Estudo Cadeia Dende.pdf

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MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL-MI SECRETARIA ESPECIAL SUDAM SECRETARIA GERAL DA ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS UNIDADE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MEIO AMBIENTE OEA MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE – MMA SECRETARIA DE COORDENAÇÃO DA AMAZÔNIA – SCA PROGRAMA DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA A AMAZÔNIA BRASILEIRA PRODEAM BELÉM 2 0 0 2

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  • MINISTRIO DA INTEGRAO NACIONAL-MISECRETARIA ESPECIAL

    SUDAM

    SECRETARIA GERAL DA ORGANIZAO DOSESTADOS AMERICANOS

    UNIDADE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTVELE MEIO AMBIENTE

    OEA

    MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE MMASECRETARIA DE COORDENAO DA AMAZNIA SCA

    PROGRAMA DE AES ESTRATGICAS PARA A AMAZNIA BRASILEIRAPRODEAM

    BELM2 0 0 2

  • MINISTRIO DA INTEGRAO NACIONAL-MI SUDAM SECRETARIA GERAL DA ORGANIZAO DOS ESTADOS AMERICANOS OEA UNIDADE DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL E MEIO AMBIENTE MINISTRIO DO MEIO AMBIENTE MMA SECRETARIA DE COORDENAO DA AMAZNIA SCA PROGRAMA DE AES ESTRATGICAS PARA A AMAZNIA BRASILEIRA PRODEAM DESEMPENHO DA CADEIA PRODUTIVA DO DEND NA AMAZNIA LEGAL

    Suzana Maria Valle Lima(1) Antnio de Freitas Filho(2)

    Antnio Maria Gomes de Castro(3) Hermino Ramos de Souza(4)

    Trabalho realizado no mbito do Acordo de Cooperao Tcnica SUDAM/OEA, mediante contrato de consultoria com a Fundao de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco-FADE e cooperao tcnica da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria-EMBRAPA

    BELM 2 0 0 2

    (1) PhD em Sociologia das Organizaes, Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), Pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA) (1) MSc em Economia Agroalimentar, Instituto Agronmico Mediterrneo de Montpellier (Frana), Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA) (3) PhD em Anlise de Sistemas Agrcolas, Universidade de Reading (Inglaterra), Pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria (EMBRAPA). E.mail [email protected] (4) Mestre em Economia, Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), Doutor em Economia, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

  • MINISTRIO DA INTEGRAO NACIONALJOS LUCIANO BARBOSA DA SILVA

    SECRETARIA DE INTEGRAO NACIONAL E DESENVOLVIMENTO REGIONALJOS ROBERTO BORGES DA ROCHA LEO - SECRETRIO

    SUPERINTENDNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZNIA- SUDAM (EXTINTA)Alberto Canosa Filgueiras- Inventariante Extrajudicial

    COORDENAO NACIONAL DO PRODEAMELIANA FRANA DOS SANTOS ZACCA - COORDENADORA

  • C. 1999SUPERINTENDNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZNIA SUDAM (EXTINTA)AV. ALMIRANTE BARROSO, 426BELM PAR BRASILCEP: 66.090-900HOME PAGE: www.sudam.gov.br

    FUNDAO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DA UFPE FADERUA ACADMICO HLIO RAMOS, 336 CIDADE UNIVERSITRIARECIFE PERNAMBUCO BRASILCEP: 50.740-530FONE: (0XX-81) 3453-4646

    SUDAM(extinta)/Fundao de Apoio aoDesenvolvimento da UFPE. Desempenho daCadeia Produtiva do Dend na Amaznia Legal.Belm, 2002.

  • Os posicionamentos e opinies contidos nopresente trabalho so de inteira responsabilidade dosautores, no representando necessariamente a posio

    institucional das organizaes envolvidas.

  • Agradecimentos

    CCoollaabboorraarraamm ccoomm eessssee eessttuuddoo,, pprreessttaannddoo oouu rreeccuuppeerraannddoo vvaalliioossaassiinnffoorrmmaaeess ssoobbrree aa ccaaddeeiiaa pprroodduuttiivvaa ddoo ddeenndd,, nnaa AAmmaazznniiaa LLeeggaall,,

    ooss sseegguuiinntteess eessppeecciiaalliissttaass::

    Acilino do Carmo Canto, Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior-Superintendncia da Zona Franca de Manaus-SUFRAMA

    Alexandre Sanz Veiga, Diretor Presidente, DENPASA- Dend do Par S.A.Antnio Agostinho Muller, Pesquisador, Embrapa Amaznia OrientalAntnio Couto, Secretaria de Agricultura do Par-SAGRIArmando Yoso Sasaki, Banco do Brasil, Superintendncia EstadualDinaldo Rodrigues Trindade, Pesquisador, Embrapa Amaznia OrientalDorremi Oliveira, Chefe Adjunto de Apoio Tcnico, Embrapa Amaznia OcidentalEdson Barcelos, Pesquisador, Embrapa, Amaznia OcidentalEugnio Arima, IMAZON-Instituto do Homem e do Meio Ambiente da AmazniaFrancisco S. Mitraud, Diretor Operacional, Grupo AGROPALMAFranz Josef Kaltner, PROMAK Tecnopalma, Indstrias Mecnicas Ltda.Imar Csar de Arajo, Diretor do Departamento de Promoo de Investimentos, Ministrio

    do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior, Superintendncia da ZonaFranca de Manaus-SUFRAMA

    Joo Batista da Costa Vaz, Gerente. Grupo AGROPALMAJoo Ferdinando Barreto, Pesquisador, Embrapa Amaznia OcidentalJos Furlan Jnior, Pesquisador, Embrapa Amaznia Oriental, PALMASAOdilon Antnio S. Picano,Secretrio Municipal de Agricultura, Secretaria Municipal de

    Agricultura de BelmRinaldo Ribeiro Moraes, Ministrio da Integrao Nacional, SUDAM-Sup. do

    Desenvolvimento da AmazniaRubens Cardoso da Silva, Diretor Tcnico, EMATER-ParRudi Den Hartog, Assistente da Diretoria, Grupo AGROPALMASamuel Rodrigues Cardoso Neto, Gerente de Negcios, Banco do Brasil,

    Superintendncia EstadualSandra Borges da Costa, Diretora, BANPARSoila Maria Brilhante de Sousa, Diretora Geral do Departamento do Setor Produtivo,

    Ministrio da Integrao Nacional, SUDAM-Sup. do Desenvolvimento da AmazniaWalter Cassiano Ferreira, Consultor Especial, Banco da AmazniaWeber Medeiros de Souza, Diretor do Departamento de Anlise e Acompanhamento de

    Projetos Agropecurios, Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e ComrcioExterior, Superintendncia da Zona Franca de Manaus-SUFRAMA

    Wigner Sander M. Rezende, Diretor, Caiau Agroindustrial S.A.

  • APRESENTAO

    O presente trabalho uma iniciativa da extinta- Superintendncia doDesenvolvimento da Amaznia - SUDAM, realizado no mbito do Acordo de CooperaoTcnica SUDAM/OEA, em contrato de consultoria com a Fundao da UniversidadeFederal do Pernambuco - FDE, contando ainda com a cooperao tcnica da EMBRAPA edo IPEA, e tem como objetivo aprofundar o conhecimento da cadeia produtiva do dend, naAmaznia Legal.

    Desta forma, o referido estudo vem contemplar uma antiga preocupao daSUDAM, em identificar e incentivar uma alternativa agrcola recomendvel para aAmaznia Legal, quando, em 1968, iniciou o primeiro cultivo planejado de dend naAmaznia, em projeto-piloto de 1500 hectares, no estado do Par, a partir da qual o cultivodo dend pode ser difundido, em escala comercial, na Regio.

    Utilizando como tcnicas de estudo, a reviso da informao secundria disponvele o levantamento, processamento e sntese de informaes primrias sobre o desempenho ea competitividade dos componentes da cadeia produtiva e de seus competidores, foipossvel alcanar um resultado que permite subsidiar a avaliao do desempenho,identificando os fatores crticos que a influenciam, bem como as restries e facilidades aelas impostas pelos ambientes institucional e organizacional.

    Nesse sentido, observado o contexto atual, com a crescente participao do leo depalma no mercado mundial, ocupando o dend a posio de segundo leo vegetal maisproduzido no mundo, o estudo ora apresentado vem contribuir para a superao de fatoresimpeditivos do mximo aproveitamento das oportunidades representadas pela cultura, naAmaznia.

    com essa perspectiva, portanto, que a SUDAM traz a pblico o presentedocumento, enaltecendo a sua importncia para o desenvolvimento da cadeia produtiva dodend na Regio.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    TABELAS

    1 Principais etapas para a anlise de demandas da cadeia produtiva de dend naAmaznia............................................................................................................ 23

    2 Produo, exportao, importao, consumo e estoques finais dos principaistipos de leos vegetais 1996-2000...................................................................... 26

    3 Variao percentual de indicadores de oferta e demanda dos principais leosvegetais, no mundo, no perodo 1996-2000 ........................................................... 31

    4 Indicadores de oferta e demanda de leo de palma e derivados, no Brasil, de1992 a 1998 ............................................................................................................ 46

    5 rea, produo de leo de palma e produtividade nos Estados do PA,AP,BA eAM 1992-99 ........................................................................................................ 49

    6 Produo (em toneladas de leo de palma) por Estado e empresa, 1992-2000 ..... 517 rea plantada, em hectares, por empresa e Estado, 1992-1999 ............................. 528 Fornecedores de sementes para cada uma das empresas produtoras dend ........... 639 Preos da unidade e semente de dend, conforme tipo de semente e destino ,

    praticados por dois dos maiores fornecedores ....................................................... 6410 rea e capital imobilizado em sementes, atualmente e em 2005 ........................... 6511 Custos de fertilizantes para a rea de produo atual e para previses de

    aumento da produo de leo, em 2012 ................................................................. 6712 N de empregos diretos gerados, por estado produtor de dend , situao atual e

    prevista em 2005 .................................................................................................... 6913 Variveis descritoras de produo agrcola e industrial de dend no Brasil ..........14 Indicadores para segmentao das empresas de leo de palma na Amaznia .......

