Espiritismo A

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo CristãoAno 131 / Fevereiro, 2013 / N o 2.207

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES

Redatores: ALTIVO FERREIRA, ANTONIO CESAR PERRI DE

CARVALHO, EVANDRO NOLETO BEZERRA, GERALDO

CAMPETTI SOBRINHO, JOSÉ CARLOS DA SILVA SILVEIRA

E MARTA ANTUNES DE OLIVEIRA DE MOURA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: SADY GUILHERME SCHMIDT

Equipe de Diagramação: AGADYR TORRES PEREIRA E

SARAÍ AYRES TORRES

Equipe de Revisão: WAGNA CARVALHO E ISAURA DA

SILVA KAUFMAN

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: CAROLINE VASQUEZ

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

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SumárioExpediente

Editorial

Planejar para aperfeiçoar

Entrevista: Éden Ernesto

Preservação da memória da missão do Brasil

Esflorando o Evangelho

Palavras – Emmanuel

Falando de Livro

Edição histórica de O evangelho segundo o espiritismo –

Geraldo Campetti Sobrinho

Em dia com o Espiritismo

O impacto das alterações climáticas – Marta Antunes Moura

Evangelização Espírita Infantojuvenil

Juventude e a tarefa espírita – Juventude: some esforços,

multiplique talentos

A FEB e o Esperanto

Esde em esperanto na Abee-Goiás – Affonso Soares

Reformador de ontem

Aprendamos a solucionar os problemas no tempo da união

fraternal – Emmanuel

Seara Espírita

Duração das penas futuras – Christiano Torchi

Flexibilidade – Joanna de Ângelis

Pátria do Evangelho – Humberto de Campos

O que posso ou o que quero? – Richard Simonetti

Estudo das obras da Codificação Espírita – Caminho

para a libertação – Clara Lila Gonzalez de Araújo

Cura espontânea – J. Moutinho

Ideias inatas e predestinação – Rogério Coelho

Viver Jesus! – Conhecer, ler, estudar, sentir e viver

Jesus – Daniella Priolli F. e Carvalho

A casa, o cemitério e as bengalas –

Manuel Ferreira Barbosa Neto

Esde – 30 anos – Eu sou a luz do mundo

Algumas ponderações sobre nossas escolhas –

Uriel Augusto Guimarães Santos

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PARA O BRASILAssinatura anual R$ 52,00Assinatura digital anual R$ 24,00Número avulso R$ 7,00

PARA O EXTERIORAssinatura anual US$ 50,00

Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274www.feblivraria.com.brassinaturas.reformador@febrasil.org.br

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Editorial

ncontra-se em fase de divulgação o “Plano de Trabalho para o MovimentoEspírita Brasileiro (2013-2017)”, aprovado em Reunião Ordinária doConselho Federativo Nacional da Federação Espírita Brasileira, após etapas

de elaboração coletiva envolvendo as 26 Entidades Federativas Estaduais e a doDistrito Federal.

Trata-se da segunda experiência, depois da implantação do Plano de Trabalhorelativo ao quinquênio anterior.

Atualmente, no cenário de nosso mundo, planejamento é palavra de ordem, nor-teando as atividades públicas e privadas. O Movimento Espírita não é exceção. Aideia do planejamento de ações surge com o Codificador e se espraia em váriosdetalhamentos nas obras assinadas por orientadores espirituais e companheiros detrabalho com atividades vinculadas ao tema.

O Plano de Trabalho vigente, e ora divulgado, define as prioridades institucionaisde caráter geral e abrangente para as diretrizes: difusão da Doutrina Espírita, pre-servação da unidade de princípios da Doutrina Espírita, comunicação social espíri-ta, adequação dos centros espíritas para o atendimento de suas finalidades, multi-plicação dos centros espíritas, união dos espíritas e unificação do MovimentoEspírita, capacitação do trabalhador espírita e participação na sociedade.

As recomendações para se planejar e avaliar, com o objetivo de se aperfeiçoar asações, são claras e coerentes. Com atividades ordenadas e fundamentadas em Planode Trabalho, torna-se mais fácil seu acompanhamento. Sobre isto, o Mestre nos adverte:“Dá conta de tua administração”.1 Emmanuel disserta sobre este tema:

Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai,

e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura humana detém possi-

bilidades enormes no plano em que moureja.

[...]

Que fazes, portanto, dos talentos preciosos que repousam em teu coração, em tuas

mãos e no teu caminho? [...]2

E

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Planejar para

aperfeiçoar

1LUCAS, 16:2.

2XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. cap. 75.

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pena, forma jurídica pelaqual o Estado reprime aviolação da ordem social,

vem sofrendo diversas mutações,à medida que as instituições hu-manas vão progredindo no decur-so do tempo. Atualmente, parecehaver um consenso de que a penadeveria ter finalidade pedagógica,não sendo mais viável utilizá-lacomo instrumento de mera puni-ção ou vingança, como ocorria nopretérito, mas sim como forma derecuperar e reinserir o transgres-sor na sociedade.

Em um Congresso Penal e Pe-nitenciário realizado, no ano de1930, em Praga, capital da antigaTchecoslováquia, Kellerharls, ex-perimentado diretor de peniten-ciária, externou um pensamen-to que antecipou em muitas dé-cadas a preocupação da socieda-de contemporânea a respeito daaplicação das penas. Disse ele, naocasião:

Devo declarar que jamais en-

contrei, no curso de minha ex-

periência, um indivíduo verda-

deiramente incorrigível. Nos

casos em que não logrei a dese-

jada influência sobre o prisio-

neiro, tive a impressão de que

isso decorria de nossa própria

culpa, pelo simples fato de não

termos sabido encontrar o mé-

todo adequado para conquistar

o prisioneiro com êxito.1

Atualmente, as leis humanasestabelecem alguns critérios obje-tivos para quantificar as penas doinfrator, entre eles a gravidade daculpa, os antecedentes, a condutasocial, a personalidade do agente,os motivos, as consequências e ascircunstâncias em que o crime foicometido, bem como o compor-tamento da vítima.

E as leis divinas? Quais seriamos critérios definidores do tempode duração das penas dos Espíri-tos? É sabido que, muito acimados sistemas legais perecíveis doshomens, prevalece a justiça inde-fectível de Deus. O Criador nun-ca age por capricho, pois tudo noUniverso é regido por leis sobera-nas e imutáveis que revelam a sa-bedoria e a bondade divinas.Deus não criou os seres eterna-

mente votados ao mal, razão porque jamais fecha a porta ao arre-pendimento e à reabilitação doEspírito infrator.

A duração do sofrimento, de-corrente da infração das leis divi-nas, é determinada pelo temponecessário ao melhoramento doculpado, que lavra contra si a pró-pria sentença, pois tem como juiza consciência, na qual estão ins-culpidas as leis divinas.

Portanto, o estado de sofrimen-to e de felicidade é proporcionalao grau de pureza do Espírito.2 Àmedida que progride, seus sofri-mentos diminuem e se modifi-cam. A lei que rege a duração daspenas é eminentemente sábia ebenevolente, pois subordina essaduração aos esforços ou vontadedo próprio Espírito, que sempreconserva o livre-arbítrio para agirdessa ou daquela maneira, de mo-do que sofre as consequências, boasou más, de suas escolhas, apren-dendo a responsabilizar-se porseus atos.

Não há como negar a lei doprogresso: criados simples e igno-rantes, todos os Espíritos devem

CH R I S T I A N O TO RC H I

Duração daspenas futuras

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progredir num tempo mais oumenos longo, por seus méritos.Ou seja, todos se arrependem e semelhoram, passando pelo filtrodas reencarnações, que é mecanis-mo eficiente das leis divinas, asquais sempre oferecem ensejo àreparação do mal cometido, emcircunstâncias adequadas às reaisnecessidades de cada criatura.

Ainda que o Espírito pretendapermanecer na maldade e na ig-norância, chega um tempo emque ele próprio sente uma irresis-tível necessidade de sair da escuri-dão em busca da luz. São os Es-píritos de arrependimento tardio.

A doutrina das penas eternas,3

tal qual a do inferno de chamas,prosperou enquanto o temor po-dia constituir um freio para ascriaturas humanas de escasso en-tendimento intelecto-moral, quefaziam de Deus, de seus atributos

e da vida futura uma ideia muitoimperfeita e vaga. À proporção queo Espírito foi adquirindo as luzesdo conhecimento e da experiên-cia, passou a compreender melhoros aspectos espirituais.

As lições deixadas por Jesusconstituem um novo paradigma,firmado na crença em um Deussábio, justo, clemente e amoroso,o qual veio substituir o antigo, ba-seado na crença em um Deus cruele vingativo.

Grande parte dos ensinos doMestre ainda não foi compreendi-da, porque o progresso moralocorre de forma lenta e gradativa,a reboque do progresso do inte-lecto. Devido a essa evolução inci-piente dos homens é que Jesus, fa-lando para o futuro, expressoumuitas de suas lições por meio deparábolas, que um dia seriam des-veladas quando o homem tivesse

ampliado sua capacidade de dis-cernimento.

Ao Espiritismo cabe essa imen-sa tarefa de levar aos corações so-fridos, às almas sedentas de co-nhecimento, o verdadeiro sentidode certos ensinos de Jesus que,com o advento das luzes da Ciên-cia, podem ser mais facilmenteapreendidos pelos homens.

Imaginar que uma alma possaser condenada, irremissivelmente,seria o mesmo que admitir que asleis divinas fossem menos benig-nas e justas do que as leis huma-nas, as quais estabelecem atenuan-tes para determinados crimes einstituem um regime de progres-são de penas mais severas parapenas mais brandas, com funda-mento no bom comportamentodo infrator.

Ademais, admitir a existênciade sanções eternas seria duvidar

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da equidade e da perfeição doCriador, visto que tais penas se-riam sempre desproporcionais,por pior que fosse o ato cometidonuma curta existência física. Seassim fosse, Deus teria falhado aocriar almas, sabendo-as de ante-mão irrecuperáveis e condenadasao eterno suplício.

Nunca é demais relembrar queentre os antigos, a palavra “eterni-dade” tinha um sentido diferentedo que lhe é emprestado na atua-lidade. Significava um tempo mui-to longo, mas não perpétuo, comose entende hoje em dia. A rigor, acrença na doutrina das penaseternas conduz ao seguinte dile-ma: “ou Deus é perfeito, e não hápenas eternas, ou há penas eter-nas, e Deus não é perfeito”.4 Exa-tamente por isso, o dogma daeternidade absoluta das penas éincompatível com o progresso dasalmas, pois, se essas progridem,não há razão para impor a elaspenas sem-fim.

No que diz respeito às penasfuturas,5 a Doutrina Espírita sebaseia nas observações dos fatos enão em teorias preconcebidas.São os próprios Espíritos quevêm do espaço contar aos ho-mens, pelos médiuns, a sua situa-ção feliz ou infeliz, descrevendoem detalhes como se sentem apóso decesso físico, à feição de men-sageiros a complementarem osensinamentos do Cristo sobre es-se e outros pontos.

Os Espíritos da Codificaçãoresumem o “código penal davida futura” em 33 pontos, osquais são descritos na primeira

parte, ao final do capítulo VII,da obra O céu e o inferno, deonde destacamos os seguintes,que dizem respeito à duraçãodas penas infligidas ao Espíritoinfrator:

12o – Não há regra absoluta

nem uniforme quanto à natu-

reza e duração da pena: – a

única lei geral é que toda falta

terá punição, e terá recompen-

sa todo ato meritório, segundo

o seu valor.

13o – A duração do castigo de-

pende da melhoria do Espírito

culpado.

Nenhuma condenação por tem-

po determinado lhe é prescrita.

O que Deus exige por termo de

sofrimentos é um melhora-

mento sério, efetivo, sincero, de

volta ao bem.

Deste modo o Espírito é sempre o

árbitro da própria sorte, poden-

do prolongar os sofrimentos pela

pertinácia no mal, ou suavizá-

-los e anulá-los pela prática do

bem. (Grifo nosso.)

Uma condenação por tempo

predeterminado teria o duplo

inconveniente de continuar o

martírio do Espírito renegado,

ou de libertá-lo do sofrimento

quando ainda permanecesse no

mal. Ora, Deus, que é justo, só

pune o mal enquanto existe, e

deixa de o punir quando não

existe mais; por outra, o mal

moral, sendo por si mesmo cau-

sa de sofrimento, fará este durar

enquanto subsistir aquele, ou

diminuirá de intensidade à me-

dida que ele decresça.4

Em suma, os critérios divinospara a reparação das faltas e a du-ração das penas respectivas sãoextremamente justos e proativos,e, ao que tudo indica, estão inspi-rando os pesquisadores contem-porâneos, que têm buscado mé-todos alternativos eficientes derecuperação do infrator, como,por exemplo, no caso da chamada“justiça restaurativa”6 que, aomesmo tempo em que dá umaresposta adequada ao comporta-mento delituoso, também esti-mula o exercício do perdão porparte do ofendido e abre ao ofen-sor a oportunidade de se arrepen-der e de reparar os danos causa-dos pelo crime.

Referências:1OLIVEIRA, Delphim Salum de. Pena de

morte: sua inutilidade e sua ineficácia.

In: Revista do Ministério Público do Es-

tado do Sergipe. ano VII, n. 13, p. 78,

1997.2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. q. 1.003

a 1.009.3______. O céu e o inferno. Trad. Manuel

Quintão. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2011. pt. 1, cap. 6.4______. ______. pt. 1, cap. 6, it. 15, p. 83;

e Código penal da vida futura, p. 100,

respectivamente.5______. ______. pt. 1, cap. 7, p. 93 a

109.6ZEHR, Howard. Trocando as lentes:

um novo foco sobre o crime e a justi-

ça. Justiça restaurativa. Trad. Tônia Van

Acker. São Paulo: Palas Athena, 2008.

p. 280.

7Fevere i ro 2013 • Reformador 45

Page 8: Espiritismo A

odo comportamento ex-tremista responde por da-nos imprevisíveis e de la-

mentáveis consequências, porsustentar-se na intolerância e nodesrespeito à inteligência e aodiscernimento dos demais.

A consciência equilibrada bus-ca sempre o comportamento maissaudável, expressando-se de ma-neira gentil, mesmo nas circuns-tâncias mais severas e afligentes.

A flexibilidade é medida decometimento edificante pela fa-culdade de compreender a postu-ra do outro, aquele que nem sem-pre sabe expressar-se ou agir comoseria de desejar, mas, nada obs-tante, pensa e tem ideias credorasde respeito e de consideração, quedevem ser levadas a sério.

