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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOVE DE JULHO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE MONTADORAS: O CASO DA VOLKSWAGEN DO BRASIL SAMUEL TORREZAN SÃO PAULO 2006

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CENTRO UNIVERSITÁRIO NOVE DE JULHO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE MONTADORAS: O CASO DA VOLKSWAGEN

DO BRASIL

SAMUEL TORREZAN

SÃO PAULO

2006

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ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE MONTADORAS: O CASO DA VOLKSWAGEN

DO BRASIL

Dissertação de Mestrado apresentado ao Programa de Pós-Graduação em Administração do Centro Universitário Nove de Julho, para a obtenção do grau de Mestre em Administração.

Prof. Jouliana Jordan Nohara – Orientadora

SÃO PAULO

2006

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ESTRATÉGIA COMPETITIVA DE MONTADORAS: O CASO DA VOLKSWAGEN

DO BRASIL

Por

SAMUEL TORREZAN

Dissertação de Mestrado apresentada ao Centro Universitário Nove de Julho, Programa de Pós-Graduação em Administração, para obtenção do grau de Mestre em Administração, pela Banca examinadora formada por:

___________________________________________________________ Presidente: Prof. Jouliana Jordan Nohara, Doutora - Orientadora, UNINOVE

___________________________________________________________ Membro: Leonel Cezar Rodrigues, Doutor, UNINOVE

___________________________________________________________ Membro: Prof. Rubens da Costa Santos, Doutor, UNIB

São Paulo, 18 de dezembro de 2006

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Às minhas filhas Sophia e Isabelle, fontes de luz e felicidade.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Professora Dra. Jouliana Jordan Nohara, por sua dedicação, inteligência e,

principalmente, por sua paciência durante toda a orientação.

Agradeço ao Sr. Douglas, pessoa que viabilizou a realização da pesquisa dentro da

Volkswagen do Brasil.

Agradeço ao Dr. Mauro Zilbovícius por sua especial colaboração neste trabalho.

Agradeço a Roseli Torrezan, minha irmã, que, com muita paciência e carinho fez a revisão

deste trabalho.

Finalmente agradeço aos meus pais, Samuel e Neuza, e minha esposa Zilda, por cuidarem da

Sophia e, mais recentemente, da Isabelle, para que este trabalho fosse realizado.

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"Existem apenas duas maneiras de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é que tudo é um milagre".

Albert Einstein 1879-1955

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LISTA DE SIGLAS

AEN – Área estratégica de negócio

ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

BCG – Matriz BCG (criada e desenvolvida pela Boston Consulting Group)

BUC – Business Unit Curitiba

CFE – Centro de Formação e Estudo

CKD – Complete Knocked Down (produtos completamente desmontados)

FNM – Fábrica Nacional de Motores

GM – General Motors do Brasil

II – Imposto de importação

Ltda – Sociedade de responsabilidade limitada

MERCOSUL – Mercado Comum do Cone Sul

MG – Minas Gerais

NPGA/UFBA – Núcleo de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal da

Bahia

PDV – Plano de Demissão Voluntária

PIB – Produto interno bruto

PIMS – Profit Impact of Market Strategy

PPGA/UFRG – Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal do

Rio Grande do Sul

PR – Paraná

RBV – Resource Based View (visão baseada em recursos)

RJ – Rio de Janeiro

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SP – São Paulo

SPVW – Sistema de produção Volkswagen

SKD – Semi Knocked Down (produtos semi desmontados)

SUV – Sport Utility Vehicle

SWOT – Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats (forças, fraquezas, oportunidades e

ameaças)

UEN – Unidade estratégica de negócio

VW – Volkswagen do Brasil Ltda

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LISTA DE ILUSTRAÇÃO Ilustração 1 – Produção nacional em unidades de automóveis e utilitários leves por montadora de 1990 até 2005.....................................................................................................15 Ilustração 2 – Venda interna anual de automóveis e utilitários leves nacionais em unidades de 1990 até 2005............................................................................................................................17 Ilustração 3 – Exportação em unidades de automóveis e utilitários leves em unidades por montadora de 1990 até 2005.....................................................................................................18 Ilustração 4 – Produção nacional acumulada em unidades de automóveis e utilitários leves e a respectiva participação por montadora de 1990 até 2005......................................................18 Ilustração 5 – Venda interna acumulada de automóveis e utilitários leves nacionais em unidades e respectiva participação de cada montadora no período de 1990 a 2005.................19 Ilustração 6 – Exportação acumulada de automóveis e utilitários leves em unidades e a respectiva participação por montadora de 1990 até 2005.........................................................19 Ilustração 7 – Modelo da escola do design para formulação de estratégias............................29 Ilustração 8 – Escolas de estratégias.......................................................................................36 Ilustração 9 – Três estratégias genéricas.................................................................................37 Ilustração 10 – Relação entre a estratégia e operações............................................................48 Ilustração 11 – O ciclo adaptativo...........................................................................................52

Ilustração 12 – As quatro estratégias de inovação...................................................................52 Ilustração 13 – Desenho do estudo de caso.............................................................................65 Ilustração 14 – Constructo da pesquisa da montadora............................................................68 Ilustração 15 – Inauguração da General Motors do Brasil em 25 de janeiro de 1925.............72 Ilustração 16 – Fábrica Anchieta em 1959..............................................................................77 Ilustração 17 – Principais fatos históricos da Volkswagen do Brasil......................................78

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RESUMO

Na década de 90, as quatro principais montadoras brasileiras (VW, GM, Fiat e Ford),

após décadas de mercado protegido, passam a enfrentar a hiper-concorrência em função da

instalação de inúmeras novas montadoras no país.

Em que pese a perda da hegemonia parcial e esporádica de mercado mantida até o

final da década de 90, a Volkswagen superou, em parte, as novas condições ambientais, de

modo a manter-se na liderança de produção, vendas interna e externa, demonstrando grande

capacidade de alinhamento (ajustes estruturais) e adaptabilidade (adaptação ao entorno

competitivo).

Assim, o presente trabalho apresenta a trajetória estratégica da Volkswagen no

período de 1990 a 2005 que conformou seu negócio às variações ambientais ocorridas no

setor automobilístico, com base nas estratégias de produção, vendas domésticas e exportação,

visando testar a Teoria da Ambidestridade.

Palavras-chave: Estratégia empresarial; indústria automobilística; Teoria da Ambidestridade.

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ABSTRACT

In the decade of 90, the four main Brazilian assemblers (VW, GM, Fiat and Ford),

after decades of protected market, they start to face the hiper-competition in function of the

installation of new countless assemblers in the country.

In that it weighs the loss of the partial and sporadic hegemony of market maintained to

the end of the decade of 90, Volkswagen overcame the new environmental conditions, in way

to maintain in the production leadership, internal and external sales, demonstrating great

alignment capacity (structural adjustments) and adaptability (adaptation to the competitive

environment).

Like this, the present work presents the strategic path of Volkswagen in the period

from 1990 to 2005 that conformed its business to the environmental variations happened in

the automobile section, with base in the production strategies, domestic sales and export,

seeking to test the Ambidexterity Theory.

Key Words: Business strategy; automobile industry; Ambidexterity Theory.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 14

1.1 PROBLEMA E PERGUNTA DE PESQUISA .............................................................. 21

1.2 OBJETIVOS ................................................................................................................... 23

1.2.1 GERAL ........................................................................................................................... 23

1.2.2 ESPECÍFICOS ............................................................................................................... 23

1.3 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA ........................................................... 23

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 25

2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................... 26

2.1 CONCEITOS .................................................................................................................. 26

2.2 ESCOLAS DE ESTRATÉGIA ...................................................................................... 28

2.3 OS PRINCIPAIS AUTORES DE ESTRATÉGIA ......................................................... 38

2.3.1 MICHAEL E. PORTER ................................................................................................. 38

2.3.2 MINTZBERG ................................................................................................................. 43

2.3.3 ANSOFF ......................................................................................................................... 45

2.3.4 AL RIES e JACK TROUT ............................................................................................. 47

2.3.5 TREGOE e ZIMMERMAN ........................................................................................... 48

2.3.6 SLYWOTZKY e MORRISON ...................................................................................... 51

2.3.7 MILES e SNOW ............................................................................................................. 53

2.4 A ABORDAGEM RBV ................................................................................................. 57

2.5 A TEORIA DA AMBIDESTRIDADE .......................................................................... 59

2.6 A TEORIA DA RESILIÊNCIA ..................................................................................... 60

3 MÉTODO E TÉCNICAS DA PESQUISA ................................................................. 63

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ......................................................................... 63

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3.2 DESENHO METODOLÓGICO DO ESTUDO DE CASO ........................................... 67

3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................... 69

3.4 CONSTRUCTO DA PESQUISA ................................................................................... 71

3.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS .......................................................... 71

3.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ..................................................................................... 72

4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS ......................................... 74

4.1 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NO

BRASIL .......................................................................................................................... 74

4.2 A VOLKSWAGEN DO BRASIL .................................................................................. 79

4.3 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO ..................................................................... 83

4.3.1 FATORES DE ALTERAÇÃO DA ESTRATÉGIA DA EMPRESA ENTRE 1990 E

2005 ................................................................................................................................ 84

4.3.2 ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO, VENDAS E EXPORTAÇÃO DA EMPRESA

ENTRE 1990 E 2005 ...................................................................................................... 88

4.3.3 ALINHAMENTO E ADAPTABILIDADE DA VOLKSWAGEN ENTRE 1990 E

2005. ............................................................................................................................... 91

5 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 97

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 104

APÊNDICE I – ROTEIRO DE ENTREVISTA ..................................................................... 116

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1 INTRODUÇÃO

A estratégia empresarial, considerada por muitos autores - Ansoff; McDonnel

(1993), Porter (1989, 1998), Henderson (1998) e Mintzberg (1987) - como fator importante

para o êxito das organizações, é uma preocupação relativamente recente se comparada com a

história das organizações.

Nas décadas de 50, 60 e 70, a estratégia sempre esteve ligada à idéia do planejamento

estratégico (CHANDLER, 1962; SIMON, 1971; ANSOFF; McDONNEL, 1993). Neste

período, a principal forma de obtenção de maiores ganhos se devia à melhora da eficácia

operacional. A partir da década de 60, a indústria japonesa constituiu-se seu melhor exemplo.

Entretanto, é apenas na década de oitenta que as empresas ocidentais, prejudicadas

diretamente pela indústria japonesa, perceberam que, embora a eficácia operacional tivesse

sido aumentada, ela, por si só, não garantiria o sucesso futuro das organizações. Assim, uma

alternativa deveria ser tomada para que as organizações ocidentais pudessem reverter o

quadro competitivo claramente favorável às empresas japonesas (PORTER, 1996).

Porter (1996) deixa claro que as empresas ocidentais apenas retomariam a hegemonia

de mercado dos japoneses se, e somente se, desenvolvessem uma visão estratégica que

permitisse o correto posicionamento competitivo. Assim, somente combinando suas

capacidades e recursos internos, selecionando o mercado e neste, atingindo uma participação

significativa, as empresas ocidentais poderiam obter margens de lucratividade acima da

média. Para tanto, Porter (1998, 1989) propõe dois modelos: o modelo das forças

competitivas (para lidar com as forças do entorno competitivo) e o modelo da cadeia de

valores (para ajustar a estrutura e processos internos). Adicionalmente, ressalta que a

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estratégia não deveria ser estática: para responder às mudanças ambientais ocorridas, deveria

ser modificada.

No Brasil, na década de 90, a abertura da sua economia causou significativo aumento

da concorrência no mercado doméstico. Este movimento, associado ao surgimento de

descontinuidades ambientais, relacionadas a fatores tecnológicos e sócio-econômicos,

passaram a exigir, dos setores industriais em especial, não apenas o aumento da eficácia

operacional, mas, principalmente, a adoção de estratégias empresariais que garantissem às

empresas vantagens competitivas.

Dentre os setores econômicos domésticos mais afetados, estava a indústria

automobilística brasileira, até então tida como o carro-chefe do modelo de industrialização no

país. À época, foi então considerada pelo governo brasileiro como um exemplo de indústria

ultrapassada, incapaz de competir no mercado internacional justamente por faltar-lhe

qualidade e sofisticação tecnológicas. Segundo Diniz (2002), o então Presidente da República,

Sr. Fernando Collor de Mello, referiu-se à indústria automobilística brasileira como o

segmento empresarial símbolo do atraso da indústria nacional na medida em que produzia

“carroças” e não veículos automotores.

Não obstante, a indústria automobilística brasileira reagiu: superou suas limitações

iniciais, melhorou sua qualidade, sua tecnologia e, principalmente, ampliou-se e tornou-se

mais competitiva, passando de uma produção anual de 849.654 unidades em 1990, para

2.432.466 unidades em 2005, conforme evidenciado na ilustração 1.

Segundo Haguenauer et al. (2001), a abertura comercial iniciada em 1990

significava, para as montadoras já instaladas, uma redução de suas barreiras à entrada de

novos concorrentes, desencadeando não apenas uma reestruturação produtiva capaz de

colocar o produto brasileiro em melhores condições de competitividade, como também uma

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rápida reação de ocupar os espaços surgidos no mercado interno e no MERCOSUL antes dos

demais concorrentes.

Ilustração 1 – Produção nacional em unidades de automóveis e utilitários leves por montadora de 1990 até 2005. Fonte: ANFAVEA, 2006

Entretanto, essa reação não foi homogênea durante toda a década de 90,

particularmente em função da política governamental (através das câmaras setoriais e do

regime automotivo) no processo de abertura que acabou por influenciar as estratégias

empresariais do setor automotivo neste período.

Para Laplane; Sarti (1997), se por um lado a integração com o MERCOSUL, os

incentivos fiscais para carros populares e a liberalização comercial quebraram o arranjo

oligopolístico do setor, prevalecente até o final da década de 80 (acordos informais de preço e

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estratégias convergentes de baixo investimento), as Câmaras Setoriais, a partir de 1990,

permitiram às montadoras já instaladas acordos de reduções de preço do produto final (cujo

ônus se dividia entre redução de impostos indiretos, margens de montadoras, concessionárias

e autopeças), bem como a fixação de metas de expansão de investimento, emprego e

produção.

Para Haguenauer et al. (2001), a partir de junho de 1995, o regime automotivo

continuou a proteger as montadoras já instaladas, mantendo o imposto de importação (II)

elevado (tendo como justificativa a fragilidade da balança comercial brasileira e a crise do

México iniciada no final de 1994) e permitindo a elevação dos preços no mercado interno.

Para Bedê (1996), a reestruturação produtiva ocorrida neste período buscou reduzir

custos via transferência de etapas de confecção de peças para as empresas de autopeças e

aumentar a produção de veículos populares para obter ganhos de escala.

Assim, o volume de produção foi afetado não apenas pelos mercados internos e

externos, mas também pelos diversos fatores políticos e econômicos, tanto nacionais e

internacionais, conforme fica evidenciado na análise das vendas internas e das exportações a

seguir.

Segundo Haguenauer et al. (2001), as vendas internas na década de 90 foram

fortemente impulsionadas em função da expansão do crédito ao consumidor, incentivos

fiscais e a estabilidade econômica.

A retração nas vendas ocorridas nos anos de 1998, 1999, 2002 e 2003 pode ser

justificada, primordialmente, pela política de restrição ao crédito ao consumidor através da

elevação das taxas de juros nos financiamentos (vide ilustração 2).

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Ilustração 2 – Venda interna anual de automóveis e utilitários leves nacionais em unidades de 1990 até 2005. Fonte: ANFAVEA, 2006

Segundo Hasegawa (2003) as variações na exportação na década de noventa são

justificadas por fatores externos, quais sejam: a crise do México (primeiro semestre de 1995),

a crise Asiática (segundo semestre de 1997), a crise Russa (segundo semestre de 1998) e a

crise da Argentina (segundo semestre de 1999). Nestes períodos, é possível verificar retrações

nas exportações de veículos (vide ilustração 3).

Recentemente, de 1999 até 2005, as montadoras, aproveitando-se da desvalorização

do Real frente ao Dólar Americano e da relativa estabilidade econômica mundial, ganham

mercado externo (vide ilustração 3).

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Ilustração 3 – Exportação em unidades de automóveis e utilitários leves em unidades por montadora de 1990 até 2005. Fonte: ANFAVEA, 2006

Se analisado o desempenho individual das principais montadoras brasileiras, ao

longo de todo o período analisado, é possível verificar que a Volkswagen do Brasil - que

produziu quase 8 milhões de veículos entre 1990 e 2005, o que corresponde a 30,90% do total

- superou suas principais concorrentes Ford, Fiat e General Motors (GM), conforme

evidenciado na ilustração a seguir:

Fiat Ford GM VW Outras1 Total

Unidades 6.673.687 2.723.003 6.304.155 7.736.046 1.351.040 25.038.783

Participação 26,65% 10,88% 25,18% 30,90% 5,40% 100,00% Nota 1: PSA Peugeot Citroên, Honda, Mitsubishi, Renault, DaimlerChrysler, Land Hover, Iveco, Toyota, Nissan.

Ilustração 4 – Produção nacional acumulada em unidades de automóveis e utilitários leves e a respectiva participação por montadora de 1990 até 2005. Fonte: ANFAVEA, 2006

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Todavia, esporadicamente, a Volkswagen, perdeu a liderança na produção de

automóveis para a Fiat nos anos de 1994 e 1999 e para a GM nos anos de 2002, 2003 e 2004

(vide ilustração 1).

Dentre as montadoras brasileiras, a Volkswagen pode ser considerada líder de vendas

internas no período analisado (1990 a 2005), conforme evidenciado na ilustração 5. Por outro

lado, a mesma vem diminuindo sua participação relativa no mercado interno, a ponto de

perder a liderança nos anos de 2002, 2003, 2004 e 2005 (vide ilustração 2).

Fiat Ford GM VW Outras1 Total Total 4.990.608 1.981.085 4.698.177 5.922.156 1.172.524 18.981.540 Participação 26,29% 10,44% 24,75% 31,20% 6,18% 100,00% Nota 1: PSA Peugeot Citroên, Honda, Mitsubishi, Renault, Daimler-Chrysler, Land Hover, Iveco, Toyota, Nissan.

Ilustração 5 – Venda interna acumulada de automóveis e utilitários leves nacionais em unidades e respectiva participação de cada montadora no período de 1990 a 2005. Fonte: ANFAVEA, 2006

Quanto às exportações, embora a Volkswagen tenha se constituído como principal

exportadora do setor (vide ilustração 6), a mesma somente foi líder em 1987, 1988, 2004 e

2005 (vide ilustração 3).

Fiat Ford GM VW Outras1 Total Total 1.692.467 739.644 1.608.056 1.808.964 174.518 6.058.414 Participação 27,94% 12,21% 26,54% 29,86% 2,88% 100,00% Nota 1: PSA Peugeot Citroên, Honda, Mitsubishi, Renault, DaimlerChrysler, Land Hover, Iveco, Toyota, Nissan. Ilustração 6 – Exportação acumulada de automóveis e utilitários leves em unidades e a respectiva participação por montadora de 1990 até 2005. Fonte: ANFAVEA, 2006

Em suma, a Volkswagen do Brasil, no período analisado, constituiu-se enquanto a

empresa principal do setor automobilístico no Brasil, tendo sido líder em produção, vendas

internas e exportação.

Assim, o estudo das alterações na trajetória estratégica da Volkswagen do Brasil,

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desde 1990 até 2005, como resposta aos desafios do ambiente competitivo é particularmente

importante, especialmente se considerado o fato de que a empresa selecionada é a principal

organização do setor automobilístico no Brasil, setor este tido como essencial para o

desenvolvimento econômico e social do país.

1.1 PROBLEMA E PERGUNTA DE PESQUISA

Segundo Almeida (1999), a história do modelo de desenvolvimento econômico

brasileiro foi marcada, no passado, pela vigência do Modelo de Substituição de Importações.

