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    Estudo das exigncias fisiolgicas efuncionais do jogo de voleibol de praiae das suas implicaes na recuperao

    Mrio Pedro Oliveira Incio

    Porto, Dezembro de 2006

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    Estudo das exigncias fisiolgicas efuncionais do jogo de voleibol de praia edas suas implicaes na recuperao

    Orientador: Prof. Doutor Jos Magalhes

    Co-Orientador: Prof. Doutora Isabel Mesquita

    Mrio Pedro Oliveira Incio

    Porto, Dezembro de 2006

    Monografia realizada no mbito da disciplina deSeminrio do 5 ano da licenciatura em Desportoe Educao Fsica, na rea de Desporto deRendimento - Voleibol, da Faculdade de Desportoda Universidade do Porto

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    Agradecimentos

    Este passo o ltimo de uma grande caminhada realizada com bastante

    esforo e sobretudo com bastante apoio.

    No posso deixar passar em claro esta ltima oportunidade para

    agradecer a quem eu realmente sinto que me ajudou a concretizar esta longa

    caminhada.

    Professora Doutora Isabel Mesquita por me ter dado esta

    oportunidade de trabalhar na rea que eu sempre quis e lutarei para continuar.

    Ao Professor Doutor Antnio Ascenso por toda a sua disponibilidade,

    ajuda fundamental na parte experimental do trabalho, suas opinies e

    sugestes preciosas que foram extremamente importantes para a

    concretizao deste trabalho.

    Ao professor Mestre Eduardo Oliveira por toda a sua disponibilidade eensinamentos relativamente ao manuseamento de alguns instrumentos de

    avaliao, que se tornou tambm preponderante nesta etapa.

    Ao Professor Doutor Jos Magalhes toda a sua ajuda, compreenso e

    por me ter ajudado da melhor forma possvel quando eu parecia fraquejar. Por

    toda a sua transmisso de conhecimentos e motivao para a realizao desta

    tarefa. Obrigado pela sua confiana num dos momentos mais importantes daminha vida.

    Junta de Freguesia de Matosinhos por ter cedido o local

    imprescindvel operacionalizao da parte experimental deste trabalho.

    A todos os atletas que se disponibilizaram a participar neste projecto,

    uma vez que sem eles nada disto era possvel.

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    Aos meus pais que sempre desejaram que este momento chegasse e

    que fizeram o possvel e o impossvel para me ajudar da melhor forma, mesmo

    quando parecia impossvel.

    Patrcia Costa que foi tambm ela uma pedra importante na realizao

    deste trabalho.

    E por fim Andreia Ribeiro por seres quem s. Obrigado por sempre

    teres estado l quando eu mais precisei. Obrigado por todo o amor e carinho

    que me ajuda a crescer.

    A todos obrigado

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    NDICE GERAL

    RESUMO. I

    RESUMO............................................................................................................ 9

    1. INTRODUO ............................................................................................... 1

    2. REVISO DA LITERATURA ......................................................................... 32.1.CARACTERIZAO DO ESFORO INTERMITENTE ............................................. 3

    2.2.CARACTERIZAO GERAL DO VOLEIBOL DE PRAIA ........................................ 13

    2.3.EXIGNCIAS FISIOLGICAS DO VOLEIBOL DE PRAIA....................................... 17

    3. MATERIAL E MTODOS ............................................................................ 26

    3.1.CARACTERIZAO DA AMOSTRA ................................................................ 26

    3.2.PROCEDIMENTOS ..................................................................................... 27

    3.2.1. Recolha de dados ........................................................................... 27

    3.2.1.1. Protocolo de aplicao dos testes................................................ 27

    3.2.1.1.1. VO2mximo .............................................................................. 29

    3.2.1.1.2. Frequncia cardaca em jogo.................................................... 29

    3.2.1.1.3. Concentraes sanguneas de lactato em jogo ........................ 29

    3.2.1.1.4. Deslocamentos em jogo............................................................ 30

    3.2.1.1.5. Velocidade 7,5metros e 15metros............................................. 303.2.1.1.6. Impulso vertical ....................................................................... 30

    3.2.1.1.7. Wingate ..................................................................................... 31

    3.2.1.1.8. Fora Mxima Isomtrica.......................................................... 32

    3.2.2. Tratamento de dados...................................................................... 32

    3.3.INSTRUMENTARIUM ................................................................................... 33

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    4. APRESENTAO DOS RESULTADOS..................................................... 34

    4.1.VO2MXIMO ............................................................................................ 34

    4.2.FREQUNCIA CARDACA EM JOGO............................................................... 35

    4.3.CONCENTRAES SANGUNEAS DE LACTATO EM JOGO................................. 36

    4.4.DESLOCAMENTOS EM JOGO ....................................................................... 37

    4.5.VELOCIDADE 7,5M E 15M .......................................................................... 38

    4.6.IMPULSO VERTICAL ................................................................................. 38

    4.7.WINGATE ................................................................................................. 39

    4.8.FORA MXIMA ISOMTRICA ..................................................................... 40

    5. DISCUSSO DOS RESULTADOS.............................................................. 42

    6. CONCLUSO .............................................................................................. 49

    7. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................ 50

    8. ANEXOS ...................................................................................................... 63

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    NDICE DE FIGURAS

    FIGURA 1 - ESQUEMA SIMPLIFICADO DO PROTOCOLO EXPERIMENTAL; FMI FORA

    MXIMA ISOMTRICA.................................................................................... 28

    FIGURA 2-GRFICO DA FREQUNCIA CARDACA DURANTE UM JOGO DE VOLEIBOL DE

    PRAIA COM 3SETS. ...................................................................................... 35

    FIGURA 3-%DE TEMPO DE JOGO DESPENDIDO NAS DIFERENTES PERCENTAGENS DE

    FCMXIMA.VALORES REPRESENTAM A MEPM. .......................................... 36

    FIGURA 4 - % DE TEMPO TOTAL DE JOGO CORRESPONDENTE A DIFERENTES

    INTENSIDADES DE JOGO.VALORES REPRESENTAM A MEPM.......................... 37

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    NDICE DE TABELAS

    TABELA 1 -CARACTERSTICAS ANTROPOMETRICAS E FISIOLGICAS DOS JOGADORES

    DE VOLEIBOL DE PRAIA. ............................................................................... 26

    TABELA 2-FCMXIMA,VO2MXIMO E VELOCIDADE MXIMA AERBIA ATINGIDA PELOS

    VOLEIBOLISTAS ............................................................................................ 34

    TABELA 3 - EFEITO DO VOLEIBOL DE PRAIA NAS CONCENTRAES MXIMAS DE

    LACTATO. .................................................................................................... 36

    TABELA 4EFEITOS DE UM JOGO DE VOLEIBOL DE PRAIA NA VELOCIDADE DE 7,5E 15

    METROS DOS ATLETAS.................................................................................. 38

    TABELA 5EFEITOS DE UM JOGO DE VOLEIBOL DE PRAIA NA IMPULSO COM CONTRA-

    MOVIMENTO DOS ATLETAS. ........................................................................... 39

    TABELA 6 EFEITOS DE UM JOGO DE VOLEIBOL DE PRAIA NAS VARIVEIS DO TESTE

    WINGATE .................................................................................................... 40

    TABELA 7 EFEITOS DE UM JOGO DE VOLEIBOL DE PRAIA NA CONTRACO MXIMA

    VOLUNTRIA ISOMTRICA, NOS GRUPOS MUSCULARES, QUADRICEPS E

    ISQUIOTIBIAIS,DO MEMBRO INFERIOR DOMINANTE DOS ATLETAS....................... 41

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    Resumo

    I

    RESUMO

    Um atleta de voleibol de praia, numa competio oficial, pode realizar 3

    jogos no mesmo dia, com tempos de repouso apenas de 3 horas. Assim sendo,

    foi nosso objectivo verificar se os atletas esto aptos para realizar um novo

    jogo com to curto perodo de recuperao. A amostra utilizada foi constituda

    por 15 atletas de voleibol de praia (23,62,3 anos; 77,14,2 kg; 187,56,5 cm;

    11,72,6 % gordura corporal). Os atletas realizaram uma avaliao de

    laboratrio para obter a sua FC e VO2 mximos. Realizaram tambm um

    protocolo no terreno que consistia em 3 momentos de avaliao (antes do jogo,

    imediatamente aps o jogo e 3 horas aps o trmino do jogo) nos quais osatletas realizaram testes de impulso vertical, velocidade 7,5 e 15 m, fora

    mxima isomtrica e o teste de Wingate. Durante o jogo a frequncia cardaca

    dos atletas foi monitorizada assim como o nmero de deslocamentos. Ainda

    durante o jogo foram realizadas colheitas aleatrias de sangue para anlise

    das concentraes de lactato.

    Os principais resultados mostram no existir alteraes significativas nos

    valores de impulso vertical, de potncia anaerbia e de resistncia de foraimediatamente aps o jogo. Por outro lado, verifica-se uma diminuio

    significativa da performance de velocidade horizontal (7,5 e 15 m) e da fora

    mxima isomtrica dos extensores e flexores da perna aps o jogo. Tambm

    se constatou que durante cerca de 65% do tempo de jogo os atletas se

    exercitam a uma intensidade acima de 70% da FC mx. A actividade do jogo,

    segundo uma avaliao por acelerometria, revelou ser moderada reduzida.

    As concentraes de lactato sanguneas obtidas durante o jogo sosignificativamente diferentes dos valores iniciais, mas ainda assim baixas.

    Verificou-se, ainda, que com excepo da velocidade de deslocamento, os

    atletas recuperaram todos os restantes parmetros aps 3 horas.

    Adicionalmente, podemos concluir que aps 3 horas de recuperao os

    atletas de voleibol de praia esto aptos para realizarem um novo jogo.

    Palavras-chave: voleibol de praia, recuperao, consumo mximo de oxignio,

    frequncia cardaca, lactato, intensidade de exerccio.

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    Introduo

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    1. INTRODUO

    O voleibol de praia uma modalidade extremamente recente e em

    grande evoluo. Como prova so as alteraes s regras de jogo que se

    fizeram sentir num desporto ainda to jovem como este.

    Estas adaptaes surgem como forma de melhorar, tornar mais

    cativante, entusiasmante e tambm mais competitiva a modalidade. Mas para

    tal acontecer necessrio conhecer, saber, possuir conhecimentos tcticos,

    tcnicos, fsicos e tambm fisiolgicos que envolvem esta modalidade.

