ESTUDO DOS IMPACTOS EM EDIFICAÇÕES GERADOS POR...

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ESTUDO DOS IMPACTOS EM EDIFICAÇÕES GERADOS POR AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE IMPLANTADAS POR OCASIÃO DA CONSTRUÇÃO Daniel Arruda Chueke Orientador: Jorge dos Santos Rio de Janeiro Setembro de 2016

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ESTUDO DOS IMPACTOS EM EDIFICAÇÕES GERADOS POR

AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE IMPLANTADAS POR OCASIÃO

DA CONSTRUÇÃO

Daniel Arruda Chueke

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Setembro de 2016

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ESTUDO DOS IMPACTOS EM EDIFICAÇÕES GERADOS POR

AÇÕES DE SUSTENTABILIDADE IMPLANTADAS POR OCASIÃO

DA CONSTRUÇÃO

Daniel Arruda Chueke

Projeto de Graduação apresentado ao

Curso de Engenharia Civil da Escola

Politécnica, Universidade Federal do Rio

de Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro Civil.

Orientador: Jorge dos Santos

Rio de Janeiro

Setembro de 2016

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ESTUDO DOS IMPACTOS EM EDIFICAÇÕES GERADOS POR AÇÕES DE

SUSTENTABILIDADE IMPLANTADAS POR OCASIÃO DA CONSTRUÇÃO

Daniel Arruda Chueke

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO

DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO

GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

_________________________________________________________________

Prof. Jorge dos Santos, D. Sc., Orientador

_________________________________________________________________

Prof. Ana Catarina Evangelista, D. Sc.

_________________________________________________________________

Prof. Willy Weisshum, M.Sc.

_________________________________________________________________

Prof. Isabeth da Silva Mello, M. Sc.

_________________________________________________________________

Prof. Wilson Wanderley da Silva, Arq.

RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL

SETEMBRO DE 2016

iii

Chueke, Daniel Arruda

Estudo dos impactos em edificações gerados por ações de

sustentabilidade implantadas por ocasião da construção /

Daniel Arruda Chueke – Rio de Janeiro: UFRJ / Escola

Politécnica, 2016.

XI, 67 p. : il. ; 29,7 cm.

Orientador: Jorge dos Santos

Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Curso

de Engenharia Civil, 2016.

Referências Bibliográficas: p. 61-67.

1. Introdução. 2. Contextualização: sustentabilidade em

edificações. 3. Legislação e normalização técnica. 4.

Certificação ambiental. 5. Ações de sustentabilidade

implantadas por ocasião da construção. 6. Estudo de caso.

7. Conclusões.

I. Santos, Jorge. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro,

Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Estudo

dos impactos em edificações gerados por ações de

sustentabilidade implantadas por ocasião da construção.

iv

Agradecimentos

Aos meus pais, Renata e Osvaldo, e ao meu irmão Gabriel, que sempre me

apoiaram e me educaram para mirar alto e sempre continuar me aperfeiçoando. Obrigado

pelo carinho e por todas as lições.

Aos meus avós, Rubem e Aparecida, Kalife e Emília. Sempre estiveram lá para o

que eu precisasse.

À minha tia Ricarda que foi uma segunda mãe para mim.

Aos meus amigos do Santo Agostinho que continuam sempre presentes mesmo

após tantos anos e cada um seguindo seu próprio caminho.

Aos meus amigos de faculdade que sabem as dificuldades do dia a dia da

engenharia, em especial a Stela, a Ana e Andressa, com quem convivi intensamente no

final do curso e estão que nem eu, na busca de oportunidades melhores. Obrigado também

aos meus amigos que se formaram antes de mim, mas que sempre estavam disponíveis

para tirar minhas dúvidas: Érica, Jessyca, Talita, Davidson, Gabriel, Luiza, Lídia, Eduardo

Vidal e Eduardo Moura Lima.

Ao professor Jorge dos Santos que, mesmo com sua lotada agenda, sempre estava

disponível tanto para tirar dúvidas sobre esta monografia quanto para dar uma luz sobre

minhas dúvidas de carreira.

À professora Gabriella Rossi, que foi meu primeiro contato com pesquisas científicas

e me mostrou que engenharia pode ser algo bem mais amplo do que eu pensava.

v

Resumo do Projeto de Graduação apresentado a Escola Politécnica/UFRJ como parte dos

requisitos necessários para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Estudo dos impactos em edificações gerados por ações de sustentabilidade

implantadas por ocasião da construção

Daniel Arruda Chueke

Setembro / 2016

Orientador: Jorge dos Santos

Curso: Engenharia Civil

O crescimento das cidades, seja pelo aumento da sua população urbana ou pelo fluxo migratório de pessoas das áreas rurais vem de forma geral, promovendo a ocupação desordenada das áreas urbanas sem que seja realizado um planejamento urbano e implementada a infraestrutura necessária para suportar o aumento da demanda dessa população. A construção civil surge como a indústria de suporte a esse crescimento, desenvolvendo obras em geral de infraestrutura, de urbanização e de edificações. Neste mercado, os clientes e demais partes interessadas passam a considerar como fatores indispensáveis a qualidade, o menor preço e ações ambientalmente sustentáveis que produzam o menor impacto ambiental possível. Do ponto de vista das obras de edificações objeto deste trabalho, a construção civil no que diz respeito às técnicas construtivas utilizadas, apresenta-se como uma indústria muito convencional, pouco atenta às novas tendências e necessidades do mercado.

Este trabalho objetiva identificar e avaliar quais são e os resultados obtidos quando ações de sustentabilidade são introduzidas em um empreendimento de edificações durante a sua construção. Para tanto, é desenvolvida uma revisão bibliográfica abordando a legislação e normalização técnica aplicada a obras de edificações; o progresso da introdução de ações de sustentabilidade na construção; os modelos de conformidade disponíveis no mercado e utilizados para as certificações ambientais.

O trabalho contempla ainda estudo de caso desenvolvido em um empreendimento de edificações no qual foram implantadas medidas sustentáveis na fase de construção. Apresenta como são planejadas as ações de sustentabilidade e os resultados esperados.

Palavras Chave: Sustentabilidade - edificações – certificados ambientais

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer

Study of the impacts on buildings generated by sustainability initiatives implemented

during the construction

Daniel Arruda Chueke

September / 2016

Advisor: Jorge dos Santos

Course: Civil Engineering

The cities growth, either by the increase of its urban population or the migration of people from rural areas, is generally promoting the disorderly occupation of urban areas without the necessary urban planning and implementing an infrastructure to support the increased demand of this population. The civil construction sector comes as the industry support this growth, developing works in general infrastructure, urbanization and buildings. In this market, customers and other interested parties now consider as indispensable factors to quality, lowest price and environmentally sustainable actions that produce the least possible environmental impact. From the point of view from the works of buildings, object of this work, the construction sector with regard to the construction techniques utilized, presents itself as a very conventional industry, little attentive to new trends and market needs.

This study aims to identify and evaluate what the results are obtained when sustainability initiatives are introduced in a project of a building during its construction. Therefore, it is developed a literature review addressing the legislation and technical standards applied to the works of a building; the progress from the introduction of sustainability actions in construction; compliance models available on the market and used for environmental certifications.

The work also includes a case study developed in a building undertaking which were implemented sustainable measures in the construction phase. It shows how the sustainability actions are planned and the expected results.

Keywords: Sustainability - buildings - environmental certificates

vii

Sumário

1. Introdução ......................................................................................................................................... 1

1.1. Importância do tema ................................................................................................................ 1

1.2. Objetivos .................................................................................................................................... 2

1.3. Justificativa ................................................................................................................................ 2

1.4. Metodologia ............................................................................................................................... 3

1.5. Estrutura da monografia .......................................................................................................... 3

2. CONTEXTUALIZAÇÃO: SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL.......................... 5

2.1. Conceituação ............................................................................................................................ 5

2.2. Aspectos e Impactos Ambientais, Econômicos e Sociais .................................................. 8

2.3. Aspectos Históricos ................................................................................................................ 10

2.4. Impactos da Construção Civil no Brasil .............................................................................. 12

2.5. Ciclo de Vida de Edificações ................................................................................................ 14

2.6. Importância do Projeto na Questão da Sustentabilidade ................................................. 16

2.7. Exemplos de Edificações Sustentáveis .............................................................................. 20

2.7.1. JK 1455 ............................................................................................................................. 21

2.7.2. Porto Brasilis .................................................................................................................... 21

2.7.3. Energisa ............................................................................................................................ 21

2.7.4. Ilha Pura ........................................................................................................................... 22

3. Legislação e Normalização Técnica ........................................................................................... 23

3.1. Constituição Federal .............................................................................................................. 23

3.2. Lei Número 6.938 - Lei da Política Nacional do Meio Ambiente..................................... 24

3.3. Resolução CONAMA 237 ..................................................................................................... 28

3.4. Resolução CONAMA 306 ..................................................................................................... 30

3.5. Lei Número 9.605 - Lei dos Crimes Ambientais ................................................................ 31

3.6. Lei Número 4.191 - Lei Estadual do Rio de Janeiro ......................................................... 31

3.7. Decreto 27.078 - Decreto Municipal do Rio de Janeiro .................................................... 32

4. Certificação ambiental ................................................................................................................... 33

4.1. Certificação AQUA-HQE ....................................................................................................... 33

4.2. Certificação LEED .................................................................................................................. 35

4.3. Selo Casa Azul Caixa ............................................................................................................ 37

4.4. Selo Qualiverde ...................................................................................................................... 38

4.4. ISO 14.001............................................................................................................................... 39

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5. Ações de sustentabilidade implantadas por ocasião da construção ..................................... 41

5.1. Gestão de materiais e resíduos ........................................................................................... 41

5.2. Gestão de águas e efluentes ................................................................................................ 43

5.3. Gestão de energia e emissões ............................................................................................. 44

5.3.1. Variáveis Climáticas........................................................................................................ 45

5.3.2. Variáveis Humanas ......................................................................................................... 45

5.3.3. Variáveis Arquitetônicas ................................................................................................. 45

5.4. Gestão do impacto na área de influência da obra............................................................. 46

6. Estudo de caso............................................................................................................................... 47

6.1. Apresentação do empreendimento...................................................................................... 47

6.2. Análise do entorno ................................................................................................................. 48

6.3. O processo AQUA aplicado ao empreendimento ............................................................. 49

6.3.1. Categoria 1 – Relação do edifício com seu entorno .................................................. 50

6.3.2. Categoria 2 – Escolha Integrada de Produtos, Sistemas e Processos .................. 51

6.3.3. Categoria 3 – Canteiro de Obras com Baixo Impacto Ambiental ............................ 52

6.3.4. Categoria 4 – Gestão de Energia ................................................................................. 53

6.3.5. Categoria 5 – Gestão de Água ...................................................................................... 54

6.3.6. Categoria 6 – Gestão dos Resíduos de Uso e Operação do Edifício ..................... 54

6.3.7. Categoria 7 – Manutenção e Permanência do Desempenho Ambiental ............... 55

6.3.8. Categoria 8 – Conforto Higrotérmico ........................................................................... 55

6.3.9. Categoria 9 – Conforto Acústico ................................................................................... 56

6.3.10. Categoria 10 – Conforto Visual ................................................................................... 56

6.3.11. Categoria 11 – Conforto Olfativo ................................................................................ 57

6.3.12. Categoria 12 – Qualidade Sanitária dos Ambientes ............................................... 57

6.3.13. Categoria 13 – Qualidade Sanitária do Ar ................................................................ 57

6.3.14. Categoria 14 – Qualidade Sanitária da Água ........................................................... 58

6.4. Conclusões sobre o estudo de caso ................................................................................... 58

7. Conclusões ..................................................................................................................................... 60

Referências bibliográficas ................................................................................................................. 62

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Índice de Tabelas

Tabela 1: Blocos da Agenda 21 para a construção civil brasileira. Fonte: Condeixa, 2013. 10

Tabela 2: Impactos da construção civil. Fonte: Beltrame, 2013 ........................................... 12

Tabela 3: Triple Bottom Line aplicado à edificações. Fonte: Método Engenharia, s.d.,

adaptação própria. .............................................................................................................. 16

Tabela 4: Níveis de certificação LEED NC. Fonte: Martins, 2010. ....................................... 35

Tabela 5: Níveis de gradação do Selo Caixa Azul. Fonte: Caixa, 2016 ............................... 38

x

Índice de Figuras

Figura 1: Demonstração do Triple Bottom Line. Fonte: MOTTA e AGUILAR, 2009. .............. 6

Figura 2: Novos aspectos competitivos da construção. Fonte: Diego Macêdo, 2014. ........... 7

Figura 3: Participação da Construção Civil no PIB ao longo dos anos. Fonte: Fiesp, 2015. .. 9

Figura 4: Processos de construção civil e seus tempos de vida útil. Fonte: European

Commission (1997) ............................................................................................................. 15

Figura 5: Pontos avaliados durante o Processo AQUA-HQE Fonte: Portal da Fundação

Vanzolini ............................................................................................................................. 34

Figura 6: Requisitos mínimos para receber a certificação AQUA-HQE Fonte: Portal da

Fundação ............................................................................................................................ 34

Figura 7: Ciclo PDCA, aplicado à ISO 14.001. Fonte: ABNT, 2015 ..................................... 40

Figura 8: Masterplan do empreendimento. Fonte: Dominus (2016) ..................................... 48

Figura 9: Projeção de como será o empreendimento após conclusão. Fonte: Dominus

(2016) ................................................................................................................................. 48

Figura 10: O Neolink e o seu entorno. Fonte: Google Maps (2016) ..................................... 49

Figura 11: Projeção dos resultados das categorias do AQUA. Fonte: Própria autoria. ........ 50

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Lista de siglas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ADEME Agence de l'Environnement et de la Maîtrisse de l'Energie

AQUA Alta Qualidade Ambiental

CIC Câmara da Indústria da Construção

CNMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

DECONCIC Departamento da Indústria da Construção

EIA Estudo de Impactos Ambientais

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

GBC Green Building Council

GBCI Green Business Certification Inc.

