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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO INSTITUTO DE ASTRONOMIA, GEOFÍSICA E CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS DEPARTAMENTO DE GEOFÍSICA JAIRO FRANCISCO SAVIAN Estudo comparativo da mineralogia magnética no solo e em insetos sociais da Mata Santa Genebra, Estado de São Paulo São Paulo 2009

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

INSTITUTO DE ASTRONOMIA, GEOFÍSICA E CIÊNCIAS ATMOSFÉRICAS

DEPARTAMENTO DE GEOFÍSICA

JAIRO FRANCISCO SAVIAN

Estudo comparativo da mineralogia magnética no solo e

em insetos sociais da Mata Santa Genebra,

Estado de São Paulo

São Paulo

2009

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JAIRO FRANCISCO SAVIAN

Estudo comparativo da mineralogia magnética no solo e insetos sociais da

Mata Santa Genebra, Estado de São Paulo

São Paulo

2009

Dissertação apresentada ao Instituto de

Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas

da Universidade de São Paulo para a obtenção

do título de Mestre em Ciências.

Área de Concentração: Geofísica

Orientadora: Profa. Dra. Marcia Ernesto

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DEDICATÓRIA

A Valdomiro Fermino Savian e Antoninha Angelina Ponte Savian, meus pais, com

carinho, admiração e gratidão pelo incansável apoio, compreensão e carinho ao longo de toda

minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Inicialmente, gostaria de agradecer a minha orientadora Profa. Dra. Marcia Ernesto

pela credibilidade depositada na minha pessoa para realização desta dissertação, pelos

ensinamentos que me passou durante os dois anos de mestrado, pelo incentivo e acima de tudo

pela amizade.

Agradeço ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

pela bolsa de mestrado que foi de fundamental importância para realização deste trabalho.

Ao Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade

de São Paulo (USP) pela infra-estrutura proporcionada para a realização do trabalho e em

especial ao Laboratório de Paleomagnetismo pela utilização dos equipamentos.

Ao Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) pelo apoio logístico para a

realização das medidas de ressonância ferromagnética.

Ao Institute for Rock Magnetism (IRM) da University of Minnesota, MN, USA que me

proporcionou através do Visiting Fellowship Program apoio financeiro e logístico para a

realização dos experimentos essenciais para a realização do trabalho.

A Fundação José Pedro de Oliveira - Mata Santa Genebra pelas amostras coletadas em

suas dependências, e em especial à Bióloga Patricia Lia Santarosa por todo o apoio.

Ao Prof. Dr. Igor Ivory Gill Pacca por acompanhar o desenvolvimento da dissertação

como relator e pelas criticas e sugestões feitas nos pareceres.

Ao Prof. Dr. Odivaldo Cambraia Alves pelas revisões, discussões e realização das

medidas de RFM no CBPF e a Profa. Dra. Darci de Souza Esquivel pelas discussões.

A Dra. Thelma de Souza Berquó do IRM pela recepção em Minneapolis, ajuda na

análise e discussão dos dados e medidas realizadas no IRM.

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Ao Dr. Luiz Roberto Fontes pelos esclarecimentos em relação ao comportamento dos

insetos estudados nesta dissertação.

Aos meus colegas de Pós-Graduação do Laboratório de Paleomagnetismo: Breno,

Daniel, Edgard, Everton, Franklin, Gelvam, Grasiane pela convivência ao longos destes dois

anos.

A todos os meus amigos do Programa de Pós-Graduação do IAG/USP.

Aos Técnicos do laboratório de Paleomagnetismo Helder Pinheiro Sampaio, Cacilda

Rodrigues, Jefferson Marins e Daniele Brandt pelo apoio e discussões dos dados.

Ao Dr. Nelson Jorge Schuch e ao Dr. Alisson Dal Lago, meus orientadores de

iniciação científica, por todos os ensinamentos tanto na vida pessoal como científica e acima

de tudo pela grande amizade durante meus quatro anos no Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE).

A Mrs. Aline Luciana Schoenhalz, minha noiva, pelo apoio, companheirismo e o amor.

Aos meus irmãos, Gilson, Emilia, Mara, Jairton e Jean pelo apoio durante toda minha

vida.

Aos meus padrinhos Orestes e Dionizia Galina pelo apoio, incentivo e ensinamentos

durante toda minha vida.

Aos amigos, Everton Frigo, Arlene Linke e Roseline Streder pela amizade e pela

recepção que me deram em São Paulo;

Aos professores Ricardo Trindade, Manoel D’Grella, a Técnica Daniele Brandt e os

alunos Elder, Gelvam e Everton pelas discussões e sugestões no meu trabalho.

E por último a Deus por ter criado os fenômenos físicos que tanto me fascinam.

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“Se um dia tiver que escolher entre o mundo e o amor... lembre-se. Se escolher o mundo ficará

sem o amor, mas se escolher o amor com ele você conquistará o mundo”

Albert Einstein

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RESUMO

SAVIAN, J. F. ESTUDO COMPARATIVO DA MINERALOGIA MAGNÉTICA NO

SOLO E EM INSETOS SOCIAIS DA MATA SANTA GENEBRA, ESTADO DE SÃO

PAULO. 84 f. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências

Atmosféricas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.

No sudeste do Brasil, na reserva florestal Mata Santa Genebra, em Campinas, Estado

de São Paulo, ocorrem formigas migratórias da espécie Pachycondyla marginata e que se

alimentam de cupins da espécie Neocapritermes opacus. A literatura descreve a

biomineralização nesses insetos, tendo sido encontrada magnetita no corpo das formigas e,

provavelmente maghemita nos cupins. Esses minerais de origem orgânica devem contribuir

para a magnetização do solo. Este trabalho tem por objetivo proceder à comparação das

características magnéticas dos minerais sintetizados pelos insetos com aquelas do solo

circundante, bem como dos ninhos dos insetos.

Dados de RTSIRM, ZFC(2,5T)/FC(2,5T) e ressonância ferromagnética confirmaram a

presença de magnetita no corpo das formigas Pachycondyla marginata, através da transição de

Verwey em aproximadamente 120 K. Para os cupins da espécie Neocapritermes opacus os

dados mostram inflexão muito sutil a temperaturas próximas a 120 K, o que não deixa clara a

presença de magnetita no corpo desses insetos, no entanto, identificou-se a presença de

titanomagnetita e/ou maghemita. Estes minerais também foram encontrados nas amostras de

solo e ninhos como mineralogia principal, sugerindo que os cupins podem ter ingerido

minerais dos solos, uma vez que a análise dos insetos (cupins ou formigas) foram realizadas

sem proceder nenhuma dieta que eliminasse o conteúdo ferrimagnético ingerido.

Tanto nos solos como nos ninhos e nos cupins, curvas de histerese identificaram

titanomagnetita e/ou maghemita em estado de pseudo-domínio simples (PSD). Esta

similaridade sugere que se trata de biomineralização, embora os minerais encontrados no solo

e no ninho, possam ser resultado da alteração dos minerais de origem orgânica produzidos

pelos cupins.

Uma vez que os cupins fazem parte do alimento da formiga, é possível que elas

processem em seus organismos os minerais oriundos dos cupins, resultando na magnetita

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encontrado no corpo da Pachycondyla marginata. As formigas, tanto quanto os cupins, devem

liberar os minerais sintetizados que, no caso da magnetita, não são identificados no solo ou

nos ninhos, levando-se a supor que a alteração das pequenas partículas de magnetita seja

muito rápida, nas condições de superfície.

Palavras-chave: Pachycondyla marginata, Neocapritermes opacus, biomineralização,

magnetização do solo, mineralogia magnética, Mata Santa Genebra.

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ABSTRACT

SAVIAN, J. F. COMPARATIVE STUDY OF THE MAGNETIC MINERALOGY IN

THE SOIL AND SOCIAL INSECTS IN THE MATA SANTA GENEBRA, STATE OF

SÃO PAULO. 84 p. M.Sc. Monography – Institute of Astronomy, Geophysics and

Atmospheric Science, University of São Paulo, São Paulo, 2009.

In southeastern Brazil, in the protected area of Mata Santa Genebra, Campinas – São

Paulo State, ants and termites of the species Pachycondyla marginata and Neocapritermes

opacus, respectively are found. Literature describes biomineralizations performed by those

insects, and magnetite and maghemite were identified in the ants and termites, respectively.

Those organic minerals might contribute to the magnetic properties of the soils in the area.

RTSIRM, ZFC(2,5T)/FC(2,5T) and ferromagnetic ressonance data confirmed the

presence of magnetite in the Pachycondyla marginata ants, by the Verwey transition at

approximately 120 K. In the Neocapritermes opacus termites curves display a very subtle

inflection near 120 K leaving unclear the presence of magnetite, but characterizing

titanomagnetite and/or maghemite. These minerals were also found in soil and nests samples

as the main magnetic carrier suggesting that the magnetic content in termites was ingested as

the analysis were performed without submitting the insects to any free iron diet.

Both in soils and termites the titanomagnetite and/or maghemite are pseudo- single

domain (PSD) particles. This similarity suggests that these minerals were not organically

produced, although those in the soil and termite nest could be the result of alteration of the

biomineralization by the termites.

As the Neocapritermes opacus termites are part of the feeding chain of the

Pachycondyla marginata ants it is possible to suppose that these insects ingest the

ferrimagnetic content existing in the termites, and use the original iron to produce magnetite.

These minerals, as well as those found in termites, are probably released in the soil. However,

magnetite was not identified in the collected samples nor in the nests, allowing the conclusion

that alteration of the small particles is very fast.

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Keywords: Pachycondyla marginata, Neocapritermes opacus, biomineralization, soil

magnetization, magnetic mineralogy, Mata Santa Genebra.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 - Magnetização em função do campo magnético para uma (a) substância diamagnética, onde a

susceptibilidade é uma constante negativa, (b) substância paramagnética, onde a susceptibilidade é uma constante

positiva, (c) substância ferromagnética, onde a susceptibilidade é variável (Butler, 1998)...................................22

Figura 2.2 - Diferentes arranjos dos spins eletrônicos............................................................................................23

Figura 2.3 - Curva de histerese para uma substância ferromagnética (Thompson e Oldfield,

1986).........................................................................................................................................................................24

Figura 2.4 - Configurações dos domínios magnéticos para o caso (a) domínio simples, (b) e (c) multidomínio e

(d e e) domínios de fechamento (Kittel, 2006)........................................................................................................25

Figura 2.5 - Estrutura da parede de Bloch onde a energia magnetostática varia através de uma parede entre

domínios (Kittel, 2006)............................................................................................................................................26

Figura 2.6 - Ilustração esquemática mostrando a variação da coercividade Hc e o tamanho do grão (em

micrometros) para a magnetita (modificado de Banerjee e Moskowitz, 1985).......................................................26

Figura 2.7 - (a) Diagrama ternário 322 OFeFeOTiO −− mostrando as linhas de soluções sólidas das

titanomagnetitas e titanomaghemitas e o campo das titanomaghemitas. Durante a oxidação de alta e baixa

temperatura das titanomagnetitas, a composição volumétrica segue as linhas tracejadas horizontais. (b) Linhas de

mesma temperatura de Curie para titanomagnetitas sintéticas (modificado de Dunlop e Özdemir, 1997).............28

Figura 3.1 – (A) Ninho da formiga Pachycondyla marginata com alguns indivíduos entrando com cupins da

espécie Neocapritermes opacus que são seu alimento (Esquivel et al., 2000); (B) Formiga da espécie

Pachycondyla marginata destacando-se as divisões em cabeça, tórax e abdômen..................................................33

Figura 3.2 – (A) Ninho subterrâneo da espécie Neocaprotermes opacus localizado na Mata Santa Genebra,

Campinas, SP; (B) Ciclo de vida dos cupins e (C) Neocapritermes opacus............................................................34

Figura 3.3 - (A) Fotografia do local da amostragem. (B) Diagrama esquemático do local da amostragem na Mata

Santa Genebra, em Campinas, SP............................................................................................................................35

Figura 3.4 – Níveis de energia para o spin eletrônico (S=1/2) em um campo magnético H, mostrando a absorção

RPE. Eα e Eβ representam as energias dos estados M=1/2 e M=-1/2 (Modificado de Weil, Bolton e Wertz,

1994).........................................................................................................................................................................44

Figura 3.5 – Espectro RFM mostrando a linha de absorção ressonante e a sua primeira derivada em função de

H...............................................................................................................................................................................46

Figura 4.1 – Medidas da (A) susceptibilidade magnética, (B) SIRM e (C) SIRM/χ em função da

profundidade.............................................................................................................................................................49

Figura 4.2 - Susceptibilidade AC em função da temperatura e freqüência com a amplitude constante de 239 A/m

para o extrato magnético da amostra JF42A apresentando valores compatíveis aos da

titanomagnetita.........................................................................................................................................................50

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Figura 4.3 – Curvas termomagnéticas de alta temperatura das amostras coletadas em Campinas, SP. (A) Solo a

10 m do cupinzeiro, (B) solo a 5 m do cupinzeiro, (C) solo do cupinzeiro (ninho) e (D) solo do formigueiro

(ninho). A cor vermelha indica a amostra coletada na superfície (0 cm), a verde a amostra em 25 cm e a azul a

amostra coletada em 45 cm de profundidade...........................................................................................................52

Figura 4.4 – Curvas termomagnéticas a baixa temperatura para as amostras de solo de Campinas, SP. (A) Solo a

10 m do cupinzeiro, (B) solo a 5 m do cupinzeiro, (C) solo do cupinzeiro (ninho) e (D) solo do formigueiro

(ninho)......................................................................................................................................................................54

Figura 4.5 – Curvas de magnetização remanente isotérmica das amostras do solo (A) 10 m do cupinzeiro, (B) 5

m do cupinzeiro, (C) do cupinzeiro (ninho) e (D) do formigueiro (ninho)..............................................................55

Figura 4.6 – Análise CLG para a amostra JF40A1 coletado no cupinzeiro. A combinação entre LAP, GAP e SAP

compõe o conjunto de dados para a análise CLG, e que torna possível obter-se as componentes referentes às

curvas de aquisição MRI. O ajuste destas curvas é feito através da sobreposição das curvas das componentes 1 e

2, resultando na curva em vermelho.........................................................................................................................57

Figura 4.7 – Curvas de histerese em temperatura ambiente (~300 K) e em baixa temperatura (~10 K) para o solo

a (A) 10 m do cupinzeiro, (B) a 5 m do cupinzeiro , (C) cupinzeiro (ninho) e (D) formigueiro

(ninho)......................................................................................................................................................................58

Figura 4.8 – Diagrama de Day para as amostras de solo e ninhos, mostrando o comportamento PSD das

partículas..................................................................................................................................................................60

Figura 4.9 – Variação da coercividade (A) e da magnetização de saturação (B) com a temperatura paras as

amostras de solo e ninhos. A coercividade cai abruptamente com o aumento da temperatura e a magnetização tem

um pico em 50 K......................................................................................................................................................61

Figura 4.10 – Comparação dos espectros RFM do solo (A) 10 m do cupinzeiro, (B) 5 m cupinzeiro, (C)

cupinzeiro e (D) formigueiro....................................................................................................................................62

Figura 4.11 – (A) Curvas de magnetização remanente ZFC/FC(2.5T) para a amostra de solo 10 m do cupinzeiro.