Este modelo gerou resultados satisfatórios para a economia brasileira até o fim da década de

70. Porém, na década seguinte, entrou em colapso em razão das crises financeira e fiscal. A

solução prescindia de um significativo desenvolvimento econômico que seria possível caso a

economia brasileira se globalizasse. Em relação a esse problema, Prebisch (1964, p. 90) já na

década de sessenta, manifestava-se:

"A industrialização, cercada pelo protecionismo excessivo, como também os impostos exagerados (...), criaram uma estrutura de custos que dificulta sobremaneira a exportação de manufaturas para o resto do mundo (...) Os altos custos iniciais da industrialização criaram a necessidade de proteção, e a proteção excessiva trouxe uma estrutura de custos a que se juntam impostos indiretos e obrigações sociais. Tudo isso conspira contra as exportações e também contra uma política mais racional de importações. E, isso acontecendo, o sistema fechado tende a perpetuar-se, com grave detrimento do desenvolvimento econômico" (Prebisch, 1964, p. 90).

Esta situação levou as empresas, especialmente as da indústria automobilística, a

agirem de forma singular, explorando as oportunidades casuísticas deste novo ambiente.

Assim, desde seu início, até o final da década de oitenta, as montadoras brasileiras utilizaram-

se de estratégias competitivas típicas de ambientes de concorrência oligopolista, tais como a

padronização de preços e os reajustes em mesmos patamares e em uníssono.

Na década de 90, o novo modelo econômico adotado pelo país, resultante da abertura

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comercial, veio modificar drasticamente as regras do jogo. Este modelo provocou grande

mudança nas estruturas das organizações do país, atingindo, também, as estruturas dos setores

econômicos. Isto implicou na alteração e no redirecionamento das condutas e das estratégias

das empresas do setor automobilístico.

Assim, na década de 90, as quatro principais montadoras brasileiras (VW, GM, Fiat e

Ford), após décadas de mercado protegido, entram numa economia de livre concorrência. E

ainda, ao final da mesma década, passam a enfrentar a hiper-concorrência em função da

instalação de inúmeras novas montadoras no país, como por exemplo, Toyota, Honda,

Renault, Peugeot, Citroên, Mercedes Bens e Chrysler.

É plausível admitir que mudanças no ambiente competitivo certamente provocaram

alterações nas estratégias e no posicionamento mercadológico das empresas particularmente

após 1990, onde ajustes, adaptações e redesenhos de processos e estruturas organizacionais

fizeram parte destas alterações.

Desta feita, o período de 1990 a 2005 pode ser considerado um período atípico na

história da indústria automobilística nacional em função das grandes modificações sofridas

pelo setor. Todavia, em que pese a perda da hegemonia parcial e esporádica de mercado

mantida até o final da década de 90, a Volkswagen superou as novas condições ambientais, de

modo a manter-se na liderança de produção, vendas interna e externa, demonstrando grande

capacidade de alinhamento (ajustes estruturais) e adaptabilidade (adaptação ao entorno

competitivo). Qual teria sido a trajetória estratégica da Volkswagen no período de 1990 a

2005 que conformou seu negócio às variações ambientais ocorridas no setor automobilístico,

com base nas estratégias de produção, vendas domésticas e exportação?

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1.2 OBJETIVOS

Para obter resposta(s) à pergunta de pesquisa interposta, o estudo tem por objetivos:

1.2.1 GERAL

Estudar as principais alterações ocorridas na estratégia empresarial da principal

montadora de automóveis no Brasil no período compreendido entre 1990 e 2005.

1.2.2 ESPECÍFICOS

a) Colher subsídios para identificar os principais fatores internos e externos que

influenciaram a trajetória estratégica da empresa analisada no período entre 1990

e 2005.

b) Colher subsídios para descrever a trajetória estratégica relativa à produção,

vendas domésticas e exportação da montadora estudada no período entre 1990 e

2005.

c) Caracterizar as principais formas de adaptação e alinhamento na estratégia

empresarial que possam ter suportado a vantagem competitiva da Volkswagen

Brasil entre 1990 e 2005.

1.3 JUSTIFICATIVA PARA ESTUDO DO TEMA

A escolha da indústria automobilística para o presente trabalho não se deu por acaso.

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Afinal, as empresas automobilísticas, no mundo e no Brasil, são as pioneiras do processo de

reestruturação tecnológica observado nos últimos anos. Ademais, no Brasil, a indústria

automobilística é responsável por mais de 10% do PIB industrial, constituindo-se num dos

setores líderes da indústria nacional. E, finalmente, que o setor automobilístico no Brasil está

em expansão espacial, seja com a instalação de novas empresas, seja com as novas fábricas de

empresas já instaladas, constituindo-se um exemplo vivo das preferências atuais quanto à

localização industrial num contexto de reestruturação produtiva.

Ademais, a indústria automobilística brasileira tem-se constituído no campo de

provas na utilização de novas ferramentas, tecnologias e desenvolvimento de produtos. O

período analisado externa a “renovação” da própria indústria visando a adaptação de suas

empresas à nova realidade competitiva, com a adoção de novas concepções e estratégias, com

a transformação das suas estruturas organizacionais e, concomitantemente, da própria

indústria, de modo que o presente trabalho pode trazer significativa contribuição à ciência da

administração na medida em que permite a caracterização e a análise da apropriação das

estratégias utilizadas no contexto competitivo. Além disso, apresenta cunho pragmático ao

tratar das práticas gerenciais e executivas que podem ser repetidas em contextos e situações

similares.

Se a globalização exigiu das montadoras nacionais um novo padrão de competição a

fim de que aumentassem seu grau de participação e de competitividade no mercado

automobilístico, somado ao fato de que a abertura comercial trouxe novas empresas

estrangeiras que instalaram seu parque produtivo no país, tais como a Honda, Toyota,

Renault, Pegeout e Citroên, interessa-nos particularmente o desempenho da Volkswagen do

Brasil neste contexto. A proposta do estudo é pesquisar a estratégia empresarial da

Volkswagen ao longo do tempo do período selecionado devido às características de liderança

da empresa em relação às suas contrapartes nacionais: apesar das variações ao longo do

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período considerado, a VW manteve nítida liderança em vendas internas, em produção e em

exportação no cômputo geral. As estratégias corporativas da VW neste período, foram,

portanto, “vencedoras” e merecem uma análise mais profunda de sua natureza e de sua

direção.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

A dissertação está estruturada em cinco capítulos.

O capítulo 1, na forma de introdução, contendo a apresentação do tema, as

justificativas, os objetivos, problemas de pesquisa e estrutura de trabalho.

O capítulo 2, contendo a revisão da literatura relacionada ao tema proposto, de modo

a proporcionar a fundamentação teórica necessária para atingir os objetivos propostos no

trabalho.

O capítulo 3, justificando, segundo a teoria metodologia, o método de pesquisa

utilizado para viabilizar a investigação e o atendimento aos objetivos propostos no trabalho.

O capítulo 4, apresentando o estudo de caso propriamente dito, bem como os

procedimentos utilizados, sua aplicação e os resultados do estudo de caso, ocasião em que são

apresentadas as recentes alterações na estratégia competitiva da Volkswagen do Brasil.

No capítulo 5, as considerações finais, destacando os resultados da pesquisa à luz da

revisão literária e sugerindo recomendações para futuras pesquisas.

Após o capítulo 5, os elementos de pós-texto: referências, anexos e apêndices do

trabalho.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

No presente capítulo são apresentados os conceitos de estratégia de modo a

proporcionar a fundamentação teórica necessária para atingir-se os objetivos propostos neste

trabalho.

2.1 CONCEITOS

A palavra estratégia vem do vocábulo grego strategos, que significa comando do

exército. Portanto, o conceito de estratégia remonta a época de Alexandre e Péricles (séculos

IV e III a.C.), estando relacionado à habilidade dos generais na formulação de planos de

guerra e de gerenciamento de suas tropas, com o objetivo de aniquilar seus inimigos

(MINTZBERG; QUINN, 2001). Segundo Ansoff; McDonnel (1993), na década de 50, em

virtude do aumento da velocidade das mudanças e da complexidade dos ambientes

competitivos nos quais empresas estavam inseridas, o termo estratégia passou a ser entendido

como a forma através da qual as organizações se relacionam com o seu ambiente.

Na década seguinte (60), o termo estratégia passou a significar a determinação de

metas e objetivos organizacionais de longo prazo, cuja consecução exigisse a mobilização de

determinados recursos da organização, imprimindo mudanças na estrutura organizacional

(CHANDLER, 1962).

Na década de 70, o termo estratégia passou a ter muitos significados. Assim, para

Buzzell et al. (1975), estratégia significa o conjunto de objetivos da empresa e a forma de

como alcançá-los. Para Simon (1971), estratégia é um conjunto de decisões que determinam o

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comportamento a ser exigido da organização em determinado período de tempo. Para

Andrews (1981), um conjunto de objetivos, finalidades, metas e diretrizes, bem como de

planos para atingir estes objetivos, formulados de maneira a definir em quais atividades se

encontra a empresa, que tipo de empresa é ou que pretende ser.

De forma geral, estratégia, nas décadas de 50, 60 e 70, sempre esteve ligada à idéia

do planejamento estratégico.

Todavia, segundo Ansoff; MacDonnel (1993), na década de 80, em função do

aumento das descontinuidades ambientais, especialmente aquelas relacionadas aos fatores

tecnológicos e sócio-políticos, a atenção da administração voltou-se para a necessidade de

contínua adaptação dos planos estratégicos. Assim, estratégia passa a ter seu foco na

administração estratégica e não mais no planejamento estratégico. Em outras palavras, na

década de 80, o foco dos estudos relacionados à estratégia passa a conferir maior ênfase à

adaptação e implementação dos planos, em detrimento de sua elaboração. Neste sentido,

Mintzberg (1983, p. 1) manifesta-se acerca de estratégia, como “[...] uma forma de pensar no

futuro, integrada no processo decisório, com base em procedimento formalizado e articulador

de resultados em uma programação”.

Na década de 90, a diversidade de significados dificulta o estabelecimento de um

padrão para este período. Henderson (1998), por exemplo, entende que estratégia é a busca

deliberada dentro de um plano de ação que se desenvolve e se ajusta tendo em vista a busca

de vantagem competitiva pela organização. Para Quinn (1980), estratégia é um padrão que

integra os objetivos da organização às suas políticas e ações. Porter (1989), por sua vez,

entende que estratégia é a escolha de um conjunto diferente de atividades, de forma

deliberada, para proporcionar à organização um conjunto único de valores e posicioná-la,

provavelmente, no segmento de mercado desejado. Peter; Certo (1993) entendem que

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estratégia é um processo interativo que visa manter uma organização como um conjunto

devidamente integrado ao seu ambiente.

Diante de conceitos tão distintos, Mintzberg et al. (1987), referindo-se à década de

90, argumentam que, graças à complexidade de seus significados, o termo estratégia exigiria

cinco definições distintas, indicadas pela letra “p”, a saber: plano (plan), padrão (pattern),

posição (position), perspectiva (perspective) e manobra (ploy). Cada uma dessas definições

são tratadas, em detalhes, em tópico próprio (ver item 2.3.2).

2.2 ESCOLAS DE ESTRATÉGIA

Mintzberg et al. (2000), após ampla revisão bibliográfica, resumiram a evolução da

formulação estratégica em dez diferentes escolas (ou visões) de administração estratégica. Os

mesmos autores (MINTZBERG et al., 2000) classificam as dez escolas em três agrupamentos

denominados grupos A, B e C.

No grupo A, as escolas prescritivas: Escola do Design, Escola do Planejamento e

Escola do Posicionamento.

A Escola do Design, por ser a mais antiga, é considerada a precursora da área de

conhecimento denominada administração estratégica. Sua origem remonta aos trabalhos de

Selznick (1957) e Chandler (1962). Segundo Cordeiro (2005), o primeiro enfatizou a

necessidade de se compatibilizar os recursos internos da organização com suas expectativas

externas, enquanto o segundo foi pioneiro ao propor um conteúdo para a estratégia de

negócios e sua relação com a estrutura organizacional.

Segundo Machado (2001), a Escola do Design define a criação de uma estratégia

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como um processo de concepção. A partir da avaliação ambiental (interna e externa), propõe a

adequação dos planos da empresa às condições nas quais está inserida.

Em sua essência, a formulação das estratégias deve permitir às organizações a

adequação das forças e fraquezas organizacionais às ameaças e oportunidades ambientais.

Para tanto, vale-se da análise SWOT (strenghs, weaknesses, opportunities e threats). A

avaliação externa das ameaças e oportunidades deve dar origem aos fatores críticos de

sucesso, enquanto a análise interna das forças e fraquezas deve permitir identificar as

competências distintivas da organização.

A Escola do Design faz clara separação entre formulação e implementação, bem

como destaca a importância do papel do líder máximo da organização como condutor dos

processos de análise e formulação, bem como o fato da estratégia ser concebida como uma

perspectiva.

A síntese gráfica do modelo da escola do design para a formulação de estratégias

encontra-se na página seguinte (ilustração 7).

Enfim, a Escola do Design propõe um modelo de formulação estratégica que visa

atingir a adequação entre as capacidades internas e as possibilidades externas, posicionando a

empresa no seu ambiente.

Já a Escola do Planejamento, segundo Mintzberg et al (2000), surge na década de 70,

com a obra Corporate Strategy, de Igor Ansoff em 1965; é considerada similar à escola do

design por ter como premissa que a estratégia deve ser formulada com base em análises do

ambiente e de suas características internas. Todavia, diferencia-se ao apregoar maior

formalização. Neste sentido, trabalhos tais como Ansoff (1977, 1993) e Oliveira (1988)

prescrevem roteiros e check-lists detalhados para as diversas etapas do planejamento

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Avaliação Externa Avaliação Interna

Pontos fortes e fracos Ameaças e Oportunidades

Avaliação e escolha da estratégia

Fatores-chave de sucesso Competências distintivas

Criação da estratégia Valores gerenciais

Responsabi-lidade social

Implementação estratégica

estratégico. Em suma, na escola do planejamento, a estratégia é vista como processo,

controlado, consciente e formal de interação entre uma empresa e seu ambiente, que se faz

acompanhar pela alteração dos aspectos dinâmicos internos da empresa (Ansoff, 1977).

Ilustração 7 – Modelo da Escola do Design para formulação de estratégias Fonte: Mintzberg et al., 2000.

A Escola do Planejamento, em função da exigência da elaboração de planos e

programas detalhados para a implementação das estratégias selecionadas, assim como da

respectiva ligação com o orçamento empresarial, acabou por criar uma nova função: a do

planejador. Assim, embora o executivo principal seja o maior responsável pela estratégia, seu

papel durante o processo formal acaba sendo limitado; ao contrário da Escola do Design, o

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executivo principal apenas aprova a estratégia definida pelos planejadores ao invés de

efetivamente concebê-la (CORDEIRO, 2005).

A Escola do Posicionamento surge na década de 80, com o estudo de Porter (1989),

quando a estratégia empresarial passa a ser influenciada por pensamentos econômicos,

diminuindo sua força prescritiva e dando lugar a um viés analítico (TEIXEIRA, 2004),

mantendo a maioria das premissas das Escolas do Design e do Planejamento.

Nesta Escola, é importante destacar o modelo de análise das forças que moldam a

estratégia em uma indústria, o conceito de cadeia de valor e as estratégias genéricas, todos

propostos por Porter (1989). Segundo Cordeiro (2005), outras ferramentas populares na área

da administração estratégica, como a matriz BCG, as curvas de experiência e o modelo PIMS

(Profit Impact of Market Strategies – impacto das estratégias de mercado sobre o lucro),

também tiveram origem nesta Escola. Henderson (1998), assinala que todas estas técnicas têm

em comum o fato da estratégia empresarial ser vista como uma posição no mercado.

O papel do executivo principal como responsável pela estratégia é semelhante à

Escola do Planejamento, participando marginalmente do processo de formulação da estratégia

(MINTZBERG et al., 2000).

Para Cordeiro (2005), embora não consiga explicar de forma clara o processo de

formação de estratégias, a Escola do Posicionamento tem, entre seus principais legados, um

vasto leque de ferramentas de análise. Estas ferramentas permitem a melhor compreensão da

dinâmica ambiental da indústria na qual se atua, bem como a condução de análises

relacionadas à viabilidade de estratégias formuladas por meio de outros processos.

No grupo B, estão as Escolas Descritivas. Tal grupo foi iniciado pela Escola

Empreendedora que, divergindo das escolas do Design, Planejamento e Posicionamento,

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apresentou como objetivo a descrição do processo de formação da estratégia na mente dos

executivos principais das empresas e não mais a prescrição da formulação e implementação

de estratégias. Porém, guarda algumas características da Escola do Posicionamento, vez que

busca na economia subsídios nas formulações de Schumpeter acerca da destruição criativa do

capitalismo. Para Schumpeter (1984), o empreendedor não é necessariamente o detentor do

capital e sim aquele que tem a idéia de um novo negócio.

Como visto, a essência da Escola Empreendedora é a visão empresarial que, na

prática, é a representação mental da estratégia para o empreendedor. Segundo Cordeiro

(2005), esta representação assume mais claramente a forma de uma perspectiva ao invés de

simplesmente uma posição de mercado.

Artigo publicado por Bhide (1994) assinalou que em pesquisa realizada com os

principais empreendedores dos Estados Unidos da América cujas empresas obtinham grandes

taxas de crescimento não possuíam um plano de negócios elaborado. Esta constatação

fomenta o conceito de liderança visionária, segundo o qual o líder empreendedor se destaca

sempre que o processo de planejamento é falho (CORDEIRO, 2005).

Para Drucker (1998), é necessário aprender a administração empreendedora para

garantir o sucesso de um negócio, pois, foi, afinal, através dos empreendedores que muitas

organizações obtiveram sucesso enquanto outras saíram do fracasso iminente (MINTZBERG

et al., 2000).

Na escola empreendedora a estratégia existe na mente de um líder como uma perspectiva. Ela serve tanto como inspiração quanto como sentido do que deve ser feito – é uma visão de futuro da empresa. O processo de formação de estratégia é enraizado na experiência e na intuição deste líder; cabe a ele promover a visão (estratégia), manter controle sobre ela e adaptá-la sempre que necessário. Isto sugere que a estratégia empreendedora é, ao mesmo tempo, deliberada e emergente: deliberada em suas linhas amplas e seu senso de direção, emergente em seus detalhes para que estes possam ser adaptados durante o curso de ação (SAUSEN, 2002).

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A Escola Cognitiva, através do uso da psicologia cognitiva e do construtivismo,

aprofunda o conhecimento sobre o processo de formação da estratégia como um processo

mental, tendo por premissa o fato das estratégias se formarem por meio de um processo

cognitivo na mente do empreendedor, emergindo por meio de conceitos, mapas e esquemas

(MINTZBERG et al., 2000).

Talvez uma das maiores contribuições desta escola seja seu questionamento com

relação aos resultados provenientes do uso das ferramentas de análise do ambiente. De acordo

com o ponto de vista desta escola, uma análise SWOT não representa as forças, fraquezas,

oportunidades e ameaças reais existentes, e sim aquilo que os analistas e diretores imaginam

que elas sejam (MINTZBERG et al., 2000).

A Escola do Aprendizado, responsável pelas maiores críticas às escolas prescritivas

(Design, Planejamento e Posicionamento), tem seu marco inicial com a obra Strategies for

change: logical incrementalism (QUINN, 1980), preocupando-se com o processo de

formação da estratégia e com a inseparabilidade entre formulação e implementação. Todo

fracasso, de acordo com esta abordagem, está relacionado com uma estratégia errada pois os

erros de implementação têm sua origem em suposições erradas a respeito do ambiente, com

suas ameaças e oportunidades, e das competências internas, com suas forças e fraquezas

(MINTZBERG et al., 2000).

