Este caderno é Abril de 2013 LITERATURA NO RIO...

4
O Modernismo foi um movimento que respondeu aos anseios de equiparação da literatura nacional aos avanços da vanguarda estrangeiras que irradiou em São Paulo para demais regiões brasileira. No RS o movimen- to de 22, não teve repercussão imediata. As criações de artistas ligados ao cenário porto-alegrense, como: Augusto Meyer e Mario Quintana e a obra de Raul Bopp, autor que se afastou do contexto local e abraçou as propostas revolucionárias de Oswaldo de Andrade e Tarcila do Amaral. Com a Semana da Arte Moderna em São Paulo surge outro grande contista gauchesco: Darcy Azambuja quase a altura de Simões Lopes Neto. Ele publica “No Galpão” (1925) e “Coxilhas” (1956). Na poesia destacam-se: Vargas Neto, Peri de Castro, Augusto Meyer, Manoelito de Ornellas e depois Waldemar Corrêa, José de Figueiredo Pinto, Aureliano de Figueiredo Pinto, Ciro Gavião, Amândio Bica e Glaucus Saraiva. Com o Movimento Tradicionalista Gaúcho, surgem os poetas, con- tistas e historiadores: Luis Carlos Barbosa Lessa, Jayme Caetano Braun, Luiz Menezes, Aparício Silva Rillo, poeta negro Oliveira Silveira. Com os festivais surgem: Luis Coronel, Dilan Camargo, Nilo Bairros Brum e tantos outros. A poesia contemporânea de Mario Quintana, modernista, explora uma linha individualista: A rua dos cataventos, Pé de Pilão. As modificações, na literatura do Rio Grande do Sul, podem ter sido inaugura- das no ano de 1934, ano da publicação do primeiro romance de Cyro Martins: “Campo fora” e no ano de 1935,quando se editam “Caminhos Cruzados e Os Ratos” de Erico Veríssimo e Dyonélio Machado,novelas decisivas para o en- corporamento da narrativa de cunho urbano no Estado. A localização dos eventos narrativos no meio urbano caracterizou boa parte da romântica nacional, com as profundas modificações na vida social do país, com o aumento de produção industrial e o crescimento das cidades, fortalecimento das classes urbanas, contribuíram para surgirem as- suntos originais aos ficcionistas, determinando o aparecimento no RS de no- velas que valorizam a paisagem urbana e aproveitam novas situações como pretexto para desenrolar dos eventos literários. Em decorrência disto, o ro- mance urbano que surge acompanha o processo por que passa a narrativa regionalista de seu tempo. destacam: Erico Verissimo e Dyinélio Machado. Erico Veríssimo os romances tem o objetivo atingir diferentes camadas so- ciais e seu entrelaçamento em abarcar longos períodos do passado, como a trilogia “O tempo e o vento”, desenhando a vida sulina tanto na dimensão social quanto histórica, cobrindo a vida rio-grandense desde suas origens e também até a colonização do século XX. “Os grupos de ascendência germânica foi o primeiro a receber aten- ção dos romancistas, como: Vianna Moog, “Um rio imita o Reno; Josué Gui- marães” A ferro e fogo”; Charles Kiefer “Valsa para Bruno Stein”: Luis Antonio de Assis Brasil “Videiras de Cristal”. A saga italiana inspirou a prosa e a poesia de seus descendentes, a partir de 1970: Ary Trentin, José Clemente Pozenato, Jayme Paviani e Oscar Bertholdo. O “O quatrilho” de Clemento Pozenato dá o tratamento romanesco que ainda faltava para narrar os primeiros anos de vida dos italianos: vida, origens, atividades... Os judeus formaram o último grupo de imigrantes que se mudou da Europa para o Brasil. Moacyr Scliar é quem dá conta desse tema, reunindo seus romances: “A guerra no Bom Fim”, “O exército de um homem só”; “Os Deuses de Raquel”. Muitos autores fizeram narrativas, conforme acontecimentos políticos que repercutiram na sociedade e a literatura foi engajada: Érico Veríssimo “Incidente em Antares”; Moacyr Scliar” Mês de Cães”, Josué Guimarães com “Os tambores Silenciosos”; mais tarde Tabajara Ruas escreveu “A região sub- mersa e O amor de Pedro por João” e também: Arnaldo Campos e Lourenço Cazarré. A vida humana no contexto contemporâneo é que se mostra objeto de representação de muitos autores, revelando a violência, os sentimentos (romance psicológico), o intimismo, individualismo, descoberta da identida- de, crises existenciais. Destacam: Lila Ripoli, Tânia Faillace, Patrícia Bins, Lia Luft, Caio Fernando Abreu, Antonio Carlos Resende, Luis Fernando Veríssimo, Marta Medeiros, Jane TutiKian e tantos outros. Como poetas da poesia contemporânea destacamos: Mario Quintana, Rey- mundo Faoro, Jorge Cesar Moreira, Silvio Duncan, Pedro Geraldo Escoste- guy, Vicente Moliterno, José Paulo Bisol, Carlos Nejar e Armindo Trevisan. BARBOSA LESSA Em 1947, o jo- vem Luiz Carlos Barbosa Lessa, estudante do Co- légio Júlio de Castilhos (o “Julinho”) e colabora- dor esporádico da Re- vista do Globo, publicou nesse veículo reporta- gem sobre a vida de um grupo de tropeiros da LITERATURA NO RIO GRANDE DO SUL “Parte II” Este caderno é parte integrante do informativo Eco da Tradição Nº 140 Abril de 2013 O caderno Piá 21 é publicado mensalmente junto ao jornal Eco da Tradição, sob a responsabilidade da Vice-Presidente de Cultura do MTG - Neusa Marli Bonna Secchi A produção e aplicação pedagógica do Caderno Piá 21 é responsabilidade da Profª Maria Arita Madruga Garcia Graduada em Matemática pela Universidade Católica de Pelotas Mestre em Meteorologia pela Universidade Federal de Pelotas Professora da rede estadual de ensino