GEE Gases de Efeito Estufa

HQE Haute Qualité Environnementale

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente

LEED Leadership in Energy and Environmental Design

LI Licença de Instalação

LP Licença Prévia

LO Licença de Operação

PBQP-H Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat

PIB Produto Interno Bruto

PMBoK Project Management Body of Knowledge

PNMA Plano Nacional de Meio Ambiente

RCC Resíduos de Construção Civil

RIMA Relatório de Impactos Ambientais

SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

TBL Triple Bottom Line

USGB U.S. Green Building Council

1

1. Introdução

1.1. Importância do tema

A indústria da construção civil é apontada pelo Conselho Internacional da

Construção (CIB) como o setor de atividades humanas que mais consome recursos naturais

e utiliza energia de forma intensiva, gerando consideráveis impactos ambientais. Também,

afeta todas as cadeias conexas desde o setor primário até o terciário. Além disso, há

inúmeros impactos além dos relacionados ao consumo de matéria e energia, como os

associados à geração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. Tais aspectos ambientais,

somados à qualidade de vida que o ambiente construído proporciona, sintetizam as

relações entre construção, meio ambiente, meio econômico e meio social.

Beltrame (2013) afirma que as edificações consomem 34% do fornecimento mundial

de água, 66% de toda a madeira extraída, e sua operação consome mais de 40% de toda a

energia produzida no mundo. Na Europa aproximadamente 50% da energia consumida é

usada para a construção e manutenção de edifícios e outros 25% são gastos em transporte.

Esta energia é gerada na sua grande maioria por fontes de combustíveis fósseis não

renováveis, gerando resíduos da conversão destes recursos em energia, que por sua vez

acarretam em impactos ambientais como o efeito estufa e, por consequência, o

aquecimento global (Wines, 2000).

A tendência atual é a busca pela redução deste grande consumo dos recursos

naturais e melhoras nas esferas social, econômica e ambiental, através de construções

sustentáveis, que utilizam técnicas de trabalho multidisciplinares envolvendo especialistas

em diversas áreas. Isto torna o processo mais complexo, porém com soluções mais

eficazes e com benefícios não só no momento da construção, mas também após a sua

conclusão, na etapa de utilização e operação da construção.

2

1.2. Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo estudar as possíveis medidas que a

construção de uma edificação pode utilizar para ser considerada sustentável, como aquelas

apresentadas por selos de qualidade ambiental, e os seus impactos não só por ocasião da

construção, mas também para os seus futuros usuários.

Além disso, também estuda a legislação vigente que trata sobre sustentabilidade no

Brasil e os modelos de conformidade estabelecidos para a obtenção de diferentes

certificações ambientais.

1.3. Justificativa

Mesmo que a construção civil seja uma das atividades que tenha maior impacto

negativo no meio ambiente, o setor está em constante expansão e é de grande importância

para o desenvolvimento do país. Déficit habitacional, ampliações e reformas de escolas e

hospitais, novas construções para atender o crescimento urbano, desenvolvimento

econômico e aumento dos edifícios corporativos, entre outros, ilustram algumas demandas

da atividade.

Portanto, é de fundamental importância analisar as medidas sustentáveis existentes

para não só mitigar os efeitos negativos da construção civil, mas também para obter

impactos positivos, benefícios que não existiriam em construções convencionais. Estas

técnicas diferenciadas podem por vezes ser mais caras do que técnicas mais

convencionais, mas elas também podem oferecer mais vantagens, no longo prazo.

3

1.4. Metodologia

A metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho é uma pesquisa ampla pela

bibliografia disponível ao público, consultando autores em produções científicas, como em

livros, revistas especializadas, artigos publicados, monografias e sites de internet.

Após a revisão bibliográfica, foi realizado um estudo de caso em uma obra que

buscava a obtenção do selo de qualidade ambiental, onde o autor desta monografia atuou

por um ano e meio, objetivando identificar os resultados obtidos quando ações de

sustentabilidade são introduzidas durante a construção da obra.

1.5. Estrutura da monografia

Esta monografia está dividida em sete capítulos distintos, organizados da seguinte

forma:

O capítulo 1 é dedicado à introdução do tema e sua contextualização, ressaltando

sua importância, objetivo, justificativo e a metodologia empregada.

O capítulo 2 é destinado à apresentação do conceito de sustentabilidade, um breve

histórico do tema, um levantamento dos aspectos econômicos, sociais e ambientais da

sustentabilidade e alguns exemplos de construções consideradas sustentáveis.

O capítulo 3 é uma pesquisa sobre a legislação e a normalização técnica existente

sobre sustentabilidade, principalmente o seu aspecto ambiental.

O capítulo 4 levanta alguns dos certificados de qualidade ambiental existentes e que

estão disponíveis para qualquer construção e empresa, além dos requisitos mínimos de

cada um deles.

O capítulo 5 apresenta medidas e ações sustentáveis que podem ser aplicadas por

ocasião da etapa de construção de um empreendimento.

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O capítulo 6 é dedicado ao estudo de caso da construção de um empreendimento

misto de grande porte que está empregando práticas sustentáveis a fim de obter um selo de

qualidade ambiental.

E o capítulo 7 é destinado às conclusões finais sobre o tema e o que foi

desenvolvido ao longo do trabalho, além de sugestões para trabalhos futuros.

5

2. CONTEXTUALIZAÇÃO: SUSTENTABILIDADE NA

CONSTRUÇÃO CIVIL

2.1. Conceituação

Sustentabilidade é um conceito amplamente difundido atualmente, entendido como a

capacidade do ser humano prosperar com os recursos naturais disponíveis sem impedir que

as gerações futuras também o façam. O termo foi criado pela Comissão Mundial sobre o

Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD, 1988), que define “desenvolvimento

sustentável é aquele que satisfaz as necessidades da geração presente sem comprometer

a possibilidade das gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”.

A partir desta definição inicial de 1988 outras definições de sustentabilidade se

originaram ou foram melhoradas. Para Godoy (2009), o conceito de desenvolvimento

sustentável não é único. Enfatizou que o desenvolvimento sustentável é mais que um

crescimento propriamente dito, pois exige uma mudança no teor desse crescimento, a fim

de torná-lo menos intensivo em matérias primas e energia e mais equitativo em seu

impacto.

Segundo Elkington (2012), as estratégias de busca do desenvolvimento sustentável

devem atuar em três dimensões da sustentabilidade: ambiental, sociocultural e econômica.

O autor denominou este tripé de Triple Bottom Line (ou TBL) e o seu objetivo deve ser o

equilíbrio entre as três dimensões, sendo definidas como metas as ações “ambientalmente

responsáveis, socialmente justas, economicamente viáveis”. A Figura 1 representa

graficamente o Triple Bottom Line. Observa-se que se apenas dois dos pilares do TBL

forem atendidos os resultados obtidos serão positivos (Ecoeficiência, Inserção Social e

Justiça Socioambiental), mas a verdade sustentabilidade só é obtida se todos os três pilares

existirem.

6

Figura 1: Demonstração do Triple Bottom Line. Fonte: MOTTA e AGUILAR, 2009.

Entretanto manter o equilíbrio entre as três dimensões é o verdadeiro desafio, pois

não há um indicador concreto para medir e comparar o desempenho das dimensões

ambiental e social. Apenas a dimensão econômica pode ser medida corretamente (THE

ECONOMIST, 2009).

A exploração e a extração de recursos naturais com mais eficiência e com a garantia

da possibilidade de recuperação das áreas degradadas é a chave para que a

sustentabilidade seja uma prática com muito êxito e aplicada com muito mais frequência

nas construções de grandes empreendimentos. Na construção, o conceito de

sustentabilidade aparece com diversos nomes como edifícios verdes (green building),

construção sustentável e construção de baixo impacto ambiental, mas todos seguem a

mesma motivação: buscar o bem estar com o equilíbrio sociocultural, econômico e

ambiental.

O termo “construção sustentável” foi proposto pela primeira vez pelo professor

KIBERT (1994 apud MATEUS, 2004) para descrever as responsabilidades da indústria da

construção no que se refere ao conceito e aos objetivos da sustentabilidade. De acordo com

o professor, o conhecimento existente e o diagnóstico à indústria da construção em termos

7

de impactos ambientais revelam que existe a necessidade de uma mudança para se

atingirem os objetivos de sustentabilidade. Inicialmente deve-se observar a necessidade de

analisar as características da construção tradicional e compará-la com o novo critério

sustentável para a construção (Figura 2), os produtos e os processos de construção,

alterando assim os fatores tradicionalmente considerados competitivos na indústria da

construção: a qualidade, o tempo e o custo.

Figura 2: Novos aspectos competitivos da construção. Fonte: Diego Macêdo, 2014.

DAFT (1999, p. 88 apud CÔRTES et al., 2011) conceitua Responsabilidade Social

como “a obrigação da administração de tomar decisões e ações que contribuirão para o

bem-estar e os interesses da organização e da sociedade”. Esta acontece dentro das

organizações, quando gestores e funcionários acreditam que o sucesso na condução dos

negócios e das relações de trabalho depende principalmente de uma conduta ética e do

atendimento às leis. Os códigos de conduta das empresas são instrumentos de gestão

importantes, pois são promessas onde às empresas assumem a responsabilidade pelas

consequências sociais de suas atividades.

Portanto, a sustentabilidade deve estar relacionada a aspectos de estratégia de um

empreendimento, o planejamento e gestão deste devem estar coerentes com esta

8

estratégia pela sustentabilidade, podendo incluir, mas indo além de cumprimento de

requisitos impostos e evitando metas delimitadas por aspectos de planejamento. As

atividades da empresa devem contribuir para a construção de uma sociedade melhor.

2.2. Aspectos e Impactos Ambientais, Econômicos e Sociais

O setor da construção civil é tradicionalmente competitivo, e as empresas que atuam

no ramo precisam se atualizar e desenvolver novas características que atraiam mais

clientes para aumentar o seu mercado. Atualmente, um diferencial cada vez mais

empregado é a utilização de medidas sustentáveis nos canteiros de obra, e a

sustentabilidade passa a fazer parte dos planos estratégicos das empresas (Yemal et al,

2011).

Uma edificação, para ser sustentável, deve ter soluções que priorizem o baixo

impacto ambiental, desde a concepção do projeto até a especificação dos materiais,

construção e operação.

Como desafio, pode-se afirmar que o setor da construção civil em todo o mundo é

responsável pelo consumo de 50% dos recursos naturais e 40% dos insumos energéticos

de todas as fontes, considerando o ciclo de vida das edificações, o que inclui além do

consumo de energia na vida útil das edificações, também a energia gasta na fabricação dos

materiais de construção, na obra propriamente dita e na sua eventual desconstrução,

segundo Tavares (2006).

