Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

72
1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS II CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA ALANI SANTOS DE OLIVEIRA ESTUDO SOBRE O PROGRAMA EDUCAÇÃO PELO ESPORTE DO MUNICÍPIO DE POJUCA-BA Alagoinhas 2012

description

Alani Santos de Oliveira

Transcript of Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

Page 1: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

ALANI SANTOS DE OLIVEIRA

ESTUDO SOBRE O PROGRAMA EDUCAÇÃO PELO ESPORTE DO

MUNICÍPIO DE POJUCA-BA

Alagoinhas

2012

Page 2: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

2

ALANI SANTOS DE OLIVEIRA

ESTUDO SOBRE O PROGRAMA EDUCAÇÃO PELO

ESPORTE DO MUNICÍPIO DE POJUCA-BA.

Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado da Bahia – Campus II, como requisito para obtenção do grau de Licenciada em Educação Física. Orientador: Luiz Carlos Rocha

Alagoinhas

2012

Page 3: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

3

Dedico a minha amada mãe. Incentivadora dos meus

estudos, minha inspiração e fortaleza, a detentora do

meu mais puro e verdadeiro amor, respeito, admiração

e carinho. Te amo, minha Tchuquinha!

Page 4: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

4

AGRADECIMENTOS

Enfim, cheguei ao momento mais esperado da monografia. Momento de

agradecer a todos que de alguma forma contribuíram para a concretização dessa

conquista e farei isso com muito prazer e gratidão, por acreditar de verdade que

essa não é uma conquista só minha.

Agradeço ao meu Deus, pela graça divina da vida, por todas as bênçãos

concebidas e por todos os pedidos atendidos. Agradeço também ao meu São Jorge,

meu Bom Jesus da Passagem e meu Senhor do Bonfim por iluminar meus

caminhos, pela força para superar os obstáculos guiando meus passos com

esperança e fé.

A minha mãe, essa graduação é nossa! Sem as suas cobranças na mesma

medida dos carinhos, força, atenção e incentivo eu não teria conseguido. Me sinto

realizada e extremamente feliz por saber que está orgulhosa de mim. Que venham

os próximos desafios Tchuquinha, com seu apoio me sinto sempre capaz.

Aos meus irmãos Alan, Reno, Duda e Zé pelo apoio e admiração. Fico muito

feliz por ser motivo de orgulho para vocês.

A meu dindo e minha querida dinda, pelo estímulo, exemplo e palavras de

confiança e amizade. A Mai, pela companhia nas leituras no período de elaboração

do capítulo teórico.

Minha prima Bebel, como verdadeiras Pink e Cérebro, “vamos dominar o

mundo”! Obrigada pela força, por acreditar em mim, pela amizade e carinho.

A Ellen e Amanda, minhas duas sobrinhas lindas. Agradeço as alegrias e os

sorrisos despertados nos momentos de ansiedade. Titia ama vocês!

A toda minha família, tios, tias, primos, primas, minha amada vó (in

memorian), cada um tem sua parcela de contribuição nessa conquista, obrigada por

tudo.

Aos meus amigos, em especial a meu irmão de coração, Américo. Saudades

das nossas sempre produtivas conversas.

A Reynaldo, pessoa querida que conheci na 6ª série como meu professor de

educação física e tive o prazer de ser sua aluna por mais quatro anos, você

despertou em mim a vontade de ser professora. Muito do pouco que eu sei aprendi

com você. Agradeço a confiança e o apoio.

Page 5: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

5

A minha turma 2008.2, em especial: Andressa, juntas formamos a dupla mais

estourada do momento (tchutchari da Bahia). Isis, minha querida Valverde. Cintia,

sempre muito atenciosa. Dayane (Dayine, Glória), sem palavras. Daiara, minha

paraguaia. Diego, parceiro nos trabalhos em Pojuca City. Alessandro, muito querido.

Ana Isa, a irmã que eu não tive. Nildinho, meu primeiro amiguinho na UNEB (rs).

Alan e Beto os trastes mais estressantes e queridos que tornaram o trajeto Pojuca x

Alagoinhas muito mais agradável e divertido. Foram quase quatro anos de muita

diversão, cumplicidade, querer bem, “altos papos cabeça”, quando nos reuníamos

era uma verdadeira terapia em grupo. Guardarei os sorrisos mais bobos e

verdadeiros despertados por minhas besteiras.

A Luiz Rocha, pelos ensinamentos e orientações. Obrigada pela calma e

esperança transmitida nos momentos de apuros, ansiedade e medo.

Aos meus queridos professores: Neuber Costa, Ana Simon, César Leiro, Alan

Aquino, Micheli Venturini, Viviane Rocha, Ubiratan Menezes, Valter Abrantes,

Maurício Maltez, Lúria Scher, Gleide Sacramento, Diana Tigre. Muito obrigada!!!

A Monalisa, pela atenção. A Djane, minha Mamãe Smurf, pelo carinho e

paciência, sempre muito solícita.

Aos meus alunos, com quem aprendi muitas coisas, em especial: Lucas,

Daniela e Albert.

Sou mesmo uma pessoa muito iluminada por conhecer vocês. Dedico a todos

essa conquista e minha plena gratidão pelas contribuições!

Page 6: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

6

Nos barracos da cidade (GILBERTO GIL)

Nos barracos da cidade

Ninguém mais tem ilusão

No poder da autoridade

De tomar a decisão

E o poder da autoridade,

se pode, não faz questão

Mas se faz questão, não

Consegue

Enfrentar o tubarão

Ôôô ,ôô

Gente estúpida

Ôôô , ôô

Gente hipócrita

E o governador promete,

Mas o sistema diz não

Os lucros são muito grandes,

Grandes... ie, ie

E ninguém quer abrir mão, não

Mesmo uma pequena parte

Já seria a solução

Mas a usura dessa gente

Já virou um aleijão

Ôôô , ôô

Gente estúpida

Ôôô , ôô

Gente hipócrita

Page 7: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

7

RESUMO

A presente pesquisa teve como foco o estudo do Programa Educação pelo Esporte

da cidade de Pojuca-Ba. O programa é a principal ação no âmbito do esporte e lazer

no município e vem através da Gerência de Esportes (GESPORT), sendo

desenvolvido desde Março de 2009. O programa oferece gratuitamente para a

comunidade pojucana treze atividades esportivas e de lazer, como: basquete,

handebol, futsal, futebol, voleibol, boxe, judô, capoeira, karatê, ginástica da terceira

idade, macroginástica, musculação e hidroginástica, atendendo atualmente cerca de

mil setecentos e trinta pessoas, entre crianças, jovens, adultos e idosos. Diante da

relevância do programa para o município, esta pesquisa tem como objetivo fazer

uma análise sobre o processo de implantação e desenvolvimento do mesmo.

Caracteriza-se como pesquisa qualitativa e teve como método o Estudo de Caso,

onde os dados foram coletados através da observação, análise documental e

entrevistas semi-estruturadas realizadas com os gestores e os professores do

programa. Sendo assim, foi possível concluir que o programa não conseguiu

concretizar algumas propostas previstas em sua criação, porém, é bastante

significativo para a comunidade pojucana.

Palavras chaves: Educação, Esporte, Projetos sociais.

Page 8: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

8

ABSTRACT

This research focuses on the study of Sport Education Program by the city of Ba-

Pojuca. The program is the main action within the sport and leisure in the city and

comes through its Office of Sports (GESPORT), under development since March

2009. The program offers free to the community pojucana thirteen sports and leisure

activities such as: basketball, handball, futsal, soccer, volleyball, boxing, judo,

capoeira, karate, gymnastics seniors, macroginástica, weightlifting and gymnastics,

currently serving approximately thousand seven hundred and thirty people, including

children, youths, adults and seniors. Given the importance of the program for the city,

this research aims to make an analysis on the process of implantation and

development of it. It is characterized as a qualitative research method was case

study, where data were collected through observation, document analysis and semi-

structured interviews with managers and teachers of the program. Thus, we

concluded that the program failed to achieve some of the proposals set out in its

creation, however, is quite significant to the community pojucana.

Keywords: Education, Sport, Social projects.

Page 9: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

9

LISTA DE SIGLAS

BA - Bahia.

CEBAt – Confederação Brasileira de Atletismo.

CELEM – Colégio Luís Eduardo Magalhães.

CMPCB – Colégio Municipal Presidente Castelo Branco.

CT – Centro de Treinamento.

DECLA – Departamento de Esporte, Cultura e Lazer.

GESPORT – Gerência de esportes.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

FERBASA – Cia de Ferros e Ligas da Bahia.

RH – Recursos Humanos.

SUDESB - Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia.

Page 10: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 – MAPA DA LOCALIZAÇÃO DE POJUCA-BA.

FIGURA 2 – QUADRA DO BAIRRO INOCOOP.

FIGURA 3 – PAREDE PARA ESCALADA.

FIGURA 4 – QUADRA DA PRAÇA ACM.

FIGURA 5 – ÁREA DO PARQUE AQUÁTICO MUNICIPAL.

FIGURA 6 – PARQUE AQUÁTICO DO RETIRO.

FIGURA 7 – LUTADORA AMANDA NUNES.

FIGURA 8 – ATLETA LUÍS INÁCIO JUNIOR.

FIGURA 9– ATLETA MARILY DOS SANTOS.

Page 11: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

11

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – RELAÇÃO DE ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS DO MUNICÍPIO.

QUADRO 2 – FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES.

QUADRO 3 – TEMPO DE ATUAÇÃO NA ÁREA.

QUADRO 4 – QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DA AULA.

QUADRO 5 – ESPAÇOS DESTINADOS PARA AS AULAS.

QUADRO 6 – DIFICULDADES ENCONTRADAS.

QUADRO 7 – PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS EM COMPETIÇÕES.

QUADRO 8 – A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA OS ALUNOS.

QUADRO 9 – A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA OS PROFESSORES.

Page 12: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

12

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------13

2. ESPORTE: O “TRAMPOLIM” DAS RELAÇÕES SOCIAIS --------------------16

3. O SIGNIFICADO DO ESPORTE EM PROJETOS SOCIAIS -------------------22

4. O PERCURSO METODOLÓGICO ----------------------------------------------------29

5. SOCIALIZANDO OS DADOS ------------------------------------------------------------35

5.1 O CENÁRIO ESPORTIVO NA CIDADE -----------------------------------------35

5.2 O PROGRAMA PELA ÓTICA DOS GESTORES -----------------------------45

5.3 O PROGRAMA PELA ÓTICA DOS PROFESSORES------------------------50

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS -------------------------------------------------------------61

REFERÊNCIAS

APÊNDICES

Page 13: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

13

1 INTRODUÇÃO

O esporte é um fenômeno sociocultural de grande relevância em nossa

sociedade, cada vez mais, as pessoas independente de seus grupos sociais

praticam esporte, nos parques, nas ruas, como forma de lazer, distração e

integração.

Como benefícios, é delegado ao esporte a capacidade de educar para

promover o desenvolvimento de competências pessoais, sociais e cognitivas.

Percebe-se um grande aumento no surgimento de projetos e programas esportivos

com a finalidade de através do esporte contribuir para a educação e socialização

das crianças, jovens, adultos e idosos.

Partindo desta premissa, surge como foco desta pesquisa um estudo sobre o

Programa Educação pelo Esporte da cidade de Pojuca-Ba.

Este programa é a principal ação no âmbito do esporte e lazer do município e

vem através da Gerência de Esportes (GESPORT), sendo desenvolvido desde

Março de 2009, atendendo atualmente cerca de mil setecentos e trinta pessoas

entre crianças, jovens, adultos e idosos do município.

O programa oferece para a população pojucana 13 atividades esportivas e de

lazer, dentre elas: basquete, handebol, voleibol, futsal, futebol, macroginástica,

hidroginástica, musculação, judô, karatê, capoeira, ginástica da terceira idade e

boxe.

Essas atividades são oferecidas gratuitamente para a comunidade pojucana e

acontecem de forma regular nas quadras, campos de futebol, escolas, praças,

centros de treinamento e parque aquático do município.

O presente trabalho surge a partir das minhas inquietações diante do cenário

esportivo da cidade, na busca de entender como a maior manifestação voltada para

o esporte no município foi pensado, qual a sua proposta, como está estruturado, etc.

Parte também, da experiência como monitora da modalidade handebol, o que

despertou o desejo de me debruçar em conhecer o programa no seu sentido mais

amplo, podendo assim, conhecer de forma mais profunda as ações do mesmo para

além das aulas de handebol ministradas por mim.

Esta pesquisa justifica-se ainda pela importância do programa Educação pelo

Esporte para a cidade de Pojuca, que passou a ter atividades regulares de esporte e

lazer oferecidas para a comunidade de forma gratuita e da possibilidade como

Page 14: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

14

cidadã pojucana de divulgar as ações do mesmo, além do interesse em aprofundar

meus conhecimentos no campo das políticas públicas de esporte e lazer.

Sendo assim, esse trabalho apresenta como problema o seguinte

questionamento: Como foi implementado e como é desenvolvido o Programa

Educação pelo Esporte, do município de Pojuca-Bahia?

Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo analisar o processo de

implantação e desenvolvimento do Programa Educação pelo Esporte no Município

de Pojuca-Ba, através do levantamento de dados que fundamentam a criação do

programa, do olhar dos coordenadores e educadores, além de identificar a

aplicabilidade ou não do que é proposto pelo programa.

É neste enquadramento que emerge a iniciativa de escrever sobre o

Programa Educação pelo Esporte, na perspectiva de discorrer sobre sua proposta e

sua possível concretização na prática. Ressaltando a relevância que o mesmo tem

para a comunidade pojucana, considero importante essa pesquisa pela possibilidade

de contribuir significativamente para a efetivação e qualificação das ações

desenvolvidas pelo programa.

Dessa forma, o presente trabalho foi organizado em seis capítulos. Onde,

inicialmente abordamos de forma sintetizada a pesquisa realizada no capítulo

introdutório.

Já o segundo é contemplado com breves considerações sobre o processo

histórico do esporte, sendo o mesmo classificado quanto a sua cronologia, em

Esporte Antigo, Esporte Moderno e Esporte Contemporâneo.

O terceiro capítulo faz uma discussão sobre as funções, sentidos e/ou

significados atribuídos ao esporte na perspectiva dos projetos sociais, na tentativa

de elucidar quais as verdadeiras contribuições dadas pelo esporte, quando abordado

com a finalidade de resolver problemas como afastar seus praticantes das drogas,

educa-los, contribuir para o controle da violência, proporcionar saúde, etc.

O quarto capítulo, descreve todo o percurso metodológico adotado durante o

período de elaboração do trabalho, o que permitiu responder as questões levantadas

inicialmente na perspectiva de elucidar o objeto de pesquisa.

O quinto capítulo, traz os dados encontrados durante a pesquisa com a

finalidade de realizar a discussão dos mesmos, na perspectiva de possibilitar um

real entendimento de como foi implementado e como é desenvolvido o Programa

Educação pelo Esporte do município de Pojuca-Ba.

Page 15: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

15

Por fim, no sexto capítulo é possível encontrar as considerações finais acerca

das investigações sobre o processo de implementação e desenvolvimento do

Programa Educação pelo Esporte, indicando as dificuldades encontradas pelo

mesmo para concretização da sua proposta, assim como, sugestões para a sua

qualificação.

