Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em...

112
Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em Espaço Rural em Espaços Periurbanos. O caso de Setúbal Patrícia Martins Morais e Castro Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Urbanismo e Ordenamento do Território Orientadores: Professora Doutora Maria Beatriz Marques Condessa Professora Doutora Ana Isabel Loupa Ramos Júri Presidente: Professor Doutor José Álvaro Pereira Antunes Ferreira Orientador: Professora Doutora Ana Isabel Loupa Ramos Vogal: Professor Doutor Jorge Manuel Lopes Baptista e Silva Outubro de 2014

Transcript of Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em...

Page 1: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção

em Espaço Rural em Espaços Periurbanos. O caso de

Setúbal

Patrícia Martins Morais e Castro

Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em

Urbanismo e Ordenamento do Território

Orientadores: Professora Doutora Maria Beatriz Marques Condessa Professora Doutora Ana Isabel Loupa Ramos

Júri

Presidente: Professor Doutor José Álvaro Pereira Antunes Ferreira

Orientador: Professora Doutora Ana Isabel Loupa Ramos

Vogal: Professor Doutor Jorge Manuel Lopes Baptista e Silva

Outubro de 2014

Page 2: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

ii

Page 3: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

i

Agradecimentos

Em primeiro lugar quero agradecer à minha família, especialmente pais e avós, pelo apoio,

paciência e sacrifícios ao longo de todos estes anos de estudo. Às minhas orientadoras, Prof.

Beatriz Condessa e Prof. Isabel Loupa Ramos, sempre disponíveis e que me guiaram ao longo

destes meses e sem as quais esta dissertação não teria sido possível.

Um especial agradecimento à Câmara Municipal de Setúbal e ao Dr. Vasco Raminhas por

todos os esclarecimentos e informações disponibilizadas. A todos os técnicos das Câmaras

Municipais e especialistas de planeamento que dispensaram do seu tempo para entrevistas e

conversas e que foram fundamentais para o meu crescimento relativo ao tema. Aos projetos

Periurban e Percom por toda a assistência na obtenção de informação e por todo o

conhecimento transmitido.

Por fim, a todos os amigos que estiveram presentes durante este período académico e que me

deram força para continuar. Obrigada pelas conversas de encorajamento, preocupação e

interesse, jantares e por todos os outros momentos divertidos que passámos. Que venham

muitos mais.

Page 4: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

ii

Page 5: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

iii

Resumo

Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de Pormenor cujos

exemplos de execução são muito diminutos.

Os espaços periurbanos são locais com características e dinâmicas muito próprias que

resultam na sua multifuncionalidade de usos e atividades de caráter rural e urbano. O

periurbano tem-se desenvolvido ao longo das últimas décadas e não existe nenhum

instrumento de planeamento que seja específico para a gestão destes territórios.

Esta dissertação foca dois aspetos importantes: os Planos de Intervenção em Espaço Rural e a

sua aplicação em áreas periurbanas.

Inicialmente quer-se compreender as razões que levam à pouca utilização do PIER, assim

como, analisar os planos já realizados para conhecer as suas dinâmicas e potencialidades.

Para isso, foi essencial a consulta desses planos e a realização de diversas entrevistas com

técnicos municipais e especialistas de planeamento. A segunda parte desta dissertação foca-

se na aplicabilidade a espaços periurbanos, recorrendo à análise de três casos de estudo

situados no concelho de Setúbal e com tipologias de periurbano, problemas e potencialidades

diferentes. Com base na caracterização dos locais, realizado através de consulta bibliográfica,

trabalho de campo e contacto com a população, procedeu-se à proposta de termos de

referência para estes três possíveis planos.

Os resultados obtidos permitem uma reflexão sobre o papel que os Planos de Intervenção em

Espaço Rural poderão ter no nosso sistema de planeamento e nos espaços periurbanos.

Espera-se que este trabalho seja uma contribuição para uma maior utilização deste

instrumento mas, principalmente, para um uso mais ponderado e eficiente no território.

Palavras-Chave: Planos de Intervenção em Espaço Rural, Sistema de Planeamento,

Periurbano, Multifuncionalidade

Page 6: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

iv

Page 7: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

v

Abstract

Intervention Plans in Rural Space are a form of Detailed Plan which implementation examples

are very few.

Periurban areas are places with very specific characteristics and dynamics that result in its

multifunctionality of uses and activities, blending of rural and urban character. The periurban

has developed over the past decades and there is still no planning tool that is suitable for the

management of these territories.

This dissertation intends to study two fundamental aspects: the Intervention Plans in Rural

Space and its application in periurban areas.

Initially is explored the understanding of the reasons that lead to their limited use, as well as to

examine the plans already in place to get insights into their dynamics and potentials. For it was

essential the consultation of those plans and conduct several interviews with municipal technical

staff and planning specialists. The second part of this dissertation focuses on periurban areas

and on the analysis of three case studies located in the municipality of Setúbal, showing

different typologies of periurban, potentials and problems. Based on the characterization of the

sites, accomplished through bibliographic research, fieldwork and contact with population, were

proposed terms of reference for these three possible plans.

The obtained results allow us to reflect on the role that the Intervention Plans in Rural Areas

may have in our planning system and periurban areas. It is hoped that this paper works as a

contribution to an increased usage of these plans but mainly to a more thoughtful and efficient

use.

Keywords: Intervention Plans in Rural Areas, Planning System, Periurban, Multifunctionality

Page 8: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

vi

Page 9: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

vii

Índice 1. Introdução ............................................................................................................................ 1

1.1 Enquadramento e Objetivos ..................................................................................... 1

1.2 Metodologia ................................................................................................................. 1

1.3 Estrutura da Dissertação ........................................................................................... 3

2. Enquadramento Teórico .................................................................................................... 4

2.1 Especificidades dos Espaços Periurbanos............................................................. 4

2.2 Prática Internacional ........................................................................................................ 6

2.3 “Low Impact Development” ............................................................................................ 9

3. Os Planos de Intervenção em Espaço Rural ............................................................... 11

3.1 Enquadramento Legal ................................................................................................... 11

3.2 Levantamento e Análise dos PIER em Vigor ............................................................ 13

3.2.1 Análise dos Planos ................................................................................................. 13

3.2.2 Leitura dos Técnicos Municipais .......................................................................... 18

3.3 Obstáculos e Potencialidades dos PIER .................................................................... 19

4. Caraterização dos Casos de Estudo ................................................................................ 23

4.1 Caraterização de Setúbal ............................................................................................. 23

4.1.1 Vale da Rasca ......................................................................................................... 35

4.1.2 Quintas de Setúbal ................................................................................................. 40

4.2 Problemas e Potencialidades ...................................................................................... 51

5.Estratégias de aplicação de PIER nas áreas de estudo ................................................. 55

5.1 Definição de objetivos e análise de opções .............................................................. 55

5.1.1 Contributos para Termos de Referência do Vale da Rasca ............................ 55

5.1.2 Contributos para Termos de Referência das Quintas de Setúbal .................. 57

5.1.3 Contributos para Termos de Referência do Faralhão ...................................... 59

5.2 Delimitação de zonas para aplicação de PIER ......................................................... 61

4. Conclusões ........................................................................................................................ 63

Referências Bibliográficas ................................................................................................... 65

Anexo A – Fichas PIER ............................................................................................................. ii

Anexo B – Guiões das Entrevistas ......................................................................................... xx

Anexo C - Listagem das Propriedades Localizadas na Área das Quintas de Setúbal

(Fonte: CMS) ........................................................................................................................... xxiv

Anexo D – Áreas de Génese Ilegal no Faralhão .............................................................. xxxii

Page 10: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

viii

Índice de Figuras

Figura 1 - Fluxograma da Metodologia ......................................................................................... 2

Figura 2 - Número de PP e PIER em vigor (Fonte: SNIT) .......................................................... 13

Figura 3 - Localização dos PIER em vigor em Portugal Continental .......................................... 14

Figura 4 - Uso Predominante dos PIER em vigor ....................................................................... 15

Figura 5- Setúbal na Área Metropolitana de Lisboa e freguesias do concelho .......................... 23

Figura 6 - Localização da RNES (Fonte: Google Maps) ............................................................. 25

Figura 7 - Localização do PNA (Fonte: Google Maps) ............................................................... 26

Figura 8 - Planta de Ordenamento de Setúbal (Fonte: Câmara Municipal de Setúbal) ............. 31

Figura 9- Percentagem de População Ativa por Setor de Atividade, 2011 (Fonte: INE) ............ 34

Figura 10- Taxa de Desemprego, 2011 (Fonte: INE).................................................................. 34

Figura 11- Localização do Vale da Rasca (1), Quintas de Setúbal (2) e Faralhão (3) ............... 35

Figura 12- Enquadramento do Vale da Rasca no PDM de Setúbal ........................................... 36

Figura 13- Evolução da População Residente no Vale da Rasca (Fonte: INE) ......................... 37

Figura 14- Distribuição da situação profissional da população do Vale da Rasca, 2011 e Figura

15- Percentagem de População Ativa por Setor de Atividade, 2011 (Fonte: INE) ..................... 38

Figura 16- Época de Construção dos Edifícios do Vale da Rasca (Fonte: INE) ........................ 38

Figura 17- Tipo de Alojamentos do Vale da Rasca, 2011 (Fonte: INE) ...................................... 38

Figura 18- Informação de Alojamentos, 2011 (Fonte: INE) ........................................................ 39

Figura 19- Localização das Quintas de Setúbal ......................................................................... 40

Figura 20- Evolução dos laranjais de Setúbal (Fonte: Goes, 2012) ........................................... 41

Figura 21- Evolução da População Residente nas Quintas de Setúbal (Fonte: INE) ................ 42

Figura 22- Distribuição da situação profissional da população das Quintas de Setúbal, 2011 e

Figura 23- Percentagem de População Ativa por Setor de Atividade, 2011 (Fonte: INE) .......... 42

Figura 24- Época de Construção dos Edifícios da Área das Quintas de Setúbal (Fonte: INE) .. 43

Figura 25- Tipo de Residência nas Quintas de Setúbal, 2011 (Fonte: INE) ............................... 43

Figura 26- Informação de Alojamentos, 2011 (Fonte: INE) ........................................................ 44

Figura 27- Enquadramento do Faralhão no PDM ....................................................................... 45

Figura 28- Época de construção dos edifícios no Faralhão (Fonte: INE) ................................... 46

Figura 29- Evolução da População Residente no Faralhão (Fonte: INE) ................................... 47

Figura 30- Distribuição da situação profissional da população do Faralhão e Figura 31-

Percentagem de População Ativa por Setor de Atividade, 2011 (Fonte: INE) ........................... 48

Figura 32- Evolução da Relação do Número de Alojamentos e a População Residente (Fonte:

INE) ............................................................................................................................................. 49

Figura 33- Tipo de Residência no Faralhão, 2011 (Fonte: INE) ................................................. 49

Figura 34- Informação de Alojamentos no Faralhão, 2011 (Fonte: INE) .................................... 50

Figura 35 - Área de Intervenção do PIER do Vale da Rasca (Fonte: Google Maps) ................. 61

Figura 36 - Área de Intervenção do PIER das Quintas de Setúbal (Fonte: Google Maps) ........ 62

Figura 37 - Área de Intervenção do PIER do Faralhão (Fonte:Google Maps) ........................... 62

Page 11: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

ix

Índice de Quadros

Quadro 1 - Sintese dos Planos de Intervenção em Espaço Rural em vigor (Fonte: SNIT) ........ 14

Quadro 2 - Estrutura Etária da População de Setúbal, 2011 (Fonte: INE) ................................. 33

Quadro 3 - Taxa de Variação da População nos concelhos da AML (%)................................... 33

Quadro 4 - Estrutura Etária da População do Vale da Rasca, 2011 (Fonte: INE) ...................... 37

Quadro 5 - Estrutura Etária da População das Quintas de Setúbal em 2011 (Fonte: INE) ....... 42

Quadro 6 - Estrutura Etária da População do Faralhão em 2011 (Fonte: INE) .......................... 48

Quadro 7 - Pontos Fracos e Fortes do Vale da Rasca ............................................................... 52

Quadro 8 - Pontos Fracos e Fortes das Quintas de Setúbal ...................................................... 53

Quadro 9 - Pontos Fracos e Fortes do Faralhão ........................................................................ 54

Lista de Acrónimos

PNPOT – Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território

PROT – Plano Regional de Ordenamento do Território

PDM – Plano Diretor Municipal

PU – Plano de Urbanização

PP – Plano de Pormenor

PIER – Plano de Intervenção em Espaço Rural

PSRN2000 – Plano Setorial da Rede Natura 2000

POAP – Plano de Ordenamento de Áreas Protegidas

RNES – Reserva Nacional do Estuário do Sado

PNA – Parque Natural da Arrábida

REN – Reserva Ecológica Nacional

RAN – Reserva Agrícola Nacional

Page 12: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

x

Page 13: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

1

1. Introdução

1.1 Enquadramento e Objetivos

Os Planos de Intervenção em Espaço Rural (PIER) são uma modalidade específica de Plano

Pormenor, sendo em Portugal o único Instrumento de Gestão Territorial totalmente focado no

planeamento e gestão de áreas rurais. No entanto, este instrumento não tem sido prática

corrente no país.

As áreas periurbanas são áreas onde a utilização do solo conjuga características do espaço

urbano e rural, resultando em dinâmicas muito próprias. Para estas, não existe um instrumento

de gestão territorial específico, o que resulta muitas vezes na implementação de planos

desajustados a estes territórios.

Numa altura em que não existe a necessidade de alargar perímetros urbanos mas em que

ainda existem muitas carências nas áreas rurais e de transição, seria importante a existência

de um Plano eficaz que respondesse às principais necessidades destes locais sem, no entanto,

estender o solo urbano/urbanizável.

Com base no que foi dito anteriormente, o objetivo desta dissertação passa então por perceber

como um Plano realizado com o intuito de servir as áreas rurais – PIER - pode, também, ser

benéfico em áreas periurbanas que se situam junto a perímetros urbanos, ajudando a resolver

os principais problemas/desafios dessas mesmas áreas.

Este traduz-se numa série de outros objetivos, sendo eles:

Perceber as tipologias e os objetivos dos PIER existentes, assim como, o sucesso da

sua implementação;

Compreender a utilidade da execução e implementação destes planos em áreas

periurbanas, e como estes poderão ajudar na resolução de problemas específicos;

Avaliar a sua aplicação em três áreas de estudo na envolvente da cidade de Setúbal,

de acordo com as suas diferentes características.

1.2 Metodologia

A metodologia para realização da dissertação está organizada em diversas fases onde são

descritas as principais atividades a desenvolver.

Primeiro procede-se à Revisão de Literatura e Enquadramento Legal, onde se pretende

fazer pesquisa sobre as questões-chave a ser abordadas, como é o caso das áreas

periurbanas, os PIER e, por fim, propõe-se também uma pesquisa relativa à prática

Page 14: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

2

internacional de planeamento e gestão deste tipo de território e à abordagem “Low Impact

Development”. Segue-se o estudo da legislação específica no enquadramento legal.

Numa segunda fase passa-se ao Estudo dos PIER Existentes, através do levantamento e

análise dos PIER em vigor. Para conhecer melhor os objetivos desses planos e o grau de

sucesso que obtiveram procede-se a um primeiro conjunto de entrevistas com técnicos das

respetivas Câmaras Municipais. Por fim, através de um segundo conjunto de entrevistas com

especialistas quer-se explorar novas perspetivas relativamente a este instrumento de gestão

territorial.

Com base nas primeiras duas fases chega-se a uma reflexão sobre os Objetivos e

Potencialidades dos PIER, cujo objetivo é o de chegar a conclusões acerca do que é possível

obter com estes Planos, relativamente ao nível de intervenção, o que se pode resolver,

condições de aplicabilidade, entre outros aspetos. Esta reflexão servirá como base para as

propostas relativas aos Casos de Estudo.

Depois das três primeiras fases concluídas passa-se aos Casos de Estudo com a

caraterização das áreas de estudo e questões-chave, através de pesquisa bibliográfica, análise

de cartografia base de planos, trabalho de campo, análise desta informação e conclusões.

A última etapa passa por definir Estratégias de Aplicação, com a delimitação e respetiva

justificação de zonas para aplicação dos PIER em cada caso de estudo, assim como, um

contributo para os Termos de Referência de cada um destes locais.

Figura 1 - Fluxograma da Metodologia

Page 15: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

3

1.3 Estrutura da Dissertação

A dissertação encontra-se estruturada em 5 capítulos.

O capítulo 1 corresponde à introdução, onde se pretende esclarecer a pertinência do tema da

Dissertação, os principais objetivos que se quer atingir, a metodologia a utilizar e a estrutura da

dissertação.

No capítulo 2 procede-se ao enquadramento teórico, com um estudo sobre as especificidades

das áreas periurbanas, seguindo-se um levantamento da prática internacional, de modo a

conhecer e perceber o planeamento das áreas rurais e se existem planos específicos para as

áreas periurbanas noutros paises.

O capítulo seguinte passa pelo estudo dos Planos de Intervenção em Espaço Rural através da

compreensão do Enquadramento Legal em que estes se inserem, no levantamento e análise

dos PIER já realizados e por fim numa reflexão sobre os obstáculos e potencialidades deste

instrumento.

No capítulo 4 iniciam-se os casos de estudo, primeiramente através do enquadramento e

caraterização dos três locais, que se situam no concelho de Setúbal – Vale da Rasca, Quintas

de Setúbal e Faralhão. Este termina com a análise dos problemas e potencialidades de cada

uma destas áreas.

O capítulo 5 vem no seguimento do anterior, correspondendo às estratégias de aplicação de

PIER nas áreas de estudo através da delimitação de zonas para aplicação de PIER e

contributos para termos de referência, com os respetivos objetivos de cada potencial plano.

Page 16: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

4

2. Enquadramento Teórico

2.1 Especificidades dos Espaços Periurbanos

Existem diversas definições que exploram as especificidades do espaço periurbano. Muitos

autores têm estudado e aprofundado este tema que hoje é visto como essencial na

compreensão do sistema urbano-rural. A dicotomia clara entre as tipologias de espaço

desvanece-se e dá lugar a um espaço multifuncional com dinâmicas muito próprias.

Pode-se então perceber através de literatura (e.g. Allen, 2003; Gallent & Shaw, 2007; Rauws &

Roo, 2011) as principais características destas áreas cujo crescimento se deve sobretudo ao

desenvolvimento dos meios de comunicação e de transportes. Essas caraterísticas passam

pela sua localização, junto a núcleos urbanos, pela edificação dispersa e em rápida

transformação, e por uma composição social e económica com características diversificadas e

em constante mudança. Para além disso, é um espaço de transição entre o rural e o urbano,

onde coexistem ambos os usos e atividades associadas, conferindo-lhe a especificidade de um

espaço multifuncional. Outro aspeto que, por consenso, carateriza estes locais está

relacionado com a sua forte ligação à cidade. Por um lado, o espaço periurbano tem uma certa

dependência das áreas urbanas próximas que lhe providenciam serviços e equipamentos

públicos. Por outro lado servem a cidade, a nível infraestrutural ou de equipamentos, sendo

muitas vezes a localização para atividades que fornecem diretamente a cidade mas que

precisam de características que esta não lhes pode providenciar, como espaço e preços do

solo acessíveis. Também as atividades cuja legislação define não serem compatíveis com o

solo urbano, como as que trazem consequências ambientais, “fogem” para o periurbano. Existe

também a migração de atividades que pretendem aproveitar as vantagens que as áreas

periurbanas lhe oferecem, que passam pelas infraestruturas, existência de vários espaços

verdes de recreio e a localização vantajosa. Muitas destas atividades são fundamentais para a

boa gestão da cidade, que vê aqui um espaço de estabelecimento de atividades essenciais

cujas caraterísticas não se adaptam aos espaços urbanos ou que simplesmente pretendem

aproveitar as crescentes potencialidades do periurbano.

Algumas destas caraterísticas são referidas por España (1991), in Vale (2005, p.237), que vê

estes espaços periurbanos como “áreas plurifuncionais que se submetem a grandes e rápidas

transformações económicas, sociais e físicas, além de possuírem um dinamismo marcado pela

proximidade de um grande núcleo urbano”.

A dinâmica urbano-rural presente nestas áreas de transição é descrita de várias maneiras:

“O espaço periurbano agregou ao seu cotidiano funções e modos de vida especificamente

urbanos, que contrastam com uma aparência de caráter tipicamente rural.” (Alves, Costa &

Pereira, 2012, p.6)

Page 17: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

5

“A interface periurbana constitui um fenómeno “difícil”, usualmente caraterizado tanto pela

perda de aspetos rurais (perda de solo fértil, solo agrícola, paisagem natural, etc.) ou a falta de

atributos urbanos (baixa densidade, falta de acessibilidades, falta de serviços e infraestruturas,

etc.).” (Allen, 2003, p.2)

Também surgiram vários projetos e iniciativas europeias no âmbito do estudo dos espaços

periurbanos, conferindo a este tema alguma “formalidade”. Destacam-se então o PURPLE1,

assim como, os projetos PLUREL2, SURF3. Estes procuraram definir e caraterizar o periurbano,

sendo este espaço o principal foco dos estudos referidos. Definem-no, então, como uma área

entre o urbano e o rural, onde existem características de ambos os espaços, criando um local

com especificidades próprias. Para além de estudarem a mesma tipologia de espaço, estas

três iniciativas – PURPLE, PLUREL e SURF – têm outros aspetos em comum. Pretendem tirar

partido das potencialidades do espaço periurbano, associadas à proximidade a grandes

centros urbanos, interpretando um papel na sustentabilidade das regiões. A governança é

também um fator em comum dos três projetos, embora com maior destaque no PUURPLE,

com a pretensão de influenciar políticas, potenciar uma melhor integração entre diversas

políticas, criar novas abordagens às áreas periurbanas e o desenvolvimento de estratégias e

ferramentas de planeamento adequadas a estes espaços.

O PURPLE é uma rede de regiões europeias que não pretende estudar o problema mas servir

como plataforma de comunicação, sendo o objetivo partilhar conhecimento e boas práticas

relativamente à gestão e planeamento das áreas periurbanas com base no que já foi realizado

em diversos locais. O SURF também promove a troca de informação, no entanto, com o

objetivo da criação de uma abordagem comum no sentido da sustentabilidade destes espaços.

Este projeto foca-se em quatro vertentes: Economia, Competividade e Iniciativa; Governança;

Papel e Valor dos Espaços Verdes e Planeamento Espacial e Atores-chave. Algumas destas

vertentes são também analisadas em pormenor nos outros projetos enquanto outras não, como

é o caso do papel e valor dos espaços verdes. Assim, acrescenta novos aspetos à discussão.

Já o PLUREL tem como principal objetivo a criação de estratégias e ferramentas de

planeamento e projeção para o periurbano. Serve-se de casos de estudo para estudar em

profundidade as relações de uso do solo urbano e rural. Como conclusão pretende elaborar um

guia com ferramentas de avaliação de impacto sustentável, com as melhores práticas e

planeamento e um portal de informação de dados e mapas.

O projeto europeu RURBAN é também de referir, tendo sido este estudo realizado sob a

perspetiva das áreas rurais e cujo objetivo passa por identificar o impacto da pressão urbana

no espaço rural e como os “bens e serviços rurais” podem contribuir para o desenvolvimento

deste espaço e da sua paisagem. Deste modo, o RURBAN difere dos restantes projetos e

1 PURPLE - Peri-Urban Regions Platform Europe (www.purple-eu.org) 2 PLUREL - Peri-urban Land Use Relationships (www.plurel.net) 3 SURF - Sustainable Urban Fringes (www.sustainablefringes.eu)

Page 18: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

6

iniciativas abordadas, sendo mais direcionado para as relações urbano-rurais nas duas

perspetivas já referidas. Ainda segundo este projeto existem duas perspetivas de planeamento

das áreas rurais, baseadas na maneira como os atores olham para a preservação destas

paisagens:

Antiga visão central – nesta perspetiva assume-se as áreas rurais e urbanas como

duas entidades completamente diferenciadas e independentes uma da outra; no

processo de planeamento são definidos zonamentos para cada uso e atividade,

contribuindo para o surgimento de modelos de planeamento como os green belts,

sendo muito focado na proteção da paisagem rural.

