VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013 Reportagem … · mil pessoas, terminar em violência e...

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Reportagem Especial 2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013 MANIFESTAÇÕES Secretário dá recado a vândalos André Garcia diz que não vai admitir que protestos terminem com atos de violência e depredação, como aconteceu na 5ª feira ADEMIR RIBEIRO - 18/06/2013 ANDRÉ GARCIA: “O recado para os vândalos é a cadeia”, afirmou. Acima, cenas de destruição durante o protesto, que teve prédio do Tribunal de Justiça e cabines da 3ª Ponte como alvo de baderneiros “O recado para os vândalos é cadeia.” Esse é o aviso passado pelo secretário de Estado da Segurança Pública, André Garcia, após o maior pro- testo da história do Espírito Santo, com participação de mais de 100 mil pessoas, terminar em violência e depredação. Durante a manifestação, ocorri- da na última quinta-feira em Vitó- ria, a grande maioria das pessoas protestava de forma pacífica, até a chegada ao Tribunal de Justiça do Estado (TJ-ES). No local, vândalos destruíram vidraças, colocaram fo- go na entrada do prédio e derruba- ram a guarita de estacionamento. Neste momento, a polícia preci- sou intervir com a tropa de choque para evitar mais estragos. O secre- tário destacou que a ação dos poli- ciais foi bem executada e garantiu a proteção dos manifestantes. “Tem de ter muito critério na hora de intervir e a gente buscou isso ontem. Infelizmente acontece um ou outro tipo de problema, mas nossa proposta foi proteger as pessoas de boa fé e os profissionais que estavam na manifestação.” Logo após a situação ser contro- lada no TJ-ES, o vandalismo se es- tendeu para os guichês da praça de pedágio da Terceira Ponte, Minis- tério Público Estadual e comércios da região da Enseada do Suá. André Garcia ressaltou ainda que nenhum estado do Brasil possui contingente policial para controlar 100 mil pessoas. Por isso, houve muita cautela no momento de agir. “Não há quem controle 100 mil pessoas quando começa uma con- fusão. Ninguém tem efetivo para isso. Em São Paulo, que tem o maior contingente policial do País, acontece o que estamos vendo: gente tentando invadir a prefeitu- ra, policiais e guardas acuados. É muito complicado.” O comandante geral da Polícia Militar, coronel Edmilson dos Santos, ressaltou que a polícia sim- patiza com o movimento, mas os vândalos que se infiltram nas ma- nifestações acabam sendo um grande problema. “O protesto contou com a simpa- tia da polícia, porque todo mundo quer essas reivindicações. Mas to- dos sabem que em eventos com grande aglomeração de pessoas, infelizmente existem bandidos que estão sempre dispostos a agir.” O comandante acredita que não houve excesso da PM. “Não houve excesso, muito pelo contrário. Evi- tamos ao máximo o confronto.” Comandante da PM diz que nada justifica violência O comandante da Polícia Militar do Espírito Santo, coronel Edmil- son dos Santos, comentou o fato de um dos policiais da tropa de cho- que da PM ter disparado balas de borracha contra duas jornalistas, durante o confronto com manifes- tantes, na última quinta-feira. Duas repórteres do jornal A Tri- buna, Francine Spinassé, 28 anos, e Andréa Nunes, 26, foram atingidas pelas balas disparadas na direção dos profissionais. Elas foram feri- das na cabeça e no braço direito, respectivamente. Os profissionais da imprensa haviam se identificado para os policiais antes do disparo. O comandante acredita que não há justificativa para ação, caso te- nha havido a intenção de atingir os jornalistas. “Se ele fez isso com in- tenção não justifica em momento nenhum. Não justifica nem se esti- ver com a cabeça quente”, afirmou. Já o comandante do Comando de Polícia Ostensiva Especializada (CPOE), coronel João Henrique de Castro, lamentou o fato e ressal- tou que os policiais são treinados para evitar esse tipo de situação. “Se me trouxer o nome do mili- tar podemos tentar apurar. Com certeza será apurado, não pode passar em branco. Nossa tropa treina muito para não acontecer isso. Militares que não têm o con- trole emocional, não podem ficar na linha de tiro.” O governador Renato Casagran- de também comentou o fato: “Têm minha solidariedade. Sinto muito. Por mais que possamos fazer a se- paração de pessoas de boa-fé e de má-fé, é complicado. O repórter também tem uma função de risco, está sempre ali do lado. Mas a po- lícia tentou fazer o seu trabalho, defendendo as pessoas.” O número de vândalos foi maior que no primeiro protesto, de segunda-feira. Nós tivemos vários focos de enfrentamento André Garcia, secretário da Segurança Infelizmente ontem (quinta- feira) foi mais um dia que pessoas acompanharam a manifestação para cometer crimes Edmilson dos Santos, comandante da PM ANIMAL É FERIDO Cão da PM tem a pata decepada por rojão Um cão policial do Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polí- cia Militar teve a pata decepada por um rojão atirado por vândalos, du- rante o protesto realizado em Vitó- ria, na noite de quinta-feira. De acordo com o chefe de Vete- rinária do BME, sargento Washing- ton Santos, o cão Bronx pode ter que deixar de exercer a função. “Ele foi adquirido em 2012. Há a possibilidade da lesão causada fa- zer com que a gente tenha de apo- sentá-lo, mas ele está bem. Eu fiz uma cirurgia reparadora na pata de- le, mas foi bem profunda a lesão.” POLÍCIA MILITAR ADRIANO HORTA - 20/06/2013 REPÓRTER DE A TRIBUNA foi atingida na cabeça por tiro de bala de borracha durante cobertura de manifestação em Vitória RODRIGO GAVINI - 20/06/2013 ADEMIR RIBEIRO - 20/06/2013 JUSSARA MARTINS - 20/06/2013

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Reportagem Especial2 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Secretário dá recado a vândalosAndré Garcia diz quenão vai admitir queprotestos terminemcom atos de violênciae depredação, comoaconteceu na 5ª feira

ADEMIR RIBEIRO - 18/06/2013

ANDRÉ GARCIA: “O recado para osvândalos é a cadeia”, afirmou.Acima, cenas de destruição duranteo protesto, que teve prédio doTribunal de Justiça e cabines da 3ªPonte como alvo de baderneiros

“O recado para os vândalosé cadeia.” Esse é o avisopassado pelo secretário

de Estado da Segurança Pública,André Garcia, após o maior pro-testo da história do Espírito Santo,com participação de mais de 100mil pessoas, terminar em violênciae depredação.

Durante a manifestação, ocorri-da na última quinta-feira em Vitó-ria, a grande maioria das pessoasprotestava de forma pacífica, até achegada ao Tribunal de Justiça doEstado (TJ-ES). No local, vândalosdestruíram vidraças, colocaram fo-go na entrada do prédio e derruba-ram a guarita de estacionamento.

Neste momento, a polícia preci-sou intervir com a tropa de choquepara evitar mais estragos. O secre-tário destacou que a ação dos poli-ciais foi bem executada e garantiua proteção dos manifestantes.

“Tem de ter muito critério nahora de intervir e a gente buscouisso ontem. Infelizmente aconteceum ou outro tipo de problema,mas nossa proposta foi proteger aspessoas de boa fé e os profissionaisque estavam na manifestação.”

Logo após a situação ser contro-lada no TJ-ES, o vandalismo se es-tendeu para os guichês da praça depedágio da Terceira Ponte, Minis-tério Público Estadual e comérciosda região da Enseada do Suá.

André Garcia ressaltou ainda quenenhum estado do Brasil possuicontingente policial para controlar100 mil pessoas. Por isso, houvemuita cautela no momento de agir.

“Não há quem controle 100 milpessoas quando começa uma con-fusão. Ninguém tem efetivo paraisso. Em São Paulo, que tem omaior contingente policial do País,acontece o que estamos vendo:gente tentando invadir a prefeitu-ra, policiais e guardas acuados. Émuito complicado.”

O comandante geral da PolíciaMilitar, coronel Edmilson dosSantos, ressaltou que a polícia sim-patiza com o movimento, mas osvândalos que se infiltram nas ma-nifestações acabam sendo umgrande problema.

“O protesto contou com a simpa-

tia da polícia, porque todo mundoquer essas reivindicações. Mas to-dos sabem que em eventos comgrande aglomeração de pessoas,infelizmente existem bandidosque estão sempre dispostos a agir.”

O comandante acredita que nãohouve excesso da PM. “Não houveexcesso, muito pelo contrário. Evi-tamos ao máximo o confronto.”

Comandante da PM dizque nada justifica violência

O comandante da Polícia Militardo Espírito Santo, coronel Edmil-son dos Santos, comentou o fato deum dos policiais da tropa de cho-que da PM ter disparado balas deborracha contra duas jornalistas,durante o confronto com manifes-tantes, na última quinta-feira.

Duas repórteres do jornal A Tri-buna, Francine Spinassé, 28 anos, eAndréa Nunes, 26, foram atingidaspelas balas disparadas na direçãodos profissionais. Elas foram feri-das na cabeça e no braço direito,respectivamente. Os profissionaisda imprensa haviam se identificadopara os policiais antes do disparo.

O comandante acredita que nãohá justificativa para ação, caso te-nha havido a intenção de atingir osjornalistas. “Se ele fez isso com in-tenção não justifica em momentonenhum. Não justifica nem se esti-ver com a cabeça quente”, afirmou.

Já o comandante do Comandode Polícia Ostensiva Especializada(CPOE), coronel João Henriquede Castro, lamentou o fato e ressal-tou que os policiais são treinadospara evitar esse tipo de situação.

“Se me trouxer o nome do mili-tar podemos tentar apurar. Comcerteza será apurado, não podepassar em branco. Nossa tropatreina muito para não acontecerisso. Militares que não têm o con-trole emocional, não podem ficarna linha de tiro.”

O governador Renato Casagran-de também comentou o fato: “Tê mminha solidariedade. Sinto muito.Por mais que possamos fazer a se-paração de pessoas de boa-fé e demá-fé, é complicado. O repórtertambém tem uma função de risco,está sempre ali do lado. Mas a po-lícia tentou fazer o seu trabalho,defendendo as pessoas.”

“O número devândalos foi maior

que no primeiro protesto,de segunda-feira. Nóstivemos vários focosde enfrentamento”André Garcia, secretário da Segurança

“ I n f e l i z m e n teontem (quinta-

feira) foi mais um dia quepessoas acompanharama manifestação paracometer crimes”Edmilson dos Santos, comandante da PM

ANIMAL É FERIDO

Cão da PM tem a patadecepada por rojão

Um cão policial do Batalhão deMissões Especiais (BME) da Polí-cia Militar teve a pata decepada porum rojão atirado por vândalos, du-rante o protesto realizado em Vitó-ria, na noite de quinta-feira.

De acordo com o chefe de Vete-rinária do BME, sargento Washing-ton Santos, o cão Bronx pode terque deixar de exercer a função.

“Ele foi adquirido em 2012. Há apossibilidade da lesão causada fa-zer com que a gente tenha de apo-sentá-lo, mas ele está bem. Eu fizuma cirurgia reparadora na pata de-le, mas foi bem profunda a lesão.”

