Escopo do Projeto de Avaliação Institucional da Escola de ... · fundamentos nos quais está...

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Av. Reitor Miguel Calmon, s/n Escola de Administração da UFBA 2° andar- Vale do Canela Salvador - Bahia - Brasil - 40.110-903 Telefone: 71. 3283-7306 PROJETO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA (EAUFBA)

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Av. Reitor Miguel Calmon, s/n Escola de Administração da UFBA 2° andar- Vale do Canela

Salvador - Bahia - Brasil - 40.110-903

Telefone: 71. 3283-7306

PROJETO DE AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE

FEDERAL DA BAHIA (EAUFBA)

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1. INTRODUÇÃO

A Avaliação Institucional é um contínuo processo de reflexão e aprendizagem sobre a própria

existência, através do qual uma Instituição de Ensino Superior (IES) volta o olhar para si mesma, com

o objetivo de reconhecer a sua realidade acadêmica, pedagógica e administrativa e, a partir deste

ponto, elaborar conhecimento e propor caminhos a serem percorridos no sentido de aprimorar a

suas práticas, suas relações internas e ofertar, sobretudo, educação de qualidade, bem como,

fortalecer a sua importância como instituição social. O processo institucional de avaliar é efetivado

por meio de diversos procedimentos que viabilizam desde o levantamento, a análise e sistematização

de informações até a discussão do seu significado. Deste modo, este projeto pretende expressar os

fundamentos nos quais está amparada a proposta de avaliação institucional da Escola de

Administração da Universidade Federal da Bahia (EAUFBA), elaborada por sua Comissão própria de

Avaliação (CPA), instituída pela Portaria Nº 018/2013, de 11/11/2013, com a finalidade de servir

como subsídio e ponto de partida para iniciarmos, juntos, um frutífero, democrático e participativo

diálogo sobre o ato de identificar e enfrentar aqueles que são os desafios da Universidade Pública, da

EAUFBA e de nós todos, educadores, técnicos administrativos, alunos e comunidade externa, atores

centrais do processo de construção da educação superior.

A proposta de avaliação expressa por meio deste projeto é constituída a partir da Lei 10.861/2004

emanada pelo Governo Federal, no âmbito do Ministério da Educação que, propondo assegurar o

processo contínuo de avaliação das Universidades brasileiras via Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais (INEP), define o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior

(SINAES), cuja coordenação é feita pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior

(CONAES). Esta proposta de avaliação institucional está também alinhada com os preceitos da

Comissão própria de Avaliação da Universidade Federal da Bahia (CPA/UFBA), ou seja, embora seja

uma proposição para o âmbito da Escola de Administração, não só é parte, como se encontra

articulada com as esferas local e nacional de avaliação institucional da educação superior.

Isto posto, é preciso ratificar que embora haja a necessidade e obrigatoriedade da avaliação

institucional, o desejo de reconhecer a própria realidade, evidenciando os desafios atuais da

educação superior, da Escola de Administração; conhecer os aspectos já fortes das suas dimensões

acadêmica, pedagógica e administrativa e os que ainda podem ser fortalecidos são, de fato, os

elementos condicionantes e propulsores desta proposta, que segue organizada a seguir da seguinte

forma: justificativa, concepção e os elementos norteadores da avaliação institucional da EAUFBA, os

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seus objetivos, a apresentação resumida do perfil da UFBA, a metodologia de realização seguida da

matriz de avaliação; e, ainda, as referências bibliográficas que subsidiaram a escrita deste projeto.

2. JUSTIFICATIVA

A avaliação de instituições de ensino superior tem como finalidade primordial promover o

conhecimento e a compreensão dos fatores associados aos êxitos e dificuldades dessas instituições e

gerar subsídios para a correção de rumos, tendo em vista o cumprimento da missão e dos objetivos

institucionais. Constitui-se como uma prática abrangente, coletiva, contínua e sistêmica que exige a

articulação entre as diversas atividades e atores institucionais. Tem como objeto a análise das

estruturas, processos e resultados, com base em critérios claramente definidos, com vistas à tomada

de decisão. Nessa perspectiva, se configura ao mesmo tempo como um processo contínuo de análise

do desempenho acadêmico, uma ferramenta para a gestão universitária e um instrumento de

prestação de contas à sociedade.

