Futebol feminino e relações de gênero em Pojuca: em jogo as representações sociais
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO/ CAMPUS II – ALAGOINHAS
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
ÉRICA PAULA DE JESUS DA PURIFICAÇÃO
FUTEBOL FEMININO E RELAÇÕES DE GÊNERO EM POJUCA:
EM JOGO AS REPRESENTAÇÔES SOCIAIS
ALAGOINHAS
2012
ÉRICA PAULA DE JESUS DA PURIFICAÇÃO
FUTEBOL FEMININO E RELAÇÕES DE GÊNERO EM POJUCA:
EM JOGO AS REPRESENTAÇÔES SOCIAIS
Monografia apresentada ao curso de Licenciatura em
Educação Física da Universidade do Estado da Bahia –
Campus II, Alagoinhas, como requisito para a obtenção do
título de graduação em Educação Física.
Orientador: Prof. Dr. Augusto César Rios Leiro.
ALAGOINHAS
2012
Dedico a minha família, ao meu irmão e em especial a minha mãe, essa mulher que admiro cada dia mais pela sua força, perseverança e dedicação. Essa vitória é nossa razão do meu viver! Dedico também a família Siqueira, prometi que faria por nós e consegui.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus o todo poderoso, sem Ele não teria
conseguido. Agradeço por ter me dado forças, coragem para enfrentar e passar por
todas as dificuldades que aqui encontrei, e que não foram poucas, pelas pessoas
que colocaste em minha vida.
Muito obrigada Senhor, só Tu és digno de toda honra e toda glória. Graças a
Ti posso dizer: EU VENCI.
Agradeço a Ti por ter me dado o presente mais precioso à pessoa mais
maravilhosa Edna (Binha) como mãe, que é a minha base, meu exemplo de mulher,
de mãe, de amiga, és vencedora. Obrigada pelo companheirismo, carinho e
dedicação, por me fazer a pessoa que sou, pelos momentos de paciência que teve
quando eu estava super estressada com os meus probleminhas (risos). Na verdade
não tenho palavras para te agradecer, simplesmente TE AMO!
Meu irmão, você também faz parte das bênçãos que Deus me deu, obrigada
pelos incentivos TE AMO!
A minha família, a Nilton valeu pelo incentivo, amo vocês.
Aos colegas que de forma direta ou indiretamente me ajudou incentivando a
nunca desistir, a Carol e Ana pela atenção que me deste, obrigada.
A Cleubes, quanta vez dedicou um pouco do seu tempo para me orientar nas
atividades que necessitava de uma atenção a mais. Muito obrigada moço.
Aos meus colegas de classe que também dedicou um tempinho para tirar
algumas duvidas, Keu, Izandra, Ariane e Shirley agradeço muito a vocês. Sem
esquecer o grupinho que desde o 1º semestre estava junto sempre que podia Silas e
Janilma valeu pela força. Sabemos que existiram desavenças, mas nada que nos
abalassem.
A turma do “paredão” Sandra, Mila, Tate e Juliana. Obrigada pela atenção.
Aos colegas da turma e do curso em geral que também dedicou um pouco do
seu tempo, fosse ele em casa, no trabalho ou até mesmo no buzu, muito obrigada
Alani, e aos meninos Américo e Beto.
Não poderia deixar de agradecer ao professor João pelos minutos de
atenção, compreensão e ao professor Reynaldo pela oportunidade e compreensão.
Possa ser que de repente tenha esquecido alguém, se isso aconteceu,
desculpas, mas tenha certeza que lá no fundo não me esquecerei da contribuição
que cada um deu para minha formação. Sempre agradecida!
Obrigada aos professores do curso que foram de fundamental importância
para essa realização. Ao meu orientador Cesar Leiro pela paciência e confiança.
Esse agradecimento ficou no fim, não por ter me esquecido, mas é por se
tratar de duas pessoas muito especiais e que hoje não posso tá dividindo esse
momento maravilhoso da minha vida com eles. Muito obrigada Silvio Avelar (in
memória) pelo carinho de pai que me deste, pelo companheirismo, pelas boas
regulagens, pelas caronas, pois sabia da real situação dos estudantes, sempre
agradecida.
E meu amigo Ricardo (in memória), como queria ter você aqui, infelizmente
não pôde fazer parte da minha rotina, mas se propôs a me ajudar desde o primeiro
momento que soube que passei no vestibular. Sinto muito a sua falta.
Esse é o momento em que se pudéssemos passaríamos o tempo todo
escrevendo, mas tem que encerrar só tenho a agradecer a cada um de vocês
UMA MULHER FORTE VERSUS UMA MULHER DE
FORÇA
Uma mulher forte malha todo dia para manter seu corpo em forma...
Mas a mulher de força constrói relacionamentos para manter sua alma em forma.
Uma mulher forte não tem medo de nada... Mas uma mulher de força demonstra coragem, em
meio a seus medos. Uma mulher forte não permite que ninguém tire o
melhor dela... Mas uma mulher de força dá o melhor de si a todo
mundo. Uma mulher forte comete erros e evita os mesmos
no futuro... A mulher de força percebe que os erros na vida
também podem ser bênçãos inesperadas e aprende com eles.
Uma mulher forte tem um olhar de segurança na face...
Mas uma mulher de força tem a graça. Uma mulher forte acredita que ela é forte o suficiente
para a jornada... Mas uma mulher de força tem fé que é durante a
jornada que ela se tornará forte.
(Autor desconhecido)
RESUMO
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de entender o futebol pela lente das relações de gênero na cidade de Pojuca na Bahia. A invisibilidade do futebol feminino na cidade também foi discutida no estudo. Como procedimentos metodológicos duas técnicas foram consideradas: entrevista semi-estruturada direcionadas a cinco mulheres vinculadas ao futebol local, sendo três veteranas e duas que estão iniciando no mundo do futebol. As questões buscaram captar as representações sociais a partir dos seguintes temas: preconceitos, apoio familiar, dificuldades encontradas para permanecer continuar jogando futebol, relação com a sociedade, participação em competições e importância do futebol na vida. Foi recorrente o reconhecimento da discriminação, falta de apoio familiar e preconceito social. O trabalho monográfico possibilitou o ingresso sistemático no complexo universo do futebol feminino pojucano e desenvolveu o gosto pela pesquisa, notadamente no futebol como fenômeno sócio-cultural. PALAVRAS-CHAVE: futebol, gênero, representações sociais.
ABSTRACT
This study was conducted in order to understand the football through the lens of gender relations in the city of Bahia Pojuca. The invisibility of women's football in the city was also discussed in the study. As methodological procedures were considered two techniques: semi-structured interview aimed to five women linked to local football, three and two veterans who are starting in the world of football. The questions sought to capture the social representations from the following themes: prejudice, family support, difficulties remain to continue playing football, relationship to society, participation in competitions and importance of football in his life. Appellant was the recognition of discrimination, lack of family support and social prejudice. The monograph systematically allowed entry in the complex world of women's football pojucano and developed a taste for research, especially in football as a socio-cultural phenomenon. KEYWORDS: football, gender, social resentations.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
FBF - Federação Bahiana de Futebol
FIFA - Fédération Internationale de Football Association (Federação Internacional de Futebol Associado) CND - Conselho Nacional de Desportos
CBD- Confederação Brasileira de Desportos CBF- Confederação Brasileira de Futebol IFAB- International Foot-ball Association Board
LISTA DE QUADROS
QUADRO I- TEMPO DAS ENTREVISTADAS NA PRATICA DO FUTEBOL 35 QUADRO II- REAÇÃO DA FAMÍLIA AO SABER DA PRÁTICA 36 QUADRO III- PARTICIPAÇÃO EM COMPETIÇÕES 37
QUADRO IV- REPRESENTAÇÃO DO FUTEBOL 38
QUADRO V- FORMA COMO A SOCIEDADE LIDA COM AS MULHERES PRATICANTES
39
QUADRO VI- PRECONCEITOS SOFRIDOS POR PRATICAR FUTEBOL 40
QUADRO VII- POR SER MULHER NÃO TEM CAPACIDADE DE JOGAR FUTEBOL ...................................................................................................................................40 QUADRO VIII- DIFICULDADE PARA PERMANECER PRATICANDO 41
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................ 12
2. ENTRANDO EM CAMPO................................................................................ 14
2.1 HISTÓRIAS DO FUTEBOL: ORIGEM E CHEGADA AO BRASIL E À BAHIA... ..................................................................................................................................14 2.2 O FUTEBOL NA SOCIEDADE BRASILEIRA.................................................17
3. CAMINHOS DO FUTEBOL FEMININO.......................................................... 20
4. BREVES CONSIDERAÇÔES SOBRE AS REPRESENTAÇÔES SOCIAIS..... 30
5. OBJETO DE ESTUDO E PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS.................. 33
6. FALAS E REPRESENTAÇÔES SOCIAIS: FUTEBOL FEMININO POJUCANO ................................................................................................................................. 35
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................. .....................................43
REFERÊNCIAS................................................................................................ 44
APÊNDICE.......................................................................................................... 49
APÊNDICE A- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO..... 49
APÊNDICE B- ROTEIRO DA ENTREVISTA... .................................................. 51
12
1 INTRODUÇÃO
Ao apresentar minhas primeiras palavras acerca do trabalho de conclusão de
curso importa registrar parte da minha justificativa acerca da opção pelo tema e
objeto de estudo. Meu envolvimento com o futebol gerou um ponto de vista pessoal
a partir de vivências no universo futebolístico.
