Estruturação do Sistema Brasileiro de Transporte · Departamento de Projeto ... A formação do...
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Universidade de São Paulo – USP
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – FAU
Departamento de Projeto
AUP270 – Planejamento Urbano das Estruturas Urbanas II
A formação do espaço nacional
Estruturação do
Sistema Brasileiro de
Transporte
Diego Vernille da Silva 5660420
Érika Akemi Ozako 5660267
Fábio Hideki Teruia 5661247
Fábio Takayama Garrafoli 5660969
Gabriella de Mattos Pimenta 4070966
Guilherme Massady Nakata 5661309
Julho 2008
Introdução
Após o estudo da situação atual do sistema intermodal de transportes no Brasil,
percebeu-se que eram problemas recorrentes no mesmo, a falta de investimentos
públicos na expansão e na manutenção deste, além da não execução dos planos de
integração nacional propostos.
Tendo em vista tais problemas, propõe-se um projeto no qual seja visada a
recuperação das diversas malhas modais existentes no país – quando existentes -
sua integração, expansão e seu desenvolvimento nas regiões próximas aos pólos
econômicos. A proposta leva em conta a malha e as propostas de ampliação
existentes, complementando-a, quando necessario, com novos trechos. Assim, para
que o estudo e a proposta se viabilizassem, dado o curto espaço de tempo disponível,
dividiu-se a malha em 6 eixos principais.
Em cada eixo, pôde-se perceber os problemas existentes e particulares de cada
região, considerando-se a heterogeneidade do território brasileiro devido à sua
grandeza. Assim, conseguiu-se valorizar e integrar os diferentes modais adequando-
os às regiões que mais lhes convinham. Obteve-se, assim, uma malha intermodal
bem estruturada.
Uma diretriz digna de ser citada é a integração da malha não somente com a rede
nacional, mas com a internacional. Assim, pode-se ligar o Brasil com outros países da
América Latina, mesmo que não façam divisa física entre si. Pretende-se com isto,
consolidar e até ampliar o Mercosul, dinamizando a economia local.
Eixos Estudados
Os eixos estudados foram:
-Eixo São Paulo-Belém.
-Eixo Belém-Rio Branco-Lima
-Eixo Porto Velho-Santos
-Eixo Porto Alegre-Rio São Francisco
-Eixo Buenos Aires-Cáceres e Buenos Aires-Goiânia
-Eixo Salvador-Puerto Arica
Considerando-se os eixos, seguem as propostas específicas para cada eixo e região.
Eixo São Paulo-Belém
Até a criação de Brasília, a hinterlandia brasileira permaneceu em situação periférica
nos planos de investimento do governo federal. A ocupação se limitava praticamente
ao Sudeste, nas proximidades do Rio de Janeiro e São Paulo, e ao longo do litoral
Atlântico. Assim, com a criação de Brasília e a tentativa do Presidente Juscelino
Kubitscheck de interiorizar a ocupação do território brasileiro, pode-se perceber o
aumento da população nas regiões centrais do país, nos estados de Goiás e Tocantins,
por exemplo, com a criação da capital Federal e posterior criação de Palmas.
Acentuo-se de maneira drástica a ocupação da região central do país, assim emerge a
necessidade de criar modos de interligação inter-regional. Uma das saídas
encontradas pelo presidente Juscelino foi a BR 153, a Transbrasiliana, que ligaria o
porto de Belém ao Sul do país.
Com o estudo da região ao longo do eixo Norte-Sul, percebe-se a variedade de
contextos e de economias existente, e como isso se acentua quando se compara o
Estado de São Paulo com a Região de Barreiras/BA e Balsas/MA. No Sudeste, a
produção industrial e os serviços em geral são as principais forças motrizes da
economia, girando bilhões de dólares por ano, criando milhões de empregos diretos e
indiretos. Há, ainda, o setor primário que, no Estado de São Paulo, tem grande força
na produção de cana, café, milho, soja e outros. Compõem Estados importantes para
esta parte do eixo: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Os principais pólos
econômicos da região são a cidades do Rio de Janeiro, de São Paulo, Campinas,
Ourinhos, Santos, São José dos Campos, Rio de Janeiro, Uberlândia, Uberaba, Patos
de Minas, entre outras.
Nesta região, destaca-se a produção do Triângulo Mineiro, composto principalmente
pelos municípios de Uberaba, Uberlândia e Patos de Minas, que se relaciona
diretamente com o eixo proposto. Assim, através da conexão com a cidade de
Ourinhos, as cidades do Triângulo Mineiro e do norte do país terão uma maior
facilidade de acesso e integração com as cidades do sul do país e do interior do Estado
de São Paulo. Ademais, pode-se ter uma conexão entre o Triangulo Mineiro, a partir
de Uberaba, Campinas e São Paulo através da integração (já em estado avançado)
das Rodovias SP 330 e BR 50. Há, ainda a possibilidade de se utilizar a Rodovia
Washington Luiz (SP-310) como alternativa, devido às suas ótimas condições de
conservação e manutenção. Esta liga a Rodovia Transbrasiliana de São José do Rio
Preto até as Rodovias Anhanguera e Bandeirantes, nos quilômetros 153 e 168,
respectivamente. Utilizar-se-ia o complexo Anchieta-Imigrantes para o transporte de
pessoas e mercadorias para o porto de Santos, onde, no caso dos bens produzidos
nos diversos pólos econômicos da hinterlandia, seria encaminhado para o mercado
externo ou para a navegação de cabotagem.
Enfocando-se, agora a região Centro-Nordeste, percebe-se um contexto econômico
completamente diferente. A região possui grande variedade de culturas agropecuárias
e pouca importância no setor terciário, com exceção de Brasília, ostentando um forte
setor terciário. Destaca-se, ainda a produção agro-industrial de Goiânia e a agricultura
e criação de gado em geral na região Sul do Estado de Goiás, Norte de São Paulo e
Oeste de Minas. Tal produção poderia servir, principalmente às regiões mais
populosas do país, o Centro-Oeste e Sul, além de haver grande potencial exportador
(fato que efetivamente ocorre na maior parte dos casos), sendo transportado até os
portos de Tubarão, São Sebastião ou Santos.