No âmbito das instituições de ensino superior públicas, a avaliação assume um papel central frente

aos desafios que se colocam para estas instituições na sociedade contemporânea, basicamente: a

exigência de maior eficácia, eficiência e efetividade nos processos de produção e distribuição de

conhecimentos; e a necessidade de atender à ampliação e diversificação das demandas por

formação, em termos quantitativos e qualitativos, especialmente as relacionadas ao perfil do

alunado e aos novos perfis de egressos colocados pelo contexto político, econômico e social.

Nesse contexto, a implantação do projeto de avaliação institucional da EAUFBA se justifica pela

necessidade de responder às seguintes questões: a) desenvolver um processo contínuo e sistemático

de auto-conhecimento e reconhecimento das dificuldades, potencialidades e desempenho da

instituição; b) atualizar o projeto acadêmico adequando - o ao contexto atual, essencialmente

marcado pelas demandas colocadas pela ampliação de vagas na universidade e, em consequência, a

mudança no perfil do alunado, sem perder de vista a identidade, os objetivos e a missão

institucional, assim como a busca contínua da qualidade da educação; c) aperfeiçoar o processo de

gestão acadêmica, incluindo as atividades de ensino, pesquisa e extensão, além das atividades

administrativas de apoio ao ensino; d) estimular a colaboração dos diversos setores e categorias

(professores, estudantes e funcionários) que integram a EAUFBA em torno de um processo contínuo

de aperfeiçoamento e legitimação institucional; e) criar uma cultura de avaliação como um processo

permanente integrado a atividade fim da Escola de Administração e da UFBA; f) contribuir para a

melhoria dos resultados da EAUFBA nos processos de avaliação externa realizados pelos órgãos de

financiamento e regulação da educação superior.

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3. CONCEPÇÃO E PRINCÍPIOS NORTEADORES

O termo avaliação abriga desde as ponderações que os indivíduos fazem de forma assistemática,

baseados em juízo de valor e critérios subjetivos, sobre as suas decisões e escolhas cotidianas, as

verificações de resultados alcançados individual ou coletivamente, até as práticas formais e

sistematizadas, baseadas em critérios e métodos mais rigorosos (AGUILLAR e ANDER-EGG, 1994;

BELLONI et al., 2000).

Originária do latim “a–valere”, a palavra avaliação que significa dar valor. Portanto, envolve sempre

um julgamento de valor. Contudo, não existe um valor absoluto, definitivo e universal. Nesse sentido,

os contextos e as relações destes com os sujeitos e fatos são, também, dimensões presentes no ato

de avaliar. De acordo com Luckesi (2000), três são os elementos constitutivos da avaliação: a análise

da realidade (contextualização); o julgamento de valor e a tomada de decisão. Nesse sentido, avaliar

consiste em analisar contextos, atribuir valores, construir significados e dar um sentido a ação.

Nesse sentido, para situar melhor o termo avaliação, como uma prática formal e sistemática, torna-

se necessário definir o seu objeto, os sujeitos, os enfoques e procedimentos adotados, considerando-

se que estes traduzem os propósitos e interesses específicos dos atores envolvidos (GARCIA, 2001).

Para efeito desse projeto, toma-se como referência um conceito que define a avaliação como “um

processo sistemático de análise de uma atividade, fatos ou coisas que permite compreender, de

forma contextualizada, todas as suas dimensões e implicações, com vistas a estimular o seu

aperfeiçoamento” (Belloni, 2000, p.15). Esta definição se filia a uma concepção de avaliação que se

convencionou chamar de construtiva ou meritocrática, que enfatiza as dimensões diagnóstica,

dialógica e formativa da avaliação e a utilização de critérios e indicadores de qualidade acadêmica e

eficácia social, construídos a partir da identidade institucional. Como tal, pressupõe posturas que

favoreçam a democracia institucional, a autonomia, a ética, a integração de métodos quantitativos e

qualitativos de avaliação e sensibilidade individual e coletiva para mudança e inovação.

