ESBOÇOS DE TEOLOGIAQ - A. A. HODGE.pdf

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  • R. R. Hodge

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  • DE

  • ESBOOSde

    TEOLA

    Archibald Alexander Hodge, D. D./

    Professor de Teologia Sistemtica no Seminrio Teolgico de Princeton

    N ewjersey, EUA

    5 3

    PUBLICAES EVANGLICAS SELECIONADAS Caixa Postal 1287

    01059-970-S o P a u lo -S P

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  • Ttulo original:Outlines of Theology

    Primeira edio em ingls: r1860 " '

    Primeira edio em portugus - Portugal:1895

    * i- Traduo do ingls: - ' r . . .F.J.C.S. - Lisboa

    Primeira edio lanada no Brasil: 2001 : '-t

    f

    Linguagem atualizada:Odayr Olivetti e Azen Valim Olivetti

    Reviso:Antonio Poccinelli

    Cooperador:Jos Serpa

    Capa:Sergio Menga

    HImpresso: w U / j.'/Im prensa da F :>' .^ '! 0\

  • ndice

    Captulos ............. . Pginas

    P refc io ....................................................................................71. A teologia crist: suas diversas divises; sua relao

    com outros ramos do conhecimento h u m an o ............... 112. A origem da idia de Deus; prova da Sua existncia 303. Os mananciais da teo log ia ................................................644. A inspirao da B b lia .......................................................805. A regra de f e prtica; as Escrituras do Velho e do

    Novo Testamentos; a nica regra de f e o nico juiznas controvrsias............................................................. 104

    6. Comparao de sistem as................................................. 1227. Credos e confisses........................................................ 1468. Os atributos de D eus........................................................1709. A Santssima T rindade..................................................220

    10. Os decretos de Deus em geral......................................26811. A predestinao.................................................................28712. A criao do m u n do .......................................................32013. Os an jos............................................................................ 33714. A providncia.................................................................... 34915. A constituio da alma, a vontade, a liberdade, etc. 38016. A criao e o estado original do hom em ...................... 40217. A aliana das o b ras........................................................... 42118. A natureza do pecado e o pecado de A d o ..................43019. O pecado original - (Peccatum Habituale)..................44520. A incapacidade..................................................................46521. A imputao do pecado original de Ado sua

    posteridade......................................................................... 480

  • 22. A aliana da graa......................................................... 50723. A Pessoa de C ris to ........................................................ 52324. O ofcio medianeiro de C ris to ....................................54225. A propiciao; sua natureza, necessidade, perfeio

    e extenso ......................................................................... 55626. A intercesso de C risto .................................................59327. O reinado medianeiro de C ris to .................................59628. A vocao eficaz.............................................................61929. A regenerao................................................................ 63530. A f ...................................................................................64831. A unio dos crentes com C risto..................................67232. O arrependim ento e a doutrina romanista das

    penitncias.......................................................................67833. A justificao................................................................. 69134. A adoo e a ordem observada pela graa na aplica

    o da redeno, nas diversas partes da justificao, a regenerao e da santificao............................ 718

    35. A santificao....................... ..........................................72536. A perseverana dos santos............................................75637. A morte e o estado da alma depois da m orte ...........76538. A ressurreio................................................................ 78239. O segundo advento e o juzo g e ra l.............................79140. O cu e o in fe rn o ........................................................... 80641. Os sacram entos.............................................................. 82242. O Batismo: sua natureza e propsito, seus objetos,

    modo, eficcia e necessidade....................................... 84343. A Ceia do S e n h o r..........................................................885

    ndice de Autores e de A ssuntos*.................................914

    * Acrescentado pela PES ao volume original emportugus

  • Prefcio

    A presentando este livro ao leitor, tenho a dizer que a concepo e a execuo da obra so devidas experincia que tive de ser necessrio tal manual de definies e argumentaes teolgicas, no meu trabalho de instru ir os membros da Igreja da qual fui pastor. Os diversos captulos foram, em prim eiro lugar, preparados e usados por mim como as bases de uma srie de discursos dirigidos, sem notas, m inha congregao nos domingos noite, e no uso que assim fiz delas, achei que estas preparaes eram teis alm das m inhas esperanas; pois a maior parte da congregao foi induzida a entrar, com m uito interesse, no estudo at dos assuntos mais abstrusos. Tendo, pois, esta obra passado por essa prova prtica, ofereo- -a, agora, a meus colegas no m inistrio do evangelho para quedela se sirvam, se quiserem, como um repertrio de materialdigesto para o ensino doutrinrio do seu povo, seja em classesbblicas, seja por meio de discursos no culto pblico. Ofereo--a tam bm como um a ten ta tiva de p rover assim a um areconhecida necessidade pblica, como um resumo deestudo teolgico para uso dos estudantes de teologia em geral,e para uso dos muitos laboriosos pregadores do evangelho aquem falta o tempo necessrio ou a oportunidade, ou outromeio essencial, para estudarem as obras custosas e elaboradasdas quais se colheram os materiais deste compndio.

    As perguntas tm sido conservadas formalmente, no com o fim de adaptar assim o livro de qualquer modo ao ensinocatequtico, e sim, por ser este o modo mais conveniente eperspcuo de apresentar um esboo de teologia. Esta mesmanecessidade de condensar, espero que sirva para desculpar,at certo ponto, alguns casos de obscuridade nas definies e

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  • alguns em que talvez haja falta de ilustraes, casos que o leitor, sem dvida, notar.

    No Prefcio da segunda edio desta obra (em ingls), revista e aumentada, o editor ainda diz:

    O Prefcio da edio original narra, acurada e um tanto circunstanciadam ente, a maneira pela qual se originou esta obra. D esde a sua prim eira publicao at agora tm se m ultiplicado as provas de que ela proveu a uma necessidade pblica, e grande nm ero de exemplares tm sido vendidos na Amrica do Norte e na Gr-Bretanha. Alm disso, tem sido traduzida para a lngua do Pas de Gales e para o grego moderno, e usada em diversos seminrios teolgicos.

    Desde que saiu a sua prim eira edio, o autor tem estado ocupado catorze anos no trabalho prtico de instrutor teolgico. Tem adquirido mais conhecimentos e tambm mais experincia como professor, e estes tm sido utilizados nesta nova e aumentada edio, que chegou ao seu tamanho atual mediante os acrscimos feitos durante alguns anos de ensino ministrado s diversas classes do Seminrio Teolgico.

    Esta edio contm quase c inqen ta por cento mais m atrias que a prim eira. As discusses das doutrinas que dividem os diversos ramos da Igreja, tm sido acrescentados extratos dos principais credos, confisses e clssicos escritores teolgicos das grandes Igrejas histricas. E o apndice contm um a traduo do Consensus Tigurinus de Calvino, e da Frmula Consensus Helvtica de Heidegger e Turretino, duas confisses de muito grande interesse doutrinrio para o estudante da teologia reformada, mas pouco acessveis.

    A obra outra vez oferecida Igreja Crist, no como um tratado completo sobre teologia sistem tica para uso dos proficientes, e sim como um simples manual, adaptado s necessidades dos estudantes que tomam suas prim eiras lies nesta grande cincia, e convenincia dos muitos trabalhadores

  • srios que talvez desejem refrescar a sua memria por meio de uma reviso sumria do terreno sobre o qual passaram nos prim eiros anos de seus estudos teolgicos.

    - A . A . HodgePrinceton, N ew jersey

    > 06 de agosto de 1878

  • 'K.Oi-

    1

    Teologia Crist; Suas Diversas Divises;

    Sua Relao com Outros Ramos do Conhecimento Humano

    1. Que Religio? Que Teologia, no seu sentido cristo?Religio, no seu sentido mais geral, a soma das relaes

    que o homem sustm para com Deus, e compreende as verdades, experincias, aes e instituies que correspondem a essas relaes ou que delas provm.

    Teologia, no seu sentido mais geral, a cincia da religio.A religio crist aquele conjunto de verdades, experi

    ncias, aes e instituies que se acham determ inadas pela revelao que nos apresentada sobrenatu ra lm en te nas Escrituras Sagradas. Teologia crist a determinao, in terpretao e defesa cientfica dessas Escrituras, junto com a histria da maneira pela qual as verdades nelas reveladas tm sido entendidas, e os deveres nelas impostos tm sido cum pridos, por todos os cristos, em todos os sculos.

    2. Que Enciclopdia Teolgica? Que Metodologia Teolgica?Enciclopdia teolgica (de um termo grego que significa

    o crculo inteiro da educao geral), apresenta ao estudante ocrculo inteiro das cincias especiais que tm por fim descobrir,elucidar e defender o contedo da revelao contida nasEscrituras Sagradas, e procura apresentar essas cincias nas

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  • relaes orgnicas determinadas por sua gnese e sua natureza ntima.

    Metodologia teolgica a cincia do mtodo teolgico. Assim como cada diviso das investigaes hum anas exige um modo de tratam ento peculiar, e cada subdiviso de cada diviso geral exige certas modificaes especiais de tratamento, e que lhe so prprias, assim tambm a metodologia teolgica tem por fim determ inar cientificamente qual o verdadeiro m todo geral e especial, pelo qual convm estudar as cincias teolgicas. Isso inclui duas categorias distintas: (a) os mtodos prprios para a investigao original e construo das diversas cincias, e (b) os mtodos prprios para a instruo elem entar nessas cincias.

    Tudo isso deve ser acompanhado de informaes crticas e histricas, e de instrues sobre o modo de tirar proveito do im enso m ateria l lite r rio com que essas cincias esto ilustradas. o ,?uA vay.j rnsic';/.5 -i'-

    3. At onde seria possvel a classificao cientfica de todas ascincias teolgicas? E por que desejvel que se procure fazer tal classificao?

    Tal classificao pode aproximar-se da perfeio s na proporo em que essas cincias se aproximem, elas mesmas, da sua forma final e absoluta. A tualmente toda tentativa nesse sentido s pode aproximar-se mais ou menos de um ideal que no se pode alcanar no estado atual dos conhecimentos, nesta vida. O bom xito comparativo de cada tentativa separada depende tambm, necessariamente, da justeza comparativa dos princpios teolgicos gerais em que se baseia. evidente que os que tomarem a Razo, os que tomarem uma Igreja inspirada, e os que tomarem as Escrituras inspiradas como fonte e norma de todo o conhecim ento divino ho de, necessariam ente, configurar as cincias teolgicas nos diversos fundamentos em que as fizerem assentar.

    O ponto de vista adotado neste livro o evanglico, e

    Captulo 1

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  • Teologia Crist

    especificamente o calvinista ou agostiniano, e tom a como verdadeiros os seguintes princpios fundam entais: I o. As Escrituras inspiradas so a regra e padro nico e infalvel de todo o conhecimento religioso. 2o. Cristo e Sua obra so o centro ao redor do qual se dispe, em ordem, toda a teologia crist. 3o. A salvao trazida luz no evangelho sobrenatural e provm da l i v r e g r a a d e D e u s . 4o. Todo conhecim ento religioso tem uma finalidade prtica. As cincias teolgicas, longe de terem a si mesmas como seu fim absoluto, tm o fim nobre de fazer os homens progredirem na santidade pessoal, de habilit-los a servir m elhor a seus sem elhantes, e dePROMOVER A GLRIA DE D E U S.