POLÍCIA MILITAR

ADRIANO HORTA - 20/06/2013

REPÓRTER DEA TRIBUNAfoi atingidana cabeça portiro de balade borrachad u ra n t ecobertura dem a n i f e s ta ç ã oem Vitória

RODRIGO GAVINI - 20/06/2013

ADEMIR RIBEIRO - 20/06/2013

JUSSARA MARTINS - 20/06/2013

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10 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013

Reportagem Especial

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Exército pode ir às ruas no RioSecretário estadual deSegurança disse quea polícia não controloua situação durantemanifestações e nãodescarta pedir reforço

AGÊNCIA ESTADO

MULTIDÃO SAIU ÀS RUAS NA BARRA DA TIJUCA: manifestação começou pacífica, mas teve atos de vandalismo

RIO

O secretário estadual de Se-gurança, José Mariano Bel-trame, disse ontem, na pri-

meira vez em que comentou aação de vândalos durante os pro-testos do Rio, que o Exército pode-rá atuar nas ruas da cidade.

Em entrevista coletiva, Beltra-me reconheceu que a polícia nãoconseguiu controlar todas as si-tuações que aconteceram duranteas manifestações de quinta-feira ànoite, afirmando que “segurança éum jogo que ninguém nunca vaivencer ”.

“O Exército já esta no Rio. Nãoestá em função das manifestações,mas eles têm um contingente a serutilizado se o governo do estadodemandar. A secretaria possuiuma parceria antiga com o Minis-tério da Defesa e, se necessário,não serei eu que vou deixar de to-mar essa providência”, afirmou os e c re t á r i o.

Beltrame, que no momento daconfusão de quinta-feira estava noCentro de Integrado de Comandoe Controle (CICC) — que chegou a

ser pichado — destacou que “de -monizar ” a polícia só favorece osvândalos: “A polícia é o que o Esta-do brasileiro tem. Demonizar apolícia talvez seja benéfico para ovândalo. A polícia pode ter seus er-ros, suas mazelas, seus problemas.Pode não ter conseguido contor-nar todas as situações ontem, mascontornou muitas outras. Ontem,tivemos uma situação complexa.Se tivéssemos controlado, o Rio deJaneiro não tinha amanhecido co-mo amanheceu.”

O secretário disse que possíveisexcessos da polícia serão investi-gados. Na avaliação dele, seguran-ça pública é um “j og o” que nuncase vence: “Eu vou sempre cobrar edificilmente vou estar satisfeitoporque segurança é algo efêmero.”

A chefe de Polícia Civil, MarthaRocha, anunciou que dois homensenvolvidos nos tumultos de segun-da-feira, na Alerj, já foram identifi-cados. Um deles é Arthur dos An-jos Nunes, de 21 anos, cuja prisãotemporária (de cinco dias) já foidecretada pela Justiça por forma-ção de quadrilha e dano ao patri-mônio. Ele ainda não foi localizadopela polícia.

Um segundo também teria sidoidentificado com a ajuda das ima-gens, mas os policiais ainda nãoconseguiram um mandado dep r i s ã o.

Segundo a Polícia Civil, por cau-sa dos distúrbios de quinta-feira,cinco maiores foram presos e trêsmenores apreendidos.

MANIFESTAÇÕES PELO PAÍS

Maioria dos protestos no interior dos estados

REUTERS

HOMEM enfrenta batalhão de choque da polícia durante protestos no Rio

Ato pacífico termina em arrastãoNo dia seguinte à manifestação

que reuniu 300 mil ativistas, o Rioontem foi palco de diversos atosque reuniram muito menos gentemas, em vários casos, acabaramem saques e tentativas de invasão aestabelecimentos comerciais.

Um dos protestos pacíficosocorreu na zona sul, onde mani-festantes foram até o prédio ondemora o governador Sérgio Cabral(PMDB). Ele não estava em casa,segundo sua assessoria.

Enquanto um grupo de aproxi-madamente 2 mil pessoas protes-tava em paz, tendo como principalbandeira o combate à corrupção,

em outro trecho do bairro, houvesaques e depredações.

Por volta das 18 horas, uma con-cessionária de veículos na AvenidaAyrton Senna, que estava fechadapor receio de depredações, foi in-vadida por saqueadores. A PM dis-persou o grupo.

No meio de outra marcha, queprotestava de forma pacífica, aúnica confusão ocorreu quandoum grupo invadiu a Cidade dasArtes, complexo artístico que per-tence à Prefeitura do Rio. Cerca de20 pessoas derrubaram uma gradee ocuparam o prédio. Saíram assimque a polícia chegou.

R E P R O D U Ç ÃO

LOJA saqueada em bairro nobre

CENAS DOS PROTESTOS NO RIOAGÊNCIA ESTADO

EM NOVA IGUAÇU, a Rodovia Presi-dente Dutra chegou a ficar fechadapor duas horas e um grupo de radicaisprotagonizou cenas de vandalismo.

AGÊNCIA ESTADO

EM DUQUE DE CAXIAS, foram realiza-dos arrombamentos e saques a pelomenos cinco lojas, e até as 18h três jo-vens foram detidos.

Ontem foram registrados protestosem pelo menos 77 cidades do País

RIO DE JANEIRO

> RIO DE JANEIRO– 800 pessoas> HOUVE PROTESTOS também em:

Araruama, Barra do Piraí, Duque deCaxias, Nova Iguaçu, Petrópolis eSão João do Meriti

SÃO PAULO> SÃO PAULO – 1 mil pessoas> OS PROTESTOS aconteceram em pe-

lo menos mais 27 cidades, como:Campinas, Guarulhos, Piracicaba,Barueri, Jundiaí, Santo André e Ri-beirão Preto

A M AZO N AS> HOUVE MANIFESTAÇÃO em Presi-

dente Figueiredo

CEARÁ> FO RTA L E Z A – 10 mil pessoas> TAMBÉM ACONTECEU protesto em

C rat o

DISTRITO FEDERAL> B R AS Í L I A – 400 pessoas

G O I ÁS> MANIFESTAÇÕES em Novo Gama e

Valparaíso de Goiás

MINAS GERAIS> BELO HORIZONTE – 250 pessoas> TAMBÉM HOUVE protestos em Con-

tagem, Igarapé, Alfenas, Barreiro,Montes Claros, Nova União, Ribeirãodas Neves, Uberaba e Varginha

MATO GROSSO> CAMPO GRANDE – 300 pessoas> TAMBÉM FORAM registradas mani-

festações em Corumbá e Maracaju

PA R A Í B A> HOUVE MANIFESTAÇÃO em Campi-

na Grande

PA R A N Á> CURITIBA – 15 mil pessoas> PROTESTOS TAMBÉM em Toledo e

Marechal Cândido Rondon

PERNAMBUCO> R EC I F E – 300 pessoas

P I AU Í> TERESINA – 500 pessoas> TAMBÉM HOUVE manifestações em

Picos

RIO GRANDE DO SUL> HOUVE PROTESTOS em: Alvorada,

Caxias do Sul, Eldorado do Sul, En-cruzilhada do Sul, Esteio, FredericoWestphalen, Gravataí, Horizontina,Ijuí, Nova Hamburgo, Palmeira dasMissões, Passo Fundo, Sapucaia doSul e Santa Cruz do Sul

SANTA CATARINA> HOUVE PROTESTOS em Palhoça,

Chapecó e Balneário Camboriú

OBSERVAÇÃO: Foram informados ape-nas os números de manifestantes nasc a p i ta i s .

Fo n t e : Polícia Militar dos estados.

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Reportagem Especial

12 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013

CENAS DOS PROTESTOS

EM FORTALEZA (CE), cerca de 40 baderneiros entraram em confronto com a Po-lícia Militar após protesto pacífico. Cerca de 10 mil pessoas caminharam até a se-de da prefeitura exigindo emprego de 10% do PIB municipal em educação.

VA N DA L I S M O : protestos de quinta-feira deixaram ao menos 20 prédios públicosdepredados em 15 cidades, entre elas Curitiba (foto). Sedes de prefeituras, As-sembleias Legislativas e tribunais da Justiça viraram alvos.

EM CAMPOGRANDE (MS),sete pessoas fo-ram detidas du-rante manifesta-ção que come-çou pacífica,suspeitos de te-rem queimadocones de sinali-zação de trânsi-to e lixeiras. Se-gundo a PolíciaMilitar, cerca de300 pessoasp r o t e s ta ra m .

NO RECIFE (PE),a Polícia Militarusou spray de pi-menta e balas deborracha paradispersar mani-festantes, quebloqueavam aavenida Agame-non Magalhães.A polícia decidiuusar a força, ape-sar do caráter pa-cífico da cami-nhada.

EM TEREZINA(PI), cerca de500 pessoasparticiparam damanifestação naavenida Frei Se-rafim, segundo apolícia. Grupoisolado apedre-jou e jogou pneusqueimados den-tro da sede dogoverno de Piauí,mas não houvereação da polícia.

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Fifa nega plano parasuspender torneioSecretário-geral dainstituição afirmouque não há um plano Bpara tirar a Copa dasConfederações do País,mas pediu segurança

RIO

O secretário-geral da Fifa, Je-rome Valcke, afirma que pe-diu mais segurança ao go-

verno para a realização da Copadas Confederações, enquanto nosbastidores a entidade estaria ela-borando um plano B caso a violên-cia no Brasil saia de controle.

Oficialmente, Valcke insiste queo torneio irá até o final e que a Fifa éo “alvo errado” das manifestações.“Não temos responsabilidade. Pe-dimos a segurança que precisamospara ter o torneio até o final”.

Oficialmente, ele aponta que nãoexiste o risco de que o torneio saiado País. “A Copa das Confedera-ções está ocorrendo no Brasil e aCopa terá de ocorrer no Brasil. Va-mos garantir que ocorra da melhormaneira possível”, disse. Questio-nado se haveria uma alternativapara levar a Copa a outro lugar, eleapenas riu. “Não há plano B”.

Mas a Agência Estado apurouque não só existe um plano B paratodas as competições da Fifa co-mo, no caso do Brasil, a estratégiaseria a de levar os últimos jogos dotorneio a outros países.

Fonte próxima à Fifa, porém, in-siste que essa opção só seria acio-nada como última alternativa, nocaso de uma delegação ou ummembro da entidade ser alvo dea t e n t a d o.

Valcke ainda insistiu que a situa-ção precisa estar resolvida para a

TORCEDOR protesta com cartaz durante jogo no Maracanã: insatisfação

Copa do Mundo de 2014.

P R E J U Í ZO SO esforço da Fifa e do governo

em garantir a Copa das Confede-rações tem motivo: um prejuízobilionário. A suspensão do torneioe da Copa do Mundo de 2014, dei-xaria um rombo de mais de R$ 10bilhões, que seria bancado, emgrande parte, pela União.

Esse valor incluiria o rompi-mento de contratos, a suspensãode serviços e o cancelamento deacordos de televisão e de marke-

ting, além de infraestrutura.Fontes na Fifa dizem que patro-

cinadores estão preocupados coma repercussão negativa para suasmarcas. Muitos prefeririam trans-ferência da fase final da Copa dasConfederações para outro país doque um desastre no Brasil.

