Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro- Alimentares das Ilhas Urok

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Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro- Alimentares das Ilhas Urok Projecto “Tebanke Urok: Desenvolvimento Comunitário no Grupo de Ilhas de Formosa – Guiné-Bissau” CE: ONG - PVD/2003/062 - 200 Daniel Rodrigues Joaquim Pulga Novembro de 2006

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Projeto “Tebanke Urok: Desenvolvimento Comunitário no Grupo de Ilhas de Formosa – Guiné-Bissau” Saiba mais em: http://www.imvf.org/

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Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro-Alimentares das Ilhas Urok

Projecto “Tebanke Urok: Desenvolvimento Comunitáriono Grupo de Ilhas de Formosa – Guiné-Bissau”CE: ONG - PVD/2003/062 - 200

Daniel RodriguesJoaquim Pulga

Novembro de 2006

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INSTITUTO MARQUÊS DE VALLE FLÔR - TINIGUENA, ESTA TERRA É NOSSA

FICHA TÉCNICA

Autoria

Daniel Rodrigues

Joaquim Pulga

Inquiridores (Tiniguena e Geração Nova Tiniguena)

Mary Fidélis

Jaime Katar

Malan Cassama

Saturnino de Oliveira

Composição e Edição

Instituto Marquês de Valle Flôr – Tiniguena, Esta Terra É Nossa

Co-fi nanciamento

Comissão Europeia

Apoio

Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD)

Concepção gráfi ca

Marta Gafanha

Impressão

Gráfi ca Europam, Lda

Tiragem

300 exemplares

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Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro-Alimentares das Ilhas Urok

Índice

Sinopse .......................................................................................................................5

1. Estudo de Viabilidade Económica ...................................................................13

1.1. Metodologia ...............................................................................................13

1.2. Sal e Flor de Sal ..........................................................................................15

1.3. Óleo de Palma ............................................................................................18

1.4. Peixe Seco (Escalada) ................................................................................21

1.5. Peixe Fumado .............................................................................................23

2. Estudo para a Promoção, Valorização e Comercialização ............................27

2.1. Sal e Flor de Sal ..........................................................................................27

2.2. Óleo de Palma ............................................................................................33

2.3. Peixe Seco (Escalada) ................................................................................36

2.4. Peixe Fumado .............................................................................................39

2.5. Sugestões para a Promoção, Valorização e Comercialização de Produtos Tradicionais de Qualidade ..................41

Anexos - Relativos ao Capítulo 2 .........................................................................45

Anexo I - Inquéritos aplicados ........................................................................45

Anexo II - Resultados dos inquéritos ............................................................47

Anexo III - Mapa de aplicação de inquéritos ................................................56

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Sinopse

O

1 Contrato ONG-PVD/2003/062-200 (Block Grants).

Projecto “Tebanke Urok – Desenvolvimento Comunitário no Grupo de Ilhas de Formosa”, desenvolvido pela parceria entre a ONG Portu-guesa Instituto Marquês de Valle Flôr e a ONG Guineense Tiniguena

- Esta Terra É Nossa, teve início a 1 de Dezembro de 2004 e terminará a 30 de Novembro de 2006, tendo sido co-fi nanciado pela Comissão Europeia1 e rece-bido o apoio do Instituto Portu guês de Apoio ao Desenvolvimento.

O Projecto visa contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades residentes nas Ilhas de Formosa, Nago e Chediã, através de um processo de dinamização sociocultural e de promoção de iniciativas económicas e sociais que contribuam para a melhoria das suas condições de vida.

Foram estabelecidos os seguintes objectivos específi cos no âmbito da Acção:

■ promoção das actividades produtivas e de transformação;

■ apoio à dinamização e criação de circuitos de comercialização;

■ sensibilização ambiental e gestão dos recursos hídricos;

■ melhoria de condições de saneamento e limpeza do meio envolvente;

■ aumento do acesso à educação de base;

■ valorização cultural e reforço das dinâmicas comunitárias.

Os grupos-alvo são os produtores das três ilhas, as produtoras de sal (40 mulhe-res), as transformadoras do pescado (23 mulheres), os grupos culturais juvenis das três ilhas, os jovens e mulheres que se dedicam ao artesanato, crianças em idade escolar e a população das três ilhas que benefi cia de forma directa das me-lhorias no saneamento e acesso à água potável, da dinamização e valorização cultural e, indirectamente, dos benefícios resultantes das outras actividades.

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As ilhas de Formosa, Nago e Chediã, também denominadas ilhas Urok, cons-tituem a zona de intervenção do Projecto e são habitadas por cerca de 3.000 pessoas. O grande isolamento destas comunidades face a outras zonas do ar-quipélago dos Bij agós e à parte continental da Guiné-Bissau está a ser gradu-almente superado com o estabelecimento de transporte regular entre as ilhas e Bissau. Desta forma, surgem novas oportunidades de melhoria das condi-ções de vida das populações que podem agora comercializar mais facilmente os seus produtos, entre outros aspectos. Contudo, e dado que a economia das ilhas funciona ainda no âmbito de um circuito eminentemente fechado, é importante analisar a viabilidade económica e comercial dos pro dutos locais, de forma a permitir que os produtores e processadores de bens alimentares possam tomar decisões com base em informações fi áveis.

Os produtos seleccionados para análise da sua viabilidade económica e comer-cial são os mesmos que no âmbito da Acção foram objecto de melhoria dos res-pectivos processos de pro dução e transformação – o sal e a fl or de sal, o óleo de palma, o peixe seco e o peixe fumado. A selecção destes produtos baseou--se, em primeiro lugar, na importância actual do produto para a segurança alimentar das comunidades locais (ex. peixe fumado e sal); em segundo lugar, no potencial económico dos mesmos (ex. óleo de palma e peixe seco); por fi m, na capacidade de apropriação tecnológica por parte dos benefi ciários das me-lhorias a introduzir no âmbito dos processos de produção e transformação.

Tendo em vista a análise da viabilidade económica e comercial dos produtos seleccionados no âmbito do projecto, Daniel Rodrigues, agrónomo e investi-gador guineense, e Joaquim Pulga, perito português na área dos produtos locais e do desenvolvimento local, realizaram, a convite da parceria Instituto Marquês de Valle Flôr e Tiniguena, uma missão de curta duração no início de Novembro de 2006 para recolha de dados na ilha Formosa, em Bissau, nou-tros locais da parte continental da Guiné-Bis sau e em Diaobe, no Senegal.

O objectivo do estudo, tal como expresso nos termos de referência elabora-dos para o efeito, consistia em avaliar a viabilidade económica, à escala local, nacional e sub-regional dos produtos acima mencionados. Concretamente, o estudo deveria apresentar dados, propostas e recomendações sobre:

■ tipologia dos actores ao longo das fi leiras;

■ canais de distribuição e comercialização, tradicionais e inovadores, com maior potencial;

■ estrutura e estratégia de preço para cada gama de produtos;

■ defi nição do break-even point para cada produto;

■ tipo de acondicionamento e volumes mínimos para retalho mais adapta-dos aos respectivos mercados.

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Como resultado fi nal, pretendeu-se com este estudo permitir aos produtores e benefi ciários do projecto fazer opções estratégicas ao nível da produção dos bens referidos, em termos de avaliação dos volumes de produção, dos tipos de acondicionamento, dos níveis de qualidade e de preço, numa base con-gruente com as condicionantes dos três níveis de mercado evocados (local, nacional, sub-regional).

O presente estudo está dividido em dois capítulos, consistindo o primeiro, da autoria de Daniel Rodrigues, num estudo de Viabilidade Económica dos produtos mencionados e o segundo, da autoria de Joaquim Pulga, num Estudo para a Promoção, Valorização e Comercialização dos produtos em análise.

Apresentam-se seguidamente as conclusões e recomendações do estudo para cada produto em análise, de acordo com os objectivos constantes nos termos de referência.

I. Sal e Flor de Sal

É consensual o facto de o sal ser um produto estratégico na alimentação humana, não só pelo seu papel indispensável na confecção dos alimentos, como também pelo facto de conter e fornecer elementos vitais de que o nosso organismo necessita. Além destas funções, o sal tem uma elevada importância na conservação de uma multiplicidade de alimentos, prolongando dessa for-ma o seu período de validade. Com o processo da salga, o Homem aprendeu a planifi car a sua alimentação e adaptou-se melhor à sazonalidade de certas matérias-primas. É com base nestas utilidades que o sal atinge um lugar de produto insubstituível e estratégico na alimentação humana.

Nas ilhas Urok existe já uma pequena exploração e extracção de sal. O processo está neste momento a passar paulatinamente do tradicional básico para um tradicional melhorado, em que o produto só tem a ganhar em qualidade e quantidade e as mulheres marnotas num menor esforço dispendido, paralela-mente a um aumento nas mais-valias. Este processo evolutivo está no início de um percurso que se prevê longo mas compensador.

Sublinha-se, contudo, que o horizonte urgente do projecto tem por objectivo consolidar a tecnologia de produção e extracção que melhor se adapte no local, fabricando de imediato as quantidades necessárias para que as ilhas Urok se tornem auto-sufi cientes na produção do produto. O sal tem uma importância vital nas ilhas, dado o facto de não haver locais de comércio estruturados, sendo a troca directa de produtos uma base importante de comércio. Não é portanto de estranhar que o preço do sal seja mais elevado do que em Bissau, uma vez que ali se equilibra em termos de valor com o arroz, 225 XOF2 por kg.

2 Abreviatura da moeda utilizada na Guiné-Bissau, Franco CFA, cuja taxa de câmbio (paridade fi xa) em relação ao euro é de 1€ = 655,957 FCFA.

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A fl or de sal, que se encontra numa fase experimental de produção e extracção, pode ser um complemento muito interessante desta actividade, principalmente em termos económicos, sendo para tal necessário realizar um trabalho de lançamento e sensibilização de um novo produto no mercado guineense. A restauração e a hotelaria devem desempenhar um papel importante neste lançamento.

1. Tipologia dos actores ao longo das fi leiras: A produção e extracção estão asseguradas por um agrupamento de mulheres, cujo principal interesse em organizar-se sob a forma de grupo advém sobretudo da necessidade de se apoiarem mutuamente relativamente a certas tarefas, melhorando a efi ciência da produção. Estas mulheres não possuem experiência de comercialização do sal fora do seu espaço de produção (Urok). Articu-lando a sazonalidade da produção e da extracção, os grupos podem, nos tempos mortos, empenhar-se nas tarefas do embalamento em insta lações apropriadas: armazém de sal a granel, área de embalamento e arma ze-namento do produto pronto para a distribuição e comercialização.

2. Canais de distribuição e comercialização, tradicionais e inovadores, com maior potencial: A comercialização pode ser realizada “à porta”, aos consumi dores, já que as ilhas são defi citárias no produto, e também aos intermediários (é uma forma de realizar vendas substanciais) mas não a granel, ou seja, no mínimo em sacos de 500 gramas.

Futuramente, quando aumentarem os quantitativos produzidos, existe toda a conveniência em que a comercialização e a distribuição venham a ser realizadas, até ao retalhista, também pelo agrupamento. Haverá, neste aspecto, que es-colher os elementos mais aptos para esta tarefa e dotá-los de conhecimentos específi cos para dar operacionalidade e efi cácia a este segmento da fi leira.

Os aspectos inovadores a integrar no segmento comercialização e distri-buição, à partida, centram-se no embalamento apropriado do produto em embalagens individuais rotuladas e no seu acondicionamento em lotes em- balados adequados ao manuseio e ao mercado a retalho. Também seria ino-vador o facto de os canais de distribuição e comercialização serem efec tuados pelo agrupamento de mulheres sob uma fi gura empresarial, ou por uma orga-nização na sua dependência.

3. Estrutura e estratégia de preço para cada gama de produtos: Os preços a pra-ticar para os produtos sal e fl or de sal, partindo dos preços que se praticam actual mente para o produto nacional, terão uma evolução paralela a uma procura sustentada na qualidade do produto, nas melhorias introduzidas na sua apre sentação e imagem e na operacionalidade dos canais de comer-cialização e distribuição.

4. Defi nição do break-even point para cada produto: O break-even point para o sal está expresso na seguinte transcrição: “para que a actividade possa ser rentável, baseado na produção de um canteiro de 2m2, a produtora deverá

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produzir mais de 31 kg de sal, quantidade a partir da qual a actividade começa a ser rentável.”3

5. Tipo de acondicionamento e volumes mínimos: O acondicionamento acon selhado para o sal de acordo com os dados extraídos dos inqué ritos aplicados no mercado de Bissau consiste em sacos de plástico (adornados com outra embalagem exterior não tão rebarbativa quanto o plástico) com o conteúdo de 1 kg de sal.

II. Óleo de Palma

O óleo de palma produzido nas Ilhas Formosa é inquestionavelmente famoso devido a algumas particularidades que apresenta e se lhe reconhecem. É um produto com um enorme potencial económico para as comunidades onde é pro-duzido, potencial esse que previsivelmente se traduz num aumento da activi dade e consequente criação de postos de trabalho. Durante o ciclo pro dutivo, da colheita dos cachos de chabéu até à produção do óleo, integra nas várias fases tarefas ope-racionais que revelam uma divisão de trabalho entre homens e mulheres, criando uma dinâmica de complementaridade laboral entre sexos.

Para além de se constituir como um produto profundamente enraizado na tradição culinária guineense, tem igualmente uma importância enorme nos mercados da sub-região. O óleo de palma proveniente do arquipélago dos Bij agós é bastante conceituado no exterior.

1. Tipologia dos actores ao longo das fi leiras: Sendo uma actividade con-trolada particularmente pelas mulheres, intercala nas várias tarefas (prin-cipalmente as de maior risco) homens na condição de prestadores de serviços. Se o agrupamento produtor optar pelo armazenamento do óleo a granel, pelo engarrafamento e armazenamento do produto embalado, podem ser criadas complementaridades importantes e poupanças de es-cala e, necessariamente, um desenvolvimento de actividades limítrofes.

