Estrutura Ecológica Municipal: para além da inscrição no PDM · Estrutura Ecológica Municipal...
Transcript of Estrutura Ecológica Municipal: para além da inscrição no PDM · Estrutura Ecológica Municipal...
Estrutura Ecológica Municipal: para além da
inscrição no PDM
João Miguel Matos do Corgo
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre emUrbanismo e Ordenamento do Território
Júri
Presidente: Professora Doutora Maria Beatriz Marques Condessa
Orientadora: Professora Doutora Ana Isabel Loupa Ramos
Orientador: Professor Doutor Jorge Manuel Lopes Batista e Silva
Vogal: Professora Doutora Ana Isabel Loupa Ramos
Vogal: Professor Doutor Paulo António dos Santos Silva
31 de Outubro de 20141
2
Enquadramento
Decreto-Lei n.º 380/99, 22/09
Estrutura Ecológica Municipal
RJIGT
Plano Diretor Municipal
•Delimitação
•Regulamentação
•Implementação
Funções da EEM
Serviços de Ecossistema
• Identificação
• Mapeamento
• Valoração
Plano de Gestão para a Estrutura Ecológica Municipal
3
Objetivos
Identificar os principais objetivos, componentes e etapas para a elaboração de um Plano
de Gestão para as EEM;
Compreender a evolução legal da EEM no planeamento e as barreiras para a sua
implementação;
Analisar a aplicabilidade do conceito de “serviço de ecossistema” na operacionalização
da EEM;
Contribuir para o melhor conhecimento da EEM, das suas fraquezas, potencialidades,
funções desempenhadas e do seu valor, a partir do caso de estudo do Concelho de
Sesimbra;
Definir os princípios e os requisitos necessários para a elaboração de Plano de Gestão
para as EEM.
Estrutura Ecológica Municipal
Plano de Gestão
Estrutura Ecológica Municipal no contexto do planeamento
Definição:
"A Estrutura Ecológica Municipal (EEM) é o conjunto das áreas de solo que, em virtude das
suas características biofísicas ou culturais, da sua continuidade ecológica e do seu
ordenamento, têm por função principal contribuir para o equilíbrio ecológico e para a proteção,
conservação e valorização ambiental, paisagística e do património natural dos espaços rurais e
urbanos“ (Ficha n.º 29 do DR n.º 9/2009 de 29 de Maio).
5
RJIGT
DL n.º 380/99, de 22 de Setembro
Introduz a EEM e responsabiliza
os PDM de a definir.
Portaria n.º 138/2005, de 2 de
Fevereiro
Obriga o PDM a ser acompanhado
da carta da EEM, e os PU e PP (no
caso de integrarem EE).
DR n.º 9/2009, de 29 de
Maio
Define o conceito técnico
de EEM, os espaços a
incluir e as suas funções.
DR n.º 11/2009, de 29 de
Maio
Transpõe a definição de
EEM para o critérios de
classificação do solo urbano
A falta de clareza no modo como a EEM é introduzida na Lei, constitui ainda uma barreira para a
sua implementação:
definição do conceito
critérios de delimitação
ausência de orientações para a sua implementação.
6
Serviços de Ecossistema
A Estrutura Ecológica Municipal reúne uma série de áreas e ecossistemas, que desempenham
funções e processos estruturantes capazes de promover a oferta de benefícios que contribuam para
o bem-estar e lazer das populações – Serviços de Ecossistema (SE) (de Groot, 1992; Daily, 1997)
Serviços de
produção (e.g.
alimentos)
Serviços de
regulação (e.g.
redução da erosão)
Serviços de suporte
ou habitat (e.g.
diversidade
genética)
Serviços culturais
(e.g. apreciação
estética)
7
Caso de estudo: Município de Sesimbra;
Metodologia aplicada
• Estrutura Ecológica Municipal de Sesimbra
está em processo de elaboração e aprovação
no ceio da revisão do PDM de Sesimbra;
• Apresenta valores naturais, integrando áreas
incluídas no Sistema Nacional de Áreas
Classificadas (e.g. Arriba Fóssil da Costa da
Caparica e a Arrábida);
• Extensa área que integra a Rede
Fundamental de Conservação da Natureza,
contendo um sistema de áreas e corredores
de ligação vitais.
