Espiral 25

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N.º 25 - Outubro / Dezembro de 2006 boletim da associação FRATERNITAS MOVIMENTO I - - - - - Ao assinalarmos os dez anos de vida da «Fraternitas», recordamos com saudade o cónego Filipe de Figueiredo. Porque é um amigo que nunca esqueceremos e que sempre exaltaremos pela coragem de se ter atrevido a desfazer um tabu e a evidenciar uma realidade forte: a de que nós, pa- dres casados, continuamos a ser Igreja. E a de que as nossas companheiras, que não hesitaram em unir a sua à nossa vida, tiveram a coragem de enfrentar uma sociedade que, na sua maioria, não entendia o passo que uns e outros demos. É justa e devida, e talvez tardia, esta homenagem às nossas mulheres que têm abundantemente demonstrado que são Igre- ja como nós. II - - - - - O padre Filipe de Figueiredo correu o risco de ficar exposto à desconfiança de muitos, quando ouviu e acompanhou histórias sofridas, e estabele- ceu com todos uma ponte fraterna. Ao ver-nos feste- jar estes dez anos da Obra de que ele foi o alicerce, estou certo de que vive uma alegria enorme. Uma alegria que acresce à felicidade infinita que, neste momento, frui. E creio que sintonizo o sentimento de todos nós, ao dizer-lhe daqui e enquanto não o vol- tamos a encontrar: Obrigado, Padre Filipe! III - As duas reuniões anuais, além dos encontros regionais, com dimensão nacional, da «Fraternitas» são mais, muito mais, do que um convívio de padres casados. Na verdade, em todas elas há um apro- fundamento da Fé. São sessões de aprendizagem e reflexão, iluminadas pelo ensino feito por professo- res de Teologia da Universidade Católica. E tam- bém pelas lições, sempre fundamentadas e lúcidas, do nosso Artur, mestre em Bíblia, e que prossegue, apaixonadamente, a sua rota de actualização em ciência da Sagrada Escritura. São dias de uma enor- me riqueza em que os horizontes da nossa interioridade se tornam mais vastos. IV - Nos dias 1 e 2 de Dezembro, tivemos como conferencista o doutor António Manuel Alves Martins, da Universidade Católica de Lisboa. Uma escolha excelente. (Continua pág 2) espiral Falou-nos de um mundo laico, aquele em que todos os dias navegamos, e que já não discute Deus, mas O ignora ou Lhe passa ao lado. Na verdade, a condição, hoje, da nossa realidade como cristãos é «sermos crentes num mundo descrente». E, como Igreja que se vai desertando, sermos «luz do mundo» e «sal da terra». «Pusillus grex». V - Registo alguns dados soltos, fugidiamente apa- nhados no decorrer das conferências: a) O silêncio e a não evidência de Deus, mas não a Sua ausência, levam-nos a procurar como havemos de ser testemunhos da Sua presença no mundo con- temporâneo; um mundo que, explícita ou implicita- mente, nos «lança desafios a uma vivência cristã mais autêntica e comprometida». Foi sublinhado: «a fidelidade a Deus passa pela fidelidade à vida e ao mundo». E a interrogação sur- ge: «Como podemos viver como cristãos uma vida total, sem termos que negar ou rejeitar os valores e as possibilidades que a vida nos oferece?» Deus escapa ao nosso conhecimento. O crente estará sempre desprotegido na sua fé. Mas o Seu Filho, Ele no-l’O deu a conhecer. Deus envolve-se na pequenez do homem. É nas condições desfavoráveis que Se dá a oportunidade PRIMEIR PRIMEIR PRIMEIR PRIMEIR PRIMEIRA DÉC A DÉC A DÉC A DÉC A DÉCAD AD AD AD ADA D A D A D A D A DA NOS A NOS A NOS A NOS A NOSSA FR A FR A FR A FR A FRATERNIT TERNIT TERNIT TERNIT TERNITAS Sumário: Sumário: Sumário: Sumário: Sumário: Primeira década da nossa Fraternitas 1 Perguntas embaraçosas 3 Um outro Natal 3 Perspectiva diferente 4 Sinais dos Tempos 5 Deus parece ausente 6 Homenagem 7 Cónego Filipe 8

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N.º 25 - Outubro / Dezembro de 2006

boletim da associação FRATERNITAS MOVIMENTO

IIIII - - - - - Ao assinalarmos os dez anos de vida da«Fraternitas», recordamos com saudade o

cónego Filipe de Figueiredo. Porque é um amigo quenunca esqueceremos e que sempre exaltaremos pelacoragem de se ter atrevido a desfazer um tabu e aevidenciar uma realidade forte: a de que nós, pa-dres casados, continuamos a ser Igreja. E a de queas nossas companheiras, que não hesitaram em unira sua à nossa vida, tiveram a coragem de enfrentaruma sociedade que, na sua maioria, não entendia opasso que uns e outros demos. É justa e devida, etalvez tardia, esta homenagem às nossas mulheresque têm abundantemente demonstrado que são Igre-ja como nós.

II - - - - - O padre Filipe de Figueiredo correu o riscode ficar exposto à desconfiança de muitos, quandoouviu e acompanhou histórias sofridas, e estabele-ceu com todos uma ponte fraterna. Ao ver-nos feste-jar estes dez anos da Obra de que ele foi o alicerce,estou certo de que vive uma alegria enorme. Umaalegria que acresce à felicidade infinita que, nestemomento, frui. E creio que sintonizo o sentimento detodos nós, ao dizer-lhe daqui e enquanto não o vol-tamos a encontrar: Obrigado, Padre Filipe!

III - As duas reuniões anuais, além dos encontrosregionais, com dimensão nacional, da «Fraternitas»são mais, muito mais, do que um convívio de padrescasados. Na verdade, em todas elas há um apro-fundamento da Fé. São sessões de aprendizagem ereflexão, iluminadas pelo ensino feito por professo-res de Teologia da Universidade Católica. E tam-bém pelas lições, sempre fundamentadas e lúcidas,do nosso Artur, mestre em Bíblia, e que prossegue,apaixonadamente, a sua rota de actualização emciência da Sagrada Escritura. São dias de uma enor-me riqueza em que os horizontes da nossainterioridade se tornam mais vastos.

IV - Nos dias 1 e 2 de Dezembro, tivemos comoconferencista o doutor António Manuel Alves Martins,da Universidade Católica de Lisboa. Uma escolhaexcelente.

(Continua pág 2)

espiralFalou-nos de um mundo laico, aquele em que

todos os dias navegamos, e que já não discute Deus,mas O ignora ou Lhe passa ao lado. Na verdade, acondição, hoje, da nossa realidade como cristãos é«sermos crentes num mundo descrente». E, como Igrejaque se vai desertando, sermos «luz do mundo» e «salda terra». «Pusillus grex».

V - Registo alguns dados soltos, fugidiamente apa-nhados no decorrer das conferências:

a) O silêncio e a não evidência de Deus, mas nãoa Sua ausência, levam-nos a procurar como havemosde ser testemunhos da Sua presença no mundo con-temporâneo; um mundo que, explícita ou implicita-mente, nos «lança desafios a uma vivência cristã maisautêntica e comprometida».

Foi sublinhado: «a fidelidade a Deus passa pelafidelidade à vida e ao mundo». E a interrogação sur-ge: «Como podemos viver como cristãos uma vidatotal, sem termos que negar ou rejeitar os valores e aspossibilidades que a vida nos oferece?» Deus escapaao nosso conhecimento. O crente estará sempredesprotegido na sua fé. Mas o Seu Filho, Ele no-l’Odeu a conhecer.

