Estudo Do Ambiente de Trabalho Em Consult%F3rio Odontol%F3gico n

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  • CURSO DE ESPECIALIZAO EM ENGENHARIA DE SEGURANA DO TRABALHO

    EDSON MARIO CARNEIRO DE OLIVEIRA

    EESSTTUUDDOO DDOO AAMMBBIIEENNTTEE DDEE TTRRAABBAALLHHOO EEMM CCOONNSSUULLTTRRIIOO OODDOONNTTOOLLGGIICCOO NNAA AAVVAALLIIAAOO DDEE SSEEUUSS RRIISSCCOOSS EERRGGOONNMMIICCOOSS

    UUMM EESSTTUUDDOO DDEE CCAASSOO

    RECIFE-PE 2009

    UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO ESCOLA POLITCNICA DE PERNAMBUCO

    DEPARTAMENTO DE PS-GRADUAO

  • EEDDSSOONN MMAARRIIOO CCAARRNNEEIIRROO DDEE OOLLIIVVEEIIRRAA

    EESSTTUUDDOO DDOO AAMMBBIIEENNTTEE DDEE TTRRAABBAALLHHOO EEMM CCOONNSSUULLTTRRIIOO OODDOONNTTOOLLGGIICCOO NNAA AAVVAALLIIAAOO DDEE SSEEUUSS RRIISSCCOOSS EERRGGOONNMMIICCOOSS UUMM EESSTTUUDDOO DDEE CCAASSOO

    Monografia apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia da Universidade de Pernambuco, como parte dos requisitos necessrios obteno do Ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho.

    Orientador: Prof Dr. AARRNNAALLDDOO DDEE FFRRAANNAA CCAALLDDAASS JJNNIIOORR Co-Orientador: Prof Dr. BBDDAA BBAARRKKOOKKBBAASS JJNNIIOORR

    RECIFE-PE 2009

  • EEDDSSOONN MMAARRIIOO CCAARRNNEEIIRROO DDEE OOLLIIVVEEIIRRAA

    EESSTTUUDDOO DDOO AAMMBBIIEENNTTEE DDEE TTRRAABBAALLHHOO EEMM CCOONNSSUULLTTRRIIOO OODDOONNTTOOLLGGIICCOO

    NNAA AAVVAALLIIAAOO DDEE SSEEUUSS RRIISSCCOOSS EERRGGOONNMMIICCOOSS UUMM EESSTTUUDDOO DDEE CCAASSOO

    Esta monografia foi julgada e aprovada para a obteno do Ttulo de Especialista em Engenharia de Segurana do Trabalho, no Programa de Ps-Graduao em Engenharia da Universidade de Pernambuco.

    Recife, 28 de abril de 2009

    ___________________________

    Prof Bda Barkokbas Jnior, Dr. Coordenador

    Banca Examinadora

    ___________________________________

    Prof. Arnaldo de Frana Caldas Jnior, Dr. Orientador

    __________________________________

    Prof. Bda Barkokbas Jnior, Dr. Co-Orientador

    __________________________________

    Prof. Eliane Maria Gorga Lago, Ms. Examinadora

  • Dedico aos meus pais, esposa e filhos este trabalho por serem as pessoas mais importantes da minha vida.

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus por mostrar-me outros caminhos, que me levaram a descobrir na engrenagem da vida elos vocacionais que complementam minha performance profissional.

    Aos meus pais, Amaro Tavares de Oliveira (in memorian) e Ivanilde Carneiro de Oliveira, pela orientao e estmulo que fui merecedor.

    A minha esposa Adelia e filhos Eric, caro e Helen pela inesgotvel compreenso, motivao, carinho e apoio que permitiram concluir mais este desafio profissional.

    Ao meu orientador Prof. Dr. Arnaldo de Frana Caldas Jnior por dedicar-me tantas horas de sua atribulada vida profissional para o desenvolvimento deste estudo.

    Ao coordenador do curso e co-orientador deste estudo, Prof. Dr. Bda Barkokbas Jnior, pelo apoio e orientao que trouxeram valiosos subsdios a este trabalho.

    A Dra. Sandra Maria Ferraz Pires (Mdica do Trabalho) e ao saudoso Engenheiro de Segurana do Trabalho Manoel Ronaldo Francisco da Silva (in memorian) pelas contumazes palavras de incentivo que me fizeram participar desta Especializao.

    Aos meus colegas de turma pelo companheirismo de todas as horas.

    s Cirurgies-Dentistas e suas equipes pela participao e colaborao na realizao deste estudo.

    Por fim, a todos aqui no mencionados que direta ou indiretamente participaram de mais uma etapa do meu caminho profissional.

  • O primeiro dever do negcio sobreviver e o guia principal da economia comercial no maximizar os lucros, mas sim, evitar as perdas.

    Peter Drucker (Escritor, 1909-2005)

  • RESUMO

    O estudo objetivou avaliar os riscos ocupacionais, atravs de um estudo de caso, em consultrios pblicos e privados na cidade de Recife-PE, considerando que esses riscos so fatores que podem afetar a integridade fsica ou mental do trabalhador, proporcionando-lhe desconforto ou doena. O estudo foi composto por duas fases. Na primeira fase fez-se o diagnstico da percepo das condies de trabalho pelas cirurgies-dentistas e suas colaboradoras, procurando identificar seus conhecimentos em segurana do trabalho e o quanto este conhecimento influencia, sob a tica da ergonomia, suas posturas no trabalho, os comportamentos quanto aos espaos dos ambientes e, como percebiam as questes relacionadas aos rudos, iluminao e temperatura. Na segunda fase do estudo verificou-se, em cada consultrio visitado, o tamanho das salas de recepo e de tratamento, seus componentes e mediu-se a intensidade de iluminao, temperatura e rudo. Na coleta de dados constatou-se que as condies de trabalho so similares na rede pblica e na rede privada e que os profissionais trabalham em mdia 4 horas com intervalo de 15 minutos, mas ao final da atividade diria se sentem cansadas; no caso da rede pblica existia uma sobrecarga em razo do nmero excessivo de pacientes. As dores musculares foram citadas pelas profissionais, principalmente dores na coluna e nos membros inferiores. Quanto a percepo das condies de trabalho, a maioria das entrevistadas estava satisfeita com a disposio espacial do mobilirio. Apesar de o nvel de iluminao no atender s normas regulamentadoras, no houve queixas pelas profissionais. Sobre o rudo, este risco, apesar de presente, no notado porque j esto habituadas, deste modo nenhuma das entrevistadas referiram incmodo pelo rudo dos instrumentos odontolgicos. A temperatura foi o nico risco motivo de queixa apenas para quem no tem ambiente climatizado, ou seja, as da rede pblica. Conclui-se que as normas de segurana de trabalho no foram obedecidas na concepo dos ambientes de trabalho odontolgico visitados, necessitando que os gestores pblicos e privados adotem um sistema de gesto de trabalho que priorize a sade e segurana desses trabalhadores de sade bucal.

    Palavras-chave: Consultrios Odontolgicos; Redes Pblica e Privada; Agentes Ergonmicos.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 - Diviso por reas da Sala de Tratamento, segundo a FDI ........................ 24 Figura 2 - Circulo funcional de trabalho (plano vertical) ........................................... 25

    Figura 3 - Janela na posio correta quanto a iluminncia ......................................... 26

    Figura 4 - Planta baixa de consultrio odontolgico................................................... 33

    Figura 5 - Local de medio da iluminao na sala de recepo ............................... 37

    Figura 6 - Local de medio da iluminao da sala de consulta ................................ 38

    Figura 7 - Locais de medio da temperatura na sala de tratamento .......................... 38

    Figura 8 - Plano sagital mediano no nvel do trax ou corao, em harmonia miocntrica ................................................................................................

    54 Figura 9 - rea de trabalho com linhas mxima e mnima de pega. .......................... 55

    Figura 10 - Postura ergonomicamente correta, tambm chamada de postura de controle de dedos ou postura de pianista. .............................................

    56

    Figura 11 - Posies que devero ser assumidas pelo profissional durante o tratamento ..................................................................................................

    57 Figura 12 - Posio dos elementos durante os procedimentos operatrios ..................

    58

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 - Limites de Tolerncia para Rudo Contnuo ou Intermitente .................... 29

    Quadro 2 - Varivel Dependente ................................................................................. 35

    Quadro 3 - Variveis Independentes ............................................................................ 36

    Quadro 4 - Medio dos nveis de iluminncia dos CDs das redes pblica e privada ....................................................................................................................

    60

    Quadro 5 - Avaliao dos nveis de rudo nos consultrios das redes pblica e privada .......................................................................................................

    62

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 - Perfil dos dados pessoais, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008. .........................................................

    41

    Tabela 2 - Perfil das condies organizacionais de trabalho, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008 ......

    42

    Tabela 3 - Perfil das condies tcnicas de trabalho, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008 .................................

    44

    Tabela 4 - Perfil das condies fsicas do local de trabalho, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008 ......

    46

    Tabela 5 - Perfil das condies ambientais de trabalho, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008. ..........................

    47

    Tabela 6 - Perfil das condies de sade, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008. ..........................................

    49

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    ACD Auxiliar de Consultrio Dentrio

    ANVISA Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

    BSI-OHSAS British Standard Institutions Occupational Health and Safety Assessment Series

    CD Cirurgio-Dentista/Cirurgi-Dentista

    CREA Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia

    CRO Conselho Regional de Odontologia

    CFO Conselho Federal de Odontologia

    EPI Equipamento de Proteo Individual

    FDI Federao Dentria Internacional

    FUNDACENTRO Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Medicina e Segurana do Trabalho

    IEA Associao Internacional de Ergonomia

    ILO-OSH International Labor Organization-Occupational Safety and Health

    INMETRO Instituto Nacional de Metrologia

    LER/DORT Leses por Esforos Repetitivos/Doenas Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho

    MTb Ministrio do Trabalho

    MTE Ministrio do Trabalho e Emprego

    OIT Organizao Internacional do Trabalho

    NR Norma Regulamentadora

    PAIR Perda Auditiva Induzida por Rudo

    PPRA Programa de Preveno de Riscos Ambientais

    RBC Rede Brasileira de Calibragem

    RDC Resoluo de Diretoria Colegiada

    RTP Recomendaes Tcnicas de Procedimentos

    SGSST Sistema de Gesto de Segurana e Sade no Trabalho

    THD Tcnico em Higiene Dental

  • SUMRIO

    1 INTRODUO ............................................................................................................ 14 1.1 Justificativa ................................................................................................................. 16 1.2 Delimitao do Tema .................................................................................................. 16 1.3 Objetivos....................................................................................................................... 17 2 REVISO BIBLIOGRFICA .................................................................................... 18 2.1 Conceitos de Segurana do Trabalho ....................................................................... 18 2.2 Conceito de Ergonomia .............................................................................................. 21 2.3 Ergonomia em Odontologia ....................................................................................... 2.3.1 Conceito ............................................................................................................... 2.3.2 Espao Fsico ....................................................................................................... 2.3.3 Iluminao .......................................................................................................... 2.3.4 Rudo ................................................................................................................... 2.3.5 Temperatura .........................................................................................................

