Estudo_Ceromica_Estrutural
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Caracterizao do subsector daIndstria cermica estrutural
em Portugal
Para uma perspectiva de futuro
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Caracterizao do subsector da Indstria cermica estrutural
em Portugal
Para uma perspectiva de futuro
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4
-
5
ndice
Nota prvia 7
Objectivo 7
Metodologia 8
1. Capacidade produtiva instalada e produo de 2008 11
2. Dimenso da empresa 17
3. Produtividade 21
4. Matrias-primas 27
5. Distribuio de custos de produtividade 31
6. Consumo energtico 35
7. Ambiente 41
8. Vendas 45
9. Perspectiva de consumo de produtos cermicos estruturais no curto prazo 57
10. Situao nos pases mediterrnicos de referncia 63
11. Anlise comparativa 71
12. Concluses 73
Agradecimentos; Participao; Bibliografia; Sites de referncia 79
-
6
-
7
Nota prvia Na sequncia dos Encontros para a Competitividade da Indstria Cermica em 2007, uma
iniciativa da APICER e do IAPMEI com o apoio do CTCV, e das reunies de trabalho
subsequentes, surge, por parte da APICER, um conjunto de aces que, de forma
integrada, constituem um Plano de Actuao para ir ao encontro das preocupaes gerais
manifestadas pelo subsector da indstria cermica estrutural.
Uma das iniciativas identificadas a elaborao de um estudo de caracterizao do estado
actual deste subsector da cermica em Portugal, bem como das suas tendncias de futuro,
que permita s empresas, individual ou colectivamente, perspectivar ou definir estratgias
de actuao futura e suportar a tomada de decises.
Objectivo O objectivo deste estudo conhecer o estado actual do Sector da Cermica Estrutural
(Telha, Tijolo e Abobadilha) em Portugal e contribuir para o incremento da sua
competitividade, atravs da caracterizao em diversas vertentes:
Caracterizao das empresas quanto sua dimenso (capacidade instalada e capacidade produtiva, nmero de colaboradores);
Distribuio da capacidade, de produo e do consumo dos produtos no espao geogrfico nacional;
ndices de produtividade; Especificidade dos processos produtivos (combustveis, consumos energticos,
etc.);
Estrutura tpica de custos. Contempla ainda uma perspectiva de futuro com:
Evoluo do mercado dos ltimos anos (incluindo 2008) e, a evoluo da produo no mesmo perodo;
Anlise de tendncias futuras (comparao com tendncias europeias e sobretudo com Espanha, Itlia e Frana);
Distribuio da produo e localizao das principais matrias-primas;
-
8
Distribuio da produo para o mercado interno e zonas de consumo; Constrangimentos por disposies europeias e nacionais de mbito ambiental
(PCIP, CELE, Resduos, etc), energtico e de exerccio de actividade industrial;
tambm objectivo fornecer s empresas indicadores e dados que permitam perspectivar tendncias e estabelecer estratgias para futuro com um suporte adequado para a tomada de decises.
Metodologia A metodologia de trabalho baseou-se no levantamento de informaes recorrendo a
diversas fontes, nomeadamente: questionrios directos s empresas, recolha de
informaes junto de instituies de referncia, publicaes da especialidade e bases de
dados do CTCV.
a) Questionrio directo s empresas Foi constituda uma base de dados, com a identificao das empresas do subsector, por tipo de produto. Esta base resultou da actualizao da base de dados existente no CTCV,
aps confirmao da cessao da actividade por parte de algumas empresas, e da
alterao de designao por parte de outras.
No total, foram identificadas cerca de 60 empresas activas1, pertencentes ao subsector, das quais: cerca de 30 empresas produtoras de tijolo (furao horizontal e/ou furao vertical), 7 empresas produtoras de abobadilha, 7 empresas produtoras de telha e acessrios, e as restantes produtoras de um mix de produtos que pode variar entre
tijolo (furao horizontal, vertical, rsticos, semi-refractrios), abobadilha, telha, pavimentos
e revestimentos rsticos, garrafeiras.
Este universo corresponde a cerca de 98% da produo nacional instalada em unidades
industriais.
Alm das empresas em laborao, deve referir-se que h empresas do subsector que,
embora no estando a produzir h algum tempo, ainda mantm a designao de cermica
1 Empresas activas Empresas que estiveram em laborao total ou parcial em 2008
-
9
e no cessaram legalmente a actividade2, o que pode influenciar por excesso as
estatsticas de contabilizao de empresas do subsector. Podem acontecer vrios cenrios:
em alguns casos, o equipamento produtivo foi vendido, noutros as empresas so utilizadas
como entreposto comercial de produo prpria (que ainda tm em stock) ou de outros
produtos cermicos ou afins. imprevisvel a eventual reactivao destas unidades no
futuro tendo em conta as disposies actuais para o exerccio da actividade industrial neste
sector (PCIP3, licena ambiental, CELE4, etc).
Para recolha de informao, foi desenvolvido um questionrio especfico, subdividido em 5 quadros, focalizados em caractersticas gerais da empresa, dados de produo, dados de
mercado, dados contabilsticos e dados sobre consumo e tipos de energia utilizados.
Nem sempre as empresas disponibilizaram informao relativa a todos os quadros do
questionrio, no entanto, as empresas que responderam ao questionrio representam mais de 85% da produo nacional para este tipo de produtos. Esta informao foi
complementada com elementos existentes nas bases de dados do CTCV.
Os valores relacionados com produo industrial e volume de negcios relativos ao ano de 2008 apresentados neste trabalho, so provenientes da informao directamente fornecida pelas empresas, uma vez que, para estes itens, o INE ainda no
dispe de informao tratada relativa ao ltimo ano.
b) Outras fontes
Alm do recurso ao questionrio directo s empresas, foram consultadas outras fontes de
informao:
INE Instituto Nacional de Estatstica, Banco de Portugal relatrios no site, AECOPS - Associao das Empresas de Construo e Obras Pblicas, AICCOPN - Associao dos Industriais da Construo Civil e Obras Pblicas, APICER - Associao Portuguesa de Industriais de Cermica,
2 Entre 10 e 15 empresas 3 PCIP - Preveno e Controlo Integrados da Poluio 4 CELE - Comrcio Europeu de Licenas e Emisso
-
10
Hispalyt - Asociacin Espaola de Fabricantes de Ladrillos y Tejas, Istat - Istituto nazionale di statistica, Insee - Institut national de la statistique et des tudes conomiques, FFTB - Fdration franaise de tuiles et briques, Andil - Sito ufficiale dell'associazione, de le aziende produttrici di laterizi, Publicaes da especialidade, Dados internos interdepartamentais e bases de dados do CTCV.
Notas metodolgicas
1. Para o tratamento de dados de produo industrial de materiais no metlicos
(telhas e tijolos cermicos) fornecidos pelo INE, utilizou-se um valor de densidade dos tijolos LD5 de 0,85 ton/m3 e para a telha assumiu-se um peso mdio de 3,6kg por unidade.
2. Ao longo do trabalho, no texto por vezes utiliza-se apenas a designao de telha, no entanto quer referir-se produo de telha e acessrios.
3. Verificou-se uma grande diversidade na forma de as empresas contabilizarem e
classificarem os custos inerentes ao processo produtivo. A consequncia deste
facto uma disperso acentuada em alguns indicadores apresentados. Assim,
optou-se por apresentar resultados sob a forma de intervalos que, de algum modo,
permitem inferir tendncias.
5 LD - light density, que constituem 95% da produo nacional
-
11
1. Capacidade produtiva instalada e produo de 2008
Para analisar o subsector da cermica
estrutural necessrio conhecer os
recursos nacionais, desde a
localizao das zonas de explorao
de matrias-primas dimenso das
empresas na capacidade instalada,
nos meios tcnicos e humanos
envolvidos.
Relativamente localizao, as
empresas do subsector da cermica
estrutural situam-se, na sua maioria,
no litoral norte e centro do pas. Esta
localizao preferencial est
relacionada com a localizao das
zonas de explorao das matrias-
primas utilizadas.
A distribuio da capacidade produtiva
instalada e os valores da produo
efectiva em 2008 da indstria de
cermica estrutural so apresentados
na figura 1. Os distritos com empresas
de maior capacidade instalada so
Aveiro, Leiria e Lisboa.
Figura 1 Capacidade instalada das empresas por distrito e valores de produo de 2008
-
12
Quadro 1 Capacidades instaladas, produes de 2007 e 2008, por distrito (em milhares de toneladas/ano)
Distritos Capacidade instalada Produo 2007
(kton) Produo 2008
(kton)
Aveiro 1731 875 843
Braga 151 107 107
Castelo Branco 40 13 13
Coimbra 430 246 183
Faro 170 40 56
Guarda 58 10 8
Leiria 1605 912 825
Lisboa 1492 925 879
Santarm 620 270 215
Setbal 294 196 214
Vila Real 33 30 27
Viseu 75 30 40
TOTAL 6 697 3 654 3 410
Quadro 2 Valores totais de produo de 2007 e 2008 (em milhares de toneladas/ano)
2007 (kton) 2008 (kton)
Tijolo e Abobadilha 3 026 2 838
Telha e Acessrios 628 572
Total Cermica Estrutural (inclui pavimento extrudido, telhas artesanais,
etc) 4 1746 3 882
6 Fonte: INE Estatsticas de Produo Industrial 2007
-
13
Aveiro; 25,8%
Braga; 2,3%
Castelo Branco; 0,6%
Coimbra; 6,4%
Faro; 2,5%
Leiria; 24,0%
Lisboa; 22,3%
Santarm; 9,3%
Setbal; 4,4%
Vila Real; 0,5%
Viseu; 1,1%
Guarda; 0,9%
Figura 2 - Percentagem de capacidade instalada por distrito
Com os dados recolhidos pode constatar-se que a produo de 2008 constituiu apenas cerca de 52% do total da capacidade instalada em Portugal, sendo que nenhuma das
empresas utilizou a totalidade da sua capacidade.