Adotando-se como referência a concepção construtiva de avaliação, propõe-se que o processo de

avaliação da EAUFBA se apoie nos seguintes princípios:

1. Globalidade – avaliação que considere todos os elementos que compõem a instituição de

ensino: ensino, pesquisa, extensão e gestão;

2. Respeito à identidade da instituição – observância às características próprias da instituição;

3. Progressividade – ampliação e aperfeiçoamento gradual da avaliação;

4. Participação – envolvimento e contribuição dos diferentes segmentos: discentes, docentes,

pessoal técnico-administrativo e representantes da sociedade civil;

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5. Competência Técnica - adoção de métodos e técnicas adequados à especificidade do objeto

investigado e construção de indicadores capazes de produzir dados e informações

relevantes;

6. Transparência – ampla divulgação do processo e resultados da avaliação;

7. Continuidade – garantia da avaliação como um elemento permanente da gestão acadêmica

da EAUFBA;

8. Utilização dos resultados – garantia de uso dos resultados produzidos pelo processo de

avaliação para o aperfeiçoamento da instituição, mediante a adoção de ações que

promovam a otimização das potencialidades e a superação dos entraves detectados.

4. OBJETIVOS DA AVALIAÇÃO

Listam-se na sequência o objetivo geral e os objetivos específicos deste projeto de avaliação

institucional

4.1 OBJETIVO GERAL

Atualizar o projeto acadêmico e sócio – político e administrativo da Escola de Administração da

UFBA, de modo a promover a melhoria permanente da qualidade e a pertinência e relevância social

das atividades desenvolvidas nas áreas de ensino, pesquisa, extensão e gestão, conjugadas com a

missão e objetivos institucionais.

4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

a) Levantar, produzir, sistematizar e analisar dados e informações que promovam o conhecimento

da realidade institucional da EAUFBA, nas suas diferentes dimensões.

b) Diagnosticar as potencialidades e fragilidades da EAUFBA, nas dimensões de ensino, pesquisa,

extensão e gestão, contextualizando-as com a sua trajetória e identificando as causas e

consequências.

c) Mapear as expectativas da sociedade, representada pelas esferas político-administrativa,

produtiva e cultural, sobre as demandas e desafios que se colocam para a EAUFBA em termos

do perfil profissional do egresso e da qualidade e relevância dos conhecimentos e tecnologias,

bem como sobre as formas de difusão.

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d) Propor e encaminhar diretrizes e procedimentos que levem à superação das fragilidades e à

realização plena das potencialidades apontadas, imprimindo maior eficiência, eficácia e

efetividade à gestão e aos processos acadêmicos.

5. PERFIL DA EAUFBA

A UFBA, à semelhança do que ocorreu quando da criação de outras universidades públicas em seus

respectivos estados, surge em 1946, através da consolidação de diversos cursos isolados já existentes

em Salvador, Bahia. Este movimento se dá como resposta à necessidade de se promover a melhor

articulação entre o novo sistema produtivo brasileiro e o sistema educacional então existente, o qual

se mostrava pouco aderente às novas demandas sociais por formação superior.

Pouco depois, em 14 de setembro de 1959, é criada a Escola de Administração, tendo por seu

primeiro diretor o professor Lafaiete Pondé. Neste momento já se contemplava por força do Estatuto

e Regimento institucional, a presença do tripé ensino-pesquisa-extensão, ainda que nos primeiros

anos após sua criação esta relação se desse apenas formalmente, pelas diversas dificuldades de

natureza institucional encontradas na universidade.

A EAUFBA surge para atender à necessidade de formação de quadros profissionais capazes de

atender tanto à Administração Pública, quanto às organizações privadas de diferentes naturezas,

notadamente as industriais, organizações estas que começaram a se instalar no estado da Bahia

ainda nos anos de 1950. Destaca-se que em sua concepção inicial, a estrutura curricular, segundo

Santos (2009), era totalmente baseada no modelo norteamericano, replicado formalmente por meio

do convênio de Cooperação Técnica com a International Cooperation Administration (Ponto Quatro,

mais tarde denominado de USAID). Este modelo também foi replicado em outras duas iniciativas

nacionais pioneiras, uma em São Paulo e a outra no Rio de Janeiro.

