ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA TÉCNICA DE ABERTURA...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE ODONTOLOGIA ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA TÉCNICA DE ABERTURA CORONÁRIA EM LIVROS DIDÁTICOS DE ENDODONTIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Alexandre Lorenzon Portella Régis Eduardo Steffler Santa Maria, RS, Brasil 2015

Transcript of ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA TÉCNICA DE ABERTURA...

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

CURSO DE ODONTOLOGIA

ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA TÉCNICA DE

ABERTURA CORONÁRIA EM LIVROS DIDÁTICOS

DE ENDODONTIA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Alexandre Lorenzon Portella

Régis Eduardo Steffler

Santa Maria, RS, Brasil

2015

ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA TÉCNICA DE ABERTURA

CORONÁRIA EM LIVROS DIDÁTICOS DE ENDODONTIA

Alexandre Lorenzon Portella

Régis Eduardo Steffler

Trabalho apresentado para conclusão do curso de graduação em Odontologia da

Universidade Federal de Santa Maria

Orientadora: Professora Marcia da Silva Schmitz

Santa Maria, RS, Brasil

2015

Universidade Federal de Santa Maria

Centro de Ciências da Saúde

Curso de Odontologia

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o

Trabalho de Conclusão de Curso

ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA TÉCNICA DE ABERTURA

CORONÁRIA EM LIVROS DIDÁTICOS DE ENDODONTIA

elaborado por

Alexandre Lorenzon Portella e Régis Eduardo Steffler

como requisito parcial para obtenção de grau em Odontologia

COMISSÃO EXAMINADORA:

Marcia da Silva Schmitz, Prof. Dra. (UFSM)

(Orientador)

Carlos Alexandre Souza Bier, Prof. Dr. (UFSM)

Jeferson da Costa Marchiori, Prof. Dr. (UFSM)

Livio Charão Pinheiro, Prof. Esp. (UFSM)

(Suplente)

Santa Maria, 11 de dezembro de 2015.

RESUMO

ESTUDO DA EVOLUÇÃO DA TÉCNICA DE ABERTURA

CORONÁRIA EM LIVROS DIDÁTICOS DE ENDODONTIA

AUTORES: Alexandre Lorenzon Portella

Régis Eduardo Steffler

ORIENTADORA: Marcia Schmitz

Este Trabalho de Conclusão de Curso estudou a evolução da técnica de Abertura Coronária

em livros didáticos disponíveis aos alunos de graduação do Curso de Odontologia da

Universidade Federal de Santa Maria. Após a leitura trinta e três livros didáticos, de 1947 a

2015, foi possível observar a necessidade da leitura complementar aos textos de livros para

melhor compreensão e resposta ao tema proposto. Leitura esta em anexo neste trabalho.

Considerando os livros didáticos estudados foi possível concluir que ainda a técnica da

abertura coronária consiste em projetar a anatomia interna do dente à superfície externa,

possibilitando a localização dos canais radiculares e a inserção de instrumentos intra-canais

até as proximidades do final da raiz. A evolução ocorreu na maior compreensão da anatomia

reconhecendo a dificuldade diante das possíveis variações e alterações desta, a metalurgia das

brocas, o surgimento da alta rotação; e nos dias atuais o uso do ultrassom, microscópio

operatório e tomografia computadorizada. Porém, a tecnologia ainda não substituiu a destreza

manual, experiência e conhecimento do cirurgião–dentista.

Palavras-chave: Endodontia. Abertura coronária. Molares inferiores. Anatomia interna.

ABSTRACT

THE STUDY OF THE EVOLUTION OF CAVITY ACESS TECHNIQUE

IN ENDODONTICS TEXTBOOKS

AUTHORS: Alexandre Lorenzon Portella

Régis Eduardo Steffler

ADVISER: Marcia Schmitz

This Final Paper studied the evolution of access cavity technique described in textbooks

available to the students taking undergraduate Dentistry courses at Universidade Federal de

Santa Maria. After a review of thirty-three textbooks, spanning the years from 1947 until

2015, it was possible to observe the necessity of complementary reading to better understand

and respond to the proposed subject. This complementary reading is attached to this work.

Considering the textbooks studied, it was possible to conclude that as long as the technique of

access cavity be constituted of projecting the tooth’s internal anatomy to the external surface,

making it possible to locate the root canals and the insertion of intracanais instruments until

the proximities of the root’s ending. The evolution will be in a greater understanding of the

anatomy recognizing the difficulty in the face of possible variations and adjustments of it, the

metallurgy of burs, the advent of high rotation; and now a days, the use of ultrasound, dental

operatory microscope, and computerized tomography. However, technology has not yet

replaced the manual skills, experience and knowledge of the dental surgeon.

Keywords: Endodontics. Cavity acess. Lower molars. Internal anatomy.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 7

2 MATERIAL E MÉTODO .............................................................................................. 8

3 RESULTADOS ................................................................................................................ 9

4 DISCUSSÃO .................................................................................................................. 14

4.1 DA DESCRIÇÃO DA TÉCNICA .................................................................................. 14

4.2 DAS BROCAS PARA ACESSO A CÂMARA PULPAR ............................................. 15

4.3 DAS BROCAS PARA O PREPARO DA CÂMARA PULPAR ................................... 16

4.4 BROCAS PARA O PREPARO DA ENTRADA DOS CANAIS RADICULARES ..... 17

4.5 EVOLUÇÃO DA METALURGIA DAS PONTAS E BROCAS .................................. 18

4.6 OUTRAS TECNOLOGIAS IMPORTANTES ............................................................... 19

4.6.1 Ultrassom em endodontia ............................................................................................. 19

4.6.2 Microscópio operatório ................................................................................................. 20

4.6.3 Tomografia computadorizada...................................................................................... 20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 21

REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 22

ANEXO .......................................................................................................................... 28

Anexo A – Leitura complementar ............................................................................... 28

7

1 INTRODUÇÃO

No ensino de graduação o livro didático não é uma opção aconselhável. A construção

do conhecimento deve ser através da busca de artigos científicos em bancos de dados

disponíveis na rede. Entretanto, um equívoco comum que deparamos nos dias atuais é que, em

função da facilidade para coletar informação e a ausência de conhecimento para interpretar e

selecionar adequadamente a literatura disponível por grande parte dos alunos de graduação

faz do livro didático um norte para alicerçar a busca do conhecimento.

O processo ensino-aprendizagem sobre a ótica da Endodontia é que este é uma

“atividade psico-motora”. Onde toda a ciência tem como finalidade propor uma técnica mais

segura e eficaz aos pacientes com necessidade endodôntica, ou seja, uma endodontia baseada

em evidências. Associasse ao exposto que bons livros didáticos na área de interesse traz nas

referências bibliográficas no final de cada capítulo uma literatura consultada de grande

relevância.

O presente trabalho de conclusão de curso teve como finalidade avaliar dentro de um

assunto bem específico na área de Endodontia: Abertura Coronária de Molares Inferiores, a

transformação da técnica descrita nos livros didáticos ao longo do tempo enfatizando o

instrumental (brocas e pontas) utilizado para este fim. Este estudo permitiu aos autores a

melhor compreensão da necessidade dos alicerces científicos: estudos de ciências básicas e

das técnicas, permitindo equacionar o conhecimento teórico/prático necessários a sua

aplicabilidade racional e responsável em pacientes.

8

2 MATERIAL E MÉTODO

Para este estudo foram utilizados 33 livros didáticos de Endodontia cujo acesso era

possível aos alunos de graduação do Curso de Odontologia da UFSM. Os livros pertenciam a

Biblioteca Setorial do CCSH, a Disciplina de Endodontia ou acervo pessoal dos professores

de Endodontia.

A coleta das informações dos livros didáticos foram inseridas num quadro onde estão

anotados o ano de publicação, autores, título do capitulo onde estava inserido a Técnica de

Abertura Coronária, as Brocas utilizadas para o acesso da Câmara Pulpar, Brocas para o

preparo da Câmara Pulpar e Brocas para o Preparo da Entrada dos Canais Radiculares

(Quadro 1). Haja vista a impossibilidade de resumir a descrição da técnica de cada livro

didático, esta será inserida na discussão deste trabalho.

Após a apreciação das técnicas de Abertura Coronária nos livros didáticos consultados

ficou implícito a necessidade de conhecimentos complementares. O conhecimento da

anatomia dentária e as possíveis alterações e variações desta são indispensáveis para a correta

execução da técnica. Acrescenta-se que para realizar uma correta abertura coronária faz-se

imprescindível saber quais os possíveis acidentes durante este ato operatório de modo a

preveni-los. Esta leitura complementar foi colocada em tópicos no anexo deste trabalho de

forma a facilitar a leitura.

A seleção do primeiro molar inferior como referencia do estudo “Evolução da Técnica

de Abertura Coronária” foi devido este dente ser o primeiro elemento dentário permanente

posterior a erupcionar na cavidade oral. Este maior tempo na cavidade oral, justifica a grande

incidência de endodontia nestes molares (COHEN; BURNS, 1982).

9

3 RESULTADOS

Os resultados dos dados coletados na bibliografia consultada podem ser vistos no

Quadro 1.

Quadro1: Brocas utilizadas nos livros didáticos consultados para acesso e preparo da

câmara pulpar e entrada dos canais radiculares.