A capacidade instalada varia entre 25 ton/dia e 1 700 ton/dia, que se traduz em valores da ordem de 9 000 e 620 500 toneladas por ano, respectivamente.
Nos ltimos anos, a cermica estrutural tem vindo a sofrer as consequncias decorrentes
da crise sentida no sector da construo civil e das alteraes significativas da conjuntura
econmica do pas.
Na indstria cermica, os reflexos induzidos pela economia tm conduzido ao
encerramento de algumas unidades fabris, em algumas situaes envolvendo a venda do
equipamento para unidades de produo que esto a ser montadas noutros pases,
nomeadamente Angola. As empresas mencionam as dificuldades de mercado, associadas
ao aumento de custos com energia e mo-de-obra como os principais factores que esto na
origem da deslocalizao para outro pas. No deixa de ser significativo que as exigncias
-
14
das disposies regulamentares para a actividade industrial constituam um factor que tido
como relevante, mas no determinante, para a cessao da actividade.
Entre 2007 e 2008, a variao de produo de cermica estrutural registou um decrscimo de cerca de 7%, no total no nmero de toneladas produzido, distribudo da seguinte forma, por tipo de produto:
Quadro 3 Variao da produo entre 2007 e 2008
Telhas e acessrios Tijolo Abobadilha
-8,9% -6,4% -3,8% Durante 2008, as empresas alargaram os tempos de paragem de laborao, tendo em
conta os nveis de stock de material em parque.
Apesar desta tendncia global de diminuio apresentada pelo sector, houve empresas que
conseguiram manter alguma estabilidade de produo, principalmente para reposio de
stocks. Em alguns casos, registaram-se mesmo ligeiros aumentos da sua produo em
2008, relativamente ao ano anterior.
Entre estes, destacam-se empresas que referem ter diversificado o tipo de produtos, nos
ltimos dois anos, nomeadamente alargando a gama de produo a formatos tipicamente
utilizados na construo em Espanha. A retraco que se comeou a fazer sentir no
mercado da construo no pas vizinho j em 2008, levou algumas empresas cessao
desta produo muito focalizada.
Outras empresas referem o esforo desenvolvido na procura de alternativas em nichos de
mercado, com produtos de caractersticas inovadoras (cerca de 10 empresas alargaram a
gama dos seus produtos como meio para conquistar novos mercados/clientes).
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Algumas empresas do sector tm conjugado a produo de produtos cermicos com a
instalao de cogerao, constituindo a venda de energia elctrica rede pblica uma fonte
de receita complementar da actividade principal.
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2. Dimenso das empresas Para o desenvolvimento do presente estudo, as empresas nacionais de cermica estrutural
foram caracterizadas quanto sua dimenso, em duas vertentes:
Capacidade de produo instalada e Nmero de trabalhadores.
As frequncias de cada uma das classes assim obtida apresentada nas figuras que se
seguem.
a) Capacidade de produo instalada, em milhares de toneladas anuais
Na figura 3 compara-se o nmero de empresas existente em cada intervalo, relativamente
sua capacidade produtiva instalada, nos anos de 2004 e 2008.
0
5
10
15
20
25
30
N d
e em
pres
as
50 50 a 100 100 a 150 150 a 200 >200Capacidade instalada (milhares de toneladas/ano)
2004 2008
Figura 3 Frequncia de empresas por classes de capacidade produtiva instalada
-
18
0
100
200
300
400
500
600
700
1 11 21 31 41 51Nmero de empresas
Cap
acid
ade
inst
alad
a (m
ilhar
es d
e to
nela
das)
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Figura 4 Capacidade instalada por empresa (milhares de toneladas) e total acumulado
Na figura 4 pode observar-se que a capacidade produtiva instalada aparece distribuda por
um nmero considervel de empresas, sendo que cerca de 30 empresas representam 80%
da capacidade de produo instalada.
Quadro 4 Nmero de empresas de cermica estrutural, por intervalo de capacidade instalada, em 2004 e 2008
Nmero de empresas
Capacidade instalada (milhares de toneladas/ano) 2004 2008
50 15 5 50-100 28 22
100-150 16 16
150-200 5 5
200 5 5
ntida a tendncia para o desaparecimento das empresas com menor capacidade instalada e para a estabilizao das empresas de capacidade mdia e alta.
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19
Em 2008, a mdia da capacidade instalada de 122 943 toneladas/ano por empresa, sendo que 50% das empresas do sector tm uma capacidade instalada abaixo de 96 000 toneladas/ano (na figura 3 pode verificar-se que o maior nmero de empresas se situa entre as 50 000 e as 100 000 toneladas/ano de capacidade).
b) Nmero de colaboradores
As empresas de tijolo, abobadilha e telha empregaram, em 2008, cerca de 2500 colaboradores directos. A figura 5 apresenta a dimenso do tecido empresarial tpico do
sector, por frequncia do nmero de colaboradores por empresa.
A mdia do nmero colaboradores por empresa do sector 42, sendo que 50% das empresas tem menos de 26 colaboradores.
0
10
20
30
40
Nm
ero
de e
mpr
esas
< 20 20-50 50-100 100-200 >200
Nmero de colaboradores
Figura 5 - Nmero de empresas por dimenso, quantificadas por n de colaboradores
Verifica-se que, por razes associadas ao processo produtivo e s tecnologias instaladas,
so as empresas produtoras de telha as que tm maior nmero de colaboradores. Se se
-
20
considerarem apenas as empresas de tijolo e abobadilha, a mdia do nmero de
colaboradores desce para 34.
Um nmero significativo de empresas tem entre 20 e 50 colaboradores.
-
21
3. Produtividade
A concorrncia de novos produtos (blocos de cimento, leca, pladur, etc) que tem vindo a
ocupar um espao tradicionalmente destinado aos produtos cermicos e a retraco do
mercado da construo so factores que esto na origem de algumas medidas avulsas
(formatos de tijolo, reorganizao comercial, etc) que tm sido tomadas sem um movimento
global e consertado de reestruturao. A prioridade de aco tem sido centrada na reduo
de custos e na optimizao dos recursos humanos e s nos ltimos dois anos se iniciaram
algumas aces mais significativas com reflexos no desenvolvimento de produtos para uma
nova tecnologia de construo e habitao.
Considerando a importncia deste factor, privilegiou-se a caracterizao da produtividade
das empresas deste subsector da cermica, recorrendo a dois indicadores:
a) produtividade de mo-de-obra (quantidade produzida em 2008 por colaborador),
sendo que este rcio permite tambm deduzir o grau de automao das empresas.
b) produtividade em termos de vendas (volume anual de negcios em 2008 por
colaborador)
3.1 Produtividade de mo-de-obra
No caso da produtividade de mo-de-obra, os valores diferem substancialmente entre as
empresas de telha e as empresas de tijolo e abobadilha, por especificidades associadas
tecnologia dos processos produtivos para cada um deste tipos de produtos.
Quadro 5 Produtividade de mo-de-obra por tipo de produto (toneladas por colaborador por ano)
Produtividade de mo-de-obra
(toneladas / colaborador / ano)
Telha e acessrios 500 - 600
Tijolo e abobadilha 500 - 5000
-
22
Em 2008, as empresas produtoras de telha registaram produtividades de mo-de-obra entre
500 - 600 toneladas anuais produzidas por colaborador.
Para as empresas de tijolo e abobadilha, a distribuio da produtividade de mo-de-obra
assume valores muito dspares, que variam desde 500 a 5000 toneladas produzidas por
colaborador. Estas diferenas so maioritariamente devidas ao grau de automao, mas
tambm tipologia de produtos, sendo que os produtos de caractersticas rsticas tm uma
componente superior de mo-de-obra.
Na figura 6 e no quadro 6 apresenta-se a distribuio da produtividade de mo-de-obra
para o subsector da cermica estrutural empresas de tijolo, abobadilha e telha, sem
distinguir os diferentes subsectores.
0
2
4
6
8
10
12
14
N e
mpr
esas
toneladas produzidas por colaborador
Figura 6 Frequncia das empresas em relao produtividade de mo-de-obra (2008)
-
23
Quadro 6 Produtividade de mo-de-obra da tijolo, abobadilha e telha (toneladas por colaborador por ano)
Produtividade de mo de obra (ton produzidas 2008/colaborador)
N empresas
500-1000 14*
1000-1500 10
1500-2000 7
2000-2500 8
2500-3000 7
3000-4000 4
4000-5000 0
5000-6000 2
* Inclui as empresas produtoras de telha A mdia da produtividade de mo-de-obra de 1 800 toneladas de produto por colaborador por ano.
No entanto, 50% das empresas tem uma produtividade abaixo de 1 570 toneladas por colaborador por ano.
3.2 Produtividade em termos de vendas
O volume de vendas das empresas de tijolo, abobadilha e telha foi de cerca de 150 milhes
de euros, em 2008.
A distribuio do volume de vendas por empresa e do total apresentada na figura 7.
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24
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
35.000
1 11 21 31 41Nmero de empresas
Volu
me
de v
enda
s 20
08 (m
ilhar
es d
e )
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Figura 7 - Volume anual de negcios por empresa (milhares de euros) e acumulado
Cerca de 20 empresas facturaram 80% do total do volume de negcios transaccionado em
2008.
semelhana do indicador anterior, foi calculado o nmero de empresas do subsector que
se encontra em cada intervalo considerado para a produtividade em termos de vendas.
-
25
02468
1012141618
N e
mpr
esas
volume de negcios (/colaborador)
Figura 8 Frequncia das empresas de tijolo, abobadilha e telha em relao produtividade em
termos de vendas por colaborador (2008)
A maior frequncia de ocorrncia de empresas verifica-se para o intervalo de produtividade
entre 40 000 e 60 000 por colaborador.