Page 16: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

16

2 ESPORTE: O “TRAMPOLIM” DAS RELACÕES SOCIAIS

Falar sobre esporte nos remete a pensar nos sinônimos a ele atribuído pela

visão que a sociedade tem deste fenômeno, nos habituamos na atualidade a delegar

ao esporte a função de promover a saúde e qualidade de vida, segurança, inclusão

social, educação, dentre outros.

Para tanto, a fim de contemplar tal discussão, se faz necessário inicialmente

pontuar de forma breve algumas considerações sobre o processo histórico do

esporte.

Segundo Malina (2009, p. 27-28), o esporte é compreendido em seu tempo

histórico, não podemos dissociá-lo da compreensão do modo de produção

capitalista, é nas relações com os fenômenos que estão dentro do esporte que

podemos tentar entendê-lo.

Já para Bourdieu apud Telles (2009, p.55):

A história do esporte é uma história relativamente autônoma que, mesmo estando articulada com os grandes acontecimentos da história econômica e política, tem seu próprio tempo, suas próprias leis de evolução, suas próprias crises, em sua cronologia específica.

De acordo com Tubino (S/D, p. 1), podemos classificar o esporte, quanto a

sua cronologia, em Esporte Antigo, Esporte Moderno e Esporte Contemporâneo. O

Esporte Antigo teve como principal manifestação as Olimpíadas Gregas, o Esporte

Moderno teve como marco o uso político-ideológico do esporte. Já o Esporte

Contemporâneo, surge no final da década de 1970 tendo como principal marco o

direito de todos ao esporte.

A partir deste momento surge a classificação do esporte em três dimensões

sociais, sendo: esporte educação, esporte participação e esporte performance ou

esporte de rendimento, as quais iremos abordar posteriormente de maneira mais

aprofundada.

A institucionalização do esporte acontece a partir do Esporte Moderno que se

origina no século XVIII sob a lógica da sociedade capitalista inglesa.

De acordo com Proni apud Mezzaroba (2008, p.1):

O esporte, tal como o entendemos hoje, é de origem inglesa, tendo existido desde o século XVIII, a partir da Revolução Industrial. Nasce, portanto, com a sociedade industrial, sendo inseparável de suas estruturas e funcionamento. Foi se estruturando e organizando de acordo com a evolução do capitalismo mundial e assumiu forma e conteúdo que refletem a ideologia burguesa.

Page 17: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

17

Segundo Neira (2009, p. 59), a sociedade capitalista pós-industrial passou a

significar o esporte como produto de consumo, ferramenta de educação, como forma

de competição, rendimento e meio de promoção social.

Souza, Souza e Fidelis (2009, p. 1), afirmam que os burgueses usavam o

esporte para controlar as desordens sociais, “ocupando o tempo daqueles que

poderiam tentar reivindicar por melhores condições de vida”.

A difusão a partir da Inglaterra de modelos de produção industrial, de organização, de trabalho e das formas de ocupação do tempo livre do tempo conhecido como deporto foi notável. Parece razoável imaginar que as formar segundo a qual as pessoas utilizavam seu tempo livre seguiu de mãos dadas com a transformação da maneira segundo a qual trabalhavam (STAREPRAVO, S/D, p. 2).

Diante do exposto, podemos perceber que o esporte sempre foi colocado

como uma moeda de troca, como uma forma de alienação do povo pela sociedade

capitalista.

Para Amaral e Junior (2008, p.2), foram as circunstancias da industrialização

de produção e planificação fabril inglesa que deu ao esporte características como

disciplina, treinamento periódico, aperfeiçoamento, organização, rendimento e

racionalidade instrumental. Este último refere-se ao poder do esporte como uma

ferramenta eficiente de divertimento das massas, além de desviar à atenção dos

homens de uma participação política consciente.

Ainda sobre o Esporte Moderno, estes autores comentam que:

Por essas características, o esporte apóia os pressupostos básicos do capitalismo industrial, servindo como elo de adaptação para a vida moderna, na qual há uma ênfase exagerada na realização pessoal, na vitória pelo mérito individual. Ampliando esse novo modelo de gestos técnicos, podemos afirmar que o esporte se afastou da relação com o universo lúdico do jogo, produzindo em contrapartida novos significados para as práticas corporais (p. 2).

De acordo com Leiro et al (2010, p. 21), a Revolução Industrial tem como

umas das consequências de suas mudanças o surgimento do esporte moderno. “E,

nessa trilha, é possível estabelecer relações entre esporte e as dimensões políticas

e culturais da sociedade capitalista”.

Sobre o fenômeno esportivo, é preciso dizer que essa prática manifestada no

século XVIII e XIX na Europa, alcançou uma importância e abrangência que o coloca

em destaque no cenário cultural mundial, as pessoas relacionam-se com o

fenômeno esportivo no seu dia a dia, seja praticando, assistindo ou consumindo.

Page 18: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

18

A cultura já permite falar sobre certa esportização do cotidiano, por exemplo,

ele se manifesta na moda, no estilo de vida esportivo, é a cultura esportiva, a

inserção e ascensão do esporte possibilita afirmar que a sociedade está absorvendo

os valores esportivos, ratificando assim a sua legitimidade cultural.

O esporte moderno aparece, já há algumas décadas, como uma produção cultural consumível capaz de diferenciar e integrar seus praticantes, espectadores e telespectadores num mundo que assume cada vez mais seu caráter multifacetado. [...] A aquisição de materiais esportivos (já integrados ao universo da moda) anunciado por um atleta celebridade marca o individuo consumidor no mundo de múltiplas identidades. Assim, ao consumir o esporte, seja por meio da assimilação da produção mercantil ou da informação (notícias, livros, revistas, etc.), o indivíduo procurar se localizar num processo de diferenciação simbólica entre seus pares e seus, digamos assim, concorrentes (MENDONÇA, 1997, p. 2-3).

O Esporte Contemporâneo surge no final da década de 70, em consequência

das mudanças sociais provocadas no período após segunda guerra mundial e se

solidificam no período pós-guerra fria.

Sobre o Esporte Contemporâneo, Tubino (S/D, p. 2), afirma que:

O Esporte Contemporâneo teve inicio no final da década de 1970 e inicio da década seguinte, com a Carta Internacional da Educação Física e Esporte (UNESCO 1978), quando a prática esportiva passou a constituir-se num direito de todas as pessoas. Mudou a perspectiva única do rendimento no esporte, para uma abrangência social maior, incorporando também o esporte na escola e o esporte na comunidade.

Esta carta1 “reconhece que a educação física e o desporto devem reforçar a

sua ação formativa e promover os valores humanos fundamentais indispensáveis ao

pleno desenvolvimento dos povos”. Ao contrário do Esporte Moderno que estava

voltado à medição de resultados e comparação de performance.

Outra característica importante do esporte contemporâneo é a institucionalização de sentidos diferentes da prática esportiva que transcendem a hegemonia do alto rendimento. Isso se apresenta como alternativas de práticas e aproximação dos sujeitos ao universo esportivo, estando ligadas no mundo atual de ideais de promoção de saúde, valores educacionais, inclusão social e diversão, entre outros. Por isso, nota-se interesses sobre as diferentes faces do esporte contemporâneo tanto por órgãos de mercado (pela aproximação e familiarização desse fenômeno ao grande público por meio de práticas variadas), quanto de políticas públicas. (MARQUES, 2008, p. 4)

A partir da perspectiva do esporte contemporâneo e do direito de todos à

prática esportiva, Tubino (2001, p. 34), classifica o esporte em três dimensões

1Carta elaborada na Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a

Ciência e a Cultura, reunida em Paris, na sua 20º sessão, em 21 de Novembro de 1978.

Page 19: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

19

sociais: esporte educação, esporte-performance ou esporte de rendimento e o

esporte participação.

O esporte educação é desenvolvido no sistema de educação formal e não

formal, de maneira não institucionalizada, o que lhe permite adaptar regras,

espaços, materiais e gestos motores de acordo com as possibilidades pessoais e

sociais. Não é seletivo, contribuindo assim, para a democratização da prática

esportiva.

Segundo Tubino (2001, p. 35), um dos maiores enganos atribuído ao

entendimento do esporte educacional é o sentido que os professores imputam a ele.

Os jogos escolares, por exemplo, que deveriam ter um cunho educativo acabam

ganhando o significado de competição, passando consequentemente, a ter o sentido

do esporte na escola e não o esporte da escola.

O esporte como prática social que institucionaliza temas lúdicos da cultura corporal, se projeta numa dimensão complexa de fenômeno que envolve códigos, sentidos e significados da sociedade que o cria e o pratica. Por isso deve ser analisado nos seus variados aspectos, para determinar a forma em que deve ser abordado pedagogicamente no sentido de esporte “da” escola e não como esporte “na” escola (SOARES, 1992, p. 70).

O esporte educacional quando abordado na perspectiva das dimensões dos

conteúdos, classificada por Darido (S/D, p.1), em dimensão conceitual (o saber),

dimensão procedimental (o fazer) e a dimensão atitudinal (o ser), pode certamente,

tratar de forma ampla e perpetuar o seu verdadeiro sentido para além da prática eda

repetição de gestos técnicos.

Esta mesma abordagem, quando estimulada para além dos muros da escola,

contribui de forma significativa para o desenvolvimento humano, ultrapassando as

fronteiras do aprender a fazer. O ato educativo está presente em todos os espaços e

em todos os momentos, precisamos educar para as relações humanas, para o

desenvolvimento como pessoa, para conscientização dos valores, etc.

O esporte participação tem um princípio lúdico onde o foco é a descontração,

o bem-estar e a interação social.

Para Oliveira (2010, p. 11), esta dimensão se configura da seguinte forma:

[...] como sendo a manifestação que se apóia no lúdico, no uso do tempo livre, não tendo obrigações com regras estabelecidas por instituições, podendo esta propiciar por meio de sua vivencia amenidade aos seus praticantes, além de poder proporcionar integração social, fortalecimento das relações pessoais.

Page 20: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

20

Já o esporte performance ou esporte de rendimento, é uma prática

institucionalizada que segue regras previamente estabelecidas, é caracterizado pela

superação de limites, pela competição e pela busca incessante da vitória.

Traz consigo os propósitos de novos êxitos esportivos, a vitória sobre adversários nos mesmos códigos, e é exercido sob regras preestabelecidas pelos organismos internacionais de cada modalidade. Há uma tendência natural para que seja praticado principalmente pelos chamados talentos esportivos, o que o impede de ser considerado uma manifestação comprometida com os preceitos democráticos (TUBINO, 2001, p. 40).

Conclui-se então, que o esporte de rendimento não é universal, nem todos

podem ter acesso, consequentemente, ele não é democrático.

O esporte mobiliza e é mobilizado por interesses sócio-políticos importantes,

como também, cada vez mais interesses econômicos. Boa parte da população, de

grupos sociais mais diversos mobiliza-se em torno desse fenômeno a partir dos

diferentes sentidos da sua prática.

Seguindo essa crescente tendência no campo da cultura, o esporte é também

constantemente mercadorizado2, a tendência é fazer desaparecer os limites entre o

econômico e o cultural, onde a lógica da mercadoria se sobrepõe a produção

cultural.

Para Silva (1991, p.6), “Com essa nova caracterização, o esporte vai sendo

difundido por todo o mundo e seu estatuto de mercadoria acaba superando os

outros objetivos potencialmente existentes”.

Um bom exemplo de mercadorização do esporte é a realização dos

chamados Megaeventos3, onde o próprio Estado participa da realização a partir dos

critérios econômicos, critérios esses traduzidos em números de empregos gerados,

fortalecimento do turismo, melhorias de infra-instrutura. Como afirma Leiro et al

(2010, p. 24)“[...] o esporte envolve paixão, mas especialmente porque envolve

negócios, emprego, lazer, turismo, enfim, consumo.”

Segundo Leiro et al (2010, p. 23):

Os interesses da instituição esportiva de alto rendimento dependem, majoritariamente, da atenção que a mídia dará ao seu acontecimento, já que os espetáculos constituídos por grandes eventos esportivos apenas tomam as devidas proporções em função do alcance que os meios de comunicação proporcionam.

2 Para Silveira, (2007, p.109), o processo de mercadorização do esporte, como o próprio nome diz,

está voltado para o processo de transformação do esporte em mercadoria. 3 São chamados de megaeventos as grandes competições esportivas que serão sediadas no país, a

exemplo, das Olimpíadas e da Copa do Mundo.

Page 21: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

21

A mídia tem uma grande contribuição na mercadorização do esporte e a

televisão é o seu principal meio de divulgação e alienação do chamado esporte

telespetáculo, termo utilizado por Betti (1998) para caracterizar o espetáculo

esportivo visto a partir de sua exibição na televisão.

É difícil referir-se ao esporte contemporâneo sem associá-lo aos meios de comunicação em massa. A relação esporte-espetáculo vem alterando, progressivamente e rapidamente, a maneira como praticamos e percebemos o esporte. E o elemento chave dessa transformação é o espectador, este disposta a pagar para assistir uma competição esportiva assumindo assim uma característica de consumidor do espetáculo esportivo (ALVES JUNIOR; FERES NETO; AZEVEDO, 2008, p. 125).

O esporte convive com o paradoxo do rendimento e da igualdade de

oportunidade fortemente enraizado em sua prática e difundido pela mídia.

De acordo com Leite (2008, p. 1):

A mídia atua na formação e disseminação da visão do esporte que é passada atualmente para a sociedade: o esporte como espetáculo, como possibilidade de ascensão sócio-econômico (entenda-se melhoria de qualidade financeira e status social), como mercadoria e consumo.

Pautado na igualdade de oportunidades, no discurso de que praticar esporte é

saudável, é uma ferramenta muito eficaz de educação, um meio de promoção social

e no esporte de rendimento tão fomentado pela mídia e predominante no imaginário

social, tem emergido através de organismos públicos, privados e do terceiro setor a

iniciativa de criar politicas esportivas para crianças, jovens, adultos e idosos.

Essas diferentes iniciativas têm ganhado força e surgem em todo o país em

forma de projetos e/ou programas sócios educativos, que trabalham com um público

intergeracional, e em sua maioria priorizam as crianças e jovens, com o objetivo de

promover atividades esportivas.

Sabemos que a educação física, o esporte e o lazer são colocados,

emblematicamente, como ferramentas para solucionar problemas e mazelas sociais.

Faz-se necessário para elucidar algumas questões ao esporte direcionadas,

entender como ele está inserido nos projetos, sendo assim, falaremos a seguir a

respeito dos projetos sócio-esportivos ou os chamados projetos de educação pelo

esporte.

Page 22: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

22

3 O SIGNIFICADO DO ESPORTE EM PROJETOS SOCIAIS

Atualmente percebemos que o esporte encontra-se fortemente inserido na

sociedade, sendo o mesmo considerado um fenômeno sociocultural e entendido

como um direito social. De acordo com o art. 217 da Constituição Federal, “é dever

do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada

um [...]” (BRASIL, 1988). Apesar de ser dever do Estado, podemos observar que a

promoção de práticas desportivas não se dá apenas pelos órgãos públicos.

Para Bretãs (2007, p. 37), políticas esportivas direcionadas principalmente

para crianças e adolescentes tem sido alvo de organizações governamentais,

privadas e do terceiro setor. Essas iniciativas, nomeadas geralmente pelo termo,

projetos sócio-esportivos, vêm ganhando cada vez mais destaque na mídia e na

sociedade.