    7375

    15 Empresas do grupo AGROPALMA 2000 ........................................................... 7616 Exigncias ambientais para a cultura do dend ...................................................... 8017 Potencial estimado para a dendeicultura na Amaznia Legal ................................ 8018 Nveis de exigncia de diferentes nutrientes , pela palma africana ....................... 8519 Impacto sobre a produtividade (em ton cff/h) das operaes do processo

    produtivo agrcola .................................................................................................. 9020 Custo de produo de dend (US$/h) ................................................................... 9121 Custo de produo de dend (US$/h) ................................................................... 9222 Operaes com maior impacto sobre produtividade e custos, segundo avaliaes

    qualitativas das empresas e anlises de custos da produo ................................. 10423 Produo brasileira de leo de palma (toneladas mtricas) por Estado e

    Empresa, 1992-2000 .............................................................................................. 10624 Avaliao sobre a contribuio de cada operao ao custo total do processo

    extrativo primrio e sobre seu impacto sobre a qualidade da torta ou leoresultante ................................................................................................................ 111

    25 Gastos totais(operaes & imobilizado) no processo de leo na Agropalma, em1996 ........................................................................................................................ 114

    26 Caractersticas do leo de palma bruto e do leo de palmiste bruto, mtodosAOCS & PORIM ................................................................................................... 115

  • 27 Caractersticas do leo de palma refinado, e de estearinas e oleinas refinadas,mtodos AOCS & PORIM , comparadas com o padro internacionalPORAM................................................................................................................... 118

    28 Resultados de avaliaes qualitativas e anlise de custos, sobre o impacto deoperaes de processamentos ................................................................................ 119

    29 Destino dos produtos da palma africana. por tipo de produto, empresasselecionadas , 1999 ................................................................................................. 125

    30 Comparao entre os mercados, interno e externo, n a comercializao de leode palma e derivados .............................................................................................. 127

    31 Processos dos leos de palma, respectivos produtos e usos ................................... 13232 Novas necessidades em relao a produtos agroalimentares e caractersticas de

    consumidores finais ................................................................................................ 13533 Nmero de tcnicos de dend vinculados a algumas empresas ............................. 13734 rea total (ha) e destino das terras nos Estados da Amaznia Legal (%) .............. 14035 Condies de juro do PROAGRIN (BASA), conforme o porte da empresa ......... 14136 Comparao entre as cadeias produtivas de dend na Amaznia e na Bahia,

    indicadores selecionados ........................................................................................ 14737 Produtividades obtidas na Malsia, na produo de dend e processamento de

    leo, 1975-1999 ...................................................................................................... 14938 Metas de desenvolvimento da cadeia produtiva do dend na Colmbia ............... 15039 Atribuies de produtores , governo e iniciativa privada , em plos de dend na

    Amaznia ............................................................................................................... 15440 Proposta de condies de financiamento para pequenos e mdios produtores, em

    plos de dend ........................................................................................................ 155

    FIGURAS

    1 Modelo de agronegcio ........................................................................................ 162 Modelo geral da cadeia produtiva ......................................................................... 163 Produo mundial dos 17 principais leos e gorduras, 1997-1998....................... 244 Variao na produo mundial dos principais leos vegetais, 1996-2000 ........... 255 Variao da exportao mundial dos principais leos vegetais, 1996-2000 ........ 276 Variao de importao mundial dos principais leos vegetais, 1996-2000 ........ 287 Variao no consumo mundial dos principais leos vegetais, 1996-2000 ......... 298 Variao nos estoques finais mundiais dos principais leos vegetais, 1996-2000 309 Variao de indicadores de oferta e demanda ,em nvel mundial, dos leos de

    soja, palma e palmiste , 1996-2000 ...................................................................... 3110 Preos mdios, no mundo, leos comestveis selecionados, 1988-2000 .............. 3211 Variao percentual anual de preos de leos vegetais selecionados, 1988-2000 3312 Produo mundial dos principais leos vegetais,1993-2012 ................................ 3413 Exportao de leos e gorduras no mundo, 1980-2010 ........................................ 3514 Consumo de leos e gorduras per capita no mundo, principais pases, 1963-

    2012.......................................................................................................................36

    15 Consumo de leo de palma, pases selecionados, 1992-2002 ............................. 37

  • 16 Exportao mundial de leo de palma, principais pases, 1992-2000 ................. 3817 Estoque final, pases selecionados, 1992-2000 ..................................................... 3918 Produo mundial de leo de palma, principais pases produtores 1993 a 2012 . 4019 Importao de leo de palma, principais pases importadores, 1993-2012 .......... 4120 Preos do leo de palma, no porto de Rotterdam, por ms , de 1990 a 1999 ....... 4221 Mdias anuais de preos de leo de palma no porto de Rotterdam, 1990-1999.

    Mdias deflacionadas segundo ndice de preos no varejo .................................. 4322 Mdias de preos nominais no porto de Rotterdam, por ms, 1990-1999 ........... 4423 rea e produo do leo de palma , na regio amaznica, de 1992 a 1999 ......... 5024 Produtividade das empresas de leo de palma, na Amaznia, 1992-1998 ........... 5325 Brasil preos mdios anuais do leo de palma, 1990-1999. Mdia anual

    deflacionada segundo ndice de preos no varejo ................................................. 5426 Brasil, preos mdios mensais nominais de leo de palma, 1990-1999 ............... 5527 Projeo do balano brasileiro de leos comestveis, 1998-2012 ........................ 5628 Produo e consumo de leo de palma e derivados, no Brasil, de 1998 a 2012 .. 5729 Cadeia produtiva do dend na Amaznia ............................................................. 6230 Produtividade (em t de cff/h), por anos de produo, Agropalma e Denpasa .... 8831 Composio percentual do custo total em cada etapa do ciclo produtivo, por

    categoria de despesa (operaes agrcolas, infraestrutura ...) .............................. 9332 Custos de operaes agrcolas, em percentual de participao ao custo de cada

    etapa do ciclo produtivo, e em US$/h/ano, para empresas selecionadas ............ 9433 Custos de insumos, em percentual de participao ao custo de cada etapa do

    ciclo produtivo, e em US$/h/ano, para empresas selecionadas ......................... 9634 Custos de industrializao , em percentual de participao ao custo de cada

    etapa do ciclo produtivo, e em US$/h/ano, para empresas selecionadas ........... 9735 Custos de infraestrutura , em percentual de participao ao custo de cada etapa

    do ciclo produtivo, e em US$/h/ano, para empresas selecionadas .................... 9836 Custos de administrao, em percentual de participao ao custo de cada etapa

    do ciclo produtivo, e em US$/h/ano, para empresas selecionadas ..................... 9937 Custos das operaes agrcolas que ocorrem apenas na etapa N2-1 do ciclo

    produtivo ............................................................................................................... 10138 Custos das operaes agrcolas que ocorrem em todas as fases do ciclo

    produtivo................................................................................................................ 10239 Custos de insumos em todas as fases do ciclo produtivo ..................................... 10540 Operaes ou etapas do processo de transformao primrio do dend, com

    respectivos subprodutos e usos ............................................................................. 10941 Produtividade das empresas da Amaznia, 1992-1998 ....................................... 11042 Contribuio % ao custo total do processamento primrio, de diversas

    categorias de despesas ......................................................................................... 11343 % Participao em custos totais das operaes, de cada operao do

    processamento ...................................................................................................... 11344 Processo de refino e fracionamento dos leos de palma brutos .......................... 11745 Custos e receitas de duas empresas, ao longo do ciclo produtivo do dend ........ 12046 Desempenho econmico da cultura do dend, para duas empresas, em termos

    de receitas e despesas acumuladas ...................................................................... 12347 Comercializao de leos derivados de palma (em toneladas), no exterior,

    empresas selecionadas ......................................................................................... 128

  • 48 Comercializao de produtos derivados da palma (em toneladas), no pas(exceto Regio Norte) empresas selecionadas , 1999.......................................... 129

    49 Comercializao de produtos derivados da palma (em toneladas), na RegioNorte , empresas selecionadas ............................................................................. 130

    50 rea plantada com dend, na Malsia, de 1975 a 1999 ........................................ 148

  • SUMRIO

    AGRADECIMENTOS .............................................................................................................. 4

    APRESENTAO ..................................................................................................................... 5

    LISTA DE ILUTRAES ........................................................................................................ 6

    1 INTRODUO........................................................................................................................ 12

    2 MARCO CONCEITUAL E METODOLOGIA ADOTADA2.1 CONCEITO DE AGRONEGCIO E CADEIAS PRODUTIVAS ...................................... 142.2 ANLISE DE CADEIAS PRODUTIVAS ............................................................................ 172.3 COMPETITIVIDADE, EFICINCIA E QUALIDADE EM CADEIAS PRODUTIVAS.... 182.4 DEMANDAS TECNOLGICAS E NO TECNOLGICAS ............................................ 212.5 ESTRATGIA DE INTERVENO ................................................................................... 212.6 METODOLOGIA DE ESTUDOS DE CADEIAS PRODUTIVAS ...................................... 21

    3 O AGRONEGCIO DO DEND3.1 NO MUNDO........................................................................................................................... 243.2 PRINCIPAIS PASES ENVOLVIDOS NO NEGCIO DO LEO DE PALMA ................ 373.3 O AGRONEGCIO DO DEND NO BRASIL.................................................................... 46

    4 ANLISE DA CADEIA PRODUTIVA DO DEND NA AMAZNIA LEGAL4.1 CARACTERIZAO GERAL DA CADEIA PRODUTIVA............................................... 594.2 INSUMOS .............................................................................................................................. 614.3 SISTEMA INTEGRADO DE PRODUO AGRCOLA E PROCESSAMENTO ............. 714.4 COMERCIALIZAO.......................................................................................................... 1244.5 MERCADO CONSUMIDOR................................................................................................. 1314.6 AMBIENTES ORGANIZACIONAL E INSTITUCIONAL.................................................. 136

    5 FATORES CRTICOS ATUAIS DE COMPETITIVIDADE ............................................. 1446 ESTRATGIA PARA COMPETITIVIDADE ..................................................................... 152FONTES BIBLIOGRFICAS .................................................................................................. 159

  • 11

    A cultura do dend, duma forma racional, muito vantajosa, assim, bastacompararmos com outras oleaginosas a produo por hectare plantado, que de 12 vezes maior que a da soja e 5 maior do que a do amendoim e do cco daBahia... O leo de dend tem inmeras aplicaes. Ao natural e purificado usado como condimento. Hidrogenado usado em alimentao como gorduraslida ... enumerao de suas aplicaes: 1) em alimentao; 2) na fabricaode sabonetes; 3) na fabricao de velas; 4) na fabricao de verniz (sic), lacas,tintas; 5) como combustvel (nos motores de combusto interna tipo diesel; 6)como lubrificante; 7) na indstria txtil; 8) em curtio; 9) comoimpermeabilizante, para telas e madeiras; 10) em pavimentao, de misturacom cimento, cal, etc.; 11) na fabricao de resinas sintticas... 12) emperfumaria e cosmticos; 13) em farmcia e medicina...; 14) como vetores devitaminas dos leos de certos peixes...; 15) em metalurgia...

    Enio N. Labatut. O Cultivo do Dendezeiro, Bahia Rural, 18,5,1950.

    Assim, no s os pases da frica, j tradicionais na produo de dend, estopromovendo a expanso de seus programas de produo, como tambm asia, sobretudo na Malsia, que tem em execuo um amplo plano deproduo, com uma tendncia contnua para a substituio de seringueiras ede coqueiros por dendezeiros... Na Amrica Latina, a Colmbia dever atingir24.000 hectares em 1970 e 60.000 em 1980. .. No obstante o aumento deproduo, que resultar de todos esses programas de expanso, outros fatoresinfluiro, no futuro, as disponibilidades exportveis, sobretudo seconsiderarmos o aumento da demanda interna dos pases produtores... Portudo o que fica exposto, altamente recomendvel que a Amaznia favorecida pela natureza com condies privilegiadas para a oleicultura organize a sua produo visando a contribuir, futuramente, para suprir ademanda crescente de corpos graxos do mercado mundial.