    As vantagens de agruparmos assim as cincias teolgicas so bvias e grandes. As relaes de todas as verdades so determinadas pela sua natureza, donde se segue que sua na tu reza revelada pela exibio de suas relaes. Essa exibio tender tambm a alargar o horizonte mental do estudante, a incit-lo a adquirir largueza de cultura, e a im pedir que exalte indevidam ente ou cultive exclusivam ente qualquer ram o especial, pervertendo assim esse ramo por olh-lo fora de suas limitaes e dependncias naturais.

    4. Quais as perguntas fundamentais a que toda a cinciateolgica se prope a dar respostas e que, por isso, determinam a ordem em que se seguem as diversas divises dessa cincia geral?

    I a. Existiria um Deus? 2a. Teria Deus falado? 3a. Que disse Deus? 4a. Como que os homens, no tempo passado, entenderam a Palavra de Deus e realizaram praticam ente, nas suas pessoas e instituies, as intenes de Deus?

    5. Qual a posio que, numa enciclopdia de cincias teolgicas,preciso dar a outros ramos do conhecimento humano?

    E evidente que, visto que a revelao sobrenatural que aprouve a Deus dar-nos veio a ns em uma forma histrica, essa histria, bem como a da Igreja Crist, ligada inseparvel

    SffiUOTFCA BREY LARK 13

  • e, mais ou menos diretamente, com toda a histria humana. E evidente tambm que, visto que toda a verdade um s todo, todas as verdades e deveres revelados se acham ligados indissoluvelmente a todos os ramos do conhecimento hum ano e a todas as instituies da sociedade humana. Segue-se pois, que a cincia teolgica em nenhum ponto pode ser separada da cincia em geral, e que algum conhecim ento, de todos os ramos do conhecimento hum ano, acha-se com preendido necessariamente em qualquer sistema de enciclopdia teolgica como auxiliar das prprias cincias teolgicas. Algumas dessas cincias auxiliares sustm relaes especiais para com certas cincias teolgicas e esto relacionadas muito rem otam ente com outras. Convm, porm, atribuir-lhes um lugar prprio e separado por constituirem , em geral, uma d iscip lina p reparatria e auxiliar da cincia de teologia considerada como um todo.

    6. Quais as principais divises da classificao proposta dascincias teolgicas?

    I o. Cincias auxiliares no estudo de teologia.2o. Apologtica - abrangendo as respostas s duas perguntas:

    existiria um Deus? Teria Deus falado?3o. Teologia exegtica - abrangendo a determinao crtica

    das ipsissima verba da revelao divina e a interpretao do seu sentido.

    4o. Teologia sistemtica - abrangendo o desenvolvimento em um sistema completo e conseqente do contedo inteiro dessa revelao, e sua subseqente elucidao e defesa.

    5o. Teologia prtica - abrangendo os princpios e leis revelados nas Escrituras para direo dos cristos: (a) na prom ulgao dessa revelao divina, assim averiguada e interpretada, e (b) em levarem todos os homens ao cum prim ento prtico dos deveres nela impostos e (c) na fruio das bnos que ela confere.

    6o. Teologia histrica ~ abrangendo a histria do desenvol

    Captulo 1

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  • Teologia Crist

    vimento durante todos os sculos passados e entre todos os povos, dos elementos tericos e prticos dessa revelao: (1) na f e (2) na vida da Igreja.

    7. Quais os ramos principais do conhecimento humano, auxiliaresno estudo de teologia?

    Io. Histria universal, que ramo essencial a todos os demais ramos da cincia hum ana e, em particular, as histrias do Egito, da Babilnia, da Assria, da Grcia, de Roma e da Europa medieval e moderna, que so auxiliares especialmente da cincia teolgica.

    2o. A arqueologia no seu sentido mais com preensivo, abrangendo a in terpretao de inscries, m onum entos, moedas e remanescentes das artes e as ilustraes recolhidas da e de todas as outras fontes acessveis, da distribuio geogrfica e condies fsicas, e das instituies e costumes polticos, religiosos e sociais, de todos os povos e de todos os sculos.

    3o. A etnologia - a cincia das divises da famlia hum ana em raas e naes, e da sua disperso sobre a face da terra - que indaga de sua origem e afiliaes, das variedades do seu carter fsico, intelectual, moral e religioso, e tambm das causas e condies que modificam essas variaes.

    4o. A filologia comparativa - a cincia que, tom ando como ponto de partida os grupos naturais das lnguas humanas, investiga as relaes e origens das lnguas e dialetos; e, rem ontando alm das eras em que se princip ia a histria hum ana, acha a provas da unidade de raas agora separadas, e os elementos de civilizaes j h m uito extintas, e os fatos de mudanas histricas que no deixaram outros vestgios.

    5o.A cincia da religio comparativa (religies comparadas) - o estudo crtico e a comparao da histria, das crenas, doesprito, dos princpios, das instituies e do carter prticode todas as religies tnicas, investigando a luz que elas lanamsobre (a) a natureza e a histria humanas, (b) o governo moral

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  • de Deus, e (c) a revelao sobrenatural contida nas Escrituras Sagradas. .-vim \ - -

    6o. A filosofia - a base e m estra de todas as cincias m eram ente hum anas. Abrange a h istria da origem e do desenvolvimento de todas as diversas escolas de filosofia - as antigas, as da idade mdia e as modernas - o estudo crtico e a comparao dos princpios, mtodos e doutrinas, e da extenso e carter da sua influncia respectiva sobre todas as outras cincias e instituies, especialmente sobre as que so polticas e religiosas, e mais especialm ente ainda sobre as que so definitivamente crists.

    7.A psicologia - ou essa diviso da cincia experimental que descobre as leis da ao da mente humana, como ela se m anifesta sob condies norm ais (a) nos fenm enos da conscincia e ao individuais, e (b) nos fenmenos da vida social e poltica. ^ - >:. i.

    8. A esttica, ou a cincia das leis do belo em todas as suas formas de msica, retrica, arqu ite tu ra , p in tu ra , etc., os princpios e a histria de todas as diversas divises da arte.

    9. As cincias fsicas, seus mtodos gerais e especiais; sua gnese, desenvolvimento e tendncias atuais; sua relao com a filosofia, especialmente com o Desmo e com a religio n atural, com a civilizao e com a histria e doutrinas consignadas nas Escrituras.

    10.A estatstica, cujo fim dar-nos elementos completos sobre o estado atual da raa hum ana no mundo, a respeito de tudo o que se pode sujeitar a comparaes - quanto ao seu nm ero e estado fsico, intelectual, religioso, social e poltico de civilizao, com rcio, lite ra tu ra , cincias, artes, etc.; elementos dos quais esto sendo desenvolvidos gradualm ente as formas imaturas da cincia social e da economia poltica.

    8. Que que se abrange sob o ttulo de Apologtica?Este ramo divide-se em dois ttulos: (1) Existiria um

    Deus? (2) Teria Deus falado? Ele inclui:

    Captulo 1

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  • Teologia Crist

    Io. A prova da existncia de Deus, isto , de uma Pessoa extra- -terrena, transcendente e ao mesmo tempo im anente; criando, conservando e governando todas as coisas segundo o seu plano eterno. Isto envolve a discusso e refutao de todos os sistemas antitestas, como sejam o atesmo, o pantesmo, o desmo naturalista, o materialismo, etc. ' .. - .

    2o. O desenvolvimento da teologia natural, compreende a relao em que Deus est como Governador moral para com os agentes inteligentes e responsveis, e as indicaes da Sua vontade e propsito e, por conseguinte, dos deveres e destinos dos homens at onde possvel descobri-los luz da natureza.

    3 As provas do cristianismo, compreendendo...(1) A discusso do uso prprio da razo nas questes

    religiosas.(2) A dem onstrao da possibilidade a priori de um a

    revelao sobrenatural.(3) A necessidade e p robab ilidade de tal revelao,

    tomando-se em considerao o carter de Deus e o estado do gnero hum ano segundo no-lo revela a luz da natureza.

    (4) A prova positiva do fato real de que tal revelao foi dada: (a) m ediante os profetas do Velho Testam ento (b) m ediante os profetas do Novo Testamento, e sobretudo, (c) na Pessoa e obra de Cristo. Isto envolve naturalm ente a discusso crtica de todas as provas que dizem respeito a este ponto, tanto externas como internas, histricas, racionais, morais e espirituais, naturais e sobrenaturais, tericas e prticas; e a refutao de toda a crtica histrica e racionalista que tem im pugnado o fato da revelao, ou a integridade dos escritos que a contm. M uito daquilo que se acha mencionado aqui estar necessariamente compreendido tambm sob os ttulos de teologia sistemtica e teologia exegtica.

    9. O que a Teologia Exegtica compreende?Quando os fatos: (1) que existe um Deus, e que (2) Deus

    nos tem falado - forem estabelecidos, ser necessrio ainda

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  • responder pergunta: o que nos tem dito Deus? Teologia exegtica o ttulo geral daquela diviso da cincia teolgica que tem por fim a interpretao das Escrituras como a Palavra de Deus, deixada por escrito em linguagem humana, e que nos foi transm itida por canais humanos; e para conseguir esse fim, o assunto de Interpretao procura recolher e organizar todo o conhecimento que para isso necessariamente introdutrio. Isso inclui as respostas a duas perguntas: (1) Quais os livros que formam o cnon, e quais as palavras exatas contidas nos registros originais dos escritores desses diversos livros? (2) Qual o sentido dessas palavras divinas, assim averiguadas ?

    As respostas a todas as perguntas prelim inares in te rpretao, propriam ente ditas, pertencem ao ttulo introduo, e esta se divide em: (1) introduo geral, que inclu i toda informao prelim inar interpretao que tem relao com a Bblia, como um todo, ou com cada um dos Testamentos, como um todo; e (2) introduo especial, que inclui toda a preparao necessria para a interpretao de cada um dos livros da Bblia, em separado. , .

    A. Introduo Geral compreende:I o. A crtica superior /alta crtica/, ou o exame das provas

    que existem e de toda espcie, em apoio da autenticidade de cada um dos livros do cnon sagrado.

    2o. A crtica do texto/crtica textual, a qual, por um a comparao dos melhores manuscritos e das verses antigas, pelas provas internas, e pela histria crtica do texto desde o seu prim eiro surgim ento at ao tem po presente, procura determ inar as ipsissima verba dos autgrafos originais dos escritores sagrados.

