ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos...

106
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO ANTINOCICEPTIVO DE UMA FRAÇÃO RICA EM CUMARINA DE Ayapana triplinervis (ASTERACEAE) Thiago Portal da Paixão BELÉM - PA 2016

Transcript of ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos...

Page 1: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO ANTINOCICEPTIVO DE UMA FRAÇÃO RICA EM CUMARINA

DE Ayapana triplinervis (ASTERACEAE)

Thiago Portal da Paixão

BELÉM - PA

2016

Page 2: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO ANTINOCICEPTIVO DE UMA FRAÇÃO RICA EM CUMARINA

DE Ayapana triplinervis (ASTERACEAE)

Autor: Thiago Portal da Paixão Orientadora: Profª. Drª. Marcieni Ataíde de Andrade

Co-orientador:  Prof. Dr. Enéas de Andrade Fontes Júnior

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciências Farmacêuticas, área de

concentração: Fármacos e Medicamentos, do Instituto

de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do

Pará, como requisito para obtenção do Título de Mestre

em Ciências Farmacêuticas

BELÉM - PA

2016

Page 3: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

FOLHA DE APROVAÇÃO

Thiago Portal da Paixão

ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO ANTINOCICEPTIVO DE UMA FRAÇÃO RICA EM CUMARINA DE Ayapana triplinervis (ASTERACEAE)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Ciências Farmacêuticas, da

Universidade Federal do Pará, para obtenção do

título de Mestre. Área de concentração: Fármacos e

Medicamentos.

Aprovado em: 27 de abril de 2016.

Banca Examinadora

_______________________________________________

Profa. Dra. Marcieni Ataíde de Andrade (Orientadora)

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêutica/UFPA

_______________________________________________

Profa. Dra. Alaíde Braga de Oliveira

Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêutica/UFPA

_______________________________________________

Prof. Dr. Pergentino José da Cunha Sousa Faculdade de Ciências Farmacêuticas/UFPA

BELÉM-PA

Page 4: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

2016 DEDICATÓRIA

Em gratidão a essas mulheres: À minha irmã, por sua

incansável dedicação e amparo; à minha orientadora,

por exercer em mim tanta positividade e por

compartilhar a sua paz; e à minha saudosa mãe que

me ensinou as maiores virtudes de um Ser, dedicou-

me o seu grande amor e a sua vida.

Page 5: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

AGRADECIMENTOS

A Deus, por me fazer acreditar que é possível, sobretudo a existência de pessoas boas,

Ao meu pai, aos meus irmãos e ao meu cunhado, pelo apoio, pela compreensão e dedicação,

À minha orientadora, pela imensa contribuição que ultrapassou as barreiras do conhecimento, alcançando aspectos pessoais,

Ao meu co-orientador, Prof. Enéas, por sua valorosa contribuição,

À Profa. Ana Cristina, pela disposição em ajudar e sempre de forma muito generosa,

À Profa. Alaíde, pela enorme contribuição intelectual prestada de forma muito gentil a mim e a este estudo,

Ao Prof. Marcos Valério, pela demonstração diária de sua preocupação e generosidade,

À Daniele Okabe, pela paciência e dedicação e por dividir comigo a condução deste trabalho,

Aos amigos do Laboratório de Farmacognosia da Faculdade de Farmácia/UFPA: Suellen, Roberto, Thays, Thamires, Elinalva, Adriana e Giovane, pela contribuição na forma de felicidade, compartilhada diariamente,

Aos amigos do PPGCF/UFPA: João Paulo, Ana Carla e Marcus, pela cumplicidade, pela reciprocidade, pelo companheirismo,

Aos colegas do LAFICO/Faculdade de Farmácia/UFPA: Bruno Pinheiro, Klayton, Fábio, Mayara, Lorena, Brunno Pinho, Diandra, Paula, pois suas inúmeras contribuições foram certamente uma parte essencial para este trabalho,

A todos os colegas do Laboratório de Fitoquímica da Faculdade de Farmácia/UFPA,

Aos colegas do Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da Faculdade de Farmácia/UFPA,

A todos que indiretamente contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho, que apesar de ser indiretamente, não foram menos que essenciais.

Page 6: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

“Pensamentos valem e vivem pela observação exata ou nova, pela reflexão aguda ou profunda;

não menos querem a originalidade, a simplicidade e a graça do dizer.”

Machado de Assis

Page 7: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

RESUMO

PAIXÃO, T.P. Estudo fitoquímico e avaliação do efeito antinociceptivo de uma fração rica em cumarina de Ayapana triplinervis (Asteraceae). Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, Universidade Federal do Pará, Belém, 2016. 106f. Ayapana triplinervis (Vahl) é uma planta medicinal nativa da Amazônia utilizada para o tratamento de dores. As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua presença, relação com seus efeitos farmacológicos. O seu efeito antinociceptivo foi demonstrado em animais tratados com extratos brutos, contudo, ainda não há estudos voltados a identificação de compostos responsáveis por este efeito. Deste modo, investigou-se a relação entre uma cumarina de A. triplinervis e o efeito antinociceptivo previamente demonstrado para esta espécie. Extratos de diferentes polaridades foram obtidos a partir da droga vegetal de partes aéreas da planta. Estes extratos foram submetidos às análises fitoquímicas, selecionando um extrato para obtenção de frações. O fracionamento foi realizado por cromatografia em coluna e as frações obtidas foram submetidas às análises cromatográficas e espectrais para seleção da Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt). A composição química da FrCAt foi avaliada através de técnicas cromatográficas e espectrais, que permitiram a identificação do seu composto majoritário. A avaliação da toxicidade aguda e do efeito antinociceptivo da FrCAt foi realizada em camundongos. Os modelos de nocicepção foram o teste de contorção abdominal induzido por ácido acético e o teste da formalina. Nas análises fitoquímicas o extrato de acetato de etila apresentou melhor perfil para cumarinas, por isso o mesmo foi selecionado para fracionamento, onde foram obtidas 3 frações cumarínicas. Destas, uma apresentou melhor perfil cromatográfico e espectral, sendo selecionada para outras análises. Através das análises cromatográficas, observou-se existência de composto majoritário na fração que, após ser submetido a diferentes métodos espectrais, foi identificado como 6,7-(metilenodioxi)cumarina, conhecida como aiapina, pois foi isolada pela primeira vez de A. triplinervis. A FrCAt foi considerada com baixo potencial tóxico aguda, pois não causou mortes nem alterações comportamentais no teste de toxicidade. O efeito antinocipetivo foi constatato nos animais tratados por via oral com 5, 10 e 20 mg/kg de FrCAt, através da redução das contorções abdominais e redução do tempo de lambida da pata nas duas fases do teste da formalina. Em adicional a reversão do efeito da FrCAt promovido pela coadministração com naloxona (antagonista opioide), sugeriu que a fração exerça efeito antinociceptivo com envolvimento de receptores opioides. Dessa forma, infere-se que o composto majoritário da FrCAt, a aiapina, possivelmente foi responsável pelo efeito antinociceptivo da fração, atuando no sistema opioide. Este estudo demonstrou pela primeira vez o efeito da aiapina em modelo de dor, evidenciando a relação dessa cumarina com uso medicinal de A. triplinervis contra a dor.

Palavras-chave: Ayapana triplinervis; cumarinas; aiapina; efeito antinociceptivo.

Page 8: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

ABSTRACT

PAIXÃO, T.P. Phytochemical study and antinociception evaluation of fraction rich in coumarins from Ayapana triplinervis (Asteraceae). Dissertation (Master) Pos-Graduate Program in Pharmaceutical Sciences, Federal University of Pará, Belem, 2016. 106f. Ayapana triplinervis (Vahl) is a native medicinal plant from the Amazon used for the treatment of pain. Coumarins are your important chemical constituents because they were related to your pharmacological effects. The antinociceptive effect was demonstrated in animals treated with crude extracts of the plant, however, there are no studies aimed at identifying compounds responsible for this effect. Thus, we investigated the relationship between a coumarin from A. triplinervis and antinociceptive effect previously exerted by this plant. Extracts of different polarities were obtained from aerial parts of the plant.  The extracts were submitted phytochemical analysis, so was selected an extract to obtain fractions.The obtained fractions was performed by column chromatography and the fractions obtained were subjected to chromatographic and spectral analyzes for selecting the Coumarin Fraction A. triplinervis (CFAt). The chemical composition of CFAt was evaluated by chromatographic and spectral techniques, which allowed the identification of their major compound. The assessment of acute toxicity and the antinociceptive effect of the CFAt were carried out in mice. The nociception models were writhing test induced by acetic acid and formalin test. In the phytochemical analysis the ethyl acetate extract showed the best profile for coumarins, so it was selected for fractionation, which was obtained three fractions containing coumarins.   Through chromatographic analysis was observed the presence of major compound in the fraction, the compound was identified by different spectral methods 6,7-(Methylenedioxy)coumarin, called ayapin, a coumarin which was first isolated from A. triplinervis.The CFAt was considered low acute toxic potential due not cause deaths or behavioral changes in toxicity testing. Antinociceptive effect was observed in animals treated orally with 5, 10 and 20 mg/kg of CFAt due reducing writhings and reduction of paw licking time in both phases of the formalin test. In additional, the reversal of the effect of CFAt caused by coadministration with naloxone (opioid antagonist) suggested that the fraction exert antinociceptive effect at opioid receptors.  Thus, we show that the majority compound of the CFAt, identified as ayapin, was possibly responsible for the antinociceptive effect of the fraction and acting on opioid system. This study demonstrated for the first time the effect of Ayapin on pain model, showing the relationship of this coumarin with medicinal use of A. triplinervis against pain.

Keywords: Ayapana triplinervis; coumarins; ayapin; antinociceptive effect.

Page 9: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Imagens de Ayapana triplinervis (Vahl). 19

Figura 2: Principais compostos identificados no óleo essencial de A.

triplinervis.

28

Figura 3: Cumarinas isoladas de A. triplinervis. 34

Figura 4: Estrutura molecular do ácido o-hidroxicinâmico (23) e a molécula

resultante de sua lactonização, a 1,2-benzopirona (24), sendo esta

o protótipo da classe das cumarinas.

43

Figura 5: Processamento sensorial no corno dorsal da medula espinal. 52

Figura 6: Esquema de obtenção dos extratos de diferentes polaridades de A.

triplinervis.

58

Figura 7: Prospecção fitoquímica por cromatografia de camada delgada da

droga vegetal de A. triplinervis e seus extratos de diferentes

polaridades.

74

Figura 8: Espectro de absorção (A) na região do UV-VIS dos extratos de A.

triplinervis.

76

Figura 9: Análise por cromatografia de camada delgada das frações do

extrato de acetato de etila de A. triplinervis obtidas em coluna

cromatográfica.

77

Figura 10: Espectro de absorção (A) na região do UV-VIS das frações

cumarínicas obtidas do extrato de acetato de etila de A. triplinervis,

evidenciando os picos de absorção característicos de cumarinas.

78

Figura 11: Perfis cromatográficos exploratórios obtidos por CLAE-DAD com

detecção em 280 nm.

80

Figura 12: Espectro de absorção no infravermelho da Fração Cumarínica de A.

triplinervis (FrCAt).

81

Figura 13: Dados cromatográficos e espectrais da Fração Cumarínica de A.

triplinervis (FrCAt).

82

Figura 14: Espectro de RMN de 1H da Fração Cumarínica de A. triplinervis

(FrCAt) (CDCl3, 400 MHz).

84

Figura 15: Espectro de RMN de 13C da Fração Cumarínica de A. triplinervis

(FrCAt) (CDCl3, 400 MHz).

85

Figura 16: Espectro de RMN de 13C DEPT 135 da Fração Cumarínica de A.

triplinervis (FrCAt) (CDCl3, 400 MHz).

85

Page 10: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

Figura 17: Efeito da Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt), v.o., sobre

as contorções induzidas pelo ácido acético 0,6 %, i.p., em

camundongos:

87

Figura 18: Teste da Formalina. 91

Page 11: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Dados etnofarmacológicos de Ayapana triplinervis. 21

Quadro 2: Constituintes identificados no extrato metanólico das folhas de A.

triplinervis por CG/EM. 27

Quadro 3: Principais compostos do óleo essencial de A. triplinervis, obtido em

diferentes localizações geográficas no mundo. 31

Quadro 4:   Classificação de todos os compostos identificados no óleo essencial

de A. triplinervis. 33

Quadro 5:   Parâmetros utilizados na prospecção fitoquímica por Cromatografia de

Camada Delgada. 59

Quadro 6:   Parâmetros utilizados para fracionamento do extrato de acetato de

etila em coluna cromatográfica. 60

 

Page 12: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Gradiente da fase móvel utilizada na análise por CLAE-DAD 61

Tabela 2: Gradiente da fase móvel empregada na análise por CLAE-DAD-

EM/ESI.

63

Tabela 3: Parâmetros farmacognósticos da droga vegetal de A. triplinervis para

controle de qualidade.

68

Tabela 4: Rendimento dos extratos de A. triplinervis. 68

Tabela 5: Prospecção fitoquímica realizada através de testes de coloração e

precipitação com a droga vegetal de A. triplinervis e seus extratos de

diferentes polaridades, evidenciando o uso de uma droga vegetal

padrão para cada reação.

69

Tabela 6: Rendimento das frações do extrato de acetato de etila de A. triplinervis

obtidas em coluna cromatográfica.

77

Tabela 7: Comparação entre os dados de RMN de 1H e 13C registrados na

literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos para a

Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt).

84

 

Page 13: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

5-HT Serotonina

A Absorbância

AA Ácido Araquidônico

ACN Acetonitrila

AFD Neurônios de Amplas Faixas Dinâmicas

AINEs Anti-inflamatórios não Esteróides

ANOVA Análise da Variância

Bk Bradicinina

CAT Catalase

CC Cromatografia em Coluna

CCD Cromatografia de Camada Delgada

CG Cromatografia Gasosa

CGRP Peptídeo Relacionado ao Gene da Calcitonina

CL Cromatografia Líquida

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

COX Ciclo-oxigenase

DAD Detector de Arranjo de Diodos

DPPH 1,1-difenil-2-picril-hidrazil

EAAt Extrato de Acetato de Etila de A. triplinervis

EHAt Extrato Hexânico de A. triplinervis

EM Espectrometria de Massas

EMAt Extrato Metanólico de A. triplinervis

ESI Ionização por Spray de Elétrons

FAP’s Fibras Aferentes Periféricas

FrCAt Fração Cumarínica de A. Triplinervis

GSH Glutationa Redutase

GSSG Glutationa Oxidase

HAcOEt Extrato de Acetato de Etila

i.p. intraperitoneal

i.pt. intraplantar

IASP International Association for the Study of Pain

IL Interleucina

IV Infravermelho

Page 14: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

LTB4 Leucotrieno B4

LTs Leucotrienos

MDA Malondialdeído

MPO Mieloperoxidase

NO Óxido Nítrico

OECD Organization of Economic Cooperation and Development

PGE2 Prostaglandina E2

PGs Prostaglandinas

ppm parte por milhão

RMN Ressonância Magnética Nuclear

s.c. subcutâneo

SNC Sistema Nervoso Central

SNP Sistema Nervoso Periférico

SP Substância P

TAE Tumor Ascítico de Ehrlich

TMS Tetrametilsilano

TNF-α Fator de Necrose Tumoral Alfa

UFPA Universidade Federal do Pará

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

UPLC Ultra Performance Liquid Chromatography

UV Ultravioleta

v.o. via oral

VIS Visível

Page 15: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 17 2 REVISÃO DE LITERATURA........................................................................................... 19 2.1 Ayapana triplinervis Vahl............................................................................................ 19 2.1.1 ASPECTOS BOTÂNICOS.......................................................................................... 19 2.1.2 ETNOFARMACOLOGIA............................................................................................. 20 2.1.3 CONSTITUINTES QUÍMICOS.................................................................................... 26 2.1.3.1 Compostos do óleo essencial.................................................................................. 27 2.1.3.2 Cumarinas............................................................................................................... 34 2.1.4 AÇÃO FARMACOLÓGICA......................................................................................... 35 2.1.4.1 Efeitos antinociceptivo e anti-inflamatório............................................................... 37 2.1.4.2 Efeito antioxidante e hepatoprotetor........................................................................ 38 2.1.4.3 Efeito antifúngico..................................................................................................... 40 2.1.4.4 Efeito antibacteriano................................................................................................ 41 2.2 Aspectos gerais sobre a classe das cumarinas....................................................... 42 2.2.1 EFEITO ANTINOCICEPTIVO DE CUMARINAS DE ORIGEM NATURAL.............. 45 2.3 Nocicepção e fisiopatologia da dor........................................................................... 47 2.3.1 COMPONENTES DA NOCICEPÇÃO....................................................................... 48 2.3.2 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO NOCICEPTIVA............................................... 49 2.3.3 SISTEMA OPIOIDE.................................................................................................... 53 3 OBJETIVO........................................................................................................................ 54 3.1 Objetivo geral............................................................................................................... 54 3.2 Objetivos específicos.................................................................................................. 54 4 MATERIAIS e MÉTODOS................................................................................................ 55 4.1 Coleta e identificação botânica.................................................................................. 55 4.2 Obtenção da droga vegetal......................................................................................... 55 4.3 Análises farmacognósticas da droga vegetal........................................................... 55 4.3.1 PERDA POR DESSECAÇÃO..................................................................................... 55 4.3.2 TEOR DE CINZAS TOTAIS........................................................................................ 56 4.3.3 TEOR DE CINZAS INSOLÚVEIS............................................................................... 56 4.4. Obtenção dos extratos............................................................................................... 57 4.5 Prospecção fitoquímica.............................................................................................. 58 4.6 Obtenção de frações cumarínicas por Cromatografia em Coluna (CC)............... 59 4.7 Obtenção do perfil espectral na região do UV-Visível (UV-VIS)............................ 60 4.8 Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Detector de Arranjo de Diodo (CLAE-DAD).........................................................................................

61

4.9 Obtenção do espectro no Infravermelho (IV)........................................................... 62 4.10 Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectrometria de Massas (CLAE-EM)............................................................................

62

4.11 Obtenção do espectro de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)...................... 63 4.12 Avaliação farmacológica........................................................................................... 63 4.12.1 ANIMAIS DE EXPERIMENTAÇÃO......................................................................... 63 4.12.2 DROGAS E TRATAMENTOS................................................................................... 64 4.12.3 AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA................................................................... 64

Page 16: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

   

4.12.4 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA....................................................... 65 4.12.4.1 Teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético.............................. 65 4.12.4.2 Teste da formalina................................................................................................. 65 4.12.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA.......................................................................................... 66 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................

67

5.1 Análises farmacognósticas........................................................................................ 67 5.2 Rendimento dos extratos........................................................................................... 68 5.3 Prospecção fitoquímica.............................................................................................. 68 5.3.1 TESTES DE COLORAÇÃO E PRECIPITAÇÃO......................................................... 68 5.3.2 CROMATOGRAFIA DE CAMADA DELGADA........................................................... 71 5.4 Perfil espectral dos extratos na região no UV-VIS................................................... 75 5.5 Frações obtidas por Cromatografia em Coluna (CC)............................................... 76 5.6 Perfil espectral das frações na região no UV-VIS..................................................... 77 5.7 Perfil cromatográfico por CLAE-DAD........................................................................ 78 5.8 Espectro no Infravermelho (IV).................................................................................. 80 5.9 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectrometria de Massas (CLAE-EM)..........................................................................................................................

81

5.10 Espectros de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)........................................... 83 5.11 Avaliação farmacológica........................................................................................... 86 5.11.1 TOXICIDADE ORAL AGUDA................................................................................... 86 5.11.2 EFEITO ANTINOCICEPTIVO................................................................................... 86 5.11.2.1 Contorções abdominais induzidos por ácido acético............................................ 86 5.11.2.2 Teste da Formalina................................................................................................ 89 6 CONCLUSÃO................................................................................................................... 94 REFERÊNCIAS................................................................................................................... 95 ANEXO................................................................................................................................ 106

Page 17: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

17    

1 INTRODUÇÃO As plantas medicinais constituem umas das principais medidas utilizadas em

práticas complementares em saúde. O uso de plantas como único e eficaz recurso

terapêutico ainda é observado, sobretudo, em regiões onde há o

subdesenvolvimento socioeconômico e em regiões onde a população expressa um

rico conhecimento tradicional acerca de terapias alternativas (WHO, 2002).

Neste cenário, observa-se que o uso de plantas medicinais representa uma

possibilidade para a descoberta de novos fármacos capazes de demonstrar eficácia

e segurança semelhantes aos existentes, contudo, com a menor ocorrência de

efeitos adversos (BALUNAS e KINGHORN, 2005).

O tratamento farmacológico de dores é constituído pela utilização de variados

medicamentos das classes dos Anti-Inflamatórios Não Esteroides (AINEs), dos

corticosteroides e dos analgésicos opioides (KOPF e PATEL, 2010). Os AINEs são

os analgésicos mais comumente utilizados, apesar de sua eficácia e segurança bem

estabelecidas, a administração em longo prazo pode induzir efeitos indesejáveis

como úlceras gastrointestinais, sangramentos e complicações cardiovasculares

(VONKEMAN e VAN DE LAAR, 2010; SOSTRES, 2010). As alternativas

terapêuticas diante destes problemas são limitadas, pois outras classes de

medicamentos para combate a dor apresentam reações adversas recorrentes

(BENYAMIN et al. 2008).

Em contrapartida, os AINEs, encontram-se entre os medicamentos mais

utilizados no mundo, incluindo os prescritos e não prescritos (PILOTTO, 2010).

Considerando a demanda por estes medicamentos e as reações adversas comuns

compartilhadas por eles, as plantas medicinais constituem uma considerável fonte

para a pesquisa e desenvolvimento de novos analgésicos com menor ocorrência de

efeitos adversos.

Neste aspecto, evidencia-se a espécie Ayapana triplinervis (Vahl), uma planta

medicinal nativa da Amazônia, conhecida popularmente na região como Japana.

Esta planta apresenta utilização difundida em todo Brasil e em outros países da

América Latina, Caribe e países asiáticos. Dentre suas indicações de uso medicinal

têm sido relatados a sua utilização em diferentes preparações para o tratamento de

dores (VAN DEN BERG et al. 1984; DI STASI e HIRUMA-LIMA, 2000; DEFILIPPS et

Page 18: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

18    

al. 2006; SREEKEESOON e MAHOMOODALLY, 2014; AHMAD et al. 2014;

VÁSQUEZ et al. 2014).

Quanto à sua constituição química, destacam-se as cumarinas, já tendo sido

isolados sete, das quais, dois pela primeira vez a partir da espécie, a aiapanina (7-

metoxicumarina) e a aiapina (6,7-(metilenodioxi)cumarina) (BOSE e ROY, 1936;

GARG e NIGAM, 1970; NATAJARAM e NATAJARAM, 1979; CHATURVEDI e

MULCHANDANI, 1989; TRANG et al. 1992 e 1993). As cumarinas são importantes

no aspecto farmacológico de A. triplinervis, pois foram correlacionadas a ações

terapêuticas apontadas no uso médico-cultural da planta (ARUNG et al. 2012).

O efeito antinociceptivo de A. triplinervis foi demonstrado em modelos animais

com a administração oral de extratos brutos (PARIMALA et al. 2012; MELO et al.

2013;), contudo, ainda não há estudos voltados a identificação das frações e/ou

compostos isolados que possivelmente sejam os responsáveis por este efeito. Deste

modo, o presente estudo investigou a relação entre a cumarina majoritária de A.

triplinervis e o efeito antinociceptivo previamente demonstrado para espécie.

