Estágios de Verão

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—3 Junho 2010 54 PUB D Mais // Carreira No final do primeiro ano do curso de Turismo, Ana Soromenho, 30 anos, nem hesitou. Trocou as primeiras férias enquan- to estudante universitária por um está- gio no departamento comercial num hotel de cinco estrelas na Madeira. “Ganhei tudo menos dinheiro”, garante. “Acumu- lei experiência, conheci pessoas, fiz con- tactos na área, acabei sempre por ganhar alguma coisa”, acrescenta. Da experiên- cia, que acabou por repetir no terceiro ano de curso, Ana garante ter acumula- do mais competências que em três anos de um curso “demasiado teórico”. “Os estágios de Verão têm a vantagem de permitir um primeiro contacto com o mercado de trabalho num setting espe- cial: uma pressão moderada e um risco controlado”, explica Sónia Lara Nunes, manager da empresa de consultoria estra- tégica Jason Associates. No entanto, refor- ça, “na hora de escolher a área, é impor- tante perceber a direcção de uma futu- ra carreira”. O director-geral do centro de orientação de carreiras Work-Shop, Filipe Fidanza, concorda. “Não faz mui- to sentido coleccionar estágios se depois nada têm que ver com o objectivo pro- fissional”, defende, acrescentando que a falta de coerência “pode passar a men- sagem de que poderá vir a ser um pro- fissional hesitante e com poucas convic- ções”. A pensar nisso, João Tavares, 22 anos, tem vindo a dedicar os últimos Verões a colónias e campos de férias. Actualmente a trabalhar num hospital pediátrico, João explicou ao i que “ape- sar de mal pago”, é um trabalho que “de- senvolve o sentido de responsabilidade e a capacidade de liderança”. Com as competências adquiridas no acompa- nhamento de crianças, João Tavares acre- dita que abdicar das férias de Verão duran- te anos lhe permite agora “ter uma dinâ- mica com as crianças que marcam a diferença em relação a alguns colegas”. MATURIDADE PROCURA-SE Ana Sofia Por- tela, managing partner da empresa de recrutamento das áreas comerciais e de marketing PALMON, considera que, “quando bem aproveitado, um estágio de Verão é uma óptima experiência de autodesenvolvimento”. Em contexto de recrutamento, considera que as empre- sas olham cada vez mais para a “matu- ridade das pessoas e para a forma como elas assumem a responsabilidade da cons- trução do seu futuro”. Filipe Fidanza completa: “Desde o primeiro currículo, o candidato deve transmitir certezas sobre onde está e para onde pretende ir em termos profissionais.” Os três especialistas contactados pelo i apontam a diferenciação como a carac- terística que todos os candidatos devem apresentar numa candidatura. Entre cur- rículo, carta de apresentação e entrevis- ta de emprego, um estágio de Verão pode marcar essa diferença. Por isso, estágios no estrangeiro, trabalhos de voluntaria- do e cargos que exigem contacto direc- to com o cliente são indicados como as melhores opções. Trocar a praia pelo trabalho: custa, mas compensa MARTA CERQUEIRA [email protected] A série “The Office”: uma escola da vida no escritório D. R. Os estágios deVerão podem marcar a diferença e até garantir futuros empregos Estágios A quantidade de informação e as oportunidades que as empresas multinacionais oferecem é considerada uma mais-valia para Ana Sofia Portela, da empresa de recrutamento PALMON. $ Multinacionais Actividades de cariz social e trabalhos de voluntariado são considerados particularmente interessantes por permitir desenvolver trabalhos em equipa, aumentar a capacidade de comunicação e coordenação. Voluntariado Experiências desenvolvidas fora do país podem ser uma marca diferenciadora para um agente empregador por mostrarem sentido de responsabilidade e dinamismo, considera Sónia Lara Nunes, da Jason Associates. Estágios no estrangeiro Não faz sentido “coleccionar” estágios. A falta de coerência pode passar uma mensagem de pouca convicção

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Os estágios de Verão podem marcar a diferença e até garantir futuros empregos.