    Estes pontos so todos importantes uma vez que numa competio devoleibol de praia, nacional ou internacional, os atletas podem realizar 3 jogos

    no mesmo dia, por vezes com tempos de repouso apenas de 3 horas entre os

    jogos e ter vrios dias de provas, desde qualificaes at quadros principais.

    Para tal necessrio estar muito bem preparado fisicamente para conseguir

    corresponder s eventuais exigncias fsicas e fisiolgicas (Smith et al, 1992;

    Conlee et al, 1982 cit Barroso, 2005) quando for solicitado.

    provvel que os jogadores de voleibol de praia possam desenvolverelevados graus de fadiga, particularmente nos membros inferiores,

    comprometendo dessa forma a realizao das habilidades tcnicas e a

    capacidade fsica necessria para a realizao das mesmas.

    No entanto, apesar de ser modalidade Olmpica, no existem estudos

    que caracterizem as exigncias fisiolgicas e implicaes funcionais do jogo de

    voleibol de praia. Os estudos existentes sobre a modalidade focam

    essencialmente aspectos relacionados com leso (Aagaard, Scavenius, &Jorgensen, 1997; Bahr & Reeser, 2003), aspectos biomecnicos (Bishop, 2003;

    Giatsis, Kollias, Panoutsakopoulos, & Papaiakovou, 2004) e psicolgicos (Kais

    & Raudsepp, 2004). Mas ser que os atletas conseguem corresponder de igual

    forma em todos os jogos que realizam no mesmo dia, at mesmo tendo

    reduzidos tempos de repouso como 3 horas?

    Esta a problemtica que vamos discutir e investigar ao longo deste

    estudo. Desta forma elaboramos uma bateria de testes que possibilitasse a

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    Introduo

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    observao e anlise das alteraes fisiolgicas e funcionais que um jogo de

    voleibol de praia pode induzir nos atletas.

    Iniciamos com a caracterizao da amostra, seguido da

    operacionalizao da bateria de testes. Esta bateria possua como finalidade

    avaliar a velocidade de deslocamento (7,5 e 15 metros), impulso vertical

    (counter-movement jump), potncia anaerbia dos membros inferiores e

    resistncia de fora (teste Wingate), monitorizao da produo de lactato e

    frequncia cardaca durante o jogo, registo da intensidade de actividade

    (acelermetro unidimensional) e fora mxima isomtrica dos grupos

    musculares, flexores e extensores, da perna dominante.

    Na operacionalizao escolhemos 3 momentos de avaliao, antes dojogo, imediatamente aps o jogo e 3 horas aps o trmino do jogo.

    Devido a tal falta de informao acerca da modalidade, parece-nos

    extremamente pertinente ter como objectivos gerais do presente estudo,

    descrever o impacto fisiolgico e funcional de um jogo de voleibol de praia e

    verificar se os atletas esto aptos para realizar 2 jogos com apenas 3 horas de

    intervalo para repouso.

    A partir destes objectivos gerais formulmos os seguintes objectivosespecficos.

    - avaliar as alteraes funcionais aps um jogo de voleibol de praia

    quanto velocidade de deslocamento horizontal (7,5 e 15 m);

    - avaliar as alteraes na capacidade de impulso vertical aps um jogo

    de voleibol de praia;

    - avaliar as alteraes da potncia mxima anaerbia e resistncia de

    fora dos membros inferiores aps um jogo de voleibol de praia- avaliar as alteraes na fora mxima isomtrica dos flexores e

    extensores da perna dominante aps um jogo de voleibol de praia ;

    - avaliar as alteraes metablicas induzidas pelo jogo de voleibol de

    praia, nomeadamente quanto s concentraes sanguneas de lactato;

    - estimar a intensidade de um jogo de voleibol de praia com base na

    interpretao do perfil da FC e do recurso acelerometria.

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    Reviso da Literatura

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    2. REVISO DA LITERATURA

    2.1. Caracterizao do esforo intermitente

    O esforo intermitente um tipo de esforo caracterstico de diversas

    modalidades. Diversos autores, como por exemplo Soares (1988), definem

    modalidades de esforo intermitente como aquelas caracterizadas pela

    existncia de paragens frequentes, fases de recuperao total e/ou parcial e

    nveis de intensidade muito variveis, tanto nos momentos activos como nasfases de repouso. No entanto, o parmetro que se pode considerar como o

    mais caracterstico deste tipo especfico de esforo a completa aleatoriedade

    pela qual todas as aces se processam.

    Tendo como base a ideia referida, diversos estudos tm sido realizados

    com a finalidade de caracterizar o esforo intermitente, analisando diversos

    parmetros como o consumo mximo de oxignio (VO2 mx.), a frequncia

    cardaca (FC), o dispndio energtico e a variao de inmeros biomarcadoressanguneos e musculares, entre os quais as concentraes de lactato.

    Christmass et al (1999) realizaram um estudo onde verificaram que o

    consumo de hidratos de carbono em corrida intermitente de 12 seg. com 18

    seg. de repouso, era superior ao da corrida contnua e, por sua vez, o consumo

    de lpidos era inferior. J Chasiotis et al. (1987) compararam as respostas

    fisiolgicas de uma actividade intermitente e uma contnua e verificaram que a

    utilizao de ATP e a actividade glicoltica foram superiores durantecontraces intermitentes, mas por outro lado a glicogenlise foi semelhante a

    contraces contnuas. Na mesma perspectiva de anlise, Hu et al. (1999)

    verificaram que aps um exerccio intermitente, as concentraes basais de

    testosterona plasmtica se mantiveram estveis, no entanto, aps exerccio

    contnuo os valores eram inferiores.

    Como tentativa de verificar as diferenas entre os dois tipos de esforo,

    ao nvel do consumo de oxignio e da frequncia cardaca, Drust et al (2000)

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    Reviso da Literatura

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    verificaram no existir diferenas significativas ao nvel destes dois parmetros.

    Da mesma forma, Falk (1995) verificou que o dispndio energtico de dois

    protocolos, contnuo e intermitente, eram semelhantes e portanto, com

    consumos de oxignio semelhantes. J Demarie et al (2000), ao comparar

    tambm os mesmos tipos de esforo, obtiveram resultados opostos.

    Verificaram que o exerccio intermitente induzia resultados mais elevados que o

    contnuo no que respeita ao aumento da potncia aerbia mxima. Isto ,

    permite atingir valores de VO2mais elevados e manter uma actividade em VO2

    mximo mais prolongada.

    Tardieu-Berger et al (2004) tambm realizaram um estudo para verificar

    a influncia de diferentes tipos de exerccio intermitente no VO2mximo. Osresultados que obtiveram mostraram que o tempo mdio at exausto foi

    superior no exerccio intermitente com maior tempo de repouso (E1). O tempo

    dispendido ao VO2 mximo e o tempo dispendido acima de 90% do VO2

    mximo, no foi estatisticamente diferente nos distintos exerccios, mas quando

    expressos a um valor relativo, no E1 foram significativamente inferiores aos de

    menor tempo de repouso (E2). Apesar de se verificar uma diminuio

    significativa do tempo para atingir os 90% do VO2mximo, no incio de cadasrie durante o E1, o tempo dispendido abaixo dos 90% do VO2mximo veio

    limitar o tempo a 90% do VO2mximo em cada srie.

    Por sua vez, Hargreaves et al. (1998) realizaram um estudo com sujeitos

    submetidos a um protocolo de 4 sries de 30 seg. at exausto em

    cicloergometro com perodos de repouso de 4 min entre as 3 primeiras sries.

    No final da 3 srie, os indivduos repousaram 4 min e realizaram um exerccio

    de 30 min a 30 35 % VO2mx. e seguidamente repousaram mais 60 minantes da 4 srie. Os resultados mostram uma diminuio da potncia da 1

    para a 3 srie, mas no foram registadas diferenas de potncia entre a 1 e a

    4 srie. Imediatamente antes da 3 srie, as concentraes de Adenosina

    Trifosfato (ATP), Fosfocreatina (PCr), glicognio, pH e o consumo de Ca2+do

    retculo sarcoplasmtico sofreram uma reduo. Por outro lado, as

    concentraes de lactato aumentaram. Antes da realizao da 4 srie, as

    concentraes de ATP e glicognio mantiveram-se significativamente mais

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    baixas que imediatamente antes da 1 srie, mas desta vez no se verificaram

    diferenas significativas nos valores de lactato, pH e consumo de Ca2+ de

    retculo sarcoplasmtico. As concentraes de PCr anteriores 4 srie

    encontravam-se mais elevadas que os valores de repouso. Saugen et al.

    (1997), tambm suportam esta ideia visto que ao utilizarem um protocolo de

    contraces isomtricas de 6 seg. de durao e 4 seg. de repouso, a 40% da

    CMV, constataram que a PCr diminui consideravelmente nos primeiros

    perodos de tempo, atingindo uma posterior estabilidade, mas este ltimo ainda

    acrescenta que os valores de PCr, Pi e pH retornam quase que para os valores

    de controlo em 5 min aps a exausto. Parolin et al. (1999) tambm verificaram

    uma acumulao de lactato significativamente progressiva durante umexerccio de elevada intensidade, no atingindo valores superiores quando

    repetido.

    Estes resultados podem ser explicados por McCartney et al (1986),

    Spriet et al (1989) e Withers et al (1991), ao afirmarem que as maiores vias

    para ressntese de ATP so a depleo de PCr e a degradao de glicognio

    muscular com a consequente formao de cido lctico.

    Montelpare et al (2002) verificaram ainda que aps um protocolointermitente, que consistia em 16 sries de 2 min de durao intervaladas com

    repouso de 2 min em ciclo ergometro, as concentraes urinrias totais de

    albumina e protena se encontravam mais elevadas que aps o protocolo

    contnuo (32 minutos a 75% VO2mx. em ciclo ergometro).

    O cido lctico possui uma elevada taxa de produo durante exerccios

    intermitentes (Bangsbo, 1993a). Como suporte afirmao anterior existem

    inmeros estudos realizados. Chamari et al (2001) verificaram que asconcentraes sanguneas de lactato variariam com a realizao de saltos de

    impulso vertical consecutivos e intervalados com repouso de 6 seg. Os

    resultados obtidos mostraram que aps este tipo de esforo intermitente ocorre

    um aumento significativo das concentraes de lactato sanguneo. Este

    aumento pode ser justificado pela activao do metabolismo anaerbio lctico

    durante o exerccio, que participa na produo de energia Chamari et al,

    (2001).