    Superintendncia do Desenvolvimento da Amaznia. Plantao PilotoDend/SUDAM. Belm, 1968.

  • 12

    1 INTRODUONo obstante toda a informao disponvel desde a dcada de 50, sobre

    as oportunidades associadas cultura, seja para a Bahia, a Amaznia Legal ouo Brasil mesmo, a cadeia produtiva do dend, no pas, continua com umaproduo incipiente e apresentando reduzido interesse, por parte dosempreendedores brasileiros, tanto na Bahia como na Amaznia Legal (Par,Amazonas e Amap, com alguma experincia produtiva).

    O presente trabalho resulta da preocupao da Superintendncia para oDesenvolvimento da Amaznia (SUDAM), em continuao ao seu esforopioneiro de 1968, em identificar e incentivar uma alternativa agrcolarecomendvel, para a Amaznia Legal, regio em que exerce o seu mandato.

    O objetivo desse trabalho aprofundar o conhecimento da cadeiaprodutiva do dend, na Amaznia Legal, modelando-a e avaliando seudesempenho e os fatores crticos que a influenciam, bem como as restries efacilidades a ela impostas pelos ambiente institucional e organizacional que aenvolvem.

    Como objetivos especficos, tem-se o propsito de:1. Analisar essa cadeia, identificando fatores crticos sua

    competitividade, eficincia e qualidade. A competitividade seranalisada em relao s cadeias competidoras. O foco principaldo estudo ser o sistema integrado de produo agrcola eprocessamento industrial.

    2. Oferecer subsdios elaborao de estratgias para acompetitividade da cadeia, com base nos fatores crticosidentificados;

    3. Oferecer subsdios aos vrios grupos sociais envolvidos ouparticipando da cadeia, para realizar a gesto da competitividadeda cadeia, com base em uma firme anlise de dados;

    4. Apontar oportunidades para melhoria da competitividade dacadeia produtiva.

    Os seguintes produtos sero oferecidos, nesse relatrio:! Anlise do agronegcio do dend, no Mundo e no Brasil;! Modelagem da cadeia produtiva do dend na Amaznia Legal,

    com seus principais elos e componentes segmentados;! Anlise de eficincia, de processos produtivos e seus custos, de

    qualidade de produtos do sistema integrado de produo agrcolae processamento industrial;

    ! Anlise dos ambientes institucional e organizacional eidentificao das restries e facilidades que esses oferecem cadeia;

    ! Identificao de fatores crticos para a competitividade da cadeia;! Proposta de estratgia para superao de fatores crticos

    competitividade.

    Espera-se que o presente trabalho possa contribuir para que os fatoresque tm impedido o mximo aproveitamento das oportunidades representadas

  • 13

    pela cultura, at o presente, sejam melhor compreendidos e finalmentesuperados.

  • 14

    2 MARCO CONCEITUAL E METODOLOGIA ADOTADA

    2.1 CONCEITO DE AGRONEGCIO E DE CADEIASPRODUTIVAS

    A agricultura como um todo compreende componentes e processosinterligados que propiciam a oferta de produtos aos seus consumidores finais,atravs da transformao de insumos pelos seus componentes. Este conjuntode processos e instituies ligadas por objetivos comuns constitui um sistemaque, por sua vez, engloba outros sistemas menores, ou subsistemas. Osistema maior o chamado negcio agrcola, agronegcio ou agribusiness.

    O agronegcio compe-se de cadeias produtivas, e estas possuem entreseus componentes os sistemas produtivos, que operam em diferentesecossistemas ou sistemas naturais. No ambiente ou contexto, existe umconglomerado de instituies de apoio, composto de instituies de crdito,pesquisa, assistncia tcnica, entre outras, e um aparato legal e normativo,exercendo forte influncia no desempenho do agronegcio.

    Consequentemente, a poltica agrcola busca mobilizar conceitos einstrumentos de interveno nas cadeias produtivas, como o crdito agrcola, apesquisa agropecuria, as normas de taxao, servios de apoio, etc.. paramelhorar o desempenho em relao a algum indicador especfico. Estasintervenes entretanto, s se tornam eficazes quando possvelcompreender sistematicamente, no s o que ocorre nos limites daspropriedades rurais mas em todos os sistemas em que a produoagropecuria se insere.

    O negcio agrcola definido como um conjunto de operaes deproduo, processamento, armazenamento, distribuio e comercializao deinsumos e de produtos agropecurios e agroflorestais. Inclui servios de apoioe objetiva suprir o consumidor final de produtos de origem agropecuria eflorestal. (Figura 1)

    A cadeia produtiva o conjunto de componentes interativos, incluindo ossistemas produtivos, fornecedores de insumos e servios, industriais deprocessamento e transformao, agentes de distribuio e comercializao,alm de consumidores finais.

    A Figura 2 ilustra uma tpica cadeia produtiva agrcola, com os seusprincipais componentes e fluxos. Distinguem-se os seus componentes maiscomuns, ou sejam, o mercado consumidor, composto pelos indivduos queconsomem o produto final (e pagam por ele), a rede de atacadistas e varejistas,a indstria de processamento e/ou transformao do produto, as propriedadesagrcolas, com seus diversos sistemas produtivos agropecurios ouagroflorestais e os fornecedores de insumos (adubos, defensivos, mquinas,implementos e outros servios). Esses componentes esto relacionados a umambiente institucional (leis, normas, instituies normativas) e a um ambienteorganizacional (instituies de governo, de crdito etc.), que em conjuntoexercem influncia sobre os componentes da cadeia.

  • 15

    As cadeias produtivas agrcolas devem suprir o consumidor final deprodutos em qualidade e quantidade compatveis com as suas necessidades ea preos competitivos. Por esta razo, muito forte a influncia do consumidorfinal sobre os demais componentes da cadeia e importante conhecer asdemandas desse mercado consumidor.

    O sistema produtivo um conjunto de componentes interativos queobjetiva a produo de alimentos, fibras, energticos e outras matrias-primasde origem animal e vegetal. um subsistema da cadeia produtiva, referindo-ses atividades produtivas, chamadas como dentro da porteira da fazenda.

    No gerenciamento dos sistemas produtivos, busca-se, em geral: a)maximizar a produo biolgica e/ou econmica; b) minimizar custos; c)maximizar a eficincia do sistema produtivo para determinado cenrio scio-econmico; d) atingir determinados padres de qualidade; e) proporcionarsustentabilidade ao sistema produtivo; f) garantir competitividade ao produto.Dessa forma, pode-se ampliar a definio de sistema produtivo como sendo umconjunto de conhecimentos e tecnologias, aplicado a uma populao devegetais ou animais em determinado meio ambiente, de utilidade para omercado consumidor, buscando atingir os objetivos descritos nos itens de a a f(Castro et al. 1995).

    O sistema natural um conjunto de elementos biticos e abiticos eminterao, mediante um fluxo de energia em permanente troca com seuambiente. Este sistema natural, ou meio ambiente, exerce forte influncia sobreos sistemas produtivos e sobre os demais componentes das cadeias que lheso relacionadas (Goedert et al., 1996) e por isso precisam ser includos comoentorno nas anlises de desempenho das cadeias produtivas.

    Os conceitos de agronegcio (ou negcio agrcola), de cadeia produtiva,sistema produtivo e sistema natural constituem aplicaes da teoria geral dossistemas, ou enfoque sistmico. Um sistema , na definio de Sppeding(1975), um conjunto de componentes interativos. A caracterizao de umsistema (ou sua anlise) inicia-se com o estabelecimento de seus objetivos,seguida da definio de seus limites, subsistemas componentes e contextoexterno. Ao definir limites e hierarquias, estabelecem-se as interaes de seussubsistemas componentes, mensuram-se suas entradas e sadas e respectivosdesempenhos intermedirios (subsistemas) e final (sistema) .

    Ao se analisar como um sistema opera, necessrio conhecer seuselementos, qualificando e quantificando-os. Esta anlise permite a gesto dosistema, modificando-o para melhorar seu desempenho. A segunda fasedenomina-se de sntese e o conjunto de anlise-sntese corresponde aoenfoque sistmico.

  • 16

    Figura 1: Modelo de Agronegcio

    Ambiente Institucional

    Ambiente Organizacional

    Figura 2: Modelo Geral da Cadeia ProdutivaFonte : Castro et al., 1995, adaptado de Zylbersztajn, 1994

    FORNECE-DORES DEINSUMOS

    PROPRIE-DADE AGR-

    COLA

    SISTPROD1,2,3, n

    AGRO-INDS-TRIA

    COMRCIO(Atacado)

    COMRCIO(Varejo)

    CONSUMIDORFINAL

    Elem entos do Negcio AgrcolaElem entos do Negcio Agrcola

    Servios de apoioVeterinrios, agronm icos, P&D, bancrios, m arketing, vendas, transporte ,

    arm azns, portos, assistncia tcnica, bolsas, seguros,

    Fornecedorde insumo

    Produoagrcola

    Processamentoe

    transformao

    Distribuioe

    consumoCONSUMIDORES

    Sem entes Prod.anim al Alim entos RestaurantesCorretivos Cult.perm an. Tecidos HotisFertilizantes Cult.tem por. Roupas BaresRao Horticultura Calados PadariasDefensivos Silvicultura M adeiras FeirasProd.veter. Extrao Bebidas Superm erc.Tratores vegetal lcool Com rcioColheita Papel AtacadistaM quinas Fum o ExportaoM otores Azeite

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    A oferta adequada de tecnologia clientela requer a antecipao de suasnecessidades e aspiraes futuras. Trata-se de desenvolver viso prospectiva,utilizando-se os mtodos correspondentes (Johnson & Marcovitch, 1994) . Aanlise prospectiva o conjunto de conceitos e tcnicas para a previso decomportamento de variveis scio-econmicas, polticas, culturais etecnolgicas. Um tipo especial de anlise prospectiva, a prospecotecnolgica, objetiva identificar demandas atuais, potenciais e futuras, de umacadeia produtiva

    A previso tradicional constri o futuro imagem do passado, enquanto aanlise prospectiva focaliza futuros com possibilidades alternativas de seremdiferentes do passado. importante destacar que a viso prospectiva objetivaorientar a tomada de decises presentes, tendo como premissa a existncia deturbulncias que provocam modificao de tendncias do comportamento devariveis - os fatores crticos - consideradas relevantes.

    O mercado pode ser entendido como um conjunto de indivduos eempresas que apresentam interesse, renda e acesso a produtos disponveis.Embora esta definio tenha carter amplo, pode ser aplicada ao produtoespecial que a tecnologia. O potencial de adoo de tecnologia depende dointeresse que desperte entre os adotantes. necessrio que a cultura e arenda do adotante sejam compatveis com a tecnologia proposta e que omesmo seja posto em contato com a tecnologia, tendo acesso informao eaos insumos associados a sua adoo.

