Estrutura do ato de conhecer

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ESTRUTURA DO ATO DE CONHECER “A – O conhecimento é um ato de pensamento e não uma simples reação automática apropriada às circunstancias (…) B – O conhecimento pressupõe um objeto, isto é, uma realidade distinta do sujeito pensante. Este objeto pode ser exterior ao sujeito pensante, como p.e. uma porta, e pode também ser interior, como p.e. o meu pensamento.” Ao reagir automaticamente as não têm consciências do que estão a fazer, enquanto, ao conhecer, sabem que estão a debruçar-se sobre alguma coisa que se distingue de si própria, com o objetivo de a captar e compreender. A estrutura básica é constituída por um sujeito que conhece e por um objeto que é conhecido. A complexidade do ato de conhecer Objeto de conhecimento – O que se conhece é de natureza muito variada, exigindo a intervenção de estrategas cognitivas diversas. O objeto pode ser constituído por uma realidade de natureza empírica ou por uma realidade de natureza intelectual. Processos cognitivos – O sujeito que conhece capta a realidade através de processos cognitivos que vão do empírico ao racional. Processos como a perceção, a imaginação, a abstração e as capacidades de conceptualizar, ajuizar e racionar determinam feições especificadas no conhecimento. Contextos cognitivos – Cada ser humano é uma história pessoal na qual as experiencias, os sistemas da linguagem e a diversidade de valores, padrões e regras determinam contextos cognitivos específicos a condicionar o modo de conhecer das pessoas. Resultados do conhecimento – Em função dos objetos de conhecimento, dos procedimentos e das circunstâncias que envolvem o conhecimento, as representações, conceitos ou juízos que se apresentam como resultado do conhecimento assumem carateres que diferem substancialmente de pessoa para pessoa. Conhecimento como processo ou ato Refere-se à atividade intelectual pela qual um sujeito apreende algo que lhe é exterior. Conhecimento como produto ou resultado O produto resulta de um ato psicológico, pelo qual o ser humano capta e compreende alguma coisa que se distingue de si; O conhecimento pode referir-se a conteúdos de consciência. Sem processo não pode haver produto, sem ato não pode haver resultado.

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ESTRUTURA DO ATO DE CONHECER

“A – O conhecimento é um ato de pensamento e não uma simples reação automática apropriada

às circunstancias (…)

B – O conhecimento pressupõe um objeto, isto é, uma realidade distinta do sujeito pensante.

Este objeto pode ser exterior ao sujeito pensante, como p.e. uma porta, e pode também ser

interior, como p.e. o meu pensamento.”

Ao reagir automaticamente as não têm consciências do que estão a fazer, enquanto, ao

conhecer, sabem que estão a debruçar-se sobre alguma coisa que se distingue de si própria, com

o objetivo de a captar e compreender. A estrutura básica é constituída por um sujeito que

conhece e por um objeto que é conhecido.

A complexidade do ato de conhecer

Objeto de conhecimento – O que se conhece é de natureza muito variada, exigindo a

intervenção de estrategas cognitivas diversas. O objeto pode ser constituído por uma realidade

de natureza empírica ou por uma realidade de natureza intelectual.

Processos cognitivos – O sujeito que conhece capta a realidade através de processos cognitivos

que vão do empírico ao racional. Processos como a perceção, a imaginação, a abstração e as

capacidades de conceptualizar, ajuizar e racionar determinam feições especificadas no

conhecimento.

Contextos cognitivos – Cada ser humano é uma história pessoal na qual as experiencias, os

sistemas da linguagem e a diversidade de valores, padrões e regras determinam contextos

cognitivos específicos a condicionar o modo de conhecer das pessoas.

Resultados do conhecimento – Em função dos objetos de conhecimento, dos procedimentos e

das circunstâncias que envolvem o conhecimento, as representações, conceitos ou juízos que

se apresentam como resultado do conhecimento assumem carateres que diferem

substancialmente de pessoa para pessoa.

Conhecimento como processo ou ato

Refere-se à atividade intelectual pela qual um sujeito apreende algo que lhe é exterior.

Conhecimento como produto ou resultado

O produto resulta de um ato psicológico, pelo qual o ser humano capta e compreende

alguma coisa que se distingue de si;

O conhecimento pode referir-se a conteúdos de consciência.

Sem processo não pode haver produto, sem ato não pode haver resultado.

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Diferença entre descrição e interpretação do conhecimento

Descrição – A descrição de um objeto implica uma observação rigorosa, um exame atento e

escrupuloso, para que o que se diz a seu respeito seja objetivo e isente de pareceres de ordem

particular.

Interpretação – A interpretação já é uma tentativa de explicação em que interfere o ponto de

vista do sujeito. Posterior à descrição, a interpretação é subjetiva e origina diferentes teorias.

Descrição fenomenológica do ato de conhecer

Cognoscente: Conhecido:

Aquele que conhece Deixa-se conhecer

NOTA: Não se pode ser sujeito e objeto ao mesmo tempo; Não podem existir um sem o outro.

Conhecimento – Ato pelo qual o sujeito apreende ou representa o objeto;

Sujeito Cognoscente – Não é um sujeito real, empírico, uma pessoa identificável. Trata-se de um

sujeito gnosiológico, entendido como o que apreende ou representa o objeto.

Objeto Conhecido – Não significa “coisa” ou objeto de experiência. Refere-se a tudo aquilo que

é suscetível de ser apreendido. Assim, uma pessoa pode ser objeto de conhecimento desde que

haja um sujeito que o conheça. De igual forma, uma ideia, um sentimento, uma teoria, uma

ação, um valor, uma doença, etc, podem ser objetos de conhecimento.

Representação – É o resultado do ato de conhecer. Depois de apreendido, o objeto de

conhecimento fica na consciência do sujeito não sob a forma física mas sob a forma de imagem.

Assim, a descrição fenomenológica do ato de conhecer consiste na relação e

consequente correlação, que existe entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido, no qual

o objeto transmite conhecimento ao sujeito. No entanto, os papéis de ambos nunca se inventem

e o sujeito ou o objeto não podem ser o mesmo ao mesmo tempo. A função do sujeito é

conhecer e a do objeto é dar-se a conhecer, sem do que o sujeito capta a informação

proveniente do objeto e introdu-la na sua própria esfera, mantendo-se ainda assim o objeto

como algo exterior ao sujeito. O sujeito precisa de sair de si para conhecer o objeto, regressando

depois à sua esfera. Mesmo que o sujeito saía de si e apreenda conhecimento, o objeto não se

modifica, quem se modifica é o sujeito, pois esse conhecimento adquirido é levado na mente,

na forma de ideias.

SUJEITO

(expand

e-se)

o

OBJETO CORRELAÇÃO