Segundo Barreto (2009, p.33), a Escola, em consonância com os pressupostos desenvolvimentistas

adotadas pelo então presidente Juscelino Kubistchek, concebeu uma estrutura curricular baseada no

que se denominava de “administração para o desenvolvimento”, formando tanto administradores

públicos, quanto privados a partir dos primeiros anos da década de 1960. Ainda segundo esta autora,

seus princípios curriculares ancoravam-se sobre dois outros pilares: a racionalidade instrumental e a

neutralidade do administrador, ambos de cunho fortemente positivista, como usual no ensino

superior brasileiro ofertado à época.

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Ressalta-se que o curso de Administração da UFBA foi o primeiro do Norte e Nordeste, sendo assim

responsável pela formação de administradores públicos e privados para estas regiões e atendendo

com isso demandas sociais para este perfil profissional que extrapolavam as fronteiras baianas.

Durante os anos de 1960, o curso de Administração Pública juntamente com as atividades

extensionistas voltadas à perspectiva de treinamento de mão de obra ganham muita importância,

notadamente após o golpe de 1964, que lança como um de seus carros-chefe a busca pela maior

eficiência e eficácia da máquina pública e do próprio Estado brasileiro, movimento este ancorado na

estruturação de um amplo processo de reforma administrativa que, contudo, não tem o êxito

esperado pelo governo militar.

Como afirma Santos (2009), tal contexto associado à perda de importantes lideranças docentes

tendo em vista a extinção do Instituto de Administração de Empresas da Escola de Administração

(IADE) e a desvinculação da Escola de docentes ligados à Administração Pública, os quais se uniram

para a criação do Instituto de Serviço Público (ISP), fez com que a EAUFBA perdesse espaço em

termos de extensão, ao tempo em que não conseguia por em curso atividades voltadas à pesquisa.

Com isso, conforme este autor, apenas a dimensão do ensino permanecia forte, apesar da perda da

importância institucional da área pública na Escola em prol do fortalecimento da Administração de

Empresas.

Em relação à definição da identidade institucional da EAUFBA, Barreto (2009, p.31-32) afirma que sua

definição se deu entre 1962 e 1964 caracterizando-se pela presença de uma orientação gerencial,

comportamental, programática e tecnológica, interdisciplinar e interprofissional, na qual se

conciliavam conteúdos relativos aos métodos quantitativos, ciências sociais aplicadas e a tecnologia

administrativa, fazendo, de acordo com esta autora, com que o modelo curricular implantado se

antecipasse ao chamado Currículo Mínimo aprovado em 1966, pelo Conselho Federal de Educação.

Ressalta-se que a mudança de suas instalações físicas para as atuais, localizadas no Vale do Canela,

ocorreu em 1972, sob a gestão do professor João Eurico Matta.

Entende-se, em consonância com Santos (2009, p.21), que os anos de 1970 foram os mais críticos

para a Escola por conta não só da perda de importantes lideranças, mas principalmente pelo seu

afastamento quando comparada à realidade das demais escolas de Administração brasileiras,

notadamente as do Sudeste e Sul, em relação ao desenvolvimento de pesquisa e da Pós-Graduação,

questões que caso não fossem superadas a levariam a consolidar uma posição periférica no ensino

de Administração nacional. Felizmente, este quadro começa a ser revertido com criação do curso de

Mestrado, em 1983; curso que este que atrai para a EAUFBA diversos doutores que atuavam na

burocracia pública e privada baiana. Dez anos mais tarde, com a consolidação do seu programa de

Mestrado e das respectivas linhas de pesquisa, a Escola cria seu Doutorado em Administração.

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Em relação à graduação em Administração da Escola, ainda segundo Barreto (2009, p.37-38), poucas

são as alterações até o processo seletivo de 1993, quando são definitivamente fundidas as estruturas

curriculares de Administração de Empresas e Administração Pública, por meio da oferta do

Bacharelado em Administração, dotado de um currículo que tinha por objetivo proporcionar uma

formação básica única para profissionais com interesse em cada uma das duas áreas. Transcorridos

três anos da implantação deste modelo curricular híbrido, a EAUFBA, por meio de um seminário

denominado “A Escola que Queremos”, deu início a um processo de reestruturação curricular, com a

extinção e a criação de disciplinas, tendo por missão institucional ofertar à sociedade “profissionais

com competência e capacidades adequadas às suas necessidades”.