Ano Autor

(es)

Título

do

Livro

Título do

Capítulo

Brocas para

Acesso da

Câmara

Pulpar

Brocas para o

Preparo da

Câmara

Pulpar

Brocas para o

Preparo da

Entrada dos

Canais

Radiculares

1947 Figueiras;

Mello

Patologi

a da

Polpa

Dentária

Pulpectomia –

Emprego do

Arsênio

“brocas esféricas ou

cilíndricas”

1958

Sommer;

Ostrander;

Crowley

ENDOD

ONCIA

CLÍNIC

A

Princípios

Básicos em

Endodoncia

“fresa de fissura

estriada nº 559; fresa

redonda nº 11”

“fresa piriforme de

Ivory ou redonda nº

11”

1963 Lasala Endodon

cia

Pulpectomia

Total

“fresa de fissura;

fresa redonda de nº 8

a 11”

“fresa redonda de nº 8

a 11”

“alargadores em

forma de chama

alongada; brocas de

Gates”

1963 Grossman

(3ª edição)

ENDOD

ONTIA

PRÁTIC

A

Preparo dos

Canais

Radiculares

“broca redonda

pequena”

“brocas redondas

maiores e brocas de

fissura”

1965 Ingle

Endodon

tics

Preparação da

Cavidade

Endodôntica

“broca de fissura,

cônica, 702 U, em

contra-ângulo de alta

velocidade; broca

redonda comum nº 4

ou 6”

“broca redonda

comum nº 4 ou 6;

broca de fissura,

cônica, 702 U, em

contra-ângulo de alta

velocidade”

1971 Lasala

(2ª edição)

Endodon

cia

Pulpectomia

Total

“pontas e fresas

cilíndricas em alta

velocidade; fresas de

número 8 a 11, e

trabalhando em

baixa velocidade”

“fresas de número 8 a

11, e trabalhando em

baixa velocidade”

“fresas piriforme ou

fresas em chama;

brocas de Gates”

1976

Ingle;

Beveridge

(2ª edição)

Endodon

tics

Preparação da

Cavidade

Endodôntica

“broca de fissura,

cônica, 702 U, em

contra-ângulo de alta

velocidade; broca

redonda comum nº 4

ou 6.”

“broca redonda

comum nº 4 ou 6;

broca de fissura,

cônica, 702 U, em

contra-ângulo de alta

velocidade”

1978

Paiva;

Alvares

Endodon

tia

Preparo do

Canal

“brocas em alta

rotação esféricas,

cilíndricas, ou

tronco-cônicas lisas”

“brocas em baixa

rotação esféricas,

cilíndricas ou tronco-

cônicas, com o cume

da extremidade

previamente

arredondado; brocas de

Batt”

1980

Cohen;

Burns

(2ª edição)

Caminho

s da

Polpa

Vias de

Acesso e

Morfologia

Dentária

“broca de fissura,

cilíndrica ou cônico-

truncada (nº557 ou

701)”

“Brocas redondas

longas (nº 2,4 ou 6),

em baixa velocidade”

“brocas de Gates-

Glidden; trépanos de

Peeso”

1982

Leonardo;

Leal;

Simões;

Endodon

tia:

Tratame

ABERTURA

CORONÁRI

A

“ponta diamantada

esférica; fresa

esférica”

“fresas esféricas; fresa

de Batt; brocas de

Gates e de Pesso”

“broca de Batt;

brocas de Peeso;

brocas de Gates”

(continua)

10

Simões Filho

(1ª edição)

nto de

Canais

Radicula

res

(Desgaste

Compensatóri

o)

1982

De Deus (3ª

edição)

Endodon

tia

Tempos

Operatórios

do

Tratamento

dos Canais

Radiculares

“broca tronco-

cônica, de fissura,

alta rotação, carbide,

numero 1557; broca

de fissura, carbide

449; broca tronco-

cônica, alta rotação,

com ponta de

tungstênio, numero

1558.

“brocas redondas

números 2, 4, 6 e 8,

para ângulo, de uso

de motor de baixa

rotação,

preferencialmente

carbide; brocas

redondas números 4x

e 6x, para ângulo de

baixa rotação, de

preferência carbide,

haste longa ou

similar.”

“brocas redondas

números 2, 4, 6 e 8,

para ângulo, de uso de

motor de baixa

rotação,

preferencialmente

carbide; brocas

redondas números 4x e

6x, para ângulo de

baixa rotação, de

preferência carbide,

haste longa ou similar;

broca de Batt”

“broca Gates-

Glidden; broca de

Peeso”

1983 Lasala

(3º edição)

Endodon

tia

Pulpectomia

Total

“ponta e broca

cilíndrica de alta

velocidade; brocas

de nº 8 a 10

trabalhando em

baixa rotação”

“brocas de nº 8 a 10

trabalhando em baixa

rotação; brocas de

ponta inativa ou brocas

de Batt, tanto

cilíndricas como

tronco-cônicas de nº 2

a 8”

“brocas piriformes

ou em forma de

chama; brocas de

Gates”

1984 Paiva;

Antoniazzi

ENDOD

ONTIA

– Bases

para a

Prática

Clínica

Fase de

Acesso

“brocas esféricas,

cilíndricas ou tronco-

cônicas lisas”

“brocas esféricas;

brocas cilíndricas ou

tronco-cônicas, com o

cume da extremidade

previamente

arredondado; brocas de

Batt”

“brocas de Gates-

Glidden”

1985

Ingle;

Taintor

(3ª edição)

Endodon

tia

Preparação da

cavidade

endodôntica

“broca de fissura,

cônica, 702 U, em

contra-ângulo de alta

velocidade; broca

redonda comum nº 4

ou 6”

“broca redonda

comum nº 4 ou 6;

broca de fissura,

cônica, 702 U, em

contra-ângulo de alta

velocidade”

“alargadores de

Gates-Glidden e

Peeso”

1986 De Deus (4ª

edição)

Endodon

tia

Tempos

Operatórios

do

Tratamento

dos Canais

Radiculares

“broca tronco-

cônica, de fissura,

alta rotação, carbide,

numero 1557; broca

de fissura, carbide

449; broca tronco-

cônica, alta rotação,

com ponta de

tungstênio, numero

1558.

“brocas redondas

números 2, 4, 6 e 8,

para ângulo, de uso

de motor de baixa

rotação,

preferencialmente

carbide; brocas

redondas números 4x

e 6x, para ângulo de

baixa rotação, de

preferência carbide,

haste longa ou

similar.”

“brocas redondas

números 2, 4, 6 e 8,

para ângulo, de uso de

motor de baixa

rotação,

preferencialmente

carbide; brocas

redondas números 4x e

6x, para ângulo de

baixa rotação, de

preferência carbide,

haste longa ou similar;

broca de Batt”

“broca Gates-

Glidden; broca de

Largo”

(continuação)

11

1986

Romani e

colaboradore

s

Atlas de

técnica

endodônt

ica

Cirurgia de

Acesso

“broca esférica

carbide”

“broca esférica

carbide” “brocas de Peeso”

1988 Imura; Zuolo

Procedi

mentos

Clínicos

em

Endodon

tia

Cirurgia de

Acesso

“broca carbide nº

1557”

“broca esférica nº4 ou

6 de baixa rotação;

broca diamantada nº

3071 com a sua ponta

ativa desgastada”

“broca de Batt”

1988

Paiva;

Antoniazzi

(2ª edição)

ENDOD

ONTIA

– Bases

para a

Prática

Clínica

Fase de

Acesso

“brocas esféricas,

cilíndricas ou tronco-

cônicas lisas”

“brocas esféricas;

brocas cilíndricas ou

tronco-cônicas, com o

cume da extremidade

previamente

arredondado; brocas de

Batt de haste longa

(28mm) em baixa

rotação ou brocas

Zekrya em alta

rotação”

“brocas Gates-

Glidden”

1989

Carlos

Roberto

Berger

Endodon

tia

Cavidades de

Acesso

“broca cilíndrica

fissurada 557; brocas

esféricas números 2,

4, 6 e 8”

“brocas esféricas 2, 4,

6 e 8; brocas de Batt”

“brocas de Batt;

brocas de Peeso;

brocas Gates-

Glidden”

1991

Leonardo;

Leal (2ª

edição)

Endodon

tia:

Tratame

nto de

canais

radicular

es

ABERTURA

CORONÁRI

A (Desgaste

Compensatóri

o)

“ponta diamantada

esférica; fresa

esférica”

“fresas esféricas;

fresas especiais (Gates,

Largo e Batt); brocas

Endo-Z”

“brocas Gates-

Glidden”

1992 De Deus

(5ª edição)

Endodon

tia

Tempos

Operatórios

do

Tratamento

dos Canais

Radiculares

“broca tronco-

cônica, de fissura,

A.R., bordo

arredondado, numero

1557 ou 701,

carbide; brocas

redondas números 4,

6 e 8, para ângulo,

carbide; brocas

redondas números 4x

e 6x, para ângulo de

baixa rotação, de

preferência carbide,

haste longa ou

similar.”