    21 21 22 26 28 30

    3 METODOLOGIA DA PESQUISA .............................................................................. 32 3.1 Descrio do Caso ....................................................................................................... 32 3.2 Localizao do Estudo................................................................................................. 34 3.3 Populao Estudada ................................................................................................... 34 3.4 Seleo da Amostra .................................................................................................... 34 3.5 Desenho do Estudo ...................................................................................................... 34 3.6 Variveis Estudadas ................................................................................................... 35 3.7 Coleta de Dados .......................................................................................................... 36

    4 RESULTADOS E DISCUSSO .................................................................................. 37 4.1 Sistema de Segurana e Sade no Trabalho ............................................................ 50 4.2 Avaliao de Riscos em Consultrios Odontolgicos .............................................. 50 4.2.1 Consultrios Odontolgicos da Rede Pblica ...................................................... 51 4.2.2 Consultrios Odontolgicos da Rede Privada .................................................... 52 4.2.3 Riscos Ergonmicos ............................................................................................. 53 4.2.4 Doenas Ocupacionais .......................................................................................... 64 4.3 Consideraes Finais .................................................................................................. 67 4.4 Recomendaes ........................................................................................................... 68 4.4.1 Preveno e Cuidados contra Riscos Ergonmicos .............................................. 70 5 CONCLUSES ............................................................................................................. 71

  • REFERNCIAS ................................................................................................................ 72 APNDICE A Avaliao dos Riscos Ambientais ....................................................... 77 APNDICE B Termo de Compromisso Livre e Esclarecido .................................... 78 APNDICE C Instrumento de Coleta com ACD ....................................................... 79 APNDICE D Instrumento de Coleta com CD .......................................................... 81 ANEXO 01 Certificado de Calibragem do Luxmetro (n KL-41226/2009) ............ 83 ANEXO 02 Certificado de Calibragem do Termmetro (n 4767-2008)................... 84 ANEXO 03 Certificado de Calibragem do Audiodosmetro (n KL-41227/2009) ... 85

  • 1 INTRODUO

    Na prestao de servios relacionados sade, h riscos decorrentes do uso de vrias tecnologias, que evoluem rapidamente na busca da excelncia. Identificados os riscos preciso promover aes para control-los. Para isso, devem ser empregados vrios instrumentos, como legislao, fiscalizao, comunicao, sistemas de informao, monitoramento da qualidade de produtos e servios, entre outros (FRAZO; BORTOLOTTI, 2006).

    Assim como o acidente do trabalho, pode-se dizer que a ergonomia est diretamente relacionada com a organizao do trabalho, pois passou a ser objeto de estudo a partir da necessidade de proteger a vida e a dignidade do homem em decorrncia da necessidade da sua auto-adaptao aos esquemas de trabalho devido s crescentes mudanas dos processos de trabalho. E, desta forma, certo dizer que a ergonomia passou por diversos estgios de acordo com a evoluo dos processos de trabalho.

    A Ergonomia ou Engenharia Humana uma cincia relativamente recente que estuda as relaes entre o homem e seu ambiente de trabalho e foi definida em 1960 pela Organizao Internacional do Trabalho - OIT como "A aplicao das cincias biolgicas humanas em conjunto com os recursos e tcnicas da engenharia para alcanar o ajustamento mtuo, ideal entre o homem e o seu trabalho, e cujos resultados se medem em termos de eficincia humana e bem-estar no trabalho" (SANTOS; FIALHO, 1997).

    Para esses autores, riscos ergonmicos so os fatores que podem afetar a integridade fsica ou mental do trabalhador, proporcionando-lhe desconforto ou doena, deste modo, so considerados riscos ergonmicos: esforo fsico, levantamento de peso, postura inadequada, controle rgido de produtividade, situao de estresse, trabalhos em perodo noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, imposio de rotina intensa.

    Os riscos ergonmicos podem gerar distrbios psicolgicos e fisiolgicos e provocar srios danos sade do trabalhador porque produzem alteraes no organismo e estado emocional, comprometendo sua produtividade, sade e segurana, tais como: LER/DORT, cansao fsico, dores musculares, hipertenso arterial, alterao do sono, diabetes, doenas nervosas,

  • taquicardia, doenas do aparelho digestivo (gastrite e lcera), tenso, ansiedade, problemas de coluna etc.

    De acordo com Lopes (2000) a denominao DORT - sigla para Distrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho - passou a ser adotada recentemente, quando o Ministrio da Previdncia e Assistncia Social baixou a Ordem de Servio 606/98, publicada no Dirio Oficial da Unio de 19 de agosto de 1998. A nomenclatura DORT veio substituir a bastante difundida LER, Leses por Esforos Repetitivos. A mudana foi efetuada para evitar que a prpria denominao apontasse causas ou efeitos definidos.

    Ainda, de acordo com Lopes (2000), a diferena existente entre ambos os termos que LER supe a existncia de um "machucado", que a pessoa esteja lesionada. A recuperao de uma leso se d por cicatrizao, que feita pelo prprio organismo, quer sozinho ou com interveno mdica. J o termo DORT admite que os sintomas podem aparecer sem que a pessoa esteja lesionada. Distrbio significa mau funcionamento de nosso corpo e/ou mente. Sade e doena, como se sabe, so estados que dependem da integridade fsica e mental do indivduo, e que por sua vez so influenciados diretamente pelas caractersticas da sociedade em que o indivduo est inserido. Por outro lado, o conceito de leso por esforo repetitivo omite o fato de que a dor sentida pelo paciente provocada tambm por fatores como estresse, fadiga e depresso.

    A adoo do termo DORT significa, portanto, que a dor crnica pode existir sem que para isso haja obrigatoriamente uma leso. Desta forma, tornam-se mais compreensveis os mecanismos que produzem o sofrimento e se orientam aes mais eficazes no tratamento e preveno do problema.

    Para evitar que estes riscos comprometam as atividades e a sade do trabalhador necessrio um ajuste entre as condies de trabalho e o homem sob os aspectos de praticidade, conforto fsico e psquico por meio de: melhoria no processo de trabalho, melhores condies no local de trabalho, modernizao de mquinas e equipamentos, melhoria no relacionamento entre as pessoas, alterao no ritmo de trabalho, ferramentas adequadas, postura adequada etc.

  • 1.1 Justificativa

    O mercado globalizado tem exigido dos seus fornecedores servios com qualidade, valorizando o comprometimento das empresas em atender aos padres das normas internacionais da qualidade, conservao ambiental e proteo integridade fsica e sade de seus colaboradores.

    Este estudo de caso teve a finalidade de verificar, no ambiente de trabalho dos consultrios odontolgicos, as condies de conforto que esto submetidos os Cirurgies-Dentistas (CD) e colaboradores, visando a preservao da sade e integridade da equipe, atravs da antecipao, reconhecimento, avaliao e controle dos riscos ocupacionais existentes neste ambiente de trabalho, focando com bastante nfase os riscos ergonmicos. Com a concluso desta pesquisa, podem-se propor aos gestores dos consultrios odontolgicos, mudanas ambientais e comportamentais, com a finalidade de se proporcionar um local de trabalho mais prazeroso e seguro.

    As auxiliares de consultrios dentrios (ACD), que em sua maioria so pessoas com formao educacional at o ensino mdio, at bem pouco tempo atrs recebiam treinamentos dentro dos consultrios odontolgicos. Isto demonstra que muito dos colaboradores no esto preparados para observar e identificar os riscos que esto expostos em seus ambientes de trabalho. Contudo, j existem cursos preparatrios oferecidos pelo mercado e reconhecidos pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO), que especializam as candidatas a Auxiliar de Consultrio Dentrio (ACD) para poderem exercer sua profisso, exemplo da rea de enfermagem.

    1.2 Delimitao do tema

    O tema aborda o estudo dos riscos ocupacionais, com destaque para os riscos ergonmicos, a que esto submetidos os profissionais em consultrios odontolgicos. A pesquisa de campo foi realizada na cidade do Recife PE, atravs de visitas a consultrios odontolgicos das redes pblica e privada; estudando os postos de trabalho e observando as atividades desenvolvidas nesses ambientes.

  • 1.3 Objetivos

    GERAL

    Identificar os riscos ocupacionais presentes no ambiente de dois consultrios odontolgicos da rede privada e dois da rede pblica, na cidade do Recife-PE. Este estudo de caso tem o propsito de ajudar na identificao, avaliao e controle dos riscos fsicos e ergonmicos, procurando melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores.

    ESPECFICOS

    Detectar os agentes de riscos nas atividades desempenhadas pelos Cirurgies-Dentistas e colaboradores nos consultrios odontolgicos;

    Verificar o dimensionamento do espao fsico do trabalho para o desempenho seguro das atividades dos servios odontolgicos;

    Identificar as causas, com base nos riscos ergonmicos, mais freqentes que provocam doenas ocupacionais.

  • 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 Conceitos de Segurana do Trabalho

    A Segurana um conjunto de aes exercidas com o intuito de reduzir danos e perdas provocadas por agentes agressivos. A Segurana uma das cinco funes complementares vitais que devem ser exercidas juntamente com a misso de qualquer organizao. Dirigir esforos para a Segurana sem considerar a Produtividade, a Qualidade de Produtos, a Preservao Ambiental e o Desenvolvimento de Pessoas grave falha conceitual e estratgica (CARDELLA, 1999).

    A segurana no trabalho um fator muito importante para se praticar no ambiente laboral, de acordo com o publicado pela Diviso Estadual de Sade Bucal de Pernambuco, da Secretaria Estadual de Sade, fazendo o reconhecimento dos agentes prejudiciais neste ambiente e sistematizando a avaliao dos riscos sade do Cirurgio-Dentista e dos colaboradores, para assim adotar medidas de controle visando minimizar ou ainda eliminar os riscos identificados (PERNAMBUCO, 2001).

    Os governos, empregadores, trabalhadores reconhecem que a introduo de Programas de Gesto da Segurana e Sade no Trabalho em uma empresa tem como impacto positivo a reduo dos riscos, e o aumento da produtividade. O empregador tem a obrigao e o dever de organizar a segurana e sade no trabalho (FUNDACENTRO, 2005).

    O bom desempenho em segurana e sade no trabalho decisivo para a rentabilidade da empresa, uma vez que reduz os riscos de acidentes; promove a sade e a satisfao dos trabalhadores; melhora os resultados operacionais e a imagem da organizao perante a sociedade, alm de criar novas oportunidades de crescimento. O crescente nvel de conscientizao e organizao da sociedade tem imputado s organizaes requisitos legais cada vez mais rigorosos (OLIVEIRA; OLIVEIRA, 2008).

