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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA EMESCAM CINTÍA PEREIRA DA SILVA DÉBORA FERREIRA MEDEIROS ENELILDA ALVES PEREIRA PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE A OCORRÊNCIA DA VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM SEU COTIDIANO DE TRABALHO VITÓRIA 2018

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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA

DE VITÓRIA – EMESCAM

CINTÍA PEREIRA DA SILVA

DÉBORA FERREIRA MEDEIROS

ENELILDA ALVES PEREIRA

PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE A OCORRÊNCIA DA

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM SEU COTIDIANO DE TRABALHO

VITÓRIA

2018

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CINTIA PEREIRA DA SILVA DÉBORA FERREIRA MEDEIROS

ENELILDA ALVES PEREIRA

PERCEPÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM SOBRE A OCORRÊNCIA DA

VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA EM SEU COTIDIANO DE TRABALHO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Escola Superior de Ciência da Santa Casa de Misericórdia de Vitória como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem. Orientadora: Dr.ª Solange Rodrigues Da Costa

VITÓRIA 2018

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Resumo

Objetivo: Conhecer a visão da equipe de enfermagem de um Hospital Filantrópico de Vitória/ES sobre a violência no parto. Método: Trata-se de pesquisa qualitativa de caráter exploratório onde foram entrevistados vinte profissionais da equipe de enfermagem (enfermeiros e técnicos de enfermagem). Os dados foram analisados por meio da técnica de análise de conteúdo proposta por Bardin. Houve aprovação do projeto em Comitê de Ética em Pesquisa. Resultados: As participantes desse estudo entendem a violência obstétrica como o desrespeito a fisiologia do parto e a prática de determinados procedimentos tais como: manobra de Kristeller, episiotomia, toques vaginais repetitivos e agressão verbal. Por outro lado, uma parte significativa dos sujeitos não soube identificar práticas de violência no parto em seu cotidiano de trabalho. Entre as estratégias para a prevenção contra a violência no parto apontadas pelos sujeitos participantes desse estudo, evidencia-se a educação continuada, para profissionais e gestantes, a inclusão de doulas no parto e a redução do excesso de trabalho. Conclusão: Entende-se que a educação em saúde para as gestantes e especialmente para os profissionais de saúde é uma alternativa extremamente potente para a prevenção da violência obstétrica. Descritores: Profissionais de Enfermagem; Violência Contra a Mulher; Parto Obstétrico.

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ABSTRACT

Objective: To know the vision of the nursing team of a Philanthropic Hospital of Vitória / ES on violence in childbirth. Method: This is a qualitative exploratory research where twenty professionals of the nursing team (nurses and nursing technicians) were interviewed. The data were analyzed through the technique of content analysis proposed by Bardin. The project was approved by the Research Ethics Committee. Results: Participants in this study understood obstetric violence as disrespect to the physiology of childbirth and the practice of certain procedures such as Kristeller's maneuver, episiotomy, repetitive vaginal touches and verbal aggression. On the other hand, a significant part of the subjects did not know how to identify practices of violence in childbirth in their daily work. Among the strategies for the prevention of violence at childbirth indicated by the subjects participating in this study, it is evident the continuing education, for professionals and pregnant women, the inclusion of doulas in childbirth and the reduction of overwork. Conclusion: It is understood that health education for pregnant women and especially for health professionals is an extremely powerful alternative for the prevention of obstetric violence. Descriptors: Nursing professionals. Violence Against Women. Obstetric delivery.

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Resumem

Objetivo: Conocer la visión del equipo de enfermería de un Hospital Filantrópico de Vitória / ES sobre la violencia en el parto. Método: Se trata de una investigación cualitativa de carácter exploratorio donde fueron entrevistados veinte profesionales del equipo de enfermería (enfermeros y técnicos de enfermería). Los datos fueron analizados por medio de la técnica de análisis de contenido propuesta por Bardin. Se aprobó el proyecto en el Comité de Ética en Investigación. Resultados: Las participantes de este estudio entienden la violencia obstétrica como el irrespeto a la fisiología del parto y la práctica de determinados procedimientos tales como: maniobra de Kristeller, episiotomía, toques vaginales repetitivos y agresión verbal. Por otro lado, una parte significativa de los sujetos no supo identificar prácticas de violencia en el parto en su cotidiano de trabajo. Entre las estrategias para la prevención contra la violencia en el parto apuntadas por los sujetos participantes de este estudio, se evidencia la educación continuada, para profesionales y gestantes, la inclusión de doulas en el parto y la reducción del exceso de trabajo. Conclusión: Se entiende que la educación en salud para las gestantes y especialmente para los profesionales de salud es una alternativa extremadamente potente para la prevención de la violencia obstétrica.

Descriptores: Profesionales de Enfermería; Violencia contra la mujer; Parto Obstétrico.

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INTRODUÇÃO

A percepção da violência está associada com uma identificação do excesso de

ação, ou seja, ela é sentida quando se ultrapassa limites, estabelecidos pelo

meio social, cultural, histórico e ou subjetivo1.

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS a violência caracteriza-se

pelo uso da força física ou do poder, em ameaça ou na prática contra si própria,

outra pessoa, outro grupo ou comunidade que resulta em sofrimento, morte,

dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação2.

A violência específica contra a mulher pode ser entendida como qualquer ação,

baseada na desigualdade de gênero, que cause dano patrimonial, moral,

psicológico, físico e ou sexual. Tais situações comprometem a saúde física,

mental e o desenvolvimento humano, contribuindo fortemente para a

morbimortalidade feminina3.

