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ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA DE SIMULAÇÃO NUMÉRICA COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE PARA EMPRESAS DE FUNDIÇÃO Reinaldo Jose de Oliveira (CEETPS) [email protected] Antonio Cesar Galhardi (CEETPS) [email protected] O processo de fundição de metais tem seu início ainda na época pré-histórica (ROSSITTI, 1993). Possui por características básicas a fusão do metal e o preenchimento em moldes, com a finalidade de produzir peças requeridas, por meio de diferentes processos. Contudo, somente nas últimas quatro décadas, a solidificação dos metais e suas ligas começaram a ser investigados com critérios e metodologias científicas (BRAGA, 1992). Porter (1989) descreve dois tipos de vantagem competitiva: baixo custo e diferenciação. Quando combinados, resultam em três estratégias genéricas para alcançar o desempenho superior: liderança de custo, diferenciação e enfoque. A utilização da Simulação Numérica como ferramenta de trabalho na engenharia de fundição está apresentando uma utilização crescente e cada vez mais eficiente na otimização de projetos e processos (VERRAN, REBELO e OLIVEIRA, 2000). Nesta pesquisa, fica evidente o ganho da organização na utilização do software de simulação numérica. Método de análise que reduz custos de planejamento, projeto, processo e produção, evidenciando os resultados de forma antecipada dentro do planejamento. Esta visualização de resultados, facilita e agiliza a tomada de decisão e ao mesmo tempo torna-se um diferencial para a organização em sua prospecção no mercado. Palavras-chave: Fundição, Simulação, Competitividade, Vantagem competitiva XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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ESTUDO DA UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA DE

SIMULAÇÃO NUMÉRICA COMO FATOR DE COMPETITIVIDADE PARA EMPRESAS DE

FUNDIÇÃO

Reinaldo Jose de Oliveira (CEETPS) [email protected]

Antonio Cesar Galhardi (CEETPS) [email protected]

O processo de fundição de metais tem seu início ainda na época pré-histórica (ROSSITTI, 1993). Possui por características básicas a fusão do metal e o preenchimento em moldes, com a finalidade de produzir peças requeridas, por meio de diferentes processos. Contudo, somente nas últimas quatro décadas, a solidificação dos metais e suas ligas começaram a ser investigados com critérios e metodologias científicas (BRAGA, 1992). Porter (1989) descreve dois tipos de vantagem competitiva: baixo custo e diferenciação. Quando combinados, resultam em três estratégias genéricas para alcançar o desempenho superior: liderança de custo, diferenciação e enfoque. A utilização da Simulação Numérica como ferramenta de trabalho na engenharia de fundição está apresentando uma utilização crescente e cada vez mais eficiente na otimização de projetos e processos (VERRAN, REBELO e OLIVEIRA, 2000). Nesta pesquisa, fica evidente o ganho da organização na utilização do software de simulação numérica. Método de análise que reduz custos de planejamento, projeto, processo e produção, evidenciando os resultados de forma antecipada dentro do planejamento. Esta visualização de resultados, facilita e agiliza a tomada de decisão e ao mesmo tempo torna-se um diferencial para a organização em sua prospecção no mercado.

Palavras-chave: Fundição, Simulação, Competitividade, Vantagem

competitiva

XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015.

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1. Introdução

O processo de fundição de metais tem seu início ainda na época pré-histórica

(ROSSITTI, 1993). Possui por características básicas a fusão do metal e o preenchimento em

moldes, com a finalidade de produzir peças requeridas, por meio de diferentes processos.

Contudo, somente nas últimas quatro décadas, a solidificação dos metais e suas ligas

começaram a ser investigados com critérios e metodologias científicas (BRAGA, 1992).

Dentre as vantagens do processo de fundição destaca-se a capacidade de produção de

peças complexas, com tolerâncias dimensionais restritas, em função da facilidade de modelar

o metal líquido exatamente como projetado, e a versatilidade. É possível produzir peças

fundidas com poucos gramas até dezenas de toneladas (SOARES, 2000).

Segundo dados da ABIFA (2014) a indústria brasileira de fundição emprega cerca de

66.000 trabalhadores. Faturou 11,6 bilhões de dólares em 2013 e possui cerca de 1.300

empresas (base 2013). A maioria dessas empresas é de pequeno e médio porte, com

predomínio do capital nacional. No cenário mundial o Brasil é o 7º produtor de fundidos

superando, por exemplo, países como: Coréia, Itália e França (MODERN CASTING, 2014).