Page 19: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

19    

2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 Ayapana triplinervis Vahl. 2.1.1 ASPECTOS BOTÂNICOS

Ayapana triplinervis (Vahl) R.M. King & H. Robinson (Figura 1) é o nome

científico oficial e atualizado da espécie, que tem como sinonímias Eupatorium

triplinerve Vahl e Eupatorium ayapana Veuten (ou Vent.). Pertencente à família

Asteraceae, trata-se de uma erva bastante delicada, perene, de caule ereto

semilenhoso na base, ferrugíneo e glabro; folhas (4,5-10,5 cm de comprimento e

0,8-1,7 cm de largura) são aromáticas, suaves, simples, opostas, subsésseis,

glabras, lanceoladas, acuminadas e triplinervada; as flores são reunidas em

capítulos dispostos terminalmente cada um medindo cerca de 6-13 milímetros de

comprimento; fruto tipo aquênio, alongado, anguloso, estriado e diminuto com

papilho do mesmo tamanho (DI STASI e HIRUMA-LIMA, 2000).

Figura 1: Imagens de Ayapana triplinervis. A e B: Em seu habitat natural (Fonte: arquivo

próprio). C: Ilustração da espécie (Fonte: Tropilab®inc, 2013).

A C B

Page 20: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

20    

2.1.2 ETNOFARMACOLOGIA

No Brasil, A. triplinervis é conhecida popularmente como Japana, Aiapana,

Iapana, Erva-de-cobra, Japana Branca, Japana Roxa, Erva-santa, Pimenta

malagueta. Na Índia é conhecida como Ayapan, Vishalyakarani, Ayaapaana,

Ayapanai, Ayapani (Maharashtra). Nas ilhas da Reunião e Maurícia, a espécie é

localmente conhecida como Ayapana; em Bangladesh além de Ayapana e também

conhecida como Bishallakarani; e na Indonésia, Belabetan. Em Trinidad e Tobago, a

espécie tem as seguintes denominações tradicionais: Ayapana, Japanne, 'z'herbe à

femme'. Na Guiana Francesa: Aiapana, Ayapana, Diapana, the de l'Amazone. No

Suriname: Sekrepatoewiwiri, Sekrepatoe-wiwiri, Sekrepatoe wiri, Sekrepatu wiwiri.

Os estudos relatam, em sua grande maioria, o uso das folhas de A.

triplinervis. Infusões e decocções prevalecem para uso interno e o sumo/suco para

uso externo. Apresenta-se no Quadro 1 os estudos etnofarmacológicos que

registraram as distintas formas e finalidades de uso de A. triplinervis em diferente

regiões.

Page 21: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

21    

Finalidade de uso Parte utilizada Forma de utilização País Referência Acne Folhas Sumo Índia (GHOSH, 2008)

Adstringente Folhas Infusão Brasil, Peru (MORS et al. 2000; AGAPITO e SUNG et al. 2003) Sumo Brasil (AGAPITO e SUNG et al. 2003) Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014)

Aftas Folhas Não citado Brasil (LE COINT, 1947) Infusão Brasil (BALBACH, 1995)

Anemia Folhas Extrato Índia (DAS e BONDYA, 2015)

Angina Infusão Brasil (MOREIRA, 1996; LE COINT, 1947; DI STASI, 1989) Planta Infusão Brasil (BALBACH, 1995) Folhas Não citado Brasil (PIO CORREA, 1984)

Antisséptico Folhas Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014) Decocção Índia (DAS e BONDYA, 2015)

Cicatrização de úlceras/feridas Folhas

Decocção Brasil (AGAPITO e SUNG et al. 2003) Sumo Brasil (LE COINT, 1947; AGAPITO e SUNG et al. 2003) Infusão Peru (AGAPITO e SUNG et al. 2003)

Sumo Peru (BALBACH, 1995) Maurício (SAMOISY e MAHOMOODALLY, 2015)

Cataplasma Maurício (NUNKOO E MAHOMOODALLY, 2012) Índia (DEEPTHY et al. 2014)

Cólera Planta Infusão Brasil (MOREIRA, 1996) Folhas Infusão Brasil (DI STASI, 1989) Folhas Não citado Brasil (PIO CORREA, 1984)

Cólica Folhas Infusão Peru (BRACK EGG, 1999) Sumo Peru (ARÉVALO, 1994) Não citado Ilhas Mascarenhas (POURCHEZ,  2016)

Colite Partes aéreas Decocção Maurício (MAHOMOODALLY e SREEKEESOON, 2014) Constipação intestinal Folhas Decocção Índia (DAS e BONDYA, 2015)

Depurativo Folhas Infusão Peru (BRACK EGG, 1999) Sumo Peru (ARÉVALO, 1994)

Desordens hepáticas

Folhas Infusão Peru (AGAPITO e SUNG et al. 2003)

Folhas Decocção Brasil (DI STASI e HIRUMA-LIMA, 2002) Paquistão (AHMAD et al. 2014)

Planta Não citado Brasil (VIEIRA, 1992) Quadro 1: Dados etnofarmacológicos da espécie Ayapana triplinervis. (continua)

Page 22: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

22    

Finalidade de uso Parte utilizada Forma de utilização País Referência

Diarreia Folhas

Decocção Brasil (AGAPITO e SUNG et al. 2003) Infusão Brasil (DEFILIPPS et al. 2006) Infusão Peru (AGAPITO e SUNG et al. 2003) Não citado Brasil (PIO CORREA, 1984; LE COINT, 1947) Infusão Brasil (BALBACH, 1995) Infusão Brasil (DI STASI e HIRUMA-LIMA, 2002) Chá Brasil (VÁSQUEZ et al. 2014)

Partes aéreas Decocção Maurício (MAHOMOODALLY e SREEKEESOON, 2014)

Digestivo Folhas

Não citado Brasil (PIO CORREA, 1984; LE COINT, 1947) Infusão Brasil (BALBACH, 1995)

Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014) Maurício (MAHOMOODALLY e MUTHOORAH, 2014) Índia (DAS e BONDYA, 2015)

Disenteria Folhas Infusão Brasil (MORS et al. 2000; DI STASI e HIRUMA-LIMA, 2002)

Dor estomacal Folhas Sumo Peru (ARÉVALO, 1994) Infusão Maurício (SREEKEESOON e MAHOMOODALLY, 2014)

Partes aéreas Decocção Maurício (MAHOMOODALLY e SREEKEESOON, 2014)

Dor de cabeça Folhas

Não citado Brasil (VAN DEN BERG et al. 1984)

Infusão Guianas (DEFILIPPS et al. 2006) Maurício (SREEKEESOON e MAHOMOODALLY, 2014)

Sumo Brasil (DI STASI e HIRUMA-LIMA, 2002) Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014) Chá Brasil (VÁSQUEZ et al. 2014)

Edema Folhas Sumo Peru (ARÉVALO, 1994) Emoliente Folhas Sumo Brasil (AGAPITO e SUNG et al. 2003)

Escorbuto Folhas Não citado Brasil (LE COINT, 1947; BALBACH, 1995) Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014)

Estimulante

Folhas Infusão Brasil (MORS et al. 2000) Folhas Infusão Índia (BOSE e ROY, 1936) Planta Infusão Peru (BRACK EGG, 1999; SOPLIN et al. 1996) Folhas Não citado Brasil (PIO CORREA, 1984)

Estimulante cardíaco Planta Não citado Índia (SINGH, 2012)

Expectorante Folhas Infusão Brasil (DI STASI, 1989) Chá e banhos Brasil (JARDIM, 2009)

Quadro 1: Dados etnofarmacológicos da espécie Ayapana triplinervis. (continua)

Page 23: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

23    

Finalidade de uso Parte utilizada Forma de utilização País Referência

Febre Folhas

Não citado Brasil (ELISABETHSKY et al. 1990, SANTOS et al. 2012) Sumo Brasil (DI STASI, 1989) Infusão Guianas (DEFILIPPS et al. 2006) Infusão Brasil AGAPITO e SUNG et al. 2003) Não citado Brasil (JONVILLE et al. 2008) Extrato Bangladesh (UDDIN et al. 2013) Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014)

Gengivites Folhas Infusão Brasil (MORS et al. 2000; LE COINT, 1947; BALBACH, 1995)

Gripe

Folhas Infusão Guianas (DEFILIPPS et al. 2006) Planta Não citado Brasil (VAN DE BERG, 1991) Folhas Chá e banhos Brasil (JARDIM, 2009) Planta Não citado Brasil (VIEIRA, 1992) Folhas Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014)

Hemorragias Folhas Emplasto Peru (ARÉVALO, 1994) Pó Peru (BRACK EGG, 1999) Extrato Índia (DAS e BONDYA, 2015)

Hemorroidas Folhas Infusão Brasil (DI STASI e HIRUMA-LIMA, 2002)

Hemostático Folhas Infusão Índia (BOSE e ROY, 1936) Planta Não citado Índia (SINGH, 2012)

Hipertensão arterial Folhas Infusão Guianas (DEFILIPPS et al. 2006) Extrato Índia (DAS e BONDYA, 2015)

Inflamações Folhas Infusão Maurício (SAMOISY e MAHOMOODALLY, 2015)

Inflamação e dor urinária Folhas Infusão Peru (AGAPITO e SUNG et al. 2003) Chá Brasil (VÁSQUEZ et al. 2014)

Inflamação na garganta Folhas Infusão Brasil (MORS et al. 2000; AGAPITO e SUNG et al. 2003) Insônia Folhas Infusão Brasil (AGAPITO e SUNG et al. 2003)

Malária Partes aéreas Não citado Ilha da Reunião (JONVILLE et al. 2008) Folhas Decocção Brasil (DI STASI e HIRUMA-LIMA, 2002)

Náusea Folhas Decocção Brasil (AGAPITO e SUNG et al. 2003) Planta Não citado Guianas (DEFILIPPS et al. 2006)

Picadas de cobra Folhas

Infusão Brasil (BRACK EGG, 1999; MOREIRA, 1996; DI STASI, 1989) Infusão Peru (MORS et al. 2000) Não citado Brasil (PIO CORREA, 1984) Decocção Brasil (MOURA et al. 2015)

Quadro 1: Dados etnofarmacológicos da espécie Ayapana triplinervis. (continua)

Page 24: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

24    

Finalidade de uso Parte utilizada Forma de utilização País Referência

Problemas nos olhos e ouvidos Planta Infusão Brasil (MOREIRA, 1996) Folhas Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014)

Promover a menstruação Planta Infusão Argentina (MANFRED, 1977) Folhas Não citado Trinidad e Tobago (LANS, 2007b)

Resfriados Folhas

Não citado Brasil (VAN DEN BERG et al. 1984) Infusão Guianas (DEFILIPPS et al. 2006)

Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014) Maurício (MAHOMOODALLY e MUTHOORAH, 2014)

Sudorífico

Folhas Infusão Brasil (MORS et al. 2000; BALBACH, 1995) Folhas Infusão Guianas (LE COINT, 1947) Folhas Infusão Peru (DEFILIPPS et al. 2006) Folhas Infusão Índia (BRACK EGG, 1999; AGAPITO e SUNG et al. 2003) Planta Infusão Peru (BOSE e ROY, 1936) Planta Infusão Peru (PASTOR et al. 1996)

Folhas Não citado Brasil (PIO CORREA, 1984)

Tétano Folhas Infusão Peru (AGAPITO e SUNG et al. 2003) Infusão Brasil (MOREIRA, 1996; DI STASI, 1989)

Tônico Folhas Infusão Brasil (MORS et al. 2000; BALBACH, 1995) Infusão Índia (BOSE e ROY , 1936) Não citado Brasil (PIO CORREA, 1984; LE COINT, 1947)

Tosse

Folhas Infusão Brasil (MORS et al. 2000) Planta Não citado Brasil (VIEIRA, 1992)

Folhas Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014) Chá Brasil (VÁSQUEZ et al. 2014)

Tuberculose Planta Não citado Brasil (VIEIRA, 1992)

Tumor Folhas Infusão Peru (AGAPITO e SUNG et al. 2003) Planta Não citado Argentina (BECKSTRONG-STERNBERG, 1994)

Úlceras Folhas Decocção Paquistão (AHMAD et al. 2014)

Úlceras bocais/infecções

Folhas Infusão Brasil (MORS et al.) 2000 Folhas Infusão Guianas (DEFILIPPS et al. 2006) Planta Infusão Brasil (MOREIRA, 1996) Folhas Não citado Brasil (PIO CORREA, 1984)

Úlceras gástricas Folhas Não citado Brasil (VAN DEN BERG et al. 1984) Quadro 1: Dados etnofarmacológicos da espécie Ayapana triplinervis. (continua)

Page 25: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

25    

Finalidade de uso Parte utilizada Forma de utilização País Referência

Verminoses Folhas Não citado Trinidad e Tobago (LANS, 2007a) Infusão Brasil (DI STASI e HIRUMA-LIMA, 2002) Decocção Maurício (MAHOMOODALLY e MUTHOORAH, 2014)

Vômito Folhas Infusão Brasil (AGAPITO e SUNG et al. 2003) Planta Não citado Guianas (DEFILIPPS et al. 2006) Partes aéreas Decocção Maurício (MAHOMOODALLY e SREEKEESOON, 2014)

Quadro 1: Dados etnofarmacológicos da espécie Ayapana triplinervis.

Page 26: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

26    

2.1.3 CONSTITUINTES QUÍMICOS

As cumarinas foram os primeiros compostos isolados de A. triplinervis e

muitos estudos foram dedicados à identificação de compostos do seu óleo essencial.

Além disso, testes de triagem fitoquímica por coloração e precipitação têm detectado

diferentes classes de metabólitos secundários.

O extrato aquoso de partes aéreas de A. triplinervis foi submetido à

cristalização, o resíduo resultante desta técnica sofreu análise cromatográfica, na

qual, identificaram-se três compostos: éter dimetílico da timol hidroquinona,

timoquinona e éter metílico do timol. Sendo a timoquinona obtido com maior

rendimento e pela primeira vez isolada (TRANG et al. 1993).

A triagem fitoquímica de cinco diferentes extratos da planta (hexano; éter de

petróleo; metanol; clorofórmio:metanol [1:1, v/v]; clorofórmio:metanol [4:1, v/v])

obtidos das folhas A. triplinervis, demonstrou reações positivas para alcaloides (com

exceção do extrato metanólico), terpenos (com exceção do extrato metanólico),

esteroides, fenóis, taninos, flavonoides (com exceção do extrato metanólico e de

éter de petróleo) e heterosídeos antraquinônicos (com exceção do extrato

metanólico e clorofórmio: metanol [1:1, v/v]) (FACKNATH e LALLJEE 2008).

A fração metanólica obtida por fracionamento do extrato metanólico em

coluna cromatográfica de sílica-gel, foi submetida à análise por Cromatografia

Gasosa acoplada ao Espectrômetro de Massa (CG/EM). No total, 10 compostos

pertencentes a diferentes classes foram identificados, incluindo ácidos graxos,

alcanos, alcenos, álcoois, álcoois graxos e ésteres (Quadro 2), sendo o ácido

hexadecanoico, o composto majoritário (SELVAMANGAI e BHASKAR, 2012)

Page 27: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

27    

Composto Classe Propriedade e aplicações Ácido tetradecanoico Ácido

graxo Antioxidante, prevenção do câncer, nematicida, hipercolesterolêmica,

lubrificante 2,6,10-trimetil,14-etileno-14-

pentadeceno Alceno Antiproliferativa

7-butil-biciclo[4,1,0]heptano Alcano Não conhecida

Ácido 8-metildecanoico Ácido graxo

Condimento, nematicida, pesticida

1-undecanol Álcool graxo

Condimento, perfumaria

Ácido hexadecanoico Ácido graxo

Antioxidante, hipocolesterolêmico, nematicida, hemolítica, inibidor da 5-alfa-

redutase

1-hexil-1-nitrociclohexano Alcano Antioxidante, antimicrobiano e anti-inflamatório

1,14-tetradecanediol Álcool Antimicrobiano

Ácido 2-hidroxi-1,3-

propanediloctadecanoico Ácido graxo

Hipocolesterolêmico, antiarrítmico, nematicida, inibidor da 5-alfa redutase,

antiacneico, hepatoprotetor. 2-hidroxi-3-[(9E)-9-octadecenoloxi]

propila-(9E)-9-octadecenoato Éster Não registrada

Quadro 2: Constituintes identificados no extrato metanólico das folhas de A. triplinervis por CG/EM. Fonte: Selvamangai e Bhaskar (2012).

Na prospecção fitoquímica do extrato de éter de petróleo obtido das folhas de

A. triplinervis foram detectados esteroides, carboidratos, taninos, glicosídeos e

alcaloides (PARAMILA et al. 2012).

2.1.3.1 Compostos do óleo essencial

A análise do óleo essencial obtido das folhas de A. triplinervis coletada na

Índia identificou os compostos majoritários selina-4(15),7(11)-dien-8-ona (13;

36,6%); β-cariofileno (3; 14,7%); δ-elemeno (8; 5,9%); β-sesquifelandreno (5; 4,7%)

(Figura 2; GUPTA et al. 2004). Já o óleo essencial da espécie obtido de folhas e

caule, coletados no estado do Amapá, no norte do Brasil, apresentou como

constituintes majoritários o éter dimetílico da timol hidroquinona ou 2,5-dimetoxi-ρ-

cimeno (15; 69,7%); β- cariofileno (3, 19,7%) (Figura 2) (MAIA et al. 1999).

Page 28: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

28    

Gauvin-Bialecki e Marodon, em 2009, realizaram um estudo com o óleo

essencial obtido das folhas de A. triplinervis coletada em diferentes estágios de

desenvolvimento em três regiões distintas na Ilha da Reunião (Réunion), território

francês localizado ao leste de Madagascar. Neste estudo, 47 compostos foram

identificados em três amostras de óleo essencial, sendo o derivado aromático éter

éter dietílico da timol hidroquinona (15), o composto predominante, totalizando 89,9–

92,8%, seguido pelo hidrocarboneto sesquiterpênico β-selineno (4) com 2,1–3.4%

(Quadro 3).

Figura 2: Principais compostos identificados no óleo essencial de A. triplinervis. (1) α-felandreno, (2)

α-terpineol, (3) β-cariofileno, (4) β-selineno, (5) β-sesquifelandreno, (6) borneol, (7) acetato de bornil (8) δ-elemeno, (9) dipenteno, (10) isoeugenol, (11) linalol, (12) sabineno, (13) selina-4(15),7(11)-dien-8-ona, (14) 2-tert-butil-1,4-dimetoxibenzeno, (15) éter dimetílico da timol hidroquinona.

O estudo realizado por Gauvin-Bialecki e Marodon (2009) relacionou à

influência do local de coleta e estágio de desenvolvimento na expressão dos

constituintes do óleo essencial. A principal variação observada foi entre os

Page 29: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

29    

componentes identificados em menor quantidade, pois entre constituintes

majoritários, o teor foi semelhante nas três amostras coletadas em locais diferentes.

Então, o estudo considerou que não houve influência do estágio de desenvolvimento

da planta na expressão dos constituintes do óleo essencial de A. triplinervis. A partir

desta observação, os autores concluíram que a composição do óleo essencial da

espécie depende principalmente da localização geográfica, devido às condições

climáticas de cada região coletada.

Gauvin-Bialecki e Marodon (2009) também vincularam aos seus dados,

informações de quatro estudos com o óleo essencial de A. triplinervis, realizados em

diferentes localizações geográficas (GARG e NIGAM, 1970; GARG e NAKHARE,

1993; MAIA et al. 1999; GUPTA et al. 2004) e estabeleceram uma comparação entre

eles a partir do percentual dos constituintes com maior rendimento (maior que 4%).

Com base nisto, os autores sugeriram a existência de dois grupos

quimiotaxonômicos: no primeiro grupo, espécies que sintetizam principalmente

composto éter dimetílico da timol hidroquinona (15), descritos em estudos com

amostras coletadas no Brasil e na região de Saugar na Índia; no segundo grupo,

espécies que produziram principalmente o composto selina-4(15),7(11)-dien-8-ona

(13), descrito em estudos com amostras coletadas na região de Lucknow na Índia

(Quadro 3).

O estudo considerou que as amostras de A. triplinervis coletadas na Ilha de

Reunião, com maior percentual de éter dimetílico da timol hidroquinona (15), podem

ser incluídas no primeiro grupo quimiotaxônomico. E neste grupo, por haver outros

componentes expressivos, os autores sugeriram uma subdivisão em três

quimiotipos: o primeiro, éter dimetílico da timol hidroquinona (15)/α-

felandreno(1)/borneol(6) (Saugar/Índia); o segundo, éter dimetílico da timol

hidroquinona(15)/β-cariofileno(3) (Brasil); e o terceiro, somente o éter dimetílico da

timol hidroquinona (Ilha da Reunião) (GAUVIN-BIALECKI e MARODON, 2009) .

Begum et al. (2010), analisaram a constituição química do óleo essencial

obtido de partes aéreas de A. triplinervis coletada em Chittagong, Blangladesh. No

total, 30 compostos foram identificados, sendo o 2-terc-butil-1,4-metoxibenzeno (14;

74,27%) e o β-selineno (4; 8,59%) em maior quantidade (Quadro 3). Nota-se que os

dados referentes aos compostos majoritários deste estudo não permitem a sua

inclusão na classificação quimiotaxonômina proposta por Gauvin-Bialecki e Marodon

Page 30: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

30    

(2009), pois o composto majoritário obtido por Begum et al. (2010) difere daqueles

que pertenciam a chave do grupo quimiotaxonômico proposto.

A análise do óleo essencial obtido separadamente das folhas e dos caules

frescos da planta coletada no estado indiano de Querala demonstrou um total de 18

compostos identificados no óleo das folhas e 14 no óleo dos caules (Quadro 3). O

composto majoritário em ambos as amostras foi o éter dimetílico da timol

hidroquinona (15), com 86,92% e 80,3% de rendimento no óleo dos caules e no óleo

das folhas, respectivamente (KUMAR et al. 2014).

O estudo de Kumar et al. (2014) foi único trabalho publicado que descreveu o

isolamento de compostos do óleo essencial da planta. O isolamento foi realizado por

coluna cromatográfica de sílica-gel, utilizando três solventes como fase móvel. O

primeiro solvente, éter de petróleo, separou os derivados hidrocarbonetos com

rendimento de 8,28% para óleo das folhas e 8,34% para óleo do caule; o segundo

solvente, acetato de etila, separou o composto majoritário com rendimento de

79,12% para óleo das folhas e 82,14% para óleo do caule; o terceiro solvente,

metanol, separou compostos oxigenados polares com rendimento de 9,8% e 8,3%

para óleo das folhas e caules, respectivamente. O composto majoritário teve

elucidação estrutural realizada por Ressonância Magnética Nuclear (RMN), sendo

identificado como éter dimetílico da timol hidroquinona (15).

Page 31: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

31    

País Local de coleta Parte *% Compostos (> 4%) **% Referência

Brasil Lago Grande, Macapá- AP

Folhas e

Caule 0,4

Éter dimetílico da timol hidroquinona 69,7 Maia et al.