Dentre os tipos de violência contra a mulher têm se destacado a violência

obstétrica que é caracterizada pela apropriação do corpo e dos processos

reprodutivos das mulheres pelos profissionais de saúde. Sendo assim, o

tratamento desumanizado, o abuso do uso de medicação e a patologização dos

processos naturais do parto, causa a perda da autonomia e da capacidade da

mulher decidir livremente sobre os seus corpos e sexualidade, impactando

negativamente em sua qualidade de vida, caracterizando assim, o que se chama

violência obstétrica ou violência no parto4.

A violência obstétrica também pode ser definida como a utilização de pelo menos

uma das práticas consideradas claramente desnecessárias, prejudiciais,

ineficazes e ou sem evidências científicas de acordo com a OMS, tais como, o

uso da posição supina ou litotômica no momento do parto, a infusão venosa de

rotina, o exame retal, a administração de ocitocina sem indicação precisa, o

incentivo ao puxo prolongado, a amniotomia precoce, a manobra de kristeller, os

toques vaginais repetitivos, a restrição hídrica e alimentar e a episiotomia de

rotina5.

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Em nossas aulas práticas da Disciplina Enfermagem em Saúde da Mulher foi

possível perceber que a maternidade onde realizamos nossas atividades, conta

com uma equipe empenhada em melhorar o atendimento à parturiente, porém,

foi possível observar que a prática da violência obstétrica ainda é frequente e

que muitas vezes os profissionais de saúde a faz acreditando que estão

beneficiando a mulher. Esses eventos nos motivaram a aprofundar nosso

conhecimento sobre o assunto e a delimitar nosso objeto de estudo.

O modelo de assistência ao trabalho de parto e parto no Brasil é conhecido pelo

intervencionismo, com prevalência elevada de intervenções obstétricas o que

demonstra a necessidade de esforços dos profissionais de saúde em modificar

o atual cenário da assistência obstétrica6.

Essa mudança se faz necessária, pois, segundo a Organização Pan-americana

de Saúde a violência obstétrica traz consequências significativas para a saúde

da díade mãe-filho, tais como baixo peso ao nascer, aborto, parto e nascimento

prematuro, morbidade e morte materna e fetal7.

Sendo assim, torna­se necessário uma revisão dos conceitos de parto

humanizado pelos profissionais de saúde, visto que muitos dos direitos das

mulheres são violados. É importante que as instituições vejam a parturiente

como um todo, e que os profissionais ajam de forma coerente com princípios da

humanização, não usando sua autoridade no âmbito hospitalar como forma de

opressão para com as mulheres8.

Dessa forma, estudos que tratem dessa temática tornam-se relevantes na

medida em que podem contribuir para melhor reflexão sobre esse assunto.

Tendo em vista que essa pesquisa foi realizada no campo de prática e que

haverá um retorno dos resultados para a equipe de saúde que ali atuam, esse

estudo poderá proporcionar não somente oportunidade para a equipe de

enfermagem repensar suas práticas, mas também, irá possibilitar um diagnóstico

sobre o entendimento da equipe de enfermagem sobre a violência no parto.

Optou-se então por estudar sobre a violência no parto sob a ótica da equipe de

enfermagem. Para tanto, delineou-se como objeto de estudo, conhecer a visão

da equipe de enfermagem de um Hospital Filantrópico do Espírito Santo sobre a

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violência no parto, as condutas e procedimentos identificados por eles como

violentas e as formas de prevenção contra a violência obstétrica.

MÉTODO

Trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva, exploratória, que visa estimular os

entrevistados a pensar e falar livremente sobre o tema, objeto ou conceito. As

informações colhidas nessa abordagem são analisadas registradas em relatório,

destacando opiniões, comentários e frases relevantes9, 10.

Esse estudo foi desenvolvido no Hospital Santa Casa - Unidade Pró-Matre

hospital de ensino da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de

Misericórdia de Vitória (EMESCAM) Espírito Santo, Brasil. Esse hospital conta

com uma equipe multiprofissional, composta por médicos e residentes, equipe

de enfermagem, assistente social, acadêmicos dos cursos de medicina,

enfermagem, serviço social e fisioterapia, dentre outros. Possui 67 leitos que

atendem ao SUS e 14 apartamentos que atendem convênios/particular,

totalizando 81 leitos de alojamento conjunto. Possui ainda quatro salas de

admissão/acolhimento, um centro obstétrico com cinco leitos para trabalho de

parto normal, uma enfermaria para atendimento clínico com dois leitos, duas

salas de parto normal, um centro cirúrgico com quatro salas para parto cesáreo,

uma Unidade Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) com oito leitos, uma Unidade

semi­intensiva também com oito leitos, dentre outros setores.

Participaram desse estudo os Técnicos de Enfermagem e Enfermeiros que

atuam na sala de admissão, centro obstétrico e centro cirúrgico da referida

instituição, formando uma amostra de conveniência com vinte profissionais.

Foram incluídos no estudo aqueles que prestam assistência direta às

parturientes na sala de admissão, centro obstétrico ou no centro cirúrgico,

atuando na área obstétrica por período igual ou superior a noventa dias. Foram

excluídos os profissionais que, apesar de estarem atuando nos setores

selecionados para o estudo, estavam nesses locais de forma temporária

(cobertura de férias), não sendo estes, seus locais de trabalhos de forma

contínua.

