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Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A MATERNIDADE NA ADOLESCÊNCIA A PARTIR DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO “MENINAS” Adriana de Lima Ribeiro Faculdade de Psicologia Centro de Ciências da Vida [email protected] Profa. Dra. Tania Mara Marques Granato Atenção psicológica clínica em instituições: prevenção e intervenção Centro de Ciências da Vida [email protected] Resumo: Pesquisas desenvolvidas na clínica da ma- ternidade apontam para a presença de concepções sobre o cuidado materno que, ancoradas na cultura da qual a mãe faz parte, orientam tanto a conduta materna quanto expectativas sociais em relação à figura materna. Estudos recentes sobre o imaginário de coletivos sugerem uma associação entre a ideali- zação da figura materna, altas expectativas em rela- ção aos cuidados maternos, e a consequente intole- rância contra condutas que desafiam o acalentado ideal, originando um novo questionamento sobre a influência de produções imaginativas sobre materni- dade veiculadas por produções culturais. Com esse objetivo realizamos um estudo exploratório do docu- mentário brasileiro “Meninas” enquanto narrativa ci- nematográfica que comunica a experiência de ser mãe adolescente em um contexto de precariedade social. A assistência cuidadosa e repetida ao filme, foi seguida de seu registro realizado em três níveis: narração oral, narração visual e impressões contra- transferenciais das pesquisadoras. Após considera- ção psicanalítica, à luz da perspectiva winnicottiana sobre o cuidado materno, discutimos a situação de desamparo e vulnerabilidade social a que meninas e mães estão expostas e o consequente comprometi- mento do cuidado infantil suficientemente bom. Além disso, ressaltamos a oposição entre os processos que levam ao amadurecimento da adolescente e aquele que se relaciona à maternagem suficiente- mente boa, fato que deveria estar na base de prati- cas preventivas e interventivas na área da saúde materno-infantil. E, finalmente, apontamos a ade- quação do uso de documentários, tomados como relatos de experiências vividas, no âmbito da pesqui- sa qualitativa. Palavras-chave: maternidade, adolescência, cine- ma. Área do Conhecimento: Grande: Ciências Huma- nas – Área: Psicologia 1. INTRODUÇÃO Pesquisas recentes sobre os imaginários coletivos acerca da maternidade [1, 2, 3, 4, 5] sugerem uma associação entre a idealização da figura materna, altas expectativas em relação aos cuidados mater- nos e a consequente intolerância contra condutas que desafiam o acalentado ideal. No entanto, como observam Granato e Aiello-Vaisberg [6], independen- te das expectativas e idealizações da sociedade acerca da maternidade, e muito embora essa possa vir a ser uma experiência gratificante para a mulher, a gravidez e a maternidade também têm um poten- cial desagregador, uma vez que conflitos aparente- mente superados são reeditados gerando emoções que podem estar sendo experimentadas pela primei- ra vez. Tal condição de vulnerabilidade emocional deveria inspirar a conduta de se prover sustentação social e cuidados especiais não só ao bebê, mas também à mãe, para que ela consiga superar as dificuldades e encontrar seu modo pessoal de ser mãe [6,7]. Afinal, o cuidado materno deve viabilizar e manter a “conti- nuidade de ser” do bebê [8] no sentido de seu de- senvolvimento emocional. Entretanto, o que encon- tramos é um suporte precário ou inexistente, além da expectativa de que a mulher concilie a beleza, boa forma física, o sucesso profissional/financeiro com a maternidade Nesse sentido, as produções do imaginário social podem servir à estigmatização de mães que desafi- am o ideal vigente. Nesta perspectiva, nosso grupo de pesquisa tem investigado o imaginário sobre a maternidade com diferentes grupos de participantes [1, 2, 3, 4] a respeito da maternidade, além de estu- dos exploratórios de produções culturais, tais como filmes, contos, músicas, novelas, blogs e vídeos, e é nesse horizonte que esta pesquisa se insere ao ex- plorar um tema relevante como a maternidade ado- lescente em contexto de precariedade social.