“brocas redondas

números 4, 6 e 8, para

ângulo, carbide; brocas

redondas números 4x e

6x, para ângulo de

baixa rotação, de

preferência carbide,

haste longa ou similar;

broca de Batt ou a

broca Endo-Z”

“broca Gates-

Glidden; broca de

Largo”

1998

Weine

(5ª edição)

Tratame

nto

Endodôn

tico

Preparo da

cavidade de

acesso e

início do

tratamento

“brocas de haste

longa nº 701 ou 558,

nº4, nº 2”

“brocas nº 701 ou 558

especialmente

preparadas com uma

ponta arredondada

para evitar

perfurações”

“brocas Gates-

Glidden e

dilatadores Pesso”

1998

Leonardo;

Leal (3ª

edição)

Endodon

tia:

Tratame

nto de

Canais

Radicula

res

ABERTURA

CORONÁRI

A

“broca esférica

diamantada; broca

esférica de

preferencia de aço

inox ou de

tungstênio ou ainda

com broca Endo

Acess, em alta

velocidade”

“broca esférica; broca

diamantada tronco-

cônica sem corte na

extremidade; broca

esférica de aço inox

para alta rotação

(699L, 700L); broca

Endo-Z; broca de Batt

“brocas Gates-

Glidden”

1999

Estrela;

Figueiredo

(1ª edição)

Endodon

tia:

princípio

s

biológic

os e

mecânic

os

Morfologia

Interna e

Abertura

Coronária

“broca esférica

diamantada nº 1012,

1013”

“broca cônica

diamantada nº 2200,

montada em

micromotor; broca nº

3070FF; broca de

Gates-Glidden nº 1”

“brocas de Gates-

Glidden; brocas de

Largo”

(continuação)

12

1999 Lopes;

Siqueira Jr.

Endodon

tia:

biologia

e técnica

Anatomia

Interna,

Cavidade de

Acesso e

Localização

dos Canais

“broca esférica ou

tronco-cônica, de

fissura, em alta

rotação, através do

esmalte ou material

restaurador; broca

esférica Carbide em

baixa rotação; broca

para alta rotação

Endo Acess”

“brocas esféricas, em

baixa rotação,

compatíveis com o

tamanho do dente;

broca tronco-cônica de

ponta embotada (broca

de Batt)

broca Endo Zekrya;

brocas diamantadas em

alta-rotação (números

3193, 3195,3203,

3205, 3207 e 1200,

2082, sem corte na

ponta; broca para alta

rotação Endo Acess;

brocas de Largo”

“alargadores

cervicais (Orifice

Shapers), brocas

Gates Glidden,

brocas de Largo”

2004

Lopes;

Siqueira Jr.

(2ª edição)

Endodon

tia:

biologia

e técnica

Anatomia

Interna,

Cavidade de

Acesso e

Localização

dos Canais

“broca esférica ou

tronco-cônica, de

fissura, em alta

rotação, através do

esmalte ou material

restaurador; broca

esférica Carbide em

baixa rotação; broca

para alta rotação

Endo Acess”

“Brocas esféricas, em

baixa rotação,

compatíveis com o

tamanho do dente;

broca tronco-cônica de

ponta embotada (broca

de Batt)

broca Endo Zekrya;

brocas diamantadas em

alta-rotação (números

3193, 3195,3203,

3205, 3207 e 1200,

2082, sem corte na

ponta); broca para alta

rotação Endo Acess;

brocas de Largo”

“brocas Gates

Glidden e de Largo

de aço inoxidável e

pelos alargadores

cervicais de NiTi e

de aço inoxidável

(alargadores La

Axxess e FKG Pré-

Race)”

2005 Leonardo

Endodon

tia:

tratamen

to de

canais

radicular

es:

princípio

s

técnicos

e

biológic

os.

Abertura

Coronária

(Cirurgia de

Acesso)

“broca esférica

diamantada; brocas

esféricas de aço inox

ou de

Carbide/tungstênio

ou Endo Acess”

“broca esférica “inox”;

ponta diamantada

tronco-cônica sem

corte na extremidade

(ponta inativa); brocas

Endo Z, Batt ou 701L”

“brocas Gates-

Glidden; brocas

Largo; Orifice

Openers; Flare

series; Orifice

Shappers; Coronal

Shappers; Endoflare;

Pré-Race; LA

Axxess”

2007

Manoel

Eduardo de

Lima

Machado

Endodon

tia – da

Biologia

à

Técnica

Manobras

Clínicas

Associadas à

Terapia

Endodôntica:

Cirurgia de

Acesso

“broca esférica” “broca Endo-Z” “Gates Glidden”

2007

Hargreaves;

Cohen (9ª

edição)

Caminho

s da

Polpa

Morfologia

Dentária e

Preparo do

Acesso

Cavitário

“brocas esféricas

carbide (tamanhos nº

2,4 e 6); broca

carbide de fissura

nº57; broca cônico-

esférica de corte

diamantada; brocas

diamantadas

esféricas nº2 e 4”

“brocas esféricas

carbide; broca carbide

de fissura, broca

cônico-esférica de

corte diamantada;

broca Endo Z ou

diamantadas com

ponta segura”

“brocas Gates-

Glidden; limas

cônicas rotatórias nº

0,12”

2010

Lopes;

Siqueira Jr

(3ª edição)

Endodon

tia:

biologia

e técnica

Anatomia

Interna,

Cavidade de

Acesso e

Localização

dos Canais

“brocas esféricas

diamantadas para o

esmalte e de aço

inoxidável para a

dentina ou tronco-

cônica de fissura,

através do esmalte

ou material

restaurador; brocas

esféricas carbide

“brocas tronco-cônicas

de ponta embotada

(alargador de Batt);

alargador Endo

Zekrya;

pontas diamantadas em

alta rotação (nºs 3193,

3195, 3203,3205,3207

e 1200, 2082, sem

corte na ponta da KG

“alargadores Gates –

Glidden, Largo, LA-

Axxess e

instrumentos

endodônticos de

níquel-titânio

movidos a motor a

que pertencem”

(conclusão)

(continuação)

13

(tamanhos nº 2,4 e

6); broca para alta

rotação Endo Acess”

Sorensen); alargadores

Largo; broca para alta

rotação Endo Acess”

2011

Hargreaves;

Cohen

(10ª edição)

Caminho

s da

Polpa

Morfologia

Dentária e

Preparo do

Acesso

Cavitário

“brocas esféricas

carbide (tamanhos nº

2,4 e 6); broca

carbide de fissura

nº57; broca cônico-

esférica de corte

diamantada; brocas

diamantadas

esféricas nº2 e 4”

“brocas esféricas

carbide; broca carbide

de fissura, broca

cônico-esférica de

corte diamantada;

broca Endo Z ou

diamantadas com

ponta segura”

“brocas Gates-

Glidden; limas

cônicas rotatórias nº

0,12”

2011

Soares;Goldb

erg (2ª

edição)

Endodon

tia

Acesso ao

canal

radicular

“broca diamantada

esférica #1013 ou

uma broca esférica

#4 (Carbide)

montada em alta

rotação”

“broca esférica, de

tamanho compatível

com as dimensões da

câmara pulpar,

montada em um

micromotor; broca

diamantada #2082,

uma broca Endo Z,

uma broca de Batt,

uma broca de Largo”

“brocas de Gates

Glidden, de Largo,

Orifice Shapers,

PréRaCe, LA

AXXESS, e X-

Gates”

2015

Lopes;

Siqueira Jr

(4ª edição)

Endodon

tia:

biologia

e técnica

Acesso

Coronário e

Localização

dos Canais

Radiculares

“broca 1557, broca

esférica diamantada

de tamanho

compatível com a

cavidade (1011,

1012, 1013, 1014)”

“brocas esféricas e

tronco-cônicas

diamantadas de pontas

inativas (Endo Z,

3081, 3082, 3083, ou

4081, 4083)”

“alargadores Gates –

Glidden, Largo, LA-

Axxess e

instrumentos

endodônticos de

níquel-titânio

movidos a motor a

que pertencem”

Fonte: Quadro elaborado pelos autores através da literatura consultada.

(conclusão)

14

4 DISCUSSÃO

Ao analisar a evolução da técnica de Abertura Coronária em Molares Inferiores

descritas nos livros didáticos ao longo do tempo foi possível compreender a necessidade dos

alicerces científicos necessários para desenvolver uma técnica passível de se utilizar em

pacientes de forma racional e responsável. Para facilitar a leitura da discussão deste estudo

esta será realizada em tópicos.

4.1 DA DESCRIÇÃO DA TÉCNICA

Na literatura consultada pode-se observar que nas primeiras publicações destinadas a

Endodontia, a descrição da técnica de abertura coronária não ultrapassava de poucos

parágrafos. No livro de Figueiras e Mello (1947) três frases referenciavam o acesso da câmara

pulpar. Nos livros de Lasala (1963) e Grossman (1963) esta etapa operatória foi mais bem

descrita, detalhando as brocas utilizadas, direção de trepanação e forma de contorno.

Ingle (1965) foi o primeiro autor nos livros didáticos por nós pesquisados a dedicar um

capítulo inteiro exclusivamente a técnica de abertura coronária nos diferentes grupos

dentários. Este capítulo, chamado de Preparação da Cavidade Endodôntica, descreveu a

técnica de abertura coronária de molares inferiores em passos a serem seguidos com

ilustrações bastante elucidativas. Apesar de não utilizar a nomenclatura hoje difundida (ponto

de eleição, direção de trepanação, forma de contorno e forma de conveniência) todas elas

estavam inseridas no texto.