    3o. A Filologia bblica, que d respostas s perguntas: por que foram usadas diversas lnguas nos escritos sagrados? Por que as lnguas hebraica e grega? Quais so as caractersticas especiais dos dialetos dessas lnguas realmente usados, e qual a sua relao para com as famlias de lnguas a que elas pertencem? Quais eram as caractersticas especiais dos

    Captulo 1

    18

  • Teologia Crist

    escritores sagrados individualm ente, quanto ao dialeto, ao estilo, etc.?

    4o.Arqueologia bblica, compreendendo a geografia fsica e poltica dos pases bblicos, durante o transcurso da histria bblica e determ inando a condio fsica, etnolgica, social, poltica e religiosa do povo entre o qual se originaram as E sc ritu ra s , ju n to com a descrio de seus costum es e instituies, e da relao em que estes estavam para com os de seus antepassados e contemporneos.

    5o. Hermenutica, ou a de term inao c ien tfica dos princpios e regras de interpretao bblica, compreendendo(1) os princpios lgicos, gramaticais e retricos que determ inam a interpretao da linguagem hum ana, em geral; (2) as modificaes desses princpios apropriadas interpretao das formas especficas da linguagem hum ana, e.g., histria, poesia, profecia, parbola, sm bolo, etc., e (3) as outras modificaes desses princpios apropriados interpretao dos escritos inspirados sobrenaturalmente.

    6o. Inspirao bblica. Depois de ter a apologtica estabelecido o fato de serem as Escrituras Sagradas o veculo de uma revelao sobrenatural, necessrio que discutamos e determ inem os a natureza e a extenso da inspirao bblica at onde esta determinada pelo que as Escrituras mesmas dizem sobre este ponto, e pelos fenmenos que elas representam.

    7o. A Histria da Interpretao, incluindo a histria das antigas e modernas verses e escolas de interpretao, ilustrada por uma comparao crtica dos mais importantes comentrios.

    B. Introduo especial, trata de cada livro da Bblia por si e fornece sobre o seu dialeto, autor, ocasio, desgnio e recepo, toda a informao necessria para a sua interpretao acurada.

    C. Exegese prpria a aplicao de todo o conhecimento recolhido, e de todas as regras desenvolvidas nas precedentes divises da introduo interpretao do texto sagrado, assim como este se acha nas suas conexes originais dos Testamentos, livros, pargrafos, etc.

    19

  • Seguindo as leis da gramtica, o usus loquendi das palavras, a analogia das Escrituras e a direo do Esprito Santo, a exegese procura discernir a mentalidade do Esprito como se acha expressa nos perodos inspirados, arranjados na ordem em que os achamos.

    H diversas divises especiais classificadas sob o ttulo geral de teologia exegtica que envolvem, at certo ponto, a classificao e a combinao dos testemunhos bblicos em tpicos e assuntos, que so a caracterstica distintiva de teologia sistemtica. Essas divises so:

    Ia. Tipologia, que compreende a determinao cientfica das leis dos smbolos e tipos bblicos e sua interpretao, especialmente os do ritual mosaico relacionado com a Pessoa e a obra de Cristo.

    2a. Cristologia do Velho Testamento, a exposio crtica da idia messinica, como vem desenvolvida no Velho Testamento. V . i

    3a. Teologia bblica, que investiga a evoluo gradual dos diversos elementos das verdades reveladas, desde a sua primeira sugesto, atravs de cada fase sucessiva, at sua mais completa manifestao no texto sagrado; e exibe as formas e conexes peculiares em que essas diversas verdades so apresentadas pelos diversos escritores inspirados.

    4a. O desenvolvimento dos princpios de interpretao proftica, e sua aplicao construo de um esboo das profecias dos dois Testamentos. Notes on New Testament Litera- ture, por Dr. J. A. Alexander.

    10. Que que se acha compreendido sob o ttulo de Teologia Sistemtica?

    Como o d a entender o seu nome, teologia sistemtica tem por fim reunir tudo quanto as Escrituras ensinam sobre o que devemos crer e fazer, e apresentar todos os elementos desse ensino na forma de um sistema simtrico. A mente hum ana procura sempre unidade, em todos os seus conhecimentos. A

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  • Teologia Crist

    verdade de Deus una, e o contedo in te iro de todas as revelaes naturais e sobrenaturais no pode deixar de constitu ir um s sistema completo em si, cada parte do qual se acha relacionada orgnicamente com todas as outras partes.

    O mtodo de construo indutivo. Tem por base os resultados da exegese. Seus dados so passagens das Santas Escrituras, averiguadas e interpretadas. Esses dados, quando interpretados corretam ente, revelam suas prprias relaes e seu lugar no sistema do qual a Pessoa e a obra de Cristo so o centro. E, assim como o contedo da revelao est em relao n tim a com todos os ou tros ram os dos con h ec im en to s hum anos, a tarefa da teologia sistem tica envolve, necessariamente, a demonstrao e a ilustrao da harm onia que existe en tre todas as verdades reveladas e toda a cincia legtima, quer material, quer psicolgica, toda a verdadeira filosofia especulativa e toda a verdadeira filosofia m oral e filantropia prtica.

    A teologia sistemtica compreende: A. A construo de um completo sistema de f e deveres, composto do contedo in te iro da revelao. B. A h is t ria desse processo de construo, como ele prevaleceu na Igreja, no passado. C. polmica.

    A. A construo de um completo sistema composto do contedo da revelao. Isso compreende o tratam ento cientfico de: (a) todas as matrias de f reveladas; e (b) todos os deveres impostos.

    No modo de arranjar os tpicos, a maior parte dos telogos tm seguido o que o Dr. C halm ers denom ina - m todo sinttico. Tomando como ponto de partida a idia e a natureza de Deus, reveladas nas Escrituras, consideram seus propsitos eternos e seus atos temporais nas obras da criao, providncia e redeno, at a consumao final. O Dr. Chalmers prefere, porm, o que ele chama - mtodo analtico, e toma por ponto de partida os fatos da experincia e da luz da natureza, e a condio atual e m oralm ente enferma do hom em , e da vai

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  • subindo at chegar redeno e ao carter de Deus, como nela revelado.

    Quando se segue o prim eiro destes mtodos, agrupam-se com um ente todos os elementos do sistema, sob os seguintes ttulos:

    Io. Teologia propriam ente dita: compreendendo a existn cia , os a trib u to s e a p e rsonalidade tr i n a de D eus, juntam ente com os Seus propsitos eternos e os atos temporais de criao e providncia.

    2o. Antropologia (a doutrina do homem): compreendendo a criao e a natureza do homem, seu estado original, queda e conseqente runa moral. Isto abrange a psicologia bblica e a doutrina bblica sobre o pecado, sua natureza, origem e modo de propagao.

    3o. Soteriologia (a doutrina da salvao): que inclui o plano, a execuo e a aplicao, e os efeitos gloriosos da salvao dos homens. Isso abrange a Cristologia (a doutrina sobre Cristo): a encarnao, a constituio da Pessoa de Cristo, Sua vida, morte e ressurreio, juntam ente com a obra prpria do Esprito Santo, os meios de graa, a Palavra de Deus e os sacramentos.

    4o. tica crist: abrangendo os princpios, regras, motivos e auxlios dos deveres humanos revelados na Bblia, como so determ inados (a) pelas relaes naturais que o hom em tem como homem com os seus semelhantes, e (b) suas relaes sobrenaturais como homem remido.

    5o. Escatologia (a cincia das ltim as coisas): com preendendo a morte, o estado interm edirio da alma, o segundo advento, a ressurreio, o juzo geral, o cu e o inferno.

    6o. E clesio log ia (a c incia da Ig reja): in c lu in d o a determinao cientfica de tudo quanto as Escrituras ensinam a respeito da Igreja visvel e invisvel, em seu estado temporal e no eterno; a idia da Igreja - sua verdadeira definio, sua constituio e organizao, seus oficiais e suas funes. A comparao e crtica de todas as modificaes da organizao eclesistica que tenham existido, juntam ente com sua gnese,

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  • Teologia Crist

    sua histria e seus efeitos prticos. -B. H istria das doutrinas: que com preende a histria

    de cada uma destas grandes doutrinas, a investigao de seu primeiro aparecimento e subseqente desenvolvimento atravs das controvrsias a que cada doutrina deu lugar, e as Confisses em que se acha definida.

    C. Polmica ou teologia controversial: incluindo a defesa do verdadeiro sistema de doutrina, tanto no seu todo como tambm em cada um de seus elementos constitutivos contra as perverses dos partidos herticos, dentro do mbito da Igreja geral. Isso abrange: (a) Os princpios gerais e o verdadeiro m todo de con trovrsias relig iosas, (b) A defin io do verdadeiro status quoestionis em cada controvrsia e um a exposio das fontes de testem unho e dos mtodos defensivos e ofensivos de v ind icar-se a verdade, (c) A h is t ria das controvrsias.

    11. Que que se acha compreendido sob o ttulo de Teologia Prtica?

    Teologia prtica tanto uma arte como uma cincia. Como arte, tem por fim a publicao eficaz do contedo da revelao entre todos os homens e a perpetuao, extenso e edificao do reino terrestre de Deus. Como cincia, tem como sua provncia as leis e os princpios revelados da arte acima definida. Por isso, assim como a teologia sistemtica baseia-se num a cabal exegese, ao mesmo tempo cientfica e espiritual, assim tam bm a teologia p r tica baseia-se nos grandes princpios desenvolvidos pela teologia sistemtica, enquanto que a diviso de eclesiologia terreno comum a essas duas divises: o produto de uma delas e o fundam ento da outra.

    Inclui as seguintes divises principais:1a. A idia e desgnio da Igreja e de seus atributos revelados

    divinamente.2a. A determinao da Constituio divinamente prescrita

    da Igreja, e dos mtodos de sua administrao, com a discusso

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  • e refutao de todas as outras formas de organizao eclesistica que existiram ou existem, sua histria, e as controvrsias que tm ocasionado.

    3a. A discusso da natureza e extenso da descrio que Cristo deixou Sua Igreja para ajustar os mtodos de organizao e adm inistrao eclesistica s mutveis condies sociais e histricas dos homens.

    4a. A determinao das condies sob as quais um a pessoa pode fazer-se m em bro da Igreja, e a relao para com Cristo envolvida no fato de ser membro dela, juntam ente com os privilgios e deveres, absolutos e relativos, das diversas classes de membros. A relao das crianas batizadas com a Igreja e os deveres relativos dos pais e da Igreja em relao a elas.

    5a. Os Oficiais da Igreja - extraordinrios e ordinrios; temporais e perptuos:

    (1) Sua vocao e ordenao; sua relao para com Cristoe a Igreja. ' -i '

    (2) Suas funes: ' , ;(a) Como mestres, incluindo:

    (i) Catequese: sua necessidade, princpios e histria.(ii) Escolas Dominicais. Os deveres dos pais e da Igreja quanto educao religiosa das crianas.

    / (iii) Retrica sagrada, homiltica e elocuo doplpito.(iv) Literatura crist. Folhas, peridicos e livros permanentes.