A curva em preto representa a amostra superficial (JF40A), em azul a amostra a 25 cm (JF40B) e em vermelho a

amostra a 45 cm (JF40C). (B) Curvas ZFC/FC(2.5T) para a amostra de solo 5 m do cupinzeiro. (C) Curvas

ZFC/FC(2.5T) do cupinzeiro e (D) Curvas ZFC/FC(2.5T) do formigueiro. As curvas são muito semelhantes,

mostrando não possuir diferença do material do solo para o dos ninhos.................................................................64

Figura 4.12 – (A) Curvas de magnetização remanente isotérmica de saturação a temperatura ambiente

(RTSIRM) do solo a 10 m do cupinzeiro. A curva em preto representa a amostra superficial (JF40A), em azul a

amostra a 25 cm (JF40B) e em vermelho a amostra a 45 cm (JF40C). (B) Curvas RTSIRM para a amostra de solo

5 m do cupinzeiro. (C) Curvas RTSIRM do cupinzeiro e (D) Curvas RTSIRM do formigueiro............................65

Figura 4.13 – (A) Curva de histerese dos cupins da espécie Neocapritermes opacus. Os dados Hc, Hcr, Ms e Mrs

sugerem um mineral com baixa coercividade, provavelmente magnetita, maghemita ou titanomaghemita. (B)

Diagrama de Day mostrando que o mineral dentro do inseto é PSD.......................................................................67

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Figura 4.14 – Curvas de magnetização remanente ZFC/FC(2.5T) para cupins da espécie Neocapritermes opacus

(A) e formigas da espécie Pachycondyla marginata (B), para as quais observa-se a transição de Verwey da

magnetita entre 100 e 120 K....................................................................................................................................68

Figura 4.15 – RTSIRM para os cupins da espécie Neocapritermes opacus e formigas da espécie Pachycondyla

marginata.................................................................................................................................................................70

Figura 4.16 - Espectros FMR da cabeça, abdômen e tórax da formiga Pachycondyla Marginata e do cupin

Neocapritermes opacus. As linhas pontilhadas mostram os respectivos valores de g das

amostras....................................................................................................................................................................71

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LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Parâmetros de ajuste das curvas MRI.................................................................................................56

Tabela 4.2 - Valores dos parâmetros de histerese em temperatura ambiente e baixa temperatura.........................59

Tabela 4.3 – Resultados da análise por RFM; parâmetro g, largura de linha (∆B) e parâmetro assimétrico (A)...63

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Sumário Capítulo 1 .................................................................................................................................. 17

Introdução .................................................................................................................................. 17

Capítulo 2 .................................................................................................................................. 21

Magnetismo de Materiais Geológicos ....................................................................................... 21

2.1 - Propriedades Magnéticas dos Sólidos ............................................................................... 21

2.1.1 - Propriedades Fundamentais........................................................................................ 21

2.1.2 - Histerese ..................................................................................................................... 23

2.1.3 – Domínios Magnéticos ................................................................................................ 24

2.2 - Minerais Magnéticos Naturais .......................................................................................... 27

2.2.1 - Óxidos de Ferro e Titânio .......................................................................................... 27

2.2.2 - Hidróxidos de Ferro e Sulfetos .................................................................................. 29

2.3 - Mineralogia Magnética em solos ...................................................................................... 30

Capítulo 3 .................................................................................................................................. 32

Materiais e Métodos .................................................................................................................. 32

3.1 - Coleta e Preparação das Amostras .................................................................................... 34

3.2 - Metodologias ..................................................................................................................... 36

3.2.1 - Susceptibilidade Magnética........................................................................................ 36

3.2.2 - Susceptibilidade AC ................................................................................................... 36

3.2.3 - Curvas Termomagnéticas ........................................................................................... 38

3.2.4 - Magnetização Remanente Isotérmica......................................................................... 39

3.2.5 - Magnetização Remanente Isotérmica de Saturação a Temperatura Ambiente (RTSIRM) .............................................................................................................................. 40

3.2.6 - Curvas de Histerese .................................................................................................... 41

3.2.7 - Curvas de Magnetização Remanente (ZFC(2.5T)/FC(2.5T)) ........................................... 42

3.2.8 - Ressonância Ferromagnética (RFM) .......................................................................... 43

Capítulo 4 .................................................................................................................................. 48

Características Magnéticas do Material Analisado ................................................................... 48

4.1 – Amostras de Solo e Ninhos .............................................................................................. 48

4.1.1 – Susceptibilidade Magnética ....................................................................................... 48

4.1.2 – Susceptibilidade AC .................................................................................................. 49

4.1.3 - Curvas Termomagnéticas: Susceptibilidade em Função da Temperatura ................. 50

4.1.4 – Curvas de Magnetização Remanente Isotérmica (MRI)............................................ 54

4.1.5 – Curvas de Histerese em Função da Temperatura ...................................................... 57

4.1.6 – Ressonância Ferromagnética (RFM) ......................................................................... 61

4.1.7 - Curvas ZFC(2.5T)/FC(2.5T) ............................................................................................. 63

4.1.8 – RTSIRM .................................................................................................................... 64

4.2 – Características Magnéticas dos Insetos ............................................................................ 66

4.2.1 – Curvas de Histerese ................................................................................................... 66

4.2.2 – Curvas ZFC(2.5T)/FC(2.5T) ............................................................................................ 67

4.2.3 – RTSIRM .................................................................................................................... 69

4.2.4 – Ressonância Ferromagnética (FMR) ......................................................................... 70

Capítulo 5 .................................................................................................................................. 73

Discussões e Conclusões ........................................................................................................... 73

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Capítulo 6 .................................................................................................................................. 77

Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 77

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Capítulo 1

Introdução

O fenômeno de migração dos animais, da orientação no processo de busca de alimento

e na volta ao lar intriga as pessoas por séculos, e tem conduzido várias pesquisas nas últimas

décadas. Estudos do efeito do campo geomagnético no comportamento dos seres vivos

buscam compreender os mecanismos de percepção envolvidos. Embora esse efeito do

comportamento seja hoje reconhecido, os mecanismos que cada espécie utiliza para perceber

esse campo são ainda pouco compreendidos.

Em 1962, Lowenstam foi o primeiro a identificar partículas de magnetita (Fe3O4) em

uma espécie de molusco, mostrando que estes moluscos possuem mecanismos para sintetizar a

magnetita através de processos bioquímicos. Neste contexto, descobriu-se que a magnetita

biogênica pode ser gerada por vários mecanismos que diferem no grau de controle do

organismo sobre o processo de mineralização. Em 1981, Lowenstam distinguiu os processos

de mineralização em induzido e controlado biologicamente. No primeiro, a partícula do

mineral é formada a partir de cátions obtidos no ambiente externo, por um processo

metabólico; no segundo, ocorre a nucleação e o subseqüente desenvolvimento do mineral no

organismo, a partir de uma partícula pré-formada no ambiente externo.

Em 1975, Richard Blakemore ao analisar sedimentos aquosos, descobriu uma espécie

de bactéria (Aquaspirillum magnetotacticum) que responde diretamente à ação de campos

magnéticos. Em seu experimento, Blakemore aproximou do recipiente um pequeno imã e

observou que os organismos nadavam paralelamente ao campo aplicado e mudavam a

trajetória assim que o sentido do campo era alterado. A descoberta de Blakemore foi a

primeira evidência de que o campo geomagnético poderia influenciar diretamente no

comportamento dos seres vivos.

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As bactérias magnetotáticas descobertas por Blakemore, foram depois encontradas em

vários ambientes aquáticos que incluem sedimentos marinhos (Petersen et al., 1986; Housen e

Moskowitz, 2006), sedimentos lacustres (Snowball et al., 2002; Paasche et al., 2004; Pan et

al., 2005), ambientes estratificados marinhos e reservatórios d’água (Bazylinski e Moskowitz,

1997; Simmons e Edwards, 2006) e em solos (Fassbinder et al., 1990). Segundo Housen e

Moskowitz (2006) os magnetofósseis das bactérias magnetotáticas podem representar entre 20

e 60% da magnetização do fundo oceânico. Como conseqüência, esses ambientes geológicos

podem fornecer bons registros do campo geomagnético e suas variações ao longo do tempo

devido às suas características magnéticas, como portadores estáveis de magnetização

remanente. Por outro lado, existe um grande interesse em se reconhecer os ambientes e

condições físico-químicas em que se desenvolvem os organismos produtores de

biomagnetismo devido às implicações nas investigações paleoclimáticas e ambientais (Hesse

et al., 1999; Paasche et al., 2004).

Minerais magnéticos de origem biogênica também foram identificados em animais

maiores, entre eles, alguns insetos sociais, tais como, abelhas, formigas e cupins (Schiff, 1991;

Anderson e Vander Meer, 1993; Çamlitepe e Stradling, 1995; Jacklyn, 1992; Gould et al.,

1980; Esquivel et al., 2004; Oliveira et al., 2005; entre outros). Estes últimos podem ser

importantes contribuintes para a magnetização de solos que, por sua vez, podem ser a fonte de

sedimentos.

O solo é resultante de vários processos físicos e químicos que tornam difícil a definição

da gênese do portador magnético das amostras. O desenvolvimento das propriedades

magnéticas do solo depende bastante da rocha parental e dos óxidos de ferro resultantes do

intemperismo. Em rochas ígneas, por exemplo, o mineral ferromagnético dominante é a

magnetita (ou, mais comumente, titanomagnetita). Rochas sedimentares possuem

concentrações menores de minerais ferromagnéticos e, muito comumente apresentam

magnetita e hematita como mineralogia característica. A camada superior dos solos, em geral,

apresenta enriquecimento em minerais ferrimagnéticos (Le Borgne, 1955) que podem ser

gerados através de processos inorgânicos, como descritos acima, ou orgânicos (Blakemore,

1982; Lovley et al., 1987). Fassbinder et al. (1990) relatou a presença de bactérias

magnetotáticas vivas em solos do sul da Bavária, responsáveis pela produção de partículas de

magnetita no domínio SD (0,5-10 µm) e magnetofósseis (40-100 nm) e, que contribuem

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significativamente para as suas propriedades magnéticas. Maher (1998) descreveu magnetitas

do tamanho de 10 nm encontradas em cupins da espécie Nesutitermes exitiosus e Amitermes

meridionalis, porém a autora concluiu que as partículas de magnetita eram oriundas de fontes

externas, provavelmente do próprio solo.

Partículas de magnetita/maghemita foram identificadas na cabeça, tórax e abdômem

nas formigas da espécie migratória Pachycondyla marginata (Acosta-Avalos et al., 1999).

Esquivel et al. (2004) relatam nanopartículas com parâmetros magnéticos comparáveis aos da

magnetita também em cupins Neocapritermes opacus e que se constituem no alimento dessas

formigas. Embora a origem desses minerais fosse inicialmente incerta, estudos subsequentes

(Oliveira et al., 2008, entre outros) revelaram que os próprios cupins sintetizam as partículas

ferrimagnéticas. As biomineralizações foram identificadas após submeter os insetos a dieta

livre de ferro ou óxidos de ferro. Partindo do princípio de que os minerais biomineralizados

por esses insetos devem ser incorporados ao solo, contribuindo assim para as suas

propriedades magnéticas, é que elaborou-se este projeto. Pretende-se que os resultados aqui

obtidos sirvam de balizadores para o estudo de rochas sedimentares antigas, onde o

reconhecimento de biomineralizações tornar-se difícil devido aos diversos processos físico-

químicos sofridos pelos sedimentos ao longo de sua história geológica e que possam implicar

na transformação/oxidação dos minerais/magnetossomas primários,

O objetivo é proceder à comparação dos resultados obtidos para os insetos com aqueles

obtidos em seus ninhos e no solo circundante. As formigas Pachycondyla marginata e os

cupins Neocapritermes opacus descritos anteriormente ocorrem no sudeste do Brasil na

reserva florestal Mata de Santa Genebra, em Campinas, Estado de São Paulo, onde também

foram coletados para este trabalho. O trabalho experimental foi desenvolvido em três etapas.

As medidas em solos e material dos ninhos referentes à susceptibilidade magnética, curvas de

magnetização remanente isotérmica (MRI) e curvas termomagnéticas foram realizadas no

Laboratório de Paleomagnetismo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências

Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP). Na segunda etapa foi feita a

ressonância ferromagnética nas amostras de solo e insetos e contou com os recursos do

Laboratório de Biofísica do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). A terceira foi

realizada no Institute for Rock Magnetism (IRM) da Universidade de Minnesota, MN, EUA,

durante uma visita científica de 10 dias. Foram medidas as curvas de histerese (alta e baixa

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temperatura), curvas zero field cooling (ZFC) e field cooling (FC), curvas de magnetização

remanente isotérmica de saturação em temperatura ambiente (RTSIRM) e susceptibilidade AC

nas amostra de solo e insetos. O estudo das biomineralizações dos insetos e do ambiente em

que vivem, como desenvolvido neste trabalho, foi o primeiro desenvolvido no Laboratório de

Paleomagnetismo do IAG/USP.