Operações de marketing foramcanceladas e, segundo empresas,mesmo que o torneio chegue ao fi-nal, os prejuízos serão grandes.

Oficialmente, porém, as empre-sas se recusam a comentar os pro-b l e m a s.

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VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 13

Reportagem Especial

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Pacto para acabar com a criseEm resposta aosprotestos, Dilma fezpronunciamento econvocou união paramelhorar os serviçospúblicos no País

DILMA disse em pronunciamento (destaque) que quer contribuir para uma “ampla e profunda” reforma política

B R AS Í L I A

Depois de três dias de silêncio,a presidente Dilma Rousseffdisse em cadeia nacional de

rádio e TV, na noite de ontem, quevai conversar nos próximos diascom chefes de outros Poderes, go-vernadores e prefeitos das princi-pais cidades do País a fim de reali-zar um grande pacto em torno damelhora dos serviços públicos.

De acordo com o pronuncia-mento, a proposta de Dilma terátrês eixos. O primeiro terá comofoco a elaboração do Plano Nacio-nal de Mobilidade Urbana, a fim deprivilegiar o transporte coletivo.

O segundo, a destinação de100% dos recursos do petróleo pa-ra a educação. E o terceiro, trazer,de imediato, milhares de médicosdo exterior para ampliar o atendi-mento do SUS.

Dilma disse que vai receber os lí-deres das manifestações pacíficas,os representantes das organiza-ções de jovens, das entidades sindi-cais, dos movimentos de trabalha-dores e de associações populares.

“Precisamos de suas contribui-ções, reflexões e experiências. Desua energia e criatividade, de suaaposta no futuro e de sua capaci-dade de questionar erros do passa-do e do presente”, declarou.

No discurso, a Presidente afir-

mou que é preciso “oxigenar onosso velho sistema político” e en-contrar meios que tornem as insti-tuições “mais transparentes”.

“É a cidadania, e não o podereconômico, quem deve ser ouvidoem primeiro lugar”. Sem dar deta-lhes, Dilma disse que quer contri-buir para a construção de uma“ampla e profunda” reforma polí-tica, a fim de aumentar a participa-ção popular.

A R R UAÇASDilma afirmou que os órgãos de

segurança têm “dever de coibirdentro da lei toda forma de vanda-lismo”. “Asseguro a vocês: vamosmanter a ordem”, afirmou. “Osmanifestantes têm direito de ques-tionar tudo e propor mudanças.Mas precisam fazer isso de formapacífica e ordeira”, disse.

“O governo e a sociedade nãopodem aceitar que uma minoriaviolenta e autoritária destrua o pa-trimônio público e privado, ataquetemplos, incendeie carros, apedre-je ônibus e tente levar o caos aosnossos principais centros urba-nos”, afirmou.

“A voz das ruas precisa ser ouvi-da e respeitada. E ela não pode serconfundida com o barulho e a tru-culência de alguns arruaceiros”,disse. “Não vou transigir com vio-lência e arruaça.”

Oposição diz que discurso foi óbvioParlamentares governistas e de

oposição fizeram avaliações dife-rentes do pronunciamento da pre-sidente Dilma Rousseff em cadeianacional de rádio e TV, motivadopela série de manifestações destasemana em várias cidades do País.

Para oposicionistas, são “obvie -dades” e “palavras soltas ao ven-to”. Líderes governistas conside-raram que a fala “manifestou res-peito à mobilização social” e umdiscurso “firme, humilde, respei-toso e propositivo”.

“Esse modelo de discurso é quelevou o povo às ruas. São palavrassoltas ao vento. Ela só anunciou oque já foi anunciado antes”, disse osenador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Para o deputado federal ArlindoChinaglia (SP) e líder do PT na Câ-mara, a presidente manifestou res-peito à mobilização social. “Ma i sdo que isso, abriu a possibilidadede, buscando entender as reivindi-cações, ter ações do governo fede-ral coordenadas com os governosestaduais e municipais.”

O senador Eduardo Braga (AM) elíder do governo no Senado disseque o pronunciamento foi bom. “Fo ifirme como deveria, humilde, res-peitoso e, ao mesmo tempo, propo-sitivo. Ela apresentou propostas, res-postas aos clamores da população.”

Já José Agripino Maia, senador(RN) e líder do DEM no Senado,considerou o discurso óbvio.“Achei que ela falou uma série deobviedades. Fez uma análise su-perficial do comportamento dosm a n i f e st a n t e s.”

“A voz das ruasprecisa ser ouvida

e respeitada. Não voutransigir com violênciae arruaça”Dilma Rousseff, presidente do Brasil

R E P E R C U SS Õ ES

Pre s i d e n t eApesar de não figurar na

lista de pré-candidatos aoPalácio do Planalto, o presi-dente do STF, Joaquim Bar-bosa, aparece como o prefe-rido dos manifestantes pau-listanos para suceder DilmaRousseff, mostra pesquisado Datafolha realizada naquinta- feira.

De acordo com o instituto,Barbosa foi mencionado por30% dos entrevistados, con-tra 22% da ex-senadora Ma-rina Silva. Dilma (PT) apare-ce em terceiro na lista, com10% das menções.

Fim dos partidosEm discurso ontem, o senador Cristovam

Buarque (PDT-DF) defendeu a extinçãodos partidos políticos no Brasil. Ao comen-tar as manifestações no País, ele disse quepara atender as reivindicações dos mani-festantes é necessário abolir os partidos.

“Talvez eu radicalize agora, mas achoque para atender o que eles querem nósprecisaríamos de uma lei: estão abolidos ospar tidos.”

AGÊNCIA BRASIL

I g re j aA CNBB divul-

gou nota públicade apoio às mani-festações, desdeque pacíficas.“Sejam fortaleci-mento da partici-pação popular nosdestinos de nossoPaís e prenúnciode novos. Que oclamor do povoseja ouvido!”.

Financial Times vê riscoReportagem da versão on-line do jor-

nal britânico Financial Times sobre osprotestos no Brasil diz que a onda dedescontentamento popular pode seruma “séria ameaça” à presidente DilmaRousseff nas eleições de 2014.

“A queda da confiança dos consumi-dores, especialmente entre os grupos demenor renda no Brasil, poderia repre-sentar uma séria ameaça para as chan-ces de reeleição de Dilma Rousseff nopróximo ano, segundo analistas”, diz.

FUTURA PRESS

Viagem adiadaA tensão política levou o se-

nador Aécio Neves (PSDB-MG)a adiar a viagem que faria a par-tir de amanhã para Pernambu-co e Paraíba, onde iria aprovei-tar as festas do São João paraincursão política pelo Nordeste.

Provável candidato tucano àPresidência em 2014, Aécio Ne-ves entende que o clima políticoatual do País não é propício aaparições em ambientes festivos.

AGÊNCIA BRASIL/REPRODUÇÃO DE TV

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Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 3

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Gangues infiltradase armadas na ruaUsando paus, cacos de vidro,

armas de fogo, facas, estile-tes e outros objetos pontia-

gudos, gangues formadas por jo-vens se infiltraram entre as pes-soas que participaram do maiorprotesto da história do Estado, naúltima quinta-feira.

O foco desses bandidos — no mí-nimo 300 segundo informou on-tem o comandante geral da PolíciaMilitar, coronel Edmilson dosSantos — era fazer arrastões pararoubar especialmente celulares,além de destruir prédios públicose promover terror.

A maioria carregava mochilasnas costas e trocava de blusas emmeio à multidão para evitar a iden-tificação. A reportagem de A Tri-buna flagrou essas cenas.

O comandante do Comando dePolícia Ostensiva Especializada(CPOE), coronel João Henriquede Castro Cunha, disse que foramapreendidas armas brancas, comofaca, estilete, objetos pontiagudose coquetel molotov (bombas).

Líquido inflamável (gasolina, ál-cool e éter) também foi aprendido.O coronel Henrique disse que essesprodutos foram usados para atearfogo em vários pontos da cidade.

Um policial do serviço reserva-do que estava infiltrado entre os

manifestantes contou que não viuninguém sacar armas, mas não te-ve dúvidas de que havia pessoasa r m a d a s.

A certeza se deu por dois moti-vos: pelo volume na cintura, debai-xo da blusa, e porque muitos foramreconhecidos por terem passagempela polícia, entre os quais por trá-fico e porte de arma.

A polícia também recebeu infor-mação da presença de várias ga-gues armadas acompanhando omovimento, inclusive do Bairro daPenha, São Benedito, Jesus de Na-zareth, na capital, e de Central Ca-rapina, na Serra.

O policial do serviço reservadoexplicou que mesmo reconhecen-do alguns bandidos que tiverampassagem e aparentemente esta-vam com armas escondidas nacintura, eles não os abordaram.

A explicação é de que essa abor-dagem poderia trazer riscos paramanifestantes, uma vez que poderiahaver reação e iniciar um tiroteioque poderia terminar em tragédia.

Mas esse policial garantiu que es-ses criminosos foram monitoradose estão sendo identificados, atravésde imagens gravadas. Ele, inclusive,garantiu que irá passar o final desemana analisando vários mate-riais para tentar identificá-los.

ADEMIR RIBEIRO - 20/06/2013

VÂ N DA LO S saquearam até as caixinhas de doação que ficam nas cabines do pedágio da Terceira Ponte

“Retirei pessoas em pânico”Ao ver cerca de 50 pessoas des-

truindo cabines da praça de pedá-gio da Terceira Ponte, quebrandovidraça e ameaçando partir para aagressão física, 32 funcionários setrancaram em duas salas da sededa Rodosol, no segundo andar.

Eles só deixaram o local depoisque o comandante do Comando dePolícia Ostensiva Especializada(CPOE), coronel João Henrique deCastro Cunha, chegou.

“Retirei pessoas em pânico, maisde 30 funcionários estavam no lo-cal. Dividi em três grupos, confor-me o município que cada um mo-rava. Quando cheguei ao local ocenário era de pânico. Muitos cho-ravam. Antes tentei acalmá-los.Eles foram levados pelos carros daempresa com segurança”, contou.

Um vigilante terceirizado pelaconcessionária chegou a ser agre-dido com chutes e pontapés aotentar conter os vândalos no mo-mento da invasão.

Duas arrecadadoras desmaia-ram na hora do confronto, maspassado alguns minutos ambas

melhoraram, após serem atendi-das por socorristas na empresa,que chegaram junto com a polícia.

A analista de comunicação daRodosol, Lis Trancoso, 27 anos, de-finiu como momentos de pavor aexperiência que passou ao lado decolegas na noite de quinta-feira.

“Enquanto jogavam as pedras navidraça, eles apontavam e diziamque iriam invadir o prédio para ba-ter na gente. Fiquei agachada commedo de ser atingida. Achei que iaacontecer o pior. Tive medo demorrer queimada ou de apanharmuito”, desabafou.