Os materiais necessários ao desenvolvimento, e, por conseguinte às construções,

possuem quantidade finita e conhecida (Nóbile, 2003). Também, quanto à capacidade de

absorver e reciclar matéria ou resíduos, a humanidade tem observado a existência de

limites no meio ambiente, e tem de conviver com níveis indesejáveis e preocupantes de

poluição do ar, da água e do solo e com a consequente deterioração da qualidade de vida.

9

Braga et al (2005) recomendam que um modelo sustentável deve funcionar como

um sistema fechado, que tem como premissas: A dependência do suprimento externo

contínuo de energia, como a solar; o uso racional da energia e da matéria com ênfase à

conservação, em contraposição ao desperdício; a promoção da reciclagem e do reuso dos

materiais; e o controle da poluição, gerando menos resíduos para serem absorvidos pelo

ambiente.

A interligação da indústria da construção com as três dimensões da sustentabilidade

é particularmente importante, pois além desta indústria apresentar uma considerável

participação no PIB, como pode ser conferido no levantamento feito pelo Deconcic em 2015

(Figura 3) – dimensão econômica – e de ser responsável por uma expressiva parcela na

geração de postos de trabalho – dimensão social –, utiliza recursos naturais e a sua

atividade está intimamente relacionada com o meio ambiente – dimensão ambiental –, na

medida em que modifica o ambiente natural através das suas intervenções – redes viárias,

barragens, edifícios, etc. (MATEUS, 2004).

Figura 3: Participação da Construção Civil no PIB ao longo dos anos. Fonte: Fiesp, 2015.

10

2.3. Aspectos Históricos

Os anos de 1990 representaram um marco quanto à inclusão dos impactos da

construção civil no meio ambiente nas discussões ao redor do mundo, traduzidas pela Rio-

92. Desenvolvida durante a conferência, a Agenda 21 consolida a ideia de que o

desenvolvimento e a conservação do meio ambiente devem constituir um binômio

indissolúvel, que promova a ruptura do padrão tradicional de crescimento econômico,

tornando compatíveis duas grandes aspirações do final do século XX: o direito ao

desenvolvimento, sobretudo para os países que permanecem em patamares insatisfatórios

de renda e de riqueza, e o direito ao usufruto da vida em ambiente saudável pelas futuras

gerações, de acordo com Valente (2009).

Os pontos mais significativos da Agenda 21 no contexto da construção no Brasil são

apresentados na Tabela 1:

Tabela 1: Blocos da Agenda 21 para a construção civil brasileira. Fonte: Condeixa, 2013.

11

Outro ponto balizador da Rio-92 ao setor foi o incentivo ao desenvolvimento de

primeiras metodologias de avaliação ambiental de edifícios, de modo que auxiliassem ao

cumprimento das metas ambientais locais estabelecidas pela conferência. Para Arantes

(2008), com a difusão dos conceitos de projeto ecológico e construções verdes, as

avaliações ambientais se tornaram necessárias para quantificar e qualificar os

investimentos e benefícios da construção sustentável.

No entanto, de acordo com Martins et al. (2014), pesquisas foram realizadas entre

2009 e 2012 demonstram que apesar da Agenda 21 ter sido concluída e institucionalizada

enquanto política pública, os resultados de 2012 demonstram uma redução de 38,9% nos

números das Agendas 21 locais, em relação aos dados obtidos em 2002. Estes dados

mostram que o determinado nas Agendas dependia fortemente de apoio público e não eram

sustentáveis.

Em 2012, o Rio de Janeiro sediou a Rio + 20, que ficou assim conhecida porque

marcou os vinte anos de realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento (Rio - 92) e contribuiu para definir a agenda do

desenvolvimento sustentável para as próximas décadas. O objetivo da Conferência foi a

renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da

avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas

principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes (PORTAL

RIO+20, 2016).

O evento foi marcado pela participação expressiva da construção civil e um fórum

próprio para a discussão de construções sustáveis. E mais ainda, em virtude de grandes

eventos esportivos que foram sediados no Brasil (Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de

2016), o GBC (Green Building Council) do Brasil firmou um protocolo com o Comitê

Olímpico Brasileiro para que as obras que serviram aos jogos sejam todas certificadas.

(Senac RJ, 2014).

12

Porém, apesar ser evidente o crescimento de práticas sustentáveis na construção

civil do Brasil e do mundo, ainda há muito que ser percorrido. Hoje, a sua representatividade

na economia pode ser notada pelo dado de cerca de 40% da economia mundial provêm da

participação da indústria da construção civil (BELTRAME, 2013). Isso se explica

principalmente pelos países que ainda não alcançaram seu desenvolvimento pleno, como é

caso do Brasil, cujas demandas por infraestrutura e habitação são muito elevadas.

2.4. Impactos da Construção Civil no Brasil

No Brasil, a cadeia produtiva da construção civil é um dos setores econômicos mais

importantes e também um dos que possui maior efeito sobre o meio ambiente, pois além de

utilizar mão de obra não qualificada, continua a se basear nos sistemas construtivos

convencionais, utilizando excessivamente recursos naturais, consumindo recursos

energéticos e produzindo muitos resíduos.

No Brasil, aproximadamente 40% da extração de recursos naturais têm como

destino a indústria da construção. Fora isso, 50% da energia gerada é para abastecer o

funcionamento das edificações e 50% dos resíduos sólidos urbanos vem das construções e

de demolições (BUSSOLOTI, 2007 apud VALOTO et al., 2011). Estes dados aumentam a

discussão dos problemas ambientais causados pela construção civil, o uso excessivo de

recursos naturais e de energia também são levados em pauta.

Dos impactos das atividades relativas à construção, Beltrame (2013) lista alguns

deles, mostrados na Tabela 2.

Tabela 2: Impactos da construção civil. Fonte: Beltrame, 2013

Alguns impactos da construção civil

A operação dos edifícios consome mais de 40% de toda energia

produzida no mundo;

13

Consome 50% da energia elétrica e 20% do total de energia

produzida no Brasil;

A construção civil gera de 35% a 40% de todo resíduo produzido

na atividade humana;

Na construção e reforma dos edifícios se produzem anualmente

perto de 400 kg de entulho por habitante;

A produção de cimento gera 8% a 9% de todo o CO2 emitido no

Brasil, sendo 6% somente na descarbonatação do calcário;

Assim como o cimento, a maioria dos insumos usados pela

construção civil é produzida com alto consumo de energia e

grande liberação de CO2;

Consumo de 66% de toda a madeira extraída;

34% do consumo mundial de água.

O uso de energias menos poluentes ou produtos menos agressivos ao meio

ambiente são algumas das alternativas que podem ser adotadas na indústria da construção

civil. Uma construção mais sustentável pode trazer uma maior economia e um bom

aumento de publicidade, sendo favorável não só ao meio ambiente como também aos

aspectos sociais e econômicos.

A incorporação dessas práticas de sustentabilidade na construção é uma tendência

crescente no mercado, pois diferentes agentes – tais como governos, consumidores e

investidores – alertam, estimulam e pressionam o setor da construção a incorporar essas

práticas em suas atividades. As empresas devem mudar sua forma de produzir e gerir suas

obras, introduzindo a sustentabilidade e buscando soluções que sejam economicamente

relevantes e viáveis para o empreendimento.

14

Pensar em um edifício isolado não faz sentido quando se trata as questões ambientais como

a sustentabilidade dos espaços construídos pelo homem. Por ser sistêmica, a construção,

para ser sustentável, deve ser elaborada integrada ao seu contexto. O ambiente externo é

tão importante quanto o que ocorre nas dependências internas. Por isso, a comparação é a

melhor forma de avaliar uma construção sustentável, a obra nunca está sozinha. Quando um

edifício cumpre todos os pré-requisitos técnicos, respeita todas as normas éticas ambientais,

apenas usa materiais adequados e mesmo assim se fecha para dentro, não condizendo com

as necessidades do entorno, não se relacionando com o lugar na qual está inserido,

abstraindo as outras construções e pessoas que convivem próximo, não será plenamente

sustentável (MOTTA; AGUILAR, 2009).

2.5. Ciclo de Vida de Edificações

Para que seja possível avaliar efetivamente o desempenho de uma edificação, é

necessário entender o ciclo de vida de uma edificação. Segundo Carlos Borges, vice-

presidente de Tecnologia e Qualidade do Secovi-SP (2012), o desempenho de uma

edificação traduz as necessidades humanas e leva em conta diversos requisitos como, por

exemplo, estabilidade da estrutura, segurança, estanqueidade, dentre outros. Ainda, do

ponto de vista da sustentabilidade, quanto maior for o ciclo de vida de uma edificação,

melhor será o seu benefício para o meio ambiente, pois mais tempo será necessário para a

extração de matéria-prima para manutenção ou construção de novas edificações.

Segundo a ABNT NBR ISO 14.044, o ciclo de vida são os estágios consecutivos e

encadeados de um sistema de produto, desde a aquisição da matéria prima até a

disposição final.

Segundo Degani (2002), a avaliação do ciclo de vida de um edifício pode ser feito de

forma local, avaliando cada um dos componentes do edifício, ou de forma global, onde são

analisadas as interfaces da construção como um todo com o meio ambiente das atividades

pertencentes a cada uma das etapas do ciclo de vida.

15

Também segundo a ABNT NBR ISO 14.044, a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) é a

compilação e avaliação das entradas, saídas e dos impactos ambientais potenciais de um

sistema de produto ao longo do seu ciclo de vida. A ACV é uma dentre várias técnicas de

gestão ambiental que, tipicamente, não enfoca nos aspectos econômicos ou sociais, mas

que se encaixa perfeitamente numa avaliação do desempenho dos aspectos ambientais.

Em 2001, a associação francesa ADEME (Agence de l'Environnement et de la

Maîtrisse de l'Energie), responsável por acompanhar as transições ecológicas e energéticas

e pelo certificado ambiental HQE (Haute Qualité Environnementale), as etapas de uma

edificação são, em linhas gerais:

1) Planejamento;

2) Implantação;

3) Uso;

4) Manutenção;

5) Demolição;

Em 1997, a European Comission elaborou uma tabela com a vida útil média de cada

tipo de construção. Como é possível notar na Figura 4, a vida útil está diretamente ligada a

quantidade de renovações feitas na construção.

Figura 4: Processos de construção civil e seus tempos de vida útil. Fonte: European Commission (1997)

16

2.6. Importância do Projeto na Questão da Sustentabilidade

Uma edificação vista em todo o seu ciclo de vida gera resíduos, consome energia,

materiais e produtos, emite gás carbônico na atmosfera, emprega, gera renda e impostos,

entre outros inúmeros impactos em diferentes esferas. Ao mesmo tempo, tem um grande

potencial no que diz respeito a implementação efetiva do desenvolvimento sustentável.

Construir sustentavelmente significa reduzir o impacto ambiental, diminuir o retrabalho e

desperdício, garantir a qualidade do produto com conforto para o usuário final, favorecer a

redução do consumo de energia e água, contratação de mão de obra e uso de materiais

produzidos formalmente, reduzir, reciclar e reutilizar os materiais (LOTTI, 2015).

Aplicando o conceito do Triple Bottom Line para edifícios, seus principais conceitos

são apresentados na Tabela 3.

Tabela 3: Triple Bottom Line aplicado à edificações. Fonte: Método Engenharia, s.d., adaptação própria.

Lucro

Reduzir custos de operação;

Elevar o valor do ativo imobiliário e os lucros;

Aumentar a produtividade e a satisfação dos empregados;

Otimizar o desempenho econômico no ciclo de vida.

Pessoas

Melhorar as condições do ar, térmicas e acústicas dos ambientes;

Elevar os níveis de salubridade e de conforto para os ocupantes;

Contribuir com a saúde, vitalidade e estética para a comunidade local.

Planeta

Desenvolver e proteger habitat naturais;

Melhorar a qualidade do ar e água

Reduzir a produção de resíduos sólidos;

Preservar recursos naturais;

17

Diminuir a emissão de gases poluentes.

Desta forma, percebe-se que o alcance do conceito de Edificação Sustentável exige

que uma vasta gama de práticas e técnicas sejam utilizadas. De medidas destinadas à

redução até a eliminação dos impactos das construções sobre o ambiente e a saúde

humana.

De acordo com a MOTTA e AGUILAR (2009) o Conselho Brasileiro de Construção

Sustentável – CBCS e outras instituições apresentam diversos princípios básicos da

construção sustentável, dentre os quais:

a) Aproveitamento de condições naturais locais;

b) Utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;

c) Implantação e análise do entorno;

d) Não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e

concentração de calor, sensação de bem-estar;

e) Qualidade ambiental interna e externa;

f) Gestão sustentável da implantação da obra;

g) Adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;

h) Uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo;

i) Redução do consumo energético;

j) Redução do consumo de água;

k) Reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;

l) Introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;

m) Educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.