Transcript of Este caderno é Abril de 2013 LITERATURA NO RIO...

Page 1: Este caderno é Abril de 2013 LITERATURA NO RIO …mtg3.hospedagemdesites.ws/docs/CULTURA/caderno_pia21/2013/pia... · contista gauchesco: Darcy Azambuja quase a altura de Simões

O Modernismo foi um movimento que respondeu aos anseios de equiparação da literatura nacional aos avanços da vanguarda estrangeiras que irradiou em São Paulo para demais regiões brasileira. No RS o movimen-to de 22, não teve repercussão imediata. As criações de artistas ligados ao cenário porto-alegrense, como: Augusto Meyer e Mario Quintana e a obra de Raul Bopp, autor que se afastou do contexto local e abraçou as propostas revolucionárias de Oswaldo de Andrade e Tarcila do Amaral. Com a Semana da Arte Moderna em São Paulo surge outro grande contista gauchesco: Darcy Azambuja quase a altura de Simões Lopes Neto. Ele publica “No Galpão” (1925) e “Coxilhas” (1956). Na poesia destacam-se: Vargas Neto, Peri de Castro, Augusto Meyer, Manoelito de Ornellas e depois Waldemar Corrêa, José de Figueiredo Pinto, Aureliano de Figueiredo Pinto, Ciro Gavião, Amândio Bica e Glaucus Saraiva. Com o Movimento Tradicionalista Gaúcho, surgem os poetas, con-tistas e historiadores: Luis Carlos Barbosa Lessa, Jayme Caetano Braun, Luiz Menezes, Aparício Silva Rillo, poeta negro Oliveira Silveira. Com os festivais surgem: Luis Coronel, Dilan Camargo, Nilo Bairros Brum e tantos outros. A poesia contemporânea de Mario Quintana, modernista, explora uma linha individualista: A rua dos cataventos, Pé de Pilão.As modificações, na literatura do Rio Grande do Sul, podem ter sido inaugura-das no ano de 1934, ano da publicação do primeiro romance de Cyro Martins: “Campo fora” e no ano de 1935,quando se editam “Caminhos Cruzados e Os Ratos” de Erico Veríssimo e Dyonélio Machado,novelas decisivas para o en-corporamento da narrativa de cunho urbano no Estado. A localização dos eventos narrativos no meio urbano caracterizou boa parte da romântica nacional, com as profundas modificações na vida social do país, com o aumento de produção industrial e o crescimento das cidades, fortalecimento das classes urbanas, contribuíram para surgirem as-suntos originais aos ficcionistas, determinando o aparecimento no RS de no-velas que valorizam a paisagem urbana e aproveitam novas situações como pretexto para desenrolar dos eventos literários. Em decorrência disto, o ro-mance urbano que surge acompanha o processo por que passa a narrativa regionalista de seu tempo. destacam: Erico Verissimo e Dyinélio Machado.Erico Veríssimo os romances tem o objetivo atingir diferentes camadas so-ciais e seu entrelaçamento em abarcar longos períodos do passado, como a trilogia “O tempo e o vento”, desenhando a vida sulina tanto na dimensão social quanto histórica, cobrindo a vida rio-grandense desde suas origens e também até a colonização do século XX. “Os grupos de ascendência germânica foi o primeiro a receber aten-