Nela, as estratégias surgem quando os membros da organização aprendem a respeito

de uma determinada situação e a respeito da capacidade da organização de lidar com esta.

Este ponto de vista faz sentido desde que considerado que as estratégias são concebidas para

serem implementadas e, portanto, deveriam levar em conta as dificuldades internas e externas

para tanto.

Dentre as contribuições desta escola, destacam-se a “Teoria do Caos” (LEVY, 1994),

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o conceito de aprendizado como criação do conhecimento (NONAKA; TAKEUSHI, 1997) e

as competências essenciais (PRAHALAD; HAMEL, 1990).

MINTZBERG et al. (2000) assinalam, ainda, outras premissas desta escola, com foco

no aprendizado coletivo, na necessidade de estímulo ao pensamento retrospectivo para

aprender e no papel da liderança em gerenciar o processo de aprendizado estratégico.

A Escola do Poder, considerada uma das mais influentes do final dos anos 90,

enfatiza o processo de negociação para a formação das estratégias. Para os autores desta

escola, a estratégia é moldada por poder e política, seja como processo dentro da organização

- como um comportamento da própria organização em seu ambiente externo - seja no

processo de adoção de uma determinada estratégia por uma organização (MACHADO, 2001).

Assim sendo, embora diferentes grupos de poder pretendam deliberar a adoção de

estratégias, estas emergem de um processo de negociação, assumindo mais freqüentemente a

forma de posições e meios de iludir do que de perspectivas. O poder micro vê a formação de

estratégia como a interação, através de persuasão, barganha e, às vezes, confronto direto, na

forma de jogos políticos, entre interesses estreitos e coalizões inconstantes, em que nenhum

predomina por um período significativo. O poder macro vê a organização promovendo seu

próprio bem-estar por controle ou cooperação com outras organizações, com o uso de

manobras estratégicas, bem como de estratégias coletivas em várias espécies de redes e

alianças (MINTZBERG et al., 2000).

A Escola Cultural descreve como a cultura influencia o processo de formação da

estratégia, impõe resistência às mudanças estratégicas e associa-se com determinadas

competências essenciais ou capacidades dinâmicas. Esta escola tem como pressuposto que a

estratégia é resultado de um processo de interação social, baseado em um conjunto de crenças

comum aos diversos membros da organização. Nela, as mudanças estratégicas significativas

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são acompanhadas de mudanças na cultura organizacional (MINTZBERG et al., 2000).

Para vários autores desta escola, tais como Collins; Porras (1995) e Peters; Waterman

(1986), a estratégia é vista como uma perspectiva, estando a cultura organizacional

diretamente relacionada à “fórmula do negócio” da organização por meio dos valores-chave

desta. Assim, a estratégia é produto de processo deliberado (embora muitas vezes seja

predominantemente tácito), ao invés de explícito. Outros autores, tais como Collis;

Montgomery (1995), apresentam abordagem distinta, na qual, além da cultura, outros recursos

internos (capacidades e competências) são definidos como críticos, devendo os mesmos serem

desenvolvidos e aproveitados em segmentos de mercados distintos, nos quais a organização já

atua.

A Escola Cultural não apresenta um modelo específico para a formulação de

estratégia, e sua influência foi mais pronunciada apenas em alguns países da Escandinávia e

do Oriente. Mas aspectos culturais das estratégias estão sendo cada vez mais considerados por

mostrarem-se elementos facilitadores ou complicadores do sucesso, especialmente após o

fenômeno da globalização da economia em que as organizações localizadas em países

culturalmente distintos precisam conviver e se relacionar de forma convergente dentro da

mesma corporação (MACHADO, 2001).

A Escola Ambiental origina-se da abordagem contingencial da administração, tendo

como conceito-chave a “ecologia da população”. Segundo este conceito, o ambiente é quem

determina previamente quais estratégias serão bem sucedidas, cabendo ao(s) líder(es) da

organização buscar(em) a estratégia mais adequada ao ambiente (HANNAN; FREEMAN,

1977). Neste sentido, a estratégia é vista como uma posição que deve ser deliberada de forma

consciente para garantir a sobrevivência da organização.

Como visto, a Escola Ambiental apregoa que o ambiente é o principal ator na

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formulação de estratégias, impondo regras que não podem deixar de serem seguidas.

No grupo C, apenas uma escola, a da configuração. Surgida na década de 60, esta

escola visualiza a estratégia organizacional como um processo de transformação. Aceita como

válidas as abordagens das demais escolas e enfatiza que cada uma delas tende a predominar

em cada uma das etapas do ciclo de vida das organizações. Segundo Mintzberg et al. (2000)

as configurações são estados razoavelmente estáveis assumidos pelas organizações durante

determinado período quando uma determinada estratégia está sendo implementada, sendo que

a formulação (ou formação) da estratégia ocorreria quando esta organização precisasse mudar

de estado (ou de configuração) para sobreviver ou aumentar sua competitividade. A interação

entre a configuração e o ambiente no qual a organização atua dá origem a determinados

padrões de ação que caracterizam as estratégias adotadas.

Finalmente, cumpre destacar que na Escola da Configuração o conteúdo da estratégia

pode assumir forma de planos, padrões, posições, perspectivas e truques, todos adequados ao

contexto (MINTZBERG et al., 2000).

Cada uma das escolas, com as respectivas características principais (que representam

sua visão do processo estratégico), são apresentadas na ilustração 8 na página seguinte.

No grupo A, as três primeiras escolas, do Design, do Planejamento e do

Posicionamento, são prescritivas. Nestas escolas a estratégia é uma forma estruturada de se

conduzir o processo estratégico nas organizações. Isto envolve o uso de diferentes

ferramentas, técnicas e regras que orientam o processo de formulação da estratégia, bem como

sua implementação e controle. É importante destacar que tais escolas tendem a separar o

processo de formulação de estratégia do processo de implementação.

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Classificação Grupo Denominação Característica

1ª A Escola do Design Formulação de estratégia como um processo de concepção

2ª A Escola do Planejamento Formulação de estratégia como um processo formal

3ª A Escola do Posicionamento Formulação de estratégia como um processo analítico

4ª B Escola Empreendedora Formulação de estratégia como um processo visionário

5ª B Escola Cognitiva Formulação de estratégia como um processo mental

6ª B Escola de Aprendizado Formulação de estratégia como um processo emergente

7ª B Escola do Poder Formulação de estratégia como um processo de negociação

8ª B Escola Cultural Formulação de estratégia como um processo coletivo

9ª B Escola Ambiental Formulação de estratégia como um processo reativo

10ª C Escola da Configuração Formulação de estratégia como um processo de transformação

Ilustração 8 – Escolas de estratégias Fonte: Adaptado de Mintzberg et al.., 2000.

No Grupo B, seis Escolas (Empreendedora, Cognitiva, do Aprendizado, do Poder,

Cultural e Ambiental) são descritivas, sendo a ênfase dada em como a estratégia é

efetivamente formulada e implementada.

No Grupo C, apenas a Escola da Configuração, que combina inúmeros elementos das

demais escolas, tais como o processo de formulação, o conteúdo das estratégias, as estruturas

organizacionais, o contexto, a cultura organizacional, buscando caracterizar ciclos de vida que

expliquem o comportamento estratégico das organizações.

As escolas surgiram em estágios diferentes do desenvolvimento da administração

estratégica, sendo que algumas chegaram ao pico e declinaram, enquanto outras estão se

desenvolvendo e outras permanecem pequenas, mas significativas, em termos de publicação e

prática (MINTZBERG et al., 2000).

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VANTAGEM COMPETITIVA

Custo mais baixo Custo mais baixo

1. Liderança de

custo

2. Diferenciação

3B. Enfoque na

diferenciação

3A. Enfoque no

custo

Alvo amplo

Alvo estreito

ESCOPO

COMPETITIVO

2.3 OS PRINCIPAIS AUTORES DE ESTRATÉGIA

2.3.1 MICHAEL E. PORTER

Michael E. Porter vem merecendo destacada aceitabilidade tanto no meio acadêmico

quanto no meio empresarial (CARNEIRO et al., 1997). Em 1980, publicou a obra Competitive

strategy: techniques for analysing industries and competitors, na qual propôs três estratégias

genéricas para se alcançar a vantagem competitiva (liderança em custo, diferenciação e

enfoque) e, em 1985, publicou o livro Competitive advantage: creating and sustaining

competitive performance, no qual tratou do modo de colocação em prática das referidas

estratégias genéricas.

Ilustração 9 – Três estratégias genéricas Fonte: Porter, 1989, p. 10

Segundo Porter (1998, 1989), as empresas com melhores resultados seriam aquelas

que conseguissem aplicar uma, e apenas uma, das três estratégias genéricas. A estratégia

híbrida (utilizar duas ou três estratégias genéricas) não permitiria a obtenção da vantagem

competitiva, apresentando resultados inferiores aos verificados nas empresas que lograssem

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êxito no desenvolvimento de uma das três estratégias genéricas.

Tal posicionamento tem sido contestado por diversos autores tais como Murray

(1988), Hill (1988) e Miller; Dess (1993), os quais apregoam a possibilidade da aplicação

simultânea das estratégias de baixo custo e de diferenciação, concomitantemente.

A estratégia de liderança em custo, segundo Porter (1989), consiste em fazer com

que a empresa torne-se o produtor de menor custo dentro de sua indústria, de tal sorte que,

praticando preços equivalentes ou mais baixos do que suas rivais obterá retornos mais altos

que os verificados na concorrência. Além disso, custos menores funcionariam como

mecanismo de defesa da empresa contra a rivalidade de suas concorrentes (guerra de preços,

por exemplo), as pressões de fornecedores, a ameaça de novos “entrantes”, a ameaça de

produtos substitutos e o poder de negociação dos compradores (CARNEIRO et al., 1997).

Porter (1998, 1989) assinala que deve existir apenas um líder em custo numa

indústria, pois a existência de várias empresas buscando a liderança em custo em uma

indústria gerará, invariavelmente, uma “guerra de preços” que será danosa para a estrutura de

longo prazo da indústria.

Já a estratégia de diferenciação pressupõe o oferecimento de um produto (dentro de

toda a indústria) que seja considerado único pelos clientes, ou seja, cujas características o

distingam daqueles oferecidos pela concorrência, de tal sorte que permita uma recompensa

através de um preço-prêmio muito superior aos custos extras necessários para a sua

diferenciação (PORTER, 1989).

Para Hunt; Morgan (1995) a heterogeneidade dos gostos e as necessidades dos

consumidores praticamente inviabilizam afirmar-se um mercado que atinja toda a indústria,

pois, na verdade, existem segmentos de mercado. Entretanto, a idéia de um produto que

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atenda a toda a indústria encontra subsídios no fato de que podem existir características gerais

que são valorizadas, em maior ou menor grau, pela maioria dos segmentos de mercado dentro

da indústria (CARNEIRO, 1997).

Porter (1989) destaca que a lógica da estratégia de diferenciação exige a escolha de

um ou mais atributos que muitos compradores, numa indústria, consideram importantes,

permitindo-se, à empresa, não apenas a obtenção de um preço-prêmio, mas também, a criação

de defesas contra forças do ambiente, tais como lealdade, diminuição da sensibilidade ao

preço, diminuição do poder dos compradores (pois estes não encontrarão produto com

mesmas características), diminuição da vulnerabilidade da empresa em relação aos

concorrentes.

Além disso, a existência de várias empresas perseguindo e obtendo sucesso com uma

estratégia de diferenciação não seria prejudicial para a indústria, desde que cada uma delas se

especializasse em características distintas das demais, e que houvesse um número

suficientemente grande de clientes.

Finalmente, a estratégia de enfoque, diferentemente das anteriores, está baseada na

escolha de um ambiente competitivo estrito dentro de uma indústria. Assim, a empresa

seleciona um segmento ou grupo de segmentos e adapta sua estratégia para atendê-los de

maneira específica, otimizando sua estratégia para os segmentos-alvo, muito embora não

tenha uma vantagem competitiva no geral (PORTER, 1989).

Para Carneiro (1997), a estratégia de enfoque tem como idéia central que a empresa

seja capaz de atender melhor ao seu alvo estratégico do que aqueles concorrentes que buscam

atender a toda a indústria (ou a um grande número de segmentos da indústria). Assim, o alvo

estratégico deve ser estreito, de forma a permitir que a empresa o atenda mais eficientemente,

ou mais eficazmente. E mais: pode ser definido sob diversas dimensões: tipo de clientes, linha

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de produtos, variedade do canal de distribuição e área geográfica. O alvo estreito pode ser

atendido através de uma posição de custo mais baixo ou de uma posição de diferenciação,

mesmo que a empresa não seja capaz de manter uma destas posições em relação à indústria

como um todo.

Com visto, Porter considera que as empresas podem desenvolver vantagem

competitiva de custo, de diferenciação ou de enfoque, abrangendo todo o setor, ou

concentrando-se em um segmento específico. Segundo Graeml; Graeml (1997), o custo é

administrado pela empresa, mas o valor do produto ou serviço oferecido é definido

(percebido) pelo cliente. As empresas realizam esforços no sentido de reduzir os custos e/ou

aumentar o valor atribuído pelo cliente, com o objetivo de conquistar vantagem competitiva.

Para facilitar a avaliação da empresa com base em suas atividades, objetivando melhorar sua

competitividade através da redução de custos e do aumento do valor, Porter apresenta o

conceito de cadeia de valor.

O modelo da cadeia de valor de Porter, embora publicado há vários anos,

“...permanece atual e largamente utilizado por consultores em estratégia empresarial. A cadeia

de valor de toda empresa, segundo Porter, é composta de nove categorias genéricas de

atividades agrupadas em dois tipos de atividades: as atividades primárias (logística interna,

operações, logística externa, marketing e vendas, serviços pós-venda) e as atividades de apoio

(infraestrutura, recursos humanos, desenvolvimento e tecnologia, aquisição/compras)”

(QUINTELLA; BOGADO, 2004)

Na década de 90, Porter (1996), em seu artigo Why is Strategy?, apresentou uma

nova visão sistêmica da vantagem competitiva, afirmando que a vantagem competitiva de

uma empresa está no sistema complexo de suas atividades, nas suas relações (ajuste), e não

nas partes (forças específicas, competências essenciais ou recursos críticos da empresa). No

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artigo em questão, definiu estratégia como sendo a criação de uma única e valiosa posição

envolvendo um conjunto diferente de atividades, e que a vantagem competitiva está baseada

nas atividades, uma vez que toda vantagem ou desvantagem advém da soma de todas as

atividades da companhia e não somente de algumas, sendo que a vantagem competitiva

sustentável decorre da maneira como as atividades se ajustam e se reforçam mutuamente,

fazendo com que determinada atividade aumente o valor competitivo de outras atividades.

Para este autor (PORTER, 1996), eficácia operacional refere-se à execução de

atividades similares de maneira melhor que aquelas executadas pelos seus concorrentes, sendo

que o posicionamento estratégico somente pode ser obtido se a empresa desempenhar

atividades diferentes daquelas exercidas pelos rivais ou desempenhar as mesmas atividades de

maneira diferente.

Para Porter (1996), a eficácia operacional, conjugada com estratégia, permitiria a

obtenção de bons resultados.

Binder (2002) afirma que o artigo de Porter (1996) inova ao falar sobre uma cadeia

de valor estabelecida por um sistema de atividades, diferente da cadeia de valor unidirecional,

linear proposta anteriormente.

No início do século XXI, Porter (2001) assinala que a internet tem sido reconhecida

como uma tecnologia que provê oportunidades para as companhias estabelecerem posições

estratégicas diferenciadas e aconselha as organizações que percebam como as tecnologias da

internet podem complementar sua estratégia de obter a competitividade.

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2.3.2 MINTZBERG

Para Mintzberg (1987), estratégia é a forma da organização interagir, perceber o

ambiente e agir coletivamente, não se resumindo em como agir frente à concorrência, o

inimigo ou o mercado. Para o autor em questão, a maioria das tipologias de estratégicas

explicitadas é falha por focar, de forma muito estreita, alguns tipos especiais de estratégias, ou

por propor agregações arbitrárias. Apresenta, então, cinco definições de estratégia

denominadas de “Os cinco p’s da estratégia”: plano, padrão, posição, perspectiva e o truque.

No primeiro “p” (plano) a estratégia organizacional é vista como um plano do

caminho que a empresa pretende seguir para atingir seus objetivos organizacionais no futuro

(uma direção, um guia, um curso de ação para o futuro). Em suma, são as estratégias

pretendidas.

No segundo “p” (padrão) estão as estratégias realizadas, correspondendo às ações

efetivamente realizadas pela organização em um determinado período de tempo e que

apresentaram consistência em comportamento, percebidas no comportamento passado.

Para Mintzberg (1987), a estratégia de uma empresa pode situar-se em um ponto

entre dois extremos, denominado de continuum. Tal ponto corresponde à estratégia como um

plano ou como um padrão.

Para Mintzberg et al. (2000), as intenções realizadas podem ser denominadas

estratégias deliberadas e as não realizadas, de irrealizadas. Outrossim, quando uma estratégia

é realizada sem ter sido expressamente pretendida, nos defrontaríamos com uma estratégia

emergente.

O terceiro e quarto “pês”, posição e perspectivas, correspondem, respectivamente à

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localização de determinados produtos em determinados mercados e à maneira fundamental de

uma organização fazer as coisas.

No terceiro “p” (posição) a estratégia é a maneira pela qual uma organização se

posiciona no meio ambiente em função das forças ou combinações entre organizações e meio

ambiente ou entre o contexto interno e externo à organização; em termos gerenciais, um

domínio de produto-mercado.

No quarto “p” (perspectiva) a estratégia é a visão coletiva, por meio de pensamentos

e comportamentos comuns da organização.

Os conceitos de posição e perspectiva são diferentes, mas complementares quando

estão relacionados ao conteúdo da estratégia. Mintzberg; Quinn (2001) afirmam que é

impossível definir a estratégia de uma organização unicamente em função da posição ou da

perspectiva. Afinal, os produtos e serviços oferecidos por uma organização deveriam ocupar

posições de mercado que estivessem em conformidade com suas perspectivas.

Finalmente, o quinto “p” (truque, manobra, estratagema) diz respeito à formulação

de manobras para iludir os concorrentes ou qualquer outro elemento do ambiente na tomada

de decisões, consistindo no emprego de ameaças, armadilhas, manobras etc.

Para Mintzberg (1987b), grande parte das estratégias tem origem na base da

corporação durante a realização de atividades rotineiras, cabendo ao planejador, ou executivo,

apenas traduzir essas estratégias de forma que toda a empresa as veja com clareza.

Acrescenta, ainda, que as estratégias são como ervas daninhas e, portanto, nascem e

proliferam em qualquer lugar onde as pessoas tenham capacidade de aprendizado, passando a

ser estratégias organizacionais quando conseguem se desenvolver até abranger a organização

como um todo.

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2.3.3 ANSOFF

Segundo Ansoff e McDonell “...estratégia é o conjunto de regras de tomada de

decisão para orientação do comportamento de uma organização” (ANSOFF; MCDONNELL,

1993, p. 70).

Para os mesmos existem quatro tipos distintos de regras:

1ª - padrões pelos quais o desempenho presente e futuro da empresa é medido. Se

qualitativos, esses padrões são denominados de objetivos; se quantitativos, denominam-se

metas;

2ª - regras para desenvolvimento da relação da empresa com seu ambiente externo. O

conjunto destas regras é denominado de estratégia de produto e mercado, ou estratégia

empresarial. Consiste em definir que produtos e tecnologias a empresa desenvolverá, onde e

para quem os produtos serão vendidos, como a empresa conquistará vantagem sobre os

concorrentes;

3ª - regras para o estabelecimento das relações e dos processos internos da

organização, ou seja, o conceito organizacional;

4ª - regras pelas quais as atividades cotidianas da empresa serão norteadas, ou seja,

políticas operacionais.

