ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO SEMIÁRIDO ELIATANIA CLEMENTINO COSTA ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE Jatropha mutabilis (POHL) BAILL (EUPHORBIACEAE) Petrolina-PE 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO SEMIÁRIDO

ELIATANIA CLEMENTINO COSTA

ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

Jatropha mutabilis (POHL) BAILL (EUPHORBIACEAE)

Petrolina-PE

2014

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ELIATANIA CLEMENTINO COSTA

ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

Jatropha mutabilis (POHL) BAILL (EUPHORBIACEAE)

Dissertação apresentada à Universidade Federal do

Vale do São Francisco – UNIVASF, campus

Petrolina, como requisito para obtenção do título de

Mestre em Recursos Naturais do Semiárido.

Área de concentração: Química e Atividade

Biológica.

Orientadora: Profa. Dra. Edigênia Cavalcante da

Cruz Araújo

Petrolina-PE

2014

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Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca SIBI/UNIVASF. Bibliotecário (a): Maria Betânia de Santana da Silva CRB4-1747

Costa, Eliatania Clementino

C837e Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill (Euphorbiaceae)/ Eliatania Clementino Costa -- Petrolina, 2014.

xxii. 50f. 206: il. 29 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Pós-graduação em recursos

naturais do semiárido) - Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Petrolina, 2014.

Orientadora: Profa. Dra. Edigênia Cavalcante da Cruz Araújo

1. Estudo fitoquímico 2. Atividade biológica in vitro 3. Jatropha

mutabilis I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco CDD 615.53

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ELIATANIA CLEMENTINO COSTA

ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

Jatropha mutabilis (POHL) BAILL (EUPHORBIACEAE)

Dissertação apresentada como requisito parcial para

obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais

do Semiárido, pela Universidade Federal do Vale do

São Francisco.

Aprovado em ______/_______/______

__________________________________

Profa. Dra. Edigênia Cavalcante da Cruz Araújo

Orientadora (UNIVASF)

_______________________________

Profa. Dra. Xirley Pereira Nunes

Examinadora interna (UNIVASF)

___________________________________

Profa. Dra. Cleônia Roberta Melo Araújo

Examinadora externa (UNIVASF)

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“Esforça-te e tem bom ânimo; Não se

apavore nem desanime, porque o senhor

teu DEUS está contigo, por onde quer que

andares”.

(Bíblia Sagrada).

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela minha existência, mas principalmente por ter me concedido

saúde, proteção e força para a realização desse projeto.

À minha mãe, que sempre esteve ao meu lado e orou para que todos os

planos de DEUS na minha vida viessem a ser realizados.

Ao meu pai, que apesar de suas dificuldades sempre me apoiou em todas as

decisões da minha vida.

Ao meu irmão, que sempre esteve ao meu lado proporcionando muitas

alegrias.

Ao meu noivo, que com sua simplicidade e amor sempre me deu muita força

para a concretização desse sonho, principalmente no acompanhamento para a

realização de alguns experimentos desse projeto, e que, nos momentos mais

difíceis, tanto me consolou como proporcionou incontáveis sorrisos.

À minha orientadora, que acreditou em mim e não só isso, pois foi além do

seu oficio, pois me entendeu nos momentos mais difíceis da minha vida durante

esse curso, a quem eu vou agradecer eternamente.

À equipe do Laboratório, em especial Ana Paula, Amanda e Júnior, que

sempre se colocaram disponíveis para auxiliar na execução desse projeto, pois

aprendi muito com eles.

Ao Professor José Alves de Siqueira-Filho pela identificação botânica da

planta.

Ao Professor Jackson Roberto, que sempre incentivou e deu forças para a

realização desse projeto, sempre dando muitos conselhos e evidenciando a

importância do curso, assim como, pelos espectros e análise do óleo essencial.

Aos Professores Arlan e Cleônia pelas contribuições para o trabalho.

Aos professores do colegiado de Pós-graduação em Recursos Naturais do

Semiárido, por terem proporcionado momentos gloriosos na aprendizagem.

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À UNIVASF, por ter disponibilizado o curso e me proporcionado o título de

Mestre.

À CPRH (Agência Estadual de Meio ambiente), por ter concedido horário

especial para a realização desse projeto.

Às minhas amigas Elisângela Cordeiro e Deize Raquel, por terem dado muita

força nesse trajeto e por continuarem dando.

Às minhas colegas Edja Elisa, Geórgia e Adriana pela força que deram até

aqui.

Aos meus colegas Suzana Rabêlo, Leandra Macêdo e Igor, por terem dividido

momentos complicados, tornando-os prazerosos mesmo diante da situação.

À minha companheira de escola, faculdade, trabalho e de alguns momentos

difíceis nas nossas vidas, principalmente àqueles referentes às nossas jornadas de

trabalho-estudo, pois juntas pudemos perceber que não há vitória sem lutas, sendo

estas encaradas com muita responsabilidade apesar dos incontáveis sofrimentos e

necessidades - Ana Paula Oliveira.

Ao professor Edilberto e sua aluna Karísia pelos espectros feitos no

CENAUREMN/UFC.

Ao professor Helinando pelos espectros de IV-TF.

Ao CNPq e à FACEPE pelo apoio financeiro para a realização da pesquisa.

Obrigada a todos que de certa forma vieram a contribuir na realização desse

sonho.

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RESUMO

Jatropha mutabilis (Pohl) Baill. é uma espécie endêmica da Caatinga, sendo conhecida popularmente por pinhão-de-seda e comumente utilizada na medicina popular como depurativo e para constipação intestinal. Do material vegetal (folhas) obteve-se o extrato etanólico bruto (Jm-EEB) que foi particionado, obtendo-se as fases hexânica (Jm-Hex), clorofórmica (Jm-CHCl3) e acetato de etila (Jm-AcOet). Para o extrato e fases foi realizada uma triagem fitoquímica que revelou uma forte presença de terpenos e compostos fenólicos, como flavonoides e lignanas. Durante a concentração da fase Jm-AcOet em rota evaporador houve o aparecimento de um precipitado que foi identificado como sendo o flavonoide vitexina (8-C-β-D-glicosilapigenina). Jm-Hex foi submetida a procedimentos cromatográficos e isolada uma substância que foi identificada como sendo o β-sitosterol glicosilado (3-O-β-D-glicopiranosilsitosterol). As estruturas dessas duas substâncias foram definidas a partir das análises dos espectros de RMN de 1H e 13C e comparação com dados da literatura. Foi feita uma extração do óleo essencial obtido das folhas, tendo sido os constituintes químicos identificados por CG-EM. Na análise do óleo, o mesmo apresentou como constituinte majoritário o fitol (41,38 %). Na determinação de fenóis totais, a fase que apresentou o maior teor de fenóis totais foi a Jm-AcOet (255,54 ± 21,88 mg EqAG/g), enquanto que na determinação de flavonoides totais, Jm-CHCl3 apresentou o maior teor (66,47 ± 2,94). Na avaliação da atividade antioxidante in vitro, Jm-AcOEt mostrou maior potencial antioxidante no método do DPPH e Jm-Hex no método do β-caroteno. No estudo da atividade fotoprotetora in vitro, as fases Jm-Hex, Jm-CHCl3 e Jm-AcOet se mostraram eficazes em absorver na região UVA e Jm-EEB, na região UVC. Na determinação do fator de proteção solar (FPS), Jm-CHCl3 apresentou FPS 7,74±0,13 e Jm-AcOet 21,53±0,08. Na reação da síntese de oxima (Jm-1-Ox) derivada da vitexina (Jm-1), pôde-se comprovar a ocorrência da reação através das análises dos espectros de UV-VIS e IV-TF, com posterior determinação do FPS, tendo Jm-1 apresentado FPS 9,57±0,15 e Jm-1-Ox 15,82±0,21. Para a atividade antibacteriana, apenas Jm-EEB e Jm-AcOet apresentam atividade, destacando-se esta última na eficiência de inibição do crescimento de bactérias Gram-negativas. Desta forma, este estudo contribuiu para o estudo fitoquímico e biológico do extrato de folhas de J. mutabilis, devido ser o primeiro relato de estudo cientifico.

Palavras-chave: Jatropha mutabilis, estudo fitoquímico, atividade biológica.

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ABSTRACT

Jatropha mutabilis (Pohl) Baill. is an endemic species of the Caatinga, being popularly known as the pinion silk and its flowers and leaves are used in folk medicine as a depurative and against intestinal constipation. Of the plant material (leaves) was obtained crude ethanolic extract (Jm-EEB) which was partitioned obtaining the hexane phase (Jm-Hex), chloroform (Jm-CHCl3) and ethyl acetate (Jm-AcOet). To extract and phases was carried phytochemical screening revealed a strong presence of terpenes and phenolic compounds such as flavonoids and lignans. During the concentration Jm-AcOet phase evaporator route was the appearance of a precipitate which was identified as the flavonoid vitexin (8-C-β-D-glycosilapigenin). Jm-Hex was submitted to chromatographic procedures and isolated a substance which was identified as the β-sitosterol glycoside (3-O-β-D-glycopiranosilsitosterol). The structures were defined from the analysis of NMR spectra of 1H and 13C and compared with literature data. An extraction of the essential oil obtained from the leaves was made, having the chemical constituents been identified by GC-MS. In oil analysis, it appeared as the major constituent phytol (41.38%). In the determination of total phenols, the stage had the highest total phenolic content was Jm-AcOEt (255.54 ± 21.88 mg EqAG/g), while in the determination of total flavonoids, Jm-CHCl3 showed the highest content (66.47 ± 2.94). In the evaluation of the antioxidant activity in vitro, Jm-AcOet showed the highest antioxidant potency method of DPPH and Jm-Hex in the β-carotene method. In the study of photoprotective activity in vitro, the Jm-Hex, Jm-CHCl3 and Jm-AcOet phases proved effective at absorbing UVA region and Jm-EEB, the UVC region. In the determination of the sun protection factor (SPF), Jm-CHCl3 showed FPS 7.74±0.13 and Jm-AcOEt 21.53±0.08. In the synthesis reaction of oxime (Jm-1-Ox) derivative of vitexin (Jm-1), we could confirm the occurrence of the reaction by analyzing the spectra of UV-VIS and FT-IV, with subsequent determination of the FPS, with Jm-1 shown FPS 9.57±0.15 and Jm-1-Ox 15.82±0.21. For antibacterial activity, only Jm-EEB and Jm-AcOEt show activity, especially in this latter efficiency of inhibiting the growth of Gram-negative bacteria. Thus, this study contributes to the phytochemical and biological studies of leaf extracts of J. mutabilis, as this is the first report of scientific study.

Keywords: Jatropha mutabilis, phytochemical study, biological activity.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Região do Nordeste onde predomina o bioma caatinga.............25

Figura 2 - Estrutura do Multifidone..............................................................33

Figura 3 - Distribuição da espécie Jatropha multabilis no Brasil.................45

Figura 4 - Foto da espécie Jatropha mutabilis............................................46

Figura 5 - Ciclo biossintético dos metabólitos secundários.........................48

Figura 6 - Principais fatores que podem influenciar o acúmulo de

metabólitos secundários em planta.............................................49

Figura 7 - Biossíntese de terpenos e esteroides.........................................52

Figura 8 - Biossíntese dos flavonoides........................................................55

Figura 9 - Estrutura básica dos flavonoides................................................56

Figura 10 - Principais classes de flavonoides...............................................57

Figura 11 - Reação de formação da Imina....................................................59

Figura 12 - Reação do ácido gálico com molibdênio.....................................61

Figura 13 - Esquema representativo da complexação de flavonoides com os

íons Al3+......................................................................................62

Figura 14 - Redução tetravalente do oxigênio molecular (O2) na mitocôndria

até a formação de água (H2O)....................................................63

Figura 15 - Forma radicalar (1) e não radicalar (2) do DPPH.......................66

Figura 16 - Estrutura do β-caroteno (17a) e do ácido linoleico (17b)............66

Figura 17 - Distribuição interfacial dos antioxidantes em um sistema

contendo óleo (à esquerda) e emulsão óleo em água (à

direita).........................................................................................67

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Figura 18 - Radiação solar não-ionizante......................................................68

Figura 19 - Exsicata nº # 14316 de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill...............73

Figura 20 - Espectro de RMN 1H de Jm-1 (DMSO, 300 MHz)......................92

Figura 21 - Expansão do espectro de RMN 1H de Jm-1 (DMSO, 300 MHz).93

Figura 22 - Expansão do espectro de RMN 1H de Jm-1 (DMSO, 300 MHz).93

Figura 23 - Espectro de RMN 13C de Jm-1 (DMSO, 75 MHz).......................95

Figura 24 - Espectro de DEPT 135º 13C de Jm-1 (DMSO, 75 MHz).............95

Figura 25 - Estrutura básica dos flavonoides................................................97

Figura 26 - Estrutura química de Jm-1..........................................................98

Figura 27 - Representação estrutural das principais correlações observadas

no espectro HMBC de Jm-1. ......................................................99

Figura 28 - Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C HSQC de Jm-1

(DMSO, 300 e 75 MHz).............................................................100

Figura 29 - Expansões do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C

HSQC de Jm-1 (DMSO, 300 e 75 MHz)...................................101

Figura 30 - Expansão do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C

HSQC de Jm-1 (DMSO, 300 e 75 MHz)...................................102

Figura 31 - Espectro de correlação homonuclear 1H x 1H- COSY de Jm-1

(DMSO, 300 MHz).....................................................................103

Figura 32 - Expansão do espectro de correlação homonuclear 1H x 1H-

COSY de Jm-1 (DMSO, 300 MHz). .........................................103

Figura 33 - Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C HMBC de Jm-1

(DMSO, 300 e 75 MHz).............................................................104

Figura 34 - Expansão do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C

HMBC de Jm-1 (DMSO, 300 e 75 MHz)...................................104

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Figura 35 - Expansão do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C

HMBC de Jm-1 (DMSO, 300 e 75 MHz)...................................105

Figura 36 - Espectro de RMN 1H de Jm-2 (Piridina, 300 MHz) ..................110

Figura 37 - Expansões do espectro de RMN 1H de Jm-2 (Piridina, 300

MHz)..........................................................................................111

Figura 38 - Espectro de RMN 13C de Jm-2 (Piridina, 75 MHz)....................112

Figura 39 - Estrutura de Jm-2......................................................................113

Figura 40 - Expansão do espectro bidimensional de correlação heteronuclear

1H x 13C – HSQC de Jm-2 (300 e 75 MHz)...............................116

Figura 41 - Expansões do espectro bidimensional de correlação

heteronuclear 1H x 13C – HSQC de Jm-2 (300 e 75 MHz)........117

Figura 42 - Espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H x 13C –

HMBC (Piridina, 300 e 75 MHz) de Jm-2..................................118

Figura 43 - Expansão do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C –

HMBC (Piridina, 300 e 75 MHz) de Jm-2..................................119

Figura 44 - Espectro de correlação homonuclear 1H x1H- COSY de Jm-1

(Piridina, 300 MHz) de Jm-2.....................................................120

Figura 45 - Expansões do espectro de correlação homonuclear 1H x 1H-

COSY de Jm-1 (Piridina, 300 MHz) de Jm-2............................121

Figura 46 - Cromatograma obtido por CG-EM dos óleos essenciais das

folhas de J. mutabilis.................................................................125

Figura 47 - Estrutura dos constituintes identificados no óleo essencial de

J.mutabilis.................................................................................127

Figura 48 - Relação estrutura-atividade de flavonol e

flavona.......................................................................................132

Figura 49 - Relação estrutura-atividade de Jm-1

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(vitexina)....................................................................................132

Figura 50 - Absorção espectrofotométrica do extrato e fases de Jatropha

mutabilis....................................................................................136

Figura 51 - Estrutura da 1,4-Benzopirona...................................................138

Figura 52 - Fator de proteção solar in vitro do extrato e fases de Jatropha

mutabilis....................................................................................140

Figura 53 - Reação de formação da oxima.................................................141

Figura 54 - Mecanismo para a formação de imina......................................142

Figura 55 - Absorção espectrofotométrica de Jm-1 e Jm-1-Ox...................143

Figura 56 - Estrutura química da vitexina (a), 2-hidróxi-4-metoxi-benzofenona

(b) e p-metoxicinamato de octila (c).........................................144

Figura 57 - Fator de proteção solar in vitro de Jm-1 e Jm-1-Ox..................146

Figura 58 - Representação sistemática da síntese de Jm-1-Ox.................147

Figura 59 - Espectros de IV-TF de Jm-1 (reagente) e Jm-1-Ox (produto)..148

Figura 60 - Atividade antibacteriana do extrato Jm-EEB e da fase Jm-AcOet

de Jatropha mutabilis ...............................................................150

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Sistemas de eluição e reveladores utilizados para a

caracterização de metabólitos secundários de extratos de folhas

de Jatropha mutabilis por CCD...................................................77

Tabela 2 - Dados do fracionamento cromatográfico de Jm-Hex.................78

Tabela 3 - Valores previamente determinados para o cálculo do FPS........86

Tabela 4 - Resultados da triagem fitoquímica do extrato Jm-EEB e das

fases Jm-Hex, Jm-CHCl3 e Jm-AcOEt, todos obtidos das folhas

de Jatropha mutabilis..................................................................90

Tabela 5 - Dados de deslocamentos químicos (δ) de carbono-13 de Jm-1

obtidos por comparação entre os espectros de RMN 13C (75

MHz, DMSO) e RMN 1H x 13C – HSQC......................................96

Tabela 6 - Dados espectroscópicos da substância em estudo comparados

com dados descritos na literatura (WEN et.al., 2007) para 8-C-β-

D-glicosilapigenina (vitexina)....................................................106

Tabela 7 - Dados de RMN 1H (300 MHz), 13C (75 MHz) e correlações

heteronuclear 1H x 13C –HMBC.................................................107

Tabela 8 - Dados espectroscópicos da substância em estudo comparados

com dados descritos na literatura (KOJIMA et al., 1990) para 3-

O-β-D-glicopiranosilsitosterol....................................................114

Tabela 9 - Dados de RMN 1H (300 MHz), 13C (75 MHz) e correlações

heteronuclear 1H x 13C –HMBC de Jm-2...................................122

Tabela 10 - Composição química do óleo essencial das folhas de Jatropha

mutabilis....................................................................................126

Tabela 11 - Fenóis totais, flavonoides totais e atividade antioxidante in vitro

dos extratos, fases e substância Jm-1 (atividade antioxidante)

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obtidos de J. mutabilis...............................................................130

Tabela 12 - Comprimentos de onda de absorção máxima (λmax) e as

respectivas regiões de absorção para o extrato e fases das

folhas de J. mutabilis................................................................135

Tabela 13 - Fator de proteção solar do extrado e das fases obtidas das folhas

de J. mutabilis...........................................................................138

Tabela 14 - Fator de proteção solar in vitro de Jm-1 e Jm-1-Ox.....,............145

Page 16: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Estudos sobre efeitos biológicos de Jatropha gossypiifolia L.....35

Quadro 2 - Constituintes químicos já identificados em espécies do gênero

Jatropha......................................................................................38

Page 17: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

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LISTA DE FLUXOGRAMA

Fluxograma 1 - Resumo geral da metodologia da pesquisa......................74

Fluxograma 2 - Fracionamento do extrato etanólico bruto (Jm-EEB).......76

Fluxograma 3 - Fluxograma da obtenção de Jm-2.....................................79

Page 18: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

% AA: Percentual de atividade antioxidante

AA: Atividade antioxidante

BHA: Butil-hidroxi-anisol

BHT: Butil-hidroxi-tolueno

CBM: Concentração bacteriostática mínima

CC: Cromatografia em coluna

CCD: Cromatografia em camada delgada

CCDA: Cromatografia em camada delgada analítica

CE50: Concentração eficiente 50%

CHCl3: Clorofórmio

COSY: Espectroscopia de correlação homonuclear de hidrogênio (correlated

specroscopy)

CG/EM: Cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massa

d: dupleto

dd: duplo dupleto

EROs: Espécies reativas de oxigênio

DEPTQ: Distortionless Enhancement by Polarization Transfer Including the Detection

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of Quaternary Nuclei

DMSO: Dimetilsulfóxido

DPPH: 2,2-difenil-1-picrilhidrazila

δ: Deslocamento químico

EEB: Extrato Etanólico Bruto

FPS: Fator de proteção solar

HA: Solução hidroalcóolica

HMBC: Correlação heteronuclear de múltiplas ligações (multiple bond correlation)

Hz: Hertz

HO. : Radical hidroxila

HSQC: Correlação heteronuclear quântica simples (heteronuclear single quantum

correlation)

HMQC: Correlação heteronuclear de múltiplas ligações (heteronuclear Multiple

Quantum Coherence)

HVASF: Herbário Vale do São Francisco

IV-TF: Infravermelho com transformada de Fourier

J: Constante de acoplamento

Jm-1: Substância 1

Jm-1-Ox: Substância derivada de Jm-1 (oxima)

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Jm-2: Substância 2

Jm-AcOEt: Fase acetato de etila de Jatropha mutabilis

Jm-CHCl3: Fase clorofórmica de Jatropha mutabilis.

Jm-EEB: Extrato etanólico bruto de Jatropha mutabilis

Jm-Hex: Fase hexânanica de Jatropha mutabilis

m: multipleto

mg EqAG/g: miligrama de equivalentes de ácido gálico por grama de amostra

mg EqC/g: miligrama de equivalentes de catequina por grama de amostra

NCCLS: National Commitee of clinical Laboratory Standards

ppm: partes por milhão

Ri: Índice de retenção

RMN 1H: Ressonância magnética nuclear de hidrogênio

RMN 13C: Ressonância magnética nuclear de carbono

s: simpleto

t: tripleto

UV: Ultravioleta

OBS: as abreviaturas e os símbolos utilizados neste trabalho e que não constam

nesta relação, encontram-se descritas no texto ou são convenções adotadas

universalmente.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...................................................................................................23

2. OBJETIVOS.......................................................................................................27

2.1 Geral.....................................................................................................................28

2.2 Especifícos............................................................................................................28

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.........................................................................29

3.1 Considerações sobre a família Euphorbiaceae..................................................30

3.2 Aspectos gerais do gênero Jatropha..................................................................32

3.3 Considerações sobre a espécie Jatropha mutabilis............................................44

3.4 Metabolismo secundário: Aspectos gerais..........................................................46

3.5 Considerações gerais sobre óleos essenciais e esteroides................................50

3.5.1 Método de extração de óleos essenciais.........................................................53

3.6 Considerações gerais sobre Flavonoide..............................................................54

3.7 Considerações gerais sobre Oximas...................................................................59

3.8 A utilização de métodos espectofotométricos na quantificação de compostos

fenólicos e flavonoides totais...............................................................................60

3.8.1 Determinação de fenóis totais.........................................................................60

3.8.2 Determinação de flavonoides totais.................................................................61

3.9 Atividade antioxidante.......................................................................................62

3.10 Atividade fotoprotetora......................................................................................67

3.11 Atividade antibacteriana....................................................................................70

4 MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................72

4.1 Coleta do material vegetal.................................................................................73

4.2 Fases no desenvolvimento da pesquisa...........................................................74

4.3 Processamento do material vegetal..................................................................75

4.3.1 Obtenção do extrato etanólico bruto (Jm-EEB)...............................................75

4.3.2 Fracionamento do extrato etanólico bruto (EEB).............................................75

4.4 Prospecção fitoquímica preliminar....................................................................76

4.5 Isolamento e purificação de Jm- 1.....................................................................77

4.6 Fracionamento cromatográfico de Jm-Hex.......................................................78

Page 22: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

xxi

4.7 Métodos de análise...........................................................................................79

4.7.1 Métodos cromatográficos.................................................................................79

4.7.2 Métodos espectofotométricos..........................................................................80

4.7.3 Métodos espectométricos................................................................................80

4.8 Método de extração de óleo essencial..............................................................81

4.9 Estudos fitoquímicos.........................................................................................82

4.9.1 Determinação do teor de fenóis totais.............................................................82

4.9.2 Determinação do teor de flavonoides totais....................................................82

4.10 Avaliação da atividade antioxidante in vitro.....................................................83

4.10.1 Método do sequestro do radical DPPH·..........................................................83

4.10.2 Método da inibição da autoxidação do sistema β-caroteno/ácido linoleico.....84

4.11 Avaliação da atividade fotoprotetora in vitro......................................................85

4.11.1 Determinação da absorção máxima................................................................85

4.11.2 Determinação do fator de proteção solar (FPS)..............................................86

4.12 Síntese de oxima (Jm-1-Ox) derivada de Jm-1.................................................86

4.12.1 Análise espectrofotométrica e determinação de FPS......................................87

4.13 Avaliação da atividade antibacteriana...............................................................87

4.14 Análise estatistica..............................................................................................88

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................89

5.1 Prospecção fitoquímica preliminar.......................................................................90

5.2 Identificação estrutural de Jm-1...........................................................................91

5.3 Identificação estrutural de Jm-2.........................................................................109

5.4 Composição química do óleo essencial de Jatropha mutabilis.........................124

5.5 Fenóis totais, flavonoides totais e atividade antioxidante in vitro......................128

5.6 Atividade fotoprotetora.......................................................................................134

5.7 Síntese Jm-1-Ox, caracterização e determinação de FPS................................141

5.8 Atividade antibacteriana.....................................................................................149

6 CONCLUSÕES...................................................................................................152

REFERÊNCIAS..................................................................................................154

APÊNDICE..........................................................................................................167

Page 23: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

1. INTRODUÇÃO

Page 24: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

23 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

1. INTRODUÇÃO

A biodiversidade dos vegetais constitui uma grande riqueza em potencial para

a saúde humana, sendo as plantas fontes de produtos naturais biologicamente

ativos, sendo que a maioria dos fármacos em uso clínico ou são de origem natural

ou foram desenvolvidos por síntese química planejada a partir de produtos naturais

(FRÖHLICH et. al., 2010; BARREIRO; BOLZANI, 2009).

Atualmente têm-se observado o aumento na procura de plantas medicinais

devido a vários fatores, como a crise econômica, o alto custo dos medicamentos

industrializados e o ainda difícil acesso à assistência médica e farmacêutica

(BOSCOLO; VALLE, 2008).

Assim, as plantas e os extrativos vegetais foram e continuam sendo de

grande relevância, tendo em vista a utilização de substâncias ativas como protótipos

para o desenvolvimento de fármacos e como fonte de matérias-primas

farmacêuticas, tanto para a obtenção de fármacos (substâncias ativas isoladas),

como para a obtenção de adjuvantes (produtos utilizados na formulação de

medicamentos), ou ainda, de medicamentos elaborados exclusivamente à base de

extratos vegetais (SIMÕES; SCHENKEL, 2002).

As plantas produzem uma série de substâncias químicas durante o seu

metabolismo. Algumas destas substâncias são conhecidas como princípios ativos

por serem capazes de provocar algum tipo de resposta biológica quando

introduzidos, por qualquer via, no organismo animal, inclusive no homem. Tais

princípios abrangem uma ampla variedade de substâncias químicas e muitas delas

encontram aplicação nas indústrias de alimentos, cosméticos e de diversos outros

tipos de produtos técnicos (BOSCOLO; VALLE, 2008). Por exemplo, a aplicação de

matérias-primas de origem vegetal em cosméticos é uma das tendências

promissoras do mercado consumidor que busca cada vez mais por produtos que

aproveitem os benefícios que a natureza proporciona, e que contemplem qualidade

científica, sua segurança e eficácia, além do comprometimento com o

desenvolvimento sustentável (SOUZA, 2013).

Pesquisas envolvendo compostos antioxidantes oriundos de fontes naturais

têm sido desenvolvidas em diferentes centros de estudos devido à sua importância

na prevenção do desencadeamento de reações oxidativas, tanto nos alimentos

como no organismo animal (BROINIZI et. al., 2007).

Page 25: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

24 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Em relação à atividade biológica demonstrada por extratos e substâncias de

plantas, de acordo com Basile e colaboradores (1999), nos últimos anos, tem havido

uma intensa busca por substâncias com consideráveis propriedades

antimicrobianas, destacando-se as plantas por serem conhecidas por produzirem

certos produtos químicos que são naturalmente tóxicos para bactérias e fungos.

Assim, o estudo de agentes antimicrobianos tem grande abrangência, sendo um

ponto crucial em vários setores do campo farmacêutico e cosmético. Em razão disto,

o primeiro screening é importante para a descoberta de atividades farmacológicas

de novos agentes, principalmente em um país como o Brasil que oferece uma

imensa biodiversidade (OSTROSKY et. al., 2008).

O Brasil conta com uma rica flora (SOUZA; FELFÍLI, 2006), sendo o país com

maior potencial para a pesquisa com espécies vegetais, pois detém a maior e mais

rica biodiversidade do planeta, distribuída em seis biomas distintos (NOLDIN;

ISAIAS; FILHO, 2006). O uso de plantas da biodiversidade brasileira em conjunto

com os conhecimentos tradicionais dos povos indígenas e comunidades tradicionais

constitui uma ferramenta potencial para a descoberta de novos fármacos (SOUZA;

MELLO; LOPES, 2012).