A partir do livro de Ingle (1965), os demais livros consultados dedicaram um capítulo

inteiro para descrever a abertura coronária (LEONARDO, 2005; INGLE; BEVERIDGE,

1979; COHEN; BURNS, 1982; LEONARDO; LEAL; FILHO, 1982; PAIVA;

ANTONIAZZI, 1984, 1988; INGLE; TAINTOR, 1989; ROMANI et al., 1986; IMURA;

ZUOLO, 1988; BERGUER, 1989; LEONARDO; LEAL, 1991, 1998; WEINE, 1998;

ESTRELA; FIGUEIREDO, 1999; MACHADO, 2007; COHEN; HARGREAVES, 2007,

2011; SOARES; GOLDEBERG, 2011; LOPES; SIQUEIRA JR., 1999, 2004, 2010, 2015), ou

inseriam este tópico dentro da técnica endodôntica, como um subtítulo, porém em nada

diferenciavam do conteúdo (LASALA, 1971, 1983; PAIVA; ALVARES, 1978; DE DEUS,

1982, 1986, 1992).

No final da década de setenta a Técnica de Abertura Coronária didaticamente foi

divida em quatro etapas de forma a facilitar a compreensão do assunto: ponto ou área de

15

eleição, direção de trepanação, forma de contorno e forma de conveniência, o que não foi

alterado até as publicações recentes (LEONARDO, 2005; PAIVA; ALVARES, 1978; DE

DEUS, 1982, 1986, 1992; PAIVA; ANTONIAZZI, 1984, 1988; ROMANI et al., 1986;

BERGER, 1989; LEONARDO; LEAL, 1998; ESTRELA; FIGUEIREDO, 1999;

MACHADO, 2007; LOPES; SIQUEIRA JR., 1999, 2004, 2010, 2015; SOARES;

GOLDBERG, 2011). Mesmo os autores que não deixavam explícito tais etapas, descreviam

nos seus textos a sequência de maneira similar (FIGUEIRAS; MELLO, 1947; SOMMER;

OSTRANDER; CROWLEY, 1958; LASALA, 1963, 1971, 1983; GROSSMAN, 1963;

INGLE, 1965; INGLE; BEVERIDGE, 1979; COHEN; BURNS, 1982; LEONARDO; LEAL;

FILHO, 1982; INGLE; TAINTOR, 1989; IMURA; ZUOLO, 1988; LEONARDO; LEAL,

1991; WEINE, 1998; COHEN; HARGREAVES, 2007, 2011).

Para a denominação dessa fase operatória do tratamento de canais radiculares,

diferentes termos técnicos são empregados pelos variados autores. Assim Paiva &

Antoniazzi (1988) denominam esse passo operatório de FASE DE ACESSO; Ingle

& Taintor (1985) a denominam de PREPARAÇÃO DA CAVIDADE

ENDODÔNTICA; De Deus (1986) de PREPARO INTRACORONÁRIO;

Walton & Torabinejad (1997) de CIRURGIA DE ACESSO; Weine de PREPARO

DA CAVIDADE DE ACESSO ou ENTRADA ENDODÔNTICA; Bramante et al.

(2003), de ABERTURA CORONÁRIA; Canalda & Brau (2001), de CAVIDADE

DE ACESSO CORONÁRIO ou ABERTURA CORONÁRIA; Burns &

Buchanan (1997) de ABORDAGEM DA CÂMARA PULPAR; Pereira Lopes e

Siqueira (1999) de CAVIDADE DE ACESSO (LEONARDO, 2005, p. 450).

4.2 DAS BROCAS PARA ACESSO A CÂMARA PULPAR

A broca/ponta esférica ou redonda foi citada em todos os livros para realizar a

trepanação do teto da câmara pulpar. Para acesso ao esmalte, houve uma variação entre os

autores, no entanto a mais citada foi a broca esférica/redonda, seguida da cilíndrica (números

57, 557, 558, 559), tronco-cônica ou cilíndrica com topo arredondado (números 449, 1557,

1558), cônica com topo plano ou cônico-truncada (números 701 e 702) e por último a Endo

Acess (cônico-esférica), como pode ser visto no quadro 1.

Para o acesso a câmara pulpar, Paiva (1978) foi o primeiro autor a citar ponto de

eleição. Após a definição do ponto de eleição para o inicio da abertura coronária, uma broca

esférica ou uma ponta diamantada de tamanho compatível com a câmara é direcionada ao

canal mais amplo (direção de trepanação), obtendo-se desta forma o acesso à câmara pulpar.

Grossman (1963) foi o primeiro autor a falar em direcionar a broca para a distal, onde a

câmara pulpar é maior.

16

Autores, como De Deus (1982, 1986, 1992) e Lopes & Siqueira Jr. (1999, 2004, 2010,

2015) recomendam, ao invés de ponto de eleição, uma área de eleição. Nesta, uma forma de

contorno inicial pode segundo os referidos autores aumentar a possibilidade de acesso à

câmara pulpar com menor índice de acidentes por aqueles que principiam na técnica

endodôntica.

4.3 DAS BROCAS PARA O PREPARO DA CÂMARA PULPAR

Para o preparo da câmara pulpar, até a década de 70, não há citação em livros da

utilização de brocas com pontas inativas. Até então, eram utilizadas brocas esféricas ou

redondas utilizando movimentos de supressão do interior da câmara pulpar para a superfície

externa de forma a projetar a anatomia interna da câmara pulpar para a superfície externa. A

fresa de Ivory (formato piriforme) foi citada por Sommer, Ostrander e Crowley em 1958 para

moldar em forma de funil a câmara pulpar. A broca 702 (cônico-truncada) citada por Ingle

(INGLE, 1965; INGLE; BEVERIDGE, 1979; INGLE; TAINTOR, 1989) é utilizada para o

acabamento e afunilamento final do preparo da câmara pulpar.

Paiva e Alvares (1978) citam a utilização de brocas sem ponta ativa, brocas cilíndricas

ou tronco-cônicas, com o cume da extremidade previamente arredondado. Os referidos

autores as utilizavam para a planificação das paredes da câmara pulpar e também para afastar

o perigo de feitura de degraus, como pode ocorrer com a utilização de brocas esféricas. Além

disso, esses mesmo autores foram os primeiros dentro dos livros consultados a citar a

utilização da broca de Batt, a primeira broca específica de ponta inativa e comercializada até

os dias de hoje. Soares e Goldberg (2011), Lopes e Siqueira Jr. (2010) e Leonardo (2005)

ainda citam essa broca.

A broca Endo-Z, uma das mais utilizadas nos dias de hoje, foi citada no ano de 1988,

por Paiva e Antoniazzi (PAIVA; ANTONIAZZI, 1988), dentro dos livros consultados. Até os

dias atuais ela é citada praticamente em todos os livros didáticos. Lopes e Siqueira Jr. (1999)

citam uma broca diamantada cônica de ponta inativa de número 2082. Em seu último livro

citam ainda as brocas 3081, 3082, 3083, 4081, 4083, apenas com tamanhos diferentes. Essas

brocas, utilizadas para o preparo da câmara pulpar e/ou forma de contorno, são apoiadas no

assoalho da câmara percorrendo todos os seus ângulos, produzindo uma ligeira expulsividade

nas suas paredes através de um desgaste lateral da cavidade pulpar (LOPES; SIQUEIRA JR.,

2015).

17

As brocas de Peeso, Largo e Gates-Glidden foram citadas pelos autores

(LEONARDO; LEAL; FILHO, 1982; LEONARDO; LEAL, 1991; ESTRELA;

FIGUEIREDO, 1999; LOPES; SIQUEIRA JR., 1999, 2004, 2010; SOARES; GOLDBERG,

2011) para auxiliar no preparo da câmara pulpar durante desgaste compensatório na remoção

da convexidade da parede mesial que tendem cobrir as entradas dos canais de mesmo nome

nos molares inferiores. Para este fim também são citadas brocas de Batt (PAIVA;

ANTONIAZZI, 1988; LEONARDO; LEAL, 1991; SOARES; GOLDBERG, 2011), Endo Z

(LEONARDO; LEAL, 1991; COHEN; HARGREAVES, 2011; SOARES; GOLDBERG,

2011; LOPES; SIQUEIRA JR., 2015), tronco-cônicas diamantadas de ponta inativa (COHEN;

HARGREAVES, 2011; SOARES; GOLDBERG, 2011; LOPES; SIQUEIRA JR., 2015) e

broca diamantada em forma de vela, número 1111 (LOPES; SIQUEIRA JR., 2015).

4.4 BROCAS PARA O PREPARO DA ENTRADA DOS CANAIS RADICULARES

Não há nenhum relato de uso de brocas no preparo da entrada dos canais nos livros

didáticos de Endodontia pesquisados, neste estudo, até a década de 60. Lasala em 1963 e 1971

foi o primeiro autor a citar brocas para este fim citando as brocas em forma de chama e

piriforme, e broca Gates-Glidden. Foi Schilder (1974) que difundiu o uso da broca de Gates-

Glidden para o preparo da entrada dos canais radiculares. Ressalta o autor que ao remover as

interferências dentinárias da entrada do canal o preparo do canal é facilitado.

Todos os demais livros consultados a partir de Cohen e Burns (1982) citam brocas

para o preparo da entrada dos canais. A broca de Gates-Glidden foi citada em todos os livros,

exceto em Romani e colaboradores (1986) e Imura e Zuolo (1988). As brocas de Peeso e

Largo foram as segundas mais citadas. A broca de Batt é citada para este fim por Leonardo

(1982), Imura e Zuolo (1988) e Berger (1989).