Método de recolha de informação utilizado:
Entrevistas – 30 entrevistas a:
• 19 Stakeholders (5 grupos): Ação social e saúde (3); ambiente (4); associativismo (5);
desporto (4); turismo (3).
• 11 Gestores do território (5 grupos): cartografia/SIG (2); infraestruturas e rede viária (2);
estudos urbanísticos (3); estrutura ecológica (2); demografia (2).
Das entrevistas realizadas optou-se por fazer uma análise de conteúdo de acordo com Bardin
(1997).
8
Análise e discussão de resultados
Visão dos stakeholders
Áreas que servem para “assegurar a
continuidade ecológica” entre os espaços naturais, protegidos,
agrícolas e as áreas urbanas.
(8/19)
É uma “Estrutura” em rede que
permite a “gestão” dos recursos naturais importantes para a
população.
(6/19)
São as áreas naturais a “preservar”
para a proteção da componente biótica (fauna, flora e biodiversidade).
(4/19)
É o conjunto de ecossistemas que
existem entre os aglomerados urbanos.
(4/19)
Conceito
de
EEM
Importância
da EEM
Valorizar e
preservar os recursos naturais
(9/19)
Componentes biofísica (fauna,
flora e
biodiversidade)(9/19)
Componentes abióticas (solo e
água)
(9/19)
Ordenamento
sustentável do território
(8/19)
Existência de
corredores ecológicos
(6/19)
Gestão dos serviços
oferecidos pelo ecossistema
(11/19)
Serviços de regulação (qualidade do ar, bom
funcionamento do ciclo da
água)(6/19)
Serviços culturais (recreio, lazer, contato com a
natureza)
(5/19)
9
Visão dos stakeholders:
Problemas e potencialidades dos espaços da EEM de Sesimbra
PROBLEMAS/DESAFIOS
Perda da biodiversidade e das funções dos ecossistemas
Perda dos corredores naturais
Fragmentação do território
Sobreexploração florestal
Assoreamento
Produção de mexilhão deficiente
Má gestão e preservação
Descargas ilegais de efluentes
Carecem de requalificação
Falta de apoio, de participação e interesse da população
Elevada pressão urbanística
Falta de infraestruturas de apoio à população
Espaços abandonados e degradados
Espaço muito condicionado
ESPAÇOS
Espaços verdes
Parque Natural da Arrábida
Mata de Sesimbra
Monumentos Naturais
Património Arqueológico
Lagoa de Albufeira
Praias
POTENCIALIDADES
Preservação e proteção dos recursos naturais
Valoração dos serviços de ecossistema
Exploração florestal
Prática de turismo sustentável
Ótimo local para a nidificação de aves
Produção de mexilhão e pesca
Prática de atividades balneares e náuticas
Espaços de bem-estar e lazer
Melhoria da qualidade de vida
Espaços de investigação científica
Grau da relevância da problemática
321
Grau da relevância da potencialidade
321
Legenda:
10
Visão dos stakeholders:
Funções da EEM de Sesimbra
1 – Sem
importância0/19 0/19
0/19 0/19 0/19
2 – Pouco
importante
0/19 0/19 0/19 0/19 0/19
3 - + ou -
importante
0/19 0/19 1/19 1/19 1/19
4 - Importante 0/19 0/19 12/19 2/19 3/19
5 – Muito
importante
19/19 19/19 6/19 16/19 15/19
Eco
lógi
ca
Rec
reat
iva
Esté
tica
Eco
nó
mic
a
Mo
bili
dad
e
Associativismo
Ação social e saúde
Ambiente
Desporto
Turismo
Gru
pos de s
takehold
ers
Funções predominantes no concelho
*Frequência de respostas
11
Análise e discussão de resultados
Visão dos gestores do território
Conjunto dos espaços rurais (ex.: reservas naturais, áreas
protegidas) e urbanos (que engloba os corredores verdes).(4/11)
É um sistema ecológico que é paralelo e complementar ao
sistema humano.(3/11)
É um instrumento de planeamento que está articulado com
outros instrumentos (ex.: RAN, REN, DPH, etc.) e planos (ex.: POPNA).