Por ter sido jogadora e atualmente árbitra de futebol da Federação Bahiana
de Futebol (FBF) e em virtude da minha relação direta com esse contexto,
desenvolvi ao longo de todo meu curso de licenciatura em Educação Física e
especialmente na oportunidade da Oficina/disciplina - futebol o desejo de aprofundar
o tema. Desse modo, tomei a minha cidade como campo de observação e iniciei
minhas primeiras indagações acerca da dificuldade das mulheres de conseguir um
espaço no cenário futebolístico local e pouco a pouco fui com esforço acadêmico
ficando as bases para o presente texto monográfico.
O estudo decorre da constatação do espaço-tempo do futebol nitidamente
masculinizado e da evidente discriminação da prática desta modalidade por pessoas
do sexo feminino, o que consequentemente gera a desvalorização e falta de equipes
femininas no futebol pojucano, baiano e brasileiro.
Entender o patriarcado no esporte e as dificuldades enfrentadas para a
prática do futebol feminino é um desafio investigativo de gerações de pesquisadores.
Afirmar no meio esportivo os plenos direitos, independente do segmento social e do
gênero que pertence e lutar contra o preconceito e a discriminação, requer mais
estudos e dialogo com a realidade. O esporte e o futebol em particular ainda vivem
sob a dominação masculina e permanecem à margem dos avanços da sociedade
contemporânea.
O intento do presente estudo foi reconhecer e analisar a história, as
representações sociais e as relações de gênero no futebol feminino na cidade de
Pojuca Bahia, assim como estudar a história e discutir a invisibilidade do futebol
feminino, debater sobre as dificuldades enfrentadas para a prática do futebol
feminino na cidade de Pojuca.
A cidade escolhida para o estudo localiza-se na região leste da Bahia, a 70
km da capital baiana. Segundo IBGE (2010) possui uma população de 33.064
13
habitantes distribuídos num território de 290,11 km², com características de Mata
Atlântica (BIOMA) composta por pequenos distritos.
Para tanto, o texto relatório da pesquisa se constitui em um trabalho de
conclusão de curso (monografia) e conta com sete capítulos. No primeiro capítulo é
feita uma síntese geral sobre o delineamento da pesquisa. O capitulo seguinte,
acerca do futebol sua origem, chegada ao Brasil e a Bahia, seguido pelo fenômeno
que é o futebol para sociedade brasileira. No terceiro capítulo daremos ênfase à
participação das mulheres nos esportes de modo geral, que até então estava restrita
a arquibancada, onde as mesmas posteriormente conseguiram adentrarem e
permanecer até os dias atuais. No capítulo a seguir refere-se às representações e
sociais seus conceitos. No capítulo subsequente trata-se dos métodos adotados
para a construção e o desenvolvimento do trabalho. No sexto capítulo trago as
entrevistas com análise dos dados que foram coletados na pesquisa de campo.
Finalizo no sétimo capítulo apresentando as minhas considerações finais.
14
2. ENTRANDO EM CAMPO
Este capítulo aborda a origem do futebol e a sua chegada ao Brasil e à Bahia,
relatando fatos e acontecimentos a cerca do esporte. Posteriormente há uma
abordagem a respeito da representação social desse esporte para o povo brasileiro.
2.1 Histórias do Futebol: origem e chegada ao Brasil e à Bahia
Futebol, palavra que mobiliza o mundo. É um fenômeno mundial, graças a
sua simplicidade e linguagem de fácil compreensão, fez com que esse esporte se
tornasse a paixão de muitas nações. Praticado em quase todos os países do mundo,
sua simples forma de jogar é contagiante.
No decorrer da história podemos perceber as divergências entre historiadores
que se propuseram a esclarecer as origens desse fenômeno mundial. Para muitos o
futebol teria iniciado na Inglaterra, embora se tenha relatos desse jogo desde os
primórdios, em várias culturas antigas.
Muitos são os que afirmam que as origens do futebol se perdem no tempo. Supostamente, tais origens estariam situadas entre os Maias, que praticavam um jogo com a cabeça dos adversários derrotados; ou entre Egípcios, que se divertiam com uma brincadeira na qual tinham que chutar a bola; e talvez na China, onde existiram indícios de um jogo muito parecido com o futebol moderno [...]. (MELO, 2000, p.13)
Sendo assim, segundo Eça (2009) um desses registros foi encontrado na
China, onde os militares chineses praticavam um jogo que na verdade era um treino
militar. O qual depois das guerras formava equipes para chutar a cabeça dos
soldados inimigos.
Por volta do século 1.a.C, na Grécia existia um jogo que se chamava
Episkiros. Neste jogo, soldados gregos dividiam-se em duas equipes com nove
jogadores em cada. Esses jogos ocorriam na cidade grega de Esparta e os
jogadores também eram militares e usavam uma bola feita de bexiga de boi cheia de
areia ou terra (SILVA, 2005). Ainda segundo o mesmo autor, na Idade Média existia
um esporte muito parecido com o futebol, embora usasse muito a violência. Era o
15
Soule ou a Harpastum que era praticado pelos militares que se dividiam em duas
equipes: atacantes e defensores. Nesse esporte era permitido usar socos, ponta
pés, rasteiras e outros golpes violentos.
Silva (2005), também afirma que na Itália Medieval surgiu um jogo
denominado gioco del calcio, que era praticado por vinte e sete jogadores de cada
equipe nos quais deveriam conduzir a bola até os dois postes que ficavam nos
cantos extremos da praça. O giogo de calcio saiu da Itália chegando à Inglaterra por
volta do século XVII e lá ganhou regras diferentes foi organizado e sistematizado.
Com regras claras e objetivas agora já sendo o futebol como é conhecido na
atualidade aos poucos foi se popularizando. Como esporte moderno o futebol foi
criado na Inglaterra ganhando regras diferentes e com organização mais evidente.
No ano de 1848, uma conferencia em Cambridge estabeleceu um único código de
regras para o futebol. Em 1871 foi criada a figura do guarda redes (goleiro) que seria
o único que poderia colocar as mãos na bola e poderia ficar próximo ao gol para
evitar a entrada da mesma. E em 1875 foi estabelecida a regra do tempo de noventa
minutos (SILVA 2005). Percebe-se que foi na Inglaterra que esse jogo se difundiu,
foi organizado e sistematizado.
De acordo com Melo (2000) “foi nesse país, que as antigas práticas da
população começaram a se organizar enquanto um campo relativamente autônomo,
com uma lógica interna específica, um calendário próprio, um corpo de técnicos
especializados [...]”. Onde o mesmo autor afirma que os primórdios dos esportes, em
geral, lá podem ser encontrados.
Após a fundação da Foot-ball Association ele teria, porém, um crescimento
vertiginoso. A princípio atraindo a camada de trabalhadores especializados, logo se
alastraria entre parcelas mais amplas do operariado mantendo-se a maior parte dos
atletas proletariados, servindo de elemento de identidade da classe. Nesse meio
tempo o futebol toma uma proporção onde para Pereira (2000, p. 26)
O futebol se tornava em assunto predileto das conversas de bar, unindo trabalhadores em torno da paixão comum pelo seu time ou dividindo-se em comunidades rivais, como acontecia em cidades maiores como Manchester e Nottingham.
Por sua rápida proliferação foi necessário que se criasse uma entidade que
viesse dar um sentido, uma harmonia ao esporte tão praticado em toda a Europa. É
16
nesse sentido que de acordo com o referido autor surgiu em 1886 a International
Foot-ball Association Board (IFAB) que pretendia orientar e uniformizar a pratica do
futebol, não só na Inglaterra, mas nos outros países pelos quais ele se espalhava.
Não demorando muito para chegar ao Brasil, para alguns autores entre ele
Silva (2005), afirma que o protagonista do futebol no Brasil foi inglês Charles Miller,
que após anos de estudo na Inglaterra, volta ao seu país de origem em 1894,
trazendo consigo não apenas bolas de futebol, mas a experiência e vontade de
continuar praticando o esporte que aprendeu durante os seus estudos na Banister
Court School, de Southampton.
De acordo com Melo (2000, p. 20) somente em 1895, Charles Miller
conseguiu convencer seus pares a exercitar mais efetivamente o futebol, não sendo
uma tarefa fácil convencê-los, pois estavam muito envolvidos com outros esportes.
No de 1895 foi criada a primeira Associação Atlética Mackenzie fundada por
estudante do Colégio Mackenzie com a intenção especifica de jogar futebol. Logo
aparecem outros clubes em vários Estados do país. O primeiro time a se formar no
Brasil foi o São Paulo Athletic, fundado 1896. Seguido pelo o Sport Club
Internacional, o S.C Germânia, o S.C Rio Grande e a Associação Atlética Ponte
Preta. (MÁXIMO, 1999)
Como aconteceu em São Paulo o futebol foi difundido no Rio de Janeiro
também por meio de um estudante, Oscar Cox trouxe o futebol da Suíça 1897. “Na
expectativa de conseguir juntar na sociedade contingente de jogadores de futebol
necessário para sua pratica, Cox passou a agitar uma boa parte da juventude
estudantil carioca, promovendo jogos e tentando despertar o interesse de seus
amigos” (PEREIRA, 2000).