ADRIANO HORTA - 20/06/2013

TROPA DE CHOQUE na entrada da ponte após ataques de vândalos

LEONE IGLESIAS - 20/06/2013

CORONEL João Henrique Cunha: “O que fizeram foi falta de respeito”

Baderneiros tentaramestuprar três adolescentes

Se não bastasse o vandalismopromovido por uma minoria, ba-derneiros também tentaram estu-prar três adolescentes, em Vitória,durante o protesto de quinta-feira.

Os ataques foram em três pontosdistintos, segundo o comandantedo Comando de Polícia OstensivaEspecializada (CPOE), coronelJoão Henrique de Castro Cunha.

“Essas adolescentes foram ata-cadas debaixo da Terceira Ponte,na pracinha do Cauê e a outraquando voltava para casa sozinha,na Curva do Saldanha”, contou.

O coronel disse que os estuprossó não foram consumados, pois nastrês situações pessoas que estavamnas imediações se aproximaram,ao ver o desespero das jovens.

No entanto, ao verificar que aspessoas estavam chegando, os cri-minosos conseguiram escapar.

Pelas informações passadas, emcada situação eles agiram sozinhose aparentemente não estavam ar-mados. Todos tinham o rosto co-berto por panos.

Sobre o desfecho do protesto,que acabou em vandalismo, o co-ronel lamentou. “Infelizmente, es-se pessoal ofuscou uma reivindi-cação legítima. O que fizeram foiuma falta de respeito.”

Ele contou que muitos bader-neiros aparentavam estar droga-dos e bêbados.

Durante o dia de ontem surgi-ram boatos de que uma funcioná-ria de uma empresa terceirizadaque presta serviço de limpeza noTribunal de Justiça do Estado (TJ-ES) teria sido baleada de raspão nagaragem do prédio da Corte na úl-tima quinta-feira. Porém, o TJ-ESnegou que isso tenha acontecido.

OS NÚMEROS

Raio X do protestoSessenta baderneiros foram presos

Fonte: Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e Comando de Polícia Ostensiva Especializada (CPOE).

100 milPESSOAS PARTICIPARAM DOPROTESTO REALIZADO NA ÚLTIMAQ U I N TA- F E I R A

300 BADERNEIROSaproximadamente estavam entreesses manifestantes

17H30 ÀS 22H50foi o tempo que durou amanifestação na quinta-feira

500POLICIAIS MILITARES, do Batalhão deMissões Especiais (BME), Ronda OstensivaTática Motorizada (Rotam), cavalaria, batalhõesde Trânsito e Ambiental atuaram no protesto.

I SS OEQUIVALE A

100%DO EFETIVO

D ESSASU N I DA D ES

> 60 BADERNEIROS foram presos> 4 RADIOPATRULHAS foram danifica-

das> 140 CHAMADOS feitos para o Ciodes> 4 RÁDIOS HT da Rodosol foram recu-

perados pela polícia> 1 REVÓLVER de brinquedo foi apre-

endido> MAIS DE R$ 120 em moedas foram re-

c u p e ra d o s

> MAIS DE 10 PESSOAS ficaram feridasl eve m e n t e

> TRÊS ADOLESCENTES foram ataca-das por tarados que estavam no pro-testo e tentaram estuprá-las

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Reportagem Especial

4 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Cobrança de pedágio só na 2ª feiraApós destruição dascabines, serviço seráretomado, mas semos guichês de viaexpressa. Previsãoé de engarrafamentos

FÁBIO NUNES/AT

CABINE DESTRUÍDA durante protesto da última quinta-feira: sistema só voltará a operar normalmente em 15 dias

A cobrança de pedágio naTerceira Ponte será realiza-da manualmente, a partir da

zero hora de segunda-feira, inclu-sive para os veículos cadastradosno via expressa (sistema de paga-mento automático).

Desde a última quinta-feira ànoite, a passagem de carros está li-berada gratuitamente porque ascabines foram destruídas durantea manifestação.

Todos os condutores de veículosque passarem pelo pedágio a par-tir de segunda-feira vão ter de pa-gar a tarifa para os funcionáriosdas cabines e a passagem pela viaexpressa estará interditada.

Segundo informações da asses-soria de imprensa da Rodosol, osusuários da via expressa terão seuscréditos preservados integralmen-te, para serem utilizados quandoos sistemas operacionais voltarema funcionar. O que deve acontecerem 15 dias.

Nem todas as cabines do pedá-gio estarão funcionando na segun-da-feira. Por isso, a Rodosol orien-

ta que os motoristas que puderem,não passem pela Terceira Ponte,para evitar engarrafamentos.

A mudança precisou ser feitaporque as 16 cabines do pedágioforam incendiadas durante o pro-testo de quinta. Os guichês tam-bém foram saqueados.

No horário de pico, 65% dos 75mil veículos que passam pelo pedá-gio da Terceira Ponte diariamenteutilizam a via expressa. No horárionormal, esse percentual é de 49%.

De acordo com o presidente doInstituto Brasileiro de Estudos deTrânsito, Paulo Lindoso, comomais da metade dos veículos pas-sam direto pelo pedágio, com a co-brança automática os engarrafa-mentos serão inevitáveis.

“É provável que haja muito en-garrafamento, o que vai dificultartambém o trânsito em Vitória, por-que temos somente dois eixos viá-rios que abrigam um fluxo intensode veículos”, avaliou.

Lindoso lembrou que em casode acidente na Terceira Ponte, otrânsito em Vitória já fica travado.

“Não temos vias alternativas notrânsito do município. Quando umeixo engarrafa, o outro não supor-ta o desvio do tráfego.”

Ele também revelou que passoupelo pedágio ontem, sem cobrança,e enfrentou engarrafamento. “Otrânsito fica complicado na região,porque a ponte não suporta o tráfe-go que passa por ela todos os dias.”

Prejuízo ultrapassa R$ 427 milPela primeira vez a cobrança de

pedágio na Terceira Ponte foi sus-pensa, desde o início da concessãoda Rodosol, em 1998.

A empresa não informou quantodeixará de arrecadar com o pedá-gio nos dias que a passagem está li-berada para os veículos gratuita-mente. Em média, 75 mil veículospassam pela Terceira Ponte nosdois sentidos todos os dias.

Levando em consideração o pre-ço de R$ 1,90 para cada carro queatravessa a Terceira Ponte, e deacordo a quantidade de veículosque passa pelo local todos os dias,o pedágio arrecada, aproximada-mente, R$ 142.500 diariamente.

Durante três dias, todos os veí-culos passarão pelo pedágio sem

pagar. Com isso, o prejuízo vai ul-trapassar R$ 427.500.

Além do prejuízo com o pedágio,a Rodosol ainda vai contabilizar osdanos causados à estrutura da Ter-ceira Ponte com a destruição e aspichações. A empresa também vaiverificar os danos causados aosequipamentos e à infraestruturada Rodosol.

A assessoria do Tribunal de Justi-ça do Espírito Santo (TJ-ES) infor-mou que ainda está contabilizandoo prejuízo gerado pelas ações deva n d a l i s m o.

Um pequeno grupo durante amanifestação da última quinta-fei-ra quebrou as janelas do tribunal,derrubou a guarita e acendeu umafogueira em frente à portaria.

As primeiras pedras foram atira-das no Tribunal de Justiça por voltadas 19h45. Os manifestantes tenta-ram controlar os vândalos gritandopalavras contrárias à violência.

SAIBA MAIS

Passagem de 75 mil veículos/diaC o b ra n ç a> A PARTIR da zero hora de segunda-

feira todas as cobranças no pedágioda Terceira Ponte serão realizadasmanualmente.

> OS USUÁRIOS da via expressa tam-bém vão ter de realizar o pagamentomanualmente, feito pelos funcioná-rios da Rodosol nas cabines de co-b ra n ç a .

> OS CRÉDITOS de quem utiliza a viaexpressa serão preservados inte-gralmente, para serem utilizadosquando os sistemas operacionaisvoltarem a funcionar.

> SEGUNDO nota da assessoria de im-prensa da Rodosol, o sistema devevoltar a funcionar em 15 dias.

> NEM TODAS as cabines do pedágioestarão funcionando na segunda-f e i ra .

> A RODOSOL orienta que os motoris-tas que puderem, evitem passar pelaTerceira Ponte, até que o serviço sejanormalizado.

N ú m e ro s> 75 MIL VEÍCULOS passam pelo pedá-

gio da Terceira Ponte nos dois senti-dos diariamente.

> DESSES VEÍCULOS, 65% utiliza a viaexpressa no horário de pico e 49%em horário normal.

Pre j u í z o> SEGUNDO NOTA da assessoria de im-

prensa da Rodosol, as 16 cabines dopedágio foram danificadas por cercade 50 pessoas, durante o protesto daúltima quinta-feira.

> NO MOMENTO em que vândalos che-garam ao local, 32 funcionários setrancaram na sede da Rodosol napraça do pedágio.

> TAMBÉM foram saqueadas as doa-ções do projeto Doe Seu Troco, quearrecada durante três meses cercade R$ 15 mil para instituições de ca-ridade.

Fonte: R odosol.

Funcionários pedem paz e respeitoMais de 100 funcionários e ami-

gos da Rodosol participaram noinício da noite de ontem de umabraço simbólico no pedágio daTerceira Ponte.

O ato foi organizado pelos fun-cionários do pedágio que ficarampresos na sede da Rodosol duranteos atos de vandalismo. Eles defen-dem que as manifestações sejamfeitas com paz e respeito.

De acordo com o coordenadorde pedágio Leandro Viguini, aação foi motivada para conscienti-zar a população.

“A destruição do pedágio e osprejuízos à Terceira Ponte foramfatos isolados que nós não aprova-mos. Apoiamos a manifestação,desde que seja pacífica e não de-prede o patrimônio público, que éde todos.”

Ele disse que o protesto come-çou bonito, mas os atos de vanda-lismo foram lamentáveis. “A de-predação colocou em risco não so-mente os funcionários da Rodosol,

mas também todos os outros ma-n i f e st a n t e s ”, destacou Viguini.

Por volta das 17h45 de ontem, osfuncionários e amigos da Rodosolsaíram da sede da empresa e fe-charam o pedágio por cerca decinco minutos, cantando o Hino

Nacional e promovendo um abra-ço simbólico.

Depois, eles ficaram na lateral daTerceira Ponte e gritaram: “Ja m a i sserá vencida, família Rodosol uni-d a .” Os carros que passavam pelolocal buzinavam em apoio ao ato.

ADRIANO HORTA/AT

TRABALHADORES da Rodosol cantaram o Hino Nacional na pista

FÁBIO NUNES/AT

G U I C H ÊSDA PRAÇADE PEDÁGIOf i c a ra mdestruídos:Rodosol o r i e n tamotoristas aevitar passarpela 3ª Ponteaté queo serviço sejanormalizado

R$ 142.500é o valor médio arrecadadodiariamente na praça de pedágio

R$ 1,90é o valor que os carros pagamno pedágio

OS NÚMEROS

Page 7: VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013 Reportagem … · mil pessoas, terminar em violência e depredação. Durante a manifestação, ocorri-da na última quinta-feira em Vitó-ria,

VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 5

Reportagem Especial

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Co m e rc i a n t e sficam no prejuízoPortas, cadeiras e mesas que-

bradas, baixa no estoque demercadorias e muita sujeira.