    , (b) Como diretores do culto, incluindo:(i) Liturgias - seu uso, abuso e histria.

    i.ii',') (ii) Formas livres de orao.(iii) Salmodia - inspirada e no inspirada, seu uso e histria.

    .j'f, (iv) Msica sagrada - vocal e instrum ental, seu usoe histria. -

    (c) Como regentes:(i) O ofcio, qualificao, deveres e autoridade bblica

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  • Teologia Crist

    dos presbteros regentes.(ii) O ofcio, qualificao, deveres, modo de eleio e ordenao, e autoridade bblica do ofcio de bispo ou pastor, do Novo Testamento.(iii) A Junta de presbteros /Conselho ou Consistrio: sua constituio e funes. A teoria, regras e mtodos prticos de disciplina na Igreja.(iv) O presbitrio e sua constituio e funes. A teoria, regras e precedentes prticos que regulam a ao dos tribunais eclesisticos, no exerccio do direito constitucional de revista e inquirio em tudo o que diz respeito a processos, queixas e apelaes eclesisticos.

    ; (v) O Snodoe a Assemblia G era l-sua constituioe funes. Os princpios e modos de proceder de Comisses, Comissionrios, Mesas Administrativas, etc.

    Isso leva s funes da Igreja como um todo, e autoridade para distines denominacionais, aos usos e abusos dessas distines, e s relaes em que esto as diversas denominaes, umas para com outras.

    Io. Estatstica eclesistica, incluindo nossa prpria Igreja, as outras Igrejas e o mundo.

    2o. Econom ia crist, social e eclesistica, incluindo os deveres de adm in istrao crist, consagrao pessoal, e beneficncia sistemtica. A relao da Igreja com sociedades voluntrias: associaes de moos cristos, etc.

    3o. A educao do m inistrio, a direo, constituio e adm inistrao de Seminrios teolgicos.

    4o. Misses internas, incluindo a evangelizao agressiva, a sustentao de m inistros entre os pobres, a extenso da Igreja e a construo de edifcios para Igrejas.

    5o. A relao da Igreja com o Estado, e a verdadeira relao do Estado com a Igreja, e a condio real da lei comum e estatuidade em relao propriedade eclesistica e ao

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  • dos tribunais eclesisticos no exerccio da disciplina, etc. As obrigaes dos cidados cristos. A relao da Igreja com a civilizao, as reformas morais, as artes, cincias, cultura social, etc.

    6o. Misses no estrangeiro, em todos os seus ramos.Veja Lectures on TheologicalEncyclopedia and Methodology,

    pelo Rev. John Mc Clintock, D. D., L. L. D., editado por J. T. Short, R. D. Biblioteca Sacra, vol. 1,1844; Theological Encyclopedia and Methodology, pelo Prof. Tholuck, editado pelo Prof. E. A. Park.

    12. Que que se acha compreendido sob o ttulo de Teologia Histrica?

    Segundo a evoluo lgica de todo o contedo das cincias teolgicas, a interpretao da letra das Escrituras Sagradas e a construo do sistema inteiro das verdades e deveres relacionados que nelas so revelados, precisam preceder histria do desenvolvimento dessa revelao na vida e f da Igreja, assim como a fonte precede ao rio que dela emana. No estudo, porm, das cincias teolgicas, a histria as deve preceder e lanar fundamento para todas as demais. s a histria que nos d as Escrituras em que se acha contida essa revelao, e tambm os meios pelos quais podemos averiguar, criticamente, os diversos livros cannicos e suas ipsissima verba. A mesma fonte devemos tambm os nossos mtodos de interpretao e seus resultados, como estes se acham ilustrados na imensa quantidade de litera tu ra teolgica acum ulada at agora e associada aos nossos credos e confisses, os docum entos relativos s controvrsias e, por conseguinte, os documentos que mostram como o nosso sistema de doutrina se desenvolveu gradualmente. Na ordem de produo e aquisio, a histria vem primeiro, enquanto que na ordem de uma exposio lgica das cincias teolgicas constitutivas, ela tem a honra de abrir caminho para a srie inteira. ->\

    A teologia histrica divide-se em teologia histrica bblica

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  • Teologia Crist

    e eclesistica. A prim eira tem por fonte, principalm ente, os livros inspirados e continua at o encerram ento do cnon do Novo Testamento. A Segunda principia onde a prim eira acaba, e continua at o tempo presente.

    A histria bblica subdivide-se em: I o. H istria do Velho Testamento, e inclui as eras: (1) Patriarcal, (2) Mosaica e (3) Proftica, juntam ente com a (4) H istria do povo escolhido durante o intervalo entre o Velho e o Novo Testamentos. 2o. O Novo Testamento, incluindo (1) a vida de Cristo, (2) a fundao da Igreja Crist pelos apstolos, at ao fim do prim eiro sculo.

    Para o estudo da histria eclesistica, como cincia, so necessrios diversos ramos prelim inares de estudo.

    Io. Algumas das cincias auxiliares j enumeradas preciso citarmos como exigidas especificamente nesta conexo. So:(1) geografia antiga, medieval e moderna. (2) cronologia. (3) antigidades de todos os povos includos na rea pela qual se estendeu, em qualquer tem po, a Igreja. (4) esta tstica - m ostrando qual a condio do mundo, em qualquer perodo dado. (5) o curso inteiro de histria geral.

    2o. As fontes de onde se deriva a histria eclesistica devem ser investigadas criticamente. (1) Fontes m onum entais, como sejam: (a) edifcios (b) inscries (c) moedas, etc. (2) Fontes documentais, que so: (a) pblicas, como as atas de conclios, as breves decretais e bulas de papas; os arquivos de governo, os credos, confisses, catecismos e liturgias de Igrejas, etc.; (b) Docum entos particulares, como literatura contem pornea de toda qualidade, brochuras, biografias, anais, e relatrios e compilaes mais modernas.

    3o. A histria da literatura sobre a histria eclesistica, desde Eusbio at Neander, Schaff e Kurtz. Os mtodos que tm sido e devem ser seguidos na colocao em ordem do m aterial da histria eclesistica.

    O mtodo que sempre foi e provavelmente sempre ser seguido uma combinao dos dois mtodos naturais: (a) o cronolgico e (b) o tpico.

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  • O Dr. Mc Clintock diz que o princpio fundam ental, segundo o qual se devem arranjar os materiais de histria eclesistica, a distino entre a vida da Igreja e sua f. As duas divises so, pois: (1) histria da vida da Igreja, ou histria eclesistica propriam ente dita, e (2) histria do pensam ento da Igreja, ou histria das doutrinas.

    I a. A histria da vida da Igreja trata de pessoas, com unidades e eventos, e deve ser tratada segundo os mtodos ordinrios de composio histrica.

    2a. A histria do pensamento da Igreja compreende:(1) patrstica, ou a literatura dos chamados Pais da Igreja;

    e patrologia, ou a exibio cientfica de sua doutrina.Esses Pais da Igreja dividem -se em trs grupos: (a)

    apostlicos, (b) antenicenos, e (c) ps-nicenos, terminando com Gregrio, o grande, entre os latinos, 604 d.C., e com Joo Damasceno, entre os gregos, 754 d.C. Este estudo envolve: (a) a discusso do prprio uso dos escritos desses Pais da Igreja, e sua autoridade legtima nas controvrsias m odernas; (b) uma histria completa de sua literatura e das edies principais de suas obras, e (c) significado, valor e doutrina de cada um desses Pais, individualmente.

    (2) Arqueologia crist, que trata dos costumes, culto e disciplina da Igreja Prim itiva, e da histria do culto, artes, arquitetura, poesia, pintura, msica, etc., cristos.

    (3) Histria das doutrinas, ou a histria crtica da gnese e do desenvolvimento de cada elemento do sistema doutrinrio da Igreja, ou de qualquer de seus ramos histricos, com a histria tambm de todas as formas herticas de doutrina, das quais a verdade tem sido separada, e a histria das controvrsias por meio das quais foi efetuada a eliminao. A isto acompanha naturalm ente a histria crtica de toda a literatura da histria das doutrinas, dos princpios aceitos, dos mtodos seguidos e do trabalho feito.

    (4) Simblica, que envolve: (a) a determinao cientfica da necessidade e usos de Credos e Confisses pblicos, (b) a

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  • Teologia Crist

    h ist ria das ocasies, da gnese e recepo, au toridade e influncia de cada um dos Credos e Confisses da cristandade. (c) o estudo do contedo doutrinrio de cada Credo e de cada grupo de Credos separadamente, e (d) simblica comparativa, ou estudo comparativo de todas as Confisses da Igreja, e a exibio sistemtica de todos os pontos em que respectivamente concordam e discrepam entre si. ' ;

    (TheologicalEncyclopedia, por Mc Clintock .Notes onEccle- siastical History, por Dr. J. A. Alexander, editado pelo Dr. S.D. Alexander.)

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  • 2 " " " V

    Origem da Idia de Deus e Prova da Sua Existncia

    1. Qual a distino entre uma definio nominal e uma definio real? E qual a verdadeira definio do termo Deus?

    Uma definio nom inal explica simplesmente a significao do termo usado; e uma definio real explica a natureza daquilo a que se aplica o termo usado.

    A derivao da palavra Deus (em portugus e latim) e Theos (em grego) tem sido comumente atribuda ao snscritoD r - dar luz. Mas Curtis, Cremer e outros derivam-na de Thes em thessesthai - im plorar. Theos Aquele a quem se faz orao.

    A palavra Deus muitas vezes usada em sentido pantesta, para significar a base impessoal, inconsciente de toda existncia, e por muitos, para designar a causa prim ria desconhecida e que se no pode conhecer, do m undo existente. E por isso que tantos especuladores, que negam real ou virtualm ente a existncia do Deus da cristandade, assim mesmo repudiam indignados o nome atestas, por adm itirem a existncia de uma substncia que existe por si, ou de uma causa prim ria a que do o nome Deus, denegando-lhe, porm, a posse das propriedades pessoais que, em geral, lhe so atribudas pelos que fazem uso desse termo.

    Mas, como questo de fato, em conseqncia da predom inncia de idias crists na literatura das naes civilizadas d u ran te os ltim os dezoito sculos, o term o D e u s

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  • Origem da Idia de Deus

    empregado geralmente no sentido definido e perm anente de um Esprito eterno, absolutamente perfeito, livre, pessoal, que existe por si mesmo, e distinto do m undo que Ele criou e sobre o qual soberano.