Lopes e Siqueira Jr. (1999) incluem além das pré-citadas a utilização de orifice

shapers (alargadores cervicais), instrumento acionado a motor de NiTi utilizado para o

preparo cervical. Desde então, diferentes sistemas foram inventados e aprimorados para o

mesmo propósito. Lopes e Siqueira Jr. (2004, 2010, 2015), Soares e Goldberg (2011) e

Leonardo (2005) citam a utilização da broca LA Axxess.

Leonardo (2005) cita alargadores cervicais de níquel titânio utilizados por diferentes

sistemas de preparo, como: Orifice Openers, Flare series, Orifice Shappers, Coronal Shappers,

Endoflare e Pré-Race.

18

4.5 EVOLUÇÃO DA METALURGIA DAS PONTAS E BROCAS

Na discussão deste estudo cumpre ressaltar que a real evolução ocorreu na metalurgia

das brocas, pontas e instrumentos utilizados na abertura coronária em todas as suas etapas:

acesso a câmara pulpar, forma de contorno, forma de conveniência.

Supondo o conhecimento prévio da diferença entre uma ponta e uma broca/fresa,

nenhum dos livros didáticos consultados referencia esta diferença. Portanto cumpre aclarar

que uma ponta é um instrumento rotatório que age por desgastes, e uma broca/fresa age

através de cortes (RANGEL, 2014).

A primeira broca dental geralmente aceita pelos dentistas americanos foi concebida

por J. Foster Flagg, no ano de 1846 (McKAY, 1958). As primeiras brocas eram fabricadas em

aço, porém até a década de 1890, discos e pedras de carboneto de silício foram usadas para

corte de esmalte (VINSKI, 1979). Em 1897, Willman e Schroeder, da Universidade de

Berlim, na Alemanha, foram creditados por fazer a primeira broca dental de diamante (DE

TOMASI, 1976). Estas brocas foram feitas martelando pó de diamante na superfície de cobre

macio ou ferro (VINSKI, 1979; WALSH, 1953). A ponta diamantada foi estimulada, pelo

menos em parte, pela rápida perda de forma do carboneto de silício devido ao uso no esmalte

(SIEGEL; VON FRAUNHOFER, 1998).

A broca de diamante moderna foi criada em 1932, por WH Drendel, um industrial

alemão, que desenvolveu um processo para unir pontos de diamante em moldes de aço

inoxidável (WALSH, 1953). A aceitação abrangente das brocas de diamante foi limitada de

1939 até 1946 em função dos custos e formatos e tamanhos não práticos então disponíveis.

No entanto, o interesse em pontas diamantadas estava crescendo porque em tempo de guerra

crítica, havia escassez de aço, carboneto de silício e outros materiais abrasivos usados em

instrumentos de corte rotativos (SIEGEL; VON FRAUNHOFER, 1998).

Em 1947, a Cia. S.S. White introduziu brocas com ponta de carboneto de tungstênio.

A eficiência dessas novas ferramentas de corte foi logo reconhecida. Ficou claro que uma

maior velocidade rotacional era necessária para que elas funcionassem na eficiência máxima.

A habilidade de corte dessas novas brocas, combinadas com a experiência no uso de

instrumentos de diamante, acelerou a demanda por motores mais velozes (MCKAY, 1958).

A década de 1950 foi o período em que alguns investigadores trabalharam no

desenvolvimento de peças de mão que poderiam conduzir instrumentos de corte em

velocidades cada vez mais altas. Assim, foi no ano de 1957, que John Borden introduziu a

19

peça de mão de alta velocidade, com 150.000 até 300.000 rotações por minuto, com nome

comercial de Borden Airotor (ESHLEMAN; SARRETT, 2013).

Herschfeld e Robert (HERSCHFELD; ROBERT, 1987) mencionaram uma pesquisa

realizada pela American Dental Trade Association mostrou que 94 a 96 por cento dos

dentistas estavam usando uma turbina de contra-ângulo em 1962, indicando a rápida adoção

da tecnologia de alta velocidade. Isso pode ser notado através da tabela, onde Ingle (1965) já

cita o contra-ângulo de alta velocidade. Sem sombra de dúvida, apesar de não citado nos

livros didáticos, o advento da alta rotação foi o marco tecnológico para a técnica de abertura

coronária.

A rápida adoção da caneta de alta rotação em relação à baixa rotação se deve em maior

parte pelo aumento da capacidade de corte utilizando menos pressão, assim era mais fácil

manter o controle da mesma, podendo evitar que ela escorregue sobre o dente e cause

iatrogenias. A diminuição da vibração e do tempo beneficiava tanto o cirurgião-dentista como

o paciente.

A leitura dos livros didáticos neste estudo sobre brocas e pontas permitiu discernir

qual é mais adequada para cada superfície a ser perfurada ou desgastada. Para esmalte são as

pontas diamantadas; em dentina as pontas diamantadas e/ou brocas carbide em alta ou baixa

rotação; em dentina cariada as brocas carbide ou de aço carbono em baixa rotação; em coroas

e restaurações metálicas a broca transmetal (COHEN; HARGREAVES, 2011) ou carbide

cilíndrica (LOPES; SIQUEIRA JR., 2010); em coroas e restaurações

metalocerâmica/cerâmica/resina composta são indicadas pontas diamantadas esféricas

(COHEN; HARGREAVES, 2011; LOPES; SIQUEIRA JR., 2010) em coroas e revestimentos

à base de zircônia indicam-se pontas diamantadas de granulação média e fina (COHEN;

HARGREAVES, 2011).

4.6 OUTRAS TECNOLOGIAS IMPORTANTES

4.6.1 Ultrassom em endodontia

As pesquisas iniciais sobre aplicação do ultra-som em Odontologia se iniciaram por

volta de 1950. O Cavitron, aparelho usado para profilaxia periodontal, foi introduzido no

mercado em 1957, pela Dentsply, nos Estados Unidos. Richman, em 1957, publicou o

primeiro trabalho sobre o ultra-som como auxiliar na instrumentação e limpeza do canal

20

radicular. Porém o aparelho não fornecia irrigação continua e passou a ser usado com muita

restrição.

O uso do ultrasson na abertura coronária nos livros consultados foi indicado Lopes e

Siqueira Jr. (2015), Cohen e Hargreaves (2011) e Torabinejad e Walton (2010) com finalidade

de criar e aprofundar sulcos para remoção de tecidos e calcificações e explorar canais

(COHEN; HARGREAVES, 2011), refinamento do acesso, remoção de nódulos pulpares,

alisamento das paredes laterais, localização de canais extras e câmaras pulpares extremamente

atrésicas (LOPES; SIQUEIRA JR., 2015).

4.6.2 Microscópio operatório

A utilização do microscópio operatório foi publicada pela primeira vez em 1977 por

Baumann, médico e também cirurgião-dentista, que relatou sobre as possibilidades da

utilização clínica do Microscópio Operatório na Odontologia (MURGEL, 1997). Mas foi em

1992 que Gary Carr o introduziu na Endodontia (CARR, 1992), promovendo assim um

grande avanço na especialidade.

A microscopia em endodontia oferece muitos benefícios, permitindo grande

iluminação e melhor visualização do campo operatório. A alta magnificação auxilia na

localização de canais calcificados, detecta microfraturas, identifica istmos, auxilia na remoção

de núcleos intracoronários e de instrumentos fraturados.

4.6.3 Tomografia computadorizada

A utilização de radiografias periapicais apresenta diversas limitações, uma vez que

esta se baseia em uma imagem bidimensional de um objeto em três dimensões. A aplicação da

tomografia computadorizada na odontologia tem demonstrado uma alta precisão,

apresentando-se como uma opção benéfica a ser adotada na endodontia (LIMA; REZENDE,

2011).

Logo, tomografia computadorizada por fornecer uma imagem mais fidedigna, é outro

recurso tecnológico que pode auxiliar na realização do acesso coronário e na localização dos

canais radiculares (LOPES; SIQUEIRA JR., 2015). Pode ser utilizada também para a

identificação de lesões patológicas, reabsorções e fraturas radiculares (COSTA; MOURA-

NETTO; KOUBIK; MICHELOTTO, 2009), avaliação da anatomia e morfologia radicular,

planejamento de cirurgias parendodônticas e análise do preparo radicular (LIMA et al., 2014).

21

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como finalidade averiguar a evolução da técnica de abertura coronária

em molares em publicações de livros didáticos de acesso aos alunos de graduação. Pode-se

observar que o objetivo de realizar a abertura coronária para o acesso aos canais radiculares

regeu e rege a evolução tecnológica até os dias atuais.

Enquanto a técnica endodôntica persistir dentro dos parâmetros atuais, o conhecimento

da anatomia interna dos dentes, bem como suas variações e alterações ao longo da vida do

dente vão ser determinantes para o sucesso desta etapa do tratamento. Pode- se observar que

as mudanças não ocorreram no seu objetivo e sim nos meios para atingir o fim.

Citamos numa ordem cronológica brocas (diamantada e carbide), alta rotação, brocas

de ponta inativa, ultrassom, microscópio operatório e tomografia computadorizada.

Ainda a necessidade de outros conhecimentos para melhor compreensão do tema

abordado, nos motivou a inserção neste estudo da leitura complementar. Estes conhecimentos

aliado a destreza manual, que requer treinamento constante, são fundamentais para que se

possa eleger o instrumental e técnica adequados. Não adianta microscópio se não soubermos o

que procuramos; não adianta ultrassom se não soubermos diferenciar o tecido calcificado.