“Dentro da tipologia da fi leira, procurou-se através da pesquisa de terreno ter uma ideia dos aspectos económicos de cada interveniente no processo (venda directa do produtor, intermediário e retalhista em Bissau), base-ando-se ainda em 100 litros como stock de venda. Para o produtor, depois de deduzidos os custos de comercialização, a margem é de 15%; para o intermediário 11%. Para a retalhista a margem é de 21%, deduzidas as taxas camarárias pagas durante o período da venda4.”

2. Canais de distribuição e comercialização, tradicionais e inovadores, com maior potencial: A comercialização e a distribuição podem ser realizadas, como até aqui, a intermediários a granel e pelas próprias mulheres em

3 Ver capítulo I deste Estudo. 4 Ver capítulo I deste Estudo.

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Bissau em vasilhas de vinte e cinco litros, ou seja, quase a granel. Sendo assim, o processo de engarrafamento e etiquetagem será simples e sem necessidade de tecnologias complicadas e consumidoras de enormes quan tidades de energia. A actividade produtiva de óleo de palma pode perfeitamente dar um salto organizacional e passar a ter também uma palavra na distribuição e comercialização.

3. Estrutura e estratégia de preço para cada gama de produtos: À partida, os lucros obtidos actualmente indicam que o investimento na promoção e valorização do produto (embalagem, acondicionamento) terão um retorno assegurado através do aumento das vendas. Grosso modo, podemos dizer que não é necessário aumentar muito o preço do produto – o aumento das vendas aumentará consequentemente os lucros.

4. Defi nição do break-even point para cada produto: O break-even point do pro-duto óleo de palma em Formosa é de 15 litros, quantidade a partir da qual a actividade começa a ser viável economicamente. Já a mesma quantidade só seria economicamente viável em venda directa em Bissau se vendida ao preço de 900 XOF/litro, pois a TML seria 21% e o break-even point de 18 litros5.

5. Tipo de acondicionamento e volumes mínimos: Com base nos inquéritos realizados, o acondicionamento preferencial é a garrafa de vidro para a uni dade de litro e o garrafão de plástico de 5 litros.

III. Peixe Seco (Escalada)

A secagem do peixe é uma actividade tradicional guineense e nas ilhas Urok é um produto conservado particularmente importante na dieta alimentar local. O processo de secagem utilizado é ainda artesanal e traz alguns problemas. Em especial, a impossibilidade de resguardar o peixe de insectos e outros predadores durante o processo de secagem não garante a qualidade desejada. No entanto, no âmbito do projecto já foram realizadas experiências com seca-dores solares, o que, à partida, foi demonstrativo da futura possibilidade de introduzir ganhos substanciais na qualidade do produto, vantagens estas assinaladas pelas próprias produtoras6.

1. Tipologia dos actores ao longo das fi leiras: A jusante da actividade pisca tória, esta actividade é quase toda ela garantida por mulheres, inclusive a distribuição e comercialização no local, ao consumidor ou ao retalhista em Bissau. A excepção estará nos agentes intermediários que fazem chegar o peixe seco a outros mercados nacionais e sub-regionais, tais como Diaobe (Senegal)7.

5 Ver capítulo I deste Estudo. 6 Leitão, António – Manual de técnicas de transformação de produtos locais nas ilhas Urok – sal, pescado e óleo de

palma, Novembro 2006 (elaborado no âmbito do Projecto “Tebanke Urok: Desenvolvimento Comunitário no Grupo de Ilhas de Formosa – Guiné-Bissau”, contrato CE ONG-PVD/2003/062-200).

7 Ver capítulo I deste Estudo.

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2. Canais de distribuição e comercialização, tradicionais e inovadores, com maior potencial: Os actuais canais de distribuição e comercialização são os citados, grosso modo, dado a informação conseguida e apresentada no parágrafo anterior ser bastante difusa. A inovação a introduzir, após garantir-se uma qualidade mais homogénea para o produto e o seu acondicio-namento em sacos sob vácuo e com unidades/peso ajustadas ao mercado, é o controlo possível dos canais de distribuição e comercialização ou, pelo menos, a co mercialização no local com mais-valias acrescidas justifi cadas pelas melho rias introduzidas no produto, no acondicionamento e imagem.

3. Estrutura e estratégia de preço para cada gama de produtos: Sem descurar o processamento dos peixes menos valiosos que também têm mercado, re-comenda-se uma maior aposta no processamento das espécies mais valio-sas – a corvina, o barbo e a becuda (barracuda). No entanto, é importante ter em atenção que a rentabilidade económica da escalada é clara a partir do preço de 900 XOF/Kg. É excepção ao referido anteriormente o produto tainha seca, dado o mercado ser limitado e daí não permitir tirar conclu-sões sobre a sua viabilidade económica8.

4. Defi nição do break-even point para cada produto: O break-even point do peixe seco em Formosa é de 67kg, sendo de 55kg em Diaobe.

5. Tipo de acondicionamento e valores mínimos: Maioritariamente os inquiridos no inquérito ao consumidor referiram preferir o acondicionamento em saco plástico, nas quantidades de 500gr e principalmente de 1kg. Apresenta-se como proposta que o acondicionamento seja realizado em sacos sob vácuo, de forma a contornar múltiplas questões: o cheiro, a higiene no manuseio e o prolongamento substancial do período de conservação.

IV. Peixe Fumado

A fumagem do peixe representa uma actividade tradicional importante no local e tem igualmente um papel estratégico na dieta das famílias, dado poder ser usado quando escasseiam outros produtos. Também o peixe fumado tem um papel ancestral na gastronomia guineense. Relativamente a este produto, foram realizadas experiências para melhorar o processo transformador9.

1. Tipologia dos actores ao longo das fi leiras: Tal como na actividade de se-cagem do pescado, a fi leira produtiva é feminina a partir da compra do peixe fresco. Quanto à restante fi leira, até o produto chegar às mãos do con sumidor, o processo é igual e em paralelo com o do peixe seco.

8 Ver capítulo I deste Estudo. 9 Leitão, António – Manual de técnicas de transformação de produtos locais nas ilhas Urok – sal, pescado e óleo de

palma, Novembro 2006 (elaborado no âmbito do Projecto “Tebanke Urok: Desenvolvimento Comunitário no Grupo de Ilhas de Formosa – Guiné-Bissau”, contrato CE ONG-PVD/2003/062-200).

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2. Canais de distribuição e comercialização, tradicionais e inovadores, com maior potencial: Relativamente aos canais de distribuição e comercialização, as constatações e as sugestões são iguais às atribuídas ao peixe seco.

3. Estrutura e estratégia de preço para cada gama de produtos: Também o peixe fumado, caso usufrua das melhorias na qualidade, acondicionamento e imagem, pode perfeitamente aumentar dentro do razoável (sendo à par-tida o limite razoável os custos dos factores das melhorias) os preços e, tal como no caso do peixe seco, tendo em atenção, principalmente, as espécies com mais procura no mercado e daí mais valiosas.

4. Defi nição do break-even point para cada produto: O break-even point para o peixe fumado, usando o bagre como padrão, indica-nos que em For mosa começa a ser viável a partir dos 92kg enquanto que, em Bissau, os valores relativos ao limiar da rentabilidade descem para 47kg.

5. Tipo de acondicionamento e volumes mínimos: A questão do acondiciona-mento do peixe fumado é um aspecto na promoção do produto, consti tuindo o não embalamento em condições de higiene claramente um dissuasor ao consumo. As opiniões recolhidas junto dos consumidores apontam como opção consensual o saco plástico e, como quantidade preferida, 1kg.

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Capítulo 1. Estudo de Viabilidade EconómicaDaniel Rodrigues

P ara o presente estudo foi utilizada a seguinte metodologia: consulta da bibliografi a existente sobre o Projecto e os produtos em estudo; discussões aturadas entre os parceiros no intuito de melhor perceber

o enquadramento dos produtos na sua estratégia de desenvolvimento; levan-tamento no terreno de dados que permitiram calcular a viabilidade económica dos produtos; pequenos inquéritos para calcular o potencial de produção para cada produto e a preferência dos consumidores para o caso do óleo de palma (Bissau, Bafatá e Gabu); uma deslocação ao lumo de Pitche (Região de Gabú) e Diaobe (Senegal) – sendo este último um centro de concentração primária dos produtos oriundos da Guiné-Bissau, nomeadamente do Sul e das Ilhas dos Bij agós, para distribuição na sub-região.

Este estudo sobre a viabilidade económica abre com uma breve nota sobre as opções metodológicas tomadas e é composto essencialmente por quatro secções, cada uma respeitante aos produtos em análise, tratando assim a primeira do sal e fl or de sal, a segunda do óleo de palma, a seguinte do peixe seco e a última do peixe fumado.

1.1 - Metodologia

Para uma actividade económica não estruturada (informal) e de carácter com-plementar, em que na maioria dos casos só os custos variáveis são conhe cidos, coloca-se o problema da escolha do conceito económico mais adequado para a análise de rentabilidade económica e portanto da viabilidade da actividade.

O leque dos produtos seleccionados pelo projecto “Tebanke Urok: Desenvolvi-mento Comunitário no Grupo de Ilhas de Formosa” – a saber: o sal e a fl or de sal, o óleo de palma, o peixe seco e o peixe fumado – estão dentro da categoria acima

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descrita, pois só os investimentos em termos de matéria-prima, mão-de-obra e prestação de serviços podem ser presentemente contabilizados.

Para este tipo de actividades económicas, alguns dos instrumentos de análise são a Taxa de Margem Líquida (TML) e o break-even point, que permitem determinar a rentabilidade e o limiar de rentabilidade de um produto deter-minado, com os dados disponíveis.

Para a elaboração do presente estudo, e devido a lacunas em termos de dados que permitissem o cálculo de viabilidade económica o mais próximo possível da realidade, nomeadamente de todos os custos fi xos, adoptou-se a Taxa de Margem Líquida (TML) sobre os investimentos (custos variáveis), que permite calcular a rentabilidade do investimento realizado na actividade, nas condições actuais de produção. Procedeu-se aos cálculos tomando como referência as médias dos preços e das quantidades produzidas, quando estes obedeçam à existência de mais de uma cifra para o mesmo produto, ou seja, quando o produto obedece às leis do mercado, sendo vendido a diferentes preços em épocas diferentes, ou quando a produção oscila em períodos determinados10.

Adoptou-se também o break-even point (BEP), patamar a partir do qual se pode determinar a quantidade a produzir/vender para que a actividade seja lucrativa, como estipulado nos termos de referência do estudo.

10 Este é, por exemplo, o caso do óleo de palma, em que no início da época da extracção a produção é menor, aumentando à medida que o tempo avança para o fi m da campanha (maior maturação e concentração do óleo).

QUADRO 1. CONCEITOS E FÓRMULAS PARA O CÁLCULO DE VIABILIDADE ECONÓMICA

Custos variáveis – custos que variam com as quantidades produzidas (tais como matérias-primas, mão-de-obra, prestação de serviços, etc)

Custo de produção – somatório de todos os custos necessários à produção (matéria-prima, mão-de-obra, prestação de serviços, etc).

Valor total da produção – valor local da quantidade produzida (quantidade produzida a multiplicar pelo preço unitário local).

Margem líquida – a diferença entre a receita total (ou o valor total local da produção) e o custo de produção.

Taxa de margem líquida – quociente entre a margem líquida e o valor total da produção a multiplicar por 100.

Break-even point – Quantidade ou valor produzido a partir da qual uma actividade económica começa a ser rentável. Representa, neste estudo, o quociente entre o custo de produção e o custo unitário local do produto.

ML – Margem líquida da produção.

VTP – Valor total da produção.

CP – Custo de produção.

TML – Taxa de margem líquida sobre o investimento.

CU – Custo unitário.

BEP – Break-even point.

ML CUTML = ————× 100 BEP = ———— VTP CU

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1.2 – Sal e a Flor de Sal

A recolha de dados junto de produtoras de sal na Formosa e discussões com os quadros da Tiniguena, responsáveis pelo desenvolvimento dos diferentes programas em curso, permitiram a recolha de dados técnicos para os cálculos económicos a efectuar.

A tipologia da produção e comercialização do sal em Formosa é a de uma actividade complementar exclusiva de mulheres, parte de uma estratégia de segurança alimentar para uma faixa etária entre os 40 e os 60 anos. Estas mulheres, devido à idade, já não têm condições físicas para outros trabalhos de produção alimentar que exij am maior esforço. A estratégia baseia-se na troca de produtos tendo o arroz como base, cereal a partir do qual se estabelecem os termos de troca com os outros produtos.

O próprio preço do sal em Formosa refl ecte essa situação, já que o padrão tradicio-nal para a troca do arroz é o bushel11 de arroz em casca, numa paridade de 1 bushel de sal, 2 bushels de arroz. A comercialização do arroz importado nas ilhas estabele-ceu um novo padrão paralelo ao bushel – o quilo de arroz como referência de preço para o sal. Daí os 225 XOF como preço de referência para 1 quilo de sal.

A estratégia é implementada através do armazenamento da produção, sendo as trocas feitas gradualmente à medida das necessidades, guardando-se uma parte considerável da produção para os momentos de maior procura, momentos esses que coincidem com o período de ruptura do stock alimentar das produtoras.

A troca como forma de transacção comercial é típica nos Bij agós, assim como já o foi algures na Guiné-Bissau, revestindo-se para o caso do sal de uma certa importância, dado o seu valor na dieta alimentar humana e no desenvolvimento de outras actividades económicas (como por exemplo, no processamento do pescado).

O período da extracção do sal vai de Fevereiro a Junho. Leitão descreve com acui-dade o processo tradicional de extracção do sal (praticado em todo o território nacional) e o recém introduzido processo de produção de sal em Formosa12.

Este estudo concerne essencialmente o processo melhorado da produção de sal, através do uso de plástico polietileno de 5mm em canteiros de 2m2 (1m x 2m), tomado neste estudo como referência de base.