Quando se assume uma atitudede dureza, destrói-se a futura flo-ração do bem, porque nenhumaideia é irretocável de tal maneiraque não mereça reparo ou com-plementação, e diversas menteselaborando programas são maiseficazes do que apenas uma.

Ademais, essa imposição re-presenta alta presunção decor-rente da vaidade de se deter o conhecimento total ou mesmo averdade plena.

Quando se age dessa maneira,gera-se temor e animosidadepor se bloquear as possibilida-des dos demais, igualmente por-tadores da faculdade de pensar,de discernir.

Uma atitude flexível contri-bui para o somatório das reali-

zações dignificantes que sãoconfiadas a todos.

Não obstante reconhecer oequívoco da mulher surpreen-dida em adultério, o Mestre foi--lhe flexível, dando-lhe novaoportunidade, embora não con-cordando com a sua condutadesrespeitosa aos estatutos mo-rais e legais.

Entre dois ladrões no momen-to extremo, solicitado por umdeles, que se arrependera deexistência de erros, concedeu-lhea bênção da esperança de quetambém alcançaria o paraíso.

Obras expressivas e honorá-veis de serviço social e de edifica-ções do bem no mundo soço-bram e desaparecem em ruínas,quando alguns dos seus mem-

TFlexibilidade

Cristo e a mulher adúltera, por Nicolas Poussin

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bros apresentam-se detentores deinflexibilidade em suas proposi-turas e comportamentos diários.

A harmonia do conjunto exi-ge que todos contribuam com asua parte em favor do equilíbriogeral, mesmo que ceda agora, afim de regularizar no futuro.

Se alguém discorda e man-tém-se inflexível na sua ópticaocorre o desastre no grupo, quese divide, dando lugar a ressen-timentos e queixas, amarguras edissabores.

Assevera milenária sabedoriaoriental que a floresta exube-rante cresce em silêncio e dis-crição, mas quando tomba algu-ma árvore é com estrondo queo faz, como a significar que obem, o lado edificante de tudo,acontece com equilíbrio, en-quanto a queda, a destruição,sempre se dá de maneira ruido-sa e chocante.

Todo grupamento humanonecessita do contributo valiosoda tolerância, da paciência, dacompreensão.

A prepotência é geradora dedesmandos e tormentos in-calculáveis, que poderiam serevitados com um pouco de fra-ternidade.

Sê flexível, mesmo que pen-ses diferente, que tenhas ideiaspróprias, felizes, facultando aosoutros também serem ouvidos eseguidos.

No vendaval, a árvore quenão deseja ser arrancada verga--se, para depois retomar a postu-

ra. Se pretender manter-se ere-ta, sofrerá a violência que a der-rubará na sucessão das horas.

O bambu é um dos mais be-los exemplos de flexibilidade,pois que se recurva, submete--se com facilidade às imposi-ções que lhe são dirigidas, semarrebentar-se, mantendo-se vi-goroso.

Consciente das responsabili-dades que te dizem respeito, nãote imponhas pela rigidez. Osteus valores morais serão a tuaidentificação e o cartão de cré-dito da tua existência.

Estás convidado a servir, nãoa estabelecer diretrizes estritaspara os outros, especialmente sete encontras servindo na Searade Jesus, que sempre te propor-ciona chances novas, mesmoquando malbarataste aquelasque te foram anteriormente con-cedidas.

Fácil é ser inflexível para como próximo e difícil é submeter--se a situação equivalente, quan-do se altera a circunstância emudam-se os padrões apresen-tados.

Dialogando, ouvindo e abrin-do-se a novos conceitos e pro-posituras, adquire-se a faculdadeda gentileza, indispensável aoêxito de todo e qualquer em-preendimento humano.

No dia a dia da existênciasempre ocorrem fenômenosinesperados, que alteram a pro-gramação mais bem estabeleci-da, exigindo mudanças de ru-mo, formulações novas e neces-sárias.

O imprevisto é uma forma deintervenção das leis soberanas,ensejando diferente opção parao comportamento saudável.

Não sejas, desse modo, aqueleque cria embaraços, embora asabençoadas intenções de que teencontras revestido.

Todos são úteis numa equipee importantes no conjunto dequalquer realização.

Sê, portanto, dócil e acessível,porque sempre há alguém maisadiante, portador de aspereza que,com certeza, suplantará a tua.

Nunca sentirás prejuízo por ce-der em favor do bem comum, daordem geral, abrindo espaço pa-ra outras experiências e atitudes.

A flexibilidade é dileta filhado amor, que se expande e enri-quece a vida com esperança epaz.

Todos aqueles que se fizeramtemerários e se impuseram nãofugiram de si mesmos, do enve-lhecimento, das enfermidades,da desencarnação.

Pacientemente e com flexibi-lidade, Jesus espera por ti e teinspira sem descanso.

Medita e age conforme gosta-rias que assim procedessem emrelação a ti.

Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium

Divaldo Pereira Franco, na sessão me-

diúnica da noite de 26 de setembro de

2012, no Centro Espírita Caminho da

Redenção, em Salvador, Bahia.)

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Reformador: O que o motivou a pro-por o Projeto Memória Brasil, cora-ção do mundo, pátria do evangelho?Éden: Primeiramente, por com-preendermos que é importante ter

a consciência da missão reserva-da a nosso país, conforme os re-gistros espirituais da obra Brasil,coração do mundo, pátria do evan-gelho para que todos perceba-mos quanta transformação de-vemos realizar, em nosso mundoíntimo, até que esteja acesa a“nova luz” no “novo continente.

Para a restauração do homemexausto e velho”, como OlavoBilac afirmou no livro Parnasode além-túmulo. E também

por sentirmos a necessi-dade de preservar a me-mória da missão espiritual

do Brasil nas ações de for-mação dos espíritas. Assim,

consideramos que a responsa-bilidade da nação brasileira, dian-te da configuração espiritual doplaneta Terra, e o papel dos espí-

ritas, neste processo, cons-tituem-se em uma

questão de extrema relevância napreparação dos trabalhadores es-píritas, necessitando-se, portan-to, inseri-la na sua formação demaneira contínua, sistemática etransversal.

Reformador: No que consiste oProjeto citado?Éden: O projeto busca preservara memória da missão espiritualdo Brasil através das ações dostrabalhadores do Movimento Es-pírita do nosso País, integrandotodas as ações das diversas áreasda atividade federativa, no âmbi-to nacional, bem como todas asdiretrizes do novo “Plano de Tra-balho para o Movimento EspíritaBrasileiro (2013-2017)”. Nestesentido, o conteúdo desta missãoprecisa estar presente em todas asatividades de estudo do nossoMovimento Espírita, com logo-marca e slogan que comuniquema ideia de campanha permanen-

ÉD E N ER N E S TOEntrevista

Éden Ernesto da Silva Lemos, presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Norte, comenta o Projeto aprovado pelo CFN da FEB, que visa a preservação

da memória da missão do Brasil

Preservação damemória da missão

do Brasil

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te, além dos cartazes que serãoelaborados. Criação também deum memorial virtual dos mo-mentos históricos mais significa-tivos do nosso Movimento, domesmo modo dos trabalhadoresmais atuantes que, ao longo dotempo histórico do MovimentoEspírita brasileiro, se constituí-ram em referência inequívocapara os demais.

Reformador: Então, não seria merarecomendação de estudo do livro?Éden: Exatamente. A propostadesta campanha permanente nãoestá centrada apenas numa reco-mendação do estudo da obraliterária, mas sim na preservaçãoda memória desta missão que ca-be ao Brasil, no contexto da evo-lução planetária, e que foi revela-da no livro.Entendemos, como nos afirma oeminente historiador francês Jac-ques Le Goff, que a “memória, naqual cresce a História, que porsua vez a alimenta, procura salvaro passado para servir ao presen-te e ao futuro. Devemos trabalharde forma que a memória coletivasirva para a libertação e não paraa servidão dos homens” (LEGOFF, 2008, p. 471). Dessa for-ma, se não cuidarmos desta me-mória, informações relevantessobre o assunto correm o risco decair no esquecimento. Ainda,neste sentido, é importante re-cordar o alerta de Agostinho deHipona sobre as ameaças do es-quecimento da memória. Segun-do ele, se esquecermos uma reali-dade, não seremos capazes de re-

conhecer os elementos que a sig-nificam (RICCEUR, 2010, p. 110).Como, então, avaliarmos a im-portância desta memória? O pri-meiro passo, para não cumprir-mos a missão que nos compro-metemos a realizar, é esquecê-la,ignorá-la. Um Brasil como cora-ção do mundo, como Pátria, naqual a árvore do Evangelho foitransplantada, é um Brasil espiri-tualizado, é um país liberto desuas chagas morais. Assim, esteProjeto busca materializar açõespara manter viva na memóriacoletiva do Movimento espiritistaa compreensão das importantescontribuições do Espiritismo,neste sentido específico.

Reformador: Como poderá serviabilizado e chegar até os centrosespíritas?Éden: Como já dissemos ante-riormente, o conteúdo deste Pro-jeto, que se reporta à memória damissão espiritual do Brasil, estarápresente em todas as atividadesde estudo do Movimento Espíri-ta brasileiro: nas atividades daevangelização infantojuvenil, doestudo sistematizado, da forma-ção dos médiuns, das palestraspúblicas, nos periódicos espíri-tas, enfim, em todas as atividadesque produzamos para difundir opensamento espírita. Oportuna-mente, serão definidas em deta-lhes a Campanha, que será patro-cinada pelo Conselho FederativoNacional da FEB, e a criação deum memorial virtual dos mo-mentos históricos mais significa-tivos e dos trabalhadores espíri-

tas que são considerados comoreferência em nosso Movimento.

Reformador: Há algum cronogra-ma previsto?Éden: Sim, há um cronograma.Após a aprovação, por unanimi-dade, desta campanha perma-nente, na última Reunião Ordi-nária do CFN da FEB (2012), te-remos no âmbito das ComissõesRegionais do CFN de 2013 os es-tudos para a elaboração dos deta-lhamentos das ações que julga-rem mais pertinentes. Após a fasedas reuniões nas regionais tere-mos, como culminância destaconstrução cooperativa e coleti-va, as deliberações finais na Reu-nião Ordinária do CFN da FEB,de 2013. Em 2014, serão iniciadasas atividades da campanha em si.E aqui, apresentamos um aspectoespecial dessa campanha: ela se-rá, como sempre tem sido noCFN, uma construção coletiva. AFederação Espírita do Rio Gran-de do Norte propôs a ideia ini-cial, mas, hoje, ela é de todos nós,em nada importando quem aidealizou, mas sim como será ela-borada coletivamente. Este é oprincípio maior da unificaçãoque Bezerra nos legou: estarmossempre juntos, promovendo oengrandecimento no conjunto,para o conjunto, sem vaidadesindividuais.

Reformador: Como avalia o cotejodos fatos históricos com as informa-ções do autor espiritual do livro?Éden: Elaboramos, com apoio deuma equipe, a proposta inicial

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deste projeto de campanha per-manente. Temos pensado e con-cluído, juntos, que a avaliação daobra Brasil, coração do mundo,pátria do evangelho, por partede alguns irmãos espíritas e nãoespíritas, tem sido precipitadaem alguns momentos, superfi-cial em outros. Para tanto, se faznecessário promover uma me-lhor compreensão do trabalhode Humberto de Campos, comoautor espiritual, dotado de umestilo literário especializado emcrônicas, muitas delas utilizan-do-se de material de fundo his-tórico. Melhor seria compreen-der o livro-programa não comouma obra de historiografia,nem com a finalidade de fazeravançar os conhecimentos his-tóricos sobre o Brasil. O autorapenas lançou mão da produ-ção historiográfica do períodoem que o livro foi escrito paratrazer uma mensagem revelaçãoaos espíritas brasileiros, explici-tando as metas orientadoras,nascidas no Plano Maior, dirigi-das por Jesus. Há críticas à obraque nascem de reflexões ana-crônicas, sem considerar o con-texto histórico em questão e sem,também, levar em consideraçãoo que Emmanuel assevera emsua Introdução, sobre o objeti-vo. São por questões como es-tas, acima expostas, que esta-mos estruturando o projeto deum livro que busca contribuircom um entendimento do obje-tivo desta obra, segundo o olharde Emmanuel e Humberto deCampos.

Reformador: Há algumas outrasobras que referendam Brasil, coraçãodo mundo, pátria do evangelho?Éden: No estudo que realizamos,conseguimos identificar alguns tí-tulos que referendam a revelaçãoque esta obra nos oferece. Ela, arevelação de Emmanuel e Hum-berto de Campos, já nos mostraindícios bem consistentes da uni-versalidade do ensino dos Espíri-tos. Um pouco da essência do mé-todo que Allan Kardec nos legou,ao tratar das mensagens oriundas

dos Espíritos, pode ser encontra-da nas seguintes obras, até esta da-ta catalogada: Parnaso de além--túmulo (FEB, soneto Brasil, deOlavo Bilac); A caminho da luz(FEB, cap. Missão da América);Trabalhos do Grupo Ismael (FEB,Introdução); Árdua ascensão (Leal,cap. O porquê do Espiritismo noBrasil); Excursão de paz (Ceu, cap.Evangelho em ação); Instruçõespsicofônicas (FEB, cap. 64); Deusconosco (Vinha de luz Editora,cap. A obra da unificação).

12 Reformador • Fevere i ro 201350

Pátria do Evangelho

rasileiros, guardemos, para sempre, as armas homi-

cidas das revoluções!... Consideremos o valor

espiritual do nosso grande destino! Engrandeçamos a pátria no

cumprimento do dever pela ordem, e traduzamos a nossa dedi-

cação mediante o trabalho honesto pela sua grandeza!

Consideremos, acima de tudo, que todas as suas realizações hão de

merecer a luminosa sanção de Jesus, antes de se fixarem nos basti-

dores do poder transitório e precário dos homens! Nos dias de

provação, como nas horas de venturas, estejamos irmanados

numa doce aliança de fraternidade e paz indestrutível, dentro da

qual deveremos esperar as claridades do futuro. Não nos compete

estacionar, em nenhuma circunstância, e sim marchar, sempre,

com a educação e com a fé realizadora, ao encontro do Brasil, na

sua admirável espiritualidade e na sua grandeza imperecível!”

Fonte: XAVIER, Francisco C. Brasil, coração do mundo, pátria do evangelho.

33. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. cap. Esclarecendo, p. 14.

“– B

Humberto de Campos

Page 13: Espiritismo A

13Fevere i ro 2013 • Reformador 51

m reunião mediúnica, lo-go nos primeiros temposde minha participação na

diretoria do Centro EspíritaAmor e Caridade, na década de50, século passado, o presiden-te da Instituição pediu ajudaaos mentores espirituais pararesolver problemas existentesna sustentação dos serviços fi-lantrópicos e doutrinários aliexistentes.

Para minha surpresa, o men-tor que se manifestou disse:

– O grande problema é quevocês fazem o que querem; nãofazem o que podem. Se o fizes-sem, realizariam prodígios emsuas atividades, superando to-das as dificuldades.

Foi uma das lições mais inci-sivas e importantes que recebida Espiritualidade.

Raros não se enquadram,porquanto as pessoas pouco in-vestem na aquisição das rique-

zas “que as traças e a ferrugemnão corroem, nem os ladrõesroubam”, como ensinava Jesus.

Estão representadas, em boaparte, pelos valores espirituaisque adquirimos quando nosdispomos a servir, participandode iniciativas que visam o bem dopróximo.

Vejo voluntários na Casa Es-pírita que desenvolvem deter-minada atividade em duas ho-ras semanais, o que representaapenas 1,19% das 168 horas quecompõem o ciclo de sete dias.

Alegam falta de tempo, semconsiderar que tempo é umaquestão de preferência.

A propósito, segundo levanta-mento do Ibope, o brasileiro vêtelevisão por cinco horas e meia,em média, diariamente, o querepresenta 22,91% da semana.

E você sabe, leitor amigo, quenossa televisão não é das maisedificantes, principalmente as

novelas que ocupam boa partedessa audiência, a exaltarem oadultério, o sexo promíscuo, adesonestidade, a mentira, a dis-solução dos costumes, tomadoscomo padrão de comportamen-to pelos incautos. Isso sem falardos programas do tipo RealityShow, de uma indigência inte-lectual e moral assustadora.

Quanto tempo perdido, malusado, comprometedor, não ape-nas para os que fazem tais pro-gramas, mas também para ostelespectadores que recebem es-tímulos nada edificantes a ins-pirá-los negativamente!

Hoje, talvez mais do que on-tem, repercute como expressãoda realidade a observação deJesus: “A seara é realmentegrande, mas poucos são os cei-feiros”.1

ER I C H A R D S I M O N E T T I

O que posso ouo que quero?

1MATEUS, 9:37.

Page 14: Espiritismo A

A seara tem o tamanho domundo, com muito serviço emfavor dos sofredores de todos osmatizes, mas poucos são os quese dispõem a arregaçar as man-gas, entregando-se ao serviço.

E os que o fazem não raro li-mitam-se aos míseros 1,19%. Fa-zem o que querem, sem fazer omuito que podem.

Geralmente imaginamos queas regiões umbralinas, o purga-tório descrito por André Luiz,são habitadas por Espíritos quepraticaram o mal na Terra,comprometendo-se no crime,na desonestidade, no vício...

No entanto, basta observar comatenção, principalmente no tes-temunho de Espíritos que se ma-

nifestam nas reuniões mediúni-cas, que a população dos sofre-dores no Umbral é formada, emgrande parte, pelos indiferentes,que não acharam tempo nemdisposição para o empenho doBem, para a vinculação a obrasfilantrópicas.

Lá anda também o pessoaldos 1,19%, de tão reduzidocombustível adquirido na la-voura do bem, que não foi sufi-ciente para sustentar bruxu-leante vela que lhes possibilitas-se encontrar o caminho de saí-da na escuridão umbralina.

É disso que nos fala André Luiz,quando adverte, no livro Nossolar, psicografia de Chico Xavier:

Ó amigos da Terra, quantos

de vós podereis evitar o cami-

nho da amargura com o pre-

paro dos campos interiores

do coração? Acendei vossas

luzes antes de atravessar a

grande sombra. Buscai a ver-

dade antes que a verdade vos

surpreenda. Suai agora para

não chorardes depois.2

Seria conveniente avaliar perio-dicamente a utilização de nossotempo, perguntando, conforme aobservação do mentor espiritual:– No investimento em favor dotesouro que as traças e a ferrugemnão corroem nem os ladrões rou-bam, estou fazendo o que possoou tão somente o que quero?

2XAVIER, Francisco C. Nosso lar. Pelo Es-pírito André Luiz. 4. ed. esp. 2. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2010. cap. 2.

l

14 Reformador • Fevere i ro 201352

Page 15: Espiritismo A

ertencem à verdade todosaqueles que sabem ser neces-sário evoluir, à medida que

adquirem os conhecimentos dosautênticos princípios que norteiam anatureza humana e que a conduzemao aperfeiçoamento, à fraternidade,ao amor universal.E a seguem os quededicam seus esforços, suas faculda-des e seus principais cuidados à apli-cação e à propagação da verdadeincontestável. Jesus veio, pessoalmen-te, dar testemunho dessa realidade.

O Espiritismo surgiu para alen-tar o espírito humano, ensinan-do-lhe a cultivar o fruto sagradodas revelações espirituais, ao reabi-litar o Cristianismo que a Igrejadeturpara, semeando novamenteos sublimes ensinamentos doCristo no coração dos homens.

O bondoso Espírito Emmanuelfaz um importante apelo aos queprosseguem nas fileiras do traba-lho renovador:

Efetivamente, não alcançaremos

a libertação verdadeira sem abo-

lir o cativeiro da ignorância no

reino do espírito. E forçoso será

observar que o conhecimento é

um tipo de aquisição que exige

de nós caridade para conosco,

porque, se é possível sanar as

deficiências do corpo pelas doa-

ções da beneficência, como se-

jam o alimento ao faminto e o

remédio ao doente, a luz do

espírito não se transmite nem

por imposição, nem por osmo-

se. Quem aspire a entesourar os

valores da própria emancipação

íntima, à frente do Universo e

da Vida, deve e precisa estudar.1

O estudo da Doutrina Espíritase torna, dia a dia, essencial àque-les que desejam permanecer,de forma consciente, nas hostes dotrabalho espírita, adquirindo sa-ber aprofundado dos princípiosdoutrinários estabelecidos peloCodificador.

O Espiritismo sério não pode

responder por aqueles que o

compreendem mal, ou que o

praticam de modo contrário aos

seus preceitos [...].2

Por isso, principalmente, O li-vro dos espíritos, O evangelho se-gundo o espiritismo e O livro dosmédiuns são obras excepcionaisda Codificação Espírita, além de Agênese e de O céu e o inferno, queas completam. Elas iluminam oscaminhos daqueles que desejampermanecer na seara de amor e decaridade, em prol do seu aperfei-çoamento moral, e são funda-mentais à compreensão das orien-tações que emanam do plano es-piritual superior, sobre o destinodos homens, dando-lhes elemen-tos indispensáveis à mais perfeitacompreensão dos desígnios doCriador.

O imprescindível trabalho deunificação dentro do Espiritismosomente terá êxito quando todosos espíritas se agruparem em tor-no dos preceitos doutrinários,coordenados e codificados por

15Fevere i ro 2013 • Reformador 53

P

“Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos.

E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João, 8:31 e 32.)

CL A R A L I L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

Estudo das obras da

Codificação EspíritaCaminho para a libertação

Page 16: Espiritismo A

Allan Kardec, aplicando-os nasinstituições e nos centros espíritasa que pertençam e solidificando--os nas realizações que represen-tam a prática desse sistema tãoútil à disseminação do Movi-mento Espírita.

Nestes tempos dolorosos em

que as mais penosas transições

se anunciam ao espírito do

homem, só o Espiritismo pode

representar o valor moral onde

se encontre o apoio necessário à

edificação do porvir. [...]3

Nem sempre, contudo, os adep-tos da Doutrina Consoladora sus-tentam a pureza das determina-ções espíritas, como seria deseja-do, sem nenhuma vigilância deresguardar a unidade e os interes-ses gerais do Espiritismo. Atual-mente, são cometidos absurdosem torno do estudo e da práticaespírita sem qualquer cuidado napreservação da legítima interpre-tação dos ensinamentos doutriná-rios, o que causa inúmeros pro-

blemas aos seus profitentes. Afir-ma Kardec:

[...] A verdadeira Doutrina Es-

pírita está no ensino que os

Espíritos deram, e os conheci-

mentos que esse ensino com-

porta são por demais profun-

dos e extensos para serem ad-

quiridos de qualquer modo,

que não por um estudo perse-

verante [...]. Porque, só dentro

desta condição se pode obser-

var um número infinito de fa-

tos e particularidades que pas-

sam despercebidos ao observa-

dor superficial, e firmar opi-

nião. [...]4

Aqueles que desconhecem averdadeira orientação do Espiri-tismo se deixam iludir por fanta-sias e por certas condutas místi-cas, adulterando a essência dasfundamentações teórico-doutri-nárias, que são absolutamente cla-ras para os que possuem a certezada legitimidade de suas declara-ções. Ser espírita é adquirir o co-

nhecimento das normas da Dou-trina Consoladora, é aplicar os seuspreceitos morais, é seguir os prin-cípios que as consubstanciam.Kardec nos legou ricas observa-ções a esse respeito. Obras póstu-mas, o livro organizado por P. G.Leymarie, contém escritos sobre oassunto:

A condição absoluta de vitali-

dade para toda reunião ou as-

sociação, qualquer que seja o

seu objetivo, é a homogeneida-

de, isto é, a unidade de vistas, de

princípios e de sentimentos, a

tendência para um mesmo fim

determinado, numa palavra: a

comunhão de ideias.

[...]Dizer-se alguém espírita, mes-

mo espírita convicto, não indi-

ca, pois, de modo algum, a me-

dida da crença; essa palavra ex-

prime muito, com relação a

uns, e muito pouco, relativa-

mente a outros. Uma assem-

bleia para a qual se convocassem

todos os que se dizem espíritas

16 Reformador • Fevere i ro 201354

Page 17: Espiritismo A

apresentaria um amálgama de

opiniões divergentes, que não

poderiam assimilar-se recipro-

camente, e nada de sério chega-

ria a realizar, sem falar dos inte-

ressados a suscitarem no seu

seio as discussões a que ela

abrisse ensejo.5

Assevera Kardec que “o Espiri-tismo é uma questão de fundo;prender-se à forma seria puerili-dade indigna da grandeza do as-sunto”.6 Se procurássemos com-preender o autêntico sentido doEspiritismo, contribuiríamos paraque os centros espíritas se achas-sem em condições de se unir, fra-ternalmente, combatendo o peri-go da enganação, da falta de fé ra-ciocinada e do fanatismo. Algu-mas instituições valorizam mais aforma, esquecidas de que o bomaproveitamento dos companhei-ros entusiastas e sinceros deve serpromovido, sobretudo, nos nú-cleos e grupos de estudos daslições imprescindíveis contidas naCodificação, a fim de que as ativi-dades, em todas as áreas de aten-dimento, não reprimam a vozclara e orientadora do verdadeiroprincípio doutrinário.

Sem o conhecimento cuidado-so do Espiritismo, ninguém pode,em sã consciência, considerar-seseguro na tarefa que executa! Éurgente a leitura de suas obras fun-damentais para ingressar nos tra-balhos práticos oferecidos noscentros espíritas, mormente em re-lação à mediunidade. A teoria nosgarante maior tranquilidade naação a desenvolver.

Por outro lado, causa-nos es-panto ler o conteúdo de certasobras, que estão sendo publicadassem a devida precaução, no quetange à nitidez e à correção dou-trinária. Trata-se de livros deno-minados espíritas, falsamente con-siderados como bons e recomen-dados para leitura de todos os tra-balhadores da seara.

Esses falsos preceitos embara-lham a mente dos novos adeptosda crença e de determinados com-panheiros mais experientes, quenão reconhecem o valor do estu-do espírita, a respeito da origemde suas diretrizes, de acordo comas excelentes explicações trazidasnas obras basilares.

O iluminado Espírito AndréLuiz nos chama a atenção para ograve problema, de modo a nãoesquecermos as responsabilidadesque assumimos na divulgação delivros edificantes e nobres:

Sem exclusão de autor ou de

tema versado, analisar minu-

ciosamente as obras que venha

a ler, para não sedimentar no

próprio íntimo os tóxicos inte-

lectuais de falsos conceitos,

tanto quanto as absurdidades

literárias em torno das quais

giram as conversações enfermi-

ças ou sem proveito.

Os bons e os maus pensamen-

tos podem nascer de composi-

ções do mesmo alfabeto.7

As chamadas publicações com-plementares, que subsidiam e in-terpretam os livros da Codifica-ção, a exemplo das Coleções dos

Espíritos Emmanuel, André Luiz,Joanna de Ângelis, e de outros au-tores idôneos, são de leitura indis-pensável e devem ser criteriosa-mente analisadas, sem que, no en-tanto, se deixe de avaliá-las à luzdas contribuições de Kardec, oque exige, por esse motivo, estu-dos mais rigorosos sobre as orien-tações dadas pelos Espíritos reve-ladores.

Somos humildes obreiros daTerceira Revelação; devemos estu-dar a Doutrina e propagá-la aosque desejam ser livres para o beme pelo bem.

Referências:1XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo.

Estude e viva. Pelos Espíritos Emmanuel

e André Luiz. 13. ed. 3. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2012. Na escola da alma,

p. 11 a 14.2KARDEC, Allan. O que é o espiritismo.

3. reimp de bolso. Rio de Janeiro: FEB,

2011. cap. 2, Noções elementares de Es-

piritismo, it. 6, p. 171.3XAVIER, Francisco C. A caminho da luz.

Pelo Espírito Emmanuel. 37. ed. 4. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2012. cap. 24, it.

Restabelecendo a verdade, p. 249.4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.

Guillon Ribeiro. 92. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2012. Introdução, it. 17, p. 58.5______. Obras póstumas. Trad. Guillon

Ribeiro. 40. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro:

FEB, 2010. pt. 2, cap. Constituição do

Espiritismo. it. 8, Do programa das cren-

ças, p. 403 e 404.6______. ______. it. 6, Amplitude de ação

da Comissão Central, p. 399.7VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. Pelo

Espírito André Luiz. 32. ed. 1. reimp. Bra-

sília: FEB, 2012. cap. 41.