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Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178

Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420

23 e 24 de setembro de 2014

ESTUDO EXPLORATÓRIO SOBRE A MATERNIDADE NA ADOLESCÊNCIA A PARTIR DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO

“MENINAS” Adriana de Lima Ribeiro

Faculdade de Psicologia Centro de Ciências da Vida

[email protected]

Profa. Dra. Tania Mara Marques Granato Atenção psicológica clínica em instituições:

prevenção e intervenção Centro de Ciências da Vida

[email protected] Resumo: Pesquisas desenvolvidas na clínica da ma-ternidade apontam para a presença de concepções sobre o cuidado materno que, ancoradas na cultura da qual a mãe faz parte, orientam tanto a conduta materna quanto expectativas sociais em relação à figura materna. Estudos recentes sobre o imaginário de coletivos sugerem uma associação entre a ideali-zação da figura materna, altas expectativas em rela-ção aos cuidados maternos, e a consequente intole-rância contra condutas que desafiam o acalentado ideal, originando um novo questionamento sobre a influência de produções imaginativas sobre materni-dade veiculadas por produções culturais. Com esse objetivo realizamos um estudo exploratório do docu-mentário brasileiro “Meninas” enquanto narrativa ci-nematográfica que comunica a experiência de ser mãe adolescente em um contexto de precariedade social. A assistência cuidadosa e repetida ao filme, foi seguida de seu registro realizado em três níveis: narração oral, narração visual e impressões contra-transferenciais das pesquisadoras. Após considera-ção psicanalítica, à luz da perspectiva winnicottiana sobre o cuidado materno, discutimos a situação de desamparo e vulnerabilidade social a que meninas e mães estão expostas e o consequente comprometi-mento do cuidado infantil suficientemente bom. Além disso, ressaltamos a oposição entre os processos que levam ao amadurecimento da adolescente e aquele que se relaciona à maternagem suficiente-mente boa, fato que deveria estar na base de prati-cas preventivas e interventivas na área da saúde materno-infantil. E, finalmente, apontamos a ade-quação do uso de documentários, tomados como relatos de experiências vividas, no âmbito da pesqui-sa qualitativa. Palavras-chave: maternidade, adolescência, cine-ma.

Área do Conhecimento: Grande: Ciências Huma-nas – Área: Psicologia

1. INTRODUÇÃO Pesquisas recentes sobre os imaginários coletivos acerca da maternidade [1, 2, 3, 4, 5] sugerem uma associação entre a idealização da figura materna, altas expectativas em relação aos cuidados mater-nos e a consequente intolerância contra condutas que desafiam o acalentado ideal. No entanto, como observam Granato e Aiello-Vaisberg [6], independen-te das expectativas e idealizações da sociedade acerca da maternidade, e muito embora essa possa vir a ser uma experiência gratificante para a mulher, a gravidez e a maternidade também têm um poten-cial desagregador, uma vez que conflitos aparente-mente superados são reeditados gerando emoções que podem estar sendo experimentadas pela primei-ra vez.

Tal condição de vulnerabilidade emocional deveria inspirar a conduta de se prover sustentação social e cuidados especiais não só ao bebê, mas também à mãe, para que ela consiga superar as dificuldades e encontrar seu modo pessoal de ser mãe [6,7]. Afinal, o cuidado materno deve viabilizar e manter a “conti-nuidade de ser” do bebê [8] no sentido de seu de-senvolvimento emocional. Entretanto, o que encon-tramos é um suporte precário ou inexistente, além da expectativa de que a mulher concilie a beleza, boa forma física, o sucesso profissional/financeiro com a maternidade Nesse sentido, as produções do imaginário social podem servir à estigmatização de mães que desafi-am o ideal vigente. Nesta perspectiva, nosso grupo de pesquisa tem investigado o imaginário sobre a maternidade com diferentes grupos de participantes [1, 2, 3, 4] a respeito da maternidade, além de estu-dos exploratórios de produções culturais, tais como filmes, contos, músicas, novelas, blogs e vídeos, e é nesse horizonte que esta pesquisa se insere ao ex-plorar um tema relevante como a maternidade ado-lescente em contexto de precariedade social.