Os projetos sócio-esportivos se alastraram de uma forma tão grandiosa no

Brasil, que se tornaram incontáveis. Surgem em sua grande maioria com a proposta

de através da prática esportiva resolver problemas sociais, como afastar seus

praticantes das drogas, educa-los, contribuir para o controle da violência e etc.

Esses projetos têm como público alvo a população de baixo poder econômico,

geralmente, crianças e adolescentes que vivem em situação de risco social, tendo

também como objetivo ocupar o tempo livre dos envolvidos. Segundo Correia (2008,

p. 95), esses discursos defendem a ocupação do tempo livre “como solução para os

possíveis problemas relacionados com a violência, a criminalidade e outros que

perturbam a ordem social urbana”.

Vários motivos podem estimular as crianças e jovens a participar dos projetos

sócio esportivos ou praticar uma atividade física. O fato de pertencer a um grupo

pode ser um dos fatores mais importantes para os jovens se envolverem com o

esporte. Está entre amigos ou construir novas amizades, contribui de forma

significativa para o desenvolvimento de crianças e jovens. Aliado ao motivo de

pertencer a um grupo por afinidade, a participação nos projetos sócio esportivos, dá-

se também, pela busca da saúde, lazer, por gostar do esporte/modalidade que

pratica, etc.

Segundo Gonçalves et al (2011, p. 3):

[...] na maioria as propostas e objetivos são voltados para os considerados “vulneráveis sociais” e tem a intenção de educar, principalmente, crianças e adolescentes através do esporte. Traz-se, então, o constante discurso do

Page 23: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

23

esporte como fenômeno social, que garante o afastamento dessas crianças e adolescente da criminalidade e drogadição, visando ocupar o tempo livre, a partir das possibilidades ditas como pedagógicas dos esportes, considerado um meio de disciplinamento e controle. Estas práticas encontram-se tão presentes, que por si só parecem naturalmente explicar/justificar estas ações em nível de estado e organizações governamentais, assim como por empresas privadas, organizações não-governamentais e iniciativas individuas.

O fenômeno esportivo foi absorvido pela sociedade de tal forma que

influenciou significativamente nossas condutas. Isso pode ser ressaltado nos jargões

que definem a função do esporte como “esporte educa”, “esporte é saúde”, “esporte

afasta as pessoas das drogas”, “esporte é sinônimo de qualidade de vida”.4

Estranho o estranhamento que o esporte é capaz de causar. Diz-se tudo de bom sobre ele. Afasta das drogas, é eficaz no processo de ressocialização, é prática democrática, proporciona saúde, combate à violência, reintegra deficientes físicos, e tal coisa. Não é de hoje que se idealiza essa prática social (OLIVEIRA, 2009, p. 122-123).

Esta idealização do esporte é ratificada por Stigger, quando afirma que:

Todas essas significações do esporte geraram a perda do seu sentido inequívoco. Há, atualmente, sentidos múltiplos para o esporte, que envolvem a corporalidade, a saúde, o consumo, o ato educativo, a comunicação, a competição, a cooperação. Diferentes sentidos em perspectivas diversas de ser humano e sociedade (STIGGER, apud LEIRO, 2010, p. 23).

Diante das funções, sentidos e/ou significados atrelados ao esporte

apresentados até aqui, nos traz a necessidade de discutir estes na tentativa de

esclarecer as afirmativas atribuídas ao esporte, particularmente, na perspectiva dos

projetos sócio esportivos.

Para Hecktheuer, Silva e Silva (2009, p. 89), o estudo dos projetos sociais

ligados ao esporte “se justifica, pois somos constantemente interpelados por práticas

discursivas que estabelecem o esporte, independente da forma como for vivenciado,

como a grande salvação para os sujeitos considerados vulneráveis”.

De acordo com Zaluar (1994), o surgimento de projetos alternativos e

paralelos à educação formal, ganhou força na década de 80 em consequência da

crise econômica, do crescimento da criminalidade e do fracasso da política

educacional.

4Jargões adotados pelo senso comum, que transmitem ao esporte a responsabilidade da superação

de alguns problemas sociais através da sua prática e da sua ação educativa.

Page 24: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

24

Ainda de acordo com a autora, os projetos sócio educativos surgiram como

uma alternativa ao sistema de ensino formal, sendo direcionados, prioritariamente, à

crianças e adolescentes carentes, com o objetivo de promover a educação por meio

do esporte.

Analisando o discurso que dissemina à prática esportiva o poder de afastar as

pessoas das drogas, corrobora a ideia de que drogas e esporte trilham em caminho

contrário, conforme afirma Lauer e Vieira (2010, p.1):

A ideia de que drogas e esportes caminham em sentidos opostos parece ser senso comum na sociedade: o esporte é o caminho da vida; a droga é o caminho da morte. O esporte se associa à saúde, à cidadania e à liberdade; a droga à degradação, à violência e ao vício. Aquele que se dedica ao esporte não se envolve com drogas; é um vencedor. Já um usuário de drogas nunca terá sucesso nos esportes ou mesmo na vida; é um perdedor.

A ligação feita entre esporte e drogas e da sua possível contribuição para o

afastamento das pessoas dos meios desagregadores e destrutivos, tem um sentido

simbólico, conforme afirmamos autores, “não há nenhum tipo de essência no

esporte ou na droga que os façam ser benefícios ou malefícios, respectivamente”.

O esporte afasta das drogas? Pode contribuir, mas também pode aproximar,

por exemplo, o doping que está presente no esporte de rendimento na busca

incessante pela vitória, pela melhora da performance, pela quebra de recordes.

Segundo Kunz (2003, p. 56), o anabólico esteróide, doping muito utilizado por

atletas, potencializa de tal forma o desempenho, que um atleta que não usa esta

substância por melhor que fosse, seria pouco provável conseguir bater um outro sob

efeito da mesma.

As drogas também estão presentes e sendo cada vez mais utilizadas pelas

pessoas no dia a dia, na busca pela estética do corpo perfeito, busca por um corpo

modelado e tido culturalmente como ideal. O autor corrobora essa ideia salientando

que:

Atualmente, o uso se estende inclusive fora do contexto do esporte de rendimento, ou seja, tem sido usado como auxiliar no desenvolvimento da estética corporal, especialmente em academias de musculação. [...] Muitos iniciam o uso de substâncias químicas, como o anabólico, ainda muito jovens e sem ter o menor conhecimento sobre os problemas provocados pelos efeitos colaterais (KUNZ, 2003, p. 56-57).

O esporte pode sim contribuir para afastar as pessoas das drogas, a partir do

significado que é atribuído a sua prática. Assim como, pode aproximar as pessoas

das drogas a partir do que se espera obter com a sua prática.

Page 25: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

25

Esses jargões nos remetem a um discurso moralista, o esporte pode ser

saúde? Sim, mas também pode ser ao contrário quando inspirado pela lógica do

esporte espetáculo da superação de limites, sem falar nas diversas concepções do

que é saúde e do que é ser saudável. De acordo com Peres e Melo (2009, p. 62):

Mesmo reconhecendo que o conceito de saúde sofreu consideráveis mudanças, inclusive institucionalmente (como no caso da Organização Mundial de Saúde, na década de 40), o modelo biomédico se consolidou como dominante e, portanto, legitimado. Há 40 ou 50 anos, por exemplo, pareceria espantosa a naturalidade com que usamos a categoria saúde, bem como as “exigências” que qualificam as pessoas como saudáveis ou não.

Para os autores “o campo da promoção da saúde é, sem dúvida, um dos

principais responsáveis pela atual legitimação dessa perspectiva que relaciona de

maneira enredada saúde, condições sociais e qualidade de vida”. E o esporte é,

constantemente, colocado como um meio eficiente para alcançar tal benefício.

A qualidade de vida é outra função atribuída ao esporte e frequentemente

afirmada pelo senso comum. Não podemos falar sobre qualidade de vida, e muito

menos atribuir ao esporte o papel de proporcionar tal benefício, ou até mesmo, ao

próprio indivíduo a responsabilidade pela sua forma de viver, sem pontuar questões

como a forma que a sociedade se organiza, sua organização societária, acesso ao

sistema de saúde e outros.

Ainda de acordo com Peres e Melo (2009, p. 65), a Política Nacional de

Promoção da Saúde tem como objetivo:

Promover a qualidade de vida e reduzir vulnerabilidade e riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes-modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, acesso a bens e a serviços essenciais.

É preciso, primeiramente, entender o que é qualidade de vida para um povo,

superando a máxima de que atividade física traz saúde ou esporte é saúde. Ele vai

trazer saúde se estiver associado a questões como educação, saneamento, acesso

a cultura e lazer, etc.

Quanto à violência, o esporte é tido como um eficaz disciplinador, mas é

preciso entender que a violência não é um fenômeno linear, ela não só se manifesta

de diferentes formas como é desencadeada por uma série de fatores. Então, a

educação através do esporte se torna importante, na medida em que, acontece na

perspectiva da educação para o desenvolvimento humano.

Page 26: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

26

Outra função atribuída ao esporte, e talvez a mais enraizada nos discursos, é

o poder de educar através da prática esportiva. Barbieri (2001, p. 87), compreende a

educação como “um processo de intervenção no mundo, no qual ensinar não é

apenas uma ação que se constitui no ato de transferir conhecimentos”, é possibilitar

a sua construção, considerando e valorizando a diversidade de saberes.

Os projetos sócio-esportivos trabalham na perspectiva de educação que

segundo Kunz (2003, p. 72), “é entendida como toda e qualquer reação social

orientada sobre os fatores de desenvolvimento do homem”, ou seja, uma educação

que por intermédio do esporte apresenta a possibilidade de restauração do humano.

Assim, não só na escola se configura numa organização social onde encenações pedagógicas do esporte acontecem, mas também a família, os parques e as áreas de lazer, os clubes, etc. E neste sentido, o esporte sempre que for encenado em algum lugar por algum motivo tem um caráter educacional (KUNZ, 2003, p.73).

O esporte quando colocado como uma ferramenta de educação,

constantemente presente nos chamados projetos de educação pelo esporte,

apresenta ou ao menos deveria apresentar, a função de educar para o esporte e

através do esporte. Conforme afirma Schwier (2009, p.87):

[...] Por um lado, trata-se de educação para o esporte – no sentido de desenvolvimento das capacidades de atuação que se fazem necessárias para a participação competente neste campo social – e, por outro lado, é a educação através do esporte, o que consiste, primordialmente, na transmissão de modelos sociais de comportamento e de atitudes desejados na sociedade (lealdade e justiça, consciência de saúde, tolerâncias de ambiguidades, assumir responsabilidades, capacidade de lidar com conflitos e de atuar em equipe etc.).

Sendo assim, fica claro que a educação é o grande pilar de todos os outros

sinônimos atribuídos ao esporte, é pela educação através do esporte que se almeja

alcançar os objetivos propostos pelos projetos sócio-esportivos e eles só serão e

são alcançados quando consolidados em sua prática.

Então, essas afirmativas nos levam a pensar na força mobilizadora do

esporte, força essa, ratificada pela mobilização da mídia na construção de mitos

heróis5, os sinônimos dados ao esporte estão sempre de forma representativa

ligados ao esporte espetáculo, é esse o esporte que povoa, predomina e é

5 O termo mitos heróis é usado para designar os grandes ídolos do esporte tomados como exemplos

de superação e conquistas pela sociedade.

Page 27: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

27

hegemônico no imaginário social. Paradoxalmente não é esse o esporte praticado

pelo cidadão comum.

De acordo com Rossi (2000, p.60):

É imprescindível que o educador, através do ensino dos esportes ofereça a oportunidade aos educandos para o esclarecimento destas práticas, ensinar e aprender as possibilidades e os limites destas, bem como a necessidade de transformá-los.

O esporte admirado e que encanta, é o esporte das conquistas, das vitórias,

das superações, da determinação. Todas essas “qualidades” podem ser re-

significadas para o contexto em que estamos inseridos, as conquistas e vitórias do

dia a dia, a determinação na busca de uma vida melhor, da superação de

dificuldades e tantas outras coisas inseridas no cotidiano. É esse o exemplo do

esporte que devemos absorver.

Para Freire apud Malina (2009, p.2):

[...] o esporte pode até ser elemento de contribuição na construção da cidadania, mas a idéia não é formar cidadãos pelo esporte, e sim coordenar o esporte para a conscientização da responsabilidade social do praticante com a comunidade com a qual está inserido, e compreender que naquela comunidade estão contidas às contradições do mundo atual e da possibilidade da sua modificação, e que esta possibilidade pode ser realizada como fruto do trabalho coletivo e do legado deixado por esses cidadãos.

Malina (2009, p.2) afirma ainda, que tal proposta quando desenvolvida,

contribui para uma maior participação popular nas decisões acerca das políticas

comunitárias e até mesmo do esporte a ser inserido naquela comunidade.

Para DaCosta (2007, p.16):

[...] não podemos perder de vista que o esporte é uma prática corporal, construída, vivenciada e modificada na interação dos homens na cultura, refletindo seus valores e gerando novos; [...] os valores não são essencialmente do

6esporte, mas se refletem no esporte e são também

gerados a partir dos significados que os indivíduos e grupos sociais dão à prática esportiva.

As práticas corporais são dotadas de sentidos e significados humanos, então,

não basta saber e ensinar a jogar, é preciso saber e ensinar o porque se joga, o

sentido e significado do jogo em nossa vida.

Correia (2008, p. 93-94), corrobora com essa ideia quando afirma que é

preciso preparar “os sujeitos das comunidades para adquirir autoridade, autonomia e

poder de representação social e política”.

6 Grifo do autor.

Page 28: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

28

Sendo assim, cabe a nós fazermos com que o esporte seja um espaço de

desenvolvimento humano, um esporte que desperte e propague seus valores para

além da sua prática.

É preciso pensar o esporte como uma possibilidade de desenvolvimento

humano, um esporte que desperte e propague os valores, lembrando que ele não

tem em si uma essência salvadora.

Diante do exposto, fica bastante evidente que o esporte é culturalmente

apropriado para os grupos que os re-significam a partir de outros códigos que não a

concorrência e o rendimento, mas sim, a sociabilidade, o divertimento, lazer, etc.

Page 29: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

29

4 O PERCURSO METODOLÓGICO

O presente capítulo descreve toda a caminhada percorrida durante o período

de elaboração do trabalho na busca de elucidar o objeto de pesquisa. Inicialmente

se faz necessário pontuar algumas definições sobre pesquisa e método, antes de

discorrer sobre o trajeto adotado na tentativa de obter informações, dados e

evidencias que fundamentassem o presente trabalho.

Quando falamos em pesquisa, de imediato pensamos em uma forma de

investigar algo que ainda é desconhecido para nós. Para Gil (1987), a pesquisa

pode ser definida “como o processo formal e sistemático de desenvolvimento do

método cientifico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para

problemas mediante o emprego de procedimentos científicos”.

Já para Minayo (1994, p. 17), a pesquisa é entendida como:

Entendemos por pesquisa a atividade básica da Ciência na sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo. Portanto, embora seja uma prática teórica, a pesquisa vincula pensamento e ação.