Apesar das dificuldades, ele conseguiu reunir um pequeno grupo para
praticar o esporte, Cox organizou os primeiros jogos dos paulistas contra cariocas,
acontecendo duas partidas, que terminaram empatadas (2 x 2 e 1 x 1). Em 21 de
julho de 1902, Cox fundou o Fluminense Futebol Clube (PEREIRA, 2000).
Nessa mesma época, outros Estados como Bahia, Minas Gerais e Rio
Grande do Sul davam seus primeiros passos no novo esporte. Com essa grande
proliferação do esporte no país não demorou muito para o futebol brasileiro se
organizar, para tanto foi fundada em 1914 a Federação Brasileira de Sport, que dois
anos mais tarde passou a ser chamada de Confederação Brasileira de Desportos.
17
Em 1923 a CBD vinculou-se à FIFA maior órgão mundial de futebol1. Anos depois
precisamente em 1979, a CBD passou a se chamar Confederação Brasileira de
Futebol (CBF) que é responsável por todas as competições realizadas no país.
Assim o futebol, passou a ser um dos esportes mais populares no mundo,
praticado em centenas de lugares, inclusive no Brasil. Mesmo sendo um esporte
supostamente oriundo da Inglaterra o futebol teve e tem grande repercussão no
Brasil.
Após ter fincado suas raízes nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro o
futebol chega à Bahia. Segundo Café (1930) por volta de 1901 o futebol foi
introduzido nesse Estado através do jovem Zuza Ferreira, que saiu da Bahia com
objetivo de estudar na Europa, anos depois retorna ao país trazendo consigo uma
bola de couro e seus conhecimentos referentes ao futebol. Fomentando as primeiras
partidas junto com seus amigos da alta sociedade da cidade. Vale ressaltar que
antes do futebol ter sido inserido na Bahia por Zuza Ferreira, no Estado já existia
uma equipe o Club de Cricket Victoria fundado em 13 de maio 1889, hoje o atual
Esporte Clube Vitória.
Em pouco tempo cresceu significativamente o número de adeptos e jogadores
desse esporte, fazendo-se necessário o surgimento de ligas futebolísticas. Em 19132
precisamente em 14 de setembro foi fundada a Liga Bahiana de Desportos
Terrestres, hoje, a atual Federação Bahiana de Futebol, que rege as principais
competições da Bahia, fomentando e difundindo o esporte em todo Estado. A sua
principal competição profissional é o Campeonato Baiano de Futebol, o mais antigo
do Nordeste, disputado desde 1905. Além disso, a Federação patrocina anualmente
o Campeonato Intermunicipal, campeonato baiano infantil e juvenil, copa governador
do estado e campeonato baiano feminino, entre as diversas associações de futebol
dos municípios baianos.
2.2 O futebol na nociedade brasileira
1 Informações encontradas no blog portal são Francisco.
2 De acordo com o site da Federação Bahiana de Futebol, 2012.
18
O futebol está largamente enraizado na cultura humana, se caracterizando
um elemento de produção cultural. É apenas um dos espelhos da nossa sociedade.
O futebol é mais do que podemos imaginar, uni o país além da língua, por se tratar
de um fenômeno social que retrata e expressa à sociedade brasileira das mais
variadas formas, estimulando comportamentos/sentimentos seja ele de ódio, prazer,
supertição superação, etc. por estar diretamente relacionados com situações do dia-
a-dia.
Alem de outras praticas típicas do Brasil como o carnaval, e os rituais
religiosos, o futebol pode ser visto como um veículo para uma série de
dramatizações da sociedade brasileira.
O brasileiro se identifica com as problemáticas oferecidas pelo jogo, as adversidades, as alegrias, a superação, por relacioná-las com as situações cotidianas de sua vida. E isto é perceptível pela forma de expressar-se do brasileiro em certas ocasiões típicas (DA MATTA, 1982 apud DAOLIO, 2005).
Ainda de acordo com os autores:
O brasileiro traz em sua dinâmica cultural, características mágicas, religiosas, supersticiosas, crendices etc. e se o futebol expressa e espelha essa cultura o futebol também apresenta essas características. (DA MATTA apud DAOLIO 2005)
Dessa forma não há duvida de que o futebol se constitui numa manifestação
cultural brasileira. Deste modo, o esporte pode ser visto até como um agente de
integração social. Isso acontece porque o mesmo pertence a todas as camadas
sociais do Brasil. Não importando se é amigo ou não, se é pobre ou rico, preto ou
branco todos estão em busca do mesmo objetivo, resultado positivo da equipe.
No Brasil o futebol incorporou a cultura com tanta proporção que ele passou a
ser classificado entre os ícones da cultura brasileira. È identificado como parte
integrante do “ser nacional”, eterno mobilizador de paixões. (KNIJNI;
VASCONCELOS, 2003, p. 167).
É perceptível que esse esporte é uma prática social que expressa à
sociedade, com todas as suas aspirações mais antigas, seus desejos mais
19
profundos e suas contradições mais camufladas, sendo considerado membro
legítimo do país penetrando na vida da população brasileira e também no espírito de
cada cidadão.
20
3 CAMINHOS DO FUTEBOL FEMININO
O futebol é o fenômeno sócio - cultural mais praticado do mundo. Basta uma
bola, equipes de jogadores e as traves, para que, em qualquer espaço, crianças e
adultos possam se divertir com o futebol.
Ao longo da história fica evidente que o futebol é um dos esportes mais
populares no mundo. Sendo praticado em centenas de países, graças ao seu jeito
simples de jogar, mobilizando as pessoas em termo de paixões e interação social,
oferecendo oportunidade ímpar de prática cotidiana graças a sua simplicidade de
vivência em campos, quadras, terrenos de várzeas etc.
O futebol é representado como uma prática culturalmente associada ao
homem. Tendo o seu universo caracterizado desde sua origem, como um espaço
eminentemente masculino. Sendo assim a virilidade virtuosa do esporte é
freqüentemente ressaltada pela sentença "futebol é coisa para macho" ou, em uma
versão pouco menos rude, "coisa para homem".
No tocante a prática o esporte tem suas raízes fincadas no universo machista,
dito de outra forma, o futebol é um esporte predominantemente masculino. Nessa
perspectiva, o homem estaria apto à prática segundo padrões físicos: resistência
física, virilidade e músculos fortes, o que supostamente justificaria a ausência da
mulher no futebol. Conforme Goellner (2000, p. 81), [...] a pratica do futebol pelas
mulheres recaem, na maioria das vezes, na justificativa de que esse é um esporte
que, além de ser considerado violento, requer um nível apurado e preparação física
e técnica. Portanto é um jogo para machos, que pode vir a ferir o corpo feminino,
principalmente no que diz respeito à sua saúde reprodutiva e ao seu aspecto
estético.
Tal postulado se desenvolve no bojo da caracterização da mulher como um
ser dócil, frágil e incapaz de jogar esportes de contato. Mas felizmente nas últimas
décadas as mulheres vêm conquistando espaços em que eram ocupados somente
por homens em diversos segmentos sociais e no mundo do esporte não têm sido
diferente. Ainda assim, a participação feminina nos esportes está longe de ter o
mesmo espaço social e midiático dedicados aos homens.
21
Essa lógica discriminatória dificulta historicamente a presença da mulher no
universo econômico e cultural do futebol e reforça padrões estereotipados.
Contudo o quadro está mudando e no Brasil cada dia mais as mulheres vêm
ocupando como jogadoras, árbitras, técnicas e dirigentes um lugar de relativo
destaque. Já existe liga de futebol feminina e diversas competições regionais,
nacionais e internacionais.
A sociedade humana historicamente, muda conforme o padrão de
desenvolvimento da produção, dos valores e normas sociais. É nesse contexto que
surgiram as sociedades patriarcais fundadas no poder do homem, do chefe de
família. Uma prova disso está registrada na bíblia sagrada que em um dos seus
capítulos faz referências à mulher que deve ser submissa ao homem.
“Disse à mulher multiplicarei os teus trabalhos (especialmente os de teu
parto). Darás à luz com dor os filhos e estarás sob o poder do marido e ele te
dominará [...]”. (Gênesis, 3;16).
Todavia a sexualidade da mulher foi sendo cada vez mais submetida aos
interesses do homem, tanto no repasse dos bens materiais através da herança,
como na reprodução da sua linhagem, percebe-se este fato nas sociedades
primitivas em que nessas formações sociais:
Ser mulher nunca depende simplesmente da ordem natural, mas sempre, ao mesmo tempo, da ordem simbólica; em particular, o que dá à moça a condição de mulher não é o sexo anatômico, nem a perda da virgindade, nem o casamento, mas essencialmente, a fecundidade. Assim, a mulher reconhecida como estéril não é considerada uma verdadeira mulher. (LIPOVETSKY, 2000, p. 105)
Sendo assim a função da mulher foi sendo cada vez mais de submissão e
inferiorização diante dos homens tendo a sua vida restrita ao mundo doméstico,
tornando-se cada vez mais submissa ao pai, ao irmão ou ao marido. Porém com a
industrialização ocorrem várias transformações na vida das mulheres.