(1999) β-cariofileno 19,7

Índia Saugar (Jardim Botânico) Flores 0,9

Éter dimetílico da timol hidroquinona 50,3

Garg e Nakhare (1993)

Borneol 5,8 α-terpineol 4,6 Isoeugenol 4,0

Índia Saugar (Jardim Botânico) Folhas 0,6

Éter dimetílico da timol hidroquinona 49,3

Garg e Nigam (1970)

α-felandreno 8,9 Borneol 8,0

Limoneno 7,3 Linalol 6,5

Sabineno 5,3 α-terpineol 5,2

Acetato de bornil 4,6

Índia

Lucknow (Campus de

Instituto Central de Plantas

Medicinais e Aromáticas)

Folhas 0,4

Selina-4(15),7(11)-dien-8-ona 36,6

Gupta et al. (2004)

β- cariofileno 14,7

δ-elemeno 5,9

β-sesquifelandreno 4,7

Ilha da Reunião

Saint-Denis Bellepierre Folhas 0,28 Éter dimetílico da timol

hidroquinona 98,0

Gauvin-Bialecki e Marodon,

(2009)

Ilha da Reunião

Saint Denis Saint-François Folhas 0,28 Éter dimetílico da timol

hidroquinona 97,3

Gauvin-Bialecki e Marodon,

(2009)

Ilha da Reunião Tampon Folhas 0,29 Éter dimetílico da timol

hidroquinona 97,1

Gauvin-Bialecki e Marodon,

(2009)

Bangladesh Chittagong Aéreas 1,10 2-tert-butil-1,4-

dimetoxibenzeno 92,8 Begum et al. (2010) β-selineno 8,59

Índia Querala

Caule 0,28

Éter dimetílico da timol hidroquinona 86,92

Kumar et al. (2014)

β-selineno 6,77 β-cariofileno 4,01

Folhas 0,4

Éter dimetílico da timol hidroquinona 80,3

β-selineno 9,94 β-cariofileno 5,7

Quadro 3: Principais compostos do óleo essencial de A. triplinervis, obtido em diferentes localizações geográficas no mundo. *% Rendimento bruto do óleo essencial **% Teor do composto no óleo essencial

Page 32: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

32    

Com base nos dados gerados por todos os estudos com óleo essencial de A.

triplinervis que visam elucidar sua composição química, observa-se a necessidade

de mais estudos para entender se a diferença na composição química do óleo

essencial desta espécie é uma consequência de fatores como localização

geográfica, influência climática, estágio de desenvolvimento da planta ou se são

quimiotipos definidos geneticamente. Isto possibilitaria uma classificação

quimiotaxonômica mais completa, a partir do que foi sugerido por Gauvin-Bialecki e

Marodon (2009).

O Quadro 4 apresenta todos os compostos químicos identificados no óleo

essencial de A. triplinervis, bem como, a classificação destes compostos.

Page 33: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

33    

Monoterpenos hidrocarbonetos

Monoterpenos oxigenados

Sesquiterpenos hidrocarbonetos

Sesquiterpenos oxigenados

Derivados aromáticos

champeno f

dimetilnona-1,3,7-trieno e

limoneno a, c,d,e

mirceno d

sabineno a,d,f

terpinoleno e,f

α-limoneno f

α-felandreno a,e,f

α-pineno d,e,f

α-terpineno d

α-tujeno e,f

β-mirceno e,f β-ocimeno e

β-felandreno e

β-pineno d,e,f

γ-perpineno d,e

(+) acetato de mirtenil f

borneol a,b

acetato de bornil a

cânfora c

acetato de cis-mirtenila f

cis-ρ-met-2-en-1-ol e

linalol a,e

acetato de nerila e aldeído perila c

acetato de terpinila f

acetato de trans-pinocarvila e

trans-piperitol e

trans-p-met-2-en-1-ol e

α-terpineol a,b,d,e

acetato de linanolg

cariofileno e cis-β-elemeno e

ciperadieno e cipereno c,e

drima-7,9(11)-dieno e

9,10-dihidroisolongifoleno f

isopatchoula-3,5-dieno e trans-calameno d

α-cubeneno d α-gurjuneno f

α-humuleno c,e,g α-selineno e,g β-cariofileno c,d,g

β-chamigreno c

β-elemeno e,f,g β-farneseno d,g

β-selineno e,f,g β-sesquifelandreno d

γ-cadineno c,g

γ-elemeno d

β- bourboneno g

β-guaiono g

α-muuroleno g

α-bisaboleno g

β-bisaboleno g

(E)-nerolidol e óxido cariofileno c,d,f,g selin-11-en-4-a-ol e

α-cadinol c

selina-4(15),7(11)-dien-8-one d

5-cedranona c

α-cadinol g

2-tert-butil-1,4-dimetoxibenzeno f

anetole f

benzaldeído e éter metilcarvacrol c,e

isoeugenol b

metilchavicol f

metilsalicylato e éter dimetílico da timol

hidroquinona a,b,c, e,g timol c,e,g

éter metiltimol c,e,f,g da timoquinona e ο-cimeno f

ρ-cimen-8-ol e ρ-cimene d,e

Quadro 4: Classificação de todos os compostos identificados no óleo essencial de A. triplinervis. a Garg e Nigam (1970) b Garg e Nakhare (1993) c Maia et al (1999) d Gupta et al (2004) e Gauvin-Bialecki e Marodon (2009) f Begum et al (2010) g Kumar et al. (2014)

Page 34: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

34    

2.1.3.2 Cumarinas

As cumarinas de A. triplinervis foram isoladas e identificadas principalmente

por estudos desenvolvidos na Índia (BOSE e ROY, 1936; NATAJARAM e

NATAJARAM, 1979; CHATURVEDI e MULCHANDANI, 1989).

A 6,7-(metilenodioxi)cumarina (16) foi isolado pela primeira vez em

preparações utilizando as folhas de A. triplinervis e recebeu o nome trivial de aiapina

(BOSE e ROY, 1936). Posteriormente, outro derivado cumarínico foi isolado pela

primeira vez das folhas da espécie, a 7-metoxicumarina (17) denominada como

aiapanina, (NATAJARAM e NATAJARAM, 1979).

Outras cumarinas foram isoladas da planta, dafnetina, éter dimetílico da

dafnetina, éter 7-metílico da dafnetina, hidragentina, umbeliferona (CHATURVEDI e

MULCHANDANI, 1989). Ao todo sete derivados cumarínicos foram isolados de A.

triplinervis (Figura 3).

Figura 3: Estruturas químicas das cumarinas isoladas de A. triplinervis.

(16) aiapina, (17) aiapanina, (18) dafnetina, (19) éter dimetílico da dafnetina, (20) éter 7-metílico da dafnetina, (21) hidragetina, (22) umbeliferona.

Trang et al. (1993), realizaram um estudo com o extrato aquoso de partes

aéreas de A. triplinervis, do qual foram isolados por cristalização do extrato bruto as

cumarinas aiapina (16) e aiapanina (17).

Page 35: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

35    

Begum et al. (2010) foram os únicos a demonstrar a identificação de uma

cumarina no óleo essencial de A. triplinervis, sendo ela a aiapanina (17) com um teor

0,16%.

O extrato metanólico obtido das folhas foi fracionado por cromatografia de

coluna e as frações foram usadas para isolamento dos compostos por Cromatografia

Líquida de Alta Eficiência (CLAE) em escala preparativa. O composto isolado foi

analisado por RMN e identificado como 7-metoxicumarina (aiapanina; 17).

2.1.4 AÇÕES FARMACOLÓGICAS

Estudos têm avaliado efeitos farmacológicos in vitro e in vivo principalmente

de extratos obtidos das folhas de A. triplinervis, contudo, também se observa

avaliações a partir de extratos dos caules e com menor frequência das raízes. Estes

estudos estabelecem, em sua grande maioria, uma correlação com dados

etnofarmacológicos da planta.

Constatou-se atividade inseticida do extrato aquoso de A. triplinervis frente às

larvas de Spodoptera litura uma praga que infesta culturas agrícolas. O extrato

promoveu alta mortalidade das larvas em diferentes estágios de desenvolvimento,

demonstrando potencial para um futuro biopesticida (ASHOKARAJ e MAHADEV,

2013).

Realizou-se uma avaliação do efeito inseticida do extrato aquoso de A.

triplinervis frente às larvas de Spodoptera litura, uma praga que infesta culturas

agrícolas. Constatou-se alta mortalidade das larvas em diferentes estágios de

desenvolvimento a partir do tratamento com extrato aquoso, demonstrando que o

mesmo tem potencial para um futuro biopesticida (ASHOKARAJ e MAHADEV,

2013).

O extrato etanólico das folhas de A. triplinervis apresentou atividade anti-

helmíntica contra as espécies Pheritima posthuma e Ascardia galli, sendo a inibição

do crescimento dos parasitas semelhante ao controle positivo utilizado, o Albendazol

(SUBASH et al. 2012).

Page 36: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

36    

As folhas de A. triplinervis são utilizadas tradicionalmente para tratar

problemas de pele, tal como a ocorrência de manchas ocasionadas por

hiperpigmentação. Na tentativa de comprovar e identificar o princípio ativo

responsável por este efeito foi demostrado que a aiapanina (17), isolada do extrato

metanólico das folhas da espécie, inibiu a tirosinase, enzima que catalisa a formação

da melanina. Sendo assim, esta substância foi considerada responsável pela ação

despigmentante da planta (ARUNG et al. 2012).

A ação de A. triplinervis frente à coagulação sanguínea e hemostasia foi

avaliada através da determinação do tempo de sangramento em ratos tratados (v.o.)

com extrato aquoso e extrato metanólico. O extrato aquoso (50, 100 e 200 mg/kg)

demonstrou diminuição significativa no tempo de sangramento (114, 99 e 102

segundos, respectivamente) 60 min. após sua administração, quando comparado ao

grupo controle (161 segundos). De forma semelhante, o extrato metanólico (50

mg/kg) também demonstrou redução significativa no tempo de hemorragia 60 min.

após sua administração (RAJASEKARAN et al. 2010).

O extrato hidroalcoólico de partes aéreas de A. triplinervis demonstrou efeitos

no Sistema Nervoso Central (SNC) em ratos. Constatou-se atividade ansiolítica nas

doses de 400 mg/kg, 600 mg/kg e 800 mg/kg (v.o.), semelhante ao controle positivo

utilizado, o Diazepam; e atividade antidepressiva inicialmente com 200 mg/kg de

extrato (v.o.), sendo que nas doses a partir de 400 mg/kg este efeito foi tão intenso

quanto o controle positivo, a fluoxetina (MELO et al. 2013).

O tratamento (v.o.) com extrato metanólico, obtido das folhas de A. triplinervis,

por 7 dias nas doses de 100 e 200 mg/kg reduziu significativamente os efeitos

provocados pela colite induzida por ácido acético (3,0%, via intrarretal) em

camundongos. O extrato promoveu a recuperação do peso corporal e a diminuição

das lesões macroscópicas (ulceração hemorrágica, hiperemia, edema da mucosa)

no cólon dos animais, semelhante ao que foi observado para a droga padrão

utilizada como controle positivo, a ranitidina (50 mg/kg; v.o). Em adicional, o exame

histopatológico do cólon dos animais, tratados com o extrato, demonstrou a

recuperação de danos como a perda de células epiteliais, necrose seguida por

edema da mucosa e difusão da infiltração de células inflamatórias, constatando

assim o efeito antiulcerativo do extrato (KRISHNAN et al. 2014).

Tratamentos por via intraperitoneal (i.p.) com o extrato aquoso e extrato

etanólico das folhas de A. triplinervis foram eficazes contra a proliferação de células

Page 37: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

37    

tumorais em camundongos submetidos à indução ao Tumor Ascítico de Ehrlich

(TAE). Verificou-se o efeito citotóxico, contra as células do TAE, através do teste do

de MTT (3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil brometo tetrazólico) com IC50

(Concentração Inibitória Média) de 100,6 µg/ml para o extrato etanólico e 112,7

µg/ml para o extrato aquoso (MAITY et al. 2015).

Os extratos, aquoso e etanólico, administrados por i.p. foram capazes de

induzir a morte celular por apoptose. Análises microscópicas demostraram a

formação de vesículas apoptóticas na membrana celular e condensação da

cromatina nas células coletadas do TAE em camundongos, sendo estes processos

característicos de morte celular por apoptose. Os agentes anticancerígenos exercem

seus efeitos por este mecanismo, tal como o controle positivo utilizado nos ensaios,

o 5-fluoracil (5 mg/kg). Além disso, o ensaio por citometria de fluxo demonstrou que

as células cancerígenas do TAE tratadas com os extratos (dose IC50, por 24 horas)

predominantemente foram observadas na fase G1 ciclo celular, esta fase é a mais

longa do ciclo celular onde a célula pode receber estímulo não proliferativo,

confirmando o efeito antiproliferativo dos extratos (MAITY et al. 2015).

O tratamento com os extratos, aquoso e etanólico, foi capaz de reverter

condições comuns observadas durante a proliferação de células tumorais, como a

angiogênese, a perda de peso corporal e a diminuição do tempo de sobrevida.

Assim, os extratos foram considerados possíveis candidatos para o desenvolvimento

de um novo agente antitumoral natural. Sendo que, apesar de ambos demonstrarem

o mesmo efeito, o extrato etanólico apresentou melhores resultados em todos os

testes (MAITY et al. 2015).

2.1.4.1 Efeitos antinociceptivo e anti-inflamatório

O tratamento (v.o.) com o extrato hidroalcoólico de A. triplinervis demonstrou

ação antinociceptiva dose-dependente no teste das contorções abdominais

induzidas por ácido acético (0,6%) em camundongos. Este efeito foi detectado a

partir de 200 mg/kg com menos intensidade do que o controle positivo, a

Indometacina (10 mg/kg; v.o.), contudo, na dose de 800 mg/kg o efeito foi tão

acentuado quanto ao do padrão (MELO et al. 2013). Submetido ao mesmo modelo

Page 38: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

38    

animal de nocicepção, o extrato de éter de petróleo das folhas da planta apresentou

efeito antinociceptivo nas doses de 100 mg/kg e 200 mg/kg (v.o.), contudo com

menor intensidade do que o controle positivo utilizado, a morfina (1 mg/kg

administração subcutânea) (PARIMALA et al. 2012).

O teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético não tem

especificidade entre o efeito antinociceptivo central e periférico, deste modo, outro

modelo experimental (o teste da formalina) foi avaliado a partir dos extratos

hidroalcoólico e de éter de petróleo de A. triplinervis. Ambos demonstraram efeito

antinociceptivo na primeira fase do teste, indicando possível ação na transmissão

central da dor (MELO et al. 2013; PARIMALA et al. 2012 ). Contudo o extrato

hidroalcoólico não apresentou efeito revertido pela coadministração com naloxona

(antagonista opioide), indicando que o seu efeito a nível central não tem participação

do sistema opioide (MELO et al. 2013).

A ação do extrato de éter de petróleo na segunda fase do teste da formalina

indica que o mesmo possivelmente atue na dor de origem inflamatória. De fato este

extrato apresentou efeito anti-inflamatório na dose de 200 mg/kg (v.o.), pois

promoveu a redução do edema de pata em ratos submetidos a administração de

carragenina (polissacarídeo sulfatado indutor da formação edema) (PARIMALA et al.

2012).

2.1.4.2 Efeito antioxidante e hepatoprotetor

O extrato hidroalcoólico de A. triplinervis (100-600 mg/kg; v.o) exerceu efeito

antioxidante in vivo em camundongos, observado através da redução de níveis de

Óxido Nítrico (NO) e de Malondialdeído (MDA) no sangue dos animais tratados. Na

dose de 800 mg/kg (v.o.), o extrato induziu um efeito pró-oxidante devido aumento

dos níveis de NO, contudo sem alterar os níveis de MDA (MELO et al. 2013).

Avaliou-se a atividade antioxidante in vitro dos extratos de éter de petróleo,

clorofórmico e metanólico de A. triplinervis, através do método de sequestro de

radical livre, estimado pela atividade do agente pró-oxidante 1,1-difenil-2-picril-

hidrazil (DPPH). Todos os extratos apresentaram atividade sequestrante de radical

livre, quando comparados ao composto padrão utilizado como controle positivo

Page 39: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

39    

(ácido ascórbico), contudo o extrato metanólico apresentou resultados mais

aproximados ao padrão (BISWAS et al. 2012).

O composto 7-metoxicumarina (aiapanina), isolado do extrato metanólico de

A. triplinervis, não demonstrou ação antioxidante in vitro, no modelo do DPPH

(ARUNG et al. 2012).

O tratamento oral com o extrato metanólico das folhas de A. triplinervis

promoveu a diminuição do dano hepático em ratos submetidos à administração de

tetracloreto de carbono (CCl4). Os animais tratados com doses de 100, 200 e 300

mg/kg do extrato apresentaram redução dos níveis de Transaminase Glutâmico

Pirúvico (TGP), Transaminase Glutâmico Oxalacético (TGO), fosfatase alcalina e

bilirrubina que têm seus níveis séricos aumentados na presença de lesões(BOSE et

al. 2007).

Ainda neste estudo foi realizada a mensuração in vivo de parâmetros de

estresse oxidativo após administração do extrato metanólico (100, 200 e 300 mg/kg;

v.o.). O tratamento com o extrato promoveu de forma dose-dependente, o aumento

a atividade da glutationa (agente antioxidante endógeno), a redução da peroxidação

lipídica, através da redução dos níveis de MDA e o incremento da atividade das

enzimas antioxidantes Catalase (CAT) e Superóxido Desmutase (SOD). Deste

modo, os autores sugeriram que o efeito hepatoprotetor está relacionado com a

ação antioxidante do extrato (BOSE et al. 2007).

Camundongos sofreram a inoculação de células tumorais para indução Tumor

Ascítico de Ehrlich (TAE), posteriormente, foram tratados com o extrato aquoso e

etanólico das folhas de A. triplinervis administrados via i.p. na dose de 150 mg/kg

durante 14 dias. No último dia de tratamento os animais foram sacrificados e o

fígado e os rins foram coletados para mensuração dos níveis de MDA, Glutationa

Redutase (GSH), Glutationa Oxidase (GSSG), CAT e SOD. Ambos os extratos

apresentaram efeito antioxidante devido alteração nos níveis de todos os parâmetros

mensurados quando comparado com o grupo controle positivo (5-fluoracil 5 mg/kg).

Este efeito foi observado através da redução da peroxidação lipídica que tem a

diminuição da concentração de MDA como parâmetro indicativo e aumento da

concentração das enzimas antioxidantes endógenos (GSH, GSSG, CAT e SOD),

sendo extrato etanólico mais efetivo (BEPARI et al. 2013)

O estudo da atividade antioxidante in vitro, através do método do DPPH,

demonstrou capacidade sequestradora de radicais livres do extrato metanólico das

Page 40: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

40    

folhas de A. triplinervis nas concentrações de 50 a 200 µg/mL, semelhante ao

composto utilizado como padrão, a quercetina, sendo a IC50 de 83,89 µg/mL para o

extrato e 52,28 µg/mL para a quercetina. Em adicional as mesmas doses do extrato

apresentaram efeito no ensaio da atividade antioxidante por redução férrica, sendo a

capacidade de redução, promovida pelo extrato, semelhante a quercetina

(KRISHNAN et al. 2014).

O tratamento com o extrato metanólico das folhas de A. triplinervis nas doses

de 100 e 200 mg/kg (v.o) demonstrou a diminuição dos níveis da enzima

mieloperoxidase (MPO) e de MDA no cólon de camundongos com colite induzida por

administração intrarretal de ácido acético. O dano no tecido do cólon aumenta o

nível de MPO e MDA. A MPO, uma enzima libertada a partir das vesículas de

armazenamento em neutrófilos, catalisa a formação de oxidantes citotóxicos, tais

como o peróxido de hidrogénio (H2O2), e N-cloramina durante estímulos

inflamatórios. O aumento dos níveis de MPO também resulta em aumento dos níveis

de MDA em tecidos do cólon, e pode iniciar um ciclo em cascata da formação de

radicais livres, favorecendo o desenvolvimento de inflamação e esgotando os níveis

de antioxidantes celulares. A diminuição de tais parâmetros constata a capacidade

antioxidante do extrato, sendo um mecanismo possível para explicar a reversão da

inflamação e ação antiulcerativa do extrato (KRISHNAN et al. 2014).

O extrato metanólico (100 e 200 mg/kg; v.o.) promoveu o reestabelecimento

dos níveis das enzimas antioxidantes CAT, glutationa peroxidase e glutatione-S-

transferase (GST), observado no cólon de camundongos com colite induzida por

ácido acético. Estas enzimas exercem um importante papel na eliminação dos

radicais livres, estes que têm sua formação aumentada por danos teciduais. Sendo

assim, a suplementação com o extrato demonstrou um possível mecanismo

adicional para recuperação do dano tecidual induzido por ácido acético em

camundongos, corroborando com seu efeito antioxidante (KRISHNAN et al. 2014).

2.1.4.3 Efeito antifúngico

O óleo essencial extraído de partes aéreas de A. triplinervis apresentou ação

antifúngica contra seis fungos, Alternaria alternate, Botryodiplodia theobromae,

Page 41: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

41    

Colletotrichum corchori, Curvularia luneta, Fusarium equiseti, Macrophomina

phaseolina. Observou-se neste estudo que em algumas cepas o óleo essencial

apresentou atividade antifúngica superior ao fármaco utilizado como controle

positivo, a Nistatina (BEGUM et al. 2010).

Os extratos de éter de petróleo, clorofórmico, de tetracloreto de carbono e de

acetato de etila obtidos das folhas de A. triplinervis demonstrou inibição do

crescimento de cepas fúngicas de Alternaria alternata, Curvularia luneta,

Colletotrichum corchori, Fusarium equiseti, Macrophomina phaseolina, Bryodiplodia

theobromae, Botryodiplodia theobromae, com dos extratos de tetracloreto de

carbono, clorofórmio e acetato de etila para Botryodiplodia theobromae. A inibição

máxima (73,5%) do crescimento fúngico foi registada contra Colletotrichum corchori,

a uma concentração de 100 µg/µl do extrato clorofórmico (RAHMAN e JUNAID,

2008).

Gupta et al. (2002) compararam a atividade antifúngica dos extratos de éter

de petróleo e metanólico obtidos das folhas de A. triplinervis. Verificou-se a inibição

do crescimento dos fungos Aspergillus niger, Aspergillus flavus, Alternaria solani e

Fusarium solani para ambos os extratos, com melhores resultados para o de éter de

petróleo.

2.1.4.4 Efeito antibacteriano

O óleo essencial extraído de partes aéreas de A. triplinervis apresentou

eficácia moderada contra o crescimento de dez cepas bacterianas das seguintes

bactérias gran-positivas: Bacillus cereus, Bacillus megaterium, Bacillus subtilis,

Staphylococcus aureus; e das seguintes bactérias gran-negativas: Escheriachia coli,

Pseudomonas spp., Salmonella typhi, Shigella dysenteriae, Shigella sonnei, Vibrio

cholerae. A maior zona de inibição, testada em disco, foi registrada contra a

Salmonella typhi (23 mm), seguido por Shigella sonnei (19 mm) na concentração de

20 µl/disco (BEGUM, et al. 2010).

Os extratos de éter de petróleo, clorofórmico, tetracloreto de carbono, acetato

de etila extraídos das folhas de A. triplinervis (1000 µg/disco) apresentaram de

moderada a boa atividade antibacteriana contra as cepas de Bacillus subtilis,

Page 42: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

42    

Bacillus megaterium, Bacillus cereus, Staphylococcus aureus, Escherichi coli, Vibrio

spp., Shigella dysenteriae, Shigella sonnei, Salmonella typhi, Salmonella paratyphi e

Pseudomonas aeruginosa. Sendo a maior zona de inibição (22 mm de diâmetro),

registada contra Vibrio spp. (RAHMAN e JUNAID, 2008).

O extrato de éter de petróleo apresentou ação antibacteriana superior ao

extrato metanólico, ambos obtidos das folhas de A. triplinervis, frente às bactérias:

Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Micrococcus

leuteus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Salmonella typhi, Vibrio

cholerae e Vibrio parahaemolyticus (GUPTA et al. 2002)

Lopes et al. (2014) demonstraram efeito antibacteriano de extratos

hidroalcoólicos de diferentes partes de A. triplinervis (folhas; folhas e caules; raízes;

caules). O extrato das folhas apresentou maior inibição para Escherichia coli,

Pseudomonas aeruginosa e Staphylococcus aureus. O extrato de folhas e caules foi

mais efetivo na inibição de cepas de Enterococcus faecalis.

