de Barcelos e

foi berço do pai dos três irmãos, é também sede da antiga abadia, tendo por orago

Nossa Senhora da Apresentação. Vem mencionada nas inquirições de 1220. Para a

banda do poente, avista-se uma sucessão de montes arborizados e, entre eles, o

Monte Viatodos, que deu nome à sede e cuja etimologia denota a abrangência de

visão da totalidade do horizonte circundante. O lugar Camposinhos ainda hoje é um

pequeno núcleo de casas dispersas e escondidas entre as ondulações do terreno co-

berto de vegetação rasteira. Talvez, essa série de pequenos morros sucessivos, suge-

riu o nome de Morrinhos ao atual município cearense. (Cf. ARAÚJO, Francisco

Sadoc de, Pe. Raízes portuguesas do Vale do Acaraú. Sobral: Edições UVA, 2000.

pp. 152-53.)

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VICENTE FREITAS

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O certo é que os irmãos emigraram para a ribeira do Aca-

raú, sendo que José de Araújo Costa estabeleceu-se na fazenda

Lagoa Grande, perto da atual cidade de Bela Cruz; Pedro de

Araújo Costa fixou-se na fazenda Morrinhos, e Manuel de Ara-

újo Sá, na fazenda Boa Vista, durante o quarto decênio do sécu-

lo XVIII.

O pai, Pedro de Araújo Costa, é natural do lugar Campo-

sinhos, freguesia de Viatodos, concelho de Barcelos, e a mãe,

Maria da Costa e Sá é natural do lugar Estrufe, freguesia de

Louro, concelho de Vila Nova de Famalicão. (8)

Os livros de assentos religiosos da freguesia de Santa Lu-

crécia de Louro, terra natal dos Araújos Costas que vieram po-

voar o Vale do Acaraú, encontram-se no Arquivo distrital de

Braga, instalado na Biblioteca Pública local, onde o Pe. Fran-

cisco Sadoc de Araújo esteve, em 1986, com a finalidade de

colher informações sobre nossos ancestrais portugueses. Foi ali

que ele encontrou o termo de casamento dos genitores dos três

irmãos que emigraram para o Vale do Acaraú:

Aos dois dias de janeiro, de mil setecentos e quatorze annos, em

minha presença e das testemunhas, Joseph Bezerra, Francisco Correa

de Lacerda, João Gonçalvez e maior parte dos fregueses; receberam o

sacramento do matrimônio, em face da Igreja e guardada a forma do

Sagrado Concílio Tridentino e Constituições, Pedro de Campos, digo

de Araújo, filho de Domingos de Araújo e sua mulher Maria da

Costa, da freguesia de Viatodos, e Maria da Costa e Sá, filha de

Domingos da Costa e sua mulher Ângela de Sá, desta freguesia. O

Abb. Thomas da Fonseca e Escovar. (Livro Misto, nº 3, Freg. de

Santa Lucrécia do Louro, fl. 81.)

___________________

8 Vila, sede de concelho e comarca, do distrito e arquidiocese de Braga, com 3.986 h.

O concelho é formado por 49 freguesias com 90.335 h.: intensa na sua área a agro-

pecuária e notável o seu desenvolvimento industrial com o fabrico de têxteis, pneus,

máquinas agrícolas, materiais de construção e relógios de parede. A vila encontra-

se num importante nó de comunicações: recebeu foral em 1205; o concelho foi cri-

ado em 1835, tendo Famalicão passado a vila e sede de concelho em 1841. (Cf. En-

ciclopédia Fundamental Verbo, vol. 2, 1982. p. 1593.)

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Do matrimônio de Pedro de Araújo Costa com Maria da

Costa e Sá, nasceram nove filhos:

1. Gonçalo. Nascido a 9 de dezembro de 1714.

2. Francisco. Nascido a 20 de agosto de 1716.

3. Maria. Nascida a 4 de março de 1718.

4. Benta. Nascida a 4 de novembro de 1719.

5. Helena. Nascida a 15 de abril de 1721.

6. José. Nascido a 30 de junho de 1724.

7. Francisco. Nascido a 10 de fevereiro de 1728.

8. Pedro e Manoel, cujos termos de batismo não foram loca-

lizados.

Três desses irmãos emigraram ainda solteiros para a ri-

beira do Acaraú, quando estavam na faixa dos vinte anos, por-

tanto, durante o início da década de 1740. Por essa época, já se

encontrava na região o Cel. José da Costa e Sá, de quem os

irmãos eram sobrinhos maternos. Referido coronel, já era pos-

suidor de datas de sesmarias na região. Destas informações

infere-se que os sobrinhos vieram de Portugal com a intenção

de partilhar dessas terras.

Dos três irmãos, o capitão José de Araújo Costa, meu

pentavô, tanto do lado materno quanto paterno, foi o que deixou

maior descendência e maior cabedal de bens de fortuna. É o

tronco mais prolífero da família Araújo. Nascido a 30 de junho

de 1724, em Estrufe, lugarejo rural da freguesia de Louro, então

concelho de Barcelos e hoje de Vila Nova de Famalicão, foi

batizado, com nove dias de nascido, conforme o termo de ba-

tismo:

Joseph, filho de Pedro de Araújo e de sua mulher Maria da Costa e

Sá, de Estrufe desta freguesia, nasceu em os trinta de junho de mil

setecentos e vinte e quatro e foi solenemente por mim baptizado em

ausência do Reverendo Abade, em os nove de julho do dito anno.

Foram padrinhos Manoel Gomes, de Vila Nova de Famalicão, e

Angella de Campos, mulher de Dionísio Costa, de Estrufe desta

freguesia. O Pe. Antônio da Silva. (Livro Misto, nº 4, fl. 74.)

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José e seus irmãos passaram a infância e a adolescência

no convívio doméstico da aldeia de Estrufe, no fértil Vale do

Louro, banhado pelo rio Este. Ali aprenderam a trabalhar no

cultivo da terra. Após atingir a maioridade, resolveram juntar

algum dinheiro e, no porto vizinho da Vila do Conde, embarca-

ram em um dos patachos que, frequentemente, dali zarpavam

rumo a Pernambuco, em longa e tormentosa viagem. Do porto

do Recife ao Acaraú, e vice-versa, não faltavam sumacas, espe-

cialmente nessa época de início do efervescente comércio das

charqueadas. Foi em um destes paquetes, que eles chegaram às

praias acarauenses.

Pouco tempo depois, com o falecimento do tio, Cel. José

da Costa e Sá (9) em 1745, cada um dos sobrinhos procurou

viver por conta própria. José de Araújo Costa, neste tempo, já

era proprietário da fazenda Lagoa Grande, comprada de Sebas-

tião de Sá, às margens do Rio Acaraú até confrontar, ao poente,

com terras da capela de Santa Cruz (Bela Cruz).

___________________

9 O Cel. José da Costa e Sá, conseguiu obter três datas de sesmarias: uma nos riachos

Taoca e Inhuçu, Serra da Ibiapaba, medindo 3X1 léguas, a 23 de dezembro de

1723; outra no riacho das Almas, afluente do Aracatimirim, medindo 6 léguas, a 29

de setembro de 1733; a terceira, no rio Aracatimirim, medindo 3X1 léguas, a 11 de

dezembro de 1733. Na descrição dos bens de raiz, do Capitão José da Costa e Sá,

constam ainda: uma légua de terra na Fazenda Boa Vista, cujo vaqueiro era Manoel

Rodrigues; uma légua de terra em Morrinhos, cujo curador e criador era João da

Silveira Dutra, e vaqueiro, Pedro de Araújo Costa, seu sobrinho; uma légua de terra

no Morro Grande, cujo criador era Antônio Diniz Penha. Nos requerimentos que

fez, o Coronel diz-se morador na Ribeira do Acaraú. Era natural de Santa Lucrécia

do Louro. Casou-se, em Pernambuco, com Josefa Maria. O casal teve três filhas –

Josefa, Ana e Luzia da Costa, que se casou com o Capitão Manoel da Cunha Linha-

res, natural de Linhares, filho de Pedro José da Cunha e Maria da Cunha Araújo. O

Cel. José da Costa e Sá faleceu em viagem a Pernambuco, como consta de seu in-

ventário, feito a 25 de setembro de 1746, no Sítio Boa Vista, Ribeira do Acaraú,

onde residia a viúva. (Cf. ARAÚJO, Francisco Sadoc, Pe. Raízes portuguesas do

Vale do Acaraú. Sobral: Edições UVA, 2000. pp. 155-56.)

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Inteligente e ativo e, sobretudo, fiel ao objetivo que o

trouxera da Pátria de Camões, José de Araújo Costa dedicou-se

à lavoura e à criação de gado, e cultivou o ideal da áurea medi-

ocridade, (10) louvando a vida campestre e a simplicidade. As-

sim, já com sólida situação financeira, ingressou na política,

chegando a ser escolhido vereador, pela Câmara Municipal de

Sobral, a 1º de agosto de 1775, mas não compareceu à posse

realizada a 1º de janeiro do ano seguinte, tendo renunciado à

função sob a alegativa de enfermidade. De forma que, figura

marcante dos poderes públicos do Baixo Acaraú, o Capitão José

de Araújo Costa integrou uma das Comissões dos festejos da

instalação da Vila de Sobral, a 5 de julho de 1773, quando ali se

encontra e assina o termo do levantamento do pelourinho. (11)

___________________

10 A áurea mediocridade pode ser entendida como um ideal de vida equilibrada,

conforme a concebeu o poeta latino Horácio: “fugere urbem ut vivere in aurea me-

diocritate” (fugir da cidade e viver em áurea mediocridade).

11 Termo do levantamento do pelourinho na povoação de Caiçara: “Aos cinco dias do

mês de julho de mil setecentos e setenta e três anos nesta povoação da Caiçara,

Capitania do Ceará Grande, no terreno do meio dela onde veio o Doutor Ouvidor-

Geral e Corregedor da Comarca, João da Costa Carneiro e Sá, comigo escrivão do

seu cargo adiante nomeado, e maior parte das pessoas mais capazes do povo deste

termo, e sendo no lugar do pelourinho, que o dito ministro mandou fazer, e aí por

mim escrivão foi comunicado a todas as pessoas presentes o transcrito da Carta do

Excelentíssimo Governador de Pernambuco, edital e ordem de Sua Majestade Fi-

delíssima, tudo copiado na certidão retro, depois do que por ordem do dito minis-

tro em voz alta e inteligível pelo meirinho geral da correição João dos Reis foi dito

três vezes Real! Real! Viva o nosso Rei Fidelíssimo, o Senhor Dom José de Portu-

gal! Cujas palavras repetiu todo o povo em sinal do reconhecimento da mercê que

recebiam do mesmo Senhor pela ereção desta nova vila de Sobral. E de tudo para

constar mandou o dito ministro fazer este termo em que assinou com todos os que

presentes estavam. E eu, Bernardo Gomes Pessoa, escrivão da correição, o escrevi.

Carneiro e Sá. – Bento Pereira Viana. – Jerônimo Machado Freire. – José de Xerez

Furna Uchoa. – Sebastião de Albuquerque Melo. – Luís de Sousa Xerez. – Ale-

xandre de Holanda Correia. – Vicente Ferreira da Ponte. – Manuel Coelho Ferrei-

ra. – José de Araújo Costa. – Manuel da Cunha. – Antônio Miguel Pinheiro. – Jo-

ão Marques da Costa. – Feliciano José de Almeida. – Manuel Ferreira Torres. –

André José Moreira da Costa Cavalcante. – Manuel de Sousa de Carvalho. – Mi-

guel Álvares Lima. – Antônio de Carvalho e Sousa”. (Cf. STUDART, Guilherme.

Notas para a história do Ceará. Brasília: Conselho Editorial do Senado Federal,

2004, pp. 261-62. Edições do Senado Federal; v. 29.)

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E na mesma data foi ele nomeado, pelo Ouvidor João da

Costa Carneiro e Sá, para controlar a venda de gado e cobrar o

respectivo imposto, no porto de Acaraú. Isto naquele tempo em

que o comércio de gado vacum ali acusava um grande movi-

mento, em consequência das charqueadas. Escolheu por noiva a

jovem Brites de Vasconcelos, nascida em 1724 em Igaraçu,

Pernambuco, uma das sete irmãs, filha do capitão Manoel Vaz

Carrasco e Madalena de Sá Oliveira, moradores na fazenda

Lagoa Seca, próxima a hoje cidade de Bela Cruz. A cerimônia

religiosa foi realizada a 31 de julho de 1747, na própria Lagoa

Seca, conforme verifica-se do assento que se encontra no livro

original do Curato do Acaraú, guardado no Arquivo da Diocese

de Sobral:

Aos trinta e hum dias do mês de julho de mil setecentos e quarenta e

sete, feitas as diligências necessárias na forma do Sag. Conc. Trid. sem

impedimento algum, no Sítio da Lagoa Seca, pelas dez horas do dia se

receberam por palavras de presente em presença do padre Pedro de

Albuquerque de minha licença, José de Araújo Costa, filho do Capi-

tam-mor Pedro da Costa, digo de Araújo e de sua mulher Maria de Sá,

e Dona Brites de Vasconcelos, filha do Capitam Manoel Vaz Carrasco

e de sua mulher Dona Maria Magdalena, natural da vila de Igaraçu,

sendo presentes por testemunhas o Coronel Francisco Ferreira da Pon-

te, solteiro, e o tenente Manoel Ferreira Fonteles, casado, de que fiz

este termo em que me assigno. Antônio de Carvalho e Albuquerque,

Cura do Acaracu. (Liv. 1741-1769, fl. 104 v.)

Do casamento do Capitão José de Araújo Costa, com dona

Brites de Vasconcelos, nasceram onze filhos:

1. Alferes Anselmo de Araújo Costa, eleito Vereador à

Câmara de Sobral, a 1º de dezembro de 1780, casado

com Francisca dos Santos Xavier, natural do Recife, fi-

lha de Manoel Gomes Diniz e Josefa Maria dos Santos,

a 30 de maio de 1769. Deste casal nasceram vários fi-

lhos, entre estes, Genoveva Maria de Jesus, casada com

Martinho do Prado Leão, filho de Miguel do Prado Le-

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ão e Ana Maria de Vasconcelos, uma das sete irmãs, a

22 de julho de 1793. Posteriormente, este casal passou

a morar nas proximidades da Capela de Santa Cruz. Eis

aí a origem do nome Alto da Genoveva. O Alferes An-

selmo de Araújo Costa faleceu a 13 de setembro de

1795, e foi sepultado na Capela de Santa Cruz.

2. Maria Madalena de Sá, casada com seu primo legítimo,

Ignácio Bezerra de Meneses, filho de Gonçalo João

Coimbra e Cosma de Melo Moura, a 17 de abril de

1774. Ignácio faleceu a 21 de janeiro de 1781 e foi se-

pultado na capela de Santana.

3. Francisca de Araújo Costa, casada com o Capitão-mor

Ignácio Gomes Parente, (12) português, natural de São

Martinho de Mouros, Lamego, filho de Manoel Gomes

e Catarina Lopes, a 24 de novembro de 1777. Francisca

faleceu a 8 de abril de 1826. (13) O viúvo Ignácio ca-

sou-se, segunda vez, com Maria Joaquina da Silva, a

19 de agosto de 1830, e faleceu a 13 de abril de 1838,

com 96 anos de idade. Tronco da família Parente.

___________________

12 “Aos vinte e quatro dias de novembro de mil e setecentos e setenta e sete, pela

manhã, no sítio Santo Antônio, na serra da Meruoca, se casaram o Capitão Ignácio

Gomes Parente, filho legítimo de Manoel Gomes e Dona Catarina Lopes, do Bis-

pado de Lamego, Portugal, com Dona Francisca de Araújo Costa, filha de José de

Araújo Costa, natural de Santa Lucrécia, do Bispado de Braga, e de sua mulher

Dona Brites de Vasconcelos, de Goiana, e logo lhes dei as bênçãos nupciais”.

Vigário João Ribeiro Pessoa (Cf. Liv. Cas. 1769-82, fl. 179.)

13 Deste casal, entre outros filhos, nasceu o Pe. Francisco Gomes Parente, em novem-

bro de 1791. “Fez seus primeiros estudos em Sobral, com os padres Manoel Pa-

checo e João José de Noronha. Concluiu Filosofia e Teologia no Seminário de O-

linda, onde foi ordenado em 1816. Trabalhou nas freguesias de Sobral e Santa Qui-

téria. Foi suspenso de ordens por viver em concubinato com Isabel Carolina da

Hungria, filha de Ignácio de Castro e Silva e D. Rosa Maria. Desta união nasce-

ram: Dr. Esmerino Gomes Parente, Dr. Ermeto Gomes Parente e Francelina Go-

mes Parente, mãe do Pe. João José de Castro. Foi Vereador da Câmara de Sobral,

várias vezes. Deputado Provincial. Faleceu, em 1835, readmitido às ordens sa-

cras”. (Cf. SILVEIRA, Aureliano Diamantino. Ungidos do Senhor na Evangeliza-

ção do Ceará, vol. II. Fortaleza: Editora Premius, 2004. pp. 11-12.)

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4. Anastácia de Sá Araújo, casada com o português João

Francisco Perfeito, natural do Porto, filho de Manoel

Francisco Perfeito e Ana Luisa da Costa, a 3 de feve-

reiro de 1789. João Francisco faleceu a 12 de setembro

de 1806, com 36 anos.

5. Ana Maria de Jesus, casada com o Alferes João de Sou-

sa Xerez, filho de Luis de Sousa Xerez e Ana Teresa de

Albuquerque, a 15 de agosto de 1771. Ana Maria fale-

ceu a 5 de agosto de 1792. O viúvo João de Sousa Xe-

rez casou-se, segunda vez, com Ana Sebastiana Almei-

da, filha de Ignácio Meireles e Ignácia de Almeida.