As mudanças sociais provocadas pelo desenvolvimento das sociedades modernas, urbanas e industrializadas fizeram com que as mulheres, além de ocupar expressivo lugar no mercado de trabalho, pudessem dedicar-se a outros interesses afora a maternidade, sua função mais importante na sociedade patriarcal tradicional. (MOURÃO, 2003, p.124 e 125).
22
Nesse período o trabalho feminino se divide em o trabalho nas fábricas e o
trabalho doméstico. A mulher foi incorporada subalternamente ao trabalho fabril.
Pois anterior a esse período a ela cabia cuidar da sua família, dos afazeres
domésticos e também do trabalho remunerado, onde a diferença biológica entre
homens e mulheres fortalecia a desigualdade entre ambos, sendo as mulheres
vistas como menos capazes do que os homens.
“Com base na genética da época, tudo que exigisse força, rapidez e
resistência não era apropriado para o sexo feminino [...]”. (OLIVEIRA; POLIDORO;
SIMÕES, 2008). Os valores morais impostos às mulheres durante muito tempo
dificultaram a luta pelo direito de igualdade.
No Brasil na década de 1970 segundo Bessa (2007), a mulher passa a
ingressar de forma mais acentuada no mercado de trabalho, ainda que as atividades
ocupadas por elas fossem relacionadas aos serviços domésticos e com menores
remunerações.
[...] com predomínio para as funções mais simples, no chão da fábrica e nas funções subalternas do comércio. Entretanto, o crescimento do percentual feminino de participação nos cargos mais elevados é lento e pouco alentador. (VOTRE; VIGNER; LACERDA 2008, p. 55).
A mulher vai conquistando aos pouco a igualdade jurídica, o homem deixa de
ser o chefe da família e a mulher passou a ser considerada tão capaz quanto o
homem. Processo que começou lá na revolução industrial, quando a mulher deixa
de estar centrada exclusivamente na reprodução e no lar. Segundo Macedo e
Simões:
A partir do advento da Revolução Industrial e da luta de classe, o posicionamento de igualdade se estendeu à ala feminina, facilitando o acesso à educação, o direito ao voto, ao trabalho, ao prazer, à liberdade de expressão e à ascensão social, ideológica, econômica e política. (MACEDO; SIMÕES. 2003, p. 214).
Mas foi nas fábricas que de fato nasceu à luta das mulheres por melhores
condições sendo ela na jornada de trabalho e conseqüentemente também no
direito ao voto. E as mudanças sociais provocadas pelo desenvolvimento das
sociedades modernas, urbanas e industrializadas fizeram com que as mulheres,
além de ocupar expressivo lugar no mercado de trabalho, pudessem dedicar-se a
outros interesses, em especial a pratica de atividade física e ao esporte. Porém a
23
sua luta não se resume apenas em igualdade social trabalhista, uma vez que
fortalecida a relação intima entre esporte e masculinidade, os preconceitos face
às mulheres esportistas cruzam as fronteiras das mais variadas formas de
preconceito, onde, as evidências culturais, morais e éticas realçam que as
mulheres eram incapazes de apresentar um desenvolvimento esportivo ou
qualquer atividade física e atlética. De acordo com Moreira e Silva (2008, apud
LIMA, p. 5, 2001) “[...] a construção cultural do corpo feminino como decorrência
de um fato social revela o processo de dominação e adestramento dos instintos
sexuais do indivíduo”.
Pois, mesmo que as mulheres participassem de alguns eventos esportivos, os
temores à desmoralização feminina frente à exibição e espetacularização do corpo
se traduziam num fantasma a rondar as famílias brasileiras, em especial, as da elite.
A prática esportiva, o cuidado com a aparência, o desnudamento do corpo e o uso
de artifícios estéticos, por exemplo, eram identificados como impulsionadores da
modernização da mulher e da sua autoafirmação na sociedade e, pelo seu contrário,
como de natureza vulgar que a aproximava do universo da desonra e da
prostituição.
Portanto para avaliar a participação da mulher no cenário esportivo é
necessário analisar desde a sua origem histórica, já que nos tempos primitivos o
esporte ao confundir-se com os rituais religiosos e de caça envolvia a participação
da mulher.
Na Grécia Antiga (776 a.C a 393 d. C) acontecem os primeiros jogos
olímpicos, considerado o evento esportivo mais importante do planeta, onde a
participação da mulher era proibida, uma vez que se acreditava que atividade física
vigorosa poderia deteriorar sua saúde e afetar sua capacidade de ter filhos (COI,
1990 apud. SIMÕES, 2003, p.155). Mas essa realidade muda e “nas Olimpíadas de
Atenas, em 1896, a presença da mulher esteve restrita às arquibancadas [...]”.
(OLIVEIRA; POLIDORO; SIMÕES, 2003, P.181). Percebe-se então que mesmo
havendo uma evolução em relação a sua participação nos esportes ainda que de
forma indireta, a mulher continuava sem acesso aos locais que tivesse ocorrendo
algum esporte.
Durante a Idade Média as mulheres ainda eram proibidas de participarem dos
esportes, mas com o Renascimento elas passam a praticar algumas atividades
esportivas ainda que de forma receosa.
24
Por certo que a prática esportiva feminina não é novidade deste século nem
do século passado, no entanto, é somente a partir das primeiras décadas do século
XX que as mulheres conquistaram maior espaço neste território tido com
essencialmente masculino. Depois de sua participação em esportes competitivos
que aconteceu nos jogos olímpicos de 1900. (MOURÃO, 2003, p.127) “[...] nos jogos
Olímpicos de Paris, dezenove atletas romperam esse mito cultural e competiram em
dois esportes: tênis e golfe”. Apesar de não ter se consolidado de forma tranquila,
muito menos fácil, possibilitou certa visibilidade à imagem da mulher atleta no
esporte moderno. Assim Simões et al (2003, p. 105), justifica que:
O esporte moderno, herdeiro das tradições míticas, tem em si o poder de facilitar a participação feminina. A retrospectiva desse processo passa também pela inserção da mulher no mercado de trabalho, cuja participação é delineada pelo poder das instituições dentro dos novos paradigmas sociais, ideológicos, econômicos, e políticos.
Autorizadas a fazer parte deste evento, apenas na sua segunda edição,
mesmo sob protesto de alguns de seus idealizadores, cujas intervenções no âmbito
da organização das competições, direcionavam-se para que elas apenas
assistissem aos jogos e não deles participassem.
Um desses idealizadores dos jogos olímpicos o Barão de Coubertin, o qual
declarou que:
[...] a presença das mulheres nos estádios resultava num aspecto antiestético, pouco interessante e incorreto, exceto para a função que lhes correspondia “coroar o vencedor com as guirlandas do triunfo”. (FERRANDO apud OLIVEIRA et al POLIDORO, 2003, p.181).
Mas aqui no Brasil ainda na década de 50 do século XX:
Às mulheres não se recomendava correr nem fazer atividade física alguma, como exercícios e esportes, até a década de 50 do século passado. O senso comum era que os esportes e particularmente suas conseqüências, como a melhor definição muscular, o aumento da capacidade de respiração e a diminuição da gordura corporal, afastavam a mulher de seu destino “natural” – casamento e procriação. (ALONSO, 2003, p.37).
No entanto, as mulheres chegaram ao final do século XX ainda lutando, com
muito charme e garra por uma maior participação feminina no esporte.
25
Uma vez admitida à inserção da mulher no contexto sócio-esportivo,
competitivo e em quase todas as modalidades a participação da mesma torna-se
significativa, ainda que consideravelmente menor que a dos homens. Para Simões
(2003).
[...] as evidentes diferenças biológicas entre homens e mulheres estariam socialmente associadas às ideias de fragilidade física feminina e de grandeza física do homem, fator que fortalece o domínio do homem no âmbito esportivo, principalmente nos esportes de contato físico que são considerados agressivos, como por exemplo, o futebol.
Considerado o futebol um esporte altamente masculino e inadequado à
biologia feminina, por exigir resistência viril e músculos fortes, sendo assim, foi
negado à mulher por muito tempo a possibilidade da prática dessa modalidade
esportiva. Pois, “dizem alguns que a mulher que pratica o futebol se masculiniza,
deixando de lado aquilo que é seu maior encanto e que a diferencia do “sexo forte” a
sua feminilidade”. (GOELLNER, 2000, p.85).
Pensado da mesma forma Ballaryni (1940 apud GOELLNER, 2005)
Acredita que com todas as qualidades morais que todos os esportes coletivos desenvolvem, o futebol pela sua natural violência é um exacerbador do espírito combativo e da agressividade, qualidades incompatíveis com o temperamento e o caráter feminino.
Percebendo que a questão de exclusão da mulher em alguns esportes, como
no caso do futebol, não seria somente machismo da forma pejorativa que se é
colocado algumas vezes, mas sim um aspecto sócio cultural e até mesmo histórico,
por se tratar de um esporte violento onde não combinaria com a delicadeza e
suavidade da mulher.
A conquista de um espaço maior para as mulheres no esporte, só foi possível
graças ao esforço de atletas que lutaram e lutam para quebrar recordes e
preconceitos. Tornado essas conquistas esportivas em conquista sociocultural, uma
vez que o universo do futebol é caracterizado desde sua origem, como um espaço
eminentemente masculino.