Na Região de Palmas, a produção agrícola é bastante forte com enfoque na
fruticultura. Além disso, toda a região entre Barreiras/BA e Balsas/Ma conforma um
grande pólo produtor de algodão e outros produtos agrícolas. Soma-se a isto o fato de
Imperatriz/MA e Açailândia/Ma conformarem outro forte pólo da agroindústria
brasileira. É digno de nota o trecho entre os municípios de Xingua/PA e
Paraupebas/PA, grandes produtores de minerais. Com tal conformação econômica
desenvolvida próxima à BR 153, percebe-se o quanto se necessita que hajam outros
modais que poderiam se complementar ao rodoviário e, conseqüentemente, aumentar
a eficiência do transporte de mercadorias para os portos, nos casos de exportações, e
para outras regiões consumidoras, no caso de produtos voltados ao mercado interno.
A BR 153, nesta região, tem condições de rodagem relativamente boas, permitindo
uma viagem relativamente mais segura do que em outras regiões, apesar de
necessitar reparos entre os trechos 89 e 141, 763 e 803 e em quase todo o trecho
que atravessa Goiânia. Deve-se, portanto, revitalizar a rodovia, tornando-a mais
segura e rápida, tendo como resultado a redução considerável do custo das viagens.
Estudou-se, portanto, utilizar a hidrovia Araguaia-Tocantins para se obter melhores
resultados na logística brasileira em geral. Através de pesquisas em fontes do
Ministério dos Transportes, pode-se obter dados que confirmam a navegabilidade do
Rio Araguaia durante o ano todo, com certas restrições de calado. O trecho com maior
restrição de calado é aquele entre Pau d’arco e Conceição do Araguaia, com 98
quilômetros de extensão e calado máximo de meio metro em algumas épocas do ano.
Ainda assim, este trecho logo se tornará parte da Barragem de Santa Isabel e, com a
construção de eclusas e os devidos cuidados com a navegabilidade, será um trecho
muito menos restritivo em relação ao calado do que atualmente.
Deve-se, ainda, citar as corredeiras de Santa Cruz (situada do quilometro 185 ao 186)
e São Miguel (localizado entre os quilômetros 118,5 e 227), que, apesar de
apresentarem condições de navegabilidade críticas, ainda são melhores que aquela de
Santa Isabel. E, como durante 180 dias do ano o calado garantido no rio Araguaia é
de 1 (um) metro, pode-se considerá-lo uma alternativa ao transporte rodoviário,
apesar do decréscimo do valor do calado garantido durante o período de estiagem,
dificultando o acesso de embarcações de maior porte.
Há, ainda, uma terceira alternativa ao transporte na região: o ferroviário. Existe
atualmente um projeto de ferrovia que partiria de Goiânia em direção ao Norte,
chegando em Estreito/MA, onde o Rio Araguaia se estreita e há uma transposição
ligando a BR 153 à BR 226. De Estreito, a ferrovia partiria em direção Leste, para os
Estados da região Nordeste do país, chegando a Salgueiro/PE, onde se interligará com
a rede de ferrovias da região. O trecho que interessa ao estudo presente é somente
aquele que chega em Estreito/MA, onde já há ligação com Açailândia/MA e, de
Açailândia, pode-se chegar a São Luis ou a Serra dos Carajás, passando por Marabá.
Poder-se-ia, portanto, ligar Açailândia com Belém, uma vez que há somente uma
transposição de porte relevante a ser feita: a do pequeno Rio Gurupi.
O porto de Belém tem um grande potencial exportador por sua localização privilegiada
– muito mais próximo de países do hemisfério Norte do que o Porto de Santos e
Tubarão, por exemplo – e com acesso rápido à hidrovia do Amazonas.
Assim, com maior variedade de modais, devidamente interligados, seria possível uma
melhor eficiência no transporte de cargas entre as diferentes regiões do eixo Norte-
Sul, assim como, no caso de corredores de exportação, o “escoamento” rápido e
eficiente de carga para os portos. A utilização de hidrovias no Brasil é um fato que
deve ser incentivado pelo governo federal, uma vez que, apesar do potencial
hidroviário brasileiro, este modal está claramente subutilizado. Deve-se, além disso,
investir em larga escala no modal ferroviário, como complementar aos outros dois.
Este modal no Brasil está completamente sucateado e carece de investimentos tanto
em novas vias quanto na manutenção das existentes. Por fim, é imprescindível que se
invista na manutenção das rodovias brasileiras que, como se percebeu no exemplo da
BR 153, estão em estado crítico, ameaçando a segurança de motoristas e a carga,
além de atrasar viagens e comprometer caminhões.
Eixo Belém-Rio Branco-Lima
O eixo Belém-Rio Branco-Lima visa promover a integração na região amazônica tanto
dentro do Brasil quanto na América do Sul, sob a ótica da intermodalidade. Junto a
este objetivo, procura fortalecer o transporte hidroviário na região, principalmente na
calha do rio Amazonas, inclusive estimulando o transporte de passageiros e a carga
geral.
Este eixo apresenta pólos de desenvolvimento como elementos estruturantes, que são
os principais pontos geradores de movimentos de transportes da região. No caso
desta, interligam-se no território brasileiro: Belém, Santarém, Manaus, Porto Velho
(passando por suas respectivas instalações portuárias) e Rio Branco, sendo que a
interligação destes dois últimos se dá por uma rodovia e de Porto Velho parte uma
ferrovia que, após passar por Rio Branco, atinge seu destino em Lima, no Peru.
O estudo da situação atual da rede básica de transportes da região denuncia que,
apesar das conhecidas vantagens do transporte hidroviário frente às demais
modalidades, principalmente em uma área que esbanja uma vasta rede hidrográfica,
o principal entrave ao desenvolvimento deste modal deve-se à precariedade dos
portos, que torna o transporte fluvial economicamente inviável. Em consideração aos
diferentes momentos de maturação dos investimentos e as necessidades de ações
governamentais ao longo do tempo, propõe-se a médio prazo a alocação de recursos
orçamentários para desenvolvimento dos portos de Santarém e Itacoatiara para
exportação dos produtos regionais e para execução da reestruturação e ampliação de
diversos portos fluviais incluindo os de Manaus e Porto Velho.