A autora ainda afirma que “toda investigação se inicia por um problema com

uma questão, com uma dúvida ou com uma pergunta, articuladas a conhecimentos

anteriores, mas que também podem demandar a criação de novos referenciais”.

Para Gil (1987, p.43), “pode-se, portanto, definir pesquisa social como o

processo que, utilizando a metodologia científica, permite a obtenção de novos

conhecimentos no campo da realidade social”.

Segundo Minayo (1994, p. 16), “a metodologia inclui as concepções teóricas

de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a construção da realidade e

o sopro divino do potencial criativo do investigador”.

De acordo com Marconi e Lakatos apud Conceição (2009, p. 35), “método é

um conjunto de atividades sistemáticas e racionais que permitem alcançar um

objetivo, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando nas

decisões do pesquisador, dando direcionamento para a execução do trabalho”.

Para Gil (1987, p. 27), “pode-se definir método como caminho para se chegar

a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos

intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento”.

Diante do exposto, foi projetado um caminho metodológico para essa

pesquisa com a finalidade de obter informações que fundamentassem o presente

Page 30: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

30

trabalho. Este é caracterizado como uma pesquisa qualitativa, que segundo Minayo

(1994, p. 21-22):

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Esta pesquisa tem como objetivo fazer uma análise sobre o processo de

implantação e desenvolvimento do Programa Educação pelo Esporte, desenvolvido

pela Gerência de Esportes (GESPORT) do município de Pojuca-Ba.

O município de Pojuca faz parte do Território 18, Agreste Baiano e Litoral

Norte, dista cerca de 70 km da capital, Salvador – Ba. Foi fundada em 29 de julho de

1913 e anteriormente era distrito do município de Santana do Catu (atual Catu).

O nome Pojuca deriva do termo iapó-iuca, que significa o pântano, o

estagnado e podre. (IBGE, 2010). O município é banhado pelos rios Pojuca, Catu,

Quiricozinho, Una e Quiricó Grande, estando situado à margem do rio Pojuca.

De acordo com o censo 2010, o município possui uma população de 33.066

habitantes, em uma área territorial de 290,113 Km² com densidade demográfica de

113,98 hab./Km². A sua economia gira em torno da extração de petróleo, dos

setores de serviços e indústria, (IBGE, 2010).

Dentro do setor econômico do município podemos destacar a Cia de Ferro

Ligas da Bahia (FERBASA), umas das 20 maiores empresas da Bahia, sendo a

maior fabricante de Ferro Ligas do Brasil e única produtora integrada de ferro cromo

das Américas.

O município é ainda o quarto arrecadador de royalties de petróleo do estado

da Bahia atrás apenas de São Francisco do Conde, Madre de Deus e Esplanada. A

sua riqueza em petróleo e gás, tornou a cidade conhecida popularmente como a

Princesinha do Petróleo.

Pojuca faz vizinhança com as cidades de Catu, Araçás, Mata de São João,

Itanagra e São Sebastião do Passé. Tem como principais rodovias de acesso a BA-

093, BA-504 e BA-507, sendo ainda, servida por uma ferrovia cuja as linhas passam

em meio a cidade.

Page 31: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

31

Figura 01: Mapa da localização de Pojuca. Fonte: Google

É privilegiada por ter uma localização centralizada, sendo considerada cidade

entroncamento pela viabilidade com os municípios de Simões Filho, Camaçari, Dias

D’avila, Mata de São João, Catu, Alagoinhas, Esplanada, Itanagra, Entre Rios, Rio

Real, Araçás e São Sebastião do Passé.

Segundo o IBGE (2010), a cidade possui um clima tropical úmido com

temperatura média de aproximadamente 25ºC.É uma cidade plana com uma

estrutura física contemporânea, a grande maioria das ruas são asfaltadas e possui

um bom saneamento básico.

A zona rural do município tem uma agricultura forte, tem como principal

referencia o distrito de Miranga onde também está concentrado a maior parcela do

petróleo extraído no município, além de contar com aproximadamente 18 povoados

que fazem parte dessa região.

A sua sede é constituída por 18 bairros, destacam-se por sua localização os

bairros da Inocoop onde encontra-se o batalhão da polícia militar e a delegacia da

polícia civil e o Centro onde está localizada as agências bancárias, a biblioteca

municipal, o posto médico e o prédio da prefeitura, além de uma boa parte dos

estabelecimentos comerciais da cidade.

Administrativamente está organizada em 14 pastas, sendo elas:

departamento de educação, saúde, meio ambiente, finanças, infra-estrutura (obras),

Page 32: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

32

segurança (guarda municipal), recursos humanos, assistência social, comunicação,

transporte, trabalho, lazer, cultura e esporte.

O município não possui secretarias, as suas pastas estão estruturadas em

departamentos como a educação, saúde, infra-estrutura, comunicação, finanças e

serviço social. Em gerências, a exemplo da cultura e do esporte, e outros apenas

intitulados como setor de transporte, RH, meio ambiente, segurança, etc.

Religiosamente, a cidade tem como santo padroeiro o Bom Jesus da

Passagem, a sua festa é religiosa e profana, festejada durante todo o mês de janeiro

e encerrada com uma procissão que segue pelos principais bairros da cidade até a

igreja matriz, sempre no último domingo do mês de Janeiro.

Pojuca é uma cidade que possui uma estrutura física muito organizada. Conta

com centros comunitários, campos de futebol, praças e quadras poliesportivas na

maioria dos seus bairros o que possibilita a oferta de várias atividades esportivas,

culturais e de lazer.

No campo da cultura, a cidade conta com vários grupos de danças, teatros,

artistas plástico, a fanfarra municipal e oficinas de música, além das tradicionais

manifestações locais como o bumba-meu-boi (o popular boi janeiro), a trezena de

Santo Antônio e as quadrilhas de São João.

O lazer no município está muito voltado para os eventos festivos, e na sua

ausência está voltado para a frequência em espaços como praças, apresentação de

manifestações culturais como citado acima, voltado também para a prática esportiva

que se destaca pela grande oferta de atividades oferecidas.

As atividades esportivas gratuitas oferecidas pelo município são

desenvolvidas através da Gerência de Esporte. A criação da gerência em Janeiro de

2009 é fruto da ação da atual gestão que desmembrou o Departamento de Cultura,

Esporte e Lazer, subdividindo esse departamento em Gerência de Cultura, Gerência

de Esporte e Departamento de Lazer.

A GESPORT é formada por uma equipe de educadores, sendo um gerente,

dois coordenadores, quatorze instrutores (dentre esses quatro professores de

educação física e três graduandos), e tem como principal ação o desenvolvimento

do Programa Educação pelo Esporte que oferece gratuitamente para a comunidade

pojucana treze atividades esportiva e de lazer.

Nesse estudo, inicialmente foi realizada uma revisão de literatura para a

construção dos capítulos teóricos, onde foi possível realizar um levantamento do que

Page 33: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

33

já foi publicado sobre o tema, considerando ser de tamanha importância esse

procedimento para situar o trabalho dentro da linha de pesquisa em que está

inserido.

Na construção dos capítulos teóricos foi possível dialogar com autores como:

Tubino, Proni, Malina, Bourdieu, Neira, Starepravo, Leiro, Da Costa, Marcellino,

Rossi, Freire, Gil, Minayo, etc. Além de informações obtidas através da Gerência de

esportes do município de Pojuca-Ba, sobre o cenário esportivo na cidade.

O método adotado nessa pesquisa foi o Estudo de Caso, que para Gil (1987,

p. 78), “é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos

objetos, de maneira a permitir conhecimento amplo e detalhado do mesmo”.

Para Severino (2007, p. 121), o estudo de caso é uma “pesquisa que se

concentra no estudo de um caso particular, considerado representativo de um

conjunto de casos análogos, por ele significativamente representativo”.

Foi realizada, também, a observação de vinte aulas de seis modalidades das

treze desenvolvidas pelo programa, em quatro modalidades foram realizadas

observações de três aulas e em duas a observações de quatro aulas.

Como instrumento metodológico foi utilizado a entrevista. Gil (1987, p. 113),

define entrevista “como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao

investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que

interessam à investigação”.

Neto (1994, p. 57), entende a entrevista “como uma conversa a dois com

propósitos bem definidos”. Segundo o autor elas podem ser estruturadas, não-

estruturadas ou semi-estruturadas.

Portanto, foi utilizada como instrumento de coleta de dados a entrevista semi-

estruturada, que segundo Triviños (1987,p. 148):

Podemos entender por entrevista semi-estruturada, em geral, aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de interrogativas, frutos de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se recebem as respostas do informante.

De acordo com o autor, a entrevista semi-estruturada “ao mesmo tempo que

valoriza a presença do investigador, oferece todas as perspectivas possíveis para

que o informante alcance a liberdade e espontaneidade necessárias, enriquecendo a

investigação”.

Page 34: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

34

As entrevistas foram aplicadas ao gerente e ao coordenador de esporte do

município, versando sobre a proposta e desenvolvimento do Programa Educação

pelo Esporte, além, das entrevistas realizadas com os professores do programa na

tentativa de elucidar qual a conotação dada as suas aulas, qual a importância do

programa para a sua formação profissional, formação dos alunos e quais as

principais dificuldades encontradas na realização do trabalho.

O programa conta com quatorze professores e as entrevistas foram

realizadas com onze deles, até a conclusão da pesquisa não foi possível realizar a

entrevista com os outros três professores por incompatibilidade de horários.

A coleta de dados também foi realizada por meio da análise documental, onde

foi possível acessar o projeto do Programa Educação pelo Esporte, fotos das

atividades desenvolvidas pelo programa, registro de participações em competições e

dados do município. Estes documentos foram cedidos pela Gerência de Esportes do

município.

Para a análise dos dados, trabalhamos com categorias nas entrevistas dos

professores do programa e análise de conteúdos para as entrevistas realizadas com

o gerente e o coordenador de esporte do município.

De acordo com Gomes (1994, p. 70), trabalhar com categorias “significa

agrupar elementos, idéias ou expressões em torno de um conceito capaz de

abranger tudo isso”. Já a análise de conteúdos, segundo o autor é possível

“encontrar respostas para as questões formuladas e também podemos confirmar ou

não as informações estabelecidas antes do trabalho de investigação (hipóteses)”.

Berelson apud Gil (1987, p. 163), corrobora com essa ideia ao definir a

análise de conteúdos como “uma técnica de investigação que, através de uma

descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das

comunicações, tem por finalidade a interpretação destas mesmas comunicações”.

Desta forma, o presente trabalho foi organizado na perspectiva de elucidar o

objeto de estudo e na possibilidade de poder contribuir de forma significativa para

futuros estudos acerca das propostas, sentidos e significados do esporte em

projetos sócio educativos.

Page 35: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

35

5 SOCIALIZANDO OS DADOS

O presente capítulo, tem a finalidade de analisar os dados coletados durante

a pesquisa, na perspectiva de possibilitar um real entendimento do cenário esportivo

pojucano, como foi implementado e como é desenvolvido o Programa Educação

pelo Esporte do município de Pojuca-Bahia.

5.1 O CENÁRIO ESPORTIVO NA CIDADE

Este tópico nasce da necessidade de situar como se constitui o cenário

esportivo pojucano, em suas estruturas físicas, suas manifestações esportivas, seus

atores, os obstáculos ainda existentes e a acessibilidade das pessoas nesse

contexto.

Para perceber a relação que a cidade tem com o esporte basta apenas um

pequeno passeio por suas ruas, onde facilmente se torna perceptível a presença de

espaços destinados para a prática esportiva, assim como, pessoas praticando

atividades esportivas no seu dia a dia.

Por toda a cidade é possível encontrar campos de futebol, quadras

poliesportivas, praças utilizadas para fazer caminhada, corrida e em algumas até

encontramos aparelhos usados para musculação. Talvez alguns espaços, as praças

por exemplo, não tenham sido pensados para tal finalidade, falaremos sobre isso

mais à frente.

A cultura do futebol sempre esteve muito presente no município, até o ano de

2000 este esporte foi o detentor das atenções e políticas de incentivo por parte do

governo local, que por meio dos campeonatos de bairros e municipais se fortalecia

cada vez mais como preferida prática esportiva na cidade.

A partir do ano de 2000/2001, outras modalidades esportivas passaram a

ganhar espaço e ser de forma ainda tímida apoiadas pela gestão da época, a

exemplo do voleibol e do futsal, que vinham em uma crescente na perspectiva de

número de adeptos que acabaram atraindo o olhar do poder público local.

Com o passar dos anos modalidades como o basquete e o handebol fizeram

o mesmo percurso do voleibol e do futsal, ultrapassaram os limites dos muros das

escolas e se tornaram muito presente nas quadras da cidade, o que possibilitou uma

maior visibilidade, e consequentemente, atenção e incentivo.

Page 36: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

36

Por volta do ano de 2004/2005, em meio a uma grande divergência política7

na cidade, surge a partir da iniciativa do novo gestor a criação do Programa Pratique

Saúde, onde eram ofertadas para a comunidade atividades esportivas em forma de

oficinas.

Além das oficinas de voleibol, futsal, basquete e handebol, o Programa

Pratique Saúde contava ainda com as oficinas de hidroginástica, skate, musculação,

boxe, jiu-jitsu, karatê, capoeira, bicicross e macroginástica.

O panorama esportivo da cidade cresceu significativamente a partir do ano

2000, em consequência do aumento dos espaços e equipamentos destinados para a

prática de atividades físicas no município, Pojuca se tornou uma cidade com um

grande número de praças, quadras poliesportivas, campos de futebol, etc.

Após um longo passeio pelos bairros da cidade, foi possível mapear esses

espaços a fim de compreender o estado de conservação e políticas de utilização dos

mesmos. Vale a ressalva, que este mapeamento foi realizado apenas nos bairros

que fazem parte da sede (zona urbana) do município.

Dos dezoitos bairros que fazem parte da zona urbana apenas quatro não

possuem praças, quadras, campos de futebol ou outro espaço destinado para a

prática esportiva e de lazer. Uma consequência do crescimento desorganizado do

município, visto que esses bairros surgiram nos últimos anos em virtude das

invasões que aconteceram em várias áreas da cidade.

Se procedermos à relação lazer/espaço urbano, verificaremos uma série de descompassos, derivado da natureza do crescimento das nossas cidades, relativamente crescente, e caracterizado pela aceleração e imediatismo. O aumento da população urbana não foi acompanhado pelo desenvolvimento de infra-estrutura adequada [...] (MARCELLINO et al. 2007, p. 16).

Ratificando essa ideia Rechia (2009, p.79), afirma que “isso ocorre porque o

crescimento populacional no meio urbano não foi acompanhado de um paralelo

desenvolvimento de infraestrutura, gerando não só a escassez dos espaços, mas

consequentemente uma desigual distribuição dos espaços de lazer na cidade”,

Distribuídos em outros quatorze bairros é possível encontrar dois centros

comunitários, dezenove praças, doze quadras e oito campos de futebol. Alguns

bairros são contemplados com campos, quadras, praças, centros, outros apenas

com quadra e em alguns quadras e praças.

7 Período conturbado no município em que houve duas trocas de prefeitos.

Page 37: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

37

Pojuca possui um grande número de praças, alguns bairros possuem mais de

uma, essas apresentam diferentes funções para quem a utiliza. De acordo com

Damico (2009, p. 110), “diferentes projetos de ocupação desses espaços têm

ajudado a compor quadros bastante variados no que se referem às funções, às

normas e à paisagem dos espaços públicos de lazer”.