ção dos romancistas, como: Vianna Moog, “Um rio imita o Reno; Josué Gui-marães” A ferro e fogo”; Charles Kiefer “Valsa para Bruno Stein”: Luis Antonio de Assis Brasil “Videiras de Cristal”. A saga italiana inspirou a prosa e a poesia de seus descendentes, a partir de 1970: Ary Trentin, José Clemente Pozenato, Jayme Paviani e Oscar Bertholdo. O “O quatrilho” de Clemento Pozenato dá o tratamento romanesco que ainda faltava para narrar os primeiros anos de vida dos italianos: vida, origens, atividades... Os judeus formaram o último grupo de imigrantes que se mudou da Europa para o Brasil. Moacyr Scliar é quem dá conta desse tema, reunindo seus romances: “A guerra no Bom Fim”, “O exército de um homem só”; “Os Deuses de Raquel”. Muitos autores fizeram narrativas, conforme acontecimentos políticos que repercutiram na sociedade e a literatura foi engajada: Érico Veríssimo “Incidente em Antares”; Moacyr Scliar” Mês de Cães”, Josué Guimarães com “Os tambores Silenciosos”; mais tarde Tabajara Ruas escreveu “A região sub-mersa e O amor de Pedro por João” e também: Arnaldo Campos e Lourenço Cazarré. A vida humana no contexto contemporâneo é que se mostra objeto de representação de muitos autores, revelando a violência, os sentimentos (romance psicológico), o intimismo, individualismo, descoberta da identida-de, crises existenciais. Destacam: Lila Ripoli, Tânia Faillace, Patrícia Bins, Lia Luft, Caio Fernando Abreu, Antonio Carlos Resende, Luis Fernando Veríssimo, Marta Medeiros, Jane TutiKian e tantos outros. Como poetas da poesia contemporânea destacamos: Mario Quintana, Rey-mundo Faoro, Jorge Cesar Moreira, Silvio Duncan, Pedro Geraldo Escoste-guy, Vicente Moliterno, José Paulo Bisol, Carlos Nejar e Armindo Trevisan.

BARBOSA LESSA

Em 1947, o jo-vem Luiz Carlos Barbosa Lessa, estudante do Co-légio Júlio de Castilhos (o “Julinho”) e colabora-dor esporádico da Re-vista do Globo, publicou nesse veículo reporta-gem sobre a vida de um grupo de tropeiros da

LITERATURA NO RIO GRANDE DO SUL “Parte II”

Este caderno é parte integrante do

informativo Eco da Tradição

Nº 140Abril de 2013

O caderno Piá 21 é publicado mensalmente junto ao jornal Eco da Tradição, sob a responsabilidade da Vice-Presidente de Cultura do MTG - Neusa Marli Bonna Secchi

A produção e aplicação pedagógica do Caderno Piá 21 é responsabilidade da

Profª Maria Arita Madruga GarciaGraduada em Matemática pela Universidade

Católica de PelotasMestre em Meteorologia pela Universidade

Federal de PelotasProfessora da rede estadual de ensino

Page 2: Este caderno é Abril de 2013 LITERATURA NO RIO …mtg3.hospedagemdesites.ws/docs/CULTURA/caderno_pia21/2013/pia... · contista gauchesco: Darcy Azambuja quase a altura de Simões

2

região sul do estado. Num misto de texto jornalístico com ficção gauchesca, o autor relacionava aqueles trabalhadores rurais com o gaudério mítico do século XVIII, o “centauro da pampa”, que inspirara a literatura regionalista precedente. Na reconstrução, e atualização, discursiva do modelo romântico de campesino sul-rio-grandense. Naquele mesmo ano, Lessa ingressou no Departamento de Tradi-ções Gaúchas do Julinho, durante as atividades da primeira Ronda Gaúcha, mais tarde batizada Ronda Crioula, em homenagem ao dia 20 de setembro, data da eclosão da Revolução Farroupilha, de 1845. A entidade se tornou o embrião para a fundação, em 1948, do “35” Centro de Tradições Gaúchas, modelo, por sua vez, para as demais sociedades cívicas que passaram a se espraiar pelo Rio Grande. Juntamente com João Carlos D’Ávila Paixão Côr-tes, Lessa se tornou um dos principais teóricos do movimento tradicionalista. Seus textos, assim, como suas composições musicais e coreográficas, de-vem ser compreendidos como partícipes do esforço de configuração do ide-ário tradicionalista. Seu primeiro livro, publicado em 1953, retornava, de forma indireta, à questão indígena: História do Chimarrão traçava um panorama da bebida “típica” desde seu cultivo primitivo e ritual pelas populações nativas até a exploração econômica pelos conquistadores europeus. Se o autor já havia afirmado a ligação racial do sul-riograndense com o indígena, o chimarrão era o elo cultural com o povo guarani. Em 1958, Lessa publica seu primeiro livro de contos, O boi das aspas de Ouro. Cada pequeno texto da obra é precedido por uma introdução que remete o leitor ao contexto temporal e social onde a narrativa teria vigora-do originalmente. O primeiro conto, intitulado “Gadinho de osso”, é também uma introdução geral ao livro, na qual Barbosa Lessa apresenta-se como um legítimo narrador gaúcho, ou seja, um daqueles peões de estância que ocupam seu tempo livre contanto causos à beira do fogo de chão. O texto mostra o cotidiano de uma estância de outrora. Barbosa Lessa criança vivia no idílico, brincando com rezes de osso, a lida dos homens grandes:

Para muitos críticos literários, os contos de Lessa, são visivelmente influenciados por Simões Lopes Neto, pelo aproveitamento dos elemen-tos míticos e do folclore, pela ênfase na rememoração de um passado distante, em que o mundo era melhor, e pelo traço da visão humorística do gaúcho contador de lorotas (à moda de Romualdo). A própria lingua-gem assemelha-se à de Simões Lopes, pelo uso constante da metáfora e pelo hábito de estabelecer comparações com o meio circundante como forma de ilustrar determinadas situações ou estados de espírito vividos pelas personagens. A influência de Simões também é marcante na figura do narra-dor que, como o Blau Nunes, assume as características de um “contador

de casos”, relatando os enredos como parte de sua experiência. Segundo Luís Augusto Fisher, antes de Simões, os escritores regionalistas buscaram retratar o “campeiro”, mas não conseguiram fazê-lo falar na linguagem da literatura. A criação de Blau Nunes teria conseguido, finalmente, dar voz ao gaúcho. Como ressalta Fischer, ele é um dos personagens que compõem a narração: este conta seus causos a um segundo personagem, nunca no-meado, mas referido sempre como “patrãozinho”. A obra de Barbosa Lessa revela-se não apenas como uma coletânea de contos em que encontramos elementos básicos da forma do gênero, mas também textos que privilegiam a história, o folclore e a faceta psico-lógica das personagens. Muito além do folclore ou da falsa prerrogativa de “forma simples” do conto, Barbosa Lessa revela, num átimo de tempo, a partir de um recorte, de uma luz sobre o ambiente campeiro, o vasto universo das relações e problemas do mundo pastoril do Rio Grande do Sul e do Prata, sendo capaz, antes de tudo, de contar uma boa história, repleta de tensão e emoção, que mantém o leitor em suspenso até as últimas linhas da narrativa. Temos aí um grande exemplo de causo gauchesco, um caso sul-rio-gran-dense dentro do rico universo do conto. Entre outubro de 1959 e fevereiro de 1960, o romance Os Guaxos esteve re-senhado, citado e/ou criticado, até onde se averiguou, em trinta e sete colunas de jornais e suplementos jornalís-ticos de cunho literário com grande alcan-ce de público, no Rio Grande do Sul – Porto Alegre e Rio Grande –, mas principalmen-te no centro e no nordeste do Brasil – São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza. O romance recebeu críticas em sua grande maioria positivas, de nomes como Antonio Olinto, Sergio Milliet, Carlos La-cerda, Walter Spalding e Manoelito de Or-nellas. A quantidade, a ressonância atual desses críticos e/ou escritores brasileiros e a acolhida que obteve Os Guaxos no cen-tro do Brasil impressionam e principalmen-te deixam entrever uma maior importância atribuída à obra na região Sudeste do Brasil do que no Rio Grande do Sul, até porque boa parte dessas críticas foi colhida de diários como o Jornal do Brasil e O Estado de São Paulo, que reiteradamente se referiram à obra de Lessa. Considerado um autor regionalista no Rio Grande do Sul, Barbosa Lessa preferia ser denominado como escritor brasileiro, o que de fato ocorria em São Paulo, onde vivia quando da publicação do romance Os Guaxos em fins de 1959. É o distanciamento crítico que faz com que o autor desde fora de sua terra natal e de suas raízes possa transcender a barreira meramente tradicionalista e figurar como um intelectual humanista e brasileiro acima de tudo.

Em Rodeio dos Ventos (1978), outra obra significativa entre tantas de Barbosa Lessa, fica evidente a incansável pesqui-sa sobre as raízes indígenas do estado e a vontade de unir as “pontas” da memória sul-rio-grandense e platina, separadas pela historiografia de cunho tradicional. Partindo de um verdadeiro Gênesis nativo, Barbosa Lessa retoma a formação de todo o terri-tório do Rio Grande do Sul através de um vasto e riquíssimo arsenal da cultura oral pré-colonial, abrindo a pré-história “gaúcha” aos seus primeiros povoadores e falando desde seu ponto de vista. Essa obra dá uma dimensão precisa da preocupação de Lessa com as raízes do seu povo, bem como sua vontade de não ser excludente em sua busca identitária. Ao incluir todos os povoadores do sul da Amé-rica do Sul e dar-lhes voz, o autor confere

a sua obra, mais uma vez, a sua visão humanista e integradora. Rodeio dos Ventos é uma obra grandiosa – ao contrário do que indica sua dimensão ma-terial – no que diz respeito à variedade de ferramentas de que se utiliza para desdobrar o Rio Grande do Sul. Parte da cultura oral aborígine para chegar à história já mesclada pelo elemento branco através de causos da tradição gauchesca. Em 22 “entradas” de diferentes matizes estilísticos, Barbosa Les-sa consegue percorrer todo um legado histórico e literário que dá conta de boa parte da cultura regional. Em República das Carretas (1986) Lessa consegue dar dimensão