Quadro 7 Produtividade em termos de vendas no tijolo, abobadilha e telha (volume de negcios/colaborador /ano)
Produtividade em termos de vendas - volume negcios 2008/colaborador
(/colaborador) N empresas
20000-40000 10
40000-60000 17
60000-80000 9
80000-100000 4
> 100000 3
-
26
Quadro 8 Produtividade em termos de vendas por tipo de produto (volume de negcios por colaborador por ano)
Produtividade em termos de volume de
negcios / colaborador / ano (/colaborador)
Telha e acessrios 45 000 - 120 000
Tijolo e abobadilha 20 000 - 150 000
Em 2008, a mdia da produtividade em termos de vendas de 59.000 por colaborador por ano; 50% das empresas tm uma produtividade abaixo 52.600 por colaborador.
Os indicadores de produtividade na Unio Europeia, para o sector de cermica estrutural, apresentam o valor de 120 000 por colaborador7.
7 Fonte: FWC Sector Competitiveness Studies Ceramics Sector O caso de Frana apresenta um valor de 180 389/colaborador, valor que deve ser visto com reserva e necessita de confirmao por outras vias, alm das consultadas.
-
27
4. Matrias-primas As matrias-primas para a cermica so um recurso natural cuja explorao est sujeita a
legislao ambiental e do ordenamento do territrio.
A aquisio de zonas de explorao est muitas vezes associada deciso de localizao
das prprias empresas, uma vez que deste modo possvel minimizar custos de transporte.
A localizao dos principais centros de explorao de argilas (designadas por argilas
comuns8) utilizadas como matrias-primas na cermica estrutural est representada na
figura 9.
Os valores de explorao so apresentados no quadro 9. Os pressupostos de clculo
basearam-se nos valores de produo de 2007 e 2008, aos quais se acrescentou 25%,
correspondente ao teor de gua presente nas argilas e s perdas que ocorrem durante a
cozedura.
Assumiu-se que 80% do material produzido utiliza argilas comuns, e que apenas 20% da
produo do sector estrutural recorre s argilas brancas ou especiais9, consumidas para
produo de alguns tipos de telha, tijolo face vista, acessrios e algumas peas especiais.
Quadro 9 Valores de explorao de argilas em 2007 e 2008 (toneladas)
2007 2008
Argilas comuns 3 700 000 3 440 000 Argilas especiais para cermica estrutural 900 000 860 000
Total 4 600 000 4 300 000
8 Argilas comuns argilas vermelhas 9 Argilas brancas ou especiais argilas que aps cozedura tm cor branca ou creme
-
28
Figura 9 Representao das principais zonas de explorao de argilas comuns em Portugal
Das empresas inquiridas, cerca de 70% possui barreiros prprios procedendo gesto e
qualificao de recursos com meios prprios ou de terceiros. No entanto cerca de 50% est
-
29
a adquirir argilas a fornecedores externos, em quantidades que podem chegar totalidade
das suas necessidades para a produo. Esta situao particularmente relevante na
explorao das jazidas da zona de Bustos, da Cruz da Lgua e em pequenas reas
localizadas na zona sul.
-
30
-
31
5. Distribuio de Custos e Produtividade A dimenso das empresas avaliada pela capacidade instalada tem consequncias directas
nos custos inerentes ao processo. Optou-se por apresentar a distribuio tpica da estrutura
de custos das empresas de cermica estrutural estratificada em gamas de capacidade
instalada e na forma de intervalos de variao (ver nota metodolgica 3, pg.5). Os custos
por rubrica (pessoal, energia, matrias-primas, transportes, outros custos) so
determinados em relao ao total anual de custos, com base em valores de 2008.
Quadro 10 Estrutura tpica de custos das empresas de cermica estrutural (intervalos de variao,
em percentagem)
Empresa com capacidade instalada
(ton/dia)
Custos com
pessoal
(%)
Custos com
energia
(%)
Custos com
matrias-primas
(%)
Custos com
transportes
(%)
Outros custos
(%)
(Manuteno, FSE10 e
outros)
Telha e acessrios11 31 - 35 18 - 21 7 - 12 4 - 7 30 - 47
20012 29 - 35 14 - 30 4 - 25 0 - 8 25 - 35 200-400 30 - 35 30 - 40 7 - 12 0 - 10 20 - 30 Tijolo e
abobadilha
400 16 - 20 25 - 40 10 - 20 5 - 15 20 25
A interpretao destes resultados e o escalonamento em funo da dimenso so reveladores da situao existente no subsector da cermica estrutural.
Verificam-se grandes variaes em cada uma das rubricas que podem resultar de
orientaes muito personalizadas e regionalizadas.
10 FSE Fornecimento de servios externos. 11 A distribuio de custos nas empresas de telha menos varivel em funo da tonelagem de produo. 12 Para as empresas com dimenso 200ton/dia, verifica-se que o somatrio dos custos ultrapassa os 100%. Este facto resulta de os valores apresentados serem valores mdios tratados a partir de inquritos efectuados, com intervalos de variao da ordem dos 5%.
-
32
As grandes empresas tm tendncia para alargar a rea de mercado, com os correspondentes custos de transporte (esta claramente uma rea a optimizar com
distribuio regional de capacidades).
Os custos com pessoal representam uma percentagem menor nas fbricas maiores, consequncia do maior grau de automao.
Nas unidades industriais de menor dimenso est generalizado o uso de combustveis
slidos de per si, ou um mix de combustveis. As empresas de maior capacidade privilegiam
a utilizao de combustveis de ltima gerao (gs natural), pelo que se observa uma
tendncia de aumento nos custos energticos, comparativamente com as empresas que
recorrem a combustveis alternativos.
Cerca de 50% das empresas no contabiliza custos com transportes, constituindo estes um
encargo para os clientes. No caso das empresas que efectuam transportes, o custo
associado pode ultrapassar os 10%. A opo de cobrana do custo de transporte usada
normalmente como um factor diferenciador para captar o cliente, havendo por vezes um
equilbrio com o preo do produto. No caso de transportes para zonas localizadas a
distncias superiores a 100 km do ponto de produo, o custo assume grande relevncia e
pode atingir um volume de 30-50% do valor de venda do produto.
Independentemente da dimenso das empresas, a percentagem de compra de matrias-
primas a terceiros pode variar at aos 100% das necessidades, sendo que neste caso a
empresa adquire a totalidade das matrias-primas a fornecedores externos.
A rubrica outros custos inclui os fornecimentos de servios externos e todas as opes de
out-sourcing de gesto na rea ambiental, energia, higiene e segurana e disposies
regulamentares.
-
33
Para as duas componentes mais significativas na distribuio de custos, apresentam-se no
quadro 11 os intervalos de variao dos custos de mo-de-obra e energia por tonelada de produto produzido em 2008, por dimenso das empresas:
Quadro 11 Intervalos de variao dos custos por tonelada de produto produzido (2008)
Empresa com
capacidade instalada (ton/dia)
Custos com pessoal por tonelada de produto
produzido
(/ton)
Custos com energia por tonelada de produto
produzido
(/ton)
Telha e acessrios 30 - 45 25 - 40
200 6 - 15 3 - 12 200-400 4 - 11 2 - 13 Tijolo e
abobadilha 400 3 - 6 7 13
A capacidade de produo de telha no apresenta disperso de valores to sensvel como
a produo de tijolo, pelo que o intervalo de variao encontrado engloba as situaes das
empresas com diferentes capacidades produtivas.
A tecnologia associada ao processo de produo de telha e acessrios exige um
combustvel que garanta uma regulao das condies do processo adequadas qualidade
do produto e envolve maior consumo de energia. Consequentemente, estas empresas tm
maiores custos de processo e de energia.
Apesar da automao j conseguida, o processo tem tambm uma componente de mo-de-
obra superior do processo produtivo de tijolo e abobadilha, estando estas caractersticas
tambm reflectidas nos custos com pessoal.
A figura 10 apresenta a distribuio de empresas de cermica estrutural (telha, tijolo e
abobadilha) por intervalos de custos com pessoal e energia por tonelada produzida em
200813.
13 Inclui empresas com valores de custos anmalos para o sector do tijolo (custos superiores a 23/ton)
-
34
0
5
10
15
20
25
N e
mpr
esas
< 10 10-20 > 20
Custos por tonelada produzida (/ton)
Custos com pessoal Custos com energia
Figura 10 Nmero de empresas do sector estrutural e respectivos custos de pessoal e de energia por tonelada produzida
No ano de 2008, um nmero significativo de empresas (estima-se que cerca de 25% das
empresas do sector) no conseguiu cobrir os custos da sua actividade.
-
35
6. Consumo energtico Com um peso importante na estrutura de custos das empresas de cermica estrutural, a
energia merece uma anlise particular na implementao de medidas que levem ao reforo
da competitividade das empresas.
6.1 Seleco de Combustveis Com o objectivo de reduzir custos sem prejudicar a qualidade do produto, um nmero
significativo de empresas substituiu total ou parcialmente o(s) combustvel (eis) que
utilizava h alguns anos atrs (tome-se como ano de referncia 2004).
A opo mais escolhida, por cerca de 50% das empresas que mudaram foi a biomassa,
seguida por 42% com coque de petrleo micronizado.
A opo mais escolhida, por cerca de 50% das empresas que mudaram foi a biomassa,
seguida por 42% com coque de petrleo micronizado.
No caso da biomassa, o grande desafio foi manter a qualidade do produto final, o que foi
conseguido, em muitos casos, graas a investimentos em novos sistemas de queima ou
queima mista.
Ao contrrio da biomassa, o coque de petrleo apresenta o factor de emisso mais elevado
de todos os combustveis actualmente utilizados na cermica, pelo que a sua utilizao
implica a atribuio e/ou aquisio de maior nmero de licenas de emisso de CO2 ou o
desenvolvimento de estratgias de reduo de emisses de gases com efeito de estufa.