Deus envolve-se na pequenez do homem. É nascondições desfavoráveis que Se dá a oportunidade

PRIMEIRPRIMEIRPRIMEIRPRIMEIRPRIMEIRA DÉCA DÉCA DÉCA DÉCA DÉCADADADADADA DA DA DA DA DA NOSA NOSA NOSA NOSA NOSSSSSSA FRA FRA FRA FRA FRAAAAATERNITTERNITTERNITTERNITTERNITAAAAASSSSS

Sumár io :Sumár io :Sumár io :Sumár io :Sumár io :

Primeira década da nossa Fraternitas 1

Perguntas embaraçosas 3

Um outro Natal 3

Perspectiva diferente 4

Sinais dos Tempos 5

Deus parece ausente 6

Homenagem 7

Cónego Filipe 8

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(Continuação pág 1)

de O descobrirmos. Espan-tosamente, poderemos dizerque o poder de Deus é im-potente. Mas a Sua impo-tência é a força poderosado amor que se dá. E aquicompreendemos a fé pro-funda de DietrichBonhoeffer na prisão nazi,de onde saiu para ser en-forcado.

A morte é uma realida-de humanamente absurda. Vivemos com o absurdo.Mas a nossa atitude, como cristãos, é de esperança.Por isso, não podemos esquecer que o Cristo ressus-citado é o mesmo Cristo crucificado.

b) Referências sobre a diferença cristã:- O Cristianismo, como fenómeno de massa e

cultural, irá ser uma minoria na Europa. Estamos des-tinados a ser fermento, mas não recusando os ou-tros. Como minoria, seremos chamados a ser «sal daterra» e «luz do mundo».

- Cristianismo: proposta de ética e proposta devida, mas sem vermos nos outros um objecto de re-cusa, isto é, inimigos e opositores. Temos de nos con-vencer de que a Igreja não tem o património da éti-ca e da verdade. E de que a verdade de Jesus Cristoultrapassa a visibilidade da Igreja.

- O diálogo exige uma paciência de estufa. Enão pode acontecer, apenas, a nível intelectual. Temde haver acolhimento. E esta é uma das contradi-ções internas da Igreja contemporânea. Temos de fazeruma aprendizagem do diálogo. O medo da diferen-ça é a negação da Igreja. A razão da nossa diferen-ça é o Espírito Santo. A relação «eu – tu» forma o«nós», tendo como charneira vital o Espírito Santo.

- O Cristianismo está ao serviço da sociedade.Porque «diferença e unidade não se opõem». Este é ocaminho cristão. Não há unidade sem diferença. Con-cluamos que o Espírito não está apenas na Igreja.

c) A última reflexão foi sobre a beleza como pro-fecia da Igreja para o mundo: beleza e tragédia hu-manas; beleza e santidade.

Este é um pálido apontamento do muito que ou-vimos expor nestes dias. Assistimos a uma exposição-reflexão que o doutor António Martins, pela enormeriqueza que nos deixou, teve o mérito de tornar amais valia do nosso encontro.

VI - Momentos fortes deste Curso de ActualizaçãoTeológica foram também as orações comunitárias,sexta e sábado, densamente vividas. O Salomão foio encarregado de lhes dar contorno e de as abrir àautenticidade de cada um. A sua alma de franciscanoesteve ali muito presente. Ainda bem!

VII - Na noite de sábado, aconteceu a alegria de

termos connosco o Francis-co Fanhais. Deu-nos mo-mentos inesquecíveis em quenos maravilhámos ouvindo oseu canto cheio de mensa-gens. Enroladas numa vozde ouro.

VIII - No domingo, D.Serafim Ferreira e Silva, bis-po emérito de Leiria, queacompanhou como amigo a«Fraternitas» desde as primei-ras horas, celebrou a Euca-

ristia, o momento alto do nosso encontro, que foitransmitida pela TVI. A embelezar a celebração eu-carística esteve o grupo coral «MILLENIUM», o qualvoltou a actuar no termo do nosso almoço, num sim-pático e esplêndido aceno de despedida, com algu-mas canções do seu reportório.

IX - O cónego António Rego encerrou com chavede ouro a celebração do décimo aniversário da«Fraternitas», entrevistando para o programa «8.º Dia»,também na TVI, alguns membros do Movimento. Foiuma riqueza e variedade de testemunhos de fé detodos eles o que ali transpareceu, e que deixou destaassociação de padres casados a certeza de que naIgreja há muitas moradas e de que em todas elas setrabalha e dá testemunho, o que, aliás, foi afirmadoem palavras claras e sucintas pelo Vasco Fernandes,presidente da «Fraternitas».

X – Já lá vão 10 anos de vida da AssociaçãoFraternitas Movimento. Uma década em que há oladrilho de muitas histórias. Mas em que está cheiode saúde interior o ambiente que nela se vive. E quese reforça em cada um dos nossos encontros.

Pacheco de AndradePacheco de AndradePacheco de AndradePacheco de AndradePacheco de Andrade

NOVO SÍTIO NA INTERNETA Associação Fraternitas Movimento tem uma

nova página na Internet: www.fraternitas.pt.Nela pode encontrar várias entradas. Em

«Quem somos» fala-se da identidade do Movi-mento; em «Actividades» figuram os encontros reali-zados; «Novidades» é para partilharmos as ocor-rências do dia-a-dia (nascimentos, cursos, faleci-mentos, etc.); em «Fotografias» queremos fazer afotobiografia do Movimento; em «Notícias» serãoanunciados eventos e faz-se eco de acontecimen-tos eclesiais de interesse; em «Espiral» estão osnúmeros do boletim; em «Contactos» encontram-se os endereços postais e de correio electrónicoda «Fraternitas»; e «Links» liga a outros portais.

O novo sítio é fruto do trabalho gratuito doManoel Pombal e do seu colega Nézé, ambosdo Gabinete de Atendimento à Família (www(www(www(www(www.gaf.gaf.gaf.gaf.gaf.pt).pt).pt).pt).pt).

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Temos muito medo das per-guntas directas. Parece-nos

muito fácil dizer como os outrospensam, sonham ou vivem! Mas émuito difícil manifestar o que pen-samos, o que sonhamos e comovivemos, porque, muitas vezes, issonão nos convém...

Há certas verdades, a nossorespeito, que procuramos esconder.E, se tivermos de falar delas, ou asfalseamos ou as disfarçamos commantos coloridos. Temos a convic-ção de que, «pela verdade, tantose ganha o ódio dos inimigoscomo se perde a amizade dosamigos». Por isso é que o filósofoirlandês Berkcley escreveu que «to-dos gritam pela verdade, mas sóalguns a usam».

Nós não somos apenas «algo».Somos «alguém», isto é, somos«pessoa». Mas esta honra e digni-dade também nos acarreta res-ponsabilidades difíceis de assumir.

Uma das perguntas que todosfazem, mas a cuja resposta muitosse esquivam porque não sabemresponder ou porque não lhes con-vém, é esta: «Quem é Deus?».Santo Agostinho voou nas alturas,com o seu modo subtil de pensar,à procura da resposta no Univer-so criado. E, no fim, escreveu istono livro «Confissões»: «Quem éDeus? Perguntei à Terra e ela dis-se-me: “Eu não sou”. E tudo o quenela existe me respondeu o mes-mo. Interroguei o mar, as suasprofundezas e todos os seres vivos,e eles responderam-me: “Não so-mos o teu Deus. Procura-O acimade nós”. Interroguei toda a estrutu-ra do Universo, que me respondeu:“Eu não sou Deus; foi Ele que mecriou”.»

Todavia, a pergunta continuasem resposta para muitos...

Há 20 séculos, Cristo deu a res-posta. Mas muitos não a queremouvir. Preferem perder-se em be-cos sem saída, à procura de ou-tras respostas. São as crises exis-

tenciais da nossa inconfessada pe-quenez.

Aos Seus discípulos, tambémCristo fez a pergunta: «E vós, quemdizeis que Eu sou?» Sendo Cristoa face visível de Deus, dizer quemé Cristo é dizer quem é Deus. Estapergunta tão directa embaraçou osdiscípulos que hesitaram arriscaruma resposta. Foi Pedro que falouem nome de todos. «Tu és o Mes-sias, o Filho de Deus vivo». Porém,foi o Espírito Santo que o inspirou.