“Recordo que um dia peleei feio com um domador novo nas casas, por-que me roubara o touro-pampa mais buenacho do rodeio-grande, pra ir jogar osso no galpão. Pari patrulha, seu! Mas o domador – crioulo do bom tempo, o Cesário! – sabia como ninguém lidar com a crian-çada; e naquela mesma tarde me trouxe um presente tão lindaço que eu não tive volta senão fazer as pazes. É que a barrosa velha tinha esticado as canelas, atolada num sumidouro da Invernadinha das Tambeiras; o Cesário, que foi courear, se lembrou da minha estância... e assim eu ganhei oito cavalos! Potros como os que o Cesário domava: buenos pra toda lida”.

Page 3: Este caderno é Abril de 2013 LITERATURA NO RIO …mtg3.hospedagemdesites.ws/docs/CULTURA/caderno_pia21/2013/pia... · contista gauchesco: Darcy Azambuja quase a altura de Simões

3

dramática a figuras públicas como Bento Gonçalves, Garibaldi, David Canabarro, Do-mingos José de Almeida. A clássica briga entre a história e a ficção desta vez termina empatada. A história faz a ficção. A ficção faz a história. Com A República das Carretas a Revolução farroupilha tem o acréscimo de uma contribuição muito significativa: o relato de um de seus aspectos mais marcantes e menos conhecidos. E a literatura gaúcha ga-nha um competente romance, capaz de tra-zer para a linguagem popular um universo que sempre andou fechado nos gabinetes. Não apenas preocupado com uma visão já consolidada do tipo social gaúcho, Barbosa Lessa retratou nas suas obras, os verdadeiros protagonistas da história do Rio Grande do Sul, difusos em meio aos aconte-cimentos históricos, mas donos efetivos de uma história levada a cabo por peões co-

muns, mulheres de estância, chinas, descendentes de escravos, mestiços; que conformam um verdadeiro painel da cultura gaúcha, nem sempre per-cebida com a lucidez ímpar desse autor engajado com o todo do Rio Grande do Sul.

Luiz Carlos Barbosa LessaAlgumas das obras

• As mais belas poesias gauchescas, se-leção e notas, Tip. Goldman, Porto Alegre, 1951• História do Chimarrão, Revista do Arquivo Municipal, São Paulo, 1953• O sentido e o valor do tradicionalismo, tese aprovada pelo Primeiro Congresso Tradicio-nalista do Rio Grande do Sul, Santa Maria, 1954• Manual de Danças Gaúchas, co-autoria com Paixão Côrtes, Irmãos Vitale, São Pau-lo, 1956• O boi das aspas de ouro, contos, Ed. Globo, Porto Alegre, 1958• Os Guaxos, romance, Ed. Francisco Alves, São Paulo, 1959• Arquivo de danças brasileiras, plaquete, Ed. Fran-cisco Alves, São Paulo,

1959• Cancioneiro do Rio Grande, letra e música, Ed. Seresta, São Paulo, 1962• Nova história do Brasil, Ed. Globo, Porto Alegre, 1967• O justiceiro da estrada, quadrinhos, distr. Scania-Vabis, 1973• Danças e andanças da tradição gaúcha, co-autoria com Paixão Côrtes, Ed. garatuja, Porto Alegre, 1975• Porto Alegre: terra-gente, Epatur, Porto Ale-gre, 1976• Uma história real, biografia, Grupo Joaquim Oliveira, Porto Alegre, 1977• Mão Gaúcha - introdução ao artesanato sul-rio-grandense, ilustrações de Fernando Jorge Uberti, Fundação Gaúcha do Traba-lho, Porto Alegre, 1978• Rodeio dos ventos, contos, Ed. Globo/RBS, Porto Alegre, 1978• O Rio Grande do Sul através de Debret, relatório ilustrado, Samrig, Porto Alegre, 1978• Usos e costumes gaúchos, calendário, ilustrações de Fernando Jorge Uber-ti, Ipiranga/Fertisul, Porto Alegre, 1978• Pequena antologia do bolicho, Epatur, Porto Alegre, 1978• Lendas gaúchas, pranchas de Nelson Jungbluth, brinde Riocell, Guaíba, 1979• Negrinho do pastoreio, com pranchas de J. Antônio Vieira, brinde Riocell, Guaíba, 1983• Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo, história, Ed. Globo, Porto Alegre,