Ansoff; Mcdonnell (1993) vêem a administração estratégica como uma abordagem

sistemática à gestão de mudanças que compreende: posicionamento da empresa por meio da

estratégia e do planejamento de potencialidades; resposta estratégica em tempo real por meio

da administração de questões; e gestão sistemática da resistência durante a implementação da

estratégia.

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A abordagem prescritiva de Ansoff; McDonnel (1993) está subsidiada pelas

premissas das Escolas do Planejamento e Posicionamento, destacando-se a ênfase no controle

em detrimento da aprendizagem e o foco de fora para dentro.

Paixão Silva (2002), ao analisar a obra de Ansoff; McDonnell (1993), afirma que o

planejamento estratégico não espera necessariamente que o futuro represente um progresso

em relação ao passado e tampouco acredita que seja extrapolável. O objetivo é realizar uma

análise das perspectivas da empresa identificando tendências, ameaças, oportunidades e

descontinuidades singulares que possam alterar as tendências históricas.

Ansoff (1990) define o planejamento estratégico como um processo sistemático

voltado para a tomada de decisões objetivando a garantia do sucesso da organização no

futuro, cabendo à administração estratégica a implantação eficaz e oportuna dos planos

estratégicos. O mesmo autor acredita que o planejamento estratégico, na prática empresarial,

fracassou porque os seus preceitos são de difícil execução, gerando o que se chama

“resistência ao planejamento” – a organização parece inerte e sem mudanças, após o

desencadeamento do processo de planejamento.

Para Ansoff; McDonnell (1993) cabe à administração decidir: (a) em qual negócio a

empresa deve atuar no futuro; (b) qual posição competitiva ocupar nele; e, (c) qual estratégia

competitiva adotar para conquistar essa posição.

Adicionalmente, Ansoff; McDonell (1993) apresentam o conceito de Área

Estratégica de Negócios - AEN (que corresponde a um segmento distinto do ambiente no qual

a empresa atua ou pode querer atuar) e Unidade Estratégica de Negócios - UEN (que

corresponde às unidades de uma empresa responsáveis pelo desenvolvimento da posição,

atuando em uma ou mais AEN).

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2.3.4 AL RIES e JACK TROUT

Em 1969, Al Ries e Jack Trout escreveram um artigo para a revista Industrial

Marketing, no qual utilizaram o termo posicionamento. Em 1972, a mesma dupla publicou o

artigo Positioning Era na revista Advertising Age, que destacava a importância do conceito de

posicionamento como a base do pensamento estratégico (MILUNOVICH, 1997). Segundo

Serralvo; Furrier (2004) parece haver reconhecimento do trabalho de Ries; Trout (1996) como

o propulsor das discussões de posicionamento, com posterior apropriação do conceito para o

âmbito do marketing e da estratégia empresarial.

“As empresas de sucesso descobriram que a reputação, ou imagem, era mais

importante para se vender um produto do que as suas características específicas” (Ries; Trout,

1996, p 18).

O conceito de posicionamento proposto por Ries e Trout emerge de três fatores:

a) aumento do número de produtos similares disputando mesmos consumidores e

oferecendo basicamente os mesmos benefícios;

b) o imenso volume de informações e de propaganda que recebe consumidor;

c) a incapacidade do consumidor de assimilar e processar tamanho número de

produtos/marcas.

Para os autores em questão, ter o melhor posicionamento é ser o primeiro na mente

dos clientes (o que normalmente está associado a uma maior participação de mercado e

rentabilidade), e mostrar capacidade de manter essa posição ao longo do tempo, através da

flexibilidade nos programas de marketing, da inovação contínua e da reputação de bons

produtos. Assim, o objetivo principal de um programa de posicionamento deve ser alcançar a

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liderança em uma dada categoria (SERRALVO; FURRIER, 2004).

Para Ries e Trout, posicionamento “[...] é o modo como você se diferencia na mente

de seu cliente potencial”. Para tanto é necessário aceitar as percepções como realidade para

então reestruturar essas percepções a fim de criar a posição desejada: “O posicionamento

começa com um produto. (...) Mas posicionamento não é o que você faz com o produto.

Posicionamento é o que você faz na mente do cliente em perspectiva” (RIES; TROUT, 1996,

p. 6).

Como visto, o posicionamento estratégico não vem das qualidades do produto e sim

da mente do cliente. Neste sentido, deve ser organizada a idéia do cliente a fim de que ele

perceba o seu produto como uma solução para seu problema (RIES; TROUT, 1996, p. 6).

Para os autores em questão (RIES; TROUT, 1996), três são as posições estratégicas a

assumir: a primeira é fortalecer sua posição atual na mente do consumidor; a segunda é buscar

uma posição não ocupada, que seja valorizada por muitos consumidores, e ocupá-la; e a

terceira é depor ou reposicionar o concorrente.

2.3.5 TREGOE e ZIMMERMAN

Segundo Tregoe e Zimmerman, a palavra estratégia tem sido utilizada de modo

impreciso na bibliografia acadêmica, sendo freqüentemente chamada de planejamento a longo

prazo. Para os autores em questão, “A estratégica é a visão dirigida ao que a organização deve

ser, e não ao como chegar a sê-lo. Definimos estratégia como a estrutura que guia as escolhas

que determinam a natureza e a direção de uma organização” (TREGOE; ZIMMERMAN,

1982, p. 15). Ou seja, estratégia é o que a organização deseja ser e não o como chega a sê-lo.

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Para os autores, freqüentemente, os dirigentes das organizações, ao não efetuarem a

correta separação entre o que e o como, acabam por determinar o fracasso da empresa.

Explica-se: muitas organizações, visando a sobrevivência, concentram-se apenas na melhora

da eficiência operacional, postergando decisões de natureza estratégica, resultando num

caminho errado como, por exemplo, operar em mercado inadequado.

A relação entre a estratégia e operações ocorre da seguinte maneira:

ESTRATÉGIA

QUE

COMO

Clara Obscura

Eficiente

I

Estratégia clara e operações eficientes provocaram êxito no passado e o farão no futuro.

II

Estratégia obscura, mas operações eficientes provocaram êxito no passado, mas isso é incerto no futuro.

Ineficiente

III

Estratégia clara, mas operações ineficientes tiveram êxito por vezes no passado, a curto prazo, mas a crescente concorrência torna duvidoso o êxito no futuro.

IV

Estratégia obscura e operações ineficientes provocaram o fracasso no passado, e o provocarão no futuro.

Ilustração 10 – Relação entre a estratégia e operações Fonte: Tregoe; Zimmerman, 1982, p. 19

Como evidenciado, apenas estratégias claras e operações eficientes podem garantir o

sucesso de uma organização no longo prazo.

Além de distinguirem a estratégia das operações e da necessidade de sua separação,

Tregoe e Zimmerman dispensam especial atenção na distinção e separação entre estratégia e

planos a longo prazo, alertando que não se deve definir uma estratégia por meio de planos de

O

P

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R

A

Ç

Õ

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longo prazo, por inúmeros motivos, sendo destacados os que seguem:

a) os planos de longo prazo acabam por levar a alta administração a não pensar no

que a organização deveria ser (isto porque este fato já foi determinado no plano de longo

prazo no passado);

b) nos planos de longo prazo os objetivos são, invariavelmente, determinados em

termos financeiros e, as conseqüentes projeções (para produtos, mercados e recursos) são

desenvolvidas para atingir tais objetivos, esquecendo-se das variáveis que efetivamente

determinarão os produtos, mercados e recursos;

c) os planos de longo prazo tendem, invariavelmente, a um otimismo excessivo;

d) os planos de longo prazo, geralmente, são inflexíveis, impedindo, por muitas

vezes, a reação frente aos imprevistos no meio em que a empresa opera.

Visando guiar a alta gerência para a construção de uma estrutura estratégica, Tregoe

e Zimmerman apresentam o conceito de força motriz, constituindo-se este em um apoio

central (e elemento facilitador) para o desenvolvimento da uma estrutura estratégica. Segundo

os autores, o conhecimento da força motriz é fator chave para a orientação estratégica das

principais escolhas relacionadas com produtos e mercados que uma organização precisa saber.

A força motriz consiste em uma área estratégia dentre as nove propostas por Tregoe

e Zimmerman a qual é efetivamente fundamental para o sucesso para o produto ou mercado

escolhido.

Para a escolha da área estratégica devem ser considerados fatores tais como pontos

fortes e fracos da organização, sua posição competitiva, suas convicções básicas, os

acontecimentos internos e externos e as capacidades básicas. A força motriz é aquela que

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melhor aproveita as oportunidades internas e externas, bem como os pontos fortes da

organização.

2.3.6 SLYWOTZKY e MORRISON

Slywotzki; Morrison (1998) apontam que o principal problema de uma empresa é a

lucratividade. Porém, a maioria dos dirigentes preocupa-se demasiadamente em aumentar a

participação no mercado, concentrando sua atividade em setores de grande crescimento e com

intensa concorrência, esquecendo-se de estratégias práticas que levam a nichos que geram

bons lucros. Para estes autores, a rápida mudança tecnológica e os enormes influxos de capital

de investimento reduziram as barreiras à entrada e o custo de serviço em muitos setores,

criando um novo ambiente onde uma participação de mercado maciça não é importante. O

que é realmente relevante é compreender onde é possível gerar lucro em seu setor; em outras

palavras, identificar a zona de lucro.

Para Slywotzky; Morrison (1998), no mundo pós-guerra (décadas de 50 e 60), as

empresas podiam praticar preços altos, haja visto a existência de um reduzido número de

empresas em todas as arenas competitivas e o limitado poder dos clientes. Porém, nas últimas

décadas, os avanços da tecnologia industrial, a inovação na concepção do negócio, os

aumentos na competição global e as imensas melhorias na tecnologia da informação mudaram

o “jogo”. Ante a concorrência intensa, empresas de vários setores obtiveram ganhos de

eficiência e passaram a disputar participação de mercado reduzindo o preço.

Ao mesmo tempo, os clientes tiveram maior acesso às informações, passando a

procurar convenientemente as melhores ofertas e preços. Como conseqüência, concorrentes

que não acompanharam as reduções de preços perderam seus clientes para um concorrente

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com preço inferior, criando zonas de lucro zero.

Atualmente, o mapa da economia está repleto de áreas cada vez maiores de

estagnação de lucros. A busca desenfreada de participação de mercado e o crescimento do

poder do cliente afastaram o lucro de muitas atividades e produtos.

Para Slywotzky; Morrison (1998), as margens sempre tendem a diminuir em vez de

aumentar em função da comoditização, do aumento da concorrência, da obsolescência de

produtos e do poder de compra.

Para maximizar os lucros, Slywotzky; Morrison (1998) apresentam um modelo

simplificado de negócios com ênfase na geração de lucros superiores, o qual é desenvolvido

nas seguintes etapas: (a) seleção de clientes (escolha de quais clientes servir, quais agregar

real valor, de quais gerar lucro); (b) captura de valor (como gerar lucro, como captar sob a

forma de lucro uma parte do valor gerado para o cliente, qual modelo de lucro utilizar); (c)

diferenciação/controle estratégico (como garantir fluxo de lucros, por que os clientes que a

empresa selecionou devem comprar os produtos da empresa, o que torna a proposição de

valor da empresa única no mercado, que pontos estratégicos controlar para equilibrar o poder

de clientes e da concorrência); (d) escopo (que atividades executar, que serviços vender, que

atividades ou funções executar internamente, quais terceirizar ou oferecer em conjunto com

um parceiro).

“Para garantir a viabilidade a longo prazo, a concepção de negócio de uma empresa

deve ser reinventada à medida em que as necessidades e as prioridades dos clientes se

modificam ... Assim, como os produtos se tornam economicamente obsoletos, as concepções

do negócio se tornam economicamente obsoletas. Ao longo do tempo, devido à natureza

competitiva do negócio, a maioria das concepções perde a capacidade de gerar lucro”

(SLYWOTZKY; MORRISON, 1998, p. 13).

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53

Escolha do domínio de produtos e mercados

O PROBLEMA EMPREENDEDOR

O PROBLEMA DE ENGENHARIA

O PROBLEMA ADMINISTRATIVO

Seleção de áreas para inovação futura e racionalização de estrutura e projeto

Escolha de tecnologia para a

produção e distribuição

2.3.7 MILES e SNOW

Para Miles; Snow (1978), a estratégia é a determinação das metas e objetivos básicos

de um empreendimento de longo prazo, e a adoção de cursos de ação e a alocação de recursos

necessários para a concretização dessas metas. As organizações desenvolvem padrões de

comportamento estratégico relativamente estáveis na busca de bom alinhamento com as

condições ambientais percebidas pela administração.

Segundo Miles; Snow (1978), as organizações defrontam-se com três problemas que

compõem o ciclo adaptativo: (1º) problema empreendedor: definição de um domínio de

produto/mercado; (2º) problema de engenharia: escolha de sistemas técnicos; (3º) problema

administrativo relacionado à estrutura e aos processos organizacionais.

Ilustração 11: O ciclo adaptativo Fonte: Miles; Snow, 1978, p. 24.

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Segundo os autores, o ciclo adaptativo deve ser adotado como modelo geral da

fisiologia do comportamento organizacional onde os três problemas - empreendedor, de

engenharia e administrativo - estão conectados, mas a adaptação, freqüentemente, se dá na

seguinte ordem: fase empreendedora, seguida pela de engenharia e, depois, pela

administrativa. Outrossim, as decisões adaptativas tomadas hoje tendem a se solidificar como

aspectos da estrutura de amanhã.

Miles; Snow (1978) afirmam que, se padrões atuais de estratégias, processos e

estruturas organizacionais são reconhecíveis, é possível especular sobre futuras formas de

configuração organizacional e estratégia. Porém, as ações estratégicas não se desenvolvem

unicamente em função das condições objetivas do ambiente, mas, fundamentalmente, a partir

do modo como determinados atores (líderes ou coalizões) percebem e interpretam seus

ambientes.

Para Miles; Snow (1978) cada organização possui um grupo de tomadores de decisão

que se constitui uma coalizão dominante, e que exerce grande influência sobre o sistema, pois

tem a responsabilidade de identificar problemas e solucioná-los. Em assim sendo, é evidente

que a estratégia é decorrente de um conjunto de decisões construídas na organização dentro

do contexto político da mesma.

Miles; Snown (1978) classificam quatro tipos básicos de organizações, segundo a

estratégia adotada para lidar com o ambiente:

a) Defensivas: são organizações seguidoras. Não inovam e visam estabilidade.

Possuem foco estreito, são altamente especializadas, relutam em procurar novas

oportunidades ou atuar em situações diferentes das usuais. Dificilmente alteram sua

tecnologia, estrutura ou sistemas operacionais. Seus administradores buscam apenas melhoria

da eficiência nas operações vigentes, procurando garantir uma porção do mercado total com a

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finalidade de criar um conjunto estável de produtos ou serviços direcionados a um segmento

de mercado bem definido e tido como um dos mais saudáveis do mercado.

b) Prospectoras: são organizações inovadoras, criativas, inseridas em um ambiente

dinâmico e com metas flexíveis. Contudo, devido ao foco nas inovações de produto e de

mercado, tendem a ser ineficientes. Estas organizações protegem a flexibilidade tecnológica

ao empregar pessoas com várias habilidades e que podem, através de seu julgamento,

selecionar as habilidades que se aplicam a uma determinada situação. Assim, ao adotar o

direcionamento para as pessoas, esse tipo de organização maximiza a flexibilidade enquanto

minimiza a padronização, o que gera aumento significativo de custos.

c) Analistas: são organizações que operam em dois tipos de produto-mercado, sendo

um estável e outro flexível (marcado por mudanças). No mercado estável, operam de maneira

rotineira. Já no mercado flexível, procuram acompanhar e adotar as inovações mais

promissoras introduzidas pela concorrência. O maior dilema deste tipo de organização

consiste em estabelecer um equilíbrio entre as demandas contraditórias por flexibilidade e

estabilidade tecnológica.

d) Reativas: são organizações que atuam em ambientes turbulentos e em constante

mudanças, que percebem as mudanças e incertezas do seu meio, mas que não conseguem

respondê-las eficazmente, a não ser quando forçadas pelas pressões ambientais. Trata-se de

um tipo de organização instável pela ausência de um conjunto de mecanismos de respostas

rápidas e consistentes para enfrentar o ambiente em que atua. Isto se deve por três motivos:

falha da administração em elaborar uma estratégia organizacional viável; junção inapropriada

de componentes como tecnologia, estrutura e processos; adoção, pela administração, de uma

relação de estratégia-estrutura própria que não é relevante às condições ambientais em que se

encontra.

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Como visto, a tipologia apresentada retrata os diferentes padrões de comportamento

adaptativo adotados pelas organizações dentro de uma determinada indústria ou outro

agrupamento. Finalmente, Vieira (2002) assinala que tipologia apresentada por Miles; Snow

(1978) é particularmente interessante por ser a que apresenta maior riqueza em termos de

conceitos e prática e, também, pelo fato de que os autores analisam a estratégia interligada à

estrutura e aos processos organizacionais, o que amplia e enriquece o campo da discussão.

A escolha estratégica, por sua vez, envolve cinco características básicas:

1ª - Coalizão dominante: constituída pelas pessoas responsáveis pela decisão

organizacional e pela busca da solução dos problemas organizacionais.

2ª - Percepções dos membros da coalizão dominante: abrangem as interpretações que

a coalizão dominante têm deste mesmo ambiente.

3ª - Segmentação: corresponde à fragmentação ou à partição do ambiente a partir da

percepção da coalizão dominante e da distribuição dos componentes ambientais às várias

unidades organizacionais, os quais serão alocados de acordo com a sua importância

estratégica.

4ª - Monitoramento do ambiente externo: trata-se da responsabilidade da coalizão

dominante em vigiar aqueles elementos críticos do ambiente para a organização. O exame

desses elementos é a base para as opções estratégicas da organização.

5ª - Restrições dinâmicas: abrangem os fatores relativos ao passado da organização e

aos aspectos organizacionais atuais, como a estratégia, a estrutura e o desempenho que

acabam por limitar as ações organizacionais.

Como é possível perceber, as cinco características básicas de escolha estratégica

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compõem um modelo geral de processo de adaptação que descreve as decisões necessárias à

organização para que ela mantenha um alinhamento eficaz com o seu ambiente (MENDES,

2002).

Outrossim é importante destacar que Miles; Snown (1978) enfatizam o papel da

aprendizagem; da escolha no processo de adaptação organizacional estratégica, ressaltando

que as organizações complexas têm a habilidade de não apenas alterar suas estruturas para se

adaptar às novas contingências ambientais, mas também, de exercer grande influência nos

ambientes em que operam; e que a tecnologia, quando relacionada com estratégia, estrutura e

processos organizacionais, pode configurar-se de forma a trazer vantagens significativas para

as organizações, permitindo que estas se adaptem melhor ao seu ambiente.

2.4 A ABORDAGEM RBV

A Visão Baseada em Recursos, também denominada de “Abordagem RBV” tem sua

origem de um conjunto de trabalhos, dentre eles Wernerfeldt (1984), Dierickx; Cool (1989),

Barney (1989), Prahalad; Hamel (1990), Amit; Shoemaker (1993), Peteraf (1993) e Black;

Boal (1994).

A preocupação da “Abordagem RBV” consiste na compreensão das causas que

permitem a determinadas empresas sustentarem sistematicamente um desempenho superior

nos mercados em que atuam.

Para Cordeiro (2005), o princípio fundamental da “Abordagem RBV” é que

diferentes empresas possuem diferentes conjuntos de recursos, que conduzem a diferentes

capacidades competitivas, sendo que a escolha do posicionamento no mercado é limitada

pelas competências que foram previamente desenvolvidas.