Prevê-se que catorze (14) tabancas das três ilhas do Grupo de Formosa parti-cipem nesta actividade produtiva, tendo já participado 3 no corrente ano, para um total de 21 participantes, 75 canteiros e uma produção de 1.265 quilos de sal em apenas 3 semanas.

11 Medida inglesa de peso, correspondente a 30-35 kg de arroz em casca, equivalendo a cerca de 40 kg de sal.12 Leitão, António – Manual de técnicas de transformação de produtos locais nas ilhas Urok – sal, pescado e óleo de

palma, Novembro 2006 (elaborado no âmbito do Projecto “Tebanke Urok: Desenvolvimento Comunitário no Grupo de Ilhas de Formosa – Guiné-Bissau”, contrato CE ONG-PVD/2003/062-200).

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Os dados acima referidos servem como referência para os cálculos efectuados em relação ao sal de Formosa.

Chama-se a atenção para o facto de que, actualmente em Formosa, a procura é superior à oferta e o preço do sal local é superior aos de Bissau, Bafatá e Gabú, localidades onde a oferta é maior e de várias proveniências, chegando o sal a custar 200 XOF/kg na época de maior procura (época das chuvas).

A taxa de margem líquida (TML) para a extracção de sal em Formosa é de 63%, signifi cando isso que a produtora ganha 63 francos em cada 100 francos investidos.

Para que a actividade possa ser rentável, baseado na produção de um canteiro de 2m2, a produtora deverá produzir mais de 31Kg de sal, quantidade a partir da qual a actividade começa a ser rentável.

Para os dados existentes, a actividade é extremamente produtiva e conse-quen temente viável para Formosa, com um grande potencial de produção, se concretizado o envolvimento das 14 tabancas previstas para participação na actividade.

13 Baseado em dados fornecidos pela Tiniguena, Esta Terra É Nossa.

QUADRO 2. DADOS TÉCNICOS PARA O CÁLCULODA VIABILIDADE ECONÓMICA DO SAL

Período de extracção do sal em Formosa – de Fevereiro a Junho

Número potencial de dias para a extracção do sal – 120 dias

Ciclo para a extracção do sal no processo melhorado – cada 8 dias

Número potencial de extracções durante a campanha – 15

Produção por extracção num canteiro de 2m2 13 – 5,6Kg

Potencial de produção durante uma época de extracção por canteiro – 84Kg

Custo médio de 1Kg de sal em Formosa – 225 XOF

Valor total da produção – 18.900 XOF

Custo da mão-de-obra durante o período de extracção (6.375 dias) – 6.375 XOF

Custo de uma jornada de trabalho rural em Formosa – 1.000 XOF

Custo de 2 metros de polietileno de 5mm – 2.000 XOF

Taxa de depreciação do polietileno (1/3) – 668 XOF

Custo total de produção – 7.043 XOF

Custo de produção de 1Kg de sal no processo melhorado – 84 XOF

Utilizando as fórmulas:

ML = VTP - CP = 18.900 XOF – 7.043 XOF = 11.857 XOF

ML 11.875 XOFTML = ———— × 100 TML = ————— × 100 = 63% VTP 18.900XOF

CU 7.043 XOFTML = ———— × 100 BEP = ————— = 31 Kg CU 225 XOF

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Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro-Alimentares das Ilhas Urok

O circuito comercial para o sal produzido continuará a ser o espaço Urok, podendo defi nitivamente contribuir para o incremento da produção do peixe seco (escalada) e, possivelmente no futuro, para a salga de peixes mais nobres e mais procurados como a bica, a becuda, o barbo e outros. Em relação ao iodo, o sal das zonas marinhas apresenta normalmente teores sufi cientes, não se antevendo a necessidade de uma iodização do sal de Formosa, exceptuando-se (talvez) o caso da fl or de sal, produto para um mercado de elites, para o qual possivelmente as análises do produto determinarão a necessidade ou não de iodização.

Em relação à fl or de sal, é até agora ignorada a sua existência e valor co mercial pelas produtoras, não existindo quaisquer dados relativos à sua pro dução específi ca (quantidades) e aos custos da sua produção, pelo que é de todo impossível realizar qualquer cálculo. O seu aproveitamento não seria mais do que um valor adicional à rentabilidade económica no processo de produção do sal melhorado. Daí a necessi-dade de um acompanhamento do processo da sua produção/recolha, com vista à sua promoção em postos de comer cia lização mais exigentes.

Embora se utilize o polietileno como material de construção das salinas e a sua elimi-nação coloque alguns problemas, o processo tem vantagens ambientais em relação à dispensa da lenha utilizada para a cozinha do sal no método tradicional, lenha oriunda normalmente do mangal e das formações fl orestais adjacentes às salinas. O sal produzido oferece mais garantias higié nicas (menor presença de substâncias estranhas no sal), alimentando ainda a preferência dos consumidores (sal branco).

Outra vantagem do novo processo é a de aliviar a carga de trabalho das produ-toras, já que o processo se resume ao enchimento dos canteiros e à re moção do sal, poupando tempo que poderão eventualmente empregar em outras activi-dades compatíveis com a sua faixa etária.

Imagem 1 – Produtora de sal a trabalhar nas salinas melhoradas em Formosa

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Nesta fase de desenvolvimento do processo, o autor deste capítulo não julga ser ainda aconselhável a embalagem do sal local, destinado unicamente ao consumo local. Com a fl or de sal o caso é diferente já que, verifi cando-se a sua produção, o seu destino é indubitavelmente o mercado fora do espaço Urok. Mesmo neste último caso, é ainda prematuro recomendar um tipo de embala-gem para um produto que tecnicamente ainda não existe.

1.3 – Óleo de Palma

A tradição da extracção do óleo de palma faz parte da cultura Bij agó, uma actividade económica e de subsistência controlada pelas mulheres, desem-penhando os homens o papel de fornecedor de serviços (corte de regimes e esquartejo), embora se comece a verifi car uma certa adesão dos jovens, devido aos dividendos económicos colhidos pelas mulheres.

O processo da extracção do óleo de palma comporta três actores: o cortador de regimes (cacho de chabéu), o “esquartejador” (pantchidur) e a artesã.

Os trabalhos de extracção iniciam-se com um contrato de corte de regimes, regimes esses esquartejados e limpos após um período de abafamento para completar a maturação do chabéu.

O chabéu limpo é fervido num recipiente até que a polpa se possa despegar facilmente do palmista, sendo depois pilado. A polpa resultante é separada do palmista, iniciando-se a extracção propriamente dita.

O quadro 3 espelha e quantifi ca as operações envolvidas na extracção do óleo de palma em Formosa.

QUADRO 3. CÁLCULO DOS CUSTOS DE PRODUÇÃO DE ÓLEO DE PALMA EM FORMOSA

Operação QuantidadeCusto unitário

(XOF)Total (XOF)

Corte 40 regimes 100 4.000

Esquartejar 40 regimes 8,3 332

Limpeza (feque) _ _ 500

Aluguer de recipiente de cozedura _ _ 238

Aluguer da prensa _ _ 356

Mão-de-obra para processamento e extracção _ _ 1.025

Lenha _ _ 500

Quantidade média extraída _ _ 22,5 litros

Custo médio da produção _ _ 6.951 XOF

Preço médio local de 1 litro de óleo de palma _ _ 475 XOF

Valor total da produção _ _ 10.688 XOFFonte: Dados recolhidos durante as discussões de grupo focal em Ambo – ilha de Formosa.

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14 Montante que inclui os seguintes itens: transporte de carga e tarifa pessoal Formosa/Bissau/Formosa (5.000 XOF passagem pessoal e 20.000 XOF carga), taxa fl orestal (25.000 XOF), transporte de carga e tarifa pessoal Bissau/Bambadinca/Bissau (2.600 XOF passagem pessoal e 20.000 de carga), transporte de carga e tarifa pessoal Bambadinca/Diaobe/Bambadinca (passagem pessoal 10.000 XOF, incluindo 1.500 francos de salvo conduto e taxa individual, 40.000 XOF para a carga – 1.000 XOF/bidão de 25 litros).

Baseado nos dados do quadro anterior, verifi ca-se que a taxa de margem lí-quida (TML) é de 35%. Para a produtora de Formosa, por cada 100 francos que investe a sua margem de lucro é de 35 XOF.

O break-even point para a produção do óleo de palma em Formosa é de 15 litros, ponto a partir do qual a actividade começa a ser rentável e consequentemente viável.

A mesma quantidade produzida nessa extracção só seria economicamente viável em venda directa em Bissau, se vendida ao preço de 900 XOF/litro, pois a TML seria de 21% e o break-even point de 18 litros.

Informações recolhidas no Lumo (mercado) sub-regional de Diaobe (Sene-gal), mostram uma preferência pelo óleo de palma oriundo dos Bij agós, dado o facto de a cor ser mais carregada e o líquido mais fl uído, características apre-ciadas pelos grossistas da sub-região, pois servem-se do óleo de palma das ilhas para misturar com óleos de palma mais baratos oriundos da República da Guiné e com outros óleos alimentares.

Para uma remessa de 100 litros para Diaobe, a TML é de 34%, com o break-even

point de 671 litros, se o preço médio em Diaobe for de 900 XOF/litro. Os custos de comercialização perfazem o total de 122.600 XOF14.

Como é referido posteriormente neste capítulo, na secção relativa ao peixe seco (escalada), a viabilidade seria ainda maior com a associação de outros produtos à venda do óleo de palma, de forma a distribuir os encargos relativos ao transporte e outros custos.

Imagem 2 – Imagem do óleo de palma produzido em Formosa

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Dentro da tipologia da fi leira, procurou-se através da pesquisa de terreno ter uma ideia dos aspectos económicos de cada interveniente no processo (venda directa do produtor, intermediário e retalhista em Bissau), baseando-se ainda em 100 litros como stock de venda. Para o produtor, depois de deduzidos os custos de comercialização, a margem é de 15%; para o intermediário 11%. Para a retalhista, a margem é de 21%, deduzidas as taxas camarárias pagas durante o período da venda.

Entre os retalhistas em Bissau, convém assinalar o surgimento nos mercados de Bissau de jovens que se dedicam à venda do óleo de palma, actividade tradicionalmente corporativa familiar de mulheres, com várias faixas etárias de uma mesma família envolvida.

Os intermediários em Formosa são normalmente pescadores estrangeiros em faina piscatória no arquipélago, como os Nhominkas, alguns pequenos co-merciantes radicados no espaço e as bideiras de peixe que aproveitam as des-locações para aquisição de pequenas quantidades. No caso de Formosa, existe pelo menos um intermediário que exporta óleo de palma directamente e por via marítima para Ziguinchor (Senegal) e Banjul (Gâmbia) e que, em 2005, exportou cerca de 1.600 litros para Ziguinchor.

Em relação à embalagem, o inquérito à preferência dos consumidores feito em Bissau, Bafatá e Gabú, mostra que, em geral, as preferências vão para frascos de vidro do tipo maionese e garrafas de vidro, mas para quantidades inferiores a 1/4 litro, em embalagens de plástico. Este assunto deverá ser revisitado quando forem defi nitivamente fi xadas a produção anual das associações inte ressadas e o valor dos equipamentos a instalar, permitindo obter dados para a determinação do custo do produto embalado na fonte e depois extra polar para os diferentes mercados.

Embora as garrafas de vidro tenham sido sugeridas como forma de embala-gem no inquérito feito aos consumidores, experiências recentes foram ne-gativas (caso da calda de tomate) em relação à colocação do produto em prateleiras de espaços comerciais de elite15, pelo que se sugere que o frasco de vidro tipo maionese seja privilegiado para o caso desses espaços, que é aliás o tipo de embalagem comum para o óleo de palma do Gana e Costa do Marfi m vendido em lojas especializadas nos Estados Unidos da América.

Para o mercado sub-regional, a opção por embalagens de plástico de 25 cl deverá ser tida em consideração, já que permitirá aos consumidores da região aceder a um produto não adulterado e de boa qualidade (sobretudo nos gran-des centros urbanos), na quantidade mínima para uma refeição, com um cus-to de embalagem em conta, não sendo possível indicar presentemente qual seria o custo deste tipo de embalagem.

15 Exemplo apontado pelo proprietário da MAVEGRO em Bissau.

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1.4 - Peixe Seco (escalada)

O peixe seco tradicional Guineense é obtido através da fermentação delibe-rada de certas espécies – nomeadamente o djoto, o barbo, a corvina, a becuda (barracuda) e a tainha –, que depois de escalados (daí o nome escalada) rece-bem uma certa quantidade de sal (às vezes também de malagueta), evitando desta forma a putrefacção durante e após o período de secagem.

Dentro da economia da pesca artesanal, a secagem do pescado é o segmento mais rentável e com um comércio sub-regional fl orescente. Baseando-se nas observações efectuadas e nos contactos com os intermediários de Diaobe (Se-negal), a oferta está aquém da procura, vendendo-se as remessas de esca lada no próprio dia da chegada.

Uma vez mais, as mulheres são os actores principais, seguidas por interme diários e retalhistas. Entre os intermediários, o papel mais importante cabe aos homens, sendo o negócio do retalho essencialmente feminino e de carácter corporativo familiar (envolvimento de diferentes faixas etárias dentro da mesma família).

O processo de secagem de peixe inicia-se com a fermentação do pescado, seguido da remoção das cabeças e o escalamento do peixe, que depois de lavado é salgado e deixado a secar durante sete dias. A introdução de secadores solares permite encurtar o período de secagem e reduzir a exposição às contaminações do meio.

A utilização do sal permite não somente controlar a putrefacção, mas também permitir um maior ganho em termos de peso, já que actualmente uma esca-lada de boa qualidade deve ter um teor de humidade de 70% para que a acti-vidade possa ser rentável.

Imagem 3 – Secagem ao ar livre (método tradicional) e com secador solar (método melhorado)

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Nos mercados da sub-região, o peixe seco (escalada) classifi ca-se em 1ª e 2ª qualidades, comandando os de primeira qualidade preços interessantes em relação aos preços originais nos pontos de produção.