É isso que nos falta, sobretudonos tempos frenéticos de hoje. Aspreocupações materiais, quandoexageradas e vividas como únicameta da vida, sufocam a voz doEspírito Santo. Nós temos medo deassumir compromissos. Por isso, àsvezes, vivemos com um pé dentroe outro fora da Igreja! ComoVoltaire, grande perseguidor daReligião, mas que, antes de mor-rer, pelo sim e pelo não, mandouconstruir uma igreja com o seutúmulo metade dentro da igreja emetade no cemitério contíguo! Eentão explicava assim: «Os maisperspicazes dirão que não estoudentro nem fora»... É isso: nenhumcompromisso. Nem moral nem re-ligioso!...

Reparai no que geralmenteacontece nas férias. Na nossa ter-ra queremos mostrar-nos muitocristãos, e revoltamo-nos se nosdizem o contrário. Nas fériasenvergonhamo-nos, portando-noscomo qualquer ateu! Entram tam-bém de férias a oração, a Euca-ristia, o testemunho, e até, tantasvezes, a nossa dignidade...

Não é pelas palavras que seconhecem as pessoas, mas peloseu comportamento e pela suacoerência de vida. Seja na nossaterra ou fora dela, temos de seraquilo que dizemos ser. Ou entãonunca passaremos de grotescossaltimbancos a fugir das atitudesde coerência!...

PERGUNTAS EMBARAÇOSAS

Ouviam-se, ao longe, sinos a tocar!...Milhões de luzes brilhando perto de mim...Melodias suaves cresciam no ar,E crescendo, crescendo, cantavam assim:

«É Natal! É Natal! Chegou o Menino,E traz a Esperança e o Amor também!Até na manjedoura, pobre e pequenino,Quer falar a todos, sem excluir

ninguém!»...Pus-me a pensar: «Jesus!

Que nos vens dizer,Assim tão frágil e tão sozinho?...Tiranos e poderosos nem Te vão querer,E os pobres só Te podem dar carinho!».

Uma voz ouvi, voando do Infinito:«Esse Menino, aí, gelado a chorar,Mesmo que te pareça tão pequenito,É também a ti que te quer falar!».

Mirei o tecto húmido daquela cabana:Caíam pedras toscas e raízes em malha!...No chão de terra não se via cama,Apenas feno murcho e um pouco de palha!...

«Menino pequenino, pequenino Menino,Fala-me e conta o que me queres dizer!»Abriu-se então a boca daquele bambino,E só pediu coisas que eu podia fazer:

«Ser Sua presença no mundo em confusão,Acolher todos os pobres sem tecto nem lar,Servir com amor e carinho todo o irmão,Amar aqueles que não sabem amar!...».

....................Caminhei, sem rumo, pela rua enfeitada.Senti-me preso à porta de outro casebre.Ouvi lá dentro, na solidão calada,Outra criança que gemia de febre!...

Perguntei a mim mesmo: «Mas que é isto?...Será Jesus chorando, também aqui?!...»Entrei, de mansinho, no portal de xisto,E fiquei calado... Não conto o que vi!...

«Meu Deus! Quem será esta criança agora?!

Será o mesmo Cristo nela incarnado?»Não pude falar!... Talvez, naquela hora,Chorasse Cristo ainda mais desprezado!

Peguei na criança, levei-a ao coração!...Estava gelada, mas sorriu para mim...E disse, de mansinho, levantando a mão:«Sou Cristo que vive em quem sofre assim!»

....................Talvez para mim e para muitos cristãos,O Natal tenha sido tempo perdido,Porque não vemos, na dor dos irmãos,Um outro Natal ainda desconhecido!...

Um outro Natal

ainda desconhecido!

M.PM.PM.PM.PM.P.....Manuel PaivaManuel PaivaManuel PaivaManuel PaivaManuel Paiva

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PERSPECTIVA DIFERENTE

NOVO: página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected]

No n.º 10,No n.º 10,No n.º 10,No n.º 10,No n.º 10,

de Outubro de 2006,de Outubro de 2006,de Outubro de 2006,de Outubro de 2006,de Outubro de 2006,

a revista a revista a revista a revista a revista «Kirche«Kirche«Kirche«Kirche«Kirche In»In»In»In»In»

insere uma entrevistainsere uma entrevistainsere uma entrevistainsere uma entrevistainsere uma entrevista

à DPà DPà DPà DPà DPA do conhecidoA do conhecidoA do conhecidoA do conhecidoA do conhecido

teólogo e presidente dateólogo e presidente dateólogo e presidente dateólogo e presidente dateólogo e presidente da

Fundação Ethos Mundial,Fundação Ethos Mundial,Fundação Ethos Mundial,Fundação Ethos Mundial,Fundação Ethos Mundial,

Hans Küng,Hans Küng,Hans Küng,Hans Küng,Hans Küng,

na qual este teólogona qual este teólogona qual este teólogona qual este teólogona qual este teólogo

analisa a visita do Papaanalisa a visita do Papaanalisa a visita do Papaanalisa a visita do Papaanalisa a visita do Papa

à Bavieraà Bavieraà Bavieraà Bavieraà Baviera.

Tradução: João SimãoTradução: João SimãoTradução: João SimãoTradução: João SimãoTradução: João Simão

Kirche:Kirche:Kirche:Kirche:Kirche: Qual foi a impres- Qual foi a impres- Qual foi a impres- Qual foi a impres- Qual foi a impres-são global que colheu da vi-são global que colheu da vi-são global que colheu da vi-são global que colheu da vi-são global que colheu da vi-sita do Psita do Psita do Psita do Psita do Papa à Baviera?apa à Baviera?apa à Baviera?apa à Baviera?apa à Baviera?

Küng:Küng:Küng:Küng:Küng: Uma impressão discor-dante. Bento XVI não satisfez ne-nhuma das esperanças dos católi-cos reformistas. Pessoalmente eleactuou de forma simpática, próxi-ma dos fiéis. Não é um Papamediático com um talento de ac-tor que arranque aplausos. É so-bretudo alguém que se concentrana verdade central do cristianismo,na fé em Deus. Porém, deixou quese sentisse a falta de aberturaspara reformas na Igreja. Ora, 43por cento dos entrevistados pelaempresa de opinião «McKinsey»são de opinião de que a Igrejacatólica necessita de reformas ur-gentes: 14 por cento mais do queem 2005, altura em que Bento XVIassumiu o papado.

kirche: O Pkirche: O Pkirche: O Pkirche: O Pkirche: O Papa procurouapa procurouapa procurouapa procurouapa procurourealmente o diálogo ou ape-realmente o diálogo ou ape-realmente o diálogo ou ape-realmente o diálogo ou ape-realmente o diálogo ou ape-nas se limitou a expor a suanas se limitou a expor a suanas se limitou a expor a suanas se limitou a expor a suanas se limitou a expor a suavisão do mundo e da fé?visão do mundo e da fé?visão do mundo e da fé?visão do mundo e da fé?visão do mundo e da fé?

Küng:Küng:Küng:Küng:Küng: De diálogo praticadoquase nada se pôde perceber. Opresidente Köhler insistiu em exporao Papa o anseio de muitos cris-tãos de que haja progresso ecu-ménico, para mais comunhão. Éverdade que o Papa respondeu ex-pressando o desejo «de se esfor-çar de alma e coração para que

católicos e evangélicos se reúnam».Mas ficou-se por palavras bonitassem um sinal indicativo do futuropara o ecumenismo. Satis-fatórioapenas o convite para o diálogode religiões mais intensivo.

kirche:kirche:kirche:kirche:kirche: As imagens televi- As imagens televi- As imagens televi- As imagens televi- As imagens televi-sivas de massas humanas asivas de massas humanas asivas de massas humanas asivas de massas humanas asivas de massas humanas aaplaudir davam a impressãoaplaudir davam a impressãoaplaudir davam a impressãoaplaudir davam a impressãoaplaudir davam a impressãode existir um sentimento co-de existir um sentimento co-de existir um sentimento co-de existir um sentimento co-de existir um sentimento co-mum; mas, na sociedade, amum; mas, na sociedade, amum; mas, na sociedade, amum; mas, na sociedade, amum; mas, na sociedade, aIgreja está em retrocesso. SeráIgreja está em retrocesso. SeráIgreja está em retrocesso. SeráIgreja está em retrocesso. SeráIgreja está em retrocesso. Seráque o Pque o Pque o Pque o Pque o Papa pôde pontuarapa pôde pontuarapa pôde pontuarapa pôde pontuarapa pôde pontuartambém entre os que estãotambém entre os que estãotambém entre os que estãotambém entre os que estãotambém entre os que estãolonge da Igreja?longe da Igreja?longe da Igreja?longe da Igreja?longe da Igreja?