(3/11)
Contempla duas vertentes, uma EE Fundamental – abordada
em PDM – e a EE Urbana – contemplada nos PU.(4/11)
Conceito
de
EEM
Importância
da EEM
Estabelecer corredores vitais de ligação entre os diferentes
espaços naturais e urbanos. Estes corredores ecológicos vão permitir a gestão das áreas da EEM.
(4/11)
Preservação e conservação da áreas protegidas, agrícolas e a
sua relação com as áreas urbanas, e os vários usos do solo.(2/11)
Superar as deficiências da REN e da RAN.
Conectividade: abordagem por redes ao invés de espaços isolados.
(2/11)
Admitir diferentes usos do solo e multifunções.
(3/11)
12
Visão dos gestores do território:
Funções da EEM de Sesimbra
Legenda:
5 - muito importante 4 - importante 3 - mais ou menos importante 2 - pouco importante 1 - sem importância
1 – Sem
importância0/11 0/11 0/11 0/11 0/11
2 – Pouco
importante0/11 0/11 2/11 0/11 1/11
3 - + ou -
importante0/11 2/11 3/11 2/11 1/11
4 - Importante 1/11 5/11 1/11 5/11 5/11
5 – Muito
importante10/11 4/11 5/11 4/11 4/11
* Frequência de respostas
Eco
lógi
ca
Rec
reat
iva
Esté
tica
Eco
nó
mic
a
Mo
bili
dad
e
Cartografia/SIG
Infraestruturas e Rede Viária
Estudos Urbanísticos
Estrutura Ecológica
Demografia
Gru
pos de s
takehold
ers
Funções predominantes no concelho
Gru
po
s d
e ge
sto
res
do
ter
ritó
rio
13
Análise e discussão de resultados
Funções desempenhadas pela EEM de SesimbraA
NÁ
LIS
E V
EC
TO
RIA
L
Rede Fundamental da Natureza (RFCN):
- Domínio Público Hídrico (DPH)
- Reserva Ecológica Municipal (REN)
- Reserva Agrícola Municipal (RAN)
- Sistema Nacional de Áreas Classificadas (SNAC):
- Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP)
- Rede Natura 2000
Áreas urbanas
Localização e
delimitação de Funções
da EEM (stakeholders e
gestores do território)
-Espaços verdes-Mata de Sesimbra
-Lagoa de Albufeira
-Arrábida
-Parque Natural da
Arrábida
-Mata de Sesimbra
-Reserva Agrícola Nacional (RAN)
-Monumentos Naturais
-Património Arqueológico
-Lagoa de Albufeira
-Orla Costeira
-Arrábida
-Parque
Natural da
Arrábida
-Espaços verdes
-Arrábida
-Parque Natural da Arrábida
-Monumentos Naturais
-Património Arqueológico
-Lagoa de Albufeira
-Orla Costeira
-Arrábida
-Parque Natural da Arrábida
-Lagoa de Albufeira
-Orla Costeira
Função Ecológica Função Recreativa Função Estética Função Económica Função Mobilidade
14
Análise e discussão de resultados
Cálculo do grau de multifuncionalidade da EEM de Sesimbra
FunçõesNível de importância atribuída às funções
Médias Ponderadas Peso (W)Valor da
Função (V)5 4 3 2 1
Ecológicas 28 1 1 0 0 4.9 0.22 0.22
Recreativas 19 7 2 0 0 4.3 0.19 0.19
Estéticas 10 13 3 2 2 3.9 0.17 0.17
Económicas 19 7 4 0 0 4.4 0.20 0.20
Mobilidade 18 9 2 1 0 4.4 0.20 0.20
Total 21.9 1 1
Função Ecológica Função Recreativa Função Estética Função Económica Função Mobilidade
(1)
(2)
AN
ÁLIS
E M
AT
RIC
IAL
*
*
15
Plano de Gestão para as Estruturas Ecológicas Municipais
(PGEEM) (PGEEM)
É importante, para:
garantir a implementação da EEM no território;
assegurar o continnum naturale dos corredores ecológicos da EEM;
permitir o desempenho das funções da EEM;
assegurar a contínua oferta dos serviços de ecossistema;
a mitigação de riscos (e.g. cheias, incêndios, secas, etc.);
a melhoria da acessibilidade no território, valorizando uma mobilidade sustentável (e.g.