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Capítulo 2

Magnetismo de Materiais Geológicos

As propriedades magnéticas dos materiais geológicos (rochas, sedimentos e solos)

referem-se a um pequeno número de minerais pertencentes aos grupos dos óxidos, hidróxidos

e sulfetos de ferro. O primeiro grupo se destaca por ser o mais abundante e freqüente nos

ambientes naturais. Neste capítulo serão descritas as propriedades magnéticas fundamentais

dos sólidos e dos principais minerais responsáveis pelas características magnéticas dos solos.

A apresentação dos conceitos físicos será baseada em Ashcroft e Mermin (1976), Thompson e

Oldfield, (1986), Kittel (2006) e Butler (1998).

2.1 - Propriedades Magnéticas dos Sólidos

2.1.1 - Propriedades Fundamentais

Os materiais classificam-se em diamagnéticos, paramagnéticos e ferromagnéticos, de

acordo com a resposta magnética a um campo magnético externo. Esta se deve às

propriedades individuais dos átomos ou moléculas e às suas interações.

A Figura 2.1 ilustra as três categorias de comportamento magnético em um

experimento que envolva a medida da magnetização (M), adquirida em resposta à aplicação de

um campo magnético (H). A magnetização é definida como o momento magnético por

unidade de volume e a susceptibilidade magnética é definida através das equações:

(CGS) H

M=χ ; (SI)

H

M0µχ = (2.1)

onde µ0 é a permeabilidade magnética.

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Figura 2.1 - Magnetização em função do campo magnético para uma (a) substância diamagnética, onde a

susceptibilidade é uma constante negativa, (b) substância paramagnética, onde a susceptibilidade é uma constante

positiva, (c) substância ferromagnética, onde a susceptibilidade é variável (Butler, 1998).

Uma substância diz-se diamagnética quando tem susceptibilidade magnética negativa,

isto é, as cargas elétricas se opõem à penetração de um campo magnético no material. Os

átomos ou moléculas dessas substâncias não têm momento angular resultante e a resposta a

um campo magnético aplicado é a criação de correntes atômicas circulares. Segundo a Lei de

Lenz do eletromagnetismo, o fluxo magnético que atravessa um circuito elétrico variante

induz uma corrente com um sentido tal que o fluxo magnético produzido por esta corrente se

opõe à variação do fluxo. Vários minerais magnéticos comuns, tais como quartzo, feldspato e

calcita, apresentam comportamento diamagnético (Dunlop e Özdemir, 1997).

O paramagnetismo manifesta-se em substâncias cujos átomos possuem subcamadas

não preenchidas completamente e, portanto, apresentam momento de dipolo resultante. Neste

caso os minerais apresentam susceptibilidade magnética positiva, isto é, a magnetização

induzida tem a mesma direção do campo aplicado. O comportamento paramagnético é

observado em minerais como: piroxênio, olivina e biotita (Thompson e Oldfield, 1986).

Os materiais ferromagnéticos distinguem-se dos paramagnéticos devido às interações

entre átomos que produzem grandes mudanças de comportamento. São caracterizados pelas

mudanças drásticas a uma determinada temperatura crítica, chamada temperatura de Curie.

Abaixo da temperatura de Curie um material ferromagnético possui uma magnetização

espontânea, isto é, todos os momentos magnéticos numa região de escala microscópica

(domínios), estão alinhados; acima da temperatura de Curie, a ordenação magnética dos spins

é quebrada pela energia térmica e o material passa a ter comportamento paramagnético.

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O alinhamento dos momentos magnéticos, quando não é paralelo, pode gerar dois

subgrupos de materiais: ferrimagnéticos e antiferromagnéticos. No primeiro caso, os

momentos magnéticos em uma direção não são totalmente compensados pelo arranjo de

momentos na direção oposta (Figura 2.2). Os materiais antiferromagnéticos também possuem

sub-redes magnéticas antiparalelas, mas seus momentos magnéticos são idênticos (Figura 2.2).

A ordenação antiferromagnética é destruída pela agitação térmica acima da temperatura de

Néel. A magnetita é o mineral natural que melhor representa o grupo de materiais

ferrimagnéticos e a hematita, o grupo dos antiferromagnéticos.

Figura 2.2 - Diferentes arranjos dos spins eletrônicos.

2.1.2 - Histerese

Quando um campo magnético H é aplicado a materiais do grupo ferromagnético, a

magnetização não irá retornar a zero e o sistema torna-se irreversível, não permitindo que o

sistema retorne à sua configuração normal após a remoção do campo. Esta magnetização é

chamada de magnetização remanente.

A variação da magnetização, em função do campo aplicado, é chamada de ciclo de

histerese (Figura 2.3). Quando se aplica um campo magnético crescente em um material

ferromagnético, a magnetização aumenta até atingir a magnetização de saturação, Ms, do

material. Ao diminuirmos este campo até zero, a magnetização não decairá completamente a

zero, e será igual a um valor Mrs, que corresponde à magnetização remanente de saturação. O

campo magnético aplicado na direção oposta, necessário para reduzir a magnetização a zero, é

chamado de campo coercivo, Hc. Para qualquer valor de campo, uma vez retirado, à

magnetização remanente resultante corresponde a uma coercividade de remanencia, Hcr. O

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gradiente da curva de magnetização inicial do processo (na origem da Figura 2.3) é a

susceptibilidade inicial, κ.

Figura 2.3 - Curva de histerese para uma substância ferromagnética (Thompson e Oldfield, 1986).

A magnetização de um mineral magnético decai exponencialmente com o tempo, de

acordo com a relação:

M(t) = M0 exp(-t/τ) (2.2)

onde t é o tempo e τ é o tempo de relaxação. O tempo de relaxação depende do volume e da

temperatura do grão, expressa pela equação:

τ = 1/C exp (vK/kt) (2.3)

onde C têm um valor aproximado de 1010 s-1, vK é a barreira de potencial e kt é a energia

térmica. Quando o tempo de relaxação é muito pequeno (< 103 s) a magnetização uma vez

adquirida é perdida pela agitação térmica. Grãos com estas características são denominados

superparamagnéticos (Néel, 1949; Néel, 1955).

2.1.3 – Domínios Magnéticos

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Além da intensidade da magnetização, uma propriedade fundamental dos materiais

ferromagnéticos é a habilidade de registrar permanentemente a direção do campo magnético

aplicado. Quando T<<Tc, os momentos magnéticos de um material ferromagnético estão

praticamente todos alinhados em escala microscópica. No entanto, na escala macroscópica é

necessária a aplicação de um campo externo para saturar a amostra. Isto ocorre porque os

cristais são compostos por pequenas regiões chamadas domínios magnéticos (Figura 2.4).

Figura 2.4 - Configurações dos domínios magnéticos para o caso (a) domínio simples, (b) e (c) multidomínio e

(d e e) domínios de fechamento (Kittel, 2006).

A magnetização permanente da maior parte das rochas é gerada por grãos que contêm

um número pequeno de domínios magnéticos. As rochas caracterizadas por grãos de grande

dimensão apresentam um número elevado de domínios ou multi-domínios (MD), de tal forma

que a magnetização total pode ser nula. Sob a ação de um campo externo ocorre

remagnetização, que se traduz pelo crescimento de uns domínios à custa dos outros, pelo que a

magnetização deste tipo de rochas é habitualmente fraca e instável.

A região de um cristal que separa domínios magnetizados em direções diferentes é

conhecida como parede de Bloch. A mudança nos spins não ocorre de forma gradual, ao longo

de vários planos atômicos (Figura 2.5). A energia de troca é menor quando a mudança é

distribuída por muitos spins.

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Figura 2.5 - Estrutura da parede de Bloch onde a energia magnetostática varia através de uma parede entre

domínios (Kittel, 2006).

Nos materiais com grãos muito pequenos não há lugar para a formação de paredes. Os

grãos resultantes denominam-se domínio simples (SD) e apenas campos fortes possibilitam a

rotação dipolar individual. Os grãos mono-domínio são muito difíceis de remagnetizar uma

vez que é necessário realinhar a posição de todos os átomos em simultâneo e, portanto, têm

muita importância em paleomagnetismo.

De acordo com a Figura 2.6, a coercividade máxima ocorre em amostras com domínios

SD, se o tamanho do grão aumenta, a coercividade decresce subdividindo os domínios

(Banerjee e Moskowitz, 1985). Os tamanhos das partículas ferromagnéticas variam desde 100

Å até 100 µm.

Figura 2.6 - Ilustração esquemática mostrando a variação da coercividade Hc e o tamanho do grão (em

micrometros) para a magnetita (modificado de Banerjee e Moskowitz, 1985).

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Para grãos multi-domínio de pequenas dimensões (1-20 µm no caso da magnetita), não

é possível obter-se arranjos dos domínios magnéticos que gere magnetização global nula.

Estes grãos são chamados pseudo-domínio simples (PSD). Para grãos ainda menores (0.05

µm) a magnetização flutua aleatoriamente, como se elas fossem íons paramagnéticos com um

alto valor de spin, este fenômeno é chamado superparamagnetismo.

2.2 - Minerais Magnéticos Naturais

2.2.1 - Óxidos de Ferro e Titânio

Os minerais ferromagnéticos mais importantes encontrados nas rochas são os óxidos de

ferro e titânio ( )FeTi . Os óxidos ( )FeTi são geralmente opacos e a sua composição pode ser

esboçada pelo diagrama ternário (Figura 2.7). Observando o diagrama da Figura 2.7, indo da

esquerda para a direita, ocorre um aumento na razão ++ 23 / FeFe , enquanto que da base para o

topo do diagrama, ocorre um aumento no conteúdo de +4Ti . Para o magnetismo de rochas

existem duas séries de soluções sólidas que merecem uma maior atenção, são elas as

titanomagnetitas e as titanohematitas.

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Figura 2.7 - (a) Diagrama ternário 322 OFeFeOTiO −− mostrando as linhas de soluções sólidas das

titanomagnetitas e titanomaghemitas e o campo das titanomaghemitas. Durante a oxidação de alta e baixa

temperatura das titanomagnetitas, a composição volumétrica segue as linhas tracejadas horizontais. (b) Linhas de

mesma temperatura de Curie para titanomagnetitas sintéticas (modificado de Dunlop e Özdemir, 1997).

A série das titanomagnetitas, que vai de magnetita ao ulvospinélio é composta por

minerais cúbicos com estrutura de espinélio inversa. A série das titanohematitas é o

equivalente oxidado das titanomagnetitas, porém apresenta estrutura cristalina romboédrica.

A estrutura da magnetita ( )43OFe possui estrutura espinélio invertido. A magnetita

apresenta uma temperatura de Curie de 580 °C e magnetização de saturação de 92 Am2/kg. A

dependência da Ms com a temperatura é uma propriedade diagnóstica para a identificação de

minerais, desde que cada material ferromagnético possua uma temperatura de Curie diferente

(Dunlop e Özdemir, 1997).

A maghemita ( )32OFeγ é diferente da magnetita pelo fato da maior parte do Fe

encontra-se no estado trivalente. Possui a estrutura de espinélio, Tc entre 590 e 675 °C,

densidade de 5074 kg/m3 e magnetização de saturação de 74 Am2/kg (Dunlop e Özdemir,

1997).

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As titanomagnetitas são os portadores magnéticos mais comuns presentes nas rochas

ígneas. Nas titanomagnetitas as percentagens de mols de +4Ti são medidas pelo parâmetro x.

As titanomagnetitas mono-fase ( )66,03 OTiFe x− são espinélio inverso. Aumentando a

substituição de +4Ti , enfraquece o acoplamento de troca e o ponto de Curie diminui quase

linearmente com o aumento de x. Um ponto de Curie de ~150-200 °C é característico de

46,04,2 OTiFe estequiométrico ou TM60, que é a titanomagnetita primária em lavas basálticas

rapidamente resfriadas (Dunlop e Özdemir, 1997).

As titanohematitas )( 32 OTiFe xx− são minerais antiferromagnéticos contidos em rochas

sedimentares. A composição entre os membros finais da série ternária (Figura 2.8) são

representados pela hematita )( 32OFeα e ilmenita )( 52OFeTi . A hematita possui uma densidade

de 5271 kg/m3 (Dunlop e Özdemir, 1997), Temperatura de Néel de 675 °C, magnetização de

saturação de 0.4 Am2/kg e temperatura de transição de Morin de aproximadamente 250 e 260

K (para > 0.2 µm) (O’reilly, 1984). A ilmenita é encontrada mais freqüentemente em rocha

ígneas, mas também é encontrada em sedimentos.

2.2.2 - Hidróxidos de Ferro e Sulfetos

Os hidróxidos de ferro são comumente encontrados em rochas ígneas e metamórficas

alteradas, solos, sedimentos e argilas, como produto do intemperismo. Os sulfetos de ferro

)10,( 1 ≤≤+ xFeS x podem ocorrer naturalmente, com composição variando desde pirita )( 2FeS

até troilita )(FeS , embora o último seja comum somente em meteoritos (Butler, 1998).

A goetita )( FeOOH−α é o mineral portador de ferro mais encontrado em solos,

sedimentos e argilas, através da sua estabilidade termodinâmica à temperatura ambiente. Esta

fase portadora de ferro apresenta estrutura ortorrômbica, que possui fileiras duplas de

octaedros de FeOOH separadas por fileiras duplas vazias (Butler, 1998). A goetita possui

magnetização de saturação de aproximadamente 2 kA/m, temperatura de Curie de 120 °C e

uma densidade de 4.264 g/cm3 (Dunlop e Özdemir, 1997). Um estudo detalhado das

propriedades magnéticas da goetita pode ser encontrado em Dekkers (1989a, b, 1990).