Küng:Küng:Küng:Küng:Küng: Ver o Papa de pertouma vez na vida é para muitosuma emoção. Também muitos dosque se afastaram da Igreja têmsaudades duma figura paternalespiritual ou de um representanteda integridade moral, da justiça eda paz mais fidedigno do que osão muitos políticos e homens deEstado. Mas era muito menor doque se esperava o número de pes-soas nas ruas, nas cerimónias reli-giosas, junto das televisões ou dosecrãs gigantes públicos. E umaMarien-platz repleta, com a pre-sença dos dirigentes da CSU, nãogarante igrejas de Munique maischeias, como milhares de acólitosnão garantem futuros padres quequeiram renunciar a uma esposa.

Os curiosos também ainda nãosão fiéis convictos. Muitos, mesmona Baviera, sentem-se afastadospor uma encenação mon-tada com enorme dispên-dio de meios e de dinhei-ros de impostos. Segundoa mesma sondagem«McKinsey», quase um emcada dois alemães (45 porcento) não tem confiançana Igreja Católica comoinstituição. Piores valoresde confiança só mesmo osseguros de pensões do Es-tado (47 por cento) e ospartidos políticos (58 por cento).

Não é com exortações ao «mun-do secularizado ensurdecido aDeus» que se ganha mais confian-ça. Apenas são confirmados aque-les que em todo o caso já acredi-tam.

Kirche:Kirche:Kirche:Kirche:Kirche: Além do significa- Além do significa- Além do significa- Além do significa- Além do significa-do pessoal que a viagem àdo pessoal que a viagem àdo pessoal que a viagem àdo pessoal que a viagem àdo pessoal que a viagem àpátria tem para o Ppátria tem para o Ppátria tem para o Ppátria tem para o Ppátria tem para o Papa, vêapa, vêapa, vêapa, vêapa, vêalgum efeito duradouro paraalgum efeito duradouro paraalgum efeito duradouro paraalgum efeito duradouro paraalgum efeito duradouro parao catolicismo alemão?o catolicismo alemão?o catolicismo alemão?o catolicismo alemão?o catolicismo alemão?

Küng:Küng:Küng:Küng:Küng: Eu podia descobrir mui-tas boas intenções e palavras doPapa, mas nenhuns incentivos prá-ticos novos. Na celebração euca-rística central em Munique, no do-mingo, foram claramente eviden-tes as deficiências do catolicismotradicional: 1. Uma Igreja fixadanos homens: as mulheres restrin-gem-se a funções subalternas.

2. Uma Igreja hierarquicamen-te presunçosa: Papa e bisposalcandorados longe do povo, iso-lados numa «ilha altar».

3. Uma Igreja confessional-mente egocêntrica: falta ecumenis-mo. Na oração não foram sequermencionados os cristãos evangéli-cos e ortodoxos, para não falardas outras religiões.

4. Uma Igreja estagnante: acomeçar pela oração eucarística:sempre a teologia da contra-refor-ma, nada dos resultados da novaexegese; descura o aspecto bíbli-co da ceia comum, repetidamenteacentuado pelo Vaticano II...

Hans Küng e a esposa

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NOVO: página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected] * página oficial na Internet: www.fraternitas.pt * e-mail: [email protected]

Kirche:Kirche:Kirche:Kirche:Kirche: Na alocução aosNa alocução aosNa alocução aosNa alocução aosNa alocução aosseminaristas, em Altötting, oseminaristas, em Altötting, oseminaristas, em Altötting, oseminaristas, em Altötting, oseminaristas, em Altötting, oPPPPPapa lamentou a falta de pa-apa lamentou a falta de pa-apa lamentou a falta de pa-apa lamentou a falta de pa-apa lamentou a falta de pa-dres, porém evita em abso-dres, porém evita em abso-dres, porém evita em abso-dres, porém evita em abso-dres, porém evita em abso-luto a palavra celibato.luto a palavra celibato.luto a palavra celibato.luto a palavra celibato.luto a palavra celibato.

Küng:Küng:Küng:Küng:Küng: Ele não faz o mais ime-diato para remediar a falta depadres: permitir o casamento apadres e bispos como é expressa-mente consentido no Novo Testa-mento. Ele não gosta de se apre-sentar como um homem de exi-gências fortes, mas de formula-ções suaves. Tacticamente esper-to, não fala da lei do celibato,nem da proibição dos meioscontraceptivos e de outras incomo-didades romanas. Acentua sobre-tudo os aspectos amáveis da fé eda Igreja, mas não mexe nas leise prescrições duras da Igreja.

Kirche:Kirche:Kirche:Kirche:Kirche: No discurso duran- No discurso duran- No discurso duran- No discurso duran- No discurso duran-te as vésperas ecuménicas, ote as vésperas ecuménicas, ote as vésperas ecuménicas, ote as vésperas ecuménicas, ote as vésperas ecuménicas, oPPPPPapa saudou as Igrejas evan-apa saudou as Igrejas evan-apa saudou as Igrejas evan-apa saudou as Igrejas evan-apa saudou as Igrejas evan-gélicas não como Igrejas masgélicas não como Igrejas masgélicas não como Igrejas masgélicas não como Igrejas masgélicas não como Igrejas mascomo «amigos das várias tra-como «amigos das várias tra-como «amigos das várias tra-como «amigos das várias tra-como «amigos das várias tra-dições da reforma». E nãodições da reforma». E nãodições da reforma». E nãodições da reforma». E nãodições da reforma». E nãoabordou temas polémicos.abordou temas polémicos.abordou temas polémicos.abordou temas polémicos.abordou temas polémicos.

Kirche:Kirche:Kirche:Kirche:Kirche: Que lhe parece a Que lhe parece a Que lhe parece a Que lhe parece a Que lhe parece aprimeira encíclica do Pprimeira encíclica do Pprimeira encíclica do Pprimeira encíclica do Pprimeira encíclica do Papa?apa?apa?apa?apa?

Küng:Küng:Küng:Küng:Küng: Este escrito é confuso.Continuo a esperar que o Papaconsiga libertar-se da sombra es-cura do anterior guardião da fé e,como genuíno pastor de almas,ofereça soluções construtivas àIgreja e ao ecumenismo.

Kirche:Kirche:Kirche:Kirche:Kirche: Qual seria a tarefa Qual seria a tarefa Qual seria a tarefa Qual seria a tarefa Qual seria a tarefamais importante que o Pmais importante que o Pmais importante que o Pmais importante que o Pmais importante que o Papaapaapaapaapadeveria empreender agora?deveria empreender agora?deveria empreender agora?deveria empreender agora?deveria empreender agora?

Küng:Küng:Küng:Küng:Küng: Satisfazer o desejo for-mulado em nome de muitos cris-tãos pelo presidente federal Köhler:progressos ecuménicos concretos!Reunir-se com o cardeal Kasper, doSecretariado para a Unidade, epensar o que deve ser feito comopasso inicial para facilitar, primei-ro, a hospitalidade eucarística e,depois, a Eucaristia comum. NoSecretariado há seguramente umarmário repleto de memorandos epareceres teológicos que recomen-dam isto. Os teólogos e as comis-sões ecuménicas fizeram o seu tra-balho. Compete ao Papa agir.

