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Simpósio Internacional sobre Interdisciplinaridade no Ensino, na Pesquisa e na Extensão Região Sul 1 Estratégias de combate ao tabagismo: a tentativa de um fazer interdisciplinar Jussara De Bortoli Universidade Estadual do Centro- Oeste do Paraná, [email protected] Caroline Guisantes De Salvo Toni Universidade Estadual do Centro- Oeste do Paraná, [email protected] Silvana Maria Sasso Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, [email protected] Veridiana Lúcia Stachowski Kuss Universidade Estadual do Centro- Oeste do Paraná, [email protected] Eixo temático: Conhecimento Interdisciplinar 1 Introdução 1.1 Interdisciplinaridade e tabaco Em termos conceituais ainda não há um consenso firmado sobre a temática interdisciplinaridade, embora Leis (2005) acredite que a procura por uma definição unívoca deva ser rejeitada, uma vez que realizar esta tarefa não seria algo propriamente interdisciplinar, mas sim disciplinar. Segundo Gomes e Deslandes (1994), a interdisciplinaridade não é uma perspectiva inteiramente nova diante da construção do conhecimento. Seu debate, atualmente, é constante e aparentemente uma discussão amplamente aceita, visto a complexidade da sociedade e da cultura, a proliferação do conhecimento, que se encontra cada vez mais fragmentado, exigindo assim uma análise mais integrada e completa. A partir desta perspectiva, entende-se que a interdisciplinaridade, tal como é como proposta por Batista (2006), traz uma contribuição para a produção científica contemporânea, ao contemplar as intersubjetividades e o respeito às diferenças existentes diante de múltiplos olhares e copreensões acerca de um determinado objeto. Parafraseando Gomes e Deslandes (1994), ela pode ser definida como uma perspectiva de diálogo e interação entre as disciplinas de tal forma que elas saiam enriquecidas, bem como, conduz a uma reflexão profunda a respeito do conceito de ciência e possibilita o resgate da unidade de seu objeto de estudo na busca de um fazer coletivo. Levando em consideração o que os autores apontam sobre a interdisciplinaridade, compreende-se que sua aplicabilidade torna-se indispensável no campo da saúde pública, mas precisamente, frente a complexidade do tabagismo. Compreendê-lo exige, necessariamente, a consideração de inúmeros aspectos interligados em sua determinação. Envolve o estudo de fatores psicológicos, sociais, biológicos, e, também questões socioeconônicas, educacionais e culturais, tanto no que se refere à sua instalação, como em sua

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1

Estratégias de combate ao tabagismo: a tentativa de um fazer interdisciplinar

Jussara De Bortoli Universidade Estadual do Centro- Oeste do Paraná, [email protected]

Caroline Guisantes De Salvo Toni Universidade Estadual do Centro- Oeste do Paraná, [email protected]

Silvana Maria Sasso Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná, [email protected]

Veridiana Lúcia Stachowski Kuss Universidade Estadual do Centro- Oeste do Paraná, [email protected]

Eixo temático: Conhecimento Interdisciplinar

1 Introdução

1.1 Interdisciplinaridade e tabaco

Em termos conceituais ainda não há um consenso firmado sobre a temática interdisciplinaridade,

embora Leis (2005) acredite que a procura por uma definição unívoca deva ser rejeitada, uma vez que

realizar esta tarefa não seria algo propriamente interdisciplinar, mas sim disciplinar.

Segundo Gomes e Deslandes (1994), a interdisciplinaridade não é uma perspectiva inteiramente nova

diante da construção do conhecimento. Seu debate, atualmente, é constante e aparentemente uma discussão

amplamente aceita, visto a complexidade da sociedade e da cultura, a proliferação do conhecimento, que se

encontra cada vez mais fragmentado, exigindo assim uma análise mais integrada e completa.

A partir desta perspectiva, entende-se que a interdisciplinaridade, tal como é como proposta por

Batista (2006), traz uma contribuição para a produção científica contemporânea, ao contemplar as

intersubjetividades e o respeito às diferenças existentes diante de múltiplos olhares e copreensões acerca de

um determinado objeto. Parafraseando Gomes e Deslandes (1994), ela pode ser definida como uma

perspectiva de diálogo e interação entre as disciplinas de tal forma que elas saiam enriquecidas, bem como,

conduz a uma reflexão profunda a respeito do conceito de ciência e possibilita o resgate da unidade de seu

objeto de estudo na busca de um fazer coletivo.