Segundo Martins e Moraes (2007, p 72 apud MORENO, 1999, p. 49) a FIFA
afirmam que a primeira partida de futebol feminino realizada no mundo ocorreu na
Inglaterra em 1880. Já a Federação Inglesa de Futebol Feminino afirma que o
primeiro jogo feminino ocorreu em 1895.
26
Antagonicamente a isso Borges (2005), relata que a primeira partida de
futebol feminino ocorreu em 1898, em um jogo entre Inglaterra e Escócia em
Londres. Gerando um desencontro de informações no que concerne ao período em
que aconteceu à primeira partida de futebol feminino.
Já no Brasil ao autor confirma que a primeira partida de futebol feminino
aconteceu em 1921, em São Paulo, por jogadoras de Santa Catarina e Tremembé.
Sendo que o inicio do futebol feminino no Brasil também é marcado por
muitas controvérsias, segundo Eça (2009) em uma edição do Jornal do Brasil
sugeria que foi nas praias do Rio de Janeiro que ocorreu às primeiras partidas de
futebol feminino.
O futebol, porém, ficou proibido para as mulheres durante a década de 1940
no governo de Getúlio Vargas. O governo este que estava preocupado com o
melhoramento da raça, onde, a mulher tinha um papel fundamental, responsável
pela geração de nova raça (EÇA, 2009). Mesmo com essa proibição era inevitável o
crescimento de clubes de futebol feminino, vendo o crescimento da prática
futebolística entre as mulheres um cidadão indignado envia uma carta para o
presidente Getúlio Vargas com as seguintes inquietações:
[...] Sem se levar em conta que a mulher não poderá praticar êsse esporte violento, sem afetar, seriamente, o equilíbrio fisiológico das suas funções orgânicas, devido à natureza que dispoz a ser mãe... Ao que dizem os jornais, no Rio, já estão formados, nada menos de dez quadros femininos. Em S. Paulo e Belo Horizonte também já estão constituindo-se outros. E, neste crescendo, dentro de um ano, é provável que, em todo o Brasil, estejam organisados uns 200 clubes femininos de futebol, ou seja: 200 núcleos destroçadores da saúde de 2.200 futuras mães que, além do mais, ficarão presas de uma mentalidade depressiva e propensa aos exibicionismos rudes e extravagantes. (José Fuzeira, carta datada em 25/04/1940 In- SUGIMOTO, Luiz. Eva futebol clube, 2003).
Fortalecendo o que seria lei no ano seguinte, pois a ideia Eugenista de
Vargas dominou o campo da educação física que procurava definir quais tipos de
movimentos, exercícios e cargas físicas as mulheres poderiam vivenciar, para que
não viesse causar lesões, principalmente nos órgãos de reprodução. De acordo com
o decreto (Decreto-Lei 3.199) Art. 54
Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do
27
país. (Decreto-lei 3.199 14 de abril de 1941, Conselho Nacional de Desportos).
E somente em 1981 que o Conselho Nacional de Desporto (CND) revogou a
lei que proibia as mulheres de jogarem futebol (EÇA, 2009).
O Conselho Nacional decide:
A legislação, do mesmo modo que os especialistas contribuíram para que o processo de entrada da mulher no esporte mais praticado no país se desse apenas no final da década de 80. E durante a ditadura militar o CND (Conselho Nacional de Desporto), através da resolução número 7/65, proibiu as mulheres de praticarem lutas, futebol, pólo aquático, pólo, rugby e baseball. Somente em 1986 o CND reconheceu a necessidade de estímulo à participação das mulheres nas diversas modalidades esportivas do país. (CASTELLANI, 2002 apud DARIDO).
No entanto as mulheres foram de fundamental importância para o
crescimento do futebol no Brasil. Não sendo diferente aqui no Brasil em que o
futebol é uma prática social que expressa à sociedade, com todas as suas
aspirações mais antigas, seus desejos mais profundos e suas contradições mais
camufladas, sendo considerado membro legítimo do país penetrando na vida da
população brasileira e também no espírito de cada cidadão.
Mesmo existindo uma resistência ao futebol feminino no Brasil, podemos
perceber que já existem competições e equipes de grandes nomes que investem
nesses talentos. Apesar de que a mídia esportiva pouco espaço confere ao futebol
feminino e quando o faz, geralmente, menciona não tanto os talentos esportivos das
atletas, árbitras ou treinadoras, mas a sua imagem e o seu comportamento.
Diferentemente dos Estados Unidos onde o futebol é coisa de menina.
Predominância total nas escolas e faculdades.
O futebol feminino nos Estados Unidos tornou-se uma área reservada feminina, reforçando a idéia de que o futebol “é coisa para mulher” bem diferente das concepções brasileiras, argentinas, italianas e inglesas, que utilizam o universo futebolístico como área reservada à classe masculina” (MOURA, CUNHA, 2008)
Visto que essa cultura preconceituosa contra mulher praticante de futebol não
é existente apenas em nosso país. No entanto as brasileiras destacam-se por seu
28
gingado, driblando as dificuldades e a falta de apoio da mídia e de autoridades
competentes na incansável busca pelo seu espaço no cenário mundial futebolístico.
Prova disso é a jogadora Marta eleita por cinco vezes consecutivas a melhor
jogadora do mundo.
Levando em consideração que no Brasil as instituições que regulamentam e
direcionam o futebol e os clubes não oferecem uma estrutura organizacional
adequada à prática do futebol feminino, não havendo incentivos estruturais e
financeiros, fazendo com que haja um número pequeno de adeptas a esta prática,
dispostas a investir numa carreira.
E é na busca do reconhecimento que o futebol feminino tem crescido
significativamente também na Bahia. De acordo com Eça (2009), segundo o técnico
da equipe do São Francisco do Conde Esporte Clube, Mário Augusto Filgueiras,
somente na década de 50 é que o futebol feminino se inicia na Bahia, com duas
equipes pioneiras, o Vitoria e o Ypiranga. No entanto, nessa época não existiam
campeonatos, apenas alguns amistosos entre os times, sempre de forma amadora.
Mas é na década de 80 que surgem mais duas equipes, Bahia e Catuense. A
Bahia é um “celeiro” de fazer atletas, foi da Bahia que saíram grandes atletas para o
futebol feminino brasileiro e internacional. Entre elas se destaca a meio de campo
Sissi que era a principal referência do futebol feminino daquela época atuando em
três Copas do Mundo (1991, 1995, 1999) e duas Olimpíadas (1996 e 2000) pela
seleção brasileira de futebol. A mesma. Tendo como companheiras de equipe as
baianas: Nenê, Taffarel, Elaine, Formiga, Tânia, Didi e Kátia, representando o Brasil
na Olimpíada de Atlanta, em 1996. O Brasil ficou em 4º lugar nos jogos.
Mesmo com a falta de patrocínios e a existência de preconceitos que
começam dentro de casa, o futebol feminino na Bahia hoje é contemplada com o
campeonato baiano de futebol feminino desenvolvido pela Federação Baiana de
Futebol (FBF) desde 1998 e que permanece até os dias atuais, fazendo valer a
importância da mulher no cenário futebolístico.
De acordo com a FBF (2011) atualmente na Bahia existem oito (08) equipes
femininas que disputam o campeonato baiano, entre elas ABRUP Esporte Clube,
Associação Desportiva Independente, Associação Desportiva Lusaca, Esporte Clube
Bahia, Esporte Clube Estrela de Março, Esporte Clube Vitória, Flamengo de Feira
Futebol Clube e São Francisco Esporte Clube, destaque para a equipe do São
29
Francisco do Conde que conquistou grande parte dos torneios, atual campeã em
2010 e na edição 2011. Vale ressaltar que dessas oito (08) equipes uma (01) o
Vitória é a pioneira do futebol baiano.
Nos anos de 1980 o esporte moderno, já se fazia parte da cultura das cidades
brasileiras. Em Pojuca não seria diferente, é nesse contexto que o futebol feminino
se inicia na cidade e tenta se firmar até os dias atuais no cenário futebolístico do
município, logo, no cenário baiano.
Muitas foram às iniciativas para ascensão e divulgação do futebol feminino
em nosso município, segundo informações a primeira equipe de futebol feminino na
cidade surgiu por volta de 1982 com a equipe Grêmio feminino, que era coordenada
pelo senhor Alfredo porto (o São Paulo). Esse time foi formado por motivação das
meninas que o procuravam para treiná-las. Suas principais competições eram os
amistosos que aconteciam na cidade ou cidades vizinhas como: Catu, Alagoinhas,
Mata de São João entre outras.
Posteriormente foram surgindo novas equipes no município, em 1994 surgi o
Esporte Clube Estrela Doura comandada por Geilson Nicolau, logo, em 1996 o
senhor Osvaldo profeta também forma sua equipe com o nome de Base do Plana.
Três anos depois surge mais uma equipe que tinha como representante dona
Rozimeire (Meire) ex- atleta na década de 80, período em que o futebol feminino
nascia em Pojuca, sua equipe era formada basicamente por suas irmãs, primas,
sobrinhas e outras meninas da cidade.