Em adicional, Lopes et al. (2014), testaram outros extratos obtidos das folhas

da planta (hexânico, de acetato de etila e metanólico) contra as mesmas cepas

bacterianas. Os testes demonstraram que o extrato metanólico apresentou melhor

inibição do crescimento das cepas, motivando a sua escolha e seleção para

fracionamento biomonitorado com atividade antibacteriana frente às cepas de P.

aeruginosa, Klebsiella pneumonia, Proteus mirabilis, E. coli e E.coli de isolado

clínico. Observou-se que as frações de baixa polaridade ou polaridade intermediária

foram as mais efetivas contra todas as cepas. As melhores atividades foram

constatadas contra E. coli de frações de hexano e diclorometano/acetato de etila e

contra E. coli oriunda de isolado clínico de fração diclorometânica.

2.2 Aspectos gerais sobre a classe das cumarinas

As cumarinas constituem uma classe de metabólitos secundários, derivadas

de ácido cinâmico. Cerca de 1800 já foram identificadas, principalmente em plantas

verdes, mas também podem ser encontradas em fungos e bactérias (MURRAY,

1995). Em relação estrutura química básica, as cumarinas, são lactonas do ácido o-

Page 43: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

43    

hidroxicinâmico (23), sendo o composto protótipo desta classe a 1,2-benzopirona

(24) (Figura 5) (KUSTER e ROCHA, 2010).

Figura 4: Estrutura molecular do ácido o-hidroxicinâmico (23) e a molécula resultante de sua

lactonização, a 1,2-benzopirona (24), sendo esta o protótipo da classe das cumarinas.

As cumarinas foram isoladas pela primeira vez em 1822, na espécie Dipterix

odorata Wild e sintetizada primeiramente em 1868 (EGAN et al., 1990). Em muitas

espécies de plantas já foram isoladas, sendo registradas em 150 espécies

distribuídas em cerca de 30 famílias, dentre as quais, destacam-se a Rutaceae,

Umbelliferae, Clusiaceae, Guttiferae, Caprifoliaceae, Oleaceae, Nyctaginaceae,

Apiaceae (VENUGOPALA et al. 2013), bem como, a Asteraceae (KUSTER e

ROCHA, 2010).

Diversos tipos de cumarinas são encontrados na natureza, diferenciadas

pelos distintos grupamentos químicos ligados aos anéis (aromáticos e lactônico) que

constituem a sua estrutura básica. Esta variedade não somente implica nas suas

propriedades químicas como também nas suas atividades frente a sistemas

biológicos e aplicações terapêuticas (KOSTOVA, 2005).

A classe das cumarinas é dividida em seis subclasses de acordo com a

estrutura química dos compostos: cumarinas simples, furanocumarinas,

dihidrofuranocumarinas, piranocumarinas (lineares e angulares), fenilcumarinas e

dicumarinas (VENUGOPALA, et al., 2013). Em geral os derivados cumarínicos

possuem uma importante propriedade química que facilita sua identificação, pois

têm um espectro ultravioleta (UV) característico, facilitando a identificação e

quantificação por técnicas cromatográficas e espectrofotométricas, em grande parte

sem haver necessidade de isolamento prévio (KUSTER e ROCHA, 2010).

Page 44: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

44    

As cumarinas simples possuem um odor característico, que é explorado pela

indústria de cosméticos. Contudo, há uma perda de propriedades aromatizantes em

derivados cumarínicos conjugados com açúcares e ácidos, os quais ocorrem

frequentemente na natureza. Há uma relação que estabelece que, quanto maior o

peso molecular, menor a aromaticidade das cumarinas (KUSTER e ROCHA, 2010).

A indústria cosmética vem utilizando 1,2-benzopirona (24) como um agente

fixador e de reforço para o odor dos óleos essenciais em perfumes. Com a mesma

finalidade, adicionado também a sabonetes, a pastas de dentes e a preparações

capilares. Além de ser usada em derivados do tabaco para melhorar o sabor e o

aroma e, ocasionalmente, usado em produtos industriais para mascarar odores

desagradáveis (JAGER et al. 2007).

A 1,2-benzopirona (24) foi bastante utilizada como aromatizante em alimentos

industrializados, contudo, estudos demonstraram efeito hepatotóxico deste

composto em ratos e cachorros, levando a proibição de sua utilização nos EUA para

a finalidade de agente flavorizante (JAGER et al. 2007).

Apesar de apresentar hepatotoxicidade nos animais testados, a 1,2-

benzopirona (24) não tem demonstrado toxicidade em humanos e babuínos, fato

atribuído ao seu metabolismo em humano, pois é metabolizada a 7-hidroxicumarina,

fato que tem sido apontado como uma via para detoxificação do composto (LAKE,

1999).

As cumarinas exibem notável capacidade de atuar em mecanismos

bioquímicos e farmacológicos, das quais alguns de seus derivados se destacam,

afetando significativamente a função de vários sistemas biológicos em mamíferos.

De fato, elas têm diversas propriedades biológicas e efeitos farmacológicos

comprovados, sendo os mais importantes as atividades anticoagulantes, anti-

inflamatórias, antioxidantes, antialérgicas, hepatoprotetoras, antivirais e

anticancerígenas (KOSTOVA, 2005).

A cumarina simples (24) tem com alguns efeitos farmacológicos

comprovados, como, imunomodulador, antitumoral, anticoagulante. No entanto, essa

cumarina tem baixa biodisponibilidade em humanos, devido à conversão hepática de

primeira passagem, que gera o metabólito ativo 7-hidroxicumarina, sugeriu-se então

que a 1,2-benzopirona é um pró-fármaco (LAKE, 1999).

O principal emprego clínico dos derivados cumarínicos é como

anticoagulante. O primeiro derivado identificado como esta propriedade foi

Page 45: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

45    

dicumarol, uma dicumarina isolada da espécie Melilotus officinalis L. (BELLIS et al.

1967).

O dicumarol e seu derivado sintético, a varfarina, começaram a ser utilizados

durante a década de 1940 como raticidas e como anticoagulantes orais. Estes

compostos apresentam ação anticoagulante atuando como inibidores das enzimas

vitamina K epoxirredutase e a vitamina K redutase, impedindo a redução da

Vitamina K, esta que é necessária para a síntese hepática normal de quatro fatores

da coagulação (II, VII, IX e X), da proteína C e da proteína S (ARMSTRONG e

GOLAN, 2011). Outros derivados sintéticos como acenocumarol e femprocumona,

apresentam atividade anticoagulante e são muito utilizadas na clínica. No entanto,

estes fármacos possuem algumas limitações, no caso da terapia com varfarina, a

janela terapêutica estreita faz com que a administração da droga seja dificultada

(CHAVES et al. 2010).

2.2.1 EFEITO ANTINOCICEPTIVO DE CUMARINAS DE ORIGEM NATURAL

A 1,2-benzopirona (24) isolada do extrato etanólico das cascas do caule de

Torresea cearenses (Leguminoseae) apresentou efeito antinociceptivo em

camundongos (10 e 20 mg/kg v.o), demonstrado no teste das contorções

abdominais induzidas por ácido acético (0,6%) e no teste da formalina (1%), neste,

sendo efetiva nas duas fases. Em adicional, no teste da formalina houve reversão do

efeito com a coadministração da naloxona (antagonista opioide) na segunda fase do

teste, sugerindo um mecanismo antinociceptivo com envolvimento parcial do sistema

opioide. Contribuindo com este dado, esta cumarina (5 e 10 mg/kg v.o.) aumentou o

tempo de latência ao estímulo térmico provocado no teste da placa quente e

também teve este efeito revertido pela naloxona. Por outro lado, a 1,2-benzopirona

na dose de 10 mg/kg (v.o.) apresentou atividade revertida pela coadministração da

L-arginina (aminoácido substrato endógeno para síntese de NO), indicando possível

inibição da formação do NO, sendo mais um mecanismo possível para seu efeito

antinociceptivo (LEAL et al. 1997).

A umbeliferona (7), nas doses de 2,5 e 5 mg/kg (v.o.), apresentou resultados

mais efetivos do que a 1,2-benzopirona (24) nos mesmos modelos experimentais,

Page 46: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

46    

contudo, não houve reversão do seu efeito pela naloxona. Em contrapartida, esta

cumarina apresentou efeito revertido pelo L-arginina na segunda fase do teste da

formalina, indicando seu possível envolvimento com o sistema de formação de NO.

Tal constatação permitiu considerar que a umbeliferona exerça seu mecanismo na

transmissão periférica da dor, considerando também a sua efetividade em modelos

de inflamação (LINO et al. 1997).

Estudo do mecanismo de ação da umbeliferona (7) em camundongos

demonstrou que a inibição de mediadores inflamatórios como Interleucina 1 Beta (IL-

1β), Fator de Necrose Tumoral Alfa (TNF-α), redução da produção de prostaglandina

E2 (PGE2) e a migração de neutrófilos contribuem significativamente para redução

da resposta nociceptiva diante do estímulo, comprovando o efeito e mecanismo

dessa cumarina na dor de origem inflamatória (LIMA et al, 2011).

A escopoletina, isolada do extrato etanólico da planta Polygala sabulosa,

promoveu redução das contorções abdominais induzidas por ácido acético (0,6%)

em camundongos de forma dose-dependente (0,01; 0,1; 1,0 e 10 mg/kg; i.p.)

(MEOTTI et al. 2006).

No teste da formalina, a escopoletina (1, 5 e 10 mg/kg; i.p) apresentou efeito

apenas no segunda fase, indicando que o seu efeito antinociceptivo pode ser

exercido na dor de origem inflamatória. Por este fator, foram realizados ensaios para

avaliar o efeito desta cumarina sob mediadores inflamatórios. Para tanto, animais

após a indução do edema de pata foram sacrificados para a coleta do tecido do

edema e do soro, os quais foram submetidos a análises de parâmetros inflamatórios.

No soro foi detectado redução dos níveis de NO, TNF-α e PGE2. No tecido do

edema foi verificado a inibição da expressão da enzima ciclo-oxigenase 2 (COX-2) e

da enzima NO sintase. Estes resultados confirmaram o envolvimento de mediadores

inflamatórios no mecanismo antinociceptivo da escopoletina (CHANG et al, 2012).

A esculetina (1,25 a 20 mg/kg i.p.) promoveu efeito antinociceptivo de forma

dose-dependente através da inibição da hiperalgesia provocada por estímulos

mecânicos e térmicos, em modelos de avaliação de dor aguda não inflamatória e em

modelos de indução de dor inflamatória. Após tratamento, houve redução dos níveis

plasmáticos de leucotrieno B4 (LTB4). Os LTs, especialmente o LTB4, podem estar

envolvidos na transmissão da dor a nível central e periférico, neste sentido, a

inibição da síntese de LTs pela esculetina pode ser considerado um mecanismo

Page 47: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

47    

antinociceptivo exercido por essa cumarina contra a dor, tanto de origem

inflamatória, quanto não inflamatória (RZODKIEWICZ et al, 2015).

2.3 Nocicepção e fisiopatologia da dor

A dor é definida pela Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP)

como uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada à lesão

tecidual real ou potencial (LOESER e TREEDE, 2008). A percepção da dor é

subjetiva, composta por fatores fisiológicos que geram a sensação dolorosa e

fatores relacionados à reatividade emocional do indivíduo. Por este fator a dor pode

ser classificada de diversas maneiras, de acordo com sua duração, a fisiopatologia,

a localização, a etiologia (LOESER e MELZACK, 1999).

Quanto à duração, o estímulo doloroso pode se desenvolver de forma aguda

ou crônica. A dor aguda é resultante de uma reposta fisiológica imediata a um

estímulo nocivo que pode ser químico, mecânico ou térmico, podendo causar lesões

teciduais (CARR e GOUDAS 1999). A dor crônica, por sua vez, é caracterizada pela

persistência da sensação dolorosa, resultante da incapacidade do organismo em

restabelecer suas funções fisiológicas. Por este fator, a manifestação e intensidade

da dor podem ser contínuas, mesmo após a recuperação da lesão ou eliminação do

estímulo externo (LOESER e MELZACK, 1999).

De acordo com a fisiopatologia, a dor pode ser classificada em nociceptiva ou

neuropática. A nociceptiva corresponde ao desencadeamento de mecanismos

neuronais de transmissão do estímulo doloroso associados a lesões teciduais. A

partir da ativação de receptores sensoriais periféricos, chamados de nociceptores, o

estímulo é conduzido ao SNC, onde o sinal pode ser interpretado como uma

sensação dolorosa (BESSON, 1999). A dor neuropática, por sua vez, é gerada por

uma lesão ou disfunção no Sistema Nervoso Central (SNC) ou Periférico (SNP),

caracterizada pela desregulação do aparelho somatossensorial (MILLAN, 1999).

Page 48: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

48    

2.3.1 COMPONENTES DA NOCICEPÇÃO

A nocicepção é o processo fisiológico para percepção da dor. Sua arquitetura

é constituída por fibras sensoriais sensíveis a estímulos térmicos, químicos ou

mecânicos, que podem ser originados em eventos de lesão tecidual. A sinalização é

captada por receptores sensoriais periféricos, sendo conduzidos até os centros

cerebrais onde ocorre a diferenciação entre os estímulos nocivos e inócuos (WOOLF

e MA, 2007). Esta diferenciação constitui um mecanismo fisiológico de proteção e

prevenção de danos ao organismo, resultando em medidas comportamentais para

evitar um novo contato com tais estímulos, bem como, gerando reflexos de retirada

e produzindo uma sensação desagradável que sinaliza o risco ou dano potencial

(LATREMOLIERE e WOOLF, 2009).

As estruturas responsáveis pela percepção dos estímulos nocivos são

denominadas de nociceptores, estando localizados nas terminações nervosas livres

das Fibras Aferentes Periféricas (FAP’s). Estes terminais estão amplamente

distribuídos em vasos sanguíneos, músculos, articulações, vísceras e na pele, sendo

este último o tecido que capta a maioria dos estímulos nociceptivos periféricos.

Através da ativação dos nociceptores, os estímilos são transformação em impulsos,

os quais são transmitidos ao SNC pelas FAP’s (JULIUS e BASBAUM, 2001).

Existem três conjuntos de FAP’s que conduzem as sensações periféricas,

sendo classificadas de acordo com a presença de mielina, diâmetro e velocidade de

condução, características que diferenciam também o tipo de resposta que cada fibra

é capaz de promover (JULIUS e BASBAUM, 2001).

As fibras Aβ são mielinizadas, de grande diâmetro e de rápida condução,

sendo capazes de detectar sensações inócuas, não estando relacionadas com a

percepção da dor. As fibras Aδ e C, por sua vez, são vinculadas a percepção de

estímulos nocivos. As fibras Aδ são pouco mielinizadas, de diâmetro médio e

possuem velocidade de condução intermediária. Já as fibras C não são mielinizadas,

apresentam pequeno diâmetro e têm baixa velocidade de condução (JULIUS e

BASBAUM, 2001).

No que concerne a percepção dos estímulos nocivos, as fibras do tipo A estão

relacionadas a respostas mais rápidas, resultando na dor aguda ou de primeira fase,

que contribui para o reflexo de retirada. As fibras do tipo C, por outro lado, são

Page 49: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

49    

responsáveis por uma dor mais difusa, geralmente persistente à dor aguda

(BASBAUM et al., 2009).

A sensibilização dos nociceptores é mediada por substâncias algogênicas que

são produzidas em largas escala pelo tecido lesionado durante o processo

inflamatório. Essas substâncias são mediadores químicos liberados por neurônios

sensoriais e simpáticos e por células não neuronais como plaquetas, células

sanguíneas, mastócitos, células endoteliais, fibroblastos e células de Schwann

(BESSON, 1999).

Constituem os mediadores mais importantes, derivados do ácido araquidônico

(AA) como prostaglandinas (PGs) e leucotrienos (LTs); peptídeos como Bradicininas

(Bk), Peptídeo Relacionado ao Gene da Calcitonina (CGRP), substância P (SP),

colescistocinina, peptídeo intestinal vasoativo; aminoácido excitatórios como o

glutamato; aminas, óxido nítrico (NO), adenosina trifosfato (ATP), adenosina

difosfato (ADP), fator de crescimento neural (NGF), fator de ativação plaquetária;

citocinas como o TNF-α e a IL-1β; e íons como potássio e hidrogênio (REN e

DUBNER, 2010).

Os neuropeptídios como a SP, a neurocinina A (NKA) e a CGRP são

liberados após reflexo espinhal local resultante da estimulação dos nociceptores

aferentes primários. Eles desempenham um papel fundamental na neurotransmissão

e modulação da dor inflamatória, especialmente a SP que induz a degranulação de

mastócitos, vasodilatação e permeabilidade vascular (BJÖRKMAN, 1995).

2.3.2 MECANISMOS DE TRANSMISSÃO NOCICEPTIVA

A partir da ativação periférica, as FAP´s conduzem o impulso até o corno

dorsal da medula, onde ativam grande número de neurônios, dos quais alguns são

ativados exclusivamente por estímulos nóxicos (Figura 4) (WOOLF, 2011).

O corno dorsal da medula, onde as terminações centrais das fibras

nociceptivas são conectadas, é dividida anatomicamente em 10 diferentes lâminas.

As fibras C conectam nas lâminas I, II e V e as fibras Aδ terminam nas lâminas I e II

e também penetram mais profundamente nas lâminas V (Figura 4) (MILLAN, 1999).

Page 50: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

50    

Todas as lâminas são constituídas de conjuntos de neurônios especializados

na transmissão de impulsos resultantes de diferentes estímulos. Os neurónios

espinais são classificados em três classes: neurônios não nociceptivos, nociceptivos

específicos e neurônios de Amplas Faixas Dinâmicas (AFD) (ALMEIDA, 2004).

Os neurônios não nociceptivos, presentes principalmente nas lâminas II-IV,

respondem a estímulos inócuos, mas podem também responder aos nóxicos,

conservando, no entanto, o padrão de resposta relativa ao inócuo. Os neurónios

nociceptivos específicos, localizados, sobretudo, nas lâminas I e II, são ativados

apenas por estímulos nóxicos. Os neurónios AFD, encontrados em maior número na

lâmina V, respondem a excitações inócuas e nóxicas, sendo as respostas

diretamente proporcionais à intensidade do estímulo (ALMEIDA, 2004).

A condução do impulso nóxico ao longo da medula espinal até regiões

encefálicas envolve mecanismos excitatórios e inibitórios que atuam na integração e

modulação da nocicepção, havendo duas importantes vias envolvidas neste

processo, uma via ascendente e outra descendente (DICKENSON, 1995).

A via ascendente conduz o impulso nervoso ao longo das colunas dorsais da

medula espinal em direção ao tálamo através dos neurônios aferentes primários.

Neste processo ocorre liberação de neurotransmissores excitatórios, como o

glutamato e a SP, com consequente ativação de receptores de N-Metil-D-Aspartato

(NDMAr) e liberação de NO e metabólitos do AA. Estes mediadores alteram a

transmissão do potencial de ação, resultando no aumento da duração da resposta

neuronal (MILLAN, 1999).

A via ascendente conta também com neurônios de segunda ordem, que

ascendem até o tálamo, transmitindo impulsos com diferenciação e baixa

velocidade. Os diferentes feixes ascendentes formam dois sistemas filogenéticos

diferentes. O primeiro feixe surge da região média do tronco cerebral, sendo

constituída pelo trato espinotalâmico, espinorreticular, espinomesencefálico,

espinoparabraquial e por último o feixe espinohipotalâmico. O outro conjunto de

feixes consiste no trato neoespinotalâmico, espinocervical e o feixe pós-sináptico do

corno dorsal (ALMEIDA et al. 2004).

A partir do tálamo, os neurônios de terceira ordem emitem axônios á matriz da

dor (principalmente ao córtex somatossensorial), onde ocorre a somatização do

estímulo nocivo. Paralelamente, há projeções axônais ao giro cingulado anterior

Page 51: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

51    

(componente do sistema límbico), vinculado ao componente emocional da dor

(Figura 4) (RUSSO e BROSE, 1998).

A via descendente de modulação é formada projeções neurais de diferentes

áreas do encéfalo para a medula espinhal. A via melhor caracterizada neste

processo liga a região cinzenta periaquedutal, no mesencéfalo, à região rostral

ventromedial da medula espinhal. Sua ativação leva a liberação de

neurotransmissores que exercem atividade inibitória sobre a nocicepção (Figura 4).

Uma grande quantidade de neurotransmissores está envolvida na modulação da

dor, incluindo peptídeos opióides (endorfinas, encefalinas e dinorfinas) e

monoaminas (serotonina – 5-HT) (REN e DUBNER, 2008).

Este mecanismo, denominado “controle do portão” promove a modulação das

sinapses entre as FAP’s e as células do corno dorsal da medula espinal, reduzindo

ou bloqueando a transmissão, havendo assim uma diminuição da percepção da dor

(MILLAN, 2002).

Page 52: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

52    

Figura 5. Processamento sensorial no corno dorsal da medula espinal. (a) A estimulação das fibras C

pela lesão intradérmica produz dor espontânea e dor provocada por toques leves no local da lesão (hiperalgesia primária). Além disso, uma área de hiperalgesia secundária (dor mecânica aumentada após um estímulo nocivo) fora da área da lesão primária é produzida pela ativação dos receptores de N-metil-D-aspartato (NMDA) junto ao sistema nervoso central (SNC), que ocorre em consequência do tráfico de impulsos nociceptores aferentes. (b) Quando ativados por estímulos mecânicos, térmicos ou químicos, os nociceptores conduzem impulsos aferentes na direção da medula espinal. (c) O corno dorsal da medula espinal constitui o 1º centro de retransmissão sensorial junto ao SNC. Os sinais nociceptores que chegam são submetidos a uma considerável modulação antes da deflagração dos sinais ascendentes. (d) Quando há ativação de áreas localizadas no tálamo e no córtex cerebral, as projeções secundárias ao nível do trato espinotalâmico, trato da coluna dorsal e outras vias nociceptoras levam à percepção consciente da dor. Fonte: MedicinaNet, 2015.

Page 53: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

53    

2.3.3 SISTEMA OPIOIDE

O sistema opioide endógeno é constituído por células especializadas na

liberação de mediadores químicos como encefalinas, endorfinas e dinorfina,

responsáveis por ativar quatro tipos de receptores opiodes: k (kappa), σ (delta), δ

(gama), µ (mi); que estão distribuídos na substância cinzenta periaquedutal e no

bolbo raquidiano ventral e em várias regiões da espinal medula (MANSOUR, 1988;

REISINE e BELL, 1993; SNYDER e PASTERNAK, 2003). Estes receptores, uma vez

ativados, exercem efeitos a nível espinhal, supraespinhal e periférico, provocando

uma diminuição na libertação de neurotransmissores pelas terminações das fibras C,

inibindo os neurônios medulares pós-sinápticos, ou ativando as vias de modulação

descendente (PASTERNAK, 2005; LEE et al. 2011).

Os opioides, tanto endógenos e quanto exógenos, ligam-se aos receptores

aumentando a permeabilidade ao potássio e reduzindo a permeabilidade ao cálcio,

promovendo a diminuição da liberação de neurotransmissores nas terminações

nervosas, especialmente da SP. Estes mecanismos levam a redução do fenômeno

da excitabilidade neuronal, consequentemente reduzindo a transmissão neuronal do

estímulo nóxico (MAO et al. 1995).

Page 54: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

54    

3 OBJETIVO 3.1 Objetivo geral:

Realizar o estudo fitoquímico e avaliar o efeito antinociceptivo de uma fração

rica em cumarina de Ayapana triplinervis (Vahl).

3.2 Objetivos específicos

- Avaliar a droga vegetal obtida de partes aéreas de A. triplinervis por análises

físico-químicas e fitoquímicas;

- Avaliar extratos da droga vegetal de A. triplinervis por análises fitoquímicas e

selecionar um extrato para obtenção de fração rica em cumarina;

- Obter frações do extrato selecionado e submetê-las às análises

cromatográficas e espectrais, selecionando a Fração Cumarínica de Ayapana

triplinervis (FrCAt);

- Realizar a identificação do composto majoritário da FrCAt por métodos

espectrométricos;

- Avaliar a toxicidade oral aguda da FrCAt;

- Investigar os efeitos da FrCAt sobre os mecanismos periféricos e centrais de

nocicepção.