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A pirrotita é o sulfeto de ferro mais importante, cujo comportamento magnético é do

tipo ferrimagnético, embora seu comportamento inclua uma fase ferrimagnética )( 87OFe e as

fases antiferromagnéticas )( 109SFe e )( 1211SFe . A estrutura cristalina da pirrotita consiste em

camadas alternadas de Fe e S, baseadas na estrutura cristalina de NiAs. Os átomos em cada

camada de Fe são acoplados ferromagnéticamente, e ocorre acoplamento antiferromagnético

com cada camada de Fe vizinha. A magnetização de saturação da pirrotita é de 80 kA/m, a

temperatura de Curie é de 320 °C e a densidade é de 4.662 g/cm3 (Dunlop e Özdemir, 1997).

Grãos de tamanho de aproximadamente 100 µm apresentam comportamento de multi-domínio

(MD); a faixa entre 2 e 40 µm é considerado pseudo-domínio (PSD) e a região de transição

entre SD-PSD é encontrada entre 1,5 e 2,0 µm (Dekkers, 1988).

A greigita )( 43SFe , ocorre freqüentemente em sedimentos formados em condições de

redução de sulfatos, como por exemplo, a biomineralização por bactéria magnetostáticas. A

greigita é o sulfeto que é estruturalmente compatível com a magnetita, e possui a mesma

estrutura de espinélio invertida. É um mineral ferromagnético, com magnetização de saturação

de aproximadamente 125 kA/m, temperatura de Curie de aproximadamente 330 °C e

densidade de 4,079 g/cm3 (Dunlop e Özdemir, 1997). As coercividades da greigita mono-

domínio apresentam uma remanência estável.

2.3 - Mineralogia Magnética em solos

As propriedades magnéticas de amostras de solos refletem uma variedade de

portadores magnéticos e minerais presentes (Thompson e Oldfield, 1986). A componente

diamagnética dos solos inclui quartzo, carbonato de cálcio, matéria orgânica e água. Vários

minerais constituintes do solo, primários e secundários, são paramagnéticos, ricos em ferro e

contribuem para a susceptibilidade total. Poucos minerais são ferrimagnéticos porém os

antiferromagnéticos são abundantes. A goetita e a mais abundante formada em condições

temperadas e a hematita é predominante nestas condições e também quando tem-se um grau

maior de oxidação. Schwertmann e Taylor (1977) sugerem que a goetita é geralmente a mais

distribuída e mais climaticamente restrita dos óxidos de ferro e hidróxidos no solo.

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Dos óxidos ferrimagnéticos somente a magnetita e a maghemita são consideravelmente

importantes nos solos, embora titanomagnetitas e pirrotita sejam significantes em algumas

litologias. A magnetita geralmente ocorre como mineral primário, derivado de rochas ígneas, e

como mineral secundário, formado no solo por outros mecanismos. A maghemita é um

mineral secundário do solo formado em condições semelhantes à da magnetita.

A presença de minerais ferromagnéticos primários e secundários mostram uma

distribuição bimodal da susceptibilidade especifica com respeito ao tamanho da partícula. Em

solos ricos em minerais não ferromagnéticos, esta distribuição bimodal é superposta pelo

efeito do ferro paramagnético e óxidos antiferromagnéticos associado com o tamanho da

partícula (Thompson e Oldfield, 1986).

A caracterização de diversos materiais de solos por medidas magnéticas indica a

existência de uma clara relação entre a diferenciação magnética e os diferentes ambientes do

solo. Contrastes na concentração, composição e granulométrica, tanto nos diferentes tipos de

solos como em diferentes profundidades. As evidências empíricas indicam que as diferentes

fases do ferro contribuem dominantemente para as propriedades magnéticas dos solos (Maher,

1986).

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Capítulo 3

Materiais e Métodos

Os materiais utilizados neste trabalho foram coletados na reserva ambiental Mata Santa

Genebra, em Campinas, SP, em um único local (20°37’41”S, 47°27’51”W), uma vez que os

insetos procurados não são muito comuns. Foram coletados para análise, formigas da espécie

Pachycondyla marginata, cupins da espécie Neocapritermes opacus, amostras dos respectivos

ninhos e amostras do solo nas proximidades desses ninhos. A ocorrência de minerais

magnéticos nestas espécies já foi bem determinada pelo Grupo de Biofísica do Centro

Brasileiro de Pesquisas Físicas.

A região amostrada está inserida na Bacia Sedimentar do Paraná, provavelmente em

área de ocorrência das formações permo-carboníferas do Grupo Itararé, de acordo com o que

se infere no mapa geológico desta área (Leite et al., 2004). O solo, portanto, é derivado de

sedimentos.

A formiga estudada neste trabalho é do gênero Pachycondyla, espécie marginata

(Figura 3.1). Esta formiga é migratória e se alimenta de cupins vivos da espécie

Neocapritermes opacus. Esta espécie é encontrada no sudeste do Brasil, mas

especificadamente em Campinas, SP, e em países da América Latina, como Uruguai e Bolívia.

As formigas da espécie Pachycondyla Marginata coletadas para este estudo são operárias.

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Figura 3.1 – (A) Ninho da formiga Pachycondyla marginata com alguns indivíduos entrando com cupins da

espécie Neocapritermes opacus que são seu alimento (Esquivel et al., 2000); (B) Formiga da espécie

Pachycondyla marginata destacando-se as divisões em cabeça, tórax e abdômen.

O ninho dos cupins é a estrutura que protege a comunidade contra inimigos e

intempéries (Figura 3.2). A construção do ninho e túneis é feita por três mecanismos básicos:

(1) coletas de partículas no ambiente (por exemplo, solo com argila) que são cimentadas pela

saliva e fezes do cupim; (2) estruturas de natureza fecal, cuja aparência lembra madeira

compactada e (3) os de natureza mista, com mistura de partículas do meio e de matéria

orgânica fecal. Após a construção dos túneis os insetos revestem os túneis com uma película

de matéria fecal (como se fosse uma argamassa). Essa película contém material orgânico

(alimento ingerido, células desgastadas do intestino) em mistura com alimentos minerais,

como pequenas partículas do solo (Fontes e Araújo, 1999; Lee e Wood, 1971).

Os cupins mortos ou que aparentam comportamento anômalo são ingeridos pelos

operários da colônia, provendo a população com suas proteínas e sais minerais. As partes mais

volumosas e quitinizadas (como mandíbulas e parte da cabeça) não podem ser ingeridas e são

descartadas dentro dos ninhos, ou são utilizados na construção das paredes ou em seu

revestimento, como “tijolos” cimentadas com fezes. Em caso de mortandade populacional

causada por doença, os indivíduos contaminados são sepultados e isolados dos indivíduos

saudáveis. Em caso de mortandade em decorrência de combates entre cupins de outras

colônias ou invasores, onde o número de mortos é elevado, os indivíduos mortos são

sepultados na colônia (Lee e Wood, 1971; Wood, 1978).

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Figura 3.2 – (A) Ninho subterrâneo da espécie Neocaprotermes opacus localizado na Mata Santa Genebra,

Campinas, SP; (B) Ciclo de vida dos cupins e (C) Neocapritermes opacus.

Neste capítulo serão descritos a coleta e preparação das amostras, e os métodos de

caracterização magnética de materiais: susceptibilidade magnética )(χ , curvas

termomagnéticas, curvas de magnetização remanente isotérmica (MRI), curvas de histerese

(alta e baixa temperatura), curvas zero field cooling (ZFC) e field cooling (FC),

susceptibilidade AC, curvas de magnetização remanente isotérmica de saturação a temperatura

ambiente (RTSIRM) e ressonância ferromagnética. O trabalho experimental foi realizado no

Laboratório de Paleomagnetismo do IAG/USP, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas

(CBPF) e no Institute for Rock Magnetism (IRM) da Universidade de Minnesota, EUA.

3.1 - Coleta e Preparação das Amostras

A coleta e a preservação dos insetos foram orientadas pelo Dr. Odivaldo Cambraia

Alves da Universidade Federal Fluminense (UFF). As amostras de solo foram coletadas em

dois pontos, a 10 e 5 m de distância do cupinzeiro. Em cada ponto amostrou-se na superfície, a

25 e 45 cm de profundidade (Figura 3.3). O cupinzeiro também foi escavado e amostrado

nessas três profundidades; do formigueiro extraiu-se uma amostra de um único nível. Os

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insetos foram imersos na solução de Karnovsky para serem conservados. A solução consiste

de 2 g de paraformaldeído diluído em 20 ml de água destilada a temperatura entre 60 e 80°C,

25 ml de glutaraldeído 25%, 50 ml de cacodilato e 25 mg de CaCl2.

As amostras de solo foram inicialmente preparadas no Laboratório de

Paleomagnetismo do IAG/USP, sendo trituradas em um almofariz de ágata. Esse pó foi

utilizado na obtenção das curvas termomagnéticas e para as medidas de susceptibilidade e

curvas MRI, porém nestes casos é compactado e coberto com uma camada de resina para que

possa ser medido nos equipamentos. Amostras moídas também foram utilizadas para as

medidas de ressonância ferromagnética no CBPF e para as medidas realizadas no IRM: curvas

ZFC e FC, curvas RTSIRM, susceptibilidade AC e histerese (alta e baixa temperatura).

Os insetos são retirados da solução de Karnovsky e também são medidos. Os cupins

são medidos inteiros, no entanto, as formigas são divididas em cabeça, tórax e abdômen

devido ao seu tamanho. No IRM os insetos foram compactados em uma cápsula de silicone.

Figura 3.3 - (A) Fotografia do local da amostragem. (B) Diagrama esquemático do local da amostragem na Mata

Santa Genebra, em Campinas, SP.

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3.2 - Metodologias

3.2.1 - Susceptibilidade Magnética

A susceptibilidade magnética é uma informação importante no estudo do magnetismo

do solo devido às informações sobre a formação dos minerais magnéticos durante a

pedogênise (Thompson e Oldfield, 1986) e corresponde à razão entre a magnetização induzida

e o campo magnético aplicado. Esta medida é feita em campos magnéticos baixos (< 1 mT),

sendo independente da intensidade do campo magnético aplicado e é reversível.

A susceptibilidade magnética depende do tipo, quantidade, tamanho e forma dos

minerais ferromagnéticos presentes, em especial a magnetita. Neste trabalho, medimos a

susceptibilidade magnética do solo para acompanhar as variações da susceptibilidade

magnética com a profundidade. Para isso foi utilizado o MS2 Magnetic Susceptibility System

da Bartington Instruments, disponível no Laboratório de Paleomagnetismo do IAG/USP. Este

equipamento possui uma resolução de 2 × 10-6 SI.

3.2.2 - Susceptibilidade AC

As medidas da susceptibilidade com campo magnéticos alternados são utilizadas desde

1987 como uma importante ferramenta para a caracterização de vários materiais (Nikolo,

1995). A técnica consiste em aplicarmos um campo AC na amostra e medir o momento AC

resultante. O momento induzido varia com o tempo, conseqüentemente as medidas da

susceptibilidade AC fornecem informações sobre a dinâmica da magnetização que não são

obtidas em medidas de corrente direta (DC), onde o momento da amostra é constante durante

o tempo de medida.

Na medida da susceptibilidade AC o momento resultante é dado por:

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)( tsenHdH

dMM ACAC ω⋅

= (3.1)

onde ACH é a amplitude do campo aplicado, ω é a freqüência, e dHdM /=χ é a inclinação

da curva M(H), chamada de susceptibilidade (Nikolo, 1995).

As medidas da susceptibilidade AC possuem duas grandezas: a componente da

susceptibilidade real, 'χ , e a componente imaginária, "χ . As duas representações são

determinadas por

ϕχχ cos' = (3.2)

ϕχχ sen=" (3.3)

onde o ângulo φ é o ângulo em relação ao sinal )/arctan( '" χχϕ = . No limite de baixas

freqüências onde as medidas AC é mais similar as medidas DC, a componente real 'χ é

justamente a inclinação da curva M(H). A componente imaginária "χ indica processos

dissipativos na amostra (Martien, 2008). As componentes 'χ e "χ são muito adequadas para

examinar a natureza da transição de fase magnética em materiais, tais como a transição de

Verwey da magnetita.

A magnetita, por exemplo, possui um pico na permeabilidade (µ) ou susceptibilidade

(χ) próximo a 110 K, atribuído ao ponto isotrópico, isto é, temperatura para a qual a constante

anisotrópica magnetocristalina de primeira ordem é zero, K1 = 0 (Snoek, 1949). Este pico é

claramente observado em amostra multidomínio (MD) e não é observado por amostras

domínio simples (SD) (Radhakrishnamurty e Nanadikar, 1979). A série das titanomagnetitas

também possui ponto isotrópico abaixo da temperatura ambiente revelado por estudos feitos

sobre anisotropia magnetocristalina (Syono, 1975).

Além da temperatura, a susceptibilidade também varia com a freqüência. Para a

magnetita, o pico da susceptibilidade em baixa temperatura, relacionada ao ponto isotrópico,

altera a freqüência em uma faixa de 13 Hz até 117 kHz. No caso da titanomagnetita (TM10,

TM20 e TM30) o pico da susceptibilidade muda com o aumento da freqüência

(Radhakrishnamurty e Likhite, 1993).

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As medidas destes parâmetros foram realizadas no Quantum Designs Magnetic

Properties Measurements System do IRM. O procedimento consiste em resfriar a amostra até

10 K, em seguida aquecê-la até a temperatura ambiente (300 K), aplicando com diferentes

freqüências (1.0 Hz, 3.2 Hz, 10 Hz, 31.6 Hz e 99.9 Hz). As medidas são feitas em um

intervalo de 10 K.

3.2.3 - Curvas Termomagnéticas

As curvas termomagnéticas registram as variações da susceptibilidade magnética em

função da temperatura. Através disso, obtém-se a temperatura de Curie/Néel, característica de

cada fase magnética e também informam sobre as mudanças de estrutura cristalina e as

reações químicas que afetam os minerais durante o aquecimento.