Com a finalidade de compor uma rede hidroviária bem estruturada, são propostas
melhorias simples no sistema portuário da região, especialmente em Manaus, tais
como no sistema de atracação, estacionamento de caminhões, isolamento de área,
instalações administrativas e de serviço, se possível com a concorrência da iniciativa
privada e os usuários; o desenvolvimento de um programa de melhoria sistemática
dos muitos atracadouros identificados ao longo do rio Amazonas e seus afluentes, de
forma a estimular o aumento e escoamento da produção regional; estabelecimento de
facilidades para a unificação e simplificação dos diversos serviços de fiscalização
existentes, vinculados a vários órgãos; a intensificação dos serviços de sinalização,
tratamento do leito e balizamento dos rios da Amazônia, entre outras medidas.
A composição de um conjunto de portos adequados ao transbordo de cargas,
vinculado ao incentivo a intermodalidade é decisivo para a promoção da ocupação
aliada ao desenvolvimento regional auto-sustentado. Para tanto faz-se necessário o
estabelecimento a longo prazo, de um Plano Viário Regional para a Amazônia que
priorize as rodovias que estabeleçam ligações com os portos em detrimento das
ligações inter-regionais, fortalecendo-se o sistema de alimentação do transporte
hidroviário através das rodovias de ligação das comunidades interiores aos portos.
Deste modo é possível constituir o transporte hidroviário associado ao
desenvolvimento agro-industrial, complementado com a rede rodoviária estruturada
como alimentadora da rede hidroviária, a partir da Transamazônica e da Perimetral
Norte.
Dentro desta lógica de complementação do sistema hidroviário, entendido como
referência para a rede de transportes da região, as demais modalidades de transporte
devem ser pensadas de modo integrado a esta. Sobre este aspecto, cabe ressaltar a
importância da integração das rodovias BR 319 e BR 364 ao Sistema nacional de
transportes, especialmente considerando a Navegação de Cabotagem e o transporte
aéreo. Além da integração do território nacional, há uma política externa com a qual
se complementa e findam na interligação de vários pólos econômicos brasileiros com
as áreas produtivas e os pontos de escoamento situados nos países vizinhos. Esta
política de cooperação e de integração comercial e econômica com os países da
América Latina demanda uma estrutura viária desenvolvida no continente, capaz de
assegurar o fluxo contínuo e seguro de bens, serviços e fatores de produção.
Atualmente, a comercialização dos produtos da região para o exterior tem sido feita
prioritariamente pelos portos de Santos, Paranaguá, Vitória, Itaquí, Sepetiba, Rio
Grande e de forma mais reduzida Manaus. As dificuldades e o alto custo do frete
marítimo para Manaus tem originado a busca de outras alternativas para as
importações da Zona Franca de Manaus, inclusive o transporte aéreo. Ao que tudo
indica, as principais dificuldades que elevam os custos do transporte para Manaus são
a acessibilidade (navegação no Rio Amazonas) e a inexistência de frete de retorno
associados ao relativamente pequeno volume de carga.
Devido às grandes distâncias e à precariedade das ligações de superfície, o transporte
aéreo na Amazônia assumiu um rápido e substancial desenvolvimento. A relativa
facilidade de construção de uma pista de pouso, em relação às outras modalidades de
transporte e o grande retorno imediato, ao propiciar ligações rápidas por via aérea
bem como o clima tropical que favorece a esse tipo de transporte faz com que todas
as localidades da Amazônia Legal tenham pelo menos uma pista de pouso. Pistas
simples, de categoria inferior e rudimentares permitem acesso a lugares inóspitos e,
da mesma forma que as instalações rudimentares de portos às margens dos rios,
pistas rudimentares são abertas por particulares em toda a região Amazônica. Entre
os nove aeroportos internacionais, que se caracterizam como pontos de entrada/saída
de passageiros e carga do país, pode-se citar: Eduardo Gomes (Manaus), Vals de
Cans (Belém), Santarém, Rio Branco, etc. e há também o aeroporto domestico de
Porto Velho.
O transporte marítimo para a Amazônia atende às necessidades de importação de
componentes eletro-eletrônicos oriundos sobretudo da Ásia, entretanto, não apresenta
grandes fluxos no Rio Amazonas, sujeitando os usuários a fretes bastante altos. O
deslocamento da cassiterita para São Paulo feito por cabotagem, que por sua vez não
tem demanda suficiente para viagens freqüentes à Amazônia. Um possível estímulo a
mudanças nos fluxos de carga de São Paulo para Manaus poderia viabilizar o serviço
de cabotagem para a região.
O comércio intra-regional ainda é incipiente e só apresenta alguma densidade entre
Belém e Manaus e entre Manaus e Porto Velho, sem contudo ter volume ao longo dos
trechos. Não há produção que viabilize um sistema de transporte eficiente, ao tempo
que não há incentivos ao desenvolvimento e escoamento de uma produção local o que
dificulta o surgimento de novas cargas.
São justamente estas duas rotas que constituem o transporte rodo-fluvial: de Manaus
a Belém pelo rio Amazonas e de Manaus a Porto Velho pelo rio Madeira. Além dos
problemas de conservação da rodovia Belém-Brasília, o principal entrave da primeira
rota é o sistema portuário de Belém que apresenta dificuldades operacionais para o
embarque e desembarque de carretas face à variação do nível das águas por
influência das marés. Situação contrária se observa na outra rota em que as
dificuldades no embarcadouro de Porto Velho são menores que as de Belém, apesar
das deficiências, mas os grandes ficam por conta da navegabilidade do rio Madeira,
que é comprometida pelo assoreamento e prática indiscriminada de garimpagem ao
longo de seu leito.