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23 e 24 de setembro de 2014

Levandowski, Piccinini e Lopes [9] apontam que no Brasil a gravidez na adolescência teve, entre os anos de 1994 e 2004, um aumento percentual em relação às outras faixas etárias, enquanto em 2004 chegou a 20% do total de gestações, sendo considerada um problema de saúde pública. Ainda segundo a autora, dentre os fatores sócio-demográficos que se associ-am à gravidez adolescente destacam-se o baixo ní-vel socioeconômico, o início precoce da menarca e das relações sexuais, a ausência ou uso inadequado de métodos contraceptivos e o abuso de álcool e de substâncias.

Dentre os fatores sócio-emocionais Levandowski, Piccinini e Lopes [9] sublinham a experiência prema-tura de perda, famílias monoparentais, distanciamen-to emocional do pai, privação emocional, alcoolismo paterno, abuso sexual, baixa autoestima, atitudes tradicionais em relação ao papel da mulher na famí-lia, expectativas educacionais modestas, presença de irmã sexualmente ativa ou já mãe, gravidez da própria mãe na adolescência, desejo de engravidar e ter uma família harmoniosa, desejo de construir uma relação íntima e de exercer sexualidade adulta com o parceiro, desejo de construir uma identidade femini-na e de certificar-se da sua capacidade reprodutiva, busca de um novo status social e, finalmente, desejo de demonstrar independência frente aos pais. De acordo com Martin e Angelo apud Aching [10], entre as famílias de baixo nível socioeconômico existe, em face das dificuldades socioeconômicas enfrentadas, uma tendência a acelerar o processo de formação do casal e nascimento dos filhos, como tentativa de superar os desafios inerentes a esse contexto social. No entanto, ainda segundo os auto-res, o exercício da maternidade em tal contexto se dá em situação de fragilidade, uma vez que as mães passam a assumir grande parte do cuidado, além de contribuírem para a renda familiar, o que vem dificul-tar a supervisão dos filhos que se torna falha à medi-da que estes crescem.

Alguns estudos [11] indicam que: embora muitas adolescentes possam, a princípio, encarar a gravidez como um meio de obter atenção e de se fazerem sentir ‘crescidas’ e importantes, ao final sentem-se sós, desamparadas e ‘aborrecidas’. Algumas não superam o conflito que se estabelece quando rece-bem a notícia da gravidez, vivenciando a situação, frequentemente, como um ‘castigo’. (p.136)

No estudo de Pontes et al. [12] sobre o imaginário de adolescentes acerca da maternidade adolescente constata-se que a gravidez na adolescência “parece ser vista como uma punição ao ‘crime’ de ter rela-

ções sexuais, e que a figura realmente castigada seria a jovem gestante, a quem são associadas ima-gens de abandono e de morte” (p. 92). Para as auto-ras, a oscilação entre a onipotência, ao exercer a sexualidade de modo impulsivo e despreocupado, e a associação da sexualidade a “imagens terroríficas”, indicaria que os adolescentes estariam “lidando com o desabrochar da sexualidade de maneira emocio-nalmente empobrecida” (p. 92). Apontam ainda que o imaginário aterrador proviria de um discurso social que trata a sexualidade adolescente como compor-tamento de risco e observam que seria possível ins-truir os jovens quanto as “consequências inerentes à vida sexual” sem “ter a sua sexualidade ‘aniquilada’ ou o direito a uma vida sexual furtado” [12], priori-zando o seu desenvolvimento emocional. A esse quadro Levandowski, Piccinini e Lopes [9] acrescentam o temor da penúria e a falta de pers-pectivas diante de taxas maiores de pobreza e de-semprego, relacionadas ao baixo nível de escolari-dade (devido à dificuldade de conciliar trabalho, es-tudos e atividades domésticas) e agravadas pelo baixo status socioeconômico familiar e baixa estabili-dade conjugal. No entanto, após a entrada do(s) fi-lho(s) na idade escolar, a situação desfavorável na qual a jovem mãe se encontra pode ser revertida. Em relação ao cuidado materno, Bergamaschi e Pra-ça [13] mencionam estudos que mostram que, ao se sentirem apoiadas e seguras, ao longo do tempo, as mães adolescentes fortalecem o vínculo com seu filho, demonstrando maior responsabilidade e ama-durecimento. Dentro desse contexto, Salomão e Sil-va [11] destacam como significativo o suporte socio-emocional oferecido pelos avós.