2. Referencial Teórico

Segundo Nakagawa (1994) a competitividade da empresa caracteriza-se pela

capacidade que ela tem de desenvolver e sustentar vantagens competitivas, capacitando-se

para enfrentar a concorrência. Haguenauer, Ferraz e Kupfer (1996) definem competitividade

como a capacidade da empresa formular e implantar estratégias concorrenciais que lhe

permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado.

Com a globalização, a competição torna-se mais intensa, conforme Franco (1999), obrigando

a empresa ser mais inovadora e criativa, para se manter competitiva.

Porter (1989) descreve dois tipos de vantagem competitiva: baixo custo e

diferenciação. Quando combinados, resultam em três estratégias genéricas para alcançar o

desempenho superior: liderança de custo, diferenciação e enfoque. Para Motta (1995), uma

vantagem competitiva nasce a partir do valor que a empresa cria para seus clientes,

materializada em menores preços para bens equivalentes ou oferta de bens exclusivos.

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Chiavenato e Sapiro (2003) descrevem que competir está no cerne das organizações de

mercado, que o novo século trouxe consigo excitantes e dinâmicos desafios competitivos,

respondidos com geração de margens e retornos superiores. Os autores afirmam que há uma

nova natureza da competitividade, nos ciclos econômicos, na velocidade das mudanças, na

transnacionalidade do mundo, na globalização, na tecnologia da informação, num ambiente de

trabalho mutável e na inovação, e em todas as consequências que se sucederam.

Maramaldo (2000) define competitividade como sendo a melhor combinação possível

entre satisfazer o mercado no qual a empresa atua e ganhar dinheiro. Na opinião do autor são

metas conflitantes, e atendê-las, passa a ser o desafio. Porter (2004) retoma os próprios

estudos publicados no ano de 1989, sobre vantagem competitiva, e reforça os conceitos pelos

quais uma empresa pode se diferenciar no mercado, e ser mais competitiva: (a) redução de

custos e (b) diferenciação. O autor acrescenta ainda que apesar de ser impossível ter mais de

uma empresa com liderança em custo, é perfeitamente concebível que várias empresas

obtenham sucesso com adoção de estratégia voltada para a diferenciação.

Para Porter (2009) competir está na essência do negócio, pois a concorrência na

indústria, seja qual for, é uma constante. E concorrer não somente com outras empresas do

mesmo ramo, mas também disputar espaço no mercado com potenciais entrantes, substitutos,

fornecedores e clientes. Uma disputa sistêmica, contra todos e contra si mesmo.

Como alternativa à busca pela competitividade pela reestruturação, empresas mais

antenadas iniciaram a reengenharia de processos, erradicando trabalho desnecessário,

apontando os processos para a satisfação do cliente, redução do tempo do ciclo e para a

qualidade total. A desvantagem associada a este processo é que em geral o mesmo leva

alcançar os concorrentes, e não superá-los. Assim, “embora tentem frequentemente

transformar a imitação em virtude e vesti-la com as cores modernas da capacidade de

adaptação, muitas vezes os gerentes estão se adaptando a estratégias preventivas de

concorrentes mais criativos” (Prahalad e Hamel, 2005, p. 16). Emparelhar-se aos concorrentes

é necessário, porém não levará nenhuma organização à liderança.

Assim, o uso de tecnologias de simulação, objeto de pesquisa deste artigo, apresenta-se

como uma forma das empresas de fundição, aqui representadas por três casos distintos, porém

com a característica comum de utilizarem softwares para este fim, impelem à estas empresas a

condição de desafiantes, inovadoras e criativas, corroborando com o que Prahalad e Hamel

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(2005) apresentam como o necessário para serem consideradas diferentes, nem menores nem

melhores, mas desta forma competitivas.

2.1. As indústrias de fundição de metais no Brasil

O processo de fundição de metais, cujo início se deu ainda na época pré-histórica,

possui por características básicas a fusão de metais e vazamento dos mesmos em moldes, com

a finalidade de produzir as formas básicas requeridas, através de diferentes métodos de

fundição, numa infinidade de produtos (KONDIC, 1973).

A indústria de fundição está constantemente confrontada com desafios. Além do

aumento das demandas econômicas, especialmente em relação à mão de obra e de recursos

materiais. Ainda a indústria de fundição deve atender às demandas técnicas relacionadas com

a qualidade do produto, documentação e tempo de entrega (BONOLLO e ODORIZZI, 2001).

Um estudo, seguido de um planejamento bem elaborado são necessários, dentre outras

razões, para que auxiliem a tomada de decisão da diretoria, o qual deve ser feito para médio e

longo prazo, pois envolve muitas vezes investimentos de valores elevados, em equipamentos

ou em tecnologia aplicada.