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Para Barney (1991) os recursos podem ser classificados em:

a) recursos físicos: plantas, equipamentos, instalações, localização geográfica, acesso

a matérias-primas etc;

b) recursos humanos: equipe técnica e gerencial da empresa, treinamento,

julgamento, inteligência, relacionamentos, insights entre trabalhadores e gerência etc;

c) recursos organizacionais: estrutura organizacional formal, planejamento formal e

informal, sistemas de coordenação e controle, relações informais entre grupos e entre a

empresa e o ambiente.

Grant (1991) acrescenta outras três classificações: recursos tecnológicos, recursos

financeiros e recursos reputacionais.

Para Peteraf (1993), apenas os recursos que tragam e sustentem a vantagem

competitiva podem ser considerados estratégicos, não sendo possível estabelecer vantagem

competitiva sustentável se os recursos empregados estão disponíveis a todas as empresas ou

possuem alta mobilidade.

Para Barney (1991), para um recurso trazer vantagem competitiva sustentável este

recurso deve ser valioso (explora as oportunidades e neutraliza as ameaças do ambiente); raro

(ser escasso e não presente em nenhuma empresa concorrente ou potencialmente

concorrente); imperfeitamente imitável (a imitação nunca será perfeita); dificilmente

substituível (não há recurso equivalente capaz de capacitar o concorrente).

Em síntese, Visão Baseada em Recursos é uma perspectiva dentro do ramo da

administração estratégica segundo o qual os insights de formulação e implementação de

estratégias não mais são determinados apenas pela estrutura da indústria do qual as empresas

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fazem parte, mas sim, pelos próprios recursos e competências.

2.5 A TEORIA DA AMBIDESTRIDADE

A “ambidestridade”, segundo o conceito geral, é a qualidade de ser ambidestro, ou

seja, a capacidade do indivíduo que é igualmente hábil tanto da mão direita quanto da mão

esquerda.

Segundo Duncan (1976), a palavra “ambidestridade” passou a ser empregada no

nível organizacional como a rara dual capacidade de algumas empresas conciliarem eficiência

(alinhamento) e efetividade (adaptabilidade).

Refinando o conceito, para Tushman, O'Reilly (1996), ambidestridade passou a ter

maior significado, passando a cercar estratégia, estrutura, processos e cultura.

Segundo Jansen et al. (2005), com intensificação da competição e a aceleração do

passo das mudanças, empresas estão se confrontando, freqüentemente, com a tensão havida

entre explorar competências existentes e explorar o novo.

Segundo Birkinshaw; Gibson (2004), para uma empresa ser bem sucedida no longo

prazo é necessário que a mesma domine duas qualidades diametralmente opostas,

adaptabilidade e alinhamento – atributos que, por vezes, agregam-se ao termo ambidestridade.

Para Benner; Tushman (2003), as empresas buscam se adaptar às mudanças

ambientais explorando novas idéias e/ou processos, e desenvolvendo novos bens e serviços.

Por outro lado, estas mesmas empresas necessitam de estabilidade para elevar suas atuais

competências e explorar os bens e serviços.

Se por um lado, as organizações devem aproveitar novas oportunidades, ajustando-se

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rapidamente a fim de evitar desvanecimento (adaptabilidade), por outro, devem saber explorar

seus recursos, estabelecendo novos modelos de negócios rapidamente e reduzindo custos de

operações existentes (alinhamento).

Gibson; Birkinshaw (2004 b) destacam que as demandas de uma organização em seu

ambiente competitivo estão até certo ponto em conflito (por exemplo, investir em projetos

correntes contra projetos de futuro, diferenciar o produto contra produção barata). Assim,

sempre há intercâmbios para serem feitos. E embora estes intercâmbios nunca possam ser

eliminados completamente, as organizações mais prósperas são as que reconciliam, em grande

parte, estas demandas contraditórias, aumentando a competitividade da empresa no longo

prazo.

Todavia, a prática administrativa predominante prejudica a ambidestridade ao

separar estruturalmente a adaptabilidade do alinhamento. Neste sentido Birkinshaw; Gibson

(2004 a) citam as atividades de Pesquisa e Desenvolvimento nos laboratórios com fraca

ligação com as unidades empresariais.

2.6 A TEORIA DA RESILIÊNCIA

Para Reinmoeller; Baarwijk (2005) o conceito de resiliência tem sua origem nas

pesquisas de comportamento infantil as quais indicaram que algumas crianças demonstraram

ser seguras, focadas, flexíveis e proativas – em uma palavra, resilientes – apesar de expostas a

ambientes extremamente desafiadores e violentos.

Autores tais como Yunes; Szymanski (2001), Yunes (2001) e Tavares (2001)

referem-se a resiliência aos processos e/ou capacidades que explicam a "superação" de crises

e adversidades em indivíduos, grupos e organizações.

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Exploração

(Descoberta)

Empreendedorismo

Gerenciamento do

Conhecimento

Cooperação

Criando

Utilizando

Interna Externa

Conhecimento Contexto

Segundo Reinmoeller; Baardwijk (2005) em administração estratégica, resiliência

tem sido definida como um processo de capacitação; de maneira a reinventar a si mesmo, de

superação de barreiras para mudar e desenvolver múltiplas fontes de vantagem competitiva.

“Nós definimos resiliência como capacidade de renovar-se todo tempo através da

inovação” (REINMOELLER; BAARDWIJK, 2005, p. 61).

Para os autores em questão (REINMOELLER; BAARDWIJK, 2005) a inovação é

resultado de quatro estratégicas.

Ilustração 12 – As quatro estratégias de inovação. Fonte: Adaptado de Reinmoeller; Baardwijk, The Link Between diversity and resiliense. MIT Sloan Management Review. Vol. 46, n 4, p. 63, 2005.

O Gerenciamento do Conhecimento envolve o uso e a alavancagem do conhecimento

existente numa organização. A responsabilidade por esta inovação estratégica freqüentemente

recai sobre o principal administrador, o qual cria e protege iniciativas de conhecimento. O

conhecimento deve ser considerado um importante recurso interno, incluindo o capital

intelectual e o conjunto de habilidades dos empregados, os quais freqüentemente não são

armazenados em formato digital.

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A exploração consiste na criação do novo mediante as idéias internas e recursos,

permitindo tanto inovações incrementais quanto radicais. Como apoio ao administrador

principal, unidades internas promovem pesquisa de modo a descobrir potencial valor através

da experimentação. Esta estratégia de inovação inclui o investimento em pesquisa e

desenvolvimento, tecnologias emergentes e experimentação em laboratórios e centros de

inovação.

A cooperação tem como premissa o fato de que recursos complementares para

inovação podem existir fora da organização. Essa estratégia permite a transferência ou troca

de recursos e idéias existentes através das fronteiras organizacionais, visando a geração de

novos e sinérgicos recursos recombinados, e transforma-os em inovações.

A cooperação reduz incertezas por distribuição de riscos. São exemplos: Fusões,

aquisições e alianças estratégicas, as quais freqüentemente oferecem oportunidades de usar

recursos complementares de um parceiro. Nestes casos, o gerente principal ou as unidades

relevantes de ambas organizações tomam para si a responsabilidade por tais iniciativas.

A criação de novos recursos, idéias e aplicações através das fronteiras da organização

é a essência do empreendedorismo (4ª estratégia de inovação). A ação empreendedora é o

centro das inovações radicais, e a criação de novos negócios. A empresa pode estimular o

comportamento empreendedor através de comportamentos culturais e organizacionais que

facilitem e estimulem a criatividade, a aceitação de riscos e a fertilização de idéias.

Para Reinmoeller; Baarwijk (2005) uma empresa resiliente emprega um balanço

dinâmico das quatro estratégias, continuamente revisando seu portifólio de estratégias de

inovação para adaptar-se nas condições ambientais mutantes, acrescentando, ainda que,

perseguindo diversas estratégias de inovação simultaneamente, a empresa maximiza as

chances de sucesso de adaptação.

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3 MÉTODO E TÉCNICAS DA PESQUISA

O presente capítulo apresenta o método de pesquisa utilizado para viabilizar a

investigação e o atendimento aos objetivos propostos neste trabalho.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A presente pesquisa configura-se, quanto a sua natureza, em pesquisa aplicada

porque busca, na análise dos fatores e dos atores presentes no caso estudado, conhecimentos

diretamente utilizáveis na prática gerencial.

Quanto ao seu objetivo, pode ser considerada uma pesquisa descritiva por limitar-se

à descrição das características dos fatores que modelaram o fenômeno em estudo.

Quanto a forma de abordagem do problema, a presente pesquisa é caracterizada

como um estudo qualitativo justamente por indicar os fatores e o papel dos atores

intervenientes sob o ponto de vista subjetivo do pesquisador. Apesar de embasar-se na

literatura especializada, a interpretação dada aos elementos presentes no caso é de cunho

subjetivo e leva em consideração o contexto no qual os fatores aconteceram e os atores

desempenharam os papéis.

Quanto ao procedimento, a pesquisa é caracterizada pelo estudo de caso, o qual

realizou-se por meio de um roteiro de entrevista semi-estruturada com fornecedores,

montadoras e revendedoras.

Considerando-se os ensinamentos de Tellis (1997), de que o estudo de caso serve a

quatro propósitos: explicar ligações complexas casuais nas intervenções da realidade;

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descrever o contexto da vida real onde a intervenção tem ocorrido; descrever a própria

intervenção; e explorar as situações que não têm resultados claros onde as intervenções estão

sendo avaliadas, assim como os ensinamentos de Yin (2005), para o qual o estudo de caso é

apropriado quando questões de pesquisa enfocam assuntos exploratórios ou perguntas

explicativas ou quando o foco da pesquisa for um problema contemporâneo, demonstrou-se, o

estudo de caso, ser adequado aos propósitos da presente pesquisa, diante de sua grande

flexibilidade. E neste sentido, Godoy (1995) assinala que, ao adotar o estudo de caso, o

pesquisador deve estar aberto a novas descobertas ao longo do trabalho, mesmo que orientado

por um esquema teórico, devendo captar a multiplicidade de dimensões presentes em uma

determinada situação, pois a realidade é sempre complexa. E isto é o que se pretende.

Triviños (1987) assinala, igualmente, que os resultados do estudo de caso são válidos

somente para o caso estudado, não podendo ter seu resultado generalizado. Porém, o estudo

de caso fornece o conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada permitindo a

formulação de hipóteses para o encaminhamento de outras pesquisas.

Em sentido contrário, Yin (2005) aponta que os estudos de casos são generalizáveis a

proposições teóricas e não a populações e universos. Assim, o estudo de caso permite

expandir e generalizar teorias (generalização analítica) e não enumerar freqüências

(generalização estatística).

Destaque-se que o estudo de caso tem tido ampla utilização em pesquisa em

administração. Neste sentido, Roesch (1999), descrevendo um levantamento sobre

dissertações de mestrado do Programa de Pós-graduação em Administração da Universidade

Federal do Rio Grande do Sul (PPGA/UFRG), verificou que de um total de 107 trabalhos,

52,1% eram estudos de caso único. Na mesma linha, Dias Silva (2002) efetuou levantamento

no Núcleo de Pós-graduação em Administração da Universidade Federal da Bahia

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(NPGA/UFBA), com base em 72 trabalhos (teses e dissertações) entre 1999 e julho de 2001,

quando constatou que 53 utilizaram o estudo de caso como estratégia de pesquisa principal,

correspondendo a 74% do total. Isto demonstra que a metodologia de estudo de caso é uma

ferramenta válida e importante para a pesquisa no campo das ciências sociais aplicadas, em

especial na Administração de Empresas.

Para o sucesso do estudo de caso, Yin (2005) destaca cinco componentes de projeto

de pesquisa: (a) as questões de um estudo; (b) suas proposições (se houver); (c) sua(s)

unidade(s) de análise; (d) a lógica que une os dados às proposições; e (e) os critérios para

interpretar as constatações.

Explicando cada um dos componentes, temos:

a) Os estudos de caso se prestam a responder as questões do tipo “como” e “por que”,

como é o caso do presente trabalho, cuja questão de pesquisa é: Qual a trajetória

estratégica da Volkswagen no período de 1990 a 2005 que conformou seu negócio às

variações ambientais ocorridas no setor automobilístico?

b) A proposição de estudo deve refletir uma importante questão teórica ou então mostrar

onde procurar evidências relevantes. Neste trabalho, a proposição consiste em

verificar se o alinhamento e adaptação realizados pela VW justificam sua liderança em

produção, venda interna e em exportação no período de 1990 a 2005.

c) A unidade de análise visa definir exatamente o “caso” a ser estudado. No trabalho, a

VW é a unidade primária de análise, porém, limitada à caracterização das formas de

adaptação e de alinhamento na estratégia empresarial que suportaram a vantagem

competitiva da Volkswagen Brasil ao longo do período estudado (1990-2005). Tal

limitação é necessária para a coleta e análise de dados.

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d) A lógica que une os dados às proposições e os critérios para interpretar as

constatações, prenunciam as etapas da análise de dados da pesquisa do estudo de caso,

devendo haver um projeto de pesquisa dando base a esta análise, como o adotado no

presente trabalho.

Segundo Yin (2005) a escolha de um estudo de caso único no lugar de um estudo de

casos múltiplos, justifica-se:

a) Quando este representar um caso decisivo (ou ideal) para testar uma teoria bem

formulada.

b) Quando este for um caso raro ou extremo, o que não se aplica ao trabalho em questão.

c) Quanto este for representativo por ser típico.

d) Quando este for revelador por trazer à tona um fenômeno previamente inacessível à

investigação científica.

e) Quando este for longitudinal por estudar o mesmo caso em dois ou mais pontos

diferentes no tempo.

O estudo das alterações na trajetória estratégica da Volkswagen do Brasil desde 1990

até 2005 como resposta aos desafios do ambiente competitivo é particularmente importante,

especialmente se considerado o fato de que a empresa selecionada é a principal organização

do setor automobilístico no Brasil, setor este tido como essencial para o desenvolvimento

econômico e social do país, constituindo-se em caso ideal para testar a Teoria da

Ambidestridade.

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3.2 DESENHO METODOLÓGICO DO ESTUDO DE CASO

Segundo Rodrigues (2005), a pesquisa social em função da quantidade de variáveis

envolvidas e dos diferentes pesos variáveis acaba por impedir o desenho de pesquisa

utilizando-se apenas um método capaz de identificar os reais fatores (e seus respectivos pesos

contributivos) responsáveis pelo fenômeno em observação, sendo necessários vários métodos.

Assim, é natural que o estudo de caso seja considerado uma ferramenta metodológica

apropriada pelos pesquisadores em ciências sociais, por propiciar não apenas a

contextualização mas, também, a realização de interpretações e contribuições à evolução das

teorias e, ainda a proposta de novos paradigmas teóricos. Todavia, Eisenhardt (1989) assinala

que para isto é necessária a sistematização dos processos de coleta, análise e inferência.

Rodrigues (2005) apresenta um formato de aplicação do método de estudo de caso

que parece preencher os requisitos necessários apontados por Eisenhardt e que pode servir aos

propósitos desta pesquisa. O referido formato, inicialmente proposto por Rodrigues (2005),

foi adaptado para esta pesquisa conforme ilustração 12.

Segundo Rodrigues (2005), o desenho do método é constituído por dois eixos

básicos: o contextual e o processual. O eixo contextual, estabelece as fases que permitem ao

pesquisador modelar a coleta, a análise e a interpretação dos dados, chegando às conclusões.

No eixo processual, estão contidos os processos de análise mais detalhada dos fatores, suas

origens históricas, suas localizações contextuais (pessoas, grupos, estruturas) e suas

implicações para a atual situação em estudo.

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ANÁLISE PROCESSUAL

ANÁLISE CONTEXTUAL

DESCRIÇÃO

COLETA DE DADOS Pesquisas (documental e entrevista)

INTERPRETAÇÃO

CAUSAS X EFEITOS Uso de teorias e conceitos da literatura especializada para entendimento das relações entre causas e feitos.

CONCLUSÕES

Identificação das conclusões a partir dos dados de diagnose e interpretação.

Ilustração 13 – Desenho do estudo de caso. Fonte: RODRIGUES, Leonel Cezar. Desenho de estudo de caso. Adaptado de GORDON, Judith. Organizational Behavior. Prenctice-Hall, 2001, p.7. Anotações de aula, 2005.

A análise contextual é composta por duas fases: descrição e prescrição. A primeira

compreende, em sua essência, a coleta de dados (por observação, por entrevista e por

questionário) e a segunda refere-se às possíveis conclusões acerca das causas e fatores, que no

contexto do caso em estudo, levaram a organização à situação corrente. Eventualmente, esta

fase pode permitir a proposição de soluções que redirecionem o estado atual da organização

ou dos caminhos que possam alterar a situação corrente para uma situação desejada, embora

não seja este o escopo da pesquisa prevista neste projeto, visto interessarem apenas as

conclusões possíveis acerca dos elementos, ou dos fatores, que afetam o alcance dos objetivos

da pesquisa.

A análise processual é composta pelas fases de diagnose e de interpretação. A

DIAGNOSE PROBLEMAS

Identificação das causas que levaram a Volkswagen à situação atual

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diagnose compreende o trabalho interno com os dados (processo de análise), com a

identificação dos elementos básicos que constituem e dão as características específicas ao

caso, visando, primordialmente, a identificação das reais causas do problema ou dos fatores

de sucesso em estudo. Nesta fase, deve-se tomar o cuidado de não perder de vista: a) o

contexto dado pela perspectiva histórica que mostra como os problemas, ou os fatores de

sucesso, foram construídos ao longo do tempo; b) as características da organização.

Na fase de interpretação são avaliadas as relações entre as causas e seus efeitos,

identificadas na fase anterior (diagnose), mediante a análise dos dados à luz da perspectiva

histórica, a influência dos fatores constitutivos do caso, e explica-os sob a perspectiva das

teorias vigentes.

Finalmente, a análise destes fatores de maneira sistêmica permite uma melhor

visualização (sempre presumível, não necessariamente preditiva) das reais causas que

caracterizam o problema em estudo.

3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Conforme o apontado por Triviños (1987) e considerando-se que o presente estudo é

fundamentado na abordagem qualitativa, não são estabelecidos procedimentos formais de

amostragem, como no caso da pesquisa qualitativa, mas obedece-se ao princípio de

amostragem intencional, que segundo Minayo (1993) é perfeitamente aceita na pesquisa

qualitativa: a amostra detém as fontes de informação que o pesquisador pretende conhecer ou

precisa para interpretar o fenômeno estudado de forma mais completa e mais próxima da

realidade.

Para Hirano et al. (1988), a coleta de dados para um estudo de caso pode ser

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realizada de várias maneiras, tais como observação, entrevista, questionário ou documentação

específica. Inicialmente, pretendia-se utilizar, para levantamento das informações, um roteiro

de entrevistas semi-estruturado com perguntas abertas. Tal procedimento permitiria ao

entrevistado discorrer sobre o tema argüido, sem que o entrevistador se fixasse em

determinadas perguntas e respostas. Para Yin (2005), esta forma de coleta é mais apropriada

ao tipo de pesquisa. Triviños (1987) reforça as observações de Yin, afirmando que a

formulação de novas perguntas pode ocorrer durante a entrevista, propiciando novas

interrogativas, e enriquecendo o conhecimento específico e circunstancial do caso em estudo.

Todavia, devido a grande resistência encontrada pelo pesquisador junto aos

executivos da Vokswagen que se negavam a se manifestar, seja por considerarem o tema

“segredo industrial” ou por não disporem de agenda para tanto, optou-se pela substituição de

uma entrevista por um questionário (vide apêndice I).

O questionário foi aplicado pelo Sr. Douglas, assessor do Presidente de Recursos

Humanos da Volkswagen do Brasil o qual, por sua vivência profissional de 11 (onze) anos na

empresa, direcionou o questionário para os diversos executivos que efetivamente tinham

conhecimento dos fatos. Tal procedimento foi necessário porque inexistiam na empresa

pessoas que conhecessem em profundidade todas as áreas envolvidas e todo o período

analisado. Assim, para obter uma resposta para uma única pergunta foi necessário consultar

diversos executivos.