Também, segundo Araújo (2016), consultor do Instituto para o Desenvolvimento da

Habitação Ecológica, uma obra sustentável deve seguir nove passos:

a) Planejamento Sustentável da obra

18

b) Aproveitamento passivo dos recursos naturais

c) Eficiência energética

d) Gestão e economia da água

e) Gestão dos resíduos na edificação

f) Qualidade do ar e do ambiente interior

g) Conforto termo-acústico

h) Uso racional de materiais

i) Uso de produtos e tecnologias ambientalmente amigáveis

Hoje há diferentes opções de materiais sustentáveis para obras em edifícios. Eles

estão disponíveis para as paredes, pisos, telhados e até para o acabamento e decoração

dos imóveis. A cada dia a indústria vem desenvolvendo mais esses tipos de materiais,

principalmente devido à época atual de incentivo ao desenvolvimento sustentável.

Como a escolha dos materiais de construção afeta o impacto ambiental de uma

edificação, deve-se buscar a seleção de materiais e componentes que estejam o mais perto

possível de seus estados naturais, ou seja, aqueles que necessitam de menor número de

acabamentos ou beneficiamentos. Outro fator a ser considerado é a energia incorporada a

cada material, onde o transporte e a vida útil do produto influem. Quanto mais locais e

menos processados forem os materiais, menor será o transporte, a energia de fabricação e

a poluição, menor será o impacto negativo e melhor será para o mercado de trabalho local

(ROAF, 2006).

Uma construção que utiliza materiais e métodos ditos sustentáveis chega a ter um

aumento de custo de aproximadamente 10,7% do valor total da edificação. É estimado que

este valor extra a ser pago é quitado em 13 anos, uma vez que haverá redução de gastos

em energia e água (Calaza, 2011).

Segundo Rangel (2014), no portal SustentArqui, 10 caracteríticas devem ser

observadas para que um material possa ser considerado sustentável:

19

1) Origem da matéria-prima;

2) O processo produtivo;

3) Legalidade e Responsabilidade Ambiental e Social da empresa fornecedora;

4) Qualidade e durabilidade;

5) Certificação e selos;

6) Transporte;

7) Toxidade;

8) Utilização, manutenção e limpeza;

9) Embalagem;

10) Descarte final.

Ainda que o fenômeno da sustentabilidade seja muito recente no Brasil é

incontestável a expansão da introdução de modelos de gestão ambiental e de

responsabilidade social nas empresas brasileiras como forma de consolidação de suas

políticas de desenvolvimento sustentável. Hoje, cada vez mais, o desempenho das

organizações tem sido medido a partir da perspectiva de sua relação com a sociedade, dos

seus impactos no meio ambiente e da sua capacidade de continuar operando eficazmente

no longo prazo (ARRUDA et al., 2012).

No Guia de Sustentabilidade da Construção, organizado pela Câmara da Indústria

da Construção – CIC/FIEMG encontra-se três pré-condições fundamentais para a

construção de bases para o desenvolvimento de projetos efetivamente sustentáveis:

- Pré-condição 1 – Um projeto de sustentabilidade tem que ter qualidade

A qualidade garante que níveis de excelência sejam atingidos, mantidos e

disseminados nos processos das empresas. A gestão da qualidade, especialmente a busca

por melhoria contínua, é um pré-requisito para a sustentabilidade porque estimula a

melhoria constante dos processos empresariais, que estão ligados ao consumo de recursos

naturais, produtividade, desperdício, durabilidade, entre outros.

20

- Pré-condição 2 – Sustentabilidade não combina com informalidade

É fundamental selecionar fornecedores, tanto de materiais e serviços, assim como a

equipe da mão de obra. As empresas que trabalham com fornecedores informais também

se tornam informais, alimentando este ciclo nocivo. É preciso garantir a legalidade de toda a

empresa e de todos os seus processos. Além de garantir a legitimidade da empresa, a

seleção de fornecedores formais estimula o aumento da profissionalização na cadeia

produtiva e consequente eliminação de empresas com baixa produtividade que só se

mantêm no mercado por economias advindas de atividades ilícitas.

- Pré-condição 3 – Busca constante pela inovação

Utilizar novas tecnologias, quando possível e adequado. Casos inviáveis, buscar

soluções criativas respeitando o contexto. É importante que as empresas tenham relações

estreitas com agentes promotores de inovação na cadeia produtiva, tanto na oferta de

novos materiais e equipamentos, quanto na capacitação da mão de obra. A base para a

sustentabilidade na construção é alinhar ganhos ambientais e sociais com os econômicos,

daí a necessidade e importância de inovações.

A análise da questão ambiental exigiu, deste modo, uma visão sistêmica e um

pensamento holístico para a reconstituição da realidade e iniciou-se, a partir deste

momento, a busca por um método capaz de reintegrar esses conhecimentos dispersos em

um campo unificado do saber (LEFF, 2001, p.58 apud ISOLDI, 2007).

2.7. Exemplos de Edificações Sustentáveis

No Brasil, a preocupação com a sustentabilidade em construções começou após a

Rio-92, mas sem muita força. Agora, percebe-se que esta preocupação ganha força,

evidenciado pelo fato que a procura pelo certificado ambiental LEED aumentou em 30% só

no último ano. Isso em parte pode ser explicado pelas exigências do comitê olímpico

internacional que determina que nas obras executadas objetivando a preparação para

21

olimpíada sejam considerados aspectos relacionados à sustentabilidade. Atualmente, são

1.114 projetos participando do LEED no Brasil e neste item, alguns dos projetos certificados

pelo LEED são brevemente analisados (Cortés, 2016).

2.7.1. JK 1455

O edifício comercial JK 1455, de 13 pavimentos de escritórios, localizado em São

Paulo, na Avenida Juscelino Kubitschek, passou por uma adequação para que pudesse ser

considerado sustentável e, assim, recebeu o selo de qualidade LEED Ouro de Operação e

Manutenção. Dentre as soluções sustentáveis empregadas, há estratégias para a redução

do consumo de energia elétrica, melhor uso da água – já que não tem produtos químicos

nas fontes do prédio, reaproveitando o líquido para as torres de resfriamento – e maior

eficácia na limpeza, pois implementa políticas visando eficiência com mínimo uso de

produtos químicos (Jazra, 2012).

2.7.2. Porto Brasilis

Localizado no centro do Rio de Janeiro, o Porto Brasilis é um edifício comercial de

alto padrão de 21 pavimentos e com uma área de 18.600 m². Assim como o JK 1455, o

Porto Brasilis também foi certificado com o selo LEED Ouro. Ele conta com um sistema de

tratamento e reaproveitamento de águas pluviais, uso de materiais de construção com

baixos compostos orgânicos voláteis, reatores e lâmpadas de alta eficiência, dentre

algumas das medidas sustentáveis empregadas no empreendimento (Haydée, 2013).

2.7.3. Energisa

O conjunto de prédios com 1.902 m² de área construída fica no sertão da Paraíba e

foi projetado para ser sustentável principalmente devido à escassez de recursos na região

22

(devido ao clima semiárido). Assim, utilizaram materiais renováveis, reutilizáveis e

recicláveis, como madeira com certificação de reflorestamento, vidros laminados com baixo

fator solar, tijolos cerâmico-prensados maciços e cercas de divisas com metal reciclado

para a construção dos prédios. As medidas sustentáveis adotadas renderam o selo LEED à

Energisa (Haydée, 2013).

2.7.4. Ilha Pura

Construído para receber os atletas da Olimpíada do Rio em 2016 e localizado na

zona oeste do Rio de Janeiro, o empreendimento Ilha Pura, também conhecido como Vila

dos Atletas, foi certificado por dois dos principais selos de sustentabilidade no mundo, o

AQUA-HQE Bairros e loteamentos e o AQUA-HQE edifícios habitacionais. Entre as

soluções ambientais adotas no empreendimento, podem ser citados:

a) Redução da emissão de gases de efeito estufa (GEE);

b) Viveiro de Mudas;

c) Uso de Madeira Nativa Certificada;

d) Gestão de água e energia com medição setorizada e online em 15 áreas;

e) Eficiência Energética.

23

3. Legislação e Normalização Técnica

Para que seja possível falar corretamente de sustentabilidade, seus benefícios e os

cuidados que devem ser tomados, é necessário primeiro entender a legislação vigente no

Brasil, no que se trata sobre sustentabilidade e meio-ambiente.

3.1. Constituição Federal

Segundo o artigo 255 da Constituição Federal, todos têm direito ao meio ambiente

ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de

vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo

para as presentes e futuras gerações. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe

ao Poder Público:

A) Preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo

ecológico das espécies e ecossistemas;

B) Preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar

as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;

C) Definir em todas as unidades da federação, espaços territoriais e seus

componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão

permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a

integridade dos atributos que justifiquem a sua proteção;

D) Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente

causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto

ambiental;

E) Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e

substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

24

F) Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a

conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

G) Proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem

em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais

a crueldade.

3.2. Lei Número 6.938 - Lei da Política Nacional do Meio Ambiente

A lei 6.938, de 31/08/1981, instituí a PNMA (Programa Nacional de Meio Ambiente),

que tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental

propícia à vida, visando assegurar no país, condições ao desenvolvimento sócio-

econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida

humana, atendidos os seguintes princípios:

1) Ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio

ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e

protegido, tendo em vista o uso coletivo;

2) Racionalização do uso do solo, do subsolo, da água e do ar;

3) Planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais;

4) Proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas representativas;

5) Controle e zoneamento das atividades potencialmente ou efetivamente poluidoras;

6) Incentivo ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas para o uso racional e a

proteção dos recursos ambientais;

7) Acompanhamento do estado da qualidade ambiental;

8) Recuperação de áreas degradadas;

9) Proteção de áreas ameaçadas de degradação;

25

10) Educação ambiental a todos os níveis do ensino, inclusive a educação da

comunidade, objetivando capacitá-la para participação ativa na defesa do meio

ambiente.

No corpo da lei 6.938, foi estruturado também o SISNAMA (Sistema Nacional do

Meio Ambiente) e quais serão os pontos que o PNMA irá visar:

1) A compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da

qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico;

2) À definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao

equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses dos entes federados;

3) Ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental e de normas

relativas ao uso e manejo de recursos ambientais;

4) À difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e

informações ambientais e a formação de uma consciência pública sobre a

necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico;

5) À preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização

racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio

ecológico propício à vida;

6) À imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os

danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos

ambientais com fins econômicos.

O SISNAMA é constituído pelos órgãos e entidades dos entes políticos, bem como

as fundações instituídas pelo poder público, responsáveis pela proteção e melhoria da

qualidade ambiental. Ele é composto por um Conselho de Governo e pelo CONAMA

(Conselho Nacional do Meio Ambiente).

O Conselho de Governo tem a função de assessorar o Presidente da República na

formulação da Política Nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os

26

recursos ambientais. Por sua vez, o CONAMA tem a finalidade de assessorar, estudar e

propor ao conselho de Governo diretrizes de políticas governamentais para o meio

ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e

padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia

qualidade de vida. Ao CONAMA, compete:

1) Estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para o licenciamento

de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos estados e

supervisionado pelo IBAMA.

2) Determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das alternativas e das

possíveis consequências ambientais de projetos públicos ou privados, requisitando

aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem assim a entidades privadas, as

informações indispensáveis para apreciação dos estudos de impacto ambiental, e

respectivos relatórios, no caso de obras ou atividades de significativa degradação

ambiental, especialmente nas áreas consideradas patrimônio nacional;

3) Decidir, como última instância administrativa em grau de recurso, mediante depósito

prévio, sobre as multas e outras penalidades impostas pelo IBAMA;

4) Determinar, mediante representação do IBAMA, a perda ou restrição de benefícios

fiscais concedidos pelo Poder Público, em caráter geral ou condicional, e a perda ou

suspensão de participação em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais

de crédito;

5) Estabelecer, privativamente, normas e padrões nacionais de controle da poluição por

veículos automotores, aeronaves e embarcações, mediante audiência dos

ministérios componentes;

6) Estabelecer normas, critérios e padrões relativos ao controle e a manutenção da

qualidade do meio ambiente com vistas ao uso racional dos recursos ambientais,

principalmente os hídricos.