    O hom em que nega a existncia de tal Ser, nega a Deus.I . -

    2. Como se pode construir uma real definio de Deus?E evidente que Deus pode ser definido s at onde nos

    conhecido, e a condio da possibilidade de O conhecermos o fato de que fomos criados Sua imagem. E preciso que toda definio de Deus pressuponha o fato de que, em algum sentido essencial, Ele e Suas criaturas inteligentes so seres do mesmo gnero. Deus definido, pois, dizendo-se o Seu gnero e Suas diferenas especficas. Quanto ao Seu gnero, um Esprito inteligente e pessoal. Quanto a Suas diferenas especficas, aquilo que O constitui Deus, Ele infinito, eterno e imutvel, em Sua existncia, sabedoria, poder, santidade, e todas as perfeies em harm onia com o Seu Ser.

    3. At onde se deve tradio, a idia de Deus? 'E evidente que se tem chegado idia completa de Deus

    apresentada na definio precedente, somente por meio da revelao sobrenatural que temos nas Escrituras Sagradas. E tambm um fato que as trs nicas religies testas que em qualquer tempo tm prevalecido entre os homens (a judaica, a maometana e a crist) se acham ligadas historicam ente com essa mesma revelao. E em vo especular-se quanto ao resultado a que chegariam os homens, independentem ente de todos os hbitos herdados e de todas as opinies tradicionais, porque estamos inteiram ente sem experincia ou testem unho a respeito de qualquer espcie de conhecimentos adquiridos ou juzos formados sob tais condies. E, alm disso, certo tam bm que a forma que tomam as concepes testas, e as associaes que a acompanham, so determinadas no caso de cada comunidade, pelas tradies teolgicas herdadas de seus pais.

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  • Por outro lado, certo que todos os homens, debaixo de todas as condies conhecidas, e por isso, debaixo de todas as condies verdadeiramente naturais, reconhecem espontaneam ente um a existncia divina que lhes revelada, mais ou menos claramente, na constituio e na experincia conhecidas de seus prprios espritos e na natureza externa. Por conseguinte, a concepo testa no mais devido autoridade, como muitas vezes se diz absurdamente, do que devido crena, form ada debaixo das mesmas condies de educao, na realidade subjetiva do esprito hum ano, ou na realidade objetiva da matria. A existncia do Deus automanifesto reconhecida espontnea e universalm ente, o qu um a prova evidente de serem claras e presentes, em toda parte, as provas da Sua existncia, e serem convincentes para todos os hom ens desenvolvidos normalmente.

    4. Seria INATA a idia de Deus? Sena ela uma verdade INTUITIVA? ' ... ./iv.; >,

    As respostas dependem do sentido em que tomamos os termos respectivos. evidente que no h idias inatas no sentido de j ter nascido criana com a concepo do ser d ivino, ou qualquer outra j formada na sua mente. certo tam bm que a m ente hum ana, quando desenvolvida em condies puram ente naturais e na ausncia de toda revelao sobrenatural, nunca pode chegar a uma concepo adequada da natureza divina. Por outro lado, porm, toda a histria prova que a idia de Deus inata, no sentido de que as faculdades constitucionais do esprito hum ano so tais que, em todas as condies naturais, chegam ao reconhecimento, mais ou menos claro, de Deus como a causa prim ria de toda existncia e como o Senhor da conscincia, automanifestado na alma e no mundo. E inata por serem as provas da existncia divina presentes to universalmente como o a luz do dia, e por ser constitucional o processo pelo qual se apreendem essas provas.

    Captulo 2 "

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  • Origem da Idia de Deus

    Se tomarmos o termo intuio no sentido estrito de viso direta de um a verdade, visto sua prpria luz como verdade necessria, por um ato intelectual que impossvel resolver em processos de pensar m ais elem entares, nesse caso, a existncia de Deus no uma verdade apreendida in tu itivam ente pelos hom ens. O processo pelo qual chegam os ao conhecim ento desta verdade, quer espontaneam ente, quer por meio de um raciocnio elaborado, abrange como elementos m uitas intuies indubitveis, mas ningum apreende a Deus mesmo por um a intuio direta, porque:

    Io. Ainda que o reconhecim ento da existncia divina seja necessrio, no sentido de ser um a verdade aceita pela grande m aioria dos hom ens que no podem deixar de crer nela, mesmo quando querem; e embora ningum possa deixar de crer nela sem que faa violncia sua natureza, contudo no um a verdade necessria, no sentido de no se poder conceber a no existncia de Deus.

    2o. Porque Deus no Se nos manifesta imediata, e sim, m ediatam ente por meio de Suas obras. E, no ato pelo qual a alma reconhece a Sua presena e ao, h sempre, pelo menos im plicitam ente, um a inferncia, um a deduo.

    3o. Porque a verdadeira idia de Deus m uito complexa, e chega-se a ela por meio de um processo complexo, o qual, quer seja espontneo quer no, envolve diversos elementos que se pode analisar e descrever.

    Por outro lado, certo que Deus Se manifesta nas operaes de nossas almas e na natureza exterior de um modo anlogo quele pelo qual se nos manifestam as almas invisveis de nossos semelhantes, e reconhecemos a existncia dEle com a mesma certeza com que reconhecemos a dessas almas. A existncia dessas reconhecemos: (a) porque somos genericam ente semelhantes aos outros, e (b) porque seus atributos se manifestam em suas palavras e atos. E a existncia de Deus reconhecemos: (a) porque fomos criados Sua imagem, e este fato reconhecemos espontaneamente, (b) pela revelao que

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  • Deus faz de Si na nossa conscincia, e pelas caractersticas do mundo exterior. .

    A inda que se possa analisar o processo m ental que acabamos de descrever - a inferncia testa - esta em si sinttica. Os princpios dos quais depende acham-se ligados entre si, de modo que o esprito os pode com preender todos em um s ato, e inclui e aplica todos eles, necessariamente, na sua apreenso de Deus. A vontade, a inteligncia, a conscincia, a razo e as idias que elas fornecem; causa, desgnio, bondade, infinidade, e os argumentos que tm estas idias por base - tudo isso junta-se nesse grande processo - Theism, Prof. Flint, pgs. 71, 72.

    5 .Se a existncia de Deus reconhecida espontaneamente por todos os homens, em estado normal de conscincia, qual a utilidade de argumentos formais para provar essa existncia? E quais so os argumentos geralmente usados?

    I o. Esses argum entos so de valor como anlises e verificaes cientficas dos processos m entais envolvidos im p lic ita m e n te no re c o n h e c im e n to e sp o n tn eo das automanifestaes de Deus.

    2o. So de utilidade tambm para indicar a legitim idade do processo contra as crticas do ceticismo.

    3o. Confirmam e vivificam o reconhecimento espontneo, chamando a ateno para a extenso e variedade das provas que atestam a mesma verdade.

    4o. Os diversos argumentos so convergentes antes que consecutivos. Nem todos estabelecem os mesmos elementos da concepo testa, mas cada um deles estabelece independentemente seu elemento separado e assim til, contribuindo: (a) como prova confirmativa de que Deus existe, e (b) como prova complementar quanto ao que Ele .

    Constituem um todo orgnico, e so a anlise e a ilustrao do ato espontneo em virtude do qual a grande massa dos homens tem sempre reconhecido a existncia de Deus. Se

    Captulo 2

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  • Origem da Idia de Deus

    bem que causalidade no pressupe desgnio, nem desgnio bondade; desgnio pressupe causalidade, e bondade, tanto causalidade como desgnio. As provas de inteligncia so tambm provas de poder; e as provas de bondade o so tambm de inteligncia e poder. Os princpios da razo que nos obrigam a pensar em Deus, na Suprema Inteligncia M oral como um ser auto-existente, eterno, infinito e imutvel, suplem entam as provas derivadas de outras fontes, e tornam conseqente e completa a doutrina do tesmo - Theism, Prof. F lint, pgs. 73, 74.

    Os argumentos comuns sero examinados sob os seguintes ttulos:

    I o. Argumento Cosmolgico, ou a prova da existncia de Deus como causa primria.

    2o. Argumento Teleolgico, ou as provas da existncia de D eus fornecidas pela ordem e adaptao que reinam no universo.

    3o. A rgum ento M oral, ou as provas fornecidas pela conscincia moral e pela histria da raa humana.

    4o. As provas fornecidas pelos fenmenos das Sagradas Escrituras e pela histria sobrenatural nela registrada.

    5o. O A rgum entoapriori e o testem unho que a razo d de Deus como o Infinito e Absoluto. ..............

    6. Qual o Argumento Cosmolgico?Pode ser apresentado na forma de um silogismo, assim:Premissa M aior- Tudo quanto principia a existir de novo,

    e qualquer m udana em qualquer coisa que j existe, teve necessariamente uma causa preexistente e adequada.

    Premissa menor - O universo, em seu todo e em todas as suas partes, um sistema de mudanas.! Concluso - Logo, o universo teve necessariamente uma

    causa exterior a si, e a causa ltim a e absoluta no pode deixar de ser eterna, no causada e imutvel.

    Io. Quanto premissa maior: o juzo causai intuitivo e

  • absolutam ente universal e necessrio. Alguns especuladores, como H um e e Mill, o tm negado teoricam ente, mas tem sido empregado por eles e por todos os demais em todos os seus raciocnios sobre a origem do m undo, como tambm de tudo quanto ele contm. um juzo inevitvel, o contrrio do qual nem se pode imaginar. Alguma coisa existe agora, por conseguinte alguma coisa necessariamente tem existido desde toda a eternidade, e aquilo que tem existido desde toda a eternidade a causa daquilo que existe agora.

    Tem-se alegado que o juzo causai conduz apenas a um a srie eterna e regressiva de causas e efeitos. Isso, porm, um absurdo.

    (1 )0 juzo no que tudo teve uma causa, e sim, que tudo o que principia a existir e toda a mudana naquilo que j existe, foi causado. Para aquilo, porm, que eterno e imutvel, esse juzo no pede causa.

    (2) Uma srie eterna de causas e efeitos absurda, porque seria sim plesm ente uma srie de mudanas, que precisam ente aquilo que pede um a causa, e tanto mais im perativamente quanto mais longa a srie. Uma causa real, porm, um a causa que satisfaa absolutamente ao juzo causai, no pode ser nem uma mudana nem um a srie de mudanas, e sim alguma coisa no causada, eterna e imutvel.

    Como questo de fato, inegvel que todos os filsofos e hom ens de cincia, sem nenhum a exceo, postulam estes princpios. Eles todos postulam um a causa eterna, auto- existente e imutvel do universo, quer seja um esprito pessoal, quer tomos materiais, quer uma alma mundi inconsciente, inteligente, em unio com a matria.

    2o. Quanto premissa menor: o fato de ser o universo, em seu todo e em todas as suas partes, um sistema de mudanas, ensinado por todos os princpios e lies da cincia moderna. Todas as descobertas nos campos da geologia e da astronomia, e todas as especulaes, como sejam - a hiptese nebulosa e a da evoluo - tm esse princpio na sua prpria essncia.