Para que o questionário fosse respondido em sua totalidade, levou-se

aproximadamente um mês e meio de trabalho e foram envolvidos nove executivos.

Além disso, para que o trabalho não tivesse uma visão unilateral, o questionário

também foi respondido pelo Prof. Dr. Mauro Zilbovicius, estudioso da indústria

automobilística há longa data e conhecedor da Volkswagen do Brasil, permitindo estabelecer

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71

contrapontos durante a realização do estudo de caso.

Destaque-se que o mesmo questionário foi enviado a diversos outros estudiosos da

indústria automobilística brasileira, sem que houvesse retorno quanto ao preenchimento do

questionário.

3.4 CONSTRUCTO DA PESQUISA

O presente constructo auxiliou na estruturação dos dados e informações coletadas de

acordo com os objetivos de pesquisa, favorecendo a ordenação no momento da compilação e

da apresentação dos resultados obtidos pelo pesquisador.

Tópico pesquisado Questões Finalidade Fatores de alteração da estratégia da empresa entre 1990 e 2005.

3 – 4 – 5 Identificar os principais fatores internos e externos que influenciadores das estratégias da empresa analisada no período compreendido entre 1990 e 2005.

Estratégias de produção, vendas e exportação da empresa entre 1990 e 2005.

1 – 1.1 – 1.2 Caracterizar as estratégias empresariais relativas à produção, vendas domésticas e exportação da Volkswagen ao longo do período estudado (1990-2005)

Alinhamento e adaptabilidade da Volkswagen entre 1990 e 2005.

2 – 6 – 7 – 8 – 9 – 10 – 11 – 12

Caracterizar as formas de adaptação e alinhamento na estratégia empresarial que suportaram a vantagem competitiva da Volkswagen Brasil ao longo do período estudado (1990-2005)

Ilustração 14 – Constructo da pesquisa.

É importante destacar que o questionário encontra-se no apêndice I

3.5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS

A análise de dados objetiva a descrição, interpretação, categorização e explicação

dos dados coletados de maneira que estes venham a responder as questões formuladas no

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estudo. Segundo Yin (2005) e Tellis (1997), a análise de dados é uma recombinação das

evidências coletadas, visando compreender, esclarecer, validar ou refutar os objetivos iniciais

do estudo.

Para Merriam (1988), a análise de dados é o processo que dá sentido aos dados,

envolvendo a consolidação, a redução e a interpretação do que é dito pelas pessoas,

ocorrendo, portanto, simultaneamente com o processo de coleta de dados.

Conforme observado por Eisenhardt (1989), a análise dos resultados deve ser

realizada por meio de relatórios individuais, sendo um para cada empresa estudada e um

estudo comparativo dos resultados (se este for o caso), onde os principais elementos

capturados em cada empresa sejam comparados aos das outras empresas que ocupam a

mesma posição na cadeia de valor

3.6 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Todavia, a presente pesquisa apresenta as seguintes limitações:

a) A utilização do estudo de caso impede as generalizações das conclusões alcançadas,

uma vez que é abordada apenas a cadeia de valor da Volkswagen do Brasil,

significando dizer que seus resultados têm apenas validade interna, sendo,

provavelmente diferentes dos verificados nas outras principais montadoras brasileiras

(Fiat, GM e Ford).

b) Como muitas vezes os dados são de natureza qualitativa, é provável que ocorram

percepções diferenciadas dos fatos discutidos no referencial teórico, bem como

possam ocorrer discrepâncias pela interpretação e experiência do pesquisador.

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c) O questionário, por utilizar questões com respostas abertas, pode apresentar distorções

de entendimento diferenciado entre o pesquisador e o sujeito da pesquisa.

d) Finalmente, como destacado por Yin (2005), a utilização de um estudo de caso único

em lugar de um estudo de caso múltiplo significa estar apostando todas as fichas em

um único número e, ainda, estar perdendo os benefícios analíticos de dois ou mais

casos.

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4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo visa contextualizar a história da principal automobilística do Brasil,

objeto do estudo de caso, num primeiro momento, em adição, analisa-se a trajetória da

empresa em questão e interpretam-se os movimentos de sua trajetória à luz do contexto

econômico e industrial do país no período selecionado.

4.1 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NO

BRASIL

As origens do Setor Automotivo no Brasil remontam aos anos 20, com as oficinas de

montagem CKD (kits completos) ou SKD (parcialmente desmontados) da Ford, em 1919 e da

General Motors, em 1925 (MIURA et al., 1998). Segundo Langenbuch (1971), a escolha de

São Paulo para suas atividades no país deveu-se em função do desenvolvimento econômico

anterior na cidade de São Paulo (e do seu entorno); o grande contingente de mão-de-obra,

inclusive a imigrante; a existência de um mercado consumidor; e, ainda, por apresentar uma

infra-estrutura urbana e de transportes, com destaque para a ferrovia Santos-Jundiaí, que,

inicialmente, ligavam-se à montagem local de veículos e à prestação de serviços de

manutenção.

Em outras palavras, as empresas aqui instaladas não se constituíam autênticas

montadoras já que a maior parte dos veículos vinha pronta do exterior. Ressalte-se, também,

que nesta época a importação de veículos de automóveis já montados era permitida. Assim, as

oficinas de montagem eram apenas uma alternativa que facilitava a logística de importação.

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Ilustração 15 – Inauguração da General Motors do Brasil em 25 de janeiro de 1925. Fonte: Clube do Carro Antigo em Londrina. Disponível on line em: http://www.carroantigo.com/portugues/conteudo/curio_historia_em_fotos.htm. Acesso em: 14 de abril de 2006.

Todavia, na década de cinqüenta, o Governo Brasileiro, através de uma política

nacionalista, tomou inúmeras e enérgicas atitudes que permitiram a instalação e

desenvolvimento da indústria automobilística no Brasil. Shapiro (apud ARBIX &

ZILBOVÍCIOS, 1997) destaca, dentre outras, os incentivos fiscais; a proibição de importação

de 104 grupos de componentes automotivos já produzidos no país (Aviso 288), em 1952; a

proibição de importação de carros montados a partir de 1º de julho de 1953 (Aviso 311); e a

proibição de importação de CKDs após 1º de janeiro de 1954.

No mesmo sentido, Amato Neto; D’Angelo (2005) destacam que a indústria

automobilística brasileira surge na década de 50 como decorrência de um plano

governamental caracterizado pelo incentivo oficial (do Governo Brasileiro) e da proteção

contra os concorrentes estrangeiros. Os objetivos eram o desenvolvimento da indústria

brasileira e a atualização do modo de vida da sociedade brasileira segundo os padrões dos

Estados Unidos da América e dos países europeus.

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Assim, com a proibição da importação, várias empresas, tais como Volkswagen,

Mercedes Benz, Willis Overland, Toyota, Vemag, Scania Vabis, Internacional Harvester e a

Simca construíram suas fábricas em terras brasileiras. A General Motors e a Ford, que já

estavam instaladas desde o início do século XX, deixaram de ser meras oficinas de montagem

para se constituírem em produtoras. O próprio Governo Brasileiro constituiu sua própria

empresa, qual seja, a Fábrica Nacional de Motores (FNM), no final da década de quarenta

(PIMENTA, 2002).

A maior parte dos investimentos foi realizada na região do ABC Paulista que,

inicialmente, era constituída pelos municípios de São Bernardo, Santo André e São Caetano

do Sul. Ao longo do tempo, passou a englobar outros municípios: Diadema, Mauá, Ribeirão

Pires e Rio Grande da Serra.

Esta área foi preferida por se localizar proximamente ao grande mercado consumidor

(São Paulo), possuir tradição industrial, bom sistema rodoviário (que ligava ao Porto de

Santos) e grande quantidade de terras disponíveis. As primeiras plantas começaram sua

produção em 1957, tendo atraído a indústria de autopeças que, além dos municípios do ABC,

lançou bases na cidade de São Paulo.

Segundo Leite O crescimento da indústria automobilística na região foi expressivo e

rápido. Entre 1965 e 1975, a produção cresceu em torno de 17,5% ao ano, respondendo por

mais de 75% da produção de veículos.

Entretanto, em 1975, a Fiat instala-se em Betim (MG), iniciando o processo de

desconcentração da produção automotiva fora do eixo São Paulo - Rio de Janeiro, onde se

concentrava a indústria automotiva desde o final da década de 1950 (MARINI, 2003).

O movimento de desconcentração foi seguido pela Volkswagen e pela Ford que

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instalaram novas unidades em Taubaté (entre São Paulo e Rio de Janeiro) e pela GM, em São

José dos Campos, tornando o Vale do Paraíba outro importante território automotivo.

A década de 80, caracterizada por um quadro recessivo, redundou em níveis de

capacidade ociosa elevados e assim, pouco foi feito pelas montadoras para acompanhar as

transformações verificadas nos países desenvolvidos. As medidas utilizadas pelas montadoras

limitavam-se às adaptações de modelos já existentes ou da melhoria de processos de

fabricação. São exemplos: o Fox (versão do Voyage, fabricado pela Volkswagen, e destinada

à exportação) e a robotização dos processos de solda e pintura. Assim, segundo Arbix,

Zilbovícius (1997), no final da década de 80, a idade média dos modelos produzidos no Brasil

era quatro vezes maior que a dos modelos produzidos nos países desenvolvidos, e o número

de robôs instalados era equivalente a 0,2% daqueles instalados no Japão.

Todavia, no início da década de 90, dois fatos importantes aconteceram: de um lado

a criação do conceito de carro popular, com preço em torno de sete mil dólares e, de outro, a

abertura do mercado para veículos e peças estrangeiros (AMATO NETO; D’ANGELO,

2005). Kalife (2002) aponta outros fatores importantes para a mudança competitiva operada

na indústria automobilística brasileira: a criação da Câmara Setorial da Indústria

Automobilística, a instituição do Regime Automotivo e a estabilização monetária (Plano

Real).

Por outro lado, dentro da indústria automobilística havia grande defasagem

tecnológica. Salerno aponta com propriedade quando afirma que:

“A abertura da economia no início dos anos noventa revelou uma indústria defasada tecnologicamente, secundarizada por suas matrizes, produtora de envelhecidos modelos e a léguas de distância da best practice, desenvolvida com agressividade pelas empresas japonesas e coreanas” (SALERNO et al., 1998, p. 16).

No mesmo sentido, Amato Neto; D’Angelo (2005), manifestam que a abertura do

mercado nacional terminou com a proteção que as empresas brasileiras tiveram durante mais

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de trinta anos e que causou discrepâncias tecnológicas, organizacionais e de qualidade entre

as empresas nacionais e suas unidades originais nos Estados Unidos, Japão e Europa.

Adicionalmente, em um segundo momento (1994, com o Plano Real), o fim da alta inflação

diminuiu sensivelmente o lucro financeiro das empresas brasileiras, passando, as mesmas, a se

preocuparem em obter lucro de suas atividades operacionais.

Em que pese tal defasagem, a indústria automobilística nacional conseguiu, ao longo

da década de 90, reverter tal quadro, em função de novos produtos, novas formas de

produção, novas fábricas e novas montadoras (Honda, Chyrsler, Renault, Mitsubishi,

BMW/Land Rover e Audi), que intensificaram não apenas o processo de desconcentração da

produção automotiva (instalando fábricas nos Estados de Minas Gerais – Juiz de Fora; Paraná

– São José dos Pinhais e Campo Largo; Goiás – Catalão; Rio Grande do Sul – Gravataí; e São

Paulo – Indaiatuba e Sumaré), mas também desencadearam uma profunda alteração na

organização do ambiente competitivo da indústria automobilística brasileira. Neste sentido,

Langendyk manifesta-se:

“No início de 1990, com Collor na presidência, caíram as barreiras alfandegárias e o imposto para importação de veículos caiu sucessivamente de 85% até o nível de 35%. O Brasil foi literalmente tomado pelos importados. Essa quebra de barreiras fez com que a indústria brasileira acordasse de um sono letárgico de anos de protecionismo e renovasse suas linhas, oferecendo lançamentos quase simultâneos de seus produtos mundiais com crescente melhora na qualidade dos mesmos” (LANGENDYK, 2002, p. 4).

Segundo Ferro (1993), desde 1990 a indústria automobilística vem realizando a

maior "onda de mudanças" desde que a indústria se instalou no país na década de 50. Afinal,

um grande esforço era necessário para adequar uma indústria integrada nacionalmente e

pouco competitiva internacionalmente à nova realidade competitiva, diante do fim das

políticas protecionistas que duraram quase quatro décadas.

Na verdade, na década de 90, a indústria automobilística brasileira havia chegado a

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uma encruzilhada, pois com o avanço da globalização, seria impossível manter, por muito

mais tempo, um grau de defasagem tecnológica e organizacional que impunha aos

consumidores produtos obsoletos e de preços elevados, em comparação com os padrões

internacionais.

Segundo Rachid et al. (2000), desde a década de 90, a indústria automobilística

brasileira tem passado por transformações associadas ao esforço de remodelagem do setor.

Era preciso enfrentar as oscilações das vendas decorrentes da instabilidade econômica

brasileira; de compensar anos de estagnação e de atraso tecnológico; e, particularmente, se

preparar para enfrentar a concorrência externa e interna representada principalmente pela

instalação de novas montadoras no país.

É fato inegável que “o mundo dos negócios”, incluindo aí a indústria automobilística,

encontra-se hoje mais competitivo do que em qualquer outra época, em virtude,

principalmente, da abertura do mercado, com a conseqüente redução de barreiras ao comércio

internacional, o que tem levado as empresas a se tornarem cada vez mais competitivas, sob

pena de não conseguirem sobreviver: “A competitividade tornou-se uma das preocupações

centrais do governo e da indústria de todos os países” (PORTER,1998).

Segundo Ferro (1993), cada montadora de veículos tem apresentado uma estratégia

diferente, todas muito agressivas, procurando melhorar sua posição competitiva.

4.2 A VOLKSWAGEN DO BRASIL

Segundo Lobo; Melo (2002), o Grupo Volkswagen é o maior conglomerado

automobilístico europeu e o terceiro maior fabricante da indústria automotiva mundial

(Volkswagen, em alemão, significa “carro do povo”). Além da própria Volkswagen, o grupo

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detém ainda as marcas Audi, SEAT, Skoda, Rolls-Royce, Bentley, Cosworth Technology,

Lamborghini e Bugatti.

Segundo Gottwald (2001), a primeira fábrica da Volkswagen foi inaugurada em

Wolfsburg em 1939; em 1965, a Volkswagen adquiriu a Auto Union GmbH que, em 1969,

junto com a NSU Motorenwerk AG, formaram a Audi NSU; a Audi NSU transforma-se em

Audi AG, em 1985; em 1953 é fundada a Volkswagen do Brasil (VW) que, atualmente conta

com cinco fábricas: Anchieta, Taubaté, São Carlos, Resende e São José dos Pinhais.

Ilustração 16 – Fábrica Anchieta em 1959 Fonte: Volkswagen do Brasil, documento interno, 1959

Segundo Amorim (2006), até 2004 a Volkswagen do Brasil se constituía na terceira

maior operação do Grupo Volkswagen, atrás da Alemanha e Espanha.

A evolução da VW no Brasil pode ser brevemente visualizada a seguir:

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Data Acontecimento Mar/53 Inaugurado, no Bairro do Ipiranga, um “galpão de montagem”, onde eram montados Fuscas e Kombis com 100% das

peças importadas da Alemanha. Set/57 Produzido o primeiro VW fabricado no Brasil, a Kombi, com 50% de suas peças e componentes produzidos no País. Jan/59 Início da fabricação do Fusca que se tornaria o maior sucesso de mercado, com mais de 3,3 milhões de unidades

vendidas. Nov/59 Inauguração oficial da Fábrica Anchieta em São Bernardo do Campo, com a presença do Presidente da República,

Juscelino Kubitscheck. Dez/61 Após profundo trabalho de desenvolvimento de fornecedores no Brasil, o índice de nacionalização atinge 95%. 1962 Lançado o Karmann-Ghia, veículo esportivo, que seria produzido até 1975. 1966 A VW compra a DKW e decreta o fim da fabricação dos modelos da marca no Brasil no ano seguinte. 1968 É lançado o VW 1600 4 portas, mais conhecido por “Zé do Caixão”, e que permaneceria em linha até 1971. 1969 Lançada a Variant, remodelada em 1977 e produzida até 1981. 1970 Lançado o TL, que ficou em linha de 1970 a 1976. Em julho do mesmo ano, a VW atinge o primeiro milhão de fuscas

fabricados no Brasil. 1972 É lançado o SP-2, veículo esportivo que não tive boa aceitação de mercado e que foi retirado de linha em 1976. 1973 Em 1973, foi lançada a Brasília, que fez sucesso pela praticidade e amplo espaço interno, vendendo 1.064.416

unidades até 1981, quando foi retirada de linha. 1974 Lançado, em junho de 1974, o Passat, carro de tamanho médio, com motor de quatro cilindros, refrigerado a água, e

com tração dianteira, completamente diferente dos modelos anteriores, com motor e tração traseiros e refrigeração a ar.

1975 A VW completa três milhões de carros fabricados Brasil. 1976 Inaugurada a Fábrica de Taubaté, produzindo peças estampadas, plásticas, injetadas e de revestimento interno. 1978 A VW compra 67% da Chrysler Brazil que, além dos veículos, produzia os caminhões marca Dodge. 1979 A fábrica de Taubaté produz seu primeiro veículo, o Passat. 1980 Lançado o Gol que seria remodelado diversas vezes, permanecendo em linha até os dias de hoje. A VW assume 100%

da Chrysler Brazil. 1981 Iniciada a produção de caminhões com a marca VW. Lançado o Voyage, que permaneceria em linha até 1996. 1982 Lançada a Saveiro. 1983 O Passat é exportado para o Iraque até 1988, quando encerrada sua produção no Brasil. 1984 A VW entra no segmento “C”, de carros de luxo com o Santana, que permanece em linha até o ano de 2006. 1985 A VW lança a Quantum, primeira Station-wagon com quatro portas fabricada no Brasil, e que permaneceria em linha

até 2002. 1987 Diante da forte retração do mercado nacional, objetivando a redução de custos e ter melhor aproveitamento dos

recursos disponíveis, a Volkswagen e a Ford juntaram-se criando a Autolatina Brasil. Os caminhões VW passam a ser fabricados pela Ford, na fábrica de caminhões da Ford no bairro do Ipiranga. É criada nova versão do Voyage, o Fox, destinada à exportação para o mercado norte-americano, entre os anos de 1987 e 1993.

1988 Lançado o Gol GTi, primeiro carro nacional, com injeção eletrônica de combustível e ignição digital, com mapeamento eletrônico. O Passat sai de linha.

1990 Lançado o Apollo, que permaneceria em linha até 1992. 1991 Em 1991, o Gol produzido em Taubaté foi considerado o carro Volkswagen de melhor qualidade no mundo inteiro. 1993 A VW atinge 10 milhões de veículos fabricados no país. É relançado o Fusca, com a presença do Presidente da

República Itamar Franco, na fábrica da Anchieta sendo o marco na criação do Carro Popular com menor alíquota de IPI. Foi lançado o Logus que permaneceria em linha até 1997.

1994 A VW passa a importar alguns modelos produzidos pela marca em outros países, como o Golf e Passat. É lançado o Pointer, que permaneceria em linha até 1996.