As curvas termomagnéticas são obtidas aquecendo-se a amostra até temperaturas de

aproximadamente 700 °C em atmosfera de Argônio. Logo após o aquecimento a amostra é

resfriada até a temperatura ambiente. As curvas termomagnéticas foram obtidas com o

susceptômetro Kappabridg KLY4 da AGICO.

Cada mineral apresenta variações características que auxiliam na sua identificação.

Entretanto, devido à presença de mais de um tipo de mineral na amostra investigada, e pelo

fato de existirem minerais instáveis durante o aquecimento, a metodologia pode não fornecer

diagnóstico completo.

Quando as curvas de aquecimento e resfriamento apresentam trajetórias semelhantes

são ditas reversíveis, indicando que os minerais magnéticos da amostra não sofreram

transformações mineralógicas durante o ciclo. Por outro lado, se as curvas apresentam

trajetórias diferentes, são consideradas irreversíveis, indicando uma transformação

mineralógica durante o ciclo. Quando o campo magnético aplicado é suficientemente alto para

saturar minerais magnéticos muito coercivos (hematita, por exemplo), a forma das curvas

termomagnéticas depende da coercividade da amostra e da sua variação com a temperatura.

Neste caso o caráter irreversível das curvas não indica necessariamente transformações

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mineralógicas, mas pode ser causado por um processo de alinhamento magnético irreversível

(Day, 1975; Boer e Dekkers, 1998).

3.2.4 - Magnetização Remanente Isotérmica

A magnetização remanente isotermal (MRI) é produzida por um campo contínuo H

aplicado a temperatura constante e durante alguns segundos. Esse tipo de magnetização é

relativamente instável porque a magnetização remanescente decai exponencialmente com o

tempo logo após a indução.

As curvas de aquisição de IRM consistem em medir a magnetização após cada etapa de

indução magnética até a saturação da amostra (Ms). Destas curvas obtem-se a magnetização

remanente isotérmica de saturação e, indiretamente a força coerciva de remanência (Hcr), e

que são características dos portadores magnéticos. O experimento foi realizado utilizando-se o

magnetômetro do tipo pulse magnetiser MMPM 10, para a aplicação do campo magnético

constante, e a magnetização foi medida num magnetômetro spinner JR6A Agico. Foi feita a

aquisição da MRI em campo magnético máximo de 2.8T. Em alguns casos, a identificação dos

portadores magnéticos pode ser dificultada pela presença de misturas de minerais

ferromagnéticos. Neste caso, a contribuição de cada mineral reflete-se nas curvas de aquisição.

Robertson & France (1994) mostraram que as curvas de aquisição de MRI tendem a

uma curva cumulativa do tipo log-gaussiana. Deste modo, misturas de minerais podem ser

caracterizadas pela MRI de saturação, coercividade média (H1/2) e índice de dispersão (DP).

Esse método tem a capacidade de caracterizar minerais altamente coercivos (hematita,

goetita), ainda que a amostra não tenha alcançado o estado de saturação. Mistura de minerais

de coercividade distintas pode ser assim claramente identificada (magnetita e hematita), porém

o método se torna limitado quando se trata de mistura de minerais de coercividades similares

(p. ex., magnetita e pirrotita).

Kruiver et al. (2001) desenvolveram um método para determinar a distribuição da

coercividade magnética de uma mistura de minerais. A análise das curvas MRI é realizada

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pela combinação de três parâmetros LAP (linear acquisition plot), GAP (gradient of

acquisition plot) e SAP (standardized aquisition plot). O método consiste na combinação dos

três parâmetros que compõem o conjunto de dados, e que torna possível a identificação das

componentes referentes às curvas de aquisição MRI. Neste trabalho foram utilizadas duas

componentes para o ajuste das curvas, que podem revelar as fases magnéticas presentes,

utilizando a observação das curvas de superposição das curvas de aquisição.

3.2.5 - Magnetização Remanente Isotérmica de Saturação a Temperatura Ambiente (RTSIRM)

Existem inúmeros estudos (Özdemir e Dunlop, 1999; Özdemir et al., 2002; Dillon,

2008; entre outros) utilizando curvas de resfriamento/aquecimento em baixa temperatura para

caracterizar propriedades da remanência magnética de amostras naturais e sintéticas em campo

zero, também conhecido como desmagnetização em baixa temperatura (LTD – low-

temperature demagnetization). Estes estudos têm aplicação direta em magnetismo de rocha e

paleomagnetismo (Liu, 2004).

O principal interesse nesse procedimento é investigar efeitos de memória magnética

após um ciclo de resfriamento e aquecimento através de transições de fase observadas em

alguns minerais. Com essa rotina é possível determinar as propriedades da magnetita em

baixas temperaturas, particularmente a transição de Verwey (Tv≈120 K), onde a magnetita

converte de uma estrutura cúbica para monoclínica (Özdemir et al., 2002).

Para realizar as medidas da remanência dependente da temperatura utilizou-se o

magnetômetro MPMS-2 SQUID do IRM. As medidas da magnetização remanente isotermal

de saturação (SIRM) das amostras foram feitas aplicando-se um campo de aproximadamente

2.5 T em temperatura ambiente, então a amostra é resfriada até a temperatura de 10 K, e

retorna até 300 K (room temperature remanence on cooling). Na segunda etapa a amostra é

resfriada até 10 K em campo zero e logo após é aquecida até 300 K (room temperature

remanence on warming).

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3.2.6 - Curvas de Histerese

As curvas de histerese são uma importante técnica para a caracterização de minerais

ferromagnéticos e permitem calcular parâmetros importantes, como coercividade e saturação,

para a identificação de minerais em rochas. No entanto, as rochas apresentam também

minerais antiferromagnéticos, paramagnéticos e diamagnéticos que, assim como os

ferromagnéticos, contribuem para o comportamento final das curvas de histerese, dependendo,

naturalmente, das quantidades relativas destes minerais.

Para a obtenção das curvas de histerese aplica-se um campo magnético H

sucessivamente mais alto na amostra num sentido adotado como “positivo” para que a mesma

tenha seus momentos magnéticos alinhados nesta direção. O campo magnético é aplicado até a

magnetização de saturação (Ms) ser atingida. Logo em seguida inverte-se o sentido do campo

magnético aplicado para a direção “negativa” até que seja atingida novamente a saturação. No

processo de obtenção das curvas de histerese a magnetização é medida em passos sucessivos

tanto na direção positiva como na negativa da curva.

Os parâmetros mais importantes extraídos da curva de histerese são a magnetização de

saturação (Ms), a magnetização remanente (Mr), o campo coercivo (Hc) e a susceptibilidade

inicial (χi). Ao aplicar-se um campo magnético reverso, necessário para se obter a

magnetização igual a zero, obtêm-se a chamada força coerciva remanente (Hcr). Estes dados,

no caso da magnetita, podem ser interpretados utilizando o chamado diagrama de Day, o qual

define as regiões de domínio do material a partir dos parâmetros sr MM / versus

ccr HH /

(Day et al., 1977). As curvas de histerese podem ser obtidas à temperatura ambiente ou ainda

variando a temperatura da amostra. Um comportamento que é usualmente observado é que a

Hc aumenta ao resfriarmos a amostra devido à anisotropia cristalina e a magnetostricção

(Özdemir, et al., 2002). A curva de histerese a baixas temperaturas vem sendo cada vez mais

uilizada para a identificação da mineralogia magnética e granulometria baseado nas

características do portador magnético associado a transições de fase e comportamento

superparamagnético. As medidas de remanência a baixa temperatura podem ser usadas como

uma ferramenta para o diagnóstico de magnetita e pirrotita em rochas e sedimentos,

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carbonatos de Fe-Mn em sedimentos marinhos, fases superparamagnéticas em partículas

ultrafinas, misturas de magnetita e maghemita, magnetita biogênica e alterações

magnetoquímicas em sedimentos marinhos (Moskowitz et al., 1998).

Neste trabalho obteve-se curvas de histerese de 13 amostras de solo e 6 amostras de

insetos em um magnetômetro de amostras vibrante (VSM) Princeton, no IRM. Essas curvas

foram obtidas variando-se a temperatura entre 10 e 300 K. As amostras foram resfriadas em

campo magnético nulo até 10 K, e a remanência de saturação (SIRM) determinada após a

aplicação de campo de 1.5 T. A magnetização medida em campo aproximadamente nulo e

intervalos de 10 K, até atingir a temperatura ambiente (300 K). O parâmetro Hcr corresponde

ao campo para o qual a magnetização é zero.

3.2.7 - Curvas de Magnetização Remanente (ZFC(2.5T)/FC(2.5T))

Para a obtenção da curva de magnetização remanente ZFC (zero field cooled), a

amostra é resfriada até 10 K, a partir da temperatura ambiente, na ausência de campo

magnético. A seguir aplica-se um campo magnético uniforme de 2.5 T na amostra, desliga-se

o campo e a magnetização remanente é medida passo a passo enquanto a temperatura

aumenta. Para as curvas de magnetização remanente FC (field cooled), o processo de

resfriamento a partir da temperatura ambiente é feito sob um campo magnético de 2.5 T.

Quando a amostra atinge 10K o campo magnético é desligado e a magnetização remanente é

obtida da mesma maneira como no caso da curva ZFC (Moskowitz, 1993). Para determinar a

temperatura de transição de Verwey é necessário calcular a derivada da curva FC

dT

dJ FC

(Housen e Moskowitz, 2006). A transição de Verwey da magnetita é um fenômeno

relacionado à temperatura. A aproximadamente 120K a magnetita sofre uma pequena

distorção na rede cristalina, onde a simetria cúbica se torna monoclínica (Verwey, 1939).

As medidas das curvas ZFC e FC foram feitas em um magnetômetro SQUID

(Superconducting Quantum Interference Device) Quantum Design MPMS-2 que é capaz de

medir magnetizações da ordem de 10-7 a 10-11 emu (10-10 a 10-14 Am2).

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Com esse tipo de procedimento, portadores de magnetização remanente natural, como

magnetita, hematita e a pirrotita, podem ser detectadas pela observação das transições de fase

que tais minerais exibem abaixo da temperatura ambiente (Moskowitz, 1998; Weiss et al.,

2004). As transições de fase mais importantes são a transição de Verwey da magnetita e a

transição de Morin da hematita.

3.2.8 - Ressonância Ferromagnética (RFM)

Experiências utilizando a técnica de ressonância ferromagnética - RFM (ferromagnetic

resonance) foram largamente utilizados em Geociências para a identificação de portadores

magnéticos em solos. Esta metodologia está baseada na ressonância paramagnética eletrônica

(RPE).

Quando átomos e moléculas contêm um ou mais elétrons com spins não pareados, estes

podem interagir com um campo magnético aplicado externamente. Na ausência de um campo

magnético, estes spins estão alinhados ao acaso, porém quando submetidos a um campo

magnético terão direções preferenciais. Como o número quântico dos spins de um elétron é ½,

cada um gira no sentido horário ou anti-horário em torno da direção do campo aplicado. A

ressonância de spin eletrônico (electron spin resonance – ESR) ou ressonância paramagnética

eletrônica (electron paramagnetic ressonance – EPR) é um método físico, baseado na

absorção de microondas por spins eletrônicos desemparelhados em um campo magnético. O

espectro RPE mede a energia absorvida para reverter a orientação do spin de um elétron não

pareado (Ikeya, 1993).

O desdobramento de linhas espectrais de átomos pela ação de um campo magnético

externo H é chamado de efeito Zeeman. Classicamente, a energia de uma partícula com

momento magnético )( Mgβ , em um campo magnético é:

zz HMgE β= (3.4)

onde g é o fator giromagnético, β é o magneton de Bohr e zM é o número quântico do

momento magnético na direção do campo (Ikeya, 1993).

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Como 2/1±=zM existem dois estados que são degenerados quando o campo H for

nulo, e cuja separação aumenta linearmente à medida que H aumenta (Figura 3.4). A direção

do spin é modificada pela absorção de microondas quando a diferença de energia

)( HgEz β=∆ for igual à energia de um quantum de radiação, νh . Através da condição de

freqüência de Bohr:

νβ hHg r = (3.5)

onde h é a constante de Planck e ν é a freqüência da onda eletromagnética e rH é o campo

magnético ressonante (Ikeya, 1993).

Figura 3.4 – Níveis de energia para o spin eletrônico (S=1/2) em um campo magnético H, mostrando a absorção

RPE. Eα e Eβ representam as energias dos estados M=1/2 e M=-1/2 (Modificado de Weil, Bolton e Wertz, 1994).

O experimento RPE é utilizado mantendo-se a freqüência da radiação eletromagnética

constante e variando-se o campo magnético aplicado. O espectrômetro de RPE é formado por

uma fonte de radiação eletromagnética de freqüência estável e de duas bobinas que geram um

campo magnético que pode ser variado ao longo de uma determinada faixa, para registrar um

espectro (Weil, Bolton e Wertz, 1994).

A radiação de microondas é gerada por um oscilador chamado Klystron e enviada à

amostra, passando por um dispositivo chamado circulador, por um guia de onda, cuja função é

fazer com que o detector receba a radiação refletida de volta da cavidade (onde se encontra a

amostra). A potência que chega à amostra é controlada por um atenuador. A amostra é

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colocada em uma cavidade ressonante, e a intensidade do campo magnético é varrida

lentamente (Ikeya, 1993).

O espectro RPE fornece informações importantes a respeito dos componentes da

amostra. Os principais parâmetros obtidos pelo espectro RPE são a largura da linha de

absorção H∆ , parâmetro g e parâmetro assimétrico A.

A diferença entre os dois valores de campo, para os quais a linha de absorção tem

metade de valor de pico, é chamada largura de linha da ressonância. A largura da linha está

relacionada com a taxa de relaxação da amostra.