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—3 Junho 201054

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D Mais // Carreira

No final do primeiro ano do curso deTurismo, Ana Soromenho, 30 anos, nemhesitou. Trocou as primeiras férias enquan-to estudante universitária por um está-gio no departamento comercial numhotel de cinco estrelas na Madeira. “Ganheitudo menos dinheiro”, garante. “Acumu-lei experiência, conheci pessoas, fiz con-tactos na área, acabei sempre por ganharalguma coisa”, acrescenta. Da experiên-cia, que acabou por repetir no terceiroano de curso, Ana garante ter acumula-do mais competências que em três anosde um curso “demasiado teórico”.

“Os estágios de Verão têm a vantagemde permitir um primeiro contacto como mercado de trabalho num setting espe-cial: uma pressão moderada e um riscocontrolado”, explica Sónia Lara Nunes,manager da empresa de consultoria estra-tégica Jason Associates. No entanto, refor-ça, “na hora de escolher a área, é impor-tante perceber a direcção de uma futu-ra carreira”. O director-geral do centrode orientação de carreiras Work-Shop,Filipe Fidanza, concorda. “Não faz mui-to sentido coleccionar estágios se depoisnada têm que ver com o objectivo pro-fissional”, defende, acrescentando que afalta de coerência “pode passar a men-sagem de que poderá vir a ser um pro-

fissional hesitante e com poucas convic-ções”. A pensar nisso, João Tavares, 22anos, tem vindo a dedicar os últimosVerões a colónias e campos de férias.Actualmente a trabalhar num hospitalpediátrico, João explicou ao i que “ape-sar de mal pago”, é um trabalho que “de-senvolve o sentido de responsabilidadee a capacidade de liderança”. Com ascompetências adquiridas no acompa-nhamento de crianças, João Tavares acre-dita que abdicar das férias de Verão duran-te anos lhe permite agora “ter uma dinâ-mica com as crianças que marcam adiferença em relação a alguns colegas”.

MATURIDADE PROCURA-SE Ana Sofia Por-tela, managing partner da empresa derecrutamento das áreas comerciais e demarketing PALMON, considera que,“quando bem aproveitado, um estágiode Verão é uma óptima experiência deautodesenvolvimento”. Em contexto derecrutamento, considera que as empre-sas olham cada vez mais para a “matu-ridade das pessoas e para a forma comoelas assumem a responsabilidade da cons-trução do seu futuro”. Filipe Fidanzacompleta: “Desde o primeiro currículo,o candidato deve transmitir certezassobre onde está e para onde pretende irem termos profissionais.”

Os três especialistas contactados peloi apontam a diferenciação como a carac-terística que todos os candidatos devemapresentar numa candidatura. Entre cur-rículo, carta de apresentação e entrevis-ta de emprego, um estágio de Verão podemarcar essa diferença. Por isso, estágiosno estrangeiro, trabalhos de voluntaria-do e cargos que exigem contacto direc-to com o cliente são indicados como asmelhores opções.

Trocarapraia pelotrabalho:custa, mascompensa

MARTA [email protected]

A série “The Office”: uma escola da vida no escritório D. R.

Os estágios deVerãopodem marcar adiferença e até garantirfuturos empregos

Estágios

A quantidade de informaçãoe as oportunidades que asempresas multinacionaisoferecem é considerada umamais-valia para Ana SofiaPortela, da empresa derecrutamento PALMON.

$Multinacionais

Actividades de cariz social etrabalhos de voluntariado sãoconsiderados particularmenteinteressantes por permitirdesenvolver trabalhosem equipa, aumentar acapacidade de comunicaçãoe coordenação.

Voluntariado

Experiências desenvolvidasfora do país podem ser umamarca diferenciadora paraum agente empregadorpor mostrarem sentidode responsabilidade edinamismo, considera SóniaLara Nunes, da JasonAssociates.

Estágiosno estrangeiro

Não faz sentido“coleccionar” estágios. A

falta de coerência podepassar uma mensagem

de pouca convicção