Levando em consideração o que os autores apontam sobre a interdisciplinaridade, compreende-se

que sua aplicabilidade torna-se indispensável no campo da saúde pública, mas precisamente, frente a

complexidade do tabagismo. Compreendê-lo exige, necessariamente, a consideração de inúmeros aspectos

interligados em sua determinação. Envolve o estudo de fatores psicológicos, sociais, biológicos, e, também

questões socioeconônicas, educacionais e culturais, tanto no que se refere à sua instalação, como em sua

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manutenção ou abandono (SEABRA, FARIA e SANTOS, 2011). Portanto, é imprescindível a integração de

conhecimentos e de ações que favoreçam o combate ao tabagismo, desafio que hoje mundialmente se

assume em prol da saúde da população. Sendo assim, cabe salientar algumas concepções indispensáveis a

compreensão do tabagismo.

Durante muitos séculos o tabaco foi difundido como dotado de potencialidades medicinais, capaz de

curar doenças, tais como reumatismo, doenças do fígado e intestino (BRASIL, 2001). Além disso, Guerreiro

(2002), Bordin, Figlie e Laranjeira (2004), apontam que os primeiros estudos médicos sobre o tabaco, que

datam de 1964, não o consideravam como vício, mas sim como um estilo de vida, um símbolo relacionado a

status e independência na sociedade. Dessa maneira o ato de fumar era reforçado pela propaganda, sendo

que os seus consumidores não eram, de acordo com Angerami-Camon (2003), foco de atenção dos

programas de saúde pública. Em contrapartida, o tabagismo é visto hoje pelo Instituto Nacional de Câncer

(INCA) como uma doença, a qual é tida como resultado da dependência à nicotina. Esta é considerada pela

Organização Mundial da Saúde (2006), por Balbani e Montovani (2005) e por Franken, et al. (1996) como

um componente psicoativo do cigarro que causa diversos efeitos, dentre eles, mudança de humor, redução

do estresse, melhora no desempenho, aumento na atenção e na concentração, melhora na memória, redução

da ansiedade, supressão do apetite e outros.

Embora produza os efeitos anteriormente mencionados, os quais podem ser usados como

justificativas por muitas pessoas para manter o vício, a nicotina ocasiona depois de um período de uso a

dependência física, e assim o organismo necessita desta substância para que o metabolismo se processe. De

acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), que foi elaborada em 1974:

(...) “a dependência de drogas é um estado mental e, muitas vezes, físico, que resulta da interação

entre um organismo vivo e uma droga. Caracteriza-se por um comportamento que sempre inclui uma

compulsão de tomar a droga para experimentar seu efeito psíquico e, as vezes, evitar o desconforto

provocado por sua ausência”.

Nesta perspectiva, Graeff (1989) e Graeff e Guimarães (2001) afirmam que para se configurar como

potencial de induzir dependência é necessário que haja uma auto-administração da droga pelo indivíduo, e

que esta seja seguida de sensações de prazer e de alívio das tensões desagradáveis, o que acontece no caso

da nicotina. Na concepção de Carvalho (2000), a dependência é considerada como um processo complexo

que envolve uma série de fatores relacionados à personalidade, comportamento e aspectos culturais e

sociais.

Atrelado a este contexto, a OMS (2006) salienta que o tabaco é facilmente absorvido e atinge o

sistema nervoso central conectando-se aos receptores de acetilcolina nicotínicos (nAChR). Desta maneira,

Franken, et al., (1996) apontam que no cérebro os efeitos da nicotina podem estar relacionados a várias vias

neuroquímicas e diferentes receptores, uma vez que esta substância age como agonista da acetilcolina,

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noradrenalina, vasopressina, beta endorfinas. Além desses efeitos, a nicotina aumenta as concentrações de

dopamina em algumas áreas especificas, dentre elas, no núcleo accumbens e na amígdala, ou seja, a nicotina

ativa a via da recompensa no sistema dopaminérgico meso-corticolímbico, fato que inclui o mecanismo de

dependência de todas as drogas (DETONI, 2006; FRANKEN, ET AL., 1996).