Ainda de acordo com o autor:

Nesse sentido, as praças, como componentes indispensáveis da sociedade contemporânea foram concebidas e construídas a partir de uma pluralidade de intenções ao longo da história. A forma como a comunidade utiliza tais espaços ajuda a transforma-los de acordo com as suas necessidades. A praça pública tem seu destaque potencializado em bairros populares e/ou periféricos, onde a comunidade parece carecer de alternativas de exercícios de lazer em espaços públicos, vendo então a praça como um lugar fundamental para o desenvolvimento das atividades esportivas, das festas do bairro e, além disso, como terreno fértil para construção de redes de sociabilidade.

Para melhor compreender como esses espaços e equipamentos estão

distribuídos, o quadro a seguir apresentará por bairro os equipamentos existentes

destinados para a prática esportiva e de lazer no município. Aqui serão

contabilizados todos os espaços construídos e utilizados com tal finalidade.

QUADRO 1 – RELAÇÃO DE ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS NO

MUNICÍPIO.

BAIRROS

PRAÇA

QUADRA

CENTRO

COMUNITÁRIO

CAMPO DE

FUTEBOL

Alfredo Leite 02 01 0 0

Castro Alves 01 0 0 01

Centro 04 01 0 0

Cruzeiro 02 01 0 0

Central 01 01 0 0

Cajazeiras 0 0 0 0

Inocoop 03 01 01 01

Page 38: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

38

Jenipapo 0 0 0 01

Liberdade 0 0 0 0

Los Angeles 01 01 0 0

Nova Pojuca 01 01 0 01

Pojuca Nova 02 01 0 02

Pojuca II 01 01 0 0

Pau D’arco 01 01 0 0

Retiro 0 01 0 01

Star 0 01 01 01

São Francisco 0 0 0 0

Vitória 0 0 0 0

O bairro da Inocoop e o Centro, são os mais privilegiados em relação a

existência de espaços e equipamentos destinados à prática esportiva. O Inocoop,

por exemplo, conta com uma quadra poliesportiva, três praças, um campo de futebol

e um centro comunitário.

Figura 02. Quadra do bairro Inocoop. Fonte: GESPORT

Page 39: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

39

Geralmente as quadras do município estão localizadas em praças e passam

por manutenção uma vez ao ano, onde são realizados reparos nas tabelas, traves,

são pintadas e marcadas, e conserto dos alambrados.

Apesar do grande número de quadras na cidade apenas uma é coberta, foi

inaugurada há um ano e ainda não está liberada para ser utilizada pela população,

devido ao sol as quadras são bastante utilizadas a partir do final da tarde.

Apenas uma quadra na cidade tem as dimensões oficiais, é a quadra

localizada na praça ACM, no centro da cidade onde podemos também encontrar

uma pista de skate, uma parede para escalada e uma área coberta onde acontece

as aulas de macroginástica.

A parede para escalada é um equipamento pouco usado pela comunidade, se

torna até compreensível, por ser um esporte fora das características e cultura

esportiva da cidade. Além de não ter uma política de incentivo a utilização do

equipamento e prática do esporte.

O equipamento, também, não oferece segurança e não conta com uma

orientação adequada para a sua utilização.

Figura 03. Parede para escalada. Fonte: Alani Santos

Page 40: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

40

A quadra da praça ACM é a mais usada pela comunidade, o que pode ser

justificado por suas dimensões, localização, conservação, visibilidade, etc. A procura

pela quadra é tão grande que a GESPORT adotou um sistema que possibilita as

pessoas reservar ou agendar os horários e dias para utilizar.

Figura: 04. Quadra da Praça ACM. Fonte: GESPORT

A cidade conta ainda com um parque aquático municipal, localizado no bairro

do Retiro, um pouco distante do centro da cidade, porém, se destaca por ser uma

opção de lazer e de espaço para a prática esportiva gratuita.

O parque conta com piscinas, quadra, campo de futebol, academia, pista de

skate, área para eventos e parque infantil. Nesses equipamentos são desenvolvidas

as aulas de ginástica aeróbica, hidroginástica, boxe e musculação.

Grande parte dos adeptos das atividades desenvolvidas no parque são

residentes do bairro, a academia é o equipamento que tem uma maior frequência de

pessoas que residem em outros bairros, ao contrário da hidroginástica e da ginástica

aeróbica tem como público predominante os moradores local.

Page 41: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

41

Figura 05: Área do Parque Aquático Municipal. Fonte: GESPORT

Muito embora o parque aquático seja uma opção de lazer e de espaço para a

prática esportiva gratuita, o mesmo apresenta sinais de desgaste em sua estrutura

física, alguns brinquedos do parque infantil estão quebrados, o alambrado da quadra

enferrujado e com aberturas, dentre outros.

Segundo Gastaldo (2009, p.104), “o simples fato dos equipamentos de lazer

ficarem expostos ao tempo já implica severo desgaste, principalmente estruturas de

madeiras e metal, como brinquedos de parquinhos infantis, cercas e equipamentos

de quadras”.

No parque são oferecidas gratuitamente para a comunidade aulas de

hidroginástica, musculação, ginástica aeróbica e boxe. As piscinas são liberadas

para o público apenas aos finais de semana, é quando o parque funciona

efetivamente como uma opção de lazer para a comunidade, durante a semana as

piscinas são utilizadas para a aula de hidroginástica.

Page 42: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

42

Figura 06. Parque aquático do Retiro – aula de hidroginástica. Fonte: GESPORT

Pojuca conta também com um centro de treinamento, espaço destinado para

as aulas de judô, karatê, boxe e jiu-jitsu. Foi dada essa finalidade ao espaço há três

anos, devido ao aumento dos adeptos dessas atividades o que resultou na

necessidade de migrar essas aulas para uma área maior como o CT.

Do cenário esportivo da cidade emergiu alguns atores pojucanos como fruto

das crescentes ações e incentivos esportivo nos últimos dez anos, surgiram vários

atletas que romperam as fronteiras do município e ganharam destaque estadual,

nacional e até internacional.

Podemos citar como exemplo a lutadora Amanda Nunes, primeira baiana a

lutar no segundo maior evento dos EUA (Strikeforce8), conhecida como a Leoa, estar

entre as melhores do mundo e hoje mora nos Estados Unidos onde se prepara para

as lutas.

8 Strikeforce é uma organização norte-americana de MMA.

Page 43: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

43

Figura 07. Lutadora Amanda Nunes. Fonte: GESPORT

Luís Inácio Junior é professor de karatê no município, é também o professor

de karatê do Programa Educação pelo Esporte, faz parte da seleção brasileira e

recentemente disputou o Pan-Americano de karatê na Nicarágua e o Sulamericano

em Lima no Peru.

Figura 08. Atleta Luís Inácio Junior. Fonte: Luís Inácio Junior

Page 44: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

44

Marily dos Santos é Alagoana, mas reside e treina em Pojuca há mais de 12

anos, em 2008 representou o Brasil na maratona de rua feminina nas Olimpíadas de

Pequim e atualmente, segundo a Confederação Brasileira de Atletismo (CEBAt),

Marily é a primeira colocada do ranking nacional de corridas de rua.

Figura 09. Marily dos Santos. Fonte: GESPORT

Além do destaque de atletas como Amanda Nunes, Luis Inácio Junior e Marily

dos Santos, o município tem sido representado e alcançado bons resultados pelos

jovens alunos do Programa Educação pelo Esporte nas competições estaduais e

nacionais.

Como resultados mais expressivos, é possível destacar a conquista de nove

títulos baianos e um terceiro lugar no brasileiro de boxe. O judô teve o aluno Herbert

Macário como campeão da Copa Salesiano, o karatê tem nove campeões baianos e

atualmente a atleta Carine Lima faz parte da seleção baiana que vai disputar o

campeonato brasileiro.

Essas conquistas são resultados da política de incentivo à iniciação esportiva

cultivada pelo Programa Educação pelo Esporte, que hoje se afirma como principal

ação esportiva desenvolvida no município.

Page 45: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

45

5.2 O PROGRAMA PELA ÓTICA DOS GESTORES

Para compreender como o programa foi implementado e é desenvolvido,

foram realizadas entrevistas com o gerente e o coordenador de esportes do

município, aqui os mesmos serão identificados aleatoriamente como A1 e A2.

O Programa Educação pelo Esporte é desenvolvido pela Gerência de

Esportes do município (GESPORT), de acordo com o entrevistado A1 a gerência foi

criada em janeiro de 2009. Já para o entrevistado A2, a gerência foi criada em

janeiro de 2005, mas apenas em 2009 ganhou autonomia.

O Departamento de Esporte, Cultura e Lazer foi criado em janeiro de 2005 e a gerência, possivelmente, foi criada também nessa oportunidade, só que a função não foi determinada a ninguém nesse período. Então, que eu tenha conhecimento, em 2009 é que a gerência chega a uma certa autonomia, a Gerência de Esporte, Cultura e Lazer passa efetivamente a funcionar a partir de janeiro de 2009 (ENTREVISTADO A2).

A GESPORT é composta por um gerente, um digitador (secretário), dois

coordenadores e quatorze9 professores/instrutores. De acordo com o entrevistado

A2:

Inicialmente foi estruturada com um gerente, três coordenadores (professores de educação física), um de esporte de rendimento, um de esporte participação, um de esporte educacional e uma assessora pedagógica, além de um digitador e na oportunidade, eu creio, que 19 instrutores. Hoje nós temos o gerente, um coordenador de esportes, uma assessora pedagógica, um digitador que faz outras atividades também e 15 instrutores.

É possível notar que desde sua criação a GESPORT tem sofrido algumas

modificações em sua estrutura, inicialmente eram desenvolvidas pelo programa 19

atividades para a comunidade, e em um pouco mais de três anos, algumas deixaram

de ser ofertadas, como: jiu-jitsu, bicicross, yoga, massoterapia, skate, atletismo e

xadrez.10

Em consequência do término de algumas atividades, o quadro de

professores/instrutores foi reduzido de 19 para 14, além da saída dos coordenadores

de esporte participação e de esporte de rendimento em 2010, essas funções

passaram a ser desempenhadas pelo gerente de esportes.

9 Embora o entrevistado A2 tenha contabilizado 15 instrutores, o programa conta com apenas 14.

10 Essas atividades deixaram de ser ofertadas devido ao baixo número de adeptos e o bicicross em

conseqüência da dificuldade de manutenção da sua estrutura.

Page 46: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

46

O entrevistado A1, afirma que a mudança que ocorreu com a saída dos dois

coordenadores foi a autonomia que os instrutores ganharam, “os instrutores hoje

não se limitam só em trabalhar a modalidade, eles também participam da

coordenação das modalidades que participam, eles planejam, executam, aumentou

um pouco o trabalho”.

O Programa Educação pelo Esporte foi criado em 2009, com a justificativa

que a população jovem da cidade “se ressentem da pouca oferta atual de atividades

culturais e esportivas [...]” (POJUCA, 2009). O programa hoje é a principal ação

desenvolvida pela GESPORT e também a maior manifestação esportiva do

município.

O programa foi concebido no início dessa gestão como forma de abranger os projetos que existiam individualmente, existiam projetos de iniciação esportiva, de formação de equipes e alguns na área de fitness, a gente resolveu criar uma estrutura que abrigasse essas iniciativas, embora elas tinham na gestão anterior uma certa organização em forma de programa, já foi um avanço em relação a anteriormente que eram projetos desarticulados (ENTREVISTADO A2).

Segundo o entrevistado A1, o projeto desenvolvido pela gestão anterior foi

utilizado “modificando aquilo que a gente detectou que não estava atingindo o êxito

planejado e aproveitando aquilo que estava dando certo, estava tendo resultado”.

O entrevistado A1, relata que inicialmente foi feita uma pesquisa de campo de

tudo que acontecia na área esportiva da cidade e criou três linhas de atuação, sendo

elas: esporte educacional, esporte participação e esporte de rendimento.

Consequentemente, foram criadas as coordenações dessas três linhas de

atuação, “onde colocamos professores de educação física para coordenar e

contamos com a coordenadora pedagógica para fazer o trabalho entre os projetos e

as escolas, para dá uma ênfase pedagógica”, (ENTREVISTADO A1).

Embora, no projeto a criação do programa se justifique pela pouca oferta de

atividades esportivas no município, é possível perceber na fala dos gestores a

existência de um outro programa esportivo desenvolvido pela gestão anterior11, o

que é fortalecido pela fala do entrevistado A1, quando afirma que modificou no

programa anterior apenas o que não estava obtendo o êxito planejado.

11

Na gestão anterior era desenvolvido o Programa Pratique Saúde, que também oferecia para a

comunidade pojucana atividades esportivas regulares, tendo como diferença em relação ao atual programa os espaços onde as aulas aconteciam, que prioritariamente, eram nas quadras e praças do município e o Programa Educação pelo Esporte prioriza como espaço de atuação a escola.

Page 47: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

47

Quando questionados sobre qual é a proposta do programa os entrevistados

apresentaram respostas evasivas. O entrevistado A1 diz que “a proposta é despertar

na comunidade um senso crítico em conjunto com a prática saudável, favorecendo

aos pojucanos uma vida harmoniosa e feliz”. Segundo o entrevistado A2, “a

proposta é que a gente conseguisse além de ensinar o esporte, ensinar sobre o

esporte e ensinar pelo esporte, essa é a proposta, o que tá no documento em versão

original”.

A fala do entrevistado A2 quando diz que a proposta de ensinar através do

esporte é “o que tá no documento em versão original”, nos leva a pensar que talvez

não seja o que acontece na prática, no seu desenvolvimento. Essa inquietação será,

possivelmente, sanada mais à frente na análise das entrevistas dos professores.

Na tentativa de compreender melhor qual é a proposta do programa os

entrevistados foram questionados sobre quais são os objetivos do mesmo, para o

entrevistado A2:

[...] e o objetivo do projeto, ele se articula em três linhas, tem a linha de iniciação esportiva que é esporte educar, a linha de fitness que é vida ativa e uma linha de educação física escolar que começou a funcionar em 2009 em uma unidade escolar e hoje já atende oito unidade escolar e cerca de 2000 alunos, é uma das coisas que eu acho que ta funcionando mais certo aqui e melhor.

O entrevistado A1 foi mais claro em sua definição, e segundo ele o programa

“tem como principal objetivo proporcionar a comunidade pojucana uma prática

esportiva saudável, favorecendo assim, uma melhoria da qualidade de vida da

comunidade”.

Proporcionar qualidade de vida aos seus participantes é uma das justificativas

que fundamentam os programas sócio esportivos, principalmente, aqueles que

trabalham com grupos intergeracionais. Segundo Melo (2001, p.2), na virada do

século XIX para o XX, a relação entre a atividade física e a saúde passou a ser

considerada questões fundamentais para a prática esportiva. E ainda continua

predominante, dentre outras funções delegadas ao esporte.

Ainda de acordo com o entrevistado A1, o programa conta com cerca de

1.730 pessoas matriculadas entre crianças, adolescentes, adultos e idosos. Essa

afirmativa diverge com a fala do entrevistado A2 quando diz que “atualmente nós

atendemos cerca de 2.000 na educação física escolar e 956 nas outras áreas”.