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    Durante a actividade muscular, a produo de energia depende de

    ambos os metabolismos aerbio e anaerbio (Chamari et al., 2001). McArdle et

    al (1985) ainda mais rigoroso afirmando que em actividades muito curtas de

    elevada potncia, a energia provem predominantemente do sistema ATP-PCr,

    pelo fraccionamento de fosfatos intramusculares. As enzimas responsveis

    pela degradao de ATP so designadas como ATPases. O seu processo de

    degradao d-se por hidrlise e origina Adenosina Difosafato (ADP), fosfato

    inorgnico (Pi) e energia que ser utilizada. A ADP posteriormente ser

    ressntetisada em ATP (Brooks, Fahey, & White, 1996).

    A PCr tem um papel muito importante em termos energticos,

    fornecendo fosfatos para a ressntese de ATP atravs da reaco da creatinaquinase durante rpidos aumentos na intensidade do exerccio (Bangsbo,

    1993a). A terceira componente uma enzima designada por mioquinase. Esta

    enzima tem a capacidade de criar uma molcula de ATP a partir de duas

    molculas de ADP (Brooks et al., 1996).

    Em actividades ligeiramente mais prolongadas e, necessariamente, de

    menor intensidade o sistema glicoltico o predominantemente responsvel

    levando produo acrescida de cido lctico (McArdle et al., 1985).Brooks (1996), por outro lado, afirma que exerccios de intensidade

    moderada com durao superior a 30 segundos no podem ser suportados

    predominantemente pelos 2 primeiros sistemas energticos (fosfagnios e via

    glicoltica) devido sua reduzida capacidade. Assim sendo, a via oxidativa

    comea a ter um papel preponderante na produo de energia a partir dessa

    durao. Com a diminuio progressiva da intensidade do exerccio e o

    prolongamento da actividade, a energia proveniente das reservas de fosfato eglicolticas vo diminuindo, passando a produo aerbia a ter cada vez mais

    um papel preponderante nesta aco. No exerccio de longa durao, o

    sistema aerbio o principal responsvel por gerar a energia necessria. No

    estudo realizado por Gaitanos et al. (1993) verificou-se que a energia

    necessria para manter a elevada performance durante um exerccio mximo

    de carcter intermitente, como a realizao de sprints maximais de 6 seg de

    durao com intervalos de 30 seg de repouso em cicloergometro, provinha de

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    uma contribuio semelhante do primeiro sistema energtico (fosfagnios) e da

    gliclise anaerbia.

    Mercier et al (1991), por seu lado, mostrou que as concentraes de

    lactato venoso aumentavam significativamente aps 6 seg. de exerccio

    intenso. Desta forma, foi tambm concludo que o metabolismo anaerbio

    lctico provavelmente contribui significativamente para a produo de energia

    durante exerccios intensos de curta durao. Posteriormente, Bangsbo et al

    (1996) tambm demonstraram que o exerccio intenso est associado a uma

    elevada produo de lactato e consequente elevao de acidez intramuscular.

    Moriguchi et al (2002) realizaram um estudo onde evidenciaram que

    para extenses repetidas da perna a intensidades elevadas (80% de 1repetio mxima), o pH diminui consideravelmente durante 2,5 horas. Como

    consequncia, as concentraes de lactato aumentaram significativamente

    aps o primeiro minuto, ao contrrio do que se verificou com outras cargas

    mais reduzidas.

    Bangsbo (1993a) apresenta a perspectiva de que o exerccio

    intermitente de elevada intensidade mais exigente energeticamente que o

    exerccio contnuo correspondente. Esta afirmao pode ser suportada pelofacto das concentraes de lactato, como tivemos a oportunidade de verificar,

    serem superiores durante exerccios de carcter intermitente. De facto, o

    elevado gasto energtico durante exerccios intermitentes tambm pode ser

    justificado atravs do VO2. Uma vez que o VO2correspondente aos perodos

    de recuperao, mais elevado que a produo de energia anaerbia, anterior

    ao exerccio. Por outro lado, o VO2 excessivo durante os perodos de

    recuperao parece ser compensado por uma reduzida exigncia energticaquando o exerccio intermitente de elevada intensidade repetido (Bangsbo,

    1993a).

    Os estudos realizados de forma a comparar o gasto energtico entre

    esforo contnuo e intermitente, mostram no haver diferenas significativas

    (Peterson, Palmer, & Laubach, 2004; Ribeiro Braga, de Mello, & Gobatto,

    2004).

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    Para alm dos temas utilizados para a realizao dos estudos

    mencionados acima, existem diversos estudos que permitem analisar o esforo

    intermitente em termos de performance. No estudo realizado por Rahnama et

    al (2003) verificou-se uma diminuio progressiva e significativa dos ndices de

    fora dos quadriceps e isquiotibiais relativamente ao repouso no intervalo e

    final de jogo. Mercer et al (2003) mostraram uma diminuio dos valores de

    peak torque e torque relativizado ao ngulo de movimento, em cerca de 22,3%

    e 24,9% respectivamente, entre a avaliao anterior e posterior ao protocolo.

    J Golden et al (1992) e Eston et al (1996) tinham previamente verificado que

    as diminuies de peak torque eram superiores para velocidades angulares

    superiores. Este facto suporta a noo de que as fibras musculares de tipo II,que possuem actividades mais elevadas da ATPase, creatina quinase,

    mioquinase, fosforilase, fosfofrutoquinase e lactato deshidrogenase que as

    fibras tipo I (Essen, Jansson, Henriksson, Taylor, & Saltin, 1975; Harris, Essen,

    & Hultman, 1976; Thorstensson, Sjodin, Tesch, & Karlsson, 1977), podem ser

    selectivamente danificadas durante um exerccio (Asp, Daugaard, Kristiansen,

    Kiens, & Richter, 1998; Brockett, Morgan, Gregory, & Proske, 2002).

    Twist e Eston (2005), elaboraram um estudo onde a amostra realizou umconjunto de saltos verticais, seguidos de diferentes exerccios intermitentes,

    como por exemplo 10x6 seg. sprints em cicloergometro, com 24 seg. de

    recuperao activa e sprint de velocidade de deslocamento 10x10m, com 12

    seg. de repouso, que serviram de avaliao ao protocolo pliomtrico. Os

    resultados deste estudo demonstraram que aps exerccios pliomtricos a

    capacidade do msculo gerar energia fica reduzida em pelo menos 3 dias. Da

    mesma forma, Girard et al (2006) com um estudo em tnis mostraram umadiminuio significativa nos valores da contraco mxima voluntria (CMV)

    aps o trmino do jogo, assim como os valores de impulso vertical.

    Estes resultados de certa forma justificam a necessidade de conhecer

    mtodos para diminuir os efeitos da fadiga. Bangsbo (1993a) refere a

    realizao de exerccio de baixa intensidade nos perodos de repouso,

    afirmando que, desta forma, os msculos so capazes de atingir os nveis

    normais mais precocemente. A taxa de remoo de lactato intramuscular

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    tambm aumentada com esta situao. Como forma de suportar a afirmao

    de Bangsbo (1993a), o estudo de Dorado et al (2004) mostrou que a

    recuperao activa facilita a performance, uma vez que aumenta a contribuio

    aerbia durante o exerccio intermitente de alta intensidade.

    A fadiga torna-se um aspecto fulcral para compreender a actividade

    fsica e a performance, da a necessidade de a definir. Segundo Brooks e

    Fahey (1985) a fadiga pode ser entendida como a incapacidade de manter

    determinada intensidade de exerccio para o grupo muscular em actividade.

    Ascenso et al (2003) so mais genricos, referindo fadiga como uma

    diminuio mais ou menos acentuada na capacidade funcional do indivduo.

    Estes autores ainda identificam algumas formas de manifestao da fadiga,como por exemplo a diminuio da velocidade mxima de um dado movimento,

    a diminuio da fora isomtrica, diminuio dos valores sub-mximos de fora

    ou velocidade, o aparecimento de tremor muscular, entre outros. Pode ento

    afirmar-se que as causas da fadiga variam com a natureza do exerccio

    (Brooks & Fahey, 1985) e como Enoka et al e Kranz et al (1992; 1983) referem,

    o desenvolvimento da fadiga especfico do tipo de contraco, intensidade e

    durao da actividade. A fadiga pode ainda ser de origem perifrica ou deorigem central (Ascenso et al., 2003).

    Segundo Bangsbo (1993) a fadiga pode surgir aps um exerccio de

    determinada intensidade. Por sua vez, o tempo necessrio para recuperar

    deste estado de fadiga est dependente de uma grande variedade de factores

    como a capacidade do indivduo, o tipo de actividade nos perodos de

    recuperao, a intensidade e a durao do exerccio precedente. O estudo

    realizado por Iridiastadi e Nussbaum (2006) veio suportar esta ideia, mostrandoque a intensidade da contraco possui influncia sobre a maioria dos

    parmetros associados fadiga utilizados e que o tempo dos exerccios

    afectava os valores do espectro EMG. Por sua vez, Twist e Eston (2005)

    referem tambm que dos muitos sintomas que acompanham os danos

    musculares induzidos pelo exerccio inabitual ou exaustivo, como a sensao

    de desconforto muscular, o aumento das concentraes sanguneas de

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    protenas miofibrilares, o edema e a diminuio da amplitude de movimentos,

    talvez o mais significativo ser a diminuio da fora muscular.

    Lattier et al (2004) realizaram um estudo cujo principal objectivo foi

    verificar a contribuio de factores centrais e perifricos para a fadiga aps

    uma corrida com inclinao ascendente de 18%. Os resultados mostraram uma

    diminuio significativa de cerca de 7% nos valores de contraco mxima

    isomtrica voluntria dos msculos extensores do joelho, no final da corrida. No

    final deste estudo, foi possvel afirmar que a fadiga muscular aps corrida de

    alta intensidade surge devido a alteraes significativas no processo

    excitaocontraco e tambm que este tipo de actividade no capaz de

    induzir fadiga central significativa.Como sabido, umas das possveis causas da fadiga perifrica remete-

    se para a perda da homeostasia celular, nomeadamente devido ao

    fornecimento insuficiente de ATP s enzimas responsveis pela sua

    degradao (ATPases) por unidade de tempo ou devido acumulao de

    substncias que desregulem as enzimas das vrias vias metablicas

    (Ascenso et al., 2003).