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstram que cerca de

80% da população mundial recorre ao uso de plantas medicinais e/ou seus

subprodutos para satisfazer suas necessidades básicas de saúde, entretanto,

apenas 1% da flora de tradição medicinal é química e farmacologicamente

conhecida. O Brasil apresenta um papel de destaque neste contexto, uma vez que

detém aproximadamente 20% da biodiversidade mundial de espécies vegetais

(SOUZA; MELLO; LOPES, 2012 apud CORRÊA JÚNIOR, MING; SCHEFFER,

2000).

A Caatinga, um bioma xérico dominado por vegetação arbustiva do nordeste

do Brasil, suporta uma alta, porém ainda pouco estudada, diversidade de recursos

vegetais. (TRETIN et.al., 2011). É considerada como o principal ecossistema do

Nordeste do Brasil, o bioma “caatinga”, uma palavra indiana que significa “floresta

branca”, assim chamada por causa de sua aparência durante a estação seca. Ele

consiste de extensas planícies semiáridas encontradas principalmente na Região

Nordeste, indo do Piauí ao Norte de Minas Gerais, com exceção do estado do

Maranhão que não tem “caatinga” (Figura 1, p.25) e ocupando cerca de 1.000.000

Page 26: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

25 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

km2, sendo rico em espécies medicinais e aromáticas (SILVA; ALBUQUERQUE,

2005).

Figura 1 - Região do Nordeste onde predomina o bioma caatinga.

Fonte: http://caatinga-uffs.blogspot.com.br/2012/05/regiao-onde-predomina-caatinga.htmL,

acesso em: 23 de janeiro de 2014.

Entre os 252 fármacos essenciais selecionados pela OMS, 11% são de origem

exclusivamente vegetal e uma parcela significativa é preenchida por medicamentos

semissintéticos, obtidos a partir de precursores naturais. Inegavelmente, as plantas

medicinais e os fitoterápicos apresentam um papel importante na terapêutica: cerca

de 25% dos medicamentos prescritos mundialmente são de origem vegetal

(CORDEIRO; CHUNG; SACRAMENTO, 2005). Entretanto, o potencial das plantas

como fonte de pesquisa na busca de novos medicamentos é ainda pouquíssimo

explorado, pois, de todas as espécies de plantas existentes no mundo, somente uma

pequena parcela destas tem sido alvo de investigações fitoquímicas e biológicas, e

menos de 2.500 têm sido caracterizadas com relação aos seus metabólitos

secundários (CALIXTO, 2000; SHU, 1998).

Diante da imensa riqueza vegetal presente nos solos brasileiros, principalmente

na caatinga, e dos poucos estudos químicos e biológicos das espécies endêmicas

desse bioma exclusivamente brasileiro, este trabalho relata o estudo fitoquímico com

determinação estrutural de substâncias isoladas, identificação de constituintes

voláteis e avaliação de atividades antioxidantes, fotoprotetora e antibacteriana in

Page 27: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

26 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

vitro de extratos de folhas e substâncias isoladas da espécie Jatropha mutabilis,

uma vez que não foram encontrados nessas áreas referenciados na literatura.

Page 28: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

27 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

2. OBJETIVOS

Page 29: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

28 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Contribuir para o estudo fitoquímico do gênero Jatropha e avaliar as

atividades antioxidante, fotoprotetora e antibacteriana in vitro da espécie Jatropha

mutabilis (Pohl.) Baill (Euphorbiaceae).

2.2. Específicos

2.2.1 Analisar a composição química volátil e não volátil das folhas da espécie

Jatropha mutabilis;

2.2.2 Identificar e/ou elucidar constituintes químicos isolados através das técnicas

de Ressonância Magnética Nuclear (RMN de 1H e 13C (uni e bidimensionais)

e CG-EM;

2.2.3 Avaliar as atividades antioxidante e fotoprotetora in vitro do extrato, fases e

possíveis substâncias isoladas das folhas da espécie;

2.2.4 Avaliar a atividade antibacteriana do extrato e fases das folhas da espécie;

2.2.5 Preparar derivado químico a partir do constituinte isolado em maior

quantidade;

2.2.6 Publicar os resultados obtidos em revistas indexadas.

Page 30: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

29 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Page 31: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

30 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

3. Fundamentação teórica

3.1. Considerações sobre a família Euphorbiaceae

Desde a antiguidade é relatada a utilização de espécies de Euphorbiaceae em

tratados de filosofia e medicina na história das civilizações orientais e ocidentais,

como a hindu, chinesa, árabe e greco-romana. (VARRICCHIO et. al., 2008).

Essa família com cerca de 317 gêneros e 8.000 espécies, distribui-se

principalmente nos trópicos e subtrópicos. (SANTOS; MACHADO; LOPES, 2005)

No Brasil, estima-se a ocorrência de 1.100 espécies e 72 gêneros,

estabelecidas nas diferentes fitofisionomias. Considera-se a região Nordeste do

Brasil como um grande centro de diversidade da família, com 240 espécies em 50

gêneros, distribuídas, em sua grande maioria, nas áreas de caatinga, onde é

possível encontrar grande número de espécies endêmicas. Seus principais gêneros

em número de espécies são: Euphorbia L. (1.500), Croton L. (700), Phyllanthus L.

(400), Acalypha L. (400), Macaranga Thouars (400), Antidesma Burman (150),

Drypetes Vahl (150), Jatropha L. (150), Manihot Mill. (150) e Tragia Plumier (150)

(OLIVEIRA, 2013).

As Euforbiáceas das caatingas arenosas do médio rio São Francisco estão

representadas, segundo o sistema de classificação de Webster, por três subfamílias,

totalizando nove gêneros e 20 espécies: subfamília Acalyphoideae (Alchornea,

Dalechampia e Tragia), subfamília Crotonoideae (Croton, Jatropha, Cnidoscolus e

Manihot) e subfamília Euphorbioideae (Chamaesyce e Sapium) (SATIRO; ROQUE,

2008).

É a segunda família mais representativa da Caatinga em número de espécies,

superada apenas pela família Leguminosae (SANTOS; SCHRIPSEMA; KUSTER,

2005).

As euforbiáceas estão entre as famílias de maior importância econômica entre

as Angiospermas, incluindo plantas geralmente latescentes, monóicas ou dióicas,

com flores diclinas, sendo as flores pistiladas muito características pelo gineceu

sincárpico, ovário súpero e geralmente tricarpelar. O fruto é geralmente capsular

com deiscência explosiva, abrindo-se em três mericarpos, sendo conhecido como

cápsula tricoca (SATIRO; ROQUE, 2008). São plantas de hábito bastante variado,

desde ervas, subarbustos, árvores, até trepadeiras, algumas vezes suculentas, com

Page 32: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

31 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

folhas inteiras ou partidas, em geral com estípulas, latescentes ou não (OLIVERIA;

GIMENEZ; GODOY, 2007).

A familia Euphorbiaceae está entre as famílias de maior importância econômica

entre as Eudicotiledôneas, especialmente no setor farmacológico-medicinal,

industrial, madeireiro, ornamental e na produção de alimentos (OLIVEIRA, 2013). A

esta mesma família pertence a mandioca, também conhecida como aipim e

macaxeira, possuidora de raízes tuberosas as quais são fonte de amido e farinha. O

látex, nas Euphorbiaceae que o possuem, pode ser incolor ou leitoso com grãos de

amido em forma de fêmur, muito característico (HIROTA et. al., 2010).

Estudos fitoquímicos de espécies da família Euphorbiaceae demonstram a

presença de diversas classes de substâncias químicas, tais como tanino e lignana

(CUI; TAN, 2004), flavonoide (SANTOS; SCHRIPSEMA; KUSTER, 2005), alcalóide

(LEITE et. al., 2005) e cumarina (Lima et.al., 2009). Por exemplo, da espécie Croton

sellowii foram isolados terpenóides, flavonoides e fenilpropanóide (JUNIOR et.al.,

2006).

Em relação às atividades biológicas apresentadas pela família, estas são bem

variadas, como por exemplo, para o gênero Croton têm sido relatados efeitos que

incluem anti-hipertensivos, anti-inflamatórios, antimaláricos, antimicrobianos,

antiespasmódicos, antiulcerogênicos, antivirais e miorrelaxantes (SALATINO;

SALATINO; NEGRI, 2007).

Mosquera e colaboradores (2007) relataram que algumas espécies da família

Euphorbiaceae apresentaram atividade antioxidante através do método do sequestro

de radical livre DPPH·. Relatam ainda análises fitoquímicas de extratos de plantas

dessa familia, revelando a presença de triterpenos, esteroides, lactonas, taninos,

fenóis, sendo a atividade antioxidante correlacionada à presença destes compostos.

Oliveira e colaboradores (2008) realizaram testes de atividade antibacteriana

do látex e extratos de Croton urucurana Baillon e verificaram que os látex mostraram

potente ação contra todas as bactérias, com exceção da E. coli. Extratos em

hexano, diclorometano e etanol das folhas mostraram atividade contra S. pyogenes,

K. pneumoniae, P. aeruginosa, S. typhimurium, S. aureus e S. epidermidis nas

maiores doses.

Page 33: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

32 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

3.2. Aspectos gerais do gênero Jatropha

O gênero Jatropha pertence à família Euphorbiaceae. Recentemente, contatou-

se que este gênero contém aproximadamente 170 espécies distribuídas nas regiões

tropicais e subtropicais da África e América (HIROTA et. al., 2010).

O nome do gênero Jatropha deriva da palavra grega “jatros” (médico) e

“trophe” (alimentos), o que implica usos medicinais (KUMAR; SHARMA, 2008).

As espécies do gênero Jatropha apresentam-se como árvores, arbustos ou

subarbustos monóicos e latescentes. Folhas simples, alternas, membranáceas a

semissuculentas. Apresentam inflorescências, flores estaminadas, flores pistiladas e

frutos cápsula tricoca, oblongo, glabro; sementes oblongas a globosas e

carunculadas (SATIRO; ROQUE, 2008).

Espécies desse genêro são conhecidas por serem muito tóxicas, irritantes e a

atividade purgativa do óleo de suas sementes lembra a atividade mostrada por

ésteres de diterpenos presentes no óleo de sementes de outras espécies de

Euphorbiaceae, por exemplo, Croton tiglium e Euphorbia lathyris. Ésteres de

diterpenos irritantes foram extraídos, isolados e caracterizados do óleo das

sementes de quatro espécies de Jatropha - J.podagrica, J. multifida, J. curcas e J.

gossypifolia (ADOLFO; OPFERKUCH; HECKERADOLF, 1984).

Jatropha é um grupo de grande importância econômica, principalmente pela

presença de várias espécies conhecidas por seus usos medicinais e/ou

ornamentais, também empregadas como cercas-vivas, em várias partes do mundo,

especialmente na África, como J. gossypiifolia L., J. curcas L. e J. multifida L., por

exemplo. A fácil propagação de suas sementes intensifica sua utilização na

horticultura, bem como, em ornamentações nos jardins tropicais (LEAL; AGRA,

2005).

Espécies do gênero Jatropha são usadas na medicina tradicional para curar

várias doenças na África, Ásia e América Latina, como plantas ornamentais e como

fonte para produção de biodiesel. A utilização das plantas deste gênero pela

população como medicamentos para tratamento de saúde é realizado por 80% da

população mundial da Ásia, América Latina e África, sendo relatados efeitos

colaterais mínimos (SABANDAR et.al., 2013).

Na medicina popular, várias espécies se destacam devido às suas aplicações,

como Jatropha curcas, cujo óleo extraído das sementes é usado como purgativo

Page 34: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

33 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

drástico. Plantas do gênero Jatropha, especialmente de J. curcas, têm sido

cultivadas na África para aproveitamento do óleo das sementes em velas para

iluminação, sabonetes e também na medicina popular. (LEAL; AGRA, 2005).

Existem relatos do uso do látex de J. multifida na medicina popular para

tratamentos de ferimentos infectados, infecções de pele e escaras. Desta espécie

foram identificados três biflavonas di-C-glicosídicas do extrato metanólico das folhas

e o extrato apresentou efeito anti-inflamatório e analgésico significativo em

comparação com a indometacina, além de ser constatado efeito hipotensor (HIROTA

et.al., 2010).

Da J. multifida também foi isolado dos talos um diterpeno do tipo latirano, o

Multifidone (Figura 2, p.33). A estrutura da Multifidone é peculiar – um dos anéis

possui seis carbonos, em contraste com o anel ciclopentano encontrado

ocasionalmente em diterpenos de espécies do gênero Jatropha. Este composto foi

testado em ensaio de citotoxicidade in vitro contra quatro diferentes linhagens de

células cancerosas e mostrou um decréscimo da viabilidade celular em todas as

linhagens testadas de forma dose-dependente (DAS et. al., 2009).

Figura 2 – Estrutura do Multifidone.

Fonte: (DAS et. al., 2009).

Outra espécie que possui bastantes estudos químicos é a Jatropha podagrica,

um arbusto geralmente encontrado na África, Ásia e América Latina. As raízes foram

submetidas à extração em extrator Soxhlet, sendo que da fração hexânica foram

isolados dois diterpenóides macrocíclicos, Japodagrona e Japodagrima. Este último

Page 35: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

34 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

foi ativo contra Bacillus subtilis (ATCC 6051) e Staphylococcus aureus (ATCC

25923) enquanto Japodagrona mostrou atividade contra B. subtilis (ATCC6051)

(AIYELAAGBE et. al., 2007). Outra pesquisa relata que dos extratos das raízes

foram isolados o ácido Japódico, o qual apresentou atividade de inibição de

crescimento do inseto Helicoverpa zea, e os compostos Fradixina (uma cumarina) e

Eritrinasinato (um éster de cadeia longa). Estes dois compostos apresentaram

atividade moderada de inibição do crescimento de bactérias gram-positivas e gram-

negativas (AIYELAAGBE; GLOER, 2008).

Jatropha curcas conhecida como pinhão-manso é uma das espécies mais

estudadas por ser uma das potenciais culturas energéticas para a produção de

biodiesel. Considerada uma opção agrícola para áreas áridas, semiáridas e na

recuperação de áreas degradadas, esta espécie promove a integração do acesso à

produção com renda oriunda da venda do óleo das sementes para fins combustíveis,

send seu óleo utilizado como suprimento de energia para motores e máquinas

gerarem eletricidade (SATO et.al., 2009).

Kamal e colaboradores (2011) fizeram uma revisão sobre os constituintes

químicos e efeitos farmacológicos já relatados para a J. curcas. Assim, relataram

que a fração de óleo de Jatropha contém ácidos graxos saturados, principalmente

ácido palmítico (16:00), com 14,1%, e ácido esteárico (18:00), com 6,7%. Entre os

ácidos graxos insaturados foram identificados o ácido oleico (18:01), com 47,0%, e o

ácido linoleico (18:02), com 31,6%. As investigações fitoquímicas ainda relatadas

pelo mesmo autor em seu trabalho de revisão demonstraram a presença de diversos

compostos em diferentes partes da J. curcas tais como saponinas, taninos,

esteroides, triterpenos cíclicos, flavonoides (apigenina, vitexina, isovitexina),

flavonoides glicosilados, terpenos (principalmente diterpenos), cumarina e cumarino-

lignoide.

Outra espécie que possui bastante estudo, tanto em relação à sua

composição química quanto aos seus efeitos farmacológicos, é a Jatropha

gossypifolia. Esta espécie é conhecida no Pará do Brasil como pião-roxo. O exudato

de J. gossypifolia foi avaliado quanto à sua composição fitoquímica, sendo

alcaloides isolados em abundância, entre eles, alcaloides imidazois piperidínicos

(HIROTA et.al., 2010).

Dados etnofarmacológicos mostram ação cicatrizante do gênero Jatropha,

sendo vários estudos realizados no sentido de investigar esta propriedade na

Page 36: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

35 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

espécie J. gossypifolia. O extrato alcoólico foi testado na cicatrização de

anastomose colônica em ratos. Embora tenha apresentado um fraco efeito no

estágio final de cicatrização, este mostrou um resultado favorável na diminuição do

processo de inflamação (SERVIN, et. al., 2006).

O Quadro 1 apresenta resultados de estudos que demonstram a diversidade

de efeitos biológicos de J. gossypifolia (MARIZ, 2010).

Quadro 1 - Estudos sobre efeitos biológicos de Jatropha gossypiifolia L.

Efeito biológico Parte vegetal Solvente

extrator Referência

Antimalárico Folhas Água Gbeassor et al.

(1989).

Antimicrobiano

Folhas Diclorometano e

metanol (1:1)

Kumar et al.

(2006).

Folhas Etanol Awaiche & Ugnu,

(1997).

Folhas Água Nair et al. (2007).

- - Dabur et al.

(2007).

Antitumoral e

Antineoplásico

Raiz

Clorofórmio Taylor et al.

(1983).

Etanol

Kupchan et al.

(1976); Matos

(2004).

Antiviral

Folha e caule

Metanol

Macrae et al.

(1988); Taylor et

al. (1996). Córtex

Cicatrizante Folha e caule Etanol

Aquino et al.

(2006); Maia et al.

(2006); Santos et

al. (2006); Servin

Page 37: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

36 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

et al. (2006); Vale

et al. (2006).

Hipotensor

Folha e caule Etanol Abreu et al.

(2003).

Inseticida Folha - Phowichit et al.

(2008).

Larvicida

(combate a

vetores)

-

Acetato de etila,

acetona, éter

de petróleo,

hexano e

metanol.

Abdul et al.

(2008).

Moluscicida

(combate a

vetores)

Fruto Etanol ou Metanol

Adewunmi &

Marquis (1980);

Adewunmi &

Látex Água

Marquis (1983);

Adewunmi

(1984);

Adewunmi

Sementes Metanol e n-

butanol

& Adesogan

(1986);

Adewunmi &

Marquis

Sedativo e

atividade

antileptazol

Raiz e folhas - Adesina (1982).

Toxicidade

Sementes Éter

Gasperi-Campani

et al. (1980).

Sementes Etanol Meyer et al.

(1982).

Page 38: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

37 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Sementes Água Adolf et al.

(1984).

- - Hecker (1984).

Fruto - Guirola et al.

(1992).

Folha e caule Etanol Rocha et al.

(1995).

Folha Etanol Awachie & Ugnu

(1997).

- - Norhanoma &

Yadav (1995).

Látex Água Singh & Singh

(2005).

Folhas - Siriarcharungroj

et al. (2008).

Folha e caule Etanol

Mariz et al.

(2006); Mariz

(2007); Mariz et

al. (2008).

Em relação à composição química, uma pesquisa de levantamento

bibliográfico realizado por Sabandar e colaboradores (2013) revelou os constituintes

químicos já identificados em plantas do genêro Jatropha que resultaram no

isolamento de peptideos cíclicos, alcaloides, terpenos (monoterpenos,

sesquiterpenos, diterpenos e triterpenos), flavonoides, lignanas, cumarinas,

cumarino-lignoides, um glicosídeo não cianogênico, floroglucinois, ésteres ferulatos,

compostos fenólicos, deoxipreussomerinas e ácidos graxos. Estes dados estão

dispostos no Quadro 2.

Page 39: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

38 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Quadro 2 - Constituintes químicos já identificados em espécies do gênero Jatropha.

Classe Nome do composto Espécie de

Jatropha

Parte Referência

Pirrolidina Hidroxipirrolidina-2-

ona J. curcas Folha

Staubmann et

al. (1999a,b)

Imidazol 4-butil-2-cloro-5-

formil-1H-imidazol J. curcas Raiz

Das et al.,

2005

Piridina 4-fenil-2,6-dimetil-3,5-

piridinacarboxilato J. elliptica Rizoma

Da Silva et al.

(2005)

Pirimidina Uracila J. curcas Folhas Staubmann et

al. (1999a,b)

Diamida Curcamida J. curcas Bolo de

semente

Yao et al.

(2012)

Monoterpeno 1,4-epoxi-p-metan-2-ol J.

gossypiifolia Rizoma

Pertino et al.

(2007a–c)

Sesquiterpeno Ácido 4-patoulen-15-

óico

J.

gossypiifolia Rizoma

Pertino et al.

(2007a–c)

Sesquiterpeno

-cumarina

conjugado

Jatrofadioxano J.

integerrima Raiz

Sutthivaiyakit

et al. (2009)

Triterpeno

Ácido 3-O-

acetilaleuritólico

J. elliptica

Raiz

Goulart et al.

(1993)

J.

gossypiifolia Rizoma

Pertino et al.

(2007c)

J. podagrica Raiz Ee et al.

(2005)

J.

weddeliana Raiz

Brum et al.

(1998)

Page 40: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

39 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Esteroide

α-amirina J. gaumeri Folhas Can-Aké et al.

(2004)

β-amirina

J. gaumeri

Folha

Can-Aké et al.

(2004)

J. curcas

caule

Mitra et al.

(1970)

β -Sitosterol

J. curcas Caule,

raiz

Mitra et al.

(1970), Ling-yi

et al.

(1996)

J.

weddeliana Raiz

Brum et al.

(1998)

J. gaumeri Folhas Can-Aké et al.

(2004)

Estigmasterol

J. curcas Raiz Ling-yi et al.

(1996)

J. elliptica raiz Goulart et al.

(1993)

γ-Sitosterol J. podagrica Caule,

raiz

Ee et al.

(2005)

Daucasterol J. curcas raiz Ling-yi et al.

(1996)

5 α-estigmastano-3,6-

diona J. curcas raiz

Ling-yi et al.

(1996)

Page 41: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

40 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Taraxasterol J. curcas Caule Mitra et al.

(1970)

Flavonoide

Nobiletina J. curcas raiz Ling-yi et al.

(1996)

Tomentina J. curcas Partes

aéreas

Ravindranath

et al. (2004a)

Vitexina J.

gossypiifolia Folhas

Subramanian

et al. (1971)

Isovitexina J.

gossypiifolia Folhas

Subramanian

et al. (1971)

Apigenina J.

gossypiifolia Folhas

Subramanian

et al. (1971)

Luteolina J.

unicostata Folhas

Franke et al.

(2004)

Catequina J.

macrantha Caule

Benavides et

al. (2006)

Catequina-7-O-β-

glucopiranosideo

J.

macrantha Caule

Benavides et

al. (2006)

Epigalocatequina J.

macrantha Caule

Benavides et

al. (2006)

Proantocianidina J.

macrantha Caule

Benavides et

al. (2006)

Lignanas Jatrofano J. Caule Chatterjee et

Page 42: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

41 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

gossypifollia al. (1981)

Gadaina J.

gossypifollia Caule

Banerji et al.

(1984)

Prasantalina J.

gossypifollia Caule

Chatterjee

(1988)

Arilnaftaleno J.

gossypifollia Caule

Das and

Banerji (1988)

Gossipifana J.

gossypifollia

Partes

aéreas

Das and Das

(1995)

Jatrodieno J.

gossypifollia Caule

Das et al.

(1996)

Gossipilina J.

gossypifollia -

Das and

Kashinatham

(1998)

Gossipidieno J.

gossypifollia Caule

Das and Anjani

(1999)

Isogadaina J.

gossypifollia caule

Das and Anjani

(1999)

Neolignanas

Isoamericanina J. curcas Semente

s

Yao et al.

(2012)

Isoprincepina J. curcas Semente

s

Yao et al.

(2012)

Cumarina

5-hidroxi-6,7-

dimetoxicumarina J. curcas raiz

Ling-yi et al.

(1996)

Escopoletina J. curcas Partes

aéreas

Ravindranath

et al. (2004ª)

Page 43: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

42 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Fraxetina

J. elliptica Raiz Goulart et al.

(1993)

J.

glandulifera Raiz

Parthasarathy

and Saradhia

(1984)

J.

unicostata Folhas

Franke et al.

(2004)

J.

weddelliana Raiz

Brum et al.

(2001)

Fraxidina J. podagrica Raiz

Aiyelaagbe

and Gloer

(2008)

Marmesina J. curcas Raiz Naengchomno

ng et al. (1994)

Cumarino-

Lignoide

Propacina

J. curcas Raiz Naengchomno

ng et al. (1994)

J.

gossypiifolia

Planta

inteira

Das and

Venkataiah

(2001)

J.

glandulifera Raiz

Parthasarathy

and Saradhia

(1984)

Jatrofina J. curcas Raiz Naengchomno

ng et al. (1994)

Cleomiscosina A

J.

gossypiifolia caule

Das et al.

(2003)

J. multifida caule Das et al.

Page 44: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

43 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

(2009b)

Glicosídeo

não-

cianogênico

Multifidina A J. multifida Látex Van den Berg

et al. (1995b)

Glicosídeo β-etil-D-glucopiranose J. curcas Semente Yao et al.

(2012)

Floroglucinol

Multifidol J. multifida Latex Kosasi et al.

(1989b)

Multifidol glicosilado J. multifida Latex Kosasi et al.

(1989b)

Ácido graxo

Ácido Glicérido-1,2 S-

tetracosanoato

J. curcas

Raiz

Ling-yi et al.

(1996)

Ácido 12-

hidroxioctadec-cis-9-

enóico

J.

gossypifolia

Óleo das

sementes

Hosamami and

Katagi (2008)

Ácido Japódico J. podagrica Raiz

Aiyelaagbe

and Gloer

(2008)

Glicerol monooleato J. curcas Semente

s

Yao et al.

(2012)

Éster ferulato

n-heptil ferulato J. podagrica Caule,

raiz

Ee et al.

(2005)

Pentatriacontanil

ferulato J. elliptica Raiz

Goulart et al.

(1993)

Tetradecil-(E)-ferulato J. curcas Partes

aéreas

Ravindranath

et al. (2004a)

Page 45: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

44 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Eritrinasinato J. podagrica Raiz

Aiyelaagbe

and Gloer

(2008)

Compostos

fenólicos

3-hidroxi-4-

metoxibenzaldeido J. curcas Raiz

Ling-yi et al.

(1996)

Ácido 3-metoxi-4-

hidroxibenzoato J. curcas Raiz

Ling-yi et al.

(1996)

Cafeoilaldeido J. curcas Semente Yao et al.

(2012)

Seringaldeído J. curcas Semente Yao et al.

(2012)

3.3. Considerações sobre a espécie Jatropha mutabilis

Jatropha mutabilis (Pohl) Baill. é uma espécie monóica, endêmica do bioma

caatinga, ocorrendo desde o Piauí até a Bahia, em áreas de caatinga hiperxerófila,

sendo encontrada em terreno arenoso (SANTOS; MACHADO; LOPES, 2005). A

Figura 3, pg. 45, mostra o mapa com a distribuição da espécie.

Page 46: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

45 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 3 - Distribuição da espécie Jatropha multabilis no Brasil.

FONTE: http://www.discoverlife.org/mp/20m?w=720&r=0.125&e=-54.00000&n=-18.00000&z=0&kind=Jatropha+mutabilis&la=-18&lo=-54?382,128. Acesso em: 22 de Janeiro, 2014.

A J. mutabilis é conhecida popularmente por pinhão-de-seda, sendo um

arbusto endêmico e espontâneo da caatinga do semiárido brasileiro. Suas flores e

folhas são utilizadas pela medicina popular como depurativo e para constipação

intestinal (ALBUQUERQUE et. al., 2007).

Possui arbusto com tricomas glandulares curtamente estipitados, folhas

semissuculentas, base arredondada, inflorescências, flores estaminadas, pétalas

obovais. Jatropha mutabilis distingue-se das demais espécies de Jatropha da área

por sua lâmina foliar orbicular inteira (SATIRO; ROQUE, 2008).

Page 47: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

46 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 4 – Foto da espécie Jatropha mutabilis.

Fonte : Autora

3.4. Metabolismo secundário: Aspectos gerais

O metabolismo é definido como o conjunto total das transformações das

moléculas orgânicas, catalisadas por enzimas, que ocorre nas células vivas,

suprindo o organismo de energia, renovando suas moléculas e garantindo a

continuidade do estado organizado. Essas reações possuem certa direção devido à

presença de enzimas específicas, estabelecendo assim as rotas metabólicas,

visando o aproveitamento de nutrientes para satisfazer as exigências fundamentais

da célula. Além do metabolismo primário, responsável pela síntese de celulose,

proteínas, lipídeos, açúcares e outras substâncias importantes para a realização das

funções vitais, as plantas também apresentam o chamado metabolismo secundário

(PEREIRA; CARDOSO, 2012).

Os metabólitos secundários são compostos produzidos pelas plantas para a

sua sobrevivência e preservação, atuando na defesa do vegetal, agindo como

dissuasórios alimentares e como toxinas. Por outro lado, alguns metabólitos

Page 48: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

47 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

secundários atuam de maneira oposta, atraindo insetos, pássaros, morcegos e até

mesmo ratos, responsáveis pela polinização de muitas plantas. Essas

micromoléculas geralmente apresentam estrutura complexa, baixo peso molecular,

marcantes atividades biológicas e são encontradas em concentrações relativamente

baixas e em determinados grupos de plantas. (SIMÕES et.al., 2010)

Os produtos secundários aumentam a probabilidade de sobrevivência de uma

espécie, pois são responsáveis por diversas atividades biológicas com este fim. Por

exemplo, os produtos secundários podem atuar como antibióticos, antifúngicos e

antivirais para proteger as plantas dos patógenos, e também apresentar atividades

antigerminativas ou tóxicas para outras plantas, fitoalexinas. Além disso, alguns

destes metabólitos constituem importantes compostos que absorvem a luz

ultravioleta evitando que as folhas sejam danificadas (FUMAGALI et. al., 2008).