Nova visão descentralizada – esta perspetiva contempla o espaço urbano e rural

como complementares; dá mais atenção à organização e alocação de atividades entre

as duas áreas e pressupõe políticas espaciais mais integradas e orientadas; é uma

visão com base nos usos e perceções do público.

Em Portugal, o projeto Periurban trás mais uma contribuição para a compreensão das áreas

periurbanas ao definir tipologias diferenciadas de espaços periurbanos através do estudo e

análise de cinco sistemas essenciais: Físico, Social, Económico, Ecológico e Institucional.

Assim sendo, os projetos têm objetivos distintos, embora o enfoque principal seja semelhante,

sendo este o maior conhecimento do espaço periurbano, das suas potencialidades e relações.

No fundo, cada um acrescenta algum aspeto novo, complementando o conhecimento existente.

São então várias as contribuições para compreender melhor o que são e quais as

características dos espaços periurbanos, designados também de urban fringes.

No entanto, para além de definir as áreas periurbanas, é também importante tentar-se perceber

como poderá ser feito o planeamento destes locais. Tendo em conta as suas características

intrínsecas, como a sua rápida transformação ou a variedade de usos é preciso adaptar os

sistemas de planeamento a este novo conceito. Os planos destinados a áreas urbanas e rurais

estão adaptados às suas características, logo, as áreas periurbanas também necessitam

instrumentos feitos “à sua imagem”. Segundo Hoggart (2005), citado por Gallent & Shaw,

(2008, p.619), o periurbano representa “uma paisagem mutante com diversas interações

urbano-rurais que criam um contexto de gestão complexo”. Deste modo é necessário conhece-

las bem e compreender que as suas característica variam de local para local. Deste modo,

segundo Gallent (2006), “se todas as urban fringes são únicas e apenas podem ser delimitadas

a um nível local, planear estes locais será um processo demorado e intensivo”.

2.2 Prática Internacional

O periurbano é uma definição de espaço mais recente na história do planeamento. Embora já

existam diversos autores e instituições a estudarem e escreverem sobre este espaço e o seu

Page 19: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

7

planeamento, muitos países ainda não estão institucionalmente preparados para lidar com a

sua complexidade.

De uma forma geral verifica-se que “as áreas periurbanas são pouco mencionadas na

legislação e, mesmo quando são, tendem a ser vistas como zonas intermédias, sem estatuto

legal.” (Hoggart, 2005). Um dos diversos exemplos existentes é a Sérvia, cuja legislação define

estas áreas como “zonas de transição, onde interações entre atividades rurais e urbanas

sobrepõem-se ou conflituam, e as características das áreas estão sujeitas a rápidas

modificações induzidas por atividades humanas” (RS Official Gazette, nº88/2010, citado por

Miljković, Crnčević, & Marić, 2012). No entanto, apesar de reconhecerem legalmente estas

áreas, não existe uma ferramenta específica de planeamento para as mesmas. Já Portugal,

nem sequer integra os espaços periurbanos na sua legislação relativa ao ordenamento do

território, sendo o solo classificado como urbano ou rural. Contudo, tem existido uma

preocupação por parte de algumas Câmaras Municipais de criar classes de espaço nos seus

PDM que correspondam a esta tipologia, como é o caso do PDM de Setúbal com os espaços

Para-Urbanos.

Assim, os espaços periurbanos são vistos, maioritariamente, como espaços rurais e estão

sujeitos aos mesmos instrumentos e políticas de gestão e planeamento que estes. No entanto,

o planeamento dos espaços rurais varia muito de país para país e depende do papel histórico

que estas áreas desempenharam no seu desenvolvimento. Apresentam-se de seguida três

exemplos de sistemas de planeamento, todos na Europa, bastante distintos. Pretende-se

perceber muito resumidamente a história do planeamento rural em cada um dos três países e,

atualmente, em que visão definida no projeto RURBAN se poderiam enquadrar.

Em Inglaterra a tradição de planeamento começou por ser direcionada para a resolução dos

inúmeros problemas que atingiam as áreas urbanas decorrentes do aumento de população no

século XIX. No século seguinte, surgem várias leis e instrumentos de planeamento, como o

Town Planning Act em 1909, direcionados também para as áreas urbanas. No entanto, as

áreas rurais começam a estar sob uma grande pressão urbana e é criada, em 1926, uma

entidade chamada Council for the Preservation of Rural England e, mais tarde, em 1932 o

Town and Country Planning Act. Este é a primeira legislação a reconhecer a importância do

planeamento das áreas rurais. Surge ainda, em 1935, um outro documento que pretendia

prevenir a expansão urbana para o campo, denominado de Restriction of Ribbon Development

Act. Outras leis e instrumentos vão surgindo ao longo do tempo, com o objetivo de gerir a

ocupação urbana e planear as áreas rurais. É de salientar a criação do “sistema nacional green

belt” em 1955 que pretendia proteger esta zona de “formas inapropriadas” de desenvolvimento,

sendo pioneiro em todo o mundo.

Já a história do planeamento na Suécia é focada nos problemas urbanos. Surge em 1874 o

National Building Ordinance e em 1947 é adotado um novo Building Act de modo a dar mais

competências às autoridades de planeamento sem, no entanto, se direcionar para as áreas

Page 20: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

8

rurais. Apenas nos anos 60 e 70 surgem preocupações ambientais que vão levar a uma maior

atitude protetora em relação a estas áreas. Como se verifica, a Suécia é um país com muito

pouca história no planeamento das áreas rurais, tendo sempre sido a sua principal

preocupação a gestão e planeamento das áreas urbanas. Isto deve-se ao facto de cerca de

85% da sua população viver em áreas urbanas (CIA, 2011), sendo o espaço rural pouco

ocupado por população e, logo, tendo pouca pressão urbana.

A Holanda tem uma grande tradição de planeamento devido às condições físicas do seu

território. O seu primeiro National Housing Act surge em 1901 e destinava-se à gestão das

áreas urbanas. No entanto, em 1924 entra em vigor uma nova legislação – Land Consolidation

Act – cujo enfoque se dava no espaço rural, mais concretamente na atividade agrícola e

emparcelamento. É a partir dos anos 70 que o Land Consolidation Act evolui passando a ter

em conta não só a agricultura mas também a recreação ao ar livre, a natureza e a paisagem.

Damen (2003) afirma que este deixou de ser um documento com o objetivo de restruturar a

agricultura para passar a ser um instrumento que abrange outros usos eficientes das áreas

rurais. Estes dois documentos resultaram durante muitos anos como sendo para duas

entidades distintas – cidade e campo. Atualmente estes não funcionam separados mas como

complementares – “um é forte em controlar o crescimento urbano, enquanto o outro, é

destinado a transformar ativamente a estrutura espacial destas áreas” (Anne et al., 2008 in

Hidding et al., 2000). Deste modo podemos considerar que o planeamento das áreas rurais na

Holanda sofreu uma mudança desde o seu início, prevendo agora a multifuncionalidade destas

áreas.

Podemos concluir que o sistema de planeamento nestes três países é distinto, embora com

alguns elementos em comum – os três começaram a sua tradição de planeamento mais ou

menos na mesma altura e com preocupações urbanas; no entanto, Inglaterra criou apenas uma

legislação – Town and Country Planning Act - que serve o espaço urbano e o espaço rural,

existindo depois instrumentos específicos para cada área; já a Suécia começou o seu

planeamento rural muito tardiamente, já em meados do século XX; por fim, a Holanda sempre

teve dois documentos separados, um mais direcionado para as áreas rurais e outro para as

áreas urbanas. Relativamente às visões descritas anteriormente, podemos afirmar que

Inglaterra se poderia situar na visão antiga centralizada, devido à criação dos seus green belt

para proteger certas áreas de qualquer tipo de desenvolvimento urbano, privilegiando deste

modo a paisagem rural. No entanto, na atualidade tem diversos estudos sobre o espaço rural e

as “urban fringes” que mostram a importância dada a estas áreas e à sua multifuncionalidade,

demonstrando uma visão nova descentralizadora. A Suécia, devido à aparente falta de

interesse pelo planeamento rural, é difícil inseri-la em qualquer tipo de visão, sendo necessário

um conhecimento mais aprofundado dos seus instrumentos e políticas. Por fim, a Holanda

poder-se-ia também incluir nas duas visões, tal como Inglaterra, pois por um lado sempre teve

uma clara distinção entre urbano e rural, demonstrado na existência de duas leis distintas. Por

Page 21: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

9

outro lado, estes dois funcionam atualmente como instrumentos complementares, o que mostra

uma visão nova descentralizadora.

Relativamente a instrumentos específicos que pretendem intervir no espaço rural, Leal (2014)

refere o exemplo do País de Gales, onde a recente legislação abre um regime de exceção à

edificação em solo rural, desde que cumpridos certos fatores: os projetos deverão servir

atividades rurais e apresentar um impacto ambiental mínimo ou positivo. Em termos práticos,

esta tipologia de projetos resulta num “Managment Plan”, correspondente a um Plano de

Pormenor, e numa avaliação de pegada ecológica. Deste modo, este é um exemplo muito

próximo dos PIER, pois ambos são Planos de Pormenor que pretendem intervir em casos

pontuais no espaço rural. No entanto, os procedimentos e objetivos são distintos em ambos os

casos: o do País de Gales tem preocupações mais sustentáveis, representando um

procedimento excecional, enquanto que, o caso português é mais permissivo, tanto em termos

ambientais e de sustentabilidade como no próprio âmbito da intervenção. Por exemplo, no caso

do País de Gales, não são permitidos projetos destinados a segunda habitação ou habitação

turística, não existindo no instrumento português interdições em termos de usos. Também

relativamente à localização dos projetos, define alguns critérios que passam pela capacidade

do local satisfazer as necessidades mínimas dos residentes, a relação do projeto com as

características locais e da envolvente e a proximidade à rede de transportes coletivos (Leal,

2014).

2.3 “Low Impact Development”

Cada vez mais existe a consciência dos problemas ambientais que o planeta atravessa e,

consequentemente, que é necessário adotar novos estilos de vida de modo a permitir um

desenvolvimento mais holístico e sustentável. Nesta linha, o “low impact development” é uma

abordagem que promove esse tipo de desenvolvimento.

Fairlie (2009) define o “low impact development” como sendo o “desenvolvimento que, por

virtude do seu baixo ou benéfico impacto ambiental, pode ser permitido em locais onde o

desenvolvimento convencional não é autorizado”. As suas características passam pelo seu

caráter temporário, de pequena escala e discreto, todo construído com materiais locais, com

consumo de pouca energia não renovável, pouca geração de tráfego, com benefícios

ambientais diretos, tais como promover o aumento de biodiversidade, e ser usado para

propósitos de sustentabilidade. Para atingir esta sustentabilidade, os sistemas ou comunidades

devem viver da terra, sendo a permacultura um método de grande relevância, as casas devem

ser construídas com materiais locais acessíveis e com métodos simples e os sistemas de água,

esgotos, aquecimento e refrigeração podem ser construídos com tecnologia simples e

materiais naturais. É um processo demorado que requer empenho mas cujos benefícios são

consideráveis a um nível local, com o impulsionar das especificidades locais e capacitação dos

Page 22: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

10

envolvidos (“empowering”), e global, com vantagens para o Homem e sociedade na redução de

impactos territoriais (Fairlie, 2009). Por todas as razões enunciadas, há países onde o sistema

de planeamento começa a ter uma abertura a este tipo de desenvolvimento, como na

Inglaterra, Escócia e País de Gales, apesar de ainda não ser fácil adquirir licenças. A

coordenação com o sistema de planeamento é encorajada no “low impact development” e

existe mesmo no País de Gales, o projeto Lammas que elaborou um plano para o

desenvolvimento de uma vila ecológica.

“Ao criar uma estrutura legal para gerir o projeto, o Lammas pretendeu estabelecer um sistema

que permita à povoação funcionar o mais aproximadamente possível de uma aldeia

convencional, mantendo controlo suficiente sobre o desenvolvimento para garantir que os

objetivos a longo prazo do projeto sejam cumpridos”. (Tir-y-Gafel Management Plan, March

2008, pág. 4, n.º 1.7)

Deste modo, o “low impact development” é uma tendência no sistema de planeamento de

alguns países e é uma abordagem a ter em conta em todos os outros. Até este ser

completamente aceite e integrado nesses, existem vários princípios que podem ser adaptados

e utilizados de uma maneira mais imediata e corrente de modo a permitir um desenvolvimento

mais suave, ou seja, reduzindo os impactos no território.

Page 23: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

11

3. Os Planos de Intervenção em Espaço Rural

3.1 Enquadramento Legal

No Regime Jurídico de Instrumentos de Gestão Territorial (DL 380/99, de 22 de Setembro, na

sua atual redação) é definido “o regime de coordenação dos âmbitos nacional, regional e

municipal do sistema de gestão territorial, o regime geral de uso do solo e o regime de

elaboração, aprovação, execução e avaliação dos instrumentos de gestão territorial” (Artigo 1º).

Relativamente aos instrumentos de âmbito municipal são materializados em Planos

Intermunicipais de Ordenamento do Território (PIMOT) e planos municipais de ordenamento do

território (PMOT), sendo estes últimos constituídos pelo Plano Diretor Municipal (PDM), Plano

de Urbanização (PU) e Plano de Pormenor (PP). Estes instrumentos são de natureza

regulamentar, vinculando entidades públicas e privadas e, estabelecem o regime de uso do

solo.

O PDM é um instrumento obrigatório que “estabelece a estratégia de desenvolvimento

territorial, a política municipal de ordenamento do território e de urbanismo e as demais

políticas urbanas, integra e articula as orientações estabelecidas pelos instrumentos de gestão

territorial de âmbito nacional e regional e estabelece o modelo de organização espacial do

território municipal” (Artigo 84º, nº 1).

O PU é realizado para determinadas áreas do território municipal “fornecendo o quadro de

referência para a aplicação das políticas urbanas e definindo a estrutura urbana, o regime de

uso do solo e os critérios de transformação do território” (Artigo 87º, nº 1), não tendo, no

entanto, um caracter obrigatório.

Por fim, o PP “desenvolve e concretiza propostas de ocupação de qualquer área do território

municipal, estabelecendo regras sobre a implantação das infraestruturas e o desenho dos

espaços de utilização coletiva, a forma de edificação e a disciplina da sua integração na

paisagem, a localização e inserção urbanística dos equipamentos de utilização coletiva e a

organização espacial das demais atividades de interesse geral” (Artigo 90º, nº 1). Também este

instrumento não é de caracter obrigatório e deverá seguir as orientações dos planos de

hierarquia superior – PDM e, caso esteja em vigor para essa área, também do PU. O PP pode

adotar modalidades específicas, sendo elas:

Plano de Intervenção em Espaço Rural (PIER)

Plano Pormenor de Reabilitação Urbana – este “abrange solo urbano correspondente à

totalidade ou a parte de:

a) Um centro histórico delimitado em Plano Diretor Municipal ou em Plano de

Urbanização eficaz;

b) Uma área crítica de recuperação e reconversão urbanística;

Page 24: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

12

c) Uma área de reabilitação urbana constituída nos termos da lei”.

Este pode também delimitar áreas de reabilitação urbana (Artigo 91º-A, nº 5 e 6).

Plano Pormenor de Salvaguarda – este deve ser elaborado pelo município em parceria

com os serviços da administração central ou regional autónoma responsáveis pelo

património cultural com o fim de proteger monumentos, conjuntos ou sítios

classificados conforme a Lei nº 107/2001 de 8 de Setembro.

Relativamente ao PIER, no DL 380/99 de 22 de Setembro e na primeira alteração

correspondente ao DL 310/2003 de 10 de Dezembro, era determinado como a modalidade

simplificada de Projeto de Intervenção em Espaço Rural, sendo descritas as suas

especificidades na Portaria 389/2005 de 5 de Abril: “o projeto de intervenção em espaço rural

incide sobre uma área específica do território municipal, classificada como solo rural,

estabelecendo os objetivos mais adequados ao seu ordenamento e desenvolvimento

sustentável, pormenorizando e concretizando as propostas de ordenamento do território

definidas nos demais instrumentos de gestão territorial aplicáveis, indicando as ações

necessárias à sua concretização e as regras para o uso, ocupação e transformação do solo

rural” (Artigo 1º da Portaria). Nesta portaria é também estabelecido o que o projeto contém e os

elementos que o acompanham (Artigo 2º e 3º da Portaria).

No DL 316/2007 de 19 de Setembro (nova alteração ao RJIGT) passa-se a falar em Plano e

não Projeto. São neste decreto definidas as três tipologias de Plano de Pormenor que estão na

formulação em vigor, referidos anteriormente. É assente neste Decreto-lei o papel do PIER:

“ O plano de intervenção no espaço rural abrange solo rural e estabelece as regras relativas a:

a) Construção de novas edificações e reconstrução, alteração, ampliação ou demolição das

edificações existentes, quando tal se revele necessário ao exercício das atividades autorizadas

no solo rural;

b) Implantação de novas infraestruturas de circulação de veículos, animais e pessoas, e de

novos equipamentos públicos ou privados de utilização coletiva, e a remodelação, ampliação

ou alteração dos existentes;

c) Criação ou a beneficiação de espaços de utilização coletiva, públicos ou privados, e

respetivos acessos e áreas de estacionamento;

d) Criação de condições para a prestação de serviços complementares das atividades

autorizadas no solo rural;

e) Operações de proteção, valorização e requalificação da paisagem” (Artigo 91º-A, nº 3).

Page 25: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

13

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13

PP

PIER

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

PP

PIER

Decreta ainda que este plano “não pode promover a reclassificação do solo rural em urbano,

com exceção justificada das áreas expressamente destinadas à edificação e usos urbanos

complementares” (Artigo 91º-A, nº 4).

O RJIGT em vigor – na redação do DL 46/2009 de 20 de Fevereiro - não introduz alterações ao

que foi referido anteriormente – Artigo 91º-A.

3.2 Levantamento e Análise dos PIER em Vigor

3.2.1 Análise dos Planos

Dos Planos de Intervenção em Espaço Rural, definidos na lei desde 1999, com o surgimento

do RJIGT, até final de 2013 apenas se contabilizam quinze PIER em vigor (Figura 2), nenhum

destes localizado na Área Metropolitana de Lisboa (Figura 3; Quadro 1).

Figura 2 - Número de PP e PIER em vigor (Fonte: SNIT)

Page 26: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

14

Figura 3 - Localização dos PIER em vigor em Portugal Continental

Quadro 1 - Sintese dos Planos de Intervenção em Espaço Rural em vigor (Fonte: SNIT)

Município Denominação Data de publicação Área (ha)

REGUENGOS DE MONSARAZ PIER DO PARQUE DO ALQUEVA 26-11-2007 2074 ha

REGUENGOS DE MONSARAZ HERDADE DO BARROCAL 25-01-2008 778 ha

REGUENGOS DE MONSARAZ PIER DO CENTRO NAÚTICO DE MONSARAZ 03-11-2008 6 ha

BORBA UNOR 2 - PIER 02-08-2008 870 ha

VILA VIÇOSA PIER DA UNOR 3 - VIGÁRIA 31-10-2008 312 ha

REGUENGOS DE MONSARAZ PIER DAS HERDADES DE GAGOS E XEREZ 07-08-2009 371 ha

ALCÁCER DO SAL PIER DA FLORESTA CULTURAL DA

COMPORTA 02-11-2009 599 ha

LOULÉ PIER DO BARRANCO DO VELHO 14-12-2009 11 ha

MONTEMOR-O-NOVO/ÉVORA PIER DO SÍTIO DO MONFURADO 02-01-2011 23946 ha

MONTEMOR-O-NOVO PIER NO LOCAL DA REBOLA 28-10-2011 38 ha

ALBUFEIRA PIER DO ESCARPÃO 13-01-2012 326 ha

FRONTEIRA PIER DA TAPADA DO PEGO EM CABEÇO DE

VIDE 22-06-2012 7 ha

TORRES VEDRAS ALTO DO SEIXINHO 18-12-2012 4 ha

GRANDOLA PARQUE INTERNACIONAL DE ESCULTURA

DE GRÂNDOLA 30-05-2013 94 ha

ALJUSTREL PIER DA HERDADE DE VALE DE

COELHEIROS 13-12-2013 213 ha

Page 27: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

15

3/15

4/15

1/151/15

5/15

1/15Equipamentos

Industrial

Habitacional/Misto

Agrícola

Turístico/Cultural

Ambiental

Estes PIER foram realizados prevendo usos (Figura 4) e com objetivos muito diferenciados

resultando em Planos com características bastante distintas, que vale a pena analisar (fichas

detalhadas de cada plano encontram-se no Anexo A).

Figura 4 - Uso Predominante dos PIER em vigor

Estes usos foram classificados como sendo: de equipamentos, industrial, habitacional/misto,

agrícola, turístico/cultural e ambiental. O primeiro é, então, referente a planos cujo principal

objetivo é a implantação de equipamentos coletivos. O uso industrial concerne os planos feitos

com o intuito da implantação, relocalização ou reformulação de áreas industriais. Já o uso

habitacional/misto é aplicado a planos cuja área de intervenção situa-se em locais

habitacionais ou híbridos, onde se conjuga o uso habitacional com outros usos, como uso

turístico ou agrícola, ou onde se prevê este tipo de usos. A tipologia designada de “agrícola” é

referente a planos que pretendem explorar esta atividade como atividade/uso principal. Na

mesma linha, o uso “turístico/cultural” serve planos que terão a atividade turística e/ou cultural

como principal. Por fim, o uso ambiental refere-se a planos que pretendem essencialmente

valorizar e conservar os recursos naturais da área de intervenção.

Numa primeira análise verifica-se que foram realizados cinco planos para as áreas de uso

turístico/cultural, sendo a categoria para a qual existe mais PIER realizados. Dois destes

encontram-se mais direcionados para o uso cultural, sendo eles os PIER da “Floresta Cultural”

da Comporta em Alcácer do Sal e do Parque Internacional de Escultura de Grândola, e estão

fortemente associados à sua envolvente natural. O primeiro tem como objetivo criar uma

Floresta Cultural, que tenha em conta três aspetos essenciais: a valorização e conservação de

habitats e núcleos; a criação de uma sede artística para um artista alemão; tornar a floresta

num espaço natural/cultural de arte através de atividades e produções culturais. O segundo

PIER referido, já com uma vertente mais turística, pretende criar um projeto cultural e

museológico que complemente a oferta turística da região. Para além disso tem também um

Page 28: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

16

forte enfoque na conservação dos recursos naturais, não pretendendo determinar o uso do solo

como urbano, mas sim, manter e valorizar a sua extensa área silvestre e natural. Estes dois

planos não têm como objetivo simplesmente a implantação de equipamentos, mas sim a

valorização da sua envolvente através de projetos culturais. Deste modo a modalidade de

intervenção em espaço rural vem permitir a edificação de zonas rurais mas com uma grande

vertente virada para a conservação do espaço natural destes locais, não permitindo a sua

devastação. Por fim, ainda se pode incluir nesta categoria os PIER do Parque Alqueva, das

Herdades de Gagos e Xerez e da Herdade do Barrocal, todos situados no município de

Reguengos de Monsaraz e com uma situação de referência idêntica – a construção e as

mudanças introduzidas a nível social, económico e paisagístico pela Barragem do Alqueva. O

primeiro trata-se, então, de uma intervenção turística em três herdades distintas: Herdade das

Areias, do Postoro e do Roncão. Pretende-se criar um modelo de turismo baseado nas

condições naturais, no património e na paisagem rural. O segundo plano, das Herdades de

Gagos e Xerez, também quer estabelecer os pressupostos para a implementação de uma

unidade turística e recreativa em detrimento do uso agrícola instalado neste local há milhares

de anos. Pretende-se a valorização do património natural e cultural da área de intervenção e

que o plano contribua para a consolidação e estruturação da paisagem, que sofreu uma grande

transformação. Por fim, o PIER da Herdade do Barrocal pretende “estabelecer os pressupostos

de base para uma intervenção turística de escala reduzida” (Relatório PIER da Herdade do

Barrocal, 2008). Deste modo pretende-se revitalizar a herdade, assegurando a articulação

entre usos, e potenciá-la através da articulação da exploração agro-pastoril com a atividade

turística. Para estes três planos a modalidade PIER surge como a possibilidade de executar

intervenções turísticas em extensas propriedades localizadas numa área rural em processo de

transformação.

Segue-se, com quatro planos em vigor, o uso “industrial”. Todos estes planos têm

preocupações ambientais, tentando proteger e valorizar as suas envolventes, o que se pode

verificar nos seus objetivos. O PIER da UNOR 2 em Borba pretende criar uma articulação e

integração harmoniosa das diferentes atividades (industrial, atividades rurais e recuperação

ambiental), assim como estabelecer uma eficácia económico-ambiental. Relativamente à

UNOR 3, situada em Vila Viçosa, pretende-se “clarificar e definir o espaço público e privado,

bem como definir uma estrutura ecológica de modo a minimizar o impacto ambiental das

atividades relacionadas com os mármores” (Relatório PIER UNOR3, 2008), assim como, a

qualificação da área de intervenção. Também o PIER do Escarpão e o do Alto do Seixinho têm

em conta a importância ambiental e paisagística tanto da área de intervenção como da sua

envolvente. O primeiro pretende resolver os problemas existentes no território decorrentes de

más decisões e erros técnicos presentes no PDM, sendo estes a errada classificação da zona

de pedreiras e a postura que previa o encerramento destas pedreiras, através da legalização

de unidades industriais e da criação de uma estratégia de ordenamento que vá de encontro à

recuperação ambiental e valorização do território e dos seus recursos. Para isto, dispõe de três

eixos de execução: qualificação de equipamentos e infraestruturas; recuperação ambiental;

Page 29: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

17

recuperação e conservação paisagística. Já o PIER do Alto do Seixinho é criado no âmbito da

relocalização de uma unidade industrial. Este plano “prevê a adoção de medidas que

compensem impactos negativos resultantes da implementação desta unidade industrial em

espaço florestal” (PIER Alto do Seixinho, 2012). Nestes casos a opção por um PIER passa

essencialmente por regularizar atividades industriais complementares com o solo rural,

tentando qualificar em termos de infraestruturas e paisagisticamente as respetivas áreas de

intervenção.

Seguidamente, com três planos realizados, encontra-se o uso “equipamentos”. O primeiro a ser

realizado foi o plano do Centro Náutico de Monsaraz, que pretende estruturar os usos

recreativos existentes e acrescentar outros de caráter náutico, através da construção do

respetivo equipamento. O PIER permite a sua edificação e infraestruturação através de uma

intervenção mínima no território. Quanto à implantação de equipamentos coletivos de cariz

social foram elaborados os PIER do Barranco do Velho e o da Tapada do Pego em Cabeço de

Vide. O primeiro foi realizado para servir um lar de idosos e de deficientes, enquanto o segundo

para servir um lar de idosos com vertente de apoio domiciliário. Ambas as áreas de

intervenção, ao situarem-se em solo rural, têm diversas regras que condicionam a edificação,

impostas pelos respetivos PDM. Com o PIER pretende-se em última instância alterar os índices

e parâmetros urbanísticos definidos para a área de intervenção.

O uso designado de “habitacional/misto” tem associado a realização de um plano, o PIER no

Local da Rebola, no concelho de Montemor-o-Novo. A área de intervenção conjuga espaços de

ocupação dispersa, espaços naturais e espaços canais, existindo diversos objetivos

relacionados com a gestão destes espaços, na perspetiva da conjugação de usos e atividades.

Pretende-se, então, a ocupação do solo rural evitando, no entanto, a expansão estritamente

urbana. Verifica-se que o objetivo de ser um PIER passa pela tentativa de ordenar uma área

com diversos usos e de impedir a expansão urbana para estes locais.

Por fim, para os usos “agrícola e ambiental” existe também apenas um PIER realizado. No uso

agrícola esse plano é o PIER da Herdade de Vale de Coelheiros, cujos objetivos passam por

“garantir e potenciar a exploração agrícola numa perspetiva integrada e multifuncional”

(Relatório PIER Herdade Vale de Coelheiros, 2013) através do estabelecimento de um modelo

de ordenamento agrícola, da regulação das atividades complementares e da viabilização

económica. Pretende-se que haja um equilíbrio entre cada uma das dimensões presentes na

exploração agrícola da Herdade. No uso Ambiental encontra-se o PIER do Sitio do Monfurado

situado nos concelhos de Montemor-o-Novo e Évora, num local de Rede Natura 2000. Este

resultou na culminação de um projeto – Projeto GAPS (Gestão Ativa e Participada do Sitio de

Monfurado4) – que previa a realização de um plano que permitisse a gestão deste local de

Rede Natura 2000 através da definição de regras e medidas de gestão. A modalidade de

intervenção em espaço rural surge como a figura com maior potencial, sendo como que uma

4 www.cm-montemornovo.pt/wwwgaps/

Page 30: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

18

transposição dos objetivos do Plano Setorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000) para um

PMOT. O PSRN2000 prevê esta adaptação e define que nestes casos de deverá estabelecer

“os parâmetros de ocupação e de utilização do solo, assegurando a compatibilização entre a

conservação da biodiversidade, a regulação com os usos produtivos e o bem-estar das

populações”. Os objetivos do PIER do Sitio do Monfurado passam, então, por valorizar e

conservar os seus habitats e espécies características, assim como, compatibilizar as atividades

existentes com os valores naturais. É um plano muito diferente dos restantes, com

preocupações distintas, que se refletem nos objetivos do plano.

3.2.2 Leitura dos Técnicos Municipais

Os PIER são uma modalidade específica de Plano de Pormenor. Isto significa que existem

certas características que os distinguem dos restantes PP. Assim sendo, é importante perceber

quais são estas diferenças e as vantagens de aplicar um PIER em detrimento de outro

instrumento, ou seja, perceber qual a sua identidade. Para tal compreensão é essencial a

opinião de técnicos municipais e especialistas em planeamento que lidam com este

instrumento e conhecem as suas especificidades.

Deste modo, foram realizadas entrevistas a técnicos de planeamento de todas as Câmaras

Municipais que já realizaram PIER, correspondendo a doze entrevistas com recurso a um guião

(Anexo B), de modo a compreender melhor os seus objetivos e opções, o processo e os

resultados obtidos. Estas foram na sua maioria realizadas via telefone, com exceção de duas

que se realizaram pessoalmente e por correio eletrónico. Foi também explorada nesta

entrevista a opinião destes técnicos relativa ao próprio instrumento e à utilização que dele tem

sido feita.

Os PIER não têm sido uma opção corrente de instrumento de planeamento pelas Câmaras

Municipais em todo o país. Deste modo é essencial estudar os que foram realizados de modo a

perceber as suas dinâmicas, o que correu bem e mal na sua conceção e aplicação e

compreender a razão de não serem mais realizados. Assim, poder-se-á criar condições

(conhecimento) para, no futuro, este plano ser mais aplicado e de uma forma mais correta.

Nos casos existentes, a escolha da realização de um PIER passa, na maioria das vezes, por

não haver um outro instrumento com este enquadramento. Em algumas situações estava

previsto em PDM a realização de um PP para essas áreas e devido à localização fora de

perímetro urbano, em espaço rural, o PIER é a única modalidade passível de ser aplicada.

Noutros casos, o plano é um meio para atingir um objetivo principal – redefinir parâmetros e

índices de modo a permitir a construção em solo rural ou permitir a desafetação de solo REN

para legalizar determinadas atividades. Em situações mais pontuais em que poderia haver

lugar a um outro instrumento, houve uma proposta/parecer da CCDR no sentido da adoção

desta figura de plano por ser a mais adequada, não só devido à localização fora de perímetro

Page 31: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

19

urbano mas para a pertinência da problemática em questão (por exemplo para uma zona de

indústria extrativa).

Na maioria destes planos, a alternativa a um PIER seria a alteração do PDM que é descartada

essencialmente pela demora do processo, visto que alguns desses PDM estão em processo de

revisão, e por um PIER permitir maior rigor nas soluções a adotar. No caso do PIER do Sitio do

Monfurado foi equacionado um plano intermunicipal visto que abrange dois municípios. No

entanto, seria um processo mais complexo pois os PDM de cada concelho têm regras distintas

e o plano teria que ir a ambas as Assembleias Municipais para aprovação.

A iniciativa de realização dos PIER tem sido muitas vezes de particulares – 8/15,

principalmente quando se trata da construção de equipamentos de iniciativa privada e de uso

turístico. As Câmaras Municipais atuam maioritariamente em casos de ordenamento do espaço

em áreas industriais ou habitacionais. Como frequentemente os atores estão envolvidos no

processo e são os principais beneficiários, o plano tem uma grande aceitação. Por vezes existe

alguma desconfiança inicial por parte destes, devido a alteração de regras que levam muitas

vezes a maiores gastos para estes atores, mas que não resulta numa posição contrária ao

plano ou na falta de colaboração.

O balanço que se pode fazer do resultado destes planos é que existe um número considerável

destes – 4/15 – que passado alguns anos da sua aprovação ainda não estão em execução e

outros 3/15 que não foram totalmente executados ou ficaram aquém das espectativas de

execução. Os planos mais específicos, por exemplo para a construção de um equipamento, ou

que definem regras para o território, não implicando muito tempo ou custos para a sua

execução, é que apresentam balanços mais positivos, estando totalmente executados e/ou

implementados. Pode-se dizer que este é o caso de 5 planos. Há ainda alguns planos, três,

que estão em fase de execução mas que pela sua dimensão e/ou complexidade têm um

período temporal de execução maior.

3.3 Obstáculos e Potencialidades dos PIER

De modo a permitir uma análise dos principais obstáculos e potencialidades dos PIER foi

necessário tomar conhecimento do enquadramento legal deste instrumento, dos planos já

realizados e conhecer a opinião dos técnicos municipais envolvidos nesses planos, assim

como, de outros especialistas em planeamento. Para tal serviram as entrevistas já referidas,

aos técnicos municipais, e um segundo momento de entrevistas com especialistas. Nesta fase

foram entrevistados quatro especialistas em planeamento, que já contactaram de alguma forma

com este instrumento. Foram eles: a Profª. Margarida Pereira como especialista em

planeamento; o Prof. Jorge Gonçalves como especialista atualmente envolvido na elaboração

de PIER; o Arq. Vitor Campos, como ex-Diretor da DGOTDU e que conhece bem esta figura de

plano; e o Técnico Municipal Vasco Raminhas, como ligação ao município de Setúbal e que já

Page 32: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

20

esteve também envolvido na realização de um PIER. Destas entrevistas, três foram realizadas

pessoalmente e uma por via de correio eletrónico, tendo sido as primeiras gravadas e

posteriormente transcritas. Duas entrevistas, foram realizadas num momento inicial e num

formato mais exploratório, tendo sido realizadas sem recurso a guião, enquanto que as

restantes usufruíram desse instrumento de suporte (Anexo B). No entanto, todas as conversas

seguiram a mesma linha, tendo sido abordadas as principais características dos PIER, o que

tem acontecido e as perspetivas futuras para este instrumento. Deste modo, foi possível retirar

algumas conclusões acerca deste instrumento.

Através do que está definido na legislação e dos PIER já realizados podemos, então, chegar a

um conjunto de aspetos que os caraterizam:

PIER é realizado para locais de solo rural, não podendo promover a sua reclassificação

em urbano – difere de todos os outros planos municipais;

O conteúdo documental à partida é igual – pode, no entanto, dispensar alguns

elementos em certas ocasiões, como o caso da Avaliação Ambiental Estratégica

(AAE);

Não vai ao nível do desenho urbano, mas não é apenas um zonamento, o que permite

definir com algum rigor o que se pretende fazer sem comprometer a execução;

Instrumento pouco preciso, não está bem definido em que situações deve ser aplicado

e a que escala, assim como, a metodologia a adotar – o que resulta num plano de

conteúdo flexível;

É um plano cuja escala de intervenção não tem sido clara, existindo grandes contrastes nas

áreas referentes aos locais de intervenção que vai desde os 4 ha aos 20000 ha. Também os

objetivos da sua utilização não são consensuais, tendo existido uma abertura para a utilização

de PIER – para usos turísticos, construção de equipamentos ou desafetação de áreas de REN.

O facto de ser um plano com alguma flexibilidade em termos de usos, escala de intervenção e

metodologia é, de uma maneira geral, visto pelos peritos como uma grande vantagem. Permite

uma melhor adaptação caso a caso, possibilita criatividade nas soluções e dá um leque de

opções/caminhos por onde se seguir. No entanto, também tem riscos associados, que passam

por uma utilização incorreta deste plano. Todos estes aspetos tornam esta figura mais exigente

a todos os níveis.

Os riscos/desvantagens são inerentes a qualquer instrumento de planeamento sendo

necessário definir medidas que permitam a sua mitigação. Neste caso, a definição excessiva

de normas (e.g. parâmetros, índices, usos) pode retirar a este plano a sua flexibilidade, algo

que o carateriza, e torná-lo em mais um instrumento de planeamento extremamente restrito

que não permite uma adaptação a cada território e a cada problema. Esta fronteira deve

resultar do bom senso dos agentes e instituições e ser garantida através de

avaliações/monitorização, de pareceres críticos das instituições competentes, da utilização de

Page 33: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

21

metodologias e guias que permitam uma elaboração orientada e conhecedora, assim como, de

qualquer outro meio que possa ser útil no processo de elaboração de um PIER.

Os usos/problemáticas para as quais devem ser aplicados PIER não são totalmente

consensuais entre os especialistas. Tratando-se, este instrumento, de uma modalidade de

Plano de Pormenor, tem duas funções essenciais: regular a implantação de construções e o

espaço de utilização coletiva. Sendo um plano de intervenção em espaço rural deve ser

aplicado a qualquer uso compatível com o solo rural, a casos concretos e circunscritos, que

constituam intervenções sem grandes impactes no território e não aplicados a grandes

manchas e intervenções no território. Tendo em conta a crescente multifuncionalidade dos

espaços rurais, permitirá a implantação/regulação pontual de utilizações que não as

tradicionalmente rurais, de uma forma cuidadosa e planeada. Muito embora seja esta a

perspetiva dos peritos, muitos técnicos municipais vêm neste instrumento grande

potencialidade, não (só) para definir regras de edificabilidade, mas para ordenar, estruturar,

requalificar e estabelecer regras para áreas mais abrangentes do território rural ou periurbano.

De uma maneira mais específica, existe uma opinião geral por parte dos peritos da excessiva

abertura que tem ocorrido para utilizar este instrumento para certos usos que não os “mais

adequados”. Mais do que o uso em si trata-se da escala da própria intervenção. Por exemplo,

para uso turístico fará sentido se for realizado para pequenas intervenções de Turismo em

Espaço Rural, Turismo de Habitação ou Ecoturismo. Já grandes intervenções, mesmo que

realizadas em espaço rural, devem prever a reclassificação do solo para urbano visto que

realmente vão alterar as características do solo com grandes impactos. A implantação de

equipamentos não é consensual entre especialistas e técnicos municipais. Para uns trata-se de

uma utilização justificada, desde que se trate de uma intervenção pequena, enquanto outros

não vêm os PIER como um meio de construir em espaço rural. Este problema de falta de

consenso poderia ser, até certo ponto, resolvido com a criação de um guia informal que

especifique o que se pretende com a realização deste instrumento e como pode ser bem

utilizado. Existem ainda usos para os quais existe algum consenso na utilização dos PIER

como é o caso da regulação e ordenamento de zonas industriais de extração ou aglomerados

rurais.

Apesar das potencialidades que, tanto os técnicos municipais como os especialistas assinalam

nos Planos de Intervenção em Espaço Rural, estes têm sido pouco elaborados e têm tido uma

baixa taxa de sucesso na execução. Relativamente ao primeiro aspeto, a opinião generalizada

é que existem muitos fatores que têm levado a esta escassa utilização que passam por ser um

processo complexo e pesado (envolve muitos custos e muitas pessoas no processo) e pelo

enfoque das câmaras municipais destinar-se, na maioria dos casos, às situações dentro do

perímetro urbano, deixando o ordenamento do espaço rural para segundo plano. Outros

aspetos como a falta de tradição e conhecimento deste plano, a atual revisão da maioria dos

PDM (que permite a resolução de certos problemas) podem também ser tidos em conta. Já a

fraca execução dos planos pode ser explicada pela pouca utilização destes planos, não

Page 34: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

22

existindo exemplos suficientes do que resulta ou não, pelas extensas áreas de intervenção e o

excesso de ambição e pela crise que restringiu os orçamentos das Câmaras Municipais e fez

recuar promotores privados, deixando muitos planos incompletos ou com a execução por

iniciar.

Embora o balanço dos PIER até este momento não seja muito positivo é consensual que este

instrumento tem grande potencial para resolver problemas do espaço rural. Será necessário

ultrapassar alguns obstáculos e este será um plano útil em muitos mais municípios, de forma

bem aplicada, tirando partido da sua flexibilidade.

Page 35: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

23

4. Caraterização dos Casos de Estudo 4.1 Caraterização de Setúbal

Setúbal é um concelho, capital de distrito, com cerca de 230,3km2 que se decompõe em cinco

freguesias: Azeitão, Setúbal (junção das antigas freguesias de Santa Maria da Graça, São

Julião e Nossa Senhora da Anunciada), São Sebastião, Sado e Gambia, Pontes e Alto da

Guerra. Situa-se na Área Metropolitana de Lisboa fazendo fronteira com os municípios de

Sesimbra, Palmela e sendo separado pelo rio Sado de Alcácer do Sal e Grândola (Figura 5).

Figura 5- Setúbal na Área Metropolitana de

Lisboa e freguesias do concelho

Setúbal tem uma localização privilegiada

em vários aspetos. O facto de situar-se

num estuário dá-lhe a possibilidade de

realizar ligações marítimas com qualquer

parte do mundo, tendo-lhe dado ao longo

do tempo benefícios económicos. O facto

de ainda ter um porto com grande capacidade de expansão logística, industrial e portuária

(Plano Estratégico dos Portos de Setúbal e Sesimbra, 2014) é uma mais-valia importante. Por

via terrestre é servido pelo caminho-de-ferro, servindo também a população, essencialmente

na ligação a Lisboa através do Barreiro e mais recentemente via Pragal. Também as

acessibilidades rodoviárias são bastante boas, tanto para o interior da AML, como para outros

pontos do país, como para Lisboa e Algarve, nomeadamente através da A12, A2 e A6.

Page 36: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

24

Caraterização Ambiental

O concelho de Setúbal tem características muito diversificadas ao longo do seu território. Este

é banhado pelo rio Sado, tendo parte do concelho características próprias de estuário, a Este

da cidade. Já a Oeste, o relevo é marcado por uma cadeia montanhosa, da Serra da Arrábida,

nas freguesias de Azeitão e Setúbal. O espaço entre estes dois locais é uma área

essencialmente plana com terrenos calcários ou solos aluvionares, sendo extremamente

férteis. O seu “hinterland”, onde se situam muitas quintas, é marcado por “três linhas de água –

Ribeiros do Paraíso, Quadrado e Livramento – que drenam as serras dos Gaiteiros e de São

Luís, e que desaguam, já reunidas, no Rio Sado” (Quintas, 1998).

No seu território, Setúbal está parcialmente abrangido por duas áreas protegidas: a Reserva

Natural do Estuário do Sado (RNES) e o Parque Natural da Arrábida (PNA). A primeira foi

criada em 1980, pelo Decreto-Lei nº430/80 de 1 de Outubro, e abrange os concelhos de

Setúbal, Palmela, Alcácer do Sal e Grândola, numa extensão de 23160 ha. Já o Parque Natural

da Arrábida, com 10800 ha, foi criado em 1976 pelo Decreto de Lei nº622/76 de 28 de Julho, e

situa-se nos concelhos de Palmela, Sesimbra e Setúbal. Estes Planos de Ordenamento de

Áreas Protegidas (POAP) têm como objetivo a realização de uma gestão racional destes locais

de modo a preservar os seus recursos e aproveitar as suas potencialidades.

A RNES (Figura 6) é constituída maioritariamente por planícies aluviais de baixa altitude,

podendo “encontrar-se ainda outros tipos de formação como dunas, praias (fluviais e

marítimas) e alguns afloramentos plistocénicos e miocénicos”, assim como “sapais que são

entrecortados por esteiros e canais” (ICNF). O seu clima temperado mediterrânico é marcado

por um Inverno moderado e um Verão quente. Os solos são muito variados, destacando-se os

solos salinos, acontecendo o mesmo com o tipo de vegetação, que se divide essencialmente

em ocupação florestal e agrícola. Deste modo, esta reserva corresponde a um local “de grande

produtividade biológica, responsável pela sua riqueza em vida animal e pelo valor económico

que daí advém através das atividades económicas tradicionais da região” (Pina, 1995). Essa

diversidade de fauna é percetível, com a presença de 31 mamíferos, dos quais se destaca o

golfinho do Sado, 11 répteis e outras tantas espécies de peixes. A avifauna tem neste local

grande expressão, com 211 espécies de aves, que pela sua importância levam à aplicação de

estatutos internacionais de proteção na Reserva (ICNF).

De acordo com a Diretiva Habitats, existem trinta ecossistemas diferentes neste local, sendo

sete deles prioritários:

“1 Habitats costeiros e vegetação halófila

11 Águas marinhas e meios sob influência das marés

1150 Lagunas costeiras

2 Dunas marítimas e interiores

21 Dunas marítimas das costas atlânticas, do Mar do Norte e do Báltico

2130 Dunas fixas com vegetação herbácea ("dunas cinzentas")

Page 37: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

25

2150 Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea)

2250 Dunas litorais com Juniperus spp

2270 Dunas com florestas de Pinus pinea ou Pinus pinaster ssp. atlantica

3 Habitats de água doce

31 Águas paradas

3170 Charcos temporários mediterrânicos

4 Charnecas e matos das zonas temperadas

4020 Charnecas húmidas atlânticas temperadas de Erica ciliaris e Erica tetralix.” (PSRN2000)

Também a ocupação humana tem sido parte integrante do Estuário do Sado, com a exploração

económica das suas características através da pesca, atividade salineira, resinosa e corticeira

(ICNF).