Foi assim que comerciantes do en-torno do Tribunal de Justiça doEstado (TJ-ES), no bairro Enseadado Suá, em Vitória, encontraram aslojas na manhã de ontem, após osarrombamentos e saques de vân-dalos infiltrados na manifestaçãode quinta-feira. O prejuízo chega aR$ 50 mil, segundo comerciantes.

De acordo com a proprietária doCafé Vitória, Patrícia de JesusChaves, de 35 anos, o estabeleci-mento foi fechado às 14 horas paragarantir a segurança dos funcioná-rios e evitar a invasão, mas sem po-liciamento na rua Professor Al-meida Cousin, que fica atrás doTribunal, os baderneiros começa-ram a depredação.

“Eles saíram do tribunal quebra-ram minha porta, levaram água e

mais de R$ 400 em comida. Sou afavor da manifestação, mas não devâ n d a l o s ”, ressaltou. Para revertero prejuízo de R$ 10 mil deixado,ela estima que vai necessitar dedois meses de trabalho.

As vidraças e o balcão de atendi-mento do estabelecimento de es-tética e depilação Vip Depil Insti-tute também foram depredados.“Eles invadiram e perceberam quenão tinham nada para roubar.Quebraram e saíram. Foi um atode pessoas oportunistas, que nãorepresentam o desejo de melho-rias da maioria”, informou a pro-prietária Sandra Roberta Bruschi.

Segundo ela, os comerciantes doedifício Enseada Trade Center,onde fica a loja, decidiram contra-tar mais um segurança, mas osdois funcionários foram hospitali-zados após a ação. Eles foram me-dicados e liberados.

O Shopping Vitória suspendeu ofuncionamento cerca de oito horasantes do normal. Segundo a asses-soria do centro comercial, mesmocom o tumulto em frente à Assem-bleia Legislativa, não houve tenta-tivas de invasão e as lojas voltarama funcionar normalmente.

Os presidentes do Fecomércio,José Lino Sepulcri, e do Sindilojis-tas, Cláudio Sipolatti, informaramque as entidades ainda não termi-

LEONE IGLESIAS/AT

CAFÉ VITÓRIA foi alvo de vândalos, que quebraram porta e levaram mais deR$ 400 em comida, segundo a proprietária, Patrícia Chaves (destaque)

naram de calcular os danos.“Só por ter fechado as lojas mais

cedo, o faturamento caiu de 5% a10%”, informou Sepulcri.

O comandante do Comando dePolícia Ostensiva Especializada

(CPOE), coronel João Henriquede Castro Cunha, informou quecerca de 10 lojas foram quebradasnas proximidades do TJ-ES e que28 pessoas foram presas após ima-gens da ação serem divulgadas.

“I nva d i ra m ,quebraram e

saíram. Foi um ato deoportunistas, que nãorepresentam o desejo demelhorias da maioria”Sandra Roberta Bruschi, empresária

ELES TIVERAM PROBLEMAS

Te m o rSem dormir após

os estragos feitos porvândalos em sua loja,a dona da Vip DepilInstitue, Sandra Ro-berta, teme novasperdas. “Tenho asensação de que vãoagir de novo”.

Sandra disse quecontinua apoiandoas demandas dosm a n i f e s ta n t e s .

ADRIANO HORTA/AT

Ordem“A p o l í c i a va i

manter a ordemporque sabe quemé o vândalo”, acre-dita o franqueadoda Boticário, HugoCaiado, que perdeuR$ 20 mil na últimaq u i n ta .

Ele foi à manifes-tação com a famíliae pretende retornaràs ruas.

ADRIANO HORTA/AT

Lojas vão fechar cedo na 4ª feiraCom medo de mais saques e

destruição no comércio na próxi-ma manifestação, marcada para apróxima quarta-feira, a alternativados comerciantes continua sendofechar as portas às 17 horas.

“O governador Renato Casa-grande entrou em contato com osrepresentantes do comércio noEstado, preocupado com a situa-ção. Recomendamos ao empresa-riado encerrar as atividades antesna última manifestação e deu cer-to. Vamos manter a decisão ”, disseo presidente do Fecomércio, JoséLino Sepulcri.

Ele ainda aguarda a confirmaçãoda data do novo protesto, que en-tra em debate hoje pelos organiza-dores da manifestação na Univer-sidade Federal do Espírito Santo( Uf e s ) .

De acordo com assessoria do

Shopping Vitória, o estabeleci-mento vai cumprir a determina-ção, além de estudar nova estraté-gia de segurança.

Além de fechar as portas antesdo horário normal, o franqueadoroperador da perfumaria Boticário,na Enseada do Suá, Hugo Caiado,vai apostar em outra estratégia:“Vou retirar toda as mercadoriasdas gôndolas e fixar um cartaz pa-

ra os depredadores, informandoque estou com os manifestantes”,informou. Ele acredita que o ar-rombamento e saque de perfumese maquiagens somam R$ 20 mil.

Já o presidente do SindilojistasCláudio Sipolatti ressaltou queainda não estuda medidas paraconter outros estragos. E afirmouque, na última quinta-feira, as lojasna avenida Nossa Senhora da Pe-nha e no bairro Enseada do Suá ti-nham policiamento.

“Nenhuma polícia dá conta de100 mil pessoas. Esse é um proble-ma de educação e impunidade,que vândalos se nutrem para de-predar com tranquilidade. Não écaso de pedir mais policiamento”.

A assessoria da Polícia Militarinformou que a corporação vaiatuar para identificar e prenderpessoas que cometeram delitos.

“Re co m e n d a m o sencerrar as

atividades antes naúltima manifestaçãoe deu certo. Vamosmanter a decisão ”José Lino Sepulcri,presidente do Fecomércio

Lobão diz que momento nãoé oportuno e cancela show

O show do cantor Lobão, queaconteceria hoje em comemora-ção ao aniversário de 123 anos deCariacica foi cancelado por causada manifestação marcada paraacontecer no município.

Segundo a Prefeitura de Cariaci-ca, o cantor disse que o momentonão é oportuno e preferiu adiar oshow para uma data que ainda se-rá confirmada.

Em nota, a prefeitura disse quecancelou toda a programação paraa noite de sábado, que ocorreriaem frente à prefeitura, em Alto La-ge, onde está montado o palcoprincipal do aniversário, pois o ro-teiro dos manifestantes prevê umaconcentração próxima ao local.

“A Prefeitura de Cariacica apoiaa democracia e, por isso, entendeque o ato público é um direito de-

mocrático e legítimo de livre ex-pressão. Neste contexto e para ga-rantir a segurança dos manifestan-tes e do patrimônio público, che-gou-se a decisão de adiar os showsdeste sábado (hoje), que incluía asbandas Os Lopas, Marcelo Ribeiroe o roqueiro Lobão”, diz a nota.

Segundo o prefeito Geraldo Lu-zia de Oliveira Júnior, o Juninho,as programações marcadas para amanhã de hoje estão mantidas, as-sim como a programação da noitede domingo, com o show da bandaHoje Tem, e os cantores EmersonXumbrega e Péricles.

E na segunda-feira, dia do pa-droeiro do município, São JoãoBatista, um grande arraiá e as per-formances das bandas Forró Co-michão e Os Carreteiros estãom a n t i d o s.

D I V U LG AÇ ÃO

LO B ÃO preferiu adiar o show. Atrações de domingo e 2ª feira foram mantidas

ADRIANO HORTA/AT

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6 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013

Reportagem Especial

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Plano para conter baderneirosSentar no chão na horada baderna e proibir aparticipação de pessoascom o rosto cobertoestão entre as ideiaspara evitar confusão

FÁBIO NUNES/AT

PRÉDIO DOTRIBUNAL DEJ U ST I ÇA t evediversos vidrosq u e b ra d o spelos vândalos,no final dam a n i f e s ta ç ã ode quinta-feira.A Polícia Militarestudadistribuirmilitares emgrupos decinco paraa c o m p a n h a re mm a n i f e s ta n t e snos próximosp ro t e s t o s

Com sinalização de nova ma-nifestação na quarta-feira,manifestantes estão plane-

jando formas de evitar que bader-neiros ajam durante o protesto.

Na própria página do evento emuma rede social, muitos partici-pantes do protesto estão dandoideias para que episódios como ofinal da manifestação de quinta-feira, com quebra-quebra e saquesa prédios públicos, lojas e cabinesdo pedágio, não aconteçam.

A tática que ganhou a maioradesão foi a de no momento emque começarem a depredar patri-mônios ou que partirem para aviolência, os demais manifestantesse sentarem no chão.

Uma das participantes afirmouque o exemplo, como é o usado emprotestos na Argentina, faz comque seja mais fácil identificar aspessoas que estão depredando. Is-so faria também com que a políciapudesse prender essas pessoas.

Outra ideia dos manifestantes éproibir que pessoas possam parti-cipar da passeata com rostos co-bertos. “Infelizmente esses atosmancham a real proposta do ma-nifesto, então acho que a gente po-dia tentar diminuir a bagunça”,opinou Thamirys Brandão na redesocial.

Um engenheiro de 23 anos, queestava na manifestação na quinta-feira, disse que na frente do Tribu-nal de Justiça do Estado (TJ-ES),os manifestantes tentaram usar atática de se sentarem no chão paraidentificar quem estava jogandopedras nos vidros, mas não haviapolícia no momento para prender

Protesto hoje em seis cidadesDe branco e preto, manifestan-

tes vão se reunir às 13 horas de ho-je, em Cariacica, na praça de Cam-po Grande, para protestar contra arepressão e a corrupção.

O grupo vai seguir até a Câmaramunicipal e voltar pela BR-262, atéo posto de combustíveis Valentim(interditando a BR-262).

Fora da Grande Vitória, mais desete mil pessoas confirmaram pre-sença nas redes sociais para a se-gunda marcha que vai acontecerem Cachoeiro de Itapemirim hoje.Também estão programadas ma-nifestações em Marataízes, Mimo-so do Sul, Venda Nova e Guaçuí.

A manifestação de Cachoeiro es-tá marcada para o meio-dia, na ave-nida Beira-Rio. Os manifestantesseguirão em direção à prefeitura.

Em Marataízes, os manifestan-tes saem às 9 horas da praça daBarra de Itapemirim e seguirão atéa Praia Central. Policiais militaresde Rio Novo do Sul foram convo-

cados para garantir a segurança.Também está programado um

protesto em Mimoso do Sul, às 18horas, em frente ao Colégio Mon-senhor Elias Tomasi. Os manifes-tantes vão caminhar até a praça,em frente à prefeitura.

Em Guaçuí, a manifestação co-meça às 8 horas, com saída da en-

trada da cidade. Em Venda Nova, aconcentração será às 13 horas, emVila Betânia.

Em Colatina, oito mil pessoaspararam a cidade na quinta-feira, e1.500 voltaram a ocupar na tardeontem, as ruas do Centro. Elas fe-charam parcialmente a ponte Flo-rentino Avidos por três horas.