Ainda sobre o caráter de recompensa, este pode implicar em alguns aspectos importantes que estão

ligados a dependência psicológica das drogas. O primeiro diz respeito a administração da droga pelo próprio

individuo, o que nas palavras de Graeff (1989, p. 104) relaciona-se com as teorias de aprendizagem, pois é

necessário que os comportamentos que levam a auto- administração sejam reforçados, por aquilo que a

droga proporciona de prazeroso, para que voltem a ocorrer futuramente e assim sejam mantidos. Além disso,

os princípios gerais das teorias de aprendizagem apontam que as recompensas imediatas são mais eficazes

para reforçar o comportamento do que recompensas postergadas ou punições. E no caso da nicotina, a

primeira é a que prevalece, já que como foi mencionado anteriormente, após administrada ela chega

rapidamente ao cérebro proporcionando também coisas boas ao indivíduo.

Graeff (1989) afirma que o mesmo princípio salientado pode ser usado para compreender o fato de os

indivíduos continuarem a usar drogas, apesar dos prejuízos ocasionados por estas, ou seja, as consequências

que são danosas ocorrem tarde demais para terem um efeito punitivo e assim acabam fazendo com que o

indivíduo as tolere e continue fumando.

Outro fator importante que diz respeito ao comportamento de fumar, é que este pode ter como

consequência um reforço negativo ao reduzir as sensações de desconforto, que aparecem tanto na aquisição

do vício como também na retirada da droga, após seu uso prolongado (GRAEFF, 1989; GRAEFF e

GUIMARÃES, 2001).

Apesar dos aspectos supracitados serem de suma importância para se compreender o processo de

dependência das drogas, eles não devem ser os únicos a serem considerados, uma vez que deve se

acrescentar, segundo Graeff e Guimarães (2001), a hipótese de que haja na fase de manutenção da

dependência um processo denominado de formação de hábito. Este é diferente do reforço, e responsável

também pela resistência a extinção e a punição, ou seja, responsável pela dificuldade do indivíduo em

abandonar o vício. A formação de hábito está relacionada a associações do tipo clássico, que envolvem

estímulos e respostas, ou seja, abarcam estímulos ambientais, os quais estão presentes no momento em que a

droga é consumida e comportamentos de busca e auto-administração. Portanto, está ligada a dependência

psicológica, que é causada pelo tabaco e que se caracteriza pelo sentido ou função atribuída ao cigarro pelos

fumantes (INCA, 2004).

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Marlatt e Gordon (1993) apud Karkow, Caminha, Benetti (2005) salientam que o uso de drogas por

humanos recebe também influência de fatores de aprendizado social e de modelagem. Estes

comportamentos, denominados aditivos, são considerados como “maus hábitos”, porém passiveis de serem

analisados e modificados através da aplicação de procedimentos de novos aprendizados. Dessa forma têm-se

como objetivo, para a mudança, observar os determinantes que mantém o hábito, a busca de informações

sobre as consequências deste, bem como uma compreensão dos efeitos que são reforçadores. O interesse

pelas relações sociais e interpessoais vivenciadas pelo fumante antes e depois de assumir seu

comportamento aditivo também são fundamentais e devem ser levadas em conta nesse processo.

Discorrido algumas formas de compreensão da dependência ocasionadas pelo cigarro, é importante

salientar que a falta do componente do tabaco, denominado nicotina, provoca no organismo a chamada

síndrome de abstinência, a qual segundo Sopezki, et al., (2007) pode desencadear ansiedade, irritabilidade,

tensão, dificuldade de concentração, desejo intenso de fumar e outros. Além desses, a nicotina induz

tolerância, que se caracteriza de acordo com Nunes (2006), pela necessidade de doses progressivamente

maiores para obter o mesmo efeito, visto que leva à redução dos sintomas que foram verificados

inicialmente, ou seja, as sensações de sudorese e náusea que são produzidas pelo primeiro cigarro

consumido tendem a desaparecer nos cigarros subsequentes fazendo com que a pessoa queira fumar mais e

mais.

Ainda sobre os efeitos relacionados ao cigarro, Angerami-Camon (2003) e Nunes (2006) consideram

que há uma relação, entre a dose de nicotina ingerida, o tempo que ela age no organismo e a resposta que

produz, a qual não é linear, ou seja, o aparecimento de doenças remetidas ao uso do tabaco nem sempre

surge logo após o seu uso, com exceção de tosses, pigarros e outras manifestações.

1.2 Tratamento

A despeito de tais dados, as intervenções visando o tratamento do tabagismo são vistas como um

desafio, não só pelos pacientes mais também pelos profissionais. Atrelado a isso, têm-se a dificuldade de

trabalhar com os fumantes, pois muitos dos que procuram parar de fumar nem sempre buscam ajuda

motivados por vontade própria, mas sim por pressão familiar, pela necessidade diante do recebimento de um

diagnóstico de doença relacionado ao vício, ou por outras questões (SOPEZKI, et al., 2007).