E Levandowski, Piccinini e Lopes [9] asseveram que a maternidade na adolescência dificultaria ou impedi-ria a conquista da autonomia em relação aos pais, estando a jovem mãe em “situação de risco para consolidar o processo natural de separação-individuação, pela dependência em relação aos pais gerada pela maternidade” (p. 254).

Diante do fato da maternidade poder interferir no processo de autonomia, independência e individua-ção do adolescente, gerando sofrimento emocional, ao lado do crescente número de gestações adoles-centes no Brasil, sobretudo nos grupos sociais des-favorecidos, justifica-se desenvolver estudos sobre os sentidos da maternidade na adolescência em um contexto de precariedade social.

2. OBJETIVO

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Este estudo visa investigar os sentidos afetivoemoci-onais que jovens adolescentes atribuem à experiên-cia de ser mãe em situação de precariedade social.

3. MÉTODO Como pesquisa qualitativa o presente estudo carac-teriza-se por ser compreensivo, interpretativo, con-textualizado e baseado na experiência [15], ao inves-tigar os sentidos atribuídos por jovens adolescentes que se tornam mães em situações precárias de vida a partir de seu próprio relato.

A escolha pelo documentário “Meninas” foi orientada pelo tema da maternidade adolescente no Brasil, e pelo gênero documental que muito se aproxima do depoimento pessoal e, portanto, do drama vivido por quatro jovens adolescentes ao longo da gestação, parto e pós-parto. Além disso, o contexto social e a configuração familiar permeiam toda a narrativa ci-nematográfica, em uma “perspectiva semântica e hermenêutica que integra, a partir de um processo e de uma perspectiva dialógica, os sujeitos com seus contextos e suas ideologias” [14] Durante a assistência a um filme, as imagens não são assimiladas pelo espectador simplesmente como estímulos luminosos, pois ao incorporar o ponto de vista da câmera, o espectador investe de subjetivi-dade as imagens projetadas e interioriza percepções. O cinema funciona portanto, como um aparelho psí-quico substitutivo, que simula artificialmente uma vivência psicológica, que favorece a sugestão e o desfrute de uma vida emprestada pelo personagem. Além disso, os recursos de variação de ângulos e multiplicidade de perspectivas, permitem que o es-pectador se identifique com diferentes personagens ao mesmo tempo [16].

Ainda segundo Machado [16] as imagens, os enfo-ques, a iluminação e trilha sonora, são potentes indu-tores e comunicadores de estados de ânimo, e como chegam prontos ao espectador, o cinema executa pelo espectador parte de seu trabalho psíquico e pode ser considerado uma “máquina de moldar o imaginário”, ao “induzir no espectador percepções socialmente disciplinadas” [16]. Após assistência cuidadosa e repetida do documen-tário, foi realizado um registro da narrativa fílmica em três níveis: narrativa oral, narrativa visual e as im-pressões da pesquisadora durante a assistência. Posteriormente, os registros foram discutidos à luz da teorização winnicottiana sobre o desenvolvimento da preocupação materna primária frente as deman-das emocionais da adolescência, sendo articulados com a literatura científica.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO A cena inicial do documentário mostra, ao som de música melancólica, uma fila de meninas adolescen-tes na porta de um posto de saúde; elas estão cabisbaixas e algumas se mostram ansiosas, roendo as unhas. Na cena seguinte, já dentro do posto de saúde, as meninas recebem instruções da atendente de enfermagem em relação a como proceder a coleta de urina para a realização do teste de gravidez. Na sala de espera, as expressões faciais, olhares e gestos das meninas sugerem um estado de ânimo de ansiedade e apreensão. As cenas descritas nos remetem aos dados mencionados na introdução sobre a incidência de gravidez na ado-lescência e sua caracterização como problema de saúde pública. Pode-se também dizer que o fundo musical melancólico da cena e o aparente estado de ânimo das adolescentes nos remete à associação entre maternidade adolescente e ameaça e medo de desamparo, abandono, penúria e falta de perspec-tivas, conforme ressaltam Levandowski, Piccinini e Lopes [9]. O espectador é levado para dentro do mundo da adolescente grávida pela câmera que se-gue a expectativa aflita de meninas pelo resultado do teste. Essas imagens iniciais dão lugar ao relato in-tercalado das quatro protagonistas, sendo iniciado com a história de Luana.