Um dos desafios das pequenas fundições reside no fato de educar o empresário para a

questão da gestão como fator diferencial de sucesso, conhecer e aplicar adequadamente as

ferramentas econômicas e financeiras a partir das informações do negócio tornou-se

fundamental para a estratégia competitiva; bem como os custos de produção das peças por

meio de informações e processos medidos para conseguir vender seus produtos a preços

competitivos e com resultado (MORAES et al., 2007).

A partir do crescimento da internacionalização da economia intensificou-se a

necessidade da reorganização dos fatores produtivos e os modos de gestão empresarial com a

finalidade de compatibilizar a organização com padrões internacionais de qualidade e

produtividade (OLAVE e AMATO NETO, 2001).

Desde os primeiros anos do século XXI, a indústria de fundição ocupa lugar

importante dentre os vários segmentos da economia, ao se caracterizar pela produção de bens

intermediários em diversos setores, contribuindo desta forma, direta ou indiretamente, para o

desenvolvimento do país (CASTRO e ANTONIALLI, 2005).

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Dentre as possibilidades pelas quais as organizações podem desenvolver para sustentar

suas vantagens competitivas, Perez Júnior, Oliveira e Costa (2009) destacam dois aspectos, os

quais podem ser observados pelas empresas de fundição no Brasil, são eles: baixo custo e

diferenciação.

A análise de Perez Júnior, Oliveira e Costa (2009) para diferenciação como fator de

competitividade, explora o contexto da percepção de valor por parte do cliente que reconhece

o diferencial da empresa e se torna fiel à marca. Outro ponto destacado é a diferenciação na

qualidade do serviço prestado ao cliente.

As empresas de fundição devem dar atenção ao aspecto da inovação como diferencial

competitivo, assim como aponta Perez Júnior, Oliveira e Costa (2009), que destaca a

Ainda para os autores Freeman e Soete (2000), o desenvolvimento da ideia de potencial

econômico em novos produtos e processos exige muitas etapas de experimentação em que as

possibilidades de mercado interagem com a ideia original. A pesquisa destacada na Figura 4

(FAGUNDES, 2010) destaca que quase 78% das empresas de fundição de metais no Brasil

pretendem investir em tecnologia para melhoria dos processos produtivos, uma vantagem

competitiva.

Isso é frequentemente observado no mercado de fundição de metais no Brasil, dado o

seu elevado potencial de fabricação de componentes técnicos e exigência dos clientes finais,

em destaque para o setor automobilístico, para o qual a indústria de fundição de metais no

Brasil fornece o maior percentual em volume de metal, quando comparado aos demais setores

da economia.

Segundo a análise de Porter (2004), a essência da formulação de uma estratégia

competitiva é relacionar uma companhia ao seu ambiente, ou seja, as indústrias em que ela

compete, o que reforça a importância de se observar as pesquisas publicadas por Fagundes

(2010), que analisaram as indústrias de fundição de metais nos cinco anos anteriores ao estudo

e nos cinco posteriores, além do apontamento a cerca do emprego da tecnologia como um

diferencial competitivo neste setor.

2.2. Uso da tecnologia de simulação numérica nas indústrias de fundição de metais

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A utilização da Simulação Numérica como ferramenta de trabalho na engenharia de

fundição está apresentando uma utilização crescente e cada vez mais eficiente na otimização

de projetos e processos (VERRAN, REBELO e OLIVEIRA, 2000)

De acordo com Saxton et all (2005), incluem-se variáveis nas área de aplicação, no caso

fundição, é importante para agregar mais possibilidades de melhores resultados e adequação

de futuros projetos, sejam de pesquisa bem como de equipamentos e máquinas que precisam

formular seus projetos com base neste tipo de informação, onde enquadra-se o software de

simulação numérica.

Existem softwares que simulam o processo de fundição, possibilitando a visualização

do comportamento do metal ao preencher o molde, e ainda levantar uma série de dados

relevantes para avaliação do processo, seja para prever falhas ou para implantar melhorias

(LANA, 2010). Estudos de simulação têm sido aplicados em diversos setores como na

simulação de processos da indústria de manufatura, simulação de sistemas públicos (bancos),

sistemas de transporte (logística, transporte de passageiros), na mineração e siderurgia

(OLIVEIRA, 2008).

Através da simulação numérica, podemos identificar várias situações para que se

conclua a análise de resultados do comportamento que a peça em fundido terá no molde

durante a fundição e posteriormente no resfriamento, levando em conta a temperatura de

vazamento, resfriamento, tempo de resfriamento, contração, pontos quentes, etc. Podemos

identificar através de simulações detalhes onde fica clara no desempenho do material,

segundo Bilharz, 2013.