Até mesmo uma ponta diamantada rotando em alta velocidade tornasse uma arma em mãos

que desconhecessem que a tecnologia só auxilia aquele profissional que compreende a

limitação desta mediante a necessidade do conhecimento cientifico baseado em evidência e a

prática clínica responsável. Nenhum funciona sem outro.

22

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28

ANEXO

Anexo A – Leitura complementar

No desenrolar do estudo sobre a Evolução da Técnica de Abertura Coronária foi

possível definir os conhecimentos necessários para a compreensão do assunto em foco.

Sem o conhecimento da anatomia interna e suas possíveis variações bem como

alterações provenientes da idade do dente, o risco do operador que realiza abertura coronária

no molar inferior de causar um acidente não raro com prognostico sombrio é grande.

Como leitura complementar deste trabalho de conclusão de curso será abordada a

anatomia dos molares inferiores, suas variações e possíveis acidentes e complicações.

1. Anatomia

O conhecimento da anatomia interna é de fundamental importância para o

planejamento do tratamento endodôntico. Associado ao exame por imagem, são os recursos

disponíveis para nortear todas as etapas operatórias, do diagnóstico ao controle pós-

operatório.

O desconhecimento da configuração da anatomia interna da câmara pulpar bem como

o número e localização “possíveis” das entradas dos canais radiculares são causas frequentes

de iatroganias durante a abertura coronária dos molares inferiores.

1.1 Primeiro Molar Inferior

O primeiro molar inferior, com tamanho médio de 21 mm, é o mais volumoso dente

da arcada dentária. A forma da câmara pulpar é semelhante a um cubo, com divertículos bem

marcados. O assoalho da câmara pulpar é convexo e de forma trapezoidal com base maior

para mesial e base menor para distal. Possui geralmente duas raízes bem definidas, porém

ocasionalmente pode apresentar três raízes. (SOARES & GOLDBERG, 2011). Lopes e

Siqueira Jr. (2015) dizem que a direção e ângulo de inclinação no arco dentário do primeiro

molar são de 10° para distal e 13° para lingual.

A raiz mesial, mais achatada no sentido mésio-distal e normalmente com uma

curvatura considerável, apresenta dois canais, um mésio-vestibular e outro mésio-lingual,

possui uma anatomia mais complexa, na qual os canais podem fusionar em quaisquer terços

29

da raiz, para terminar em um forame comum ou em dois separados (LOPES & SIQUEIRA

JR., 2004). A presença de um terceiro canal, conhecido como médio-mesial, verificou-se ter

uma incidência de 2,6% (DE PABLO; ESTEVEZ; PÉIX; HEILBORN; COHENCA, 2010).

A raiz distal, ligeiramente mais curta, mais ampla e normalmente reta, em mais da

metade dos casos possui apenas um canal (LOPES & SIQUEIRA JR., 2004). A presença de

dois canais, segundo Skidmore (SKIDMORE; BJORNDAL, 1971), é de aproximadamente

28,9%. Em 38,5% das raízes distais com dois canais, os canais permaneceram separados, com

cada canal tendo um forame. No outros 61,5% dos dentes com dois canais distais, eles se

uniram e terminaram em um forame apical comum.

As variações da anatomia segundo a literatura consultada são raras. Dentre estas, a

ocorrência de apenas dois canais, um na raiz mesial e um na distal que ocorre em 8% (DE

DEUS, 1992) e relatos de casos de molares inferiores com 5, 6 e 7 canais (KOTTOOR;

SUDHA; VELMURUGAN, 2010; REEH, 1998).

A presença de uma terceira raiz extra, na posição disto-lingual ou mésio-vestibular,

descrita inicialmente por Carabelli (CALBERSON; DE MOOR; DEROOSE, 2007), é uma

variação anatômica encontrada.

1.2 Segundo Molar Inferior

A variabilidade anatômica do segundo molar inferior é ainda maior do que a do

primeiro molar. Em termos gerais, a sua anatomia é muito semelhante ao do primeiro molar; a

única diferença é que ele é um pouco menor, mais simétrico, e tem raízes mais estreitamente

espaçadas (CASTELLUCI, 2005). Lopes e Siqueira Jr. (2015) diz que a direção e ângulo de

inclinação no arco dentário do primeiro molar são de 15° para distal e 12° para lingual.

De acordo com Vertucci (VERTUCCI, 1984), as raízes são mais curtas e os canais são

mais curvos. A morfologia do sistema de canais se repete em sua grande maioria, exceto no

que tange a presença de dois canais na raiz distal, na qual a incidência é muito menor.

Há relatos na literatura do segundo molar inferior apresentar apenas 1 canal , 2 canais

e 5 canais (FAVA; WEINFELD; FABRI; PAIS, 2000; BEATTY; KRELL, 1987).

As anomalias descritas para esse dente são: fusão/geminação, canal em C, canal

mediano, radix paramolaris e radix entomolaris. (LOPES & SIQUEIRA JR, 2015).

30

1.3 Terceiro Molar Inferior

A anatomia do terceiro molar inferior é imprevisível e deve ser avaliado com base com

base na formação radicular. Raízes pouco fusionadas, severamente curvadas ou malformadas

com frequência são suporte para coroas bem formadas. Esse dente pode ter de uma a quatro

raízes e de um a seis canais. Quando três ou mais canais estão presentes, o formato triangular

ou romboide é típico. Quando dois canais, o formato retangular é usado. Para um único canal,

o formato oval é costumeiro. Canais em forma de C também podem ocorrer e seu

comprimento médio é de 18,5mm (COHEN; HARGREAVES, 2007).

2. Variações Anatômicas

2.1 Canal em Forma C

O canal em Forma de C (“C-shaped canal”) recebe esse nome pela morfologia da

secção transversal de sua raiz e canal radicular. Ao invés de apresentar as entradas dos canais

distintas, o soalho da câmara pulpar oferece uma visão de um conduto em forma de faixa,

com 180 graus de arco, começando na linha mésio-lingual e estendendo-se ao redor da

vestibular até o final da porção distal da câmara pulpar (BURNS; BUCHANAN, 1996;

JAFARZADEH; WU, 2007).

Cooke e Cox (1979) foram os pioneiros na divulgação dessa variação anatômica,

ressaltando que aproximadamente 8% dos segundos molares inferiores apresentavam essa

configuração. Estudos mostraram que a prevalência do “C-shaped” canal varia entre 2,7 e

7,6% na população caucasiana (COOKE e COX, 1979; WEINE, 1998).

Este fenômeno C-shaped é citado como uma anomalia de desenvolvimento por Lopes

e Siqueira Jr (2015); logo, pode apresentar-se em qualquer dente (CLEGHORN; CHRISTIE;

DONG, 2006; COSTA; MOURA-NETTO; KOUBIK; MICHELOTTO, 2009), sendo, porém,

mais frequentes em segundos molares inferiores. A ocorrência bilateral da configuração C-

shaped aparece em aproximadamente 70% dos casos (DANKNER; FRIEDMAN;

STABHOLZ, 1990).

Com a finalidade de diagnóstico da possibilidade da presença de um canal em forma

de C cita-se Haddad (HADDAD; NEHME; OUNSI, 1999) e Al Fouzan (AL-FOUZAN, 2002)

descrevem no exame radiográfico do C-shaped algumas características comuns, como fusão

ou proximidade o que ocorreu no presente caso. Outra característica radiográfica relatada é a

31

presença de instrumentos convergindo para o ápice ou material obturador e/ou instrumentos

na área de furca, assemelhando-se a uma perfuração (AL-FOUZAN, 2002; MELTON;

KRELL; FULLER, 1991). Os meios auxiliares no diagnóstico endodôntico são, em ordem

decrescente, a tomografia computadorizada, a radiografia digital indireta e a radiografia

convencional (FAN; MIN; LU; YANG; CHEUNG; GUTMANN, 2009).

Segundo Silveira e Haas (SILVEIRA; HAAS, 2004), o tratamento endodôntico de um

molar em forma de “C” apresenta algumas dificuldades, tais como maior probabilidade de

remoção parcial de tecidos pulpares e a possível obturação deficiente (em razão de ficarem

espaços vazios), além da maior chance de perfuração no assoalho da câmara pulpar.

No que tange a abertura da câmara pulpar e localização dos canais radiculares o não

conhecimento desta alteração pode levar o operador danificar a câmara pulpar na busca de

uma conformação anatômica padrão.

2.2 Canal mediano

Embora a literatura aponte que o primeiro molar inferior apresenta três ou quatro

canais, há relatos da existência de um quinto canal, localizado na raiz mesial entre o canal

mésio-vestibular e o mésio-ligual (BAUGH; WALLACE, 2004; BOND; HARTWELL;

DONNELLY; PORTELL, 1988). Esse canal recebe o nome de médio-mesial (FABRA-

CAMPOS, 1985), mesial-intermediário (FABRA-CAMPOS, 1989), mésio-medial

(MARGARIT; MERCUT, 2012) e mésio-central (POMERANZ; EIDELMAN; GOLDBERG,

1981).