Contrariamente aos consumidores da Guiné-Bissau, os consumidores da sub-região preferem uma escalada pouco fermentada (menos de 1 dia de fermentação), com muito sal, de coloração clara e com um alto teor de humidade – daí o emprego do sal e da diferenciação entre 1ª e 2ª classe. Para os Guineenses, a fermentação deve ser de pelo menos dois dias, baixo teor de humidade e pouco sal, reduzindo consideravelmente o peso do produto fi nal e as margens de lucro do produtor.

QUADRO 4. ELEMENTOS PARA O CÁLCULO DA VIABILIDADE ECONÓMICA DO PEIXE SECO

Elementos Valor

Quantidade (Kg) 100

Preço local de 1 Kg peixe fresco (XOF) 250

Preço local de 1 Kg de escalada (XOF) 600

Taxa de conversão (%) 70

Quantidade produzida (Kg) 70

Mão-de-obra (XOF) 2.000

Sal (custo médio 225 XOF/Kg) 11.250

Custo de produção (XOF) 38.250

Valor local da produção (XOF) 42.000

TML em Formosa (%) 9

PCV 765

Custo médio de produção e comercialização em Bissau (XOF)16 50.150

Custo médio de produção e comercialização em Diaobe (Senegal) (XOF)17 69.050

Fonte: Dados fornecidos pelas produtoras de peixe seco durante a pesquisa de terreno.

Em relação à escalada, a viabilidade económica do produto ao nível local é marginal, devendo-se a situação ao alto custo de produção por causa do preço do sal. O mesmo não sucede em relação ao mercado de Bissau e Diaobe, conforme indica o quadro 5.

QUADRO 5. CÁLCULO DA TAXA DE MARGEM LÍQUIDA E BREAK-EVEN POINTA NÍVEL DOS DIFERENTES PREÇOS PRATICADOS EM BISSAU E DIAOBE

Preço 1Kg/XOF 750 900 1000 1200 1250 1500 1750

Bissau (TML%) 4 20 28 40

Bissau (BEP) 67 56 50 42

Diaobe (TML%) 21 34 44

Diaobe (BEP) 55 46 39

Fonte: Dados obtidos através de entrevistas a feirantes/intermediários no terreno.

16 Inclui os seguintes itens: transporte pessoal e de carga, taxa portuária, inspecção veterinária e estadia de 3 dias.17 Inclui, além dos itens referidos na nota anterior, despesas relativas à obtenção do salvo-conduto na fronteira.

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18 A escalada é um produto fermentado, fazendo-se a sua avaliação pelo cheiro emanado e pela cor. 19 Recipiente de desembarque de pescado com capacidade de 35 a 45Kg.

Em Bissau, o preço mínimo da escalada de boa qualidade é 750 XOF e em Diaobe 1.250 XOF. O break-even point, tanto para Bissau como para Diaobe, é mais baixo tanto quanto maior for o preço unitário de compra do produto. Em termos prá-ticos, para vender escalada em Bissau ou Diaobe, a quantidade mínima a ser ven-dida para não se incorrer em perdas são respectivamente 67 e 55kg.

A rentabilidade económica da escalada é clara a partir do preço de 900 XOF /Kg em todos os mercados de Bissau, ponto de escoamento primário da escalada produzida nos Bij agós, para consumo local e trânsito para Ziguinchor.

Em relação à tainha seca (cassequé), o mercado é limitado e não foi possível ter dados que permitam a determinação da viabilidade económica do cas-sequé, recomendando-se que se faça um seguimento adequado que permita obter dados para os cálculos pretendidos.

Diaobe parece ser um mercado adequado para o peixe seco da Formosa (es-calada), já que as margens monetárias são interessantes, podendo-se poten-cializar mais as margens com expedições englobando o óleo de palma.

Existem informações de que a partir de Bissau (via Ziguinchor) o peixe seco dos Bij agós chega a Diaobe mas numa pequena quantidade comparada com o que vem dos portos do Senegal e da Região de Tombali.

É prematuro pensar na questão da embalagem para esta gama de produtos, se destinada ao mercado de Bissau e Diaobe, pois o desenvolvimento da fi leira e o estado actual da sua comercialização (aspectos culturais)18 não são propícios para tal. Por outro lado, tendo em conta que a escalada é exportada informal-mente para a Europa em praticamente todos os voos semanais, talvez para esse caso se possa pensar em embalagens de plástico com o produto embala-do em vácuo, neutralizando desta forma o seu odor intenso. Esta opção seria essencialmente para o “mercado da saudade” da diáspora Guineense.

1.5 – Peixe Fumado

Em Formosa, a fumagem de peixe é antes de mais uma forma de conservação do pescado com vista ao seu consumo nos intervalos entre as pescarias, embo-ra constitua uma fonte de receita para um segmento específi co da popu lação, nomeadamente para os Bij agós islamizados (Ujukumanes).

Os dados fornecidos pelos agrupamentos de mulheres produtoras não permi tiram calcular linearmente a viabilidade económica da actividade, já que os padrões utili-zados em termos de medidas e comercialização difi cultam os cálculos pela sua he-terogeneidade. Por exemplo, para o djafal e a tainha, a unidade de compra foi a “massa”19, mas o produto fi nal foi vendido pratica mente por unidades. Para o caso do bagre, comprado ao quilo, o produto fi nal foi também vendido por unidades.

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A partir de dados obtidos em Formosa, encetou-se uma pesquisa no mercado de Bissau, que permitiu obter os dados para os cálculos de viabilidade económica.

A fi leira é feminina, numa faixa etária compreendida entre os 24 e os 40 anos. Regista-se uma falta de experiência da maioria das mulheres dos agru-pa mentos, sobretudo na comercialização directa, patente nos resultados comer ciais das vendas efectuadas em Bissau (prática de preços inferiores aos do mercado). Esta inexperiência deve-se ao pouco tempo decorrido desde a formação que receberam e o início das actividades de produção e comer-cialização directa. Os principais actores são os pescadores e as mulheres, ser-vindo a Tiniguena de suporte em termos de enquadramento e de incentivo à actividade, através da concessão de meios para o seu desenvolvimento.

Contrariamente ao pressuposto inicial, a questão relativa à venda preferencial do peixe às bideiras de Bissau pelos pescadores locais, em detrimento das mu-lheres de Formosa, é uma questão falsa, já que o problema se põe a nível do pronto pagamento pelas transformadoras locais.

As principais espécies para a fumagem são o bagre, a tainha e, em menor escala, o djafal. O quadro 6 mostra os aspectos quantitativos que permitem fazer um cálculo aproximado da viabilidade económica da fi leira, nomeadamente para as espécies mencionadas, utilizando as fórmulas para o cálculo da taxa de mar-gem líquida e do break-even point.

Imagem 4 – Peixe fumado à venda num mercado

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20 Custo de produção em Formosa, transporte individual de ida e volta, inspecção veterinária, carga, estadia de 3 dias e taxa portuária.

QUADRO 6. DADOS PARA O CÁLCULO DA VIABILIDADE ECONÓMICA DO PEIXE FUMADO

Elementos Bagre Tainha Djafal

Quantidade (Kg) 100 100 100

Preço local de 1 Kg de peixe fresco (XOF) 250 250 48

Preço local de 1 Kg de peixe fumado (XOF) 300 500 375

Taxa de conversão (%) 60 60 50

Quantidade produzida (Kg) 60 60 50

Mão-de-obra (f) 2.000 2.000 2.000

Lenha (XOF) (kg) 600 1200 600

Custo de produção (XOF) 27.600 28.200 7.400

Valor local da produção (XOF) 18.000 30.000 18.750

TML em Formosa (%) -51 6 61

BEP em Formosa (kg) 92 56 20

Preço de 1Kg de peixe fumado em Bissau (XOF) 833 625 375

Valor da produção em Bissau (XOF) 48.980 37.500 18.750

Custo de produção e comercialização em Bissau20 (XOF) 39.500 40.100 18.900

TML em Bissau (%) 19 -7 -0,8

BEP em Bissau (kg) 47 64 50

Fonte: Dados obtidos através de informações fornecidas pelas transformadoras de pescado e pesquisas no mercado de Bissau (Novembro 2006).

O quadro demonstra que em Formosa, o djafal fumado é extremamente viável como actividade económica local de renda, enquanto que a fumagem do bagre e a tainha em pequenas quantidades não é aconselhada localmente como actividade económica. O bagre, se produzido em quantidades superiores a 92kg em Formosa, é rentável (break-even point), assim como se comercializado em Bissau em quantidades superiores a 47kg. A tainha, por sua vez, é desaconselhada tanto para a comercialização local como para ser comercializada em Bissau, dado o limiar de rentabilidade BEP. Para o caso do djafal, a sua viabilidade económica em termos de venda directa em Bissau é duvidosa.

Uma nota importante quanto à comercialização dos produtos das ilhas para Bissau é que as deslocações não servem exclusivamente para vender um produto mas antes um leque de produtos, sendo esta uma estratégia destinada a distribuir os custos de comercialização pelos diferentes produtos, o que de certa forma pode contribuir para o incremento da viabilidade económica de produtos que marginalmente a têm.

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presente capítulo surge necessariamente na sequência do Estudo de Viabilidade Económica, dado este último fornecer os dados de base para cada produto e permitir, tendo em conta a análise das suas

características específi cas e o lucro proporcionado, compreender quais os gru-pos-alvo e canais de comercialização, com tudo o que isso implica em termos de promoção e valorização do produto.

A metodologia utilizada para a elaboração deste estudo consistiu na observação directa, na recolha de dados quantitativos e qualitativos através de inquéritos e entrevistas, bem como na análise de documentação diversa para efeitos de enquadramento e comparação de dados. Com base nos dados recolhidos e apurados, foi sugerida pelo técnico uma estratégia relativa à promoção, valorização e comercialização dos produtos seleccionados.

Este capítulo comporta cinco secções referentes aos produtos em estudo, bem como algumas considerações e sugestões no âmbito da temática, tendo como base uma missão em Outubro/Novembro de 2006 à Guiné-Bissau. A missão permitiu a realização de visitas ao terreno na Ilha Formosa (principal ilha do grupo Urok), tendo o restante trabalho sido realizado na cidade de Bissau.

2.1 – Sal e Flor de Sal

Tal como consta do programa provisório da missão, reuniram os consulto-res com parte do Agrupamento de Mulheres Produtoras de Sal, na Tabanca de Abú, na Ilha Formosa. A conversa foi bastante profícua relativamente à quantidade e qualidade da informação disponibilizada, com a necessária res-salva de a reunião ter decorrido em crioulo e de ter sido necessário recorrer à tradução da técnica da Tiniguena, Sábado Vaz. O grupo em questão demons-trou, pela sua vontade de intervir e escutar, ser um grupo com uma dinâmica

O

Capítulo 2. Estudo para a Promoção, Valorização e ComercializaçãoJoaquim Pulga

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forte. Das mulheres presentes na reunião, conclui-se que se trata de um grupo bastante heterogéneo em termos de idades e onde sobressaem algumas líde-res naturais. Os seus elementos deram provas de uma elevada motivação em levar para a frente a actividade a que estão ligadas e bastante receptivas à apropriação de novos conhecimentos.

Sendo o sal um bem estratégico para as populações, o estudo sobre a sua fi leira, da produção ao consumo, merece uma aturada refl exão. Na Formosa produz-se sal em três tabancas, num universo de catorze existentes na ilha.

A produção de sal evoluiu, nos últimos tempos, de uma forma bastante in-cipiente e tradicional para uma fi gura pretensamente mais evoluída que, su-mariamente se baseia na utilização de canteiros de 2m2 (1m x 2m), forrados a polietileno de 0,5 mm de espessura. Estas salinas são abastecidas com água recolhida em covas de duas em duas semanas (de modo a aumentar o teor de sal na água, ou seja, um processo de pré-evaporação). Este processo obsta o uso de lenha do processo tradicional e a consequente lavagem do sal durante a fi ltração e a evaporação forçada pelo aquecimento da água. No entanto, o processo melhorado tem igual mente o inconveniente da necessidade de fi l-tragem da água ao retirá-la das covas para os tanques, devido a uma poeira avermelhada.

Usando o processo melhorado o potencial de produção e extracção durante uma época é de 84kg de sal21 por canteiro.

21 Dados do Estudo de Viabilidade Económica de Daniel Rodrigues (capítulo I) suportados igualmente nas informações recolhidas pelo autor do presente capítulo.

Imagem 5 – Produtoras de sal a trabalhar nas salinas melhoradas de Formosa

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O sal proveniente desta forma de produção e extracção pode ser considerado como tendo alguma qualidade no visual e um paladar bastante satisfatório. Tem uma cor aproximadamente branca, os cristais, ainda que pequenos, deno-tam uma boa formação, não enganando quanto ao facto de ser sal marinho sem passar por qualquer processo de purifi cação. Apresenta um sabor agra-dável e bastante profundo, que não desaparece de imediato.

Esta nova e melhorada tecnologia de extracção estimula as seguintes refl exões:

■ O uso do polietileno, material não degradável mesmo num horizonte longo;

■ O custo deste material tendo em conta a sua durabilidade e consequente amortização, bem como a sua impossível amortização ambiental;

■ O continuado uso de covas (processo tradicional) para enriquecimento da sa-linidade da água com resultados insufi cientes em termos de concentrações;

■ A restrita área dos tanques forrados a polietileno não é funcional em termos de criação de uma associação de tanques até ao cristalizador, quer por difi -culdades técnicas quer em termos monetários.

De acordo com o autor, é possível contornar esta insufi ciência, acoplando uma rede de tanques, nos quais a água entra no circuito pelo tanque de depósito de insolúveis (viveiro de águas frias) através de decantação, circulando continu-amente, de tanque para tanque, num processo gradual de enriquecimento da concentração de salinidade até chegar ao tanque cristalizador.