O futebol feminino no município é um espaço muito procurado, diante do
desejo pela pratica desse esporte foi criada mais uma equipe em 2007, sendo essa
escolinha Independente, ministrada pelo senhor Eduardo (Dada). A equipe se
manteve por apenas oito meses, chegando ao fim em agosto de 2008. Atualmente
no município existe uma equipe de futebol feminino formada por mães moradoras do
bairro do Pau D’ Arco, onde a equipe tem como objetivo ter uma seleção que
represente o município em competições estaduais.
30
4. BREVES CONSIDERAÇÔES SOBRE AS REPRESENTAÇÔES
SOCIAIS
As representações sociais, segundo definição clássica apresentada por
Jodelet apud Petter e Moreira (2012), são modalidades de conhecimento prático
orientado para a comunicação e para a compreensão do contexto social, material e
ideativo em que vivemos.
São, consequentemente, formas de conhecimento que se manifestam como
elementos cognitivos — imagens, conceitos, categorias, teorias —, mas que não se
reduzem jamais aos componentes cognitivos. Sendo socialmente elaboradas e
compartilhadas, contribuem para a construção de uma realidade comum, que
possibilita a comunicação. Ratificando essa ideia Moscovici apud Santos (2012) diz:
A sociedade proporciona aos indivíduos os conceitos e as matrizes com as quais pensam e constroem suas representações sociais, sendo esta uma organização ativa de imagens e de linguagem que simboliza atos que se convertem em comuns, e cujo papel é dar forma ao que provem do exterior, remodelando e reconstruindo seus elementos São deste modo, uma modalidade particular de conhecimento cuja função é a elaboração dos comportamentos e a comunicação entre as pessoas (MOSCOVICI apud SANTOS, 2012).
Deste modo, as representações são, essencialmente, fenômenos sociais que,
mesmo acessados a partir do seu conteúdo cognitivo, têm de ser entendidos a partir
do seu contexto de produção, ou seja, a partir das funções simbólicas e ideológicas
a que servem e das formas de comunicação onde circulam.
As representações sociais, tal como foi desenvolvida por Serge Moscovici e
por Jodelet, está ligada à Psicologia Social, disciplina que segundo Durkheim:
[...] A psicologia social, cuja tarefa seria defini-las, não é nada mais que uma palavra descrevendo todo tipo de variadas generalizações, vagas, sem um objeto definido como foco. O que é necessário é descobrir, pela comparação de mitos, lendas, tradições populares e linguagens, como as representações sociais se atraem e se excluem como elas se mesclam ou se distinguem etc. (DURKHEIM, apud MOSCOVICI 2003, p. 41 a 42).
Sendo assim, para Moscovici (2003) a tarefa principal da psicologia social é
estudar tais representações, suas propriedades, suas origens e seu impacto. Pois
sendo uma forma de conhecimento, as representações sociais constituem uma
31
vertente teórica da Psicologia Social que faz contraponto com as demais correntes
da filosofia, da história, da sociologia, ou seja, “a sociologia vê, ou melhor, viu as
representações sociais como artifícios explanatórios, irredutíveis a qualquer analise
posterior”. (MOSCOVICI, 2003, p. 45). E da Psicologia Cognitiva que se debruçam
sobre a questão do conhecimento. Na Psicologia Social, o conceito de
representações sociais adquiriu uma importância muito grande. Este conceito alude
às formas de familiarização com setores do mundo estranhos a nós, constituindo-se
de “uma série de proposições que possibilita que coisas ou pessoas sejam
classificadas, que seus caracteres sejam descritos, seus sentimentos e ações sejam
explicados e assim por diante” (MOSCOVICI, 2003, p. 209).
Sem deixar de lembrar que a representação social envolve produção e
significação forjadas entre os elos tendo três diferentes ordens das coisas: o que
podemos geralmente chamar de o mundo das coisas, pessoas, eventos e
experiências; o mundo conceitual – os conceitos mentais que levamos em nossa
mente; e os signos, arranjados nas línguas que “significam” ou comunicam estes
efeitos.
De fato, nós somente experienciamos e percebemos um mundo em que, em um extremo, nós estamos familiarizados com coisas feitas pelos homens, representando outras coisas feitas pelos homens e, no outro extremo com substitutos por estímulos cujos originais seus equivalentes naturais, tais como partículas ou genes, nós nunca veremos. Assim que nos encontrarmos por vezes, em um dilema onde necessitamos um ou outro signo, que nos auxiliará a distinguir uma representação de outra, ou uma representação do que ele representa, isto é, um signo que nos dirá: “Essa é uma representação”, ou “ Essa não é uma representação”. (MOSCOVICI, 2003, p. 32).
Assim representação social é basicamente representada por signos,
possuindo duas faces: representação é igual imagem/significação, ou seja, a
representação igualada a toda imagem a uma ideia e toda ideia a uma imagem. É
incrível como estamos cercados, tanto no individual como no coletivo, por palavras,
ideias e imagens que entram em nossos olhos, ouvidos e mente que querendo ou
não nos atingem. Segundo Durkheim apud Anadón e Machado (2003), o termo
representação social se refere a representações coletivas, como uma forma de
ideação social à qual se opõe a representação individual.
32
Para Moscovici (2003) as representações sociais ou naturais apresentam
duas funções, a prescritiva e a convenção. Nas representações prescritivas são as
que “impõem sobre nós com uma força irresistível. Essa força é uma combinação de
uma estrutura que está presente antes mesmo que nós comecemos a pensar e de
uma tradição que decreta o que deve ser pensado”.
Já a convenção a representação é a que lhe dão forma definitiva, colocando-o
como modelo de determinado tipo, distinto e partilhado por um grupo de pessoas.
Mesmo quando uma pessoa ou objeto não se adéquam exatamente como modelo, nós a forçamos a assumir determinada forma, a se tornar idêntico aos outros, sob pena de não ser nem compreendido, nem codificado (MOSCOVICI, 2003, p.34).
Exemplo claro para esse conceito é uma moda quando é lançada passa a ser
padrão e quem se insere em tal ainda assim corre o risco de nem ser compreendido
nem codificado como afirma o autor. Dessa forma podemos perceber o quanto as
representações intervêm em nossa vida cognitiva, se tornando essenciais, pois nos
remetem buscar sentido e significado de nossa vida, da vida do outro e nas relações
sociais estabelecidas nos grupos sociais em que cada um vive.
. As definições culturais/sociais referentes ao gênero, sexualidade e corpo são
estruturas sociais densamente estabelecidas e formam estereótipos de
feminilidade/masculinidade. Tornando-se presente também no âmbito esportivo.
Para Paim et al (2008) a consequência desta caracterização é a esteriotipização das
práticas representativas destes grupos. Ainda que as mulheres tenham alcançado
conquistas na sociedade, inclusive no contexto esportivo, muitas discriminações
permeiam essa prática social, sejam no esporte de lazer, educacional ou esporte de
alto rendimento.
33
5. OBJETO DE ESTUDO E PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS
Na perspectiva de compreender a participação da mulher no cenário
futebolístico onde nitidamente é masculinizado e há uma discriminação. Com intuito
de obter informações foi traçado um percurso metodológico para analisar o futebol a
partir das relações de gênero na cidade de Pojuca no estado da Bahia. Para tanto
acredito ser relevante inicialmente apresentar os conceitos de pesquisa e método.
De acordo com Minayo (1994, p. 17), pesquisa está relacionada à atividade
básica da ciência, na perspectiva da sua investigação e percepção da realidade.
Já para Andrade apud Mattos (2004, p. 11), “pesquisa é um conjunto de
procedimentos sistemáticos, baseado no raciocínio lógico, que tem por objetivo
encontrar soluções para problemas propostos, mediante a utilização de métodos
científicos”.
Ainda de acordo com o autor, “método é o conjunto de procedimentos
utilizados na investigação de fenômenos e o caminho para chegar-se à verdade ou
para alcançar determinado fim ou objetos propostos”.
Cervo e Bervian apud Mattos (2004, p. 12), define método como “um meio de
acesso para atingir um resultado, dando condições de selecionar os processos mais
adequados para chegar-se a um melhor resultado”.
Por tanto o presente estudo consiste em uma pesquisa qualitativa, onde para
Flick (2009, p. 8) pesquisa qualitativa visa a abordar o mundo “lá fora” (e não em
contextos especializados de pesquisa, como os laboratórios) é entender, descrever
e às vezes, explicar os fenômenos sociais “de dentro” de diversas maneiras
diferentes, que podem estar relacionadas com análise de experiências de indivíduos
ou grupos, examinar interações e comunicações que estejam se desenvolvendo e
investigando documentos.
Já Minayo (1994, p. 21), corrobora com essa ideia ao afirmar que “pesquisa
qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências
sociais, com o nível de realidade que não pode ser quantificado”.
Seguindo essa lógica inicialmente foi realizado um levantamento bibliográfico
a cerca da temática em livros e periódicos. Na tentativa de fundamentar a discussão
34
do presente trabalho, utilizamos autores como Daolio, Pereira, Simões, Goellner,
Carrano, Kunz, Melo, Triviños, Minayo, Mattos, Mourão, Knijnik, Vasconcelos, etc.
A partir de informações cedidas pela secretária da Federação Bahiana de
Futebol (FBF), foram coletados dados referentes à possível à participação do futebol
feminino pojucano em competições estaduais.
A amostra não probabilística consistiu em 05 mulheres entre elas três ex-
jogadoras e duas que estão começando. Foi utilizada no desenvolvimento da
pesquisa uma entrevista semi-estruturada. Onde segundo Negrine (1999, p.74) uma
entrevista semi-estruturada se caracteriza quando o instrumento de coleta está
pensado para obter informações de questões concretas, previamente definidas pelo
pesquisador, e ao mesmo tempo, permite que se realizem explorações não
previstas, oferecendo liberdade ao entrevistado para dissertar sobre o tema ou
abordar aspectos que sejam relevantes sobre o que pensa.
As entrevistas realizadas foram mensuradas através de análise de conteúdo,
analisados por categorias, que segundo Gomes (1994, p. 70), “se refere a um
conceito que abrange elementos ou aspectos com características comuns ou que se
relacionam entre si”.
Esse trajeto metodológico foi adotado na expectativa de compreender e
analisar o contexto do futebol feminino pojucano, no que compete a sua
representatividade a partir do seu tempo cronológico.
35
6 FALAS E REPRESENTAÇÔES SOCIAIS: FUTEBOL FEMININO
POJUCANO
Este capítulo tem a finalidade de analisar a fala das entrevistadas, a fim de
elucidar as questões referentes às relações de gênero no futebol feminino na cidade
de Pojuca Bahia, que estão relacionadas à iniciação das participantes na prática do
futebol, a reação dos familiares, a participação em competições, o que o futebol lhes
representa, a visão que a sociedade tem em relação a elas, os preconceitos vividos,
a incapacidade ao lidar com o esporte, as dificuldades para permanecer praticando e
suas perspectivas para o futuro.
De acordo com os dados coletados notamos que três das entrevistadas
iniciou a prática entre os sete e oito anos de idade. Duas delas iniciaram a prática
mais tarde, entre os doze e quinze anos. Que para Souza e D’Ávila (2009), este
“atraso” das meninas em ingressar na prática do futebol deve-se a aspectos
culturais, devido, principalmente, a determinações de seus pais, que provavelmente,
são contaminados por valores de uma sociedade machista em relação à prática do
futebol.
Podemos perceber que a prática desse esporte é comum que os meninos
comecem a partir dos seus 4 a 5 anos de idade, fazendo parte de escolinhas.
Diferentemente das meninas que não são estimuladas a realizar essa atividade.
QUADRO I – INÍCIO DAS ENTREVISTADAS NA PRATICA DO FUTEBOL
SUJEITOS Desde quando pratica futebol?
Entrevistada A Eu comecei a praticar futebol eu tinha 12 anos.
Entrevistada B Eu comecei a jogar com os homens maiores de idades e eu com
meus 7/8 anos no meio de todo mundo
Entrevistada C Comecei a jogar com 7 anos de idade
Entrevistada D Desde os 8 anos de idade
Entrevistada E Tinha 15 anos
36
Falar do apoio familiar é algo para ser motivante no que diz respeito à prática
do futebol feminino, porém ao serem questionadas as mesmas informaram que
houve uma dificuldade de aceitação, devido a preconceitos preestabelecidos pela
sociedade. O estudo de Hillebrand et. al (2008) fortalece as informações obtida em
nossa pesquisa, pois a mesma constatou que a falta de apoio familiar, está
relacionado ao preconceito dos pais em relação à prática de um esporte considerado
masculinizante. Onde o preconceito é de gênero, pelo fato de existir uma opinião
formada na sociedade em geral (um estereótipo), reforçada pelas próprias famílias,
de que as mulheres que praticam futebol são “machonas” e pouco “femininas”.
Podemos observar esse fato no quadro II apresentado abaixo, que por mais que
haja uma aceitação da família com o passar do tempo, no começo sempre há uma
negação dessa prática realizada pelas meninas, ou não aceitar definitivamente que
a mesma continue a praticar, como podemos observar na fala da entrevistada E.
QUADRO II – REAÇÃO DA FAMÍLIA AO SABER DA PRÁTICA
SUJEITOS Qual foi a reação da sua família ao perceber que você gostava
de praticar futebol?
Entrevistada A Olhe de inicio, não gostava muito da... dessa brincadeira não. Mas
com um tempo porque eu fui levando a serio aí eles também foram,
começaram a me incentivar também.
Entrevistada B Foi me apoiou né, disse quem sabe o meu sonho era ser uma
jogadora de futebol da seleção brasileira.
Entrevistada C Rapaz, no inicio não gostaram, ficaram dizendo que não era pra
fazer isso, que era pra desistir, que era pra procurar outro esporte
que isso não era para mulher.
Entrevistada D No começo eles não gostavam muito da ideia, mas com o passar
do tempo eles viram que era isso que eu queria e hoje ele me
apoiam muito.
Entrevistada E Não gostaram, não queriam não, porque diziam que mulher que jogava futebol dava pra sapatona. Nunca aceitou.
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Sobre a participação em competições representado no quadro III, verificou-se
que a escassa participação em campeonatos importantes e de grande expressão
decorre da falta de patrocínio e projetos que dê ascensão e sentido para a prática do
futebol feminino. Corroborando com essa ideia Martins e Moraes (2007, p. 72) diz:
Em todos os níveis de práticas do futebol, podemos identificar o preconceito, a diferença o descaso e suas consequências [...]. Basta acompanhar os investimentos, a organização, as escolinhas ou o tratamento dado pela mídia para identificarmos a diferença.
Esse descaso e diferença é uma realidade enfrentada por milhares de
mulheres atletas do nosso país, que busca incansavelmente pelo reconhecimento.
Não sendo apenas no futebol amador que há a falta de investimentos e visibilidade
dada pela mídia, pois não se ver falar de campeonatos profissionais de futebol
feminino que acontece no Brasil que é Copa do Brasil de Futebol Feminino.
QUADRO III – PARTICIPAÇÃO EM COMPETIÇÕES
SUJEITOS Quais as principais competições que já participou?
Entrevistada A [...] a gente participava mais de competições locais. Era mais pra
abertura de campeonatos, mas não tinha um foco em cima de um
campeonato feminino.
Entrevistada B Campeonato baiano, disputei o campeonato baiano já tem o que,
mais ou menos 12 anos.
Entrevistada C Rapaz, de acordo com o que eu lembro, o jogo que lembro bastante
assim é o campeonato que ocorreu aqui no estádio na cidade
mesmo.
Entrevistada D Um torneio de futebol feminino que ocorreu no estádio, além do
campeonato baiano.
Entrevistada E Foi à abertura aqui do aniversario da cidade e em alagoinhas, foi
fazer jogo lá no Carneirão.
No quadro a seguir procuramos compreender a representatividade que é
dada ao futebol na vida de cada entrevistada, notando-se que o mesmo faz parte do
seu dia-a-dia, ganhando uma grande importância, por mais que não seja algo
38
prioritário como relatam as entrevistadas B e E, mas que não deixa de fazer parte de
suas vidas.
Assim a entrevistada A, ver o futebol como um meio social onde proporciona
conhecimento e afetividade. Logo a entrevistada C o considera como uma forma de
divertimento, para manter-se praticando um esporte, acreditando que é um meio de
ter uma boa saúde. Assim (SALLES, 1998), afirma que a escolha do futebol como
fonte de lazer parece ter relação com o modo do indivíduo se relacionar com ele
próprio e com os outros, o modo como ele se vê, quais os seus objetivos e seus
valores.
QUADRO IV – REPRESENTAÇÃO DO FUTEBOL
SUJEITOS O que futebol representa para você?
Entrevistada A Ah, em minha vida representou muito, até hoje eu sinto falta, muita
falta porque foi através do futebol que conheci pessoas, ótimas
pessoas que até hoje eu tenho uma grande amizade, viu.
Entrevistada B Futebol pra mim, eu não vou dizer que é a minha vida porque
minha vida não se resume só em futebol, mas é uma parte dela.
Entrevistada C Rapaz representa uma maneira de divertir, de praticar um esporte
faz bem a saúde também representa tudo isso aí.
Entrevistada D O futebol hoje representa é tudo para mim, porque tenho um sonho
de ser jogadora, mesmo com todo esse preconceito um dia vou
conseguir o meu objetivo.
Entrevistada E Não é tudo, é eu gosto muito, gosto muito.
De acordo com o quadro abaixo a forma como a sociedade analisa o status
social de pessoas do sexo feminino praticantes de futebol está ligada a um modelo
de cultura discriminante que atribui defeitos e comportamentos a essas mulheres.
Logo, acredita-se que uma mulher não deve pertencer a um mundo masculinizado, o
que fica designado para a mesma é o cuidado com a família e tarefas em que a sua
feminilidade esteja aflorada. Conforme Souza e D’ Ávila (2009), o preconceito
existente na sociedade, que acaba misturando o conceito como orientação do
desejo sexual como identidade sexual. Assim Swian (2009) diz, é ‘natural’ a prática
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do futebol por homens, assim como no imaginário social essa prática não é natural
para as mulheres. Ficando claras estas constatações nas falas das entrevistadas.
QUADRO V – FORMA COMO A SOCIEDADE LIDA COM AS MULHERES PRATICANTES
SUJEITOS Como você acha que a sociedade lida com as mulheres
praticantes de futebol?
Entrevistada A Olhe aos poucos tá conquistando espaço né, mas ainda existe
muito preconceito.