 

 

Page 55: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

55    

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Coleta e identificação botânica

O material vegetal foi coletado no mês de abril de 2014 em uma região

florestal pertencente ao município de Acará-PA, localizada a 01°32.684’ de latitude e

a 048°23.984’ de longitude. Coordenadas geográficas obtidas por um aparelho de

GPS (Global Positioning System).

A identificação botânica foi realizada por especialista do Herbário do Museu

Paraense Emílio Goeldi, onde uma exsicata se encontra depositada com o número

de registro MG123913.

4.2 Obtenção da droga vegetal

As amostras de partes aéreas do material vegetal foram cuidadosamente

selecionadas, lavadas com água corrente e submetidas à secagem em temperatura

ambiente por 24 horas e em estufa com fluxo de ar forçado (40ºC) durante 48 horas.

O material resultante foi pulverizado, pesado e armazenado.

4.3 Análises farmacognósticas

4.3.1 PERDA POR DESSECAÇÃO

Pesou-se 1 g de droga vegetal de A. triplinervis e transferiu-se para pesa-filtro

previamente dessecado durante 30 min. nas mesmas condições empregadas na

determinação. Colocou-se o pesa-filtro na estufa, onde permaneceu em secagem

por um período inicial de 2 horas, a uma temperatura variando entre 105-110ºC.

Page 56: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

56    

Após, o pesa-filtro com amostra foi pesado e, em seguida, novamente colocado na

estufa, nas mesmas condições, por ciclos de 1 hora até peso constante

(FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010). O resultado, a partir da média de três

determinações, foi expresso em percentual de perda por dessecação, calculado

conforme a equação:

% perda = Pu - Ps x 100

Pa

Onde:

Pa = peso da amostra (g) Pu = peso do pesa-filtro contendo a amostra antes da dessecação (g) Ps = peso do pesa-filtro contendo a amostra após a dessecação (g)

4.3.2 TEOR DE CINZAS TOTAIS

A droga vegetal de A. triplinervis (3 g) foi transferida para cadinho

previamente calcinado, resfriado e pesado nas mesmas condições da determinação.

O cadinho contendo a amostra foi incinerado em mufla a temperatura de 450-500ºC

por 2 horas, após, resfriou-se em dessecador por 20 min. e, pesou-se. O

procedimento foi repetido até peso constante (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).

O resultado, a partir da média de três determinações foi expresso em percentual de

cinzas totais, calculado em relação à massa de droga vegetal utilizada.

4.3.3 TEOR DE CINZAS INSOLÚVEIS

O resíduo obtido na determinação de cinzas totais foi mantido em ebulição

por 5 min. com 25 mL de ácido clorídrico (7%; v/v). Após, filtrou-se para recolher o

resíduo insolúvel em ácido sobre papel-filtro, adicionando água até a neutralidade do

filtrado. Transferiu-se o papel-filtro contendo o resíduo para um cadinho, secou-se

Page 57: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

57    

sobre placa quente, em seguida, incinerou-se a cerca de 500ºC até peso constante

(FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010). O resultado, a partir da média de três

determinações foi expresso em percentual de cinzas insolúveis, calculado em

relação à massa de droga vegetal utilizada.

4.4. Obtenção dos extratos

Os extratos foram obtidos através do processo de maceração, a partir de

extrações consecutivas com solventes de polaridades crescentes. Para tanto,

utilizou-se os solventes n-hexano, acetato de etila e metanol, sendo que cada

solvente permaneceu em contato com a droga vegetal (700 g) por 48 horas e, em

seguida, realizou-se a filtração. O resíduo resultante após filtração foi submetido à

remaceração com o mesmo solvente por 48 horas (Figura 6). As soluções extrativas

obtidas do mesmo solvente foram reunidas e concentradas até secagem completa,

em seguida, pesou-se e o rendimento foi calculado.

Page 58: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

58    

Figura 6: Esquema de obtenção dos extratos de diferentes polaridades de A. triplinervis.

4.5 Prospecção fitoquímica

A prospecção fitoquímica da droga vegetal e dos extratos de diferentes

polaridades foi realizada através dos testes de coloração e precipitação (COSTA,

1994) e por CCD (WAGNER e BLADT, 2001), das seguintes classes de metabólitos

secundários: alcaloides, flavonoides, esteroides e triterpenos, antraquinonas,

polifenóis e cumarinas. A droga vegetal foi submetida à extração direcionada de

acordo com a classe a ser testada.

Para cada teste, uma droga vegetal padrão foi utilizada como controle

positivo: Cinchona calisaya (alcaloides), Rhamnus purshiana (antraquinonas), Citrus

limon (cumarinas) Citrus sinensis (flavonoides), Panax ginseng (esteroides e

triterpenos) e Stryphnodendron adstrigens (polifenois).

Page 59: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

59    

Na análise por CCD, utilizou-se cromatoplaca de alumínio recoberta por sílica

gel 60G F254 Merck® e para algumas classes foram utilizados, além da droga

vegetal padrão, substâncias padrões. Os parâmetros definidos nas análises de cada

classe são mostrados no Quadro 5.

Classe Droga vegetal padrão

Substância padrão Fase móvel Revelador

Alcaloides

Cinchona calisaya Pilocarpina

Tolueno:acetato de etila:dietanolamina

(70:20:10)

Reativo de Dragendorff

(VIS)*

Flavonoides

Citrus sinensis

Quercetina

Tolueno:acetato de etila:metanol:ácido fórmico

(75:25:10:6)

Solução metanólica de

cloreto de alumínio (AlCl3)

2% (UV-365nm)**

Compostos fenólicos

Stryphnodendron adstringens

Ácido tânico

Tolueno:acetato de etila:metanol:ácido fórmico

(40:30:30:10)

Solução metanólica de cloreto férrico

(FeCl3) 1% (VIS)

Esteroides e terpenoides

Panax ginseng

-

Tolueno: clorofórmio:metanol

(40:40:10);

Reativo de Liebermann-

Burchard (UV-365nm)

Cumarinas Citrus limon 1,2 –benzopirona

Tolueno:éter (1:1), saturado com ácido acético

glacial 10%.

Solução etanólica de hidróxido de

potássio (KOH) 10% (UV-365nm)

Antraquinonas

Rhamnus purshiana

-

Acetato de etila:metanol:água

(100:13,5:10)

Solução etanólica de

KOH 10% (UV-365nm)

Quadro 5. Parâmetros utilizados na prospecção fitoquímica por Cromatografia de Camada Delgada. * Análise em luz visível (VIS) ** Análise em luz ultravioleta 365 nm (UV-365nm)

4.6 Obtenção de frações cumarínicas por Cromatografia em Coluna (CC)

De acordo com a prospecção fitoquímica por CCD e com o espectro de

absorção na região do UV-VIS (descrito abaixo) foi possível identificar o extrato com

melhor perfil cromatográfico e espectral para cumarinas, o extrato de acetato de etila

(EAAt). Deste modo, o EAAt foi submetido ao fracionamento em coluna de vidro

preenchida por sílica gel 60 (70-230 mesh ASTM), utilizando como fase móvel

Page 60: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

60    

diferentes sistemas de eluição com os solventes n-hexano, acetato de etila e

metanol. Os parâmetros utilizados no fracionamento estão detalhados no Quadro 6.

Parâmetros Especificações Altura da coluna 40 cm Diâmetro da coluna 4 cm Massa de sílica gel 100 g Amostra de extrato 4,5 g

Fase móvel

1. Hexano:acetato de etila (9:1) 2. Hexano:acetato de etila (7:3) 3. Hexano:acetato de etila (1:1) 4. Acetato de etila (100%) 5. Acetato de etila:metanol (1:1) 6. Metanol:acetato de etila (7,5:2,5) 7. Metanol (100%)

Volume de fase móvel 500 mL Quadro 6: Parâmetros utilizados para fracionamento do extrato de acetato de etila em coluna cromatográfica.

As frações obtidas foram submetidas à análise por CCD para detecção de

cumarinas, utilizando como a fase móvel hexano:acetato de etila (8:2) e análise sob

luz UV-365 nm. A presença de cumarinas foi evidenciada pela formação de uma

mancha verde-fluorescente e outra azul-fluorescente. Assim, foi possível reunir as

frações conforme semelhança no perfil cromatográfico, selecionando as frações

ricas em cumarinas.

4.7 Obtenção do perfil espectral na região do UV-Visível (UV-VIS)

Os extratos e frações ricas em cumarinas foram submetidos a uma varredura

espectral em espectrofotômetro (PerkinElmer/Lambda 950®). Para tanto, as

amostras foram diluídas em metanol (grau analítico de CLAE) para concentração de

1 mg/mL e transferidas para cubetas de quartzo com 1,0 cm de caminho óptico. A

absorbância (A) foi registrada no intervalo de comprimento de onda entre 700 nm a

190 nm, com diminuição regressiva de 0,1 nm.

O perfil espectral dos extratos constituiu uma complementação aos dados

obtidos por CCD, permitindo selecionar um extrato para fracionamento (EAAt)

Page 61: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

61    

devido o seu melhor perfil espectral e cromatográfico para cumarinas. Já o perfil

espectral das frações permitiu avaliar a separação da cumarinas no fracionamento,

possibilitando a identificação de uma fração com melhor perfil de absorção para

cumarinas. Assim, foi possível selecionar a Fração Cumarínica de Ayapana

triplinervis (FrCAt) para continuidade das análises.

4.8 Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Detector de Arranjo de Diodo (CLAE-DAD) O EAAt e a FrCAt foram analisados no Cromatógrafo Acquity UPLC H-

Class® com detector PDA Waters®, realizado no Laboratório de Fitoquímica da

Faculdade de Farmácia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

As amostras (2 mg) foram solubilizadas em 1 mL de metanol (grau CLAE) em

banho ultrassônico por 20 min., posteriormente centrifugadas a 10.000 Rotações Por

Min. (RPM) por 10 min.

Utilizou-se coluna de fase reversa (12,5 x 4,5 cm, LiChroCART ® RP 18-5 µm)

e as leituras foram realizadas na região do UV (220 a 400 nm), registrando-se

cromatogramas em 280 nm.

As condições cromatográficas foram estabelecidas de acordo metodologia de

perfil exploratório, com tempo de varredura de 18 min. em gradiente linear de 5 a

95%. Como fase móvel foi empregada água deionizada (H2O) contendo 0,1 % de

ácido fosfórico (eluente A) e acetonitrila (ACN) contendo 0,1 % de ácido fosfórico

(eluente B) (Tabela 1). Fluxo de 0,3 mL/min., injetando-se 4,0 µL da solução de cada

amostra. A temperatura da coluna foi mantida em 40 °C.

Tabela 1: Gradiente da fase móvel utilizada na análise por CLAE-DAD.

Tempo (min.) Fase móvel A(ácido fórmico 0,1% em água

deionizada) B (ácido fórmico 0,1% em

acetronitrila) 0 2 98 1 5 95

15 95 5 16 95 5 18 5 95

Page 62: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

62    

4.9 Obtenção do espectro no Infravermelho (IV)

Para obtenção do espectro da FrCAt no IV (IR Prestige 21 Shimadzu®), uma

amostra de 1 mg da fração foi compactada em pastilhas com brometo de potássio

(KBr), sendo o espectro obtido em transmitância na região de 4000 a 400 cm-1, com

32 varreduras e resolução de 1 cm-1.

4.10 Análise por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectrometria de Massas (CLAE-EM)

A FrCAt foi submetida a análise em equipamento UPLC-DAD-EM/ESI Waters

Acquity®, realizada no Laboratório de Fitoquímica da Faculdade de Farmácia da

UFMG.

As amostras (2 mg) foram dissolvidas em 1 mL de metanol (grau CLAE) em

banho ultrassônico por 20 min., em seguida foram centrifugadas por 10 min. a

10.000 RPM.

Utilizou-se coluna de fase reversa Acquity UPLC HSS C18 SB (partículas de

1,8 µm, 2,1x50 mm), detecção em UV (220 a 400 nm), fluxo de 0,3 mL/min.,

mantendo o forno da coluna a 40 ºC. Como fase móvel foi utilizado gradiente de

ACN com 0,1% de ácido fórmico (eluente A) e H2O deionizada com 0,1% de ácido

fórmico (eluente B), compreendendo um período de eluição linear longo (5 – 95% de

acetonitrila, em 10 min.) e, após, um curto período de eluição isocrática (95% de

ACN por 1 min.) (Tabela 2).

Na obtenção do espectro de massas (EM), empregou-se um sistema de

Ionização por Spray de Elétrons (ESI), voltagem do capilar 3,5; voltagem do cone

60. Foram utilizados solventes com grau para CLAE e água deionizada.

Page 63: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

63    

Tabela 2: Gradiente da fase móvel empregada na análise por CLAE-DAD-EM/ESI. Tempo (min.) Fase móvel

A (ácido fórmico 0,1% em acetronitrila)

B (ácido fórmico 0,1% em água deionizada)

0 95 5

10 5 95 11 5 95 13 95 5

4.11 Obtenção do espectro de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)

A FrCAt foi submetida a análise por RMN de H1, de C13, DEPT 135 em

espectrômetro Bruker Avance DPX200®, realizada no Laboratório RMN de Alta

Resolução do Departamento de Química da UFMG.

A amostra foi solubilizada em clorofórmio deuterado (CDCl3), os

deslocamentos químicos (δ) foram medidos em parte por milhão (ppm) e as

constantes de acoplamento (J) em Hertz (Hz). Utilizou-se o Tetrametilsilano (TMS)

como referência interna.

4.12 Avaliação farmacológica 4.12.1 ANIMAIS DE EXPERIMENTAÇÃO

Foram utilizados camundongos albinos Swiss (Mus musculus), machos (n =

50) e fêmeas (n= 9), com peso corporal entre 20-35 g, cedidos pelo biotério do

Instituto de Ciências Biológicas da UFPA. Os animais foram mantidos no biotério de

experimentação da Faculdade de Farmácia da UFPA, acondicionados em gaiolas

com água e ração ad libtum, com controle de temperatura (25 ± 1 ºC), exaustão e

ciclo de claro/escuro de 12 horas (claro das 6 às 18h).

O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com

Animais de Experimentação da UFPA, sob o número de registro 64-2015 (Anexo I).

Page 64: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

64    

4.12.2 DROGAS E TRATAMENTOS

Para a indução dos processos álgicos foram utilizados ácido acético (0,6%,

v/v), administrado por via intraperitoneal (i.p), e formalina (formaldeído 1%, v/v),

administrada por injeção na região intraplantar (i.pt.) na pata posterior direita.

Os controles positivos utilizados foram a Indometacina (10 mg/kg), a Morfina

(4 mg/kg) e a Naloxona (0,4 mg/kg), preparadas em água destilada ou solução

salina (solução de cloreto de sódio 0,9%). A FrCAt, foi solubilizada em solução

aquosa de Tween 80 (1%) em diferentes concentrações, de acordo com o teste.

A via oral (v.o.) foi adotada como padrão para administração dos fármacos,

obedecendo a um volume máximo de 0,1 mL/10g de massa corporal. Com exceção

da morfina e naloxona, administradas por via subcutânea (s.c.).

4.12.3 AVALIAÇÃO DA TOXICIDADE AGUDA

A avaliação da toxicidade oral aguda foi realizada conforme a diretriz 423,

para testes de substâncias químicas, da Organization of Economic Cooperation and

Development (OECD, 2008).

Para tanto, camundongos fêmeas (n = 3/grupo), em jejum prévio de 12 horas

(água disponível), foram tratadas com doses de 200, 600 e 1000 mg/kg da FrCAt

(v.o). A seguir foram acomodados em gaiolas e observados por um período de 4

horas para avaliação de possíveis alterações comportamentais ou morte.

Após este período, foram avaliados nos tempos 24, 48 e 72 horas, seguidos

de observação por um período total de 14 dias com o intuito de verificar a possível

ocorrência de óbito e alteração no peso corporal (OECD, 2008). Durante todo o

período de observação foram disponibilizados ração e água ad libitum.

Page 65: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

65    

4.12.4 ESTUDO DA ATIVIDADE ANTINOCICEPTIVA

4.12.4.1 Teste de contorções abdominais induzidas por ácido acético

De acordo com o método padronizado por Koster e seus colaboradores

(1959), foram induzidas contorções abdominais em camundongos (n = 5/grupo),

através da administração de ácido acético (0.6%; i.p.), em volume de 0,1 mL a cada

10 g de massa corpórea. A seguir os animais foram alocados em câmaras de

observação para contagem do número de contorções abdominais (contração da

parede abdominal, com rotação do corpo e extensão das patas traseiras) durante 20

min., 10 min. após a administração do ácido acético.

Os animais foram tratados com o veículo de dissolução (solução aquosa de

Tween 80 a 1% – Controle), Indometacina 10 mg/kg (Controle positivo) ou FrCAt nas

doses de 5, 10 e 20 mg/kg, 60 min. antes da administração do ácido acético.

4.12.4.2 Teste da formalina

A injeção de formalina provoca uma resposta nociceptiva em duas fases,

permitindo avaliar dois tipos distintos de nocicepção. A primeira fase, observada

entre 0-5 min. após a injeção da formalina, destina-se à avaliação de mecanismos

neurogênicos, pela estimulação direta dos nociceptores. A segunda fase, observada

no intervalo de 15-30 min. é de caráter inflamatório, dependente da combinação de

uma reação inflamatória no tecido periférico lesionado, com mudanças funcionais no

corno dorsal da medula. Entre uma fase e outra ocorre o período de quiescência, em

que não há manifestação de estímulos (HUNSKAAR e HOLE, 1987).

Para esta avaliação, camundongos (n = 5/grupo) receberam 20 µL de

formalina (1%; i.pt.) na pata posterior direita, sendo cronometrado o tempo que cada

animal passou lambendo ou mordendo a pata injetada durante a 1ª e a 2ª fase de

nocicepção.

Page 66: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

66    

Os grupos foram tratados com o veículo de dissolução (controle; v.o.) e

doses da FrCAt (5, 10 e 20 mg/kg; v.o.) 60 min. antes da administração da formalina.

O grupo controle positivo recebeu morfina (4 mg/kg; s.c.) 30 min. antes da formalina.

A naloxona, um fármaco antagonista opioide, foi utilizado para avaliar o

possível envolvimento do sistema opioide no efeito antinociceptivo. Três grupos

foram testados, o primeiro grupo tratado com veículo recebeu apenas naloxona (0,4

mg/kg; s.c.); o segundo grupo tratado com FrCAt na dose de 5 mg/kg recebeu

naloxona 15 min. antes da administração oral da fração; o terceiro grupo recebeu

naloxona (0,4 mg/Kg; s.c., 45 min. antes da formalina) e morfina (4 mg/Kg; s.c.; 30

min. antes da formalina).

4.12.5 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados foram expressos como média ± e.p.m (erro padrão da média) e

submetidos à análise de variância (ANOVA), um critério, seguido do teste de Turkey.

Em todas as análises, considerou-se o nível crítico para rejeição da hipótese de

nulidade menor que 0,05 (p < 0,05).

Page 67: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

67    

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análises farmacognósticas

Nas análises farmacognósticas foram estabelecidos parâmetros para controle

de qualidade da droga vegetal de A. triplinervis.

A perda por dessecação é um indicativo do teor de umidade e/ou de

substâncias voláteis de drogas vegetais (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).

Diferentes farmacopeias estabelecem um percentual aceitável de 8 a 14% para o

teor de umidade/voláteis em drogas vegetais. Neste sentido, observa-se que o teor

de umidade da droga vegetal de A. triplinervis está de acordo com os índices

preconizados (Tabela 3). Este dado é importante, uma vez que, para conservação

de drogas vegetais é necessário controlar o teor de umidade, pois pode haver

proliferação de microrganismos, além disso, pode ser prejudicial para alguns

constituintes químicos que sofrem degradação por hidrólise (MIGLIATO et al. 2007).

Cinzas totais e insolúveis são parâmetros importantes para controle de

qualidade farmacognóstico. As cinzas totais são indicativas do teor de substâncias

inorgânicas não voláteis da droga vegetal, que podem ser impurezas oriundas do

processo de preparação da droga e/ou substâncias minerais que compõe a planta.

Adicionalmente, o teor de cinzas insolúveis estima os constituintes silicosos da

planta (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010).

Muitas monografias de drogas vegetais estabelecem um limiar aceitável,

variando entre diferentes espécies (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010). Uma vez

que A. triplinervis não possui monografia, alternativamente, os teores de cinzas

totais e insolúveis de sua droga vegetal foram comparados com índices

estabelecidos por monografias de outras espécies da mesma família

(FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010), e os dados obtidos no presente estudo estão

de acordo com os valores presentes nestas monografias (Tabela 3).

Page 68: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

68    

Tabela 3: Parâmetros farmacognósticos da droga vegetal de A. triplinervis para controle de qualidade. Teor Média ± Desvio Padrão

Umidade/voláteis 10,73 ± 0,002 %

Cinzas totais 5,66 ± 0,001 %

Cinzas insolúveis 0,03 ± 0,033 %

5.2 Rendimento dos extratos

O extrato metanólico (EMAt) apresentou maior rendimento, permitindo inferir

que a planta pode ser composta majoritariamente por substâncias polares, seguido

pelo extrato de acetato de etila (EAAt) e com menor rendimento o extrato hexânico

(EHAt), demonstrando que a planta pode ter um menor teor de substâncias com

baixa polaridade (Tabela 4).

Tabela 4: Rendimento dos extratos de A. triplinervis. Calculado em relação à massa de droga vegetal

utilizada na extração (700 g). Extrato Rendimento em massa (g) Rendimento em percentual (m/m) Hexano 7,805 1,12%

Acetato de etila 15,999 2,29%

Metanol 36,187 5,17%

5.3 Prospecção fitoquímica

5.3.1 TESTES DE COLORAÇÃO E PRECIPITAÇÃO

Somente cumarinas e esteroides/triterpenos foram detectados na droga

vegetal de A. triplinervis e nos extratos de diferentes polaridades, as demais classes

apresentaram diferenças (Tabela 5):

• Alcaloides não foram detectados na droga vegetal e nem nos extratos;

• O teste para antraquinonas realizado neste estudo permitiu diferenciar entre

as formas livres e combinadas (heterosídeos) que estes metabólitos são

Page 69: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

69    

encontrados. Na droga vegetal foram identificadas antraquinonas nas formas

O-heterosídeo e C-heterosídeo, contudo, nos extratos não foram detectadas,

em nenhuma forma;

• Quatro tipos testes foram usados para identificar flavonoides, contudo

nenhum deles apresentou reações positivas, incluindo para a droga vegetal e

todos os extratos;

• Polifenóis apresentaram reações positivas indicativas da sua presença tanto

para droga vegetal, quanto para o EMAt.

Tabela 5: Prospecção fitoquímica realizada através de testes de coloração e precipitação com a

droga vegetal de A. triplinervis e seus extratos de diferentes polaridades, evidenciando o uso de uma droga vegetal padrão para cada reação.

Classe química Reação/Indicador Extratos Droga

vegetal

Droga vegetal Padrão Hexano Acetato

de etila Metanol

Alcaloides *(C. calisaya)

Dragendorff - - - - +++

Bouchadart - - - - +++

Mayer - - - - +++ Complexação com

ácido tânico - - - - +++

Antraquinonas *(R. purshiana)

Identificação de antraquinonas livres - - - - +++

Identificação de O-heterosídeos NR NR - +++ +++

Identificação de C-heterosídeos NR NR - + +++

Flavonoides *(C. sinensis)

Shinoda - - - - +++

Hidróxido de sódio - - - - +++

Cloreto de alumínio - - - - +++

Oxalo-bórica - - - - +++ Esteroides e triterpenos

*(P. ginseng)

Liebermann-Bouchardat +++ ++ + + +++

Cumarinas (C. limon)

Hidróxido de Potássio + +++ ++ +++ -

Polifenóis *(S. adstringens)

Cloreto férrico NR NR + ++ +++

Acetato de cobre NR NR + ++ +++

Acetato de chumbo NR NR + ++ +++ Complexação com

gelatina NR NR + ++ +++

*Droga vegetal padrão; NR: Não Realizado; negativo (-); fracamente positivo (+); positivo (++); fortemente positivo (+++).