    Lopes; Nogueira et al. (2007), apoiando-se na definio de Murahovschi et al. (2006 apud LOPES; NOGUEIRA et al., 2007), conceituam risco como a probabilidade de ocorrncia de

  • um evento adverso que, no caso dos servios de sade, afeta a integridade do paciente, da equipe de sade ou da comunidade onde o servio est inserido. O risco inerente aquele que advm do prprio processo ou procedimento em questo, seja por limitaes tecnolgicas ou do "estado da arte" desta atividade, ou por caractersticas prprias do paciente que est sendo submetido a um processo ou procedimento.

    Os autores citam ainda a explicao de Luchese (2001 apud LOPES; NOGUEIRA et al., 2007) de que a Avaliao de Risco, de natureza mais cientfica (estatstica e epidemiolgica), consiste no uso de bases concretas de dados para definir os efeitos de uma exposio (indivduos ou populao) a materiais ou situaes; ou seja, conhecer a relao causa-efeito e possveis danos ocasionados por um determinado agente e o Gerenciamento de Risco, ao de orientao poltico-administrativa, o processo de ponderar as alternativas de polticas e selecionar a ao regulatria mais apropriada, integrando os resultados da avaliao de risco com as preocupaes sociais, econmicas e polticas para chegar a uma deciso; decide o que fazer com risco avaliado e se ele pode ser aceitvel.

    Lopes; Nogueira et al. referem mais uma vez Murahovschi et al (2006 apud LOPES; NOGUEIRA et al., 2007) para explicitar que o controle de risco e qualidade so inseparveis e a diminuio da qualidade da assistncia prestada leva ao aumento do risco para usurios e trabalhadores. Na vigilncia sanitria de servios de sade, aos conceitos mais amplos de gerenciamento de risco e qualidade, agrega-se ao marco terico uma abordagem j tradicional da administrao em sade: os conceitos de estrutura, processo e resultados de Donabbedian (1988 apud LOPES; NOGUEIRA et al., 2007), absorvidos da teoria de sistemas. A estrutura trata de caractersticas mais estveis, incluindo informaes sobre recursos materiais (como instalaes e equipamentos), humanos (nmero e qualificao) e estrutura organizacional (critrios de operao, sistemas de avaliao etc.). Quando se trata de processo visa-se analisar o fazer dos profissionais, na conduo dos cuidados e sua interao com os pacientes. Por fim, o resultado volta-se ao estudo dos efeitos e conseqncias das intervenes, utilizando taxas, indicadores, parmetros de sade e de satisfao da clientela.

    Deve-se anuir com Reis (2000) quando enfatiza que, felizmente, no ltimo sculo, a conotao simplista de que o homem deve trabalhar como uma penitncia e/ou de que trabalha unicamente pelo dinheiro e pela sobrevivncia, vem perdendo o espao, pela releitura

  • da importncia do trabalho na vida do indivduo. Nos ltimos anos, no se aceita mais a possibilidade do estudo das organizaes sem o conhecimento do comportamento do homem.

    Vale considerar Weil (1995) quando refere que o estudo do fator humano nas organizaes, pode ser dividido em trs partes principais: adaptao do homem ao trabalho, adaptao do trabalho ao homem e adaptao do homem ao homem.

    Na adaptao do homem ao trabalho, esse autor enfoca trs aspectos: a necessidade de exames psicolgicos, atravs dos quais as pessoas so classificadas (interna ou externamente) em funo das suas aptides, gostos, interesses e personalidades. Como adaptaes do trabalho ao homem so consideradas pelo autor, os aspectos relacionados com o ambiente fsico de trabalho, a maquinaria, as instalaes em geral e o conforto ambiental. E como adaptaes do homem ao homem so indicadas o ambiente organizacional, a valorizao pessoal e profissional e, ainda permitir a adaptao por afinidades pessoais.

    Este entendimento sobre o binmio homem trabalho, ainda, tem permanecido em algumas reas de administrao de empresas. Entretanto, esta viso da psicologia, sobre o comportamento do homem no trabalho, apesar de recente, vem perdendo seu espao nas ltimas dcadas, medida que avanam os conhecimentos multidisciplinares em Ergonomia (WEIL,1995).

    Deste modo certo atentar para a avaliao de Iida (1998) de que a abrangncia da Ergonomia nos ltimos tempos, estudando sistemas complexos onde centenas de variveis interagem entre si, expandiu-se ao ponto que abarca quase todos os tipos de atividades humanas. Hoje, esta expanso se processa, principalmente, nos setores de servios (sade, educao, transporte, lazer e outros) e at no estudo de trabalhos domsticos.

    Na anlise de Reis (2000), historicamente observa-se que os locais e os espaos de trabalho, at bem pouco tempo, eram vistos como meios essencialmente tcnicos, como condicionantes funcionais e no como o meio onde as pessoas vivenciavam e participavam das mltiplas prticas cotidianas, interagindo com este meio. Raramente, a organizao destes espaos de trabalho coincidia com as reais necessidades e aspiraes dos clientes e dos trabalhadores.

  • As condies de prover as reas onde as aes se desenrolam, faz com que o estudo detalhado do meio ambiente de trabalho ocupe lugar de suma importncia no quadro atual de anlise, de reavaliao, de reformulao das decises anteriormente tomadas e de concepo de novas estruturas (REIS, 2000).

    2.2 Conceito de Ergonomia

    A Associao Internacional de Ergonomia IEA conceitua Ergonomia (ou Fatores Humanos) como a disciplina cientfica que trata da compreenso das interaes entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, derivada do grego ergon (trabalho) e nomos (leis) promove uma abordagem holstica do trabalho, na qual consideraes de ordem fsica, cognitiva, social, organizacional, ambiental e de outros aspectos relevantes devem ser levados em conta (IEA, 2000).

    Iida (1998) relata no s o envolvimento do ambiente fsico, mas tambm os aspectos organizacionais de como o trabalho programado e controlado para produzir os efeitos desejados, assim o estudo da Ergonomia abrange certos aspectos do comportamento humano no trabalho:

    O prprio homem, suas caractersticas fsicas, fisiolgicas, psicolgicas e sociais;

    A mquina, ou seja, equipamentos, mobilirio e instalaes; O ambiente: temperatura, rudos, vibrao, iluminao e outros;

    A comunicao entre os elementos de um sistema (informao); A organizao: horrio, turnos, formao de equipes.

    2.3 Ergonomia em Odontologia

    2.3.1 Conceito

    Nader; Marziale (2008) afirmam que no decorrer dos anos, houve um notrio desenvolvimento nas prticas de atendimento odontolgico promovido pela Ergonomia, possibilitando que o profissional, que no passado ficava todo o seu tempo atendendo em p

  • (posio ortosttica), pudesse se colocar em uma posio mais cmoda agora, sentado em um mocho confortvel e com design anatmico.

    De acordo com os autores, em Odontologia, a ergonomia tem como objetivos racionalizar o trabalho, eliminar manobras no produtivas, produzir mais e melhor na unidade de tempo, proporcionar maior conforto e segurana do paciente.

    Deste modo, equilibrando as demandas do trabalho com as capacidades do trabalhador, a ergonomia pretende maximizar a sade, a segurana, o conforto, a eficincia, a produtividade, a qualidade e, conseqentemente, a confiana e a moral do indivduo. A aplicao dos princpios ergonmicos se inicia observando o local de trabalho, verificando como as tarefas so efetuadas, identificando os fatores de risco de sade e implementando solues.

    Na concluso do estudo os autores destacam que a ergonomia um campo aberto pesquisa, e apresenta um tremendo potencial para aumentar a efetividade na odontologia. Tambm concordam que as aes ergonmicas em odontologia tm um efeito muito positivo, proporcionando uma melhor qualidade de atendimento, com um tempo menor, e principalmente sem estresse (NADER; MARZIALE, 2008).

    2.3.2 Espao Fsico

    Ao se projetar o ambiente de atendimento odontolgico, fundamental efetuar um estudo do espao fsico, das instalaes hidrossanitrias, eltricas, de gases medicinais e a distribuio dos equipamentos odontolgicos fixos e mveis. A simplificao obtida com a racionalizao do espao fsico constitui um elemento importante na produtividade, medida que, bem planejada, permite a reduo de tempo e movimentos na execuo das atividades (BRASIL, 2006).

    Vale destacar que todo projeto arquitetnico de um servio odontolgico pblico ou privado deve ser avaliado e aprovado pela vigilncia sanitria local previamente execuo da obra, assim como as reas de estabelecimentos j existentes e dos anteriormente no destinados a servio odontolgico a serem ampliadas e/ou reformadas, que ficam condicionadas ao

  • cumprimento das disposies contidas na Resoluo da Diretoria Colegiada (RDC) da ANVISA n. 50, de 21 de fevereiro de 2002, ou a que vier substitu-la (BRASIL, 2006).

    Assim, a RDC/ANVISA n. 50/02 determina que o consultrio odontolgico individual deve possuir rea mnima de 9m. Para consultrios coletivos, a rea mnima depende do nmero e da quantidade de equipamentos utilizados, devendo possuir uma distncia mnima livre de 0,8m na cabeceira e de 1m nas laterais de cada cadeira odontolgica. Entre duas cadeiras, a distncia mnima deve ser de 2m, para permitir a circulao dos profissionais e minimizar a contaminao por aerossis. E ainda, que devem dispor de instalaes hidrulicas (gua fria e esgoto), eltricas (pontos de fora e iluminao), iluminao natural ou artificial, ventilao natural ou forada e, caso necessrio, gases medicinais (oxignio, ar comprimido e vcuo medicinal).

    As questes ambientais tambm so tratadas nessa Resoluo da ANVISA, determinando que os consultrios odontolgicos devem ainda possuir os seguintes ambientes de apoio:

    a) Sala de espera para pacientes e acompanhantes com rea mnima de 1,2m por pessoa. b) Depsito de material de limpeza (DML) com rea mnima de 2m e dimenso mnima de 1m, equipado com tanque. c) Sanitrio(s) para pacientes e pblico com rea mnima de 1,6m e dimenso mnima de 1m. d) Central de material esterilizado (CME) simplificada com dois ambientes contguos, a saber:

    ambiente sujo - sala de lavagem e descontaminao de materiais com bancada, pia e guich para a rea limpa (sala de esterilizao de material), com rea mnima de 4,8m.

    ambiente limpo - sala de preparo/esterilizao/estocagem de material, com bancada para equipamentos de esterilizao, armrios para guarda de material e guich para distribuio de material, com rea mnima de 4,8m.

    No entendimento de Barriviera; Martins (2005) para uma correta ergonomia nos consultrios, os equipamentos e a distribuio dos componentes individuais devem ser feitos de forma a: Prevenir a tenso e a fadiga; Simplificar o trabalho; Simplificar a manuteno;

    Ser psicologicamente favorvel; Proporcionar conforto e segurana ao paciente.

  • De acordo com os autores, para a anlise do equipamento segundo sua localizao no consultrio, a FDI (Federao Dentria Internacional) convencionou dividir a sala em reas, devendo-se idealizar um mostrador de relgio, cujo centro corresponde ao eixo dos ponteiros, tomado a partir da boca do paciente na cadeira odontolgica deitada na horizontal (Figura 1).