Entrevistada B Ainda existe com muito preconceito. Não há apoio para as meninas
que tão começando agora, não tem aquele apoio para crescer.
Entrevistada C Rapaz é... lidam com uma grande... com grande preconceito, julga
sem menos saber realmente, na maioria das vezes quando você tá
praticando o esporte, falam que aquilo não é pra mulher que é pra
homem, mulher não deveria está ali deveria tá em casa fala tudo
isso
Entrevistada D Com preconceito, que mulher não serve para jogar futebol, que ela
tem que ficar em casa, cuidando da casa para o marido, ficar com a
barriga no fogão.
Entrevistada E Com preconceito, não valoriza igual o futebol masculino né?!
Não valoriza muito né, porque se valorizasse tinha outro incentivo
né?!
O quadro abaixo demonstra que no campo do futebol os preconceitos postos
às mulheres são de características viris que não apenas questionam sua
feminilidade, mas também coloca em dúvida a autenticidade do seu sexo. Muitas
jogadoras são rotuladas de lésbicas por praticarem futebol, levantando a discussão
sobre a masculinização das mulheres que praticam tal modalidade. Essa visão de
masculinizar ou afeminar um sujeito social se estabelece por uma definição binária
acerca dos gêneros, que considera algumas características como sendo
exclusivamente femininas ou masculinas, atribuindo uma fixidez às identidades
(GOELLNER, 2006). Algumas responderam de forma objetiva e de maneira sucinta,
talvez por causar algum incômodo ao falar das consequências desta prática.
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QUADRO VI – PRECONCEITOS SOFRIDOS POR PRATICAR FUTEBOL
SUJEITOS Você já sofreu ou sofre algum tipo de preconceito por praticar
futebol? Quais?
Entrevistada A Tinha uns que ficava falando assim: é essa menina é... quem joga
bola é homem, menina que joga bola é sapatona
Entrevistada B Antigamente sofríamos muito era maria homem, vai procurar o que
faze, aí é meio de tá mulher no meio de homem jogando bola. Isso
foi feito pra homem.
Entrevistada C Já sofri preconceito, pessoas já chegaram pra mim pra falar tipo
você joga bem, mas não é lugar pra você, já falaram vários tipos de
coisas, ô diz que é lésbica, diz que só porque joga futebol gosta de
mulher.
Entrevistada D Sim, maria homem e sapatona.
Entrevistada E Ah, isso já, já aconteceu futebol não ficou pra mulher não, ficou pra
homem, que poderia ser lésbica por tá praticando.
Além do fator social, as características fisiológicas e biológicas da mulher são
instrumentos que alimentam a dúvida perante a capacidade das mesmas de jogar
futebol. Swain (2009, p. 7) ratifica essa ideia dizendo “Sexo frágil”, por sua vez, liga
o biológico do sexo a uma generalização constitutiva, ou seja, todas as mulheres
são mais fracas que qualquer homem e a premissa valorativa aí é a força física.
Assimiladas à natureza, as mulheres são condenadas à imanência de seus corpos,
fracos e deficientes.
QUADRO VII – POR SER MULHER NÃO TEM CAPACIDADE DE JOGAR
FUTEBOL
SUJEITOS Já te disseram que não tem capacidade de jogar futebol por
ser mulher?
Entrevistada A Já, de inicio era assim, por ser mulher achava que a gente não era
capaz, que a gente não sabia chutar a bola, que não sabia agarrar
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uma bola.
Entrevistada B Não, porque se me dissesse isso eu dava uma queimada, porque
futebol não foi feito só pra homem.
Entrevistada C Já, varias pessoas também já chega pra falar ah não tem
capacidade pelo fato de você ser mulher, você não tem a mesma
força que o homem, a mesma velocidade.
Entrevistada D Não, disseram que eu posso até jogar bem, mas meu futebol ia
ficar por aqui mesmo por ser mulher, não tem apoio.
Entrevistada E Já, chamavam a gente de bunda mole, (risos), futebol foi pra homem não foi pra mulher não. Eles criticavam, não apoiavam não
Quando questionadas quais as dificuldade para permanecer praticando o
futebol, é notório nas falas das entrevistadas o quanto o preconceito e a falta de
incentivo se faz presente.
QUADRO VIII – DIFICULDADE PARA PERMANECER PRATICANDO
SUJEITOS Quais as principais dificuldades que você encontra para
permanecer praticando futebol?
Entrevistada A Primeiramente o preconceito, já teve e continua tendo ainda o
preconceito, o incentivo que é pouco, o incentivado o futebol viu, é
pouco valorizado.
Entrevistada B Foi à falta de incentivo, eu não tinha dinheiro pra poder ir pra
salvador treinar, eu não tinha como ir, tinha que pedir carona ou
pedir a alguém.
Entrevistada C A falta de atenção, no caso é oportunidades também, nós não
temos oportunidades, ô... temos um grupo que joga bem, as
meninas jogam bem, só que não tem oportunidades.
Entrevistada D Não temos incentivos nem patrocínio, a gente é que tem que correr
atrás do que queremos.
Entrevistada E A dificuldade, é que nunca tinha apoio de ninguém, sempre a gente
fez, fazia o jogo, acontecia o jogo não tinha material suficiente para
jogar, jogava com a roupa dos meninos. A falta de apoio dificulta
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muito.
Diante do exposto pode-se dizer que a falta de incentivo deriva da breve
associação com o preconceito, que logo gera a falta de oportunidades, decorrente
também da invisibilidade que é dada a essa modalidade esportiva praticada por
mulheres.
43
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como visto ao longo do texto, a participação da mulher no cenário esportivo,
principalmente no futebol por ser considerado altamente masculinizado, era visto
como impróprio, acreditando que esta prática comprometia a capacidade de
reprodução humana das mesmas, considerada pela sociedade a maior
responsabilidade feminina e na a sua feminilidade, no que se caracterizaria se
masculinizar devido à prática do futebol. Em consequência a essas recomendações
pré-destinadas, há um atraso da mulher nas práticas esportivas, uma vez que as
questões culturais nela embutidas também foram fatores predominantes para essa
ausência.
Para tanto o presente estudo teve como objetivo reconhecer e analisar a
história, as representações sociais e as relações de gênero no futebol feminino na
cidade de Pojuca Bahia.
Sabendo-se que as discriminações existentes contra as mulheres
praticantes de futebol não é algo recente, ocorre há muito tempo, porém, esta
realidade não sofreu alterações nos dias atuais, isto é comprovado nas respostas
das entrevistadas, estando longe de ser tão valorizado quanto o masculino. Apesar
dessa desvalorização, percebe-se que ainda há sonhadoras em busca de suas
conquistas, dando seguimento à sua rotina de treinos na esperança de que surjam
oportunidades e incentivos, onde segundo elas, são as principais dificuldades
encontradas para permanecer praticando o esporte.
A partir dessas constatações, pode-se inferir que o crescimento e a
valorização do futebol feminino, dependem da mudança de conceitos e atitudes da
sociedade em relação à prática deste esporte pelas mulheres, bem como, da
efetivação de políticas públicas que priorizem e valorizem a realização desta
modalidade pelas mesmas.
Espera-se que este trabalho de conclusão de curso, contribua para despertar
na mídia local e na comunidade em geral, a importância da valorização das práticas
futebolísticas pelas mulheres. Levantando novas discussões sobre a temática
abordada, visando uma diminuição do preconceito existente na sociedade e
afirmando o futebol como fenômeno sócio-cultural possível para homens e mulheres.
44
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO/ CAMPUS II – ALAGOINHAS
CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
APÊNDICE- A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu_____________________________________________________, CPF
___________________, declaro, por meio deste termo, que concordei em ser
entrevistado (a) na pesquisa de campo referente à monografia intitulada,
FUTEBOL FEMININO E RELAÇÕES DE GÊNERO EM POJUCA: EM JOGO AS
REPRESENTAÇÔES SOCIAIS, desenvolvida por Érica Paula de Jesus da
Purificação graduanda do Curso de Licenciatura em Educação Física da
Universidade do Estado da Bahia - UNEB. Informado que a pesquisa é
coordenada/orientada pelo Prof. Dr. Augusto César Rios Leiro.
Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer
incentivo financeiro e com a finalidade exclusiva de colaborar para o sucesso da
pesquisa.
Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio de entrevista semi-
estruturada gravada a partir da assinatura desta autorização. O acesso e a análise
dos dados coletados se farão apenas pelo pesquisador e orientador envolvidos na
pesquisa, sendo divulgados apenas os dados diretamente relacionados aos
objetivos da pesquisa.
50
_____________________________, ____ de _________________ de _____
Assinatura do (a) participante: ______________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a): ________________________
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO/ CAMPUS II – ALAGOINHAS CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA
APÊNDICE- B
ROTEIRO DA ENTREVISTA
1- Desde quando pratica futebol?
2- Qual foi a reação da sua família ao perceber que você gostava de praticar
futebol?
3- Quais as principais competições que já participou?
4- O que o futebol representa para você?
5- Como você acha que a sociedade lida com as mulheres praticantes de
futebol?
6- Você já sofreu ou sofre algum tipo de preconceito por praticar futebol? Quais?
7- Alguém já disse que não tem capacidade de jogar futebol por ser mulher?
8- Quais as principais dificuldades que você encontra para permanecer
praticando futebol?