A mudana para biomassa teve, para muitas empresas, uma dupla vantagem, pois alm do
seu custo ser menor, as empresas tiveram possibilidade de concretizar uma receita
extraordinria, graas venda das licenas de emisso de CO2 que lhes tinham sido
atribudas no mbito do CELE14. De facto, a utilizao de biomassa tem, para efeitos do
comrcio de emisses, associado um factor de emisso zero, sendo assim o combustvel
privilegiado (desde que tecnicamente vivel). Deste modo, as empresas que utilizam este
combustvel, contribuem positivamente para o cumprimento das metas assumidas por
14 Comrcio Europeu de Licenas de Emisso de CO2
-
36
Portugal no mbito do Protocolo de Quioto e passam, simultaneamente, a ter um montante
de licenas disponveis para comercializar.
Desde j necessrio ter em ateno que o cenrio em que vigorou o Protocolo de Quioto
chegou ao fim e ser na Cimeira de Copenhaga Dezembro de 2009 que sero definidas
as novas disposies para a emisso de CO2. expectvel um cenrio bastante mais
exigente com reflexos acentuados nos custos industriais15
No quadro 12 so apresentados os factores de emisso dos vrios combustveis
disponveis, bem como uma avaliao em termos de riscos e oportunidades associados
sua utilizao.
Quadro 12 - Riscos/Oportunidades para as empresas utilizadoras dos diversos combustveis
Risco / Oportunidade Combustvel Factor de emisso
(ton CO2/ TJ)
Oportunidade relevante Biomassa 0
Oportunidade moderada Gs natural 56,1
Risco / Oportunidade neutro Propano 63,1
Risco moderado Fuel 77,4
Risco elevado Coque de petrleo 100,8 Fonte: Vaz Serra, A., Almeida, Marisa, Baio Dias, A., Impactes Ambientais e Comrcio de Emisses:
Indstria Cermica um caso de estudo, CTCV, 2004
Cabe s empresas balancear custos, vantagens e desvantagens ambientais associadas a
cada combustvel e a uma gesto energtica eficiente para ponderar a eventual substituio
de combustveis. A garantia de qualidade do produto final tambm um elemento essencial
a ter em conta na anlise da deciso.
15 Ver Parte III Cap.3.2 (pg 429) Vaz Serra, A., Almeida, Marisa, Baio Dias, A., Impactes Ambientais e Comrcio de Emisses: Indstria Cermica um caso de estudo, CTCV, 2004
-
37
6.2 Benchmark energtico Para o benchmarking energtico consideraram-se as componentes de energia elctrica e
de energia trmica.
6.2.1 Consumo especfico de energia elctrica O consumo de energia elctrica varivel com o produto, pelo que se optou por apresentar
os intervalos de variao para o consumo especfico de energia elctrica por tipo de
produto:
Quadro 13 Intervalos de variao do consumo especfico de energia elctrica
por tonelada de produto produzido em 2008
Consumo elctrico especfico (kWh/ton)
Telha e acessrios Tijolo Abobadilha
Intervalo de variao 74 - 119 24 - 65 35 - 60
Note-se o impacto da tecnologia associada ao processo produtivo e do grau de automao
das diferentes empresas, expresso no contedo energtico do produto final.
6.2.2 Consumo especfico de energia trmica Para as empresas de telha, devido s especificidades do produto, necessrio utilizar gs
natural. As empresas produtoras de tijolo e de abobadilha tm mais alternativas e, como foi
referido anteriormente, algumas tm optado pelas solues com menores custos, com o
objectivo de reduzir encargos. No quadro 14, podem observar-se os intervalos de variao do consumo trmico especfico:
Quadro 14 Intervalos de variao do consumo especfico trmico por tonelada de produto produzido
em 2008
Consumo trmico especfico (kgep/ton)
Telha e acessrios Tijolo Abobadilha
Intervalo de variao 56 -74 25 - 50 35 - 60
-
38
Apesar de no estar reflectido neste trabalho, verifica-se que as empresas com capacidade
superior a 400 toneladas/dia apresentam uma eficincia energtica, avaliada pela
intensidade energtica do produto, superior das empresas com menor capacidade.
Embora continuem a ser orientativos os consumos especficos de energia estabelecidos
pelo RGCE16, foi definida uma nova metodologia para a gesto dos consumos.
Agora e de acordo com o novo SGCIE17 (2008), o objectivo para as empresas descer o
consumo global (elctrico e trmico), como descrito a seguir:
1% por ano, durante 6 anos, para empresas com consumos superiores a 1000tep; 0,5% por ano, durante 8 anos, para empresas com consumos entre 500 e 1000tep;
Cabe s empresas monitorizar consumos e analisar quais as medidas passveis de
implementao que podem melhorar a utilizao de energia.
Cerca de 10 empresas de cermica estrutural possuem instalaes de cogerao,
caracterizadas por uma potncia instalada total de 26 MWh.
Quadro 15 Sistemas de cogerao nas empresas de cermica estrutural
N empresas Potncia instalada (MWh)
Motores 9 26
6.2.3 Medidas para melhorar a Eficincia Energtica
O PNAEE18 - Sistema 719, aprovado pelo Conselho de Ministros em 2008 o documento
que engloba um conjunto alargado de programas e medidas consideradas fundamentais
relativas eficincia na utilizao final de energia e aos servios energticos.
16 RGCE - Regulamento de Gesto do Consumo de Energia 17 SGCIE Sistema de Gesto de Consumidores Intensivos de Energia 18 Plano Nacional de Aco para a Eficincia Energtica
-
39
A indstria cermica considerada como tendo um potencial significativo de melhorias
possveis de implementar com vista utilizao racional de energia. Este potencial foi
classificado atravs de aces em trs vertentes e as previses de reduo quantificadas
do seguinte modo:
Quadro 16 Medidas para melhorar a eficincia energtica (PNAEE Setembro 2008)
Aces 20 Previses de intervalos de reduo
Medidas de gesto e eficincia 1,5 - 2 %
Medidas associadas produo de calor 1,5 - 2,5 %
Outras medidas 1 - 2%
a) Medidas de gesto e eficincia Monitorizar e seguir atravs de indicadores os consumos de cada forma de energia
utilizada:
Conhecer o estado de cada processo e comparar com valores de empresas anlogas;
Analisar as novas prticas de trabalho e proceder ao ajuste do tarifrio que melhor se adapta ao regime de trabalho, atravs da seleco da modalidade de
contratao mais adequada.
b) Medidas associadas produo de calor Os motores elctricos abastecem, na maioria dos casos, a energia que alimenta os
equipamentos produtivos industriais, pelo que constituem uma das principais fontes de
consumo de energia.
19 Sistema 7 Sistema de Eficincia Energtica na Indstria 20 Fonte : RECET, CITEVE, CTCV, CTIC, Guia de boas prticas de medidas de utilizao racional de energia e energias renovveis, 2007
-
40
Analisar as opes associadas aos motores pode constituir um campo de oportunidades de
reduo de consumos de energia, nomeadamente na:
Seleco de motores elctricos, ao nvel das condies de operao, arranque e regulao,
Condies de operao e conservao de motores elctricos.
Nas empresas que possuem equipamentos de cozedura, grandes consumidores de
energia, tambm devem ser optimizadas as condies de funcionamento. Adicionalmente,
pode ser considerada a recuperao de calor, tendo os equipamentos envolvidos para esta
funo um curto perodo de retorno do investimento.
c) Outras medidas de utilizao racional de energia: Medidas relacionadas com a utilizao da iluminao, ar comprimido, climatizao e
ventilao.
Por se tratar de medidas genricas, transversais na sua aplicao, podem tambm servir de
orientao para as empresas do sector estrutural.
d) Outras medidas de utilizao racional de energia especficas para o subsector da cermica estrutural:
Optimizao de fornos e secadores; Utilizao de processos de extruso dura ou assistidos com vapor; Utilizao de combustveis alternativos e sistemas de aproveitamento de energias
renovveis.
Considera-se que uma das medidas que a indstria deve privilegiar a instalao de sistemas de monitorizao em tempo real, do estado de utilizao de energia. A tomada de deciso sobre o que passvel de melhoria e a forma de o fazer assim
fundamentada e quase intuitiva.
-
41
7. Ambiente A indstria cermica, tal como qualquer outro tipo de actividade, gera impactes ambientais
inerentes ao desenvolvimento da actividade produtiva.
Os impactes ambientais associados fase de produo, esto normalmente associados a:
emisses para a atmosfera resultantes dos processos trmicos, cozedura e, de um modo menos significativo, secagem;
consumo de recursos naturais, energia (elctrica e combustveis) e gua; descargas de efluentes lquidos industriais (funo do tipo de fabrico), e que
normalmente so inexistentes nos processos de conformao por via seca;
produo de resduos; emisses de rudo.
A tendncia de crescimento dos custos relacionados com a componente da gesto, controlo
e reduo dos impactes ambientais merece, semelhana do factor energtico, uma
anlise particular. A necessidade de adopo de procedimentos e tecnologias que resultem
num menor impacto ambiental da actividade das empresas, por imposio legal, por razes
associadas responsabilidade social e por questes de sustentabilidade uma tendncia
irreversvel. A esta necessidade esto associados os correspondentes custos. Da que os
aspectos ambientais devam ser tambm considerados com especial ateno na adopo
de medidas que reforcem a competitividade das empresas.
7.1 Emisses gasosas No subsector da cermica estrutural, as emisses gasosas so um dos aspectos
ambientais mais significativos.
No quadro 17 constam alguns dados tpicos das emisses gasosas geradas na fase de
cozedura, por tipo de combustvel.