NILO TARDIN

MANIFESTANTES fecharam parte da Ponte Florentino Avidos, em Colatina

P R O G R A M AÇÃO

Manifestação a partir das 8 horasCariacica> MANIFESTANTES vão se reunir às 13

horas, em Cariacica, na praça deCampo Grande.

> O GRUPO vai seguir até a Câmaramunicipal e voltar pela BR-262, até oposto de combustíveis Valentim (in-terditando a BR-262).

Cachoeiro de Itapemirim> A MANIFESTAÇÃO está programada

para o meio-dia, com concentraçãoem frente ao Teatro Municipal Ru-bem Braga, na avenida Beira-Rio.

> OS MANIFESTANTES seguirão emdireção à Praça Jerônimo Monteiro,no centro da cidade.

> OS ORGANIZADORES da marcha afir-mam que o protesto é apartidário.

M a ra ta í z e s> OS MANIFESTANTES sairão por vol-

ta das 9 horas, da praça da Barra deItapemirim e seguirão até a Praia

Central da cidade.> POLICIAIS MILITARES de municípios

vizinhos, como Rio Novo do Sul, fo-ram convocados.

Mimoso do Sul> A CONCENTRAÇÃO no município se-

rá às 18 horas em frente ao colégioMonsenhor Elias Tomasi, na chega-da da cidade.

> OS MANIFESTANTES vão caminharaté a praça principal, em frente àp r e f e i t u ra .

Guaçuí> A MANIFESTAÇÃO está prevista para

8 horas, com saída da entrada da ci-dade.

Venda Nova do Imigrante> A CONCENTRAÇÃO acontece às 13

horas, no bairro Vila Betânia.

Fonte: Redes sociais.

“Faltou parceria”“Sou a favor

das manifesta-ções continua-rem, mas nãoconcordo comva n d a l i s m o .

Quinta- feiraa gente tinhacombinado desentar no chão se alguém come-çasse a depredar prédios. Masquando todos sentaram, não ti-nha policial para prender os vân-dalos, então não adiantou. Fal-tou parceria com a polícia e es-peramos que ela aconteça”.

Engenheiro, 23 anos

D E P O I M E N TOos vândalos, que foram vaiados.“Só funciona se a polícia estiveracompanhando a manifestação.”

Em uma enquete promovida namesma página, mais de 90% dosmanifestantes foram favoráveis aoacompanhamento da PM duranteo protesto para evitar confrontos.

P O L I C I A M E N TOO comandante geral da Polícia

Militar, coronel Edmilson dos San-tos, disse que chegou a discutir aquestão e sugeriu que, se os mani-festantes estiverem de acordo eaceitarem a presença da polícia,poderia ser feita operação como ade Carnaval.

“A gente poderia colocar poli-ciais em grupos de cinco para an-dar com a manifestação, no senti-do de proteger. A ideia de se sentarno chão é boa nesse caso”.

Hoje é dia de decisãoApesar da mobilização nas redes

sociais para uma nova manifesta-ção na quarta-feira, representan-tes do movimento dizem que sóhoje, após uma reunião, serão con-firmados data, horário e as reivin-dicações do movimento.

Um dos representantes, Walmirde Andrade, disse que também se-rá deliberado se haverá uma co-missão de representantes paramaior organização do movimento.“Acredito que representantes po-dem ajudar no diálogo e na organi-zação do movimento”.

A reunião será aberta a todos, apartir das 14 horas, em frente aorestaurante universitário da Uni-versidade Federal do Espírito San-to (Ufes). “Por enquanto não há

nada confirmado sobre greve geralou nova manifestação. Tudo serádefinido amanhã (hoje) e enviare-mos uma nota à população”.

Sobre as ações de vandalismo daúltima quinta-feira, ele disse quenão foi a favor da depredação doTribunal de Justiça do Estado (TJ-ES) e do saque das doações que se-riam destinadas a uma instituiçãode caridade.

Hoje, o movimento vai coletarmantimentos para entregar à insti-tuição que seria beneficiada.

Sobre a tática de sentar no chão,ao perceber que vândalos estãoagindo, Walmir disse que nãoacredita que a ação vá ajudar nasegurança. “Sentado há um riscomaior de balas nos acertarem”.

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Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 7

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Agora chegou avez das criançasE les podem ser pequenos,

mas já têm reivindicações degente grande e querem lutar

para que o futuro seja marcado pormais dignidade.

No protesto de quinta-feira etambém no ato da última segunda-feira, vários adultos e jovens foramaté as ruas manifestar contra vá-rios pontos que lhes desagrada-vam. Agora é a vez do protesto dasc r i a n ç a s.

Mas engana-se quem pensa queelas estão desorganizadas. A“Marcha das Crianças” já tem dia,horário, local e até página em redesocial com a confirmação de maisde mil pais, mães, crianças ouquem apoia a causa.

A manifestação dos pequenosvai ser realizada no dia 30, às 9 ho-ras. A concentração será em frenteao Clube dos Oficiais, na Praia deCamburi, em Vitória.

O evento foi organizado pelasblogueiras Meriene Zamprogno,20 anos, e Ana Nasily Xavier, 25,que desejavam que os filhos des-sem sua contribuição em um mo-mento histórico do Brasil. “Mu i t o spais não foram às últimas manifes-tações, pois não tinham com quemdeixar as crianças. Aí resolvemosque eles também deveriam parti-cipar, pois serão os adultos do fu-t u ro ”, explicou Meriene.

Ana acredita que mais de duas

mil pessoas vão participar da mar-cha, que tem suas próprias reivin-dicações. “Uma das questões quequeremos reivindicar é o aumentoda licença maternidade e a licençapaternidade de um mês. Tambémtemos outras questões que envol-vem as crianças e os pais”, contou.

A marcha também vai contarcom a participação dos pais. É ocaso do técnico de segurança dotrabalho Gustavo Lima, 30 anos,que é marido da Ana. Segundo ele,a importância dos pais no dia damanifestação é muito importante.

“Os pais também devem partici-par. Eu sou a favor de que meus fi-lhos, Isaac Afonso e a Ana Elisa, te-nham uma manifestação deles”,afirmou Gustavo.

A organização do evento estápedindo para quem for participare, principalmente, as crianças, queestejam com roupas brancas parasimbolizar a paz e com balões nascores da bandeira do Brasil.

O trajeto da “Marcha das Crian-ça s” é pequeno, se comparado aodas outras manifestações. As pes-soas vão sair da orla, em frente aoClube dos Oficiais, e irão até o Pierde Iemanjá. A manifestação vaicontar com a presença da Compa-nhia de Circo Miúdos.

“O caminho será curto, mas onosso desejo de mudanças é gran-de”, disse Ana.

PEQUENOS CIDADÃOS

ADRIANO HORTA/AT

RODRIGO GAVINI/AT

Irmãs unidasA analista de mídia social Ca-

mila Carnieli, 29 anos, e a univer-sitária Viviani Carnielli , 21 anossão bem unidas e não poderiamdeixar de ir juntas na manifesta-ção. “Na próxima, com certeza,vamos novamente, porque foimuito bom”, contou Viviani.

ACERVO PESSOAL

Fu t u roA secretária Simone Sandre, 29

anos, fez questão de levar o filhoMurilo no último protesto. Segundoela, eles ficaram acompanhado delonge a manifestação. Ela vai levaro menino à Marcha das Crianças.

“Temos de mostrar para as crian-ças que devemos lutar por um Bra-sil mais digno. Faço questão de le-vá-lo em qualquer manifestaçãoque lute por melhorias” contou.

ACERVO PESSOAL

Par ticipaçãoA monitora de transporte escolar

Ingride Lima de Oliveira, 19 anos,participou da manifestação da últi-ma quinta-feira, mas não pôde le-var a filha Rebeca.

Ela achou a ideia da Marcha dasCrianças muito interessante e vai,com certeza, levar a filha. “Ado reiter participado das manifestações eme senti fazendo parte da história.Quero passar isso para Rebeca”.

ACERVO PESSOAL

CidadaniaA consultora de recursos huma-

nos Glaciela Noronha, 39 anos,acha muito importante ensinar a fi-lha Maria Eduarda Noronha Go-mes, 7 anos, a lutar pelos seus di-reitos e lições de cidadania.

No dia 30, ela vai levar a filha àMarcha das Crianças. “Acho impor-tante passar para minha filha desdecedo lições de cidadania, por isso,vou levá-la à manifestação”.

RODRIGO GAVINI/AT

G e ra ç õ e sA dona de casa Conceição da

Silva, 70 anos, a aposentada Bi-biana dos Santos, 66, a econo-mista Adriana dos Santos, 39, e aestudante Eduarda dos Santos,13, são da mesma família e parti-ciparam da manifestação. Elasgarantem que vão novamente.

FÁBIO NUNES/AT

Filhas e sobrinhaO empresário Claudio da Cos-

ta Hernandez, 56 anos, foi aoprotesto acompanhar as filhasMariana e Juliana e a sobrinhaGabriela. Segundo ele, se hou-ver um novo protesto, eles vãonovamente. “É um momento his-tórico, temos de participar”.

ELES FORAM PARA A RUA

Famílias vão manter participaçãoMesmo com a presença de al-

guns vândalos, o protesto da últi-ma quinta-feira contou com a pre-sença de várias famílias que esta-vam no local por uma única razão:lutar por um Brasil melhor.

E essas mesmas famílias garan-tem que vão manter suas partici-pações se houver algum novo pro-testo. Eles estarão presentes comsuas bandeiras e cartazes com vá-rios dizeres.

Segundo o engenheiro JorgeGonçalves Pagiola, 53 anos, as fa-mílias devem participar juntas, deum momento que é histórico para

qualquer brasileiro. Ele esteve naúltima manifestação com a mulhere a filha do casal.

“Estou com 53 anos e essa é a pri-meira vez que vejo uma manifesta-ção dessa grandeza. Isso mostra aforça que o povo tem para lutar pe-los seus objetivos. Na próxima, voun ova m e n t e ”, afirmou Jorge.

A dona de casa Claudia dos San-tos, de 53 anos, fez questão deacompanhar o filho que é adoles-cente. “Na quarta-feira, ele disseque ia participar e eu não penseiduas vezes. Não me arrependi.Apesar do episódio com alguns

vândalos, tinham mais pessoaspensando em todo mundo. Napróxima vou de novo”, contou.

Para a professora Rosa Gonçal-ves, 35 anos, o brilho da manifesta-ção foi dado pela participação dasfamílias e de outras pessoas que es-tavam lá com objetivos concretos.

“A manifestação foi linda, penaque no final uma pequena partefez um estrago grande. Fui com omeu marido e minha mãe. Apesardos vândalos, com certeza vou vol-tar se houver um próximo protes-to e, dessa vez, quero levar maisgente da minha família”.

GUSTAVO E ANA defendem uma manifestação dos adultos do futuro e, por isso, vão levar os filhos Isaac e Ana Elisa

O QUE ELES QUEREM

Licença-paternidade de um mêsEd u c a ç ã o> UM DOS MOTIVOS do protesto é pe-

dindo mais creches da rede pública,inclusive para crianças mais novas eem tempo integral.