Quanto ao sistema ferroviário, este conta com quatro estradas de ferro em operação
plena, uma em atividade parcial e uma ferrovia em processo de estudo para
implantação pela iniciativa privada. Esta pequena rede visa atender à movimentação
de grandes massas de minérios, transportando-as das minas aos portos. O sistema
rodoviário é incipiente, enfrentando problemas de limitação construtiva (materiais e
técnicas adequadas) e de solo, além das questões ambientais. Embora a sua Bacia
Hidrográfica seja a espinha dorsal que deverá estruturar o sistema de transportes da
Amazônia, as demais modalidades, especialmente a aeroviária e rodoviária, deverão
desempenhar um papel complementar de grande relevância, o que ressaltará ainda
mais a característica multimodal que deverá marcar a movimentação de bens e
passageiros nessa região.
São determinantes para a evolução do eixo os pressupostos da política de
desenvolvimento da Amazônia e a estratégia a ser adotada com base em uma
liderança dos empreendimentos estatais; decisões de política econômica; prioridade
ao transporte fluvial e maior volume de investimentos, conferindo-lhes maior
eficiência e acelerando a evolução dos corredores que compõe o eixo; a política
internacional, relativa a uma intensificação da cooperação econômica, científica e
tecnológica entre o Brasil e os países da Bacia Amazônica, que também poderá
conduzir a uma aceleração do desenvolvimento, principalmente nos eixos dos
corredores de integração continental e a orientação a ser conferida à política
ambiental mais adequada ao contexto Amazônico, por parte do Brasil e dos demais
Países da Região, constituirá certamente um fator decisivo no dinamismo de seu
desenvolvimento bem como no modelo econômico a ser adotado.
Eixo Porto Velho-Santos
A ocupação no Brasil, por motivos históricos, é profundamente concentrada na região
costeira sendo esta provida de uma malha de transporte de capacidade considerável.
Porém, o interior do país – marcado pela ocupação dispersa e por grandes áreas
dedicadas ao setor primário – possui uma malha fragmentada, que inviabiliza o
desenvolvimento de pólos de atração nesta região.
Para subverter esta lógica de ocupação que se configura no território nacional, o eixo
proposto tem como objetivo fundamental a criação de uma infra-estrutura que
estimule a ocupação e produtividade da região centro-oeste brasileira. Através da
ligação entre o porto de Santos – principal porto do país – com a capital de Rondônia
– Porto Velho – o eixo possibilitará o fluxo de pessoas e mercadorias pelo interior do
país, contribuindo para o desenvolvimento do interior e a melhor ordenação do
território nacional.
O eixo Santos-Porto Velho é muito importante para a implantação da rede nacional
proposta neste trabalho, pois é responsável por estabelecer diversos entroncamentos
com os demais eixos propostos e por possibilitar planos de expansão, tanto no sentido
leste para promover o desenvolvimento nacional como para oeste, com o intuito de
criar uma infra-estrutura internacional para a integração dos diversos países da
América Latina.
O primeiro trecho do eixo consiste na ligação, já consolidada, entre o porto de Santos
e a capital paulista, através das Rodovias Anchieta e Imigrantes e da modernização
das linhas da companhia ferroviária Ferroban. De São Paulo o eixo se desenvolverá
rumo ao interior através das Rodovias Castello Branco e Marechal Rondon e pelas
linhas da Ferroban até Bauru – importante cidade do interior paulista, que, devido à
sua posição geográfica, articulará toda a região oeste do estado, promovendo o
desenvolvimento das cidades e núcleos produtores do entorno. De Bauru o eixo se
desenvolverá pela Rod. J. Hipólito Martins e pelas vias da companhia férrea Novoeste
da região até a cidade de Três Lagoas na fronteira entre São Paulo e Mato Grosso do
Sul. Três Lagoas será um importante posto intermodal da rede proposta, pois
possibilitará através de seu porto no Rio Paraná o entroncamento com os eixos que
abrangem Salvador-Goiânia-Buenos Aires, articulando importantes pólos de produção
do país.
O segundo trecho se desenvolve no MS, de Três lagoas o eixo se desenvolverá por
vias rodoviárias – BR 282 – e ferroviárias – Novoeste – até a capital Campo Grande,
principal cidade do Estado tanto política como economicamente. De Campo Grande o
eixo sofre uma bifurcação, no sentido oeste se ligará com Corumbá – importante
cidade da região do pantanal e que possui potencial no que tange às trocas
econômicas com Paraguai e Argentina através do porto do Rio Cuiabá – e no sentido
norte até a cidade de Coxim rumo ao Mato Grosso. Vale destacar que existe o projeto
de construção da BR 369, que ligará Corumbá à Coxim e criará uma importante
triangulação que potencializará os efeitos de desenvolvimento pretendidos com o eixo
nesta região.
O eixo ligará Coxim com Rondonópolis, já em território mato grossense. Este trecho
se desenvolverá pelas rodovias BR 060, BR 163 e BR 364 e pela proposta de criação
de linha férrea de Campo Grande à Rondonópolis seguindo paralela às rodovias, pois
desta à Cuiabá já existe um projeto semelhante da Ferronorte. Rondonópolis é
considerada uma capital regional por sua importância econômica e, portanto, exercerá
importante papel como cidade estruturadora do desenvolvimento da região. De
Rondonópolis o eixo atingirá Cuiabá, capital do MT e local de entroncamento com o
eixo Salvador-Arica (Chile) proposto, sendo então um importante posto intermediário
entre a ligação Atlântico-Pacífico concebida pelo projeto.
De Cuiabá o modal rodoviário toma um rumo diferente do ferroviário. Enquanto as
várias rodovias federais fazem um trajeto percorrendo importantes cidades próximas
à fronteira do MT com a Bolívia até Porto Velho, a linha férrea Ferronorte fará uma
ligação direta entre Cuiabá e a capital rondonense.
O último trecho do eixo é composto pelas rodovias federais BR 070, BR 174 e BR 364
e pela ferrovia administrada pela companhia Ferronorte. Duas cidades exerceram
importante papel regional neste trecho: Sapezal em MT e Ji-Paraná em RO. De Ji-
Paraná o eixo seguirá até a capital Porto Velho, finalizando o eixo. Porto Velho será
outro importante entroncamento de eixos, pois também fará parte do eixo proposto
Belém-Rio Branco-Lima (Peru), que estabelece uma segunda ligação Atlântico-
Pacífico.