-
42
Quadro 17 - Emisses tpicas no subsector da cermica estrutural
Poluente Partculas SO2 NOx CO
Produo Combustvel (mg/Nm3) Telha/ Tijolo Gs Natural
20 [0 a 30]
15 [0 a 20]
100 [50 a 250]
50 [10 a 110]
Biomassa 60 [20 a 300] 0,0
[0 a 10] 200
[50 a 250] 250
[100 a 1000]
Coque (mistura) 50 [30 a 100] 650
[300 a 1500] 120
[50 a 250] 250
[100 a 500] Tijolo
Fuel 25,1 [20 a 100] 915,0
[400 a 1200] 250
[50 a 500] 250
[100 a 500]
Valores Limite de Emisso Portaria n. 286/93 (18% O2)
150 1800 1500 1000
Valores Limite de Emisso Portaria n. 675/2009
Portaria 677/2009 150 500 500 500
VEA BREF (18% O2) [1 a 20]
-
43
7.2 gua As fontes de gua utilizadas nas unidades fabris englobam captaes subterrneas como poos, furos e minas; captaes superficiais tais como lagoas ou mesmo guas pluviais
captadas em cisternas e ainda a utilizao da rede de gua pblica (para as reas sociais).
No subsector da cermica estrutural no surgem quaisquer tipos de efluentes industriais
inerentes ao processo, excepo das empresas de telha que possuem
engobagem/vidragem. Os efluentes lquidos so de cariz domstico.
7.3 Resduos Quanto gesto de resduos a maioria das empresas efectua j uma gesto adequada
dos resduos recorrendo a operadores licenciados e efectuando a sua contabilizao anual
para incluso no MIRR25.
A valorizao de resduos como partculas de despoeiramento e leos usados praticada
pela maioria das empresas do subsector.
No quadro 18 apresentam-se alguns factores de gerao de resduos.
Quadro 18 - Factores de gerao de resduos
Tipo de resduo Quantidade (kg/ton produto produzido)
Caco cru 10 - 50
Caco cozido 9 50
Material refractrio 0,2 0,8
Partculas de despoeiramento 0,01 0,03
Papel e carto 0,9
Plstico 0,1
25 MIRR - Mapa integrado de registo de resduos
-
44
7.4 Rudo O rudo no exterior funo no s do tipo de equipamento (modo de funcionamento e operao), mas tambm de factores como a envolvente fabril, nomeadamente a distncia
entre as fontes de rudo e os limites das propriedades fabris.
Em termos de principais fontes de rudo, so identificveis os sistemas de despoeiramento;
os sistemas de exausto e ventilao de fornos, estufas, etc; os compressores; moinhos,
etc.
-
45
8. Vendas O volume de negcios anual associado s empresas produtoras de tijolo, abobadilha e
telha ascendeu a 150 milhes de euros em 2008, sendo que cerca de 50% gerado pelas
empresas produtoras de telha.
8.1 Variao do volume de negcios entre 2007 e 2008 Apesar da situao conjuntural adversa, algumas empresas registaram um aumento do
volume de negcios em 2008, relativamente a 2007.
Nas figuras seguintes so apresentadas as tendncias da produo e venda (valores totais,
englobando vendas no mercado nacional e exportaes) de telhas cermicas (figura 11) e
de tijolo (figura 12) entre os anos de 2000 e 2007.
150.000
175.000
200.000
225.000
250.000
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
milh
ares
de
telh
as
Quantidade de telha produzida Quantidade de telha vendida
Figura 11 Quantidade de telha produzida e vendida entre 2000 e 2007 Fonte: INE Estatsticas da Produo Industrial 2007
-
46
3.000
3.500
4.000
4.500
5.000
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
milh
ares
de
ton
Quantidade de tijolo produzido Quantidade de tijolo vendido
Figura 12 Quantidade de tijolo produzido e vendido entre 2000 e 2007 Fonte: INE Estatsticas da Produo Industrial 2007
O valor aparentemente anmalo de 2007 pode estar relacionado com o aumento muito
significativo das exportaes para Espanha durante esse ano (figura 16).
8.2 Mercado interno No conjunto de empresas considerado, os distritos referidos como lderes de vendas no
mercado nacional so os de Porto, Lisboa, Algarve, Braga e Santarm. Nos restantes
distritos, so preferencialmente as empresas produtoras a localizadas que vendem num
raio de aco mais reduzido.
Aproximadamente 60% das empresas refere que 80% dos seus clientes se encontra a
menos de 200km da fbrica.
A cermica estrutural um produto destinado edificao (habitao, estruturas sociais e
afins). Mas essencialmente a habitao nova a que incorpora a cermica estrutural (
excepo da telha, em que o mercado de renovao significativo). O facto do mercado de
renovao no ser significativo para a cermica de alvenaria deve-se sobretudo ausncia
de produtos adequados para a renovao.
As novas exigncias da eficincia energtica e da qualidade e conforto na habitao
constituem oportunidades de excelncia para a inovao nos produtos e nas tcnicas de
-
47
construo. H que desenvolver produtos multifuncionais e com um comportamento em
obra facilitador da aplicao de acabamentos e da racionalidade dos conjuntos
complementares da vida da habitao (rede de guas, comunicaes, multimdia, esgotos,
energia, etc.)
Figura 13 Nmero de edifcios e fogos licenciados em 2008 Fonte: INE Estatsticas de Construo e Habitao 2008
-
48
No quadro 19 apresenta-se a evoluo no nmero de edifcios licenciados em Portugal, nos
ltimos 3 anos e observa-se uma tendncia descendente generalizada.
Quadro 19 Edifcios licenciados, segundo o tipo e destino de obra, em Portugal
Nmero de edifcios licenciados
2006 2007 2008
Norte 16427 14964 12736
Centro 14289 13204 11496
Lisboa 6982 6375 5176
Alentejo 5012 5028 4129
Algarve 3271 3179 2633
Regio Aut. Aores 2083 1835 1570
Regio Aut. Madeira 1140 1007 811
Fonte: INE Estatsticas de Construo e Habitao 2008
Quadro 20 Fogos licenciados, segundo o tipo e destino de obra, em Portugal
Nmero de fogos licenciados
2006 2007 2008
Norte 25108 21712 16698
Centro 18574 16930 12323
Lisboa 24851 18371 14538
Alentejo 5940 5525 4095
Algarve 9806 10213 6494
Regio Aut. Aores 2547 2706 1932
Regio Aut. Madeira 2301 1883 1740
Fonte: INE Estatsticas de Construo e Habitao 2008
-
49
Para o desenvolvimento deste estudo privilegiou-se uma anlise por edifcios, que ser mais abrangente do que a anlise por fogos, embora sendo o segmento do habitat o maior consumidor de cermica estrutural.
O mercado no se esgota nos fogos e, associado s grandes concentraes de populao,
privilegia-se a construo de edifcios de estruturas sociais (escolas, bibliotecas, edifcios
desportivos e institucionais, etc) que, apesar de conterem uma forte incorporao de outros
materiais, so tambm consumidores de materiais cermicos estruturais.
8.3 Mercado externo Cerca de 50% das empresas exportaram produtos em 2008, sendo que um nmero muito
representativo as empresas produtoras de telha esto a exportar, sobretudo para Espanha,
outros pases da Unio Europeia, pases africanos e Emiratos rabes.
No caso do tijolo e abobadilha, a percentagem de empresas exportadoras ronda os 40% e
dentro destas, apenas 6% exporta para mercados para alm da Pennsula Ibrica. O
mercado alvo mais referido Espanha, seguido de Angola e outros pases lusfonos e
tambm o do Lbano.
Desde 2003 que a balana comercial tem vindo a pesar favoravelmente para as
exportaes, principalmente para as telhas cermicas, como se pode verificar na figura 14.
No caso dos tijolos e tijoleiras cermicas, as exportaes igualaram as importaes em
2005 e, a partir, desse ano, inverteu-se a tendncia dos anos anteriores, passando as
exportaes a suplantar as importaes. A quebra registada em 2008 figura 16- pode
reflectir o efeito da crise na construo civil sentida em Espanha, uma vez que este o
destino preferencial para as empresas exportadoras de tijolo.
Nas empresas produtoras de telha, o volume de negcios associado exportao de
material representou, em 2008, entre 10 a 20% do volume de negcios anual tendo
manifestado uma tendncia sustentada de crescimento entre 2007 e 2008.
-
50
No caso do tijolo e abobadilha, as exportaes so menos expressivas e apenas para um
nmero reduzido de empresas o seu valor tem algum significado no volume de negcios
anual.
Quadro 21 - Principais mercados de Exportao em 2007 e 2008 e valor associado s transaces
Pas 2007
(milhares de ) 2008
(milhares de )
Exportao em 2008
(%)
Variao 2008/2007
(%)
Espanha 6.322 3.990 37,7 -36,9
Angola 1.826 2.515 23,8 37,7
Lbano 898 1.474 14,0 64,1
Cabo Verde 549 561 5,3 2,2
Arglia 326 480 4,5 47,4
Frana 528 297 2,8 -43,8
Emiratos rabes Unidos 200 248 2,3 24
Chipre 151 213 2,0 41
Guin-Bissau 204 168 1,6 -17,7
Estados Unidos Amrica 187 161 1,5 -13,5
Jordnia 24 63 0,6 166,5
Sudo 25 60 0,6 142
S. Tom e Prncipe 81 45 0,4 -44,1
Catar 18 30 0,3 64,1
Alemanha 0 29 0,3 ---
Outros 483 238 2,3 -50,8
TOTAL 11.821 milhares
10.572 milhares 100% -10,6%
Fonte: INE Estatsticas do Comrcio Internacional 2007 e 2008
-
51
0
2.000.000
4.000.000
6.000.000
8.000.000
10.000.000
12.000.000
14.000.000
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Euro
s (
)
Exportaes Importaes
Figura 14 Evoluo das importaes e exportaes de telhas cermicas entre 2003 e 2008 Fonte: INE Estatsticas do Comrcio Internacional 2008
O principal mercado das telhas cermicas a Unio Europeia, seguida de frica,
representando 80% do total das exportaes (figura 16).