ciclável e pedonal);
uma participação pública colaborativa entre os proprietários e todos os agentes
envolvidos na gestão da EEM;
a adaptação da EEM às alterações que possam ocorrer no território ao longo do tempo;
a valorização do território e dos seus espaços para o bem-estar da população.
16
PGEEM
1º ano
4 anos
Implementação do
Plano de Gestão
+
Monitorização
Elaboração do PGEEM:
• componentes estruturantes
• funções
• corredores ecológicos
• serviços de ecossistema
• programa de ações, tempos e custos.
Aprovação Municipal e assinatura de
um protocolo pela estrutura consultiva.
Estrutura de acompanhamento do
PGEEM, constituída pela CM, e pelas
entidades públicas e privadas. A
implementação do plano passa pelas
ações da CM, mas também pelas
ações de outras entidade públicas e/ou
privadas que se comprometeram e se
envolveram no protocolo.
Reavaliação
do
PGEEM
5º ano
Melhoria dos objetivos, atualização de
conceitos, avaliação das ações
tomadas e possível adaptação do
plano de gestão a um novo
instrumento.
Relatório de Gestão e Avaliação da EEM
Plano de Gestão para as Estruturas Ecológicas Municipais
(PGEEM) (PGEEM)
17
Considerações Finais
A elaboração de PGEEM, permitirá:
Colmatar as dificuldades na delimitação e regulamentação da EEM, havendo entre os
municípios vizinhos partilha de critérios de delimitação coerentes, assegurando a
continuidade entre as fronteiras ecológicas e administrativas;
Encetar a discussão técnico-científica aberta sobre as funções desempenhadas pela
EEM, baseada numa análise dos SE, tendo em consideração a sua identificação e eventual
quantificação, por forma a explicitar os trade-offs para as populações;
A metodologia proposta e aplicada ao caso de estudo é uma possível abordagem para
obter o valor das funções da EEM, no entanto o seu valor poderá em estudos futuros ser
ponderado a partir dos SE e de respetivos indicadores;
O PGEEM poderá ser um instrumento que articule todos os usos e ocupações da EEM,
no sentido de permitir a sua implementação e gestão multifuncional;
O envolvimento e participação ativa de todos os atores envolvidos na elaboração do
PGEEM, poderá contribuir para o seu sucesso.
18
Considerações Finais
• PROCESSO
(Planeamento e Gestão)
•PLANO(S)
•TERRITÓRIO
Funções
Serviços de ecossistema
PDMPDMPDM
PDMPDMEEMPGEEMPGEEMPGEEM
Componentes
do Plano
•Decisores
•Técnicos
Instrumentos para a
execução do Plano e
gestão do território.
Comunidade:
• local
• científica
• organizações
Stakeholders
Políticas
Medidas
Ações
Recursos
Instrumentos
Regulação
Interesses
Valores
19
Considerações Finais
Envolvimento da comunidade local;
A co-responsabilização de todos os agentes na sua implementação;
A EEM como um espaço que promove uma cidadania ambiental;
Assegurar o bem-estar da população:
• prevenção contra cheias urbanas e permeabilidade do solo;
• prevenção da ocorrência de ilhas de calor e diminuição do albedo nas áreas urbanas;
• proteção do solo e água;
• valorização do património natural e dos espaços de recreio e lazer;
Adaptação e mitigação às alterações climáticas e resiliência dos ecossistemas e das
cidades;
Potenciar o desenvolvimento económico do município (e.g. agricultura, turismo, comércio
e serviços).
Argumentos a favor do PGEEM