Neste sentido, está no horizonte do perito Eduardo Leitão realizar uma expe-riência de impermeabilização do fundo dos tanques com argila, aplicada em camadas sucessivas, estabelecendo um necessário intervalo para secagem en-tre aplicações.

Relativamente aos custos de produção, intermediação e venda ao consumi-dor, apresentam-se os seguintes dados retirados do trabalho realizado pelo perito Daniel Rodrigues22:

■ Custo de produção de 1kg de sal segundo o processo melhorado – 84 XOF;

■ Preço médio no mercado local de 1kg de sal 225 XOF;

■ Preço no mercado de Bissau de 1kg de sal nacional entre 100 e 150 XOF23.

De imediato podem-se retirar duas conclusões: a oferta de sal nas ilhas é insu-fi ciente face à procura; e, consequentemente, o preço do sal nacional no mer-cado em Bissau é mais baixo do que o preço do sal produzido e comercializa-do nas Ilhas Urok.

O inquérito ao consumidor, aplicado na cidade de Bissau a setenta e sete pes-soas, das quais cinquenta e oito (75,3% dos inquiridos) se pronunciaram rela-

22 Ver capítulo I deste Estudo.23 Informação obtida pelo técnico no Mercado de Bandim.

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tivamente ao sal, leva-nos a deduzir o seguinte:

■ Em Bissau, o sal é maioritariamente adquirido nos mercados formais e in-formais (62% dos inquiridos);

■ Em Bissau, o custo de 1kg de sal situa-se entre os 100 e os 500 XOF, com o sal nacional a corresponder ao preço mínimo de 100 XOF/kg, e o sal emba-lado ronda o preço máximo 500 XOF/kg. É de referir que o geral do sal importado exposto nos supermercados de Bissau não foi considerado pelo perito de muito boa qualidade, estando aquém da qualidade visual exigí-vel a um sal marinho integral. Cristais mal conformados possivelmente por terem passado por um processo de lavagem, ou mesmo outra qual-quer proveniência que não a marinha industrial;

■ Relativamente à proveniência do sal nacional que os inquiridos conso-mem, a região sul destacou-se como fornecedora, sendo também a zona de ori gem preferencial da esmagadora maioria dos inquiridos;

■ O produto nacional é maioritariamente comercializado nos mercados for-mais e informais e em algumas lojas da cidade de Bissau. O sal comer-cializado nestas lojas benefi cia de melhores condições higiénicas mesmo que embalado a granel, sendo as quantidades pressupostamente mais rigo-rosas em termos de peso e medida;

■ Nos mercados formais e informais não é praticamente comercializado em embalagem própria, não apresentando garantias de higiene e fi abilidade quanto ao rigor e à quantidade;

■ Os inquiridos, que responderam concretamente a este item, pronunciaram-se em maioria pelo seu acondicionamento em sacos de plástico de 1kg (67,5%);

■ O consumo por mês para um agregado familiar médio de sete a nove indi-víduos é estimado em 2kg;

■ Depois de explicada a razão do inquérito e os contornos do Projecto, a maioria dos inquiridos pronunciou-se favoravelmente a uma maior pro-cura do produto nacional e, inclusivamente, exprimiram a intenção de ad-quirir o produto, mesmo que comporte um aumento substancial do preço (cf. Anexo relativo ao Mapa de tratamento de dados do Inquérito ao Con-sumidor).

Do inquérito ao Comércio e Outros Serviços aplicado a vinte e oito inquiridos, na cidade de Bissau, num universo de catorze comerciantes (50% dos inqui-ridos), retiram-se as seguintes conclusões relativamente ao produto sal:

■ O valor médio de comercialização do produto nacional é de 1Kg/100 XOF;

■ O valor médio de comercialização do sal importado é de 1kg/512 XOF;

■ A proveniência do sal nacional é predominantemente do sul do país;

■ A proveniência do sal importado, segundo o que foi observado pelo técni-co, é de Portugal e Espanha;

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Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro-Alimentares das Ilhas Urok

■ O preço ao retalhista do sal nacional comercializado em Bissau tem o valor médio de 1Kg/25 XOF;

■ O preço ao retalhista do sal importado, em Bissau, tem o valor médio de 1Kg/275 XOF;

■ A qualidade e o não acondicionamento do sal constitui para alguns dos inquiridos um factor crítico de desvalorização do produto, sendo particu-larmente válido para os lojistas e responsáveis de supermercados (cf. Ane-xo relativo ao mapa de tratamento de dados do Inquérito ao Comércio e Outros Serviços).

Os considerandos sobre as sugestões para a promoção, valori zação e comercia-lização do produto, são apresentados em bloco sobre os quatro produtos em causa, valorizando uma estratégia global em detrimento de estratégias com-par timentadas, atendendo a que se trata de um território bem delimitado como o são as Ilhas Urok, onde se desenvolvem dinâmicas de arrastamento pelos produtos com mais procura sobre os de menor procura ou valia. Em síntese, as estratégias devem passar pelas várias etapas, local, territorial, até culminarem numa escala nacional.

Segundo o estudo de viabilidade económica24 o preço médio na Formosa é de 225 XOF/kg, e em Bissau o sal nacional tem o preço entre os 100 e os 150 XOF/Kg25. Segundo os inquéritos ao consumidor e ao comércio e serviços, o preço em Bissau é de 100 XOF/Kg quase taxativamente, ainda que possa haver um des vio atribuído ao valor do sal importado que é substancialmente superior.

24 Ver capítulo I deste Estudo.25 Informação obtida pelo técnico no Mercado de Bandim.

Imagem 6 – Manutenção dos canteiros nas salinas de Abu

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Mesmo com estas pequenas dúvidas, caso o sal das ilhas, e mesmo de outras regiões, melhore em qualidade, seja bem acondicionado, nas quantidades reque-ridas pelo mercado e se sustente de alguma maneira numa certifi cação de origem e qualidade, penso estarem reunidas condições favoráveis para competir com os produtos similares importados que, à partida, perdem logo em qualidade, pelo menos com o que actualmente se encontra e se observa no mercado.

Independentemente destas conclusões, teremos sempre que olhar para o sal como um produto estratégico por si só, e de uma infl uência primordial no processamento e conservação de outros produtos agro-alimentares. Sendo as-sim um elemento fundamental na vida de qualquer população, tal estatuto justifi ca por si só a protecção e fomento da actividade.

Relativamente à fl or de sal, um produto até há bem pouco tempo esquecido mesmo na Europa, tem actualmente uma estimulante e crescente procura, daí os preços interessantes que tem nos mercados onde é conhecida e apreciada. Convém sublinhar que a fl or de sal não se substitui ao sal na base culinária, isto é, a fl or de sal é um produto para o acabamento de cozinhados, particularmente no tempero de saladas, dado o seu paladar mais suave e saboroso.

A fl or de sal é mais complexa do que o cloreto de sódio. Contém e conserva um importante leque de sais minerais (sódio, cálcio, potássio e magnésio), bem como um também importante leque de oligo-elementos (manganésio, zinco, ferro e mesmo iodo e fl úor), sendo a sua rica concentração de magnésio fundamental para as reacções enzimáticas do metabolismo26.

Quanto à extracção deste produto nas salinas guineenses é, à partida, possível e pode trazer outras mais-valias à actividade. Subsistem, no entanto, algumas dú-vidas relativamente a questões de produtividade dada a diminuta área por salina proporcionar uma baixa concentração de coalho, sendo a rentabilidade da extrac-ção possivelmente baixa. Isto porque, ainda que a produção da fl or de sal consista num processo paralelo à produção de sal, a água, ao evaporar, permite a formação de cristais de sal que se formam inicialmente à superfície da água e que se vão de-positando, com o tempo, no fundo dos tanques. Caso estes cristais que se formam à superfície sejam recolhidos com um instrumento próprio e depositados em local próprio para o pro cesso de secagem, temos então a fl or de sal. Na linguagem dos marnotos esta formação superfi cial é denominada de coalho.

Quanto à introdução deste novo produto num mercado que o desconhece, o guineense, ela tem que ser realizada paulatinamente e passar, numa primeira fase, pela sensibilização do sector da restauração.

26 Informação retirada do site da Câmara Municipal de Castro Marim (www.cm-castromarim.pt).

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2.2 - Óleo de Palma

De acordo com o plano de missão, a equipa da Tiniguena e os dois consultores afectos à realização deste Estudo reuniram com algumas mulheres do agrupa-mento produtor de óleo de palma, na tabanca de Ambo, ilha Formosa. Trata-se de um grupo de mulheres maioritariamente jovens, com visível determinação e manifesta vontade de dialogar. No fi nal da reunião juntou-se ao grupo um jovem serra leonês, residente em Formosa, que é um dos importantes intermediários na comercialização do produto produzido nas Ilhas, principalmente no Senegal.

O óleo de palma é o principal óleo vegetal na cozinha tradicional guineense. Este produto está intimamente ligado à cultura Bij agó e, para além de pro-duto alimentar, também desempenha uma importante função na medicina alternativa tradicional.

Sendo o óleo de palma reconhecidamente um produto nobre e conceituado além território, pode e deve assegurar o papel de locomotiva na promoção e valorização dos restantes produtos provenientes das Ilhas Urok.

Os custos de produção e intermediação e o valor de transacção no retalho para o óleo de palma, segundo o trabalho do Daniel Rodrigues (cf. Capítulo 1), são os seguintes:

■ Em Formosa, o custo médio de produção de 1 litro é 308,9 XOF;

■ Em Formosa, o preço médio de venda de 1 litro é 475 XOF.

Dos valores anteriores se infere que o produto óleo de palma apresenta um rácio entre a produção e a comercialização muito favorável, representando na Formosa um lucro directo na ordem dos 35%.

Imagem 7 – Prensa manual de óleo de palma

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O inquérito ao consumidor, aplicado na cidade de Bissau a setenta e sete pessoas das quais cinquenta e seis (72,7% dos inquiridos) se pronunciaram relativamente à compra e consumo do óleo de palma, revela-nos os seguintes dados:

■ No mercado da cidade de Bissau, 1 litro de óleo de palma expressa um valor médio de 1.000 XOF;

■ O óleo de palma é maioritariamente comercializado nos mercados formais e informais e nalgumas lojas mais populares;

■ A oferta tem proveniência prevalecente na região sul do país (51,5%), sen-do o arquipélago dos Bij agós (33,3%) igualmente muito citado como local de origem do óleo de palma;

■ Quanto à origem preferencial do produto, novamente a região sul co manda sendo acom pa nhada mais de perto pelo arquipélago dos Bij agós;

■ Os inquiridos, entre os que responderam concretamente a este item, refe-riram esmagadoramente a pretensão de o produto ser embalado em gar ra-fas de vidro de 1 litro (62,7%);

■ O consumo por mês para um agregado familiar médio (composto entre os sete e os nove indivíduos) apresenta igualmente o número médio de quatro litros. Assim, fazendo uma estimativa de acordo com os dados reco lhidos, o consumo mensal de óleo de palma per capita situa-se entre 0,5 e 1 litro;

■ Depois de explicados os objectivos do Projecto e a sua associação com o pre-sente inquérito, uma esmagadora maioria de inquiridos pronunciou-se por uma maior procura do produto e mostrou-se disponível para suportar um aumento considerável de preço. Quanto ao aumento considerável de preço manifesto (mais de 50%), é de ponderar o factor psicológico asso ciado ao au-mento momentâneo de auto-estima por se aperceberem da possibilidade de melhorar e relevar um produto emblemático da gastrono mia nacional27.

Do Inquérito ao Comércio e Outros Serviços, aplicado a vinte e oito comer ciantes na cidade de Bissau, num universo de oito comerciantes (28,5%) de géneros ali-mentares que citaram o óleo de palma, apresentam-se as seguintes conclusões:

■ O valor de venda no comércio a retalho é de 1 litro/750 XOF;

■ A proveniência da maior parte do óleo de palma comercializado divide-se por várias regiões, norte, sul e ilhas;

■ O preço ao retalhista apresenta valores que vão de 400 a 600 XOF por litro;

■ A quantidade média comercializada por inquirido é de 25 litros/mês. A ter em conta o facto de este produto ser comercializado maioritariamente nos mercados formais e informais, daí possivelmente os baixos quantitativos transaccionados;

27 É importante consultar as observações tecidas por alguns dos inquiridos e que estão grafadas no fi nal do documento de tratamento dos dados pre sentes nos anexos (cf. Anexo relativo ao Mapa de tratamento de dados do inquérito ao consumidor sobre o óleo de palma).

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■ Os inquiridos foram unânimes quanto à difi culdade de garantir facilmente o aprovisionamento de óleo de palma;

■ O veredicto sobre a qualidade das embalagens e consequente higiene que o produto apresenta vai do menos mau ao mau, tendo inclusivamente sido apontado negativamente o facto de o produto não referir a origem;

■ A qualidade também mereceu algumas opiniões negativas, baseando-se a maioria na acidez e no sabor a queimado presente no produto;

■ Todos os lojistas e responsáveis de supermercado afi rmaram que no caso de o óleo de palma apresentar uma qualidade satisfatória, ser engarrafa-do e vedado convenientemente, não teriam problemas em comercializá-lo como o desejam, dado saberem o valor que o produto apresenta para os guineenses (cf. Anexo relativo ao mapa de tratamento de dados dos In qué-ritos aplicados ao Comércio e Outros Serviços).

Relativamente aos considerandos e sugestões a introduzir no processo de pro-moção, valorização e comercialização do óleo de palma, o autor defende a estra tégia avançada e pormenorizada para o produto sal, destacando o facto de atribuir ao óleo de palma um importante papel no plano promocional e valorativo do conjunto dos produtos do território em causa.