Unio Europeia43,1%
Outros Europa0,2%
frica37,1%
Amrica do Norte, Central e do Sul
1,9%
sia17,7%
Figura 15 Principais mercados de exportao de telhas cermicas em 2008 Fonte: APICER, a partir de dados do INE Estatsticas do Comrcio Internacional 2007 e 2008
-
52
0
1.000.000
2.000.000
3.000.000
4.000.000
5.000.000
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
Euro
s (
)
Exportaes Importaes
Figura 16 Evoluo das importaes e exportaes de tijolos e tijoleiras cermicas entre 2003 e 2008 Fonte: INE Estatsticas do Comrcio Internacional 2008
As exportaes de tijolo tm sido maioritariamente para Espanha, destino preferencial por
razes relacionadas com custos de transporte do produto (figura 17).
Espanha; 91%
Angola; 8%Outros; 1%
Figura 17 Principais mercados de exportao de tijolo cermico em 2007
Fonte: APICER, a partir de dados do INE Estatsticas do Comrcio Internacional 2007 interessante verificar-se a variao das exportaes de tijolo e telha cermica, entre o 1
trimestre de 2008 e o perodo homlogo em 2009. Os tijolos registaram, no primeiro
trimestre de 2009, um aumento muito significativo nas exportaes, enquanto a telha
-
53
continua a tendncia decrescente verificada durante 2008, relativamente a 2007 (figura 12).
uma situao conjuntural que eventualmente pode estar relacionada com a construo
em Angola.
Quadro 22 - Comparao do valor das exportaes e importaes nos primeiros trimestre de 2008 e 2009
Exportaes () Importaes ()
1 trim.2008 1 trim.2009 variao 1 trim.2008 1 trim.2009 variao
Tijolos e tijoleiras cermicas
483.670 2.027.455 319,2% 331.254 87.763 -73,5%
Telhas cermicas 2.529.522 1.564.417 -38,2% 143.410 143.592 0,1%
Fonte: APICER, a partir de dados do INE Estatsticas do Comrcio Internacional 8.4 Preos de venda Os preos mdios de venda de telha cermica (por unidade) e de tijolo (tonelada) so
apresentados nas figuras 18 e 19, onde possvel verificar que o preo da telha, embora
com pequenas oscilaes, tem mantido e at apresentado uma ligeira tendncia de subida
nos ltimos anos.
Em 2008, o preo da telha lusa, padro, manteve-se estvel embora se registassem
variaes sensveis, de acordo com o grau de acabamento e as especificaes tcnicas
associadas.
-
54
0,25
0,30
0,35
0,40
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Euro
s (
)
Figura 18 Preo de venda de telha cermica, por unidade
Fonte: INE Estatsticas da Produo Industrial 2007
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Euro
s (
)
Figura 19 Preo de venda do tijolo cermico, por tonelada
Fonte: INE Estatsticas da Produo Industrial 2007 O preo do tijolo, pelo contrrio, tem vindo a decrescer de uma forma sistemtica,
registando, em 2007, preos cerca de 45% mais baixos que em 2001.
Em relao abobadilha, em 2008, o preo de venda por tonelada produzida variou entre
30 e 40 /ton. Para o tijolo, em 2008, o preo de venda por tonelada produzida variou, para
a maioria das empresas, entre os 20 e os 27/ton, havendo apenas um ou outro caso
-
55
pontual em que o valor estava abaixo do mnimo indicado26. Estranhamente, os dados
objectivos disponveis indicam uma subida acentuada dos preos tpicos de venda por
tonelada de tijolo produzido de 2007 (dados do INE) para 2008 (dados dos inquritos) e que
no validada pelas informaes veiculadas pelas empresas. As justificaes podero
estar relacionadas com o referido na anotao 26, ou com outros factores desconhecidos.
26 As diferenas verificadas podem dever-se ao facto de os dados fornecidos pelo INE aglutinarem tijolos e tijoleiras cermicas, sem desagregarem os produtos pela sua tipologia ou pode a diferenas ser devida ao facto de o INE considerar o volume de negcios por quantidade vendida e neste estudo se considerar o volume de negcios por quantidade produzida, havendo diferenas acentuadas entre as quantidades produzidas e as quantidades efectivamente vendidas.
-
56
-
57
9. Perspectivas de consumo de produtos cermicos estruturais no curto prazo
To importante como conhecer o estado actual do sector perspectivar tendncias e
estabelecer bases para hipteses futuras.
Com esse objectivo, analisou-se e relacionou-se a informao disponibilizada pelo INE nas
Estatsticas sobre Habitao e Construo, nomeadamente:
Nmero de edifcios licenciados27 e concludos; Prazo efectivo de concluso de edifcios; Consumos de materiais cermicos registados nos ltimos 4-5 anos;
Aplicando uma metodologia que correlacione os factos verificados.
Atravs da informao disponibilizada pelo INE nas Estatsticas sobre Habitao e
Construo, o prazo efectivo de concluso dos edifcios, isto , o tempo decorrido desde o licenciamento at concluso da construo, tem em Portugal um valor mdio de 24 meses.
Verifica-se uma diferena da ordem de 20% entre o nmero de edifcios licenciados e o
nmero de edifcios concludos 2 anos aps a atribuio dessa licena. Pode-se concluir
que h duas situaes a contribuir para esta diferena:
20% dos edifcios no chegam a ser concludos ou 20% dos edifcios esto a acumular atrasos na sua concluso e/ou comercializao.
27 Edifcios licenciados so os edifcios aos quais atribuda uma licena de obras. Autorizao concedida pelas Cmaras Municipais ao abrigo de legislao especfica, para execuo de Obras (construes novas, ampliaes, transformaes, restauraes e demolies de edifcios).
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58
Com base nestas informaes, foi construdo o grfico da figura 20 que mostra a evoluo
do nmero de edifcios licenciados e do nmero de edifcios concludos.
30 000
40 000
50 000
60 000
70 000
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009
edif
cios
em
Por
tuga
l
Licenciados Concludos
Figura 20 Evoluo do nmero de edifcios licenciados e concludos em Portugal, entre 2001 e 2008 Fonte INE - Estatsticas de Habitao e Construo 2007
Quadro 23 Variao do nmero de edifcios licenciados e concludos entre 2003 e 2008
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Edifcios licenciados 62 922 62 165 56 279 52 370 50 641 49 005 45 369 38 551
Edifcios concludos 56 519 45 994 46 996 42 058 37 383
Fonte INE - Estatsticas de Habitao e Construo 2007 Para a construo dos edifcios concludos num ano de referncia, considerou-se a
utilizao da produo de tijolo e telha efectuada 2 anos antes, tendo em conta o prazo
efectivo de concluso de edifcios e admitindo que estes materiais so aplicados nos
edifcios numa das fases iniciais da construo.
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Para estimativa do consumo dos materiais cermicos28, considerou-se o n total de edifcios
concludos, dados apresentados nas Estatsticas de Habitao e Construo-2007.
De acordo com os pressupostos anteriormente apresentados, calculou-se para os anos de
2003 a 2007, inclusiv, o valor da relao entre a quantidade de materiais vendidos (tijolo e
telha) num ano e o nmero de edifcios concludos 2 anos aps.
Quadro 24 Quantidade de materiais cermicos utilizados por edifcio concludo em Portugal, entre 2003 e 2007
2003 2004 2005 2006 2007
Quantidade de telha/edifcio concludo (unidades/edifcio concludo) 3700 4700 4200 4400 4500
Quantidade de tijolo/edifcio concludo (toneladas/edifcio concludo) 70 75 70 75 85
Fonte INE - Estatsticas de Habitao e Construo 2007 Encontrou-se um valor mdio de consumo, por edifcio concludo, de 4300 unidades de telha cermica e de 75 toneladas de tijolo.
Quadro 25 Nmero de edifcios e fogos concludos em Portugal, entre 2001 e 2007
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Edifcios concludos 61745 63829 56 519 45 994 46 996 42 058 37 383
Fogos concludos 117 358 129 564 97 621 79 703 81 506 74 204 67 223
Fonte INE - Estatsticas de Habitao e Construo 2007 No quadro 26 apresenta-se a variao do nmero de licenciamentos anuais de edifcios
desde 2003 a 2009.
28 Em relao ao consumo de materiais cermicos, ao valor de cada produto vendido foi retirado o correspondente a exportaes e adicionado o valor das importaes. O resultado considerou-se o valor consumido na construo no mercado interno. No caso das telhas trabalhou-se em unidades e no tijolo em toneladas.
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60
Quadro 26 - Variao do nmero de edifcios licenciados entre 2003 e 2008
Ano 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 (P)
N licenciamentos 56 279 52 370 50 641 49 005 45 369 38 551 30400
(P) - Previsto -7% -3,3% -3,2% -7,4% -15% -21% (P)
O valor de 2009 uma previso, calculada com base no relatrio do Banco de Portugal que cita como fonte o INE e segundo o qual o nmero de licenciamentos no primeiro trimestre de 2009 foi de aproximadamente 7600.
Admite-se que os anos de 2008 e 2009 sejam os pontos mais baixos desta recesso, e
apontando as previses do Banco de Portugal no sentido de uma desacelerao no valor
do decrscimo registado nos anos anteriores, prev-se uma estabilizao para os anos
seguintes.
Quadro 27 Previso de edifcios licenciados e concludos por ano, at 2012
2008 2009 (P) 2010(P) 2011(P) 2012(P)
Edifcios licenciados 38551 -21% 30400 30 400
Edifcios concludos ( - 20% do que os licenciados 24 meses antes)
30842 24320
Com base nos valores mdios de consumo de materiais cermicos anteriormente
encontrados, e nas previses de edifcios licenciados e concludos do quadro 27
estabelece-se uma previso de consumo de materiais cermicos no mercado interno para
os prximos anos.
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61
Quadro 28 - Previso de consumos de materiais cermicos no mercado interno at 2012
Consumo de materiais cermicos no mercado interno
2009(P) 2012 (P) Telha e acessrios (toneladas/ano)
380 00029
Tijolo (toneladas/ano) 1 900 00030
Se persistir a tendncia decrescente e/ou a estabilizao do nmero de licenciamentos e de
edifcios concludos31, as necessidades do mercado interno sero bastante inferiores
capacidade de produo para o nmero de fbricas existente.