    Mas, em ltima instncia, ser o mercado consumidor final que irdeterminar as caractersticas dos produtos a serem oferecidos. Essaspreferncias afetam os demais componentes da cadeia produtiva, inclusive ossistemas produtivos e correspondentes sistemas naturais. Desta forma, omercado consumidor torna-se fonte primria das demandas para uma cadeiaprodutiva.

    Outro conceito importante o de segmentao, que divide essesmercados em conjuntos homogneos, de forma que qualquer um possa serselecionado como mercado-alvo, atingvel por um marketing distinto eadequado s suas caractersticas comuns. A segmentao de mercado fundamental porque no possvel uma organizao ser eficiente se no forcapaz de distinguir as necessidades e aspiraes de vrios segmentos de seumercado, especialmente se o produto pode (e deve) ser apresentado emmltiplas formas, como o caso da tecnologia.

    2.2 ANLISE DE CADEIAS PRODUTIVASPara constituir-se num guia metodolgico orientador da anlise de

    cadeias produtivas e da prospeco de suas demandas, foi produzido umdocumento (Castro et al., 1995), com conceitos e instrumentos aplicveis aesta finalidade.

    Nesse documento so apresentados conjuntos metodolgicos (CM) ondese agrupam procedimentos, contedos, mtodos e tcnicas sugeridas para

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    executar a anlise da cadeia produtiva e a prospeco de demandastecnolgica e no tecnolgicas, dos diversos componentes da cadeia.

    A base comum das etapas na metodologia so as mesmas doselementos necessrios caracterizao de um sistema: a) explicitao deobjetivos e limites do sistema; b) caracterizao do contexto ou ambienteexterno do sistema; c) definio de componentes do sistema e seusrespectivos fluxos ou interaes; d) especificao dos insumos, produtos epontos de estrangulamento, considerados crticos ou relevantes aodesempenho do sistema.

    Sob a tica de anlise proposta, os pontos de estrangulamento, ou fatorescrticos ao desempenho, atuais, potenciais e futuros, constituem-se demandastecnolgicas e no tecnolgicas, que passam a orientar as intervenes para agesto da cadeia produtiva.

    2.3 COMPETITIVIDADE, EFICINCIA E QUALIDADE EMCADEIAS PRODUTIVAS

    O processo produtivo agropecurio e florestal deve ter seu desempenhoorientado e aferido por um conjunto de critrios. De forma geral, os principaismarcos de referncia para valorar demandas de uma cadeia produtiva podemconsiderar como critrios: competitividade, eficincia, qualidade,sustentabilidade e/ou equidade (Castro et al.,1996).

    Em 1985, foi lanado um novo conceito para a competitividade dasempresas, o conceito de vantagem competitiva (Porter, 1985). Por esteconceito, distinguem-se apenas duas formas de empresas se diferenciarem desuas concorrentes, apresentando uma vantagem competitiva: a diferenciaoou os baixos custos. Uma terceira dimenso a ser considerada, afetando adiferenciao ou os baixos custos o escopo, ou seja, a gama de segmentosde mercado visados pela empresa. A funo deste modelo conceitual ofornecimento de elementos para a formulao de estratgias de gesto dacompetitividade das empresas.

    Juntamente com o conceito de competitividade industrial, Porterdesenvolveu o conceito de cadeia de valor na Empresa, um modelo de anlisecompetitiva e um conjunto de estratgias genricas, capazes de orientar aformulao de estratgias especficas de competitividade. Isto se constituiunuma base terica para o planejamento de competitividade industrial, tornando-se uma referncia para o planejamento da competitividade nos meiosacadmicos e empresariais (Mintzberg et al., 1998).

    O conceito de competitividade em cadeias produtivas agropecurias podeser derivado a partir do conceito estabelecido por Porter, considerando osprodutos ou subprodutos da cadeia competindo no mercado consumidor deprodutos agropecurios. H que distinguir-se, entretanto, produtos com valoragregado ou diferenciados por algum tipo de caracterstica distintiva e produtosdo tipo commodities. O estabelecimento de vantagem competitiva serdiferente em cada caso.

  • 19

    Para o caso de cadeias produtivas produtoras de commodities, face a nodiferenciao do produto final, a competitividade principalmente estabelecidapor baixos custos, que permite uma lucratividade para a cadeia produtivamesmo quando os preos dos produtos so baixos. Isto significa uma eficinciaprodutiva maior, ao longo de toda a cadeia produtiva. Notar que a anlise nestecaso comparativa, abrangendo as cadeias produtivas concorrentes, e deveenglobar tudo o que ocorre antes, dentro e fora da porteira da fazenda e noapenas o que se passa dentro da fazenda, nos sistemas produtivos.

    Uma outra situao especfica de competitividade de cadeias produtivas a que envolve produtos com valor agregado, ou seja produtos diferenciados,onde a vantagem competitiva ser estabelecida a partir de um desempenhomaior em qualidade de produtos ou seja, no estabelecimento de uma imagemde diferenciao, produtos que so reconhecidos pelos seus consumidorescomo possuindo caractersticas diferenciadas.

    Cadeias produtivas de determinadas frutas, hortalias, especiarias eoutros produtos similares so exemplos de competitividade por diferenciao.Neste caso, caractersticas de qualidade e marca podem ser muito maisimportante na determinao da competitividade na cadeia do que fatores deeficincia produtiva. A explorao de nichos de mercado tambm pode seconstituir em um fator a mais, na determinao de competitividade para estascadeias.

    Na sua formulao mais geral, eficincia de um sistema mensuradapela relao entre insumos (I) necessrios formao do produto do sistema eeste produto ou "output" (O). Insumos e produtos devem ser mensurados nummesmo elemento de fluxo (capital, energia, materiais, informaes), sendo porisso a eficincia uma medida sem dimenso (Spedding, 1975). Para a anlisede uma cadeia produtiva (ou de seus respectivos sistemas produtivos), oelemento de fluxo mais apropriado para a mensurao o de capital, traduzidoem uma determinada moeda (Dlares americanos, Reais etc.).

    Qualidade a totalidade das propriedades e caractersticas de umproduto, servio ou processo, que contribuem para satisfazer necessidadesexplcitas ou implcitas dos clientes intermedirios e finais de uma cadeiaprodutiva e de seus componentes.

    Usualmente, qualidade traduzida por um conjunto de normas e padresa serem atingidos por produtos e servios, ofertados pelas cadeias e sistemasprodutivos. O conceito abrange, tambm, as entradas e sadas de processosadministrativos no contexto das cadeias produtivas.

    Velazquez et al.(1998) informam que os produtos finais porm comsegurana tambm os intermedirios devem ter suas propriedadesintrnsecas e extrnsecas identificadas. Estas propriedades, no caso de cadeiasprodutivas agropecurias, podem se referir:

  • 20

    a) qualquer atributo necessrio para o uso adequado do produto e seumanejo;

    b) propriedades fsicas (cor, peso, integridade, tamanho, grau dematurao, caractersticas para empacotamento, mtodo deconservao, forma de uso, perenidade, etc);

    c) propriedades qumicas tais como pureza (em oposio a presena deresduos qumicos) contribuies nutricionais e estabilidade doproduto;

    d) propriedades organolpticas, ou avaliao sensorial sobre odor,apresentao visual, sabor, sensao recebida pela utilizao:

    e) atributos especiais: produtos saudveis, ecologicamente corretos,com propriedades nutricionais especficas.

    A qualidade de produtos e processos na cadeia produtiva deve seravaliada por indicadores de qualidade, preferencialmente quantitativos, cujoconjunto ir compor uma norma de qualidade para determinado produto ouprocesso produtivo. Um exemplo de indicador poderia ser a percentagem deumidade de uma semente comercial. Este indicador, juntamente com outros,tais como percentagem de germinao, grau de pureza podem constituir emum padro de qualidade para sementes certificadas, a medida que os nveismnimos a serem atingidos por um lote de sementes so estabelecidos.

    A sustentabilidade ambiental a capacidade de um sistema produtivo(SP) agropecurio ou agroflorestal, em manter determinado padro deeficincia e qualidade no tempo. A influncia antrpica no ecossistema,quebrando o seu equilbrio original em favor da explorao econmica domesmo, neutralizada por tecnologias que evitam a degenerao doecossistema onde a produo ocorre. , dessa forma, um critrio demensurao mais especfico de um dos componentes da cadeia produtiva, ossistemas produtivos agropecurios. Tal componente, entretanto, representa aclientela preferencial para a pesquisa agropecuria - os produtores rurais. Elesso os principais segmentos do mercado de tecnologia para a maioria doscentros de P&D em agropecuria.

    Equidade definida como equilbrio na apropriao dos benefcioseconmicos gerados ao longo da cadeia produtiva pelos seus componentes ou,internamente, entre os indivduos e organizaes de um segmento da cadeiaprodutiva.

    A equidade de uma cadeia pode ser analisada atravs da quantificaodo fluxo de capital, iniciando-se no consumidor final e verificando-se aacumulao entre os demais componentes. Historicamente, as organizaesde comercializao tm acumulado a maior parte dos capitais circulantes nacadeia, como foi demonstrado no trabalho de Leite & Pessoa (1994), na cadeiaprodutiva do caju. Os sistemas produtivos e os produtores rurais geralmente

  • 21

    tm recebido a menor frao relativa dos benefcios, salvo em situaesextraordinrias.

    2.4 DEMANDAS TECNOLGICAS E NO TECNOLGICASAs demandas tecnolgicas de uma cadeia produtiva podem ser definidas

    em funo dos sistemas que lhes do origem e classificadas em trs tiposbsicos: Demandas tipo I, para problemas dependentes de aes deadaptao/difuso de tecnologias; Demandas tipo II, para problemasnecessitando de aes de gerao de tecnologias; Demandas tipo III, paraproblemas no dependentes de soluo tecnolgica, ligados a fatoresconjunturais, infra-estrutura de apoio, etc. mas com impacto indireto nosresultados da pesquisa.

    No caso das cadeias e sistemas produtivos, as demandas sonecessidades de conhecimentos e tecnologias, visando reduzir o impacto delimitaes identificadas nos componentes da cadeia produtiva, para a melhoriada qualidade de seus produtos, eficincia produtiva, competitividade,sustentabilidade e equidade de benefcios entre os seus componentes.

    2.5 ESTRATGIA DE INTERVENOOs objetivos dos estudos de cadeias produtivas podem ser mltiplos,

    embora o conhecimento adquirido sobre gargalos e oportunidades, sob a formade demandas tecnolgicas e no-tecnolgicas, seja de alto valor para aformulao de estratgias.