Após a análise da Simulação Numérica, o analista critica os resultados e, caso seja

necessário, introduz modificações. O ciclo se repete até se obter o resultado desejado, isto é,

um fundido com bom nível de qualidade. Assim, o tradicional ciclo de tentativa e erro na

fundição foi substituído pela simulação em computador (MARQUES, 2008).

3. Metodologia

Realizou-se estudos de casos múltiplos em três diferentes empresas de fundição de

metais. Para Yin (2005), o estudo de caso como estratégia de pesquisa é utilizado para

contribuir com o conhecimento que há sobre determinado fenômeno.

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Baseado neste conceito adota-se a proposta de aplicar o estudo de caso em três

empresas, com características diferentes, tais como: posição geográfica, mercado que atua,

tamanho da empresa e tempo de uso de um determinado software de simulação numérica, as

quais se dispuseram a fornecer informações não confidenciais, são elas:

a) A primeira é uma indústria de fundição de ferro fundido, localizada no estado do

Rio Grande do Sul, que produz em média 300 toneladas de material por mês, conta

com cerca de 200 colaboradores em seu quadro de funcionários e faz uso de um

software de simulação numérica há menos de 2 anos. Esta será identificada neste

estudo como Fundição A;

b) A segunda é uma indústria de fundição de aço, localizada no estado de São Paulo,

produz cerca de 2600 toneladas de material por mês, 1300 funcionários e faz uso

da simulação numérica há 4 anos. Esta será identificada neste estudo como

Fundição B;

c) A terceira empresa é uma indústria de fundição de ferro fundido cinzento e

nodular, localizada no estado do Rio de Janeiro com produção de 5300 toneladas

por mês, cerca de 1300 funcionários e faz uso da simulação numérica em fundição

há 7 anos. Esta será identificada neste estudo como Fundição C.

O estudo de caso foi baseado em entrevistas semiestruturadas, com profissionais da área

de gestão do uso da simulação numérica na engenharia de processos da empesa. As

entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas para análise.

4. O estudo de múltiplos casos

Na Fundição A, o entrevistado quando questionado sobre a vantagem do o uso da

simulação numérica, comentou que o que se observa não é um ganho expressivo no tempo de

projeto em si, mas naquele tempo que a empresa ganha com o produto sendo produzido na

tentativa e erro da prática, da experiência na fundição. Com o software de simulação numérica

os profissionais conseguem prever a falha e consegue simular várias versões até que chegue

numa condição ideal.

A ideia neste caso é investir um tempo maior simulando, que teoricamente parece perda,

mas não é, porque é possível simular até um ponto que se considera ideal para produção e só

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vai testar na prática quando tiver um ideal formado. Desta forma, o tempo total do projeto,

pode ser reduzido e o prazo de entrega ao cliente melhorado.

O que a empresa já observou neste caso, foram ganhos de redução de tempo da ordem

de 25% a 30% quando comparado a projetos não simulados antes de serem produzidos..

A competitividade também está ligada à imagem que a empresa possui frente ao seu

cliente. Desta forma os pontos destacados na entrevista são importantes para associar se o

investimento na simulação tem relação. Isso foi dito pelo entrevistado quando ele mencionou

que é possível conversar com o fala com o cliente, quando a fundição possui a simulação, e os

olhos já são diferenciados, ele já olha com maior respeito, e ainda mais se for um software

que tem um renome no mercado eles olham de forma diferente.

A pergunta sobre a melhoria da competitividade teve como resposta que com toda

certeza, a simulação ajuda prever e pode dar uma melhor condição para seu processo

trabalhar, a simulação ajuda inclusive a fornecer itens que outros concorrentes não estão

fornecendo por não terem a tecnologia de simulação, e quem tem, consegue ter esse

diferencial, pode dar uma confiabilidade que o produto poderá ser fornecido com garantias de

sanidade da peça, que é o que o cliente busca constantemente, que o produto não tenha falhas,

ou seja, defeitos na fundição.

Por fim o entrevistado da Fundição A comenta que a empresa tem que ser mais

competitiva, e se não for à tendência é cair fora do mercado.

A Fundição B relatou na entrevista que a estratégia da empresa para o uso do software

de simulação está focada para: desenvolvimento de novos produtos, redução de custo e

melhoria de processo (embora este último tenha relação com redução de custo).