Küng:Küng:Küng:Küng:Küng: Bento XVI não corrigiua declaração «Dominus Jesus», dasua autoria, do ano 2000, em quenega às outras Igrejas cristãs o serIgreja. Infelizmente! Também o bis-po evangélico da Baviera calou to-talmente todas as questões polé-micas como a Ceia do Senhor co-munitária, a questão dos ministéri-os, os casamentos de confissões di-ferentes, o primado de jurisdiçãopapal e a infalibilidade. Ele sen-tia-se feliz por poder fazer umapregação inocente na presença doPapa. E «à boa maneira romana»,para todas estas questões faz es-perar os cristãos por mais anos ouséculos de trabalho teológico.Mas, na realidade, este trabalhojá foi feito há muito tempo.

Kirche:Kirche:Kirche:Kirche:Kirche: Esperava que oEsperava que oEsperava que oEsperava que oEsperava que oPPPPPapa trouxesse um presente reapa trouxesse um presente reapa trouxesse um presente reapa trouxesse um presente reapa trouxesse um presente re-----lacionado com reformas intralacionado com reformas intralacionado com reformas intralacionado com reformas intralacionado com reformas intraeclesiais. Ficou desapontado?eclesiais. Ficou desapontado?eclesiais. Ficou desapontado?eclesiais. Ficou desapontado?eclesiais. Ficou desapontado?

Küng:Küng:Küng:Küng:Küng: Ele pode comportar-secomo aqueles visitantes que já nãotêm tempo para procurar um pre-sente, e pode mandá-lo de Roma.

Quando o Papa Bento XVIchegou ao Vaticano,

após terminar a sua visita à Tur-quia, cantei «Cristo vence, Cristoreina, Cristo impera!»

Lembrei-me das palavras pe-remptórias de Cristo a Pedro: «Tués Pedro e sobre esta Pedraedificarei a Minha Igreja (Assem-bleia do Meu povo “de boa von-tade”); os infernos tentarão abalá-la, mas ela permanecerá inaba-lável, através de todos os tempos,pelos séculos dos séculos».

Já vamos em 2000 anos e a«Barca da Igreja» navega, por ve-zes, sobre mares encapelados,mas acaba por cumprir-se, sem-pre a palavra omnipotente do «Se-nhor da Barca»: «Não temais. Euestou aqui. E vou convosco». E es-toutras: «Eu venci o mundo.»

«Não temais», repetia sem contao saudoso João Paulo II. Bento XVIsegue esta força, com fé, esperan-ça e amor. Quem o duvida, de-pois desta visita? Mais uma vez secumpriu o «Verbo»: «Quem tiveruma fé inabalável pode ordenara uma montanha: muda-te paraali e ela muda-se.» Para já, a Ben-to XVI bastou-lhe «pairar» sobre asmontanhas, até à Turquia. Orde-nar às montanhas que se mudem.Agora será o tempo de o Espíritoagir, porque a verdadeira viagemvai muito para além da visita «visí-vel e física».

O mundo sofre. O Pro-grama Alimentar Mundi-

al, das Nações Unidas, suspendeuo envio de alimentos para Ango-la, que beneficiavam cerca demeio milhão de pessoas. O moti-

vo, explicado pela ONU, é a faltade dinheiro para os transportar efazer distribuir com segurança.

Que paradoxo! Segundo a Or-ganização Humanitária britânicaOXFAM, as despesas militares mun-diais de 2006 chegaram a 1060mil milhões de dólares. Em África,de acordo com a mesma Organi-zação, entre 1985 e 2000, R. D.Congo, Ruanda, Sudão, Botsuanae Uganda duplicaram os gastosmilitares, na ordem dos 15 milhõesde dólares.

Mas nem tudo vai mal. Está aío Natal. Há um ano, centenas dejovens cubanos distribuíram 350mil imagens do Menino Jesus poroutras tantas famílias, anunciandoo Seu nascimento e dando as BoasFestas. Foi o Natal mais bonito quealgum cubano tinha visto, disseramas notícias. Que surpresas teremoseste ano?»

Sinais dos tempos

JosÉ silva pintoJosÉ silva pintoJosÉ silva pintoJosÉ silva pintoJosÉ silva pinto

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espiralespiralespiralespiralespiral6

A humanidade, no seu pro-cesso evolutivo, atravessou

diversas fases de pensamentocosmológico. De entre elas, des-tacam-se o teocentrismo (ondeDeus era o causador directo detodos os fenómenos bons ou maus)e o antropocentrismo (o homem éo centro e tem lugar privilegiadona natureza criada).

A primeira visão dominou atéfinais da Idade Média e deixoumedos no subconsciente alimen-tados, sobretudo, pelos poderesreligiosos e políticos instituídos. Se-gundo eles, tudo o que de mauacontecia na Natureza era casti-go de Deus. Chuvas torrenciais, di-lúvios, maremotos, tremores de ter-ra, ou simples trovoada…, eraDeus que castigava ou estavamuito zangado com as pessoas.Por isso, havia que acalmá-l’O,apaziguá-l’O com rituais religio-sos de submissão, de humilhação.

A partir do Renascimento, mui-tos desses fenómenos naturais fo-ram-se tornando mais inteligíveispela explicação das ciências. Edava-se o conflito entre Fé e Ra-zão, que os tempos modernos ten-tam conciliar, desfazendo o queparecia um antagonismo visceral.

Segundo a revelação cristã,Jesus veio para que os homens «te-nham vida em abundância» epara mostrar o rosto amoroso deDeus, constituindo este a Sua es-sência, numa das Suas últimas de-finições bíblicas: «Deus é amor».

É neste Deus que creio; nãonum Deus velhaco e humilhante,redutor da Sua criação, em geral,e do homem, em particular, que«Ele criou à Sua imagem e seme-lhança.» Um Deus criador, queaprecia o que criou com a classi-ficação de «era bom» e «muitobom», nunca Se pode tornar num

Deus destruidor, descriador da Suaprópria obra, a que deu a forçade evoluir continuamente, nem per-mitir que as forças do mal a destru-am pois, então, estas passariam aser mais poderosas do que Ele eocupariam o Seu lugar. O mundonão acaba, vai-se transformando,numa existência a que Ele preside,como entidade fonte do Bem.

É verdade que a maldade daspessoas, principalmente a dos quetêm o poder de decidir o rumo dahistória, vai deitando venenos des-truidores no planeta: são as guer-ras, as experiências nucleares, osgases poluidores... (para os quaistodos contribuímos com uma quo-ta-parte)... Por isso, não será Deusque, mediante petições religiosas,terá de resolver o problema, massim nós, sendo ecologicamente res-ponsáveis.

Não creio num Deus que gostede ver ou provoque situações demiséria na criação, para depois ac-tuar como libertador e salvador. TalDeus seria a negação da Sua pró-pria essência: AMOR. Assim comotambém não acredito num Deusque Se aproveite da miséria de pa-íses pobres e de situações socaisaviltantes e degradantes para adignidade do ser humano, para aífazer florescer vocações eclesias,celibatárias ou não. Deus é peladignidade humana e quer que to-dos colaborem com Ele na promo-ção dessa dignidade, principal-mente aqueles que vivem na abun-dância e a podem e devem parti-lhar com os mais pobres.

Se na sociedade contemporâ-nea Deus parece ser o grande au-sente, não será por Sua culpa, massim pela imagem de Deus que osresponsáveis religiosos, ao longodos tempos, quiseram, e ainda que-rem, fazer passar: um Deus que Se

aplaca com rituais de oração e pe-nitência individual e colectiva, comincensações e com devoções detoda a espécie. E não aquele Deusque Se identifica com qualquer serhumano, principalmente aqueleque é despojado da sua dignida-de para, através dos que O amame com Ele colaboram, o elevar dasua condição desumana.

Ele é o Deus que Se manifes-tou em Jesus e veio «para servir enão para ser servido» e que, nomemorial da Última Ceia, expres-sa, como Sua última vontade, aexigência de idêntico comporta-mento àqueles que decidem serSeus seguidores: «Compreendeis oque vos fiz? Chamais-Me Mestree Senhor… Ora, se Eu vos laveios pés, sendo Senhor e Mestre,também vós vos deveis lavar ospés uns aos outros. (…) Dou-vosum mandamento novo: que vosameis uns aos outros…» (Jo.13) EMateus faz anteceder o capítuloda Última Ceia (Mt. 26) pela nar-ração apelativa do bem conheci-do «Vinde, benditos de Meu Pai,porque Eu tive fome e deste-Mede comer…» (Mt. 25).