Antes de qualquer exposição de ideias sobre as formas de tratamento ao tabagismo é importante

salientar que de acordo com Presman, Carneiro e Gigliotti (2005), durante muito tempo os diversos

profissionais da saúde não sabiam escolher qual era o melhor tratamento para um fumante, sendo que muitos

se orientavam a partir de seu trabalho e de suas crenças pessoais, baseadas apenas em observações.

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Tampouco se conseguia estabelecer um bom controle sobre a qualidade destas práticas visto a falta de

comprovação científica. Contudo essa situação vem sendo modificada pelo avanço da ciência clínica, a qual

possibilita uma prática baseada em suas evidências.

Portanto, atualmente são frequentes e produzem mudanças significativas, os programas de tratamento

ao tabagismo. No Brasil estes, estão vinculados ao Sistema Único de Saúde (SUS), e são encontrados nos

diversos municípios, contribuindo desta forma, para que seja atingida a meta de controlar essa epidemia no

país (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE- INCA, 2012).

É possível também observar que departamentos de cardiologia e oncologia de diversos hospitais

promovem grupos para auxiliar indivíduos que querem e precisam parar de fumar, e pelos mais variados

motivos não conseguem. De maneira geral, estes grupos são conduzidos por cardiologistas, psicólogos e

enfermeiros, que além de esclarecerem aspectos a cerca dos malefícios advindos do tabaco, dimensionam os

eventuais problemas psicológicos que possam estar dificultando o abandono do mesmo. Sendo assim, a

condução do tratamento é baseada tanto em informações médicas quanto em aparatos psicológicos, dando

suporte não apenas físico para estes pacientes, mas também escora emocional (ANGERAMI-CAMON,

2003). Nesse sentido, para Scornavacca, et al. (2012) o psicólogo é visto como aquele que deve atuar

prezando o desenvolvimento do autocontrole e consequentemente a autonomia do indivíduo, para que este

consiga escapar do vício, promovendo a mudança do seu próprio comportamento.

De acordo com os autores Marques, et. al., (2001), a intervenção psicológica breve, um modelo

estruturado e simples, pode ser aplicada no tratamento do tabagista e utilizada em qualquer nível de atenção

à saúde. Estes autores acreditam que o referencial teórico mais recomendado é a terapia comportamental, e a

abordagem mais empregada é a grupal, podendo abarcar até vinte e cinco participantes, considerada assim

de baixo custo. De início é realizada uma entrevista individual com cada participante, direcionada para a

história do vício, gravidade do consumo, comorbidades relacionadas ao tabaco, se houve recaídas anteriores,

bem como, para avaliar o grau de motivação para o tratamento. Este pode ser estruturado por quatro ou

cinco sessões, nas quais são discutidas algumas questões, como os riscos causados pelo uso do tabaco, o uso

da terapia de reposição de nicotina como parte do tratamento, estratégias de manutenção da abstinência e o

acompanhamento após a alta. É válido salientar que a rede social ou familiar também pode ser inserida nesta

forma de tratamento (MARQUES, et al., 2001).

Outro importante referencial teórico que pode embasar o tratamento do comportamento tabagista é a

terapia cognitivo-comportamental. Esta possui praticamente a mesma base teórica que a anterior, é breve,

focal e estruturada em três níveis: a modificação do comportamento de uso e dos pensamentos automáticos

disfuncionais, a resolução dos problemas associados e o reajuste social e ambiental (MARQUES, et al.,

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2001). De acordo com o INCA, o qual utiliza esta abordagem nos seus programas de combate ao tabaco, ela

tem como objetivo auxiliar o fumante a desenvolver habilidades que contribuirão para que ele permaneça

sem fumar. Dentre estas, ingerir muita água, ter sempre consigo algo para mastigar, como uma bala ou

chiclete dietético, fazer atividades físicas e ter o hábito de respirar fundo para relaxar (BRASIL, 2004).