Por exemplo, o crescimento e a produtividade das plantas são comprometidos

pela radiação ultravioleta (UV), a mesma cria mecanismos de proteção, tal como a

produção de metabólitos secundários como os flavonoides que se acumulam nas

células da epiderme da folha, onde eles podem proteger as camadas celulares

internas dos danos por radiação UV. Além disso, a síntese destes compostos é

induzida por radiação UV e as plantas cultivadas em condições que induzem a

síntese de flavonoides são mais tolerantes à radiação UV (LI, et. al., 1993).

Para Simões e colaboradores (2010) a origem de todos os metabólitos

secundários pode ser resumida a partir do metabolismo da glicose, via dois

intermediários principais: o ácido chiquímico e o acetato (Figura 5, p.48). O ácido

chiquímico origina os aminoácidos aromáticos, precursores da maioria dos

metabólitos secundários aromáticos. Algumas micromoléculas derivam da

combinação de uma unidade de ácido chiquímico e uma ou mais unidades de

acetato ou derivado deste, como por exemplo, as antraquinonas, flavonoides e

taninos condensados. Os metabólitos podem ser encontrados na forma livre

(agliconas) ou estarem ligados a um ou mais unidades de açúcar (heterosídeo).

Page 49: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

48 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 5 - Ciclo biossintético dos metabólitos secundários.

Fonte: SIMÕES et.al., 2010.

Os metabólitos secundários representam uma interface química entre as

plantas e o ambiente circundante, portanto, sua síntese é frequentemente afetada

por condições ambientais (GOBBO-NETO, 2007).

O metabolismo secundário de plantas pode variar consideravelmente

dependendo de vários fatores (Figura 6, p.49). Alguns fatores podem afetar o

conteúdo final de metabólitos secundários em plantas medicinais, tais como

condições de coleta, estabilização e estocagem, pois podem ter grande influência na

qualidade e, consequentemente no valor terapêutico de preparados fitoterápicos.

Por exemplo, a época em que uma planta é coletada é um dos fatores de maior

importância, visto que a quantidade e, às vezes, até mesmo a natureza dos

constituintes ativos não é constante durante o ano. A composição de metabólitos

Page 50: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

49 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

secundários de uma planta pode variar apreciavelmente durante o ciclo dia/noite,

tendo sido descritas, por exemplo, variações circadianas nas concentrações de

óleos voláteis (GOBBO-NETO, 2007).

Outro fator é a temperatura, pois a faixa em que ocorrem as variações anuais,

mensais e diárias na temperatura é um dos fatores que exerce maior influência em

seu desenvolvimento, afetando, portanto, a produção de metabólitos secundários. A

fotossíntese, comportamento estomatal, mobilização de reservas, expansão foliar e

crescimento, podem ser alterados por estresse hídrico e, consequentemente, levar a

alterações no metabolismo secundário. As diferentes espécies de plantas estão

adaptadas a uma enorme variação na intensidade e quantidade de incidência

luminosa. Existe uma correlação positiva bem estabelecida entre intensidade de

radiação solar e produção de compostos fenólicos, tais como flavonoides, taninos e

antocianinas (GOBBO-NETO, 2007).

Figura 6 - Principais fatores que podem influenciar o acúmulo de metabólitos secundários

em plantas.

Fonte: GOBBO-NETO, 2007.

Page 51: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

50 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

3.5. Considerações gerais sobre óleos essenciais e esteroides

Óleos essenciais (OE) são extraídos de plantas através da técnica de arraste

a vapor, na grande maioria das vezes, e também pela prensagem do pericarpo de

frutos cítricos, que no Brasil dominam o mercado de exportação. São compostos

principalmente de mono e sesquiterpenos e de fenilpropanoides, metabólitos que

conferem suas características organolépticas. (BIZZO; HOVELL; REZENDE, 2009).

De forma geral, são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas,

geralmente odoríferas e líquidas. Em água, os óleos voláteis apresentam

solubilidade limitada, mas suficiente para aromatizar as soluções aquosas, que são

denominadas hidrolatos. Seus constituintes variam desde hidrocarbonetos

terpênicos, álcoois simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres,

óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas, até compostos

com enxofre (SIMÕES et. al., 2010).

Ainda segundo Simões e colaboradores (2010), quimicamente, a grande

maioria dos óleos essenciais é constituída de derivados fenilpropanoides ou de

terpenoides, sendo que esses últimos preponderam. Os fenilpropanoides se formam

a partir do ácido chiquímico, que formam as unidades básicas dos ácidos cinâmicos

e p-cumárico. Esses últimos, por meio de reduções enzimáticas produzem

propenilbenzenos e/ou alilbenzenos e, por meio de oxidações e com degradação

das cadeias laterais, geram aldeídos aromáticos; ciclizações enzimáticas

intramoleculares produzem cumarinas.

Os terpenoides constituem uma grande variedade de substâncias vegetais,

sendo que este termo é empregado para designar todas as substâncias cuja origem

biossintética deriva de unidades de isopreno. A unidade isoprênica, por sua vez,

origina-se a partir da via do acetato-mevalonato, responsável pela formação dos

sesquiterpenos (C15) e triterpenos (C30), que ocorre no citosol e cujos precursores

são piruvato e acetil-coA; e a via alternativa, conhecida como via do metileritritol

fosfato (MEP), que origina os monoterpenos (C10), diterpenos (C20) e tetraterpenos

(C40), ocorre nos plastídeos e cujos precursores são piruvato e gliceraldeído-3-

fosfato (SIMÕES et.al., 2010; OOTANI et.al., 2013).

As agliconas dos esteroides e triterpenos têm a mesma origem até a

formação do óxido de esqualeno. Para os esteroides, o óxido de esqualeno cicliza

numa conformação cadeira-barco-cadeira-barco formando o cicloartenol (em algas e

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51 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

plantas verdes) ou o lanosterol (em fungos e organismos não fotossintéticos) após

vários rearranjos. Após clivagem oxidativa de três metilas, o cicloartenol, entre

outros compostos forma os esteroides (Figura 7, p.52).

Os diversos terpenos apresentam funções variadas nos vegetais. Os

monoterpenos e sesquiterpenos são constituintes dos óleos voláteis, sendo que os

primeiros atuam na atração de polinizadores. Os sesquiterpenos, em geral,

apresentam funções protetoras contra fungos e bactérias, enquanto muitos

diterpenoides dão origem aos hormônios de crescimento vegetal. Os triterpenoides e

seus derivados, os esteroides, apresentam função protetora contra herbívoros;

alguns são antimitóticos e outros atuam na germinação das sementes e na inibição

do crescimento da raiz. Atualmente, estima-se que de 3.000 óleos voláteis

conhecidos, 300 são comercialmente importantes na indústria farmacêutica,

agronômica, alimentícia, sanitária, cosmética e de perfumaria e aromaterapia.

(OOTANI et.al., 2013).

Page 53: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

52 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 7 - Biossintese de terpenos e esteroides.

Fonte: SIMÕES et.al., 2010.

Page 54: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

53 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

3.5.1. Métodos de extração de óleos essenciais

Os métodos de extração variam conforme a localização do óleo volátil na

planta e com a proposta de utilização do mesmo. Os mais comuns são: enfloração

(Enfleurage), arraste por vapor de água, extração com solventes orgânicos,

prensagem (ou expressão) e extração por CO2 supercrítico. (SIMÕES et.al., 2010).

Ainda segundo o mesmo autor, o método de arraste por vapor de água é

preferencialmente utilizado para extrair óleos de plantas frescas.

A destilação por arraste a vapor é uma operação unitária, utilizada

principalmente para materiais sensíveis à temperatura, sendo baseada na diferença

de volatilidade de determinados compostos presentes na matéria-prima vegetal. A

indústria prefere a destilação por arraste a vapor devido à sua maior simplicidade e

economia, pois permite tratar de uma única vez quantidades significativas de

material vegetal. Em pequena escala utiliza-se o aparelho de Clevenger (SIMÕES

et. al., 2010; SILVEIRA et.al., 2012).

O método baseia-se no pressuposto de que os óleos voláteis possuem tensão

de vapor mais elevada que a da água sendo, por isso, arrastados pelo vapor d’água.

Assim, o vapor é percolado através do leito de sólidos, no interior do vaso extrator,

arrastando o óleo essencial. A mistura vapor-óleo segue então para o condensador,

onde ocorre a mudança de fase. O condensado é alimentado no vaso florentino,

onde ocorre a separação das fases, por diferenças de polaridade, já que os óleos

essenciais são apolares ou pouco polares. Posteriormente o óleo essencial é

envasado em vidro âmbar. Nesse método, em relação à composição química do

óleo essencial, obtêm-se compostos mais voláteis em curtos intervalos de tempos de

extração; por outro lado, extrações mais demoradas apresentam compostos não

apreciáveis e de maior custo, devido ao elevado tempo de processo (SIMÕES et. al.,

2010; SILVEIRA et.al., 2012).

A extração por arraste a vapor, como a hidrodestilação, é a principal

metodologia aplicada na obtenção de óleos essenciais, porém ocorre a trivial

formação de artefatos já que é realizada em meio aquoso e a altas temperaturas, o

que pode promover reações de hidrólise, rearranjos, isomerizações e oxidações.

Além dessa desvantagem, podem ocorrer perdas de substâncias altamente voláteis,

de baixo peso molecular ou daquelas que estão em pequenas quantidades nas

Page 55: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

54 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

matrizes vegetais, como também essa metodologia requer um longo tempo para

extração (SOUZA; MELO; LOPES, 2012).

3.6. Considerações gerais sobre Flavonoides

Os flavonoides representam um dos grupos fenólicos mais importantes e

diversificados entre os produtos de origem natural. Essa classe de compostos é

amplamente distribuída no reino vegetal (SIMÕES et.al., 2010), estando presentes

na maioria das plantas, concentrados em sementes, frutos, cascas, raízes, folhas e

flores (DORNAS et.al., 2007).

Os flavonoides apresentam-se em diversas formas estruturais. A maioria dos

representantes desta classe possui 15 átomos de carbono em seu núcleo

fundamental (SIMÕES et.al., 2010).

Nas plantas os flavonoides desempenham funções como proteção contra

incidência de raios ultravioleta e visível, proteção contra insetos, fungos, vírus,

bactérias, antioxidantes, agentes alelopáticos, dentre outros. Já foram identificados

mais de 4.200 flavonoides diferentes. O interesse econômico pelos flavonoides

consiste na possibilidade de utilizá-los como pigmento e para conferir valor

nutricional a alguns alimentos. Atividades biológicas dos flavonoides têm sido

reportadas, como antiviral, anti-inflamatória, antioxidante e antitumoral (SIMÕES

et.al., 2010).

Flavonoides geralmente ocorrem em plantas como derivados glicosilados, e

que contribuem para as cores brilhantes de azul, púrpura, e laranja, em folhas, flores

e frutos. (PIETTA, 2000).

Os flavonoides são sintetizados em plantas e participam da fase luz-

dependência durante a fotossíntese, no qual catalisam o transporte de elétrons. Eles

são sintetizados a partir de aminoácidos aromáticos, fenilalanina e tirosina, em

conjunto com unidades de acetato. A fenilalanina e a tirosina dão origem ao ácido

cinâmico e ao ácido parahidroxicinâmico, respectivamente, que mediante

condensação com unidades de acetato, originam a estrutura cinamoil dos

flavonoides (MIDDLETON; KANDASWAMI; THEOHARIDES, 2000).

Subsequentemente derivados glicosilados ou sulfatados são formados (MARTINEZ-

FLÓREZ et.al., 2002).

Page 56: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

55 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Os flavonoides são biossintetizados por meio de uma combinação do ácido

chiquímico e vias acilpolimalonato. Um derivado de ácido cinâmico (fenilpropano),

sintetizado a partir do ácido chiquímico, atua como o composto de partida na síntese

de um policetideo, em que um de três resíduos de acetato adicionais são

incorporadas na estrutura (Figura 8, p.55). Isto é seguido pelo fechamento do anel.

Através de hidroxilações e reduções subsequentes, as plantas são então capazes

de formar diferentes classes de flavonoides (CARLO et. al., 1999).

Figura 8 - Biossíntese dos flavonoides.

Fonte: CARLO et. al., 1999.

São compostos de baixo peso molecular que compartilham um esqueleto

comum de difenilpiranos (C6-C3-C6), constituído por dois anéis fenílicos (A e B),

ligados através de um anel pirano C (heterocíclico). Os átomos de carbono nos

anéis C e A são numerados de 2 a 8, e o anel B de 2 'a 6’ (Figura 9, p.56)

(MARTINEZ-FLÓREZ et.al., 2002).

Page 57: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

56 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 9 - Estrutura básica dos flavonoides.

Os flavonoides são subdividos nas principais classes: flavonas, flavonóis,

chalconas, auronas, flavanonas, flavanas, antocianidinas, leucoantocianidinas,

proantocianidinas e isoflavonas (Figura 10, p.57) (BRAVO, 1998).

Page 58: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

57 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 10 - Principais classes de flavonoides.

Flavona Flavonol Chalcona

Alrona

Aurona Flavana Antocianidina

Leucoantocianidina Isoflavona Protoantocianidina

O

O

O

OH

O

O

O

O

O

O

O

O

OH

OH

O+

OH

O

O

R

O

R

R

H

Page 59: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

58 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Flavonas e flavonóis são de origem biossintética muito próxima. Os flavonóis

são, na verdade, flavonas substituídas na posição C3 por uma hidroxila. Suas

análises, sínteses e reações possuem, por isso, base teórica comum. Apigenina e

luteolina, livres (agliconas) ou conjugadas (heterosídeos), são as flavonas mais

abundantes encontradas nas plantas. Os flavonóis mais encontrados em vegetais

são canferol, quercetina e miricetina (DORNAS et. al., 2007).

Antocianidinas são pigmentos vegetais responsáveis pelas cores laranja, azul,

roxa e tonalidades de vermelho, violeta encontrada em flores, frutos, folhas, caules e

tubérculos de plantas. As chalconas possuem coloração amarelada, e,

quimicamente, não apresentam anel C, enquanto que as auronas podem ser

definidas como cetonas β-insaturadas onde tanto a carbonila quanto as porções

olefínica estão ligadas a grupamentos aromáticos. Já as flavanonas são

intermediárias biossintéticas da maioria das classes de flavonoides. Flavanas,

leucoantocianidinas e proantocianidinas fazem parte de uma classe de flavonoides

nos quais é possível encontrar estruturas oligomerizadas. Isoflavonoides

apresentam uma variação estrutural não somente entre o número e complexidade

dos substituintes, mas também nos níveis de oxidação do anel (DORNAS et. al.,

2007).

Os flavonoides têm sido reconhecidos por possuirem atividades

anti-inflamatória, antioxidante, antialérgico, hepatoprotetor, antitrombótica, antiviral e

anticarcinogênica (MIDDLETON; KANDASWAMI, C; THEOHARIDES, 2000).

A capacidade antioxidante de compostos fenólicos é determinada por sua

estrutura, em particular por hidroxilas que podem doar elétrons e suportar como

resultado a deslocalização em torno do sistema aromático. Outro determinante

estrutural importante é a capacidade antioxidante de flavonoides atribuídas às

hidroxilas em C4 e C3, que atuariam no aumento do potencial antioxidante, e, além

disso, estudos indicam que agliconas, incluindo quercetina, luteolina, miricetina e

canferol têm grande capacidade antioxidante, maior que de flavonoides conjugados,

como a quercetina-3-glicosídica, quercetina e rutina (NOROOZI; ANGERSON;

LEAN, 1998).

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59 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

3.7. Considerações gerais sobre Oximas

Aldeidos ou cetonas reagem com uma amina primária (RNH2) para formar

uma imina. Imina é uma substância com uma ligação dupla carbono-nitrogênio. A

imina obtida de uma reação entre uma substância carbonilada e uma amina primária

é frequentemente denominada de base de Schiff, conforme mostra reação na Figura

11. A imina obtida da reação com hidroxilamina (similar às aminas primárias) é

denominada oxima (BRUICE, 2006).

Figura 11 - Reação de formação da Imina.

Fonte: BRUICE, 2006.

A condensação de aminas primárias com compostos RR'C=O foi

primeiramente relatada por Schiff em 1864 e, desde então, foram realizados um

grande número dessas reações. Quando hidroxilamina e os derivados de O-alquil ou

O-acil são utilizados, dá-se a condensação das oximas, oximas O-alquil ou oximas

O-acil, respectivamente, juntamente com a água como um subproduto. As condições

experimentais dependem principalmente da natureza dos materiais de origem e

alcalinidade do meio de reação. Geralmente, as reações ocorrem a um pH próximo

do neutro (KUKUSHKIN; POMBEIRO, 1999).

Oximas, éteres de oxima e isoxazais são compostos orgânicos que possuem

em sua estrutura átomos de nitrogênio e oxigênio de forma consecultiva. Estas

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60 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

substâncias têm amplas aplicações a nível químico e biológico, algumas das quais

são anti-inflamatória, antifúngica, antibacteriana, anticancerigena e antiviral. A

função oxima é um importante intermediário sintético porque ele pode ser

transformado em grupos orgânicos como carbonilo, amino, nitro e ciano, além disso,

é utilizada como grupo protetor de compostos heterocíclico explorando a sua

conversão para os óxidos de nitrilo ou nitrosoalquenos e intermediários reativos, na

presença alcenos ou alcinos para gerar isoxazais e 1,2-oxazinas. (DIAZ-VELANDIA

et.al., 2011)

3.8. A utilização de métodos espectofotométricos na quantificação de

compostos fenólicos e flavonoides totais

Os métodos colorimétricos são relativamente simples e baseiam-se nas

mudanças de colorações que ocorrem em uma determinada amostra. As análises

espectrofotométricas baseiam-se em diversos princípios e podem ser empregadas

para quantificação de vários grupos estruturais.

3.8.1. Quantificação de fenóis

A quantificação espectrométrica de compostos fenólicos é realizada por meio

de uma variedade de técnicas, todavia, a que utiliza o reagente de Folin-Ciocalteu

figura está entre as mais extensivamente utilizadas (SOUSA et. al., 2007).

A determinação quantitativa dos compostos fenólicos usando o reagente de

Folin-Ciocalteu (F-C) é um método bastante utilizado. Ela envolve a oxidação em

solução alcalina de fenóis pelo reagente heteropoliânion molibdotungstofosfórico

amarelo e medição colorimétrica do composto resultante azul molibdotungstofosfato.

Estes pigmentos azuis tem um máximo de absorção dependendo da composição de

misturas de fenóis qualitativa e/ou quantitativa além do pH da soluções, usualmente

obtido pela adição de carbonato de sódio. (CICCO et.al., 2009).

O reagente de Folin-Ciocalteau é uma solução de íons complexos poliméricos

formados a partir de heteropoliácidos fosfomolibdicos e fosfotungsticos. Este

reagente oxida os fenolatos, reduzindo os ácidos a um complexo azul Mo-W.

(NEVES; ALENCAR; CARPES, et.al., 2009). O que ocorre é que inicialmente o

molibdênio e o tungstênio encontram-se no estado de oxidação 6+ porém, em

presença de certos agentes redutores, como os compostos fenólicos, formam-se os

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61 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

chamados molibdênio azul e tungstênio azul, nos quais a média do estado de

oxidação dos metais está entre 5 e 6 e cuja coloração permite a determinação da

concentração das substâncias redutoras, que não necessariamente precisam ter

natureza fenólica (SOUSA et. al., 2007).

A desprotonação dos compostos fenólicos (no exemplo, o padrão ácido

gálico) em meio básico, gerando os ânions fenolatos, sendo que ocorre uma reação

de oxirredução entre o ânion fenolato e o reagente de Folin, na qual, o molibdênio,

componente do reagente de Folin, sofre redução e o meio reacional muda de

coloração amarela para azul, conforme mostra a Figura 12 (OLIVEIRA et.al., 2009).

Figura 12 - Reação do ácido gálico com molibdênio.

Fonte: OLIVEIRA et.al., 2009.

3.8.2. Quantificação de flavonoides

Segundo Marques e colaboradores (2012), diversas técnicas são empregadas

para o doseamento de flavonoides em materiais vegetais, uma delas, a

espectrofotometria de absorção na região do ultravioleta-visível (UV-Vis) alcança

grande destaque devido a sua simplicidade, rapidez, baixo custo de execução e

ampla disponibilidade. Embora extremamente utilizada, a pouca seletividade tem

sido um dos maiores desafios dessa técnica para análise de matrizes complexas

como os extratos vegetais, pois a espectrofotometria direta pode ocasionar

sobreposição das bandas, impedindo a absorção do componente de interesse.

Decorrente disso, para obtenção dos espectros dos flavonoides sem a interferência

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62 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

de outros compostos fenólicos, comumente se emprega o método colorimétrico com

cloreto de alumínio (AlCl3) para tratamento das amostras a serem analisadas. Isto

porque o cátion Al3+ forma complexos estáveis com as hidroxilas livres dos

flavonoides (Figura 13, p.62), ocasionando extensão do sistema conjugado e,

consequentemente, um desvio batocrômico, ou seja, um deslocamento dos seus

máximos de absorção para regiões de maior comprimento de onda.

Figura 13. Esquema representativo da complexação de flavonoides com os íons Al3+.

Fonte: POZZI, 2007 apud MABRY, 1970.

3.9. Atividade antioxidante

Os radicais livres desempenham papel importante no organismo, mas o efeito

cumulativo desses radicais está implicado em doenças, tais como câncer,

ateroscleroses, isquemia cerebral e envelhecimento (SILVA et.al., 2006).

Eles se formam em um gama de reações de óxido-redução, no entanto, podem

ceder o elétron solitário, oxidando-se, ou podem receber outro elétron, reduzindo-se,

como o que ocorre com o radical superóxido (O2) que apresenta um baixa

capacidade de oxidação. Portanto, os radicais livres podem provocar ou serem

resultados dessas reações de óxido-redução. O radical OH• apresenta uma alta

capacidade de difusão e por isso, é o mais reativo na indução de lesões nas

moléculas celulares (FERREIRA; MATSUBARA, 1997).

Ainda segundo Ferreira e Matsubara (1997), espécies reativas de oxigênio

(EROs) são encontradas em todos os sistemas biológicos e geradas naturalmente

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63 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

nos organismos pelo processo metabólico normal. Em condições fisiológicas do

metabolismo celular aeróbio, o O2 sofre redução tetravalente, com aceitação de

quatro elétrons, resultando na formação de H2O (Figura 14, p.63). Durante esse

processo, são formados intermediários reativos, sob a forma de radical superóxido

(O2-•), radical hidroperoxila (HO2

•), radical hidroxila (OH•) e peróxido de hidrogênio

(H2O2).

Figura 14 - Redução tetravalente do oxigênio molecular (O2) na mitocôndria até a formação

de água (H2O). Várias espécies reativas de O2 são formadas no processo.

.Fonte: FERREIRA, MATSUBARA, 1997.

As EROs causam danos ao DNA ou podem oxidar lipídios e proteínas. Elas

atacam as cadeias de ácidos graxos poliinsaturados dos fosfolipídios e do colesterol,

abstraindo um hidrogênio do grupo metileno bis-alílico, iniciando assim o processo

de peroxidação lipídica nas membranas celulares. Os radicais de carbono formados

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64 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

podem reagir com oxigênio originando radicais peroxila, que por sua vez podem

atacar novas cadeias de ácidos graxos poliinsaturados, propagando a reação. O

resultado deste processo é a oxidação de várias moléculas de ácidos graxos

(SOUSA et. al., 2007).

Uma ampla definição de antioxidante é “qualquer substância que, presente em

baixas concentrações quando comparada a do substrato oxidável, atrasa ou inibe a

oxidação deste substrato de maneira eficaz” (SIES; STAHL, 1995). Os radicais

formados a partir de antioxidantes não são reativos para propagar a reação em

cadeia, sendo neutralizados por reação com outro radical, formando produtos

estáveis ou podem ser reciclados por outro antioxidante (SOUSA et. al., 2007).

Antioxidantes são substâncias que retardam a velocidade da oxidação, através

de um ou mais mecanismos, tais como inibição de radicais livres e complexação de

metais. Eles podem ser sintéticos ou naturais e, para serem utilizados em alimentos,

devem ser seguros para a saúde. Alguns dos antioxidantes sintéticos mais

importantes são hidroxianisol de butila (BHA) e o hidroxitolueno de butila (BHT) e

entre os naturais destacam-se ácido ascórbico, vitamina E e o β-caroteno. Os

compostos fenólicos também são potentes antioxidantes, podendo agir como

redutores de oxigênio simpleto, atuando nas reações de oxidação lipídica, assim

como na quelação de metais. (DUARTE-ALMEIDA et. al., 2006).

A atividade antioxidante de compostos fenólicos deve-se principalmente às

suas propriedades redutoras e estrutura química. Estas características

desempenham um papel importante na neutralização ou sequestro de radicais livres

e quelação de metais de transição, agindo tanto na etapa de iniciação como na

propagação do processo oxidativo. Os intermediários formados pela ação de

antioxidantes fenólicos são relativamente estáveis, devido à ressonância do anel

aromático presente na estrutura destas substâncias. (SOUSA et. al., 2007). No

grande grupo dos compostos fenólicos, os flavonoides e os ácidos fenólicos são os

que mais se destacam e, são considerados os antioxidantes fenólicos mais comuns

de fontes naturais. Estas substâncias apresentam-se amplamente distribuídas no

reino vegetal. (BROINIZI et.al., 2007)

Antioxidantes que sequestram os radicais livres, tanto previnem como

apresentam alto potencial terapêutico em doenças que apresentam estes radicais.

Estas observações levam à busca de novos potenciais antioxidantes derivados de

plantas utilizadas na medicina popular. (SILVA et.al., 2006).

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65 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Diversas técnicas têm sido utilizadas para determinar a atividade antioxidante

in vitro, de forma a permitir uma rápida seleção de substâncias e/ou misturas

potencialmente interessante na prevenção de doenças crônico-degenerativas.

Dentre estes métodos destacam-se o sistema de co-oxidação do β-caroteno/ácido

linoléico e o método de sequestro de radicais livres, tal como o DPPH• (2,2-difenil-1-

picrilhidrazila) (Figura 15, p. 66) (DUARTE-ALMEIDA et. al., 2006). Este último é um

dos mais amplamente utilizado para avaliar a atividade antioxidante de extratos de

plantas, alimentos e compostos individuais, graças à sua estabilidade e pela

facilidade. Este ensaio baseia-se na medição da capacidade de redução de

antioxidantes em relação ao radical DPPH, por medição do decréscimo da sua

absorvância. DPPH• é um radical estável, orgânico e nitrogenado, sendo disponível

comercialmente, o qual reage com compostos doadores de hidrogênio/elétrons e

tem um máximo de absorção de UV-Vis, dentro do intervalo de 515-520 nm. Após a

redução, a solução radicalar torna-se descolorada de acordo com o número de

elétrons emparelhados, e o progresso da reação é convenientemente monitorado

por um espectrofotômetro (CHEN; BERTIN; FROLDI, 2013).

Durante a reação, o DPPH• com um elétron de valência não emparelhado

ligado a um átomo de nitrogênio, é reduzido por um átomo de hidrogênio a partir de

um antioxidante. (DAWIDOWICZ; WIANOWSKA; OLSZOWY, 2012). Assim, a

transferência de elétrons de um composto antioxidante para um radical livre, o

DPPH•, que ao se reduzir perde sua coloração púrpura. Desta forma, avalia apenas

o poder redutor do antioxidante, que ao doar um elétron se oxida, e por este motivo

não detecta substâncias pró-oxidantes (DUARTE-ALMEIDA et. al., 2006).

Este método é considerado, do ponto de vista metodológico, um dos mais

fáceis, precisos e reprodutivos na avaliação da atividade antioxidante de sucos de

frutas, extratos vegetais e substâncias puras, tais como flavonoides e terpenoides

(ALVES et. al., 2010). Entretanto, o DPPH• pode ser dissolvido num meio orgânico

(especialmente em meio alcoólico), mas não em meios aquosos, o que é uma

limitação importante ao interpretar o papel dos antioxidantes hidrofílicos (ARNAO,

2000).

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66 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 15 - Forma radicalar (1) e não radicalar (2) do DPPH.

Fonte: ALVES et. al., 2010.

O método de co-oxidação do β-caroteno/ácido linoleico (Figura 16, p.65)

permite avaliar a capacidade de uma determinada substância prevenir a oxidação do

β-caroteno, protegendo-o dos radicais livres gerados durante a peroxidação do ácido

linoleico. A reação pode ser monitorada espectrofotometricamente pela perda da

coloração do β-caroteno em 470 nm (ALVES et. al., 2010).