    O lactato uma dessas substncias e a sua acumulao resulta damaior produo que remoo de cido lctico em exerccios de alta intensidade

    e de curta durao (Brooks e Fahey, 1985). Bangsbo (1993a) afirma ainda que

    a fadiga est associada a uma grande produo de lactato e uma consequente

    elevao da acidez intra-muscular. Hargreaves et al (1998) tambm referem

    que para alm da reduo das concentraes de PCr e da disponibilidade de

    glicose poder contribuir para o declnio da produo de energia anaerbia e

    consequentemente da performance do exerccio, possvel que a acidoseintramuscular, consequncia do aumento da actividade glicoltica que ocorre

    durante o exerccio, possa ser um dos potenciais responsveis pela mesma

    situao (Hargreaves et al., 1998).

    Foi tambm demonstrado que a acumulao e produo de lactato

    reduzida com a repetio de exerccio intenso (Bangsbo, Graham, Kiens, &

    Saltin, 1992). Este facto pode ser explicado por uma gliclise dificultada devido

    ao aumento sucessivo das concentraes de H+, anteriores s sries

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    subsequentes, visto ter sido demonstrado que um pH baixo possui um efeito

    inibitrio na actividade da fosforilase e fosfofrutoquinase (PFK), extremamente

    importantes na regulao enzimtica das vias glicolticas (Amorena, Wilding,

    Manchester, & Roos, 1990). No entanto, na anlise de exerccios repetidos,

    sempre existiu uma dificuldade em separar o efeito da elevada acidez do efeito

    do exerccio precedente (Bangsbo et al., 1996). Este pode elevar as

    concentraes sanguneas e musculares de lactato anteriormente realizao

    do exerccio seguinte (Bangsbo et al., 1995) e afectar as trocas de lactato e

    ies H+ durante o exerccio e consequentemente o lactato e pH muscular

    durante o mesmo (Bangsbo et al., 1996). Assim sendo, a par de diversos

    outros factores, a fadiga pode tambm estar relacionada com elevadasconcentraes de lactato e\ou acidose muscular, uma vez que j foi

    demonstrado que elevadas concentraes de lactato e baixo pH conseguem

    dificultar a performance muscular durante contraces intensas (Fitts, 1994).

    Por outro lado, Vollestad et al (1988) sugere que a fadiga induzida pelo

    exerccio repetitivo intermitente pode estar associada a uma dificuldade de

    acoplamento no fenmeno excitaocontraco, independente da variao

    das concentraes de diversos metabolitos e substratos. Por exemplo, aacumulao de Ca2+ intramitocndrial, durante exerccio prolongado, pode

    causar ainda mais danos que a diminuio de pH citoplasmtico. De facto, se o

    Ca2+se acumular em grandes quantidades a nvel mitocndrial a capacidade

    de produo de energia pela via oxidativa fica comprometida. Adicionalmente,

    a acumulao de radicais livres libertados, devido ao consumo de O2 na

    mitocndria, tambm referido como um dos potenciais mecanismos de

    desregulao do funcionamento muscular, assim como as alteraes nasconcentraes de K+, Na+, Ca2+, glucose sangunea, volume plasmtico,

    osmolaridade e temperatura (Brooks e Fahey, 1985).

    Ainda assim existem algumas incertezas quanto a alguns mecanismos

    que podem estar na origem da fadiga, como as causas da diminuio da

    gliclise e utilizao de ATP na repetio de exerccios intensos. A mesma

    situao parece ser experimentada quanto inibio reflexa no msculo

    aquando do aparecimento da fadiga. Esta situao pode ser justificada pela

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    acumulao de potssio intersticial poder estimular alguns grupos de

    receptores sensoriais de fibras nervosas (Bangsbo, 1993a). Efectivamente,

    Bangsbo (1993a) verificou uma elevada libertao de K+durante perodos de

    exerccio de maior intensidade. Imediatamente aps os perodos de elevada

    intensidade constatou-se uma diminuio significativa de potssio. Desta

    forma, possvel afirmar que o exerccio intenso estimula suficientemente

    mecanismos, como as bombas de sdio e potssio, de forma a contrabalanar

    a libertao de potssio causada pelo exerccio. Posteriormente, Bangsbo et al

    (1996) afirmam que a acumulao de K+, que durante um exerccio libertado

    do espao intra para o extracelular do msculo-esqueltico e posteriormente

    para a corrente sangunea (Nielsen et al., 2004), tambm pode ser um factorimportante para o aparecimento da fadiga (Bangsbo et al., 1996). Para alm do

    referido, Fitts (1994) sugeriu que o aparecimento da fadiga, resultante da

    acumulao de K+no interstcio muscular, pode ser devido a uma diminuio

    na capacidade de excitao da membrana. Mohr et al (2004) e Nielsen et al

    (2004) verificaram tambm que no ponto de exausto, aps exerccio intenso

    de curta durao, as concentraes de K+intersticial elevam-se para valores de

    cerca de 12 mmol/L. Estes valores so suficientemente elevados paraconduzirem a uma despolarizao do potencial de membrana e consequente

    reduo na produo de fora (Cairns & Dulhunty, 1995)

    Miller et al. (1988) contribuem tambm com o seu estudo, onde

    constataram que uma contraco mxima contnua, resultava num rpido

    declnio dos valores de CMV e PCr, acompanhada de um rpido aumento das

    concentraes de Pi, H+e H2PO4-. Os resultados mostram a existncia de uma

    relao significativamente linear entre o aumento das concentraes de H

    +

    eH2PO4

    -com a diminuio dos valores de CMV. Estes dados sugerem que tanto

    H+como H2PO4-podem ser importantes determinantes para o aparecimento da

    fadiga. Ainda Sjogaard et al. (1988) constataram que a corrente sangunea que

    atravessa o msculo durante contraces de baixa intensidade (menos de 10%

    da CMV) suficiente para impedir o aparecimento de fadiga. A partir destes

    valores a fadiga muscular comea a instalar-se. Como possvel justificao

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    para o aparecimento da fadiga, surge novamente a perda da homeostasia de

    potssio.

    Por outro lado, Ascenso et al (2003) referem que a fadiga pode tambm

    estar associada a mecanismos de origem central, nomeadamente a diminuio

    do potencial de aco. Essa diminuio do potencial de aco conseguida

    pela diminuio das concentraes de acetilcolina libertadas para as placas

    motoras. Outra forma de induo da fadiga central pela diminuio da

    excitabilidade dos motoneurnios, atravs da aco de centros supra-

    espinhais. A aco destes centros ainda parece estar relacionado com

    alteraes sanguneas, como diminuio de glicemia, aumento de

    concentraes de amnia e adrenalina. A sua aco parece tambm sermediada por aferncias musculares, como fibras nervosas que reagem a

    elevadas concentraes de Pi e potssio durante o esforo fsico (Ascenso et

    al., 2003).

    2.2. Caracterizao geral do voleibol de praia

    Modalidades desportivas com bola requerem elevadas capacidades de

    compreenso assim como grandes capacidades fsicas, tcnicas, mentais e

    tcticas (Tsunawake et al., 2003). Dentro destas, as fsicas conseguem-se

    reflectir nas habilidades tcnicas dos prprios jogadores e nas tcticas da

    equipa em si (Tsunawake et al., 2003). Desta forma, os jogadores devem

    possuir as capacidades fsicas que lhes permitam realizar movimentos rpidose potentes e que os tornem competentes na realizao de vigorosas manobras

    ofensivas e defensivas (Tsunawake et al., 2003).

    O voleibol de praia uma modalidade extremamente recente e surgiu

    como uma adaptao, ao nvel do regulamento, do voleibol indoor para o jogo

    em praia. Mas mesmo tendo em considerao todas as adaptaes que se

    fizeram sentir, a essncia do jogo de voleibol manteve-se, existindo desta

    forma uma ligao ntima entre as duas modalidades referidas.

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    Pode-se ento afirmar que esta recente modalidade (voleibol de praia)

    se insere no grupo dos Jogos Desportivos Colectivos (JDC). Como tal, uma

    modalidade com enorme aciclicidade tcnica, com uma grande complexidade

    devido a todas as adaptaes que tm de surgir perante os problemas

    apresentados pelo jogo e com enorme exigncia mental pela constante procura

    das solues mais adequadas (Mesquita, 1992b).

    Esta modalidade jogada ao ar livre, num campo com piso de areia, de

    medidas totais 8m x 16m. A rede est colocada mesma altura que a rede de

    voleibol em pavilho (2,43m, no caso de seniores masculinos), onde o piso

    de superfcie dura. Esta diferena de terreno leva a algumas alteraes ao

    nvel das estratgias a utilizar em campo, mas a habilidade de impulso verticalexiste como uma qualidade geral e no grandemente influenciada com as

    diferentes superfcies (Bishop, 2003).

    O voleibol de praia possui um sistema de contagem semelhante ao

    sistema utilizado em pavilho, o rally point. Neste sistema, cada set termina

    aos 25 pontos com diferena de 2 pontos, sendo a vitria dos sets alcanada

    aos 21 pontos. Tambm existem divergncias relativamente ao voleibol indoor

    quanto ao nmero de sets. Ao contrrio do que sucede na modalidade empavilho, onde os jogos so disputados melhor de 5 sets (3-0, 3-1 ou 3-2),

    no voleibol de praia os jogos so disputados melhor de 3, com os resultados

    possveis de 2-0 ou 2-1. Como acontece em pavilho, o ltimo set jogado

    apenas at aos 15 pontos.

    Sendo os jogos disputados ao ar livre e, por isso, sujeitos a todas as

    inconstncias climatricas, as condies do vento ou sol podem motivar

    alteraes da estratgia de jogo adoptada. Por isso, foram estipuladas trocasde lado de campo durante os sets. Estas trocas em vez de sucederem apenas

    no final de cada set, como na modalidade em pavilho, sucedem de 7 em 7

    pontos durante os sets normais e de 5 em 5 pontos no ltimo set de

    desempate. No entanto, esta regra uma das grandes responsveis por um

    tempo de actividade relativamente reduzido, quebrando o ritmo de jogo com

    relativa frequncia.