    Vrias agncias pblicas e privadas podem utilizar os resultados dosestudos para orientar sua atuao. Demandas tecnolgicas podem orientar apesquisa pblica e privada na formulao de bons projetos de P&D. Agnciasde desenvolvimento regional podem formular polticas para incrementar acompetitividade das cadeias estudadas, seja na soluo de fatores limitantesda competitividade, ou no aproveitamento de oportunidades. Gerentes deorganizaes participantes da cadeia podem aprimorar as suas estratgias decompetitividade, buscando uma posio mais favorvel na cadeia produtiva.

    2.6 METODOLOGIA DE ESTUDOS DE CADEIAS PRODUTIVAS

    A estratgia metodolgica adotada nos estudos de cadeias produtivascompreende:

    1. Aplicao de conceitos e tcnicas de anlise de cadeias produtivas, visandoa determinao de fatores crticos de competitividade.

    2. Modelagem e anlise de fluxos de materiais e capitais na cadeia produtiva.3. Anlise preliminar de mercado para os principais produtos da CP e para

    produtos competidores, em busca de oportunidades e fatores crticos decompetitividade.

  • 22

    4. Anlise preliminar comparativa de ambientes organizacional e institucional(impostos, transportes, armazenagem, crdito, normas e leis) da CP e deCPs competidoras em busca de fatores crticos de competitividade.

    5. Anlise preliminar de processo, comparativa, para a estrutura decomercializao varejista e atacadista. Determinao de fatores crticos decompetitividade.

    6. Anlise comparativa de processo produtivo agro-industrial e agrcola, embusca de fatores crticos de competitividade.

    7. Anlise comparativa preliminar da estrutura de fornecimento de insumos.

    As etapas para anlise de cadeia produtiva esto contidas na Tabela 1.A anlise se inicia pela caracterizao dos consumidores da cadeia produtiva epela definio das necessidades e aspiraes desse mercado consumidor emrelao ao(s) produto(s) da cadeia produtiva (CP). A posio relativa da cadeiaprodutiva no negcio agrcola examinada, e os limites e relaes com oambiente externo da cadeia so definidos.

    As etapas iniciais da metodologia de anlise do sistema produtivo somuito similares s do estudo da cadeia produtiva. Isto se justifica porque odesempenho dos sistemas produtivos fortemente influenciado pelocomportamento da cadeia produtiva em que se insere.

    De uma forma geral, os principais objetivos de desempenho perseguidospelas cadeias produtivas, ou pelos seus componentes individualmente, so aeficincia, qualidade, competitividade, sustentabilidade e a equidade. Ametodologia de anlise das cadeias produtivas deve responder quais dessesobjetivos so mais apropriados para a situao em anlise, quais os padres aatingir e respectivos instrumentos e mecanismos de mensurao.

    No presente trabalho, a hiptese adotada foi a de competitividade, comnfase em fatores crticos de eficincia produtiva.

    A partir do modelo geral, os componentes da cadeia produtiva de dendforam qualificados e quantificados, bem como as relaes, sob a forma detransaes, entre os componentes. Definiram-se os critrios de mensurao dedesempenho da cadeia produtiva, pondo-se nfase nos de eficincia produtiva,qualidade e competitividade. O desempenho foi analisado principalmente emrelao a eficincia e competitividade. As entradas e sadas de capital emcada componente foram quantificadas, para estudo individual da eficincia,qualidade e competitividade da cadeia.

    Definido o desempenho dos principais componentes, o passo seguinte foio de explicar o seu comportamento. O comportamento da cadeia produtiva foiidentificado examinando-se os processos produtivos desses principaiscomponentes. Neste exame, identificaram-se as variveis crticas, aquelas demaior impacto no(s) critrio(s) de desempenho eleitos, e que explicam ofuncionamento atual e passado da cadeia.

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    As demandas foram definidas a partir da determinao de fatores crticosde maior impacto sobre a melhoria de eficincia, qualidade e dacompetitividade da cadeia produtiva do dend, na Amaznia Legal.

    Tabela 1Principais etapas para a anlise de demandas da cadeia produtiva dedend na Amaznia.

    ETAPAS CADEIA PRODUTIVA SISTEMA PRODUTIVODefinio de objetivos Definio de objetivos

    Hierarquia e relaes com oagronegcio

    Hierarquia e relaes com a cadeiaprodutiva

    Modelagem, limites esegmentao

    Limites e segmentao (tipologia)

    Anlise quantitativa (eficincia,qualidade, competitividade)

    Anlise quantitativa (eficincia,qualidade, competitividade)

    DIAGNSTICO

    Fatores crticos Fatores crticosAnlise prospectiva (projees

    extrapolativas)Anlise prospectiva (cenrios,

    projees extrapolativas)PROGNSTICO

    Demandas atuais e potenciais Demandas atuais e potenciais

    Foram aplicadas, como tcnicas de estudo, a reviso da informaosecundria disponvel e o levantamento, processamento e sntese deinformaes primrias sobre o desempenho e a competitividade doscomponentes da cadeia produtiva e dos seus competidores. Os levantamentosde dados primrios foram realizados aplicando-se tcnicas de Rapid RuralAppraisal.

    Foram aplicadas tcnicas prospectivas extrapolativas, para reflexo sobredesempenhos futuros de alguns dos fatores crticos de competitividade das CP.

    Alm do trabalho de coleta de dados secundrios, realizado por processode pesquisa bibliogrfica e busca na internet, realizou-se um amplolevantamento de campo na regio alvo do estudo. Foram visitadas reasprodutivas nos Estados do Par e Amazonas, sendo entrevistadospesquisadores, extensionistas, gerentes de agncias de crdito, dedesenvolvimento, cooperativas, empresrios e comerciantes de insumos eprodutos. Este trabalho de campo permitiu equipe coletar um grande acervode informaes, de grande utilidade para a anlise de desempenho dascadeias produtivas estudadas.

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    3 O AGRONEGCIO DE DEND3.1 NO MUNDO3.1.1 Mercado mundial de oleaginosas

    Segundo informaes do Departamento de Agricultura americano, emagosto de 2000 o mercado mundial de leos vegetais negociou cerca de 86milhes de toneladas mtricas desses leos. Considerando-se um preo mdiode US$ 354.00 por tonelada, facilmente perceptvel a importncia dessemercado, o qual movimentou, nesse ano, at o ms de agosto, a razovelquantia de 30,6 bilhes de dlares. Esse nmero serve como um indicadorinicial de um mercado dinmico e com clara tendncia a expandir-se, como setentar mostrar abaixo.

    Se alm das oleaginosas se considera o quadro mais amplo dos leos egorduras, o quadro tambm surpreendente. Nesse caso, est-se falando deuma produo de 101 milhes de toneladas desses produtos, no perodo 1997-1998. A participao dos diferentes leos e gorduras, nessa produo, apresentada na Figura 3.

    -

    5,00

    10,00

    15,00

    20,00

    25,00

    Milh

    es

    de to

    nela

    das

    1Tipos de leos

    Figura 3: Produo Mundial dos 17 Principais leos e Gorduras, 1997-1998 (Fonte: Oil World)

    leo de Sojaleo de Palmaleo de Canola (Colza)leo de GirassolSeboBanhaManteigaleo de Amendoimleo de Caroo de Algodoleo de Ccoleo de Olivaleo de Palmisteleo de Milholeo de Peixeleo de Gergelimleo de Linhaaleo de Mamona

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    Como a Figura deixa claro, os leos mais importantes, para o consumomundial de leos e gorduras, so o leo de soja, o de palma, o de canela oucolza, o leo de girassol. Depois desses leos, aparecem o sebo, a banha e amanteiga, nessa ordem. leos derivados de outras oleaginosas e leo de peixeapresentam contribuio menor produo mundial desses produtos.

    Como tem evoludo esse mercado, na ltima dcada? Os indicadores deoferta e demanda de oleaginosas (produo, exportao, importao, consumoe estoques finais) mostram que, apesar do dinamismo geral do mercado, nemtodos os leos vegetais tm apresentado um mesmo perfil de oferta edemanda. Esses indicadores so analisados a seguir, com base nos dados daTabela 2.

    A Figura 4 apresenta a variao percentual da produo mundial dosnove principais leos vegetais, no perodo de 1996 a 2000.

    -20

    -15

    -10

    -5

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    Perc

    entu

    al d

    e va

    ria

    o

    1Tipos de leo

    Figura 4: Variao na produo mundial dos principais leos vegetais, 1996-2000 (previso). Fonte:USDA, 2000

    Soja PalmaGirassol Colza

    Algodo Amendoim

    Cco Oliva

    Palmiste

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    Tabela 2Produo, exportao, importao, consumo e estoques finais (emmilhes de toneladas mtricas) dos principais tipos de leos vegetais,1996-2000 (previso).

    TIPO DE LEO 1996/97 1997/98 1998/99 1999/00 Variao %1996-2000

    Variao(milhes TM)

    1996-2000PRODUO

    Soja 20,50 22,58 24,64 24,71 21 4,21Palma 17,64 16,97 19,20 21,27 21 3,62Girassol 8,59 8,26 9,17 9,53 11 0,94Colza 10,86 11,25 12,00 13,84 27 2,98Algodo 3,71 3,70 3,57 3,62 -2 -0,09Amendoim 4,40 4,20 4,47 4,18 -5 -0,22Cco 3,69 3,29 2,66 2,96 -20 -0,74Oliva 2,46 2,53 2,49 2,19 -11 -0,28Palmiste 2,22 2,20 2,40 2,67 20 0,45

    EXPORTAOSoja 6,11 7,21 8,19 7,38 21 1,27Palma 11,43 11,16 12,71 13,63 19 2,20Girassol 3,77 3,56 3,84 3,72 -1 -0,05Colza 2,63 3,02 2,91 2,96 13 0,34Algodo 0,24 0,24 0,18 0,19 -23 -0,06Amendoim 0,22 0,28 0,26 0,32 47 0,10Cco 1,78 2,17 1,39 1,59 -11 -0,19Oliva 1,02 1,01 1,02 1,04 3 0,03Palmiste 1,02 1,09 1,12 1,20 18 0,18

    IMPORTAOSoja 5,93 6,68 7,84 7,03 19 1,10Palma 10,71 10,82 12,47 12,87 20 2,16Girassol 3,64 3,39 3,68 3,60 -1 -0,04Colza 2,58 2,70 2,69 2,60 1 0,02Algodo 0,29 0,23 0,19 0,19 -34 -0,10Amendoim 0,27 0,28 0,26 0,23 -13 -0,04Cco 1,65 1,99 1,35 1,55 -6 -0,10Oliva 1,00 0,99 1,05 1,01 1 0,01Palmiste 0,89 0,93 1,02 1,06 18 0,16

    CONSUMOSoja 20,59 22,10 24,43 24,24 18 3,65Palma 16,88 17,02 18,25 20,14 19 3,26Girassol 8,81 8,27 8,97 9,31 6 0,50Colza 10,87 10,87 11,79 13,28 22 2,40Algodo 3,78 3,70 3,59 3,63 -4 -0,16Amendoim 4,45 4,23 4,47 4,10 -8 -0,35Cco 3,39 3,15 2,77 2,94 -13 -0,45Oliva 2,14 2,29 2,33 2,37 10 0,23Palmiste 2,10 2,05 2,32 2,50 19 0,40

    ESTOQUES FINAISSoja 2,41 2,37 2,23 2,34 -3 -0,06Palma 1,91 1,67 2,49 3,08 61 1,17Girassol 0,78 0,60 0,64 0,74 -5 -0,04Colza 0,39 0,45 0,45 0,65 65 0,26Algodo 0,09 0,08 0,07 0,07 -26 -0,02Amendoim 0,07 0,04 0,04 0,04 -49 -0,03Cco 0,36 0,32 0,17 0,15 -59 -0,21Oliva 0,74 0,96 1,15 0,94 27 0,20Palmiste 0,21 0,21 0,19 0,21 2 0,00

    Fonte: USDA, 2000

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    A Figura 4 deixa claro que os leos de girassol, soja, palma, palmiste ecolza tiveram um crescimento positivo no perodo. Os leos de algodo,amendoim, cco e de oliva, por sua vez, tiveram uma produo reduzida,nesses anos. Em milhes de toneladas mtricas, cresceram mais: soja e palma(cada um com um acrscimo de 4 milhes de TM), colza, girassol e palmiste(cada um desses com um acrscimo de 3, 1 e 0,5 milhes de TM,respectivamente). Interessante observar tambm que os leos de palma epalmiste derivados da palma africana - mostraram tendncia de crescimentona produo, de 1996 a 2000.