Os carotenóides podem descorar via auto-oxidação induzida por luz, calor ou

por radicais peroxilas. Esse processo pode ser diminuido ou prevenido por

antioxidantes que doam átomos de hidrogênio para estabilizar os radicais livres.

Portanto este método determina o potencial de uma amostra ou composto em

proteger um substrato lipídico da oxidação (PRIOR; WU; SHAICH, 2005).

Figura 16 - Estrutura do β-caroteno (16a) e do ácido linoleico (16b).

Fonte: ALVES et. al., 2010.

Esse método se difere dos demais, pois a matriz de reação é uma emulsão. O

comportamento de muitos antioxidantes pode mudar ante o meio em que se

16a

16b

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67 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

encontram. Em emulsões óleo em água observa-se maior eficácia protetora de

antioxidantes lipofílicos. Já em sistemas lipídicos, antioxidantes hidrofílicos

apresentam melhor atividade. A esse fenômeno dá-se o nome de “paradoxo polar’’

(Figura 17, p.67). Isso acontece, pois no óleo, os antioxidantes hidrofílicos são

orientados para a interface óleo-ar, promovendo melhor proteção quando

comparados aos lipofílicos que ficam solubilizados no óleo. Ao contrário, em

emulsões, os lipofílicos são mais protetivos por serem direcionados na interface

óleo-água (MELO, 2010 apud KIOKIAS; VARZACAS; OREOPOULOU, 2008).

Figura 17 - Distribuição interfacial dos antioxidantes em um sistema contendo óleo (à esquerda) e emulsão óleo em água (à direita).

Fonte: MELO, 2010 apud KIOKIAS; VARZACAS; OREOPOULOU, 2008.

É um teste simples e sensível, e por não utilizar altas temperaturas permite a

determinação da atividade antioxidante de substâncias termossensíveis, porém

apresenta alguns inconvenientes. A utilização do meio emulsionado, por exemplo,

interfere nos valores de absorbância causando baixa reprodutibilidade, e a interação

do β-caroteno com o oxigênio proveniente do meio dificulta a interpretação dos

resultados. (ALVES et. al., 2010).

3.10. Atividade fotoprotetora

O Sol é essencial para a vida na Terra e seus efeitos sobre o homem

dependem das características individuais da pele exposta, intensidade, frequência e

tempo de exposição, que por sua vez dependem da localização geográfica, estação

do ano, período do dia e condição climática. Estes efeitos trazem benefícios ao ser

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68 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

humano, como sensação de bem-estar físico e mental, estímulo à produção de

melanina com consequente bronzeamento da pele, tratamento de icterícia (cor

amarela da pele e do branco dos olhos de bebês, causada pelo excesso de

bilirrubina no sangue), etc. Porém, a radiação solar também pode causar prejuízos

ao organismo, caso não se tome os devidos cuidados quanto à dose de radiação

solar recebida. (FLOR; DAVOLOS; CORREA, 2007).

O espectro eletromagnético da radiação solar compreende desde os curtos

raios cósmicos, até as longas ondas de rádio. A radiação não ionizante compreende

a ultravioleta (UV), com comprimento de onda entre 100 e 400 nm, a luz visível, de

400 a 800 nm, e a infravermelha, de 800 a 1700 nm, como mostrado na Figura 18. A

radiação ultravioleta é a principal responsável pelos fotodanos cutâneos (ARAÚJO;

SOUZA, 2008).

Figura 18 - Radiação solar não-ionizante.

Fonte: ARAÚJO; SOUZA, 2008.

As UV, extremamente energéticas, são divididas em radiações ultravioleta A

(UVA), longas; ultravioleta B (UVB), medianas; e ultravioleta C (UVC), curtas. A

radiação UVA, menos energética, estende-se de 320 a 400 nm e ocorre durante

todo o dia, provocando danos mais leves e crônicos; caracteriza-se por não produzir

eritema, por apresentar fraca ação bactericida, por ser pigmentógena e por ser

responsável pelo bronzeamento imediato e de curta duração. Já a radiação UVB, de

290 a 320 nm, é predominante entre 10 e 14 horas e causa danos agudos, como

queimaduras, sendo eritematógena, promovendo o bronzeamento tardio e de longa

duração e sendo responsável pela transformação do ergosterol em vitamina D. No

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69 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

entanto, a radiação UVC (mais energética), que se estende de 100 a 290 nm, é

absorvida pela atmosfera, via camada de ozônio. (SOUZA et.al., 2005).

Protetores solares (ou filtros UV) são substâncias capazes de absorver a

radiação UV e, assim, isolar a pele humana da exposição direta aos comprimentos

de onda nocivos da luz solar. (GIOKAS et.al., 2005).

Os filtros solares podem ser classificados em dois grupos: físicos e químicos.

Filtros solares físicos ou inorgânicos, geralmente são produtos de origem mineral,

que se apresentam na forma de pós inertes e insolúveis no meio. Quando aplicados

sobre a pele, formam uma barreira física e promovem a reflexão, dispersão em

outras direções ou absorção da radiação ultravioleta (VIOLANTE et.al., 2009).

Os filtros solares químicos ou orgânicos são, geralmente, compostos

aromáticos com um grupo carbonila (ou parte de uma cetona ou um éster) e um

substituto liberador de elétrons (normalmente grupo amina ou metóxi) na posição

orto ou para do anel benzênico. (VIOLANTE et.al., 2009). Ao absorver a radiação

UV, os elétrons situados no orbital π HOMO (orbital molecular preenchido de mais

alta energia) são excitados para orbital π* LUMO (orbital molecular vazio de mais

baixa energia) e, ao retornarem para o estado inicial, o excesso de energia é

liberado em forma de calor. As transições eletrônicas que estão envolvidas durante a

absorção da luz UV ocorrem entre a diferença de energia HOMO – LUMO (ARAÚJO;

SOUZA, 2008).

Flavonoides, antocianinas e derivados do ácido cinâmico absorvem na região

do UV, sugerindo a hipótese de filtração desta radiação (RAMOS; SANTOS;

DELLAMORA-ORTIZ, 2010).

De acordo com Markhan e colaboradores (1998), uma das estratégias que as

plantas desenvolveram para se proteger contra os efeitos nocivos da radiação

ultravioleta é a filtração UV através da produção de pigmentos de absorção UV, tais

como os flavonoides.

Assim, uma das tendências do mercado cosmético é o desenvolvimento de

produtos com o maior número de componentes de origem natural, especialmente os

de origem vegetal, explorando de forma racional a biodiversidade. A incorporação de

ativos naturais em produtos cosméticos tem sido uma prática corrente, pois há

grande interesse tanto do mercado nacional quanto do internacional pelos mesmos,

principalmente se a matéria-prima apresenta estudos científicos comprovando a

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70 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

segurança e eficácia além do comprometimento com o desenvolvimento sustentável.

(FERRARI et.al., 2007).

3.11. Atividade antibacteriana

O uso constante de antibióticos tem provocado uma série de problemas

dentre os quais se destacam o desequilíbrio da ecologia humana e a resistência

microbiana, fazendo com que se busquem novos antibióticos que sejam eficazes,

abrindo caminhos para a evolução das pesquisas, pois o desenvolvimento de

qualquer novo antimicrobiano vem acompanhado pela resistência dos

microrganismos. A emergência de patógenos resistentes é uma ameaça a esses

avanços (ANTUNES et.al., 2006).

Isso fez com que a pesquisa de novas substâncias úteis para combater

infecções, tanto em fontes animais como vegetais, fosse intensificada. Neste

sentido, o uso de plantas medicinais sob formas de extrato e fitofármacos, ganhou

importância na terapêutica atual (FRANCO et.al., 2005).

A fim de se adaptar às agressões ambientais, as plantas produzem um vasto

número de produtos naturais que têm potencial antimicrobiano e imunomodulador.

Estes incluem isoflavonoides, indois, fitoesterois, polissacarídeos, sesquiterpenos,

alcaloides, glucanas, taninos, uma variedade de vitaminas e minerais e muitas

outras substâncias fitoquímicas. (WILLIAMS, 2001).

A atividade biológica de plantas medicinais tem sido objeto de intensa

investigação científica. Plantas superiores e aromáticas são amplamente utilizadas

na medicina popular, uma vez que apresentam amplo espectro de atividade e

inibição comprovada contra bactérias e fungos. (DUARTE et.al., 2004).

Várias pesquisas vêm sendo desenvolvidas e direcionadas no descobrimento

de novos agentes antimicrobianos provenientes de extratos de plantas e outros

produtos naturais, para serem aplicados em produtos farmacêuticos e cosméticos.

Atualmente, existem vários métodos para avaliar a atividade antibacteriana e

antifúngica dos extratos vegetais. Um dos mais conhecidos inclui o método de

microdiluição. Para determinar a Concentração Mínima Bactericida (CMB) de

extratos ativos de plantas, tem-se utilizado um método sensível de microdiluição

desenvolvido por Eloff em 1998. (OSTROSKY et. al., 2008).

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71 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Ainda segundo Ostrosky e colaboradores (2008), a microdiluição utiliza

microplacas com 96 poços, com volume de meio de cultura entre 0,1 e 0,2 mL. Eloff

(1998) utilizou a técnica de diluição em microplacas para verificar a atividade

antimicrobiana em extratos vegetais e observou inconvenientes na técnica, tais

como células de alguns microrganismos que se aderiam à base do poço, enquanto

as de outros permaneciam em suspensão. Ainda, compostos presentes em alguns

extratos precipitavam, e a coloração verde da clorofila em concentração muito alta

interferia na análise. Todavia, concluiu que o método de microplacas é barato, tem

reprodutibilidade, é 30 vezes mais sensível que outros métodos usados na literatura,

requer pequena quantidade de amostra, pode ser usado para grande número de

amostras e deixa um registro permanente.

Segundo Alves (2008), atualmente o método de diluição é usado para

determinar a concentração mínima de um agente necessário para inibir ou matar um

microrganismo. Os agentes antimicrobianos são geralmente testados em diluições

consecutivas, e a menor concentração capaz de inibir o crescimento de um

organismo é considerada como a Concentração Inibitória Mínima (CIM). As CIM’s

são consideradas excelentes ferramentas para determinar a susceptibilidade dos

organismos aos antimicrobianos e, portanto, usadas para julgar a performance de

todos os outros métodos de susceptibilidade. Nos laboratórios de diagnóstico, as

CIM’s são também usadas como uma ferramenta de pesquisa para determinar a

atividade in vitro de novos antimicrobianos.

A técnica de microdiluição é denominada “microdiluição”, porque envolve o

uso de pequenos volumes de caldo colocados em placas de 80, 96 ou mais poços

de fundo redondo ou cônico estéreis, próprias para microdiluição. As placas de

microdiluição inoculadas devem ser incubadas a 35 °C por 16-24 h. Os fatores

primários que influenciam nos valores de CIM no método de diluição em caldo são a

sensibilidade do organismo, o diluente utilizado, o estágio e a taxa de crescimento

bacteriano (ALVES et. al., 2008).

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(Euphorbiaceae)

4. MATERIAL E MÉTODOS

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73 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

4.1. Coleta do material vegetal

O material vegetal (folhas) foi coletado no Centro de Recuperação de Áreas

Degradadas - CRAD/UNIVASF - (09º19’32,60’’ S, 040º32’51,20º W) no município de

Petrolina, no estado de Pernambuco no mês de março de 2012. A identificação

botânica foi realizada pelo Prof. Dr. José Alves de Siqueira Filho, sendo a exsicata

(Figura 19, p.73) depositada no Herbário da UNIVASF (HVASF) da cidade de

Petrolina com número de tombo #14316.

Figura 19 - Exsicata nº # 14316 de Jatropha mutabilis (Pohl.) Baill.

Page 75: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

74 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

4.2. Fases no desenvolvimento da pesquisa

Fluxograma 1 - Resumo geral da metodologia da pesquisa.

Material vegetal

(folhas)

Secagem do

material e

pulverização

Maceração

com etanol

Extrato etanólico

bruto (EEB)

Partição liquido-liquido

Fases:

Hexânica

Clorofórmica

Acetato de etila

Separação das substâncias

por técnicas cromatográficas Compostos

isolados

Triagem

fitoquímica

preliminar

Avaliação das

atividades

antioxidante,

fotoprotetora e

antibacteriana

Identificação por

técnicas

espectrométricas

Investigação de

possível atividade

biológica in vitro

Preparar derivado

químico a partir de

composto isolado

Page 76: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

75 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

4.3. Processamento do material vegetal de J.mutabilis

4.3.1 Obtenção do extrato etanólico bruto (Jm-EEB)

As folhas coletadas (1520,00 g) foram submetidas à secagem em estufa com

circulação de ar a 40 ºC por 8 (oito) dias consecutivos. Após a retirada da umidade,

o material foi pulverizado em moinho mecânico, fornecendo 309,50 g de folhas. As

folhas secas e pulverizadas foram maceradas à temperatura ambiente com álcool

etílico a 95 % em recipiente de aço inoxidável, sendo realizadas 3 (três) extrações

num intervalo de 72 horas entre cada extração. A solução extrativa foi concentrada

em evaporador rotativo sob pressão reduzida a uma temperatura de

aproximadamente 50 ºC, obtendo-se 56,05 g de extrato etanólico bruto (Jm-EEB).

Uma pequena quantidade deste foi reservada para a avaliação fitoquímica preliminar

e para as atividades in vitro.

4.3.2 Fracionamento de Jm-EEB

O Jm-EEB foi solubilizado em uma mistura de metanol e água, MeOH:H2O

(3:7, v/v), sob agitação mecânica por 40 minutos para homogeneização, resultando

na formação da solução hidroalcóolica I. Esta foi submetida a uma partição do tipo

líquido/líquido em funil de decantação com o solvente hexano. A mistura anterior foi

agitada, sendo em seguida colocada em repouso para promoção da decantação.

Após este processo físico, duas fases foram observadas e coletadas em recipientes

separados, a fase hexânica (Jm-Hex) e a solução hidroalcóolica II. Uma nova

partição foi feita com esta solução e o solvente clorofórmio, resultando nas fases

clorofórmica (Jm-CHCl3) e solução hidroalcóolica III. Com esta última foi feita uma

partição com o solvente acetato de etila, obtendo-se a fase acetato de etila (Jm-

AcOet).

Às fases obtidas foram adicionadas pequenas quantidades de um agente

dessecante, o sulfato de sódio anidro (Na2SO4), intercalando-se vigorosa agitação.

Em seguida, as fases foram filtradas e concentradas em evaporador rotativo sob

pressão reduzida a uma temperatura em torno de 50 ºC. Este procedimento resultou

na obtenção das fases Jm-Hex (14,59 g), Jm-CHCl3 (1,82 g) e Jm-AcOet (3,93 g). O

Fluxograma 2 apresenta o procedimento descrito anteriormente.

Page 77: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

76 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Fluxograma 2 - Fracionamento do extrato etanólico bruto (Jm-EEB).

4.4. Prospecção Fitoquímica preliminar

Foi realizada uma triagem fitoquímica utilizando placas de camada fina de

sílica gel 60 F254 com suportes de alumínio da MERCK. O Jm-EEB e as fases foram

solubilizados em clorofórmio e aplicados nas placas com o auxílio de um tubo

capilar. Assim, tocou-se a extremidade do tubo na superfície da fase estacionária e o

líquido foi transferido por capilaridade para a superfície da placa. Posteriormente,

tais placas foram eluídas em diferentes sistemas de solventes, tal como descrito por

Sobrinho e colaboradores (2012), conforme expresso na Tabela 1.

Material vegetal

pulverizado

(309,50 g)

EEB (56,50 g)

Solução

hidroalcoolica I

Fase hexânica (14,59 g) Solução

hidroalcoolica II

Solubilização MeOH:H2O (3:7) e

agitação mecânica por 40 min

Extração com hexano

Partição em funil de decantação

Tratamento com

Na2SO4, filtração e

concentração em

rota evaporador.

Fase clorofórmica (1,82 g) Solução

hidroalcoolica III

Fase acetato de etila (3,93 g) Solução

hidroalcoolica IV

Tratamento com Na2SO4,

filtração e concentração

em rota evaporador.

Tratamento com Na2SO4,

filtração e concentração

em rota evaporador.

Extração com clorofórmio

Partição em funil de decantação

Extração com acetato de etila

Partição em funil de decantação

Page 78: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

77 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Tabela 1 - Sistemas de eluição e reveladores utilizados para a caracterização de metabólitos secundários de extratos de folhas de Jatropha mutabilis por CCD.

Fitoquímica Sistema de eluição Revelador

Alcalóides Tolueno: acetato de etila: dietilamina

(70:20:10, v/v)

Reagente de

Dragendorff

Derivados

Antracênicos

acetato de etila: metanol: água

(100:13,5:10, v/v)

Reagente KOH

etanólico 10%

Cumarinas Tolueno: éter etílico (1:1 saturado com

ácido acético 10%, v/v)

Reagente KOH

etanólico 10%

Flavonoides e

taninos

acetato de etila: ácido fórmico: ácido

acético glacial: água (100:11:11:26, v/v) Reagente de NEU

Lignanas Clorofórmio: metanol: água (70:30:4, v/v) Reagente de vanilina

fosfórica

Mono e

diterpeno Tolueno: acetato de etila (93:7, v/v)

Reagente de vanilina

sulfúrica

Naftoquínonas Tolueno: ácido fórmico (99:1, v/v) Reagente KOH

etanólico 10%

Triterpenos e

esteroides

Tolueno: clorofórmio: etanol (40:40:10,

v/v)

Reagente de

Lieberman-Burchard

4.5. Isolamento e purificação de Jm-1

Durante a concentração da Jm-AcOet em rota evaporador, ocorreu a

formação de um precipitado (Jm-1) de coloração amarelada no fundo do balão. O

concentrado desta fase foi solubilizado em acetato de etila enquanto que o

precipitado já citado ficou aderido às paredes do balão, sendo posteriormente

solubilizado parcialmente em metanol e submetido a uma sonicação em aparelho de

ultrassom para desprender o precipitado do recipiente. O Jm-1 (0,73 g) só foi solúvel

completamente no solvente DMSO.

Page 79: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

78 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

4.6. Fracionamento cromatográfico de Jm-Hex

Inicialmente, a fase hexânica (7,00 g) foi cromatografada em coluna,

utilizando sílica gel 60 como fase estacionária e como eluentes, hexano, clorofórmio,

acetato de etila e metanol, isoladamente ou em misturas binárias de solventes,

seguindo-se um gradiente crescente de polaridade, conforme demonstrado na

Tabela 2. Ao todo, foram coletadas 229 frações de 100 mL cada.

Tabela 2 - Dados do fracionamento cromatográfico de Jm-Hex.

Fração Sistema de solvente Proporção

1-14 Hexano 100

15-19 Hexano : CHCl3 95:5

20-47 Hexano : CHCl3 90:10

48-57 Hexano : CHCl3 80:20

58-61 Hexano : CHCl3 50:50

62-66 Hexano : CHCl3 30:70

67-98 CHCl3 100

99-157 CHCl3 : AcOet 80:20

158-179 CHCl3 : AcOet 60:40

180-186 CHCl3 : AcOet 40:60

187-198 AcOet 100

199-212 AcOet : MeOH 97:3

213-219 AcOet : MeOH 93:7

220-221 AcOet : MeOH 90:10

222-229 MeOH 100

Todas as frações foram submetidas à cromatografia em camada delgada

analítica (CCDA) sendo analisadas e reunidas de acordo com o perfil

cromatográfico, e quando necessário, as placas foram reveladas com vanilina

sulfúrica 1% sob aquecimento.

Page 80: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

79 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

As frações 209 a 216 foram reunidas de acordo com a sua semelhança do

perfil cromatográfico e lavadas com metanol, resultando em uma fase solúvel

(sobrenadante) e em uma fase insolúvel (precipitado). Este precipitado possuía

coloração branca em forma de placas que quando monitorado em CCDA e revelado

com vanilina apresentou-se pura que posteriormente foi identificada como sendo a

substância Jm-2 (0,03 g) (Fluxograma 3).

Fluxograma 3 - Fluxograma da obtenção de Jm-2.

4.7. Métodos de análise

4.7.1. Métodos cromatográficos

Para cromatografia de adsorção em coluna (CC) foi utilizada sílica gel 60 (70-

230 mesh, ASTM) de partículas com dimensões entre 0,063-0,200 mm (MERCK),

tendo como suporte colunas de vidro cilíndricas cujas dimensões variaram de acordo

com a quantidade de amostra a ser cromatografada. Para cromatografia em camada

delgada (CCD), foi usada sílica gel 60 PF254 (MERCK). As frações foram

Jm-Hex (7,00 g)

229 frações

(100 mL)

Frações 209-216

(100 mL)

Jm-2

(0,03 g)

CC

Hexano, CHCl3, AcOet e MeOH

CCDA

Hexano, CHCl3, AcOet e MeOH

Lavagem com MeOH

Page 81: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

80 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

monitoradas por cromatografia em camada delgada analítica (CCDA) da Silicycle

TLC – Aluminum F254, determinando-se a pureza da amostra quando observada uma

única mancha, sendo que a revelação das substâncias foi executada pela exposição

das placas em câmara de irradiação ultravioleta (254 e 366 nm). As placas foram

eluídas em sistemas de solventes distintos. Como eluentes foram utilizados os

solventes hexano, clorofórmio, acetato de etila e metanol, isoladamente ou em

misturas binárias, em gradiente crescente de polaridade.

4.7.2. Métodos espectrofotométricos

Para execução dos métodos espectrofotométricos foi utilizado o

espectrofotômetro Quimis (Q798U2M) de monofeixe, operando em uma faixa de

trabalho de 190 a 1000 nm. Este método é utilizado para determinar a concentração

de uma amostra utilizando a técnica da espectrofotometria ou colorimetria, a qual

consiste na determinação da concentração de uma solução a partir da coloração

apresentada por ela, já que a intensidade da cor é proporcional à quantidade da

substância sobre a qual agiu o reativo. O espectrofotômetro mede a quantidade de

luz absorvida pela amostra comparando a intensidade de luz emitida pela fonte com

a intensidade de luz que emerge da amostra.

A lei de Beer diz que para as radiações monocromáticas, a absorbância A é

diretamente proporcional ao comprimento do caminho b através do meio e à

concentração c das espécies absorventes. Esta relação é dada por:

A = abc

Em que a é uma constante de proporcionalidade (SKOOG; HOLLER;

NIEMAN, 2002).

4.7.3. Métodos espectrométricos

Os espectros de Ressonância Magnética Nuclear de 1H (RMN de 1H) e

Ressonância Magnética Nuclear de 13C (RMN de 13C), uni e bidimensionais foram

obtidos em espectrômetros Bruker NMR (DPX 300), operando na frequência do

hidrogênio a 300 MHz e do carbono a 75 MHz. As amostras para análise foram

preparadas dissolvendo-se pequena quantidade das mesmas nos solventes

deuterados dimetilsulfóxido-d6 (DMSO-d6) e piridina (C5D5N).

Page 82: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

81 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Os deslocamentos químicos (δ) foram referenciados para RMN de 1H pelos

picos característicos dos hidrogênios pertencentes às frações não deuteradas

destes solventes em relação ao TMS: DMSO (δH = 2,49) e piridina: (δH = 7,0-9,0).

As multiplicidades das bandas de RMN 1H foram indicadas segundo as

convenções: s (simpleto), d (dupleto), dd (duplo dupleto), t (tripleto), q (quarteto), m

(multipleto).

A espectroscopia no infravermelho com transformada de Fourier (IV-TF) foi

utilizada para análise e comparação dos espectros das substâncias Jm-1 e Jm-1-Ox.

Os espectros foram obtidos em espectrômetro, sendo as amostras preparadas em

pastilhas de KBr. Assim, 0,10 g de KBr foram misturados a 0,005 g da amostra sob

análise e prensados em um pastilhador a uma pressão de 40 N. A pastilha resultante

foi analisada em um FTIR-IR Prestige-21 Shimadzu e os espectros consideraram a

linha de base a resposta de pastilhas puras de KBr.

4.8. Método de extração de óleo essencial

As folhas (1.300,00 g) foram coletadas no Centro de Recuperação de Áreas

Degradadas (CRAD/UNIVASF) no município de Petrolina/PE no mês de agosto de

2013. Para obtenção do óleo essencial utilizou-se o equipamento tipo Clevenger

(Marconi, modelo MA480) através do método de extração por arraste de vapor

d’água, hidrodestilação, durante 2 horas. Ao término deste tempo, observou-se no

tubo graduado do aparelho a formação de duas fases, sendo uma aquosa e outra

oleosa. Estas fases foram coletadas em recipientes distintos, obtendo-se 0,0051 g

de óleo (0,00039% m/m), sendo este armazenado em frasco âmbar e mantidos em

temperatura inferior a 4 °C.

A caracterização química do óleo foi realizada em espectrômetro de massas

acoplado a cromatógrafo gasoso (CG-EM), marca Shimazu, modelo QP2010, de

acordo com as condições operacionais: Coluna Phenomenex Zebron ZB-5MS (30 m

x 0.25 mm x 0.25 µm), usando o hélio (99,999%) como gás de arraste a uma

velocidade constante com fluxo de 1,1 mL / min. O volume de injeção foi de 1,0 μL,

sendo a taxa de partição do volume injetado de 1:40 com temperatura do injector a

240ºC. Utilizou-se detector de captura iônica operando com ionização por impacto

de elétrons a 70 eV. A temperatura da fonte de íons foi 280 ºC. A temperatura do

forno foi programada para 100º C (isotérmica durante 5 min), com um aumento de

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82 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

10 ºC/ min a 250ºC constante durante 5 min e 10 º C/ min a 280 ºC (isotérmica

durante 15 min).

A mistura de hidrocarbonetos lineares (C9H20-C40H82) foi injetada nas mesmas

condições experimentais das amostras, sendo a identificação dos constituintes

efetuada por comparação dos espectros obtidos com os dados do equipamento

(Wiley 7 lib e NIST 08 lib) e usando o índice de Kovats, calculados para cada

componente em relação aos tempos de retenção da série homóloga de n-alcanos,

como descrito anteriormente, com posterior comparação com dados da literatura

(ADAMS, 1995; ÖZEL et.al., 2006; LEFFINGWELL; ALFORD, 2005).

4.9 Estudos fitoquímicos

4.9.1. Determinação do teor de fenóis totais

O conteúdo de compostos fenólicos totais foi determinado utilizando o

reagente de Folin-Ciocalteu (SIGMA), conforme o método de Slinkard e Simpleton

(1977) com adaptações dos volumes (ALMEIDA et. al., 2011). Inicialmente foram

preparadas soluções do extrato, das fases e do padrão nas concentrações de 50,

100, 150, 250, 500 e 1000 mg/L, utilizando etanol absoluto como solvente. Alíquotas

de 40 μl de cada amostra (extrato, fases e composto de referência) foram

adicionadas a 3,16 mL de água destilada e 200 μL de reagente de Folin-Ciocalteu. A

mistura foi agitada e deixada em repouso durante 6 minutos, antes da adição de 600

μL de solução de carbonato de sódio. O branco foi preparado utilizando o

procedimento descrito anteriormente, mas ao invés de utilizar 3,16 mL de água

usou-se 3,2 mL. As soluções foram deixadas a 20 °C durante 2 horas e a

absorbância de cada solução foi determinada em espectrofotometro UV-VIS

(Quimis) a 765 nm contra o branco. A absorção versus a concentração de cada

amostra foi plotada em gráfico e o teor de fenóis totais foi expresso como miligramas

de equivalentes de ácido gálico por grama de amostra (mg EqAG/g) através da

curva de calibração com ácido gálico. A faixa da curva de calibração foi 50-1000

ppm. Todas as análises foram realizadas em triplicata.

4.9.2. Determinação do teor de flavonoides totais

O teor de flavonoides totais foi determinado usando um método colorimétrico

descrito por Dewanto e colaboradores (2002) com adaptações (SANTANA et.al.,

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83 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

2012). Inicialmente foram preparadas soluções do extrato, das fases e do padrão

(+)-catequina nas concentrações de 50, 100, 150, 250, 500 e 1000 mg/L, utilizando

metanol como solvente. Alíquotas de 0,30 mL de cada amostra preparada foram

adicionadas a 1,5 mL de água, seguida pela adição de 90 µL de uma solução de

NaNO2 (5%). Após 6 min, adicionou-se 180 µL de uma solução a 10% AlCl3.6H2O,

deixando-a em repouso durante 5 min. Em seguida, adicionou-se 600 µL de NaOH

(1,0 mol/L) e 330 µL de água, misturando-se bem. Para o branco utilizou-se metanol

puro. A absorvância foi medida contra o branco a 510 nm utilizando

espectrofotometro UV-VIS (Quimis). Os resultados foram expressos em miligramas

de equivalentes de (+)-catequina por grama da amostra (mg de EqC/g) por meio da

curva de calibração com este composto de referência.