O fator g do sinal RPE é um importante parâmetro; os elétrons desemparelhados em

diferentes ambientes possuem um fator g ligeiramente diferente (Ikeya, 1993). Os momentos

magnéticos e, portanto, a energia Zeeman é diferente para cada spin eletrônico, o decréscimo

do nível de energia é diferente. Uma vez que a freqüência de onda incidente é constante para

um espectrômetro RPE, a ressonância ocorre para o campo magnético H. O fator g é

determinado usando a equação

)/)(/( Hhg νβ= (3.6)

onde a freqüência de microondas ν (em GHz) e o campo magnético em H (em mT).

O parâmetro assimétrico A é definido como sendo a razão baixoalto HH ∆∆ / , onde altoH∆

é o valor do campo entre o pico mínimo da primeira derivada da absorção e a derivada zero e

baixoH∆ é o valor do campo entre a derivada zero e o pico máximo de absorção da primeira

derivada (Weiss et al., 2004).

A idéia básica de um experimento de RFM consiste em aplicar um campo de

microondas na amostra situada em um campo magnético H , e observar a linha de absorção

ressonante (Kittel, 2006).

Na presença de um campo magnético, o momento magnético do spin precessiona ao

redor da direção “positiva” do campo com uma freqüência .

ω . De acordo com a lei de Larmor

a freqüência aumenta com o campo

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Hγω =.

(3.7)

Onde γ é a razão giromagnética e H é o campo aplicado. A absorção ocorre quando a

freqüência é igual à da radiação de microondas )(ν . A condição de ressonância pode ser

escrita como

Hgh Bµν = (3.8)

onde h é a constante de Planck, g é o fator giromagnético e Bµ é o magnéton de Bohr. O

campo efetivo effH é a soma do campo interno e do campo aplicado. O valor de g calculado

pela equação (3) é modificado, e a equação (3) pode ser escrita como

effBeff Hgh µν = (3.9)

O espectro de absorção RFM é geralmente representado pela sua primeira derivada.

Para fazer a análise do espectro RFM utilizaremos três parâmetros: o fator effH , a largura de

linha pico a pico H∆ e a razão assimétrica baixoalto HHA ∆∆≡ / onde

altoH∆ é a largura da

linha entre o pico de menor absorção e effH , e

baixoH∆ é a largura da linha entre o pico de

maior absorção e effH (Figura 3.5) (Weiss et al., 2004).

Figura 3.5 – Espectro RFM mostrando a linha de absorção ressonante e a sua primeira derivada em função de H.

Estes parâmetros obtidos através da RFM serão utilizados para identificar os

portadores magnéticos das amostras de solo e insetos. No entanto, suas propriedades não serão

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discutidas neste trabalho, mas podem ser encontradas em inúmeras publicações na literatura

(Weiss et al., 2004, Ikeya, 1993, Weil, Bolton e Wertz, 1994, entre outros).

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Capítulo 4

Características Magnéticas do Material Analisado

Neste capítulo iremos descrever os resultados obtidos no estudo da mineralogia

magnética nas amostras de solo e insetos descritas anteriormente. As metodologias e

procedimentos utilizados foram apresentados no Capítulo 3.

4.1 – Amostras de Solo e Ninhos

4.1.1 – Susceptibilidade Magnética

Neste trabalho medimos a susceptibilidade magnética (χ) das amostras de solo em

relação à massa específica (5 g por amostra); esta medida é aproximadamente proporcional à

concentração de minerais ferromagnéticos dentro da amostra (Maher, 1986). Os parâmetros

SIRM e SIRM/Susceptibilidade também foram determinados: SIRM corresponde ao maior

nível da remanência magnética que pode ser adquirida por uma amostra após a aplicação de

altos campos, portanto é um indicador da concentração volumétrica do mineral magnético em

uma amostra, mas também responde às variações do tamanho do grão (Maher, 1986). Maher

(1986) e Thompson e Oldfield (1986) utilizaram SIRM/Susceptibilidade como diagnóstico da

mineralogia magnética: valores baixos, próximos a zero, indicam a presença de minerais

paramagnéticos.

Na Figura 4.1 pode-se observar a variação de susceptibilidade, SIRM e

SIRM/Susceptibilidade com a profundidade. Considerando-se a alta variabilidade de χ em

função de pequenas alterações na concentração, tamanhos de grãos, estados de oxidação dos

minerais presentes nas amostras, notam-se valores muito semelhantes para os três ambientes,

com alguma variação nos diferentes níveis amostrados. Pequenas variações na SIRM e

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SIRM/Susceptibilidade, como as notadas na figura, podem refletir variações nas concentrações

de componentes ferrimagnéticos como já apontado por Maher (1986).

Figura 4.1 – Medidas da (A) susceptibilidade magnética, (B) SIRM e (C) SIRM/Susceptibilidade em função da

profundidade, onde P1 (10 m do cupinzeiro), P2 (5 m) e P3 ninho do cupim.

4.1.2 – Susceptibilidade AC

A Susceptibilidade em campo magnético alternado (AC) foi medida para as amostras

de solo e ninhos. As curvas obtidas para as amostras naturais apresentam respostas

semelhantes. Tendo em vista isto, foi feito um extrato magnético (utilizando um imã) da

amostra do ninho do cupim (JF42A) para observar melhor as feições.

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A Figura 4.2 mostra a variação da susceptibilidade AC para diferentes freqüências (1,

6, 32, 178 e 997 Hz). Todas as amostras apresentam um portador magnético similar. A

susceptibilidade aumenta com o aumento da temperatura e decresce com o aumento da

freqüência. Observa-se na figura um pico na susceptibilidade para a temperatura de 50 K.

Segundo Kosterov (2003) este pico está relacionado a temperatura de bloqueio (Tb) dos

minerais magnéticos presentes. O acréscimo da susceptibilidade abaixo de 100 K está

relacionado a susceptibilidade ferromagnética com titanomagnetita rica em titânio como

portador magnético, conforme já apontado por Moskowitz et al. (1998), Carter-Stiglitz et al.

(2006) e Jackson et al. (2006).

Moskowitz et al. (1998) sugerem que a transição em 50K está relacionado com a

titanomagnetita TM20-TM30 (20 e 30 são as porcentagens de titânio na amostra).

Figura 4.2 - Susceptibilidade AC em função da temperatura e freqüência com a amplitude constante de 239 A/m

para o extrato magnético da amostra JF42A apresentando valores compatíveis aos da titanomagnetita.

4.1.3 - Curvas Termomagnéticas: Susceptibilidade em Função da Temperatura

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Neste trabalho foram obtidas curvas termomagnéticas a baixas e altas temperaturas, no

intervalo entre -197 °C até aproximadamente 705°C. Para as curvas a partir da temperatura

ambiente, usou-se atmosfera de argônio.

A Figura 4.3 apresenta as curvas termomagnéticas obtidas em alta temperatura para as

amostras do solo (JF40 e 41), cupinzeiro (JF42) e formigueiro (JF43) e De modo geral todas

as curvas mostram o mesmo comportamento irreversível; inicialmente, ligeiro aumento da

suscetibilidade com pico entre 200 e 250°C e decaimento até 400-450°C, outro pico a

aproximadamente 500°C e decaimento da suscetibilidade até temperaturas acima de 600°C,

principalmente nas amostras do cupinzeiro. Numa das amostras do cupinzeiro (JF43A) e do

solo a 10m do mesmo (JF40C), há um terceiro pico de suscetibilidade a 570-580°C. As curvas

de resfriamento não mostram a feição de mais baixa temperatura, indicando que se trata de

mineral instável que desapareceu no aquecimento. Esse comportamento é sugestivo da

presença de maghemita e titanomagnetita. Curvas termomagnéticas muito semelhantes foram

relatadas por Lu et al. (2008) para solo de origem basáltica, onde a magnetita é, em geral,

mineral predominante.

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Figura 4.3 – Curvas termomagnéticas de alta temperatura das amostras coletadas em Campinas, SP. (A) Solo a

10 m do cupinzeiro, (B) solo a 5 m do cupinzeiro, (C) solo do cupinzeiro (ninho) e (D) solo do formigueiro

(ninho). A cor vermelha indica a amostra coletada na superfície (0 cm), a verde a amostra em 25 cm e a azul a

amostra coletada em 45 cm de profundidade.

Na etapa de resfriamento da amostra podemos observar que a susceptibilidade

magnética chega a ser três vezes maior em relação à inicial. Böhnel et al. (2002)

estabeleceram o parâmetro IP (Irreversibility Parameter) que permite avaliar o grau de

alteração entre as fases de aquecimento e resfriamento: IP=0 para amostras não alteradas e

IP=-1 ou IP>1 para amostras fortemente alteradas. Matematicamente, o parâmetro de

irreversibilidade (IP) é definido pela relação

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53

∫ −

=2

1

2

1

)(

)()(

T

T

oaqueciment

T

T

oaquecimenttoresfriamen

dTTM

dTTMTM

signIP (4.1)

onde, )100()100(...

)100()100(...

oaquecimenttoresfriamen

oaquecimenttoresfriamen

MMse

MMsesign

<

>±= , sendo )(TM toresfriamen e )(TM oaqueciment os

maiores valores de campo induzido durante a magnetização no aquecimento e resfriamento, e

os limites de integração 1T e 2T representam o menor e o maior valor da temperatura durante o

aquecimento e resfriamento.

As amostras analisadas neste trabalho apresentam valores maiores do que 1, indicando

forte alteração. As curvas termomagnéticas irreversíveis mostram que as novas magnetitas

foram formadas durante o aquecimento, caracterizadas pelo pico de Hopkinson em torno de

~500°C.

A variação da suscetibilidade a baixas temperaturas apresenta configuração bastante

semelhante para todas as amostras, caracterizada pela diminuição da suscetibilidade entre -170

e -150°C e posterior aumento (Figura 4.4).

A suave inflexão nas curvas observadas na Figura 4.4 em -150°C pode estar

relacionada com a titanomagnetita. Isto se deve a temperatura de Curie (Tc) do mineral

magnético contido na amostra. A Tc é temperatura necessária para destruir o acoplamento

entre os spins, ocorrendo o desordenamento dos momentos magnéticos. No caso das

titanomagnetitas Tc cai de forma aproximadamente linear com a composição, indo de 580°C

para a magnetita até -153°C para o ulvöspinélio, Fe2TiO4 (Dunlop e Özdemir, 1997). Os

valores de Tc desses minerais podem diminuir através da substituição de íons de ferro por

espécies diamagnéticas.

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54

Figura 4.4 – Curvas termomagnéticas a baixa temperatura para as amostras de solo de Campinas, SP. (A) Solo a

10 m do cupinzeiro, (B) solo a 5 m do cupinzeiro, (C) solo do cupinzeiro (ninho) e (D) solo do formigueiro

(ninho).

4.1.4 – Curvas de Magnetização Remanente Isotérmica (MRI)

Foram obtidas curvas de MRI para todas as amostras de solo em campos de até 2 T. As

curvas apresentam comportamentos muito semelhante, variando apenas ligeiramente a

intensidade da magnetização de saturação (Figura 4.5). As curvas indicam a predominância de

minerais de baixa coercividade e, secundariamente, a presença de outra fase mais coerciva.

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Figura 4.5 – Curvas de magnetização remanente isotérmica das amostras do solo (A) 10 m do cupinzeiro, (B) 5

m do cupinzeiro, (C) do cupinzeiro (ninho) e (D) do formigueiro (ninho).

Os valores da MRI de saturação e da coercividade de remanência (Hcr) dos minerais

magnéticos podem ser obtidos pelo método de Kruiver et al. (2001). O método consiste em

ajustar a curva MRI a uma curva cumulativa log-Gaussiana (CLG) proposta por Robertson e

France (1994), baseando-se no gradiente da curva MRI (Figura 4.6). A caracterização do

mineral magnético da amostra utilizando este modelo é feita pela MRI de saturação, o campo

onde a metade da SIRM é alcançada (B1/2) e o parâmetro de dispersão (DP). Em caso de uma

mistura de minerais, realiza-se o ajuste com mais de um componente e, neste caso, as curvas

MRI se somam linearmente. Os parâmetros utilizados para o ajuste das curvas estão dispostos

na Tabela 4.1

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56

Tabela 4.1 – Parâmetros de ajuste das curvas MRI.

Amostra Componente 1 Componente 2

MRIS

(A/m)

% B1/2

(mT)

DP MRIS

(A/m)

% B1/2

(mT)

DP

JF40A 7,5×102 77,3 39,8 0,40 2,2×102 22,7 794,3 0,80

JF40B 5,9×102 64,8 63,1 0,65 3,2×102 35,2 31,6 0,20

JF40C 5,9×102 67,8 35,5 0,40 2,8×102 32,2 158,5 0,80

JF41A 6,3×102 68,5 79,4 0,55 2,9×102 31,5 24 0,20

JF41B 5,2×102 62,7 25,1 0,35 3,1×102 37,3 199,5 0,55

JF41C 5,1×102 70,8 70,8 0,60 2,1×102 29,2 25,1 0,20

JF42A 5,6×102 66,7 79,4 0,60 2,8×102 33,3 25,1 0,20

JF42B 6,05×102 68,4 35,5 0,35 2,8×102 31,6 125,9 0,65

JF42C 5,3×102 67,1 79,4 0,60 2,6×102 32,9 20 0,15

JF43A 6,05×102 71,6 63,1 0,60 2,4×102 28,4 25,1 0,20

As curvas MRI obtidas neste trabalho ajustaram-se utilizando somente duas

componentes e indicam valores de saturação entre 5,05 e 7,50×102 A/m para a componente 1 e

entre 2,10 e 6,60×102 A/m para a componente 2. As coercividades de remanência variam entre

25,1 e 79,4 mT para a componente 1 e entre 19,5 e 794,3 mT para a componente 2.

Os valores encontrados para a componente 1 possuem baixa coercividade, indicando a

presença de magnetita, maghemita ou titanomagnetita. A segunda componente apresenta alta

coercividade que pode estar relacionado com hematita. Na componente 1, os dados MRI

condizem com as curvas termomagnéticas que indicam a presença de titanomagnetita e

maghemita. Já para a componente 2 os valores da MRI não condizem com as curvas

termomagnéticas, visto que não é observado a presença de hematita.