    Quando se olha para os dados referentes exportao mundial,apresentados na Figura 5, observa-se um padro diferente daquele visto para ocaso da produo. Embora soja, palma, colza e palmiste apresentem tambm

    um crescimento de suas exportaes, no perodo, o leo de amendoim e o leode oliva tambm demonstram acrscimo nesse indicador. Os leos de algodoe cco, alm do j comentado para a produo, apresentaram tambmexportao decrescente, de 1996 a 2000. O maior crescimento emexportaes, quando se considera o aumento de milhes de toneladasmtricas no perodo, foi do leo de palma (2,2 milhes), seguido pelo leo desoja (1,27 milho). Todos os demais leos com crescimento, no perodo,tiveram acrscimos menores do que 0,5 milhes de toneladas mtricas, emsuas exportaes.

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    1Tipos de leo

    Figura 5: Variao da exportao mundial dos principais leos vegetais, 1996-2000 (previso).Fonte: USDA, 2000.

    Soja PalmaGirassol Colza

    Algodo Amendoim

    Cco Oliva

    Palmiste

  • 28

    No que se refere agora s importaes mundiais desses leos, no perodo1996 a 2000, a Figura 6 apresenta sua variao percentual. Observa-se agoraque os leos de palma, soja, palmiste, colza e oliva foram os que tiveramcrescimento, no perodo. Os demais leos tiveram sua importao reduzida,nesses anos.

    O consumo desses leos outro indicador de oferta e demanda a

    considerar. Na Figura 7, apresentada a variao percentual do consumomundial, no perodo de 1996 a 2000. Os leos que tiveram maior crescimentopercentual, no perodo, so os leos de colza, palma, palmiste, soja e oliva,nessa ordem. Os demais apresentam variao negativa. Em milhes detoneladas mtricas, os leos que apresentaram maior crescimento foram: soja(3,6 milhes), palma (3,3 milhes) e colza (2,40 milhes). Os demais leostiveram acrscimos menores do que um milho de toneladas mtricas. Valeobservar, no entanto, que os leos de palma e palmiste tiveram um mesmopercentual de crescimento, no perodo, correspondente a 19%, em 2000, daproduo observada em 1996.

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    1Tipos de leo

    Figura 6: Variao de importao mundial dos principais leos vegetais, 1996-2000 (previso).Fonte: USDA, 2000

    Soja Palma GirassolColza Algodo Amendoim

    Cco Oliva Palmiste

  • 29

    A Figura 8 apresenta dados relativos aos estoques finais mundiais,desses leos vegetais, no perodo 1996-2000. Nesse perodo, apresentamvariao positiva os leos de colza, palma, oliva e palmiste, nessa ordem. Onico leo que apresenta estoques finais maiores do que um milho detoneladas mtricas, no entanto, o leo de palma, com 1,2 milho. Dado ototal de toneladas mtricas que produzido no agronegcio de oleaginosas(86,26 milhes de toneladas mtricas), esse estoque bastante reduzido.

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    1Tipos de leo

    Figura 7: Variao no consumo mundial dos principais leos vegetais, 1996-2000(previso). (Fonte:USDA, 2000)

    Soja Palma

    Girassol Colza

    Algodo Amendoim

    Cco Oliva

    Palmiste

  • 30

    A Tabela 3 abaixo resume os principais achados para os indicadores deoferta e demanda, dos principais leos vegetais. Observa-se a um aumentodos indicadores de oferta (produo, exportao e estoques finais), bem comodos indicadores de demanda (importao e consumo), para palma, soja, colza,oliva e palmiste. Os leos de algodo, amendoim e cco apresentamdecrscimos, para a maioria (ou todos) os indicadores, nesse perodo. Para osleos de maior interesse nesse trabalho os de palma e palmiste, por serem otema do estudo, e o de soja, por ser o leo vegetal de maior consumo, nomundo esses indicadores (com exceo do referente a estoques finais),cresceram na mesma proporo, no perodo. Quanto aos estoques finais,esses no tiveram um crescimento, nesses anos, ou quando tiveram, foi umcrescimento reduzido.

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    1Tipos de leos

    Figura 8: Variao nos estoques finais mundiais dos principais leos vegetais, 1996-2000 (previso). Fonte: USDA, 2000

    Soja Palma Girassol

    Colza Algodo Amendoim

    Cco Oliva Palmiste

  • 31

    Tabela 3Variao percentual de indicadores de oferta e demanda dos principaisleos vegetais, no mundo, no perodo 1996-2000 (previso).

    Variao Percentual no Perodo 1996-2000leoProduo Exportao Importao Consumo Estoque

    Soja 21 21 19 18 -3Palma 21 19 20 19 61Girassol 11 -1 -1 6 -5Colza 27 13 1 22 65Algodo -2 -23 -34 -4 -26Amendoim -5 47 -13 -8 -49Cco -20 -11 -6 -13 -59Oliva -11 3 1 10 27Palmiste 20 18 18 19 2

    Fonte: USDA, 2000.

    A Figura 9 apresenta dados relativos ao comportamento dos indicadoresde oferta e demanda, para os leos de soja, palma e palmiste, de 1996-2000.Em termos de produo, esses leos atingem quantidades semelhantes (4,2 e3,6 milhes de TM, respectivamente). O leo de soja apresenta maior produoe consumo que os demais leos. Por outro lado, a produo de soja, nessesanos, cresceu bem mais do que o consumo mundial desse leo, enquanto quea de palma se situou bem prxima ao nvel de consumo. Exportao eimportao de leo de palma cresceram mais, no perodo, que os mesmosindicadores, para soja ou palmiste. Quanto a estoques finais, apenas o leo depalma e o de palmiste apresentaram crescimento, no perodo.

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    Milh

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    Produo Exportao Im portao Consum o EstoqueIndicadoresFigura 9:Variao de indicadores de oferta e demanda, em nvel mundial, dos leos de soja, palma

    e palmiste, 1996-2000 (previso). Fonte: USDA, 2000

    Soja Palm a Palm iste

  • 32

    3.1.2 Preo dos leos Comestveis no Mundo

    Outra varivel que se pode analisar, para entender o agronegcio dodend, no mundo, a situao de preos, para o leo de palma e similares. AFigura 10 , abaixo, apresenta os preos mdios de alguns dos principais leosvegetais, no perodo 1988-2000.

    A Figura 10 indica o comportamento dos preos, no perodo. Os preosdos leos de soja, algodo e girassol so aqueles cobrados no porto deRotterdam. O preo do leo de palma o que se verifica na Malsia, o principalprodutor. Assim, possvel que o preo desse ltimo leo esteja um poucosubestimado, em comparao com os demais, na Figura. No entanto, asrelaes de preo permanecem as mesmas, e por isso se pode ainda tirarlies, dos dados apresentados.

    De modo geral, o leo de algodo aparece a como o de maiores preos,durante os anos considerados. Tambm se observa, para todos os leos, umatendncia de crescimento, no perodo 88 a 95, uma oscilao de 95 a 98, euma tendncia de queda, nos ltimos anos. Nesses, tambm tem diminudo adistncia entre os preos desses leos, os quais tem se aproximado de umamdia comum. Essa uma indicao de que esses leos tem se tornado

    Figura 10: Preos Mdios, no Mundo, leos Comestveis Selecionados, 1988-2000. Fonte:USDA

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  • 33

    substituveis, um pelo outro, no mercado internacional e que portanto, acompetio entre eles tem aumentado, nesse mercado.

    A Figura 11 apresenta a variao percentual anual de preos, dosmesmos leos (soja, palma, girassol e algodo), no perodo 1988-2000. Foielaborado sobre a mesma base de dados da Figura anterior, como uma formade tentar entender melhor o que tem se passado com esses preos, nosltimos anos.

    A se pode verificar que os leos de girassol e soja apresentam variaesde preo muito semelhantes, durante todo o perodo, indicando que essesleos se destinam a um mesmo mercado e que so fortes competidores. Umcomportamento similar tambm apresentado pelo leo de algodo. Os leosde palma e soja, por outro lado, so os que mais apresentam variaes anuaispositivas de preos, em comparao com os demais leos. Isso significa queforam mais consistentes, em direo a um aumento de preos, que os leos degirassol e algodo. Fica de novo evidenciada, na Figura, a tendncia de quedanos preos, para todos os leos, nos ltimos dois a trs anos.

    Figura 11: Variao percentual anual de preos de leos vegetais selecionados, 1988-2000. Fonte: USDA

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  • 34

    3.1.3 O leo de palma e o mercado de oleaginosas: futuro tendencial

    A projeo de alguns desses indicadores, para o futuro, feita pela OilWorld um ponto de partida para que se possa estabelecer uma base deinformao que permita o desenho de estratgias adequadas, de governo, emrelao cultura da palma africana. Alguns dos indicadores analisadosanteriormente so discutidos abaixo, em termos do que se projeta (futurotendencial) a partir do seu comportamento no passado e no presente.

    A projeo da produo mundial de alguns dos principais leos vegetais,analisados at agora, at o ano de 2012, apresentada na Figura 12. Como seesperaria, est bvia, na Figura, uma tendncia geral de crescimento dasprodues dos diversos leos. A Figura tambm torna claro que, mantidas asatuais condies de crescimento dos leos de palma e soja, o primeiro deversuperar o segundo, em produo, no quadrinio 1998-2002.

    Alm disso, o leo de palma ser, segundo a projeo, o que apresentarmaior crescimento relativo, no perodo. Enquanto a produo de leo de palmacrescer cerca de 93%, no perodo, a dos leos de soja, colza ou canola egirassol crescer em 41%, 53% e 46%, quando se considera os anos de 1993a 2012. Outros leos crescero apenas 28%, nesse perodo, embora a somade suas produes, em milhes de toneladas mtricas, ultrapasse asprodues isoladas de cada leo, como mostrado na Figura.