27

Para desempenhar corretamente as suas funções, o PNMA conta com diversos

instrumentos:

1) O estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

2) Zoneamento ambiental;

3) Avaliação de Impacto Ambiental;

4) O licenciamento e a revisão de atividades efetivamente ou potencialmente

poluidoras;

5) Os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de

tecnologia, voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

6) A criação de espaços territoriais especialmente protegidos pelo poder público

federal, estadual ou municipal, tais como áreas de proteção ambiental, de relevante

interesse ecológico e reservas extrativistas;

7) O sistema nacional de informações sobre o meio ambiente;

8) O cadastro técnico federal de atividades e instrumentos de defesa ambiental e o

cadastro técnico federal de atividades potencialmente poluidoras e/ou utilizadoras

dos recursos ambientais;

9) As penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas

necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental;

10) A instituição do Relatório de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgado

anualmente pelo IBAMA.

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimento e

atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente

poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,

dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do

SISNAMA, e do IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis. Os

pedidos de licenciamento, de renovação e concessão serão publicados no diário oficial do

estado, bem como em um periódico regional ou local de grande circulação.

28

O licenciamento de atividades e obras com significativo impacto ambiental, de

âmbito nacional ou regional é de competência do IBAMA. Compete ao IBAMA propor ao

CONAMA normas e padrões para implantação, acompanhamento e fiscalização do

licenciamento previsto no parágrafo anterior, além das que forem oriundas do próprio

CONAMA.

3.3. Resolução CONAMA 237

A resolução 237 do CONAMA, de 19/12/1997 dispõe sobre a revisão de

procedimentos e critérios utilizados pelo Sistema de Licenciamento Ambiental instituído pela

Política Nacional do Meio Ambiente e define:

I. LICENCIAMENTO AMBIENTAL:

Procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a

localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades

utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou

daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as

disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

II. LICENÇA AMBIENTAL:

Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as

condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo

empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar

empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais considerados efetiva

ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar

degradação ambiental.

29

III. ESTUDOS AMBIENTAIS REGIONAIS:

São todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à

localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento,

apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como relatório

ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico

ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar

de risco.

IV. IMPACTO AMBIENTAL REGIONAL:

É todo e qualquer impacto ambiental que afete diretamente (área de influência direta

do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais estados.

A licença ambiental para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou

potencialmente causadoras de significativa degradação do meio dependerá de prévio

estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto sobre o meio ambiente

(EIA/RIMA), ao qual se dará publicidade, garantida a realização de audiências públicas,

quando couber.

Este licenciamento será feito considerando o exame técnico procedido pelos órgãos

ambientais dos estados e municípios em que se localizar a atividade ou empreendimento,

bem como, quando couber, o parecer dos demais órgãos competentes da união, dos

estados, do DF e dos municípios, envolvidos no procedimento de licenciamento. IBAMA,

ressalvada sua competência supletiva, poderá delegar aos estados, o licenciamento de

atividades com significativo impacto ambiental de âmbito regional, uniformizando, quando

possível, as exigências.

O poder público, no exercício de sua competência de controle, expedirá as seguintes

licenças:

30

1) LICENÇA PRÉVIA (LP):

Concedida na fase preliminar do planejamento de empreendimentos ou atividades

aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo

os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua

implementação;

2) LICENÇA DE INSTALAÇÃO (LI):

Autoriza a instalação de empreendimento ou atividade de acordo com as

especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as

medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo

determinante;

3) LICENÇA DE OPERAÇÃO (LO):

Autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo

cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental

e condicionantes determinados para a operação.

3.4. Resolução CONAMA 306

A resolução nº 306 do CONAMA, de 05 de julho de 2002, estabelece os requisitos

mínimos e o termo de referência para a realização das auditorias ambientais obrigatórias. É

estabelecido então que as auditorias ambientais são instrumentos que permitem avaliar o

grau de implementação e a eficiência de soluções que visem a sustentabilidade ambiental,

como por exemplo, àquelas executadas em edifícios por ocasião de sua construção ou

eventual reforma.

31

A auditoria e o seu respectivo relatório são de responsabilidade técnica da equipe de

auditoria, enquanto que o plano de ação, contemplando as medidas que serão tomadas

para a correção de eventuais não conformidades apontadas no relatório, é de

responsabilidade dos empreendedores auditados.

3.5. Lei Número 9.605 - Lei dos Crimes Ambientais

A lei 9.605, aprovada em 12/02/1998, foi responsável pela reordenação da

legislação ambiental brasileira no que se refere às infrações e punições. Dentre várias

inovações e determinações, destaca-se, por exemplo, a possibilidade de penalização das

pessoas jurídicas no caso de ocorrência de crimes ambientais estipulados pela própria lei.

A lei também determina as penalidades previstas nos casos de crimes ambientais,

seja por multa, restrição de direitos ou serviços à comunidade.

3.6. Lei Número 4.191 - Lei Estadual do Rio de Janeiro

No que trata da Política Estadual de Resíduos Sólidos, o estado do Rio de Janeiro

possui a lei nº 4.191 de 30 de setembro de 2003, onde algumas definições, princípios e

objeticos da Resolução nº 307 do CONAMA são reforçados.

O Estado reitera que as atividades, ou agentes, geradoras de resíduos são

responsáveis pelos próprios resíduos e a destinação dos mesmos, assim como pela

recuperação de áreas degradadas. Os agentes também são obrigados a se cadastrarem

junto ao órgão responsável para obter seu licenciamento ambiental.

A Lei nº 4.191 não discrimina especificamente os resíduos da construção civil,

porém, reconhecendo toda obra como "atividade geradora" deve-se obedecer todas as

obrigatoriedades contidas na legislação.

32

3.7. Decreto 27.078 - Decreto Municipal do Rio de Janeiro

Ao tratarmos da esfera municipal, o município do Rio de Janeiro conta com o decreto

decreto n° 27.078 de 27 de setembro de 2006, que institui o Plano Integrado de

Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (RCC), que é dividido em três:

1) O Plano Municipal de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil: Relativo à

implantação e operação de pontos de entrega para pequenos volumes;

2) Os Projetos de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil: Condicionante par

ao licenciamento municipal das obras de grande porte;

3) O uso de agregados reciclados em obras e serviços públicos e privados.

Já no Art. 2° o decreto determina que o RCC deve ser destinado em uma área

regulamentada para tal fim e abre uma exceção para os resíduos classe A, permitindo que

sejam reutilizados em aterros com a função de material interno para uso no terraplenagem.

Os mesmos resíduos são os únicos definidos como agregados reciclados e seu uso não é

obrigatório e sim preferencial em obras de infraestrutura ou edificações sejam elas

realizadas por construtoras contratadas ou executadas pela própria administração pública

direta ou indireta.

33

4. Certificação ambiental

Como visto no capítulo 3, a legislação brasileira apresenta uma preocupação com os

impactos ambientais, mas ainda não cria uma obrigatoriedade para a utilização de materiais

e métodos sustentáveis por ocasião das construções. Para suprir esta deficiência de

obrigatoriedade, alguns certificados ambientais foram criados a fim de definir realmente o

que é sustentável e o que não é. Estes certificados podem trazer uma vantagem competitiva

aos empreendedores, devido ao atual contexto de preocupação ambiental, principalmente

na construção civil.

O interesse do mercado brasileiro da construção civil por certificações ambientais

tem crescido cada vez mais. Tomando a procura pelo selo LEED como exemplo, segundo

uma pesquisa realizada pelo GBCI, em 2014 o Brasil passou a ocupar a terceira posição no

ranking dos países com o maior número de edifícios em processo da certificação, atrás

apenas dos Estados Unidos e China (MATOS, 2014).

O presente capítulo irá tratar dos certificados AQUA-HQE, LEED, Selo Caixa Azul,

Qualiverde e a ISO 14.001.

4.1. Certificação AQUA-HQE

Desenvolvido a partir do certificado francês HQE (Haute Qualité Environnementale),

o Processo AQUA-HQE certifica construções sustentáveis no Brasil e é reconhecido

internacionalmente. No momento, apenas a Fundação Vanzolini está autorizada a aplicar

este certificado.

Segundo a própria Fundação Vanzolini (2016), o empreendimento que deseja

receber o certificado AQUA-HQE será avaliado por auditores especializados, que analisam

cada uma das 14 categorias da Figura 5, e as classifica em níveis de desempenho e

excelência. É importante ressaltar também que as 14 categorias são separadas em 4

famílias principais: Local/Construção, Gestão, Conforto e Saúde.

Figura 5: Pontos avaliados durante o Processo AQUA

Para que um empreendimento receba o certificado AQUA

deve alcançar um no mínimo um perfil de desempenho com 3

práticas (MP), 4 categorias no nível boas práticas (BP) e 7 categorias no nível base (B),

como ilustrado na Figura 6.

Figura 6: Requisitos mínimos para receber a certificação AQUA

: Pontos avaliados durante o Processo AQUA-HQE Fonte: Portal da Fundação Vanzolini

Para que um empreendimento receba o certificado AQUA-HQE, o empreendedor

deve alcançar um no mínimo um perfil de desempenho com 3 categorias no nível melhores

práticas (MP), 4 categorias no nível boas práticas (BP) e 7 categorias no nível base (B),

: Requisitos mínimos para receber a certificação AQUA-HQE Fonte: Portal da Fundação

34

HQE Fonte: Portal da Fundação Vanzolini

HQE, o empreendedor

categorias no nível melhores

práticas (MP), 4 categorias no nível boas práticas (BP) e 7 categorias no nível base (B),

HQE Fonte: Portal da Fundação

35

4.2. Certificação LEED

Desenvolvida pela USGB (U.S. Green Building Council), instituição americana que

busca promover edifícios sustentáveis e de ambiente agradável para os usuários, a

certificação LEED consiste em um sistema internacional que certifica e orienta as

construções quanto a sua qualidade ambiental. O LEED está presente em mais de 130

países, segundo o GBC-Brasil.

No Brasil, o certificado é de responsabilidade do GBC-Brasil (Conselho de

Construção Sustentável do Brasil), lançada em 2007, que disponibiliza oito tipos diferentes

de selos LEED. São eles: LEED NC, para novas construções ou grandes projetos de

renovação; LEED ND, para projetos de desenvolvimento de bairro; LEED CS, para projetos

na envoltória e parte central do edifício; LEED Retail NC e CI, para lojas de varejo; LEED

Healthcare, para unidades de saúde; LEED EB-OM, para projetos de manutenção de

edifícios já existentes; LEED Schools para escolas e LEED CI, para projetos de interior ou

edifícios comerciais (LOTTI, 2015).

Em seu portal na internet, a GBC-BRASIL explica que 7 dimensões são avaliadas

nas edificações para que seja concedido o LEED. Todas elas possuem pré-requisitos

(práticas obrigatórias) e créditos, recomendações que quando atendidas garantem pontos a

edificação. O nível da certificação é definido, conforme a quantidade de pontos adquiridos,

podendo variar de 40 pontos, nível certificado a 110 pontos, nível platina, segundo pode-se

observar na Tabela 4.

Tabela 4: Níveis de certificação LEED NC. Fonte: Martins, 2010.

Selo Pontuação

Certificado 40 - 49 pontos

Prata 50 – 59 pontos

Ouro 60 – 79 pontos

36

Platina A partir de 80 pontos

As dimensões avaliadas pela GBC-Brasil e suas descrições são:

1) Sustainable sites (Espaço Sustentável): Encoraja estratégias que minimizam o

impacto no ecossistema durante a implantação da edificação e aborda questões

fundamentais de grandes centros urbanos, como redução do uso do carro e das

ilhas de calor.

2) Water efficiency (Eficiência do uso da água): Promove inovações para o uso racional

da água, com foco na redução do consumo de água potável e alternativas de

tratamento e reuso dos recursos.

3) Energy & atmosphere (Energia e Atmosfera): Promove eficiência energética nas

edificações por meio de estratégias simples e inovadoras, como por exemplo

simulações energéticas, medições, comissionamento de sistemas e utilização de

equipamentos e sistemas eficientes.

4) Materials & resources (Materiais e Recursos): Encoraja o uso de materiais de baixo

impacto ambiental (reciclados, regionais, recicláveis, de reuso, etc.) e reduz a

geração de resíduos, além de promover o descarte consciente, desviando o volume

de resíduos gerados dos aterros sanitários.