4.10. Avaliação da atividade antioxidante in vitro

O potencial antioxidante dos extratos e fases de Jatropha mutabilis foi

avaliado usando duas metodologias: sequestro do radical DPPH e inibição da auto-

oxidação do sistema -caroteno/ácido linoleico.

4.10.1. Método do sequestro do radical livre 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH)

A avaliação da capacidade em sequestrar o radical livre DPPH foi feita de

acordo com metodologia descrita por Falcão e colaboradores (2006), utilizando o

modelo fotocolorimétrico in vitro do radical livre estável DPPH.

Soluções (1,0 g/L) de amostra de estoque do extrato, das fases e dos

padrões foram diluídas em etanol absoluto até obter as seguintes concentrações

finais: 243, 81, 27, 9, 3 e 1 mg/L.

Em cubetas de vidro, foram colocados 2,5 mL das soluções de amostras nas

diferentes concentrações já citadas e a cada uma foi adicionado 1,0 mL da solução

etanólica de DPPH (50,0 mg/L, SIGMA). Essa reação transcorreu em temperatura

ambiente por 30 min e, em seguida, a absorbância foi lida em espectrofotômetro UV-

VIS (Quimis) a 518 nm. O branco foi feito adicionando-se 1,0 mL de etanol a 2,5 mL

de amostra, em cada concentração separadamente. Como controle negativo usou-

se a mistura de 1,0 mL da solução de DPPH com 2,5 mL de etanol absoluto.

Em seguida, as atividades antioxidantes (AA) de DPPH dos extratos ou fases

foram expressas em percentagem, segundo a Equação 1.

Page 85: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

84 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

% AA = (A controle – A amostra) x 100 Eq. 1

A controle

Onde: A controle é a absorbância inicial do controle (solução etanólica de DPPH)

e Aamostra é a absorbância da amostra (soluções de extratos ou fases). Soluções de

etanol (1,0 mL) com as amostras em estudo (2,5 mL) foram utilizadas como branco.

Os ensaios foram realizados em triplicata e os resultados foram expressos em

CE50 através da interpolação a partir de análise de regressão linear com 95% de

intervalo de confiança. CE50 é definida como a concentração suficiente para se obter

50% de uma estimativa de efeito máximo em 100%. Os valores são apresentados

como média ± desvio padrão (n= 3). Os resultados obtidos foram comparados com

os antioxidantes comerciais ácido ascórbico, butilhidroxianisol (BHA) e

butilhidroxitolueno (BHT).

4.10.2. Método da inibição da auto-oxidação do sistema -caroteno/ácido

linoleico

O método da inibição da auto-oxidação do sistema β-caroteno/ácido linoleico

baseia-se na perda da coloração amarela do β-caroteno devido a sua reação com os

radicais formados pela oxidação do ácido linoleico através da aeração do meio. A

taxa de clareamento do β-caroteno pode ser retardada na presença de

antioxidantes. Para este método foi utilizada a metodologia descrita por Santana e

colaboradores (2012). Inicialmente, soluções (1,0 g/L) de amostra estoque do

extrato, das fases e dos compostos de referência (ácido ascórbico, BHA e BHT)

foram diluídas em etanol absoluto até obter as seguintes concentrações finais: 243,

81, 27, 9, 3 e 1 mg/L.

Em seguida, 2 mg de β-caroteno foram dissolvidos em 10,0 mL de CHCl3,

sendo 2,0 mL desta solução adicionadas a 40 mg de ácido linoleico e 400 mg de

Tween 40. O clorofórmio foi evaporado sob vácuo a 40 ºC e 100 mL de água

destilada foram adicionadas. Esta emulsão foi agitada vigorosamente durante 2

minutos. A emulsão (3,0 mL) foi adicionada a cada cubeta contendo 120 µL das

soluções de compostos de referência, dos extratos e das fases da amostra. A

absorvância foi imediatamente medida em espectrofotômetro UV-VIS (Quimis) a 470

nm.

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(Euphorbiaceae)

As cubetas de vidro contendo as emulsões foram incubadas num banho

maria a 50 °C durante 120 min, tendo transcorrido este tempo foi efetuada

imediatamente uma nova medida de absorvância. Os compostos de referência foram

usados como controle positivo e no controle negativo, o extrato e fases foram

substituídos por um volume igual de etanol absoluto. Os testes foram feitos em

triplicata.

O percentual de atividade antioxidante (AA%) foi avaliado em termos de perda

da coloração amarelada do β-caroteno utilizando a Equação 2:

% AA= 100 x [1-(A0 – At) / (A00 – At

0)] Eq. 2

Onde se têm: A0= absorbância inicial da amostra, At= absorbância final da amostra,

A00= absorbância inicial do branco e At

0= absorbância final do branco.

4.11. Avaliação da atividade fotoprotetora in vitro

Utilizou-se um método espectrofotométrico para avaliar as absorções

máximas de comprimentos de ondas (λ) pelas soluções das amostras, sendo em

seguida calculado o fator de proteção solar (FPS).

4.11.1. Determinação da absorção máxima

A atividade fotoprotetora foi avaliada in vitro através do método

espectrofotométrico (VIOLANTE et.al., 2009) para a determinação do comprimento

de onda máximo e da absorbância máxima.

Os Jm-EEB, Jm-Hex, Jm-CHCl3 e Jm-AcOet foram diluídos em etanol

absoluto, obtendo-se concentrações de 5,0, 25,0, 50,0 e 100 ppm, sendo realizada a

varredura em espectrofotômetro entre os comprimentos de 260 a 400 nm com

intervalos de 5 nm, utilizando cubetas de quartzo de 1,0 cm de caminho óptico. Para

o branco utilizou-se o etanol absoluto. O experimento foi realizado em triplicata. Os

valores de absorbância foram plotados em gráficos e observados os picos máximos

de absorção nas regiões do ultravioleta A e B (UVA e UVB).

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86 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

4.11.2. Determinação do FPS

O FPS in vitro foi calculado considerando os intervalos de λ determinados por

MANSUR et al., 1986, conforme equação abaixo:

320

FPSespectrofotometrico= CF x ∑ EE (λ) x I (λ) x Abs (λ) 290

Em que, EE (λ) é o efeito eritemogênico da radiação de comprimento de onda

(nm); I (λ) é a intensidade da radiação solar no comprimento de onda (λ) nm; Abs (λ)

é a leitura espectrofotométrica da absorbância da solução no comprimento de onda

(nm) e CF é o fator de correção igual a 10 (MANSUR, 1986a).

O produto dos valores de EE (λ) e I(λ) utilizados foram determinados por

Sayre e colaboradores (1979) e estão representados na Tabela 3. Aplicou-se o fator

de correção (CF) para obter equivalência dos FPS dos extratos com os valores de

referência.

Tabela 3 - Valores previamente determinados para o cálculo do FPS.

Comprimento de onda (nm) EE x I (Constantes)

290 0.0150

295 0.0817

300 0.2874

305 0.3278

310 0.1864

315 0.0839

320 0.0180

Total 1.0000

4.12. Sintese da oxima (Jm-1-Ox) derivada de Jm-1

Num balão adicionou-se 0,05 g (0,00012 mmol) de Jm-1 e solubilizou em uma

pequena quantidade de solução aquosa de NaOH à 1% e metanol. Em seguida,

adicionou-se 0,03 g (0,00047 mmol) de cloridrato de hidroxilamina (NH2OH.HCl),

permanecendo a reação sob agitação magnética por 2 h. Logo após, a mistura

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87 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

reacional foi neutralizada com ácido acético glacial e submetida a uma partição com

acetato de etila em funil de separação, adicionando uma solução de cloreto de sódio

em meio aquoso para desestabilizar a emulsão formada. A fase orgânica foi

coletada e o solvente foi eliminado sob pressão reduzida em rotaevaporador.

Obteve-se um sólido amorfo laranja denominado de Jm-1-Ox com rendimento de

24%.

4.12.1. Análise espectrofotométrica e determinação de FPS

A análise das amostras Jm-1 e Jm-1-Ox foi realizada em espectrofotômetro

sendo avaliada a atividade fotoprotetora in vitro através do método

espectrofotométrico (VIOLANTE et.al., 2009) de Mansur e colaboradores (1986)

Assim, as amostras foram diluídas em etanol absoluto com 1% de DMSO

para total solubilização das mesmas, obtendo-se concentrações de 27,01 mg/L,

51,85 mg/L e 108,00 mg/L, sendo a varredura feita no intervalo de 240 a 400 nm

com intervalos de 5 nm. Para o branco utilizou-se uma mistura de etanol com DMSO

a 1%. O experimento foi realizado em triplicata. Os valores de absorbância foram

plotados em gráficos e observados os picos máximos de absorção nas regiões do

ultravioleta A e B (UVA e UVB). O FPS in vitro foi calculado considerando os

intervalos de λ determinados por MANSUR e colaboradores (1986a), conforme

equação já citada no procedimento 4.11.2.

4.13. Avaliação da atividade antibacteriana in vitro

A avaliação da atividade antibacteriana do extrato e das fases foi realizada

frente às cepas de Bacillus cereus 11778, Enterococcus faecalis (ATCC 19433),

Escherichia coli 25922, Klebisiella pneumoniae 13883, Salmonella choleraesuis

(ATCC 10708), Serratia marcescens 13880, Shigella flexneri 12022, Staphylococcus

aureus 25923, Staphylococcus epidermidis [ATCC 12228] e um isolado clínico de

Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), sendo todas obtidas da

American Type Culture Collection.

A atividade foi determinada por meio do protocolo de microdiluição baseando-

se no documento M7-A6 do Clinical and Laboratory Standard Institute (CLSI), com

pequenas modificações (OLIVEIRA-JÚNIOR et. al., 2012). As três frações e o

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88 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

extrato foram ajustados à concentração de 25,00 g/L e submetidas a diluições em

série, obtendo-se as concentrações 12,50; 6,25; 3,12; 1,56; 0,78; 0,39; 0,19 e 0,097

mg/L. No preparo do inóculo, colônias foram desenvolvidas em ágar Muller-Hinton

(MH) e então suspensas em solução com turbidez equivalente à escala 0,5 de

McFarland. Desta suspensão, 10 µL foram inoculados nos poços de microplacas

contendo as diluições seriadas das amostras de fases e extrato.

Foram reservados, também, poços nas microplacas para o controle positivo e

negativo para avaliação da esterilidade do caldo e monitoramento de crescimento

bacteriano. Como controle positivo utilizou-se uma mistura da suspensão bacteriana

com o meio de cultura. Os controles negativos utilizados foram: apenas o meio de

cultura e uma mistura de meio de cultura, o solvente e a suspensão bacteriana.

As placas foram incubadas a 37 °C por 24 h. Com auxilio de um replicador,

alíquotas foram retiradas das microplacas e semeadas na superfície de placas de

Petri contendo ágar MH, sendo incubadas a 37 °C por 24 h. A concentração

bactericida mínima (CBM) foi definida como sendo a menor concentração do extrato

capaz de causar a morte do inóculo bacteriano. Os testes foram realizados em

triplicata.

4.14. Análise estatística

As análises foram realizadas em triplicata, sendo os resultados obtidos nos

métodos colorimétricos tratados estatisticamente utilizando o programa GraphPad

Prism® versão 4.0, sendo expressos como média ± desvio padrão. Diferenças foram

consideradas significativas quando p < 0,05, utilizando o teste t de Student,

conforme o caso.

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89 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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90 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Prospecção fitoquímica preliminar

A técnica de prospecção preliminar permitiu fazer uma abordagem do

comportamento químico do extrato e fases, permitindo assim a obtenção de

resultados rápidos, oferecendo certo grau de familiaridade com o material trabalhado

(MATOS, 1997), buscando identificar qualitativamente a presença dos principais

grupos de metabolitos secundários.

Os resultados para a triagem fitoquímica revelaram uma forte presença de

flavonoides/taninos, lignanas e mono e diterpenos, além de reações positivas para

alcaloides, derivados antracênicos e triterpenos/esteroides, conforme apresentado

na Tabela 4.

Tabela 4 - Resultados da triagem fitoquímica do extrato Jm-EEB e das fases Jm-Hex, Jm-CHCl3 e Jm-AcOEt, todos obtidos das folhas de Jatropha mutabilis.

Fitoquímica Jm-EEB Jm-Hex Jm-CHCl3 Jm-AcOEt

Alcaloides - - + -

Derivados

Antracênicos - + ++ -

Cumarinas - - - -

Flavonoides e

taninos +++ + ++ +++

Lignanas - - ++ +++

Mono e

diterpeno + +++ + -

Naftoquínonas - - - -

Triterpenos e

esteroides - - ++ -

(-) Não foi detectado; (+) presença baixa, (++) presença moderada, (+ + +) presença forte.

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91 Costa, E. C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

5.2. Identificação estrutural de Jm-1

A substância Jm-1 precipitou na fase Jm-AcOet das folhas de J. mutabilis

como um sólido amarelo, solúvel em DMSO, foi submetida à análise espectroscópica

de RMN de 1H e 13C uni e bidimensional.

Assim, o espectro de RMN 1H de Jm-1 (300 MHz, DMSO) mostrado na Figura

20, p.92, apresentou vários sinais de multiplicidade variadas na faixa entre δH 3 e 4

ppm característicos provavelmente de unidade osídica. Na região entre δH 4 e 5 ppm

têm-se três sinais, sendo dois tripletos e um dupleto (Figura 21, p.93), podendo estar

relacionados a duas hidroxilas e aos hidrogênios em acoplamento orto (J= 9,8).

Verificou-se ainda a presença de quatro sinais na região de átomos de

hidrogênio ligados a carbonos aromáticos (Figura 23, p.93), pois geralmente as

faixas aproximadas de deslocamentos químicos (ppm) desses prótons é entre δH 6,5

e 8,0 ppm (PAVIA et. al, 2010). Destes quatro sinais, dois são dupletos em δH 6,8

(2H, d, J= 8,6) e δH 8,0 (2H, d, J= 8,7) ppm, ou seja, característico de uma simetria

presente na estrutura, pois cada sinal tem integração para dois hidrogênios, sendo

que a constante de acoplamento indica o acoplamento orto para estes dois sinais.

Como se tratam de hidrogênios aromáticos, estes dois sinais indicam a presença de

um anel aromático com dois pares de hidrogênios acoplando na posição orto, pois

esse acoplamento tem valor tabelado 3Jorto ≈ 7-10 Hz (PAVIA et. al, 2010).

Observou-se também a presença de dois simpletos largos em δH 10,3 e 10,8

ppm característicos de hidroxilas bastante desprotegidas. O sinal de simpleto em δH

13,1 ppm é característico de hidroxila quelatogênica.

O sinal em δH 2,49 ppm é um deslocamento do solvente que neste caso é o

dimetilssulfóxido (DMSO). A ressonância do pico residual de DMSO é em δH 2,49

ppm (PAVIA et. al, 2010), corroborando com o observado.

Desta forma, observa-se no total 17 sinais de hidrogênio, sendo dois sinais

integrados para dois hidrogênios, cada um, ou seja, um total de 19 hidrogênios.

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92

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 20 - Espectro de RMN 1H de Jm-1 (DMSO, 300 MHz).

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93

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

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Figura 21 - Expansão do espectro de RMN 1H de Jm-1 (DMSO, 300 MHz).

Figura 22 - Expansão do espectro de RMN 1H de Jm-1 (DMSO, 300 MHz).

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94

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

A Figura 23, p. 95, correspondente ao espectro de RMN 13C (DMSO, 75

MHz), que apresentou 19 linhas espectrais. Os seis sinais em δC 61,3; 70,5; 70,8;

73,4; 78,7 e 81,8 ppm podem estar relacionados a presença de uma unidade de

açúcar e sinais nesta faixa são característicos de carbonos ligados a oxigênio (C-O).

Verifica-se na Figura 24, p. 95, no espectro RMN 13C DEPT 135º (DMSO, 75 MHz)

que estes sinais correspondem a CH2, CH, CH, CH, CH e CH, respectivamente.

Os 13 sinais entre δC 98 a 182 ppm são bem característicos de carbonos

aromáticos, sendo que os dois sinais com maiores intensidades provavelmente

correspondem, cada um, a dois carbonos. Dessa forma, provavelmente serão 21

linhas espectrais de carbonos que correspondem à substância que será elucidada,

conforme comparação com os espectros de correlação bidimensional RMN 1H x 13C

– HSQC e HMBC (Figuras 28-30 e 33-35).

Das 19 linhas espectrais, constatou-se a presença de 9 carbonos não

hidrogenados (C), pois para estes não foram identificados acoplamentos com

hidrogênios, conforme mostra o espectro de correlação bidimensional RMN 1H x 13C

– HSQC (Figura 28, p. 100).

Page 96: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

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Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

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Figura 23 - Espectro de RMN 13C de Jm-1 (DMSO, 75 MHz).

Figura 24 – Espectro de DEPT 135º 13C de Jm-1 (DMSO, 75 MHz).

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Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

A análise do espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H x 13C –

HSQC (Figuras 28-30, p.100-102) correlaciona os carbonos hidrogenados, conforme

Tabela 5.

Tabela 5 - Dados de deslocamentos químicos (δ) de carbono-13 de Jm-1 obtidos por comparação entre os espectros de RMN 13C (DMSO, 75 MHz) e RMN 1H x 13C – HSQC.

Sinais no espectro de RMN

13C

Acoplamento observado no espectro de RMN

1H x 13C – HSQC

61,3

70,5

70,8

73,3

78,6

81,8

98,1

102,4

104,0

104,6

115,8

121,6

128,9

156,0

160,4

161,1

162,5

163,9

182,1

CH2

CH

CH

CH

CH

CH

CH

CH

-

-

2 CH

-

2 CH

-

-

-

-

-

-

Os sinais em δC 98,1; 102,4; 104,0; 104,6; 115,8; 121,6; 128,9; 156,0; 160,40;

161,1; 162,5 e 163,9 são correspondentes a sinais de carbonos aromáticos, pois

geralmente a faixa aproximada (ppm) de deslocamento de 13C em anel aromático é

110-175 (PAVIA et. al., 2010). Dessa forma, a substância em estudo apresentou

quinze sinais de 13C na região de aromático que são bem característicos de um

núcleo flavonoídico (Figura 25, p.97).

Page 98: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

97

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

O sinal em δC 182,11 no espectro de RMN 13C indica a presença de uma

carbonila α,β - insaturada (TANAKA et.al., 2005), provavelmente ligada ao carbono 4

do anel C. E o sinal em δH 13,1 do espectro de RMN 1H sugere a presença de uma

hidroxila quelada que provavelmente está ligada ao carbono 5 do anel A, formando

um ciclo estável de 6 membros (BIANCO; SANTOS, 2003).

Figura 25 - Estrutura básica dos flavonoides.

Pode-se sugerir uma fórmula molecular para a substância em estudo com

base na análise dos seus espectros de RMN de 13C e 1H e os bidimensionais de

correlação heteronuclear RMN 1H x 13C – HSQC e HMBC. Tal fórmula seria

C21H20O10, provavelmente correspondente a um núcleo flavonoídico com uma

unidade de açúcar como substituinte, ou seja, um heterosídeo.

Como já foi citado na análise do espectro de RMN 1H, observou-se a

presença de dois sinais do tipo dupleto em δ 6,8 (2H, d, J= 8,6) e δ 8,0 (2H, d, J=

8,7) e integrando para dois hidrogênios cada, acoplando orto, sugerindo uma

simetria presente na estrutura e que é bem característico no anel ‘’B’’ do flavonoide,

ou seja, prótons ligados aos carbonos 2’, 3’, 5’ e 6’ deste anel para-dissubstituído

(BIANCO; SANTOS, 2003), o qual foi confirmado pelo espectro de RMN 1H x 1H

COSY (Figuras 31 e 32, p. 103). Isso também sugere a presença de uma hidroxila

ligada ao carbono 4’.

Com os dados espectrais e o fato de não ter sido observado nenhum carbono

com deslocamento característico de carbono anomérico na região de 100 ppm,

levantou-se a possibilidade de tratar-se de um flavonoide C-glicosilado. (TANAKA

et.al., 2005).

Com as informações obtidas dos experimentos de ressonância nuclear

magnética de prótons em que os espectros indicaram para o núcleo flavonoidico um

Page 99: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

98

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

padrão conhecido para 4',5,7-triidróxiflavona (BIANCO; SANTOS, 2003), com uma

unidade osídica como substituinte. Assim, segue os deslocamentos obtidos no

espectro de RMN 13C e seus respectivos carbonos na estrutura base da flavona: δC

163,9 (C-2), δC 102,4 (C-3), δC 182,1 (C-4), δC 160,4 (C-5), δC 98,1 (C-6), δC 162,5

(C-7), δC 104,0 (C-8), δC 156,0 (C-9), δC 104,6 (C-10), δC 121,6 (C-1’), δC 128,9 (C-2’

e C-6’), δC 115,8 (C-3’ e C-5’) e δC 161,1 (C-4’) ppm.

O simpleto integrando para um próton em δH 6,7 ppm é característico de

hidrogênio ligado ao carbono 3 de flavonas. (MOREIRA et.al., 2003). Ainda na

região de aromáticos, observou-se outro simpleto integrando para um próton em δ

6,2 ppm que pode ser atribuído ao hidrogênio ligado ao carbono 6 do anel A. O

dupleto observado no espectro do RMN 1H em δ 4,7 pode ser atribuído ao próton

ligado ao carbono C1’’ do açúcar (δC 73,3 ppm), sendo que este carbono foi

identificado com auxilio do espectro HSQC (Figura 29, p. 101). A posição do açúcar

pode ser identificada através do espectro de HMBC (Figura 33, p. 104) no qual se

observa a correlação do H1’’ com os carbonos δC 104,06 e 162,5 ppm do anel A,

sugerindo que a unidade osídica está ligada ao C-8. As correlações entre C-9 (δC

156, 01) e H-1” (δC 4,6 ppm) e entre C-7 (δC 162,5 ppm) e H-1” observadas nos

dados constantes no espectro de HMBC confirmaram que Jm-1 tratava-se de um

flavonoide 8-C-glicosilado.

Figura 26 - Estrutura química de Jm-1.

Page 100: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

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Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Os dois simpletos em 10,3 e 10,8 ppm são deslocamentos característicos de

hidroxila de anel aromático devido aos altos deslocamentos apresentados, sugerindo

assim tratar-se das hidroxilas dos carbonos C4’ e C7 do núcleo flavonoidico.

Os prótons da porção açúcar foram identificados com o auxílio dos espectros

bidimensionais de correlação heteronuclear 1H x 13C (HSQC) e homonuclear 1H x 1H

(COSY), Figuras 29 e 32, respectivamente. O dupleto em δH 4,7 (d, 1H, J= 9,8 Hz)

atribuído ao próton do carbono anomérico do açúcar apresenta uma relação trans

diaxial entre H1’ e H2’ que confirma a configuração β da glicose. Esse próton

correlaciona-se no espectro de COSY (Figura 32, p.103) com o sinal em δH 3,8 (t,

1H, J = 10,4 Hz), sugerindo tratar-se do H-2’’ que no HSQC (Figura 29, p.101)

correlaciona-se com o sinal em 70,8 ppm (C-2’’). Ainda no COSY (Figura 32, p.103)

observa-se que o sinal em δH 3,8 (H-2’’) correlaciona-se com o sinal em δH 3,2 ppm,

sugerindo ser este o H-3’’ que está ligado ao carbono com sinal 78,6 ppm (C-3’’),

conforme mostra o HSQC (Figura 29, p.101).

No COSY (Figuras 31 e 32, p. 103) observa-se acoplamentos dos sinais δH

3,2 (δC 81,8) e δH 3,5 ppm (δC 61,3 ppm).

O sinal mais desprotegido no espectro de RMN 13C situado na região do

açúcar é o δC 81,8 que está diretamente ligado ao oxigênio, tratando-se do C-5’’ que

no espectro de HSQC (Figura 29, p.101) correlaciona-se com 3,2 ppm.

Após análise destes dados e comparação com valores da literatura (WEN

et.al., 2007) foi possível identificar a substância como 8-C-β-D-glicosilapigenina,

conhecida como vitexina, sendo descrita pela primeira vez em Jatropha mutabilis,

conforme mostra dados da Tabela 6, p. 106.

Figura 27 - Representação estrutural das principais correlações observadas no espectro HMBC DE Jm-1.

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Figura 28 - Espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C HSQC de Jm-1 (DMSO, 300 e 75

MHz).

Page 102: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

101

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Figura 29 - Expansões do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C HSQC de Jm-1 (DMSO, 300 e 75 MHz).

H1’’-C1’’

H2’’-C2’’

H3’’-C3’’

H3-C3

H3’-C3’

H5’-C5’

H2’-C2’

H6’-C6’

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Figura 30 - Expansão do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C HSQC de Jm-1 (DMSO, 300 e 75 MHz).

Page 104: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

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Figura 31 - Espectro de correlação homonuclear 1H x1H- COSY de Jm-1 (DMSO, 300 MHz).

Figura 32 – Expansão do espectro de correlação homonuclear 1H x1H- COSY de Jm-1

(DMSO, 300 MHz).

Page 105: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

104

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Figura 33 – Expansão do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C HMBC de Jm-1

(DMSO, 300 e 75 MHz).

Figura 34 – Expansão do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C HMBC de Jm-1

(DMSO, 300 e 75 MHz).

Page 106: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

105

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Figura 35 – Expansão do espectro de correlação heteronuclear 1H x 13C HMBC de Jm-1

(DMSO, 300 e 75 MHz).

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Tabela 6 - Dados espectroscópicos da substância em estudo comparados com dados descritos na literatura (WEN et.al., 2007) para 8-C-β-D-glicosilapigenina (vitexina).

Carbono nº RMN 13C

δ (literatura, DMSO) δ (Jm-1, DMSO)

2 164,0 163,9

3 102,4 102,4

4 182,1 182,1

5 160,4 160,4

6 98,1 98,1

7 162,6 162,5

8 104,6 104,0

Carbonos da 9 156,0 156,0

flavona 10 104,0 104,6

1’ 121,6 121,6

2’ 129,0 128,9

3’ 115,8 115,8

4’ 161,1 161,1

5’ 115,8 115,8

6’ 129,0 128,9

1’’ 73,3 73,3

Carbonos do 2’’ 70,8 70,8

açúcar 3’’ 78,6 78,6

4’’ 70,5 70,5

5’’ 81,8 81,8

6’’ 61,3 61,3

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107

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Tabela 7 - Dados de RMN 1H (300 MHz), 13C (75 MHz) e correlações heteronuclear 1H x 13C – HMBC.

C HSQC HMBC

H C 2J 3J

2 - 163,9 - -

3 6,7 (1H, s) 102,4 163,9 e 182,1 104,6 e 121,6;

4 - 182,1 - -

5 - 160,4 - -

6 6,2 (1H, s) 98,1 162,5; 160,4; 104,0 e 104,6

7 - 162,5 - -

8 - 104,0

9 - 156,0

10 - 104,6

1’ - 121,6

2’ 8,0 (2H, d) 128,9 128,9 161,1; 163,9

3’ 6,8 (2H, d) 115,8 161,1; 115,8 121,6

4’ - 161,1

5’ 6,8 (2H, d) 115,8 161,1 121,6

6’ 8,0 (2H, d) 128,9 128,97 161,1; 163,9

1’’ 4,7 (1H, d) 73,3 104,0; 70,8 156, 0; 162,5;

78,6; 81,8

2’’ 3,8 (1H, t) 70,8 - -

3’’ 3,2 (2H, d) 78,6 - -

4’’ 3,3* 70,5 - -

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108

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

5’’ 3,2 (2H, d) 81,8 - -

6’’ 3,5 (1H, m) e

3,7 (1H, t)

61,3 - -

- 10,3 (sl, OH) - - -

- 10,8 (sl, OH) - - -

- 13,1 (sl, OH) - - -

* Sinal sobreposto com outro que correponde a presença de impureza.

A vitexina apresentou efeito antinociceptivo através de mecanismos

relacionados com opióides. Diferentes grupos de pesquisa demonstraram que a

vitexina tem propriedades antioxidante, antiespasmódica, anti-inflamatória, antiviral,

antitumoral e efeito antidepressivo em camundongos. Além disso, este flavonoide,

por mostrar ser um potente sequestrador de radicais livres, foi indicado na

prevenção de reações adversas da pele induzidas por radiação UV (ÖZKAY; CAN,

2013). Seis semanas de tratamento com vitexina (400mg/dia) melhoraram a saúde

geral de pacientes com câncer de mama durante o tratamento de radioterapia com

cobalto-60, com restauração de células sanguíneas periféricas assim como as

funções dos linfócitos (HIEN et. al., 2002).

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109

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

5.3 Identificação estrutural de Jm-2

O espectro de RMN 1H (Figuras 36 e 37, p.110 e 111) apresentou vários

sinais na região de δH 0,6 a 2,8 ppm atribuídos a grupos metílicos e metilenos. Os

sinais na região de δH 3,9 a 5,0 ppm são característicos de um substituinte osídico.

