ESTUDO FITOQUÍMICO DOS EXTRATOS DAS CASCAS DOS …
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS
CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA
_________________________________________________________________________________
ESTUDO FITOQUÍMICO DOS EXTRATOS DAS CASCAS DOS
FRUTOS SECOS DA Copaifera langsdorffii Desf.
THANIARA BARBOSA DA COSTA
Sinop-MT
2018/2
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS
CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA
_________________________________________________________________________________
ESTUDO FITOQUÍMICO DOS EXTRATOS DAS CASCAS DOS
FRUTOS SECOS DA Copaifera langsdorffii Desf.
THANIARA BARBOSA DA COSTA
Trabalho de Curso apresentado ao Curso de Farmácia da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, campus de Sinop como requisito parcial para obtenção do título de Farmacêutico, sob a orientação do Professor
Dr. Adilson Paulo Sinhorin
Sinop-MT
2018/2
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS
CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS
CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA
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ESTUDO FITOQUÍMICO DOS EXTRATOS DAS CASCAS DOS FRUTOS SECOS
DA Copaifera langsdorffii Desf.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – ICS
CURSO DE BACHARELADO EM FARMÁCIA
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“Dedico este trabalho à todos aqueles que me
apoiaram desde o início dessa trajetória, e a
todos os profissionais e pesquisadores que
buscam alternativas para a melhora da saúde
humana.”
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus por me garantir forças e sabedoria para concluir este trabalho
com êxito.
Agradeço aos meus pais e minha família por todos os anos em que estiveram
me apoiando nessa trajetória. Aos meus colegas de laboratório por toda a ajuda nos
experimentos e conselhos repassados.
Agradeço ao Professor Domingos Rodrigues, e à Dienefe Rafaela Giacoppini
que concederam as amostras e fizeram a identificação botânica da espécie para a
realização desse estudo. Agradeço também aos Professores Leonardo Gomes de
Vasconcelos, da UFMT Câmpus de Cuiabá, por todo o auxílio e conhecimentos
adquiridos ao longo da realização das análises de RMN e IV. E a professora Carla
Regina Andrighetti por toda a ajuda na realização dos experimentos de CCD, e por ter
sempre estado disposta a me ajudar.
Agradeço ao meu Orientador, Adilson Paulo Sinhorin por todo apoio na
realização desse trabalho, e por todos os anos de orientação durante a iniciação
científica, aos quais contribuíram muito para minha formação.
Agradeço, de maneira geral, à todos aqueles que de alguma forma contribuíram
com a concretização deste trabalho e para minha formação profissional e pessoal.
“Ama-se mais o que se conquista com esforço.”
(Benjamin Disraeli)
RESUMO
COSTA, T. B. Estudo fitoquímico dos extratos das cascas dos frutos secos da
Copaifera langsdorffii Desf. 2019. 71 p. Trabalho de Curso de Farmácia –
Universidade Federal de Mato Grosso, Campus de Sinop.
Palavras-chaves: Copaifera langsdorffii, flavonoides, DPPH, RMN
As plantas são utilizadas há muitos séculos, desempenhando um papel de grande importância na vida da população, no tratamento de doenças, onde apresentam ações terapêuticas, que dão direcionamento aos estudos e que necessitam de comprovação científica, para que então seja validado o seu uso, e produção de futuros medicamentos, a fim de contribuir com a saúde humana. O presente trabalho teve como objetivo a identificação dos compostos químicos presentes nos extratos das cascas dos frutos da Copaifera langsdorffii, bem como avaliar o potencial antioxidante, quantificar o teor de fenóis e flavonoides totais nos extratos hexânico, acetato de etila e etanólico e análise espectrométrica por RMN e Infravermelho. Foram preparados os extratos da casca do fruto seco de C. langsdorffii, por maceração com hexano, acetato de etila e etanol, sucessivamente. Os extratos brutos hexânico (EH), acetato de etila (EAE) e etanólico (EE) foram submetidos a análises fitoquímicas por reações qualitativas de identificação de grupos funcionais, e por cromatografia em camada delgada (CCD). A avaliação do potencial antioxidante foi analisado pela técnica de DPPH, a quantificação do teor de fenóis e flavonoides, foram realizadas seguindo o método de Folin-Ciocalteau e precipitação com cloreto de alumínio, respectivamente. Os extratos foram análisados por RMN e infravermelho. Os extratos obtiveram rendimento total de 27,1% no processo de extração. Na análise fitoquímica foram identificados terpenos em todos os extratos, taninos em EE, flavonoides e cumarinas em EAE e EE. Na dosagem de fenóis e flavonoides, EE teve maior teor de fenóis (17,02 mgEAG/g), e todos os extratos apresentaram baixo teor de flavonoides. O EE foi o que obteve maior percentual de atividade antioxidante, realizado através do método de Souza. Nas análises por RMN e IV foi possível identificar a presença de compostos com estruturas alílicas e alifáticas, aromáticos, a presença de funções fenólicas ou álcool. Através de todo estudo realizado com extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii, foi possível determinar as classes de compostos presentes em extratos de diferentes polaridades desse material. Com esses dados, pode-se seguir com análises que especifiquem ainda mais os compostos presentes nos extratos, como a espectrometria de massas e cromatografia gasosa, a fim de decifrar esses componentes e propor uma avaliação de possível atividade biológica, destacando que extratos complexos como estes podem ter uma ação sinérgica, a fim de contribuir com a melhora da saúde e tratamento de doenças que acometem a população em geral.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Copaifera langsdorffii Desf. Rio Ronuro, Nova Ubiratã........................ 24
Figura 2. Fruto da Copaifera langsdorffii ............................................................ 25
Figura 3. Cascas secas dos frutos da Copaifera langsdorffii ............................. 26
Figura 4. Produto em filtração após a maceração com hexano...........................26
Figura 5. Equipamento de Infravermelho do Departamento de Química da UFMT....................................................................................................................32
Figura 6. Fluxograma do estudo das cascas dos frutos secos de Copaifera langsdorffii Desf....................................................................................................33
Figura 7. Resultado da cromatografia de camada delgada para identificação de alcaloides nos extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii após revelação com reagente Dragendorff....................................................................................35
Figura 8.Resultado da cromatografia de camada delgada para identificação de cumarinas nos extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii após revelação com hidróxido de potássio 5%, visualização no UV 356 nm.........................................................................................................................36
Figura 9. Resultado da cromatografia de camada delgada para identificação de flavonoides nos extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii após revelação com NP-PEG, visualização no UV 356 nm.........................................................................................................................37
Figura 10. Resultado da cromatografia de camada delgada para identificação de taninos nos extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii após revelação com cloreto férrico 2%........................................................................................................................38
Figura 11.Resultado da cromatografia de camada delgada para identificação de terpenos nos extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii após revelação com anisaldeído sulfúrico.............................................................................................39
Figura 12. Resultado do potencial antioxidante dos extratos das cascas da C. langsdorffii............................................................................................................41
Figura 13. Ácido copálico identificado por RMN de 1H e 13C isolado do extrato bruto das folhas da C. langsdorffii, apresentado como tese de doutorado...........................................................................................................45
Figura 14. Óxido de cariofileno identificado por RMN de 1H e 13C isolado do extrato bruto das folhas da C. langsdorffii, apresentado como tese de doutorado...........................................................................................................45
Figura 15. Ácido caurenóico identificado por RMN de 1H e 13C isolado do extrato bruto das folhas da C. langsdorffii, apresentado como tese de doutorado...........................................................................................................46
Figura 16. 3-O-alfa-ramnopiranosil-canferol identificado por RMN de 1H e 13C isolado do extrato bruto das folhas da C. langsdorffii, apresentado como tese de doutorado...........................................................................................................47
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Resultado do teste para grupos funcionais com EH, EAE e EE..........................................................................................................................34
Tabela 2. Resultados da determinação do teor total de fenóis e flavonoides nos extratos das cascas dos frutos da Copaifera langsdorffii........................................40
Tabela 3. Porcentagem antioxidante de EH, EAE e EE.........................................42
Tabela 4. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 1H do EH das cascas dos frutos da C. langsdorffii.................................................43
Tabela 5. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 1H do EAE das cascas dos frutos da C. langsdorffii................................................43
Tabela 6. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 1H do EE das cascas dos frutos da C. langsdorffii.................................................44
Tabela 7. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 13C do EH das cascas dos frutos da C. langsdorffii.................................................47
Tabela 8. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 13C do EAE das cascas dos frutos da C. langsdorffii...............................................48
Tabela 9. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 13C do EE das cascas dos frutos da C. langsdorffii..................................................49
Tabela 10. Resultados da análise de Infravermelho do extrato EH das cascas dos frutos da C. langsdorffii...........................................................................................50
Tabela 11. Resultados da análise de Infravermelho do extrato EAE das cascas dos frutos da C. langsdorffii...........................................................................................51
Tabela 12. Resultados da análise de Infravermelho do extrato EE das cascas dos frutos da C. langsdorffii...........................................................................................53
LISTA DE ABREVIATURAS
CCD – Cromatografia em Camada Delgada EE – extrato etanólico EH – extrato hexânico EAE – extrato acetato de etila DPPH – 2,2-difenilpicril-hidrazila RMN – Ressonância Magnética Nuclear IV – Infravermelho UFMT - Universidade Federal de Mato Grosso
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 14
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................. 16
2.1 O Gênero Copaifera ........................................................................................ 16
2.2 Copaifera langsdorffii Desf ............................................................................... 17
2.3 Cromatografia em camada delgada ................................................................. 18
2.4 Fenóis e Flavonoides Totais ............................................................................ 19
2.5 Avaliação do Potencial Antioxidante ................................................................ 20
2.6 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) .......................................................... 20
2.7 Infravermelho ................................................................................................... 22
3.OBJETIVOS ........................................................................................................... 23
3.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 23
3.2 Objetivos Específicos....................................................................................... 23
4. MÉTODOS ............................................................................................................ 24
4.1 Material vegetal ............................................................................................... 24
4.2 Coleta e Preparação dos Extratos ................................................................... 25
4.3 Triagem Fitoquímica ........................................................................................ 27
4.3.1 Identificação dos Grupos Funcionais ........................................................ 27
4.3.2 Cromatografia de Camada Delgada .......................................................... 27
4.4 Determinação de Fenóis e Flavonoides Totais ................................................ 28
4.5 Avaliação do Potencial Antioxidante ................................................................ 29
4.6 Ressonância Magnética Nuclear (RMN) .......................................................... 30
4.7 Infravermelho ................................................................................................... 31
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 33
5.1 Extração ........................................................................................................... 33
5.2 Triagem Fitoquímica ........................................................................................ 34
5.2.1 Grupos Funcionais ..................................................................................... 34
5.2.2 Cromatografia de Camada Delgada (CCD) ............................................... 35
5.3 Determinação de Fenóis e Flavonoides Totais ................................................ 39
5.4 Avaliação do Potencial Antioxidante ................................................................ 41
5.5 Ressonância Magnética Nuclear ..................................................................... 42
5.6 Infravermelho ................................................................................................... 50
6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 55
7. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 57
ANEXO A .................................................................................................................. 62
ANEXO B .................................................................................................................. 68
14
1. INTRODUÇÃO
Há muitos séculos, as plantas são utilizadas pela população em geral, com a
finalidade de prevenção, cura ou diagnóstico, que continuaram ao longo da história da
humanidade. A Organização Mundial da Saúde, em 1978 constatou a Fitoterapia
como uma alternativa oficial de tratamento e propôs a divulgação dos conhecimentos
necessários para seu uso (SOUZA et al, 2016).