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A coleta de dados foi realizada pelas colaboradoras do estudo por meio de

entrevista semiestruturada agendada previamente com a equipe de enfermagem

e realizada em local tranquilo, no horário vespertino. Para facilitar esse processo,

elas foram gravadas em áudio e posteriormente foram transcritas na íntegra.

A análise dos dados é realizada por meio da aplicação da técnica de análise de

conteúdo temático-categorial que objetiva analisar o que foi dito nas entrevistas,

escrito nos instrumentos de pesquisa ou observado pelo pesquisador, com o

intuito de produzir inferências de um texto para seu contexto social11. Para tanto,

utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição dos conteúdos para

compreender criticamente o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto

ou latente, as significações explícitas ou ocultas. Pressupõe as etapas de pré-

análise (Figura 1), exploração do material (Figura 2) e tratamento dos resultados

(Figura 3), inferência e interpretação12.

Figura 1. Fluxograma da pré-análise dos dados de pesquisa sobre violência obstétrica. Hospital Santa Casa - Unidade Pró-Matre, Vitória/ES, mar/abr. 2018.

Fonte: as autoras.

Na fase de pré-análise procedeu-se a transcrição das entrevistas realizadas com

os enfermeiros e técnicos de enfermagem do Hospital Santa - Unidade Pró-

matre. Posteriormente, houve a análise flutuante desses depoimentos, leitura

Transcrição das entrevistas + leitura flutuante

Definição de eixos temáticos

1- Violência obstétrica na visão da equipe deenfermagem.

2- Condutas violentas.

3- Prevenção da violência obstétrica .

Construção de hipóteses provisórias

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flutuante para definição de eixos temáticos, construção de hipóteses provisórias

sobre o objeto estudado e sobre os conteúdos do texto analisado. 13

Figura 2. Fluxograma da exploração do material de pesquisa sobre violência obstétrica. Hospital Santa Casa - Unidade Pró-Matre, Vitória/ES, mar/abr. 2018.

Fonte: as autoras.

Na etapa de exploração do material foi realizada leitura horizontal das

entrevistas, construção do corpus da pesquisa, onde foi possível avaliar as falas

dos participantes por meio do método de avaliação de intensidade e direção. Em

seguida procedeu-se a realização de síntese e análise para a construção das

Unidades de Registro (UR) por meio de identificação de categorias

representativas. Esse processo possibilitou a construção das Unidades de

Contexto (UC) usando como referência as UR e as inferências decorrentes da

exploração do material. 13

Leitura horizontal e construção do corpus da pesquisa

Análise das falas dos participantes aplicando o método de avaliação

de intensidade e direação

Realização de síntese da análise

Identificação das Unidades de Registro (UR) e categorias

representativas

Construção das Unidades de Contexto (UC) usando como

referência as UR e inferências decorrentes da exploração do

material

Construção de unidades de registro e unidades de contexto

por categoria analítica

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Figura 3. Fluxograma do tratamento dos resultados de pesquisa sobre violência obstétrica. Hospital Santa Casa - Unidade Pró-Matre, Vitória/ES, mar/abr. 2018.

Fonte: as autoras.

O tratamento dos resultados se deu com a análise dos dados tomando como

referência as evidências científicas acerca da temática pesquisada. Em seguida

os dados foram organizados segundo as categorias empíricas, que foram

provenientes da busca das evidências expressas nas falas dos participantes do

estudo.

Assim, seguindo esses passos a partir da leitura flutuante, os documentos foram

organizados para elaboração do corpus da pesquisa que foi constituído por vinte

entrevistas realizadas com a equipe de enfermagem do referido hospital. Após a

construção do corpus, foram operacionalizadas as codificações, sendo

identificadas as unidades de registros, posteriormente, as unidades de contexto,

conforme mostra a Quadro 1. Estas foram encontradas nas falas, por meio de

palavras, que se agruparam segundo suas semelhanças e significados

identificados.

Elaboração das evidências primárias do estudo

Construção do quadro com descrição das categorias e evidências do

estudo

Elaboração de relatório com os resultados contextualizados com inferências e respondendo aos

objetivos propostos

Término da análise do conteúdo

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Quadro 1. Unidades de registro e de contexto por categorias analíticas de pesquisa sobre violência obstétrica. Hospital Santa Casa - Unidade Pró-Matre, Vitória/ES, mar/abr. 2018.

Unidades de registro Unidades de Contexto Categorias analíticas

Desrespeito à fisiologia do parto. Realização de procedimentos desnecessários. Negligência.

Durante o trabalho de parto, a mulher tem direito ao tratamento respeitoso, livre de qualquer tipo de violência.

Desrespeito a fisiologia do parto e violação de direitos humanos.

Realização de kristeller e episiotomia. Agressão psicológica e verbal. Restrição hídrica e alimentar.

A assistência ao parto ainda é permeada de procedimentos sem evidência científica.

Condutas e práticas desnecessárias para processo natural do parto.

Educação continuada. Qualificação da equipe. Inclusão de doulas. Educação em saúde para gestantes. Redução do excesso de trabalho.

A educação continuada, a qualificação da equipe, a inclusão de doulas no cenário do parto, a educação em saúde para gestantes e a redução do excesso de trabalho são essenciais para melhorar a assistência à mulher.

Estratégias para a prevenção da violência obstétrica.