17Fevere i ro 2013 • Reformador 55

Page 18: Espiritismo A

18 Reformador • Fevere i ro 201356

om uma multidão de enfer-mos, no tanque de Betesda,encontrava-se um homem

enfermo há 38 anos, a quem Jesusperguntou (João, 5:2 a 14.):

– Queres ser curado? Levanta-

-te, toma o teu leito, e anda.

Encontrando-o, mais tarde, dis-

se-lhe: Olha que já estás curado;

não peques mais, para que te não

suceda alguma coisa pior. (Grifo

nosso.)

Em Cafarnaum, Jesus ensinavaa fariseus e mestres da lei, quan-do, num leito, lhe trouxeram umparalítico, a quem disse (Mateus,9:2): Filho, tem bom ânimo, por-que os teus pecados estão perdoados[quitados]. Depois determina(Lucas, 5:18 a 25): Levanta-te,toma o teu leito, e vai para tuacasa. (Grifo nosso.)

Unidade estrutural básica doorganismo vivo, a célula, compre-

endendo a menor unidade da ma-téria viva, capaz de se reproduzir,sob influências diversas, pode de-nunciar mutações genotípicas,ainda que isolada do Espírito que,em compromissos definidos, ani-ma os corpos.

Expostas, também, à ação deagentes estranhos, as células po-dem denunciar anomalias, deter-minando estados patológicos eaté mesmo a morte do corpo.

Qualificada nos irracionais porevolução, a doença não reclama ainterrupção obrigatória da vidafísica, não obstante os recursos deque os operários espirituais dis-põem para afastar a alma do cor-po enfermo.

Oriunda de defecções moraisou de más ações, no organis-mo do ser inteligente, a moléstiadenuncia provas ou expiaçõesdo Espírito em evolução, con-siderando que, pelas janelasinvisíveis da consciência, o ho-mem identifica a voz da Justiçadivina.

Quando a enfermidade traduzquadro corretivo, a Medicina des-te plano, como divina presença doCristo, limita-se aos méritos espi-rituais dos seres terrenos, na suamaioria escravos do erro e de ma-zelas morais, razão por que Jesusapenas promete alívio aos aflitos esobrecarregados que revelam al-guma parcela de brandura e dehumildade.

Anotadas por destino, elascompreendem, pois, as determi-nações constantes do mapa daexistência, até que, edificada pelareparação, a harmonia íntima vol-te a presidir a consciência, denun-ciando compreensiva espontanei-dade no quadro da restauração dasaúde, como observado anterior-mente no terreno das própriasanomalias.

Por facultar íntima iluminaçãoe profilaxia à alma, o Evangelhoassegura perene equilíbrio inte-rior, conferindo à consciência apaz que procede do Cristo, crian-do imunidade aos imprevistos de

CJ. MO U T I N H O

Curaespontânea

l

Page 19: Espiritismo A

origem cármica, transformadosque são em adversários sem ar-mas, em consonância com o se-guinte preceito do Cristo:

Se permanecerdes em mim, e

as minhas palavras permane-

cerem em vós, pedireis o que

quiserdes, e vos será feito.

(João, 15:7.)

Identificados como alusão aotema, dois versículos evangélicosforam acima anotados. O pri-meiro (não tornes a pecar paraque não te suceda coisa pior),revelando o pecado como ori-gem da enfermidade, enquantoo segundo (perdoados são osteus pecados), apresenta a curacomo resultado do perdão alcan-

çado pelo resgate e pela íntimarenovação.

Admitir perdão gratuito é de-nunciar suborno à Justiça divinaque, mediante o pagamento dodízimo ou através de atos litúrgi-cos convencionais, abona o crime,por isso institucionalizado, commanifesto desprezo ao direito doofendido, revogando a prescriçãodo Cristo: “Quem lança mão daespada, à espada perecerá” (Ma-teus, 26:52).

Importa reconhecer que a uto-pia do sono eterno, traduzindomorte do Espírito, invalida a Jus-tiça divina e, consequentemente, amoral contida no Evangelho, de-terminando que a dor seja inter-pretada por acaso e, por espontâ-nea, a cura de certas doenças.

Espontânea compreende a cura,depois de remida a falta, como

todo o pecado é perdoado depoisde devidamente resgatado (Ma-teus, 12:31). Não só pelo que de-termina a Justiça divina, comoigualmente pelo incômodo que seinstala na consciência, compreen-sível se torna o texto evangélico:“Quem comete pecado, dele setorna escravo” (João, 8:34).

Conquanto oculta aos olhos fí-sicos, a imortalidade do Espírito,por conseguinte, determina a vi-da organizada noutra dimensão,revelando, em planos elevados,hierarquia respaldada na moral,a cujo quadro, simbolicamente,pertencem os anjos, os arcanjos eos serafins, abonados pela Igrejaromana ou, na mitologia, as par-cas que administravam a vida hu-mana.

Por anjo da guarda, a culturareligiosa tradicional reconhece apresença de almas, conhecidas na

19Fevere i ro 2013 • Reformador 57

Page 20: Espiritismo A

Codificação por mentores espiri-tuais que, promovendo o progres-so humano, acompanham de per-to a vida do assistido, por quemvelam, limitando-se, senão depoisde autorizados, às funções deamenizar dores, sugerindo deci-sões e pensamentos nobres ou fa-cultando resistência e coragem,por compreenderem que afastarde alguém o sofrimento é prorro-gá-lo para futuras existências, amenos que contabilizando signifi-cativas parcelas de trabalho juntoao próximo.

Do quadro de enfermos, não sepodem afastar os pacientes deprocessos obsessivos, manifestosou ocultos, denunciando sinto-mas patológicos dissimulados dedoenças físicas que, sem abando-nar o convencional tratamento,reclamam assistência espiritual,por contemplar os seres desencar-nados – agentes da vingança – e,por vezes, os próprios familiaresdo paciente.

Resguardados que se imaginampor extensas muralhas da mentirae da crueldade, inúmeros seresprocuram se preservar do inevitá-vel remorso, o celeste oficial dajustiça que, apoiado na sucessãodos anos e das reencarnações,vence as frágeis fortalezas impos-tas pela rebeldia, invadindo a ci-dadela íntima da consciência, ondeele se instalará, por tempo ade-quado.

Compreensíveis na juventudeespiritual, o orgulho, a vaidade, aambição e o despotismo, emavançada idade do espírito, tra-duzindo doença de erradicação

difícil, reclamam doses mais sig-nificativas de “tempo”, o quepode determinar a remoção doEspírito para diferentes casasplanetárias.

Importa reconhecer que a men-te revela o que denuncia a cons-ciência, admitida por voz da Jus-tiça divina, enquanto o corpo bio-lógico, através do corpo astral,anota os efeitos atribuídos pelopecado.

Sob o comando da mente equi-librada, não só as células se har-monizam espontaneamente elimi-nando a doença, como recolhem,dos mentores espirituais, a ade-quada terapêutica para a restaura-ção à saúde.

A falta de fé, compreendida porausência de méritos espirituais dopaciente, não deve constituir pes-simismo, considerando que auto-ridades espirituais podem decidirpelo alívio ou pela cura total, ano-tados em forma de adiantamento,do que deverá prestar contas, co-mo patrimônio que antecipada-mente recebe no terreno da mise-ricórdia celestial.

Gravadas na consciência, naproporção da inteligência, as açõese respectivas sentenças de cada sersão virtualmente anotadas noplano espiritual em que se demo-ra, como ensina Jesus ao dizer:“Tudo o que ligares na terra seráligado no céu” (Mateus, 18:18).

Ocultas ao olhar humano, po-dendo, na Espiritualidade, se re-produzir em tela, imagens dasações da vida, arquivadas no ví-deo da própria memória, consti-tuindo motivo de alegria ou deremorso depois da morte física,são conhecidas de Espíritos diver-sos – no que os inferiores se res-paldam para mover-lhes conse-quentes processos de sofrimento– o que explica o seguinte textodo Cristo:

Nada há encoberto que não ve-

nha a ser revelado, ou oculto

que não venha a ser conhecido

publicamente. (Lucas, 12:2).

20 Reformador • Fevere i ro 201358

Importareconhecer

que amente revela

o quedenuncia aconsciência,

admitidapor voz

daJustiça divina

Page 21: Espiritismo A

21Fevere i ro 2013 • Reformador 59

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. 2. reimp. Brasília: FEB, 2012. cap. 179.

unca te arrependerás:

De haver ouvido cem frases, pronunciando simplesmente uma ou outra

pequenina observação.

De evitar o comentário alusivo ao mal, qualquer que seja.

De calar a explosão da cólera.

De preferir o silêncio nos instantes de irritação.

De renunciar aos palpites levianos nas menores controvérsias.

De não opinar em problemas que te não dizem respeito.

De esquivar-te a promessas que não poderias cumprir.

De meditar muitas horas sem abrir os lábios.

De apenas sorrir sempre que visitado pela desilusão ou pela amargura.

De fugir a reclamações de qualquer natureza.

De estimular o bem sob todos os prismas.

De pronunciar palavras de perdão e bondade.

De explanar sobre o otimismo, a fé e a esperança.

De exaltar a confiança no Céu.

De ensinar o que seja útil, verdadeiro e santificante.

De prestar informações que ajudem aos outros.

De exprimir bons pensamentos.

De formular apelos à fraternidade e à concórdia.

De demonstrar benevolência e compreensão.

De fortalecer o trabalho e a educação, a justiça e o dever, a paz e o bem, ainda

mesmo com sacrifício do próprio coração.

Examina o sentido, o modo e a direção de tuas palavras, antes de pronunciá-las.

Da mesma boca procede bênção ou maldição para o caminho.

“Da mesma boca procede bênção e maldição.”

(Tiago, 3:10.)

N

Palavras

Page 22: Espiritismo A

22 Reformador • Fevere i ro 201360

ela primeira vez na históriado Movimento Espíritamundial é promovida uma

edição especial de O evangelhosegundo o espiritismo, contandocom a participação simultânea daFederação Espírita Brasileirae de todas as federativas esta-duais do País.

Serão produzidos 200 milexemplares da obra espíritamais conhecida do público,na exuberante tradução deGuillon Ribeiro, que agora éapresentada em formato gran-de, medindo 16 cm x 23 cm,em projeto gráfico de admirá-vel beleza, o que valoriza oterceiro volume do PentateucoKardequiano e facilita, sobre-maneira, a legibilidade textual.

Uma obra com 416 páginasde luz, contendo detalhadoÍndice Geral, para esclarecermentes sedentas de orienta-ção no Bem, e de consolação paraapaziguar sentimentos e emoçõesdaqueles que mourejam na luta

cotidiana da existência corporal edos que estagiam nas zonas da Es-piritualidade à procura do autoen-contro e iluminação interior.

A decisão histórica ocorreu du-rante a Reunião do Conselho

Federativo Nacional, em novem-bro de 2012, oportunidade naqual os representantes das federa-

tivas assinaram termo de coope-ração editorial, que hoje se mate-rializa para o amplo acesso doleitor interessado em conhecer osensinos morais contidos no Evan-gelho de Jesus, explicados pelo

entendimento da DoutrinaEspírita.

Você, prezado leitor, serábeneficiado com o conteúdomaravilhoso da obra oriundados Espíritos superiores, asso-ciados à sapiência do Codifi-cador Allan Kardec.

A leitura de O evangelhosegundo o espiritismo é ensejobendito de encontro com apaz íntima, de intercâmbio como bem e de disposição para aprática da caridade.

A FEB Editora e as federa-tivas estaduais estão de para-béns pela iniciativa que re-dundará em consideráveis im-pactos na difusão doutriná-

ria, espargindo a mensagem deque Evangelho no coração é cari-dade em ação.

PGE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

Edição histórica deO evangelho segundo

o espiritismo

Falando de Livro

Page 23: Espiritismo A

23Fevere i ro 2013 • Reformador 61

e tivesse estudado AllanKardec, o gênio russo, Ale-xander Soljenitsyn, prêmio

Nobel de Literatura, de 1970,saberia de onde vêm a intuição e a predestinação... Em entrevista aDavid Aikman, da revista ameri-cana Time, reproduzida na revistaManchete, no 1.946, de 5 de agostode 1989, Soljenitsyn afirma:

Desde os nove anos de idade eu

sabia que ia ser escritor, embora

não soubesse sobre o que ia es-

crever. Muitas vezes a gente tem

pressentimentos estranhos. Por

exemplo: comecei a descrever o

General Alexander Kryomov.

Sem saber quase nada a respeito

dele, fiz um esboço provisório

de como eu o imaginava e mais

tarde vim a saber, que eu o ha-

via descrito quase como se o

tivesse visto. Foi espantoso como

“eu o adivinhei”.

Com a pequena e aparente-mente simples frase “eu o adivi-nhei”, podemos observar os sufo-cantes tentáculos da vaidade inte-lectual aliada à ignorância dos maiscomezinhos princípios dos meca-nismos metafísicos, jugulando alucidez, o entendimento e o dis-cernimento...

Em nossas apreciações não es-tamos absolutamente querendolançar anátema ao mérito dessegigante da literatura mundial.Nossa perplexidade reside no fatode um gênio literário ignorar coi-sas tão elementares.

Não é sem motivo que Jesusexclamou:

Graças te rendo, Pai, Senhor

do céu e da terra, que ocul-

tastes estas coisas aos dou-

tos e prudentes e as revelas-

tes aos pequeninos. (Mateus,

11:25.)

O mestre lionês obtém a se-guinte explicação dos Espíritossuperiores:

Não; os conhecimentos adquiri-

dos em cada existência não mais

se perdem. Liberto da matéria,

o Espírito sempre os tem pre-

sentes. Durante a encarnação, es-

quece-os em parte, momenta-

neamente; porém, a intuição

que deles conserva lhe auxilia o

progresso. [...] Em cada nova

existência, o ponto de partida,

para o Espírito, é o em que, na

existência precedente, ele ficou.1

Os Espíritos explicam ainda aquestão do inter-relacionamen-to entre o mundo espiritual e omundo corporal, dizendo que:

S

“Aparentemente existe alguma forma de intuição.Não sabemos de onde vem, mas nós a temos.”

Alexander Soljenitsyn

RO G É R I O CO E L H O

Ideias inatas epredestinação

1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.Guillon Ribeiro. 14. ed. bolso. 3. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2011. q. 218a.

Page 24: Espiritismo A

24 Reformador • Fevere i ro 201362

[...] Durante o sono, afrouxam-se

os laços que o prendem ao cor-

po e, não precisando este então

da sua presença, ele se lança pelo

espaço e entra em relação mais

direta com os outros Espíritos.2

Segundo os nobres benfeito-res espirituais, os Espíritos in-fluem em nossas vidas de ma-neira tão ostensiva que, de ordi-nário, são eles que nos dirigem.3

Existe também uma fonteanímica, isto é, as ideias podemprovir dos arquivos existentesnos refolhos do subconscienteda própria criatura.

Quanto ao fato de Soljenitsynobter, segundo sua palavra, “adi-

vinhando”, informes acerca dogeneral Kryomov, explica-se fa-cilmente apenas inteirando-nosda resposta à questão 421 de O livro dos espíritos:

Como se explica que duas pes-

soas, perfeitamente acordadas,

tenham instantaneamente a

mesma ideia?

“São dois Espíritos simpáti-

cos que se comunicam e veem

reciprocamente seus pensa-

mentos respectivos, embora

sem estarem adormecidos os

corpos.”

Ora, provavelmente, pelo fatode o general imaginar, estabele-ceu-se uma ligação entre os doise as informações puderam serpassadas mentalmente por essaespécie de “ponte metafísica”, queem nosso dia a dia oferece mais

acesso do que podemos imaginar.As ideias inatas são, pois, corolá-rio natural de uma predestina-ção. Reencarnamos para cum-prir uma programação adrede-mente preparada no mundo es-piritual, cada qual com o seu“talento”, dentro do esquemadistributivo da lei de causa eefeito que nos cobra os débitos,exigindo-nos completa quita-ção, bem como facultando-nosas oportunidades e facilidadesnaturais para o feliz desempe-nho de nossas missões.

Assim, como a qualquer outracriatura, cumpre ao escritor levara bom termo sua missão, esclare-cendo, iluminando, lançando asbalizas para que outros possampalmilhar o caminho do saber,do conhecimento...

Somos levados, mercê dos Es-píritos protetores, às circunstân-cias propiciadoras ao bom desem-penho de nossas missões, de nos-sos destinos. As falhas são unica-mente de nossa responsabilida-de. Não nos deve faltar a condiçãoprimordial para que possamos es-tabelecer esses laços de intercâm-bio feliz: a humildade.

Jamais nos olvidemos de agra-decer a benévola interferência dosbenfeitores espirituais, assim co-mo nunca confiemos demasiado eexclusivamente em nossas parcaspossibilidades, ergastulando-nosnos pedestais do orgulho, da vai-dade e da falsa autossuficiência,porque assim perdemos o contatocom esse “veio de luzes auriful-gentes” que é o mundo espiritualsuperior.

2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Guillon Ribeiro. 14. ed. bolso. 3. reimp.Rio de Janeiro: FEB, 2011. q. 401.

3Idem, ibidem. q. 459.

Page 25: Espiritismo A

s alterações climáticas ob-servadas nos dias atuais in-dicam um significativo au-

mento da temperatura média glo-bal na superfície do Planeta. Estãorelacionadas a duas causas que sesomam: fenômenos naturais e ati-vidades humanas, diretas ou indi-retas. Estas últimas, iniciadas nosmeados do século XVIII, com a Re-volução Industrial – conjunto demudanças tecnológicas com pro-fundo reflexo no processo produti-vo, econômico e social –, represen-tam o principal fator de poluiçãoambiental, do passado e do presente.

As causas naturais fazem partedos ajustes impostos pela Lei deConservação1 que, segundo o Es-piritismo, conduz a “uma trans-formação que tem por fim a reno-vação e a melhoria dos seres vi-vos”.2 Assim, os flagelos destrui-dores da Natureza visam um obje-tivo maior, pois “muitas vezes essestranstornos são necessários paraque mais depressa se chegue a umaordem melhor das coisas e paraque se realize em alguns anos o queteria exigido muitos séculos”.3

As ações humanas são as causasque mais contribuem para as mu-danças climáticas e, de acordo coma comunidade científica mundial,refletem uma situação crítica, mui-to grave, projetada para um futu-ro próximo, no qual a Humani-dade estará inserida em um “cená-rio de clima mais extremo, comsecas, inundações e ondas de calorfrequentes. A elevação na tempe-ratura aumenta a capacidade doar em reter vapor d’água e, conse-quentemente, há maior demandahídrica”.4

Em resposta a essas alterações,a Natureza planetária poderá so-frer abalos severos que, de ime-diato, gerarão os seguintes efeitos:impacto na biodiversidade, vege-tal, animal e microbiana, seguidade extinção de espécies; elevação donível de água dos oceanos; ocor-rência de furacões, inundações,estiagens prolongadas, desertifica-ções, derretimento de geleiras ecalotas polares; oscilações na tem-peratura, resultando muito frio oumuito calor.

No momento, já se detecta umavariabilidade acentuada

do clima natural, de-finida como mui-

to acima da mé-dia, e que se es-tende por pe-ríodos de tem-

po cada vez

25Fevere i ro 2013 • Reformador 63

Em dia com o Espiritismo

AMA RTA AN T U N E S MO U R A

O impacto dasalterações climáticas

Page 26: Espiritismo A

mais prolongados. Trata-se de umacondição que produz alteraçõesna atmosfera do Planeta, am-pliando o chamado “efeito estufa”pelo uso indiscriminado dos com-bustíveis fósseis e pelas contínuasemissões tóxicas das indústrias.

O efeito estufa é um mecanis-mo de retenção do calor no Pla-neta. Ocorre quando uma parteda irradiação infravermelha emi-tida pela superfície terrestre é ab-sorvida por certos gases presentesna atmosfera. Até certo ponto oefeito estufa é benéfico, porquemantém o globo terráqueo aque-cido e favorece a manutenção davida. Contudo, a atividade indus-trial do mundo moderno liberamaciça concentração de gasesprejudiciais à vida, como CO2

(dióxido de carbono), CH4 (me-tano) e N2O (óxido nitroso). Oscombustíveis fósseis são recur-sos não renováveis da Nature-za, oriundos da decomposição de matérias orgânicas ao longo demilhões de anos. Os mais conhe-cidos são: gasolina, óleo diesel, gásnatural e carvão mineral. São com-bustíveis utilizados para gerarenergia e movimentar motores demáquinas, veículos, mas que, infe-lizmente, produzem altos índicesde poluição atmosférica.

Para os pesquisadores brasilei-ros Saulo Rodrigues Filho e An-dréa Souza Santos, respectiva-mente especialistas em CiênciasAmbientais e em DesenvolvimentoSustentável, as mudanças climáti-cas caracterizam o grande desafioda nossa civilização. Entendemque “a velocidade e a intensidade

com que essas mudanças estãoocorrendo desde o surgimento dasindústrias é que têm preocupadoos cientistas e líderes mundiais,principalmente nas duas últimasdécadas”.5 Concluem, então:

Os problemas ambientais que

nos afligem hoje são resultado

do consumo excessivo dos re-

cursos naturais, para atender

o crescimento das populações,

das cidades e das economias dos

países ao redor do globo. Nesse

consumo predomina o mito da

natureza infinita [...]. Trata-se

de uma ideia errônea, que nos

faz achar que os recursos que a

Natureza nos oferece são infini-

tos e inesgotáveis, levando-nos

a usar esses recursos de maneira

irresponsável e inconsequente.6

A situação se revela complexaporque algumas lideranças mun-diais não admitem a possibilidadede diminuir a produção industriale o consumo de combustíveis po-luidores, fundamentando-se nosfalsos valores da ambição desen-freada, do apego ao lucro e aosprazeres da vida material, visuali-zando o aqui e o agora. Tal com-portamento demonstra que a des-truição abusiva assinala o estadode ignorância, intelectual e mo-ral, do ser humano.

Não devemos, todavia, perder aesperança, aconselham os Espíri-tos orientadores, pois o progressoacontece, cedo ou tarde.

A Humanidade progride. Esses

homens, em quem o instinto do

mal predomina e que se acham

deslocados entre pessoas de bem,

desaparecerão gradualmente,

como o mau grão se separa do

bom, depois que este é penetra-

do, só que para renascer sob

outro envoltório. Como então

terão mais experiência, com-

preenderão melhor o bem e o

mal. [...]7

Neste sentido, detectamos aocorrência de movimentos reno-vadores e sérios na maioria dasnações. São organizações, gover-namentais e não governamentais,mantidas pela união de cientistas,técnicos, professores, jornalistas emuitas outras pessoas esclareci-das, até mesmo o cidadão comum,que procuram disseminar esclare-cimentos sobre o ambiente, a eco-logia, o uso adequado dos recursosnaturais etc. Trata-se de uma lou-vável iniciativa que procura reverterou amenizar as perspectivas desa-lentadoras sobre o assunto em foco.

Há tratados políticos e sociaisde grande efeito, voltados para obem do Planeta e da Humanida-de, sendo desenvolvidos em dife-rentes países, inclusive no Brasil.Entre tantos, destacamos apenas oProtocolo de Quioto (ou Kiotto).Este documento é um acordomundial que foi assinado na cidadede Quioto, no Japão, em 1997. Em2004, foi ratificado por 55% dospaíses mais poluidores do Mundo,os quais assumiram o compromis-so de reduzir a emissão dos gasesque agravam o efeito estufa,seguindo uma agenda previamen-te estabelecida.

26 Reformador • Fevere i ro 201364

Page 27: Espiritismo A

Conscientes da gravidade doassunto, não podemos esquecerque cada um de nós, na categoriade cidadão da Comunidade Terra,tem o dever moral de fazer algo debom e de útil pela nossa moradiaplanetária. Daí a advertência deEmmanuel:

A Terra, porém, nos pede coo-

peração no levantamento do

bem de todos e a ordem não é

deserção e sim adaptação. Em

suma, estamos chamados à vi-

vência no mundo, a fim de com-

preendermos e melhorarmos a

vida em nós e em torno de nós,

servindo ao mundo, sem dei-

xarmos de ser nós mesmos, e

buscando a frente, mas sem

perder o passo de nossos con-

temporâneos, para que não ve-

nhamos a correr o risco de

seguir para frente demais.8

Em outra oportunidade, o que-rido Benfeitor espiritual recor-da, igualmente, a importância daunião humana em benefício da so-ciedade:

Não há medida para o homem,

fora da sociedade em que ele

vive. Se é indubitável que so-

mente o nosso trabalho coletivo

pode engrandecer ou destruir o

organismo social, só o organis-

mo social pode tornar-nos in-

dividualmente grandes ou mi-

seráveis.

A comunidade julgar-nos-á sem-

pre pela nossa atitude dentro

dela, conduzindo-nos ao altar

do reconhecimento, ao tribunal

da justiça ou à sombra do

esquecimento.9

E, de forma lúcida, aponta o ca-minho a ser seguido por todosnós:

O Espiritismo, sob a luz do

Cristianismo, vem ao mundo

para acordar-nos.

A Terra é o nosso temporário

domicílio.

A Humanidade é a nossa famí-

lia real.

Todos estamos determinados

por Deus à gloriosa destinação.

Em razão disso, Jesus, o divino

Emissário do Amor para todos

os séculos, proclamou com rea-

lidade irretorquível: “Das ove-

lhas que o Pai me confiou ne-

nhuma se perderá”. 9

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. Livro 3,

cap. 5, q. 702 a 727.2______. ______. q. 728.3______. ______. q. 737.4ASSAD, Eduardo D.; PINTO, Hilton S.;

JÚNIOR, Jurandir Z.; ÁVILA, Ana Maria H.

Impacto das mudanças climáticas no

zoneamento agroclimático do café no

Brasil. In: Pesquisa agropecuária brasi-

leira. Brasília. v. 39, n. 11, p. 1.057 a

1.064, nov. 2004. Disponível em: <http://

www.scielo.br/pdf/pab/v39n11/22575.pdf>.

Acesso em: 19 dez. 2012.5FILHO, Saulo R.; SANTOS, Andréa, S.

Um futuro incerto: mudanças climáticas

e a vida no planeta. Rio de Janeiro:

Garamond, 2011. cap. 1, p. 9.6______. ______. p. 10.

7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1.

reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. q. 756. 8XAVIER, Francisco C. Rumo certo. Pelo

Espírito Emmanuel. 11. ed. 2. reimp. Rio

de Janeiro: FEB, 2011. cap. 40, p. 153.9______. Roteiro. Pelo Espírito Emma-

nuel. 14. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2012.

cap. 39, p. 163.

27Fevere i ro 2013 • Reformador 65

Page 28: Espiritismo A

á uma grande diferençaentre conhecer, ler, estu-dar, sentir e viver os ensi-

namentos de Jesus.Todos nós, cristãos de diferen-

tes denominações, podemos dizerque conhecemos um pouco da-quilo que Jesus nos legou há maisde dois mil anos. Já ouvimos fa-lar de muitas passagens de sua vi-da, descrita nos Evangelhos e con-seguiremos, caso interpelados, ci-tar algum acontecimento ou ditodas Sagradas Escrituras. Isso já fazparte da cultura popular. Talvezaté alguns irmãos de outras reli-giões não cristãs e mesmo algunsmaterialistas ou agnósticos1 tam-bém tenham conhecimento doassunto.

Quanto a ler, no entanto, fica-remos surpresos com o escassonúmero daqueles que, conside-rando-se cristãos e, consequente-mente, seguidores da doutrinaensinada por Jesus, podem dizer,com sinceridade, haverem lido, aomenos uma única vez, os quatroevangelhos canônicos.2 Mesmo

entre nós, espíritas, o montanteseria diminuto. Quando muito,alguns conhecem os episódiosevangélicos, incluídos por nossorespeitado codificador – AllanKardec – na terceira obra do Pen-tateuco Espírita: O evangelho se-gundo o espiritismo, lançado em1864.