Page 70: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

70    

Para prospecção fitoquímica da droga vegetal de A. triplinervis foi realizada

extrações específicas e direcionadas, de acordo com a classe a ser detectada. Este

procedimento permitiu verificar a diferença entre o perfil fitoquímico dos extratos e

da droga.

De fato, algumas diferenças foram observadas, pois as antraquinonas não

foram detectadas nos extratos, contudo, foram identificadas na droga vegetal nas

formas O-heterosídeo e C-heterosídeo, demonstrando que as antraquinonas desta

espécie são encontradas nas formas combinadas (Tabela 5). Neste sentido, infere-

se que uma extração direcionada é necessária para extrair os heterosídeos

antraquinônicos de A. triplinervis.

Estudos de A. triplinervis por prospecção fitoquímica (testes de coloração e

precipitação) têm demonstrado diferentes resultados:

- Alcaloides foram detectados nos extratos hexânico, de éter de petróleo, de

clorofórmio:metanol (1:1) e de clorofórmio:metanol (4:1) obtidos das folhas através

de um processo de extração consecutiva no aparelho extrator Soxhlet (FACKNATH

e LALLJEE 2008); também foram detectados no extrato de éter de petróleo obtido

por maceração (PARAMILA et al. 2012); e nos extratos hexânico, de acetato de etila

e metanólico obtidos por uma extração consecutiva (maceração) com solventes de

polaridade crescente (LOPES et al. 2014).

Diferente do que observado nos estudos citados acima, a droga vegetal e os

extratos, no presente estudo, não apresentaram reações positivas para alcaloides.

Essa diferença pode ser associada a três fatores. Primeiro, as variações intrínsecas

dos locais de coleta, que influenciam na constituição química das plantas. Segundo,

métodos extrativos variados que resultam em diferentes perfis de composição

química. Terceiro, o tipo de reação utilizada para identificar os compostos, pois as

reações de coloração e precipitação podem não ser específicas para algumas

classes. Por exemplo, o reativo de Dragendorff, o mais utilizado para identificar

estes compostos, precipita na presença de outras substâncias, incluindo os

polifenóis (HENRIQUES et al. 2010). Por esta razão, tal como foi realizado no

presente estudo, é necessário realizar o tratamento por partição ácido-base das

amostras como forma de minimizar a ocorrência de resultados falso-positivos.

- Tal como no presente estudo, as antraquinonas foram detectadas

anteriormente na forma glicosídica em A. triplinervis, contudo, a partir de diferentes

extratos (FACKNATH e LALLJEE 2008), diferentemente do presento estude, pois

Page 71: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

71    

houve apenas detecção de glicosídeos antraquinônicos apenas na droga vegetal

submetida ao processo extrativo direcionado.

- Os flavonoides foram detectados nos extratos hexânico, de

clorofórmio:metanol (1:1) e de clorofórmio:metanol (4:1) (FACKNATH e LALLJEE

2008). Contudo, outros estudos, realizados em diferentes regiões, não têm

demonstrado a presença de flavonoides em diversos extratos, tais como, de éter de

petróleo (PARAMILA et al. 2012), de hexânico, de acetato de etila e metanólico

(LOPES et al. 2014). A divergência entre estes dados é uma evidência de que a

variabilidade química da planta é influenciada pelos diferentes locais de coleta.

- Esteroides e triterpenos foram identificados nos extratos hexânico, de éter

de petróleo, de clorofórmio:metanol (1:1) e de clorofórmio:metanol (4:1) (FACKNATH

e LALLJEE 2008; PARAMILA et al. 2012). No presente estudo, estes metabólitos

foram detectados com maior evidência no EHAt, contudo Lopes et al. (2014)

descreveram reação negativa para um extrato hexânico. Este diferença pode estar

relacionada ao tipo de reação utilizada para detecção em cada estudo, pois, em uma

extração, esteroides e triterpenos tem afinidade por solventes de baixa polaridade,

tal como o hexano, por isso a não detecção no estudo de Lopes et al. pode ter sido

devido as condições da reação realizada.

- Polifenóis foram detectados em diferentes extratos de A. triplinervis

(FACKNATH e LALLJEE, 2008; PARAMILA et al. 2012; LOPES et al. 2014). Os

polifenóis, que incluem derivados fenólicos de variadas origens metabólicas, tais

como, flavonoides e taninos, são muitos comuns em espécies vegetais. Estes

compostos são detectados com a formação de precipitados ou oxidação, resultantes

da reação de grupos hidroxila, presentes em suas moléculas, com íons metálicos

que em geral são constituídos os reativos (COSTA, 1994).

5.3.2 CROMATOGRAFIA DE CAMADA DELGADA

As análises por CCD apresentaram perfil de detecção semelhante aos

ensaios de coloração e precipitação, com exceção de C-heterosídeos

antraquinônicos na droga vegetal (Figura 7-D).

Page 72: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

72    

Cumarinas foram detectadas na droga vegetal e nos extratos, contudo o

extrato de acetato de etila (EAAt) apresentou melhor perfil cromatográfico para esta

classe, por tal razão, o EAAt foi selecionado para a obtenção de frações

cumarínicas.

Na análise por CCD foi possível avaliar as características das cumarinas

presentes na planta. As manchas azuis fluorescentes observadas sob luz UV-365

nm, tanto na droga vegetal quanto nos extratos, podem se relacionadas a derivados

cumarínicos substituídos, pois, diferentemente da cumarina simples (1,2-

benzopirona; padrão utilizado) que apresenta fluorescência somente após a

revelação com soluções alcalinas, as cumarinas substituídas apresentam manchas

fluorescentes sem o uso de reveladores (WAGNER e BLADT, 2001).

As antraquinonas são detectadas por CCD após revelação com soluções

alcalinas, formando manchas de coloração vermelha ou marrom-avermelhada em

luz visível (WAGNER e BLADT, 2001). Os extratos não apresentaram manchas

sugestivas de antraquinonas, conforme comparação com o padrão utilizado (Figura

7-C). A cromatoplaca com aplicações da droga vegetal demonstrou a ausência de

antraquinonas livres e manchas sugestivas de O-heterosídeos antraquinônicos,

semelhante à droga vegetal padrão (Figura 7-D).

Esteroides e triterpenos foram detectados na droga vegetal e nos extratos. A

detecção ocorreu após revelação da cromatoplaca com o reativo de Libermann-

Burchard, observou-se a formação de manchas vermelho-fluorescentes sob UV-365

nm com mesma retenção das manchas formada para a droga vegetal padrão. Sabe-

se que P. ginseng (padrão de esteroides e triterpenos) é uma droga vegetal rica em

saponina, que por sua vez é encontrada de duas formas, a forma esteroidal e a

forma triterpênica (WAGNER e BLADT, 2001), logo as manchas detectadas nas

amostras podem ser relacionadas à presença de saponinas (Figura 7-E).

Para flavonoides foram utilizados dois padrões, um composto isolado, a

quercetina e uma droga vegetal padrão de Citrus sinensis. Após a revelação com

solução de cloreto de alumínio e sob UV 365 nm, os flavonoides apresentam

manchas verde-fluorescentes (COSTA, 1994). Na droga vegetal e nos extratos não

foram detectadas manchas com essa característica, ressaltando a ausência de

flavonoides (Figura 7-F).

Os alcaloides são facilmente detectados por CCD após revelação com reativo

de Dragendorff, apresentando manchas com diferentes tonalidades de vermelho

Page 73: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

73    

(WAGNER e BLADT, 2001). No presente estudo, a droga vegetal (não demonstrado)

e os extratos não apresentaram manchas sugestivas de alcaloides (Figura 7-G).

Polifenóis constituem um grande grupo que reúne uma série de classes de

metabólitos secundários. Os taninos representam uma das suas principais classes.

Estes compostos são divididos em duas subclasses, os taninos condensados, que

são polímeros formados pela associação de moléculas de catequinas (flavan-3-ol) e

os taninos hidrolisáveis, que são constituídos por diversas moléculas de ácidos

fenólicos, como o gálico e o elágico, unidos por um resíduo de glicose central

(SANTOS e MELLO, 2010). Utilizou-se como padrão, nesta análise, o ácido tânico

(tanino hidrolisável) e o S. adstringens, droga vegetal rica em taninos hidrolisáveis.

As manchas observadas nas aplicações referentes à droga vegetal e ao EMAt

apresentaram o mesmo fator de retenção que as manchas dos padrões utilizados

(Figura 7-H). Sendo assim, é possível afirmar que tanto a droga vegetal quanto o

extrato são constituídos por taninos hidrolisáveis.

Page 74: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

74    

A: Cumarinas

A: Padrão (1,2-benzopirona, 1 mg/mL) B: Droga vegetal padrão C. sinensis

C: Droga vegetal (A. triplinervis) D: Extrato hexânico

E: Extrato de acetato de etila F: Extrato metanólico

Eluente: tolueno:éter (1:1), saturado com ácido acético glacial (10%)

Revelador: não utilizado

B: Cumarinas (após revelação)

A: Padrão (1,2-benzopirona, 1 mg/mL) B: Droga vegetal padrão C. sinensis

C: Droga vegetal (A. triplinervis) D: Extrato hexânico

E: Extrato de acetato de etila F: Extrato metanólico

Eluente: tolueno:éter (1:1), saturado com ácido acético glacial (10%)

Revelador: solução etanólica de KOH (10%)

C: Antraquinonas (extratos)

A: Extrato metanólico

B: Extrato de acetato de etila C: Extrato Hexânico

D: Droga vegetal padrão R. purshiana E: Droga vegetal (A. triplinervis)

Eluente: acetato de etila:metanol:água (100:13,5:10)

Revelador: solução etanólica de KOH (10%)

D: Antraquinonas (droga vegetal)

A: R. purshiana (Antraquinonas livres) B: A. triplinervis (Antraquinonas livres)

C: R. purshiana (O-heterosídeos) D: A. triplinervis (O-heterosídeos) E: R. purshiana (C-heterosídeos) F: A. triplinervis (C-heterosídeos)

Eluente: acetato de etila:metanol:água (100:13,5:10)

Revelador: solução etanólica de KOH (10%)

Figura 7: Prospecção fitoquímica por cromatografia de camada delgada da droga vegetal de A.

triplinervis e seus extratos de diferentes polaridades. (continua)

A B C D E F

A B C D E   A B C D E F  

A B C D E F

Page 75: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

75    

E: Esteroides e triterpenos

A: Droga vegetal padrão (Panax giseng)

B: Droga vegetal (A. triplinervis) C: Extrato hexânico

D: Extrato de acetato de etila E: Extrato metanólico

Eluente: tolueno: clorofórmio:metanol (40:40:10)

Revelador: reativo de Liebermann-Burchard

F: Flavonoides

A: Extrato hexânico;

B: Extrato de acetato de etila; C: Extrato metanólico;

D: Droga vegetal padrão (Citrus sinensis) E: Droga vegetal (A. triplinervis)

F: Padrão (quercetina 0,3 mg/mL). Eluente: tolueno:acetato de

etila:metanol:ácido fórmico (75:25:10:6) Revelador: solução metanólica de AlCl3 (2%)

G: Alcaloides

A: Extrato hexânico;

B: Extrato de acetato de etila; C: Extrato metanólico;

D: Padrão (pilocarpina 1mg/mL) Eluente: tolueno:acetato de etila:dietanolamina

(70:20:10) Revelador: reativo de Dragendorff

H: Polifenóis

A: Extrato metanólico

B: Padrão ( solução metanólica de ácido tânico) C: Droga vegetal padrão S. adstringens

D: Droga vegetal (A. triplinervis) Eluente: tolueno:acetato de

etila:metanol:ácido fórmico (40:30:30:10) Revelador: solução metanólica FeCl3 (1%)

Figura 7: Prospecção fitoquímica por cromatografia de camada delgada da droga vegetal de A. triplinervis e seus extratos de diferentes polaridades.

5.4 Perfil espectral dos extratos na região do UV-VIS

Na varredura espectral (190 nm a 700 nm) dos extratos foram observada

absorções característica da presença de cumarinas na faixa do UV (190 a 400 nm).

As cumarinas simples, em geral, apresentam dois ou três picos de absorção na

A B C D E   A B C D E F  

A B C D E  

A B C D

Page 76: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

76    

região do UV, o primeiro entre 215-235 nm, o segundo entre 275-290 nm e o terceiro

entre 315-350 nm, sofrendo variações de acordo com o grupo químico presente na

cadeia lateral do esqueleto básico das cumarinas (CROSBY e BERTHOLD, 1962;

GANGULY e BAGCHI, 1956).

O EAAt apresentou absorção característica da presença de derivados

cumarínicos, com picos em 233, 293 e 346 nm. Os demais extratos não

apresentaram tais picos (Figura 8). De acordo com estas características espectrais e

com o perfil cromatográfico, o EAAt foi selecionado para fracionamento e obtenção

da FrCAt.

Figura 8: Espectro de absorção (A) na região do UV-VIS dos extratos de A. triplinervis, evidenciando

os picos de absorção característicos de cumarinas. EHAt: extrato hexânico; EAAt: extrato de acetato de etila; EMAt: extrato metanólico.

5.5 Frações obtidas por Cromatografia em Coluna (CC)

Obteve-se um total de 13 frações do EAAt por CC. A análise por CCD com

visualização sob luz UV 365 nm, permitiu observar nas frações de 4 a 10 duas

manchas sugestivas de cumarinas, uma verde-fluorescente e outra azul-fluorescente

mais intensa (Figura 9). A intensidade das manchas referentes às cumarinas foi o

fator determinante para reunião das frações (Tabela 6).

Page 77: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

77    

Figura 9: Análise por cromatografia de camada delgada das frações do extrato de acetato de etila de

A. triplinervis obtidas em coluna cromatográfica. Fase móvel hexano:acetato de etila (8:2). Análise sob luz UV 365 nm.

Tabela 6: Rendimento das frações do extrato de acetato de etila de A. triplinervis obtidas em coluna cromatográfica. Massa de extrato utilizado no fracionamento: 4,5 g.

Frações Rendimento (mg) 1 e 2 599

3 518

4 201

5-9 1431

10 1036

11-13 176

5.6 Perfil espectral das frações na região do UV-VIS

Após reunião, as frações cumarínicas foram submetidas à varredura espectral

na região do UV-VIS (190 a 700 nm). A fração 5-9 apresentou picos de absorção em

233, 293 e 345 nm (Figura 10), nestes comprimentos de onda ocorrem absorções

relacionadas com derivados cumarínicos, sendo os deslocamentos batacrômicos

favorecidos pelos radicais presentes na cadeia lateral do esqueleto cumarínico (SEM

e BAGCHI, 1959.).

Absorções nas regiões de 290-300 nm e 340-350 nm são características de

compostos contendo grupos com ligações metoxilas (C-O-C) nas posições 6 e 7 do

anel benzênico da 1,2-benzopirona. Dentre as moléculas que apresentam este

Fr        1        2          3            4              5              6          7              8              9        10      11        12      13  

Page 78: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

78    

comportamento espectral estão a escopoletina (7-hidroxi-6-metoxicumarina), a

escoparona (6,7-dimetoxicumarina) e a aiapina (6,7-metilenodioxicumarina)

(GOODWIN e POLLOCK, 1954).

As frações 4 e 10, diferentemente da fração 5-9, apresentaram absorção com

menor intensidade na região relacionada a cumarinas (Figura 10). Sendo assim, a

fração 5-9 foi considerada como a Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt),

selecionada para os demais ensaios.

Figura 10: Espectro de absorção (A) na região do UV-VIS das frações cumarínicas obtidas do extrato

de acetato de etila de A. triplinervis, evidenciando os picos de absorção característicos de cumarinas.

5.7 Perfil cromatográfico por CLAE-DAD

O perfil cromatográfico exploratório do EAAt, obtido por CLAE-DAD,

demonstrou a formação de picos em duas regiões de retenção no cromatograma,

entre 3,069 e 4,745 min. e entre 10,131 e 15,330 min.. Em ambas as regiões

ocorreram a formação de um pico com maior intensidade, sendo o primeiro com

tempo de retenção (TR) em 4,773 min. (percentual de área = 34,07%) e o segundo

com TR em 10,719 min. (percentual de área = 9,94%) (Figura 11-A).

O pico de maior intensidade (percentual de área = 34,07%) formado em TR

4,773 min. apresentou, no espectro na região de UV, absorções em 232,9, 293,4 e

Page 79: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

79    

346,6 nm, sendo compatíveis com derivados cumarínicos (Figura 11-A). O segundo

pico evidenciado, (TR 10,719 min.; percentual de área = 9,94%), apresentou

absorções em UV de 221,1, 288,6 nm relacionadas à presença de outros derivados

aromáticos.

No intervalo entre 3,069 a 4,745 min, além do pico majoritário, inúmeros picos

foram formados, todos eles demonstraram absorções em torno de 230, 290 e 340

nm que são relativas à presença de cumarinas, constatando a presença de diversos

derivados cumarínicos no EAAt.

No perfil cromatográfico por CLAE do EAAt foi observado a formação de

poucos de picos, considerando que este extrato é resultante de uma extração

consecutiva com solventes de polaridades crescentes, é possível afirmar que o

processo extrativo foi eficiente para separação inicial dos compostos de A.

triplinervis, promovendo a concentração de cumarinas no EAAt.

O perfil cromatográfico exploratório da FrCAt demonstrou a existência um pico

de maior intensidade com TR 4,773 min., referente ao composto majoritário da fração

e com dados espectrais em UV relativos à presença cumarinas. Além disso, o

intervalo entre 3,525 a 4,773 apresentou picos com maiores áreas e com absorções

espectrais características de cumarinas, tal como para o extrato. A diferença

observada entre perfil do extrato e fração foi a não retenção de picos acentuados

entre 10,131 e 15,330 min. para FrCAt, inferindo, que na fração houve separação

das cumarinas do EAAt com concentração dos compostos majoritários,

principalmente do composto com pico em TR 4,773 (Figura 11-B).

Page 80: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

80    

Figura 11: Perfis cromatográficos exploratórios obtidos por CLAE-DAD com detecção em 280 nm. A:

Cromatograma do Extrato de Acetato de Etila (EAAt) de A. triplinervis e espectro de absorção dos picos majoritários na região do UV. B: Cromatograma da Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt) e espectro de absorção do pico majoritário na região do UV.

5.8 Espectro no Infravermelho (IV)

O espectro no IV da FrCAt apresentou absorções correspondentes a

derivados cumarínicos (Figura 12).   A absorção em 1708 cm-1 é atribuída a uma

deformação axial C=O da carbonila α, β insaturada do grupo lactônico presente nas

cumarinas, sendo a característica mais importante destas moléculas no espectro de

IV. Já bandas em 1579 e 1489 cm-1 são indicativas de deformações axiais de

ligações C=C presentes no anel aromático das cumarinas. Bandas em 941, 883 e

837 cm-1 são relacionadas a deformações angulares C-H, devido ligações deste tipo

localizadas em diferentes posições do anel benzênico das cumarinas (CUNHA et al.

2015).

Page 81: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

81    

Figura 12: Espectro de absorção no infravermelho da Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt).

5.9 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência acoplada a Espectrometria de Massas

(CLAE-EM) Na análise por CLAE foi possível verificar a existência de um composto

majoritário na FrCAt. No cromatograma, observa-se a formação de um pico com

maior intensidade no TR 3,48 min. (Figura 13-A).

A análise por EM com sistema de Ionização por Spray de Elétrons (ESI -

Electrospray Ionisation) do TR 3,48 min. demonstrou a formação de íon molecular

m/z [M+1]+ 191,2 u, com o qual se determinou a massa molecular do composto

majoritário (190 g/mol), sendo compatível com a fórmula molecular C10H6O4 (Figura

13-B).

Os dados espectrais por EM-ESI do composto majoritário da FrCAt constam

na literatura como referentes a uma cumarina com grupamento metilenodioxi

substituindo as posições 6 e 7 do anel aromático cumarínico (MAES et al. 2005).

Sendo assim é possível afirmar que a cumarina majoritária presente na fração, trata-

se da 6,7-(metilenodioxi)cumarina (aiapina). Para complementar a elucidação

estrutural da molécula, a FrCAt foi submetida a análise por RMN.

Page 82: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

82    

     Figura 13: Dados cromatográficos e espectrais da Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt). A: Cromatograma da FrCAt obtido por CLAE; B: Espectro de

massas obtido por EM-ESI [M+1] referente ao pico majoritário formado em TR 3,48 min. .

A B

Page 83: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

83    

5.10 Espectros de Ressonância Magnética Nuclear (RMN)

A análise por RMN permitiu a confirmação da estrutura molecular do

composto majoritário da FrCAt (Tabela 7). O espectro de RMN 1H 400 MHz emitiu

um sinal em δ 6,82 relativo a um singleto atribuído ao deslocamento de hidrogênios

presentes nas posições 5 e 8 do anel benzênico da molécula. A presença de um par

de dupletos em δ 7,58 e 6,28 (J = 9,5 Hz) é associada a hidrogênios com

configuração cis, ocupantes da dupla ligação na posição 3 e 4 do anel lactônico da

molécula. A formação de um singleto em δ 6,08 corresponde a dois átomos de

hidrogênio presentes no grupo metilenodioxi ligados à posição 6,7 do anel benzênico

da molécula (Figura 14).

No espectro de RMN 13C 400 MHz foi possível observar formação de apenas

6 sinais referentes a 6 carbonos, porém, a substância apresentou fórmula molecular

com 10 carbonos, apesar disso, a identificação estrutural por RMN 13C não foi

comprometida. O sinal em δ 145,1 foi atribuído ao carbono ligado ao oxigênio na

posição 6 do anel benzênico. Os deslocamentos δ 105,2 e 98,6 correspondem aos

carbonos presente nas posições 5 e 8 do anel benzênico, respectivamente. A dupla

ligação presente anel lactônico foi evidenciado com sinais característicos em δ 143,7

para o carbono 4 e em δ 113,5 para o carbono 3 (Figura 15).

No espectro de RMN 13C-DEPT135 foi possível constatar a presença de 5

ligações C-H na molécula. A absorção em δ 102,6 apresentou amplitude negativa,

sendo uma característica atribuída à presença de apenas um carbono metileno

(CH2) (Figura 16).

Com os dados espectrais obtidos por EM e RMN, determinou-se a estrutura

molecular do composto majoritário de FrCAt, sendo a molécula 6,7-

(metilenodioxi)cumarina. Este composto foi isolado pela primeira vez a partir da

espécie Ayapana triplinervis, por isso a molécula recebeu denominação trivial de

aiapina (BOSE e ROY, 1936). A aiapina foi identificada em outras espécies da

família Asteraceae como Helianthus annuus (TAL e ROBESON, 1985), Pterocaulon

virgatum (DEBENEDETTI et al. 1998), Pterocaulon polystachyum (VERA et al. 2001)

e Ageratum fastigiatum (GONÇALVES et al. 2011).

A aiapina foi apontada como uma fitoalexina nas espécies que a produzem.

Na espécie Helianthus annuus a sua produção é aumentada em resposta a ataques

Page 84: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

84    

de patógenos como fungos (TAL e ROBESON, 1985; URDANGARIN et al. 1999;

PRATS et al. 2006) e em P. polystachyum foi atribuída a esta cumarina a inibição do

crescimento de larvas que infestam a planta (VERA et al. 2006).