Entendo por outras áreas as atividades desenvolvidas pelo programa,

considerando que a educação física escolar não faz parte do mesmo, desde 2009

Page 48: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

48

através da parceria firmada entre o Departamento de Educação e a GESPORT, a

educação física escolar acontece para os alunos das séries iniciais das escolas do

município, tendo como um dos seus objetivos facilitar a adesão ao programa pelas

crianças a partir de quatro anos.

Sendo assim, é possível mais uma vez notar um desencontro nas

informações dos gestores, quando A1 afirma que o programa conta com 1.730

pessoas matriculadas e A2 diz que atende 956, nos permite chegar a conclusão que

há uma evasão de aproximadamente 50% dos alunos matriculados.

São oferecidas para a comunidade pojucana treze atividades, sendo elas:

judô, karatê, boxe, capoeira, vôlei, basquete, handebol, futsal, futebol,

macroginástica, hidroginástica, ginástica para terceira idade e musculação.

Essas aulas são desenvolvidas em espaços públicos como estádio municipal,

campos de futebol dos bairros, centro de treinamento, sala do DECLA (antigo prédio

do Departamento de Esporte, Cultura e Lazer do município), parque aquático do

município e nas quadras das praças municipais, além das Escolas Castelo Branco e

Luis Eduardo Magalhães.

O programa atende pessoas de 4 a 80 anos de todas as faixas sociais, suas

atividades acontecem de duas a três vezes por semana (com a exceção da

academia que funciona de segunda a sexta), com duração de até 60minutos por

aula.

Quanto à equipe de trabalho e sua legitimidade profissional, o programa é

composto por ex-atletas, estudantes e professores de educação física. Destes são

sete ex-atletas, quatro estudantes e seis professores (incluindo o gerente, a

coordenadora pedagógica e o coordenador de esporte educacional).

Sobre a existência de algum programa de capacitação para os

professores/instrutores, A1 afirma que são realizados no início do ano, “damos

noções de primeiros socorros e reuniões periódicas para discutir o andamento das

atividades. Esse ano ainda não aconteceu, nos anos anteriores a gente fazia”.

Inicialmente até 2009, nós tínhamos um programa interno, em que nós mesmos tocávamos (os coordenadores e a assessora pedagógica) essa formação, e chegamos a convidar na oportunidade uma professora pra fazer essa formação também, mas de 2011 pra cá, porque o quadro da gerência esvaziou e outros fatores também, e hoje esse programa de formação é muito prejudicado, não existe (ENTREVISTADO A2).

O programa firmou parceria com a Superintendência dos Desportos da Bahia

(SUDESB), que fornece os materiais esportivos utilizados. A2 afirma que o primeiro

Page 49: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

49

convênio foi celebrado em dezembro de 2009 e está sendo renovado este ano. A1

complementa informando que todo recurso necessário, com exceção dos materiais

esportivos, são obtidos através da prefeitura municipal.

É possível entender como se organizam as fontes de recursos do programa

na fala de A2, “a prefeitura mantém a estrutura da gerência, paga os instrutores, e a

SUDESB fornece os recursos (material esportivo e uniforme)”.

Diante do exposto até aqui, do possível entendimento de quem administra o

programa, como ele é estruturado, como se desenvolve, a quem atende, qual a sua

proposta e seus objetivos, passa a ser relevante a compreensão sobre as principais

dificuldades encontradas para implementação do programa e sobre a prática

esportiva no município após a criação do mesmo.

Sobre as dificuldades encontradas para a implementação do programa, de

acordo com A2:

As coisas acontecem muito em função da cultura, então em uma época que nós tivemos a cultura esportiva mais forte na cidade, nas escolas, as pessoas aderiram o programa de iniciação esportiva com mais facilidades, mas essa cultura se perdeu um pouco, por exemplo, os últimos jogos escolares no município foi em 2003, lá se vão nove anos, jogos internos só uma escola que eu saiba ainda realiza, a Escola Maria Carvalho. Então isso faz com que as pessoas sejam solicitadas pra outros cantos que não a atividade esportiva, a gente faz a divulgação, mas tem muita dificuldade em promover a adesão e promover a permanência.

Para o entrevistado, é preciso retomar os jogos internos das escolas, ter um

calendário de competições na cidade, trabalhar mais divulgação e participar de jogos

intermunicipais.

Segundo A1, a dificuldade inicial foi motivar os adolescentes a partir de 12

anos para a prática de atividade física, para ele a disputa com vídeo game e o

sedentarismo dificultou bastante o trabalho no início. Diante do exposto o

entrevistado afirma que:

Começamos então, a captar crianças mais jovens a partir de quatro anos para que pudéssemos colocar a prática esportiva na vida deles, com essa ação começamos a criar dentro da cidade crianças com raízes esportivas, e consequentemente, os resultados começaram a aparecer de forma mais satisfatória.

De acordo com o projeto, “o programa pretende abranger a sede do município

e uma parcela da zona rural” (POJUCA, 2009). Embora não tenha sido citada como

uma dificuldade pelos entrevistados, o programa até então, não conseguiu atender

e/ou desenvolver atividades na zona rural do município.

Page 50: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

50

O entrevistado A1 justifica que tem dificuldade de transporte, já que a

GESPORT não possui um carro destinado para as suas possíveis necessidades,

dificultando o deslocamento dos instrutores para as localidades da zona rural.

Quanto ao cenário esportivo na cidade após a criação do programa, para A1

houve uma evolução porque os espaços destinados para a prática esportiva no

município eram utilizados de forma errada, “onde nossos jovens tinham o espaço,

mas não tinham orientação, hoje contamos com profissionais capacitados, materiais

adequados e o esporte é trabalhado de forma pedagógica, favorecendo assim, o

desenvolvimento de uma cultura esportiva no município”. Segundo A2:

A iniciação esportiva cresceu, os dados que nós temos até 2008 apontaram 720 pessoas, então podemos dizer que cresceu porque nós chegamos em 2009 a 1.100, no ano seguinte chegamos a 1.310 e no final, em 2011 chegamos a 1.610 que foi o pico de participação que nós tivemos, fora a educação física escolar. Então a gente mais que dobrou em relação a 720, mas a gente se ressente muito de atividades que dessem continuidade a iniciação, não ter conseguido realizar competições a nível municipal, como participar de competições intermunicipais, exceto o futebol que como sempre é extremamente privilegiado em relação aos outros esportes, acho que o futebol carreia aqui 80% dos investimentos e outros esportes 20%.

De acordo com o entrevistado A1, se o município tivesse a secretaria de

esporte o trabalho certamente seria mais eficiente, “pois a gente tendo recursos

específicos para planejar as nossas atividades a gente poderia ter resultados

melhores”.

É possível perceber o crescimento da prática esportiva no município, assim

como, uma forte influencia do Programa Educação pelo Esporte nesse aspecto, o

que não se traduz apenas em número de participantes, mas principalmente, na

qualidade e no objetivo do que é proposto.

5.3 O PROGRAMA PELA ÓTICA DOS PROFESSORES

A partir do discurso dos gestores no que diz respeito a implementação,

proposta e desenvolvimento do Programa Educação pelo Esporte, surge a

necessidade de compreender quem são os profissionais que concretamente fazem o

programa acontecer, quais os objetivos das aulas, as dificuldades encontradas, etc.

Foram entrevistados onze professores dos quatorze que fazem parte do

programa, optei por conferir a cada um dos entrevistados um código que permite a

identificação dos mesmos como Professor A, Professor B, Professor C, e assim

Page 51: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

51

sucessivamente, na perspectiva de evitar que a identificação dos professores

pudesse levar a um prejulgamento dos argumentos e pontos de vista.

Inicialmente, solicitei aos professores que falassem sobre a sua trajetória

profissional, mais especificamente sobre a sua formação.

QUADRO 2 - FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES

QUANTO A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS PROFESSORES:

ATÉ O ENSINO MÉDIO

Professor “A”, Professor “D”,

Professor “G”, Professor “H” e

Professor “J”.

ESTUDANTES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Professor “C”, Professor “E” e

Professor “I”.

PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Professor “B”, Professor “F” e

Professor “K”.

No que tange a legitimidade profissional dos professores, podemos perceber

que a maioria não são formados em Educação Física, dos onze professores

entrevistados os cinco que estudaram até o ensino médio são ex-atletas, três são

estudantes de Educação Física e três professores formados.

Dos professores formados, um é graduado em Pedagogia e fez pós-

graduação em Metodologia do Ensino da Educação Física Escolar, os outros dois

formados em Educação Física e um deles possui especialização em Fisiologia do

Exercício.

Para Linhales (et al, 2008, p. 26), ser ex-atletas ou ter uma certa vivência no

esporte são aspectos que facilitam e são considerados importantes para a inserção

no meio. Ainda de acordo com os autores, “nesse caso, a competência profissional

para a realização das ações parece ser medida prioritariamente pela inserção no

mundo esportivo”.

Mesmo a maioria dos professores do programa não tendo formação

acadêmica em Educação Física, houve um grande avanço no número de estudantes

e professores formados atuando na gerência. Segundo o Gestor A1, no início da

Page 52: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

52

gestão foi colocado como prioridade a contratação de profissionais da área e na

época o programa chegou a contar com cinco estudantes e três professores de

Educação Física, desses cinco estudantes dois já concluíram o curso.

Complementando a pergunta sobre a formação profissional, os entrevistados

foram questionados sobre o tempo de atuação na área, por acreditar que essas

informações serão relevantes para a compreensão das respostas dos

questionamentos subsequentes.

QUADRO 3– TEMPO DE ATUAÇÃO NA ÁREA

TEMPO DE ATUAÇÃO NA AREA:

ATÉ 5 ANOS

Professor “C”, Professor “F”,

Professor “G”, Professor “H” e

Professor “I”.

MAIS DE 5 ANOS

Professor “A”, Professor “B”,

Professor “D”, Professor “E”,

Professor “J” e Professor “K”.

No que diz respeito ao tempo de atuação dos professores, a maioria já atua

na área há bastante tempo e são representados, majoritariamente, pelos ex-atletas.

Quanto aos professores que atuam na área a menos de cinco anos, todos tiveram a

oportunidade de iniciar a vivência como professor a partir do Programa Educação

pelo Esporte.

Até aqui é possível perceber o perfil profissional dos entrevistados, e

consequentemente, dos professores que atuam no programa. As próximas

informações serão apresentadas na tentativa de entender se a proposta e o

desenvolvimento do programa de fato acontece como consta em seu projeto e foi

relatado pelos gestores.

QUADRO 4 – QUAIS SÃO OS OBJETIVOS DAS AULAS

OBJETIVOS DAS AULAS:

INICIAÇÃO ESPORTIVA

Professor “K”

Page 53: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

53

INCLUSÃO SOCIAL

Professor “A”, Professor “E”,

Professor “G”, Professor “H” e

Professor “J”.

PROPORCIONAR QUALIDADE DE VIDA

Professor “B”, Professor “C”,

Professor “E” e Professor “I”.

EDUCAR ATRAVÉS DO ESPORTE

Professor “D” e Professor “F”.

No que se refere aos objetivos das aulas, é possível perceber claramente nos

discursos dos professores, o que eles pretendem obter através das suas aulas e

qual o sentido dado a elas. A maioria tem como objetivo a inclusão social e

proporcionar qualidade de vida, o que pode ser ratificado nas falas a seguir.

Segundo o Professor “H”, o objetivo das suas aulas é “tirar os meninos da

rua para que eles possam ser algo no futuro”. O Professor “A” tem como objetivo

“fazer cidadão de bem, fazer atleta de competição, trabalhar contra a violência e

contra a droga”. “J” relata que tenta “tirar os alunos da rua e fazer se interessar

mais pelo esporte”.

Concordo com Linhales (et al. 2008, p. 33), ao afirmar que “esse olhar

“salvacionista” confere ao esporte um poder maior do que ele realmente tem”. E isso

é constantemente massificado nos discursos proliferados pelo senso comum.

Dentre os professores que apresentam como objetivo de suas aulas

proporcionar a qualidade de vida destaca-se a fala dos Professores “C e I”. Para

“I”, o objetivo de suas aulas é “proporcionar qualidade de vida ou promoção à

saúde, tentando desconstruir o que a mídia mais focaliza, estética!”. Nessa mesma

linha “C” afirma que seu objetivo é orientar as pessoas “para que possam ter bons

hábitos, como ser ativos fisicamente. Salientando a importância da atividade física

no nosso dia a dia”.

Ainda de acordo com Linhales, ao ser relacionado com a promoção da saúde,

fica claro o entendimento do esporte como uma forma de prevenção de doenças,

“atribuindo a ele um papel relevante e funcionalista que tende inclusive a isolar o

debate sobre a saúde de outros fatores de ordem social”.

Educar através do esporte é o objetivo principal das aulas dos Professores

“F e D”, convincentemente traduzido na fala de “F” quando diz que “o objetivo

principal é a formação humana, qualificação para atuação em sociedade de forma

Page 54: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

54

crítica. Sendo o trabalho desenvolvido a partir das relações interpessoais,

consciência de grupo, partindo do esporte como base para essas questões”.

As respostas apresentadas pelos professores são características das áreas

de atuação dos mesmos. Os professores das atividades de fitness trazem como

objetivo de suas aulas a qualidade de vida, os professores de lutas (em sua maioria)

objetivam a inclusão social e os professores de esportes coletivos têm como objetivo

principal de suas aulas educar através do esporte.

Diante do exposto, podemos recorrer a discursão sobre o significado do

esporte em projetos sócios educacionais realizada nos capítulos anteriores. O

esporte pode ser uma eficaz ferramenta para os sentidos frequentemente atribuídos

a ele, assim como, para os objetivos imputados a sua prática, mas não tem em si

uma essência salvadora.

Quando no relato de alguns professores é possível perceber o objetivo de

afastaras pessoas das drogas e tirá-las da rua, precisamos entender que essa não é

uma tarefa fácil e que certamente necessita de uma prática esportiva orientada, uma

prática amparada pelos princípios da educação, acima de tudo, na perspectiva da

educação para o desenvolvimento humano.

QUADRO 5 – ESPAÇOS DESTINADOS PARA AS AULAS

OS ESPAÇOS DESTINADOS PARA O DESENVOLVIMENTO DAS AULAS SÃO

ADEQUADOS?

SIM

Professor “B”, Professor “C”, Professor “D”,

Professor “E”, Professor “F”, Professor “G”,

Professor “H”, Professor “J” e Professor “K”.

NÃO

Professor “A” e Professor “I”.

Para a maioria dos professores, o espaço onde suas aulas são desenvolvidas

é adequado para a atividade. Alguns relatam que precisam de poucos reparos, a

exemplo do Professor “J”, que classifica o espaço como bom, mas diz: “no meu

espaço eu preciso que melhore o tatame”. Já o Professor “F”, relata dificuldades na

utilização de um espaço que pertence a uma escola estadual e admite acontecer

choques de atividades da escola e do programa.

Page 55: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

55

Eu considero o espaço destinado para as aulas bom, porém, por se tratar de uma parceria entre o governo municipal e o governo estadual, já que o espaço de treino é uma escola estadual, em alguns momentos o trabalho não flui como deveria, a exemplo, atividade realizada na escola no espaço da quadra sem a devida notificação (PROFESSOR “J”).