No quadro 29 so apresentados os valores de incorporao de produtos cermicos em
Portugal.
Quadro 29 Incorporao de tijolo cermico, por fogo licenciado, em Portugal
2005 2006 2007
Tijolo vendido no mercado interno (kton/ano)32
3 130 2 817 2 900
Nmero de fogos concludos 83 335 88 704 76 971
Incorporao de tijolo por fogo (toneladas/fogo) 38 32 38
29 Valor encontrado com base no clculo : 24320 edifcios x 4300 telhas/edifcio x 0,0036 toneladas/telha 30 Valor encontrado com base no clculo : 24320 edifcios x 75 toneladas tijolo/edifcio 31 As previses da AECOPS Associao das Empresas de Construo e Obras Pblicas apontam para um decrscimo do volume de construo de edifcios residenciais e no residenciais que chegar aos -4,0%. No entanto o sector pblico e das obras de construo civil tender a registar um aumento de cerca de 7%. 32 Clculo efectuado tendo em considerao as exportaes e importaes
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62
A previso de uma estabilizao do consumo de materiais cermicos no mercado nacional que rondar as 350 000 a 400 000 toneladas, no caso da telha e que ser de 2 000 000 a 2 500 000 de toneladas, no caso do tijolo.
Devero ser devidamente acauteladas as situaes de exportao que podero viabilizar uma produo cerca de 15 - 20% superior indicada.
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63
10. Situao nos pases mediterrnicos de referncia 10.1 Espanha Sendo Espanha o mercado externo mais prximo do nosso pas e destino preferencial das
exportaes dos produtos cermicos portugueses, decidiu-se incluir neste trabalho
informao sobre o estado de sector no pas vizinho. A figura 21 apresenta a evoluo do
nmero de empresas de subsector da cermica estrutural, bem como as produes e o
nmero de trabalhadores, desde 2005 a 2008.
Figura 21 Evoluo no nmero de empresas, produo de cermica estrutural (em milhares de toneladas) e nmero de empregados, em Espanha, entre os anos de 2005 e 2008
Fonte: Asociacin Espaola de Fabricantes de Ladrillos y Tejas - Hispalyt
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64
O subsector da cermica estrutural em Espanha tem unidades fabris distribudas por todas
as provncias (figura 22), embora com maior predominncia em algumas. Uma empresa de
dimenso mdia deste sector, caracteriza-se por ter 30 colaboradores e uma produtividade
de mo-de-obra, em mdia, de 2.200 toneladas por ano33.
Figura 22 Localizao das principais unidades fabris que produzem tijolo de furao vertical, em Espanha
Fonte: Tcnica Cermica, Dezembro 2007
33 Fonte: Tcnica Cermica, Dezembro 2007
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65
A produo de cermica estrutural em Espanha, distribui-se por vrios produtos do seguinte
modo:
Quadro 30 Tipos e quantidades de produtos da cermica estrutural (Espanha, 2007, milhares de toneladas/ano)
Tijo
lo fu
ra
o ho
rizon
tal
Tijo
lo fu
ra
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rtica
l
Telh
a
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4
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5
Pe
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is
Tota
l
Produo 2007 (kton)
14688 3622 2544 1656 3564 3420 860 616 550 31520
Percentagem na produo
global 46,6% 11,5% 8,1% 5,3% 11,3% 10,9% 2,7% 2,0% 1,7%
Percentagem na produo de alvenaria
80,2% 19,8%
Fonte: Tcnica Cermica Dezembro 2007 36 O quadro revelador das percentagens de consumo, por tipo de produto: em Espanha o
tijolo de furao vertical tem um consumo da ordem dos 20% do total dos tijolos de
alvenaria.
As peas para diviso interior tm vindo a conquistar utilizadores, graas s caractersticas
funcionais de isolamento e facilidade de aplicao.
De facto, o sector est a atravessar uma grave crise, expressivamente traduzida pelos
nmeros que a seguir se apresentam:
34 Tablero peas de grandes dimenses para divisrias interiores (vulgarmente designadas tabiqueria) 35 Spaltplatten tijoleira dupla 36 No foram divulgados valores relativos ao ano de 2008 na mesma publicao, em Dezembro de 2008
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66
O decrscimo da produo entre 2007 e 2008 foi de aproximadamente 19%, com tempos de paragem, de produo a duplicar, em 2008 e rondando os 69 dias.
Verificou-se uma reduo do nmero de trabalhadores no sector da ordem dos 6,7%.
Em 2008 encerraram perto de 160 empresas e as previses apontam para que, nos prximos anos, o nmero ascenda a 215.
Para combater a crise no mercado interno, tambm os produtores espanhis se viraram
para o exterior, investindo fortemente na procura de novos destinos para os seus produtos.
Em 2008, registaram incrementos na exportao de telha: 35%, de paver: 32% e de tijolo
face vista: 28%.
Nos anos de 2005 a 2007, a incorporao de tijolo cermico por fogo atingiu os valores
apresentados no quadro 31.
Quadro 31 Incorporao de tijolo cermico por fogo em Espanha
2005 2006 2007
Produo de tijolo (furao horizontal e vertical) (kton/ano)
17 760 18 769 18 310
Nmero de fogos 590 631 658 644 646 792
Incorporao de tijolo por fogo (toneladas/fogo) 30 28 28
Fonte: Tcnica Cermica Dossier Cermica Estrutural em Dezembro de 2008
Tendo em conta o excesso de construo realizada nos ltimos anos, que conduziu a um
desequilbrio entre oferta e procura, as previses apontam para um forte decrscimo na
construo de novas moradias, que se estender at 2011. Entre 2010 e 2020, as
previses para a construo de fogos so apresentadas no quadro 32.
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Quadro 32 Previses de construo de fogos em Espanha
Previses sobre a construo de fogos
Anos
2008 2009 2010-----------------2020
300.000 250.000 275.000 Mdia 400.000/ano
Fonte: Tcnica Cermica Dossier Cermica Estrutural em Dezembro de 2008 10.2. Frana Segundo dados referentes a 2007 da Federation Francaise des Tuiles et Briques, so 152
as empresas de cermica estrutural em Frana, que empregam 6170 colaboradores e cuja
facturao ascendeu aos 1 113 000 000. Em valores mdios, uma empresa do subsector
tem 41 colaboradores e uma produtividade de mo-de-obra de 1023 toneladas/ano37.
De forma a possibilitar uma viso sobre a utilizao dos vrios produtos do sector na
construo em Frana, apresenta-se a distribuio dos materiais de construo, por tipo de
produto, no quadro seguinte:
Quadro 33 Tipos e quantidades de produtos da cermica estrutural (Frana, 2007, milhares de toneladas/ano)
Tijolo furao vertical Telha e acessrios
Produo 2007 (kton) 2647 3246
Percentagem na produo global
41,9% 51,4%
37 Os nmeros apresentados devem ser vistos com reserva, dado inclurem muitas unidades fabris produtoras de material com caractersticas rsticas.
-
68
Pode verificar-se que, neste pas, a construo substituiu o tradicional tijolo de furao
horizontal pelo tijolo de furao vertical, maioritariamente utilizado.
Quadro 34 Tijolo cermico e n de fogos licenciados em Frana em 2007 (toneladas/ano)
2005 2006 2007
Produo de tijolo (furao vertical) (Monomur) (kton/ano)
2 319 2 513 2 647
Nmero de fogos licenciados 505 555 545 902 517 907
Fonte: Federation Francaise des Tuiles et Briques et Insee38 Os valores apontados na produo (2647 kton) correspondem produo local da
alvenaria, designadamente monomur. Em Frana existe um mercado muito forte de
importao deste tipo de produtos da Alemanha, Blgica e Itlia, que no est aqui
contabilizado. Os valores devem assim ser lidos com reserva.
10.3 Itlia Em Itlia, o valor total de produo de alvenarias, de 12 823 milhares de toneladas. 7826
milhares de toneladas so tijolos de furao vertical, poroton/termolaterizi. Ou seja, cerca
de 61% da produo de alvenaria estrutural. Os principais produtores de alvenaria
estrutural em Itlia localizam-se nos pontos assinalados na figura 23.
38 Insee Institut national de la statistique et des tudes conomiques (Frana)
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Figura 23 Localizao das principais unidades fabris que produzem tijolo de furao vertical, em Itlia
Fonte: http://www.poroton.it/
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Quadro 35 Tipos e quantidades de produtos da cermica estrutural (Itlia, 2007, milhares de toneladas/ano)
Tijolo
furao horizontal (tramezze)
Tijolos de furao vertical
(compacta e
aligeirada) (blocchi
portanti e alleggeriti)
Telhas e acessrios
Tijolos face vista
Pavimentos Outros Total
Produo 2007 (kton)
4997 7826 1959 1165 3376 1202 20525
Percentagem na produo
global 24,3% 38,1% 9,6% 5,7% 16,5% 5,9%
Percentagem na produo de alvenaria
39,0% 61,0%
Fonte: Ziegelindustrie Internacional, 8/2008
Quadro 36 Incorporao de tijolo cermico por fogo licenciado em Itlia em 2007 (toneladas/ano)
2005 2006 2007
Produo de tijolo (furao horizontal e vertical) (kton/ano)
12 826 13 005 12 793
Nmero de fogos licenciados 334 689 315 885 301 018
Incorporao de tijolo por fogo (toneladas/fogo) 38 41 42
Fonte: Ziegelindustrie Internacional, 8/2008 e Istat39
Os valores da incorporao em 2006 e 2007 podem estar sobredimensionados, uma vez
que se trata de quantidades produzidas e no de quantidades vendidas, sendo que a fonte
refere a manuteno dos nveis de produo em Itlia, relativamente a 2006, embora os
stocks tenham aumentado substancialmente.