Figura 6 - Localização da RNES (Fonte: Google Maps)

O PNA (Figura 7) é constituído pelo conjunto montanhoso da Arrábida e área marítima

adjacente. “Fortes movimentos orogénicos fizeram surgir durante a era terciária esta cadeia de

montanhas, formada por vários anticlinais, sinclinais e grandes falhas” (Ribeiro, 1937). O seu

clima é idêntico ao verificado na RNES, com características mediterrânicas e duas estações

principais. No entanto, em toda a sua extensão, os fatores climáticos apresentam uma variação

considerável, criando em determinados locais microclimas. A fauna e flora existentes são muito

influenciadas por três fatores: clima, natureza do solo (calcário e silicoargilosos), e a ação do

homem. A vegetação da Arrábida, contendo um elevado número de espécies e subespécies,

encontra-se bem preservada e tem um elevado valor natural. Sobressaem as espécies

mediterrânicas, macaronésias e euro-siberianas. Relativamente à fauna terrestre, também

existe uma grande diversidade, podendo enumerar-se 650 invertebrados, diversas espécies de

Page 38: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

26

avifauna – sendo um local de rota de migração de aves, uma importante fauna cavernícola,

devido às grutas existentes, assim como a existência de alguns mamíferos. Em termos de

habitats, e de acordo com a Diretiva de Habitats, estão presentes quarenta e dois tipos e

subtipos, sendo dez deles prioritários:

“2 Dunas marítimas e interiores

21 Dunas marítimas das costas atlânticas, do Mar do Norte e do Báltico

2130 Dunas fixas com vegetação herbácea ("dunas cinzentas") *

2150 Dunas fixas descalcificadas atlânticas (Calluno-Ulicetea)

22 Dunas marítimas das costas mediterrânicas

2270 Dunas com florestas de Pinus pinea ou Pinus pinaster ssp. Atlântica

5 Matos esclerófilos

52 Matagais arborescentes mediterrânicos

5230 Matagais arborescentes de Laurus nobilis

6 Formações herbáceas naturais e seminaturais

61 Prados naturais

6110 Prados rupícolas calcários ou basófilos da Alysso-Sedion albi

62 Formações herbáceas secas seminaturais e fácies arbustivas

6210 Prados secos seminaturais e fácies arbustivas em substrato calcário (Festuco-Brometalia)

6220 Subestepes de gramíneas e anuais da Thero-Brachypodietea

8 Habitats rochosos e grutas

82 Vertentes rochosas com vegetação casmofítica

8240 Lajes calcárias

9 Florestas

91 Florestas da Europa temperada

91E0 Florestas aluviais de Alnus glutinosa e Fraxinus excelsior (Alno-Padion, Alnion

incanae, Salicion albae).” (PSRN2000)

Figura 7 - Localização do PNA (Fonte: Google Maps)

Page 39: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

27

Todas estas especificidades tornam estes lugares únicos, com valores ambientais que

interessa preservar. No entanto, “o desenvolvimento das atividades agrícolas e industriais, bem

como da forte urbanização, muitas vezes desordenadas, são fatores de poluição que afetam

estes espaços” (Gaspar, 2002). No sentido de evitar a degradação destes espaços e garantir a

preservação dos seus valores há que garantir uma boa gestão e ordenamento do território por

parte das entidades competentes. No PROT da AML estas questões são acauteladas: “O

desenvolvimento da cidade de Setúbal deve ter em atenção as relações paisagísticas com as

margens e o estuário do Sado no limite da AML sul” e relativamente à Serra da Arrábida há que

“garantir, nos modelos de ocupação e desenvolvimento das atividades económicas, localizadas

no seu interior ou na sua envolvente, que os valores paisagísticos em presença se mantêm, ou

as atividades não são suscetíveis de induzir impactes relevantes”. Define ainda que as

“propostas de ocupação urbanística fora dos perímetros urbanos deverão ser objeto de estudos

paisagísticos detalhados” de modo a poder ter em consideração todos os aspetos referidos.

Evolução Histórica

Setúbal é elevado ao estatuto de cidade em 1860, altura em que já conhecia um grande

dinamismo populacional e económico, com a pesca e o sal a serem as grandes atividades

impulsionadoras. No entanto, a sua história antecede muitos séculos.

No concelho a ocupação humana remonta ao Paleolítico antigo, encontrando-se vestígios de

povoamentos antigos na Arrábida. Esta foi-se adaptando ao longo dos séculos, em função das

principais atividades: agropastorícia, comércio e exploração e transformação de recursos

marinhos, que aproveitavam as condições de clima, solo e recursos. Verificou-se inicialmente

uma ocupação do litoral da Serra, no Paleolítico e Neolítico, onde as comunidades

assentavam a sua economia em atividades depredadoras, como a mariscagem, pesca e caça.

Também a agricultura e a criação de gado começavam a ganhar alguma importância. A

ocupação humana dava-se em locais baixos sem condições naturais de defesa. A Idade do

Cobre é caraterizada pelo desenvolvimento da agricultura, criação de gado, comércio e pelo

aparecimento das primeiras formas de metalurgia do cobre. Nesta época surgem os povoados

em altura, como é exemplo do Pedrão, na encosta Este da Serra de São Luís. Também a

organização social começa a mudar nesta altura. Na Idade de Ferro a estratégia de

povoamento passava pelas condições favoráveis à implantação de entrepostos comerciais,

sendo essa localização, essencialmente, junto à desembocadura do Sado. Na Época Romana

as povoações descem para as margens do rio Sado (Silva e Soares, 1986). Mais recentemente

surgem outros povoamentos na Arrábida, com o aparecimento de diversas aldeias no sopé da

Serra, que resultam das “aptidões agrícolas do solo, no traçado das vias de comunicação e na

excelência do clima” (Ribeiro, 1937). Surgem também outras atividades como a produção de

queijo de Azeitão, as vinhas e o mel, que dão a esta região produtos únicos que a caraterizam.

Page 40: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

28

Já a área urbana de Setúbal remonta à Idade do Ferro, embora pouco se saiba desta época, e

tem o seu maior desenvolvimento com a Época Romana. Nesta vai ter como atividade principal

a conserva de peixe, com importantes centros de salga em Setúbal e Troia, para exportação, e

vai afirmar Setúbal como um importante centro do império romano do século I ao V (Costa,

2011).

Depois desta época de desenvolvimento económico segue-se um período de regressão, devido

às invasões bárbaras, pois estes povos preferiam outras localizações mais férteis e protegidas

para se estabelecerem. Isto resultou numa “Setúbal subalternizada sob a proteção militar e

política da poderosa vizinha Palmela” (Costa, 2011), que pelo contrário se desenvolvia. Esta

situação vai-se estender até à reconquista cristã no século XIII, período marcado pela

independência religiosa, administrativa e política face a Palmela e pela construção das

muralhas (1325-1357) que iriam circundar o centro da vila. Esta “estrutura de defesa tem

também um significado histórico que ultrapassa o aspeto meramente militar, representando a

existência de um centro urbano próspero que tem recursos próprios a defender” (Costa, 2011).

É também nesta fase que se afirma a atividade de exploração salineira, numa altura de

crescente dinamismo económico tanto em Portugal como na Europa, servindo como um

impulso na economia local.

Mas é nos séculos XV e XVI que se dá uma afirmação de Setúbal a nível regional, nacional e

internacional com o aumento de frotas estrangeiras a deslocarem-se a Setúbal à procura do

seu sal, tornando-se num dos principais centros produtores e exportadores da Europa deste

recurso. Com os acontecimentos do século seguinte, com a ocupação e administração filipina,

as revoluções dai decorrentes e a concorrência do sal francês o sal sadino vai perder

importância. Surge nesta época a segunda linha de muralhas, cuja construção não chegou a

ser concluída, como resposta à importância militar de Setúbal demonstrada durante o período

de ocupação filipina.

Também o terramoto de 1755 deixou marcas profundas na cidade de Setúbal que foram

demonstradas por uma estagnação económica e demográfica. Esta situação de crise durará

até ao século XIX, altura em que começa uma mudança na estrutura económica da cidade com

o aparecimento da indústria de conservas de sardinhas, no último quartel deste século.

A ocupação de Setúbal desenvolveu-se paralela à margem do rio Sado, devido à grande

dependência do mar, não se estendendo para o interior do território. Isto, aliado ao fato de

possuir terrenos férteis e águas subterrâneas, levou à fixação da atividade agrícola no seu

“hinterland”. Esta situação conduziu ao aparecimento de várias Quintas nos séculos XVIII e

XIX, embora existissem Quintas mais antigas, que produziam diversos produtos hortofrutícolas

e abasteciam os mercados locais. A laranja foi um produto que se destacou devido à sua

procura internacional, constituindo mais um valioso recurso desta cidade até meados do século

XX. Esta, originária da China, chega a Portugal no século XV e um século mais tarde já faz

parte das principais produções de Setúbal, a par do sal, peixe e cortiça.

Page 41: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

29

O século XX é caraterizado pelo desenvolvimento industrial de Setúbal e, consequentemente,

pelo crescimento populacional e urbanístico da cidade.

Segundo Faria (1981), podemos separar a industrialização de Setúbal em três fases distintas:

uma primeira, do início do século XX aos anos 30, onde se verificou um crescimento abrupto

da atividade industrial ligada à conserva de peixe; a segunda dos anos 30 aos 60, onde há uma

crise desta indústria e a implementação de dois grandes grupos industriais ligados ao cimento

e aos adubos; a última fase, a partir dos anos 60, é marcada pela fixação de grandes grupos

industriais que procuravam Setúbal devido à existência de infraestruturas e equipamentos,

abundância de mão-de-obra e à proximidade a Lisboa.

Esta expansão industrial e derivado aumento da população levaram à deslocação da mão-de-

obra para a periferia da cidade, a um crescimento urbano sem qualquer tipo de controlo e

planeamento, e deste modo, ao agravamento das condições de vida da população que aqui se

fixava.

Setúbal passa assim, em algumas décadas, de uma cidade industrial com caráter “mono-

industrial” com a indústria da conserva de peixe, de pequena dimensão, inserida no tecido

urbano da cidade a uma cidade com um sistema de produção complexo, com grandes grupos

industriais que procuram a periferia da cidade para se estabelecerem.

Sistema de Planeamento

Todos os concelhos possuem instrumentos de gestão territorial cujos objetivos e orientações

têm obrigatoriamente de ser seguidas de modo a permitir um desenvolvimento integrado desse

território.

O Programa Nacional da Politica de Ordenamento do Território (PNPOT) é o instrumento que

se encontra no cimo da hierarquia, definindo orientações gerais para todo o país. Neste,

Setúbal é visto num contexto mais amplo, sendo parte integrante da área de influência da

capital, da Península de Setúbal e da AML. Neste sentido, este instrumento prevê o reforço do

peso desta região, onde a cidade de Setúbal se destaca devido à existência de um porto de

nível dois, cujo papel se afirma neste documento como estruturante, do papel da indústria

transformadora e da proximidade a vários corredores de acessibilidades. O Plano Regional de

Ordenamento do Território vai especificar essas orientações ao nível da região, estando

Setúbal inserido no da Área Metropolitana de Lisboa. O PROT AML coloca a cidade de Setúbal

no segundo nível de “importância” do sistema urbano, sendo um “dos principais centros

urbanos da AML, quer do ponto de vista populacional, quer funcional”. Esta cidade, como parte

do subsistema urbano Setúbal-Palmela-Pinhal Novo, tem ainda ganho importância no contexto

metropolitano. Este papel de centro urbano de referência na AML deve-se em grande medida

da indústria de base exportadora e da sua rede de logística, com o caminho-de-ferro e o porto

a desempenharem funções importantes na afirmação de Setúbal.

Page 42: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

30

Ao nível do município encontra-se o PDM, instrumento obrigatório desde o DL 380/99 de 22 de

Setembro em todos os concelhos, sendo de extrema importância no planeamento e gestão de

Setúbal. Este data de 1994, tendo sido elaborado ao abrigo do regime anterior (DL 69/90 de 2

de Março), está atualmente em revisão, e define as regras de ocupação, uso e transformação

do solo. O PDM define onze classes de espaço (Figura 8): espaços agrícolas e florestais;

espaços culturais e naturais; espaços verdes de proteção e enquadramento; espaços-canais;

espaços de usos especiais; espaços de equipamentos e serviços públicos; espaços Para-

urbanos; espaços industriais; espaços de indústrias extrativas; espaços urbanos; e espaços

urbanizáveis, constituindo estes dois últimos o perímetro urbano. Também os espaços

industriais podem pertencer a este desde que se situem adjacentes aos espaços urbanos e

urbanizáveis. É necessário analisar e compreender melhor algumas destas classes.

Os espaços culturais e naturais são constituídos pelas áreas rurais do Parque Natural da

Arrábida e da Reserva Nacional do Estuário do Sado e pelas áreas das Quintas de Setúbal e

Azeitão. Assim sendo, define-se restrições à edificação destes locais de modo a preservar as

suas características intrínsecas. Estes locais podem ainda ser objeto de Planos de Pormenor

de maneira a “estruturar e ordenar paisagisticamente as áreas abrangidas nestes espaços,

bem como definir regras complementares que permitam equacionar soluções de conjunto”

(Artigo 20º do PDM de Setúbal).

Os espaços para-urbanos “integram formas de povoamento disperso, predominantemente de

habitação isolada, constituindo áreas de transição entre espaços urbanos e urbanizáveis”

(Artigo 34º do PDM de Setúbal). Também nestes espaços os usos e a edificabilidade são

reguladas e condicionadas e prevê-se a elaboração de PP “com vista à definição da estrutura e

ordenamento urbano destes espaços, conjugando a sua articulação com os espaços

envolventes e estabelecendo regras para a dimensão das parcelas consoante o que melhor for

considerado para o conjunto das áreas em causa” (Artigo 39º do PDM de Setúbal).

Os espaços urbanos são divididos em centro histórico, áreas consolidadas, áreas a renovar e

áreas verdes de recreio e lazer, conforme as características de cada espaço, definindo

objetivos, categorias de espaço quando necessário e regras de edificação para cada uma.

Destas é importante referir as áreas consolidadas, que são definidas no PDM como sendo

“espaços urbanos onde os arruamentos e alinhamentos de fachadas estão definidos e onde se

visa ordenar o aproveitamento das parcelas não edificadas e onde é permitida a substituição

de edifícios existentes e a modificação das funções e usos urbanos, mantendo as

características morfológicas do tecido urbano existente” (Artigo 65º do PDM de Setúbal).

Por último, os espaços urbanizáveis são “áreas de expansão urbana destinada aos usos de

habitação e de terciário que carecem ainda de infraestruturas urbanas” (Artigo 91º do PDM de

Setúbal), sendo divididas em categorias habitacionais de alta, média e baixa densidade, áreas

de terciário T1 e T2 e áreas verdes de recreio e lazer. As condições de edificabilidade e

loteamento são definidas de maneira distinta para cada uma destas categorias.

Page 43: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

31

Figura 8 - Planta de Ordenamento de Setúbal (Fonte: Câmara Municipal de Setúbal)

Page 44: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

32

Existem ainda, para áreas específicas do concelho de Setúbal, instrumentos importantes a ter

em conta: o Plano Setorial da Rede Natura 2000 e os Planos Especiais de Ordenamento de

Áreas Protegidas do Parque Natural da Arrábida e da Reserva Natural do Estuário do Sado. O

primeiro vincula as entidades públicas enquanto os planos especiais são vinculativos para

entidades públicas e privadas e, de uma maneira geral, pretendem preservar os aspetos

naturais de locais ricos em biodiversidade.

A Rede Natura 2000 deriva de duas diretivas europeias que têm como objetivo a conservação

da natureza no espaço europeu. Esta é transposta para a legislação portuguesa pelo DL

226/97 de 27 de Agosto revisto pelo DL 140/99 de 24 de Abril através de um Plano Setorial que

define orientações estratégicas para Sítios de Interesse Comunitário (SIC) e Zonas de

Proteção Especial (ZPE). Estão inseridas em Setúbal o SIC da Arrábida/Espichel e do Estuário

do Sado e a ZPE do Estuário do Sado e é definido para estes os fatores de ameaça e as

orientações de gestão gerais e detalhadas para cada atividade, assim como orientações

específicas. Destas destacam-se as que pretendem assegurar um correto ordenamento dos

diversos usos de modo a preservar as características dos vários locais e os seus valores

naturais.

O Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida “estabelece regimes de salvaguarda

de recursos e valores naturais e fixa os usos e o regime de gestão com vista a garantir a

manutenção e a valorização das características das paisagens naturais e seminaturais e a

diversidade biológica da respetiva área de intervenção” (Artigo 2º, nº1 do Regulamento do

POPNA). Na mesma linha o Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Estuário do Sado

“estabelece os regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e fixa os usos e o

regime de gestão a observar na sua área de intervenção, com vista a garantir a conservação

da natureza e da biodiversidade e a manutenção e valorização das características das

paisagens naturais e seminaturais” (Artigo 2º, nº1 do Regulamento do PORNES). Estes planos

definem os objetivos gerais e específicos, as servidões administrativas e restrições de utilidade

pública, as ações e atividades a desenvolver, assim como a interditar e condicionar. Definem

também práticas a desenvolver para cada tipo de atividade admitida de modo a permitir uma

correta gestão dos recursos.

Outro instrumento a ter em conta são os Planos de Ordenamento de Estuários que “consagram

as medidas adequadas à proteção e valorização dos recursos hídricos na área a que se

aplicam de modo a assegurar a sua utilização sustentável” (APA). Estes instrumentos ainda se

encontram numa fase inicial com alguns planos em elaboração, não estando, no entanto,

prevista a sua elaboração para o estuário do Sado5.

Por fim, o Plano de Ordenamento da Orla Costeira (POOC) Sintra-Sado estabelece os usos e

regime de gestão da zona costeira de modo a salvaguardar recursos e valores naturais destes

locais. Uma parte importante dos POOC são os planos praia, que definem as regras a aplicar

5 Segundo informação obtida no site da Agência Portuguesa do Ambiente (APA)

Page 45: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

33

relativamente aos concecionários, construção de equipamentos e infraestruturas. Para o

concelho de Setúbal existem dois planos de praia, sendo eles o do Portinho da Arrábida-Creiro

e Galapinho-Galapos e Figueirinha.

Caraterização Socioeconómica

Segundo os Censos de 2011 Setúbal tem uma população de 121 185 habitantes, sendo a sua

estrutura etária (Quadro 2) constituída maioritariamente por pessoas em idade ativa e não

sendo uma população muito envelhecida, com o Índice de Dependência de Idosos de cerca de

27%, a mesma percentagem que se regista na AML. Relativamente à evolução dos seus

residentes, esta tem sido positiva ao longo dos anos, podendo-se verificar na Quadro 3 que de

1981 a 2011 houve um incremento de 23,1%. Comparativamente com os outros concelhos da

AML não teve aumentos tão abruptos como é o caso do município adjacente de Sesimbra ou

de outros como Mafra e Sintra. Ao invés, tem registado um crescimento mais constante ao

longo das décadas, encontrando-se um pouco acima do valor correspondente da AML, 15,7%,

e abaixo da Península de Setúbal, que regista uma taxa de variação de 33,3% de 1981 para

2011.

Quadro 2 - Estrutura Etária da População de Setúbal, 2011 (Fonte: INE)

Quadro 3 - Taxa de Variação da População nos concelhos da AML (%)

Anos Homens Mulheres Total

0 a 13 9315 9025 18340

14 a 64 39327 41612 80939

Mais de 64 9344 12562 21906

1981-1991 1991-2001 2001-2011 1981-2011

Lisboa 3,8 5,1 6,0 15,7

Grande Lisboa -0,4 3,0 4,9 7,6

Península de Setúbal 9,8 11,4 9,0 33,3

Alcochete -10,0 28,6 35,0 56,2

Almada 2,4 6,3 8,2 17,8

Barreiro -1,9 -8,5 -0,3 -10,5

Moita 22,2 3,7 -2,1 24,0

Montijo -1,5 7,9 30,8 39,0

Palmela 18,3 22,1 17,8 70,1

Seixal 30,9 28,8 5,3 77,5

Sesimbra 19,1 36,5 31,8 114,3

Setúbal 6,4 8,8 6,4 23,2

Cascais 7,6 12,1 20,9 45,9

Lisboa -18,4 -14,4 -2,9 -32,2

Page 46: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

34

12,94

12,35

14,53

12,06

14,33

15,36

17,87

13,16

13,56

14,08

12,41

15,55

0 5 10 15 20

Lisboa

Grande Lisboa

Península de Setúbal

Alcochete

Almada

Barreiro

Moita

Montijo

Palmela

Seixal

Sesimbra

Setúbal

Percentagem

2%

25%

73%

SetorPrimário

SetorSecundário

SetorTerciário

Da população em idade ativa, segundo os censos de 2011, 29 822 encontrava-se empregada.

O setor de atividade que emprega mais população é o terciário, seguindo-se o secundário, com

muito menor expressão – 25% da população, e o setor primário a empregar apenas 2% da

população concelhia (Figura 9). Já a taxa de desemprego rondava os 15,55% da população,

um valor muito elevado, como é demonstrado na Figura

10, sendo a segunda mais elevada da Península de

Setúbal depois do concelho da Moita. Verifica-se

também que relativamente a Lisboa e à média da

Grande Lisboa, a taxa de desemprego do município de

Setúbal encontrava-se muito elevada.

Figura 9- Percentagem de População Ativa por Setor de Atividade, 2011 (Fonte: INE)

Figura 10- Taxa de Desemprego, 2011 (Fonte: INE)

Em termos de povoamento o concelho de Setúbal é caraterizado por uma forte concentração

urbana no centro da cidade, que se vai dispersando à medida que se afasta deste. O

povoamento é feito para Este do centro da cidade, sendo aqui que se desenvolvem a maioria

dos aglomerados urbanos. Para Oeste, devido à grande mancha verde que é a Serra da

Loures 16,9 -38,4 3,0 -25,8

Mafra -0,3 24,2 41,1 74,7

Oeiras 2,9 5,5 6,2 15,3

Sintra 19,6 34,3 3,9 66,9

Vila Franca de Xira 18,6 17,5 11,3 55,2

Amadora 11,5 -3,7 -0,4 6,9

Odivelas 7,9

Page 47: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

35

Arrábida, não existem grandes concentrações urbanas, apenas algumas pequenas povoações

concentradas em certos locais e dispersas entre si. No extremo Nordeste do concelho

encontra-se Azeitão, sendo um centro urbano com uma dimensão e importância consideráveis.

São variadas as dinâmicas territoriais que dão origem às povoações. O vale da Rasca (1) tem

uma origem agrícola que se desenvolveu, em certa altura, devido à instalação da SECIL na sua

proximidade. Por sua vez, as Quintas de Setúbal (2) desde cedo desempenharam um papel

importante na produção agrícola da cidade, tendo vindo a perder esta sua especificidade de

década para década. Por fim, o Faralhão (3) surge das diversas potencialidades de exploração

de atividades económicas tendo atingido o seu pico com o crescimento industrial e a instalação

de diversos centros fabris na Península da Mitrena ou em Praias do Sado. Estes são exemplos

de três localidades no concelho de Setúbal que têm mudado muito ao longo dos anos

tornando-se em áreas periurbanas com diferentes dinâmicas territoriais

Figura 11- Localização do Vale da Rasca (1), Quintas de Setúbal (2) e Faralhão (3)

4.1.1 Vale da Rasca

O Vale da Rasca (Figura 12), inserido no Parque Natural da Arrábida, situa-se na Freguesia de

Setúbal. Esta freguesia tem cerca de 36,76 km², incluindo o centro histórico e parte da Serra da

Arrábida, tendo características bastante distintas – urbanas e naturais. Faz fronteira com as

freguesias de Azeitão e S. Sebastião e tem cerca de 38 098 habitantes.

Page 48: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

36

O Vale da Rasca é uma povoação situada num vale, com o mesmo nome, junto à estrada N10-

4 que faz a ligação da Aldeia Grande à SECIL. Este aglomerado é caraterizado pela ocupação

ao longo das encostas do vale. Este tem uma forte dependência da cidade de Setúbal, que se

encontra a aproximadamente 7km, onde a população se desloca para ter acesso a serviços e

equipamentos.

O PDM de Setúbal classifica o uso do solo no aglomerado do Vale da Rasca em três

categorias distintas (Figura 12): dentro dos Espaços Urbanos, Áreas consolidadas: malhas

urbanas habitacionais ou terciário; nos Espaços Urbanizáveis, Áreas habitacionais ou de

terciário e por fim Espaços Para-Urbanos. São representadas como diversas manchas,

relativamente pequenas, de ocupação, encontrando-se os primeiros dois usos na encosta

Norte e o terceiro na encosta Sul. A envolvente do aglomerado, correspondendo à Área

Protegida do Parque da Arrábida, é classificada como Espaços Culturais e Naturais.