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    Para alm das caractersticas acima mencionadas, o voleibol de praia

    jogado em equipas de dois vsdois jogadores. Esta caracterstica implica que

    ambos os atletas estejam sempre presentes nas diferentes aces de jogo.

    A exemplo dos outros Jogos Desportivos Colectivos, nesta modalidade o

    objectivo evitar a pontuao do adversrio, mantendo a bola jogvel e

    procurando criar condies para que a equipa adversria perca o controlo da

    mesma, permitindo marcar ponto (Viitasalo et al, 1985 cit Barroso, 2005).

    Assim sendo, as exigncias fsicas e psicolgicas tornam-se elevadas e a

    necessidade de um jogador possuir um conhecimento tctico bastante apurado

    eminente. Como afirma Bangsbo (1993a) para o futebol, tambm no voleibol

    de praia possvel compensar alguma falta de condio fsica com um elevadograu de motivao e a escolha de uma tctica adequada.

    No voleibol de praia os atletas esto sujeitos a um elevado nmero de

    jogos durante as etapas do campeonato nacional assim como durante as

    etapas do world tour. De facto, os atletas chegam a realizar cerca de 4 jogos

    num nico dia e ter continuamente jogos durante 3 a 5 dias de competio.

    No que diz respeito ao campeonato nacional de voleibol de praia, tem

    incio no ms de Junho e termina no final do ms de Agosto, passando pordiversas zonas do pas em praias martimas ou at mesmo em praias fluviais,

    dependendo do concurso dos Municpios Federao Portuguesa de Voleibol.

    A competio realizada todas as semanas com a durao de 3 dias. O

    primeiro dia 6 feira e reservado para a fase de qualificao para o quadro

    principal, designada de qualify. Sbado e domingo so reservados para os

    jogos do quadro principal.

    As equipas so hierarquizadas atravs dos pontos conquistados porcada atleta, que somados se tornam nos pontos de equipa. No qualify entram

    as 23 equipas com menos pontos, que vo jogar num sistema de playoff com 3

    rondas de eliminao simples, ou seja, basta uma derrota para a equipa ser

    eliminada da etapa. No final do qualify, as 4 equipas vencedoras ficam

    apuradas para jogar no quadro principal realizando um total de 3 jogos no

    mesmo dia.

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    O quadro principal jogado com as 12 melhores equipas, uma vez mais

    hierarquizadas pelos pontos, mais as 4 equipas apuradas do qualify, formando

    desta forma um conjunto de 16 equipas.

    Desta vez, as equipas jogam num sistema de playoff com dupla

    eliminao, isto , existe a rvore com o lado dos vencedores e o lado dos

    vencidos, sendo assim necessrio 2 derrotas para se ser eliminado da etapa.

    Para domingo fica reservada a final, as semi-finais, o 3 e 4 lugar e os

    quartos de final, onde uma equipa pode jogar at 4 jogos no mesmo dia. No

    sbado so jogados os restantes jogos do playoff, 2 rondas do lado dos

    vencedores e 3 do lado dos vencidos, onde o nmero de jogos realizados pode

    chegar tambm a quatro, no mesmo dia.Como se torna lgico, para ser possvel a realizao de tantos jogos

    num s dia, os tempos de repouso so na ordem das 4 horas, 3 horas e por

    vezes at menos, sucedendo raramente.

    No final da etapa so somados os pontos referentes s vitrias de cada

    equipa e divididos por 2, metade para cada atleta, uma vez que na etapa

    seguinte a constituio das equipas pode no ser a mesma.

    No caso do world tour, o sistema relativamente semelhante.A competio inicia-se por volta do ms de Junho e termina por volta do

    ms de Outubro, onde nos ltimos 5 anos, o nmero de etapas realizadas

    subiu de 10 para 16, muito devido ao aumento de popularidade que a

    modalidade tem tido.

    Estas etapas so realizadas em diversos pases do globo, coincidindo

    com as pocas do ano prximas do vero nos diferentes hemisfrios e

    intervaladas em cerca de 3 dias. Este facto dificulta um pouco a participaoem todas as etapas do world tour, no s pela questo da fadiga acumulada

    mas tambm em termos financeiros, uma vez que as deslocaes so

    suportadas pelas prprias equipas.

    Quanto competio em si, tem a durao de 5 dias, onde o primeiro

    dia (4 feira) reservado para a fase de qualificao e os restantes 4 para os

    jogos do quadro principal.

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    semelhana do que verificamos na nossa competio, as equipas

    tambm so hierarquizadas consoante os pontos que possuem.

    A fase de qualificao realizada em sistema de playoff com eliminao

    simples e o nmero de rondas dependente do nmero de equipas inscritas no

    qualify. Desta vez, as 8 melhores equipas ficam apuradas para participar no

    quadro principal.

    O quadro principal constitudo pelas 24 equipas com maior nmero de

    pontos, mais as 8 equipas apuradas do qualify, perfazendo um total de 32

    equipas. Aqui tambm jogado em sistema de playoff, mas desta vez, de

    eliminao dupla.

    Nesta fase, o domingo fica reservado para a final e o 3 e 4 lugar, osbado para as semi-finais e as 2 ltimas rondas do lado dos vencidos,

    podendo desta forma o nmero total de jogos ir at 3, no mesmo dia. A 6 feira

    fica reservada para 2 rondas do lado dos vencedores e 3 do lado dos vencidos,

    podendo-se realizar ento, um mximo de 3 jogos neste dia de competio.

    Por fim, na 5 feira realizam-se 2 rondas do lado dos vencedores e 1 ronda do

    lado dos vencidos, podendo haver assim um mximo de 2 jogos.

    Realizando as contas ao nmero total de jogos possveis, para umaequipa que vem de um qualify com 3 rondas, durante uma etapa do world tour,

    chegamos ao valor de 11 jogos durante uma etapa de 5 dias, onde no ltimo

    dia do quadro principal apenas se realiza um jogo e no qualify se realizam 3

    jogos. Os restantes jogos so repartidos por 3 dias, havendo assim tempos de

    repouso entre jogos que rondam as 3 horas.

    No final das etapas so tambm somados os pontos obtidos nas vitrias

    aos j existentes, sendo esses os pontos para as prximas etapas.

    2.3. Exigncias fisiolgicas do voleibol de praia

    Na literatura, so muito reduzidas as referncias modalidade de

    voleibol de praia, muito devido sua relativamente recente expanso e

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    divulgao. No entanto, devido sua ntima semelhana com a modalidade

    que lhe deu origem, o voleibol indoor, utilizaremos por diversas vezes o

    conhecimento fisiolgico dessa modalidade para tentar compreender o voleibol

    de praia.

    Smith et al (1992) e Conlee et al (1982 cit Barroso, 2005) definem o

    voleibol de pavilho como uma modalidade desportiva com caractersticas

    intermitentes e, por isso, com exigncias metablicas a nvel aerbio e

    anaerbio. Tant et al (1993 cit Barroso, 2005) acrescentam que as fases

    decisivas do jogo de voleibol de pavilho dependem essencialmente da energia

    obtida a partir da degradao da PCr, sendo no entanto importante que os

    atletas possuam uma razovel capacidade aerbia para recuperaremadequadamente nos momentos de pausa ou de menor intensidade do jogo.

    Tendo em considerao que o voleibol de pavilho requere um tipo de esforo

    de curta durao mas extremamente intenso (Chamari et al., 2001), Karlsson

    (1971) e Jones et al (1985) referem ainda que a maior parte da energia obtida

    em exerccios maximais de curta durao obtida atravs de hidrlise da PCr

    e gliclise.

    Carvalho (1996 cit Paula, 2000) tambm suporta esta ideia, afirmandoque a energia despendida durante as fases decisivas do jogo de voleibol de

    pavilho provm essencialmente do metabolismo anaerbio-alctico e durante

    as pausas, a recuperao feita atravs de processos aerbios. Stanganlli

    (1995 cit Paula, 2000) complementa ao referir que apesar do voleibol de

    pavilho ser jogado com movimentos explosivos e intensos, estes no so

    realizados com uma frequncia to elevada que motive a falncia do

    metabolismo anaerbio para dar resposta s necessidades do jogo.Uma vez que uma das principais diferenas do voleibol indoor para o

    voleibol de praia a passagem do solo firme para a areia, foram realizados

    alguns estudos, como o de Muramatsu et al (2006), para comparar o dispndio

    energtico de um salto em areia e em solo firme. Para tal, a amostra realizou 3

    sries de 10 saltos repetitivos em areia (A) e numa plataforma de foras (F). Os

    indivduos saltaram a cada 2 segundos durante cada srie e tinham um perodo

    de descanso de 20 segundos entre cada srie. De forma a uniformizar os

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    Reviso da Literatura

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    saltos em ambas as superfcies, os indivduos saltaram o mais alto possvel na

    areia e na plataforma de fora saltaram apenas o correspondente altura

    mxima atingida na superfcie de areia. Os resultados mostraram que a

    impulso vertical obtida em areia cerca de 644,4% da impulso mxima em

    solo firme. Por seu lado, o dispndio energtico na areia foi cerca de

    119,410,1% do avaliado na plataforma de fora.

    Bishop (2003) tambm realizou um estudo nesta perspectiva. Desta vez,

    foi utilizada uma amostra de 18 jogadores de voleibol de praia que realizaram

    quatro tipos diferentes de saltos verticais numa superfcie de madeira e em

    areia. Os valores de impulso vertical obtidos indicam que, semelhana dos

    resultados obtidos no estudo de Muramatsu et al (2006), todos os saltosobtiveram valores mais elevados na superfcie de madeira. No entanto,

    constatou-se uma correlao significativa ente os resultados dos saltos obtidos

    pelo atletas nas duas superfcies. Desta forma, pode afirmar-se que apesar de

    qualquer salto vertical atingir valores inferiores se for realizado em areia, a

    habilidade de impulso vertical existe como uma qualidade geral e no

    significativamente influenciada com as diferentes superfcies. Giatsis et al

    (2004) tambm compararam a impulso vertical, com salto de contramovimento, em superfcie rgida e em areia. Os resultados deste estudo

    mostram uma impulso significativamente superior no solo rgido, assim como

    a potncia e fora mxima. Estes resultados parecem ser explicados pela

    instabilidade que a superfcie de areia apresenta.

