ESTATISTICA ABSENTISMO

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Faltas ao trabalho aumentaram 26,3% nos ltimos quatro anos

Absentismo continua a dispararTodos os dias faltam ao trabalho mais de 8200 pessoas O absentismo em Portugal continua a aumentar, colocando em causa a competitividade das empresas portuguesas na arena internacional. Segundo dados do Departamento de Estatstica do Trabalho, Emprego e Formao Profissional (DETEFP), o absentismo no sector do calado aumentou para 14,9% em 2000 (crescimento de 13% em relao ao ano anterior). S nos ltimos quatro anos, o absentismo aumentou 26,3%. Todos os dias faltam aproximadamente 8100 pessoas s suas obrigaes profissionais. Para as empresas portuguesas, trata-se de uma situao insustentvel e que coloca em causa a sustentabilidade das empresas, para mais quando a concorrncia internacional se afigura particularmente agressiva. Em 1997, o absentismo no sector do calado era de 11,8% para em 2000 se situar nos 14,9%, o valor mais elevado de sempre. A principal causa de absentismo era o factor doena no profissional (45%), cabendo a outras causas o equivalente a 39% das ausncias ao trabalho (dados do Ministrio do Trabalho). Estes dois factores, aparentemente incuos e injustificveis, representam 84% do total das faltas. O vector maternidade/paternidade (de resto previsto na legislao) justifica 11% do absentismo, enquanto que as doenas profissionais no atingem sequer 3% do total das motivaes das faltas. Este no , no entanto, um problema especfico da indstria do calado. Tambm em outros sectores, h uma clara tendncia para o aumento do absentismo. Na indstria transformadora como um todo, o absentismo aumentou mais de nove pontos percentuais para 9,4% em 2000. No sector txtil, o absentismo ultrapassou a barreira dos 10,5% em 2000 (dados DETEFP), ainda assim substancialmente mais baixa do que no sector do calado. Nos ltimos doze meses, o Jornal da APICCAPS entrevistou diversos empresrios, de diversas provenincias, em relao a este assunto. Para os responsveis da Ara, por exemplo, com uma taxa de absentismo de 15% entre os seus 1800 funcionrios, Portugal est a cavar a sua prpria sepultura, enquanto que para a Elefanten os planos dirias das empresas so sucessivamente alterados. Para os responsveis desta empresa multinacional, com uma taxa de absentismo de 9,3% entre os 430 trabalhadores, as principais causas do absentismo so as baixas

mdicas, pelo que sugerem que os deveriam ser bem melhor fiscalizados.

prprios

mdicos

Segundo Robert Steinhart, da Sioux, a taxa de absentismo em Portugal o dobro da verificada com outras unidades produtivas existentes no exterior. O mesmo raciocnio aplica-se multinacional de origem sueca Ecco. Para Manuel Pacheco e Silva a taxa de absentismo em Portugal substancialmente superior existente nas outras unidades de produo instaladas na Europa e no Oriente, obrigando a empresa sedeada em Portugal a celebrar contratos por termo incerto para substituir os colaboradores ausentes e, sobretudo, a gerir com eficincia os recursos humanos. J para a Ara o problema assume uma dimenso ainda mais grave, j que a empresa tem uma taxa de absentismo diria de 16%, o que contrasta com os 4% de absentismo na unidade na ustria, os 7% na Romnia e at mesmo os 10% na Indonsia. Na ptica da Ara, tudo serve de pretexto para se faltar s obrigaes profissionais. Desde logo porque existem mdicos inconscientes que concedem, injustificadamente, baixa mdica a qualquer pessoa que o solicite. Depois, porque no h um controlo rigoroso e aplicao de sanes para as baixas fraudulentas. Uma situao que o Ministrio de Bago Flix, com a aprovao do Cdigo do Trabalho, pretende inverter. Para Alberto Sousa, da Eureka, o absentismo aumenta os custos das empresas, implica uma perda de produtividade e de qualidade, razes de sobra que colocam em causa todo o trabalho comercial desenvolvido pela empresa. J para Manuel Tavares, da Arauto, empresa com uma taxa de absentismo na ordem dos 18%, acresce que nos centros de emprego ou no h pessoal ou os que h no querem trabalhar. So cerca de 8200 pessoas que todos os dias faltam s suas obrigaes profissionais na indstria. Uma situao to mais complexa, quanto o desemprego continua a aumentar em Portugal, como referem os mais recentes dados do INE (instituto Nacional de Estatstica). Deste modo e no obstante a recente reviso da legislao laboral olhada com muito desconfiana pela generalidade dos agentes econmicos a tarefa de captar novos e significativos investimentos estrangeiros para o nosso pas afigurase como muito complexa, como explicou Sidnio Lamoso, da Rodhe: Temos pessoas ao servio manifestamente doentes e as que esto ss do-se ao luxo de ficar em casa.

Sidnio Ribeiro, da Classic & Casual, recorda que na sua empresa faltam todos os dias cerca de 50 pessoas, induzindo a significativas perdas de produtividade e simultaneamente pondo em risco a competitividade da empresa, uma vez que somos obrigados a diminuir a capacidade produtiva e equilibrar as linhas de produo, colocando em causa o cumprimento de prazos de entrega. Para a generalidade das empresas contactadas, h necessidade de existir uma melhor e mais rigorosa fiscalizao s baixas mdicas. Por outro lado, e ainda que no sendo consensual, seria importante ser possvel premiar os trabalhadores assduos e castigar todos quanto prevariquem de forma reiterada. A crescer a este ritmo, 13% ao ano, o absentismo poder muito bem colocar em perigo dezenas de empresas e milhares de trabalhadores existentes no nosso pas.

CIP comentaO aumento do absentismo em Portugal e, particularmente, no sector do calado revela-se, extremamente preocupante, com a grande agravante de no ser uma surpresa. Para a CIP de absoluta necessidade e urgncia a atacar de frente esta aberrao do comportamento laboral portugus. Segundo Francisco van Zeller as empresas portuguesas registam uma das mais altas taxas de absentismo ao nvel da UE, especialmente nas indstrias do Norte do pas, o que constitui um srio obstculo sua capacidade competitiva ao nvel dos custos e da qualidade dos produtos e dos prazos de entregas. Na ptica do responsvel-mximo da CIP a inverso da tendncia registada passaria, necessariamente, por uma profunda alterao da legislao scio-laboral. Por outro lado teria sido imprescindvel tornar eficaz no novo Cdigo do Trabalho o aumento das sanes, a rapidez de actuao das entidades fiscalizadoras e o estabelecimento de sistemas adequados de retribuio, que distinguissem com justia os trabalhadores assduos daqueles que, na prtica, sobrecarregam de trabalho os seus colegas e encarecem os produtos fabricados.