Contudo para que este comportamento aditivo do tabagista seja modificado, autores como Prochaska

e Di Clemente (1982) apud Piccoloto, Piccoloto e Wainer (2007) partem do princípio de que a motivação é a

peça principal para a efetivação da mudança. Esta motivação é conceituada como um estado de prontidão ou

disposição, podendo variar conforme o tempo, o contexto e as contingências. Apesar de ser um estado

interno, a motivação pode ser influenciada por fatores externos, tanto positiva quanto negativamente. Sendo

assim, ela é entendida como algo que pode ser desenvolvida e encorajada pelo terapeuta, o qual para tanto,

deve ser empático às dificuldades e ambivalências do paciente, visto que estas são consideradas naturais ao

processo de mudança.

Levando em consideração as abordagens mencionadas, é importante salientar que tanto o

tratamento individual quanto o em grupo, empregam praticamente as mesmas técnicas. Contudo o último

apresenta vantagens no que se refere ao suporte social e em proporcionar discussões e troca de experiências.

Além disso, no grupo há o comprometimento não somente com o profissional de saúde, mas também com os

demais participantes. Porém é necessário que alguns aspectos sejam considerados para a formação de um

grupo, dentre estes está a preferência de que os participantes estejam no mesmo estágio motivacional, pois

quando estão em estágios muito diferentes poderá haver influência negativa (SILVA, et al., 2012).

É válido lembrar que o tipo de grupo empregado no tratamento de indivíduos adictos pode variar

entre psicoterapêutico, terapêutico ou grupo de auto-ajuda. Quando conduzido, necessariamente por um

psicólogo, se caracteriza como um grupo psicoterapêutico. Este profissional é tido como o condutor, e de

acordo com Yalom (2006) tem como função “(...) criar o equipamento da terapia, colocá-lo em ação e

mantê-lo operando com efetividade máxima.” (p. 107), ou seja, como nos grupos, são os membros em sua

interação que mobilizam os diversos fatores terapêuticos, a tarefa do psicólogo é de manter a interação

efetiva do grupo. A diferença crucial entre o grupo psicoterapêutico e o terapêutico é que este último pode

ser conduzido por qualquer profissional da saúde, e não exclusivamente por um psicólogo (FIGLIE, MELO

e PAYÁ, 2004).

Além das duas perspectivas de tratamento em grupo citadas anteriormente, há uma terceira, a qual é

denominada grupo de auto-ajuda. Esta teve iniciou em 1935 nos EUA, é a mais antiga utilizada no

tratamento de dependentes químicos. Inicialmente esta forma de grupo era utilizada apenas para recuperação

de dependentes de álcool, nomeado de Alcoólicos Anônimos (AA). O AA ficou conhecido pelos seus “Doze

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Passos” que almejam a abstinência dia após dia, além de ser caracterizado pelas trocas de experiências, fé e

esperança. Até hoje este programa funciona baseado num tripé conhecido como os “Três Legados”,

constituído pela recuperação, unidade e serviço. Esta forma de tratamento em grupo se desenvolveu e se

disseminou por muitos países, e acabou servindo de modelo para o tratamento de outras dependências,

inclusive a de nicotina (CHAVES, 2002).

Estes grupos de auto-ajuda, baseados inicialmente no (AA), podem ser liderados e conduzidos pelos

próprios membros do grupo, como é o caso dos grupos de doze passos, ou, como acontece com maior

frequência, serem conduzidos por um líder profissional que é ativo na reunião e que serve de consultor.

(LIEBERMAN & SNOWDEN, 1993 apud YALOM, 2006).

Apesar dos grupos de auto-ajuda serem parecidos com os grupos de terapia, e utilizarem de alguns

fatores terapêuticos comuns, eles realizam menos interpretações da personalidade e confrontações, e mais

afirmações solidarias e positivas. Além do mais, nos grupos de auto-ajuda, experiências e comparações

construtivas podem ser compartilhadas e obtidas através dos membros do grupo, os quais podem se tornar

confiáveis colegas. Sendo assim, os membros se tornam simultaneamente provedores e consumidores do

apoio, beneficiando com ambos os papéis, uma vez que o altruísmo aumenta o amor próprio, e o contato

com pessoas que superaram problemas semelhantes motiva a esperança (ROBERTS et. al., 1999 apud

YALOM, 2006).

Antes de concluir, é importante lembrar que os grupos de auto-ajuda não se caracterizam como

tratamento profissional especializado, não suprindo, assim, necessidades médicas, psiquiátricas,

psicológicas, entre outras. Seu limiar de ação refere-se principalmente à indiscutível influência nas atitudes

sociais humanizadoras das pessoas com problemas de adicção (FIGLIE, MELO e PAYÁ, 2004). Contudo,

apesar da dificuldade de se avaliar a eficácia destes grupos, uma vez que seus membros muitas vezes são

anônimos, indivíduos que já participaram de algum tipo de grupo de auto-ajuda relatam ter mais capacidade

de lidar com seus problemas, maior bem estar, maior conhecimento sobre sua condição e menor uso sobre

outras instituições de saúde (RIESSMAN & BANKS, 2001 apud YALOM, 2006).