    1) rea do operador onde se localiza o Cirurgio-Dentista, ou seja, ao lado direito do paciente quase sempre em 9 horas. A vantagem desta posio , alm da viso direta de todas as faces dos dentes do paciente, que a inclinao da coluna, quando for necessria, ser sempre para frente e no para o lado como nas outras posies.

    2) rea da assistente ficam os armrios, aparelhos auxiliares, e todos os instrumentais usados por ela, tais como: pontas de sugador e seringa trplice. A posio da auxiliar varia de 1 at 3 horas. Quando se tem apenas um auxiliar, a amplitude da variao maior, quase que total, e inclusive invadindo a rea do Cirurgio-Dentista.

    3) rea esttica a delimitao entre a rea do operador e a da auxiliar na regio atrs da cadeira denominada por alguns autores de rea esttica. Geralmente usada para colocar os materiais de emergncias do Cirurgio-Dentista e os equipamentos auxiliares, como: amalgamador, removedor de trtaro, aparelho de fotopolimerizao, aparelho de analgesia, e em alguns casos, o sugador.

    Figura 1 Diviso por reas da sala de tratamento, segundo a FDI. Fonte: Barros, 1999 apud Barriviera, Martins, 2005.

  • Analisam, ainda, que os critrios adotados pela FDI com referncia as timas condies de trabalho para o Cirurgio-Dentista e sua assistente, devem ser de tal forma que existam alguns critrios bsicos, dentre eles: - Diviso da rea de trabalho em partes distintas sendo as duas principais do operador e da

    assistente;

    - Condies para melhor postura no trabalho, sentado; - Correta posio do Cirurgio-Dentista e assistente em relao ao paciente; - Racionalizao e economia dos movimentos corporais no trabalho.

    Para Barriviera; Martins (2005) a posio de 12 horas sempre indicada pela cabea do paciente, ou seja, atrs da cadeira. Desta forma, o eixo 6-12 divide a sala em duas reas: direita da cadeira (rea do operador), e esquerda da cadeira (rea da auxiliar).

    Com a introduo da cadeira de conforto, a unidade aspiradora e o mocho mvel, tornou-se possvel o trabalho com o paciente na posio supina (Figura 2), ficando o Cirurgio-Dentista e a auxiliar sentados (BARRIVIERA; MARTINS, 2005).

    Figura 2 Crculo funcional de trabalho (plano vertical). Fonte: Barros, 1999 apud Barriviera; Martins, 2005.

  • 2.3.3 Iluminao

    Os servios odontolgicos devem ser providos de sistema de iluminao natural e/ou artificial que possibilite boa visibilidade, sem ofuscamentos ou sombras em todos os ambientes onde os pacientes so atendidos.

    Deste modo, vale destacar a anlise de Barbosa et al. (2003) quando dizem que a melhor iluminao a natural, obtida atravs de janela voltada para a direo Nordeste, ocupando 2/3 da parede no sentido horizontal; respeitando o vo de 1,20m, estando do cho 1,40m no sentido vertical. Na janela, deve haver um anteparo para difundir a luz natural, de preferncia vidro canelado que permite a passagem da luminosidade sendo a viso inviolvel (Figura 3).

    Figura 3 Janela na posio correta quanto a iluminncia. Fonte: Barros, 1993 apud Barbosa et al., 2003.

    Segundo Souza (2003) a intensidade de iluminao e a colorao da luz devem combinar com a colorao da luz ambiental. So aconselhadas, para a iluminao, lmpadas fluorescentes de luz branca. As janelas, em horas noturnas, no devem aparecer como reas escuras, devem ser aclaradas pela instalao de cortinas claras ou envidraamento especial, apoiado por uma irradiao de luz de cima, de modo que no cause qualquer ofuscamento pelas luminrias.

  • Com relao a iluminao artificial cabe mencionar as diretrizes da ANVISA (BRASIL, 2006) que recomendam que as instalaes eltricas de equipamentos associados operao e/ou controle de sistemas de climatizao, equipamentos odontolgicos e as instalaes eltricas para os servios odontolgicos devem ser projetadas, executadas, testadas e mantidas em conformidade com as normas NBR 13.534 Instalaes eltricas em estabelecimentos assistenciais de sade Requisitos de segurana (ABNT, 2003) e NBR 5410 Instalaes eltricas de baixa tenso (ABNT, 2004).

    A RDC/ANVISA n. 50/02 (BRASIL, 2006) recomenda, ainda, que os circuitos eltricos de iluminao e de alimentao dos pontos de fora, bem como seus respectivos dispositivos de proteo e seccionamento, devem ser distintos e dimensionados conforme sua capacidade de conduo de corrente eltrica. Devem ser instalados vrios pontos de fora, distribudos ao longo da bancada, em quantidade suficiente para a alimentao eltrica dos diversos equipamentos do consultrio, no sendo admitida a utilizao de um mesmo ponto para alimentao de diversos equipamentos por meio de extenses, tomadas mltiplas ou benjamins (ts). Se, no levantamento das cargas instaladas, a carga total for superior a 16 mil watts, deve ser providenciada uma instalao trifsica, devidamente balanceada. As instalaes eltricas devem ser embutidas ou protegidas por material resistente a impactos, lavagem e ao uso de desinfetantes, para que no haja depsitos de sujidades em sua extenso.

    As recomendaes ainda sugerem a utilizao de lmpadas fluorescentes e luminrias dotadas de refletores para melhor distribuio da luz e aletas que impeam a iluminao direta excessiva e que possuam dispositivos anti-ofuscamento, obtendo-se um nvel de iluminao de 10.000 lux, observando-se o disposto na norma ABNT NBR 5413 Procedimentos de iluminncia de interiores (ABNT, 1991).

    Concorda-se com Souza (2003) que a sala de tratamento do paciente em um Consultrio Odontolgico o ambiente em que o Cirurgio-Dentista passa a maior parte do tempo, por isso, dever ser um ambiente com luminosidade suficiente para que este profissional desenvolva seu trabalho profissional com sade (aspecto importante a ser considerado) e tima produtividade (uma das exigncias da profisso).

  • 2.3.4 Rudo

    O rudo um risco fsico que pode causar danos ao organismo humano com efeitos de curto e mdio prazo. O rudo apresenta-se mensurvel no ambiente de trabalho; ao atuar sobre o trabalhador pode alterar processos internos do organismo, afetando, por exemplo, o sistema nervoso com conseqncias fisiolgicas e emocionais. Os dentistas tiveram o interesse e a preocupao com a perda auditiva induzida por rudo (PAIR - tambm conhecido como Perda Auditiva Ocupacional; constitui-se em doena profissional e decorrente da exposio contnua a nveis elevados de presso sonora) somente a partir do final da dcada de 50, quando surgiram dispositivos de alta rotao movidos a turbinas, por causa dos altos nveis de rudos que emitiam (PARAGUAY, 1999).

    Segundo o que preconiza o Anexo n 1 da NR 15 (BRASIL, 1978) entende-se por Rudo Contnuo ou Intermitente, para os fins de aplicao de Limites de Tolerncia, o rudo que no seja rudo de impacto. Os nveis de rudo contnuo ou intermitente devem ser medidos em decibis (dB) com instrumento de nvel de presso sonora operando no circuito de compensao "A" e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas prximas ao ouvido do trabalhador. Os tempos de exposio aos nveis de rudo no devem exceder os limites de tolerncia fixados no Quadro 1 (p. 29).

    Como regra geral, de acordo com Paraguay (1999), tolerada exposio de oito horas dirias, no mximo, a rudo, contnuo ou intermitente, de 85dB(A). Vrios fatores podem agredir o rgo auditivo ou, atravs da interao com o rudo, influenciar o desenvolvimento da perda auditiva. A suscetibilidade individual jamais deve ser esquecida, pois algumas pessoas possuem maior facilidade em adquirir a doena, quando expostas s mesmas condies ambientais. A preveno a principal medida a ser tomada, j que a PAIR uma leso de carter irreversvel, no existindo tratamento clnico ou cirurgia para recuperao dos limiares auditivos.

    Para os valores encontrados de nvel de rudo intermedirio ser considerada a mxima exposio diria permissvel relativa ao nvel imediatamente mais elevado. No permitida exposio a nveis de rudo acima de 115 dB(A), e em tempo mximo dirio de 7 minutos para indivduos que no estejam adequadamente protegidos, ou seja, utilizando EPI, por ocorrer risco grave e iminente (BRASIL, 1978).

  • De acordo com Barbosa et al. (2003) conforme o estabelecido no subitem 17.5.2 da NR 17, nos locais de trabalho onde no so executadas atividades que exijam solicitao intelectual e ateno constantes so recomendados os nveis de rudo de acordo com o estabelecido na NBR 10152. Nas atividades que possuem as caractersticas definidas no subitem citado acima, mas no apresentam equivalncia ou correlao com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nvel de rudo aceitvel para efeito de conforto ser de 65 dB(A), e a curva de avaliao de rudo (NC) de valor no superior a 60 dB.

    NVEL DE RUDO dB (A) MXIMA EXPOSIO DIRIA PERMISSVEL 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 98

    100 102 104 105 106 108 110 112 114 115

    8 horas 7 horas 6 horas 5 horas 4 horas e 30 minutos 4 horas 3 horas e 30 minutos 3 horas 2 horas e 40 minutos 2 horas e 15 minutos 2 horas 1 hora e 45 minutos 1 hora e 15 minutos 1 hora 45 minutos 35 minutos 30 minutos 25 minutos 20 minutos 15 minutos 10 minutos 8 minutos 7 minutos

    Quadro 1 Limites de Tolerncia para Rudo Contnuo ou Intermitente Fonte: Anexo 01 da Norma Regulamentadora 15. (BRASIL, 1978)

    Se durante a jornada de trabalho ocorrem dois ou mais perodos de exposio a rudo de diferentes nveis, devem ser considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes fraes:

    n

    n

    3

    3

    2

    2

    1

    1

    TC

    TC

    TC

    TC

    ++++++++++++

    exceder a unidade, a exposio estar acima do limite de tolerncia.

  • Na equao acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nvel de rudo especfico, e Tn indica a mxima exposio diria permissvel a este nvel, segundo o Quadro 1 na pgina 29 (BRASIL, 1978).

    De acordo com Paraguay (1999) inmeros estudos tambm vm evidenciando que os efeitos nocivos que dependem da intensidade e durao da exposio - no se limitam apenas s leses do aparelho auditivo, mas comprometem diversos outros rgos, aparelhos e funes do organismo.

    2.3.5 Temperatura

    Mais uma vez vale observar o manual da ANVISA (BRASIL, 2006) para tratar da questo ambiental de temperatura. De acordo com as recomendaes, os servios odontolgicos devem possuir ventilao natural ou forada, para evitar o acmulo de fungos (bolores), gases e vapores condensados, sendo que sua eliminao no deve causar danos ou prejuzos s reas prximas.