Fé ou crença? Para mim, aque-la é fundada em força divina; estatem mais a ver com imposiçõeshumanas, medos que atavicamen-te controlam o nosso consciente ousubconsciente, sendo fruto de umahierarquia (poder sagrado), queo não devia ser, mas sim diaconia(serviço, ministério = aquele queé o mais pequeno, o menos im-portante, servidor dos outros),como Jesus, que assumiu o papelde criado, escravo, lavando me-taforicamente os pés aos Seusapóstolos.

Se na desgraça falarmos doamor e o actuarmos, as pessoasnão procurarão Deus por medoou como remédio que se comprapara as maleitas, mas por razõesessenciais, que têm a ver com adignidade: «Deus é amor» e «vóssois deuses».

Fernando NevesFernando NevesFernando NevesFernando NevesFernando Neves

A vida é, tantas vezes, ameaçada por catástrofes natu-A vida é, tantas vezes, ameaçada por catástrofes natu-A vida é, tantas vezes, ameaçada por catástrofes natu-A vida é, tantas vezes, ameaçada por catástrofes natu-A vida é, tantas vezes, ameaçada por catástrofes natu-

rais, sem aparente intervenção humana. Que responderrais, sem aparente intervenção humana. Que responderrais, sem aparente intervenção humana. Que responderrais, sem aparente intervenção humana. Que responderrais, sem aparente intervenção humana. Que responder

a quem diz que a religião e a fé estão em decadência?a quem diz que a religião e a fé estão em decadência?a quem diz que a religião e a fé estão em decadência?a quem diz que a religião e a fé estão em decadência?a quem diz que a religião e a fé estão em decadência?

DEUS PARECE AUSENTE

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espiralespiralespiralespiralespiral 7

INESQUECÍVELINESQUECÍVELINESQUECÍVELINESQUECÍVELINESQUECÍVELFRANCISCO DOS SANTFRANCISCO DOS SANTFRANCISCO DOS SANTFRANCISCO DOS SANTFRANCISCO DOS SANTOSOSOSOSOSÉ com um misto de alegria e

de tristeza que evoco FranciscoSantos. Em primeiro lugar, alegria,porque, cumprida brilhantementea sua missão na terra, partiu parao Pai com uma serenidade impres-sionante. Os últimos meses da suavida foram de enorme sofrimento,sempre aceite com exemplar resig-nação. Muito aprendi com ele. Erabom amigo, óptimo colega, ad-mirado e respeitado por todos.

Lembro-o também com triste-za, pois deixo de o contactar fa-miliarmente. Ele recebia-me sem-pre com um acolhimento fidalgo.

Nasceu a 12 de Julho de 1931,em Castelo do Douro, Alijó. Nes-ta região, onde tudo é poesia,cresceu poeta. Na poesia encon-trou a chama da sua existência.

Fez os primeiros estudos noColégio Oficina de S. José, noPorto, e aí tirou o curso de im-pressor. Completou a secundá-ria no Instituto Salesiano deMogofores. Cursou Filosofia noInstituto Salesiano de Maniquedo Estoril e Teologia em Lisboa.Foi ordenado Presbítero emÉvora.

Após a ordenação, seguiupara Macau onde, durante oitoanos, leccionou várias disciplinasno Colégio Dom Bosco. Regres-sou a Portugal, para a direcção deEstudos na Escola Profissional deSanta Clara, em Vila do Conde e,depois, cinco anos em Izeda.

Veio o momento delicado e de-cisivo da sua vida. Fez uma op-ção, da qual jamais se arrepen-deu. Solicitou a dispensa do exer-cício das ordens sacras e passou arepartir a sua vida com Maria Na-tália Pereira e as duas filhas, que,com extremo carinho, dedicação,comunhão de felicidade, o acom-panharam até à partida para aFelicidade Eterna, a 30 de Setem-bro.

HOMENAGEMConhecemo-nos e fizemo-nos

amigos na Escola José Régio, emVila do Conde. Manteve sempreum certo optimismo pelo futuro, àmistura com algumas dúvidas eincertezas (quem as não tem?). Foium homem de fé arraigada. Co-laborou em actividades pastoraisonde residia. Em Vairão, sua últi-ma residência, foi organista eensaiador do grupo coral. A cer-teza do Além ficou expressa nasduas obras de poesia que publi-cou «Caminhando» e «Reviver».

A sua humildade não permitiuque revelasse a sua bagagem cul-tural. A sua modéstia deixou com-posições musicais, obras poéticas,e não só, na gaveta, como esta:

SOUSA GONÇALVESSOUSA GONÇALVESSOUSA GONÇALVESSOUSA GONÇALVESSOUSA GONÇALVES

NUNO PASCOALNUNO PASCOALNUNO PASCOALNUNO PASCOALNUNO PASCOAL

AMIGOAMIGOAMIGOAMIGOAMIGOABÍLIO C. A. REBELOABÍLIO C. A. REBELOABÍLIO C. A. REBELOABÍLIO C. A. REBELOABÍLIO C. A. REBELOFaleceu a 20 de Outubro. Era

natural de Riodades, freguesia quetem como ex-libris o promontóriode São Salvador do Mundo, se-meado de pequenas capelas, dis-postas para a via-sacra, encima-das por vetusta igreja, sobre omagestoso rio Douro.

Foi neste ambiente paradisíacoque o Dr. Abílio viveu os verdesanos, acarinhado por família dis-tinta, nomeadamente pelo tio, oCónego Amaral, figura cimeira dadiocese de Lamego; e sorveu a de-

voção a Nossa Senhora da Ale-gria, a padroeira, (trazia sempreo terço, que recitava uma e maisvezes por dia), e aprendeu a fé fe-cunda no Salvador do mundo, Je-sus Cristo.

«De mortis nisi bonum».Oaforismo não em razão de ser como Dr. Abílio, porque, enquanto pe-regrinou na Terra, foi de tal ma-neira honesto e bom que não é pre-ciso empolar nada a seu respeito.

Viveu modestamente e de for-ma simples, tendo por lema fazero bem. A amizade era para ele umatributo, que distribuía pelos seuscompanheiros. Muito jovem ainda,nos tempos em que jogava fute-bol, nunca os seus adversários o

acusaram de deslealdade, bru-talidade, nem tão pouco demau perder. Acabava o jogo,de que muitas vezes saia vence-dor, e, de imediato, animava aequipa vencida, como que di-zendo «na próxima serãovocês».

Terminado o Curso, já noexercício das suas funções, a to-dos acolhia com um sorriso etom optimista, e dava conselhos,usando sempre de caridade cris-tã. Foi um baluarte no Ministé-rio da Educação e a muitos pro-piciou carreiras de sucesso.

Deus escolheu para ele amulher certa, a Maria de S. José,que soube ser esposa exemplar,com desvelo sem limites.

Nos últimos anos, enfrentoucom a maior resignação a subidado calvário da vida. Quando lheperguntava pela saúde, respondiasempre «seja o que Deus quiser».

Pelas festas do Natal, Páscoa eaniversários, mimoseava os ami-gos com cartas lindíssimas. Priva-va com muitos sacerdotes e, quan-do se dirigia à igreja, o seu en-canto era estar perto do altar. Pa-recia que era o que lhe dava maisprazer na vida.

MORTEÓ morte, porque vens pela calada,numa hora, que é sempre tão incerta?Sempre vens quando és menos esperada.

Embora sejas pouco desejada,Quando truncas a vida, só, deserta,Mas quando a alma tem a porta abertaDum gozo eterno, és mesmo procurada.

Sim! Não é tão escuro o teu degredoComo o pinta quem de ti tem medoQual vil harpia que nos rouba assim!