Além das abordagens psicológicas empregadas tanto no tratamento individual como grupal, do

tabagismo, Sopezki, et. al., (2007) afirma que na maioria dos casos, pode-se trabalhar em consonância com o

tratamento farmacológico, o qual faz uso de reposição de nicotina e em menor número de antidepressivos.

Assim sendo, essas intervenções combinadas com fármacos duplicam os índices de êxito de abstinência.

Deste modo é fundamental segundo Silva (2010) a participação de um médico no acompanhamento do

tabagista, para que este possa orientá-lo em relação à medicação. A reposição de nicotina pode se dar através

do uso de gomas e pastilhas de mascar, ou adesivo cutâneo, este último é o mais indicado por apresentar

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menos reações adversas que os demais. O adesivo tem como objetivo diminuir o sofrimento advindo da

abstinência, e é apresentado em três doses 21, 14 e 7 miligramas de nicotina. Estas doses são administradas

inicialmente de acordo com o teste de Fagerstron, que indica o nível de dependência, e são gradativamente

diminuídas até que seja descontinuado o uso do adesivo, e assim o organismo se desabitue da nicotina

(SILVA, 2010).

Em relação à utilização de antidepressivos, é importante elucidar que a bupropiona é o único

psicoativo extensamente testado e validado, pelo FDA (Food and Drug Administration), para o tratamento

do tabagismo. Este antidepressivo, por simular a ação da nicotina no organismo, reduz a síndrome de

abstinência, bem como, reduz pela metade o ganho de peso associado a esta. Contudo este medicamento é

evitado por muitos profissionais por apresentar efeitos adversos como; boca seca, insônia, náusea, convulsão

e cefaleia, além de múltiplas contraindicações (SILVA, 2010; LARANJEIRA, GIGLIOTTI, 2012).

Atrelado a este cenário, o presente trabalho tem por objetivo discutir a importância da

interdisciplinaridade no grupo de apoio do tabagista, a partir de uma experiência de duas acadêmicas do

curso de psicologia durante seu estagio profissionalizante, o qual ocorreu em uma cidade no interior do

Paraná, que têm como uma das principais atividades econômicas a produção de fumo.

A intervenção ocorreu em um grupo de apoio as pessoas que querem parar de fumar, que acontece

articulado a um grupo de controle do tabagismo, no modelo do INCA. Para tanto, inicialmente o trabalho

centrou-se na observação dos grupos de controle ao tabagismo, que acontecem nas quartas-feiras baseados

no modelo do INCA. Este coordena e executa em âmbito nacional o Programa Nacional de Controle do

Tabagismo (PNCT), que foi organizado pelo Ministério da Saúde, e que tem como objetivo reduzir o índice

de fumantes no país e a consequente morbimortalidade ocasionada pelas doenças relacionadas ao tabaco.

Para tal, utiliza algumas estratégias, dentre elas, a prevenção da iniciação ao tabagismo e a promoção e apoio

a cessação de fumar. Envolvendo para isso algumas ações, como a capacitação de profissionais de saúde,

financiamento de ações voltadas para a abordagem, tratamento do fumante na rede do Sistema Único de

Saúde (SUS) e a elaboração de um consenso nacional sobre métodos eficazes para cessação do tabagismo.

Para que essas ações atinjam a todo o território brasileiro, foi organizada uma descentralização, a qual

possibilitou que hoje os municípios ofertem o Programa de Controle do Tabagismo (BRASIL, 2012).