Figura 12- Enquadramento do Vale da Rasca no PDM de Setúbal

Relativamente à fixação humana no Vale da Rasca esta resulta, inicialmente, de uma

ocupação baseada na agricultura e, mais tarde, como resultado da fixação de trabalhadores da

fábrica de cimento que se localiza na sua proximidade, a SECIL. Ao longo do tempo também

foram construídas outras habitações que hoje se destinam essencialmente a 2ª habitação.

Page 49: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

37

115

311

218

173155

0

50

100

150

200

250

300

350

1970 1981 1991 2001 2011

Po

pu

laçã

o

Devido à sua localização, na Serra da Arrábida, o Vale da Rasca tem características físicas de

relevo, clima e vegetação muito próprias. Localizada num vale, constitui o limite nascente da

Serra da Arrábida, o seu relevo é suave, com um vale pouco estreito e profundo.

Aspetos Socioeconómicos

O Vale da Rasca é um povoamento com 155 residentes. A evolução da sua população (Figura

13) teve um pico nos anos 80 do século XX, onde registou 311 habitantes, o dobro do que

regista atualmente. A partir dessa data a população tem vindo a diminuir consideravelmente.

Figura 13- Evolução da População Residente no Vale da Rasca (Fonte: INE)

A estrutura da sua população é envelhecida, não existindo quase crianças/jovens a viver no

Vale da Rasca (Quadro 4). O Índice de Dependência de idosos é de 45,19%, sendo que por

cada 100 pessoas em idade ativa existem 45 idosos.

Quadro 4 - Estrutura Etária da População do Vale da Rasca, 2011 (Fonte: INE)

O aglomerado é composto maioritariamente por população empregada, seguido muito perto

por Reformados e pessoas em outra situação, ou seja, sem atividade económica. A

percentagem de desempregados é muito baixa, representando apenas 4% dos seus habitantes

(Figura 14). Os indivíduos empregados trabalham maioritariamente no setor terciário,

correspondendo a cerca de 72% da população, seguindo-se a restante população empregada

a laborar no setor secundário. O setor primário não emprega ninguém deste aglomerado

(Figura 15). A agricultura que possa existir é de subsistência, não sendo destinada ao mercado

e, logo, não contabilizando mão-de-obra para fins estatísticos.

Anos Homens Mulheres Total

0 a 13 2 5 7

14 a 64 55 49 104

mais de 64 19 28 47

Page 50: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

38

57%36%

7%ResidênciahabitualResidênciasecundáriaVagos

28 5

61

0 1 80

20

40

60

80

Anterioresa 1945

1946 a1960

1961 a1980

1981 a1990

1991 a2000

2001 a2011

me

ro d

e E

dif

icio

s

4%

35%

31%

30%

Desempregados

Empregados

Reformados

Outros

0%

28%

72%

Empregado noPrimário

Empregado noSecundário

Empregado noTerciário

Figura 14- Distribuição da situação profissional da população do Vale da Rasca, 2011 e Figura 15- Percentagem de População Ativa por Setor de Atividade, 2011 (Fonte: INE)

Em relação às edificações do Vale da Rasca, estas datam na sua maioria de antes de 1980 e o

pico de construção dá-se exatamente de 1961 a 1980 (Figura 16), altura onde também se

verifica um aumento de população. De 1981 a 2011 apenas foram construídas 9 edificações.

Figura 16- Época de Construção dos Edifícios do Vale da Rasca (Fonte: INE)

Estando a população a diminuir e, embora a construção esteja praticamente estagnada, é

importante compreender em que situações se encontram as edificações/habitações existentes.

Como se pode verificar na Figura 17, apenas

7% dos alojamentos do aglomerado estão

vagos e 57% servem de residência habitual.

Isto faz com que os restantes 36% sejam

residências secundárias, o que representa

um fator importante para a compreensão das

dinâmicas deste aglomerado.

Figura 17- Tipo de Alojamentos do Vale da Rasca, 2011 (Fonte: INE)

Page 51: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

39

106

60 60 60

0

20

40

60

80

100

120

Nº total ResidênciaHabitual

Com água Com esgotos

me

ro d

e A

loja

me

nto

s

Infraestruturas, Equipamentos e Acessibilidades

Segundo os censos de 2011, dos 106 alojamentos existentes, 60 correspondendo a

residências de primeira habitação, 60 tinham acesso à rede de esgotos e a água (Figura 18).

Isto significa que a rede de saneamento básico e de abastecimento de água ainda é deficitária,

com 43% das residências sem acesso a estas infraestruturas básicas públicas. O subsistema

de abastecimento de água que serve o Vale da Rasca é o do Carrascal, onde se encontra um

dos vários reservatórios que constituem a rede de Setúbal. A cobertura da rede de eletricidade

é total.

Figura 18- Informação de Alojamentos, 2011 (Fonte: INE)

Em termos de equipamentos, este aglomerado encontra-se mal servido. Não existe qualquer

tipo de equipamentos de educação, saúde, segurança, culturais ou sociais.

No que toca a acessibilidades, este aglomerado é atravessado por uma estrada que liga a

SECIL à Aldeia Grande, dando acesso à N10 que faz a ligação de Setúbal a Azeitão. Esta

estrada nacional dá acesso aos principais aglomerados que se situam na sua proximidade –

Setúbal por um lado e Aldeia Grande e Azeitão por outro. O serviço de transportes públicos é

deficitário, sendo servido por uma carreira de autocarro da TST (Transportes Sul do Tejo), que

liga o Outão ao centro de Setúbal, cuja circulação é pouco frequente.

Trata-se então de um pequeno aglomerado situado em pleno Parque Natural da Arrábida, cuja

proximidade a Setúbal e Azeitão permitem à população o acesso a todos os equipamentos e

serviços públicos necessárias mas que apresenta alguns problemas de espaço público e

acessibilidades que interessa melhorar/solucionar de modo a oferecer aos residente do Vale da

Rasca melhor qualidade de vida.

Page 52: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

40

4.1.2 Quintas de Setúbal

A área correspondente às Quintas de Setúbal situa-se na freguesia de Setúbal, essencialmente

a oeste e norte do centro da cidade (Figura.196). Visto tratar-se de uma área extensa, é difícil

definir limites concretos da zona das Quintas. Em tempos, estas foram limitadas por Ribeiro

(1937), que as localizava “nos arredores de Setúbal, para Leste na planura arenosa, para

Oeste nos vales e cerros do Viso, para Norte até ao sopé da serra dos Barris e Baixa de

Palmela”. Estas Quintas têm, de uma maneira geral, uma forte ligação com a cidade visto

situarem-se relativamente próximas do centro, onde estão todos os serviços e equipamentos.

Figura 19- Localização das Quintas de Setúbal

No PDM de Setúbal as quintas são consideradas como espaço cultural e natural, devendo “ser

preservadas as suas atuais características morfológicas e tipológicas, defendendo-se os seus

conjuntos edificados e elementos naturais principais, constituindo áreas de enquadramento e

valorização paisagística” (Artigo 17º do Regulamento do PDM de Setúbal). Assim sendo,

definem condicionantes à edificação nesta área, demonstrando a intenção da autarquia em

preservar este espaço e as suas caraterísticas específicas.

As Quintas de Setúbal são uma parte integrante da história do município, sendo

maioritariamente originárias dos séculos XVIII e XIX. Estas estendiam-se na periferia do

concelho - a oeste e norte da cidade, até à Baixa de Palmela – organizadas em função de três

linhas de água. “Os terrenos, muito férteis, de origem calcária ou solos aluvionares,

albergavam pequenas e médias propriedades, exploradas em regime de policultura,

6 A localização das Quintas de Setúbal foi realizada com base na BGRI de 2011 tendo também em conta a delimitação feita pelo PDM de Setúbal

Page 53: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

41

constituídas por uma área de produção agrícola, uma zona residencial, com a moradia do

proprietário, habitação de caseiros, estábulos e outros anexos de apoio às atividades

agropecuárias, e ainda por espaços de lazer enriquecidos por elementos de caráter estético”

(Quintas, 1998). Estas tinham como principal função o abastecimento dos mercados da cidade.

As quintas foram-se estendendo e em 1900 contatavam com a segunda linha de muralhas,

invadindo o seu interior. No entanto, a população de Setúbal começava a crescer, assim como

a indústria conserveira. Dá-se então o desenvolvimento para Norte, lugar das Quintas, com a

construção de diversos bairros como o Bairro Salgado para as elites locais e mais tarde, em

1914-28, o Bairro São Nicolau para habitação de população mais pobre. Foi o princípio de um

processo de urbanização da cidade que iria destruir muitas quintas. Em 1949 numa tentativa de

salvaguardar as quintas e a cultura dos laranjais, foi feito um apelo aos citricultores da região.

No entanto, a situação degradara-se o que acrescido à expetativa do lucro imediato que

representava a venda para construção levou ao declínio destas quintas e ao desaparecimento

quase total da laranja de Setúbal, cuja situação já era deficitária devido a uma doença que

afetou, nesta altura, a cultura da laranja em todo o país (Figura 20).

Figura 20- Evolução dos laranjais de Setúbal (Fonte: Goes, 2012)

Aspetos Socioeconómicos

Como já foi referido, as Quintas de Setúbal cobrem uma área considerável no concelho de

Setúbal. Para analisar a sua evolução em termos estatísticos foi considerada uma área (Figura

19) com base na junção de subsecções dos censos, que tiveram algumas alterações de

década para década7. Tendo este aspeto em conta, é importante analisar a evolução da

população. Como se pode verificar na Figura 21, de 1991 para 2011 não houve uma grande

variação de população, embora tenha existido um pico em 2001.

7 As áreas abrangidas não são totalmente iguais de década para década, o que deve ser tido em conta na análise dos dados.

Page 54: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

42

245

450

271

0

100

200

300

400

500

1991 2001 2011

Po

pu

laçã

o

5%

30%

37%

28%

Desempregados

Empregados

Reformados

Outros

8%

16%

76%

Empregado noPrimário

Empregado noSecundário

Empregado noTerciário

Figura 21- Evolução da População Residente nas Quintas de Setúbal (Fonte: INE)

A estrutura etária da população residente, em 2011, apresentava uma população jovem muito

deficitária e uma população idosa em número considerável (Quadro 5). O Índice de

Dependência de Idosos é bastante elevado, 55,2%, o que significa que por cada 100 pessoas

em idade ativa existem 55 idosos. Já o Índice de Dependência de Jovens é de apenas 11%.

Quadro 5 - Estrutura Etária da População das Quintas de Setúbal, 2011 (Fonte: INE)

A situação profissional da população residente em 2011 (Figura 22) apresentava uma

percentagem de desempregados muito baixa com apenas 5% dos indivíduos nesta situação. A

população empregada era cerca de 30% e reformados 37%. Também aqui está representado o

envelhecimento da população. A população empregada encontra-se maioritariamente, cerca de

76%, a trabalhar no setor terciário, seguindo-se o setor secundário com apenas 16% da

população e quase sem expressão encontra-se o emprego no primário (Figura 23), setor que

marcou a história desta zona e das Quintas.

Figura 22- Distribuição da situação profissional da população das Quintas de Setúbal, 2011 e

Figura 23- Percentagem de População Ativa por Setor de Atividade, 2011 (Fonte: INE)

Anos H M Total

0_13 10 8 18

14_64 88 75 163

mais 64 45 45 90

Page 55: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

43

61%28%

11%Residênciahabitual

Residênciasecundária

Vagos

32

45

53

22

12 90

10

20

30

40

50

60

Anterioresa 1945

1946 a1960

1961 a1980

1981 a1990

1991 a2000

2001 a2011

me

ro d

e E

dif

icio

s

Relativamente ao parque habitacional, a maioria data de antes de 1980, altura em que

decresceu significativamente a construção nestas áreas (Figura 24). O pico da construção dá-

se dos anos 60 a 80 mas a expressão de construção anterior a esta época é elevada,

demonstrando a importância que esta área teve na história de Setúbal. O facto de existirem

muitos edifícios recentes, datados de depois de 1945, deve-se a estarem aqui contabilizadas

não apenas as quintas mas toda a construção de edificações desta área, marcada também por

vivendas e outros edifícios.

Figura 24- Época de Construção dos Edifícios da Área das Quintas de Setúbal (Fonte: INE)

Em termos de residências, a maioria, apresenta-se como sendo principal embora com uma

percentagem de apenas 61%. Cerca de 28% são segunda habitação e uma percentagem

considerável de 11% são residências vagas (Figura 25).

Figura 25- Tipo de Residência nas Quintas de Setúbal, 2011 (Fonte: INE)

No que respeita às propriedades das Quintas (Anexo C), estas têm uma dimensão média de 7

ha8, existindo algumas com dimensões acima dos 10 ha e outras que constituem propriedades

pequenas, não chegando a 1 ha. O estado de conservação é muito diferente de propriedade

para propriedade, mas as que se encontram em melhor estado de conservação correspondem

8 Média da dimensão das Quintas consideradas neste estudo, que resulta de informação disponibilizada pela Câmara Municipal de Setúbal

Page 56: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

44

179

109 102 104

0

50

100

150

200

Nº Total ResidênciaHabitual

Com água Comesgotos

me

ro d

e

Alo

jam

en

tos

a quintas com edificações recentes, onde funcionam empresas/instituições e outros casos

pontuais. Existem muitas propriedades cujas edificações se encontram em ruinas e mais ainda

onde a estrutura funcional de toda a quinta se encontra degradada ou ao abandono (jardins,

pomares, sistemas de rega, etc.). Não existem quase quintas com produção agrícola para o

mercado, existindo algumas com pequenos pomares e hortas para autoconsumo.

Infraestruturas, Equipamentos e Acessibilidades

Relativamente ao acesso a infraestruturas básicas, segundo os censos de 2011, dos 179

alojamentos existentes, dos quais 109 constituíam residência principal, 102 tinham acesso a

água e 104 a esgotos (Figura 26). Estes valores correspondem a 43% das residências sem

acesso a água da rede e 42% sem acesso a saneamento básico das redes públicas. Devido à

extensa área que cobre as quintas existem vários subsistemas que realizam o seu

abastecimento de água, como é o caso dos subsistemas do Carrascal, do Forte Velho e do

Farol da Azeda.

Figura 26- Informação de Alojamentos, 2011 (Fonte: INE)

As acessibilidades são constituídas pela N10, na ligação de Setúbal a Azeitão, que atravessa

uma área de quintas, pela via que dá acesso à baixa de Palmela e por acessos locais, muitos

destes em mau estado de conservação. Os transportes públicos não circulam pelas zonas de

quintas, existindo alguns autocarros da TST que circulam na N10 e fazem a ligação de Setúbal

para Sesimbra, Cacilhas, Quinta do Conde e Lisboa.

Através desta breve caraterização pode-se concluir que esta é uma área com muito potencial,

devido às suas características e localização na proximidade do centro de Setúbal, mas que

neste momento é um território desqualificado e inacessível à população de Setúbal.

4.1.3 Faralhão

O Faralhão (Figura 27) situa-se na Freguesia do Sado, a leste da cidade de Setúbal, numa

zona com características rurais e uma grande diversidade de usos. Esta freguesia tem cerca de

Page 57: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

45

65,5 km2, 5 783 habitantes e faz fronteira com as freguesias de S. Sebastião e Pontes-Gâmbia-

Alto da Guerra do concelho de Setúbal (Câmara Municipal de Setúbal).

Juntamente com Praias-Sado e Santo Ovídeo são os três aglomerados que constituem esta

freguesia, sendo rodeados por manchas de ocupação dispersa. O Faralhão situa-se na

margem do rio Sado, estando em área protegida da Reserva Natural do Estuário do Sado.

Atualmente as principais atividades da freguesia passam pela indústria naval e papeleira,

indústria de extração de sal, aquicultura, agricultura, pescas e comércio.

O Faralhão é facilmente limitado, visto encontrar-se numa “língua de terra”, estando separado

da zona da Mitrena, a Sul, pelo esteiro das Praias e da zona da Gâmbia, a Norte, pelo esteiro

das Vaias.

Devido à sua crescente dinâmica económica, com diversos serviços e comércio que existem no

centro do aglomerado, não é muito dependente da cidade de Setúbal, da qual dista

aproximadamente 8 km em linha reta.

No PDM de Setúbal parte do aglomerado do Faralhão encontra-se dentro de perímetro urbano

(Figura 27), sendo considerada Espaço Urbano – Área consolidada: malhas urbanas

habitacionais ou industriais, numa pequena parte junto à via principal que atravessa o

aglomerado, ou Espaço Urbanizável – Áreas habitacionais ou de terciário, correspondendo

esta tipologia à grande mancha de habitação mais dispersa presente no Faralhão. Ainda existe

uma extensa área, fora de perímetro urbano, com ocupação dispersa, que não se enquadra em

nenhuma destas classificações, sendo apenas considerada como Espaços Culturais e

Naturais, uma vez que está inserida na Reserva Natural do Estuário do Sado.

Figura 27- Enquadramento do Faralhão no PDM

Page 58: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

46

9 46

179

92

5025

0

50

100

150

200

Anterioresa 1945

1946 a1960

1961 a1980

1981 a1990

1991 a2000

2001 a2011

me

ro d

e E

dif

icio

s

O aglomerado do Faralhão é relativamente antigo, tendo sido inicialmente habitado por

pescadores. No entanto, este teve o seu desenvolvimento com a expansão industrial de

Setúbal durante o século XX que determinou as dinâmicas populacionais e urbanas de toda a

cidade, tendo sido a freguesia do Sado especialmente influenciada.

Foi o terceiro período de industrialização, referido na evolução histórica de Setúbal, que

marcou o desenvolvimento desta zona. Até 1940 existe uma ocupação deste território, embora

ainda pouco significativa. É a partir dos anos 60, com a fixação de mais indústrias como a

Sapec, que começou a laborar em 1964 empregando 600 trabalhadores, a Inapa, a indústria de

montagem de automóveis, e outras de grande dimensão que se instalavam na península da

Mitrena ou em Praias-Sado, que se dá um significativo crescimento populacional e,

consequentemente, habitacional. Pode-se verificar este crescimento na Figura 28, que

corresponde ao ano de construção dos edifícios existentes no Faralhão, tendo sido o seu pico

exatamente de 1961 a 1980.

Figura 28- Época de construção dos edifícios no Faralhão (Fonte: INE)

A crescente necessidade de mão-de-obra atrai população de vários pontos do país,

essencialmente do Alentejo e Beira Baixa, que se instalam nesta freguesia. Também nesta

altura a atividade da apanha e tratamento da ostra no rio Sado tem um grande crescimento e

importância nesta região, atraindo população. Isto levou à crescente carência de habitações

que vai gerar problemas mais graves de especulação, crescimento de construção clandestina e

condições precárias de habitação, com diversas carências a nível de infraestruturas. É neste

processo que surgem e expandem-se aglomerados urbanos na zona rural da cidade como é o

caso do Faralhão.

Para dar resposta aos vários problemas que passaram a caraterizar este aglomerado – “teia

urbana degradada, sem suporte de infraestruturas e equipamentos básicos” (Carvalho,

Candeias, Gato & Santos, 1993) – foi criada uma Cooperativa de Habitação, denominada

“Bem-Vinda a Liberdade”, nos finais de 1974, num novo contexto político. Esta pretendia pôr

Page 59: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

47

931

1469

933 914982

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1970 1981 1991 2001 2011

Po

pu

laçã

o

termo às construções clandestinas, à degradação paisagística e urbana e criar condições

dignas de habitação. Construiu cerca de 200 fogos em diversas fases, para além de diversos

equipamentos de caráter social e cultural. Esta foi uma iniciativa essencial para garantir

habitações a baixo custo, tendo tido uma enorme importância para garantir condições de vida

condignas à população deste aglomerado, com as devidas infraestruturas e equipamentos

básicos.

Um outro aspeto essencial na compreensão deste território é a localização de parte do

aglomerado do Faralhão na Área Protegida do Estuário do Sado. Isto significa que tem

características de fauna e flora específicas que são importantes preservar. Localizado na

margem do Estuário, o seu relevo é plano, constituído por Sapal, e encontra-se na bacia

hidrográfica da Marateca, afluente do rio Sado.

Relativamente à flora da zona do Faralhão, antes da ocupação humana, era caraterizada pela

existência de zambujeiros, pinheiros bravos e mansos, assim como carvalhos lusitanos e

sobreiros. Estes foram quase na sua totalidade substituídos por árvores de frutos e pequenas

hortas. No entanto, na sua envolvente existem ecossistemas muito ricos que importa preservar

como é o caso dos sapais e do montado.

Aspetos Socioeconómicos

O Faralhão é, atualmente, um aglomerado periurbano com uma dimensão considerável,

contabilizando à data dos censos de 2011, 982 habitantes. A sua evolução, já descrita

anteriormente, reflete-se num pico de residentes por volta de 1980 devido à dinâmica industrial

(Figura 29). Nas décadas seguintes há uma perda significativa de população que pode ser

explicada pela estagnação da indústria e pela perda de importância de atividades como a

pesca e a apanha e tratamento de ostra no Sado.

Figura 29- Evolução da População Residente no Faralhão (Fonte: INE)

Page 60: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

48

7%

42%

22%

29%

Desempregados

Empregados

Reformados

Outros

8%

34%58%

Empregado noPrimário

Empregado noSecundário

Empregado noTerciário

A estrutura etária dos seus habitantes (Quadro 6) é bastante equilibrada, com uma população

jovem na faixa etária dos 0 aos 13 anos de 118 indivíduos. Já na faixa etária dos 14 aos 24

anos, segundo os censos de 2011, existem 122 indivíduos, o que se traduz numa população

jovem considerável. O Índice de Dependência de idosos é de cerca de 24,2% ou seja, por cada

100 pessoas em idade ativa existem 24 idosos, encontrando-se mesmo um pouco abaixo da

média de Portugal Continental de 29,1% (PORDATA, 2012).

Quadro 6 - Estrutura Etária da População do Faralhão, 2011 (Fonte: INE)

Relativamente à situação profissional da população (Figura 30), verifica-se que 42% está

empregada, 29% está desempregada, constituindo um valor superior ao do concelho, 22% são

reformados e 29% encontram-se noutra situação. Nesta última classe podemos incluir

estudantes, domésticas, entre outros. Da população empregada a maioria trabalhava no setor

terciário, seguindo-se o secundário, e por fim, com apenas 8% da população, o setor primário

(Figura 31). A agricultura apesar de marcar a paisagem é essencialmente de subsistência, com

pequenas hortas domésticas. Já o setor secundário, apesar de já não ter o peso de outro

tempo, ainda tem alguma expressão, com 34% da população ai empregada.

Figura 30- Distribuição da situação profissional da população do Faralhão e Figura 31-

Percentagem de População Ativa por Setor de Atividade, 2011 (Fonte: INE)

Tendo em conta a evolução da população e da construção, já analisadas, importa também

estudar a evolução dos alojamentos. Podemos verificar pela Figura 32 que os alojamentos

seguem a evolução da população. No entanto, pode-se verificar que nos anos 80 há um

acréscimo de população residente ao qual não se encontra correspondência no ritmo de

crescimento dos alojamentos.

Anos Homens Mulheres Total

0 a 13 59 59 118

14 a 64 387 352 739

Mais de 64 80 99 179

Page 61: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

49

0

500

1000

1500

2000

1970 1981 1991 2001 2011

Alojamentos

PopulaçãoResidente

85%

8%7%

Residênciahabitual

Residênciasecundária

Vagos

Figura 32- Evolução da Relação do Número de Alojamentos e a População Residente (Fonte: INE)

Por fim, podemos concluir que este aglomerado, que se expande a partir da crescente

necessidade de mão-de-obra da região, foi-se consolidando ao longo das décadas, com um

maior equilíbrio entre população residente, alojamentos existentes e já com muito menor

dinâmica construtiva. É, deste modo, um local de residência habitual, representando a

habitação secundária apenas 8% e os alojamentos vagos 7% (Figura 33).