Com tais transformações, pretendeu-se dotar os novos egressos de um perfil profissional uma

“formação pluralista, eclética e crítica” permitindo-lhes atuar como gestores de organizações de

diferentes naturezas, assim como enquanto empreendedores inovadores e capazes de se adaptar a

um contexto de constante e complexa mudança. Dentre as principais habilidades a serem

desenvolvidas são citadas pela autora: visão humanística, crítica, holística, de longo prazo e

empreendedora; capacidade de liderança, gerenciamento de conflitos e poder de decisão;

comportamento ético; objetividade etc. (BARRETO, 2009, p. 39-40). A aprovação desta proposta

ocorrida em 2000, fez com que a partir daí os novos ingressos da Escola tivessem acesso a um

modelo curricular mais aderente às novas demandas da sociedade baiana e brasileira.

Com as novas Diretrizes Curriculares, de abril de 2005, a EAUFBA após ampla consulta aos docentes,

discentes e graduados, inclui novas habilidades e competências a serem desenvolvidas na

operacionalização de sua estrutura curricular: o pensar estratégico; o desenvolvimento de

ferramentas que permitam a expressão e comunicação em termos profissionais do egresso; o melhor

link entre suas atividades profissionais e acadêmicas e as atividades acadêmicas; desenvolvimento de

projetos, dentre outras.

Ainda segundo Barreto (2009, p.42-43), a partir do primeiro semestre de 2010, o curso de

Administração da EAUFBA consolida um novo processo de reestruturação curricular. Neste,

incorpora um leque de disciplinas mais aderentes aos campos funcionais da área, com o objetivo de

atender novas demandas do mercado e da legislação então em vigor, ao tempo em que mantém seu

foco generalista. Ou seja, até os dias de hoje, os egressos do curso são dotados de formação

pluralista, eclética e crítica, que lhes permite atuar em organizações de diferentes naturezas e portes,

por meio do desenvolvimento de um leque diversificado de habilidades e competências

anteriormente citado.

O segundo curso de graduação da EAUFBA – Secretariado Executivo – nasce em 1968, após a oferta

de um programa de capacitação para funcionários do Banco da Bahia e de outras organizações

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públicas e privadas com atuação no estado. Quando desta oferta, conforme afirmam Teixeira e

Pereira (2009), identificou-se a carência de profissionais com tal perfil, fato que seria agravado com o

início das atividades operacionais do Polo Petroquímico de Camaçari. Assim, para suprir esta

demanda atual e projetada, alguns professores da EAUFBA propuseram a criação do curso de

graduação de curta duração denominado de Secretariado Executivo, o qual viria a ser o primeiro

curso com esta denominação e características em todo o território nacional.

Seu primeiro processo seletivo se deu em 1970, e o curso, apesar da interdisciplinaridade dos seus

quadros, foi inserido na EAUFBA com base na argumentação de que “os alunos necessitam de noções

de administração, devido a sua aplicação no trabalho” (TEIXEIRA e PEREIRA, 2009, p.48). A primeira

mudança expressiva no curso ocorreu em 1981, quando foi proposto que o mesmo deixasse de se ser

ofertado na modalidade de curta duração, passando a contar com um leque diversificado de

disciplinas ofertadas em 8 semestres letivos, mudança esta operacionalizada em 1992, juntamente

com a oferta da primeira turma no turno noturno, mais tarde descontinuada pelas dificuldades na

alocação de docentes neste horário.

Ainda segundo as últimas autoras, a partir de 1994, a estrutura curricular do curso de Secretariado

Executivo passou por alterações com vistas a permitir sua maior aderência ao contexto de então. São

então incluídos conteúdos relativos à informática, assim como as disciplinas de Processos

Mecanográficos. Data daí a criação do primeiro laboratório de informática da EAUFBA. Mais

modificações curriculares são operacionalizadas a partir de 1999, com a introdução de um leque

diverso de disciplinas que permitissem ao aluno do curso ter uma formação mais generalista, ao

tempo em que a carga das disciplinas técnicas permanecia, dotando-o assim de melhores condições

de atender às demandas por profissionais da área.

