estimativa de estoque na ARACRUZ

8
Estimativa da biomassa e estoque de carbono em áreas de nativas da Aracruz Janeiro de 2006 1

Transcript of estimativa de estoque na ARACRUZ

Page 1: estimativa de estoque na ARACRUZ

Estimativa da biomassa e estoque de carbono

em áreas de nativas da Aracruz

Janeiro de 2006

1

Page 2: estimativa de estoque na ARACRUZ

1. RESUMO

Os estoques de biomassa (matéria seca em ton/há, e ton C/ha) foram estimados nas

áreas de nativas da Aracruz, com base em cálculos de equações alométricas para as áreas de

regeneração de floresta ombrófila densa (estágios inicial, médio e avançado), e dados de

literatura para áreas de mesma classificação ou com estrutura fisionômica similar, para a

várzea, restinga, mussununga e brejo. O estoque total de carbono foi estimado igual a

5.377.915 ton C. As áreas de regeneração com estágio avançado e médio dominaram o

estoque total, com 51,5% e 20,1%, respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1. Biomassa total (aérea e subterrânea) (em ton/ha), área (em ha) e total de C (em ton C) em cada ecossistema. A percentagem do total de C de cada ecossistema é indicada na última coluna à direita.

Ecossistema Biomassa (ton/ha) Area (ha) Total de C (ton) % total C

Estágio avançado (1) 384,4 12.600 2.421.720 47,2% Estágio médio (1) 91,8 24.000 1.101.600 21,4% Estágio inicial (1) 12,8 44.000 281.600 5,5% Várzeas 15,0 6.000 45.000 0,9% Restinga 40,0 5.000 100.000 1,9% Mussununga 46,9 13.700 321.265 6,3% Brejo 134,8 12.800 862.720 16,8% TOTAL 118.100 5.133.905 100,0% (*) Áreas de reservas de Mata Atlântica.

Nota: O novo valor do estoque de carbono das reservas nativas da Aracruz em 2005, calculado em

5,1 milhões de toneladas (cerca de 300 mil toneladas inferior ao apresentado em 2004), decorre do

aprimoramento na sistemática de mapeamento dos ecossistemas.

2

Page 3: estimativa de estoque na ARACRUZ

2. MÉTODOLOGIA UTILIZADA

As estimativas de estoque de biomassa (em ton/ha) nas áreas de nativas da Aracruz

foram feitas com base em (i) cálculos de equações alométricas para as áreas de regeneração

de floresta ombrófila densa (estágios inicial, médio e avançado), descritos no ítem 2.1, e (ii)

dados de literatura reportados para ecossistemas brasileiros com mesma classificação ou

estrutura fisionômica similar aos de Matas de restinga, Várzeas, Mussununga e Brejo,

descritos no ítem 2.2.

2.1. Estimativa para as áreas de regeneração

O cálculo do estoque de carbono nas áreas de regeneração foi desenvolvido

supondo-se três estágios de regeneração: inicial, médio e avançado, conforme define a

Resolução Conama No 5 (04/05/1994). O algoritmo de cálculo realizou-se conforme a

seguinte sequência:

a) estimativa do peso seco da biomassa aérea, feita segundo a média de cinco equações

alométricas desenvolvidas para áreas de regeneração em floresta ombrófila densa segundo

Nelson et al. (1999), Alves et al. (1997) e Saldarriaga et al. (1988), tal que

B = 0.749 (D2.011) , (1)

B = exp(-1.966 + 1.242 ln(D2)) , (2)

B = exp(-2.059 + 1.256 ln(D2)) , (3)

B = exp(-0.906 + 1.177 ln(D2d)) , (4)

B = exp(-1.192 + 1.229 ln(D2d)) , (5)

onde D = diâmetro à altura do peito (cm), B = biomassa aérea (peso seco) (kg/árvore), d =

densidade da madeira (0,53 g cm-3) (Uhl et al 1988).

2.1.1. Estimativa do estoque da biomassa aérea (em kg/ha)

3

Page 4: estimativa de estoque na ARACRUZ

Há na resolução do CONAMA o estabelecimento de classes de DAP (e altura da vegetação)

para cada estágio de desenvolvimento das áreas de regeneração, que resumidamente é a

seguinte:

a) estado da Bahia:

inicial h<5 m; D< 8cm

médio h=5-12 m; D= 8-18 cm

avançado h>12 m; D> 18cm

b) estado do Espírito Santo:

inicial h<7 m; D< 13cm

médio h=5-13 m; D= 10-20 cm

avançado h>10 m; D> 18cm

Para o cálculo da presente estimativa, supôs-se uma distribuição realista de DAP, e

frequência de área basal (%) por classe de DAP, para os três estágios de desenvolvimento,

conforme padrões interpretados de Alves et al. (1997), e densidade de troncos (No/ha),

segundo Brown (1990). Estas distribuições prescritas foram coerentes em estabelecer como

faixas de DAP dominantes àquelas sugeridas na resolução do CONAMA. Seguindo esta

hipótese, foram supostas as seguintes distribuições:

Histograma com classes de D (cm):

/4., 8., 12., 15./ para o estágio inicial

/5., 10., 15., 20., 25./ para o estágio médio

/5., 10., 15., 20., 25., 30., 35., 40./ para o estágio avançado

Histograma de frequência de área basal (em %), por classe de D

/50., 30., 15., 5./ para o estágio inicial

/15., 20., 30., 20., 15./ para o estágio médio

/3., 4., 5., 10., 15., 20., 35., 10./ para o estágio avançado

Densidade de troncos (No/ha)

4

Page 5: estimativa de estoque na ARACRUZ

/ 342., 461., 495./ estágio inicial, médio e avançado

As equações (1 ..5) foram utilizadas ponderando-se as classes de DAP, frequência basal e

densidade de troncos, resultando em um valor médio de estoque da biomassa aérea (em

kg/ha), para cada estágio de desenvolvimento.