Para atender aos princípios éticos em pesquisa o projeto dessa pesquisa foi

aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da EMESCAM. Os participantes do

estudo foram informados previamente sobre a pesquisa e foram convidados a

participar, sendo que sua inclusão foi realizada mediante o aceite formalizado

por meio de assinatura no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),

sendo garantido o anonimato dos participantes.

RESULTADOS

Fizeram parte deste estudo vinte profissionais entre enfermeiros e técnicos de

enfermagem, sendo todas do sexo feminino (100%), com faixa etária de até 24

anos (0%), 25 a 30 anos (20%), 31 a 35 anos (5%) e acima de 36 anos (75%),

sendo esta a faixa etária predominante. O tempo de serviço atuando na

Enfermagem foi de: até 1 ano (0%), de 1 a 2 anos (0%), maior que dois anos e

menor que cinco anos (15%) e maior que cinco anos (85%). Portanto, os sujeitos

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desse estudo foram mulheres, em sua maioria com idade acima de 36 anos e

exercendo a enfermagem por período superior a cinco anos.

Tomando como referência as categorias do estudo, buscaram-se as evidências

expressas nas falas e nos registros dos momentos de observação. O quadro a

seguir apresenta as categorias e evidências que orientaram o processo de

organização desta fase do estudo.

Quadro 2. Categorias e evidências identificadas no estudo sobre violência obstétrica. Hospital Santa Casa - Unidade Pró-Matre, Vitória/ES, mar/abr. 2018.

Desrespeito a fisiologia do

parto e violação de direitos

humanos

Condutas e práticas

desnecessárias para

processo natural do parto

Estratégias para a

prevenção da violência

obstétrica

Realização de procedimentos desnecessários.

Negligência.

Procedimentos sem evidência científica.

Educação continuada.

Inclusão de doulas

Educação em saúde para gestantes.

Redução do excesso de trabalho.

DISCUSSÃO

O Desrespeito a fisiologia do parto e a violação de direitos humanos

O modelo de assistência ao parto no Brasil é conhecido pelo intervencionismo,

algumas práticas consideradas prejudiciais ou desnecessárias ainda são

utilizadas. O período do parto torna a mulher mais frágil e vulnerável, sujeitando-

a a situações em que ela se sente insegura, sendo assim é primordial que haja

uma relação de respeito e humanização no atendimento14.

As participantes desse estudo entendem a violência obstétrica como o

desrespeito a fisiologia do parto e a prática de determinados procedimentos tais

como: manobra de Kristeller, episiotomia, toques vaginais repetitivos e agressão

verbal. Tal entendimento fica evidenciado quando mencionam:

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Enf 4 “Eu, acho que a violência obstétrica é o parto não humanizado, é você não respeitara questão fisiológica”.

Tec. Enf. 5“o epsio, e o kristeller né. ”

Enf. 17 “todo ato que fere a mulher dentro da instituição de saúde. ”

Tec. Enf. 9 “suturar a paciente, não faz anestésico [...]”.

O processo parturitivo deixa de ser um fenômeno de essência individual e

fisiológico e passa a ser um momento de experiências, muitas vezes negativas,

perdendo assim as características de individualidade feminina e de naturalidade,

sendo que os trabalhadores da saúde encaram o parto como um evento

patológico e propício para as intervenções, tornando esse momento uma

experiência sofrida e fria, no qual a mulher é considerada como um objeto15.

A desvalorização do parto natural e a prática cada vez maior de intervenções

cirúrgicas desnecessárias mostram o quanto a população feminina é carente de

informação e educação em saúde. O desconhecimento e o desrespeito aos

direitos sexuais e reprodutivos, além dos direitos humanos da mulher,

possibilitam a imposição de normas e valores morais depreciativos levados a

efeito por alguns profissionais de saúde16,17.

A episiotomia caracteriza-se por um procedimento cirúrgico realizado pelos

médicos para aumentar a abertura do canal vaginal com uma incisão realizada

na vulva, cortando a entrada da vagina com uma tesoura ou bisturi. Essa cirurgia

afeta diversas estruturas do períneo, tais como os músculos, vasos sanguíneos

e tendões, gerando em alguns casos, incontinência urinária e fecal, além de

provocar outras complicações, dentre elas a dor nas relações sexuais, risco de

infecção e laceração perineal em partos subsequentes, maior volume de

sangramento, além dos resultados estéticos insatisfatórios. Esse procedimento

quando realizado de rotina é considerado violência obstétrica, não trazendo

nenhum benefício para a mãe ou para o bebê18.

Em relação à manobra de Kristeller, resultante de “pressões inadequadamente

aplicadas ao fundo uterino no período expulsivo”, constitui-se claramente

prejudicial ou ineficaz e deve ser eliminada. É usada com frequência nos

hospitais com a finalidade de acelerar a expulsão do feto. Consiste em uma

manobra na parte superior do útero, durante as contrações, visando empurrar o

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nascituro em direção à pelve. Utiliza-se as mãos, braço, antebraço, joelho, e em

casos mais absurdos as pessoas sobem em cima do abdômen da parturiente18.

Trata-se de flagrante desrespeito à integridade física e nos casos mais comuns

pode provocar: lesão dos órgãos internos, hematomas, fratura de costelas,

hemorragias gerando também violência psicológica à gestante. Além de

exposição do recém-nascido a complicações decorrentes de distorcia de

ombros, fratura de clavícula, dentre outros18.