    Os equipamentos de ar condicionado de janela e minisplits apresentam o inconveniente de no efetuar a renovao do ar necessria para a manuteno de uma boa qualidade do ar ambiente de interiores, conforme preconizado na Portaria GM/MS n. 3.523, de 28 de agosto de 1998, e RE/ANVISA n. 9, de 16 de janeiro de 2003, ou as que vierem substitu-las. Esses equipamentos somente podem ser instalados nos servios odontolgicos acompanhados por um sistema de ventilao e/ou exausto complementar, garantindo, dessa forma, a renovao de ar exterior necessria nesses ambientes (BRASIL, 2006).

    Caso o estabelecimento de assistncia odontolgica opte pela instalao de sistema de climatizao, dever seguir as seguintes recomendaes RE/ANVISA n. 9, de 16 de janeiro de 2003 (BRASIL, 2006):

    a) As instalaes de climatizao para os servios odontolgicos devem ser projetadas, executadas, testadas e mantidas conforme as recomendaes das normas ABNT NBR 6401 Instalaes centrais de ar condicionado para conforto Parmetros bsicos de projeto e

  • NBR 7256 Tratamento de ar em estabelecimentos assistenciais de sade e da RDC/ANVISA n. 50, de 21 de fevereiro de 2002.

    b) O sistema de climatizao para os servios odontolgicos deve ser adequadamente dimensionado, por profissional especializado, de modo a prover uma vazo mnima de ar exterior de 6 (m/h)/m e uma vazo mnima de ar total de 18 (m/h)/m. A temperatura ambiente deve ser mantida entre 21C e 24C, e a umidade relativa do ar entre 40% e 60%. Os equipamentos devem possuir, no mnimo, filtros classe G3 no insuflamento.

    c) As tomadas de ar exterior devem ser localizadas de forma a evitar a aspirao de descargas de exausto de cozinhas, sanitrios, laboratrios, lavanderia e tambm a evitar a proximidade a depsitos de lixo, centrais de gs combustvel, grupos geradores, centrais de vcuo, estacionamentos, bem como de outros locais onde haja possibilidade de emanao de agentes poluidores ou gases nocivos, estabelecendo uma distncia mnima de oito metros desses locais. As tomadas de ar exterior devero ser providas, no mnimo, de filtros classe G3 e dotadas de telas de proteo de material resistente corroso.

    d) Os dutos de ar, quando utilizados, devem ser unidos por meio de juntas flangeadas, prova de vazamentos. As dobras, conexes e acessrios dos dutos tambm devem ser estanques. Todo retorno de ar deve ser feito atravs de dutos, sendo vedado o retorno atravs do forro (plenum).

    e) A instalao e a manuteno de equipamentos de pequeno porte, como aparelhos de janela e minisplits, devem ser efetuadas conforme preconizado nos manuais do fabricante. A manuteno de equipamentos e/ou instalaes de capacidade igual ou superior a 5 TRs (15.000 kcal/h = 60.000 Btu/h) dever ser efetuada sempre sob a superviso de Engenheiro Mecnico (responsvel tcnico) habilitado pelo CREA para tal fim, observando-se os critrios da Portaria GM/MS n. 3.523, de 28 de agosto de 1998, e RE/ANVISA n. 9, de 16 de janeiro de 2003 (BRASIL, 2006).

    Os projetos de consultrios odontolgicos tm, ento, que atender aspectos ergonmicos e ambientais, inclusive a temperatura, que permita ao profissional exercer com qualidade o seu trabalho e aos pacientes condies psicolgicas positivas durante o tratamento.

  • 3 METODOLOGIA DA PESQUISA

    A metodologia utilizada para este estudo contemplou a busca de um embasamento terico atravs da pesquisa na literatura cientfica disponvel em verses virtuais e impressas, sobre os riscos ergonmicos identificados nos consultrios odontolgicos. As informaes foram necessrias para que se pudesse realizar a pesquisa de campo nos consultrios odontolgicos. Deste modo, pode-se ter uma descrio detalhada dos materiais e equipamentos utilizados nos consultrios odontolgicos, identificando-se nesta pesquisa os agentes fsicos e ergonmicos que possam causar riscos ocupacionais.

    3.1 Descrio do Caso

    No intuito de melhor visualizao da metodologia deste estudo, faz-se necessrio uma descrio do caso pesquisado. Assim, o objeto deste estudo foi composto por quatro consultrios odontolgicos da cidade do Recife, sendo dois da rede pblica e dois da rede privada.

    O gerenciamento e a administrao so feitos por meio de uma estrutura constituda de uma secretria, responsvel pelo atendimento ao pblico e auxlio em procedimentos e outras funes do consultrio, e um dentista, responsvel pela realizao dos procedimentos odontolgicos e administrao do consultrio. As tarefas desempenhadas pela auxiliar abrangem o atendimento ao pblico (seja atravs do telefone, seja pessoalmente), agendamento de consultas, auxlio nos procedimentos odontolgicos, limpeza e manuteno do consultrio. Os procedimentos realizados por todas as Cirurgies-Dentistas do estudo se limitam a rea de atuao em Clnica Geral.

    Do ponto de vista de estrutura fsica os quatro consultrios possuem os mesmos ambientes, ou seja, sala de recepo, sala de consulta e sala de tratamento. A sala de consulta, composta por uma mesa e algumas cadeiras, pode ou no, estar dentro da prpria sala de tratamento e utilizada para a realizao de anamnese do paciente pelo profissional, discusso do plano de tratamento e oramento (no caso dos consultrios da rede privada) e prescrio de

  • medicamentos e orientaes ps-consulta. Nas visitas aos consultrios da rede privada, foi identificado que os mesmos so equipados com: cadeira odontolgica, mocho, equipo, equipamentos perifricos, compressor, autoclave, estufa e raios-X. Igualmente, nos

    consultrios odontolgicos da rede pblica observou-se a presena dos mesmos equipamentos, no entanto, no possuam autoclave e raio-X, em razo de os tratamentos odontolgicos realizados nesses consultrios serem de menor complexidade.

    O rol de tratamento odontolgico usado no consultrio da rede pblica especificado em geral como: exame clnico, periodontia, cirurgia oral menor.

    O rol de tratamento odontolgico usado no consultrio da rede privada especificado em geral como: exame clnico, periodontia, cirurgia oral menor, endodontia, ortodontia, clareamento a laser, prtese e implante.

    De uma forma geral, pode-se observar pela figura 4, como dimensionado o ambiente odontolgico:

    Figura 4 Planta baixa de consultrio odontolgico. Fonte: www.rossiresidencial.com.br/empreendimentos/sp/osasco 2009

  • 3.2 Localizao do Estudo

    O presente estudo foi realizado em consultrios das redes pblica e privada da cidade do Recife, capital do Estado de Pernambuco, Regio Nordeste do Brasil. O territrio municipal tem 218 Km, com uma populao de 1.515.052.habitantes. O Recife a rea demograficamente mais importante do Estado de Pernambuco, concentrando mais de 40% da populao (IBGE, 2007).

    3.3 Populao Estudada

    O estudo foi desenvolvido entre os profissionais dos consultrios odontolgicos localizados nos bairros de Boa Viagem (rede pblica) e do Derby (rede privada) na cidade do Recife.

    3.4 Seleo da Amostra

    A escolha dos consultrios, em razo da similaridade quanto espao fsico, equipamentos e colaboradores, teve como parmetro serem da rede pblica e privada, deste modo, foram escolhidos aleatoriamente 2 consultrios da rede pblica no bairro de Boa Viagem e 2 consultrios da rede privada no bairro do Derby, em Recife-PE.

    3.5 Desenho do Estudo

    Este estudo teve o interesse em observar a ocorrncia dos agentes de riscos ocupacionais no ambiente dos consultrios odontolgicos das redes pblica e privada, e no discuti-lo apenas do ponto de vista da teoria. Evidentemente, a teoria dialoga com o levantamento dos dados empricos (os dados coletados no campo, observveis na realidade) e na interpretao dos mesmos. Assim, optou-se por um estudo de caso por terem vrias aplicaes, entre elas apropriado para pesquisadores individuais, pois d a oportunidade para que um aspecto de um problema seja estudado em profundidade dentro de um perodo de tempo limitado. Alm disso, parece ser apropriado para investigao de fenmenos quando h uma grande variedade

  • de fatores e relacionamentos que podem ser diretamente observados e no existem leis bsicas para determinar quais so importantes (VENTURA, 2007).

    A legislao que amparou este estudo foram as Normas Regulamentadoras: NR15 Atividades e operaes insalubres, nos itens de 1 a 5, e 7 da norma (BRASIL, 1978); mais especificamente a NR 17 com suas diretrizes sobre Ergonomia (BRASIL,1990); alm da NR 32 Segurana e sade no trabalho em estabelecimentos de sade; publicada pela Portaria do Ministrio do Trabalho e do Emprego n 485, de 11 de novembro de 2005 (BRASIL, 2005), e que tem por finalidade estabelecer as diretrizes bsicas para a implementao de medidas de proteo segurana e sade dos trabalhadores dos servios de sade, bem como daqueles que exercem atividades de promoo e assistncia sade em geral.

    3.6 Variveis Estudadas

    Para este estudo de caso, avaliou-se em cada um dos quatro consultrios odontolgicos visitados as seguintes variveis:

    VARIVEL DEFINIO OPERACIONALIZAO

    Ergonomia

    Ergonomia a disciplina cientfica que trata da compreenso das interaes entre os seres humanos e outros elementos de um sistema, e a profisso que

    aplica teorias, princpios, dados e mtodos a

    projetos que visam otimizar o bem estar humano e o desempenho global dos sistemas (IEA, 2000).

    1. Correta; 2. Incorreta.

    Quadro 2 Varivel Dependente

  • VARIVEL DEFINIO OPERACIONALIZAO

    IDADE Anos completos no momento do estudo.

    1 = de 20 a 30 anos 2 = de 31 a 40 anos 3 = de 41 a 50 anos 4 = a partir dos 51 anos

    SEXO Conformao particular que distingue o macho da fmea, conferindo-lhes certas caractersticas distintivas.

    1 = feminino 2 = masculino

    CONDIES ORGANIZACIONAIS

    Condies de trabalho relacionadas ao funcionrio e em relao s condies oferecidas pela empresa.

    1 = Adequada 2 = Inadequada

    CONDIES FSICAS E TCNICAS

    Condio pessoal e tcnica para a realizao de determinadas atividades na execuo de seu trabalho

    1 = Adequada 2 = Inadequada

    CONDIES AMBIENTAIS Aspectos relacionados s condies de iluminao, temperatura e rudo no ambiente de trabalho.