6. Antônia Maria da Purificação, casada com Paulo Joa-

quim de Medeiros, filho de Domingos Álvares Maga-

lhães e Clara da Silva Medeiros, a 14 de fevereiro de

1778. Paulo Joaquim faleceu a 31 de julho de 1794.

7. Maria da Encarnação, nascida a 30 de janeiro de 1760,

casada com Bernardo Pereira de Carvalho, filho de

Tomás da Silva Porto e Nicácia Alves Pereira, a 14 de

novembro de 1777.

8. Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa, nascido a 8 de

março de 1761. Viveu maritalmente com três mulheres:

Antônia Maria do Rosário, Maria Rodrigues de Sousa e

Maria Egipcíaca da Fonseca (Ciciaca). Com esta última

parece que realizou matrimônio, pois ela consta do in-

ventário como herdeira. O Capitão Diogo Lopes fale-

ceu a 18 de setembro de 1838.

9. Rita Teresa de Jesus, nascida a 21 de janeiro de 1764,

casada com José Álvares Linhares, filho de Antônio

Álvares Linhares e Inês Madeira de Vasconcelos, a 8

de julho de 1781. José Álvares Linhares faleceu a 16 de

outubro de 1800 e Rita Teresa de Jesus, a 19 de junho

de 1828.

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10. Maria Quitéria de Araújo, nascida em 1765, casada

com seu primo Narcísio Lopes de Aguiar, filho de Ni-

cácio Aguiar Silva e Micaela da Silva Medeiros, a 25

de janeiro de 1796. Narcísio faleceu a 18 de fevereiro

de 1840.

11. Francisco Xavier Sales Araújo, nascido a 13 de dezem-

bro de 1768, casado com Francisca Alves Feitosa, filha

de Luis Vieira de Sousa e Ana Alves Feitosa, na fre-

guesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos. Sobre sua

descendência, cf.“Tratado genealógico da família Fei-

tosa”, de Leonardo Feitosa, Fortaleza, IOCE, 1985, pp.

258-66.

Foi assim que o Capitão José de Araújo Costa, depois de

bem criar a sua família, constituída de três homens e oito mu-

lheres, fechou os olhos para sempre, no dia 3 de agosto de 1791,

aos 67 anos de idade. Seu corpo foi sepultado na capela de San-

ta Cruz. A viúva, Dona Brites de Vasconcelos, faleceu a 10 de

fevereiro de 1814, aos noventa anos de idade.

Por essa época a população da Província do Ceará era de

150.000 habitantes, conforme informação do naturalista João da

Silva Feijó, na sua Memória sobre a Capitania do Ceará, pu-

blicada no jornal Patriota, em 1814, no Rio de Janeiro, e poste-

riormente publicada na Revista do Instituto do Ceará. (14)

___________________

14 “Sendo, porém, esta Capitania tão vasta, é de admirar a sua diminuta e desfalecida

população, que apenas montará a 150 mil habitantes de todas as classes, e estes pe-

la maior parte de péssima qualidade; porque uns são índios originais do país, estes

de si mesmos ineptos para se felicitarem ou para fazerem a felicidade dos outros

(...) outros provenientes destes com os negros, cuja raça indígena constitui o maior

número dela, conhecida com a vil denominação de – cabras; outros são nascidos

dos mesmos índios com os brancos, que faz uma diminuta parte da população,

verdadeiros mamelucos, porque há outra raça impropriamente assim chamada,

proveniente de mistura de outras, digo, de todas as outras classes entre si; a outra

classe, enfim a mais diminuta, é a dos brancos, oriundos de Portugal (...) índios,

cabras e mamelucos são em extremo vadios, dissolutos nos costumes e cheios de

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* * *

O inventário do Capitão-mor José de Araújo Costa, foi

mandado fazer pelo então juiz de órfãos do termo da Vila de

Sobral, Capitão Joaquim Marques Viana, aos 25 de setembro de

1792. O texto original faz parte do acervo da Biblioteca Central

da Universidade Estadual Vale do Acaraú. Dele transcrevemos

alguns dados. Serviu de escrivão o Cap. Félix José de Sousa

Oliveira, de avaliadores, sargento-mor Manoel Francisco de

Vasconcelos e o Cap. Antônio Álvares de Holanda; de inventa-

riante, a viúva dona Brites de Vasconcelos e de curador de ór-

fãos, o sargento-mor Pedro Ferreira da Ponte. Como herdeiros

foram arrolados os onze filhos e nove netos, filhos da filha já

falecida Ana Maria de Jesus.

Inventário do Capitão José de Araújo Costa

“O defunto Capitão deixou nada em dinheiro contado,

porém, muitos objetos de ouro, entre colares, cadeados, cordões

e a coberta de uma verônica dos Santos Reis, bem como várias

dúzias de colheres e facas, um espadim e dois pares de espora

de prata. De instrumento de fábrica, deixou uma roda de moer

mandioca, uma prensa de espremer massa, dois teares de tecer

pano, dois serrotes de serrar chifre de gado, uma marca de ferrar

gado, duas foices e duas enxadas. De material de construção,

deixou quatro mil e trezentas telhas e três portas de cedro. De

gado vacum, sessenta vacas parideiras, dez bois de carro e cin-

___________________ vícios, o que pode produzir no coração humano uma vida licenciosa no centro da

mais crassa ignorância, donde provém neles a falta de sentimentos e de virtudes mo-

rais, e outros vícios já pouco estranhados contra todos os direitos da natureza e da

sociedade”. (Cf. FEIJÓ, João da Silva. Memória sobre a Capitania do Ceará. In: Re-

vista do Instituto do Ceará, vol. 3. 1889. pp. 3-27.)

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quenta e seis cabeças de gado miúdo. De gado cavalar, vinte

éguas parideiras, um cavalo pai de égua, quatro cavalos de fá-

brica e doze poldros. Na avaliação, cada vaca tinha o preço de

dois mil réis; cada égua, três mil e duzentos réis; cada cavalo,

cinco mil réis; um milheiro de telha, cinco mil réis. De alto

valor, são os sete escravos. A escrava Antônia, por exemplo,

foi avaliada em sessenta mil réis, que correspondia ao valor de

trinta vacas, e o escravo Luis, avaliado em cem mil réis, preço

de cinquenta vacas parideiras”.

A grande fortuna do Capitão estava nas dez grandes pro-

priedades rurais:

1. Uma légua de terra de comprido, de criar gado, nas

margens do Rio Acaraú, com outra légua de largo, tudo

da parte do nascente, denominada Lagoa Grande, com-

prada a Sebastião de Sá Oliveira e sua mulher dona

Cosma Ribeiro Franca, a qual confronta pela parte de

cima com terras dos herdeiros do defunto José Duarte e

pela parte de baixo, com terras do mesmo casal. Pela

parte do poente, com terras do mesmo casal e terras de

N. S. da Conceição da Capela de Santa Cruz. Pelo nas-

cente, com terras mestiças, cuja escritura fora passada

pelo tabelião Matias da Silva, avaliada em 350$000

(trezentos e cinquenta mil réis).

2. Um quarto de terra de comprido, nas margens do Rio

Acaraú, com uma légua de largo, tudo da parte do nas-

cente, de criar gado, pegando seu comprimento das tes-

tadas das terras da Lagoa Grande, até extremar com ter-

ras da fazenda Tapera, que houve por compra à sua so-

gra dona Madalena de Sá Oliveira, como consta da es-

critura que apresentou, passada pelo tabelião Antônio

Carlos da Cunha, avaliado em 100$000 (cem mil réis).

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3. Meia légua de terra, de criar gado, de comprido, com

meia légua de largo, nas margens do Rio Acaraú, tudo

da parte do poente, denominada Santa Cruz, que houve

por compra ao sargento-mor Pedro Ferreira da Ponte,

como consta da escritura, que apresentou, passada pelo

tabelião Antônio Carlos da Cunha, a qual pega o seu

comprimento da esquina da Igreja velha de Santa Cruz

para baixo até o marco da Lagoa do Mato, avaliada em

300$000 (trezentos mil réis).

4. Um quarto de terra de comprido nas margens do Rio

Acaraú, com uma légua de largo, de criar gado, deno-

minado Lagoa do Mato, tudo da parte do poente, pe-

gando seu comprimento do marco para baixo até extre-

mar com terras do mesmo casal, como consta da escri-

tura que apresentou, passada pelo tabelião Roque Cor-

reia Marreiros e vendedores Antônio Sá de Morais e

sua mulher Maria Gomes de Aguiar, avaliado em

150$000 (cento e cinquenta mil réis).

5. Cem braças de terra de criar gado, com uma légua de

largo, nas margens do Rio Acaraú, mestiça à Lagoa do

Mato, que houve por compra, como consta da escritura

que apresentou ao Alferes José do Prado Leão, até con-

testar com terras dos irmãos do mesmo vendedor, avali-

ado em 25$000 (vinte e cinco mil réis).

6. Duzentas e cinquenta braças de terra de comprido nas

margens do Rio Acaraú, com duas léguas de largo, uma

para cada banda do dito rio, pegando o seu comprimen-

to com terras do Alferes Luis de Sousa Xerez até testar

com terras dos possuidores do sítio Araticuns, cuja terra

houve por compra a Luis de Sá Costa, como consta da

escritura que apresentou passada pelo tabelião Roque

Correia Marreiros, avaliada em 80$000 (oitenta mil

réis).

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7. Duzentas e cinquenta braças de terra, de criar gado, de

comprido no sítio Córrego, com uma légua de largo,

meia légua para cada banda do dito Córrego, pegando

da parte de baixo com terras do Alferes João de Sousa

Xerez e pela parte de cima com terras do mesmo João

de Sousa Xerez, que houve por compra a Luis de Sá

Costa, como consta da escritura que apresentou passada

pelo tabelião Roque Correia Marreiros, avaliada em

25$000 (vinte e cinco mil réis).

8. Quatrocentas braças de terra de comprido nas margens

do Rio Acaraú, de criar gado, com uma légua de largo

para cada banda do dito rio, pegando seu comprimento

das terras do mesmo casal até testar com terras do sar-

gento-mor Manoel Francisco de Vasconcelos, cuja terra

houve por compra a Luis de Sá Costa, avaliada em

200$000 (duzentos mil réis).

9. Légua e meia de terra de comprido, com uma légua de

largo, de plantar lavoura, pegando seu comprimento do

lugar chamado Conceição, buscando o poente, como

consta da escritura que apresentou em juízo, denomina-

do Tucuns, compreendendo o sítio Conceição, cuja ter-

ra houve por compra a Manoel Lopes Lima e sua mu-

lher Rosaura dos Santos, avaliada em 160$000 (cento e

sessenta mil réis).

10. Um pedaço de terra, de plantar lavoura, na serra da Me-

ruoca, foreiro à Câmara desta Vila de Sobral, pegando o

seu comprimento da parte de cima de uma cerca de pi-

nheiros até testar da parte do nascente com terras da fa-

zenda Pedra Branca, com uma légua de largo, que hou-

ve por compra ao sargento-mor Pedro Ferreira da Pon-

te, avaliado em 200$000 (duzentos mil réis).

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O total da fortuna do Capitão José de Araújo Costa so-

mou 5.420$520 (cinco contos, quatrocentos e vinte mil, qui-

nhentos e vinte réis).

☼☼☼

As oito filhas do Capitão-mor José de Araújo Costa casa-

ram com rapazes oriundos das mais ilustres famílias da região,

enquanto os três filhos consorciaram-se com moças mais mo-

destas. Especial é o caso do Capitão Diogo Lopes de Araújo

Costa, o tronco mais prolífero, que legitimou, em seu inventá-

rio, 16 filhos nascidos de três mulheres. Sobre a vida lendária e

aventureira deste meu tetravô, o poeta Nicodemos Araújo es-

creveu o livro Capitão Diogo Lopes, publicado em 1978, pela

imprensa universitária da UFC.

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Pedro de Araújo Costa

O segundo dos três irmãos portugueses, Pedro de Araújo

Costa fixou residência na fazenda Morrinhos, antiga proprieda-

de de seu tio José da Costa e Sá. Casou-se em 1780, com Maria

José de Jesus, filha de Quintiliano Dias Leitão e Bibiana Ferrei-

ra Fonteles. Esta, filha de Manoel Ferreira Fonteles, de quem já

tratamos no início deste trabalho. Pedro de Araújo Costa faleceu

a 19 de junho de 1797, com 70 anos. Do matrimônio de Pedro

de Araújo Costa e Dona Maria José de Jesus, nasceram os se-

guintes filhos:

1. Joaquim de Araújo Costa, casado com Joana Maria de

Jesus, (15) filha de Antônio Soares Bulcão e Teodora Ig-

nácia de Meneses, a 20 de setembro de 1805. O casal

passou a residir no sítio Tabubas, Bela Cruz. Joaquim de

Araújo Costa faleceu a 6 de agosto de 1863.

___________________

15 Deste consórcio nasceram vários filhos, dentre eles Miguel Francisco de Araújo,

que casou-se a 5 de novembro de 1842, com Pacífica Benvinda de Vasconcelos, fi-

lha de Ignácio José de Vasconcelos e Joana da Costa Medeiros. Deste casal nasce-

ram: 1 – Francisco de Assis Araújo que casou-se duas vezes. A 1ª com sua prima

Maria José de Vasconcelos, filha de Manoel Ignácio de Vasconcelos e Ana Maria

de Jesus, a 11 de janeiro de 1872. A 2ª, com sua cunhada Maria do Carmo.

2 – Ana da Glória, casada com José Francisco da Silva, filho de Tomás Antônio da

Silva e Maria José de Vasconcelos, a 24 de agosto de 1867. 3 – Filomena Araújo,

casada com Gabriel Arcanjo de Vasconcelos, filho de Antônio Francisco Vascon-

celos e Maria Nazaré, a 21 de fevereiro de 1871. 4 – Maria José, casada com seu

cunhado Gabriel Arcanjo de Vasconcelos, viúvo de Filomena, a 23 de julho de

1880. 5 – Constância Amélia, casada com Miguel Horácio Araújo, filho de Vicen-

te Ferreira de Araújo e Teresa Rosalina de Vasconcelos, a 23 de fevereiro de 1884.

6 – Maria da Conceição, casada com Miguel Lourenço de Vasconcelos, filho de

Antônio Francisco de Vasconcelos e Maria Nazaré, a 24 de novembro de 1863.

7 – Isabel do Patrocínio, casada com Conrado Pio de Maria, filho de Antônio

Francisco de Vasconcelos e Maria Nazaré, a 14 de janeiro de 1864. Eis aí a ramifi-

cação das famílias Araújo-Vasconcelos em Bela Cruz.

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2. Francisco de Araújo Costa, casado com Rita Madeira de

Vasconcelos, filha de Joaquim Reis Gomes e Antônia

Maria do Espírito Santo, a 6 de agosto de 1811. Tendo

viuvado, D. Rita Madeira casou-se com Antônio Januá-

rio Linhares, filho de Joaquim Antônio Linhares e Maria

Manuela da Conceição, a 20 de novembro de 1820.

3. Emerência de Araújo Costa, casada com o português

Domingos Dias Silva, filho de Cosme Gomes e Maria do

Rosário, a 31 de janeiro de 1808, na capela de Almofala,

na presença do Pe. Francisco Moreira de Sousa.

4. Maria de Araújo Costa, falecida ainda criança, a 20 de

novembro de 1785.

5. Francisca de Araújo Costa, casada com José da Silveira

Dutra, filho de João da Silveira Dutra e sua segunda mu-

lher Maria da Conceição Araújo, a 20 de novembro de

1814, na Matriz de Sobral.

Manoel de Araújo e Sá

Terceiro dos três irmãos Araújo, residia na fazenda Boa

Vista, onde casou-se, a 6 de maio de 1753, com Ana Maria,

filha de Jerônimo Fernandes Jorge e Mariana Barbosa Álvares.

Não consta ter deixado descendência, na região.

☼☼☼

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Capitão Manoel Vaz Carrasco e Silva

Não poderíamos concluir estas notas sem nos reportar ao

Capitão Manoel Vaz Carrasco e Silva, o Abraão da ribeira do

Acaraú, filho primogênito de Francisco Vaz Carrasco e dona

Inês de Vasconcelos. Era natural de Ipojuca, Pernambuco e

casou-se duas vezes: 1ª com dona Luiza de Sousa, filha de Se-

bastião Leitão de Vasconcelos e de dona Inês de Sousa; 2ª com

dona Maria Madalena de Sá e Oliveira, (16) viúva de Francisco

Bezerra de Meneses, e filha de Nicácio Aguiar de Oliveira e

dona Maria Madalena de Sá. Veio no início do século XVIII

para a ribeira do Acaracu, precisamente para o sítio Lagoa Seca,

próximo a hoje cidade de Bela Cruz. É o pai das célebres “sete

irmãs”, das quais procedem muitas famílias de Bela Cruz, Aca-

raú, Santana do Acaraú e Sobral. Faleceu, a 23 de novembro de

1753, aos 80 anos de idade, e foi sepultado na Capela de Santa

Cruz, (Bela Cruz) conforme o termo de óbito:

Aos vinte e três de novembro de mil setecentos e cincoenta e três

falleceo da vida presente, de doença que Deus lhe deo, Manoel

Vaz Carrasco e Silva, homem casado, branco, de idade de oitenta

annos, pouco mais ou menos, ab intestato, com todos os Sacra-

mentos e foi envolto em hábito franciscano, sepultado na Capella

de Santa Cruz, encomendado de minha licença pelo Padre Felix de

Azevedo, do que fiz este termo em que me assino. – Antônio de

Carvalho e Albuquerque – Cura do Acaracu. (Livro 3º de Óbitos

de Sobral, fl. 5.)