Luana, 15 anos Em sua primeira cena, encontramos Luana aos quatro meses de gestação em uma consulta pré-natal, na qual é entrevistada por uma obstetra que lhe pergunta se sua gravidez foi planejada e se seus pais estão vivos. Luana responde que sua gravidez foi planejada e que somente sua mãe é viva; seu pai era traficante e foi morto 13 anos atrás. A mãe de Luana é viúva e a chefe da família, susten-tando cinco filhas sozinha (Luana é a filha mais vel-ha). Ela se mostra infeliz com a gravidez da filha, embora veja o acontecido como possível oportuni-dade de realizar seu sonho de ter um menino na família. Quando se confirma que o bebê é uma me-nina, a mãe de Luana se mostra decepcionada, po-rém na primeira vez em que acompanha a filha ao exame de ultrassom se emociona e chora, dando-se o mesmo por ocasião do nascimento da neta. A mãe de Luana se mostra feliz durante o chá de bebê, o único mostrado no documentário, o que nos leva a inferir o processo de elaboração e aceitação da gravidez da filha.

O namorado de Luana está sempre presente e mora com ela na casa de sua mãe. A mãe de Luana quer

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que os dois se casem, mas a menina afirma querer que as coisas fiquem como estão, argumentando que não quer usar aliança.

Luana está feliz por estar grávida e conta que queria ser mãe, desejo que diz ter sido despertado por cuidar de sua irmã mais nova. Relata que por cuidar da irmã desde que esta chegou da maternidade, passou a querer um “bebê que fosse dela” (sic). Quando dizia ao namorado que queria engravidar, ele dizia que não era a hora, mas ela disse que “ac-onteceu” (sic). A adolescente atribuiu o ocorrido ao fato de as vezes não usar preservativo, por não tê-los a mão, e acrescenta que “sabia que poderia en-gravidar algum dia” (sic), mas não acreditava que seria agora. Como aponta Souza et al. [17] “mas-carado pelo não uso dos métodos (contraceptivos), o desejo inconsciente de engravidar acaba se tornando o maior determinante do futuro das adolescentes” (p.594).

Szejer e Stewart apud Tachibana, Santos e Duarte [18] analisam o esquecimento do uso de contracep-tivos “como sendo atos falhos, representantes do discurso inconsciente” (p.152). Para Chatel apud Tachibana, Santos e Duarte [18] a fecundação seria o resultado de uma somatização, não ocorrendo ao acaso, enquanto Dolto apud Tachibana, Santos e Duarte [18] observa que “a mulher pode receber um filho sem tê-lo querido conscientemente, pois o apelo de seu corpo, isto é, seu querer inconsciente de fe-cundidade, estava inscrito em si mesma sem que se desse conta” (p. 151).

Temos aqui um importante ponto a ser considerado para o melhor entendimento da gravidez adolescente em situação de precariedade social. O desejo de gerar um filho, que remete à resolução do complexo de Édipo no desenvolvimento psíquico da mulher, aliado ao pertencimento a um contexto social no qual a gravidez assume a importante significação de “via de acesso à feminilidade” (p.87), constitui-se em expoente maior de afirmação social [19]. Vista por essa perspectiva, a gravidez em tal contexto social toma a forma de um rito de passagem, com a as-censão da adolescente ao status de mulher [19].

Considerando o relato de Luana sobre o desejo des-pertado quando cuidava da irmã mais nova, ques-tionamo-nos sobre quanto a responsabilização pelo cuidado dos irmãos mais novos, para que a mãe possa voltar ao trabalho, pode aguçar e exacerbar o desejo de fecundidade na adolescente.

Em relação à gravidez indesejada, Luana manifesta preocupação em relação à irmã mais velha, dizendo

para a mãe ficar “bem de olho nela” (sic), Uma vez que a irmã sorri e dá atenção a todos os meninos que se aproximam dela. Também teme que a irmã seja violentada, pois diz que em seu bairro “eles não respeitam mais” (sic), referindo-se aos traficantes da região, que se “mexem” (sic) com uma menina e esta sorri, já encaram como um convite ao sexo.