Eixo Porto Alegre – Rio São Francisco
O eixo proposto funciona como integração direta entre as regiões Sul, Sudeste e
Nordeste, caminhando paralelamente ao litoral brasileiro, passando por três capitais:
Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG). O eixo é
formado pelas BR-116, BR-381, BR-496, BR-135 e o rio São Francisco, além das
ferrovias que seguem esse mesmo trajeto.
A cidade de Porto Alegre tem uma importante produção rural e industrial deixando o
turismo em segundo plano, embora já haja planos para a revitalização do cais do
porto buscando incentivar esta atividade na cidade.
Curitiba se destaca por ter a economia mais forte do sul do país, contando o trabalho
de exportação das 900 fábricas instaladas no bairro Cidade Industrial e das duas
grandes indústrias automobilísticas que estão localizadas na Grande Curitiba, Renault
e Volkswagen. O parque industrial de Curitiba é bem diversificado possuindo um dos
maiores centros manufatureiros do Brasil. Em sua produção destacam-se gêneros
alimentícios, mobiliário, minerais não metálicos, madeira, produtos químicos e
farmacêuticos, bebidas e artefatos de couro e peles.
São Paulo, que é um dos maiores centros financeiros do Brasil e do mundo, passa
hoje por uma transformação em sua economia. Durante muito tempo a indústria
constituiu uma atividade econômica bastante presente na cidade, porém São Paulo
tem atravessado nas últimas três décadas uma clara mudança em seu perfil
econômico, deixando o caráter industrial, enquanto o setor terciário ganha
expressividade, configurando-se um pólo de serviços e negócios para o país.
A cidade de Belo Horizonte possui um setor terciário que contribui com 80% de sua
riqueza produzida e ao setor industrial corresponde o restante do PIB, sendo que
praticamente não existe setor agropecuário na cidade. A Região Metropolitana de Belo
Horizonte possui o quinto maior parque produtivo da América do Sul, com destaque
para a indústria automobilística e de autopeças, siderurgia, eletrônica e construção
civil. Está entre os sete municípios com a melhor infra-estrutura do país. Com um
diversificado setor de comércio e da prestação de serviços e contando com uma
desenvolvida rede de hotéis, restaurantes e agências bancárias, Belo Horizonte é um
dos principais pólos de turismo de negócios do país.
A cidade de Pirapora teve um grande crescimento industrial, produzindo mercadorias
que atualmente atendem países em quase todos os continentes. Seus principais
produtos são: ligas de alumínio, ligas de ferro, tecidos e uvas. A pesca e o turismo
também fazem parte da economia local. Pirapora é o segundo maior pólo de
industrialização do Norte de Minas Gerais. Pirapora encontra-se inserida na área de
jurisdição da ADENE - extinta SUDENE e tem como entidade de representação
político-administrativa regional a AMMESF - Associação dos Municípios do Médio São
Francisco.
Outras duas cidades de considerável importância estratégica para o eixo são
Paraopeba e Corinto, ambas cidades mineiras que servem de interligação entre
rodovias federais. Paraopeba era um distrito de Sete Lagoas, sua população estimada
em 2004 era de 18.000 habitantes. Atualmente essa cidade é a maior produtora
nacional de quiabo, destacando-se além da agropecuária, o artesanato, a mineração,
principalmente de ardósia, produção têxtil e a diversidade cultural. Corinto, centro
geográfico de Minas Gerais , é parte integrante da região do Médio Rio das Velhas, na
zona do Alto São Francisco. A cidade é conhecida como "A terra dos cristais" e "centro
das Gerais".
A BR-116, chamada de Via Serrana no trecho entre Rio Grande do Sul e Santa
Catarina e Régis Bittencourt entre Curitiba e São Paulo, é uma rodovia longitudinal
que tem início na cidade de Fortaleza, no estado do Ceará e término na cidade de
Jaguarão, no Estado do Rio Grande do Sul, na fronteira com o Uruguai. A extensão
total da rodovia é de aproximadamente 4385 km. A rodovia é duplicada nas áreas
metropolitanas, em parte da Régis Bittencourt, na Rodovia Presidente Dutra.
Apresenta em algumas regiões trechos mal conservados e mal sinalizados. Está em
fase de projeto a duplicação do trecho entre Fortaleza e a cidade de Belo Horizonte.
A BR-381 recebe o nome de Rodovia Fernão Dias no trecho que liga três regiões
metropolitanas brasileiras: a Grande São Paulo, a Grande Belo Horizonte e o Vale do
Aço. A BR-381 é uma rodovia diagonal que foi privatizada nos trechos que interligam
as cidades de São Paulo a Belo Horizonte e que serve de ligação entre os Estados
brasileiros do Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. A rodovia ainda permanece
sendo administrada pelo governo federal nos trechos que interligam Belo Horizonte ao
Estado do Espírito Santo.
A BR-496 é uma rodovia federal brasileira localizada no norte de Minas Gerais. Liga a
BR-365, com a BR-135. Pode ser considerada uma importante ligação entre a região
de Pirapora, com a capital mineira, visto que após o término desta rodovia, em
Corinto, se encontra com a BR-135, que por sua vez, se encontrará com a BR-040, na
altura de Paraopeba.
A BR-135 é uma rodovia que liga o meio norte do Brasil, no Maranhão, e termina em
Belo Horizonte (MG), sendo concorrente com a BR-040 entre o entroncamento das
duas rodovias em Paraopeba e Belo Horizonte, em Minas Gerais. Esta rodovia se
encontra em péssimo estado de conservação no trecho norte mineiro e não há
asfaltamento por enquanto em vários trechos, principalmente na Bahia.