    1 = Adequada 2 = Inadequada

    CONDIES DE SADE Condio de sade do trabalhador. 1 = Adequada 2 = Inadequada

    Quadro 3 Variveis Independentes

    3.7 Coleta de Dados

    Atravs de visitas realizadas nos ambientes dos consultrios odontolgicos, sendo dois (2) consultrios da rede pblica e dois (2) consultrios da rede privada, durante os perodos de atendimento aos clientes, pode-se avaliar a rotina desses profissionais e, conseqentemente, identificar os agentes de riscos ocupacionais a que esto submetidos. Desta maneira, na primeira etapa da pesquisa, ao se informar o objetivo do estudo, solicitou-se a participao do pesquisado atravs da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apndice B) e foi realizada uma entrevista com as participantes para se obter a percepo dos riscos ocupacionais a que essas profissionais estavam expostas. Desta maneira, de acordo com os Apndices C e D, coletou-se com as Cirurgies-Dentistas e Auxiliares de Consultrio Dentrio os seus dados pessoais e as condies de trabalho, tcnicas, fsicas, ambientais, organizacionais e de sade.

  • Na segunda fase do estudo, foram utilizados os equipamentos descritos abaixo, de acordo com as normas especficas, para a avaliao da rea fsica, iluminncia, nvel de rudo e temperatura.

    rea Fsica Para a medio da metragem dos consultrios odontolgicos foi utilizada uma trena Starret, de ao, com faixa de medio de 0 a 3m, diviso 1mm, conforme as especificaes da NBR 10123. Nessa medio buscou-se avaliar a rea total das salas de recepo, consulta e tratamento.

    Agente Ergonmico Iluminao

    O equipamento utilizado para medio foi Luximetro Kalibrasil, modelo Kali 1010 com capacidade de medio de at 50.000 lux, com certificado de calibragem n KL-41226/2009, conforme anexo 01 (p. 83), e rastreado pelo Instituto Nacional de Metrologia - INMETRO e pela Rede Brasileira de Calibragem - RBC. A verificao da intensidade de iluminao foi realizada nos seguintes pontos da sala de atendimento:

    1 - Sala de Recepo:

    No ponto mais central da mesa de trabalho da recepcionista, conforme a figura abaixo:

    Figura 5 Local de medio da iluminao na sala de recepo. Fonte: www.rossiresidencial.com.br/empreendimentos/sp/osasco 2009

  • 2 - Sala de Consulta:

    No ponto mais central da mesa de trabalho do Cirurgio-Dentista, onde o mesmo prescreve suas receitas, de acordo com a figura baixo:

    Figura 6 Local de medio da iluminao da sala de consulta. Fonte: www.rossiresidencial.com.br/empreendimentos/sp/osasco 2009

    3 - Sala de Tratamento

    Na sala de tratamento foram utilizados trs pontos de avaliao, de acordo com as reas de trabalho e demonstradas na figura 7 abaixo: 1) No encosto da cabea do paciente na cadeira odontolgica correspondente a rea de operao (Crculo A); 2) No armrio onde so guardados os equipamentos e materiais odontolgicos que corresponde rea de transferncia (Crculo B) e, 3) No ponto mais central da pia para a lavagem das mos que corresponde rea de circulao (Crculo C). Essa diviso da sala de tratamento em trs reas necessria, visto que cada crculo correspondente s reas de operao (A), de transferncia (B) e de circulao (C) possuem nveis de iluminao distintas para o bom desempenho da tarefa visual, conforme foi relatado no captulo de Reviso Bibliogrfica.

    Figura 7 Locais de medio da temperatura na sala de tratamento. Fonte: www.rossiresidencial.com.br/empreendimentos/sp/osasco 2009

  • Agente Fsico Temperatura Para a verificao do nvel de temperatura foi utilizado um termmetro de globo, marca INSTRUTHERM, mod: TGD 200, com faixa de medio (-10 a 150) C, resoluo de 0,1 C, com certificado de calibragem n 4767-2008, conforme anexo 02 (p. 84) e rastreado pelo INMETRO e pela RBC. Os pontos de checagem foram os mesmos relacionados na medio da iluminao. No entanto, na sala de tratamento a temperatura foi medida apenas na rea de operao (Crculo A), conforme figura 7.

    Agente Fsico Rudo O nvel de presso sonora mdio foi obtido atravs de utilizao de medidor de leitura instantnea, audiodosmetro digital Instrutherm, modelo DOS-500, previamente calibrado, operando em circuito de compensao A e C, e circuito de resposta lenta SLOW, que avaliou a exposio ao rudo contnuo ou intermitente, com certificado de calibragem n KL-41227/2009, conforme anexo 03 (p. 85) e rastreado pelo INMETRO e pela RBC. O rudo foi avaliado apenas na sala de tratamento, com o dentista atendendo um paciente e o medidor foi posicionado tocando levemente o pavilho auricular direito do profissional quando da utilizao da caneta de alta rotao.

  • 4 RESULTADOS E DISCUSSO

    Importante ressaltar que este trabalho um Estudo de Caso, portanto, as consideraes sero pertinentes a esta determinada situao dos consultrios odontolgicos da rede pblica e privada na cidade do Recife, selecionados para a pesquisa. Assim, no devem ser feitas generalizaes a partir dos resultados encontrados.

    De acordo com Iida (1998) no somente o ambiente fsico, mas tambm o ambiente organizacional, onde o trabalho organizado para produzir os resultados desejados devem ser estudados. A Ergonomia procura inverter o processo predominante de adaptar o homem ao trabalho, pois ao contrrio, ela procura adaptar o trabalho ao homem da melhor forma possvel. Para tanto, o estudo da Ergonomia deve abranger diversos aspectos do comportamento humano no trabalho, ou seja, o homem - caractersticas fsicas, fisiolgicas, psicolgicas e sociais, influncia do sexo, idade, treinamento e motivao; a mquina - equipamentos, ferramentas, mobilirio e instalaes; o ambiente - temperatura, rudos, vibraes, luz, cores, gases e outros; as informaes - referentes s comunicaes existentes entre os elementos de um sistema, a transmisso de informaes, o processamento de tomadas de decises; a organizao - horrios, turnos de trabalho e formao de equipes; as conseqncias do trabalho - questes de controle, estudo de erros e acidentes, estudos sobre gasto energtico, fadiga e estresse.

    Nos locais de trabalho pesquisados, foram encontrados na rede pblica: sala de espera e recepcionista, atendimento por ordem de chegada, assentos desconfortveis, ventiladores; j na rede privada foram encontrados: sala de espera com recepcionistas, atendimento com hora marcada, cadeiras com assentos confortveis, gua, banheiros, televiso e revistas visando distrair o cliente e evitar a impacincia at o momento do atendimento; ar condicionado, fcil localizao e estacionamento prprio. Nota-se, portanto, que todos os elementos ofertados so os tradicionalmente aceitos e esperados em qualquer clnica da rede privada.

    A pesquisa de campo, alm da avaliao da infra-estrutura (fsica, materiais e equipamentos) e da rotina de trabalho das CDs e ACDs, tambm contemplou, na coleta de dados, a aplicao de questionrios, tendo seus resultados apresentados abaixo.

  • Tabela 1 - Perfil dos dados pessoais, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008

    VARIVEL n % DADOS PESSOAIS Idade

    20 30 1 12 31 40 3 38 41 50 3 38 Acima de 51 1 12 8 100

    Na Tabela 1 considerando os dados pessoais, verifica-se que 38% das profissionais entrevistadas esto na faixa etria entre 31 e 50 anos de idade, enquanto 12% dos informantes esto entre 20 e 30 anos, e a partir dos 51 anos; e 100% dos entrevistados so do sexo feminino; na pesquisa de Passos; Rezende (2006) realizada com um grupo de Cirurgies-Dentistas residentes no municpio de Catalo/GO, o resultado diferiu dos da Tabela 1 j que na amostra selecionada 70% dos profissionais so jovens, possuam idade entre 20 a 40 anos; contudo permanece a predominncia do sexo feminino. Outra pesquisa realizada no Distrito Federal por Gomes; Braga (2003) acusou a concentrao na faixa etria de 21 a 30 anos (47,17%), e de 31 a 40 anos (41,51%) somando (88,68%), caracterizando uma populao profissional jovem, e que concordam com os nossos achados sobre faixa etria. A predominncia feminina de ACDs e CDs, tambm enfocado pelo editorial do Jornal do Conselho Federal de Odontologia (2006), em sua edio online quando afirma que a cada ano que passa, mais e mais mulheres ganham o espao dos consultrios odontolgicos, seja no papel de Cirurgies-Dentistas, Tcnicas em Higiene Dental, Auxiliares de Consultrio Dentrio ou Tcnicas em Prtese Dentria. Segundo as estatsticas do CFO, dos atuais 205.712 CDs (dados de 2006), 54,5% so mulheres; e nos cursos de Odontologia, vale lembrar, elas representam mais de 60% dos estudantes. Entre os THDs e ACDs, a situao no diferente: na comparao com os homens elas esto frente, representando respectivamente 93% e 94% do total de tcnicos e auxiliares, afirma o editorial.

  • Tabela 2 - Perfil das condies organizacionais de trabalho, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008.

    VARIVEL n % CONDIES DE TRABALHO Condies Organizacionais (ACD)

    Tempo de servio no emprego menos de 01 ano 1 a 2 anos acima de 2 anos

    1 2 1

    25 50 25

    4 100 Condies Organizacionais (CD)

    Grau de Escolaridade (CD)

    Graduao Especializao

    2 2

    50 50

    4 100 Nmero de horas trabalhadas (CD)

    3 4 5 6

    3 1

    75 25

    4 100 Ausncia no trabalho nos ltimos 6 meses

    Sim No

    2 2

    50 50

    4 100

    Na Tabela 2 as auxiliares declararam que todas tm o segundo grau perfazendo um total de 100%; quanto ao nmero de dias trabalhados, todas trabalham 5 (cinco) dias por semana, num total de 100%; o mesmo resultado foi declarado com relao a funo, assim, 100% so Auxiliares de Consultrio Dentrio. Em relao ao tempo que trabalham no emprego atual, 25% informaram que esto a menos de 1 (um) ano, tendo o mesmo resultado para quem trabalha acima de 2 anos, 50% declararam que esto entre 1 a 2 anos no atual consultrio. Em relao as Cirurgies-Dentistas, 50% tm o curso de Graduao e 50% tm o curso de Especializao em Sade Pblica e Endodontia; considerando os resultados encontrados na pesquisa de Passos; Rezende (2006) com Cirurgies-Dentistas do Distrito Federal, em relao especializao possuda, segundo os autores, foi observado que apenas 10% dos dentistas da

  • amostra tm especialidade em ortodontia, outros 10% em endodontia; vale dizer que esta especialidade tambm foi encontrada em nossa pesquisa; e 10% em cirurgia, totalizando estes 30%. Tambm na pesquisa de Gomes; Braga (2003) no tocante busca pelo aperfeioamento profissional, a pesquisa apresentou 55% das profissionais possuindo especializao nas disciplinas de Dentstica, Endodontia; mais uma vez sendo uma das especializaes que encontramos na nossa pesquisa; e Odontopediatria. As informaes declaradas na Tabela 2 quanto ao nmero de horas trabalhado, 75% declararam que trabalham 4 horas por dia e 25% trabalha 5 horas por dia; 100% informaram que fazem uma pausa de 15 minutos para descanso; a questo da jornada de trabalho tambm foi pesquisa de Passos; Rezende (2006), que declaram que no geral, a maioria das Cirurgies-Dentistas no Distrito Federal, que atuam em dupla jornada de trabalho possuem intervalos entre um perodo de trabalho e outro, sendo que cerca de 64,44% CDs possuem duas horas de intervalo e 28,88% CDs possuem uma hora de intervalo, restando 6,66% CDs que no possuem intervalos, pois trabalham somente um turno, ao contrrio do que obtivemos, pois as CDs declararam realizar intervalos. Na Tabela 2 foram ainda respondidas as seguintes questes: 100% trabalha 5 dias por semana; ao serem indagadas sobre ausncia do trabalho nos ltimos 6 meses, 50% afirmou que sim e 50% declarou que no; do total afirmativo quanto aos motivos, 50% informou que por falecimento de parente em 1 grau e 50% por licena maternidade; 100% das entrevistadas negaram ter outra atividade profissional. Na anlise da freqncia, da pesquisa de Gomes; Braga (2003) 58% no faltaram ao trabalho no ltimo ms (setembro/2002), e as demais 42% faltaram de 1 a 2 dias por motivos diversos: sade da profissional, doenas familiares e cursos, representando respectivamente 44%, 23% e 18%. Interessante notar que no foi identificada nenhuma ausncia em decorrncia de problemas ergonmicos. O que corrobora com a pesquisa deste estudo que apresenta apenas ausncia por licena-maternidade e por bito na famlia.