Os produtos naturais (PN) são a fonte mais importante de novas substâncias
bioativas do mercado farmacêutico. Novos nichos e interações ecológicas ganharam
importância nas últimas décadas, como alvos para a pesquisa de PN. Deste modo,
após anos de evolução, a natureza contempla uma enorme diversidade de
organismos terrestres e marinhos, sendo promissores no desenvolvimento de novas
alternativas terapêuticas, para doenças com poucas opções de tratamentos, raras e
doenças negligenciadas (FELÍCIO, 2012)
A utilização de plantas medicinais é baseada, em sua maioria, em uma tradição
familiar ou social, tornando-se uma prática generalizada na medicina popular. Hoje,
diversos fatores colaboram para o acréscimo do uso deste recurso, entre estes, o
custo elevado de medicamentos industrializados, a dificuldade da população em ter
acesso a assistência médica, além de existir uma tendência nos dias de hoje ao
consumo de produtos de origem natural. O estudo dessas plantas a partir da utilização
pelas comunidades, fornece informações essenciais para o desenvolvimento dos
estudos farmacológicos e toxicológicos, fitoquímicos e agronômicos, gerando uma
economia de tempo e dinheiro (BRASILEIRO et al, 2008).
A ascensão do consumo de plantas medicinais, sob forma de produtos
derivados, ou in natura, no Brasil e também em outros países, pode estar sendo
influenciado pela crescente divulgação e propaganda nos meios de comunicação,
bem como na falha regulamentação que rege tais produtos, amplo comércio em locais
públicos, como supermercados e outros, sendo um recurso alternativo para pessoas
que não tem acesso aos serviços de saúde. Esses fatores levam ao aumento de
reações adversas, que pode ser justificado por esse aumento do interesse da
15
população por recursos terapêuticos naturais, justificando o crescente número de
publicações nesta área (SILVEIRA et al, 2008).
A maior parte das reações adversas deve-se ao fato de que na maioria das
vezes, esses fitoterápicos são utilizados pela população de modo indiscriminado, por
automedicação, sem o conhecimento de seus possíveis efeitos tóxicos, o que pode
induzir a ocorrência de agravos, principalmente quando o uso é concomitante com
outros medicamentos (SILVEIRA et al, 2008). Isso ocorre devido à crença
populacional de naturalidade inócua dessas plantas medicinais e fitoterápicos
(SILVEIRA et al, 2008). Com isso, o conhecimento e identificação dos componentes
químicos presentes em uma determinada planta, e aqueles responsáveis pela ação
terapêutica, são primordiais para determinar o uso correto e se obter a ação esperada,
sendo que o desconhecimento da composição dessas plantas ou fitoterápicos podem
apresentar grandes riscos, bem como não acarretar benefício algum para o
organismo.
As copaibeiras, ou copaíbas, como são mais conhecidas no Brasil, são árvores
comuns na América Latina e África Ocidental, e encontradas no Brasil nas regiões
Amazônica, Sudeste e Centro-Oeste. As plantas chegam a viver por volta de 400
anos, e a medir até 40 metros de altura. Entre as espécies mais abundantes no Brasil
e América do Sul estão a Copaifera officinalis L., a Copaifera guianensis Desf.,
Copaifera reticulata Ducke, Copaifera multijuga Hayne, Copaifera confertiflora Bth,
Copaifera langsdorffii Desf., Copaifera coriácea Mart. e Copaifera cearensis Huber ex
Ducke (PIERI et al, 2009).
Destas plantas são extraídas o óleo-resina por exsudação do tronco,
amplamente utilizado como antifúngico, anti-inflamatório e cicatrizante (Neto et al,
2008). A maioria dos estudos já realizados são com a utilização da polpa dos frutos e
cascas dos troncos (JÚNIOR; PINTO, 2002). Embora existam estudos e relatos
referentes às propriedades terapêuticas do óleo-resina da C.langsdorffii, é necessário
avaliar a composição e as propriedades presentes em outras partes da planta, que foi
o objetivo deste estudo, realizando o estudo fitoquímico e avaliando o potencial
antioxidante desses extratos.
16
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 O Gênero Copaifera
O gênero Copaifera compreende 72 espécies, das quais 16 são endêmicas no
Brasil. As árvores de copaíba pertencem a família Fabaceae, são originárias da
América Latina e África Ocidental.
Essas plantas medicinais são comumente usadas na medicina popular brasileira
devido às suas aplicações farmacológicas provadas pelo uso popular (JÚNIOR;
PINTO, 2002).
As copaíbas possuem frutos com sementes ovoides, envolvidas por um arilo
amarelo. As folhas são alternadas, pecioladas e penuladas. As flores são pequenas,
apétalas, hermafroditas e arranjadas em panículos auxiliares. A florificação e
frutificação das copaíbas ocorrem a partir dos cinco anos de idade, em plantios. A
floração ocorre entre outubro e julho e a frutificação entre junho e outubro, com
variações, dependendo da região e clima (JÚNIOR; PINTO, 2002).
Os primeiros estudos do óleo de copaíba, foram feitos no século de XIX. O
primeiro a descrever a solidificação do óleo de copaíba, foi Schweitzer, em 1829, onde
essa substância se cristalizava após longo tempo em repouso, e foi denominada de
ácido copaívico (JÚNIOR; PINTO, 2002).
O óleo-resina extraído de Copaifera spp. possui compostos não voláteis de ácidos
diterpênicos e uma outra parte de compostos voláteis, sesquiterpenos, sendo os
principais responsáveis pelas propriedades anti-inflamatórias e antimicrobianas
(PIERI et al, 2009). O extrato aquoso das folhas de C. langsdorffi possui ação
antimicrobiana eficaz contra Staphylococcus aureus (BRAGA; SILVA, 2015).
Os 28 diterpenos, descritos nos óleos de copaíba estudados, pertencem aos
esqueletos caurano, labadno e clerodano. Em estudos realizados com diversos óleos
de copaíba provenientes de várias regiões do Brasil, o ácido copálico foi o único
encontrado em todos os óleos analisados. Por essa razão, esse diterpeno ácido pode
ser usado como biomarcador de óleos de copaíba (JÚNIOR; PINTO, 2002).
17
Esses óleos podem apresentar composição diversa, dependendo da sua fonte
botânica e, de fatores sazonais e ambientais; o que leva estes à obterem
características diferenciadas, como a variação de cor, presença de diferentes
substâncias ou compostos. Isso os torna uma fonte interessante de produtos naturais
para serem identificados e testados contra diferentes agentes patológicos (PIERI et
al, 2009). Algumas substâncias isoladas do óleo-resina de copaíba, como o ácido
hidroxicopálico também foi testado, e apresentou alta eficiência antiproliferativa para
as formas promastigotas e amastigotas de Leishmania amazonensis, além de
apresentar baixa toxicidade em relação aos macrófagos infectados e glóbulos
vermelhos (SANTOS et al, 2013).
O chá das cascas do tronco e sementes da Copaifera também é indicado para
várias enfermidades, especialmente na Venezuela e Colômbia, onde são utilizados
como anti-hemorroidal e purgativo. Na Amazônia brasileira é indicado no tratamento
de moléstias pulmonares e asma. Na África Ocidental (Camarões) encontra-se
apenas uma utilização medicinal para um óleo de copaíba específico, Copaifera
religiosa, indicado no tratamento da sífilis e blenorrágica. A casca da copaíba também
é utilizada na forma de tintura caseira, de onde se retira um corante amarelo, mediante
cocção, utilizado para colorir fios de algodão (JÚNIOR; PINTO, 2002).
2.2 Copaifera langsdorffii Desf
No Brasil, a espécie C. langsdorfii Desf. é particularmente importante por estar
presente por todo o território (da Amazônia a Santa Catarina, no nordeste e centro-
oeste) e por possuir quatro diferentes variedades: C. langsdorfii var. grandifolia,
grandiflora, laxa e glabra (JÚNIOR; PINTO, 2002).
Na espécie C. langsdorffii o óleo de copaíba apresenta-se vermelho, semelhante
ao sangue de dragão (Croton sp.), recebendo a denominação popular de copaíba
vermelha. A biologia das sementes de C. langsdorffi foi estudada por diversos
pesquisadores que abordaram desde sua morfologia e anatomia, passando pela sua
conservação e maturação, até a germinação (JÚNIOR; PINTO, 2002).