Este PCNT no qual foram realizadas as observações é coordenado por duas pessoas, um enfermeiro e

uma pedagoga. Estes profissionais, também contam com a participação de um farmacêutico e de um médico,

o qual prescreve os medicamentos, para cada caso especifico e o tratamento de reposição de nicotina. Neste

programa, são promovidas explicações sobre o tabaco, seus componentes, mecanismos e malefícios, para

isso os coordenadores utilizam de alguns recursos, dentre eles, data show e revistas informativas. Através

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destes recursos, estes profissionais realizam quatro encontros, nos quais espera-se que os fumantes consigam

abandonar o cigarro. Para estes, bem como para aqueles que não conseguiram abandonar o cigarro, há a

possibilidade da participação no grupo de apoio realizado na quinta-feira, o qual, já que é aberto, permite

que as pessoas permaneçam por tempo indeterminado. Deste modo, a coordenadora, que é pedagoga,

dispõem um espaço para que os participantes relatem sobre o que estão vivenciando em relação ao cigarro,

bem como proporciona a estes orientações de como lidar com as dificuldades advindas do abandono do

vício. É neste grupo que as estagiárias de psicologia intervieram durante o ano de 2012, através de

atividades que buscaram desenvolver a autopercepção e a consequente autonomia dos participantes, já que é

importante que estes percebam os comportamentos relacionados ao vício para que assim possam modificá-

los.

Antes de serem descritas as estratégias desenvolvidas pelas estagiárias, é valido esclarecer como

ocorre o fluxo de participantes no grupo de apoio. A maioria das pessoas que frequentam este grupo, estão

participando, pretendem participar, ou já participaram dos grupos estruturados pelo INCA, os quais como já

foi dito anteriormente, acontecem nas quartas-feiras. Sendo assim é comum que quando um novo grupo do

INCA se inicia, novos participantes adentram ao grupo de apoio. Contudo quando os participantes não

conseguem parar de fumar por meio das quatro sessões oferecidas pelo programa do INCA, os

coordenadores deste grupo optam por retomar os quatro encontros, com os mesmos participantes, na

tentativa de alcançar o objetivo de abandono do vício. Desta forma, estes participantes podem,

concomitantemente com os grupos de quarta-feira, frequentar o grupo de apoio. Assim, o fluxo de

participantes no grupo de apoio muitas vezes depende do desenvolvimento do grupo do INCA, ou seja, se

este está sendo formado por novos participantes, ou se os participantes continuam sendo os mesmos. É

válido salientar que no decorrer do ano de 2012 foram realizados nove grupos do INCA, compostos por

quatro encontros cada um, os quais tiveram uma média de 8 participantes, já o grupo de apoio foi

desenvolvido por 35 vezes, e teve uma média de 5 participantes por encontro.

Pensando no fluxo de participantes que compõem o grupo, as estratégias que foram realizadas, na

maioria das vezes, diferenciavam-se de um encontro para o outro, já que em algumas ocasiões eram os

mesmos participantes que compareciam aos encontros. Apesar de distintas, muitas vezes elas possuíam o

mesmo objetivo, partindo-se do pressuposto de que em geral faz-se necessário a apresentação de um mesmo

conteúdo, de forma diferentes, para que ocorre a fixação e a internalização do que é trabalhado. Isto está

atrelado ao fato de que cada vez que o indivíduo escuta algo, ele está exposto a diversas variáveis tanto

ambientais como pessoais que acabam o afetando e assim influenciando na sua interpretação. Sendo assim,

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ao escutar algo em momentos diferentes é possível que interpretações também diferentes sejam criadas, por

isso a necessidade da repetição para produzir a discriminação.

As temáticas trabalhadas pelas estagiárias objetivavam a autopercepção, a identificação de

pensamentos, a motivação, a resolução de problemas, e a aprendizagem de relaxamento.

Estas temáticas foram escolhidas, visando contribuir para a compreensão dos aspectos associados ao vício,

uma vez que perceber o que o cigarro é, se perceber com ele e sem ele, bem como, identificar os

pensamentos que permeiam a vida do indivíduo e os motivadores (conflitos, ansiedade, solidão, etc.)

que influenciam o ato de fumar permite entender como este se encontra frente a sua dependência e quais

estratégias necessita para auxiliar o processo de abandono, uma vez que cada indivíduo possui as suas

peculiaridades. O mesmo pensa-se em relação a resolução de problemas e a aprendizagem de relaxamento,

ou seja, os problemas são algo frequente na vida das pessoas, mas talvez para aquele que fuma a dificuldade

de resolvê-los pode torna-se um agravante, fazendo com que o cigarro seja visto como saída e, nos casos das

pessoas que estão tentando abandonar o vício, há a possibilidade de haver uma recaída. Desta forma, a

prática de relaxamento pode ser usada, principalmente frente a um problema, pois permite que as pessoas

entrem em contato com seu corpo e assim consigam lidar com o estresse e a ansiedade, os quais dificultam a

resolução da situação.