  • Tabela 3 - Perfil das condies tcnicas de trabalho, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008.

    VARIVEL n % CONDIES DE TRABALHO Condies Tcnicas (ACD)

    Realizao de esforo excessivo no trabalho

    Sim No

    1 3

    25 75

    4 100 Apresenta cansao durante o trabalho

    Sim No

    3 1

    75 25

    4 100 Apresenta cansao ao final do trabalho

    Sim No

    3 1

    75 25

    4 100 Condies Tcnicas (CD)

    Realiza esforo excessivo durante as atividades

    Sim No

    2 2

    50 50

    4 100 Apresenta cansao durante o trabalho

    Sim No

    2 2

    50 50

    4 100 Apresenta cansao ao final do trabalho

    Sim No

    2 2

    50 50

    4 100

    Na Tabela 3 foram respondidas as indagaes sobre as condies tcnicas, 100% das ACDs e CDs informaram que no tinham dificuldades no manuseio dos aparelhos de estufa ou autoclave; esse mesmo percentual de ACDs respondeu que no precisam consultar manuais

  • dos equipamentos para manuse-los; tambm 100% de ACDs declarou no conhecer os equipamentos antes de iniciar nesse emprego; outro dado respondido por 100% de ACDs que para a realizao das atividades no precisavam memorizar a seqncia das etapas; ao serem perguntadas sobre a autonomia que tinham para hierarquizar as atividades, de acordo com o entendimento que tinham das atividades, 100% respondeu no ter essa autonomia, significa dizer que realizam as atividades a medida que vo sendo solicitadas. O quesito seguinte volta a tratar conjuntamente com as ACDs e CDs, sendo indagadas se esto realizando esforo excessivo durante as atividades, 75% das ACD declararam que no e 25% declararam que sim, 50% das CD informaram que no e 50% informaram que sim; quando perguntadas se sentiam cansao durante o trabalho, 75% das ACD responderam que sim e 25% disseram que no; o mesmo percentual vale para a pergunta sobre cansao no final do trabalho, nas respostas das CD sobre o mesmo quesito 50% declararam sentir cansao durante e ao final do trabalho e 50% negaram sentir cansao durante e ao trmino do trabalho. Percebe-se que as profissionais no esto atentas a sintomatologia dos agentes ergonmicos de acordo com o explicitado por Santos; Fialho (1997) de que os riscos ergonmicos podem gerar distrbios psicolgicos e fisiolgicos e provocar srios danos sade do trabalhador porque produzem alteraes no organismo e estado emocional, comprometendo sua produtividade, sade e segurana, tais como: LER/DORT, cansao fsico, dores musculares, hipertenso arterial, alterao do sono, diabetes, doenas nervosas, taquicardia, doenas do aparelho digestivo (gastrite e lcera), tenso, ansiedade, problemas de coluna, etc. Portanto, pode-se considerar que as entrevistadas esto sob riscos ergonmicos, assim deve-se avaliar em que atividades os agentes ambientais esto produzindo este efeito.

  • Tabela 4 - Perfil das condies fsicas do local de trabalho, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008.

    VARIVEL n % CONDIES DE TRABALHO Condies Fsicas (ACD e CD)

    A disposio do mobilirio est de acordo com as atividades desenvolvidas

    Sim No

    7 1

    87 13

    8 100

    Na Tabela 4 apresentam-se as declaraes das ACDs e CDs quanto s questes fsicas dos consultrios pesquisados, assim, 100% dos sujeitos consideram suficiente o espao de trabalho; quanto a rea destinada ao armazenamento de materiais e equipamentos foi considerada adequada por 100% das entrevistadas; no quesito disposio do mobilirio, 87% concordam que est de acordo com as atividades desenvolvidas e 13% considera que est em desacordo; quanto a rea de circulao para utilizar os equipamentos de esterilizao 100% respondeu que suficiente. Deve-se levar em considerao Lopes (2000) quanto ao local de trabalho que deve ser planejado de forma a assegurar ao cirurgio-dentista e ao paciente condies adequadas de conforto e segurana. Aspectos relacionados umidade, calor, ventilao, rudo e iluminao devem obedecer aos padres legais. O mobilirio e os equipamentos devem proporcionar condies de boa postura, visualizao e operao, alm de conforto para o paciente. Esta preocupao tambm faz parte das diretrizes da ANVISA (BRASIL, 2006), a simplificao obtida com a racionalizao do espao fsico constitui um elemento importante na produtividade, medida que, bem planejada, permite a reduo de tempo e movimentos na execuo das atividades. No entendimento de Barriviera; Martins (2005) para uma correta ergonomia nos consultrios, os equipamentos e a distribuio dos componentes individuais devem ser feitos de forma a: prevenir a tenso e a fadiga; simplificar o trabalho; simplificar a manuteno; ser psicologicamente favorvel; proporcionar conforto e segurana ao paciente.

  • Tabela 5 - Perfil das condies ambientais de trabalho, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008.

    VARIVEL n % CONDIES DE TRABALHO Condies Ambientais (ACD e CD)

    Temperatura da sala de recepo agradvel

    Sim No

    6 2

    75 25

    8 100 Existncia de rudo que atrapalhe as atividades

    Sim No

    3 5

    38 62

    8 100 A iluminao adequada

    Sim No

    4 4

    50 50

    8 100

    Na Tabela 5, foram abordados os agentes temperatura, rudo e iluminao; em relao a temperatura da sala de recepo, 75% das ACDs e CDs informaram que agradvel e 25% consideraram que no agradvel; entende-se que as respostas negativas so dos ambientes em que so utilizados ventiladores (consultrios pblicos); 100% das ACDs e CDs declararam que a temperatura da sala de tratamento agradvel; assim pode-se dizer da importncia da climatizao dos ambientes mesmo porque, segundo Ferreira (1998 apud BARBOSA, 2003) o equilbrio trmico indispensvel para a sade e o bom funcionamento do corpo humano, tratando-se do calor verifica-se que o organismo pode ser afetado por vrios efeitos fisiolgicos: acelerao da circulao, o aumento dos batimentos cardacos e da presso sistlica, diminuio da atividade renal e alterao na atividade pulmonar, a temperatura alta aumenta a fadiga dos trabalhadores, induz a posturas depressivas e leva a prostraes, conquanto ao frio, este tambm pode afetar todo o corpo, uma vez que os tremores podem prejudicar o desempenho das atividades. Ferreira (1998 apud BARBOSA, 2003) ainda alerta que temperaturas abaixo de 15C provocam uma diminuio na concentrao e uma reduo na capacidade de pensar e julgar do ser humano. Estas situaes tambm alteram o controle muscular, reduzindo habilidades motoras, como a destreza e a fora. Conclui-se que a presena de aparelhos de ar condicionado relevante no conforto

  • trmico e na filtrao do ar saturado, bem como no tempo de vida til dos materiais utilizados na prtica diria e rendimento da equipe profissional. Quanto a questo de existncia de rudo que atrapalhe, 62% informaram que no existem rudos que as perturbe e 38% disseram que sim; de acordo com os estudos de Oliveira et al. (2007) os rudos ambientais provenientes de equipamentos usados durante o tratamento odontolgico so extremamente prejudiciais sade do Cirurgio-Dentista e, alm de promoverem a diminuio da capacidade auditiva, levam os profissionais ao estresse, estafa, irritabilidade, nervosismo, queda na produtividade e alteraes na presso arterial. Devido ao fato de tais rudos no poderem ser eliminados, torna-se importante a conscientizao precoce dos dentistas quanto aos riscos a que esto expostos para que possam control-los. Na pesquisa realizada por Oliveira et al. (2007) vale salientar nos resultados encontrados que a principal fonte de rudos durante as atividades clnicas/laboratoriais relatada pelos sujeitos foi o alta rotao (26,3%) e, para a bomba a vcuo (25,7%). Com relao reao ao rudo, 36,4% informaram que no incomodam, 67,7% que incomodam um pouco e 52,9% mencionaram que ele incomoda. Aps anlise dos resultados obtidos mediante a metodologia aplicada, pde-se concluir que a percepo quanto exposio ao rudo ambiental aumenta no decorrer dos anos. O que corroborado por Paraguay (1999) que alerta com base em sua pesquisa prtica que de acordo com o tempo de exposio ao rudo, Cirurgio-Dentista com aproximadamente, 5 (cinco) anos de vida profissional no referiram queixas audiolgicas e aps este perodo, as queixas comeam a surgir: cefalia, zumbidos, diminuio auditiva, irritabilidade. As audiometrias tonais e vocais confirmam que a perda auditiva induzida por rudo acomete esses profissionais e que eles nada fazem para minimizar o barulho no ambiente. Por fim foi tratada a questo da iluminao, deste modo a iluminao foi considerada como adequada por 50% e inadequada por 50% das entrevistadas. Deve-se levar em considerao as anlises da Secretaria de Sade (PERNAMBUCO, 2001) quando trata da iluminao referindo que a acuidade visual (capacidade de perceber os detalhes) extremamente importante, pois permite uma ao rpida, precisa e eficiente, uma vez que o Cirurgio-Dentista trabalha dentro de uma cavidade repleta de estruturas anatmicas que fazem sombras umas sobre as outras dificultando, muitas vezes, a exata avaliao de cor, forma e profundidade. Para uma mesma eficcia de viso, o nvel de iluminao teria de ser duplicado a cada 13 anos. Assim, uma pessoa de 60 anos necessita 3 a 4 vezes mais de luz que outra de 20 anos. A iluminao no consultrio odontolgico deve permitir que o profissional execute, de maneira eficaz, a sua tarefa visual; melhorar a capacidade e o rendimento do trabalho; transmitir sensao de bem-estar ao paciente.