A mãe de Luana sente-se cansada e sobre-carregada, e reclama de não poder contar com a ajuda da menina. Ela diz que agora que a filha “está de barriga” (sic) acha que pode “peitar” (sic) a mãe e que, por esse motivo, ela chegou a bater em Luana para restabelecer sua autoridade. Esse episódio ilus-tra o potencial que a maternidade tem de alçar a mulher em direção a uma maior autonomia [6] e con-solidar a independência em relação aos pais. Após dar à luz, Luana afirma que o bebê está dando mais trabalho do que imaginava e que não pode fazer o que gosta (curso, esporte), pois tem que cuidar de sua filha; continua frequentando a escola à noite, mas às vezes precisa faltar por causa do bebê. Ela confessa que hoje se arrepende de ter engravi-dado, pois sua mãe é quem teve que arcar com todas as despesas e está “cheia de dívidas” (sic) por sua causa – uma contraposição à ilusão de onipotência e invulnerabilidade do adolescente que imagina que nada de mal lhe acontecerá [12]. Con-clui que agora seu sonho é trabalhar, criar sua filha e “tirar o peso das costas de sua mãe” (sic).

Evelin, 13 anos

Os pais de Evelin são separados e o relato da família começa com a mãe atribuindo a causa da gravidez ao fato da filha ter começado a frequentar bailes funk, “onde só tem o que não presta” (sic), com anuência do pai e da madrasta. O pai toma para si a culpa, dizendo que se ele tivesse dado mais atenção à filha, a situação teria sido diferente. Ele destaca o fato da filha ainda lhe parecer uma criança, pois adormece chupando o dedo em frente à TV e com frequência a vê brincando com suas bonecas no quarto, expressando sua estranheza ao ver a filha tão jovem e já grávida. O pai do filho de Evelin está envolvido com o tráfico de drogas, o que gera reservas por parte de seus pais em relação ao relacionamento do casal. A mãe de Evelin afirma que o rapaz deseja mandar em sua filha, mas que não teria esse direito por “morar de favor” (sic) em sua casa e depender financeiramente dela.

Ao ouvir a mãe, Evelin reage e defende o namorado ainda que em outro momento de seu relato refira o,

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desejo de terminar o namoro. Evelin se justifica pelo desejo de controle do namorado sobre sua vida e pela violência que sua resistência a se submeter pode desencadear. Ilustra quando, já grávida, recebe um empurrão e um soco do namorado por ter ido sozinha a um baile funk. Enquanto sua mãe argu-mentava que “mulher de bandido apanha” (sic), Evelin não acreditava que isso pudesse acontecer com ela, mas agora se arrepende, embora ainda goste dele. Mesmo frente à violência do namorado e a autoridade dos pais a menina parece não se intim-idar e pautar suas ações pelo que lhe parece con-veniente ou desejável.

Levando em consideração uma cena em que a me-nina grávida está tomando cerveja em um baile funk com o namorado, e a outra cena em que Evelin, já mãe, impacienta-se com o bebê, fica-se com a im-pressão de que, devido a sua imaturidade, as tarefas desenvolvimentais da adolescência se sobrepuseram às demandas da gestação e maternidade. Alinhadas com Dadoorian [19], que sugere o comprometimento da maternidade, quando esta se sobrepõe ao desen-volvimento da sexualidade adolescente, supomos que o estabelecimento da preocupação materna primária [8] possa ficar prejudicado, comprometendo o cuidado infantil, a menos que a adolescente conte com apoio familiar e social, como apontado pela lit-eratura [6, 10, 11].

Nas cenas finais do documentário ficamos sabendo que o marido de Evelin foi morto em um confronto com a polícia três meses após o término das fil-magens, quando sua filha estava com quatro meses de idade, remetendo-nos ao ocorrido com o pai de Luana, a primeira protagonista.

Edilene, 14 anos

Edilene é apresentada como uma das partes en-volvidas em um “triângulo amoroso”, do qual partici-pam Alex e Joice (a terceira protagonista do docu-mentário). Joice e Alex são ex-namorados e embora este tenha engravidado as duas meninas concomi-tantemente, desde o início optou por ficar com Edilene. Esta, enciumada, proibiu o namorado de ver Joice ao longo de toda a gestação, tendo sua ex-igência atendida. Edilene quase nunca sorri e fala pouco e baixo, demonstrando timidez.