A exposição das parturientes a situações de violência obstétrica gera

repercussões de âmbito emocional e psicológico, levando a mulher ao

descontentamento diante do parto normal. Uma boa experiência no momento do

parto pode proporcionar à mulher condições essenciais para o nascimento de

seu filho, favorecendo o vínculo mãe-bebê. Entretanto, diante da exposição a

situações de violência, as consequências podem ser danosas, uma vez que a

mulher está em um momento de fragilidade emocional17,18.

As exposições a situações de violência no parto podem trazer repercussões

variadas à mulher, sendo elas físicas, por meio de feridas e hematomas deixados

durante os procedimentos; psicológicas, manifestadas por sentimentos

negativos, problemas na efetivação do vínculo entre a mãe e o bebê; e

emocionais manifestadas por meio do choro intenso19. Além disso, muitas

mulheres demonstram desinteresse por futuras gestações ou pelo parto vaginal.

A prática do toque vaginal, considerada como violência quando realizada com

frequência e por vários profissionais em curtos intervalos de tempo, é um

procedimento extremamente desagradável e doloroso, que infelizmente é prática

constante nas instituições de saúde e é uma técnica prejudicial à evolução do

parto, causando desconforto e edema de vulva20.

Contudo, em uma pesquisa realizada com parturientes internadas em um

Hospital Obstétrico foi identificado que as repetidas vezes que esse exame era

realizado a deixavam mais nervosas e inseguras, pois os profissionais o

praticavam não se preocupando com a sua privacidade21.

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Assim, o uso frequente destas intervenções para acelerar o processo de parto

pode provocar diversas complicações materno‐fetal. E muitos destes exames

são realizados sem explicação e consentimento da mulher22.

Variadas são as percepções sobre o tema, entretanto é notório o

desconhecimento sobre o real significado das violências obstétricas, o que

implica na aceitação passiva de determinadas práticas e eximem as mulheres

de reivindicar seus direitos e denunciar os atos violentos.

Aliado a tais condutas, o discurso dos sujeitos dessa pesquisa aponta para a

utilização de termos ofensivos, discriminatórios e difamatórios. Considerando

que a violência obstétrica não se configura apenas como o uso de intervenções

e/ou procedimentos invasivos20, a mesma pode se manifestar por meio de

agressões psicológicas e verbais21. Esse tipo de violência não é incomum nos

hospitais brasileiros, sendo praticado também pela equipe de saúde que atua na

maternidade pesquisada, como se evidencia nos fragmentos:

Tec. Enf. 9 “[...] as vezes a gente escuta nossos colegas falando certas coisas que não cabe a nós falar”.

Tec. Enf. 19“[...] internou uma paciente com obesidade mórbida, e isso virou brincadeira. ” Enf. 17. “[...] os próprios médicos mesmo (...) falando que se elas não calarem a boca vão deixar elas ganharem sozinhas. “ Tec. Enf. 10 [...] são ignorantes com o paciente [...] tem gente que é muito grosseira, fala coisa que não deve [...]”.

A violência psicológica é uma forma ainda invisibilidade e cruel de agressão

contra a mulher e uma das mais recorrentes no ambiente médico-hospitalar. A

violência obstétrica psicológica caracteriza-se por: privação de informações à

parturiente acerca dos procedimentos realizados; realização de comentários

ofensivos, insultuosos, discriminatórios, humilhantes ou vexatórios; tratar a

parturiente de forma grosseira, agressiva e não empática23.

A exposição da parturiente a situações de medo, abandono, inferioridade ou

insegurança; recriminação pelos comportamentos da parturiente, proibindo-a de

expressar suas dores e/ou emoções; procrastinação do contato entre a mãe e o

neonato; recriminar a parturiente por qualquer característica ou ato físico, tais

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como: altura, peso, opção sexual, raça, pelos, evacuação, estrias, também são

caracterizadas violência psicológica23.

Os comentários inadequados vindos de alguns profissionais de saúde refletem

falta de humanização, precariedade da assistência, falta de empatia e

transformam o parto em um processo patológico, isso marca profundamente a

vivência do parto e nascimento24.

Para quem está presente na sala de parto, escutar palavras ofensivas pode doer

e persistir mais que as agressões físicas, por sua dimensão invisível que se

projeta no campo moral e psíquico e por envolver todos numa conspiração do

silêncio, o que implica não dizer o que se pensa, o que acha justo, em respeito

ao outro. Os profissionais de enfermagem não percebendo as contradições em

que estão mergulhados, não enxergam possibilidades para romper com

situações de opressão e hierarquia e se silenciam.

Diante do abandono em que as parturientes são deixadas, os riscos de

complicações durante o parto e pós-parto podem aumentar drasticamente.

Através de uma pesquisa, evidenciou-se que o atendimento nos hospitais é

representado por descaso, abandono e dor e que estes estão ligados à violência

tanto psicológica quanto física25.

Persiste uma assistência onde prevalece o uso do poder e a ocorrência da

dominação simbólica, submissão, subordinação, autoritarismo, negligência e

impessoalidade com os aspectos emocionais e relativos ao cuidado no pré-parto,

parto e pós-parto imediato, tornando evidentes as relações de poder na

assistência à saúde da mulher. Em muitos casos, essas relações de poder são,

ainda, relacionadas a desigualdades baseadas no gênero e classe social, o que

determina hierarquia nos atendimentos20.

Os relatos da equipe de enfermagem sujeitos desse estudo evidenciaram ações

de ameaças, represálias, tratamento grosseiro e hostil, desvalorização da dor e

do sofrimento da paciente, desqualificação de suas queixas, dentre outros atos

violentos que caracterizam uma banalização do sofrimento da paciente.