1984• São Miguel da humanidade - Missões, edição especial Samrig, 1984• Pró-memória Farroupilha, fotos Liane Neves, Banco Bamerindus, Curitibs, 1985• Nativismo, um fenômeno social gaúcho, Ed. L&PM, Porto Alegre, 1985• Aspectos da sociabilidade do gaúcho, co-autoria com Paixão Côrtes, Re-presom, Porto Alegre, 1985• Domingos José de Almeida - biografia, Ed. Tchê/RBS, Porto Alegre, 1985• Borges de Medeiros - biografia, Ed. Tchê/RBS, Porto Alegre, 1985• Histórias dos Índios, infanto-juvenil, ilustrações Hélio A. Nardi Filho, Ed. Tchè, Porto Alegre, 1985• Histórias das Missões, infanto-juvenil, ilustrações Hélio A. Nardi Filho, Ed. Tchè, Porto Alegre, 1985• Aventuras na Serra do Pinto, infanto-juvenil, ilustrações Hélio A. Nardi Filho, Ed. Tchè, Porto Alegre, 1986• O burrinho Marco Polo, infanto-juvenil, ilustrações Hélio A. Nardi Filho, Ed. Tchè, Porto Alegre, 1986• O tesouro do Arroio do Conde, infanto-juvenil, ilustrações Hélio A. Nardi Fi-lho, Ed. Tchè, Porto Alegre, 1985• República das carretas, romance histórico, Ed. Tchê, Porto Alegre, 1986• O continente do Rio Grande, quadrinhos de Flávio Colin, Ed. L&PM, brinde Ipiranga, Porto Alegre, 1987• Era de Aré, estudo indigenista, Ed. Globo, São Paulo, 1993• Almanaque dos Gaúchos - primeiro semestre, Martins Livreiro Editora, Porto Alegre, 1997• Almanaque dos Gaúchos - segundo semestre, Martins Livreiro Editora, Por-to Alegre, 1997

APLICAÇÃO PEDAGÓGICA:- Oficina de teatro;- Montagem de exposições com temas ligados ao livro e a leitura;- Elaboração de um vocabulário das palavras desconhecidas;- Organizar oficinas de escrita, leitura, recitações, contar contos;- Teatro de bonecos – no qual são utilizados bonecos (fantoches) seguindo o enredo de uma história;- Continuar o enredo da obra lida; - Criar novos enredos com os mesmos per-sonagens; - Reescrever a história em uma outra época; - Recriar a história em outro ambiente.- Confeccionar car-tazes com desenhos inspirados no enredo, no ambiente ou nos personagens;- Organizar uma linha do tempo sobre a vida do autor e suas publicações.

BIBLIOGRAFIA

CESAR, Guilhermino. História da Literatura do Rio Grande do Sul (1737 – 1902). Porto Alegre: Globo, 1956.CHIAPPINI, Ligia, MARTINS, Maria Helena, PESAVENTO, Sandra Jatahy (orgs.). Pampa e Cultura: de Fierro a Net-to. Porto Alegre: Editora da UFRGS, Instituto Estadual do Livro, 2004. FARACO, Sérgio e HICKMANN, Blásio. Quem é quem nas le-tras riograndenses. POAFISCHER, Luis Augusto (org.). Nós, os Gaúchos. Porto Ale-gre: Editora da UFRGS, 1993.LESSA, Luiz Carlos Barbosa. Os Guaxos. 5. ed. Porto Alegre: Alcance, 2005.ZILBERMAN, Regina. A literatura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1980.POSENATO, José Clemento. O regional e o universal na Lite-ratura Gaúcha. POA.

Page 4: Este caderno é Abril de 2013 LITERATURA NO RIO …mtg3.hospedagemdesites.ws/docs/CULTURA/caderno_pia21/2013/pia... · contista gauchesco: Darcy Azambuja quase a altura de Simões