Outros professores estão bastante satisfeitos com os espaços, o Professor

“H” relata que “lá não tenho o que questionar não, o espaço lá é nota dez, tem até

área para os atletas pegar condicionamento físico”. De acordo com “C” “o espaço

destinado para as atividades é apropriado, é um espaço amplo, cabe os

equipamentos, tem espaço suficiente”. Corroborando com essas afirmativas “D” diz

que “os espaços oferecem condições de desenvolver bem a aula”.

Mas essa não é uma realidade para todos, de acordo com os Professores “A

e I” os espaços onde suas aulas acontecem não oferecem condições adequadas de

limpeza e de estrutura. O Professor “I” classificou o espaço como péssimo, “falta

limpeza no espaço, pintura no lado interno e externo e manutenção na iluminação”.

Já o Professor “A” apresenta o seguinte posicionamento:

Rapaz eu vou dizer a você, viu. Não vou mentir, meu espaço não dá pra nada, estou lá porque não tem jeito. O espaço é pequeno, queria ter um espaço maior, não cabe o material completo que seria da modalidade, tenho que dividir turma.

Segundo Linhales (2008, p.30), é preciso pensar para além das construções e

prevê ações de manutenção frequente dos espaços e equipamentos, garantindo

assim, condições para que as atividades desenvolvidas possam ter continuidade.

Como as atividades do programa são desenvolvidas em vários espaços, é

possível que alguns não ofereçam condições adequadas para a realização das

atividades, nas observações feitas em algumas aulas foi possível perceber que a

maioria dos núcleos onde as aulas acontecem apresentam uma boa estrutura física,

o que não anula o relato dos Professores “A e I”, até porque, essas aulas não

foram observadas.

QUADRO 6– DIFICULDADES ENCONTRADAS

QUAIS AS DIFICULDADES ENCONTRADAS PARA DESENVOLVER SUAS

AULAS?

ESPAÇO FÍSICO

Professor “A”, Professor “K” e

Professor “E”.

Page 56: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

56

MATERIAIS

Professor “A”, Professor “C”,

Professor “K”, Professor “E”,

Professor “D”, Professor “B” e

Professor “J”.

FALTA DE REUNIÃO; JOGOS;

TRANSPORTE.

Professor “A”, Professor “C”,

Professor “D”, Professor “H”,

Professor “F” e Professor “I”.

A maioria dos entrevistados apresentam mais de uma dificuldade para

desenvolver suas atividades, a exemplo dos Professores “A, C, D, E e K”. De

acordo com os professores o que mais dificulta o desenvolvimento das suas

atividades é a falta de transporte, não realização de eventos, falta de reunião e de

materiais.

Essas dificuldades são destacadas no discurso dos entrevistados quando

questionados sobre qual sugestão apresentaria para qualificar ainda mais o

programa.

Para o Professor “C”, “seria necessário que houvesse um contato maior da

parte administrativa para com os professores do programa, para dá suporte naquilo

que está faltando, para que de fato o programa tenha uma boa visibilidade (havendo

planejamento de ambas as partes)”.

Já para o Professor “D”, “Deveria ter mais reuniões para que cada um

pudesse fazer suas cobranças, porque durante os três anos de programa só teve

três reuniões”. O Professor “E” apresenta como sugestão: “treinamento

metodológico desenvolvido por profissionais habilitados ou pagamentos de taxas

para que os profissionais envolvidos no programa possa ta se qualificando para

melhor atender os alunos”.

Professor “I” sugere “realização de reuniões mensais, programa de

capacitação, uma visão diferenciada do gestor não focalizando apenas algumas

modalidades, mas sim a todas e deveria acontecer eventos semestrais”. Segundo o

Professor “H” “a cidade precisa de um ginásio de esporte para que todas as

modalidades pudessem competir”.

De acordo com o Professor “K” as sugestões são “busca de parceiros,

parceria com a iniciativa privada, intensificar a parceria com o poder público estadual

Page 57: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

57

e federal, através dos programas de incentivo ao esporte”. O Gestor A1, ratifica essa

afirmativa quando apresenta como uma das sugestões para qualificar o programa

parceria com o governo federal e com empresas privadas.

Como nosso programa é extenso, os custos são elevadíssimos e com o passar dos anos nossos alunos estão cada vez mais melhorando sua performance e começando a se destacar no cenário estadual e nacional, precisamos de recursos para que os mesmos possam dá continuidade ao seu processo de evolução [...].

Através dos relatos dos professores, é possível identificar que algumas ações

propostas pelo programa e citadas pelos gestores não acontecem, como exemplo

mais presente nas falas, a realização de reuniões periódicas e cursos de

capacitação. Vale a ressalva que a qualificação dos “instrutores” está previsto no

projeto como um indicador de avaliação do programa, embora, não tenha acontecido

desde 2011.

De acordo com Veiga (2009, p. 27), a formação de professores “é uma ação

contínua e progressiva que envolve várias instâncias, e atribui uma valorização

significativa para a prática pedagógica, para a experiência como componente

constitutivo da formação”.

Portanto é relevante uma política de formação dos profissionais envolvidos

com o programa, não só por ser essa uma forma de avaliação prevista, mas por

possibilitar, o encontro, o desencontro, aprimoramento e socialização das

experiências vivenciadas.

QUADRO 7 – PARTICIPAÇÃO DOS ALUNOS EM COMPETIÇÕES

OS ALUNOS PARTICIPAM DE COMPETIÇÕES?

SIM

Professor “A”, Professor “D”, Professor “E”,

Professor “F”, Professor “G”, Professor “H” e

Professor “K”.

NÃO

Professor “B”, Professor “C”, Professor “I” e

Professor “J”.

Apenas as atividades da área do fitness não participam de competições, as

demais participam desde intercambio esportivos a competições oficiais. Para o

Professor “G” o objetivo do treino também é preparar para jogar, Professor “E”

Page 58: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

58

relata que “a princípio eles treinam para ocupar seu espaço no horário oposto da

escola, visando a questão educacional disciplinar, porém, quando alguns deles se

destacam e tem o interesse de participar de competições tendo autorização dos

pais, eles participam”.

O programa tem alguns alunos que se destacam no cenário esportivo

municipal, estadual e até nacional. Isso acontece em maior proporção e com mais

frequência com as atividades de lutas, que já consagraram em suas devidas

categorias, campeões estaduais e nacionais de boxe, jiu-jitsu e karatê.

QUADRO 8 – A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA OS ALUNOS

QUAL A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA SEUS ALUNOS?

CONTRIBUIR NA EDUCAÇÃO E NA FORMAÇÃO

DE CIDADÃOS

Professor “A”, Professor “D”,

Professor “F”, Professor “I” e

Professor “J”.

PROPORCIONAR QUALIDADE DE VIDA

Professor “B”, Professor “C” e

Professor “K”.

VISIBILIDADE NA SOCIEDADE

Professor “G” e Professor “H”.

A concepção de poder contribuir para a educação e a formação cidadã dos

alunos está muito presente no discurso dos entrevistados. O Professor “J” fala que

o programa “contribui na formação deles como cidadão, noção de respeito à

cidadania, abolindo a violência, discriminações e exclusões”. Essa fala é fortalecida

pelo Professor “F” quando diz: “acredito ter contribuído com essa atividade para a

formação cidadã dos alunos, já que o espaço para a prática do esporte torna-se,

também, um espaço para a prática da cidadania”.

Para alguns entrevistados, o programa tem sido importante para os alunos

por proporcionar qualidade de vida para os mesmos. De acordo com o Professor

“C” “a conscientização da importância da atividade física, como aliado que trará

benefícios para sua vida a longo prazo, quando feito corretamente”, é relevante para

a vida dos alunos. Já o Professor “K” diz que o programa é importante por

incentivar “uma prática de hábitos saudáveis, uma melhoria para a qualidade de

vida[...]”.

Page 59: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

59

Para outros, o programa se tornou importante por apresentar para a

sociedade os alunos que se destacam no esporte, essa afirmação pode claramente

ser percebida na fala do Professor “H”, que relata: “a importância do programa

para eles é quase a mesma minha, muitos deles que competem é bastante querido

pela população e admirados, e eles sem dúvidas são muito felizes com isso”.

O discurso dos entrevistados ao relatar que o programa se torna importante

para os alunos, contribuindo para a formação cidadã e proporcionando qualidade de

vida para os mesmos, ratifica o que consta no projeto do Programa Educação pelo

Esporte.

[...] esperamos que esta iniciativa possibilite aos jovens residentes em

Pojuca serem protagonistas, estabelecendo um projeto de vida, desenvolvendo o senso crítico e a capacidade de tomar decisões numa perspectiva cidadã e solidária, aprendendo a resolver conflitos sem recorrer à violência e adotando um estilo de vida ativo e saudável (POJUCA, 2009, p.3).

Azevedo e Malina (2009, p.2), relata ser comum a ideia adotada nos projetos

sócio esportivos de formar cidadãos pelo esporte, que são em sua maioria

implantados na perspectiva de resolver ou minimizar problemas sociais através do

esporte. Vale o questionamento se o esporte concebido a partir dessa concepção

não se torna um instrumento alienante para a sociedade.

QUADRO 9 – A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA OS PROFESSORES

QUAL A IMPORTÂNCIA DO PROGRAMA PARA A SUA FORMAÇÃO

PROFISSIONAL?

CRESCIMENTO E CAPACITAÇÃO

PROFISSIONAL

Professor “B”, Professor “C”,

Professor “D”, Professor “E”,

Professor “F”, Professor “G”,

Professor “I”, Professor “J” e

Professor “K”.

OUTROS MOTIVOS

Professor “A” e Professor “H”.

Para os Professores “A e H”, o programa é importante financeiramente e por

ter proporcionado visibilidade como pessoa. “A” afirma que “o programa ajudou me

dando um salário para me manter com o programa, fortalecendo a ajuda de espaço,

de materiais, de educação, trazendo o esporte para formar um projeto de educação”.

Page 60: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

60

Já para “H”, “na minha vida é maravilhoso porque eu fiquei bastante querido na

cidade e isso é muito importante na minha vida, só no fato de eu passar e os alunos

me chamar de professor, isso aí pra mim é gratificante, eu me sinto muito

orgulhoso”.

Na verdade, para a grande maioria o programa teve uma grande contribuição

na capacitação e crescimento profissional. O Professor “F” diz: “para minha

formação profissional foi de extrema importância no tocante ao exercício da

docência, assim como, a promoção da relação teoria e prática, posso afirmar que o

espaço destinado a mim serviu de campo de observação e análise do trabalho

docente”. Segundo o Professor “K”:

Foi uma experiência muito importante pela faixa etária de idade que está sendo trabalhada, que me estimulou a criar e buscar novos métodos e maneiras de dá aula, principalmente para as faixas etárias menores de 7 anos e a necessidade de crescer tanto profissionalmente, quanto no aspecto pessoal.

Para “C” o programa “além de proporcionar uma grande experiência na área,

me ajudou também a saber lidar com determinadas situações me fazendo crescer,

na verdade, como profissional e como ser humano”. O Professor “B” diz: “este

programa tem me proporcionado crescimento profissional desde o início, me

incentivando à pesquisa, leitura, há uma troca de conhecimento entre os

profissionais e também entre os alunos”.

É possível perceber no discurso dos professores o reconhecimento de ter

aprendido e crescido diante dos obstáculos encontrados, de afirmação de um

espaço que para muitos foi oportunizado o início a docência, o Programa Educação

pelo Esporte proporcionou a seus professores o desafio de aprender quando se

imaginava que apenas ensinaria.

Mas ainda é notável, a centralização da administração e a não participação

direta dos professores na avaliação do programa, assim como, na construção de

caminhos que qualifiquem o mesmo. O que caracteriza uma gestão que atua de

forma verticalizada, não possibilitando de forma concreta a intervenção daqueles

que de fato tem conhecimento do público atendido, suas necessidades, suas

limitações, etc.

Page 61: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

61

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objeto de pesquisa o Programa Educação pelo

Esporte do município de Pojuca-Ba, na perspectiva de compreender como o

programa foi implementado e como é desenvolvido, a partir do levantamento de

dados que fundamentam a criação do mesmo, além de identificar a aplicabilidade ou

não do que é proposto pelo programa.

A partir dos relatos dos gestores, professores e acesso ao documento que

justifica a criação do programa, foi possível compreender que o mesmo apresenta

uma grande defasagem entre o que é formalmente proposto e como de verdade se

desenvolve. Muitas propostas o programa não conseguiu concretizar, a exemplo, da

carência de atividades esportivas na zona rural que era um dos objetivos almejados

em sua criação.

O descompasso continua acerca das propostas como implantar o programa

nas escolas em consonância com o projeto político pedagógico e acompanhar a vida

escolar dos estudantes, a reativação dos jogos escolares do município, a formação

continuada dos instrutores, reuniões periódicas, etc.

Diante dos relatos dos professores fica perceptível a lacuna existente entre os

gestores e os professores do programa, que em sua maioria traz a falta de reuniões

e capacitações como falhas, ao mesmo tempo em que apresentam como sugestão

para uma gestão mais qualificada e participativa.

As reuniões periódicas são de extrema importância para o bom

desenvolvimento das atividades, esse se torna o momento propício para expor as

dificuldades encontradas, planejar ações, socializar experiências, um momento de

oportunizar a construção de uma política mais participativa e com certeza mais

eficiente e direcionada para seu público, a partir da ótica de quem está em contato

direto com ele no dia a dia.

No que tange aos números de participantes apresentados pelos gestores,

chego à conclusão que o programa sofre uma grande evasão, dos 1.730 alunos

matriculados apenas 956 frequentam as aulas, dados contabilizados pelo programa

através das folhas de acompanhamento que cada professor utiliza.

A privação de organização e participação em eventos esportivos pode ser

uma das prováveis justificativas para a oscilação da frequência dos alunos, partindo

do pressuposto de quem treina quer jogar. Assim como, a ausência de reuniões e

Page 62: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

62

cursos de capacitação pode ser fruto da limitação do setor administrativo do

programa após a saída de dois coordenadores em 2010, a partir daí as reuniões

passaram a ser cada vez menos frequentes até não mais acontecer a partir de 2011.

O programa é de tamanha importância para os agentes que nele atuam,

oportunizando para alguns o início à docência, e mesmo diante das dificuldades

apresentadas é possível notar o quanto o mesmo contribui para a formação dos

professores.

Na perspectiva de colaborar com o programa acredito ser de extrema

relevância um planejamento coletivo, descentralizado, que possibilite aos

professores autonomia de contribuir para o sucesso das suas atividades para além

da execução das aulas. Um acompanhamento mais efetivo da coordenadora

pedagógica, para que possa junto com os professores pensar possibilidades de

otimizar suas intervenções.

Apresento como sugestões mais emergenciais a retomada das reuniões

periódicas, a realização de eventos esportivos, capacitação profissional (mesmo que

seja no formato inicial do programa quando acontecia anualmente),

acompanhamento e controle mais eficaz da frequência dos alunos.

No que diz respeito à importância o programa, é sem dúvida, muito relevante

para a sociedade pojucana, apesar das dificuldades encontradas em sua estrutura, a

entrega dos profissionais envolvidos, o trato com os alunos e o desenvolvimento das

aulas, amenizam as eventuais dificuldades encontradas.