És da glória do justo portadora,Dos tormentos da vida vencedora:Tu abres o caminho à luz sem fim.

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espiralespiralespiralespiralespiral Responsável: Fernando FélixPraceta dos Malmequeres, 4 - 3º Esq.Massamá / 2745-816 Queluze-mail: [email protected]

Boletim daAssociação Fraternitas Movimento

Nº 25 - Outubro/Dezembro de 2006Nº 25 - Outubro/Dezembro de 2006Nº 25 - Outubro/Dezembro de 2006Nº 25 - Outubro/Dezembro de 2006Nº 25 - Outubro/Dezembro de 2006www.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.ptwww.fraternitas.pt

3.º ANIVERSÁRIO DO FALECIMENTO

DO CÓNEGO FILIPE DE FIGUEIREDOA FundaçãoA FundaçãoA FundaçãoA FundaçãoA Fundação

Cónego FilipeCónego FilipeCónego FilipeCónego FilipeCónego Filipede Figueiredode Figueiredode Figueiredode Figueiredode Figueiredopromoveu empromoveu empromoveu empromoveu empromoveu emEstarreja, terraEstarreja, terraEstarreja, terraEstarreja, terraEstarreja, terranatal do padrenatal do padrenatal do padrenatal do padrenatal do padreFilipe, e localFil ipe, e localFil ipe, e localFil ipe, e localFil ipe, e localonde o Senhoronde o Senhoronde o Senhoronde o Senhoronde o Senhoro chamou a Si,o chamou a Si,o chamou a Si,o chamou a Si,o chamou a Si,uma Semana Cultural para comemorar o 3.ºuma Semana Cultural para comemorar o 3.ºuma Semana Cultural para comemorar o 3.ºuma Semana Cultural para comemorar o 3.ºuma Semana Cultural para comemorar o 3.ºaniversário do seu falecimento, em 28 de No-aniversário do seu falecimento, em 28 de No-aniversário do seu falecimento, em 28 de No-aniversário do seu falecimento, em 28 de No-aniversário do seu falecimento, em 28 de No-vembro de 2003.vembro de 2003.vembro de 2003.vembro de 2003.vembro de 2003.

A Semana, que teve início em 25 de No-A Semana, que teve início em 25 de No-A Semana, que teve início em 25 de No-A Semana, que teve início em 25 de No-A Semana, que teve início em 25 de No-vembro, culminou no dia 2 de Dezembro comvembro, culminou no dia 2 de Dezembro comvembro, culminou no dia 2 de Dezembro comvembro, culminou no dia 2 de Dezembro comvembro, culminou no dia 2 de Dezembro comuma Missa solene na igreja de São Tiago deuma Missa solene na igreja de São Tiago deuma Missa solene na igreja de São Tiago deuma Missa solene na igreja de São Tiago deuma Missa solene na igreja de São Tiago deBeduído, igreja paroquial das origens deBeduído, igreja paroquial das origens deBeduído, igreja paroquial das origens deBeduído, igreja paroquial das origens deBeduído, igreja paroquial das origens deEstarreja, e em cujo cemitério o Cónego Fili-Estarreja, e em cujo cemitério o Cónego Fili-Estarreja, e em cujo cemitério o Cónego Fili-Estarreja, e em cujo cemitério o Cónego Fili-Estarreja, e em cujo cemitério o Cónego Fili-pe está sepultado. A Missa foi presidida porpe está sepultado. A Missa foi presidida porpe está sepultado. A Missa foi presidida porpe está sepultado. A Missa foi presidida porpe está sepultado. A Missa foi presidida porDDDDD. António Marcelino, Bispo de Aveiro, num. António Marcelino, Bispo de Aveiro, num. António Marcelino, Bispo de Aveiro, num. António Marcelino, Bispo de Aveiro, num. António Marcelino, Bispo de Aveiro, numdos seus últimos actos públicos antes de re-dos seus últimos actos públicos antes de re-dos seus últimos actos públicos antes de re-dos seus últimos actos públicos antes de re-dos seus últimos actos públicos antes de re-signar das suas funções episcopais em Avei-signar das suas funções episcopais em Avei-signar das suas funções episcopais em Avei-signar das suas funções episcopais em Avei-signar das suas funções episcopais em Avei-ro. Fro. Fro. Fro. Fro. Foi, também, Doi, também, Doi, também, Doi, também, Doi, também, D. António Marcelino quem. António Marcelino quem. António Marcelino quem. António Marcelino quem. António Marcelino quemerigiu canonicamente a Fundação Cónego Fi-erigiu canonicamente a Fundação Cónego Fi-erigiu canonicamente a Fundação Cónego Fi-erigiu canonicamente a Fundação Cónego Fi-erigiu canonicamente a Fundação Cónego Fi-lipe de Figueiredo.lipe de Figueiredo.lipe de Figueiredo.lipe de Figueiredo.lipe de Figueiredo.

À Missa seguiu-se o lançamento da 1.ªÀ Missa seguiu-se o lançamento da 1.ªÀ Missa seguiu-se o lançamento da 1.ªÀ Missa seguiu-se o lançamento da 1.ªÀ Missa seguiu-se o lançamento da 1.ªpedra do Centro Social Nossa Senhora dopedra do Centro Social Nossa Senhora dopedra do Centro Social Nossa Senhora dopedra do Centro Social Nossa Senhora dopedra do Centro Social Nossa Senhora doAmparo, no lugar do PAmparo, no lugar do PAmparo, no lugar do PAmparo, no lugar do PAmparo, no lugar do Passal, em terrenos queassal, em terrenos queassal, em terrenos queassal, em terrenos queassal, em terrenos queo Cónego Fo Cónego Fo Cónego Fo Cónego Fo Cónego Filipe tinha doado à Filipe tinha doado à Filipe tinha doado à Filipe tinha doado à Filipe tinha doado à Fundação Dundação Dundação Dundação Dundação D.....Manuel Mendes da Conceição Santos, por siManuel Mendes da Conceição Santos, por siManuel Mendes da Conceição Santos, por siManuel Mendes da Conceição Santos, por siManuel Mendes da Conceição Santos, por sicriada, a qual os cedeu à Fundação que ago-criada, a qual os cedeu à Fundação que ago-criada, a qual os cedeu à Fundação que ago-criada, a qual os cedeu à Fundação que ago-criada, a qual os cedeu à Fundação que ago-ra leva o nome dele. O Centro correspondera leva o nome dele. O Centro correspondera leva o nome dele. O Centro correspondera leva o nome dele. O Centro correspondera leva o nome dele. O Centro correspondea um sonho do Cónego Filipe para a suaa um sonho do Cónego Filipe para a suaa um sonho do Cónego Filipe para a suaa um sonho do Cónego Filipe para a suaa um sonho do Cónego Filipe para a suaterra natal de Estarreja: «terra natal de Estarreja: «terra natal de Estarreja: «terra natal de Estarreja: «terra natal de Estarreja: «TTTTTenho um sonho queenho um sonho queenho um sonho queenho um sonho queenho um sonho quequero tornar realidade: dotar a minha terraquero tornar realidade: dotar a minha terraquero tornar realidade: dotar a minha terraquero tornar realidade: dotar a minha terraquero tornar realidade: dotar a minha terrade um Lde um Lde um Lde um Lde um Lar de Tar de Tar de Tar de Tar de Terceira Idade». Quis o Senhorerceira Idade». Quis o Senhorerceira Idade». Quis o Senhorerceira Idade». Quis o Senhorerceira Idade». Quis o Senhor,,,,,no dia em que na Câmara Municipal deno dia em que na Câmara Municipal deno dia em que na Câmara Municipal deno dia em que na Câmara Municipal deno dia em que na Câmara Municipal deEstarreja, no gabinete do hoje AdministradorEstarreja, no gabinete do hoje AdministradorEstarreja, no gabinete do hoje AdministradorEstarreja, no gabinete do hoje AdministradorEstarreja, no gabinete do hoje Administradorda Fda Fda Fda Fda Fundação Cónego Fundação Cónego Fundação Cónego Fundação Cónego Fundação Cónego Filipe, Srilipe, Srilipe, Srilipe, Srilipe, Sr. V. V. V. V. Valter Martins,alter Martins,alter Martins,alter Martins,alter Martins,era comunicado que a licença para a cons-era comunicado que a licença para a cons-era comunicado que a licença para a cons-era comunicado que a licença para a cons-era comunicado que a licença para a cons-trução do Centro Social tinha finalmente sidotrução do Centro Social tinha finalmente sidotrução do Centro Social tinha finalmente sidotrução do Centro Social tinha finalmente sidotrução do Centro Social tinha finalmente sidoconcedida, chamá-lo a Si.concedida, chamá-lo a Si.concedida, chamá-lo a Si.concedida, chamá-lo a Si.concedida, chamá-lo a Si.