Durante a gravidez, Edilene e Alex moraram na casa da mãe do rapaz, que se mostrava muito feliz com chegada do neto. Identificando-se com Edilene, pois também teve Alex quando tinha 16 anos, planeja dar ao neto tudo que não pôde dar ao filho.

A uma certa altura Edilene impõe como condição para continuar morando na casa da mãe de Alex que este desampare o filho que terá com Joice. O rapaz se recusa a acatar seu pedido, postura que nos parece sustentada pela interferência de sua mãe, que retém a renda do filho e a divide igualmente en-tre Edilene e Joice. A situação de Alex ilustra a relação de dependência que o adolescente ainda tem com seus pais, necessitando de orientação en-quanto ruma para uma vida adulta de independência e autonomia. Ambivalente, Alex ainda hesita entre o valor de prover a todos os filhos igualmente, postura muito defendida por sua mãe, e a manutenção do vinculo com Edilene, a quem elegeu como namora-da.

Coincidentemente, a mãe de Edilene também está grávida do pai de Edilene, de quem é separada. Ela conta que a gravidez foi um acidente e como tentou “abortar tomando um chá” (sic), sem sucesso, re-solveu levar a gestação a termo. Ela conta que seu ex-marido acha que ela fez de propósito, o que ela desmente.

Como Alex não desampara Joice e seu filho, Edilene volta para a casa de sua mãe. Porém, para a mãe de Alex, que diz ter chorado muito com a partida da me-nina e seu neto, este não parece ser o verdadeiro motivo do retorno de Edilene à casa materna. Na ausência do pai, aliada à necessidade de trabalho da mãe, Edilene é convocada a ocupar o papel de dona de casa e cuidadora da irmã de aproximadamente três anos para que, futuramente venha a cuidar do bebê de sua mãe. Embora esteja apaixonada por Alex e pareça estar muito bem amparada e feliz na casa da sogra, ela se submete aos desejos e neces-sidades de sua mãe. Similarmente às outras meni-nas, Edilene também diz ter vontade de estudar, o que não será possível quando estiver cuidando de dois bebês, o seu e o de sua mãe.

A seguir, é apresentada uma cena em que Edilene cozinha para a família enquanto sua irmã menor as-siste televisão e empurra o carrinho do bebê, em-balando-o. A cena seguinte mostra a irmã de Edilene que a observa enquanto troca a fralda do bebê que veste uma camisetinha com os dizeres “Eu sou da titia”, para depois repetir o gesto de trocar a fralda com sua boneca. Aqui é inaugurada a possibilidade da irmã mais nova ser chamada a cuidar dos dois bebês (irmão e sobrinho), enquanto Edilene e sua mãe trabalham fora para prover a família, estabele-cendo a transgeracionalidade da prática de se dele-gar o cuidado do(s) bebê(s) aos irmãos mais novos.

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23 e 24 de setembro de 2014

Transgeracionalidade é um termo que se refere a processos e experiências envolvendo valores, cultura e moral que são transmitidos pelas gerações anteri-ores às vindouras e que terminam por influenciar as escolhas profissionais, sexuais e afetivas, além de outras decisões do indivíduo, sem que este se dê conta. Nesse sentido pode-se dizer que todo indi-víduo faz parte de uma história preexistente, sendo simultaneamente prisioneiro e herdeiro da mesma [19]. Sendo assim, também somos levadas a pensar, tal como conjectura a mãe de Alex, que a escolha de Edilene de voltar para a casa da mãe após o nasci-mento de seu filho atende mais a sua história familiar do que ao suposto ciúme de Alex.