    Ferretti et al. (1994) verificaram que a potncia muscular de voleibolistas

    indoor, avaliada pela sua impulso vertical, 43% superior dos indviduos

    sedentrios. Por seu lado, a rea de seco transversal de msculos(somatrio dos msculos da coxa e triceps sural) dos voleibolistas tambm foi

    15% superior. No entanto, as concentraes de ATP e PCr a nvel muscular,

    foram semelhantes nos diferentes grupos analisados. Do ponto de vista

    morfomtrico, Zoladz et al (2005) compararam o perfil de rea de fibras

    musculares, a densidade do volume, o ratio fibra-capilar e o nmero de

    capilares por milmetro quadrado de fibra muscular entre homens treinados e

    no treinados, assim como entre atletas de diferentes modalidades desportivas.

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    Reviso da Literatura

    20

    Os resultados obtidos mostraram que os atletas praticantes de modalidades de

    resistncia, como corredores de longas distncias, ciclistas e corredores de

    corta-mato no evidenciaram diferenas significativas comparativamente a

    atletas de desportos de curta durao e elevada potncia, como por exemplo o

    voleibol (Zoladz et al., 2005).

    Por sua vez, Magalhes et al. (2004) verificaram que no existem

    diferenas bilaterais de fora muscular significativas nos membros inferiores

    entre atletas praticantes de voleibol e futebol. Por outro lado, a relao de fora

    entre os isquiotibiais/quadriceps (I/Q) nos voleibolistas, significativamente

    inferior obtida em jogadores de futebol. As exigncias musculares especficas

    do voleibol, nomeadamente a hiper solicitao do quadriceps relativamente aosisquiotibiais, bem como uma eventual no compensao em termos de reforo

    muscular poder explicar estes resultados. No entanto, sabendo-se que uma

    baixa relao I/Q unanimemente assumida como um risco acrescido de

    leso, os atletas de voleibol, deste ponto de vista, podero ser considerados

    atletas em condies susceptveis de incorrerem em risco acrescido de leso

    muscular ou articular. Entre jogadores de voleibol, futebol, basquetebol e

    hquei foi verificado, atravs do mtodo de Margaria que os voleibolistas soos que possuem uma potncia mxima anaerbia mais elevada (Bhanot &

    Sidhu, 1981).

    Os jogadores de voleibol indoor de elite so caracterizados por uma

    elevada ectomorfia e reduzida mesomorfia e endomorfia. Os atletas com

    diferentes papis em campo tambm possuem o seu somattipo especfico.

    Por exemplo, os jogadores na posio de distribuidores so os que possuem

    maior mesomorfia e, por outro lado, os centrais so os mais ectomorfos(Gualdi-Russo & Zaccagni, 2001). Quando comparados com corredores de

    mdias distncias, essas diferenas mostram-se mais evidentes. Os jogadores

    de voleibol so mais altos, mais pesados e possuem volumes superiores de

    coxa. Os valores de fora muscular obtidos por avaliao isocintica na

    extenso da perna de jogadores de voleibol, bem como a fora mxima

    isomtrica (FMI) na prensa, so mais elevados que os dos corredores de

    mdias distncias. No caso da avaliao da FMI, os valores obtidos pelos

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    corredores de mdias distncias corresponderam a cerca de 32% dos obtidos

    pelos voleibolistas. Por outro lado, o n de fibras tipo II no variou entre as duas

    modalidades, bem como a velocidade de conduo nervosa (Sleivert, Backus,

    & Wenger, 1995). Bayos et al (2006) tambm realizaram um estudo com atletas

    femininas onde verificaram que as voleibolistas eram mais altas e possuam

    valores mais baixos de gordura corporal comparativamente a voleibolistas,

    basquetebolistas e andebolistas.

    Por sua vez, Kollias et al. (2004) compararam a performance de um salto

    vertical precedido de queda (drop jump) em atletas de diversas modalidades.

    Os resultados mostraram que os voleibolistas, entre atletas de seis

    modalidades distintas (atletismo, futebol, voleibol, andebol, basquetebol eremo) foram os que obtiveram maior performance neste salto.

    Quanto s exigncias especficas do jogo de voleibol de pavilho

    propriamente dito, Laconi et al. (1998) verificaram alguns parmetros (FC, VO2

    e o dispndio energtico do VO2) em trs momentos diferentes (fase de

    repouso anterior ao jogo (R), fase de ataque (A) e fase de defesa (D)). Os

    valores obtidos em R de FC foram 787 bpm, de VO2 foram 3,711,1 ml.kg-

    1

    .min-1

    e de dispndio energtico do VO2(WO2) foram 75,122,3 J.kg-1

    .min-1

    . Aoanalisar A, e como seria de esperar, constatou-se um aumento de todos os

    parmetros fisiolgicos avaliados. A FC elevou-se para valores de cerca de

    14915 bpm, o VO2para 23,13,3 ml.kg-1.min-1e o WO2para 482,869,0 J.kg

    -

    1.min-1, o output de trabalho mecnico (Wmec) para 275,557,0 J.kg-1.min-1com

    um ndice de eficincia de trabalho mecnico (=Wmec/WO2) de 0,570,09. Por

    outro lado, em D quando comparada com os valores de A, a FC diminuiu 9% e

    o VO2 e oWO2diminuram cerca de 18%, diminuindo por conseguinte o para0,210,05. Atravs de um ndice de eficincia do trabalho mecnico verificou-

    se uma contribuio anaerbia significativa durante a fase de ataque. O facto

    do valor de durante A ser superior a 0,25 indica uma contribuio do sistema

    anaerbio no dispndio energtico. Por outro lado, o valor de inferior a 0,25

    em D parece indicar a restaurao das fontes de energia anaerbia. Esta

    diferena de entre a fase de ataque e de defesa, pode indicar uma

    contribuio anaerbia mais elevada no jogo de voleibol (Laconi et al., 1998).

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    Foi tambm verificado por Kunstlinger et al (1987) que aps um jogo de

    voleibol de pavilho, embora as concentraes urinrias e plasmticas de Na+

    se elevem, as concentraes de Ca2+e K+sofrem uma diminuio. Por outro

    lado, durante e aps jogos de voleibol indoor constatou-se a existncia de

    concentraes de lactato na ordem das 2,541,21 mmol.l-1e um aumento das

    concentraes de cidos gordos livres. Este aumento das concentraes de

    cidos gordos livres no sangue pode indicar que a utilizao das vias oxidativas

    serve principalmente como forma de regenerar as fontes de energia anaerbia

    nos perodos de repouso (12 s), ao passo que as reduzidas concentraes de

    lactato tendem a evidenciar que a energia, durante exerccios intensos de curta

    durao (9s), provem primordialmente da depleo de PCr. Por sua vez, asconcentraes de aldosterona e cortisol plasmtico, bem como os nveis de

    adrenalina, so aumentadas mesma escala que uma modalidade de

    resistncia. Os valores de noradrenalina excretada, correspondem aos de

    actividades de elevada intensidade como jogos de voleibol, basquetebol,

    hquei em gelo e patinagem (Kunstlinger et al., 1987).

    Oliveira et al (2002) verificaram que durante um jogo simulado de

    voleibol indoor, os valores mdios da FC foram mais reduzidos (na ordem dos125 bpm) que os obtidos noutros estudos de outras modalidades desportivas

    colectivas. Este facto demonstra que o voleibol uma modalidade menos

    intensa e que a participao do metabolismo aerbio para a produo de

    energia significativo. Por seu lado, os valores mdios de velocidade

    horizontal nos 7.5 e 15 metros, bem como a impulso vertical no sofreram

    alteraes importantes com o jogo. Um teste de Wingate possibilitou verificar

    que a potncia mxima anaerbia tambm no sofre alteraes significativas.No entanto, o ndice de fadiga determinado a partir da relao entre a potncia

    mxima e mnima foi significativamente afectado pelo jogo.

    Os saltos em voleibol indoor so as actividades mais intensas durante

    um jogo (Oliveira et al., 2002). O sistema energtico que funciona como

    principal via metablica para suportar as actividades de elevada intensidade,

    o sistema ATP-PCr (Oliveira et al., 2002). Tendo em considerao que a

    diminuio de performance poder estar associada fadiga metablica, e uma

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    vez que no voleibol indoor os perodos de pausa e actividades de baixa

    intensidade superam os de exerccio intenso, o tempo existente suficiente

    para haver o restabelecimento das reservas de PCr necessrias nas

    actividades de elevada intensidade. A incapacidade de produo evidenciada

    pelos resultados do teste de wingate pode estar relacionada com o dfice de

    substratos para produo de energia, nomeadamente com as reservas de

    glicognio muscular (Oliveira et al., 2002).

    Recentemente, um estudo de tempo e movimento realizado por

    Resende e Soares (2003) descreve pormenorizadamente as tarefas motoras

    que um atleta de voleibol de praia realiza em situao de jogo. As tarefas

    motoras analisadas foram divididas em deslocamentos de diferentesintensidades (espera, marcha, corrida lenta, corrida rpida e sprint) e os

    deslocamentos de acordo com a aco tcnica final (salto de ataque, salto de

    bloco e salto de servio). Os resultados obtidos mostraram que em mdia um

    jogador de voleibol de praia percorre uma distncia total de 1200,8300,6

    metros durante cerca de 26,45,7 minutos. Ao analisar as diferentes tarefas

    motoras, os autores verificaram que 52% da distncia percorrida pelos atletas

    realizada a intensidade muito baixa (marcha). Por seu lado, 77% do tempo totalde actividade despendido na marcha ou em momentos de espera (tempo

    passivo). As restantes tarefas motoras (jogo activo) representam cerca de 23%

    do tempo total de jogo correspondendo a cerca de 48% da distncia total

    percorrida. No que diz respeito distncia percorrida, somente 15,6% e 12,5%

    esto associadas a tarefas motoras como a corrida rpida e o salto de ataque,

    respectivamente. As outras tarefas apresentam percentagens substancialmente

    mais reduzidas. Ao nvel do tempo de jogo, a marcha e a espera representamcerca de 44,3% e 33% respectivamente e as outras tarefas motoras possuem

    tempos mais uniformes, mas consideravelmente mais reduzidos.