Em pesquisa in vivo, Pomeranz et al. (1981) selecionaram 100 molares inferiores,

identificando em 12 o canal médio-mesial. Os autores classificaram esses canais de acordo

com a sua anastomose em: estreito (quando um instrumento passava livremente entre o canal

mésio-vestibular ou mésio- lingual); confluente (quando o canal tinha origem em um orifício

distinto, mas estava unido apicalmente ao canal mésio-vestibular ou mésio-lingual) e

independente (quando o canal tinha origem em um orifício separado e terminava em um

forame apical distinto). Ao final da pesquisa, os autores encontraram que dentre os 12 canais

médio-mesiais identificados, oito eram estreitos, dois confluentes e dois independentes.

Segundo Baugh & Wallace (2004) a possível existência do canal mésio-central variou

na literatura entre 1% e 15% no primeiro molar inferior. Essa variação também é encontrada

no segundo molar inferior (LOPES e SIQUEIRA JR, 2015). Nosrat et al. (2015) concluíram

que a probabilidade de se encontrar canal mediano em pacientes jovens é significativamente

32

maior do que em indivíduos mais velhos, e que a utilização do microscópio operatório é um

elemento chave para a localização do mesmo.

2.3 Fusão/Geminação

Fusão e geminação são irregularidades no desenvolvimento dos dentes (DUNCAN;

HELPIN, 1987). Pindborg definiu fusão como a união entre dentina e / ou esmalte de dois ou

mais dentes separados em desenvolvimento. Geminação é uma tentativa de um único botão

dentário se dividir. Clinicamente, muitas vezes é difícil diferenciar entre fusão e geminação e

é comum referir estas anomalias como "dentes duplos" (LIMA; REZENDE, 2011; YUEN;

CHAN; WEI, 1987). Eles são muito raros em molares (LEVITAS, 1965; BROOK; WINTER,

1970).

Um pré-requisito para o tratamento endodôntico de dentes anômalos é um exame

cuidadoso das radiografias de vários ângulos. Lyroudia et al., (1997) usaram reconstrução 3-D

computadorizada de dois 'dentes duplos' in vitro. Eles revelaram anatomia interna muito

complexa e salientaram a importância da familiaridade com a morfologia do canal radicular

antes de iniciar o tratamento endodôntico. Recentemente, a importância do microscópio

operatorio, uma ferramenta para um melhor diagnóstico e melhor qualidade do atendimento,

foi salientado (DE CARVALHO; ZUOLO, 2000).

De acordo com relatórios anteriores, a comunicação entre as câmaras pulpares de

dentes fundidos ou geminados é uma característica comum. Ela deve ser removida para

facilitar um acesso linear aos canais radiculares (TURELL; ZMENER, 1999; BELTES;

HUANG, 1997).

Tratamento endodôntico de dentes fusionados/geminados sao geralmente

problemáticos, devido à complexa anatomia, posicionamento dos dentes e dificuldade do

isolamento absoluto (RAJENDERAN; SIVAPATHASUNDHARAM, 2006). O cirurgiao-

dentista deve informar o paciente sobre a anomalia e ter um plano cirúrgico para minimizar o

risco de resultados adversos e inesperados (KOCYIGIT et al., 2014).

2.4 Radix entomolaris/ Radix paramolaris

Em 1844, Carabelli descobriu uma raiz extra nos molares inferiores,

subsequentemente a referiu como Radix entomolaris (RE). Radix entomolaris está localizado

a distolingual da raiz mesial de um molar inferior. No entanto, essa variação anatômica em

33

molares inferiores não era a única, como mais tarde Bolk encontrou uma raiz adicional que foi

localizada a mesiobucal e nomeou-a de radix paramolaris (RP) (DE MOOR; DEROOSE;

CALBERSON, 2004).

RE e RP podem ser encontrados no primeiro, segundo e terceiro molar (IRODI;

FAROOK, 2011). Embora ambas as macroestruturas sejam condições raras na população

caucasiana, o conhecimento sobre a sua ocorrência é importante. Bolk (1914) relatou que

radix paramolaris é muito rara e ocorre com menos frequência do que radix entomolaris.

Radiografias periapicais executadas na fase de pré-operatória com diferente angulação

horizontal ajudam a identificar essas raízes adicionais. Ampliações visuais, como lupas e

microscópios operatorios (FEIX et al., 2010), bem como o uso da tomografia

computadorizada são ferramentas importantes para a identificação de canais adicionais pelos

cirurgioes-dentistas (ABUABARA et al., 2008). Conhecimento da existência e localização da

raiz adicional leva a corrigir a preparação da cavidade de acesso para a localização de todos

os canais (CHRISTIE; THOMPSON, 1994). A cavidade de abertura triangular convencional

deve ser modificada para uma forma trapezoidal, a fim de localizar e aceder ao orifício de raiz

adicional melhor (MURGEL, 1997).

2.5 Atresia e calcificação da Câmara Pulpar:

Já data de 1961 quando Philippas em seu artigo intitulado "Influence of Occlusal Wear

and Age on Formatio of Dentinand Size of Pulp Chamber” relata as alterações dimensionais

da câmara pulpar ao longo da idade. Abrasão, atrição, trocas de temperaturas, cárie, trauma

são citadas pelo autor como etiologia da deposição de dentina na câmara pulpar reduzindo

suas dimensões. Esclarece o autor que estímulos de baixa intensidade e longa duração

estimulam os odontoblastos à deposição de dentina secundaria as expensas da polpa situada

no soalho da câmara pulpar, o que justifica não raro a presença de calcificações na entrada dos

canais radiculares.

Para o tema deste estudo os achados de Philappas (1961) são de extrema importância.

Uma vez que durante o planejamento da abertura coronária em especifico em molares

inferiores, a observância no exame radiográfico bem como o conhecimento da redução da

câmara pulpar no sentido mésio-distal e não raro o desaparecimento dos cornos pulpares por

uma fina camada de dentina secundaria que se forma no teto, pode alertar o operador

prevenindo possibilidade de danificar ou até mesmo perfurar o soalho da câmara pulpar

quando da busca da entrada dos canais radiculares.

34

Calcificações pulpares são alterações que geram deposição excessiva de tecido

dentinário no espaço pulpar. Podem ser encontradas como calcificações discretas, que

aparecem como dentículos, nódulos e pedras geralmente na polpa coronária ou como

calcificações difusas que são áreas de calcificação irregular, paralelas aos vasos, sendo mais

frequentes na polpa radicular (PIATELLE, 1992).

A deposição de tecido mineralizado na cavidade pulpar pode ser decorrente de

processos fisiológicos como a deposição de dentina secundaria e a esclerose dentinária, que

ocorrem de forma continuada enquanto a polpa se mantiver vital (PIATELLE, 1992). Entre as

formas mais comuns de deposição de tecido mineralizado na cavidade pulpar pode-se citar a

deposição localizada de dentina reacional, em resposta à agressão bacteriana provocada pela

cárie (MOLERI et al., 2010), as calcificações pulpares nodulares ou difusas e a obliteração do

canal radicular pós-traumatica (ANDREASEN et al., 1987).

Com o envelhecimento pulpar acontece a deposição de tecido mineralizado nas

paredes dos canais radiculares, que é um processo fisiológico do organismo, e com o passar

do tempo acaba diminuindo o espaço pulpar, alterando também seu contorno (FERREIRA

et al., 2012).

No entanto, a deposição de dentina não ocorre da mesma forma em todos os dentes,

como por exemplo, nos dentes posteriores ela ocorre primeiramente no teto e no assoalho da

câmara pulpar em comparação com as outras paredes. Já nos dentes anteriores superiores a

deposição ocorre primeiramente nas paredes palatinas, devido os esforços mastigatórios

estarem mais concentrados nessa região (FERREIRA et al., 2012).

O aparecimento de áreas mineralizadas no tecido pulpar é um fenômeno relativamente

comum na polpa madura, relacionadas ao processo de envelhecimento pulpar. Embora por si

só não representem um processo patológico, sua ocorrência é fortemente relacionado à

agressões do complexo dentino-pulpar em dentes expostos a cáries e traumatismos

(LUUKKO et al., 2011).

As calcificações pulpares são normalmente assintomáticas, e estima-se que apenas em

10% dos casos possam ser observadas radiograficamente, devido ao seu pequeno

“tamanho/volume”. A etiologia dos diferentes tipos de calcificação é desconhecida, embora a

incidência aumente em pessoas de mais idade.

Ao ser necessário o tratamento endodôntico em dentes com algum tipo de calcificação,

são necessários cuidados extras. Na abertura coronária, radiografias com ângulos horizontais

diferentes auxiliam na localização dos canais. Ainda para uma melhor localização, pode-se

fazer a radiográfica com a broca dentro da abertura, para visualizar a profundidade e a direção

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que se está trabalhando. O uso do ultra-som e de uma lima tipo Kerr com a ponta seccionada

pode ajudar na localização dos canais. Deve-se cuidar a inclinação do eixo do dente, para

evitar desgaste excessivo de material, ou mesmo uma perfuração.

Cohen e Hargreaves (2011) descrevem que o soalho da câmara pulpar é mais escuro

que as paredes, e sulcos de desenvolvimento que conectam orifícios são mais claros que o

soalho da câmara. Estas características anatômicas acimas citadas auxiliam o cirurgião-

dentista na localização de orifícios calcificados, e ressaltam que este deve ter em mente que os

orifícios dos canais radiculares estão localizados em ângulos formados por soalho e paredes, e

no fim de sulcos de desenvolvimento.

2.6 Variação da Distância entre o teto e soalho pulpar:

Um aspecto anatômico de grande relevância para o planejamento da abertura coronária

é a distancia entre o teto e soalho da cavidade pulpar. A não observância pode levar a

perfuração do assoalho.