18
Sua identificação botânica é difícil, sendo realizada, na maioria das vezes, segundo
características das flores, como: pubenescência das sépalas, comprimento dos
anteros e a condição glabrosa ou não do pistilo. As características dos frutos são
igualmente importantes, mas estes são dificilmente encontrados em coleções
botânicas (JÚNIOR; PINTO, 2002).
O óleo-resina extraído de C. langsdorffii, na sua forma in natura, é considerado um
importante remédio na medicina popular, tendo como principal finalidade ações
terapêuticas anti-inflamatórias e anti-infeccioso pulmonar. Do óleo de C. langsdorffii já
foi isolado o ácido caurenóico, e avaliado por ensaios biológicos, apresentando
potencial atividade anti-inflamatória e citotóxico inibindo o crescimento de células
cancerosas (SOUSA, 2011).
A atividade anti-tumoral de óleos de C. langsdorffii foi observada contra carcinoma
IMC, em camundongos. O fracionamento guiado por bioensaios, mostrou que os
diterpenos colavenol e o ácido hardwíckico apresentaram potente atividade anti-
tumoral, sem apresentarem citotoxicidade contra as mesmas células. Estudos
realizados com ácido caurenóico isolado de C. langsdorffii mostram também atividade
relaxante do músculo liso, sobre contrações uterinas induzidas (JÚNIOR; PINTO,
2002).
Existem alguns estudos químicos e farmacológicos realizados com os frutos da C.
langsdorffi que relatam que os principais constituintes do óleo essencial extraídos são
o γ-muroleno, e β-cariofileno (NETO et al, 2008).
Quanto à composição química, estudos comprovam a presença de cumarina
umbiliferona, ácido caurenóico, ácido poliático, ácido nivenolídeo, amilóides
xiloglucânicos, polissacarídeos, nas sementes de C. langsdorffii, além de 11 ácidos
graxos diferentes, sendo o ácido palmítico e oleico os que possuem maior destaque
(SOUSA, 2011).
2.3 Cromatografia em camada delgada
A cromatografia em camada delgada (CCD), é uma técnica simples e rápida de
executar, bastante utilizada na química orgânica, principalmente para análises
qualitativas de pureza de amostras, mas também para avaliação do número de
19
componentes presentes em uma mistura, identificação por comparação com um
padrão, monitoramento de reações químicas e escolha de solvente adequado para
separação em coluna cromatográfica (SILVA et al, 2009). Além de todas essas
utilizações, esta é uma técnica eficiente e de baixo custo, o que otimiza estudos
posteriores, economizando tempo e materiais. É amplamente empregado em controle
de qualidade, principalmente de plantas medicinais, matéria-prima vegetal e
fitoterápicos derivados (VALENTE et al, 2006).
2.4 Fenóis e Flavonoides Totais
Os métodos espectrofotométricos tem sido propostos para a dosagem de
flavonoides totais em plantas, utilizando-se cloreto de alumínio (AlCl3 ). O cloreto de
alumínio é usado, pois o alumínio forma quelatos estáveis com flavonoides em
metanol, resultando em um desvio batocrômico (deslocamento da banda de absorção
para um comprimento de onda maior) e intensificação da absorção. Desta maneira, a
sensibilidade do processo é aumentada e a interferência de outras substâncias
fenólicas, especialmente os ácidos fenólicos, é evitada. Utilizando-se uma solução de
cloreto de alumínio a 2% em metanol a leitura é feita no comprimento de onda de 420
nm (RIO, 1996).
A quantificação de fenóis totais utilizando o reagente de Folin-Ciocalteu é baseado
na redução dos ácidos fosfotúngstico (H3PW12O40) e fosfomolíbdico (H3PMo12O40),
que estão presentes no reagente de Folin-Ciocalteau, pelos fenólicos presentes na
amostra, a óxido de tungstênio e óxido de molibdênio em meio alcalino. Estes óxidos
formados possuem coloração azulada, sendo possível a quantificação da absorbância
da solução em 750 nm. Por regressão linear, a curva de calibração do ácido gálico
permite correlacionar a absorbância à concentração de fenóis presentes na amostra,
sendo o resultado expresso em equivalentes de ácido gálico (CRUZ, 2008).
20
2.5 Avaliação do Potencial Antioxidante
Substâncias ou compostos antioxidantes são aqueles que têm a capacidade de
inibir ou diminuir a oxidação quando presente em baixa concentração comparada à
do substrato oxidável. Essas substâncias inibem o processo de oxidação, protegendo
os sistemas biológicos contra reações de oxidação e seus efeitos danosos (ZERAIK,
2010).
Segundo Zeraik (2010), o desequilíbrio entre moléculas antioxidantes e
oxidantes forma um excesso de radicais livres no organismo, ocorrendo o processo
conhecido por estresse oxidativo. Esse processo oxidativo contribui para danos ao
DNA, doenças coronárias, carcinogênese e metagênese. A presença desses radicais
ou espécies reativas do metabolismo do oxigênio e nitrogênio, que são reativos e
instáveis, contem elétrons desemparelhados, é crítica para a manutenção de diversas
funções fisiológicas.
A atividade antioxidante é avaliada utilizando DPPH, e baseada na capacidade
de substâncias doadoras de H+ reagirem com o radical livre estável, incluindo
compostos fenólicos. Quanto maior for o potencial antioxidante de um dado composto,
mais amarela ficará a solução, que inicialmente é roxa, e haverá absorção de luz em
515 nm. Isto nos diz que um valor de capacidade sequestradora de radicais livres
maior que 80% para uma amostra medida no comprimento de onda estabelecido,
indica que 80% do radical livre foi consumido (DO NASCIMENTO SIMÕES;
MINGUZZI, 2009)
2.6 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
A Ressonância Magnética Nuclear (RMN ou NMR) de hidrogênio e de carbono-
13 é uma técnica espectroscópica, que determina o ambiente químico e a natureza
de hidrogênios e carbonos, sendo que esta é a técnica mais importante para
investigação de estruturas moleculares (MACIEL, et al 2002). A utilização de métodos
como a RMN, tem crescido tanto em números quanto em níveis de precisão, por
21
possibilitar ao pesquisador caracterizar um produto natural desconhecido, em pouco
tempo, utilizando apenas uma pequena quantidade de amostra, que posteriormente
pode ser reutilizada, por não ser uma técnica destrutiva (RODRIGUES, 2010).
A RMN é a técnica mais poderosa para obtenção de informações estruturais
detalhadas sobre compostos orgânicos em solução e no estado sólido, incluindo
informações sobre a disposição dos grupos funcionais na molécula, estereoquímica,
entre outros. Entretanto, é a técnica menos sensível, fazendo com que o tempo de
analise seja maior que as demais técnicas (RODRIGUES, 2010).
A partir dos anos 70, o estudo de rotas biossintéticas recebeu um grande
impulso com os avanços no campo da espectroscopia de RMN provenientes da
introdução de técnicas pulsadas associadas à transformada de Fourier. Estes
desenvolvimentos facilitaram imensamente a obtenção de espectros de 13C de
produtos naturais, até então, dificultada pela sua baixa sensibilidade (JÚNIOR
MACEDO JÚNIOR, 2007). É crescente o uso de combinações com outros métodos
espectroscópicos, como infravermelho, aumentando a precisão e velocidade dos
estudos em Química dos Produtos Naturais (RODRIGUES, 2010).
O RMN é basicamente uma outra forma de espectrometria de absorção,
semelhante à espectrometria de infravermelho ou UV. Sob condições apropriadas em
um campo magnético, uma amostra pode absorver a radiação eletromagnética na
região de radiofrequências (rf) nas frequências governadas pelas características da
amostra. A absorção é uma função de certos núcleos da molécula. Um gráfico das
frequências dos picos de absorção versus intensidades de pico constitui um espectro
de RMN (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2015). O solvente ideal não contém hidrogênios
e deve ser inerte, baixo ponto de ebulição e barato. Como os instrumentos modernos
dependem de deutério para calibrar e manter estável o campo magnético externo, é
necessário utilizar solventes deuterados, por isso, usa-se clorofórmio deuterado,
sempre que possível. A amostra, normalmente uma solução em solvente deuterado,
é colocada no compartimento de amostra (probe), onde estão as bobinas transmissora
e receptora e um orifício de onde sai ar comprimido sobre o tubo, causando rotação
em torno do eixo vertical e compensando as inomogeneidades do campo magnético
(SILVERSTEIN; WEBSTER, 2015).
22
2.7 Infravermelho
O infravermelho (IV) é uma técnica de espectroscopia muito utilizada nas áreas
de síntese e química dos produtos naturais, de extrema importância em análises
qualitativas, para identificação, elucidação estrutural de substâncias e determinação
da pureza de um determinado material ou amostra. Esse tipo de análise diminui o
tempo de experimento, reduz a quantidade de amostra utilizada, sendo bastante
acoplada a métodos de separação, como a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência
(CLAE), por isso, atualmente tem sido utilizada no controle de diversos processos
industriais e linhas de produção. Além disso, uma vantagem é a possibilidade de
acoplamento com diversos métodos de separação, como o CLAE e a Cromatografia
Gasosa de alta resolução (CGAR), onde utilizando técnicas em conjunto, os
resultados se tornam mais precisos e confiáveis (LOPES; FASCIO, 2004)
Atualmente, a possibilidade do emprego de técnicas hifenadas ou técnicas
acopladas podem ajudar, em parte, os estudos em Produtos Naturais. Apesar de
extratos vegetais serem misturas complexas de diferentes metabólitos, a análise de
frações voláteis ou materiais apolares já é, há muito tempo realizada, não sendo
necessário muitas vezes, nenhum fracionamento para a total caracterização química
do material em estudo (PINTO et al, 2002).
A porção de maior utilidade para a análise de estruturas orgânicas e de grupos
funcionais, está situada entre 4000 e 400 cm-1. A frequência ou o comprimento de
onda de uma absorção depende das massas relativas dos átomos, das constantes de
força das ligações e da geometria dos átomos (SILVERSTEIN; WEBSTER, 2015). A
espectroscopia no infravermelho nos oferece evidências da presença de vários grupos
funcionais na estrutura molecular devido à interação da radiação eletromagnética com
os átomos, em um processo de vibração molecular (RAMOS; FONSECA FILHO,
2017).
23
3.OBJETIVOS
3.1 Objetivo Geral
Realizar estudos das cascas dos frutos da C. langsdorffii, a fim de contribuir
com o desenvolvimento científico e tecnológico, em busca de bioprospectar
substâncias químicas que possam ter utilizações médicas, agrícolas, alimentícias,
cosméticas entre outras.
3.2 Objetivos Específicos
Produzir informações a respeito do perfil fitoquímico do extrato das cascas do
fruto seco da C. langsdorffii Desf, identificando os grupos funcionais presentes e
quantificando o teor de fenóis e flavonoides totais presentes, avaliando o potencial
antioxidante e realizando análise por Ressonância Magnética Nuclear (RMN) de 1H e
13C e análise de espectroscopia no Infravermelho dos extratos.
24
4. MÉTODOS
4.1 Material vegetal
A amostra da planta foi coletada no município de Nova Ubiratã, na estação
ecológica Rio Ronuro, Região Sul, às margens do Rio Ronuro por Dienefe Rafaela
Giacoppini, sob coordenadas Latitude 13º6’43.22”S Longitude 54º26’48.00”W e
Altitude 379 metros (Figura 1).
Figura 1. Copaifera langsdorffii Desf. Rio Ronuro, Nova Ubiratã
Fonte: Dienefe Rafaela Giacoppini, 2016
Popularmente conhecida como Copaíba do cerrado, a espécie vegetal foi
identificada por Dienefe Rafaela Giacoppini, como C. langsdorffii Desf., pertencente
ao gênero Copaifera, à família Fabaceae, e ao bioma de transição cerrado-amazônia.
A coleção se encontra depositada no Herbário Centro Norte Mato-grossense, no
Acervo Biológico da Amazônia Meridional (ABAM), da Universidade Federal de Mato
Grosso, Câmpus Sinop, sob nº CNMT 5597 (Figura 2).
25
Figura 2. Fruto da C. langsdorffi
Fonte: Dienefe Rafaela Giacoppini, 2016
4.2 Coleta e Preparação dos Extratos
Para a preparação dos extratos foram coletados os frutos da C. langsdorffii. Foi
feita uma seleção dos frutos, para evitar a ação de metabólitos gerados por
microrganismos e alguns predadores naturais. As polpas e sementes dos frutos foram
retiradas e as cascas obtidas foram selecionadas e posteriormente colocadas para
secar em temperatura aproximada de 25° em ambiente seco e livre de possíveis
contaminantes, durante uma semana e posteriormente em estufa de circulação
forçada, à 45 °C.
Depois de uma semana de secagem, onde as cascas secas obtiveram um peso
de 1,135 Kg, foi feita a trituração das mesmas em moinho de martelo, para aumentar
a superfície de contato e facilitar o processo de extração dos componentes de
interesse (Figura 3).
26
Figura 3. Cascas secas dos frutos da C. langsdorffii.
Fonte: Acervo próprio
Depois de trituradas se obteve uma quantidade de 1,119 Kg de material, que
foi então submetido a maceração por extração exaustiva, se utilizando solventes por
gradiente de polaridade. Foi realizada a maceração com hexano, acetato de etila e
etanol, sucessivamente, durante sete dias, por três vezes cada solvente, utilizando-se
aproximadamente três litros de cada um. Com uma razão massa solvente de 1:1. Após
este período, todo o produto obtido foi filtrado por filtração simples (Figura 4).
Figura 4. Produto em filtração após a maceração com hexano.
Fonte: Acervo próprio
Em seguida, todos os materiais obtidos foram rotaevaporados à 45 ºC para retirada
do solvente e obtenção dos extratos brutos. Para a secagem total dos extratos brutos,
27
estes foram secos em bomba de alto vácuo, para a completa retirada dos solventes
utilizados.
4.3 Triagem Fitoquímica
4.3.1 Identificação dos Grupos Funcionais
Os extratos foram analisados através de reações qualitativas, baseado no
método descrito por Teixeira (2012) onde se observa a formação de precipitados,
mudança de coloração e formação de espumas, que servem para identificar os grupos
funcionais presentes nestes extratos. Estes ensaios foram realizados em tubos de
ensaio, feitos em triplicata, e com os três tipos de extratos obtidos, hexânico (EH),
acetato de etila (EAE) e etanol (EE), onde se utilizou soluções aquosas e alcoólicas
desses extratos. Foram feitos ensaios para avaliar a presença de alcaloides (reações
de Mayer, Dragendorff, Bouchardt); flavonoides (reação de Shinoda); taninos (reação
com FeCl3); saponinas (reação com Ácido Clorídrico); purinas (reação com Ácido
Clorídrico); cumarinas (reação alcalina sob luz ultravioleta 360 nm); esteroides e
triterpenoides (Liebermann-Bouchard) e polissacarídeos (reação com Lugol).
4.3.2 Cromatografia de Camada Delgada
Para a confirmação e identificação dos tipos de compostos presentes nos
extratos, tambémfoi realizada a cromatografia de camada delgada, utilizando-se como
fase estacionária, placa de sílica gel 60 F254 Macherey-Nagel, com um tamanho
aproximado de 4 X 5 cm, e fases móveis, pré-determinadas para identificação de cada
metabólito (WAGNER; BLADT, 1995). Os extratos foram diluídos em clorofórmio, e
aplicados, com uso de capilar, aproximadamente 0,5 cm da borda inferior e colocada
em cuba de vidro para corrida nas diferentes fases móveis. Após a corrida, as placas
foram observadas sob luz ultravioleta à 254 nm, e posteriormente submetidas à
revelação com os reagentes Dragendorff, hidróxido de potássio etanólico à 5%,
28
difenilborato de aminoetanol com polietilenoglicol, cloreto férrico à 2% e anisaldeído
sulfúrico, para identificação de alcaloides, cumarinas, flavonoides, taninos e terpenos,
respectivamente.
4.4 Determinação de Fenóis e Flavonoides Totais
Para determinar o teor de flavonoides totais, foi utilizado o método descrito por
Rio (1996). Este método consiste na elaboração de uma curva de calibração com
soluções de quercetina nas concentrações de 0,25; 0,50; 1,0; 1,5; 2,5; 3; 3,5; 4 e 4,5
μg/mL. Foram utilizados 4 mL de uma solução da amostra em uma concentração de
200 μg/mL e 800 µL de solução metanólica de cloreto de alumínio (AlCl3) na
concentração de 50 mg/mL, em um volume total de 25 mL, para a realização do
experimento. Decorrido o tempo de 30 minutos, foi realizada a leitura em triplicata das
soluções em um espectrofotômetro (Cary 50, Varian) no comprimento de onda de 425
nm. Por regressão linear, pôde-se quantificar o teor de flavonoides totais constituintes
do extrato bruto e das frações. O gráfico foi elaborado utilizando-se o programa
estatístico Excel.
A determinação do teor de fenóis totais foi realizada por meio da
espectrofotometria na região visível, utilizando o método de Folin-Ciocalteu com
modificações (Sousa et al 2007). Os extratos EH, EAE e EH foram solubilizados em
metanol chegando a uma concentração final de 200 µg/mL. Foram separadas
alíquotas de 1 mL de cada extrato, foram adicionados 1 mL de reagente de Folin-
Ciocalteau, 5 mL de água destilada e 1 mL de carbonato de sódio 7,5%. A mistura
permaneceu em repouso ao abrigo da luz por uma hora e as absorbâncias foram
medidas a 750 nm, em triplicata. Para elaboração da curva de calibração foi utilizado
o ácido gálico nas concentrações de 0,625 a 200 µg/mL, adicionando 5 mL de água
destilada, 1 mL de reagente de Folin-Ciocalteau e 1 mL de carbonato de sódio
(Na2CO3) 7,5%.
O teor de fenóis totais (FT) foi determinado por interpolação da absorbância
das amostras contra uma curva de calibração construída com o padrão de ácido gálico
29
(0,625 a 200 μg/mL), expressos como mg de EAG (equivalentes de ácido gálico) por
grama de extrato.
4.5 Avaliação do Potencial Antioxidante
Para avaliar o potencial antioxidante, utilizou-se o método de Souza et al
(2007), que consistiu no preparo de uma solução estoque de DPPH (2,2-difenilpicril-
hidrazina) na concentração de 40 µg/mL, realizando-se a partir desta solução o
preparo de uma curva de calibração com DPPH nas concentrações 1, 5, 10, 15, 20,
25, 30, 35 e 40 µg/mL, realizando uma leitura a 515 nm em cubeta de vidro. Uma
segunda curva com padrão rutina e ácido ascórbico (controles positivos) nas
concentrações 25; 50; 100; 150; 200; 250 µg/mL. Depois foi realizado uma reação
entre a solução estoque de DPPH (40 µg/mL) e as soluções do padrão rutina e ácido
ascórbico nas concentrações 25; 50; 100; 150; 200; 250 µg/mL, agitado e aguardou-
se 30 minutos para leitura em 515 nm. E uma terceira curva, sendo esta a de reação
com os extratos a serem analisados, com o preparo de uma solução estoque na
concentração de 500 µg/mL, e a partir desta realizando-se diluições com metanol
obtendo as concentrações de 25; 50; 100; 150; 200; 250 µg/mL. A partir dessas
diluições montou-se a reação dos extratos, EH, EAE e EE, com a solução estoque de
DPPH (40 µg/mL), sob os mesmos procedimentos descritos nas outras reações,
realizando a leitura em 515 nm.