1995 Fim da Autolatina Brasil. 1996 A VW atinge 12 milhões de veículos fabricados no país. São inauguradas a Fábrica de Caminhões, em Resende, RJ e a

Fábrica de motores, em São Carlos, SP. 1997 A VW atinge 13 milhões de veículos fabricados no país. Início da importação do Polo Classic da Argentina. 1999 Inaugurada a fábrica de São José dos Pinhais no Paraná com a presença do Presidente da República Fernando

Henrique Cardoso. É iniciada a produção do Golf no Brasil. 2002 É reformulada a Fábrica de Anchieta, em São Bernardo do Campo, tornando-se uma das mais modernas do mundo,

viabilizando a produção do novo modelo do veículo Polo no Brasil. Fim da importação do Polo Classic da Argentina. 2003 Lançado o VW Fox. Lançado o Gol Total Flex, primeiro automóvel bi-combustível do país. 2005 Lançada a Geração 4 do Gol. Iniciada a produção e venda do CrossFox. 2006 Importado o SpaceFox da Argentina. O Santana é retirado de linha.

Ilustração 17 – Principais fatos históricos da Volkswagen do Brasil Fontes: Volkswagen, 2006(a); Anfavea, 2005; Suzuki, 2002; Cabral, 2002; Langendyk, 2002; Trevisan, 2001.

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Do anteriormente apresentado é possível inferir o quanto segue:

a) nas décadas de 60 e 70, a Volkswagen operou com baixa escala de produção e

diversidade de modelos. Em que pesem os lançamentos de 10 modelos entre e 1968 e 1978,

apenas cinco permaneceram em linha no final da década de 70 (Fusca, Kombi, Brasília, Passat

e Variant II);

b) na década de 80, verifica-se o decréscimo da produção e da venda, assim como a

queda nos investimentos no setor automobilístico. Isto resultou na manutenção, no mercado,

de carros caros e com pouca qualidade (BUIAR, 2000). Nesta época, a Volkswagen retira de

linha 4 produtos e lança 6 novos, terminando a década com sete modelos em linha (Kombi,

Gol, Parati, Voyage, Saveiro, Santana e Quantum). Com o agravamento da crise, a VW une-

se com a Ford do Brasil, em 1987, através de uma holding, a Autolatina;

c) no início da década de 90, a relativa estabilidade econômica, a paridade da moeda

brasileira com o dólar americano, o fim do modelo de substituição de importações e o

surgimento do “carro popular”, dentre outros fatores, gerou a expansão do mercado interno e

o aumento da concorrência, seja pela introdução de novos produtos, seja pelo aumento da

capacidade instalada ou, ainda, pela inovação nos negócios. Em meados da década de 90,

verifica-se a instalação de novas montadoras em solo brasileiro (Honda, Pegeout, Renault,

Citroen etc), acirrando, ainda mais, a concorrência e o fim da Autolatina Brasil em 1995;

d) de 1999 até 2005, o mercado interno continuava em expansão e a desvalorização

do Real frente ao dólar incentivou a exportação de veículos. Assim, a capacidade ociosa das

montadoras que era grande (em quase 43% em 2001) e muito acima da média mundial

(SARTI, 2002), vai sendo, paulatinamente, diminuída. A Volkswagen passa a aumentar

significativamente a exportação de veículos, passando da terceira posição em 1999 para a

primeira posição em 2005.

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Segundo Kogure (apud LANGEDIK, 2002) e Anfavea (2005), as unidades da

Volkswagen no Brasil estão assim localizadas:

a) São Bernardo do Campo (SP), sede da Volkswagen do Brasil, onde está fabrica

fábrica de carros e comerciais leves, tais como o Polo, Saveiro, Fox Europa (modelo para

exportação), e Kombi, além da fabricação de transmissão, motores e componentes.

b) Taubaté (SP), fábrica de carros, modelos Gol e Parati 4 portas.

c) São Carlos (SP), fábrica de motores, com nova unidade para a produção dos

motores para o Golf e o Audi A3.

d) São José dos Pinhais (PR), denominada Business Unit Curitiba (BUC), dedicada a

fabricação de carros e comerciais leves, onde são produzidos os modelos VW Golf, Audi A3 e

Fox.

e) Fábrica de Resende (RJ), denominada Centro Mundial de Produção de Caminhões

e Ônibus da Volkswagen, onde são produzidos ônibus e caminhões.

f) Em Jabaquara (SP – Capital) está centralizado um centro administrativo.

Segundo dados da ANFAVEA (2006), em dezembro de 2003 a Volkswagen do

Brasil empregava, aproximadamente 23.000 pessoas, contava com uma rede de 599

concessionários e teve faturamento anual superior a 11 bilhões e 300 mil reais.

4.3 RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO

Para facilitar o entendimento do eventual leitor, os resultados são divididos em três

áreas: (1) fatores de alteração da estratégia da empresa entre 1990 e 2005; (2) estratégias de

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produção, vendas e exportação da empresa entre 1990 e 2005; e (3) alinhamento e

adaptabilidade da Volkswagen entre 1990 e 2005.

Neste momento são confrontadas as opiniões dos executivos da Volkswagen

(sujeitos internos), do pesquisador Dr. Mauro Zilbovícius (sujeito externo) e, se necessário, da

literatura especializada.

4.3.1 FATORES DE ALTERAÇÃO DA ESTRATÉGIA DA EMPRESA ENTRE 1990

E 2005

Os executivos da Volkswagen que responderam às perguntas assinalaram que todas

as estratégias da empresa no Brasil passam pela aprovação do Comitê Supervisor do Grupo

Volkswagen na Alemanha. Além disto, é este comitê que decide sobre onde serão alocados os

investimentos e é claro que as fábricas mais competitivas é que terão maior chance de recebê-

los. Em relação às estratégias do período em questão, é difícil dizer quais pontos vieram como

solicitação do grupo e quais foram propostas desenvolvidas e apresentadas pelo Brasil.

Todavia, é possível afirmar que todas as estratégias adotadas pela subsidiária brasileira foram

analisadas e aprovadas pelo referido comitê.

Para Mauro Zilbovícius a Matriz Alemã é a responsável por todas as decisões

estratégicas, não havendo autonomia local para tomada de decisão neste nível.

Assim, é possível inferir que a intervenção da Matriz Alemã na subsidiária brasileira

é grande. Para Amorim (2006), as decisões do conselho de administração da Volkswagen AG,

especialmente as que envolvem decisões trabalhistas, são demoradas.

Para os executivos consultados, a Volkswagen, desde a instalação da montadora no

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final da década de 50 até meados da década de 90, sempre adotou uma estratégia de vendas

internas de valor agregado e inovação em relação aos seus concorrentes. Em função da

excelente mecânica e fácil manutenção, a Volkswagen utilizou-se, por muito tempo o slogan:

“Você conhece, você confia!”.

Para os executivos da Volkswagen respondentes, após a abertura dos mercados

ocorrida em 1992, no Governo Collor, a montadora buscou atualizar e ampliar seu portfólio

de produtos no país para sobreviver à concorrência com os importados.

Para Zilbovícius, a Volkswagen lançou alguns novos produtos alinhados com

plataformas definidas na matriz, introduziu a Audi, importou e vendeu modelos não

fabricados no Brasil (Passat, Variant, Golf etc) e buscou aumento da participação no mercado

de caminhões.

Para os executivos da Volkswagen respondentes do questionário, a exportação de

veículos sempre esteve ligada à cotação da moeda nacional em relação às moedas

estrangeiras, ao mercado interno e a capacidade produtiva.

Os executivos consultados afirmam que, até 1999, as exportações foram utilizadas

principalmente como alternativa à retração do mercado interno. Já a partir de 2000, a

exportação também foi utilizada visando eliminar a capacidade ociosa gerada pelo aumento

da capacidade instalada resultante dos investimentos realizados em plantas industriais entre os

anos de 1996 e 2000. Tal estratégia é o que justifica o aumento expressivo das exportações

ocorridas entre os anos de 2000 e 2005.

Acredita o Dr. Mauro Zilbovícius que a desvalorização da moeda nacional estimulou

a empresa na busca de novos nichos de mercado no exterior, com relativo sucesso em vendas

e correspondente maior exposição ao risco cambial.

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Embora aparentemente coincidentes, as manifestações revelam que a prioridade da

Volkswagen sempre foi centralizada no mercado interno. Este é o foco de sua estratégia. Em

situações críticas porém, como foi a desvalorização do Real acompanhada de uma retração de

vendas no mercado interno, a Volkswagen direcionou seus esforços para nichos de mercado

externo.

Para os executivos da Volkswagen que responderam aos questionamentos, as

políticas governamentais, tais como incentivos fiscais e políticas industriais, exerceram

grande influência sobre as estratégias da Volkswagen do Brasil entre 1990 e 2005. Para os

mesmos, o Brasil é um dos países mais complexos e com maior número do impostos do

mundo, o que justifica a instalação de empresas em países com menor carga tributária tais

como China e Índia. No Brasil, as políticas econômica, tributária e industrial, usualmente,

dificultaram a aprovação de investimentos para nosso país junto ao Comitê Supervisor da

Volkswagen Brasil, impondo cada vez mais restrições que resultaram em estratégias de

redução.

Para Zilbovícius, a influência foi muito grande, no que se refere aos benefícios

fiscais, fruto da guerra fiscal entre Estados e Municípios em busca de investimentos. Todavia,

o estudioso acredita que a política industrial, teve importância reduzida, talvez por considerar

que política industrial destinada ao setor tenha sido pífia ou então que a Vokswagen pouco

relevou a política industrial na conformação de suas estratégias neste período.

Na realidade, como bem assinalam Abreu; Ramalho (2000) e Gunn (2003) a

Volkswagen aproveitou tanto os incentivos fiscais mas, também, os incentivos econômicos e

até mesmo de recursos públicos doados pela União, Estados e Municípios como o ocorrido na

Fábrica de Resende.

Entre as diferenças significativas entre os respondentes, destacam-se:

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a) Enquanto que os executivos consultados da Volkswagen alegaram que

a política fiscal exerceu influencia negativa para os investimentos, para

Zilbovícius a política fiscal foi decisiva e positiva para os novos

investimentos realizados por todas as montadoras.

b) Além disso, enquanto que os executivos respondentes afirmam que a

política industrial influenciou fortemente a estratégia da empresa, para

Zilvovícius, a política industrial pouco afetou a estratégia da

montadora.

Neste momento convém destacar que inúmeros estudiosos (BOTELHO, 2002;

MAWAKDIYE, 2002; DULCI, 2002) discordam dos executivos consultados apontando que

os incentivos fiscais influenciaram fortemente as decisões de investimento na indústria

automobilística durante a década de 90. De modo semelhante, os autores já citados também

discordam do Dr. Mauro Zilbovícius ao afirmarem que as políticas industriais, também

influenciaram substancialmente as decisões de investimento neste período.

Em suma, dentre os principais fatores de alteração da estratégia da empresa ao longo

do tempo analisado merecem destaque:

a) a influência da Volkswagen AG (Matriz Alemã) na subsidiária brasileira;

b) o aumento da concorrência, particularmente com a instalação de novas

montadoras com fábricas mais enxutas (com menores custos de mão-de-obra) e a prática de

preços reduzidos por parte dos concorrentes;

c) o comportamento do mercado interno e a política cambial;

d) os investimentos previamente realizados;

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e) as políticas e incentivos governamentais.

4.3.2 ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO, VENDAS E EXPORTAÇÃO DA EMPRESA

ENTRE 1990 E 2005

Até 1992, a Volkswagen tinha como estratégia de produção a montagem de veículos

centralizada na Fábrica Anchieta e na Fábrica de Taubaté. Todavia, com a abertura do

mercado durante o Governo Collor em 1992 e com o fim da Autolatina no final de 1995, a

montadora iniciou a reestruturação do seu parque industrial desencadeada, e caracterizada

inicialmente pela ampliação e reforma do seu parque produtivo e, posteriormente, pela

redução de custos de mão-de-obra. Este processo envolveu três momentos.

A primeira reestruturação, ampliação do parque produtivo, envolveu a instalação de

três novas fábricas no Brasil:

a) A fábrica Resende de Caminhões em novembro de 1996, que exigiu um

investimento em torno de US$ 250 milhões (VOLKSWAGEN, 2006a)

b) A fábrica São Carlos de Motores inaugurada em dezembro de 1996 e ampliada em

1998, já recebeu R$ 350 milhões em investimentos (VOLKSWAGEN, 2006b).

c) A fábrica de Curitiba (na verdade em São José dos Pinhais), inaugurada em janeiro

de 1999, com investimentos de R$ 1,2 bilhão e destinada à produção do Golf e do Audi A3.

A segunda reestruturação, atualização da Fábrica Anchieta, iniciada em 2000 e

concluída em 2002, exigiu investimentos de R$ 2 bilhões e constituiu-se em uma revolução

tecnológica em sua fábrica mais antiga no país, a Fábrica Anchieta (1957). O investimento

permitiu a instalação das linhas Polo (em 2002) e Fox Europa (em 2003, voltada

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exclusivamente para a exportação).

A terceira reestruturação teve início a partir de 2003, considerando seus resultados

econômicos/financeiros e a capacidade ociosa da empresa, a Volkswagen buscou a redução de

gastos, tendo sido caracterizada principalmente por:

a) adoção de estratégias de downsizing, visando reduzir seus custos fixos

(particularmente de mão-de-obra);

b) aumento da produção para ocupar a capacidade instalada diminuindo

significativamente a ociosidade.

Em 2003, foram iniciados os esforços de diminuição dos gastos de mão-de-obra na

Fábrica Anchieta, tarefa árdua, considerando-se o poder do Sindicato dos Metalúrgicos do

ABC e a pressão popular e governamental para que os empregos fossem mantidos. Nesta

ocasião, 4000 funcionários foram transferidos para o Centro de Formação e Estudo (CFE) em

licença-remunerada ou receberam incentivos financeiros para se desligarem da empresa

através de um Plano de Demissão Voluntária (PDV). Na mesma época, foi criada uma linha

de montagem específica para exportação do Fox na Fábrica Anchieta.

A Volkswagen já realizava esforços para o aumento da exportação desde o ano de

2000. Porém, este processo foi particularmente intensificado a partir de 2003, visando dar

condições para a viabilizar a diminuição da capacidade ociosa a ser obtida mediante aumento

da produção. Para tanto, desenvolveu-se um produto específico para o mercado externo,

denominado Fox Europa, e foi criada uma linha de montagem específica para o modelo na

Fábrica Anchieta. E assim, em 2005, a produção da Volkswagen atinge seu ápice, sendo que

as exportações representaram 45% de toda a produção da empresa neste ano.

Todavia, no mesmo ano, o Real sofre expressiva valorização em relação ao Dólar e

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ao Euro, forçando a Volkswagen reduzir as exportações e, portanto, diminuindo

expressivamente sua produção. Segundo os executivos da Volkswagen, diante da diminuição

da produção a partir de 2006, dá-se início a uma nova reestruturação caracterizada por uma

estratégia reducionista visando à contenção de gastos.

Segundo os executivos da Volkswagen, a estratégia de venda adotada até 1992 era

baseada em valor agregado e inovação de produto em relação aos seus concorrentes. Seus

produtos eram reconhecidos pelos seus clientes como tendo excelente mecânica e fácil

manutenção, fatos estes que permitiram que a Volkswagen utilizasse por muito tempo o

slogan: “Você conhece, você confia!”. Todavia, como já mencionado neste trabalho, a partir

da abertura do mercado no Governo Collor em 1992, a Volkswagen buscou atualizar e

ampliar seu portfólio de produtos no país para sobreviver à concorrência com os importados.

Para tanto, foram lançados modelos de classe mundial tais como o Polo e o Fox e a introdução

de motores híbridos (gasolina e álcool) através da tecnologia Total Flex.

Para os executivos da Volkswagen, o atendimento ao mercado externo sempre esteve

ligado à política cambial e ao mercado interno. Ou seja, se o mercado interno diminuía, a

montadora buscava exportar, desde que o câmbio favorecesse a empresa e a operação fosse

aprovada pelo Comitê Supervisor da Volkswagen Brasil.

Para Zilvobícius, a estratégia de exportação a partir de 2000 foi caracterizada pelo

reforço da exportação de veículos para a América Latina, incluindo-se o México (Ex.: Gol) e

para a Europa (Ex.: Fox), visando utilizar sua capacidade produtiva ociosa no Brasil.

Segundo os executivos da Volkswagen, no período analisado, a desvalorização do

Real diante o Dólar e ao Euro de 2000 a 2003, mostrava uma curva que favorecia muito as

exportações. Assim, a Volkswagen investiu muito no Fox Europa. Porém, no auge dos

investimentos para exportação, com aproximadamente 45% da produção para venda em

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outros países em 2005, o Real valorizou-se 33% em relação ao Dólar e ao Euro entre os anos

de 2003 e 2005, fazendo com que a margem de lucro da Volkswagen Brasil tornasse-se

negativa.

Assim, em 2005, para cumprir com seus contratos de exportação, a VW teve que

exportar o Fox Europa com um “cheque dentro do porta-luvas”: “A empresa pagou para

exportar” (segundo um dos executivos questionados).

Isto fez com que a empresa, em 2006, mudasse sua estratégia focando o mercado

interno, pois a produção tinha que obrigatoriamente diminuir.

4.3.3 ALINHAMENTO E ADAPTABILIDADE DA VOLKSWAGEN ENTRE 1990 E

2005.

Para os executivos da Volkswagen que responderam ao questionário, na

implementação de todas as estratégias a administração certamente considerou o ambiente

competitivo. E foi isto que levou a empresa aos ajustes estruturais a fim de mantê-la

competitiva com produtos e preços competitivos.

De modo divergente, Mauro Zilvovícius acredita que a montadora fez, em parte, as

duas coisas, de maneira incompleta. Explica-se: manteve em linha veículos antigos, que

requerem processos de produção sem grandes investimentos (Gol e Kombi), combinados com

iniciativas modernizantes como Polo, Golf, Fox e Audi, em escala baixa.

Segundo os executivos da Volkswagen que responderam ao questionário, ao longo

do período analisado, a Volkswagen do Brasil nunca demorou em dar resposta adequada ao

mercado interno. As vendas no mercado interno foram prejudicadas por uma “invasão” de

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mercado, que antes possuía apenas quatro empresas (Fiat, Ford, GM e Volkswagen) e, em

poucos anos, passou a ter dezesseis concorrentes em função da abertura de mercado.

Para os executivos consultados da Volkswagen, a nova concorrência teria

aumentado, em muito, o portfólio de produtos oferecidos ao mercado brasileiro, e nenhuma

empresa consegue atuar em todas as frentes ou posicionar-se em tão curto espaço de tempo

para enfrentar tudo isto.

Os executivos respondentes se apegam ao fato de que no período analisado a

Volkswagen manteve a liderança até 2003, quando ocorreu a terceira reestruturação que

envolveu um processo extremamente complexo para a organização. Segundo os mesmos, a

Volkswagen é a empresa com o maior número de veículos em seu portfólio oferecidos ao

mercado, com 16 (dezesseis modelos), apesar de ainda não ter recuperado a liderança no

mercado nacional.

De modo diverso, Zilbovícius acredita que a Volkswagen não operou em alguns

segmentos do mercado, e permaneceu ancorada nas vendas de seu produto mais antigo, com

exceção da Kombi, o Gol. Acrescenta, ainda, que todas as iniciativas de lançamento de

produtos novos não foram bem sucedidas no mercado nacional.

Aparentemente, a Volkswagen não soube lidar com os new-commers do mercado.

Neste sentido Amorim afirma: “Seus concorrentes tradicionais – GM, Fiat e Ford – sofreram

flutuações no mercado, mas nenhum perdeu tanto quanto a VW com a entrada das novas

montadoras no Brasil” (AMORIM, 2006, p. 14).

É possível admitir que a Volkswagen não tenha efetuado uma boa leitura do

ambiente competitivo ou, pelo menos, não efetuou, até o ano de 2005, os ajustes estruturais

necessários para garantir êxito competitivo.

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Para os executivos consultados, a produção da Volkswagen passou por diversas

inovações nestes últimos anos. A Fábrica de Motores de São Carlos é exemplo mundial de

produção de motores, assim como a fábrica de Curitiba com o lay-out em Y, integrando

armação, pintura e montagem, e depois a linha extremamente automatizada do Polo.