  • Tabela 6 - Perfil das condies de sade, segundo os profissionais das redes pblica e privada da cidade do Recife, 2008.

    VARIVEL n % CONDIES DE TRABALHO Condies de Sade (CD)

    Existncia de algum problema de sade

    Sim No

    2 2

    50 50

    4 100 Existncia de dores durante as atividades

    Sim No

    2 2

    50 50

    4 100 Localizao das dores

    Membros Inferiores

    2

    50 Regio da Coluna 2 50 4 100

    Na Tabela 6, as entrevistadas quando consultadas sobre a existncia de problemas de sade, 50% responderam que sim, declarando problema de coluna com relao ao excesso de peso e diabetes; 50% responderam no ter problemas de sade. Quanto a sentir dores durante as atividades, e a localizao dessas dores 50% declararam que sente dores nas pernas e 50% que sentem dores na rea da coluna. Esta sintomatologia tambm est presente nas pesquisas de Koltiarenko (2005) que informa que do total de Cirurgies-Dentistas pesquisados 93% relataram dor msculo-esqueltico em pelo menos uma parte do corpo no ltimo ano em decorrncia da atividade profissional, com predominncia para os indivduos do gnero feminino. A regio mais prevalente foi a coluna cervical (69,93%); o risco de dor para os indivduos que apresentam a probabilidade positiva para transtornos psiquitricos menores (TPM) foi cerca de quatro vezes maior. Quanto a sofrer algum tipo de acidente, 100% respondeu que no, e quanto a relatar outro problema de sade, tambm 100% nada declararam. s ACDs foram feitas perguntas sobre se sentiam dificuldades em realizar as atividades, 100% respondeu que no; se tinham recebido orientaes sobre a realizao das tarefas, 100% respondeu que no; se estavam satisfeitas em trabalhar no Consultrio Dentrio, a que todas responderam que sim, perguntado o motivo, 100% respondeu que

  • gostam do que fazem; e por fim, solicitadas para apresentar uma opinio sobre a melhoria das condies de trabalho; 100% nada informou.

    4.1 Sistema de Segurana e Sade no Trabalho

    A pesquisa de campo apresentou algumas discrepncias sob a tica do conceito preconizado pela Norma Regulamentadora 32 (BRASIL, 2005) quanto ao gerenciamento de riscos de Segurana e Sade do Trabalho, ao se analisar a rotina dos consultrios odontolgicos, pode-se verificar nos consultrios da rede Pblica que o sistema adotado estratificado, com uma rotina cansativa, com procedimentos e prticas que chegam a ser quase automatizados, podendo provocar induo a erros, atos falhos, comportamentos e atitudes relapsos, entre outros riscos, devido a estresse e fadiga. Diante desta vivncia entende-se assim a importncia da Anlise Ergonmica do Trabalho citada por Reis (2000), pois somente a partir do conhecimento obtido atravs de anlises concretas do comportamento real dos trabalhadores em situaes reais de trabalho, que se extraem orientaes de concepes de novas situaes de trabalho, mais ergonmicas.

    Vale lembrar Iida (1998) quando enfatiza que projetos inadequados do posto de trabalho tem merecido destaque quando o enfoque a sade do trabalhador. Apesar de limitada, essa viso no incorreta, uma vez que as condies materiais que facilitam ou dificultam a realizao do trabalho desempenham um papel importante dentro de um determinado contexto de organizao do trabalho, contribuindo para torn-lo mais ou menos desgastante. importante lembrar, que realizar as tarefas em situaes no previstas, sem condies adequadas e sob presso temporal, acarreta problemas ao trabalhador. O projeto fsico das instalaes depende, na verdade, do modo como se concebe o trabalho e a sua realizao.

    4.2 Avaliao de Riscos em Consultrios Odontolgicos

    Nos consultrios odontolgicos das redes Pblica e Privada localizados nos bairros de Boa Viagem e do Derby, respectivamente, foram identificadas algumas diferenas que demonstram a viso dos gestores dessas unidades de sade, enquanto na rede Pblica o foco a questo social, na rede Privada busca-se a fidelizao do cliente. Em sntese pode-se dizer que em ambos os casos os locais de trabalho so organizados visando seu pblico-alvo.

  • Vale ressaltar que as reas fsicas dos consultrios pesquisados, conforme os resultados j mostrados anteriormente na coleta de dados, apresentam dimenses que atendem s normas regulamentadoras, como tambm, ANVISA.

    4.2.1 Consultrios Odontolgicos da Rede Pblica

    Os consultrios pesquisados apresentaram uma estrutura padro, o que permite dizer que os demais consultrios da rede pblica seguem a mesma organizao.

    a - Recepo: Consultrios da rede Pblica 1 e 2: uma sala com uma escrivaninha e cadeira onde fica uma recepcionista, que utiliza um livro para registro dos clientes novos e para acompanhamento dos clientes em tratamento; todos so atendidos por ordem de chegada. Ficam ainda dispostas vrias cadeiras de madeira para esses clientes, quando excede o nmero de cadeiras, os clientes ficam em p aguardando serem chamados para o seu atendimento. Existe um ventilador. Caso o cliente queira gua dever solicitar a recepcionista. O tempo de espera em mdia 30 minutos.

    b - Equipamentos Odontolgicos: Os consultrios da rede Pblica so equipados com um equipo odontolgico, cadeira odontolgica, estufa, um mocho, dois cestos de lixo, uma pia com bancada e um armrio de apoio para guardar o instrumental/material esterilizado. Na rede pblica no realizado tratamento de endodontia, cries interproximais, cirurgias de dentes inclusos, pois para esses tipos de tratamento se faz necessrio a instalao de um aparelho de Raio X. Supe-se que o motivo seja em razo de que este tipo de equipamento apresenta custo inicial de instalao alto, rotina de trabalho relativamente especializada e alto custo de manuteno.

    Outro equipamento que mereceu ateno foi a utilizao de estufa; considerando-se que na dcada passada o uso da estufa era o equipamento de esterilizao mais difundido no meio odontolgico, em razo de gerar calor seco na esterilizao dos instrumentais e proporcionar baixo custo de manuteno, mas requer um longo tempo de esterilizao. Atualmente difundido o uso da autoclave que gera calor mido sob presso. O vapor saturado muito mais eficiente na destruio de microrganismos do que a gua fervente. De acordo com

  • Gonalves (1997 apud BARBOSA, 2003), a autoclavagem permite a esterilizao mais eficiente, confivel e em curto perodo de tempo.

    4.2.2 Consultrios Odontolgicos da Rede Privada

    Os consultrios 1 e 2 analisados apresentaram uma estrutura similar.

    a - Recepo: Uma sala com um balco para 02 (duas) recepcionistas, o sistema de marcao de consulta informatizado, assim como o sistema de acompanhamento de tratamento do cliente, todos so agendados com hora marcada. Existem vrias cadeiras confortveis para os clientes em espera; durante a pesquisa o nmero de cadeiras/clientes no foi excedido; o ambiente climatizado; existe um aparelho gelgua no canto da sala com copos descartveis ao lado, e ainda uma mesinha com uma garrafa trmica e copos para cafezinho. A mdia de tempo de espera entre 20 a 30 minutos. Existe uma televiso com transmisso cabo e revistas de variedades atualizadas disposio, para leitura dos clientes, enquanto aguardam serem atendidos.

    b - Equipamentos Odontolgicos: So equipados com um equipo odontolgico, cadeira odontolgica, refletor, um mocho, dois cestos de lixo, uma pia com bancada e um armrio de apoio, possui um outro ambiente como ponto de apoio radiogrfico, com cadeira odontolgica e o aparelho para radiografias periapicais, bem como um armrio mvel equipado para emergncias e outro com material de consumo utilizado no atendimento clnico. As autoclaves e os aparelhos de raio X tem suas salas apropriadas.

    Com relao aos equipamentos encontrados, tem-se a destacar a utilizao de apenas um mocho quando o correto o uso de dois mochos, mas por motivo de economia, espao da sala e questo cultural, o mocho apenas para a CD. Segundo Barros (1999, apud BARRIVIERA, MARTINS, 2005), quando o auxiliar trabalhar sentado, dever seguir critrios ergonmicos de postura devendo ocupar uma posio de 1 a 3 horas, dependendo da regio em que est sendo feita a interveno. (ver Figura 1, p. 24). O auxiliar deve estar 5 a 10cm mais elevado que o operador, com o corpo e a viso voltados tanto para o campo operatrio, quanto para a

  • bandeja ou mesa clnica onde se encontram os comandos e as pontas operatrias do equipo (LOPES, 2000).

    4.2.3 Riscos Ergonmicos

    Segundo Zenkner (2006) a avaliao de risco a base para uma gesto ativa da segurana e sade do trabalhador. Portanto todo dirigente deve ter a obrigao de: Planificar uma ao preventiva a partir de uma avaliao inicial de riscos Avaliar os riscos na hora de escolher os equipamentos de trabalho, substncias ou

    preparados qumicos e do condicionamento nos lugares de trabalho.

    importante a avaliao dos riscos laborais estimando a magnitude dos riscos que no podem ser impedidos, assim o processo de avaliao de riscos compe-se das seguintes etapas: - Anlise de risco, atravs da qual:

    Identifica-se o perigo; Estima-se o risco, valorando junto a possibilidade e as conseqncias de que se materialize o perigo;

    - Valorizao do risco, com o valor do risco obtido, comparando-o com o valor do risco tolervel, emite-se um juzo sobre a possibilidade de tolerar o risco.

    Quando da anlise dos consultrios odontolgicos pesquisados sobre a existncia dos riscos ergonmicos, levou-se em ateno o estudo de Reis (2000) de que a Ergonomia considera o local de trabalho por inteiro, mas h que se questionar as particularidades de cada funo. Diz ainda o autor que o universo das preocupaes ergonmicas em um Consultrio Odontolgico invariavelmente levanta questes de postura do usurio, altura e disposio dos equipamentos e mobilirios, temperatura, rudo e iluminao do ambiente, entre outros.

    Com base nas normas e diretrizes em vigor, pode-se dizer ento, quanto distribuio dos equipamentos, mveis e utenslios na rea de tratamento dos consultrios pesquisados apresenta-se em desacordo com os padres definidos. As cadeiras odontolgicas esto dispostas de forma aleatria e no seguem a orientao da FDI (relgio) apresentada na Figura 1 (p. 24) e no esto orientadas para as janelas, conforme Figura 3 (p. 26), os

  • restantes dos mveis esto colocados a uma distncia que exige do profissional realizar movimentos de sentar e levantar desnecessrios causando desgaste fsico.

    Para Dul; Weedmeester (1993) postura e movimento tm uma grande importncia na Ergonomia, pois so determinadas pela tarefa e pelo posto de trabalho; para a realizao de