Os relatos do entrevistado revelam que a empresa nestes anos de uso da simulação

numérica, observou ganhos da ordem de 30 a 35% de redução de custo. Com a simulação,

afirmou o entrevistado, a quantidade de peças fundidas para aprovação é menor, consequente

uso menor de insumos, utilização de ensaios de qualidade pode ser reduzido quando se usa a

simulação, são os principais fatores que devem ser levados em consideração, por isso

podemos afirmar que o ganho realmente está entre 30-35% dos custos em um projeto quando

simulado, em relação a um projeto não simulado.

O ponto final dos comentários da Fundição B pode ser sintetizado com o destaque

para a vantagem do uso da simulação numérica na fundição: a empresa pode economizar

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tempo e recursos, o software é adequado para desenvolvimento e melhoria de produto e

processo, economia de recursos e a imagem frente ao cliente final da peça.

O entrevistado da Fundição C destacou que o software é utilizado para pesquisa e

desenvolvimento e tem um efeito bastante produtivo para a empresa, eles disseram que fazem

uma simulação inicial para os projetos fundidos de onde partem os projetos finais, as quais as

modelações terceirizadas fornecem para nos o ferramental completo de fundição, isso é muito

importante para o desenvolvimento do projeto como um todo.

A variabilidade dos resultados em relação ao refugo, quando a empresa consegue

simular, o índice de refugos tem a ficar mais controlado e com índices mais baixos. Sendo

hoje em dia o mercado altamente competitivo, este é um dos fatores que impactam o tempo

que a empresa gasta para desenvolver os nossos produtos.

O exemplo prático da Fundição C foi o de um cliente que estava nacionalizando as

peças e ele tinha uma demanda por velocidade no prazo de entrega, a peça tinha um nível de

complexidade relativamente alto e a empresa acabou por não executar nenhuma simulação

nos momentos iniciais do projeto. A consequência foi a aprovação do produto para a

produção, mas isso levou a empresa a sofrer com um índice de rejeição de quase 60%.

Atualmente o refugo caiu, está em torno de 16% nesta peça, pois aplicou-se a simulação após

os péssimos resultados práticos. Não se conseguiu reduzir mais, por limitações, quando a

simulação não é aplicada no início do projeto, não há muito que fazer neste caso a redução de

60 para 16% já auxiliou a empresa nos resultados.

O entrevistado resumiu que a empresa observa com a simulação uma maior

confiabilidade do processo, tendência a ter uma redução do tempo final do projeto, menor

índice de refugo, os custos envolvidos para aprovação do produto também são reduzidos,

porque grande parte dos testes é feito no software, evitando testes práticos e custos. Também

se observa um maior rendimento metálico quando se usa a simulação.

O que fora observado na coleta de dados nas entrevistas para o estudo de múltiplos

casos nas três empresas de fundição, é que há possibilidade do investimento por parte das

mesmas em uma tecnologia do tipo simulação numérica para melhoria da competitividade.

Pode-se associar o que Maramaldo (2000) que definiu a competitividade como sendo a

melhor combinação possível entre satisfazer o mercado e ganhar dinheiro, observa-se que as

indústrias de fundição de metais no Brasil, representadas aqui pelas três que participaram do

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estudo de caso, quando aplicam a simulação numérica do processo, objetivam conquistar

juntos aos seus clientes uma maior credibilidade e gerar lucro com o maior número de

produtos vendidos e possivelmente uma melhor margem, pois conseguiu reduzir os custos.

5. Considerações finais

Nota-se que o fator competitividade é fundamental para a sobrevivência das empresas,

o que não é diferente para o caso específico das indústrias de fundição no Brasil. Como em

qualquer outro setor, o destaque é dado a organização que toma postura diferenciada para

competição imposta pelo mercado consumidor, cada vez mais exigente.

Os desafios são muitos, uma vez que o processo de fabricação de peças por fundição

requer investimento em equipamento de fabricação, cada vez mais robustos e produtivos,

embora isso não sejas parte da estratégia da empresa e tão somente um investimento, nem

tampouco o uso da simulação numérica, que será uma ferramenta para uso na engenharia.

O que a empresa deverá se preocupar é de enquadrar o uso de uma ferramenta como a

de simulação numérica do processo de fundição de metais, na sua estratégia competitiva.

Agregar tecnologia em seu processo desde a concepção do produto, otimizando sua produção

e ganho maior possível no ajuste do seu processo produtivo.

Nesta pesquisa, fica evidente o ganho da organização na utilização do software de

simulação numérica. Método de análise que reduz custos de planejamento, projeto, processo e

produção, evidenciando os resultados de forma antecipada dentro do planejamento. Esta

visualização de resultados, facilita e agiliza a tomada de decisão e ao mesmo tempo torna-se

um diferencial para a organização em sua prospecção no mercado.

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