O sinal de dublete em δH 5,0 ppm é típico de hidrogênio anomérico (H1’) do açúcar

que possui J= 7,6 MHz, confirmando a relação trans diaxial entre H1’ e H2’ e a

configuração β do açúcar. Já o sinal em δH 5,3 ppm é relativo a hidrogênio olefilíco.

No espectro de RMN de 13C (Figura 38, p.112) observa-se vários sinais na

região de carbono sp3. Já os sinais em δC 122,4 e 141,4 ppm são característicos de

carbonos olefínicos e o sinal em δC 103,1 ppm pode ser atribuído à presença de um

carbono anomérico (C1’). Os sinais em δC 63,3, 72,2, 75,8, 78,6, 78,9 e 79,1 ppm

confirmam a presença de uma unidade de açúcar presente na estrutura.

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Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 36 - Espectro de RMN 1H de Jm-2 (Piridina, 300 MHz).

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111

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 37 - Expansões do espectro de RMN 1H de Jm-2 (Piridina, 300 MHz).

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112

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

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Figura 38 - Espectro de RMN 13C de Jm-2 (Piridina, 75 MHz).

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113

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Assim, têm-se um total de 29 carbonos característicos do núcleo sitosterol e 6

carbonos característicos de uma unidade de glicose, ou seja, trata-se de um

esteroide glicosilado, conforme estrutura representada na Figura 40. Comparando-

se os dados com os descritos na literatura (KOJIMA et. al., 1990) verificou-se que a

substância Jm-2 é o 3-O-β-D-glicopiranosilsitosterol (Tabela 8, p.114).

Figura 39 - Estrutura de Jm-2.

21 28 29

O

OH

OHOH

OH

H

H

O

H

1

2

3

4

5

6

7

8

9

11

12

10

13

14

15

16

17

18

19

2022

23

24

25

27

26

1´2´

4´ 5´

A análise do espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H x 13C –

HSQC (Figuras 40 e 41, p.116 e 117) e HMBC (Figura 42 e 43, p.118 e 119)

confirmam as atribuições dos deslocamentos dos sinais de carbono e hidrogênio

para a estrutura proposta de Jm-2. No HSQC observa-se que o sinal em δH 5,0 ppm

correlaciona-se com o carbono δC 103, 1 ppm (C1’) e o sinal em δH 5,3 acopla-se

com o carbono olefínico δC 122,4 ppm (C6). Na expansão deste espectro (Figura 41,

p.117) observa-se que o tripleto com sinal em δH 4,1 acopla com o carbono δC 75,8,

comprovando tratar-se do H3 e C3 do núcleo do esteroide. Ainda é possível

observar as seguintes correlações: H2’-C2’, H3’-C3’, H4’-C4’, H5’-C5’ E H6’-C6’. No

HMBC (Figura 42, p.118) pode-se observar que o sinal em δH5,0 ppm realmente

trata-se do H1’ ligado ao carbono anomérico, pois correlaciona-se com os carbonos

C2’, C3’ e C5’ do açúcar. Na expansão do HMBC (Figura 43, p. 119) é possível

observar as correlações dos H9 e H19 com o C5.

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Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Tabela 8 - Dados espectroscópicos da substância em estudo comparados com dados descritos na literatura (KOJIMA et al., 1990) para 3-O-β-D-glicopiranosilsitosterol.

Carbono nº RMN 13C

δC (literatura,

Piridina)

δC (Substância,

Piridina)

Carbonos do

núcleo do sitosterol

1 37,60 37,9

2 30,30 30,7

3 78,30 75,8

4 39,40 39,8

5 141,00 141,4

6 122,00 122,4

7 32,20 32,6

8 32,10 32,5

9 50,40 50,8

10 37,00 36,8

11 21,40 21,7

12 40,00 40,4

13 42,40 43,0

14 56,30 57,3

15 24,60 25,0

16 28,70 29,0

17 56,50 56,7

18 12,00 12,4

19 19,30 19,7

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(Euphorbiaceae)

20 36,50 37,4

21 19,10 19,5

22 34,30 34,7

23 26,40 26,9

24 46,10 46,5

25 29,50 30,0

26 19,50 19,9

27 20,10 20,4

28 23,40 23,9

29 12,20 12,6

Carbonos do

açúcar

1’ 102,60 103,1

2’ 75,40 78,9

3’ 78,70 79,1

4’ 71,70 72,2

5’ 77,50 78,6

6’ 62,90 63,3

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Figura 40 - Espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H x 13C – HSQC (Piridina, 300 MHz e 75 MHz) de Jm-2.

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Figura 41 - Expansões do espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H x 13C – HSQC (Piridina, 300 MHz e 75 MHz) de Jm-2.

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Figura 42 - Espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H x 13C – HMBC (Piridina, 300 MHz e 75 MHz) de Jm-2.

C2’, C3’ e C5’

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Figura 43 – Expansão do espectro bidimensional de correlação heteronuclear 1H x 13C – HMBC (Piridina, 300 MHz e 75 MHz) de Jm-2.

Na análise do espectro de correlação homonuclear 1H x 1H (COSY) (Figura

44, p.120), observou-se o sistema de spins formados pelo hidrogênio (H6) ligado ao

carbono olefínico e o H7 (δH 1,9). A expansão deste espectro (Figura 45, p.121)

mostra o acoplamento dos sinais em δH 5,0 e 4,1 ppm que correspondem aos

hidrogênios H1’ e H3, respectivamente, justificando a ligação da glicose no carbono

3 do núcleo esteroidal. No COSY é possível observar as seguintes correlações: H5’-

H6’, H1-H2, H15-H16, H25-H26 ou H25-H27, H28-H29.

Page 121: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

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Figura 44 - Espectro de correlação homonuclear 1H x1H- COSY de Jm-2 (Piridina, 300 MHz) de Jm-2.

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Figura 45 – Expansões do espectro de correlação homonuclear 1H x1H- COSY (Piridina, 300

MHz) de Jm-2.

H15

H16

H25

H26

H25

H27

H28

H29

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(Euphorbiaceae)

Tabela 9 - Dados de RMN 1H (300 MHz), 13C (75 MHz) e correlações heteronuclear 1H x 13C – HSQC e HMBC de Jm-2 obtidos em piridina.

C HSQC HMBC

H C

2J 3J

1 1,77 e 1,29 37,9 - -

2 2,1 e 1,74 30,7 - -

3 4,1 75,8 - -

4 2,7 e 2,4 39,8 - -

5 - 141,4 - -

6 5,3 122,4 - -

7 1,55 e 1,9 32,6 - -

8 1,41 32,5 - -

9 0,93 50,8 - 141,4

10 - 36,8 - -

11 1,41 21,7 - -

12 2,01 40,4 - -

13 - 43,0 - -

14 0,99 57,3 - 56,7

15 1,58 25,0 - -

16 1,27 e 1,87 29,0 - -

17 1,15 56,7 - 19,5

18 0,67 12,4 43,0 40,4; 56,7 e 57,3

19 0,8-1,0* 19,7 - 141,4

20 1,01 37,4 34,7 e 56,7 -

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(Euphorbiaceae)

21 0,8-1,0* 19,5 - -

22 1,43 34,7 - -

23 1,25 26,9 - -

24 1,11 46,5 - 19,9 e 20,4

25 1,74 30,0 - -

26 0,8-1,0* 19,9 - -

27 0,8-1,0* 20,4 - -

28 1,29 23,9 - -

29 0,89 12,6 23,9 46,5

1’ 5,09 103,1 78,9 78,6 e 79,1

2’ 4,0 78,9 - -

3’ 4,3 79,1 - -

4’ 4,3 72,2 - -

5’ 3,98 78,6 - -

6’ 4,4 e 4,6 63, 3 - -

* Sinais sobrepostos, não sendo possível correlacionar.

Bouic e Lamprecht (1999) relatam que o sitosterol glicosilado em estudos in

vivo demonstrou reduzir câncer-induzido, bem como apresentando atividades anti-

inflamatória, antipirética, anticomplemento e efeitos da secreção-insulina.

Page 125: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

124

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

5.4. Composição química do óleo essencial de Jatropha mutabilis

A análise da composição química dos óleos voláteis das folhas de J. mutabilis

revelou a presença de 20 compostos (Figura 46, p.125). O rendimento do óleo foi

0,00039% m/m, sendo calculado numa base de massa do material vegetal. Este óleo

foi caracterizado pela predominância de sesquiterpenos oxigenados (42,86 %)

seguido de uma unidade de diterpeno oxigenado (41,38 %), sesquiterpenos

hidrocarbonados (12,14 %), uma cetona alifática (1,44 %) e um alcano alifático (2,18

%). No entanto, o composto majoritário identificado foi um diterpeno oxigenado

alifático, o fitol (41,38 %). A Figura 47, p.127 mostra as estruturas químicas dos

constituintes identificados.

O fitol é um constituinte da clorofila, um diterpeno usado na indústria como

componente de cosméticos, xampus, sabonetes, detergentes, entre outros. O uso do

fitol em nível mundial é aproximadamente de 0,1 a 1,0 tonelada por ano. Sob o

ponto de vista terapêutico, o fitol e seus análogos demonstraram atividade contra

micobactérias e no tratamento da tuberculose. Outros estudos demonstram que o

fitol é capaz de induzir a expressão de genes-alvo envolvidos em anormalidades

lipídicas em várias doenças comuns, incluindo a obesidade, o diabetes e as

dislipidemias. (COSTA et. al., 2012).

O fitol foi identificado no óleo essencial das folhas de Jatropha gossypifolia L,

sendo relatadas para o mesmo algumas atividades biológicas, tais como anticâncer,

antiinflamatória, antimicrobiana e diurética (BHARATHY; SUMATHY;

UTHAYAKUMARI, 2012). Também foi identificado no extrato metanólico das folhas

de Jatropha curcas L. (RIBEIRO et.al., 2012) e no óleo essencial das folhas de

Jatropha tangorensis (BHARATHY; UTHAYAKUMARI, 2013).

Estudos da composição química do óleo essencial obtido a partir das raízes

de Jatropha ribifolia (Pohl) Baill relatam a presença dos compostos como β-

elemeno-(-) (0,01 %), espatulenol (0,74 %) e (-)-espatulenol (1,25 %) (SILVA et.al.,

2013).

Formas isoméricas foram identificadas com uma mistura de fitol cis e trans

(34,8 %) na análise do óleo essencial das folhas secas de Euphorbia hirta Linn

(Euphorbiaceae). Também foi caracterizada nesta mesma análise a fitona (12,37 %)

(OGUNLESI et. al., 2009).

Page 126: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

125

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Na familia Euphorbiaceae, o fitol (4,58 %) e o octacosano (2,00 %) foram

identificados no óleo essencial das partes aéreas de Kirganelia reticulada (SUDHA;

CHIDAMBARAMPILLAR; MOHAM, 2013a). Este diterpeno mostrou-se presente nas

partes aéreas de Fluggea leucopyrus Willd (SUDHA; CHIDAMBARAMPILLAR;

MOHAM, 2013b).

Quanto aos outros constituintes presentes no óleo de J. mutabilis, observa-se

que β-elemeno (1,53 %), β-cariofileno (4,95 %), germacreno D (2,45 %),

biciclogermacreno, germacreno B (3,64 %), germacreno D-4-ol (3,97 %), óxido de

cariofileno (3,55 %) e α-cadinol (3,97%) foram identificados nas folhas de Croton

flavens L. (SYLVESTRE et.al., 2006).

Estudos dos constituintes voláteis de duas espécies de Croton do bioma

caatinga apresentaram alguns constituintes em comum com os que foram

identificados em J. mutabilis, sendo eles: β-elemeno, biciclogermacreno, elemol,

germacreno B, espatulenol, óxido de cariofileno, epi-α-cadinol e juniper cânfora,

corroborando assim com os resultados obtidos neste trabalho (NEVES; CAMARA,

2012).

Figura 46 - Cromatograma obtido por CG-EM dos óleos essenciais das folhas de J. mutabilis.

Page 127: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

126

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Tabela 10 - Composição química do óleo essencial das folhas de Jatropha mutabilis.

Nº Componente TR (min) IR (cal) IR (lit) %Composição

1 β-Elemeno 23,497 1387 1390 1,26

2 E-Cariofileno 24,705 1416 1419 1,58

3 Germacreno D 27,247 1477 1481 4,46

4 Biciclogermacreno 27,835 1491 1500 3,30

5 Elemol 29,987 1546 1549 3,64

6 Germacreno B 30,329 1554 1561 1,54

7 (+)-Espatulenol 31,064 1573 1578 12,81

8 (-)- óxido de cariofileno 31,245 1578 1583 4,79

9 Globulol 31,402 1582 1590 1,02

10 Ledol 32,121 1600 1602 0,57

11 Germacreno D-4-ol 32,789 1617 1575 1,62

12 Juniper cânfora 32,875 1620 1700 0,82

13 (-)-Espatulenol 33,056 1625 1619 1,58

14 β-Atlantol 33,222 1629 1608 2,22

15 Cadinol <epi- α -> 33,587 1639 1640 9,27

16 Fokienol 33,753 1643 1596 0,66

17 α-Cadinol 34,086 1652 1654 3,86

18 Fitona 40,849 1840 1848.5 1,44

19 Fitol 49,461 1993 1943 41,38

20 Octacosano 55,11 1980 2800 2,18

IR (cal): Índice de retenção linear calculado usando a série homologa de n-alcanos

(C9H20–C40H82); IR (lit): Índice de retenção linear encontrado na literatura. TR: Tempo de

retenção.

Page 128: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

127

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 47 - Estrutura dos constituintes identificados no óleo essencial de J.mutabilis.

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128

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(Euphorbiaceae)

5.5. Fenóis totais, flavonoides totais e atividade antioxidante in vitro

Os compostos fenólicos naturais têm recebido muita atenção nos últimos

anos, sobretudo por inibirem a peroxidação lipídica e a lipooxigenase in vitro

(HASLAM, 1996). Um dos métodos mais utilizados para determinação dos fenóis

totais utiliza o reagente de Folin-Ciocalteu que consiste de mistura dos ácidos

fosfomolibídico e fosfotunguístico, no qual o molibdênio e o tungstênio encontram-se

no estado de oxidação 6+ porém, em presença de certos agentes redutores, como

os compostos fenólicos, formam-se o molibdênio azul e o tungstênio azul, nos quais

a média do estado de oxidação dos metais está entre 5 e 6 e cuja coloração permite

a determinação da concentração das substâncias redutoras, que incluem outras

além das fenólicas (NACZK; SHAHIDIB, 2004; IKAWA et. al., 2003).

Usualmente, na elucidação estrutural por UV-VIS dos flavonoides, os grupos

oxigenados podem ser detectados pela observação dos deslocamentos

bactocrômicos neste espectro, obtido pela adição de agentes, tais como:

AlCl3,H3BO3, AcONa e NaOMe (CORNARD; MERLIN, 2001). A complexação dos

flavonoides com metais, principalmente com o íon Al3+, é uma técnica comumente

empregada no estudo de flavonoides, pela análise da absorção no UV-VIS dos

flavonoides, os deslocamentos são devidos à formação do complexo Al3+- flavonoide

(POZZI, 2007). Nessas condições, o complexo Al3+- flavonoide absorve em

comprimento de onda bem maior do que o flavonoide sem a presença do agente

complexante. Os ácidos fenólicos, mesmo os que formam complexos com AlCl3,

absorvem em comprimentos de onda muito inferiores, evitando-se desta maneira

interferências nas medidas de absorvância (LIANDA; VIANNA; CASTRO, 2009).

Tendo em vista, a importância dos compostos fenólicos e dos flavonoides em

relação aos seus potenciais antioxidantes dentre outras atividades biológicas

descritas na literatura para os mesmos, assim como a disponibilidade de

metodologias simples usualmente utilizadas em laboratórios, conforme descrito

acima, procedeu-se à quantificação dos mesmos nos extratos de J. mutabilis já que

esta não possui nenhum estudo de sua composição química.

Jm-AcOet foi a fase que apresentou o maior teor de fenóis totais (255,54 ±

21,88 mg EqAG/g) enquanto que na quantificação de flavonoides totais, a fase Jm-

Hex apresentou um alto teor (165,49 ± 15,62) quando comparado aos resultados das

outras fases (Tabela 11, p.130). Em relação ao alto teor de flavonoides encontrados

Page 130: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

129

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

para a fase menos polar, algumas considerações podem ser elaboradas, como por

exemplo, na quantificação de fenóis totais esta fase demonstrou menor teor (38,46 ±

4,732), ou seja, cerca de quatro vezes menor que o teor de flavonoides, não

havendo concordância destes resultados já que àquele método determina

compostos fenólicos incluindo os flavonoides. À vista disto, recorreu-se aos

procedimentos experimentais executados e observou-se que Jm-Hex apresentou

uma turbidez elevada quando comparada com as outras fases devido às

características das substâncias presentes nesta fase, o que justifica a alta

absorbância apresentada pela mesma e consequentemente os resultados podem ter

sidos mascarados.

Jm-AcOet apresentou o menor teor de flavonoides totais devido à precipitação

do seu composto majoritário durante a concentração desta fase em rotaevaporador,

o flavonoide Jm-1 (vitexina). No entanto, na triagem fitoquímica (Tabela 4, p.90) foi

possível observar uma forte presença dessa classe de substâncias na fase já citada,

isso se deve ao fato de que na preparação da solução Jm-AcOet com etanol para

determinação espectrofotométrica não houve solubilização total da amostra,

interferindo assim na quantificação de flavonoides totais.

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130

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Tabela 11 - Fenóis totais, flavonoides totais e atividade antioxidante in vitro do extrato, fases e substância Jm-1 (apenas atividade antioxidante) obtidos de J. mutabilis.

Amostra

Fenóis totais

(mg EqAG/g)

Flavonoides

totais (mg

EqC/g)

DPPH

(CE50, µg/mL)

β-caroteno

(% AA)

Jm-EEB 63,04 ± 10,78 40,39 ± 7,30 88,88 ± 22,08 15,80 ± 3,33

Jm-Hex 38,46 ± 4,73 165,49 ± 15,62 196,20 ± 49,52 63,64 ± 6,78

Jm-CHCl3 79,29 ± 2,88 66,47 ± 2,94 354,10 ±

231,40 29,27 ± 1,03

Jm-AcOEt 255,54 ± 21,88 20,59 ± 1,06 18,93 ± 3,33 0,75 ± 0,646

Jm-1 --- --- 84,58 ± 3,35 13,26 ± 3,28

Ácido

ascórbico --- --- 1,00 ± 0,01 16,81 ± 3,381

BHA --- --- 2,92 ± 0,21 80,53 ± 2,768

BHT --- --- 26,41± 4,75 88,93 ± 6,70

Os valores de CI50 foram obtidos por interpolação a partir da análise de regressão linear com

95% de intervalo de confiança. CI50 é definido como a concentração suficiente para se obter

50% de uma estimativa de efeito máximo em 100%. Os valores são apresentados como

média ± desvio padrão (n = 3).

Existem diversos métodos para avaliar a atividade antioxidante in vitro de

substâncias biologicamente ativas, envolvendo desde ensaios químicos com

substratos lipídicos a ensaios mais complexos utilizando as mais diversas técnicas

instrumentais. Devido aos diferentes tipos de radicais livres e as suas diferentes

formas de atuação nos organismos vivos, dificilmente existirá um método simples e

universal pelo qual a atividade antioxidante possa ser medida precisa e

quantitativamente. Assim, a busca por testes mais rápidos e eficientes tem gerado

um grande número de métodos para avaliar a atividade de antioxidantes naturais

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131

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

pelo uso de uma grande variedade de sistemas geradores de radicais livres (ALVES

et.al., 2010).

O método do sequestro do radical DPPH· se baseia na medida da capacidade

antioxidante de uma determinada substância em sequestrar o radical DPPH·,

reduzindo-o a hidrazina. Quando uma determinada substância que age como doador

de átomos de hidrogênio é adicionada a uma solução de DPPH, a hidrazina é obtida

com mudança simultânea na coloração de violeta a amarelo pálido.

O método do sistema de inibição da autooxidação do β-caroteno/ácido

linoleico tem sido amplamente utilizado para avaliar a atividade antioxidante tanto de

substâncias isoladas de extratos vegetais, quanto de frutas e bebidas. (ALVES,

2010). Este método determina a atividade dos compostos presentes nos extratos e

fases em proteger um substrato lipídico da oxidação.

Em relação às atividades antioxidantes dos extratos e fases da espécie

Jatropha mutabilis verificou-se que em nenhum dos métodos os extratos e fases

conseguiram superar as atividades demonstradas pelos antioxidantes natural e

sintético para os métodos de DPPH e sistema de inibição da autooxidação do β-

caroteno/ácido linoleico, respectivamente.

No método do sequestro do radical DPPH· a fase Jm-AcOEt mostrou maior

poder antioxidante, com CE50 de 18,93 ± 3,33 µg/mL (Tabela 11, p. 130). Este dado

foi confirmado com o valor observado para a mesma fase na quantificação de fenóis

totais que apresentou valor de 255,54 mg de equivalente de ácido gálico/g da

amostra. A fase Jm-AcOet apresentou melhor atividade do que a substância pura

Jm-1 (vitexina), que foi isolada desta fase, provavelmente devido ao sinergismo dos

compostos fenólicos presentes.

Sun e colaboradores (2013) determinaram a atividade antioxidante da vitexina

através do método de DPPH e encontraram uma CE50 de 217,9 ± 2,7. Na

metodologia descrita no trabalho citado anteriormente também utilizou o etanol para

preparar a solução contendo a vitexina. Como esta flavona não é solúvel

completamente em etanol, isto pode ter influenciado nos resultados obtidos.

Os resultados de atividades antioxidantes de Jm-1 são consistentes com os

dados da literatura referentes à relação estrutura-atividade de flavonoides e suas

atividades antioxidantes (Figura 49, p. 132). A atividade antioxidante está altamente

relacionada à capacidade de doação de elétrons. A etapa de transferência do

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132

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hidrogênio tem se destacado, mas a atividade antioxidante não depende apenas da

força de energia da ligação O-H (SCOTTI et.al., 2007).

Estudos cinéticos avaliaram a capacidade antioxidante de substâncias de

derivados de flavonoides e observaram que a atividade antioxidante é potencializada

quando há grupos hidroxilas adjacentes no anel B (posições 3’ e 4’) dupla ligação

C2-C3, conjugada ao grupo 4-oxo (C4), no anel C e presença de grupo hidroxila no

C3 do anel C. As hidroxilas em C5 e C7 do anel A são menos importantes para a

atividade antioxidante (Figura 48, p.132) (PANNALA et.al., 2007).

Figura 48 - Relação estrutura-atividade de flavonol e flavona. Legenda: Em azul -Substituintes menos importantes à atividade antioxidante; Em vermelho - Substituintes importantes à atividade antioxidante.

Fonte: SCOTTI et.al., 2007.

Figura 49 - Relação estrutura-atividade da flavona Jm-1 (vitexina). Legenda: Em azul -Substituintes menos importantes à atividade antioxidante; Em vermelho - Substituintes importantes à atividade antioxidante.

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Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Os flavonoides e outros derivados fenólicos são conhecidos por atuarem na

captura e neutralização de espécies oxidantes como o ânion superóxido (O2·-),

radical hidroxila ou radical peróxido. Assim, os flavonoides podem interferir nas

reações de propagação e formação de radicais livres (SIMÕES et.al., 2010).

No modelo de inibição da autooxidação do β-caroteno, a fase Jm-Hex

demonstrou maior atividade antioxidante com valor de 63,64 ± 6,780 %. Este

resultado melhor para uma fase bastante apolar é justificada por Melo (2010) apud

Kiokias e colaboradores (2008) que relata que este método é um ensaio que difere

dos outros métodos de avaliação da atividade antioxidante, pois sua matriz de

reação é uma emulsão. Ressaltam ainda que o comportamento de muitos

antioxidantes pode mudar ante o meio em que se encontram. Em emulsões, é

relatada maior eficácia protetora de antioxidantes lipofílicos, já que se direcionam na

interface óleo-água (Figura 18, p.66).

Na Tabela 11, p.130 estão dispostos os resultados das análises de

quantificação de fenóis e flavonoides totais e avaliação da atividade antioxidante in

vitro dos extratos e fases obtidos de J. mutabilis.

A atividade antioxidante de compostos fenólicos deve-se principalmente às

suas propriedades redutoras e estrutura química. Estas características

desempenham um papel importante na neutralização ou sequestro de radicais livres

e quelação de metais de transição, agindo tanto na etapa de iniciação como na

propagação do processo oxidativo. Os intermediários formados pela ação de

antioxidantes fenólicos são relativamente estáveis, devido à ressonância do anel

aromático presente na estrutura destas substâncias (SOUSA et.al., 2007).

Quimicamente, os flavonoides e isoflavonoides são doadores de elétrons.

Eles apresentam estruturas químicas conjugadas em anel β, ricas em grupos

hidroxilas, que tem potenciais ações antioxidantes por reagirem e inativarem ânions

superóxido, oxigênio simpleto, radicais peróxido de lipídios e/ou estabilizando

radicais livres envolvidos no processo oxidativo através da hidrogenação ou

complexação com espécies oxidantes (MACHADO et.al., 2008).

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134

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(Euphorbiaceae)

5.6. Atividade fotoprotetora

A exposição à radiação UV é um dos maiores fatores de risco que tem levado

a um aumento dos casos de câncer de pele. A incidência de câncer de pele e o

fotoenvelhecimento induzido pela radiação solar crescem em todo o mundo

(RAMOS; SANTOS; DELLAMORA-ORTIZ, 2010).

A ocorrência de eritemas e até mesmo o câncer de pele está associada à

formação das espécies reativas de oxigênio (EROs), como o oxigênio simpleto (O2),

o peróxido de hidrogênio (H2O2), o radical ânion superóxido (O2•–) e o radical

hidroxila (HO•). Estas espécies são formadas pela ação dos raios UV e implicam na

ruptura da cadeia do DNA. Quando o DNA absorve as radiações UV, principalmente

UVB, este processo pode favorecer os processos mutagênicos (NASCIMENTO;

SANTOS; AGUIAR, 2013).

A limitação da exposição solar nos períodos críticos de irradiação, o uso de

fotoprotetores e bloqueadores solares e o diagnóstico precoce são mecanismos

eficazes de prevenção. Pesquisas nas últimas décadas têm focado na busca de

substâncias que promovam o aumento da proteção solar tais como: síntese e

modificação estrutural de filtros solares, associação de diferentes filtros e a busca de

produtos naturais com ação antissolar (RAMOS; SANTOS; DELLAMORA-ORTIZ,

2010).

Com a avaliacão da atividade fotoprotetora, através de análise

espectrofotometrica, foram obtidos os resultados apresentados na Figura 50, p.136.

Nesta, pode-se observar que todas as amostras absorvem no intervalo de

comprimento de onda em que foi realizada a varredura. Os picos de absorção

máxima situam-se nas regiões de UVA e UVC, predominando a UVA (320 a 400 nm)

(Tabela 12, p.135). Assim, todos os extratos e fases mostraram-se eficazes em

absorver na região UVA. Jm-EEB, Jm-Hex e Jm-AcOet também mostraram picos de

absorção máxima na região de UVC (100 a 290 nm). Esse resultado é significante

para a utilização destes extratos em produtos fotoprotetores, uma vez que a faixa de

radiacão ultravioleta mais prejudicial ao homem situa-se entre 290-400 nm, ou seja,

a região UVA e UVB (SOUZA, 2005).

Na Tabela 4, p. 90, observa-se que todos os extratos e fases apresentaram a

presença de flavonoides/taninos nos resultados da prospecção fitoquímica

preliminar, o que pode ter contribuído para as absorções nos comprimentos de onda

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observados, principalmente os flavonoides que possuem em sua estrutura

cromóforos (COUTO; RAMOS; CAVALHEIRO, 1998). Nessa mesma Tabela

observa-se a presença de outras classes de metabólitos secundários que

possivelmente tenham contribuído também para os resultados de absorção máxima

expressos na Tabela 12.

Tabela 12 - Comprimentos de onda de absorção máxima (λmáx) e as respectivas regiões de absorção para o extrato e fases das folhas de J. mutabilis.

Amostra λmáx (nm) Região de absorção

Jm-EEB 270 e 340 UVA e UVC

Jm-Hex 270 e 390 UVA e UVC

Jm-CHCl3 370 UVA

Jm-AcOet 270 e 340 UVA e UVC

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Figura 50 - Absorção espectrofotométrica do extrato e fases de Jatropha mutabilis.

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Mansur e colaboradores (1986a) desenvolveram um método in vitro utilizando

espectrofotômetro para determinação do FPS. O FPS, estimado por

espectrofotometria, é um número que avalia o filtro solar ou a substância em estudo,

de acordo com a altura, largura e localização da sua curva de absorção dentro do

espectro do ultravioleta.

O método in vitro não substitui a necessidade da determinação in vivo, por

não considerar a interação da formulação com a pele. No entanto, apesar de ser um

teste in vitro, já foi demonstrado que esta metodologia apresenta uma boa

correlação com os testes in vivo, pois relaciona a absorbância da substância em

questão com o efeito eritematógeno da radiação e a intensidade da luz em

comprimentos de ondas determinados entre 290 a 320 nm, espectro específico da

região UVB. (VIOLANTE, 2009).