Tabela 7: Comparação entre os dados de RMN de 1H e 13C registrados na literatura para a molécula

aiapina e os resultados obtidos para a Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt). Posição δ 1H (ppm) δ 13C (ppm)

Aiapina (CDCl3)* FrCAt (CDCl3) Aiapina (CDCl3)* FrCAt (CDCl3)

3 6,28 d J = 9,5 Hz) 6,28 d 113,4 113,5

4 7,58 d J = 9,5 Hz) 7,59 d 143,4 143,7

5 6,82 s 6,82 s 105,0 105,2

6 - - 143,4 145,13

8 6,82 s 6,82 s 98,6 98,6

6,7-OCH2O 6,10 s 6,07 s 102,3 102,5

*(DEBENEDETTI et al. 1998)

Figura 14: Espectro de RMN de 1H da Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt) (CDCl3, 400 MHz).

Page 85: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

85    

Figura 15: Espectro de RMN de 13C da Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt) (CDCl3, 400

MHz).

Figura 16: Espectro de RMN de 13C-DEPT135 da Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt) (CDCl3,

400 MHz).

30405060708090100110120130140150160170180190 ppm

98.539

102.354

105.023

113.387

143.511

Page 86: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

86    

5.11 Avaliação farmacológica

5.11.1 TOXICIDADE ORAL AGUDA

Não foram observadas alterações comportamentais (diminuição da

mobilidade, letargia ou sedação), durante as primeiras 4 horas de observação, nos

animais tratados com doses de 200, 600 e 1000 mg/kg da FrCAt. Ao final dos 14

dias de acompanhamento, nenhuma morte foi registrada, não havendo também

diferença no ganho de peso corporal em relação ao grupo controle. Sendo assim,

conforme estabelecido na OECD 423, a FrCAt apresentou baixo potencial tóxico

agudo por via oral.

Concordando com este achado, avaliações da toxicidade oral aguda de

diferentes derivados vegetais da A. triplinervis também demonstraram baixo

potencial tóxico. A administração de extrato metanólico (100 a 1600 mg/kg; BOSE et

al. 2007) ou extrato éter de petróleo (2000 mg/kg; PARIMALA et al. 2012) das folhas

não promoveram mortes nos animais tratados.

A administração oral do extrato hidroalcoólico (etanol 70%) de partes aéreas

(2000 e 5000 mg/kg) promoveu alterações comportamentais, sendo observadas

sonolência e letargia até 90 min. após a administração. Não houve, contudo, morte

dos animais durante todo o período de observação (14 dias), portanto, o extrato foi

considerado de baixa toxicidade (MELO et al. 2013).

5.11.2 EFEITO ANTINOCICEPTIVO

5.11.2.1 Contorções abdominais induzidos por ácido acético

A FrCAt, nas doses de 5, 10 e 20 mg/kg 9 (v.o.), reduziu significativamente as

contorções abdominais induzidas pelo ácido acético (0,6%; i.p.) quando comparado

ao grupo controle (Figura 17). Não foram observadas diferenças significativas entre

Page 87: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

87    

os efeitos das doses, bem como, não apresentam diferença estatística em relação

ao padrão indometacina (10 mg/kg; v.o.).

Figura 17: Efeito da Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAt), v.o., sobre as contorções induzidas

pelo ácido acético 0,6 %, i.p., em camundongos. Grupo controle positivo tratado com Indometacina (INDO) 10 mg/kg, v.o. Cada valor representa média ± erro padrão da média (n = 5), *p < 0,05 comparado ao grupo controle (ANOVA, um critério, seguido pelo teste de Tukey).

A ausência de variação do efeito com o aumento da dose de FrCAt

administrada, considerando que desempenharam resultado aproximado a

indometacina, pode significar que se encontram na faixa de efeito máximo para

estas doses. Estudos adicionais deverão ser conduzidos para identificar a dose

mínima eficaz, bem como a dose efetiva mediana. Apesar disto, os dados obtidos já

permitem notar que a FrCAt apresenta efeitos significativos.

O tratamento oral com extrato de éter de petróleo das folhas (100 e 200

mg/kg) (PARIMALA et al. 2012) e com o extrato hidroalcoólico das partes aéreas

(200 a 800 mg/kg) (MELO et al. 2013) da A. triplinervis promoveu redução das

contorções induzidas pelo ácido acético. Contudo, nestes estudos não foram

Page 88: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

88    

demonstrados investigações fitoquímicas que relacionassem a presença de algum

composto ou classe de composto com tal efeito. Os dados obtidos no presente

estudo podem contribuir para o entendimento da relação entre este efeito e a

constituição química da planta.

O teste das contorções abdominais induzidas pelo ácido acético é um modelo

utilizado para avaliar efeito antinociceptivo periférico de origem inflamatória. O ácido

acético é um agente flogístico que induz a nocicepção indireta resultante de uma

inflamação aguda no peritônio (LE BARS et al. 2001). Neste processo ocorre o

recrutamento de células, como macrófagos e mastócitos, para o peritônio, onde

liberam mediadores inflamatórios como PGs, histamina, 5-HT, Bk e citocinas

(CARVALHO e LEMÔNICA, 1998).

As citocinas desempenham um importante papel na hiperalgesia. A liberação

de TNF-α, interleucina 1β (IL-1β) e interleucina 8 (IL-8) contribue para o

desenvolvimento da dor inflamatória, além de estimular a produção de outros

mediadores inflamatórios como PGs e mediadores simpaticomiméticos (RIBEIRO et

al. 2001). A redução do número de contorções promovida pela FrCAt pode

representar uma possível atividade sobre estes mediadores.

Não foram encontrados dados na literatura sobre efeito antinociceptivo

associado ao composto majoritário da FrCAt, a aiapina. Contudo, outras cumarinas

têm demontrado capacidade de interferir no processo da nocicepção. A umbeliferona

(7-hidroxicumarina), nas doses de 3,15, 30 e 60 mg/kg, v.o., reduziu as contorções

abdominais induzidas por ácido acético em um padrão dependente da dose

(BARROS et al. 2010). A escopoletina (6,7-dimetoxicumarina), por sua vez,

promoveu este efeito em doses de 1 a 10 mg/kg (CHANG et al. 2012).

O estudo de Lima e seus colaboradores (2011) demonstrou que a

umbeliferona é capaz de reduzir os níveis de citocinas pró-inflamatórios (TNF-α e IL-

β) e da PGE2 no tecido da pata dos animais induzidos ao dano inflamatório. Ela

também reduziu os níveis teciduais de MPO, um marcador da migração de

neutrófilos.

A escopoletina, nas doses de 1 a 10 mg/kg (v.o), também mostrou-se capaz

de reduzir os níveis de TNF-α e PGE2 no tecido plantar submetido a indução de

processo inflamatório. Reduziu também a concentração da enzima COX-2 no tecido

(CHANG et al. 2012).

Page 89: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

89    

A demonstração dos efeitos antinociceptivos destes derivados cumarínicos,

bem como os mecanismos identificados podem representar um norteador para a

investigação dos mecanismos de ação da aiapina, composto cumarínico majoritário

na FrCAt. Apesar disto, é necessário considerar que o teste das contorções

abdominais é sensível a uma ampla gama de drogas antinociceptivas, quer sejam de

ação central ou periférica (LE BARS et al, 2001).

Tanto os analgésicos do grupo dos AINEs, que atuam sobre os processos

periféricos inibindo a síntese de prostaglandinas, quanto os analgésicos opioides

que atuam principalmente sobre os mecanismos de condução da dor, são efetivos

neste teste (REICHERT et al. 2001). Outras classes de fármacos, como

bloqueadores adrenérgicos (DUARTE et al, 1988), anti-histamínicos (CHUNG, et al.

1984) e relaxantes musculares (KAMEYAMA et al. 1985) também apresentam

atividade neste teste. Por esta razão, faz-se necessário a aplicação de modelos que

permitam discernir a natureza da ação da FrCAt.

5.11.2.2 Teste da Formalina

No presente estudo, o tempo de lambida da pata injetada com formalina foi

reduzido em todas as doses (5, 10 e 20 mg/kg) testadas, tanto na primeira (0-5 min.)

quanto na segunda fase (15-30 min.) do teste. No entanto, tal como no teste

anterior, não foram observadas diferenças entre as doses, reforçando a hipótese de

que representam o efeito máximo produzido pela droga nestas doses. Na

comparação com o padrão (morfina; 4 mg/kg; s.c.), a análise estatística também não

revelou diferença significativa (p = 0,937 versus 5 mg/kg; p = 0,965 versus 10 mg/kg

e p = 0,603 versus 20 mg/kg da FrCAt) em ambas as fases (Figura 18-A).

O teste da formalina é muito eficaz para avaliação antinociceptiva de agente

farmacológicos (WHEELER-ACETO et al. 1990). Diferente do teste das contorções

abdominais, este modelo apresenta especificidade diante da resposta nociceptiva,

possibilitando o estudo do mecanismo de ação de fármacos (HUNSKAAR e HOLE,

1987).

A avaliação ocorre em duas etapas distintas, a primeira fase (0-5 min.)

corresponde a mecanismos de sinalização neurogênica, com a ativação de FAPs,

Page 90: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

90    

sendo as mais importantes as fibras C, devido à estimulação química promovida

pela injeção da formalina (MARTINDALE et al. 2001).

Na segunda fase do teste (15-30 min.) é observada a manifestação da dor de

origem inflamatória, ocorrendo uma sucessão de eventos caracterizados pela

resposta inflamatória gerada pelo dano tecidual promovido pela injeção da formalina

(HUNSKAAR e HOLE, 1987). Nesta fase, há intensa liberação de mediadores

inflamatórios (PGs, 5-HT, histamina e Bk), que também podem promovem a

sensibilização e/ou ativação de nociceptores (CHICHORRO et al. 2004).

Analgésicos narcóticos, como a morfina e derivados, que agem em

mecanismos centrais, demonstram atividade nas duas fases do teste (DICKENSON

e SULLIVAN, 1987). Drogas, como os AINES, que atuam sobre os mecanismos

periféricos, envolvendo a produção e liberação de mediadores inflamatórios,

geralmente apresentam atividade significativa apenas na segunda fase (SHIBATA et

al. 1989).

A redução significativa do tempo de lambida na fase neurogênica do teste

sugere o envolvimento de mecanismos centrais no efeito da FrCAt. É sabido que a

morfina, droga padrão utilizada, exerce efeito antinociceptivo pela ativação de

receptores acoplados a uma proteína Gαi, denominados receptores opioides. A

ativação destes receptores, entre outros efeitos, promove a hiperpolarização

(abertura de canais de K+) do terminal nervoso e o bloqueio de canais de Ca2+,

reduzindo a intensidade ou bloqueando a transmissão do impulso nóxico da FAP

para o neurônio medular (PASTERNAK, 2005).

A fim de avaliar envolvimento de receptores opioides nos efeitos promovidos

pela FrCAt, foi realizada a coadministração da naloxona (0,4 mg/kg; s.c.) com a

FrCAt (5 mg/kg) e com a droga padrão. Como esperado de um antagonista de

receptores opioides, a naloxona inibiu o efeito promovido pela morfina (4 mg/kg;

s.c.). De maneira semelhante, suprimiu também o efeito antinociceptivo promovido

pela FrCAt em ambas as fases do teste, sugerindo que a fração cumarínica utiliza a

via opióide para exercer seu efeito (Figura 18-B).

Page 91: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

91    

Figura 18: Teste da Formalina. A: Efeito da Fração Cumarínica de A. triplinervis (FrCAT; v.o.), sobre

as fases neurogênica (0-5 min.) e inflamatória (15-30 min.) da nocicepção induzida pela injeção intraplantar de formalina (1%). Cada valor representa a média ± e.p.m. (n = 5). *p < 0,05 versus grupo controle (one way ANOVA seguido pelo teste de Tukey). B: Efeito da coadministração de naloxona (0,4 mg/kg, s.c) sobre a ação da FrCAT (5 mg/kg, v.o.). Cada valor representa média ± e.p.m. (5 animais/grupo). *p < 0,05 comparação entre os grupos de cada tratamento (ANOVA one way seguido por teste de Tukey).

A B

Page 92: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

92    

O extrato éter de petróleo das folhas de A. triplinervis, administrado v.o.,

reduziu o tempo de lambida em 19,79% na primeira fase e 68,98% na segunda fase

do teste da formalina (PARIMALA et al. 2012). O extrato hidroalcoólico de partes

aéreas da planta (400 a 800 mg/kg), por outro lado, demonstrou efeito apenas na

primeira fase, mesmo assim, com intensidade inferior ao controle positivo (morfina 4

mg/kg). Adicionalmente, a naloxona não foi capaz de reverter este efeito, sugerindo

que o efeito central promovido pelo extrato hidroalcoólico não envolve o sistema

opioide (MELO et al. 2013).

A variação dos efeitos entre os derivados vegetais de A. triplinervis, pode

estar relacionada às influencias sazonais ou mesmo aos distintos processos

extrativos, que resultam em diferentes composições químicas. Considerando a

carência de estudos que apontem os possíveis compostos responsáveis pelos

efeitos antinociceptivos desta espécie, o presente estudo traz importante

contribuição ao demonstrar a participação das cumarinas para tal. Destacando ainda

a aiapina, composto majoritário da FrCAt, como possível responsável pelos efeitos

observados.

Estudos anteriores já identificaram cumarinas com atividade antinociceptiva

revertida pela coadministração da naloxona. A cumarina simples (1,2-benzopirona)

administrada por v.o. (10 mg/kg) demonstrou efetividade nas duas fases do teste da

formalina, tendo o efeito revertido pela naloxona em ambas as fases, motivo pelo

qual, relacionou-se o seu efeito antinociceptivo com o sistema opioide (LEAL et al.

1997).

A umbeliferona (7-hidroxicumarina), que difere da cumarina simples por uma

hidroxila ligada na posição 7 do anel benzênico, apresentou atividade em ambas as

fases no teste da formalina (2,5 mg/kg; v.o.), mas não sofreu influencia da naloxona

(LINO et al. 1997), apresentando relação com nocicepção periférica de origem

inflamatória, devido à inibição da atividade da PGE2 (LIMA et al. 2011).

De fato, é frequente a associação do efeito anti-inflamatório com as

propriedades antinociceptivas dos derivados cumarínicos, como no caso da

esculetina (RZODKIEWICZ et al. 2015) e da escopoletina (CHANG et al. 2012). A

própria cumarina simples, anteriormente citada com possível atividade sobre o

sistema opioide, também apresenta forte evidencia de interferir em mecanismos

inflamatórios (LEE et al. 1980).

Page 93: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

93    

Dentro deste contexto, apesar de o presente estudo apontar uma atividade da

FrCAt, e possivelmente da aiapina, sobre o sistema opióide, não é possível excluir a

participação de mecanismos anti-inflamatórios. Estudos adicionais deverão ser

realizados a fim de elucidar esta questão.

Diferentemente dos estudos que comprovam a relação das cumarinas e a

variação das suas estruturas moleculares com o efeito sobre diversos mediadores

inflamatórios, não há estudos do mecanismo das cumarinas a nível central,

principalmente em receptores opioides, neste sentido, os resultados demonstrados

neste trabalho com FrCAt/aiapina, estimulam que investigações sejam realizadas

para avaliar o efeito das cumarinas no sistema opioide e elucidar os seus

mecanismos.

Page 94: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

94    

6 CONCLUSÃO

O fracionamento do extrato de acetato de etila das partes aéreas de A.

triplinervis resultou uma fração rica em cumarinas (FrCAt), evidenciado por análises

cromatográficas e espectrométricas, pelas quais foi possível identificar a cumarina

majoritária da fração, sendo a aiapina (6,7-[metilenodioxi]cumarina).

A FrCAt demonstrou efeito antinociceptivo com tratamento por via oral, em

camundongos, através do teste das contorções abdominais induzidas por ácido

acético e do teste da formalina, neste último o efeito foi revertido pela naloxona,

indicando que o mecanismo de ação da fração pode estar relacionado ao sistema

opioide. Apresentou também baixa toxicidade oral aguda, não promovendo

alterações comportamentais ou morte dos animais.

Desta forma, o presente estudo aponta pela primeira vez uma cumarina como

possível responsável pelos efeitos antinociceptivos da A. triplinervis, corroborando

com o uso tradicional desta espécie e contribuindo para sua futura aplicação

medicinal contra a dor. Estudos adicionais deverão ser conduzidos para confirmar o

papel de aiapina, constituinte majoritário, neste efeito.

Page 95: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

95    

REFERÊNCIAS

AGAPITO, T.; SUNG, I. Fitomedicina, 1100 Plantas Medicinales. Isabel, Lima, Peru, 2003.

AHMAD, S. S. et al. Exploring the medicinal plants wealth: a traditional medico-botanical knowledge of local communities in Changa Manga Forest, Pakistan. Middle-East Journal of Scientific Research, v. 20, n. 12, p. 1772-1779, 2014.

ALMEIDA, T.F.; ROIZENBLATT, S.; TUFIK, S. Afferent pain pathways: a neuroanatomical review. Brain research, v. 1000, n. 1, p. 40-56, 2004.

ARÉVALO, G. Medicina Indígena. Las plantas medicinales y su beneficio en la salud Shipibo-Conibo. Editorial AIDESEP, Lima, Perú, 1994.

ARMSTRONG, A.W.; GOLAN, D.E. Pharmacology of hemostasis and thrombosis. Principles of Pharmacolog. In: GOLAN, D.E; TASHJIAN, A.R.; ARMSTRONG, E.J.; ARMSTRONG, A.W. (eds) Principles of Pharmacology: The Pathophysiologic Basis of Drug Therapy. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 3. ed., p. 372-400, 2011.

ARUNG, E.T.; KUSPRADINI H.; KUSUMA, I.W.; SHIMIZU, K.; KONDO, R. Validation of Eupatorium triplinerve Vahl leaves, a skin are herb from East Kalimantan, using a melanin biosynthesis assay. Journal of Acupuncture and Meridian Studies, v. 5, n. 2, p. 87-92, 2012.

ASHOKARAJ, S.; MAHADEV, C. Study on larvicidal activity of weed extracts against Spodoptera litura. Journal of Environmental Biology, v. 34, p. 253-257, 2013.

BALBACH, A. As plantas curam. 2. ed. Vida Plena, São Paulo, Brasil, 2003.

BALUNAS, M.J.; KINGHORN, A.D. Drug discovery from medicinal plants. Life sciences, v. 78, n. 5, p. 431-441, 2005.

BANSAL, Y.; SETHI, P.; BANSAL, G. Coumarin: a potential nucleus for anti-inflammatory molecules. Medicinal Chemistry Research, v. 22, n. 7, p. 3049-3060, 2013.

BARROS, T.A. et al. Antinociceptive and anti-­‐inflammatory properties of 7-­‐hydroxycoumarin in experimental animal models: potential therapeutic for the control of inflammatory chronic pain. Journal of Pharmacy and Pharmacology, v. 62, n. 2, p. 205-213, 2010.

BASBAUM, A. I. et al. Cellular and molecular mechanisms of pain. Cell, v. 139, n. 2, p. 267-284, 2009.

Page 96: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

96    

BECKSTROM-STERNBERG, Stephen M.; DUKE, J. A.; WAIN, K. K. The ethnobotany database. Genome Informatics Group, National Agricultural Library. US Department of Agriculture, Beltsville, MD, 1994.

BEGUM, J.; BHUIYAN, M.N.I.; TAZNIN, T. Chemical Composition and Antimicrobial Activity of Essential Oil from Eupatorium triplinerve Vahl. aerial parts. Asian Journal of Microbiology Biotechnology Environmental Society, v.12, n. 3, p. 543-547, 2010.

BELLIS, D.M.; SPRING, M.S.; STOKER, J.R. The biosynthesis of dicoumarol. Biochemical Journal, v. 103, n. 1, p. 202, 1967.

BENYAMIN, R. et al. Opioid complications and side effects. Pain Physician, v.11, p. S105-S120, 2008.

BEPARI, M. et al. Eupatorium ayapana leaf extracts enhance anti-oxidant potential in Ehrlich’s ascites carcinoma-bearing Swiss albino mice. International Journal of Life Science & Pharma Research, v. 4, n. 3, 2013.

BESSON, J. M. The neurobiology of pain. The Lancet, v. 353, n. 9164, p. 1610-1615, 1999.

BISWAS, A.; BHATTACHARYA, S.; MAHAPATRA, S. D.; DEBNATH, M.; BISWAS, M. The antioxidant effects of Eupatorium triplinerve, Hygrophila triflora and Pterocarpus marsupium-A comparative study. European Journal of Applied Sciences, v. 4, n. 3, p. 136-139, 2012..

BJÖRKMAN, R. Central antinociceptive effects of non-­‐steroidal anti-­‐inflammatory drugs and paracetarmol. Acta Anaesthesiologica Scandinavica, v. 39, n. s103, p. 7-44, 1995.

BOSE, P. et al. Hepatoprotective and antioxidant effects of Eupatorium ayapana against carbon tetrachloride induced hepatotoxicity in rats. Iranian Journal of Pharmacology and Therapeutics, v. 6, n. 1, p. 27-33, 2007.

BOSE, P.K.; ROY, A.C. The constitution of ayapanin. Journal Indian Chemical Society, v. 13, p. 586, 1936.

BRACK EGG, A. Diccionario enciclopédico de plantas útiles del Perú. CBC; Centro de Estudios Regionales Andinos, Bartolomé de Las Casas, Cuzco, Peru, 1999.

CARR, D.B.; GOUDAS, L.C. Acute pain. The Lancet, v. 353, n. 9169, p. 2051-2058, 1999.

CARVALHO, W.A.; LEMÔNICA, L. Mecanismos celulares e moleculares da dor inflamatória. Modulação periférica e avanços terapêuticos. Revista Brasileira de Anestesiologia, v. 48, n. 2, p. 137-158, 1998.

Page 97: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

97    

CHANG, T.N. et al. Ameliorative effects of scopoletin from Crossostephium chinensis against inflammation pain and its mechanisms in mice. Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine, v. 2012.

CHATURVEDI, R.; MULCHANDANI, N. B. Coumarins from Eupatorium ayapana. Journal Indian Chemical Society, v. 66, p. 286-287, 1989.

CHAVES, D.S.A. et al. Metabólitos secundários de origem vegetal: uma fonte potencial de fármacos antitrombóticos. Química Nova, v. 33, n. 1, p. 172-180, 2010.

CHICHORRO, J.G.; LORENZETTI, B.B.; ZAMPRONIO, A.R. Involvement of bradykinin, cytokines, sympathetic amines and prostaglandins in formalin-­‐induced orofacial nociception in rats. British journal of pharmacology, v. 141, n. 7, p. 1175-1184, 2004.

CHUNG, Y.H. et al. Analgesic effect of histamine induced by intracerebral injection into mice. Agents and actions, v. 15, n. 3-4, p. 137-142, 1984.

COSTA, A.F. Farmacognosia. 5 ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994.

CROSBY, D.G.; BERTHOLD, R.V. Fluorescence spectra of some simple coumarins. Analytical biochemistry, v. 4, n. 5, p. 349-357, 1962.

CUNHA, S. et al. Síntese de ácidos cumarino-3-carboxílicos e sua aplicação na síntese total da aiapina, cumarina e umbeliferona. Química Nova, v. 38, n. 8, p. S1-S9, 2015.

DAS, A.; BONDYA, S.L. Indigenous herbal healers of dumka district: repositories of ethno-medicines. International Journal Indegenous for Exchange of Knowledge, v. 2, n. 1, p. 25-33, 2015.

JAGER, L.S.; PERFETTI, G.A.; DIACHENKO, G.W. Determination of coumarin, vanillin, and ethyl vanillin in vanilla extract products: liquid chromatography mass spectrometry method development and validation studies. Journal of Chromatography A, v. 1145, n. 1, p. 83-88, 2007.

