Esquema Bakhtin

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Estética da Criação Verbal Mikhail Bakhtin Thiago Hermont

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Estética da Criação Verbal

Mikhail Bakhtin

Thiago Hermont

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OS GÊNEROS DO DISCURSOO problema e sua definição

• Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem, sendo o caráter e as formas desse uso tão multiformes quanto os diversos campos da atividade humana.

Esta multiformidade ocorre, provavelmente, pelo fato da linguagem ser a ferramenta de expressão das variadas atividades humanas.

Dentro do campo da comunicação humana encontram-se três elementos indissociáveis à ideia de enunciado: o conteúdo temático, o estilo, a construção composicional.

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• Cada enunciado particular é individual, embora cada campo de utilização da língua elabore seus tipos relativamente estáveis de enunciados: gêneros do discurso.

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Gêneros do Discurso

• São extremamente heterogêneos, tornando os traços gerais dos gêneros discursivos demasiadamente abstratos e vazios.

• A questão linguística geral do enunciado e dos seus tipos quase não era levada em conta dentro do corte do gênero literário.

• Denota-se a existência dos gêneros primários e secundários relacionada à definição da natureza geral do enunciado.

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Gêneros primários e secundários

• Gênero primário: formam-se nas condições da comunicação discursiva imediata.

• Gênero secundário: surgem nas condições de um convívio cultural mais complexo e relativamente muito desenvolvido e organizado.

• A diferença entre ambos é crucial para a própria natureza do enunciado.

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Estilística

• Todo enunciado é individual, podendo refletir a individualidade do falante.

• As condições menos propícias para o reflexo da individualidade na linguagem estão presentes naqueles gêneros do discurso que requerem uma forma padronizada.

• A relação orgânica e indissolúvel do estilo com o gênero se revela nitidamente também na questão dos estilos de linguagem ou funcionais. Em cada campo existem e são empregados gêneros que correspondem às condições específicas de dado campo.

• O estilo integra a unidade de gênero do enunciado como seu elemento, estando as mudanças históricas dos estilos de linguagem indissoluvelmente ligadas às mudanças dos gêneros do discurso.

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• Os enunciados e seus gêneros discursivos são correias de transmissão entre a história da sociedade e a história da linguagem.

• Onde há estilo, há gênero.

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Dialógica entre gramática e estilística

• A gramática se distingue substancialmente da estilística, mas ao mesmo tempo nenhum estudo de gramática pode dispensar observações e incursões estilísticas.

• Assim, a gramática e a estilística convergem e divergem em qualquer fenômeno concreto de linguagem, pois a própria escolha de uma determinada forma gramatical pelo falante é um ato estilístico.

O estudo do enunciado como unidade real da comunicação discursiva permite compreender de modo mais correto também a natureza das unidades da língua – as palavras e orações.

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O enunciado como unidade da comunicação discursiva.Diferença entre essa unidade e as unidades da língua.

• A linguística do século XIX, sem negar a função comunicativa da linguagem, procurou colocá-la em segundo plano, promovendo ao primeiro plano a função da formação do pensamento, independente da comunicação.

• Para alguns (Humboldt), a língua seria uma condição indispensável do pensamento para o homem, sendo, para outros, deduzida da necessidade do homem de se auto-expressar. A essência da linguagem se reduz à criação espiritual do indivíduo.

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Características do enunciado

• O discurso só pode existir de fato na forma de enunciações concretas de determinados falantes.

• Os limites de cada enunciado concreto são definidos pela alternância dos sujeitos do discurso.

• Todo enunciado tem um princípio e fim absoluto, terminando o falante o seu enunciado para passar a palavra ao outro ou dar lugar à sua compreensão responsiva.

• O enunciado não é uma unidade convencional, mas uma unidade real.

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Enunciado e OraçãoOração como unidade de língua e Enunciado como unidade da comunicação discursiva

• Os limites da oração enquanto unidade da língua nunca são determinados pela alternância de sujeitos do discurso (esta converte a oração em enunciado pleno).

• A oração é um pensamento relativamente acabado, imediatamente correlacionado com outros pensamentos do mesmo falante no conjunto de seu enunciado.

• A oração não se correlaciona de imediato nem pessoalmente com o contexto extraverbal da realidade nem com as enunciações de outros falantes, mas somente através do enunciado em seu conjunto.

• A oração carece de capacidade de determinar a resposta, ganhando essa capacidade apenas no conjunto do enunciado.

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Qualidades e peculiaridades: da oração ao enunciado pleno

• Alternância dos sujeitos do discurso.

Emoldura o enunciado e cria para ele a massa firme, rigorosamente delimitada dos outros enunciados a ele vinculados, distinguindo-o da unidade da língua (oração).

• Conclusibilidade específica do enunciado.

Aspecto interno da alternância dos sujeitos do discurso, ocorre pois o falante expressou tudo o que quis dizer em dado momento ou sob dadas condições. É determinada por três elementos:

1) Exauribilidade do objeto e do sentido;2) Projeto de discurso ou vontade de discurso do falante;3) Formas típicas composicionais e de gênero do acabamento.

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• A intenção discursiva de discurso ou a vontade discursiva do falante determinam o todo do enunciado, sendo que a intenção discursiva deste falante é aplicada e adaptada ao gênero escolhido, constituindo-se e desenvolvendo-se em uma determinada forma de gênero.

• As formas de gênero, por sua vez, diferem substancialmente das formas da língua no sentido da sua estabilidade e da sua coerção para o falante, sendo mais flexíveis, plásticas e livres que as formas da língua.

• Quanto melhor se domina os gêneros tanto mais livremente os mesmos são empregados.

• Um enunciado absolutamente neutro é impossível, tendo em vista que o mesmo é pleno de tonalidades dialógicas, sendo estas imprescindíveis para o entendimento cabal do estilo de um enunciado.

• Traço constitutivo do enunciado é seu direcionamento a alguém: o endereçamento, uma vez que cada gênero do discurso em cada campo da comunicação discursiva tem a sua concepção típica de destinatário que o determina como gênero.