5) Indoor environmental quality (Qualidade ambiental interna): Promove a qualidade

ambiental interna do ar, essencial para ambientes com alta permanência de

pessoas, com foco na escolha de materiais com baixa emissão de compostos

orgânicos voláteis, controlabilidade de sistemas, conforto térmico e priorização de

espaços com vista externa e luz natural.

6) Innovation in design or innovation in operations (Inovação e Processos): Incentiva a

busca de conhecimento sobre Green Buildings, assim como, a criação de medidas

projetuais não descritas nas categorias do LEED. Pontos de desempenho exemplar

estão habilitados para esta categoria.

37

7) Regional priority credits (Créditos de Prioridade Regional): Incentiva os créditos

definidos como prioridade regional para cada país, de acordo com as diferenças

ambientais, sociais e econômicas existentes em cada local. Quatro pontos estão

disponíveis para esta categoria.

4.3. Selo Casa Azul Caixa

Sendo o primeiro certificado de sustentabilidade em projetos ofertado no Brasil, o

Selo Casa Azul da Caixa Econômica consiste em um instrumento de classificação

socioambiental de projetos de empreendimentos habitacionais. O Selo busca reconhecer

quais os empreendimentos que adotam soluções mais eficientes aplicadas às construções,

ao uso, à ocupação e à manutenção das edificações, com objetivo de incentivar o uso

racional de recursos naturais e a melhoria da qualidade da habitação e de seu entorno

(CAIXA, 2016).

Para a obtenção do Selo, 53 critérios, divididos em seis categorias, são avaliados.

As categorias são:

1) Qualidade Urbana;

2) Projeto e Conforto;

3) Eficiência Energética;

4) Conservação de Recursos Materiais;

5) Gestão da Água;

6) Práticas Sociais.

O empreendimento deve, então, obedecer a no mínimo 19 critérios para ser

certificado. O empreendimento também pode ir além das medidas mínimas a fim de obter

uma classificação melhor, como na Tabela 5.

38

Tabela 5: Níveis de gradação do Selo Caixa Azul. Fonte: Caixa, 2016

Gradação Requisitos da Classificação

Bronze 19 critérios obrigatórios

Prata Critérios obrigatórios e mais 6 critérios opcionais

Ouro Critérios obrigatórios e mais 12 critérios opcionais

4.4. Selo Qualiverde

O selo Qualiverde veio como mais um fator de incentivo inserido no contexto da

cidade do Rio de Janeiro. Atuando como sede de grandes eventos, não só a Rio+20 de

2012, mas também a Copa do Mundo, realizada em 2014, e os Jogos Olímpicos e

Paralímpicos, em 2016, ambos no Rio de Janeiro, a cidade é foco da mira internacional,

devendo assim adotar medidas que demonstrem a preocupação do município com as

questões ambientais e que promovam a imagem positiva do mesmo. Muitos dos projetos

desenvolvidos para receber esses eventos, assim como as exigências dos comitês e

organizações internacionais, envolvem práticas sustentáveis (BARROS; BASTOS, 2015).

Ainda de acordo com Barros e Bastos (2015), a elaboração do Qualiverde contou

com discussões junto a desenvolvedores e utilizadores das certificações mais conhecidas,

como o GBC Brasil, responsável pelo LEED, a Fundação Vanzolini, desenvolvedora do

AQUA, e com arquitetos que possuem experiência na elaboração de projetos sustentáveis.

Esta certificação, de caráter voluntário, é aplicável a projetos tanto de novas

edificações quanto de já existentes, de uso residencial, comercial, misto ou institucional. As

exigências estipuladas pelo decreto que oficializa o selo são variadas e abrangem

praticamente todo o ciclo de vida da edificação, desde as fases de planejamento e

execução da obra até a operação do empreendimento após a conclusão da mesma. Como

funciona por um sistema de pontos, a certificação dá ao projetista a possibilidade de

escolher quais ações de sustentabilidade serão adotadas.

39

O Qualiverde funciona a partir de um sistema de pontuação das ações e práticas de

sustentabilidade, baseado principalmente no LEED. Os critérios se encontram anexados ao

decreto somando uma pontuação máxima de 100 pontos, considerando as bonificações que

podem ser recebidas. Dependendo da pontuação alcançada pelo empreendimento, recebe-

se então uma das duas classificações possíveis. Caso o empreendimento consiga alcançar

um mínimo de 70 pontos, será classificado como Qualiverde e caso atinja 100 pontos, será

qualificado como Qualiverde Total.

4.4. ISO 14.001

A ISO 14.001, norma pertencente à família ABNT NBR ISO 14.000, especifica os

requisitos de um Sistema de Gestão Ambiental, permitindo que uma organização

desenvolva políticas e metas ambientalmente sustentáveis. A implementação desta norma

deve ser buscada por empresas que desejam estabelecer e/ou aprimorar um Sistema de

Gestão Ambiental, estar seguras sobre políticas ambientais ou demonstrar estar de acordo

com práticas sustentáveis a clientes e a organizações externas (INMETRO, 2016).

A norma especifica os requisitos para um sistema de gestão ambiental que uma

organização pode usar para aumentar seu desempenho ambiental. Os resultados

pretendidos de uma empresa que visa obter a ISO 14.001 é mudar a cultura da empresa

para que haja uma maior preocupação ambiental. Um sistema de gestão ambiental

coerente com a política ambiental da organização visa aumentar o desempenho ambiental,

atender os requisitos legais (e outros eventuais requisitos) e alcançar os objetivos

ambientais.

Também segundo a norma, qualquer organização pode obter a ISO 14.001,

independente do seu tamanho, tipo, natureza ou influência. Além disso, a norma pode ser

usada em sua totalidade ou em parte, quando se pretende otimizar algum setor específico

da empresa.

40

É importante atentar também para uma das principais ferramentas de um Sistema de

Gestão Ambiental, o ciclo PDCA, que fornece um processo iterativo utilizado pelas

organizações e que é focado na melhoria contínua dos processos. Descrevendo o ciclo

PDCA, que pode ser conferido graficamente na Figura 7, brevemente:

1) Plan (planejar): Estabelece os objetivos (ambientais, no caso) e os processos

necessários para entregar resultados de acordo com a política ambiental estipulada

pela organização;

2) Do (fazer): Implementa os processos planejados no item anterior;

3) Check (checar): Monitora e mede os processos em relação à política ambiental,

englobando todos os aspectos relevantes, como compromissos, objetivos ambientais

e critérios operacionais, além de reportar os resultados;

4) Act (agir): Toma ações para a melhoria contínua do processo e da organização.

Figura 7: Ciclo PDCA, aplicado à ISO 14.001. Fonte: ABNT, 2015

41

5. Ações de sustentabilidade implantadas por ocasião da

construção

Agora que tratamos sobre o entendimento do que é sustentabilidade e estudamos

tanto a legislação vigente quanto os possíveis certificados de qualidade ambiental

existentes, é necessário estudar quais as possíveis ações implementadas em construções

podem ser consideradas realmente sustentáveis e os seus eventuais impactos.

Apesar do presente trabalho visar o estudo da sustentabilidade por ocasião da

construção deve ser destacado que, para o sucesso de um empreendimento sustentável, as

etapas de concepção e de projeto são essenciais.

5.1. Gestão de materiais e resíduos

Segundo Côrrea (2009), materiais e resíduos devem ser tratados conjuntamente, no

que se refere a sustentabilidade, uma vez que é necessário selecionar e utilizar

corretamente os materiais a fim de reduzir a quantidade de resíduos gerados.

Dentre os diversos benefícios provenientes da especificação correta do sistema

construtivo podem ser citados:

1) Redução de custos com gestão de resíduos: Consiste na redução do desperdício e

custo decorrente da aquisição de novos materiais;

2) Redução de reclamações por parte dos clientes: Uma vez que o sistema construtivo

foi bem definido, diminuem as chances de ocorrência de alguma patologia no

empreendimento ocasionado por causa de erros na concepção do projeto. Isto

aumenta a satisfação do cliente e pode melhorar, também, a imagem da empresa.

3) Aumento da durabilidade do empreendimento: Se o empreendimento escolhe

matéria prima mais durável para ser empregada na construção, o ciclo de vida pode

ser aumentado, permitindo maiores intervalos entre manutenções.

42

4) Aumento da vida útil de aterros sanitários: A redução da quantidade de resíduos

sólidos gerados não sobrecarrega os aterros sanitários tão rapidamente.

5) Ganhos para a sociedade: Ao comprar itens locais, estimula-se a economia local e

reduz a poluição causada pelo transporte dos materiais.

Para decidir quais os materiais serão utilizados no empreendimento, a equipe de

projeto deve levar em conta os seguintes aspectos, para que o empreendimento seja

realmente sustentável:

1) Custo: Devem ser levantados os custos de cada sistema construtivo possível. É

sugerido que sejam observados não apenas os custos durante a construção, mas

também na fase de uso e operação. Neste quesito já é notada uma preocupação

com o futuro usuário do empreendimento.

2) Durabilidade: Segundo a NBR 15575, a estrutura de um edifício deve ter uma vida

útil mínima de 50 anos, então o projeto deve especificar materiais e sistemas

construtivos que apresentem uma vida útil semelhante e com flexibilidade para

atender as necessidades dos futuros usuários, assim como facilitar a futura

requalificação e reabilitação dos materiais.

3) Qualidade e proximidade dos fornecedores: Os fornecedores devem cumprir as

diferentes legislações vigentes, tanto ambientais quanto trabalhistas e seus produtos

devem ser de qualidade (conforme normas técnicas, de desempenho ou de

programas setoriais de qualidade, como o PBQP-H). De preferência, devem ser

escolhidos fornecedores próximos ao local do empreendimento, para estimular a

economia local e minimizar a emissão dos veículos transportadores.

4) Quantidade e periculosidade dos resíduos gerados: Os resíduos devem ser

analisados e quantificados para um melhor entendimento da perda de material, do

custo com transporte e da disposição dos resíduos em aterros comuns ou especiais,

de acordo com a necessidade. Se o empreendedor desejar um cálculo mais preciso,

43

ele deve observar a legislação local e solicitar um mapeamento dos possíveis

depósitos de resíduos da região.

5) Modularidade: Além de tomar cuidado na seleção dos materiais, sua utilização deve

ser planejada para evitar desperdícios, com coordenação modular. Para isso,

devem-se dimensionar corretamente os ambientes, além de compatibilizar os

projetos, os componentes e os sistemas construtivos, previamente, para evitar

excessos e desperdícios.

5.2. Gestão de águas e efluentes

Para desenvolver uma boa política de gestão de águas e efluentes em um

empreendimento, é importante verificar o regime de chuvas da região e a sua periodicidade.

Portanto, deve-se levantar se a região apresenta:

1) Falta de água ou enchentes;

2) Problemas de erosão decorrentes das chuvas;

3) Carência de saneamento ou abastecimento nas imediações do empreendimento.

Após o levantamento destes dados, é possível alinhar as estratégias a serem

adotadas no empreendimento, tanto na construção quanto na operação, contribuindo com a

sua sustentabilidade, alinhada à redução de custos durante a sua vida útil. Como fonte de

referência para o levantamento das informações pode-se consultar o Banco de Dados

Climáticos do Brasil (EMBRAPA).

Segundo Côrrea (2009), para organizar as estratégias adotadas, deve-se elaborar

um plano do uso racional da água, no sentido de fazer uso eficiente da água e reverter este

uso em benefícios durante a vida útil da edificação, especialmente durante o uso, quando

ocorre o maior consumo hídrico. O plano deve contemplar:

1) Redução da quantidade de água extraída;

2) Redução do consumo e desperdício de água;

44

3) Aumento da eficiência do uso de água;

4) Aumento da reciclagem e do reuso de água.

A adoção deste plano leva a benefícios que vão desde a redução dos impactos

socioambientais e redução de custos na fase de uso e operação até a divulgação da ação

com objetivos comerciais.

5.3. Gestão de energia e emissões

A energia incorporada é uma forma amplamente utilizada para mensurar o impacto

ambiental das construções. Essa energia é considerada como toda aquela usada para a

fabricação dos materiais usados na construção de um espaço, o que inclui desde a extração

até seu destino final no sítio da obra. Inclui a energia usada para extrair a matéria prima,

para o processo de fabricação; para o transporte da matéria prima para a fábrica; e para a

obtenção do produto final para o consumidor (GRAF, 2011).

Graf (2011) define que há dois tipos de energia: a energia pode ser mensurada

como energia fornecida ou primária. A fornecida se refere à quantidade que realmente foi

utilizada (como a registrada em uma conta de energia elétrica). A primária é a energia

usada para produzir a energia fornecida, como a combustão do gás usado para produzir

eletricidade em uma usina de energia elétrica.