    Figura 12: Produo mundial dos principais leos vegetais, 1993-2012 (projeo). Fonte: Oil World

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    Palma Soja Canola Girassol Outros

  • 35

    Em relao exportao dos diferentes tipos de leo, na prxima dcada,uma projeo feita pela organizao Oil World est apresentada na Figura 13abaixo. Nessa Figura, fica claro que o leo de palma, em termos deexportao, j supera os demais leos, em 1995. A previso feita com base nasrie histrica, no entanto, que ela ser quase o dobro em 2010, do que severificava em 1995. Nenhum dos demais leos possui previso to otimista, decrescimento de sua exportao. O segundo leo, em termos dessecrescimento, o de girassol, seguido pelo de canola ou colza e, em ltimolugar, o de soja.

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    TM

    Palma Soja Girassol Colza/canolaTipos de leo

    Figura 13: Exportao de leos e Gorduras no Mundo, 1980-2010 (previso) Fonte: Oil World

    1980 1995 2010*

    .

    milhes de toneladas

  • 36

    O consumo de leos e gorduras no mundo, nas ltimas quatro dcadas,tem tambm crescido de modo surpreendente e espera-se que continue emascenso pelos anos vindouros. Assim, segundo projees do Oil World, aChina, no perodo entre 1963 a 2012, ter um crescimento, no consumo deleos e gorduras per capita, da ordem de 392%, seguida pelo Brasil (325%),pelo Japo (174%), pela ndia (86,5%), pela Unio Europia (67%) e pelosEstados Unidos (52%).

    A Figura 14 apresenta a projeo de leos e gorduras no mundo, nosprincipais pases consumidores, considerando o perodo de 1963 a 2012.

    Observa-se, na Figura, que todos os pases tero um crescimento deconsumo expressivo, no perodo. Estados Unidos, Unio Europia, Japo eBrasil apresentaro padres de consumo bem superiores mdia mundial. Noentanto, Estados Unidos e Unio Europia continuaro a apresentar o maiorconsumo individual (cerca de 48 Kg/ano/habitante). Brasil e Japo tero nveissimilares de consumo per capita (26 e 25 Kg/ano/habitante). China e ndiacrescero, segundo esse projeo, at nveis de 12 e 10 kg/ano/habitante, em2012. Portanto, existe um amplo espao para expanso do agronegciomundial de leos e gorduras, entre eles, os de derivados da palma africana.Isto ainda mais verdadeiro se considera o aumento previsto de populao ede renda, nesses pases.

    Figura 14: Consumo de leos e gorduras per capita no mundo, principais pases, 1963-2012 Fonte: Oil World

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    Kg/

    ano

    EU USA JAPO NDIA CHINA BRASIL MUNDIAL

  • 37

    3.2 PRINCIPAIS PASES ENVOLVIDOS NO NEGCIO DO LEODE PALMA

    3.2.1 Principais pases consumidores

    O consumo mundial de leo de palma passou de 12291 mil TM, em1992/1993, para 20.524 mil TM, em 1999-2000. Isso significa um crescimentodo consumo mundial da ordem de 66%, nessa dcada. Indonsia, India, China,Malsia, Paquisto e Nigria esto entre os maiores consumidores de leo depalma, no mundo. O Brasil est em 13 lugar, entre os pases consumidores,abaixo inclusive de alguns que no o produzem, como o Reino Unido, Egito eAlemanha. Os seis principais pases consumidores, em 1999/2000, vo abarcarcerca de 60% do consumo mundial de leo de palma.

    A Figura 15 abaixo apresenta o comportamento de consumo dosprincipais pases consumidores, na ltima dcada. O consumo brasileirotambm pode ser observado, na Figura. No so apresentados os consumosde outros pases, que apresentaram nveis inferiores a 900 mil TM, em1999/2000.

    Entre os principais pases consumidores, alguns apresentaram umcrescimento espantoso de consumo, na ltima dcada. Esse o caso de India ,Tailndia e China, que apresentaram um crescimento de consumo de leo depalma de 9900%, 160% e 71%, respectivamente. A ndia assumiu o posto demaior consumidor mundial, em 2000, seguida pela Indonsia, queexperimentou um crescimento de 65%, no perodo considerado. A Indonsia tambm o segundo maior produtor mundial. A Malsia, o primeiro produtormundial, aparece em terceiro lugar, em termos de consumo, o qual cresceuapenas 25%, nesses anos, para esse pas. O Brasil no apresentado na

    Figura 15: Consumo de leo de palma, pases selecionados, 1992-2000.Fonte: USDA

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  • 38

    Figura, mas o consumo brasileiro de leo de palma, at 1999, aumentouapenas 18%, passando de 93 mil TM para 110 mil TM, entre 1992 e 1999.

    3.2.2 Principais pases exportadores

    A exportao de leo de palma atingiu 15.203 mil TM, em 2000, segundoo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Essa exportao foirealizada por poucos pases, entre eles alguns que no produzem esse leo(Cingapura, Holanda, Hong Kong). A participao brasileira, nesse mercado, irrisria.

    A Figura 16 abaixo apresenta o comportamento das exportaesmundiais, dos principais pases exportadores, de 1992 a 2000.

    No perodo considerado, os maiores exportadores foram a Malsia (8845mil TM), a Indonsia (4000 mil TM), Cingapura (900 mil TM) e a Holanda (286mil TM). Por outro lado, esses pases tiveram taxas diferenciadas decrescimento de suas exportaes de leo de palma: a Indonsia foi o pas queapresentou o maior crescimento, no perodo (132%), seguida por Malsia(54%), e Holanda (36%).

    Embora no sejam apresentados isoladamente, na Figura 3.2.2.1, valeressaltar o expressivo crescimento de exportao pela Papua Nova-Guin(33%, no perodo) e a retirada progressiva de Hong Kong, como exportador deleo de palma (crescimento negativo de 49%, no perodo).

    Figura 16: Exportao mundial de leo de palma, principais pases, 1992-2000. Fonte: USDA

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  • 39

    3.2.3 Estoques finais, principais pases

    Como j foi mencionado, so reduzidos os estoques finais de leo depalma, no mundo. Em 2000, verificou-se um estoque final total de cerca de3000 TM. A maior parte desse estoque pertence aos maiores produtores doleo (Malsia e Indonsia), como seria de esperar. No entanto, alguns pases,inclusive no-produtores, tambm detm uma parte desse estoque, como sepode observar na Figura 17 abaixo.

    No perodo considerado na Figura, alguns pases apresentaram umcrescimento marcante de estoque final de leo de palma. A Indonsia, segundoprodutor mundial, teve um crescimento de seu estoque final da ordem de533%, seguida por Paquisto (431%), Alemanha (421%) e Holanda (276%).Com exceo da Indonsia, os pases com maior crescimento em estoquesfinais, no perodo, esto entre os maiores consumidores e importadoresmundiais (no produzem o leo de palma). No Brasil, os empresrios do setorindicaram que no existem estoques, uma vez que a produo nacional nologra atender a toda a demanda interna de leo de palma.

    Figura 17: Estoque final, pases selecionados, 1992-2000.Fonte: USDA

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    MilTM

    Malsia Indonsia Paquisto Cingapura Alemanha Holanda Outros

  • 40

    3.2.4 Principais pases produtores de leo de palma

    A Figura 18 abaixo apresenta a produo dos principais pasesprodutores de leo de palma, por quadrinio, incluindo a srie histrica at1998, e as projees de crescimento de produo, por pas, at o ano de 2012.

    Segundo os dados apresentados nessa Figura, a produo mundialdever duplicar, nesse perodo, passando de 15,5 milhes de toneladasmtricas, em 1993, para cerca de 30 milhes de toneladas mtricas, em 2012.Os maiores produtores mundiais continuaro a ser Malsia e Indonsia. Noentanto, uma modificao importante tambm est indicada na Figura: aIndonsia vai igualar-se, em 2012, Malsia, em termos de produo de leode palma. Isso vai acontecer porque, embora os dois pases apresentem altastaxas de crescimento de produo, no perodo, a taxa da Malsia tende a sermenor do que a da Indonsia. Um dos fatores limitantes para a expanso daproduo, naquele pas, a impossibilidade de realizar esse objetivo via

    -

    2,0

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    1993/97 1998/02 2003/07 2008/12Quadrinios

    Figura 18: Produo Mundial de leo de Palma, Principais Pases Produtores, 1993 a 2012

    Malsia Indonsia Nigria Costa do Marfim Colmbia Brasil Outros

  • 41

    expanso de rea plantada. Por outro lado, a produtividade obtida pelaMalsia, at o momento, j atingiu a assntota de evoluo tecnolgicapermitida pelo paradigma de produo atualmente disponvel.

    A produtividade mundial, em relao ao dend, apresenta uma mdia de2,41 toneladas/hectare, no perodo 1994-1998. O Brasil apresenta uma mdialevemente superior a essa: 2,49 toneladas/hectare, no mesmo perodo. Omaior produtor, a Malsia, apresenta uma mdia de 3,01 toneladas/ hectare,nesses anos.

    3.2.5 Maiores importadores de leo de palma

    Os maiores importadores de leo de palma so a China, ndia, Paquisto,Unio Europia e Japo. Na Figura abaixo, apresenta-se a srie histrica deimportao de leo de palma, por esses pases, de 1993 a 1998, bem como aprojeo desse indicador, at o ano de 2012.

    Segundo a projeo apresentada na Figura 19, os maiores importadores

    Figura 19: Importao de leo de Palma, Principais Pases Importadores, 1993-2012 Fonte: Oll World

    de leo de palma, em 2012, sero a China (2700 mil TM), Paquisto (2600 milTM), Unio Europia (2450 mil TM), India (1960 mil TM) e Japo (675 mil TM),nessa ordem. Nesse ano, a importao mundial de leo de palma atingir umtotal de 10.385.000 TM. Os pases que experimentaro um maior crescimentode importao, segundo os dados da Figura, so, respectivamente: India(137%), Paquisto (127%), Japo (89%), China (74%) e Unio Europia (35%).

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    Mil

    TM

    China ndia Paquisto UnioEuropia

    Japo

  • 42

    A anlise de produo, consumo, importao e exportao e estoquesfinais, por pases, permite verificar que :

    1. Os principais pases produtores (Malsia e Indonsia), consomem 17 e 47%de sua produo, enquanto que a produo brasileira no logra atender ademanda interna, tendo que complement-la em cerca de 20% do leoproduzido no pas;

    2. Malsia e Indonsia exportam 83% e 51% de sua produo, indicando que,para a Indonsia, existe um forte mercado interno; o Brasil, por sua vez,exporta apenas 11% de sua produo, direcionando 89% para o prpriopas;

    3. Malsia e Indonsia apresentam estoques finais, em 2000, de cerca de 12%e 7%, respectivamente, de sua produo, naquele ano. O Brasil no temapresentado estoques finais, destinando a maior parte de sua produoseja ao consumo interno e o restante, ao mercado externo;

    4. India, China, Paquisto e Reino Unido consomem cerca de 100% do queimportam, de leo de palma. Em contraposio, a Holanda exporta cerca de58% de suas importaes.