2.1.2. Estimativa do estoque da biomassa total (aérea e subterrânea) (em kg/ha)

A biomassa total foi calculada somando-se a biomassa aérea média (para cada estágio

de desenvolvimento), com a biomassa do solo (raízes), baseado em estimativas de

Root/Shoot segundo Cairns et al. (1997), tal que

BT = (B + exp(-1.085 + 0.926 ln(B))

Onde BT = biomassa total (kg/ha) e B = biomassa aérea (kg/ha).

2.1.3. Conversão em carbono

A conversão de biomassa total (matéria seca) (ton/ha) em ton C/ ha foi feita

utilizando-se o coeficiente igual a 0,5, segundo recomendação do IPCC.

2.1.4. Conversão em estoque por área (ton C) de cada ecossistema

Os estoques (em ton C) para cada ecossistema foram estimados multiplicando-se os

estoques por área unitária (ton C / ha) pela área correspondente de cada ecossistema.

5

Page 6: estimativa de estoque na ARACRUZ

2.2. Estimativa de biomassa em outros ecossistemas

A biomassa dos ecossistemas nativos foram estimados com base em dados de

literatura reportados para áreas de mesma classificação, ou com estrutura fisionômica similar

(densidade dos estratos arbóreo, herbáceo e arbustivo), nas mesmas faixas latitudinais. As

estimativas (em ton/ha) estão descritas na Tabela 1.

Matas de restinga

A restinga é um ecossistema encontrado em planícies litorâneas com vegetação adaptada às

condições salinas e arenosas, sob influência de inundação pelas marés, com espécies

herbáceas, vegetação arbustiva e arbórea densa. A estimativa de biomassa da restinga foi

suposta segundo levantamento realizado em parcelas experimentais de restinga reportadas no

relatório de Supressão da Vegetação DNER/IME (2001).

Várzea

Este ecossistema compara-se com áreas permanentemente alagadas ou próximas da

saturação (lençol freático raso), onde predomina a vegetação densa de estrato herbáceo. A

estimativa de biomassa foi suposta segundo levantamento reportado por Kask et al. (2002)

para áreas com estas características.

Mussununga

Este ecossistema compara-se com formações florestais abertas, de baixa densidade e

indivíduos baixos, com estrato herbáceo dominante. A estimativa foi feita baseada na

literatura reportada para formações de tensão ecológica (ecótonos) transição campo cerrado

– estepes, reportadas no projeto RADAMBRASIL (apud Bernoux et al. 2001).

Brejo

Este ecossistema compara-se com a floresta de pântano permanente, uma floresta

permanentemente inundada, que ocorre sobre solos encharcados, freqüentemente formado

por águas represadas, ocorrendo atrás das margens dos rios, em áreas em que há depressão.

Apresentam poucas espécies, mas as árvores são muitas vezes de grande porte. A estimativa

foi suposta segundo a literatura reportada de fitomassa do estrato arbóreo das áreas de

6

Page 7: estimativa de estoque na ARACRUZ

transição floresta-cerrado, alagadas e alagáveis, em faixas latitudinais similares às do sul da

Bahia e Espírito Santo (Rezende et al. 2001).

7

Page 8: estimativa de estoque na ARACRUZ

3. REFERÊNCIAS

Alves, D.S., J.V. Soares, S. Amaral, E.M.K. Mello, S.A.S. Almeida, O.F. Silva, A. Silveira,

1997. Biomass of primary and secondary vegetation in Rondonia, western brazillian

amazon. Global Change Biology, 3: 451-461.

Bernoux, M., P. M. A. Graça, C. C. Cerri, P. M. Fearnside, B. J. Feigl, M. C. Piccolo, 2001

Carbon storage in biomass and soils. In The Biogeochemistry of the Amazon Basin, 165-

182, Oxford Univ Press.

Brown, S. 1990. Tropical secondary forests. Journal of Tropical Ecology, 6: 1-32.

Cairns, M.A., Brown, S., Helmer, E.H., Baumgardner, G.A., 1997. Root biomass allocation

in the world’s upland forests. Oecologica, 111: 1–11.

DNER/IME, Projeto de Ampliação da Capacidade Rodoviária das Ligações com os Países

do MERCOSUL, BR-101 Florianópolis (SC) - Osório (RS). PROJETO BÁSICO

AMBIENTAL – PBA RELATÓRIO DE SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO, Julho

de 2001.

Kask, Ü., Kask, L., 2002. Biomass Energetics Potential ofWetlands at Saare County. Investigation and Usage of Renewable Energy Sources. Third conference proceedings. Tartu, Estonia.

Nelson, B.W., R. Mesquita, J. Pereira, S. Souza, G. Batista, L. Couto, 1999. Allometric

regressions for improved estimate of secondary forest biomass in central Amazon.

Forest ecology and Management, 117: 149-167.

Rezende, D., S. Merlin, M. Santos, 2001. Sequestro de carbono: uma experiência concreta.

Palmas, Instituto Ecológica, 2a ed., 178 p.

Saldarriaga, J.G., D.C. West, M.L. Tharp, C. Uhl, 1988. Long-term chronosequence of forest

sucession in the upper Rio Negro of Colombia and Venezuela. Journal of Ecology, 76:

938-958.

Uhl, C., R. Buschbacher, E. A. Serrão, 1988. Abandoned pastures in eastern Amazonia. I.

Patterns of plant sucession. Journal of Ecology, 76: 663-681.

8