A partir da equação da curva de calibração de DPPH e dos valores de
absorbância para o padrão e extratos no tempo de 30 min para cada concentração
testada, foi determinado os percentuais de DPPH remanescentes (% DPPHREM),
conforme a Equação:
%DPPHREM = [DPPH]T=t /[DPPH]T=0x100
Onde:
30
- [DPPH]T= t: corresponde à concentração de DPPH no meio após a reação (30
minutos) com o padrão ou com o extrato
- [DPPH]T: concentração inicial de DPPH, ou seja, [40 µg/mL] (100 μmol/mL);
Concentração inicial de DPPH em 50% (CE50)
Foi determinada a partir de uma curva exponencial de primeira ordem, obtida
plotando-se na abscissa as concentrações da amostra (μg/mL) ou do controle positivo
(padrão) e na ordenada, a porcentagem de DPPH remanescente (%DPPHREM).
A porcentagem de antioxidante foi determinada pelos valores de absorbância
em todas as concentrações testadas, no tempo de 30 min, sendo convertidos em
porcentagem de atividade antioxidante (AA), determinada pela Equação:
%AA={[Abscontrole–(Absamostra–Absbranco)] x 100}/Abscontrole.
Abscontrole=absorbância inicial da solução metanólica de DPPH [40 µg/mL]
Absamostra = absorbância da mistura reacional (DPPH+amostra).
4.6 Ressonância Magnética Nuclear (RMN)
As análises foram realizadas na Central Analítica do Laboratório de Pesquisa
em Química de Produtos Naturais, do Departamento de Química na UFMT – Câmpus
de Cuiabá, com a colaboração do Professor Leonardo Gomes de Vasconcelos,
utilizado o equipamento de Ressonância Magnética Nuclear Bruker 500MHz,
equipado com Magneto (Modelo: Bruker Magnet System AscendTM 500), Console
(Modelo: Bruker Advance III HD); Probe (Modelo: BBO 500 MHz S1 – 5mm); Unidade
de Variação de Temperatura (Modelo: BCU 1 -40/50); Amplificadores (Modelo: HPPR
II Preamplifier), Estação de Trabalho (Modelo: HP Z420 Workstation); Software de
Aquisição e Processamento (Modelo: Bruker TopSpin 3.2) e Tubos de RMN (Marca:
DURAN 500 MHz; Dimensões: 178x5 mm).
31
A amostra EH foi preparada com 10,2 mg de extrato e 650 µL de clorofórmio
deuterado, obtendo uma concentração de 17 mg/mL. O EAE foi preparada utilizando
10,3 mg de extrato e 650 µL de clorofórmio deuterado, com concentração de17,5
mg/mL. E na amostra EE foram utilizados 10,5 mg de extrato e 650 µL de metanol
deuterado, com concentração de 17,6 mg/mL.
Na aquisição dos Espectros Qualitativos realizou-se os seguintes protocolos
experimentais: 1H (Parâmetros de Aquisição: PULPROG (Zg30); AQ_MOD (DQD); TD
(65536); DS (0); NS (32); TDO (1); SW [ppm] (14.9960); SWH [HZ] (7500,00); AQ [sec]
(4.3690667); FIDRES [Hz] (0.228882); FW [Hz] (4032000.000); RG (203); DW [µSec]
(66.667)); 13C (Parâmetros de Aquisição: PULPROG (Zgpg30); AQ_MOD (DQD); TD
(65536); DS (4); NS (20480); TDO (1); SW [ppm] (236.6369); SWH [HZ] (29761.904);
AQ [sec] (1.1010048); FIDRES [Hz] (0,908261); FW [Hz] (250000.000); RG (203); DW
[µSec] (16.800)). Temperatura de Aquisição: 25 ºC.
4.7 Infravermelho
As análises de Infravermelho (IV) foram realizadas na Central Analítica do
Laboratório de Pesquisa em Química de Produtos Naturais, do Departamento de
Química, em espectrofotômetro Shimadzu Iraffinity-1 (Modelo: IRAffinity-1; Cat.No.
206-73500-38; Serial NO. A21374902249S1; Marca: Shimadzu Corporation). (Figura
5).
A pastilha foi preparada pesando-se 0,1 g de KBr, já seco em estufa à 100 °C
por 24 horas, e posteriormente utilizando-se um sistema de prensa hidráulica (Marca:
Shimadzu Corporation; Modelo: SSP-10A; P/N: 200-64175; S/N: 310314902239),
acessório parte integrante do equipamento. Ela foi utilizada como branco e em
seguida utilizada para a leitura juntamente com as amostras.
No EH foi preparado com 0,529 g de extrato em 1 mL de hexano, em seguida,
e adicionado 100 µL da solução de EH na pastilha de KBr e deixado em estufa à 100
°C por 10 minutos, e em seguida realizado a leitura. Em EAE foi preparado uma
solução da amostra com 0,7071 g de extrato e 1 mL de acetato de etila. Foram
32
adicionados à pastilha de KBr 80 µL dessa solução amostra, e deixado por 20 minutos
em estufa à 100 °C. No EE, uma pequena quantidade de extrato, indetectável pela
balança analítica, foi incorporada com o KBr, e realizado a confecção da pastilha,
sendo tirado o branco com outra pastilha contendo somente KBr, e em seguida
realizado a leitura.
Posteriormente realizou-se a aquisição do espectro de IV usando o software
IRSolution (Versão: 1.50) utilizando os seguintes parâmetros de aquisição: Modo de
Medida (% Transmitância); Apodizaiton (Happ_Genzel); Número de Scans (200);
Resolução (16); Range (400 à 4000 cm-1); Gain (1).
Figura 5. Equipamento de Infravermelho do Departamento de Química da UFMT
Fonte: Acervo Próprio
33
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Extração
Depois do processo de secagem a massa obtida foi de 1,135 kg, que
posteriormente passou pelo processo de moagem, obtendo um peso de 1,119 kg.
Após os processos de maceração por extração exaustiva, foram obtidos 249,1 g de
EH, 47,2 g de EAE e 6,9 g de EE, após a retirada de todos os solventes. O rendimento
do processo de extração, considerando a droga já triturada foi de 22,26% para o EH,
4,22% para o EAE e 0,62% para o EE. Somando, o processo de extração obteve um
rendimento total de 27,1%. O fluxograma a seguir apresenta os passos consecutivos
no estudo das cascas dos frutos secos de C. langsdorffii (Figura 6).
Figura 6. Fluxograma do estudo das cascas dos frutos secos de C. langsdorffii.
34
5.2 Triagem Fitoquímica
5.2.1 Grupos Funcionais
Com os três extratos foram realizados testes para identificação de alguns
grupos funcionais, onde conforme característica observada após o término das
reações aplicadas aos extratos, confirmou-se ou não a presença de determinados
grupos de substâncias. A tabela 1 abaixo apresentam os resultados obtidos para cada
extrato testado.
Tabela 1. Resultado do teste para grupos funcionais com EH, EAE e EE.
Grupos Funcionais EH EAE EE
Alcaloides + + +
Cumarinas
Esteroides e Triterpenoides
Flavonoides
-
-
+
+
-
+
+
-
+
Polissacarídeos
Purinas
Saponinas
Taninos
-
+
+
-
-
+
-
-
-
-
-
+
Através das reações qualitativas, foi possível identificar os compostos
presentes em cada extrato, de acordo com o descrito por Teixeira (2012). No EH
obteve-se resultados positivos para flavonoides, alcaloides, saponinas, purinas. No
EAE foi verificado a presença de flavonoides, alcaloides, cumarinas e purinas. No
extrato etanólico constatou-se resultados positivos para flavonoides, taninos,
cumarinas e alcaloides.
35
Esses ensaios qualitativos, são testes que dependem, de maneira
considerável, das percepções e conclusões do analista, podendo ou não ser
interpretada de maneiras diferentes, com opiniões que se divergem. Porém a
realização desses ensaios é de grande valia para se realizar uma triagem fitoquímica
e direcionar os estudos químicos de acordo com os tipos de substâncias e compostos
presentes em cada um desses extratos, e o tipo de atividade biológica que tais
produtos podem exercer, principalmente em casos em que não há relato na literatura.
5.2.2 Cromatografia de Camada Delgada (CCD)
Sendo este um método amplamente utilizado na separação de compostos, mas
que também auxiliam na identificação destes, foram realizados ensaios para
identificação de alcaloides, cumarinas, flavonoides, taninos e terpenos.
Para identificação dos alcaloides foi utilizada como fase móvel os solventes
tolueno, acetato de etila e dietilamina, na proporção 70:20:10, respectivamente, e
usou-se como revelador o reagente Dragendorff. O resultado para ambos os extratos
testados foram negativos, como mostra a figura 7 abaixo, visto que o esperado era o
aparecimento de bandas de coloração laranja ou marrom.
Figura 7. Resultado da cromatografia de camada delgada para identificação de alcaloides nos
extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii após revelação com reagente Dragendorff.
Fonte: Acervo Próprio
36
EH = extrato hexânico; EAE = extrato acetato de etila; EE = extrato etanólico
Nos ensaios qualitativos de grupos funcionais obteve-se resultados positivos
para alcaloides, porém na CCD, esse resultado foi negativo para as três amostras.
Com isso podemos considerar que esses compostos podem não estar presentes
nessas amostras, visto que nos ensaios qualitativos dependem muito do analito, e a
qualidade dos reagentes utilizados, como o Mayer, Dragendoorf e Bouchardt podem
interferir nos resultados.
Para a identificação de cumarinas, foi utilizada a fase móvel clorofórmio,
acetona e ácido fórmico, nas proporções 75:16,5:8,5 respectivamente, e como
revelador hidróxido de potássio à 5% em etanol. A coloração esperada para essa
classe de compostos é azul claro florescente, sendo possível detectar a presença dos
mesmos apenas em EAE e EE (Figura 8), o que também se confirma nos ensaios
qualitativos de grupos funcionais.
Figura 8. Resultado da cromatografia de camada delgada para identificação de cumarinas nos extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii após revelação com hidróxido
de potássio 5%, visualização no UV 356 nm.
Fonte: Acervo Próprio
De acordo com Neto e Silveira (2008), existem poucas citações na literatura até
mesmo do fruto da copaíba, sendo encontrados alguns relatos sobre ácidos graxos e
cumarinas nas sementes. Alguns estudos realizados com óleo das sementes de C.
37
langsdorfii, mostraram a presença da cumarina umbeliferona e de oligossacarídeos
xiloglucânicos (JÚNIOR; PINTO, 2002).
A primeira descrição de C. langsdorffii foi relatada por Mors e Monteiro, onde
identificaram a presença de compostos cumarínicos e a umbiliferona nos extratos das
sementes dessa espécie. Nas sementes de C. langsdorffi já foram identificados
amiloides xiloglucânicos e nos cotilédones polissacarídeos. Em sementes de
Copaifera sp já foram identificados os ácidos graxos: palmítico, oleico, linoleico,
araquídico e beênico (Neto et al, 2008).
Para identificação de flavonoides foram utilizados clorofórmio, acetona e ácido
fórmico, em uma primeira fase móvel, para agliconas de flavonoides, na proporção
75:16,5:8,5 e em uma segunda fase móvel acetato de etila, ácido fórmico, ácido
acético e água, nas proporções 10:1,1:1,1:0,5, para heterosídeos. Como revelador foi
utilizado o reagente NP-PEG (difenilborato de aminoetanol com polietilenoglicol),
sendo a coloração esperada, amarelo fluorescente, na visualização à luz UV no
comprimento de onda de 356 nm (Figura 9). Neste caso, obteve-se resultados
positivos para os extratos EAE e EE.
Figura 9. Resultado da cromatografia de camada delgada para identificação de flavonoides nos extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii após revelação com NP-PEG,
visualização no UV 356 nm.
Fonte: Acervo Próprio
38
De acordo com os resultados dos ensaios qualitativos de grupos funcionais, os
compostos flavonoides estão presentes nos três extratos analisados, porém na CCD,
apenas EAE e EE contém esse grupo de substâncias.
Para a identificação de taninos, utilizou-se como fase móvel acetato de etila,
ácido fórmico e água, na proporção 100:11:5, com formação de bandas de coloração
azul, após revelação com cloreto férrico 2% (Figura 10). Obteve-se resultado positivo
em EE. O que é confirmado pelos ensaios qualitativos de grupos funcionais.
Figura 10. Resultado da cromatografia de camada delgada para identificação de taninos nos extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii após revelação com cloreto férrico 2%.
Fonte: Acervo Próprio
No teste para identificação de terpenos usou-se como fase móvel hexano e
acetato de etila, na proporção 80:20, e como revelador anisaldeído sulfúrico, formando
coloração azul escuro, como já esperado, de acordo com a literatura (Wagner; Bladt,
1995), com resultado positivo para terpenos nos três extratos.
39
Figura 11. Resultado da cromatografia de camada delgada para identificação de terpenos nos extratos das cascas dos frutos da C. langsdorffii após revelação com anisaldeído
sulfúrico.
Fonte: Acervo Próprio
Nos ensaios qualitativos de grupos funcionais por reações químicas, obteve-se
resultados negativos para os compostos terpênicos. Considerando que esses
compostos são marcadores nesses tipos de amostras resinosas, podemos constatar
que os ensaios qualitativos apresentaram um resultado falso-negativo, que pode ter
ocorrido devido a qualidade dos reagentes utilizados.
De acordo com relatos na literatura o EH das cascas dos frutos contém ácidos
diterpênicos, como o ácido caurenóico, ácido poliáltico e nivenolídeo, além de conter
uma mistura de ácido caurenóico e óxido de cariofileno (NETO et al, 2008). Através
desta técnica cromatográfica, foi possível constatar a presença de compostos
terpênicos em EH, em EAE e EE, o que indica que esses compostos estão em grande
quantidade presentes nas cascas dos frutos secos.
5.3 Determinação de Fenóis e Flavonoides Totais
Através da equação da reta, obtidas a partir das curvas padrões com ácido
gálico (fenóis totais) e quercetina (flavonoides totais), foi possível quantificar os fenóis
40
e os flavonoides totais constantes nos extratos brutos das cascas dos frutos da
espécie C. langsdorffii. (Tabela 2).
A equação da curva de calibração da quercetina foi Y = 0,0709X+0,0154, onde
Y é a concentração da quercetina, X é a absorbância a 425 nm e o coeficiente de
correlação R2 = 0,9978. E o teor foi determinado em mg de EQ (equivalentes de
quercetina) por grama de extrato.
A equação da curva de calibração do ácido gálico foi Y = 0,0182X + 0,0173,
onde X é a concentração do ácido gálico, Y é o valor da absorbância a 750 nm e
apresentou o coeficiente de correlação R2 = 0,9969. O teor de fenóis totais foi
expresso em miligrama de equivalente de ácido gálico por grama de extrato (mg
EAG/g).
Tabela 2. Resultados da determinação do teor total de fenóis e flavonoides nos extratos das cascas dos frutos da Copaifera langsdorffii Desf.
Amostra Teor de fenóis totais
mg EAG/g
Teor de flavonoides
totais
mg EQ/g
EH 7,84 1,12
EAE 6,54 1,15
EE 17,02 1,09
Entre as amostras da espécie C. langsdorffii, a que apresentou maior teor de
fenóis totais foi a EE, com 17,02 mg EAG/g. Esse resultado pode sugerir que esse
extrato possui um elevado teor de fenóis, mas apenas uma pequena parte deste, é
formada por flavonoides. O EH apresentou um teor de 7,84 mg EAG/g, possuindo o
segundo maior teor, mesmo sendo um extrato mais apolar, e de acordo com o
estudado, o que possui maior teor de gorduras. E o EAE obteve um teor de 6,54 mg
EAG/g. Os teores de flavonoides totais foram estatisticamente iguais entre os três
extratos estudados.
41
Segundo Batista et al (2016), em estudos realizados com a polpa dos frutos da
C. langsdorffii, o extrato etanólico e o extrato etanólico 60%, foram quantificados com
elevados teores de polifenóis, sendo confirmado por diferentes métodos de análises,
como Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE). Esses resultados foram
capazes de reduzir o efeito deletério da ciclofosfamida, sendo que essa capacidade
antioxidante está ligada à prevenção de alterações genéticas.
5.4 Avaliação do Potencial Antioxidante
Para se avaliar a capacidade antioxidante dos extratos, foi determinada a
porcentagem de DPPH remanescente, e posteriormente estabelecida uma relação
entre DPPH remanescente e as concentrações das amostras para se determinar a
CE50, que é a concentração mínima necessária para o antioxidante reduzir em 50% a
concentração inicial de DPPH. Portanto, quanto menor o valor de CE50 apresentado
pelos extratos, maior será sua atividade antioxidante (Figura 12).
Figura 12. Resultado do potencial antioxidante dos extratos das cascas da C. langsdorffii.
Fonte: Acervo Próprio
EH = extrato hexânico; EAE = extrato acetato de etila; EE = extrato etanólico
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
0,0 50,0 100,0 150,0 200,0 250,0 300,0
% d
e D
PP
H R
eman
esce
nte
Concentração amostra µg.mL
Potencial antioxidante
EH EAE EE AA RT
42
Avaliando o gráfico acima, onde estão presentes os valores de DPPH
remanescentes para dois padrões utilizados na técnica, podemos constatar que o
extrato que mais se aproximou dos padrões ácido ascórbico e rutina, dois potentes
antioxidantes, foi o EE. E apresentou CE50 em 135 µg/mL, e os extratos EAE e EH
não atingiram a CE50.
Isso pode ser explicado devido ao extrato EE conter substâncias mais polares
em relação ao EAE e EH, podendo conter mais compostos fenólicos, que também são
substancias antioxidantes, e por esse motivo esse extrato apresentou uma melhor
atividade.
Foi determinado a porcentagem de antioxidante em cada concentração para
cada uma das amostras, através dos valores de absorbância obtidos da solução inicial
de DPPH e absorbância da mistura reacional, DPPH + amostras, onde se confirma
que o EE é o que apresenta melhor potencial antioxidante (Tabela 3).
Tabela 3. Porcentagem antioxidante de EH, EAE e EE.
Concentrações µg.mL EH EAE EE
250 21 % 18 % 82 %
200 22 % 31 % 78 %
150 22 % 17 % 66 %
100 22 % 18 % 55 %
50 20 % 16 % 33 %
25 22 % 17 % 34 %
5.5 Ressonância Magnética Nuclear
Com a análise de RMN dos extratos, mesmo sendo amostras que contém
diversos compostos, foi possível atribuir a cada um, os grupamentos orgânicos
presentes, de acordo com os deslocamentos químicos e a multiplicidade dos picos,
como mostra as tabelas 4, 5 e 6 abaixo.
43
Tabela 4. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 1H do EH das cascas dos frutos da C. langsdorffii.
δ (ppm) 1H Multiplicidade Grupos Correspondentes
0,78 – 1,08 multipleto CH3 de cadeias alifáticas
1,26 – 1,38 multipleto CH2 de cadeias alifáticas
1,69 - 1,77 multipleto CH2 de cadeias alifáticas
2,03 – 2,06 multipleto CH2 de cadeias alifáticas
2,19 – 2,21 multipleto CH2 de cadeias alifáticas
2,65 singleto CH2 de cadeias alifáticas
3,51 – 3,98 singleto Hidrogênio ligado à CH2 alfa à C=O ou alfa à C-O
4,76 – 5,58 multipleto C=C de cadeias alílicas
5,72 – 6,28 multipleto C=C de cadeias alílicas
Tabela 5. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 1H do EAE das cascas dos frutos da C. langsdorffii
δ (ppm) 1H Multiplicidade Grupos Correspondentes
0,74-0,97 multipleto CH3 de cadeias alifáticas
1,17-1,37 multipleto CH3 de cadeias alifáticas
1,60-1,77 multipleto CH3 de cadeias alifáticas
1,99-2,21 multipleto CH3 de cadeias alifáticas
2,31-2,37 multipleto CH2 de cadeias alifáticas
2,66 singleto CH2 de cadeias alifáticas
3,51 singleto Hidrogênio ligado à CH2 alfa à C=O ou alfa à C-O
3,73-3,77 multipleto Hidrogênio ligado à CH2 alfa à C=O ou alfa à C-O
3,98 singleto Hidrogênio ligado à CH2 alfa à C=O ou alfa à C-O
44
4,22-4,89 multipleto C=C de cadeias alílicas
5,69-5,72 dupleto C=C de cadeias alílicas
6,0 dupleto Hidrogênio ligado à aromáticos
7,07 singleto Hidrogênio ligado à aromáticos
7,49 singleto Hidrogênio ligado à aromáticos
8,04 singleto Hidrogênio ligado à aromáticos
Tabela 6. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 1H do EE das cascas dos frutos da C. langsdorffii
δ (ppm) 1H Multiplicidade Grupos Correspondentes
0,89 – 1,00 multipleto CH3 de cadeias alifáticas
1,14 – 1,31 Multipleto CH3 de cadeias alifáticas
1,32 – 1,62 Multipleto CH3 de cadeias alifáticas
2,00 – 2,21 Multipleto CH3 de cadeias alifáticas
2,44 – 2,61 Multipleto CH2 de cadeias alifáticas
2,88 – 2,94 Multipleto CH2 de cadeias alifáticas
3,02 – 4,06 multipleto Hidrogênio ligado à C-OH ou à C-O (açúcar)
4,07 – 4,34 Multipleto C=C de cadeias alílicas
4,48 – 4,52 multipleto C=C de cadeias alílicas
5,13 Singleto C=C de cadeias alílicas
5,40 – 5,83 Multipleto C=C de cadeias alílicas
6,53 e 6,56 Singleto Hidrogênio ligado à aromáticos
6,94 Singleto Hidrogênio ligado à aromáticos
45
7,08 – 7,13 Multipleto Hidrogênio ligado à aromáticos
7,28 – 7,38 Multipleto Hidrogênio ligado à aromáticos
8,05 – 8,08 dupleto Hidrogênio ligado à aromáticos
Foi possível sugerir a presença de cadeias alifáticas e cadeias alílicas, bem
como a presença de hidrogênio ligado à carbonila e hidrogênios de ligações duplas
entre carbonos, nos três extratos.
Considerando os dados obtidos, podemos afirmar que os sinais com
deslocamentos químicos de δ 0,75 ppm à aproximadamente δ 2,20 ppm são
hidrogênios ligados ao carbonos alifáticos, os deslocamentos entre δ 3,02 à 3,98 ppm,
presentes em EH e EAE, são hidrogênios alílicos, e segundo estudos feitos por Neto
et al (2008) e Sousa (2011), estes são pertencentes a grupos metílicos, presentes nos
principais compostos diterpênicos, como o óxido de cariofileno e ácido copálico
(Figuras 13 e 14).
Figura 13. Ácido copálico
identificado por RMN de 1H e 13C isolado do
extrato bruto das folhas da C. langsdorffii,
apresentado como tese de doutorado.
Fonte: Sousa, 2011
Figura 14. Óxido de cariofileno
identificado por RMN de 1H e 13C isolado do
extrato bruto das folhas da C. langsdorffii,
apresentado como tese de doutorado.
Fonte: Sousa, 2011
46
Porém os picos característicos pela intensidade e tipo de multiplicidade,
presentes em EE, com deslocamentos entre δ 3,02 à 4,06 ppm contribuem para
unidades glicosídicas, de acordo com a proposta de Sousa (2011) e Petrica et al
(2014), o que confirma a presença de compostos açucarados somente nesse extrato.
De acordo com Sousa et al. (2011), em espectro de RMN de 1H, hidrogênios
entre δ 4.48 e 4.84 ppm são hidrogênios de ligações duplas exocíclicas, e
deslocamentos de δ 5.40 à 5.83 ppm são de hidrogênios de ligações duplas
endocíclias, característicos de diterpenos, encontrados em óleo-resina de Copaifera
sp., como o ácido copálico e ácido caurenóico (Figura 15), marcadores químicos
presentes nessas espécies, o que confirma os dados obtidos nos extratos EH e EAE.
Figura 15. Ácido caurenóico identificado por RMN de 1H e 13C isolado do extrato bruto
das folhas da C. langsdorffii, apresentado como tese de doutorado.
Fonte: Sousa, 2011
Já os picos com deslocamentos aproximados de δ 6.0 à 8.0 ppm, obtidos
apenas no EAE e EE, são relativos à presença de anéis aromáticos, presentes em
compostos como 3-O-alfa-ramnopiranosil-canferol (Figura 16), segundo Sousa et al
(2011).
47
Figura 16. 3-O-alfa-ramnopiranosil-canferol identificado por RMN de 1H e 13C isolado do
extrato bruto das folhas da C. langsdorffii, apresentado como tese de doutorado.
Fonte: Sousa, 2011
Nas análises de RMN de 13C verificou-se a presença dos grupos funcionais
correspondentes à cada pico apresentado nos espectros, através dos dados de
deslocamento químico, apresentados nas tabelas 7, 8 e 9.
Tabela 7. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 13C do EH
das cascas dos frutos da C. langsdorffii.
δ (ppm) 13C Grupos Correspondentes
15,69 e 16,35 -CH3 de Hidrocarbonetos acíclicos;
18,43 e 19,11 -CH3 e -CH2 de Hidrocarbonetos acíclicos; C3H6 de
Hidrocarbonetos alicíclicos;
20,27 -CH3 e -CH2 de Hidrocarbonetos acíclicos;
21,85 -CH3 e -CH2 de Hidrocarbonetos acíclicos
C4H8 a C10H20 Hidrocarbonetos alicíclicos;
24,77; 26,72; 27,50;
29,71; 29,92
-CH3 -CH2 e CH de Hidrocarbonetos acíclicos; C4H8 a
C10H20 Hidrocarbonetos alicíclicos;
48
33,11; 37,91; 39,65;
40,73
-CH2 CH C de Hidrocarbonetos acíclicos;
41,28 -CH2 CH de Hidrocarbonetos acíclicos; C-OH de Álcoois;
43,66 -CH2 CH de Hidrocarbonetos acíclicos; C-OH de Álcoois;
44,24; 47,28; 48,97;
50,87
CH2 CH de Hidrocarbonetos acíclicos; C-OH de Álcoois;
54,33 CH2 CH de Hidrocarbonetos acíclicos; C-OH de Álcoois;
C-O-C de Éteres;
57,01 CH de Hidrocarbonetos acíclicos; C-OH de Álcoois; C-O-
C de Éteres;
77,22 C=C=C Alenos; C=C-R de Alquinos; C-OH de Álcoois; C-
O-C de Éteres;
106,50 H2C=C-R de Alquenos; Aromáticos;
155,92 Aromáticos; R-C=C-COOR’ Ésteres insaturados
Tabela 8. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 13C do EAE
das cascas dos frutos da C. langsdorffii.
δ (ppm) 13C Grupos Correspondentes
38,89 -CH2 CH C de Hidrocarbonetos acíclicos;
47,72 -CH2 CH de Hidrocarbonetos acíclicos;
C-OH de Álcoois
47,89 -CH2 CH de Hidrocarbonetos acíclicos;
C-OH de Álcoois
49
48,06 -CH2 CH de Hidrocarbonetos acíclicos;
C-OH de Álcoois
48,23; 48,45 -CH2 CH de Hidrocarbonetos acíclicos;
C-OH de Álcoois
62,75; 69,56; 70,37; 70,50; 70,64;
71,17; 71,58; 72,08; 72,48; 72,93;
73,49; 74,92; 76,64; 76,73; 83,53
C-OH de Álcoois; C-O-C Éteres;
92,56; 96,83; 97,79 Ar-Y de Aromáticos;
Analisando os espectros obtidos de RMN de 13C, pode-se sugerir a presença
de compostos de cadeia alifáticas ou acíclicos, que foram identificados também na
análise de 1H, variando de δ 0,74 à 2,94 ppm, e de 13C com deslocamentos partindo
de δ 15,69 ppm, como no EH, até δ 57,01 ppm. Foi possível verificar a presença de
carbonos ligados à função álcool, com deslocamentos entre δ 41,28 à 83,53 ppm, que
podem ser confirmadas pelos picos de 1H com deslocamentos entre δ 3,31 à 3,98
ppm.
Tabela 9. Resultados dos grupamentos encontrados através dos espectros de RMN 13C do EE
das cascas dos frutos da C. langsdorffii.
δ (ppm) 13C Grupos correspondentes
38,89 -CH2 CH C de Hidrocarbonetos acíclicos;
47,89; 48,06 -CH2 CH de Hidrocarbonetos acíclicos;
C-OH Álcoois;
48,23; 48,45 -CH2 CH de Hidrocarbonetos acíclicos;
C-OH Álcoois;
62,75; 69,56; 70,37; 70,50; 70,64;
71,17; 71,58; 72,08; 72,48; 72,93;
73,49; 74,92; 76,64; 76,73; 83,53;
C-OH Álcoois; C-O-C Éteres;
50
96,83; 97,79 Ar-Y Aromáticos
103,92 Ar-Y Aromáticos; Heteroaromáticos
Os compostos aromáticos foram identificados com deslocamentos de δ 92,56
à 155,92 ppm, sendo confirmada pelo RMN de 1H que apresentou deslocamentos na
faixa de δ 6,0 à 8,0. Porém, na análise de RMN de 13C foram detectados esse tipo de
estrutura nos três extratos em estudo, e no RMN de 1H, apenas no EAE e EE, não
apresentando picos equivalente a essa classe de compostos no EH. Isso pode ser
devido a concentração das amostras, ou o pico com deslocamento de δ 155,92 em
EH, corresponde apenas a função éster.