    Como tivemos oportunidade de constatar na literatura, embora o voleibol

    de praia seja jogado apenas com dois jogadores por equipa e num campo de

    8x8m, os tempos de actividade de elevada intensidade so extremamente

    reduzidos. uma situao facilmente explicvel pelo facto de s existir

    actividade enquanto que a bola permanece no ar. Como o tempo de

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    Reviso da Literatura

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    permanncia da bola no ar substancialmente inferior ao tempo que a bola se

    encontra no solo, os perodos de actividade de baixa intensidade so bastante

    superiores.

    No entanto, do nosso conhecimento no existem estudos disponveis na

    literatura que analisem o impacto fisiolgico e funcional de um jogo de voleibol

    de praia. Por outro lado, tendo em conta o regulamento e as caractersticas

    organizacionais dos torneios de voleibol de praia, nomeadamente a

    possibilidade de realizar no mesmo dia mais do que um jogo com um curto

    intervalo de recuperao, desconhece-se se os jogadores iniciam os jogos

    subsequentes nas melhores condies fsicas.

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    Material e Mtodos

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    3. MATERIAL E MTODOS

    3.1. Caracterizao da Amostra

    A amostra utilizada para a realizao deste estudo foi constituda por 15

    atletas de diferentes clubes da 1 Diviso A1 e 1 Diviso A2 e da II Diviso do

    campeonato nacional de voleibol indoor. Da amostra, alguns atletas foram

    campees nacionais das suas respectivas divises na presente poca

    desportiva 2005/2006. Por sua vez, todos estes atletas participam regularmenteno campeonato nacional de voleibol de praia.

    Na tabela 1, so apresentadas as caractersticas especficas dos atletas

    que fizeram parte da amostra deste estudo.

    Tabela 1- Caractersticas Antropometricas e Fisiolgicas dos jogadores de Voleibol de Praia.

    Variveis

    Idade (anos) 23,62,3

    Massa (kg) 77,14,2

    Altura (cm) 187,56,5

    % Gordura Corporal 11,72,6

    FCmax (bpm) 194,53,7

    VO2max (ml.kg

    -1

    .min

    -1

    ) 52,06,2

    Os valores representam a MDP; FCmax Frequncia Cardaca mxima; VO2max Consumo

    mximo de Oxignio avaliado em teste laboratorial at exausto, em tapete rolante.

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    Material e Mtodos

    27

    3.2. Procedimentos

    3.2.1. Recolha de dados

    A recolha dos dados foi efectuada em dois momentos distintos. Um

    momento de avaliao no laboratrio da Faculdade de Desporto da

    Universidade do Porto. Aqui, os atletas foram pesados, foi avaliada a sua

    lactatmia em repouso, realizaram o teste de Wingate e foi tambm avaliado o

    seu consumo mximo de oxignio atravs de um protocolo mximo eintermitente em tapete rolante. O outro momento de avaliao foi realizado no

    terreno, no local onde se desenrolou o protocolo experimental.

    3.2.1.1. Protocolo de aplicao dos testes

    O protocolo experimental no terreno consistiu nos seguintes passos. Os

    atletas chegaram ao local de manh e efectuaram exerccios de activao

    geral, onde esteve includa mobilizao articular e estiramentos. Aps a

    activao geral, realizamos os testes de impulso vertical (counter-movement)

    em ergojump, os testes de velocidade (7,5m e 15m) e os testes de fora

    mxima isomtrica (quadriceps e isquiotibiais). O teste de Wingate no foi

    realizado neste 1 momento de avaliao visto j ter sido previamente avaliadono laboratrio.

    Aps este 1 momento de avaliao, os atletas dirigiram-se para o

    campo de voleibol de praia para efectuarem o respectivo aquecimento

    especfico e o jogo. No jogo, as trocas de campo foram cumpridas, bem como

    as paragens para os descontos tcnicos e para o fim dos sets. O jogo foi

    realizado obrigatoriamente em 3 sets independentemente do resultado obtido

    no final do 2 set.

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    Material e Mtodos

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    A cada atleta foi inicialmente colocado um cardiofrequencmetro (Polar

    Vantage NV) para registar a Frequncia Cardaca (FC) durante o jogo e um

    acelermetro com a finalidade de quantificar os deslocamentos dos atletas.

    Durante o decorrer do jogo, todos os atletas foram alvo de recolhas aleatrias

    de sangue capilar do lbulo da orelha para anlise da concentrao de lactato.

    De forma a no alterar o ritmo normal de jogo, os momentos para realizar tal

    interveno foram os descontos tcnicos e as paragens para o servio.

    Aps o trmino do jogo, os atletas realizaram de novo o teste de

    impulso vertical (counter-movement) em ergojump, os testes de velocidade

    (7,5m e 15m), os testes de fora mxima isomtrica (quadriceps e isquiotibiais)

    e o teste de Wingate.Finalizado este 2 momento de avaliao, os atletas foram instrudos

    para procederem a um perodo de 3 horas de repouso como se estivessem

    numa etapa do circuito nacional de voleibol de praia.

    Finalmente, no final das 3 horas de repouso, procedemos ao 3

    momento de avaliao dos atletas. Aps um perodo de activao geral, os

    atletas voltaram a realizar todos os testes funcionais previamente descritos.

    Figura 1 - Esquema simplificado do protocolo experimental; FMI Fora Mxima Isomtrica.

    1 Momento

    de Avaliao

    - Impulso Vertical

    - Velocidade (7,5m e 15m)

    - FMI (Quadriceps e

    Isquiotibiais)

    - Wingate

    - Impulso Vertical

    - Velocidade (7,5m e 15m)

    - FMI (Quadriceps e

    Isquiotibiais)

    - Wingate

    Jogo 2 Momento

    de Avaliao

    3 Momento

    de Avaliao

    - Impulso Vertical

    - Velocidade (7,5m e 15m)

    - FMI (Quadriceps e

    Isquiotibiais)

    - Wingate

    - FC

    - Lactato

    - Acelerometria

    Repouso 3 horas1 Momento

    de Avaliao

    - Impulso Vertical

    - Velocidade (7,5m e 15m)

    - FMI (Quadriceps e

    Isquiotibiais)

    - Wingate

    - Impulso Vertical

    - Velocidade (7,5m e 15m)

    - FMI (Quadriceps e

    Isquiotibiais)

    - Wingate

    Jogo 2 Momento

    de Avaliao

    3 Momento

    de Avaliao

    - Impulso Vertical

    - Velocidade (7,5m e 15m)

    - FMI (Quadriceps e

    Isquiotibiais)

    - Wingate

    - FC

    - Lactato

    - Acelerometria

    Repouso 3 horas

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    Material e Mtodos

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    3.2.1.1.1. VO2mximo

    A avaliao do consumo mximo de oxignio efectuou-se por

    espirometria em circuito aberto com um oxmetro Breath-by-Breath (Crtex

    Metalizer 3B). Este teste foi realizado em tapete rolante utilizando um protocolo

    maximal contnuo com incrementos de 0,2m/s de minuto a minuto at

    exausto. A FC mxima foi monitorizada durante a realizao do teste

    utilizando um crdio-frequencmetro (Polar Vantage NV), composto por um

    emissor colocado num cinto ajustvel ao trax dos atletas, ao nvel do apndice

    xifoideo e por um receptor (relgio) colocado no pulso do brao que registavaos valores dos batimentos cardacos de 5 em 5 segundos. Durante a realizao

    do teste os sujeitos foram verbalmente encorajados a realizar o teste at

    exausto.

    3.2.1.1.2. Frequncia cardaca em jogo

    A frequncia cardaca foi monitorizada durante todo o perodo de jogo

    recorrendo a crdio-frequencmetros Polar Vantage NV.

    3.2.1.1.3. Concentraes sanguneas de lactato em jogo

    A anlise deste parmetro metablico foi realizada em situao de

    repouso e, de forma aleatria, durante o jogo, Para no se alterar o ritmo do

    jogo, as recolhas foram efectuadas nas paragens para servio ou desconto de

    tempo. Aps colheita de cerca de 5 l de sangue capilar do lbulo da orelha, as

    concentraes de lactato foram determinadas com analisadores Lactate Pr.

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    Material e Mtodos

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    3.2.1.1.4. Deslocamentos em jogo

    Uma das formas utilizadas para caracterizar a intensidade do jogo de

    voleibol de praia, foi o registo da quantidade de movimentos. Assim sendo,

    cada atleta realizou os jogos com um acelermetro unidimensional (MTI-

    Actigraph) colocada cintura. Os acelermetros foram colocados no incio do

    jogo e registaram, em perodos de 1 minuto, a quantidade de movimentos que

    os atletas realizaram. Os valores registados so designados por counts e esto

    padronizados, de forma a facilitar a caracterizao do esforo dispendido.

    3.2.1.1.5. Velocidade 7,5metros e 15metros

    Estes testes tiveram a finalidade de avaliar a velocidade de

    deslocamento nas distncias de 7,5 e 15 metros. Foram utilizados trs pares

    de clulas fotoelctricas(Speed Trap II Browser Timming System)colocadosna linha de partida, aos 7,5 metros e aos 15 metros. O cronmetro accionado

    quando da passagem do atleta pelos diferentes pares de clulas fotoelctricas

    com qualquer parte do corpo.

    Cada atleta realizou o teste duas vezes, registando-se o melhor tempo

    para cada uma das distncias.

    3.2.1.1.6. Impulso vertical

    O teste de impulso vertical foi utilizado com o objectivo de avaliar a

    fora explosiva dos membros inferiores. Cada atleta realizou um salto com

    contra-movimento (counter-movement jump - CMJ) numa plataforma de Bosco

    (Ergojump)de acordo com as normas preestabelecidas para este salto. Cada

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    Material e Mtodos

    31

    atleta realizou duas tentativas sendo registado o melhor valor obtido em cada

    um dos testes.

    3.2.1.1.7. Wingate

    Como forma de avaliar a potncia anaerbia e dos membros inferiores a

    sua resistncia de fora, procedemos realizao do teste de Wingatenos trs

    momentos de avaliao dos atletas.