Figura 33- Tipo de Residência no Faralhão, 2011 (Fonte: INE)

As construções de génese ilegal sempre tiveram uma expressão muito grande neste local. Este

problema ainda não se encontra totalmente resolvido, existindo cinco Áreas Urbanas de

Génese Ilegal (AUGI) no aglomerado do Faralhão (Anexo D) cujo processo de reconversão não

avançou ou encontra-se parado, devido à complexidade do processo mas também da falta de

preocupação e compreensão dos residentes para este problema. Isto corresponde a uma área

de 50318 m2, 84 lotes e 86 fogos.

Infraestruturas, Equipamentos e Acessibilidades

Relativamente a infraestruturas, grande parte do aglomerado do Faralhão tem acesso a

saneamento básico. A construção da rede de esgotos domésticos foi iniciada apenas depois do

25 de Abril de 1974, com o surgimento das Associações de Moradores. Foram, então,

construídas duas centrais elevatórias de águas residuais, uma em Santo Ovídeo e outra no

Page 62: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

50

427362 354 356

0

100

200

300

400

500

Nº total ResidênciaHabitual

Com água Com esgotosNú

me

ro d

e A

loja

me

nto

s

Faralhão. Mais tarde, em 1991/2, procedeu-se à construção e inauguração da ETAR do

Faralhão. Esta era de extrema importância para resolver a poluição de afluentes domésticos,

que devido ao crescimento habitacional tornara-se um grande problema (Carvalho, Candeias &

Gato, 1993). O aglomerado é, então, atualmente servido pelo subsistema do Faralhão no

abastecimento de água, com um reservatório com capacidade para armazenar 500m3,

representando a mais baixa capacidade de toda a rede, e na drenagem e tratamento de águas

residuais pela ETAR do Faralhão, com capacidade para 4 000 habitações. No entanto, apesar

de a rede cobrir quase todo o aglomerado, existem ainda habitações sem acesso a

saneamento e água. Segundo os censos de 2011 dos 427 alojamentos existentes, dos quais

362 residência principal, apenas 354 têm acesso a água e 356 a esgotos, o que representa

18% dos alojamentos sem água e 17% sem esgotos (Figura 34). A rede elétrica chega a toda a

população.

Figura 34- Informação de Alojamentos no Faralhão, 2011 (Fonte: INE)

Em termos de equipamentos o Faralhão é relativamente bem servido, com 3 escolas, uma com

jardim-de-infância e 1ºciclo e as outras duas de 1ºciclo, uma extensão do centro de saúde e

uma igreja. Para além destes equipamentos essenciais, o aglomerado é também servido por

diversos serviços e comércio, como por exemplo, uma instituição bancária, uma clínica de

análises, uma farmácia e um supermercado.

As acessibilidades são constituídas por estradas municipais através de povoações ou por

zonas industriais. Existe, no entanto, na proximidade acesso à N10-8, que faz a circulação

Praias do Sado – Alto da Guerra, que por sua vez tem ligação à estrada N10, Águas de Moura

- Setúbal. O serviço de transportes públicos é realizado pela empresa Transportes ao Sul do

Tejo, existindo cerca de 5 carreiras que passam na localidade e fazem a ligação com o centro

de Setúbal e com outras localidades como Mitrena e Praias do Sado, entre outras.

Como se verifica, o Faralhão é um aglomerado com bastante dinâmica social e económica que

está relativamente bem servido em termos de equipamentos, acessibilidades e transportes

públicos. No entanto, apresenta alguns problemas de estruturação do território e, devido à sua

Page 63: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

51

localização junto a uma reserva natural, necessita de um especial cuidado no ordenamento do

seu espaço.

4.2 Problemas e Potencialidades

Tendo em conta a caraterização destas três áreas, assim como, do trabalho de campo

realizado, que incluiu pequenas conversas com a população de cada local, podemos chegar à

identificação de alguns pontos fortes e fracos de cada área. Estes são de essencial

compreensão para que se possa proceder a uma correta gestão e planeamento do território

solucionando ou mitigando os seus problemas e tentando ao máximo potenciar as

oportunidades que este têm.

O Vale da Rasca é o caso de estudo com menor dinâmica económica e populacional. Os

principais problemas passam pelo espaço público, sendo um aglomerado onde não existem

passeios nem espaços públicos para a sua população, assim como, pela falta de transportes

públicos. Este último é de especial relevância nesta área, visto que o Vale da Rasca não é

servido pelos diversos serviços e equipamentos, tendo os seus habitantes de se deslocar a

Setúbal para aceder a estes e, embora seja bastante próximo é necessário um meio de

transporte. Outros problemas de referir passam pela falta de limpeza das matas ao seu redor,

aumentando o risco de incêndios, e a proximidade à SECIL que traz a esta zona um grande

tráfego de camiões pesados. Este pode também ser visto como uma potencialidade pois traz,

ou pode trazer, alguma dinâmica económica a este aglomerado, o que é visível no único

restaurante existente no Vale da Rasca, junto à estrada, que funciona como uma paragem para

estes camionistas. No entanto, no balanço das vantagens e desvantagens pensa-se que esta

proximidade será mais desfavorável.

Uma das potencialidades do Vale da Rasca é a sua localização, inserida no parque Natural da

Arrábida, perto de Setúbal, de Azeitão e muito próximo das principais praias da Serra. Também

a qualidade ambiental e beleza paisagística são aspetos a ter em conta que são essenciais

preservar. Para a sua população, juntamente com a localização na Arrábida, a tranquilidade é a

principal vantagem de viver neste local. Já as desvantagens são essencialmente a falta de

transportes públicos.

Devido à sua localização em área protegida é necessário controlar a expansão deste

aglomerado e, ao mesmo tempo, estruturar e qualificar o território. Este necessita de uma

centralidade, onde a população possa reunir-se e conviver, da melhoria de algumas ruas, de

passeios, de uma maior frequência de transportes públicos e da preservação da sua

envolvente.

Page 64: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

52

Quadro 7 - Pontos Fracos e Fortes do Vale da Rasca

As Quintas de Setúbal representam uma situação muito distinta da que se encontra nos outros

casos de estudo devido ao seu património construído único. As suas potencialidades passam,

então, pelos aspetos arquitetónicos e da própria história das diversas quintas. A existência de

vários terrenos para cultivo e a fertilidade desses mesmos solos é outra grande vantagem que

estas quintas têm, permitindo alguma produção de subsistência e para venda. No entanto, a

exploração agrícola já não é uma atividade viável que permita a sustentabilidade das quintas,

como possibilitou no passado com a cultura dos laranjais, sendo necessário o aparecimento de

outras atividades complementares. O interesse em manter e potenciar estas quintas e casas

históricas por parte de alguns proprietários é essencial e a proximidade a Setúbal é também

uma grande mais-valia.

Os problemas são variados, podendo-se referir a falta de infraestruturação, de transportes

públicos, de segurança e da má qualidade das acessibilidades. No entanto, a principal

dificuldade são os elevados custos de manutenção destas propriedades. Os proprietários não

dispõem de recursos suficientes para a manutenção e conservação deste património histórico.

Também a questão das heranças constitui, na maioria das vezes, um grande problema para as

Quintas que, com vários proprietários, vê o interesse diminuir ou sucessivos desentendimentos,

levando à continuada degradação das propriedades e mesmo ao seu abandono total. Para

evitar estes problemas a solução passa pela criação de atividades económicas

complementares que permitam a sua autossuficiência. No entanto, não existem condições para

a fixação de atividades não agrícolas na zona das Quintas (grande parte dos terrenos em RAN;

Índices de edificabilidade muito baixos), constituindo uma condicionante ao desenvolvimento

destas outras atividades. O facto de existirem muitas quintas e, logo, muitos proprietários e

diferentes interesses, faz com que seja um desafio chegar a uma solução que agrade todos e

que o compromisso na implementação dessa solução seja total. A população envelhecida e a

extensa área ocupada pelas quintas são outros aspetos que tornam a gestão desta zona um

grande desafio. Este local é também muito pouco acessível à população do concelho, pelas

más condições de acessibilidades e também devido à pouca abertura das quintas ao público.

Quadro Síntese Vale da Rasca Pontos Fracos Pontos Fortes

Falta de centralidade Inserção no Parque Natural da Arrábida Falta de transportes públicos Proximidade a Setúbal e Azeitão

Falta de infraestruturação Proximidade à praia População envelhecida Qualidade ambiental

Dificuldade em fixar população jovem Beleza paisagística Proximidade à SECIL

Falta de limpeza das matas (incêndios) Qualidade do espaço público

Page 65: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

53

Relativamente à opinião dos proprietários, estes veem a atual redação do PDM Setúbal, ao

condicionar a sua edificação, como um grande entrave à implantação de atividades

económicas complementares e, consequentemente, à manutenção e conservação das Quintas

de Setúbal.

Este é, então, um local bastante central de Setúbal com um património arquitetónico muito rico

que se encontra subaproveitado, quer pela má qualidade do espaço público, quer pelo seu

isolameno para com o resto da cidade e a sua população.

Quadro 8 - Pontos Fracos e Fortes das Quintas de Setúbal

Quadro Síntese Quintas de Setúbal Pontos Fracos Pontos Fortes

Custos de manutenção Aspetos arquitetónicos Heranças Património Cultural e Histórico

Falta de infraestruturação Interesse de grande parte dos proprietários Má qualidade das acessibilidades Existência de muitos terrenos agrícolas

Falta de transportes públicos Proximidade ao centro de Setúbal Falta de segurança

Envelhecimento da população

O Faralhão, povoamento com mais dinâmica dos casos de estudo, tem diversos problemas ao

nível da estruturação do seu território, a nível populacional e económico. A falta de

infraestruturação é um deles, com arruamentos por pavimentar, outros com muito más

condições e a grande maioria sem passeios para que a população possa circular em

segurança. No seu território existem várias AUGI cujos processos de reconversão têm-se

arrastado ao longo do tempo, sem solução prevista para um futuro próximo. Apesar de se

encontrar bem servida de serviços e equipamentos de uma maneira geral, os residentes

sentem falta de equipamentos sociais direcionados para a população mais envelhecida, como

lares e centros de dia. Também o facto de existir pouca concorrência nos serviços,

principalmente no comércio, faz com que os preços, dos alimentos por exemplo, sejam um

pouco mais elevados. Outros problemas passam pela falta de segurança sentida pela

população, especialmente durante a noite e a falta de emprego para a população mais jovem.

Já as potencialidades deste aglomerado são imensas, passando pela proximidade à cidade de

Setúbal, as boas acessibilidades, a boa rede de transportes públicos e a existência de diversos

equipamentos e serviços que tornam o Faralhão num aglomerado independente

economicamente. É ainda de referir a existência de diversos terrenos para cultivo que

permitem uma agricultura familiar de apoio, quer seja apenas para consumo próprio ou para

venda nos mercados e comércio local. Também a sua localização em área protegida da

Reserva Natural do Estuário do Sado é uma grande potencialidade. A proximidade de um

importante local turístico que é o Moinho da Mourisca onde se pode conhecer a história do

Page 66: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

54

moinho, assim como observar várias espécies de aves do estuário é um aspeto a ter em conta.

Também devido à proximidade a esta área protegida é necessário ter maior atenção na gestão

deste território assim como sensibilizar a população para a sua importância.

Para além dos aspetos já referidos, o sentimento de pertença e de calma são os dois aspetos

que mais agradam os residentes.

Este é então um local que necessita de estruturar o seu território, através da qualificação do

espaço público e da infraestruturação do seu espaço, de sensibilizar a sua população para a

importância da Reserva Natural e para as potencialidades que esta tráz. Deste modo poderá

ser um território com qualidade, contribuindo para o bem estar da sua população e para a

preservação dos valores naturais da sua envolvente.

Quadro 9 - Pontos Fracos e Fortes do Faralhão

Quadro Síntese Faralhão

Pontos Fracos Pontos Fortes

Falta de infraestruturação Proximidade a Setúbal

Áreas de Génese Ilegal Dinâmica económica

Falta de segurança à noite Servido de equipamentos e serviços

Pouca opção de escolha no comércio (produtos mais caros)

Bem servido de transportes públicos

Falta de emprego para jovens Existência de muitos terrenos para cultivo

Falta de equipamentos de apoio à população mais envelhecida

Existência de população jovem

Qualidade do espaço público Inserção na Reserva Natural do Estuário do

Sado

Proximidade de um polo turístico

Page 67: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

55

5.Estratégias de aplicação de PIER nas áreas de estudo

5.1 Definição de objetivos e análise de opções

Tendo como base tudo o que foi realizado até este momento irá proceder-se à realização de

uma proposta de Termos de Referência para cada um dos casos de estudo. As opções

adotadas nestes terão em conta a experiência adquirida sobre os PIER com a análise que foi

feita aos planos existentes, as opiniões de todos os entrevistados e, essencialmente, a

caraterização dos locais. Esta última permitiu conhecer os territórios e dar enquadramento a

todas as decisões.

Os contributos para Termos de Referência irão ser realizados tendo como suporte a consulta

de outros Termos de Referência realizados para PIER e disponibilizados pelas respetivas

Câmaras Municipais. São exemplos os realizados para: PIER do Manica – Oliveira de Azeméis;

PIER do Núcleo Portela das Salgueiras – Rio Maior; PIER do Paiol – Sines.

Os aspetos determinantes na elaboração dos Termos de Referência encontram-se nos pontos

2 e 5 do ponto seguinte e correspondem: a) à oportunidade de elaboração dos planos e b) aos

objetivos programáticos de cada um deles. No primeiro ponto são referidas as razões pela qual

se justifica a realização de um plano de pormenor, tendo em conta as características,

problemas e potencialidades de cada um dos locais e o porquê da opção pela modalidade de

intervenção em espaço rural. Neste ponto são focados os principais objetivos do plano. Por

outro lado, os objetivos programáticos dos planos correspondem a medidas ou ações

concretas a realizar de modo a solucionar os problemas e objetivos anunciados anteriormente.

5.1.1 Contributos para Termos de Referência do Vale da Rasca

1. Enquadramento Territorial da Área de Intervenção

A área de intervenção do Plano de Pormenor do Vale da Rasca, com cerca de 32,8 ha, situa-se

na União das Freguesias de Setúbal.

Este território é caraterizado pela ocupação de várias construções, destinadas essencialmente

a habitação, ao longo do vale e pelas áreas naturais existentes em todo o vale e na sua

envolvente.

Este surge em área protegida do Parque Natural da Arrábida, sendo marcado pela falta de

dinâmica económica e populacional. É um território com falta de estruturação e de

infraestruturação, assim como de equipamentos e serviços que sirvam a população residente.

2. Oportunidade de Elaboração do Plano

Page 68: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

56

A elaboração de um plano para este aglomerado surge da necessidade de:

Estruturar e qualificar este local, que carece de infraestruturas e da melhoria do seu

espaço público, de modo a torná-lo num local agradável que a população possa

disfrutar;

Por se tratar de um lugar ambientalmente sensível, cujas características é preciso

proteger e valorizar, é essencial conter a expansão urbana;

Criar condições para a maior dinâmica populacional e económica deste aglomerado

tendo em conta todas as condicionantes associadas à sua localização.

Propõem-se, deste modo, a realização de um Plano de Pormenor na modalidade de

intervenção em espaço rural de modo a responder a todos estes objetivos. Por se localizar em

área protegida do Parque Natural da Arrábida e tendo em conta os objetivos definidos, este

plano será o mais adequado, permitindo uma intervenção sem grande impacto no território.

3. Enquadramento nos Instrumentos de Gestão Territorial

O Plano de Pormenor é enquadrado pelos seguintes Instrumentos de Gestão Territorial em vigor:

Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território;

Plano de Gestão da Bacia Hidrográfica do Rio Sado;

Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa;

Plano Estratégico de Desenvolvimento da Península de Setúbal;

Plano Diretor Municipal de Setúbal;

Plano Setorial da Rede Natura 2000

Plano de Ordenamento do Parque Natural da Arrábida

De acordo com a Planta de Ordenamento do Plano Diretor Municipal de Setúbal em vigor, a área em apreço está classificada da seguinte forma:

Espaços Urbanos – Áreas Consolidadas: malhas urbanas habitacionais ou terciário.

Espaços Urbanizáveis – Áreas Habitacionais ou de Terciário.

Espaços Para-Urbanos.

Espaços Culturais e Naturais

4. Condicionantes Legais

Na área de intervenção do Plano de Pormenor, as restrições de utilidade pública e as servidões

administrativas em presença são as seguintes:

Via rodoviária (estrada municipal).

Reserva Agrícola Nacional.

Reserva Ecológica Nacional

Page 69: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

57

5. Objetivos do Plano

O PIER do Vale da Rasca visa:

1. Estruturação do espaço público, com a pavimentação das estradas e criação de

bermas, assim como com a criação de pequenos espaços de lazer;

2. Proteger a envolvente natural através da limpeza das matas e da criação de

medidas de contenção urbana;

3. Criar ações que potenciem a criação de uma centralidade neste aglomerado e que

permitam a instalação de pequenos equipamentos de iniciativa privada que tenham

uma logica sustentável (exemplo: eco parque de campismo);

5.1.2 Contributos para Termos de Referência das Quintas de Setúbal

1. Enquadramento Territorial da Área de Intervenção

A área de intervenção do Plano de Pormenor das Quintas de Setúbal, com cerca de 92,4ha,

situa-se na União das Freguesias de Setúbal.

Este território é caraterizado pela ocupação dispersa de diversas quintas, cujo uso é

maioritariamente habitacional podendo-se, no entanto, encontrar usos agrícolas e de

equipamentos.

Correspondem essencialmente a propriedades de média e grande dimensão cuja atividade

principal já foi a exploração agrícola. Atualmente muitas destas quintas encontram-se em

sucessiva degradação, não tendo nenhum uso económico a elas associadas, com algumas

exceções.

Esta zona é marcada pela falta de estruturação, com infraestruturas e acessibilidades

deficitárias, assim como, e carência de equipamentos e serviços.

2. Oportunidade de Elaboração do Plano

A elaboração de um plano para este local surge da necessidade de:

Dar uma maior dinâmica económica a estas Quintas de modo a permitir a sua

autossuficiência e, consequentemente prevenir o abandono destas;

Preservar a história e património, mantendo as suas características intrínsecas, e

complementá-las com novos usos e atividades;

Estruturar este território, cujo espaço público, infraestruturas e acessibilidades se

encontram deficitárias e degradadas;

Page 70: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

58

Deste modo, a realização de um Plano de Pormenor na modalidade de intervenção em espaço

rural é o instrumento com mais enquadramento. Este permitirá uma abertura à fixação de

novas atividades, complementares à exploração agrícola e ao solo rural, sem mudar a

classificação do solo e mantendo as características paisagísticas deste local e das suas

Quintas.

3. Enquadramento nos Instrumentos de Gestão Territorial

O Plano de Pormenor é enquadrado pelos seguintes Instrumentos de Gestão Territorial em vigor:

Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território;

Plano de Gestão da Bacia Hidrográfica do Rio Sado;

Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa;

Plano Estratégico de Desenvolvimento da Península de Setúbal;

Plano Diretor Municipal de Setúbal;

De acordo com a Planta de Ordenamento do Plano Diretor Municipal de Setúbal em vigor,

a área em apreço está classificada da seguinte forma:

Espaços Culturais e Naturais.

4. Condicionantes Legais

Na área de intervenção do Plano de Pormenor, as restrições de utilidade pública e as servidões

administrativas em presença são as seguintes:

Reserva Agrícola Nacional.

Rede de Energia Elétrica

5. Objetivos do Plano

O PIER das Quintas de Setúbal visa:

1. Estruturação do espaço público e realização de infraestruturas básicas;

2. Criação de uma rede viária, pedonal e ciclável que permita a circulação interna na

zona das Quintas e a sua ligação com a envolvente;

3. Definir critérios de edificação das quintas de modo a permitir a instalação de

atividades complementares;

4. Criação de incentivos à recuperação das Quintas e à exploração agrícola destas

de modo a manter-se uma das suas principais características;

5. Criar um percurso de Quintas Históricas que permita à população visitar e

conhecer a história destas

Page 71: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

59

5.1.3 Contributos para Termos de Referência do Faralhão

1. Enquadramento Territorial da Área de Intervenção

A área de intervenção do Plano de Pormenor do Faralhão, com cerca de 134 ha, situa-se na

freguesia do Sado.

Este território é caraterizado pela ocupação dispersa ao longo do aglomerado e pela

coexistência de diversos usos e atividades. As principais funções presentes são a habitacional,

equipamentos e agrícola. Esta última é caraterizada por ser maioritariamente uma atividade

familiar, de subsistência.

A sua localização, parcialmente em reserva natural do estuário do sado, oferece-lhe

características naturais que são importantes preservar.

O aglomerado apresenta falta de estruturação do espaço público, com uma rede viária

desarticulada e sem arruamentos consistentes, assim como problemas de construções ilegais.

2. Oportunidade de Elaboração do Plano

A elaboração de um plano para este aglomerado surge da necessidade de:

Estruturação do aglomerado, nas áreas de ocupação mais dispersa, através da sua

infraestruturação e da prevenção do aparecimento de edificações ilegais;

Consciencialização da população para o facto deste aglomerado se situar numa zona

ambientalmente sensível, sendo necessário protege-la, e das potencialidades que a

área protegida proporciona;

Qualificar o espaço público, através da pavimentação das ruas e criação de passeios,

assim como, da elaboração de espaços de uso recreativo.

A realização de um Plano de Pormenor na modalidade de intervenção em espaço rural é

adequada a este local pois permite a resolução de problemas pontuais de um modo suave,

sem grandes impactos, numa área parcialmente situada em área protegida. Deste modo

servirá como um meio de resolver alguns problemas do território sem pôr em causa os aspetos

que o caraterizam.

3. Enquadramento nos Instrumentos de Gestão Territorial

O Plano de Pormenor é enquadrado pelos seguintes Instrumentos de Gestão Territorial em

vigor:

Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território;

Plano de Gestão da Bacia Hidrográfica do Rio Sado;

Page 72: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

60

Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa;

Plano Estratégico de Desenvolvimento da Península de Setúbal;

Plano Diretor Municipal de Setúbal;

Plano Setorial da Rede Natura 2000

Plano de Ordenamento da Reserva Natural do Estuário do Sado

De acordo com a Planta de Ordenamento do Plano Diretor Municipal de Setúbal em vigor, a

área em apreço está classificada da seguinte forma:

Espaços Urbanos – Áreas Consolidadas: malhas urbanas habitacionais ou terciário.

Espaços Urbanizáveis – Áreas Habitacionais ou de Terciário.

Espaços Culturais e Naturais.

4. Condicionantes Legais

Na área de intervenção do Plano de Pormenor, as restrições de utilidade pública e as servidões

administrativas em presença são as seguintes:

Rede de Energia Elétrica.

Reserva Agrícola Nacional.

5. Objetivos do Plano

O PIER do Faralhão visa:

1. Qualificação do espaço público e promoção da infraestruturação básica;

2. Criação de espaços de lazer para a população;

3. Realização de mercados e feiras de agricultura de modo a potenciar as pequenas

hortas familiares e incentivar a utilização dos terrenos com aptidão agrícola;

4. Criação de programas e ações de sensibilização sobre a importância da proteção e

valorização das áreas protegidas dirigida essencialmente à população local;

5. Afirmar-se como a porta de entrada da Reserva Natural do Estuário do Sado com a

criação de eventos e itinerários que incluam o Faralhão e a venda de produtos

apelativos às características da Área Protegida.