Com 2.800 km de extensão e drenando uma área de aproximadamente 641.000 km²,
o rio São Francisco nasce no Estado de Minas Gerais, na Serra da Canastra,
desemboca no Oceano Atlântico, entre Sergipe e Alagoas. O rio São Francisco
atravessa regiões com condições naturais das mais diversas, sendo que as partes
extremas superior e inferior da bacia apresentam bons índices pluviométricos,
enquanto os seus cursos médio e sub-médio atravessam áreas de clima bastante
seco. À medida que o São Francisco penetra na zona sertaneja semi-árida, apesar da
intensa evaporação, da baixa pluviosidade e dos afluentes temporários da margem
direita, tem seu volume d'água diminuído, mas mantém-se perene, graças ao
mecanismo de retroalimentação proveniente do seu alto curso e dos afluentes no
centro de Minas Gerais e oeste da Bahia. O rio São Francisco é também o maior
responsável pela prosperidade de suas áreas ribeirinhas compreendidas pela
dominação de Vale do São Francisco, onde cidades experimentaram maior
crescimento e progresso como Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) devido a agricultura
irrigada. Essa região apresenta-se atualmente como a maior produtora de frutas
tropicais do país, recebendo atenção especial, também, a produção de vinho, em uma
das poucas regiões do mundo que obtêm duas safras anuais de uvas.
O eixo apresentado visa a revitalização das rodovias já construídas, utilizando deste
modo a infra-estrutura existente na região. Como a maioria das rodovias apresenta
trechos em péssimo estado de conservação é primordial para o bom funcionamento
do projeto o asfaltamento e a duplicação das pistas. Este projeto também prevê o uso
de ferrovias, também já existentes ao longo do eixo, reformando os trilhos e as
estações de modo a torná-las mais modernas para que possam atender a demanda de
transporte de cargas que transitam entre as regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
Também deve-se padronizar o serviço, permitindo assim uma eficaz integração com
as demais ferrovias, principalmente com as que estão previstas nos outros eixos.
Como a prioridade desses eixos é o transporte ferroviário, é este meio que necessita
de maiores investimentos, para sair do atual estado deplorável em que se encontra e
se tornar capaz de atender toda a área litorânea do país.
Este eixo tem como característica a forte integração do rio São Francisco com as
rodovias e ferrovias do eixo, utilizando-o para navegação fluvial servindo como ligação
do projeto com o Oceano Atlântico. Para tanto é necessária a reestruturação do porto
de Pirapora, que possui um papel fundamental no eixo, pois é nesta cidade que ocorre
a conexão entre os transportes terrestres e os fluviais. O rio São Francisco pode ser
utilizado para navegação o ano todo, apenas com restrições de calado nas épocas de
seca. Assim sendo, para cargas que não sairão do país opta-se pela navegação de
cabotagem, já para as transações internacionais basta uma parada no porto de
Maceió, onde as cargas são transferidas para uma embarcação maior.
Eixo Buenos Aires-Cáceres e Buenos Aires-Goiânia
O Eixo que vai de Goiânia até Buenos Aires tem por objetivo reestruturar as já
existentes, Hidrovia Paraguai-Paraná, Hidrovia Paraná-Tietê e Hidrovia do Rio
Uruguai. Estas hidrovias estão hoje subutilizadas, quando não desestruturadas, e tal
eixo pode adquirir importância estratégica para o desenvolvimento do Mercosul, uma
vez que cruza os Estados brasileiros de Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso
do Sul, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e os países
Paraguai, Argentina e Uruguai, passando, inclusive, por suas capitais. As cidades
portuárias que teriam o papel de ligação entre as hidrovias e as regiões produtoras
são Cáceres, no Mato Grosso, Corumbá e Três Lagoas no Mato Grosso do Sul, São
Simão em Goiás, Foz do Iguaçu no Paraná, Itapiranga em Santa Catarina e
Uruguaiana no Rio Grande do Sul.
Neste eixo os sistemas rodoviário e ferroviário têm o papel de conexão entre regiões
produtoras e seus devidos portos. Para tanto, observou-se quais destas ligações já
existem, elaborando propostas novas para as áreas necessárias e a recapacitação das
existentes. Tais trechos são: ligação férrea e rodoviária de Goiânia com São Simão,
que atualmente não existe; melhoria da ligação ferroviária entre Curitiba e Foz do
Iguaçu; ligação rodoviária entre Foz do Iguaçu e Itapiranga, não existente hoje;
melhoria da ligação ferroviária entre Porto Alegre e Uruguaiana.
Neste eixo, fortemente hidroviário, as cidades portuárias são de importância
estratégica. Para que então fosse possível a elaboração deste plano, foram escolhidas
algumas cidades portuárias, das diversas existentes nas hidrovias, para que fossem
trabalhadas como articulações entre os outros eixos, ou como portos principais de
regiões inteiras. Para tanto pesquisou-se o atual fluxo de mercadorias e as
possibilidades de desenvolvimento futuro com base na repercussão promovida pelos
eixos propostos por este trabalho. Segue a exposição de cada uma destas cidades.
Cáceres é o porto destinado a atender Cuiabá, que por sua vez é ponto de conexão
entre os eixos Salvador - Puerto Arica e Porto Velho – Santos, configurando-se como
um ponto importante na proposta, sendo caracterizado no eixo seguinte.
Corumbá é o principal porto destinado a atender Campo Grande. É considerado o
primeiro pólo de desenvolvimento da região. É a terceira cidade mais importante do
estado em termos econômicos, culturais e populacionais depois de Campo Grande
(Capital do Estado) e Dourados. Possui o mais importante porto do estado de Mato
Grosso do Sul e um dos mais importantes portos fluviais do Brasil.
Em meados da década de 90, Três Lagoas era considerada um dos maiores pólos de
desenvolvimento do Brasil. A cidade receberia bilhões de dólares em investimentos e
cresceria de forma surpreendente. A partir deste momento, começaram a surgir
especulações de que a cidade seria a nova São Paulo, por Três Lagoas possuir
posicionamento estratégico com fácil acesso aos mercados do Sudeste, Sul, Centro-
Oeste e outros Países da América o Sul, além de ter a sua disposição os transportes
rodoviário, fluvial e ferroviário o que a torna uma escolha lógica para a conexão de
alguns dos eixos propostos. Localiza-se na estado de Mato Grosso do Sul, na divisa
com São Paulo, bem no encontro do rio Tietê com o Paraná.