39 Istat - Istituto nazionale di statistica (Itlia)
-
71
11. Anlise comparativa De forma a permitir uma anlise comparativa da indstria de cermica estrutural nos pases
mediterrnicos, reuniram-se dados apresentados ao longo do texto e elaborou-se o quadro
37:
Quadro 37 Indicadores da indstria cermicas nos pases mediterrnicos (ano de referncia: 2007)
Portugal Espanha Itlia Frana
1 Produo alvenaria (kton/ano) 3 026 18 310 12 823 2 647
2 Produo telha (kton/ano) 628 2 544 1 959 3 246
3 Produo total cermica estrutural (inclui todos os produtos) (kton/ano)
4 174 31 520 20 525 --
4 N trabalhadores do sector 2 60040
(1+2) 14 000 -- 6 170
5 Volume negcios (k) 160 000
(1+2) 205 000 (3)
1 260 00041 -- 1 113 000
6 Produtividade de mo de obra (toneladas/colaborador/ano) 1 400 (1+2) 2 200 -- --
7 Produtividade de vendas (/colaborador/ano) 61 000 (1+2) 90 000 -- --
8 Nmero de fogos licenciados 76 971 646 792 301 018 517 907
9 Incorporao de tijolo por fogos licenciados (toneladas/fogo) 39 28 42 --
10 Incorporao de telha por fogo (unidades/fogo) 2 260 1 093 1 808 1 741
40 Valor estimado para 2007 e apenas para o subsector de tijolo, abobadilha e telha 41 Fonte: Hyspalit.es; Este foi o valor encontrado para 2005 mas considerou-se que as condies no sofreram alteraes substanciais (figura 21), pelo que se assumiu o mesmo valor para 2007.
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72
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12. Concluses Factos As obrigaes decorrentes de uma legislao comunitria e nacional, impem uma
prtica industrial socialmente responsvel, abrangendo este conceito reas como
impactos ambientais, explorao de recursos naturais, energia, emisses, higiene e
segurana, etc, com procedimentos que exigem uma estrutura organizada de suporte.
A cermica estrutural representa um tipo de produtos direccionados fundamentalmente para a construo de edifcios e espaos habitacionais, pelo que se pode perspectivar
as necessidades deste tipo de produtos para os prximos anos com base nas
tendncias de construo num futuro a curto/mdio prazo.
De acordo com estudos prospectivos, o mercado da construo em Portugal tender a estabilizar em torno 30.000 40.000 edifcios/ano, correspondente a 50.000 - 70.000
fogos/ano.
Verifica-se que os dados recentes e as previses de outros pases da Europa, nomeadamente da faixa mediterrnica, esto consonantes com as perspectivas para
Portugal.
A incorporao de cermica estrutural em Portugal de 75 toneladas de alvenaria por edifcio concludo e de 4300 unidades de telha, equivalente a cerca de 40 toneladas de
tijolo por fogo e 2260 telhas por fogo. Estes nveis de incorporao na edificao so
idnticos aos de outros pases mediterrnicos, cabendo agora cermica contrariar a
tendncia de entrada de produtos alternativos. O desenvolvimento e inovao no
produto e materiais de construo devem ser prioridades.
-
74
Verifica-se que existe um sobredimensionamento da capacidade instalada em Portugal para o consumo actual (a capacidade instalada para produo de produtos tradicionais
o dobro do que o mercado nacional consome).
As empresas tm vindo a reduzir produes para tentar adequar a oferta procura. No entanto, produzir abaixo das capacidades implica custos acrescidos e no , a mdio
prazo, uma soluo sustentvel.
A eficincia energtica est correlacionada com a capacidade produtiva e os valores mnimos de incorporao de energia no produto so conseguidos em unidades de
maior produo. A mesma anlise e constatao vlida para os custos de estrutura
(rubrica outros custos) e para custos com pessoal.
Outros sectores desenvolvem e apresentam solues construtivas e de produtos, sem as qualidades e o potencial da cermica, que vm ocupar o espao tradicionalmente
reservado aos produtos cermicos.
Num futuro prximo iro ser estabelecidos novos limites s emisses gasosas com agravamentos de custos, sem os apoios que foram disponibilizados na fase de
introduo do CELE. Esses custos podem atingir at 5% dos custos industriais para as
empresas menos eficientes energeticamente42.
No h uma poltica consertada de divulgao e promoo da cermica estrutural junto dos prescritores, aplicadores e consumidores.
42 Ver Parte III Cap.3.2 (pg 429) Vaz Serra, A., Almeida, Marisa, Baio Dias, A., Impactes Ambientais e Comrcio de Emisses: Indstria Cermica um caso de estudo, CTCV, 2004
-
75
Consequncias As consequncias dos factos assinalados podero constituir a linha de orientao para a evoluo e modernidade do subsector.
Como mais relevante, salienta-se:
As exigncias crescentes tendero a alterar a forma de trabalhar e a estrutura de gesto e organizao industrial que prevaleceu nos ltimos anos e que caracterizou o
sector da cermica estrutural.
As empresas tm de ter competncias internas e/ou adquirir esses servios a terceiros,
para dar cumprimento a novas disposies regulamentares.
O custo desses servios e o cumprimento regulamentar poder atingir at 1% do custo
industrial.
A necessidade de ser criada uma estrutura produtiva com capacidade de absoro dos custos de funcionamento para o exerccio da actividade, de acordo com as disposies
regulamentares (emisses, qualidade, energia, higiene e segurana, recursos, etc). A
conta dos FSE tendencialmente ir ser agravada, com maior repercusso para uma
estrutura produtiva de pequena dimenso.
Cada vez mais ir tendo sentido o conceito das alvenarias funcionais com desempenhos optimizados e permitindo maior conforto na habitao e economias na
aplicao, no consumo de argamassas e na instalao de outros elementos na
construo. Similarmente estar o conceito de cobertura funcional com desempenhos
que se pretendem optimizados.
A contribuio para a sustentabilidade da construo/habitao deve constituir uma constante na inovao de novos produtos e na forma de aplicao e uso da cermica
estrutural.
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Deve ser colocada nfase na ACV (Anlise do Ciclo de Vida) dos produtos para que possam constituir uma alternativa a outros produtos a usar na construo. A
componente da sustentabilidade dos produtos cermicos deve constituir uma
preocupao na estratgia de marketing das empresas.
Dever ser mantida e reforada uma presso nos espaos naturais de influncia para a exportao, com produtos especificados e com desempenhos melhorados.
O mercado estabilizado para 30 000 40 000 edifcios/ano43 (50 000 70 000 fogos/ano) equivale a necessidades da ordem das 2 000 2 500 milhares de toneladas de alvenaria, e 350 - 400 milhares de toneladas de cobertura cermica44 (excluda a exportao).
De uma forma geral a competitividade de unidades industriais aponta para dimenses de capacidade de produo da ordem 150 a 200 milhares de toneladas/ano (valores de
referncia para alvenaria) distribudas geograficamente por zonas de influncia e de
maior consumo.
Considerando o mix da estrutura produtiva de outros pases mediterrnicos, deduz-se que h espao para 500 600 milhares de toneladas/ano de alvenaria estrutural (tijolo resistente e acessrios) num prazo de 3 a 10 anos, em substituio da produo do tijolo de furao horizontal. Existir ainda espao para produtos especiais e complementares at 1% a 2% da capacidade instalada.
Neste prazo cerca de 20% do mercado das alvenarias vir a estar direccionado para os
produtos funcionais podendo viabilizar a instalao ou adaptao de 2 a 3 fbricas
com uma capacidade produtiva da ordem de 150 milhares de toneladas por ano,
43 A designao de edifcios abrangente da construo para habitao e equipamentos sociais como sejam, bibliotecas, escolas, edifcios pblicos, hospitais, etc. 44 No est aqui considerada a exportao que tem apresentado um valor crescente para a telha e alvenaria, embora este ltimo muito varivel e com grandes oscilaes de valores. Com a exportao os valores podero ser acrescidos de 15 a 20%.
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estrategicamente distribudas no espao geogrfico nacional mas considerando
tambm o mercado ibrico.
essencial definir uma estratgia consertada de divulgao, promoo e valorizao da cermica estrutural.
A conjugao dos factos tem as consequncias que obrigam a repensar a unidade optimizada de produo numa conjuntura estabilizada, socialmente responsvel e com perspectiva de futuro.
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Agradecimentos
Agradecimento a todas as empresas que entenderam o objectivo do trabalho e se disponibilizaram a participar, atravs da resposta ao questionrio enviado. Ao Dr. Antnio Oliveira APICER Dra. Carla Coimbra INE Coimbra Eng. Conceio Vidal AECOOPS. Participao CTCV: - Direco Geral - Unidade de Ambiente e Sustentabilidade - Unidade de Gesto e Promoo da Inovao - Unidade de Sistemas de Energia Bibliografia Vaz Serra, A., Almeida, Marisa, Baio Dias, A., Impactes Ambientais e Comrcio de Emisses: Indstria Cermica um caso de estudo, CTCV, 2004 RECET, CITEVE, CTCV, CTIC, Guia de boas prticas de medidas de utilizao racional de energia e energias renovveis, 2007 Sites de referncia Associaes: http://www.apicer.pt http://www.hispalyt.es http://www.laterizio.it http://www.fftb.org/ http://www.aecops.pt/ Instituies nacionais: http://www.ine.pt http://www.adene.pt/ADENE.Portal http://www.bportugal.pt http://www.dgge.pt/ http://www.portaldahabitacao.pt/pt/ihru/ http://www.imoeconometrics.pt/
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Instituies internacionais: http://www.istat.it http://www.staywithclay.com http://www.statistiques.equipement.gouv.fr http://www.insee.fr Produtos e Produtores: http://www.terreal.com http://www.monomur.com http://www.alveolater.com/ http://www.poroton.it/ http://www.blocchitermici.it/ http://www.wienerberger.de http://www.fbt.ie/poroton.html http://www.termoarcilla.org http://www.ceramicascasao.com/ladryeso http://www.nigra.it http://www.velaspa.it Coimbra, Setembro de 2009