Esta distancia foi estudada por Deutsch e Musikant (2004) com 100 molares

inferiores. A média da distancia do teto para o assoalho foi de 1.57mm com um desvio padrão

de 0.68mm. Os autores relatam que a deposição de dentina secundaria ao longo da vida do

dente altera a medida desta distancia o que confere resultados conflitantes dependendo da

seleção amostral dos dentes estudados. Pacientes idosos tentem a ter esta medida com

menores proporções.

3. Acidentes e Complicações:

3.1 Perfuração

Perfurações dentais são definidas como uma lesão acidental e involuntária que

comunica a cavidade pulpar com os tecidos perirradiculares. Pode ocorrer durante a abertura,

instrumentação ou criação de espaço para retentores intra-radiculares.

Esse tipo de acidente pode ser causado por diversos motivos, destacam-se os

seguintes:

a) Desconhecimento da anatomia dental: o profissional deve ter o conhecimento da

morfologia dental, como o número de raízes, número de canais, nível do assoalho pulpar,

localização e forma da câmara pulpar.

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b) Uso inadequado de instrumentos cortantes: o uso de brocas esféricas ou de outras

pontas ativas em alta rotação, assim como de outros instrumentos que são utilizados da

abertura e localização dos canais, são também passíveis de perfurarem a estrutura dental. Para

isso devem ser utilizado de modo cauteloso. São indicadas brocas de pontas inativas em

grandes profundidades dentais.

c) Atresia ou calcificação da câmara pulpar: ao tentar localizar a câmara pulpar e a

entrada desse tipo de canais, utilizar brocas em alta rotação com muita atenção e cautela.

Pode-se fazer uso do ultrassom e do microscópio, que facilitam principalmente a localização

da entrada dos canais radiculares.

d) Posicionamento do dente na arcada: é necessário ao profissional ter atenção com as

inclinações que o dente possa apresentar, principalmente para distal e lingual. Com o uso do

isolamento absoluto, notar essa inclinação pode ser mais difícil que com o dente sem o dique

de borracha. Conhecimento do posicionamento normal e de variações e cuidado na direção de

trepanação com o uso da broca são essenciais para uma boa abertura e para evitar acidentes.

e) Próteses protéticas: a abertura coronária deve ser feita tomando em conta a estrutura

dental, e não a estrutura protética, pois nem sempre essas estruturas se coincidem. Uma boa

avaliação radiográfica ajuda a evitar possível perfuração.

Bramante (2004) afirma que o periodonto é constituído de cemento, ligamento

periodontal e osso alveolar, o qual, quando integro, mantém em toda a extensão radicular um

espaço biológico uniforme – o espaço periodontal.

Ao ocorrer a perfuração, desencadeia-se um processo inflamatório de intensidade que

depende da extensão da penetração e do calibre do instrumento. Com a destruição do osso

alveolar, forma-se um tecido de granulação, podendo invaginar para o interior do dente

através da perfuração, formando assim um pólipo.

A perfuração, se não tratada, desencadeia um processo inflamatório que leva a uma

destruição do osso alveolar. Dependendo o nível que está a perfuração e o nível que está a

crista óssea, podem se comunicar gerando uma bolsa periodontal. Cemento e dentina podem

apresentar variado grau de reabsorção.

Se os restos epiteliais de Malassez forem estimulados, estes podem dar origem a um

cisto.

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Esquema representativo da evolução do processo inflamatório decorrente de uma perfuração. (BRAMANTE,

2004, p. 28)

Perfuração coronária é aquela que ocorre no nível da câmara pulpar. Logo, o aumento

da abertura coronária, estendendo o preparo para mesial nos dentes posteriores melhora a

visualização da câmara pulpar, reduzindo a possibilidade de perfuração por instrumentos

cortantes.

As perfurações coronárias ainda podem ser divididas em supragengivais, subgengivais

e infra-ósseas, tendo diferentes métodos de tratamento.

- Supragengivais: localizadas acima da inserção gengival. Podem ser seladas com

materiais usados na dentística restauradora. Se for muito extensa, é indicada reconstrução

protética.

Perfuração

Destruição = Dentina – Cemento

Ligamento periodontal – Osso alveolar

Processo inflamatório

Tratamento

Reparo

Sem tratamento

Contaminação

Abcesso

Bolsa

periodontal

Sem

contaminação

Estímulos

restos epiteliais

de Malassez

Invaginação

de tecido de

granulação

Cisto Pólipo

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- Subgengivais: localizadas abaixo da inserção gengival, mas acima do nível ósseo. O

tratamento pode ser realizado por exposição cirúrgica da perfuração ou por tração ortodôntica,

sendo ambas seladas com materiais restauradores.

- Infra-ósseas: podem ocorrer na furca ou em outras regiões da câmara pulpar do

dente. Ao ser identificada a perfuração, deve ser fechada o mais rápido possível. O não-

selamento da perfuração permite a infiltração de fluídos, induzindo, mantendo ou agravando o

processo inflamatório.

Os materiais mais utilizados no fechamento dessas perfurações são o MTA (agregado

trióxido mineral) (Dentsply, Suíça) e a pasta L&C (Hidróxido de Cálcio) (Dentsply, Brasil).

Após abundante irrigação-aspiração (hipoclorito de sódio 1%) da perfuração e controle da

hemorragia, seca-se com cones de papel absorvente. Em casos de pequena perfuração, pode-

se levar imediatamente o MTA ou a pasta L&C, removendo o excesso. Já no caso de grande

perfuração, devem ser postos materiais que funcionem como barreiras mecânicas e que sejam

posteriormente reabsorvidos pelo organismo. Pode ser usado tanto o pó de hidróxido de

cálcio, associado ou não a um veículo aquoso, como também pode ser usado o sulfato de

cálcio. Após a reabsorção desses materiais, o tecido conjuntivo entrará em contato com a

pasta L&C ou MTA, que são os selantes definitivos da cavidade.

Pasta L&C que tem na composição: 65,6% de hidróxido de cálcio p.a. (base), 32,8%

de carbonato de bismuto (catalisador) e 1,6% de colofônia. O líquido é azeite de oliva puro.

Graças a sua composição, a pasta apresenta boa radiopacidade, fluidez, adesividade

e escoamento, o que permite sua fácil introdução no canal radicular. O veículo

oleoso lhe confere pouca solubilidade, com liberação e contínua de hidróxido de

cálcio do interior das micelas formadas. Possui bom comportamento biológico. É

indicada para fechamento de perfurações radiculares, obturação nos casos de

rizogênese incompleta e na técnica do tampão apical (LOPES e SIQUEIRA JR.,

2004, p. 630).

O agregado de trióxido mineral (MTA) é um pó cinza ou branco composto de

trióxidos combinados com outras partículas minerais hidrofílicas e que cristaliza na

presença de umidade. Seus principais componentes são o silicato tricálcio, silicato

dicálcio, aluminato tricálcio, ferroaluminato tetracálcio, sulfato de cálcio diidratado

(gesso) e óxido de bismuto, como radiopacificador (LOPES e SIQUEIRA JR., 2004,

p. 632).

A hidratação do pó pode ser feita com água destilada, solução anestésica ou

fisiológica, na proporção de 3:1, o que resulta em um gel coloidal que se solidifica entre 10

minutos (MTA-Angelus) e 3 horas (ProRoot-MTA) Após o endurecimento, o material se

expande, selando as margens das cavidades. Apresenta pH alcalino, em torno de 12,5.

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Lopes e Siqueira Jr. (2004) relata que além de estimular a neoformação dentinária, o

MTA apresenta atividade antibacteriana satisfatória, promove um selamento adequado,

prevenindo a microinfiltração, é biocompatível e não tem potencial carcinogênico.

Outro tipo de perfuração pode ser a coronorradicular, que é intra-óssea, no segmento

cervical do canal radicular. O reparo da perfuração pode ser feito antes, durante ou depois da

obturação do canal radicular.

Quando o preenchimento do defeito é feito antes da obturação do canal radicular,

deve-se obstruir o canal radicular com algodão estéril um pouco além da perfuração e em

seguida preencher a falha com material selador (pasta L&C ou MTA). Radiografar nesta fase

é importante, pois será possível visualizar ou não o preenchimento da falha. Após radiografar,

esvaziar e limpar o canal radicular, com algum instrumento endodôntico de diâmetro

compatível envolto em algodão estéril. De preferência, a obturação do canal radicular deve ser

realizada pela técnica da condensação lateral. É desaconselhado utilizar canais perfurados

para ancorar retentores intra-radiculares.

Ao se optar por selar a perfuração durante a obturação, esta deve ser feita com o

cimento obturador. Utilizar a técnica da condensação lateral.

Quando se deseja selar a perfuração após a obturação, devem-se realizar modificações.

A obturação deve ser feita com injeção de guta-percha termoplastificada um pouco aquém da

perfuração. A perfuração deve ser previamente bloqueada com pasta de hidróxido de cálcio,

para evitar extravasamento de material obturador. Após obturação, preencher com material

selador (pasta L&C ou MTA) o restante do canal, e consequentemente a perfuração.

Lopes e Siqueira Jr. (2004, p. 132) destacam que a “limpeza inadequada, perfurações,

degraus e outros erros de procedimentos na terapia endodôntica estão entre as principais

causas de fracassos endodônticos, a maioria deles proveniente do acesso incorreto.”