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57

Figura 4.6 – Análise CLG para a amostra JF40A1 coletado no cupinzeiro. A combinação entre LAP, GAP e SAP

compõe o conjunto de dados para a análise CLG, e que torna possível obter-se as componentes referentes às

curvas de aquisição MRI. O ajuste destas curvas é feito através da sobreposição das curvas das componentes 1 e

2, resultando na curva em vermelho.

4.1.5 – Curvas de Histerese em Função da Temperatura

As curvas de histerese foram obtidas variando-se a temperatura entre 10 e 300 K. As

amostras foram resfriadas em campo zero até 10 K, com uma remanência de saturação (SIRM)

determinada em um campo de 1.5 T, e então é medida em campo aproximadamente nulo em

intervalos de 10 K, até atingir a temperatura ambiente (300 K). A curva de remanência é

medida na ausência de campo magnético aplicado, quando esta curva atingir a magnetização

zero, obtêm-se o parâmetro Bcr.

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58

A Figura 4.7 mostra as curvas de histerese para as amostras de solo, medidas em 300 K

(temperatura ambiente) e a 10 K. As curvas foram corrigidas para eliminar as contribuições

paramagnéticas para altos campos (Gee e Kent, 1999). A Tabela 4.2 sumariza os valores do

campo coercivo (Bc), campo coercivo remanente (Bcr), magnetização de saturação (Ms),

magnetização remanente de saturação (Mrs), razão da magnetização remanente de saturação e

magnetização de saturação (Mrs/Ms) e a razão entre o campo coercivo remanente e o campo

coercivo (Bcr/Bc) obtidos em temperatura ambiente (~300 K) e em baixa temperatura (~10

K).

Figura 4.7 – Curvas de histerese em temperatura ambiente (~300 K) e em baixa temperatura (~10 K) para o solo

a (A) 10 m do cupinzeiro, (B) a 5 m do cupinzeiro , (C) cupinzeiro (ninho) e (D) formigueiro (ninho).

É possível notar um estreitamento nas curvas, próximo a origem, este comportamento é

conhecido como “cintura de vespa” (Roberts et al., 1995; Tauxe et al., 1996; Dunlop e

Özdemir, 1997) e é indicativo da presença de mais de um mineral ou tamanhos diferentes de

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59

um mesmo mineral. Observa-se também uma inflexão nas curvas de baixa temperatura em

baixos campos, reforçando a observação anterior bem como a conclusão baseada na análise

das curvas.

Tabela 4.2 - Valores dos parâmetros de histerese em temperatura ambiente e baixa temperatura.

Amostra Medidas em ≈ 300 K Medidas em ≈ 10 K

Ms

(Am2/kg)

Mrs/Ms Bc

(mT)

Bcr/Bc Ms

(Am2/kg)

Mrs/Ms Bc

(mT)

Bcr/Bc

JF40A 0,0679 0,22 10,14 2,70 0,3417 0,56 62,47 -

JF40B 0,0716 0,22 8,87 2,61 0,1907 0,72 272,85 -

JF40C 0,0685 0,21 8,97 2,94 0,1989 0,68 116,48 -

JF41A 0,0594 0,24 10,56 2,79 0,2119 0,66 250,91 -

JF41B 0,0507 0,23 9,17 2,93 0,1782 0,71 310,39 -

JF41C 0,0590 0,24 10,12 2,88 0,1827 0,69 318,43 -

JF42A 0,0659 0,24 10,22 2,62 0,3316 0,53 218,68 -

JF42B 0,0618 0,23 9,15 2,64 0,2083 0,68 301,80 -

JF42C 0,0941 0,20 8,65 2,65 0,1965 0,72 341,23 -

JF43A 0,0624 0,23 9,82 2,66 0,1955 0,71 291,26 -

Para a temperatura de 300 K, as amostras possuem comportamento de pseudo-domínio

simples (PSD): Mrs/Ms = 0.20-0.24 e Bcr/Bc = 2.61-2.94. Para a temperatura de 10 K a

magnetização de saturação e o campo coercivo aumentam e a razão Mrs/Ms = 0.53-0.72

também aumenta significativamente. Nota-se nitidamente o comportamento “cintura de vespa”

tanto nas temperaturas altas quanto nas baixas. A Figura 4.8 mostra o diagrama de Day (Day,

et al., 1977) para as amostras de solo de ninhos em temperatura ambiente.

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60

Figura 4.8 – Diagrama de Day para as amostras de solo e ninhos, mostrando o comportamento PSD das

partículas.

Os valores dos parâmetros de histerese apresentam valores compatíveis aos da

titanomagnetita e/ou maghemita (Wang e Van der Voo, 2004; Day et al., 1977). No entanto,

estes resultados combinados com os das curvas termomagnéticas podem indicar a presença de

titanomaghemita.

Parâmetros como a coercividade e a magnetização de saturação variam com a

temperatura e a Figura 4.9 mostra essas variações para as amostras de solo e ninhos dos

insetos. A coercividade decresce abruptamente com o aumento da temperatura até

aproximadamente 40 ºC e estabiliza a seguir. As amostras apresentam padrão semelhante,

entretanto as amostras de solo (JF40A e JF40C) divergem ligeiramente até temperaturas de

aproximadamente 180K.

Já para a magnetização de saturação as amostras com curvas divergentes do padrão

geral são JF40A e JF42A. Para todas elas há aumento da magnetização até 40 ºC e decréscimo

continuo até a temperatura ambiente. Estes valores podem estar relacionados com

titanomagnetitas com baixo teor de Ti (Özdemir e O’Reilly, 1981; O’Reilly, 1984; Wang e

Van der Voo, 2004; Dunlop e Özdemir, 1997), ou com titanomaghemita metaestável

(O’Reilly, 1984; Özdemir, 1987).

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61

Figura 4.9 – Variação da coercividade (A) e da magnetização de saturação (B) com a temperatura paras as

amostras de solo e ninhos. A coercividade cai abruptamente com o aumento da temperatura e a magnetização tem

um pico em 50 K.

4.1.6 – Ressonância Ferromagnética (RFM)

Os resultados obtidos através dos espectros de ressonância ferromagnética (Figura

4.10), apontam para uma importante semelhança para todas as amostras de solo, coletados a

45, 25 e 0 cm de profundidade, com exceção da amostra JF42A, cujo material faz parte do

ninho dos cupins. Para as medidas utilizou-se o Espectrômetro Bruker banda-X, modelo ESP

300E. As amostras foram medidas com potência de microondas de 4 mW, freqüência de

modulação de 100 kHz e amplitude de 2,018 Oe.

O parâmetro g, um dos mais importantes para a identificação do tipo de mineral

contido na amostra, apresentou valores entre 2.11 e 2.27. Este resultado indica que o mineral

magnético dominante na amostra é composto por partículas de óxidos de ferro que,

tipicamente, apresentam valores de g entre 2.0 e 2.3 (Goldfarb et al., 1994; Catana et al., 1995;

Lee e Rhee, 1999).

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62

Com os valores obtidos pelo espectro EPR podemos concluir que os íons Fe3+ nas

amostras estão localizados em sítios não-distorcidos, ocupando espécies de óxidos ou

hidróxidos de ferro, em posições intersticiais (g=2.3) e coordenadas octaédricas nos sítios

onde ocorre a troca de cátions (g=2.0) (Mansanares et al., 1989; Goldfarb et al., 1994). A

Tabela 4.3 mostra os dados dos principais parâmetros RFM.

Figura 4.10 – Comparação dos espectros RFM do solo (A) 10 m do cupinzeiro, (B) 5 m cupinzeiro, (C)

cupinzeiro e (D) formigueiro.

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63

Tabela 4.3 – Resultados da análise por RFM; parâmetro g, largura de linha (∆B) e parâmetro assimétrico (A)

Amostra g �B (mT) A

JF40A 2,12 95,11 0,84

JF40B 2,11 95,11 0,81

JF40C 2,13 98,54 0,85

JF41A 2,16 91,69 1,06

JF41B 2,13 99,22 0,87

JF41C 2,12 95,8 0,79

JF42A 2,27 125,9 0,97

JF42B 2,13 99,9 1,03

JF42C 2,13 110,16 0,83

JF43A 2,13 99,22 0,90

4.1.7 - Curvas ZFC(2.5T)/FC(2.5T)

A Figura 4.11 apresenta as curvas ZFC/FC para as amostras de solo e ninhos. As

curvas são muito semelhantes, indicando a ocorrência de um mineral dominante na amostra.

Em geral observa-se a curva FC está acima da curva ZFC. As curvas não apresentam a

transição de Verwey da magnetita (entre 100 e 120 K) o que descarta a presença de magnetita

pura nas amostras de solo e nos ninhos. Provavelmente a magnetita existe, mas neste caso está

apenas como “traço” e não aparece nos dados devido a alta alteração devido ao intemperismo

do solo.

Estes dados sugerem que as amostras possuem minerais magnéticos oxidados ou que

contenham uma pequena quantidade de Ti (Moskowitz et al., 1998; Kosterov, 2001). Se

observarmos a temperatura de Curie dessas amostras é possível afirmar que estas amostras

contem magnetita parcialmente oxidada. No entanto, se observarmos os dados de histerese

observamos duas componentes, com coercividades diferentes, o que pode justificar a presença

de titanomagnetita e maghemita como portadores magnéticos dominantes nas amostras do

solo. As curvas ZFC e FC mostram que a remanência magnética das amostras do solo são

estáveis e apresentam grau de oxidação.

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64

Figura 4.11 – (A) Curvas de magnetização remanente ZFC/FC(2.5T) para a amostra de solo 10 m do cupinzeiro.

A curva em preto representa a amostra superficial (JF40A), em azul a amostra a 25 cm (JF40B) e em vermelho a

amostra a 45 cm (JF40C). (B) Curvas ZFC/FC(2.5T) para a amostra de solo 5 m do cupinzeiro. (C) Curvas

ZFC/FC(2.5T) do cupinzeiro e (D) Curvas ZFC/FC(2.5T) do formigueiro. As curvas são muito semelhantes,

mostrando não possuir diferença do material do solo para o dos ninhos.

4.1.8 – RTSIRM

A Figura 4.12 mostras as curvas RTSIRM para as amostras de solo. Durante o

resfriamento, a RTSIRM decresce continuamente com o aumento da temperatura. Segundo

Franke et al. (2007) considera-se duas possibilidades para este fenômeno, a presença de

goetita ou óxidos de ferro ricos em titânio. Para os dados do solo o material mais provável são

os minerais ricos em titânio, representado pelo decréscimo contínuo da RTSIRM durante o

aquecimento (Kosterov, 2007; Dillon e Franke, 2008).

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65

A Figura 4.12 mostra a comparação entre o solo e os ninhos dos insetos. Não se

observa diferenças significativas de um ambiente para outro, o que afirma que o material dos

ninhos é o mesmo do solo.

A presença de titanomagnetita nestes dados podem ser confirmados com os dados de

histerese. A estabilidade das curvas RTSIRM em baixas temperaturas com valores do campo

coercivo acima de 220 mT é bem definida. Para titanomagnetitas com campo coercivo alto

para baixas temperaturas não é bem determinado pela literatura. Schmidbauer e Readman

(1982) mostraram valores de campo coercivo de 500 mT para titanomagnetitas com

composição x = 0.8 para 4.2 K.

Figura 4.12 – (A) Curvas de magnetização remanente isotérmica de saturação a temperatura ambiente

(RTSIRM) do solo a 10 m do cupinzeiro. A curva em preto representa a amostra superficial (JF40A), em azul a

amostra a 25 cm (JF40B) e em vermelho a amostra a 45 cm (JF40C). (B) Curvas RTSIRM para a amostra de solo

5 m do cupinzeiro. (C) Curvas RTSIRM do cupinzeiro e (D) Curvas RTSIRM do formigueiro.

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66

4.2 – Características Magnéticas dos Insetos

4.2.1 – Curvas de Histerese

Elaborou-se curvas de histerese também para os cupins da espécie Neocapritermes

opacus (Figura 4.13), entretanto as curvas de histerese obtidas para as formigas da espécie

Pachycondyla marginata não forneceram bons resultados devido ao alto ruído. O material

magnético revelado nos cupins é de baixa coercividade podendo estar relacionado com

magnetita ou maghemita. Os valores da razão Bcr/Bc e Mrs/Ms caracterizam partículas do tipo

pseudo-domínio simples (PSD). O mesmo resultado foi encontrado por Esquivel et al. (2004)

em análise anterior e os autores sugerem que estes parâmetros estão relacionados com

partículas de tamanho entre 100 e 220 nm. O trabalho de Esquivel et al. (2004) sugere a

magnetita como portador magnético do Neocapritermes opacus por ser o mineral magnético

comumente encontrado em animais. No entanto, pode também apresentar outros óxidos de

ferro, maghemita, é um bom candidato como magnetoreceptor, independente da degradação da

magnetita, produzido por alterações químicas. Porém isso não pode ser conclusivo porque, já

que não foi realizada a dieta dos insetos em nosso estudo. Os resultados sugerem que o

mineral magnético dominante nos cupins é o mesmo do solo, porém nada podemos concluir

sobre a origem uma vez que os insetos não foram submetidos a dieta antes das medidas.

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67

Figura 4.13 – (A) Curva de histerese dos cupins da espécie Neocapritermes opacus. Os dados Hc, Hcr, Ms e Mrs

sugerem um mineral com baixa coercividade, provavelmente magnetita, maghemita ou titanomaghemita. (B)

Diagrama de Day mostrando que o mineral dentro do inseto é PSD.

4.2.2 – Curvas ZFC(2.5T)/FC(2.5T)

As curvas de magnetização remanente ZFC/FC para os cupins da espécie

Neocapritermes opacus e formigas da espécie Pachycondyla marginata foram obtidas com o

mesmo procedimento das amostras de solo. Os insetos foram moídos e colocados em uma

cápsula de silicone para ser medido no magnetômetro SQUID MPSM2.