Como afirmam Teixeira e Pereira (2009, p.53), apesar destas mudanças de natureza pontual,

identificou-se a necessidade de adaptação às Diretrizes Curriculares de então, as quais sinalizavam a

importância de se “assegurar a flexibilidade e qualidade da formação oferecida aos estudantes”.

Estas discussões foram travadas pela comunidade acadêmica através de dois seminários

denominados “Renovando para Secretariar melhor”, dos quais resultou uma nova estrutura

curricular, contendo disciplinas fundamentais à formação de um profissional da gestão. Destaca-se

que este currículo foi posto em prática a partir do primeiro semestre de 2008, estando atualmente

em avaliação pelo colegiado do curso, repetindo-se assim uma prática adotada após tomar posse a

nova direção da EAUFBA, em 2013.

De acordo com seu Projeto Político Pedagógico (PPP), o mais novo curso de graduação da EAUFBA –

Curso Tecnológico em Gestão Pública e Gestão Social – nasce quando da implantação do REUNI, na

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UFBA, de forma aderente ao definido pelo PDE e posteriormente regulamentado pelo novo

Regimento da IFES, em seu Art. 63, inciso IV (UFBA, 2013, p.78).

Na operacionalização desta iniciativa pioneira em termos de graduação tecnológica na IFES,

incorporam-se diferentes experiências que refletem a expertise acumulada no interior do grupo de

pesquisa denominado CIAGS, o qual tem como um de seus principais objetivos, promover

experimentos em diferentes níveis de formação profissional. Esta trajetória que tem como ponto de

partida a oferta de cursos de extensão, seguidos por cursos de especialização nas modalidades

presencial e a distância, e a oferta de um mestrado profissionalizante, hoje na sua quinta turma.

Acredita-se ser importante salientar a posição dos envolvidos na oferta do curso da concepção de

que o mesmo deve formar profissionais comprometidos com a transformação social, cujas ações

devem resultar na formação de uma sociedade mais justa e sustentável e menos desigual. Tal

assertiva fez com que se implantasse de um lado uma vertente empreendedora na área das

organizações públicas e sociais, sendo seu egresso caracterizado como um agente transformador das

práticas de gestão na esfera do Estado e da Sociedade Civil. Reforça-se a presença da dimensão

territorial enquanto eixo estruturante da concepção do curso, replicando desta forma o modelo

estruturante adotado nas experiências de ensino anteriormente citadas.

Seu objetivo principal consiste em propiciar uma formação superior em nível tecnológico ao egresso,

habilitando-o a promover processos de gestão pública e social em espaços locais e regionais. Para

tanto, enquanto objetivos específicos podem ser listados enquanto características a serem

desenvolvidas pelos egressos: desenvolver seu espírito de investigação, permitindo-lhe atuar como

gestor capaz de acompanhar e operacionalizar mudanças; capacitá-lo ao trabalho em equipe,

possibilitando a convivência, a interdisciplinaridade e a liderança necessárias enquanto gestor; e

desenvolver habilidades de relacionamento interpessoal, a fim de lhe permitir atuar enquanto gestor

capaz de gerenciar e facilitar a convivência de equipes multidisciplinares.

Como principais habilidades e competências a serem desenvolvidas podem ser listadas, ainda

segundo seu PPP: elaborar e gerir projetos de intervenção e mudança em contextos socioterritoriais

locais e regionais, incluindo etapas de planejamento e avaliação; elaborar diagnóstico, valendo-se de

instrumentos institucionais e tecnológicos e de recursos metodológicos produzidos em diversos

campos do saber, integrando-os e articulando-os, de acordo com as características do contexto de

intervenção; sistematizar práticas de desenvolvimento e gestão pública e social, reconhecendo

instrumentos, saberes e tecnologias sociais relacionados; atuar de forma empreendedora, criativa e

inovadora; potencializar espaços de aprendizagem, por meio do engajamento nas oportunidades

oferecidas pelo curso e na busca ativa para estabelecer relações com pessoas e organizações

envolvidas em práticas relacionadas ao campo da gestão pública e social; e difundir socialmente os

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conhecimentos produzidos ao longo do curso. Enfim, em sua concepção original, o curso de Gestão

Pública e Social busca formar um profissional que possa atuar diretamente na supervisão e execução

das mais diversas funções da gestão pública e social, desempenhando-as com ética, competência e

visão empreendedora.