4

O Rio Grande do SulO Rio Grande do Sul

O Rio Grande do Sul no Imaginário Social

2013

FUNDAÇÃO CULTURAL GAÚCHA - MTG/RS

O Rio Grande do Sulno Imaginário Social

O projeto, “O Rio Grande do Sul no imaginário social”, é definido pela bus-ca da compreensão e organização do ser humano, de maneira que cada indiví-duo encontre seu lugar e sua razão de ser no tempo e no espaço. O imaginário resulta de um vasto conjunto de imagens, símbolos e ritos, enfim, do conjunto de experiências coletivas ou individuais de uma sociedade. Trazendo este assunto a tona, no ano de 2013, nos proporciona a possibi-lidade de levarmos para as escolas, CTGs, e desfiles, de todo o nosso estado, um tema de grande reflexão da importância do estudo do imaginário. Um ponto importante está na relação do mito com o imaginário social. As narrativas míticas seriam utilizadas pelos atores políticos como uma forma de promover a coesão social. Ao analisarmos a vinculação entre religiosidade huma-na e o imaginário social, são perceptíveis as diversas práticas utilizadas ao longo da história humana, que visaram legitimar as hierarquizações sociais através da aplicação do sagrado. Os ritos cívicos, dentro dessa perspectiva, emergem como um meca-nismo essencial para reforçar no imaginário social o poder da ordem vigente e as diferenças existentes na sociedade. O imaginário social passou a ser utilizado pelos positivistas para explicar o progresso da civilização e pelos marxistas nas interpretações dos imaginários sociais a partir das análises das ideologias. A ideia é trabalhar a mitologia regional gaúcha nas escolas e nos CTGs promovendo o teatro, produções de curtas metragens, que estimularão os jovens a produzirem muito mais sobre a nossa identidade, como as coreografias dos grupos de danças e os desfiles da semana farroupilha. É a oportunidade de analisarmos a origem do gaúcho por outra ótica, que não as já apresentadas nos outros anos. Pelos mitos, lendas e contos podemos ver a origem e ainda “viajar” pelas batalhas e guerras que construíram esse ser, que hoje, definimos por gaúcho. Abaixo, estão descritos os atos que irão compor o desfile de Porto Alegre e servirão de modelo para outros desfiles.

“Contos, mitos e lendas do Rio Grande do Sul”CARRO 1 – O imaginário – João Simões Lopes Neto Utilizar João Simões Lopes Neto, escritor e empresário, como represen-tante literário do imaginário social do nosso estado. Neto nasceu em Pelotas em 1865 e seus contos e lendas vieram a fazer sucesso depois de sua morte. Depois de vários experimentos empresariais (cigarros marca Diabo, fabrica de vidros, moagem de café, destilaria, etc...) encontrou-se profissionalmente como escritor. Recolheu lendas, contos, criou personagens lendários como Blau Nunes, o vete-rano vaqueano (baqueano – aquele que aponta o caminho, guia) com estampa gaúcha, que é o guia dos caminhos pela pampa e pelos contos de Simões Lopes.CARRO 2 – LENDAS - A lenda do M Boitatá – a cobra de fogo Conta-se, entre a gauchada das estâncias, que nos passeios e viagens à noite aparece um fogo valente e às vezes em forma de cobra que, voa na frente dos cavaleiros, impedindo que siga. Há crença entre a gente do campo de que, o Boitatá, se deixa atrair pelo ferro. O meio para livrar-se do ataque consiste em desatar o laço e arrastá-lo pela presilha. O Boitatá atraído pelo ferro da argola do laço deixa o andante e segue atrás até amanhecer o dia. Na versão de Simões Lopes Neto, a cobra de fogo identifica-se com a cobra-grande que se alimenta dos olhos dos bichos.CARRO 3 – LENDAS - A lenda do Negrinho do Pastoreio A lenda nasceu das lembranças dos campeiros, marcado pelo terror e crueldade, misturada com o desejo de compensação e de desforço que devia vazar-se em forma religiosa. Para seu transplante lendário concorreram vários fa-tores, desde baixas formas de crendices, ainda visível nos dias de hoje, até a pro-funda vibração de solidariedade humana que transformou símbolo de uma raça.Simões Lopes a estilizou, introduzindo no cenário, Nossa Senhora, a ser madri-nha do negrinho, madrinha dos que não tem, deu-lhe uma graça perfeita, mais luz. A lenda do Negrinho do Pastoreio é genuinamente rio-grandense, nascido da escravidão e refletindo o meio pastoril, o poder, e a religiosidade que é associada aos outros tantos casos de escravos considerados mártires.CARRO 4 - LENDAS - A Salamanca do Jarau O palco da lenda é o Cerro do Jarau, formado por uma cadeia de mor-ros, que se destacam na paisagem do pampa gaúcho, no município de Quaraí. Simões Lopes Neto desenvolveu o tema com elementos que decorriam das su-perstições locais. Temos o sacristão dado às artes mágicas, envolvido pela ten-tação. Aliados a este tema, a ocupação moura na Península Ibérica, a princesa encantada, os tesouros escondidos apresentados na forma de serpente, lagartixa, o carbúnculo ou teiniaguá dos guaranis, elemento originário do novo mundo. CARRO 5 – CONTOS - O Mate do João Cardoso Os contos de João Simões Lopes Neto, sua linguagem, representam a sensibilidade e um regionalismo espontâneo como exímio contador de histórias.