Encontramos, pasmem! cris-tãos que nunca leram os Evange-lhos completos e espíritas que ja-mais os leram e tampouco O livrodos espíritos na íntegra. Seria algocomo um advogado que sequerfolheou o Código Penal de seupaís ou um médico que mal abriuum livro de Anatomia. Descendopara um número mais restrito,vamos encontrar os que estudamos ensinos do amado Mestre Jesus.Contam-se nos dedos! E quãoricas são essas lições. Existem, éverdade, pessoas que dedicamencarnações inteiras a esse conhe-cimento. São os chamados exege-tas.3 Mas, nós também, cristãos,podemos examinar com profun-didade, sem fazer disso uma quase

profissão. Há várias maneiras defazermos boa imersão nos textosevangélicos: leitura/reflexão; pes-quisa de contexto histórico (mui-to importante para entendermosas analogias, costumes da época);estudo “miudinho”, analisandocom profundidade cada palavra nocontexto geral, apoiado nas obrasespíritas complementares (ColeçãoFonte viva, de Emmanuel; livrosde Irmão X e Amélia Rodrigues4 –os chamados historiadores espiri-tuais –, na psicografia de ChicoXavier e Divaldo P. Franco, entreoutros). Com razão diz-se que “aDoutrina Espírita é a chave paraentender Jesus”. Mas, temos tem-po para isso? Não somos sempretão ocupados, distraídos; não es-taremos dormindo? Lembremos,então, as palavras de alerta profe-ridas pelo próprio Mestre amado,em seu sermão profético, ao sereferir ao tempo de vigilância:

[...] Portanto, vigiai, pois não

sabeis quando vem o senhor

da casa [...]; ao vir repentina-

mente, não vos encontre dor-

Viver Jesus!Conhecer, ler, estudar, sentir e viver Jesus

28 Reformador • Fevere i ro 201366

HDA N I E L L A PR I O L L I F. E CA RVA L H O

1No sentido religioso, agnóstico é aqueleque não acredita na existência de Deus,por se encontrar num patamar racional-mente inacessível.2Os Evangelhos de Marcos, Mateus, Lucas (ostrês sinóticos – que contêm muitas partes

em comum), e o de João compõem ocânone (ou régua) do Novo Testamento.

3Aquele que faz exegese; que faz a inter-pretação profunda de um texto bíblico,jurídico ou literário.

4Educadora, escritora e poetisa baiana(1861-1926), que tem escrito livros comtemas evangélico-doutrinários espíritas pe-la psicografia de Divaldo Pereira Franco.

Page 29: Espiritismo A

mindo. O que vos digo, digo a

todos: Vigiai! (Marcos, 13:35

a 37.)5

Mas essas, só quando lemos eestudamos é que as conhecemos.

Quando estudamos, nos ins-truímos; ou melhor, segundo aetimologia latina, “construímosdentro”. Construímos informa-ções, valores morais, novas regrasde conduta e novos hábitos tam-bém. Ao assimilar os ensinos deJesus, edificamos valores novossobre a rocha, alicerces sólidos,cujos ensinos constam em Mateus(7:24 a 27) e em Lucas (6:46 a 49)com o título Três advertências.Tudo isso é de vital importânciaao nosso aprimoramento moral, ànossa evolução.

No entanto, nada mais fácil!Puro trabalho braçal, isto é, men-tal. Requer dedicação, boa vonta-de e disposição, é claro; direi mes-mo, leitor, que essa é a parte maissimples da aquisição de valoresespirituais.

O difícil é sentir Jesus! Mas...você perguntaria, o que é sentirJesus? Sentir é quando toda a suamensagem faz sentido dentro denós, na nossa consciência. Quan-do entendemos seus ensinamen-tos como verdades imutáveis,como expressões das leis de Deus;quando não encaramos mais osseus postulados como inacessí-veis; quando compreendermosque podemos nos esforçar parapraticá-los e que não há regenera-

ção possível sem o seguirmos.Sentir é ter a certeza de que Ele é o Caminho que nos conduzirá aDeus e à perfeição, ao domínio denossas dificuldades espirituais.Caminho que consiste em seguirseus passos, tentar pensar comoEle, tentar fazer o que Ele faria emnosso lugar. Sentir Jesus é ter acerteza de que Ele está no coman-do, como preposto de Deus,governador espiritual do nossoplaneta; que é o Irmão maior, quenos tutela e nos ama incondicio-nalmente. Esse momento é muitopessoal, individual. Representaum divisor de águas nas nossasvidas como Espíritos imortais.Muitos de nós demoramos quasedois mil anos para atingir esseestágio; outros nem conseguiramainda, mas todos, sem exceçãochegaremos lá.

É o verdadeiro Natal nas nos-sas vidas, na acepção real dapalavra. Representa o nascimen-to de Jesus nos nossos corações.Que emoção, que maravilha!Esse momento sublime, dequando começamos a sentir eamar Jesus, nunca se apagará denossa memória imortal. Porém,para chegarmos a este estágio,precisamos vencer outras etapas:conhecer o Mestre, ler sobre seusensinamentos e estudá-los paraentender e sentir sua presençaviva dentro de nós.

E, por fim, quando estivermosamadurecidos espiritualmente,nos habilitaremos a viver a suamensagem em plenitude; agire-mos cada vez mais conforme osexemplos que Ele vivenciou no

período do messianato terreno.Estaremos educados com Jesus.Pois educação é o que exterioriza-mos; o que mostramos de nós, danossa essência; o que colocamospara fora; mostramos “do que estácheio o nosso coração”6 (Mateus,12:34; Lucas, 6:45).

Com Jesus conhecemos a ver-dade que liberta. E a verdade,conta-nos o Espírito Amélia Ro-drigues, conforme Jesus nos fala, é

[...] o conhecimento de si mes-

mo, a autoafirmação no Bem, a

transformação pessoal para

melhor, com incessante esforço

de superação das imperfeições,

a busca da vida eterna, a saúde

integral.7

E isso tudo, meus amigos, só éverdadeiramente possível quandovivenciamos Jesus. Quando, emvez de lermos os Evangelhos, elessão lidos em nossas atitudes. Sóacontecerá dentro de nós quando,a exemplo de Paulo de Tarso, omagnífico apóstolo difusor doEvangelho do Mestre amado,pudermos dizer do fundo de nos-sos corações:

Eu vivo, mas, já não sou eu

quem vive, é Cristo que vive em

mim. (Galátas, 2:20.)

29Fevere i ro 2013 • Reformador 67

5DIAS, Haroldo D. (Trad.) O novo testa-mento. Brasília: Edicei, 2010. p. 227.

6“E conhecereis a verdade, e a verdade voslibertará.” (João, 8:32.)

7FRANCO, Divaldo P. Pelos caminhos deJesus. Pelo Espírito Amélia Rodrigues. 7. ed.Salvador: Ed. Leal. cap. 2, p. 24.

Page 30: Espiritismo A

Juventude representa fase importante para odesenvolvimento do Espírito.

Como ser reencarnado em processo deaprimoramento, o jovem trilha caminhos que oconvidam, continuamente, ao autoconhecimen-to e à escolha de atitudes alinhadas aos seus ob-jetivos e ideais, comprometendo-se com umaopção mais cons-ciente de vida.Mediante os desa-fios da atualida-de, a mensagem deJesus à luz do Es-piritismo repre-senta roteiro se-guro e convida ojovem, igualmen-te, a assumir-secomo tarefeiro nobem e a colaborarna construção domundo novo.

A contribuiçãona seara espírita favorece-lhe o conhecimentomais aprofundado da Doutrina Espírita e avivência mais próxima do Movimento Espírita,permitindo unir cabeças, corações e mãos emprol da promoção do bem e da construção dapaz.

O fortalecimento dos laços entre o jovem e a CasaEspírita traz benefícios para todos, conforme descri-tos no quadro abaixo.

Oportunidade na Casa Espírita +Orientação adequada = Trabalhadordo Bem

“A mocidade pode-rá fazer muito, masque siga, em tudo,‘a justiça, a fé, oamor e a paz comos que, de coraçãopuro, invocam oSenhor’.”

– Emmanuel1

A necessária opor-tunidade para ser-vir deve sempreacompanhar a im-prescindível orien-

tação aos jovens tarefeiros, a fim de que se preparemadequadamente para as atividades que serão abraça-das, respeitando-se a disponibilidade e a área de inte-resse.

Algumas recomendações, baseadas no documento“Orientação ao Centro Espírita”,2 poderão auxiliar os

30 Reformador • Fevere i ro 201368

Juventude: some esforços, multiplique talentos

Evangelização Espírita Infantojuvenil

Juventude e a tarefa espírita

“Ninguém despreze a tua mocidade; mas sê o exemplo dos fiéis na palavra, notrato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza.” – Paulo. (I Timóteo, 4:12.)

A

Page 31: Espiritismo A

dirigentes de casas espíritas e os coordenadores daÁrea de Infância e Juventude:

• As atividades dos jovens junto a outros setores, ou

fora do Centro Espírita, devem ser sempre orientadas

pelo dirigente/coordenador de Juventude ou pela

Diretoria do Centro.2

• Propiciar aos jovens a capacitação para desempenhar

atividades no Centro Espírita tais como: colaboração

nas aulas para crianças, prestação de serviços nos

setores de secretaria, tesouraria, informática e ativi-

dades assistenciais; colaboração nas reuniões públi-

cas, doutrinárias, quer ocupando a tribuna, quer rea-

lizando outras atividades programadas para essas

reuniões, e ajudar na divulgação da Doutrina.2

Conforme nos aponta Emmanuel:

A juventude pode ser comparada a esperançosa

saída de um barco para viagem importante. A

infância foi a preparação, a velhice será a chega-

da ao porto. Todas as fases requisitam as lições

dos marinheiros experientes, aprendendo-se a

organizar e a terminar a viagem com o êxito

desejável.1

Trabalhemos, pois, apontando caminhos e cami-nhando juntos, para que a juventude encontre êxitonessa importante viagem reencarnatória.

Os cartazes e folders da Campanha Juventude eTarefa Espírita estão disponíveis para download e solicitação impressa pelo site: <www.dij.febnet.org.br>.

Referências:1XAVIER, Francisco C. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito

Emmanuel. 3. reimp. Brasília: FEB. cap. 151.2EQUIPE DA SECRETARIA-GERAL CFN DA FEB (Org.). Orientação

ao centro espírita. Rio de Janeiro: FEB, 2007. cap. 6, it. 8, subit.

f e g, p. 69 e 70, respectivamente.

31Fevere i ro 2013 • Reformador 69

Page 32: Espiritismo A

32 Reformador • Fevere i ro 201370

partir do episódio de Ga-lileu com a Inquisição noséculo XVI, Ciência e Reli-

gião tomariam caminhos diferen-tes: enquanto a primeira desen-volveria o método científico em-pírico para explicar o mundo na-tural, a segunda se manteria en-castelada em seus dogmas.

O movimento Iluminista apro-fundou esta separação ao fazer crí-ticas ao clero e à Igreja, que sem-pre se colocou contrária à posturaracional perante a fé. Mais tarde, aRevolução Francesa tentou matara Religião, elegendo a deusa razãocomo uma paródia popular da no-va religiosidade. Mas, foi no séculoXIX que o materialismo ganhouforça, impulsionado pelo movi-mento pessimista e incrédulo demuitos filósofos.

Durante todo esse tempo, ten-tou-se combater a crença espiri-tualista: ora com a razão, ora coma Ciência – como no modernoateísmo –, ora com nomes de im-portantes cientistas; anunciou-seo fim da fé, o nascimento de umaNova Era, e a morte de Deus, comose fosse impossível a complemen-

tariedade entre razão, Ciência,cientistas e espiritualismo.

Era esta a certeza do meu amigo...

Depois de um bom almoço,saboreando nosso cafezinho, con-versávamos na repartição sobreum interessante texto que ele ha-via lido:

– A ideia espiritualista está comos dias contados. O materialismoé característica das sociedades ins-truídas – vaticinou.

– Por que meu amigo? – e dei osegundo gole.

– O Universo iniciou-se no BigBang, a grande explosão – respon-deu quase estourando de satisfa-ção!

– Não há dúvida quanto a isso.O Universo teve um início. ACiência nos está dando a conhecereste precioso momento.

– A Ciência prova todos os dias,por rochas e fósseis, que a Terratem mais de 4,5 bilhões de anos.O Universo está cheio de galáxias,e estas, de outros tantos planetas.A Terra é um grão que se perde naimensidade.

– Realmente. Na casa de nossoPai há muitas moradas, e a Terra ésomente um lar transitório. Se elaé um grão que se confunde na imen-sidade, e tudo na Natureza, inclusivegrãos de areia, leva milhares de anospara se formar, por que a Terra teriasido criada por um processo mágico,à margem da lei natural perfeita?

– A Teoria da Evolução provaque o homem surgiu por um pro-cesso lento e natural, tanto quan-to outras espécies, há mais de 100mil anos – e tomou o gole de cafécomo se fosse um Darwin.

– Darwin foi um autêntico mis-sionário da vida: tirou-nos da ir-reflexão e demonstrou que na Na-tureza há o binômio: diversidade//unidade. E hoje, com a Genética,podemos ler a grandiosidade daCriação – esta explicação o deixousem fala.

– Você concorda com tudo?Mas, e o livro sagrado? – penseique ouvisse um pastor, condenan-do-me ao fogo infernal.

– Ora, meu amigo, o livro sa-grado é a história sagrada da espi-ritualização do Ocidente, escrito aquatro mãos: o homem e o seu

AMA N U E L FE R R E I R A BA R B O S A NE TO

A casa, o cemitérioe as bengalas

l

Page 33: Espiritismo A

Criador. Tenho o cuidado de lê-loem espírito e paz, ouvindo a eter-nidade e compreendendo o homem.

Ele apertou os olhos: “É im-possível pensar assim”.

– Vivo numa casa transforma-da. Seu alicerce foi construído pe-los Dez Mandamentos, as paredes,as colunas e o telhado, pelo Evan-gelho. Com o tempo, os homensque moravam nela trancaram asportas e as janelas com pregos epaus de dogmas,“verdades” e “sal-vações”, e não permitiram que asluzes do conhecimento entrassemali. Mas veio o Consolador. Trouxeas chaves, tirou os pregos e der-rubou os paus. Os ventos da Reli-gião sopraram fraternidade pelaporta, as luzes da Filosofia quei-maram os altares, e a Ciência obser-vou de suas janelas. Nossa imortali-dade não está mais numa imagemsem cor pendurada num altar –como ficou durante 1.800 anos. OConsolador pôs a imortalidade nasala, onde sobre ela conversamos,na cozinha, onde trabalhamos eservimos, e no quarto, onde canta-mos em prece a beleza da Criação!

– Mas o materialismo vai der-rubar esta casa! – foi sua profeciacaduca.

– Tenho certeza que não! – res-pondi.

Por que tanta certeza? – per-guntou espantado.

– Porque o materialismo é umcemitério que lamentamos. Todosos dias, são trazidos homens de lápara cá! Iludidos, eles levavam pe-dras. Dançaram, assobiaram, can-taram sobre elas. Todavia, não sa-biam que levavam aquelas lápidespara construir mais sepulcros.