Em um estudo realizado por Neto et al (2008), no RMN de 13C, foi identificado
a presença de uma ligação dupla exocíclica, com deslocamento químico de 103,5,
que pertencia ao esqueleto caureno. Através disso, podemos propor que o carbono
que apresentou deslocamento químico de δ 103,92 corresponde ao mesmo tipo de
ligação.
5.6 Infravermelho
Através dos dados obtidos com a realização do infravermelho, é possível
detectar as funções orgânicas presentes nas amostras, realizando uma comparação
dos comprimentos de onda. Em EH foi possível verificar a presença de grupos como
haletos de alquila, aril-alquil-éter, grupos nitro, éster, aril-cetona e ácido carboxílico
(Tabela 10).
Tabela 10. Resultados da análise de Infravermelho do extrato EH das cascas dos frutos da C. langsdorffii.
cm-1 Ligação/Grupamento Intensidade Referência
1026,13 C-O Aril-alquil-éter; F 1280-1220 e 1100-1020 cm-1 F
1157,29 C-O; F 1300-1000 cm-1 F
1249,87 C-O Aril-alquil-éter; F 1280-1220 e 1100-1020 cm-1 F
51
1643,35 C=O Aril-cetona; F 1700-1630 cm-1 F
1697,36 C=O Éster MF 1750-1670 cm-1 F
2677,20 O-H Ác. Carboxílico;
Aldeído
M 3200-2500 cm-1 L
2830-2700 cm-1 f-M
2731,20 O-H Ác. Carboxílico M 3200-2500 cm-1 L
2870,08 O-H Ác. Carboxílico MF 3200-2500 cm-1 L
2939,52 O-H Ác. Carboxílico MF 3200-2500 cm-1 L
3070,68 O-H Ác. Carboxílico; C-
H Alcano
F 3200-2500 cm-1 L
3000-2840 cm-1 M-F
Onde as intensidades das bandas são representadas por: f = fraco; M = médio; F =
forte; MF = muito forte; L = largo
De acordo com a metodologia seguida de Lopes e Fascio (2004), foram
encontradas bandas que correspondem a haletos de alquila, álcool e fenóis, aril-alquil-
éter, aril-cetona, éster e ácido carboxílico e aldeído no EAE, como mostra a tabela 11
a seguir.
Tabela 11. Resultados da análise de Infravermelho do extrato EAE das cascas dos frutos da C. langsdorffii.
cm-1 Ligação/Grupamento Intensidade Referência
1026,13 C-O; C-O Aril-Alquil-
éter
F 1300-1000 cm-1 F
1280-1220 e 1100-1020 1400-
500 cm-1 F
1149,57 C-O; C-O Alquil-éter; F 1300-1000 cm-1 F
52
1150-1080 cm-1 F
1242,16 C-O Aril-Alquil-éter; F 1280-1220 e 1100-1020 1400-
500 cm-1 F
1643,35 C=O; C=O Aril-cetona; F 1820-1630 cm-1 F
1700-1630 cm-1 F
1697,36 C=O Éster MF 1820-1630 cm-1 F
1750-1670 cm-1 F
2677,20 O-H Ác. Carboxílico M 3200-2500 cm-1 L
2738,92 O-H Ác. Carboxílico;
Aldeído
M 3200-2500 cm-1 L
2830-2700 cm-1 f-M
2870,08 O-H Ác. Carboxílico MF 3200-2500 cm-1 L
293,80 O-H Ác. Carboxílico MF 3200-2500 cm-1 L
3070,68 O-H Ác. Carboxílico F 3200-2500 cm-1 L
3348,42 O-H Álcool ou Fenol F 3650-3100 cm-1 F
3441,01 O-H Álcool ou Fenol F 3650-3100 cm-1 F
Analisando os picos encontrados, podemos verificar a presença de bandas com
absorções de 1026,13 à 1249,87 cm-1 atribuídas à ligações C-O de Aril-alquil-éter;
1643,35 à 1697,36 cm-1 atribuídas a C=O de Aril-cetona ou éster; 2677,20 à 3070,68
cm-1 à O-H de ácidos carboxílicos e 3387,00 cm-1 atribuídas à O-H de álcool ou fenol.
Em estudos realizados por Pinto et al (2000), o espectro de IV do óleo bruto de
copaíba apresentou uma absorção a 1740 cm-1, correspondente a C=O, uma faixa
larga entre 3500 e 2600 cm-1, atribuída aos ácidos carboxílicos, e ainda absorções a
3300 cm-1 correspondente a banda de hidroxila, e 1160 cm-1 com C-O, sugerindo a
53
presença de ácidos carboxílicos no extrato bruto. Esses resultados foram obtidos do
óleo bruto de Copaifera cearenses, adquiridos através do exsudato da perfuração
direta do tronco da árvore. Esse estudo sugere a presença desses grupos também
nas das cascas do fruto seco da C. langsdorffii.
No EE foram encontradas as funções orgânicas haletos de alquila, aril-alquil-
éter, aril-alquil-amina, alceno, alcano e grupo funcionais como o álcool e fenol (Tabela
12). Segundo Moreira (2018), a presença da ligação de carbono C=C pode estar
associado à presença de um grupo vinílico ou uma estrutura contendo anel com dupla
ligação, sendo explicável a presença desse tipo de banda nesse tipo de amostra,
devido a presença de compostos terpênicos.
Tabela 12. Resultados da análise de Infravermelho do extrato EE das cascas dos frutos da C. langsdorffii.
cm-1 Ligação/Grupamento Intensidade Referência
1072,42 C-O Aril-alquil-éter; F 1100-1020 cm-1 F
1273,02 C-N Aril-alquil-amina; M 1360-1250 e 1280-1180 cm-1 f-
M
1350,17 C-N Aril-alquil-amina; M 1360-1250 e 1280-1180 cm-1 f-
M
1620,21 C=C Alceno M 1680-1620 cm-1 f-M
2939,52 C-H Alcano M 3000-2840 M-F
3387,00 O-H Álcool ou Fenol MF 3650-3100 cm-1 F
De acordo com os dados obtidos, podemos constatar os possíveis
grupamentos existentes em cada um dos extratos, destacando a semelhança de
grupamentos entre EH e EAE, bem como maior quantidade de terpenos nestes
extratos,o que seja provável devido à maior proximidade de polaridade dos solventes
54
utilizados para extração de cada um, em relação ao EE. Pode-se verificar que existem
algumas diferenças entre os comprimentos de onda e intensidade dos picos, o que
pode ser devido à metodologia utilizada na confecção da pastilha, sendo diferente
para cada uma das três amostras analisadas, e ainda devido à concentração de cada
extrato utilizado, resultando em menor absorção e intensidade das bandas.
55
6. CONCLUSÕES
Através de todo estudo realizado com extratos das cascas dos frutos da C.
langsdorffii, foi possível sugerir quais as classes de compostos presentes em extratos
de diferentes polaridades desse material. Pelas análises qualitativas, através de
reações químicas, podemos sugerir a presença de flavonoides, alcaloides, saponinas,
purinas no EH. Já no EAE identificou-se a presença de flavonoides, alcaloides,
cumarinas e purinas. E no EE, foram identificados flavonoides, taninos, cumarinas e
alcaloides.
Nos experimentos realizados para confirmação desses dados, através da CCD,
foram constatados os compostos cumarinas e flavonoides, em EAE e EE, taninos
apenas no EE, e os compostos terpênicos, presentes nos três extratos.
As análises de RMN 1H e 13C e IV, complementam esses estudos, onde se
identificou a presença de compostos com cadeia alílicas e alifáticas, grupos com
deslocamentos químicos correspondentes à funções éster e álcoois, e ainda a
presença de estruturas que contém compostos aromáticos, em EAE e EE.
Na determinação do teor de flavonoides totais, todas as amostras
apresentaram quantidades de flavonoides semelhantes, porém o EE foi o que obteve
maior quantidade de compostos fenólicos, com 17,02 mgEAG/g o que pode ser
explicado pelo solvente a ser utilizado na extração ser o mais polar dentre os três
utilizados, o que possibilita a extração desses componentes. Por esse mesmo motivo,
o EE foi o que obteve maior percentual de atividade antioxidante, com 81,92%.
Com esses dados, pode-se seguir com análises que especifiquem ainda mais
os compostos presentes nos extratos, como a espectrometria de massas e
cromatografia gasosa, a fim de decifrar esses componentes e propor uma avaliação
de possível atividade biológica, a fim de contribuir com a melhora da saúde e
tratamento de doenças que acometem a população em geral. Destacando que
extratos complexos como estes, podem ter uma ação sinérgica, podendo não exercer
determinada atividade ou função se passarem por processos de isolamento, por isso
56
a importância de se realizar primeiramente uma análise desses compostos em
conjunto.
57
7. REFERÊNCIAS
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62
ANEXO A
Espectro de RMN 1H da amostra de EH na concentração de 17 mg/mL, com CDCl3
obtido em espectrômetro Bruker Magnet System AscendTM 500 MHz.
63
Espectro de RMN 1H da amostra de EAE na concentração de 17,5 mg/mL, com
CDCl3 obtido em espectrômetro Bruker Magnet System AscendTM 500 MHz.
64
Espectro de RMN 1H da amostra de EE na concentração de 17,6 mg/mL, com
CDCl3 obtido em espectrômetro Bruker Magnet System AscendTM 500 MHz.
65
Espectro de RMN 13C da amostra de EH na concentração de 17 mg/mL, com CDCl3
obtido em espectrômetro Bruker Magnet System AscendTM 500 MHz.
66
Espectro de RMN 13C da amostra de EAE na concentração de 17,5 mg/mL, com
CDCl3 obtido em espectrômetro Bruker Magnet System AscendTM 500 MHz.
67
Espectro de RMN 13C da amostra de EE na concentração de 17,6 mg/mL, com
CDCl3 obtido em espectrômetro Bruker Magnet System AscendTM 500 MHz.
68
ANEXO B
Espectro de infravermelho da amostra EH.
69
Espectro de Infravermelho da amostra EAE.
70
Espectro de Infravermelho da amostra EE.
71