    O teste de Wingate foi realizado numa bicicleta ergomtrica com controlo

    da carga por mecanismo de frico. O teste consiste em pedalar velocidade

    mxima durante 30 segundos, com uma resistncia correspondente a 7,5% do

    seu peso corporal. Cinco segundos antes do incio do teste, foi pedido aos

    atletas para utilizarem uma cadncia de pedalada mxima enquanto o

    avaliador fazia a contagem decrescente de 5 at zero. Neste momento (zero),

    foi aplicada uma carga equivalente a 7,5% do peso corporal. Nos 30 segundos

    subsequentes os atletas foram instrudos para manter a cadncia da pedalada

    mxima, tendo sido verbalmente encorajados. Os parmetros avaliados foram:

    (i) potncia mxima, calculada como a potncia mdia mais elevada nos

    melhores 5 segundos do teste; (ii) potncia mdia, definida como a potncia

    mdia ao longo dos 30 segundos; (ii) potncia mnima, definida como a

    potncia mdia mais baixa registada no perodo correspondente aos piores 5

    segundos do teste; (iii) ndice de fadiga, definido como um valor percentual

    correspondente diferena entre a potncia mxima e mnima multiplicado por

    100 e depois dividido pela potncia mxima. Os valores das potncias,mxima, mdia e mnima so expressos em watts (W). Todos estes valores

    foram tambm relativizados ao peso de cada atleta, apresentando uma

    expresso em W/kg. O ndice de fadiga expresso em percentagem. Em cada

    um dos testes a altura do assento foi regulada de forma a que a perna ficasse

    em extenso ao passar pelo ponto mais baixo da pedalada. O valor foi

    registado e utilizado em todas as avaliaes subsequentes.

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    Material e Mtodos

    32

    3.2.1.1.8. Fora Mxima Isomtrica

    A fora mxima isomtrica desenvolvida na flexo e extenso da perna,

    foi avaliada atravs de um dinammetro isomtrico (Nichols Manual Muscle

    Tester, Model 1160, Lafayette Instruments, USA) para o efeito. Estes testes

    foram apenas realizados no membro inferior dominante. No caso da avaliao

    do quadriceps, o atleta encontrava-se sentado com a perna a formar um ngulo

    de 90 com a coxa. No caso da avaliao dos isquiotibiais, o atleta encontrava-

    se deitado em decbito ventral e semelhana do quadriceps, com a perna a

    formar um ngulo de 90 relativamente coxa. voz de comando dosavaliadores o atleta realizou uma contraco de fora mxima no grupo

    muscular a avaliar.

    3.2.2. Tratamento de dados

    O tratamento estatstico dos dados foi realizado com o software SPSS

    v.10.0, sendo calculadas as mdias e respectivos desvios padro. Para

    proceder comparao das variveis entre cada momento de avaliao,

    realizei tambm ANOVA para uma significncia de p 0,05.

    O software Polar Precision Performance, tambm foi utilizado, com a

    finalidade de aceder aos dados dos crdio-frequencmetros (polares).

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    Material e Mtodos

    33

    3.3. Instrumentarium

    Para poder efectuar a recolha de todos os dados necessrios a este

    estudo, foram utilizados os seguintes instrumentos:

    Ergojump (Plataforma de Saltos);

    Bicicleta de teste Monark;

    Clulas foto-elctricas (Speed Trap II Browser Timing System);

    Relgio Polar Vantage NV;

    Medidores de Lactatmia (Lactate Pro)

    Acelermetro unidimensional (MTI-Actigraph); Dinammetro isomtrico (Nichols Manual Muscle Tester, Model

    1160, Lafayette Instruments, USA).

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    Apresentao dos Resultados

    34

    4. APRESENTAO DOS RESULTADOS

    Apresentaremos de seguida os resultados referentes aos diferentes testes de

    avaliao funcional e fisiolgica, realizados no protocolo experimental.

    4.1. VO2mximo

    Na tabela 2 encontram-se os resultados correspondentes avaliao doVO2mximo, fornecendo tambm os valores da FC mxima e da velocidade

    mxima aerbia que os atletas atingiram.

    Tabela 2- FC mxima, VO2mximo e velocidade mxima aerbia atingida pelos voleibolistas

    Variveis

    FC Mxima (bpm) 194,503,67

    VO2Mximo (ml.kg-1.min-1) 52,006,16

    Velocidade Mxima Aerbia (km.h-1) 16,241,38

    Os valores representam a MDP; FC Mxima Frequncia Cardaca mxima; VO2 Mximo

    Consumo mximo de Oxignio; Velocidade Mxima aerbia Velocidade mxima atingida no

    protocolo em tapete rolante.

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    Apresentao dos Resultados

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    4.2. Frequncia cardaca em jogo

    Figura 2- Grfico da frequncia cardaca durante um jogo de voleibol de praia com 3 sets.

    A figura 2 corresponde ao grfico de FC de um atleta durante um jogo de

    3 sets. Pode-se identificar claramente as duas pausas correspondentes ao final

    dos dois primeiros sets, como sendo os perodos com valores de FC mais

    baixos. Podemos ainda verificar, que a intensidade de jogo moderada e

    relativamente constante.

    Os resultados deste estudo mostram que, em mdia, despende-se cerca

    de 39,895,65 min em jogo, a uma FC mdia de 145,0521,84 bpm.

    Ao analisar a figura 3 verificamos tambm que em mdia, cerca de 65%

    do tempo total de jogo realizado acima de 70% da FC mxima. Dentro destes

    intervalos sobressai um, com uma percentagem de 31,5% do tempo total de

    jogo. Como podemos verificar, esse intervalo o de [71;80] % da FC mxima,equivalendo a uma FC mdia de 138,102,61 bpm.

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    Apresentao dos Resultados

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    1,8

    8,1

    24,7

    31,5

    20,0

    13,9

    0,0

    5,0

    10,0

    15,0

    20,025,0

    30,0

    35,0

    40,0

    [41;50] [51;60] [61;70] [71;80] [81;90] [91;100]

    % FC max

    %Tempode

    Jogo

    Figura 3- % de tempo de jogo despendido nas diferentes percentagens de FC mxima.

    Valores representam a MEPM.

    4.3. Concentraes sanguneas de lactato em jogo.

    Na tabela 3 so apresentados os valores correspondentes s

    concentraes de lactato sanguneo em repouso e durante o jogo. Comopodemos verificar, as concentraes de lactato obtidas durante o jogo so

    significativamente mais elevadas que as obtidas em repouso (p

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    Apresentao dos Resultados

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    4.4. Deslocamentos em jogo

    Na figura 4 encontram-se os valores correspondentes durao das

    diferentes intensidades de um jogo de voleibol de praia.

    Ao analisarmos a figura 4 podemos verificar que as aces de

    intensidade moderada foram as mais prevalentes, correspondendo a cerca de

    60,2% do tempo total de jogo, seguidas das de reduzida intensidade durante

    cerca de 35,4% do tempo total de jogo. As actividades de intensidade vigorosa

    ocorreram esporadicamente correspondendo a cerca de 4,4% do tempo total

    de jogo. De acordo com o registo de counts efectuado, durante o jogo no serealizaram aces consideradas como de intensidade muito vigorosa.

    0,04,4

    35,4

    60,2

    0,0

    10,0

    20,0

    30,0

    40,0

    50,0

    60,0

    70,0

    80,0

    Reduzida Moderada Vigorosa Muito Vigorosa

    Intensidade

    %TempodeJogo

    Figura 4- % de tempo total de jogo correspondente a diferentes intensidades de jogo. Valoresrepresentam a MEPM.

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    4.5. Velocidade 7,5m e 15m

    Na tabela 4 so apresentados os dados referentes s 3 avaliaes da

    velocidade nas distncias de 7,5 e 15 metros. Como podemos observar, os

    valores mdios alcanados nos 3 momentos foram semelhantes. Para ambas

    as distncias podemos constatar um aumento progressivo e significativo ao

    longo dos 3 momentos de avaliao.

    Tabela 4 Efeitos de um jogo de voleibol de praia na velocidade de 7,5 e 15 metros dos

    atletas.

    Valores representam MDP; 1 Avaliao imediatamente antes do jogo; 2 Avaliao

    imediatamente aps o jogo; 3 Avaliao 3 horas aps o trmino do jogo. * p

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    Tabela 5 Efeitos de um jogo de voleibol de praia na impulso com contra-movimento dos

    atletas.

    1 Avaliao 2 Avaliao 3 AvaliaoCMJ (cm) 56,304,99 55,483,27 55,395,46

    Valores representam MDP; CMJ Counter-movement Jump; 1 Avaliao imediatamente

    antes do jogo; 2 Avaliao imediatamente aps o jogo; 3 Avaliao 3 horas aps o

    trmino do jogo.

    4.7. Wingate

    Na seguinte tabela (6) esto apresentados os dados relativos referentes

    potncia mxima (PMax), mdia (PMed), mnima (PMin) e ndice de fadiga

    (IF) obtidos no teste de Wingate, para os 3 momentos de avaliao.

    Quanto aos diferentes parmetros de potncia, podemos verificar em

    todos eles, uma ligeira melhoria aps as 3 horas de repouso,comparativamente aos resultados obtidos na 2 avaliao. Mas de qualquer

    forma no se verificam diferenas significativas entre os diferentes momentos

    de avaliao, para nenhuma das variveis.

    Relativamente aos valores de ndice de fadiga, estes resultaram em

    dados bastante semelhantes nas 3 avaliaes, no havendo aqui tambm

    diferenas estatisticamente significativas.

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    Tabela 6 Efeitos de um jogo de voleibol de praia nas variveis do teste Wingate

    Variveis 1 Avaliao 2 Avaliao 3 Avaliao

    PMax (W.Kg-1) 11,660,78 11,30,67 11,670,75

    PMed (W.Kg-1) 8,170,83 8,400,43 8,600,45

    PMin (W.Kg-1) 5,690,74 5,890,82 5,920,75

    IF (%) 50,406,57 48,674,16 49,876,60

    Valores representam MDP; PMax Potncia Mxima; PMed Potncia Mdia; PMin

    Potncia Mnima; IF ndice de Fadiga; 1 Avaliao imediatamente antes do jogo; 2

    Avaliao imediatamente aps o jogo; 3 Avaliao 3 horas aps o trmino do jogo.

    4.8. Fora Mxima Isomtrica

    Na tabela 7 esto expressos os dados relativos avaliao da fora

    mxima isomtrica dos msculos extensores (quadriceps) flexores(isquiotibiais) da perna do membro inferior (M.I.) dominante e o rcio

    flexores/extensores (F/E).

    Podemos verificar que a 1 e a 3 avaliao, para ambos os grupos

    musculares, possuem valores mdios bastante semelhantes, ao passo que a 2

    avaliao obteve valores mais reduzid