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  • Origem da Idia de Deus

    Mas John Stuart M ill, no seuEssay on Theism, pgs. 142 e 143, diz: H na natureza um elemento perm anente, como tambm um elemento varivel; as mudanas so sempre os efeitos de mudanas anteriores; as existenciais perm anentes porm, at onde as conhecemos, de modo algum so efeitos... H em todos os objetos ou tro e lem ento que tam bm perm anente, a saber, a substncia ou substncias especficas e elementares de que eles consistem, e suas propriedades so inerentes. No se sabe quando essas comeam a existir. Dentro do tempo a que rem ontam , os conhecimentos hum anos no tiveram princpio, e por conseguinte, tampouco causa; embora eles sejam as causas ou concausas de tudo quanto sucede. Sempre que na explicao de um fenmeno fsico se rem onta sua causa, acha-se que esta consta de um a certa quantidade de fora combinada com certas colocaes... A fora em si essencialmente uma e sempre a mesma, e dela existe na natureza uma quantidade fixa que, se a teoria da conservao das foras verdadeira, nunca aum enta nem dim inui. Eis, pois, nas mudanas da natureza material um elemento perm anente, que parece ter todas as caractersticas daquele mesmo que estamos procurando. E a isso pois que, segundo parece, devemos atribuir o carter de Causa Prim ria, se h coisa que m erea essa distino - Essay on Theism, pgs. 144, 145.

    RESPONDEMOS: (1) A existncia de Energia ou Fora, em qualquer de suas form as conversveis, e separada da matria, absolutamente impossvel imaginar-se. Este fato reconhecido como uma indubitvel verdade cientfica por Stewart e Tait (Unseen Universe, pg. 79). (2) E um fato bvio que toda a luz e calor do sol e das estrelas, salvo uma frao m uito dim inuta, sai para o espao e nunca volta para esses corpos. E um fato tambm que o movimento visvel de todos os grandes corpos do universo est sendo retardado gradualmente por alguma coisa que se pode chamar frico etrea, e que afinal tombaro todos juntos e constituiro, por agregaes sucessivas, uma s massa. Enfim, a degradao da energia do

  • universo visvel proeede,paripassu, com a agregao de massa. O prprio faro, pois, de serem de tamanho finito as grandes massas do universo visvel, torna certo que esse processo no pode ter continuado desde toda a eternidade ou, em outras palavras, o universo visvel necessariamente teve princpio no tem po. Porque: (a) ainda h energia em quantidades finitas e no difusa; e porque (b) a matria do universo existe ainda em massas separadas. Assim pois, a prpria lei da correlao de energia ou fora para a qual o sr. Mill apela, prova, quando realmente aplicada, que o universo teve princpio e ter fim (Stewart e Tait, Unseen Universe, pg. 166). (3) Tambm o seu postulado de que a m atria do universo, em seus ltim os tomos, eterna e im utvel, no est provado e est em contradio com a analogia cientfica. Clark Maxwell (em seu discurso como presidente daBritishAssociationforAdvancement of Science, 1870) diz: A igualdade exata de cada molcula com todas as demais molculas da mesma substncia, d-lhe, como bem o disse Sir John Herschell, o carter essencial de um objeto fabricado; e isso incompatvel com a idia de ser ela eterna e auto-existente. (4) Como questo de fato, todas as teorias evolutivas sobre a gnese do universo postulam necessariam ente um princpio e uma neblina prim ordial e luminosa. Mas essa neblina luminosa no pode ser a Prim eira Causa que o nosso juzo causai pede, porque no eterna e imutvel. Se fosse eterna, estaria inteiram ente desenvolvida; e se estivesse inteiram ente desenvolvida, no poderia desenvolver-se ainda para formar o universo. Se fosse imutvel, no estaria sujeita a mudanas; e se no imutvel, , assim como o universo que se desenvolve dela, um estado transitrio da matria, pedindo como todas as outras mudanas, uma causa.

    7. Qual o Argumento Teleolgico?Teleologia (telos - fim, e logos - discurso) a cincia das

    causas finais, ou dos propsitos ou desgnios, como estes se acham exibidos na natureza, na adaptao das partes aos

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  • Origem da Idia de Deus

    inteiros, dos meios aos fins e dos rgos aos seus usos. chamado tambm argum ento baseado no Desgnio; afinal baseado no reconhecim ento das operaes de um a causa inteligente na natureza. Pode ser apresentado sob duas formas, baseadas respectivamente nas manifestaes mais gerais e mais especiais dessa inteligncia.

    PRIMEIRA FORMA. Premissa maior - Ordem e harm onia universais na operao concorrente de uma imensa m ultido de elementos separados, acham explicao s no postulado de uma causa inteligente.

    Premissa menor - O universo, no seu todo e em todas as suas partes, um a estru tu ra da ordem mais com plexa e simtrica.

    Concluso - Logo, a causa eterna e absoluta do universo uma m ente inteligente.

    SEGUNDA FORMA. Premissa maior - O ajustam ento das partes e a adaptao dos meios para efetuar um fim ou propsito, podem ser explicados s referindo-os a uma inteligncia e vontade que tinham em vista esse fim ou propsito.

    Premissa menor - O universo est cheio de semelhantes ajustamentos de partes e de organismos compostos de partes que concorrem para efetuar certos fins.

    Concluso - Logo, a Prim eira Causa do universo no pode deixar de ser um a m ente e um a vontade inteligentes que tinham em vista esses fins.

    Se estes argumentos so vlidos, provam que Deus uma Pessoa eterna e auto-existente. Trata-se de um absurdo o postu lado de um a in te ligncia inconsc ien te ou de um a in teligncia que produza efeitos sem que opere vontade alguma. Estas frases no representam nenhum a idia possvel; e inteligncia e vontade, quando se acham juntas, constituem personalidade.

    Quanto prim eira forma do argumento, evidente que o prprio fato de ser a cincia um a coisa possvel, prova indubitvel de ser intelectual a ordem da natureza. A cincia

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  • um produto do esprito hum ano que absolutam ente incapaz de passar alm das leis da sua constituio. As intuies da razo, os processos lgicos da anlise, inferncias indutivas ou dedutivas, a imaginao, a inveno e todas as atividades da alma que organizam os processos cientficos; e se v que tudo isso corresponde perfeitamente natureza exterior. Depois de resolvidos at os mais sutis problemas abstratos da m atem tica e da mecnica, tem-se achado subseqentem ente que as solues foram antecipadas na natureza. As leis da natureza so as expresses de harmonias numricas e geomtricas, e exemplos maravilhosos de uma razo superior e do belo perfeito. Contudo, essas leis, embora sejam invariveis nas mesmas condies, nem so eternas nem inerentes constituio elem entar do universo. As propriedades da matria elem entar so constantes, mas as leis que as organizam so, elas mesmas, efeitos complicados, o resultado de ajustamentos anteriores sob as categorias de tempo, espao, quantidade e qualidade. A medida que se m udam esses ajustamentos, mudam-se tambm as leis. E esses ajustamentos so, pois, a causa dessas leis; e os ajustamentos no podem, por isso, deixar de ser o produto ou do acaso, o que absurdo, ou da inteligncia, o que certo.

    Esta ordem intelectual da natureza o prim eiro postulado necessrio de toda a cincia, e a essncia de todos os processos do universo, desde o agrupam ento de tomos at revoluo dos mundos; desde a digesto de um plipo at ao funcional do crebro humano.

    Quanto segunda forma deste argumento - O princpio de desgnio pressupe a ordem intelectual geral do universo e suas leis, e apresenta j, antecipadam ente, a afirmao de que o carter da Prim eira Causa manifestado mais ainda pelas provas encontradas em toda parte, de serem essas leis gerais obrigadas a concorrer para, por meio de ajustamentos especiais, efetuar certos fins que evidentem ente se deviam efetuar. Este princpio ilustrado pelos ajustamentos m tuos desco b erto s nas d iversas p ro v id n c ias da n a tu re za , e

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  • Origem da Idia de Deus

    especialmente pelos organismos vegetais e animais, e as relaes que envolvem de um organismo para com outro organismo, de organismo para com o instinto, e de organismos e classes de organismos para com outros, e as circunstncias fsicas em que se acham colocados. Em m uitos casos, a inteno destes ajustam entos e adaptaes especiais evidente de per si e inegvel, como, e.g., o caso das diversas partes do olho para produzir a viso. Noutros casos, a inteno mais obscura e conjetural. M esmo no estado atual das cincias, podemos com preender s em parte; porm j desde o princpio, as provas de desgnio in te ligen te tm sido tran sparen tes e abundantes. U m s perodo num m anuscrito prova de inteligncia, mesmo se o contexto for indecifrvel. No entanto, todo passo que se d adiante nas cincias, descobrem-se mais provas espalhadas em rea maior e com um a luz mais clara.

    8. Quais so algumas das objees feitas contra a inferncia desta tirada do argumento de desgnio especial, e quais so as respostas?

    I a. Hume (.Dialogues on Natural Religion, Pt. 7, etc.) afirma que a nossa convico de que adaptao prova de desgnio, devida experincia e no pode passar alm dela: e a de que o nosso juzo dos organismos naturais implicam desgnio na sua causa uma inferncia tirada da analogia das invenes engenhosas do homem e dos seus efeitos. Diz mais, que essa analogia falsa - (1) Porque j temos conhecimento prvio do inventor hum ano como agente inteligente, enquanto que do autor da natureza no temos nenhum conhecimento prvio, e esse mesmo autor que a inferncia desta procura verificar.(2) Todos os processos da natureza so diversos daqueles por meio dos quais os homens executam as suas obras; e a formao do m undo e a instituio dos processos da natureza so efeitos peculiares, inteiram ente dissemelhantes daqueles que temos experincia.

    RESPONDEMOS: (1 ) 0 argum ento peca por ter como base

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  • um falso postulado de fato. Do inventor hum ano, da sua alma no temos conhecim ento prvio nem conhecimento algum, a no ser o que nos d o carter das obras pelas quais se manifesta a ns. E exatamente do mesmo modo e na mesma extenso que chegamos ao conhecimento do Autor da natureza. (2) O argum ento baseia-se num falso postulado de princpio. A analogia das invenes do engenho hum ano no a base da nossa convico de que a ordem e a adaptao so provas de inteligncia. E juzo universal e necessrio da razo que a ordem e a adaptao s podem proceder de uma causa inteligente, ou do acaso; e esta ltim a suposio absurda.

    2a. A lguns cientistas, tendo adquirido o costum e de considerar o universo como um a unidade absoluta, cujos processos so todos executados por leis gerais, invariveis (um modo de pensar em que a teologia agostiniana se antecipou por sculos cincia), fazem objeo que, tomando como prova de inteno o ajustamento das partes, em certos grupos ou sistemas especiais o telogo natural toma, por engano, um a parte pelo todo e um efeito inciden tal de um a lei geral, resultado de condies especiais e temporais, pelo fim real da prpria lei. Dizem que mesmo se fosse inteligente a Prim eira Causa do universo, os homens cometeriam um absurdo infinito nutrindo a presuno de interpretar o Seu propsito, por meio dos resultados especiais que eles vem proceder da operao de leis que j tm estado operando desde toda a eternidade, por todo o espao infinito e sobre um sistema infinito de partes concorrentes.