– Seu espiritualismo é conversapara sonhadores e fracos! Quecriam bengalas psíquicas para sealiviarem da dor – e meu amigonão percebia que estava sobre umapedra...

– Será? Porque os trabalhadoresmais ativos da Casa são quase sem-pre mães órfãs de seus filhos, pes-soas que voltaram da ideia do suicí-dio, homens que disseram não paraseus vícios; todos, curiosamente, semantendo por tais bengalas. Será,meu amigo, que bengalas resisti-riam a tanto peso? Ou será que ben-galas não são outras tantas pedrasmaterialistas, envaidecendo e ilu-dindo seus carregadores, que nãoconseguem pôr ao trabalho nemmães sem seus filhos, nem homensafundados nadepressão,

nem outros perdidos nos vícios? –e tomamos nosso último gole decafé, pois já era tempo de voltar-mos ao trabalho.

O Espiritismo é o Consoladorprometido por Jesus! Com efeito,a partir dos trabalhos insuperáveisde Allan Kardec, na segunda metadedo século XIX, foi possível dar osprimeiros passos para a união daCiência com a Religião em umaproposta sólida e totalmente iné-dita, cujo laço se estreita anoapós ano. O Espiritismo não temea Ciência, pelo contrário, abraça-a ecaminha ao seu lado, pois entendeque ela é uma ferramenta para levaro homem até seu Criador! E ainda:a pesquisa moderna já se conscien-tiza de que o materialismo é insu-ficiente para explicar o homem in-tegral; logo, é necessário algo maise que transcenda à matéria. A Dou-trina dos Espíritos é, portanto, aalternativa para o novo milênio,antecipando o surgimento do ho-mem integral, no qual Espirituali-

dade e conhecimento se com-pletam, conduzindo-o, en-

fim, para a felicidade e aliberdade, tal qual o Mes-tre nos ensinou: “Co-nhecereis a verdade, ea verdade vos libertará”(João, 8:32).

33Fevere i ro 2013 • Reformador 71

l

Page 34: Espiritismo A

o início dos anos 80, instalou-se na Sede Seccio-nal da Federação Espírita Brasileira (FEB),uma atividade que visava proporcionar aos

que ali concluíam seus cursos de aperfeiçoamen-to de esperanto o ensejo de prosseguirem prati-cando o idioma, por meio do estudo de materialdoutrinário. Esse Grupode Estudos Doutriná-rios em esperanto fun-ciona até hoje, manten-do o objetivo inicial etambém acolhendo es-perantistas de diversasprocedências.

De lá para cá, ocorre-ram iniciativas semelhan-tes em diferentes insti-tuições espíritas do País,com o que se evidencia-ria outra utilidade dessaprática: vincular o espe-ranto, ainda mais estrei-tamente, aos programas de estudo das casas espíri-tas que o adotassem em seu conjunto de tarefas.

Há cerca de um mês, colhemos a auspiciosa no-tícia, na lista de discussão <[email protected]>, de que a Seção-Goiás daAssociação Brasileira de Esperantistas-Espíritas –

Abee (Brazila Asocio de Esperantistoj-Spiritistoj –Baes), sob a coordenação do samideano (coidea-lista) Fábio Santos, iniciou, em 17 de novembrode 2012, na Sede da Federação Espírita do Estado deGoiás (Feego), seu estudo de Doutrina Espíri-ta em esperanto, totalmente baseado no Estudo

Sistematizado da Dou-trina Espírita (Esde), daFEB.

Entramos imediata-mente em contato comFábio Santos, externan-do-lhe nossa entusiásti-ca reação, ao mesmotempo em que lhe de-clarávamos nosso calo-roso desejo de que oprograma viesse a seradotado por todas asSeções da Abee exis-tentes em nosso País,com o que ele concor-

dou sem restrições, comprometendo-se mesmo a,de alguma forma, auxiliar os membros das diver-sas Seções daquela Entidade Esperantista-Espírita,agregada como Entidade Especializada ao Conse-lho Federativo Nacional da FEB (CFN), na im-plantação do programa.

Esde em esperanto na Abee-Goiás

N

34 Reformador • Fevere i ro 201372

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Fábio Santos, no Centenário dosCursos de Esperanto na FEB

Page 35: Espiritismo A

Eis alguns trechos significativos da resposta queFábio Santos gentilmente nos enviou:

Devo externar sinceras congratulações ao presi-

dente da Feego, Sr. Cauci de Sá Roriz, bem como à

sua Diretoria, pelo apoio que, desde o início, têm

dado à Língua Internacional naquela Federativa.

[....]

Decidimos reunir-nos regularmente para o estudo

da Doutrina, buscando criar um momento em

que venhamos a verdadeiramente utilizar o Es-

peranto como língua de trabalhos. É importante

que nós, esperantistas, utilizemos a língua sem-

pre que possível.

[....]

Pesquisando sobre a

melhor maneira de

conduzir o estudo,

encontramos uma

página na web que

disponibiliza todo o

Esde em forma de

slides: <www.damas

ceno. info/damas

c e n o / M e u S i t e /

Espir itual/Conta

to2.html>.

[....]

Baixamos os arquivos e empreendemos, todos os

membros da Abee-GO, a sua tradução para o Es-

peranto, visando ao uso em nossos estudos re-

gulares.

Durante o estudo, só é empregado o Esperanto. As

reuniões são públicas e acontecem em todo tercei-

ro sábado. Esperamos que, de futuro, ocorram duas

vezes por mês ou, mesmo, uma vez por semana.

Informações sobre próximas reuniões de estudo,

seus temas, datas e expositores estão disponíveis

na página da Abee-Goiás – <http//baes-go.blogspot.

com.br/p/estudo.html> ou no Facebook – <www.

facebook.com/baes.go>, e os arquivos “Esde em

Esperanto”, para download e utilização, são en-

contrados em <http//baesgo.blogspot.com.br/p/

arquivos-para-download.html>.

O trabalho de tradução é árduo. Nosso compa-nheiro Fábio <[email protected]> aceitacolaboração nesse sentido. O material será dispo-nibilizado a todos os interessados no site <esperanto.feego.org.br>, sendo permitidos downloads, uti-lização e modificações.

Nossos coidealistas da Abee-Goiás têm a in-tenção de criar um programa de TV, em es-peranto, sob o patrocínio do Departamento

de Comunicação So-cial da Feego, para di-vulgação através daTVCEI, onde nada exis-te sobre ou na LínguaInternacional.

Planejam tambémrealizar, na Sede daFeego, em 19 e 20 de outubro de 2013,o 1o GRES – GojasaRenkonti1o de Espe-rant is toj-Spir i t i s to j(Encontro Goiano deEsperantistas-Espíri-tas).

E tal é o fervor dosmembros daquela Entidade Especializada,integrada ao Conselho Federativo Nacional(CFN), que se preparam para criar um dicionáriode Espiritismo, em esperanto, como ferramentade auxílio aos trabalhos em torno da Língua In-ternacional Neutra a serviço do estudo, prática edivulgação do Espiritismo.

Desejamos ardentemente pleno êxito aos nossoscoidealistas de Goiás, bem como que as outras Se-ções da Abee igualmente incorporem a bela inicia-tiva aos seus programas de ação.

35Fevere i ro 2013 • Reformador 73

Hary Milton, conduzindo estudo do Esde em esperanto, em nome da Abee

Page 36: Espiritismo A

Espiritismo vem resgatar oEvangelho de Jesus em suapureza primitiva e apre-

sentar os ensinos do Mestre comoperfeitamente praticáveis no coti-diano atual. Todo o arcabouço in-telectual apresentado pelo Espiri-tismo conduz à conclusão de quecada indivíduo precisa desenvol-ver a realidade íntima para umaatuação mais efetiva no mundoexterior, compreendido seu papelde solidariedade fraterna e açãoconstrutiva no caminho do bem.

Na expressão de Allan Kardec,o verdadeiro espírita e o verda-deiro cristão são a mesma pes-soa, ou seja, têm – como modeloe guia – Jesus, a luz do mundo,que veio para iluminar a treva daignorância da Humanidade, con-duzindo-a pela rota da renova-ção espiritual.

Jesus, no cumprimento de suamissão, não criou hierarquias nem

estabeleceu condições especiaispara que as pessoas aprendessemseus ensinamentos. Aproveitoutodas as oportunidades para ex-plicar a Lei divina e esclarecer so-bre os caminhos que conduzemao reino de Deus, que está dentrode cada um, conforme Ele mes-mo destacou. Em diversas oca-siões, nos templos da religião vi-gente, nas praças públicas, juntoao mar ou à Natureza, estabele-ceu diálogo franco com os sacer-dotes, esclareceu o povo e aju-dou aos necessitados que dele seacercavam. Jesus era o Mestre, noentanto, estava no meio de to-dos, como homem do povo, con-vivendo naturalmente. O que odestacava não eram simples pa-lavras, mas o verbo iluminadoque consolava na ação que pro-duzia o bem. Enfim, Jesus é a luzdo mundo, porque seu verbo esua ação iluminam as consciên-cias, evidenciando a Lei divinanelas inscritas.

Deve, portanto, o monitor doEsde, inspirar-se em Jesus paraconduzir a atividade que lhe ca-be dinamizar junto às pessoasque vêm para a Casa Espírita,interessadas em aprender maispara viver melhor. Para isso, éimportante proporcionar am-biente informal e espontâneo, on-de a humildade deve se estabe-lecer como condição fundamen-tal e norteadora do relaciona-mento, como geratriz da certe-za de que todos somos iguaisperante as oportunidades da vi-da e de que ninguém tem o direi-to de fazer julgamentos de valo-res comparativos entre as criatu-ras de Deus.

No que diz respeito ao moni-tor, especificamente, é indispen-sável a segurança proporciona-da pelo conhecimento e pelavivência, como fatores que pro-movem o amadurecimento naforja da vida, que libertam dospreconceitos e prejuízos, que

36 Reformador • Fevere i ro 201374

O

Eu sou aluz do mundo1

Esde – 30 anos

1JOÃO, 8:12.

Page 37: Espiritismo A

proporcionam a convicção noresultado do bem e geram o com-portamento sereno pela certezada vida futura.

O facilitador do Esde, atento aessas diretrizes, terá condiçõesde promover ambiente agradávelao estudo, confiável para o inter-câmbio de experiências, evitan-do a repetição de procedimentospadrões que se cumprem de for-ma mecânica dentro de certotempo programado. O Esde pre-cisa primar pela espontaneidade,sem perder de vista os objetivosa serem alcançados, pela flexibi-lidade, sem descuidar o conteú-do indispensável ao entendi-mento do tema proposto, pelafraternidade, sem ignorar a dis-ciplina necessária para a manu-tenção de convivência organiza-

da e agradável a todos, com res-peito de uns pelos outros, e peloambiente onde as reuniões sãorealizadas.

Irmão Jacob, em Voltei,2 apre-senta dois momentos que fazemreferência a aulas ou reuniõesde estudo no mundo espiritual.Em um deles, informa sobre umaaula de preparação espiritual,2

ministrada por Leopoldo Cirne,com a abordagem de diversostemas que tinham por objetivopreparar os Espíritos para areencarnação. Em outro, acon-selhado por Guillon Ribeiro,Jacob se filia a uma escola de ilu-

minação.3 Ao chegar ao local, eleconstata:

Algumas dezenas de Espíritos aí

se achavam em contato com os

instrutores.

Notei que as aulas iam anima-

das; todavia, não se revestiam de

caráter solene e, por esse mo-

tivo, tornava-se difícil destacar

professores e aprendizes.

Tudo simples e cordial.

Primava o ambiente pela ex-

pressão acolhedora.

Dissertações graves, em frater-

nidade envolvente.3

Na primeira situação, LeopoldoCirne é destacado como orientador

3Idem, ibidem. cap. 17, it. Instituição re-novadora.

2XAVIER, Francisco C. Voltei. Pelo Espí-rito Irmão Jacob. 28. ed. 4. reimp. Rio deJaneiro: FEB, 2012. cap. 13, it. Aula de pre-paração espiritual.

37Fevere i ro 2013 • Reformador 75

Page 38: Espiritismo A

38 Reformador • Fevere i ro 201376

do grupo. Na segunda, era difícildestacar professores de aprendizes,pois não havia solenidade e tudoera simples, cordial, acolhedor efraterno.

As duas situações de estudosão importantes, a depender doobjetivo que se pretenda alcan-çar. A segunda tem sido inspira-dora para o Esde, que pode con-tar com momentos breves de ex-posição, tanto por parte do mo-nitor como de algum dos partici-pantes, mas tem a maior partedo seu tempo dedicado ao diálo-go aberto e franco, ao intercâm-bio de experiências, ao cultivo daconfiança entre os participantes,à busca do entendimento do te-ma como solução para as pro-blemáticas da vida. Para isso, ofacilitador do processo de estu-do precisa estar seguro quantoao conteúdo e quanto ao métodode trabalho, garantindo a con-quista da confiança do grupopor sua ação coerente, dinâmica,acolhedora e fraterna, ao mesmotempo em que proporciona aosparticipantes a oportunidade deaprofundamento dos conteúdose esclarecimento das dúvidas na-turais que surgem conforme osassuntos propostos.

Dessa forma, não só é possível,mas indispensável, a manutençãono Esde de ambiente aberto aodiálogo e de confiança entre osseus participantes.

Tudo isso, no entanto, so-mente é possível mediante en-tendimento da proposta doEsde, por parte dos seus respon-sáveis, que prima pela organiza-

ção sem formalização excessiva,que pede disciplina sem tolhi-mento da espontaneidade, queexige preparação prévia, estudoaprofundado dos assuntos aserem abordados, estudo con-tinuado da obra de Kardec e deoutras como as de Léon Denis,Yvonne Pereira, André Luiz,Emmanuel, Joanna de Ângelis,Manoel P. de Miranda, entretantos outros, com o fim degerar a segurança indispensávelao bom desenvolvimento dasatividades.

O monitor do Esde é pessoaconsciente do seu papel de hu-milde auxiliar de Jesus no traba-lho da iluminação das consciên-cias e de que, para isso, precisade preparação adequada quantoao conhecimento do Evangelho edo Espiritismo, bem como dosaspectos didáticos, pedagógicose psicológicos, os quais, comoelementos de apoio ao trabalho,possam brindar-lhe a segurançana adaptação e direcionamentodos seus esforços.