Gomes e Zanetti [21] partem da teorização freudiana sobre a psicologia dos grupos que postula a intersub-jetividade como fator constituinte da psicologia indi-vidual, para destacar que “a Psicanálise pós-freudiana preocupou-se em aprofundar o corpo teó-rico relacionado à temática dos grupos, considerando a importância de estudar seu processo e suas pecu-liaridades para a formação subjetiva de um indivíduo” (p.94), tomando a família como o “grupo formador da matriz intersubjetiva do nascimento da vida psíquica” [21] Isto posto, no que diz respeito ao fenômeno da gravidez adolescente em situação de precariedade social, faz-se necessário compreender o papel dos fatores transgeracionais, bem como a identificação das dinâmicas e valores do contexto sociocultural em que a maternidade adolescente se insere para uma assistência médica, psicológica e social mais afina-das às necessidades dessas adolescentes e suas famílias.

Joice, 15 anos

A jovem inicia seu relato contando que seu sonho era se alistar para a Marinha, mas que agora isso não era mais possível, uma vez que a instituição não aceita o alistamento de pessoas casadas nem com filhos. Alex,ex-namorado e pai de seu filho se ausen-ta durante toda a gestação de Joice, por exigência da namorada Edilene, contribuindo apenas finan-ceiramente, ainda que insuficiente para os cuidados de Joice e seu bebê. Foi somente quando a namora-da deixa a sua casa, retornando à casa materna, que Alex faz sua primeira visita à Joice, a qual já havia dado a luz. Podemos inferir que a mãe de Alex acompanhou a gravidez de ambos os netos proven-do tanto o apoio financeiro como o emocional às me-ninas, cuidando para que nenhum dos netos fosse abandonado (exigência de Edilene para continuar

morando com Alex), retendo a renda do filho e repartindo igualmente para os dois netos.

Já o pai de Joice se mostra defensivo em relação a Alex, citando a consulta a um juiz que teria lhe dito que a gravidez da filha poderia ser qualificada como “sedução de menor” (sic) e se diz pessimista em relação ao futuro da família. Ao saber que Alex tinha ainda 21 anos conclui que o rapaz ainda vai sofrer muito e, como ele próprio, será privado de muitas coisas em nome dos filhos e da família.

Joice admite que o que está vivenciando é “bem, bem diferente” (sic) do que havia imaginado e ex-pressa tristeza pelo rompimento com Alex, mas per-cebe que agora não adianta pensar em si, pois pre-cisa pensar em sua filha, agora que são “só as duas” (sic), encarnando o “imaginário terrorífico” de desamparo mencionado por Pontes et al. [12].

As cenas filmadas na casa de Joice são bem mais escuras, quando comparadas com as demais ao lon-go do documentário, em perfeita sintonia com o hu-mor depressivo com que relatava sua experiência. Esse quadro de desesperança alerta para o risco de Joice desenvolver um quadro de depressão pós-parto, sinalizando a necessidade de suporte familiar, social e, possivelmente, profissional.

Subscrevemos a colocação winnicottiana sobre ne-cessidade de que a mãe seja suficientemente sau-dável para que seja capaz de se identificar com o bebê, sem adoecer, abrir mão de seus interesses e atividades, ainda que temporariamente, e possa re-tomar sua vida à medida que o bebê cresce (WINNICOTT, 2000). Porém, como a literatura espe-cializada aponta, e o documentário retrata, o antago-nismo entre as tarefas desenvolvimentais da adoles-cência e as demandas da maternidade podem ser fonte de sofrimento para a jovem mãe e sua família, além de comprometer o cuidado infantil.

Enfatizamos a necessidade de suporte social e psi-cológico à adolescente grávida, bem como a sua família a qual sofre das mesmas privações nesse contexto de precariedade social, para que possa exercer a maternidade em condições dignas sem sofrer a ameaça de desamparo, penúria e falta de oportunidades econômicas e sociais.

E, finalmente, destacamos a adequação do uso da narrativa documental como fonte de dados para uma pesquisa qualitativa, por se constituir como relato de experiência pessoal, cujo procedimento guarda se-melhanças com uma entrevista com participantes que testemunham, qualificando este estudo como empírico.

Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178

Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420

23 e 24 de setembro de 2014

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[22] MENINAS. Sandra Werneck. Produção de: Sandra Werneck. Rio de Janeiro: Cineluz Produções Cinematográficas, 2005. 1 DVD (71 mins./cor), Manaus, Distribuído por VIDEOLAR S.A., sob licença de VIDEOFILMES PRODUÇÕES ARTÍSTICAS LTDA.