Destaca-se que quando do seu processo de reconhecimento iniciado em maio de 2013, e finalizado

com a publicação da portaria no DOU de 11 de dezembro do mesmo ano, o curso ora citado foi

reconhecido com a nomenclatura de Curso Tecnológico em Gestão Pública, terminologia esta

constante no Catálogo Nacional de Cursos Superiores em Tecnologia do INEP (Decreto 5.773,9 de

maio de 2006). Esta mudança associada a discussões travadas no âmbito do curso e da EAUFBA

levaram a um repensar da sua estrutura curricular e da sua própria modalidade de oferta, discussão

esta ora em curso no Núcleo Docente Estruturante (NDE) do curso e institucionalmente ampliado.

6. METODOLOGIA DA AVALIAÇÃO

Levando-se em conta a diversidade e complexidade dos aspectos envolvidos na avaliação de uma

instituição de ensino superior, propõe-se que o processo de avaliação da EAUFBA se oriente pela

Matriz de Avaliação da EAUFBA (ver item 6.1) adaptada de documento congênere adotado pelo

Ministério da Educação nos processos de avaliação institucional das IFES.

Coerente com o princípio de globalidade, a Matriz de Avaliação da EAUFBA integra as seguintes

dimensões: ensino, pesquisa, extensão, recursos humanos, infraestrutura, atendimento ao

estudante, organização e gestão e relações com a sociedade civil, que por sua vez, se dividem em

várias subdimensões o que garante a abrangência do processo de avaliação. A Matriz também

propõe indicadores que levam em conta aspectos relacionados a estrutura, processos e resultados,

de cunho quantitativo e qualitativo, assim como as fontes e informantes para o levantamento de

dados, e procedimentos de pesquisa, o que favorece a confiabilidade e comparabilidade dos dados e

a construção de um diagnóstico abrangente sobre a situação da EAUFBA, inclusive com a indicação

de aspectos que necessitem de uma investigação mais aprofundada utilizando-se técnicas de

avaliação apropriadas para cada caso.

Do ponto de vista da implementação do processo de avaliação, sem prejuízo para o princípio de

globalidade, propõe-se que se estabeleçam ciclos avaliativos anuais, definindo-se as dimensões da

avaliação que seriam trabalhadas em cada ciclo avaliativo, com base em critérios de hierarquização

das questões a serem abordadas, de modo a favorecer a progressividade da avaliação. No período de

cada ciclo avaliativo deverão ser cumpridas as seguintes etapas integradas e interdependentes:

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a) Sensibilização – atividades de divulgação e esclarecimento sobre o processo de avaliação,

incluindo a abertura de cada ciclo avaliativo, com a definição das dimensões a serem avaliadas

no período, de modo a favorecer a cultura de avaliação e conquistar a adesão da comunidade da

EAUFBA.

b) Levantamento e sistematização de dados – coleta de dados e informações mediante diferentes

abordagens e estratégias metodológicas e em diferentes fontes;

c) Contextualização e análise dos dados – análise dos dados levantados com base em critérios,

indicadores e parâmetros de efetividade e eficácia contextualizados com o ambiente

sociopolítico e institucional;

d) Elaboração de relatório e propostas de intervenção – elaboração de um relatório sintético, que

aponte de forma objetiva o diagnóstico sobre o objeto de estudo, com base em dados e

evidências, e a proposição de encaminhamentos e soluções para os entraves encontrados.

e) Apresentação e discussão de resultados e proposta de intervenção com a comunidade da

EAUFBA – compartilhamento dos resultados e discussão das propostas de intervenção com os

interessados, ouvindo sugestões e críticas ao processo e resultados.