A Figura 4.14 mostra as curvas de baixa temperatura ZFC/FC (2.5T) para os cupins e

formigas. As curvas do cupim Neocapritermes opacus não apresentam a transição de Verwey

(Tv) da magnetita, o que descartaria a existência desse mineral. Por outro lado, vale lembrar

que partículas muito finas de magnetita não apresentam Tv. O tamanho de partícula limite

para observar a Tv não é bem determinado, mas acredita-se que abaixo de 20 nm a Tv não

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esteja presente (Dunlop, 2007). Os trabalhos de Oliveira et al. (2005) e Oliveira et al. (2008)

mostram uma clara mudança nos parâmetros de histerese (Ms, Mrs e Hc) com a dieta dos

cupins, o que pode ser resultado da oxidação das partículas de magnetita, visto que os insetos

vão morrendo com esta dieta e as partículas podem ser oxidadas em poucas horas. Não se

descarta a presença de titanomagnetita também nos cupins, já que os parâmetros são muito

semelhantes ao material do solo, ou ainda a maghemita.

Figura 4.14 – Curvas de magnetização remanente ZFC/FC(2.5T) para cupins da espécie Neocapritermes opacus

(A) e formigas da espécie Pachycondyla marginata (B), para as quais observa-se a transição de Verwey da

magnetita entre 100 e 120 K.

Nas curvas das formigas da espécie Pachycondyla marginata a Transição de Verwey

da magnetita em 120 K aparece bem caracterizada. Desse modo, o mineral magnético

dominante nas amostras das formigas é a magnetita (Dunlop e Özdemir, 1997; Kosterov,

2003; Moskowitz et al., 1998). Este resultado pode sugerir que é a própria formiga que produz

os minerais de magnetita através da sintetização do ferro já que estes minerais puros não

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69

foram encontrados no solo e nos cupins da espécie Neocapritermes opacus, alimento destas

formigas.

4.2.3 – RTSIRM

Os resultados apresentados na Figura 4.15 confirmam os mostrados pelas curvas

ZFC/FC(2.5T). Para os cupins da espécie Neocapritermes opacus observa-se uma pequena

inflexão nas curvas, no entanto, isso não é evidente e não pode ser caracterizado como a Tv da

magnetita. A contribuição magnética deve estar relacionado com maghemita ou

titanomagnetita, como já foi mostrado pelos dados anteriores.

Para as formigas da espécie Pachycondyla marginata a Transição de Verwey da

magnetita em 120 K é bem evidente. Estes dados indicam a presença de magnetita no corpo

das formigas. A presença de magnetita nesta espécie de formiga já foi documentado pelo

Grupo de Biofísica do CBPF, como já foi citado anteriormente. A curva RTSIRM-

resfriamento mostra maiores intensidades de M (magnetização) do que a de resfriamento.

Resultados muito semelhantes a estes foram publicados por Kosterov (2003). Nesse trabalho o

autor sugere partículas de magnetita PSD em altas temperaturas e SD em temperaturas baixas.

Outros autores relacionam estes valores a partículas de magnetita SD/PSD (Özdemir e Dunlop

1998, 1999; Özdemir et al. 2002).

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Figura 4.15 – RTSIRM para os cupins da espécie Neocapritermes opacus e formigas da espécie Pachycondyla

marginata.

4.2.4 – Ressonância Ferromagnética (FMR)

As medidas foram realizadas nas formigas e cupins à temperatura ambiente, alguns

dias após a coleta das mesmas em campo, utilizando o espectrômetro Bruker banda-X. As

formigas da espécie Pachycondyla marginata são muito grandes para serem medidas no

equipamento foram separadas em três partes, cabeça, tórax e abdômen. Os cupins da espécie

Neocapritermes opacus foram medidos de corpo inteiro.

Os espectros da Figura 4.16 mostram os dados obtidos para os insetos coletados nos

sítios JF42 e JF43, ninho do cupinzeiro e formigueiro, respectivamente.

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Figura 4.16 - Espectros FMR da cabeça, abdômen e tórax da formiga Pachycondyla Marginata e do cupin

Neocapritermes opacus. As linhas pontilhadas mostram os respectivos valores de g das amostras.

No espectro da cabeça da formiga observamos uma linha assimétrica em g = 4.6 e g =

2,13, sendo que o primeiro é característico de íons de Fe3+ magneticamente isolado

(Yahiaoui, et al., 1994) e o segundo está relacionado com óxidos de ferro (Goldfarb et al.,

1994; Catana et al., 1995; Lee e Rhee, 1999). Uma linha estreita aparece em g = 2, o que pode

estar relacionada a processos biológicos (Moraes, et al., 1987; Esquivel et al., 2004; Wajnberg

et al., 2000; Oliveira, 2005; Alves, 2004).

No abdômen observamos uma linha assimétrica em g = 2,23 que pode estar relacionada

a óxidos de ferro. Uma linha estreita aparece novamente em g = 2, que provavelmente está

relacionada a processos biológicos como o que foi encontrado na cabeça. No tórax

observamos novamente os valores de g = 2 e uma linha assimétrica em 2, 05.

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No cupim da espécie Neocapritermes opacus observamos um valor g = 2.13 é muito

semelhante ao observado no solo, o que indica que provavelmente que o mineral magnético

dominante no corpo do inseto é o que ele consome do solo. Porém, Oliveira et al. (2005)

mostraram a variação dos parâmetros Ms, Mrs e Hc com a dieta dos cupins, e sugeriram que

os cupins podem produzir os óxidos de ferro. Oliveira et al. (2008) relatam que os cupins

morreram no decorrer da dieta o que pode implicar na rápida oxidação do material

magnético. Com o tamanho de grão das partículas magnéticas em torno de 20 nm reportadas

por Acosta-Avalos et al. (1999) a magnetita pode oxidar em questões de horas se não existir

nenhuma proteção.

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Capítulo 5

Discussões e Conclusões

Os resultados apresentados no capítulo anterior permitem concluir sobre a existência

de magnetita no corpo das formigas da espécie Pachycondyla marginata, na cabeça e no

abdômen. Esse mineral foi claramente identificado através das curvas RTSIRM e medidas de

ressonância ferromagnética, onde a transição de Verwey é notória. Este resultado confirma

aqueles já relatados por (Acosta-Avalos et al., 1999) para formigas da mesma espécie e

também coletadas na área da Mata Santa Genebra em Campinas, SP, indicando a presença de

magnetita e maghemita, além de outros óxidos de ferro. Entretanto, nos cupins da espécie

Neocapritermes opacus as curvas RTSIRM mostraram inflexão muito sutil a temperaturas

próximas da transição de Verwey, o que não deixa clara a presença desse mineral no corpo dos

insetos.

Esquivel et al. (2004) relatou quantidade muito maior de minerais magnéticos nos

cupins do que nas formigas. Oliveira et al. (2008) determinaram para a mesma espécie de

cupins nanopartículas com diâmetros da ordem de 11.6±0.3nm e de 14.0±0.4nm, quando

submetidos a dieta. Nas formigas Pachycondyla marginata, Acosta-Avalos et al. (1999)

identificaram dois grupos de tamanhos de grãos em partes (cabeça, tórax e abdômem) dos

insetos, porém com médias semelhantes (aproximadamente 39nm de comprimento e 26nm de

largura). Em trabalho comparativo, Esquivel et al. (2004) indicaram vários parâmetros

magnéticos (JR, JS, χ0, HC) que são maiores (uma ou duas ordens de grandeza) para os cupins.

A coercividade (HC) segundo o eixo z e x, forneceram valores da ordem de 30 e 59 Oe,

respectivamente para as formigas e de 100 e 111Oe, para os cupins.

Neste trabalho, o diagrama de Day (Fig. 4.8) indica grãos PSD nos cupins equivalente

aos das amostras de solo, entretanto não se tem a mesma determinação para as formigas. Por

outro lado, nota-se que a intensidade de magnetização SIRM, bem como nas curvas ZFC/FC, é

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muitas ordens (~102) de grandeza maior nos cupins do que nas formigas, o que concorda com

a diferença nos parâmetros descritos acima.

Curiosamente, neste trabalho as formigas também foram analisadas sem dieta e o sinal

das nanopartículas de magnetita é persistente e perfeitamente identificável. Vale lembrar que

para se obter um sinal detectável, foi preciso medir várias formigas simultaneamente.

Nos ninhos dos insetos, tanto o cupinzeiro como o formigueiro, os dados não

indicaram a presença de magnetita. As curvas de aquisição da MRI (Fig.4.5) mostram o

mesmo comportamento para os dois ambientes e que é igual ao das amostras de solo. A

intensidade máxima de magnetização de saturação é semelhante em todos os pontos de

amostragem, sendo que as amostras do ponto JF40, mais distante dos ninhos, apresentam

praticamente a mesma intensidade de magnetização, ao passo que no ponto JF42 (ninho dos

cupins) há um ligeiro decréscimo da MRI com a profundidade. Embora as diferenças não

sejam grandes, é possível que reflitam concentrações distintas de minerais ou estados de

oxidação. Entretanto, é importante ressaltar que não se fez um controle rigoroso das

quantidades de material utilizadas nas medidas.

Independentemente da presença de magnetitas e/ou maghemitas biogênicas produzidas

pelos insetos, os ninhos e o solo ao redor, apresentam a mesma mineralogia e que é

extremamente simples: foram identificadas apenas titanomagnetitas e maghemitas PSD. Solos,

em geral, têm como principais portadores magnéticos, maghemita, goetita e hematita e,

eventualmente magnetita.

Le Borgne (1955, 1960) sugeriu que a fermentação orgânica ou aquecimento

(queimadas) promovem a redução da goetita ou hematita para magnetita e posterior oxidação

para maghetima. Por essa razão a camada superior dos solos tem maior suscetibilidade. Essa

proposta é condizente com os dados encontrados neste trabalho, isto é, tem-se a presença de

maghemita e titanomagnetita altamente oxidada (baixo conteúdo de Titânio). Fermentação e

“decaimento” da matéria orgânica em condições anaeróbicas durante períodos úmidos,

também podem produzir redução da hematita, segundo aquele autor. A oxidação ocorre

durante condições aeróbicas secas subseqüentes. Outros mecanismos para o alto χ nos solos é

a acumulação de minerais litogênicos e produção in situ de óxidos magnéticos pelos próprios

processos pedogênicos (Maher and Taylor, 1988).

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Os hábitos dos cupins em relação à construção de seus ninhos são também reveladores

para a interpretação das características magnéticas. Segundo Fontes e Araújo (1999) e Lee e

Wood (1971) cupins constroem seus ninhos e túneis através de três mecanismos básicos: (1)

coletas de partículas no ambiente (por exemplo, solo com argila) que são cimentadas pela

saliva e fezes do cupim; (2) estruturas de natureza fecal e (3) os de natureza mista. Após a

construção dos túneis os insetos revestem os túneis com uma película de matéria fecal. Essa

película contém material orgânico (alimento ingerido, células desgastadas do intestino) em

mistura com alimentos minerais (como pequenas partículas do solo). Os cupins mortos ou que

aparentam comportamento anômalo são ingeridos pelos operários da colônia, provendo a

população com suas proteínas e sais minerais. As partes mais volumosas e quitinizadas (como

mandíbulas e parte da cabeça) não podem ser ingeridas e são descartadas dentro dos ninhos,

ou são utilizados na construção das paredes ou em seu revestimento, como “tijolos”

cimentados com fezes.

Partindo-se do princípio que estes insetos produzem partículas magnéticas, devem

liberá-la depois de mortos dentro do ninho e incorporados no solo durante a construção do

mesmo. Desse modo, o próprio material de construção dos ninhos deve conter alguma

concentração de minerais biogênicos, além dos minerais inorgânicos encontrados no solo.

Entretanto, a similaridade dos resultados do ninho e do solo próximo, pode sugerir que os

cupins, na realidade, não apresentem biomineralização. Por outro lado, os minerais

encontrados no solo, bem como nos ninho, tanto dos cupins como das formigas, podem ser o

resultado da alteração dos minerais de origem orgânica produzidos por cupins ou formigas, ou

ambos.

Por outro lado, as formigas Pachycondyla marginata ao se alimentarem desses cupins

devem contribuir para disseminar as partículas produzidas por eles. O alimento da colônia é

obtido nas áreas ao redor do ninho, onde os insetos fazem voltas aleatoriamente até encontrar

o alimento, quando então retornam ao ninho pela trilha demarcada pelo feromônio liberado

pelas formigas. É possível que as formigas obtenham as partículas através de suas presas para

assim nuclear as magnetitas, em processo do tipo controlado, como proposto por Lowenstam

(1962). As novas partículas são então utilizadas, através de efeitos magneto-dinâmicos, para

orientação e localização espacial (Rosengren e Fortelius, 1986; Jander e Jander, 1998;

Çamlitepe e Stradling, 1995).

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Dessa forma, também podemos concluir que os dois insetos investigados neste trabalho

são importantes contribuintes para a magnetização do solo, conforme sugerido por Maher

(1998) para duas espécies de cupins. Além das partículas magnéticas sintetizadas por

bactérias, conforme Fassbinder (1990) estes insetos podem ser de extrema importância, visto

que são insetos migratórios que durante sua vida e após morrerem liberam as partículas

magnéticas no solo. Embora a presença de magnetita tenha sido detectada apenas nas formigas

Pachycondyla marginata, a presença desse mineral nos cupins Neocapritermes opacus, não

pode ser totalmente descartada. A mineralogia magnética, bem como suas características como

portadores magnéticos, nos ninhos dos insetos e no solo próximo, permite concluir que os

óxidos de ferro de origem orgânica devem contribuir significativamente para as propriedades

do solo.

Um aspecto não elucidado no contexto dessa dissertação é o fato de não se encontrar

magnetita no solo ou no ninho das formigas. Isto pode ser em decorrência da rápida oxidação

sofrida por essas partículas, talvez ainda dentro do organismo dos insetos ao morrerem, o que

poderá ser investigado na continuação desse trabalho.

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Capítulo 6

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