Por ocasião da construção, é importante chamar a atenção aos equipamentos que

estão sendo utilizados, que devem estar em bom estado de conservação para garantir a

sua eficiência energética e evitar a emissão de gases poluentes.

A fim de desenvolver edificações que ofereçam conforto aos ocupantes e com baixo

consumo energético, deve haver um alinhamento entre variáveis climáticas, humanas e

arquitetônicas, explicadas nos itens seguintes. Assim, é possível desenvolver um projeto de

arquitetura que aproveite as potencialidades climáticas do local para tornar o ambiente o

mais agradável possível aos usuários. Projetos com alta eficiência energética podem apoiar

45

estratégias empresariais e oferecer produtos com diferencial de mercado, pois serão menos

custosos para operar, sendo mais valorizados pelos clientes (CÔRREA, 2009).

5.3.1. Variáveis Climáticas

Diversos elementos podem influir nas variações climáticas de uma região, como

proximidade da água, altitude e barreiras montanhosas. É recomendado analisar e buscar

aproveitar a radiação solar, a temperatura, os ventos e a umidade, que devem ser

analisados sob as perspectivas do macro e do micro clima (LAMBERTS et al., 1997).

5.3.2. Variáveis Humanas

Um empreendimento deve almejar alcançar o conforto térmico e visual para os seus

usuários. Entre as variáveis humanas que devem ser determinadas estão os mecanismos

termo reguladores, as vestimentas e as atividades a serem executadas no local

(LAMBERTS et al., 1997).

5.3.3. Variáveis Arquitetônicas

Alinhadas às características climáticas, os arquitetos podem selecionar alternativas

baseadas nos conceitos, sistemas e ferramentas disponíveis, para oferecer conforto no

empreendimento com eficiência energética. Deve-se buscar não apenas a otimização do

consumo, como também a valorização de fonte renováveis. Recomenda-se que a

concepção do empreendimento vislumbre a obtenção de nível de eficiência energética

compatível com os níveis A ou B do Procel Edifica (NASCIMENTO et al., 2008b).

46

5.4. Gestão do impacto na área de influência da obra

Cabe ao empreendedor tomar ações que demonstram a sua preocupação com o

entorno. A observação do entorno, seus condicionantes físico-ambientais e as

considerações críticas sobre os marcos legais adotados constituem algumas destas ações.

Segundo Corrêa (2009), a observação do meio e dos condicionantes exógenos,

suas alterações observadas em função dos eventuais impactos gerados pelo

empreendimento em meio urbano, atrelado a uma tomada de decisão que considere

criticamente os efeitos de médio e longo prazo no meio, são parte de uma ação sustentável.

Garantir acesso coletivo a um meio ambiente sustentável, premissa de atendimento dos

requisitos que apontam para o equilíbrio entre impacto e lucro, é parte da compreensão de

quão impactante é a ação humana na terra. Nas áreas urbanas, extremamente ocupadas,

esta ação é mais veemente, já que o meio social é um poderoso modificador do meio físico

climático em que vivemos.

Alguns dos fatores que estão ligados à maneira como administramos o espaço

construído em nossas cidades são adensamento, verticalização, impermeabilização,

alteração da paisagem natural pelo desmatamento, desvio de cursos d’água, ocupação

excessiva e intensiva nos grandes centros urbanos, alteração de lençóis, poluição e

formação de barreiras arquitetônicas ao local, alterando o clima, o desempenho de ventos

dominantes, a produção de espaço artificial em abundância, a alteração do comportamento

das espécies vegetais.

Portanto, faz-se necessário considerar, para efeito de produção de cidades

sustentáveis, se são também sustentáveis nossos condicionantes de uso e ocupação do

solo e se estes, por si, respeitam a dimensão humana, o entorno, o meio natural, a projeção

e o impacto da intervenção, bem como a possibilidade de construção harmoniosa de

cidades.

47

6. Estudo de caso

Objetivando identificar ações adotadas durante a construção de edificações cujos

efeitos contribuam para sustentabilidade de empreendimentos foi desenvolvido o estudo de

caso em um empreendimento misto (edifícios comerciais e residenciais) que está tentando

obter o certificado de qualidade ambiental AQUA.

Os dados foram coletados através de entrevistas, visitas ao empreendimento e

materiais cedidos pela equipe da obra e pela empresa de consultoria que está auxiliando a

obtenção do certificado.

6.1. Apresentação do empreendimento

O empreendimento Neolink – Office, Mall e Stay, localizado na Barra da Tijuca,

2500, na cidade do Rio de Janeiro está sendo executado pela construtora e incorporadora

Dominus Engenharia LTDA, com financiamento da Helbor. O empreendimento começou a

ser construído em setembro de 2014 e o habite-se está marcado para o dia 15/09/2016.

O empreendimento construído em um terreno de 18.600 m² conta com cinco

edifícios de três pavimentos, térreo e subsolo, sendo três prédios serão comerciais (Office I,

II e III) e dois residenciais (Stay I e II), além de áreas de uso comum, de lazer e vivência,

com área de piscina, sauna, academia e restaurante. No total, há 119 lojas, 82 habitações e

228 unidades de escritório, totalizando uma área construída de aproximadamente 37.000

m². A Figura 8 mostra o masterplan do empreendimento, enquanto a Figura 9 mostra como

será a fachada do empreendimento após a conclusão da obra.

48

Figura 8: Masterplan do empreendimento. Fonte: Dominus (2016)

Figura 9: Projeção de como será o empreendimento após conclusão. Fonte: Dominus (2016)

A Dominus Engenharia é uma empresa de construção e incorporação que atua no

mercado há mais de 20 anos e conta com empreendimentos em Minas Gerais e no Rio de

Janeiro. Financiando este empreendimento há também a incorporadora paulista Helbor,

fundada em 1977. Além disso, uma empresa especializada em consultoria de construções

sustentáveis está auxiliando na obtenção do selo AQUA.

O certificado AQUA foi escolhido por ser o melhor adaptado à realidade brasileira,

uma vez que outros, como o LEED, tem padrões baseados nos padrões dos Estados

Unidos.

6.2. Análise do entorno

O Neolink está localizado em uma zona urbanística especial (ZE5 SZ A-13) e há

redes de água, esgoto, eletricidade, coleta de resíduos e drenagem servindo o

empreendimento. O Neolink também é atendido por uma rede de transporte coletivo, sendo

que há uma estação de BRT na sua frente e pontos de parada de ônibus há distâncias de

aproximadamente 200 metros.

49

A estrutura do Neolink é coerente com a infraestrutura local, localizado entre o

hospital da Unimed e o Makro, e na frente do colégio CEC, como pode ser observado na

Figura 10.

Figura 10: O Neolink e o seu entorno. Fonte: Google Maps (2016)

6.3. O processo AQUA aplicado ao empreendimento

Como a Dominus está tentando obter o selo AQUA para o empreendimento,

decisões foram tomadas por ocasião da etapa de projeto para atender às 14 categorias da

certificação. A auditoria da Fundação Vanzolini, responsável pela concessão do AQUA no

Brasil, só ocorrerá no final de setembro de 2016, mas uma projeção foi feita pela consultora

de sustentabilidade com os prováveis resultados de cada uma das 14 categorias. A

consultora desenvolveu esta projeção com uma equipe multidisciplinar de engenheiros

ambientais, civis e arquitetos e, para garantir a concretização do projetado, todo mês a obra

era visitada por um ou dois representantes da consultora, que elaboravam um relatório com

as não conformidades existentes e os pontos de excelência.

Recapitulando o que foi discutido no item 4.3, para se obter o selo AQUA o

empreendimento deve obter 3 categorias no nível excelente, 4 categorias no nível superior

50

e 7 categorias no nível bom. A Figura 11 mostra que o empreendimento irá obter 5

categorias no nível excelente, 5 categorias no nível superior e 4 categorias no nível bom,

um resultado superior ao mínimo necessário.

Os próximos subitens apresentarão cada uma das 14 categorias do

empreendimento.

Figura 11: Projeção dos resultados das categorias do AQUA. Fonte: Própria autoria.

6.3.1. Categoria 1 – Relação do edifício com seu entorno

O empreendimento está seguindo as políticas de crescimento do bairro e foi

projetado para ter o mínimo impacto possível em relação às construções vizinhas, isto é,

seu gabarito é baixo, de acordo com os edifícios ao seu redor.

O Neolink está bem próximo à Avenida Ayrton Senna, então seu acesso é facilitado.

E também, como mencionado no item 6.2, há muita facilidade de acesso ao transporte

público, tanto a redes de ônibus quanto à rede de BRT. Esta proximidade também é um

51

benefício no que se trata de coleta pública de resíduos, pois há fácil acesso dos caminhões

coletores de resíduos.

Esta categoria deve alcançar o nível excelente.

6.3.2. Categoria 2 – Escolha Integrada de Produtos, Sistemas e

Processos

O Neolink empregou produtos de construção de fácil conservação, com uma vida útil

adequada à vida útil do empreendimento, diminuindo assim os custos e o tempo de

manutenção na fase de utilização do empreendimento.

Durante as concorrências com as fornecedoras de materiais, havia sempre um

profissional da Dominus, especializado em construções sustentáveis para garantir e alinhar

os objetivos da própria Dominus com os fornecedores. Nestas concorrências, a contratante

dava preferência por selecionar fornecedores locais e que estivessem ambientalmente

certificados, quando fosse o caso.

Os fornecedores que eram contratados também deviam assinar um anexo de

contrato específico do AQUA, para firmar a sua responsabilidade com a Dominus.

Os produtos selecionados deviam obedecer a certos critérios de gestão de materiais

e resíduos, como discutido no item 5.1. Por exemplo:

1) A madeira utilizada na obra deveria ter sua origem comprovada;

2) O cimento deveria ser apenas do tipo CP III ou CP IV, pois estas categorias de

cimento utilizam menos clínquer em sua fabricação e, consequentemente, há uma

menor emissão de gás carbônico e há a preservação das jazidas;

3) As divisórias internas são de drywall, pois este material tem um menor impacto

ambiental em sua fabricação, além de que não há consumo de massa para

assentamento e emboço;

52

4) O mármore e o granito utilizados na obra tinham que ter sua origem em jazidas

ambientalmente certificadas;

5) A pintura deveria ser à base de água ou que necessitassem apenas de uma

pequena quantidade de solventes.

Esta categoria deve alcançar o nível superior. Devido à localização da obra, no meio

de um centro urbano, muitas vezes não era possível contratar um fornecedor local,

diminuindo as chances de alcançar o nível excelente.

6.3.3. Categoria 3 – Canteiro de Obras com Baixo Impacto

Ambiental

O canteiro da obra foi projetado para minimizar o incômodo aos vizinhos, tanto no

que diz respeito ao tráfico de caminhões quanto à poluição sonora. Durante seus dois anos

de obra, à medida que a obra avançava e o canteiro ia sendo modificado, novas soluções

eram estudadas para manter o incômodo ao mínimo possível, como um acordo com o

Makro para tráfego de caminhões por dentro do empreendimento vizinho.

A obra apresentava um cuidado para manter o canteiro e o seu entorno limpos e em

bom estado de apresentação. Nas etapas em que havia muita escavação e movimentação

de terra isto era um pouco mais difícil, ainda mais em dias de chuva, quando a Avenida

Ayrton Senna ficava enlameada, mas que era lavada assim que possível pela equipe da

obra.

No canteiro de obras era terminantemente vedada a queima de resíduos,

independente de sua categoria.

Não havia uma política de reutilização de resíduos dentro do próprio canteiro, os

resíduos gerados eram apenas encaminhados para receptores adequados e certificados.

53

No entanto, houve uma exceção: o enchimento de uma laje utilizou resíduos de blocos de

concreto que iriam ser descartados.

Os consumos de água e energia do canteiro eram controlados com o auxílio de uma

planilha que demonstrava a evolução dos seus consumos e dos seus custos durante o

período da obra. Esta planilha auxiliava no controle de consumo para o mês seguinte.

Esta categoria deve alcançar o nível excelente.

6.3.4. Categoria 4 – Gestão de Energia

O projeto contempla o aproveitamento da iluminação e ventilação natural nas

unidades (com exceção dos banheiros), com janelas e portas com grande abertura para o

exterior, permitindo a passagem da luz solar e do vento.