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Percebe-se uma violência que se expressa por meio da objetificação da

paciente, que geralmente, não é reconhecida como um sujeito na relação com o

profissional de saúde, e sim como um objeto de intervenção para se chegar a

um fim. Ressalta-se que é de extrema importância melhorar a qualidade ética

das interações profissionais de saúde/paciente, numa perspectiva ampla de

cuidado, onde tanto as intervenções técnicas como as ações de suporte sejam

orientadas para o acolhimento, valorizando a mulher como protagonista de sua

assistência. 27

Condutas e práticas desnecessárias para processo natural do parto

Uma parcela considerável dos sujeitos participantes desse estudo identificou

ações e condutas praticadas no seu cotidiano de trabalho pelos seus pares e

pelo profissional médico como práticas desnecessárias ao processo de

parturição, tendo destaque a episiotomia e a manobra de Kristeller conforme

evidenciado nos relatos abaixo:

Enf. 4 “episiotomia com muito sangramento(...) o médico disse que a paciente era muito sensível”. Téc. Enf 6 “a médica teve que subir em cima da paciente”.

As mulheres aceitam a episiotomia porque acreditam na sua necessidade, creem

que esse procedimento as protege e também ao seu bebê. Acreditam, também,

que sua realização acelera o nascimento. Sendo assim, a falta de informação,

muitas vezes, é geradora de insegurança, desamparo e, até mesmo,

desencadeadora de atitudes agressivas, pois se revoltam diante dos

profissionais que as deixam a mercê dos acontecimentos do seu parto25.

Os resultados apontam que a prática da episiotomia, muitas vezes, é realizada

de forma rotineira sem o consentimento e conhecimento das mulheres. A mulher

deve ser informada sobre essa prática antes da sua realização, caso se faça

necessária. Logo, ela deve ser orientada sobre os possíveis riscos e benefícios

e deve autorizar ou não a realização desse procedimento21.

Em relação a prática da manobra de kristeller não existem evidências científicas

sobre os benefícios dessa prática, uma vez que os riscos potenciais com seu

uso incluem rotura uterina, lesão do esfíncter anal, fraturas ou lesões cerebrais

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nos recém-nascidos e aumento da transfusão de sangue entre a mãe e seu

bebê. Isto pode ser importante como fator desencadeante de sérios problemas,

principalmente quando a genitora tem HIV, hepatite B ou outra doença viral26.

Por outro lado, uma parte significativa dos sujeitos desse estudo, quando

solicitadas a dar um exemplo de violência obstétrica marcante ou que a

incomodou, não soube identificar essas práticas, conforme evidenciado abaixo:

Téc. Enf 5 ‘’ Isso aí no meu trabalho eu nunca vi não”.

Téc. Enf 1 “Isso para falar a verdade não aconteceu comigo”.

Apesar de boa parte dos técnicos de enfermagem demonstrarem conhecimento

a respeito da violência obstétrica, alguns deles não conseguiram exemplificar

essas condutas. É provável que tenham omitido essa informação por receio de

serem prejudicados no emprego, mesmo tendo sido esclarecidos de que não

seriam de foram alguma identificados. É possível também que eles tenham

repetido falas sobre violência que ainda não internalizaram completamente ou

que não saibam mesmo identificar as condutas consideradas violência no parto.

Observa-se ainda que o Brasil enfrenta uma crise ética de longa data que pode

estar refletindo na sociedade como um todo. Sendo assim, quando a

enfermagem não consegue exemplificar a violência obstétrica cometida por ela

mesma ou por outra categoria profissional, ela pode estar na verdade

mascarando uma banalização dos procedimentos desnecessários que

acontecem no cotidiano da assistência obstétrica da qual fazem parte.

Estratégias para a prevenção da violência obstétrica

A falta de infraestrutura hospitalar e o despreparo dos profissionais desde a

formação, favorecem a grande incidência do número dos casos de violência do

parto24. Além de melhorias nessa infraestrutura, é necessário melhor

qualificação da equipe para garantir uma assistência de qualidade.

Ao considerar a amplitude e complexidade da violência obstétrica, faz-se

necessária a adoção de medidas de prevenção quaternária 25 como: ações

individuais e coletivas de proteção contra o excesso de intervenções médicas,

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instrumentalização de outros profissionais na assistência ao parto de risco

habitual, tais como, os enfermeiros obstetras, contribuindo para a elaboração do

plano de parto e a promoção da autonomia e empoderamento das mulheres

desde o pré-natal.

Entre as estratégias para a prevenção contra a violência no parto apontadas

pelos sujeitos participantes desse estudo, evidencia-se a educação continuada,

para profissionais e gestantes, a inclusão de doulas no parto e a redução do

excesso de trabalho.

Enf.15 “Educação continuada para profissionais e gestantes”.

Tec enf1. “As pacientes tinham que procurar mais as reuniões no posto”. Téc.Enf. 12 “Ter umas doulas no parto”. Téc. Enf. 16 “Excesso de trabalho, termina fazendo coisa que não deve’’. Téc. Enf. 8 “Prestar atenção no que a paciente tá falando”.

A educação continuada é uma ferramenta essencial com a finalidade de

melhorar o desempenho profissional que, se conduzida como um processo

permanente, possibilita o desenvolvimento de competência profissional, visando

à aquisição de conhecimentos, de habilidades e de atitudes, para interagir e

intervir na realidade além de auxiliar a minimizar os problemas advindos da

defasagem na formação28.