Em relação à estratégia de produção, os executivos respondentes afirmam que as

principais grandes mudanças vêm ocorrendo desde 2003, com a implementação do Sistema de

Produção Volkswagen (SPVW) que é baseado no conceito do lean manufacturing. O SPVW

tem apresentado resultados extremamente positivos, tanto em produtividade quanto em

qualidade.

Como se depreende do anteriormente exposto, é apenas na terceira reestruturação é

que o principal problema da empresa é atacado. Em outras palavras, os elevados custos fixos,

particularmente pelo excesso de mão de obra direta, começam a ser efetivamente combatidos

apenas após 11 anos da abertura do mercado brasileiro.

Os executivos da Volkswagen que responderam ao questionário não concordam que,

nos últimos anos, a empresa tenha se concentrado na produção de carros compactos e

populares. Para os mesmos, o Gol foi sempre considerado o “carro chefe” da empresa no

período considerado, estando, atualmente em sua quarta geração. Assim, é natural que a

empresa “concentre” muitos de seus esforços neste veículo, afinal é líder de mercado há 20

anos, vendendo aproximadamente dezesseis mil unidades por mês. Além disso, tal escolha

não pertence à empresa: vem da demanda de mercado.

Para Zilbovícius, a Volkswagen vem se concentrando cada vez mais na produção de

carros compactos e populares, quase abandonando o segmento de médios. Para ele, tal fato

decorre por decisão da matriz, marcada pela concorrência intragrupo por nichos de mercado

para exportação, e o sucesso nas vendas do GOL, que permanece líder de mercado, sem

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investimentos relevantes.

Os executivos consultados afirmam que a Volkswagen sempre teve carros de porte

médio em seu portfolio, e ainda os têm: Polo, Polo Sedã, Bora, Spacefox, Parati e Golf.

Para os executivos da Volkswagen que responderam ao questionário, a demora no

lançamento de alguns produtos tais como o câmbio de 5 marchas, o Gol e Parati 4 portas e,

mais recentemente, o Fox 4 portas não afetou o desempenho da estratégia de negócios da

Volkswagen pois estava previsto que estes produtos seriam introduzidos desta maneira.

Os executivos que responderam ao questionário afirmaram que tais decisões

decorreram de pesquisas de mercado como, por exemplo, no caso do Fox, ou de uma postura

mais conservadora da organização com relação a uma nova tendência, no caso do câmbio.

Soma-se ao fato que não é possível avaliar o quanto a Volkswagen teria ganhado ou perdido

se tivesse realizado estes lançamentos antes. O que é claro é que o Fox foi um sucesso de

lançamento, mesmo com 2 portas, e o Gol nunca teve suas vendas abaladas, mesmo sem o

câmbio de 5 marchas por um período.

Para Zilbovícius, não houve atraso nos casos mencionados. Para o respondente,

houve e ainda existem atrasos nos lançamentos de novos modelos e no atendimento de novos

nichos de mercado, como nos casos de subcompactos, SUV (Sport Utility Vehicle) e

comerciais leves.

Na pesquisa realizada, os executivos da VW não indicaram em que momentos

aconteceram mudanças significativas no sistema logístico da empresa ou no sistema de

vendas da Volkswagen.

Para Zilbovícius, o sistema logístico da Volkswagen sofreu apenas uma grande

alteração a partir de 1996, com a VW Caminhões Resende que estabeleceu um novo modelo

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de produção (consórcio modular) que afetou, também, a produção de veículos leves, com

redução de fornecedores. Quanto ao sistema de vendas, Zilbovícius não visualiza nada

significativo no período analisado.

Para os executivos da Volkswagen e respondentes do questionário, a montadora,

aproveitando-se da desvalorização do Real frente ao Dólar, tornou-se a grande exportadora

nos anos de 2003, 2004 e 2005. Para isto, utilizou parte da sua capacidade ociosa de produção

e adequou seus produtos aos mercados de exportação.

Segundo Mauro Zilbovícius, a montadora brasileira fez acordos com a direção

(matriz), encontrou nichos específicos para seus veículos em produção no Brasil e usou

competitividade baseada em preço dada a capacidade ociosa local.

Para os executivos consultados, a perda de participação no mercado interno nos

últimos anos teria sido causada principalmente em função da maior concorrência, mas este

não seria o único fator. Todavia, os executivos da Volksawagen que responderam ao

questionário não indicaram quais seriam os outros fatores.

Para Mauro Zilbovícius, a perda de participação no mercado interno nos últimos anos

não foi causada pela maior concorrência, mas por erros no mix de modelos oferecidos no

mercado e pela falta de modernização de processos produtivos, com implicações em custos

fixos altos.

Embora os executivos não divulguem a sua percepção acerca da atual estratégia da

Volkswagen do Brasil para os mercados interno e externo, os mesmos divulgam alguns itens

da atual estratégia da empresa. São eles:

a) Rever o modelo de exportação, reduzindo em até 40% nos próximos 2

(dois) anos e rever preço dos veículos exportados.

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b) Reduzir da capacidade produtiva instalada no Brasil e melhorar os

índices de produtividade.

c) Focar negócios no mercado interno

d) Obter redução de 25% nos custos de pessoal por veículo produzido,

mantendo-se credenciada dentro do grupo mundial da VW de modo a

concorrer a investimentos de novos produtos (nova diretriz mundial).

Segundo os executivos consultados, o principal objetivo desta estratégia apresentada

é garantir a sobrevivência da empresa no país, permitindo que a mesma volte a ser lucrativa.

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5 CONCLUSÃO

Como evidenciado no início deste trabalho, a abertura da economia brasileira no

início da década de 90 causou aumento expressivo da concorrência no mercado doméstico

exigindo, dos setores industriais, em especial, não apenas o aumento da eficácia operacional,

mas, principalmente, a adoção de estratégias empresariais que garantissem às empresas

vantagens competitivas.

A indústria automobilística brasileira tida, até então, como modelo do processo

nacional de industrialização, passou a ser considerada como símbolo do atraso da indústria

nacional na medida em que produzia produtos tecnologicamente inferiores aos encontrados no

exterior.

Em que pesem as dificuldades encontradas, a indústria automobilística brasileira

reagiu e, superando suas limitações iniciais através de grandes investimentos, tornou-se mais

competitiva, elevando a produção anual de 849.654 unidades em 1990, para 2.432.466

unidades em 2005 segundo dados da ANFAVEA.

O processo de reação da indústria automobilística brasileira não foi homogêneo

durante o período analisado (1990-2005), sendo afetado, principalmente, pelos seguintes

fatores:

a) a política industrial, através das câmaras setoriais e do regime automotivo que, a

partir de 1990, permitiram às montadoras já instaladas (Fiat, Ford, GM e Volkswagen)

acordos de reduções de preço do produto final (cujo ônus se dividia entre redução de impostos

indiretos, margens de montadoras, concessionárias e autopeças), a fixação de metas de

expansão de investimento, emprego e produção, bem como a proteção às montadoras já

instaladas;

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b) a expansão do crédito ao consumidor, os incentivos fiscais e a maior estabilidade

econômica ocorrida a partir de 1994 que, em conjunto, ampliaram o mercado consumidor;

c) fatores externos tais como a Crise do México (primeiro semestre de 1995), a Crise

Asiática (segundo semestre de 1997), a Crise Russa (segundo semestre de 1998) e a Crise da

Argentina (segundo semestre de 1999) que resultaram em retrações nas exportações de

veículos;

d) a cotação do Real frente às principais moedas estrangeiras (Dólar e Euro) que,

aliada à relativa estabilidade econômica mundial, induziu as montadoras brasileiras a

aumentarem suas exportações entre 1999 e 2005;

e) os interesses das matrizes ou grupos controladores das montadoras no Brasil e a

decisão dos new commers (Toyota, Honda, Renault, Peugeot, Citroên, Mercedes Bens e

Chrysler) em instalarem plantas industriais em solo brasileiro.

No período estudado (de 1990 a 2005), constatou-se que a Volkswagen foi a

principal empresa do setor, tendo sido líder em produção, vendas internas e exportação o que

justificou sua escolha para a realização do estudo de caso .

Este trabalho teve como proposta central de pesquisa descrever a trajetória

estratégica da Volkswagen do Brasil no período de 1990 a 2005 que conformou seu negócio

às variações ambientais ocorridas no setor automobilístico, com base nas estratégias de

produção, vendas domésticas e exportação.

Após a realização da pesquisa foi constatado que, embora a abertura comercial tenha

tido lugar no início da década de 90, é apenas em 1995, com o fim da Autolatina (holding que

simbolizava a parceria entre a Volkswagen e a Ford no Brasil), que a Volkswagen muda o seu

comportamento estratégico até então preso ao antigo modelo de concorrência oligopolista,

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caracterizado por acordos informais de preço e estratégias de baixo investimento.

Neste momento inicia um processo de reestruturação que, historicamente, pode ser

dividido em três partes:

1ª fase: Instalação de três novas fábricas no Brasil: a fábrica Resende de Caminhões,

em novembro de 1996; a fábrica São Carlos de Motores, inaugurada em dezembro de 1996 e a

fábrica de Curitiba, inaugurada em janeiro de 1999, que viabilizaram a colocação de modelos

voltados para o mercado internacional: o Golf e o Audi.

2ª fase: Renovação da fábrica Anchieta que viabilizou a instalação das linhas Polo

(em 2002) e Fox Europa (em 2003 voltada exclusivamente para a exportação).

3ª fase: Iniciada em 2003, envolvendo a diminuição dos Custos Fixos

(particularmente de mão-de-obra) e o aumento significativo da exportação.

A terceira fase fracassa em função da valorização do Real frente ao Dólar e ao Euro

levando a Volkswagen a ter prejuízos expressivos na subsidiária brasileira a adoção de uma

nova estratégia, denominada reducionista, que envolveria não apenas uma diminuição dos

custos fixos e o foco no mercado interno mas, também, a diminuição da estrutura produtiva

com a possibilidade de fechamento de uma fábrica no Brasil, o que não ocorreu até o presente

momento por pressão pública e governamental.

Diante do processo de reestruturação apresentado pela Volkswagen no período foi

possível verificar que:

a) A primeira fase de reestruturação foi iniciada tardiamente, talvez

justificada pela existência da Autolatina onde os interesses da

Volkswagen e da Ford fossem diferentes e pela influência da

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Volkswagen AG (Matriz Alemã) na subsidiária brasileira, o que

tornaria o processo de mudança lento e, talvez, inadequado.

b) A primeira fase também é caracterizada por um processo de

descentralização da produção, seja por incentivos fiscais, seja por custo

de mão-de-obra menores que aqueles verificados em São Bernardo do

Campo.

c) Esta primeira fase apenas foi desencadeada quando ficou evidente a

instalação de novas montadoras no Brasil.

d) A primeira fase também caracteriza o interesse da Volkswagen AG em

estabelecer, no Brasil, uma base de produção voltada não apenas para o

mercado interno mas, principalmente, para exportação.

e) A segunda fase de reestruturação embora envolvesse “apenas” a

reformulação da fábrica Anchieta, a mesma envolvia o interesse em

colocar em produção apenas produtos de classe internacional (Pólo e

Fox).

f) A segunda fase deve ter gerado um grande conflito de interesses, pois o

principal produto na subsidiária brasileira é o Gol (que é um veículo

voltado essencialmente para o mercado interno).

g) Na terceira fase, fica evidente o interesse da Volkswagen AG em

transformar o Brasil em uma base de exportação de produtos (veículos

de pequeno porte) e de reduzir os custos de mão-de-obra que

(particularmente na Fábrica Anchieta) visto a existência do excesso de

funcionários o que encareceria em muito o custo dos veículos

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produzidos no Brasil. Todavia, este processo de reestruturação falha

em função da valorização do Real diante das moedas estrangeiras,

levando a Volkswagen Brasil a ter grandes perdas financeiras no ano

de 2005.

Em 2006, com o fracasso da terceira fase, a Volkswagen AG muda sua posição

exigindo a redução na produção e na exportação na subsidiária brasileira; melhora dos índices

de produtividade; e, o foco de negócios no mercado interno.

As novas exigências por parte das Volkswagen AG são, em parte, um contra-senso,

afinal, os produtos voltados para o mercado externo (Golf, Fox e Pollo) possuem preço muito

superior aos produtos mais antigos e voltados para o mercado interno (Gol, Parati e Saveiro).

O caso da subsidiária brasileira não é de fácil solução, afinal, nos últimos quatro

anos, a mesma foi dirigida por três presidentes diferentes (Herbert Demel, austríaco, Paul

Fleming, inglês e Hans-Christian Maergner, alemão) e vem perdendo mercado para os new-

commers do mercado automobilístico.

A Volkswagen vem se concentrando cada vez mais na produção de carros compactos

e populares, quase abandonando o segmento de médios, sendo este o seu novo

posicionamento competitivo. Para tanto, foram realizados investimentos significativos no

Brasil que talvez hoje possam ser considerados exagerados, vez que criaram grande

capacidade instalada, aumentando a ociosidade e os custos de produção em suas instalações.

Esta situação decorre por decisão da matriz que, aparentemente, foi determinada

pelos interesses intragrupo e por nichos de mercado para exportação.

A situação da subsidiária brasileira não é pior em função do sucesso nas vendas do

Gol, que permanece líder de mercado, sem investimentos relevantes.

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Considerando a tipologia básica de organizações de Miles; Snown (1978) a

Volkswagen, no início de década de 90, caracterizou-se como uma organização reativa. Ou

seja, embora operando em um ambiente turbulento e em constante mudança, provavelmente

apenas começa a reagir eficazmente quando as pressões ambientais tornaram-se insuportáveis.

Este comportamento estratégico apenas começa a se modificar, como já assinalado, com a

primeira fase de reestruturação.

Com a primeira fase, bem como as seguintes, encerra-se um longo período de

letargia e inicia-se um novo de grandes mudanças. Afinal, a Vokswagen do Brasil consegue

novos recursos físicos, humanos e organizacionais.

Os novos recursos físicos envolviam novas plantas industriais, equipamentos,

instalações geográficas e acesso a novos fornecedores; os novos recursos humanos

envolveram mudanças nas equipes técnicas e gerencias da empresa; e, os recursos

organizacionais envolveram uma nova estrutura organizacional, sistemas de coordenação e

controle. Assim, com um novo conjunto de recursos, novas capacidades competitivas

surgiram e permitiram a Volkswagen a adotar novo posicionamento no ambiente competitivo

até o ano de 2005, qual seja: priorizar a produção de veículos compactos para o mercado

interno e atender nichos de mercado externo com produtos de maior valor agregado.

Embora não fosse objetivo desta pesquisa, foi possível contatar que em 2006 a

Volkswagen abandona a estratégia de atender o mercado externo e foca seus negócios no

mercado interno.

As mudanças ocorridas permitiram a Volkswagen em aproveitar novas oportunidades

ajustando-se rapidamente a fim de evitar desvanecimento e saber explorar seus recursos,

estabelecendo novos modelos de negócios rapidamente, como, por exemplo, a alternância de

foco entre mercado interno e mercado externo. Porém, um fator, ainda não superado é a

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obtenção de uma significativa redução de custos de operações existentes. Assim, graças a sua

capacidade de alinhamento e adaptabilidade é possível inferir que a Volkswagen do Brasil

tenha sido uma empresa ambidestra, tendo como prova a sua liderança em produção, vendas e

exportação, neste passado recente (1990-2005).

Por outro lado, embora ambidestra, talvez, sua capacidade de resiliência seja menor

do que a dos seus concorrentes diretos (GM, Fiat e Ford) em função de sua aparente menor

capacidade de renovação através de novas inovações.

Como recomendação para a Academia, fica a importância de se efetuar novos

estudos de caso com outras montadoras nacionais de modo a ampliar ou limitar a extensão das

conclusões aqui consideradas. Para tais pesquisas, recomenda-se que o pesquisador tenha boa

penetração na empresa escolhida como objeto do estudo de caso, visto que, nesta indústria, os

executivos não são abertos a pesquisas que envolvam questões estratégicas.

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APÊNDICE I – ROTEIRO DE ENTREVISTA

Antes de responder, observe desempenho das principais montadoras brasileiras nos

gráficos apresentados e responda apenas as questões em que tiver conhecimentos para tal.

Ilustração 1 – Produção nacional em unidades de automóveis e utilitários leves por montadora de 1990 até 2005.

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Ilustração 2 – Venda interna anual de automóveis e utilitários leves nacionais em unidades de 1990 até 2005.

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Ilustração 3 – Exportação em unidades de automóveis e utilitários leves em unidades por montadora de 1990 até 2005.

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1) Na sua opinião, quais foram as estratégias competitivas da Volkswagen do Brasil

no período compreendido entre 1990 e 2005?

"[Digite aqui sua resposta. Divida em períodos de tempo se necessário]"

1.1) Na sua opinião, quais as principais modificações ocorridas na estratégia de

vendas domésticas da Volkswagen do Brasil entre 1990 e 2005?

"[Digite aqui sua resposta. Divida em períodos de tempo se necessário]"

1.2) Quais as principais alterações ocorridas na estratégia de exportação da

Volkswagen do Brasil entre 1990 e 2005?

"[Digite aqui sua resposta. Divida em períodos de tempo se necessário]"

2) Na sua opinião, em cada uma das estratégias adotadas, a Volkswagen do Brasil

considerou o ambiente competitivo ou simplesmente procedeu aos ajustes estruturais?

"[Digite aqui sua resposta]"

3) Qual o papel da Volkswagen AG (Matriz Alemã) na Vokswagen do Brasil no

tocante às estratégias competitivas adotadas no Brasil entre 1990 e 2005?

"[Digite aqui sua resposta]"

4) Como a política cambial afetou a Volkswagen do Brasil entre 1990 e 2005?

"[Digite aqui sua resposta]"

5) Na sua opinião, qual a influência das políticas governamentais (ex. incentivos

fiscais, políticas industriais etc) sobre as estratégias da Volkswagen do Brasil entre 1990 e

2005?

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"[Digite aqui sua resposta]"

6) Na sua opinião, ao longo do período analisado, a Volkswagen do Brasil teria

demorado em dar resposta adequada ao mercado interno, mesmo que em alguns casos

isolados? (Se afirmativo) Nestes casos, teria havido erro de produto ou de posicionamento

competitivo?

"[Digite aqui sua resposta]"

7) Quais as principais modificações ocorridas na estratégia de produção entre 1990 e

2005?

"[Digite aqui sua resposta]"

8) A Volkswagen, ao longo do período 1990 e 2005, produziu veículos de porte

médio e pequeno. Todavia, nos últimos anos, vem se concentrando na produção de carros

compactos e populares. Que fatores internos e externos induziram a Volkswagen a esta

escolha?

"[Digite aqui sua resposta]"

9) De que forma a demora no lançamento de alguns produtos tais como, o câmbio de

5 marchas, o Gol e Parati 4 portas e, mais recentemente, o Fox 4 portas afetou o desempenho

da estratégia de negócios da Volkswagen?

"[Digite aqui sua resposta]"

9) Quais, e em que momentos aconteceram mudanças significativas no sistema

logístico da Volkswagen entre 1990 e 2005?

"[Digite aqui sua resposta]"

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10) Quais as mudanças principais no sistema de vendas da Volkswagen entre 1990 e

2005?

"[Digite aqui sua resposta]"

11) Em que pese a redução de participação no mercado interno, a Volkswagen,

aproveitando-se da desvalorização do Real frente ao Dólar, tornou-se a grande exportadora

nos anos de 2003, 2004 e 2005. Como a Volkswagen organizou-se para tornar isto possível?

"[Digite aqui sua resposta]"

12) A perda de participação no mercado interno nos últimos anos teria sido causada

única e exclusivamente em função da maior concorrência? Qual a sua percepção acerca da

atual estratégia da Volkswagen do Brasil para os mercados interno e externo?

"[Digite aqui sua resposta]"

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