Page 73: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

61

5.2 Delimitação de zonas para aplicação de PIER

Tendo os objetivos para cada PIER definidos, e sendo estes direcionados para um

determinado território, é justificável a delimitação física de quais as zonas a aplicar cada um

destes planos. Trata-se de propostas devidamente fundamentadas que poderão ser ajustadas

caso necessário, feitas com o conhecimento adquirido sobre o local e com observação de

imagem de satélite.

O PIER do Vale da Rasca tem uma área de 32,8ha (Figura 35) e a sua delimitação teve como

objetivo principal incluir o maior número de habitações existentes neste vale na área do plano.

Deste modo, este tem no seu alcance uma grande parte das habitações aqui existentes, assim

como, uma área considerável de espaço livre/verde que separa as edificações. A área natural

é, visivelmente, uma parte essencial e caraterizadora desta área de intervenção. A delimitação

da área de intervenção é feita sem seguir caminhos ou outros elementos físicos visto estes não

existirem na maioria do território em causa. Assim sendo, é realizada com base na perceção

visual que se obtém da imagem de satélite.

Figura 35 - Área de Intervenção do PIER do Vale da Rasca (Fonte: Google Maps)

O PIER das Quintas de Setúbal tem uma área de 92,4ha (Figura 36), sendo a mais difícil de

definir e, logo, a mais discutível. Devido à grande extensão da área de localização das Quintas

de Setúbal e a sua dispersão ao longo desta existem diversos locais possíveis para a aplicação

deste plano. Esta área de intervenção foi definida devido a ser um dos locais onde existem

várias quintas, onde muitos proprietários querem de facto uma mudança e devido à

proximidade ao centro da cidade de Setúbal. A delimitação física tenta seguir caminhos

Page 74: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

62

existentes, não sendo sempre possível, e o limite Norte é a fronteira com o concelho de

Palmela.

Figura 36 - Área de Intervenção do PIER das Quintas de Setúbal (Fonte: Google Maps)

O PIER do Faralhão é o que apresenta uma área de intervenção maior, com 134,0ha (Figura

37). Este abrange todo o aglomerado do Faralhão, com exceção da rua principal visto não

apresentar os problemas do restante aglomerado. Os seus limites são, a este a rua principal do

Faralhão e a partir dai segue a sua fronteira física com área do estuário. Optou-se por colocar

todo o Faralhão como área de intervenção para este plano visto que todo o território apresenta

as mesmas características e problemas a solucionar.

Figura 37 - Área de Intervenção do PIER do Faralhão (Fonte:Google Maps)

Page 75: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

63

4. Conclusões

Os Planos de Intervenção em Espaço Rural são um instrumento que tem sido pouco ou

indevidamente utilizados. Este facto deve-se a não estar devidamente clarificado qual o seu

papel no sistema de planeamento. Se por um lado é um plano que pretende intervir no espaço

rural, como indica a sua denominação, por outro ficam por esclarecer questões como qual a

escala de intervenção a que deve intervir ou quais os usos que deverá ordenar. Ficam estas

decisões entregues às Câmaras Municipais, conforme os problemas que quer resolver. Esta

liberdade não tem necessariamente que ser algo mau, pelo contrário. Possibilita uma forma de

planeamento mais flexível, muito falado por especialistas e técnicos, permitindo a adaptação do

plano a cada território e a cada problema. No entanto, para que este seja um instrumento

utilizado e eficiente, é recomendável que exista uma metodologia que possa guiar a sua

realização. Conta-se também com o bom senso de particulares, Câmaras Municipais e

entidades responsáveis pela sua aprovação ao garantir que estes planos são aplicados a usos

corretos e não como um meio fácil de atingir um objetivo.

Para além da sua flexibilidade este plano deveria ser caraterizado por ter uma intervenção

suave no território, pois lida com solos sensíveis e cujas características são importantes

preservar. Tendo isto em conta, poder-se-iam adotar princípios da abordagem Low Impact

Development de modo a criar um desenvolvimento mais sustentável no território, sem impactos

territoriais irreversíveis. Alguns destes passariam pelo tipo de construção, temporária, sempre

que adequado, com materiais locais e mais eficiente em termos de energia. Seria interessante

a realização de um estudo aprofundado que analisasse se esta abordagem poderia ser, de

uma maneira menos “radical”, aplicada aos Planos de Intervenção em Espaço Rural e como.

Deste modo, podemos concluir que as três características ou potencialidades dos PIER, que os

distinguem de todos os outros instrumentos de gestão territorial do nosso sistema de

planeamento são: é um plano para o solo rural, não permitindo a sua reclassificação; é um

plano flexível, sem demasiadas regras quanto à sua aplicação; e é um plano que propõe

intervenções suaves, preocupando-se com a sustentabilidade dos territórios.

Relativamente à sua utilização para ordenar espaços periurbanos, visto que não existe nenhum

instrumento específico para esta tipologia de espaço, pensa-se que são planos perfeitamente

aplicáveis. O periurbano é caraterizado pela multifuncionalidade, por um espaço onde existem

usos e atividades rurais e urbanas. No entanto, os instrumentos de planeamento urbano irão

reclassificar o solo e, consequentemente, potenciar o desenvolvimento urbano, enquanto que,

um PIER permitirá a manutenção do solo rural e, devido à sua flexibilidade, possibilitará uma

adequação do plano às questões em causa em cada território.

Quanto aos casos de estudo, e conforme o que foi dito anteriormente, os três locais poderão

ser alvo de um PIER. O Vale da Rasca, sendo o caso de estudo com características mais

rurais, apresenta problemas de falta de dinâmica e de estruturação do território. Por se

Page 76: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

64

encontrar numa área protegida, a questão ambiental e de sustentabilidade é de extrema

importância e o PIER poderá tentar resolver os seus principais problemas tendo estes aspetos

em consideração. As Quintas de Setúbal são um grande património da cidade de Setúbal e

para além da falta de estruturação do território o seu grande problema passa pela sucessiva

degradação e abandono que estas têm vindo a sofrer. As quintas, como áreas de salvaguarda,

têm muitas restrições em termos de edificação e usos, o que dificulta a utilização destas para

outras funções para além da habitacional, potenciando a falta de rendimentos dos proprietários

para as manterem. Nesta situação, muito particular, um PIER pode criar condições favoráveis à

exploração económica das quintas sem, no entanto, permitir a sua urbanização em massa e

consequente degradação paisagística. Por fim, o Faralhão é o local com mais características

periurbanas com a coexistência de várias atividades e usos rurais e urbanos. Para este um

PIER seria útil essencialmente para estruturar e infraestruturar o território sem transformar o

uso do solo e, por se situar junto a uma área protegida, preservar as suas características

naturais.

O futuro dos PIER apresenta, de forma consensual, grandes potencialidades. Devido às suas

características únicas no processo de planeamento é um instrumento cuja utilização deverá

incrementar com o maior conhecimento dos seus objetivos e processos por parte das Câmaras

Municipais e dos privados, através da já referida realização de um guia ou metodologia, e da

crescente necessidade de intervir em espaços rurais e, principalmente, espaços periurbanos.

Por outro lado, a crescente preocupação com a sustentabilidade dos territórios e a capacidade

dos PIER de se adaptarem, poderá levar ao surgimento de um instrumento que responda a

estas e a outras futuras necessidades do ordenamento do território. Outra fragilidade a ser

ultrapassada é a demora dos processos administrativos que levam à demora excessiva e à

inviabilidade económica dos projetos ou mesmo à não realização destes.

Existirá ainda um longo caminho a ser percorrido por este instrumento até ser uma figura

eficiente e com uma utilização considerável. Para tal, poderão contribuir diversos estudos,

como os já referidos anteriormente, assim como, análises e monitorização dos planos que já

foram realizados e de casos diferentes de aplicação. Deste modo, poder-se-á conhecer melhor

a sua dinâmica e aplicação prática o que contribuirá para o seu sucesso.

Page 77: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

65

Referências Bibliográficas

Allen, A. (2003). Environmental planning and management of the peri-urban interface:

perspectives on an emerging field. Environmental Planning and Management , 15:1, p. 135-

147.

Busck, A. G., Hidding, M. C., Kristensen, S. B., Persson, C., & Præstholm, S. (2008). Managing

rurban landscapes in the Netherlands, Denmark and Sweden: Comparing planning systems and

instruments in three different contexts. Geografisk Tidsskrift-Danish Journal of Geography ,

108:2, p. 1-16.

Carvalho, A. R., Candeias, E., Santos, J., & Gato, M. C. (1993). Historial da Região da Freguesia

do Sado. Setúbal: Junta de Freguesia do Sado.

CEMAT, C. E. (2007). Glossário do Desenvolvimento Territorial. DGOTDU.

Costa, A. A. (2011). História e cronologia de Setúbal 1248-1926. Setúbal: Estuário.

Damen, J. (2002). Development of land consolidation in The Netherlands from project

objective to project instrument. Land fragmentation and land consolidation in CEEC: A gate

towards sustainable rural development in the new millennium. Münich.

Fairlie, S. (2009). Low Impact Development: The future in our hands. University of Leicester

Department of Geography.

Faria, C. V. (1981). Novo fenómeno urbano aglomeração de Setúbal. Lisboa: Assirio e Alvim.

Gallent, N. (2006). The Rural–Urban fringe: A new priority for planning policy? Planning

Practice & Research , 21:3, p. 383-393.

Gallent, N., & Shaw, D. (2007). Spatial planning, area action plans and the rural-urban fringe.

Journal of Environmental Planning and Management , 50:5, p. 617-638.

Gallent, N., Shoard, M., Andersson, J., Oades, R., & Tudor, C. (2004). Inspiring England's urban

fringes: multi-functionality and planning. Local Environment: The International Journal of

Justice and Sustainability , 9:3, p. 217-233.

Goes, I. V. (2012). De espaço rural agrícola a espaço público urbano. A Várzea de Setúbal.

Instituto Superior de Agronomia, Lisboa: Dissertação de Mestrado em Arquitectura Paisagista.

Hoggart, K. (2005). The City’s Hinterland: Dynamism and Divergence in Europe’s Peri-Urban

Territories. England: Ashgate Publishing.

Korcelli, P., Korcelli-Olejniczak, E., & Kozubek, E. (2009). Typologies of European Urban Rural

Regions: a Review and Assessment. Geographia Polonica , p. 25-4.

Kulbicki, L. (2011). Does Welsh National Planning Policy effectively address Low Impact

Development in the open countryside?

Page 78: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

66

Leal, D. M. (2014). O povoamento neo-rural em Portugal Continental: riscos e oportunidades

para o planeamento do espaço rural. Lisboa: Instituto Superior Técnico.

Lobo, F. (2008). Histórias de Setúbal: 1974 a 1986. Setúbal: URAP – União de Residentes

Antifascistas Portugueses.

Miljković, J. Ž., Crnčević, T., & Marić, I. (2012). Land Use Planning for Sustainable

Developmentof Peri-Urban Zones. SPATIUM International Review , p. 15-22.

Overbeek, G., & Terluin, I. (2006). Rural Areas Under Urban Pressure: Case studies of rural-

urban relationships across Europe. The Hague, Agricultural Economics Research Institute (LEI).

Pereira, A. M., Alves, C. H., & Costa, D. S. (2012). A Plurifuncionalidade e o Ordenamento

Territorial nos Espaços Periurbanos, breves considerações. Revista Vozes dos Vales:

Publicações Acadêmicas .

PLUREL. (2010). Rural – Urban Regions and Peri-urbanisation in Europe: Towards a European

Policy to Sustain Ur ban-Rural Futures - Executive Summary.

Ptichnikova, G. (2012). Current Trends in Planning System in Sweden. 48th ISOCARP Congress.

Quinta que já deu fruto. (2013). Setúbal: Jornal Municipal , 50, 26.

Quintas, M. C. (1993). Setúbal nos Finais do Século XIX. Lisboa: Caminho: coleção universitária.

Quintas, M. C. (1998). Setúbal: Economia, Sociedade e Cultura Operária 1880-1930. Lisboa:

Livros Horizonte.

Rauws, W., & Roo, G. (2011). Exploring Transitions in the Peri-Urban Area. Planning Theory &

Practice , 12:2, p. 269-284.

Ribeiro, O. (2004). A Arrábida: Esboço Geográfico (3ª ed.). Fundação Oriente e Câmara

Municipal de Sesimbra.

Setúbal na História. (1990). Setúbal: Edições Lasa.

Silva, C. T., & Soares, J. (1986). Arqueologia da Arrábida. Coleção Parques Naturais , nº15.

Silva, C. T., & Soares, J. (1985). Quintas de Setúbal: valores culturais. Setúbal: DEPA – Centro de

Estudo e Desfesa do Património Histórico do Distrito de Setúbal.

Simon, D. (2008). Urban Environments: Issues on the Peri-Urban Fringe. Annual Review of

Environment and Resources , 33, p. 167-85.

SURF. (2012). Connecting Urban and Rural: Final Report of the Sustainable Urban Fringes

(SURF) Project.

Swaffield, S. R. (2012). Reinventing Spatial Planning at the Urban Rural Interface: A

Christchurch, New Zealand Case Study. Planning Practice & Research , 27:4, p. 405-422.

(2008). Tir-y-Gafel Management Plan. Lammas Low-Impact Initiatives Ltd.

Page 79: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

67

Vale, A. R., & Gerardi, L. (2006). Crescimento Urbano e Teorias sobre o Espaço Periurbano:

Analisando o Caso do Municipio de Araraquara (SP). In L. Gerardi, & P. d. Carvalho, Geografia:

ações e reflexões (p. 231-246). Rio Claro - SP: Associação de Geografia Teorética - AGETEO e

Programa de Pós-graduação em Geografia - UNESP.

Westerink, J., Haase, D., Bauer, A., Ravetz, J., Jarrige, F., & Aalbers, C. B. (2013). Dealing with

Sustainability Trade-Offs of the Compact City in Peri-Urban Planning Across European City

Regions. European Planning Studies , 21:4, p. 473-497.

Webgrafia

http://www.plurel.net/Project-4.aspx - consultado em 26 de Fevereiro

http://www.sustainablefringes.eu/home/home.asp - consultado em 27 de Fevereiro

http://www.purple-eu.org/home/ - 2 de Março de 2014

http://www.jf-sado.pt/ - consultado em 29 de Junho

http://www.icnf.pt/portal/naturaclas/ap/p-nat/pnar/hist-cult - consultado em 30 de Junho de 2014

http://www.aguasdosado.pt/ - consultado em 6/07/2014

http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_main – consultado em 3, 4 e 6 de Julho

http://sadoarrabida.pt/serra - consultado em 4/07/2014

http://www.icnf.pt/portal - consultado em 31/07

http://www.planninghelp.org.uk/planning-explained/history-of-the-planning-system -

consultado em 14/08

Legislação Consultada

Decreto-Lei nº380/99 de 22 de Setembro – estabelece o Regime Jurídico dos Instrumentos de

Gestão Territorial

Decreto-Lei nº 310/2003 de 10 de Dezembro – primeira Alteração ao RJIGT

Portaria 389/2005 de 5 de Abril – estabelece as especificidades dos Projetos de Intervenção

em Espaço Rural

Decreto-Lei nº316/2007 de 19 de Setembro – segunda alteração ao RJIGT

Decreto-Lei nº46/2009 de 20 de Fevereiro – Última alteração ao RJIGT, correspondendo à sua

atual redação

Page 80: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

i

Page 81: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

ii

Anexo A – Fichas PIER

Page 82: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

iii

Page 83: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

iv

Plano de Intervenção em Espaço Rural do Parque Alqueva

Uso: Turístico/Cultural

Problemática: O plano pretende permitir a construção de um empreendimento turístico de

grandes dimensões em três Herdades distintas. A intervenção seria realizada com base nas

especificidades locais, com uma forte vertente ambiental e social, visando assegurar a

preservação e requalificação dos recursos e valorizar o seu potencial turístico.

Iniciativa: Particular

Entidades Auscultadas: Direção Geral dos Recursos Florestais; Instituto de Turismo de

Portugal; Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo; Autoridade Nacional de

Proteção Civil; EDP – distribuição

Participação Pública: Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza; LPN –

Liga para a Proteção da Natureza; Junta de Freguesia de Corval; Dois particulares

Altera PDM: Não

Equipa: CM de Reguengos de Monsaraz e SAIP (Sociedade Alentejana de Investimentos e

Participações)

Freguesia Corval, Campo, Campino

Concelho Reguengos de Monsaraz Área 2074 ha descontínuos Data 26/11/2007

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 84: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

v

Plano de Intervenção em Espaço Rural da Herdade do Barrocal

Uso: Turístico/Cultural

Problemática: O plano foi realizado com intuito de revitalizar a Herdade do Barrocal para a

implantação de uma atividade turística de luxo baseada na história e particularidades da

Herdade. Deste modo pretende-se potenciar a atividade agrícola, explorar os artefactos

arqueológicos presentes e encerrar a pedreira existente.

Iniciativa: Particular

Entidades Auscultadas: IGESPAR, Turismo de PT, EDP – Direção de Planeamento de Rede,

Direção Geral de Recursos Florestais, Direção Regional da Agricultura e Pescas do Alentejo,

Autoridade Nacional de Proteção Civil

Participação Pública: Sem informação

Altera PDM: Sim – Altera as áreas com aptidão para implantação de empreendimentos

turísticos, assim como, os condicionamentos dos espaços agro-pastoris e espaços de proteção

e valorização ambiental.

Equipa: Global Arquitetura Paisagística, LDA

Freguesia Monsaraz

Concelho Reguengos de Monsaraz Área 778 ha Data 25/01/2008

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 85: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

vi

Plano de Intervenção em Espaço Rural do Centro Náutico de Monsaraz

Uso: Equipamentos

Problemática: Plano visa a construção de um equipamento público de utilização coletiva –

centro náutico – numa área natural já utilizada para atividades recreativas (pesca, piqueniques,

entre outros). Pretende-se, deste modo, criar uma zona recreativa estruturada através de uma

intervenção mínima no território.

Iniciativa: Pública – Câmara Municipal de Monsaraz

Entidades Auscultadas: Sem informação

Participação Pública: Sem informação

Altera PDM: Não

Equipa: EDIA, Gestalqueva e Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz

Freguesia Monsaraz

Concelho Reguengos de Monsaraz Área 6,4 ha Data 11/03/2008

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 86: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

vii

Plano de Intervenção em Espaço Rural da UNOR 2

Uso: Industrial

Problemática: Foi feito um PIER com o intuito de criar uma articulação e integração

harmoniosa das diferentes atividades (extrativa, atividades rurais e recuperação ambiental),

assim como, viabilizar a exploração económica do mármore. Isto, para um local sujeito a uma

elevada pressão por parte das atividades humanas, onde a proteção dos recursos naturais é

muito deficiente.

Iniciativa: Pública – Câmara Municipal de Borba

Entidades Auscultadas: Direção Regional de Estradas de Évora (IEP), EDP – Centro de

Distribuição de Évora, INETI

Participação Pública: Assimagra – Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores,

Granitos e Ramos Afins; Os Barrunchos – Comércio e Industria de Construção, lda.

Altera PDM: Sim - no zonamento da Planta de Ordenamento no que diz respeito ao setor

industrial.

Equipa: DHV/FBO

Freguesia Rio de Moinhos

Concelho Borba Área 870 ha Data 02/08/2008

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 87: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

viii

Plano de Intervenção em Espaço Rural da UNOR 3

Uso: Industrial

Problemática: O plano foi realizado para responder aos principais desafios desta área, que

passam por uma paisagem desordenada – com condições muito deficientes a nível de

infraestruturas, falta de clarificação entre espaço público e privado e fortes impactos visuais

sobre a paisagem – a falta de racionalidade na exploração dos recursos e a diminuta

preocupação ambiental.

Iniciativa: Pública - Câmara Municipal de Vila Viçosa

Entidades Auscultadas: INETI, Direção Regional da Economia, Estradas de Portugal –

Direção Regional de Évora, ASSIMAGRA, CEVALOR

Participação Pública: Fabrimar, Marboserra, Soluberma Etma e Particular

Altera PDM: Não

Equipa: Pro Engel; Arqt.ª Marta Falcão (Coordenação)

Freguesia Bencatel e Conceissão

Concelho Vila Viçosa Área 312 ha Data 31/10/2008

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 88: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

ix

Plano de Intervenção em Espaço Rural das Herdades de Gagos e Xerez

Uso: Turístico/Cultural

Problemática: Em contexto da construção da barragem do Alqueva, este plano visa a

execução de um projeto turístico nas herdades de Gagos e Xerez, assim como, o

desenvolvimento da singularidade paisagística destas herdades.

Iniciativa: Particular

Entidades Auscultadas: Sem informação

Participação Pública: Sem informação

Altera PDM: Não

Equipa: CM de Reguengos de Monsaraz; Saraiva & Associados; Global Arquitetura Paisagista;

Hidroprojeto; Ecochoice; Nicklaus Design; Dimeconsult; Prosirtec; TIS.pt; Certiprojeto; Luisa

Borralho – Arquiteta Paisagista; LCA; Beyondesign; Neoturis

Freguesia Monsaraz

Concelho Reguengos de Monsaraz Área 371,55 ha Data 07/08/2009

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 89: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

x

Plano de Intervenção em Espaço Rural da Floresta Cultural da Comporta

Uso: Turístico/Cultural

Problemática: Plano realizado com o fim da construção de uma sede artística para o

escultor/pintor alemão Anselm Kiefer. Para isso, pretende-se a criação de um espaço

natural/cultural que sirva esse fim e, ao mesmo tempo, valorize e conserve os habitats e

núcleos presentes. Criar-se-á um espaço cultural de prestígio internacional.

Iniciativa: Particular

Entidades Auscultadas: Instituto Geográfico Português, EDP – Distribuição, APA,

Administração da Região Hidrográfica do Alentejo, Telecom, Administração Regional de Saúde

de Lisboa e Vale do Tejo, Autoridade Nacional de Proteção Civil, Estradas de Portugal,

Autoridade Florestal Nacional, ICNB

Participação Pública: Não foram recebidas participações.

Altera PDM: Não

Equipa: Via Túnel PGF; Proap; Preza Natura; Outras Paisagens; Câmara Municipal de Alcácer

do Sal; João de Almeida e Pedro Ferreira Pinto (Coordenação do Projeto)

Freguesia Comporta

Concelho Alcácer do Sal Área 599,7 ha Data 02/11/2009

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 90: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xi

Plano de Intervenção em Espaço Rural do Barranco do Velho

Uso: Equipamentos

Problemática: Plano realizado para permitir a construção de um equipamento coletivo – lar de

idosos e de deficientes – num local onde o solo era vedado à edificação. A sua localização

prende-se com as necessidades demográficas e sociais da área de intervenção, com uma

população envelhecida e cada vez mais solitária/isolada. Situa-se na proximidade de um

equipamento já existente, o que minimizaria o impacto da construção, com o aproveitamento

ou restruturação de infraestruturas existentes.

Iniciativa: Particular

Entidades Auscultadas: Direção Regional da Agricultura do Algarve, Núcleo Florestal do

Algarve, Instituto de Solideriedade e Segurança Social, SNRIPD – Secretariado Nacional para

a Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência, DGOTDU, Autoridade Nacional de

Proteção Civil, Administração Regional de Saúde, Autoridade Florestal Nacional, ICNB

Participação Pública: Não foram recebidas participações.

Altera PDM: Sim – área de intervenção encontra-se numa categoria de espaço vedada à

edificação.

Equipa: TetraProjeto

Freguesia Salir

Concelho Loulé Área 11 ha Data 14/12/2009

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 91: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xii

Plano de Intervenção em Espaço Rural do Sítio do Monfurado

Uso: Ambiental

Problemática: Gerir, conservar e valorizar os recursos naturais e culturais existentes. PIER

como um instrumento que tira partido das potencialidades do solo rural e viabiliza o conjunto de

medidas necessárias ao equilíbrio dos diferentes usos humanos e naturais.