Por vezes ela é confundida ou expressa como se fosse a Educação Permanente

em Saúde (EPS), sendo esta, compreendida como um conceito pedagógico que

relaciona ensino, serviço, docência e saúde, contribuindo para o

desenvolvimento profissional, a gestão setorial e o controle social28.

A EPS tem por base os pressupostos da aprendizagem significativa que devem

ser orientadores das ações de desenvolvimento profissional e das estratégias de

mudança das práticas de saúde3. Assim, apresenta-se como uma estratégia de

educação na saúde que tem um olhar sobre as necessidades da população,

configurando-se como um processo de gestão participativa e transformadora,

que inclui instituições de ensino, trabalhadores, gestores e usuários,

conformando o “quadrilátero da formação29,30,31.

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21

Acredita-se que tanto a prática da educação continuada quanto a educação

permanente em saúde sejam extremamente benéficas para melhorar a

qualidade da assistência à saúde. A educação em saúde para o trabalho

multiprofissional nas instituições de saúde é uma estratégia potente para o

aperfeiçoamento humano, desenvolvimento profissional e melhoria da

assistência.

É fundamental também a atuação dos profissionais de saúde, especialmente do

enfermeiro, no desenvolvimento de ações que promovam a gestação saudável

e que contribuam para que a mulher tenha um melhor entendimento sobre o

parto, especialmente o parto fisiológico.32

Para que a mulher receba uma assistência pré-natal de qualidade, é

indispensável o conhecimento sobre o trabalho de parto, pois essa compreensão

fará toda a diferença no momento do parto, evitando dessa forma que ela sofra

a violência obstétrica.

De acordo com os relatos da equipe participante desse estudo, evidencia-se que

a inserção de doulas no cuidado obstétrico desenvolvido nessa maternidade

pode ser uma estratégia possível para a prevenção da violência obstétrica.

A doula é considerada uma mulher treinada e experiente em prestar apoio, com

capacidade de fornecer contínuo suporte físico, emocional e informativo durante

o trabalho de parto e nascimento. As mulheres acompanhadas por doulas tem

duas vezes mais chance de ter parto vaginal, melhor recuperação pós-parto e

redução significativa do uso de analgesia, ocitocina, fórceps e cesariana33.

Em relação a carga de trabalho, ela sintetiza a mediação entre o trabalho e o

desgaste do trabalhador. Os profissionais de enfermagem são o contingente

maior de força de trabalho das instituições de saúde e seu trabalho impacta a

qualidade dos cuidados prestados. A sobrecarga no emprego constitui-se um

dos fatores que influencia a qualidade de vida no trabalho que, por sua vez,

apresenta relação com os níveis de satisfação associados ao serviço.34

Dessa forma, quanto maior a carga de trabalho, maior será a dificuldade dessa

equipe em realizar uma assistência adequada. O adequado dimensionamento

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de pessoal é fator fundamental para melhorar a relação enfermagem/paciente,

entre pares e com a equipe multiprofissional.

O relacionamento profissional de saúde/paciente será adequado quando eles

tiverem a capacidade e sensibilidade para escutar não ouvindo apenas, mas,

buscando a apreensão do sentido do dizer. Para escutar é necessário haver uma

doação, no sentido de se dispor inteiramente da escuta do que está sendo dito.

A escuta proporciona abertura para o mundo e para os outros, pois se trata de

um dizer que nos remete a um mundo, e não apenas a um mero falar.35

A Enfermagem, profissão que também está inserida na área da saúde, organiza

seu processo ensino aprendizagem e, consequentemente, suas práticas

assistenciais em torno desse modelo, levando-os muitas vezes a priorizar a

doença e não a pessoa em si. Os profissionais de Enfermagem, enquanto

restritos ao modelo biomédico, encontram-se impossibilitados de considerar a

experiência do sofrimento como integrante da sua relação profissional. Apesar

de ter como princípio, o cuidado do indivíduo sob a perspectiva integral

(biopsicossociocultural e espiritual), suas ações ficam aquém das expectativas,

uma vez que, muitas vezes, é priorizado o aspecto tecnicista36.

Se a função precípua da Enfermagem é o cuidado ao ser humano, é necessário

enfatizar a complexidade humana, focando a compreensão e o respeito ao outro,

por meio de uma escuta atenta e sensível37. Realizando dessa forma uma

comunicação eficiente enfermagem/paciente.

CONCLUSÃO

Os objetivos traçados nesse estudo foram alcançados na medida em que

buscamos, por meio das entrevistas com a equipe de enfermagem identificar as

condutas e procedimentos observados por eles em seu cotidiano de trabalho

como práticas de violência obstétrica, bem como as formas de prevenção desse

tipo de violência.

As concepções dessa equipe sobre a violência no parto foram apontadas e

analisadas sob a perspectiva da literatura atual sobre essa temática. A análise

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revelou que a violência obstétrica é uma violação de direitos humanos e faz parte

do cotidiano dessa instituição, sendo cometida, tanto pela equipe médica, quanto

pelos profissionais de enfermagem.

Acredita-se que a questão do gênero e da classe social estão implicados na

assistência a essas pacientes que são em sua maioria: mulheres, gestantes,

pobres e solteiras. Essas questões, aliada às relações de poder estabelecidas

entre os profissionais de saúde e essas pacientes, bem como a precárias

condições de trabalho e de recursos humanos, conformam terreno fértil para a

perpetuação da prática da violência institucional, uma vez que é realiza numa

instituição de saúde.