Para a organização da ativida-de na Casa Espírita é importanteconsiderar que o excesso de rigorpode dificultar a participaçãodas pessoas. O evangelho segundoo espiritismo4 evidencia que o ri-gor afasta, enquanto a indulgên-cia atrai, acalma, ergue. A me-todologia de estudo do Esde con-sidera essa realidade e, graças aisso, ao completar os seus 30

anos, os resultados são evidentesem seu esforço voltado para oauxílio ao estudo do Espiritismonas casas espíritas de nosso paíse fora dele.

Importante considerar queninguém pode ter segurança natarefa que realiza sem prepara-ção adequada. Jesus era espon-tâneo em suas relações com aspessoas e usava diversos proces-sos, conforme o tipo do públicoe as situações, para chegar aocoração de cada um, sem mediresforços para servir incondi-cionalmente. Porém, não deixoude fazer o seu trabalho porcausa das críticas dos fariseus edoutores da lei, que se consi-deravam os mais capacitadospara conduzir o povo, mas quenão tocavam nem com o dedonos pesados fardos (Mateus,23:4) que recomendavam aosdemais.

Ao aceitar a luz do Mestre, ascriaturas transformam-se eminstrumento de auxílio, em au-tênticos discípulos que sabemrefletir a luz do Evangelho nasinúmeras atividades de amor ecaridade que a vida lhes propor-ciona. O Esde é uma delas, poisauxilia no estudo e entendimen-to do Espiritismo, ao resgatar aproposta renovadora da Boa No-va como elemento transforma-dor do indivíduo e da sociedade,bem como pelo convite constan-te para a ampliação da consciênciade que o caminho da paz é o darealização do bem em todas asoportunidades que a vida nosoferece.

4KARDEC, Allan. O evangelho segundo oespiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 130 ed.2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2012. cap.10, it. 16.

Page 39: Espiritismo A

eus amigos, Jesus nos abençoe.Espiritismo no Brasil é a revives-

cência do Evangelho de Redenção.Não nos esqueçamos dessa ver-dade simples, para que não este-jamos desajustados, à frente dasresponsabilidades que esposa-mos perante o Senhor.

Em outros climas sociais epolíticos, a Doutrina Conso-ladora dos Espíritos tem sidorelegada à retorta ou à discus-são, convertendo-se em meroexperimento científico ou empura divagação filosófica, pro-crastinando-se divinas reali-zações do Plano Superior queobjetivam a sublimação daHumanidade.

Raros círculos, fora do san-tuário brasileiro, guardaramfidelidade à expressão realdo Espiritismo, como genuínomensageiro de Nosso SenhorJesus Cristo, na restauração daBoa Nova, em sua primitivafeição.

E, amparados pelo ‘acréscimo da MisericórdiaDivina’, nosso movimento expressa em suas ativida-des essenciais o soerguimento do homem para a era

nova, descerrando vastos horizontes ao conhecimen-to santificante, como fator decisivo de reconduçãodo homem moderno às bases da civilização cristã,

que esperamos seja efetivamen-te erguida no Planeta, nos séculosfuturos.

Somos, desse modo, no Bra-sil, obreiros da Celeste Revela-ção, trabalhando na construçãoda legítima fraternidade, que,em nos regenerando, retificaráigualmente a esfera em que evo-luímos, no rumo das supremasedificações do espírito na glóriaporvindoura.

Não podemos assim, segun-do nos parece, comprometera estabilidade de um cometi-mento que, no fundo, não nospertence, estabelecendo qual-quer serviço de incompreen-são ou intolerância que re-dundaria em maior agravode responsabilidade para nósmesmos.

Aprendamos, pois, a deci-dir nossas afirmações de tra-

balho e a solucionar os problemas que nos afli-gem no templo da união fraternal, sob a inspira-ção do Mestre que nunca falha, a benefício dos

“M

39Fevere i ro 2013 • Reformador 77

Reformador de ontem

Aprendamos a solucionaros problemas no tempo

da união fraternal

Devemos, antes de

tudo, cultuar o

respeitoà tarefa dos nossos

associados

de ideal, sem

interferênciasdescabidas no

esforço a ser realizado

Page 40: Espiritismo A

discípulos de boa vontade. Não possuímos, pes-soalmente, qualquer credencial que nos autorize aformular apelos à concórdia e à compreensão dosvotos que abraçamos diante de Jesus.

Cada qual de nós permanece no setor de lutaque lhe foi atribuído pela Eter-na Sabedoria e devemos, antesde tudo, cultuar o respeito à ta-refa dos nossos associados deideal, sem interferências desca-bidas no esforço a ser realizadoindividualmente por nós todos,nas linhas de ação renovadoraque nos reúne os braços e ospensamentos, as esperanças eos corações. Contudo, tantoquanto nos seja possível, auxi-liemo-nos uns aos outros paraque a obra da unificação dosespíritas do Brasil não periclitepor nossa causa.

Recordemos a gravidade dahora que o mundo inteiroatravessa, desfalecendo à mín-gua de cooperação e de enten-dimento, de humildade e deamor e não nos esqueçamos deque quase um milhão de com-panheiros do Espiritismo Cris-tão,1 na terra que nos acolhe,esperam de seus orientadores exemplos de fé e tra-balho sadio, de esforço e renunciação pessoal, naaplicação com o Mestre da Eterna Verdade.

O momento não comporta divergências e deser-ções, no escuro desvão das atitudes precipitadas, e,na abençoada sementeira de luz que, entre nós, secobre de flores, não será justa a deliberada implanta-ção do escalracho venenoso do personalismo dese-quilibrado, erva sufocante e daninha que, em todosos tempos, tem asfixiado as melhores esperanças daHumanidade melhor.

Considerando, desse modo, o patrimônio dasobrigações que nos foram cometidas, doemostodos os recursos ao nosso alcance, para que onosso programa de harmonia e confraternizaçãonão se reduza a discursos e textos brilhantes, sem

significação para as nossastarefas substanciais.

Alguém já disse que ‘o Es-piritismo será aquilo que oshomens dele fizerem’, porque,indiscutivelmente, somos a ins-trumentalidade de Jesus, con-cretizando-lhe os planos deredenção sobre a Terra. Faça-mos, pois, quanto estiver emnossas possibilidades para queas resoluções da nossa Doutri-na de Amor sejam firmadas emassembleias dignas do nossomovimento de santificação,para que a vitória nascente de nossa união evangélica se-ja, de fato e de verdade, hoje esempre, uma bandeira de espe-rança e salvação para o mundo,em nome de nosso Divino Mes-tre e Senhor.”

Emmanuel

(Mensagem recebida em Pedro Leopoldo, no dia 31 de agosto

de 1953, pelo médium Francisco Cândido Xavier, dirigida a

Francisco Spinelli,2 Bady Elias Curi,3 e Simões de Matos.4 Extraí-

da de O Espírita Mineiro, de agosto de 1953. Transcrita de

Reformador, novembro de 1953, p. 13(257) e 14(258).)

40 Reformador • Fevere i ro 201378

2N.R.: Francisco Spinelli (1893-1955), signatário do Pacto Áureoe presidente da Federação Espírita do Rio Grande do Sul (Fergs),de 1952 a 1955.

3N.R.: Bady Elias Cury (1903-1962), signatário do Pacto Áureo epresidente da União Espírita Mineira (Uem), de 1955 a 1962.

4N.R.: José Simões de Mattos (1892-1978), presidente da Fergs, de1966 a 1971.

Doemos todos os

recursos ao

nosso alcance,

para que o nosso

programa de

harmonia e

confraternizaçãonão se reduza

a discursos

e textos brilhantes

1N. R.: Quantidade de espíritas em 1953.

Page 41: Espiritismo A

41Fevere i ro 2013 • Reformador 79

uma reunião do EstudoSistematizado da Doutri-na Espírita, em determina-

da Casa Espírita, analisava-se ocapítulo 46, da obra Os mensagei-ros, intitulado Aprendendo sem-pre,1 quando teve início interes-sante discussão.

Resumidamente, questionou--se a famosa expressão: “A gentepropõe, Deus dispõe”, no sentidode que podemos realizar algumasescolhas em nossa existência, ele-ger trilhar alguns caminhos e,mesmo com toda a nossa vontadepara que a situação se concretize,aquele percurso selecionado aca-ba não sendo o que prevalece,quando então somos “convida-dos” a retornar para a situação an-terior ou, ainda, caminhar poroutra estrada, o que, na grandemaioria das vezes, vem acompa-nhado de uma grande frustração.

Ainda nesta linha de raciocí-nio, obtemperou-se onde estariaaí o livre-arbítrio, já que os nossosreais anseios não logram êxito.

Comecemos, então, a ponderarsobre o assunto em questão. Para

tanto, devemos entender que aexistência é muito maior do queesses breves anos passados aqui,encarnados nesta escola de apren-dizagem.

Devemos nos lembrar de queexiste algo chamado planejamentoreencarnatório (muito bem expli-citado na obra Missionários daluz2) e que, neste projeto realiza-do, logicamente, em período an-terior à nossa reencarnação nestapresente romagem, nos reunimoscom Espíritos elevados, ondediversos apontamentos foram fei-tos acerca de nossas futuras expe-riências, opções etc., sempre le-vando em conta o que melhor seencaixaria para a nossa evolução.E, frise-se, todas essas pondera-ções e planos foram propostos coma nossa anuência, levando em con-ta o nosso livre-arbítrio.

Pondere-se, ainda, que não de-vemos nos frustrar se uma escolhaque fizemos não logrou êxito emsua consecução. Devemos pararde acreditar que a felicidade se en-contra apenas no resultado alcan-çado. Não, muito pelo contrário.

O sucesso encontra-se no cami-nho percorrido para tentar obterdeterminado efeito, já que é nessecaminho que angariamos expe-riências e aprendizados que serãomuito úteis em nossa evoluçãoespiritual.

Nunca percamos de vista asenda percorrida, mesmo nãosendo a que desejamos, pois, comcerteza, é a melhor para o nossoprogresso. Sendo assim, resigne-mo-nos com o que “Deus dispõe”,tendo a certeza de que a nossaopinião e o nosso livre-arbítrionunca foram esquecidos e jamaisserão.

Que Jesus abençoe a todos nós!

N

Algumas ponderaçõessobre nossas escolhas

2Idem. Missionários da luz. Pelo EspíritoAndré Luiz. 3. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro:FEB, 2010. cap. 13.

UR I E L AU G U S TO GU I M A R Ã E S SA N TO S

1XAVIER, Francisco C. Os mensageiros.Pelo Espírito André Luiz. 2. ed. esp. 5.reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011.

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42 Reformador • Fevere i ro 201380

Seara Espírita

FEB: Preparativos de açõesNos dias 25 e 27 de janeiro, houve reunião na sede daFEB das Coordenadorias Nacionais das Áreas de Co-municação Social Espírita, Infância e Juventude, Aten-dimento Espiritual no Centro Espírita, Serviço de As-sistência e Promoção Social Espírita e Estudo Siste-matizado da Doutrina Espírita. O objetivo foi anali-sar: deliberações do CFN sobre as “Adequações e Re-formulações nas Áreas das Comissões Regionais doCFN da FEB”; implantação das Coordenadorias Re-gionais nas Comissões Regionais, em 2013; prepara-ção das reuniões simultâneas das Comissões Regio-nais, em 2014; e adequações das áreas ao “Plano deTrabalho para o Movimento Espírita Brasileiro (2013--2017)”, em fase de divulgação. Informações: <www.febnet.org.br>; <[email protected]>.

Uruguai: Seminário de EvangelizaçãoAconteceu nos dias 24 e 25 de novembro o 3o Semi-nário de Evangelização, em Montevidéu (Uruguai),organizado pela Área de Infância e Juventude da Fe-deração Espírita Uruguaia. O evento foi conduzidopor Miriam Dusi, diretora do DIJ da FEB, e pela co-laboradora Camila Gaspar, que destacaram a rele-vância da Evangelização junto às crianças e jovens.Informações: <[email protected]>.

Paraíba: Planejamento e CongressoDe 4 a 6 de janeiro, aconteceu o V Congresso EspíritaParaibano, no Auditório da Federação Espírita Parai-bana, com o tema “Amanhecer de Uma Nova Era”.Divaldo Pereira Franco, Haroldo Dutra Dias, Severi-no Celestino, Sandra Borba, Nando Cordel, PastorEstevam, Dom Aldo Pagotto e Irmã Aila foram os ex-positores. Na mesma época, houve reunião sobre Pla-nejamento Estratégico, envolvendo os Órgãos de Uni-ficação do Movimento Espírita paraibano, com a atua-ção do diretor da FEB, Roberto Fuina Versiani. Infor-mações: <www.fepb.org.br>.

Eventos na EuropaO diretor da FEB, Carlos Roberto Campetti, cum-

priu roteiro de seminários e palestras, durante a se-gunda quinzena de novembro e início de dezembro,em várias instituições da Suíça, Áustria, Alemanha eEspanha. Neste último país, atuou no 19o CongressoNacional de Espiritismo, na cidade de Benidor. In-formações: <[email protected]>.

Natal na FEBO Natal de Jesus foi lembrado em várias atividadesde encerramento de cursos, promovidos pela Fede-ração Espírita Brasileira, em sua sede, em Brasília,e na Sede Seccional, no Rio de Janeiro. Houve con-fraternização dos funcionários em ambas as sedese uma reunião pública especial no final da tardedo dia 24 de dezembro, no auditório principal daFEB, em Brasília. Informações: <[email protected]>.

Espiritismo e Arte em ParisCom a ideia de promover resgate histórico da in-fluência mediúnica na produção artística, sobretudoa partir de 1853, por meio de Victor Hugo, até 1933,com o ensaio Le message automatique, de André Bre-ton, publicado na revista Minotaure, ocorreu naMaison de Victor Hugo, antiga casa do escritor e hojemuseu em sua homenagem, a exposição Entrée desmédiums, Spiritisme et Art, de Hugo à Breton, de 18de outubro de 2012 a 20 de janeiro de 2013. O traba-lho, que também foi publicado em livro, destaca arelevância de Allan Kardec e a fundação do InstitutoInternacional de Metapsíquica, em 1919, em Paris.Informações: <[email protected]>.

Paraná: Evangelho na atualidadeA Federação Espírita do Paraná e a AssociaçãoMédico-Espírita do Paraná promoveram, nos dias 15e 16 de dezembro, palestras com André Luiz Peixi-nho, presidente da Federação Espírita do Estado daBahia e membro da AME-Bahia. As exposições fo-ram sobre os temas “Saúde e Plenitude” e “Vivendo oEvangelho na atualidade”. Informações: <www.ameparana.org>.

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