O Mate do “João Cardoso”, um dos mais populares contos de Simões, destaca a tradição herdada dos indígenas, a hospitalidade do mate na roda do chimarrão, bebida típica do gaúcho, o convívio, solidariedade e a fraternidade do homem ru-ral. Vai além, mostra um período da história que os meios de comunicação eram escassos e as novidades vinham pelos viajantes que passavam pelas terras, já tão pobre, mas sem perder a hospitalidade tão típica do gaúcho. O convite era pra um mate, mas que nunca chegava.CARRO 6 – CONTOS - Trezentas onças Era verão, Blau Nunes viajava para comprar uma tropa de gado a mando do patrão da estância. Muito quente, ele resolveu se banhar num arroio. Depois de banhado, descansado, seguiu viagem. Quando chegou na estância, onde passa-ria a noite, percebeu que havia esquecido a guaiaca próximo ao arroio. Deu meia volta e voltou para buscar a guaiaca. No caminho cruzou por uma comitiva que ia em direção à estância, mas não parou, estava com pressa. Ao chegar no local ela não estava lá. O vivente pensou até em dar fim à vida, mas resolveu assumir para o patrão que perdera o dinheiro. Voltou para a estância. Ao entrar, viu sobre a mesa a sua guaiaca com as 300 onças; havia sido encontrada pela comitiva com quem cruzara pelo caminho, como se tratava de gente “boa”, a guaiaca foi devol-vida ao dono. Lembra-nos de honestidade, “fio de bigode”, confiança, elementos presentes nos valores do gaúcho.CARRO 7 – MITOS - LOBISOMEM E BRUXA O mito lobisomem é a crença que determinados homens podem se trans-formar em monstro, meio-lobo, meio-homem. O mito no RS leva o fado do sétimo filho homem de uma família que será fatalmente lobisomem, a menos que seja batizado pelo irmão mais velho. O mito da bruxa no RS veio da Europa, mas nada tem haver com a bruxa de nariz comprido, com chapéu montada na vassoura. É uma mulher bonita e má, sua grande arma é o “olho grande”. Será bruxa a sétima filha do casal, quando não for interrompida por varão e batizada pela primogênita, perde o fado. Crianças embruxadas ficam amareladas, cruzam os braços e per-nas. Quando aparece borboleta feia e preta nas casas, de dia, acredita-se que é a bruxa e se previne com uma figa, arruda e chifre.CARRO 8 – CRENDICES E SUPERSTIÇÕES Em todas as épocas o homem sempre acreditou no sobrenatural, sem-pre atribuiu a forças ocultas os fatos que fugiam ao seu conhecimento científico, teve medo e procurou conhecer e dominar as forças. As sobrevivências que fazem parte do nosso acervo cultural, herdado de nossos antepassados, está o mundo mágico, povoado de crenças, misticismo, re-zas fortes, simpatias, promessas e como não poderia deixar de ser, da vontade de manipular estas forças invisíveis. As origens das crendices e superstições são tão antigas quanto o próprio homem. Crendice é aquilo que se acredita e não teme, é sentimento de fé, convicção, simpatias, benzeduras. A superstição é um sentimento baseado no temor e na ignorância. Estão incluídos os ditos “não presta” (não presta fazer isso... por que...). As superstições variam de pessoa para pessoa e lugar, por exemplo: Uma das superstições mais conhecidas e difundidas que se conhece, está relacionado ao número 13, Passar sob uma escada, jogar um punhado de terra na cova do morto, gato preto dá azar, coruja piando próxima casa ou a sobrevoando dá azar.CARRO 9 – CONTOS - Chasque do Imperador Blau Nunes narra os fatos de um ponto de vista muito próximo do sobe-rano Dom Pedro II, daquele que se tornou seu ajudante, seu estafeta (Chasque). A narrativa predomina no espaço da pampa gaúcha, em que a tropa comandada pelo Imperador se desloca, ora acampando, ora sendo recebida por estancieiros da região. Ao ser oferecido, Blau não se julga apto a servir o imperador.Nesse universos vemos as classes distintas: a vida árdua, dotada de poucas infor-mações e de pouco preparo social, que emerge na campanha sulina, e o homem da corte, pouco afeito à vida campeira. Em determinado momento da narrativa, o comandante de uma das tropas (Barão), junto ao imperador, termina fazendo a apologia das qualidades gaúchas, sob o ponto de vista do narrador-personagem, a rusticidade, a coragem e a virilidade do homem pampa gaúcho. Mais tarde o imperador encontra uma mulher, que após perambular pelo acampamento, oferece ao soberano um preparo de requeijão, que dava gosto de se ver e com um cheiro inigualável”. Na passagem, salienta-se, o papel da mulher sul-rio-gran-dense nos confrontos bélicos que marcaram a Rio Grande. Enquanto os homens seguiam para os campos de batalha, cabia-lhes esperar e tocar a economia local.A dualidade, que se forma neste universo da guerra, parece, também, adquirir relevância, posto que a incumbência da luta caberá aos peões, homens rudes, afeito às lides bélicas, enquanto o Imperador se manterá protegido, distante do confronto, servindo apenas como um reforço ao moral das tropas em combate. Faz-se importante retomar os costumes, os hábitos gaúchos que a narrativa traz à cena: os cuidados com os cavalos, o chimarrão, aspectos que, de certa forma, fazem eco ao propósito narrativo de valorizar a vida campeira.

O Rio Grande do SulPor: Rogério Bastos

Jornalista e Professor

no Imaginário Social