Diante disso, foram determinados os FPS de Jm-EEB, Jm-CHCl3 , Jm-AcOet

obtidos de J. mutabilis, conforme mostram resultados expressos por gráficos na

Figura 53, p.140.

A fase Jm-CHCl3 na concentração de 100 ppm apresentou FPS 7,74 ± 0,13 e

a fase Jm-AcOet demonstrou os melhores FPS’s nas concentrações de 50 ppm e

100 ppm, sendo estes 10,44 ± 0,11 e 21,53 ± 0,08, respectivamente (Tabela 13,

p.138).

Os melhores resultados de FPS’s apresentados pela fase Jm-AcOet

provavelmente deve-se ao alto teor de fenóis totais presentes nesta fase (Tabela 11,

p. 130), conforme constatado na metodologia de quantificação destes compostos,

em sinergismo com o flavonoide já isolado desta fase, Jm-1. A fase Jm-CHCl3

demonstrou o segundo melhor resultado quando comparado ao extrato e demais

fases, corroborando assim com o alto teor de flavonoides totais e fenóis totais

apresentados (Tabela 11, p. 130).

Segundo Simões e colaboradores (2010), os flavonoides possuem espectros

de absorção característicos no ultravioleta, determinados pelo núcleo da

benzopirona (Figura 51, p.138), com dois máximos de absorção: um ocorrendo entre

240-285 nm (banda II) e outro entre 300-400 nm (banda I), sendo a banda II devida

à existência do anel A e a banda I devida ao anel B.

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Figura 51 - Estrutura da 1,4-Benzopirona.

Assim, pode-se observar que o gráfico de absorção espectrofotométrica de

Jm-AcOet (Figura 50, p.136) apresenta essas duas bandas de absorção,

comprovando a existência de núcleos flavonoidicos em sua composição e, portanto,

apresentando um melhor resultado de FPS para a região de UVB.

Dentre as substâncias ativas presentes nos vegetais que podem ser

empregadas a fim de proporcionar uma fotoproteção cutânea mais ampla à

formulação, estão os antioxidantes como as vitaminas C e E, os taninos, alcaloides e

flavonoides (SOUZA et.al., 2013).

Observa-se que com o aumento da concentração não houve um aumento

proporcional dos resultados (Figura 52, p.140), principalmente para a Jm-Hex, isto

se deve à questão da solubilidade do extrato e fases no solvente utilizado, o etanol,

afetando a concentração-dependente.

Tabela 13 - Fator de proteção solar do extrato e das fases obtidas das folhas de J. mutabilis.

Amostra FPS

5 mg/L 25 mg/L 50 mg/L 100 mg/L

Jm-EEB 0,24 ± 0,01 1,04 ± 0,14 2,07 ± 0,16 4,25 ± 0,17

Jm-Hex 0,09 ± 0,05 0,75 ± 0,24 1,19 ± 0,57 1,78 ± 0,09

Jm-CHCl3 0,35 ± 0,08 1,75 ± 0,01 3,68 ± 0,01 7,74 ± 0,13

Jm-AcOet 0,85 ± 0,11 5,16 ± 0,05 10,44 ± 0,11 21,53 ± 0,08

De acordo com a ANVISA, o fator mínimo de proteção solar que mede a

proteção contra os raios UVB passou de 2 para 6, nos produtos que se destinam

apenas a esta finalidade, ou seja, que não são multifuncionais (ANVISA, 2012).

Assim, Jm-AcOet que mostrou FPS mais promissor, principalmente na concentração

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50 mg/L, poderia ser utilizada preparando uma solução nessa mesma concentração,

porém utilizando como solvente o etanol absoluto com uma pequena percentagem

de DMSO para solubilização total do extrato, por exemplo, 1 ou 2 % de DMSO. Em

seguida, uma possível utilização desta fase em uma formulação de protetor solar do

tipo O/A (óleo em água) e realização de testes de estabilidade e efeito fotoprotetor

com determinação do FPS, por exemplo.

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Figura 52 - Fator de proteção solar in vitro do extrato e fases de Jatropha mutabilis.

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5.7. Sintese de oxima derivada de Jm-1, caracterização e determinação da

atividade fotoprotetora de Jm-1-Ox e determinação do FPS

A reação de adição nucleófilica a grupos carbonila, como a reação com

hidroxilamina para gerar oximas (reação de oximação) consiste na reação de

cetonas ou aldeídos com uma amina primária (RNH2) para formar derivados de

imina que é uma substância com uma ligação dupla carbono-nitrogênio (Figura 53,

p.141) (BRUICE, 2006).

Figura 53 - Reação de formação de oxima.

Fonte: BRUICE, 2006

As iminas são formadas em um processo reversível, catalisado por ácido, que

se inicia com o ataque da amina primária ao carbono carboxílico através de uma

reação de adição nucleofílica de uma amina primária ao grupo carbonila, seguido

pela formação de um intermediário tetraédrico pela introdução de um próton pelo íon

alcóxido e pela perda de um próton do íon amônio. O intermediário tetraédrico

neutro, denominado carbonolamina, está no equilíbrio em duas formas protonadas.

A eliminação de água do intermediário oxigenado protonado forma uma imina

protonada que perde um próton para formar a imina. A protonação pode ocorrer

tanto no nitrogênio, quanto no oxigênio e o equilíbrio favorece o intermediário

tetraédrico com o nitrogênio protonado porque o nitrogênio é mais básico do que o

oxigênio. O equilíbrio pode ser forçado na direção da imina com a remoção da água

formada ou pela precipitação da imina. O esquema da Figura 54 demonstra o

possível mecanismo de reação, que inicia pela adição de um nucleófilo ao grupo

carbonila, e posterior protonação e saída de água, com formação, por exemplo, das

oximas. (BRUICE, 2006).

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(Euphorbiaceae)

Figura 54 - Mecanismo para a formação de imina.

Fonte: BRUICE, 2006.

Muitos dos compostos que contêm um fragmento de oxima ou éter de oxima

exibem várias atividades biológicas entre os quais se encontram antiinflamatórios,

antifúngico, antibacteriana, antiviral e anticancerigena e outros. (VERLANDIA-DIAZ

et.al., 2011).

Tendo em vista a importância dessa classe de substância proveniente de uma

síntese obtida por uma reação simples, rápida e acessível. Turkkan e colaboradores

(2012) relatam que a oximação de flavonoide (narigenina) aumenta

consideravelmente seu potencial antioxidante, sendo assim um estudo promissor.

Diante do que já foi exposto procedeu-se à oximação de Jm-1 e posterior

comparação dos espectros dos reagentes e produtos obtidos no UV-VIS e IV-TF.

Foram avaliadas as atividades fotoprotetoras in vitro dos mesmos.

Assim, Jm-1 (sólido amorfo amarelo) foi submetido à reação com cloridrato de

hidroxilamina sob as condições já descritas na metodologia, obtendo-se no final um

sólido amorfo de coloração alaranjada (Jm-1-Ox).

Analisando os gráficos de absorção espectofotométrica (Figura 55, p.143),

observa-se que Jm-1 e Jm-1-Ox mostraram-se eficazes em absorver nas regiões de

UVA e UVC, possuindo os comprimentos de onda de absorção máxima (λmax) em

torno de 335 nm e 270 nm, para cada região.

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(Euphorbiaceae)

Os dois espectros de absorção possuem as duas bandas características de

flavonoides, confirmando serem da classe das flavonas, pois nestas a banda de

absorção I (referente ao anel B da 1,4-Benzopirona, Figura 51, p.138) aparece entre

304-350 nm devido à presença da carbonila (C=O) que por meio de ressonância

aumentam o comprimento do sistema π do anel aromático através das transições

dos elétrons do átomo de oxigênio para este sistema, aumentando assim, o

deslocamento do comprimento de onda. A presença da ligação dupla entre os

carbonos 2 e 3 do núcleo da flavona também contribui para a ressonância. (SIMÕES

et.al., 2010).

Um indicativo para a ocorrência da reação são as diferenças de absorbâncias

demonstradas para Jm-1 e Jm-1-Ox, tendo o produto apresentado uma maior

absorbância do que o substrato em todas as regiões de absorção.

Figura 55 - Absorção espectrofotométrica de Jm-1 e Jm-1-Ox.

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(Euphorbiaceae)

Com os valores de absorbância para a faixa de radiação UVB determinou-se

o fator de proteção solar de Jm-1 e Jm-1-Ox. Conforme já foi citado, segundo a

ANVISA (2012), o FPS-UVB mínimo aceito é 6, sendo assim tanto o flavonoide Jm-1

quanto a oxima Jm-1-Ox apresentaram eficácia fotoprotetora com FPS para a

concentração de 0,25 mmol/L de 9,57 ± 0,15 e 15,82 ± 0,21, respectivamente

(Figura 57, p.146).

Devido à semelhança estrutural dos flavonoides com os filtros químicos, como

apresentada na Figura 56, adicionalmente às suas propriedades antioxidantes e a

similaridade entre seus espectros de absorção na região da radiação UV, tais

compostos de origem natural são passíveis de exercer atividade fotoprotetora

(VELASCO et.al., 2008).

Figura 56 - Estrutura química da vitexina (a), 2-hidróxi-4-metoxi-benzofenona (b) e p-metoxicinamato de octila (c).

Estima-se que cerca de 80% dos sinais visíveis causados no envelhecimento

são provocados pelos raios ultravioletas e pelos radicais livres formados devido à

exposição a estes (SCOTTI, et.al., 2007).

Muitos fatores influenciam a atividade antioxidante dos compostos de

natureza fenólica, em especial, a posição de substituição e o número de grupos

hidroxila (OH), as propriedades de outros grupos substituintes e a possibilidade de

formação de ligações de hidrogênio. Compostos com dois (mais comum) ou três

substituintes grupos fenóis no anel benzênico possuem maior atividade antioxidante

do que os monoidroxilados. A posição do grupo hidroxila no anel B tem papel

importante na presença da atividade antioxidante. Assim, a posição para (C4´)

favorece essa ação (SCOTTI, et.al., 2007).

A alta atividade fotoprotetora observada para o composto Jm-1-Ox em relação

à Jm-1 (Tabela 14, p. 145) está relacionada à introdução do grupo C=N-OH na

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145

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posição 4 do anel C da flavona em substituição à carbonila (C=O), aumentando

assim a quantidade de grupos hidroxilas, mesmo não estando diretamente ligado ao

anel benzênico, mas afetando no efeito da ressonância, em que além do nitrogênio

tem o oxigênio da hidroxila, doando elétrons por ressonância e retirando elétrons do

anel indutivamente, sendo a doação mais significante que a retirada. Já em Jm-1 há

apenas o oxigênio da carbonila atuando nesse efeito em relação à Jm-1-Ox. Isso

pode indicar que o grupo oxima atua como um cromóforo mais potente que a cetona

correspondente, gerando a intensificação da absorbância.

Segundo Velasco e colaboradores (2008), os flavonoides não apresentam

tendência à absorção cutânea, assim interpreta-se que a atividade seria exercida

nas camadas superficiais da pele, ação desejada para os filtros solares.

Assim, extratos vegetais ricos em constituintes fenólicos, como flavonoides,

vêm sendo empregados em formulações fotoprotetoras associadas aos filtros UV.

Uma vez que, comprovada sua capacidade de absorver a radiação solar e

antioxidante podem intensificar a proteção final do produto e ou neutralizar os

radicais livres produzidos na pele após exposição ao sol. (SOUZA; MELLO; LOPES,

2013).

Tabela 14 - Fator de proteção solar in vitro de Jm-1 e Jm-1-Ox

Amostra FPS

27,01 mg/L 51,85 mg/L 108 mg/L

Jm-1 2,17 ± 0,07 4,48 ± 0,11 9,57 ± 0,15

Jm-1-Ox 3,54 ± 0,11 7,45 ± 0,06 15,82 ± 0,21

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Figura 57 - Fator de proteção solar in vitro de Jm-1 e Jm-1-Ox.

Segundo Pavia e colaboradores (2010) a maioria das moléculas orgânicas e

dos grupos funcionais é transparente nas regiões do espectro eletromagnético (UV e

VIS). No entanto, essas informações quando combinadas com detalhes fornecidos

por espectro de infravermelho podem gerar propostas estruturais.

Os espectros IV-TF de Jm-1 e Jm-1-Ox são mostrados na Figura 59, p.148.

Todos os espectros demonstraram bandas de absorção correspondentes aos grupos

funcionais –OH, C=C (aromático), H-C (aromático) e O-Caromático, sendo elas

respectivamente 3200-3650 cm-1, 1475-1600 cm-1, 3050-3150 cm-1 e 1000-1300 cm-

1, conforme descrito por Pavia e colaboradores (2010). No entanto, comparando os

espectros das duas substâncias, observa-se algumas diferenças, por exemplo, o

espectro de Jm-1-Ox apresenta a banda de estiramento de OH, envolvendo a

formação extensiva de ligações de hidrogênio, menos intensa que a mesma banda

correspondente a Jm-1, sugerindo uma mudança no estiramento desta hidroxila

devido à ligação de hidrogênio da hidroxila ligada ao C5 com o nitrogênio ligado ao

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Jm-1

Jm-1-Ox

27,01 mg/L 51,85 mg/L 108,00 mgl/L

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(Euphorbiaceae)

C4, confirmando assim que a reação de sintese da oxima (Figura 58, p.147) tenha

ocorrido.

Figura 58 - Representação sistemática da síntese de Jm-1-Ox.

Ainda segundo Pavia e colaboradores (2010) as oximas absorvem na região

compreendida entre 1640-1690 cm-1 devido ao estiramento da ligação dupla

existente entre carbono e nitrogênio (C=N). É possível verificar que o espectro IV-TF

de Jm-1-Ox apresenta um pico de absorção em aproximadamente 1700 cm-1,

indicando a presença da ligação C=N em Jm-1-Ox, verificando a ausência deste

sinal para o espectro de Jm-1, sendo assim mais um indicativo de que a reação

tenha ocorrido.

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Figura 59 - Espectros de IV-TF de Jm-1 (reagente) e Jm-1-Ox (produto).

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(Euphorbiaceae)

5.8. Atividade antibacteriana

Não existe um consenso sobre o nível de inibição aceitável para produtos

naturais quando comparados com antibióticos padrões, tanto que alguns autores

consideram somente resultados similares aos de antibióticos, enquanto outros

consideram com bom potencial mesmo aqueles com níveis de inibições superiores.

(DUARTE, 2006).

Os principais grupos de compostos com propriedades antimicrobianas,

extraídos de plantas incluem: terpenóides e óleos essenciais, alcaloides e

substâncias fenólicas e polifenóis, que são: fenóis simples, ácidos fenólicos,

quinonas, flavonas, flavonóis e flavonoides, taninos e cumarinas (GONÇALVES,

FILHO, MENEZES, 2005).

As plantas do gênero Jatropha mostraram um amplo espectro de atividade

antibacteriana e podem ser uma potencial fonte de novas classes de antibióticos

úteis para o controle de doenças infecciosas. (SABANDAR et.al., 2013).

Das dez cepas bacterianas que foram submetidas ao teste de sensibilidade

ao extrato e fases da Jatropha mutabilis, as cepas de Bacillus cereus, Enterococcus

faecalis, Shigella flexneri, Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis

[ATCC 12228] mostraram-se resistentes à todos os extratos e fases, com exceção

da Shigella flexneri, todas são Gram-positivas.

As cepas Escherichia coli, Klebisiella pneumoniae, Salmonella choleraesuis,

Serratia marcescens, MRSA (esta última, uma Gram-positiva) foram sensíveis à

ação da fase Jm-AcOet, gerando valores de CBM variando entre 0,39 a 6,25 ppm. A

cepa Salmonella choleraesuis também foi sensível ao extrato de Jm-EEB com CBM

de 1562,5 µg/mL (Figura 60, p. 150).

Notadamente, microrganismos Gram-negativos mostram-se mais resistentes

à ação de antimicrobianos, uma vez que sua parede celular encontra-se protegida

por uma camada de lipopolissacarídeos (GOULD, 2009). Das dez cepas testadas,

cinco (50%) são classificadas como microrganismos Gram-positivos e outras cinco

como Gram-negativos. Observou-se que das cinco cepas que mostraram-se

sensíveis a pelo menos uma fase do extrato, quatro pertencem ao grupo das Gram-

negativas e apenas a MRSA foi a Gram-positiva sensível. Desta forma, percebe-se a

eficiência da fase Jm-AcOet em inibir o crescimento dos microorganismos Gram-

negativos.

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Certas espécies de Jatropha foram investigadas quanto às suas atividades

antibacteriana, antifúngica e antiviral. Os extratos de J. curcas, J. gaumeri, J.

gossypifolia, J. multifida, J. nana e J. Unicostata foram relatados por promoverem a

inibição do crescimento de bactérias Gram-positivas e negativas (SABANDAR et.al.,

2013).

Das quatro amostras avaliadas no estudo, apenas a Jm-EEB e Jm-AcOet

produziram algum efeito antibacteriano, sendo que esta última apresentou melhor

efeito. Este efeito pode ser explicado pelo sinergismo da flavona que precipitou

nesta fase e ainda ficou uma quantidade remanescente nas paredes do rescipiente

com o alto teor de fenóis totais já descritos para esta fase.

Acredita-se que muito do efeito antimicrobiano dos extratos vegetais se deve,

principalmente, à presença de flavonoides em sua composição (AHMAD; BEG

2001).

Figura 60 - Atividade antibacteriana do extrato Jm-EEB e da fase Jm-AcOet de Jatropha mutabilis.

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6. CONCLUSÕES

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(Euphorbiaceae)

6. CONCLUSÕES

Na análise da prospecção fitoquímica, foi revelada para os extrato e fases a

presença de terpenos e compostos fenólicos, como os flavonoides e lignanas. Estes

dados foram confirmados quando do isolamento e identificação do flavonoide

glicosilado (vitexina) da fase acetato de etila e do esteroide glicosilado (3-O-β-D-

glicopiranosilsitosterol) da fase hexânica.

Para o óleo essencial obtido das folhas frescas foi possível identificar através

de análise por CG-EM e comparação com dados da literatura a predominância de

sesquiterpenos oxigenados e um diterpeno oxigenado, o fitol, componente

identificado majoritariamente.

Na quantificação de fenóis totais, a fase Jm-AcOet apresentou o maior teor

(255,54 ± 21,88 mg EqAG/g) quando comparada com o extrato Jm-EEB (63,04 ±

10,78) e as fases Jm-Hex (38,46 ± 4,73) e Jm-CHCl3 (79,29 ± 2,88). Já na

determinação de flavonoides totais, o maior teor foi determinado para a fase Jm-

CHCl3 (66,47 ± 2,94) seguido de Jm-EEB (40,39 ± 7,30) e Jm-AcOet (20,59 ± 1,06).

Na avaliação da atividade antioxidante in vitro, foi possível verificar que de

todos os extratos e fases, Jm-AcOet foi mais eficaz no sequestro de radicais livres

DPPH apresentando o menor valor de CI 50 (18,93 ± 3,33) seguido da substância Jm-

1 (vitexina) com CI50 84,58 ± 3,35. No outro método, a fase Jm-Hex demonstrou

melhor eficiência em prevenir a oxidação do β-caroteno na presença do ácido

linoleico (agente oxidante) com percentual 63,64 ± 6,78 % de atividade.

No estudo da atividade fotoprotetora in vitro, as fases Jm-Hex, Jm-CHCl3 e

Jm-AcOet mostraram eficiência em absorver na região UVA e Jm-EEB, na região

UVC. Na determinação do fator de proteção solar, a fase Jm-CHCl3 na concentração

de 100 mg/L apresentou FPS 7,74 ± 0,13 e a fase Jm-AcOet demonstrou os

melhores FPS’s nas concentrações de 50 mg/L e 100 mg/L, sendo estes 10,44 ±

0,11 e 21,53 ± 0,08, respectivamente. Os resultados são promissores,

principalmente para Jm-AcOet, tendo em vista o fator de proteção mínimo exigido

pela ANVISA que é 6. No entanto, estudos in vivo devem ser realizados para

preparar uma formulação e considerar a interação desta com a pele.

Na síntese da oxima foi possível confirmar a reação desta através dos

métodos espectofotométricos (UV-VIS) e do infravermelho (IV-TF), sendo possível

verificar diferenças e picos caracteristicos nos espectros do reagente (vitexina) e do

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produto (vitexina oximada). Foi possível ainda determinar o fator de proteção solar

desses dois compostos, verificando que a oxima derivada do flavonoide apresentou

melhor fator quando comparado ao do flavonoide, sendo eles 15,82 ± 0,21 e 9,57 ±

0,15, respectivamente.

Para a atividade antibacteriana, apenas o Jm-EEB e a Jm-AcOet apresentam

atividade, destacando-se esta última na eficiência de inibição do crescimento de

várias bactérias Gram-negativas e uma Gram-positiva, gerando valores de CBM

variando entre 0,39 e 6,25 mg/L.

Diante do que já foi exposto, observa-se que J. mutabilis apresentou potencial

nas atividades antioxidante, fotoprotetora e antibacteriana, podendo estas serem

justificadas pela presença de compostos fenólicos e flavonoides, conforme foi

quantificado, além dos constituintes químicos que foram identificados pela primeira

vez na espécie. Assim, pode-se contribuir tanto para o estudo fitoquímico e

biológico, destacando-se o ineditismo desta pesquisa para a espécie, quanto para o

conhecimento quimiotaxonômico do gênero Jatropha e da família Euphorbiaceae.

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REFERÊNCIAS

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(Euphorbiaceae)

Chemical Composition of Essential Oil from the Leaves of Jatropha mutabilis

(Pohl) Baill (Euphorbiaceae)

Eliatania Clementino Costa, Ana Paula de Oliveira, Jackson Roberto Guedes da

Silva Almeida and Edigênia Cavalcante da Cruz Araújo*

Programa de Pós Graduação em Recursos Naturais do Semiárido, Universidade

Federal do Vale do São Francisco, 56.304-205, Petrolina, Pernambuco, Brazil

José Alves de Siqueira-Filho

Colegiado de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Vale do São Francisco,

56.306-410, Petrolina, Pernambuco, Brazil

*Address for correspondence

E-mail: [email protected]

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(Euphorbiaceae)

Abstract

Jatropha is an important genus belonging to the Euphorbiaceae family. The essential

oil from the leaves of Jatropha mutabilis, which were collected in the semiarid of

Pernambuco (Northeast Brazil), was obtained by hydrodistillation in a Clevenger-type

apparatus and analyzed by Gas Chromatography-Mass Spectrometry (GC-MS).

Twenty components comprising 100% of the leaf essential oil were identified. The

major individual constituents were phytol (41.38 %), (+)-spathulenol (12.81 %), epi-α-

cadinol (9.27 %), (-)-caryophyllene oxide (4.79 %), germacrene D (4.46 %), α-cadinol

(3.86 %) and elemol (3.64 %). This is the first report on the chemical composition of

the essential oil of this species.

Key Word Index: Jatropha mutabilis, Euphorbiaceae, essential oil composition,

phytol.

Introduction

The Euphorbiaceae family has about 317 genera and 8.000 species, distributed

mainly in the tropics and subtropics, and is the second most representative family of

the Caatinga biome (semi-arid vegetation – Brazil) in number of species, surpassed

only by Leguminosae (1).

The use of plants in alternative medicine as a cultural element of a people is an

important primary source of information on research aiming to develop and promote

the rational use of phytotherapics. The species of Jatropha are being popularly used

over the years to treat many evils. The name Jatropha is derived from the Greek

word ‘‘jatros’’ (doctor) and ‘‘trophe’’ (food), which implies its medicinal uses (2, 3).

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Jatropha mutabilis (Pohl) Baill is an endemic species of the Caatinga, found in

sandy terrain. This species is popularly known as “pinhão de seda” and its flowers

and leaves are used in folk medicine as a depurative and against constipation (1, 4).

To the best of these authors’ knowledge, there are no published reports on the

chemical composition of the essential oil of Jatropha mutabilis. The objective of this

study was to characterize for the first time, the components of the essential oil this

species.

Experimental

Plant material: The leaves were collected at the Center for Recuperation of

Degraded Areas (CRAD/UNIVASF) in the municipality of Petrolina, State of

Pernambuco, Brazil, in August 2013. The botanical identification was made by Prof.

Dr. José Alves de Siqueira Filho, and the voucher specimen (#14316) was deposited

at the Herbarium Vale do São Francisco (HVASF) of the Federal University of San

Francisco Valley.

Essential oil extraction: The plant material (1300 g) was cut into pieces, and

subjected to hydrodistillation for 2 h in a modified Clevenger-type apparatus. The oils

were dried over anhydrous sodium sulfate and their percentage content was

calculated on basis of the dry weight of plant material. The oils were stored in a

refrigerator and maintained at less than 4 °C until analysis by gas chromatography.

Analysis of the essential oil: The chemical characterization of the oil was

performed on a Shimadzu QP-2010 gas chromatograph interfaced to a mass

spectrometer (GC-MS), according to the operational conditions: DB-5MS column

Agilent Technologies (30 m x 0.25 mm x 0.25 µm); helium (99.999 %) carrier gas at a

constant flow of 1.1 mL/min; 1.0 µL injection volume; injector split ratio of 1:10;

Page 184: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

183

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

injector temperature 250 oC; electron impact mode at 70 eV; ion-source temperature

280 oC and transfer line temperature 260 °C The oven temperature was programmed

from 60 oC , with an increase of 3 oC/min to 240 oC. A mixture of linear hydrocarbons

(C9H20–C21H40) was injected under the same experimental conditions as samples,

and identification of the constituents was performed by comparing the spectra

obtained with those of the equipment database (Wiley 7 lib and Nist 08 lib) and by

using the Kovats Index, calculated for each constituent as previously described, with

subsequent comparison with literature data (5, 6, 7).

Results and Discussion

The chemical composition of the essential oil of J. mutabilis is shown in Table

I. They were identified by comparison of their mass spectral data with reference

spectra in the computer library. The identified compounds are given according to

their retention indexes. The various components are listed in order of their elution

from DB-5MS column. The oil yield was 0.00039% m/m. calculated on a fresh weight

basis. The chemical composition of essential oil has shown the presence of a total of

20 compounds. The major individual constituents were phytol (41.38 %), (+)-

spathulenol (12.81 %), epi-α- cadinol (9.27 %), (-)-caryophyllene oxide (4.79 %),

germacrene D (4.46 %), α-cadinol (3.86 %) and elemol (3.64 %). This oil was

characterized by predominance of oxygenated sesquiterpenes (42.86 %) followed by

a unit of an oxygenated diterpenoid (41.38 %), sesquiterpene hydrocarbons (12.14

%), an aliphatic ketone (1.44 %) and aliphatic alkane (2.18 %). However, the major

compound that was identified is an oxygenated aliphatic diterpene, the phytol (41.38

%).

Page 185: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

184

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

The phytol is a diterpene used in industry as a component of cosmetics,

shampoos, soaps, detergents among others. The worldwide use of phytol is

approximately from 0.1 to 1.0 tons per year. From the therapeutic point of view the

phytol and its analogues showed activity against mycobacteria and treatment of

tuberculosis. Other studies have shown that phytol is capable of inducing the

expression of target-genes involved in lipid abnormalities in many common diseases

including obesity, diabetes and dyslipidemia (8).

The phytol has been identified in the essential oil from the leaves of Jatropha

gossypifolia L. being reported for the same biological activities such as anticancer,

anti-inflammatory, antimicrobial and diuretic (9). Was also identified in the methanol

extract of the leaves of Jatropha curcas L. (10) and leaves oil of Jatropha tangorensis

(11).

Study of the chemical composition of essential and volatile oil obtained from

the roots of Jatropha ribifolia (Pohl) Baill also reports the presence of the following

compounds as 𝛽-elemene-(−) (0.01 %), spathulenol (0.74 %) e (−)-spathulenol (1.25

%) (12).

Isomeric forms have been identified with a mixture of cis and trans phytol in

the analysis of the essential oil from the dried leaves of Euphorbia hirta Linn

(Euphorbiaceae) Thus phytol and its isomeric forms add up to 34.8 %. It was also

characterized phytone (12.37 %) (13). Phytol is a reactive oxygen species-promoting

substance. In an extensive study, experiments showed that treatment of rats with

phytol increased oxidative burst in vivo and thereby corrected the effect of the

genetic polymorphism in arthritis-prone Ncf1DA rats (14).

Page 186: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

185

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

In the family, the phytol (4.58 %) and octacosane (2.00 %) were identified in

the essential oil of aerial parts of Kirganelia reticulate (15). This diterpene was

present in aerial parts of Fluggea leucopyrus Willd (16).

As for the other constituents present in the oil J. mutabilis, it is observed that

β-elemene (1.53 %), β-caryophyllene (4.95 %), germacrene D (2.45 %),

bicyclogermacrene, germacrene B (3.64 %), germacrene D-4-ol (3.97 %),

caryophyllene oxide (3.55 %) e α-cadinol (3.97 %) were identified in the leaves of

Croton flavens L. from Guadeloupe (17).