Segundo o constante no primeiro capítulo deste estudo, o custo de produção mé-dio por 1 litro de óleo de palma na Formosa é de 308,9 XOF, o preço no retalho local é de 475 XOF. O inquérito aos consumidores, na cidade de Bissau, apre-senta-nos o número médio de 750 XOF por litro. No Inquérito ao Comércio e Outros Serviços os números sugeridos são entre os 400 e 600 XOF ao retalho, e o montante de 750 XOF por litro no retalho. Assim, podemos afi rmar que, à par-te pequenas discrepâncias entre os valores do estudo e dos inquéritos, estes são mais ou menos fi áveis e concluem margens de lucro signifi cativas. Paralelamente ao trabalho de valorização e promoção do produto, têm que se afi nar os canais de distribuição a fi m de acrescentar alguma mais-valia junto dos produtores.

A montagem de canais de distribuição e comercialização como apêndice da produção, ou seja, dependentes dos agrupamentos de produtores, ou em organizações independentes mas em que estes também participem seria a optimização do processo. Ainda que, a experiência e o conhecimento de ex-periências em condições semelhantes tivessem demonstrado que a produção é da responsabilidade dos produtores e a distribuição e co mercialização, que tem os seus contornos e saberes muito próprios, deve ser da responsabilidade de quem o sabe fazer.

Esta última preocupação tem correspondência num trabalho recente de aná-lise dos resultados do comércio justo na América Latina que descortinou uma conclusão interessante, tendo demonstrado que o impacto social da elimi-nação de intermediários provoca por vezes estragos muito profundos, em termos económicos, mas também de deterioração do tecido social, cultural e

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organizacional, gerando novas dependências, geralmente mais frágeis28.

Relativamente ao óleo de palma, as gorduras vegetais concorrentes directas têm materialização nos óleos vegetais de importação de uso mais corrente nas culturas dos países ditos desenvolvidos. Os seus preços mais altos no co mércio de Bissau não se representam como competidores directos em termos económicos. Podem sim competir pelo impacto da novidade, da emba lagem e consequente higiene, e também pelo rigor da quantidade. O azeite de oli veira é muito caro e, quando mui-to, é usado pela faixa alta da sociedade no acto culinário de temperar saladas.

2.3 - Peixe Seco (escalada)

A técnica da Tiniguena Sábado Vaz e os peritos Daniel Rodrigues e Joaquim Pulga Vilhena reuniram na Tabanca de Abú com sete mulheres do agrupamen-to de produtoras de pescado seco e fumado.

O encontro foi realizado junto da infra-estrutura de processamento do pescado. O técnico teve a sensação de alguma negligência na manutenção dos equipamen-tos, bem como a impressão de estar perante o grupo menos coeso e dinâmico, verifi cando-se alguma difi culdade na transmissão de infor mação, principalmen-te dos valores de compra do peixe fresco e valores de comercialização do produto processado.

Relativamente à comercialização directa do pescado processado na cidade de Bissau, assumiram claramente a sua não propensão para a tarefa e mes mo algum receio de negociar no retalho com as bideiras (retalhistas dos merca dos formais e informais).

Possivelmente esta postura mais apática do grupo tem a ver com o facto de esta actividade ser a que tem mais problemas em termos de viabilidade econó mica. O facto de o grupo ser composto por mulheres jovens (as que estavam presentes na reunião) também deve infl uenciar algumas posturas mais hesitantes devidas à falta de experiência do funcionamento e artifícios dos canais tradicionais de distribuição e comercialização. No entanto, reconhecendo a qualidade e dinâ-mica de tra balho da equipa Tiniguena nas Ilhas Urok, foram identifi cadas con-dições para contornar estas difi culdades.

Relativamente ao peixe seco (escalada), apresentam-se, com base no trabalho do perito Daniel Rodrigues (cf. Capítulo 1), os seguintes dados:

■ O valor para 1kg de peixe fresco de 250 XOF, pago aos pescadores da zona;

■ O custo de produção, na Formosa, apresenta valores 546,4 XOF para cada Kg de peixe seco. É necessário ter em conta que nesta actividade se

28 Cf. Julien Poncet, 2004, “Le défi de l’éthique dans la distribution de produits équitables”, tese elaborada sob a orientação do Professor Claude Llena, Universidade Paul Valéry, (Montpellier III), Setembro.

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processam peixes de varias espécies, umas mais valiosas que outras, no-meadamente o djoto, o barbo, a corvina, a becuda e a tainha;

■ Na Formosa, o custo ao consumidor ronda os 600 XOF/1kg, à excepção da tainha;

■ Na cidade de Bissau, o valor de comercialização ao consumidor de uma escalada de boa qualidade (entendendo-se por boa qualidade peixes mais nobres e procurados pelo mercado), é de 750 XOF;

■ Na cidade de Diaobe (Senegal), o valor de comercialização ao consumidor de uma escalada de boa qualidade é de 1,250 XOF;

■ Pela importância da conclusão, transcreve-se um excerto do Estudo de Viabili dade Económica: “O break-even point coincide com o custo de produção em Formosa e com os custos de produção e comercialização em Bissau e Diaobe. A rentabili dade económica da escalada é clara a partir do preço de 900 XOF/Kg”29;

■ Sobre esta actividade de secagem do pescado, subsistem algumas dúvidas sobre a qualidade do produto acabado através do processo tradicional, qualidade esta posta em causa pelas próprias produtoras segundo comen-tários produzidos aquando da experiência de secagem através do secador solar testado pelo técnico António Leitão30;

■ Em termos da rentabilidade do produto peixe seco, subsistem dúvidas quanto aos valores fornecidos pelas fontes já referidas.

O inquérito ao consumidor, aplicado a setenta e sete pessoas na cidade de Bis-

29 Ver capítulo I deste Estudo.30 cf. Leitão, António – Manual de técnicas de transformação de produtos locais nas ilhas Urok – sal, pescado e óleo de

palma, Novembro 2006 (elaborado no âmbito do Projecto “Tebanke Urok: Desenvolvimento Comunitário no Grupo de Ilhas de Formosa – Guiné-Bissau”, contrato CE ONG-PVD/2003/062-200), pp. 9-10.

Imagem 8 – A salga do peixe é uma das etapas da secagem

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sau, num universo de respostas de dezasseis inquiridos (20,7%) relati va mente ao peixe seco (escalada) leva-nos a deduzir o seguinte:

■ O peixe seco é comercializado nos mercados formais e informais;

■ Novamente sem a distinção das espécies processadas, os preços mencio na-dos são os seguintes: para um monte pequeno, os valores variam entre os 25 e os 200 XOF (37,5%); para um monte grande, é apontado o valor único de 1.500 XOF (12,5%); a peso, o preço de 0,5 Kg varia entre os 400 e os 500 XOF (25%) e, para 1Kg varia entre os 800 e os 1.000 XOF (12,5%). Relativamente ao preço/peso, os dados são fi dedignos, o que não ocorre com o preço/mon-te, dada a dispa ridade entre 25 e 200 XOF para os montes pequenos. O autor sugere ainda que o peixe seco vendido a peso deve ser o que engloba as espécies mais nobres, tal como foi referido no Mercado de Bandim;

■ Relativamente à qualidade, a opinião expressa é francamente positiva (68,75%). Quanto ao preço, a maioria dos inquiridos referiu considerar barato (68,75%);

■ Quanto à proveniência do produto que adquiriam, os inquiridos, pronun-ciaram-se pela seguinte ordem: sul, norte e Bij agós;

■ No que respeita à origem preferencial do peixe seco, pronunciaram-se pelas regiões do norte e sul e a seguir referiram Bolama, Biombo, Catió e Bij agós;

■ O acondicionamento referido como desejado pela maioria dos inquiridos foi o saco de plástico (69,2%), numa quantidade preferencial de 1kg (60%);

■ Quanto ao consumo de peixe seco, os dados são menos claros mas eviden-ciam uma quantidade superior a 3Kg/semanais, para famílias com um nú-mero médio de 10 a 15 indivíduos.

Após a explicação aos inquiridos sobre o presente trabalho e o âmbito do pro-jecto onde ele se insere, a opinião manifestada foi idêntica à dos produtos anteriores (cf. Anexo relativo ao mapa de tratamento de dados do Inquérito ao Consumidor).

Os trinta inquéritos aplicados na cidade de Bissau resultaram num universo de oito comerciantes inquiridos sobre o peixe seco e refl ecte os seguintes dados:

■ O peixe seco é comercializado nos mercados informais e formais;

■ Os comerciantes dos estabelecimentos da faixa alta têm sobre o peixe seco as mesmas reservas que sobre o fumado, apresentando as mesmas soluções;

■ No que respeita aos preços, as respostas variam ainda mais do que no caso do fumado – 1 monte/100, 1.500 e 2.000 XOF, 1Kg/1.500 a 2.000 XOF;

■ Sobre a quantidade/mês transaccionadas, apenas um inquirido referiu 10Kg ;

■ Sobre o preço ao retalho, verifi cou-se a mesma recusa em fornecer estes dados, verifi cada igualmente com o peixe fumado;

■ Quanto à proveniência do produto, foram especialmente citadas as regiões do norte, sul e arquipélago dos Bij agós (cf. Anexo relativo aos resultados do Inquérito ao Comércio e Outros Serviços).

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2.4 Peixe Fumado

Relativamente ao peixe fumado, segundo o trabalho do Daniel Rodrigues (cf. Capítulo 1), constata-se que:

■ As principais espécies de peixe utilizados para o processo de fumagem são: o bagre, a tainha e, em menor escala, o djafal;

■ Frescos, o bagre e a tainha apresentam preços na ordem dos 250 XOF/1kg. Por sua vez o djafal apresenta um valor muito menor, de 48 XOF/1kg;

■ Na Formosa, 1kg de bagre fumado apresenta o custo de produção de 300 XOF, apresentando o mesmo preço na comercialização local;

■ Na Formosa, 1kg de tainha fumada é comercializada a 500 XOF, 1Kg de djafal fumado é comercializado a 375 XOF. Com estes números, cuja credi-bilidade não é total, pode-se afi rmar que o djafal apresenta lucros avulta-dos comercializado no local;

■ Em Bissau, as três espécies apresentam os seguintes valores de comercia-lização por kg: o bagre 833 XOF; a tainha 625 XOF; e o djafal exactamente o mesmo preço que na Formosa: 375 XOF. Pode-se dizer que, no caso de Bissau, à partida, o maior lucro recai no bagre fumado.

O peixe fumado é visto junto dos Bij agós como uma excelente forma de conser-vação do pescado e tem um papel importantíssimo na dieta alimentar em altu-ras de escassez de outros alimentos, principalmente quando não se pode traba-lhar no mar. O peixe fumado, estritamente em termos de actividade económica, apresenta algumas debilidades, mas também alguns pontos que merecem ser explorados com mais rigor, podendo vir a transformar-se em vantagens.

Subsiste, segundo a percepção do autor, uma grande apetência pelo uso de peixe fumado na culinária tradicional e esse desejo não é maior devido às con dições hi-gieno-sanitárias da sua comercialização. Esse ponto fraco pode tornar-se num pon-

Imagem 9 – Forno de fumagem construído na tabanca de Acôco, na Ilha Formosa

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to forte, caso se altere a forma de apresentar o produto, con tribuindo certamente para a inversão pela positiva na tendência da procura, que pode ser amplifi cada caso a restauração veja no produto boas possibilidades de negócio. Existe, ainda, o factor positivo de o peixe fumado fazer parte de um lote de produtos com forte conotação territorial onde se verifi ca já um produto locomotiva, o óleo de palma, que necessariamente vai incentivar novas dinâmicas.

O inquérito aplicado a setenta e sete consumidores, na cidade de Bissau, obte ve um universo de trinta e cinco respostas (45,4%) relativamente ao peixe fumado, concluindo-se o seguinte:

■ O produto, à semelhança do peixe seco, é quase exclusivamente comercia-lizado nos mercados formais e informais;

■ No que concerne ao valor de 1Kg de peixe fumado, das várias quantidades e va-lores em presença, o preço aproximar-se-á dos 1.000 XOF. Um va lor mé dio efecti-vamente mais alto que os apresentados no estudo de viabili dade económica;

■ Grosso modo todos os inquiridos se pronunciaram pela boa qualidade do produto. Quanto ao preço as respostas alternaram entre o caro e o barato;

■ Quanto ao conhecimento da região ou local de proveniência do produto, os inquiridos citaram maioritariamente a região sul e em segundo lugar o norte ligeiramente à frente do arquipélago dos Bij agós;

■ Quanto à preferência do produto, os inquiridos indicaram as mesmas zo-nas do ponto anterior;

■ O problema da embalagem no peixe fumado assume grande preocupação e os inquiridos, que responderam em concreto, são da opinião que a emba-lagem correcta é o saco plástico (92%);

■ Quanto à preferência da quantidade da embalagem, os que responderam em concreto pronunciaram-se maioritariamente por 1kg (88%);

■ A média de consumo por mês ditada pelos inquéritos ronda os 6kg para um agregado familiar composto em média por 6 a 8 indivíduos;

■ Relativamente à explicação do trabalho realizado e do Projecto que o su porta, a reacção dos inquiridos é semelhante ao resultado veiculado nos produtos anteriores (cf. Anexo relativo ao Mapa de tratamento de dados do Inquérito ao Consumidor).

O Inquérito aplicado a trinta profi ssionais, na cidade de Bissau, do Comércio e Outros Serviços, num universo de cinco respostas, conclui:

■ O peixe fumado tem menos oferta que o peixe seco (escalada);

■ O peixe fumado comercializa-se nos mesmos locais do peixe seco, ou seja nos mercados informais e formais;

■ Os lojistas e responsáveis de supermercado dizem que devido à apresen-tação do produto é impraticável comercializá-lo nos seus estabelecimen-tos, principalmente, em virtude do cheiro e do manuseio;

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■ Igualmente dizem os comerciantes destes estabelecimentos que se o pro-duto se apresentar devidamente embalado, com padrões de qualidade normais e devidamente situado pelo menos em termos de origem, não têm objecções ou resistências em comercializá-lo nos seus estabelecimentos;

■ Quanto aos preços de venda ao consumidor, eles variam segundo as espé-cies e em regra apresentam os valores mais altos dos trabalhos anteriores. Assim, os preços são os seguintes, 1Kg/1.500 XOF, 1 monte/de 500 a 2.000 XOF. No vamente a variação está relacionada com o valor do pescado;

■ O preço no retalho é omitido pelos comerciantes deliberadamente;

■ Quanto à proveniência do produto comercializado em Bissau, é maioritá-ria a indicação do arquipélago dos Bij agós (cf. Anexo relativo aos resulta-dos do Inquérito ao Comércio e Outros Serviços).

Relativamente a produtos concorrentes com o pescado fumado e seco, existe o bubacalhau, proveniente da área de Buba, e que é resultado de um processo de salga e secagem (mas não fumagem) da becuda (barracuda) fresca. Não foi possível recolher os preços exactos do produto, tendo sido indicado apenas que são idênticos aos de uma boa espécie de peixe fumado e de boas dimensões.

Relativamente a estes dois produtos, independentemente do trabalho requerido numa melhor organização da produção, é necessário encetar um trabalho de promoção e valorização que incida sobre a nobreza da gastro nomia tradicional confeccionada ancestralmente. Desta forma, poder-se-ia exorcizar um estrangula-mento psicológico que parece existir pelo facto de serem produtos ligados prin- cipalmente às classes mais desprovidas economicamente. Em Portugal, exis tem exemplos que bastem relativamente a viragens bruscas do mercado e da res tau-ração. Basta citar o caso do cação que era tido como o peixe dos pobres, do tam-boril que há bem poucos anos era dado nas lotas por não ter valor comercial e do bacalhau como caso especial por ser seco e por antigamente ser igualmente um produto de subsistência dado o baixo custo.

2.5 – Sugestões para a Promoção, Valorização e Comercialização de Produtos Tradicionais de Qualidade

As sugestões apresentadas seguidamente não esgotam, seguramente, os múl-tiplos problemas que se apresentam ao pretender gizar com o rigor possível e exequível um plano para a promoção, valorização e comercialização de produtos tradicionais de qualidade. No entanto, este desafi o não é precoce, é apenas uma oportuna incitação ao desenvolvimento.

a) Controlo de qualidade

■ É necessário estruturar um plano de sensibilização dos produtores para esti-mular cuidados redobrados na escolha da matéria-prima, a sensatez e com-petência no processamento e transformação dos produtos, paralelamente aos cuidados de higiene no seu manuseio, critérios rigorosos na selecção dos pro-

Page 42: Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro- Alimentares das Ilhas Urok

42

INSTITUTO MARQUÊS DE VALLE FLÔR - TINIGUENA, ESTA TERRA É NOSSA

dutos a comercializar, ou seja, um controlo de qualidade permanente.

■ No quadro deste controlo de qualidade, os critérios defi nidos e a aplicação dos mesmos implica a exclusão dos produtos que não têm a qualidade requerida.

■ Este trabalho requer um acompanhamento técnico próximo, mais ou menos especializado, sobretudo no início. Será também necessário realizar algumas acções de formação de curta duração, sobretudo nas áreas da qualidade dos produtos e processos de manuseio, principalmente do ponto de vista higie-no-sanitário e possivelmente na área da distribuição e comercialização.

■ A questão dos prazos de validade dos produtos é crucial dado constituir um problema de saúde pública.

b) Acondicionamento

■ O processo de acondicionamento tem de ser levado muito a sério, com a es-colha de embalagens apropriadas e se possível com retorno, nas quantidades mais apropriadas ao gosto dos consumidores. Para os produtos em estudo e com base nos inquéritos aplicados, são sugeridas as seguintes embalagens:

para o sal, sacos de plástico de 1kg, independentemente de se acondiciona-rem numa embalagem exterior mais atractiva. Aqui há a possibilidade de recorrer aos artigos de artesanato, particularmente, da cestaria de Urok. Deve igualmente ter-se em conta que o acondicionamento do produto não deve representar mais de 10% do custo de produção, a não ser em casos especiais;

para o óleo de palma, garrafas de vidro de 1 litro reutilizáveis com rolha ou tampa roscada reutilizáveis, garrafões em plástico de 2,5 litros ou 5 litros;

para o peixe fumado e seco (escalada), o produto embalado a vácuo em sacos de plástico, independentemente de uma embalagem exterior à semelhança do sal. Neste momento existem no mercado máquinas de vácuo, eléctricas, monofásicas, e de baixo consumo a preços bastante interessantes. A questão do vácuo não só tem a ver com questões de higiene mas, essencialmente, com questões de conservação e conse-quente aumento dos prazos de vali dade para o consumo.

c) Rotulagem /certifi cação

■ Todos os produtos têm de ter rótulo onde constem dados como a marca, a origem, a va lidade e a quantidade. Estes rótulos podem, inicialmente, ser im-pressos em tipografi a, contendo os dados básicos, sendo o resto preenchido ma nualmente no momento do acondicionamento. Esta é uma maneira de não desperdiçar material por conter indicações fora de uso ou prazo.

■ Independentemente da rotulagem dos produtos nas embalagens ou garra-fas, deve-se criar desde já um selo, para colar ou pendurar, que ini cialmente tenha a simples função de informar que se está perante um “Produto das Ilhas Urok”. Selo este que, esperamos, evolua seguidamente para a deno-minação da origem do produto e depois para a certifi cação da qualidade.

Page 43: Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro- Alimentares das Ilhas Urok

43

Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro-Alimentares das Ilhas Urok

Para que esta última premissa se realize, é necessário ter acesso a um labo-ratório para realizar as análises necessárias a um processo sério.

■ A certifi cação deve ser conduzida por uma organização independente dos pro-dutores, comerciantes e consumidores, mas suportada na legislação nacional.

d) Gestão de expectativas do mercado

■ É necessário ter em atenção o cumprimento dos prazos de entrega das en-comendas, bem como não se responsabilizar desde que não tenha a certeza de poder cumprir os compromissos comerciais.

e) Contexto / ambiente institucional

■ É fundamental sensibilizar os organismos públicos do governo para o apoio incondicional aos produtos locais das ilhas Urok, mormente os Ministérios da Agricultura, Comércio e Indústria, bem como a Câmara de Comércio.

Neste sentido, é necessário atender ao que foi dito à delegação da Tiniguena, in-tegrada também pelo autor deste capítulo, pelo Director do Comércio Interno e pelo Conselheiro do Ministro em reunião formal no Ministério do Comércio:

“Os produtos tradicionais devem ser promovidos e estão isentos de direitos por-tuários para os países da UEMOA e CEDEAO, desde que portadores de certi-fi cado de origem emitido pela Câmara do Comércio. As alfândegas regionais, aquando da circulação dos produtos para a Região de Bissau, não podem cobrar taxas sobre os produtos da terra tradicionais”.

As alfândegas regionais, aquando da circulação dos produtos para a Região de Bissau, não podem cobrar taxas sobre os produtos da terra tradicionais”.

Imagem 10 – Mercado local na Guiné-Bissau

Page 44: Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro- Alimentares das Ilhas Urok

44

INSTITUTO MARQUÊS DE VALLE FLÔR - TINIGUENA, ESTA TERRA É NOSSA

Estas declarações, produzidas em reunião formal no Ministério do Comércio entre a delegação da Tiniguena e responsáveis do referido Ministério, são importantes o sufi ciente para serem recordadas quando e onde for necessário.

f) Campanha de promoção dos produtos locais de Urok

■ É necessário fazer poupanças de escala no que diz respeito à organização de campanhas promocionais. Daí que, se a Tiniguena tiver acções promo cionais e valorativas programadas noutros projectos, não é descabido que se consertem programas e se proceda à elaboração de um pacote promo cional que comporte os produtos das ilhas Urok e que poderá passar pelos seguintes elementos:

suportes em papel (calendários, folhetos e outros);

painéis publicitários estacionários e movimentados (anúncios nos táxis e toca-tocas, painéis de rua, estacionários para usar nos restaurantes e lojas, principalmente nos locais onde se comercializem os produtos);

usar o programa de rádio semanal da Tiniguena, bem como spots publi-citários noutras rádios e Televisão nacional;

usar a imprensa como veículo de promoção quer em publicidade quer fazendo lobby para entrevistas e outros meios que publicitem produtos de qualidade;

negociar com as companhias aéreas, principalmente nos voos que se des-tinem a Bissau, a existência de folhetos informativos e promocionais;

criar espaços para os produtos de qualidade nos estabelecimentos comer-ciais com sinalética objectiva. Usar estes espaços para realizar acções de pro-va dos produtos junto dos consumidores.

■ Numa fase posterior, quando existirem estruturas de alojamento condi gnas, deve-se apostar igualmente na estratégia “Consuma produtos tradicionais da terra no local”. Ou seja, empenhar-se em levar os consu midores (turismo nacional e estrangeiro) aos locais, consumindo ou adqui rindo aí os produtos desejados como outros que são necessários durante a deslocação e estadia. Esta estratégia dinamiza transversalmente o tecido económico local.

Por outro lado, perante produtos cuja escala de produção é mínima, contorna-se o problema de não ter quantidade para abastecer o mercado exterior em condições.

É evidente que esta estratégia também se pode adaptar ao território das ilhas Urok. Tendo em conta os condicionalismos patrimoniais, há que estudar formas sufi cientemente ajuizadas de forma a preservar os equilíbrios sociais e ambien-tais existentes. O autor considera que os actores/empresários deste tipo de acti vidade devem sair de entre os residentes das ilhas Urok.

Page 45: Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro- Alimentares das Ilhas Urok

45

Anexos – Relativos ao Capítulo 2

ANEXO I – Inquéritos aplicadosL

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Page 46: Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro- Alimentares das Ilhas Urok

46

INSTITUTO MARQUÊS DE VALLE FLÔR - TINIGUENA, ESTA TERRA É NOSSA

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técn

icas

trad

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nais

e d

o pa

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ónio

am

bien

tal,

bem

com

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icaç

ão d

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cheg

ar a

o co

nsum

idor

os

noss

os p

rod

utos

em

mel

hore

s co

ndiç

ões

de

qual

idad

e, a

cond

icio

nam

ento

, qua

ntid

ade

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m u

ma

mel

hor

imag

em.

O P

roje

cto

inci

de

na a

valia

ção

de

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* Familiar, informal, formal, produtor,sociedade, empresa unipessoal, etc.

** Preço P. Retalho/Preço aoretalhista; Alto, Médio, Justo, etc.

*** Embal. Desad./Embalagem desadequada; Tipo de material,Quantidade, Higiene, Deterioração rápida, outros, etc.

Page 47: Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro- Alimentares das Ilhas Urok

47

Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro-Alimentares das Ilhas Urok

ANEXO II – Resultados dos inquéritos

TRATAMENTO DE DADOS DO INQUÉRITO AO CONSUMIDOR

INQUÉRITOS APLICADOS EM BISSAU: 77

Produto SAL

Respostas 58 pessoas

Local decomercialização

Mercado Formal

e InformalRestaurante Hotel Loja Supermercado Outros

37 2 4 4 3 8

Sexo F - 43 M - 15

Nacionalidade Nacional - 48 Estrangeiro - 10

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Quantidade/Preço250 gr 500 gr 1 Kg 2 Kg 5 Kg

100 XOF 100 XOF 100/250/500 XOF 200 XOF

Qualidade Boa - 51 Má - 1 Não Respondeu - 6

Custo Caro - 3 Barato - 48 NR - 7

Proveniênciado Produto

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Preferência/Região

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5 13 2 2 1 1 1 2 31

Preferência deacondicionamento

Saco de plástico - 31 Pacotes - 4 Latas - 1 Emb. plástico duro - 8 NR - 14

Preferênciade quantidade

500g - 12 1Kg - 27 5Kg - 1 NR - 18

ConsumoMensal

1Kg 1,5Kg 2Kg 3Kg 4Kg 5Kg 8Kg ou mais

NR

10 4 18 2 7 5 3 9

Nº de pessoasem casa

1 2 3 4 5/6 7/9 10/15 NR

2 3 4 8 15 16 10

Procurava maisestes produtos

Sim - 50 Não - 2 NR - 6

Estaria dispostoa pagar mais

10% 20% 30% 40% 50% +% Mesmopreço

NR

2 5 18 5 1 27

Observação Uma diversidade substancial de inquiridos com predominância maioritária da profi ssão doméstica.

Page 48: Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro- Alimentares das Ilhas Urok

48

INSTITUTO MARQUÊS DE VALLE FLÔR - TINIGUENA, ESTA TERRA É NOSSA

TRATAMENTO DE DADOS DO INQUÉRITO AO CONSUMIDOR

INQUÉRITOS APLICADOS EM BISSAU: 77

Produto ÓLEO DE PALMA

Respostas 56 pessoas

Local decomercialização

Mercado Formal

e InformalRestaurante Hotel Loja Supermercado Outros

32 4 4 6 3 7

Sexo F - 41 M - 15

Nacionalidade Nacional - 51 Estrangeiro - 5

Profi ssão

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8 1 19 1 3 1 5 1 4 1 1 1 1 2 2 1 2 2

Quantidade/Preço

25 cl. 33 cl. 0,5 l. 1 l. 2 l. 3 l. 5 l. 10 l. NR

100 XOF

250 XOF

500 XOF

500/750/1.000 XOF

1.500 XOF

2.250 XOF

3.000/3.750 XOF

2 3 1 1 - 14 - 21 3 2 3 - 1 1 4

Qualidade Boa - 47 Média - Má - 6 Não Respondeu - 3

Custo Caro - 27 Barato - 25 NR - 4

Proveniênciado Produto

Nor

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Sul

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Bol

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Les

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Cac

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Inte

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2 17 11 1 1 1 23

Preferência deacondicionamento

Garrafas - 37 Bidões - 5 Latas - 1 NR - 13

ConsumoMensal

1 l 2 l 3 l 4 l 5 l 6/7 l 8/9 l 10 l 11/14 l 15 l 20 l +20 NR

4 10 6 12 9 6 4 1 1 1 2

Nº de pessoasem casa

1 2 3 4 5/6 7/9 10/15 +16 NR

1 2 3 10 11 15 12 1 1

Procurava maisestes produtos

Sim - 48 Talvez - Não - 3 NR - 5

Estaria dispostoa pagar mais

10% 20% 30% 40% 50% Sim NR

10 3 5 1 12 16 9

Preferência/Região

Nor

te

Sul

Bij a

gós

Bol

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Bam

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Les

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Cac

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Não

Res

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4 17 13 1 1 20

Observação A maior parte dos inquiridos adquire este produto normalmente nos mercados e lojas.

Preferênciade quantidade

1/2 l 0,75 l 1 l 1,5 l 2 l 5 l 10 l 25 l NR

7 1 27 1 4 16

Page 49: Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro- Alimentares das Ilhas Urok

49

Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro-Alimentares das Ilhas Urok

TRATAMENTO DE DADOS DO INQUÉRITO AO CONSUMIDOR

INQUÉRITOS APLICADOS EM BISSAU: 77

Produto PEIXE SECO

Respostas 16 pessoas

Local decomercialização

Mercado Formal

e InformalRestaurante Hotel Loja Supermercado Outros

32 4 4 6 3 7

Sexo F - 12 M - 4

Nacionalidade Nacional - 15 Estrangeiro - 1

Profi ssão

Est

udan

te

Mec

ânic

o

Dom

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ca

Rec

epci

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Func

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G

2 1 9 1 2 1

Quantidade/Preço

1 montepequeno

1 montegrande

500 gr. 1 Kg 1 ½ Kg 2 Kg NR

25 - 50 -100 - 200

XOF

1.500 XOF 400/500 XOF

800/1.000 XOF

6 2 4 2 2

Qualidade Bom - 11 Mau - 2 Não Respondeu - 3

Custo Caro - Barato - 11 Justo - 1 NR - 4

Preferênciaacondicionamento

Saco de plástico - 9 Caixas - 4 Outros - NR - 3

Consumosemana

1 monte pequeno

1 monte grande

Vezes1 - 2 - 3 - 4

500 gr. 1 Kg 2 Kg +3 Kg NR

1 0 - 4 - 0 - 2 1 2 2 3 1

Nº de pessoasem casa

1 2 3 4 5/6 7/9 10/15 NR

1 1 2 4 8

Procurava maisestes produtos

Sim - 8 Não - 2 NR - 6

Estaria dispostoa pagar mais

10% 20% 30% 40% 50% Sim NR

2 2 4 8

Observação O peixe seco (escalada) só é comercializado nos mercados formais e informais.

Proveniênciado Produto

Nor

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Sul

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2 3 1 10

Preferência/Região

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Sul

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Não

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2 2 1 1 1 1 1 7

Preferênciade quantidade

500 g - 3 1 Kg - 6 2 Kg - 1 NR - 6

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INSTITUTO MARQUÊS DE VALLE FLÔR - TINIGUENA, ESTA TERRA É NOSSA

TRATAMENTO DE DADOS DO INQUÉRITO AO CONSUMIDOR

INQUÉRITOS APLICADOS EM BISSAU: 77

Produto PEIXE FUMADO

Respostas 35 pessoas

Local decomercialização

Mercado Formal

e InformalRestaurante Hotel Loja Supermercado Outros

20 2 3 2 1 7

Sexo F - 29 M - 6

Nacionalidade Nacional - 33 Estrangeiro - 2

Profi ssão

Est

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ON

G

6 15 1 2 1 1 2 2 1 2 1 1

Quantidade/Preço

1 peixe 2 peixes normal muito 1 Kg +1 Kg NRquant.

NR

1.500 -1.750 XOF

1.000 - 2.000 - 2.500 XOF

1.000 XOF 750 -1.000 XOF

1.000 -2.500 XOF

750 -1.000 XOF

2 5 3 3 4 17 1

Qualidade Bom - 29 Má - 2 Não Respondeu - 4

Custo Caro - 17 Barato - 14 NR - 4

Preferência deacondicionamento

Saco de plástico - 23 Caixas - 2 Latas - Outras emb. - NR - 10

ConsumoMensal

normal muito 1 Kg 2 Kg 3 Kg 4 Kg 5 Kg +5 Kg NSQuant.

NR

3 2 2 4 2 6 2 9 1 4

Nº de pessoasem casa

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 +14 NR

2 3 1 4 3 5 4 5 4 1 1 2

Procurava maisestes produtos

Sim - 27 Não - 6 NR - 2

Estaria dispostoa pagar mais

10 % 20 % 30 % 40 % 50 % +50 % sim NR

11 3 3 12 6

Observação O peixe fumado é comercializado quase na totalidade nos mercados informais e formais.

Proveniênciado Produto

Nor

te

Sul

Bol

ama

Bij a

gós

João

Lan

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Can

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Var

ela

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heu

Cat

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Bio

mbo

Quí

mar

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Oio

Inte

rior

Ban

dim

Não

Res

pond

e

5 8 4 1 3 1 13

Preferência/Região

Nor

te

Sul

Ban

dim

Bij a

gós

João

Lan

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Can

tchu

ngo

Bol

ama

Cac

heu

Cat

io

Bio

mbo

Quí

mar

a

Oio

Inte

rior

Impo

rtad

o

Não

Res

pond

e

6 7 1 4 1 1 3 12

Preferênciade quantidade

1 peixe - 2 peixes - normal - 500 gr - 3 1 Kg - 17 +Kg - 2 NR - 13

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Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro-Alimentares das Ilhas Urok

A aplicação dos inquéritos e o tratamento dos dados foram da responsabilidade da Tiniguena, tendo a equipa sido coordenada por Mary Fidelis e os resultados sido supervisionados por Joaquim Pulga.

Observações recolhidas junto dos consumidores inquiridos:

■ “Dar mais valor àquilo que é nosso.”

■ “Mais apoio do governo a esta iniciativa.”

■ “A questão de higiene e qualidade dos produtos é muito importante.”

■ “Comer o natural, dá mais saúde.”

■ “Temos que valorizar o que é nosso.”

■ “Melhor higiene implica mais saúde.”

■ “Mais garantia de conservação.”

■ “Isto é um bom trabalho que aumentará a qualidade dos produtos no mer-cado.”

■ “Melhoria das condições desses produtos, apostar no mercado regional, que permitirá o desenvolvimento das fi leiras destes produtos, respeitar as normas fi tossanitárias (condicionamento, conservação…).”

■ “Comprarei se tiver dinheiro e se for dos Bij agós.”

■ “É preciso dar mais credibilidade aos produtos naturais.”

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INQUÉRITO AO COMÉRCIO E OUTROS SERVIÇOS

Universo de aplicação em Bissau: 30 inquéritos

LOCAIS DE APLICAÇÃO Supermercados: 4

Lojas: 3

Mercados Formais: 14

Mercados informais: 6

Restauração: 1

Ca$ ering: 0

Hotéis: 1

Exportação: 1

Outros: 0

TIPO DE EMPRESA

Venda directa do produtor: 2

Sociedade: 1

Empresa Estatal: 1

Unipessoal: 11

Familiar: 9

NR: 6

APROVISIONAMENTO

Também directamente do Produtor: 8

Não: 21

NR: 1

GÉNERO CONSUMIDORES

Mulheres: 24

Homens: 2

Ambos: 2

NR: 2

FREQUÊNCIA MAIORITÁRIA EXTRACTOS SOCIAIS

Universo: 30

Pessoas domésticas: 9

Turistas: 2

Funcionários Superiores: 2

Todos: 4

Estudantes:1

NR: 12

NACIONALIDADE Guineense: 20

Estrangeira: 1

NR: 9

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Estudo de Viabilidade Económica e Comercial de Produtos Agro-Alimentares das Ilhas Urok

Sal

Dos vinte e oito inquéritos aplicados na cidade de Bissau, houve um universo de respostas de catorze inquiridos, ou seja, 50% dos inquéritos aplicados contêm respostas relativas ao produto sal. Segue-se a apresentação dos dados recolhidos nesses inquéritos:

■ Venda Quantidade/preço nacional – valor médio: 1Kg/100 XOF; Prove-niência (Regiões): Sul, Norte, Farim, Buba;

■ Venda Quantidade/preço importado – valor médio: 1Kg/512 XOF; Prove-niência (Países): Espanha, Portugal;

■ Preço ao retalhista do sal nacional: Os valores vão de 20 XOF/1Kg a 30 XOF/1Kg;

■ Preço ao retalhista do sal importado: Os valores vão de 250 XOF/1Kg a 300 XOF/1Kg;

■ A quantidade média transaccionada mensalmente é de 37,50 Kg. A ter em conta a diversidade e capacidade do universo do comércio em causa;

■ A qualidade e o não embalamento do sal nacional desperta da parte de alguns inquiridos comentários menos abonatórios, sendo isso mais con-tundente da parte dos responsáveis das lojas e hipermercados;

■ Os inquiridos quanto ao sal importado são unânimes na opinião sobre o bom acondicionamento e consequente higiene, não são tão unânimes quanto à sua qualidade.

Óleo de Palma

Dos vinte e oito inquéritos aplicados ao Comércio e Outros Serviços na cidade de Bissau, houve um universo de respostas relativamente ao óleo de palma de oito inquiridos (28,5%), o que deu os seguintes resultados:

■ Venda Quantidade/preço – valor médio: 1litro/750 XOF. Regiões: Norte, sul e ilhas;

■ Preço ao retalhista do óleo de palma: os valores vão dos 400 aos 600 XOF por litro;

■ Segundo os inquiridos a quantidade média transaccionada mensalmente é de 25 litros. A ter em conta o facto de este produto ser comercializado maiori tariamente nos mercados formais e informais, daí os baixos quanti-tativos transaccionados;

■ Todos os inquiridos foram unânimes relativamente à difi culdade em ga-rantir o aprovisionamento de óleo de palma;

■ O veredicto sobre a qualidade das embalagens e da sua higiene, que vai do mais ou menos ao mau tendo, inclusivamente, chamado a atenção para a inexistência de rótulo descritivo do produto e origem.

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■ A qualidade também merece várias apreciações que vão desde “o produ-to guineense geralmente é bom” à necessidade de o melhorar, designa da-mente em termos de acidez e por vezes no que respeita ao sabor (casos de óleo queimado);

■ O óleo de palma (segundo os inquéritos) é principalmente comercializado nos mercados formais e informais. No entanto, foi dito nos supermercados que se o mesmo se apresentasse embalado em condições e rotulado condignamente, não haveria problema em comercializá-lo, antes pelo contrário.

Peixe seco (Escalada)

Dos vinte e oito inquéritos aplicados ao Comércio e Outros Serviços, na cidade de Bissau, o universo de respostas sobre o peixe seco foram de oito indivíduos (28,5%), retirando-se daí:

■ O peixe seco (escalada), à semelhança do peixe fumado, só é comercializa-do nos mercados formais e informais;

■ Os comerciantes dos supermercados e lojas informaram que devido ao cheiro caracteristicamente acentuado do produto não o comercializam nos seus estabelecimentos. Quando questionados se mudariam de opinião caso o produto fosse embalado em saco plástico sob vácuo e rotulado, to-dos disseram que sim dado ser um peixe com muita procura devido à sua tra dição na culinária guineense;

■ Venda quantidade/preço: as respostas variam muito, e vão desde 1 mon-te/100 XOF a 1 monte/1.500 XOF e 2.000 XOF; também foi referido 1Kg/1.500 XOF a 2.000 XOF. Esta variação tem a ver com a qualidade do peixe, do mais valioso ao menos valioso, da corvina à tainha;

■ Sobre a quantidade vendida, apenas um inquirido respondeu escoar 10 Kg/mês;

■ Alguns inquiridos pronunciaram-se sobre a difi culdade em aprovisionar o peixe seco (escalada);

■ Sobre o preço a que adquirem o produto, as respostas não são nada fi áveis e de alguma forma encobrem uma renitência natural sobre os segredos do negócio;

■ Os inquiridos quase unanimemente afi rmam que o produto não traz emba-lagem e quando traz é manifestamente má;

■ Sobre a qualidade são quase unânimes em considerá-la geralmente boa;

■ Quanto à proveniência do produto, foram especialmente citadas as regiões e lugares do sul, norte, Buba e as ilhas do arquipélago dos Bij agós;

■ Quando se fala de peixe seco, em Bissau, existe muita gente que pensa es-tar-se a referir ao camarão seco e pilado que também tem bastante uso na culinária guineense.

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Peixe fumado

À partida, dado o número de respostas obtidas (seis), pode inferir-se que o peixe fuma do tem menos oferta que o seco (escalada) e que também é mais caro no retalho. Os dados recolhidos através dos inquéritos aplicados são os seguintes:

■ O peixe fumado comercializa-se nos mesmos locais do peixe seco e apre-senta para os comerciantes das lojas e supermercados também os mesmos problemas. Todos foram igualmente unânimes no uso culinário tradicio-nal deste produto e na sua disponibilidade para o comercializar desde que reúna as necessárias condições higiénicas e de acondicionamento;

■ Venda Quantidade/preço: as respostas variam entre 1 Kg/1.500 XOF, 1 mon-te/2.000 XOF e montes/500 XOF a 1.200 XOF. Novamente a variação tem a ver com a qualidade do peixe, do menos ao mais valioso, do djafal, à tainha, até ao muito apreciado bagre;

■ Os inquiridos também informaram da imensa difi culdade em aprovisio-nar este produto;

■ O preço para o retalhista continuou sem resposta, ou seja, o velho segredo como alma do negócio;

■ Relativamente a questões de embalagem, as respostas são similares ao pei-xe seco, ou seja, inexistentes;

■ Quanto à qualidade do produto, continua a unanimidade quase geral da sua bondade/qualidade;

■ Quanto à proveniência, o Arquipélago dos Bij agós reúne a maioria das respostas.

O presente inquérito foi aplicado pela equipa da Tiniguena, coordenada por Mary Fidelis, sendo o tratamento dos dados da responsabilidade de Joaquim Pulga.

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ANEXO III – Mapa de aplicação de inquéritos