Entende-se que a educação em saúde para as gestantes e especialmente para

os profissionais de saúde é uma alternativa extremamente potente para a

prevenção da violência obstétrica e que a inclusão de doulas no cenário do parto

pode também contribuir significativamente.

LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Os achados desse estudo se aproximam com aqueles encontrados pelas

pesquisas atuais sobre essa temática, utilizando as mesmas estratégias

de coleta de dados e análise. Entretanto, entende-se que mesmo se

tratando de pesquisa qualitativa, houve um tamanho reduzido da amostra,

especialmente, no que diz respeito ao número de enfermeiros.

Recomenda-se a realização de novos estudos sobre violência obstétrica

onde a abordagem seja centrada na equipe de saúde como um todo e não

somente em única categoria profissional, tendo em vista que o trabalho

acontece de forma multiprofissional.

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APÊNDICE A -Formulário de entrevista sobre violência obstétrica

1-A Identificação: Enfermeiro ( ) Técnico/Auxiliar ( ) B- Tempo de serviço na enfermagem: ( ) < um ano ( ) Entre um e dois anos ( ) Maior que dois anos menor que cinco anos ( ) Maior que cinco anos C- Idade ( ) 18-24 anos ( ) 25-30 anos ( ) 31-35 anos ( ) Maior que 36 anos 2- O que você entende por violência obstétrica? 3- Dê exemplos de condutas ou procedimentos que acontecem no dia a dia de seu local de trabalho que você percebe como violência obstétrica? 4- Relate um caso ou acontecimento do seu cotidiano de trabalho que você identificou como violência obstétrica e que te marcou no exercício da sua profissão. 5- Dê sugestões de ações ou intervenções que poderiam prevenir a violência obstétrica nessa maternidade.

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APÊNDICE B- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Convidamos você para participar da Pesquisa “Percepção da equipe de enfermagem sobre a ocorrência da violência obstétrica em seu cotidiano de trabalho”. Neste estudo, pretendemos identificar sua percepção sobre a ocorrência da violência obstétrica em seu cotidiano de trabalho.

Sua participação é voluntária e se dará por meio de entrevista gravada, agendada previamente. Os riscos decorrentes de sua participação na pesquisa serão a interrupção de suas atividades e o tempo disponível para responder ao questionário. Para minimizar esses riscos a coleta de dados acontecerá no horário vespertino, podendo ser transferida para o dia seguinte se houver necessidade. Se você aceitar participar, estará contribuindo para a pesquisa em enfermagem no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Vitória – PROMATRE.

Independente do motivo, caso você desista em continuar participando, terá o direito e a liberdade de se retirar da pesquisa a qualquer momento, bem como retirar seu consentimento, sem nenhum prejuízo a sua pessoa. Você não terá nenhuma despesa e também não receberá nenhuma remuneração.

Os resultados dessa pesquisa serão analisados e publicados e sua identidade não será divulgada, sendo guardada em sigilo. Se durante o estudo você desejar esclarecer alguma dúvida a respeito da pesquisa, entre em contato com a Profª. Solange Rodrigues da Costa, telefone (27) 3218-5416 e (27) 999200409 ou com o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da EMESCAM, localizado no prédio da Farmácia - 3º andar da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória - EMESCAM, Av. N. S. da Penha, 2190, Santa Luiza - Vitória - ES - 29045-402, Telefone (27) 3334-3586.

CONSENTIMENTO PÓS–INFORMAÇÃO

Eu,___________________________________________________________, fui informado (a) sobre a pesquisa e concordo em participar do estudo, ciente que não irei receber nenhuma remuneração e que posso me retirar da pesquisa em qualquer momento. Este documento possui duas vias e ambas serão assinadas por mim e pela pesquisadora, ficando uma via com cada um de nós.

Data: ______/______/_______

Assinatura do Participante: ____________________________________________________

Assinatura do Pesquisador:____________________________________________________

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De: Professora Solange Rodrigues da Costa

Para: Centro de Pesquisa Clínica do HSCMV

Dr. Charbel Jacob Junior

Prezado Doutor,

Eu, Solange Rodrigues da Costa, solicito autorização Institucional para realização de projeto de pesquisa intitulado: “Percepção da equipe de enfermagem de um Hospital Filantrópico de Vitória/ES sobre a ocorrência da violência obstétrica em seu cotidiano de trabalho, com os seguintes objetivos: - Conhecera percepção da equipe de enfermagem sobre a ocorrência da violência obstétrica em seu cotidiano de trabalho; - Conhecer a visão da equipe de enfermagem sobre a violência no parto.

- Descrever as condutas e procedimentos identificados pela equipe de enfermagem que se caracterizam como violência obstétrica.

- Descrever a opinião da equipe de enfermagem sobre a possibilidade de prevenção da violência no parto em seu local de trabalho.

Trata-se de pesquisa qualitativa, descritiva, sendo que a coleta de dados será realizada por meio de entrevista gravada com a equipe de enfermagem da maternidade PROMATRE, necessitando, portanto, ter acesso à essa maternidade. Aproveito a oportunidade para informar que esta pesquisa NÃO ACARRETARÁ ÔNUS PARA O HOSPITAL.

Atenciosamente,

...............................................................................................................................

Solange Rodrigues da Costa Professora do Curso de Enfermagem da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia. Contato: E- mail: [email protected] Telefone: 999200409