São Simão possui o porto destinado a atender Goiânia, que pelo nosso trabalho, seria
um importante centro econômico, uma vez que conecta importantes eixos propostos.
Com a construção da Hidroelétrica de São Simão (1977), a antiga cidade ficou
submersa, sendo a nova cidade construída abaixo do Lago São Simão, que é formado
pelas águas dos rios Paranaíba, dos Bois, Alegre e Meia Ponte. A nova cidade é
planejada, com vias largas, e ainda com boa capacidade para crescimento, tendo
muitos terrenos vazios. Devido à sua posição e infra-estrutura optamos por destinar à
ela o porto responsável pela importante ligação com Goiânia.
As principais fontes de renda de Foz do Iguaçu são o turismo e a geração de energia
elétrica, porém, a sua posição a torna uma boa alternativa para a instalação de um
porto destinado à atender Curitiba. Porém, esta ligação é feita apenas por ferrovia,
que no caso é a requalificação de uma ferrovia já existente e construção do pequeno
trecho final, já em projeto, entre Cascavel e Foz do Iguaçu. A ligação rodoviária não
foi explicitada pois a mesma já existe, passando por diversas outras cidades, e dada a
distância entre Curitiba e Foz do Iguaçu, a ferrovia é o modal mais adequado.
Itapiranga tem o papel duplo de se estruturar como a cidade portuária para o Estado
de Santa Catarina e estabelecer ligação com a cidade de Foz do Iguaçu, formando
uma ligação entre os rios Paraná e Uruguai, ampliando ainda mais as possibilidades
de funcionamento das hidrovias. Atualmente sua economia não é movimentada pela
atividade portuária, mais sua localização indica um grande potencial nesta área e seu
papel é de grande importância para o projeto, em função das ligações promovidas por
uma ferrovia e por uma rodovia.
Uruguaiana teria o papel de ligação com Porto Alegre. A cidade é atravessada pela BR
472, que liga Uruguaiana até Frederico Westphalen, conectando também cidades
como São Borja e Itaqui a Uruguaiana, e ainda é o caminho mais rápido até o centro
do país. Uruguaiana também é servida por uma ferrovia importante, todas elas com
ligação à ponte internacional rodo-ferroviária sobre o Rio Uruguai. Sob o comando da
ALL (América Latina Logística), fortes investimentos foram realizados na última
década. Uruguaiana ainda possui o único terminal ferroviário da América Latina com
aduanas integradas, no caso, as de Brasil e Argentina. Este terminal alavanca as
exportações brasileiras, com cargas que passam por ele e seguem para Argentina,
Paraguai e Chile. Quanto à navegabilidade, o Rio Uruguai é navegável por navios de
baixo calado, sendo necessário assim a realização de obras para que realmente se
estruture uma hidrovia do Rio Uruguai, que, em conjunto com os sistemas já
existentes e bem estruturados, se tornaria um ponto chave da economia brasileira, e
responsável por uma maior integração econômica da América Latina.
Eixo Salvador-Puerto Arica
O eixo Eixo Salvador-Puerto Arica se caracteriza por ser uma ligação entre os oceanos
Atlântico e Pacífico, atravessando o continente sul-americano de leste a oeste
principalmente pelo território brasileiro. O objetivo é criar uma rota alternativa de
ligação entre a costa leste e a o oeste do continente, em conjunção com o
escoamento da carga dos pólos de produção próximos ou ligados ao eixo, direta ou
indiretamente. As principais cidades ligadas pelo eixo são Salvador, Goiânia, Cuiabá,
Cáceres, e fora do país, Arica (destino final).
A situação atual das rodovias ligadas para formação do eixo de um modo geral é ruim.
A administração federal de rodovias deixa a desejar, e a condições de rodagem de
muitos dos trechos é péssima. A proposta prevê a revitalização desses trechos, com a
devida sinalização do eixo, dando informações de em que estrada o usuário se localiza
e como continuar no eixo. As rodovias envolvidas atravessam três Estados (Bahia,
Goiás e Mato Grosso) e são: BA-324, BA-242, BA-116, um trecho de rodovia estadual
(não identificada), BA-349, BA-020, GO-020, GO-060, um trecho de rodovia estadual
(não identificada), GO-158, MT-070. A partir do Mato Grosso as rodovias são
internacionais, atravessando a Bolívia e chegando no Chile.
A proposta também desenvolve o projeto de uma linha de trem que acompanha o eixo
rodoviário. O objetivo não é a competição, mas sim a cooperação entre os dois
modais: As cargas prioritárias seguiriam por caminhão, consideravelmente mais
rápido, mas mais caro, e as cargas de maior porte seguiriam por trem, que tem uma
maior capacidade de carga. Além disso, é possível em locais chave haver a transição
de um modal para o outro, conforme a carga é aumentada (com o escoamento da
produção dos pólos próximos ao eixo) ou diminuída (quando é distribuída pela
região). Sendo assim, o projeto ferroviário segue um trajeto ligeiramente diferente do
que o eixo rodoviário, mais adaptado ao terreno.
As cidades envolvidas com o eixo têm variados graus de importância, a saber (as
assinaladas com um “*” têm menor importância, mas merecedoras de atenção: são
passíveis de se desenvolver ainda mais com a ligação com o eixo, se tornando centro
locais ou regionais).
- Salvador: porto inicial do eixo, receberia as cargas de outros portos por cabotagem,
cargas que devem ser exportadas para países mais acessíveis ao oceano pacífico. As
cargas transportadas aqui vão desde grãos como soja e trigo, até produtos
transportados em contêineres, como bens industrializados.
*Camaçari – Faz parte da região metropolitana de Salvador, e é o pólo industrial do
Estado da Bahia. Continuaria tendo uma ligação direta com o eixo e o porto, principal
escoadouro da produção. A economia do município é baseada no Pólo Industrial que
iniciou suas operações em 1978. Maior complexo industrial do Hemisfério Sul
apresenta mais de 60 empresas químicas, petroquímicas e de outros ramos de
atividade como indústria automotiva, de celulose, metalurgia do cobre, têxtil, bebidas
e serviços.