É válido salientar, que nas intervenções buscava-se levar em conta os sintomas de abstinência que

devem ser tolerados ou amenizados após a cessação, dentre eles, a irritabilidade, ansiedade, dificuldade de

concentração, tontura e a própria fissura. Além disso, para realizar as estratégias desenvolvidas, baseou-se

no discurso da coordenadora que é pedagoga, bem como, no dos próprios participantes, na medida em que

eram considerados os saberes perpassados durante os encontros. Sendo assim, havia diálogo, troca de

informações e um reconhecimento mútuo, não só para com as acadêmicas de psicologia, mas entre o grupo

como um todo e para uma finalidade em comum, o tabagismo.

Indo um pouco mais além, os participantes apresentavam, durante o decorrer dos encontros,

angústias, frustrações, medos, dúvidas quanto a uso de medicamentos, problemas familiares, dificuldades no

trabalho, etc. Questões estas que influenciavam no vício e, portanto, também foram trabalhadas pelas

estagiárias, juntamente com a coordenadora, com o intuito de contribuir para o desenvolvimento do

autoconhecimento, autocontrole e a consequente autonomia dos indivíduos.

Voltando a falar das temáticas, para que elas fossem colocadas em prática, as estagiárias

desenvolveram algumas estratégias, dentre elas, o relaxamento, a autopercepção somestésica, a metáfora

com imagens, a identificação de pensamentos, a metáfora para estimulação da motivação, a estratégia para

resolução de problemas - abrigo subterrâneo e o encontro para as famílias. Algumas das estratégias

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utilizadas envolveram mais de uma temática, bem como, algumas temáticas foram utilizadas em várias

estratégias.

Partindo das considerações supracitadas é possível mencionar que o grupo de apoio aos tabagistas,

mencionado aqui, por si só é interdisciplinar. Nele convergiram durante o decorrer do ano diversos

conhecimentos sobre um objeto em comum. Além disso, as estratégias desenvolvidas pelas acadêmicas

também tiveram este viés.

2 Procedimentos Metodológicos

Como já mencionado, o presente trabalho apresenta a importância da interdisciplinaridade em um

grupo de apoio do tabagista de uma cidade no interior do Paraná, a partir de uma experiência de duas

acadêmicas do curso de psicologia durante seu estagio profissionalizante.

Sendo assim, após serem firmadas as legalidades para que se pudesse dar inicio ao estágio, foi

realizada uma revisão bibliográfica sobre a temática, que ocorreu durante todo o trabalho. Além disso, houve

o acompanhamento do Programa Nacional de Controle do Tabagismo e a observação do grupo de apoio aos

tabagistas, que ocorre na cidade. Posteriormente se deram as intervenções, as quais sempre foram

supervisionadas por uma professora responsável.

3 Justificativa do eixo escolhido

A complexidade da sociedade e da cultura, dada a proliferação do conhecimento que se encontra

cada vez mais fragmentado, exige uma análise mais integrada e completa. Nesse sentido, a compreensão do

tabagismo, por ser considerado como uma patologia complexa que acomete vários campos na vida do

indivíduo, requer uma abordagem de vários saberes que se interagem e se potencializam, visando abranger o

máximo possível de sua complexidade, quer em qualquer uma de suas etapas, instalação, como em sua

manutenção ou abandono. Essa concepção justifica o eixo escolhido, o qual possibilita suporte teórico e

metodológico a este estudo.

4 Considerações finais

O tabagismo vem sendo amplamente criticado na atualidade por ser um comportamento que causa

diversos males a saúde e por trazer consigo comorbidades que podem atingir não só o próprio tabagista, mas

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também as pessoas que convivem com ele. Portanto, para toda e qualquer proposta de ação que venha

contribuir para a minimização desta problemática deve-se dar devida atenção.

No que diz resito as possibilidades de atuação interdisciplinar, constatou-se, com a realização deste

trabalho que elas são amplas e variadas, ou seja, vão desde a constituição de um grupo de atuação até as

atividades por ele desenvolvidas. Entretanto, acreditamos que nada adianta dizer que um grupo é

interdisciplinar se as práticas que ele desenvolve não condizem com esta realidade, que não é o caso do

trabalho apresentado.

Enfim, por mais recentes e ainda restritas as iniciativas, muito pode e deve ser desenvolvido no

sentido de melhor compreendermos o complexo fenômeno do tabagismo e com isto melhor nos

capacitarmos para contribuir em seu manejo e controle.

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