    RESPONDEMOS: (1) E evidente que as relaes das partes de um todo especial, concorrendo todas para produzir um fim especial, podem ser e n ten d id as m u ito bem e n q u an to permaneam inteiramente desconhecidas as relaes desse todo especial para com a totalidade do todo geral; ainda que a razo e a revelao derram em m uita luz mesmo sobre esta ltim a parte. Um s osso de um animal de espcie desconhecida d testem unho inegvel de adaptao especial, e pode at, como

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    dizem com toda a razo os cientistas, lanar m uita luz para alm de si, sobre a constituio daquele todo a que pertenceu, mas do qual no temos outro conhecimento. (2) Confessamos que essa crtica, se bem que falhe quanto ao argum ento tirado do desgnio, tem fora quanto ao modo pelo qual este argumento tem, s vezes, sido aplicado. Os antigos telogos naturais, m uitas vezes em grau um tanto exaltado, abstraram organismos individuais do grande todo dinmico do qual so tanto produtos como partes. O Dr. F lin t (Theism, pg. 159) distingue bem os fins intrnsecos, extrnsecos e supremos de qualquer ajustamento especial. Assim, o fim intrnseco desse ajustamento especial chamado olho, a viso. Seus fins extrnsecos so os fins teis para os quais esse rgo serve para o animal que o possui, e os fins teis para os quais o animal serve para tudo o que est com ele, em relao imediata ou remota. Seu fim supremo o fim do prprio universo. Quando afirmamos, pois, que h causas finais no sentido de fins intrnsecos em quaisquer coisas, afirmamos s que as coisas so unidades sistemticas, cujas partes se acham relacionadas definitivamente umas com outras, e coordenadas para produzirem um resu ltado com um ; e quando afirm am os que h em quaisquer coisas, causas finais, no sentido de fins extrnsecos, afirmamos somente que as coisas no so sistemas isolados e independentes, e sim, sistemas definitivam ente relacionados com outros sistemas, e ajustados de modo que so partes componentes de sistemas superiores e meios para produzir resultados mais compreensveis do que elas mesmas - Theism, pg. 163

    E verdade que um homem no pode discernir o supremo fim de uma parte, enquanto no discerne o supremo fim do todo, e que no pode discernir todos os fins extrnsecos de qualquer sistema especial, enquanto no conhece todas as suas relaes para com todos os demais sistemas especiais. Apesar disso, porm, assim como um homem, que no sabe nada das relaes que tem uma certa planta ou um animal para com a

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  • flora ou a fauna de um continente, pode ter certeza absoluta quanto s funes da raiz ou de uma garra ou unha, na economia da p lan ta ou do anim al, assim tam bm poder en tender perfeitamente a maneira por que todas as partes que concorrem para produzir um todo especial so adaptadas para esse fim, sem que, por ora, nada saiba da relao extrnseca em que est esse todo especial para com aquilo que est fora dele.

    3a. Certa classe de cientistas tem afirmado, nestes ltim os tempos, que o testem unho dado da existncia de Deus, pela ordem e adaptao manifestadas nos processos da natureza, fica m uito enfraquecido, seno invalidado absolutamente pela probabilidade de ser verdadeira a hiptese alternativa da evoluo. H m uitas teorias da evoluo, mas o term o, no sentido geral, significa o juzo de que o estado do universo com o um todo e em todas as suas partes, em qualquer momento tem sua causa no estado em que se achava o universo, no m om ento an terio r; que as m udanas no tadas foram produzidas pela agncia de foras inerentes na natureza, e que se pode notar a operao dessas foras, de m om ento para m om ento, sem soluo de continuidade causai, durante todo o tempo passado.

    Todas as possveis teorias da evoluo, consideradas em sua relao com a teologia, podem ser assim classificadas: (1) As que no negam nem obscurecem o testemunho que a ordem e a adaptao observadas na natureza do da existncia de Deus, da Sua im anncia nas Suas obras, e do Seu governo providencial sobre elas. (2) As que, embora reconheam a Deus como a causa original a Quem se deve referir no passado remoto a origem e os ajustamentos prim rios do universo, con tudo negam a Sua im anncia e co nstan te a tiv idade providencial nas Suas obras. (3) As que manifestam, ou v irtualm ente obscurecem ou negam, o testem unho que a ordem e adaptao do universo do da existncia e atividade de Deus, ta n to com o C riad o r com o tam bm com o G o v ern ad o r providencial. ; v.

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    Para com a primeira destas classes de teorias da evoluo, o telogo natural sente, naturalm ente, s o mais amigvel in teresse.

    Quanto segunda classe, que admite que uma inteligncia divina ideou e inaugurou o universo no princpio absoluto, mas nega que qualquer agente semelhante esteja im anente no universo dirigindo seus processos, cabe-nos dizer: (1) Que o ponto que estamos procurando estabelecer agora a auto-exis- tncia de uma Prim eira Causa inteligente, e no o modo da Sua relao para com o universo. Este ltim o ponto ser elucidado em diversos captulos subseqentes. (2) E m uito filosfico e mais de acordo com a verdadeira interpretao do princpio cientfico de continuidade, o conceber-se a Prim eira Causa como im anente no universo, e como concorrendo orgnicamente com todas as causas secundrias e no in te ligentes em todos os processos que so indcios de poder ou inteligncia. Isso reconhecido por todos os cientistas, e caracteriza a grande maioria deles, que so destas ortodoxos ou que referem todos os fenmenos do universo fsico ao dinmica da vontade divina. (3) So incontestveis as provas que a conscincia moral do homem, a histria e a revelao fornecem, em favor da imanncia e operao eficaz de Deus, em todas as Suas obras.

    Q uanto terceira classe de teorias da evoluo que obscurecem ou negam, quer manifesta quer virtualm ente, o testem unho que a ordem e a adaptao do universo so de uma inteligente Causa Prim ria do universo, como, e.g., a teoria de Darwin quanto diferenciao de todos os organismos, em virtude de variaes acidentais surgindo durante um tempo ilim itado, cabe-nos dizer:

    I o. Toda teoria semelhante, quando proposta para explicar o universo atual, deve fornecer uma explicao provvel de todas as classes de fatos. Mas notrio que todas as teorias da evoluo puram ente natural, deixam inteiram ente de explicar os fatos seguintes: (1) A origem da vida. No poderia existir

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  • na suposta neblina luminosa, e no poderia ser gerada por aquilo que no tem vida. A deciso m adura da cincia de hoje (1878) a que j se acha expressa no axioma antigo omne vi- vum ex vivo. (2) A origem da sensao. (3) Tambm a da inteligncia e da vontade. (4) Tambm a da conscincia. (5) O estabelecimento de tipos distintos, logicamente correlatados e persistentes, em gneros e espcies, m antidos pela lei da hibridade. (6) A origem do homem. O Prof. Virchow, de Berlim, no seu recente discurso perante a Sociedade Alem de Naturalistas e Mdicos, em M unich, diz: Saibam que me ocupo atualmente com especialidade no estudo de Antropologia; mas sinto- me obrigado a declarar que cada passo que temos dado para diante na provncia de antropologia pr-histrica tem-nos realm ente afastado mais de qualquer prova de semelhante conexo (isto , de ser o homem descendente de qualquer tipo inferior).

    2o. Mas mesm o se fosse possvel provar como fato a evoluo contnua, isso de modo algum afetaria as provas que nos fornecem a ordem inteligente e as adaptaes notadas no universo. Estabeleceria somente um mtodo ou sistema de meios, porm em grau algum alteraria a natureza dos efeitos ou os atributos da causa real, descoberta por meio desses efeitos. (1) Seria preciso ainda explicar a origem das leis da abiognese, de reproduo, de diferenciao e reproduo sexuais, de hereditariedade, de variao das leis que, de tomos e energia mecnica, possam desenvolver sensao, razo, conscincia e vontade. (2) Leis nunca so causas, mas sem pre modos complicados de ao; o resultado da coao de inm eros agentes inconscientes. Em vez de serem explicaes, so elas mesmas efeitos m uito complexos dos quais a razo exige uma causa intelectual. (3) Todas as leis fsicas so o resultado das propriedades originais da matria, operando sob a condio m tua de certos ajustam entos complicados. A lterados os ajustamentos, alteram-se as leis. As que executam a evoluo ou antes aquelas em que analisado o processo da evoluo,

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    preciso que se refiram retrospectivam ente aos ajustamentos originais dos elementos materiais da neblina luminosa. Esses ajustamentos nos quais, segundo a hiptese da evoluo, devia achar-se latente toda futura ordem e vida, tiveram necessariam ente como causa, ou o acaso ou a inteligncia. Huxley, em seu Criticisms on Origin o f Species, pg. 330, baseia no acaso toda a lgica da evoluo, assim: Tem sido dem onstrado que um aparelho, m uito bem adaptado para um fim particular, pode ser o resultado de um mtodo de tentativas e erros, executado por agentes inconscien tes; como tam bm da aplicao direta de meios adaptados para produzirem esse fim, por um agente inteligente. Segundo a teologia, cada organismo como uma bala de carabina atirada diretam ente num alvo. Segundo Darwin, os organismos so como que m etralhadora da qual uma bala ou poucas acertam em algum objeto, e as ou tras caem longe . A m oderna explicao cientfica dos processos do universo, por meio s de causas fsicas excluso da inteligncia, difere da antiga teoria j h muito abandonada do acaso, somente nos acidentes: (a) do uso enganador das palavras leis da natureza, e (b) do postulado de que o acaso, operando durante um tempo in-definido, pode fazer uma obra de inteligncia. Todavia, assim como ningum pode crer que qualquer soma de tempo possa explicar a forma das facas de pedra e as pontas de seta de pedra, sem o trabalho hum ano; nem que um a coleo de tipos lanados ao acaso mesmo em nm ero ilim itado de vezes possa cair em uma ordem tal que formem os dramas de Shakespeare ou Os Luzadas por Cames, assim tam bm ningum pode crer racionalm ente que a ordem complicada e to evidentemente intelectual do universo proceda do acaso. (4) Na criao artificial o homem que escolhe; na seleo natural (natural selection) a natureza que escolhe. Por conseguinte, se os resultados so os ajustamentos mais cuidadosos para efetuar um fim determ inado, segue-se que essa caracterstica foi estampada sobre os organismos pela

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  • natureza e que, por isso, esta foi dirigida inteligentem ente: (a) ou por um a inteligncia im anente nos seus elementos, ou em seu todo organizado; (b) ou pelo ajustamento original do seu m aquinism o, ou por um Criador inteligente.