* Feira de Santana: A cidade encontra-se num dos principais entroncamentos de
rodovias do Nordeste brasileiro, é onde ocorre o encontro das BRs 101,116 e 324,
funcionando como ponto de passagem para o tráfego que vem do Sul e do Centro
Oeste e se dirige para Salvador e outras importantes cidades nordestinas. Graças a
esta posição privilegiada e à distância relativamente pequena de Salvador, possui um
importante e diversificado setor de comércio e serviços, além de indústrias de
transformação.
*Itaberaba: É considerada como principal centro regional, pois influencia uma região
muito grande. Fica relativamente perto de Lençóis, Seabra e de toda a Chapada
Diamantina.
* Bom Jesus da Lapa: Suas atividades econômicas estão baseadas na agricultura,
comércio, turismo e pesca.
*Abadiânia: È precária a infra estrutura existente no município, o que explica o
vínculo de dependência mantido com outros centros mais desenvolvidos, mais
acentuadamente com Anápolis e Goiânia.
*Anápolis: É a principal cidade industrial do interior do Estado de Goiás, então se
beneficiaria muito com uma ligação eficiente e direta com os portos de Salvador,
Cáceres e Arica. Os principais produtos são do ramo de bebidas, já que é a cidade
sede da AmBev.
-Goiânia: capital do Estado de Goiás, esta cidade se destaca por ser tanto industrial,
como ligada à agropecuária, característica própria de cidades do centro-oeste. Goiânia
serviria como conexão entre diversos eixos, teria uma ou mais estações intermodais
de carga, e receberia as cargas dos pólos mais próximos por rodovias, para
redistribuir tanto para o eixo como para outras regiões.
*Trindade: Importante centro regional, articulado com Goiânia, Trindade vem se
tornando cada vez mais um pólo industrial da Região Metropolitana de Goânia, à qual
está integrada. Também tem participação ativa do setor agropecuário na sua
economia.
*Primavera do Leste: Cidade de proporções maiores, é a quinta em importância
econômica do Estado, por causa da forte agricultura na região, tendo como destaque
soja, algodão, milho, milheto, sorgo, arroz, feijão e uva.
-Cuiabá: A economia de Cuiabá, hoje, está centralizada no comércio e na indústria.
No comércio, a representatividade é varejista, constituída por casas de gêneros
alimentícios, vestuário, eletrodomésticos, de objetos e artigos diversos. O setor
industrial é representado, basicamente, pela agroindústria. Muitas indústrias,
principalmente aquelas que devem ser mantidas longe das áreas populosas, estão
instaladas no Distrito Industrial de Cuiabá (DIICC), criado em 1978. Na agricultura,
cultivam-se lavouras de subsistência e hortifrutigranjeiros.
-Cáceres: Nos últimos anos, Cáceres procurou estruturar-se como importante porto
fluvial no contexto matogrossense, incorporando-se à política de Integração Latino-
Americana, buscando a implantação do sistema de transporte intermodal, e a ligação
por rodovia com a Bolívia e conseqüentemente uma saída para o Pacífico,
evidenciando-se como grande opção para profundas transformações, não só para sua
economia, como para Mato Grosso e para o Brasil. Com a consolidação da ligação de
diferentes partes do território com este importante porto alfandegário, será possível
realizar a transferência de cargas entre costas em larga escala.
- Porto de Arica: porto final de destinação das cargas transportadas pelo eixo, se
caracteriza por ser um porto ao norte do Chile, mas não exclusivo do país, sendo
largamente utilizado pelo Peru e Bolívia também, por seu tamanho considerável.
Sobre a Integração da Malha Obtida
Ainda que se tenha subdividido os estudos dos eixos e as propostas, é imprescindível
que se integre toda a malha obtida a fim de que todo o sistema modal no país
funcione em unidade. Assim, pensou-se nas cidades onde os eixos se cruzariam de
maneira que estas se tornariam centros econômicos regionais, além de se tentar
facilitar o acesso a regiões economicamente importantes para o país. Dessa maneira,
obtém-se uma integração inter-regional das diferentes áreas do país. Assim, otimizar-
se-ia a logística de produtos industrializados e matérias-primas entre cidades como
Barreiras/BA e Santos/SP, por exemplo.
Optou-se, propositalmente, por se fazer a malha convergente em Goânia, por sua
localização geográfica central no país e, assim, possivelmente possa gerar uma real
interiorização da ocupação no Brasil. Ainda assim, a malha se distribui
homogeneamente através do território economicamente ativo nacional. Por ser uma
região delicada e de questões de complexidade elevada e que demandariam maior
tempo de estudos, optou-se por não intervir tanto na Amazônia quanto se poderia.
Deve-se, ainda ressaltar que utilizou-se da maior maneira possível o modal hidroviário
devido à sua subutilização perante seu potencial no território brasileiro. Considerando-
se longas distâncias, privilegiou-se o modal ferroviário e hidroviário em detrimento do
rodoviário. Este ultimo, mais adequado à transposição de distâncias menores.
Conclusão
Conclui-se, assim, que o suprimento da carência nos modais de transportes brasileiro,
não resolveria o problema econômico brasileiro, ainda que este fato contribuiria com o
desafogamento do transporte de mercadorias no país, dinamizando a economia.
A proposta gerou uma malha e criou uma nova centralidade no país – Goiânia – que
permitiria interiorizar a ocupação hinterlândia. Ainda assim, incentivou-se a utilização
da navegação de cabotagem no litoral, prática pouco utilizada, apesar de seu
potencial econômico e social no país.
Como consequência da criação da malha, obter-se-ia, ainda, o desenvolvimento de
pólos econômicos secundários no locais onde os eixos se cruzam, derivados do grande
fluxo de mercadorias e pessoas. Outra consequência secundária imediata seria o
maior dinamismo e integração entre as diferentes regiões, culturas e economias no
país, que ainda se encontra fortemente marcado pela segregação cultural e regional.
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