    3.2.6 Preos mundiais do leo de palma

    A Figura 20 abaixo apresenta o comportamento de preos do leo de

    palma, no Porto de Rotterdam, por ms, durante os anos de 1990-1999. Pode-se observar a uma tendncia geral de crescimento dos preos do leo depalma, nesses anos, com uma variabilidade grande entre os meses do ano. O

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    1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999Anos

    Figura 20: Preos do leo de palm a, no Porto de Rotterdam , por m s, de 1990 a 1999. Fonte: O ilW orld/AB IO VE

    Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

  • 43

    maior crescimento de preos ocorre nos anos de 1994,1995 e 1998. No ltimoano, verifica-se uma tendncia de queda desses preos.

    Analisando agora as mdias anuais (e, portanto, desconsiderando ospreos por ms) possvel observar melhor o comportamento dos preos, naltima dcada. Essas mdias (assim como as correspondentes mdiasdeflacionadas) so apresentadas na Figura 21 abaixo.

    De 1994 a 1998, verifica-se que as mdias de preos tem se conservadosempre acima de 500 dlares por tonelada. Para o ano de 1999, est indicadauma queda nesses preos mdios , que caem para menos que 350 dlares (oude 450 dlares, se considera a mdia deflacionada). Nesse ltimo ano, poroutro lado, a mdia no inclui os preos dos trs ltimos meses. Isso podesignificar que essa mdia seria um pouco mais elevada, se existir umatendncia a que os preos se elevem, no ltimo trimestre de cada ano.

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    Figura 21 : MdiasAnuais de Preos do leo de Palma no Porto de Rotterdam, 1990-1999. Mdias deflacionadas segundo ndice de Preos no Varejo (CPI-U)

    Fonte: Oil World/ABIOVE

    Mdia MdiaDeflacionada

  • 44

    Na Figura 22, so apresentadas as mdias de preos, por ms.Realmente, o que se verifica um decrscimo inicial dos preos, ao longo doano, que culmina com preos mais baixos nos meses de junho, julho e agosto.Os meses em que o leo de palma alcana melhores preos correspondem aoltimo semestre de cada ano.

    Figura 22: Mdias de preos nominais no Porto de Rotterdam, por ms, 1990-1999Fonte: Oil World/ABIOVE

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    Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezMeses

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    Em 2000, o preo mdio anual chegou a US$ 327,00 por TM.Considerada a produo, nesse ano, desse leo (24,74 milhes de TM), oagronegcio do dend, no mundo, representava, no final do milnio, aexpressiva quantia de 8 bilhes de dlares.

    3.2.7. O agronegcio do dend no mundo

    A anlise acima indica que o mercado mundial de leos derivados dapalma africana um mercado extremamente promissor, que oferece vriasoportunidades. Assim, tanto os indicadores de oferta como de demanda,desses leos, so positivos e apresentaram crescimento, nos ltimos anos.

    A relao entre consumo e produo mundial, por outro lado, tem sido talque essa ltima tem em geral empatado com aquele. Nos ltimos anosverifica-se mesmo uma situao em que o consumo tem superado a produo.Consistente com esse resultado, os baixos estoques finais mundiais indicamque existe espao para aumentar a produo mundial desses leos, paraatender a uma demanda reprimida.

    Essa demanda deve continuar a crescer, como resultado do aumentoprevisto para a populao mundial, nos prximos anos, para a renda per capita,bem como pelas caractersticas especiais do leo de palma. Por essas razes,prev-se que a produo de leo de palma dever superar a de leo de soja,chegando ao nvel de 30 Milhes de TM, em 2012.

    Dados sobre o consumo de leos e gorduras, indicando um crescimentodo consumo per capita, at 2012, para 48 kg/habitante/ano, nos EstadosUnidos e Unio Europia, e para cerca de 10kg/habitante/ano, para China endia, representam em si uma oportunidade. Isso porque indicam que ainda hpotencial para crescimento de consumo per capita, nesses pases, de leos egorduras, entre eles o leo de palma, que j se caracteriza como um produtocujo mercado exatamente o de pases em desenvolvimento, como o casodos dois aqui considerados.

    O consumo mundial total de leo de palma mais um indicador daoportunidade representada por esse leo. No perodo 1992-2000, ndia e Chinaapresentaram espantosas taxas de crescimento de consumo desse leo(6629% e 157%, respectivamente). O Brasil, por outro lado, cresceu apenas18%, no consumo desse leo, no mesmo perodo, embora ainda no tenhacapacidade para atender satisfatoriamente a essa demanda interna, e tendoque importar o leo, nos perodos de baixa de safra.

  • 46

    3.3 O AGRONEGCIO DO DEND NO BRASIL3.3.1 Indicadores de oferta e demanda, para o leo de palma

    O comportamento dos indicadores de oferta e demanda por leo de palma,no perodo 1992-1998, mostrado na Tabela 4.

    Tabela 4 Indicadores de Oferta e Demanda de leo de Palma e Derivados, noBrasil, de 1992 a 1998 (Mil TM)

    Anos Produo Exportao Importao Consumo

    1992 60 8 83 1351993 53 0 70 1231994 70 4 61 1271995 75 25 40 901996 77 33 46 901997 83 34 93 1421998 80 21 70 129Fonte: Oil World.

    Nesse perodo, como se pode observar, a produo foi sempre inferior aoconsumo, e o pas teve que importar o leo de palma, muitas vezes em proporosuperior prpria produo. Por outro lado, observa-se que existe uma tendnciade aumento das exportaes desses leos. No perodo, houve um variao de33% para a produo, 162,5%, para as exportaes, -15,6% para as importaese 4,4% para o consumo.

    Embora atenda preferencialmente o mercado interno, e seja insuficientepara o consumo nesse mercado, observa-se um crescimento das exportaes.Isso ocorre devido ao fato de que, nos perodos de baixa de safra, a oferta de leo insuficiente para atender a demanda. Nos meses de maior produo, por outrolado, a oferta se torna maior que a demanda, obrigando os produtores a exportar.Segundo um dos entrevistados, tambm motivado por um comportamentooportunista dos produtores brasileiros, mais interessados em obter preosmelhores do que em garantir uma clientela mais fiel.

    Um dos segmentos em que o leo de palma tem encontrado um amplomercado no Brasil o da indstria de margarina e cremes. No processo defabricao desses produtos, so utilizados vrios tipos de leos vegetais. Estesltimos so naturalmente lquidos e para adquirir a consistncia tpica damargarina, eles so submetidos ao processo de hidrogenao, transformandogorduras insaturadas em saturadas.

  • 47

    O leo de palma naturalmente semi-slido, podendo entrar na composioda margarina, com vantagens tcnicas e de menor custo, por no necessitar dehidrogenao.

    Estimativas do setor indicam que o consumo de margarinas e cremesvegetais no Brasil atualmente, da ordem de 350 mil toneladas. Admitindo-se nacomposio da margarina, uma participao de 20% do leo de palma, ademanda por esse leo, somente nesse segmento alimentcio industrial,representaria cerca de 70.000 t anuais, correspondendo a 76% da produonacional de leo de palma (quando se considera a produo de cerca de 91 milTM, observada em 1999). Essa estimativa, no entanto, extremamenteconservadora, quando se considera que a demanda por produtos industrializados,como a margarina, cresce em uma proporo de 10% ao ano (Agropalma, 1999).

    3.3.2 Produo brasileira, por estado

    O dend atualmente cultivado nos Estados do Par, Amap, Bahia eAmazonas. A Tabela 5 apresenta a evoluo da rea (ha), da produo (t) e daprodutividade (t de leo/ha) nos principais Estados produtores brasileiros, noperodo de 1992 a 1999. A Tabela 5 permite que se faam as seguintesobservaes:

    1. No Estado do Par, embora a rea em produo tivessepermanecido praticamente constante no perodo analisado, a produo de leoteve uma variao de 90%, passando de 42,2 mil toneladas para cerca de 80mil toneladas;

    2. A produtividade do leo paraense, em t/ha, no mesmo perodo foisistematicamente crescente, elevando-se de 1,55 t/ha, em 1992, para 2,91t/ha, em 1999, totalizando um aumento de 87,5%. Essa produtividade, que amaior observada, entre todos os Estados, ainda bastante inferior dosmaiores produtores mundiais;

    3. No Estado do Amap, a rea em produo ficou estagnada em cercade 3.500 ha e a produo e produtividade tm decrescido significativamente aolongo do perodo;

    4. No Estado da Bahia, a rea em produo decresceu cerca de 50%, aproduo de leo no perodo mostrou-se bastante irregular e a produtividadedo leo em t/ha, teve um crescimento de cerca de 74%, no perodo;

    5. No Estado do Amazonas, o comportamento da produo, rea eprodutividade, no perodo analisado, foi bastante irregular.

  • 48

    Percebe-se, tambm, a partir da Tabela acima, que a rea brasileira comdend em produo, no ano de 1999, era de cerca de 35,8 mil hectares, dos quais77% situados no Estado do Par. A produo brasileira de leo de palma nomesmo ano foi de 92,7 mil toneladas, dos quais 86,5% produzidos no Estado doPar.

    A Figura 23 mostra o crescimento em rea e produo, considerando-se ostrs Estados da regio Amaznica. A Figura deixa claro que a expanso daproduo tem-se dado por aumentos de produtividade. Nesse perodo, a reaprodutiva permaneceu praticamente constante. De 2000 em diante, no entanto,observa-se expanso tambm em rea, embora a crescimento dessa ltimacontinue ainda muito inferior ao da produo. uma estratgia claramentediferente da observada para o caso da Malsia, apresentado na seo anterior(Agronegcio do dend no Mundo). Aquele pas apresenta expanso sistemticae planejada de rea de produo, ademais de contar com tima produtividade.

    Tanto a rea em produo quanto a produo total de leo de palma estomuito aqum das reais potencialidades brasileiras. O nvel de produo alcanadopelo Brasil equivale a apenas 0,5% da produo mundial de leo de dend.

    A maior parte da rea em produo no Estado do Par est concentrada naregio Norte do Estado, onde foi criado um parque industrial que est em plenaexpanso.

    Obviamente, est localizada no Par a maior capacidade instalada deextrao de leo de dend, com uma capacidade de processamento de 155 t/cff/h,representando cerca de 80% da capacidade total de processamento de palma noBrasil. Em geral, essa capacidade determinada principalmente pelo volume decachos que esterilizado e pela capacidade de esmagamento das prensas.

    Tambm esto localizadas no Par, duas refinaria de leo de palma, comcapacidade de refino de 200 e 50 t/dia, pertencentes aso Grupos Agropalma eKabacznic, respectivamente. Essas refinarias permitem a produo de produtoscom maior valor agrega