Ao lançamento presidiram DAo lançamento presidiram DAo lançamento presidiram DAo lançamento presidiram DAo lançamento presidiram D. António. António. António. António. AntónioMarcelino, que abençoou a 1.ª pedra, o Go-Marcelino, que abençoou a 1.ª pedra, o Go-Marcelino, que abençoou a 1.ª pedra, o Go-Marcelino, que abençoou a 1.ª pedra, o Go-Marcelino, que abençoou a 1.ª pedra, o Go-vernador Civil de Aveiro, o Presidente da Câ-vernador Civil de Aveiro, o Presidente da Câ-vernador Civil de Aveiro, o Presidente da Câ-vernador Civil de Aveiro, o Presidente da Câ-vernador Civil de Aveiro, o Presidente da Câ-mara Municipal de Estarreja e o Presidentemara Municipal de Estarreja e o Presidentemara Municipal de Estarreja e o Presidentemara Municipal de Estarreja e o Presidentemara Municipal de Estarreja e o Presidenteda Fundação Cónego Filipe de Figueiredo,da Fundação Cónego Filipe de Figueiredo,da Fundação Cónego Filipe de Figueiredo,da Fundação Cónego Filipe de Figueiredo,da Fundação Cónego Filipe de Figueiredo,SrSrSrSrSr. Manuel F. Manuel F. Manuel F. Manuel F. Manuel Filipe Filipe Filipe Filipe Filipe Figueiredo; participaram nu-igueiredo; participaram nu-igueiredo; participaram nu-igueiredo; participaram nu-igueiredo; participaram nu-merosas autoridades e entidades regionais emerosas autoridades e entidades regionais emerosas autoridades e entidades regionais emerosas autoridades e entidades regionais emerosas autoridades e entidades regionais e

locais, os Bombeiros, amigos do padre Fili-locais, os Bombeiros, amigos do padre Fili-locais, os Bombeiros, amigos do padre Fili-locais, os Bombeiros, amigos do padre Fili-locais, os Bombeiros, amigos do padre Fili-pe, população de Estarreja e o Drpe, população de Estarreja e o Drpe, população de Estarreja e o Drpe, população de Estarreja e o Drpe, população de Estarreja e o Dr. F. F. F. F. FranciscoranciscoranciscoranciscoranciscoMonteiro em representação da Obra Nacio-Monteiro em representação da Obra Nacio-Monteiro em representação da Obra Nacio-Monteiro em representação da Obra Nacio-Monteiro em representação da Obra Nacio-nal da Pnal da Pnal da Pnal da Pnal da Pastoral dos Ciganos, que o padreastoral dos Ciganos, que o padreastoral dos Ciganos, que o padreastoral dos Ciganos, que o padreastoral dos Ciganos, que o padreFilipe dirigiu durante longos anos, e daFilipe dirigiu durante longos anos, e daFilipe dirigiu durante longos anos, e daFilipe dirigiu durante longos anos, e daFilipe dirigiu durante longos anos, e da«F«F«F«F«Fraternitas», Movimento que ele fundou.raternitas», Movimento que ele fundou.raternitas», Movimento que ele fundou.raternitas», Movimento que ele fundou.raternitas», Movimento que ele fundou.

Após o almoço no Hotel Eurosol, se-Após o almoço no Hotel Eurosol, se-Após o almoço no Hotel Eurosol, se-Após o almoço no Hotel Eurosol, se-Após o almoço no Hotel Eurosol, se-guiu-se, no Salão Nobre da Câmara Munici-guiu-se, no Salão Nobre da Câmara Munici-guiu-se, no Salão Nobre da Câmara Munici-guiu-se, no Salão Nobre da Câmara Munici-guiu-se, no Salão Nobre da Câmara Munici-pal, uma interessante conferência proferidapal, uma interessante conferência proferidapal, uma interessante conferência proferidapal, uma interessante conferência proferidapal, uma interessante conferência proferidapelo amigo do Cónego Figueiredo, tambémpelo amigo do Cónego Figueiredo, tambémpelo amigo do Cónego Figueiredo, tambémpelo amigo do Cónego Figueiredo, tambémpelo amigo do Cónego Figueiredo, tambémnatural de Estarreja, Drnatural de Estarreja, Drnatural de Estarreja, Drnatural de Estarreja, Drnatural de Estarreja, Dr. Olívio Amador. Olívio Amador. Olívio Amador. Olívio Amador. Olívio Amador, so, so, so, so, so-----bre alguns escritos que o homenageado de-bre alguns escritos que o homenageado de-bre alguns escritos que o homenageado de-bre alguns escritos que o homenageado de-bre alguns escritos que o homenageado de-dicou a figuras notáveis de Estarreja. Este es-dicou a figuras notáveis de Estarreja. Este es-dicou a figuras notáveis de Estarreja. Este es-dicou a figuras notáveis de Estarreja. Este es-dicou a figuras notáveis de Estarreja. Este es-tudo inseretudo inseretudo inseretudo inseretudo insere-----se na pesquisa que o Drse na pesquisa que o Drse na pesquisa que o Drse na pesquisa que o Drse na pesquisa que o Dr. Olívio. Olívio. Olívio. Olívio. OlívioAmador está a fazerAmador está a fazerAmador está a fazerAmador está a fazerAmador está a fazer, com o objectivo de es, com o objectivo de es, com o objectivo de es, com o objectivo de es, com o objectivo de es-----crever uma biografia do Cónego Filipe.crever uma biografia do Cónego Filipe.crever uma biografia do Cónego Filipe.crever uma biografia do Cónego Filipe.crever uma biografia do Cónego Filipe.

Durante a Semana realizaram-se diver-Durante a Semana realizaram-se diver-Durante a Semana realizaram-se diver-Durante a Semana realizaram-se diver-Durante a Semana realizaram-se diver-sas outras actividades, das quais se destacasas outras actividades, das quais se destacasas outras actividades, das quais se destacasas outras actividades, das quais se destacasas outras actividades, das quais se destacao espectáculo do padre Borga e a sua Ban-o espectáculo do padre Borga e a sua Ban-o espectáculo do padre Borga e a sua Ban-o espectáculo do padre Borga e a sua Ban-o espectáculo do padre Borga e a sua Ban-da .da .da .da .da .

Francisco MonteiroFrancisco MonteiroFrancisco MonteiroFrancisco MonteiroFrancisco Monteiro

«O mais pernicioso (daHistória) foram e são ideiasteológicas mesquinhas eridículas. Também por isso,nomeadamente Buda,Confúcio, Sócrates e Jesus,figuras determinantes para aHumanidade e de cuja pro-funda religiosidade ninguémpode duvidar, foram conside-rados ateus. Sócrates con-cretamente bebeu a cicuta,acusado de ateísmo, e Jesusmorreu na cruz, acusado deblasfémia.

Estes factos obrigam ater constantemente presen-tes, com temor e tremor, osperigos patológicos das reli-giões.»

Anselmo Borges;Anselmo Borges;Anselmo Borges;Anselmo Borges;Anselmo Borges;Padre e professor de Filosofia,Padre e professor de Filosofia,Padre e professor de Filosofia,Padre e professor de Filosofia,Padre e professor de Filosofia,

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