Sa ú d e> UMA DAS QUESTÕES relacionadas à

saúde está o parto humanizado e

mais respeito às gestantes.

Licença maior para pai e mãe> NA MARCHA, eles vão protestar a

favor da licença-maternidade deseis meses, também para as mãesque trabalham nas empresas pri-vadas, e a licença-paternidade deum mês.

Atenção a menores carentes> MAIS ATENÇÃO aos menores caren-

tes, pois assim a criminalidade infan-til tende a diminuir.

Combate à pedofilia> MAIS RIGOR na punição de pedófilos

e que crimes relacionados à pedofiliasejam, de fato, investigados.

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8 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013

Reportagem Especial

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Governador está aberto ao diálogoRenato Casagrandeelogiou a manifestaçãoque levou mais de 100mil pessoas às ruase disse que pretendeouvir representantes

RODRIGO GAVINI - 20/05/2013

RENATO CASAGRANDE ponderou que movimento precisa formar uma comissão para alcançar os objetivo s

“Estou disponível para od iá lo go ”, afirmou o go-vernador Renato Casa-

grande, ontem, um dia após mani-festação que levou mais de 100 milpessoas para as ruas de Vitória.

Ele acompanhou os protestosde dentro do Palácio Anchieta,por meio de televisão, internet etelefonemas. Inclusive, mantevecontato com o comando da PolíciaMilitar e com o secretário de Esta-do da Segurança Pública, AndréG a rc i a .

“Foi uma manifestação commuita energia, forte e histórica.Comunica os desejos das pessoas,mostra os sonhos e indignações.Fortalece a democracia”, exaltou ogovernador, elogiando o compor-tamento da maioria das pessoasque participaram.

Com uma pauta de reivindica-ções que reúne cerca de 20 itens,os manifestantes tentam, desde oinício, contato com o governador.Chegaram a marchar, na últimasegunda-feira, em direção à resi-dência oficial, na Praia da Costa,em Vila Velha.

Casagrande explicou que o me-

lhor caminho é, primeiramente,consolidar uma pauta com a ajudade seus secretários e reforçou quepretende ouvir representantes domovimento. “Sempre estou abertoao diálogo”.

Ele ainda pontuou que, até emnível nacional, é necessário formaruma comissão e bandeiras paraque possam “se desdobrar em fa-tos concretos”.

VA N DA L I S M OMesmo com elogio à atuação pa-

cífica da maior parte dos manifes-tantes, o governador lamentou aação de um pequeno grupo de vân-dalos que depredou a fachada doTribunal de Justiça do Estado (TJ-ES), quebrou vidros da sede doMinistério Público (MP-ES) e daAssembleia Legislativa e saqueouas cabines da Terceira Ponte.

“O que infelizmente fragilizouum pouco foi a ação de grupos vio-lentos de vândalos que destruírampatrimônio público e privado.Mas esse é um problema que estáocorrendo em todo o Brasil”, des-tacou.

Sobre a ação policial, frisou: “Ospoliciais atuaram com competên-cia no trabalho, reprimindo pes-soas de má fé”.

A assessoria do Tribunal de Jus-tiça do Estado informou, ontem,que a audiência dos manifestantescom o presidente da Corte, desem-bargador Pedro Valls Feu Rosa, es-tá confirmada para a próxima se-gunda-feira, às 14 horas.

O P I N I Õ ES

“A manifestação é umaviso aos governantes

e políticos, que o povoacompanha o trabalho detodos. O dono dos mandatoscontinua sendo o povo”Theodorico Ferraço, presidente da Assembleia

“A iniciativa popular quese alastrou pelo Brasil

é fenomenal. As bandeiraslevantadas nos eventos sãoas defendidas pelo MinistérioPúblico brasileiro”Eder Pontes, procurador-geral de Justiça

JULIA TERAYAMA - 01/02/2013

JULIA TERAYAMA - 31/08/2012

“As manifestações sãouma forma legítima

da sociedade expressarinsatisfações, protestar ecriticar. Mas deve ser feitarespeitando o patrimônio”Sérgio Ricardo de Souza, pres. da Amages

JULIA TERAYAMA - 09/08/2012

Preço datarifa de ônibuscai 10 centavosem LinharesL I N H A R ES

A manifestação que reuniu cercade 8 mil pessoas nas ruas de Li-nhares na quinta-feira parece co-meçar a surtir resultados. Ontem,a prefeitura anunciou que o valorda passagem cairá de R$ 2,30 paraR$ 2,20. A nova tarifa já começa ater validade a partir de amanhã.

A decisão do Conselho TarifárioMunicipal levou em conta a medi-da do governo federal de acabarcom a incidência do PIS/Cofinssobre a receita das empresas detransportes urbano rodoviário,metroviário e ferroviário.

Segundo a empresa que detém aconcessão do transporte públicourbano em Linhares, a redução éválida para o pagamento em di-nheiro na catraca. Já pagamentocom o cartão não sofrerá alteração,permanecendo em R$ 2,12.

O Conselho Tarifário Municipalé composto pelos secretários mu-nicipais de Administração e Desen-volvimento, Indústria e Comércio,além de representantes da empresaViação Joana D’Arc, da CâmaraMunicipal e sindicatos.

L I TO R A LO protesto que ocorreu na tarde

de quinta-feira interrompendo otrânsito em três trechos da rodoviaES-358, que dá acesso ao Pontal doIpiranga, Povoação e ao balneáriode Urusssuquara (São Mateus),também obteve resultado positivo.

A empresa que presta o serviçode transporte de passageiros paraa região também anunciou ontema redução das tarifas. A passagemjá foi reduzida de R$ 11,90 paraR$ 9,10.

Autoridades elogiam atoAutoridades do Estado elogia-

ram a intenção dos manifestantesde protestar em prol de melhoriasno País e lamentaram a atuação devândalos que depredaram benspúblicos e privados na noite da úl-tima quinta-feira.

“O vandalismo é lamentável. Es-se tipo de ação está em total discor-dância com a iniciativa desse mo-v i me n t o ”, afirmou o procurador-geral de Justiça do Estado, EderPontes, que acompanhou o protes-

to da sede do MP e completou:“Mas a iniciativa popular que sealastrou pelo Brasil é fenomenal”.

Presidente da Assembleia, Theo-dorico Ferraço fez coro: “A mani-festação foi um aviso aos gover-nantes e aos políticos, que o povoacompanha o trabalho de todos”.

O presidente da Associação deMagistrados do Estado (Amages),Sérgio Ricardo de Souza, destacou:“Foi uma forma legítima da socie-dade expressar insatisfações”.

“Tarifa em Vitória é a menorpossível ”, diz prefeito

O prefeito de Vitória, LucianoRezende, reuniu sua equipe ontempara analisar as manifestaçõesocorridas na noite da última quin-ta-feira. Destacou, inclusive, que apassagem de ônibus na capital foireduzida um mês antes do iníciodos protestos nacionais, diferentede outras cidades de fora do Esta-do, que só reduziram a tarifa apósm a n i f e st a ç õ e s.

“Reduzimos o preço da passa-gem e caso haja desonerações demais impostos é possível reduzirainda mais. O valor deve ser o me-nor possível. No entanto, a tarifazero é algo inviável para um siste-ma que depende de remunera-ção”, explicou o prefeito.

Ele esclareceu ainda que a deso-neração de impostos é algo quenão depende apenas da prefeitura,mas do Estado e da União. A pas-sagem de ônibus em Vitória caiude R$ 2,40 para R$ 2,35.

M A N I F ESTAÇ Õ ESSobre as manifestações, Luciano

destacou que há outras reivindica-ções além da questão da tarifa dotransporte coletivo e se mostroudisposto a ouvir os manifestantes,caso seja demandado.

“Temos que tentar compreenderesse fenômeno que está conectadocom movimentos pelo mundo in-teiro. O gigante acordou e está fa-lando, precisamos ouvi-lo”, afir-mou Luciano.

O prefeito ainda destacou que amanifestação em Vitória foi amaior de todas as capitais de esta-do, proporcionalmente: “Fo ra mmais de 100 mil pessoas e isso équase metade da população de Vi-tória. Foi histórico”, pontuou.

Além de Luciano e do secretaria-do, participaram da reunião ontemprofessores da Ufes e estudantes.

KADIDJA FERNANDES - 19/12/2012

“Foram mais de100 mil pessoas

e isso é quase metadeda população de Vitória.Foi histórico”Luciano Rezende, prefeito de Vitória

“Foi umamanifestação com

muita energia, forte ehistórica. Comunicaos desejos, mostra ossonhos e indignações”

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Reportagem Especial

VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013 ATRIBUNA 9

A N Á L I S ES

“Dirigentesprecisam acordar”

“Como historiador, acho que aideia de que o povo brasileiro épassivo e não participa é um mi-to. Historicamente, a populaçãobrasileira sempre se manifes-tou, de forma mais conscienteou mais violenta, mas sempre.

Não é novidade o povo ir paraa rua, mas é a forma como estásendo mobilizado. Estamos pas-sando por um processo de revo-lução tecnológica.

Quem acordou não foi o povobrasileiro, quem precisa acordarsão os dirigentes. Eles devemcomeçar a ficar preocupadoscom o futuro, porque a popula-ção já mostrou que está dispostaa fazer qualquer coisa para terseus direitos respeitados.”

Pedro ErnestoFa g u n d e s , historiador

e professor da Ufes

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Es p e c i a l i s ta sacreditam emmudançasPara eles, movimentosdevem melhoraro diálogo comautoridades e acabarcom a passividadeda população

LEONE IGLESIAS - 20/06/2013

MANIFESTANTES NA TERCEIRA PONTE: indignada, população mostrou que tem força para mobilizações

“Vivemos ummomento histórico”

“Qualquer previsão quanto aos des-dobramentos de tudo parece prematu-ra. Testemunhamos nos últimos diasmanifestações de insatisfação pluraise difusas, ao estilo das redes sociais,que propagam eventos com velocidadee abrangência impressionantes.

A ausência de um consenso ideoló-gico quanto ao que efetivamente sebusca, tende a reduzir as perspectivasde que o movimento desencadeie re-sultados concretos imediatos.

Não podemos negar que vivemosum momento histórico para a nossajovem democracia. Uma democraciaem formação, que carece de experiên-cias como essa, que nos enchem deincertezas quanto aos seus desdobra-mentos, mas que nos tomam de espe-rança quanto à possibilidade de cons-trução de um País melhor.”

Ricardo Goretti,advogado, professor ecoordenador do curso

de Direito da FDV

“População aprendeua se manifestar”

“O resultado imediato veio naprimeira etapa da mobilização,quando se conseguiu rever ocálculo da tarifa. Outro efeitoprático é que mostrou aos gover-nantes que eles não devem ficarde costas para a população.

O efeito de maior amplitude éesse da população brasileira fi-nalmente ter aprendido a se ma-nifestar, porque nós temos nosmanifestado por questões insti-tucionais, como as mobilizaçõescontra a ditadura e as DiretasJá!. Agora o povo está falandoda saúde, da educação, da tru-culência da polícia. Creio queesse movimento não irá parar devez e sim começar a selecionaras pautas para continuar.”