Veja a seguir a relação dos filhos dos dois matrimônios

de Manoel Vaz Carrasco: Filhos do 1º matrimônio:

___________________

16 Maria Madalena de Sá e Oliveira nasceu, em 1694, em Igarassu, Pernambuco.

Casou-se em 1710, com Francisco Bezerra de Meneses, nascido em 1680, em

Olinda. Com o falecimento deste, casou-se com o viúvo Manoel Vaz Carrasco e

Silva. Madalena de Sá faleceu na fazenda Lagoa Seca, a 14 de julho de 1758, e foi

sepultada na capela de Santa Cruz, hoje cidade de Bela Cruz.

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1. Manoel Vaz da Silva, nascido em 1713, casou-se duas

vezes: 1ª com Maria Bezerra Montenegro, filha do Capi-

tão Felipe Bezerra Montenegro e de sua mulher dona

Maria Montenegro; 2º com uma sobrinha do Pe. Gonça-

lo, senhor do Engenho Mussupy, conforme reporta An-

tônio José Victoriano Borges da Fonseca, na Nobiliar-

chia Pernambucana.

2. Maria de Goes Vasconcelos, casada com Nicácio Aguiar e

Oliveira, filho de Nicácio Aguiar e Oliveira e dona Ma-

ria Madalena de Sá. Nicácio, seu marido, faleceu a 3 de

novembro de 1761, com 65 anos, e foi sepultado na Ca-

pela de Santa Cruz.

3. Sebastiana de Goes Vasconcelos, casada com João da So-

ledade, também chamado João Dias Ximenes, filho de

Domingos Santiago Montenegro e D. Lourença de A-

guiar Ximenes.

Filhos do 2º matrimônio:

4. Nicácio Aguiar e Oliveira, casado com dona Micaela da

Silva, filha de Thomaz da Silva Porto e de sua Mulher

dona Nicácia Alves Porto, na Freguesia de Granja.

Tronco da família Porto, de Granja.

5. Rosa de Sá Oliveira, que se casou com seu parente Capi-

tão-mor José de Xerez Furna Uchoa, autor das Memórias

Genealógicas. Nascido em 1722, em Goiana, Pernambu-

co, José de Xerez, emigrou para a Ribeira do Acaraú, fi-

xando-se em Lagoa Seca e Santa Cruz (Bela Cruz) e

posteriormente, Sobral, onde exerceu os mais elevados

cargos, salientando-se na vida social, política e religiosa

da região, como exemplo de probidade e honradez. Or-

gulhoso de sua ascendência nobre e heráldica, resolveu

transmitir para a posteridade a satisfação que sentia por

ser geneticamente ligado aos brasões d‟arma da nobreza

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de Castela e da Holanda. Os dados genealógicos que co-

lheu estendem-se, na linha ascendente, até Arnaud de

Holanda, filho do Barão de Rhenoburgo e da princesa

Margarida de Florença, irmã do Papa Adriano VI. (17)

Homem ilustrado, José de Xerez visitou, por duas vezes,

a Corte de França, no esplendor do reinado de Luis XV.

Em uma destas viagens recebeu das mãos do Duque de

Choiseul, duas mudas de café que trouxe e plantou no

Sítio Santa Úrsula, de sua propriedade, sobre a serra da

Meruoca, em 1747. Segundo afirma o Barão de Studart

(RIC, vol. 42, 1928. pp. 93-94) José de Xerez foi o introdu-

tor do café no Ceará, como foi igualmente da tamareira e

da parreira. Faleceu a 1º de abril de 1797.

6. Ana Maria de Vasconcelos, casada com Miguel do Prado

Leão, a 1º de novembro de 1753, na Matriz de Caiçara

(Sobral) filho de Cosme do Prado Leão e Luzia da As-

sunção Oliveira. Após o casamento foram residir na Fa-

zenda Malassombrado, entre a Lagoa Seca e Lagoa do

Mato (Bela Cruz). Deste casal nasceram nove filhos, en-

tre estes Martinho do Prado Leão, que casou-se, a 22 de

julho de 1793, com Genoveva Maria de Jesus, filha de

Anselmo de Araújo Costa e D. Francisca dos Santos Xa-

vier. Este casal passou a morar, posteriormente, nas pro-

ximidades da Capela de Santa Cruz. Eis aí a origem do

nome “Alto da Genoveva”.

___________________

17 Em carta a João Brígido, publicada em 1916, Helvécio Monte, explica, com deta-

lhes, essas origens: “Algumas de suas notas pedem modificações; e estou certo que

as fará, com vagar, à proporção que lhe forem chegando dados sinceros e razoáveis

no esclarecimento de fatos com direito à consideração de históricos. Quanto aos

Montes, não entraram eles no Ceará partindo dos sertões da Bahia e de Cotinguiba.

No século XVII, perseguidos pela Inquisição e tendo perdido os pais, chegaram ao

Recife 5 irmãos Montes, espanhóis de nascimento, sendo dois homens e três mu-

lheres. Um deles e duas irmãs fixaram residência em Pernambuco, formando famí-

lias. Outro irmão, Geraldo do Monte com a irmã, internando-se pelos sertões, foi

ter ao Ceará. De Geraldo Monte descende o Capitão-mor Manoel José do Monte,

que desposou Ana América Uchoa, filha do Capitão-mor José de Xerez F. Uchoa,

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7. Maria Madalena de Sá Oliveira, casada com Francisco

Ferreira da Ponte, que foi Coronel do Regimento de Ca-

valaria desta Ribeira. Era filho do Coronel Gonçalo Fer-

reira da Ponte e de sua mulher dona Maria de Barros.

Daí procedem os Ferreiras da Ponte.

8. Inês Madeira de Vasconcelos, casada com o Sargento-

mor Antônio Alves Linhares, filho do Capitão-mor Dio-

nísio Alves Linhares e dona Rufina Gomes de Sá. Dioní-

sio era português, natural de Santa Marinha de Linhares,

do Arcebispado de Braga, e veio residir no Rio Grande

do Norte, Cavaleiro da Ordem de Cristo e por todos con-

siderado de muito boa nobreza, o que confirma a sua pa-

tente de Capitão-mor registrada no livro das Miscelânias

da Ouvidoria Geral de Pernambuco. Daí procedem os

Linhares.

___________________ provindo desse consórcio o parentesco dos Montes com os Lira, Xerez, Uchoa,

Albuquerque, Cavalcanti, Vasconcelos, Goes e Holanda, sendo Arnaud de Holanda,

que chegou ao Brasil em 12 de março de 1550, filho de Henrique de Holanda, Barão

de Rhencburg e de D. Margarida de Florença, irmã do Papa Adriano, o tronco entre

nós, dessas linhagens (...). Há erro de apreciação de sua parte, ou falsa informação

dada, de haver na linhagem de Arnaud de Holanda bastardia por prole de um Papa

Adriano, como diz, com certa dama de honor de uma rainha de Portugal. Foram seis

os Adrianos, Pontífices. Pelas datas e pessoal de que tratam suas notas, deve ser o

Papa, a quem alude Adriano VI, nascido em Utrecht em 1459, Papa eleito em 1522,

faleceu em 1523, com 64 anos. A dama, naquela época, parenta dos Albuquerques e

Cavalcantes, que serviu como dama de honor da Rainha Catarina, irmã mais moça

de Carlos V, e mulher de João III de Portugal, foi D. Joana de Goes e Vasconcelos,

casada com Bartolomeu Rodrigues, descendendo ela dos Cavalcantes e Albuquer-

ques pelo lado paterno e, não, originando-os (...). Combinadas as datas, idades, resi-

dências, fases da vida de cada qual, é inadmissível a afirmativa de descendentes de

Adriano Boyers, antes e quando Papa, com D. Joana de Goes e Vasconcelos (...). Em

Sobral existem Cavalcantes de duas origens: uma italiana, que se prende aos descen-

dentes de Arnaud de Holanda, casado com D. Brites Mendes de Vasconcelos, filha

da dama de honor de D. Catarina, chegados ao Brasil em março de 1550. Os outros

Cavalcantes são de origem portuguesa, terminando, por isso, a escrita do nome em –

te e não ti”. (Cf. Revista do Instituto do Ceará, vol. 74, 1960. pp. 385-388.)

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9. Brites de Vasconcelos, que se casou, em 31 de julho de

1747, com o Capitão-mor português José de Araújo Cos-

ta, de quem já tratamos neste capítulo:

Deste casal nasceram onze filhos, entre estes o Capitão

Diogo Lopes de Araújo Costa, nascido na fazenda Lagoa Gran-

de, próximo à povoação de Santa Cruz, a 8 de março de 1761.

Seu batismo ocorreu a 22 do mesmo mês e ano, na capela de

Santa Cruz, hoje cidade de Bela Cruz, sendo oficiante o Padre

Jerônimo da Cunha Lima. Em 1789, é eleito Vereador à Câmara

Municipal de Sobral. A 7 de agosto de 1811, o Presidente da

Província do Ceará – Dr. Luiz Borba Meneses, assina Carta

Patente, nomeando-o Capitão da Companhia do Corpo de Or-

denanças da Vila Real de Sobral. A 10 de março de 1817, re-

quer ao Presidente da Província do Ceará, Dr. Manoel Ignácio

de Sampaio, uma data de sesmaria de 3,0 léguas de terra, tendo

por sede sua fazenda Lagoa do Mato. Mencionado requerimento

foi atendido, graças ao despacho nele exarado, pelo mesmo

Presidente, em data de 18 de junho de 1817. Segundo afirmam

o capitão era detentor de percepção extra-sensorial e exercia a

profissão de médico. Recebia em sua fazenda Lagoa do Mato,

doentes vindos não só do Ceará, mas também de outras provín-

cias, e os tratava gratuitamente. Dizem ter tido 35 filhos, com

várias mulheres, dos quais 16 sobreviveram. A 22 de junho de

1833, Capitão Diogo Lopes faz testamento no 1º Cartório de

Sobral, no qual reconhece apenas 16 filhos seus, nascidos de 3

mulheres, com as quais conviveu maritalmente: 8 de Maria

Rodrigues de Sousa; 7 de Maria Egipcíaca da Fonseca e 1 de

Antônia Maria do Rosário. Faleceu no dia 18 de setembro de

1838. Os poderes municipais de Bela Cruz deram seu nome a

uma rua da cidade.

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Filhos reconhecidos do Capitão Diogo Lopes

1. João Bento de Araújo Costa, Capitão da Guarda Nacio-

nal, nascido em 1790, filho de Diogo Lopes de Araújo

Costa e de Antônia Maria do Rosário. Casado a 21 de

janeiro de 1833, com Maria Quitéria do Livramento Sil-

va – irmã da mãe do General Antônio Tibúrcio Ferreira,

herói da Guerra do Paraguai –, na capela da Barra do

Acaracu, pelo Pe. José Gonçalves de Medeiros.

2. Manoel de Araújo Costa, Capitão da Guarda Nacional,

nascido em 1799, filho de Diogo Lopes de Araújo Costa

e de Maria Rodrigues de Sousa. Eleito Vereador, a 20 de

outubro de 1850, para a 1ª Câmara Municipal de Acaraú,

com 1.008 votos. Em 1860, foi Prefeito de Acaraú. Ca-

sado a 9 de fevereiro de 1863, com Raimunda Francisca

do Nascimento, no sítio Lagoa Seca, pelo Pe. Antônio

Xavier Maria de Castro.

3. Diogo Lopes de Araújo Costa Filho, nascido em 1800, fi-

lho de Diogo Lopes de Araújo Costa e de Maria Rodri-

gues de Sousa. Casado com Maria José da Conceição, a

21 de junho de 1821, na capela de Santa Cruz.

4. Antônio de Araújo Costa, nascido em 1801, filho de Dio-

go Lopes de Araújo Costa e de Maria Rodrigues de Sou-

sa. Casado com Luiza Mônica de Araújo.

5. João de Araújo Costa, nascido em 1802, filho de Diogo

Lopes de Araújo Costa e de Maria Egipcíaca (Siciaca)

da Fonseca. Era Capitão da Guarda Nacional, nomeado

por decreto de 3 de abril de 1856. Casado a 6 de feverei-

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ro de 1832, com Maria José do Espírito Santo, na capela

de Santa Cruz, pelo Pe. Miguel Francisco Mendes de

Vasconcelos.

6. Lucas Lopes de Araújo Costa, nascido em 1803, filho de

Diogo Lopes de Araújo Costa e de Maria Rodrigues de

Sousa. Casado a 8 de maio de 1844, com Ana Joaquina

de Jesus, na capela de Santa Cruz, pelo Pe. João Fran-

cisco Dias Nogueira.

7. Bernardino de Araújo Costa, nascido em 1805, filho de

Diogo Lopes de Araújo Costa e de Maria Rodrigues de

Sousa. Casado a 8 de agosto de 1829, com Maria do Li-

vramento, na capela de Santa Cruz, pelo Pe. José Gon-

çalves de Medeiros.

8. Venâncio Meireles de Araújo Costa, nascido em 1806, fi-

lho de Diogo Lopes de Araújo Costa e de Maria Egipcí-

aca da Fonseca. Não se casou. Era Capitão da Guarda

Nacional, nomeado por decreto de 14 de novembro de

1866.

9. José Lopes de Araújo Costa, nascido em 1811, filho de

Diogo Lopes de Araújo Costa e Maria Egipcíaca da

Fonseca. Tenente da Guarda Nacional, por decreto de 3

de abril de 1856.

10. Félix de Araújo Costa, nascido em 1813, filho de Diogo

Lopes de Araújo Costa e de Maria Egipcíaca da Fonse-

ca. Era tenente da Guarda Nacional, nomeado por decre-

to de 23 de abril de 1853. Casado a 21 de julho de 1836,

com Ana Donata de Araújo.

11. Raimundo Nonato de Araújo Costa, nascido em 1814, fi-

lho de Diogo Lopes de Araújo Costa e de Maria Egipcí-

aca da Fonseca. Casado a 8 de agosto de 1829, na capela

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da Barra do Acaracu, pelo Pe. Bernardo Clemente da

Cruz Oliveira. Por Portaria de Sua Excia. Dom Luís An-

tônio, 1º Bispo do Ceará, foi nomeado para compor a

comissão encarregada de proceder uma reforma na Igre-

ja Matriz da Paróquia de Acaraú. Era Tenente da Guarda

Nacional, por decreto de 21 de julho de 1872.

12. Antônia Balbina de Araújo, nascida em 1815, filha de

Diogo Lopes de Araújo Costa e de Maria Rodrigues de

Sousa. Casada com João Nepomuceno de Araújo Costa.

13. Simplício de Araújo Costa, nascido a 16 de março de

1816, filho de Diogo Lopes de Araújo Costa e de Maria

Egipcíaca da Fonseca. Eleito Vereador para a 1ª Câmara

Municipal de Acaraú, a 20 de outubro de 1850, com

1.010 votos. Exerceu em Acaraú os cargos de Tesoureiro

da Câmara, Promotor de Justiça, Professor Provincial e

Alferes da Guarda Nacional, nomeado por Portaria de 3

de junho de 1872, firmada pelo presidente Francisco Ig-

nácio Homem de Melo. Casado com Teresa Francisca da

Silveira.

14. Ignácia Sabina de Araújo Costa, nascida em 1817, filha

de Diogo Lopes de Araújo Costa e de Maria Egipcíaca

da Fonseca. Casada com Antônio Dias da Silveira.

15. Beatriz Geracina de Araújo Costa, nascida em 1821, filha

de Diogo Lopes de Araújo Costa e de Maria Egipcíaca

da Fonseca. Casada com Francisco Joaquim da Silveira,

Tenente Coronel, Comandante do Estado Maior da

Guarda Nacional.

16. Vicente Lopes de Araújo Costa, nascido em fevereiro de

1822, filho de Diogo Lopes de Araújo Costa e de Maria

Egipcíaca da Fonseca. Casado a 2 de setembro de 1844,

com sua prima Angélica Francisca da Silveira, filha legí-

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tima de José da Silveira Dutra e Francisca de Araújo

Costa, na capela de Santa Cruz, pelo Pe. João Francisco

Dias Nogueira. Era Alferes da Guarda Nacional.

☼☼☼

No livro de assentos batismais da freguesia de Sobral, nº

19, referente aos anos de 1822 a 1825, fl. 53 v., há registro do

batismo de Vicente (Alferes Vicente Lopes de Araújo Costa)

filho do Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa e dona Maria

Egipcíaca da Fonseca, nascido em fevereiro de 1822. Em datas

anteriores, aparecem registros de batismo de outros filhos de

Maria Ciciaca, com o nome do pai e com a expressa consigna-

ção de “filho natural”. Como vários destes filhos não constam

da relação do inventário, conclui-se que os dezesseis legitima-

dos foram tão somente os que sobreviveram, havendo outros

que faleceram em tenra idade. Após a morte de seu pai, ocorri-

da em 1838, Vicente Lopes de Araújo Costa passou a morar

com seu irmão, Capitão João de Araújo Costa, com quem con-

viveu até o ano de 1844. Aos 25 anos de idade casou-se com

sua prima Angélica Francisca da Silveira, nascida em 1821,

filha do patriarca José da Silveira Dutra, abastado proprietário

nesta Ribeira. Depois do casamento, Vicente Lopes situou-se no

alto da Lagoa do Mato, em terra herdada de seu pai. Ali cons-

truiu casa de morada, aviamento para beneficiamento da man-

dioca e outras benfeitorias. E viveu da pecuária, da agricultura e

da indústria de cera de carnaúba, o que lhe garantiu boa situação

econômica. De seu casamento nasceram 13 filhos, sendo 7 ho-

mens e 6 mulheres. A todos, ele mandou ensinar a ler, no então

povoado de Santa Cruz, com os mestres Aureliano Pessoa e

Manoel Jorge Vieira. E quase todos tiveram marcantes posições

no setor político-social da comunidade. Vicente Lopes de Araú-

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216

jo Costa faleceu em 1905, em 1906 falecia sua esposa, dona

Angélica Francisca da Silveira. Seus corpos foram sepultados

no cemitério de Santa Cruz. Inserimos aqui a relação de todos

os filhos e netos do casal Alferes Vicente Lopes de Araújo Cos-

ta / dona Angélica Francisca da Silveira:

1. Maria Filomena de Araújo, nascida a 30 de junho de

1845, no sítio Lagoa do Mato, Santa Cruz, filha do Alfe-

res Vicente Lopes de Araújo Costa e dona Angélica Fran-

cisca da Silveira. Casou-se a 18 de setembro de 1875, com

seu primo Diogo Lopes da Silveira, filho de Raimundo

Lopes Araújo e de dona Ignácia Maria da Conceição. Di-

ogo Lopes da Silveira nasceu a 29 de fevereiro de 1844 e

faleceu em 1878, e dona Maria Filomena de Araújo fale-

ceu em 1903. Ambos foram sepultados no cemitério de

Santa Cruz.

Filhos:

1. Maria Filomena da Silveira, casada com José Lopes da

Silveira.

2. Maria do Carmo de Araújo (Sinhá), casada com o pro-

fessor Raimundo Nonato de Araújo.

3. Maria José de Araújo, casada com seu tio Capitão Mi-

guel Lopes de Araújo Costa (ainda neste capítulo, nos

referimos a este casal).

4. Angélica Maria de Araújo, nascida em 1882 e falecida a

14 de julho de 1940, casada com Gustavo Lopes Araújo,

nascido em 1872 e falecido a 8 de setembro de 1923.

5. Maria da Conceição Araujo, nascida a 13 de setembro de

1882 e falecida a 19 de fevereiro de 1969, casada com

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VICENTE FREITAS

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Geraldino Lopes de Araújo, nascido em 1878 e falecido

a 11 de abril de 1943.

6. José Antônio Ibiapina de Araújo, nascido a 24 de janeiro

de 1877 e falecido a 10 de janeiro de 1942, casado com

sua prima, Maria Filomena de Araújo, nascida em 1881

e falecida a 19 de agosto de 1971.

7. Vicente Lopes de Araújo Neto, casado a 6 de novembro

de 1897, com Maria Luiza da Silveira, nascida a 29 de

junho de 1882 e falecida a 24 de março de 1966. Avós

paternos do autor destas notas.

2. João Lopes de Araújo, nascido a 22 de outubro de 1848, no

sítio Lagoa do Mato, Santa Cruz, filho do Alferes Vicente

Lopes de Araújo Costa e dona Angélica Francisca da Sil-

veira. A 4 de novembro de 1891 casou-se com dona Maria

José da Purificação, nascida em 1852 e falecida em 1879.

A 20 de outubro de 1894, João Lopes de Araújo, casou-se

pela segunda vez, na Capela de Santa Cruz, com dona

Francisca Eucária da Silveira, filha do professor Afonso

Alberto Carneiro e dona Maria do Carmo da Silveira. Em

virtude do casamento dona Chiquinha, como era chamada,

passou a assinar-se Francisca Silveira Lopes. Após o ca-

samento, João Lopes passou a residir no então povoado de

Santa Cruz, onde construiu casa residencial e estabeleceu

uma loja de tecidos e outras mercadorias. Em 1888 foi

nomeado o 1º Juiz de Paz de Santa Cruz, onde exerceu os

cargos de Subdelegado de Polícia e Fiscal Municipal. Em

1912 mudou-se com a família, para o povoado de Tucun-

duba, onde permaneceu apenas dois anos, voltando à sua

querida Santa Cruz. Dona Chiquinha, sua dedicada espo-

sa, foi o seu braço direito, nas dificuldades que tiveram de

enfrentar para manter a família, composta de oito filhos:

cinco mulheres e três homens, entre estes o poeta e histo-

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VICENTE FREITAS

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218

riador Nicodemos Araújo. Em data de 22 de julho de

1929, João Lopes de Araújo, fechou os olhos para sempre.

Dona Chiquinha faleceu a 25 de setembro de 1964.

Filhos do 2º matrimônio:

1. Maria Aprígia de Araújo, nascida a 3 de janeiro de 1896,

falecida seis meses depois.

2. Vicente Lopes Araújo, nascido a 24 de abril de 1898, ca-

sou-se a 9 de novembro de 1931, com dona Maria José

de Carvalho (Zezinha), nascida a 7 de setembro de 1909.

3. Maria Cacilda da Silveira, nascida a 12 de junho de 1902

e falecida a 19 de maio de 1936, casou-se a 3 de novem-

bro de 1923, com Raimundo Silveira Araújo, nascido em

1893 e falecido a 21 de outubro de 1965.

4. Manoel Nicodemos Araújo, nascido a 10 de março de

1905, casou-se a 19 de novembro de 1931, com dona A-

lice de Murilo Zacas, nascida a 25 de dezembro de 1911.

Publicou mais de 20 livros de poesia, história e teatro.

Faleceu a 23 de junho de 1999.

5. Ana Profetiza da Silveira, nascida a 12 de junho de 1908

e que faleceu inupta, a 3 de março de 1938.

6. Afonso Celso Araújo, nascido em Santa Cruz, no dia 5 de

abril de 1912. Casou-se a 22 de maio de 1943, com dona

Narcisa Norberta Maranhão, nascida a 31 de agosto de

1913.

7. Raimunda Lopes Araújo, nascida em Santa Cruz, a 16 de

fevereiro de 1915. Casou-se, em 1936, com João Am-

brósio Araújo, nascido a 7 de dezembro de 1909, e fale-

cido a 3 de abril de 1984.

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8. Geralda Lopes Araújo, nascida em Santa Cruz, a 30 de

junho de 1920, casada a 3 de dezembro de 1953, com

Abdon de Murilo Zacas, nascido a 9 de junho de 1913.

Dona Geralda Lopes exerceu o magistério em Bela Cruz

durante 26 anos.

3. Diogo Lopes de Araújo Neto, nascido a 30 de dezembro de

1851, filho do Alferes Vicente Lopes de Araújo Costa e

dona Angélica Francisca da Silveira. Casou-se a 25 de ju-

nho de 1876, com sua prima Maria Belarmina de Araújo,

nascida em 1855 e falecida em 1928, filha de Francisco

Joaquim da Silveira e dona Beatriz Geracina de Araújo. A

cerimônia de casamento realizou-se na fazenda Lagoa do

Mato, oficiada pelo Padre Antônio Xavier Maria de Cas-

tro, então Vigário da Freguesia de Acaraú. Diogo Lopes

de Araújo Neto fixou residência no povoado de Cruz. Ho-

je a progressista cidade de Cruz.

Filhos:

1. Maria Lopes Araújo, faleceu criança.

2. Raimunda Lopes Araújo, faleceu inupta.

3. Raimundo Nonato Lopes, nascido em 1888 e falecido

em 1964. Casado com Maria Vidal Araújo, nascida em

1889 e falecida em 1973.

4. Francisca Romana de Araújo, nascida a 20 de janeiro de

1853, filha do Alferes Vicente Lopes de Araújo Costa e

dona Angélica Francisca da Silveira. Contraiu matrimônio

com Francisco Ferreira Fonteles, a 19 de janeiro de 1871.

A cerimônia de casamento aconteceu na residência de seu

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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pai, em Lagoa do Mato, sendo oficiante o Pe. Antônio

Xavier Maria de Castro, então Vigário da Freguesia de

Acaraú. Francisco Ferreira Fonteles construiu sua casa de

morada, entre Lagoa do Mato e Malassombrado, e ali vi-

veu da agricultura e da pecuária, até o ano de 1893, quan-

do faleceu sua esposa, exatamente aos 30 anos de idade e

aos 12 de casada. Após a morte da esposa, Francisco Fer-

reira Fonteles vendeu sua propriedade de Lagoa do Mato,

ao seu cunhado, Capitão José Lopes da Silveira. E a 18 de

novembro de 1884, contraiu segundo casamento com do-

na Rita Francelina do Espírito Santo. Então passou a mo-

rar em Lagoa Grande, onde faleceu a 5 de agosto de 1918.

Do casamento de Francisca Romana de Araújo com Fran-

cisco Ferreira Fonteles, nasceram seis filhos:

1. Maria Silveira Araújo, nascida a 28 de julho de 1872 e

falecida a 21 de abril de 1935. Casada com Urcesino

Lopes de Araújo, nascido em 1869 e falecido a 4 de fe-

vereiro de 1952.

2. Ana Joaquina da Silveira, nascida em 1879 e falecida a

13 de fevereiro de 1962. Casada com seu tio Manoel

Lopes da Silveira, nascido a 24 de setembro de 1858 e

falecido a 7 de março de 1935.

3. Raimundo Fonteles da Silveira, casado com Maria Emília

da Conceição.

4. Vicente Fonteles da Silveira, nascido a 4 de fevereiro de

1881 e falecido a 4 de junho de 1966. Casado com Emí-

lia Maria da Silveira. Com o falecimento desta, casou-se

com Luiza Maria Arruda Pontes.

5. Maria da Penha Silveira, falecida.

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VICENTE FREITAS

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6. Francisca Fonteles Silveira, casada com Francisco Fonte-

les Silveira; com o falecimento deste, casou-se com João

Teixeira.

5. Capitão José Lopes da Silveira, nascido no sítio Lagoa do

Mato, a 12 de fevereiro de 1854, filho do Alferes Vicente

Lopes de Araújo Costa e dona Angélica Francisca da Sil-

veira. Casou-se três vezes: a primeira, em Lagoa do Mato,

a 11 de setembro de 1879, com dona Benvinda Maria da

Conceição, nascida em 1860 e falecida em 1880, filha de

Galdino Lopes de Araújo Costa e Maria Raimunda da

Conceição; a segunda, na Matriz de Acaraú, a 12 de outu-

bro de 1884, com dona Maria Filomena da Silveira, nasci-

da em 1860 e falecida em 1918, filha de Diogo Lopes de

Maria Araújo e Maria Filomena de Araújo; a terceira, em

Santa Cruz, a 25 de janeiro de 1919, com dona Rita de

Cássia Silveira, nascida em 1897, filha de Vicente Teixei-

ra Pinto e Maria do Carmo de Araújo. Casamento oficiado

pelo Pe. Antônio Thomaz. Desde seu primeiro casamento,

José Lopes da Silveira adquiriu uma posse de terra, na lo-

calidade de Mal-Assombrado, provavelmente dos herdei-

ros de Miguel do Prado Leão, que era casado com dona

Ana Maria de Vasconcelos (uma das sete irmãs), e que, a

9 de julho de 1771 inventariou um quarto de légua de ter-

ra, avaliado em cem mil réis. Ali José Lopes da Silveira

mandou construir casa de morada, aviamento para benefi-

ciamento da mandioca e outras benfeitorias. E ali viveu da

agricultura, da pecuária e da indústria de cera de carnaúba,

conseguindo uma sólida situação financeira. Em 1939,

mudou-se para Bela Cruz, por cujo desenvolvimento sem-

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pre trabalhou. Tinha patente de Capitão da Guarda Nacio-

nal e exerceu a função de Fabriqueiro do Patrimônio de

Nossa Senhora da Conceição, tomando parte ativa nos di-

versos movimentos do interesse da comunidade. Faleceu

em Bela Cruz, a 2 de março de 1943, com 89 anos de ida-

de. Seus descendentes somam 484, assim distribuídos: 16

filhos, 86 netos, 230 bisnetos, 130 trinetos e 30 tetranetos.

Filhos do 2º matrimônio:

1. Alexandrina Ernestina da Silveira, nascida em 1888 e fa-

lecida em 1924. Casada com Venâncio Sabino de Araú-

jo; com o falecimento deste, casou-se com Manoel Neco

da Silveira.

2. Raimundo Lopes de Araújo, nascido em 1886 e falecido

em 1915. Casado com Maria Altina de Jesus (Mulata).

3. João Lopes Sobrinho, nascido a 5 de novembro de 1889 e

falecido a 6 de janeiro de 1973. Casado com Antônia

Romana da Silveira (Tonica).

4. Vicente Lopes da Silveira, casado com sua prima Maria

Carmosina da Silveira, nascida em 1894 e falecida em

1949. Vicente Lopes casou-se segunda vez, com Maria

Joana de Vasconcelos, irmã do poeta João Damasceno

Vasconcelos.

5. Pedro Augusto da Silveira, nascido em 1894 e falecido a

9 de janeiro de 1961. Casado com Maria Luiza da Silvei-

ra, nascida em 1899 e falecida a 3 de fevereiro de 1973.

6. Diogo Lopes de Freitas, casado com Francisca de Assis

Rocha, pais do Padre, Professor e Escritor Aureliano Di-

amantino Silveira e do Professor José Getúlio Silveira.

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VICENTE FREITAS

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7. Maria José da Silveira (Zezinha), casada com Sílvio O-

pério da Silveira.

8. Antônio Lopes da Silveira, nascido em 1895 e falecido

em 1936. Casado com Maria Altina de Jesus (Mulata),

viúva de Raimundo Lopes Araújo.

9. Francisco das Chagas Silveira Araújo, casado com Fran-

cisca Mozinha Moreira.

10. Maria Dioclece da Silveira, nascida a 8 de julho de 1908

e falecida a 20 de fevereiro de 1947. Casada com Mano-

el Neco da Silveira.

11. Ignácio Tertuliano da Silveira, casado com Alzira Elza

Silveira.

12. Artur Lopes da Silveira, casado com Francisca Odete da

Silveira.

13. Abdon Lopes da Silveira, casado com Francisca Alaíde

da Silveira.

Filhos do 3º matrimônio:

14. Manoel Messias da Silveira, casado com Rita Natália de

Carvalho.

15. Benedito Lopes da Silveira, Vereador em Acaraú e Bela

Cruz, onde foi também Vice-Prefeito. Casado com Ma-

ria Conceição Freitas.

16. Maria Celeste da Silveira, casada com Expedito Deroci

Vasconcelos, Prefeito Municipal de Bela Cruz, de 1963

a 1966.

6. Maria do Carmo de Araújo, nascida a 9 de novembro de

1855, filha do Alferes Vicente Lopes de Araújo Costa e

dona Angélica Francisca da Silveira. Batizou-se a 15 de

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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dezembro do mesmo ano. Foi celebrante o Pe. Antônio

Francisco da Costa e Silva, e padrinhos – João Pedro da

Silveira e dona Maria Joaquina da Conceição. A 26 de ju-

nho de 1882, contraiu matrimônio com o seu parente An-

tônio Ferreira de Araújo, nascido em 1884, filho de José

Ferreira de Araújo e dona Maria Ferreira de Araújo. A ce-

rimônia matrimonial realizou-se na residência dos pais da

noiva, pelo Pe. Antônio Xavier Maria de Castro, Vigário

de Acaraú. Antônio Ferreira de Araújo fixou residência

em São João da Tapera, onde construiu sua casa de mora-

da. Ali viveram da agricultura e da pecuária. Antônio Fer-

reira de Araújo faleceu em 1926, e dona Maria do Carmo

de Araújo, em 1929.

Filhos:

1. Angélica Maria de Araújo, casada com Balduíno Lopes

de Araújo.

2. Vicente Ferreira de Araújo, casado com Maria Araújo

Carneiro.

3. Teresa Maria de Araújo, casada com Joaquim Ferreira de

Araújo.

4. Maria Ferreira de Araújo, casada com Manoel Urcesino

de Araújo.

5. José Antônio de Araújo, casado com Maria do Espírito

Santo Silva.

6. Lúcio Ferreira de Araújo, faleceu jovem.

7. Manoel Ferreira de Araújo, casado com Cecília Carneiro

de Araújo.

7. Capitão Francisco Xavier de Araújo Costa, nascido a 10 de

outubro de 1857, filho do Alferes Vicente Lopes de Araú-

jo Costa e dona Angélica Francisca da Silveira. Em data

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ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

225

de 19 de outubro de 1882, consorciou-se com sua parenta,

dona Beatriz Geracina de Araújo, filha de Francisco Tei-

xeira Pinto e dona Maria Geracina de Araújo, tendo a ce-

rimônia se realizado em Lagoa do Mato, oficiada pelo Pe.

Antônio Xavier Maria de Castro. Após seu casamento, o

Capitão Xavier mudou-se para a cidade de Acaraú, onde

residiu durante 15 anos. Ali ele exerceu os cargos de De-

legado de Polícia e Coletor Estadual. Em 1900 transferiu

sua residência para a fazenda Córrego dos Cavalos, no en-

tão município de Santana do Acaraú, a 6 quilômetros do

Açude Tucunduba e a 50 quilômetros de Santa Cruz (hoje

Bela Cruz). A propriedade Córrego dos Cavalos pertence-

ra ao seu pai, e o Capitão Xavier ali se instalou, vivendo

da pecuária e da agricultura, de onde adquiriu uma boa si-

tuação econômica. Grande amigo de sua terra, Capitão

Xavier, era homem de fibra. Nos momentos mais impor-

tantes e mais difíceis da vida política e social de Santa

Cruz e de Acaraú, ele era sempre chamado e, apesar da

distância, se fazia presente para ajudar; disposto mesmo, a

brigar, se fosse preciso, para defender os superiores inte-

resses de sua terra e de sua gente. Em 31 de março de

1926, faleceu sua esposa. E no final do mesmo ano, o Ca-

pitão Xavier contraiu novo casamento com dona Maria da

Penha Aguiar, filha de José Salustiano Aguiar e dona Ma-

ria dos Reis Aguiar. Entretanto, em 1927, adoeceu aquele

homem inquebrantável, e, no ano seguinte, ele teve que

mudar-se, outra vez, para Acaraú, à procura de recursos

médicos, mas todos os esforços resultaram inúteis para o

seu restabelecimento. Faleceu no dia 13 de abril de 1929,

cercado da estima e do respeito de quantos privaram da

sua amizade e conheceram seus predicados de homem de

caráter e de coragem.

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Filhos:

1. Raimunda Xavier de Araújo, nascida em 1895 e falecida

a 2 de julho de 1973. Casada com seu primo, Cordolino

Lopes Araújo.

2. Maria Alzira de Araújo (Maroca), nascida em 1891 e fa-

lecida em 1954. Casada com Francisco Emiliano de Bri-

to, nascido em 1897 e falecido em 1919.

3. Francisco Xavier de Araújo Filho, faleceu criança.

4. Cândida Xavier de Araújo, nascida em 1885 e falecida a

3 de dezembro de 1942. Casada com Lúcio Silveira A-

raújo, nascido em 1878 e falecido a 26 de maio de 1946.

8. Manoel Lopes da Silveira, nascido a 24 de setembro de

1858, filho do Alferes Vicente Lopes de Araújo Costa e

dona Angélica Francisca da Silveira. A 5 de setembro de

1885, consorciou-se com dona Raimunda Maria da Con-

ceição, na Capela de Santa Cruz, sendo oficiante o Pe.

Antônio Xavier Maria de Castro. Dona Raimunda Maria

da Conceição faleceu em 1898, em consequência de um

parto de três gêmeos. E logo a 9 de maio de 1899, Manoel

Lopes, casou-se novamente com sua sobrinha dona Ana

Joaquina da Silveira, nascida em 1879 e falecida a 13 de

fevereiro de 1962. Após seu primeiro casamento, Manoel

Lopes da Silveira passou a residir na então povoação de

Santa Cruz. Faleceu em Bela Cruz, a 7 de março de 1935,

com descendência de 24 filhos.

Filhos do 1º matrimônio:

1. Vicente Lopes da Silveira, faleceu jovem.

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2. José Silveira Araújo, nascido em 1886 e falecido em

1962, casado com Leonília Maria da Silveira, nascida

em 1886 e falecida em 1972.

3. Maria José da Silveira, casada com Manoel Ignácio Vas-

concelos, com o falecimento deste, casou-se com Rai-

mundo Marques de Freitas.

4. Emília Lopes Araújo, casada com Joaquim Martins dos

Santos Neto, nascido a 2 de outubro de 1872 e falecido a

4 de outubro de 1951.

5. Virgílio Silveira Araújo, nascido em 1900 e falecido em

1974. Casado com Ângela Lopes Araújo.

6. João da Silveira Araújo, nascido a 19 de agosto de 1889

e falecido a 26 de novembro de 1975. Casado com Ben-

vinda Adeodato Araújo, nascida a 23 de maio de 1905 e

falecida a 29 de dezembro de 1969. João da Silveira, ca-

sou-se, segunda vez, com Francisca Osmarina Araújo.

7. Manoel Silveira Araújo, nascido a 17 de dezembro de

1898, faleceu criança.

8. Raimundo Nonato Silveira, nascido a 17 de dezembro de

1898, falecido.

9. Francisco Assis Silveira, nascido a 17 de dezembro de

1898. Casado com Luzia Adélia Araújo.

10. Maria da Penha Silveira, casada com Samuel Lopes de

Araújo.

11. Isabel Lopes Araújo, faleceu jovem.

Filhos do 2º matrimônio:

12. Angélica Alice Araújo, professora e catequista, faleceu

inupta.

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13. Francisca da Chagas Silveira (Francisquinha), casada

com Pedro Augusto de Carvalho, falecidos. Pais dos se-

nhores Valdemar Lopes de Carvalho e Moacir Lopes de

Carvalho.

14. Demétrio Lopes da Silveira, casado com Maria José Soa-

res.

15. José Lopes da Silveira, faleceu criança.

16. Ernesto Lopes da Silveira, faleceu criança.

17. Rita de Cássia Silveira, faleceu inupta.

18. Maria Silveira Araújo, faleceu jovem.

19. Geraldo Silveira Araújo, faleceu jovem.

20. Silvio Lopes da Silveira, casado com Rita Celsa de Vas-

concelos.

21. Manoel Lopes Filho, faleceu criança.

22. Raimunda Adélia Araújo, casada com Alonso Lopes A-

raújo, viuvando, casou-se com Vicente Teixeira.

23. Júlia Lopes Silveira, faleceu criança.

24. Cecília Lopes da Silveira, casada com Francisco de Assis

Soares.

9. Maria da Penha Lopes Araújo, nascida a 2 de dezembro de

1859, filha de Vicente Lopes de Araújo Costa e dona An-

gélica Francisca da Silveira. Casou-se, na Igreja Matriz de

Acaraú, a 21 de junho de 1875, com seu primo Venâncio

Lopes de Araújo Costa, filho de João Lopes de Araújo e

dona Maria José do Espírito Santo. A cerimônia do ma-

trimônio foi oficiada pelo Pe. Antônio Xavier Maria de

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VICENTE FREITAS

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Castro. Venâncio Lopes de Araújo Costa, – bisavô do au-

tor destas notas – era Alferes da Guarda Nacional, nomea-

do por Portaria de 21 de setembro de 1871. A 1º de julho

de 1882 foi eleito Vereador à Câmara Municipal de Aca-

raú, onde defendeu os legítimos interesses de sua terra na-

tal. Nascido a 25 de fevereiro de 1838, era viúvo de Fran-

cisca Ceciliana de Araújo, e foi abastado fazendeiro em

São João da Tapera, onde sempre residiu. Faleceu em

1910. Dona Maria da Penha Lopes Araújo, sua esposa, fa-

leceu a 28 de agosto de 1922. Ambos foram sepultados no

cemitério de Santa Cruz. O inventário de Venâncio Lopes

de Araújo Costa foi feito no 1º Cartório de Acaraú, em

1912 (vol. 52).

Filhos:

1. Carolino Lopes de Araújo Costa, nascido em 1878 e fale-

cido a 29 de outubro de 1932. Casou-se a 29 de setem-

bro de 1900, com sua prima, Angélica Sabino de Araújo,

nascida a 28 de setembro de 1884 e falecida a 20 de ou-

tubro de 1951. Carolino Lopes foi alto comerciante e

Vereador pela Câmara de Acaraú.

2. Maria Filomena de Araújo, casada com seu primo José

Antônio Ibiapina Araújo.

3. Angélica Maria de Araújo, casada com Manoel Avelino

Silveira.

4. Felismina Lopes Araújo, nascida a 13 de abril de 1888 e

falecida a 12 de dezembro de 1968. Casada a 23 de julho

de 1908, com José Aprígio Leitão, nascido a 20 de julho

de 1882 e falecido a 28 de março de 1955, no Rio de Ja-

neiro.

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5. Maria Albertina de Araújo, casada com Raimundo Celso

Araújo.

6. Maria Carmosina da Silveira, casada com seu primo Vi-

cente Lopes da Silveira.

7. Vicente Verino Lopes Araújo, casado com Vitalina Lopes

Araújo.

8. Salvino Lopes de Araújo Costa, nascido em 1887 e fale-

cido a 14 de setembro de 1951. Casado a 19 de julho de

1914, com Isabel Fonteles Rios de Araújo, avós mater-

nos do autor destas notas.

9. Roque Lopes de Araújo Costa, nascido a 21 de setembro

de 1884 e falecido a 14 de agosto de 1968. Casado com

Maria Enedina Araújo. Com o falecimento desta, casou-

se com Francisca das Chagas Silveira (Dona Xixica).

10. José de Araújo Costa, nascido a 2 de agosto de 1893 e fa-

lecido a 16 de maio de 1967. Casado com Maria Filo-

mena de Araújo, nascida a 4 de agosto de 1893 e faleci-

da a 25 de abril de 1963.

10. Antonino Lopes de Araújo Costa, nascido a 19 de feverei-

ro de 1861, filho do Alferes Vicente Lopes de Araújo

Costa e dona Angélica Francisca da Silveira. A 25 de no-

vembro de 1884 contraiu matrimônio com sua prima

Francisca Silveira de Araújo, filha de José Pereira da Ro-

cha e de Maria da Penha Silveira, nascida em 1863 e fale-

cida em 1905. A 18 de outubro de 1906, Antonino Lopes

uniu-se em segundas núpcias com dona Maria José Gon-

çalves, filha de José Teófilo Gonçalves Ferreira e dona

Ignácia Ramos Gomes Gonçalves Ferreira. Dona Maria

José nasceu em 1868 e faleceu a 2 de novembro de 1954,

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e seu esposo Antonino Lopes, faleceu a 13 de outubro de

1933, legando aos seus descendentes um nome honrado e

querido, porque ele foi, na verdade, um homem bom.

Filhos:

1. Raimundo Thomaz Aquino de Araújo, nascido a 29 de

dezembro de 1885 e falecido a 15 de novembro de 1926.

Foi alto comerciante na cidade de Acaraú. Casou-se a 25

de novembro de 1906, com Ernestina Silveira de Araújo,

nascida a 17 de julho de 1887 e falecida a 30 de abril de

1955.

2. Vicente de Paula Araújo, nascido a 26 de agosto de 1889

e falecido a 6 de março de 1969. Casou-se a 30 de abril

de 1914, com Ana Guilherme dos Santos, nascida a 18

de agosto de 1887 e falecida a 6 de junho de 1967. For-

mado em Contabilidade, exerceu os cargos de Escrivão

da Coletoria federal de Acaraú e de Delegado do Impos-

to de renda, em Sobral. Teve marcante atuação na vida

social e cultural de Acaraú. Foi Presidente do Recreio

Dramático Familiar e Diretor dos Jornais A COMUNA e

O ACARAÚ.

11. Beatriz Ibiapina de Araújo, nascida a 10 de outubro de

1862, filha do Alferes Vicente Lopes de Araújo Costa e

dona Angélica Francisca da Silveira. Casou-se a 17 de ju-

lho de 1883, na Capela de Santa Cruz, com seu primo Sa-

bino Lopes de Araújo Costa, o qual integrava a Guarda

Nacional, com o posto de Capitão. Sabino Lopes, que já

era possuidor de terras em São João da Tapera, ali cons-

truiu casa residencial, prédio para comércio e se estabele-

ceu com loja de tecidos e miudezas, associado ao seu ir-

mão Carolino Lopes de Araújo Costa, sob razão social de

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Sabino Lopes & Irmão. Comprando algodão, cera de car-

naúba, couros e peles, para a firma Raimundo Oliveira &

Irmão, da cidade de Granja, o comércio de Sabino Lopes

prosperou rapidamente, sendo sua casa comercial talvez a

mais bem sortida da região. Homem abastado e pai de

numerosa família, o Capitão Sabino Lopes tinha marcante

influência dentro de sua comunidade. Em 1902, com o ob-

jetivo de atender os apelos daquele povo e por ser homem

de fé, construiu vizinho à sua residência, uma Capela, em

honra de São João Batista, cuja festa, celebrada anualmen-

te, era bem concorrida. A Capelinha ali permaneceu até

1966, quando já um tanto deteriorada, fora demolida e re-

construída no povoado de Celsolândia, pelo Monsenhor

Odécio Loiola Sampaio, Vigário da Paróquia de Bela

Cruz. Em data de 23 de maio de 1940, faleceu o Capitão

Sabino Lopes de Araújo Costa, que em vida constituiu o

tipo do homem de bem.

Filhos:

1. Angélica Sabino de Araújo, casada com seu primo Caro-

lino de Araújo Costa.

2. Venâncio Sabino de Araújo, nascido em 1895 e falecido a

18 de março de 1923, casado com sua prima Alexandri-

na Ernestina da Silveira.

3. Manoel Sabino de Araújo, nascido a 24 de setembro de

1892 e falecido a 17 de abril de 1927. Casado a 8 de no-

vembro de 1913, com Maria Catarina de Araújo, nascida

em 1894 e falecida em 1941.

4. Cordolino Lopes Araújo, nascido a 3 de março de 1894 e

falecido a 2 de julho de 1947. Casado com Raimunda

Xavier de Araújo, nascida em 1896 e falecida a 27 de

março de 1973.

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5. Sérgio Lopes Araújo, faleceu criança.

6. Francisca Silveira Araújo, nascida a 6 de fevereiro de

1890 e falecida a 13 de abril de 1968. Casada com An-

tônio Silveira Araújo, nascido a 2 de junho de 1900 e fa-

lecido a 1º de maio de 1974. Industrial da cera de carna-

úba adquiriu a primeira máquina de extração do pó da

carnaúba, nesta região.

7. Raimundo Sabino de Araújo, casado com Raimunda Tei-

xeira Araújo. Com a morte desta, casou-se com Maria

Ester de Araújo.

8. Maria Isabel Araújo (Marieta), casada com José Leorne

da Silveira.

9. Rita Alzira de Araújo (Ritoca), casada com Francisco

Celso Silveira, nascido a 28 de julho de 1901 e falecido

a 24 de fevereiro de 1950. Proprietários em Celsolândia.

10. João Humberto Araújo, casado com Amélia Carneiro de

Araújo.

12. Maria José de Araújo, nascida a 15 de junho de 1864, filha

do Alferes Vicente Lopes de Araújo Costa e dona Angéli-

ca Francisca da Silveira. Em 13 de julho de 1884 contraiu

matrimônio com seu primo Antônio Raimundo de Araújo,

nascido a 10 de setembro de 1863 e falecido a 24 de feve-

reiro de 1948, filho de Manoel de Araújo Costa e dona

Maria Francisca de Araújo. O casamento realizou-se na

Capela de Santa Cruz (hoje Bela Cruz), com assistência

do Pe. Antônio Xavier Maria de Castro. Após o casamen-

to o casal fixou residência em Tabuleirinho, onde o Capi-

tão Antônio Raimundo abriu uma casa comercial e com-

prou uma posse de terra. Vendia tecidos, estivas e com-

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prava cera de carnaúba, algodão, peles e couros, negoci-

ando com os Oliveiras, opulenta firma exportadora, da ci-

dade de Granja. Dentro de poucos anos, o Capitão Antô-

nio Raimundo era um dos homens abastados desta região,

tendo a seu lado a esposa, que era o seu braço direito, no

trabalho e na constituição da família. Em 1935, mudou-se

definitivamente para a cidade de Acaraú. Dona Maria José

de Araújo faleceu a 23 de julho de 1947, deixando nume-

rosa descendência.

Filhos:

1. Maria Emília de Araújo, nascida em 1885 e falecida em

1913. Casada com Miguel Miranda Monteiro, nascido

em 1882 e falecido em 1964.

2. Ernestina Silveira Araújo (Hilda), casada com Raimun-

do Tomaz Araújo.

3. Raimundo Celso Araújo, nascido a 12 de fevereiro de

1889 e falecido a 1º de outubro de 1944. Casado a 19

de fevereiro de 1911, com Maria Albertina da Silveira,

nascida a 25 de julho de 1889 e falecida a 14 de de-

zembro de 1957.

4. Maria Enedina Araújo, nascida a 6 de outubro de 1896

e falecida a 12 de setembro de 1920. Casada com seu

primo Roque Lopes Araújo.

5. Maria Laura Araújo, nascida a 15 de agosto de 1893 e

falecida a 26 de março de 1972. Casada, a 9 de setem-

bro de 1916, com Raimundo Coelho de Magalhães.

6. Rita de Cássia Araújo, faleceu inupta.

7. Isabel Silveira Araújo, faleceu inupta.

8. Francisca Elvira de Araújo, casada com Francisco Lú-

cio Vasconcelos.

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9. Francisca Augusta Araújo, nascida a 15 de setembro de

1902 e falecida a 20 de janeiro de 1956. Casada com

José Abrão Sales, nascido em 1901 e falecido a 14 de

julho de 1954.

10. Francisca Áurea de Araújo, nascida a 1º de outubro de

1908 e falecida a 1º de junho de 1939. Casada com A-

fonso de Moura Martins, nascido em 1905 e falecido

em 1957.

11. Francisca Anésia de Araújo, casada com o líder político

e comerciante acarauense Raimundo Martins dos San-

tos, nascido a 29 de dezembro de 1899 e falecido a 17

de novembro de 1955.

12. Francisco Luís de Araújo, faleceu criança.

13. Manoel Araújo, faleceu criança.

13. Capitão-cirurgião Miguel Lopes de Araújo Costa, nascido a

7 de janeiro de 1866, filho do Alferes Vicente Lopes de

Araújo Costa e dona Angélica Francisca da Silveira. Aos

vinte anos de idade, isto é, a 8 de setembro de 1886, con-

traiu casamento com sua sobrinha, dona Maria José de

Araújo, filha de Diogo Lopes da Silveira e dona Maria Fi-

lomena de Araújo. A cerimônia do casamento foi oficiada,

na mesma Capela de Santa Cruz, pelo Pe. Antônio Xavier

Maria de Castro. Após a morte de seu pai, Capitão Miguel

Lopes passou a residir na hoje cidade de Bela Cruz. Pos-

suidor de boa fortuna mandou construir sua casa residen-

cial e casa para comércio, onde abriu uma grande loja de

tecidos, denominada Formosa Santacruzense. No objetivo

de movimentar o comércio e aumentar o número de pré-

dios na então povoação de Santa Cruz, também mandou

construir a Feirota, que era um conjunto de dez quartos

para comércio, tendo anexo um galpão, destinado à venda

de café e açougue. Por decreto de 22 de setembro de 1898,

do então Presidente da República, Manoel Ferraz de

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VICENTE FREITAS

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Campos Sales, Miguel Lopes foi nomeado Capitão da

Guarda Nacional. Em Santa Cruz exerceu as funções de

Juiz de Casamentos e Fabriqueiro do Patrimônio da Cape-

la. Político de influência, o Capitão Miguel Lopes foi um

dedicado batalhador pelo progresso de Santa Cruz. Sua

voz foi a primeira que se fez ouvir, pleiteando o hoje mu-

nicípio de Bela Cruz. Faleceu a 5 de março de 1916, dei-

xando uma família que conta em seu seio nomes realmen-

te ilustres, pela inteligência, pela cultura e pelo trabalho.

Os poderes Municipais deram seu nome a uma rua da ci-

dade de Bela Cruz, em reconhecimento aos serviços que

ele prestou à sua terra. Dona Maria José de Araújo nasceu

a 25 de maio de 1872 e faleceu a 16 de novembro de

1954.

Filhos:

1. Maria José, faleceu criança.

2. Virginia Lopes Araújo, nascida em 1899 e falecida em

1946. Casada com Fausto Teixeira Pinto.

3. Maria do Carmo Araújo (Carminha), nascida em 1892 e

falecida em 1971. Inupta.

4. José Lopes de Araújo, faleceu criança.

5. Emília Adélia Araújo, nascida em 1896. Casada com

Manoel Ibiapino da Rocha, proprietário em Bela Cruz.

6. Francisca das Chagas Araújo (Quinha), nascida em 1898

e falecida em 1941. Casada com Venâncio Araújo.

7. Angélica Lopes Araújo, faleceu criança.

8. Francisca das Chagas Lopes (Neném), faleceu inupta.

9. João Venceslau Araújo, nascido a 27 de janeiro de 1906.

Casou-se com dona Jovita Idalice de Carvalho, nascida a

22 de fevereiro de 1918 e falecida a 3 de março de 1971.

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10. João Ambrósio Araújo, nascido a 7 de dezembro de

1909. Casado, a 25 de julho de 1936, com dona Rai-

munda Lopes Araújo. Em Bela Cruz exerceu o comércio

e a agricultura. Sua família consta de 7 filhos e 10 netos.

Faleceu a 3 de abril de 1984.

11. Antônio Lopes Araújo, faleceu criança.

☼☼☼

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Família Carneiro

A família Carneiro, aqui do extremo norte do Ceará, que

se ramificou com a família Silveira e Araújo, de Bela Cruz,

provém da localidade conhecida primitivamente como Olho

D‟água; e que depois, ao nascer da povoação, tal qual informa

Nicodemos Araújo, esta se chamou Curral Velho, denominação

que, posteriormente, em homenagem à padroeira da capela ali

construída, foi mudada para Nossa Senhora Santa Ana. E San-

tana ficou sendo chamada, até que a 20 de dezembro de 1931, o

decreto nº 139, firmado pelo interventor Roberto Carneiro de

Mendonça, deu-lhe a denominação de Santana do Acaraú, nome

que foi confirmado pelo decreto nº 1.156, datado de 20 de de-

zembro de 1938, assinado pelo Dr. Francisco de Menezes Pi-

mentel, então Governador do Ceará. Já o decreto nº 1.114, de

30 de dezembro de 1943, outorgou-lhe o nome de Licânia, pro-

vavelmente, em homenagem a nossa Oiticica, (18) que naquele

município existia em vultosa quantidade, e cuja amêndoa já teve

o seu tempo áureo. Finalmente, a Lei nº 153, de 22 de dezembro

de 1951, lhe conferiu, outra vez, o nome de Santana do Acaraú.

___________________

18 Árvore majestosa no porte, a oiticica cresce nos aluviões profundos dos rios e

riachos, formando longas e estreitas alamedas à ourela dos barrancos ou manchan-

do as várzeas com o verde-escuro da sua densa e longa ramagem. Pertence à famí-

lia das Rosáceas – Licania rigida Benth. Sobre o seu aproveitamento industrial

consulte-se Francisco Alves de Andrade, „Como nasceu a indústria da oiticica no

Ceará‟, Nordeste econômico e financeiro, v. I, nº 1, Fortaleza. pp. 22-39. (Apud:

BRAGA, Renato. História da comissão científica de exploração. Fortaleza: Im-

prensa Universitária do Ceará, 1962.)

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Criado Distrito, pela Câmara de Sobral, em sessão de 11

de julho de 1833, Santana apresentava os seguintes limites:

compreendendo todo o terreno que existe do Morro dos Tuca-

nos, Acaraú acima, de uma e outra banda do mesmo rio, até a

fazenda Unha de Gato, inclusive; da parte do poente e da parte

do nascente, até a capela de São José, exclusive, em linha reta,

até a Serra da Meruoca.

O tempo prosseguiu, e os homens de maior influência

daquela povoação ribeirinha continuaram a sua luta, em busca

de uma posição de maior relevo no cenário social e político do

Ceará. E esse trabalho visava, antes de tudo, a elevação de San-

tana à categoria de município. O certo é que a 3 de novembro de

1862, por força da lei nº 1.012, àquela localidade passou a con-

dição de Vila, e logo a 27 de junho de 1863, Santana conquista-

va sua emancipação política, sendo desmembrada do território

do município de Acaraú.

Na mesma data foi instalada a primeira Câmara, e que fi-

cou constituída dos seguintes vereadores, legalmente eleitos:

Luís Henrique de Oliveira Magalhães – Presidente; Antônio

Ferreira Gomes, Antônio Carneiro de Araújo, Raimundo Xavier

Nogueira, João Adeodato de Araújo, Vicente Cassimiro Caval-

cante e Capitão Joaquim Gomes Carneiro, meu trisavô paterno.

Sem dúvida admissível, a influência de Joaquim Gomes

Carneiro teve papel marcante na memorável campanha cívica

que culminou com a emancipação política da vetusta povoação

de Santana, juntamente com o trabalho persistente dos santa-

nenses José Mendes de Vasconcelos, José de Paula Ribeiro

Pessoa e Manoel Joaquim de Sousa Vasconcelos, os três, já,

naquela época, deputados. É de plena justiça, portanto que á

história dê o merecido destaque aos nomes daqueles que luta-

ram pela formação e o desenvolvimento do município de Santa-

na do Acaraú.

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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☼☼☼

A família Carneiro provém do tenente João Carneiro da

Costa, filho do Alferes Diogo da Costa Calheiros e dona Joana

Carneiro Brito. João Carneiro da Costa casou-se em 1744, com

Teresa de Jesus Vasconcelos, filha de Cosme Frazão de Figuei-

roa e dona Maria de Vasconcelos Coelho.

Consoante informa a valiosa obra Cronologia Sobralense,

do Pe. Francisco Sadoc de Araújo, no ano da graça de 1692,

nasceu, “na Paraíba, Cosme Frazão de Figueiroa, tendo vindo

residir na fazenda Sapó, desta Ribeira”. Casou-se com dona

Maria de Vasconcelos Coelho, e deste matrimônio tiveram três

filhos, dentre eles dona Teresa de Jesus Vasconcelos, que se

casou, em terceiras núpcias, com João Carneiro da Costa. Deste

casamento nasceram:

1. Maria Teresa de Jesus, casada duas vezes: 1ª com João

da Fonseca Álvares e a segunda com seu primo Antô-

nio Gomes de Albuquerque.

2. Ana Carneiro da Costa, que faleceu criança.

3. Major Manoel Carneiro da Costa, casado, a 9 de janeiro

de 1766, com Rosa Maria de Vasconcelos, filha do Ca-

pitão Matheus Mendes de Vasconcelos e D. Maria Fer-

reira Pinto. O casal foi residir na fazenda Sapó. Manoel

Carneiro da Costa faleceu, a 17 de dezembro de 1811,

e dona Rosa Maria da Conceição, no ano de 1814.

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VICENTE FREITAS

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O Tenente João Carneiro da Costa faleceu a 25 de maio

de 1758, e foi sepultado na Igreja Matriz de Sobral. (19) Deixou

por seus testamenteiros, sua mulher, dona Teresa de Jesus Vas-

concelos, seu sogro Cosme Frazão de Figueiroa e Zacarias Sou-

sa Marinho.

O Major Manoel Carneiro da Costa foi chefe do Partido

Conservador e Comandante do Batalhão nº 6, da Guarda Nacio-

nal. Já o Capitão Joaquim Gomes Carneiro foi homem de rele-

vante influência na vida política e social de sua terra. Exerceu a

Comandância do Batalhão nº 21, da Guarda Nacional e foi Pre-

sidente da Câmara Municipal de Santana. Tal era o seu prestígio

que, juntamente com seu primo Antônio Carneiro de Araújo,

foi, como já afirmamos, Vereador, da primeira Câmara do mu-

nicípio de Santana, cuja instalação oficial aconteceu a 27 de

janeiro de 1863, isto é, sete meses depois da criação daquele

município, que o foi pela Lei Provincial nº 1.012, de 3 de no-

vembro de 1862, sancionada pelo então Presidente da Província

do Ceará, Manoel Antônio Duarte de Azevedo.

Professor Afonso Alberto Carneiro

O Professor Afonso Alberto Carneiro, bisavô paterno do

autor destas notas, nasceu na localidade de Curral Grande, San-

tana do Acaraú, a 25 de novembro de 1851. Era filho do Capi-

tão da Guarda Nacional, Joaquim Gomes Carneiro e de dona

Maria da Penha Carneiro, conforme o termo de batismo:

___________________

19 “Aos vinte e cinco dias do mês de maio de mil e setecentos e cinquenta e oito fale-

ceu da vida presente, de doença que Deus lhe deu, o Tenente João Carneiro da

Costa, homem branco, casado, morador nesta freguesia, confessado, sacramentado

e ungido, com seu testamento sem aprovação e como este ad causas pias inda que

não seja aprovado sempre tem seu vigor e muita força conforme o direito ensina,

por isso aqui expresso o que deixou se fizesse primeiramente. Deixa por seus tes-

tamenteiros a Zacarias de Sousa Marinho, à sua mulher D. Theresa de Jesus e a

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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“Afonso, branco, filho legítimo de Joaquim Gomes Carneiro e Maria

da Penha, nasceu a vinte e cinco de novembro de mil oitocentos e

cincoenta e um, e aos trinta e um de dezembro do mesmo anno, foi por

mim batizado, nesta Matriz, sendo padrinhos Antônio da Costa Carnei-

ro, casado, e dona Anna Maria da Conceição. E, para constar, mandei

lavrar o presente em que assigno”. Pro-Pároco Francisco de Paula

Menezes. (Livro nº 2, f. 36, Freguesia de Santana.)

Afonso Alberto Carneiro, desde menino manifestou mui-

to gosto pelo estudo das letras, tendo como professor Joaquim

Guilhermino da Costa Cisne, então regente da cadeira mantida

pelo governo provincial, naquele município. Era dono de rara

inteligência, escrevia versos, compunha músicas e tocava vio-

lão, com dedos de mestre. Dedicou-se ao magistério, incutindo

as luzes do saber, no cérebro de sua gente, tornando-se, destarte,

um autêntico benemérito, da comunidade em que vivia.

Casou-se, na capela de Santa Cruz, no ano de 1876, com

Maria do Carmo da Silveira, filha de José Pereira da Rocha e de

Maria da Penha da Silveira, tendo como celebrante o Pe. Antô-

nio Xavier Maria de Castro, Vigário da Freguesia de Acaraú.

Sua vida conjugal durou apenas 16 anos, pois dona Maria

do Carmo da Silveira faleceu em 1892, deixando cinco filhos:

dois meninos, que ficaram com o pai, em Curral Grande, e três

meninas, as quais, após o falecimento da mãe, vieram morar

com os avós no então povoado de Santa Cruz (Bela Cruz).

___________________ seu sogro Cosme Frazão de Figueiroa. Deixa por sua alma um oficio de corpo presen-

te, doze missas também de corpo presente e mais seis capelas de missas: três por sua

alma, duas por alma de seu pai e uma por alma de sua mãe. Item deixa uma festa com

missa cantada e sermão à gloriosa Santa Anna, na sua capela, nesta freguesia. Item

depois de cumpridos seus legados e pagas suas dívidas, seus filhos serão seus univer-

sais herdeiros. Foi envolto em hábito franciscano e enterrado na Igreja Matriz, enco-

mendado por mim, de que fiz este termo em que me assigno”. Manoel da Fonseca

Jayme, Cura do Acaracu. (Cf. Livro de Óbitos nº 2, fl.14.)

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

243

Em 1916, o professor Afonso Alberto Carneiro, mudou-

se para Aracati, onde faleceu, no ano da graça de 1918, exata-

mente aos 67 anos de idade, deixando a crédito de sua memória,

a certeza de haver sido, no exercício de sua nobre e meritória

profissão, um verdadeiro benfeitor, tal como lembra seu neto,

poeta e historiador, Nicodemos Araújo.

Filhos de Afonso Alberto Carneiro

1. Raimundo Alberto Carneiro, nascido a 3 de junho de

1878 e falecido em 1929. Casado a 28 de setembro de

1901, com Francisca Amélia de Jesus, nascida em 1888

e falecida em 1966. Do casal nasceram 9 filhos:

1. Maria José Carneiro, casada com Francisco Alexandre

Pinto.

2. José Nicodemos Carneiro, casado com Ana Ceci da

Ponte, com o falecimento desta, casou com Maria

Creusa Pereira.

3. Maria Helena Carneiro, casada com Vicente Osias

Carneiro.

4. Maria do Carmo Carneiro, casada com Raul Pompeu.

5. Maria de Lourdes Carneiro, solteira.

6. João Augusto Carneiro, casado com Maria Augusta

Carneiro.

7. Maria Hilda Carneiro, casada com João Emídio Carnei-

ro.

8. Manoel Messias Carneiro, casado com Maria Adalgiza

Carneiro.

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9. Isaac Carneiro, casado Com Teresa de Jesus Carneiro.

2. Francisca Eucária da Silveira, nascida na localidade de

Curral Grande, município de Santana do Acaraú, a 3 de

março de 1880 e batizada na fazenda Olho d‟Água, do

mesmo município, a 4 de junho do mesmo ano, sendo

oficiante o Pe. Francisco Xavier Nogueira, e padrinhos

Miguel Francisco da Rocha e Belarmina Geracina de

Araújo. Aos doze anos, órfã de mãe, veio morar com

seus avôs, no então povoado de Santa Cruz, e logo, aos

quatorze anos de idade, consorciou-se com João Lopes

de Araújo, a 20 de outubro de 1894, casamento oficia-

do pelo Pe. Antônio Xavier Maria de Castro. Em virtu-

de do casamento passou a assinar-se Francisca Silveira

Lopes. Deste casamento nasceram cinco mulheres e

três homens, entre estes o poeta e historiador Nicode-

mos Araújo. João Lopes de Araújo faleceu a 22 de ju-

lho de 1929, e dona Francisca, a 25 de setembro de

1964.

Filhos:

1. Aprígia Lopes Araújo (20)

2. Vicente Lopes Araújo

3. Maria Cacilda da Silveira

4. Manoel Nicodemos Araújo

5. Ana profetiza da Silveira

6. Raimunda Lopes Araújo

7. Afonso Celso Araújo

8. Geralda Lopes Araújo

___________________

20 A relação dos filhos de Francisca Eucária da Silveira, acompanhada com o nome

dos respectivos cônjuges, já apresentamos no verbete João Lopes de Araújo.

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3. Maria Luiza da Silveira, nascida a 29 de junho de 1882

na fazenda Curral Grande, Santana do Acaraú, Aos dez

anos de idade veio morar com os avôs – José Pereira da

Rocha e Maria da Penha Silveira, no então povoado de

Santa Cruz. A 6 de novembro de 1897, aos quinze anos

de idade, casou-se com Vicente Lopes de Araújo Neto.

Minha avó, Maria Luiza da Silveira, faleceu a 24 de

março de 1966.

Filhos:

1. Afonso, faleceu criança.

2. Maria do Carmo Freitas (tia Carminha), casada com

José Alexandre de Vasconcelos, falecidos.

3. José de Arimatéa Freitas, nascido a 5 de maio de 1905

e batizado a 20 de junho do mesmo ano, pelo Pe. Joa-

quim Severiano de Vasconcelos (Livro 20, f.181) na

capela de Santa Cruz, falecido a 22 de fevereiro de

1995. Casado em 1941, com dona Maria Rios de Araú-

jo, nascida a 10 de julho de 1918 e falecida a 16 de no-

vembro de 2001 (pais do autor destas notas).

4. Maria Ester da Silveira, casada com Manoel Afonso

Rocha, falecidos.

5. Agripino Bias da Silveira, nascido a 24 de outubro de

1917. Exerceu o cargo de Subprefeito de Bela Cruz, no

período de 1º de março de 1952 a 26 de março de 1955.

Casou-se com dona Maria da Conceição Vasconcelos,

nascida a 25 de fevereiro de 1929 e falecida a 23 de

março de 1977. Foi comerciante, fotógrafo e Coletor

Estadual, chefiando várias Coletorias – nos municípios

de Santana do Acaraú, Marco, Bela Cruz, Morrinhos,

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Acaraú, Limoeiro do Norte e, ultimamente, Trairi, onde

fixou residência. Faleceu a 19 de outubro de 2002.

6. Maria Zelfa da Silveira, falecida. Casada com Pedro de

Sousa Xerez.

4. Joaquim Afonso Carneiro, nasceu na localidade de Cur-

ral Grande, município de Santana do Acaraú, a 15 de

outubro de 1886. Casou-se em 1908, com Maria da

Conceição Ferreira, nascida em 1893 e falecida a 30 de

julho de 1965. Joaquim Afonso, ou Quincas Afonso,

como era conhecido, faleceu a 13 de junho de 1964,

contando 78 anos de idade.

Filhos:

1. Maria do Carmo Carneiro, casada com Antônio Fonte-

les.

2. Maria Cacilda Carneiro, casada com Pedro Fonteles de

Sousa.

3. Maria José Carneiro, casada com José Artur Rocha.

4. Francisca Gomes Carneiro, casada com José Alves Pe-

reira.

5. Maria José da Silveira nasceu na localidade de Curral

Grande, do município de Santana do Acaraú, a 10 de

março de 1888. Com quatro anos de idade, perdeu sua

mãe e foi trazida para morar com seus avôs José Perei-

ra da Rocha e Maria da Penha Silveira, no então povo-

ado de Santa Cruz. Em data de 7 de setembro de 1907,

casou-se com Manoel Alves de Araújo, filho de Mi-

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guel Alves de Medeiros e Hermínia Augusto de Me-

deiros, a cerimônia do casamento foi oficiada na Cape-

la de Santa Cruz, pelo Pe. Antônio Thomaz, então vi-

gário da Paróquia de Acaraú. Após o casamento o ca-

sal passou a residir no arraial Tabuleirinho. Manoel

Alves de Araújo, nascido em 1885, faleceu a 4 de a-

gosto de 1965, e dona Maria José da Silveira (Zeza), a

20 de março do mesmo ano.

Filhos:

1. Manoel Manduca de Araújo, casado com Maria Oli-

veira de Araújo.

2. João Alves de Araújo, casado com Maria Isabel Alves.

3. Maria Gervásia de Araújo, casada com Manoel Aveli-

no da Silva, com a morte deste, casou com Zeferino

Ferreira da Rocha.

4. Alzira Alves de Araújo, casada com Antônio de Araú-

jo Melo.

5. Rita Alves de Araújo, casada com Manoel Esmerino

Pinto.

6. Raimunda Alves de Araújo, nascida a 24 de setembro

de 1917 e falecida a 8 de abril de 1975. Casada com

Francisco Damásio da Costa, residiam em Tabuleiri-

nho.

7. Francisca Alves de Araújo, casada com Raimundo Lo-

pes Araújo.

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VICENTE FREITAS

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☼☼☼

Para complementar estas notas sobre as famílias-tronco,

do Vale do Acaraú, especialmente, de Bela Cruz, procuramos

mostrar como são frequentes os casamentos endogâmicos entre

os descendestes das primeiras famílias que povoaram a ribeira

do Acaraú.

Afirma o Pe. Francisco Sadoc de Araújo, que qualquer

pessoa oriunda do Vale do Acaraú que se der ao trabalho de

levantar sua própria árvore genealógica, reconhecer-se-á des-

cendente de um desses avoengos comuns. Na verdade, toda a

população desta região está ligada por laços de parentesco e

constitui uma só comunidade familiar. Por amostragem, apre-

sento parte de minha própria ascendência.

Como descendo de Manoel Ferreira Fonteles (3)

1. João Velho, natural da Casa do Fontelo, Meixomil,

Portugal, casado com Maria Antônia. Pais de

2. Domingos Velho da Cruz, casado em Meixomil, a 7

de janeiro de 1683, com Maria Ferreira Pinto. Pais de

3. Manoel Ferreira Fonteles, nascido a 7 de março de

1687, em Meixomil, Portugal, casado, em Fortaleza,

com Maria Ferreira. Pais de

4. Bibiana Ferreira Fonteles, nascida em dezembro de

1742, casada a 20 de agosto de 1756, com Quintiliano

Dias Leitão. Pais de

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5. Maria José de Jesus, casada em 1780, com o portu-

guês Pedro de Araújo Costa, irmão do Capitão José de

Araújo Costa. Pais de

6. Francisca de Araújo Costa, casada a 20 de novembro

de 1814, com José da Silveira Dutra. Pais de

7. Angélica Francisca da Silveira, casada com o Alferes

Vicente Lopes de Araújo Costa, nascido em 1822,

Pais de

8. Maria Filomena de Araújo, nascida a 30 de junho de

1845, casada com seu primo Diogo Lopes da Silveira.

Pais de

9. Vicente Lopes de Araújo Neto, casado com Maria Lu-

iza da Silveira, a 6 de novembro de 1897. Minha avó

Maria Luiza Silveira, faleceu a 24 de março de 1966.

Pais de

10. José de Arimatéa Freitas Araujo, nascido a 5 de maio

de 1905 e falecido a 22 de fevereiro de 1995. Casado

em 1941, com Maria Rios de Araújo, nascida a 10 de

julho de 1918 e falecida a 16 de novembro de 2001.

Pais de

11. Vicente Freitas de Araújo, nascido a 11 de fevereiro

de 1955, casado a 23 de junho de 1994, com Maria

das Graças Araújo, nascida em Fortaleza, a 22 de fe-

vereiro de 1967. Pais de

1. Francesco Petrarca de Araújo Costa, nascido a 11 de

janeiro de 1995.

2. Monalisa Geossandra de Araújo, nascida a 14 de julho

de 1996.

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VICENTE FREITAS

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Como descendo de José de Araújo Costa (3)

1. Domingos de Araújo, natural de Camposinhos, fregue-

sia de Viatodos, concelho de Barcelos, Portugal, casado

com Maria da Costa. Pais de

2. Pedro de Araújo Costa, natural de Viatodos, casado a

12 de janeiro de 1714, com Maria da Costa e Sá, natural

de Estrufe, freguesia de Louro, concelho de Vila Nova

de Famalicão, Portugal. Pais de

3. Capitão José de Araújo Costa, nascido a 30 de julho de

1724, em Estrufe, Portugal, e casado no Curato do Aca-

raú, com dona Brites de Vasconcelos, a 31 de julho de

1744. Pais de

4. Capitão Diogo Lopes de Araújo Costa, nascido a 8 de

março de 1761, c. c. Maria Egipcíaca da Fonseca. Pais

de

5. Alferes Vicente Lopes de Araújo Costa, nascido em

1822, casado com Angélica Francisca da Silveira, filha

de José da Silveira Dutra. Pais de

6. Maria Filomena de Araújo, nascida a 30 de junho de

1845, casada com seu primo Diogo Lopes da Silveira.

Pais de

7. Vicente Lopes de Araújo Neto, casado com Maria Lui-

za da Silveira. Pais de

8. José de Arimatéa Freitas Araujo, nascido a 5 de maio

de 1905 e falecido a 22 de fevereiro de 1995. Casado

em 1941, com Maria Rios de Araújo, nascida a 10 de

julho de 1918 e falecida a 16 de novembro de 2001.

Pais de

9. Vicente Freitas de Araújo, nascido a 11 de fevereiro de

1955, casado a 23 de junho de 1994, com Maria das

Graças Araújo, nascida em Fortaleza, a 22 de fevereiro

de 1967. Pais de

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VICENTE FREITAS

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1. Francesco Petrarca de Araújo Costa, nascido a 11 de

janeiro de 1995.

2. Monalisa Geossandra de Araújo, nascida a 14 de julho

de 1996.

Como descendo de João da Silveira Dutra (2)

1. Manoel Dutra, natural da freguesia de Cedros, conce-

lho de Horta, Açores, Portugal, casado Com Josefa da

Silveira. Pais de

2. João da Silveira Dutra, natural da freguesia de Cedros,

casado com Maria da Conceição Araújo, a 8 de setem-

bro de 1766. Pais de

3. José da Silveira Dutra, casado com Francisca de Araújo

Costa, filha de Pedro de Araújo Costa, a 20 de novem-

bro de 1814, na Matriz de Sobral. Pais de

4. Angélica Francisca da Silveira, casada a 2 de setembro

de 1844, na Capela de Santa Cruz, com o Alferes Vi-

cente Lopes de Araújo Costa. Pais de

5. Maria da Penha Lopes Araújo, nascida a 2 de dezem-

bro de 1859, casada a 21 de junho de 1875, com seu

primo Venâncio Lopes de Araújo Costa. Pais de

6. Salvino Lopes de Araújo Costa, nascido em 1877, ca-

sado a 19 de julho de 1914, com Isabel Fonteles Rios

Araújo. Pais de

7. Maria Rios de Araújo, nascida em 1918, e casada em

1941, com José de Arimatéa Freitas Araujo. Pais de

8. Vicente Freitas de Araújo, nascido a 11 de fevereiro de

1955, casado a 23 de junho de 1994, com Maria das

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VICENTE FREITAS

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Graças Araújo, nascida em Fortaleza, a 22 de fevereiro

de 1967. Pais de

1. Francesco Petrarca de Araújo Costa, nascido a 11 de

janeiro de 1995.

2. Monalisa Geossandra de Araújo, nascida a 14 de julho

de 1996.

Como descendo de Matheus Mendes

de Vasconcelos (3)

1. Domingos Mendes Vasconcelos, casado com Ana da

Silva Carvalho, filha de Domingos Gaspar e Beatriz

Gaspar, a 6 de novembro de 1673. Pais de

2. Ana Carvalho, nascida a 14 de junho de 1680, casada

com Matheus Mendes, naturais de Travanca, Portugal.

Pais de

3. Matheus Mendes de Vasconcelos, nascido em agosto

de 1706, em Travanca, concelho de Amarante, emigrou

para o Ceará, e casou-se com dona Maria Ferreira Pin-

to, a 19 de setembro de 1743. Pais de

4. Rosa Maria da Conceição, casada com Manoel Carnei-

ro da Costa, a 9 de janeiro de 1766, natural de Jaboa-

tão, PE, filho de João Carneiro da Costa e Teresa de Je-

sus Vasconcelos. Pais de

5. Manoel Carneiro da Costa (júnior), casado com Fran-

cisca Maria de Jesus. Pais de

6. Joaquim Gomes Carneiro, fez parte como vereador, da

1ª Câmara Municipal de Santana, casado com Maria da

Penha Carneiro. Pais de

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7. Afonso Alberto Carneiro, nascido em Santana, a 25 de

novembro de 1851, casou-se na capela de Santa Cruz,

em 1876, com Maria do Carmo da Silveira, filha de Jo-

sé Pereira da Rocha e Maria da Penha Silveira. Pais de

8. Maria Luiza da Silveira, nascida a 29 de junho de

1882, em Santana, casada, a 6 de novembro de 1897,

com Vicente Lopes de Araújo Neto. Pais de

9. José de Arimatéa Freitas Araujo, nascido a 5 de maio

de 1905 e falecido a 22 de fevereiro de 1995. Casado

em 1941, com Maria Rios de Araújo, nascida a 10 de

julho de 1918 e falecida a 16 de novembro de 2001.

Pais de

10. Vicente Freitas de Araújo, nascido a 11 de fevereiro de

1955, casado a 23 de junho de 1994, com Maria das

Graças Araújo, nascida em Fortaleza, a 22 de fevereiro

de 1967. Pais de

1. Francesco Petrarca de Araújo Costa, nascido a 11 de

janeiro de 1995.

2. Monalisa Geossandra de Araújo, nascida a 14 de julho

de 1996.

Como descendo de Pedro de Araújo Costa (3)

1. Domingos de Araújo, natural de Camposinhos, fre-

guesia de Viatodos, concelho de Barcelos, Portugal,

casado com Maria da Costa. Pais de

2. Pedro de Araújo Costa, natural de Viatodos, casado a

12 de janeiro de 1714, com Maria da Costa e Sá, natu-

ral de Estrufe, freguesia de Louro, concelho de Vila

Nova de Famalicão, Portugal. Pais de

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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3. Pedro de Araújo Costa (filho), natural de Estrufe, fre-

guesia de Louro, casado com Maria José de Jesus, na

freguesia do Acaraú, Ceará. Pais de

4. Francisca de Araújo Costa, casada com José da Silvei-

ra Dutra, filho de João da Silveira Dutra, a 20 de no-

vembro de 1814, na Matriz de Sobral. Pais de

5. Angélica Francisca da Silveira, casada a 2 de setem-

bro de 1844, na Capela de Santa Cruz, com o Alferes

Vicente Lopes de Araújo Costa. Pais de

6. Maria da Penha Lopes Araújo, nascida a 2 de dezem-

bro de 1859, casada a 21 de junho de 1875, com seu

primo Venâncio Lopes de Araújo Costa. Pais de

7. Salvino Lopes de Araújo Costa, nascido em 1877, ca-

sado a 19 de julho de 1914, com Isabel Fonteles Rios

Araújo. Pais de

8. Maria Rios de Araújo, nascida em 1918, e casada em

1941, com José de Arimatéa Freitas Araújo. Pais de

9. Vicente Freitas de Araújo, nascido a 11 de fevereiro

de 1955, casado a 23 de junho de 1994, com Maria

das Graças Araújo, nascida em Fortaleza, a 22 de fe-

vereiro de 1967. Pais de

1. Francesco Petrarca de Araújo Costa, nascido a 11 de

janeiro de 1995.

2. Monalisa Geossandra de Araújo, nascida a 14 de julho

de 1996.

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

255

Pois bem: ao que asseveram pessoas provectas e conhe-

cedoras do assunto as famílias que constituem o tronco genea-

lógico do município de Bela Cruz, estão aqui representadas.

Entretanto, passamos a relacionar alguns nomes que também

representam estas famílias – começamos com José Manoel de

Vasconcelos, Manoel Ignácio de Vasconcelos, gestor do patri-

mônio da Capela de Santa Cruz, até 1825; (21) Félix Francisco

de Vasconcelos, Florêncio José de Vasconcelos e Inácio José de

Vasconcelos, este, filho de Manoel Lourenço da Costa e Ana

Maria de Vasconcelos. Inácio José de Vasconcelos era neto do

Capitão português Matheus Mendes de Vasconcelos, e casou-se

a 26 de agosto de1805, com D. Joana da Costa Medeiros, desse

consórcio nasceram vários filhos, entre os quais, Dona Maria

___________________

21 “Antigamente os Administradores do Patrimônio eram nomeados pelos Provedores

de Capelas, perante a quem prestavam contas de suas gestões. Com a extinção do

cargo de Provedor de Capelas, as nomeações passaram a ser do Exmo. Sr. Bispo

Diocesano, e os Administradores passaram a denominar-se Fabriqueiros. Não con-

seguimos saber quando foi nomeado o primeiro gestor do Patrimônio da Capela de

Santa Cruz. Entretanto, pelos livros que compulsamos, conseguimos saber que até

1825, exerceu aquelas funções o Sr. Manoel Ignácio de Vasconcelos. A partir da-

quele ano, sucederam-se no cargo, os seguintes cidadãos: – de 1825 a 1832, Félix

Francisco de Vasconcelos; de 1832 a 1840, Joaquim de Araújo Costa; de 1840 a

1849, Manoel Ferreira da Rocha; de 1849 a 1860, Capitão Ignácio Gomes da Fro-

ta; de 1860 a 1870, Capitão Alexandre Bernardino de Albuquerque; de 1870 a

1880, Manoel Antônio de Vasconcelos; de 1880 a 1886, Florêncio José de Vas-

concelos; de 1887 a 1908, Manoel Lopes da Silveira; de 1909 a 1910, Pe. João Sa-

raiva Leão; de 1911 a 1916, Ignácio Ribeiro Pessoa Filho; de 1916 a 1918, Padre

Antônio Thomaz, então Vigário de Acaraú; de 1918 a 1924, a administração do

Patrimônio passou a uma Comissão constituída de: – João Batista da Silveira (João

Albano), Miguel Lopes de Araújo Costa, José Lopes da Silveira, Antônio Romão

de Carvalho e Francisco Romão de Carvalho; de 1924 a 1935, Cel. Manoel Duca

da Silveira. A partir desse ano a administração do Patrimônio passou a ser feita pe-

lo Pároco de Acaraú, Pe. Sabino de Lima Feijão, até o ano de 1942, quando o

mesmo foi entregue ao Pe. Odécio Loiola Sampaio, Vigário da Paróquia de Nossa

Senhora da Conceição, de Bela Cruz”. (Cf. ARAÚJO, Nicodemos. Bela Cruz – de

prédio rústico à cidade. Editora Fortaleza, 1967. pp. 40-41.)

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

256

Livramento de Vasconcelos, que se casou a 5 de junho de 1855,

com Galdino Gomes da Frota.

José Manoel de Vasconcelos, também neto de Matheus

Mendes de Vasconcelos, matrimoniou-se com D. Carlota Maria

de Jesus, e desse casal nasceram vários filhos, entre estes, Rai-

mundo Nonato de Vasconcelos, casado com D. Constancia

Benvinda de Maria. Pais do Sr. Gabriel Arcanjo de Vasconce-

los, que casou-se a 3 de março de 1917, com D. Theolina de

Murilo Zacas, filha de Manoel Zacarias Adriano e D. Maria

Luiza Leitão.

José Francisco de Vasconcelos, outro neto de Matheus,

filho de Manoel Lourenço da Costa e D. Ana Maria de Vascon-

celos, casou-se a 22 de fevereiro de 1797, com Teresa Maria da

Soledade, filha do Capitão Domingos Rodrigues Lima e sua

mulher D. Maria da Soledade Linhares.

De leste veio a numerosa família Rocha, de João Ferreira

da Rocha e Manoel Ferreira da Rocha, ramificados com as fa-

mílias Sousa e Dutra. Joaquim Pereira Dutra casou-se a 23 de

outubro de 1797, na Capela de Santa Cruz, com Angélica Maria

de Jesus.

E de Olho D‟água, hoje Santana do Acaraú, mandou seus

rebentos até a antiga povoação de Santa Cruz, o Sr. Ângelo

Dias Leitão, paraibano, de quem procedem: João Facundo Lei-

tão, José Sabino Leitão, Temístocles Navarro Leitão e Quintili-

ano Dias Leitão. João Facundo Leitão faleceu a 26 de junho de

1932, aos 80 anos de idade. Sua descendência está representada

por 10 filhos, 58 netos, 214 bisnetos, 140 trinetos e 55 tetrane-

tos. Deles provém uma longa descendência, muito desenvolvida

em Bela Cruz, e disseminada por todo o país. Desta família,

entre outros nomes notáveis, destaca-se o diplomata Hidelfonso

Navarro Leitão, nascido em Santa Cruz, a 11 de fevereiro de

1890, filho de Temístocles Navarro Leitão, e que exerceu as

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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funções de Cônsul do Brasil, na Espanha e em alguns países da

América do Sul, enaltecendo sua terra nativa.

Outro ramo genealógico, importante, que deixou descen-

dência, em Bela Cruz, trata-se da família Barbosa Cordeiro. O

Professor Nicácio Barbosa Cordeiro, nascido em Canindé, (22)

no Ceará, a 14 de dezembro de 1852, chegou em Santa Cruz

(Bela Cruz) em 1876. A 15 de junho do mesmo ano assumiu o

cargo de Professor estadual, e exerceu ali o magistério até 1913,

quando se aposentou. Em 1914, fundou um curso particular de

Português e Francês, constituindo-se um grande benfeitor, no

setor da educação. Por isso mesmo achamos interessante inserir

aqui algumas notas sobre sua árvore genealógica: A família

Barbosa Cordeiro procede de D. Francisco Barbosa, Fidalgo da

Casa Real e filho de D. Antônio Barbosa. Veio de Lisboa para

Governador da Paraíba, em 1579, nomeado pelo Cardeal Rei D.

Henrique. Foi casado em Portugal, sendo certo que trouxe um

filho de nome Simão Barbosa Cordeiro, que residia em Per-

nambuco, em 1601. Casou esse, na dita Capitania com D. Ana

Cardiga, filha de D. Pedro Cardiga, que morava em Apipucos.

Mudando-se, Simão Barbosa, para a Paraíba, lá lhe nasceu um

filho de nome Frutuoso Barbosa Cordeiro, que serviu com mui-

ta honra na guerra holandesa. Esse casou em Pernambuco com

D. Francisca Nunes Barbosa, filha de Apolinário Nunes, e fo-

ram seus filhos: Simão Barbosa Cordeiro e D. Isabel da Cunha,

___________________ 22 “Cidade, sede de comarca e de município, situada a 123 km. de Fortaleza, à margem

esquerda do rio Canindé. Distrito por Provisões de 19 de agosto de 1817 e 3 de se-

tembro de 1818 e Ato de 18 de março de 1842. Município com território desmem-

brado de Fortaleza e Quixeramobim, pela lei nº 360, de 29 de julho de 1846, que

elevou o povoado de São Francisco das Chagas de Canindé à categoria de Vila.

Foi instalado a 5 de julho de 1847. O termo judiciário nasceu com o município, pe-

la lei nº 360, já registrada. Cidade, em face da lei nº 1.221, de 25 de agosto de

1914”. (Cf. BRAGA, Renato. Dicionário geográfico e histórico do Ceará. Forta-

leza: Imprensa Universitária do Ceará, 1967. pp. 244-45.)

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de quem foi filho João da Cunha Pereira, como se escreve em

Títulos dos Cunhas. Simão Barbosa Cordeiro foi Fidalgo da

Casa Real; casou com D. Francisca Leitão, filha do Capitão

Bento da Costa, primeiro marido de D.Maria Lopes Leitão, filha

de Pedro Leitão Arnoso. Foram seus filhos: Pedro Barbosa

Cordeiro, Frutuoso Barbosa Cordeiro, Manoel Barbosa Cordei-

ro, Simão Barbosa Cordeiro e Ana Barbosa Cordeiro. Esta ca-

sou com o Capitão Francisco Simões Tinoco, que se mudou

para a serra de Baturité. Era natural de Porto Calvo, filho de

Domingos da Costa, natural da freguesia de Santo André do

Frade, do Arcebispado de Braga, e de sua mulher D. Maria Si-

mões, natural de Penedo e neto por via paterna de Francisco da

Costa e de sua mulher D. Francisca Tinoco, da mesma freguesi-

a. Do referido matrimônio nasceram em Itamaracá, onde Fran-

cisco Simões viveu algum tempo: Simão Barbosa Cordeiro,

Antônio Joaquim da Costa Tinoco e D. Josefa Barbosa Leitão. –

Simão Barbosa Cordeiro casou-se com D. Mariana Francisca de

Paula Saraiva Bittencourt, e foram seus filhos: Pe. Francisco

Barbosa Cordeiro, (23) Maria Barbosa Cordeiro, Isabel Barbosa

Cordeiro, João Francisco Barbosa Cordeiro, Mariana Barbosa

Cordeiro que foi moradora, na fazenda São Pedro, em Canindé;

Manoel Barbosa Cordeiro, Simão Barbosa Cordeiro, José Bar-

bosa Cordeiro, Francisca Barbosa Cordeiro, Bernardina Barbosa

Cordeiro e Antônio Barbosa Cordeiro. – Simão Barbosa Cordei-

ro (7º filho do precedente) casou-se a 5 de junho de 1825, em

Canindé, com Ana Mendes Barbosa Cordeiro e desse matrimô-

nio nasceram os seguintes filhos: José Barbosa Cordeiro (18 de

maio de 1826), Maria Barbosa Cordeiro (3 de julho de 1829),

Dr. Joaquim Barbosa Cordeiro (7 de junho de 1833) Antônio

_____________________ 23 “O Pe. Francisco Barbosa Cordeiro nasceu a 1º de abril de 1787, filho de Simão

Barbosa Cordeiro e d. Mariana Francisca de Paula Saraiva Bittencourt. Ordenou-se

Sacerdote no Seminário de Olinda, Pernambuco. Foi Vigário de Messejana, Cape-

lão em Trairi, Ceará, e Capelão de Pelo Sinal, hoje cidade de Independência. Fale-

ceu em Canindé, a 3 de setembro de 1843”. (Cf. SILVEIRA, Aureliano Diamanti-

no. Ungidos do Senhor na Evangelização do Ceará. Vol. I. Fortaleza: Editora

Premius, 2004. p. 452.)

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259

Barbosa Cordeiro (26 de agosto de 1836), Francisco Barbosa

Cordeiro (13 de dezembro de 1837) e D. Ana Barbosa Cordeiro

(2 de julho de 1839). D. Maria Barbosa Cordeiro casou-se a 20

de novembro de 1852, com Vicente Alves de Paula Pessoa,

filho do Senador Francisco de Paula Pessoa e D. Francisca Fon-

seca de Paula Pessoa, tronco genealógico importante, em Sobral

e Granja. Essa é, pois, a nobilíssima origem do Professor Nicá-

cio Barbosa Cordeiro, quiçá o mais culto e dedicado educador

que exerceu o magistério no município de Bela Cruz. Faleceu a

30 de março de 1940. Seu nome figura em uma rua desta cidade

– uma justa homenagem de reconhecimento ao grande educador

que se fez belacruzense, pelo amor e pelo trabalho realizado,

durante mais de meio século, com dedicação e competência. Era

casado com a senhora Maria Iva Meneses Cordeiro. O efetivo

de seus descendentes está representado por 3 filhos, 10 netos,

27 bisnetos, 48 trinetos e 9 tetranetos.

Já nos meados do século XIX, do município de Santana,

chega a Santa Cruz (Bela Cruz) o patriarca Manoel Zacarias

Adriano, filho de José Adriano e Isabel Norberta do Paraíso;

chegando ali, bem jovem, empregou-se na casa comercial do Sr.

João Batista da Silveira (João Albano). Matrimoniou-se com

dona Maria Luiza Leitão Araújo, filha de João Facundo Leitão e

Maria do Carmo Araújo, constituiu família, e fez-se alto comer-

ciante e pecuarista. Faleceu, a 5 de dezembro de 1949.

Em 1938, também do município de Santana, chega a Bela

Cruz, e ali se estabelece, seu irmão José Adriano Filho, casado

com a senhora Teresa Dalva Adriano. Em Bela Cruz, ele consti-

tuiu família, integrou-se na comunidade e se fez belacruzense

pelo coração. O efetivo de seus descendentes é o seguinte: 15

filhos, 25 netos e 10 bisnetos. Faleceu, aos 79 anos de idade, a

16 de dezembro de 1979.

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VICENTE FREITAS

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260

Afirma o poeta Nicodemos Araújo (Município de Acaraú –

notas para a sua história, IOCE, 1971) que a família Silveira,

nesta região, descende de Manoel Carlos de Vasconcelos com

Joana Correia da Silva, naturais de Portugal. Acho mesmo que

algumas de suas notas pedem modificações. (24) A família Sil-

veira, da ribeira do Acaraú, descende do português João da Sil-

veira Dutra. Acontece que Francisco Xavier de Vasconcelos,

filho do casal citado, casou-se, a 28 de abril de 1778, com Igná-

cia da Silveira Dutra, filha de João da Silveira Dutra e sua pri-

meira mulher Maria Soares. Poucos meses depois, a 16 de no-

vembro, Ana Maria, filha de Manoel Carlos de Vasconcelos,

casa-se com Antônio da Silveira Dutra, também filho de João

da Silveira Dutra e Maria Soares. João da Silveira Dutra casou-

se duas vezes, teve sete filhos do primeiro matrimônio e nove

do segundo e é, na verdade, o patriarca das famílias Silveira e

Dutra, na ribeira do Acaraú.

Do quanto fica dito, se constata positivamente que das

famílias: Araújo, Aguiar, Albuquerque, Adriano, Andrade, Car-

neiro, Carrasco, Carvalho, Costa, Dutra, Faustino, Florêncio,

Fonteles, Fortunato, Frota, Goes, Leitão, Lima, Linhares,

Lopes, Marinho, Maranhão, Matos, Mendes, Morais, Oliveira,

Patrício, Pereira, Pinto, Pontes, Reinaldo, Rios, Rocha, Romão,

Sá, Secundo, Silveira, Sousa, Teixeira, Uchoa, Vasconcelos,

Xerez e suas ramificações se formou o tronco principal familiar

de Bela Cruz ligado a outros não menos importantes, de dentro

___________________

24 Seu nome tornou-se um patrimônio cultural cearense, não obstante a incapacidade

mental da geração, sua contemporânea, para avaliar o mérito do seu persistente e

acurado labor nos domínios da nossa história. Sou – na verdade – o primeiro a

reconhecer a competência do ilustre escritor, e rendo-lhe as minhas homenagens

por ter sido ele um dos pioneiros que – no Baixo Acaraú – iniciou estudos desta

ordem. Mas ninguém é infalível e vale bem à pena o sacrifício de cada um em prol

do revisionismo da nossa história.

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

261

do Estado e fora dele. Isso, sem menosprezo de tantas outras

famílias que posteriormente vieram, e que, com aquelas se con-

sorciaram num mesmo bloco.

☼☼☼

Os tipos étnicos que concorreram para a formação dos

troncos genealógicos aqui estudados são – como é do nosso

conhecimento – o ariano peninsular, particularmente o portu-

guês dos séculos XVI a XVIII, o africano importado e o ame-

ríndio que ocupava a região ao tempo da conquista. Perturbando

a miscigenação desses tipos, há que contar com doses menores

de sangue nórdico infiltrado diretamente pelos holandeses (25)

que ocuparam, durante mais de meio século, o litoral; de sangue

semita espalhado pelos judeus e, finalmente, de sangue cigano,

que Portugal mandou derramar nestas regiões. (26)

O professor Abelardo F. Montenegro ratifica: “Além do

português, do índio e do negro, na etnogênese cearense entram

flamengos, franceses, ciganos, judeus e sírio-libaneses, sendo

que o contributo destes é de origem mais recente. Pouco influí-

ram na criação do tipo morfológico”. (27)

___________________

25 “Nenhuma atuação de vulto tendo logrado no desbravamento e colonização da terra

cearense, nula foi da mesma forma a sua influência na formação étnica do povo

que a habita. Arredios ao convívio das nativas, por força das determinações supe-

riores, que proibiam os cruzamentos raciais, eles lograram, em sua quase totalida-

de, resistir aos encantos das cunhãs brasileiras”. (Cf. STUDART FILHO, Carlos.

O antigo Estado do Maranhão e suas Capitanias feudais. Fortaleza: Imprensa

Universitária do Ceará, 1960. p. 283.)

26 Cf. POMPEU SOBRINHO, Thomaz. O Homem do Nordeste. Revista do Instituto

do Ceará, vol. 51, 1937. p. 341.

27 Cf. MONTENEGRO, Abelardo F. Psicologia do povo cearense. Fortaleza:

UFC/Casa de José de Alencar/Programa Editorial, 2000. p. 38.

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262

☼☼☼

E foram tombando, como disse o poeta, à direita e à

esquerda, foram caindo: o Capitão Manoel Vaz Carrasco, em

1753; sua esposa, dona Maria Madalena de Sá e Oliveira, em

1758; o Capitão-mor José de Araújo Costa, em 1791; sua espo-

sa, dona Brites de Vasconcelos, em 1814; o Capitão Diogo Lo-

pes de Araujo Costa, em 1838; o Alferes Vicente Lopes de Ara-

újo Costa, em 1905... à esquerda e à direita foram-se todos...

hierárquicos e cronológicos...

A todos eles e, principalmente, ao patriarca, Capitão Ma-

noel Vaz Carrasco, tronco das tradicionais famílias belacruzen-

ses e da ribeira do Acaraú, sepultado na Capela de Santa Cruz

(Bela Cruz), no dia 23 de novembro de 1753, os versos do poeta

Dimas Carvalho, que fecham, com chave de ouro, esse resumo

genealógico:

e porque foste um dia o nosso Adão,

em nós plantando a ancestral semente,

ó longínquo viajor presente-ausente,

teu túmulo hoje é o nosso coração.

Que digam o mais os que ligarem importância ao assunto.

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Dados do Autor

VICENTE FREITAS de Araújo Costa, jor-

nalista e escritor cearense – nasceu na cidade

de Bela Cruz, Ribeira do Acaraú. Filho de

José Arimatéa Freitas Araújo e D. Maria

Rios Araújo. Dedica-se à literatura e às artes

plásticas, distinguindo-se como historiador,

cronista e caricaturista. Depois de estudar em

algumas escolas de sua cidade natal, mudou-

se para Fortaleza, passando então a conviver

com um grupo de escritores e poetas, fre-

quentadores da casa de Juvenal Galeno.

Licenciado em História e Geografia, pela

Universidade Estadual Vale do Acaraú,

UVA. É autor dos livros: Almanaque poéti-

co de uma cidade do interior (1999);

O carpinteiro das letras (2002); Esboço genealógico de Bela Cruz (2006);

Bela Cruz – biografia do município (2007). Participou de várias antologias,

dentre as quais: Poetas brasileiros de hoje, Shogun Arte Editora, RJ (1992);

Valores literários do Brasil, RJ (1996); Contos e poemas do Brasil, Litteris

Editora, RJ (1997); Os melhores da literatura, Litteris Editora, RJ (1998);

Anuário de escritores, Litteris Editora, RJ (1999); Sonhos e expectativas,

Scortecci Editora, SP (1999); Encontro com a palavra, Scortecci Editora, SP

(2000); Seleção de poetas noctívagos, Scortecci Editora, SP (2001); As me-

lhores poesias do século, Litteris Editora, RJ (2002); Três milênios de poesia

e prosa, Fortaleza (2003). É verbete da Enciclopédia da literatura brasileira

contemporânea, (volumes VII e IX, de Reis de Souza); Dicionário biobiblio-

gráfico de escritores brasileiros contemporâneos (1998), de Adrião Neto;

Novo dicionário biobibliográfico de escritores brasileiros 2000, Litteris

Editora, RJ (2001); Enciclopédia de literatura brasileira, de Afrânio Couti-

nho e J. Galante de Sousa, MinC/ABL/Global Editora (2001). Em 1996, o

Conselho Editorial da Revista Brasília, outorgou-lhe a Medalha do Mérito

Cultural, pelos relevantes serviços prestados à cultura do país e por sua parti-

cipação nas iniciativas literárias do Grupo Brasília de Comunicação. Em 1999,

recebeu Medalha de Bronze, no Rio de Janeiro, por sua classificação em

terceiro lugar, no II Festival Nacional Literário, promovido pela ABRACE.

Foi um dos finalistas do prêmio nacional de poesia Menotti del Picchia 2000,

e do internacional Von Breysky 2001.

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VICENTE FREITAS

ESBOÇO GENEALÓGICO DE BELA CRUZ

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Bibliografia

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III – JORNAIS

Correio da Semana – Sobral, Ceará.

Diário do Nordeste – Fortaleza, Ceará.

O Acaraú – Acaraú, Ceará.

O Povo – Fortaleza, Ceará.

Tribuna do Ceará – Fortaleza, Ceará.

Vale do Acaraú Notícias – Acaraú, Ceará.

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Vicente Freitas, diante do monumento, local da primeira Capela de Santa Cruz (Bela Cruz) construída em 1732. Esse marco foi

demolido, pelo proprietário do terreno, em 2002.