Iniciativa: Pública – Câmara Municipal de Évora, Câmara Municipal de Montemor-o-Novo

Entidades Auscultadas: ICNB, Administração Regional Hidrográfica, Direção Regional da

Economia do Alentejo, Direção Regional de Cultura do Alentejo, Direção Regional dos

Recursos Florestais, Direção Regional de Agricultura e Pescas e Desenvolvimento Rural do

Alentejo e Turismo de Portugal

Participação Pública: Liga da Proteção da Natureza e Fundo para Conservação dos Animais

Selvagens, Empresa Iberian Resources, Direção Regional de Economia do Alentejo e Direção

Geral de Energia e Geologia Montemor-o-Novo, Liga dos Pequenos e Médios Agricultores do

Concelho de Montemor-o-Novo, Autoridade Florestal Nacional, Junta de Fregguesia de Nª. Sª.

da Vila e Particulares

Altera PDM: Não

Equipa: Biodesign; Câmara Municipal de Évora; Câmara Municipal de Montemor-o-Novo

Freguesia Várias

Concelho Montemor-o-Novo/Évora Área 23946 ha Data 02/01/2011-31/01/1011

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 92: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xiii

Plano de Intervenção em Espaço Rural no Local da Rebola

Uso: Habitacional/Misto

Problemática: Reordenamento e requalificação do Local da Rebola. Gestão dos diferentes

usos e atividades de modo a promover uma ocupação sustentável do solo e evitar a expansão

estritamente urbana para este território.

Iniciativa: Pública – Câmara Municipal de Montemor-o-Novo

Entidades Auscultadas: Autoridade Nacional de Proteção Civil, Autoridade Nacional Florestal,

Direção Regional da Agricultura e Pescas, EDP – Centro de Évora, Estradas de Portugal

Participação Pública: Foi recebida uma participação.

Altera PDM: Sim – referente à dimensão da propriedade para efeitos de construção de

habitação isolada.

Equipa: Urbiteme e Câmara Municipal de Montemor-o-Novo

Freguesia Nossa Senhora da Vila

Concelho Montemor-o-Novo Área 38,6 ha Data 28/10/2011

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 93: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xiv

Plano de Intervenção no Espaço Rural do Escarpão

Uso: Industrial

Problemática: O PIER foi realizado com o intuito de resolver questões legais e ambientais

pendentes. Isto, pois este é um território marcado por diversos problemas resultantes de más

decisões e “erros técnicos” assim como da desqualificação causada pela falta de gestão da

atividade extrativa. Assim o PIER pretende funcionar como ponto de partida para a resolução

dos problemas mais urgentes deste local.

Iniciativa: Particular

Entidades Auscultadas: Autoridade Nacional de Proteção Civil, Administração Regional

Hidrográfica do Algarve, Administração Regional de Saúde do Algarve, Direção Geral de

Energia e Geologia, Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve, Direção Regional da

Economia do Algarve, Direção Regional de Faro das Estradas de Portugal, EDP – Distribuição,

Rede Elétrica Nacional e REFER

Participação Pública: Foi recebida uma participação por parte dos interessados.

Altera PDM: Sim - requalificação da categoria de solo rural.

Equipa: CEDRU, TIS.pt, Topiaris e Visa Consultores

Freguesia Paderne

Concelho Albufeira Área 326 ha Data 13/01/2012

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 94: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xv

Plano de Intervenção em Espaço Rural da Tapada do Pego em Cabeço de

Vide

Uso: Equipamentos

Problemática: Viabilizar a construção de um equipamento coletivo de cariz social – lar de

idosos – e das respetivas infraestruturas, visto que a instituição não dispõem de mais terrenos.

Iniciativa: Privada

Entidades Auscultadas: Direção Regional de Florestas do Alentejo, Instituto da Segurança

Social – Centro Distrital da Segurança Social de Portalegre, Direção Regional de Agricultura e

Pescas do Alentejo, Administração da Região Hidrográfica do Tejo – Pólo de Portalegre

Participação Pública: Não foram recebidas participações.

Altera PDM: Sim - altera os indicadores urbanísticos para a área de intervenção.

Equipa: Propinhal; GTL Fronteira – Gabinete Local; Eng. José Maria Barradas Cesteiro

(Coordenação)

Freguesia Cabeço de Vide

Concelho Fronteira Área 7,4 ha Data 22/06/2012

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 95: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xvi

Plano de Intervenção no Espaço Rural do Alto do Seixinho

Uso: Industrial

Problemática: O plano visa a realização de uma proposta de organização para a relocalização

de uma unidade industrial, que garanta a qualidade e viabilidade do projeto e que minimize os

impactos da sua implementação.

Iniciativa: Particular

Entidades Auscultadas: EDP Distribuição, Ado – Águas do Oeste, IGP – Instituto Geográfico

Português, Autoridade Florestal Nacional, Direção Regional da Agricultura e Pesca de Lisboa e

Vale do Tejo, Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, IGESPAR

Participação Pública: Laboratório Nacional de Engenharia e Geologia I.P., Direção Geral do

Património Cultural e CCDR de Lisboa e Vale do Tejo.

Altera PDM: Não

Equipa: Câmara Municipal de Torres Vedras - Saul José da Costa Leal de Oliveira

(Coordenação)

Freguesia Ponte do Rol

Concelho Torres Vedras Área 4,18ha Data 18/12/2012

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 96: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xvii

Plano de Intervenção no Espaço Rural do Parque Internacional de

Escultura de Grândola

Uso: Turístico/Cultural

Problemática: Realização de um plano que permita dar uma nova utilização ao território num

local onde a Reserva Ecológica Nacional tem grande expressão. Pretende-se criar um projeto

cultural e museológico que complemente a oferta turística da região, assim como, aposte na

sua valorização paisagística, dando-lhe uma expressão marcadamente florestal.

Iniciativa: Particular

Entidades Auscultadas: EDP, Autoridade Nacional de Proteção Civil, Instituto Geográfico

Português, ICNB, Estradas de Portugal, REFER, Direção Regional de Cultura e Autoridade

Nacional Florestal/DRFA

Participação Pública: uma participação de particular recebida.

Altera PDM: Sim - define utilização distinta da prevista no PDM e procede à desafetação de

algumas áreas REN.

Equipa: CM Grândola; Engimind; Prof. Dr. Sidónio Pardal (Coordenação), Arq. Luisa Sítima e

Eng. Florestal Marta Magalhães (Assistentes)

Freguesia Melides

Concelho Grândola Área 94,95ha Data 30/05/2013

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 97: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xviii

Plano de Intervenção no Espaço Rural da Herdade Vale de Coelheiros

Uso: Agrícola

Problemática: O plano pretende revitalizar a Herdade Vale de Coelheiros, criando um modelo

de ordenamento que potencie a exploração agrícola, assim como, crie um equilíbrio entre as

diversas dimensões (económica, social/cultural e ecológica) presentes na Herdade.

Iniciativa: Privada

Entidades Auscultadas: Direção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo, APA,

Autoridade Nacional de Proteção Civil

Participação Pública: Não foram recebidas participações.

Altera PDM: Não

Equipa: Quarternaire Portugal

Freguesia Messejana

Concelho Aljustrel Área 213ha Data 13/12/2013

Enquadramento

Funcionalidade

Outras Informações Relevantes

Atores

Page 98: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xix

Page 99: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xx

Anexo B – Guiões das Entrevistas

Page 100: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxi

Page 101: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxii

Guião Entrevista Técnicos Municipais

Introdução: No âmbito da dissertação “Estratégias para a Aplicação de PIER em áreas

Periurbanas” é de extrema importância conhecer os PIER já realizados, os seus objetivos e

resultados. Com esta entrevista pretende-se então um maior aprofundamento destes aspetos

de modo a conhecer melhor as dinâmicas deste IGT.

Questões:

Grupo I – PIER existente

1. O que motivou a opção pela utilização de um PIER neste caso?

2. Foram equacionadas alternativas a um PIER?

3. (Sim) – Por que razão se optou então pelo PIER/ Quais os benefícios encontrados

inicialmente? (Não) – Porque não se consideraram outras alternativas? Atualmente

pensa que se deveria ter tido em conta outras possíveis opções?

4. Dado que o plano está em vigor há x anos, qual o balanço que faz dos seus resultados?

5. De quem foi a iniciativa? Existiram conflitos de interesses?

6. (se foi da CM) – Foi bem recebido por parte dos diferentes atores envolvidos?

7. (Caso não saiba) – Quem são os atores?

Grupo II – Opinião sobre PIER

8. Recomendaria ou voltaria a realizar um PIER?

9. Porque pensa que têm sido pouco utilizados?

Page 102: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxiii

Guião Entrevista Especialistas

Introdução: Os PIER são uma figura de Plano de Pormenor com pouca definição, tendo sido

utilizados para vários usos e escalas de intervenção. Devido à sua flexibilidade cada CM utiliza-

os da maneira que mais se adequa ao seu território e/ou problema a intervencionar. No

entanto, os casos práticos de aplicação não são muitos, registando-se até ao final de 2013

apenas 15, nenhum deles em Área Metropolitana.

Questões:

Grupo I – Características

1. No seu ver, quais são as principais características dos PIER, que os distinguem das

outras figuras de planos?

2. Quais os usos para os quais considera adequado a realização de um PIER? Para

resolver que tipo de problemas? (mais pontuais – alterar parâmetros, ordenar áreas relativamente

pequenas; ordenar o território - definir regras, áreas de intervenção grandes)

3. Dever-se-ia definir melhor para que usos e escalas de intervenção estes devem ser

aplicados? Através de legislação, publicação de referência …

Grupo II – Perspetivas passadas e futuras

4. Porque têm sido tão pouco utilizados? (principalmente quando se compara com os PP

“tradicionais”)

5. Qual o potencial/futuro dos PIER?

Grupo III – Apresentação casos de estudo

Vale da Rasca – situa-se em pleno Parque Natural da Arrábida; o grande desafio nesta

localidade é conter a expansão urbana mas, ao mesmo tempo, dotar de infraestruturas as

habitações já existentes.

Quintas de Setúbal – pretende-se valorizar e preservar este local através também de uma

viabilização económica das Quintas.

Faralhão – parte do aglomerado situa-se na Reserva Natural do Estuário do Sado; tem diversas

carências em termos de infraestruturas; poderá beneficiar de um PIER, reconvertendo este

território sem por em causa as suas carateristicas.

6. Qual a sua opinião? Pensa que a cada uma destas áreas poderia ser aplicado um PIER?

Page 103: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxiv

Anexo C - Listagem das Propriedades Localizadas na Área das Quintas de Setúbal (Fonte: CMS)

Page 104: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxv

Page 105: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxvi

Quinta Área (ha) Descrição/Observações

Quinta de Valverde 6.700 Construções existentes em estado de ruína; atividade agrícola em abandono

Quinta da Parrela 6.700 Construções em núcleo em mau estado de conservação/ruína; foi uma quinta de produção, atualmente em abandono

Quinta José Hilário de Cima 3.950 Construções em bom estado (residência); sem atividade agrícola

Quinta do Hilário 26.480 Construções com valor patrimonial arquitetónico; presença de uma mancha de pinheiro manso e pomar; foi uma quinta de produção e recreio, sem produção agrícola

Quinta da Várzea 29.087 Em produção; instalações da DRAPLVT

Quinta dos Ciprestes 9.575 Em produção; empresa de viveiros/jardins; Título de Utilização não Agrícola do Solo

Quinta da Feia 1.000 Construção recente em bom estado; pequeno pomar

Quinta do Galoé 3.344 Construções em muito bom estado de conservação, com valor patrimonial arquitetónico; quinta de recreio, com produção agrícola para autoconsumo

Casal do Cano 2.228 Construção recente em bom estado de conservação; sem qualquer atividade agrícola

Quinta do Serrado 3.492 Várias construções em bom estado de conservação (residência); sem atividade agrícola

Olival da Salema 0.356 Casa de habitação em bom estado; sem atividade agrícola

Olival de Frades 0.240 Pequena edificação em ruína; sem atividade agrícola

Olival de Salema 0.184 Construções recentes em bom estado de conservação; algumas árvores de fruto; sem atividade agrícola

São Paulo 0.068 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Olival Novo 1.468 Sem qualquer atividade nem edificações

Casal do Ferrador 0.501 Sem qualquer atividade nem edificações

Olival das Conceições 2.360 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Olival dos Freires 6.204 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal das Almas 5.004 Edificação em ruínas; sem atividade agrícola

Quinta de Santo António de Galvão 62.320

Núcleo de edificações em bom estado de conservação; construções dispersas em estado de abandono; quinta de recreio, sem produção agrícola, com atividade turística em curso

Quinta de Viana 28.640 Muitas edificações em bom e em mau estado de conservação, armazéns e depósitos de materiais de construção; sem atividade agrícola

Quinta do Galvão 4.248 Edificações em razoável estado de conservação; alguma produção agrícola de para autoconsumo

Casal do Ferrador 0.501 Sem qualquer atividade nem edificações

Page 106: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxvii

Casal do Ferrador 0.506 Pequena edificação de apoio; pequeno pomar e agricultura para autoconsumo

Casal do Ferrador 0.504 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal do Ferrador 0.503 Sem edificações; vestígios de pomar; sem qualquer atividade

Casal da Capelinha 2.458 Casa-mãe bem conservada e com valor arquitetónico; casa de caseiros em razoável estado de conservação; antiga cultura de vinha e hortícolas e produção de queijo; sem qualquer atividade

Casal da Capelinha 2.548 Edificação recente (residência) em muito bom estado de conservação; sem qualquer atividade agrícola

Casal do Ferrador 0.500 Edificação recente e piscina (residência) em muito bom estado de conservação; sem qualquer atividade agrícola

Casal do Ferrador 0.504 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal do Ferrador 0.500 Edificações em razoável estado de conservação; alguma produção agrícola de para autoconsumo

Casal do Ferrador 0.500 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal do Ferrador 0.500 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal do Ferrador 0.500 Vestígios de ruínas; terreno sem qualquer ocupação

Casal do Ferrador 0.504 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal do Ferrador 0.504 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal do Ferrador 0.500 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal do Ferrador 0.510 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal do Ferrador 0.502 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal do Ferrador 0.512 Edificações em razoável estado de conservação; alguma produção agrícola de subsistência

Casal do Ferrador 0.530 Edificações em razoável estado de conservação; alguma produção agrícola para autoconsumo

Arca d'Água - Olival do Arco de São Paulo 7.684 Edificações em razoável estado de conservação; alguma produção agrícola para autoconsumo; olival e pomar dispersos

Arca d'Água 1.036 Edificações em razoável estado de conservação; alguma produção agrícola para autoconsumo

Olival de Salema 0.748 Várias moradias recentes em bom estado de conservação, piscina e court de ténis; sem atividade agrícola

Casal do Ferrador 0.220 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Casal do Ferrador 0.255 Edificação recente em bom estado (moradia/residência); sem atividade agrícola

Quinta das Machadas (de cima) 5.332

Quinta de Recreio e que já foi de Produção, com alto valor patrimonial arquitetónico e paisagístico; pomar de produção; jardins formais

Quinta das Machadas 2.216 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno terraplanado

Page 107: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxviii

Quinta das Machadas (de baixo)

14.413 Edificação recente em bom estado (moradia/residência); sem atividade agrícola

Quinta das Machadas (de baixo)

1.266 Casa-Mãe em mau estado de conservação/ruínas; foi quinta de produção – vinha, pomar e hortícolas; muitas construções/estruturas associadas a rega, tudo em avançado estado de degradação

Quinta do Poço - Courelos de Cima

9.052 Sem qualquer atividade agrícola nem edificações; terreno declivoso com mancha de sobreiros

Quinta das Galroas 8.308 Edificações em razoável estado de conservação; olival disperso, pomar; agricultura para autoconsumo

Quinta do Poço de Courelos de Baixo

2.412 Espaço bem conservado, ocupado com os viveiros de jardim da CMS

Quinta de Santo António

9.640 Quinta de Recreio e Produção; jardins formais em degradação; edificações em razoável estado de conservação; grupo edificado de apoio agrícola/pecuária em abandono, com sinais de ter funcionado em grande dimensão; Vinhas, pomares, estruturas de rega e outros em abandono; alguma produção agrícola para autoconsumo

Quinta dos Marmelinhos

2.372 Edificação em ruínas; espaço atravessado por muitos canais de rega, degradado, com vestígios de pomar em abandono

Quinta da Laje de Baixo

0.533 Muitas edificações em bom e em mau estado de conservação, armazéns e depósitos de materiais de construção; sem atividade agrícola; espaço muito degradado

Quinta da Laje de Baixo

1.032 Armazéns e depósitos de materiais de construção; sem atividade agrícola; espaço muito degradado

Quinta da Laje de Baixo

0.620 Edificação em razoável estado de conservação; algumas árvores; sem atividade agrícola

Quinta da Laje de Baixo

0.509 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Quinta da Laje de Baixo

0.504 Edificação de pequena dimensão em razoável estado de conservação; Pomar e hortícolas para autoconsumo

Quinta da Laje de Baixo

0.504 Edificações recentes de grande dimensão em bom estado de conservação; Piscina; Pomar e hortícolas em abandono; armazéns; instalações para animais

Quinta da Laje de Baixo

0.504 Edificações recentes de grande dimensão em bom estado de conservação; Piscina; Pomar e hortícolas em abandono; armazéns; instalações para animais

Quinta da Laje de Baixo

0.505 Edificações recentes de grande dimensão em bom estado de conservação; Piscina; Pomar e hortícolas em abandono; armazéns; instalações para animais

Quinta da Laje de Cima

11.268 Grupo edificado em ruína; Aqueduto que abastecia Setúbal em degradação; Jardim formal já desapareceu, mantêm-se vestígios de elementos arquitetónicos; existe proposta para viabilização de projeto turístico

Quinta da Portuguesa 1.732 Núcleo edificado em bom estado de conservação; vinha e pomar para autoconsumo; picadeiro informal

Olival dos Combros - Casal do Guarda Mor

0.472 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Page 108: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxix

Olival da Laje - Sitio dos Combros

3.036 Espaço ocupado com oficina e sucata de automóveis; sem agricultura, sem arborização, terreno nu

Olival dos Combros - Casal do Guarda Mor

0.960 Algumas oliveiras dispersas; sem edificações nem terreno cultivado

Casal dos Combros 2.708 Grupo edificado mal conservado, com muitos anexos em mau estado de conservação; sem terreno cultivado

Casal da Fé 0.616 Duas construções recentes, em bom estado de conservação; nenhum aproveitamento agrícola

Olival da Fonte da Laje dos Marmelinhos

3.600 Edificação recente em bom estado de conservação; sem atividade agrícola; algumas árvores dispersas

Olival da Laje 0.848 Sem qualquer atividade nem edificações; terreno natural

Olival da Laje - Alferrere

2.931 Telheiro/ estufa de plantas; área remanescente em terreno natural, sem qualquer ocupação

Casal da Boa Esperança

3.804 Espaço ocupado com oficina e sucata de automóveis; sem agricultura, sem arborização, terreno nu

Courela à Quinta dos Vidais

3.344 Terreno natural, pastagem natural, sem qualquer atividade agrícola

Casal do Brejo 4.877 Grupo edificado em razoável estado de conservação; pequeno pomar e hortícolas para autoconsumo

na envolvência das edificações; remanescente da quinta é prado natural

Casal das Chamburginhas

0.324 Grupo edificado em bom estado de conservação; quinta de reduzida dimensão, anexa à EN 10, resumida ao grupo edificado e enquadramento arbóreo

Quinta da Conceição 10.708 Dois grupos edificados com bastante relevância, a apresentar sinais de degradação;

pomar disperso, olival disperso e espaços de horta; zona sul bastante íngreme, com denso coberto arbóreo

Quinta de Santa Ifigénia

11.828 Grupos edificados em bom estado de conservação; quinta de recreio; pequeno pomar e hortícolas para autoconsumo; densa mancha arbórea de considerável dimensão

Viso da Misericórdia 0.352 Pequena quinta com algumas edificações sem valor arquitetónico, sem atividade agrícola, algumas árvores dispersas

Quinta de São Luís - Quinta dos Vidais

5.542 Edificação recente; prado natural/pastagem; resultou da divisão da Quinta dos Vidais

Quinta do Casalinho - Quinta dos Vidais

5.572 Edificação antiga, em razoável estado de conservação; Prado natural/pastagem/ Vertente fortemente arborizada; resultou da divisão da Quinta dos Vidais

Quinta dos Vidais

4.449 Edificação recente de grande dimensão, em muito bom estado de conservação; Prado natural/pastagem/ Vertente fortemente arborizada; resultou da divisão da Quinta dos Vidais

Quinta da Portela 4.549 Conjunto edificado formando um quadrado com páteo central, com bastante interesse; Prado natural/pastagem/

Vertente fortemente arborizada; resultou da divisão da Quinta dos Vidais

Refúgio do Marquês 7.086 Prado natural/pastagem/ Vertente fortemente arborizada; resultou da divisão da Quinta dos Vidais

Page 109: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxx

Outeiro do Quintão 5.582 Núcleo edificado com bastante interesse patrimonial; vinha, pastagem

Quinta de São Jerónimo

2.712 Edificação com bastante interesse patrimonial; jardim em torno da edificação, pastagem/prado, com bastante presença de árvores

Quinta dos Bonecos e horta do Telhal

4.680 Casa-mãe em bom estado de conservação, com valor patrimonial arquitetónico; jardim formal associado; vários elementos arquitetónicos interessantes – escadarias, gruta, tanques, fontes e peças esculpidas; sem atividade agrícola em exploração; vacaria, pomares e hortícolas em degradação; presença de mancha florestal

Quinta dos Meses 4.640

Edificações em ruína total; antigo jardim associado à construção completamente degradado; significativa mancha arbórea mista; pastagem e canavial; sem atividade agrícola presente

Casal da Glória 5.168

Edificação em ruínas; terreno natural, presença de algumas manchas arbustivas; sem atividade agrícola; com projeto de desenvolvimento turístico em curso

Casal de Assis 2.360

Edificação em bom estado de conservação; espaço ajardinado de enquadramento da moradia; terreno socalcado com sobreiros e vestígios de plantação de pomar; sem outra atividade agrícola

Quinta do Patricio 0.916 Quinta de recreio, sem atividade agrícola, com projeto de exploração turística/restauração em funcionamento

Quinta do Patricio 2.380 Edificações em razoável estado de ocupação; a grande maioria da quinta é espaço florestal, sem atividade agrícola

Serra do Moinho de São Filipe

1.772 Sem qualquer atividade nem edificações; vestígios de um moinho em ruínas; terreno natural

Casal da Serra de São Filipe

0.276 Quinta de recreio/habitação; sem atividade agrícola

Casal da Serra de São Filipe (há mar ao luar)

0.656 Quinta de recreio com projeto turístico em atividade; sem atividade agrícola

Quinta de São Filipe 2.648 Núcleo edificado em muito bom estado de conservação; presença de vinha, olival e pequeno pomar

Casal da Serra de São Filipe

0.740 Quinta sem qualquer vestígio de quinta, completamente edificada, com duas moradias justapostas de grandes dimensões; sem qualquer aproveitamento agrícola

Casal de São Filipe 1.472 Pequena edificação em razoável estado de conservação; algumas oliveiras dispersas; sem atividade agrícola

Olival do Zé Palhão ou São Filipe

6.864 Núcleo edificado em muito bom estado de conservação; conjunto de moinhos reaproveitados, com função residencial/turística; olival sem exploração; sem atividade agrícola

Marco ou Rate Ferro 0.098 Moinho e outras edificações com função residencial; sem atividade agrícola

Page 110: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxxi

Page 111: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxxii

Anexo D – Áreas de Génese Ilegal no Faralhão

Page 112: Estratégias para a Aplicação de Planos de Intervenção em ... · Os planos de intervenção em espaço rural são uma modalidade de Plano de ... Os Planos de Intervenção em

xxxiii