Adilson Vilaça,especialista em História

Política e professoruniversitário aposentado

“Estamos mostrandoque somos capazes”

“Das manifestações, vão sim surtirefeitos práticos, mas não se pode es-perar de uma maneira pré-determina-da ou pré-elaborada com antecedên-cia ou racionalidade. Os efeitos já es-tão acontecendo e o maior é já ter en-trado na História. Isso é fundamental.

As pautas e bandeiras estão sobre-postas, mas estão aí e serão colocadasem ordem ao longo do processo. Asruas não serão desocupadas de ime-diato e vão surgir conflitos internos nomovimento, que não é único e não po-deria ser, dado a sua espontaneidade.A sociedade mesma está se posicio-nando contra o quebra-quebra.”

André Filipe Santos,doutor em Sociologia

e Antropologia eprofessor da FDV

“Mudançasvão acontecer”

“A manifestação está pulveri-zada na questão de objetivos.Primeiro foi a questão da passa-gem e depois uma série de reivin-dicações. Todos estão perplexoscom o que está acontecendo.

Os elementos para análiseainda estão insuficientes. O queestá acontecendo é uma insatis-fação geral com o governo, que éo alvo das manifestações. Mu-danças com certeza vão aconte-cer. Se o catalizador do movi-mento foi o passe livre, agora jáestá maior do que isso.”

Hugo JúniorBrandião, mestre emAdministração Pública

Com as mais diversas reivindi-cações, as manifestações dosúltimos dias em todo País

ainda têm gerado algumas dúvidassobre os rumos dos protestos. Paraespecialistas, ainda é cedo para tra-çar o futuro do movimento e suaeficácia, mas eles acreditam quemudanças já estão acontecendo.

O sociólogo e professor aposen-tado da Ufes Erly dos Anjos afir-mou que é difícil fazer previsões,mas acredita e espera que haja mu-dança na relação entre a sociedadecivil e administração pública, prin-

cipalmente na forma de diálogo einteração entre as partes.

“Acredito que com esse movi-mento, as autoridades de um modogeral abram um diálogo e fiquemmais sensíveis aos anseios da socie-dade. Essa é a expectativa. A pró-pria presidente já tem tratado o as-sunto como prioridade, inclusivedesmarcando viagens”, afirmou.

Ele destacou que, além da expec-tativa de mais diálogo, algo estámudando na própria atitude daspessoas, que estavam mais passivasaté então.

“Agora, elas estão tendo essa ex-periência de exercer a democracia emostrar essa indignação. Essa lacu-na que existe entre a sociedade civile o governo deve ser estreitada.”

O sociólogo também disse que osmanifestantes agora têm um cami-nho a seguir, que é sair do idealis-mo e denuncismo e sentar e come-çar a pensar em coisas mais objeti-

vas e mais concretas que querempara o País.

Para o advogado, professor e co-ordenador do curso de Direito daFDV, Ricardo Goretti, ainda é pre-maturo qualquer tipo de previsãoquanto aos desdobramentos dasmanifestações. “Os gritos que to-mam as ruas de forma pacífica, ao

menos nas vozes da grande maio-ria, emocionam a todos nós. Reve-lam a força de uma juventude, a suacapacidade de mobilização, e, tam-bém espero, de efetiva atuação naluta constante pela efetivação dedireitos constitucionalmente já as-segurados. E que seja uma luta or-deira e responsável.”

“Os manifestantesdevem sair do

idealismo para pensarpontos objetivos econcretos de mudança”Erly dos Anjos, sociólogo

PARTICIPARAM DESTA REPORTAGEM: Alessandro de Paula, AndréaNunes, Eliane Proscholdt, Francine Spinassé, Jeniffer Trindade, Keylla Cezini,

Luiz Fernando Brumana, Lorrany Martins, Marcelle Desteffani, Nilo Tardin,Pollyanna Dias, Victor Muniz e Wilton Junior

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10 ATRIBUNA VITÓRIA, ES, SÁBADO, 22 DE JUNHO DE 2013

Reportagem Especial

M A N I F ESTA Ç Õ ES

Exército pode ir às ruas no RioSecretário estadual deSegurança disse quea polícia não controloua situação durantemanifestações e nãodescarta pedir reforço

AGÊNCIA ESTADO

MULTIDÃO SAIU ÀS RUAS NA BARRA DA TIJUCA: manifestação começou pacífica, mas teve atos de vandalismo

RIO

O secretário estadual de Se-gurança, José Mariano Bel-trame, disse ontem, na pri-

meira vez em que comentou aação de vândalos durante os pro-testos do Rio, que o Exército pode-rá atuar nas ruas da cidade.

Em entrevista coletiva, Beltra-me reconheceu que a polícia nãoconseguiu controlar todas as si-tuações que aconteceram duranteas manifestações de quinta-feira ànoite, afirmando que “segurança éum jogo que ninguém nunca vaivencer ”.

“O Exército já esta no Rio. Nãoestá em função das manifestações,mas eles têm um contingente a serutilizado se o governo do estadodemandar. A secretaria possuiuma parceria antiga com o Minis-tério da Defesa e, se necessário,não serei eu que vou deixar de to-mar essa providência”, afirmou os e c re t á r i o.

Beltrame, que no momento daconfusão de quinta-feira estava noCentro de Integrado de Comandoe Controle (CICC) — que chegou a

ser pichado — destacou que “de -monizar ” a polícia só favorece osvândalos: “A polícia é o que o Esta-do brasileiro tem. Demonizar apolícia talvez seja benéfico para ovândalo. A polícia pode ter seus er-ros, suas mazelas, seus problemas.Pode não ter conseguido contor-nar todas as situações ontem, mascontornou muitas outras. Ontem,tivemos uma situação complexa.Se tivéssemos controlado, o Rio deJaneiro não tinha amanhecido co-mo amanheceu.”

O secretário disse que possíveisexcessos da polícia serão investi-gados. Na avaliação dele, seguran-ça pública é um “j og o” que nuncase vence: “Eu vou sempre cobrar edificilmente vou estar satisfeitoporque segurança é algo efêmero.”

A chefe de Polícia Civil, MarthaRocha, anunciou que dois homensenvolvidos nos tumultos de segun-da-feira, na Alerj, já foram identifi-cados. Um deles é Arthur dos An-jos Nunes, de 21 anos, cuja prisãotemporária (de cinco dias) já foidecretada pela Justiça por forma-ção de quadrilha e dano ao patri-mônio. Ele ainda não foi localizadopela polícia.

Um segundo também teria sidoidentificado com a ajuda das ima-gens, mas os policiais ainda nãoconseguiram um mandado dep r i s ã o.

Segundo a Polícia Civil, por cau-sa dos distúrbios de quinta-feira,cinco maiores foram presos e trêsmenores apreendidos.

MANIFESTAÇÕES PELO PAÍS

Maioria dos protestos no interior dos estados

REUTERS

HOMEM enfrenta batalhão de choque da polícia durante protestos no Rio

Ato pacífico termina em arrastãoNo dia seguinte à manifestação

que reuniu 300 mil ativistas, o Rioontem foi palco de diversos atosque reuniram muito menos gentemas, em vários casos, acabaramem saques e tentativas de invasão aestabelecimentos comerciais.

Um dos protestos pacíficosocorreu na zona sul, onde mani-festantes foram até o prédio ondemora o governador Sérgio Cabral(PMDB). Ele não estava em casa,segundo sua assessoria.

Enquanto um grupo de aproxi-madamente 2 mil pessoas protes-tava em paz, tendo como principalbandeira o combate à corrupção,

em outro trecho do bairro, houvesaques e depredações.

Por volta das 18 horas, uma con-cessionária de veículos na AvenidaAyrton Senna, que estava fechadapor receio de depredações, foi in-vadida por saqueadores. A PM dis-persou o grupo.

No meio de outra marcha, queprotestava de forma pacífica, aúnica confusão ocorreu quandoum grupo invadiu a Cidade dasArtes, complexo artístico que per-tence à Prefeitura do Rio. Cerca de20 pessoas derrubaram uma gradee ocuparam o prédio. Saíram assimque a polícia chegou.

R E P R O D U Ç ÃO

LOJA saqueada em bairro nobre

CENAS DOS PROTESTOS NO RIOAGÊNCIA ESTADO

EM NOVA IGUAÇU, a Rodovia Presi-dente Dutra chegou a ficar fechadapor duas horas e um grupo de radicaisprotagonizou cenas de vandalismo.

AGÊNCIA ESTADO

EM DUQUE DE CAXIAS, foram realiza-dos arrombamentos e saques a pelomenos cinco lojas, e até as 18h três jo-vens foram detidos.

Ontem foram registrados protestosem pelo menos 77 cidades do País

RIO DE JANEIRO

> RIO DE JANEIRO– 800 pessoas> HOUVE PROTESTOS também em:

Araruama, Barra do Piraí, Duque deCaxias, Nova Iguaçu, Petrópolis eSão João do Meriti

SÃO PAULO> SÃO PAULO – 1 mil pessoas> OS PROTESTOS aconteceram em pe-

lo menos mais 27 cidades, como:Campinas, Guarulhos, Piracicaba,Barueri, Jundiaí, Santo André e Ri-beirão Preto

A M AZO N AS> HOUVE MANIFESTAÇÃO em Presi-

dente Figueiredo

CEARÁ> FO RTA L E Z A – 10 mil pessoas> TAMBÉM ACONTECEU protesto em

C rat o

DISTRITO FEDERAL> B R AS Í L I A – 400 pessoas

G O I ÁS> MANIFESTAÇÕES em Novo Gama e

Valparaíso de Goiás

MINAS GERAIS> BELO HORIZONTE – 250 pessoas> TAMBÉM HOUVE protestos em Con-

tagem, Igarapé, Alfenas, Barreiro,Montes Claros, Nova União, Ribeirãodas Neves, Uberaba e Varginha

MATO GROSSO> CAMPO GRANDE – 300 pessoas> TAMBÉM FORAM registradas mani-

festações em Corumbá e Maracaju

PA R A Í B A> HOUVE MANIFESTAÇÃO em Campi-

na Grande

PA R A N Á> CURITIBA – 15 mil pessoas> PROTESTOS TAMBÉM em Toledo e

Marechal Cândido Rondon

PERNAMBUCO> R EC I F E – 300 pessoas

P I AU Í> TERESINA – 500 pessoas> TAMBÉM HOUVE manifestações em

Picos

RIO GRANDE DO SUL> HOUVE PROTESTOS em: Alvorada,

Caxias do Sul, Eldorado do Sul, En-cruzilhada do Sul, Esteio, FredericoWestphalen, Gravataí, Horizontina,Ijuí, Nova Hamburgo, Palmeira dasMissões, Passo Fundo, Sapucaia doSul e Santa Cruz do Sul

SANTA CATARINA> HOUVE PROTESTOS em Palhoça,

Chapecó e Balneário Camboriú

OBSERVAÇÃO: Foram informados ape-nas os números de manifestantes nasc a p i ta i s .

Fo n t e : Polícia Militar dos estados.