Volatile constituents of two Croton species from Caatinga biome of

Pernambuco-Brasil also showed the following constituents in common with those that

were identified in J. mutabilis such as β-elemene, bicyclogermacrene, elemol,

germacrene B, spathulenol, caryophyllene oxide, epi-α-cadinol and juniper camphor,

so corrobando results (18).

In conclusion, this work contributes to the phytochemical study of the species

J. mutabilis as the first reported chemical constituents which may be related to its

popular use.

Acknowledgements

The authors are grateful to the Brazilian agencies CNPq and FACEPE for

financial support. We also thank to CRAD/UNIVASF by the botanical identification of

the plant.

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189

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Table I. Chemical composition of the leaf essential oil of Jatropha mutabilis.

Order Compound RT(min) RI* RI** %Composition

1 β-Elemene 23.49 1387 1390 1.26

2 (E)-Caryophyllene 24.70 1416 1419 1.58

3 Germacrene D 27.24 1477 1481 4.46

4 Bicyclogermacrene 27.83 1491 1500 3.30

5 Elemol 29.98 1546 1549 3.64

6 Germacrene B 30.32 1554 1561 1.54

7 (+)-Spathulenol 31.06 1573 1578 12.81

8 (-)-Caryophyllene oxide 31.24 1578 1583 4.79

9 Globulol 31.40 1582 1590 1.02

10 Ledol 32.12 1600 1602 0.57

11 Germacrene D-4-ol 32.78 1617 1575 1.62

12 Juniper camphor 32.87 1620 1700 0.82

13 (-)-Spathulenol 33.05 1625 1619 1.58

14 β-Atlantol 33.22 1629 1608 2.22

15 epi-α-Cadinol 33.58 1639 1640 9.27

16 Fokienol 33.75 1643 1596 0.66

17 α-Cadinol 34.08 1652 1654 3.86

18 Phytone 40.84 1840 1848 1.44

19 Phytol 49.46 1993 1943 41.38

20 Octacosane 55.11 1980 2800 2.18

RI*: linear retention indices were calculated using a homologous series (C9H20–

C40H82) n-alkanes; RI**: retention indices taken from literature. RT: retention

time.

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Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

PERFIL FITOQUÍMICO, FENÓIS TOTAIS, FLAVONOIDES TOTAIS E ATIVIDADES

ANTIOXIDANTE E FOTOPROTETORA DE EXTRATOS DE JATROPHA

MUTABILIS (EUPHORBIACEAE)

Eliatania Clementino Costa1, Edigênia Cavalcante da Cruz Araújo1, Jackson Roberto

Guedes da Silva Almeida1, José Alves de Siqueira Filho2.

1. NEPLAME e 2. CRAD/HVASF, Universidade Federal do Vale do São Francisco.

RESUMO - O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição química, quantificar os

teores de fenóis e flavonoides totais, bem como determinar as atividades

antioxidante e fotoprotetora de extrato e fases secos obtidos das folhas de J.

mutabilis. A atividade antioxidante das amostras foi avaliada pelos métodos do

sequestro do radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH) e da co-oxidação do β-

caroteno/ácido linoléico. No método do sequestro do radical DPPH, a fase acetato

de etila mostrou-se como o antioxidante mais efetivo, com CI50 de 18,93 ± 3,33

µg/mL. Enquanto que no método de inibição da co-oxidação do β-caroteno a fase

hexânica foi a que se mostrou com maior atividade com valor de 63,64 ± 6,78 %.

Para a atividade fotoprotetora, os extratos foram diluídos em etanol e submetidos a

uma varredura em espectrofotômetro entre os comprimentos de 260 a 400 nm. A

fase AcOet mostrou melhores resultados de absorção na região UVB com FPS-UVB:

20,41±1,94 (100 mg/L) e 9,83±1,07 (50 mg/L). Tais resultados mostram que J.

mutabilis apresenta compostos fenólicos em sua composição que conferem a esta

boas atividades antioxidante e fotoprotetora.

Termos para indexação: Jatropha mutabilis; Euphorbiaceae; Atividade

antioxidante; Atividade fotoprotetora; Fenóis totais; Flavonoides totais.

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Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

PROFILE PHYTOCHEMICAL, TOTAL PHENOL, FLAVONOIDS TOTAL AND

ANTIOXIDANT AND PHOTOPROTECTIVE ACTIVITIES OF EXTRACTS

JATROPHA MUTABILIS (EUPHORBIACEAE)

ABSTRACT - The objective of this study was to evaluate the chemical composition,

quantify the content of total phenols and flavonoids as well as determine the

antioxidant and photoprotective activities of extract and dry phases obtained from the

leaves of J. mutabilis. The antioxidant activity was evaluated by using 2,2-diphenyl-1-

picrylhydrazyl (DPPH) and method of co-oxidation of β-carotene/linoleic acid. In the

method of the kidnapping of DPPH radical, the ethyl acetate phase showed to be the

most effective antioxidant, with IC50 of 18,93 ± 3,33 µg/mL. While in the method of

inhibiting the co-oxidation of β - carotene hexane phase was showed that greater

activity with a value of 63.64 ± 6.78%. For photoprotective activity, the extracts were

diluted in ethanol and submitted to scanning spectrophotometer lengths between

260-400 nm. The AcOet phase showed better results in the absorption of UVB region

with FPS-UVB: 20,41±1,94 (100 mg/L) e 9,83±1,07 (50 mg/L). These results show

that J. mutabilis presents phenolic compounds in its composition to give this good

photoprotection and antioxidant activities.

Index terms: Jatropha mutabilis; Euphorbiaceae; Antioxidant activity;

photoprotective activity, total phenols, total Flavonoids.

INTRODUÇÃO

A biodiversidade dos vegetais constitui uma grande riqueza em potencial para

a saúde humana, sendo as plantas fontes de produtos naturais biologicamente

ativos. (FRÖHLICH et. al., 2010)

A família Euphorbiaceae, com cerca de 317 gêneros e 8.000 espécies,

distribui-se principalmente nos trópicos e subtrópicos, sendo a segunda família mais

representativa da Caatinga em número de espécies, superada apenas por

Leguminosae. (SANTOS et. al., 2005)

A utilização de plantas na medicina alternativa, enquanto elemento cultural de

um povo é importante fonte preliminar de informação na pesquisa com vistas ao

desenvolvimento e promoção do uso racional de fitoterápicos. As espécies do

gênero Jatropha vêm sendo utilizadas popularmente, ao longo dos anos, no

tratamento de males diversos. (MARIZ et. al., 2006)

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192

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

O nome Jatropha é derivado da palavra grega ‘’jatros’’ (médico) e “trophe”

(alimentos), o que implica seus usos medicinais. (SABANDAR et.al., 2013)

Jatropha mutabilis (Pohl) Baill é uma espécie monóica, endêmica de Caatinga,

ocorrendo desde o Piauí até a Bahia, em áreas de Caatinga hiperxerófila, sendo

encontrada em terreno arenoso. (SANTOS et. al., 2005)

Esta espécie é conhecida popularmente por pinhão-de-seda e suas flores e

folhas são utilizadas pela medicina popular como depurativo e para constipação.

(ALBUQUERQUE et. al., 2007)

Diante da ausência de estudos químicos de J. Mutabilis, o presente trabalho

teve como objetivos caracterizar fitoquimicamente os extratos e fases desta espécie

e determinar os teores de fenóis e de flavonoides totais, bem como avaliar as

atividades antioxidante e fotoprotetora.

MATERIAL E MÉTODOS

Coleta do material vegetal: Folhas de J. mutabilis foram coletadas no Centro

de Recuperação de Áreas Degradadas (CRAD/UNIVASF), localizado na zona rural

do município de Petrolina, estado de Pernambuco, Brasil, no mês de março de 2012.

A identidade botânica da planta foi confirmada pelo professor José Alves de Siqueira

Filho, e uma exsicata (14316) encontra-se depositada no Herbário Vale do São

Francisco (HVASF) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF).

Processamento do material vegetal e obtenção dos extratos: As folhas

(1,52 Kg) da espécie foram submetidas à secagem em estufa com circulação de ar a

45 ºC por oito dias consecutivos. Após a retirada da umidade, o material foi

pulverizado em moinho mecânico, fornecendo 309,5 g de folhas. O pó das folhas foi

macerado com etanol a 95% à temperatura ambiente, sendo realizadas 3 (três)

extrações num intervalo de 72 horas entre cada extração. A solução extrativa foi

concentrada em evaporador rotativo sob pressão reduzida, obtendo-se o extrato

etanólico bruto (EtOH). Este, por sua vez, foi dissolvido em MeOH:H2O (3:7) e

submetido à agitação mecânica durante 40 minutos. A solução hidroalcoólica foi

particionada com solventes orgânicos em ordem de polaridade crescente,

resultando, respectivamente, nas fases: hexânica (Hex), clorofórmica (CHCl3) e

acetato de etila (AcOet).

Avaliação fitoquímica preliminar: Foram utilizadas duas técnicas de análise

fitoquímica: Uma descrita por Matos (1997) para identificação de fenóis e taninos

Page 194: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

193

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

(cloreto férrico 2%), flavonoides (Shinoda), alcaloides (Dragendorff, Mayer e

Bouchardat), esteroides e terpenóides (Liebermann-Burchard) para o extrato

etanólico bruto (EtOH). E a outra técnica de análise utilizou-se da cromatografia em

camada delgada (CCD) com placas de camada fina de gel de sílica 60 F254 com

suportes de alumínio, sendo que as mesmas foram eluídas em diferentes sistemas

de solventes, tal como descrito por Sobrinho et. Al., 2012, conforme mostra a Tabela

1. Esta técnica buscou identificar qualitativamente a presença dos principais grupos

de metabolitos secundários presentes no EtOH e nas fases Hex, CHCl3 e AcOet.

Tabela 1. Sistemas de eluição e reveladores utilizados para a caracterização de

metabólitos secundários de extratos de folhas de Jatropha mutabilis por

cromatografia em camada delgada.

Fitoquímica Sistema de eluição Revelador

Alcalóides Tolueno: acetato de etila: dietilamina

(70:20:10, v/v)

Reagente de

Dragendorff

Derivados

Antracênicos

Acetato de etila: metanol: água

(100:13,5:10, v/v)

Reagente KOH

etanólico 10%

Cumarinas Tolueno: éter etílico (1:1 saturado com

ácido acético 10%, v/v)

Reagente KOH

etanólico 10%

Flavonoides e

taninos

Acetato de etila: ácido fórmico: ácido

acético glacial: água (100:11:11:26, v/v) Reagente de NEU

Lignanas Clorofórmio: metanol: água (70:30:4, v/v) Reagente de vanilina

fosfórica

Mono e

diterpeno Tolueno: acetato de etila (93:7, v/v)

Reagente de vanilina

sulfurica

Naftoquínonas Tolueno: ácido fórmico (99:1, v/v) Reagente KOH

etanólico 10%

Triterpenos e

esteroides

Tolueno: clorofórmio: etanol (40:40:10,

v/v)

Reagente de

Lieberman-Burchard

Avaliação da atividade antioxidante in vitro: A atividade antioxidante

usando o método do sequestro do radical livre estável 2,2-difenil-1-picrilhidrazil

(DPPH) foi realizada usando metodologia descrita previamente (FALCÃO et. al.,

Page 195: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

194

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

2006). Assim, utilizou-se o modelo fotocolorimétrico in vitro do radical livre DPPH.

Soluções (1 mg/mL) de amostra de estoque do extrato, das fases e dos padrões

foram diluídas em etanol até obter as seguintes concentrações finais: 243, 81, 27, 9,

3 e 1 μg/mL. Em cubetas de vidro, foram colocadas 2,5 mL das soluções de

amostras nas diferentes concentrações já citadas e a cada uma foi adicionado 1 mL

da solução etanólica de DPPH (50 μg/mL). Essa reação transcorreu em temperatura

ambiente, por 30 min, e em seguida a absorbância foi lida em 518 nm em

espectrofotômetro UV-VIS Quimis. O branco foi feito adicionando-se 1 mL de etanol

a 2,5 mL de amostra, em cada concentração separadamente. Como controle

negativo usou-se a mistura de 1 mL da solução de DPPH com 2,5 mL de etanol. As

atividades antioxidantes foram expressas como valores de CI50 calculados utilizando

o programa GraphPad Prism 5.0. Todos os testes foram feitos em triplicata e os

resultados obtidos foram comparados com os antioxidantes comerciais ácido

ascórbico, butilhidroxianisol (BHA) e butilhidroxitolueno (BHT).

No método da co-oxidação do β-caroteno frente ao ácido linoléico foi utilizada

a metodologia descrita por Chen et. al. (2011). A taxa de clareamento do β-caroteno

pode ser retardada na presença de antioxidantes. Assim, 2 mg de β-caroteno foram

dissolvidos em 10 mL de clorofórmio e 2 mL desta solução foram adicionadas a 40

mg de ácido linoléico e 400 mg de Tween 40. O clorofórmio foi evaporado sob vácuo

a 40 º C e 100 mL de água destilada foi adicionada. Em seguida, a emulsão foi

agitada vigorosamente durante 2 minutos. Os compostos de referência (ácido

ascórbico, BHA e BHT), o extrato e as fases foram preparados em etanol. A emulsão

(3,0 mL)

foi adicionada a um tubo contendo 0,12 mL de soluções de 1 mg / mL de compostos

de referência, dos extratos e das fases da amostra. A absorvância foi imediatamente

medida a 470 nm. Em seguida, as cubetas de vidro contendo as emulsões foram

incubadas num banho de água a 50°C durante 120 min, quando a absorvância foi

medida novamente. Os compostos de referência foram usados como controle

positivo. No controle negativo, os extratos foram substituídos com um volume igual

de etanol. Os testes foram feitos em triplicata. O percentual de atividade antioxidante

(AA%) foi avaliado em termos de perda da coloração amarelada do β-caroteno

utilizando a seguinte fórmula: % AA= 100 x [1-(A0 – At) / (A00 – At

0)], em que A0=

absorbância inicial da amostra, At= absorbância final da amostra, A00= absorbância

inicial do branco e At0= absorbância final do branco.

Page 196: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

195

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Determinação de fenóis totais: O conteúdo de compostos fenólicos totais foi

determinado para cada extrato e fase, utilizando o método de Slinkard e Simpleton

(1977) com adaptações (ALMEIDA et al., 2011), usando o reagente de Folin-

Ciocalteu e o padrão de ácido gálico. O teor de fenóis totais foi expresso como

miligramas de equivalentes de ácido gálico por grama de amostra (mg EqAG/g),

através da curva de calibração com ácido gálico. A faixa da curva de calibração foi

obtida com concentrações variando de 50-1000 mg/L. Todas as análises foram

realizadas em triplicata.

Determinação do teor de flavonoides totais: O teor de flavonoides totais foi

determinado usando um método colorimétrico descrito por Dewanto et. al. (2002).

Os resultados foram expressos em miligramas de equivalentes de catequina por

grama de extratos (mg de EqC/g) por meio da curva de calibração da catequina.

Esta curva foi obtida com concentrações de catequina variando de 50-1000 mg/L.

Avaliação da atividade fotoprotetora: A atividade fotoprotetora foi avaliada

in vitro através de um espectrofotômetro QUIMIS modelo Q798U2M, com cubetas de

quartzo de 1 cm de caminho óptico, a fim de verificar a absorção das amostras nas

regiões ultravioleta A e B (UVA e UVB). As determinações espectrométricas foram

realizadas com as seguintes concentrações dos extratos diluídos em etanol

absoluto: 5, 25, 50 e 100 mg/L. A varredura espectrométrica foi realizada entre os

comprimentos de 260 a 400 nm com intervalos de 5 nm. Álcool etílico absoluto PA

foi utilizado como branco (Violante et al., 2009). O cálculo do FPS foi obtido de

acordo com a equação desenvolvida por Mansur et. al. (1986):

320

FPS espectrométrico = CF x ∑ EE (λ) x I (λ) x ABS (λ)

290

Onde: FC = Fator de correção, que é igual a 10. EE (λ) = Efeito eritemogênico da

radiação de comprimento de onda λ. I (λ) = Intensidade da luz solar no comprimento

de onda λ. ABS (λ) = Leitura espectrofotométrica da absorbância da solução

preparada no comprimento de onda λ. Os valores de EE x I são constantes. Eles

foram determinados por Sayre et. al. (1979).

Análise estatística: Os dados obtidos foram analisados usando o GraphPad

Prism ® versão 5.0 e expressos como média ± D.P. Todas as determinações foram

conduzidas em triplicata. Os valores de CI50 foram obtidos por interpolação a partir

Page 197: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

196

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

da análise de regressão linear com 95% de nível de confiança. Os valores foram

considerados significativamente diferentes para p < 0,05.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na triagem fitoquímica qualitativa utilizando a metodologia descrita por Matos

(1997), o extrato etanólico bruto de J. mutabilis apresentou reação positiva para a

presença de fenóis/taninos, flavonoides e esteroides/terpenóides.

Os resultados para o perfil fitoquímico utilizando a metodologia descrita por

Sobrinho et. al., (2012) encontram-se dispostos na Tabela 2. Tanto os extratos como

as fases foram negativos quanto à presença de cumarinas e naftoquinonas. Todas

as amostras apresentaram reação positiva para a presença de flavonoides/taninos.

Tabela 2. Resultados da triagem fitoquímica do extrato etanólico (EtOH) e demais

frações (Hex, CHCl3 e AcOEt) obtidas das folhas de J. mutabilis (Euphorbiaceae).

Fitoquímica

Extrato

etanólico

(EtOH)

Fase Hexano

(Hex)

Fase

Clorofórmio

(CHCl3)

Fase Acetato

de etila

(AcOet)

Alcalóides - - + -

Derivados

Antracênicos

- + ++ -

Cumarinas - - - -

Flavonoides e

taninos

+++ + ++ +++

Lignanas - - ++ +++

Mono e

diterpeno + +++ + -

Naftoquínonas - - - -

Triterpenos e

esteroides - - ++ -

(-) Não foi detectado; (+) presença baixa, (++) presença moderada, (+++) forte presença.

Page 198: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

197

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Segundo Sabandar et.al. (2013), estudos direcionados às investigações sobre

os constituintes químicos de plantas do gênero Jatropha resultou no isolamento de

alcalóides, terpenos (monoterpenos, sesquiterpenos, diterpenos e triterpenos),

flavonoides, lignanas e compostos fenólicos. As mesmas classes de metabólicos

secundários constatadas em plantas do genêro Jatropha foram identificadas na

espécie J. mutabilis através da triagem fitoquímica, corroborando assim estes dados.

Os resultados da atividade antioxidante, determinação de fenóis e flavonoides

totais estão dispostos na Tabela 3.

Tabela 3. Fenóis totais, flavonoides totais e atividade antioxidante in vitro do extrato

etanólico (EtOH) e demais frações (Hex, CHCl3 e AcOEt) obtidas das folhas de J.

mutabilis (Euphorbiaceae).

Amostra Fenóis totais

(mg EqAG/g)

Flavonoides

totais (mg

EqC/g)

DPPH

(CI50, µg/mL)

β-caroteno

(% AA)

EtOH 63,04 ± 10,78 40,39 ± 7,307 88,88 ± 22,08 15,80 ± 3,333

Hexano 38,46 ± 4,732 165,49 ± 15,62 196,20 ± 49,52 63,64 ± 6,780

CHCl3 79,29 ± 2,887 66,47 ± 2,940 354,10 ±

231,40

29,27 ± 1,039

AcOEt 255,54 ±

21,88

18,95 ± 0,901 18,93 ± 3,33 0,75 ± 0,6466

Ácido

ascórbico

--- --- 1,00 ± 0,01 16,81 ± 3,381

BHA --- --- 2,92 ± 0,21 80,53 ± 2,768

BHT --- --- 26,41± 4,75 88,93 ± 6,707

Os valores de CI50 foram obtidos por interpolação a partir da análise de regressão

linear com 95% de intervalo de confiança. CI50 é definida como a concentração

suficiente para se obter 50% de uma estimativa de efeito máximo em 100%. Os

valores são apresentados como média ± desvio padrão (n = 3).

Em relação às atividades antioxidantes do extrato e das fases da J. mutabilis

verificou-se que no método do sequestro do radical DPPH a fase AcOEt mostrou-se

com maior poder antioxidante, com CI50 de 18,93 ± 3,33 µg/mL, e que comparando

Page 199: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

198

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

com os antioxidantes comerciais superou apenas o BHT. Esse alto poder

antioxidante foi confirmado com o valor observado para a mesma fase na

quantificação de fenóis totais que apresentou valor de 255,54 mg EqAG/g da

amostra. Observa-se na Tabela 2, p. 78, reação positiva para a presença de

flavonoides/taninos e lignanas na fase AcOet, o que pode ser confirmado com esse

alto teor de fenóis observado na mesma.

O método de radicais livres está baseado no descoramento de uma solução

composta por radicais estáveis DPPH• de cor violeta quando da adição de

substâncias que podem ceder um átomo de hidrogênio, resultando assim na

transferência de elétrons de um composto antioxidante para um oxidante (DUARTE-

ALMEIDA et. al., 2006).

Dentre as diversas classes de substâncias antioxidantes de ocorrência

natural, os compostos fenólicos têm recebido muita atenção nos últimos anos,

sobretudo por inibirem a peroxidação lipídica e a lipooxigenase in vitro. A atividade

antioxidante de compostos fenólicos deve-se principalmente às suas propriedades

redutoras e estrutura química. Estas características desempenham um papel

importante na neutralização ou sequestro de radicais livres, agindo tanto na etapa de

iniciação como na propagação do processo oxidativo. (SOUSA et.al., 2007)

No modelo de inibição da co-oxidação do β-caroteno, a fase hexânica foi a

que se mostrou com maior atividade antioxidante com valor de 63,64 ± 6,78 %. Não

foi possível correlacionar tal atividade com o alto teor de flavonoides indicada para

essa fase (Tabela 3), pois durante o experimento para a determinação de

flavonoides observou-se que a solução dessa fase apresentou uma turbidez

elevada, promovendo um desvio para maiores comprimentos de onda, o que

provavelmente tenha mascarado os resultados. No entanto, essa atividade

possivelmente pode estar relacionada com a forte presença de mono e diterpenos

em sinergismo com a baixa presença de derivados antracênicos e

flavonoides/taninos, conforme observa-se nos resultados da triagem fitoquímica

(Tabela 2, p. 78). Esse método de inibição da co-oxidação do β-caroteno permite

avaliar a capacidade de uma determinada substância prevenir a oxidação deste

composto orgânico, protegendo-o dos radicais livres gerados durante a peroxidação

do ácido linoléico. (ALVES, et.al., 2010)

Os flavonoides e outros derivados fenólicos são conhecidos por atuarem na

captura e neutralização de espécies oxidantes como o ânion superóxido (O2.-),

Page 200: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

199

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

radical hidroxila ou radical peróxido. Assim, os flavonoides podem interferir nas

reações de propagação e formação de radicais livres. (SIMÕES et.al., 2004)

A Figura 1 mostra os gráficos de absorção espectrofotométrica do extrato e

fases de J.mutabilis. Observa-se que o EtOH e a fase AcOet apresentaram duas

bandas de absorção características das regiões UVC e UVA. A fase Hex.

demonstrou absorção significativa apenas na região UVC. A fase CHCl3 não

apresentou bandas de absorção satisfatórias.

De acordo com Souza et. al. (2005), os extratos de plantas que possuem

flavonoides em sua composição absorvem luz ultravioleta e o espectro de absorção

dos flavonoides apresenta dois picos máximos de absorção característicos, um entre

240-280 nm e outro a 300-550 nm. Verifica-se na Figura 1 que os gráficos de

absorção do EtOH e da fase AcOet apresentam os dois picos máximos

característicos dos flavonoides, corroborando assim os resultados, principalmente da

triagem fitoquímica (Tabela 2, p.78) que indica forte presença de flavonoides

presentes nestes dois extratos. Observa-se também correlação dessas bandas com

a quantificação de teor de flavonoides (Tabela 3).

Ainda na Figura 1, observa-se que para a fase Hex. não foram observados os

dois picos máximos de absorção característicos dos flavonoides, o que confirma a

informação da dissimulação da presença desta classe de compostos no teste de

quantificação do teor de flavonoides disposto na Tabela 3.

Os comprimentos de ondas de absorção máxima para cada amostra

analisada estão dispostos na Tabela 4.

Tabela 4. Comprimentos de onda de absorção máxima (λmax) e as respectivas

regiões de absorção para o extrato e fases das folhas de J. mutabilis.

Amostra λmax (nm) Região de absorção

EtOH 270 UVC

Fase Hex. 390 UVA

Fase CHCl3 400 UVA

Fase AcOet 340 UVA

UVC: 200-290 nm; UVB: 290-320 nm; UVA: 320-400 nm.

Segundo Souza et.al. (2005), a radiação UVA ocorre durante todo o dia e

provoca danos mais leves e a UVB predomina entre 10-14 horas e pode causar

Page 201: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

200

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

danos agudos, como queimaduras. Devido à maior incidência da radiação UVB,

foram analisados os fatores de proteção solar (FPS) no intervalo de comprimento de

onda característicos da região UVB (290-320 nm) e os resultados estão dispostos na

Figura 2.

O FPS, estimado por espectrofotometria, é um número que avalia o filtro solar

ou a substância em estudo, de acordo com a altura, largura e localização da sua

curva de absorção dentro do espectro do ultravioleta. (VIOLANTE et.al., 2009)

Observa-se na Figura 2 que os FPS das amostras apresentaram valores

diretamente proporcionais em relação às concentrações, ou seja, quanto mais alta a

concentração, maior foi o FPS. As fases CHCl3 e AcOet foram as que demonstraram

melhores resultados quanto ao seu FPS, tendo àquela fase menos polar

apresentado FPS de 4,02 ± 0,57 (50 mg/L) e 8,41 ± 1,03 (100 mg/L), e essa fase

mais polar demonstrou FPS de 9,83 ± 1,07 (50mg/L) e 20,41 ± 1,94 (100 mg/L). Os

melhores FPS apresentados por estas duas fases podem estar relacionados com os

maiores teores de compostos fenólicos, conforme mostrado na Tabela 3. Já o EtOh

e a fase hexânica demonstraram baixos valores de FPS. Os FPS para o EtOH foram

2,07 ± 0,17 (50mg/L) e 4,25 ± 0,17 (100 mg/L), e para a fase hexânica 1,19 ± 0,57

(50mg/L) e 2,45 ± 1,08 (100 mg/L).

250 300 350 400

0.0

0.2

0.4

0.65 mg/L

25 mg/L

50 mg/L

100 mg/L

(nm)

Absorb

ância

250 300 350 400

0.0

0.2

0.45 mg/L

25 mg/L

50 mg/L

100 mg/L

(nm)

Absorbância

250 300 350 400

0.0

0.5

1.0

1.5

2.0

2.55 mg/L

25 mg/L

50 mg/L

100 mg/L

(nm)

Absorb

ância

250 300 350 400

0

1

2

35 mg/L

25 mg/L

50 mg/L

100 mg/L

(nm)

Absorb

ância

EtOH Fase Hexânica

Fase CHCl3

Fase AcOet

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201

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

(Euphorbiaceae)

Figura 1. Perfil de absorção espectrométrica do extrato e das fases das folhas de J.

mutabilis.

Figura 2. Fator de proteção solar in vitro do extrato e das fases das folhas de J.

mutabilis.

CONCLUSÕES

Os resultados obtidos mostram que o extrato e fases das folhas de J.

mutabilis possuem atividades antioxidante e fotoprotetora, sugerindo a presença de

compostos fenólicos nesta espécie, principalmente de flavonoides, conforme foi

constatado na triagem fitoquímica e nas quantificações de fenóis e flavonoides.

Estudos estão sendo realizados com o intuito de isolar os possíveis metabólitos

secundários presentes nesta espécie, e consequentemente, fazer uma correlação

entre eles e as atividades demonstradas pela espécie.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao CNPq pelo apoio financeiro para a realização da

pesquisa, bem como à FACEPE. Agradecemos também ao CRAD/UNIVASF pela

identificação botânica da planta.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

FPS-

UV

B

Extrato etanólico bruto

5 mg/L

25 mg/L

50 mg/L

100 mg/L

0

0,5

1

1,5

2

2,5

FPS-

UV

B

Fase hexânica

5 mg/L

25 mg/L

50 mg/L

100 mg/L

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

FPS-

UV

B

Fase clorofórmio

5 mg/L

25 mg/L

50 mg/L

100 mg/L

0

5

10

15

20

25

FPS-

UV

B

Fase acetato de etila

5 mg/L

25 mg/L

50 mg/L

100 mg/L

Page 203: ESTUDO FITOQUÍMICO E BIOLÓGICO IN VITRO DE

202

Costa, E.C. Estudo fitoquímico e biológico in vitro de Jatropha mutabilis (Pohl) Baill

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