    9. Exposio do argumento moral, isto , as provas fornecidas pela conscincia moral e pela histria da raa humana.

    O argum ento cosmolgico nos conduziu a uma Causa Prim ria eterna e auto-existente. O argumento deduzido da ordem e adaptao descobertas nos processos do universo revela-nos que essa grande Causa Prim ria possui inteligncia e vontade, isto , que um esprito pessoal. O argumento moral ou antropolgico fornece dados novos para inferncias, confirm ando as concluses anteriores quanto ao fato da existncia de uma Causa Prim ria pessoal e inteligente; e, ao mesmo tempo, acrescentando a essa concepo os atributos de san tidade, justia, bondade e verdade. O argum ento deduzido do desgnio inclui o argumento deduzido da causa; e o argumento deduzido da justia e benevolncia inclui esses dons e acrescenta ainda um elemento novo que lhe prprio.

    Este grupo de argumentos pode ser assim exposto:10. Conscincia de si a base fundamental de todo conheci

    mento. D-nos imediatamente o conhecimento de ns mesmos como existentes e como sujeitos a certos atributos e agentes em certas formas de atividade. Nossas almas, com todos os seus atributos, precisam de explicao. No existem desde a eternidade; tampouco podiam ser desenvolvidas de elementos materiais, porque: (1) A conscincia d testem unho da sua unidade, simplicidade e espiritualidade. (2) As leis da razo e o sentimento moral no podem ser explicados como o resultado de transformadas impresses do sentido, modificadas pelas associaes divididas pela hereditariedade, segundo Mill e Spencer, porque: (a) so universalm ente as mesmas, (b) no podem ser analisadas, (c) so necessrias e (d) soberanas sobre

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    todos os impulsos. Segue-se que a alma hum ana foi criada, e seu Criador no pode deixar de ter atributos superiores aos da sua obra. - 0 > ; ;

    2o. O homem essencial e universalmente um ser religioso. Tem os sentim entos de dependncia absoluta e de responsabilidade moral inerentes em sua natureza; esses sentimentos so universais e necessrios. A conscincia implica sempre em responsabilidade para com um ser superior em autoridade moral e, por isso, em carter moral. Essa responsabilidade est im plcita especialm ente no sentim ento de culpa que acompanha toda violao de conscincia. Deus manifesta-Se e reconhecido na conscincia como um a vontade santa, reta, justa e inteligente, isto , um esprito santo e pessoal.

    3o. As adaptaes encontradas na natureza, at onde nos possvel examinar as suas relaes para com criaturas sensveis, so caracteristicamente benficas e do testem unho de um p ropsito geral de p rom over a fe lic idade e satisfazer o sentim ento do belo. Isso implica em desgnio, e desgnio de um especial carter esttico e m oral, e prova que a Causa Prim ria benvola e am ante do belo.

    4o. A histria inteira da raa humana, at onde conhecida, descobre um a ordem e um propsito morais que no acham sua explicao na inteligncia ou no propsito m oral dos agentes hum anos que nela figuram; e essa histria descobre tam bm um a unidade de plano que abrange tudo, todos os povos e todos os sculos. Os fenmenos da vida social e nacional, da distribuio etnolgica, e do desenvolvimento e difuso das civilizaes e religies, podem ser explicados unicamente pela existncia de um governador e educador sbio, reto e benvolo dos homens.

    10. Como expor as objees ao argumento moral, e tambm as suas respostas ?

    Essas objees baseiam-se nestes pontos: I o. A inva- riabilidade mecnica das leis naturais, e sua inexorvel falta

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  • de ateno ao bem-estar das criaturas dotadas de conscincia. 2o. Os sofrimentos dos animais irracionais. 3o. A existncia geral de males morais e fsicos entre os homens. 4o. A partilha desigual dos favores providenciais, e a ausncia de toda proporo entre a soma de felicidade concedida e o carter moral dos que a recebem.

    Estas dificuldades que de todos provam mais ou menos a f, so, na maior parte dos casos, os motivos reais do atesmo ctico. John Stewart M ill, em seu Essay on Nature (Three Essays on Religion) assevera que caracterstico da Natureza infligir, sem piedade, sofrimentos e a morte; e que, se a causa da natureza uma vontade pessoal, deve ser um m onstro de crueldade e injustia. Em seuissijy on Theism, Pt.2, argumenta como se fosse uma imoralidade abominvel afirm ar que o autor da natureza, assim como ns a conhecemos, onisciente e onipotente , e ao mesmo tem po, absolutam ente justo e benvolo; que o nico meio de absolv-10 da acusao de ser cruel e injusto negar que seja ilim itado o Seu conhecimento ou o Seu poder, ou mesmo ambos. A concluso que tira das provas que cita, ele apresenta assim: Um ser cujo poder grande mas lim itado , e lim itado de um modo que nem podemos conjecturar; cuja inteligncia grande e talvez ilim itada, mas talvez mais lim itada ainda do que o seu poder; que deseja a felitidade de Suas criaturas e a isso presta alguma ateno, porm, ao mesmo tempo, parece ter outros motivos para Suas aes, e motivos que tm para ele mais peso; e a cujo respeito difcil crer que tenha criado o un iverso s para esse fim . Na sua Autobiography, ch.2, falando de seu pai James M ill, ele diz: Ouvi-o dizer que foi a leitura da Analogy por Butler que produziu nele uma reviravolta sobre esse ponto. E essa obra, sobre a qual continuava sempre a falar com m uito respeito , o conservou, por um tem po considervel, crente na autoridade divina do cristianism o, provando-lhe que fossem quais fossem as dificuldades que se opunham aceitao do Velho e do Novo Testamentos como

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  • Origem da Idia de Deus

    livros que procederam de um ser perfeitam ente sbio e bom, ou que estes livros registram os atos de tal ser, as mesmas dificuldades ou maiores ainda se opem crena de que um ser de sem elhante carter seja o Criador do universo. Ele considerava os argumentos de Butler como concludentes contra os nicos oponentes aos quais so dirigidos. Os que adm item a existncia do Criador e Governador onipotente, e tambm perfeitam ente justo e benvolo de um m undo como este, pouco podem alegar contra o cristianism o que no se possa alegar, com pelo menos igual fora, contra eles. Por conseguinte, no encontrando lugar de descanso no desmo, ficou em estado de perplexidade at que afinal, e sem dvida depois de muitas lutas, cedeu convico de que sobre a origem das coisas, absolutam ente nada se pode saber .

    RESPONDEMOS: Io. E certo que Deus no criou o universo com o nico fim, nem mesmo com o fim principal de promover a felicidade de Suas criaturas. A nossa razo, a observao e as Escrituras Sagradas concorrem em revelar como fins m uito mais exaltados e mais dignos da ao divina, a manifestao da Sua prpria glria e a promoo da mais exaltada excelncia de Suas criaturas inteligentes, por meio da educao e da disciplina. E evidente que a operao de inexorveis leis gerais, a misria e os sofrimentos incidentais desta vida podem ser os meios mais eficazes para prom over esses fins.

    2o. A inteno direta de todos os rgos de que se acham providas as criaturas dotadas de conscincia , evidentemente, a promoo do seu bem-estar; a dor e a misria so incidentais. M esmo a m orte sbita e violenta dos anim ais irracionais promove, provavelmente, a maior soma possvel de alvio no campo dos sentido

    3o. A conscincia tem ensinado aos homens, em todos os sculos, que os sofrimentos a que estamos sujeitos nesta vida so as conseqncias diretas e merecidas dos pecados dos hom ens, quer como penas, quer como castigos cuja inteno benvola o nosso m elhoram ento moral.

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  • 4o. A origem do pecado confessadamente um mistrio, atenuado em parte, porm , pela considerao de que o resultado do abuso da ddiva m elhor e mais valiosa que nos foi concedida, a agncia livre e responsvel; e tam bm pelo fato, revelado nas Sagradas Escrituras, de que na providncia d iv ina at o pecado ter de servir para m anifestar m ais plenam ente as perfeies de Deus, e contribuir para prom over a excelncia moral e a felicidade da criao inteligente.

    5o. As desigualdades das cotas concedidas pela providncia e a desproporo entre o bem-estar e o carter moral dos homens nesta vida resultam do fato de no ser este m undo lugar de recompensas e castigos, e que os caracteres e destinos diversos exigem disciplina diversa de educao; e essas desigualdades e despropores apontam para rea ju stam en tos fu tu ro s, revelados na Bblia (Sal. 73, Almeida).

    6o. Nem o argumento teleolgico nem o moral envolvem a assero de podermos, no estado atual dos nossos conhecimentos, discernir no universo provas de um a sabedoria ou bondade que fosse infinita ou mesmo perfeita. Estes atributos so indicados como fatos e caractersticas gerais da natureza. Mas o nosso discernim ento deles necessariamente lim itado pela imperfeio dos nossos conhecimentos. Mesmo no juzo s da razo infinitam ente provvel que, quando tivermos adquirido conhecimentos mais adequados, veremos que aquilo que agora nos parece anmalo e incompatvel tanto com a sabedoria perfeita como com a bondade perfeita, ilustra essas mesmas perfeies que fomos tentados a julgar obscurecidas por certas anomalias.

    11. Exposio das provas bblicas.Sendo o homem criatura finita, culpada e m oralm ente

    corrompida, inevitvel que as automanifestaes de Deus na natureza sejam im perfeitam ente apreendidas por ns. A revelao sobrenatural que Deus manifestou, m ediante um processo histrico de intervenes especiais em sucesso

    Captulo 2 r -

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  • Origem da Idia de Deus

    cronolgica, interpretadas por um a ordem de profetas dotados sobrenaturalm ente e registradas nas Escrituras Sagradas, su p lem en ta a luz da n a tu reza , explica os m is t rio s da Providncia e d-nos os princpios de uma verdadeira teodicia. O Deus que a natureza encobre, mesmo quando O revela, as Sagradas Escrituras no-10 apresentam descoberto, em toda a perfeio da sabedoria, santidade e amor, na Pessoa de Jesus Cristo. Quem vem a Cristo vem a Deus. A verdade do tesmo dem onstrada na Pessoa de Jesus, e da por diante no mais ser aceita seno por aqueles que lealm ente reconheem Sua soberania sobre a inteligncia, a conscincia e a vida.

    12. Exposio do princpio em que se baseiam os argumentos, a priori, a favor da existncia de Deus, o valor desse princpio, e as formas principais sob as quais esses argumentos tm sido apresentados.

    A rgum entos a posteriori so os que, dos fatos da experincia, se deduzem das causas ou dos princpios. Assim, e.g., ns, por meio dos argumentos precedentes m ediante os fatos da conscincia e da natu reza ex terior, tem os sido conduzidos ao conhecim ento de Deus como um esprito pessoal, inteligente e reto, a Causa Prim ria, poderosa, sbia e benvola, e Governador moral. Argumentos a priori so os que procedem das idias necessrias da razo e vo s conseqncias necessariamente deduzidas delas, ou s verdades necessrias nelas includas.

    E certo que as intuies das verdades necessrias so as mesmas, em todos os homens. No so generalizaes tiradas da experincia, e sim esto pressupostas e