No Neolink só foram utilizados equipamentos com eficiência energética comprovada

por órgãos de qualidade, como o Inmetro. No momento do projeto, a consultora de

sustentabilidade estimou que haveria uma redução de 20% do consumo em relação a um

edifício convencional.

No que diz respeito a fontes de energia alternativas, os edifícios residenciais (Stay I

e II) terão painéis solares para aquecimento de água.

Além disso, os ambientes do empreendimento serão equipados com lâmpadas

econômicas de baixo consumo energético, ligadas a sensores de presença e

temporizadores para evitar o consumo desnecessário de energia elétrica.

Esta categoria deve alcançar o nível excelente (nos blocos comerciais) ou bom (nos

blocos residenciais). Por se tratar de residências, há um consumo de energia muito maior e

mais aleatório e a equipe da consultora não conseguiu encontrar soluções viáveis para

tornar esta categoria excelente.

54

6.3.5. Categoria 5 – Gestão de Água

Assim como na gestão de energia, para aperfeiçoar a gestão de água decidiu-se

utilizar dispositivos economizadores como arejadores nas torneiras e chuveiros, bacias

sanitárias com duplo fluxo (3 e 6 litros) e temporizadores nas torneiras de uso comum.

As espécies vegetais empregadas nos jardins foram escolhidas pelo seu baixo

consumo de água. A irrigação será feita com água da chuva coletada no próprio

empreendimento e o acesso às torneiras de água pluvial será restrito aos funcionários.

O Neolink também tem muitas áreas permeáveis, como áreas de jardim e lagos

artificiais, para facilitar a drenagem do empreendimento e evitar alagamentos.

Esta categoria deve alcançar o nível excelente.

6.3.6. Categoria 6 – Gestão dos Resíduos de Uso e Operação do

Edifício

Os resíduos da construção do Neolink eram separados em recicláveis e não

recicláveis, para facilitar o sistema de coleta externa que atende o empreendimento. Após a

conclusão da obra, o sistema de coleta seletiva do empreendimento irá continuar,

atendendo aos usuários com espaços específicos para o descarte de resíduos nos halls de

serviço dos pavimentos tipo. As rotinas e os procedimentos de coleta seletiva serão

desenvolvidos para minimizar o incômodo aos ocupantes do Neolink.

A cozinha do restaurante apresenta uma área livre de aproximadamente 0,30 m²

para triagem e armazenamento de resíduos.

Haverá também no Neolink um depósito para resíduos diferenciados, como

lâmpadas, óleo de cozinha, baterias e eletrônicos.

Esta categoria deve alcançar o nível excelente. No entanto, não há muito

reaproveitamento de resíduos dentro da própria obra.

55

6.3.7. Categoria 7 – Manutenção e Permanência do Desempenho

Ambiental

Os locais destinados a armazenamento de resíduos serão de fácil limpeza, com boa

iluminação e um ponto de água e um ralo em seus interiores.

As instalações prediais (elétricas, hidráulicas, etc.) não serão embutidas na laje, para

facilitar o acesso a elas, caso haja necessidade de manutenção.

Os aparelhos e sistemas instalados no Neolink serão de fácil reposição, isto é, são

disponíveis no mercado com frequência.

Qualquer dúvida que o usuário possa ter sobre o empreendimento e o seus sistemas

pode ser respondida no manual do proprietário e do síndico.

Esta categoria deve alcançar o nível superior. O nível excelente poderia ter sido

alcançado se todos os locais de armazenamento de resíduos tivessem uma arquitetura que

permitisse a circulação natural do ar.

6.3.8. Categoria 8 – Conforto Higrotérmico

As salas dos blocos habitacionais apresentam recuos que auxiliam a passagem de

ar. A vedação exterior é feita em blocos de concreto ou de cerâmica, enquanto que as

divisórias internas são em drywall.

A arquitetura dos blocos aproveita a ventilação e a iluminação natural. As paredes

são pintadas em cores claras e os vãos são largos, permitindo desempenho térmico

adequado, segundo a NBR 15.220 e a NBR 15.575 e considerando a zona bioclimática 8

(Rio de Janeiro).

56

Esta categoria deve alcançar o nível bom. Este item não deu muita atenção à

umidade dos ambientes internos, como os depósitos de resíduos, que não contam com

circulação de ar.

6.3.9. Categoria 9 – Conforto Acústico

No que diz respeito a conforto acústico, o Neolink segue a NBR 15.575. As lajes de

concreto armado são nervuradas, com tratamento acústico e as vedações externas são em

blocos de concreto ou cerâmica com 14 cm de espessura, enquanto que as vedações

internas são em drywall, com placas duplas de gesso acartonado e isolamento com lã de

vidro.

Os vidros utilizados no Neolink têm desempenho acústico elevado, para diminuir o

nível de ruído do exterior.

Esta categoria deve alcançar o nível bom. O isolamento acústico não foi feito com o

melhor material disponível no mercado, pois este encareceria muito a sua execução.

6.3.10. Categoria 10 – Conforto Visual

A arquitetura com vãos amplos possibilita o máximo aproveitamento da iluminação

natural, exceto nos banheiros. A iluminação artificial necessária é compatível com o

ambiente.

As luminárias externas são ativadas por sensores fotoelétricos, enquanto que a

iluminação nos halls, escadas e estacionamentos são ativadas por detectores de presença.

Esta categoria deve alcançar o nível superior. Não houve muita preocupação com a

escolha da melhor lâmpada disponível para cada tipo de ambiente.

57

6.3.11. Categoria 11 – Conforto Olfativo

Sistemas de ventilação foram pensados para cada tipo de ambiente. Quartos,

cozinhas e salas têm um sistema de ventilação natural, com passagem para o exterior do

prédio, enquanto que os banheiros têm ventilação artificial, situado dentro do box do

chuveiro.

Os depósitos finais de resíduos são arejados e ventilados, com revestimentos de

fácil limpeza e manutenção. Os blocos utilizados nestes ambientes são cobogós para

permitirem a passagem de ar.

Esta categoria deve alcançar o nível bom. Devido a sua localização, é possível que o

odor dos veículos em trânsito na Avenida Ayrton Senna incomode os usuários do Neolink.

6.3.12. Categoria 12 – Qualidade Sanitária dos Ambientes

Os materiais foram escolhidos para facilitar a limpeza e conservação dos ambientes

e restringir o crescimento fúngico e bacteriano, principalmente em sanitários, cozinhas e nos

abrigos de resíduos. Estes ambientes também são abastecidos por pontos de água e

esgoto e são protegidos das intempéries.

Esta categoria deve alcançar o nível superior. Os ambientes menos suscetíveis a

crescimento de fungos e bactérias não receberam tanta atenção desta categoria.

6.3.13. Categoria 13 – Qualidade Sanitária do Ar

Devido a sua proximidade da Avenida Ayrton Senna, o Neolink é muito suscetível à

poluição do ar, devido aos gases do escapamento dos veículos que estão em fluxo

constante em frente ao empreendimento.

Portanto, deve haver garantia de ventilação permanente no Neolink. Isso se dá por

meio natural, com um grande número de janelas por todo o empreendimento, e por meio

58

artificial, com exaustão mecânica para a renovação do ar em depósitos e ar condicionado

nos escritórios e unidades habitacionais.

Além disso, com base nos conhecimentos que existem sobre emissões de

compostos orgânicos voláteis e formaldeídos, optou-se pela utilização de tintas a base de

água ou com uma menor quantidade de solventes.

Esta categoria deve alcançar o nível superior. Assim como no item 6.3.11, a

localização do empreendimento acaba prejudicando esta categoria.

6.3.14. Categoria 14 – Qualidade Sanitária da Água

As instalações hidráulicas e de esgoto seguem as normas da ABNT e a água potável

será fornecida pela CEDAE.

A temperatura da água quente disponível aos usuários será superior a 50ºC, como

prevenção dos riscos relacionados à doença legionelose.

Esta categoria deve alcançar o nível superior. Apenas os blocos residenciais contam

com água quente, o que prejudicou esta categoria.

6.4. Conclusões sobre o estudo de caso

A partir da análise do empreendimento Neolink e do processo AQUA que está sendo

aplicado a ele, é possível perceber que há um cuidado em relação à sustentabilidade,

presente não só por ocasião da construção, mas também na fase de utilização.

A sustentabilidade em questão segue o Triple Bottom Line idealizado por Elkington,

evidenciado pela existência de:

1) Preocupação ambiental: Medidas menos poluentes foram adotadas, assim como há

uma gestão de resíduos presente, tanto na construção quanto na utilização.

59

2) Preocupação econômica: Almejaram utilizar medidas e processos que diminuíssem

a necessidade de manutenção e seus eventuais custos, além de medidas para evitar

desperdícios. Também há a questão do reaproveitamento de água e utilização de

energia solar.

3) Preocupação social: Além de tentar utilizar fornecedores locais para estimular o

comércio da região, as medidas tomadas mostram que há uma preocupação com o

conforto dos futuros usuários e a qualidade de vida que eles terão ao utilizarem o

empreendimento.

Também, a Dominus Engenharia está indo além do mínimo pedido pela Fundação

Vanzolini para a obtenção do certificado de qualidade ambiental AQUA, alcançando níveis

de excelência e mostrando o seu comprometimento com a sustentabilidade.

Portanto, é possível concluir que o empreendimento Neolink é verdadeiramente

sustentável, de acordo com o Triple Bottom Line, e que há uma preocupação com seus

usuários.

60

7. Conclusões

O objetivo deste trabalho era estudar as medidas sustentáveis aplicáveis a

construções civis e os seus impactos, sob a visão do Triple Bottom Line de Elkington, ou

seja, considerando os âmbitos ambientais, econômicos e sociais, pois a construção civil é

um setor muito importante no PIB brasileiro e que exige muitos recursos. Por isso, este

trabalho realizou uma profunda pesquisa sobre sustentabilidade, para entender o seu

conceito e como ela está presente atualmente no setor da construção civil. Ao contrário do

que normalmente pensa-se sobre sustentabilidade, a preocupação existente não é

estritamente ambiental, ela também é social e econômica.

A partir do capítulo 3, é possível perceber que não há uma legislação formal

específica para construções sustentáveis. A legislação federal, estadual e municipal

existente trata sobre a gestão de resíduos, poluição e crimes ambientais, o que é importante

para a sustentabilidade ambiental das construções, mas as sustentabilidades social e

econômica não são abordadas nas leis em vigor atualmente. Por outro lado, a legislação

relacionada com os aspectos sociais é bastante abrangente, mas carece de atualização aos

novos paradigmas do mundo produtivo o que prejudica a avaliação quando a mesma é

considerada. Desta forma, uma avaliação mais específica do ponto de vista do pilar social

requer reflexão mais acurada em relação a legislação versus as práticas do setor produtivo.

No entanto, para suprir esta falta de obrigatoriedade existem os selos de qualidade

ambiental estudados no capítulo 4 e analisado mais profundamente no capítulo 6. Estes

selos, apesar de voluntários, representam um diferencial para as empresas e os

empreendimentos, que podem ser cruciais num setor que tem uma concorrência tão

agressiva e acirrada como a construção civil. Também como visto no capítulo 6, a

preocupação dos certificados como o AQUA não é apenas durante o período de construção

do empreendimento, a preocupação é principalmente com a utilização do empreendimento

após a conclusão da construção e a qualidade de vida do usuário.

61

As ações sustentáveis existentes podem ser resumidas como eficiência de gestão,

por ocasião do projeto e da construção. Se o empreendimento possuir uma boa gestão de

resíduos, de materiais, de energia, de água, entre outros, o empreendimento terá uma boa

chance de ser realmente sustentável.

A sustentabilidade em edificações traz muitos benefícios, tanto para as construtoras

quanto para os futuros usuários, e já é alcançável, principalmente nos âmbitos econômicos

e ambientais. No entanto, o âmbito social ainda não é amplamente explorado, sendo que as

suas principais vantagens são indiretas. Com o desenvolvimento do pensamento

sustentável, a sustentabilidade social deve ser mais explorada e seus benefícios devem ser

mais claros.

Por fim, há diversas oportunidades de trabalhos futuros que aprofundem o assunto.

Para citar alguns, é possível retornar ao empreendimento Neolink alguns anos após a sua

conclusão e verificar se o que foi projetado realmente está rendendo frutos e as suas

condições de funcionamento, ou então é possível realizar um estudo em outras cidades ou

países para determinar se há outras técnicas construtivas mais eficientes ou restrições,

diferentes do Rio de Janeiro.

62

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