Por isso, acredito ter contribuído significativamente para uma possível

reflexão acerca das necessidades de mudança e de possíveis estratégias para

retomar e concretizar as ações propostas qualificando ainda mais o programa.

Diante do exposto, não foi possível contemplar nessa pesquisa a

apresentação do programa a partir da ótica dos alunos, o que permite a

possibilidade da realização de novas pesquisas a fim de ampliar a discussão sobre

esse objeto de estudo.

Page 63: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

63

REFERÊNCIAS

ALVES JÚNIOR, D.; FERES NETO, A.; AZEVEDO, A. A. de. A Televisão e o Esporte: Questões e tensões sobre o espetáculo, o mercado e o consumo. In: AZEVEDO, A. A. de (org.). Torcedores, Mídia e Políticas Públicas de Esporte e Lazer no Distrito Federal. Brasília. Thesaurus, 2008. AMARAL, S. C. F.; NUNES JUNIOR, P. C. Esporte e política pública: o caso do segundo tempo em Campinas. In: 1º Encontro da ALESDE, Paraná. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/123456789/37/anais%20alesde.pdf?sequence=3>. Acesso em: 28 de maio de 2012. BARBIERI, C. A. S. Esporte Educacional: uma possibilidade para a restauração do humano no homem. Canoas, RS. Ed. ULBRA, 2001. BETTI, Mauro. A janela de vidro: Esporte, Televisão e Educação Física. Campinas. Ed. Papirus, 1998. BRASIL. Constituição da república Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1998. Disponível em:<http://www.senado.gov.br/legislacao/const/con1988/CON1988_05.10.1988/art_217_.shtm>. Acesso em: 22 de abril de 2012. BRASIL. Cidades: dados gerais dos municípios. IBGE, 2010. Disponível em:<http://www.ibge.gov.br/cidadesat/link.php?uf=ba>. Acesso em: 28 de abril de 2012. BRETÃS, Angela. PROJETOS SOCIAS: ESPORTE E LAZER Onde mora o perigo? Discutindo uma suposta relação entre ociosidade, pobreza e criminalidade. Disponível em:<http://tvbrasil.org.br/fotos/salto/series/154745Educacaoesporte.pdf>. Acesso em: 22 de abril de 2012. CONCEIÇÃO, N. C. de A. Direito ao esporte e ao lazer e representações sociais dos jovens de Alagoinhas. 54 f. Monografia. Universidade do estado da Bahia – Departamento de Educação, 2009. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE ATLETISMO. Ranking Caixa/ CBAt de Corredores 2012. Disponível em:<http://www.cbat.org.br/corrida/noticias/noticia.asp?news=5694>. Acesso em: 12 de julho de 2012. CORREIA, M. M.; P rojetos sociais em educação física, esporte e lazer: reflexões preliminares para uma gestão social. Disponível em:<http://www.rbceonline.org.br/revista/index.php/RBCE/article/view/212>. Acesso em: 12 de julho de 2012.

DACOSTA, Lamartine P. et al. Manual Valores do Esporte – SESI: fundamentos.

Page 64: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

64

Brasília: SESI - Departamento Nacional, 2007. Disponível em:<http://www3.sesi.org.br/Programas/S_esporte/manualFundamentosEsporte.pdf>. Acesso em: 15 de junho de 2012. DAMICO, J. G. S. Heterotopias urbanas: a cidade e a praça. In: FRAGA, A. B. et al. (Org.). Políticas de lazer e saúde em espaços urbanos. Porto Alegre. Ed. Gênese, 2009. DARIDO, S. C. Os conteúdos na educação física escolar. Disponível em:<http://www.cvps.g12.br/centropedagogico/Centro%20Ped%202009/pdf/cursos%20e%20assessorias/Ed%20Fisica/Capitulo5conteudos.pdf>. Acesso em: 30 de maio de 2012. GASTALDO, E. L. Interações sociais no espaço público: um estudo etnográfico em praças e parques. In: FRAGA, A. B. et al. (Org.). Políticas de lazer e saúde em espaços urbanos. Porto Alegre. Ed. Gênese, 2009. GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo, SP.Ed. Atlas, 1987. GOMES, Romeu. A análise de dados em pesquisa qualitativa. In: MINAYO, M. C. de S. (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ. Editora Vozes, 1994. GONÇALVES, A. V. L. et al . Proliferação de projetos sociais esportivos: sobre maneiras de pensar e escrever. Disponível em:<http://cbce.tempsite.ws/congressos/index.php/XVII_CONBRACE/2011/paper/view/3078/1579>. Acesso em: 05 de junho de 2012. HECKTHEUER, L. F. A.; SILVA, M. R. S. da; SILVA, R. M. S da. O esporte nos projetos sociais e a produção dos sujeitos vulneráveis. In: FRAGA, A. B. et al. (Org.). Políticas de lazer e saúde em espaços urbanos. Porto Alegre. Ed. Gênese, 2009. KUNZ, Elenor. Transformação didático-pedagógico do esporte. Ijuí: Unijuí, 2003. LAUER, R. N.; VIEIRA, V. Viver pelo esporte ou morrer pelas drogas. Disponível em:<http://www.unisuam.edu.br/corpus/pdf/Volume6n1/Artigo_2_volume6_n1.pdf>. Acesso em: 07 de junho de 2012. LEIRO, A. C. R. et al. Política, Esporte e Mídia Impressa. Salvador. Editora Edufba, 2010. LINHALES, M. A. et al. Esporte e lazer na Grande-BH: por onde caminham as gestões públicas? In: ISAYAMA H. F.; LINHALES, M. A. (Org.). Avaliação de políticas e políticas de avaliação: questões para o esporte e o lazer. LEITE, W. S. S. Ilusão em massa: o papel da mídia no esporte. Revista Digital EFDeportes.com, Buenos Aires, ano 13, n. 123 agosto. 2008. Disponível em:<http://www.efdeportes.com/efd123/ilusao-em-massa-o-papel-da-midia-no-esporte.htm>. Acesso em: 23 de maio de 2012.

Page 65: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

65

MALINA, André. O esporte como um bem da humanidade e o modo de produção capitalista. In: MALINA, André; CESARIO, Sebastiana (Org.). Esporte fator de integração e inclusão social? Campo Grande. Editora UFMS, 2009. MALINA, A.; AZEVEDO, A. C. B. de. Subsídio para elaboração de propostas metodológicas críticas para o ensino de esportes em projetos sociais. Disponível em:<http://www.rbceonline.org.br/congressos/index.php/CONBRACE/XVI/paper/view/1210/736>. Acesso em: 07 de junho de 2012. MARCELLINO, N. C. et al. Espaços e equipamentos de lazer em região metropolitana: o caso da RMC – Região Metropolitana de Campinas. Curitiba, PR. Ed. OPUS, 2007. MARQUES, R.F.R.; GUTIERREZ, G. L.; ALMEIDA, M. A. B. de. A transição do esporte moderno para o esporte contemporâneo: tendências de mercantilização a partir do final da guerra fria. In: 1º Encontro da ALESDE, Paraná. Disponível em:<http://cev.org.br/arquivo/biblioteca/a-transicao-esporte-moderno-para-o-esporte-contemporaneo-tendencia-mercantilizacao-partir-final-guerra-fria.pdf>. Acesso em: 24 de maio de 2012. MELO, V. A. de. “Esporte é saúde”: desde quando?. Revista Brasileira de Ciência do Esporte. [S.L.]. V. 22, n. 2, p. 55-67, jan. 2001. MENDONÇA, Sergio. Comunicação e entretenimento: mídia e esporte na vida cotidiana. In: XXX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Santos. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2007/resumos/R1548-1.pdf>. Acesso em: 28 de maio de 2012. MEZZAROBA, Cristiano. O esporte nos projetos sociais: reflexões através das contribuições de Norbert Elias. Revista Digital EFDeportes.com, Buenos Aires, ano 13, n. 124 setembro. 2008. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd124/o-esporte-nos-projetos-sociais-contribuicoes-de-norbert-elias.htm>. Acesso em: 07 de junho de 2012. MINAYO, M. C. de S. (Org.) Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ. Ed. Vozes, 1994. NEIRA, Marcos Garcia. Programas de educação pelo esporte: qual formação está em jogo? Movimento e Percepção, Espírito Santo do Pinhal, v. 10, n. 14, p. 59-66, jan./jun. 2009. NETO, O. C. O trabalho de campo como descoberta e criação. In: MINAYO, M. C. de S. (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ. Ed. Vozes, 1994.

Page 66: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

66

OLIVEIRA, D. S. de. Estudo sobre a concepção de esporte do “Programa de criança da Petrobrás” no município de Entre Rios-Ba. 53 f. Monografia. Universidade do Estado da Bahia – Departamento de Educação, 2010. OLIVEIRA, V. M. de. O esporte pode tudo. In: MALINA, André; CESARIO, Sebastiana (Org.). Esporte fator de integração e inclusão social? Campo Grande. Editora UFMS, 2009. PERES, F. de F.; MELO, V. A. de. Lazer, promoção da saúde e espaços públicos: encontros e desencontros. In: FRAGA, A. B. et al. (Org.). Políticas de lazer e saúde em espaços urbanos. Porto Alegre. Ed. Gênese, 2009. POJUCA. Gerência de Esportes do Município. Programa Educação pelo Esporte. Pojuca, BA. 2009. RECHIA, Simone. Planejamento dos espaços e dos equipamentos de lazer nas cidades: uma questão de “saúde urbana”. In: FRAGA, A. B. et al. (Org.). Políticas de lazer e saúde em espaços urbanos. Porto Alegre. Ed. Gênese, 2009. ROSSI, M. S. Elementos indicadores para uma prática pedagógica transformadora: aprendizagem social na educação física. Florianópolis, SC. 2000. Dissertação de mestrado. SCHWIER, Jurgen. Engajamento esportivo de jovens – entre educação esportiva e socialização pessoal. In: MALINA, André; CESARIO, Sebastiana (Org.). Esporte fator de integração e inclusão social? Campo Grande. Editora UFMS, 2009. SEVERINO, A. J. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo, SP. Editora Cortez, 2007. SILVA, A. M. Esporte espetáculo: a mercadorização do movimento corporal humano. 1991. 125 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Centro de Educação, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 1991. Disponível em: <http://boletimef.org/biblioteca/2556>. Acessado em: 13 de julho de 2012. SILVEIRA, Juliano. Desenvolvimento humano, responsabilidade social e educação no capitalismo: investigando o programa “Educação pelo Esporte” do Instituto Ayrton Senna. 159 f. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Catarina – Centro de Desportos, 2007. Disponívelem:<http://portal.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/06_12_2011_11.11.59.5f4e5335ceb6114983aeb2d63e65f379.pdf.> Acesso em: 13 de julho de 2012. SOARES, C. L. et al. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo. Editora Cortez, 1992. SOUZA, A. de O.; SOUZA, F. M. de; FIDELIS, M. A utilização do esporte como ferramenta de intervenção educativa em condições de vulnerabilidade social. Revista Digital EFDeportes.com, Buenos Aires, ano 14, n. 131 abril. 2009.

Page 67: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

67

Disponível em:<http://www.efdeportes.com/efd131/esporte-em-condicoes-de-vulnerabilidade-social.htm>. Acesso em: 07 de junho de 2012. STAREPRAVO, Fernando Augusto. Surgimento do esporte moderno e o processo civilizador. Disponível em: <http://www.gpreve.cbmerj.rj.gov.br/documentos/publicacoes/surgimento_do_esporte_moderno.pdf>. Acesso em: 28 de maio de 2012. TELLES, Silvio. Bourdieu e uma visão sobre os aspectos sócio-econômicos do esporte. In: MALINA, André; CESARIO, Sebastiana (Org.). Esporte fator de integração e inclusão social? Campo Grande. Editora UFMG, 2009. TRIVIÑOS, A. N. S. A introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. [S.L.]. Editora Atlas, 1987. TUBINO, M. J. G. Dimensões Sociais do Esporte. 2ª ed. São Paulo. Editora Cortez, 2001. TUBINO, M. J. G. Gestão e esporte. Disponível em: <http://www.gestaodesportiva.com.br/Gestao%20e%20Esporte%20Tubino.pdf>. Acesso em: 23 de maio de 2012. UNESCO, Carta Internacional da Educação Física e do Desporto da UNESCO. Disponível em: <http://www.fpf.pt/portal/page/portal/PORTAL_FUTEBOL/REGULAMENTACAO/Diplomas%20Internacionais/unesco.pdf>. Acesso em: 28 de maio de 2012. VEIGA, I. P. A. A aventura de formar professores. Campinas, SP. Ed. Papirus, 2009. ZALUAR, A. Cidadãos não vão ao paraíso. São Paulo. Ed. Escuta, 1994.

Page 68: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

68

APÊNDICES

Page 69: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

69

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu_____________________________________________________, CPF ___________________, declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado(a) na pesquisa de campo referente a elaboração do trabalho de conclusão de curso intitulado ESTUDO SOBRE O PROGRAMA EDUCAÇÃO PELO ESPORTE DO MUNICÍPIO DE POJUCA-BA desenvolvido pela discente Alani Santos de Oliveira.

Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer incentivo financeiro e com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da pesquisa.

Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio de entrevista semi-

estruturada gravada a partir da assinatura desta autorização. O acesso e a análise

dos dados coletados se farão apenas pela pesquisadora, sendo divulgados apenas

os dados diretamente relacionados aos objetivos da pesquisa.

_____________________________, ____ de _________________ de _____

Assinatura do(a) participante: ______________________________

Assinatura da pesquisadora: ____________________________

Page 70: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

70

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Entrevista aos professores

1. Qual é a sua formação?

2. Em que modalidade você atua?

3. Há quanto tempo atua na área?

4. Qual a faixa etária dos seus alunos?

5. Quais são os objetivos do seu trabalho?

6. Como você avalia o espaço destinado para a realização das aulas?

7. Seus alunos participam de competições ou treinam para competir? Que

resultados foram alcançados com os alunos?

8. Qual a importância do Programa Educação pelo Esporte para a sua formação

profissional e a formação dos alunos?

9. Quais as principais dificuldades encontradas na realização do trabalho? Que

sugestões apresentaria para qualificar ainda mais o programa?

Page 71: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

71

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Entrevista ao gerente e coordenador

1. Quando foi criada e como é estruturada a Gerência de Esportes?

2. O que é o Programa Educação pelo Esporte? Qual é a proposta do

programa?

3. Quantas pessoas são atendidas pelo programa? Que tipo de público o

programa atende? Qual a periodicidade das atividades?

4. Como é composto o quadro de professores do programa? São ex-atletas,

estagiários, professores de educação física? Existem programas de formação

destes agentes?

5. Quantas modalidades esportivas são desenvolvidas pelo programa? Quais

são? Onde as atividades são desenvolvidas?

6. O programa tem parcerias com setores públicos ou privados? Qual?

7. Quais são as fontes de recursos para a efetivação do programa?

8. Como o senhor analisa a prática esportiva após a criação do Programa no

município?

9. Quais as principais dificuldades para implementação do Programa e que

sugestões apresentaria para qualificar o referido?

Page 72: Estudo sobre o Programa Educação pelo Esporte do Município de Pojuca - BA

72

10. Existe algum ponto que não foi abordado nesta entrevista e que o senhor

gostaria de tratar?