DE MOURA, V. M. et al. Plants used to treat snakebites in Santarém, western Pará, Brazil: An assessment of their effectiveness in inhibiting hemorrhagic activity induced by Bothrops jararaca venom. Journal of ethnopharmacology, v. 161, p. 224-232, 2015.

DEBENEDETTI, S.L. et al. Two 6, 7-dioxygenated coumarins from Pterocaulon virgatum. Phytochemistry, v. 48, n. 4, p. 707-710, 1998.

DEEPTHY, R. et al. Ethanobotanical studies on medicinal plants used for skin diseases in Malabar Region of Kerala. International Journal of Herbal Medicine, v. 2, n. 1, p. 92-99, 2014.

Page 98: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

98    

DEFILIPPS, R.A.; MAINA, S.L.; CREPIN, J. Medicinal plants of the Guianas (Guyana, Surinam, French Guiana). Washington, DC: Department of Botany, National Museum of Natural History, Smithsonian Institution, 2004.

DI STASI, L.C.; HIRUMA-LIMA, C.A. Plantas medicinais na Amazônia e na mata atlântica, 2 ed. UNESP, São Paulo, Brasil, 2000.

DI STASI, L.C.; SANTOS, E.M.R.; SANTOS, C.M.; HIRUMA-LIMA A.C. Plantas Medicinais da Amazônia. UNESP, São Paulo, Brasil, 1989.

DICKENSON, A.H. Spinal cord pharmacology of pain. British Journal of Anaesthesia, v. 75, p. 193-193, 1995.

DICKENSON, A.H.; SULLIVAN, A.F. Subcutaneous formalin-induced activity of dorsal horn neurones in the rat: differential response to an intrathecal opiate administered pre or post formalin. Pain, v. 30, n. 3, p. 349-360, 1987.

DUARTE, I. D.; NAKAMURA, M.; FERREIRA, S. H. Participation of the sympathetic system in acetic acid-induced writhing in mice. Brazilian journal of medical and biological research, v. 21, n. 2, p. 341-343, 1987.

EGAN, D. et al. The pharmacology, metabolism, analysis, and applications of coumarin and coumarin-related compounds. Drug Metabolism Reviews, v. 22, n. 5, p. 503-529, 1990.

ELISABETSKY, E.; CASTILHOS, Z.C. Plants used as analgesics by Amazonian caboclos as a basis for selecting plants for investigation. Pharmaceutical Biology, v. 28, n. 4, p. 309-320, 1990.

FACKNATH, S.; LALLJEE, B. Study of various extracts of Ayapana triplinervis for their potential in controlling three insect pests of horticultural crops. Tropicultura, v. 26, n. 2, p. 119-124, 2008.

GANGULY, B.K.; BAGCHI, P. Studies on the ultraviolet absorption spectra of coumarins and chromones Part I. Journal of Organic Chemistry, v. 21, n. 12, p. 1415-1419, 1956.

GARG, S.C.; NAKHARE, S. Studies on the essential oil from the flowers of Eupatorium triplinerve. Índian Perfumer, v. 37, p. 318-323, 1993.

GARG, S.C.; NIGAM, S.S. Chemical examination of the essential oil from the leaves of Eupatorium triplinerve (Vahl). Flavour Industry, v. 1, p. 469–472, 1970.

GAUVIN-BIALECKI, A.; MARODON, C. Essential oil of Ayapana triplinervis from Reunion Island: A good natural source of thymohydroquinone dimethyl ether. Biochemical Systematics and Ecology, v. 36, p. 853–858, 2009.

GHOSH, A. Herbal folk remedies of Bankura and Medinipur districts, West Bengal, Indian Journal Traditional Knowledge, v. 2, p. 393-396, 2003.

GONÇALVES, L.D. et al. Contribution for the phytochemical studies of Ageratum fastigiatum. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 21, n. 6, p. 936-942, 2011.

Page 99: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

99    

GOODWIN, R.H.; POLLOCK, B.M. Ultraviolet absorption spectra of coumarin derivatives. Archives of biochemistry and biophysics, v. 49, n. 1, p. 1-6, 1954.

GUPTA, D.; CHARLES, R.; GARG, S.N. Chemical composition of the essential oil from the leaves of Eupatorium triplinerve Vahl. Journal Essential Oil Research, v. 16, p. 473-475, 2004.

GUPTA, M. et al. Antimicrobial activity of Eupatorium ayapana. Fitoterapia, v. 73, p. 168-170, 2002.

HENRIQUES, A.T.; LIMBERGER, R.P; KERBER, V.A.; MORENO, P.R.H. Alcaloides: generalidades e aspectos básicos. In: SIMÕES, C.M.O. (Orgs.). Farmacognosia, da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre (RS): UFRGS, 2010. p. 765-791.

HUNSKAAR, S.; HOLE, K. The formalin test in mice: dissociation between inflammatory and noninflammatory pain. Pain, v. 30, p. 103-104, 1987.

JARDIM, M.A.G. (org). Diversidade biológica das áreas de proteção ambiental: Ilhas do Combu e Algodoal-Maiandeua. MPEG/MCT/CNPq. Belém, Pará, Brasil, 2009.

JONVILLE, M.C. et al. Screening of medicinal plants from Reunion Island for antimalarial and cytotoxic activity. Journal of Ethnopharmacology, v. 120, n. 3, p. 382-386, 2008.

JULIUS, D.; BASBAUM, A. I. Molecular mechanisms of nociception. Nature, v. 413, n. 6852, p. 203-210, 2001.

KAMEYAMA, T. et al. Antinociceptive action of tizanidine in mice and rats. Naunyn-Schmiedeberg's archives of pharmacology, v. 330, n. 2, p. 93-96, 1985.

KIM, H.J. et al. Scopoletin suppresses pro-inflammatory cytokines and PGE2 from LPS-stimulated cell line, RAW 264.7 cells. Fitoterapia, v. 75, n. 3, p. 261-266, 2004.

KOPF, A.; PATEL, N.B. Guide to pain management in low-resource settings. Seattle, WA: International Association for the Study of Pain, p. 67-78, 2010.

KOSTER, R.; ANDERSON, M.; BEER, E. J. Acetic acid for analgesic screening. Federation Proceeding, v. 18, p. 412-417, 1959.

KOSTOVA, I. Synthetic and natural coumarins as cytotoxic agents. Current Medicinal Chemistry-Anti-Cancer Agents, v. 5, n. 1, p. 29-46, 2005.

KRISHNAN, M. et al. Antioxidant mediated antiulcer effect of Eupatorium triplinerve Vahl against acetic acid induced ulcerative colitis in mice. Biomedicine & Aging Pathology, v. 4, n. 2, p. 153-160, 2014.

KUSTER, R.M.; ROCHA, L.M. Cumarinas, cromonas e xantonas. In: SIMÕES, C.M.O. (Orgs.). Farmacognosia, da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre: UFRGS, 2010. p. 537-556.

Page 100: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

100    

LAKE, B.G. Coumarin metabolism, toxicity and carcinogenicity: relevance for human risk assessment. Food and Chemical Toxicology, v. 37, n. 4, p. 423-453, 1999.

LANS, C. Comparison of plants used for skin and stomach problems in Trinidad and Tobago with Asian ethnomedicine. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine. v. 3, p. 3, 2007a.

LANS, C. Ethnomedicines used in Trinidad and Tobago for reproductive problems. Journal of Ethnobiology and Ethnomedicine, v. 3, p. 13, 2007b.

LATREMOLIERE, A.; WOOLF, C.J. Central sensitization: a generator of pain hypersensitivity by central neural plasticity. The Journal of Pain, v. 10, n. 9, p. 895-926, 2009.

LE BARS, D.; GOZARIU, M.; CADDEN, S.W. Animal models of nociception. Pharmacological reviews, v. 53, n. 4, p. 597-652, 2001.

LE COINT, P. Árvores e plantas úteis (indígenas e aclimatadas). 2 ed. Companhia Editora Nacional, Pará, Brasil, 1947.

LEAL, L.K.A.M. et al. Antinociceptive and antiedematogenic effects of the hydroalcoholic extract and coumarin from Torresea cearensis Fr. All.Phytomedicine, v. 4, n. 3, p. 221-227, 1997.

LEE, R.E.; BYKADI, G.; RITSCHEL, W.A. Inhibition of prostaglandin biosynthesis by coumarin, 4-hydroxycoumarin, and 7-hydroxycoumarin.Arzneimittel-Forschung, v. 31, n. 4, p. 640-642, 1980.

LIMA, F.O. et al. Mechanisms involved in the antinociceptive effects of 7-hydroxycoumarin. Journal of natural products, v. 74, n. 4, p. 596-602, 2011.

LINO, C.S. et al. Analgesic and antiinflammatory activities of Justicia pectoralis Jacq and its main constituents: coumarin and umbelliferone.Phytotherapy Research, v. 11, n. 3, p. 211-215, 1997.

LOESER, J.D.; MELZACK, R. Pain: an overview. The Lancet, v. 353, n. 9164, p. 1607-1609, 1999.

LOESER, J.D.; TREEDE, R.D. The Kyoto protocol of IASP Basic Pain Terminology. Pain, v. 137, n. 3, p. 473-477, 2008.

LOPES, T. R. M. et al. Antimicrobial bioassay-guided fractionation of a methanol extract of Eupatorium triplinerve. Pharmaceutical biology, n. 0, p. 1-7, 2014.

MAES, D. et al. Synthesis and structural revision of naturally occurring ayapin derivatives. Tetrahedron, v. 61, n. 9, p. 2505-2511, 2005.

MAHOMOODALLY, M.F.; SREEKEESOON, D.P.A Quantitative ethnopharmacological documentation of natural pharmacological agents used by pediatric patients in Mauritius. BioMed research international, v. 2014, 2014.

Page 101: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

101    

MAHOMOODALLY, M.F.; MUTHOORAH, L.D. An ethnopharmacological survey of natural remedies used by the Chinese community in Mauritius. Asian Pacific journal of tropical biomedicine, v. 4, p. S387-S399, 2014.

MAIA, J. G.S.; ZOGHBI, M. G.B.; SILVA, M. H.L.; ANDRADE, E.H.A. Essential oils of Eupatorium triplinerve and Eupatorium paniculatum. Journal Essential Oil Research, v. 11, p. 541-544, 1999.

MAITY, P.; CHOUDHURY, S.M.; BEPARI, Madhubanti. Antimitotic, apoptotic and antineoplastic potential of leaf extract of Eupatorium ayapana. International Journal of Phytomedicine, v. 7, n. 1, p. 69-77, 2015.

MANFRED, L. Siete mil recetas botánicas a base de mil trescientas plantas medicinales. Kier, 1977.

MANSOUR, A. et al. Anatomy of CNS opioid receptors. Trends in neurosciences, v. 11, n. 7, p. 308IN2310-309IN3314, 1988.

MAO, J.; PRICE, D.D.; MAYER, D.J. Mechanisms of hyperalgesian and morphine tolerance: a current view of their possible interactions. Pain, v. 62, n. 3, p. 259-274, 1995.

LEE, M. D. M. et al. A comprehensive review of opioid-induced hyperalgesia. Pain physician, v. 14, p. 145-161, 2011.

MARTINDALE, J.; BLAND-WARD, P.A.; CHESSELL, I.P. Inhibition of C-fibre mediated sensory transmission in the rat following intraplantar formalin.Neuroscience letters, v. 316, n. 1, p. 33-36, 2001.

MELO, A.S. et al. Antinociceptive, neurobehavioral and antioxidant effects of Eupatorium triplinerve Vahl on rats. Journal of Ethnopharmacology, v. 147, p. 293 – 301, 2013.

MEOTTI, F.C., et al. Antinociceptive properties of coumarins, steroid and dihydrostyryl-2-pyrones from Polygala sabulosa (Polygalaceae) in mice. Journal of Pharmacy anda Pharmacology, v. 58, p. 107–112, 2006.

MILLAN, M.J. Descending control of pain. Progress in neurobiology, v. 66, n. 6, p. 355-474, 2002.

MILLAN, M.J. The induction of pain: an integrative review. Progress in neurobiology, v. 57, n. 1, p. 1-164, 1999.

MOON, P.D. et al. Use of scopoletin to inhibit the production of inflammatory cytokines through inhibition of the IκB/NF-κB signal cascade in the human mast cell line HMC-1. European Journal of Pharmacology, v. 555, n. 2, p. 218-225, 2007.

MOREIRA, F. Plantas que curam - cuide de sua saúde através da natureza. 5 ed. Hemus, São Paulo, Brasil, 1985.

Page 102: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

102    

MORS, W.B.; RIZZINI, C.T.; PEREIRA, N.A. In: DEFILIPPS, N.A. (Eds.). Medicinal Plants of Brazil Algonac. Ethnobotany in the Neotropics, New York Botanical Garden, Bronx, New York, p. 140–149, 2000.

MURRAY, R.D.H. Coumarins. Natural Product Reports, v. 12, n. 5, p. 477-505, 1995.

NATARAJAN, R.K.; NATARAJAN, M. Phytochemical investigation of Eupatorium ayapana. Journal of Research Indian Medicine, Yoga and Homeopathy, v. 14, p. 155-156, 1979.

NATHAN, P.W.; RUDGE, P. Testing the gate-control theory of pain in man. Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry, v. 37, n. 12, p. 1366-1372, 1974.

NUNKOO, H.; MAHOMOODALLY, M. F. Ethnopharmacological survey of native remedies commonly used against infectious diseases in the tropical island of Mauritius. Journal of Ethnopharmacology, v. 143, n. 2, p. 548-564, 2012.

OECD – Organization of Economic Cooperation and development. In: The Revised Up-and-Down Procedure: A Test Method for Determining the Acute Oral Toxicity of Chemicals. NIH Publication. Nº 02-4501, p. I-4CD-ROM 1-2, 2008.

PARIMALA, K., CHERIYAN, B.V., VISWANATHAN., S. Antinociceptive and anti-inflammatory activity of petroleum-ether extract of Eupatorium triplinerve Vahl. International Journal of Life Science and Pharma Research, v.2, n. 3, p. 12-18, 2012.

PASTERNAK, G.W. Molecular biology of opioid analgesia. Journal of pain and symptom management, v. 29, n. 5, p. 2-9, 2005.

PASTOR, S. et al. Perú: Informe Nacional para la Conferencia Técnica Internacional de la FAO sobre los Recursos Fitogenéticos (Leipzig, 1996).Informe interno, 1995.

PILOTTO, A. et al. Non-steroidal anti-inflammatory drug use in the elderly. Surgical oncology, v. 19, n. 3, p. 167-172, 2010.

PIO CORREA, M. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Ministério da Cultura: Rio de Janeiro, 1984.

POURCHEZ, L. Acolher o recém-nascido nas sociedades crioulas do Oceano Índico. Pro-Posições, v. 24, n. 3, p. 45-64, 2016.

Kumar, P.U; Sreedhar, S.N.B; Shree, R.A.B Study on a New Thymohydroquinone Dimethylether Rich Eupatorium triplinerve Vahl from India. Proceeding of 26th Kerela Science Congress Pookode, Wayanad: 28-31 Jan. 2014.

PRATS, E. et al. Fungitoxic effect of scopolin and related coumarins on Sclerotinia sclerotiorum. A way to overcome sunflower head rot. Euphytica, v. 147, n. 3, p. 451-460, 2006.

Page 103: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

103    

RAHMAN, M.S.; JUNAID, M. Antimicrobial activity of leaf extracts of Eupatorium triplinerve Vehl. against some human pathogenic bacteria and phytopathogenic fungi. Bangladesh Journal of Botany, v. 37, n. 1, p. 89-92, 2008.

RAJASEKARAN, A.; KALIVANI, M.; ARIHARASIVAKUMAR, G. Haemostatic Effect of fresh juice and methanolic extract of Eupatorium ayapana leaves in rat model. 2010. International Journal Biological Medicine Research, v. 1, n. 3, p. 85-87, 2010.

REICHERT, J. A. et al. Peripheral and preemptive opioid antinociception in a mouse visceral pain model. Pain, v. 89, n. 2, p. 221-227, 2001.

REISINE, T.; BELL, G.I. Molecular biology of opioid receptors. Trends in neurosciences, v. 16, n. 12, p. 506-510, 1993.

REN, K.; DUBNER, R. Interactions between the immune and nervous systems in pain. Nature medicine, v. 16, n. 11, p. 1267-1276, 2010.

RIBEIRO, R.A. et al. Involvement of resident macrophages and mast cells in the writhing nociceptive response induced by zymosan and acetic acid in mice. European journal of pharmacology, v. 387, n. 1, p. 111-118, 2000.

ROSE, H.S; GOLAN, D.E. Pharmacodynamics. In: GOLAN, D.E; TASHJIAN, A.R.; ARMSTRONG, E.J.; ARMSTRONG, A.W. (eds) Principles of Pharmacology: The Pathophysiologic Basis of Drug Therapy. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 3. ed., p. 372-400, 2011.

RUSSO, M.D.; CATHY, M.; BROSE, M.D.; WILLIAM, G. Chronic pain. Annual review of medicine, v. 49, n. 1, p. 123-133, 1998.

RZODKIEWICZ, P. et al. Antinociceptive properties of esculetin in non-­‐inflammatory and inflammatory models of pain in rats. Clinical and Experimental Pharmacology and Physiology, v. 42, n. 2, p. 213-219, 2015.

SAMOISY, A.K.; MAHOMOODALLY, M.F. Ethnopharmacological analysis of medicinal plants used against non-communicable diseases in Rodrigues Island, Indian Ocean. Journal of ethnopharmacology, v. 173, p. 20-38, 2015.

SANTOS, S.C.; MELLO, J.C.P. Taninos. In: SIMÕES, C.M.O. (Orgs.). Farmacognosia, da planta ao medicamento. 6. ed. Porto Alegre (RS): UFRGS, 2010. p. 615-656.

SELVAMANGAI, C.; BHASKAR, A. GC-MS analysis of phytocomponents in the methanolic extract of Eupatorium triplinerve. Asian Pacific Journal of Tropical Biomedicine. v. 2, n. 3, p. 1329-1332, 2012.

SEN, K.; BAGCHI, P. Studies on the ultraviolet absorption spectra of coumarins and chromones. ii. hydroxy derivatives. The Journal of Organic Chemistry, v. 24, n. 3, p. 316-319, 1959.

Page 104: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

104    

SHIBATA, M. et al. Modified formalin test: characteristic biphasic pain response. pain, v. 38, n. 3, p. 347-352, 1989.

SINGH, A. Phytomedicinal investigation for antimicrobials based on chemical and biological properties of herbal medicines: An overview. Novel Science International Journal of Pharmaceutical Science. v. 1, n. 7, p. 405-424, 2012.

SNYDER, S.H.; PASTERNAK, G.W. Historical review: opioid receptors. Trends in pharmacological sciences, v. 24, n. 4, p. 198-205, 2003.

SOSTRES, C. et al. Adverse effects of non-steroidal anti-inflammatory drugs (NSAIDs, aspirin and coxibs) on upper gastrointestinal tract. Best practice & research Clinical gastroenterology, v. 24, n. 2, p. 121-132, 2010.

SREEKEESOON, D.P.; MAHOMOODALLY, M.F. Ethnopharmacological analysis of medicinal plants and animals used in the treatment and management of pain in Mauritius. Journal of ethnopharmacology, v. 157, p. 181-200, 2014.

SUBASH, K. R. et al. The anthelmintic activity of Eupatorium triplinerve and Alpinia galanga in Pheritima posthuma and Ascardia galli: a comparative study. Journal of Clinical and Diagnostic Research, v. 6, n. 6, p. 947-950, 2012.

SUROOWAN, S.; MAHOMOODALLY, F. Complementary and alternative medicine use among Mauritian women. Complementary Therapies in Clinical Practice, p. 1-8, 2012.

TAL, B.; ROBESON, D.J. The induction, by fungal inoculation, of ayapin and scopoletin biosynthesis in Helianthus annuus. Phytochemistry, v. 25, n. 1, p. 77-79, 1985.

TRANG, N.T.D.; DUNG, N.X.; PHUONG, L.V.N.; WANNER, M.; KOOMEN, G.J. The 13C-NMR spectroscopy of ayapin isolated from Eupatorium ayapana Vent. from Vietnam, Tap Chi Ho´ a Hoc. Journal of Chemistry, v. 30, p. 62–63, 1992.

TRANG, N.T.D.; WANNER, M.J.; PHUONG, L.V.N.; KOOMEN, G.J., DUNG, N.X.. Thymoquinone from Eupatorium ayapana. Planta Medica. v. 59, p. 99, 1993.

UDDIN, S. B.; RATNA, R.S.; FARUQUE, M.O. Ethnobotanical study on medicinal plants of rakhaing indigenous community of Cox's Bazar District of Bangladesh. Journal of Pharmacognosy and Phytochemistry, v. 2, n. 4, 2013.

URDANGARIN, C. et al. Sunflower coumarin phytoalexins inhibit the growth of the virulent pathogen Sclerotinia sclerotiorum. Journal of Phytopathology, v. 147, n. 7-­‐8, p. 441-443, 1999.

VAN DEN BERG, M. A. Ver-o-peso: the ethnobotany of an Amazonian market. Advances in Economic Botany Ethnobotany in the Neotropics GT France and JA Kallunki (eds.), New York Botanical Garden Bronx, v. 1, p. 140-149, 1984.

Page 105: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

105    

VASCONCELOS, J.F. et al. Effects of umbelliferone in a murine model of allergic airway inflammation. European Journal of Pharmacology. v. 609, p. 126-131, 2009.

VÁSQUEZ, S.P.F.; MENDONÇA, M.S.; NODA, S.N. Etnobotânica de plantas medicinais em comunidades ribeirinhas do Município de Manacapuru, Amazonas, Brasil. Acta Amazonica, v. 44, n. 4, p. 457-472, 2014.

VENUGOPALA, K.N.; RASHMI, V.; ODHAV, B. Review on natural coumarin lead compounds for their pharmacological activity. BioMed Research International, v. 2013, p. 1-14, 2013.

VERA, N. et al. New coumarins from Pterocaulon polystachyum. Planta medica, v. 67, n. 7, p. 674-677, 2001.

VERA, N. et al. Toxicity and synergism in the feeding deterrence of some coumarins on Spodoptera Frugiperdasmith (Lepidoptera: Noctuidae).Chemistry & biodiversity, v. 3, n. 1, p. 21-26, 2006.

VIEIRA, L.S. Fitoterapia da Amazônia, manual de plantas medicinais, a farmácia de Deus. 2 ed. Agronômica Ceres, São Paulo, Brasil, 1992.

VONKEMAN, H.E.; VAN DE LAAR, M.. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs: adverse effects and their prevention. In: Seminars in arthritis and rheumatism. WB Saunders, 2010. p. 294-312.

WAGNER, H.; BLADT, S. Plant drug analysis: a thin layer chromatography atlas. 2 ed. Springer, 2001.

WHEELER-ACETO, H.; PORRECA, F.; COWAN, A. The rat paw formalin test: comparison of noxious agents. Pain, v. 40, n. 2, p. 229-238, 1990.

WINTER, C. A; RISELY, E. A; NUSS, G. W. Carrageenan-induced edema in the hind paw of the rat as an assay for anti-inflammatory drugs. Proceeding of the Society Experimental Biological, v. 111, p.544–547, 1962.

WOOLF, C.J. Central sensitization: implications for the diagnosis and treatment of pain. Pain, v. 152, n. 3, p. S2-S15, 2011.

WOOLF, C.J.; MA, Q. Nociceptors-noxious stimulus detectors. Neuron, v. 55, n. 3, p. 353-364, 2007.

WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO Traditional Medicine Strategy 2002–2005. WHO, Geneva; 2002.

Page 106: ESTUDO FITOQUÍMICO E AVALIAÇÃO DO EFEITO … · As cumarinas são seus constituintes químicos importantes, tendo sua ... literatura para a molécula aiapina e os resultados obtidos

106    

ANEXO

Parecer do comitê de ética da UFPA: